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UNIVERSIDADE FEDERAL DE PERNAMBUCO

CENTRO SOCIAIS DE CIÊNCIAS APLICADAS


GRADUAÇÃO EM ADMINISTRAÇÃO

MATHEUS ALBUQUERQUE DIAS

RESENHA CRÍTICA:
“O surgimento da Psicologia Científica” por Celio Roberto Eyng
“Psicologia: uma (nova) introdução” por FIGUEIREDO e DE SANTI

RECIFE
2023
O SURGIMENTO DA PSICOLOGIA CIENTÍFICA

A videoaula foi elaborada para a disciplina de Psicologia da Educação,


ministrada pelo docente da UNIOESTE, Celio Roberto Eyng, com base nos textos do
livro "Psicologia: uma (nova introdução)" de Figueiredo e Di Santi. A aula aborda os
fatores que levaram ao surgimento da Psicologia como ciência no final do século XIX.
Em resumo, a videoaula apresenta imagens da história da arte que retratam o
desenvolvimento da subjetividade privatizada, identificada como o reconhecimento da
liberdade intrínseca, que nos permite experimentar sentimentos, desejos e
pensamentos independentemente do contexto social. As análises das imagens têm
um teor crítico e buscam compreender o contexto sociocultural em que essas imagens
foram elaboradas. No entanto, é importante notar que esses contextos não estão
presentes de maneira uniforme em todas as sociedades.
Além disso, são introduzidos de maneira hábil os conceitos de comportamento,
análise dos processos cognitivos e análise da personalidade. Com base nesses
fundamentos, o professor explora de forma profunda a "crise da subjetividade
privatizada", que é o reconhecimento de que a liberdade previamente mencionada
não é plena, uma vez que somos moldados por ambos os conceitos mencionados
anteriormente. Ou seja, há uma "força invisível" que nos influencia, mas muitas vezes
não conseguimos identificá-la claramente em um primeiro momento.
O foco na liberdade, que surgiu nas crenças liberais e românticas, é deixado
de lado para dar lugar a projetos de previsão e controle científicos do comportamento
individual na formação da Psicologia como ciência.
Em outro momento, imagens de figuras importantes na história da Psicologia,
como Sigmund Freud e Lev Semenovich Vygotsky, são apresentadas. Freud concluiu
que somos governados por processos inconscientes, muitas vezes formados por
traumas de eventos passados. Enquanto Vygotsky desenvolveu uma teoria que visa
fundamentar o ensino, através do estímulo e de um elemento mediador, que, nesse
caso, pode ser a linguagem, estimulando a produção de conhecimento por meio do
ensino escolar.
PSICOLOGIA: UMA (NOVA) INTRODUÇÃO

