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Fundamentos da

Psicopatologia
Profa. Rilza Xavier Marigliano
AULA 1

Psicopatologia

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PSICOPATOLOGIA

Psico = psychê → psique, psíquico, alma.

Pathos = paixão excesso, sofrimento, patológico.

Logos = logica, discurso, narrativa, conhecimento.

Discurso, saber (logos), sobre a paixão, sofrimento (pathos) da mente, da alma


(psiquê).

Discurso sobre o padecer psíquico; discurso sobre o sofrimento psíquico.


Grécia pré-socrática = sofrimento psíquico era um
castigo dos deuses irritados com os homens.

Hipócrates = perda da razão ou do controle emocional, ou


HISTÓRIA seja, um desarranjo na natureza orgânica do homem. A
etiologia deveria ser buscada nas disfunções humorais.
Desta forma, a concepção se afasta da influencia divina
na loucura → visão organicista dos distúrbios mentais.

Visão medieval = associada à possessão demoníaca.


Século XIX (1801) = Pinel publica seu Tratado Médico
Filosófico sobre Alienação Mental → modifica radicalmente a
visão da loucura e inaugura uma nova especialidade médica =
psiquiatria.

HISTÓRIA O aparecimento da PSICOPATOLOGIA como disciplina se


deu com a publicação de Psicopatologia Geral de Karl Jaspers,
no século XX. O objetivo era descrever e classificar, de forma
minuciosa e sistemática, os transtornos mentais.

Ruptura epistemológica = Freud. Postulava que o sujeito –


louco ou não – sempre que falava, fala do, e a partir de seu
pathos, que aqui se confunde com a trama discursiva que o
constitui. É esta trama, inicialmente encarnada pelo Outro, que
possibilita que o pathos, como passividade, alienação,
transforme-se, na situação terapêutica, em percepção, em
experiencia.
HISTÓRIA

• DENTRE AS INÚMERAS TENTATIVAS DE SUPERAR OS IMPASSES CRIADOS PELA


PLURALIDADE DE LEITURAS DO PATHOS, O EXPOENTE MÁXIMO, SEM DUVIDA, É
O DMS-5 (MANUAL DE DIAGNÓSTICO E ESTATÍSTICO DA ASSOCIAÇÃO
PSIQUIATRIA AMERICANA: APA) E A CID -11 (CLASSIFICAÇÃO INTERNACIONAL DE
DOENÇAS) = NOMENCLATURA ÚNICA QUE FORNEÇA UMA LINGUAGEM COMUM
ENTRE PESQUISADORES E CLÍNICOS DE DIFERENTES ORIENTAÇÕES TEÓRICAS,
OU SEJA, UM SISTEMA ATEÓRICO.
• A psicopatologia é um ramo da
ciência que trata da natureza
essencial da doença mental, suas
PSICOPATOLO causas, as mudanças estruturais
e suas formas de manifestação.
GIA Ela pode ser definida, em uma
DEFINIÇÃO acepção mais ampla, como o
conjunto de conhecimentos
referentes ao adoecimento mental
do ser humano.

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A Psicopatologia inclui diferentes abordagens, entre elas a descritiva, a
psicodinâmica, e a integrada.

A abordagem Descritiva vai se preocupar com as formas das alterações


psíquicas e a recorrência dos sintomas mais ou menos típicos em cada
transtorno psicológico. A Psicopatologia Descritiva vai depender de um
levantamento e análise das alterações apresentadas, que em conjunto, vão

Psicopatologi constituir os quadros sindrômicos.

a A Psicopatologia Dinâmica está centrada no conteúdo da vivência


particular do indivíduo que adoece e não necessariamente na
classificação dos sintomas .

Já a abordagem multidimensional e integrada da psicopatologia levará em conta


influências biológicas, sociais, emocionais e cognitivas e comportamentais,
atuando em uma perspectiva sistêmica e não linear – o que é de extrema
importância na prática psicológica atual.

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 Quando se estuda os sintomas
CONTEÚDO DOS psicopatológicos, costuma-se enfocar
dois aspectos básicos: a forma do
sintoma, isto é, sua estrutura básica,
relativamente semelhante nos
SINTOMAS

diversos pacientes (alucinação, delírio,


FORMA E

etc) e seu conteúdo , ou seja, aquilo


que preenche a alteração estrutural
(conteúdo de culpa, religioso, de
perseguição, etc).

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 O conteúdo geralmente é
mais pessoal e depende da
história de vida do paciente.
CONTEÚDO De um modo geral, os
DOS conteúdos dos sintomas estão
SINTOMAS relacionados aos temas
centrais da existência humana,
como a sobrevivência,
segurança e a sexualidade.

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 O conceito de normalidade
em psicopatologia é uma
CONCEITO DE questão de grandes
controvérsias, pois a
NORMALIDAD normalidade pode variar, e
E muito, com a cultura, a
ideologia e a vivência de
cada indivíduo.

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 Quando se trata de casos extremos,
NORMALIDADE
CONCEIRO DE
onde as alterações comportamentais e
mentais são de intensidade acentuada e
de longa duração, o delineamento das
fronteiras entre o normal e o patológico
não é tão problemático..

