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CLINICA PSICANALÍTICA

EMENTA

De que trata a clínica psicanalítica. As formações do


inconsciente: sonhos; atos falhos; chistes; sintoma. Inibição,
sintoma e angústia. Sintoma e transferência. O que define a
clínica psicanalítica: contextualização histórica e influências
sobre Freud. A técnica e a ética da psicanálise. O sujeito e
as formações do Inconsciente. A transferência como a chave
do processo analítico. Entrevistas iniciais e direção do
tratamento. Disparidades entre desejo e demanda. A técnica
da associação livre e do brincar.

Profª Ms. Ozilea S. Costa


CLINICA PSICANALÍTICA
OBJETIVOS
Objetivo geral: Proporcionar ao aluno um conhecimento sobre a
clínica psicanalítica na perspectiva freudiana e lacaniana,
fundamentalmente, e de autores que a introduziram no tratamento de
crianças.
Objetivos específicos:
 Refletir sobre a clínica psicanalítica com base nos conceitos
fundamentais que orientam a prática
 Entender a ética que sustenta a condução do tratamento na clínica
psicanalítica
 Compreender a clínica psicanalítica no tratamento de crianças
segundo Winnicott, Dolto e M. Klein
 Relacionar a prática clínica com as manifestações de sofrimento
contemporâneas.
Profª Ms. Ozilea S. Costa
CONTEÚDO
1. Breve histórico sobre desenvolvimento da clinica
psicanalítica
2. Psicanálise e Psicoterapias: Pontuações sobre seus
diferenciais (MEZAN, Renato. Psicanálise e Psicoterapias)

3 e 4. Princípios da clínica Psicanalítica em Freud: FREUD, S. O Método


Psicanalítico de Freud (1903); Sobre a psicoterapia (1904); A Terapia
Analítica (1917 - Conf. Introdutória 28) e Psicanálise “selvagem” (1910)
5 e 6: Entrevistas preliminares: FREUD, S. Recomendações Aos Médicos
que exercem a Psicanálise (1912) e Sobre o Início do Tratamento (Novas
Recomendações Sobre a Técnica da Psicanálise I - 1913); ROCHA, F.J.B.
Entrevistas Preliminares em Psicanálise. Ed.Casa do Psicólogo. Coleção
Clinica Psicanalítica
PROJETO: “O escutaDOR: a escuta do Sujeito”
Discutir questões sobre a ética e a escuta em psicanálise.
Profª Ms. Ozilea S. Costa
CONTEÚDO
7. Sintoma na Psicanálise (formação do Ics): Sintoma
clinico e de estrutura
8. O conceito de transferência
9. Diagnóstico (Estrutural X Fenomenológico)

10 e 11: A Clínica em Lacan: O sentido do aforisma “O inconsciente é


estruturado como linguagem” Desejo/demanda. O tempo lógico e as
“sessões curtas”; O “Valor” da análise
12 e 13: Psicanálise de crianças: criança, a infância e o infantil. Qual conduta
assumida pelo psicanalista na clinica com crianças. Sintoma da criança/pais.
F. Dolto. M. Manonni. Apresentação/discussão de casos clínicos (teóricos e
do projeto)
14: Clínica em Winnicott.
15. Clinica psicanalítica nas instituições
16. Culminância do Projeto “EscutaDOR”
Profª Ms. Ozilea S. Costa
PSICANÁLISE
•Um MÉTODO DE INVESTIGAÇÃO que consiste, essencialmente em
evidenciar o significado inconsciente das palavras, das ações, das
produções imaginárias (sonhos, fantasias, delírios) de um sujeito,
baseado na associação livre, por parte do cliente e na interpretação
psicanalítica
•Um MÉTODO PSICOTERAPÊUTICO baseado nesta investigação e
especificado pela interpretação controlada da resistência, da
transferência e do desejo.
•Um CONJUNTO DE TEORIAS PSICOLÓGICAS em que são
sistematizados os dados introduzidos pelo método psicanalítico de
investigação e de tratamento. MULTIPLICIDADE DE ABORDAGENS
chamadas Psicanálise que decorreram de mudanças provocadas pelo
limite de sua técnica, de seu método e outras mudanças advindas do
mundo externo. E. Roudinesco)

Profª Ms. Ozilea S. Costa


ESCOLAS DE PSICANÁLISE
Segundo E. ROUDINESCO
FREUDISMO – Escolas de pensamento que recorreram a Freud
Teoria do Ics, da Sexualidade, teoria das pulsões, Relação terapêutica
sob transferência, tratamento pela fala

Ana Freudismo - KLEINISMO – Se tornou uma escola que


corrente modificou a doutrina e a clínica freudiana.
Corpo conceitual próprio, psicanálise de
Ego Psicologia crianças por rejeição à pedagogia parental,
relação arcaica com a mãe, formação
Self Psicologia didática particular, tratamento da psicose –
assim como Lacan, inscreveu a loucura no
Independentes âmago da subjetividade.

