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UNIDADE II

GESTÃO AMBIENTAL

Professora Taynara Basso Vidovix

OBJETIVOS DE APRENDIZAGEM
A unidade II tem como propósito inicial a compreensão do conceito de Gestão
Ambiental e a importância/benefícios da implantação de um Sistema de Gestão
Ambiental (SGA); visa também o estudo da série de normas ISO 14.000, com
enfoque na ISO 14.001, que apresenta os critérios referentes à implementação
do SGA; a assimilação do funcionamento e a finalidade da avaliação de
desempenho ambiental nas organizações através de ferramentas verificadas
na série de normas ISO 14.001 – Auditoria ambiental, Rotulagem ambiental e
Avaliação do ciclo de vida (ACV); e por fim pretende exprimir a influência e a
magnitude de aspectos positivos que a mudança cultura ambiental pode
instituir nas organizações.

PLANO DE ESTUDO
2.1 Sistema de gestão ambiental (SGA);
2.2 Série de normas ISO 14.000;
2.3 Desempenho ambiental nas organizações;
2.4 A necessidade de uma cultura ambiental nas organizações.

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CONVERSA INICIAL

As organizações de todos os tipos estão cada vez mais preocupadas em atingir e


demonstrar um comprometimento ambiental sólido, através do controle dos impactos
ambientais das suas atividades, produtos ou serviços, considerando a sua política e
objetivos ambientais. Estas preocupações surgem no contexto do aparecimento de
legislação cada vez mais restritiva, do desenvolvimento de políticas econômicas e de
outras medidas que fomentam cada vez mais a proteção ambiental, e de um
crescimento generalizado das preocupações das partes interessadas sobre as
questões ambientais, incluindo o desenvolvimento sustentável (AMORIM, 2005).

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2.1 SISTEMA DE GESTÃO AMBIENTAL (SGA)

Os termos administração, gestão do meio ambiente, ou simplesmente gestão


ambiental, devem ser compreendidos como as normas e as atividades administrativas
e operacionais desenvolvidas para se obter efeitos positivos sobre o meio ambiente. O
planejamento, direção, controle e alocação de recursos, são exemplos de tarefas que
visam à redução ou eliminação dos impactos ambientais causados por ações
antrópicas, ou que ainda evitam que os mesmos apareçam (BARBIERI, 2008).
A perspectiva de finitude dos recursos naturais e, por consequência, seu possível
esgotamento, - como o caso da escassez de madeira para construção de moradias,
móveis e combustível, com exploração demasiada desde a era medieval - incentivou
as primeiras manifestações de gestão ambiental. Diante disso, a gestão ambiental
deve ser aplicada a qualquer tipo de adversidade ambiental, com alcances diferentes,
sendo que atualmente todas as áreas podem ser contempladas (BARBIERI, 2008).
Qualquer proposta de gestão ambiental inclui no mínimo três dimensões: (1) a
dimensão espacial que refere-se à área na qual espera-se que as ações de gestão
tenham eficácia; (2) a dimensão temática que delimita as questões ambientais as
quais as ações se destinam; e (3) a dimensão institucional relativa aos agentes que
tomaram as iniciativas de gestão. Essas três dimensões estão representadas na
Figura 5, na qual cada eixo indica uma dessas dimensões (BARBIERI, 2008).

Figura 1 - Representação das três dimensões da gestão ambiental.

Fonte: BARBIERI, J.C., 2008.

