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PSICOMOTRICIDADE
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NOSSA HISTÓRIA
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Sumário
NOSSA HISTÓRIA ..................................................................................................... 1
Sumário ...................................................................................................................... 2
Introdução .................................................................................................................. 3
Inconsciente ....................................................................................................................... 6
Desejo ................................................................................................................................ 8
Transferência ..................................................................................................................... 9
Sublimação/Pulsão ........................................................................................................... 11
Self ................................................................................................................................... 14
Referências .............................................................................................................. 32
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Introdução
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Fundamentos da teoria psicanalítica
Por que estamos falando tanto em Freud? Simples: não só ele, mas outros
psicanalistas também trouxeram contribuições para a Psicomotricidade!
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Quanto a teóricos que uniram psicanálise, neurologia, filosofia e outras áreas
afins, trazendo contribuições para as relações corporais do sujeito podemos citar Paul
Schilder (1886-1940).
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Conceitos importantes advindos da Psicanálise para o
desenvolvimento humano
Os conceitos centrais da psicanálise são:
Inconsciente
Desejo
Ego, Id e Superego
Self...
Inconsciente
A palavra inconsciente possui duplo significado. Ela define todos aqueles
processos mentais que ocorrem sem que o indivíduo se dê conta. Sem que tenha
consciência sobre eles. Esse é o significado mais amplo, – ou genérico – atribuído ao
termo.
A equipe do site Psicanálise Clínica (2017) explica que a maior parte dos
pesquisadores empíricos da psicologia e psicanálise defendem a existência desses
processos. No entanto, quando esse termo é apropriado pela psicanálise, ele se torna
um conceito. Por isso, dentro desse campo de pesquisa e trabalho, ela assume um
significado mais específico.
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Figura 2 - Metáfora do Iceberg - o inconsciente e o consciente humano
Essa definição pode variar dentro da própria psicanálise. Isso porque diferentes
autores identificaram diferentes aspectos dessa parte de nossa mente.
(https://www.psicanaliseclinica.com/o-que-e-inconsciente/).
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subtraída também a toda intenção de comunicação [...]. Somente a
metodologia inventada por Freud - e não uma metodologia pretensamente
orientada para o significante -, que alia indissoluvelmente livres associações
e situação analítica, permite reabrir parcialmente, de um modo precário, de
um modo sempre rediscutido, um inconsciente sempre prestes e pronto a se
fechar de novo à comunicação, pois que esse fechamento é inerente à própria
essência de sua constituição.
Desejo
Vontade, necessidade, desejo... palavras que usamos corriqueiramente não é
verdade? Mas e para a Psicanálise, será que tem relação com esse sentido cotidiano?
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Portanto, um objeto (coisa ou pessoa) que produza satisfação nunca pode ser
objeto de desejo no sentido psicanalítico. O objeto de desejo em psicanálise é sempre
uma falta. O desejo se realiza nos objetos, mas o que esses objetos expressam ou
indicam é uma falta, uma presença de uma ausência.
Transferência
A transferência é um elemento muito importante para a psicanálise. Durante a
análise é importante que haja pouca intervenção do psicanalista. A fim de que o
paciente possa projetar os seus pensamentos e os seus sentimentos. Esse processo
é denominado de transferência. Por meio da transferência, o paciente pode reconstruir
e resolver conflitos reprimidos (causadores de sua doença). Principalmente conflitos
da infância com seus pais.
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Para melhor dizê-lo: toda uma série de acontecimentos psíquicos ganha vida
novamente, agora não mais como passado, mas como relação atual com a pessoa do
médico.
A partir deste dado, Kupfer (2005) demonstra que um professor pode tornar-se
a figura a quem serão focados os interesses do seu aluno, porque é objeto de uma
transferência. E o que se transfere nada mais são do que as experiências vividas
primitivamente com os progenitores.
Essa descoberta nos leva a inferir que o professor tem sim, poder sobre o aluno,
mas este poder não vem como a concepção que o senso comum tem da palavra poder.
Este poder é calcado pelo desejo do aluno, é ele quem deposita naquela figura, o tal
“poder” ou o “suposto saber”. O professor, em si, é apenas um mero objeto depositário,
aquele por quem o desejo do aluno optou.
