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SAKURA HIDEN
O amor trago pela brisa da primavera
Tomohito Ohsaki e Masashi Kishimoto

ANO DE LANÇAMENTO: 2015

TRADUÇÃO JAPONÊS-INGLÊS
VizMedia

TRADUÇÃO INGLÊS-PORTUGUÊS
Mayra Fernanda

ILUSTRAÇÕES NÃO OFICIAIS


Vinícius Dias & Lupe Klaus

EDIÇÃO E ARTE
Mayra Fernanda

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TRADUÇÃO NÃO OFICIAL


FEITO DE FÃS PARA FÃS

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SEM FINS LUCRATIVOS

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SUMÁRIO

PRÓLOGO……………………………………..……………………………..….05

CAPÍTULO 1…………………....……………………………………….…….…06

CAPÍTULO 2………………………………………………………….…....….…17

CAPÍTULO 3…………….……………………………...……………….….……28

CAPÍTULO 4…………………………………………….………………..………36

CAPÍTULO 5………………………..…………………………………….………46

CAPÍTULO 6………………………..…………………………………….………57

CAPÍTULO 7………………………..…………………………………….………67

CAPÍTULO 8………………………..…………………………………….………83

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PRÓLOGO

Eu me lembro de tudo. Tudo que Sasuke já me disse.

Você é irritante.

Foi um choque para mim. Mas eu era a culpada por ter recebido essas palavras. Eu estava toda
empolgada na frente dele, dizendo coisas que jamais deveriam ter sido ditas. Eu realmente era
irritante. Sim, faz sentido.

Você é… realmente irritante.

Ele me disse isso quando deixou a Aldeia Oculta da Folha. Aquilo também me chocara, mas
então, ele completou…

Sakura… Obrigado.

E aquilo me salvara. Aquele simples “obrigado”. Ele deixou a vila após dizer essas palavras, e
então, sobrevivi dia após dia sem vê-lo. Aquele “obrigado” me deu forças para acreditar em
Sasuke.

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Houve uma luta terrível — não, a palavra “terrível” nem é suficiente para descrever aquela luta.
Essa luta quase destruiu o mundo, e foi após ela que Sasuke voltou para nós.

E logo que a luta acabara, ele nos deixou para seguir com sua jornada de redenção. Eu disse que
queria ir junto dele, mas Sasuke me respondeu: “Você não tem nada a ver com os meus
pecados”, e então ele continuou: “Verei você em breve… Obrigado”.

E tocou minha testa com seus dedos.

“Verei você em breve”, “Obrigado”. Eu repito essas palavras sempre e sempre em meu coração,
junto com a sensação de quando ele tocou minha testa.

Nós começamos com “você é irritante”, e nós chegamos ao “vejo você em breve”. Meu coração
fica mais quente quando penso nisso.

Sasuke, onde você está agora?

Sasuke.

Eu? Nesse momento, estou…

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CAPÍTULO 1

Uma médica ninja, talvez dois anos mais nova que Sakura, explicava toda a papelada que Sakura
segurava em suas mãos, “E tenho certeza de que você pode ver os dados nesses documentos
que eu te entreguei, o número de crianças com problemas psicológicos tem diminuído
significativamente”.

“Então, quer dizer que nesse um ano e meio que inauguramos o programa, houve uma grande
melhora?”, Sakura perguntou.

“Aham, uma melhora bem importante”, a ninja médica acenou com a cabeça. Suas bochechas
estavam um pouco coradas, talvez por conta do nervosismo, “Em casos onde a condição do
paciente não melhorava com a terapia, nós trabalhamos em conjunto com outros departamentos
do hospital e tomamos providências, como entrar com medicação”.

“Então, não tivemos grandes problemas”, Ino confirmou, sentando-se ao lado de Sakura.

“Creio que sim”, Sakura acenou com a cabeça, e continuou, “Mas vamos com calma em relação a
trabalhar com outros departamentos. Só porquê não houve melhora somente com terapia, não
significa que devemos imediatamente tratar o paciente com medicação. A primeira coisa a se fazer
é ouvir a criança calmamente e prestar a atenção em tudo o que ela consegue dizer. É para isso
que esse Centro de Terapia Infantil foi aberto em primeiro lugar”.

A apresentação dos dados das amostras continuaram a serem apresentados, além de uma
discussão de políticas e planos, até a reunião chegar ao fim.

Sakura e Ino deixaram a sala de reunião do hospital juntas.

“Ela parecia nervosa, né?”, Ino disse, enquanto as duas trafegavam pelos corredores.

“A garota que estava apresentando? Talvez ela ainda não esteja acostumada a fazer
apresentações em público. Deve ser difícil ir apresentando assim ao público sem ter experiência”.

“Não tenho dúvidas de que isso seja um dos motivos, mas eu também me pergunto se o fato da
grande heroína Sakura estar presente no momento foi outro motivo”.

“Do quê você está falando?”, Sakura perguntou, a Ino sorriu brincalhona.

“Você não sabe?”, ela perguntou, “Você é super popular com os ninjas médicos mais jovens. Você
além de médica ninja, é uma lutadora forte. E acima de tudo, você é excelência em seu trabalho e
é linda. Você é tudo isso ai, e isso te faz popular”

Eu queria um pouquinho dessa fama ai, Ino quase verbalizou, mas o sorriso dela já deixava claro
seu pensamento para Sakura.

“Ah, para com isso”, Sakura respondeu, com um sorriso travesso.

Elas conversaram bastante sobre coisas banais, até Ino voltar a falar sobre o trabalho, “Mas
parece que finalmente está nos trilhos, né? O Centro de Terapia Infantil”.
“Está mesmo, né?”

Fazia quase dois anos que Sakura havia proposto para seus superiores a criação de um
departamento no hospital da Aldeia Oculta da Folha focado no atendimento e atenção a saúde
mental e física infantil. Essa ideia foi proposta seis meses após o fim da Quarta Guerra Ninja,
responsável por unir todos os ninjas do mundo para impedir a ressureição de Kaguya Otsutsuki.

Com o fato de enfrentarem um inimigo fortíssimo, os ninjas de todos os países estavam em


desespero, mas com a Aliança Ninja — com Naruto na influência — foi possível lutarem, sem
perder as esperanças, para destruir as ambições de Kaguya.

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Quando tudo acabou, as pessoas finalmente estavam em paz. O mundo estava a salvo. As
reconstruções das vilas logo começaram, com pequenos reparos e até reconstrução total de
varias regiões atingidas pelos conflitos.

Como médica ninja, Sakura acabou tratando muitos ninjas feridos. Havia poucos com ferimentos
graves, e todas as pessoas que ela tratou pareciam em paz e felizes com o desfecho, graças ao
sentimento de que a guerra finalmente havia chegado ao fim.

Mas e as crianças?

Esse pensamento de repente havia cruzado seus pensamentos quando ela viu Kurenai ninando
sua filha dentro do hospital. As crianças, àquelas que não foram atingidas diretamente pela
guerra, poderiam não ter se machucado fisicamente. Mas e quanto sua saúde mental?

Todos aqueles conflitos sem fim não poderia causar um grande estresse na mente das crianças?
Crianças viram seu país sendo destruído, pessoas sendo mortas — isso não poderia assustá-las?

Sakura então começou a coletar dados de todos os pacientes que davam entrada no hospital e
descobriu que um número enorme de crianças dava entrada sem muitos problemas físicos,
porém, sua saúde estava em risco.

Eu não posso simplesmente ignorar isso.

As crianças são o bem mais precioso de uma vila, o Terceiro Hokage, Hiruzen, sempre dizia
aquilo. E essa frase havia sido passada para a geração seguinte.

Sakura primeiro discutiu a ideia de organizar uma especialidade dentro do hospital e criar uma
estrutura que poderia fornecer atenção a saúde mental das crianças com sua mentora, Tsunade.

“Eu acho que é uma grande ideia”, Tsunade havia lhe dito, “Tome a frente disso, Sakura, e não
desista”.

Com o apoio de sua mentora, Sakura começou a fazer todas as preparações: treinar e recrutar
pessoas para essa nova organização, cooperando com todo o hospital da Folha e trabalhando
pesado, desenvolvendo todo o sistema. Havia muita coisa a ser feita, e Sakura não daria conta
sozinha, foi então que sua amiga, Ino, chegou para lhe dar uma força.

“Você tem um lado muito sério. Você parece que quer carregar tudo em suas costas, e é triste
quando você não consegue”, Ino havia lhe dito.

Com a ajuda de Ino e uma preparação de seis meses, Sakura finalmente havia conseguido abrir o
Centro de Terapia Infantil. Eles logo começaram a ver resultados com os atendimentos. A reunião
que ela acabara de frequentar com Ino, era para mostrar os dados das amostras de como tudo
estava ocorrendo no Centro Infantil.

“Tudo isso foi graças a sua ajuda, Ino. Obrigada”, Sakura agradeceu.

“Quando você ter seu bônus, me pague um jantar”, Ino respondeu sorridente. Sakura gargalhou.

“Que tal tomarmos um chá?”, Ino perguntou logo que elas saíram das dependências do hospital.

Sakura juntou ambas as mãos na sua frente, um gesto como se pedisse desculpas, “Desculpe,
mas eu tenho uns documentos para organizar. Talvez uma próxima vez?”

“Beleza…”, Ino desistiu, mas seu rosto demonstrava preocupação. Ela se perguntava se Sakura
não estava trabalhando demais. Sakura, fingindo não notar a preocupação da amiga, acenou
com a mão para se despedir, “A gente se vê”, e caminhou em direção a uma rua que levava até o
mercado principal.

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Apesar de ser no meio da tarde, a cidade estava agitada. A neve já tinha se derretido
completamente pelas ruas: a primavera havia chegado. As pessoas já não estavam mais usando
seus casacos gigantes.

“Huh? Sakura-chan?”, de repente, ela ouviu uma voz atrás de si. Uma voz que ela conhecia muito
bem.

“Naruto! Hinata!”, ela então se virou, e viu ambos usando suas roupas de civis, “E ai, estão num
encontro?”

“Aham, pela primeira vez em anos, estamos de folga”, Naruto respondeu.

“E você, Sakura?”, Hinata perguntou.

“Eu estava em uma reunião com a Ino no hospital”

“Eu ouvi falar disso. Ahh… algo como… não sei o quê infantil”

“O Centro de Terapia Infantil”, ela o corrigiu e então, mudou de assunto, “Onde vocês vão?
Jantar?”

“Aham!”, Hinata acenou com a cabeça, “No Ichiraku"

“Ei”, Naruto foi de fininho falar no ouvido de Sakura, “Então, eu li num livro que o Sai me
emprestou que o homem deve pagar a conta num encontro, mas precisa ser em um lugar caro”

Sakura riu ao ver Naruto preocupado e pálido, “Tudo bem”, ela sussurrou no ouvido dele, “Não
precisa ser em um lugar TÃO caro, pode ser mais simples”

“Do que vocês estão falando?”, Hinata tombou a cabeça para o lado, em dúvida.

“Não é nada! Nadinha mesmo”, Naruto sorriu e afagou seu estômago com uma de suas mãos,
“Estou ansioso para comer Lámen”

Talvez, pelo gesto parecer infantil, Hinata acabou gargalhando. Os dois se olharam e sorriram, e
ao olhar para eles, Sakura não conseguiu segurar um sorriso feliz com o casal a sua frente.

Fazia pouco meses que Naruto e Hinata tornaram-se oficialmente um casal. Sakura ficara um
pouco preocupada com o relacionamento da ingênua Hinata e o coração de leão Naruto, mas por
ser próxima de ambos, ela viu que suas preocupações eram atoas, devido a felicidade do casal.

Era inverno quando tudo começou. O descendente Otsutsuki que vivia na lua, Toneri Otsutsuki,
havia sequestrado a irmã mais nova de Hinata, Hanabi, roubado seu Byakugan, e prometido
destruir o mundo. Naruto ficara ferido em sua luta contra Toneri, e Hinata havia decidido se
entregar ao inimigo, mas logo que Naruto se recuperou, ele derrotou Toneri e o mundo finalmente
fora salvo.

Com o passar da missão, Naruto havia percebido que ele não poderia viver sem Hinata, e
finalmente se abriu em relação a seus sentimentos. E então, após salvar o mundo, Naruto voltou
para a vila com Hinata sendo sua namorada. A novidade se espalhou rapidamente por toda a vila.
Os colegas e outros ninjas sempre os provocavam e fazia graça, mas esse tempo já havia
passado.

Semanas após todo aquele ocorrido, o casamento de ambos estava marcado.

“Por que você não vem conosco, Sakura-chan?”, Naruto cortou seus devaneios, com um sorriso
estampado no rosto.

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“Olha aqui”, Sakura suspirou, “Por que eu atrapalharia? Vocês dois estão de folga. Vão e
aproveitem esse tempo sozinhos na paz, seu tapado”, ela disse com um farfalhar de mãos e
empurrou as costas de ambos para frente.

Ela olhou suas costas, enquanto caminhavam pela rua. Ela reparou quando Naruto disse algo,
fazendo Hinata rir. Eles pareciam felizes.

Sortudos, ela pensou inconscientemente. Mas ela não conseguia não pensar naquilo. Os
sentimentos que ela não podia compartilhar com ninguém a fez suspirar. Quando isso acontecia,
o cérebro dela automaticamente focava em trabalho. Os papéis que ela deveria ler, os relatórios
que ela deveria escrever…

Ao notar a rapidez que seu cérebro logo pensou em trabalho, ela sorriu amargamente.

Por isso Ino parecia preocupada…

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“Sakura, a Aldeia Oculta da Areia nos respondeu sobre aquilo que discutimos”, O sexto Hokage,
Kakashi Hatake, estava sentado atrás de sua mesa, usando seu manto e chapéu de Hokage,
“Eles disseram que estão prontos quando você estiver”.

“Sério?”, os olhos de Sakura brilhavam.

Kakashi sorriu, “Que tal levar a Ino com você? Ela ajudou-a a estruturar isso, não?”

“Sim! Eu vou chamá-la”

Uma semana depois que Sakura e Ino obtiveram os resultados do Centro de Terapia Infantil da
Aldeia Oculta da Folha, Sakura fora chamada para a sala do Hokage. Ela já havia conversado
com Kakashi para ver se elas poderiam oferecer os serviços para a Aldeia Oculta da Areia,
também membro da Aliança Ninja.

Havia outros lugares com crianças traumatizadas por conta da guerra além da Aldeia Oculta da
Folha. No caso, o Centro de Terapia Infantil estava obtendo resultados na Aldeia Oculta da Folha,
e isso poderia se estender e beneficiar outras vilas.

“Tudo que for útil, deve-se ser compartilhado com todos. Vá e ensine tudo o que você sabe”

“Pode deixar, Kakashi-sensei. Você nos ajudou tanto — até com as preparações, você nos
ajudou em todas as maneiras possíveis”

“Mas é claro. Quando uma ex-aluna sua trabalha pesado assim, eu faço tudo o que está ao meu
alcance para ajudar. E bem… eu entendo como cicatrizes de um passado conturbado pode
afetar a saúde mental de alguém…”, Kakashi murmurou, “Você decide quando quer ir para a
aldeia da Areia. Vá e faça o que você preferir”

“Sim, senhor”, e então, Sakura deixou o escritório do Hokage.

Levaria quatro dias para chegar na aldeia da Areia. Tudo o que ela precisava era dar mais uma
olhada em toda a papelada e documentação e organizar os equipamentos ninjas necessários.
Sakura estava pensando em tudo isso enquanto deixava a mansão do Hokage, até ela se
encontrar com Sai no meio do caminho, carregando um pergaminho gigante nas costas.

“Sai!”, ela o chamou.

“Ei!”, ele parou no meio do caminho e foi em direção a ela.

“Veio ver Kakashi-sensei também?”

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“Aham”, foi sua resposta estóica, “E você? O que você veio fazer?”

Sakura então explicou sobre sua viagem até a Aldeia Oculta da Areia.

“Hum. Aldeia da Areia. Melhor você se cuidar e levar bastante água. O clima lá é bem seco”

Sakura acenou com a cabeça, grata pela preocupação de Sai, “Eu vou ficar bem. Eu vou levar
um hidratante. Eu tenho sim uma parte mais feminina, viu?”

“Ah, é? Parece que você tem mais força do que feminilidade, então, não exagere”, Sai disse,
sorrindo, e Sakura sorriu de volta para ele.

“Eu devo usar minha força para arrebentar a sua cara?”, ela perguntou.

“Que medo”, ele respondeu, mas parecendo nem um pouco assustado, e então, seguiu em
direção ao escritório do Hokage.

Francamente, Sakura sorriu, divertida.

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“Me chamou?”, Sai perguntou, ficando de frente com o Hokage.

“Desculpe-me por chamá-lo de última hora”, Kakashi fechou o arquivo que estava em mãos.

“Tudo bem. Mas eu tenho uma dúvida… por acaso, é alguma missão?”

“Bem, é uma missão, mas não uma missão oficial, por assim dizer”

Sai estreitou os olhos, suspeito, “O quê você quer dizer?”

“Eu quero que você descubra algo para mim. Mas quero que você aja sozinho”

“Descobrir o quê?”

Kakashi declarou, “O Daimyo* veio semana passada para descansar nas fontes termais da vila e
foi atacado. Você soube disso?”

“Sim. Me falaram que uma única kunai foi atirada e quase atingiu o Daimyo na água”

“Bem, ele não foi machucado. Mas os Anbus fizeram a segurança por todo o perímetro naquele
dia. Uma única kunai —eles poderiam ter facilmente impedido isso”, Kakashi deu uma pausa
para continuar, “Dias antes, quando o conselheiro Homura veio para monitorar o terreno, ele e os
dois ninjas junto dele foram assaltados por ladrões”

“Disso eu não sabia”

“O senhor Homura não queria que isso virasse notícia, então, abafamos o caso”

“Isso é incomum, homens próximos do senhor feudal sendo atacados”

“E em seguida”, Kakashi pensou em voz alta.

“Então, você quer que eu investigue esses dois incidentes?”

“Bom, eu não sei se foram somente esses dois incidentes, ou se há um terceiro, ou se uma
pessoa só foi responsável por todos. Ou se foi incidentes isolados”, Kakashi raciocinava, “Mas
de qualquer maneira, quero que você investigue todos”

“Mas e os Anbu?”, Sai perguntou, “Você não os convocou?”


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“Sim, eu os convoquei. Mas eu quero uma investigação mais pessoal e isolada. E eu pensei em
você”

“Entendo. Farei isso imediatamente”

“Obrigado”

“Você não quer eu trabalhando com o Naruto ou a Sakura? A investigação seria mais eficiente
se… na verdade, Naruto não é bom com esse tipo de investigação de surdina”

“Então, você me entende”, Kakashi sorriu, “Ele não é muito bom com esses tipos de missões. E
Sakura tem outra tarefa a ser feita nesse momento”

“Entendo. Eu me encontrei com ela em meu caminho para cá. Ela comentou que iria para a aldeia
da Areia”

“É isso mesmo. E é por isso que você vai agir sozinho por enquanto. E acho que você terá mais
sucesso assim”

“Entendido”

“Tenha cuidado”, Kakashi franziu o cenho, “Tenho o pressentimento que isso não é um crime civil
e bobo”

“Intuição?”

“Pode-se dizer que sim”

“Irei tomar cuidado. E você também, tome cuidado”

“Eu?”

“As pessoas mais importantes do país foram atacadas. Não seria estranho se o Hokage não for o
próximo”

“Creio que você tem razão. Terei cuidado”, enquanto falava, Kakashi pensou, queria que eles
fossem mais rápidos e me atacassem de uma vez.

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No dia seguinte, Sakura havia se encontrado com Ino e arrumado tudo o que era preciso para a
viagem à aldeia da Areia. Logo após deixar tudo arrumado, Sakura foi chamada por Tsunade até
um bar que era o que sua mestra sempre frequentava.

“Na verdade, eu não tenho nada em particular para falar com você. Eu ouvi sobre sua viagem de
amanhã, e isso meio que foi o motivo de eu te chamar”, Tsunade riu, “A verdade é que eu só
queria uma companheira para beber”

Sakura sabia que sua mestra estava tentando falar delicadamente com ela, para não fazer ela
sentir a obrigação de lhe reportar sobre tudo. Tsunade também achava que Sakura estava
trabalhando demais, então, queria tirar um pouco sua aluna do ambiente de trabalho.

Tsunade havia dado apoio total a Sakura sobre a abertura de um centro de terapia focado em
crianças. Por isso, ela se sentia culpada por todo o trabalho pesado que Sakura andava fazendo.

“Olha só o que você se tornou, minha pequena aprendiz. Por exemplo, olha isso, um Centro de
Terapia Infantil! Eu adoro me gabar de ter sido sua mestra”, enquanto ela virava um copo de sake,

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um atrás do outro, podia se ver as bochechas dela ficando rosadas por conta da bebida. Tsunade
era daquelas que jantado rápido para começar a beber logo.

“Mas no final de tudo, tudo o que eu fiz foi conseguir contatos chave. Os mais importantes são os
especialistas que trabalham no centro de terapia”

“Você não precisa ser humilde. Muitas crianças tem problemas mentais que nem elas conseguem
descrever o que sentem. E isso é um enorme problema. É maravilhoso ter alguém que dê atenção
a esses problemas. Você criou toda uma estrutura para isso. E isso é magnífico”

“Sim, senhora”, Sakura sentiu-se recompensada e encantada com os elogios da mestra.

“Alias, como anda Naruto e Hinata?”, Tsunade perguntou, logo que o assunto sobre trabalho se
encerrou.

“Bem. Eu me encontrei com eles dias atrás, eles estavam em um encontro. Parece que as coisas
entre eles está caminhando bem”

“E eu não tenho dúvidas de que Hinata é do tipo que segura bem as rédeas quando é necessário”

“Eu também acho. Se ele estivesse em um relacionamento com uma mulher mais teimosa e
determinada, Naruto teria problemas e sempre iria bater de frente. Mas eu duvido que algo assim
aconteça com Hinata”

“Acho que ele teria dificuldades em se relacionar com uma mulher como você”, Tsunade
comentou, sorrindo.

“Haha!”, Sakura gargalhou, e balançou a cabeça, divertida. Mas a alegria logo se transformou em
tristeza, quando ela se lembrou de sua própria situação amorosa.

Não dá. Não dá. Talvez se eu falasse mais abertamente com ela, seria melhor?

Mudando completamente seu tom, Sakura perguntou com pressa, “Mestra, serei completamente
honesta com você. Como você consegue fazer um homem olhar completamente para você?”

“Hum… se você quiser que um homem olhe para você…”, Tsunade parou e pensou por um
momento, “Peitos, eu acho”, ela empinou seus peitos para dar ênfase a sua fala.

Peitos… a resposta é peitos.

“Sabia”, Sakura murmurou em derrota, “Os da Hinata são bem grandes”

“Deixe de ser boba, eu estava brincando”, Tsunade logo completou, “O que faz uma pessoa olhar
para outra, isso depende da pessoa”

“Eu queria acreditar nisso…”

“Continue lutando, Sakura. Acho que nessa parte, não há como eu te ajudar”

“No caso, faça uma aposta em mim, Mestra”

“Apostar em você?”

“Aposte que minha vida amorosa nunca vai melhorar. Suas apostas estão sempre erradas,
correto?”

Tsunade bufou, brincalhona, e sorriu, “Entendi. Pode deixar”

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No dia seguinte, Sakura e Ino atravessaram o portão da vila e foram em direção a Aldeia Oculta
da Areia. A aldeia da Areia ficava a oeste das terras da aldeia da Folha. Ao deixar a aldeia da
Folha, os viajantes precisavam passar por planícies e densas florestas para chegar a aldeia da
Areia.

Se Sakura e Ino quisessem, elas poderiam chegar em três dias, porém, não era nenhuma
emergência. Elas não tinham intenção de chegar tão rápido. Seus planos eram de chegar a aldeia
da Areia em quatro dias.

O clima estava fresco e a viagem fora sossegada até então. Com seus uniformes de batalha, as
duas conversavam enquanto pulavam de galho em galho — atravessando as árvores.

“Está rolando algo entre o Shikamaru e a Temari”, Ino disse, após duas horas de viagem.

Sakura virou de lado para encarar a amiga e reparou que ela segurava um sorriso travesso —
seus cabelos loiros presos em um rabo de cavalo.

“Tipo?”

“Acho que eles estão ficando”

“Sério!?”

“Aham, tipo, eu realmente acho que eles estão ficando”

Enquanto conversavam, elas continuavam a correr — sem perder o fôlego ao fazer as duas coisas
ao mesmo tempo.

“É sério”, Ino continuou, “A Temari às vezes vai para a aldeia da Folha, né, para trabalho”

“Bem, ela é a diplomata da aldeia da Areia”

“Só que então, eu os vi um dia desses. Shikamaru e ela, andando juntos”

“Tá de brincadeira”, Sakura riu, “Isso não significa nada. Eles podem estar conversando sobre
trabalho”

Assim como Temari, Shikamaru também tinha uma posição importante na aldeia da Folha, e ele
tinha frequente contato com vários diplomatas de outros países. Sakura já tinha visto ele com
Temari várias vezes.

“Ok, ok, mas presta a atenção. Eles se olham de uma maneira tão… íntima. Eles não andam de
mãos dadas, sabe? Mas o olhar em seus olhos e o clima, é diferente. Quando eu os vi uns dias
atrás, eu percebi isso. Eu queria ir cumprimentá-los, mas eu senti que iria atrapalhar alguma
coisa. Acabei ignorando que os vi”

“Sério? Caramba… Shikamaru e Temari”, ao dizer isso, Sakura percebeu que ela não se sentiu
surpresa com a combinação.

Aqueles dois pareciam ter uma conexão. Eles haviam sido oponentes nos exames Chunnin. E
durante a missão de resgate a Sasuke, Temari foi uma das ninjas da Areia responsáveis por ter
ajudado Shikamaru a enfrentar Tayuya da Aldeia Oculta do Som. E depois disso, eles ainda
tiveram oportunidades de estarem juntos em outras ocasiões, e até ser companheiros de time em
algumas missões. Talvez o sentimento de amizade entre eles tenha evoluído para algo mais
intenso com o convívio em missões e na Guerra Ninja.

“Talvez eu pergunte sobre isso a Temari quando chegarmos”, Ino disse, rindo.

“Acho melhor não. Ela ai te arrebentar com aquele leque dela”

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“Ha ha! Não dúvido!”

Aquela conversa simples deixou Sakura feliz, “É primavera para todos, creio eu. Mas mesmo
Shikamaru estando envolvido com a Temari, parece que o Chouji continua interessado somente
em comida, né?”

“Não, não, e totalmente não”, Ino respondeu rapidamente, fazendo uma cara que parecia que
estava prestes a dizer algo completamente confidencial, “Karui da Aldeia Oculta da Nuvem”

“Tá de brincadeira”, isso sim era inesperado, “Tipo—como—mas, aquela mulher nervosinha?”

“Aham, e já era hora. Chouji sempre ficava dando desculpa para ir para a aldeia da Nuvem. E
lógico, eu sempre achei suspeito. Então, eu o botei contra a parede, e ele acabou dizendo sobre
os planos que ele tinha, como jantar com a Karui. Como eu disse, já era tempo”, Ino disse e
acenou com a cabeça, como se confirmasse sua declaração.

“Acho que sim”, Sakura respondeu, mas de repente, algo veio em sua mente, “Mas e ai, e você?
Como anda sua vida amorosa?”

Quando ambas eram crianças, Sakura e Ino eram rivais em questão de garotos, principalmente
porquê ambas competiam por Sasuke Uchiha, mas quando elas cresceram, Ino acabou desistindo
dessa competição. Sakura queria saber quem Ino gostava atualmente, ou se houvesse alguém.

“Sim… há alguém”, Ino respondeu envergonhada.

“Jura? Você está namorando?”

“Não estou namorando. Mas há alguém que eu acho que seria legal de estar junto…”

“Uau!”, Sakura respondeu, se aproximando de Ino, curiosa, “Eu não faço ideia de quem seja.
Quem é? Me fala!”

“Você realmente não vai desistir dessa”

“Não, porquê você me deixou curiosa. Me dê pelo menos uma dica”

“Uma dica?”, Ino pensou por um momento, e então disse, com as bochechas coradas, “Ele é
bom com pintura”

“Qual é, isso não é nem uma dica, é uma resposta”, Sakura retrucou, “Então… Sai, hein?”

“Você não acha inesperado?”

“Talvez”

Ino demonstrou interesse em Sai desde o princípio, quando ele tomou o lugar de Sasuke no Time
Sete. Na época, ela achava ele daora e parecido com Sasuke.

“No início, eu meio que já o achei legal…Tipo, ele é um gato, mas sei lá, esses sentimentos…
agora estou caidinha por ele — espera, o que eu to falando? Isso é embaraçoso — Huh!”

“Relaxa, relaxa!”, Sakura murmurou para a amiga, “Você já contou isso a ele?”

“Er… ainda não”. A voz de Ino era quase um sussurro, uma reação que Sakura não esperava. Ela
sempre viu Ino sendo completamente segura de si quando as coisas se tratavam do sexo oposto,
mas parece que as coisas estavam um pouco diferentes agora.

