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A Gestão dos Processos de Produção e as Parcerias Globais para o Desenvolvimento Sustentável dos Sistemas Produtivos
Salvador, BA, Brasil, 08 a 11 de outubro de 2013.
MODELO DE AVALIAÇÃO DE
DESEMPENHO AMBIENTAL
Camila Souza de Andrade (UFGD )
camilasouza.andrade7@gmail.com
Claudio Arcanjo de Sousa (UFGD )
claudiosousa@ufgd.edu.br
Fabiana Raupp (UFGD )
fabianaraupp@gmail.com
1. Introdução
Atualmente, os setores produtivos têm sido encorajados a produzirem mais para atender a
crescente demanda da população por bens de consumo. Esse aumento fez com que
pesquisadores, gestores, sociedade civil organizada e outros, busquem aperfeiçoar o uso dos
recursos naturais renováveis, no que diz respeito a sua extração, transformação, utilização e
reaproveitamento.
Diante desses aspectos as questões ambientais tem se tornado cada vez mais estratégicas do
ponto de vista do relacionamento entre empresas e órgãos governamentais, mercados e
stakeholders. Essa relação obriga as empresas, a conhecer profundamente os aspectos
ambientais diversos e a realizar avaliações periódicas através da avaliação dos impactos
ambientais advindos de suas atividades bem como, reportar tais informações ao seu
desempenho ambiental.
Segundo Fiori e Montaño (2007), tais processos gestão são constituídos por um
gerenciamento interno que se vale de indicadores de desempenho para fornecer informações
precisas, de fácil compreensão e verificáveis, para comparar o gerenciamento de desempenho
ambiental passado de uma organização, com as metas presentes. Cabe ressaltar que avaliar o
desempenho ambiental de uma organização, faz com que a mesma adquira uma gestão
proativa sob as condições ambientais.
Uma das ferramentas que vem ganhando credibilidade no mercado é a gestão ambiental, se
caracterizando como um instrumento na tomada de decisão para a qualidade ambiental do
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Segundo Kiyan (2001), quando uma organização industrial, busca medir o desempenho dos
equipamentos, dos produtos, dos processos produtivos ou até mesmo da execução da
estratégia empresarial a meta básica por trás de todas as atividades é melhorar a compreensão
organizacional de sua realidade, permitindo que melhores decisões e ações sejam tomadas no
futuro. Sendo assim, a avaliação do desempenho ambiental difere ao contexto de medição e
ponderação das condições ambientais no processo produtivo, almejando a eficiência e eficácia
nas atividades do negócio.
Neste sentido, a avaliação de desempenho ambiental envolve uma questão básica em que não
se pode gerir o que não é medido. Por outro lado, requer também a seleção de indicadores que
possam enfocar os principais aspectos ambientais de uma organização de forma sustentável
(PIOTTO, 2003).
Perbiche (2004) considera que os indicadores de desempenho ambiental, devem conter uma
visão da organização, sendo fixados, de forma a fornecer informações à administração, para
corrigir eventuais desvios durante o percurso, construído a partir de um conjunto de metas e
objetivos estabelecidos pela organização.
No entanto Castro et al (2005) define que com a utilização destes indicadores pode-se obter
uma série de fatores construtivos, que interagindo entre si permitam uma rápida visualização
do comportamento e impacto dos mesmos dentro de um índice, que represente o desempenho
ambiental. Destacando que os indicadores utilizados para medição do desempenho são
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A NBR ISO 14031 (2004) trata das diretrizes para a avaliação do desempenho ambiental
(ADA) através da adoção de indicadores designados como: Indicador de Desempenho
Ambiental (IDA) e o Indicador de Condição Ambiental (ICA).
Heizen et al (2011), faz uma leitura prévia sobre os indicadores contidos nesta norma:
O método FMEA é uma importante técnica para definir, identificar e eliminar falhas
conhecidas ou potenciais, de sistemas, projetos, processos, produtos e serviços antes que estas
atinjam o cliente, implementando ações recomendadas (ROSA E GARRAFA 2009).
Apesar de ter sido desenvolvida com um enfoque no projeto de novos produtos e processos, a
metodologia FMEA, pela sua grande utilidade, passou a ser aplicada de diversas maneiras.
Assim, ela atualmente é utilizada para diminuir as falhas de produtos e processos existentes e
também para diminuir a probabilidade de falha em processos administrativos. No entanto, tem
sido empregada também em aplicações especificas tais como análises de fontes de risco,
diagnóstico ambiental a partir da identificação dos impactos ambientais e remediação de seus
riscos, entre outros (TOLEDO e AMARAL, 2012).
Vandenbrande (1998) considera que o FMEA faz com que o empreendimento observe de
forma proativa soluções perante o diagnóstico ambiental feito a partir da avaliação dos
aspectos e impactos ambientais. Ressaltando que o FMEA possui notável aplicação na
identificação e análise de problemas ambientais.
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3. Metodologia
Para determinação deste modelo, foi realizada uma pesquisa bibliográfica e documental em
livros, artigos, sites da internet, que auxiliou na construção do mesmo.
O modelo foi basicamente inspirado na NBR ISO 14.031 (2004) e no método FMEA. A
metodologia escolhida para esta pesquisa é o estudo de caso, pois o modelo a ser
desenvolvido será aplicado em um empreendimento. Desta forma, este modelo possibilitará a
criação de indicadores ambientais que forneçam informações necessárias sobre o desempenho
de uma determinada organização, fazendo com o que o mesmo consiga atingir seus objetivos
e metas ambientais, almejando melhorias relacionadas ao processo produtivo.
