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As principais escolas

psicológicas e suas
influências na educação
Silva, Stephane Juliana Pereira da
SST As principais escolas psicológicas e suas influências na
educação / Stephane Juliana Pereira da Silva -
nº de p. : 12

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As principais escolas psicológicas
e suas influências na educação

Apresentação
Em nosso dia a dia, usamos o termo psicologia com vários sentidos. Esse
conhecimento acumulado se deriva do que denominamos de Psicologia científica.
Nesta unidade, trataremos da Psicologia como ciência, suas principais linhas
teóricas e como esse saber tem contribuído para a área de Educação.

A proposta é oportunizar aprendizagens sobre a importância do conhecimento


científico sobre o processo de ensino-aprendizagem, propiciando o debate acerca
das diferenças existentes entre a Psicologia como ciência e a psicologia do senso
comum. Analisaremos o contexto histórico em que ocorre a consolidação da
articulação entre psicologia e educação no Brasil do século XX, dando ênfase ao
estudo das bases conceituais da psicologia educacional e ao processo pelo qual tais
conceitos começam a ser vistos como fundamentais para a educação.

Ciência e Psicologia científica


A Psicologia científica obedece algumas determinações de como se dá a ciência.
Por ciência entendemos uma atividade reflexiva, que procura compreender, explicar
e modificar esse cotidiano, isso a partir de um estudo sistemático. A diferença entre
o científico e o senso comum é essencialmente a de que o senso comum é um
conhecimento intuitivo, espontâneo, de tentativas e erros que vamos acumulando no
nosso cotidiano (BOCK; FURTADO; TEIXEIRA, 1999).

A ciência se compõe de um conjunto de conhecimentos sobre fatos ou aspectos


da realidade que chamamos de seu objeto de estudo (BOCK; FURTADO; TEIXEIRA,
1999). Além disso, ela tem uma característica fundamental: a objetividade. Suas
conclusões devem ser verificáveis por meio de métodos bem delineados e isentas
de emoção, além de poderem ser válidas para todos. Dessa forma, podemos concluir
que suas características são: um objeto de estudo específico; uma linguagem
rigorosa; métodos e técnicas específicas, processo cumulativo do conhecimento e
objetividade. Essas características fazem da ciência uma forma de conhecimento
que supera o conhecimento do senso comum (BOCK; FURTADO; TEIXEIRA, 1999).

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Para caracterizarmos a Psicologia como ciência é necessário definir seu objeto de
estudo: o homem e suas relações. Existem várias concepções de homem e isso tem
produzido várias linhas de atuação e pesquisa na Psicologia e, consequentemente,
diversas teorias. Essa diversidade existe por dois motivos principais. O primeiro
deles é a multiplicidade de definições da concepção de homem. O segundo motivo
são os aspectos e processos psicológicos, que são tão diversos e variados que uma
só definição de objeto por um só método científico não daria conta de explicá-los
(BOCK; FURTADO; TEIXEIRA, 1999).

Curiosidade
Subjetividade: é a síntese singular e individual que cada um de nós
vai constituindo conforme vamos nos desenvolvendo e vivenciando
as experiências da vida social e cultural (BOCK; FURTADO; TEIXEIRA,
1999, p. 27).

Essa dificuldade para definir um só objeto de estudo não é particularidade da


Psicologia, pois as Ciências Humanas de forma geral enfrentam esse “problema”.
Apesar disso, podemos delimitar aquilo que a Psicologia se propõe a investigar. De
forma bem simples e direta, essa ciência procura contribuir para a investigação da
subjetividade humana. Isso quer dizer que a Psicologia está interessada em estudar/
pesquisar o ser humano em suas várias expressões e situações (BOCK; FURTADO;
TEIXEIRA, 1999).

O marco histórico da Psicologia enquanto ciência foi quando, em 1875, Wilhelm


Wundt (1832-1926) criou o primeiro Laboratório de Experimentos em Psicofisiologia,
em Leipzig. Isso não quer dizer que antes disso não houvesse registros de
outras pesquisas em Psicologia, mas como marco adotamos essa data e esse
acontecimento.

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Curiosidade
É na Alemanha que os primeiros estudos no campo da
Psicologia, como ciência, são registrados. Mas é nos EUA que as
primeiras abordagens em Psicologia avançam: o funcionalismo,
estruturalismo e associacionismo (BOCK; FURTADO; TEIXEIRA,
1999).

Para Wundt, a Psicologia estudava a experiência consciente. Essa perspectiva, ficou


conhecida como estruturalismo por concentrar-se na revelação dos componentes
fundamentais da percepção, da consciência, do pensamento, das emoções e
de outros tipos de estados e atividades mentais. Com o passar do tempo os
pesquisadores em Psicologia ficaram insatisfeitos com essa abordagem. Foi nesse
contexto que surgiu o funcionalismo (FELDMAN, 2015).

Associacionismo:

origina-se da concepção de que a aprendizagem se dá por um processo de


associação das ideias.

