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Índice
CLÍNICA INFANTIL 1
Clínica Infantil II 76
Psicanálise Infantil I
Histórico
Até o século XVII, as crianças eram criadas pela amas de leite, e por volta dos
sete anos de idade, já eram consideradas adultas. Essa visão começa a mudar
a partir dos filósofos, médicos e educadores. Os psicólogos começaram a
estudar os processos mentais das crianças de uma forma diferenciada dos
adultos.
No final do século XVII, segundo Jonh Locke, a criança era vista como uma
tabula rasa, totalmente passiva ao ambiente, ia se construindo e se
desenvolvendo através.
Vai falar do brincar, em seu texto: “Além do Princípio do Prazer”, quando fala
no jogo do forte da criança por meio da imitação. Mostra a importância do
brincar na elaboração dos conflitos, concebe a atividade lúdica como uma
forma de elaboração.
No jogo do forte da criança por meio da imitação, vai se colocar no papel ativo
ou se experenciar de forma passiva. Possibilidade de simbolização da relação
com a mãe, a fim de elaborar a separação desta.
Toda a estrutura montada no consultório deve ser capaz de fazer com que a
criança perceba o que ela vai fazer ali, sem que necessite ser dito, o terapeuta
deve se abster em dar limites neste sentido, para que a criança trabalhe.
Pulsão
Freud tem muito a nos dizer quando o assunto é a formação dos sujeitos, por
isso mesmo não tendo direcionado sua teoria para o tratamento com crianças
pode-se entender o funcionamento geral do psiquismo humano. Uma das
contribuições importantes refere-se à distinção de instinto e pulsão (trieb –
termo alemão). Segundo ele, no animal podemos observar o instinto, uma vez
que este é a resposta a um estímulo determinado, baseado numa necessidade
fisiológica e que leva a um fim também determinado, onde encontra satisfação.
Refere-se a um comportamento animal fixado pela hereditariedade,
característico da espécie.
Exemplo: A 1ª mamada, a criança vai buscar sempre este prazer perdido, não
se satisfaz nunca, apenas se realiza.
Enquanto que a pulsão tem origem somática e vai buscar a satisfação (busca
de um prazer), o instinto, seria a saciação de uma necessidade fisiológica.
Inauguração da Pulsão
Na verdade, todos somos tomados pela pulsão. Antes de o bebê existir, já está
ligado ao outro, ou seja, é objeto do outro, que vai “utilizá-lo” de acordo com
suas necessidades pulsionais. Porém, o bebê necessita do investimento de
Tão grave é este problema na nossa população carente que o próprio jornal O
Estado de São Paulo, numa série de reportagens publicadas no final do ano de
1980, mostra que uma alta porcentagem das crianças de determinadas regiões
da Grande São Paulo apresenta déficit tanto no crescimento físico quanto no
intelectual, havendo uma média de 2 anos de retardamento no seu
Por esta breve exposição de alguns dos muitos fatores que podem predispor a
diversos tipos de distúrbios durante a gestação, conclui-se pela importância da
orientação médica durante a gestação ou mesmo do aconselhamento genético
quando um dos membros do casal é portador de qualquer característica que
possa afetar negativamente o feto; ou ainda quando, embora pai e mãe sejam
sadios, possa existir algum tipo de incompatibilidade capaz de prejudicar o feto.
O conselheiro geneticista faz um estudo do casal e orienta no sentido da
Conclui-se, portanto, que este período pós-parto é muito delicado tanto para a
mãe quanto para o bebê, podendo determinar a qualidade da ligação afetiva
que se irá estabelecer entre os membros da díade criança-mãe.
Atualmente considera-se que, se o bebê tiver uma mãe que capta seus sinais e
responde adequadamente a eles, a mãe saberá quando seu filho precisa ser
alimentado. Este, por sua vez, em poucos dias desenvolverá naturalmente um
ritmo adequado de alimentação. Não há, portanto, necessidade de se
estabelecer rigidamente um horário de amamentação e tampouco de a mãe
Mas este grupo de reflexos não tem a conotação de prazer apresentado pelos
alimentares. O mesmo se pode dizer dos reflexos defensivos. Por exemplo,
diante de um ruído forte o bebê se encolhe rapidamente e em seguida atira as
pernas e braços para fora. Não é difícil ver a correlação com nossos processos
defensivos físicos onde, num primeiro momento, nos protegemos e, num
segundo, tentamos expulsar a fonte da agressão. Esta postura defensiva fica
ainda mais clara quando picamos a planta dos pés de um bebê com uma
agulha. Reflexivamente ele retira o pé. Mas, se este pé estiver seguro, ele
encolhe a outra perna e em seguida a estica na direção do pé magoado.
