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Programação Linear de Produção para Maximização de Receita: Estudo de Caso


em uma Cervejaria Artesanal

Conference Paper · October 2013

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5 authors, including:

Leonardo S. L. Bastos Matheus Mendes


Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro Universidade do Estado do Pará
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Yvelyne Bianca Iunes Santos


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XXXIII ENCONTRO NACIONAL DE ENGENHARIA DE PRODUCAO
A Gestão dos Processos de Produção e as Parcerias Globais para o Desenvolvimento Sustentável dos Sistemas Produtivos
Salvador, BA, Brasil, 08 a 11 de outubro de 2013.

PROGRAMAÇÃO LINEAR DE
PRODUÇÃO PARA MAXIMIZAÇÃO DE
RECEITA: ESTUDO DE CASO EM UMA
CERVEJARIA ARTESANAL
Leonardo dos Santos Lourenco Bastos (UEPA )
lslbastos@hotmail.com
Matheus Lopes Mendes (UEPA )
mendes_matheus@hotmail.co.uk
Victor Gouvea Ribeiro (UEPA )
victorgouvearibeiro@hotmail.com
Marcelo Henrique Castro Assuncao (UEPA )
marceloassuncao_@hotmail.com
Yvelyne Bianca Iunes Santos (UEPA )
yvelyne@superig.com.br

Esta pesquisa visa demonstrar o processo de modelagem matemática e


programação linear em uma indústria cervejeira artesanal localizada
em Belém, Pará. O trabalho terá foco no mercado cervejeiro, pois é
uma área em crescimento acelerado. Nesste mercado, é vital que
empresa esteja extremamente otimizada para ser capaz de atender sua
demanda. Como forma de aumentar o lucro, a resultante obtida foi
uma modelagem de maximização de receita. Os resultados demonstram
que a demanda estabelece a quantidade de ingredientes utilizados para
a fabricação da cerveja, o que influi na quantidade destes a serem
comprados. Desta forma, é possível obter análise da receita para
diversos tipos de demanda, e compreender os desníveis de
disponibilidade de recursos que podem influenciar no faturamento.

Palavras-chaves: Mercado Cervejeiro, Pesquisa Operacional,


Programação Linear
XXXIII ENCONTRO NACIONAL DE ENGENHARIA DE PRODUCAO
A Gestão dos Processos de Produção e as Parcerias Globais para o Desenvolvimento Sustentável dos Sistemas Produtivos
Salvador, BA, Brasil, 08 a 11 de outubro de 2013.

1. Introdução
A competitividade empresarial é um contexto de grande dinâmica nos últimos anos. As
corporações, de um modo geral, buscam intensamente aprimorar seus processos e seus
produtos a fim de atrair demanda e garantir sua lucratividade no mercado. Estas melhorias são
reflexos de planejamentos bem elaborados, com metas objetivas as quais moldam o
comportamento da produção para atender às demandas existentes.

Para planejar processos ou produtos, levam-se em consideração fatores essenciais dentro da


produção de um bem ou de um serviço. Quando bem gerenciados, eles garantem uma
produção a qual obedece aos limites de seus recursos, e bons resultados para a empresa. É a
partir deste pressuposto que se tenta montar programas de produção otimizados e coerentes
com a realidade da própria organização.

Um dos meios de gerenciar e obter valores para reconhecimento e definição de ações dos
fatores citados é o uso de ferramentas da Pesquisa Operacional. Ela aplica métodos científicos
de forma a auxiliar o processo de tomada de decisão a fim de criar e organizar sistemas para
alocação de recursos (YANASSEE; ARENALES; MORABITO; ARMENTANO, 2007).

Este estudo, portanto, apresenta a análise da alocação de recursos dentro de uma cervejaria
artesanal localizada no município de Belém-PA. Com o reconhecimento dos processos dentro
da fábrica de cervejas, sinalizou-se a questão a respeito da produção de dois tipos de cerveja,
uma tipo Pilsen e outra tipo Lager (tratadas como Tipo 1 e Tipo 2) para seis meses. Com isto,
consideraram-se os recursos disponíveis para uso e as respectivas demandas a serem
analisadas para cada tipo.

