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PSICANÁLISE CLÍNICA

MÓDULO 6- Teoria Psicanalítica III

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AULA 01 - Complexo de Édipo
O v o c á b u l o c om p o st o “ Co m p l e xo d e Éd i p o ” ( d o a l e m ã o “ Ö d i p us ko m p l e x ” ) a p ar e c e
n o s es c r it o s d e Fr e u d a p a r t i r d e 1 8 9 7 nu m a c a r t a q u e e l e e sc r e v e u a Fl i e s s, p or é m ,
f o i a p a rt i r d e 1 9 1 0 , n a o b r a “ Co n t r i b u içõ e s à Ps i c o l o g i a d o Am o r ” , é q u e a p a la v r a
c o m e ç o u a g a n h a r d e st a q u e .

A descoberta do Complexo de Édipo (final do Século XIX) concretiza-se para


Freud no decorrer de sua auto-análise, que o leva a reconhecer em si o amor
pela mãe e, em relação ao pai, um ciúme em conflito com a afeição que seu pai
lhe dedica. Trata-se de um conjunto organizado de desejos amorosos e hostis
que a criança sente em relação aos seus pais.
O ú l t i m o Es t á g i o d a ev o l u ç ã o p s ic o ss e xu a l é o E s t á g i o G e n it a l ( o u Fá l i c o ) , o n de s e
f u n d a m e n t a a o r g a n i za ç ã o c e nt r a l d a Pe r s o n a l i d a d e Hu m a n a, q u e é o Co m p l e xo d e
É d i p o . É u m c o n f l it o q u e e n v o lv e t r ês p er s o n a g e n s : P a i, Mã e e S u j e it o , c h am a d o p o r
v á r i o s ps i c a n a l is t as c o n c e it u a d o s d e “T r i â n g u l o A m o r os o ” , e es t as p es s o as v ã o
a d q u i r i n d o p a p é i s d iv e r s os em d i f e r e n t es m o m e nt o s. Em b o r a o e st á g i o ps i c os s exu a l
G e n i t a l ( o u Fá l i c o ) t e n h a s i d o d et e r m i n ad o p o r a l g u n s ps i c a n a l is t as c om o o c o r r en d o
n a f a i xa e t á r i a d e 4 à 6 a n os , o n d e s ã o d e i xa d a s m a r c as q u e i r ã o a c om p an h a r
q u a l q u e r i n d i v í d u o e n q u a nt o v iv e r , i n d e pe n d e n t e d e s u a c o n d iç ã o s oc i a l , e c o n ô m i c a ,
c u l t u r a l o u r e l i g i o s a.

A v u l g a r i za ç ã o d a p a l av r a “ Co m p l e xo ” g er a u m p e ns a r e r r ô n e o d e q u e o Co m p l e xo d e
É d i p o é a l g o q u e é s u p e r a d o e n ã o v o lt a m a is , q u a n d o n a r e a l i d a d e , s ã o d e i xa d a s
c o n s e q ü ê n c i as e m q u a i s q u e r i n d iv í d u os , u n s m a is , o u t r os m e n os , p e l o r e st o d e s u a s
v i d a s . A i n t e ns a v i d a i n f a nt i l , d es d e o n a s c i m e nt o at é a Fa s e G e n it a l , é d e g ra n d e
s i g n i f i c a d o p a r a a Re s o l u ç ã o d o Co m p l exo d e É d i p o , p os t e r i o r m e nt e . In i c i a lm e n te o
n í v e l d e r e l a c i o n am e n t o, n o p e r í o d o p r é - e d í p ic o , é d u a l, e n t r et a n t o c om o
a m a d u r e c i m e nt o , v a i s e t o r n a n d o t r i a n g ul a r .

P a r a Fr e u d , q u a n t o m e n os r e p r e ss o r a f o r a c u l t u r a p a r a o T r i â n g u l o Am o r o so d o
i n d i v í d u o , m a i o r e s s e r ã o as c h a n c es d es s e i n d i ví d u o e xp e r i m e nt a r a o l o n g o d e s u a
v i d a u m a m e l h o r Re s o l u t iv i d a d e d o Co m p l e xo d e É d i p o , o u s e j a, u m a v i d a me n o s
c o n f l i t u os a n as f i g u r a s d e r e l aç õ e s p a re n t a i s ( p es s o as q u e v ã o a d q u i r i n d o p ap e i s
d i v e r s o s e m d i f e r e nt e s m om e n t os ) .

AULA 02 - Complexo de Édipo e a Filosofia


O Co m p l e xo d e É d i p o e m s e u s e nt i d o m a is am p l o , c om o a g a r r am e n t o e r ó t ico d a
c r i a n ç a à m ã e o u a o p a i , n ã o é u m a d e sc o b e r t a d a Ps i c a n á l is e . O s m it o s, os e scr i t o s
f i l o s ó f ic o s e l it e r á r i o s, e m a is c e r t as a u t o b i o g r a f i as , n o s o f e r ec e m n u m e ro s o s
t e s t em u n h o s. Me n c i o n e m os , p o r e xe m pl o , n a L it e r a t u r a Fr a n c es a a V i e d e He n r i
B r u l a r d d e S t e n d h a l. A l ém d o m i t o d e É d i p o , a l i t e r at u r a c o n t é m o u t r o t e xt o
i m p o r t a n t e: u m a p as s a g em d a Re p ú b l i c a d e P l at ã o , o n d e s e t r at a d o s d e se j o s
e r ó t i c o s d o h om e m e m r e l a ç ã o à s u a m ãe .

É d i p o f i l h o d e L a i o , Re i d e T e b a s, e d e J o c a st a , f o i e n j e i t a d o q u a n d o c r i a nç a p o r q u e
u m o r ác u l o a dv e r t i a L a i o q u e a c r i a n ç a q u e a i n d a n ã o n a sc e r a s e r i a o a ss a ss i n o d e
s e u p a i . A c r i a n ç a f o i s a l v a, e c r e sc e u c o m o p rí n c i p e n u m a c ô r t e es t r a n g e i r a, a t é
q u e , em d úv i d a q u a nt o a s u a o r i g e m, e l e t am b é m i n t e r r o g o u o o r ác u l o e f o i a d v e rt i d o
q u e e v i t as s e o s e u l a r , v is t o q u e e st a va d e s t i n a d o a a ss a ss i n a r s e u p a i e r e ce b e r
s u a m ã e em c as a m e nt o . Na e st r a d a q u e o l e v a v a p a r a l o n g e d o l oc a l q u e e l e
a c r e d i t a v a s e r o s e u l a r , e n c o nt r o u - s e c o m o Re i L a i o e o m a t o u n u m a s ú b i t a r i xa .

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E m s e g u i d a d i r i g i u - s e a T e b as e r e s o lv eu o e n i g m a a p r es e n t a d o p e l a E sf i n g e q u e l h e
b a r r a v a o c a m i n h o . P o r g r a t i d ã o, os T eb a n o s f i ze r a m - n o Re i e l h e d e r a m a m ão d e
J o c a st a em c a s am e n t o. E l e r e i n o u p o r mu i t o t em p o c o m p a z e h o n r a, e e l a , s em q u e
e l e s o u b es s e, e r a s u a m ã e , l h e d e u d o is e d u a s f i l h a s. Fo i q u a n d o , e n t ã o, i r r om p e u
u m a p e st e e os T e b a n o s i nt e r r o g a r a m m a i s um a v e z o o r á c u l o. É n es t e p o n t o q u e
t e m i n íc i o a t r a g é d i a d e S óf o c l es . O s m en s a g e i r o s t r a ze m d e v o l t a a r es p o st a d e q u e
a p e s t e c e s s a r á q u a n d o o a ss a ss i n o de L a i o t i v e r s i d o e xp u l s o d o p a ís . Ma s e l e ,
o n d e e s t á e l e ? Co m o e n c o nt r a r a g o r a O s v e st í g i os d es s e c r im e t ã o a nt i g o ?

A a ç ã o d a p eç a c o n s is t e em n a d a m a i s d o q u e o p r oc e ss o d e r ev e l a r , c o m p au s a s
e n g e n h o s a s e s e n s aç ã o s em p r e cr e s c e nt e , um p r o c es s o q u e p o d e s e r c om p a r a d o a o
t r a b a l h o d e um a Ps i c a n á l is e ; q u e o p r ó pr i o É d i p o é o as s as s i n o d e L a i o , m a s, a in d a ,
q u e e l e é o f i l h o d o h om e m as s as s i n a d o e d e J o c as t a. A p av o r a d o q u e a a b o m i na ç ã o
q u e e l e i n a d v e r t i d am e n t e p e r p et r a v a. É di p o c e g a -s e a s i p r ó p r i o e a b a n d o n a s e u l a r .
A p r e d i ç ã o d o o r á c u l o f o i c um p r i d a .

No Co n t e xt o Fi l o s ó f i c o d a Mi t o l o g i a G r eg a o Co m p l e xo d e É d i p o é q u e s e c o n he c e
c o m o um a t r a g é d i a d o d e st i n o . Di z - s e q u e s e u e f e it o tr á g i c o r es i d e n o c o n t ra s t e
e n t r e a s u p r e m a v o n t a d e d os d e u s es e a s v ã s t e n t at i v as d a h u m a n i d a d e em e sca p a r
a o m a l e a a m e aç a . A l i ç ã o q u e , s e g un d o s e a f i rm a , o es p e ct a d o r p r of u n d a me n t e
c o m o v i d o d ev e a p r e n d e r d a t r a g é d i a é a s u bm i ss ã o à v o n t a d e d i v i n a e c om p r e en s ã o
d e s u a p r ó p r i a i m p ot ê n c i a.

O s Dr a m at u r g o s m o d e r n o s t ê m p o r c o ns e g u i n t e , t e n t a d o a lc a n ç a r um e f e it o t r ág i c o
s e m e l h a n t e, t ec e n d o o m es m o c o n t r as te n u m e n r e d o e l a b o r a d o p o r e l e s m e sm o s .
Ma s o s es p e ct a d o r e s f ic a m a c o nt e m p l á -l o , s em s e c o m ov e r e m, e n q u a n t o u m a p ra g a
o u u m o r á c u l o s e r e a l i zo u a p e s a r d e t od o s os es f o rç o s d e a l g u m h om e m i n o c en t e :
o u t r a s t r a g é d i a s d o d es t i n o f a l h a r em q u an t o a o s e u ef e i t o.

S e o Co m p l e xo d e É d i p o c o m ov e um a ud i t ó r i o m o d e r n o n ã o m e n os q u e o g r e g o d a
é p o c a , a e xp l i c aç ã o s om e n t e p o d e s e r n o s e n t i d o d e q u e s e u ef e i t o n ã o es tá n o
c o n t r a st e e nt r e o d e st i n o e v o nt a d e h u m a n a , m a s q u e d ev e s e r p r o c u r a d o n a
n a t u r e za p a r t i c u l a r d o m a t e r i a l s o b r e o q u a l a q u e l e c o nt r a st e é e xe m p l i f ic a d o .

De v e h a v e r a l g o q u e t o r n a um a v o z de n t r o d e n ós p r o n t a a r e c o n h ec e r a Fo r ç a
Co m p u l s i v a n o d es t i n o d e É d i p o , e n qu a n t o p o d e - s e a b a n d o n a r c o m o m e r a me n t e
a r b i t r á r i a s t a is d i s p os i ç õ es q u e s ã o f o r mu l a d a s em o u t r as t r a g é d i a s d o d e st i n o . E u m
f a t o r d es s a n a t u r e za s e a c h a d e f at o e m j o g o n a h i st ó r i a d o Co m p l e xo d e É d i p o. S e o
d e s t i n o n os c o m o v e s om e n t e p o r q u e po d e r i a s e r o n os s o; p o r q u e o o r á c u l o jo g o u
u m a p r a g a s o b r e n ó s a n t es d e n as c e rm os , c om o s o b r e e l e. É o d e st i n o d e t o d os n ó s ,
t a l v e z, d i r i g i r o n os s o p r i m e i r o Im p u ls o S e xu a l n o s e nt i d o d e n os s a m ã e e o n os s o
p r i m e i r o ó d i o e o n o ss o p r im e i r o d e se j o a ss a ss i n o c o n t r a o n os s o p a i . No s s o s
s o n h o s n o s c o nv e n c em q u e é i st o q u e se v e r if i c a. O Re i É d i p o, q u e as s as s i n o u s e u
p a i L a i o e c a s o u c om s u a m ã e J o c as t a, s im p l e sm e n t e n os m o s t r a a r e a l i za ç ão d e
n o s s o s p r ó p r i os d es e j o s d e i n f â nc i a . Co n t u d o m a i s af o r t u n a d o s d o q u e e l e ,
e n t r e m e n t es c o n s e g u im o s , a t é a o p o nt o d e n ã o n os t o r n a rm o s P s ic o n e u r ó t ic o s ,
s e p a r a r n o ss o s im p u l s os s e xu a i s d e no s s a s m ã es e es q u e c e r n os s os c i ú m es d e
n o s s o s p a is . T êm - s e a q u i a l g u é m q u e e s s e s d es e j o s p r i m it i v os d a i nf â n c i a f or a m
r e a l i za d o s , e d e l e n os es q u i v a m os c o m t o d a a f o r ç a d a Re p r e s s ã o a t r av é s d a q u a l
e s s e s d e s e j os f o r a m, d es d e a q u e l a é p o ca , r e t i d os d e nt r o d e n ó s.

