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TEORIA

PSICANALÍTICA DE

Por Adélia Tabaczinski


@egolaboficial

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APRESENTAÇÃO

A Egolab é uma empresa dedicada ao atendimento e ao


estudo psicanalítico. Nosso objetivo é entender a mente
humana em profundidade, dentro e fora do consultório.
Além de atendimentos, ofertamos grupos de estudos,
treinamentos presenciais e à distância.

Esse E-book é a primeira versão de uma compilação dos


principais artigos publicados por Freud durante sua
carreira. O objetivo desse material é apresentar muito
brevemente, em no máximo uma página, a ideia central de
cada um destes trabalhos.

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dentro de todas as novidades deste maravilhoso mundo
psicanalítico.

Adélia Tabaczinski dos Santos


Abril, 2020
SUMÁRIO

1 Etiologia da histeria (1896)...................................................................4


2 Lembranças encobridoras (1899)......................................................5 
3 O sonho e a realização de um desejo (1900)..................................6
4 Psicologia dos processos oníricos (1900)........................................7
5 Caráter e erotismo anal (1908)...........................................................8
6 Cinco lições de psicanálise (1909).....................................................9
7 Análise da fobia de um garoto de cinco anos (1909).................10
8 Recordar, repetir e elaborar (1914)..................................................11
9 Introdução ao narcisismo (1914)......................................................12
10 Os instintos e suas vicissitudes (1915)..........................................13
11 O inconsciente (1915)..........................................................................14
12 Luto e melancolia (1917)....................................................................15
13 Além do princípio do prazer (1920)..............................................16
14 O ego e o id (1923).................................................................................17
15 Dissolução do complexo de Édipo (1924)....................................18
16 Sexualidade infantil (1926)...............................................................19
17 Fetichismo (1927)..................................................................................20
18 A divisão do ego no processo de defesa (1938).........................21
Etiologia da histeria (1896)
Freud ainda durante suas publicações pré-psicanalíticas sempre se
interessou por temas que lhe tocavam clinicamente, mas nesse texto de
1896, Freud já dava os primeiros passos para compreender aquilo que a
hipnose não dava mais conta. Seu foco estava em compreender aquilo
que as mulheres histéricas de Viena traziam, não só no seu discurso, mas
muitas vezes em seus corpos, nas enunciações e com a sua relação com o
médico. É interessante ver a abertura do Freud para o novo. Ele se
interessava em compreender os variados sintomas, e mal-estares que as
mulheres traziam de forma enigmática. Porém o que é mais importante é
sua postura, sua impetuosidade em elaborar hipóteses e também a
criatividade de formular estratégias clinicas. No caso da paciente
histérica, Freud percebeu a importância que a paciente se sinta alvo do
desejo do interlocutor. Freud no caso das histéricas, foi um médico
diferente, talvez por isso mesmo, tenha deixado de ser médico. O
psicanalista surgia ali. O psicanalista se interessa por aquilo que é um
enigma, e era isso que as mulheres traziam aos consultórios: “algo não
vai bem”, “estou insatisfeita”, “afinal, o que quero?”, “por que estou
infeliz?”. Freud se propôs a escutar, acolher essas mulheres e
principalmente teorizar sobre isso.
Para responder a esse mecanismo, Freud preconiza duas soluções: (1)
fazer o paciente prometer, enquanto se desenrola o tratamento, não
tomar nenhuma decisão grave (casamento, escolha amorosa
definitiva, profissão) antes de estar curado; (2) substituir a neurose
comum por uma neurose de transferência, da qual o trabalho
terapêutico o curará. 4
Lembranças encobridoras (1899)
O texto Lembranças Encobridoras, um dos primeiros textos
psicanalíticos, foi uma carta de Freud para seu amigo Fliess em 25
de maio de 1899. Esse texto traz conteúdos referentes as nossas
lembranças que aparentemente parecem irrelevantes, mas que por
algum motivo trazem marcas relevantes no psiquismo de cada um.
Freud mostra o quanto é surpreendente esquecermos de coisas
importantes e lembrarmos de coisas relativamente irrelevantes. Foi
onde Freud percebeu que estas lembranças não são
necessariamente fatos, mas uma possível fantasia. Freud conclui
que o reconhecimento desse fato deve reduzir a distinção que
traçamos entre as lembranças encobridoras e outras lembranças
derivadas de nossa infância. Com efeito, pode-se questionar se
temos mesmo alguma lembrança proveniente de nossa infância: as
lembranças relativas a infância talvez sejam tudo o que possuímos.
Nossas lembranças infantis nos mostram nossos primeiros anos não
como eles foram, mas tal como apareceram nos períodos posteriores
em que as lembranças foram despertadas. Nesse período de
despertar, as lembranças infantis não emergiram, como as pessoas
costumam dizer; elas foram formadas nessa época. E inúmeros
motivos, sem qualquer preocupação com a precisão histórica,
participaram de sua formação, assim como da seleção das próprias
lembranças.