Vimos observando até agora que, tanto ao nível dos reflexos quanto ao nível
dos vínculos de prazer externamente percebidos, a organização oral é o
elemento central da motivação infantil inicial. Quando utilizamos o termo
motivação, temos claro que estamos criando a impressão de uma dicotomia no
ser humano, dicotomia que teria, diante das situações de vida, de um lado a
capacidade cognitiva de elaborar e resolver problemas e, de outro, o impulso
que dá a energia para que a situação de vida seja enfrentada. Não cremos
pessoalmente nesta dicotomia humana, mas ao nível dos atuais
conhecimentos da psicologia, Piaget (e seguidores) emerge como o teórico da
construção do real, portanto da evolução da cognição humana; e Freud e
seguidores são os responsáveis pela descrição evolutiva normal e patológica
da afetividade. Nesta dimensão afetiva, o vínculo oral é claramente percebido
como ponto central do vínculo humano de prazer.
A gratificação oral inicial também pode ter sido sentida como insatisfatória ou
insuficiente. Isto criará permanentemente a expectativa de que receber o
mundo externo, ou se relacionar com ele, será fonte de angústia ou de
sofrimentos. Discutiremos algumas destas modalidades quando tratarmos da
amamentação. Interessa-nos agora, a mais grave delas: a esquizofrenia.
Temos examinado que o mundo externo só pode ser progressivamente
conhecido e amado a partir dos vínculos de maternagem. A criança pode
nascer tão frágil, tão sensível à angústia ou, como dizemos analiticamente,
com predominância do instinto de morte sobre a vida, que quaisquer oscilações
de maternagem repercutirão como processos destrutivos, fazendo-a regredir e
isolar-se em seu mundo interno de fantasias. Também a criança com uma
propensão normal ao desenvolvimento sadio pode sofrer uma maternagem tão
A Etapa Oral-canibal
Este segundo período oral é introduzido na obra de Freud por Karl Abrahan. Se
antes a criança apenas incorporava, e suas modalidades agressivas existiam
apenas no plano da fantasia, agora, com a vinda dos dentes, a agressividade
será concretizada. Os dentes surgem rasgando as gengivas, provocando dor,
febre e angústia. A oposição do primeiro dente com as gengivas fere.
(2) Uma fixação da libido no nível oral. A organização oral exacerbada fixará
uma modalidade onde toda troca é oral. Encontramos estes traços nos
2.2.2 Amamentação
Da mesma forma, não é dado único partir-se de que o seio real seja
indispensável para o desenvolvimento psicológico sadio. A maternagem é um
processo global de envolvimento mãe-filho. Caso a mãe não possua leite, ou
mesmo em caso de filho adotivo, é o relacionamento amoroso e corporal como
totalidade que alimentará os processos introjetivos da criança. Portanto,
mesmo não havendo leite no seio, a mãe será adequada se puder amar e se
Queremos com isto mostrar que o prazer que a mulher tem de dar o seio e a
estimulação resultante das amamentações regulares constituem a base da
manutenção do leite. Ora, as mulheres que evitam dar o seio, que retiram ao
primeiro intervalo da criança, que desnecessariamente ficam buscando
alimentação complementar que espace a amamentação, são mulheres que em
geral têm este desempenho como sintoma de uma rejeição inconsciente da
a) interrupção correta;
b) interrupção precoce;
a) Interrupção Correta
Podemos perceber então que o seio só pode ser perdido quando existirem
outras fontes de satisfação e ligações afetivas que compensem a perda. O
desmame progressivo permitirá que os novos vínculos sejam progressivamente
estabelecidos, à medida que o vinculo inicial com o seio for sendo reduzido. A
criança sentirá a perda. O desmame é, provavelmente, a maior frustração de
nosso desenvolvimento afetivo. Se perdido, porém, o seio, restam mãe e pai
amorosos e adequados; se perdido o leite, ganha-se a possibilidade de todos
os outros alimentos; se perdido o prazer de sugar, ganha-se o de morder, o de
jogar; a frustração é assimilada porque os ganhos são maiores do que a perda.
