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Quando é que a areia movediça de uma memória traumática ou de um criticismo passado vai
desaparecer completamente? – a tentativa de sair da areia movediça faz parte do problema. =
assim como o evitamento do sofrimento o perpetua e torna maior
Pense agora num dos seus aspetos psicológicos que gosta menos e que os faz sofrer.
Confrontou-se com isso no último mês? Há seis meses? Há um ano? Qual a idade desse
problema?
A regra do evitamento nunca funciona na mente verbal (a mente que utiliza a linguagem para
evocar o passado e prever o futuro). Pode o evitamento funcionar no mundo externo, mas
nunca na mente.
– O que é que o tem impedido de viver uma vida com significado/como quer?
Esta questão tem a ver com valores. Como é que o doente quer crescer e se desenvolver nesta
área de vida? O que é que é importante para ele? Que capacidades quer ele desenvolver e
fortalecer? Que espécie de relações quer estabelecer?
Se não conseguir responder a isto tem que se trabalhar com a clarificação dos valores. Se
responde, pode usar isso para estabelecer objetivos valorizados e para guiar a mudança
comportamental.
Tem a ver com as barreiras existentes a uma ação valorizada: o que é que está a impedir o
doente de levar a sua vida na direção que quer? Com que é que está fusionado? O que é que
está a evitar? Quais são as suas ações ineficazes?
FOLHA DE CONCEPTUALIZAÇÃO
RÁPIDA
5. Avaliar a FLEXIBILIDADE PSICOLÓGICA
Avalie áreas de vida nas quais o doente exibe flexibilidade psicológica através de desfusão,
aceitação, um sentido de eu-como-contexto, contacto com o momento presente, ligação a
valores e tendo ações comprometidas.
Esta é uma parte vital da história. Se imaginarem a flexibilidade psicológica como uma escala
de 0 a 10, presumivelmente não haverá nenhum doente que pontue zero. Então há que
procurar que componentes da flexibilidade psicológica ele usa já, e com que resultados.
Quando essa informação não surge indiretamente, podemos fazer perguntas diretas como:
Alguma vez sentiu que era capaz de se desligar dos seus pensamentos ou não os tomar
muito a sério? Ou talvez alturas em que a sua mente o estava a criticar, mas você “não
se identificou” ou não “comprou essa crítica”?
Alguma vez sentiu que era capaz de tolerar os seus sentimentos ou emoções, mesmo
quando eles eram muito desagradáveis?
Alguma vez teve a sensação que era capaz de “dar um passo atrás” (ou distanciar-se) e
observar pensamentos ou sentimentos dolorosos mais do que lutar com isso ou tentar
esconder-se deles? Tem alguma prática espiritual ou meditativa?
Em que alturas é que sente ligado á vida, ou consigo mesmo ou com o mundo? Quando
é que você consegue uma sensação que a sua vida tem sentido, ou propósito ou ainda
de vitalidade? Em que tipo de atividades é que isso aconteceu? Aonde? Quando? Com
quem?
Quando é que sentiu que estava a viver o melhor da sua vida, ou contribuiu para
alguma coisa importante, ou ligado a alguma coisa que o entusiasmava?
Quando é que você vai para a frente e faz o que é preciso, independentemente do que
está a sentir?
Em que alturas é que está completamente presente – i.e. consciente e envolvido
naquilo que está a fazer em vez de “na sua cabeça não estar ali? A fazer que tipo de
atividades? Com quem? Aonde e quando?
Ao fazer a história procurar sinais de ativação emocional. Estes podem ser oportunidades
para intervenções mini-mindfulness. O terapeuta pergunta: – “O que é que apareceu na
sua mente agora?” “Onde é que sente isso no corpo?”.
Pode também utilizar-se esses sinais de ativação emocional para elucidar a agenda de
controlo – “O que é que faz normalmente quando esses sentimentos aparecem na sua
mente”?
Também é possível fazer desfusão enquanto se recolhe informação para a história. – Por
exemplo, como parte das questões iniciais, a pergunta “Quando a sua mente o quer pôr
mesmo em baixo e lhe diz o que há de errado na sua vida e consigo, quais são as piores
coisas que ela lhe diz? “Se eu pudesse ter uma ligação à sua cabeça o que é que eu ouviria
a sua mente dizer”?
VALORES
O que é que tem tentado fazer para se livrar desses sentimentos/sintomas? (elicitar 5 ou 6
estratégias de evitamento experiencial) “Bem, isso são as coisas que as pessoas
habitualmente fazem. Todos nós evitamos situações ou usamos todo o tipo de métodos
para nos distrairmos do que estamos a sentir. E a curto prazo algumas dessas coisas
fazem-nos sentir melhor. Mas, deixe-me perguntar-lhe isto: A longo-prazo, o fazer essas
coisas melhorou a sua vida ou tornou-a pior”?
Criar curiosidade e abertura a formas alternativas de viver a vida (i.e. cultivar um sentido
de criatividade. Que possibilidade haverá se não tentarmos controlar o que sentimos?)