Este estudo, portanto, busca a obtenção da receita máxima que pode ser obtida em seis meses
de produção dos dois tipos de cerveja. Para isto, aplicam-se os estudos da Pesquisa
Operacional, para obtenção de um modelo de função de maximização de faturamento de
forma linear, e utilização de ferramenta computacional para análise das restrições do modelo e
sua resolução.

2. Contexto do mercado cervejeiro


O mercado cervejeiro passa por um momento de grandes transformações, mesmo que a
variável preço ainda exerça grande influência no volume de vendas e no aumento da
participação de mercado. A estratégia de preço influencia o nível da procura do produto pelo

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consumidor e define o posicionamento do produto no mercado, além de influenciar a escolha


entre diversas marcas (LAMBIM, 2000).

Desta forma, o estudo estabelece os preços atuais de cada tipo de cerveja utilizado para
obtenção de uma receita máxima, de acordo com a demanda especificada. Decerto o preço
compreende os custos da produção, entretanto, no mercado cervejeiro, é necessário considerar
quantidades fixas para cada ingrediente dentro do produtivo. A análise da receita, portanto,
nos oferece o quanto a demanda, se atendida, pode retornar de lucro, e que variáveis
influenciam nesta, visto que também influem diretamente nos custos da empresa.

2.2. Especificações de ingredientes


Os ingredientes utilizados nas cervejas estudadas são específicos para cada uma delas. De
acordo com o mestre cervejeiro da empresa, a cervejaria utiliza como regra principal a Lei da
Bavária de 1516, chamada de REINHEITSGEBOT, diz que toda cerveja produzida deve ser
somente com água pura, malte e lúpulo.

O Malte corresponde ao produto resultante da germinação e posterior dessecação do grão de


cevada Hordeum Sativum ou de outros cereais. Portanto, ele não é um grão completo, e,
quando obtido da cevada, é somente chamado de malte, pois, é a principal maneira de se fazer
cerveja. No entanto, se o malte for proveniente de outra planta, como o trigo, ele deve
especificado como malte de trigo, para assim não haver problemas com a receita da cerveja
(ANVISA, 2012).

Para não perder o sabor proveniente da pura cerveja, a empresa utilizam os seguintes maltes:
O Malte Pilsen e o Malte torrado. Porém quando utilizado na cerveja Pilsen, utiliza-se
somente o grão de próprio nome da cerveja, enquanto que na cerveja Lager, utilizam-se o
Pilsen e o torrado.

Os Lúpulos são cones de Humulus lupulus, de forma natural ou industrializada, que permite
melhor conservação da cerveja e apura o gosto e o aroma característico da bebida (ANVISA,
2012). É o lúpulo que dá sabor e aroma, atua como um conservante natural e auxilia na
formação da espuma. Para este estudo, consideram-se quatro tipos de Lúpulos, numerados de
1 a 4.

3. Pesquisa Operacional e a modelagem de problemas


O termo “Pesquisa Operacional” surge durante a Segunda Guerra Mundial. Apareceu pela
primeira vez na Inglaterra onde grupos de cientistas de diversos ramos trabalhavam juntos

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para resolver problemas de operações militares, procurando alocar eficientemente recursos


escassos (ANDRADE, 2002; COLIN, 2007).

Segundo a ABEPRO (2008), a Pesquisa Operacional corresponde à resolução de problemas


reais envolvendo situações de tomada de decisão, através de modelos matemáticos manual ou
computacionalmente processados. Com isto, elementos de objetividade e racionalidade são
introduzidos considerados, assim como o contexto subjetivo do que se está modelando.

Uma das principais vantagens do uso de PO é a utilização de modelos, o que permite uma
avaliação da tomada de decisão bem mais detalhada, levando em considerações diversas
variáveis. Andrade (2002) afirma que “por si sós, a economia de recursos e a experiência
adquirida com a experimentação justificam o conhecimento e a utilização da Pesquisa
Operacional como instrumento de gerência”.

A Pesquisa Operacional utiliza modelo para representar um sistema real, o qual servirá como
base para análise e compreensão do sistema. Assim, podem ser feitas alterações para alcançar
o desempenho desejado: a solução ótima do sistema. Esta solução é aquela que apresenta o
melhor resultado para o problema inicial, satisfazendo os interesses envolvidos, adequando o
resultado esperado com as restrições apresentadas.

