Você está na página 1de 46

1

SUMÁRIO

INTRODUÇÃO ................................................................................................. 3

1 A FAMÍLIA E AS REPRESENTAÇÕES SOCIAIS ....................................... 4

1.1 Família e sociedade ............................................................................. 6

1.2 Sistema e subsistemas familiares ........................................................ 8

2 O DESENVOLVIMENTO PSICOLÓGICO DA CRIANÇA NO CONTEXTO


DA FAMÍLIA. ............................................................................................................. 12

3 A FAMÍLIA E AS ORIGENS DO SINTOMA .............................................. 14

4 O PROCESSO DE COMUNICAÇÃO NO SISTEMA FAMILIAR ............... 17

5 ADOLESCÊNCIA E FAMÍLIA.................................................................... 20

6 DESENVOLVIMENTO INFANTIL E O DIVÓRCIO ................................... 25

7 PARENTALIDADE X CONJUGALIDADE: OS DESAFIOS DE


COMPARTILHAR A CONVIVÊNCIA COM OS FILHOS APÓS O DIVÓRCIO .......... 27

7.1 Do casal conjugal ao casal parental ................................................... 28

7.2 A dissolução do casal conjugal: como permanecer um casal parental?


29

7.3 A importância familiar para a reestruturação da criança após a


separação 31

8 ESTRATÉGIAS DE ATENDIMENTO FAMILIAR ...................................... 34

8.1 Entrevista Circular .............................................................................. 35

8.2 Entrevista Familiar .............................................................................. 35

8.3 Avaliação da Rede de Apoio .............................................................. 38

9 TERAPIA FAMILIAR E DE CASAL ........................................................... 39

9.1 Indicações da Terapia Familiar .......................................................... 41

10 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ...................................................... 42

2
INTRODUÇÃO

Prezado aluno,

O Grupo Educacional FAVENI, esclarece que o material virtual é semelhante


ao da sala de aula presencial. Em uma sala de aula, é raro – quase improvável - um
aluno se levantar, interromper a exposição, dirigir-se ao professor e fazer uma
pergunta, para que seja esclarecida uma dúvida sobre o tema tratado. O comum é
que esse aluno faça a pergunta em voz alta para todos ouvirem e todos ouvirão a
resposta. No espaço virtual, é a mesma coisa. Não hesite em perguntar, as perguntas
poderão ser direcionadas ao protocolo de atendimento que serão respondidas em
tempo hábil.
Os cursos à distância exigem do aluno tempo e organização. No caso da nossa
disciplina é preciso ter um horário destinado à leitura do texto base e à execução das
avaliações propostas. A vantagem é que poderá reservar o dia da semana e a hora que
lhe convier para isso.
A organização é o quesito indispensável, porque há uma sequência a ser
seguida e prazos definidos para as atividades.

Bons estudos!

3
1 A FAMÍLIA E AS REPRESENTAÇÕES SOCIAIS

Fonte: pleno.news

A constituição familiar surgiu como uma das primeiras constituições sociais


existentes. Ela pode ser compreendida como as relações estabelecidas entre seus
membros, as mudanças ocorridas ao longo do tempo, e também as interações que
ocorrem entre o seu dinamismo interno e a realidade exterior que a envolve. Portanto,
as formas de representações sociais são elaboradas pelos membros sobre tal
realidade, instaladas em cada classe social, que nelas constituem a perspectiva
central desta tarefa. (ARAUJO, 2003)
É importante lembrar que a homogeneidade ao longo das gerações, é limitada.
Podemos dizer que em relação as sociedades, cada uma delas estabelecem maneiras
diferentes de pensar e de estruturar suas representações, impedindo desta forma a
universalização das mesmas, o que levaria à perda do social.
A representação coletiva se transforma em representação social, cada uma
com diferentes formas de emergir de acordo com seu grupo social. Além disso, a troca
de sentimentos e ideias entre os indivíduos enfatiza que os dados pessoais podem se
tornar sociais e vice-versa.
A representação social se trata de uma questão que não cede muito espaço
em dar uma ênfase para defini-la. Portanto, não era uma centralidade dos teóricos,
justificando que isto poderia reduzir o alcance da compreensão sobre a representação
social.

4
Todavia, segundo Moscovici, citado por Sá, temos a seguinte conceituação:

“Por representação social entendemos um conjunto de conceitos,


proposições e explicações, originado na vida cotidiana no curso de
comunicações interpessoais. Elas são o equivalente, em nossa sociedade,
dos mitos e sistemas de crenças das sociedades tradicionais; podem também
ser vistas como a versão contemporânea do senso comum” (MOSCOVICI,
1996, apud, SÁ, 2003)

Através dessa conceituação, Araújo nos mostra a representação social em três


particularidades: atitude, informação e imagem. Entende-se que a atitude, trata-se de
uma conduta dada como resposta organizada frente a uma situação objetiva da
sociedade, caracterizando assim, o contexto regulador presente na representação
social. Deste modo, quando falamos em representação social ela é instalada como
objeto social que se apresenta mais bem focalizado para o indivíduo. (ARAUJO, 2003)
O entendimento dessas informações refere-se ao conjunto dos
conhecimentos que um grupo possui a respeito do objeto da representação social. A
apresentação da imagem proporciona o conteúdo concreto e limitado sobre aspectos
do objeto social da representação.
Os elementos supracitados se apresentam de forma distinta, conforme o
contexto social e cultural de cada grupo. Desta forma, compreende-se o motivo de
que a representação social sobre família tenha assumido características diferenciadas
em função do contexto sociocultural.
As representações sociais conforme já mencionadas no texto, estão presentes
no dinamismo das comunicações entre as pessoas, além de contribuir para a
formação e orientação dos comportamentos, elas facilitam para que a geração tenha
a troca social, operacionalizando a transmissão e o desenvolvimento cognitivo de
valores e normas sociais.
Moscovici aponta três situações sociais geradoras da representação social:
dispersão da informação, focalização e pressão à inferência. (MOSCOVICI, 1996,
apud, SÁ, 2003)
Sobre a dispersão da informação, devemos lembrar que nem sempre os
indivíduos têm o acesso a esses dados úteis para tal conhecimento em face da sua
complexidade e das limitações sociais e culturais. No entanto, o grande aparecimento
das distorções sobre o objeto de contestação não favorece a transmissão direta
destes valores.

5
Por outro lado, na focalização, que é a segunda situação, o foco está voltado
apenas para alguns aspectos do objeto, desinteressando-se pelos demais, pois o seu
grupo social define tal tipo de visão. Nesta condição, o indivíduo fica vedado de ter
acesso a uma visão global do objeto.
Por fim, a terceira conjuntura diz sobre o fato de que o indivíduo é levado a
desenvolver opiniões e comportamentos, eliminando as zonas de incertezas do saber.
Desta maneia, o indivíduo tem a tendência a aderir às opiniões dominantes no grupo,
visando atribuí-las uma certa validade.
Quando o indivíduo está frente a um objeto, sabemos que nem sempre dispõem
de informações completas, envolvendo-se com alguns aspectos mais dominantes e
sendo levados a posicionar-se frente ao mesmo, na perspectiva da opinião da maioria.
Quando se faz referência ao objeto família, a contingência desta representação social
é bastante evidente em função dos vínculos afetivos e de interdependência que se
estruturam. (ARAUJO,2003).
Logo, quando se tem o conhecimento sobre os objetos, eles são na maioria das
vezes, condicionados aos aspectos dominantes dentro do grupo, exigindo-se que os
indivíduos se posicionem frente a esses condicionamentos. É fundamental também
considerar que quando a família é vista como um objeto polimorfo, a mesma assume
essas características de domínio frente aos seus membros, enquanto objeto de estudo
como representação social. Portanto, a forma como essas características são
impostas, faz com que a família adquira diferentes formas, de acordo com o contexto
cultural e histórico.

1.1 Família e sociedade

A constituição familiar social se encontra presente no mundo já há muitos anos.


De acordo com Castel (1998; apud CAPUTI L; 2011), desde a Idade Média, a família
demonstra a sua habilidade de organização coletiva, protegendo os membros mais
necessitados da comunidade por meio de uma assistência mínima, constituindo o que
ele denomina de “socialização primária”, em que o aniquilamento dessa referência
para o indivíduo seria o início do processo de desfiliação.
De certa forma, as famílias se estabelecem como protagonistas fundamentais
no provimento de prestabilidade dos serviços de proteção social aos indivíduos frente

6
aos riscos e vulnerabilidades em que estão expostos; tem função sexual, reprodutiva,
econômica, social, cultural e educacional.
Discorre de um espaço de compartimento de recursos materiais, econômicos,
de afetividade, cuidados, herança e construção de valores, de cultura e de troca de
saberes. É um compartimento em que se é permeado os conflitos, a socialização dos
seus membros, é fonte de referências morais, de vínculos afetivos e sociais, de
identidade grupal, bem como de mediação das relações dos seus membros com
outras instituições sociais, com a comunidade e com o Estado. (CAPUTI, 2011).

Para a psicóloga Szymanski, “as famílias buscam uma adequação entre os


valores herdados, os partilhados com os pares e os novos valores, que vêm
de seu contato com outras informações e com outros segmentos da
sociedade”. (2002, p.15; apud CAPUTI L; 2011)

Portanto, a família pode ser formada por um grupo de pessoas com ou sem
consanguinidade que convivem ou não no mesmo teto. Podemos salientar ainda, que
se caracterizam como associação de pessoas que escolhem conviver por razões
afetivas e assumem um compromisso de cuidado mútuo.
No âmbito da sociedade brasileira, a constituição do conceito de família, tem
passado por profundas transformações, no qual podem ser vistas por exemplo nas
alterações de papéis da pessoa de referência da família.
As modificações ocorridas no processo de representação social, nas múltiplas
menções psicológicas e sociais que aprofundam o universo familiar e determinam o
desenvolvimento de crianças e jovens, acabam por desalojar as menções das figuras
como pai, mãe e avós.
Quais modificações são estas e a que estão atreladas?
São as mudanças vinculadas à relação de família e o mundo do trabalho, cujo
engrandecimento tecnológico, reorganização produtiva traz modificações nas
relações sociais como um todo.
A família coexistente passa a ter uma proporção pública em detrimento singular
da dimensão privada. Vive as modificações advindas, tanto das transformações do
mundo do trabalho, dos avanços tecnológicos, do aumento da expectativa de vida,
bem como das conquistas do movimento feminista. (CAPUTI 2011).

