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O PAPEL DO PSICÓLOGO HOSPITALAR NA ATUALIDADE: UM ESTUDO

INVESTIGATIVO

Adriana Campos Meiado*, João Paulo Fadini **

RESUMO

A psicologia hospitalar é uma área do conhecimento que visa fornecer


suporte ao sujeito em adoecimento, com o intuito de que este possa atravessar
essa fase com maior resiliência. É um campo de entendimento e tratamento
dos aspectos biológicos e psicológicos em torno do adoecimento e não
somente doenças psicossomáticas. Alguns autores acreditam que o
profissional da psicologia inserido no contexto hospitalar não tem consciência
de quais sejam suas tarefas e seu papel dentro das instituições, ao mesmo
tempo em que o hospital também tem dúvidas quanto ao que esperar desse
profissional. Desse modo o distanciamento da realidade institucional e a
inadequação da assistência mascarada por um falso saber pode gerar
experiências mal sucedidas. O objetivo geral deste artigo é entender a
construção do papel do psicólogo hospitalar na atualidade, verificando a
construção histórica do perfil desse profissional na realidade brasileira e seus
possíveis desdobramentos levando em consideração sua atuação na dimensão
assistencial e na saúde pública atualmente. Trata-se de um estudo
bibliográfico, realizado com artigos através de bancos de indexação, livros e
revistas entre os anos de 2000 a 2013, utilizando também de bibliografia
anterior a esta data devido a fatos históricos de relevância. Diante do estudo foi
possível identificar que a atuação do psicólogo hospitalar é auxiliar o paciente
em seu processo de adoecimento, visando a minimização do sofrimento
provocado pela hospitalização. A família também cumpre um papel de extrema
importância em situações de adoecimento e tratamento. São inúmeras as
condições que favorecem a presença do psicólogo na área da saúde, mais
especificamente no hospital, como também são inúmeros os benefícios
proporcionados por esses profissionais. Há um longo caminho a ser percorrido
e acredita-se que é a partir da academia de formação, isto é, dos cursos de
preparação que tal visão poderá ser ampliada e desta forma espera-se que
este breve estudo venha ser um oásis para futuros profissionais.
*Psicóloga, Doutora em Educação Escolar pela UNESP/Araraquara. Docente das Faculdades
Integradas de Jaú.**Graduado em Psicologia pelas Faculdades Integradas de Jaú. Mestrando
pela Universidade Estadual Julio de Mesquita Filho – Unesp/Bauru.
Palavras-chave: Psicologia hospitalar. Psicologia da saúde. Psicólogo
hospitalar.

ABSTRACT

The hospital psychology is a field of knowledge which aims to provide support


to the subject in illness, in order to enable it to go through this phase with
greater resilience. It is a field of understanding and treatment of biological and
psychological aspects surrounding the disease and not only psychosomatic
illnesses. Some authors believe that the professional psychology inserted in
hospitals are unaware of what their tasks and its role within the institutions,
while the hospital also has doubts as to what to expect of this professional.
Thereby distancing the institutional reality and the inadequacy of assistance
masked by a false knowledge can lead to unsuccessful experiences. The aim of
this article is to understand the construction of the hospital psychologist's role
today, by checking the historical construction of this professional profile of the
Brazilian reality and its possible developments taking into account their
performance in the care dimension and currently public health. This is a
bibliographic study, with articles by indexing banks, books and magazines
between the years 2000-2013, also using previous literature to this date due to
historical facts of relevance. Before the study was identified that the
performance of hospital psychologists is to assist the patient in their disease
process, aimed at minimizing the suffering caused by hospitalization. The family
also plays a role of utmost importance in situations of illness and treatment.
There are numerous conditions that favor the presence of psychologists in
health care, specifically in hospital, as are also numerous benefits provided by
these professionals. There is a long way to go and it is believed that it is from
the academy, that is, the preparation courses that such a view can be magnified
and therefore it is expected that this brief study will be an oasis for future
professionals.

Keywords: Hospital psychology. Health psychology. Psychologist hospital.