“Eu não consegui me decidir entre… lavanda e cornus”

“Lavanda e cornus?”
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“Sim. Na linguagem das flores, lavanda significa ‘estou esperando por você’, e a cornus significa
‘aceite meus sentimentos’. Eu poderia criar um clima para fazê-lo receptivo e me esperar, ou eu
poderia simplesmente dizer logo o que sinto por ele. Estou decidindo o que fazer”

“Entendi”, que clichê, a filha de uma floriculturista explicando seus sentimentos através de flores,
“Eu acho… que você faz mais o tipo da cornus”, Sakura destacou.

Ino acenou com a cabeça, “Não é? Parece mais com a minha personalidade. Ah… preciso me
decidir”, Ino colocou uma das mãos na testa, e Sakura não pode deixar de achar aquilo adorável.

Se fosse eu, Sakura pensou de repente, Lavanda, talvez? Isso parece mais comigo…

Mesmo ela pedindo para ele aceitar seus sentimentos, Sasuke estava mundo afora, longe,
viajando. Tudo o que ela poderia mesmo fazer, era esperar.

Mas, ela pensou, quanto devo esperar?

————————————

Um homem usando uma capa de viagem e com uma espada pendurada em sua cintura, estava
cara a cara com outro homem de vestimentas negras e olhar sombrio. Atrás do homem de
vestimenta negra, havia uma dúzia de capangas, enquanto o homem de capa estava sozinho.

Havia várias barracas montadas em volta. Ali era uma caverna, envolta de pedras, rochas e areia.
As barracas eram da cor da areia, e parecia ter sido difícil de montá-las ali.

“Você fala sério? Que você quer se juntar a nós e cometer atos de terrorismo na Aldeia Oculta da
Folha?”, o homem de vestimentas negras perguntou.

O homem de capa concordou com a cabeça, “Sim. Não me faça repetir”

“Isso não condiz com as histórias que ouvi falar. Você não superou seu ódio e até lutou para
proteger a vila?”

“As pessoas mudam”, o homem de capa respondeu, com uma voz fria, “Meu ódio não
desapareceu. Pensei por um minuto que havia passado, mas eu estava errado. Eu pretendo
destruir aquele lugar”

O homem de vestimentas negras o encarou.

Hoje era a segunda vez que eles se encontravam. A primera vez que eles se encontraram, os
homens rapidamente tentaram o capturar. A história que o homem de capa contou a eles não
parecia verdadeira. Mas mesmo tendo sido quase capturado, o homem de capa não desistiu. Ele
havia ido atrás deles novamente.

“Por que você quer se juntar a nós? Queremos saber seus motivos”, o homem de vestimentas
negras ordenou.

“Eu ouvi rumores sobre vocês”, o homem de capa murmurou, com a expressão vazia, “Vocês são
ninjas renegados da aldeia da Areia, e que são mestres no que fazem. E que você, o líder, é muito
bom em estilo vento. Eu conto com esse poder”

“Isso não responde a minha pergunta. Você sabe que tipo de organização nós somos?”

“Eu sei. Vocês são terroristas que querem dizimar a estrutura e política atual da aldeia da Areia”,
Houve um eco de desdém por trás do homem de vestimentas negras, e o mesmo não parecia
contente.

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“Isso mesmo. Queremos reformular a estrutura da aldeia da Areia. E é um fato que estamos a
procura de ninjas talentosos para tal feito. Mas nós não temos nada contra a aldeia da Folha. Por
que devemos nos juntar a você e atacar a vila?”

“Meu poder poderia ser um acrescento a organização de vocês. Com isso, vocês não teriam
problemas em dominar a aldeia da Areia. E eu digo, que em troca, eu preciso da ajuda de vocês
para destruir a aldeia da Folha. Logo que destruirmos os folhas, eu irei ajudá-los a derrubar a
aldeia da Areia”

O homem de vestimentas negras fez uma careta e respondeu, “Nós o ajudamos. Você nos ajuda.
Eu acho que você pensou errado. Por que você acha que pode falar assim com a gente?”

“Porquê, obviamente, eu estou acima de vocês. Vocês aqui que pensaram errado. Eu não estou
pedindo para vocês serem meus companheiros, mas sim meus subordinados. Isso é melhor para
vocês, e é assim que deve ser”

O homem de vestimentas negras fechou os olhos — um gesto para conter sua fúria. De repente,
ele os abriu e disse, “Nossa conversa termina aqui. Não há conversa com você. Saia daqui
imediatamente”

“Entendo. Eu irei sair, mas saiba…”, o homem de capa estreitou os olhos, “Eu ainda pretendo
destruir a aldeia da Folha”.

O homem de vestimentas negras fez selos com as mãos rapidamente.

Estilo Vento! Jutsu da Lâmina de Vento!

O vento cortante atravessou o oponente e cortou todos os quatro membros de seu corpo.

“Bom golpe”, ao ouvir essa voz, o homem de vestimentas negras percebeu que seu corpo estava
preso entre um corpo e uma espada. Parecia que ele havia pego o homem de capa com seu estilo
vento, mas ele logo notou que tudo não passava de um genjutsu.

“Uugh!”, sangue e uma voz cortante saiu da boca do homem de vestimentas negras. Ninjas de
todos os lados começaram a aparecer.

“Ninguém se mexa!”

Os ninjas que apareceram usavam máscaras como os Anbus.

A sensação de ter algo nas suas costas, desapareceu, e o homem de capa começou a correr.
Caindo no chão, o homem de vestimentas negras percebeu que o homem de capa estava se
distanciando deles.

“Ele está fugindo!”, alguém da Anbu gritou.

O som alto de homens gritando e armas sendo sacadas era tudo o que se podia ouvir — os Anbus
estavam lutando.

No meio da poeira levantada pela batalha, a visão do homem de vestimentas negras começou a
escurecer.

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CAPÍTULO 2

”Então, eu só preciso investigar esses caras?”, o informante perguntou, segurando a nota que Sai
havia lhe dado. Sua cabeça raspada e seus olhos escuros não dedavam sua idade aproximada.
Na verdade, Sai não fazia ideia da idade do homem a sua frente.

Eles estavam no meio da floresta, fora da aldeia da Folha. Os raios de sol passavam
delicadamente pelas árvores que os envolviam.

“Exatamente”, Sai respondeu.

“O renegado da aldeia da Névoa, Tenzen; Genba, o destruidor de almas; Baraki, líder da


organização criminosa conhecida como ‘Os Mortos' — são bem complicados. Eles são quase
impossíveis de achar”, o informante reportou. Sua voz parecia sumir, talvez o som da água caindo
da cachoeira próxima dificultava ouvi-lo.

“Bem, são eles que quero que você encontre. Descubra se eles se envolveram com algo. Quero
saber de absolutamente tudo, não importa o quão trivial seja”

“Entendido”

“Você memorizou seus nomes?”

O informante acenou com a cabeça. Sai fez um simples selo com a mão, e as escritas na nota
que o informante segurava sumiram, evaporando com o ar. A escrita fora feita com a tinta especial
de Sai.

“Mas ainda assim, por que esses caras?”

“Você não precisa saber”

“Isso tem alguma coisa a ver com o fato do conselheiro Homura ter sido atacado?”

Sai encarou o informante e sorriu sem graça, “Hum, então, você ficou sabendo”

“Eu sou os olhos de todos. Então, você suspeita de um desses caras?”

“Acho que eu disse que você não precisa saber de nada”, Sai endureceu o olhar.

“Ooops, desculpe”, o informante parecia agitado, “Terei isso em mente. Além disso, essas
pessoas, por serem quem são, trará dificuldade em rastreá-las”, ele comentou, já dando de
costas.

Sai deixou a floresta também, voltando para o portão principal da vila.

Ele havia arranjado aquele informante para ajudar nele com o caso, mas ele tinha o
pressentimento que o cara iria retornar sem informações. O informante poderia até conseguir
algumas informações sobre um dos três criminosos citados, mas quaisquer que seja a informação,
elas provavelmente não seriam ligadas com os ataques recentes. Mesmo assim, Sai achou bom a
ajuda do informante só para garantir.

Um Daimyo e um Conselheiro haviam sido atacados. Kakashi achava que aquilo não era
coincidência, e Sai concordava.

O dia que Kakashi havia ordenado que ele investigasse aqueles casos secretamente, Sai
imediatamente foi até as dependências da Anbu e verificou todas as informações obtidas até
então.
O Daimyo estava sob proteção dos melhores agentes da Anbu, tanto em suas viagens quanto nas
fontes termais. Uma kunai foi arremessada através de um ponto cego dos Anbus e quase atingiu o

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Daimyo. Ele não poderia ignorar a significância dessa única kunai. Se fosse uma kunai com papel
bomba, o estrago teria sido fatal.

Quando o conselheiro Homora fora assaltado, havia dois ninjas com ele, mas nenhum deles fazia
parte dos Anbus. Os assaltantes eram três homens de máscara. Um deles atacou o conselheiro
com uma espada, ferindo um de seus braços. O trio rapidamente fugiu, e os ninjas presentes até
tentaram ir atrás, mas não conseguiram descobrir nem suas identidades. Os ninjas que protegiam
o Conselheiro haviam relatado que os assaltantes tinham um manto de chakra roxo.

Dado ao fato de que esse trio conseguiu passar pela segurança, enfrentar os ninjas e ainda
machucar um veterano como Homora — eles não eram pessoas fracas. O objetivo do inimigo era
desconhecido, e Sai sabia que aquele indivíduo não era de se brincar.

Se ninjas fortes estavam sujando suas mãos com atividades criminais, ele precisava verificar o
maior livro de recompensa que o mercado negro obtinha: o Bingo Book. E fora por isso que Sai
havia arranjado um informante, para investigar os ninjas mais procurados do Bingo Book.
Naturalmente, ele não poderia pedir para o informante investigar todos os criminosos, então, ele
pediu para que o informante investigasse os que ele julgara não ter nada a ver com os ataques —
só por eliminação.

Mas, provavelmente, a Anbu já estaria o investigando a essa altura do campeonato, dado que
Kakashi havia lhe pedido para fazer uma investigação as escondidas. Sai tinha certeza de que
Kakashi desconfiava de que alguém misterioso estava por trás dos ataques.

Sai pensou sobre seu próximo passo.

Ele poderia ir para a fonte termal e o lugar perto da floresta onde ocorreu ambos os ataques, ou,
ele poderia investigar novamente o Bingo Book.

De repente, ele sentiu uma presença atrás dele e parou.

Ele estava distante da floresta, já dentro da cidade, mas de uma parte menos movimentada. A rua
de concreto levava-o até seu caminho, e não havia ninguém andando por ali. Talvez, o inimigo
tenha escondido o chakra, e esperado o momento certo para atacar.

Tudo aconteceu muito rápido.

Uma shukiren foi arremessada por trás dele. Ele se esquivou e virou-se em direção a trajetória da
shuriken para ver quantas pessoas ele teria que enfrentar.

Duas pessoas, vinte metros de distância, com máscara preta. Provavelmente, era os mesmos
assaltantes de máscara preta que atacaram o Conselheiro. Ele ainda não sabia se havia outros se
escondendo.

E então, eles se moveram.

Um deles lançou uma kunai. O outro, se moveu no mesmo momento, segurando uma kunai
firmemente com uma das mãos. Provavelmente, ele planejava atacar Sai, enquanto ela baixava a
guarda ao se esquivar da kunai recém lançada. A condenação deles era impecável.

Sai esquivou-se da kunai e deu um salto para trás para evitar o ataque frontal pelo o outro
homem. No mesmo momento que se esquivava, ele pegou seu pergaminho das costas e o pintou
com sua tinta.

Arte Ninja! Pergaminho das Super Bestas!

Dois tigres saíram de seu pergaminho e correram em direção aos inimigos.

Eu vou pegá-los, ele pensou, mas sua esperança caiu por água abaixo.

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Uma kunai atravessou a testa de um dos tigres — fazendo-o se desfazer e derramar tinta preta,
como um jorro de sangue — enquanto outra kunai atingiu a mandíbula do outro tigre, que também
se desfez em tinta preta.

Sai ofegou com surpresa. Eles eram mais fortes do que ele imaginara.

Com os tigres fora do caminho, os inimigos foram para cima de Sai com tudo, sem se preocupar
com alguma defesa. Um deles lançou uma kunai e uma shuriken, e quando Sai se esquivou, o
outro foi para cima dele.

Era uma combinação de ataque simples, mas como era tão bem sincronizado, Sai não conseguiu
nem contra atacar.

Sai então jogou um papel bomba no chão. Com a fumaça, ele conseguiu tempo suficiente para
pegar novamente seu pergaminho e desenhar outra fera com sua tinta especial.

Quando a fumaça começou a se dissipar, os inimigos sacaram suas kunais e fizeram posição de
defesa.

Os primeiros tigres que Sai desenhou, correu em direção ao inimigo. Esses tigres eram menores
que os primeiros, mas dessa vez ele desenhou seis — e não dois. Alguns corriam de maneira
mais lenta, outros pularam no ar, e esses movimentos inesperados confundiram os inimigos.

Agora que o número de tigres aumentou, seus oponentes pareciam hesitantes.

Ótimo, com uma kunai em mãos, Sai entrou no meio do fogo cruzado, primeiro, esse…

Ele foi para cima do inimigo mais próximo a ele.

Mas, no instante seguinte, o chakra do inimigo dobrou — um manto de chakra começou a


envolver todo o seu corpo, como chamas. A explosão de chakra que ocorreu a seguir, transformou
dois tigres em tinta em um segundo.

Os olhos de Sai se arregalaram.

Esses inimigos não eram mesmo ninjas qualquer. Com essa enorme quantidade de chakra, eles
possivelmente eram Jonins. Mas o que mais o surpreendeu foi o manto de chakra que envolveu o
corpo dos inimigos.

Isso é… uma cauda?

O manto de chakra roxo no corpo do inimigo havia se estendido, formando uma grande cauda.

Mas isso foi tudo que ele conseguiu observar.

Se esquivando de um dos ataques dos tigres, um dos inimigos se aproximou de Sai. Antes que
Sai tivesse a chance de piscar, ele se viu preso em uma luta corpo a corpo. Ele e o inimigo
travaram uma luta usando kunais e taijutsu.

O outro inimigo apareceu, agachou-se e passou a perna por trás de Sai. Com o ataque pelas
costas, Sai acabou caindo no chão.

O inimigo não perdeu chances e subiu em cima de Sai, apontado sua kunai em direção ao seu
peito. Sem conseguir desviar, Sai viu a kunai perfurar seu peito, e então, seu corpo de desfez em
tinta preta.

Usando um clone de tinta como isca, o verdadeiro Sai apareceu e contra atacou. Ele voou em
direção ao inimigo que estava em cima de seu clone anteriormente, dando-lhe um forte chute
pelas costas — um golpe perfeito.

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O inimigo voou até atingir o solo, metros de distância. Ele levantou-se do chão, mas não fez mais
nenhum movimento. Ao invés disso, ele virou-se de costas e começou a fugir.

Posso persegui-lo, ou… Sai encarou o outro inimigo.

Aparentemente, ser deixado sozinho para lidar com quatro tigres, não era uma tarefa fácil. O
inimigo parecia ter conseguido lidar com dois tigres, mas os dois restantes o jogou no chão. O
manto de chakra roxo havia desaparecido.

Sai desistiu do inimigo que fugiu e correu em direção ao outro no chão.

Com a barriga para cima, o inimigo virava a cabeça de um lado para o outro, soltando um
grunhido em dor. Por trás da máscara, Sai podia ver os olhos dele o encarando veementemente,
mas aqueles olhos também demonstravam medo.

“Quem é você?”, Sai perguntou.

O homem não respondeu.

“Se você for honesto, eu levarei isso em consideração quando decidir o que fazer com você
durante seu julgamento”, Sai disse, mas aquilo era só encenação. Sai não tinha autoridade para
decidir o que fazer com o homem.

“S—sério…?”, o homem perguntou roucamente. Mas a seguir, ele soltou um grito estridente,
“Ahh!”, e seus olhos se arregalaram.

O corpo do homem começou a entrar em convulsão, e era movimentos tão fortes que os tigres em
cima dele não conseguiram segurá-lo mais.

“O que está acontecendo?”, Sai desfez o jutsu das super bestas — os tigres agora transformando-
se em tinta preta — e foi socorrer o inimigo.

A respiração do homem era baixa e parecia cada vez mais dificultosa. Parecia que ele queria
dizer alguma coisa, mas sua voz simplesmente não saia.

“Ei!”, Sai aproximou a mão para tentar acalmar o homem, e então, reparou o perigo que estava
correndo. Na nuca do homem, um padrão parecido com sânscrito apareceu de repente.

Droga, esse cara vai—

Sai deu um salto para trás quando o corpo do inimigo explodiu, carne, ossos e sangue sendo
espalhados pelo perímetro.

Sai finalmente conseguiu respirar direito ao aterrisar no solo. Não era incomum um ninja pego por
um inimigo acabar com a própria vida para evitar ter informações confidenciais roubadas através
de tortura ou até por jutsu visual. Havia também aqueles que temiam a dissecção após a morte e
preferiam se explodir.

Mas é claro, Sai pensou resignadamente, que isso não seria nada fácil.

————————————

Quando elas chegaram na Aldeia Oculta da Areia, Sasuke estava lá — na entrada da vila, usando
um turbante na cabeça e um poncho, esperando por ela.

Coincidências acontecem, não?

Ou talvez, aquilo não fora uma coincidência, mas o poder dos sentimentos de Sakura trazendo um
encontro inevitável.
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“Sasuke-kun!”

Sakura correu até ele. Por um momento, ela ficou preocupada em não ver Ino em lugar nenhum,
mas a alegria de vê-lo ali era tanta que ela acabou se esquecendo de se preocupar com a amiga.

“Como você está?”, ele perguntou.

“Ótima, e você? Como está o seu braço?”

“Nada com o que você deva se preocupar. Estou me acostumando. Está funcionando
perfeitamente”, Sasuke movimentou seu braço protético feito por Sakura, que usou as células de
Hashirama para tal feito.

“Não se esqueça de me dizer se acontecer qualquer coisa, tudo bem? Eu irei te socorrer”

“Aham, obrigado”, ele disse, e deu tapinhas em cima da cabeça dela. O gesto foi o suficiente para
deixa-lá em êxtase, ao ponto de quase se esquecer como respirar. Ela se perguntou novamente
onde Ino estava, pois Sasuke estava ali na frente do portão da vila para recebê-las.

“Parece que você anda trabalhando muito, Sakura. Fazendo de tudo para ajudar todas essas
crianças”

“Estou surpresa que você ficou sabendo disso, Sasuke-kun”

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“É…bom, éramos da mesma sala, não? Eu sempre me perguntei o que você andava fazendo
enquanto eu estava fora da vila. Na realidade…”, ele parou por um momento, “… eu não estava
me perguntando o que você anda fazendo por termos sido da mesma sala. Eu tenho outro motivo”

“Qual?”

Ele olhou para ela. Seus olhos se encontraram; ele a olhava profundamente.

“Sakura…”

Ela estava estranhamente calma.

Eu não sou mais criança. Eu não preciso mais me preocupar com essas coisas. Eu estou
esperando por esse momento por tanto tempo…

“Sakura”

“Sasuke-kun…”

Ela sentiu uma brisa passar por suas bochechas. Estranho. Não havia vento. Se houvesse vento,
a areia que os rodeava deveria estar se mexendo também. Mas Sakura podia sentir uma brisa
leve.

Ela logo entendeu a causa dessa sensação estranha. A mente de Sakura estava tentando trazê-la
para a realidade — ela estava sonhando.

Ficar frente a frente com Sasuke no portão da Aldeia da Areia era um sonho; na realidade, Sakura
estava dormindo no meio de uma floresta, e ela ainda não havia chego no país da Areia. O vento
soprava ao seu redor enquanto ela dormia.

Entre sonho e realidade, Sakura entrou em pânico.

Eu não quero acordar. Eu quero ficar com Sasuke-kun. Eu quero ouvir o que ele tem para me
dizer. Sasuke—

Sakura abriu os olhos.

Estava de noite. Ela estava no meio de grandes árvores. Graças a luz da lua, não estava um breu
completo. Ino estava dormindo ao seu lado. Hoje fazia três dias desde que ambas deixaram a
Aldeia Oculta da Folha em direção a Aldeia Oculta da Areia. Elas estavam próximas do país da
Areia, mas como o sol começara a se por, elas resolveram descansar um pouco antes de
prosseguir viagem.

Quando elas entraram no meio da floresta no final da tarde, elas fizeram uma pequena refeição e
decidiram que deveriam descansar um pouco. Se elas estivessem no meio de uma batalha,
provavelmente elas iriam revisar para alguém ficar de vigia, mas com a calmaria, elas apenas
deixaram armadilhas pelo perímetro. Felizmente, ninguém havia as atacado no meio da noite.

Dentro da cabeça de Sakura, seu sonho voltou a pertubá-la.

O fato de Sasuke ter aparecido em seu sonho a deixou tremendamente feliz, e ao mesmo tempo,
entristecida. A tristeza era a pior parte, a ausência dele tornou-se insuportável quando ela voltou a
realidade.

Ela suspirou com tristeza.

Um sonho assim — acho que devo estar enlouquecendo, talvez.

Enquanto viajavam, Ino havia contado a ela sobre Shikamaru e Temari, Chouji e Karui e sobre ela
e Sai.

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Todos esses relacionamentos estavam se desenvolvendo em volta dela. Sakura sabia que era
vago ela ficar pensando sobre isso acontecer com ela em breve ou nunca. Encontrar um amor não
era o x da questão.

Mas ainda assim, em seu coração, ela sentia frustração.

Espero que esse sonho se torne realidade, Sakura pensou. Esse sonho vai se realizar, e Sasuke
estará lá quando chegarmos na aldeia oculta da Areia amanhã.

“Ou não”, ela murmurou para si e riu, suspirando novamente.

————————————

No dia seguinte, Sakura e Ino chegaram na Aldeia Oculta da Areia como planejado, e para recebê-
las na porta, estava os membros veteranos da equipe médica local.

“Vocês devem estar cansadas”, um homem velho com uma barba bem feita disse, “Depois que
vocês descansarem um pouco, adoraríamos ouvir o que vocês tem a nos dizer”.

“Estamos ansiosas por isso”, Sakura respondeu, e o homem de barba as conduziu para o hospital
da vila.

Elas foram levadas para uma imensa sala do hospital. Depois de relaxarem um pouco, ambas
participaram de uma reunião, onde falaram sobre assuntos médicos. Sakura falou primeiramente
sobre o Centro de Terapia Infantil da Aldeia Oculta da Folha, os pontos cruciais que deveriam ser
feitos e os atuais resultados.

Não importava quantas vezes ela já havia feito aquilo, ela nunca se acostumaria a falar na frente
de várias pessoas, mas graças a Ino, que cortava sua fala as vezes para acrescentar
informações, tudo ocorria sempre bem.

Quando ela terminou, era a hora do grupo debater ideias e opiniões. Por conta das diferenças de
cultura e sistema administrativo, a aldeia da Areia não podia simplesmente adotar os métodos da
aldeia da Folha, mas o chefe dos médicos ninja declarara que se eles fizessem ajustes antes de
introduzir o centro de terapia, eles poderiam ter resultados positivos na aldeia da Areia também. A
reunião e o debate se finalizou após duas horas. Depois que todos os presentes deixaram a sala,
o homem de barba que as recebeu no portão da vila se aproximou.

“Peço desculpas pelo incomodo — já que vocês devem estar cansadas — mas eu posso pedir
que vocês deem uma visita ao Kazekage-sama? Ele gostaria de conversar com vocês. Temari-
sama também está com ele”

“Certamente, ficamos gratas”

“Vir até aqui e não ver esses dois, simplesmente não dá!”, Ino riu.

“Bom, então por favor, me sigam”, o homem de barba as conduziu. Sua expressão não era fácil de
ler, o que deixou Sakura curiosa.

Elas deixaram o hospital e foram em direção ao centro da cidade, até notarem um prédio espiral,
com o símbolo “vento” em sua fachada. Sakura e Ino adentraram no prédio, e quando entraram na
sala principal, viram que havia uma mesa redonda no centro da sala, e atrás dessa mesa, sentava
Gaara — com Temari ao seu lado.

“Eu trouxe as kunoichi da folha”, o homem de barba disse, e com o aceno de cabeça de Gaara, o
homem deixou a sala.

“Sakura, Ino, obrigado por virem”, Gaara disse.

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“Gaara, Temari, como vocês estão?”, Sakura perguntou.

“Muito bem”, Gaara acenou com a cabeça.

Temari respondeu rapidamente um “Bem”.

Ambos pareciam infelizes. Gaara sempre tinha aquela cara enigmática, mas podia se ver traços
em seu rosto que dizia que ele estava com raiva.

“Um… algo aconteceu?”, Ino perguntou.

Depois de trocar um olhar com Temari, Gaara olhou para Ino e Sakura.

“Sasuke Uchiha está na vila”

————————————

Os olhos de Sakura se arregalaram, “Sério?”.

O quê? Aquele sonho. Será que está se tornando realidade?

Por um momento, um sorriso discreto quase escapou de seus lábios, mas ao notar a expressão e
tom de Gaara, ela assumiu que aquela situação não era boa, e segurou o sorriso.

“Sasuke está aqui?”

“Por quê?”

Sakura e Ino perguntaram simultaneamente.

Gaara juntou suas mãos e colocou os cotovelos na mesa, com o queixo apoiado nas mãos,
suspirou pesadamente.
“Eu ainda não sei por onde começar. Então, acho que vou simplesmente contar o que aconteceu”,
ele disse, “Dois dias atrás, Sasuke Uchiha contatou terroristas que se escondiam aqui na vila”.

“O quê?”, Ino gritou, a voz nervosa, “Espere um minuto. Por que Sasuke contataria terroristas—“

“Ino”, foi Temari quem a interrompeu, “Gaara irá falar primeiro. Deixa as perguntas para depois”

“Desculpe”,

Gaara acenou com a cabeça e continuou, “Dois dias atrás, membros da Anbu e eu verificamos a
base desses terroristas. Normalmente, o líder da vila não iria diretamente nesses tipos de missão,
mas a situação é…”

Os terroristas eram ninjas originários da aldeia da Areia, mas eles eram contra o título de
Kazekage de Gaara, e então, deixaram a vila e criaram um grupo opositor. Por um longo período,
Gaara não sabia onde o grupo ficava, mas meses atrás ele havia descoberto a base deles, e o
grupo estava sob vigilância dos Anbu.

O grupo havia feito movimento há uma semana atrás.

Um homem, sozinho, visitou a base deles e conversou com o líder do grupo. Um membro da Anbu
reportou que o homem visitou a base e logo saiu de lá, simplesmente desaparecendo. O encontro
do homem com o líder do grupo terrorista foi tão breve que nem deu tempo da Anbu tentar ouvir a
conversa. Mas um outro relatório de outro membro da Anbu que foi preocupante.

“O homem que apareceu na base dos terroristas se assemelha muito com Sasuke Uchiha da
Aldeia da Folha"

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Sakura segurou a respiração e a vontade de falar. Ela poderia fazer perguntas depois.

“Eu achei que fosse um erro, apenas um confusão”, Gaara completou, “Mas como eu me recusei
a acreditar nessa informação, eu decidi me juntar aos membros da Anbu e monitorar a base no dia
seguinte”

Gaara poderia observar os terroristas de perto, e como ele manipulava a areia, ele poderia
facilmente plantar sistemas de escuta. Dias após ele entrar na Anbu disfarçado, Sasuke Uchiha
apareceu na base terrorista. Logo que chegou, ele o viu negociando com o líder da organização.

“Sasuke ameaçou o líder e comandou que eles se tornassem seus subordinados”

“Subordinados?”, Ino franziu o cenho.

Gaara acenou com a cabeça, “Sasuke chegou até eles com a ideia de eles o ajudarem a destruir
a aldeia da Folha. Se eles o ajudassem, ele iria ajudá-los de volta em atacar a aldeia da Areia”

“Mas—“, Sakura não conseguiu se segurar.

Gaara a ignorou, “Os terroristas negaram a proposta de Sasuke. E então, a negociação não deu
certo, e ao invés de deixar do jeito que estava, Sasuke matou o líder do grupo. Ele disse que não
poderá deixá-lo viver por ele saber de seus planos de destruir a aldeia da Folha”

Testemunhando tudo aquilo com os próprios olhos, Gaara tinha dado ordem aos Anbu para atacar
a base. Uma guerra foi travada pelos Anbus e os terroristas, e no meio do caos, Sasuke escapou.
Gaara tentou ir atrás dele, mas no meio da perseguição, Sasuke escondeu seu chakra e Gaara o
perdeu.

“Isso aconteceu há dois dias”

Sakura fechou seus olhos. Seus lábios estavam selados. Um silêncio endurecedor rodeava a sala.

“Ei, espera um minuto”, Ino disse finalmente, quase que rindo, “Você acha que vamos acreditar na
sua história?”, a situação era muito fora de realidade.

Sakura não conseguia decifrar o que sentia.

Uma tragédia familiar. Um ódio que o fez querer deixar a vila. Sasuke havia superado aquilo; ele
era o amigo deles, ele lutou com eles na Quarta Grande Guerra Ninja. Por que Sasuke iria querer
se juntar com terroristas para destruir a aldeia da Folha? Ela jamais esperaria isso dele.

