Você está na página 1de 15

ÍNDICE

Introdução .......................................................................................................... 1

Teorias Da Personalidade .................................................................................. 3

1. Perspectiva Psicanalítica ............................................................................ 3

2. Perspectiva Neo-Analítica ........................................................................... 3

3. Perspectiva Humanista ............................................................................... 5

4. Perspectiva Da Aprendizagem .................................................................... 5

5. Perspectiva Cognitiva ................................................................................. 5

6. Perspectiva Das Disposições ...................................................................... 6

7. Perspectiva Psicobiológica ......................................................................... 7

A Teoria Da Abordagem Dos Traços ................................................................. 7

Teoria Da Abordagem Sociocultural ................................................................. 11

Conclusão ........................................................................................................ 13

Referências Bibliográficas ................................................................................ 14

1
INTRODUÇÃO

A teoria da personalidade tem por objetivo organizar o conhecimento a


respeito da personalidade de tal maneira que a grande quantidade de informação
gerada pela pesquisa científica seja organizada de maneira sistemática e
coerente e novas hipóteses possam ser geradas para uma futura comprovação.
A personalidade é uma construção pessoal que decorre ao longo da nossa
vida, e uma elaboração da nossa história, da forma que sentimos e
interiorizamos as nossas experiências, acompanha e reflecte a maturação
psicológica. Em suma, a personalidade é um processo activo e que intervém em
diferentes factores.
Diversos autores se dedicaram à pesquisa da personalidade, cada um
com ênfases teóricas e metodológicas diferentes, o que os levou muitas vezes a
resultados completamente distintos. Apesar de todas as diferenças, no entanto,
todos os teóricos procuram oferecer resposta a algumas perguntas básicas:
 Estrutura da personalidade: Como a personalidade é estruturada e pode
ser estudada? Quais são suas unidades básicas?
 Processos da personalidade: Quais são e como funcionam os aspectos
dinâmicos da personalidade?
 Crescimento e desenvolvimento da personalidade: Como a personalidade
se desenvolve para formar a pessoa que somos hoje?
 Psicopatologia e modificação comportamental: Como as pessoas podem
se modificar e porque algumas pessoas têm mais dificuldades?

2
TEORIAS DA PERSONALIDADE

1. Perspectiva Psicanalítica

A perspectiva psicanalítica é única, cujo seu autor é Freud. Os elementos


mais importantes desta teoria são: a personalidade é um conjunto dinâmico
constituído por componentes em conflito, dominadas por forças inconscientes e
a sexualidade tem um papel crucial nesta teoria.

Refere também a existência da primeira tópica e da segunda tópica, sendo


o inconsciente, o pré-consciente, consciente e o Eu, Id, Supereu,
respectivamente.

Segundo Freud (1964 cit in Hansenne, 2003), existem 5 fases no


desenvolvimento da personalidade, sendo estas a oral, a anal, a fálica, o período
de latência e a fase genital.

2. Perspectiva Neo-analítica

Jung rejeita a teoria da sexualidade e realiza uma interpretação dos


sonhos de forma diferente. Um dos pontos essenciais da teoria de Jung é o de
o inconsciente ser dividido em duas entidades diferentes: o inconsciente pessoal
e o inconsciente colectivo, sendo este último constituído por arquétipos.

Segundo Jung (1933, cit in Hansenne, 2003), considerou duas atitudes


distintas, a introversão e a extroversão e paralelamente a isto, definiu 4 funções
psicológicas: o pensamento, as impressões, as sensações e as intuições.
Fomentou também que o desenvolvimento da personalidade é encarado
segundo 4 fases: a infância, a juventude, a middle age e a fase old age.

Segundo Adler (1927 cit in Hansenne, 2003), considerava o indivíduo


como uma pessoa inteira, cuja vida passa da imaturidade para a maturidade. O
autor refere que os indivíduos decidem o rumo que as suas vidas vai tomar e
que independentemente da direcção tomada, procuram alcançar a perfeição
dentro do que eles próprios estabeleceram.

Um dos aspectos fundamentais da sua teoria, assenta no facto de que o


homem deve cumprir 3 tarefas na vida: inserir-se na sociedade, consagrar tempo

3
a um trabalho e desenvolver relações amorosas. E sendo assim, é através
destas 3 tarefas que a criança vai desenvolver os seus interesses sociais.