5
O sonho e a realização de um desejo (1900)

Freud se questiona sobre a origem da forma enigmática do sonho, pelas


alterações dos pensamentos oníricos no sonho manifesto, pela fonte
das peculiaridades do sonho, e averigua então se os sonhos, todos eles,
podem ser considerados como realização de desejo. Em outras palavras,
o sonho manifesto é o sonho tal qual é relatado da primeira vez. Pode
ocorrer que o sonho manifesto não aponte de imediato o desejo que lhe
corresponde no chamado sonho latente. O sujeito não reconhece o
conteúdo latente, não reconhece os desejos que estão sendo realizados
ali, a pessoa acaba tendo uma relação de estranhamento. Apesar de não
serem reconhecidos, não são absurdos, pelo contrário, são fenômenos
psíquicos de inteira validade e de realização de desejo. Após mostrar as
peculiaridades dos sonhos e a diferença entre o sonho manifesto e o
sonho latente, Freud passa em seguida a demonstrar exemplos, como
os da realização do desejo de beber água, o desejo de continuar
dormindo, sonhos que predizem a gravidez e o desejo dessas mulheres
de ficarem grávidas ou ficar mais tempo livre da maternidade.
Também aparecem no texto sonhos de crianças. Estes últimos são
“pura realização desejos. Não levantam problemas a ser solucionados,
mas são de inestimável importância para provar que, em sua natureza
essencial, os sonhos representam realizações de desejos”. Freud
descreve então alguns sonhos de seus próprios filhos. Considera que as
crianças às vezes apresentam sonhos mais complexos e os adultos em
condições adversas sonhos “infantis”.