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Abordando a temática do ponto de vista empresarial, gestão ambiental é a expressão
utilizada para se denominar a gestão empresarial que se orienta para evitar, na
medida do possível, problemas para o meio ambiente. Em outros termos, é a gestão
cuja finalidade é conseguir que os efeitos ambientais não ultrapassem a capacidade
de carga do meio onde se encontra a organização, ou seja, obter-se um
desenvolvimento sustentável. Dessa forma, a gestão ambiental é o principal
instrumento para se atingir um desenvolvimento industrial sustentável (DIAS, 2017).
O processo de gestão ambiental nas empresas está profundamente vinculado a
normas que são elaboradas pelas instituições públicas (prefeituras, governos
estaduais e federais) sobre o meio ambiente. Estas normas fixam os limites aceitáveis
de emissão de substâncias poluentes, definem em que condições serão despejados
os resíduos, proíbem a utilização de substâncias tóxicas, estipulam a quantidade de
água que pode ser utilizada, volume de esgoto que pode ser lançado etc. As normas
legais são referências obrigatórias para as empresas que pretendem implantar um
SGA, haja vista que a violação das normas legais ou seu desconhecimento afetam de
forma significativa os investimentos das organizações, além de afetar sua capacidade
de intervenção no mercado (DIAS, 2017).
Em função da cultura ambiental predominante nas empresas, a maior parte dos
esforços tecnológicos e financeiros que são aplicados nos SGA está ligada à aplicação
de técnicas corretivas, como, por exemplo, reciclagem, armazenamento de resíduos,
filtragem de emissões, depuração etc. Por isso, para conseguir atingir o
desenvolvimento sustentável, é necessário que as medidas corretivas sejam
substituídas por políticas preventivas que atuam sobre a origem dos problemas, o que
proporciona inúmeras vantagens e benefícios para as empresas, já que cada vez mais
administrações públicas, comunidades, órgãos financiadores, etc. vinculam ações
condicionadas à melhoria da ação ambiental (DIAS, 2017).
Vale salientar, que a gestão ambiental é aplicável em empresas de qualquer tamanho
e setor. Contudo, as pequenas empresas ainda enfrentam problemas na implantação
de um SGA devido à necessidade de dedicar uma parte dos recursos humanos e
financeiros à sua implantação de acordo com as normas da ISO 14.000. Além disso,
não dispõem de pessoal técnico excedente que possa dedicar-se à manutenção de
um SGA, e a certificação do sistema supõe um custo apreciável em relação com o
volume de negócios da empresa, o que não ocorre na média ou na grande empresa
(DIAS, 2017).

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No entanto, quando pequenas empresas estão vinculadas a grandes clientes que
exigem de seus fornecedores um SGA, ou são empresas voltadas para exportação em
determinados setores, a implantação de um sistema de gestão sustentável pode ser
necessária para a continuidade dos negócios. Diante disso, a possível implantação de
um SGA deve se basear nas vantagens e desvantagens que advirão de sua adoção.
Deve-se levar em consideração que a cada dia torna-se cada vez maior a exigência da
adoção de sistemas de gestão sustentáveis, por parte dos consumidores, das
instituições públicas e do mercado internacional, em particular aquele vinculado aos
países desenvolvidos (DIAS, 2017).
Em resumo, o sistema de gestão ambiental é um conjunto de procedimentos que visa
auxiliar a organização empresarial a entender, controlar e diminuir os impactos
ambientais de suas atividades, produtos ou serviços, baseando-se no cumprimento da
legislação ambiental vigente e na melhoria contínua do desempenho ambiental da
organização. Possibilita às organizações uma melhor condição de gerenciamento para
seus aspectos e impactos ambientais, além de interagir na mudança de atitudes e de
cultura da organização. Pode também, alavancar seus resultados financeiros, uma vez
que atua na melhoria contínua de seus processos e serviços, como também possui
vantagens competitivas no mercado, tendo em vista o crescimento da tomada de
consciência ambiental dos consumidores (RUPPENTHAL, 2014).