3.1. Programação linear


A programação linear é caracteriza por buscar o valor máximo ou mínimo de alguma
combinação de variáveis (de decisão), que podem ser, por exemplo, a venda de dois ou mais
produtos ou seu custo de fabricação (MOREIRA, 2008).

Dessa forma, Colin (2007) considera que a programação linear compreende o problema de
alocação de recursos escassos para a realização de atividades. Logo, entende-se que a solução
oferecida por esta é ótima, e não há outra melhor.

Dentre os diversos algoritmos, um dos mais populares é o Método Simplex. Ele é um


mecanismo matemático utilizado para resolver problemas de programação linear e se mostrou
extremamente eficaz nos critérios de simplicidade, rapidez, e precisão da solução.

4. Metodologia da pesquisa
O estudo constou em aplicar as técnicas de modelagem e programação linear sobre o
problema abordado em uma fábrica de cervejas da região. Desta forma, Gil (1999) e Silva e
Menezes (2005) compreendem esta pesquisa como um Estudo de Caso, visto que esta

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compreende o estudo exaustivo de um ou mais objetos de estudo a fim de adquirir amplo


conhecimento deste(s).

Para efetuação do estudo, obtiveram-se dados a respeito da composição de cada um dos tipos
de cerveja abordados, assim como seu preço de venda e respectivas demandas previstas em
seis meses. Com isto, determinou-se um programa de produção para tal período, obedecendo
à capacidade produtiva da empresa com o objetivo de maximizar os lucros.

4.1. Função Objetivo do problema


A função objetivo do problema caracteriza-se por ser uma função linear. Esta equação
relaciona a quantidade de cada um dos tipos de cerveja ofertados com seus respectivos preços.
Além disso, busca maximizar o faturamento obtido pela venda dos produtos citados. As
variáveis de decisão correspondem às quantidades de Cerveja Tipo 1 e Cerveja Tipo 2, em
litros, para cada mês de produção. Logo, tem-se o seguinte modelo de função objetivo:

A função, portanto, corresponde ao somatório do produto entre a quantidade de um tipo de


cerveja e seu respectivo preço para cada mês de produção, durante os seis meses propostos.
Define-se e como as quantidades de cerveja tipo 1 e tipo 2, respectivamente, para cada
mês ; e e são os preços respectivos do tipo 1 e tipo 2 para os mesmos meses
estabelecidos.

Nos dados adquiridos, o preço para cada tipo de cerveja é constate nos meses para o quais
será programada a produção, e são iguais a R$3,12 para o Tipo 1 e R$3,16 para o Tipo 2.
Desta forma, é possível considerar e , e, aplicando os respectivos valores
destes preços, a função objetivo é expressa por:

4.2. Restrições
Esta maximização do faturamento está sujeita a restrições de capacidade produtiva mensal,
demanda mensal, e disponibilidade de matéria prima.

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a) Restrição de Capacidade Produtiva Mensal (Tabela 1): A fábrica possui uma


capacidade produtiva bruta total de 50000 litros de cerveja por mês. Entretanto,
considera-se uma perda de 15% devido a possíveis erros na produção, o que compete
em 42500 litros de capacidade líquida. Destes, 60% é destinado à Cerveja Tipo 1 e
40% à Cerveja Tipo 2, logo, há uma capacidade de 22500 litros e 17500 litros para
cada tipo, respectivamente.

Tabela 1 - Restrição de Capacidade Produtiva Mensal


Capacidade Total
Mês 1 2 3 4 5 6
Máx. Tipo 1 25500 25500 25500 25500 25500 25500
Máx. Tipo 2 17000 17000 17000 17000 17000 17000
Capacidade Total 42500 42500 42500 42500 42500 42500

Fonte: Autores (2012)


A restrição de Capacidade Produtiva Mensal para cada tipo de cerveja é expressa
matematicamente por: e , para (meses de
produção). Além disso, ela pode ser expressa por:

b) Demanda Mensal (Tabela 2): A demanda mensal foi estabelecida para um período de
seis meses. Consideraram-se as demandas individuais de cada tipo, para cada mês.