7
1.2 Sistema e subsistemas familiares

A instituição familiar pode ser entendida como um grupo de pessoas interagindo


a partir da junção de relações afetivas, consanguíneas, políticas, entre outras. Dessa
forma, esses vínculos são uma rede infinita de comunicação e influência mútua.
(Wagner, 2011)
A família pode ser considerada como um conjunto de elementos dinâmico,
submetido a um desenvolvimento das introduções regras, e marcada pela busca de
um acordo entre seus membros. Assim, pode-se pensar que a dinâmica do sistema
familiar se caracteriza pela maneira como a família se movimenta frente às diferentes
situações as quais se colocam ou são colocadas. Existe uma estrutura interna inerente
ao sistema, que permite aos seus membros que se comuniquem de acordo com as
regras estabelecidas de maneira implícita ou explícita.
A instituição familiar é marcada pelos acordos que permeiam a convivência em
diferentes níveis. Esta organização se estrutura a partir dos subsistemas, os quais
configuram a forma como os membros de uma família se organizam, considerando o
tipo de relação e vinculação estabelecida entre eles. (RÍOS-GONZÁLEZ, 2009)
Um subsistema familiar pode ser entendido como um grupo de membros de um
sistema comum no qual é estabelecida uma comunicação diferente da utilizada no
sistema principal. (Ríos-Gonzáles, 2003; Nichols & Schawartz, 2007; apud PRÁ D;
2013).
Todo subsistema familiar possui atribuições de suas funções e necessidades
específicas. Sendo assim, os sistemas e subsistemas familiares devem ser
suficientemente estáveis para manter a continuidade e flexíveis o bastante para
acomodarem-se às mudanças contextuais e evolutivas que acompanham a família ao
longo da vida (Nichols & Schawartz, 2007 apud PRÁ D; 2013).

8
Fonte:psicologiasdobrasil.com

A qualidade em que se encontra a família está pertinente com o processo


saúde/doença. Uma família que funciona de forma adequada ou inadequadamente
pode contribuir para o crescimento de problemas em relação à saúde ou resistir ao
seu efeito. Quando a família desenvolve uma enfermidade ou problema de saúde,
afeta diretamente seu funcionamento. A família é o primeiro espaço vital e arcabouço
das produções humanas. (BALTAZAR & BALTHAZAR 2006).
O desenvolvimento de uma família pode ser observado pelos sucessivos atos
que sucedem através das gerações e suas repercussões no ciclo vital. Por meio da
reprodução as famílias seguem aumentando e mantendo a origem de seus ancestrais.
A família é uma constituição que se pode designar como organismo vivo que
opera através de padrões transacionais (que passam de geração a geração), os quais,
ao se repetirem, estabelecem como, quando e com quem entrar em relação.
Todo conjunto do sistema familiar possui preceitos e regras que o determinam,
definindo o que dela faz parte ou não, bem como definindo subsistemas tais como:
subsistema conjugal, parental, fraterno ou dos irmãos, dos avós, tios e assim por
diante. Esses limites ou fronteiras devem ser perceptíveis, para que cada membro da
constituição familiar saiba qual o seu papel ou função dentro da família, não
interferindo indevidamente no papel do outro e tendo flexibilidade, para permitir o
contato entre os membros do subsistema e os demais. (BALTAZAR & BALTHAZAR
2006).

9
A transparência dos limites ou fronteiras no fundamento de uma família é um
fator importante para o seu bom funcionamento. Nas famílias desligadas, os limites
são muito rígidos, tornando a comunicação entre seus membros difícil. É como se
predominasse um excesso de individualismo, sob o qual o comportamento dos
membros não afetasse o comportamento dos demais.
Em decorrência do mau funcionamento da família, é evidente um resultado
frequente sobre os filhos que são adolescentes e carentes de cuidados, que começam
a apresentar problemas em casa, na escola, uso abusivo de álcool e drogas. Nesses
casos, a omissão da família não ajuda, e as consequências acabam por aumentar.

Como exemplo temos outra situação que é de funcionamento problemático,


devido a lacuna que deixam pela à falta de clareza nas fronteiras familiares, acontece
nas chamadas famílias aglutinadas. Esse tipo de família, caracterizam-se por um
emaranhamento, onde não existem diferenciações claras entre seus membros e onde
o comportamento de um contagia e interfere de modo problemático na vida dos
demais.
Portanto, nessas famílias, quando se faz um movimento de diferenciação ou
distanciamento do sistema familiar (casamento do filho, escolha de profissão, morar
em outro lugar, grupo de amigos etc.) ele é vivenciado com uma certa dificuldade, ou
como uma traição geradora de chantagens e sentimentos de abandono e culpa.
RODRIGUES (2011).

10
Fonte: psicologado.com.br

Diante de tantas situações em que acontecem por influências, é comum e


também natural que a família adoeça e, então, entre no chamado estado
"disfuncional".
Uma família disfuncional é aquela sob o qual as necessidades materiais,
sociais, espirituais, afetivas e culturais deixam de funcionar corretamente,
respondendo às exigências internas e externas de mudança, padronizando seu
funcionamento. Isso geralmente ocorre quando os membros da
estrutura familiar deixam de contribuir para que o ambiente seja positivo. (BALTAZAR,
2004).
Nesse sentido, as relações tornam-se cada vez mais frágeis e desgastadas,
não deixando alternativas, podemos dizer que existe um bloqueio no processo de
comunicação familiar. Por mais doentio que possa parecer, este comportamento tem
que ser mantido nem que para isso seja eleito um membro para "ser" ou "ter" o
problema.

Os sintomas identificados no paciente constituem a expressão de uma


disfunção familiar e tratar apenas do paciente identificado somente iria
desfocar o problema, sem considerar as inter-relações que se estabelecem
no grupo. (BALTAZAR, 2004).

11
2 O DESENVOLVIMENTO PSICOLÓGICO DA CRIANÇA NO CONTEXTO DA
FAMÍLIA.

Fonte: revistacrescer.globo.com

Atualmente, as crianças em idade escolar passam mais tempo longe de casa


do que antes. Contudo, o lar e as pessoas que ali convivem continuam sendo a parte
mais importante de seu mundo. A maioria dos pais continuam oferecendo apoio e
sendo amorosos com seus filhos.
De uma maneira geral, as crianças buscam em seus pais afeto, orientação,
laços seguros e duradouros, além de afirmação de competência ou valor pessoal.
Depois dos pais, os avós são os mais importantes, considerados pessoas calorosas,
fonte de apoio e carinho, promovendo a autoestima.
À medida que as vidas das crianças mudam, também muda a relação entre
elas e os pais. Muitos pais se perguntam até que ponto devem se envolver com a vida
escolar das crianças. Eles se perguntam o que fazer em relação a uma criança que
se queixa do professor ou se comporta mal na escola. Eles se preocupam onde e com
quem estão as crianças quando não estão na escola. Discórdias muitas vezes surgem
em relação às tarefas domésticas e mesadas. (ANGELIM 2005).
Evidentemente, muitas dessas questões são irrelevantes nas sociedades em
que as crianças têm que trabalhar para ajudar a família a sobreviver. Para
compreender o estado psicológico da criança na família precisamos observar o
12
ambiente familiar sua estrutura e sua atmosfera; mas isso, por sua vez, é influenciado
pelo que ocorre fora de casa.
Importante lembrar, que os fatores externos podem influenciar diretamente o
ambiente familiar. Entre esses fatores, podemos citar a profissão e a condição
socioeconômica dos pais, além das tendências da sociedade como divórcio e um
possível segundo casamento. Acima dessas influências encontram-se valores
culturais mais importantes que definem ritmos da vida familiar e papéis dos membros
familiares.
Os diversos grupos étnicos têm estratégias adaptativas diferentes, padrões
culturais que promovem a sobrevivência e o bem-estar do grupo e afetam o modo de
socialização das crianças. As crianças de algumas famílias minoritárias são
estimuladas a cooperar, compartilhar e desenvolver interdependência. Os papéis
sociais tendem a ser mais flexíveis.
Em função da necessidade econômica, os adultos dividem o sustento da
família, e as crianças acabam por assumir responsabilidades pelos irmãos mais
jovens. A família maior (que abrange diversas gerações, formadas não apenas pelos
pais e filhos, mas também pelos parentes mais distintos: avós, tias, tios e primos)
oferece laços íntimos e fortes sistemas de apoio. Esses parentes têm maior
probabilidade de viver na mesma casa que a criança, interagindo diariamente com
ela. (ANGELIM 2005).
Esses padrões culturais influenciam os padrões de desenvolvimento
psicológico das crianças; os pais na família extensa tornam-se cada vez mais
importantes para as crianças mais velhas como uma ponte para o mundo social
externo. Ademais, uma criança em aprendizado deve sempre ser observada à luz de
suas diferenças culturais, uma vez que cada uma tem a sua específica.
Segundo as palavras de Haurin, “o ambiente no lar de uma criança tem dois
componentes principais. Existe a estrutura familiar: se os dois pais ou apenas um, ou
outra pessoa, está criando a criança. Ambos os fatores têm sido afetados pelas
mudanças na vida familiar”. (HAURIN, 1992, apud ANGELIM, 2005)
As crianças geralmente se saem melhor na escola e têm menos problemas
emocionais e comportamentais quando crescem em uma casa mais intacta com dois
pais harmoniosos.

13
Fonte: exame.com

A influência mais importante do ambiente familiar no desenvolvimento de uma


criança é a atmosfera social e psicológica na família: isto é, o ambiente de apoio e
amor ou movido por conflitos, e se é bom ou mau, ou não. Frequentemente, os dois
aspectos são interdependentes. ANGELIM (2005).
Um aspecto significativo da atmosfera no lar é a condição socioeconômico da
família, a qual reflete em grande parte o trabalho remunerado que um ou ambos os
pais realizam. O emprego dos pais tem outros efeitos indiretos no ambiente familiar e,
portanto, no desenvolvimento psicológico dos filhos. A maior parte do tempo de
esforço e afeto do adulto é dedicada à profissão.