LACANISMO: Formação não didática (“Escolas”), criou seu


próprio modelo institucional. Também se fragmentou
ESCOLAS DE PSICANÁLISE
NÃO FREUDISMO: Nascido de uma CISÃO com Freud.
Não adotaram o Sistema Freudiano
(nem técnico, nem teórico ou didático)

Psicologia Individual: Adler


Psicologia Analítica: Jung
Gestalt Terapia: F Perls
Análise Existencial:
Etno Psicanálise
ESCOLAS DE PSICANÁLISE

História do movimento psicanalítico: Freud começa


a se corresponder e a atrair interessados na Psicanálise (futuros
discípulos) de várias partes do mundo

Escola inglesa: E.Jones e James Stracher,


M. Klein, Ana Freud, Winnicot, Bion
Diferentes Escolas
(correntes teóricas) Escola Berlin (K. Abraham e Fereczi)
de Psicanálise
Escola Francesa (Lacan, Dolto)

E. Surique: Breuler, Binswanger


Escola do Ego e Self (A. Freud, Kohut)

Dissidentes de Freud: Jung e Adler


ESCOLAS DE PSICANÁLISE
Classificação de David Zimermmam
7 escolas de Psicanálise

Escola Freudiana: S. Freud Psicologia do Ego: Kohut

Escola do Self: Hartmam e M.Mahler Escola Bion

Escola das Relações objetais: M Klein


ESCOLA DE WINNICOTT
Escola Lacaniana
PSICANÁLISE
Princípios fundamentais da teoria e técnica:
METAPSICOLOGIA
Descoberta e conhecimento do TÉCNICA
INCONSCIENTE (teoria do Inconsc.)
Associa. livre/Interpretação
SEXUALIDADE (Teoria PULSIONAL) como seguindo a economia
fator em torno da qual se organizam as psíquica/movimento
subjetividades/Mecanismos de Defesa pulsional
COMPLEXO DE ÉDIPO Resistência e transferência

Metapsicologia freudiana aponta para outro saber, inconsciente, acessível apenas


nas falhas do discurso, um saber não sabido, que se apreende na palavra.

PSICOTERAPIAS: Vasta gama de procedimentos/tratamentos


que não empregam esses elementos

Profª Ms. Ozilea S. Costa


PSICANÁLISE X PSICOTERAPIA

Em 1904 Freud aproxima a Psicanálise da Psicoterapia. Psicanálise


era uma forma de tratar doenças “nervosas” que não tem origem
orgânica – tratamento psíquico que se opunha ao tratamento
físico (banhos medicinais, eletroterapia). Forma de tratar a
neurose atual (sintomas resultante da abstinência sexual atual) e
as psiconeuroses (sintomas resultam tem origem no passado).
Nesse sentido a Psicanálise é uma Psicoterapia.

1º tratamento: Hipnose/sugestão hipnótica (Psicanálise difere da


Psicoterapia devido ao lugar ocupado pelo analista)
2º - livre associação
Nevralgias (dor intensa) e anestesias, contraturas e paralisias, tiques, vômitos
crônicos e anorexia, perturbação da visão, alucinações senso-perceptivas, etc:
“doenças” para as quais era atribuída uma causa orgânica, mas não
diagnosticável organicamente. Que a neurologia não conseguia explicar

Acreditava-se poder tratar


essas doenças com
intervenções no corpo
histeria de conversão: o conflito psíquico vem
simbolizar-se nos sintomas corporais mais diversos,
paroxísticos (exemplo: crise emocional com
HISTERIA teatralidade) ou mais duradouras (exemplo: anestesias,
paralisias histéricas) e a histeria de angústia: a angústia
é fixada de modo mais ou menos estável, num objeto
exterior (fobias).