INTRODUÇÃO

O adoecimento traz em si uma desorganização da vida do paciente,


provocando várias transformações em sua subjetividade (CHIATTONE, 2011).
Essa desorganização pode envolver mudanças de hábitos, de identidade
(despersonalização) e muitas vezes o paciente pode acabar se tornando
apenas mais um número de CID e de leito (ESTIVALET, 2000). Sendo assim,
junto com a equipe multidisciplinar surge a figura do psicólogo com o intuito de
escutar e acolher o sofrimento do indivíduo frente as suas principais
dificuldades no que tange essa fase. O objetivo do psicólogo hospitalar é
auxiliar o paciente em seu processo de adoecimento, visando à minimização do
sofrimento provocado pela hospitalização, devendo prestar assistência ao
paciente, seus familiares e a toda equipe de serviço, levando em conta um
amplo leque de atuação e a pluralidade das demandas (CHIATTONE, 2011). A
atuação do profissional da psicologia no contexto hospitalar não se refere
apenas à atenção direta ao paciente, refere-se também a atenção à família e a
equipe de saúde, com o objetivo de promover mudanças, atividades curativas e
de prevenção, além de possibilitar a diminuição do sofrimento que a
hospitalização e a doença causam no sujeito.

Santos; Jacó-Vilela, (2009) apud Gioia-Martins; Rocha Júnior (2001)


acreditam que o profissional da psicologia inserido no contexto hospitalar não
tem consciência de quais sejam suas tarefas e seu papel dentro das
instituições, ao mesmo tempo em que o hospital também tem duvidas quanto
ao que esperar desse profissional, desse modo o distanciamento da realidade
institucional e a inadequação da assistência mascarada por um falso saber
pode gerar experiências mal sucedidas. A psicologia hospitalar por ser uma
área que lida diretamente com a subjetividade e sofrimento do outro exige que
o psicólogo entenda os limites de sua atuação para não se tornar um dos
elementos invasivos provenientes da hospitalização, bem como promover a
humanização e a transformação social no ambiente hospitalar, sem ficar preso
nas teorizações que isolam conflitos mais amplos (ESTIVALET, 2000).
Conjuntamente com o enfoque da humanização e do atendimento em saúde, a
interdisciplinaridade é uma das bases da tarefa do psicólogo que adentra no
hospital, pois partindo desse pressuposto o sujeito doente deve ser
considerado biopsicossocial (TAVARES et al., 2012).

Contudo, é um desafio para o profissional da psicologia adentrar em um


contexto onde se predomina o olhar biomédico, onde há limites institucionais
regidos por regras, condutas e normas, além disso, o trabalho do psicólogo é
muitas vezes deficiente no contexto hospitalar, pois a ausência de estrutura
física impossibilita o espaço de cuidado do psicólogo (CHIATTONE, 2011).
Ainda é muito presente o modelo tradicional de atuação do mesmo nesse
contexto, porém, na verdade, mesmo que se busquem novas formas de
cuidados psicológicos, nos deparamos com situações onde o profissional
obriga-se a exercer seu trabalho nos corredores e entre macas (SEBASTIANI,
2011).

O estado precário da saúde da população brasileira é um entrave dentro


do saber psico, pois exige do profissional uma revisão de seus valores
pessoais, acadêmicos e emocionais. Assim, nessa perspectiva, o contexto
hospitalar difere-se do contexto de aprendizagem e orientação acadêmica, já
que se percebe uma realidade precária nas condições de saúde da população
que é alvo constante das injustiças sociais e aspira por um tratamento
hospitalar digno (SALMAN; PAULASKAS, 2013). Diante dessa concepção e
das dúvidas que abarcam a psicologia e o papel do psicólogo hospitalar, a
pesquisa realizada teve como objetivo entender a construção do papel do
psicólogo hospitalar na atualidade, verificando a construção histórica do perfil
desse profissional na realidade brasileira e seus possíveis desdobramentos,
levando em consideração sua atuação na dimensão assistencial e na saúde
pública atualmente.