Partindo desta revisão, foi proposto um indicador denominado IDAA (Índice de Desempenho
Ambiental Adaptado) para o levantamento dos aspectos ambientais e para a determinação do
índice de desempenho ambiental, possuindo uma visão característica do planejamento
ambiental.
O ponto inicial para criação do IDAA é determinado a partir do levantamento dos aspectos e
impactos ambientais relacionados às atividades, processos, produtos e serviços de uma
organização.
Para o levantamento dos aspectos ambientais propõem-se a adoção de um Check List, onde o
mesmo irá analisar as principais etapas do processo industrial, coletando dados qualitativos
dos setores envolvidos numa determinada organização. Os aspectos a serem considerados
variam de acordo com o empreendimento e suas atividades. No entanto, existem alguns
aspectos essenciais encontrados na maioria dos empreendimentos, como:
Emissões atmosféricas;
Gerenciamento de resíduos sólidos;
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ASPECT O IMPACT O
AT IVIDADE/PRODUT O/SERVIÇO
AMBIENT AL AMBIENT AL
Contaminação da Água e
Administração Descarte de Pilhas e Baterias
Solo
Descarte de Residuos de
Contaminação do Solo e
Administração Escritório em Geral (caneta,
Água
lapis, grampo, clips etc)
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TEMPORALIDADE
CLASSIFICAÇÃO
INCIDÊNCIA
DANOS A...
ASPECTO
CÓDIGO
REGIME
ATIVIDADE/PRODUTO/SERVIÇO ASPECTO AMBIENTAL
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A classificação do risco ambiental é realizada através dos valores derivados dos itens
severidade, probabilidade, detecção e atividade, descritos nas Tabelas 1,2,3 e 4. Os critérios
adotados para a classificação dos mesmos são de que cada item obtém o grau de criticidade
variando de 1 a 5.
Severidade Grau
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controle seja executada. Ressaltando que este item sobrepõe os demais parâmetros avaliados
uma vez que o mesmo é determinante para tomada de decisão, independente se os demais
parâmetros sejam significativos
Probabilidade Grau
Detecção Grau
Certamente 1
Facilmente 2
Detectável 3
Dificilmente 4
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Atividade Grau
Sem custo 1
Baixo custo 2
Médio custo 3
Elevado custo 4
Elevadíssimo custo 5
O critério atividade estimará o grau de dificuldade e o custo para execução das atividades que
fossem capazes de deter ou mitigar os impactos que poderiam ocasionar um dano. A
quantificação do valor do custo deve ser discutida com o gestor da organização, uma vez que
esse valor depende do grau financeiro de cada empresa.
Com a aplicação do FMEA pode-se obter resultados dos quatros parâmetros (severidade,
probabilidade, atividade e detecção) que serão utilizados para calcular o grau de impacto de
cada atividade, produto ou serviço que será desenvolvido em uma organização,
proporcionando como resultado final a classificação qualitativa do risco ambiental, conforme
descreve a Tabela 5.
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>150 Riscos Intoleráveis Os trabalhos não poderão ser iniciados e deverão ser
interrompidos de imediato e somente poderão ser
reiniciados após implementação de ações de contenção.
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Mercado;
Política interna;
Parcerias e acordos;
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A ponderação de cada parâmetro foi estabelecida pelo grau de importância de cada item,
considerando que o modelo proposto é sobre avaliação de desempenho ambiental, sendo
assim, os parâmetros que convinham com atendimento a legislação, impacto legal e
ambiental, obtiveram o maior peso, os parâmetros que possuem pesos de 5 á 3 neste trabalho
não foram considerados tão relevantes. O peso do parâmetro LAIA será estabelecido pelo
maior valor do impacto encontrado no FMEA, sendo o peso padrão perante os demais.
O cálculo do IDAA foi realizado através do somatório da pontuação obtida, dividido pela
pontuação máxima possível de se obter. A Figura 2 representa o calculo do IDAA.
∑ Máximo a obter
Para cada impacto ambiental encontrado será definido uma ação que o eliminará. O não
cumprimento total de cada ação para redução do risco tão baixo quanto possível foi estipulado
em 0% (zero percentual), o cumprimento parcial foi estipulado em 50% (cinquenta
percentual) e o cumprimento total foram 100% (cem percentual).
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Uma vez que a organização tenha todos os aspectos e impactos ambientais mapeados e com as
linhas mestras de planos de ações definidas e os planos de ações executados na íntegra,
entende-se que o desempenho ambiental da mesma seja excelente. O não atendimento de
todas as ações confere certo grau de vulnerabilidade à instituição, existindo ainda ações a
serem executadas para o completo desempenho ambiental.
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entraram no computo geral do IDAA. Em caso de implementação de ações para mitigação dos
impactos ambientais moderados e relevantes, muitos dos impactos triviais e toleráveis serão
comtemplados, exigindo assim uma nova avaliação.
5. Conclusão
O artigo teve como objetivo criar um modelo de avaliação de desempenho ambiental a partir
da ISO 14.031, utilizando o método FMEA para quantificação do impacto e análise de risco
ambiental. Partindo disso, este modelo apresentou indicadores de desempenho ambiental
capazes de diagnosticar possíveis falhas e melhorias no processo industrial, o que pode ser
verificado no pré-teste do mesmo em um empreendimento, onde a ferramenta se mostrou
eficaz no processo de gestão. Sendo assim, considera-se que o objetivo deste trabalho foi
alcançado pelo fato de que este modelo sendo uma ferramenta de gestão se tornará eficaz para
o processo de tomada de decisão de um empreendimento.
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