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Gestão e Saneamento

Ambiental
Gisela Cristina Richter

2018
Copyright © UNIASSELVI 2018

Elaboração:
Gisela Cristina Richter

Revisão, Diagramação e Produção:


Centro Universitário Leonardo da Vinci – UNIASSELVI

Ficha catalográfica elaborada na fonte pela Biblioteca Dante Alighieri


UNIASSELVI – Indaial.

352.60981
R535g Richter, Gisela Cristina
Gestão e saneamento ambiental / Gisela Cristina Richter.
Indaial: UNIASSELVI, 2018.

218 p. : il.

ISBN 978-85-515-0136-8

1.Saneamento - Brasil.
I. Centro Universitário Leonardo Da Vinci.

Impresso por:
Apresentação
Caro acadêmico,

A gestão ambiental a cada dia torna-se mais atual e necessária para todo
o âmbito da sociedade, de crianças, jovens, adultos e idosos, conhecedores ou
não dos termos mais preocupantes da relação ambiental. É na preocupação
de termos um planeta, país, estado, cidade, bairro ou casa com melhores
condições de saneamento ou com menos degradação dos recursos naturais
que influenciam nosso cotidiano, tanto na esfera de saneamento como em
uma alimentação mais saudável, que instigamos a conhecer mais cada um
desses conhecimentos que fazem a diferença para a humanidade nos dias de
hoje. Nossa interação com esses conhecimentos inicia-se na Unidade 1 onde
serão apresentadas as definições de gestão ambiental, a legislação vigente
em nosso país, seu gerenciamento em benefício, tanto ao meio produtivo
como ao cidadão comum. Para que tenhamos menos impactos financeiros,
o gerenciamento auxilia na utilização correta dos recursos oferecidos pela
natureza, seu manejo, sua melhor utilização como produto, destinos finais e
consequentemente uma diminuição de problemas relacionados à saúde de
todos envolvidos nessa cadeia.

A Unidade 2 trata dos recursos hídricos, uma das maiores


preocupações no âmbito mundial, já que é condição primordial para a vida
no planeta e parte integrante de qualquer sistema produtivo. Como tratar
a água e os efluentes industriais para que sejam um recurso que possa ser
utilizado sem restrição por seres humanos em seu dia a dia, no seu sistema
de plantio, manufatura, por animais em todo o planeta, sem comprometer
suas vidas.

Na Unidade 3 será apresentada a preocupação com o tratamento dos


resíduos sólidos desde a sua geração, acondicionamento final ou tratamento,
consequências de sua disponibilização sem critério no meio ambiente e a
visão de reaproveitamentos múltiplos de alguns resíduos para a preservação
e limitação de extração dessem materiais no meio ambiente, assim como
transporte seguro, cuidados com o seu acondicionamento neste transporte,
operacionalização, segundo a legislação e tratamento ministrado quando de
um acidente destes resíduos pelos responsáveis e órgãos competentes e um
seguro acondicionamento final. Nosso planeta só permanecerá com a vida
se cada um fizer a sua parte para preservá-lo, seja em casa como no trabalho.
Que este livro de estudos possa lhe ajudar no âmbito profissional e pessoal.

Bons estudos!

III
NOTA

Você já me conhece das outras disciplinas? Não? É calouro? Enfim, tanto


para você que está chegando agora à UNIASSELVI quanto para você que já é veterano, há
novidades em nosso material.

Na Educação a Distância, o livro impresso, entregue a todos os acadêmicos desde 2005, é


o material base da disciplina. A partir de 2017, nossos livros estão de visual novo, com um
formato mais prático, que cabe na bolsa e facilita a leitura.

O conteúdo continua na íntegra, mas a estrutura interna foi aperfeiçoada com nova
diagramação no texto, aproveitando ao máximo o espaço da página, o que também
contribui para diminuir a extração de árvores para produção de folhas de papel, por exemplo.

Assim, a UNIASSELVI, preocupando-se com o impacto de nossas ações sobre o ambiente,


apresenta também este livro no formato digital. Assim, você, acadêmico, tem a possibilidade
de estudá-lo com versatilidade nas telas do celular, tablet ou computador.
 
Eu mesmo, UNI, ganhei um novo layout, você me verá frequentemente e surgirei para
apresentar dicas de vídeos e outras fontes de conhecimento que complementam o assunto
em questão.

Todos esses ajustes foram pensados a partir de relatos que recebemos nas pesquisas
institucionais sobre os materiais impressos, para que você, nossa maior prioridade, possa
continuar seus estudos com um material de qualidade.

Aproveito o momento para convidá-lo para um bate-papo sobre o Exame Nacional de


Desempenho de Estudantes – ENADE.
 
Bons estudos!

UNI

Olá acadêmico! Para melhorar a qualidade dos


materiais ofertados a você e dinamizar ainda mais
os seus estudos, a Uniasselvi disponibiliza materiais
que possuem o código QR Code, que é um código
que permite que você acesse um conteúdo interativo
relacionado ao tema que você está estudando. Para
utilizar essa ferramenta, acesse as lojas de aplicativos
e baixe um leitor de QR Code. Depois, é só aproveitar
mais essa facilidade para aprimorar seus estudos!

IV
V
VI
Sumário
UNIDADE 1 – GERENCIAMENTO AMBIENTAL............................................................................ 1

TÓPICO 1 – REVISÃO HISTÓRICA DO SANEAMENTO AMBIENTAL................................... 3


1 INTRODUÇÃO...................................................................................................................................... 3
2 A HISTÓRIA DO SANEAMENTO AMBIENTAL.......................................................................... 3
2.1 O CLUBE DE ROMA........................................................................................................................ 4
2.2 A ONU................................................................................................................................................ 4
RESUMO DO TÓPICO 1........................................................................................................................ 9
AUTOATIVIDADE.................................................................................................................................. 11

TÓPICO 2 – DEFINIÇÕES E CONCEITOS........................................................................................ 13