E n q u a n t o a l e i t u r a d a Fi l o s of i a , a m e d id a q u e d e s e n r e d a o p a ss a d o , t r a z a l u z à
c u l p a d e É d i p o , e l e e st á a o m e sm o t e mp o , c om p e l i n d o - n o s a r e c o n h e c e r a s n o s s a s
p r ó p r i a s l im i t aç õ e s i n t e r i o r es d e n oss a s m e nt e s, n a s q u a i s a q u e l e s m e sm o s
i m p u l s o s, em b o r a r e p r im i d o s p o d e m s e r e n c o n t r a d o s.

Fixa i vossos olhos em Édipo. Que resolveu o sombrio enigm a, o m ais nobre
campeão e o mais sábio; Com o um astro sua invejada fortuna alçou -se

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relu zente por toda amplidão; Agora ele m ergulha em mares de angústia,
engolfado po r violenta onda...

No s i m p r e ss i o n a c om o u m a a dv e r t ê nc i a a n ó s m es m os e a o n o ss o o r g u l h o , a n ó s q u e
d e s d e n os s a i n f â nc i a , n os t o r n a m os t ão s á b i os e t ã o p o r t e n t os o s p e r a nt e n os s o s
p r ó p r i o s o l h os . C o m o É d i p o v i v em o s n a i g n o r â n c i a d es s es d e s e j os , r e p u g n a n t es a
m o r a l i d a d e , o s q u a is f o r am f o rç a d o s a n ó s p e l a n at u r e za , e , d e p o is d e s u a
r e v e l a ç ã o , p o d e m os t o d o s n ó s f ec h a r os o l h o s à s c e n as d e n o ss a i nf â n c i a.

E xi s t e um a i n d ic a ç ã o i n e g á v e l n o t e xt o d a p r ó p r i a t r a g é d i a d e S ó f oc l e s d e q ue a
m i t o l o g i a b r o t o u d e a l g um m at e r i a l o ní r i c o p r i m it i v o q u e t i n h a c om o c o n t e ú do a
a f l i t i v a p e r t u r b a ç ã o d a r e l a ç ã o d e um a c r i a n ç a c o m s e u s p a is , d ev i d o a o s p r ime i r o s
e s t ím u l o s d a s e xu a l i d a d e .

Nu m p o n t o e m q u e É d i p o , em b o r a a i nd a n ã o t e n h a s i d o e sc l a r e c i d o, c om e ço u a
s e n t i r p e rt u r b a d o p e l a s u a r e c o r d aç ão d o o r á c u l o. J o c as t a o c o n s o l a f a ze n d o
r e f e r ê n c i a a um s o n h o q u e m u i t as p es so a s t e m, a i n d a q u e , c o n f o r m e j u l g a e l a , n ã o
t e n h a o t a l s o n h o n e n h um s i g n if i c a d o : p o r e xe m p l o ; “ Mu i t o s h om e n s t e m s o nh a d o
qu e c a s a v a m c om s u a s m ã es .. .. A qu e l e s c u j o s p r es s á g i os ” .. .. .. ..

Nã o p e r t u r b a m s u a m e nt e é o q u e m e no s p r e oc u p a ç ã o t em . A t u a lm e n t e, d a me s m a
f o r a q u e o ut r o r a , m u it o s h o m e n s s o n ha m t e r r e l a ç õ es s e xu a i s c o m s u a s m ãe s , e
m e n c i o n a m es s e f at o c o m i n d i g n a ç ã o e a ss o m b r o. Ist o é n i t i d am e n t e a c h ave d a
t r a g é d i a e o c om p l e m e nt o a o s o n h o d e qu e o p a i d a q u e l e q u e s o n h a e st a r m o r t o.

A h i st ó r i a d e É d i p o é a r e a ç ã o d a im ag i n a ç ã o a e ss e s d o i s s o n h os t í p ic o s. E d o
m e sm o m o d o q u e es s es s o n h o s, q u a n do t i d o p o r a d u l t os , s ã o ac o m p a n h a d os p o r
s e n t i m e nt o s d e Re p u l s a , a ss i m t a m b ém a Mi t o l o g i a a b r a n g e h o r r o r e a ut o - p u n i ç ã o .
S u a u l t e r i o r m o d if i c aç ã o s e o r i g i n a, m a is um a v e z, d e um a Re v is ã o S ec u n d á r i a Ma l
Co n c e b i d a d o Ma t e r i a l , q u e p r oc u r o u e xp l o r á - l a p a r a O b j e t iv o s Re l i g i o s o s.

A t e nt a t iv a d e h a rm o n i za r a O n i p ot ê n c ia Di v i n a c o m a i r r e s p o ns a b i l i d a d e h uma n a
d e v e n a t u r a lm e n t e f a l h a r e m r e l a ç ã o a es t e t e m a d a m e sm a m a n e i r a q u e o o ut r o .

Ne n h u m d o s a c h a d os d a In v es t i g aç ã o P s i c a n a lí t ic a t e m p r ov o c a d o n e g a ç õ es t ã o
a c i r r a d a s , o p o s iç ã o t ã o f e r o z, o u d is t o rç õ e s t ã o d i v e rt i d a s, p o r p a r t e d o s c rí t ic o s ,
c o m o es s a i n d ic a ç ã o d e Im p u l s os d a Inf â n c i a em r e l a ç ã o a o i n c es t o q u e p e r s is t e m
n o In c o n sc i e n t e. Um a t e nt a t iv a c h e go u a s e r f e it a n os a n o s 2 0 p a r a te n t a r
d e m o n s t r a r, em f ac e d e t o d a e xp e r i ê n c i a, q u e o i nc e st o d e v e s e r c o n s i d e r a d o a pe n a s
s i m b ó l i c o. E m 1 9 1 2, Fe r e n c zi p r o p ôs u ma e n g e n h o s a S u p e r - In t e r p r et a ç ã o d o m ito d e
É d i p o , b a s e a d o e m c a rt a s d e S c h op e n h a u e r . E m 1 9 1 9 , E st u d o s P os t e r io r e s
d e m o n s t r a r am q u e o “ Co m p l e xo d e É d ip o ” , q u e f o i a f l o r a d o p e l a p r i m e i r a v e z p o r
Fr e u d e m 1 8 9 7 , l a n ç a l u z d e s i g n i f ic a do n ã o i m a g i n a d o s o b r e a Hi st ó r i a d a Ra ç a
Hu m a n a , d a ev o l u ç ã o d a R e l i g i o s i d a d e e d a Mo r a l i d a d e .

AULA 03 - Complexo de Édipo e o


Contexto Histórico
É d i p o e r a Fi l h o d e L a i o , r e i d e T e b as , e d e J oc a st a s u a e s p os a . O r e i s o u b e p or u m
o r á c u l o q u e e st a v a f a d a d o a s e r a ss a ss in a d o p o r u m f i l h o v a r ã o . Q u a n d o n a sc e u u m
m e n i n o , o r e i e n t r e g o u - o a u m p a sto r p a r a d e i xá - l o n o Mo n t e Cl i t e r o n p a r a
m o r r e r . E n t r et a n t o, c o n d oí d o , o p a st o r en t r e g o u a c r i a n ç a a o r e i d e Co r i n t o , P o lí b i o ,
q u e n ã o t i n h a f i l h os .

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deste conteúdo são dados aos seus respectivos autores.
Q u a n d o É d i p o c h e g o u a p u b e r d a d e a um o r ác u l o l h e d i ss e q u e m at a r i a s e u pa i e
f o r m a r i a u m a u n i ã o i nc e st u o s a c o m s u a m ã e , d e c i d i u n ã o r e g r es s a r a Co r i n t o p a r a
j u n t o d a q u e l e q u e s u p u n h a s e r s e u p a i. Em s e u c a m i n h o e n c o nt r o u L a i o , a qu e m
m a t o u n um a c o n t e n d a. Q u a n d o É d i p o c he g o u a T e b as , a E sf i n g e a p r es e n t o u - l h e u m
e n i g m a p a r a q u e r es o l v es s e. É d i p o r e s o lv e u o E n i gm a , e os T e b a n os c om o p r o v a d e
g r a t i d ã o , d e r am - l h e J o c as t a c om o es p o sa .

Q u a n d o f i n a l m e nt e at r a v és d e T i r é s i as , d e s c o b r i u a r e l a ç ã o e xi s t e nt e e n t r e e l e e s u a
e s p o s a ; É d i p o v a zo u os o l h o s , e n q u a nt o J oc a st a s e e nf o r c av a . É d i p o s a i u d e T e b a s
e p a s s o u a l e v a r u m a v i d a e r r a nt e d e u m v a g a b u n d o , ac o m p a n h a d o d e s u a f i l h a
A n t í g o n a , s e n d o f i n a lm e n t e d e st r u í d o p or d i v i n d a d e s v i n g a d o r as , a s E u m ê n i d es .

AULA 04 - Complexo de Édipo e a


Psicanálise
O s Ps i c a n a l is t a s e nc a r a m a s i t u aç ã o d o Co m p l e xo d e É d i p o c o m o s e n d o u m a
c a r a c t e rí st i c a h um a n a g e r a l. Du r a n t e o ú l t im o es t á g i o d a ev o l u ç ã o p s ic o ss exu a l
( E s t á g i o G e n i t a l o u Fá l i c o ) q u e t em s ua i n t e ns i d a d e c o n f i g u r a d a a p r o xi m a d ame n t e
n a f a i xa e t á r i a d e 4 à 6 A n o s, e o n de s e f u n d a m e nt a a o r g a n i za ç ã o c e n t r al d a
P e r s o n a l i d a d e h um a n a ; a c r i a n ç a p a ss a p o r um p r o c es s o m e n t a l o n d e oco r r e
m u d a n ç a s n o s i n t e r es s es s e xu a i s .

A c a r g a e n e r g é t ic a t r oc a d e a lv o , em re l a ç ã o a o s p a is . No r m a lm e n t e o m e n i no s e
p o l a r i za , p r i n c i p a l m e nt e à f i g u r a d a mã e , e a m e n i n a a o p a i . A s o l u ç ã o d a l u t a
d e t e r m i n a o c a r á t e r d a s r e a ç õ es s u bse q ü e n t e s d a c r i a n ç a. Du r a n t e o p e rí o do d e
L a t ê n c i a ( p e rí o d o d e d e c lí n i o d o Co m pl e xo d e É d i p o a t é o i n íc i o d a P u b e r d ad e ) ;
n e s s e p e r í o d o, n o rm a l m e nt e , o i n t e r es se p e l o Co m p l e xo d e É d i p o, a p e n as d imi n u i
e m a l g u n s e s e e q u i l i b r a em o u t r os , p o ré m s e g u n d a a P s ic a n á l i s e n u n c a s e e xt in g u e
t o t a l m e nt e ; a m e d i d a P s ic a n a l ít i c a é d e n o m i n a d a p o r Re s o l u t i v i d a d e o u n ão d o
Co m p l e xo d e É d i p o . E st a m e d i d a é i n i ci a l , p r o g r es s iv a , p e r m a n e nt e e q u i l i b r a da o u
não.

Du r a n t e o p e r í o d o d e L a t ê n c i a o Co m p le xo d e É d i p o é e s q u e c i d o t e m p o r a r i ame n t e
e m f a v o r d a s at i v i d a d es e i nt e r e ss e s e xtr a p a r e n t a i s . Co m o o a d v e nt o d a P u b e r da d e ,
a S i t u aç ã o E d i p i a n a In f a n t i l O r i g i n a l é d e s p e rt a d a d e n o v o, s e n d o n o r m a lm e n t e
“ r e s o l v i d a ” p e l a c a n a l i za ç ã o d e i nt e r e ss e p o r o u t r as p es s o as .