2.2.3. Conclusão
Estudos deste tipo despertaram nos psicólogos, das mais diversas formações
teóricas, o interesse e a necessidade de pesquisar, de observar e identificar
quais os fatores presentes neste relacionamento mãe-filho, que determinam o
subseqüente desenvolvimento de características de personalidade, ou, mais
especificamente, do repertório de comportamento da criança.
Podemos citar nesta linha, que Cadwell e Hersher (1964) chamam de modelo
teórico monádico (isto é, unidirecional) de I-M-F, o estudo longitudinal
conduzido no Fells Institute (Badwin, Kalhorn e Breeze, 1945), que enfatiza a
influência dos pais, seu nível sócio-cultural, local de residência (cidade,
campo), idade, práticas de crianças adotadas, como determinantes de algumas
características de personalidade da criança.
• Caso Hans
• Histórico:
Até a referida idade, Hans era uma criança alegre, não tinha passado por
nenhuma vivência traumática que pudesse ter gerado o sintoma. Quando tinha
cerca de 3/5 anos quando começa a fazer perguntas, sobre a “coisinha de
fazer pipi”, pergunta à mãe se as mulheres também tinham e ela lhe responde
que sim. Ou seja, ela não fala da diferença sexual e reprime a atividade
masturbatória (ameaça cortar o pipi dele ou atar as mãos).
Em outra situação, num campo, ele estava com uma amiguinha, o pai diz para
ela para não colocar a mão na boca do cavalo, pois este pode morder.
Paralelamente a isso, o Hans adoece, tem uma gripe forte (somatiza) e tira as
amídalas.
Freud não trabalha esta questão da cirurgia. No entanto, esta para Hans, cortar
as amídalas, seria uma ameaça de castração. Poderia então, na cabeça dele,
cortar também o seu pipi. Foi para ele, uma vivencia de castração.
Muitas coisas que hoje se perguntaria ao pai do Hans, não foi investigado,
naquela época, por Freud e que teria ajudado na compreensão do caso.
Aberastury vai falar disso.
Quando Hans chegou a Freud, ele estava na fase fálica, não foi investigadas a
fase oral nem a gravidez da mãe, somente a fase anal, pela queixa que o pai
do Hans trazia de constipação do filho, devido a um controle severo da mãe.
Percebe-se que ele resistia bastante a submeter-se ao controle esfincteriano.
• A cirurgia da amídala
• Identificação ao Pai
• Gravidez da mãe
Hans diz que o pipi da sua mãe tinha sangrado e que o dele não. Depois
percebe que sua irmã também não tem, ou seja, reforça a hipótese da mãe que
todos possuem um pênis, e que sua irmã foi castrada (ameaça). Nesta época,
Freud nem havia pensado na questão da transferência.
• Anna Freud
Anna Freud foi uma mulher com características diferentes das mulheres de sua
época, desenvolveu um afeto maior com o pai, cuidou dele até sua morte.
Fez análise com Freud, pois a sociedade vienense só permitia analistas que
fizesse análise com pessoas da sociedade. Começou atendendo adultos,
Dorothy tinha quatro filhos, que ela também atende e depois, amigos destas
crianças.
O primeiro passo seria mostrar a criança por que ela está em tratamento, ou
seja, conscientizá-la de que se os pais procuraram um tratamento, é por algum
motivo. O tratamento deve levá-la a um insight a respeito da própria doença.
• 2º Passo: Aliança.
O primeiro momento do insight é que a criança vai poder decidir ou não pelo
tratamento, através do conhecimento maior do que se trata a terapia. Por isso,
a criança deve explorar o ambiente, que deve ser propício. A partir disso,
faz-se uma aliança com ela, deixando claro, de que nem sempre vão acontecer
coisas agradáveis ali, mas que são necessárias para que ela se cure.
Existem sintomas que não incomodam tanto a criança e mais os pais, como por
exemplo, tirar notas baixas, ser agitada na escola, etc. Ela também pode ter um
ganho com esses sintomas, pois percebe que incomoda aos outros,
principalmente os pais, chama atenção deles para si. E outros sintomas que
realmente os incomoda, como terror noturno, fobias, encoprese noturna,
principalmente se for uma criança maior, por volta dos seus sete anos de
idade.
