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ESCOLA POLITÉCNICA DA UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO

RELATÓRIO 2: Estudo de caso sobre administração e organização


em empresa de laticínios

Grupo Infinity
Aluno Número USP
ANTÔNIO LUIZ MAYA NETO 11917952
CARLOS GOMES PIRES FILHO 11279840
JOÃO LUCAS PARO SILVA 11803823
NIVALDO MENDONÇA JÚNIOR 11803980
PEDRO ABRÃO HELOU 11839437

SÃO PAULO, SP
2022
ANTÔNIO LUIZ MAYA NETO
CARLOS GOMES PIRES FILHO
JOÃO LUCAS PARO SILVA
NIVALDO MENDONÇA JÚNIOR
PEDRO ABRÃO HELOU

RELATÓRIO 2: Estudo de caso sobre administração e organização


em empresa de laticínios

Trabalho de relatório semestral


apresentado à disciplina de PRO3331 –
Administração e Organização para os
alunos da graduação em Engenharia de
Produção no 2º semestre de 2022, a ser
utilizado como enfoque prático dos
conceitos de projeto organizacional, sob
orientação do prof. Dr. Roberto Marx.

SÃO PAULO, SP
2022
SUMÁRIO

1 ORGANIZAÇÃO 3
1.1 ENTIDADE OBJETO DE ESTUDO 3
1.2 CARACTERIZAÇÃO DO AMBIENTE DA ORGANIZAÇÃO 4
1.2.1 Setor e regulação 4
1.2.2 Mercado e competição 7
1.2.3 Consumo e tendências 8
1.2.4 Tecnologia e inovação 9
1.3 CARACTERIZAÇÃO DOS FATORES SITUACIONAIS 10
1.3.1 Idade e tamanho 11
1.3.2 Sistema técnico 11
1.3.3 Ambiente 12
1.3.4 Poder 13

2 ESTRUTURA E ESTRATÉGIA (MODELO ESTRELA DE GALBRAITH) 14

3 TEMA PROPOSTO PARA O TRABALHO 16

4 PESQUISA BIBLIOGRÁFICA SOBRE O TEMA 16

5 METODOLOGIA DO LEVANTAMENTO DE DADOS 18


REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS 20
3

1 ORGANIZAÇÃO

1.1 ENTIDADE OBJETO DE ESTUDO

A empresa sobre a qual o trabalho será realizado é a Laticínios Bela Vista


Ltda., sob a marca mais comumente conhecida Piracanjuba, visto que um dos
integrantes do grupo teve a oportunidade de estagiar e conhecer tanto sua maior
fábrica no Brasil quanto a central da empresa, e, por isso, o grupo foi capaz de
entrar em contato direto com integrantes da empresa. Ademais, os contatos
adquiridos por esse integrante serão de grande ajuda para o trabalho da disciplina,
uma vez que facilitará imensamente a troca de informações do grupo com a
empresa em questão de maneira mais proveitosa.
A empresa escolhida possui vários mercados de atuação, contando com sete
unidades fabris capazes de atender a essas diferentes demandas espalhadas pelo
Brasil. Dessa maneira, o trabalho a ser desenvolvido com a Piracanjuba terá
participação não somente na unidade fabril UP-1 da empresa (Unidade Goiás), mas
também na sede administrativa da companhia.
Fundada em 1955, é uma companhia de capital fechado produtora de leite e
derivados como iogurtes, manteiga, doce de leite e creme de leite. Seu portfólio
conta com mais de 180 produtos, distribuídos nas marcas Piracanjuba, Pirakids,
LeitBom, ChocoBom e MeuBom. Mantém parcerias com a Blue Diamond
(cooperativa americana produtora de amêndoas), para produção e comercialização
da marca Almond Breeze, e com a Nestlé, para a produção e comercialização das
marcas Ninho e Molico, na modalidade leite UHT.