Estruturalismo:

está preocupado com a compreensão do mesmo fenômeno que o


Funcionalismo: a consciência, mas estuda seus aspectos estruturais.

Funcionalismo:

elege a consciência como o centro de suas preocupações e busca a


compreensão de seu funcionamento.

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Na Psicologia existem várias abordagens e linhas teóricas que foram se constituindo
ao longo da história dessa ciência e ainda estão em constante transformação e
crescimento. É sobre elas que vamos conversar um pouco mais nos tópicos a seguir.

Psicologia e suas principais linhas


teóricas
A Psicologia é uma ciência pautada pelos métodos e preceitos do fazer científico,
então não deve ser confundida com práticas que envolvem crenças sobre o destino
ou a existência de forças que não estão no âmbito do humano e do mundo material.
Como mencionamos anteriormente, é na Alemanha que os primeiros estudos no
campo da Psicologia, como ciência, são registrados. Mas foi nos Estados Unidos
que ela encontrou campo para crescer. Surgem, lá, as primeiras abordagens em
Psicologia: o funcionalismo, estruturalismo e associacionismo (BOCK; FURTADO;
TEIXEIRA, 1999).

Depois dessas três principais e pioneiras teorias, outras vieram e as principais


teorias da Psicologia do século XX são: o Behaviorismo, a Gestalt, o Humanismo e a
Psicanálise.

Behaviorismo e Cognitivismo - O termo em inglês behavior significa


“comportamento”; por isso, usamos Behaviorismo para denominar essa
concepção teórica. Além desse termo, utilizamos também Comportamentalismo,
Teoria Comportamental, Análise Experimental do Comportamento, Análise do
Comportamento.

Watson foi o precursor dessa teoria, que se desenvolveu inicialmente nos Estados
Unidos. Este autor defendia que o comportamento deveria ser estudado como
função de certas variáveis do meio, por isso defendia o funcionalismo. Para ele,
determinados estímulos levam o organismo a dar respostas e isso ocorre porque os
organismos se ajustam ao ambiente a que são expostos por meio da hereditariedade
e pela formação de hábitos (BOCK; FURTADO; TEIXEIRA, 1999).

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Portanto, o Behaviorismo se dedicou ao estudo das interações entre o indivíduo
e o ambiente, entre as ações do indivíduo (suas respostas) e o ambiente (as
estimulações). Os psicólogos dessa abordagem chegaram aos termos “resposta”
e “estímulo” para se referirem àquilo que o organismo faz e às variáveis ambientais
que interagem com o sujeito (BOCK; FURTADO; TEIXEIRA, 1999).

Depois de Watson, o behaviorista mais conhecido é Skinner, conhecido por postular


alguns conceitos novos como condicionamento operante. Esse conceito está
presente em nossos comportamentos cotidianos. Skinner utilizou animais em
seus experimentos para comprovar aquilo que defendia. Para ele, condicionamento
operante é o processo pelo qual o indivíduo passa para aprender algo por meio da
relação estímulo-resposta-reforço (BOCK; FURTADO; TEIXEIRA, 1999).

Saiba mais
A perspectiva cognitivista se desenvolveu comparando o
pensamento humano às operações de um computador. Assim, o
indivíduo recebe a informação e a transforma, armazena e recupera.
Nessa perspectiva, pensar é processar informações (FELDMAN,
2015).

Gestalt - Gestalt é um termo alemão que, traduzido, significa forma ou


configuração. Essa teoria é uma das mais consistentes da Psicologia por ter
uma base metodológica forte. Tanto a Gestalt quanto o Behaviorismo adotam o
comportamento como objeto de estudo, mas a diferença é que os gestaltistas
compreendem o comportamento dialogado com um contexto não isolado dele
(BOCK; FURTADO; TEIXEIRA, 1999).

Os gestaltistas estavam preocupados em compreender quais os processos


psicológicos envolvidos na ilusão de ótica. A Gestalt acredita que a aprendizagem
se dá na relação entre o todo e a parte. Um conceito mais relevante dessa teoria é o
insight, que ocorre quando alguma situação vivenciada antes não tinha sentido para
um indivíduo e passa a ter de forma inesperada (BOCK; FURTADO; TEIXEIRA, 1999).

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Percepção

Fonte: Plataforma Deduca (2021).

#PraCegoVer: A imagem representa uma maça inteira em


frente a um espelho, ao que aparece como reflexo uma maça
comida.

Perspectiva humanista - Os psicólogos humanistas afirmam que cada sujeito


tem capacidade de buscar e alcançar realização. Segundo Carl Rogers e Abraham
Maslow, que foram as figuras centrais no desenvolvimento da perspectiva
humanista, as pessoas esforçam-se para realizar seu pleno potencial se tiverem
oportunidade. Nesta abordagem o foco é no livre-arbítrio e na capacidade de tomar
decisões livremente sobre o próprio comportamento e a vida. Esta perspectiva
presume que as pessoas têm a capacidade de fazer suas escolhas ao invés de
depender dos padrões da sociedade (FELDMAN, 2015).