A PSICOLOGIA E SUA CONSTRUÇÃO COMO CIÊNCIA

Segundo Soares (2010), por volta do século XIX, historiadores da


medicina deram uma grande importância e vasta contribuição para o estudo da
Psicologia no Brasil, onde através de seus doutoramentos, assim chamado os
trabalhos de conclusão do curso de medicina, foi possível trazer para o homem
de cultura grandes conclusões interessantes e que contribuíram para esse
processo. Com tendência a Neuropsiquiatria, a Psicofisiologia e Neurologia, as
faculdades de medicina, não excluíam a Psicologia de seus estudos, pois havia
muita relação da mesma com os campos de estudos e suas pesquisas.

Em meados do século XX, Ivan Petrovitch Pavlov inicia seus estudos


pautados nos reflexos condicionados, tendo influência muito grande para a
psicologia, denominando então sua teoria de Psicologia Experimental, onde no
Brasil Henrique Roxo foi o primeiro autor a orientar estudos relacionados ao
tema e com bases no estudo de Binet-Simon associou a Psicologia
Experimental à Psiquiatria e à Neurologia (SOARES, 2010).

Ainda para Soares (2010), com a grande influência benéfica de


correntes doutrinárias que as faculdades de Medicina da Bahia e do Rio de
Janeiro recebiam no período, com teses, atividades e ensaios médicos
averiguou-se que estes então traziam um caráter científico, preciso e rico no
interesse psicológico, por estarem voltados aos métodos e técnicas da
psicologia de maior objetividade e confiabilidade, onde diante deste movimento
começaram a surgir nos hospitais e clínicas psiquiátricas os laboratórios de
Psicologia.
A atuação do psicólogo brasileiro se consolidou primeiramente no âmbito
privado com o objetivo da prática psicoterápica clínica, assim para Marcon,
Luna e Lisboa (2002) após a década de 60, a área da saúde pública abriu o
espaço para a absorção dos profissionais em diversos segmentos, fazendo
com que sua atuação nos hospitais se tornasse então uma nova área de
atuação. Todavia, sabe-se que somente em 1962 a profissão de psicólogo foi
regulamentada no Brasil e o primeiro curso de Psicologia foi implantado na
universidade de São Paulo, quando logo mais tarde em 1987 a 1ª Conferência
de Saúde Mental aprovou a redução progressiva de leitos em hospitais
psiquiátricos e sua substituição por serviços alternativos à internação
psiquiátrica, em seguida no ano de 1992 a 2ª Conferência de Saúde Mental
aprovou a rede de atenção integral à saúde mental, com o objetivo de substituir
os hospitais psiquiátricos. No âmbito de sua atuação, embora já se visualizasse
a passagem para um modelo de atenção integral, o psicólogo era visto ainda
exercendo seu trabalho clínico e não um trabalho ligado à saúde ou ao
biopsicossocial e que em relação a sua formação os psicólogos não a tiveram
pautados na área da saúde (MARCON; LUNA; LISBOA, 2002).

A POLÍTICA DE HUMANIZAÇÃO HOSPITALAR E OS PAPÉIS DOS


PROFISSIONAIS DE SAÚDE

Segundo Mota; Martins e Véras (2006) no âmbito hospitalar o


movimento de humanização é voltado para um processo de educação e
treinamento dos profissionais da saúde para tornar a experiência da
hospitalização algo mais confortável para o usuário, desmistificando toda
aquela dor que a internação trás a ele, visa melhorar o atendimento ao usuário
e as condições do ambiente de trabalho para os profissionais da saúde.
Partindo desse pressuposto, podemos falar da ética, que é quando alguém se
preocupa com a consequência de sua conduta sobre o outro, mas para que
haja ética é preciso mudar o olhar sobre o outro, mudança essa que culmine no
respeito a ele como ser humano (MOTA; MARTINS; VÉRAS; 2006).