Segundo Horney (1945 cit in Hansenne, 2003), não considerava que a


personalidade fosse exclusivamente determinada por pulsões inconscientes,
nem que a libido constituísse a fonte energética das pulsões. A autora defende
também que o desenvolvimento normal da personalidade apenas se evidencia
se os factores presentes no ambiente social da criança lhe permitirem adquirir
confiança em si mesma e nos outros. Deste modo, quando as condições não se
evidenciam, a criança vai desenvolver uma ansiedade e poderá apresentar
necessidades neuróticas.

Horney descreveu 3 tendências que os indivíduos verificam perante si


próprios e diante dos outros para reduzir a ansiedade. São 3 maneiras de viver,
pensar e comportar que desta maneira constituem 3 tipos de personalidade: o
tipo submisso, o tipo agressivo e o tipo desligado.

Para Sullivan (1953 cit in Hansenne, 2003), a personalidade é constituída


pela configuração duradoira das situações interpessoais recorrentes que
caracterizam uma vida humana. O conjunto destas relações a “dois” começa com
a relação com a mãe e termina com a escolha do parceiro.

Relata também que existem 2 tipos de tensões provenientes das


experiências que vivemos: as necessidades físicas e a ansiedade interpessoal.

Sullivan considerava que a personalidade se desenvolvia segundo 6


estádios de desenvolvimento da infância à adolescência, encontrando-se cada
um centrado numa relação interpessoal única. Erikson (1968 cit in Hansenne,
2003), criou a ideia de desenvolvimento da personalidade segundo 8 estádios
psicossociais (relação existente entre o desenvolvimento psicológico do
indivíduo e o contexto social). As referidas etapas compreendem 4 fases na
infância, 1 durante a adolescência e 3 no decorrer da vida adulta.

Segundo o autor Fromm (1976 cit in Hansenne, 2003), a personalidade


resulta da interacção dinâmica entre necessidades inerentes à natureza humana
e as forças exercidas pelas normas sociais e pelas instituições.

4
3. Perspectiva Humanista

De acordo com Rogers (1961 cit in Hansenne, 2003), considerava o


sujeito na sua totalidade, atribuindo grande importância à criatividade,
intencionalidade, livre-arbítrio e espontaneidade. Rogers concede um lugar
importante à noção de “si”, e define o modo como as experiências são vividas e
a forma como se apreende o mundo. Tendo isto como base, criou um teste
intitulando-se Q-sort, e segundo o autor, a personalidade desenvolve-se se no
ambiente constar 3 factores primordiais: a empatia, a visão positiva e as relações
congruentes.

Maslow (1962 cit in Hansenne, 2003), considerava os indivíduos como


fundamentalmente bons, racionais e conscientes. E que estes eram os actores
dos seus próprios destinos e evolução.

Para além disso, considerava que existiam factores motivacionais que


sustentam a personalidade.

E tendo isto como base, Maslow elaborou uma hierarquia das


necessidades, que são organizadas em função da sua importância.

4. Perspectiva da Aprendizagem

Skinner considerava que o ambiente determina a maior parte das nossas


respostas e que em função das suas consequências, as mesmas serão ou
reproduzidas ou eliminadas. Refere ainda que os comportamentos respondem a
leis: é possível controla-los através de manipulações do ambiente (Skinner, 1971
cit in Hansenne, 2003).

Para Bandura, os factores mais importantes são os sociais e cognitivos.


Insistindo no facto de que a maioria dos reforços são de natureza social, como a
atenção dos outros, a aprovação, os sorrisos, o interesse e a aceitação. Ponto
fulcral da teoria da aprendizagem de Bandura é o facto de que com base na
observação do comportamento de outrem, construímos uma ideia de como os
novos comportamentos são produzidos (Bandura, 1971 cit in Hansenne, 2003).

5. Perspectiva Cognitiva

5
Kelly (1955 cit in Hansenne, 2003), considerava que os processos
cognitivos representam a característica dominante da personalidade. Para tal, o
indivíduo formula expectativas às quais chamou de construtor pessoais. Com
base nisto criou o REP Test que visa apreendê-los.

Mischel (1995 cit in Hansenne, 2003), rejeitou desde logo a noção de traço
de personalidade. Com isto, o autor sugeriu que uma teoria adequada da
personalidade devia ter em conta 5 categorias de variáveis cognitivas: as
competências, as estratégias de codificação, as expectativas, os valores
subjectivos e os sistemas de auto-regulação.

