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XXXIII ENCONTRO NACIONAL DE ENGENHARIA DE PRODUCAO

A Gestão dos Processos de Produção e as Parcerias Globais para o Desenvolvimento Sustentável dos Sistemas Produtivos
Salvador, BA, Brasil, 08 a 11 de outubro de 2013.

ANÁLISE DA VIABILIDADE
ECONÔMICA DE AUTOMAÇÃO EM UM
PROCESSO DE ENVASE ATRAVÉS DO
MÉTODO DO VALOR PRESENTE
LÍQUIDO E TAXA INTERNA DE
RETORNO
Janinne Mabel Oliveira Morais (UFERSA )
janinnemabel@hotmail.com
ISADORA CRISTINA MENDES GOMES (UFERSA )
isadora_cmg@yahoo.com.br
Izabelle Virginia Lopes de Paiva (UFERSA )
bebelle_lopes@hotmail.com
Abraao Freires Saraiva Junior (UFERSA )
abraaofsjr@gmail.com

Para se tornarem mais competitivas, as empresas devem buscar


estratégias que mantenham seu desempenho no mesmo patamar ou
além de seus concorrentes. Neste âmbito, a automação surge como
uma alternativa para elevar os fatores competitivos. SSustentado por
esta premissa, este trabalho analisa econômica e financeiramente a
substituição do trabalho manual na etapa de envase pela automação,
através da utilização de maquinas que executam funções equivalentes.
A viabilidade de tal proposição norteou-se considerando os custos
despendidos com a força de trabalho humana em detrimento da
expressão monetária desembolsada com a aquisição de máquinas que
realizam os mesmos processos efetuados pelos operários, através do
método do Valor Presente Líquido (VPL) e Taxa Interna de Retorno
(TIR).

Palavras-chaves: Automação, análise de investimento, VPL, TIR


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A Gestão dos Processos de Produção e as Parcerias Globais para o Desenvolvimento Sustentável dos Sistemas Produtivos
Salvador, BA, Brasil, 08 a 11 de outubro de 2013.

1. Introdução

As constantes mudanças tecnológicas somadas à globalização, à competitividade em níveis


antes não praticados e à relevância dada a satisfação do consumidor, qualidade e preço tem
sido as diretrizes do cenário competitivo contemporâneo, levando as organizações a
considerarem o foco na inovação como competência estratégica para o alcance de bons
resultados, conforme defendido por Hamel (2000). Logo as condições de qualidade,
produtividade e competitividade nos mercados interno e externo, bem como os ajustamentos
às necessidades dos consumidores constituem os principais fatores responsáveis pela
modernização tecnológica da indústria (MOLINA, 1995).

A evolução dos sistemas de produção com a inserção da automação promoveu a criação de


novos métodos organizacionais, tanto no segmento comercial, como no de serviços. A
intervenção humana restringe-se, nesse cenário, à programação, parametrização e supervisão
do sistema automatizado dentro dos padrões ideais de funcionamento, uma vez que a
automação destina-se a um aproveitamento qualitativamente superior da força de trabalho,
eximindo os trabalhadores de tarefas arriscadas e repetitivas.

O valor do comércio mundial de alimentos encontra-se em ascensão, graças à economia


mundial em expansão, a liberalização no comércio de alimentos, a demanda crescente dos
consumidores, evolução na ciência de alimentos, tecnologia, transportes e comunicação.

Considerada relativamente madura, a indústria alimentícia é “conservadora nos tipos de


inovações que introduz para o mercado e demandante de inovações de empresas de
equipamentos e sistemas” (SALVADOR, BRAMBILLA & TANAKA, 2009, p. 1). Inseridas
nesse setor, “as indústrias de tempero, principalmente as de pequeno porte, também não se
especializaram na qualificação da produção em escala comercial nesse tipo de mercado”
(SEBRAE, S/D, p. 4), encontrando-se numa condição embrionária na industrialização e
comercialização de temperos.

Nesse contexto, torna-se relevante verificar a viabilidade, seja ela operacional, técnica, de
cronograma ou econômico-financeira, para que a automação seja uma estratégia eficiente para
a organização, considerando as vantagens competitivas que podem ser alcançadas utilizando-

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se esta tecnologia para que as atividades agreguem valor à empresa e estabeleçam uma
relação de confiança com os clientes.