Tabela 2 - Restrições de Demanda Mensal


Restrições de Demanda Mensal (em litros)
Mês 1 2 3 4 5 6
Demanda Tipo 1 3115,68 3320,16 2732,28 3345,72 2570,40 3320,16
Demanda Tipo 2 3039,00 2740,80 3175,32 2928,24 2911,20 2587,44

Fonte: Autores (2012)


Para cada mês, portanto a produção dos tipos 1 e 2 deve suprir a demanda para estes
meses. Portanto, para o Tipo 1, tem-se: ; ;
; ; . Para a Cerveja Tipo

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2, determina-se que: ; ;
; ; .

c) Disponibilidade de Matéria Prima (Tabelas 3): Consideram-se as quantidades de


ingredientes utilizados em cada cerveja. Estes valores foram limitados pela
disponibilidade de cada componente que a fábrica oferece para a produção, de acordo
com o uso de cada ingrediente por cada tipo de cerveja.

Tabela 3 – Quantidades disponíveis de matéria prima em cada mês


Disponibilidade de Ingredientes (em Kg)
Meses 1 2 3 4 5 6
Lúpulo 1 11,7300 11,7300 11,7300 11,7300 11,7300 11,7300
Lúpulo 2 8,7125 8,7125 8,7125 8,7125 8,7125 8,7125
Lúpulo 3 13,3875 13,3875 13,3875 13,3875 13,3875 13,3875
Lúpulo 4 9,8600 9,8600 9,8600 9,8600 9,8600 9,8600
Malte 1 13945,3100 13945,3100 13945,3100 13945,3100 13945,3100 13945,3100
Malte 2 15,9400 15,9400 15,9400 15,9400 15,9400 15,9400
Celite 1 428,5417 428,5417 428,5417 428,5417 428,5417 428,5417
Celite 2 38,9583 38,9583 38,9583 38,9583 38,9583 38,9583
Pasta de
38,9580 38,9580 38,9580 38,9580 38,9580 38,9580
Celulose
Fermento 29,2180 29,2180 29,2180 29,2180 29,2180 29,2180
Fonte: Autores (2012)
O estabelecimento oferece quatro tipos de Lúpulo: dois tipos de Malte; um tipo de
fermento específico; três tipos de Celite e uma pasta de celulose. Apenas um dos tipos
de Lúpulo é utilizado para as duas cervejas, juntamente das Celites e da Pasta de
Celulose. Além disso, a Cerveja Tipo 1 utiliza apenas um tipo de Malte. Ressalta-se
também que a quantidade de ingredientes utilizada pela cerveja não muda durante os
meses de produção. Verificam-se as quantidades utilizadas de cada ingrediente, por
litro, nas Tabelas 4 e 5 a seguir:

Tabela 4 – Quantidades de ingredientes utilizados na fabricação da Cerveja Tipo 1


Ingredientes utilizados na Cerveja Tipo 1 (em Kg)

Meses 1 2 3 4 5 6

Lúpulo 1 0,000380 0,000380 0,000380 0,000380 0,000380 0,000380

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Lúpulo 2 0,000171 0,000171 0,000171 0,000171 0,000171 0,000171


Lúpulo 3 0,000438 0,000438 0,000438 0,000438 0,000438 0,000438
Lúpulo 4 - - - - - -

Malte 1 0,177080 0,177080 0,177080 0,177080 0,177080 0,177080


Malte 2 - - - - - -

Celite 1 0,009170 0,009170 0,009170 0,009170 0,009170 0,009170


Celite 2 0,000830 0,000830 0,000830 0,000830 0,000830 0,000830

Pasta de Celulose 0,000830 0,000830 0,000830 0,000830 0,000830 0,000830

Fermento 0,000625 0,000625 0,000625 0,000625 0,000625 0,000625

Fonte: Autores (2012)

Tabela 5 - Quantidades de ingredientes utilizados na fabricação da Cerveja Tipo 2