1 INTRODUÇÃO...................................................................................................................................... 13
2 CONCEITOS........................................................................................................................................... 13
2.1.DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVEL....................................................................................... 18
2.2 AGENDA 21...................................................................................................................................... 19
2.3 AGENDA 21 LOCAL....................................................................................................................... 20
2.4 SISTEMAS DE GESTÃO AMBIENTAL ........................................................................................ 21
2.5 ISO 14000............................................................................................................................................ 22
2.6 CONTEXTO DA ORGANIZAÇÃO............................................................................................... 26
2.7 LIDERANÇA..................................................................................................................................... 26
2.8 PLANEJAMENTO............................................................................................................................ 27
2.9 OPERAÇÃO....................................................................................................................................... 28
2.10 AVALIAÇÃO DE DESEMPENHO E MELHORIA.................................................................... 28
2.11 AUDITORIA AMBIENTAL .......................................................................................................... 29
2.12 AVALIAÇÃO DE DESEMPENHO............................................................................................... 29
3 AVALIAÇÃO DE IMPACTOS AMBIENTAIS – AIA...................................................................... 30
3.1 A REALIZAÇÃO DO AIA............................................................................................................... 31
3.1.1 Como fazer um AIA?.............................................................................................................. 31
3.1.2 Relatório de Controle Ambiental (RCA)............................................................................... 32
3.1.3 Plano de Recuperação de Áreas Degradadas (PRAD)....................................................... 32
3.1.4 Como elaborar o EIA/RIMA................................................................................................... 33
4 O RIMA.................................................................................................................................................... 34
4.1 QUALIDADE, DEGRADAÇÃO, RECUPERAÇÃO E DANO AMBIENTAL.......................... 35
4.2 ROTULAGEM AMBIENTAL.......................................................................................................... 35
4.2.1 Tipos de rotulagem ambiental............................................................................................... 36
RESUMO DO TÓPICO 2........................................................................................................................ 39
AUTOATIVIDADE.................................................................................................................................. 40

TÓPICO 3 – DOENÇAS DA CARÊNCIA DE SANEAMENTO...................................................... 41


1 INTRODUÇÃO...................................................................................................................................... 41
2 HISTÓRICO DO SANEAMENTO .................................................................................................... 41
3 SANEAMENTO NO BRASIL.............................................................................................................. 43
4 DOENÇAS CAUSADAS PELA FALTA DE SANEAMENTO....................................................... 44
4.1 DOENÇAS RELACIONADAS COM A ÁGUA........................................................................... 44

VII
4.2 DOENÇAS INFECCIOSAS RELACIONADAS COM EXCRETAS (ESGOTOS)..................... 45
4.3 DOENÇAS INFECCIOSAS RELACIONADAS COM O LIXO ................................................. 45
4.4 DOENÇAS INFECCIOSAS RELACIONADAS COM A HABITAÇÃO................................... 45
RESUMO DO TÓPICO 3........................................................................................................................ 46
AUTOATIVIDADE.................................................................................................................................. 47

TÓPICO 4 – CONDIÇÕES SANITÁRIAS E DE CONFORTO NOS LOCAIS DE


TRABALHO....................................................................................................................... 49
1 INTRODUÇÃO...................................................................................................................................... 49
2 INSTALAÇÕES SANITÁRIAS........................................................................................................... 49
3 VESTIÁRIOS.......................................................................................................................................... 50
4 REFEITÓRIOS........................................................................................................................................ 50
5 COZINHAS............................................................................................................................................. 51
6 ALOJAMENTOS.................................................................................................................................... 52
RESUMO DO TÓPICO 4........................................................................................................................ 54
AUTOATIVIDADE.................................................................................................................................. 55

TÓPICO 5 – LEGISLAÇÃO.................................................................................................................... 57
1 INTRODUÇÃO...................................................................................................................................... 57
2 LEGISLAÇÃO DE SANEAMENTO NO BRASIL........................................................................... 57
3 LICENCIAMENTO AMBIENTAL...................................................................................................... 59
LEITURA COMPLEMENTAR................................................................................................................ 63
RESUMO DO TÓPICO 5........................................................................................................................ 65
AUTOATIVIDADE.................................................................................................................................. 66

UNIDADE 2 – RECURSOS HÍDRICOS............................................................................................... 67

TÓPICO 1 – RECURSOS......................................................................................................................... 69
1 INTRODUÇÃO...................................................................................................................................... 69
RESUMO DO TÓPICO 1........................................................................................................................ 72
AUTOATIVIDADE.................................................................................................................................. 73

TÓPICO 2 – HISTÓRICO....................................................................................................................... 75
1 INTRODUÇÃO...................................................................................................................................... 75
RESUMO DO TÓPICO 2........................................................................................................................ 81
AUTOATIVIDADE.................................................................................................................................. 82

TÓPICO 3 – CONCEITOS...................................................................................................................... 83
1 INTRODUÇÃO...................................................................................................................................... 83
2 O QUE É A ÁGUA?............................................................................................................................... 83
2.1 A ÁGUA NO PLANETA TERRA................................................................................................... 84
2.2 O CICLO DA ÁGUA........................................................................................................................ 85
2.3 CLASSIFICAÇÕES E USO DA ÁGUA.......................................................................................... 86
2.4 TIPOS DE ÁGUA.............................................................................................................................. 87
2.4.1 Água destilada......................................................................................................................... 87
2.4.2 Água mineral............................................................................................................................ 88
2.5 USOS DA ÁGUA ............................................................................................................................. 88
RESUMO DO TÓPICO 3........................................................................................................................ 95
AUTOATIVIDADE.................................................................................................................................. 96

TÓPICO 4 – TIPOS DE TRATAMENTOS DE EFLUENTES............................................................ 99


1 INTRODUÇÃO...................................................................................................................................... 99