Hipnose em Charcot: direta, induzida


Hipnose em Breuer: Catartica (ab-reação)
Freud: Catarse - reminiscências –
associação livre

Ao dar voz às histéricas Freud identifica


que há um a força INCONSCIENTE
( lembranças, desejos, pensamentos
sentimentos, emoções) INACESSIVEIS
À CONSCIÊNCIA
PSICANÁLISE X PSICOTERAPIA

A diferenciação Psicanálise x Psicoterapia decorreu:


• Das dissidências dentro do Movimento Psicanalítico (Jung, Adler,
Rank, Reich) – modificaram pontos essências do método clinico da
psicanálise. P. ex. Jung – rejeita a teoria da sexualidade infantil na
origem das neuroses adultas e, consequentemente, na clínica não
investigará a transferência, a qual se ampara nas primeiras
relações objetais.
• Do trabalho daqueles que não tiveram contato com a Psicanálise.
Há uma gama delas com histórias e fundamentação teóricas
específicas e diferentes. P.ex. as terapias behavioristas não
operam com a noção de inconsciente. Terapias rogerianas uso
enfático da empatia.
• Do uso da Regressão que na psicanálise depende da transferência
e interpretação
PSICANÁLISE X PSICOTERAPIA

“Do meu ponto de vista, prefiro chamar de psicanálise somente


os métodos que trabalhem com estas – todas e cada uma –
características: dispositivo que favoreça a regressão (o
desamarrar dos nós da vigilância consciente, como propicia a
associação livre), interpretação da resistência e da transferência,
vinculação destas com a sexualidade infantil, e hipótese
fundadora de que os conflitos são inconscientes porque estão
submetidos à pressão das defesas do ego. Pode haver muitos e
bons métodos que trabalhem com pressupostos diferentes, mas
eu não os chamaria de psicanálise. Para eles, reservo a
designação geral de psicoterapias”
(R. Mezan)
PSICANÁLISE X PSICOTERAPIA

A CURA dos Sintomas: A Psicanálise não visa a eliminação dos


sintomas (cura, no sentido médico. O sintoma é manifestação
deformada do conflito inconsciente, que permanece ativo durante
análise e produz efeitos na transferência.
Qual o objetivo da psicanálise? É MODIFICAR A ESTRUTURA
PSÍQUICA QUE MANTÉM E ORIGINA O CONFLITO, E CUJO
FUNCIONAMENTO ORIGINA E MANTÉM OS SINTOMAS, o que só
pode ser obtida com a participação ativa do sujeito.
PSICANÁLISE X PSICOTERAPIA

“A Psicanálise não trabalha com uma política de resultados, indo na


contracorrente dos ideais terapêuticos de reestabelecimento e de
adaptação ao meio. A análise contém muito mais uma mudança de
posição do sujeito diante de seu sintoma do que uma cura no
sentido médico, situando no cerne de sua ação o desejo
inconsciente, que aponta para a divisão do sujeito.” (R.F NICOLAU)
PSICANÁLISE X PSICOTERAPIA

Extrato de caso clínico: Entre o que o sujeito diz e o


substrato/significações latentes do que ele diz
Há o INCONSCIENTE é o objeto da atenção do analista – a
paciente fala, e diz muito mais do que pensa estar dizendo;
Há a TRANSFERÊNCIA - ao falar da família, ela está criando um
cenário para o drama que começa a se desenrolar entre paciente
e analista;
Há a RESISTÊNCIA – ao iniciar-se o processo regressivo induzido
pelas coordenadas da situação analítica, surge o medo do que
poderia acontecer (representado no marido que se opõe à análise
e na expressão de que o divã era para gente muito perturbada,
que ela precisava olhar nos olhos (isto é, controlar o interlocutor)
etc.
PSICANÁLISE X PSICOTERAPIA

Há INTERPRETAÇÃO da Resistência e da Transferência:


compreender o que a paciente diz como a ponta de um iceberg,
cuja parte submersa está formada pelo jogo de forças e contra-
forças descrito pela metapsicologia.
Há a indicação do lugar que os INVESTIMENTOS NARCÍSICOS
ocupam na organização psíquica: o corpo, a esbeltez, a
obesidade, a aparência, o que os outros meninos vão pensar do
seu aspecto físico etc.
Há o uso predominante de alguns MECANISMOS DE DEFESA
típicos das neuroses, como o recalque, a cisão (ela = ela e o
marido, ela e o filho), a projeção, a denegação ("que bobagem,
vá se olhar no espelho, não verá nada de mais") etc. (R. Mezan)
PSICANÁLISE X PSICOTERAPIA

Há a capacidade de estabelecer uma TRANSFERÊNCIA rica em


elementos simbólicos e erotizados, sugerindo uma probabilidade
muito pequena de psicose ou de personalidade borderline: o ego
está no devido lugar, o inconsciente aflora mas sem invadir a
cena, não há transbordamento de angústia, os mecanismos de
defesa parecem eficientes e ao mesmo tempo permeáveis.