Ingredientes utilizados na Cerveja Tipo 2 (em Kg)
Meses 1 2 3 4 5 6
Lúpulo 1 - - - - - -
Lúpulo 2 0,000217 0,000217 0,000217 0,000217 0,000217 0,000217
Lúpulo 3 - - - - - -
Lúpulo 4 0,000483 0,000483 0,000483 0,000483 0,000483 0,000483
Malte 1 0,218750 0,218750 0,218750 0,218750 0,218750 0,218750
Malte 2 0,000625 0,000625 0,000625 0,000625 0,000625 0,000625
Celite 1 0,009170 0,009170 0,009170 0,009170 0,009170 0,009170
Celite 2 0,000830 0,000830 0,000830 0,000830 0,000830 0,000830
Pasta de Celulose 0,000830 0,000830 0,000830 0,000830 0,000830 0,000830
Fermento 0,000625 0,000625 0,000625 0,000625 0,000625 0,000625
Fonte: Autores (2012)

 Restrição de Lúpulo 1: Este Lúpulo é utilizado apenas pelo Tipo 1. Logo, tem-se o
modelo de restrição baseado na quantidade produzida do Tipo 1 multiplicado pela
quantidade que este utiliza de Lúpulo 1 ( ), por litro de cerveja, limitando-se ao total
que a empresa dispõe ( ), sendo que .

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 Restrição de Lúpulo 2: Este Lúpulo é utilizado por ambos os tipos produzidos. Para a
expressão de restrição, utilizaram-se as quantidades dos dois tipos de cerveja
multiplicados pelas respectivas quantidades utilizadas deste ingrediente, por litro de
cerveja produzido, e devem obedecer ao limite de capacidade ( . Desta forma,
tem-se, para cada mês ( , a restrição para o Lúpulo tipo 2 .

 Restrição de Lúpulo 3: Este tipo de Lúpulo também é utilizado apenas na Cerveja Tipo
1.Esta restrição segue o mesmo padrão do Lúpulo 1, na qual a quantidade de cada
Lúpulo 3 ( utilizada, multiplicada pela quantidade de Cerveja Tipo 1 a ser
produzida, não deve ultrapassar o total de Lúpulo 3 ( ) oferecido.

 Restrição de Lúpulo 4: Este tipo de Lúpulo é utilizado apenas pela Cerveja Tipo 2.
Nesta restrição, as quantidade de Lúpulo 4 ( utilizadas são multiplicadas pela
quantidade de Cerveja Tipo 2 a ser produzida, sem ultrapassar o limite de 9,86 Kg
totais de Lúpulo 4 ( ) que a fábrica dispõe, para cada mês ( ).

 Restrição de Malte 1: Este é mais um ingrediente utilizado na composição dos dois


tipos de cerveja. É necessário considerar a quantidade deste Malte utilizada para a
fabricação dos dois tipos de Cerveja. Cada tipo utiliza, por litro, uma quantidade
diferente, correspondentes a , respectivamente. A soma destas quantidades
totais de cada cerveja deve obedecer ao limite de Malte 1 disponível, para cada mês
( ).

 Restrição de Malte 2: O segundo Malte a ser considerado é utilizado apenas na


Cerveja Tipo 2. Assim como o Malte 1, a quantidade total utilizada de Malte 2 (

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utilizada pela Cerveja Tipo 2 não deve ultrapassar o limite de 15,94 Kg ( )


oferecidos pela fábrica, por mês.

 Restrição de Fermento: O fermento utilizado é comum aos dois tipos de cervejas a


serem produzidos. Logo, a quantidade total somada entre os produtos das quantidades
produzidas de cada tipo de cerveja com sua respectiva quantidade de fermento
utilizado e não deve ser maior que a capacidade total de fermento disponível.
Como as quantidades são iguais para ambos os tipos de cerveja, pode-se dizer que
.

 Restrição de Celites: A quantidade de Celites utilizadas também é comum a ambos os


tipos de cervejas. Cada tipo é utilizado em quantidades iguais
( ) para os dois tipos de cerveja, para os
meses em estudo. A restrição se dá pela não ultrapassagem do limite disponível na
fábrica pelo total utilizado pelos dois tipos ( e ).

 Restrição de Pasta de Celulose: A pasta de Celulose é utilizada para ambos os tipos de


cervejas a serem produzidos. A Pasta de Celulose, assim como as Celites, é usada em
quantidades iguais para as duas cervejas ( ). Dessa forma, a restrição
das quantidades de pasta utilizada para cada cerveja deve se limitar à capacidade
oferecida pela fábrica.

d) Produção Mínima Mensal: Além das restrições de ingredientes e demanda, é


necessário que, por mês, tenha-se uma quantidade mínima de cada cerveja produzida.
Essa quantidade mínima garante a realização das vendas dos tipos de cerveja.