No caso da depressão, Beck (1972 cit in Hansenne, 2003) postulou que


os doentes deprimidos têm distorções cognitivas, que fazem com que eles
descodifiquem a realidade de maneira inadequada. Derivado disto, o autor
elaborou a terapia cognitiva para ajudar as pessoas a modificarem as distorções
cognitivas.

6. Perspectiva das Disposições

Allport (1937 cit in Hansenne, 2003), foi o primeiro a utilizar a noção de


traço de personalidade. Na sua opinião, cada indivíduo é único em função de
uma configuração específica de traços. Assim, o autor distingue traços comuns
de traços individuais, definindo 7 fases que terminam no final da adolescência.

Cattell (1965 cit in Hansenne, 2003), baseou-se na observação com


principal foco na predição da personalidade. Na teoria deste autor, os traços
constituem a dimensão de base da personalidade. Estes traços são herdados e
desenvolvem-se ao longo da vida do indivíduo. Com isto, desenvolveu um
questionário 16-PF para apreender a personalidade.

Segundo Eysenck (1990 cit in Hansenne, 2003), bastam 3 super traços


ou dimensões para descrever a personalidade: extroversão versus introversão,
neuroticismo versus estabilidade emocional e psicoticismo versus força do Eu.
O autor faz também referência a 4 níveis: os tipos, os traços, as respostas
habituais e as respostas específicas. Eysenck, desenvolveu assim, o EPQ que
permite medir as 3 dimensões desta teoria.

Derivado à longa discussão de um grande número de psicólogos da


personalidade, consideraram que as diferenças individuais podem determinar-
6
se por 5 factores (Big Five): a extroversão, a agradabilidade, a
conscienciosidade, o neuroticismo e a abertura à experiência.

Devido a isto, foi desenvolvido um questionário para avaliar as 5


dimensões fundamentais da personalidade: o NEO PI (Hansenne, 2003).

7. Perspectiva Psicobiológica

De acordo com Gray (1982 cit in Hansenne, 2003), a sua teoria surge a
partir de observações de comportamentos animais, colocados em condições
particulares de recompensa e de punição. Assim sendo, esta teoria fomenta-se
em 3 factores: a ansiedade, a impulsividade e o sistema fight/flight.

O modelo proposto por Tellegen (1985 cit in Hansenne, 2003),


compreende 3 dimensões preponderantes: a emoção positiva, a emoção
negativa e o constrangimento. Foi desenvolvido um questionário para apreender
estas dimensões: o Questionário Multidimensional da Personalidade.

A emoção positiva está relacionada ao sistema de facilitação


comportamental, a emoção negativa está associada com a actividade do locus
coeruleus e o constrangimento com a serotoninérgica.

Zuckerman (1994 cit in Hansenne, 2003), substituiu o modelo dos 5


factores por um modelo alternativo. Modelo este de 3 factores compreendendo
os factores de sociabilidade, de emocionalidade e de procura impulsiva de
sensações de carácter anti-social.

A TEORIA DA ABORDAGEM DOS TRAÇOS

Gordon Allport foi um dos pioneiros no estudo dos traços, que ele também
referiu como disposições. Em sua abordagem, traços "cardeais" são aqueles que

7
dominam e moldam o comportamento de uma pessoa; suas paixões
dominantes/obsessões, tais como a necessidade de dinheiro, fama etc. Por outro
lado, traços "centrais", como a honestidade são características encontradas em
algum grau em cada pessoa - e, finalmente, traços "secundários" são aquelas
vistos apenas em determinadas circunstâncias (tais como particulares, gosta ou
não gosta que um amigo muito próximo pode saber), que estão incluídos para
fornecer um quadro completo da complexidade humana.

A Teoria dos Traços vê a liderança como resultado de uma combinação


de traços, enfatizando especialmente as qualidades pessoais do líder, onde o
mesmo deveria possuir certas características de personalidade especiais que
seriam facilitadoras no desempenho da liderança. Nesta teoria são enfatizadas
qualidades intrínsecas da pessoa.

Esta teoria permite concluir que os líderes já nascem como tal, não
havendo a probabilidade de “fazê-los” posteriormente por meio do uso de
técnicas de desenvolvimento pessoal.

A visão de liderança – de que os líderes nascem feitos, e não aprendem


a ser líderes – ainda é de fato popular, embora não entre os pesquisadores.