Uma pequena brincadeira, para relaxar um pouco, com o Complexo de Édipo:

https://www.youtube.com/watch?v=RwE0oWevMJ0

AULA 05 - Transtornos Estruturais e o


Complexo de Édipo
O p a c i e nt e ps i q u i á t r ic o t í p ic o n u nc a r e so l v e c o m ê xi t o o s e u Co m p l e xo d e É d i po . A
e s q u i zo f r e n i a é u m e xc e l e nt e e xe m p l o . Um p a c i e n t e es q u i zo f r ê n i c o ac r e d i t av a n ã o
s e r f i l h o d e s e u s p a i s, q u e s u a m ã e e r a s u a es p o s a e s e us i rm ã o s e i r m ãs e r am s e u s
f i l h o s ; s u st e n t av a q u e s e u p a i n ã o e xi st i a . O m es m o p a c i e nt e i n s is t i u e m q u e e r a
c e g o , em o ut r a s o c as i õ e s, f a l o u d e t er s i d o c as t r a d o . O p a c i e n t e e s q u i zo f r ên i c o
f r e q ü e n t e m e nt e r e v iv e a t r a g é d i a d e S ó f oc l e s c om u m a p r e c is ã o d e d eta l h e s
i m p r e s s i o n a nt e , a p o nt o d e s e a t r i b u i r um b e r ç o r e a l .

Este material deve ser utilizado apenas como parâmetro de estudo deste Programa. Os créditos
deste conteúdo são dados aos seus respectivos autores.
Fr e u d é o r e s p o ns á v e l p e l a i n t r o d uç ã o d o c o nc e i t o d e É d i p o n a Ps i q u i a t r i a. A f ir m a
c o r r e t a m e nt e q u e o Co m p l e xo d e É d i p o é o c o nc e i t o n u c l e a r d as P s ic o s es , e q ue e l e
r e p r e s e n t a a p a r t e e ss e n c i a l d o Co n t e ú do d a s Ps i c os e s.

S e g u n d o Fr e u d , o Co m p l e x o d e É d i p o r ep r e s e n t a o p o n t o c u lm i n a n t e d a S e xu a l i d a d e
In f a n t i l .

O Co m p l e xo d e É d i p o em p a c i e nt e s n e u r ó t ic o s (s i n t om a s n ã o es t r ut u r a is ) é
r e l a t i v a m e nt e c om u m, p o r ém , a lt a m e nte s im b o l i za d o p o r s i nt o m as c o m o. Me d o ,
Co m p u l s ã o e Fe n ô m e n os d e Co n v e r s ã o.

Um a d a s m a i s f am o s as s e g u i d o r a s d e Fr e u d , Me l a i n e K l e i n ( 1 8 8 2 à 1 9 6 0 ); e s e u s
a d e p t o s ac r e d i t am q u e o S u p e r e g o c om e ç a a f u nc i o n a r m u it o m a i s c e d o d o q u e
Fr e u d t i n h a c om o a p r o xi m aç ã o ( 4 à 6 A no s ) ;

Me l a i n e K l e i n d i v e r g i a a o c o l oc a r n o n a s c i m e nt o os p r o c es s os d e i nt r o j e ç ã o q u e
c o n s t it u e m a b as e d o S u p e r e g o. O S u pe r e g o p r e c e d e d e a l g u ns m e s es o i ní c io d o
Co m p l e xo d e É d i p o, u m i n íc i o q u e K l e in l o c a l i za j u n t o c o m a P o s iç ã o De p r e ss i v a ,
a p r o xi m a d a m e n t e (s e g u n d o t r im e st r e d o p r i m e i r o a n o d e v i d a ) . As s im , a In t r o j eç ã o
p r i m i t iv a d o s e i o b om e d o s e i o m a u é o a l ic e r c e d o S u p e r e g o e i nf l u e n ci a o
d e s e n v o l v im e n t o d o Co m p l e xo d e É d i p o .

Introjeção (é o ajustamento do Objeto ao Sujeito, enquanto que a Projeção envolve uma discriminação do
Objeto em virtude de um conteúdo subjetivo que se projeta no Objeto).

AULA 06 - Neurose e Sintomas no


Contexto do Complexo de Édipo
O m o d e l o d e a p a r ec i m e nt o d as Ne u r o s e s e P s ic o s es é s im i l a r à f o r m aç ão d e
s i n t o m as d e sc r i t os n o s At o s Fa l h o s e n o s S o n h os . Du r a n t e t o d o o p r oc e s so d e
d e s e n v o l v im e n t o, e nf r e n t am o s a n g ú st i a s c o m a s q u a i s t e r em o s d e l i d a r.

S e f a l h a m os n e st e p r o c es s o, a Re p r e s sã o d e s e n c a d e a d a p e l o E g o c r i a r á u m po n t o
d e f i xa ç ã o, a o q u a l es t a r em o s s u j ei t o s a r e t o r n a r d i a n t e d e n o v as c r is e s ,
n o t a d a m e n t e a s c r i s es q u e p os s u am r e l aç õ e s c om Fa n t as i a s o u De s e j o s Re p r i m id o s .
A c h a m o s q u e a g o r a p o d e r e m os e n t e n d e r m e l h o r o c as o A n n a . S u a p e rm a n ê n c ia n o
l e i t o d e m o r t e d o p a i f o i um p r oc e ss o d o l o r o s o. Ma s e s t a r a l i. Cu i d a n d o d o p a i ,
e xe r c e n d o o p a p e l d e m ã e q u e e st a v a a u s e n t e , f e z c om q u e f o ss e r et o m a d a u m a
a n t i g a f i xa ç ã o d o Co m p l e xo d e É d i p o. O s p e ns a m e nt o s q u e q u e r e m s u r g i r s ã o
l i g a d o s a u m s e nt i m e nt o a m o r o s o, n ã o c om o f i l h a , m a s c om o um a m e n i n i n h a q u e
d e s e j a v a o p a i , e q u e q u e r i a t o m a r o l u ga r d e s u a m ã e.

Este desejo incestuoso é um tipo de desejo em que os valores morais não


permitem suportar. Fica estabelecido o conflito entre o desejo (ID) e a proibição
(Superego). O desejo que não pode surgir implica em um envolvimento
corporal com o pai. Já foi visto que a Fantasia Básica de Punição deste período
é a Castração, portanto, o temor de um ataque corporal, surge o sintoma como
um ponto de conciliação. Surge a Paralisia que o imobiliza. O corpo está
simbolicamente punido (castrado) para impedir a manifestação da sexualidade.
Mas, na punição está presente o desejo do pai. Todos esse processos são
inconscientes. Ao nível externo apenas um sintoma aparece. A angústia do
conflito não é vivida. O sintoma surge como enigma, que simultaneamente
atualiza, proíbe e encobre o desejo conflitivo.

Este material deve ser utilizado apenas como parâmetro de estudo deste Programa. Os créditos
deste conteúdo são dados aos seus respectivos autores.
O u t r o s Q u a d r os Ps i c o p a t o l ó g ic o s t êm o r i g e m s im i l a r . Co m o u m a p r o f u n d ame n t o
e s p e c íf i c o em c a d a q u a d r o, r e c om e nd a - s e ef e t u a r as s e g u i nt e s l e it u r a s d a s
s e g u i n t e s o b r a s d e Fr e u d :

1 - A n á l i s e d a Fo b i a d e u m m e n i n o d e 5 A n o s ( 1 9 0 9 ) ;

2 - A n á l i s e d e um Ca s o d e Ne u r o s e O b s es s iv a ( 1 9 0 9 ) ;

3 - O b s e rv a ç õ es Ps i c a n a lí t ic a s s o b r e u m c a s o d e P a r a n ó i a ( 1 9 1 1 ) .

S e g u n d o Fr e u d o Co m p l e x o d e É d i p o o cu p a u m l u g a r c e nt r a l n a e xp l i c a ç ã o d a Te o r i a
d a S e xu a l i d a d e q u e a P s i c a n á l i s e d e u , n ã o s o m e n t e a Ne u r o s e, m as a o c o n j u nto d a
a t i v i d a d e h um a n a e, em p a rt i c u l a r, d a c ul t u r a .

AULA 07 - Estruturas e Etiologia Freudiana


no Complexo de Édipo
A e s c o l h a d o O b j et o d e A m o r, n a m e d i d a e m q u e e st e , d e p o i s d a p u b e r d a d e ,
p e r m a n e c e m a r c a d o p e l o s i n v es t im e n t os d e O b j e t o s e Id e n t if i c a ç õ e s i n e r e n t es a o
Co m p l e xo d e É d i p o , e t am b é m, p e l a i n t e rd i ç ã o d e r e a l i za r o i n c es t o.

O a c e ss o a G e n i t a l i d a d e, n a m e d i d a e m q u e e s t e n ã o é g a r a n t i d o p e l a s i m p l e s
m a t u r a ç ã o b i o l ó g i c a. A o r g a n i za ç ã o g e n it a l s u p õ e a i ns t a u r aç ã o d o p r i m a d o d o f al o ,
e d i f i c i lm e n t e s e p o d e c o n s i d e r a r i n st a u ra d o e s s e p r i m a d o s em q u e a c r i s e E d i p i an a
e s t e j a r es o l v i d a p e l a v i a d a i d e n t if i c aç ã o.

E f e i t o s s o b r e a Es t r ut u r a ç ã o d a P e rs o n a li d a d e , s o b r e a c o n st i t u iç ã o d e d i f e r e nt e s
In s t â n c i a s, es p e c i a lm e n t e a s d o S u p e r e go e d o Id e a l d o E g o .

P a r a Fr e u d , e st e p a p e l e st r u t u r a nt e n a g ê n e s e d a t ó p i c a i n t r a p es s o a l e st á l i g a d o a o
d e c l í n i o d o Co m p l e xo d e É d i p o e à e n t r ad a n o p e r í o d o d e l at ê n c i a. S e g u n d o Fr e ud o
p r o c e s s o d e sc r i t o é m a i s d o q u e u m Re ca l c a m e n t o. “. .. No c as o i d e a l, e q u iv a l e a u m a
d e s t r u i ç ã o, a u m a s u p r es s ã o d o Co m p l e xo . . . Q u a n d o o E g o n ã o c o n s e g u i u p r ov o c ar
m a i s d o q u e um Re c a lc a m e nt o d o Co m p le xo , e s t e p e r m a n ec e n o ID e m es t a d o
i n c o n s c i e nt e : m a is t a r d e i r á m a n if e st a r a s u a aç ã o p at o g ê n i c a. .. ”

Fr e u d d i s c u t e d i f e r e nt e s f at o r e s q u e p r ov o c a m e ss e d ec l í n i o. No m e n i n o é a “ Ame a ç a
d e Ca s t r a ç ã o ” p e l o p a i q u e é d e t e rm i n a n t e n e st a r e n ú nc i a a o O b j e t o In c e st u o s o , e o
Co m p l e xo d e É d i p o s of r e um d ec l í n i o m ei o a b r u p t o .

Na m e n i n a , a r e l a ç ã o d o Co m p l e xo d e Éd i p o c o m o Co m p l e xo d e Ca s t r aç ã o é b em
diferente:

...Enquanto o Complexo de Édipo no menino é m inado pelo Complexo de


Castração, na m enina é o Com plexo de Castração que o torna possível e o
introdu z. Na m enina a renúncia ao pênis só se realiza após uma tentativa
para obter uma compensação. A m enina desliz a, ao longo de uma
equivalência sim bólica, pode -se dizer , do pênis para o filho, e o seu
Com plexo de Édipo culm ina no desejo, mantido por m uito tempo, de obter
como presente uma criança do pai, de dar a lu z a um filho seu...

O d e c l í n i o d o Co m p l e xo d e É d i p o em c a da i n d i v í d u o v a r i a d e p es s o a p a r a p es s o a .

O u t r a n o ç ã o d e Fr e u d a p ó i a a i nt e r p r e t aç ã o s e g u n d o, n a q u a l o É d i p o t r a n s c e n de a
v i v ê n c i a i n d i v i d u a l e m q u e s e e nc a r n a : “é a d e Fa n t as i a s O r i g i n á r i a s ”,
“ Fi l o g e n e t i c a m e n t e T r a ns m it i d a s ”, es q u em a s q u e e st r u t u r am a v i d a i m a g i n á r i a d o

Este material deve ser utilizado apenas como parâmetro de estudo deste Programa. Os créditos
deste conteúdo são dados aos seus respectivos autores.
s u j e i t o e q u e s ã o as t a n t as v a r i a n t es d a q u e s t ã o t r i a n g u l a r , c om o , e d u c aç ã o , c e na
p r i m á r i a , c a st r a ç ã o.

AULA 08 - A Diferença Sexual Anatômica


Ne s s a r e l a ç ã o m u it o s p o n t o s p r e c is am s e r e sc l a r e c i d os , j á q u e s e t i n ha a
c o m p r e e n s ã o d e s e r m u i t o m a is p r o f u n do n o m e n i n o , o p r o c es s o a n á l o g o q u e oco r r e
n a s m e n i n as .