“Ei, Gaara, você tem certeza absoluta de que era mesmo o Sasuke?”, Sakura perguntou.

“Exato”, Ino disse, “Quero dizer, com um jutsu de transformação ou algo parecido, alguém poderia
se passar por Sasuke…”

“Eu gostaria de acreditar nisso. Mas acho difícil de acreditar”, Gaara balançou a cabeça em
negativa, “Mesmo que alguém seja capaz de usar o jutsu de transformação para se passar por
ele, a pessoa não teria capacidade de emanar um chakra roxo igual ao dele. E o Sasuke que vi há
dois atrás tinha o mesmo chakra do Sasuke que conheço”

“Eu ouvi dizer sobre um ninja da Anbu da aldeia da Folha que era capaz de mimetizar o chakra
alheio. Acham que tem alguma conexão?”, Temari destacou.

Sakura também já tinha ouvido falar da existência daquele ninja. Mas aquele ninja provavelmente
não estava envolvido nisso.

“Acho que não”, Sakura respondeu, “Sasuke não tem motivos para contatar aquele ninja, e eu não
sei o porquê ele faria isso”

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“Nesse caso, é bem provável que o Sasuke que Gaara viu era o verdadeiro”

“Temari! Como você pode—“

“Estou apenas citando os fatos”, Temari disse, olhando feio para Ino.

“Zetsu branco—“, Sakura começou a dizer, mas desistiu no meio da sentença, “Não,
provavelmente não”

“Eu também pensei nisso”, Gaara murmurou, “Aquilo tinha habilidades em mimetizar chakra
alheio. Mas como Kaguya Otsutsuki foi selada, eu não sei se esse cara escapou”

“Então… e a possibilidade de ser um jutsu de personificação?”, Sakura disse. Ela havia lido nos
arquivos da biblioteca que um líder da Akatsuki, Pain, havia usado esse jutsu, uma técnica onde
ele pegava o chakra de uma determinada pessoa e guardava consigo, e então poderia controlar
essa pessoa como se fosse seu próprio corpo.

“Verdade, esse jutsu poderia explicar o porquê seu rosto e chakra eram parecidos. Mas Pain está
morto. E se houvesse mais alguém com a capacidade de usar essa técnica, isso não livraria
Sasuke de problemas, já que ele poderia muito bem procurar por essa pessoa e pedir que ela se
passasse por ele”

Gaara estava certo. Mesmo que aquele Sasuke fosse uma cópia e não o verdadeiro, aquilo não
iria tirar Sasuke das suspeitas.

“Você consegue contata-lo?”, Gaara perguntou, “Eu ouvi dizer que ele saiu em uma viagem”

Sakura balançou a cabeça em negativa, sem esperanças, “A gente pode deixar um recado em
qualquer lugar, mas…”

“Não sabemos quando ele iria ler”, Ino terminou o que Sakura tentava dizer.

“A Areia não tem nenhuma intenção de tornar isso público. Planejamos resolver isso internamente.
As únicas pessoas que sabem disso são os membros da Anbu que estão responsáveis por essa
missão, Temari, alguns veteranos e eu. Os terroristas já estão presos, então nenhuma informação
será vazada”

“Não faz sentido Sasuke Uchiha se juntar a esses terroristas, Gaara e eu acreditamos nisso
também”, Temari disse, “Para começar, eu duvido muito que Sasuke iria aparecer do nada
pedindo para um grupinho se tornar seus subordinados”

Sakura acenou com a cabeça.

“Sakura. Ino. Eu acho que vocês devem voltar para a aldeia de vocês e perguntar ao Kakashi o
que ele acha”, Gaara disse, “Apesar de, eu gostaria que vocês ficassem aqui, já que vocês
acabaram de chegar”

Originalmente, Sakura havia planejado retornar a aldeia da Folha após dias de estadia. Ela
gostaria de ficar mais na Areia. Ela queria aprender mais sobre o sistema médico local da vila, e
havia um especialista em venenos que ela gostaria muito de conversar.

Mas nesse momento, retornar para a aldeia da Folha era a prioridade.

“Eu irei mandar um falcão para Kakashi reportando a situação. Eu iria pessoalmente explicar a
situação, mas devido ao meus status aqui na vila, eu não consigo sair facilmente”

“Eu entendo”

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Nós levamos quatro dias para chegar, mas conseguimos voltar em três, Sakura pensou consigo
mesma, determinada.

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CAPÍTULO 3

“Faz um ano e meio que Sakura Haruno propôs e estruturou o Centro de Terapia Infantil, cujo
resultados são satisfatórios. Eu acredito que elas mereçam um bom financiamento para os
próximos projetos”

Com essa colocação de Kakashi, o Daimyo sentado a sua frente numa grande mesa, coçou o
queixo com uma de suas mãos. Sua expressão parecia pensativa, mas Kakashi sabia que ele
provavelmente estava no mundo da lua. Até Kakashi queria que aquela tediosa reunião acabasse
logo.

A reunião particular ocorria na mansão do Daimyo, para falarem sobre orçamentos. Além do
Daimyo — o senhor feudal —, o conselheiro Homura e Koharu e membros veteranos da Anbu
também estavam presentes. Shizune também estava presente, representando a diretoria da
equipe médica.

“Eu gostaria de ouvir mais detalhes sobre isso através de Sakura Haruno, mas ela não está na
vila, correto?”, Koharu perguntou.

Kakashi acenou com a cabeça, “Ela foi para a aldeia da Areia com Ino Yamanaka. Ela queria
compartilhar os resultados que ela obteve aqui no país com a equipe médica da Areia para
trocarem ideias sobre o projeto”

“Se um sistema análogo for introduzido na aldeia da Areia ou em outra vila, nós seremos capazes
de colaborar em pesquisas”, Shizune completou — sentada ao lado de Kakashi, “Nesse caso,
acreditamos que podemos providenciar um tratamento ainda melhor para as crianças”

“O que vocês farão sobre o orçamento da Anbu?”, alguém interviu no meio da conversa, a voz
vindo diagonalmente do lado oposto de onde estava Kakashi — Kido Tsumiki, veterano da Anbu e
líder de várias equipes da organização. Ele tinha aproximadamente a mesma idade de Kakashi.
Ele tinha um rosto característico, um nariz aquilino e e olhos frios. Ao lado dele, havia outro
homem chamado Magire, um subordinado.

“O Centro de Terapia Infantil já recebeu financiamento suficiente”, Kido completou, “Se o projeto
obteve excelentes resultados, não vejo razão para aumentar ainda mais seu financiamento,
correto?”

Seu tom de voz era calculista.

“O projeto precisa de financiamento para se manter e conseguir se desenvolver ainda mais”,


Shizune respondeu prontamente.

“Pois bem, eu iria apreciar se pudéssemos considerar a manutenção e desenvolvimento dos


Anbu”, Kido disse, e encarou Kakashi. Seus olhos eram duros, “Kakashi—perdão, Hokage-sama.
Houve uma grande baixa no orçamento dos Anbu nos últimos dois anos. Eu me pergunto se isso
foi uma escolha correta”

“Acredito que foi sim uma escolha correta”, Kakashi respondeu.

“Ha ha ha!”, Kido riu ironicamente, “Eu não imaginaria isso vindo do Hokage. Os Anbus estão sob
controle direto do Hokage. E esse Hokage, é responsável pela baixa no orçamento da
organização. E você é um ex-membro dos Anbu, não é?”

“Eu estou dizendo que temos prioridades”

“Então cuidar de crianças é mais importante do que a organização Anbu? Eu não consigo
entender isso. Não consigo. Para começar”, Kido aumentou o tom de voz, “Esse método de ajudar
as crianças traumatizadas através de terapia é interminável. E por isso, você está treinando
especialistas. É um ciclo vicioso. Se você quer tanto tratá-las, só dá logo uma medicação e as
trate de seus problemas mentais”
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“Sem dúvida medicação é outro tipo de tratamento, mas a ideia aqui não é escolher entre uma
coisa e outra”, Kakashi destacou.

“Magire”, Shizune chamou o homem ao lado de Kido, “Você é um ninja médico, correto? Você
compartilha dos pensamentos de Kido?”

Magire virou o rosto e encarou Shizune. Com sua pele pálida e óculos escuros, ele dava a
impressão de parecer um acadêmico, “Eu não tenho intenção de negar o fato de que vocês estão
aliviando a ansiedade dessas crianças através da terapia, mas considerando eficiência, eu chego
a conclusão de que tratamento com medicação é o racional. É o que eu penso”, após falar, ele
voltou a olhar para frente, como uma estátua.

“Eficiência. Racional”, Kido repetiu o que seu subordinado havia dito, “São duas palavras muito
boas. E é para isso que o orçamento médico deveria ser usado. Há uma quantia exata de
dinheiro, e creio que, esse dinheiro deve ser aplicado em coisas verdadeiramente importantes
para vila, não?”

“Estamos em tempos de paz. O mundo não está passando por nenhuma emergência”, Kakashi
declarou, “Eu pessoalmente, não vejo motivos de mandar tanto dinheiro para a organização Anbu”

“‘Em tempos de paz, prepara-se para a guerra’, é o ditado antigo. É precisamente por estarmos
em tempos de paz que deveríamos nos preparar para uma possível guerra futura. E—“, Kido
cortou a si próprio, pensando melhor nas palavras que usaria, e então, deu um sorriso frio,
“Realmente vamos falar que estamos em paz? Todo mundo aqui sabe que o Daimyo e o
conselheiro Homura foram atacados dias atrás. Naturalmente, os Anbu levariam a culpa por isso,
já que não cumprimos nossa tarefa de protegê-los. No entanto, é exatamente por isso que digo
que os Anbu precisam de mais dinheiro, para fortalecemos nossas forças em casos de
emergência. Não é verdade?”

Muito inteligente, Kakashi sentiu-se intimidado. Mas Kido estava sim correto. Kakashi não
conseguia pensar em nada para contra argumentá-lo.

“Bem, eu acho que Kido está fazendo um pedido racional…”, o Daimyo murmurou e olhou para
Homura. Você decide, era o que o Daimyo estava tentando dizer a seu conselheiro com o olhar.

Com os braços cruzados e uma expressão de dúvida em seu rosto, Homura soltou um leve
suspiro, “Foi minha culpa também deixar aqueles ladrões me pegarem. Eu entendo que isso
possa parecer uma desculpa, mas os homens que me atacaram pareciam muito competentes. Eu
acredito que se precisa dar atenção a isso também”

Homura olhou primeiramente para Kido, e então para Kakashi, e continuou, “Iremos aumentar o
orçamento numa próxima reunião para os Anbu. É aceitável?”

————————————

Com o fim da reunião, Kakashi havia acabado de chegar no escritório do Hokage quando Sai
entrou em seguida. Era final de tarde, e uma aura laranja podia ser visto pelo horizonte.

“Eu fui atacado hoje cedo”, Sai disse no momento que Kakashi sentou-se em sua cadeira.

“O quê?”, as palavras de Sai apagaram completamente seu estresse com a recente reunião.

Sai havia informado para o Hokage de que em seu caminho de volta — após falar com seu
informante e pedir a ele para encontrar os criminosos mais procurados do Bingo Book — ele fora
atacado por dois homens de máscara preta.

“Eles eram fortes. Eu tentei capturar pelo menos um deles, mas…”

Um fugiu e o outro auto explodiu-se.

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“Se matou…”, Kakashi adivinhou.

“Mas ele não se matou porquê quis”, Sai declarou.

Kakashi abriu a boca em formato de ‘o’.

“Em dado momento, eu o capturei e tentei conversar com ele. Eu enganei ele, e ele então falou.
Eu tentei dizer que se ele cooperasse, iriamos levar aquilo em conta no futuro. Mas quando ele
começou a revelar algo…”

Algo incomum aconteceu com o corpo do homem e ele se explodiu.

“Parecia que havia uma espécie de selo amaldiçoado no pescoço dele. Creio que aquilo foi
responsável pela explosão”

Kakashi apoiou o queixo com as mãos. Tentar falar, selo amaldiçoado — isso o lembrava de um
certo alguém.

“Parece coisa do Danzo. Tudo isso”

Sai acenou com a cabeça, “Se parece mesmo muito com o que ele fazia com a gente”

Danzo Shimura já controlou os Anbu pelas sombras. Ele lutou contra Hiruzen Sarutobi pelo cargo
de Terceiro Hokage e perdera. Depois disso, ele havia criado uma organização independente dos
Anbu chamado de “Raiz” e esquematizou tudo para comandar a vila. Sai fizera parte dos “Raízes”.

Danzo colocava marcas da maldição nas línguas dos membros da Raiz, e Sai também obtivera
essa marca. O efeito daquilo era que, no momento que eles fossem falar da Raiz ou de Danzo,
eles ficavam paralisados e inabilitados de falar.

“Então, os homens que o atacaram estava as ordens dos desejos de seu superior, mas com
efeitos diferentes. Tipo, eles com auto-explosão e você em não conseguir falar”

“Há mais uma coisa”, Sai disse, “No meio da luta, os inimigos de repente estavam protegidos por
um manto de chakra roxo pelo corpo e até emergiu uma cauda desse chakra”

“Cauda—“, os olhos de Kakashi se arregalaram, “Sério?”

“Aham. Os homens não se transformaram em nenhuma besta de cauda, mas o chakra deles
começou a envolver todo o corpo. E aquele manto de chakra— era até fino, mas emergiu uma
cauda dali”

Kakashi grunhuiu, “Como alguém que não é um Jinchuriki tem um poder parecido da besta de
caudas?”

“E os dois homens ainda”

“Se pelo menos fossemos capazes de examinar seus corpos poderíamos investigar isso, mas um
deles se auto-explodiu e o outro fugiu”

“O que também quer dizer que alguém não quer que eles sejam examinados, por isso esse selo
amaldiçoado para eles se matarem se capturados”

Kakashi fechou os olhos e botou o cérebro para funcionar. Uma maneira de lidar com as coisas
parecido com os métodos de Danzo, o timing do ataque contra Sai, e a reunião dele com o
informante — a intuição de Kakashi dizia alguma coisa.

“Sai, você por acaso contou a alguém sobre sua missão?”

“Não, ninguém. Por que a pergunta?”

30
“Se você não contou para ninguém, porquê você foi atacado?”

“Quê?”

“O inimigo descobriu que você está investigando os últimos incidentes e te atacou. Então, de onde
eles conseguiram essa informação? Eles não descobriram simplesmente que você estava
contatando um informante de última hora e resolveram te atacar”

“Isso nem seria possível, eu tomei toda as precauções possíveis para ninguém nem ao menos me
ouvir”

“Então, isso quer dizer que o inimigo sabia de seus planos antes mesmo de você contatar o seu
informante”

Sai ficou em silêncio com as palavras de Kakashi. De repente, um pequeno ‘o’ podia ser visto
formando-se por sua boca, “Depois que você me pediu para investigar sozinho, eu fui até o
escritório dos Anbu para averiguar as informações dos últimos incidentes”

“O escritório dos Anbu?”

“Sim. Você pode checar que tem gravações disso. Alguém poderia averiguar quem entra e sai do
escritório e descobrir que eu estava averiguando as informações desses incidentes”

“Sim, você está certo”, Kakashi concordou.

“Mas, Sensei”, Sai diminui o tom de voz, “Isso pode significar que temos um espião dentro da
Anbu”

Ambos se encararam no fundo dos olhos.

“Sim”, Kakashi disse, “Eu acabei de chegar de uma reunião orçamentária com o senhor feudal, e
parece que os Anbu terão um maior orçamento voltado para eles numa próxima reunião”

“Anbu, hein”

“Aham. Kido Tsumiki dos Anbu falou sobre esses ataques na reunião também. Ele estava nervoso
e ansioso para que houvesse maior atenção orçamentária aos Anbu. Tanto o Daimyo quanto o
conselheiro Homura estavam lá, e eles disseram que iriam pensar sobre um orçamento bacana
para a organização. Você consegue me acompanhar, Sai?”

“Sensei…”, Sai respirou fundo — ele provavelmente estava pensando o mesmo que Kakashi.

“Os Anbu causaram os incidentes, e eles conseguiram um maior orçamento para eles. Eles
planejaram tudo”

Sai estava sem palavras.

“Pense assim”, Kakashi continuou, “Tudo parece fazer sentido agora. É por isso que o Daimyo e
seu conselheiro foram os alvos. Se eles querem mostrar um momento de crise no alto escalão,
atacar o alto escalão é a melhor escolha. O lugar e caminho que o Daimyo segue é segredo, e
somente os Anbu sabem disso, seria muito difícil alguém de fora descobrir. Se assumirmos de que
o penetra é da Anbu, isso tudo estará quase resolvido. Faz sentido esse método. Uma única kunai
arremessada. O ataque de ladrões — um ataque de espada quase inofensiva. Se eles tivessem
exagerado, toda a vila já estaria os investigando. Eles precisam fazer com que os ataques
pareçam pequenos para que uma investigação geral não ocorra”

“E Kido fez tudo isso…”

“Não podemos ainda dizer isso com certeza”, Kakashi disse com precaução, “Mas eu sinto que ele
é culpado”

31
“Kido sempre foi conhecido por simpatizar-se com Danzo. Me disseram que todos os planos que
Danzo planejava, todo o financiamento para esses feitos eram conseguidos por Kido”

“Ouvi falar disso mesmo”

Todo o esquema e estruturação de Danzo — o massacre do Clã Uchiha, lutas contra a Akatsuki —
tudo isso necessitaria de muito dinheiro. Eles pagavam muitas pessoas para providenciar
informações valiosas, e qualquer missão que adquirisse infiltrações de ninjas habilidosos de alta
escala, era necessário uma grande quantia de dinheiro.

Kakashi não fazia ideia de quanto dinheiro da Anbu havia sigo repassado para a organização
Raiz, mas ele tinha certeza de que a própria organização tinha orçamento próprio. Kido deveria ter
sido responsável pela maioria desses financiamentos. Ele havia estado ao lado de Danzo, então
era de se esperar que eles planejaram juntos colocar marcas da maldição em seus subordinados.

“Então, o homem que um dia segurava as rédeas para a Raíz voltou a ativa mesmo com o
encerramento da organização”, Kakashi murmurou, e então, virou-se para Sai, encarando-o,
“Você poderia focar em Kido? Nesse momento, ele é nosso principal suspeito”

“Entendido”

“Mas se você suspeitar de que está em perigo, mesmo que pouco, se afaste imediatamente.
Nosso inimigo falhou no ataque contra você uma vez. Na próxima, eles levarão as coisas mais a
sério”

“Tudo bem”, Sai acenou com a cabeça e logo se retirou do local.

Logo que o jovem ninja saiu pela porta, Kakashi encostou-se completamente na cadeira e olhou
para o teto, “Tudo isso está acontecendo por uma razão”, ele falou consigo mesmo, antes de um
ninja mensageiro adentrar em sua sala.

“Hokage-sama. Um falcão trouxe uma mensagem urgente da aldeia da Areia”, disse uma kunoichi,
com um pequeno pergaminho em mãos.

Ele abriu o pergaminho.

“Sasuke Uchiha apareceu na aldeia da Areia e fez contato com terroristas. Depois de tentar uma
negociação, ele matou o líder dos terroristas.”
“Ah, não”, Kakashi balançou a cabeça para um lado e depois para o outro, “Isso já é demais”.

————————————

“Ficar sem fazer nada?”, Ino indignou-se.

“Exatamente”, Kakashi disse, sentado atrás da mesa do Hokage, “Não faça nada”

“Não fazer nada!? Tem um Sasuke falso por ai, sabia? E vamos deixar ele por ai vagando?”, Ino
não conseguiu segurar a raiva.

“O que você acha que devemos fazer, então?”, Kakashi questionou, “Ir de vila em vila e sair
dizendo que há um Sasuke falso por ai, devemos deixar as vilas saberem disso?”

“Bem…”, Ino gaguejou.

Sakura e Ino haviam acabado de chegar da aldeia da Areia. Ao adentrar na vila da Folha, foram
direto para o escritório do Hokage.
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O falcão enviado pela Areia havia chegado há dois dias atrás, então Kakashi já estava a par da
situação. Logo que Sakura e Ino reportaram o que elas souberam diretamente por Gaara, Kakashi
ordenou que ambas não fizessem nada.

“Não é inteligente fazer movimentos sem pensar agora”, Kakashi disse, “Alias, temos
pouquíssimas informações sobre isso ainda”

“Mas—“

“Nós”, Kakashi interrompeu Ino, “sabemos muito bem que Sasuke não faria nada disso. Mas o que
aconteceria se alguém que não conhece Sasuke como nós soubesse desse evento? Pessoas
poderiam começar a espalhar falsas informações — Sasuke mudou novamente de lado, Sasuke é
um criminoso outra vez, esse tipo de coisa iria se espalhar. A decisão de Gaara de contar somente
a vocês foi uma decisão inteligente”

E por isso, era inteligente a aldeia da Folha não fazer nada no momento.

“Você também, está me ouvindo, Sakura?”

“Bem…”, Sakura murmurou, “Tenho quase certeza de que há alguém na Anbu que consegue
mimetizar chakra, correto? Mas eu não acredito que ele possa estar envolvido… ou sim?”

Era uma possibilidade que a própria Sakura havia rejeitado quando elas se encontraram com
Gaara, porém, ela queria confirmações diretamente de Kakashi.

“Não, não há conexão. Esse membro da Anbu tem sim capacidade de mimetizar chakra, mas
nesse momento ele está em uma longa missão. É até estranho te dizer isso, mas ele tem um alibi.
Então, ele é inocente”, Kakashi disse com convicção.

“Não podemos entrar em contato com o Sasuke?”, Ino perguntou.

“Hum… se pudéssemos, seria a escolha mais inteligente a se fazer agora. Mas é algo bem
complicado. Ele costuma se movimentar como um espírito livre, como ele mesmo me disse uma
vez. Não sabemos quando ele irá ficar perto de algum ponto de comunicação, e ele não tem
nenhuma obrigação de manter contato regular com a aldeia da Folha”

“Imaginei”, Ino murmurou derrotada.

Sakura encarava o chão.

Ninguém iria conseguir contato com ele. Se começasse uma investigação, fofocas começariam a
se espalhar. E isso queria dizer que tudo o que se poderia fazer agora é o que Kakashi já havia
frisado: nada.

“Mas é claro, se a situação mudar, eu irei colocar vocês duas para trabalhar”, Kakashi disse, e
então adicionou, “Ah, mais uma coisa. Eu tenho más notícias — como se já não bastasse. Tive
uma reunião importante com o senhor feudal ontem, e eles acabaram tirando o financiamento que
seria do Centro de Terapia Infantil e repassou para os Anbu”

“Para a Anbu?”, Ino perguntou, “Por que eles fariam isso?”

“Perdão… quando o tempo chegar, eu definitivamente irei contar para vocês”, Kakashi levantou
uma das mãos, como se pedisse desculpas.

“Não façam nada, quando o tempo chegar— Sensei, você está sendo terrivelmente evasivo”, Ino
franziu o cenho.

Kakashi ofereceu um pequeno sorriso, que poderia ser visto através da máscara, “Não fiquem
chateadas, por favor. Algumas coisas mudam quando a gente vira Hokage”

33
Quando Kakashi as liberou para casa para finalmente descansarem, ambas deixaram o escritório
do Hokage descontentes.

“Você está pálida. Está tudo bem?”, Ino perguntou no momento que elas iriam se separar para
cada uma seguir sua direção.

Sakura havia respondido que estava bem, mas quando ela chegara em casa e olhou-se no
espelho, ela reparou também quão horrível estava sua cara. Parte daquilo era exaustão pela
viagem de ida e volta para a aldeia da Areia, mas mais do que tudo, era também a noticia que
Gaara havia lhe dado.

Vamos lá… o quê você está fazendo, Sasuke-kun…

Mas mesmo fazendo essas perguntas, ela sabia que isso não chegaria aos ouvidos dele. As
palavras que ela gostaria de dizer a ele e não podia, as coisas que gostaria de fazer por ele e não
podia — com frustração a domando, ela não conseguia pensar em mais nada.

Ela se jogou na cama. O lençol frio tocou suas bochechas e então ela se virou para ficar de
barriga para cima.

Ela tocou o meio da testa com dois dedos da mão direita.

Vejo você em breve.

Obrigado.

As palavras dele ecoavam por sua mente.

Mas quando será o ‘breve’, Sasuke-kun?, ela perguntou em pensamento.

————————————

Do outro lado de um vidro fino, um grupo da equipe médica ninja de Kido estavam trabalhando.
Alguns estavam segurando tubos de ensaio, outros medindo coisas ali e aqui, outros estavam
empacotando capsulas roxas.

“Está tudo ocorrendo como planejado?”, Kido perguntou a Magire, que estava atrás dele,
enquanto eles assistiam seus subordinados empacotando capsulas.

“Está. Parece que vamos atingir a cota do mês”, Magire respondeu, “Isso é tudo”

Aquele lugar era o Instituto de Pesquisa que Kido havia construído na vila. Ali, com o comando de
Magire, eles pesquisavam novos medicamentos e produziam em massa. O lugar era subterrâneo,
e para disfarçar, foi construído abaixo de uma antiga loja de tijolos. Naturalmente, os únicos que
sabiam daquele lugar era somente a equipe de Kido.

“Qual é a situação do cobaia? Ele está chorando para ir para casa?”

“Ele não chora. Na verdade, como ele está sendo mantido semi-consciente com a medicação, as
reações do cobaia não estão sendo expressadas. Isso é tudo”

“Só isso?”, Nem tudo são boas notícias. Kido então sorriu ao mudar de assunto, “De qualquer
maneira, a reunião hoje foi muito bem. Foi tudo como esperado”

“No entanto, Kakashi Hatake pode estar suspeitando que somos responsáveis pelos recentes
ataques”

“Não me importo se ele descobrir. Na verdade, se ele não desconfiasse da gente, ele nem serviria
para ser Hokage”
34
Aquilo não era da boca para fora; Kido realmente não se importava se Kakashi soubesse ou não.
Os ataques contra o Daimyo e o conselheiro não passavam de testes de laboratório.

Uma droga confeccionada para mimetizar o chakra da besta de caudas.

Os resultados eram soberbos. Tudo ocorreu como Kido ordenou: os assassinos — com
habilidades acima da média por conta da droga da besta de cauda — jogaram uma kunai contra o
Daimyo, atacaram o conselheiro, e fizeram tudo com seriedade e habilidade. Kido os usou para
esses ataques para conseguir um pretexto para aumentar o financiamento para a Anbu.

Nós podemos usar essas drogas derivadas da besta de caudas. Kido podia sentir o poder daquilo.
E aquilo, significava duas coisas: eles podiam usá-las para aumentar a habilidade dos ninjas e
também para estratégia política.

Mas Kakashi Hatake era um oponente esperto, e ele não poderia deixar suas guardas baixas.
Kakashi poderia ter ficado ignorante por um bom tempo com o que estava acontecendo por ali,
mas a intuição dele era muito boa quando acordada. Apesar de tudo, o Hokage havia colocado o
ex-Anbu, Sai, para investigá-lo.

“Parece que Sai está nos investigando”, Kido disse.

Ele havia enviado dois assassinos atrás de Sai dias atrás, mas recebera um relatório que eles
falharam. Um deles havia se auto-explodido, o que significava que ele fora pego para ser
interrogado.

Kido havia feito as mesmas coisas com os ataques ao Daimyo e o conselheiro: colocar uma selo
amaldiçoado nos assassinos para caso eles fossem pegos. Apenas aqueles que obtiver sucesso
na missão poderiam retornar e ter o selo retirado de seus corpos.

“A falha nesse dia”, Magire comentou, “foi porquê minha própria estimativa estava incorreta. Eu
enviei duas pessoas com uma cauda, mas suas habilidades e chakra aparentemente ainda era
insuficientes. Isso é tudo”

“Hum, está tudo bem, eu acho”, Kido disse, “Eles falharam, mas eles serviram como aviso. Se for
preciso, enviaremos assassinos com mais caudas contra eles”

Eles não poderiam deixar o plano arruinar depois de chegarem até onde chegaram.

Tanto dinheiro que o orçamento da vila perdeu em comparação… Mas eles ainda tinham outras
maneiras de conseguir o que precisavam.

Muito bom, hein, Kido? Agora você poderá ir para a Academia Ninja como todo mundo.

Aham, obrigado, papai!

Uma memória apareceu, sem ser desejada, bem no fundo da mente de Kido, e seu rosto ficou
sem expressão.

“Dinheiro e mais dinheiro…”, a maldição em seu coração dominou sua voz e fez com que ele
verbalizasse essas palavras.

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CAPÍTULO 4

Sai começou sua tarefa — ficar em cima de Kido.

Ele descobrira que o homem agia junto de um médico ninja chamado Magire, e que ele às vezes
fazia rondas por lojas antigas e campos de treinamento, mas Sai não fazia a mínima ideia do que
Kido estava realmente fazendo nesses lugares.