Indicação de recurso didático

Por que ter um Sistema de Gestão Ambiental? Responda a essa pergunta assistindo ao vídeo:

Disponível em <https://www.youtube.com/watch?v=w9ZtKTZUigQ>. Acesso em: 08 de mar. de


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2.2 SÉRIE DE NORMAS ISO 14.000

A International Organization for Standardization (Organização Internacional de


Normalização) – ISO, fundada em 1947, apresenta o objetivo de reunir órgãos de
normalização de diversos países, sendo que o Brasil é representado pela Associação
Brasileira de Normas Técnicas (ABNT), e criar um consenso internacional normativo
de fabricação, comércio e comunicações. Desde então, publicou mais de 19.000
normas internacionais (NASCIMENTO, 2012).
Além de abordar os SGA, as normas da Série ISO 14.000 também tratam das
diretrizes para a auditoria ambiental, rótulos e declarações ambientais, avaliação do
desempenho ambiental e análise do ciclo de vida, conforme pode ser verificado no
Quadro 1 (BRAGA, 2005).

Quadro 1: Série de Normas ISO 14.000.


Série de Normas ISO 14.000:
 ISO 14001: Normas referentes à implementação do SGA.
 ISO 14004: Normas sobre o SGA, porém destinadas à parte interna da empresa.
 ISO 14010: Normas relacionadas à auditoria ambiental e sua credibilidade.
 ISO 14031: Normas sobre o desempenho do SGA.
 ISO 14020: Normas relacionadas aos rótulos e declarações ambientais.
Fonte: ABNT NBR ISO 14001:2004.

Ademais, como o processo de certificação é reconhecido internacionalmente, um SGA


possibilita ainda a distinção e destaque das empresas que somente satisfazem as
normas ambientais vigentes, mas que não possuem certificação, favorecendo sua
visibilidade no mercado (RUPPENTHAL, 2014).

2.2.1 ISO 14.001: Sistemas de gestão ambiental – Especificação e diretrizes


para uso

A série de normas ISO 14.001 determina os principais requisitos de um SGA, já que o


sucesso deste sistema depende do comprometimento de todos os níveis e funções da
organização, principalmente da alta administração. De maneira geral, as diretrizes
estabelecidas pela Norma ISO 14.001 estão apresentadas na Figura 6 (BRAGA,
2005).

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Figura 2 - Programa de Gestão Ambiental de acordo com a Norma ISO 14.001.

Fonte: ABNT NBR ISO 14001:2004.

Em suma, um SGA é um conjunto de procedimentos sistematizados, desenvolvidos


para que as adversidades ambientais sejam integradas à administração global de um
empreendimento. Para tanto, é necessário estabelecer um método de gerenciamento
que possibilite uma melhor compreensão das relações entre as atividades realizadas e
o meio ambiente, como consequência, melhores resultados no desempenho geral da
empresa são obtidos (BRAGA, 2005). A seguir, são detalhados os elementos de SGA
com base na Norma ISO 14.001:
 Política ambiental: Norteia os princípios de ação para uma instituição,
sendo estabelecidas metas quanto ao desempenho e responsabilidade
ambiental, para que todas as ações posteriores sejam julgadas. Tal política
deve ser estabelecida pela alta administração da organização, garantindo que:
a) seja adequada à natureza, escala e impactos ambientais de suas atividades,
produtos ou serviços; b) inclua comprometimento com a reparação contínua e a
prevenção de poluição; c) acrescente o compromisso com o atendimento da
legislação e regulamentação ambientais relevantes e outras exigências que a
organização decide cumprir; d) forneça o suporte para o estabelecimento e
análise crítica dos objetivos e metas ambientais; e) seja registrada, implantada,
mantida e comunicada a todos os funcionários; f) esteja disponível ao público.