Facilmente se presume que o psicólogo passou a ser bem visto no


contexto hospitalar, nas enfermarias e nos ambulatórios quando sua atenção
voltou-se para a humanização, fazendo compreender a relação dos
profissionais da saúde com o paciente e com os familiares. Estudos apontam
que buscar informações sobre a historia do paciente é algo indispensável em
sua atuação, pois é o psicólogo quem pode oferecer uma escuta, uma ajuda
psicológica e oferecer a oportunidade de confronto do paciente com sua
angústia e sofrimento na fase da hospitalização, fase esta que gera muitas
crises (MOTA, MARTINS e VÉRAS, 2006).

Para Salman; Paulaskas (2013), a humanização tem como aspecto


fundamental a valorização do indivíduo como um todo, fazendo com que o
psicólogo tenha como papel a valorização do ser doente do que a patologia do
mesmo, aprendendo também a ouvir seus familiares em um local próprio e
adequado, nos deixando claro que para a prática da humanização dar certo é
necessário realizar uma execução reflexiva acerca dos valores e princípios que
norteiam a prática profissional, culminando num tratamento digno, solidário e
acolhedor por parte dos profissionais da saúde ao doente, garantindo que a
humanização busque sempre manter ou melhorar a qualidade da comunicação,
consequentemente a possibilidade de relacionamentos mais saudáveis e
próximos.

Um aspecto importante em relação ao papel dos profissionais da


psicologia no hospital é que este profissional deve estar pautado nos aspectos
do adoecer, das crenças e das fragilidades dos pacientes e de seus familiares,
assim para os autores o psicólogo deve promover a diminuição da angústia e
da tensão para então mudar a impressão que as pessoas têm sobre o hospital,
em contrapartida fazendo os usuários perceberem o hospital como um lugar
que tenta oferecer condições para uma manutenção ou recuperação da saúde,
ficando claro que a atuação do psicólogo hospitalar consiste de uma rápida
capacidade de ação emergencial e para a construção de uma política
qualificada em relação à saúde a humanização deve ser vista como uma das
dimensões indispensáveis nesse processo, onde tenha função de mostrar que
além de um programa, sua aplicação tem objetivo de torna-se uma política que
opere em toda rede dos hospitais brasileiros (MOTA, MARTINS e VÉRAS,
2006).

PACIENTES EM CRISE E O PAPEL DO PSICÓLOGO HOSPITALAR

Ao trabalhar com o paciente enfermo, o psicólogo lida com o sofrimento


físico e psíquico, tendo que compreender o sujeito em sua integralidade,
entendendo e considerando o conflito determinado pela situação da doença e
da hospitalização, o sofrimento físico, a dor e o mal-estar, destacando que a
necessidade do atendimento psicológico muitas vezes não é percebida pelo
paciente, pois diante da situação em si, todas as preocupações estão voltadas
para o corpo doente, fazendo necessário então que a atuação preventiva no
contexto hospitalar se torne real, com o objetivo de oferecer ajuda para que os
pacientes possam alcançar o reconhecimento das motivações que estão
subjacentes a seus problemas, dedicando-se precocemente ao diagnóstico de
transtornos psicológicos do paciente e seus familiares, em trabalho diário com
o objetivo de decodificar suas dificuldades. Com um perfil mais emergencial e
focal, a intervenção pode ser feita pela psicoterapia breve ou pela psicoterapia
de emergência, dando total apoio e suporte ao paciente, considerando o
momento de crise vivenciado pelo mesmo na situação especial e critica da
doença e sua hospitalização, sendo assim, tanto a psicoterapia de emergência
como a intervenção em crise são caracterizadas como técnicas breves
advindas da psicanálise com especificas adaptações no nível estratégico para
situações de emergência ou crise (CHIATTONE, 2011).