Considerando o exposto, o estudo objetiva verificar a viabilidade econômico-financeira de um


investimento em automação a ser realizado numa fábrica de temperos caseiros localizada no
interior do Rio Grande do Norte através do método do Valor Presente Líquido (VPL) e Taxa
Interna de Retorno (TIR). Tentar-se-á avaliar se o retorno projetado compensa o investimento
a ser feito, considerando o fluxo de caixa incremental gerado pela máquina de envase linear
com tampador em linha.

Direcionam o alcance do objetivo do trabalho a busca pela resposta dos seguintes


questionamentos: Considerando que há processos no fluxo produtivo passíveis de melhoria
com automação, seria esse investimento benéfico financeiramente para a organização? Qual
seria o valor exato do incremento proveniente da automação? Apresentaria o investimento
realizado uma taxa interna de retorno superior ao custo de oportunidade capital?; e estruturam
o trabalho, além do exposto, a descrição metodologia utilizada para realização do estudo, a
fundamentação teórica de assuntos pertinentes ao caso estudado, a análise econômico-
financeira e considerações finais.

2. Metodologia

Utilizando-se do método do estudo de caso, que, segundo Cesar (S/D) e Cartoni (2009), é
freqüentemente utilizado para coleta de dados na área de estudos organizacionais e investiga
um fenômeno contemporâneo dentro de seu contexto real, o estudo teve por base
procedimentos racionais e sistemáticos na busca e aplicação de informações úteis para o
cenário apresentado no âmbito da empresa de tempero caseiro, objeto de estudo, tendo caráter
aplicado, já que objetiva empregar o conhecimento gerado e adquirido em uma situação
específica.

A execução da pesquisa foi orientada por pesquisa bibliográfica, que segundo Gil (1991 apud
SILVA & MENEZES, 2001) é formada a partir de material já publicado, entre os quais se
incluem livros, artigos de periódicos e material disponibilizado na Internet, o que possibilitou
a coleta de informações úteis sobre o setor alimentício, características e componentes do

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processo de automação e o auxílio na decisão do método de análise de viabilidade econômico-


financeira a ser utilizado.

Para coleta de dados, foram realizadas visitas técnicas nas quais foram realizadas entrevistas
padronizadas, que, segundo Silva e Menezes (2001), compreendem o método de obtenção de
informações de um entrevistado, sobre determinado assunto ou problema, obedecendo a
roteiro previamente estabelecido. Questões pertinentes à produtividade, demanda, turnos de
trabalho, mão-de-obra empregada e demais dados relevantes para a operacionalização dos
métodos de análise de viabilidade econômico-financeira escolhido, Valor Presente Líquido
(VPL) e Taxa Interna de Retorno (TIR), foram realizadas nas entrevistas realizadas com os
gestores da organização.

Na fase posterior, os dados coletados foram submetidos à análise e organizados visando a


elaboração do artigo. Os resultados obtidos no desenvolvimento do artigo denotam a situação
da viabilidade do investimento em automação para empresa utilizada como estudo de caso.

3. Referencial teórico

3.1. Análise de investimento

Decisões de investimentos são feitas sempre se considerando algum grau de incerteza. Essas
decisões consistem “em avaliar e selecionar projetos que sejam coerentes com a teoria de
valor, atingindo-se assim a verdadeira maximização da riqueza dos proprietários” (KAPPEL,
2003). O mesmo autor salienta que valor de uma empresa é igual aos retornos obtidos do
capital investido quando superior ao seu custo de oportunidade.

De acordo com Barboza et al (2008) existem diversos fatores que motivam a realização de
investimentos, como a insuficiência na capacidade de produção da empresa, substituição e
modernização de ativos devido a obsolescência dos mesmos, consultoria e publicidade.

A avaliação de investimento “abrange o dimensionamento dos fluxos de caixa, avaliação


econômica, a taxa de retorno requerida e introdução ao risco” (SILVA et al, S/D). Sabe-se que
vários são os métodos que podem ser utilizados pelas empresas para avaliar projetos de
investimentos, variando desde a pura intuição do gestor aos mais sofisticados modelos
matemáticos desenvolvidos nos dias atuais (BIEGER e PUDEL, 2010). Duarte et al (2007)

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classifica os principais métodos de avaliação, considerando o cálculo do dinheiro no tempo:


payback, índice de rentabilidade, valor presente líquido (VPL), valor anual uniforme
equivalente (VAUE) ou (CAUE) e taxa interna de retorno.