A interpretação do conteúdo do seu discurso não é totalmente


comunicada à paciente.
A análise precisa respeitar as defesas do paciente, e ir
vagarosamente abrindo caminho através das diferentes facetas
dele que vão aparecendo ao longo das sessões.
PSICANÁLISE X PSICOTERAPIA

A questão da INDICAÇÃO DE ANÁLISE: ´´É possível apontar,


dentre as diversas psicoterapias não analíticas, a mais indicada
pra determinado caso.

Supor que o terapeuta dispusesse de todos estes instrumentos, e


da possibilidade de empregar este ou aquele segundo a natureza
do caso, significa primeiro DESCONHECER TOTALMENTE COMO SE
FORMA UM TERAPEUTA, e segundo, IGNORAR QUE CADA
MÉTODO TERAPÊUTICO REPOUSA SOBRE UMA CONCEPÇÃO
ARTICULADA E COMPLEXA DO QUE É A ALMA HUMANA,
concepção que necessariamente privilegia certos aspectos dela e
exclui outros mas, com toda a certeza, não pode ser combinada
com as demais concepções.
PSICANÁLISE X PSICOTERAPIA

A PSICOLOGIA CLÍNICA NÃO É COMO A MEDICINA, na qual o


médico pode tentar um medicamento e depois outro, mudar a
dosagem ou abandonar o tratamento interno e optar por uma
cirurgia. O TERAPEUTA É MONOGLOTA e sua situação assemelha-
se mais à do ESCULTOR ou à do PINTOR que, diante do modelo,
pode decidir se vai fazer um busto ou representá-lo de perfil, mas
que SEMPRE IMPRIMIRÁ À OBRA O CARIMBO DO SEU ESTILO,
porque não pode fazer outra coisa. E o mesmo modelo, caso
fosse retratado por Picasso, Modigliani ou Eliseu Visconti, ver-se-
ia diante de resultados muito diferentes. Se Picasso tentasse
pintá-lo como Modigliani, o resultado seria um pastiche – nem
um Picasso, nem um Modigliani
PSICANÁLISE X PSICOTERAPIA

“todo trabalho clínico deve ser precedido por uma formação


extensa e exigente, baseada na análise pessoal do terapeuta, na
elucidação e elaboração dos seus conflitos básicos e no estudo
rigoroso da teoria que lhe servirá de instrumento para pensar”
PSICANÁLISE X PSICOTERAPIA

NICOLAU, R.F. Do bem e do desejo: A Psicanálise e as


psicoterapias
Chama-se psicoterapia o acolhimento da dor e da demanda de
cura que pretende responder ao sujeito costurando-lhe e
suturando-lhe a ferida/, expulsando o mal-estar como objeto...
Apaziguar a dor da “falta a ser” com uma fala, uma
interpretação que dê sentido, bom sentido... para ausência de
sentido que atormenta o sujeito. Movido por esta preocupação,
o terapeuta compreende, aconselha, orienta, indica solução,
explica, restaura, restitui ao ego sua função de mestria... Essa
posição não é referida ao impossível da estrutura, que é a
impossibilidade de uma resposta exata para a dor do sujeito.
PSICANÁLISE X PSICOTERAPIA

NICOLAU, R.F. Do bem e do desejo: A Psicanálise e as psicoterapias


O discurso analítico, pelo avesso do saber da psicoterapia, implica
que este saber suposto só pode ficar em posição de verdade num
meio-dizer, incompleto e impossível de completar. Isso sustenta uma
análise... conduz o paciente a lhe atribuir um sentido oculto a ser
decifrado, esperando desse deciframento um efeito de alívio. Nessa
perspectiva, o sintoma deve ser abordado como manifestação
subjetiva a ser acolhida, e não abolida... A clínica psicanalítica não se
orienta para o bem-estar... Freud (1912) convocou o psicanalista a
ter uma atitude diferenciada diante do sintoma, precavendo-se
contra o furor sanandi de exigir a suspensão do sintoma, pois onde
ele está, é la que se vai encontrar o sujeito.”
PSICANÁLISE X PSICOTERAPIA