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 Planejamento: tem como base a política ambiental, devendo estabelecer
uma preparação para que os requisitos desenvolvidos sejam cumpridos.
 Implementação e Operação: Visa conduzir o sucesso dos objetivos e
metas estabelecidas.
 Verificação e Ações Corretivas: Desenvolvimento de atividades para
monitorar e medir os principais atributos das operações que podem provocar
um impacto ambiental significativo. Ademais, estabelece procedimentos
relacionados às ações corretivas, cuja finalidade é eliminar as causas reais ou
potenciais, que poderiam resultar em um impacto no meio ambiente. Isso
permite uma avaliação da política ambiental desenvolvida e aplicada.
 Revisão do Gerenciamento: Visando assegurar que o SGA continue
adequado e efetivo, é preciso realizar revisões do mesmo periodicamente.
Assim sendo, é indispensável verificar as necessidades de mudanças na
política, nos objetivos e outros elementos do SGA, embasado nos resultados
obtidos nas auditorias do sistema.
Vale salientar que anteriormente ao desenvolvimento de um SGA, é necessário um
diagnóstico inicial da situação empresarial, que contemple uma avaliação inicial dos
procedimentos que estão sendo utilizados, no que tange às questões ambientais e
uma prospecção sobre as estratégias futuras, estando essa etapa restrita à alta
administração e a alguns níveis hierárquicos superiores da instituição (BRAGA, 2005).
A implantação de um SGA é baseada no Ciclo PDCA (Plan, Do, Check and Act),
que nada mais é do que um procedimento sistematizado e estruturado para o
planejamento, implantação, verificação e revisão das estratégias para a obtenção de
uma melhoria do desempenho ambiental da organização. O PDCA pode ser
brevemente descrito da seguinte forma (AMORIM, 2005):
 Planejar (Plan): Estabelecer os objetivos e processos necessários para
atingir os resultados em concordância com a política ambiental da organização.
 Executar (Do): Implementar os processos.
 Verificar (Check): Monitorar e medir os processos em conformidade com a
política ambiental, objetivos, metas, requisitos legais e outros, e relatar os
resultados.
 Agir (Act): Agir para continuamente melhorar o desempenho do sistema da
gestão ambiental.
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Por fim, um SGA desenvolvido e implantado de acordo com a Norma ISO 14.001 pode
ser certificado por uma organização independente ou, então, pode ser utilizado para
que a empresa possa emitir uma autodeclaração de conformidade com a norma, de
maneira melhor a se posicionar no mercado, ressaltando-se que, para o mercado
externo, a certificação é necessária (BRAGA, 2005).
Entre os benefícios que podem ser obtidos pelas empresas, ao adotarem um SGA, a
NBR ISO 14004 destaca que pode ajudar uma organização a transmitir confiança às
partes interessadas de que:
 existe comprometimento da administração para atender às disposições de
sua política, objetivos e metas;
 é dada maior ênfase à prevenção do que às ações corretivas;
 podem ser oferecidas evidências de atuação cuidadosa e de atendimento
aos requisitos legais; e
 a concepção de sistemas incorpora o processo de melhoria contínua.
Além disso, podem existir benefícios potenciais associados a um SGA eficaz, que
incluem:
 assegurar aos clientes o comprometimento com uma gestão ambiental
demonstrável;
 manter boas relações com o público/comunidade;
 satisfazer os critérios dos investidores e melhorar o acesso ao capital;
 obter seguro a um custo razoável;
 fortalecer a imagem e a participação no mercado;
 atender aos critérios de certificação do vendedor;
 aprimorar o controle de custos;
 reduzir incidentes que impliquem responsabilidade civil;
 demonstrar atuação cuidadosa;
 conservar matérias-primas e energia;
 facilitar a obtenção de licenças e autorizações;
 estimular o desenvolvimento e compartilhar soluções ambientais; e
 melhorar as relações indústria/governo.

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Indicação de recurso didático

Para mais informações sobre os Requisitos do SGA (ISO 14001:2004) assista ao vídeo a
seguir:

Disponível em <https://www.youtube.com/watch?v=CBQmlVPC6As>. Acesso em 08 de mar. de


2018.

2.3 DESEMPENHO AMBIENTAL NAS ORGANIZAÇÕES

A importância da questão ambiental nas organizações cada vez mais é evidenciada,


assim, se faz necessário medir o desempenho do SGA que está sendo aplicado. Para
tanto, deve-se enumerar uma dada quantidade de elementos que interagem entre si,
permitindo uma rápida visualização dos indicadores ambientais em um índice que
representa o desempenho ambiental (RUPPENTHAL, 2014).
De acordo com a ABNT NBR ISO 14001:2004, o desempenho ambiental descreve os
resultados mensuráveis da gestão de uma empresa (com base na política ambiental,
objetivos e metas ambientais da organização, entre outros requisitos) sobre seus
aspectos ambientais. Dessa forma, a série de normas ISO 14.000 além de apresentar
os princípios para implementação de um SGA, também aborda outros aspectos
relevantes à proteção do meio ambiente, como verifica-se a seguir.