P a r a Fr e u d , a d i f ic u l d a d e r es i d e n o fa t o d e n ã o s e r f á c i l o e sc l a r e c im e n t o d a s
p r i m i t iv a s r e l aç õ e s a m o r os a s i n f a nt i s, po r c o n t a d a p r of u n d i d a d e d a r e p r es s ã o a q u e
e s t a v am s u bm e t i d os c e r t os im p u l s os . Fre u d e xp l i c a c o m a l g u n s d et a l h e s, a r e l aç ã o
e n t r e os Co m p l e xo s d e É d i p o e d e Ca s t r a ç ã o n o s m e n i n o s, s e m d i ze r mu i t o ,
e n t r e t a n t o, s o b r e o m es m o p r o c es s o n a s m e n i n a s.

a ) Me n i n a s

O a p a r e c i m e nt o d o Co m p l e xo d e É d ip o t a n t o n os m e n i n o s c o m o n a s m e ni n a s ,
a p a r e c e n a Fa s e Fá l i c a , n a r e a l i d a d e , t ra t a - s e d e um a r e l a ç ã o t r i a n g u l a r e nv o l ve n d o
t r ê s p e r s o n a g e ns , o u s e j a , P a i , Mã e e S u j e i t o . O n d e a s e d u ç ã o oc o r r e a n ív e l d e
m o d e l o . E n q u a n t o o m e n i n o im i t a o p a i na t a r e f a d e s e d u zi r a m ã e; a m e n i n a a l ém d e
i m i t a r a m ã e n a t e n t at i v a d e s e d u zi r o p a i , e nc o n t r a p e l a f r e n t e a d u r a t a r e fa d e
r o m p e r a r e l a ç ã o d u a l c o m a p r ó p r i a m ãe . Q u a n d o a m e n i n a c o n s e g u e s u p e r a r e s t a
t a r e f a , t e r á m a is f a c i l i d a d e e m r e l a ç ã o ao m e n i n o d e d e s l i g a r -s e d a Im a g o d a m ãe .

Q u a n t o a m a i o r a d if i c u l d a d e d e s e c o m p r e e n d e r e st e s p r oc e ss o s m e n t a is e m
m e n i n a s , i ss o d ec o r r e , p o r um l a d o, d o fa t o d e q u e, es t es , e r a m, em s i m e sm o s, m a i s
c o m p l i c a d os q u e os a n á l o g o s, n o s m e n in o s e p o r o ut r o , a f u n ç ã o d a r e p r e ss ã o m a i s
i n t e n s a q u e s o f r e a l i b i d o n as m u l h e r e s.

O b s e r v a - s e o p a p e l p a r t ic u l a r m e nt e q u e o ó r g ã o g e n it a l d e s em p e n h a n os m e n i no s e
a e n o r m e s i g n if i c aç ã o p sí q u i c a q u e a dq u i r e n o s e u p l a n o m e nt a l . A l ém d is so , a
e xp e r i ê n c i a a n a l í t ic a n os t e m d e m o ns t ra d o q u e , p a r a o m e n i n o , é p a rt i c u l a rme n t e
d i f í c i l a b a n d o n a r a i d é i a d e p o s s e d a m ã e , q u e s e m p r e f o i o b j et o d e am o r , de s d e
q u a n d o o p o d e s e r. T em - s e, e nt ã o q u e e s t a ú l t im a r e f l e xã o n o s l ev a a p e ns a r q u e ,
t a l v e z, a v it ó r i a d o Co m p l e xo d e Ca s t r a ç ã o s o b r e o Co m p l e xo d e É d i p o , s oma d a
a o i n t e r es s e n a rc i s is t a q u e h á e m r e l açã o a o ó r g ã o t ã o a p r ec i a d o , s e d ev a a ou t r o
f a t o r , o u s e j a , à t e n a c i d a d e d a p r im e i r a re l a ç ã o a m o r os a .

T a l v e z e st a t e n d ê nc i a q u e é s u b s e q ü en t e n a m e nt e d o m e n i n o , p os s a a t i n g i r u m
c e r t o g r a u d e im p o r t â nc i a , n os s e g u i nt e s t e r m os : a b a n d o n a n d o o m e n i n o o s e u s en s o
d e p r o p r i e d a d e s o b r e o p ê n i s, i st o v a i s ig n i f i c a r q u e n u nc a p os s u i r á a m ã e ( o u qu e m
a s u b st i t u a ). P o r ém , s e p o r u m a m a n ife s t a ç ã o d e p o d e r s u p e r i o r d a p a r t e d o r i v a l
q u e é m a is f o rt e ( s e u p a i ), v em o m e n in o a r e n u n c i a r a s a t is f aç ã o d o s e u d e se j o ,
s e r - l h e - á a b e rt a , em s e g u i d a, a o p o r t u ni d a d e p a r a u m e nf r e n t am e n t o c o m s e u p a i ,
n u m a e n t ã o s it u a ç ã o m a i s v a nt a j o s a, q ue i n c l u i r i a um p os sí v e l r et o r n o a o s e u ob j e t o
d e a m o r o u a q u e l e q u e o s u b st i t u a.

b ) Me n i n o s

T a n t o n a s i t u a ç ã o e d í p ic a p o s it i v a, c om o n a n e g at i v a, o m e n i n o t e m e q u e o p a i o
c a s t r e, j á q u e a f o rç a d es t e é , o b v i am e n te s u p e r i o r .

Na p r i m e i r a at i t u d e, a c a st r a ç ã o r e p r e se n t a o c as t i g o q u e d ec o r r e d o f a t o d e s e r
i n a d m i s sí v e l o d es e j o i nc e st u o s o. Na se g u n d a é a c o n d i ç ã o n e c es s á r i a p a r a qu e o

Este material deve ser utilizado apenas como parâmetro de estudo deste Programa. Os créditos
deste conteúdo são dados aos seus respectivos autores.
m e n i n o a d o t e um p a p e l f em i n i n o e m r e l aç ã o a o p a i, o q u e e ns e j a r i a o es c a p e a nt e a
c a s t r aç ã o , q u e , a o m e n i n o, p a r ec e im i ne n t e , a o m e sm o t e m p o q u e c o n s e g u i r i a r e t e r
s e u s ó r g ã os g e n i t a is , b as t a n d o, p a r a t an t o , r e n u nc i a r a s r e l aç õ e s am o r o s as c o m o s
progenitores.

O b s e r v a - s e o p a p e l p a r t ic u l a r m e nt e im po r t a n t e q u e o ó r g ã o g e n i t a l d e s em p e n h a n o s
m e n i n o s , a e n o rm e s i g n i f ic a ç ã o ps í q u ic a q u e a d q u i r e n o s e u p l a n o m e n t a l. A l é m
d i s s o , a e xp e r i ê n c i a a n a l ít i c a t e m d e m o ns t r a d o q u e , p a r a o m e n i n o é p a rt i c u l a rme n t e
d i f í c i l a b a n d o n a r a i d é i a d e p os s e d a m ã e , q u e s em p r e f o i o s e u o b j e t o d e am o r ,
s e m p r e q u e p os s a s e r . T e m -s e , e nt ã o q u e e s t a ú lt i m a r ef l e xã o l e v a o a n a l i sta a
p e n s a r q u e t a lv e z a v it ó r i a d o Co m p l e xo d e Ca s t r a ç ã o s o b r e o Co m p l e xo d e Éd i p o ,
s o m a d o a o i n t e r es s e n a r c is i st a q u e h á em r e l a ç ã o a o ó r g ã o t ã o a p r ec i a d o , s e d ev a a
o u t r o f at o r , o u s e j a , a t e n a c i d a d e d a p r im e i r a r e l a ç ã o a m o r os a .

T a l v e z es t a t e n d ê nc i a , q u e é s u b s e q u en t e n a m e nt e d o m e n i n o , p o ss a at i n g i r u m
c e r t o g r a u d e im p o r t â nc i a , n os s e g u i nt e s t e r m os : a b a n d o n a n d o o m e n i n o o s e u s en s o
d e p r o p r i e d a d e s o b r e o p ê n i s, is t o s i g n i fi c a r á q u e n u nc a p o ss u i r á s u a m ã e ( o u qu e m
a s u b st i t u a ). P o r é m, s e , p o r u m a m a n i fe s t a ç ã o d e p o d e r s u p e r i o r p o r p a rt e d o r i v a l
q u e é m a i s f o r t e ( o p a i ) , v e m o m e n i n o a r e n u n c i a r à s at i sf a ç ã o d o d es e j o , s e r - lh e - á
a b e r t a , e m s e g u i d a , a o p o rt u n i d a d e pa r a u m e nf r e n t a m e nt o c om s e u p a i , nu m a
s i t u a ç ã o m a is v a n t a j os a , q u e i nc l u i r i a um a p o ss ív e l v o l t a a o s e u p r im e i r o o b j eto d e
a m o r o u a q u e l e q u e o s u bs t it u a .

No a r t i g o p u b l i c a d o p o r Fr e u d e m 1 92 5 , “ A l g um a s Co n s e q ü ê nc i a s Ps í q u ic as d a
Di f e r e n ç a S e xu a l A n a t ôm i c a ”, ac o n t ec e u m e sc l a r e c im e n t o a r es p e i t o d o s Im p u ls o s
A m o r o s o s In f a nt i s P r i m it i v os n a s Me n i n a s P e q u e n as . Ne s t e, Fr e u d s us t e nt a q u e, n a s
m e n i n a s , o Co m p l e xo d e É d i p o ( q u a nd o f a l a d a a t it u d e q u e, p a r a a m e n i na , é
p o s i t i v o; e m h a v e n d o a m o r p e l o p a i e r iv a l i d a d e p e l a m ã e ) é um a f o r ma ç ã o
s e c u n d á r i a , i n t r o d u zi d a p r im e i r o p e l o Co m p l e xo d e Ca s t r aç ã o , o u s e j a , s u r g e d ep o i s
d e a m e n i n a t e r t om a d o c o n h e c im e n t o da d i f e r e n ç a e nt r e os d o i s s e xo s e d e a ce i t a r
o f a t o d e e l a s e r c as t r a d a.

E s t a t e o r i a e sc l a r e c e p r o b l e m as , p o r m e i o d es t a s u p os i ç ã o d e Fr e u d o bt é m -s e a
e xp l i c a ç ã o ( 1 ) d e m u i t as c a r a c t e rí st i c as e v o l u t i v as p os t e r i o r es , ( 2 ) d e d if e r e n ç as n a s
d i v e r s a s v ic i ss i t u d es d o Co m p l e xo d e Éd i p o e xp e r i m e n t a d a s p e l a s m e n i n as e pe l o s
m e n i n o s e ( 3 ) a f o r m aç ã o d o S u p e r e g o em a m b os os s e xo s et c.

a) Angústia de Castração e Operante na Menina

Me s m o d e p o i s d e t e r d e sc o b e r t o e s t a r e l a ç ã o , r es t am , a i n d a , v á r i os p r o b l e ma s a
e xi g i r s o l u ç õ e s. As s im Fr e u d a ss i n a l a qu e q u a n d o a A n g ú st i a d e Ca st r a ç ã o s e to r n a
o p e r a n t e n a m e n i n a, o u s e j a , e l a ac a b a p o r a c e i t a r a f a lt a d o p ê n is , m om e n t o em q u e
é v i t im a d a p e l a In v e j a d o P ê n i s, é n es t e p o n t o q u e c om e ç am a s e “ d i l u i r as r e l aç õ e s
t e r n a s c o m a m ã e e n qu a n t o o b j et o am o ro s o ” .

Fr e u d p e n s a q u e u m a d as r a zõ e s p o ss íve i s s e j a o f at o d e t o d a a m e n i n a , em ú l ti m a
i n s t â n c i a, r e s p o ns a b i l i za r s u a m ã e pe l a p e r d a d o p ê n i s, a l é m d i ss o , h á u m
s e n t i m e nt o d e c i úm e s m a is t a r d e, e m re l a ç ã o a um i rm ã o , p o r q u em a m ã e p ar e c e
d e m o n s t r a r m a i o r a m o r.

Fr e u d , e n t r e t a nt o , ac r e sc e n t a q u e o e fe i t o d a i n v e j a d o p ê n i s é a l u t a d a m en i n a
c o n t r a a m as t u r b a ç ã o, q u e é m a is i nt e n s a n as m e n i n a s d o q u e n o s m e n in o s ,
p r o l o n g a n d o - s e , i nc l u s iv e , p o r m u i t o m a is t em p o n as m e n i n a s.

b) A Descoberta do Onanismo Fálico Feminino

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Fr e u d c o n s i d e r a q u e a i n t e ns a l u t a d es e n v o l v i d a p e l a m e n i n a c o nt r a o O n a n is m o
Fá l i c o , r es i d e n o g o l p e a p l i c a d o n o s e u n a r c i s i sm o , v i n c u l a d o c om a i nv e j a d o pê n i s ,
s u s p e i t a n d o a m e n i n a ac e r c a d i ss o , t or n a - s e i n ú t i l c o m p e t ir c o m o m e n i n o se n d o
m e l h o r d e s is t i r d a c o m p et i ç ã o.