VIII
2 FONTES DE POLUIÇÃO DA ÁGUA................................................................................................ 103
2.1 A POLUIÇÃO CAUSADA PELAS INDÚSTRIAS....................................................................... 104
2.2 A MINERAÇÃO, A EXTRAÇÃO E O TRANSPORTE DE PETRÓLEO................................... 105
2.3 AS ESTAÇÕES DE TRATAMENTO DA ÁGUA.......................................................................... 106
2.4 PADRÕES PARA OS AGROTÓXICOS.......................................................................................... 109
2.5 TRATAMENTO DE ÁGUA CONVENCIONAL.......................................................................... 114
2.6 FILTRAÇÃO LENTA........................................................................................................................ 115
2.7 FILTRAÇÃO DIRETA...................................................................................................................... 116
2.8 QUANDO NÃO HÁ ESTAÇÃO DE TRATAMENTO................................................................. 117
3 O DESTINO DA ÁGUA UTILIZADA.............................................................................................. 119
3.1 DEMANDA BIOQUÍMICA DE OXIGÊNIO (DBO).................................................................... 121
3.2 DEMANDA QUÍMICA DE OXIGÊNIO (DQO)........................................................................... 122
3.3 CARBONO ORGÂNICO TOTAL (COT)....................................................................................... 122
3.4 OXIGÊNIO DISSOLVIDO (OD)...................................................................................................... 122
3.5 E COMO É O TRATAMENTO DE ESGOTO?.............................................................................. 123
3.6 TRATAMENTO PRIMÁRIO............................................................................................................ 124
3.7 TRATAMENTO BIOLÓGICO OU SECUNDÁRIO...................................................................... 125
3.8 TRATAMENTO TERCIÁRIO.......................................................................................................... 126
3.9 TRATAMENTO DE LODO.............................................................................................................. 127
3.10 LEITOS DE SECAGEM.................................................................................................................. 129
4 MÉTODOS DE TRATAMENTOS AVANÇADOS DA ÁGUA..................................................... 130
4.1 FILTRAÇÃO EM MARGEM .......................................................................................................... 130
4.2 FILTRAÇÃO POR MEMBRANA................................................................................................... 131
4.3 UTILIZAÇÃO DE MEMBRANAS NA CLARIFICAÇÃO E NA DESINFECÇÃO ................ 132
5 LEGISLAÇÃO........................................................................................................................................ 133
LEITURA COMPLEMENTAR................................................................................................................ 135
RESUMO DO TÓPICO 4........................................................................................................................ 137
AUTOATIVIDADE.................................................................................................................................. 138

UNIDADE 3 – GESTÃO DE RESÍDUOS............................................................................................. 139

TÓPICO 1 – RESÍDUOS SÓLIDOS URBANOS E INDUSTRIAIS................................................ 141


1 INTRODUÇÃO...................................................................................................................................... 141
2 DEFINIÇÃO DE RESÍDUO SÓLIDO................................................................................................ 141
RESUMO DO TÓPICO 1........................................................................................................................ 145
AUTOATIVIDADE.................................................................................................................................. 146

TÓPICO 2 – GESTÃO E GERENCIAMENTO DE RESÍDUOS....................................................... 147


1 INTRODUÇÃO...................................................................................................................................... 147
2 O PROCESSO DE GESTÃO DE RESÍDUOS................................................................................... 147
2.1 CLASSIFICAÇÃO DOS RESÍDUOS SÓLIDOS............................................................................ 149
2.1.1 Quanto à origem...................................................................................................................... 149
2.1.2 Quanto à periculosidade......................................................................................................... 149
2.2 POLÍTICA NACIONAL DOS RESÍDUOS SÓLIDOS (PNRS).................................................... 150
2.3 LOGÍSTICA REVERSA.................................................................................................................... 152
RESUMO DO TÓPICO 2........................................................................................................................ 157
AUTOATIVIDADE.................................................................................................................................. 158

TÓPICO 3 – CUIDADOS NO TRANSPORTE INTERNO E EXTERNO....................................... 159


1 INTRODUÇÃO...................................................................................................................................... 159
2 TRANSPORTE DE PRODUTOS PERIGOSOS............................................................................... 159
3 RISCOS E DESASTRES AMBIENTAIS............................................................................................ 164

IX
4 LEGISLAÇÃO ESPECÍFICA............................................................................................................... 166
5 RÓTULO DE RISCO............................................................................................................................. 167
6 PAINEL DE SEGURANÇA.................................................................................................................. 169
7 PRÁTICA NAS EMERGÊNCIAS....................................................................................................... 172
8 EQUIPAMENTO DE PROTEÇÃO INDIVIDUAL.......................................................................... 173
9 TRANSPORTE E ACONDICIONAMENTO DE RESÍDUOS SÓLIDOS.................................. 173
RESUMO DO TÓPICO 3........................................................................................................................ 183
AUTOATIVIDADE.................................................................................................................................. 185

TÓPICO 4 – TÉCNICAS DE DISPOSIÇÃO FINAL AMBIENTALMENTE CORRETA............. 187


1 INTRODUÇÃO...................................................................................................................................... 187
2 BIODIGESTÃO...................................................................................................................................... 187
3 ATERROS SANITÁRIOS..................................................................................................................... 188
4 COMPOSTAGEM.................................................................................................................................. 190
5 INCINERAÇÃO..................................................................................................................................... 191
5.1 INCINERAÇÃO DE RESÍDUOS INDUSTRIAIS......................................................................... 192
6 PIRÓLISE................................................................................................................................................ 193
6.1 REATOR PIROLÍTICO..................................................................................................................... 193
6.2 APLICAÇÕES DA PIRÓLISE.......................................................................................................... 194
RESUMO DO TÓPICO 4........................................................................................................................ 196
AUTOATIVIDADE.................................................................................................................................. 197

TÓPICO 5 – GESTÃO DE SUSTENTABILIDADE............................................................................ 199


1 INTRODUÇÃO...................................................................................................................................... 199
1.1 CONCEITOS DE SUSTENTABILIDADE...................................................................................... 200
2 OS TRÊS PILARES DA SUSTENTABILIDADE............................................................................. 200
2.1 SOCIAL.............................................................................................................................................. 200
2.2 ECONÔMICO................................................................................................................................... 200
2.3 AMBIENTAL..................................................................................................................................... 201
3 ECOEFICIÊNCIA................................................................................................................................... 201
4 NEUTRALIZAÇÃO DE CARBONO.................................................................................................. 202
5 MECANISMO DE DESENVOLVIMENTO LIMPO (MDL) E O PROTOCOLO DE
KYOTO.................................................................................................................................................... 203
5.1 PROTOCOLO DE KYOTO.............................................................................................................. 204
5.2 MECANISMOS DE DESENVOLVIMENTO LIMPO – MDL...................................................... 204
5.3 O MERCADO DE CARBONO........................................................................................................ 205
LEITURA COMPLEMENTAR................................................................................................................ 207
RESUMO DO TÓPICO 5........................................................................................................................ 211
AUTOATIVIDADE.................................................................................................................................. 212
REFERÊNCIAS.......................................................................................................................................... 213

X
UNIDADE 1

GERENCIAMENTO
AMBIENTAL

OBJETIVOS DE APRENDIZAGEM
A partir desta unidade, você deverá ser capaz de:

• compreender o histórico da gestão ambiental e alguns conceitos;

• conhecer o que é o saneamento ambiental e as consequências de sua falta;

• saber como devem ocorrer as condições sanitárias e de conforto nos locais


de trabalho e sua legislação.