• Papel do Analista
Para Anna Freud, ceder aos caprichos da criança é considerado útil para o
tratamento. Fala em analista útil, ou seja, que faz coisas que a criança
demanda, tornando-se útil para ela, por ceder aos seus caprichos. Uma vez
que o vínculo está estabelecido, é que o analista vai colocando, aos poucos os
limites, pedir para que ela faça suas próprias coisas. Aqui começa o que vai
denominar de processo analítico.
• Associação Livre/Transferência.
Considera que a criança não tem como associar livremente, mas que ela possa
ser dirigida a isso. Não acredita no vínculo transferencial, uma vez que para
ela, a criança ainda está muito ligada nas suas primeiras relações de amor, que
são seus pais, ou quem cuida dela.
• Métodos
Este seria, segundo ela o principal método para se trabalhar, o analista deve
mostrar interesse na interpretação dos sonhos, mostrar a sua importância. Os
sonhos infantis são mais fáceis de serem interpretados do que o dos adultos,
pois possuem menos censura. E a criança acha divertido falar dos sonhos e
daquilo que está pensando ou vivendo. Muitas vezes, nem precisa ter uma
estrutura intelectual muito desenvolvida para que a criança possa fazer este
trabalho.
2. Devaneios em série.
• 3ª método: Desenho
Este é fundamental para a sua comunicação para fazer a criança falar. Anna
Freud não interpreta o desenho, antes a sua preocupação é com o tema
trazido, o que a criança diz a respeito do desenho, o que ela está
comunicando.
• A análise e a Educação
Imaturidade do Ego.
Superego em estruturação.
O adulto em análise consegue dar uma direção aos impulsos conflitivos do Id,
do Ego e do Superego. Já a criança não está ainda estruturada, a neurose
infantil é uma ocorrência interna, mais existe uma influência externa muito
grande para que ela se instale. As mesmas pessoas que cuidam dela são as
O analista para Anna Freud tem que se colocar no lugar do Ego ideal dos pais
e ainda, ter uma autoridade maior que a deles. Diz que esta postura do analista
pode gerar problemas, mas se eles aprenderem algo com a doença da criança,
vão permitir o trabalho. Senão, pode haver uma rivalidade entre os pais e o
analista. Por este motivo, é muito importante que o analista crie um vínculo de
confiança também com os pais.
• Melanie Klein
Freud impediu o conflito entre ela e sua filha, Anna, evitando o rastreamento da
psicanálise. No entanto, não houve uma aproximação direta de Melanie Klein
com Freud. Conseguiu divulgar bastante a sua teoria, que deu a origem a
chamada Escola Inglesa (Psicologia do Ego).
Como a criança tem estas pulsões como motor, faz uma relação com a mãe,
parcial, a princípio. Vai se relacionar com a mãe através do seio, não biológico,
mas fantasmático, criado, percebido pelas fantasias. Fala de pessoas
Na posição depressiva, a criança usa uma defesa maníaca para não sofrer a
perda, ela se sente impotente e despreza o objeto para não senti-la.
A menina vai ter acesso ao pênis do pai e o menino também. Faz uma
identificação com o corpo materno que contém o corpo do pai. O ciúme gera
culpa, que a leva a controlar os impulsos destrutivos, a fim de preservar os
objetos amados. Esta é a resolução do Complexo de Édipo para Melanie Klein.
Outro aspecto que se observa é a reparação, que a criança vai tentar destruir e
depois reparar. Ela tentar reparar por que já tem o ego estruturado e para
manter os objetos de amor.
Crítica: um pai que não seja presente, a criança não vai combinar as figuras e o
ciúme vai ser mais fraco. Para que ela fantasie, alguma coisa tem que
acontecer de fato, não somente de origem interna, mas também no meio.
Quando a criança está fazendo a dissociação, ela idealiza, esta por sua vez se
acentua e a faz projetar os impulsos agressivos pela idealização do bom. Vai
acentuar a inveja que deforma o objeto, introjetando mais o objeto mal. A
criança, com isso, vai se sentir ameaçada e vai necessitar de um controle muito
grande, vai se tornar um adulto que destrói tudo o que vê de bom. O que na
verdade pode comprometer é o não reconhecimento dos aspectos negativos
dentro de si.
Ciúme: Implica numa tríade. Um objeto que alguém acha que o outro vai tirá-lo.
Algumas vezes, a pessoa diz que está sentindo ciúmes, porém o sentimento de
base é a inveja.