Q u a n d o d a d e sc o b e r t a d e t a l c a r ê n c i a oco r r e m c o n s e q ü ê nc i a s m e n t a is t ã o m a r c an t e s
n u m a m e n i n a , s o b r e t u d o, p o r q u e se p r o d u z n um d e t e rm i n a d o m om e n t o, u m
d e t e r m i n a d o e f e i t o ps í q u ic o , q u a n d o , p r ov a v e l m e nt e , a d i f e r e nç a a n at ô m ic a e nt r e e l a
e m e n i n o j á t e n h a s i d o n o t a d a, s e m, e n t re t a n t o , d e s e nc a d e a r - s e q u a l q u e r r e a ç ã o?

Co n s i d e r a n d o q u e é p e r f e i t a m e nt e p o s sív e l q u e a m e n i n a a l c a nc e s e ns a ç õ es fí si c a s
p r a ze r o s a s n o s e u c l it ó r i s d o m e sm o mo d o q u e um m e n i n o c o m s e u p ê n i s, t a lv e z,
P e r g u n t a - s e P o r q u e r e a g i r i a d e ss a f o rm a u m a m e n i n a, a n t e a d e sc o b e r t a d o s e u
p r ó p r i o c l it ó r i s . P o r s e r m e n o r q u e o p ê n i s d o m e n i n o, s e r i a o m e sm o q u e n ã o
possuí-lo?

P a r a r e s p o n d e r s e r i a b om a n a l i s a r o pr o c e s s o a n á l o g o n o m e n i n o; t e m -s e q ue o
m e n i n o é c a p a z d e es t a b e l e c e r um a r e la ç ã o o b j et a l , t o m a n d o, c om o p r im e i r o ob j e t o
a m o r o s o , a m ã e q u e o a l im e n t a e q u e d e l e c u i d a .

c ) P or que o Me n in o Adot a a T í pic a At it ude E dí p ic a

Na s f a s es p r é - g e n it a i s d o d es e n v o lv i me n t o l i b i d i n a l , o m e n i n o c o n s e rv a o me s m o
o b j e t o d e am o r , o u s e j a, a m ã e . Q u a n d o , p o r é m, at i n g e a Fa s e Fá l i c a t em - se o
m o m e n t o q u e a d o t a a t í p ic a a t it u d e e d í pi c a , o q u e s i g n i f ic a q u e i n t e ns i f ic o u o d es e j o
d e p o s s u i r a m ã e e a o m es m o t em p o c r es c e o d e s e j o d e e l im i n a r o r iv a l , s e u p a i . E m
t o d o e st e p r o c es s o, o o b j et o a m o ro s o p e r m a n ec e o m e sm o . A o ac e i ta r a
p o s s i b i l i d a d e d e s e r c as t r a d o, um a a me a ç a d e c as t i g o q u e s e u p o d e r os o p a i p o d e
a p l i c a r , em f u nç ã o d e s e u s d e s e j os l i b i d in a i s , oc o r r e u m a m o d if i c aç ã o e m s u a at i tu d e
a m o r o s a , q u e é u m a a l t e r a ç ã o c a r ac t er í st i c a d e s e u s e xo . É m u it o p r o v áv e l q u e
a n t e s d e c o n c l u i r a Fa s e Fá l i c a e d e a d o t a r a at i t u d e e dí p i c a, o m e n i n o j á te n h a
a p e r c e b i d o d i f e r e n ç a e nt r e o s s e xo s , ob s e r v a n d o s u a i rm ã o u u m a c o l e g u i n h a d e
brincadeira.

d) A P r im e ir a Re a ç ã o do Me ni no

S e r á a d e n e g a r a r e a l i d a d e d e um a Ca s t r a ç ã o e af e r r a r - s e t e n a zm e n t e a o s e u
p r i m e i r o o b j et o am o r o s o. Co n t u d o, de p o i s d e v i o l e nt a s l u t as í nt i m as , f a z d a
n e c e s s i d a d e u m a v i r t u d e, r e n u n c i a n d o s e u o b j e t o d e a m o r p o d e n d o, c o m is s o ,
c o n s e r v a r s e u p ê n i s. P a r ec e n d o - l h e a in d a p r o v á v e l q u e h a j a p o ss i b i l i d a d e d e, n o
f u t u r o , l ut a n d o , v i r a v e n c e r o p a i , c on s e g u i n d o a v it ó r i a , n o rm a l m e nt e c o m u m a
s u b s t it u t a m at e r n a .

e ) O que Ac ont e c e c om a Me n ina

Para a men ina o prim eiro obj eto de am or também é a m ãe, que a
alim enta e dela cuida durante todo transcurso das etapas pré -genitais,
do desenvolv im ento lib idina l e Fase Fálica. A menina dispõe de um
órgão análogo ao pênis do menino, ou seja, o clitór is; que lhe dá a s
sensações de prazer na m asturbação, obtendo os mesmos prazeres do
menino. No campo psíquico ambos se desenvolv eram de modo
semelhante; a partir deste estágio é que a situação edípica da m enina
torna -se negativ a.

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AULA 09 - As Conseqüências da Aceitação
da Castração
É a p a r t i r d a í q u e s e es t a b e l ec e a d if e re n ç a n o d es e n v o l v im e n t o ps í q u ic o d e am b o s
o s s e xo s , o u s e j am a p a r t i r d a p e rc e pç ã o d a d i f e r e n ç a a n at ô m ic a e n t r e o q ue é
d e f i n i d o c om o h om e m e o q u e é d e f i n i d o c o m o m u l h e r .

P a r a o m e n i n o a C a s t r aç ã o p a i r a c o m o u m a am e a ç a, d e q u e p o d e v i r a e sc a p a r p o r
m e i o d e u m a c o n v e n i e nt e a l t e r aç ã o n o se u c o m p o rt a m e n t o, m a s p a r a a m e n i n a n ã o ,
j á q u e e st a s e v ê d i a nt e d e u m f at o co n s u m a d o e i r r e v o g áv e l , q u e ac a b a p o r l h e
i m p o r u m a r e n ú n c i a a o s e u p r im e i r o o b j e t o d e a m o r, l ev a n d o - a p r o v a r e m t od a a
e xt e n s ã o d a e xp e r i ê n c i a , a a m a r g u r a da p e r d a . A l é m d i ss o , é u m m o m e nt o em q u e
e l a r e c o n h e c e q u e é o b r i g a d a a ab a n d o n a r c a b a l m e n t e s u a At i t u d e E díp i c a
Ne g a t i v a , b em c o m o a p r át i c a m a st u r ba t ó r i a q u e l h e é i n e r e n t e. A s s im a r e la ç ã o
o b j e t a l c o m a m ã e s e t r a n sf o r m a n um p ro c e s s o d e i d e n t if i c aç ã o , e n q u a n t o q u e o p a i
é e l e i t o c o m o o b j e t o d e am o r ; é q u a n do o i n i m i g o p a ss a a s e r a m a d o, s u r g i nd o o
d e s e j o d e t e r um f i l h o , c om o s u b st i t u iç ã o a o d e s e j o d e p os s u i r u m p ê n i s.

Um f i l h o p a r a a m e n i n a v a i t e r o v a l o r na r c í s ic o s e m e l h a nt e a o p ê n i s p a r a o m en i n o ,
j á q u e s om e n t e a s m u l h e r es s ã o d es i g n a d a s p e l a a n a t u r e za a d a r l u z a f i l h os .

Fr e u d e xp l i c o u e m v á r i a s o c as i õ e s q u e n ã o h á n e n h um m ot i v o p a r a s e c om p a ra r a
c a u s a d o d es a p a r e c im e n t o d o Co m p l e xo d e É d i p o P o s i t iv o n a m e n i n a , c o m a a m ea ç a
d e Ca s t r aç ã o q u e e xi s t e em r e l a ç ã o a os h om e n s, p o r i ss o m es m o, o Co m p l e xo d e
É d i p o v a i s e d es v a n ec e n d o , p o r é m, n u nc a ac a b a , ( i n d i ví d u o s e xp e r i m e nt a m m el h o r
r e s o l u t i v i d a d e d o q u e o ut r o s ); à m e d i d a q u e v a i s e i n c o r p o r a n d o a o d e s e n v o lv i me n t o
n o r m a l , s e rv e p a r a e xp l i c a r a s m u i t a s d ife r e n ç a s q u e s e o b s e r v am n a v i d a m e nt a l d e
a m b o s os s e xo s .

V i d e o - A u l a s s o b r e o as s u nt o , p r o d u zi d a s p e l a P s ic o l ó g i c a T V:

P a r t e 1 : ht t ps :/ /w ww . yo u t u b e . c o m/ w at c h ?v = Do i xH F yv v w E

P a r t e 2 : ht t ps :/ /w ww . yo u t u b e . c o m/ w at c h ?v = w Xh T Ue Hh P R M

P a r t e 3 : ht t ps :/ /w ww . yo u t u b e . c o m/ w at c h ?v = K Mb W 5f 3 8 NT g

P a r t e 4 : ht t ps :/ /w ww . yo u t u b e . c o m/ w at c h ?v = n V 3 Hk8 K E s u 8

P a r t e 5 : ht t ps :/ /w ww . yo u t u b e . c o m/ w at c h ?v = Ud T A CO C8 6 Dc

P a r t e 6 : ht t ps :/ /w ww . yo u t u b e . c o m/ w at c h ?v = yv O X_ CQ Z_ f 0

P a r t e 7 : ht t ps :/ /w ww . yo u t u b e . c o m/ w at c h ? v = 7 ZV MHq n s kv o

P a r t e 8 : ht t ps :/ /w ww . yo u t u b e . c o m/ w at c h ?v = r f yr A NB 5 9 Dg

AULA 10 - Busca da Completa


Feminilidade
De v e - s e c o ns i d e r a r p e l o m e n o s d u a s p os s i b i l i d a d e s; ( 1 ) O u a m e n i n a n ã o c o ns eg u e
a b a n d o n a r o s e u d es e j o d e p o ss u i r s u a m ã e ; s e n d o , p o r is s o m e sm a , m u it o d é b i l s e u

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a p e g o a o p a i , o u ( 2 ) E nt ã o , at é q u e s e e m p e n h e e n e r g ic a m e n t e n o s e u i n t e nto d e
c o n s e g u i r s u bs t it u i r s u a m ã e p o r s e u p ai , c o m o o b j e t o d e a m o r, m a s d e p o is v i nd o a
s o f r e r , d a p a rt e d o p a i , n o v os d es e n g a n o s , ac a b a r et o r n a n d o à p r i m e i r a p o s iç ã o .

No artigo “Algumas Conseqüências Psíquicas da Diferença Sexual Anatômica”, Freud destaca o fato de
desempenharem, os ciúmes, um papel muito importante na vida das mulheres do que na dos homens,
residindo a causa, segundo S.F; no fato de os ciúmes primários serem reforçados pela inveja do pênis.
Talvez a isto possa aduzir que os ciúmes femininos são mais intensos do que os masculinos, em função
de nunca ter a mulher conseguido garantir a ligação com seu primeiro objeto de amor, enquanto que o
menino ao tornar-se adulto, normalmente, consegue.

Na m a st u r b a ç ã o, a m e n i n a ac a r i c i a o c l i t ó r i s e o m e n i n o o p ê n i s. G e r a lm e n te a
m e n i n a é es p a n c a d a p o r f a zê - l o , i st o si g n i f i c a p a r a a m e n i n a u m c as t i g o c om o s e
t i v e ss e t i d o r e l aç õ e s s e xu a i s p r o i b i d as e p o r o u t r o, u m a s u bs t it u i ç ã o r e g r es s iv a p a r a
e l a s . Ac o n t ec e q u e n a Fa s e Fá l i c a , c a st i g o d ec o r r e n t e d e r e l aç õ e s l i b i di n a i s
p r o i b i d a s , é n a d a m a i s , n a d a m e n os d o qu e C a s t r a ç ã o.

A m e n i n a p e r c o r r e d u as s i t u aç õ e s e d íp i c a s : p r im e i r o a n e g at i v a, q u e o c o r r e n o s
m e sm o s t e r m os d a q u e ac o n t ec e c om o m e n i n o , s e n d o q u e , e xi st e o m om e n to d e
a b a n d o n o d a m e n i n a, o u s e j a, q u a n d o r o m p e a r e l aç ã o d u a l c o m a m ã e, q ua n d o
d e s c o b r e e a c e it a q u e r e a l m e n t e é c as t r a d a , p o n d o n o s e u l u g a r , o a n t i g o ri v a l ,
t r a n s i t a n d o a ss i m p a r a a s it u a ç ã o e d í p ica p o s i t iv a .