2.3.1 Aspectos e Impactos Ambientais

Atualmente, busca-se a melhoria dos processos, visando reduzir os impactos sobre o


ecossistema. Dessa maneira,

A avaliação dos impactos também é um item fundamental para


as empresas que buscam a certificação da série ISO 14.001
para seu sistema de gestão ambiental. O levantamento dos
aspectos e impactos ambientais das atividades da empresa é
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uma etapa necessária para a melhoria dos processos, assim
como, para a certificação ambiental. (RUPPENTHAL, 2014,
p.43)

Delimita-se aspecto ambiental como componente das atividades, produtos e serviços


de uma instituição que possam interagir com o ambiente. Relaciona-se a um
equipamento, ou até mesmo com uma tarefa executada que demonstre a possibilidade
de produzir algum efeito sobre o meio ambiente (ABNT, NBR ISO 14001:2004).
Um processo organizacional possui diversos aspectos envolvidos, diante disso, a NBR
ISO 14.001 prioriza o levantamento dos elementos ambientais denominados
significativos, ou seja, aquele que propicia um impacto ambiental significativo. Assim
sendo, é preciso esclarecer que impacto ambiental pode referir-se a qualquer
mudança no meio ambiente, seja de caráter positivo ou negativo, total ou parcial,
resultado das atividades, produto ou serviços da instituição (ABNT, NBR ISO
14001:2004).

Figura 3 - Diferença entre Aspecto e Impacto Ambiental.

Fonte: CTISM (apud RUPENTHAL, 2014).

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2.3.2 Auditoria ambiental

O conceito de auditorias ambientais teve início na década de 1970, sobretudo nos


países desenvolvidos, pois algumas organizações privadas inspecionavam suas
unidades, com a finalidade de identificar atividades de risco e avaliar o potencial de
impactos ambientais.
Em suma, a auditoria ambiental pode ser caracterizada como um instrumento
fundamental para a verificação e fiscalização de empresas, levando em conta que
permite uma avaliação de seus sistemas de gestão, cujo objetivo principal é verificar e
limitar o impacto de suas atividades sobre o meio ambiente. (BRAGA, 2005).
Dessa forma, a auditoria ambiental auxilia no gerenciamento e na comunicação do
desempenho de uma instituição, para tanto os propósitos relevantes são (BRAGA,
2005):
 Viabilizar aos diretores da organização uma garantia quanto às
conformidades e procedimentos internos de uma boa prática de gerenciamento
da empresa;
 Avaliar os aspectos ambientais potenciais da organização; e
 Demonstrar às partes interessadas que está sendo realizado o
gerenciamento efetivo das obrigações ambientais da companhia.
Contudo, ressalta-se que o propósito principal da auditoria ambiental é obter
evidências relacionadas ao desempenho e aos aspectos ambientais de uma
instituição, visando mensurar o grau de conformidades destes com os critérios
estabelecidos anteriormente. Portanto, é considerado um elemento essencial para
qualquer SGA, haja vista que corrobora se o mesmo está ou não sendo implementado
e mantido de forma adequada. Logo, as auditorias ambientais devem apresentar as
seguintes características (BRAGA, 2005):
 Documentadas, para facilitar a resolução dos problemas encontrados e
também para ser utilizada como base de comparação em auditorias futuras;
 Sistemáticas, completas e detalhadas, ou seja, cada aspecto e área devem
ser avaliados de acordo com uma metodologia específica;
 Objetivas, assegurando-se a precisão científica; e
 Periódicas, realizadas em intervalos regulares.