PLANO DE ESTUDOS
Esta unidade está dividida em cinco tópicos. No decorrer da unidade você
encontrará autoatividades com o objetivo de reforçar o conteúdo apresentado.

TÓPICO 1 – REVISÃO HISTÓRICA DO SANEAMENTO AMBIENTAL

TÓPICO 2 – DEFINIÇÕES E CONCEITOS

TÓPICO 3 – DOENÇAS DA CARÊNCIA DE SANEAMENTO

TÓPICO 4 – CONDIÇÕES SANITÁRIAS E DE CONFORTO NOS LOCAIS


DE TRABALHO

TÓPICO 5 – LEGISLAÇÃO

1
2
UNIDADE 1
TÓPICO 1

REVISÃO HISTÓRICA DO SANEAMENTO


AMBIENTAL

1 INTRODUÇÃO
Nesta unidade, você irá compreender alguns conceitos sobre gestão
ambiental e uma de suas técnicas, que é o gerenciamento ambiental, além de
desenvolver um paralelo do que é realizado em termos ambientais e o que é
correto para se utilizar em termos empresariais. Que a preocupação ambiental
não precisa ser sempre dispendiosa, que pode vir de ações simples para
minimização dos mais variados tipos de recursos e que nossos antepassados,
para muitas ações, os usavam com maestria, sem causar o impacto ambiental.
Por que se fala cada vez mais na questão de gerenciamento ambiental de forma
sustentável? Essa preocupação não acontecia na década de 1950 e eram poucos
cientistas que falavam sobre os impactos a respeito do meio ambiente e como ele
poderia transformar de forma negativa todas as formas de vida no planeta como
estamos presenciando nos dias de hoje. É sob esta ótica que trataremos o assunto
Gerenciamento Ambiental.

2 A HISTÓRIA DO SANEAMENTO AMBIENTAL


A gestão ambiental tem sua história iniciada na década de 1950 com o
surgimento de ambientalistas, entidades governamentais sem fins lucrativos e
agências governamentais voltadas para a proteção ambiental em razão dos efeitos
dos impactos ambientais da ação do homem que propiciou a queda da qualidade
de vida em algumas regiões do planeta. A gestão ambiental, segundo Andrade,
Tachizawa e Carvalho (2002), nasceu em 1949, na Conferência Científica da
ONU (UNSCCUR) sobre Conservação e Utilização de Recursos, em Lake Sucess,
nos EUA. Em 1962, com a publicação do livro Primavera silenciosa, de Rachel
Carson, iniciaram-se manifestações entre ecologistas e aqueles que apostavam
no desenvolvimento. A publicação de Carson (1962) alertava sobre a utilização
de pesticidas na agricultura e mobilizou parte da opinião pública americana,
que começava a perceber o impacto das atividades antrópicas ao meio ambiente.
Em função deste livro foi proibida a utilização do DDT e outros pesticidas. E
os ambientalistas conseguiram que o governo americano criasse a EPA (Agência
Americana de Proteção Ambiental), que atua até nos Estados Unidos e que é
referência em legislação e em estudos ambientais no mundo. Em 1968, aconteceu
a Conferência sobre biosfera realizada em Paris, que tratou da problemática da

3
UNIDADE 1 | GERENCIAMENTO AMBIENTAL

conservação e do uso sustentável da biosfera. Tendo desenvolvido o Programa


o Homem e a Biosfera, que é responsável pelas  reservas da biosfera, um tipo
de área protegida.Mas o marco ambientalista mais importante foi a publicação do
Relatório Limites do Crescimento, elaborado pelo Clube de Roma.

2.1 O CLUBE DE ROMA


O clube de Roma foi criado em 1968, pelo o empresário italiano Aurélio
Peccei, presidente honorário da Fiat e o cientista escocês Alexander King que
se juntaram e desenvolveram um encontro para discutir as condições humanas
no planeta para o futuro. Foram cerca de 20 personalidades da época, entre
acadêmicos, cientistas, políticos, empresários e membros da sociedade civil,
para avaliar questões de ordem política, econômica e social com relação ao meio
ambiente. A primeira reunião se deu em uma vila de Roma, surgindo aí o nome,
Clube de Roma, e onde foi elaborado um projeto a partir dos princípios de seus
participantes. Na atualidade, continua trabalhando como uma organização não
governamental que foca na busca por enxergar problemas, discuti-los e difundi-
los entre a população para chegar a uma resolução. O trabalho que evidenciou o
Grupo de Roma foi o realizado em 1972 com uma equipe de cientistas do Instituto
de Tecnologia de Massachusetts (MIT, sigla em inglês), liderada por Dennis e
Donella Meadows, quando foi solicitado pelo grupo a elaboração de um relatório
intitulado “Os limites do crescimento”. O estudo desenvolveu uma simulação de
softwares de informática para verificar a interação do homem e o meio ambiente,
observando as variáveis de aumento populacional e a utilização dos recursos
naturais. Neste estudo, os cientistas concluíram que os recursos se esgotariam em
menos de 100 anos, tendo um impacto muito grande na mídia (PENSAMENTO
VERDE, 2014).

2.2 A ONU
Em 1972, a ONU convocou a Conferência das Nações Unidas sobre o
Ambiente Humano, em Estocolmo, na Suécia (I CNUMAD). Esse evento em
sua declaração final desenvolveu 26 princípios que representam o manifesto
ambiental para a atualidade e as bases para a nova agenda ambiental do Sistema
das Nações Unidas ao “inspirar e guiar os povos do mundo para a preservação e
a melhoria do ambiente humano” (ONUBR, 2017, s.p.).

4
TÓPICO 1 | REVISÃO HISTÓRICA DO SANEAMENTO AMBIENTAL

UNI

Se você quer conhecer os 26 princípios, acesse:


<www.mma.gov.br/estruturas/agenda21/_arquivos/estocolmo.doc>.

Os dois encontros, o de Clube de Roma e a Conferência das Nações Unidas


sobre o ambiente humano, tiveram por objetivo conscientizar os países sobre
a importância da conservação ambiental para a manter toda espécie humana.
Em 1972, a Assembleia Geral criou o Programa das Nações Unidas para o Meio
Ambiente (hoje conhecida como PNUMA), que coordena os trabalhos da ONU
para o meio ambiente global. Suas atividades estão ligadas aos aspectos ambientais
das catástrofes e conflitos, à gestão dos ecossistemas, à governança ambiental, às
substâncias nocivas, à eficiência dos recursos e às mudanças climáticas.