Selos de detecção foram colocados por todo o lugar próximo do perímetro do campo de
treinamento que eles usavam, fazendo com que Sai tivesse dificuldade de olhar mais de perto.
Não que era impossível para Sai se infiltrar por ali, mas é que ele não queria que Kido descobrisse
que estava sendo investigado; deixar obvio que ele estava sendo investigado não era inteligente,
pois Kido poderia esconder evidências. Por isso, Sai apenas o assistia de longe, esperando uma
brecha para agir.

Três dias após ele começar a investigar Kido, Sai notou um pequeno bilhete colado no poste do
telefone no caminho de casa; era uma mensagem de seu informante. O significado no bilhete
poderia ser interpretado somente por Sai — o informante precisava vê-lo.

Dado que ele estava atualmente focado em Kido, não havia nada de interessante que ele poderia
saber sobre os top criminosos do Bingo Book que ele pediu ao informante investigar. Mas ele
precisava pelo menos pagar pelo serviço que pediu.

No dia seguinte, Sai se encontrou com o informante. Dessa vez, foi em cima do telhado de uma
edifício bem grande, diferente da vez que eles se encontraram na floresta.

“As três pessoas que você me pediu para investigar? Eu fiz exatamente o que você mandou e
descobri eles são inocentes”, o informante revelou, “O ninja renegado da aldeia da Névoa,
Tenzen, esteve na aldeia da Nuvem o ano todo. Baraki do grupo ‘Os Mortos’, foi recrutado em
uma outra organização, e parece não ter a mesma influência que ele tinha no grupo anterior. E
Genba, o destruidor de almas, adoeceu e morreu há 6 meses atrás”

“Certo. Obrigado”, Sai disse, entregando o dinheiro para o informante, “Algo a mais que tenha
chamado sua atenção?”

“Ah, na verdade, tenho”, um sorriso triunfante projetou-se pelos lábios do informante, “Se você
está perguntando sobre grandes novas, então, eu tenho uma. Mas provavelmente, não tem nada
a ver com o que você procura”

“Tudo bem. Só desembuche”

“E eu terei algo em troca?”, o informante disse ao levantar a mão direita e friccionar o dedo
indicador com o polegar — indicando dinheiro.

“Depende do que você sabe”, Sai respondeu.

“Para investigar o paradeiro dos caras que você me pediu”, o informante disse, “Eu precisei ir em
muitos lugares, até que em um certo lugar, uma informação me chamou a atenção: Sasuke
Uchiha”

“Sasuke?”, Sai franziu o cenho, “Mas não me importa quem viu o Sasuke por ai. Ele está em uma
jornada nesse momento para se redimir de seus pecados”

“Hm, eu sei que ele está viajando pelo mundo. Mas sabe, a história que eu ouvi não foi bem essa”

“Como?”

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“Ouvi coisas como… parece que ele atacou um cara do mercado negro em uma caverna por ai…
que ele entrou em contato com uma organização criminosa em uma vila secreta em uma certa
nação”

“Por que Sasuke atacaria um cara do mercado negro?”

“Eu não sei na verdade. Mas de acordo com a pessoa que me relatou isso, Sasuke disse para um
criminoso que ele pretendia armar um ataque terrorista na aldeia da Folha e quis recrutar muitos
ninjas para isso. E bem, obviamente, o cara recusou. Então, Sasuke o matou com uma bola de
fogo. Algo assim. E parece que a organização também acabou se ferrando, e acabou se
desfazendo, isso é tudo”

“Quando foi isso?”

“Acredito que há uma, duas semanas”

Sai balançou sua cabeça para um lado e para outro. Isso não era possível. “Sasuke jamais faria
algo assim. Deve ser algum engano”

“Entendo. Eu te contei só o que eu ouvi. Ei, não me olhe assim!”, o informante colocou as mãos
em sua barba, “Ah, e também ouvi falar que a Anbu irá receber um maior financiamento”

Mesmo achando que Sai não gostou muito de suas informações, ele continuou, “Então, acho que
alguém acabou soltando que o conselheiro foi atacado, e isso acabou beneficiando os Anbu, né?”

“Você é um informante muito capaz, sabia? Como você soube dessas últimas informações?”

“He he. Bem, eu escuto de tudo”, os olhos do informante se reviraram, como se gabasse de seus
serviços.

Sai queria sair dali logo, mas parecia que o informante ainda tinha coisa para contar.

“No entanto, esses Anbu ai, eu não entendo essa organização. Eu tenho certeza de que todos
fazem esses assassinatos e missões secretas, assim como são guardas de pessoas importantes,
e até postos para investigar coisas como essa que você está investigando, não?”

“Eu não faço mais parte da Anbu. Mas é verdade, a Anbu é bem misteriosa. Quero dizer, eu fazia
parte disso e mesmo assim, nunca compreendi tudo direito”

“E tem algo também, né? Depois que eles finalizam suas missões, eles precisam entregar uns
relatórios e documentos…?”

O rosto de Sai dizia que ele estava confuso com aquilo, “Do que você está falando?”

“Eles não tem um database para guardar gravações de batalhas e outras coisas? De vez em
quando, eu escuto pessoas falando durante meu serviço, sabe. Logo após o fim da Grande
Guerra Ninja, pessoas viram ninjas com máscaras da Anbu tudo em volta do Vale do Fim. Parece
que eles estavam pegando terra e algumas rochas dali”

Sai inclinou o rosto.

Era verdade de que a Anbu fazia muito mais do que apenas assassinar, mas ele nunca tinha
ouvido falar em pegar resquícios de destroços em campos de batalha.

“Você disse que isso aconteceu após a Guerra Ninja?”

“Aham. E qual era o nome daquele ponte? Aquela onde Sasuke e Danzo —aquele que quase se
tornou o sexto Hokage — lutaram? Eu não estou lembrado, mas acho que a Anbu investigou
aquele ponte. Por isso que eu me pergunto se eles fazem esse tipo de trabalho”

37
Sai cruzou os braços e ficou em silêncio. Algo que o informante soltou durante todo o seu falatório
chamou sua atenção.

“Err, Sai?”

“Eu entrarei em contato”, Sai disse, deixando mais dinheiro na mão do informante antes de ir
embora.

————————————

“A situação não parece boa”, foi a primeira coisa que Kakashi disse.

Sakura havia sido chamada para uma reunião com o Hokage junto de Ino, e o assunto era sobre
Sasuke.

“Não parece boa, Sensei?”, Sakura se aproximou de sua mesa.

“Parece que a aldeia da Areia não foi o único lugar que Sasuke foi visto”, Kakashi disse, “Há mais
lugares”

Sasuke, aparentemente, entrara em contato com várias pessoas do mercado negro como
caçadores de recompensa e organizações criminosas, e em todos esses encontros, ele anunciava
suas intenções de atacar a aldeia da Folha e tentava recrutá-los para tal feito. E toda vez que os
criminosos recusavam sua oferta, ele os matava. Uma história parecida com a contada por Gaara.

“Onde você ouviu isso?”, Sakura perguntou.

“Sai. Ele conseguiu essas informações através de um informante”

“Sai? Por que Sai estaria indo atrás de informações com um informante?”, Ino levantou uma das
sobrancelhas.

“Ah, veja bem, eu pedi a ele que investigasse algo para mim. Ele me trouxe essas informações
quando veio me reportar o que havia conseguido”

“Em ‘investigar algo para mim’ por acaso está ligado com os recentes acontecimentos estranhos
que anda rolando na vila? Sai está investigando isso?”, Ino perguntou.

“Hm, é isso mesmo”, Kakashi confirmou com um leve sorriso por trás da máscara.

“Ele está sozinho? Você não está pedindo a ele fazer nada perigoso, não é?”

“Ele vai ficar bem. Eu pedi para que ele não exagerasse, e ele sabe muito bem seus limites. Ele
não é o Naruto”, Kakashi disse — notando a preocupação na voz de Ino, mas preferiu não
verbalizar o que percebera.

“Então, Sasuke…”, Sakura começou, “Se isso continuar, o que vai acontecer com ele?”

“Se isso continuar, bem…”, Kakashi pigarreou antes de continuar, “Ele será colocado em uma lista
internacional de procurados, e todas as noções estarão atrás dele”

Sakura se esqueceu como respirar por um momento.

“Mas eu não espero que chegue a esse ponto. Eu espero que haja uma reunião com os cinco
Kages primeiro. Sasuke é um herói, no fim: ele salvou o mundo ao lado de Naruto. Ninguém vai
colocar um homem como esse na lista de procurados sem antes discutir sobre isso”

“Então ele ficará bem?”, Ino disse, esperançosa, “Quero dizer, nesse momento, os cinco Kages
estão amigáveis. Eles lutaram juntos na Grande Guerra, então, eles iriam saber que esse Sasuke
que as pessoas estão vendo e comentando não é o verdadeiro”
38
Nós podemos mesmo ser tão otimistas assim?, a dúvida no coração de Sakura aumentou ainda
mais com as próximas palavras de Kakashi.

“Mesmo que o chefe da vila pense assim, há pessoas da vila que não vão achar isso. E o chefe da
vila deve falar por seu povo. Se as pessoas da vila gritarem que Sasuke deve ser morto, os cinco
Kages terão que pensar sobre suas decisões. Algumas pessoas poderão até dizer que devemos
montar um grupo para rastreá-lo”

“Isso…”, o rosto de Ino estava em horror.

“Se houver uma reunião com os cinco Kages, por favor, me leve com você”, Sakura disse,
determinada, “Mesmo que seja um erro, eu não posso deixar que eles transformem Sasuke em
um criminoso procurado”

“Eu sei. Se acontecer essa reunião, irei levá-la comigo. Apesar de, eu serei honesto agora, mas
seria melhor que o próprio Sasuke aparecesse para declarar sua inocência. Onde ele está e o que
está fazendo?”

“Você deixou algum recado para ele nos postos de mensagens?”, Ino perguntou.

“É claro. Basicamente disse que um falso ele estava aparecendo por ai, e que ele precisava entrar
em contato conosco imediatamente. Mas ele não me respondeu”

Ino suspirou.

“Se Sasuke não aparecer”, Sakura disse, “a única coisa que podemos fazer é tentar provar que
esse Sasuke que as pessoas estão vendo é um impostor”

“Verdade. Mas você consegue? O chakra que o Gaara sentiu do suposto impostor era do Sasuke.
Se houver uma reunião com os cinco Kages, ele se sentirá na obrigação de compartilhar essa
informação. E quando isso acontecer, eu terei que falar que não sei como esse pequeno truque
pode ser feito, e isso não ajudará em nada na nossa situação”

Sakura mordeu os lábios, “Tudo que nos resta é provar sua inocência”, mas suas palavras não
pareciam convencê-la.

————————————

A situação estava indo como Kido planejara.

O falso Sasuke estava, como Kido havia o instruído, contatando pessoas que faziam parte do
submundo e matando-as em seguida, após revelar suas intenções de armar um ataque terrorista
na aldeia da Folha.

O Kazekage havia tomado medidas para que ninguém de sua vila soubesse da morte de
terroristas na aldeia da Areia, mas as pessoas já estavam fofocando sobre outros incidentes, e
toda a fofoca já estava chegando a outras regiões.

As pessoas inevitavelmente trocavam informações. Esses rumores iriam chegar nos altos
escalões de vilas grandes, e logo, uma reunião para discutir o que fazer com Sasuke Uchiha iria
acontecer.

Sem dúvida alguma todos iriam chegar a conclusão de que Sasuke Uchiha deverá ser eliminado.
E Kido também sabia disso. Os chefes de cada vila jamais iriam declarar como criminoso alguém
que ajudou na Guerra Ninja sem antes discutir.

No momento que a situação chegasse naquele ponto, o verdadeiro Sasuke Uchiha iria entrar em
ação. O verdadeiro Sasuke Uchiha iria terminar sua jornada mais cedo e voltar para a aldeia da
Folha.
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Esse era o objetivo de Kido. Ele havia criado esse Sasuke falso para forçar a aparição do
verdadeiro Sasuke — e no caminho de seu retorno a vila, Sasuke iria ser capturado pelo pessoal
de Kido, aqueles que estavam sob os efeitos da droga derivada das besta de caudas. E no
momento que o capturarem—

Kido estava em um certo lugar na vila, em seu abrigo, sozinho em seu escritório.

Um pequeno sorriso começou a surgir em seus lábios, “Ande logo e apareça, Sasuke Uchiha”, ele
murmurou, “Você vale ouro. Ouro…”

————————————

Provar que o Sasuke que as pessoas estão vendo é um impostor.

Aquilo fora o que ela havia dito ao Hokage, mas só agora no calor de sua casa que Sakura fora
capaz de perceber o real problema — ela não conseguia pensar em como fazer aquilo. E ao invés
dela focar em achar alguma coisa para provar de que aquele Sasuke era um impostor, tudo o que
ela conseguia pensar era no porquê Sasuke não voltava.

Ande logo e volte para casa, Sasuke-kun. Me diga que o verdadeiro você jamais faria alguma
coisa dessas…

Um misto de medo e ansiedade preenchia seu coração. Essas sensações a impediam de pensar
racionalmente, então, tudo o que ela podia fazer era rezar para ver Sasuke novamente, e logo.

Isso é uma perca de tempo.

Achando que mover seu corpo iria ajudá-la a se livrar de pensamentos pessimistas, Sakura saiu
de sua casa e começou a vagar pelas ruas sem nenhum destino em mente. Mas logo que
percebeu, ela estava de frente com a Academia Ninja — talvez um desejo reprimido de ficar um
pouco longe de negócio e coisas que envolvem trabalho a levaram até ali.

Naquele final de tarde, ela podia ouvir murmúrios de crianças vindo de dentro da Academia. Ela
decidiu assisti-los através da grade.

Ao perambular pelo parquinho da escola, Sakura viu algumas crianças que aparentavam ter
aproximadamente 10 anos de idade praticando seu taijutsu em pares. E então, ela notou o
Professor que dava a aula.

Naruto!

“Vamos lá, galera! Não é só atacar. Isso é sério, vocês precisam primeiro pensar sobre o próximo
movimento e ai sim atacar!”

Ela já tinha ouvido falar que Naruto havia começado a lecionar na Academia alguns períodos da
semana após a Guerra Ninja. E vê-lo fazendo isso, parecia que ele estava fazendo um ótimo
trabalho.

“Ei! Quando vocês acabarem de lutar, não se esqueçam de fazer o sinal de reconciliação! Não
importa se você seja forte ou fraco, isso é uma regra ninja!”

Os estudantes que não haviam feito o sinal de reconciliação como Naruto havia ordenado levaram
um crock na cabeça pelo mesmo.

Você também era teimoso assim, Sakura pensou e sorrindo em alegria.

Após passar mais instruções aos estudantes, Naruto ordenou que fizessem fila e o seguisse.

Ao levantar o rosto, ele notou Sakura, “Ei!”, ele chamou, “Sakura-chan!”


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Ela acenou com uma das mãos em reconhecimento.

“Esperem um pouquinho ai, gente”, Naruto disse as crianças antes de ir em direção a Sakura, “O
que houve? Hoje é seu dia de folga?”

“Bem, pode-se dizer que sim”, Sakura respondeu, “Olha só você, que professor, hein”

“Não sou?”, Naruto sorriu e coçou o nariz com o dedo indicador — e então juntou ambas as mãos
com entusiasmo, “Ei! Você está aqui agora, por que você não mostra do que é capaz? Ensine
também”

“O quê? Não, obrigada”

“Qual é, só por uns minutinhos. Mostre a eles a técnica incrível de uma kunoichi que tem uma
força de super-heroína!”

“Olha, pode parar com esse negócio de força de super-heroína—“

“Galera, olham aqui! Uma super Professora convidada apareceu aqui hoje!”, Naruto virou-se para
as crianças e gritou, sem dar ouvidos aos protestos de Sakura, “Vejam só! Essa é a Professora
com uma força de super-heroína, seu nome é Sakura Haruno!”

“Obrigada por dizer pela segunda vez!”, no mesmo tempo que Sakura resmungou, as crianças
correriam até eles.

“Muito obrigado, Professora Super-Heroína!!!”

“Tá vendo? Você não consegue segurar essa língua”, Sakura reclamou, mas Naruto nem deu
atenção.

“Vamos, vamos!”, ele a chamou, correndo até as crianças.

Francamente, o que eu faço com ele…

Mas agora já era tarde demais, e tudo o que ela podia fazer agora era ensinar um pouquinho as
crianças. Balançando a cabeça de um lado para o outro, Sakura entrou no parquinho.

Quando ela entrou no parquinho e viu mais de perto as lutinhas entre as crianças, ela notou que o
espirito de todas elas estavam mais animado.

Suas instruções eram mais técnicas, e cada criança estava em um nível diferente, então ela
precisava mudar de método de ensino para cada criança. Algumas diziam que ela falava muito
rápido enquanto outras reclamavam o quão repetitiva ela estava sendo. Todas tinham suas
facilidades e dificuldades.

Ela então começou a demonstrar visualmente o que explicara anteriormente, e fez isso para cada
estudante, individualmente. Usando tanto o corpo e a mente, ela podia sentir a estagnação em
seu coração nas últimas semanas se desfazendo. Ela estava completamente concentrada em
ensinar.

No final da lição, Naruto pediu para que todos fizessem fila novamente, “Vocês foram muito bem.
Agora, para finalizar o dia, a Professora convidada, Sakura Haruno, tem algo muito especial para
dizer a vocês. Prestem a atenção!”

“Ah!?”, sendo pega de surpresa, Sakura quase entrou em pânico, “E-espera um minuto. Do que
você está falando?”

“Fala qualquer coisa. Umas palavrinhas para esses futuros ninjas”

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“Sakura-sensei, por favor seja breve”, um dos estudantes disse, fazendo com que os amigos perto
dessem risada. Mesmo nos dias de hoje, ainda havia o engraçadinho da turma.

Droga, Naruto!

Fuzilando-o com os olhos, Sakura desesperadamente procurava em seu cérebro boas palavras
para dizer as crianças.

“Er.. o que eu posso dizer? Eu não esperava por isso, então eu serei bem breve”

Com todas as crianças a encarando, Sakura falou, “Foi bem divertido ensinar vocês hoje. O
taijutsu é o primeiro caminho para todos os ninjas, então, pratiquem bastante, ouviram?”

E para finalizar, ela completou, “E talvez alguns de vocês já saibam, mas como médica ninja, eu
criei algo chamado Centro de Terapia Infantil. É um lugar onde crianças que passaram por maus
bocados são tratadas com muito carinho e atenção. Nossa mente é complexa, sabem. É natural
que não saibamos o que o outro está pensando ou sentindo, mas as vezes nem nós sabemos o
que sentimos também. Nós podemos treinar com um amigo para deixar nosso corpo mais forte,
mas como deixar nossa mente mais forte? Eu quero que todos vocês não só tenham força no
corpo, mas também na mente. Então, para que isso aconteça, falhem muito, façam muitas coisas
embaraçosas, e bem, amem muitas pessoas. Se vocês fizerem isso, eu tenho certeza que—“

————————————

“Aqui!”

“Obrigada”, Sakura pegou a caixinha de suco que Naruto ofereceu.

Depois do término da aula, os dois foram até um parque ecológico próximo da Academia —
sentados lado a lado, os dois bebendo suco.

“Ei, obrigado pela ajuda, Sakura-chan”

“Não é nada. Foi divertido até. Foi uma boa mudança de cenário”

“Fico feliz em ouvir isso”

“Mas sinceramente, estou surpresa. Você realmente serve para ser Professor, Naruto”

“He-he. Eu acho que como eu vivia falhando nessa época, acabo achando fácil ensinar as
crianças a minha maneira, sabe?”

“Sim”

“Mas, olhe você! Você foi ótima. Eu venho só de vez em quando ensinar uma coisa ou outra, mas
você trabalha mesmo diretamente com crianças de uma maneira mais séria, não?”

“Não é assim também”, Sakura negou com a cabeça. Ela era ligada no assunto, mas não como
Naruto pensava, “Eu estou um desastre. Eu disse para as crianças que suas mentes devem ser
fortes também, e cá estou, minha mente está uma bagunça”

“Aconteceu alguma coisa?”, Naruto perguntou — jogando a caixinha de seu suco fora, num latão
de lixo a metros de distância.

Sakura observou a jogada perfeita que Naruto fez no latão de lixo e sentia que precisava contar
absolutamente tudo a ele, “É sobre Sasuke-kun”

“Sasuke?”

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“Ultimamente, pessoas andam vendo Sasuke-kun por ai. Mas—“
Ela hesitou por um momento, se perguntando se era uma boa ideia contar todos os detalhes a ele.
Mas no fim, ela acabou contando. Ele iria ouvir a história de qualquer jeito por terceiros, e ela
preferiria que ele soubesse por ela se esse fosse o caso.

Naruto ouviu toda a história sem interromper. E no fim, ele disse, “Então, é isso? É isso que anda
acontecendo?”, seu tom de voz era calmo, sem parecer preocupado, e isso fez Sakura se sentir
decepcionada.

“—‘Então é isso?’ Você não está surpreso?”

“Por que estaria? Quero dizer, esse Sasuke é um impostor, não é?”

“Sim, mas…”, Sakura estava um pouco irritada com a falta de posicionamento dele. Ela achou que
ele ficaria surpreso, ou com raiva, ou mostrar qualquer reação.

“Se é um impostor, não precisa se preocupar. Não fique muito bitolada com isso, Sakura-chan”

“Mas é que ainda não sabemos quem está fazendo isso e o porquê”

“Me escute, está tudo bem”, Naruto disse sorrindo para ela.

Sakura suspirou, “De alguma forma, falar com você, me faz sentir idiota por ter me preocupado
tanto com toda essa loucura. E tem o fato de que o Sasuke não responde a nenhuma mensagem
do Kakashi-sensei—“

“Ai está!”, Naruto falou energético.

“O quê? Por que essa animação do nada?”

“Sasuke não está respondendo, então, eu não fico nem um pouco preocupado”

“Eu não estou entendendo nada”

“Ok, olha”, ele coçou a cabeça, como se pensasse como explicar seu raciocínio, “O fato de ele
não ter voltado para a vila ainda, mesmo com um falso ele por ai, mostra que ele não está nem
ligando para isso”

“Sasuke não está ligando para isso?”, Sakura murmurou, ele acha que isso não é grande coisa…?

“Se ele estivesse aqui, ele iria dizer: “Não me chame para a vila para algo tão trivial. Cuidem disso
sozinhos”“, Naruto disse, imitando Sasuke.

Sakura gargalhou. E então, segundos depois, percebeu que Naruto tinha razão. Por que ela
estava tão preocupada? Ela espantou todos seus pensamentos negativos e focou nos positivos.

“Certo. É isso, então?”

O fato de Sasuke não ter voltado para a vila era porquê o próprio não estava dando importância
para todos esses acontecimentos. Aquilo era tão Naruto… poucas palavras, opinião simples, mas
era tudo que Sakura precisava ouvir no momento.

Um sorriso genuíno estampou seus lábios.

“É bem melhor quando você sorri, Sakura-chan, sabia?”, Naruto deu um sorriso amplo, mostrando
todos os seus dentes.

Sakura respirou fundo. Aquilo era um indicativo de que o humor dela havia mudado o clima para
melhor.

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“Obrigada, Naruto”, ela disse, se levantando, “Eu me sinto melhor agora por ter conversado com
você”

“He-he-he”, Naruto riu, “Mas quer saber, o Sasuke é uma dor de cabeça. Sempre te dando
problemas!”

Naruto dando uma de irmão mais velho era tão ridículo que a fez gargalhar ainda mais.

————————————

Um dia após conversar com Naruto, Sakura foi até Tsunade em busca de conselhos.

No almoço, as duas mulheres sentarem-se em uma mesa em um restaurante — uma de frente


com a outra.

Tsunade já sabia que Sasuke havia sido visto em vários lugares. Ela poderia não ser mais a chefe
da vila, mas os subordinados de Kakashi ainda a atualizava de vez em quando.

“O Sasuke que as pessoas estão vendo não pode ser ele. Mas Gaara disse que o chakra é o
mesmo. E eu não consigo pensar em nada plausível que explique isso”, Sakura disse.

“Humm”, Tsunade cruzou os braços, “Um método onde não só mimetiza rosto e corpo, como
chakra também…”

“Aparentemente, há um ninja da Anbu que tem um jutsu assim, mas ele está em missão nesse
momento. E ele parece não ter envolvimento nisso. Você tem alguma ideia, Sensei?”

Chakra não podia ser copiado com jutsu de transformação, e o usuário de um jutsu de mudança
de forma não iria conseguir copiar algo tão complexo, a não ser que ele tenha tido contato
diretamente com Sasuke.

“É bem complicado’’, Tsunade disse após uns minuto de silêncio, “Eu não consigo pensar em
nada a não ser o que você mesma já me disse. E não é possível que Zetsu Branco esteja vivo”

“Eu também acho que não”

Silêncio domou a mesa.

Finalmente, após saborear um pouco de sake, Tsunade disse, “Assim sendo, um usuário de jutsu
de mudança de forma é a opção mais aceitável”

“Mas no caso, o usuário teria que ter tido contato direto com Sasuke”

“Hmm. Talvez o chakra dele foi espalhado de alguma maneira, sendo possível a cópia. Se o
usuário de alguma forma conseguiu absorver o chakra do Sasuke sem ele notar, isso poderia
dizer que o usuário conseguiu copiar o chakra de Sasuke sem ele nem perceber”

“Sem Sasuke perceber?”

“Aham. Mas isso não aconteceria”, Tsunade rejeitou a ideia de imediato, “É difícil pensar em uma
situação onde alguém tão habilidoso quanto Sasuke tenha absorvido o chakra dele sem o mesmo
ter percebido”

“É verdade”, Sakura acenou com a cabeça. Mas ela ainda achava que valia a pena insistir nesse
pensamento de Tsunade.

O fato do falso Sasuke ter o rosto e corpo do verdadeiro não era problema. O jutsu de
transformação não era um jutsu de nível alto. Mas o problema era a cópia do chakra.
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Como Tsunade observou, o chakra do oponente poderia ser absorvido. Transferência,
substituição, movimentação — tudo isso era possível com chakra.

Então, alguém absorveu e transferiu o chakra de Sasuke sem ele perceber.

Que tipo de truque poderia ter sido feito? Sakura sentiu que uma lâmpada estava prestes a se
acender acima de sua cabeça.

“Sem ele perceber”, ela murmurou, e então olhou para o chão, mostrando que estava em plena
concentração. Quando ela colocou seus fios de cabelo para trás de ambas as orelhas um insight
veio em sua mente, “Cabelo…”

“O quê foi?”, Tsunade parecia curiosa.

“Tsunade-Sensei”, Sakura disse, “Hipoteticamente falando, seria possível alguém conseguir


absorver chakra através de cabelo ou coisa parecida?”

“Cabelo?”, Tsunade indagou, “Bem, creio que não seja impossível. Mas seria algo bem difícil.
Basicamente, se o material ter componentes da pessoa, em teoria, é possível. Nesse cenário,
você não precisa se limitar a cabelo; pode ser sangue ou até suor. Mas é uma gama de limitações,
como: como foi armazenado, quanto tempo esse material ficou de fora da pessoa. Sakura, você
acha que…?”

“É só algo que cruzou minha cabeça. Eu não acredito muito nisso. Mas quando eu pensei sobre
alguém conseguindo o chakra de Sasuke sem ele perceber, foi isso que que veio em mente”

“Segura esse pensamento sobre o cabelo de Sasuke, pele, e então, seu chakra”, Tsunade refletia,
olhando para o nada, “Não é bobo esse seu pensamento.Tecnicamente, é algo difícil de
acontecer, mas é o mais próximo do possível do que outras teorias”

“Mas se assumirmos que alguém está manipulando o chakra de Sasuke, como eles estão fazendo
para transferir para uma cópia?”

“Iremos pensar sobre isso também. Eles fizeram essa transferência através de uma cirurgia ou
talvez tenha dado uma cápsula com o chakra de Sasuke para o receptáculo?”

Havia muitos pingos nos ‘i’ para por ali. Mas pelo menos, ela havia avançado um pouco.

“Sensei, muito obrigada. Eu irei pensar mais sobre isso”, Sakura agradeceu.

“Boa sorte, Sakura”, Tsunade acenou com a cabeça, “Eu poderia ajudá-la com tudo isso, mas me
aposentei. Deixo o resto com você”

“Faça isso, Sensei”, Sakura disse firmemente.

Porquê Sasuke-kun teria nos dito para resolver isso nós mesmos também…

————————————

Tsunade havia dito que iria ficar no restaurante e beber mais um pouco, então Sakura deixou o
lugar mais cedo para sua pesquisa.

Ela chegou a conclusão que poderia raciocinar mais se encontrasse livros ou documentos na
biblioteca do Hospital da Aldeia da Folha, portanto, seguiu em direção ao Hospital — quando
alguém a chamou por trás.

“Sakura!”
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Virando-se, ela viu Sai indo em sua direção, “Sai”

“Voltando do almoço?”

“Sim. Estava com a Tsunade-Sensei. Eu estava indo para o Hospital procurar algo”

“Ah, é?”, ele a acompanhou, dizendo no caminho que tinha negócios para discutir com o Hokage.

“Eu fiquei sabendo, sabe”, Sakura disse, lembrando-se do que o Hokage havia lhe dito, “Você está
investigando os ataques ao Daimyo, né?”