O livro "Psicologia: Uma (nova) introdução" de Figueiredo e Di Santi possui uma


abordagem contemporânea e de fácil entendimento na área da Psicologia, pois
oferece uma visão abrangente que auxilia a compreensão da área de estudo em
diversos ambientes, como na área da educação, trabalho, clínica e outros segmentos.
Os autores destacam a dificuldade histórica de estabelecer a Psicologia como uma
ciência independente. Na Antiguidade, assuntos do que hoje conhecemos como
Psicologia, eram frequentemente abordados como "espírito" ou "alma", evoluindo para
a noção de "mente" na Idade Moderna. No entanto, no contexto contemporâneo, a
Psicologia enfrenta desafios em definir sua identidade científica.
Auguste Comte, um filósofo do século XIX, argumentou que a Psicologia
deveria ser relacionada à Biologia e Sociologia, alegando que a "psiquê" não é
passível de observação direta. A busca por autonomia científica da Psicologia persiste
há mais de 100 anos, apesar de sua ligação com outras disciplinas reconhecidas. Os
autores enfatizam a importância de adotar uma abordagem integrada e valorizar a
diversidade de perspectivas para fortalecer a identidade da Psicologia como ciência
independente.
Os autores discutem as precondições socioculturais para o surgimento da
Psicologia no século XIX, incluindo a "subjetividade privatizada". Eles destacam a
necessidade de experimentar a "crise" da subjetividade, muitas vezes originada em
contextos culturais onde tradições são contestadas. A subjetividade se desenvolve em
sociedades que passam por crises sociais e transformações, mas os autores alertam
sobre a possibilidade de ilusões nesse entendimento.
A compreensão da subjetividade na Modernidade resulta das transformações
desde o Renascimento até a Idade Moderna, quando o "Homem" se tornou o centro
do mundo. Os filósofos Descartes e Francis Bacon enfatizaram a razão, o "eu" e a
experiência sensorial na busca pelo conhecimento da subjetividade. No entanto, a
Psicologia enfrenta desafios para compreender a subjetividade e individualidade
humanas, permanecendo dividida entre diferentes abordagens.
No século XIX, a Psicologia passou por um período de expansão e
diversificação, refletindo a busca por diferentes abordagens para compreender a
mente humana. Wilhelm Wundt, um psicólogo alemão pioneiro, adotou uma
abordagem multidisciplinar que o levou a estudar a experiência de primeira instância
dos sujeitos e a analisar os processos mentais por meio de experimentos. Wundt
também explorou aspectos culturais, como linguagem e religião, em sua busca por
entender a mente humana.
Edward Titchener, um dos alunos de Wundt, promoveu uma mudança
significativa na abordagem psicológica. Ele restringiu o objeto de estudo da Psicologia,
concebendo o sujeito como um "puro organismo" ou um sistema nervoso, priorizando
uma análise mais física e fisiológica da experiência mental. Essa abordagem estreitou
o foco da Psicologia, deixando de lado aspectos mais amplos da experiência humana.
Por outro lado, o movimento funcionalista, liderado por John Dewey, James
Rowland Angell e Harvey A. Carr nos Estados Unidos, enfatizou a Psicologia como
uma ciência biológica interessada em estudar os processos mentais como formas de
interação adaptativa. Eles reconheceram a importância da adaptação e da
compreensão dos processos mentais quando se tratava de comportamento
adaptativo. Essas ideias do funcionalismo continuaram a influenciar a pesquisa
psicológica contemporânea.
No início do século XX, outra abordagem se desenvolveu, oposta à de Titchener
e, de certa forma, ao funcionalismo. John B. Watson introduziu o comportamentalismo,
redefinindo a Psicologia como a "Ciência do Comportamento". Ele priorizou o estudo
do comportamento em detrimento da mente e evitou a auto-observação em favor da
observação e experimentação objetiva. No entanto, essa abordagem não abordou a
experiência subjetiva e em grande parte apenas negou o lado subjetivo.
O movimento da Psicologia Gestalt, liderado por Max Wertheimer, Kurt Koffka
e Wolfgang Köhler na Alemanha, partiu da experiência imediata e adotou o método
fenomenológico para capturar a experiência como se dava ao sujeito, antes de
qualquer reflexão ou análise. Eles descobriram que a percepção, memória, solução
de problemas e afetividade eram vividas como estruturas, ou seja, relações entre
partes que resultavam em algo mais do que a simples soma de suas partes. Essa
abordagem buscou unificar as ciências físicas, biológicas e culturais, relacionando a
experiência imediata com o mundo físico, biológico e valores socioculturais.
B. F. Skinner que foi o introdutor do behaviorismo radical, onde tratava a
abordagem que rejeitou a noção de uma alma livre e independente. Para Skinner, as
ações humanas são moldadas por influências sociais e ambientais, revelando a
natureza social de tudo o que sentimos, vemos, pensamos e desejamos. A ênfase de
Skinner na construção social da experiência subjetiva desafiou crenças tradicionais e
desmistificou a ideia de um "eu" autônomo como a causa de nossas ações.
No final do século XIX e início do século XX, a Psicologia viu o desenvolvimento
da Psicologia cognitivista de Piaget e a psicanálise de Freud. Ambas as abordagens
buscaram compreender a gênese do sujeito, indo além da experiência imediata.
Piaget concentrou-se no desenvolvimento cognitivo e moral de crianças, usando o
método clínico para observar como elas pensam e percebem o mundo. Freud, médico
neurologista, desenvolveu a psicanálise para abordar pacientes com sintomas
desconhecidos à primeira instância, formulando a teoria do inconsciente para revelar
os sentidos ocultos desses sintomas.
No entanto, a Psicologia mantém o desafio para compreender a subjetividade
e a individualidade humana. A disciplina continua com vários impasses entre
diferentes abordagens, contudo, a questão central foi, e continua sendo se a
Psicologia deve manter sua autonomia como ciência ou se integrar a outras
disciplinas,
Para encerrar o texto, os autores apresentam como a evolução da profissão
como psicólogo passou aparentar haver questão somente sobre educação e trabalho,
para uma imagem predominantemente clínica na sociedade atual. No entanto, por
muitas vezes, psicólogos são enxergados como capazes de promover mudanças
mágicas, mesmo levando em consideração os desafios para que o próprio profissional
entenda a ciência de sua área.

CONSIDERAÇÕES FINAIS

O vídeo apresentado é elaborado e baseado no mesmo livro abordado neste


trabalho. Ambos tratam da história da Psicologia, com ênfase na evolução da
disciplina desde o seu início. Além disso, o estabelecimento da Psicologia como
ciência independente ainda enfrenta desafios, pois discussões e abordagens de
diversos viés surgiram ao longo do tempo. Em certos momentos, aproximando-se das
ciências da natureza e, em outros, das ciências socioculturais. No entanto, esse
processo foi e continua sendo rico em conhecimento para o desenvolvimento da
formação da Psicologia.

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