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2.3.3 Rotulagem ambiental

A rotulagem ambiental, ou ecolabeling, é uma metodologia espontânea, praticada


mundialmente, de certificação e/ou identificação de desempenho ambiental de
produtos ou serviços. Além disso, é um mecanismo direcionado aos consumidores,
pois os auxilia na escolha de produtos menos agressivos ao meio ambiente, através
da implementação de políticas ambientais (RUPPENTHAL, 2014).
Possui ainda, a função de divulgar os benefícios ambientais do produto, objetivando
aumentar o interesse do consumidor por esses tipos de produtos, e por consequência,
propiciar a melhoria ambiental contínua. Diante disso, é notório o valor agregado aos
produtos e serviços que utilizam a metodologia da rotulagem ambiental, porém, seu
uso deve estar aliado com a ética e a transparência, para não confundir, iludir e, nem
distorcer conceitos sobre preservação ambiental (RUPPENTHAL, 2014).
Para padronizar os programas de rotulagem existentes de maneira prévia, a série ISO
14000 incluiu normas com legitimidade internacional, que são compostas por
terminologias, símbolos, testes e verificações metodológicas. Para isso, os rótulos
devem ressaltar as características ambientais dos produtos por meio de expressões
corretas e comprováveis para o usuário. Os tipos de rotulagem pelas normas são,
segundo Braga (2014):
 Rotulagem tipo I – NBR ISO 14024 – compõe procedimentos para o
desenvolvimento de programas de rotulagem ambiental e de certificação para a
concessão do rótulo.
 Rotulagem tipo II – NBR ISO 14021 – aborda os requisitos para
autodeclarações ambientais, incluindo textos, símbolos e gráficos, no que diz
respeito aos produtos.
 Rotulagem tipo III – ISO 14025 – possui alto grau de complexidade referente
à inclusão da ferramenta da avaliação do ciclo de vida.

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Figura 4 - Exemplos de Rótulos Ambientais: a) Tipo I; e b) Tipo II.

Fonte: Adaptado de Ruppenthal (2014).

Indicação de recurso didático

Para mais informações sobre os tipos de Rotulagem Ambiental assista ao vídeo:

https://www.youtube.com/watch?v=4mnKIXWT32Y

2.3.4 Análise do ciclo de vida (ACV)

ACV (Life Cycle Assessment – LCA) pode ser definida como uma abordagem holística
para a fiscalização das implicações ambientais dos produtos e processos, desde o seu
“nascimento” até a sua “morte”, noção designada como “Do Berço ao Túmulo”. Essa
formulação possibilita às organizações as ferramentas fundamentais para a
identificação e avaliação das oportunidades de minimizar os impactos ambientais
desfavoráveis (BRAGA, 2005).
Ademais, descreve os estágios do ciclo de vida de um produto, que basicamente inicia
com a aquisição da matéria-prima, em seguida passa pelos processos de fabricação,
transporte e distribuição, uso e reuso do produto e chega, por fim, à reciclagem e à
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condição final (Figura 9). É fundamental salientar que, em cada uma das etapas do
ciclo de vida, são avaliadas as entradas (consumo de água, de energia e os insumos
diversos) e as saídas (produtos finais obtidos, ou seja, os efluentes, os resíduos, as
emissões atmosféricas, entre outros impactos ambientais) (BRAGA, 2005).

Figura 5 - Exemplo de Ciclo de Vida.

Fonte: https://sites.google.com/site/medioquestoesambientais/analise-do-ciclo-de-vida

Uma contribuição importante da ACV é a identificação dos impactos mais relevantes


ao longo do ciclo de vida de um produto, o que possibilita buscar alternativas que
minimizem a degradação ambiental de forma mais eficiente possível, já que muitas
vezes o impacto está presente em etapas invisíveis aos olhos do consumidor e
sociedade, como por exemplo, um grande consumo de água ou emissões no
transporte (RUPPENTHAL, 2014).
As normas sobre ACV abrangem os princípios gerais, estrutura e metodologia
necessárias para verificar o ciclo de vida de um produto corretamente, determinando
metas e escopo do estudo, além de impactos ambientais, que viabilizam a realização
de melhorias que devem ser aplicadas para minimizá-los (RUPPENTHAL, 2014). São
elas:
 ABNT NBR ISO 14040:2009 Gestão ambiental – Avaliação do ciclo de vida –
Princípios e estrutura; e
 ABNT NBR ISO 14044:2009 Gestão ambiental – Avaliação do ciclo de vida –
Requisitos e orientações.