6
Psicologia dos processos oníricos (1900)
Para Freud os sonhos tem uma importância fundamental em todo o
seu processo de criação da psicanálise. Os sonhos são um excelente
forma de acessar o inconsciente e mesmo os conteúdos dos sonhos
muitas vezes parecerem inéditos, são sempre representações de alguma
vivência, mesmo que não lembrada. Freud começa contando o sonho
de um pai com um filho que já morreu; enquanto o corpo do
mesmo é velado, o pai cochila e sonha que o braço do filho está
queimando. “ -Pai, não vês que estou queimando?” Segundo Freud, o
sonho poderia ser uma manifestação do desejo de o filho estar
vivo, ou na expressão ali citada, poderia ser alguma frase que o
filho falava, ou até mesmo no seu leito de morte, ele poderia estar
ardendo em febre, e dai remeteu à esse sonho. Freud comenta que
lembramos de um sonho, aquilo em que exercemos nossa arte
interpretativa, já foi mutilado pela infidelidade de nossa memória, que
parece singularmente incapaz de reter um sonho e bem pode ter
perdido exatamente as partes mais importantes de seu conteúdo. Em
segundo lugar, temos todas as razões para suspeitar de que nossa
lembrança dos sonhos é não apenas fragmentada, mas positivamente
inexata e falseada. Por um lado, podemos duvidar de se o que
sonhamos foi realmente tão desconexo e nebuloso quanto é nossa
lembrança dele e, por outro, também se pode pôr em dúvida se um
sonho foi realmente tão coerente quanto o é no relato que dele
fornecemos; se, na tentativa de reproduzi-lo, não preenchemos com
material novo e arbitrariamente escolhido o que nunca esteve lá ou o
7
que foi esquecido.
Caráter e erotismo anal (1908)
Freud (1908) apontou para alguns indivíduos que se distinguem de outros
por determinados traços de caráter, relacionando-os ao comportamento de
um órgão em uma fase primitiva da vida. Essa diferença se refere à
combinação de três características: ordem, parcimônia e obstinação. Cada
um destes vocábulos abrange uma série de traços de caráter interligados. A
ordem se refere à noção de esmero individual como o escrúpulo no
cumprimento de pequenos deveres e a fidedignidade. A parcimônia se
refere, de uma forma exagerada, à avareza, à economia e a obstinação pode
transformar-se em rebeldia e associar-se à cólera e aos ímpetos vingativos.
há um despendimento de tempo relativamente longo para a superação da
incontinência fecal na história da primeira infância e falhas isoladas nessa
função na infância posterior desses indivíduos. Para Freud (1908), durante o
período de latência sexual (entre o final do quinto ano e, por volta dos onze
anos de idade), criam-se na mente formações reativas ou contraforças como
a vergonha, a repugnância e a moralidade, erguendo-se como “diques” em
oposição às atividades posteriores dos instintos sexuais, para as quais, o
erotismo anal torna-se inútil no decurso do desenvolvimento, de acordo
com a educação que nossa atual civilização exige. Supõe-se que os traços de
caráter acima mencionados (ordem, parcimônia e obstinação) são os
primeiros, mais constantes e relevantes resultados da sublimação do
erotismo anal em indivíduos que anteriormente eram anal-eróticos.A
relação entre as fezes e o dinheiro: para Freud (1908), a relação entre o
demasiado apego ao dinheiro e a defecação se afigura das mais extensas. O
contraste que existe entre a substância mais preciosa e a mais desprezível
levou a essa identificação específica do ouro com as fezes. Isto significa que
o “complexo monetário” traz à tona uma justa oposição na neurose que
qualifica através da linguagem a relação dinheiro/sujeira.
8
Cinco lições de psicanálise (1909)
Nos EUA, Freud conduziu cinco conferências em linguagem acessível, para
não especialistas, com os principais conceitos da psicanálise. Primeira Lição:
Nessa lição Freud apresenta a Histeria caracterizada pelo surgimento de
sintomas sem que estes tenham nenhuma causa orgânica. Freud apresenta o
caso de uma paciente de 21 anos, que tinha uma série de perturbações físicas
e psíquicas.Segunda Lição: Comenta sobre o trabalho de Charcot sobra à
histeria e a influência que exerceram em seu trabalho. Porém houve a
necessidade de abandonar o método da hipnose em seus atendimentos, uma
vez que nem todos os seus pacientes era sugestionáveis à hipnose e pelo
caráter de não cientificidade da técnica utilizada por Breuer. Terceira Lição:
Freud corrige uma inexatidão sobre o processo de associação das ideias, onde
o primeiro pensamento surgido trazia o elemento desejado e se revelava
como a continuação da lembranças, mas percebeu que não fora sempre
assim. O pensamento que no doente vinha em lugar do desejado, tinha