AULA 11 - Alguns Casos de Análises com


Meninas-Mulheres
Um a j o v e m h av i a s of r i d o u m a Ne u r o s e Hi s t é r i c a , b a st a n t e s e v e r a , m as s u a a ná l i s e
e s t a v a b a st a n t e e nc a m i n h a d a; s e u Co mp l e xo d e É d i p o e s t av a r e l a t iv a m e nt e n o rm a l ,
s u a r i v a l i d a d e c om a i r m ã e s u a i nv e ja d o p ê n i s d o s e u i rm ã o m e n o r , t u d o f e i t o
d e b a i xo d a m e l h o r c om p r e e n s ã o e ac e i t aç ã o p o r p a r t e d a j ov e m p ac i e n t e . Mu i t os d o s
s e u s s i nt o m as h a v i am d e s a p a r ec i d o , c o n t u d o , p a r a s u a t r is t e za , n ã o c o n s eg u i a
r e a l i za r q u a l q u e r t r a b a l h o .

Q u a n d o s e c om e ç o u a a n a l i s a r a t r a n sfe r ê n c i a n ã o r e s o lv i d a , p e r c e b e u -s e q u e e s t a
e r a d e n a t u r e za a m b iv a l e n t e, em q u e um p a p e l m a sc u l i n o c um p r i a um d e s em pe n h o
i m p o r t a n tí ss i m o n a s it u a ç ã o. As s im , f o i m u i t o d i fí c i l d e t e rm i n a r q u a l e r a o m a i s fo r t e ,
s e u am o r a p a i xo n a d o , o u s e u ó d i o m e n o s a p a i xo n a d o . Co m e ç o u -s e u m a f o r t e
t r a n s f e r ê nc i a e m r e l aç ã o a o a n a l i s t a, s u a at i t u d e p a r ec i a d e b us c a d e p r ote ç ã o
m a t e r n a , m as p a ss a n d o a l g u m t em p o, a p a c i e nt e , t o r n o u - s e r e b e l d e e ho s t i l .
Co m p o r t a n d o - s e c om o u m j ov e m n amo r a d o , q u a n d o, p o r e xe m p l o , d e sc a r r eg a v a
v i o l e n t o s a t a q u es c o nt r a um s u p o st o j o ve m r i v a l n a v i d a r e a l . A i n t e r p r et a ç ã o ó bv i a ,
e m p r i n cí p i o , a p a c i e n t e d e s e j av a i d e nt i f i c a r - s e c o m o a n a l i st a . T a l i n t e r p r eta ç ã o
t o r n o u - s e i n a d e q u a d a d e p o is q u e o a na l i s t a t o m o u c o n h ec i m e nt o d e um a s é r ie d e
s o n h o s d a p a c i e nt e . Q u a n d o a p a c i e nte r e c o r d o u d e v á r i a s s i t u aç õ e s d e i n f ân c i a ,
q u a n d o o s p a i s b r i g a v am , as s um i n d o el a u m a s it u a ç ã o d e p r ot e ç ã o em r e l a ç ão à
m ã e , e m o ut r a s o c as i õ e s d em o n st r a v a a f et o m út u o , e n q u a n t o i a o d i a n d o o p a i e
d e s e j a n d o a m ã e p a r a s i . Ho u v e u m mo m e n t o e m q u e a a n á l i s e r e v e l o u um fo r t e
a p e g o a o p a i , b e m c o m o a e xp e r i ê n c i a qu e m a r c o u o f i m d e ss a r e l a ç ã o p os i t iv a . E r a
o t em p o em q u e a m e n i n a d o r m i a n u m q u a r t o c o nt í g u o a o d o s p a is , t e n d o e la o
c o s t um e d e c h a m á - l os d u r a n t e a n o it e qu a n d o q u e r i a u r i n a r . No p r i n c í p i o e xi g i a q u e
a m ã e a a t e n d es s e, p as s a n d o, l o g o d e p oi s , a s o l ic i t a r q u e v i e ss e o p a i .

Re l a t o u q u e a os 5 A n o s d e i d a d e , s em pr e c h am a v a o p a i , m a s n a q u e l a n o i t e, o p a i
a o a c e r c a r -s e d o b e r ç o, r e p e nt i n a m e nt e l h e d e u u m a b o f et a d a n o r o st o . Ti n h a
p r e s e n t e e m s i v á r i as r e c o r d a ç õ es d o te m p o em q u e d o r m i a n o q u a r t o d os p a i s e
d i s s e q u e m u it ís s im a s v e ze s ac o r d a v a d u r a n t e a n o i t e e s e s e nt a v a n a c am a . Co m

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e s t a s r ec o r d a ç õ es , f ic a v a c l a r o q u e , mu i t a s v e ze s h o u v e r a o b s e rv a d o o c o i t o d o s
pais.

S u a d e s i l u s ã o a o d es p e r t a r c o m a c am a m o l h a d a , d em o n st r a q u e t i n h a c o n sc i e nt e a
i m p o s s i b i l i d a d e d e v i r a p o ss u i r a m ã e , m es m o p o r q u ê, j á a a l g u m t em p o , h o uv e r a
d e s c o b e r t o o ó r g ã o g e n i t a l m as c u l i n o d o i r m ã o m e n o r.

A e n u r e s e p o d e s e r i n t e r p r et a d a c o m o s u bs t it u t o, o u c om o u m a c o nt i n u a ç ã o d a
m a s t u r b aç ã o ; o s o n h o m os t r a a i n t e ns id a d e d e s u a r e l aç ã o e m oc i o n a l c o m a m ã e
n a q u e l e s d i a s , p o r t a nt o , e r a ev i d e n t e q ue a p ac i e n t e d e p o i s d a d es i l u s ã o c o m o p a i
( a b o f et a d a ) , e m p e n h o u -s e e m r e t o r n a r o a n t i g o o b j e t o, a q u e l e q u e h o uv e r a ama d o
n a é p o c a d o s e u s o n h o , o u s e j a , a s u a m ã e e q u a n d o c r e sc e u , v e i o a c o n c r et i za r u m
i n t e n t o s em e l h a n t e , d e p o is d e u m n a m or i c o c o m u m i rm ã o d e s e u p a i , s e g u i n d o u m
r e l a c i o n a m e n t o h om o s s e xu a l p o r c u r t o e s p a ç o d e t e m p o, e xp e r i ê n c i a es t a q ue s e
r e p e t i u q u a n d o s e u a n a l is t a a n t e r i o r a r em e t e u p a r a o s e g u n d o a n a l is t a.

AULA 12 - O Complexo de Édipo na Obra


de Freud “Totem e Tabu”
Fr e u d t r a t a o a ss a ss i n a t o p r im i t iv o d o p a i c o m o m o m e nt o o r i g i n a l d a h u m a n i da d e .
Di s c u t ív e l d o p o nt o d e v i st a h is t ó ri c o , e ss a h i p ót e s e d e v e s e r e nt e nd i d a
p r i n c i p a l m e n t e c o m o um m i t o q u e t r a d u z a e xi g ê n c i a i m p o s t a a t o d o s e r h um a no d e
u m s e r “ r e b e n t o d e É d i p o ”.

O Co m p l e xo d e É d i p o n ã o é r e d u tí v e l a u m a s i t u aç ã o r e a l, à i n f l u ê nc i a ef e t iv a me n t e
e xe r c i d a s o b r e a c r i a nç a p e l o c a s a l p ar e n t a l . A s u a e f ic á c i a v em d o f a t o d e fa ze r
i n t e r v i r u m a i ns t â nc i a i nt e r d i t a r i a ( p r oi b i ç ã o d o i nc e s t o ) q u e b a r r a o a c es so a
s a t i sf a ç ã o n a t u r a lm e n t e p r o c u r a d a e q u e l i g a i ns e p a r a v e lm e n t e o d es e j o à L e i ( po n t o
a c e n t u a d o p o r J a q u es L ac a n ) .

Is t o r e d u z o a l c a nc e d a O b j eç ã o i n t r o d uzi d a p o r Ma l i n o v s ki e r e t o m a d a p e l a e sc o l a
c h a m a d a Cu l t u r a l is t a, s e g u n d o a q u a l , em d e t e rm i n a d a s c iv i l i za ç õ e s em q u e o Pa i é
d e s p r o v i d a d e t o d a f u n ç ã o Re p r e s s iv a , n ã o e xi s t i r i a o Co m p l e xo d e É d i p o , m a s u m
Co m p l e xo Nu c l e a r c a r a ct e r ís t ic o d e ta l E s t r ut u r a S oc i a l . Na r e a l i d a d e, n es s a s
c i v i l i za ç õ e s, o s P s ic a n a l i s t as p r o c u r am d es c o b r i r e m q u e p e rs o n a g e n s r e ai s , e
m e sm o e m q u e i n st i t u i ç ã o, s e e n c a r n a a i n s t it u i ç ã o i nt e r d i t a r i a , e m q u e m o d a l i da d e s
s o c i a i s s e e s p ec íf i c a a es t r ut u r a t r i a n gu l a r c o n s t it u í d a p e l a c r i a n ç a, o s e u o bj e t o
n a t u r a l e o p o r t a d o r d a l e i.

E m o E g o e o ID, e m q u e p e l a p r im e i r a v e z f i g u r a o t e r m o S u p e r e g o, e s t e
c o n s i d e r a d o s i n ô n i m o d e Id e a l d o E g o, é u m a s ó i n s t â n c i a, f o rm a d a p o r i d e nt i f ic aç ã o
c o m os p a is c o r r e l at i v am e n t e a o d e c lí n i o d e É d i p o , q u e r e ú n e as f u n ç õ e s d e
i n t e r d i ç ã o e d e i d e a l . A s r e l a ç õ es d o S up e r e g o c om o E g o n ã o s e l im i t am a o p r ec e i t o
( v o c ê d ev e s e r as s im c o m o s e u p a i ) c o mp r e e n d e m i g u a l m e nt e a i n t e r d iç ã o : ” v oc ê n ã o
t e m d i r e it o d e s e r a s s im ” c o m o o p a i, qu e r d i ze r , d e f a ze r d e t u d o q u e e l e f a z, h á
m u i t a s c o is a s q u e s ã o r es e r v a d as a e l e .

AULA 13 - Outros Pensamentos sobre o


Complexo de Édipo
O A p a r e l h o Ps í q u ic o a p r es e n t a a s u a ma i o r o r g a n i za ç ã o e n t r e Ci n c o e S e is A n os d e
i d a d e , q u a n d o a T r i a n g u l a ç ã o E d i p i a n a é m a i o r ( Re l a ç ã o P a i , Mã e e S u j e i t o ). E sta s e
c o m p l e m e nt a n a P u b e r d a d e e A d o l e sc ê n c i a , q u a n d o, a p ós j á t e r em s i d o f e i t as a s
i d e n t i f i c aç õ e s c om os p r o g e n i t o r es , o su j e i t o p a r t e p a r a a s e xu a l i d a d e f o r a d el e s .

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T a n t o o m e n i n o q u a n t o a m e n i n a v iv e n c ia m u m p e r í o d o d u a l d e e xt r e m a d e p e n d ên c i a
m a t e r n a , c om i nt e n s a s im b i o s e ( v i d a e m c o m u m c om o ut r a o u o u t r as p es s o as ) .

O O b j e t o a l m e j a d o é a m ã e. Co m o d e se n v o l v i m e nt o , a r e l a ç ã o t o r n a - s e t r i a n g u l a r e
o m e n i n o p a ss a a d e s e j a r o q u e a mã e d e s e j a , o u s e j a , o p a i, e e n t ã o e le s e
c o n s c i e nt i za d e q u e t em o f a l o, ó r g ã o ge n i t a l m as c u l i n o . O m e n i n o p o d e a p r es en t a r
d o i s t i p os d e Fi xa ç ã o . O p r i m e i r o é um a d i s p o s i ç ã o a d i r i g i r p a r a a m ã e um a e no r m e
c a r g a l i b i d i n a l , d e n om i n a d a Id e n t i f ic a ç ão P r i m á r i a . O d e s e j o d e a g r e ss ã o a o pa i é
S u b l i m a d o , m as o p a i c o nt i n u a f u n c io n a n d o c om o r iv a l , d e v i d o a o m e d o d e
Ca s t r a ç ã o . O s e g u n d o t i p o d e f i xa ç ão d o m e n i n o é c om o p a i, a d q u i r e d o i s
s i g n i f i c a d os : r i v a l e m o d e l o a i m it a r .