3 A FAMÍLIA E AS ORIGENS DO SINTOMA

O estudo da família e sua importância na estruturação de sintomas em seus


membros têm sido abordados por vários estudiosos que acreditam que as condições
nas quais ocorre o desenvolvimento da criança determinam uma embaraçada série
de relações intersubjetivas, estruturadoras de redes de fantasias e de significados que
só podem ser corretamente avaliadas se incluídas em uma psicodinâmica familiar.
(BALTHAZAR M, 2006)

14
Ao transmitir conhecimento para os filhos, os pais agem de acordo com as
possibilidades psicológicas reais que possuem, determinadas pelos respectivos
traços de caráter, que configuram a cultura e a ideologia da família. Desta forma, os
filhos incorporam esses ensinamentos também segundo as variantes impressas em
sua personalidade pelos acontecimentos que lhes cabem vivenciar e em
conformidade com os mecanismos de defesa que vão elaborando a partir das séries
complementares, e também um considerável peso recebido de seus progenitores.
Devemos então nos atentar ao fato de que a família tem a responsabilidade
tanto para o bem, quanto para o mal da criança e do adolescente. Acerca das
enfermidades causadas pelo mal comportamento da família, Soifer nos diz que o
papel de "bode expiatório" que recai sobre algumas crianças, representa uma
aprendizagem, que seus progenitores não puderam completar no momento evolutivo
correspondente. (SOIFER, 1982)
No mesmo sentido corrobora Pichon Rivière:

O mecanismo de depositação como o entrejogo que se dá entre o


depositante, o depositado e o depositário. O depositado são os afetos,
fantasias e imagens que cada pessoa (depositante) coloca sobre o outro
depositário. Investigou, além disso, seguindo este ponto de vista, o papel do
bode expiatório, pessoa sobre a qual convergem as depositações de toda a
família a qual, por seu turno, se encarrega do depositado. O bode expiatório
constitui, portanto, o porta-voz da enfermidade familiar. (PICHON RIVIÈRE
1982, apud, BALTAZAR, 2066)

Quando se tem uma incidência da família na enfermidade da criança, torna-se


dificultoso classificar os membros doentes dentro dela. Contudo, é possível o
reconhecimento dos mesmos através de um profundo estudo. No âmbito das relações
familiares, o indivíduo acometido por tais enfermidades irá registrar uma gama de
sentimentos inconscientes e desconhecidos que podem ter efeitos prejudiciais e
inibidores, que guardam segredos e mitos de família.
Os segredos podem pertencer a um membro da família; ou, tacitamente,
compartilhados com outros, ou, inconscientemente, endossados por todos os
membros da família, frequentemente de geração para geração, até se tornarem um
mito.

Quando falamos de segredos de família, fazemos uma distinção entre aqueles


que são reconhecidos como fatos reais por um membro da família que os esconde

15
dos demais, e aqueles que não tem base real, mas surgem de fantasias. (BALTAZAR,
2006)
Mesmo quando não existem os fatos reais guardados em segredo, alguns
sentimentos como por exemplo o ciúme, a rivalidade, e o ódio, levam à uma suposta
criação de fantasias, as quais, por não poderem ser expressas, tornam-se segredos.
Esses segredos podem ser transmitidos subconscientemente por pais e filhos através
de gerações e muitas vezes não são fáceis de distinguir dos mitos familiares.
Foi através destes conceitos, que se desenvolveu a ideia do “bode expiatório"
como a pessoa sobre a qual convergem as "depositasses“ da família. Este ”bode
expiatório” constitui-se o porta-voz da enfermidade familiar. Sob este prisma, a
necessidade de realizar um diagnóstico familiar torna-se proeminente.
Para entendermos uma dinâmica familiar e a rede de fantasias que nela se
estrutura, é preciso ter em mente quais são as dificuldades internas que um indivíduo
terá que vivenciar ao constituir uma família, ao conceber uma criança e cuidar do seu
desenvolvimento.
No livro Análise da Fobia de um Menino de Cinco Anos, Freud nos mostra a
importância da intervenção, e nos orientou como as atitudes dos pais, conscientes ou
inconscientes, podem interferir na formação de um sintoma na criança. A análise deste
caso mostra como os sintomas do pequeno Hans foram interpretados como resultante
de conflitos edípicos não resolvidos de seus pais. Além de sua própria situação
edípica, ele deveria estruturar-se defensivamente também em relação aos conflitos
parentais sobre ele projetados. (FREUD, 1969 apud BALTAZAR, 2006)
O entrelaçamento do sintoma da criança junto as fantasias parentais, fazem
com que o psicanalista e/ou psicólogo ouçam diferentes demandas e discursos sobre
a criança, de forma que o possibilita fazer um deslocamento entre a demanda dos pais
e o sintoma da criança.
Poderíamos dizer que essa prática é marcada pela dependência estrutural da
criança em relação aos seus cuidadores primários, fazendo com que o
desconhecimento desse "nó sintomático" torne inviável o tratamento da criança.

A criança procura responder ao enigma dos significantes obscuros propostos


pelos adultos identifica-se ao que julga ser objeto do desejo materno,
tentando preencher a falta estrutural do Outro e evitar a angústia de castração
(MANONNI, [et al] 2001, apud BALTAZAR,2006).

16
Ainda em relação ao livro “Análise de uma fobia de um menino de 5 anos” (Caso
do Pequeno Hans), pós-escrito em 1922, Freud reforça a ideia de que, ao indicar uma
função da especificidade da criança, ou seja, do fato de os pais, exercerem uma forte
influência sobre ela, é necessário combinar o tratamento psicanalítico da criança com
algum trabalho efetuado com os pais, sob o risco de a análise se tornar inviável caso
haja resistência destes. (FREUD, 1969 apud BALTAZAR 2006).

4 O PROCESSO DE COMUNICAÇÃO NO SISTEMA FAMILIAR

Fonte:eusemfronteiras.com.br

É de extrema importância entender a comunicação como manifestação


característica do sistema familiar e como determinante das relações familiares
subjacentes a esse processo.
É fundamental considerar o mecanismo de feedback, isto é, mecanismo de
retorno ao ponto de origem da resposta do destinatário da informação, o que tem como
consequência manter ou alterar o conteúdo da comunicação por parte do emissor.
Neste sistema de comunicação, admitimos que pode não haver coincidência entre o
conteúdo da comunicação (mensagem) emitido pela fonte e a mensagem
percepcionada pelo destinatário da comunicação.

17
Isso ocorre devido às barreiras e obstáculos na comunicação que dificultam a
compreensão do processo familiar e, por vezes, contribuem para a instabilidade e o
desequilíbrio do sistema. (DIAS 2011).
É importante a existência de comunicação entre todos os membros da família,
pois a influência principal na vida moral dos filhos é essencialmente exercida pelos
pais, sobretudo das crianças mais novas.
Esses bloqueios podem resultar das habilidades de comunicação do remetente
e do receptor, como eles codificam e decodificam as mensagens e sua capacidade de
raciocinar sobre seu conteúdo.
A família é, então, um espaço privilegiado para a elaboração e aprendizagens
de dimensões significativas de interação e comunicação onde as emoções e afetos
positivos ou negativos vão dando corpo ao sentimento de sermos quem somos e de
pertencermos àquela e não a outra família. Desta forma, o processo de comunicação
na família sendo um sistema interativo onde o comportamento de cada indivíduo é
fator e produto do comportamento dos outros, os resultados finais dependem menos
das condições iniciais e mais do processo comunicativo. (DIAS 2011).
A família passa por um processo de desenvolvimento, que engloba a
diferenciação estrutural, com mudanças na organização relacional e transformações
da comunicação. Durante este processo comunicativo há elementos que dão
consistência às relações, e outros que transformam e dão origem a mudanças, sendo
que no decurso das interações não há processos unilaterais, as relações são sempre
bilaterais ou múltiplas.
Portanto, a comunicação apresenta-se como fator determinante para facilitar
as relações entre os membros da família e o meio social.

18
Fonte: porvir.org

O exercício de comunicação estabelece uma relação, e, nesse sentido exige


treino, reflexão, aprendizagem, prática e sobretudo uma série de atitudes e
comportamentos que envolvem as palavras, o sentido compreensivo e lógico da
estrutura, mas também os gestos e toda a linguagem do corpo. Estamos diante de um
conceito transdisciplinar que traz valor agregado principalmente às Ciências Humanas
e Sociais.
Neste contexto, depreendemos que comunicar subentende-se relação,
promove capacidade de expressão que, para além de quebrar a solidão, é ligado a
outrem, é satisfação das necessidades de ordem intelectual, afetiva, moral e social,
constituindo uma componente essencial da vida de cada um em particular e em geral
de todo o sistema familiar.
Se considerarmos o indivíduo como um sistema individual auto organizado, o
mesmo é dizer que se constrói na relação que estabelece com os outros. Visto que a
relação caracteriza e expressa o sistema familiar, os sujeitos que dele fazem parte
encontram-se num processo de comunicação constante, ao qual não podem subtrair-
se. (DIAS, 2011)
Com efeito, podemos dizer que na relação familiar, os membros que interagem
se situam num plano sistêmico e interativo de comunicação o indivíduo está
permanentemente a fazer trocas entre o sistema familiar e o meio que o envolve
cultural e socialmente, neste caso a família e a sociedade.

19
Desta forma, o processo de comunicação no sistema familiar conduz o
indivíduo à adaptação social, caso contrário a relação familiar se tornaria
insustentável, e a possibilidade do fracasso da sua integração no sistema familiar e
no sistema social poderiam acontecer. Portanto, o sistema familiar pode facilitar as
trocas adaptativas ajustando as mudanças que se dão no meio ambiente.
A comunicação torna-se assim parte integrante do indivíduo na família e na
sociedade. Como a família é a primeira instituição a facultar as relações o modo como
nela se desenvolve os processos de comunicação determinará o maior ou menor
sucesso do desenvolvimento pessoal e social dos seus membros e,
consequentemente, a integração na sociedade. (DIAS, 2002 apud DIAS M, 2011).

