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*foi para a Escócia estudar engenharia, primeiro, mecânica e depois naval (Glasgow);
*inactivo em Lisboa;
Fisicamente:
*usa monóculo;
*é alto (1.75 m);
Álvaro de Campos surge quando Fernando Pessoa sente “um impulso para escrever”.
O próprio Pessoa considera que Campos se encontra no «extremo oposto, inteiramente
oposto, a Ricardo Reis”, apesar de ser como este um discípulo de Caeiro.
Campos é o “filho indisciplinado da sensação” e para ele a sensação é tudo. O
sensacionismo faz da sensação a realidade da vida e a base da arte. O eu do poeta tenta
integrar e unificar tudo o que tem ou teve existência ou possibilidade de existir.
Este heterónimo aprende de Caeiro a urgência de sentir, mas não lhe basta a
«sensação das coisas como são»: procura a totalização das sensações e das percepções
conforme as sente, ou como ele próprio afirma “sentir tudo de todas as maneiras”.
Engenheiro naval e viajante, Álvaro de Campos é configurado “biograficamente” por
Pessoa como vanguardista e cosmopolita, espelhando-se este seu perfil particularmente nos
poemas em que exalta, em tom futurista, a civilização moderna e os valores do progresso.
Cantor do mundo moderno, o poeta procura incessantemente “sentir tudo de todas as
maneiras”, seja a força explosiva dos mecanismos, seja a velocidade, seja o próprio desejo de
partir. “Poeta da modernidade”, Campos tanto celebra, em poemas de estilo torrencial, amplo,
delirante e até violento, a civilização industrial e mecânica, como expressa o desencanto do
quotidiano citadino, adoptando sempre o ponto de vista do homem da cidade.
-FUTURISTA/SENSACIONISTA
Futurismo
- elogio da civilização industrial e da técnica (“Ó rodas, ó engrenagens, r-r-r-r-r-r eterno!”, Ode
Triunfal);
- rutura com o subjetivismo da lírica tradicional;
- atitude escandalosa: transgressão da moral estabelecida.
Sensacionismo
- vivência em excesso das sensações (“Sentir tudo de todas as maneiras” – afastamento de
Caeiro);
- sadismo e masoquismo (“Rasgar-me todo, abrir-me completamente,/ tornar-me passento/
A todos os perfumes de óleos e calores e carvões...”, Ode Triunfal);
- cantor lúcido do mundo moderno.
TRAÇOS ESTILÍSTICOS
- verso livre, em geral, muito longo;
- assonâncias, onomatopeias (por vezes ousadas), aliterações (por vezes ousadas);
- grafismos expressivos;
- mistura de níveis de língua;
- enumerações excessivas, exclamações, interjeições, pontuação emotiva;
- desvios sintáticos;
- estrangeirismos, neologismos;
- subordinação de fonemas;
- construções nominais, infinitivas e gerundivas;
- metáforas ousadas, oximoros, personificações, hipérboles;
- estética não aristotélica na fase futurista.
Conheceu Alberto Caeiro, numa visita ao Ribatejo e tornou-se seu discípulo: «O que o mestre
Caeiro me ensinou foi a ter clareza; equilíbrio, organismo no delírio e no desvairamento, e
também me ensinou a não procurar ter filosofia nenhuma, mas com alma.» (Páginas Íntimas
e Auto Interpretação, p. 405).
A sua primeira composição data de 1914 e ainda em 12 de outubro de 1935 assinava poesias,
ou seja, pouco antes da morte de Fernando Pessoa o qual cessara de assinar textos antes de
Álvaro de Campos.