3.2. Fluxo de caixa

Duarte et al (2007) afirmam que a realização de escolhas de projetos de investimentos que


uma organização tem a sua disposição é fortemente influenciada pela utilização do fluxo de
caixa, importante ferramenta que envolve todas as entradas e saídas de capital ao longo da
vida útil, considerando o valor do dinheiro no tempo e o custo de oportunidade de capital.
Para Huhnem (1996) apud Pereira (2006) fluxo de caixa é um método utilizado para controlar
as entradas e saídas financeiras de uma empresa, pessoa, grupo. Barboza et al (2008)
corrobora que a análise do fluxo de caixa é considerado como fator inicial no processo de
análise de investimentos. No caso de análise de investimentos, Pereira (2006) ressalta que
deve-se considerar os fluxos de caixa projetados, realizando previsões de ingressos e
desembolsos. Portanto, Assaf Neto (2005) ressalta que as organizações devem possuir
informações como a vida econômica do projeto, o custo do capital e taxa mínima de
atratividade, e as entradas e saídas do projeto.
Assaf Neto (1986) apud Barboza et al (2008) comentam que para elaboração de um fluxo de
caixa incremental são relevantes algumas movimentações de caixa, que também estão
inseridas em porjetos de investimento, quais são:
 Investimento inicial;
 As receitas operacionais: incrementos relacionados ao aumento da receita devido ao
projeto de investimento;
 Custos e despesas: referentes a decisão de se implementar um projeto de investimento;
 Imposto de renda.

3.3. Método do valor presente líquido (VPL)

O método do Valor Presente Líquido reflete a riqueza do investimento no momento inicial,


em valores monetários, através de um fluxo de caixa (SARTORI, 2008). É considerada uma

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ferramenta bastante eficaz e sofisticada, uma vez que leva em conta o valor do dinheiro no
tempo trazendo a valor presente os fluxos de caixa futuros, como corrobora Araújo (2011).

Utilizando uma taxa mínima de atratividade, o VPL é calculado trazendo os valores do fluxo
de caixa a valor presente, que, então, somam-se juntamente com o valor do fluxo de caixa da
data atual. Deve-se salientar que o VPL deve ser somente empregado para projetos de
horizontes iguais, devendo-se utilizar de metodologias de equivalência para projetos de
horizontes diferentes (PEREIRA, 2006).

Um projeto é considerado atraente quando o VPL calculado é maior ou igual a zero, é


recomendado analisar também o custo de oportunidade em relação a atividades semelhantes,
para que o investidor possa optar pela aceitação ou reeição do projeto. Segundo Assaf Neto
(2003) quando se trata de vários projetos em que apenas um deve ser escolhido, deve-se
selecionar aquele que apresentar maior VPL.

Segue demonstração do cálculo do VPL:

onde,

FCt = fluxo de caixa no t-ésimo período;

I = investimento inicial;

K = taxa mínima de atratividade ou custo de oportunidade do capital.

3.3. Taxa interna de retorno (TIR)

Ao lado do VPL, A Taxa Interna de Retorno é considerada um dos critérios de análise mais
empregados, conforme Sartori (2008). Relaciona o valor investido com o valor arrecadado ao
fim do investimento, ou seja, a taxa necessária para que o valor investido se iguale ao valor
final do investimento trazido a valor presente. Essa taxa representa a rentabilidade relativa
(percentual) de um projeto de investimento em termos de uma taxa de juros equivalente para o
período (geralmente anual).

Para aceitação de um projeto a partir do cálculo da TIR considera-se que o investimento


deverá ser aceito se a TIR for maior que o retorno exigido pelo investimento, ou seja,

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devemos compará-la a TMA. Caso a TIR seja menor que a TMA o investimento deverá ser
descartado (ARAÚJO, 2011). Este número é indiferente à taxa de juros, pois é um número
interno que representa uma taxa onde as entradas de caixa se igualam ao investimento de um
projeto (KAPPEL, 2003).

onde,

FCt = fluxo de caixa no t-ésimo período;

I = investimento inicial;

i = taxa interna de retorno.

4. Caracterização da empresa

A empresa atua no ramo alimentício há 13 anos, no segmento de temperos e molhos e está


situada no interior do estado do Rio Grande do Norte. O principal foco de vendas da empresa
é a mesorregião do alto oeste potiguar, mas atua também no restante do Rio Grande do Norte,
além de atender os estados do Ceará, Piauí e Paraíba.