5 ADOLESCÊNCIA E FAMÍLIA

A família é a “célula mater”, da sociedade, ou seja, o início da formação do


indivíduo seja ela por carga genética, psíquica ou moral. Entretanto, vivemos
numa sociedade denominada filosoficamente de pós-moderna, e muitas
visões sobre o que é o “certo e errado” tem gerado certas tensões, ora
convergentes, ora divergentes, e nesse conflito, como a família tem se
apresentado em meio a essa turbulência? (TORRES, 2007, apud OLIVEIRA
2015)

A adolescência é um período de transição pessoal, da infância à idade adulta,


que se desenvolve de um estado de forte dependência para um estado de autonomia
pessoal e de uma condição de necessidade de controle externo para o autocontrole,
sendo marcado por mudanças evolutivas rápidas e intensas nos sistemas biológicos,
psicológicos e sociais.
Nesse período evolutivo, crucial para o desenvolvimento do indivíduo, culmina
todo o seu processo de maturação biopsicossocial, ocorrendo a aquisição da imagem
corporal definitiva, bem como a estruturação final da personalidade, (DRUMMOND [et
al], 1998, apud SANTOS; PRATTA 2007).
Em geral, em nossa sociedade, a adolescência não é mais a condição de
crianças, mas também não dever ser a condição de adultos. Esta é a condição de um
adolescente, temporariamente selado.
A construção psicológica do adolescente leva em consideração sua história
pessoal, bem como suas novas habilidades sexuais, cognitivas e sociais. A história
familiar do menor não se inicia na adolescência, está presente antes mesmo da
infância, durante a gravidez planejada ou não.
20
Dependendo das características da família, várias características do
adolescente irão emergir, considerando-as não apenas no nível interno do
adolescente, mas também no nível de sua relação com o meio externo.
Do ponto de vista sistêmico, a adolescência é entendida como uma fase do
ciclo vital familiar, evento previsível que afeta fortemente a estrutura de vida, e
apresenta tarefas específicas relacionadas à vida familiar para todos os membros da
família.
É importante que todos os membros familiares entendam o que acontece nas
unidades interligadas, facilitando assim a construção de pensamentos pessoais
importantes. Isso significa uma responsabilidade pessoal de escolher um caminho de
vida.
A adolescência favorece as condições necessárias para a emergência de uma
série de problemas e conflitos dentro do contexto familiar, acentuando-se a frequência
das brigas disputas entre pais e filhos durante este período, uma vez que a
necessidade de negociação constante, inerente a esta etapa, aumenta o potencial de
conflitos entre as gerações.
Esse período tem sido descrito desde Anna Freud como conflitivo, como uma
crise de identidade por Erickson e tem a denominação universal de tempestade e
estresse. (SANTOS; PRATTA, 2007).
As características do desenvolvimento psicossocial que ocorrem paralelamente
às modificações do corpo são agrupadas no que Maurício Knobel denominou
síndrome normal da adolescência. A adolescência é assim um conceito relativo a um
processo e o adolescente é o sujeito que está vivenciando esse processo.
Denomina-se síndrome normal da adolescência o conjunto de sinais e
sintomas que caracterizam esta fase da vida que são:
 Busca de si e da identidade
 Tendência grupal
 Necessidade de fantasiar e intelectualizar
 Crises religiosas
 Deslocamento temporal
 Evolução sexual do autoerotismo até a heterossexualidade
 Atitude social reivindicatória
 Contradições sucessivas em todas as manifestações de conduta

21
 Separação progressiva dos pais
 Constantes flutuações do humor e do estado de ânimo.

A adolescência afeta o ciclo e o estilo de vida mais do que qualquer outra fase
da vida, pois desestabiliza o sistema e causa ajustes mais profundos para manter os
relacionamentos que envolvem a saúde mental dos membros.
Quando um grupo familiar possui um filho adolescente, o grupo como um todo
parece adolescer. Os pais vivenciam sentimentos variados em decorrência da
adolescência de seus filhos e as respostas que são capazes de dar aos adolescentes
estão condicionadas à forma pela qual os mesmos resolveram o seu processo
adolescente, ao nível de integração que têm como casal e a sua capacidade de
adaptação às redefinições que esta situação implica. (CRUZ 2007).
O estresse e a tensão normais provocados na família por um adolescente são
exacerbados quando os pais sentem uma profunda insatisfação e são compelidos a
fazer mudança em si mesmos. O que muitas vezes se cria é um campo de demandas
conflitantes, em que o estresse parece ser transmitido para cima e para baixo entre
as gerações.
Por serem tão intensas, as demandas adolescentes frequentemente precipitam
mudanças no relacionamento entre as gerações, fazendo aflorar conflitos não
resolvidos entre pais e avós (dos adolescentes), em sua infância ou adolescência.
O conflito entre os pais e os avós pode ter efeito negativo sobre o
relacionamento entre os pais e os adolescentes. O impasse também pode ocorrer em
direção oposta: um conflito entre os pais e o adolescente pode afetar o relacionamento
conjugal, o que acaba prejudicando o relacionamento entre os pais e os avós. (CRUZ
2007).
Os pais, além de reavaliar e analisar sua adolescência, enfrentam novas etapas
em seu ciclo vital, o que suscita novas preocupações: a perda do corpo jovem e a
aproximação da aposentadoria e da velhice. Nessa fase, a família também se adapta
às novas necessidades de seus membros, que entram em novos estágios do ciclo de
vida.
Os pais enfrentam questões maiores, como a “crise do meio da vida” de um ou
ambos os cônjuges, com exploração das satisfações e insatisfações pessoais,
profissionais e conjugais, ao mesmo tempo em que os avós passam pelas
experiências da aposentadoria e possíveis mudanças, como doença e morte. Os pais
22
podem ter de se transformar em cuidadores de seus próprios pais ou ajudá-los a
integrar as perdas da velhice. (CRUZ 2007).
Com o rápido crescimento físico e maturidade sexual durante a puberdade, os
movimentos que buscam fortalecer a identidade e estabelecer autonomia da família
são acelerados. Para muitos pais, a percepção de que seu filho está se transformando
em um adolescente ocorre apenas quando percebem as mudanças físicas que
ocorreram na criança. O desenvolvimento psicossocial não é levado em consideração
Há muitas queixas associadas aos comportamentos dos filhos porque estes
não são entendidos como devem no período da adolescência, mas sim percebidos
como uma característica de má criação criação dos filhos (comportamentos não
aprovados). Muito frequentes são as queixas quanto à instabilidade de
comportamento, indisciplina, rebeldia dos filhos.
É comum que o adolescente tente descobrir novas direções para sua vida, e
quando isso ocorre, vem também a possibilidade de questionar a ordem familiar já
existente. O ambiente e a dependência que experimentam criam tensão e
instabilidade nas relações familiares, muitas vezes levando a conflitos intensos e
possivelmente crônicos.
Os adolescentes, no esforço para abrir seu próprio caminho, recorrem a
ataques de raiva, se retraem emocionalmente por trás de portas fechadas, buscam
apoio nos avós e/ou apresentam intermináveis exemplos de amigos que têm mais
liberdade. (CRUZ 2007).
O adolescente quer independência, mas também precisa de limites. Por outro
lado, há muitos pais que compreendem a adolescência como um processo na vida do
filho, agindo como facilitadores da vivência deste processo, ou seja, mantendo postura
de diálogo, de abertura para com o filho.
Muitos pais atuam com rigidez intensa frente a seus filhos, gerando conflitos.
Outros atuam com permissividade extrema, deixando de orientar o filho num momento
tão importante como este, de estruturação da personalidade. Na adolescência, a
evolução da dependência absoluta da infância à autonomia adulta pode ser um
momento doloroso para pais e filhos. Muitas vezes, os pais sentem um vazio quando
os adolescentes se tornam mais independentes, pois percebem que não são mais
necessários como antes, e dessa forma, vem o sentimento de perda (perda da
criança) e medo de abandono. (CRUZ, 2007)

23
Em algumas situações, os pais podem vir a demonstrar dificuldades em lidar
com a perda da dependência do filho, e em decorrência disso, apresentar um quadro
depressivo. Da mesma maneira, o adolescente precisa lidar com a perda do eu infantil
e da família como fonte primária de afeto.
A perda desse primeiro vínculo romântico também pode desencadear a
depressão no adolescente. Esse duplo movimento de luto do qual participam pais e
filhos foi denominado por Stone e Church como síndrome da ambivalência dual.
(CRUZ 2007).
A adolescência exige mudanças estruturais e renegociação de papéis na
família, e unidades que protegem e nutrem os filhos. Desta forma, as famílias passam
a ser o centro de preparação para a entrada do adolescente no universo das
responsabilidades e dos compromissos do mundo adulto.
A família constitui fronteiras mais flexíveis, permitindo aos adolescentes que se
aproximem e sejam dependentes nos momentos em que não conseguem manejar
suas vidas sozinhos, e, ao mesmo tempo, se afastarem experimentando desafios,
com graus crescentes da independência, quando estão prontos, exigindo esforços
especiais de todos os membros da família.
Para viver satisfatoriamente essa etapa da vida o adolescente deve
cumprir aquilo que Erickson chama de tarefas do desenvolvimento:
 Conhecer a si mesmo;
 Adotar um papel sexual;
 Conseguir autonomia diante da família;
 Definir- se vocacionalmente;
 Atingir relações interpessoais autônomas para consolidar sua
identidade.
Na tentativa de diminuir os conflitos gerados nesse período, muitas famílias
continuam em busca de soluções que costumavam funcionar em estágios anteriores,
entretanto, a flexibilidade é a chave do sucesso paras as famílias nesse estágio. Por
exemplo, flexibilizar mais as fronteiras familiares e modular a autoridade parental
permite maior independência e desenvolvimento aos adolescentes. (CRUZ, 2007)

24
6 DESENVOLVIMENTO INFANTIL E O DIVÓRCIO

Fonte: dm.jor.br

Na infância ocorrem os seguintes processos de desenvolvimento da criança:


cognitivo, físico e mental. A primeira infância é o momento em que a criança aprende
e se conceitua como um eu. Newcombe define que, com aproximadamente 18 meses,
a criança já se reconhece, fazendo com que nos meses seguintes sua autopercepção
e sentimentos sejam aprimorados. (NEWCOMBE, 1999)
As crianças mais velhas tendiam a se descrever com base em como percebiam
seus corpos, quando nomeavam características observáveis e, posteriormente,
observavam apenas características psicológicas.
A importância da autoestima das crianças pode ser constatada na literatura,
pois após formarem um autoconceito, elas atribuem valores a si mesmas, o que pode
afetar sua autoestima.
A saúde psicológica dos pais interfere diretamente no desenvolvimento dos
filhos, uma vez que são os pais que asseguram o emocional da criança, além de sua
independência e comportamento no meio social.
Em lares com pais divorciados, manter um relacionamento forte entre ex-
cônjuges será de extrema importância, pois uma boa relação entre os pais faz com
que os filhos se adaptem melhor ao novo contexto familiar.
De maneira geral, os filhos pequenos sofrem mais no divórcio, pois acreditam
que são os responsáveis por ele.