1.2 CARACTERIZAÇÃO DO AMBIENTE DA ORGANIZAÇÃO

1.2.1 Setor e regulação

O agronegócio é uma indústria de suma relevância para a economia nacional,


sendo o Brasil um expoente global nesse ramo. Esse cenário tem ganhado cada vez
mais relevância econômica e apresenta oportunidades de lucros significativos.
Dessa forma, o cenário competitivo nesse setor tem-se acirrado com players
desenvolvendo suas operações para aumentar a escala, implementar tecnologias,
4

melhorar a eficiência, expandir o reconhecimento da marca, entre outras estratégias


de negócios.
Nesse sentido, a tradicional empresa Laticínios Bela Vista Ltda. (sob sua
principal marca, a Piracanjuba), atuante no subsetor agro – mais especificamente o
de consumer staples –, que é um com menor sensibilidade aos ciclos econômicos,
tem como objetivo estratégico se tornar a líder de seu mercado.
A fim de entender a fundo o tamanho do mercado de laticínios no Brasil e a
demanda pelos produtos em território nacional, foram analisados dados relativos à
indústria. De acordo com o Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento, o
Brasil é classificado como o terceiro maior produtor da cadeia mundial de leite, com
mais de 34 bilhões de litros por ano, com a produção abrangendo 98% dos
municípios do país. O município mais produtivo de toda a cadeia nacional é a cidade
de Castro, localizada no Paraná, com 363 milhões de litros ordenhados no ano de
2020.

Figura 1 – Evolução da quantidade de leite cru produzido (em milhares de litros)

Fonte: Mapa do Leite – Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (2022)

A cadeia produtiva é predominantemente dominada por pequenas e médias


propriedades, com mais de 1 milhão de propriedades produtoras de leite em um
setor que emprega 4 milhões de brasileiros. No entanto, estima-se que, até 2030,
5

haverá uma diminuição da fragmentação dessa cadeia produtiva, sendo os


remanescentes aqueles considerados mais eficientes.

Figura 2 – Produção de leite por estado

Fonte: IBGE (2021)

No que tange à aquisição de leite cru, este é oriundo de pequenos, médios e


grandes produtores brasileiros. A Piracanjuba também compra sua matéria-prima de
outras empresas e cooperativas que atuam no setor lácteo, auxiliando o aumento de
sua produção, possuindo 8870 fornecedores de leite. Ela não deixa, portanto, de
seguir o costumeiro na indústria: 70% a 80% do leite é adquirido de fornecedores
parceiros, ao passo que o restante é caracterizado como leite SPOT (que outras
empresas compram e vendem o leite cru sem ter sido processado). Por outro lado,
pensando na complementaridade da produção, outras matérias-primas para além do
leite (por exemplo, polpas de frutas utilizadas para saborização dos produtos) são
adquiridas pela Laticínios Bela Vista Ltda. com outros fornecedores nacionais e
internacionais responsáveis pela provisão desses ingredientes.
Em termos da regulamentação legislativa a que os produtos lácteos estão
submetidos, tem-se que o Ministério da Agricultura é o órgão responsável por
fiscalizar a produção, buscando a segurança do consumidor. A Anvisa estabelece os
parâmetros técnicos de regulamentação que devem estar presentes no Manual de
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Boas Práticas de Fabricação elaborado pela própria fábrica, que também são
avaliados nas inspeções. Esse importante documento conta com todas as condições
obrigatórias de produção, manuseio, armazenamento e transporte dos produtos
fabricados no laticínio.
Nesse cenário, o uso de soluções de automação higiênicas, confiáveis e
comprovadas, a fim de garantir o tratamento de assepsia necessário ao envase do
leite, a aplicação de alta tecnologia em processos produtivos e o envolvimento de
profissionais especializados e qualificados, resultando em um processo de maior
confiabilidade e segurança para o consumidor final, gera uma vantagem competitiva
para sua operação de laticínios, por se tratar de um produto perecível e que
necessita da aplicação de tecnologias para aumentar sua vida de prateleira,
garantindo a qualidade nutricional e a segurança alimentar dos consumidores,
reduzindo o desperdício e otimizando a movimentação de inventários de laticínios e
seus processos essenciais atrelados
Todos os produtos vendidos pela empresa passam por todas as análises de
Qualidade e Segurança do Alimento, conforme previsto nos protocolos sanitários. Os
procedimentos de cada etapa produtiva são norteados pelo Sistema de Gestão da
Qualidade e Segurança do Alimento (SGQSA), de acordo com as características do
processo, do produto e da criticidade. O Sistema de Gestão da Qualidade e
Segurança do Alimento (SGQSA) é robusto e completo, sendo estruturado em três
grandes pilares: Food Safety (Segurança do Alimento), Food Defense (Defesa do
Alimento), e Food Fraud (Combate à fraude).