Exemplo: relação amorosa, o namorado diz que foi ela que quis provocar
ciúmes, que ela que fez acontecer, etc.
Desvalorização do objeto;
Procurar despertar inveja em outras pessoas. Daí, não precisa se deparar com
a própria inveja. Sufocar sentimentos de inveja junto com o sentimento de amor
– indiferença (formar vínculo através da indiferença). É melhor não gostar tanto
do outro para não correr o risco de sofrer, ser destruído na relação. Acting Out
– atuação. Está na ação o tempo todo sem se dar conta, quando vê, já fez.
Depois de algum tempo você aprende que o sol queima se ficar exposto a
ele por muito tempo. E aprende que não importa o quanto você se importe,
algumas pessoas simplesmente não se importam. E aceita que não importa
quão boa seja uma pessoa, ela vai feri-lo de vez em quando e você precisa
perdoá-la por isso. Aprende que falar pode aliviar dores emocionais.
Descobre que se levam anos para construir confiança e apenas segundos
para destruí-la, e que você pode fazer coisas em um instante, das quais se
arrependerá pelo resto da vida.
E você aprende que realmente pode suportar, que realmente é forte, e que
pode ir muito mais longe, depois de pensar que não se pode mais. E que
realmente a vida tem valor e que você tem valor diante da vida.”
Shak
espe
are
“O amor infantil segue o princípio: eu amo porque sou amado. O amor maduro
segue o princípio: sou amado porque amo”.
(Erich Fromm)
1. Solicitação de avaliação
Essa demanda que a família traz (pode ser uma recomendação dos pais,
pediatra, da escola etc...), o que não significa que seja a mesma demanda
observada pelo terapeuta no decorrer da entrevista. É importante saber de
onde vem a demanda. De onde ela surge.
2. Da responsabilidade
Outro aspecto diz respeito à questão legal: os pais são os responsáveis pelos
atos da criança legalmente, e sendo assim, tem o direito de saber o que
acontece no tratamento.
É preciso que o analista discrimine o direito dos pais: saber o que se passa no
tratamento e ao mesmo tempo o sigilo do paciente. O analista deve falar sobre
sua proposta de trabalho sem que seja necessário o sigilo.
3. Entrevistas
Em termos de psicanálise podemos dizer que haverá uma escuta que vai ser
atribuída ao analista, o sofrimento que tem a ver com o próprio sujeito, com a
sua implicação nele. A partir daí, vai buscar na figura do analista a resposta
para as suas questões, é a atribuição sujeito suposto saber (transferência) e
sendo assim, se permitir falar disso.
2. História
7. Devolução
2. História:
A criança já chega ao mundo com o desejo dessa família, ela vem determinada
quanto ao lugar que vai ocupar, lugar esse que será apontado por um outro
que irá marcá-la mais profundamente ou não.
As situações da vida da criança irão marcá-la, mas não são deterministas, pois
irá depender de como o sujeito vai lidar com essa marca.
O processo da análise é também, por que não tem por objetivo curar o sujeito
da sua angústia, mas que ele possa produzir algo novo, o que implica numa
certa desestabilização ecóica, abrir mão das identificações.
3. Relação Familiar
Se a criança se dirige mais ao pai ou a mãe, o lugar que ela ocupa dentro
desta família.
5. Sessão Livre:
Entrevista com criança tem esse nome por que não utiliza só o discurso, mas
também atividades como: brinquedos, jogos, desenhos, que também são
formas de expressão.
7. Entrevista de Devolução:
Vai informar algo daquilo que se avaliou do caso. É importante que se utilize
uma linguagem clara, de preferência com as próprias palavras dos pais.
“Totem e Tabu”
Freud vai falar do animal “totem” (um animal qualquer), que representa a tribo e
é adorado por estes, no entanto, em um dia determinado pela tribo é permitido
matar o totem coletivamente. Eles se vestem com roupas parecidas ao animal
e fazem os sons dele e, a partir disso inicia-se uma festa, onde todo o excesso
é permitido e incentivado. Segue-se então à morte do animal e toda a tribo
realiza o ritual de comê-lo.
Analisa o caso de uma tribo citada por Darwin, onde a proibição do próprio pai
é mais forte ainda com a morte dele, pois somente ele poderia ter todas as
mulheres da tribo. Com a morte dele, os filhos passam a se identificar com o
pai, com a proibição e assim, vão buscar as mulheres de outras tribos. Ou seja,
o que antes era motivo de inveja, agora é internalizado. Freud vai chamar este
fato de obediência póstuma. O pai representa a proteção e a dominação.