Chiattone (2011) ressalta ainda a importância do olhar do psicólogo em


relação aos pacientes hospitalizados, devendo levar em consideração alguns
aspectos importantes nos processos de resolução da crise, sendo eles: os
traços de personalidade dos pacientes, suas atitudes frente a vida, a
maturidade interna e o grau de integração psíquica, as crenças que o mesmo
possui sobre sua doença, suas reações a crises passadas e suas perdas
significativas, os sinais psicológicos ou físicos de depressão, a presença de
reações ou sinais paranóides e por fim a doença instalada, onde a psicoterapia
emergencial surge como um apoio caracterizando-se de um processo de
superação dos problemas ligados a situações de natureza traumática, onde
dependendo do olhar que a pessoa tem sobre a situação permite que a mesma
possa expressar livremente seus sentimentos em relação ao seu estado, sendo
indicada a pacientes que passam por sobrecarga emocional muito grande,
auxilia o paciente a atravessar o período critico em que se encontra,
determinado pelo processo da doença e hospitalização, permitindo-lhe buscar
a elaboração e integração subjetiva dos acontecimentos.

Considerando que o hospital é uma instituição marcada pela luta


constante entre a vida e a morte. Um dos princípios significativos da psicologia
no contexto hospitalar é a atuação conjunta do psicólogo e as equipes de
saúdes, onde o objetivo é maximizar nos pacientes a esperança de melhora,
cura e minimização ou suspensão do sofrimento em si, já que a maioria das
pessoas tem uma imagem negativa relacionada ao ambiente hospitalar,
marcada por mortes e sofrimentos, sendo um local onde excita uma batalha
constante diante das condutas terapêuticas. Portanto, a atuação do psicólogo
requer uma maturidade que passa pelo exame detalhado de sua posição diante
da morte e do morrer, sendo de suma importância o profissional elaborar o
medo e a negação em relação a essa problemática, diagnosticar em si as
dificuldades de enfrentamento e elaboração da própria negação da morte para
então entender a negação da própria instituição, do paciente e dos familiares,
sendo que muitas vezes trabalhar com o sofrimento ou perda de significado da
existência pelo paciente pode despertar nos profissionais as mesmas vivências
(CHIATTONE, 2011).

Sendo assim, para Chiattone (2011), a tarefa do psicólogo se define pela


capacidade de apoio, compreensão e direcionamento humanizado das
diferentes situações pelas quais passam esses pacientes e seus familiares, e
culminar para que todo programa terapêutico eficaz e humano deva incluir
apoio psicológico para o enfrentamento de todo o processo de doença e
possibilidade de morte, pois o manejo de pacientes hospitalizados inclui a
adaptação fisiológica e medica e a adaptação psicológica e existencial frente a
situação traumática em si. Em relação aos pacientes e seus familiares, o
psicólogo deve estruturar um trabalho de psicoterapia pautado num modelo
comunicativo, reforçando o trabalho estrutural e de adaptação dos pacientes e
seus familiares no enfrentamento da problemática vivenciada por ambos,
direcionado, então, em um nível de apoio, atenção, compreensão, suporte ao
tratamento, clarificação dos sentimentos, esclarecimentos sobre a doença e o
fortalecimento dos vínculos pessoais e familiares.

Em segundo plano, o psicólogo hospitalar pode ainda realizar a


formação de grupos com o objetivo de informar, culminando num espaço de
reflexão e expressão dos sentimentos, minimizando o impacto emocional e
estresse vivenciados pelos mesmos. Em relação às equipes de saúde, o
psicólogo hospitalar pode sistematizar a realização de grupos operativos,
realizando um treinamento e clarificando o papel de cada profissional, além de
estimular a realização de atividades para a diminuição do estresse visto que
em profissionais da área da saúde o nível de estresse é elevado (CHIATTONE,
2011).

Para Salman e Paulauskas (2013) apud Cordioli (1998), um dos


principais desafios da psicologia tem sido fundamentar e desenvolver técnicas
de intervenção psicológica quem atendam às demandas específicas de
pacientes em ambientes hospitalares, tendo como objetivo possuir
intervenções que levem aos pacientes uma melhor aceitação de sua doença
bem como o tratamento, onde as intervenções com os pacientes em crise
constituam na utilização de técnicas para diminuir a ansiedade, favorecendo o
desenvolvimento de um estado emocional mais tolerável e capaz de restaurar a
estabilidade afetiva e suas relações com o ambiente.