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2.4 A NECESSIDADE DE UMA CULTURA AMBIENTAL NAS
ORGANIZAÇÕES

A inserção de SGA nas empresas deve vir acompanhada de uma mudança cultural,
em que as pessoas devam estar mais envolvidas com a nova perspectiva. Nesse
sentido, alguns hábitos e costumes que são consolidados no ambiente externo das
empresas devem ser combatidos e outros positivos precisam ser assimilados pelo
conjunto da organização (DIAS, 2017).
No Brasil, há uma disparidade muito grande de comportamento no âmbito empresarial
no que diz respeito às questões ambientais. Enquanto algumas organizações
demonstram grande preocupação com essa questão, outras não a veem como
significativa para ser incluída no seu planejamento estratégico. Tendo em vista que, a
maior parte das ações das organizações tem se configurado como resultado de
pressões sociais, e se limitado a solucionar problemas emergenciais. Em resumo, há
empresas que só estão preocupadas em cumprirem a legislação e outras, de fato,
preocupam-se com a qualidade do produto final (DIAS, 2017).
A difusão de uma cultura ambiental, embutida na cultura organizacional, se dá através
da troca de lideranças, técnicos e outros profissionais que incorporam novos hábitos e
costumes e os repassam às demais instituições. Portanto, verifica-se que a cultura
ambiental constitui, em primeiro lugar, um aspecto da cultura de uma empresa, ou
seja, está contida na cultura organizacional (DIAS, 2017).
Assim sendo, define-se cultura ambiental como um sistema de orientação coletivo em
que se estabelece um acordo no qual se interpreta o valor do meio ambiente e que,
em consequência, determina a atitude de cada um frente a ele. Deste modo, quanto
maior a importância do valor “meio ambiente” para a empresa, mais forte será a sua
cultura ambiental; e a cultura organizacional terá uma orientação ambiental mais
enfatizada (DIAS, 2017).
Contudo, vale ressaltar que a integração da cultura ambiental localizada num
departamento específico da organização, promove uma subcultura departamental,
prática comum nas organizações brasileira, que na maioria das vezes, visa atender
apenas às exigências de órgãos públicos ou à pressão da sociedade. Diante disso,
deve-se evitar ao máximo a formação de um grupo segregado ambiental na
organização, para tanto se faz necessário desenvolver junto ao setor de recursos
humanos, um intenso programa de conscientização, visto que a atividade de meio