1.2.2 Mercado e competição

No contexto nacional, a maior produtora de leite no Brasil é a Italac, enquanto


a segunda maior produtora do país é a Piracanjuba, objeto deste estudo.
A Italac, fundada em 1996, possui um portfólio de mais de 100 produtos, os
quais são distribuídos em mais de 20 mil pontos de venda. Atualmente, a empresa
possui uma capacidade instalada de mais de 7 milhões de litros por dia, com
fábricas, postos de captação e produção nos estados de Goiás, Minas Gerais, São
Paulo, Rondônia, Pará, Rio Grande do Sul e Paraná.
A Piracanjuba foi fundada em 1955, na cidade que leva o nome da
companhia, no estado de Goiás. A empresa tem capacidade instalada de 4,5
7

milhões de litros por dia, e possui instalações em Goiás, Minas Gerais, Santa
Catarina, Paraná, Rio de Janeiro, São Paulo e Rio Grande do Sul.
Ambas as companhias são indústrias altamente especializadas no produto,
com processos bem definidos e altamente tecnológicos. A competição entre elas
ainda é pouco preocupante, visto que existe uma parcela relevante de mercado nas
mãos de pequenos empreendedores familiares, que usam pouco da tecnologia e
tem eficiência bem mais baixa do que esses competidores.

1.2.3 Consumo e tendências

Os compradores são, na grande maioria, supermercados e atacados. Há, no


entanto, uma crescente demanda de produtos em marketplaces como a Amazon,
além de parcerias com outras grandes empresas que compram produtos específicos
em larga escala, como a Yakult, cuja parceria com a Piracanjuba se dá pelo
fornecimento de leite em pó. Os produtos são transportados das unidades fabris até
o local dos compradores por uma logística dotada de caminhões 100% terceirizados.
Além disso, a Piracanjuba está crescendo sua presença para o público
institucional, valendo-se do marketplace BEES, da Ambev. Não à toa, no ambiente
digital, foi a 2ª preferida pelos consumidores, conforme pesquisa elaborada pela
consultoria Kantar, no ranking Brand Footprint.
No lado do consumidor, estima-se que são consumidos, em média, 166,4
litros de leite por cada habitante por ano, quantidade tal que tem aumentado a taxas
médias de crescimento próximas a 1% ao ano. No entanto, o consumo de leite é
diretamente influenciado pela renda, sendo esse valor bem abaixo da média de
países desenvolvidos, que é cerca de 250-300 litros por habitante. Dentre os
derivados leite cru, o produto lácteo mais consumido no Brasil é o leite longa vida,
que é resultado de uma ultrapasteurização, a partir da aplicação do método “Ultra
Alta Temperatura” (de onde deriva seu nome original, UHT).
Com vistas às tendências e preferências do consumidor, diante da maior
conexão das novas gerações e dos canais de influência das demais pessoas ao
redor, o perfil do consumo de alimentos tem sido o de busca por maior informação
sobre os alimentos consumidos. A ideia principal por trás é saber o que está por trás
daquele produto. No caso dos lácteos, os consumidores querem saber a origem
daquele alimento: se veio de uma fazenda que tem práticas sustentáveis ou não, se
8

houve preocupação com o bem-estar animal, se foi elaborado com ingredientes


naturais ou artificiais, etc. Com isso, práticas de rastreabilidade são bem-vindas,
assim como produtos fair trade, produtos com certificações, lácteos regionais ou
locais, produtos free range, leites orgânicos, produtos com poucos ingredientes e
ingredientes mais naturais, etc.
Ainda, pode-se encaixar o gosto pela inovação e busca por alimentos mais
saudáveis e nutritivos. Isso abriu concorrência no mercado lácteo, visto que os
consumidores também têm experimentado outros tipos de leite (de búfala, cabra,
ovelha) e até bebidas de origem vegetal em substituição ao leite, mais conhecidos
como leites vegetais, além de que os laticínios apresentam grande vantagem já que
são naturalmente ricos em nutrientes essenciais à saúde humana.

