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SUMÁRIO
INTRODUÇÃO ................................................................................................. 3
5 ADOLESCÊNCIA E FAMÍLIA.................................................................... 20
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INTRODUÇÃO
Prezado aluno,
Bons estudos!
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1 A FAMÍLIA E AS REPRESENTAÇÕES SOCIAIS
Fonte: pleno.news
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Todavia, segundo Moscovici, citado por Sá, temos a seguinte conceituação:
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Por outro lado, na focalização, que é a segunda situação, o foco está voltado
apenas para alguns aspectos do objeto, desinteressando-se pelos demais, pois o seu
grupo social define tal tipo de visão. Nesta condição, o indivíduo fica vedado de ter
acesso a uma visão global do objeto.
Por fim, a terceira conjuntura diz sobre o fato de que o indivíduo é levado a
desenvolver opiniões e comportamentos, eliminando as zonas de incertezas do saber.
Desta maneia, o indivíduo tem a tendência a aderir às opiniões dominantes no grupo,
visando atribuí-las uma certa validade.
Quando o indivíduo está frente a um objeto, sabemos que nem sempre dispõem
de informações completas, envolvendo-se com alguns aspectos mais dominantes e
sendo levados a posicionar-se frente ao mesmo, na perspectiva da opinião da maioria.
Quando se faz referência ao objeto família, a contingência desta representação social
é bastante evidente em função dos vínculos afetivos e de interdependência que se
estruturam. (ARAUJO,2003).
Logo, quando se tem o conhecimento sobre os objetos, eles são na maioria das
vezes, condicionados aos aspectos dominantes dentro do grupo, exigindo-se que os
indivíduos se posicionem frente a esses condicionamentos. É fundamental também
considerar que quando a família é vista como um objeto polimorfo, a mesma assume
essas características de domínio frente aos seus membros, enquanto objeto de estudo
como representação social. Portanto, a forma como essas características são
impostas, faz com que a família adquira diferentes formas, de acordo com o contexto
cultural e histórico.
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aos riscos e vulnerabilidades em que estão expostos; tem função sexual, reprodutiva,
econômica, social, cultural e educacional.
Discorre de um espaço de compartimento de recursos materiais, econômicos,
de afetividade, cuidados, herança e construção de valores, de cultura e de troca de
saberes. É um compartimento em que se é permeado os conflitos, a socialização dos
seus membros, é fonte de referências morais, de vínculos afetivos e sociais, de
identidade grupal, bem como de mediação das relações dos seus membros com
outras instituições sociais, com a comunidade e com o Estado. (CAPUTI, 2011).
Portanto, a família pode ser formada por um grupo de pessoas com ou sem
consanguinidade que convivem ou não no mesmo teto. Podemos salientar ainda, que
se caracterizam como associação de pessoas que escolhem conviver por razões
afetivas e assumem um compromisso de cuidado mútuo.
No âmbito da sociedade brasileira, a constituição do conceito de família, tem
passado por profundas transformações, no qual podem ser vistas por exemplo nas
alterações de papéis da pessoa de referência da família.
As modificações ocorridas no processo de representação social, nas múltiplas
menções psicológicas e sociais que aprofundam o universo familiar e determinam o
desenvolvimento de crianças e jovens, acabam por desalojar as menções das figuras
como pai, mãe e avós.
Quais modificações são estas e a que estão atreladas?
São as mudanças vinculadas à relação de família e o mundo do trabalho, cujo
engrandecimento tecnológico, reorganização produtiva traz modificações nas
relações sociais como um todo.
A família coexistente passa a ter uma proporção pública em detrimento singular
da dimensão privada. Vive as modificações advindas, tanto das transformações do
mundo do trabalho, dos avanços tecnológicos, do aumento da expectativa de vida,
bem como das conquistas do movimento feminista. (CAPUTI 2011).
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1.2 Sistema e subsistemas familiares
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Fonte:psicologiasdobrasil.com
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A transparência dos limites ou fronteiras no fundamento de uma família é um
fator importante para o seu bom funcionamento. Nas famílias desligadas, os limites
são muito rígidos, tornando a comunicação entre seus membros difícil. É como se
predominasse um excesso de individualismo, sob o qual o comportamento dos
membros não afetasse o comportamento dos demais.