Em seguida temos o desenvolvimento de outro relatório: o Relatório Nosso


Futuro Comum (ou Relatório Brundtland), em que o secretário geral da ONU
convidou a médica Gro Harlem Brundtland, ex-primeira ministra da Noruega e
mestre em saúde pública, para desenvolver e presidir a Comissão Mundial sobre o
Meio Ambiente e Desenvolvimento. E em 1987, a Comissão Brundtland publica o
relatório “Nosso Futuro Comum” com assuntos relacionados ao desenvolvimento
sustentável para o público:

O desenvolvimento sustentável é o desenvolvimento que encontra


as necessidades atuais sem comprometer a habilidade das futuras
gerações de atender suas próprias necessidades.
Um mundo onde a pobreza e a desigualdade são endêmicas estará
sempre propenso a crises ecológicas, entre outras…O desenvolvimento
sustentável requer que as sociedades atendam às necessidades
humanas tanto pelo aumento do potencial produtivo como pela
garantia de oportunidades iguais para todos.
Muitos de nós vivemos além dos recursos ecológicos, por exemplo,
em nossos padrões de consumo de energia… No mínimo, o
desenvolvimento sustentável não deve pôr em risco os sistemas
naturais que sustentam a vida na Terra: a atmosfera, as águas, os solos
e os seres vivos.
Na sua essência, o desenvolvimento sustentável é um processo de
mudança no qual a exploração dos recursos, o direcionamento dos
investimentos, a orientação do desenvolvimento tecnológico e a
mudança institucional estão em harmonia e reforçam o atual e futuro
potencial para satisfazer as aspirações e necessidades humanas
(ONUBR, 2017, s. p.).

Outra ação da ONU aconteceu em 1992, no Rio de Janeiro, a Conferência


das Nações Unidas para o Meio Ambiente e Desenvolvimento ou “Cúpula da
Terra”, como ficou conhecida, desenvolveu um documento a “Agenda 21”, que
conforme a ONU (2017)é um diagrama para a proteção do nosso planeta e seu
desenvolvimento sustentável.
5
UNIDADE 1 | GERENCIAMENTO AMBIENTAL

Você sabe o que compõe a Agenda 21?

Segundo a ONU (2017), na Agenda 21, os governos desenvolveram um


programa detalhado de ação para afastar o mundo do atual modelo insustentável
de crescimento econômico, direcionando para atividades que protejam e renovem
os recursos ambientais, no qual o crescimento e o desenvolvimento dependem.
As áreas de ação incluem: proteger a atmosfera; combater o desmatamento, a
perda de solo e a desertificação; prevenir a poluição da água e do ar; deter a
destruição das populações de peixes e promover uma gestão segura dos resíduos
tóxicos. Mas ela também teve a preocupação com o desenvolvimento das nações,
como podemos observar (ONUBR, 2017 s.p.):

Com a  pobreza e a dívida externa dos países em desenvolvimento;


padrões insustentáveis de produção e consumo; pressões demográficas
e a estrutura da economia internacional. O programa de ação também
recomendou meios de fortalecer o papel desempenhado pelos grandes
grupos – mulheres, organizações sindicais, agricultores, crianças e
jovens, povos indígenas, comunidade científica, autoridades locais,
empresas, indústrias e ONGs – para alcançar o desenvolvimento
sustentável.

Na assembleia geral (ONU,2017), para ter certeza de que os objetivos da


Agenda 21 fossem ter apoio, estabeleceu a Comissão para o Desenvolvimento
Sustentável como uma comissão funcional do Conselho Econômico e Social.
Vamos ter mais adiante um tópico específico falando da Agenda 21. Além disso,
a Cúpula da Terra, além da a Convenção sobre Mudanças Climáticas, também
aprovou e assinou na Convenção da ONU, o texto sobre diversidade biológica, e
a Convenção da ONU de Combate à Desertificação em Países que sofrem com a
seca e/ou a desertificação (UNCCD), principalmente da África. A UNCCD entrou
em vigor em 26 de dezembro de 1996. O Brasil tornou-se parte dela em 25 de junho
de 1997 e, hoje, 191 países são partes da convenção. A principal obrigação dos
países que fazem parte é elaborar um Programa de Ação Nacional de Combate à
Desertificação, conhecido por PAN.

UNI

Você pode ver mais em:


<http://www.mma.gov.br/gestao-territorial/combate-a-desertificacao>.

6
TÓPICO 1 | REVISÃO HISTÓRICA DO SANEAMENTO AMBIENTAL

Em 1994, a ONU desenvolve a Conferência Mundial sobre


o Desenvolvimento Sustentável dos Pequenos Estados Insulares em
Desenvolvimento, realizada em Barbados, que desenvolveu um Programa
de Ação onde estabelece políticas, ações e medidas em todos os níveis para
promover o desenvolvimento sustentável para estes Estados (ONUBR, 2017,
s.p.).

Ainda, conforme a ONUBR (2017), em 1997, tem-se o Protocolo de Kyoto,


que constitui um tratado complementar à Convenção-Quadro das Nações Unidas
sobre Mudança do Clima, definindo metas de redução de emissões para 37 países
desenvolvidos e para comunidade européia, considerados os responsáveis
históricos pela mudança atual do clima,estabelece metas obrigatórias no intuito
de reduzirem as emissões de gases estufa e o aquecimento global. O Protocolo
entrou em vigor no dia 16 de fevereiro de 2005, logo após o atendimento às
condições que exigiam a ratificação por, no mínimo, 55% do total de países-
membros da Convenção e que fossem responsáveis por, pelo menos, 55% do total
das emissões no ano de 1990. O Brasil ratificou o documento em 23 de agosto
de 2002. A aprovação interna se deu por meio do Decreto Legislativo nº 144 de
2002. Entre os maiores emissores de gases de efeito estufa, o único país que não
ratificou o protocolo de Kioto Estados Unidos.

Em  2002, aconteceu a Rio+10, em Johanesburgo, na África do Sul.