“Kakashi-Sensei te contou?”, Sai perguntou.

“Eu estava no escritório dele com a Ino ontem, e ele nos contou”

“Ele contou? Bom, acho que é natural que ele tenha contado”, Sai disse, num murmúrio baixo.

Sakura ia perguntar como andava suas investigações, mas parou antes de verbalizar — sentindo
que estava se intrometendo demais.

“Por acaso, você também ficou sabendo de Sasuke?”, Sai perguntou, deixando o tom de voz
suave.

Sakura confirmou com um aceno, “Mas na verdade, Ino e eu descobrimos antes de você.
Estávamos na aldeia da Areia, e Gaara nos contou tudo”, Sakura então contou tudo sobre a
viagem.

“Então até o chakra era idêntico ao do Sasuke?”, Sai estava surpreso.

“Uh-hum. Gaara confirmou que foi Sasuke quem ele viu”

“O informante que me contou sobre Sasuke não mencionou essa parte do chakra”, Sai ficou
pensativo.

“Mas eu pensei em algo quando conversava com a Tsunade-Sensei. Chakra pode ser transferido.
Então talvez o chakra de Sasuke pode estar sendo usado para propósitos ruins nesse momento
sem ele saber”

“Sem ele saber…”

Sakura então compartilhou a teoria que havia discutido com Tsunade minutos atrás.

“Cabelo ou pele, huh?”, Sai murmurou, e então, parou de andar — de repente.

“O que foi?”, Sakura perguntou.

Com o rosto enigmático, Sai trouxe uma de suas mãos ao queixo.

No momento que Sakura iria falar novamente, Sai interrompeu, “Sakura, se importaria de ir até o
escritório do Hokage comigo?”

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CAPÍTULO 5

Quando Sakura chegou ao escritório do Hokage com Sai, ela viu que Ino estava ali também, e
parecia exausta.

“Ino, também aqui?”

“Aham. Eu queria tentar uma coisa, então eu vim até o centro de comunicação com o Kakashi-
Sensei, mas—“

“Comunicação?”, Sakura parecia confusa.

“Bem, Ino disse que gostaria de tentar ver se conseguira contatar Sasuke diretamente daqui com
seu jutsu de transmissão de mente”, Kakashi respondeu, sentando em sua mesa, “Nós tentamos,
mas…”

“Não funcionou”, Ino disse, encolhendo os ombros, “Talvez desse certo se tivéssemos noção de
onde Sasuke está no momento, mas ficar procurando por ele aleatoriamente pelo mundo não dá
certo. Estou derrotada”, ela parecia mesmo. O jutsu de transmissão de mente era uma
especialidade do clã Yamanaka, e era necessário muita concentração, o que fazia ser difícil se
usado por muito tempo.

“De qualquer forma, o que vocês dois fazem aqui?”, Kakashi perguntou.

“Eu gostaria de falar com você”, Sai respondeu.

“Oh?”

“É sobre o falso Sasuke. Talvez os Anbu estejam envolvidos”

“O quê?”. Kakashi estreitou os olhos.

“Sakura me disse”, Sai continuou, “que o falso Sasuke que as pessoas estão vendo não só se
parece com o verdadeiro Sasuke, mas também tem o mesmo chakra, correto?”

“De acordo com Gaara, sim”

“Sakura disse que o chakra pode ser extraído do cabelo ou da pele. O chakra de Sasuke pode ter
sido extraído de uma dessas maneiras”

“Cabelo ou pele”, Kakashi murmurou, pensativo, “Talvez essa seja peça no quebra-cabeça que
nos faltava”

“Não, isso é apenas uma teoria”, Sakura ficou um pouco nervosa por Sai ter tomado a frente da
conversa, “Tudo bem que é assim que um chakra pode ser extraído, mas isso não explica como
um falso Sasuke está andando por ai sem o verdadeiro saber”

“Bom, uma hipótese é sempre uma hipótese”, Kakashi disse, “E então, como os Anbu se
encaixam nisso?”

“Meu informante me disse algo que me incomodou. Ele disse que os Anbu da aldeia da Folha
estavam investigando o Vale do Fim e aquela ponte onde ocorreu a luta entre Sasuke e Danzo,
logo após a Grande Guerra Ninja”

“Os Anbu?”

“Sim. Ele disse que os Anbu recolheram resquícios de destroços e pedras pelo local”

“Mas para que eles iriam fazer—oh!“, Ino entendeu no meio da sentença.
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Sakura também teve um insight de tudo aquilo. “Certo”, ela murmurou, “Eles queriam informações
de Sasuke"

“Exatamente”, Sai acenou com a cabeça.

“E seria bem fácil para eles conseguirem cabelo ou pele de Sasuke ali”, Kakashi destacou.

E sangue também, Sakura pensou.

O Vale do Fim fora o local onde Naruto e Sasuke haviam lutado até a morte. Ambos perderam um
braço naquela luta — então, não havia dúvidas de que sangue e pele possa ser encontrado pelo
local.

E na ponte onde ocorreu a luta entre Sasuke e Danzo — assim como no Vale do Fim, também
seria possível encontrar sangue e pele de Sasuke. Se aquelas células fossem recolhidas imediato
as lutas, não haveria dúvida de que seria um material utilizável para ser duplicado.

“No entanto”, Kakashi disse, “Eu não sou especialista, mas não seria muito trabalhoso conseguir
pele ou cabelo de Sasuke e então extrair chakra através dessas células?”

“Eu acho que seria muito trabalhoso”, Sakura respondeu, pois ela acreditava que a Anbu tinha
essas capacidades.

Ela tentou se lembrar sobre o Vale do Fim.

Depois que a luta acabara, Naruto e Sasuke estavam em cima de uma grande rocha. Sakura
tratou de ambos os braços perdidos enquanto Kakashi os assistia — sorrindo. E então, eles
deixaram o local com um espirito esperançoso domando suas almas.

Os Anbu poderiam ter ido ao Vale do Fim após Sakura e os outros deixarem o local. Eles
poderiam ter vasculhado e procurado por células de Sasuke…

Se aquilo realmente aconteceu, Sakura só conseguia sentir um certo desconforto em quão


incompreensível tudo aquilo era.

“Mas o que os Anbu querem ao usar um falso Sasuke?”, Ino perguntou.

“Eu não faço ideia. Mas se estivermos certos e eles realmente fizeram um falso Sasuke, então…
Kakashi-Sensei”, Sai virou-se para Kakashi, “Isso poderia explicar os caras que me atacaram
terem mantos de chakra igual da besta de caudas”

“Então, você está me dizendo que os Anbu estão coletando células de algum Jinchuuriki para
conseguir chakra da besta de caudas?”

“Não acha que seja uma possibilidade? Em ambos os ataques, os homens de máscara estavam
com um manto de chakra das bestas”

“Aquele homem que sempre está com Kido, Magire, ele é um ninja médico. Não é impossível para
ele pesquisar esse tipo de técnica sob as ordens de Kido”

“Espera um pouco! Não solte informação sem nos explicar”, Ino esbravejou.

Sakura também estava confusa. Ela não compreendia onde a conversa chegaria. “Hm, do que
vocês estão falando? ‘Chakra da besta de caudas?’”

“Oh, me desculpa. Veja bem, como posso explicar?”, Kakashi tombou a cabeça para o lado e
quase no mesmo instante juntou as duas mãos — fazendo um estalo, “Ah sim, vocês três são um
time agora”

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“O quê?”

“Huh?”

Enquanto Sakura e Ino estavam sem reação, Sai já havia entendido o recado, “Faz sentido já que
provavelmente estamos perseguindo um mesmo inimigo, então é interessante nós trocarmos
ideias e informações”

“Inimigo?”, Sakura ergueu uma de suas sobrancelhas.

“Kido Tsumiki da Anbu”, Sai disse, “E Magire. Estou de olho neles”

Na investigação dos ataques contra o Daimyo e seu conselheiro, Sai e Kakashi haviam colocado
ambos como principais suspeitos. Havia uma grande possibilidade desses ataques terem sido
planejados e executados pelos Anbu como método para obter mais dinheiro em sua organização.
E enquanto investigava isso, Sai fora atacado também. E os assassinos tinham manto de chakra
em volta deles.

“Chakra da besta de caudas”, Sakura murmurou.

“Então”, Ino disse, “Kido e sua gangue talvez tenha recolhido material de Naruto também no Vale
do Fim? E eles conseguiram extrair o chakra da raposa de nove caudas…”

“Mas o chakra dos homens que me atacaram tinham somente uma cauda”

“Talvez o número de caudas não importe”, Sakura disse, “Quero dizer, quando Naruto começou a
se apresentar com cauda, elas iam aparecendo a cada estágio que seu selo era enfraquecido”

“Oh, isso é bom. A maneira como vocês conversam é cativante. Parece que é uma equipe que
dará muito certo”, Kakashi disse, feliz ao olhar para a camaradagem dos três.

“Por favor, não nos provoque, Sensei”, Ino disse.

“Sim, por favor”, Sai continuou, “Além do mais, Sakura e eu somos do mesmo time, e eu estou
muito confortável em ter Ino conosco. Né, Ino?”

Sabendo como Ino se sentia em relação a Sai, Sakura não conseguiu segurar uma risadinha.

“Não, não. Me desculpem pela provocação. Para ser honesto, eu gostaria de eu mesmo fazer
parte da equipe com vocês, sair daqui um pouco, tomar um ar fresco. Mas sabe, na minha
posição, não é fácil sair daqui”, Kakashi disse, tocando no seu chapéu de Hokage, “Está claro que
Kido e Magire são nossos principais suspeitos, e eu ainda permiti que os Anbu investigassem a
maneira deles esses ataques, e isso é culpa inteiramente minha. E por isso, eu devo desculpas a
vocês”

Sakura e os outros encararam Kakashi, “Eu pretendo tirar os Anbu imediatamente dessas
investigações, e toda a energia que eu usaria ao lado de vocês, irei usar em meu cérebro para
pensar em como eu farei isso sem parecer suspeito. Portanto, deixo Kido e Magire com vocês”

“Sim, senhor!”, os três ninjas responderam em uníssono.

————————————

“Então, nada de Ino-Shika-Cho, mas Ino-Saku-Sai, hein?”

“Ficou horrível essa combinação”, Sakura disse com uma careta.

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“Quem se importa de não ter combinado os nomes?”, Ino respondeu, “Desde que nosso time dê
certo”

Depois de deixar o escritório do Hokage, os três decidiram irem até o telhado do Hospital da
aldeia da Folha para discutirem sobre a missão.

Sai acenou com a cabeça para Ino, “Ficarei de olho em Kido”

“E nós, faremos o quê? Seria uma boa ideia investigar o falso Sasuke?”, Ino perguntou, olhando
para Sakura.

“Provavelmente. Mas eu acho que devemos procurar por mais evidências de que a Anbu está por
trás desse falso Sasuke. Até agora, tudo o que temos são informações provindas do informante do
Sai”

“Ah, sim. Mas como iremos fazer isso?”

“Eu estava pensando sobre eles recolhendo cabelo e pele de Sasuke pelos lugares, talvez aja um
outro lugar além do Vale do Fim e aquela ponte”

“Você quer dizer que talvez eles estejam vasculhando outros lugares?”, Sai perguntou.

“Sim. Eu não acho que o Vale do Fim e aquela ponte tenha tanto sangue, cabelo ou pele para ser
possível de ser extraído chakra. Talvez eles tenham recolhido células de vários lugares”

“Tipo onde?”, Ino indagou.

“Se pensarmos sobre lugares fora da aldeia, eu não sei na verdade”, Sakura admitiu, “Mas, se
pensarmos em lugares dentro da aldeia, a primeira coisa que me vem a mente é a casa de
Sasuke-kun e o santuário do Clã Uchiha”

“Hmm, esses dois lugares fazem sentido”, Sai destacou.

“Se eles queriam o cabelo de Sasuke-kun, pode ser que os Anbu conseguiram isso no distrito do
Clã Uchiha”, Sakura disse.

“Hmm, mas eu me pergunto”, Ino cruzou os braços e olhou para o horizonte, “Eles iriam até o
distrito do Clã Uchiha só para conseguir cabelo? Eu acho bem provável que eles tenham
conseguido sangue nos destroços do Vale do Fim, mas acho que encontrar cabelo de Sasuke no
santuário do Clã Uchiha seria bem difícil”

“Então vá e certifique-se disso. Se estiver lá, estará, se não, é bom apenas ter certeza”, Sakura
propôs que eles investigassem para saber se algum membro da Anbu esteve por perto do distrito
na época da Grande Guerra Ninja, “Se alguém os viu, teremos pelo menos uma evidência
circunstancial”

“Tudo bem, vamos fazer isso”, Com o apoio de Ino, o planos dos três estava definido.

“Devemos nos encontrar esporadicamente e compartilhar o que descobrimos”, Sai disse, “Se
encontrarmos qualquer evidência, por menor que seja, se juntarmos, podemos chegar até Kido”

Sakura e Ino acenaram com a cabeça e logo saíram para cumprir sua tarefa.

Trabalhar era bom. Sakura se sentia mais útil trabalhando do que ficando deprimida num quarto
sozinha. E isso era para o bem de Sasuke.

Esse pensamento era o que a mantinha seguindo em frente.

————————————
50
Kido estava ficando impaciente.

Ele havia conseguido com sucesso enviar um falso Sasuke por todo o mundo, e esse impostor
estava sendo visto por todos. Mas a estrela do show, o verdadeiro Sasuke, ainda não tinha dado
as caras.

Por que ele não volta?

Não tinha chances do verdadeiro Sasuke não ter descoberto que alguém estava se passando por
ele. Ele já deveria ter sido notificado.

Kido não estava gostando dessa falta de reação de Sasuke. Parecia que Sasuke não estava se
importando com um impostor se passar por ele.

Mas na impaciência, Kido acabou tendo uma excelente ideia. Se ele jogasse a carta que estava
guardada na manga, não aumentaria somente a chance de Sasuke voltar, mas a situação iria
estar ainda mais favorável para o lado de Kido.

“Vamos jogar nossa carta na manga”, Kido disse, em seu escritório. Magire e outros veteranos da
Anbu estavam lá também.

“Essa mulher”, ele disse, mexendo rapidamente uma de suas mãos que segurava uma kunai, e
então, jogou a kunai na parede — atingindo uma foto. “Peguem-a. Ela é da equipe de Sasuke,
Sakura Haruno. Quando ele ouvir os boatos de que ela fora sequestrada, não tenho duvidas de
que ele voltará”

“E então iremos dar o próximo passo que é matá-la?”, um dos ninjas presente disse, “Isso será
impactante para ele, e seria ótimo”

“Não iremos matá-la”, Kido disse, dando um sorriso cínico, “Não agora”

————————————

De inicio, foi cansativo para Sakura e Ino ficar investigando por toda a vila.

Para começar, o santuário do Clã Uchiha ficava na periferia, num lugar com poucas casas. E tinha
a questão de que o período pós Guerra Ninja era um tabu para os civis. Faziam dois anos desde a
Grande Guerra Ninja, as pessoas já estavam começando a se esquecer das coisas.

Levou três dias para que elas ouvissem finalmente algo útil.

“Anbu? Eu vi um deles”, quem estava respondendo era Rock Lee, “Acho que tinha um três deles”

“Quando foi isso, Lee?”, Sakura perguntou.

“Acho que há uns dois anos atrás”, ele respondeu, “Eu as vezes venho por aqui para treinar. E é
por isso que estou aqui hoje. Aqui não tem muita gente, sabe? E eu me lembro de ter visto caras
da Anbu. Mas como você pode ver alguém da Anbu aparecendo em qualquer lugar, você sabe que
deve ser alguma missão. Eu não achei nada suspeito”

Sakura e Ino se entreolharam.

“O que vocês estão investigando? Talvez eu posso ajudá-las com os meus super poderes!?”, Lee
perguntou, mas Sakura e Ino negaram gentilmente.

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“Hmm… se precisarmos de ajuda, iremos chamá-lo”, assim como Naruto, Lee se empolgava
muito. Sakura achava que essa personalidade dele não as ajudaria nessa investigação que
deveria ser na surdina.

Mais tarde, elas se encontraram com Sai e reportou tudo o que haviam descoberto no dia. Em seu
caminho de volta para casa, Sakura sentia-se mais leve, talvez por ter finalmente descoberto algo,
por menor que fosse.

Se eles conseguissem pegar Kido, eles poderiam ajudar Sasuke. Esse pensamento aumentou
ainda mais a determinação de Sakura.

“Eu disse para me deixar em paz!”

O grito repentino a fez parar imediatamente. A voz vinha de uma rua paralela a casa dela.

Ela chegou perto de uma esquina. Já era noite, mas os postes de luz iluminavam um pouco a
escuridão na rua.

Vários homens estavam pressionando outro homem na parede — os homens que estavam em
volta da suposta vitima eram ninjas da Anbu.

“Me deixem em paz!”

“Quieto! Você está sob suspeita de terrorismo!”

“Eu estou dizendo que não era eu!”

No meio de tantas vozes, ela reconheceu rapidamente a voz de um deles.

“Sasuke-kun!?”, ela gritou.

“Sakura”, o homem que estava preso na parede levantou o rosto.

Era realmente Sasuke.

“Diga a eles. Eu voltei para a vila e de repente eles me atacaram. Eles estão me acusando de
matar um terrorista ou coisa parecida”

Por favor, soltem-o, Sakura estava prestes a gritar mas as palavras não saíram.

“Espera. Você é realmente o Sasuke-kun?”, ela perguntou, séria. Ela andava investigando tanto
um impostor de Sasuke que agora parecia difícil saber se esse era o verdadeiro. Ela estava
ficando paranóica.

“E agora você me faz perguntas como essa?”, ele disse, soltando um pequeno suspiro, “Você se
esqueceu do rosto do seu colega de time? Olha para mim”, ele ordenou, e ficou em silêncio,
esperando por sua resposta.

Em reflexo, ela o encarou — olho no olho — e foi nesse momento que a visão dela ficou turva.

Genjutsu.

Ela não conseguia se manter de pé, mas o Genjutsu também não parecia ser tão forte. Ela
rapidamente equilibrou o chakra dentro de si e ganhou novamente compostura.

Foi então que ela sentiu uma presença por atrás.

Antes de ela conseguir se virar, ela sentiu algo em sua nuca.

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Ela pôde perceber algum tipo de droga sendo injetada em sua pele. Ela perdeu completamente os
sentidos, e então, caiu com tudo no chão.

————————————

Primeiro veio a dor em seu pescoço. Parecia que sua consciência vinha aos poucos, ao mesmo
tempo que uma dor latejante acompanhava seu despertar. Logo, ela sentiu algo frio e duro contra
seus ombros e costas. Ela percebeu que estava deitada no chão em uma posição incomum. Ela
tentou mover os braços e as pernas, mas não conseguiu.

Ela abriu lentamente os olhos. Seus pulsos estavam amarrados por trás de suas costas, e seus
tornozelos estavam amarrados com uma espécie de algema.

Ela sentiu um pouco de náusea, mas essa sensação logo se passou.

Ela parecia estar em um cômodo feito de concreto. Era grande e vazio. Logo na frente dela havia
uma grande porta de ferro. Não havia janelas, então era difícil saber se ela estava abaixo do solo
ou não.

Ela não fazia ideia de quanto tempo havia se passado desde seu sequestro.

Ela tentou libertar seus braços; talvez ela conseguisse arrebentar a algema. Mas ela não
conseguia usar sua força. Eles injetaram alguma coisa em seu pescoço quando a pegaram. Essa
sua dificuldade de usar a força poderia ser explicado pelo veneno injetado nela.

A porta de ferro tinha uma pequena janelinha no centro, e ela pôde perceber alguém com a
máscara da Anbu a observando.

“Ela está acordada. Diga ao Kido-Sama”

Depois de ouvir essas palavras, ela percebeu um barulho de passos por detrás da porta.

Kido-Sama, o homem de máscara havia dito. Aqui deve ser o esconderijo deles.

A memória de como ocorreu o sequestro domou sua mente.

Tudo não passava de um teatro. Os membros da Anbu encurralando o recém-chegado Sasuke.


Era muita coincidência tudo aquilo ocorrer ao lado da casa de Sakura.

E ela já estava achando tudo muito estranho desde o início. Mas mesmo assim, ela deixou a
guarda abaixar por um instante. E para um ninja, um instante podia significar a morte.

Eu sou um desastre…

Sakura fechou os olhos. Ela sentia vergonha de si mesma por deixar cair numa armadilha tão
óbvia.

Ela podia ouvir o barulho de passos de várias pessoas, e então, a porta de ferro foi aberta
revelando um homem com nariz aquilino. Ao lado dele, havia um homem de pele muito clara
usando um monóculo.

“Então… você é Kido”, Sakura disse ao homem de nariz aquilino, rudemente.

“Eu sou. E você é Sakura Haruno. Por acaso você sabe onde está Sasuke Uchiha?”

“Onde… está Sasuke?” Eu gostaria de…. te perguntar a mesma coisa”, a postura dela não
facilitava para falar. Ela estava deitada de lado com o inimigo a encarando de cima. Aquilo era

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humilhante, “Então, você foi o responsável… por aquele falso Sasuke e também por mandá-lo
para vários lugares?”

“Sim. Eu achei que fazendo isso o atrairia de volta para a vila. O que não aconteceu. Por isso que
eu te sequestrei”

“Para… fazer… o Sasuke… voltar?”

Você me sequestrou para isso?

“Você é companheira de time dele. Amigos que lutaram juntos na Grande Guerra Ninja, estou
correto? No momento que ele souber que você está desaparecida, ele vai voltar”

“Hmm.. eu não sei. Sasuke é bem controlado. Comigo desaparecida, ele não iria…”

Voltar para a vila — ela tentou dizer, mas sentiu um aperto forte no coração.

Você voltaria Sasuke-kun?

Somente eu estou desaparecida, mais ninguém…

Ela queria que ele voltasse, mas rapidamente, Sakura espantou esses pensamentos.

Isso não pode acontecer. Se ele voltar, ele estará fazendo exatamente o que eles querem. Ele não
deve voltar.

Mas também… se ele não voltar, significa que ele não está preocupado comigo…

Sakura estava entre sua ansiedade em ver Sasuke e se sentir preocupada com a segurança do
mesmo.

“Se ele não voltar”, Kido continuou, “É bem simples. Vamos te matar. Quando ele souber que seu
corpo for encontrado, ele voltará, não é possível. Pelo menos para o funeral ele vem”

“Nesse caso, vá em frente e me mate logo!”, ela percebeu que deixara a ira dominá-la e tentou até
se livrar das algemas. Mas ela ainda não tinha forças para isso.

“Eu acho bom você não tentar nada imprudente”, o homem de monóculo disse — parecia ser o
ninja médico, Magire, “A droga injetada em seu pescoço dificulta a passagem de chakra para os
músculos. Ficar quieta e descansar irá permitir que você não gaste energia a toa. Isso é tudo”

“Uhgh!”, Sakura rangeu os dentes.

“Não vamos matá-la agora”, Kido disse, “Na verdade, queremos matar você na frente dele”

Sakura olhou bem nos olhos de Kido, “Na frente dele?”

“Exatamente. Isso poderia melhorar as habilidades do doujutsu dele”, Kido abriu um largo sorriso.

“Melhorar… as habilidades… do doujutsu dele?”

Do que ele está falando?

“Os Uchihas são um Clã muito intenso com sentimentos”, Kido disse maliciosamente, um sorriso
ainda no rosto, “Eu tenho certeza que você já tem uma ideia de que o amor dos Uchiha são
refletidos em seus olhos, não?”

Ela não respondeu.

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“Qualquer pessoa entraria de luto pela perda de um familiar, um precioso amigo, ou um amante
sendo morto na sua frente. Mas isso não é tudo que ocorre para um membro do Clã Uchiha. O
luto deles é tão profundo que atinge seu nervo óptico, ativando seu doujutsu”

Ela tentou se controlar para não aparentar estar chocada.

“Sua tristeza, raiva e luto aumenta ainda mais as habilidades de seu doujutsu. E é por isso que
vamos matá-la na frente dele”

Sakura respirou fundo, “E fazendo isso, o que vocês pretendem fazer após…?”

“Uma droga derivada do Sharingan”, Kido respondeu, “Vamos usar os olhos dele como ingrediente
para fazer essa droga. Uma droga que capacitará qualquer um a usar o Sharingan. Iremos vender
isso”, a risada dele fez eco pela pequena sala, “Eu irei receber dinheiro, muito dinheiro, um
dinheiro que ninguém nunca jamais conseguiu. Dinheiro, dinheiro…!”

A risada estranha se transformou em uma gargalhada estrondosa, e podia ser ouvida até fora do
cômodo onde ela estava.

Esse cara…

Pela primeira vez, Sakura não sentia ódio desse homem chamado Kido, mas sim medo.

————————————

Houve uma batida na porta.

Sai desligou o chuveiro. Entre as batidas na porta, ele pôde ouvir seu nome sendo chamado.
Parecia ser Ino. Ele colocou um samba canção e foi até a porta, com uma toalha na mão para
enxugar os cabelos.

Quando ele abriu a porta, era mesmo Ino quem estava ali.

“Então, Sai, o negócio é— whoa! Ei!”, em um instante, o rosto de Ino ficou inteiramente vermelho,
“Por que você não está usando nenhuma roupa?”

“Desculpa, eu estava tomando banho”, ele achava que abrir a porta para Ino daquela maneira
estava tudo bem, mas pelo jeito, não estava. A parte mais misteriosa era que ela não ficou apenas
brava, mas aparentava também estar encabulada.

“De qualquer jeito, o que está acontecendo? É cedo ainda”, Sai disse, e Ino encarou seus olhos.
Ela ainda estava com o rosto vermelho, mas a expressão mostrava tensão.

“Sakura sumiu”

“Sakura?”, a mão que esfregava a toalha em seu cabelo parou.

“Eu fui para o Centro de Terapia mais cedo por ter uns documentos que eu e ela precisávamos
fazer. Mas ela não apareceu. Então, eu fui até a casa dela, e ela não estava lá. Eu tentei detectar
o chakra dela, mas eu não consegui rastreá-la de jeito nenhum”

Sai deu um longo suspiro, “Provavelmente foi Kido e seus homens”

“Foi o que eu pensei”

“Vamos procurá-la”, ele disse, e então se virou para dentro. Ao entrar para procurar por seu
uniforme ninja, ele gritou para que Ino escutasse, “Se ele quisesse atrapalhar nossa investigação,

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tudo o que ele precisava fazer era pegar Sakura. O fato de ela estar desaparecida significa que
eles devem tê-la escondida em algum lugar”

Quando ele ficou pronto, ele voltou para a porta da frente, onde Ino o esperava, “Você já contou
isso ao Kakashi-Sensei?”

Ino negou com a cabeça, “Ainda não”

“Você consegue usar o jutsu de transmissão de mente para contar a ele?”, Sai perguntou.

Ino acenou com a cabeça e rapidamente fez os selos do jutsu. Em questão de segundos, Kakashi,
Sai e Ino estavam com as mentes interligadas graças ao jutsu.

“Sensei, Sakura foi sequestrada”, Ino explicou a situação, “Sai e eu vamos procurar por ela”

“Vocês precisam de ajuda?”, a voz de Kakashi ecoou pela mente deles, “Porquê há muitos ninjas
em missão agora. O número de ninjas que eu poderia mobilizar é bem limitado no momento”

“Estamos bem sendo apenas nós dois”, Sai disse, “Tenho certeza de que Sakura ainda está viva.
E se fizermos uma busca com muitos ninjas, isso iria alertá-los, e talvez eles resolvam a matar
mais cedo”

“Tudo bem, me desculpem, e eu conto com vocês”, Kakashi disse com uma voz delicada, “Eu
queria poder ir com vocês, mas uma mensagem do Raikage chegou até mim. Ele disse que
devemos fazer uma reunião urgente com os cinco Kages sobre colocar Sasuke na lista de
procurados internacionais. Eu irei discutir com eles online e conseguir tempo para nós”

“Sensei, por favor, cuide disso. Iremos—“, Sai disse, mas o jutsu de Ino já estava desfeito.

“Mas procurar por onde?”

“Eu estou de olho em Kido há dez dias ou mais, e eu conheço alguns lugares que ele frequenta.
Vamos começar por eles”

“Mas eles sabem que estamos investigando todos eles, não sabem? Então eles não deixariam
Sakura num lugar que você já tenha conhecimento, não é?”

Sai acenou com a cabeça; o que Ino havia dito era exatamente o ponto, “Eu tenho uma ideia. É
uma maneira um pouco mais agressiva de se fazer as coisas, porém, vamos lá”, ele disse, e então
começaram a se mover.

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CAPÍTULO 6

Uma droga derivada do Sharingan. Eles fariam uma droga derivada dos olhos de Sasuke.

O rosto de Sakura de contorceu com esse plano doente. E ela estava furiosa que eles haviam a
incluído no plano nojento deles. Mas a fúria com eles não durou muito tempo — pois foi
rapidamente substituído por ódio próprio.

O que eu estou fazendo?

Sentimentos de auto-recriminação brotaram de uma fonte aparentemente sem fundo e roubaram


de Sakura toda sua força de vontade. Logo quando ela estava começando a sentir que estava
fazendo algo para Sasuke, ela falha. E agora, ao invés de estar fazendo algo por ele, ela estava
sendo usada num esquema contra ele.