NICOLAU, R.F. Do bem e do desejo: A Psicanálise e as psicoterapias


O analista deve subverter a demanda para transformá-la em desejo,
está revestido dos elementos de “mal-estar” oriunda da castração:
falta, culpa, angustia
No caminho do desejo, o que o sujeito descobre é que o mal-estar é
efeito e defeito de estrutura. Na psicanálise a direção do tratamento
é orientada pela dimensão estrutural do mal-estar – a psicanálise
inclui (não exclui) a angústia desde o início do tratamento.

A “CURA” dos sintomas é um GANHO SECUNDÁRIO no tratamento


e não a finalidade - rompe com lógica medica (retirada dos
sintomas) e do método estabelecido Breuer na catarse.
PSICANÁLISE X PSICOTERAPIA

NICOLAU, R.F. Do bem e do desejo: A Psicanálise e as psicoterapias


A partir da demanda inicial (de cuidado, atenção, saber) é
respondido ao suplicante “Fale tudo que lhe for possível....” Esta
resposta supõe e solicita: “fale mais, há mais pra dizer, o que você
quer dizer/” (ASSOCIAÇÃO DE IDEIAS). Isso convoca uma produção
de saber por parte do sujeito, sobre seu sofrimento, sobre seu
desejo... Assim, o discurso do analista resgata a subjetividade do
sujeito e intervêm no sentido de produzir uma mudança de posição
subjetiva em relação ao sintoma.
Posição do analista ao receber a demanda: Sujeito-suposto-saber
A interpretação e o ato analítico são as respostas especificamente
analíticas à demanda neurótica
PSICANÁLISE X PSICOTERAPIA

“Jamais fez parte do pensamento psicanalítico considerar o


analisando como uma espécie de máquina associativa,
independente do analista, o qual, por seu turno, estaria na posição
de neutralidade e frieza absolutas... o discurso do analisando é
sempre de início um discurso narrativo; somente a escuta do
analista, sua devida atenção flutuante, trará a esse discurso o seu
caráter associativo”. (CELES, L. A. M. Clínica Psicanalítica: Aproximações histórico
conceituais e contemporâneas e perspectivas futuras. Psicologia: Teoria e Pesquisa, 26(n.
esp.), pp. 65-80.
A CLINICA PSICANALÍTICA
Sobre o início do tratamento (1913)
Tratamento Psíquico (Tratamento
anímico) – 1890 Observações sobre o amor
transferencial (1915[1914])
Carta a Flies 242 (16/04/1900)
Sobre Fausse Reconnaissance (Deja
O método psicanalítico de Freud
raconté) durante o trabalho analítico
(1904-1905)
(1914)
Sobre a Psicoterapia
Caminhos da Terapia Psicanalítica
(1905[1904])
(1919[1918])
Psicanálise “Selvagem” (1910)
A questão da Análise Leiga. Conversas
Recomendações aos médicos que com uma pessoa Imparcial (1926)
exercem a Psicanálise (1912)
A análise finita e infinita (1937) (p295-
Sobre a dinâmica da 337)
transferência (1912)
Construções em análise (1937) (p.344-
357)
PERCURSO DA CLINICA
CELES, L. A. M. (2010). Clínica
Psicanalítica: Aproximações histórico
conceituais e contemporâneas e
perspectivas futuras. Psicologia: Teoria e
Pesquisa, 26(n. esp.), pp. 65-80.

A CLÍNICA É o lugar de experiência e crivo da psicanálise.


“Artérias onde circulam o sangue renovado e renovador da
psicanálise”
VETOR de construção da teoria –
• DA CLÍNICA À TEORIA
PERCURSO DA CLINICA

MARCOS TEÓRICOS NO
DESENVOLVIMENTO DA
CLÍNICA

1ª O INCONSCIENTE é a base da neurose (Estudos de histeria), da vida


mental, pois a maior parte de nossa vida se passa no ics. O inconsciente É
O “PSÍQUICO” em oposição à consciência e razão, os quais, até então,
abrangiam o psiquismo. “Todos somos neuróticos” - TODAS AS AÇÕES
HUMANAS SÃO DERIVADAS DO RECALCADO E SÃO SINTOMÁTICAS
(“Psicopatologia da vida cotidiana”)
PERCURSO DA CLINICA .
Marcos teóricos

2º A INTERPRETAÇÃO surge como método


de “acesso” ao ics (“Interpretação dos
sonhos” e “O ics estruturado como
linguagem” - Lacan). A interpretação é,
consequentemente, meio pelo qual o
neurótico se “desembaraça” do sintoma.