Os autores desta abordagem defendem que todos os indivíduos possuem


diversos traços de personalidade, variando entre elas quanto ao grau em que
este está presente. O maior desafio para esta abordagem consiste na
identificação dos traços primários necessários na descrição da personalidade.
Os diferentes teóricos desta abordagem têm desenvolvidos um esforço
consistente para apresentar conjuntos de traços extraordinariamente diferentes:

 A Teoria dos Traços de Personalidade é um modelo de personalidade que


procura identificar os traços básicos necessários à descrição da
personalidade.
 Os traços podem ser definidos como características permanentes da
personalidade que diferem de pessoa para pessoa.

Destacamos os teóricos e seus trabalhos tais como:

Gordon Allport

8
Examinou sistematicamente um dicionário e encontrou 18.000 termos que
podiam ser usados para descrever a personalidade;
Reduziu essa lista para 4 500 termos, através da eliminação de termos
sinónimos;
No final confrontou-se com um problema crucial: quais destes são os
fundamentais?
Para responder a esta questão estabeleceu três tipos básicos de traços:
cardinais, centrais e secundários (Alpport, G., 1966):
 Traço cardinal: É uma característica única que orienta a maioria das
atividades da pessoa (uma pessoa generosa por natureza pode dirigir a
sua actividade para acções de carácter humanitário; alguém que tenha
uma inesgotável sede de poder pode orientar a sua vida pela sua
permanente necessidade de controle); Regra geral as pessoas não
desenvolvem este tipo de traços cardinais abrangentes, em vez disso,
possuem um conjunto de traços centrais que constituem a base da
personalidade.
 Traços centrais: Como honestidade, sociabilidade, são características
fundamentais da pessoa; Habitualmente são entre cinco e dez.
 Traços secundários: São características que influenciam o
comportamento em menor grau, em menos situações, sendo menos
centrais que os traços cardinais. (gostar de praticar esportes radicais, ou
não gostar de arte moderna).
Mais recentemente, a identificação dos traços primários centrou-se numa
técnica estatística designada de análise factorial.

 A análise factorial: É um método que consiste em sintetizar as relações


entre um grande número de variáveis num número menor e num padrão
mais geral. Por exemplo, pode-se administrar um questionário a muitas
pessoas solicitando-lhes que se identifiquem com uma extensa lista de
traços. Ao combinar estatisticamente as respostas e calcular quais os
traços que estão associados numa mesma pessoa, o investigador pode
identificar um padrão fundamental ou combinação de traços – chamados
factores – que estão subjacentes às respostas dos participantes.

Raymond Catell
9
 Propôs, em 1965, que as características que podem ser observadas
numa dada situação representam 46 traços superficiais, ou
agrupamentos de comportamentos relacionados, pode-se encontrar um
bibliotecário simpático, gregário, que nos auxilia na pesquisa e, após um
conjunto de interacções com ele, chega-se à conclusão que também
possui uma característica: sociabilidade – nos termos do modelo de
Catell, este é um traço de superfície.
 Este traço de superfície está baseado nas percepções e representações
que os indivíduos têm sobre a personalidade, e que estão na base, na
origem do comportamento. Continuando a análise factorial, Catell
descobriu outros 16 traços básicos, que representam as dimensões
básicas da personalidade. Usando estes traços básicos, construiu o
Questionário dos Dezasseis Factores de Personalidade, ou 16 PF, uma
medida que proporciona valores para cada um destes traços de
personalidade.
 Os perfis de personalidade são desenhados com base nas seguintes
dicotomias de traços de personalidade: o reservado/expressivo, menos
inteligente/mais inteligente, influenciado por sentimentos/
emocionalmente estável, submisso/dominante, sério/despreocupado,
expedito/arriscado, tímido/aventureiro, duro/sensível,
confiante/desconfiado, prático/imaginativo, directo/evasivo, auto
confiante/apreensivo, conservador/ /experimentador, dependente do
grupo/auto-suficiente, descontrolado/controlado, calmo/tenso.

Hans Heysenck

 Utilizou também a análise factorial para identificar os padrões de traços,


no entanto chegou a conclusões diferentes sobre a natureza da
personalidade.
 Encontrou três termos que correspondem a três dimensões fundamentais:
extroversão, neuroticismo e psicoticismo.

10
 A extroversão relaciona-se com o grau de sociabilidade, enquanto que a
dimensão neurótica inclui a estabilidade emocional. Por fim o psicoticismo
refere-se à forma como a realidade é distorcida.
 Ao avaliar as pessoas de acordo com estas três dimensões, Eysenck foi
capaz de prever rigorosamente o comportamento em diversos tipos de
situações.