Verei você em breve, ele dissera.

Ela estava esperando por esse breve.

Mas agora, por conta de sua falha, Sasuke estava no meio de uma emboscada. Isso que era o
pior. Vê-lo dessa maneira, era a pior possibilidade de reencontro possível.

Sai! Ino! Ela gritou em seu coração, Vocês já perceberam que eles me pegaram? Rápido, me
ajudem—

Ela quase engasgou. Parecia que ela estava prestes a cair de um precipício.

O que eu estou dizendo? Rápido e me ajudem?

Não, ela começou a balançar a cabeça em negação energeticamente, Não, Não e NÃO!

Ela se lembrou do tempo quando ela, Sasuke e Naruto formaram o Time 7. Lembrando-se de si
mesma quando ainda era fraca.

Naruto e Sasuke me protegeriam. Eu sempre era protegida. E eu me odiava por isso. Por isso
fiquei forte. Eu não queria ficar olhando para as costas deles. Eu queria ser uma igual. É por isso
que…

Nesse momento, ela pensou, eu estou sendo fraca como eu era naquela época, não estou? Sem
esperança e esperando que meus amigos me salvem. Eu não posso encarar Sasuke-kun desse
jeito.

Tudo começou com “Você é irritante” e chegou em “Verei você em breve. Obrigado”

Meu relacionamento com Sasuke-kun chegou até aqui.

Sakura não queria voltar para o “Você é irritante”. Ela não queria voltar a ser fraca.

Faça. Faça o que você puder nesse momento…

“Sasuke-kun—“, Sakura murmurou, olhando diretamente para Kido, “Você realmente acha que
Sasuke vai ser pego facilmente por vocês?”

“Eu acho”, Kido disso rispidamente, o sorriso de esvaecendo. A atitude arrogante e segura dele
fez Sakura estremecer, “Eu não iria presumir atraí-lo até a vila e não obter sucesso em pegá-lo. É
verdade que ele é forte. Eu tenho conhecimento disso. No entanto, nós também somos
habilidosos”

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A palavra “habilidosos” fez Sakura se lembrar de algo. O homem que havia atacado Sai tinha um
manto de chakra parecido com a da besta de caudas.

“Então, você vai usar o chakra da besta de caudas?”, Sakura perguntou.

“Sai te contou? Sim, exatamente. Na verdade, não é exatamente da besta de caudas. É um


pseudo-chakra derivado da besta. Mas mesmo assim, isso é suficiente para aumentar os poderes
de meus homens”

“O suficiente, huh? Você não parece ter chance alguma contra ele”

“É suficiente. Não queremos derrotá-lo ou matá-lo. Tudo o que queremos é imobilizá-lo e arrancar
seus olhos”

A maneira como Kido mantinha sua compostura a irritava. Mas aquilo era bom. Ela podia manter
ele contando as coisas para ela.

“Então, você quer muito os olhos de Sasuke, huh?”

“Toda nossa preparação foi para isso”

“Vocês coletaram cabelo e pele de Sasuke no Vale do Fim, extraíram o chakra dele, e fizeram um
falso Sasuke. Não foi isso que fizeram?”

“Apenas uma médica ninja chegaria nessa conclusão. Muito bem. E no fim, deu certo não deu?
Você viu o Sasuke, mesmo ele sendo um impostor”, Kido riu.

Sakura o fuzilou com os olhos, “Por que eu estaria agradecida por ver um impostor? E você
provavelmente não sabe disso, mas o verdadeiro Sasuke é mais magro, seus olhos são
indiferentes e sua voz é um pouco mais baixa e rouca, e o nariz dele é mais harmonioso. Esse
impostor que você fez não é da melhor qualidade. Definitivamente há um problema na qualidade”

“Vindo de você, isso não é muito convincente, dado ao fato de que você caiu na nossa
emboscada com nosso impostor”

“Cale a boca. Eu estou dizendo que não se parece com o verdadeiro, não—“

“Esse era o homem que estava se passando por Sasuke”, Kido disse, a interrompendo. Um dos
homens de máscara atrás de Kido deu um passo a frente, “Ele estava se passando por Sasuke
quando pegamos você”

“Então? Qual o seu ponto?”

“Tire sua máscara”, Kido ordenou, e o homem fez como comandado.

A máscara foi retirada, revelando o rosto de um homem que não se parecia nem um pouco com
Sasuke.

“E isso”, Kido disse, pegando uma cápsula branca em seu bolso, “Isso é uma cápsula contendo o
chakra de Sasuke. Se você tomar isso, você terá um semblante de chakra igual a de Sasuke,
assim como sua fisionomia. Aqui”, Kido deu a cápsula para o homem ao seu lado.

“Apresente a ela o Sasuke”, Kido ordenou ao homem, olhando Sakura pelo canto do olho.

“Pare!”

“Entendido”, o homem disse.

“Eu disse, pare!”

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Sem se importar com os protestos de Sakura, o homem engoliu a cápsula. Ele então fez um selo
com as mãos.

—Poof

Uma fumaça se levantou, e quanto se dissipou, Sasuke estava ali. Era o rosto de Sasuke. E
também o chakra de Sasuke.

“Ugh”

Sakura rapidamente desviou os olhos. Ela estava com vergonha de como seu coração bateu
naquele momento.

“O que você acha? Dê uma olhada e me fale sobre a má qualidade”

Como se eu fosse olhar.

Sakura fechou os olhos e virou a cabeça para o outro lado, ignorando Kido e o homem ao seu
lado se passando por Sasuke. Ela não iria olhar.

Logo, ela ouviu passos. Eles estavam se aproximando dela. Alguém ficou perto demais.

Ela abriu os olhos e engasgou. O falso Sasuke estava ajoelhado e a encarando.

Fique longe de mim!

Sakura virou o rosto novamente.

E então—

“Eu te amo, Sakura”, disse o falso Sasuke, acariciando o cabelo dela.

“Ugh!”, um frio correu por sua espinha e tudo o que ela queria fazer naquele momento era gritar
ao olhar para aquele impostor.

A boca dele se transformou em um sorriso fino, um sorriso vulgar, uma expressão que o
verdadeiro Sasuke jamais teria.

Nenhuma palavra a mais foi proferida. Todo o corpo dela era puro ódio. Sakura encarou tanto o
impostor, como se estivesse o queimando somente com os olhos. E então, olhou novamente para
Kido.

O falso Sasuke desfez a transformação e colocou a máscara de volta. Um pouco antes de colocar
a máscara de volta, ela notou aquele mesmo sorriso vulgar em seus lábios.

“Parabéns”, Kido disse — estava claro em sua voz uma certa satisfação em colocar Sakura em
seu devido lugar.

Sakura respirou fundo. Ela inalou e expeliu ar novamente. Ela permitiu que aquele furacão de
sentimentos ruins saíssem de seu coração de pouquinho em pouquinho. Finalmente, ela disse,
“Indiferente”

Kido parecia confuso.

“Eu estava certa. O real e o falso são completamente diferentes. Mas tudo bem. Graças ao seu
show nojento, eu consegui juntar muita coisa dentro de mim. Raiva… e chakra”, Sakura disse,
espalhando todo o chakra que ela estava juntando enquanto falava com Kido por todo o seu
corpo.

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Por conta do efeito da droga, ele precisou de tempo para juntar chakra, algo que ela conseguia
fazer em questão de segundos — e esse era o motivo dela engajar conversa com Kido. Ela
desafiou Kido para mantê-lo falando. Tendo usado a Técnica da Força de Uma Centena, Sakura
não teve problemas em juntar chakra enquanto falava — deixando que seu oponente nem
percebesse o que ela estava fazendo.

Ela tinha juntado uma boa quantidade de chakra. Dominada pela raiva de ter sido obrigada a ver
aquele teatrinho horrível, uma força monstruosa e inumana surgiu através dos membros de
Sakura.

“Magire, pegue outra injeção—“

“Tarde demais”

Sakura focou toda sua força em seus punhos e tornozelos, fazendo com que as algemas se
quebrassem.

————————————

Junto de Sai, Ino foi até um ferro velho que ficava na periferia da vila. Eles ficaram atrás de um
tambor de ferro e começaram a observar um edifício de madeira de dois andares que estava do
outro lado da rua.

“Ali fica um dos esconderijos dos homens de Kido”, Sai disse a ela, “Eu acho que eles usam esse
lugar para conversas secretas ou para esconder pessoas ou até prender pessoas”

Sai havia captado esses detalhes durante sua investigação, Kido havia ido para aquele
esconderijo várias vezes. O edifício todo era cercado, e havia uma pessoa na entrada usando
uma máscara e vestimentas da Anbu, provavelmente cuidando do perímetro.

“Ino, verifique se você não consegue detectar o chakra de Sakura”

“Entendido”, Ino então começou a detectar todo o perímetro. Ela podia sentir o chakra de três
pessoas do lado de dentro do edifício, mas nenhum deles era o de Sakura, “Ela não está aqui. O
chakra de Sakura não está aqui”

“Não?”, Sai perguntou, desapontado.

“Ei, nós iremos vasculhar todos os esconderijos de Kido, um por um?”, Ino perguntou, curiosa.

“Se pudéssemos…”, Sai respondeu, negando com a cabeça, “Isso levaria muito tempo. E Kido
tem esconderijos que eu provavelmente ainda não descobri sobre, e procurar um por um seria
game over para nós”.

“Então, o que iremos fazer?”

Antes de chegarem ali, Sai já havia dito que eles iriam agir de uma maneira mais “agressiva”.

Ele então, apontou para o homem que estava cuidando do perímetro em frente ao edifício,
“Felizmente, há apenas um na patrulha. Vamos derrubá-lo”

“Derrubá-lo? Você quer dizer, batalhar? Agora?”

“Faremos isso de maneira rápida. Use seu juste de transferência de mente e entre na mente dele.
E depois, é só você sair de lá quando eu for atacá-lo”

Era um ataque básico em duo, algo que Ino-Shika-Cho sempre fazia. Ela nunca havia feito algo
assim com Sai antes, mas era apenas um inimigo, e ela confiava nas habilidades de Sai.

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“Entendido”, ela respondeu, sem hesitar. Ela então fez os selos de mão e focou todo seu chakra,
“Aqui vamos nós”, no momento que ela havia dito essas palavras, ela já estava conduzindo o jutsu
e mirando na mente do alvo.

Jutsu Transferência de Mente!

O jutsu funcionara com sucesso, Ino fez com que o homem na patrulha ficasse parado no lugar.

Sai se aproximou do homem, e com aos mãos preparadas, estava a segundos de nocautear o
inimigo. De imediato a esse ato de Sai, Ino gritou “Liberar!”, e saiu da mente do homem.

Novamente no controle de si mesmo, a primeira coisa que o homem de patrulha notou foi Sai já
em cima dele.

Sai rapidamente nocauteou o homem — usando uma das mãos para atacar seu pescoço e fazê-lo
desmaiar.

O homem de patrulha caiu sem fazer barulho — Sai colocou o homem em seus ombros e voltou
ao esconderijo atrás do tambor de ferro onde ele estava com Ino.

“Vamos perguntar tudo que precisamos para esse cara”, Sai disse, andando com o homem
pendurado nas costas.

Os dois adentraram na parte mais central do ferro velho e Sai colocou o homem no chão. A volta
deles só havia coisas velhas e enferrujadas, e também restos de materiais e tecidos — Sai usou
um dos pedaços de tecido para vendar os olhos do homem e amarrá-lo. Sai então sentou o
homem e o encostou em uma sucata — acordando-o.

“Sai! Você—“

“Quieto”, Sai disse, com a voz calma, tirando a máscara do rosto do homem.

O homem aparentava ter seus trinta anos de idade. Ele encarava Sai com olhos furiosos.

“Eu não quero fazer nada muito agressivo com um ninja veterano como você, mas também não
temos tempo para brincadeiras. Você vai responder todas as nossas perguntas”

O homem ficou em silêncio e virou o rosto para o lado.

“Vocês sequestraram uma pessoa ontem, não?”, Sai perguntou, “Onde vocês estão a
escondendo?”

Com o rosto ainda virado para o lado, nenhuma palavra foi proferida pelo homem.

“Eu sei que você é membro da facção de Kido Tsumiki. Onde vocês levaram Sakura Haruno?”

O homem permaneceu em silêncio. Pelo jeito, ele pretendia não dar um pio.

“Se você continuar em silêncio, nós iremos usar métodos que gostaríamos de não usar”

“Tortura?”, o homem perguntou — sus lábios formando um sorriso desafiador.

Sai acenou com a cabeça, “Sim. Eu também sou um ex-membro da Anbu. Eu conheço várias
maneiras de fazer alguém falar”

“Então está tudo bem”, o homem disse, “Eu sou um Anbu. Eu sei maneiras de aguentar uma
tortura”

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“E você acha que vai conseguir aguentar?”, Sai pegou uma kunai, e sem hesitar, ele rasgou as
vestimentas superiores do homem, deixando-o com o tórax exposto. Mas o homem não era do
tipo de perder a compostura somente com aquilo.

Ino começou a ficar receosa. Ela já havia testemunhado interrogatórios em missões antes. Ela já
havia ouvido resmungos e xingamentos por parte dos interrogados, mas nunca havia visto um que
envolvesse tortura.

Ela estava se preparando para qualquer evento envolvendo sangue que poderia acontecer.

Sai pegou o pincel que ele usava para realizar seu jutsu das super bestas, “Ino, é melhor você não
ver isso”

O que ele iria fazer? Ele iria desenhar? Ele iria atacar o homem com um tigre feito de tinta? Ou
talvez uma cobra enorme iria sufocá-lo? Ou talvez…

Uma coisa mais cabulosa que a outra aparecia pela mente de Ino, e sem pensar, ela acabou
soltando, “Ei, Sai, não faça nada—“

Muito horrível, ela finalizou em sua mente, pois Sai já estava movendo seu pincel.

— Cooooochy coo, coochy coo…

“Pftah! Ha ha ha!”, o homem começou a gargalhar.

“Isso era sua tortura?”, Ino quase grunhiu.

“Quando você está sem tempo, isso funciona sempre”, Sai disse, com o rosto sério.

“Sério?”

“Aham. Eu li isso num livro”, durante sua conversa com Ino, ele continuava a fazer cócegas no
homem com o pincel.

O homem contorcia o corpo conforme ria, se mexendo incontrolavelmente, até começar a sair
saliva dos cantos de sua boca.

Sai então, parou de fazer cócegas no homem e perguntou, “Agora, você irá nos dizer a verdade?”

“…Sim”, a voz do homem parecia desapontada; nem parecia ser um membro da Anbu.

————————————

“No extremo nordeste da vila há uma loja de tijolos”, dissera o homem da Anbu. Sakura deveria
estar lá.

Sai rapidamente desenho um pássaro com seu jutsu das super bestas e então ele e Ino voaram
em direção a essa loja de tijolos.

Não era a primeira vez que ela voava em um dos pássaros de Sai, mas fazia um tempo desde a
última vez, por isso, Ino começou a perder um pouco de seu equilíbrio.

“Se você estiver com medo, segure firme em mim”, Sai disse, olhando para a frente.

Ino sentiu borboletas flutuarem por seu estômago, mas fez o máximo para ignorar a sensação,
“Eu estou bem”

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O pássaro voava com rapidez. As ruas da vila abaixo deles logo foram substituídas por árvores e
mais árvores. Eles passaram até mesmo por vários corvos e águias.

“Eu estou vendo!”, Sai disse, apontando em direção ao local.

Do outro lado de um aglomerado de grandes árvores havia um campo aberto com um prédio
antigo. O pássaro começou a pousar perto dali.

No momento que o pássaro se aproximou do chão, vários ninjas da Anbu começaram a sair do
prédio.

Sai e Ino passaram por um campo de proteção invisível que provavelmente envolvia o perímetro,
e o pássaro junto deles havia atravessado esse campo invisível.

Os membros da Anbu que saíram do prédio lançaram suas kunais em ataques seguidos. Sai
ordenou que o pássaro levantasse voo novamente para evitar o ataque frontal.

O pássaro circulou todo o prédio antes de se aproximar do local novamente.

“Sakuraaaaaa!”, Ino gritou, “Viemos te salvar!”

Naquele momento, alguma coisa quebrou o telhado do prédio e destroços voaram pelo céu.

Uma figura humana parecia estar com um dos punhos apontados para o céu — e essa pessoa era
nada mais e nada menos do que Sakura, seu corpo todo envolvido por chakra.

“Sakura?”, Ino gritou do céu — em cima do pássaro.

Sai piscou várias vezes até dizer, “Estranho. Deveríamos salvá-la, não?”

————————————

“Tarde demais!”

Com seu grito, Sakura cerrou os punhos e olhou para o teto. Ela levantou os quadris, dobrou os
joelhos e — Eu vou esmagar tudo e sair daqui!

Ela não se importava se estava em um lugar subterrâneo ou não. Ela iria sair dali e pronto.

“Segurem ela!”, Kido rosnou, mas Sakura era mais rápida.

Impacto Dilacerante da Flor de Cerejeira!

“Shanarooo!”

Sakura acertou o teto. Seu punho direito, emanando chakra, destruiu todo o teto de concreto.
Acima do teto destruído havia um espaço enorme que parecia muito com uma loja de tijolos.

Então eu estava em um lugar subterrâneo…

Reconhecer logo onde estava era um alívio. A força em seu punho ainda podia ser usufruída,
então Sakura esmagou o teto da loja de tijolos em seguida.

O céu azul podia ser visto por seus olhos agora, a sensação de liberdade sendo sentida. E então,
ela ouviu, “Sakura!?”

Virando sua atenção para a direita, Sakura viu um pássaro de Sai. E nas costas do animal, estava
Sai e Ino.
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Sakura tomou um impulso para cima, aterrissando ao lado do prédio, e em seguida, pulando
novamente mais a frente, para por uma distância considerável entre ela e o edifício.

Sai e Ino desceram do pássaro e correram em direção a Sakura.

“Você está bem?”, Ino perguntou.

“Pode-se dizer que sim. Mas como vocês me acharam?”

“Nós interrogamos um dos subordinados de Kido. Mas vendo como tudo terminou, parece que
você se livrou sozinha”, Sai disse, um traço de sorriso em seus lábios.

“Pare com isso”, Sakura respondeu com um olhar severo, “Fico grata por vocês terem vindo. Kido
e Magire estão aqui. Não baixem suas guardas”

Kido e Magire emergiram através do buraco feito por Sakura em sua fuga. Eles estavam sendo
seguidos por vários membros da Anbu.

Sakura, Ino e Sai se posicionaram, ficando cara a cara com aproximadamente dez membros da
facção de Kido.

“Uma mulher com uma força monstruosa, como dizem os boatos”, Kido disse, provocando-a, “Mas
eu não vou deixar você fugir. Você deve ficar para melhorar as habilidades dos olhos de Sasuke”

“Como se eu fosse ajudar você com isso!”

“Sakura, do que ele está falando?”, Ino perguntou, “‘Melhorando as habilidades dos olhos de
Sasuke?’”

“Esses caras planejam pegar os olhos de Sasuke e fazer uma droga derivada do Sharingan”

“Uma droga?”

“Uma droga derivada do Sharingan. Eles disseram que qualquer um que tomar essa droga poderá
usufruir dos poderes do Sharingan. Eles acham que se me matarem na frente de Sasuke, o
choque seria tão grande que isso aumentaria o poder de seus olhos”

Ino ficou sem palavras.

Sakura continuou, “Eles fizeram o falso Sasuke através de uma droga também. Eles deram uma
cápsula com o chakra de Sasuke para alguém usar o jutsu de transformação e ficar igual ao
Sasuke de todas as maneiras possíveis”

“Já que todos vocês estão aqui, por que não matar vocês todos na frente dele?”, Kido murmurou
com um sorriso.

“Três amigos morrendo na frente dele”, Magire seguiu o raciocínio de seu líder, “Podemos ter um
grande aumento de poder de seu doujutsu. Isso é tudo”

“Vocês—“, Ino estreitou os olhos.

“Uma droga, huh?”, a voz de Sai era fria, “Então, os homens com os mantos de chakra parecido
com da besta de caudas que me atacaram, era uma droga aquilo também?”

“Sim”, Kido disse, “Uma droga derivada do chakra da besta de caudas”

“Então, no Vale do Fim, você não apenas coletou cabelo e sangue do Sasuke”, Sakura disse,
“Você também colheu cabelo e sangue do Naruto”

64
“Quase correto. Vamos dizer que há um segredinho comercial ai”

“O que você quer dizer com segredo comercial? Você fala como se tivesse uma empresa!”, Ino
não segurou a risada.

“E temos”, foi a resposta imediata de Kido.

“O quê?”

“Eu irei deixar a vila e começar uma empresa focada na área militar. Algo de escala global”

“Uma empresa… voltada para a área militar?”, o rosto de Sakura era cético.

“Ah, então é isso?”, Sai disse, “Você pretende vender essas drogas para regiões em conflitos?”

“Precisamente”, Kido respondeu, “Tome essa droga e tenha o chakra da besta de caudas. Tome
essa droga e use o Sharingan. Se essas drogas existissem para a venda, organizações que
desejam poder logo irão querer essas drogas. E isso não é tudo. Eu posso manufaturar os
conflitos. Dessa vez, eu fiz um falso Sasuke, mas teoricamente, eu poderia fazer uma cópia de
uma outra pessoa e usar ela para investigar conflitos para o inimigo. Poderíamos vender todas
essas drogas em regiões conflituosas. Ou podemos vender essas drogas para mercenários
também. E em breve, até mesmo líderes de vilas iriam me procurar. E eu conseguirei muito
dinheiro, dinheiro suficiente até para queimar, suficiente para eu fazer o que eu quiser”, enquanto
Kido falava, uma expressão diabólica domava suas feições.

“Essas drogas são uma farsa. Eu não acredito que alguém vá comprá-las”, Ino disse.

Kido balançou sua cabeça, desgostoso, “Eu apreciaria se você as referisse como uma escolha
racional e não uma farsa. E há sim pessoas que as comprariam. Qualquer um seria capaz de
usufruir do chakra da besta de caudas e até mesmo do Sharingan”

“Você está iludido que uma droga pode deixar alguém forte”, Sakura disse, “As pessoas ficam
fortes passando por momentos difíceis. Elas atravessam obstáculos, sempre almejando por mais”

“Isso é um pensamento infantil”, Kido respondeu, “É apenas uma opinião humilde de que o tempo
simplesmente melhora tudo. Você fundou esse Centro de Terapia Infantil, seja lá qual é o nome
disso, não? Dando a minha opinião sobre isso, é ineficiente e uma perca de dinheiro. Dar atenção
a mente de crianças? Isso só perde tempo e dinheiro, além de produzir crianças fracas. Crianças
cujo espíritos podem ser quebrados não passam de fracassadas no fim”, ele cuspiu a última frase.

“Como é que é? Sakura e eu—“, Ino começou, mas Sakura a cortou.

“Tudo bem, Ino. Deixe ele falar. Esse homem jamais entenderia o coração humano. Ele não
entende, e é por isso que ele falhou em atrair Sasuke, correto?”, Sakura disse, e riu em seguida,
“Ele fez um falso Sasuke para atrair o verdadeiro, e mesmo assim, o verdadeiro não retornou para
a vila. Ele não entende o Sasuke”

Uma expressão irritada passou pelas feições de Kido, “Ele vai voltar. Se aproveitarmos vocês três,
dará certo. Vocês ai!”, ele gritou para seus homens, “Usem a droga da besta de caudas. E então,
peguem-os. Se vocês tiverem que abusar de sua força e matá-los, estão autorizados a fazer isso!”

Com a ordem dada por Kido, os subordinados removeram suas capas da Anbu e também suas
máscaras. Vestindo somente seus uniformes de combate, todos colocaram uma cápsula na boca.

“Agora vocês podem ter o gostinho da ‘farsa’ que é esse poder”, Kido disse.

Sakura, Ino e Sai se espalharam, dando um bom espaço entre eles para que tivessem como
contra-atacar.

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E então, um após o outro, o chakra dos subordinados de Kido começou a crescer e a contornar
seus corpos, formando uma espécie de manto. O número de caudas variava para cada um.
Alguns ninjas tinham somente uma cauda, outros duas. O tamanho da cauda também diferia entre
cada um.

“Eles tem diferentes números de caudas”, Ino notou.

“Parece que quanto mais caudas, mas fortes são”, Sakura disse, analisando os inimigos.

“O número de caudas é proporcional a quantidade de chakra de cada um”, Kido murmurou, “Se
vocês tiverem interesse, talvez queiram experimentar a droga?”

“Cuidado”, Sai disse, “Até os que tem somente uma cauda são fortes”

“Entendido”, Sakura acenou com a cabeça.

Kido fez um sinal com o queixo, “Peguem-os”

E então, inimigos com mantos de chakra da besta de caudas foram ao ataque.

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CAPÍTULO 7

Dez ninjas foram para cima deles. Kido e Magire ficaram a espreita — somente observando.

O time formado por Sakura, Ino e Sai enfrentava o ataque dos inimigos as pressas, mas isso não
significava que eles estavam fora de sincronia.

Quando se enfrenta um número superior de inimigos, a chave era sempre se movimentar e ficar
de olho nas costas de seus aliados — o corpo reagindo sem pensar.

O ataque dos inimigos vieram de todos os lados. Alguns tentavam atacar pelas costas usando a
força, outros usavam kunais e shurikens com manto de chakra. No meio deles havia um usuário
de estilo vento. Ocasionalmente, um vento cortante vinha até eles — e aquilo precisava de real
atenção. Parecia que todos aqueles ataques realizados eram aumentados em poder e habilidade
por conta do chakra da besta de caudas.

Sakura usava taijutsu. Não havia inimigos que lutavam a longa distância, então isso para Sakura
era ótimo. Porém, nesse tipo de luta corpo a corpo, Ino geralmente ficava na periferia do campo
de batalha, mas ela não conseguiria ficar a espreita pela quantidade de inimigos. Então, acabou
dando cobertura a Sai com taijutsu.

Uma bola de fogo chegou neles de repente. E então, várias bolas de fogo, do tamanho de uma
cabeça humana, a direita deles.

Sakura se esquivou das bolas de fogo.

O responsável pelas bolas de fogo era o homem que se passara por Sasuke quando ela estava
presa no esconderijo. Duas caudas podiam ser vistas em seu manto de chakra.

“Você quer que eu seja o Sasuke para você novamente?”, ele disse, sorrindo maliciosamente.

“Vá em frente e tente”, Sakura disse, “Eu provavelmente colocaria meus braços em volta de seu
pescoço, só para depois dar uma mata leão”

“Eu serei o responsável em acabar com você”, o homem a atacou usando uma de suas caudas.
No momento que a cauda de aproximou do corpo de Sakura, a ponta da cauda se transformou em
uma mão e então capturou o pescoço de Sakura.

“Ngh!”

O corpo de Sakura foi levantado, seus pés não tocavam mais o chão. Ela não conseguia respirar.

“O chakra da besta de caudas é um pé na roda, sabe”, o oponente cruzou os braços, e com um


sorriso no rosto, usou a outra cauda para um ataque.

A outra cauda socou o estômago de Sakura. Ela foi recebida com uma série de ataques com a
cauda. O dano não seria tão grave, mas isso não impedia de sentir muita dor no momento. A
posição dela não a ajudava. Se ela continuasse naquela posição, iria chegar uma hora que ele
daria um ataque final e acabar com ela.

Sakura juntou chakra em ambas as mãos — em seus dedos, em particular — e conseguiu segurar
a cauda que segurava seu pescoço. “Hng!”, com um pequeno grito, ela conseguiu afastar a cauda
de seu pescoço e caiu no chão.

“Droga!”, o oponente a atacou com uma das caudas para pegá-la.

Sakura se esquivou do ataque e foi para cima do oponente. Ela o acertou com o joelho e então o
jogou no chão — se jogando junto para ficar em cima dele.

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“Nunca. Mais. Se. Transforme. No. Sasuke. Novamente!”, ela pronunciou cada palavra
seguidamente de um soco, “Entendeu!?”

Seu ataque final foi um chute forte. Os olhos de seu oponente se reviraram, revelando a parte
branca do olho, e então ele desmaiou.

No momento que ela o derrotou, o manto de chakra envolto do inimigo desapareceu. Parecia que
no momento que o usuário perdia a consciência, o manto de chakra também desaparecia. O que
não diferenciava de como funcionava qualquer ninjutsu.

“Parece que o manto de chakra desaparece quando eles são nocauteados!”, ela gritou para Ino e
Sai.

“E parece que só funciona por um tempo determinado”, ela ouviu a voz de Ino.

Sakura também havia confirmado aquela informação com os próprios olhos.

Muitos mantos de chakra roxo já estavam desaparecendo, mesmo com os usuários ainda ativos.
Mas esses usuários logo colocavam outra cápsula de chakra na boca para continuar a usufruir do
chakra da besta de caudas.

“Se a gente continuar nessa lerdeza, eles vão continuar a repor o chakra”, Sai destacou. Ele
estava usando taijutsu para lutar e usando seus tigres de tinta para se defender, “Precisamos
nocauteá-los logo”

No mesmo momento, Ino gritou e caiu no chão. Um inimigo havia deslizado uma cauda por trás de
seus pés, a fazendo cair no chão. Dois outros inimigos apareceram segurando kunais.