Afirma que a “exigência sexual não une os homens, pelo contrário, os dividem”.
E que a repetição do ritual deve-se à expiação da culpa.
Freud acredita que o elemento paterno (lei) tem um papel muito relevante na
forma como nos relacionamos com as pessoas, com o mundo, com a religião.
Desordens Escolares
A cada vez imposta a mim mesma questão: que há, pois de não comunicável
em palavras, que se imobiliza, se fixa num sintoma? Essa investigação que
proponho uma reflexão.
Caso 1
Órfã de pai aos 14 anos, a Srª Bernardin sentiu-se na sua própria infância em
posição de inferioridade em relação aos colegas. De saúde frágil, chegara à
conclusão, junto com sua mãe, de que os estudos seriam prejudiciais a ela.
Ficariam reservados ao irmão. Muito nova atribuíram-lhe o lugar de “jovem
Casa-se tarde e permanece no lar materno, sem outra ocupação que não seja
cuidar de seu filho. Sua mãe, depois de abandonar toda a sua atividade
profissional, resolve dirigir sozinha o lar.
“Fui criada num ótimo ambiente nocivo” – “acrescentei essa palavra porque soa
bem com ambiente”, adita, “Isso não tem sentido porque era tudo perfeito”.
“É melhor”, acrescenta a criança, “não ter sonhos do que ter sonhos ruins”.
Essa mãe depressiva que ele nunca pode chegar a satisfazer, o menino
esforça-se ao menos em ocupá-la com seus fracassos e sua conduta fólica,
conduta essa que aparece aqui, mas como a expressão do desejo materno, do
que como a doença própria da criança.
E pai? – Homem resignado, ele me confessa: “eu me censuro por ter entregado
meu filho as mulheres, mas não podia ficar permanentemente lutando – a vida
teria sido um inferno”.
É proposta uma tentativa de psicanálise. A mãe já recua. “Temo que tudo isso
venha mudar os nossos hábitos”.
Livre para fazer o que quiser de uma criança, quase não reconhecida pelo pai.
Que pode fazer o analista, a não ser esperar? Se forçarmos aqui uma
psicanálise, que toca em problemas tão essenciais ao nível do casal, corremos
o risco de cair em dificuldades de outra ordem.
Por que, com efeito, mudar o que quer que seja, quando tudo parece estar no
seu lugar?
Caso 2
A filha é sem problemas e autônoma. Victor é difícil, julga-se rejeitado pelo pai.
“De fato, meu marido identifica-se com o mais velho e sente-se estranho ao
outro – ou melhor, o mais novo, o mais novo só lhe lembra os seus complexos,
o mais velho deleita-o com seus êxitos”.
Victor imagina que o mundo lhe é hostil, está revoltado contra os adultos. O
fracasso escolar é sentido como uma injustiça.
Graças à sua situação a dois com a mãe, o menino sempre se ajeitou para não
ter que passar pela Lei do Pai. Essa lei, ele recusa tanto na competição escolar
como nas suas relações humanas. Recusa-se a ser dominado, não tolera que
seus atos sejam discutidos. Proclama ser forte, sem ter de passar pela prova
da fraqueza e do não-saber.
Realmente, ele teme que uma psicanálise provoque a perda dos seus
privilégios, deixando-o assim desarmado diante da adversidade. Agora,
praticamente não há fracasso, o indivíduo “se entrega” a fim de evitar qualquer
desconforto.
A mãe levou ao nosso consultório o seu filho Nicolas, de 15 anos, que tem um
estrondoso declínio escolar. “Quando estou deprimida, eu o ajudo em seus
deveres, mas ele não quer saber do meu auxílio. O drama é que ele conta com
o apoio do pai e sempre me vence quando este se acha presente. Ora, para
sua informação, o pai de Nicolas é uma criatura mole, distraída, cansada e
inútil”.
Quinze anos depois, a sua irmã efetivamente morre, e a mãe não consegue
recuperar-se deste luto (expresso inconsciente no plano fantasmático de
desejos infantis de homicídio).