origem idêntica à de um sintoma; era uma nova substituição artificial e
efêmera do recalcado e tanto menos semelhante a ele quanto maior a
deformação que tivesse de sofrer sob a influência da resistência.Quarta
Lição: Na quarta lição Freud traz os processos patogênicos e desejos
reprimidos dos neuróticos. Relaciona sintomas a impressões da vida sexual
do doente. Os desejos patogênicos são da natureza dos componentes
instintivos eróticos, sendo as perturbações do erotismo têm maior
importância entre as influências que levam à moléstia em ambos os gêneros.
Quinta Lição: Os indivíduos adoecem por falta de satisfação de necessidades
sexuais e buscam um substituto para encontrar a satisfação. Viu-se que os
indivíduos adoecem quando, por obstáculos exteriores ou ausência de
adaptação interna lhes falta na realidade a satisfação das necessidades
sexuais, refugiam-se então na doença, para que com seu auxílio encontre
uma satisfação substitutiva.
9
Análise da fobia de um garoto de cinco anos (1909)
Texto clássico de Freud, onde nele apresenta o caso do Pequeno Hans.
Hans era filho de um grande músico, amigo de Freud, chamado Max Graf.
Toda a análise foi baseada nas explanações do pai. Max, levara Hans para
conhecer Freud, que, então, teve a oportunidade de conversar, por uma
única vez, com a criança. Nos outros momentos, Freud apenas orientava o
genitor a abordar as questões trazidas pela criança.As primeiras descrições
de Hans indicam que ele tinha cerca de três anos e meio quando se iniciou
essa análise. Cumpre ressaltar que ele trazia questionamentos sobre os
órgãos sexuais, as diferenças anatômicas entre o homem e a mulher e,
segundo Freud, sobre o nascimento de bebês e estava envolvido por uma
série de fantasias ligadas à masturbação, ao Édipo e ao sentimento de
castração. O pequeno Hans tinha fobia a cavalo, medo de ser mordido por
um, de que caíssem dos carros conduzidos por ele.Numa época em que
todo transporte urbano era feito por carruagens e a criança estava tendo
dificuldade para sair de casa. A fobia de Hans surgiu no nascimento da
irmã Hanna, provocando nele desejo de posse pela mãe e ódio ao pai. Hans
estava na fase que Freud denomina de Complexo de Édipo, período em que
ele passa a ter um interesse muito grande pelos órgãos genitais, de sua
irmã recém-nascida, de seus pais e o seu próprio.Sua fobia se deu ao se
deparar com o órgão genital do cavalo, bem maior que o dele, o menino
pressupõe que todos os adultos têm genitais semelhantes aos do cavalo,
mas, ao deparar-se com a nudez de sua irmã e de sua mãe, Hans ainda não
sabia que nem todo adulto tem um pênis, que apenas os homens o têm e
que as mulheres não o possuem. A criança compara o pai ao cavalo e
associa essa cena ao desejo que possui pela mãe. O cavalo simboliza o
medo que tem do pai.
10
Recordar, repetir e elaborar (1914)
Com o título desse artigo, já nos deparamos com o questionamento: Fazer
análise nos leva a recordar, repetir ou elaborar? É bastante comum quem
irá fazer uma análise, achar que o tratamento só se da através da
recordação dos fatos. Porém não é bem assim, o analista da algum valor
para a recordação, mas ele sabe que a memória é seletiva, traiçoeira e
muito “amiga” do ego. Apenas recordamos daquilo que nos interessa e
como nos interessa. Portanto, esquecimentos e distorções são esperados
pelo analista. Mas então se percebemos que não é recordar, será que seria
repetir? Foi então que Freud fez uso de um termo interessante: compulsão
a repetição, ou seja, quando estamos com o analista repetimos de forma
sutil ou de maneira escancarada, certas situações que nos permitam obter
de forma parcial ou ate mesmo completamente um dose de prazer durante
nossa vida. Mesmo que nos queixamos disso, continuamos a repetir com o
analista.Essas repetições dizem muito do paciente. Quando o analisando se
interessa por essa repetição e de alguma maneira dispende um esforço de
elaboração das possíveis causas, algo começa a mudar, ou seja, para a
repetição. A pulsão pode ficar um pouco mais livre, o investimento
libidinal vai para outros objetos. Paramos de repetir para experimentaras
coisas novas. É por isso que uma análise demanda tempo, pois elaborar
significa de alguma maneira ressignificar alguns aspectos da nossa vida e
principalmente certos elementos que não gostamos de admitir. (Leandro
dos Santos) “Deve-se dar ao paciente tempo para conhecer melhor esta
resistência com a qual acabou de se familiarizar, para elaborá-la, para
superá-la, pela continuação, em desafio a ela, do trabalho analítico
segundo a regra fundamental da análise.”