Os diferentes traços associados com cada uma das dimensões são:

 Extroversão: sociável, vivo, activo, assertivo, procurando sensações;


 O Neuroticismo: ansioso, deprimido, culpado, baixa auto-estima, tenso;
 O Psicoticismo: agressivo, frio, egocêntrico, impessoal, impulsivo.

Muitos dos actuais teóricos dos traços propõem que cinco traços
correspondem à estrutura da personalidade. Esses cinco factores a que se
chamaram os “Big Five” são: extroversão, concordância, consciência,
neuroticismo (estabilidade emocional) e abertura à experiência.

Em suma, as teorias apresentadas com foco no líder, a Teoria dos Traços,


ocuparam durante bastante tempo os estudiosos e investigadores dos
fenómenos de liderança e, apesar das suas pesquisas terem redundado em
fracasso, essa posição encontra-se ainda muito difundida no senso comum.

De fato, seria bastante optimista pensar que podiam existir apenas líderes
natos, bem como traços de personalidade consistentes e próprios de todos os
líderes, fossem eles líderes como Hitler, Madre Tereza de Calcutá, Bin Laden ou
Ghandi

TEORIA DA ABORDAGEM SOCIOCULTURAL

Esta abordagem está centrada no estudo do desenvolvimento humano


enquanto um processo que se dá nas interacções sociais e foi bastante
influenciada pelas contribuições de L. S. Vygotsky (1896-1934). Esse autor

11
propõe uma visão do desenvolvimento humano que destaca o seu carácter
inseparável das atividades sociais e culturais.

Algumas ideias centrais caracterizam a abordagem sociocultural,


destacando-se que tais ideias estão presentes, em sua origem, nas formulações
teóricas de L. S. Vygotsky (1987, 1991). Segundo Rogoff e Chavajay (1995),
podem-se citar alguns princípios desta abordagem, tais como: a escolha da
actividade como unidade de análise, o conceito de mediação, a consideração de
diferentes planos de análise, a pluralidade metodológica e a noção de que a
própria actividade de pesquisa é uma construção social.

A escolha da actividade como unidade de análise dos processos


psicológicos se justifica na medida em que o conceito de actividade focaliza as
pessoas e o ambiente no qual elas estão inseridas (Rogoff & Chavajay, 1995;
Rogoff & Morelli, 1989); ou seja, a actividade que os sujeitos realizam no mundo
tem significado em um determinado contexto social e cultural. Como assinala
Oliveira (1993), a ação humana quando, não incluída em um sistema cultural de
actividade, fica destituída de significado. A actividade humana, nesta
abordagem, é entendida como dotada de um sistema de significação que é
permanentemente construído e transformado pelo próprio grupo cultural. Nas
palavras de Vygotsky (1991): “A internalização das atividades socialmente
enraizadas e historicamente desenvolvidas constitui o aspecto característico da
psicologia humana.

Como a própria citação anterior - que trata do conceito de internalização -


indica, vinculada à escolha da unidade de análise está a questão da origem
social dos processos mentais. A actividade psicológica interna do indivíduo tem
sua origem na actividade externa, nas trocas com os outros membros do grupo
social, trocas que se inserem em um determinado contexto cultural.

A abordagem sociocultural enfatiza que a actividade humana é mediada


e nela tem sido investigado o desenvolvimento humano dentro das práticas
culturais dos grupos, que supõem o uso de diferentes formas de mediação. A
partir desta orientação, entende-se que os mediadores - instrumentos, signos,
práticas culturais - são carregados de significação cultural. Importante ainda
ressaltar que os mediadores são ao mesmo tempo utilizados, construídos e

12
transformados pelo grupo cultural. Nas palavras de Vygotsky (1991): a alteração
provocada pelo homem sobre a natureza altera a própria natureza do homem.

Destaca-se, ainda, que as questões, os objectos de estudo, os métodos


e a prática da pesquisa devem ser compreendidos como cultural e
historicamente contextualizados. Neste aspecto, cabe a consideração de Rogoff
e Morelli (1989) sobre a questão de que os pesquisadores desta abordagem
devem estar atentos à importância dos seus sistemas de crenças sobre suas
teorias e suas práticas de pesquisa. Eckensberger (2002) argumenta que a
própria ciência é um modo de se atribuir sentido à realidade, e está inserida na
cultura e nos processos de mudança cultural. Assim, não se perde de vista que
os problemas destacados para investigação e as formas de abordá-los são o
produto tanto do conjunto de evidências construído por estudos anteriores, como
do espírito da época nas comunidades dominantes na psicologia científica
contemporânea (vide também discussão em Bronfenbrenner, Kessel, Kessen &
White, 1986).