O uso do manejo assistencial centrado na equipe, um diagnóstico


diferencial, um atendimento psicológico de apoio, um manejo ambulatorial,
técnicas complementares e intervenção familiar são fortemente recomendadas,
onde a flexibilidade e a criatividade são condições fundamentais para a
percepção das necessidades que cada paciente apresenta, com isso a
construção de um ambiente terapêutico apropriado e a centralização do
trabalho com o paciente em crise gera o melhor manejo das relações humanas
no ambiente hospitalar, o que não é tarefa somente do psicólogo, mas também
dos outros profissionais da área da saúde inseridos nesse contexto, já que os
mesmos possuem um contato mais próximo e contínuos com esses pacientes,
no caso das enfermeiras, fisioterapeutas, nutricionistas e médicos intensivistas.
(SALMAN; PAULAUSKAS, 2013).
Desse modo, para Salman e Paulauskas (2013), o atendimento
psicológico ao paciente pode ser caracterizado por intervenção focal pautado
na psicoterapia breve de apoio, consistindo em avaliar sua situação, analisar a
maneira de enfrentamento e a manifestação do paciente no momento presente,
bem como construir opções de pensamento e, consequentemente, o
comportamento. O que é levado em conta e o que se espera do terapeuta é
que o mesmo possua uma postura ativa no manejo da assistência, com o
intuito de permitir continência das manifestações, expressando concordância
com ideias e atitudes do paciente, assim também reforçar as funções
adaptativas do ego, reassegurando a boa percepção da realidade, além disso,
o psicólogo tem como papel favorecer a percepção de novas formas de
enfrentamento da situação, promovendo o devido suporte para o momento de
instabilidade emocional, favorecendo o vinculo de confiança com a equipe
multiprofissional.

ALGUMAS CONSIDERAÇÕES SOBRE A QUESTÃO

Diante desse estudo, foi possível conhecer a construção do papel do


psicólogo hospitalar na atualidade, bem como a construção histórica do perfil
desse profissional na realidade brasileira e seus possíveis desdobramentos,
podendo atribuir que o principal objetivo de psicólogo hospitalar é auxiliar o
paciente em seu processo de adoecimento, visando a minimização do
sofrimento provocado pela hospitalização. O profissional da psicologia tem
como objetivo, também, perceber todos os sentimentos gerados e causados
pela hospitalização, promovendo bem-estar à família e ao paciente,
proporcionando uma comunicação interpessoal entre as partes em questão e
desenvolver uma boa interação entre equipe profissional, pacientes e
familiares, para que possam externar seus conflitos, suas dores, sofrimentos,
ansiedades, estresses entre outros sentimentos vividos nesse processo. Foi
possível perceber que a família cumpre um papel de extrema importância em
situações de tratamento de doenças e internações, sendo capaz de se
mobilizar para que seu familiar internado tenha melhores condições para sair
de tal situação, assim também, se este receber o apoio dos profissionais da
saúde mais especificamente do psicólogo, terá muitos subsídios para enfrentar
e apoiar o paciente nessas condições de hospitalização.
São inúmeras as condições que favorecem a presença do psicólogo na
área da saúde, mais especificamente no hospital, como também são inúmeros
os benefícios proporcionados por esses profissionais, assim o psicólogo em
sua função hospitalar pode despertar em outros profissionais de saúde a
conscientização da importância de um trabalho em equipe, assim, o paciente
expondo seu sofrimento não apenas revela sua dor, mas também seus valores,
ou até mesmo a maneira como lida com seu universo perceptivo, embora não
possamos abarcar a totalidade de sua dor, ainda assim temos como
compreendê-lo em sua significação diante desse processo de sofrimento. Vale
ressaltar ainda que a inserção do psicólogo em uma equipe de saúde visa
juntamente somar o saber e o fazer aos demais cuidados, para que se possa
promover um amplo suporte ao paciente numa esfera biopsicossocial.
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