11
Introdução ao narcisismo (1914)
Narcisismo foi um conceito proposto por Freud a partir de um mito grego,
que conta a história de Narciso. Narciso se apaixona pela sua própria
imagem em um lago, o que o leva a ser tragado pelo seu próprio reflexo. A
partir desse mito, Freud propõem um modelo para entender a origem do
EU. Para a psicanálise quando nascemos, não viemos com o EU
“configurado”. O EU, tem que surgir a partir de um novo ato psíquico, que
são experiências que formam o sujeito. Uma experiência inicial que Freud
chama de auto-erotismo (Narcisismo primário), nesse período, ainda não
existe uma unidade comparável ao eu, nem uma real diferenciação do
mundo (bebê está fusionado com a mãe). No caso do narcisismo
secundário, com o tempo, a criança vai percebendo que ela não é o único
desejo da mãe, que ela não é tudo para ela; “sua majestade, o bebê começa
a ser destronado. Essa é a ferida infligida no narcisismo primário da
criança. A partir daí, o objetivo consistirá em fazer-se amar pelo outro, em
agradá-lo para reconquistar o seu amor; mas isso só pode ser feito através
da satisfação de certas exigências; a do ideal do seu eu. A formação de um
ideal aumenta as exigências do ego, constituindo o que Freud chama de o
fator mais poderoso a favor do recalque. O eu (ego) aspira reencontrar a
perfeição e o amor narcísico, mas para isso precisa satisfazer as exigências
do ideal do eu (ego). A partir daí, só é possível experimentar-se através do
outro.A escolha objetal narcísica é segundo Freud, amar a si mesmo
através de semelhante; e todo amor objetal comporta uma parcela de
narcisismo. O eu representa um reflexo do objeto. O ideal sexual tem uma
relação auxiliar com o ideal de ego. Pode ser empregada para satisfação
substituta, onde a satisfação narcisista encontra reais entraves. A pessoa
amará segundo o tipo narcisista de escolha objetal.⠀Em resumo, eu "devo
ser" para voltar a ter o eu ideal. 12
Os instintos e suas vicissitudes (1915)
Um instinto seria um conceito situado na fronteira entre o mental e o
somático, como o representante psíquico dos estímulos que se originam
dentro do organismo e alcançam a mente, como uma medida da
exigência feita à mente no sentido de trabalhar em consequência de sua
ligação com o corpo.Freud da 4 características para o conceito de
instinto: sua pressão, sua finalidade, seu objetivo e sua fonte. Pressão:
compreendemos seu fator motor, a quantidade de força ou a medida da
exigência de trabalho que ela representa.Finalidade: a finalidade de um
instinto é sempre a satisfação, que só pode ser obtida eliminando-se o
estado de estimulação na fonte do instinto. Objeto: é a coisa em relação à
qual ou através da qual o instinto é capaz de atingir sua finalidade.Fonte:
a fonte de um instinto entende-se pelo processo somático que ocorre
num órgão ou parte do corpo, e cujo estimulo é representado na vida
mental por um instinto. Para Freud todos os instintos são
qualitativamente semelhantes e devem o efeito que causam somente à
quantidade de excitação que trazem em si, ou talvez, além disso, a certas
funções dessa quantidade.Nessa altura dos estudos Freud separa os
instintos em dois grupos: instintos do ego, ou autopreservativos e os
instintos sexuais. Que no futuro serão chamados de pulsão de morte e
pulsão de vida.Freud apresenta os destinos que esses instintos podem
tomar:1) Reversão a seu oposto: Pessoa age ao contrário da sua
verdadeira natureza, para que possa ser socialmente aceita. Exemplo,
sou corrupto, mas faço filantropia.2) Retorno em direção ao próprio eu:
Nos casos de psicose, a pessoa não tem percepção da realidade, retorna
para ele como alucinação.3) Recalque: Traumas que acontecem na
primeira infância e constituem nosso inconsciente.4) Sublimação: Ações
socialmente aceitas e positivas. Arte, ciência, esporte... 13
O inconsciente (1915)
No artigo Freud explica o inconsciente (ics) levando em consideração mais
dois sistemas: o consciente (cs) e o pré-consciente(pcs). O ics só pode ter
acesso a partir do sistema pcs/cs, que esses sistemas por sua vez impõem
uma censura fazendo com que os conteúdos se tornem distorcidos e
modificados na consciência.O determinismo psíquico orienta todo o
raciocínio freudiano para chegar ao conceito de Inconsciente. Segundo
este princípio, para todo evento há uma causa. Nada ocorre ao acaso. Se
um evento parece ocorrer espontaneamente, isto se deve aos elos entre os
eventos e pensamentos anteriores, ocultos no inconsciente. Sempre há
uma conexão entre os pensamentos, e tal conexão pode ser explicada a
partir da hipótese ou “suposição do inconsciente”.O inconsciente cria
barreiras para que a ideia não venha a cs. “A essência do processo de
repressão não está em pôr fim, em destruir a ideia que representa um
instinto, mas em evitar que se torne consciente.” “A fim de que isso
aconteça, a pessoa sob análise deve superar certas resistências —
resistências como aquelas que, anteriormente, transformaram o material
em questão em algo reprimido rejeitando-o do consciente.” A suposição do
inconsciente é necessária porque os dados da consciência apresentam um
número muito grande de lacunas; tanto nas pessoas sadias como nas
doentes, ocorrem com frequência atos psíquicos que só podem ser
explicados pela pressuposição de outros atos, para os quais, não obstante, a
consciência não oferece qualquer prova. Esse atos se enquadrarão numa
ligação demonstrável, se interpolarmos entre eles os atos inconscientes
sobre os quais estamos conjeturando. A suposição da existência de um
inconsciente nos possibilita a construção de uma norma bem sucedida,
através da qual podemos exercer uma influência efetiva sobre o curso dos
processos conscientes. 14
Luto e melancolia (1917)
Em um artigo publicado em 1917, Freud explicou a diferença na
origem das sensações causadas pelo luto e pela melancolia, dois tipos
de resposta a alguma perda. O luto representa o sofrimento de
perder algum familiar ou pessoa amada e seu processo ocorre no
consciente. No caso da melancolia, o indivíduo não é capaz de
identificar facilmente a razão de sua dor, que ocorre em grande
parte na mente inconsciente. Enquanto o luto é considerado um
fenômeno saudável e necessário para nos recuperarmos de alguma
perda, a melancolia é uma patologia e envolve a perda de
autoestima, sem aparentemente envolver a perda de algo concreto
ou físico. Sintomas da melancolia também se assemelham a alguns
vistos na depressão.