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Sublimação/Pulsão
Do ponto de vista da química, a sublimação é uma passagem direta do estado
sólido para o gasoso, sem passar pelo estado líquido. O termo indica ainda um
movimento de ascensão ou elevação daquilo que se sustenta no ar. Várias definições
do termo sublimar ligam-se à ideia de ascensão, de verticalidade e de transcendência
(JORGE, 2008 apud MENDES, 2011).
Relacionando isto com a educação, temos que ter em mente que as bases da
sublimação se dão através das pulsões sexuais, sendo assim, é como se ocorresse
uma ação educativa que propusesse a desarraigar o “mal”.
Kupfer (2005) fala sobre comparar Freud aos pedagogos da época, que
acreditavam que a criança vinha com um “mal originário” e que através da educação,
esse mal evaporaria. Só que Freud diferencia-se deste pedagogo a partir do instante
que mostra que não quer desarraigar mal algum, ele apenas propõe que esse dito
“mal” se canalize em direção a valores superiores, aos bens culturais, algo que possa
ser útil a sociedade.
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Ego, ID e Superego
O ego é a parte organizada do sistema psíquico que entra em contato direto
com a realidade e tem a capacidade de atuar sobre ela numa tentativa de adaptação.
O ego é mediador dos impulsos instintivos do id e das exigências do superego
(BOTELHO, 2017).
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Figura 4 - Representação do ego, id e superego
Por sua vez, o superego é a parte moral da mente humana que representa os
valores da sociedade. O superego tem três objetivos:
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controlador por excelência dos impulsos do ID e age como colaborador nas funções
do ego. Pode tornar-se extremamente severo, anulando as possibilidades de escolha
do ego (BOTELHO, 2017).
Self
O Self corresponde a um sistema altamente personalizado e subjetivo que
interpreta e torna significativas as experiências do organismo. É criador, unitário,
consistente e soberano na estrutura da personalidade.
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A teoria psicanalítica de Sigmund Freud (1856-1939)
Segundo Xavier e Nunes (2013), a forma de pensar o desenvolvimento humano
tem se dado de diferentes maneiras ao longo da história da Psicologia desde sua
fundação por Willhem Wundt em 1816. Esta ciência, em seu processo de construção
no seio de intensas transformações econômicas, políticas e sociais, tem gerado
múltiplos enfoques e, por conseguinte, diferentes visões sobre o homem em sua
constituição física, mental e afetivo-social.
Dentre as várias teorias existentes, sejam elas amplas, flexíveis e/ou plurais,
vamos começar com as contribuições teóricas de Freud, sempre focando a questão
do desenvolvimento humano, diga-se de passagem, complexo por si só.
Silva (2019) reforça que Freud revolucionou sua época com o novo modelo de
desenvolvimento proposto. Enfatizando o inconsciente e as pulsões sexuais, ele
apresenta o desenvolvimento como o resultado de interações dessas energias
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sexuais (libido). Assim ele divide em cinco fases o desenvolvimento humano,
conforme o quadro abaixo:
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Muitos dos problemas psicopatológicos da idade adulta de que trata a
Psicanálise, têm as suas raízes e causas nas primeiras fases ou estádios do
desenvolvimento (SILVA, 2019).
Anote aí:
A gênese da fantasia/fantasmas;
As origens da agressividade;
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A Teoria da Personalidade e a Psicologia Individual de
Alfred Adler (1870-1937)
Alfred Adler, médico e psicólogo austríaco, nasceu em Viena e tornou-se um
dos quatro membros originais do círculo de Freud em 1902. Adler jamais aceitou a
primazia ou a importância dos desejos infantis, muito menos a importância do papel
do recalque e da libido no funcionamento psíquico. Desenvolveu sua própria teoria do
desenvolvimento socialmente consciente. Ele afirma que o ser humano se empenha
por autoestima e tentativa de superar um sentimento de inferioridade.
Além de enfatizar a relação entre a pessoa e seu ambiente social, ele também
enfatizou a ação no mundo real sobre fantasia. A tendência de se viver em
comunidades leva à aceitação da necessidade de adaptar-se a demandas legítimas
da sociedade, etc. A sua dialética demonstra que entre as pessoas e seu ambiente
interpessoal ocorrem influências mútuas e cada indivíduo, em suas relações sociais
estará constantemente reagindo e moldando o outro (SILVA, 2019).