No entanto, nem todo sintoma, nem todo sonho, nem todo ato
falho pode ser interpretado, dele não se pode achar o seu núcleo
recalcado – “umbigo do sonho”. As cenas primitivas são
reconstruídas na análise. A INTERPRETAÇÃO NÃO É UMA DOAÇÃO
DE SENTIDO
PERCURSO DA CLINICA .
Marcos teóricos

3º INTENSIDADE da experiencia e da ideia


recalcada ou reprimida. O recalque incide
sobre uma ideia insuportável e sua
intensidade é deslocada formando o
sintoma histérico.

Experiencia sexual prematura - impossível de ser elaborada ou


significada - 2 momentos da teoria do trauma (trauma sexual/
fantasia sexual) – teoria da sexualidade em que o conceito de
Sexualidade infantil não é a sexualidade presente na infância e nem
a sexualidade presente na experiência sexual infantil.
PERCURSO DA CLINICA .
Marcos teóricos

SEXUALIDADE INFANTIL = modo de sexualidade presente na


infância e em toda a vida do humano. Jamais o sujeito se liberta
das primeiras experiências sexuais.

O inconsciente é ATEMPORAL – PERMANECEMOS


impulsionados pelas marcas das experiências de satisfação que
então gozamos. Nessa perspectiva não há uma concepção
desenvolvimentista da sexualidade, pois desenvolvimento
implica superação de etapas
PERCURSO DA CLINICA .
Marcos teóricos
“Somos todos perversos” = A Sex.Inf.
perversa polimorfa é sexualidade por
excelência, originária, e que conserva seus
traços no adulto. A sexualidade humana é
perversa em sua origem e vigência

A Sex. Inf. Perverso-polimorfa sofrerá transformações e


deslocamentos, resultados do recalque, e assim constituirá a
sexualidade adulta.
No perverso - se manifesta de maneira mais evidente (sex.
perversa-polimorfa). No neurótico – é submetida a recalque e se
manifesta na fantasia e aparece distorcida nos sintomas neuróticos.
PERCURSO DA CLINICA .
Marcos teóricos
4º A SEXUALIDADE INFANTIL rapidamente se caracterizou em Freud como PULSIONAL,
como força incessante de origem somática que se apresenta como exigência de
trabalho psíquico. Noção de PSIQUISMO em CONFLITO constituído na oposição entre a
pulsão sexual (Princípio do Prazer) e a pulsão de autopreservação (princípio de
realidade). 1º TEORIA SOBRE CONSTITUIÇÃO DO APARELHO PSÍQUICO

5º NARCISISNO COMO FORMADOR DO EU: conflito pulsional estabelecido entre a


pulsão de eu e a pulsão de objeto. O narcisismo se constitui fase intermediária entre o
autoerotismo e o investimento de objeto. O conflito da distribuição de libido será
regido pela forte oposição entre o amor-próprio e o amor de objeto (demanda de amor
e não de objeto). Ou seja a pulsão egóica (de autopreservação) atua independente da
sexualidade (pulsional).
PERCURSO DA CLINICA .
Marcos teóricos
6º Pulsão de morte: o princípio pulsional por excelência, o mais pulsional
da pulsão. Princípio segundo o qual todo organismo busca sua própria
aniquilação; “desejo” de morte ou repouso absoluto do qual participa
todo ser vivo; tendência ao aniquilamento da excitação; tendência a zero;
libido desligada dos processos inconscientes; oposição ou tendência à
destruição de todo vínculo, contrário à pulsão de vida (Eros); agressividade
e destrutividade como tal.
As experiências da compulsão à repetição, atualizada na análise da
transferência e de experiências como a da reação terapêutica negativa,
estados fortemente depressivos, levaram Freud à Pulsão de morte.
A pulsão de morte é tomada em conflito originário com a pulsão de vida
ou Eros.

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