Em decorrência do mau funcionamento da família, é evidente um resultado
frequente sobre os filhos que são adolescentes e carentes de cuidados, que começam
a apresentar problemas em casa, na escola, uso abusivo de álcool e drogas. Nesses
casos, a omissão da família não ajuda, e as consequências acabam por aumentar.
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Fonte: psicologado.com.br
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2 O DESENVOLVIMENTO PSICOLÓGICO DA CRIANÇA NO CONTEXTO DA
FAMÍLIA.
Fonte: revistacrescer.globo.com
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Fonte: exame.com
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Ao transmitir conhecimento para os filhos, os pais agem de acordo com as
possibilidades psicológicas reais que possuem, determinadas pelos respectivos
traços de caráter, que configuram a cultura e a ideologia da família. Desta forma, os
filhos incorporam esses ensinamentos também segundo as variantes impressas em
sua personalidade pelos acontecimentos que lhes cabem vivenciar e em
conformidade com os mecanismos de defesa que vão elaborando a partir das séries
complementares, e também um considerável peso recebido de seus progenitores.
Devemos então nos atentar ao fato de que a família tem a responsabilidade
tanto para o bem, quanto para o mal da criança e do adolescente. Acerca das
enfermidades causadas pelo mal comportamento da família, Soifer nos diz que o
papel de "bode expiatório" que recai sobre algumas crianças, representa uma
aprendizagem, que seus progenitores não puderam completar no momento evolutivo
correspondente. (SOIFER, 1982)
No mesmo sentido corrobora Pichon Rivière:
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dos demais, e aqueles que não tem base real, mas surgem de fantasias. (BALTAZAR,
2006)
Mesmo quando não existem os fatos reais guardados em segredo, alguns
sentimentos como por exemplo o ciúme, a rivalidade, e o ódio, levam à uma suposta
criação de fantasias, as quais, por não poderem ser expressas, tornam-se segredos.
Esses segredos podem ser transmitidos subconscientemente por pais e filhos através
de gerações e muitas vezes não são fáceis de distinguir dos mitos familiares.
Foi através destes conceitos, que se desenvolveu a ideia do “bode expiatório"
como a pessoa sobre a qual convergem as "depositasses“ da família. Este ”bode
expiatório” constitui-se o porta-voz da enfermidade familiar. Sob este prisma, a
necessidade de realizar um diagnóstico familiar torna-se proeminente.
Para entendermos uma dinâmica familiar e a rede de fantasias que nela se
estrutura, é preciso ter em mente quais são as dificuldades internas que um indivíduo
terá que vivenciar ao constituir uma família, ao conceber uma criança e cuidar do seu
desenvolvimento.
No livro Análise da Fobia de um Menino de Cinco Anos, Freud nos mostra a
importância da intervenção, e nos orientou como as atitudes dos pais, conscientes ou
inconscientes, podem interferir na formação de um sintoma na criança. A análise deste
caso mostra como os sintomas do pequeno Hans foram interpretados como resultante
de conflitos edípicos não resolvidos de seus pais. Além de sua própria situação
edípica, ele deveria estruturar-se defensivamente também em relação aos conflitos
parentais sobre ele projetados. (FREUD, 1969 apud BALTAZAR, 2006)
O entrelaçamento do sintoma da criança junto as fantasias parentais, fazem
com que o psicanalista e/ou psicólogo ouçam diferentes demandas e discursos sobre
a criança, de forma que o possibilita fazer um deslocamento entre a demanda dos pais
e o sintoma da criança.
Poderíamos dizer que essa prática é marcada pela dependência estrutural da
criança em relação aos seus cuidadores primários, fazendo com que o
desconhecimento desse "nó sintomático" torne inviável o tratamento da criança.
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Ainda em relação ao livro “Análise de uma fobia de um menino de 5 anos” (Caso
do Pequeno Hans), pós-escrito em 1922, Freud reforça a ideia de que, ao indicar uma
função da especificidade da criança, ou seja, do fato de os pais, exercerem uma forte
influência sobre ela, é necessário combinar o tratamento psicanalítico da criança com
algum trabalho efetuado com os pais, sob o risco de a análise se tornar inviável caso
haja resistência destes. (FREUD, 1969 apud BALTAZAR 2006).