Psicanálise - O termo Psicanálise se refere a uma teoria, um método de investigação


e uma forma de atuação profissional. Enquanto teoria, a psicanálise é compreendida
como aquela que estuda a vida psíquica humana, como método de investigação
se caracteriza como interpretativo e investiga o conteúdo oculto nas ações e em
palavras do sujeito. No âmbito profissional chamamos de análise aquilo que o
profissional da Psicanálise exerce (BOCK; FURTADO; TEIXEIRA, 1999).

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Saiba mais
Sigmund Freud (1856-1939) foi um médico vienense que ousou
estudar processos psíquicos que ainda não tinham sido estudados
com tanta relevância, como sonhos, fantasias e esquecimentos. Os
estudos científicos relacionados a esses processos levaram Freud
a elaborar a teoria denominada Psicanálise (BOCK; FURTADO;
TEIXEIRA, 1999).

A principal estrutura estudada pela Psicanálise é o inconsciente. Nele está localizado


algo que foi difícil ou muito desejado, esquecido pelo sujeito, e assim reprimido no
inconsciente. Para ter acesso a essa estrutura psíquica, Freud utilizou um método
da associação livre de ideias que se caracteriza pela livre fala dos pacientes,
associando suas ideias como acharem que devem. Esse método é utilizado até hoje
pelos psicanalistas (BOCK; FURTADO; TEIXEIRA, 1999).

Freud

Fonte: Plataforma Deduca (2021).

#PraCegoVer: Ilustração representando Sigmund Freud


sentado em sua cadeira, segurando um bloco de notas.

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Um tema importante que Freud trouxe com seus estudos e pesquisas foi o da
sexualidade infantil. É uma função eminentemente humana na busca pela satisfação
e prazer como objetivos da vida humana. Freud classificou essa descoberta da
sexualidade infantil em fases que acompanham o desenvolvimento de acordo com a
idade de toda criança (BOCK; FURTADO; TEIXEIRA, 1999).

Psicologia e suas contribuições para


Educação
Patto (1997) propôs discutir a Psicologia Educacional não como um instrumento
disciplinador, mas como instrumento de produção de crítica e contextualização do
processo de aprendizagem.

O homem e sua subjetividade

Fonte: Plataforma Deduca (2021).

#PraCegoVer: Representação de um rosto de perfil; do espaço


onde corresponde ao cérebro sai vetores de cores e tamanhos
diferentes.

As principais linhas teóricas da Psicologia têm suas contribuições para a Educação.


A grande contribuição do pensamento behaviorista para a Educação é que, para os
behavioristas, é importante planejar o ensino, com a preparação do ambiente da
aprendizagem e das sequências a serem seguidas até o alcance do objetivo, e com a
definição dos mecanismos de reforço que serão utilizados. A psicanálise influenciou
pelo fato de ela realizar um estudo do desenvolvimento dos seres humanos, de suas
forças interiores, de suas inter-relações (SANTRONCK, 2010).

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Fechamento
Nesta unidade, você aprendeu um pouco sobre a Psicologia como ciência. Primeiro,
abordamos a Psicologia como uma apropriação das pessoas em geral, sendo
chamada de Psicologia do senso comum. Depois, apresentamos um pouco da
história da Psicologia como ciência.

Assim, definimos o que é considerado ciência para nós do campo acadêmico e quais
as características um estudo deve ter para ser chamado de científico. Então, falamos
de como se deu a constituição da Psicologia na ciência, quando ela passou a ser
considerada pela comunidade científica um ramo desta. Por último, falamos das
principais teorias em Psicologia. Começamos pelas 3 principais que inspiraram as
outras que se sucederam: estruturalismo, funcionalismo e associacionismo. Além
dessas principais, falamos das teorias mais atuais e que sofreram influência dessas
primeiras linhas teóricas em Psicologia, são elas: Behaviorismo, Psicanálise, Gestalt,
Humanismo. Para finalizar, apresentamos as principais contribuições da Psicologia
no campo da Educação.

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Referências
BOCK, A. M. B.; FURTADO, O.; TEIXEIRA, M. de L. T. Psicologias: uma introdução ao
estudo de Psicologia. São Paulo: Saraiva, 1999.

FELDMAN, Robert S. Introdução à Psicologia. Porto Alegre: Grupo A, 2015.

JACO-VILELA, A. M.; FERREIRA, A. A. L.; PORTUGAL, F. T. História da Psicologia:


Rumos e Percursos. 3. ed. Rio de Janeiro: Nau, 2013.

PATTO, M. H. S. (org.). Introdução à psicologia escolar. 3. ed. São Paulo: Casa do


Psicólogo, 1997.

SANTRONCK, J. W. Psicologia Educacional. Porto Alegre: Grupo A, 2010.

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