1.2.4 Tecnologia e inovação

O projeto de inovação aplicado à indústria de laticínios demanda a


cooperação entre os conhecimentos da frente de atuação para investimentos em
P&D e as priorizações referentes a análise e sampling presentes em toda a cadeia
produtiva do leite, visto que busca atender à demanda consumidora e regulatória
concernente aos testes de controle da qualidade nas etapas de garantia dessa
qualidade microbiológica do leite pelas condições higiênicas de obtenção,
armazenamento e transporte.
Nesse cenário de ampliação das inovações tecnológicas oriundas da
aplicação da Indústria 4.0 aplicada ao setor do agronegócio brasileiro, a indústria de
leite tem demandado, nos padrões de organização industrial e cujo fator limitador de
sucesso perpassa a batalha de preços nas prateleiras, majorar lucros pela redução
de custos. Essa medida, por sua vez, compreende a transformação logística e digital
no âmbito agro como um todo, de sorte que se verifica a indústria 4.0 presente pelo
mapeamento de processos, pela identificação de gargalos e pela aplicação de
membros de automação nos elos da cadeia produtiva de laticínios.
Com isso, a modelagem teórica dos padrões da indústria de inovação,
segundo as características organizacionais da empresa, segue a proposta de
Abernathy & Utterback de design dominante na indústria, conforme a tabela:
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Tabela 1 – "Padrões de Inovação na Indústria"


Padrão Fluido Padrão Transitório Padrão Específico
Ênfase Performance funcional
Variação do produto Redução de custo
Competitiva do produto
Probabilidade de Redução de custos por
Estímulo para Informações sobre as
extensão da capacidade pressão competitiva e
inovação demandas do usuário
técnica garantia de qualidade
Mudança na indústria Melhoria acumulada na
Inovação Transformação em
para aumentar o volume qualidade e na eficiência de
predominante produtos já existentes
produzido produção
Diversificada, com Em estabilização, com Padronizada, com produtos
Linha de
produtos de certa base garantia de produção em diferenciados dentro de um
Produto
comum larga escala mesmo segmento
Semirrígido, com Eficiente, capital-intensivo e
Processos de Flexível e acomodável
mudanças somente em com alto custeio para
Produção a mudanças
etapas maiores mudança
Pouco automatizado e Característico de Especializado, fortemente
Equipamento requer controle do subprocessos em automatizado e com rigoroso
trabalhador automação controle e monitoramento
Disponibilidade imediata de
Mais especializados, sob especializados; caso
Materiais Sob demanda limitada
consulta a fornecedores contrário, há tendências na
verticalização da produção
Geral, com repartições Larga escala, específica para
Planta Pequeno porte
enfocadas produtos de cada segmento
Compromisso com
Controle Incipiente e Forte ênfase em normas,
grupos para projetos e
Organizacional empreendedor infraestrutura e metas
tarefas sob demanda
Fonte: ABERNATHY & UTTERBACK

No que tange à Laticínios Bela Vista Ltda., esta denota um modelo de


negócios voltado para a otimização da força de trabalho, a fim de reduzir ou eliminar
qualquer desperdício de tempo e/ou recursos, custos desnecessários, bottlenecks e
erros, com o objetivo do processo de criar um produto de qualidade. Isso se
enquadra na organização do tipo de padrão específico.

1.3 CARACTERIZAÇÃO DOS FATORES SITUACIONAIS

Conforme já foi analisado por Mintzberg no livro "Structure in Fives: Designing


Effective Organizations", as organizações estão sujeitas a diversos fatores que
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influenciam a escolha dos parâmetros de design e vice-versa. Essa interferência é


sintetizada pela abordagem dos fatores situacionais.
Desse modo, uma organização deve levar em conta fatores internos e
externos a ela, e sempre ter em mente que pode ter padrões comportamentais
distintos em cada um desses âmbitos. Esses fatores, segundo o autor, formam a
ideia de que a estrutura reflete a situação. Em outras palavras, que a estrutura
organizacional será influenciada por diversos fatores dos quais alguns podem ser
controlados e outros não.

1.3.1 Idade e tamanho

Muitas vezes, à medida que organizações e humanos envelhecem, eles


crescem em um ritmo formalizado, levando a uma maneira padronizada de fazer as
coisas, que pode ser deliberadamente escolhida ou produto de coincidências e
hábitos. O tamanho também normalmente dita um nível de padronização e
formalização, geralmente porque o mecanismo de coordenação em grandes
organizações muitas vezes é baseado na padronização.
Com isso em mente, a idade de uma organização é definida pelo grau de
formalização da mesma. Em geral, uma empresa formalizada tem mais tempo de
mercado, e quanto mais formalizado o mercado, mais o setor é antigo. Assim,
quanto maior e mais velha a organização, mais complexa sua estrutura e mais
formalizado é o comportamento. Ainda, quanto maior a organização, maiores devem
ser suas unidades de agrupamento, por conta da homogeneização do trabalho.
Essa descrição reflete diretamente a ocupação situacional da Piracanjuba, as
explicações de sua estrutura hierárquica (compondo-se de superintendentes;
conselho consultivo; diretorias; gerentes; coordenadores específicos de cada uma
das diretorias; operadores, manutentores e analistas de laboratório), do tempo
desde a fundação, do porte da companhia e do setor em que está inserida
classificam-na em um altíssimo nível de formalização e complexidade no
agrupamento por função.
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1.3.2 Sistema técnico