Fonte:eusemfronteiras.com.br
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Isso ocorre devido às barreiras e obstáculos na comunicação que dificultam a
compreensão do processo familiar e, por vezes, contribuem para a instabilidade e o
desequilíbrio do sistema. (DIAS 2011).
É importante a existência de comunicação entre todos os membros da família,
pois a influência principal na vida moral dos filhos é essencialmente exercida pelos
pais, sobretudo das crianças mais novas.
Esses bloqueios podem resultar das habilidades de comunicação do remetente
e do receptor, como eles codificam e decodificam as mensagens e sua capacidade de
raciocinar sobre seu conteúdo.
A família é, então, um espaço privilegiado para a elaboração e aprendizagens
de dimensões significativas de interação e comunicação onde as emoções e afetos
positivos ou negativos vão dando corpo ao sentimento de sermos quem somos e de
pertencermos àquela e não a outra família. Desta forma, o processo de comunicação
na família sendo um sistema interativo onde o comportamento de cada indivíduo é
fator e produto do comportamento dos outros, os resultados finais dependem menos
das condições iniciais e mais do processo comunicativo. (DIAS 2011).
A família passa por um processo de desenvolvimento, que engloba a
diferenciação estrutural, com mudanças na organização relacional e transformações
da comunicação. Durante este processo comunicativo há elementos que dão
consistência às relações, e outros que transformam e dão origem a mudanças, sendo
que no decurso das interações não há processos unilaterais, as relações são sempre
bilaterais ou múltiplas.
Portanto, a comunicação apresenta-se como fator determinante para facilitar
as relações entre os membros da família e o meio social.
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Fonte: porvir.org
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Desta forma, o processo de comunicação no sistema familiar conduz o
indivíduo à adaptação social, caso contrário a relação familiar se tornaria
insustentável, e a possibilidade do fracasso da sua integração no sistema familiar e
no sistema social poderiam acontecer. Portanto, o sistema familiar pode facilitar as
trocas adaptativas ajustando as mudanças que se dão no meio ambiente.
A comunicação torna-se assim parte integrante do indivíduo na família e na
sociedade. Como a família é a primeira instituição a facultar as relações o modo como
nela se desenvolve os processos de comunicação determinará o maior ou menor
sucesso do desenvolvimento pessoal e social dos seus membros e,
consequentemente, a integração na sociedade. (DIAS, 2002 apud DIAS M, 2011).
5 ADOLESCÊNCIA E FAMÍLIA
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Separação progressiva dos pais
Constantes flutuações do humor e do estado de ânimo.
A adolescência afeta o ciclo e o estilo de vida mais do que qualquer outra fase
da vida, pois desestabiliza o sistema e causa ajustes mais profundos para manter os
relacionamentos que envolvem a saúde mental dos membros.
Quando um grupo familiar possui um filho adolescente, o grupo como um todo
parece adolescer. Os pais vivenciam sentimentos variados em decorrência da
adolescência de seus filhos e as respostas que são capazes de dar aos adolescentes
estão condicionadas à forma pela qual os mesmos resolveram o seu processo
adolescente, ao nível de integração que têm como casal e a sua capacidade de
adaptação às redefinições que esta situação implica. (CRUZ 2007).
O estresse e a tensão normais provocados na família por um adolescente são
exacerbados quando os pais sentem uma profunda insatisfação e são compelidos a
fazer mudança em si mesmos. O que muitas vezes se cria é um campo de demandas
conflitantes, em que o estresse parece ser transmitido para cima e para baixo entre
as gerações.
Por serem tão intensas, as demandas adolescentes frequentemente precipitam
mudanças no relacionamento entre as gerações, fazendo aflorar conflitos não
resolvidos entre pais e avós (dos adolescentes), em sua infância ou adolescência.
O conflito entre os pais e os avós pode ter efeito negativo sobre o
relacionamento entre os pais e os adolescentes. O impasse também pode ocorrer em
direção oposta: um conflito entre os pais e o adolescente pode afetar o relacionamento
conjugal, o que acaba prejudicando o relacionamento entre os pais e os avós. (CRUZ
2007).
Os pais, além de reavaliar e analisar sua adolescência, enfrentam novas etapas
em seu ciclo vital, o que suscita novas preocupações: a perda do corpo jovem e a
aproximação da aposentadoria e da velhice. Nessa fase, a família também se adapta
às novas necessidades de seus membros, que entram em novos estágios do ciclo de
vida.