15
Além do princípio do prazer (1920)
Nesse trabalho Freud se da conta que suas hipóteses a cerca de uma
disjunção entre principio do prazer e principio da realidade na qual ele
acreditava até então, não lhe convencia mais.No texto ele privilegia a
descrição metapsicológica da mente, onde além do ponto de vista dinâmico
e topográfico, apresenta uma visão econômica do funcionamento do
aparelho psíquico. Freud analisa o principio do prazer do ponto de vista
econômico, correlacionando-o ao principio de constância, cuja a função é
de manutenção da quantidade de energia. O prazer corresponderia a uma
diminuição da quantidade de excitação.A partir da observação das
brincadeiras de seu neto, dos sonhos das neuroses traumáticas e das
transferências na análise (onde os pacientes repetiam na transferência os
acontecimentos traumáticos da infância), Freud passa a questionar o papel
desempenhado pelo princípio de prazer. Nestas situações nota a presença de
uma compulsão à repetição de cenas que não representam prazer e que
indicam que o princípio de prazer não rege todo o funcionamento mental:
“Existe realmente na mente uma compulsão à repetição que sobrepuja o
princípio de prazer.”Ao se deparar com os sonhos repetitivos de pacientes
com neuroses traumáticas (e de guerras), Freud passa a questionar sua
teoria dos sonhos, pela qual afirmava que todos os sonhos seriam uma
realização de desejo. Ele analisa a função desses sonhos, que repetem cenas
traumáticas, como dolorosas. Para ele, tais sonhos teriam a função de
desenvolver a angústia retroativamente, onde esta faltou.A partir desse
trabalho, Freud amplia a noção de pulsão ao constatar que a compulsão à
repetição seria uma característica intrínseca ao movimento de toda pulsão,
consequente da tendência ao restabelecimento de um estado anterior da
vida, inorgânica. A partir dai, Freud verifica a existência da pulsão de morte.
Ele evidencia que a pulsão de morte se opõem às pulsões de vida. 16
O ego e o id (1923)
Freud havia voltado suas pesquisas para o consciente, com o objetivo de
aprender mais sobre o inconsciente. O Ego e o Id é o último dos grandes
trabalhos teóricos de Freud. Ele oferece uma descrição da mente e de seu
funcionamento que , a primeira vista, parece nova e ate mesmo
revolucionária, e, em verdade, todos os escritos psicanalíticos que datam
de após sua publicação portam a marca inequívoca dos seus efeitos, pelo
menos com relação à terminologia.Esse texto faz parte dos estudos da
metapsicologia de Freud, é um texto seminal que tem o intuito de explicar
a psicanálise. Antes desse momento Freud acreditava que a estrutura do
aparelho psíquico se limitava em Inconsciente (ICS) /Pré-consciente (PCS)
e Consciente (CS). Já esse texto trás uma nova forma de estabelecer essas
três grandes noções, em ID, EGO e SUPEREGO.O Id é onde reside algo
muito humano, muito potente e muito forte, o Ego seria uma tentativa de
lidar com isso, (o Ego é o cavaleiro, mas o id é o cavalo, se o cavalo tem
sede, o cavaleiro terá que esperar até o cavalo ir beber a água no lago).
Superego seria uma instancia criada apenas pelo próprio sujeito, pela
força do recalque, mas fundamentalmente pela força da repressão
externa, pela moral, pelos bons costumes, pela religião, pelo direito,
eventualmente pela medicina, pela psicologia, pela ciência, enfim, não
faltam discursos que endereçam o sujeito se ele não pode ser assim ou ele
deve ser assim.Um sujeito quando inicia uma análise, ele deve desinflar o
seu Ego e se apropriar da verdade que reside em seu Id, desconectar-se
minimamente do Superego, não se integrando a essa instância, para se