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O mínimo a ser produzido é igual para os dois tipos de cerveja e constante para os
meses de produção e corresponde à 2400L. Dessa forma, a restrição de produção
mínima mensal se apresenta para

4.3. Uso da ferramenta Solver


Este modelo foi solucionado através da ferramenta Solver, da Planilha Excel, para resolução
de problemas de otimização. Neste caso, tem-se um problema de maximização e as restrições
foram colocadas em tabelas.

À ferramenta, configurou-se a função objetivo na célula na qual se quer o resultado, e


adicionaram-se as restrições referentes às células variáveis. Além disto, definiu-se no solver, o
método de resolução simplex para programação linear.

5. Análise e comparação dos resultados obtidos


Após a aplicação da ferramenta Solver para a resolução do problema, obtiveram-se as
quantidades de cerveja tipo 1 e tipo 2 a serem produzidas para cada mês, assim como
faturamento máximo desejado a partir delas, destacados na Tabela 12.

Tabela 6 - Quantidade de cerveja a ser produzida


Quantidade a ser produzida (em litros):

Mês 1 2 3 4 5 6

Cerveja Tipo 1 3115,68 3320,16 2732,28 3345,72 2570,40 3320,16


Cerveja Tipo 2 3039,00 2740,80 3175,32 2928,24 2911,20 2587,44

Faturamento R$ 112.348,85

Fonte: Autores (2012)

Como definido nas restrições de Demanda Mensal e Produção Mínima Mensal, verifica-se
que a quantidade calculada de cada cerveja, nos meses estudados, obedece ao mínimo de 2400
litros mensais, além de a produção ser mostrada possível. Isso ocorre devido à capacidade
total de produção ser relativamente alta, o que faz a produção ser capaz de atender as

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demandas consideradas. Da mesma forma, o planejamento de produção busca atender todas as


demandas mensais para a obtenção de maior receita possível.

Nas tabelas 7 e 8, constam-se as quantidades dos ingredientes, para cada tipo de cerveja,
calculadas pelo modelo proposto.

Tabela 7 - Quantidades de ingredientes calculadas pelo modelo para a cerveja tipo 1


Ingredientes esperados para Cerveja Tipo 1 (em Kg)
Meses 1 2 3 4 5 6
Lúpulo 1 1,1943 1,2727 1,0474 1,2825 0,9853 1,2727
Lúpulo 2 0,5323 0,5672 0,4667 0,5715 0,4391 0,5672
Lúpulo 3 1,3631 1,45257 1,1953725 1,4637525 1,12455 1,45257
Lúpulo 4 1,4688 1,32472 1,534738 1,415316 1,40708 1,250596
Malte 1 551,735 587,945 483,84125 592,47125 455,175 587,945
Malte 2 - - - - - -
Celite 1 28,5604 30,4348 25,0459 30,6691 23,562 30,4348
Celite 2 2,5964 2,7668 2,2769 2,7881 2,142 2,7668
Pasta de Celulose 2,5964 2,7668 2,2769 2,7881 2,142 2,7668
Fermento 1,9473 2,0751 1,707675 2,091075 1,6065 2,0751

Fonte: Autores (2012)

Tabela 8 - Quantidades de ingredientes calculadas pelo modelo para a cerveja tipo 2


Ingredientes esperados para Cerveja Tipo 2 (em Kg)
Meses 1 2 3 4 5 6
Lúpulo 1 - - - - - -
Lúpulo 2 0,65845 0,59384 0,687986 0,634452 0,63076 0,560612
Lúpulo 3 - - - - - -
Lúpulo 4 1,46885 1,32472 1,534738 1,415316 1,40708 1,250596
Malte 1 664,78125 599,55 694,60125 640,5525 636,825 566,0025
Malte 2 1,899375 1,713 1,984575 1,83015 1,8195 1,61715
Celite 1 27,8575 25,124 29,1071 26,8422 26,686 23,7182

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Celite 2 2,5325 2,284 2,6461 2,4402 2,426 2,1562


Pasta de Celulose 2,5325 2,284 2,6461 2,4402 2,426 2,1562
Fermento 1,899375 1,713 1,984575 1,83015 1,8195 1,61715

Fonte: Autores (2012)

A realização da programação vigente na fábrica considera a disponibilidade de ingredientes


para uma capacidade produtiva total, mesmo com ingredientes específicos para cada tipo de
cerveja a produzir. Entretanto, os resultados verificados mostram que algumas quantidades
totais desses insumos, oferecidas pela solução ótima do modelo, estão em valores
significativamente diferentes em relação àqueles previamente utilizados.