25
O divórcio vivido na infância pode ter efeitos negativos na vida de uma criança,
porque ao final do divórcio e a partida de um dos pais, a criança acaba privada de um
dos genitores.
Além do contato, que possivelmente se torna menor, a criança pode perceber
uma perda da atenção, da figura parental e do tempo disponível. O divórcio gera um
sentimento de insegurança nos filhos, influenciado diretamente no comportamento
parental. A longo prazo, o desenvolvimento de uma criança exposta a esses fatores
pode levar a dificuldades de autoestima.
Oaklander afirma ainda que o divórcio poderá ser o desencadeador da baixa
autoestima na criança, demonstrando-se através de comportamentos como: chorar
com facilidade, necessidade de vencer, trapaças, comportamentos antissociais,
críticas a si mesmo. O divórcio pode ainda, dificultar o desenvolvimento sadio da
criança que, se acompanhada de negligência por parte do genitor presente, eleva o
grau de sofrimento da criança. (OAKLANDE 1980; apud GONÇALVES, 2016)
A infância é uma fase inicial do desenvolvimento psicológico e fisiológico,
portanto, as crianças afetadas nesta fase são suscetíveis a uma série de patologias.
Isso é exacerbado pela ausência de um dos pais durante o desenvolvimento, o que
pode afetar a saúde mental da criança.
Além disso, durante o divórcio, a criança passa por muitas situações novas e
desconfortáveis, que com o tempo podem se transformar em distúrbios psicossociais.
Segundo Toloi, nos conflitos interparentais, lidar com o divórcio e com seus
efeitos têm grande influência na saúde mental dos sujeitos envolvidos. As mudanças
que ocorrem de forma rápida são decorrentes de inúmeras transformações nas
crianças que vivenciaram o divórcio dos pais, causando impacto direto no
funcionamento mental. (TOLOI 2006; apud GONÇALVES; 2016)
Pais e mães divorciados encontram muitas dificuldades para manter um
relacionamento coparental saudável, com uma maior possibilidade de envolver-se em
brigas, discussões e, até mesmo agressões. As crianças que assistem esses tipos de
agressões recebem um impacto direto em sua saúde mental.
A separação pode ser entendida como uma relação parental fracassada,
porém, quando existem filhos, trata-se de uma relação de pais separados e de filhos
que precisam se ajustar à nova dinâmica familiar. As mudanças em tal núcleo geram
conflitos emocionais cabendo aos ex-cônjuges escolher a forma de vivenciar a nova

26
configuração da relação e da realidade familiar, beneficiando o filho, que continua
existindo para ambos (GRZYBOWSKI, 2010)
Diante de um sistema familiar, as relações possíveis são inúmeras, e as
crianças contribuem ativamente nas interações. Cada membro da família tem um
papel importante e influente.
A influência da criança no relacionamento com os pais é muito importante para
o seu desenvolvimento saudável. O surgimento de alguma mudança repentina na
base familiar pode afetar diretamente seu desenvolvimento. Algumas das principais
mudanças incluem: crescimento físico, desenvolvimento da linguagem, autoconceito,
desenvolvimento cognitivo e independência.
Martins nos relata que:

Devido à grande incidência de divórcios na atualidade, os efeitos para as


crianças estão sendo potencializados, desestabilizando vínculos familiares e
criando um novo modelo de família, a família monoparental. Entende-se que
a separação vem afetando todas as partes envolvidas no divórcio, então, com
o objetivo de diminuição dos danos, a psicologia, nesses casos, procura
trabalhar as possibilidades de vínculo, favorecer a preservação da saúde
mental dos envolvidos, principalmente da criança em desenvolvimento. A
elaboração do divórcio, para a criança, dependerá de como ele se deu, de
forma conflituosa ou não, de como serão estabelecidos os vínculos no
período posterior ao divórcio, da frequência das visitas, do relacionamento
entre os pais. (MARTINS, 2010 apud GONÇALVES 2016)

7 PARENTALIDADE X CONJUGALIDADE: OS DESAFIOS DE COMPARTILHAR


A CONVIVÊNCIA COM OS FILHOS APÓS O DIVÓRCIO

O aumento dos divórcios forçou as famílias a se reorganizarem de novas


maneiras após o fim do casamento. Com quem os filhos ficam é uma questão
recorrente neste cenário e o motivo do conflito entre o ex-cônjuge. Com efeito, a
separação está relacionada à vida de casado, e para que ambos possam cumprir a
paternidade, eles precisam ter um certo relacionamento, para que o pai e a mãe
possam estar próximos dos filhos.
Essa discussão se faz presente, hoje, especialmente por meio da valorização
recente por parte da Justiça da guarda compartilhada dos filhos entre os genitores,
priorizando a participação de ambos os pais no convívio com os filhos. Porém, muitas
vezes, os conflitos entre os membros do ex-casal permanecem e surge a pergunta se
é possível, de fato, compartilhar o convívio com os filhos quando não se compartilham
mais tantos outros aspectos da vida.

27
Para Dantas é de suma importância que se fortaleçam os vínculos com os
filhos após a separação. A construção da personalidade da criança, para a
autora, se relaciona com o momento no qual se reconhece em seus pais. Ela
levanta a importância paternal e maternal para o desenvolvimento sadio da
criança, já que sem relação com os pais, a criança não consegue construir
sua própria identidade. Os momentos de ser reconhecido e se reconhecer
precisam acontecer na relação entre pais e filhos. (DANTAS, 2004 apud
GONÇALVES 2016),

Diante do que foi citado acima, o contexto apresentado tem como objetivo
investigar tanto a percepção de pais e mães sobre o exercício da parentalidade e suas
transformações após o divórcio, bem como as diferenças envolvidas nesse processo
entre os genitores. Os impactos da dissolução da conjugalidade na parentalidade são
o ponto-chave nessa discussão.
De acordo com GORIN M; (2015) então, sobre como ocorre a construção do
casal e sobre o desejo de ter filhos, para depois podermos explorar mais
profundamente as dificuldades do exercício da parentalidade após a separação.
Dessa forma, nos questionamos sobre a complexidade da coparentalidade depois do
divórcio, levando em conta que as discordâncias não cessam e que os filhos acabam
sendo muito envolvidos nesses conflitos. As esferas conjugais e parentais se
misturam, levando-nos a interrogar sobre as repercussões da dissolução da
conjugalidade no sujeito e como isso transforma a experiência de ser pai e mãe.
(GORIN, 2015)

7.1 Do casal conjugal ao casal parental

Na construção do casal conjugal, há negociação entre os dois indivíduos


envolvidos, de forma que ambos precisam abandonar uma parte de seus modelos e
ideias, mas ao mesmo tempo manter, necessariamente, outras partes de seu espaço
psíquico.
A partir da conjugalidade construída e constantemente investida por ambos os
membros do casal, o nascimento de uma criança aparece como traumático para os
pais em termos psíquicos. Isso porque novamente demanda deslocamentos de
identificações e investimentos para os sujeitos, um novo trabalho de elaboração
psíquica precisa ser realizado, trazendo à tona conflitos, angústias e defesas.
(SMADJA, 2011 apud GORIN 2015).

28
Nesse contexto, a parentalidade é uma construção, implicando mudanças para
o casal e para seus membros individualmente. Em meio a essas mudanças, o
nascimento do filho traz novas funções para o homem e a mulher, de forma que um
tempo de adaptação se faz necessário. Além disso, essas novas responsabilidades
de cada um em relação à parentalidade têm repercussões na relação conjugal.

Ziviani, Féres-Carneiro e Magalhães destacam que um casal engloba


conteúdos psíquicos de dois sujeitos com histórias e vivências distintas. O
conteúdo transgeracional e as identificações de cada membro do casal são
oriundos de sua família de origem e levados para a formação da identidade
conjugal. Para os autores, conciliar a conjugalidade e a parentalidade é um
dos grandes desafios e torna o vínculo indissolúvel, pois a dissolução do
casamento não acarreta na dissolução do casal parental. Isso significa que a
responsabilidade, em relação à prole, constitui uma continuidade de vínculo
em relação ao cônjuge. (ZIVIANI [et al] 2012, apud GORIN 2015)

Assim, a introdução de uma criança entre os dois parceiros é um acontecimento


complexo. Smadja destaca as diversas facetas envolvidas no desejo de um casal
conjugal de ter filhos. Para o autor, esse desejo é ambivalente para todos, e envolve
não apenas investimento no objeto, mas investimento narcísico também. O que
poderia levar a inúmeros questionamentos, como, por exemplo, se o desejo é ter um
filho para si ou ter um filho do parceiro e, em última instância, se é possível separar o
próprio desejo do desejo do outro. (SMADIA, 2011, apud GORIN 2015)
O autor destaca que o desejo de ter filho é marcado de forma central pela
diferença entre os gêneros. Para as mulheres, de forma geral, o filho aparece como
complemento narcísico e fálico. Além disso, o filho ocupa um lugar erótico, relacionado
à fantasia da experiência de maternidade, que se relaciona ao desejo incestuoso de
ter um filho do pai.

É comum para homens e mulheres que os filhos ocupem um lugar de


interrogação no que diz respeito aos objetos de investimento e seu espaço
no funcionamento conjugal. O complexo de Édipo e o narcisismo, com suas
marcas na constituição psíquica, orientam as possibilidades subjetivas no
processo de tornar-se pai e mãe, com toda a história familiar e individual que
acompanha o sujeito. (SMADJA, 2011 apud GORIN M; 2015).

7.2 A dissolução do casal conjugal: como permanecer um casal parental?

O conceito de parentalidade se refere a um tornar-se pai e mãe, consciente ou


inconsciente, que passa pela história da família e pelo contexto sociocultural.