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e as habilidades dos adultos. Passar deste sentimento de inferioridade para um
sentimento de adequação é o tema principal motivacional importante na vida.
Deste modo, a pessoa ideal empenha-se por superar-se e o faz através de alto
interesse social e da atividade; enquanto a pessoa emocionalmente incapacitada
continua a sentir-se inferior e reforça esta posição através de falta de empenho e
interesse social.
a) Self – algo que intervém entre os estímulos que agem sobre a pessoa e as
respostas que ela oferece. O homem constrói sua personalidade com a
matéria-prima da hereditariedade e da sua experiência. O self criador dá
sentido à vida; cria tanto o ideal como os meios de atingi-lo. É o princípio ativo
da vida humana.
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por diante, as experiências são assinaladas e utilizadas de acordo com ele. É
uma compensação para determinada inferioridade.
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Vale citar que Adler estava particularmente interessado nos tipos de influências
iniciais que predispõem a criança a um estilo de vida defeituoso. Ele descobriu três
fatores:
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A “teoria da posição” e os conceitos pós-freudianos dados
por Melanie Klein (1882-1960)
Também nascida em Viena, Klein interessou-se pela Psicanálise ao ler um
texto de Freud “Sobre os sonhos”.
Melanie Klein fundou a técnica da análise pela atividade lúdica com crianças.
Brincar - atividade natural das crianças - foi considerado por ela a expressão simbólica
da fantasia inconsciente. Ela afirmou que pelas brincadeiras a criança traduz de modo
simbólico suas fantasias, seus desejos e suas experiências vividas. O elemento
organizador essencial do pensamento de Melanie Klein é a prevalência da fantasia e
dos “objetos internos” sobre as experiências desenvolvidas no contato com a
realidade externa (COSTA, 2010).
A partir dessa constatação, Klein conclui que a diferença que existe entre a
análise de crianças e a de adultos reside no método e não em seus princípios básicos.
Em outras palavras, a prática psicanalítica com crianças repousa sobre o mesmo
corpo conceitual teórico no qual se apoia toda a teoria psicanalítica: o inconsciente, a
transferência e a pulsão.
Melanie Klein identificou nos jogos e nas brincadeiras infantis uma via simbólica
de expressão dos conflitos, das ansiedades e das fantasias inconscientes; assim,
desenvolveu um método de análise de crianças que emprega a linguagem viva e
concreta e se baseia no trabalho transferencial.
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Klein faz uma comparação astuta e diz que o brincar das crianças e a atribuição
de coisas a esses brinquedos em muito se assemelha à interpretação dos sonhos por
Freud. Ambas, afinal, entram em contato com o inconsciente.
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entre as impressões de nossos sentidos, nossos movimentos e a motilidade em geral.
Isto significa que o esquema corporal está em perpétua autoconstrução, vive em
contínua diferenciação e integração.
Anote aí:
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O desenvolvimento humano para Erik Erikson (1904-1994)
Erik Homburguer Erikson, psicanalista alemão, trabalhou com Anna Freud e foi
responsável pelo desenvolvimento da Teoria do Desenvolvimento Psicossocial na
Psicologia e um dos teóricos da Psicologia do Desenvolvimento.
Na segunda fase ele terá que formatar sua personalidade baseado na vergonha
ou na autonomia. Coincidindo com a fase anal de Freud, a criança vai adquirindo
bases para sua autonomia na proporção em que consegue controlar sua musculatura
e suas necessidade fisiológicas. O oposto também se desenvolve quando não
consegue ou quando, em suas tentativas fracassadas, o bebê até os três anos de
idade é envergonhado ou diminuído perante outros por causa de seus limites.
Na terceira fase, que vai dos quatro aos cinco anos de idade, a criança terá que
enfrentar o binômio iniciativa\culpa. Quando a criança percebe seus desejos
(complexo de Édipo) se sente culpada e para enfrentá-lo concretamente, desenvolve
outras relações que possam amenizar e substituir aquela que é seu primeiro impulso
social.
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anteriores e se estas ficaram bem resolvidas e a que nível. Assim, para ter alta
produtividade a criança terá que ter bem desenvolvido sua confiança, sua autonomia
e sua iniciativa.