Reuniu a Cúpula Mundial sobre Desenvolvimento Sustentável com milhares de
participantes, entre eles chefes de Estado e de Governo, delegados nacionais e
líderes de organizações não governamentais (ONGs), empresas e outros grandes
grupos preocupados nos desafios de melhorar a vida das pessoas e conservar
os recursos naturais em um mundo que está crescendo em população, com
necessidades cada vez maiores de alimentos, água, abrigo, saneamento, energia,
serviços de saúde e segurança econômica. Em 2012, a reunião retorna ao Rio de
Janeiro, a Rio+20, com Conferências das Nações Unidas sobre Desenvolvimento
Sustentável, tendo como objetivo ratificar o compromisso político com o
desenvolvimento sustentável, fazendo um paralelo com o progresso e as
diferenças na implementação das decisões adotadas pelas principais cúpulas
sobre o assunto e do tratamento de novos temas. A Conferência teve dois objetos a
serem debatidos: a economia verde no contexto do desenvolvimento sustentável
e a erradicação da pobreza e a estruturação institucional para o desenvolvimento
sustentável.

UNI

Quer conhecer mais, veja em:


<https://sustainabledevelopment.un.org/rio20 e https://rio20.un.org/papersmart>.

7
UNIDADE 1 | GERENCIAMENTO AMBIENTAL

A Cúpula de Desenvolvimento Sustentável reuniu-se em setembro de 2015,


em Nova York, na sede da ONU. Nesse encontro, os participantes definiram novos
Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS) como parte de uma nova agenda
de desenvolvimento sustentável que deve gerar um trabalho com objetivos de
desenvolvimento do Milênio (ODM). A data limite para seu alcance é o ano de 2030.
Essa agenda é conhecida como a Agenda 2030. Os 17 objetivos de desenvolvimento
do milênio a serem realizados, você pode conhecer aqui, acessando o link: <https://
nacoesunidas.org/pos2015/agenda2030/>.

8
RESUMO DO TÓPICO 1
Neste tópico você estudou que:

• A preocupação com o Saneamento ambiental iniciou-se na década de 1950 com


o surgimento de ambientalistas, mais propriamente na Conferência Científica
da ONU (UNSCCUR) sobre Conservação e Utilização de Recursos.

• Em 1962, iniciaram-se as manifestações entre ecologistas com a publicação do


livro Primavera silenciosa, de Rachel Carson, que alertava sobre a utilização de
pesticidas na agricultura e mobilizou parte da opinião pública americana.

• A criação do Clube de Roma em 1968, para se discutir as condições humanas


no planeta para o futuro. E em 1972 foi um relatório intitulado “Os limites
do crescimento”, quando se desenvolveu uma simulação de softwares de
informática para verificar a interação do homem e o meio ambiente, observando
as variáveis de aumento populacional e a utilização dos recursos naturais. O
estudo mostrou que os recursos se esgotariam em menos de 100 anos, tendo
um impacto muito grande na mídia.

• A Conferência das Nações Unidas sobre o Ambiente Humano, em 1972, em


Estocolmo, na Suécia (I CNUMAD) com a declaração que desenvolveu 26
princípios que representam o manifesto ambiental para a atualidade e as bases
para a nova agenda ambiental do Sistema das Nações Unidas.

• Em 1987 foi publicado o relatório “Nosso Futuro Comum” com assuntos


relacionados ao desenvolvimento sustentável para o público.

• Em 1992 aconteceu no Rio de Janeiro, a Conferência das Nações Unidas para


o Meio Ambiente e Desenvolvimento ou “Cúpula da Terra”, como ficou
conhecida. Desenvolveu o documento a “Agenda 21”, que é um diagrama para
a proteção do nosso planeta e seu desenvolvimento sustentável.

• Em 1994, a ONU desenvolveu a Conferência Mundial sobre o Desenvolvimento


Sustentável dos Pequenos Estados Insulares em Desenvolvimento, realizada
em Barbados, que estabeleceu um Programa de Ação que estabelece políticas,
ações e medidas em todos os níveis para promover o desenvolvimento
sustentável para estes Estados.

• Em 1997 foi firmado o Protocolo de Kyoto, que constitui um tratado


complementar à Convenção-Quadro das Nações Unidas sobre Mudança do
Clima, definindo metas de redução de emissões para 37 países desenvolvidos
e para comunidade europeia e estabelece metas obrigatórias no intuito de
reduzirem as emissões de gases estufa e o aquecimento global.

9
• Em  2002, aconteceu a Rio+10, em Johanesburgo, na África do Sul. Reuniu a
Cúpula Mundial sobre Desenvolvimento Sustentável que tratou dos desafios
de melhorar a vida das pessoas e conservar os recursos naturais no mundo com
população crescente e com necessidades cada vez maiores de alimentos, água,
abrigo, saneamento, energia, serviços de saúde e segurança econômica.

• Em  2012,  no Rio de Janeiro, com a Rio+20, a Conferências das Nações


Unidas sobre Desenvolvimento Sustentável, tendo como objetivo ratificar o
compromisso político com o desenvolvimento sustentável, com dois objetos
a serem debatidos: a economia verde no contexto do desenvolvimento
sustentável e a erradicação da pobreza e a estruturação institucional para o
desenvolvimento sustentável. 

• Em 2015, a Cúpula de Desenvolvimento Sustentável reuniu-se em Nova York, na


sede da ONU e definiram os novos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável
(ODS) como parte de uma nova agenda de desenvolvimento sustentável com
objetivos de desenvolvimento do Milênio (ODM) com data limite para 2030. É
conhecida como a Agenda 2030.

10
AUTOATIVIDADE

1 Relacione as principais conferências mencionadas, datas e objetivos.

2 Quais foram as duas atividades que precederam o movimento ambientalista


na atualidade?

3 Qual é o objetivo da ONU até 2030?

11
12
UNIDADE 1
TÓPICO 2

DEFINIÇÕES E CONCEITOS

1 INTRODUÇÃO
Vejamos agora alguns assuntos importantes sobre o gerenciamento
ambiental que nos ajudará ao longo deste curso. O gerenciamento ambiental
faz parte de uma das técnicas da gestão ambiental que, segundo Sanchéz (2013),
são ações responsáveis pela utilização, proteção, controle e conservação do meio
ambiente, bem como avaliar se a ocorrência de uma atividade está de acordo com
a política ambiental.