29
A respeito do processo de construção da parentalidade, Lebovici descreve o
ser pai ou mãe para além do biológico, ressaltando a descendência e o herdado da
família, o que o sujeito transmitirá intergeracionalmente. “Assim, defino a
parentalidade como o produto do parentesco biológico e da parentalização do pai e
da mãe”. Em relação à parentalização, este autor aponta que os filhos têm um papel
ativo nesse processo. (LEBOVOCI, 2006, apud GORIN, 2015)
A construção da parentalidade envolve elaborá-la no imaginário e lidar com os
próprios pais. Nos casos de famílias recompostas, esse processo é ainda mais
complexo. É a partir dessa concepção que refletiremos sobre a parentalidade e o
divórcio.
Após o divórcio, há um término do casal conjugal, porém, caso existam filhos,
o vínculo como casal parental deve continuar. Isso se justifica, porque,
independentemente do arranjo conjugal, os genitores permanecerão nos papéis de
pais dos filhos.
Quando duas pessoas se casam, há a construção de uma nova identidade.
Essa identidade conjugal se desfaz aos poucos no divórcio, demandando uma
redefinição da identidade individual de cada um dos membros do ex-casal. Esse
processo é doloroso tanto para o homem quanto para a mulher e acontece de formas
singulares. É um desafio para ambos, em meio aos conflitos e às mudanças, continuar
a ser pai e mãe. (FÉRES-CARNEIRO, 2003 apud GORIN, 2015).
Na fase de reorganização da identidade individual, exercer a parentalidade de
forma conjunta torna-se complexo. O vínculo que uniu o casal e os sentimentos
antigos e atuais estão atrelados, inevitavelmente, à parentalidade, sendo difícil
dissociá-los. Além disso, destacam que a ligação entre os genitores e os filhos antes
e depois do divórcio, especialmente em relação à presença do pai, marca a
coparentalidade, em função do, não raro, afastamento da figura paterna.
Os homens estão cada vez mais participativos no cuidado com os filhos,
envolvendo trocas emocionais e afetivas nas relações. Porém, ao longo desses
processos de reorganização familiar, as mulheres, ainda que se sintam satisfeitas com
a maternidade, sentem o peso das responsabilidades do excesso de tarefas no dia a
dia com filhos, casa e trabalho.
A coparentalidade após o divórcio depende da cooperação entre os ex-
cônjuges. É importante que os pais possam negociar entre eles, as questões
relacionadas ao cuidado com os filhos, apesar de estarem separados. Especialmente

30
em um momento conflituoso, isso se torna mais difícil, visto que conjugalidade e
parentalidade ficam sem um contorno que as delimitem. Dessa forma, a
reestruturação da família deve ser inspirada pelo casal parental e não pelo conjugal.

7.3 A importância familiar para a reestruturação da criança após a separação

A família é o primeiro grupo ao qual a criança pertence e é a partir dele que


surgem inúmeros tipos de vínculo que poderão interferir na formação da identidade
do sujeito e também na sua modalidade de aprendizagem, cuja formação se dará de
acordo com seus primeiros contatos no âmbito familiar. Nesse sentido, a família, em
um primeiro momento, comporta toda a referência da criança e é a responsável pela
sua formação.

A família, como sistema, tem a função psicossocial de proteger, cuidar e zelar


por seus membros. A sua estrutura é formada pelas normas transacionais
que se repetem e, assim, criam sua identidade, compartilhando e repassando
histórias e vivências passadas. Com a separação, a divisão da família ocorre,
sua estrutura é prejudicada e os vínculos familiares empobrecidos (ALMEIDA,
2011 apud GONÇALVES; 2016).

De modo geral, a família pode ser compreendida como um grupo de pessoas


que moram junto e desenvolvem laços afetivos e/ou sanguíneos. Ela é também a base
do sujeito, já que ao nascer é inserido em grupos familiares, garantindo sua
sobrevivência e aprendendo determinados valores.
Nos dias atuais, com a sua reestruturação, pode haver famílias com só um dos
genitores, ou genitores do mesmo sexo, uma família adotiva, entre outras,
dependendo da nova organização feita. Sendo assim, no período posterior ao divórcio,
a família passa também pela mudança no seu núcleo.
Santos fez a seguinte construção em relação às fases que ocorrem após o
divórcio:
 Fase aguda: a fase pré-divórcio, na qual ocorrem as brigas, discussões,
insatisfação com o outro e evidente frustração, na maioria das vezes, é
vivenciada também pela criança.
 Fase transitória: o divórcio já foi consolidado, e agora ocorrem as
reorganizações de papéis, as novas normas e regras, entre pais e filhos.
 Fase do ajuste: aceitação do divórcio, fase em que ocorre a restauração
tanto de pais quanto de filhos, consolidando novas visões e podendo ser

31
inserido novo integrante ao âmbito familiar. (SANTOS, 2013, apud,
GONÇALVES, 2016)

Com a separação dos pais, é possível que ocorra um distanciamento desses


em relação aos filhos. Após o divórcio pode ainda ocorrer a briga pela guarda da
criança, colocando mais distanciamento à vinculação familiar pós-divórcio.
Neste contexto, a criança precisa reconstruir as figuras paterna e materna após
a separação, ressignificando as vivências e experiências passadas. Após a mudança
grandiosa que é a saída de uma das figuras parentais de casa, é preciso se adaptar
a uma moradia onde as coisas serão diferentes. É de grande importância para a
estruturação da criança que esses ambientes sejam, em alguma medida, parecidos,
compartilhando das mesmas regras, deveres e rotina (GRZYBOWSKI 2010, apud
GONÇALVES, 2016).
As crianças mais jovens, costumam ter maiores dificuldades de entender e
simbolizar a separação, e estão mais propensas a se culparem e sentirem
abandonados pelos pais.
Nas palavras de Ramires:

Junto com a mudança estrutural familiar existem as externas, como mudança


de casa, nível econômico social, perda do contato com a outra parte. Na
separação, o ideal seria que a família se subdividisse em busca de um
relacionamento saudável, principalmente para melhor relação com os filhos.
(RAMIRES, 2010; apud GONÇALVES 2016)

A alteração do núcleo familiar coloca essa criança diante de fatores


estressantes, dificultando seu ajuste ao divórcio dos pais, aumentando os níveis de
ansiedade e depressão na criança. É importante que o relacionamento entre os pais
esteja estável, pois com isso é possível um melhor ajustamento da criança ao divórcio.
Após o divórcio, ocorre a readaptação da criança à nova configuração familiar,
momento em que ela irá internalizar que o divórcio ocorreu de forma conjugal e não
parental. Embora o casal tenha se separado, eles continuarão sendo pais da criança.
Sabe-se que, após o divórcio, é possível ocorrer uma diminuição da qualidade da
parentalidade com a criança, acontecendo um maior afastamento em relação aos
filhos. Contudo, a problemática maior seria quando o filho também se torna ex-filho,
gerando sofrimento emocional.
Segundo Dantas:

32
É importante a figura paterna que, na maioria das separações, é quem sai de
casa e acaba se ausentando da vida da criança. O autor coloca, na figura do
pai, o primeiro papel de separar a criança de sua mãe, rompendo a simbiose
e colocando-lhe limite. O segundo papel paterno seria ajudar a confirmar a
identidade de seu filho (a) também investindo segurança e autoestima. O
terceiro papel seria de transmitir-lhe afetos, para possibilitar melhor a
vinculação entre ambos. (DANTAS, 2004; apud GONÇALVES 2016)

Segundo Bolsoni, a família pode contribuir de diversas formas para que as


crianças não sofram com o divórcio, sendo importante o diálogo e orientação realizado
por um profissional durante tal processo, com o objetivo de minimizar os efeitos
negativos da separação. A manutenção do diálogo entre os pais pode ajudar a criança
a lidar com as dificuldades na transição da estrutura familiar. Se encontrada uma fonte
de apoio nos pais, o filho pode até mesmo compartilhar seus medos e receios,
ajudando a suportá-los.
A parte que fica com a guarda da criança, na maioria dos casos, é a mãe.
Durante a separação, a mãe, geralmente, passa por um período de stress e
sobrecarga, pois em meio a dor da separação do ex-companheiro, ainda precisa
fornecer suporte ao filho (BOLSONI, 2009; apud GONÇALVES 2016).
A família é constituída em um campo dinâmico, no qual fatores conscientes e
inconscientes influenciam nessa constituição. A criança sofre desde seu nascimento
a influência dessa família, como também é um agente de mudança dentro do grupo
familiar. Nesse grupo familiar, esta introjetado o conceito de família para cada genitor,
influenciado pelo modo como viveram com suas famílias. A família não é estática, pois
está sempre em movimento e transformação. Cada grupo familiar está sempre
desejando, tendo relações objetais, lidando com suas necessidades, ansiedades e,
por esse motivo, está sempre em movimento (ZIMERMAN, 1999; apud GONÇALVES
C; 2016).

Toda separação causará danos ou perdas para a criança, já que estava


acostumada ao convívio familiar. Dessa forma, os pais estão expondo mais
cedo a criança ao sofrimento por não ter mais a família, devido ao aumento
do número de divórcios. O desgaste decorrente da separação dos pais que
as crianças vivenciam as fere por diversos fatores. Mesmo nos casos em que
os casais não se difamam ou se agridem na frente de seu filho (a), o
sofrimento se faz presente. (SANTOS, 2013 apud GONÇALVES 2016).

33
8 ESTRATÉGIAS DE ATENDIMENTO FAMILIAR

Fonte: clinicacoutinho.com

Nas hipóteses desenvolvidas pelo profissional sobre o funcionamento do


sistema familiar, a avaliação psicológica da família deve ser baseada como qualquer
outro processo de avaliação psicológica.
Os métodos de avaliação e entrevista familiar foram desenvolvidos à medida
que diversas teorias sobre a família surgiram em diferentes paradigmas psicológicos,
embora todos se fundamentem na hipótese da influência dos grupos sociais na
construção do sujeito e no agenciamento de seu comportamento.
A entrevista psicológica é a técnica mais antiga e a mais valiosa no contexto de
investigação, avaliação e intervenção clínica.
A abordagem psicodinâmica foi a primeira a desenvolver e aplicar o olhar
clínico psicológico em uma situação de entrevistas. Autores como Freud, Adler e Jung
apontaram para a importância do ambiente e do relacionamento familiar para a
constituição psicológica do indivíduo. A terapia de família surgiu orientando-se
inicialmente por dois paradigmas: a abordagem psicanalítica e a abordagem
sistêmica. (TEODORO; BAPTISTA, 2020.)