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ambiente inicia-se e concretiza-se alterando o comportamento das pessoas que a
integram (DIAS, 2017).
Se uma empresa pretende implantar a gestão ambiental em sua estrutura
organizacional, deve ter em mente que seu pessoal pode transformar-se na maior
ameaça ou no maior potencial para que os resultados esperados sejam alcançados.
Além disso, seja qual for a orientação adotada, não deve se restringir somente a
atividades formais, é importante fazer visitas a ambientes específicos, participar em
diferentes setores da sociedade, das organizações não governamentais (ONGs) nos
esquemas de treinamento, pois estas ações são fundamentais para que as pessoas
consigam compreender todas as variáveis que integram o contexto da questão
ambiental na organização (DIAS, 2017).
A educação ambiental dos seus empregados deve ser política fundamental de
recursos humanos de uma companhia, desde o pessoal da alta administração até a
base da pirâmide organizacional constituída pelos empregados mais simples da área
de produção, tendo em vista que a importância do crescimento de uma cultura
ambiental, associada à cultura organizacional da empresa como um todo, pode ser
analisada sob a luz de elementos culturais tangíveis e não tangíveis (DIAS, 2017).
Entre os elementos da cultura ambiental tangíveis estão: as instalações, os processos
técnicos e os produtos ambientalmente aceitos. Em contrapartida, os elementos
culturais não tangíveis relacionam-se às atitudes comportamentais, tendo em vista que
os conhecimentos são armazenados nas experiências de aprendizagem das pessoas
e acumulam-se ao longo do tempo (DIAS, 2017).
A primeira classificação, dos elementos tangíveis, por sua própria natureza, é
relativamente fácil de identificar e de quantificar, mas não caracteriza uma cultura
ambiental por si só, se não estiverem presentes os elementos intangíveis que se
expressam de modo tão intrínseco como o compromisso pessoal, o entusiasmo e a
convicção da valoração do meio ambiente, o que resulta, por fim, em um uso
consciente e mais eficaz das instalações (DIAS, 2017).
A combinação desses elementos permite maior eficácia tanto das máquinas, dos
equipamentos e dos processos, como do fator humano. As empresas gradativamente
devem entender que cada vez mais haverá indivíduos que, por interesse próprio ou
por meio do cultivo de uma consciência ecológica, mudarão os ideais organizacionais
e seus ambientes (DIAS, 2017).

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Para mais informações sobre a temática abordada, leia o artigo a seguir:


 Cultura ambiental nas empresas. Os elementos estruturantes.
Disponível em:
http://www.unisantos.br/mestrado/gestao/egesta/artigos/209.pdf. Com
acesso em: 02 de Dezembro de 2017.

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CONCLUSÃO

A atuação ambiental da maioria das empresas, salvo exceções, na maioria dos casos,
concentra-se na redução de custos e riscos associados à penalidade e na reparação
econômica de danos ambientais. São poucas as que investem na adoção de sistemas
de gestão ambiental, em sua maioria grandes empresas em função do custo
associado à sua implantação. A adoção de um SGA implica em uma mudança de
mentalidade de toda a organização, desde os altos cargos até os mais baixos da
instituição, já que a mudança da cultura organizacional, com a incorporação da
variável ambiental na rotina dos funcionários, integra toda a empresa (DIAS, 2017).
Contudo, a mudança de cultura organizacional também envolve mudança de atitude
com respeito ao ambiente externo da organização. Isso porque o ambiente externo
deve ser considerado um componente que influi diretamente na competitividade da
empresa, e, portanto, os quadros dirigentes da organização devem participar
ativamente dos eventos realizados, em torno da questão ambiental, na comunidade
local, influenciando diretamente na tomada de decisões e fornecendo instrumental
técnico (e pessoal) que corrobore com o esclarecimento dos processos biológicos que
norteiam a empresa (DIAS, 2017).

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Internacional.
REFERÊNCIAS

ABNT – Associação Brasileira de Normas Técnicas. NBR ISO 14.000: 2004.


AMORIM, E.L.C. Gestão Ambiental: Engenharia Ambiental. Universidade Federal de
Alagoas – UFAL. 2005.

BARBIERI, J.C. Gestão Ambiental: conceitos, modelos e instrumentos. São Paulo:


Saraiva, 2008.

BRAGA, B. et al. Introdução à Engenharia Ambiental. 2ª Edição. São Paulo:


Pearson Prentice Hall, 2005.

DIAS, R. Gestão Ambiental: Responsabilidade social e Sustentabilidade. 3ª


Edição. São Paulo: Atlas, 2017.

RUPPENTHAL, J.E. Gestão Ambiental. Santa Maria: Universidade Federal de Santa


Maria. Colégio Técnico Industrial de Santa Maria; Rede e-Tec Brasil, 2014.

NASCIMENTO, L.F. Gestão Ambiental e Sustentabilidade. Florianópolis:


Departamento de Ciências da Administração / UFSC; [Brasília]: CAPES: UAB, 2012.

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