“Ino!”

Sakura conseguiu pegar um deles com um soco, enquanto o outro fora pego por Sai.

Ino conseguiu se levantar.

“Você está bem?”, Sai perguntou.

Ino acenou com a cabeça, “Aham”, e então, reparou que Sai estava com o braço machucado, e
em seguida, cobriu a área machucada com as mãos sem dizer nada. Ela estava fechando o
ferimento usando ninjutsu médico.

Sakura fechou as mãos com força.

Ino-Saku-Sai. Nós lutamos até que bem!, ela murmurou para si mesma, antes de ir para cima de
outro inimigo.

————————————

Membros da Anbu estavam jogados em volta deles, inconscientes, e sem o chakra da besta de
caudas. Mesmo todos os subordinados tendo sido derrotados, nem Kido e nem Magire deram
sinais de vida.

“Se formos lutar com aqueles dois”, Sakura disse, encarando dois inimigos desmaiados no chão,
“Eu levarei Kido para o meio da floresta. Ino, Sai — Magire é de vocês”

“Não faça nada perigoso, Sakura. Nós três juntos—“, Ino começou, mas Sakura balançou a
cabeça em negativa.

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“Não sabemos que tipo de cartas ele tem na manga. Mas já sabemos que Magire é um ninja
médico, então ele é capaz de se auto se regenerar. Acho que faz mais sentido nós o separar de
Kido, assim o bastardo fica sem ninguém para curá-lo”

“Nesse caso, eu fico com Kido”, Sai disse, mas Sakura também balançou a cabeça em negativa
para ele.

“E então teremos duas ninjas médicas aqui. É inteligente não ficarmos juntas, e se nos
dividirmos”, Sakura disse, “Podemos nos curar sozinhas, e Sai, você terá Ino para te curar”

Sai baixou a cabeça, tendo que concordar com o raciocínio de Sakura, “Entendi. Faremos como
você disse, Sakura”

Logo após a breve conversa, Kido e Magire deram as caras.

Antes desaparecidos, agora ambos apareceram de repente ao lado de Sakura, Ino e Sai.

“Eu sei que vocês devem estar cansados, então peço desculpas, mas agora vocês terão que lutar
contra nós”, Kido disse.

“Sabe, se você está decepcionado o quão fraco era seus subordinados, não tem problema você
demonstrar isso não, viu?”, Sakura provocou.

Os lábios de Kido contorceram um pouco, “Apesar de eu não ter razão em me sentir provocado
por isso, eu só quero acabar logo com tudo”, ele tirou sua capa, relevando um corpo bem
estrutural por baixo de seu uniforme.

Ele é forte, Sakura pensou.

Naturalmente, se ele for dos altos níveis da Anbu, esse homem — que só sabe falar de dinheiro e
lucros — precisaria ser forte e habilidoso para chegar onde chegou. Sua aparência deixara aquilo
bem claro.

Magire, por outro lado, não removeu sua capa. Ele pretendia, pelo jeito, lutar do jeito que estava.

Estilo Relâmpago! Ligação do Trovão!

Imediatamente, Kido movimentou os braços e liberou pequenas descargas elétricas.

Sakura e os outros se esquiaram dos ataques rapidamente. Um dos tigres de tinta de Sai acabou
sendo atingido pela descarga elétrica e se desintegrou.

No momento que Sakura tocou o solo novamente, ela começou a correr em direção a floresta a
sua direita. O cenário que Kido imaginara acabou não acontecendo, e isso cruzou a mente de
Sakura. Se ele a capturou porquê queria aumentar as habilidades oculares dos olhos de Sasuke,
então ele não deixaria ela sair de sua vista tão fácil.

E no fim, ele realmente a seguiu — como ela suspeitou.

“Então você planejava separar eu e Magire? Espero que isso dê certo, huh?”

Sakura ignorou-o e continuou correndo rápido para o meio floresta.

Já dentro da floresta cheia de grandes árvores, ela foi pulando galho por galho. Kido a seguia, e
parecia que ele estava apenas tentando manter a velocidade para não perdê-la de vista; e não
tinha interesse em capturá-la.

Quando ela chegou a conclusão que aquele era o momento certo, ela parou em um dos troncos.

Ela encarou Kido.

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Seus olhares se cruzaram.

Uma brisa passou pela floresta naquele momento, movimentando os cabelos de Sakura.

“Bem”, Kido começou, “Devemos começar?”

Sem responder, Sakura bateu a palma de sua mão direita com o punho da esquerda. Whap! O
som ecoou pela floresta, dando sinal que a luta começaria.

Kido deu um impulso através de um galho e diminui o espaço entre eles. Eles se aproximaram,
trocando chutes e socos, até se separarem novamente.

Kido movimentou os braços. Estilo Relâmpago! Ligação do Trovão!

Mais uma vez, eram descargas elétricas que ele havia feito anteriormente, mas dessa vez foram
diretamente em direção a ela.

Esquivando-se, Sakura pulou de um galho para outro e foi para cima de Kido.

Impacto Dilacerante da Flor de Cerejeira!

A força que ela usara fez estrago antes mesmo de seu punho entrar em contato diretamente com
o peito de seu inimigo.

Isso!

“Hrngh!”, Kido deu um grunhido de dor, e então, desapareceu — resquícios de corrente elétrica
sendo substituído por seu corpo.

Tch! Sakura se segurou para não mostrar a língua. Ele havia usado um clone de corrente elétrica.

O verdadeiro Kido estava atrás de Sakura, a sua esquerda. Ele fez selos com as mãos,
movimento ambas as mãos em círculos para cima, “Tome isso!”

Estilo Relâmpago! Tesouras de Tigre!

Um circulo enorme feito de eletricidade do tamanho de uma armadilha de urso apareceu no ar,
prestes a cair em cima de Sakura.

Concentrando chakra na palma das mãos, ela tentou segurar as lâminas de eletricidade que
estavam para todos os lados — começando a se fechar sobre ela. Ela conseguiu parar as lâminas
por um momento, mas elas continuavam a pressioná-la.

“Haaa!”

Mas Sakura seria a vencedora nessa competição. Com um grunhido, ela focou todo o seu chakra
pelo corpo e o expeliu; se livrando de todas as lâminas de eletricidade.

“Ho!”, ela pôde ouvir as risadas de Kido, “Você conseguiu expelir a armadilha de urso, hein?
Nesse caso…”, ele pegou uma cápsula de um de seus bolsos — era uma cápsula com chakra da
besta de caudas.

Sakura ofegou.

Com ela o encarando, Kido colocou a cápsula na boca.

————————————

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A expressão de Magire não se alterou em nenhum momento, nem mesmo quando Kido seguiu
Sakura para dentro da floresta.

“Eu ainda preciso perguntar”, Sai disse, ”Se você tem algum interesse em se render, se esse for o
caso, não atacaremos”

Magire ajustou a posição de seu monóculo e inclinou a cabeça para o lado, “Eu não entendo o
significado do que você está me dizendo. Eu não tenho nenhum interesse em me render e eu não
tenho motivo para isso. Eu irei derrotar vocês dois e então ajudar o Mestre Kido. Ou talvez, Mestre
Kido pegue a mulher primeiro e venha até aqui. De qualquer maneira, vocês todos serão
derrotados”, ele colocou ambas as mãos atrás das costas.

Quando ele trouxe as mãos de volta a vista, estavam cheias de kunais.

“O que tem nessas kunais?”, a expressão de Ino era de dúvida.

Sai nunca tinha visto algo assim antes também. A ponta da arma onde deveria ser feita de metal,
era de vidro. Dentro, havia uma espécie de liquido. Ele não precisava ser atingido por aquilo para
chutar que era veneno.

Magire arremessou as kunais.

Sai e Ino foram um para cada lado. As kunais com as pontas de vidro não os atingiram, mas
Magire rapidamente pegou mais kunais e as arremessou. Parecia que ele tinha muitas dessas
kunais escondidas por todo o seu corpo.

Sai e Ino continuavam em movimento para evitar serem alvos fáceis, mas Magire também
continuava a se movimentar, lançando as kunais em vários anglos. Algumas vezes ele
arremessava para cima de suas cabeças, tentando enganá-los.

Ino deu uma cambalhota e fez selos com as mãos no momento que seus pés tocaram o solo.

Eu quero tentar aquilo, ela olhou para Sai, tentando se comunicar através do olhar. Ela tentaria
usar o jutsu de Transferência de Mente.

Enquanto Ino fazia os selos para o jutsu, Sai se movimentava para distrair Magire.

Mas o jutsu falhou, provavelmente expelido por Magire — Ino, percebendo a falha, rapidamente se
movimentou.

Sai então abriu seu pergaminho gigante e pegou seu pincel.

Arte Ninja! Pergaminho das Super Bestas!

Duas figuras enormes, com quase vinte metros de altura estavam de pé. A sombra que as figuras
projetavam pegava uma grande área do local.

“Mas você já está os usando!?”, Ino perguntou exasperada, correndo em direção a Sai.

“Não é hora de brincadeiras”, Sai disse, “Precisamos acabar logo com isso e ir até Sakura”

Fujin levantou os braços e abaixou um deles fortemente em direção a Magire.

Magire rapidamente se esquivou para o lado, mas Raijin estava pronto — o esperando — e seu
pé atingiu a cabeça de Magire. A terra tremeu, e uma nuvem de poeira se levantou no local.

Não há nenhuma chance de ele ter se esquivado deles, Sai pensou.

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A nuvem de poeira logo de dissipou, e Raijin lentamente levantou seu pé. Ou melhor, o pé de
Raijin estava sendo levantado — e estava sendo levantado por alguém abaixo dele.

“Mas como…”, a voz de Ino saiu fraca.

Quem levantava o pé de Raijin com apenas uma mão era Magire. Ele provavelmente havia
tomado a cápsula da besta de caudas — ele estava com um manto de chakra roxo envolto de seu
corpo.

Com um impulso feito pelo pulso de Magire, Raijin perdeu o equilíbrio e caiu para trás. Sai e Ino
pularam para trás, para evitarem terem suas visões prejudicadas pela grande nuvem de poeira
levantada por ali.

Magire pulou e aterrissou em Raijin, ficando de pé em cima de seu peito. E foi nesse momento
que Sai e Ino puderam dar uma boa olhada no rosto de Magire — agora sem o monóculo.

Em algum momento ele perdeu o monóculo e também havia se livrado de sua capa. Seu cabelo
estava arrepiado, e sua aparência antes intelectual agora estava mais desleixada. E as caudas —
ele tinha seis delas. Todas com aproximadamente um metro ou mais.

Magire levantou todas as caudas e as bateu no peito de Raijin.

Um segundo depois, o corpo de Raijin explodiu — lançando tinta preta para todos os lados.

“Para mim também”, Magire disse, aterrissando no solo, “Não é hora para brincadeiras. Isso é
tudo”, e então começou a atacar deliberadamente com todas as caudas.

Seu alvo era Ino. Ela pulou para o lado oposto, mas a cauda rapidamente mudou de direção —
indo até ela novamente.

No momento que a cauda estava prestes a pegá-la, Fujin apareceu entre ela e a cauda, atuando
como um escudo.

A cauda atingiu o pé de Fujin, e o gigante se transformou em tinta preta.

Assim como Raijin, antes do gigante se desintegrar em tinta preta, parecia que a cauda injetara
algo em seu corpo, algum tipo de chakra explosivo, fazendo com que o gigante explodisse.

As seis caudas ainda se movimentavam, mirando os dois ninjas da aldeia da Folha.

Como se ter seis caudas não bastasse, Magire ainda arremessava kunais com veneno de tempos
em tempos. Tudo o que Sai e Ino podiam fazer era esquivar-se dos ataques; eles não tinham
chances de ataques.

Sai agarrou a única chance que ele tinha entre o tempo de um ataque com cauda e um arremesso
de kunai para arremessar a sua própria kunai no inimigo. Mas Magire habilmente se esquivou da
kunai que ia em direção a seu peito.

“Sai!”

De repente, Ino passou os braços pelo corpo de Sai e ambos caíram juntos no chão para o lado
direito.

E então, uma cauda atingiu fortemente o lugar onde Sai estava anteriormente. Ino havia detectado
o ataque, e se escondeu abaixo da terra com Sai.

“Desculpe”, Sai disse.

Ino balançou a cabeça, como se dizendo que não havia com o quê se desculpar.

72
“Isso não é bom, né? Se não fizermos nada, a situação vai piorar”, Sai disse no momento que
Magire usou a ponta das caudas para atacá-los. Bolas de luz eram disparadas contra eles.

Sai e Ino se esquivaram, cada um indo para um lado, quando uma grande bola de luz atingiu o
chão, explodindo o solo.

Essas bolas não pareciam terem sido arremessadas pelas caudas, ou terem vindo de uma
maneira orgânica. Parecia que as bolas estavam sendo arremessadas de dentro das caudas,
como balas de arma.

Que tal termos um pássaro e atacar de cima? Sai olhou para cima.

“Sai”, Ino falou com ele através de seu jutsu de transmissão de mente, “Há algo que eu quero
tentar”

“Estratégia?”

“Eu não sei como vai funcionar, e parece até um plano suicida, mas…”

Eles continuavam com a conversa enquanto esquivavam-se dos ataques de Magire.

“…entendi. Vamos tentar!”, Sai acenou com a cabeça em concordância no momento que Ino
terminara de explicar seu plano.

Eles trocaram um olhar e entraram em ação simultaneamente, jogando papéis bomba no chão.
Uma fina camada de fumaça se levantou, escondendo-os.

“Isso é uma perca de tempo!”, Magire gritou, “Isso é tudo!”, ele usou uma de suas caudas para
dissipar a fumaça — para poder ter visão novamente.

Antes que a fumaça se dissipasse por completo, três tigres de tinta apareceram para atacar
Magire de frente.

O inimigo lançou bolas de luz em direção aos tigres, rapidamente os transformando em tinta preta.
Mas atrás da tinta, Ino apareceu, com uma kunai em mãos.

Os tigres eram apenas uma distração. O que realmente estava pronto para o ataque era Ino —
que segurava uma das kunais com veneno de Magire.

Mas Magire não se abalou. Ele balançou uma cauda e atingiu Ino fortemente no estômago.

“Ngh!”, ela voou em direção ao solo.

E então, ela parou de se mexer.

“Ino!”, Sai gritou, saltando em direção a Magire. Ele se aproximou de seu inimigo, uma kunai em
suas mãos. Magire tentou se defender com uma das caudas, mas num instante, o Sai próximo a
ele se transformou em tinta. Era apenas um clone de tinta.

“Hrk!”, a tinta se espalhou pelo rosto de Magire.

O verdadeiro Sai se jogou em um Magire com a guarda baixa. Ele tentou atingir a kunai com
veneno no peito de Magire, mas as caudas de Magire se mexiam de um lado para o outro, como
meio de proteção.

Sai foi arremessado para um lado, mas não desistiu de se aproximar novamente de Magire —
mesmo com as caudas lançando nele várias bolas de luz.

Ele não conseguia se esquivar de todas as bolas de luz. Ele levou vários ataques de um lado de
seu corpo, e a dor fez com que ele parasse, caindo sobre os joelhos.

73
“Apesar de eu me admirar com sua coragem de se aproximar da morte”, Magire anunciou, sem
expressão, “Foi bem imprudente. Isso é tudo”

“Oh, fico feliz pelo elogio”, no momento que as palavras saíram da boca de Sai, ele imediatamente
correu em direção ao inimigo novamente.

Magire o recebeu com vários ataques diretos com as bolas de luzes.

Apesar da dor, Sai conseguiu se esquivar de todas.

“Você é realmente persistente. Isso é tudo”, Magire fundiu suas seis caudas, tendo agora três
caudas. A ponta de cada uma formara uma mão e agarraram Sai.

Seu tempo de reação era lento, devido a seus machucados, e Sai foi capturado pelas caudas. Ele
se contorcia incontrolavelmente, mas ele não conseguia se livrar das caudas.

“Isso é… realmente tudo”, Magire disse, e uma das caudas largou Sai para ficar com a ponta de
frente com os olhos dele.

E então, ele viu a ponta brilhar, mostrando que uma bola de luz sairia dali logo.

Nesse momento, Sai viu um único falcão voar por trás de Magire.

O falcão tinha uma kunai em suas garras. Uma das kunais com veneno de Magire.

Magire notou a aproximação do pássaro, e olhou por trás de seus ombros.

No momento que o falcão estava prestes a colidir com as costas de Magire, ele mudou de rota. O
falcão voou alto novamente, e a kunai não estava mais em suas garras.

Mas sim nas costas de Magire.

“Liberar!”

Ino liberou o jutsu de transformação, saindo do estado de pássaro e voltando a ser ela mesma.
Ela caiu graciosamente no solo e correu em direção a Sai.

“Vocês…”, pela primeira vez, Magire demonstrou uma expressão: preocupação.

“Nós fizemos parecer que estávamos o atacando com nossas vidas, mas era só uma distração.
Isso é tudo”, Sai disse, sorrindo vitorioso. Eles seguiram com o plano de: Ino fingir estar
inconsciente e se transformar em um falcão.

“Você se esquivou da kunai de Sai, ao invés de expelir ela com seu manto de chakra”, Ino disse,
“O que significa que esse manto de chakra não é uma armadura. Então eu cheguei na conclusão
que podíamos pegar você com a guarda baixa e o atingir com uma dessas suas kunais com
veneno”

“Heh”, Magire riu, “Está tudo bem ser atacado com seu próprio veneno — você está se
esquecendo de algo. Aqueles que fazem veneno, sempre seu seu antídoto. Tudo o que eu preciso
fazer agora é tomar—“

“Céus. Espero que esse antídoto funcione”, Ino sorriu confiante.

Magire parecia confuso.

“A kunai nas suas costas. É verdade, usei as suas kunais, mas acontece que eu mudei o liquido
dentro dela, usando um anestésico feito por mim”

74
“… o quê?”, Magire finalmente disse.

Quando Ino e Sai jogaram os papéis bombas para criar fumaça, Sai havia feito seus tigres e
preparado um clone, enquanto Ino trocava o veneno de dentro da kunai, substituindo por
anestésico.

O anestésico dela estava fazendo efeito — o corpo de Magire começou a se sacudir.

“Bobagem. Essa bobagem…”, enquanto seu corpo sacudia, o manto de chakra envolto de seu
corpo se desestabilizava. O chakra roxo desaparecia e aparecia, como luzes de pisca-pisca.

Sai decidiu acabar logo com aquilo.

Ele pegou seu grande pergaminho e com seu pincel desenhou duas figuras gigantes.

Fujin! Raijin!

As figuras gigantes apareceram na frente de Magire. Em suas sombras, era possível ver o rosto
aterrorizado de Magire. As seis caudas, que antes se mexiam com violência, estavam paradas e
quietas no chão.

Raijin então deu um chute.

O anestésico já tinha tirado a habilidade de movimento de Magire, então não tinha como ele se
esquivar. Chutado como um pedaço de bosta, ele voou metros e metros de distância até ser
parado por um tronco de árvore.

O pé de Fujin apareceu ao lado de onde Magire havia parado. O chão se mexeu, e após isso, só
restava o silêncio.

Aquilo serviria para terminar a luta de uma vez por todas.

Sai e Ino correram em direção ao pé de Fujin.

Quando Fujin levantou o pé, eles viram Magire esmagado no chão. Ele estava completamente
insconsciente, e o chakra da besta de caudas também se dissipara. Mas…

“Ele não está morto, né? Quase morto, mas mesmo assim…”, Ino murmurou.

“Precisamos nos apressar e ir até Sakura”, Sai disse, e desfez o jutsu, fazendo os gigantes
voltarem a ser tinta preta.

Nesse momento, sombras pretas, uma atrás da outra começou a aparecer perto deles, e eles logo
ficaram em uma posição defensiva — achando se tratar de mais subordinados de Kido.

Mas não era o caso.

“Sensei! E Naruto! E Hinata!”, Ino gritou em entusiasmo.

Era Kakashi, Naruto e Hinata, com seus uniformes de batalha.

“Hinata e eu estávamos indo visitar o túmulo do Neji quando vimos o Kakashi-Sensei sem o
uniforme dele de Hokage, não é?”, Naruto disse, “Então desconfiamos que algo estava
acontecendo e a gente seguiu ele”

“Depois de eu conversar com o Raikage, achei que seria bom eu vir dar uma mãozinha. Esses
dois me encontraram no caminho até aqui. E sabe, eu fiquei me perguntando se seria uma boa
ideia colocar eles em uma missão perigosa, já que eles vão se casar em breve. Mas eles vieram
mesmo assim, mesmo eu dizendo para não virem. Vocês conhece esses dois”, Kakashi disse a

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eles, sua máscara mostrava que ele estava sorrindo por trás dela, e então, olhou para o chão,
“Então, esse é o Magire, huh? Ele foi prensado mesmo”

“Como você nos achou?”, Sai perguntou.

Kakashi levantou o rosto, “Eu senti um chakra estranho vindo desse lado, então eu meio que tive
uma ideia do lugar onde vocês estavam. O resto foi graças ao Byakugan da Hinata”

“Cadê a Sakura?”, Hinata perguntou, parecendo preocupada.

“Ela está lutando contra Kido nesse momento”, Ino respondeu.

Kakashi olhou para a floresta, “Ali? Vamos logo”

————————————

Kido havia desenvolvido… nove caudas. Mas essas caudas não estavam surgindo do manto de
chakra.

Isso… ele está se transformando numa besta de caudas? Sakura franziu o cenho.

As mudanças no corpo de Kido após ele tomar a cápsula com chakra da besta de caudas era bem
diferente do que ocorreu com seus subordinados.

O manto de chakra roxo envolto por seu corpo era quase igual ao dos outros, mas no caso de
Kido, parecia mais uma pele grossa envolvendo todo o seu corpo, muito diferente do manto roxo-
transparente dos seus subordinados.

Apesar dele ter nove caudas, sua silhueta não se assemelhava com o espirito da raposa.
Diferente da raposa, ele parecia mais uma pessoa roxa misteriosa.

“Não posso dizer que pareço refinado, mas você vai testemunhar a magnitude de minha força”,
Kido disse.

A aparência dele não era de dar medo. Mas o chakra que ele emanava, isso era motivo de ter
medo.

“Acho que sim”, Sakura disse, “Peço desculpas por transformar isso e uma luta solo”

“Não se preocupe, eu não pretendo matá-la, se possível. Mas—“, em um instante, Kido


desapareceu, “—se você morrer aqui, peço perdão com antecedência”

“Ngh!”, ela não teve tempo de se virar. Ela pulou para frente e imediatamente sentiu um vento
forte em suas costas. Ela sabia que era Kido movimentando suas caudas.

Ela escutou o barulho de uma árvore sendo quebrada por conta dos ventos causados pelas
caudas, fazendo ela ficar em uma postura defensiva em cima de um galho fino.

Ou pelo menos, era o que ela planejava fazer. Mas o galho onde ela estava fora destruído por
uma das caudas, e Sakura foi arremessada no ar.

Mas ela não caiu no chão. Ao invés disso, uma cauda atingiu diretamente seu corpo.

Sakura voou através da floresta, atingindo vários galhos de árvore com seu corpo. Se ela não
tivesse juntado chakra por todo seu corpo para se proteger do golpe, aquilo sem duvida seria fim
de luta.
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As costas dela atingiu fortemente um grande tronco de árvore, e ela finalmente parou no lugar. Ela
começou a descer a árvore, mas rapidamente a usou para se impulsionar e se aproximar de Kido
— pulando de galho em galho.

“Esse é o espirito!”, Kido mexia as caudas com velocidade.

Sakura se esquivou das caudas roxas — uma distância de um fio de cabelo — e aterrissou diante
do inimigo. Ela então o atingiu com um soco no peito.

A pele era dura. A lei onde toda ação tem uma reação aconteceu. Ela pôde sentir a força de seu
soco em seu próprio punho.

A prova de seu ato apareceu quando uma rachadura apareceu onde ela o acertou. A pele na área
se quebrou em vários pedaços e caíram no chão.

“Isso é uma força quase aterrorizante. Ser capaz de causar danos em meu corpo mesmo sob o
efeito da droga da besta de caudas”, Kido riu, “Mas isso só nós trás onde começamos”

A rachadura causada em seu corpo começou a se regenerar, voltando ao normal.

Sakura arfou.

“Eu acredito que você quis separar eu e Magire por ele ser um médico ninja”, Kido destacou, “Mas
parece que não faz mais sentido isso, né?”

Uma armadura com uma dureza anormal com a habilidade de regeneração. E ainda com nove
caudas acopladas na armadura — prever um ataque dele era impossível.

Isso está ficando cada vez pior, Sakura pensou, Talvez não tenha sido uma boa ideia…

Mas Sakura quem havia se colocado naquela situação. Não havia tempo para lamentações.

“Vai desistir de lutar e morrer na frente de Sasuke? Não é como você prefere morrer?”

“Você só pode estar brincando”, Sakura sorriu levemente, “Se eu tiver que escolher entre lutar
com você e morrer na frente de Sasuke, eu prefiro lutar com você aqui mesmo”

“Lutar?”, Kido sorriu, “A única coisa que você tem é uma força ridiculamente monstruosa. Como
você pretende lutar comigo?”

“Eu apenas lutarei!”, ela gritou, e mais uma vez foi para cima de Kido.

Ela socou com força o mesmo lugar que havia atingido antes.

Ela teve uma resposta. E a resposta fora a mesma de antes. Uma pequena área atingida formara
uma rachadura, mas que logo fora regenerada.

“Você pode ter uma força ridiculamente monstruosa, mas assim, você é só ridícula mesmo”, Kido
movimentou as mãos, ele fazia selos que ela já havia visto antes.

Estilo Relâmpago! Tesouras de Tigre!

O círculo de correntes elétricas foi em direção a Sakura.

Por um instante, ela achou que não seria capaz de parar aquilo. Ela achava que o jutsu, agora
potencializado com a droga da besta de caudas, era maior, mais rápido e mais poderoso do que o
anterior.

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Incapaz de contra-atacar, Sakura pulou para frente para se esquivar da armadilha de urso feito de
corrente elétrica. A de luz que ela viu de relance dizia a ela que a armadilha havia se fechado.

Talvez, por não esperar que Sakura fosse novamente em direção a ele, Kido levou outro soco de
Sakura.

Mas dessa vez, ela não conseguiu nem causar uma rachadura.

“O que foi? Já cansou?”

“De jeito nenhum!”, ela grunhiu, e deu outro soco. Novamente, sem rachadura. Ela colocou o
punho mais para trás, mas ter um maior impulso.

“Eu não vou ficar simplesmente aqui e deixar você me dar outro soco”, Kido resmungou.

Uma cauda a atacou, mas ela se esquivou. Outra cauda foi para cima dela, ela esquivou-se
novamente. Mas a outra causa a atingiu.

Sakura voo para trás e atingiu um enorme tronco de árvore, forçado ar pelos pulmões com o
impacto, e caindo no chão. Ela quase perdeu consciência por conta do ataque. Mas logo, ela
conseguiu se levantar.

Kido também aterrissou no chão.

Sakura fechou as mãos com força e foi novamente em direção a Kido.

Arrebentar o peito de Kido — era a única coisa na mente dela.

“Os mais tolos morrem cedo, sabe”, Kido disse, ao bater suas caudas em finta.

Sakura esquivou-se de todos os ataques, um após o outro. Mas simplesmente se esquivar não a
aproximava de Kido.

Uma cauda se movimentou para frente rapidamente, e ela não conseguiu sair de seu caminho.
Thmp! Uma cauda fina atravessou seu estômago, mas Sakura a ignorou e continuou correndo.

Eu não vou morrer!

Arte Ninja! Regeneração Mitótica!

O corpo de Sakura ficou envolvido por chakra do Byakugou, e o sinal losango rosa em sua testa
brilhou. As células de onde ela havia sido atingida rapidamente começou a se dividir, curando a
injúria. Mas a cauda continuava dentro de si, e ela não conseguia fechar o ferimento.

“Você…”, Kido disse sem acreditar.

Foi apenas um momento, mas ele parecia até com medo da aproximação de Sakura, ainda com
uma de suas caudas dentro do corpo dela.

Sakura se aproximou dele e deu soco atrás de soco. Ela não teria outra chance de se aproximar
naquela maneira do inimigo novamente. Ela precisava usar toda sua força física o máximo que
podia.

Ela atacava com rapidez, mas a superfície do corpo de Kido não rachava de jeito nenhum.

“Ehh! Chega!”, Kido mexeu a cauda que estava dentro do corpo de Sakura, e o corpo dela saiu
voando.

O chakra dela fechou o ferimento em sua barriga imediatamente.

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“Então, nós dois temos o poder de regeneração, huh? Mas o que você fará agora?”, Kido
perguntou, com as caudas balançando para cima, “Você só consegue me atacar usando seus
punhos. E não tem o porquê de eu deixar você fazer isso. Eu tenho um estoque de drogas
derivada da besta de caudas”

“É verdade. Eu não consigo fazer nada. Tudo o que eu tenho é minha força, então tudo o que eu
posso fazer é te socar”, Sakura limpou a sujeira de seu rosto, e encarou o oponente.