O sistema técnico consiste nas ferramentas utilizadas para transformar


entradas em saídas. O tipo de produção utilizado influencia a amplitude de controle
e como a organização é agrupada. Se o sistema técnico é muito regulatório, muitas
vezes leva a uma formalização do núcleo operacional e a um sistema burocrático.
Se, em vez disso, o sistema técnico for muito sofisticado e difícil de entender e usar,
o núcleo operacional se tornará mais profissional, resultando em uma organização
mais descentralizada.
Hoje, no que tange ao apoio à produção, a companhia conta, estando
presente em todas as linhas de produtos fabricados, com um gerente atuando na
parte de Planejamento e Controle da Produção (PCP, que fica entre a venda e a
produção, oferecendo apoio em programar principalmente a frente da produção com
maior número de vendas); duas equipes inspecionando a qualidade – uma voltada
para qualidade de produto e outra voltada para qualidade de matéria-prima (esta
sendo específica para análise da compra de leite nas fazendas); um departamento
de compras, o qual, por sua vez, está em processo de substituição por uma diretoria
de suprimentos; uma área de almoxarifado, que controla os segmentos da
manutenção e da ferramentaria. Por outro lado, a Piracanjuba não conta com uma
área de apoio específica à engenharia de processos; ela, na verdade, possui um
departamento de engenharia holística, englobando não só os processos, mas
também projetos de desenvolvimento dentro da empresa.
Conforme analisado, a Piracanjuba apresenta um sistema de padronização
do tipo específico, fato esse que, aliado à descrição da configuração de sua
produção, permite deduzir a consonância entre uma centralização em certos
aspectos e descentralização em outros. De fato, a transformação de uma estrutura
burocrática para uma orgânica pode ser dada por meio da automação do núcleo
operacional. Segundo o autor, ao se automatizar o trabalho operacional, as relações
sociais mudam, uma vez que ao invés de necessitar de gerentes que supervisionam
operários, a organização passa a necessitar especialistas de suporte às máquinas,
que coordenam seus próprios trabalhos. Dessa forma, o autor afirma que a
automação reduz a linha de autoridade formal e reduz a padronização como
principal forma de coordenação.
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1.3.3 Ambiente

Toda organização existe em um contexto, em um ambiente que normalmente


não pode controlar. O ambiente é normalmente descrito pelas seguintes
características: estabilidade, complexidade, complexidade de mercado e hostilidade.
A estabilidade geralmente leva à centralização, enquanto um ambiente dinâmico e
complexo força a organização a descentralizar e se tornar mais orgânica.
Esse ambiente, segundo o autor, corresponde ao conjunto de características
externas do meio, tais como mercado, situação econômica, etc. Em situações
dinâmicas, a organização não pode se padronizar, sempre apresentando
flexibilidade para coordenação (supervisão direta ou ajuste mútuo). Por outro lado,
quanto mais complexo o ambiente, mais descentralizada é a estrutura, ou seja,
deve-se descentralizar a tomada de decisão, uma vez que as operações são
baseadas em um conjunto complexo de conhecimento.
Quanto mais mercados, maior é a probabilidade de dividir as unidades com
base nesse critério, supondo que haja economias de escala viáveis, ou seja, caso
não se possa compartilhar o núcleo operacional entre as divisões de cada mercado
ou caso tenha algum departamento centralmente coordenado (ex: compras), não é
possível atingir o nível pleno de descentralização. A hostilidade do ambiente pode
impactar em centralização temporária da estrutura, isto é, em momentos de
insegurança, a organização tende a retornar aos seus mecanismos de coordenação
mais rígidos, com os quais o líder coordena de forma rápida e firme.
Diante desse cenário, é perceptível que a empresa Laticínios Bela Vista Ltda.,
assim como qualquer outra empresa, está sujeita a fatores que podem diretamente
impactá-la, constituindo-se até mesmo como fator de risco de operação, pois a sua
inserção no setor de consumer staples a caracteriza dentro de empresas defensivas
que vendem produtos essenciais e podem proteger os consumidores cíclicos em um
portfólio ao experimentar uma demanda constante em mercados em baixa. Por ser
considerado não cíclico, o ambiente da Piracanjuba significa que eles estão sempre
em demanda, durante todo o ano, não importa o quão bem a economia esteja - ou
não esteja - funcionando. Como tal, os produtos lácteos básicos de consumo são
impermeáveis aos ciclos de negócios. Além disso, as pessoas tendem a
demandá-los em um nível relativamente constante, independentemente de seu
preço.
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1.3.4 Poder