34
8.1 Entrevista Circular

A abordagem sistêmica nos trouxe a entrevista circular, técnica que permite


interagir com a família, revelando aspectos do seu funcionamento ao focar seus
aspectos ecossistêmicos.
A entrevista circular refere-se a um modo específico de desenvolver um padrão
de interação entre o terapeuta e a família. Nessa técnica, as questões são formuladas
com o objetivo de revelar as conexões recorrentes, levando tanto a família quanto o
terapeuta a desenvolver uma compreensão da situação problema em uma visão
sistêmica.
Segundo Féres – Carneiro e Diniz Neto (2012), os terapeutas sistêmicos
do grupo de Milão esboçaram três princípios para orientar a conduta do
terapeuta:
Neutralidade:
Refere –se à atitude do terapeuta de família que não se alia a nenhum membro
específico, procurando manter-se curioso e aberto sobre os padrões de
funcionamento.
Circularidade:
Denota a busca de compreensão do enlaçamento dos diversos aspectos de
funcionamento da família que revelam a multiplicidade de olhares e vivências.
Hipotetização:
Refere-se à construção constante de hipóteses centradas na circularidade,
mantendo uma atitude de curiosidade e abertura, apoiando a neutralidade.
(CORDIOLI; GREVET 2019).

8.2 Entrevista Familiar

O processo de avaliação e diagnóstico da entrevista familiar é guiado pela


orientação teórica do clínico.
Os objetivos de uma entrevista familiar inicial incluem:
 Identificar as variáveis familiares e individuais que podem ter influência decisiva
na situação familiar problemática,
 Abordar o funcionamento da família, assim como sua dinâmica e de seus
membros;

35
 Conduzir a sessão de tratamento inicial, quando necessário, conforme
A entrevista diagnóstica é dividida em três momentos:
 Estágio social o profissional age criando um setting social e culturalmente
adequado à família, possibilitando a investigação e a intervenção
psicoterapêutica inicial.
 Os aspectos de interação e enquadre são tão importantes quanto o ambiente
físico, que pode ter o aspecto de uma sala de visita, com material de
brinquedos, mesa e cadeiras para crianças pequenas caso seja necessário.
 O rapport inicial pode incluir um tempo de conversação informal e o
estabelecimento de relacionamento através de comunicação verbal e não
verbal amistosa.
Estágio de questionamento multidimensional:
O profissional investiga o motivo da consulta tanto quanto o modo como a
família o descreve. A apresentação da problemática inicial é frequentemente um
estágio confortável para a família que tenderá a descrever a imagem oficial do
problema. (CORDIOLI & GREVET 2019).
A exploração de visões alternativas dos outros membros da família deve ser
feita respeitosamente, buscando-se a neutralidade sistêmica. Áreas potencialmente
problemáticas não reportadas devem ser investigadas pois podem relacionar-se
retroativamente com as dificuldades da família na área da queixa.
A resistência em explorar outras áreas talvez esteja presente e surja na forma
de convite à aliança com o terapeuta ou com a injunção para que ele aplique soluções
preestabelecidas para o problema.
É importante evitar confronto, já que a resistência pode ser compreendida como
a comunicação silenciosa de áreas problemáticas de tensão que estão acima da
possibilidade de manejo da família. A abordagem de áreas problemáticas deve ser
realizada com cuidado e respeito, apontando-se a necessidade de compreender
amplamente o problema e de demonstrar que o ponto de vista de todos é importante.
(CORDIOLI & GREVET (2019).

36
Desenvolvimento:

Diversas técnicas podem ser utilizadas para explorar a estrutura, o


desenvolvimento e as questões emergentes do ciclo familiar. Elas correspondem às
condições nas quais se realiza a entrevista, bem como à orientação teórica e à
habilidade técnica do entrevistador.
Féres – Carneiro e Diniz Neto ao estudar os métodos de avaliação familiar,
propõe a classificação em métodos objetivos, subjetivos e mistos, apontando, ainda,
a possibilidade de utilização de testes psicológicos que por sua constituição, poderiam
ser adequadamente utilizados em processos de atendimento familiar. (2012 apud
CORDIOLI A; GREVET E; 2019),
Os métodos objetivos classificam –se em dois grupos:
 Métodos que utilizam questionários,
 Métodos que utilizam jogos,
Os métodos subjetivos, por sua vez, classificam – se em três grupos:
 Métodos que utilizam técnicas de desenhos,
 Métodos que se baseiam em técnicas psicodramáticas,
 Métodos que utilizam testes projetivos.
Entre as técnicas mistas, estão:
 A tarefa familiar;
 A entrevista estruturada de Watzlawick,
 A primeira entrevista de Satir,
 A entrevista diagnóstica conjunta
 A entrevista familiar estruturada
A atuação terapêutica apropriada deriva-se de um diagnóstico compreendido
como um conjunto de hipóteses úteis e produtivas. Á medida que um diagnóstico
familiar emerge distinções de condições permitem ao terapeuta realizar indicações
gerais de tratamento conforme o universo possível.
A avaliação é, contudo, um processo contínuo que orienta a atuação do clínico
em cada sessão. Cabe ressaltar que a construção de hipóteses na prática clínica é
sempre um processo de reavaliação, já que as hipóteses podem sempre se alterar,
por não refletirem a especificidade da família ou por serem transformadoras, levando
a novas dinâmicas e reestruturações.

37
8.3 Avaliação da Rede de Apoio

A rede de apoio social e afetivo tem sido avaliada através de diferentes


instrumentos, questionários, entrevistas. Destacam-se entre esses o mapa dos cinco
campos. O mapa dos cinco campos é um instrumento lúdico, em sua aplicação, é
utilizada a colocação livre de figuras, que representam crianças, jovens e adultos de
ambos os sexos, em um quadro com círculos concêntricos. (CORDIOLI & GREVET
2019).
Tem por objetivo avaliar a estrutura e a funcionalidade da rede de apoio
socioafetivo, a partir dos cinco campos:
 Família;
 Escola;
 Amigos;
 Parentes;
 Contatos formais.
Esse instrumento é composto por um pano de feltro e por imagens que podem
ser fixadas com velcro. Permite que pessoas já falecidas sejam consideradas parte
da rede de apoio, em função da consideração subjetiva da percepção da rede. O
círculo central corresponde ao participante e cada círculo adjacente mede a qualidade
do vínculo, ou seja, quanto mais perto do círculo central, maior é a percepção de
proximidade do participante com a pessoa representada:
 O primeiro e o segundo círculos correspondem às relações mais
próximas (maior vínculo);
 O terceiro e o quarto círculos correspondem às relações mais distantes
(menos vínculo);
 O último círculo, na periferia do mapa, corresponde aos contatos
insatisfatórios. (CORDIOLI; GREVET 2019).

38
9 TERAPIA FAMILIAR E DE CASAL

Fonte: irresistivel.com.br

A terapia de família tem seus fundamentos na teoria geral dos sistemas,


proposta pelo biólogo alemão Bertallanffy, na teoria da comunicação, dos pequenos
grupos, na teoria psicodinâmica (relações de objeto) e na teoria cognitivo
comportamental, entre outras. (CORDIOLI; GREVET 2019).
Por sistemas compreende-se um conjunto de elementos, direta ou
indiretamente relacionados, que funcionam como uma unidade que determina o
ambiente. Dentro desse enfoque, uma família pode ser considerada um sistema
parcialmente aberto que interage com seus ambientes biológicos e sociocultural.
Diversos enfoques teóricos embasam a terapia de família.
Ackerman foi quem cunhou o termo terapia familiar, na década de 1950, e
introduziu a ideia de trabalhar com a família nuclear, utilizando métodos
psicodinâmicos.
O enfoque proposto por Ackerman era predominantemente psicodinâmico, com
ênfase nos mecanismos de defesa grupais (projeção, identificação projetiva,
dissociação) e nos conceitos da teoria das relações objetais. O objetivo desta
abordagem era a obtenção de insight, ou a abordagem dos conflitos transgeracionais
(Bowen): diferenciação, triangulação, rupturas, ou experiencial com a proposição de
envolver duas ou mais gerações na terapia. (CORDIOLI; GREVET 2019).

39
Ao longo do tempo, diversos outros enfoques foram sendo propostos:
Estrutural / sistêmico (Minuchin) - a partir do estudo de jovens delinquentes
provenientes de famílias hierarquicamente desorganizadas e com problemas de
limites generacionais entre os vários subsistemas:
Estratégico (Harley; Ackerman):
 Para os problemas decorrentes de arranjos hierárquicos e de papéis, bem
como as reações em suas mudanças.
 Comportamental (Patterson; Margolin):
 Para problema que podem ser mantidos ou estimulados pelas atitudes da
família, em padrões de relações simétricas ou complementares e nas funções
de comunicação.
Psicoeducacional (Anderson, Goldstein):
 Informativo, envolvendo o manejo de doenças crônicas, redução do estresse e
manejo de crises.
Periodicidade
As sessões de terapia familiar ocorrem semanalmente, com todos ou parte dos
membros presentes, podendo, posteriormente, passarem a ser quinzenais ou mensais
(subsistema).
Objetivos:
 Melhorar a comunicação entre os membros da família;
 Desenvolver a autonomia e a individualização dos diferentes indivíduos
membros da família;
 Descentralizar e tornar mais flexíveis os padrões de liderança e de tomada de
decisões;
 Reduzir os conflitos interpessoais e os sintomas;
 Melhorar o desempenho individual.
A terapia de casal, da mesma forma que a terapia familiar, considera que
existem possibilidades e vantagens de resolver os conflitos que surgem na vida de um
casal na abordagem conjunta de forma mais rápida do que na abordagem individual.
Baseia-se na teoria psicodinâmica (relações de objeto), na teoria da comunicação e
na teoria dos contratos conjugais. (CORDIOLI; GREVET 2019).

40
9.1 Indicações da Terapia Familiar

Quando é solicitada terapia de casal ou familiar:


 Doença física ou mental grave em adultos, gerando alto grau de
disfunção familiar (esquizofrenia, transtorno bipolar, TOC, transtorno de
pânico ou agorafobia, dependência a drogas ou álcool, transtornos
alimentares, etc.).
 Quando o problema atual envolve dois ou mais membros da família;
 A família enfrenta uma crise de transição que pode leva-la à ruptura
(mudança de papéis).
 Uma criança ou adolescente é o problema presente (autismo, TDAH,
abuso de drogas, transtorno alimentar, obesidade, transtornos de
impulsos, depressão).
 Ruptura da harmonia familiar em razão de conflitos interpessoais.
(CORDIOLI; GREVET 2019).