“Acho que não compreendo. Por que você não para quando claramente não tem motivos para
continuar? Eu acho isso um mistério”

“É óbvio, não?”, Sakura disse, “Eu quero acabar com você. Eu não vou permitir que você faça
drogas derivada do doujutsu de Sasuke. E eu não vou permitir que você faça drogas derivadas da
besta de caudas também. Eu não vou permitir que você crie uma empresa na área militar. Esses
sentimentos—meus sentimentos — eles não mudaram! Então, eu vou enfrentar você, não importa
como eu faça isso!”

E então eu vou dizer a Sasuke-kun como eu me sinto em relação a ele, não importa quantas
vezes!

… espere, o quê?

Abruptamente, o amor por Sasuke dominou todo o seu coração, tirando-a de seu foco.

Socar a pele forte de Kido a fez pensar sobre seu amor por Sasuke, um sentimento que não era
correspondido, não importa quantas vezes ela dizia a ele como se sentia.

Não. É correspondido sim.

Sasuke e eu temos nos aproximado de pouco em pouco.

“Verei você em breve…”

Eles haviam passado por tanta coisa até chegar ali.

E aquela luta contra Kido era a mesma coisa. Sakura ainda não havia perdido as esperanças.
Enquanto o chakra dela dessa desse conta, ela continuaria a socá-lo.

“Não importa quantas vezes você tente, o resultado será o mesmo. Seus punhos perderão sua
força antes que você consiga causar dano em meu corpo”

“Desculpe”, Sakura disse, mexendo seus punhos, “Mas eu já estou acostumada a atacar e atacar
e alguém tentar me repelir”, ela começou a correr.

Se aproximado de Kido, ela lançou seu punho contra ele.

—Cha, Cha Cha!

Ela continuou a socar o oponente. Ele continuava a se esquivar, mas ela sempre parecia querer
acertar um local específico.

Ela reparou uma momentânea perca de guarda da parte dele, e aproveitou para dar outro soco. O
soco dessa fez conseguiu atingir algo sólido.

Ela conseguiu causar uma pequena rachadura no manto de chakra roxo envolto de sua pele.

Isso! ela pensou triunfante.

De repente, Kido abriu a boca, sem acreditar. Instanteneamente, Sakura percebeu o perigo. Ela
percebeu que uma certa quantidade de chakra estava se concentrando na boca dele.
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Nada bom, movimentando-se para o lado, ela cruzou os braços na frente de seu rosto em defesa,
Uma bomba de Biju!?

Imediatamente a esse pensamento, um chakra imenso saiu da boca de Kido.

A forma esférica parecia ter sido comprimida dentro de seu corpo, mas no momento que deixou
sua boca, cresceu diâmetros e diâmetros, e foi em direção a Sakura.

Ela tentou impedir um ataque direto, mas ainda assim atingiu seu corpo. A força do ataque era
monstruoso.

A força de ataque das caudas nem se comparava com aquela bomba de biju, que foi responsável
em arremessar Sakura por milhares de metros, atingindo muitos galhos grossos de árvores até
atingir uma enorme rocha — finalmente, fazendo-a parar.

Descendo da rocha, ela não conseguia se levantar direito. O ato de respirar era dolorido, e a dor
percorria todo o seu corpo. Ela esperou até que seus membros fossem capazes de a manter de
pé.

“Pare logo com isso. Olha seu estado, você não vai conseguir sobreviver a outra bomba de biju”,
Kido disse, se aproximando dela, “Você vai morrer desse jeito”

“Eu. Não. Vou. Parar”, ela disse. A voz dela quase sumia a cada palavra proferida, “Falta só mais
um pouco…”

Kido inclinou o rosto para o lado, “‘Mais um pouco?’ O quê isso significa? Você só consegue ficar
de pé e nada mais. Eu não sofri dano nenhum até agora. Não é isso que eles chamam de
“situação desesperadora”?”

“Não sofreu nenhum dano? Você?”, um pequeno sorriso surgiu nos lábios de Sakura.

O rosto de Kido mostrava dúvida, e ele baixou os olhos para olhar seu peito. E então ele notou.

O local onde ela socava sem parar não estava mais se regenerando. O local estava rachado e
alguns pedaços começava a cair.

“O quê—! Como—?“, Kido entrou em pânico, “Por que não estou me curando?”

“Porquê essas células já estão mortas”

“Mortas…?”, a pele de seu peito continuava a descascar e cair em pedaços.

“Meus socos estavam funcionando esse tempo todo. Eu só estava fingindo que não estavam”

Kido a olhou intensamente sem dizer uma palavra.

“Enquanto eu socava seu peito, eu também aproveitava para lançar meu chakra para curar. O que
realmente acontecia era que meu chakra de cura estava instantemente curando as rachaduras
que eu causava com meus socos. Então, parecia que você não estava recebendo nenhum dano,
como se meus socos não fizessem nada com você”

“Você curava o dano que causava…? Com qual propósito…?”

“Para acelerar a morte das células, obviamente”, Sakura disse, “Quando um machucado se
cicatriza, é suas células se multiplicando para fechar o ferimento. Mas o número de vezes que
suas células podem se multiplicar é limitado. Sua armadura é bem dura. Mas se você fica
forçando as células a se multiplicarem, tem uma hora que elas morrem. É um pequeno empecilho
da Regeneração Mitótica”

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“Ridículo. Não pense que algo assim vai inverter o resultado dessa luta…”, o rosto de Kido estava
furioso.

Sakura fechou as mãos novamente. Era como ele dizia — fazer uma rachadura no meio de sua
armadura não significava que ela iria ganhar.

Mais um soco!

Sakura começou a correr para dar um último soco no peito dele, usando toda a força que lhe
restava.

Ela colocou o braço para trás, dando impulso para o último soco.

Mas em seu campo de visão, ela viu a boca de Kido se abrir.

Outra bomba de biju! Sakura adivinhou.

“Haaaa!”, ficando a dez metros de Kido, Sakura atingira o soco que seria no peito dele no chão.

A terra se moveu, fazendo Kido balançar e perder o equilíbrio. Nesse momento, Sakura aproveitou
para atacá-lo.

Mais uma vez—!

“Shanarooo!”

O Impacto Dilacerante da Flor de Cerejeira, o último golpe que Sakura conseguiu fazer com o
restante de seu chakra, atingiu com tudo o peito de Kido.

Ela sentiu que seu punho atingira o lugar perfeito. E para provar isso, Kido saiu voando, atingindo
vários galhos de árvores e pedregulhos enormes.

————————————

Atacado com uma força que ele nunca havia sentido antes, Kido caiu.

Enquanto ele caia, ele expelia sangue.

Conforme ele perdia a consciência, memórias enterradas na parte mais profunda de seu cérebro
começava a dar vida.

Seu pai caiu com tudo, vomitando sangue.

“Papai! Papai!”

Kido e sua mãe correram até a cama, onde seu pai estava ajoelhado na cabeceira.

“Por que ele parou de tomar a medicação dele?”, o médico perguntou para a mãe dele, de
maneira autoritária.

Eu jurava que ele estava tomando os remédios. No fim, a mãe dele nunca proferiu as palavras
que ela guardava em seu coração.
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Ele encontrou muitas cápsulas brancas no criado mudo de seu pai.

Não havia nada dentro delas. Eram apenas cápsulas vazias.

“Você sempre se esquece de tomar seus remédios. De agora em diante, quero que você as tome
na minha frente”

“Ha ha ha! Tudo bem”, seu pai riu e pegou uma cápsula branca da mão de sua mãe, “Viu? Estou
tomando”, uma cápsula sem nada dentro.

”Legal, né, Kido? Agora você poderá ir para a Academia Ninja como todo mundo!”

“Aham! Obrigado, papai!”

Apesar de estar doente, seu pai saia em missões para trazer dinheiro para eles. E graças a aquilo,
Kido foi capaz de frequentar a Academia Ninja. Ele quase que havia desistido de entrar na
Academia, sabendo que dinheiro em sua casa era escasso, mas ao ter aquele notícia do pai, era
música para seus ouvidos.

Mas a verdade era cruel.

Seu pai tinha uma doença crônica e que precisava ser tratada com medicamentos.

Medicamentos caríssimos.

Seu pai havia parado de tomar aqueles medicamentos.

Ele continuava a tomar as cápsulas vazias na frente de Kido e de sua esposa, e guardava o
dinheiro que ele deveria usar para comprar seus remédios.

Seu pai havia desistido da própria saúde para investir seu dinheiro na educação do filho.

“Legal, né, Kido?

“Não é nada legal…”, Kido sempre dizia quando pegava uma fotografia do pai.

Se ele tivesse dinheiro, seu pai poderia tomar seus medicamentos.

Se ele tivesse dinheiro, seu pai não teria morrido.

Se ele tivesse dinheiro—

Dinheiro—

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CAPÍTULO 8

Barulho de várias coisas caindo ecoava pela floresta antes do silêncio finalmente chegar.

Sakura começou a andar em direção a onde Kido havia caído.

Seu oponente estava atirado no meio do gramado, em um lugar aberto na floresta, todo
machucado e nocauteado.

Devagar, sem deixar sua guarda baixar, Sakura se aproximou dele. Ele parecia insconsciente; o
chakra da besta de caudas havia dissipado, e ele usava somente seu uniforme de batalha como
anteriormente — antes de tomar a droga da besta de caudas.

Naquele momento, ela ouvira a voz de Ino acima de sua cabeça.

“Sakuraaaaa!”

Levantando o rosto, ela viu três pássaros e então, Sai e Ino nas costas do animal, seguido de
Kakashi, Naruto e Hinata.

“Kakashi-Sensei… pessoal…”

“Desculpe o atraso”, Kakashi murmurou ao aterrissar com todos.

“Está tudo bem, Sakura-chan?”, Naruto perguntou.

“Aham. Dei um jeito”

“Bom trabalho em lutar contra ele sozinha”, Kakashi disse, olhando para Kido.

“Aham, mas eu mal me aguento de pé”, Sakura disse, com um sorriso fraco. Na verdade, o chakra
dela estava quase que por um fio. “O que aconteceu com Magire?”

“Eu e Ino demos nosso jeito”, Sai respondeu.

“Ele não consegue se mover por causa da minha droga paralisante”, Ino acrescentou, “Mas só
para garantir, um clone de Sai está vigiando-o”

Naquele momento, um Kido que deveria estar insconsciente, deixou um arquejo escapar, “…
Kakashi?”

“Não faça nada estúpido. Se você se mover mesmo que um centímetro, eu acabo com você”,
Kakashi informou ao homem, de maneira fria.

Eles conseguiram ver Kido quase que mostrar a língua para ele.

“Então, esse cara estava tentando fazer uma droga estranha, é isso, Sakura-chan?”, Naruto
perguntou.

“Ele estava. Usando o cabelo seu e de Sasuke-kun”

“Cara estranho”, Naruto colocou a língua para fora — em desgosto.

“Uma droga derivada do Sharingan e da besta de caudas, huh? É estranho sim, mas se algo
assim é espalhado pelo mundo, seria um baita problemão. E se caras com más índoles
conseguissem ficar poderosos assim, imagine o trabalho de controlar todos eles”, Kakashi disse,
encolhendo os ombros.

“Mas impedimos pelo menos a confecção de uma droga derivada do Sharingan”, Ino disse.
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“E da besta de caudas também”, Sai disse, “Se procuramos todos os esconderijos deles, podemos
pegar todas as drogas já criadas e destruí-las”

“Creio que sim. Agora tudo que precisamos fazer é prender todos eles e interrogá-los—“, Kakashi
parou de falar de repente, e franziu o cenho.

“Sensei?”, Sakura o chamou, curiosa.

“A Equipe de Barreira está entrando em contato comigo através do jutsu de transmissão de


mente”, Kakashi respondeu ao colocar uma mão em sua testa para focar na conversa em sua
cabeça.

“Entendido”, uma vez terminada a conversa, Kakashi virou-se para Sakura, “Várias pessoas
usando máscaras da Anbu fugiram da vila”

“Anbu?”

Kakashi acenou com a cabeça e virou-se para Kido, “Seus subordinados?”

Kido deu um sorriso seco, “Eu tenho vários em meus esconderijos, e eu coloquei um dispositivo
conectado ao meu chakra em todos os lugares. Esses dispositivos estão programados para
alarmar em emergências, como na depleção do meu chakra. Todos os meus subordinados foram
ordenados a fugirem imediatamente da vila caso algo assim acontecesse. E com as drogas”

Kakashi respondeu com um muxoxo, “Estamos preparados”

“Tem certeza que é inteligente deixar seus subordinados fugirem?”, Sakura perguntou, “Você vai
para a prisão, sabe”

“A responsabilidade é toda minha. Eu aceito a prisão. Mas em troca, meus subordinados irão
espalhar as drogas derivadas da besta de caudas pelo mundo. O mundo ninja será destruído, e a
ordem pública irá cair. E essa será minha gratificação”, Kido gargalhou.

“Onde está o responsável por seus subordinados?”, Kakashi perguntou.

“Você realmente acha que eu vou responder isso?”

“Não acho. Então por favor, durma um pouquinho”, Kakashi disse, e então acertou um golpe atrás
do pescoço de Kido — nocauteando-o, “Vamos atrás deles agora mesmo. A Equipe de Barreira
me informou de que todos eles estão indo para o norte. Sai, seus pássaros”

Acenando com a cabeça, Sai chamou os pássaros que estavam voando pelo céu.

“Só por precaução, Naruto e eu iremos deixar alguns clones aqui”

“Entendido”

Kakashi e Naruto fizeram selos de mão para realizar o jutsu clone das sombras.

“Cuide disso”, Kakashi disse a seu clone, e então, montou em um dos pássaros, junto de Sakura e
os outros.

Eles se dividiram em pares: Sai com Ino, Kakashi com Sakura e Naruto com Hinata. Os pássaros
levantaram voo em direção ao norte.

“Honestamente, bem lá no fundinho, eu estou começando a me preocupar com isso”, Kakashi


disse com um suspiro.

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“Você acha que vamos conseguir pegá-los?”, Ino perguntou, montada em um pássaro que voava
ao lado de Kakashi.

“Se eles usarem a droga da besta de caudas para aumentar seu chakra, eles conseguirão ser
mais rápidos”, Sai disse, “Tudo pode acontecer.”

“Hinata, se você ver qualquer coisa, nos avise, tudo bem?”, Naruto murmurou.

“Tudo bem!”, foi a resposta dela. Segundos depois, ela falou alto: “Ah! As dez horas! Eu posso ver
fogo!”

“Fogo?”, Kakashi perguntou.

“Aham. E algumas pessoas caídas no chão…”

Os pássaros então aumentaram a velocidade do voo.

Finalmente, a cena ficou visível para Sakura e os outros. Várias pessoas estavam caídas no
gramado da floresta abaixo deles. Em volta dos corpos, eles podiam ver uma fumaça preta
levantando-se.

“O que é aquilo?”, Ino gritou.

“Vamos descer!”, Kakashi disse, e os pássaros foram aterrissando.

Sakura e os outros desceram dos pássaros e correram em direção ao gramado cheio de corpos.

As pessoas ali caídas eram todos da Anbu. Nenhum estava morto, mas todos estavam com seus
chakras fracos e instáveis. Aquilo significava que genjutsu havia sido usado contra eles.

Genjutsu…!? Sakura ofegou e percorreu os olhos por todo o perímetro.

Ela sentiu que uma figura humana havia passado pela floresta através das sombras das chamas.
Parecia que a figura usava um poncho e um turbante na cabeça.

Sakura quase gritou pela surpresa. Mas no mesmo momento em que ela piscou, a figura
desaparecera. Ela piscou novamente e forçou os olhos na mesma direção, mas ela não conseguia
sentir nenhum chakra ou alguma aura ali.

Foi só minha imaginação?

Não. Não pode ser…

Ela ouviu Ino perguntar, “O quê é isso? O quê aconteceu?”

“Mm… de alguma forma… aparentemente, alguém chegou até eles antes de nós e fez nosso
trabalho”, Kakashi disse, cruzando os braços.

“Quem acabou com eles?”, Ino perguntou.

“Vocês já sabem quem, não sabem?”, Kakashi perguntou ao Time Sete — sorrindo por debaixo da
máscara.

“Sim.”, Sakura sorriu, e Naruto coçou a ponta do nariz com um sorriso no rosto. Sai também deu
um breve sorriso quando finalmente entendeu.

Aquila fumaça era consequência do jutsu bola de fogo. Os membros da Anbu foram atacados com
genjutsu. E — talvez poderia ser apenas a imaginação dela — aquela figura que ela vira nas
sombras das chamas era—

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“O quê? Vocês querem dizer que foi Sasuke-kun?”, Ino quase gritou.

“Provavelmente foi ele sim”

“O verdadeiro? Sério?”

“Certeza que foi o verdadeiro”, Kakashi disse, rindo.

“Mas cadê ele? Por que ele não está aqui?”

“Ele provavelmente voltou”, Sai disse, “Para a jornada de redenção dele”

“Não, não e não. Isso é muito frio. A vila nem é muito longe daqui. Ele poderia pelo menos dar
uma passada pela vila, não é, Sakura?”

“Sim”, Sakura respondeu, mas estranhamente, ela não sentiu-se triste por isso.

Depois de não demonstrar nenhum interesse por tudo que estava acontecendo e praticamente
dizer para eles se virarem com aquilo, Sasuke finalmente havia voltado. Ela estava feliz em saber
daquilo.

Provavelmente, em seu caminho de volta para a vila, Sasuke havia topado com todos aqueles
membros da Anbu com o chakra da besta de caudas. Ele lutara contra eles e os venceu usando
genjutsu e seu jutsu do estilo fogo.

Se ele usara seu Sharingan, ele poderia ter visto as memórias de seu oponente.

Se ele viu as memórias de algum dos Anbu, ele saberia da luta decisiva de Sakura contra Kido, e
saberia que Kido havia sido derrotado, e por isso aqueles membros da Anbu estavam fugindo —
ele deduzira tudo isso sem dúvidas.

Com o líder Kido derrotado, não havia mais nada que Sasuke pudesse fazer. Ele então voltou
para sua jornada de redenção, e foi embora novamente…

Era como Sakura imaginava como tudo havia acontecido.

“Eu não sei”, Naruto murmurou divertido, “Fazer o que deve ser feito logo e então desaparecer,
isso é tão Sasuke”

“Sim!”, Sakura gargalhou. Ela estava feliz em saber que ele esteve por ali.

“Mas sabe, já que vocês deram um jeito em Kido e Magire, eu achei que já era hora de eu largar o
trono e fazer alguma coisa. Mas ai aparece o Sasuke e faz meu trabalho”, Kakashi balançou a
cabeça, brincalhão.

“Se você está tendo problemas com digestão, Sensei, você não quer correr de volta para casa?”,
Sai perguntou, “Mas os pássaros ficam aqui com a gente”

“Oh, eu não vou me esforçar só para provar alguma coisa”, Kakashi respondeu rapidamente, “Isso
é mais coisa do Guy”

Todos caíram na risada com a última sentença do Hokage.

————————————

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Kido Tsumiki e Magire foram transferidos para custódia da equipe de interrogação. A investigação
procedeu por Ibiki Morino — que no inicio teve problemas em fazer ambos falarem, e por isso
mudou de método, ao resolver entrar em suas mentes para ter suas respostas.

O computador da divisão de inteligência estava pronto, e alguém do clã Yamanaka fora chamado
para ser o responsável de entrar na mente dos réus.

Não importava o quão silencioso ambos ficaram por toda a interrogação, tudo aquilo era inútil, já
que um computador e um jutsu poderia ser usado para acessar suas mentes.

Como resultado, Kakashi e a equipe descobrira inúmeras coisas sobre a facção de Kido.
Descobriram a localização de todos os esconderijos que estavam dentro da própria vila, assim
como os outros membros da facção.

Ao entrar nos esconderijos, eles conseguiram ter acesso as drogas da besta de caudas. A droga
sofisticada fora levada até Shizune — para analisar o fármaco.

“Então eles realmente coletaram cabelo e sangue de Naruto no Vale do Fim. E assim, eles
extraíram o chakra da besta de caudas e fizeram a droga”, Kakashi disse, dentro de seu escritório.

Sakura, Ino e Sai estavam sendo reportados sobre a missão.

“Mas eles realmente conseguiram fazer tudo somente com isso?”, Sakura perguntou, “E nessa
quantidade?”

“Há uma história por trás. Eles encontraram alguém com o sangue do Sábio dos Seis Caminhos e
o forçou a ajudá-los em produzir a droga derivada da besta de caudas”

“O Sábio dos Seis Caminhos…?”, Sakura franziu o cenho.

Kakashi acenou e virou-se para Ino, “Você não se lembra, Ino? Os irmãos Kinkaku e Ginkaku que
eram da Vila Oculta da Nuvem?”

“Lógico que me lembro. Eu lutei contra eles na guerra ninja”, fora a resposta dela.

Os irmãos poderosos da Aldeia Oculta da Novem. Na última Guerra Ninja, eles foram trazidos de
volta a vida graças ao Edo Tensei e lutaram contra o time de Ino. Sakura sabia dessa história.

“Mas o quê isso tem a ver com—“

“Kinkaku e Ginkaku comeram a carne da raposa de nove caudas e ganharam o chakra da besta.
Kido e seus subordinados descobriram isso e conseguiram sintetizar uma droga derivada desse
chakra, pelo jeito”, Kakashi pausou, e então continuou, “Eles coletaram células do Naruto no Vale
do Fim, mas o chakra desse material era muito pouco para sintetizar uma droga. Então, eles
precisavam de mais chakra. Sakura e Ino, vocês melhor do que ninguém sabem que para fazer
cultivo de células é necessário um meio de cultura, correto?”

“Correto. Algo que alimente as células e as permitam crescer”, Sakura respondeu.

“Esse descendente do Sábio dos Seis Caminhos — bem, era um garoto nascido em uma pequena
vila ao sul, mas de qualquer maneira — Kido e Magire sequestraram o garoto e o trancafiou em
um de seus esconderijos. Eles pegavam células do garoto e as usava para meio de cultura para
conseguir aumentar a quantidade de chakra da besta de caudas”

O garoto obviamente havia se recusado a ajudar. Ele era apenas um garoto que não tinha nada a
ver com a Aldeia Oculta da Folha, vivendo normalmente como um civil. Mas Kido havia o
chantageado e o drogado para cumprir com seus objetivos. Sem conseguir se defender, o garoto
fora obrigado a doar células para a facção de Kido.

“E agora ele…?” Sakura perguntou, preocupada.

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“Não se preocupe.”, Kakashi respondeu, “Ele foi resgatado quando estávamos procurando pelos
esconderijos.”

“Graças a Deus”, Sakura respirou fundo, mostrando alívio. Ino e Sai trocaram olhares.

“E”, Kakashi continuou, “Há também mais uma coisa que foi conseguida através das memórias de
Kido”, mas ao invés de continuar imediatamente, Kakashi esperou um momento, como se ele
estivesse escolhendo suas palavras cuidadosamente, “O fator primário que ocasionou todo esse
evento — eu não tenho certeza se posso afirmar isso, mas é sobre o crescimento de Kido. Kido
Tsubaki cresceu em uma família muito pobre…”

A história que Kakashi contava a eles era de partir o coração — quando você se colocava em um
outro ponto de vista.

Um pai que, para conseguir colocar o filho na Academia Ninja, parara de fazer um tratamento
caro, não tomando seus remédios.

Uma história triste.

Apesar do País do Fogo, onde ficava a Aldeia Oculta da Folha, ser relativamente mais rica do que
os outros países, esse tipo de coisa ainda era presente com alguns habitantes.

Uma fixação anormal por dinheiro. Conseguir ações em uma empresa voltada a área militar. A
conexão com a infância de Kido era óbvia. Mas…

“Quero dizer, toda essa bagunça causada por Kido, não podemos ignorar como se fosse algo
banal”, Kakashi disse.

Sakura e os outros franziram os lábios. Era um problema bem complicado. Não era algo simples
que você apenas dizia “faça isso, faça aquilo” que resolveria todo o problema.

“Bem, como Hokage, eu irei fazer de tudo para que essa vila não tenha crianças passando por
coisas assim”, Kakashi declarou.

————————————

“Eu estou feliz por termos criado o Centro de Terapia Infantil”, Sakura disse a Ino e Sai depois que
eles se retiraram do escritório do Hokage.

“Por causa da história da infância de Kido?”, Ino perguntou, e Sakura afirmou com a cabeça.

“Aham. Não podemos simplesmente ignorar esse tipo de trauma na infância”

Na última luta, Kido havia declarado que o Centro de Terapia Infantil era uma perca de dinheiro.
Ele havia dito agressivamente que o Centro apenas aumentaria a quantidade de crianças fracas
no mundo.

Era seu espírito cheio de experiencias ruins que o fizera ser assim tão agressivo com as palavras?

Não houve nada assim para mim. Não os mime. Eu consegui superar com a minha própria força.
Talvez esse era o pensamento que movia Kido.

Mas olha o que havia se tornado o homem. Pensar nisso agora, fazia Sakura ter ainda mais
certeza sobre o Centro de Terapia Infantil. Era difícil tratar cicatrizes mentais.

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Ela encarou Sai. Ele tivera uma infância cruel. Um órfão. Recrutado pela Raíz (derivado da
tradicional Anbu) e forçado a treinar. Ele também tinha cicatrizes.

Lembrando-se de quando eles haviam se conhecido, Sai parecia uma máquina sem sentimentos.
Ele não sorria, e também não entendia o porquê das pessoas sorrirem. Ele podia sorrir agora. E
ficar com raiva. Agora ele tinha amigos ao lado dele para ajudá-lo a tratar de suas cicatrizes
mentais.

E Sasuke-kun também. Os pensamentos de Sakura chegaram no garoto Uchiha.

A tragédia com seu clã — sua infância destruída pelo destino. Quase devorado pelo ódio. O quê
salvou Sasuke de um destino cruel fora Naruto e todos os seus amigos da vila.

Seria maravilhoso se o Centro de Terapia Infantil fosse o amigo das crianças, ela pensou. Um
lugar onde a pessoa podia visitar, ficar e conversar sobre qualquer coisa. E se a pessoa tivesse
dificuldade em conversar, não tinha problema nenhum. O Centro iria trabalhar isso e ajudar o
indivíduo a se abrir mais — para que a pessoa pudesse se libertar. O lugar era para isso.

“Eu quero que essa vila seja cheia de crianças felizes”, Sakura disse, “Apesar de ser algo difícil”

Poderia ser difícil, mas todo o recente incidente a fez ficar ainda mais determinada a continuar
com o projeto.

“Sim”, Ino respondeu, e Sai sorriu.

“Sakura-sama!”, ela ouviu alguém chamá-la.

Virando-se para trás, ela viu uma jovem médica ninja que trabalhava no Hospital da Aldeia da
Folha correndo até ela. Era a mesma jovem que havia reportado os resultados sobre o Centro de
Terapia Infantil na última reunião no Hospital.

“Os médicos ninja da Aldeia Oculta da Areia estão fazendo milhares de perguntas sobre o Centro
de Terapia Infantil”, a jovem declarou.

“Eles estão? Estou a caminho, então”, Sakura respondeu.

“Eu vou também?”, Ino perguntou.

Sakura ponderou sobre aquilo por um momento, mas logo respondeu, “Mm, tudo bem, eu cuido
disso”

“Mas—“, Ino começou, mas Sakura se aproximou para dizer algo em seu ouvido.

“Está tudo bem. Vá — vai comer em algum lugar com o Sai”

“Ei…”, o rosto de Ino ficou em tons de vermelho, “Não é bem assim!”

“Está tudo bem!”, Sakura disse novamente, “Ino-Saku-Sai foi somente dessa vez”, ela disse
baixinho, “E até vocês serem recrutados para uma missão juntos novamente, você não vai querer
perder a oportunidade de ficar sozinha com ele não é?”

“Você tem razão”, Ino acenou com a cabeça.

“Você vocês mais tarde!”, Sakura acenou para eles com uma das mãos e seguiu a jovem médica
até o Hospital.

Talvez eu não devesse ter me intrometido.

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Indo em direção ao Hospital com a jovem médica ninja, Sakura virou-se para trás para ver Sai e
Ino andando lado a lado. Ela já havia notado a maneira como ambos sorriam um para o outro —
era muito parecido com os sorriso trocados entre Naruto e Hinata.

Lavanda e cornus.

Ino não sabia o que fazer, mas Sakura achava que a resposta para ela chegaria rápido.

Você consegue fazer isso, Ino!, ela gritou em seu coração para a amiga.

A Sakura de uns tempos atrás estaria entrando em pânico nesse exato momento. Todo mundo
estava encontrando o amor: ela era a única que ainda não havia encontrado.

Mas ela era diferente agora.

“Verei você em breve”

Esse “breve” estava chegando. Ela jurava que o tempo desse “breve” chegar estava próximo.

Quando Sasuke voltar para casa, ela gostaria de contar tudo para ele sobre Kido — ela gostaria
de conversar com ele sobre qualquer coisa na verdade.

Bem vindo de volta, Sasuke-kun.

A questão é…

“Estou de volta, Sakura”

FIM

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