O poder é o fator de contingência final que Mintzberg aborda, sendo uma


relação proporcionalmente direta entre controle externo e a formalização somada à
centralização da estrutura organizacional. Isso porque esse tipo de controle acaba
acarretando a empresa a ser mais cautelosa com as decisões a serem tomadas (por
exemplo, quando há o conflito entre coalizões externa – legislativo – e interna –
management da companhia).
Desse modo, diante das medidas regulatórias a que a Piracanjuba está
suscetível, não é de se questionar que o grau de formalização também será
influenciando diretamente em sentido de aumento dele, uma vez que a necessidade
de atender aos mais rigorosos padrões e critérios estabelecidos pelas instituições
sanitárias, bem como aos interesses de um perfil de consumidor cada vez mais
exigente, faz com que a adequação da organização se centralize, burocratizando por
entre as etapas de produção, a fim de garantir esse nível de qualidade discutido.

2 ESTRUTURA E ESTRATÉGIA (MODELO ESTRELA DE GALBRAITH)

O modelo estrela é uma referência para uma consideração holística dos cinco
principais componentes do projeto de uma organização (a estratégia, a estrutura, os
processos e a competência lateral, os sistemas de recompensa e os sistemas de
pessoas). Quando as pontas estão alinhadas, a organização chegou ao seu estado
mais eficiente.
A estratégia define a direção da organização. Para Galbraith, o termo
representa a visão e a missão da empresa, além de suas metas de curto e longo
prazos. A estratégia define os produtos e mercados almejados pela companhia e, de
igual importância, aqueles em que ela não tem interesse. Ela especifica a fonte de
vantagem competitiva para a organização e como pode se diferenciar no mercado.
Diante disso, para definirmos a estratégia do Laticínios Bela Vista, precisamos
das seguintes definições dadas pela empresa:

● Missão: estar presente na vida das pessoas, oferecendo produtos e serviços


que as tornem mais saudáveis e felizes, agregando valor à empresa,
parceiros, colaboradores e acionistas, com sustentabilidade;
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● Visão: ser uma empresa responsável, competitiva, inovadora e reconhecida


nacional e internacionalmente por oferecer produtos e serviços de alta
qualidade;
● Valores: Ética; Valorização das pessoas; Respeito; Empreendedorismo;
Qualidade; Simplicidade; Segurança; Compartilhamento de ideias; Trabalho
em equipe; Ambiente de trabalho agradável; Responsabilidade social e
ambiental; Amor pela vida;
● Metas: Tornar-se líder de mercado no Brasil e se consolidar na América do
Sul.

Já a estrutura organizacional determina onde o poder e a autoridade formais


estão localizados. Ela inclui os componentes organizacionais, seus relacionamentos
e a hierarquia. Além disso, a estrutura canaliza a energia da organização e
disponibiliza um “lar” e uma identidade para os funcionários. Ela é o que, por regra,
vemos em um organograma corporativo típico.
Com as informações e o organograma dados na Descrição Geral da empresa
e com informações que obtivemos com contato direto da empresa, podemos definir
as seguintes características da empresa:

● Shape: A relação de funcionários por superior varia de entre 1 a 7


dependendo da área dse cada setor.
● Potência distribuição: Verticalmente há uma centralização das decisões
variando com seu grau de importância. Já horizontalmente, os departamentos
têm uma relativa autonomia para lidar com missões críticas dependendo da
importância e dos impactos dessas missões.
● Especialização: os departamentos são bem especializados dividido em
funções e áreas específicas.
● Departamentalização: é baseado em dimensões como funções, clientes e
produtos.