Na próxima fase a pessoa terá como desafio duas vertentes, por um lado terá
que compreender e se adaptar com outras pessoas de forma íntima ou na proporção
que se relaciona com as pessoas, passa a se isolar. Esta fase dura aproximadamente
dez anos. Dentro de uma determinada normalidade vai dos vinte anos aos trinta.
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Geralmente é nesta fase que a pessoa se casa e aprende a se relacionar afetiva e
sexualmente com intimidade.
E na última fase o ser humano terá o desfecho de todos os ciclos, onde ele terá
que buscar sua integridade. A partir dos sessenta anos de idade faz um balanço de
tudo o que viveu e produziu, de todo o seu desenvolvimento e se sentirá íntegro ou
desesperado (SILVA, 2019).
Em apartada síntese, o corpo pode ser estudado através de três pontos de vista
complementares:
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Pensar o corpo do ponto de vista do Imaginário, implica em levar em conta os
primeiros momentos da teoria lacaniana e a forma como a imagem do corpo próprio a
partir da outra marca a constituição subjetiva e a imagem assumida pelo sujeito.
Lacan usa muitas metáforas em sua teoria e nos interessa mais de perto o
estádio do espelho, definido por ele como a transformação produzida no sujeito
quando ele assume uma imagem – cuja predestinação para este efeito de fase é
suficientemente indicada pelo uso, na teoria, do termo imago (LACAN, 1996, p. 97
apud CUKIERT, 2000).
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Figura 6 - O estádio do espelho
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A imagem corporal tem um papel fundamental na constituição do sujeito.
Conforme visto em Lacan, a imagem especular possibilita a criança estabelecer a
relação do seu eu com a realidade.
Para este teórico existem períodos críticos na vida onde um determinado tipo
definido de estímulo é necessário para o desenvolvimento normal. Como é necessária
a exposição repetitiva a um estímulo ambiental (provocando uma associação com ele),
podemos dizer que o imprinting é um tipo especial de aprendizagem, ainda que
contendo um elemento inato muito forte. Na verdade, ele queria perceber quais eram
os processos fisiológicos envolvidos na preparação e realização de um determinado
comportamento (SILVA, 2019).
O apego está intimamente ligado ao investimento parental, e dele não pode ser
dissociado, pois é a partir dos sinais emitidos pelo bebê e da resposta dos pais a ele
que se forma o vínculo. Não se pode pensar um sem o outro. Se pensarmos no medo
de estranhos, nota-se que o bebê age sobre o adulto e este responde ao bebê de uma
forma que vai aumentando a vinculação afetiva pelas constantes respostas, pois, um
dos fatores determinantes para o surgimento e manutenção do comportamento de
apego é a rapidez com que o adulto responde ao bebê e a intensidade da interação.
O comportamento de apego, além da função de proteção, propicia ao bebê uma série
de interações sociais que colaboram para um desenvolvimento saudável da criança,
além de lhe proporcionar oportunidades de treinar seus comportamentos sociais e
perceber as modificações dele no meio. Assim, é graças a esta proximidade mãe-
bebê que este terá oportunidades de ver e explorar o mundo de uma maneira segura,
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e assim desenvolver seu cérebro, aprender com os outros de sua espécie e sentir-se
parte dela e seguro nela a partir do amor de seus pais.
Anote aí:
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Referências
COSTA, T. Psicanálise com crianças. 3. ed. Rio de Janeiro: Zahar, 2010. Coleção
Passo a Passo.
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Equipe Psicanálise Clínica. O que é inconsciente? (2017). Disponível em:
https://www.psicanaliseclinica.com/o-que-e-inconsciente/
KUPFER, M.C. Freud e a educação: o mestre do impossível. São Paulo, SP: Ed.
Scipione, 2005.
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LAPLANCHE, J; PONTALIS, J. Vocabulário de Psicanálise. São Paulo, SP: Martins
Fontes, 2008.
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SILVA, R. de F. DA; VENDITTI JÚNIOR, R.; MILLER, J. Imagem corporal na
perspectiva de Paul Schilder. Contribuições para trabalhos corporais nas áreas de
educação física, dança e pedagogia (2004). Disponível em:
https://www.efdeportes.com/efd68/schilder.htm
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