apropriar das suas paixões humanas, se responsabilizar por ela e de
alguma forma inventar um novo caminho na vida, quem sabe mais sadio
e ético.
17
Dissolução do complexo de Édipo (1924)
O complexo de Édipo revela sua importância como o fenômeno central
do período sexual da primeira infância. Após isso, se efetua sua
dissolução, ele sucumbe à regressão, como dizemos, e é seguido pelo
período de latência.De uma forma simples de explicar essa fase, é o
momento em que a criança se afeiçoa com um de seus genitores,
geralmente do sexo oposto e rivaliza com o genitor do mesmo sexo. Esse
triangulo edípico de alguma maneira constitui o humano.Toda a
constituição dos afetos surge nesse momento. Exemplo, o ciúmes, a
criança tem a percepção que a mãe não é do menino e o pai é um rival.
Na vida adulta essa fase será reeditada.O complexo de Édipo nos define e
constitui como humanos, mas principalmente nos ensina a ser humanos
para além da família original, ou seja, nos possibilita crescer e saber do
nosso destino.Para a menina e para o menino o complexo se da de forma
diferente. Para a menina ela acredita que seu pênis irá crescer, não
crescendo ela busca um substituto para esse pênis que é a fantasia de dar
um filho para o pai, e por fim a castração feminina e em consequência a
dissolução do Édipo será a impossibilidade de dar um filho para o pai.
Freud diz, “A renúncia ao pênis não é tolerada pela menina sem alguma
tentativa de compensação. Ela desliza — ao longo da linha de uma
equação simbólica, poder-se-ia dizer — do pênis para um bebê. Seu
complexo de Édipo culmina em um desejo, mantido por muito tempo, de
receber do pai um bebê como presente — dar-lhe um filho.”Para o
menino na fase fálica o mesmo tem desejos masturbatórios, nos quais são
reprimidos muitas vezes pela mãe, inconscientemente o menino tem
medo de perder o pênis caso se masturbe novamente (complexo de
castração) e ai então vem a dissolução do complexo de édipo.
18
Sexualidade infantil (1926)
Um dos assuntos mais polêmicos de Freud. Até hoje um tema ainda
controverso por não psicanalistas. Freud trás na introdução do seu texto:
“Faz parte da opinião popular sobre a pulsão sexual que ela está ausente na
infância e só desperta no período da vida designado da puberdade. Mas esse
não é apenas um erro qualquer, e sim um equívoco de graves
consequências, pois é o principal culpado de nossa ignorância de hoje sobre
as condições básicas da vida sexual. Um estudo aprofundado das
manifestações sexuais da infância provavelmente nos revelaria os traços
essenciais da pulsão sexual, desvendaria sua evolução e nos permitiria ver
como se compõe a partir de diversas fontes.”Freud entende porque é tão
difícil falar do infantil, pois o adulto passou essa experiência e tende a
recalcar, faz inversões ou negações das lembranças. Para Freud a
sexualidade humana é pulsional e não natural, não tem objeto especifico. A
sexualidade é uma construção nas experiências de encontros e
desencontros com objetos.Freud começa a ver a sexualidade desde o bebê,
no seio da mãe. Criança busca primeiro o seio por fome, depois de satisfeito,
ele continua chupando buscando outras satisfações. Freud diz que o corpo
do bebê é completamente erógeno, um corpo que inteiramente pode ter
prazer. Trazendo o conceito da criança polimorficamente perversa.
Perversa porque o objeto fica repetidamente insuficiente, pois a criança
não tem objeto específico da pulsão de gênero. E a nomeação “polimórfica”,
porque tem várias formas, por isso vai se apresentando de diversas
maneiras nessa experiência infantil. Então nesse sentido as buscas infantis,