Os pais enfrentam questões maiores, como a “crise do meio da vida” de um ou
ambos os cônjuges, com exploração das satisfações e insatisfações pessoais,
profissionais e conjugais, ao mesmo tempo em que os avós passam pelas
experiências da aposentadoria e possíveis mudanças, como doença e morte. Os pais
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podem ter de se transformar em cuidadores de seus próprios pais ou ajudá-los a
integrar as perdas da velhice. (CRUZ 2007).
Com o rápido crescimento físico e maturidade sexual durante a puberdade, os
movimentos que buscam fortalecer a identidade e estabelecer autonomia da família
são acelerados. Para muitos pais, a percepção de que seu filho está se transformando
em um adolescente ocorre apenas quando percebem as mudanças físicas que
ocorreram na criança. O desenvolvimento psicossocial não é levado em consideração
Há muitas queixas associadas aos comportamentos dos filhos porque estes
não são entendidos como devem no período da adolescência, mas sim percebidos
como uma característica de má criação criação dos filhos (comportamentos não
aprovados). Muito frequentes são as queixas quanto à instabilidade de
comportamento, indisciplina, rebeldia dos filhos.
É comum que o adolescente tente descobrir novas direções para sua vida, e
quando isso ocorre, vem também a possibilidade de questionar a ordem familiar já
existente. O ambiente e a dependência que experimentam criam tensão e
instabilidade nas relações familiares, muitas vezes levando a conflitos intensos e
possivelmente crônicos.
Os adolescentes, no esforço para abrir seu próprio caminho, recorrem a
ataques de raiva, se retraem emocionalmente por trás de portas fechadas, buscam
apoio nos avós e/ou apresentam intermináveis exemplos de amigos que têm mais
liberdade. (CRUZ 2007).
O adolescente quer independência, mas também precisa de limites. Por outro
lado, há muitos pais que compreendem a adolescência como um processo na vida do
filho, agindo como facilitadores da vivência deste processo, ou seja, mantendo postura
de diálogo, de abertura para com o filho.
Muitos pais atuam com rigidez intensa frente a seus filhos, gerando conflitos.
Outros atuam com permissividade extrema, deixando de orientar o filho num momento
tão importante como este, de estruturação da personalidade. Na adolescência, a
evolução da dependência absoluta da infância à autonomia adulta pode ser um
momento doloroso para pais e filhos. Muitas vezes, os pais sentem um vazio quando
os adolescentes se tornam mais independentes, pois percebem que não são mais
necessários como antes, e dessa forma, vem o sentimento de perda (perda da
criança) e medo de abandono. (CRUZ, 2007)
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Em algumas situações, os pais podem vir a demonstrar dificuldades em lidar
com a perda da dependência do filho, e em decorrência disso, apresentar um quadro
depressivo. Da mesma maneira, o adolescente precisa lidar com a perda do eu infantil
e da família como fonte primária de afeto.
A perda desse primeiro vínculo romântico também pode desencadear a
depressão no adolescente. Esse duplo movimento de luto do qual participam pais e
filhos foi denominado por Stone e Church como síndrome da ambivalência dual.
(CRUZ 2007).
A adolescência exige mudanças estruturais e renegociação de papéis na
família, e unidades que protegem e nutrem os filhos. Desta forma, as famílias passam
a ser o centro de preparação para a entrada do adolescente no universo das
responsabilidades e dos compromissos do mundo adulto.
A família constitui fronteiras mais flexíveis, permitindo aos adolescentes que se
aproximem e sejam dependentes nos momentos em que não conseguem manejar
suas vidas sozinhos, e, ao mesmo tempo, se afastarem experimentando desafios,
com graus crescentes da independência, quando estão prontos, exigindo esforços
especiais de todos os membros da família.
Para viver satisfatoriamente essa etapa da vida o adolescente deve
cumprir aquilo que Erickson chama de tarefas do desenvolvimento:
Conhecer a si mesmo;
Adotar um papel sexual;
Conseguir autonomia diante da família;
Definir- se vocacionalmente;
Atingir relações interpessoais autônomas para consolidar sua
identidade.