Já a gestão ambiental, além do gerenciamento ambiental, tem como parte


integrante a política ambiental e o planejamento ambiental. A política ambiental
dentro da gestão ambiental são princípios desenvolvidos pela sociedade e
governantes para regulamentar modificações de uso, controle, proteção e
conservação do meio ambiente. O planejamento ambiental segundo Santos (2004,
p. 24) é:

[...] um processo contínuo que envolve coleta, organização e análise


sistematizada das informações, por meio de procedimentos e métodos,
para se chegar a decisões ou escolhas acerca das melhores alternativas
para o aproveitamento dos recursos disponíveis em função de suas
potencialidades, e com a finalidade de atingir metas específicas no
futuro, tanto em relação a recursos naturais quanto à sociedade.

2 CONCEITOS
A conceituação contemporânea como conhecemos hoje, iniciou-se em
1950 com a palavra poluição, primeiro no meio acadêmico e posteriormente na
impressa, mas não foi um conceito abrangente o suficiente para as inúmeras
situações do meio ambiente, sendo substituída em 1970 por impacto ambiental
(SÁNCHEZ, 2013).

13
UNIDADE 1 | GERENCIAMENTO AMBIENTAL

FIGURA 1 – POLUIÇÃO / IVAN GROZNI / CREATIVECOMMONS 2.0

FONTE: Disponível em: <http://www.flickr.com/photos/22494683@


N06/2185279085/sizes/z/in/photostream>. Acesso em: 9 ago. 2017.

Então, segundo a Udesc (2013), poluição é qualquer alteração provocada


no meio ambiente, que pode ser um ecossistema natural ou agrário, um sistema
urbano ou até mesmo em microescala. O termo poluição deriva do latim “poluere”,
que significa “sujar”. Já o impacto ambiental segundo a resolução do Conselho
Nacional do Meio Ambiente – CONAMA n° 1, de 1986, em seu Artigo 1º, considera
impacto ambiental como sendo: 

Qualquer alteração das propriedades físicas, químicas e biológicas do


meio ambiente, causada por qualquer forma de matéria ou energia
resultante das atividades humanas que, direta ou indiretamente,
afetam:
A saúde, a segurança e o bem-estar da população;
II. As atividades sociais e econômicas;
III. A biota;
IV. As condições estéticas e sanitárias do meio ambiente;
V. A qualidade dos recursos ambientais.

A mesma resolução do Conama afirma que todo impacto ambiental tem


uma ou mais causas e constitui-se do resultado das ações humanas sobre os
aspectos ambientais. Sua causa muitas vezes, tem relação direta e indireta com
a poluição ambiental. A definição de poluição ambiental é muito semelhante
à definição de impacto ambiental, no entanto, um impacto ambiental pode ser
negativo ou positivo, ou seja, ele pode tanto trazer prejuízos como benefícios. Ou
seja, um impacto ambiental é significativo quando este é importante em relação
a outros impactos, que poderiam ser julgados mais como efeitos, ou seja, como
simples consequências de uma modificação induzida pelo homem, sem um valor
econômico (PORTAL DA EDUCAÇÃO, 2013).

14
TÓPICO 2 | DEFINIÇÕES E CONCEITOS

A Lei nº 6.938, de 1981, que trata da Política Nacional de Meio Ambiente,


traz definições sobre: degradação da qualidade ambiental e da poluição, como:
II - degradação da qualidade ambiental, a alteração adversa das
características do meio ambiente; 
III - poluição, a degradação da qualidade ambiental resultante de
atividades que direta ou indiretamente: 
a) prejudiquem a saúde, a segurança e o bem-estar da população; 
b) criem condições adversas às atividades sociais e econômicas; 
c) afetem desfavoravelmente a biota; 
d) afetem as condições estéticas ou sanitárias do meio ambiente; 
e) lancem matérias ou energia em desacordo com os padrões
ambientais estabelecidos (BRASIL, 1981, s.p.).

Devemos observar que a poluição pode ser causada por empreendimentos


que descarreguem no meio ambiente: efluentes, emissões, resíduos ou energia
acima dos padrões ambientais, ou, valores limites estabelecidos. Esses padrões
ambientais estão relacionados ao conceito de capacidade de suporte do meio,
que é o nível de utilização dos recursos naturais que um sistema ambiental ou
um ecossistema pode suportar, para garantira conservação destes. Assim, o
estabelecimento de padrões ambientais visa manter a exploração dos recursos
naturais dentro do limite do meio, não deixando acontecer a degradação ambiental,
e eliminando a necessidade no futuro de recuperaras áreas degradadas.

Voltando aos conceitos, temos aqui que o aspecto ambiental, segundo a


NBR ISO 14001:2004 apud (SÁNCHEZ, 2013, p. 42) é o “elemento das atividades
produtos ou serviços de uma organização que pode interagir com o meio
ambiente”. Já o efeito ambiental é a alteração de um processo natural ou social
decorrente de uma ação humana. Como degradação ambiental tem-se, segundo
Johnson et al. (1997, p. 583-584) apud Sánches, (2013 p. 26), “é geralmente uma
redução percebida das condições naturais ou do estado de um ambiente, sempre
causado por um ser humano, processos naturais não degradam o meio ambiente,
apenas causam mudanças”. A recuperação ambiental é a aplicação de técnicas
visando fazer com que um ambiente deteriorado possa ter uma nova utilização
produtiva e sustentável. Já o diagnóstico ambiental são os levantamentos das
condições ambientais da área em estudo na data presente. Já a avaliação do
impacto ambiental é o processo de verificação das consequências futuras de uma
intenção de ação ou ação presente. A ecologia, tão mencionada em textos, é o
estudo do “lugar onde se vive”, ou as relações dos organismos entre si e com seu
ambiente.

Como você já percebeu, a atividade humana é quem gera poluente e o


impacto ambiental, tendo a indústria como principal fonte. Segundo Sousa (2017)
esta elimina os resíduos de três formas:

1- Na água: geralmente, no corpo hídrico que abastece cidades, sem o devido


tratamento, por ser a forma mais barata.
2- Na atmosfera: No estado gasoso sem a utilização dos devidos filtros.

15
UNIDADE 1 | GERENCIAMENTO AMBIENTAL

3- Em áreas isoladas: que podem ser os lixões ou aterros sanitários a diferença


entre um e outro irá depender se o lixo tem sua separação ou se é assistido para
ter o isolamento adequado conforme sua classificação.

Em sua classificação, Sousa (2017) define os tipos de resíduos como:

Resíduos tóxicos: sua periculosidade está na questão de que dependendo


de suas concentrações, podem provocar a morte de seres ou reações adversas
nos organismos vivos. Como exemplos de geradores desses poluentes têm-se as
indústrias produtoras de resíduos de cianetos, cromo, chumbo e fenóis.