são semelhantes as experiências, que no adulto chamaremos de perverso,
mas na criança não tem esse sentido.Freud nos trás que depois que
acontece a castração, o final do complexo de édipo, vem o período da
latência, que é o momento de maior estabilidade da pulsão e na puberdade
19
reaparece toda essa pulsão sexual.
Fetichismo (1927)
Freud se deparou com um certo número de homens cuja a escolha objetal
era dominada por um fetiche. Ao se falar em Fetichismo é preciso
inicialmente lembrar que este, na maioria das vezes, não traz sofrimento
para os seus adeptos, muito pelo contrário, termina por facilitar a vida
erótica dos respectivos sujeitos. “Não é preciso esperar que essas pessoas
venham à análise por causa de seu fetiche, pois, embora sem dúvida ele seja
reconhecido por seus adeptos como uma anormalidade, raramente é
sentido por eles como o sintoma de uma doença que se faça acompanhar
por sofrimento.” Segundo Freud (1927), no fetichismo objetos são
escolhidos como substitutos para o fato desagradável da castração
feminina, evidenciando nos fetichistas a rejeição dessa ausência fálica nas
mulheres. O fetiche surgiria no conflito entre a percepção da castração na
mulher e o contra desejo masculino. Como consequência, a escolha objetal
é dominada pelo fetiche, todavia, o objeto não será, necessariamente,
símbolo do pênis, isto ocorre com frequência, mas não se apresenta como
um fato ou lei. Para a criança a mulher teve um pênis, a despeito de tudo,
mas esse pênis não é mais o mesmo de antes. Outra coisa tomou seu lugar,
foi indicada como seu substituto, por assim dizer, e herda agora o interesse
anteriormente dirigido a seu predecessor. Mas esse interesse sofre também
um aumento extraordinário, pois o horror da castração ergueu um
monumento a si próprio na criação desse substituto.A escolha do objeto de
fetiche não é ao acaso, o fetiche é o signo do recalque, ou seja, a
constituição do objeto está intimamente relacionada ao ponto
interrompido da história do sujeito, assim uma espécie de cena traumática
poderia instituir um fetiche, ou apenas as experiências específicas de cada
sujeito. O mais interessante são as associações singulares realizadas por
cada sujeito, o fetiche como revelador das associações feitas pelo sujeito e
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não apenas um evento em si.
A divisão do ego no processo de defesa (1938)
Esse é um trabalho incompleto de Freud, que talvez não tenha sido acabado
por não ter conseguido finalizar. Esse texto tem uma importância. Pois de
alguma maneira ele está conectado a trabalhos de mais de 40 anos, sempre
tentando entender o porquê dessa divisão humana pela qual a psicanálise
se interessa muito. Nesse texto ele parte de uma hipótese de que a defesa é
necessária para o ego. Freud traz nesse texto curto o caso de um menino
pequeno que é pego se masturbando, a empregada o reprime dizendo que
ele não poderia fazer isso e que ele seria castigado. Esse menino imagina
que perderia o pênis em castigo do pai e por sua vez ele percebe que a sua
mãe não tem o pênis e de alguma forma ela tinha perdido por ter feito algo
igual. Ele imagina algo que pudesse ocupar esse pênis da mãe, no qual
podemos chamar de fetiche. Essa divisão do ego, traz um efeito e
dificilmente será liquefeita, a não ser por muito boa vontade do paciente.
Ou seja, essa divisão tem um estatuto de verdade, ela passa ter uma
importância fundamental que terá suas consequências por anos. Um
sujeito dividido traz inúmeras questões, frente ao desejo do que a pessoa
quer, ou ambiciona e frente as realidades da vida.

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