Na tentativa de diminuir os conflitos gerados nesse período, muitas famílias
continuam em busca de soluções que costumavam funcionar em estágios anteriores,
entretanto, a flexibilidade é a chave do sucesso paras as famílias nesse estágio. Por
exemplo, flexibilizar mais as fronteiras familiares e modular a autoridade parental
permite maior independência e desenvolvimento aos adolescentes. (CRUZ, 2007)
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6 DESENVOLVIMENTO INFANTIL E O DIVÓRCIO
Fonte: dm.jor.br
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O divórcio vivido na infância pode ter efeitos negativos na vida de uma criança,
porque ao final do divórcio e a partida de um dos pais, a criança acaba privada de um
dos genitores.
Além do contato, que possivelmente se torna menor, a criança pode perceber
uma perda da atenção, da figura parental e do tempo disponível. O divórcio gera um
sentimento de insegurança nos filhos, influenciado diretamente no comportamento
parental. A longo prazo, o desenvolvimento de uma criança exposta a esses fatores
pode levar a dificuldades de autoestima.
Oaklander afirma ainda que o divórcio poderá ser o desencadeador da baixa
autoestima na criança, demonstrando-se através de comportamentos como: chorar
com facilidade, necessidade de vencer, trapaças, comportamentos antissociais,
críticas a si mesmo. O divórcio pode ainda, dificultar o desenvolvimento sadio da
criança que, se acompanhada de negligência por parte do genitor presente, eleva o
grau de sofrimento da criança. (OAKLANDE 1980; apud GONÇALVES, 2016)
A infância é uma fase inicial do desenvolvimento psicológico e fisiológico,
portanto, as crianças afetadas nesta fase são suscetíveis a uma série de patologias.
Isso é exacerbado pela ausência de um dos pais durante o desenvolvimento, o que
pode afetar a saúde mental da criança.
Além disso, durante o divórcio, a criança passa por muitas situações novas e
desconfortáveis, que com o tempo podem se transformar em distúrbios psicossociais.
Segundo Toloi, nos conflitos interparentais, lidar com o divórcio e com seus
efeitos têm grande influência na saúde mental dos sujeitos envolvidos. As mudanças
que ocorrem de forma rápida são decorrentes de inúmeras transformações nas
crianças que vivenciaram o divórcio dos pais, causando impacto direto no
funcionamento mental. (TOLOI 2006; apud GONÇALVES; 2016)
Pais e mães divorciados encontram muitas dificuldades para manter um
relacionamento coparental saudável, com uma maior possibilidade de envolver-se em
brigas, discussões e, até mesmo agressões. As crianças que assistem esses tipos de
agressões recebem um impacto direto em sua saúde mental.
A separação pode ser entendida como uma relação parental fracassada,
porém, quando existem filhos, trata-se de uma relação de pais separados e de filhos
que precisam se ajustar à nova dinâmica familiar. As mudanças em tal núcleo geram
conflitos emocionais cabendo aos ex-cônjuges escolher a forma de vivenciar a nova
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configuração da relação e da realidade familiar, beneficiando o filho, que continua
existindo para ambos (GRZYBOWSKI, 2010)
Diante de um sistema familiar, as relações possíveis são inúmeras, e as
crianças contribuem ativamente nas interações. Cada membro da família tem um
papel importante e influente.
A influência da criança no relacionamento com os pais é muito importante para
o seu desenvolvimento saudável. O surgimento de alguma mudança repentina na
base familiar pode afetar diretamente seu desenvolvimento. Algumas das principais
mudanças incluem: crescimento físico, desenvolvimento da linguagem, autoconceito,
desenvolvimento cognitivo e independência.
Martins nos relata que:
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Para Dantas é de suma importância que se fortaleçam os vínculos com os
filhos após a separação. A construção da personalidade da criança, para a
autora, se relaciona com o momento no qual se reconhece em seus pais. Ela
levanta a importância paternal e maternal para o desenvolvimento sadio da
criança, já que sem relação com os pais, a criança não consegue construir
sua própria identidade. Os momentos de ser reconhecido e se reconhecer
precisam acontecer na relação entre pais e filhos. (DANTAS, 2004 apud
GONÇALVES 2016),
Diante do que foi citado acima, o contexto apresentado tem como objetivo
investigar tanto a percepção de pais e mães sobre o exercício da parentalidade e suas
transformações após o divórcio, bem como as diferenças envolvidas nesse processo
entre os genitores. Os impactos da dissolução da conjugalidade na parentalidade são
o ponto-chave nessa discussão.