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 Há muitos casos nos quais a
delimitação entre o normal e o patológico
é bastante difícil. Pode-se dizer, de uma
maneira geral, que há vários critérios de
CONCEITO DE normalidade e anormalidade em

NORMALIDAD psicopatologia, e a adoção de um ou de


outro depende, entre muitas coisas, das
E opções filosóficas, ideológicas e
pragmáticas do profissional, além de
variarem consideravelmente em função
dos fenômenos específicos com os quais
trabalhamos.

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• Quando se trata de casos extremos,
Comportamento cujas alterações comportamentais e

Normal
mentais são de intensidade acentuada e
de longa duração, o delineamento das

e fronteiras entre o normal e o patológico


não é tão problemático. Entretanto, há
Comportamento muitos casos limítrofes, nos quais a
delimitação entre comportamentos e
Anormal formas de sentir normais e patológicas é
bastante difícil.

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•É também de suma importância a
compreensão da dificuldade de se definir o
que é “anormal” e “normal”. A definição mais
amplamente aceita é utilizada no DSM- 5 e
descreve como “anormais” disfunções
comportamentais, psicológicas ou biológicas
que são inesperadas em seu contexto cultural
e associadas à presença de sofrimento e
prejuízo no funcionamento ou aumento de
Anormal

risco de sofrimento, dor ou prejuízo. Dessa


Normal

forma, deve-se atentar as diferenças culturais e


também ao que acaba sendo “funcional” ou
“disfuncional”.
e

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O indivíduo
tem o
seguinte Porém,
pensamento: existem
normalidade x “com a
patologia doenças
ausência de silenciosas,
critérios de doença, não como o
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normalidade tenho dor, não câncer, por
sinto nada, exemplo.
logo, não
estou doente”.

Conceito de Normalidade
 Normalidade Ideal
 Normalidade Estatística
Normalidade como Bem-estar
CONCEITO DE

 Normalidade Funcional
NORMALIDAD  Normalidade como Processo
E  Normalidade Subjetiva
 Normalidade como Liberdade
 Normalidade Operacional

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 norma ideal arbitrariamente
instituída
 Ex: Hitler massacra 6
milhões de judeus baseado
na situação de normalidade
Normalidade ideal.
 Hoje: modelos magérrimas,
Ideal anorexia e bulimia.
 depende de critérios
socioculturais e
ideológicos, muitas vezes,
dogmáticos e doutrinários.

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 identifica norma e
frequência

Normalidade  aplicabilidade para


Estatística fenômenos quantitativos

 curvas estatísticas como


padrão de normalidade

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 OMS em 1958: “a saúde é
Normalidade
definida como o bem-estar
como
bem-estar físico, mental e social e não
apenas como a ausência de
sintomas”

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 Tal conceito baseia-se em
aspectos funcionais e não
necessariamente quantitativos.

Normalidade  O fenômeno é considerado


Funcional patológico a partir do momento
em que é disfuncional e
produz sofrimento para opróprio
indivíduo ou para seu grupo
social.

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• Consideram-se os aspectos dinâmicos
do desenvolvimento psicossocial, das
Normalidade desestruturações e das
reestruturações ao longo dotempo,
como de crises, de mudanças própriasa
Processo certos períodos etários. Esse conceito
é particularmente útil na chamada
psicopatologia do desenvolvimento
relacionada a psiquiatria e psicologia
clínica de crianças, adolescentes e
idosos.
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É dada maior ênfase à percepção
subjetiva do próprio indivíduo em
relação a seu estado de saúde, às
suas vivências subjetivas. O ponto
Normalidade falho desse critério é que muitas
Subjetiva pessoas que se sentem bem, “muito
saudáveis e felizes”, como no caso de
sujeitos em fase maníaca no
transtorno bipolar, apresentam, de
fato, um transtorno mental grave.

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 Alguns autores de
orientação fenomenológica
e existencial propõem
conceituar a doença mental
Normalidade como perda daliberdade
como existencial. Dessa forma, a
saúde mental se vincularia
Liberdade às possibilidades de
transitar com graus distintos
deliberdade sobre o mundo
e sobre o próprio destino.

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 Trata-se deum critério
assumidamente arbitrário, com
finalidades pragmáticas
explícitas. Define-se, a priori, o
Normalidade que é normal e o que é
Operacional patológico e busca-se
trabalhar operacionalmente
com esses conceitos,
aceitando as consequências
de tal definição prévia.

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 Portanto, de modo geral, pode-se
concluir que os critérios de normalidade e
Normalidade de doença em psicopatologia variam
é… consideravelmente em função dos
fenômenos específicos com os quais se
trabalha e, também, deacordo com as
opções filosóficas do profissional ou da
instituição.
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 Além disso, em alguns casos, pode-se
utilizar a associação de vários critérios
Normalidade de normalidade ou doença/transtorno, de
é… acordo com o objetivo que se tem em
mente. De toda forma, essa é uma área
da psicopatologia que exige postura
permanentemente crítica e reflexiva dos
profissionais.
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REFERÊNCIAS

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Obrigada!
Profa.
rmarigliano@cruzeirodosul.edu.br

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