“Minha irmã era adotada, mas quanto a mim, tinha sido menos aquinhoada em
tudo, e ela era bem sucedida. Ela se apoderava em todos os meus assuntos de
conversa. Eu era muito menos brilhante”.
A morte da irmã põe a mãe em tal estado de culpa que ela já não se reconhece
o direito de viver. “Em casa, é comum um cemitério, somos todos
mortos-vivos”.
De fato, Nicolas não abandonou a mãe até o luto da tia e, no que diz respeito à
depressão materna, não podia mais suportá-la.
O excelente entendimento com o pai (doente grave) não basta, contudo, para
fazer com que o rapaz confie nele.
Apanhado no mundo materno, Nicolas vive, como eco da mãe, o luto dela.
Todo apoio masculino parece faltar-lhe, ele como que parou de viver. Culpado
pelos seus fracassos, ele nada pode fazer por contra própria. Examina uma
possibilidade de internato, mas logo acrescenta: “O pretexto para isso deve ser:
a tristeza no lar. Em que se transformariam os pais se eu não estivesse mais
lá?”.
Enquanto Nicolas é para seus pais, um objeto de preocupação, eles têm, com
efeito um motivo para apegar-se à vida. “Meu marido está sempre me dizendo:
acabou-se, vou morrer. Eu mesma sou um fracasso, agarro-me ao filho”.
Caso 4
Pai e filho entendem-se muito mal. O pai desejou que o filho fosse bem
sucedido num campo em que ele próprio havia fracasso (Engenharia,
Medicina). E é no momento em que a opção nos estudos corre o risco de
tornar-se decisiva que o sujeito, curiosamente, “estaciona”.
“Só trabalhei por obrigação. Não sei o que é ter vontade de trabalhar”.
Sofre por ter decepcionado o pai. “Não posso fazer de outra forma”. De fato,
Michael sente-se muito desvalorizado, só pode relacionar-se com jovens
“fracassados”, procura consolo na dança, no prazer e nas meninas fáceis.
Esse rapaz, muito dotado, não pode de fato superar o pai. Foi incluído em
demasia nos devaneios deste para ter o prazer de realizar o que quer que seja
em seu próprio nome.
Caso 5
Criada pelos avós, Bernadette tem reações fóbicas quando fica sozinha com a
mãe. Habituada à vida no campo, sente-se perdida em Paris.
Caso 6
Filha da mãe, Martine alia-se a ela contra o pai, descrito como “carrasco”.
Somente no fim da consulta é que a mãe, em pranto, fala-me de sua filha, “que
faz tudo para irritar o pai”.
Caso 7
A mãe quer levar sua filha Sabine (11 anos), ameaçada de ser expulsa da
escola. O pai opõe-se a qualquer exame.
De fato, esses tiques existem desde os seis anos de idade (data em que o pai
abandona o domicílio conjugal em protesto contra uma operação feita em outro
filho sem o consultarem).
“Agradeço sua carta e aprecio a posição franca que a senhora adotou nesse
caso particular.”
Cuido que cabe aos pais, e somente a eles, fazer com que o filho tenha um
comportamento normal para a sua idade”.
O casal era unido até o nascimento dos filhos. A vinda deles ao mundo
assinalou o início do desentendimento (por ser impossível para a mãe suportar
uma situação a três, isto é, uma situação em que o pai continua a existir na
mãe apesar da presença dos filhos). Ao subtrair os filhos à autoridade do
marido, servindo-se de todas as cumplicidades, a Srª x fez a infelicidade dos
seus.
A minha carta, por ter-me recusado a entrar no jogo da mãe, foi, em si mesma,
uma intervenção terapêutica.
“Quanto à ortografia, está melhor agora, mas não fui admitida na 5ª série
quando tinha idade para isso”. Atualmente com 14 anos, Simon está no 5º ano
de recuperação e de fato deve renunciar a estudos secundários normais.
Toda a gama das provas intelectuais enfatiza o fator “superdotado”... Mas “isso
não redundou em nada”.
REFERÊNCIAS
ESTUDO DE CASO
CASO I – João é uma criança de 7 anos de idade, que cursa a primeira série
do ensino fundamental. A professora conversando com a mãe sugeriu-lhe que
procurasse um terapeuta para acompanhar o filho, por achar que o mesmo
estava precisando. Assim que chegou na sala, João olhou todo o material e
depois escolheu a massinha para brincar. Falou que não sabia o que fazer,
mas logo começou a montar um boneco muito criativo e de cores variadas
(misturando cores quentes e frias e em alguns momentos com um requinte
mais escuro, acinzentado). Com isso mostrou ter noção do esquema corporal.