De acordo com GORIN M; (2015) então, sobre como ocorre a construção do
casal e sobre o desejo de ter filhos, para depois podermos explorar mais
profundamente as dificuldades do exercício da parentalidade após a separação.
Dessa forma, nos questionamos sobre a complexidade da coparentalidade depois do
divórcio, levando em conta que as discordâncias não cessam e que os filhos acabam
sendo muito envolvidos nesses conflitos. As esferas conjugais e parentais se
misturam, levando-nos a interrogar sobre as repercussões da dissolução da
conjugalidade no sujeito e como isso transforma a experiência de ser pai e mãe.
(GORIN, 2015)
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Nesse contexto, a parentalidade é uma construção, implicando mudanças para
o casal e para seus membros individualmente. Em meio a essas mudanças, o
nascimento do filho traz novas funções para o homem e a mulher, de forma que um
tempo de adaptação se faz necessário. Além disso, essas novas responsabilidades
de cada um em relação à parentalidade têm repercussões na relação conjugal.
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A respeito do processo de construção da parentalidade, Lebovici descreve o
ser pai ou mãe para além do biológico, ressaltando a descendência e o herdado da
família, o que o sujeito transmitirá intergeracionalmente. “Assim, defino a
parentalidade como o produto do parentesco biológico e da parentalização do pai e
da mãe”. Em relação à parentalização, este autor aponta que os filhos têm um papel
ativo nesse processo. (LEBOVOCI, 2006, apud GORIN, 2015)
A construção da parentalidade envolve elaborá-la no imaginário e lidar com os
próprios pais. Nos casos de famílias recompostas, esse processo é ainda mais
complexo. É a partir dessa concepção que refletiremos sobre a parentalidade e o
divórcio.
Após o divórcio, há um término do casal conjugal, porém, caso existam filhos,
o vínculo como casal parental deve continuar. Isso se justifica, porque,
independentemente do arranjo conjugal, os genitores permanecerão nos papéis de
pais dos filhos.
Quando duas pessoas se casam, há a construção de uma nova identidade.
Essa identidade conjugal se desfaz aos poucos no divórcio, demandando uma
redefinição da identidade individual de cada um dos membros do ex-casal. Esse
processo é doloroso tanto para o homem quanto para a mulher e acontece de formas
singulares. É um desafio para ambos, em meio aos conflitos e às mudanças, continuar
a ser pai e mãe. (FÉRES-CARNEIRO, 2003 apud GORIN, 2015).
Na fase de reorganização da identidade individual, exercer a parentalidade de
forma conjunta torna-se complexo. O vínculo que uniu o casal e os sentimentos
antigos e atuais estão atrelados, inevitavelmente, à parentalidade, sendo difícil
dissociá-los. Além disso, destacam que a ligação entre os genitores e os filhos antes
e depois do divórcio, especialmente em relação à presença do pai, marca a
coparentalidade, em função do, não raro, afastamento da figura paterna.
Os homens estão cada vez mais participativos no cuidado com os filhos,
envolvendo trocas emocionais e afetivas nas relações. Porém, ao longo desses
processos de reorganização familiar, as mulheres, ainda que se sintam satisfeitas com
a maternidade, sentem o peso das responsabilidades do excesso de tarefas no dia a
dia com filhos, casa e trabalho.
A coparentalidade após o divórcio depende da cooperação entre os ex-
cônjuges. É importante que os pais possam negociar entre eles, as questões
relacionadas ao cuidado com os filhos, apesar de estarem separados. Especialmente
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em um momento conflituoso, isso se torna mais difícil, visto que conjugalidade e
parentalidade ficam sem um contorno que as delimitem. Dessa forma, a
reestruturação da família deve ser inspirada pelo casal parental e não pelo conjugal.