A análise de Cole (1998) sobre os princípios da abordagem histórico-


cultural que constituíram a base para a construção de uma teoria da cultura na
mente mostra-se convergente com a análise de Rogoff e Chavajay (1995).
Aquele autor considera como princípios: a mediação através de artefactos, o
desenvolvimento histórico e a actividade prática.

Em síntese, pode-se dizer que o objetivo principal da abordagem


sociocultural é compreender a relação entre o funcionamento mental humano e
os settings culturais, institucionais e históricos, como discute Wertsch (1995).

CONCLUSÃO

Com este trabalho pode-se constatar e avançar na ideia que a


personalidade é um conjunto de processos cognitivos e automáticos que nos
fazem reagir sobre uma determinada forma, tendo em conta os diversos
contextos. Penso que actualmente, a personalidade deve ser entendida como
um misto de factores biológicos e ambientais, estando ambos intimamente
relacionados.

13
É não menos importante de referir que ao longo dos tempos a
personalidade começa a ser considerada importante noutros domínios da
psicologia, como na inteligência e nas emoções (Hansenne, 2003).

Apreendemos que a Teoria dos Traços defende que a posse de certos


traços de carácter e de personalidade permitiria a certos homens acesso ao
poder. Dessa forma, julgava-se ser possível encontrar traços de personalidade
universais nos líderes que os distinguiam dos não-líderes.

Mas, com as leituras verificamos que os diversos estudos parecem ter


concluído apenas vagamente que certas características como inteligência,
extroversão, auto segurança e empatia, tendiam a estar relacionadas com o
desenvolvimento e manutenção de posições de liderança. Mas para além de
inconsistentes, os dados não estabelecem uma distinção clara entre caracteres
inatos e adquiridos.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

Asendorpf, Jens B. (2004). Psychologie der Persönlichkeit. Berlin: Springer.


ISBN 3 540 66230 8.
Bernaud, J. (1998). Métodos de avaliação da personalidade. Lisboa: Climepsi.
https://www.psicologia.pt/artigos/textos/TL0197.pdf
Carver, Charles S. & Scheier, Michael F. (2000). Perspectives on personality.
Boston: Allyn and Bacon. ISBN 0 2055 2262 9.

14
Dalgalarrondo, Paulo (2000). Psicopatologia e semiologia dos transtornos
mentais. Porto Alegre: Artes médicas. ISBN 85-7307-595-3.
Friedman, Howard S. & Schustack, Miriam (2003). Teorias Da Personalidade.
Prentice Hall Brasil. ISBN 8587918508 (No artigo citado da versão alemã: (2004).
Persönlichkeitspsychologie und Dífferentielle Psychologie (2. akt. Aufl.).
München: Pearson. ISBN 3-8273-7105-8).
Hansenne, M. (2003). Psicologia da Personalidade. Lisboa: Climeps.
Pervin, Lawrence A.; Cervone, Daniel & John, Oliver (2005).
Persönlichkeitstheorien. München: Reinhardt. ISBN 3-497-01792-2 (Original:
Personality: Theory and research, 2004).
ALLPORT, G. W. Personalidade padrões e desenvolvimento. São Paulo: Herder.
Editora da Universidade de São Paulo, 1966.
CAMARGO, D. Psicologia Organizacional. Florianópolis: Departamento de
Ciências da Administração/UFSC; [Brasília]: CAPES: UAB, 2009. Pág. 93-100.
FELDMAN, R. S. Compreender a Psicologia. Amadora: McGraw-Hill, 2001.
FREUD, S. Psicopatologia da vida quotidiana. Edições Europa América, 1998.
MALIM, T., & Birch, A. Introductory Psychology. London: MacMillan, 1998.
SCHULTZ, D. P., & Schultz, S. E. Teorias da Personalidade. São Paulo:
Thomson, 2002

Berry, J.W. & Dasen, P.R (Eds.). (1974). Culture and cognition: Readings in
cross-cultural psychology London: Methuen.
https://www.scielo.br/j/pe/a/fSdQmSWhQqH7dgScTgx3Qyt/

Bronfenbrenner, U. (1986). Ecology of the family as a context for human


development: Research perspectives Developmental Psychology, 22, 723-742.

15

Você também pode gostar