O m e n i n o v i v e nc i a um a d u p l a i d e n t i fi c a ç ã o , m at e r n a e p a t e r n a. O m ov i me n t o
e xo g â n i c o n o m e n i n o é c a r ac t e r i za d o po r P r o c es s os Ps í q u ic o s q u e t e m o r i g em n o
s o c i a l e q u e l ev a m o m e n i n o d e i xa r o s Ví n c u l os P r im á r i o s e d i r i g i r -s e a o s
S e c u n d á r i o s . Q u a n d o o m e n i n o s u p e r a a f a nt a s i a d a Ca st r a ç ã o, d e s e r a t ac a d o p e l o
p a i , e l e s e nt e um a m ot i v aç ã o p a r a af a sta r - s e e r e n u n c i a r à c o n q u i s t a e r ó t ic a d a m ã e .
De s t a f o r m a e l e a b a n d o n a a l ut a c o n t r a s e u c o m p et i d o r n at u r a l e p r oc u r a o s o b je t o s
s u b s t a nt i v os p a r a d i r i g i r s u a c a r g a l i b i d in a l . A s e xu a l i d a d e f em i n i n a a p r es e n t a co m o
p r o b l e m á t i c a o f a t o d e q u e a m e n i n a d ev e e f et u a r um a m u d a n ç a d e O b j e t o P r i má r i o
A m o r o s o , p a r a c o n s e g u i r s u p e r a r o Co m p l e xo d e É d i p o . O m e n i n o t e m r e la ç ã o
h e t e r o s s e xu a l c o m a m ã e d es d e o n a sc i m e n t o e t em o p a i c o m o r i v a l. P o rt a nt o é
m a i s d if íc i l o a f as t am e n t o d e st a es t r ut u ra .

Na m e n i n a , o e i xo d o Co m p l e xo d e Éd i p o d e v e r á s o f r e r um a e s p éc i e d e t o rç ã o ,
c o l o c a n d o a m ã e c om o r iv a l e o p ai c om o O b j et o A m o r os o . A r e s o l u ç ã o d a
p r o b l e m á t i c a p a r a a m e n i n a o c o r r e d a co m p r o v a ç ã o d a i n e xi s t ê nc i a d e um p ê n is em
s i , e n q u a n t o c o n st a t a q u e o o ut r o s e xo o p o s s u í. A m e n i n a at r i b u i a m ã e o f a t o d e
n ã o p o s s e. A m e n i n a p o d e c o n s e rv a r a i d é i a i l u s ó r i a d e um d i a v i r a s e r i g u al a o
h o m e m , s e n d o es t e d es e j o d e n o mi n a d o c o m o In v e j a d o P ê n i s. Q u a n d o a me n i n a
a b a n d o n a o O b j e t o M a t e r n o , e l a p a ss a a t e r c o m o o b j et i v o p r i nc i p a l a o bt e n çã o a
p a r t i r d o p a i, d a q u i l o q u e a m ã e n ã o o de u . E l a r e n ú nc i a a t e r o p ê n is , m a s q u e r t e r
u m a c r i a n ç a, c om o u m p r es e n t e p a r a o p a i . At é t e r ac e ss o a e st e d e s e j o, a m en i n a
v i v e n c i o u m u it a s p e r d as , o ú t e r o, o p e ito , a s f e ze s ; p o r t a nt o , j á v i v e nc i o u d iv e rs a s
n ã o p o s s es a nt e r i o r e s q u e c u l m i n a r am co m a n ã o p o ss e d o p ê n i s.

A m e n i n a v o l t a -s e p a r a g a n h a r a a t e nçã o e a d m i r aç ã o d o p a i, q u e é o O b j e to d e
A m o r Ma t e r n o. É d i fí c i l p a r a a m u l h e r a s u p e r aç ã o t o t a l c om o v i n c u l o p r i m it iv o , o
m a t e r n o , e , m es m o a d u l t a, d em o n st r a s i n a s d e Fi xa ç ã o P r é - E d i p i a n a a o Ob j e t o
Ma t e r n o . A f i n a l i d a d e d o Co m p l e xo d e É d i p o , n a m e n i n a é g r a d u a l , p o is e m b or a a
a n g ú s t i a d a Ca s tr a ç ã o es t e j a p r es e n t e , o m e d o d e p e r d e r o a m o r d a m ã e é s u p e r i o r
e c o n t r i b u i p a r a q u e a r e n ú nc i a a os s e u s d e s e j os n ã o s e j a t ã o d r á st i c a c om o p ar a o
m e n i n o . J á s e d i ss e c o m j us t iç a q u e o Co m p l e xo d e É d i p o é o Co m p l e xo Nu c l e a r d a s
Ne u r o s e s e c o n st i t u i a p a rt e es s e nc i a l do c o n t e ú d o d e l a s.

O Co m p l e xo d e É d i p o r e p r es e n t a o á p ic e d a S e xu a l i d a d e In f a nt i l q u e, at r a v é s d e
s e u s e f e it o s u lt e r i o r e s, e xe r c e d e c is i v a in f l u ê n c i a n a S e xu a l i d a d e d os A d u l t o s. To d o s
o s q u e n a sc e m n es t e p l a n et a , v ê e m -s e a n t e a t a r ef a d e d o m i n a r o Co m p l e xo d e
É d i p o ; q u e m q u e r q u e d e f a ze - l o é ví t ima d a Ne u r o s e . Co m o p r o g r es s o d os e stu d o s
P s i c a n a l ít i c os , a im p o r t â nc i a d o Co mp l e xo d e É d i p o t o r n a - s e c a d a v e z m a i s
c l a r a m e n t e ev i d e n t e ; s e u r ec o n h e c im en t o t o r n o u - s e a s e n h a q u e d is t i n g u e o s
a d e p t o s d a P s ic a n á l i s e d o s s e us o p o n e nt e s .

AULA 14 - A Resistência
Freud inicialmente trabalhava com a hipnose ou método sugestivo. Alguns pacientes apresentavam
Resistência ao serem hipnotizados, surge em oposição à hipnose, o método psicanalítico, permitindo ao
psicanalista dois procedimentos importantes: aclarar as resistências ao tratamento e impedir a infração à

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regra da Associação Livre. Posteriormente a Resistência possibilita o acesso ao reprimido e ao âmago da
neurose, pois as forças que atuam na resistência são as mesmas que atuam na repressão.

Em 1914, Sigmund Freud, apresentou ao mundo em pleno início da primeira guerra mundial o artigo:
(Lembrar, Repetir e Elaborar) do alemão (Erinnern, Wiederholen und durcharbeiten) na realidade trata-se
de um manual que orienta ao psicanalista a Interpretar para identificar as Resistências e torná-las
Conscientes ao paciente. A diretriz é a seguinte:

(1) Associação Livre visando preencher lacunas de memória;

(2) Presença de Lembranças Encobridoras;

(3) Silêncio do Paciente - Resistência em Recordar Experiências Infantis;

(4) Atuação do Paciente - Ele não Recordaria, mas Repetiria através da Resistência;

(5) Durante a análise - Trata-se de um acontecimento passado que possui intensa realidade;

(6) A intensificação dos sintomas é algo necessário a sua superação;

(7) Pelo manejo da transferência, o psicanalista oferece ao paciente um significado transferencial ao seu
sintoma;

(8) Superação da Resistência; revelação da Resistência pelo analista ao seu paciente, havendo
elaboração desta pelo paciente.

Na Conferência - XXVII de 1917, Sigmund Freud aperfeiçoa sua teoria, basicamente em cima de dois
aspectos relevantes, ou seja;

(1) Se o psicanalista falar de seu Conhecimento Inconsciente, este não atingirá o Conhecimento
Inconsciente do paciente;

(2) Para transformar o material Inconsciente em Consciente, deve-se eliminar a Repressão, seguindo-a,
removendo-a, interpretando-a.

AULA 15 - Tipos de Resistência


As resistências exprimem-se de maneiras múltiplas. Tudo quanto impede o paciente de produzir material
que derive do Inconsciente é resistência. É impossível tabular as várias formas pelas quais a resistência
se pode exprimir. O paciente pode parar de falar, ou pode falar tanto que possibilite deduzir um fator
comum das suas verbalizações. O que ele diz parece desviar-se cada vez mais do que realmente quer
dizer, dando a impressão mais de extensão do que profundidade.

Por que as associações do paciente se estendem em todas as direções? Se chamarmos a atenção do


paciente para o fato, pode ele responder: “Você me pediu que dissesse tudo quanto me vem à mente. Se
as minhas associações tendem a espalhar-se em todas as direções, terei de abandonar a regra básica da
análise? Objetiva a resposta: o paciente deve seguir a regra básica tão estritamente quanto puder, mas,
se não desenvolve fator comum algum, depara o psicanalista com um problema antecedente, e este tem
de ser reconhecido antes de poder presumir-se o que realmente se quer dizer. Tanto o analista quanto o
paciente devem cooperar para descobrir por que é que o paciente exprime sua resistência desta forma
específica.

O paciente pode esquecer certas coisas, acontecimentos importantes da véspera, ou alguma coisa que já
tenha sido discutida. Pode criticar comentários do psicanalista, pode-se sentir antagônico ou não sentir-se
à vontade.

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Visa a análise demonstrar ao paciente os resíduos importunos do passado que aparecem nos seus
sentimentos e reações, ligar o presente com o passado. Assim, certa forma de resistência existe e
consiste no fato de o paciente falar apenas sobre o presente e recusar ver o passado; na forma inversa
da resistência, o paciente só fala nas recordações da infância e recusa-se a vê-las representadas na
realidade atual.

É objetivo da análise confrontar o Ego razoável do paciente com as emoções irracionais que nele existem.
Assim é que certa forma de resistência consiste no fato de o paciente ser sempre razoável e recusar a
aquisição de qualquer compreensão da lógica das emoções; no tipo oposto de resistência, o paciente
flutua continuamente em experiências emocionais vagas, sem alcançar a distância e a liberdade
necessárias que lhe permitiriam vê-las razoavelmente. Todas estas são formas de resistência que com
facilidade se reconhece como tais.

Sobre as resistências que operam de modo clandestino, certo paciente, por exemplo parece estar
fazendo um bom trabalho analítico; talvez esteja progredindo na compreensão das forças que trabalham
dentro dele, nas conexões significativas, na evocação de novas recordações infantis, e, no entanto, a
neurose não se altera, o que talvez se deva a operação de várias resistências ocultas. Certa atitude do
paciente que não haja sido ela própria analisada nulifica, às vezes o efeito da análise. Por exemplo, ela
pode ter um sentimento de dúvida: “isto tudo seria muito bonito se fosse verdade, mas não sei se é”. Ou o
paciente pode ter compreendido o que foi que as suas associações e as interpretações do analista lhe
mostraram e, no entanto, a noção permanece totalmente separada de sua vida real. É como se dissesse
para si mesmo: “ Isto tudo é válido apenas quando estou deitado no divã”. Outro exemplo: um paciente
aceita tudo quanto o analista lhe diz simplesmente por questões de cortesia, mas é justamente esta
atitude cortes que o protege da reviviscência plena de seus conflitos instintivos e, portanto, deve ser
primeiro analisada.

Existem resistências intelectuais em que determinados pacientes tentam recusar a validez teórica da
psicanálise em lugar de tentar clarificar a sua própria vida mental. Entretanto, existem também
resistências do tipo inverso; uns pacientes tornam-se adeptos entusiastas da psicanálise a fim de evitar a
aplicação a eles próprios.

As Resistências de Caráter são as mais difíceis de manipulação. Uma resistência aguda, aquela que se
dirige contra a discussão de um outro tópico em particular, é muito mais fácil de manipular do que as
“resistências de caráter”, trata-se de atitudes desenvolvidas previamente pelo paciente a fim de manter
suas repressões e que, então, exibe para com o psicanalista; atitudes estas que precisam ser rompidas,
antes de resolver as repressões.

AULA 16 - Resistências de Caráter


Em 1949, Wilhelm Reich assinalou que muitos psicanalistas não alcançavam total sucesso no processo
psicanalítico por não reconhecerem a transferência negativa latente que nada mais é do que uma forma
de resistência de caráter, entre outras.

Existem quatro tipos principais de Resistências de Caráter; (1) histérica; (2) compulsiva; (3) fálica-
narcisista; e (4) masoquista. A Resistência de Caráter é vista como uma reunião de defesas que foram
desenvolvidas pelo sujeito como um modo habitual de enfrentar a realidade.

a) Resistência de Caráter Histérico (inclui o Passivo Feminino)

O comportamento sexual óbvio combina-se com um tipo especifico de motricidade corporal que se
reveste de uma nuance definitivamente sexual. Esses traços de comportamento combinam-se com uma
clara disposição apreensiva que se acentua quando o comportamento sexual se aproxima da realização
de seu objetivo. O caráter histérico apresenta uma resistência apreensiva contra desejos incestuosos,
inibidos pela ansiedade relacionada com qualquer expressão genital.