Diante dessas informações, percebe-se que há um bom alinhamento entre a


Estratégia e a Estrutura, visto que diante das características da Estratégia, a
Estrutura está coerente e exerce com sucesso o papel de permitir o funcionamento
adequado da Estratégia.
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3 TEMA PROPOSTO PARA O TRABALHO – FOCO DE ATUAÇÃO DO GRUPO


NA EMPRESA

Uma análise da estrutura organizacional da empresa atrelada a pesquisas e


entrevistas acerca das concepções do futuro para Piracanjuba foi conduzida visando
à estruturação e profissionalização da empresa, propondo-se a adesão do cargo de
Vice-Presidência ao sistema hierárquico da Piracanjuba.
A estrutura organizacional original da companhia conta com a atuação de
sete diretorias executivas. Contudo, visando à continuação e ao reforço de seu
processo de expansão e crescimento, vê-se a necessidade de alterações em sua
alta gestão. Com a adesão do cargo proposto, a Piracanjuba passa a atuar com
nove diretores responsáveis pela gestão de áreas estratégicas. Dessa forma,
espera-se a otimização dos processos de tomada de decisão e gestão amplos,
somado, também, ao aumento de seu portfólio operacional. A medida proposta pelo
grupo aparenta se adequar à visão da empresa. Atualmente, a Piracanjuba conta
com projetos de profissionalização da liderança, a exemplo tem-se o Programa de
Desenvolvimento de Líderes (PDL), construído através da implementação de
processos que visam à melhoria das habilidades e competências de liderança.
Em conversa com os executivos da empresa observamos um norte de
atuação muito alinhado com o enfoque do nosso trabalho. Diante dos possíveis
candidatos, o cargo de vice-presidência demonstra-se apropriado ao diretor
Comercial da marca, Luiz Cláudio Lorenzo. Com mais de 27 anos de experiência no
segmento de alimentos e bebidas, o executivo graduado em administração de
empresas e Gestão Corporativa Estratégica, demonstrou excelência na liderança de
importantes projetos na área de vendas e representa um grande potencial para o
futuro da organização.

4 PESQUISA BIBLIOGRÁFICA SOBRE O TEMA

Nosso método de pesquisa bibliográfico veio de algumas reuniões feitas pelo


grupo e com conversas que tivemos com pessoas do mercado em geral. Quando
pensamos na criação de um cargo de “vice-presidente” para a empresa sobre a qual
seria realizado o trabalho, pensamos em olhar companhias de sucesso em diversos
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setores que já possuíam tal cargo para termos certeza da efetividade do plano e
também para que o grupo adquirisse uma visão mais global de como estratégias em
diferentes setores podiam ser usadas em empresas completamente diferentes.
Um dos setores em que fomos olhar e entender o papel do vice-presidente foi
o de Investment Banking. Para isso, usamos algumas palavras-chave em
mecanismos de pesquisa (Google e Yahoo!) como: Investment Banking,
Vice-President, Hierarchy, Importance, Role e Effectiveness. Não buscamos autores
em específico por não conhecermos muito sobre o tema previamente, preferimos
somente por palavras-chave.
Um dos textos que descobrimos (Barron Business School) explicava como a
descentralização do poder da alta gerência (C Level) com a criação de um cargo
logo mais abaixo (como o de vice-presidente) ajudava a empresa a se tornar mais
rápida e flexível em suas decisões, podendo responder mais rapidamente a
alterações no mercado.
Outro autor que segue a mesma linha de raciocínio é Martin Escobari em seu
livro Success made in Brazil, que também destaca a importância de um cargo de
vice-presidente em alguma empresas, dando o exemplo da Ambev. Mais uma vez
ele destaca que com a criação desse cargo a alta gerência pode focar mais em
cuidar da estratégia futura e próximos passos da empresa, sem perder a “vigilância”
sobre o controle da companhia (já que o vice-presidente ajudaria nesses pontos).
Os recursos mais utilizados pelo grupo foram diversos sites que explicassem
as importâncias e papéis que um vice-presidente poderia trazer para a empresa.
Alguns deles ofereciam estudos de caso de como a criação de tal cargo ajudou a
“desafogar” alguns membros da alta gerência e como a empresa se tornou mais
eficiente com a criação do cargo (como ajudou no processo de tomada de decisão
dentro de uma empresa, entre outros pontos positivos). Pesquisamos também os
pontos negativos, mas acreditamos que os positivos compensam em muito esses
citados (tais como aumento da burocracia e inchaço na estrutura).
Ainda assim, encontramos alguns livros e artigos que nos ajudaram a
entender mais sobre esse papel e como poderia ajudar na Piracanjuba:

ROSEMBAUM, Joshua. Investment Banking. In: ROSEMBAUM, Joshua. Valuation,


Leveraged Buyouts and Mergers & Acquisitions. John Wiley & Sons, New York:
Wiley Finance, 1987.
17

OTTO, Alisson. Investment Banking Guide. In: OTTO, Alisson. Career Center Guide
and IB Hierarchy (Structure). Vanderbilt University, Nashville: IB Structure, 2020.

