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Ao considerar esta demanda, o presente trabalho tem como objetivo abordar, de maneira
geral, o conceito/definição e o diagnóstico da Depressão, segundo o Manual Diagnóstico e
Estatístico de Transtornos Mentais (DSM-5) e também segundo a Classificação Internacional
de Doenças e Problemas Relacionados à Saúde (CID-10), bem como, as aplicabilidades da
Terapia Cognitivo-Comportamental (TCC) para esta demanda, destacando o Modelo
Cognitivo, a Tríade Cognitiva, as Distorções Cognitivas e as Técnicas utilizadas para o
tratamento, a fim de evidenciar a eficácia da TCC nesses casos e buscando como resultado a
redução dos sintomas, o aumento no repertório social e a alteração na quantidade e qualidade
das atividades e das interações sociais, combinado em sua maioria com o tratamento
medicamentoso (Dougher, 1994; Dougher, 2000; Lewinsohn, Biglan & Zeiss, 1976).
CONCEITO/DEFINIÇÃO E O DIAGNÓSTICO
Para o diagnóstico, tais sintomas devem estar presentes todos os dias, ao longo de duas
semanas, e incluir, pelo menos um dos dois primeiros critérios: humor deprimido ou perda de
interesse e prazer.
Na década de 60, Albert Ellis e Aaron Beck indicaram que a depressão se originou de
hábitos de pensamentos enraizados, pautando os principais conceitos da TCC, em que Beck
destacou que o humor e os comportamentos negativos eram derivados de pensamentos e crenças
distorcidas, assim transvasados por cognições e esquemas cognitivos disfuncionais, observando
que os pacientes acreditavam e agiam como se tudo fosse pior do que realmente era. Então,
surgiu a ênfase no pensamento do “aqui e agora”, com muitos estudos empíricos, com bons
resultados e mais duradouros, inclusive mais potente que a própria abordagem farmacológica.
O Modelo Cognitivo da depressão divide-se em tríade cognitiva e distorções cognitivas.
A depressão está ligada ao desequilíbrio biológico/neuroquímico, ambiental ou psíquico, um
constructo ou visão mais negativa em relação à tríade cognitiva, ou seja, em relação ao self, ao
mundo e ao futuro.
A tríade cognitiva divide-se em: visão de si, como inadequada ou inapta. Por exemplo:
sou triste, chata e desinteressante para gostarem de mim; visão negativa do mundo, como em
atividades, relações e trabalho. Por exemplo: as pessoas não valorizam o meu esforço e o meu
trabalho; e, relacionado ao futuro, lincado cognitivamente com a desesperança e a
negatividade. Por exemplo: as coisas nunca irão mudar, não serei feliz. Esses pensamentos
podem se apresentar com ideação suicida como saída para alívio da dor psíquica ou situação
impossível de ser suportada.
A observação de Beck o levou a crer que o paciente depressivo elabora sua experiência
de forma negativa e prevê resultados desfavoráveis a seus problemas. Então, essa ação cognitiva
interpretativa dos eventos e suas expectativas levam a comportamentos desadaptativos que
reforçam os sentimentos e os comportamentos de desesperança, baixa autoestima e depressão,
ou seja, uma retroalimentação de crenças disfuncionais e desadaptativas. Dessa forma, o autor
atua na resolução de problemas e não no mapeamento de suas origens.
Beck refere que as distorções são atreladas a regras e conjecturas fixas construídas ao
longo da vida do depressivo, ou seja, as crenças centrais, estas se ativam pelo stress, tendo
acesso às fontes primárias deste. Vale ressaltar que cada paciente tem sua conceituação
cognitiva composta por crenças centrais e intermediárias disfuncionais, distorções cognitivas e
pensamentos automáticos mais desadaptativos, e também, as reações fisiológicas, emocionais
e comportamentais, oriundas destes pensamentos. Então, partindo dessas colocações, estrutura-
se o tratamento.
A quinta técnica, por sua vez, consiste na ativação comportamental, com o objetivo de
resgatar, aos poucos, a capacidade de realizar tarefas no dia a dia, portanto, sendo uma das
técnicas mais eficazes para a depressão. É importante perceber e entender quais são as
atividades que costumam trazer prazer ao paciente, isso porque a técnica não se baseia em
“mandar o paciente realizar tarefas” simplesmente. Depois de saber a história de vida do
paciente, perceber suas queixas e demais informações necessárias, o terapeuta poderá
identificar que tipos de comportamentos “auxiliam” na manutenção do humor deprimido, ou
seja, quais desses comportamentos podem ser modificados para, consequentemente, modificar
o humor. A técnica trata-se de uma espécie de agenda, onde juntos, paciente e terapeuta, vão
aos poucos combinando atividades para serem realizadas durante a semana, acompanhando se
ocorre o progresso naquele estado de humor deprimido. Ainda, é importante que as atividades
sejam bem específicas e que assim, paciente e terapeuta consigam enxergar o progresso, pois é
muito importante também o paciente entender o que lhe causa prazer e o que lhe causa
sentimentos ruins. Aos poucos, deve-se aumentar o número e os tipos de tarefas realizadas.
Por fim, como sexta técnica, os estudos apontam o tratamento farmacológico entre os
principais métodos de tratamento dos episódios de TDM (CARNEIRO; KEITH, 2016). Os
principais fármacos usados em tratamentos para Transtorno Depressivo Maior, incluem:
Fluoxetina, Escitalopram e Citaloplan. Ainda, é importante salientar que o uso dos fármacos
associados a uma psicoterapia, tornam o tratamento mais eficaz.
CONSIDERAÇÕES FINAIS
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Folha Informativa – Depressão. Brasília - DF: Opas Brasil, mar. 2018. Disponível em:
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