Esta diferença entre os valores ocorre justamente devido ao planejamento da quantidade a ser
produzida. Os suprimentos estão moldados de acordo com a capacidade produtiva total, o que
confere grandes volumes dos mesmos, relativamente. Contudo, o modelo oferece como
resultados ótimos para um faturamento máximo valores bem menores aos previamente
utilizados.

Isso pode resultar em prejuízos no faturamento, uma vez que se obtém custo desnecessário
por excesso de matéria-prima, ao se comparar com a solução ótima do problema. Caso fossem
utilizadas as quantidades estabelecidas pelo modelo, haveria produção de cerveja, de qualquer
um dos tipos, acima da restrição de demanda, atendendo-a, e seriam apresentados custos
menores para o modelo apresentado.

O modelo proposto também pode ser utilizado para diferentes tipos de demandas, sendo estas
variáveis aquelas que moldam a programação da produção. O total de capacidade de produção
da cerveja 1, por exemplo, pode abranger toda a produção dos seis meses de uma vez. Com
isto, é possível obter uma flexibilidade da demanda, no horizonte estudado, sendo necessário
apenas configurar o suprimento de matéria prima para a produção.

6. Considerações finais
Ao considerar os fatos que foram mostrados neste artigo, percebe-se a importância da
pesquisa operacional como uma ferramenta relevante para o processo de otimização de uma
empresa.

No caso da indústria cervejeira artesanal estudada, verifica-se que através da modelagem


matemática do problema, pode-se obter um faturamento máximo de R$ 112.348,85, sem

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necessitar ter em estoque grandes quantidades de insumos, o que diminui gastos


desnecessários. O modelo também possui significativa versatilidade para as quantidades
demandas, sendo seu uso importante para planejamentos futuros.

A partir disso, pode-se procurar a viabilidade para uma aplicação prática maior. A
compreensão da capacidade produtiva e do modelo torna capaz o planejamento de mais tipos
de produtos utilizados pela cervejaria, como, por exemplo, novos tipos de cerveja, envase, etc.
Também se deve aliar a estes fatores a manutenção do modelo, como em casos de aumento de
capacidade produtiva.

Além de tudo que foi demonstrado na pesquisa, pode-se perceber a dinâmica do mercado
cervejeiro, altamente estratégico e cheio de competitividade. Assim, como forma de se obter
lucro, a empresa é obrigada a investir em soluções que otimizem seu plano de produção para
assim se manter na disputa do mercado atual com produtos de qualidade.

REFERÊNCIAS
ANVISA. Agência Nacional de Vigilância Sanitária. 2003. Disponível em:
<http://portal.anvisa.gov.br/wps/portal/anvisa/home>.

ANDRADE, E. L. Introdução à Pesquisa Operacional: Métodos e Modelos para Análise de Decisões. 3 ed.
Rio de Janeiro. LTC – Livros Técnicos e Científicos Editora S.A., 2002.

COLIN, E. C. Pesquisa Operacional: 170 Aplicações em Estratégia, Finanças, Logística, Produção,


Marketing e Vendas. 1 ed. Rio De Janeiro. LTC – Livros Técnicos e Científicos Editora Ltda., 2007.
LAMBIN, J. J. Marketing estratégico. Madrid: MacGraw-Hill, 2000.

MOREIRA, Daniel A. Introdução à Administração da Produção e Operações. São Paulo: Pioneira, 2008.

SILVA, L.; MENEZES, E. M. Metodologia de Pesquisa e Elaboração de Dissertação. 4. ed. rev. atual.
Florianópolis: UFSC, 2005

YANASSE, H.; ARENALES, M.; MORABITO, R.; ARMENTANO, V.; Pesquisa operacional para cursos de
engenharia. Editora Campus, 2007.

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