Além disso, tentamos nos basear em alguns livros que remetiam a empresas
mais parecidas com a Piracanjuba, no sentido de uma corporação e focado com um
viés de consultoria:

RASIEL, Ethan. McKinsey Mind. In: RASIEL, Ethan. Management Techniques and
Problem Solving. McGraw-Hill Companies, New York: Consulting, 2001.

MEYER, Dean. Principle Based Organizational Structure. In: MEYER, Dean. A


Handbook to Help you Engineer into Organizations. NDMA Publishing, Danbury:
Engineering, 2017.

ESCOBARI, Martin. Succes Made in Brazil. In: ESCOBARI, Martin. How to survive
in turbulent markets. Penguin, São Paulo: Investments, 2004.

MONTANA, P. Organizational Structures. In: MONTANA, P. Concepts and Formats.


Hauppage, New York: Management, 1993.

5 METODOLOGIA DO LEVANTAMENTO DE DADOS

O sistema de coleta de dados foi feito a partir de quatro fontes principais:


informações dadas pelo integrante Pedro Helou, que já teve a oportunidade de
estagiar no local, conversas iniciais com Marcos Helou, um dos fundadores da
companhia, e relatórios de sustentabilidade disponibilizados pela própria
Piracanjuba.
Com o Pedro e Marcos Helou, buscamos informações mais relacionadas ao
formato de operação da companhia, aspectos de melhorias e dores existentes no
segmento das fábricas, além da parte de concepção de melhoria organizacional,
apontando onde estariam os principais problemas organizacionais que devem ser
reestruturados. Quanto aos relatórios, foram usados principalmente para
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entendermos o mapeamento da organização e ajudar na compreensão da repartição


das atividades da companhia. Foi justamente com esse mapeamento feito com os
relatórios e as informações iniciais dadas pelo Pedro e Marcos Helou que tivemos a
proposta de criar o cargo de vice-presidente.
Para aprofundar a pesquisa para as próximas etapas do relatório, montamos
um cronograma para alinharmos a coleta de dados até a entrega final:

Tabela 2 – Etapas de coleta de dados


Cronograma
Aprofundamento dos relatórios de
sustentabilidade
Conversa detalhada com Marcos Helou
Conversa detalhada com César Helou
Conversa detalhada com Luiz Cláudio Lorenzo
Fonte: Autoral
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REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

MINTZBERG, Henry. Foundations of Organization Design. In: MINTZBERG, Henry.


Structure in Fives: Designing Effective Organizations. Englewood Cliffs, New
Jersey: Prentice Hall, f. 156, 1982. 312 p. cap. 1, p. 1-23.

ROSEMBAUM, Joshua. Investment Banking. In: ROSEMBAUM, Joshua. Valuation,


Leveraged Buyouts and Mergers & Acquisitions. John Wiley & Sons, New York:
Wiley Finance, 1987.

OTTO, Alisson. Investment Banking Guide. In: OTTO, Alisson. Career Center Guide
and IB Hierarchy (Structure). Vanderbilt University, Nashville: IB Structure, 2020.

Além disso, tentamos nos basear em alguns livros que remetiam a empresas
mais parecidas com a Piracanjuba, no sentido de uma corporação e focado com um
viés de consultoria:

RASIEL, Ethan. McKinsey Mind. In: RASIEL, Ethan. Management Techniques and
Problem Solving. McGraw-Hill Companies, New York: Consulting, 2001.

MEYER, Dean. Principle Based Organizational Structure. In: MEYER, Dean. A


Handbook to Help you Engineer into Organizations. NDMA Publishing, Danbury:
Engineering, 2017.

ESCOBARI, Martin. Succes Made in Brazil. In: ESCOBARI, Martin. How to survive
in turbulent markets. Penguin, São Paulo: Investments, 2004.

MONTANA, P. Organizational Structures. In: MONTANA, P. Concepts and Formats.


Hauppage, New York: Management, 1993.

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