Possui, atualmente, em seu portfólio os seguintes produtos:

 Tempero Completo 300ml, 500ml e 900ml;


 Tempero Completo c/ Amaciante de carne 500ml;
 Extrato de Alho 300ml e 500ml;
 Extrato de Alho c/ Amaciante de carne 500ml;
 Vinagre de Álcool 300ml, 500ml e 900ml;
 Tempero Especial 300ml, 500ml e 900ml;
 Molho de Pimenta 150ml;
 Molho Inglês 150ml;
 Tempero Completo sem Pimenta 500ml.

O corpo de colaboradores conta, hodiernamente, com equipe de trinta funcionários, estando


vinte desses ligados diretamente ao processo de fabricação do produto estudado. A produção
diária registra oscilações compreendidas no intervalo entre doze e quatorze mil garrafas
temperos caseiro de 500 mililitros, sendo operacionalizada em único turno de oito horas.

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O processo de fabricação tem maior tempo alocado em atividades manuais, que são
integrantes da parte final do processo produtivo, motivo pelo qual foi feita a escolha da
empresa, pois possibilita um cotejo entre o cenário no qual se encontra a empresa e o de
implementação de máquinas que proporcionem um nível maior de automação do que o
instalado atualmente na organização.

No nível gerencial, a empresa informatizou os processos pertinentes adotando a utilização de


um software que possibilita o cadastro de clientes, controle de níveis de estoque e
acompanhamento de desempenho dos vendedores, realizado através do monitoramento das
vendas efetivadas por estes. As tecnologias encontradas em nível operacional são a sopradeira
e o liquidificador industrial, que desempenham funções posteriormente explicitadas.

O processo produtivo inicia-se com a retirada do estoque das matérias-primas utilizadas para
produção do produto analisado (1). Estas têm seu peso aferido, através da pesagem (2), para
início das atividades para fabricação. A etapa subsequente do processo ocorre nos
liquidificadores industriais, onde são realizadas a trituração e mistura dos ingredientes (3).

Por meio de tubulações, a solução composta pelas matérias-primas é levada para os


reservatórios (4), locais próprios para o armazenamento do tempero (5), com capacidade de
três mil litros. O período de permanência nos reservatórios varia de um a dez dias. Tal
diferença no tempo de espera deve-se, principalmente, a disponibilidade de mão-de-obra para
realizar a etapa posterior do processo, o envase.

Com o líquido pronto, o processo segue para o enchimento das garrafas (6) e posterior
fechamento destas, através da colocação das tampas (7). O processo então segue para a etapa
de rotulagem (8) e disposição em engradados (9), que são transferidos para o setor de
enfardamento (10), onde as garrafas são dispostas em grupos de oito unidades e embaladas
para armazenagem (11), finalizando o processo.

Figura 1 - Fluxograma do processo produtivo

Fonte: Autores (2011)

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5. Discussões e resultados

A análise econômico-financeira proposta no trabalho consiste na avaliação da viabilidade, por


meio do método do VPL e da TIR, de um projeto que sugere a substituição de uma etapa real
do sistema produtivo da empresa estudada, em que a força de trabalho manual realiza a
atividade de envase (figura 4) e tampagem de produtos líquidos, pela a aquisição de máquinas
que possam realizar as mesmas tarefas. Deve-se considerar que, além do ponto de vista do
retorno do investimento, a redução de custos e a melhoria da qualidade dos produtos com a
utilização das máquinas podem ser tratadas como diferencial para empresa.

Figura 2 - Operação atual de envase

Fonte: Autores (2011)

O investimento a ser desembolsado é referente à aquisição de uma máquina envasadora linear


(figura 3) e um tampador em linha pneumático (figura 4), acrescentando uma visita técnica
para realização de treinamento do funcionário que irá operar as duas máquinas, passagens e
acomodação do responsável pelo treinamento. Através de uma coleta de preços em empresas
especializadas na comercialização das máquinas optou-se por aquelas que melhor atendiam as
necessidades da empresa, tanto de custo quanto de desempenho. A envasadora com seis bicos

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dosadores e capacidade de produção de 2.000 frascos por hora a um custo de R$24.500,00, o


tampador com dois cabeçotes e possuindo a mesma capacidade da anterior a R$ 7.500,00, os
outros itens necessários a compra das máquinas somam R$ R$1.200,00, totalizando um
investimento de R$33.200,00.

Figura 3 – Envasadora linear para líquidos, semi-líquidos e pastosos

Fonte: Wymatech (2011)

Figura 4 – Tampador em linha pneumático.

Fonte: Wymatech (2011)

Para realização do estudo e elaboração dos cálculos, será considerado um custo de


oportunidade de capital de 20%, considerando-se que a partir dessa taxa os ganhos financeiros
serão alcançados com um nível de segurança que pode ser classificado atrativo, evidenciando
o benefício financeiro da automação.