41
10 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

AMANDA ZANK, Letícia; WALTRICK MACHADO BARBOSA, Claudia. Challenges e


a busca incontrolável por like. Unifacvest, [S. l.], p. 1-23, 2018.

ANTÔNIO BALTAZAR, José et al. FAMÍLIA E ESCOLA: UM ESPAÇO INTERATIVO


E DE CONFLITOS. [S. l.]: Arte & ciência, 2006. ISBN 978-85-7473-324-1.

ANTÔNIO BALTAZAR, JOSÉ. Estrutura e dinâmica das relações familiares e


suainfluência no desenvolvimento infanto - juvenil: o quea escola sabe
disso?. Docplayer, [S. l.], p. 1-175, 2004.

BRITO, Leila Maria Torraca de. Família pós-divórcio: a visão dos filhos. Psicol.
cienc. prof. vol.27 n.1 Brasília: Mar. 2007. Dispon. Acesso em: Abril de 2013.

CAHALI, Yussef Said. Separações Conjugais e Divórcio. 12 ed. São Paulo: Editora
Revista dos Tribunais, 2011.

CAPUTI, Lesliane. Família contemporânea: uma instituição social de difícil


definição. Unesp, [S. l.], p. 1-14, 2011.

CASTELLS, Manuel. A Sociedade em Rede. Paz e Terra. 1999.

CHRISTOF GORIN, Michelle. A parentelidade no pós-divórcio. Maxwell, [S. l.], p.


1-55, dez.2015.

CRUZ, Therezinha J. Adolescente, família e o profissional de saúde: Adolescent,


family and the health professional. Amazonaws, [S. l.], p. 1-6, 2007.

DA ROCHA ARAÚJO, WALTER. Representações sociais sobre família e classes


sociais. Repositorio, [S. l.], p. 1-113, 2003.

DAÍ PRÁ, Desirée. A diversidade na configuração familiar: uma revisão da


literatura. Ufrgs, [S. l.], p. 1-33, 2013.

DOLORES CUNHA TOLOI, MARIA. Filhos do divórcio: como compreendem e


enfrentam conflitos conjugais no casamento e na separação. Sapientia, [S. l.], p.
1-183, 2006.

42
DOLTO, F. Tudo é Linguagem, 1999. Tradução: Luciano Machado, Edit. Martins
Fontes. São Paulo, SP, 2002.

DORON, R. & PAROT, F. (2001), Dicionário de psicologia. Lisboa: Climepsi


Editores.

FEITOSA ANGELIM, SAMIRA. Relação entre desagregação familiar e problemas


de afetividade. Repositorio, [S. l.], p. 1-50, 2005.

FÉRES-CARNEIRO, T. Casamento contemporâneo: o difícil convívio da


individualidade com a conjugalidade. In: Psicologia: Reflexão e Crítica vol.11 n.2.
Porto Alegre, 1998.

FÉRES-CARNEIRO, T.; DINIZ NETO, O. Psicoterapia de casal: modelos e


perspectivas. Aletheia (ULBRA), v. 27, p. 173-187, 2008.

FIORELLI, José Osmir. Psicologia Jurídica. 2 ed. São Paulo: Atlas, 2010.

GARCIA, M. L. T.; TASSARA, E. T. O. Problemas no casamento: Uma análise


qualitativa. Estudos de Psicologia: Natal, 8, 1, p.127-133, 2003.

GONÇALVES, Carlos Roberto. Direito Civil Brasileiro. 6. vol. 8. ed, São Paulo:
Saraiva, 2011.

GRZYBOWSKI, Suárez, Luciana; WAGNER, Adriana. Casa do pai, Casa da mãe: A


coparentalidade após o divórcio. 2010.

GUIMARÃES, A. C. S.; GUIMARÃES, M. S. Guarda – um olhar interdisciplinar


sobre casos judiciais complexos. In.: ZIMERMAN, D.; COLTRO, A. C. M. Aspectos
psicológicos na prática jurídica. 2. ed. rev. e ampl. Campinas, SP: Millennium Editora,
2008.

INSTITUTO BRASILEIRO DE GEOGRAFIA E ESTATÍSTICA – IBGE, 2012.

KNOBEL, M. (1981). A síndrome da adolescência normal. In: ABERASTURY, A &


KNOBEL, M. (1981). Adolescência normal: um enfoque psicanalítico. Porto Alegre:
Artes Médicas.

LAGO, V.M. et.al. Um breve histórico da psicologia jurídica no Brasil e seus


campos de atuação. Estudos de Psicologia, Campinas: 26(4), 483-491, dez., 2009.

43
LÚCIA TINOCO PONCIANO, Edna. Família nuclear e terapia de família: conexões
entre duas histórias nuclear family and family therapy: conections between two
histories. Revispsi, [S. l.], p. 1-13, 2002.

MARCELLI, Daniel; COHEN, David. Infância e Psicopatologia. 8. Ed. Porto Alegre:


Artmed, 2010.

MARIA MACHADO PRATTA, Elisângela; ANTONIO DOS SANTOS, Manoel. A


importância do adulto de referência no desenvolvimento do
indivíduo. Joaopaulo, [S. l.], p. 1-10, 2007.

MARIA MACHADO PRATTA, Elisângela; ANTONIO DOS SANTOS, Manoel. Família


e adolescência: a influência do contexto familiar no desenvolvimento
psicológico de seus membros. Scielo, [S. l.], p. 1-10, 2007.

MARIA MACHADO PRATTA, Elisângela; ANTONIO DOS SANTOS, Manoel. Família


e adolescência: a influência do contexto familiar no desenvolvimento
psicológico de seus membros. Scielo, [S. l.], p. 1-10, 2007.

MESHCHERYAKOV, Boris G. Ideias de L. S. Vigotski sobre a ciência do


desenvolvimento infantil. Psicol. USP, vol.21 n..4, São Paulo, 2010. Disponível em:
Acesso em: Março, 2013.

MINUCHIN, S. Famílias funcionamento e tratamento. Porto Alegre: Artes Médicas.


1990.

NEWCOMBE, Nora. Desenvolvimento Infantil: abordagens de Mussen. 8º ed. Porto

NUNES BAPTISTA, Makilim et al. Psicologia de família: teoria, avaliação e


intervenção. 2°. ed. [S. l.]: Artmed, 2020. 320 p. ISBN 8582716028.

OLIVEIRA, Alexandra. Conflitos familiares e amigos e a influencia na construção


da identidade do adolescente. Psicologia.pt, [S. l.], p. 1-14, 2015.

OLÍVIA DIAS, Maria. Um olhar sobre a família na perspetiva sistémica o processo


de comunicação no sistema familiar. Z3950, [S. l.], p. 1-18, 16 abr. 2011.

PAIVA RODRIGU, ANTONIO. Só artigos. [S. l.: s. n.], 05/04/2011.

PICHON-RIVIÈRE, E. Teoria do Vínculo. São Paulo: Martins Fontes, 1980/1998.

44
ROVINSKI, S.L.R.; CRUZ, R.M. Psicologia Jurídica: perspectivas teóricas e processos
de intervenção, O uso de instrumentos em avaliação psicológica no contexto
família.. 1. ed. São Paulo: Vetor, 2009.

SÁ, Célio Pereira de. Núcleo central das representações sociais. Petrópolis:
Vozes, 2002.
SOIFER, R. Psicodinamismos da família com crianças: terapia familiar com técnica
de jogo. Petrópolis: Vozes, 1982.

SOIFER, Raquel. Trad. José Cláudio de Almeida Abreu, Francisco Franke Settineri.
Psiquiatria infantil operativa: psicologia evolutiva e psicopatologia. 3.ed. rev. e
aum. Porto Alegre : Artes Médicas,1992. 424p.

SOUZA, Rosane Mantilha de. Depois que Papai e Mamãe se separam: um relato
dos filhos. Psicologia: Teoria e Pesquisa, vol.16 n.3, pp. 203-211, 2000. Disponível
em: Acesso em: Maio de 2013.

SUÁREZ GRZYBOWSKI, LUCIANA. Parentalidade em tempo de mudanças:


desvelando o envolvimento parental após o fim do casamento. Repositorio, [S.
l.], p. 1-103, 2007.

TEODORO, M. L. M.; BAPTISTA, M. N.; ANDRADES, A. A.; SOUZA, M. S.; ALVES,


G. (2012). Família, depressão e terapia cognitiva. In M. N. Baptista & M. L. M.
Teodoro (org.), Psicologia de família (pp. 48-58). Porto Alegre: Artmed.

THAYS ORTIZ SILVA, Isabella; MENDES GONÇALVES, Charlisson. Os efeitos do


divórcio na criança. Psicologia.pt, [S. l.], p. 1-14, 2016.

TRINDADE, Jorge. Manual de Psicologia Jurídica para operadores de Direito. 4


ed. Porto Alegre: Livraria do Advogado Editora, 2010.

VIRGÍLIUS SILVA, IGOR. O adolescente e o ato infracional. Unipac, [S. l.], p. 1-34,
2011.

VOLPATO CORDIOLI, ARISTIDES; HORACIO GREVET, EUGENIO. Psicoterapias:


abordagens atuais. 4º. ed. [S. l.: s. n.], 2019. ISBN 978-85-8271-528-4.

Wagner, A. (2011). Desafios psicossociais da família contemporânea. Pesquisas e


Reflexões. Porto Alegre: Artmed.

45
ZORDAN, E. P.; FALCKE, D.; WAGNER A. Casar ou não casar? Motivos e
expectativas com relação ao casamento. In: Psicologia em Revista, Belo Horizonte,
v. 15, n. 2, p. 56-76, ago. 2009.

ZORDAN, E. P.; FALCKE, D.; WAGNER A. Copiar ou (re)criar? Perspectivas


histórico-contextuais do casamento. In Wagner, A (org.) Como se perpetua a
família? A transmissão dos modelos familiares. Porto Alegre: EDIPUCRS. 2005.

46

Você também pode gostar