Este material deve ser utilizado apenas como parâmetro de estudo deste Programa. Os créditos
deste conteúdo são dados aos seus respectivos autores.
b) Resistência de Caráter Compulsivo

Tem uma preocupação ostensiva com a ordem e arrumação, tendência para colecionar coisas, e
parcimônia e avareza. O pensamento é circunstancial e do tipo cogitativo. Esta resistência de caráter é
uma defesa contra os impulsos sádicos e agressivos.

c) A Resistência de Caráter Fálico-Narcisista

Mostra-se excessivamente autoconfiante e arrogante; o comportamento é frio e reservado, ou


escarnecedor e agressivo. As atitudes fálico-narcisistas no homem são uma defesa contra as tendências
passivas femininas e representam uma tendência inconsciente de represália contra o sexo oposto. A
resistência de caráter é manifestada nos protestos agressivos contra a análise e na tendência para
assumir o controle do trabalho de interpretação.

d) A Resistência de Caráter Masoquista

Demonstra tendências crônicas para a autodeterioração e a autodepreciação; e, subjetivamente tem uma


sensação crônica de sofrimento. A resistência em forma de autopunição masoquista é uma defesa contra
a punição e a ansiedade, na medida em que representa uma punição substituta mais moderada. A
resistência de caráter masoquista evita a ansiedade pelo desejo de ser amado, mas a exigência
excessiva de amor é disfarçada na provocação ostensiva do objeto de amor. A finalidade disso é fazer
com que a pessoa provocada reaja com um comportamento que justifique a censura: “Veja como você me
trata mal”.

AULA 17 - Outras Resistências


a) Resistência a Transferência

A transferência pode ser positiva (libidinal). É observada quando o paciente transfere harmoniosamente o
material reprimido para o psicanalista. Entretanto, o material pode ser rejeitado pelo Ego ou pelo
Superego, ou seja, há resistência ao aparecimento do material na consciência, e, em conseqüência
poderá ser mantido no Inconsciente. O paciente fornece uma pista indireta mantendo silêncio sobre o
tópico em questão. Ou o material poderá ser projetado no analista, aparecendo então como algo
indesejável supostamente possuído pelo psicanalista. O material reprimido pode retornar à Consciência
em uma das muitas formas conhecidas, mas somente quando constitui um conflito entre o paciente e o
psicanalista é que se utiliza a expressão “Resistência a Transferência”.

b) Resistência do Ego

Grande parte da resistência a ser vencida em análise é produzida pelo Ego, “que se apega tenazmente às
suas anticatexias”. Em outras palavras, o Ego “acha difícil desviar suas atenções para percepções e
idéias de cuja evitação ele tinha feito até então uma regra, ou reconhecer que lhe pertencem impulsos
que constituem a mais completa antítese daqueles que lhe são familiares e que reconhece como seus”.

Essa resistência do Ego é conhecida mais especificamente como resistência da repressão. É


frequentemente inconsciente. Quando a resistência se tornou consciente, são utilizados argumentos
lógicos para induzir o Ego a renunciar a ela e são apontados os ganhos que daí resultarão.

Freud descreve mais duas Categorias de Resistências do Ego: Uma, que é do mesmo caráter que a
resistência da repressão mas existe especificamente com referência a situação analítica, é a resistência
da transferência: a repressão constantemente exercida pelo Ego, está neste caso, especificamente
relacionada com a pessoa do psicanalista e apresenta-se na análise de maneiras diferenciadas e mais
definidas do que uma simples resistência à repressão. Outra categoria de resistência do Ego está
relacionada com o ganho da doença. Os sintomas no rechaçamento de impulsos instintivos perigosos
aliviam a ansiedade e, ao mesmo tempo, servem como um meio de gratificação desses impulsos
instintivos. O Ego opõe-se à renúncia de gratificação e do alívio que “se baseiam na inclusão do sintoma
no Ego”.

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deste conteúdo são dados aos seus respectivos autores.
c) Resistência Consciente

Termo Freudiano para a retenção intencional de informações pelo paciente, por causa da desconfiança
em relação ao psicanalista, vergonha, medo, rejeição, etc. Em suas primeiras pesquisas, Freud descobriu
que os pacientes não conseguem manter ininterruptamente a Livre Associação e, mais cedo ou mais
tarde, deixam de mencionar algo que ocorre com eles.

Apresentam outros sinais de dificuldade para com o processo de tratamento: chegam atrasados às
consultas, não comparecem no dia e hora marcados, perdem o interesse em seus próprios problemas e
concentram toda a atenção na tentativa de conquistar o amor do psicanalista, travam uma competição de
talento com ele. Uma interferência sutil por parte do psicanalista pode geralmente induzir o paciente a
superar essas dificuldades conscientes.

d) Resistência Inconsciente

É mais significativa e mais complicada de ser vencida, pois se origina no Ego como defesa contra a
revelação do material reprimido, que o Ego se esforça constatemente para evitar, uma vez que produz
ansiedade. A Resistência Inconsciente é mais do que um fenômeno que se manifesta no início do
tratamento e depois é superado na maioria das vezes de maneira definitiva. Trata-se de uma força
conservadora que busca manter Status-Quo que se apresenta através de análise sempre que dados
significativos estão em discussão.

e) Resistência do ID

Manifesta-se mais nitidamente em pacientes em tratamento psicanalítico que deriva da compulsão de


repetição (Wiederholen) e se manifesta tipicamente como situações de desconfiança, ressentimento,
depreciação etc, que dominam a situação analítica durante os períodos de aparentes impasses. Por mais
numerosas que sejam as suas interpretações dadas pelo analista, e por mais válida que seja cada
interpretação, o mesmo material continua a reaparecer. “Em suma, tendo-se esgotado as possibilidades
de Resistências provenientes do Ego ou Superego; o analista se encontra diante do fato nu e cru de que
uma série de representações estão sendo repetidas diante do próprio psicanalista. Isso é, ao mesmo
tempo, uma pista para compreensão da situação, porque quanto mais perto está o psicanalista e o
paciente diante da situação de repetição aparentemente cega, mais próximos se encontram de
características de excitações instintivas.

O que aconteceu foi que o “ID” fez uso de defesas enfraquecidas do Ego para exercer uma atração maior
sobre apresentações pré-conscientes. Talvez por essa razão, Freud descreveu essa manifestação como
sendo “Resistência da Mente”. Um dos únicos métodos de contrariar a resistência do “ID” é a
perlaboração.

f) Resistência do Superego

É um tipo de resistência encontrada no tratamento psicanalítico em que a necessidade de punição, tal


qual se manifesta em sentimentos de culpa e no comportamento masoquista, continua a produzir
sintomas e é a única barreira para resolução destes. A Resistência do Superego manifesta-se com maior
freqüência nos pacientes obsessivos, cujo a Ansiedade é um medo de perder o Amor do Superego.

AULA 18 - Dicas Psicanalíticas em relação


à Resistência
Ao recordar Resistência com o paciente, o analista deve:
1. Demonstrar e esclarecer a Resistência;

2. Interpretar os Determinantes do Inconsciente pela identificação dos impulsos instintais, fantasias e


recordações que constituem o conteúdo do material reprimido;

3. Além das palavras, observar o silêncio e as expressões faciais (pistas) na busca de afetos;

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4. Levar o paciente a um reforço da Associação Livre pela avaliação objetiva das pistas, que levam o
paciente à compreensão de que tal comportamento é a própria resistência. Levar ao Ego - Racional, para
que a Resistência deixe de ser Egossintônica e se torne Egodistônica;

5. Compreender que o que aconteceu antes determina o que acontece agora;

6. Esforçar para entender o paciente nos termos em que se exprime e não nos seus próprios;

7. Esforçar para separar o Ego-Racional do Ego-Vivenciador;

8. Levar o paciente à compreensão da Egossintonia com o comportamento e reforçar os indicadores da


disposição de intensificar e estabilizar a análise transferencial;

9. Ocorrerão graves dificuldades se Resistências Inconscientes se fundirem com as evidentes. Aferrar-se


ao material conhecido (e reconhecido), visando enfraquecer a resistência do Inconsciente.

Abaixo, apresentamos uma lista de alguns cuidados do Psicanalista para


combater a Resistência do paciente:
1. Neutralize o entusiasmo, colocando-se em segundo plano (fazer o mínimo de ruído);

2. Nunca seja imaturo! É fundamental que o paciente se dê conta da tenacidade da Resistência; mas
cuidado com o incremento da Resistência.;

3. Passividade excessiva tumultua o lado do paciente. Atividade excessiva “abafa” o paciente,


gratificando-lhes seus desejos passivos, pois o abafamento reduz os impactos emocionais;

4. Nunca imite o paciente; no silêncio leve-o a falar (atentar para a contra-resistência). Nunca brincar!
Nunca Censurar! Nunca se Contrapor;

5. Lembre-se sempre de que toda Resistência vencida pode ressuscitar;

6. Resistências são fugas. Leve o paciente a descobrir do que foge;

7. Nunca diga ao paciente: “Você está Resistindo! Fugindo! Escondendo!”;

8. Detecte segredos: “Porque é segredo?”;

9. Torne consciente o Inconsciente via Associação Livre, trazendo a tona o esquecido, que pode se
render ante a Resistência, neutralizando a mudança.

Eis algumas Soluções do Analista para Resistências:


1. Analisar Resistências antes de Conflitos Neuróticos;

2. Neutralizar a Resistência assim que detectá-la;

3. Capacitar o Ego a entender o ID, Superego e o Mundo Externo;

4. Buscar o Ego racional;

5. Analisar o Ego sempre antes do “ID”;

6. Lembrar sempre das Defesas Patogênicas

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A Resistência e a Transferência são elementos centrais no processo terapêutico. Na teoria tópica de
Sigmund Freud do ano 1900. A instância denominada de Inconsciente, sempre tem a tendência de
Recordar Repetir Elaborar. Já o Pré-Consciente apresenta Resistência para romper a primeira grande
barreira e o Consciente apresenta resistência menor para romper a segunda barreira.

Na segunda teoria tópica de 1923, Freud chegava a conclusão que os mecanismos de defesa do Ego
visam manter afastados os perigos. Pacientes que preparam com cuidado o que não comunicar,
desrespeitando a regra fundamental da psicanálise, que é a Associação Livre; geram resistência para
impedir que os pensamentos desagradáveis venham à superfície. A primeira resistência revela o
complexo que dirige sua neurose, ou seja, os conflitos entre o Inconsciente e Consciente passam pela
resistência, que só conseguem ser superados na dinâmica da transferência. “A intensidade e persistência
na transferência, constituem efeito e expressão da resistência”.

A resistência se refere à transferência negativa e transferência positiva com impulsos eróticos. Esta
seqüência segue a seguinte diretriz básica. A Atração dos Complexos Inconscientes estimulam a Libido a
entrar num Curso Regressivo que estimulam a Revivência dos Protótipos e Imagos da Infância criando-se
então a famosa Região de Resistência.

O papel do psicanalista competente somado ao “Ego Observador” mais a análise da racionalidade do Ego
Vivenciador, possivelmente seja uma das melhores maneiras para restauração da autoridade do Ego,
mesmo se este Ego estiver bombardeado de resistências.

AULA 19 - Leitura Indicada


Como o assunto é de extrema importância, aconselhamos nossos alunos a se aprofundarem ainda mais
nos assuntos abordados neste módulo.

Indicações de leitura e estudos:

• CHEMANA, Roland. Dicionário de Psicanálise. Artes Médicas: Porto Alegre, 1995.


• HO RN E Y , K a r e y. O n t he G e ne s is of t he Ca s t r a t io n Com ple x i n W om e n . Im a g o :
Ri o d e J a n e i r o , 1 9 2 4 .
• A B RA HA M, K a r l . Ma nif e s t a ç õe s do Co m ple x o de É d ip o Fe m in in o . Im a g o : Ri o d e
J a n e i r o , 1 9 2 0.
• A B RA HA M, K a r l . T e or ia P s ic a na lí t ic a d a Lib ido . Im a g o : Ri o d e J a n e i r o, 1 9 7 0.
• FREUD, Sigmund. A Dinâmica da Transferência (1912) – Vol. XI. Imago: Rio de Janeiro, 1980.
• FREUD, Sigmund. Recordar-Repetir-Elaborar (1914) – Vol. XII. Imago: Rio de Janeiro, 1969.
• FREUD, Sigmund. Um Estudo Auto-Biográfico: Resistência, Inibições, Sintomas, Ansiedade e
Outros Trabalhos - Vol-XX. Imago: Rio de Janeiro, 1974.
• FRE U D, S i g m u n d . A T e or ia da Libi do e o Na r c is is m o - V ol. X V I . Im a g o : Ri o d e
J a n e i r o , 1 9 8 0.
• L A P L A NC HE E P O NT A L IS . V oc a bu lá r i o de P s ic a ná l is e . Ma r t i n s e Fo n t e s: Sã o
Paulo, 1992.

Este material deve ser utilizado apenas como parâmetro de estudo deste Programa. Os créditos
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