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inserido novo integrante ao âmbito familiar. (SANTOS, 2013, apud,
GONÇALVES, 2016)
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É importante a figura paterna que, na maioria das separações, é quem sai de
casa e acaba se ausentando da vida da criança. O autor coloca, na figura do
pai, o primeiro papel de separar a criança de sua mãe, rompendo a simbiose
e colocando-lhe limite. O segundo papel paterno seria ajudar a confirmar a
identidade de seu filho (a) também investindo segurança e autoestima. O
terceiro papel seria de transmitir-lhe afetos, para possibilitar melhor a
vinculação entre ambos. (DANTAS, 2004; apud GONÇALVES 2016)
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8 ESTRATÉGIAS DE ATENDIMENTO FAMILIAR
Fonte: clinicacoutinho.com
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8.1 Entrevista Circular
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Conduzir a sessão de tratamento inicial, quando necessário, conforme
A entrevista diagnóstica é dividida em três momentos:
Estágio social o profissional age criando um setting social e culturalmente
adequado à família, possibilitando a investigação e a intervenção
psicoterapêutica inicial.
Os aspectos de interação e enquadre são tão importantes quanto o ambiente
físico, que pode ter o aspecto de uma sala de visita, com material de
brinquedos, mesa e cadeiras para crianças pequenas caso seja necessário.
O rapport inicial pode incluir um tempo de conversação informal e o
estabelecimento de relacionamento através de comunicação verbal e não
verbal amistosa.
Estágio de questionamento multidimensional:
O profissional investiga o motivo da consulta tanto quanto o modo como a
família o descreve. A apresentação da problemática inicial é frequentemente um
estágio confortável para a família que tenderá a descrever a imagem oficial do
problema. (CORDIOLI & GREVET 2019).
A exploração de visões alternativas dos outros membros da família deve ser
feita respeitosamente, buscando-se a neutralidade sistêmica. Áreas potencialmente
problemáticas não reportadas devem ser investigadas pois podem relacionar-se
retroativamente com as dificuldades da família na área da queixa.
A resistência em explorar outras áreas talvez esteja presente e surja na forma
de convite à aliança com o terapeuta ou com a injunção para que ele aplique soluções
preestabelecidas para o problema.
É importante evitar confronto, já que a resistência pode ser compreendida como
a comunicação silenciosa de áreas problemáticas de tensão que estão acima da
possibilidade de manejo da família. A abordagem de áreas problemáticas deve ser
realizada com cuidado e respeito, apontando-se a necessidade de compreender
amplamente o problema e de demonstrar que o ponto de vista de todos é importante.
(CORDIOLI & GREVET (2019).
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Desenvolvimento:
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8.3 Avaliação da Rede de Apoio
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9 TERAPIA FAMILIAR E DE CASAL
Fonte: irresistivel.com.br
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Ao longo do tempo, diversos outros enfoques foram sendo propostos:
Estrutural / sistêmico (Minuchin) - a partir do estudo de jovens delinquentes
provenientes de famílias hierarquicamente desorganizadas e com problemas de
limites generacionais entre os vários subsistemas:
Estratégico (Harley; Ackerman):
Para os problemas decorrentes de arranjos hierárquicos e de papéis, bem
como as reações em suas mudanças.
Comportamental (Patterson; Margolin):
Para problema que podem ser mantidos ou estimulados pelas atitudes da
família, em padrões de relações simétricas ou complementares e nas funções
de comunicação.
Psicoeducacional (Anderson, Goldstein):
Informativo, envolvendo o manejo de doenças crônicas, redução do estresse e
manejo de crises.
Periodicidade
As sessões de terapia familiar ocorrem semanalmente, com todos ou parte dos
membros presentes, podendo, posteriormente, passarem a ser quinzenais ou mensais
(subsistema).
Objetivos:
Melhorar a comunicação entre os membros da família;
Desenvolver a autonomia e a individualização dos diferentes indivíduos
membros da família;
Descentralizar e tornar mais flexíveis os padrões de liderança e de tomada de
decisões;
Reduzir os conflitos interpessoais e os sintomas;
Melhorar o desempenho individual.
A terapia de casal, da mesma forma que a terapia familiar, considera que
existem possibilidades e vantagens de resolver os conflitos que surgem na vida de um
casal na abordagem conjunta de forma mais rápida do que na abordagem individual.
Baseia-se na teoria psicodinâmica (relações de objeto), na teoria da comunicação e
na teoria dos contratos conjugais. (CORDIOLI; GREVET 2019).
40
9.1 Indicações da Terapia Familiar
41
10 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
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