Eu perguntei o nome do boneco, ele primeiro disse: “não sei” e depois falou
que o nome era Pedro. Depois de terminar o boneco, ele disse “pronto” e ficou
parado, sugeri que brincasse com o boneco, ele brincou um pouco e disse:
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Quando faltavam dez minutos para acabar a sessão, eu o avisei e ele pediu
para brincar de carrinho. Fez barulho e disse que estava passeando em São
Paulo. Perguntei o que tinham na cidade e ele disse que tinha mar, casas e
lojas. João se sentiu inibido com a minha presença, não pediu ajuda. Ele não
relatava as brincadeiras, sempre falava não sei, ficava parado, falava pronto e
separava uma sugestão ou incentivo. É muito paciente, fazia tudo com muita
calma, capricho e criatividade.
VÍNCULO PSICANALISTA-PACIENTE.
A todo tempo me contava o que estava fazendo. Depois, pegou outra boneca e
disse que ela ia cozinhar. Foi em busca de um fogão. Encontra-o, narrava
como se fosse a boneca que cozinhava. Parou logo e perguntou-me se podia
brincar com o jogo monta tudo. Disse a ela que podia brincar e fazer o que
quisesse. Como o jogo estava dentro
Respondi que ela poderia colocar as peças no chão e que quando terminasse
de brincar poderia guardá-las ou não. Ficaria do jeito que ela quisesse.
Mediante tal resposta, Laura chegou perto de mim e deu-me um beijo no rosto.
Voltou para brincar dizendo que ia montar uma estrada e uma estação.
Enquanto montava. Ficava o tempo todo conversando com o brinquedo ou
comigo. Quando resolveu montar uma casa na estação, pediu que eu a
ajudasse. Sentei-me no chão e comecei a ajudá-la. Laura é que me dizia o que
e como fazer, quando não era exatamente o que ela queria, voltava a me
ensinar como se eu não fosse capaz de fazer sozinha. Quando terminou de
montar a casa, colocou-a perto da estrada, pegaram um trenzinho, um
aviãozinho, três bonecos e começou a narrar uma história. Fazia sons e
movimentava-se de acordo com o que faltava. Permaneceu brincando por um
bom tempo. Quando faltava dez minutos para acabar o tempo, avisei-a. Laura
perguntou-me se poderia voltar outro dia, pois estava muito bom brincar ali. Em
seguida levantou-se e voltou a brincar com a boneca que já havia pegado
primeiramente. Aos cinqüenta minutos, disse a ela que teríamos que parar de
brincar, pois o tempo havia terminado. Laura em momento algum demonstrou
timidez ou falta de interesse em brincar. Não se interessou pelos materiais que
lembravam ou propunham atividades escolares, muitos menos em usar sucatas
para confeccionar alguma coisa. No que pude observar, ela é uma criança
muito esperta e capaz de retratar seus detalhes, momentos e ações de sua
vida cotidiana com prazer e alegria. Laura é muito comunicativa, em nenhum
momento deixou de conversar, expunha com clareza suas idéias e vontades, o
que favorecia nosso diálogo.
2. E
NQUANTO BRINCAVA, LAURA RELATAVA O QUE ESTAVA FAZENDO.
COMO
Vê na família, principalmente a mãe, aquela que sabe tudo, que comanda tudo.
Coloca-a em papel de destaque e em tamanho maior que os outros elementos.
Abandonado pela mãe e criado pela avó paterna, sua história de vida é
marcada por desunião, separação, carências materiais e afetivos. O paciente
demonstrou inquietação, não concentrando nas brincadeiras, nervosismo,
desorganização de pensamento. É observador, mas não demonstrou
curiosidade. Demonstrou aversão às fotografias e gravuras envolvendo
situações de família e escola, prendendo-se mais a atenção a uma fotografia
contendo uma criança só.
Não demonstrou paciência nos jogos que exigiam tal habilidade e demonstrou
também se sentir isolado e inseguro. Considerando os estágios de
desenvolvimento segundo Piaget, encontra-se no estágio das “Operações
Concretas”, uma vez que agrupa, com muita dificuldade, cor, forma, tamanho,
etc. E compreende também com dificuldade, termos de relação.