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A representação

da Natureza na
lírica de Camões
Nome autores
Thomas Cole, Sonho de Arcádia, 1838.
A representação da Natureza (características)

Natureza na lírica camoniana


Locus amoenus (expressão latina que significa
“lugar ameno”)
Paisagem bela, amena, alegre, verdejante e colorida
Tópico da literatura clássica,
retomado no Renascimento, referente à
Propícia ao amor e à harmonia (recriação do paraíso) descrição de uma paisagem ideal –
tranquila, bucólica ou pastoril: fresca e
verdejante, com flores coloridas, céu
Realça a beleza da figura feminina azul e sons suaves (vento, água,
pássaros)

Dependente das qualidades da figura feminina que são exaltadas

Personificada – quando é espaço de diálogo, confidente do eu (como nas cantigas de amigo)

Espaço de projeção subjetiva do eu lírico (reflexo do seu estado de alma)

Também pode surgir em confronto com o distúrbio provocado pela ausência da amada – introdução de laivos de
sofrimento e de nostalgia no tópico do locus amoenus
A representação da Natureza – temáticas associadas

Representação da Natureza na lírica camoniana

Associada às
temáticas

Da mudança
Do amor e da mulher
(«Mudam-se os tempos,
amada mudam-se as vontades»)
A representação da Natureza – exemplos

Vilancete «Se Helena apartar»

Natureza aprazível e harmoniosa, de acordo com o


tópico do locus amoenus: campos verdes e com
flores, animais que pastam, ventos serenos, fontes
com água límpida

Dependente do poder transformador dos olhos


de Helena

Espelho da beleza e da serenidade da figura


feminina

John Constable, Parque Wivenhoe, Essex (pormenor), 1816.


A representação da Natureza – exemplos

Cantiga «Verdes são os campos»

Paisagem amena, verdejante, colorida, mágica, de acordo


com o tópico do locus amoenus

Propícia ao amor e à harmonia

Natureza como confidente: o eu dirige-se ao campo e aos


animais para confidenciar o amor que sente pela amada

Dependente das qualidades femininas exaltadas (olhos


verdes / campos verdes)

Projeção da amada nos campo: as ervas verdes espelham a


beleza dos seus olhos verdes – «isso que comeis / […] são
George Inness, Junho (pormenor), c. 1882. graças dos olhos / do meu coração.»
A representação da Natureza – exemplos

Cantiga «Verdes são os campos»

Natureza aprazível e harmoniosa,


de acordo com o tópico do locus amoenus:
ambiente aprazível, verdejante, fresco e sereno,
um espaço harmonioso onde reina a felicidade

Em contraponto com o estado de espírito do eu:


a sua beleza intensifica os efeitos da saudade da amada no
sujeito poético e provoca-lhe sofrimento – «Sem ti, tudo m’
enoja e m’ avorrece; / sem ti, perpètuamente estou passando /
nas mores alegrias, mor tristeza.»

Van Gogh, Campo de trigo verde com cipreste


(pormenor), 1889.
Consolida
Consolida

1- Indica se é verdadeira ou falsa cada uma das seguintes afirmações. Corrige as falsas.

A A representação da Natureza segundo o ideal do locus amoenus é uma inovação de Camões.


Falsa. … é um tópico da literatura clássica, retomado no Renascimento.

B Na lírica camoniana, a Natureza é representada em poemas que visam apenas a ilustração do ideal do
locus amoenus.
Falsa. … é associada a outros temas, como o amor e a mulher amada (e a mudança).

C Na lírica camoniana, as características da Natureza que são exaltadas estão frequentemente relacionadas com as
qualidades da mulher amada.
Verdadeira.

D A Natureza pode surgir como interlocutora do sujeito poético, quando este lhe confidencia
os seus sentimentos pela mulher amada.
Verdadeira.
Solução
Consolida

2- Explicita a função da Natureza no soneto «Alegres campos, verdes arvoredos».

Alegres campos, verdes arvoredos, E, pois me já não vedes como vistes,


claras e frescas águas de cristal, não me alegrem verduras deleitosas,
que em vós os debuxais ao natural, nem águas que correndo alegres vêm.
discorrendo da altura dos rochedos:

silvestres montes, ásperos penedos, Semearei em vós lembranças tristes,


compostos em concerto desigual, regando-vos com lágrimas saudosas,
sabei que, sem licença de meu mal, e nascerão saudades de meu bem.
já não podeis fazer meus olhos ledos.

O eu dirige-se aos campos, arvoredos, águas, montes e penedos e declara-lhes o «mal» que lhe provoca a
ausência da amada – a Natureza é, pois, espaço de diálogo e confidente do eu.
A profunda dor do eu contrasta com o local paradisíaco (locus amoenus) em que este se encontra – a
Solução
Natureza surge também em contraponto com o estado de espírito do sujeito poético.

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