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Para fins de operacionalização dos métodos de análise, são avaliados os custos e despesas
envolvidos no projeto proposto e na situação real da empresa relativos às atividades já
mencionadas. As funções de envase e tampagem estão relacionadas apenas ao setor de
produção, portanto somente os custos serão apresentados, como mostra a figura posterior.

Figura 5 – Trabalho manual X Investimento em tecnologia

Fonte: Autores (2012)

O ponto de partida para elaboração do fluxo de caixa livre do caso em análise é a utilização
dos dados incrementais, obtidos a partir da comparação entre o fluxo de caixa da execução
das atividades de envase e tampagem por meio de máquinas e o fluxo de caixa das mesmas
atividades sendo realizadas através do trabalho manual. Vale salientar que os fluxos são feitos
considerando um único e mesmo período para ambas as situações. A coluna incremento, na
figura seguinte, representa a diferença dos valores oriundos dos dois cenários.

Figura 6 – Fluxo de caixa incremental.

Fonte: Autores (2012)

Admitindo-se um período de 5 anos referente a depreciação dos equipamentos a serem


adquiridos, o fluxo de caixa livre é obtido a partir dos valores de investimento, valor residual
dos dois ativos e dos dados incrementais, inicialmente. Como a quantia a ser investida será
decorrente principalmente de financiamento de terceiros, deve-se utilizar o conceito de fluxo
de caixa do acionista. Do valor total a ser desembolsado do investimento, R$33.200,00,

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75,30% será proveniente de financiamento. As prestações que serão desembolsadas para


pagamento do valor do financiamento, R$25.000,00, serão calculadas baseando-se no sistema
de amortizações constantes (SAC), visto que grande parte das instituições financeiras credoras
opera desse modo.

Para conhecimento da taxa de juros que participará do cálculo das prestações do


financiamento, realizou-se pesquisa em alguns bancos para utilizar um valor médio estimado
das taxas praticadas.

Deve-se ressaltar que a empresa é optante pelo Simples Nacional, portanto possui um regime
tributário simplificado, uma vez que todos os impostos são unificados. Como a alíquota de
imposto incide sob a receita bruta, esses valores não interferirão no estudo.

Figura 7 - Fluxo de Caixa do Sócio/ Acionista.

Fonte: Autores (2012)

Por fim, com o fluxo de caixa elaborado, o VPL e a TIR podem ser calculadas.

Figura 8 - VPL e TIR.

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Fonte: Autores (2012)

6. Considerações finais
O alto nível de desperdício é o elemento que requer medidas imediatas. Uma medida para
anular esse problema seria a aquisição de máquinas para substituição do trabalho humano,
possibilitando a padronização dessa atividade e, consequentemente, aumento da qualidade.

A análise da viabilidade de implantação de um sistema automatizado para substituição do


sistema de envase e tampagem manual indicou valores satisfatórios para os métodos
escolhidos para realização do estudo. O VPL e a TIR encontrados, respectivamente, denotam
que o investimento proposto para o fluxo produtivo é economicamente viável.

Outra denotação é realizar a mesma análise desenvolvida no trabalho utilizando um sistema


de apoio a decisão, pois seria possível rastrear de maneira mais precisa os custos incorridos na
produção e a comparação entre o a força de trabalho humana e a automação seria de maior
confiança.

Entretanto, a análise realizada por meio do confronto entre o custo despendido com mão-de-
obra e o gasto efetuado em investimento com máquinas mostra que, do ponto de vista
qualitativo e econômico, a migração do processo manual para automatizado é viável. Esta
constatação é reforçada, também, considerando a quantidade desperdiçada do líquido por
garrafa, que representa 8,3% do preço do produto.

A capacidade produtiva, que era limitada pela disposição e habilidade da força de trabalho,
com uma produção média de 875 garrafas por dia, passa a ter uma capacidade de 2000
garrafas por hora, isto é, a contratação de funcionários temporários não acontecerá, visto que a
capacidade das máquinas está acima do número de produtos fabricados. Mesmo considerando
que a capacidade de produção da empresa não seria alterada, ou seja, continuar produzindo a
mesma quantidade exercida com trabalho manual pode-se sugerir que futuramente sejam
realizados investimentos em marketing para induzir o aumento da demanda, e, consequente,
aumento de receita, já que a capacidade das máquinas está acima do solicitado atualmente.

REFERÊNCIAS

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