Resíduos minerais: apesar de serem estáveis, as substâncias químicas


minerais têm a condição de alterar as condições físico-químicas e biológicas do
meio ambiente. Como as indústrias mineradoras, metalúrgicas, refinarias de
petróleo entre outras.

FIGURA 2 – DERRAMAMENTO DE PETRÓLEO

FONTE: Disponível em: <http://pt.wikipedia.org/wiki/Ficheiro:Oil-


spill.jpg>. Acesso em: 10 ago. 2017.

Resíduos orgânicos: os esgotos domésticos são as principais fontes desses


poluentes, assim como os frigoríficos, laticínios etc. Esses resíduos são as matérias
orgânicas que entram em decomposição em contato com o meio ambiente.
 
Resíduos mistos: são resíduos provenientes de associações de produtos
químicos e biológicos e podem ter como exemplo de produtores as indústrias
têxteis, papel ou borracha e lavanderias.

Resíduos atômicos: são poluentes que contêm isótopos radioativos, o


chamado lixo atômico, capazes de emitir radiações ionizantes, altamente danosas
e até mortais às formas vivas.

16
TÓPICO 2 | DEFINIÇÕES E CONCEITOS

de
autoativida

Vamos fazer uma pausa e recordar os conceitos ambientais. Relacione os


conceitos com suas respectivas expressões:

1 - Aspecto ambiental ( ) Estudo do lugar onde se vive.


( ) Levantamento das condições ambientais da área em
2 - Diagnóstico ambiental estudo.
( ) É qualquer alteração provocada no meio ambiente.
3 – Ecologia ( ) Princípios desenvolvidos pela sociedade e governantes
para regulamentar, modificações de uso, controle,
4 - Política ambiental proteção e conservação do meio ambiente.
( ) Elemento das atividades, produtos ou serviços de uma
5 - Impacto ambiental organização que pode interagir com o meio ambiente.
( ) Qualquer alteração das propriedades físicas, químicas
6 – Poluição e biológicas do meio ambiente, causadas por qualquer
forma de matéria ou energia resultante das atividades
humanas.

DICAS

O crescimento das nações, com a contínua exploração do sistema natural


que as sustenta, ao mesmo tempo em que lhe provém de insumos na sua transformação
para produto acabado, gera resíduos que impactam no meio ambiente. Assista ao vídeo
denominado “Formas de consumo que estão mudando o mundo”:
Disponível em: <www.youtube.com/watch?v=ZYBcM6bwleU>.

Vejamos mais alguns conceitos importantes para darmos continuidade


aos nossos estudos: o que é conservação e preservação ambiental?

Esses conceitos são de duas atitudes filosóficas daqueles que se preocupam


com meio ambiente: os que lutam pela conservação e aqueles que apoiam a
preservação ambiental. O preservacionismo, segundo Lima (2008), é a corrente
que defende que abordar a proteção da natureza independentemente de seu valor
econômico ou utilitário, aponta o homem como o causador desequilíbrio ambiental.
Essa visão possui caráter protetor, propõe a criação de santuários intocáveis, que
não devem ter a interferência dos avanços do progresso e as degradações advindas
desta ação. Para essa corrente, tocar, explorar, consumir e, muitas vezes, até
pesquisar, são atitudes contrárias a esse pensamento, sendo os radicais e grupos,
responsáveis pela criação de parques nacionais. Para os conservacionistas, o amor
à natureza deve estar aliado ao manejo racional e criterioso pelo próprio homem,
é um conceito intermediário entre o preservacionismo e o desenvolvimentismo,
17
UNIDADE 1 | GERENCIAMENTO AMBIENTAL

e hoje, constituem a maior parte dos movimentos ambientais. E onde ancoram as


políticas sustentáveis na busca de modelos de desenvolvimento que garantam
qualidade de vida sem destruir os recursos naturais tão necessários a todas as
gerações.

Entre o preservacionismo e o desenvolvimentismo, caracteriza-se a


maioria dos movimentos ambientalistas. O pensamento preservacionista tem
como premissa a política de desenvolvimento sustentável baseado na qualidade
de vida, desde que não destrua os recursos necessários às futuras gerações, reduza
o uso de matérias-primas e energias renováveis, bem como reduza o crescimento
populacional, combata à fome, estimule mudanças na maneira de consumo,
busque a equidade social, respeito à biodiversidade e inclusão de políticas
ambientais no processo de tomada de decisões econômicas, são estes alguns de
seus princípios. Essa corrente tem como filosofia destinar áreas de preservação,
como os ecossistemas frágeis, com um grande número de espécies endêmicas e/
ou em extinção (LIMA, 2008).

2.1 DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVEL


Em 1987, o desenvolvimento do relatório “Nosso Futuro Comum”, também
conhecido como Relatório Brundtland, apresentou um debate sobre a interligação
entre as questões ambientais e o desenvolvimento. Deixou claro que o crescimento
econômico, sem melhorar a qualidade de vida das pessoas e das sociedades,
não deve ser considerado desenvolvimento e que todo desenvolvimento pode
ser alcançado sem destruir os recursos naturais. A definição conforme a WWF
(2017, s.p.) é de “que o desenvolvimento sustentável é o desenvolvimento capaz
de suprir as necessidades da geração atual, sem comprometer a capacidade de
atender às necessidades das futuras gerações. É o desenvolvimento que não esgota
os recursos para o futuro”. Lembrando que essa definição surgiu na Comissão
Mundial sobre Meio Ambiente e Desenvolvimento, criada pelas Nações Unidas
para discutir e propor meios de harmonizar dois objetivos: o desenvolvimento
econômico e a conservação ambiental. Os conceitos-chave do desenvolvimento
sustentável,conforme Ruppenthal (2014, p. 33) são:

• As necessidades essenciais dos pobres no mundo devem receber a


máxima prioridade.
• A noção das limitações que o estágio da tecnologia e da organização
social impõe ao meio ambiente, impedindo-o de atender às
necessidades presentes e futuras.O desenvolvimento sustentável
requer o aperfeiçoamento dos sistemas:
• Sistema político com efetiva participação dos cidadãos no processo
decisório estimulando a atuação responsável.
• Sistema econômico capaz de gerar excedentes e conhecimentos
técnicos em bases confiáveis possibilitando o desenvolvimento sem
degradação.
• Sistema social capaz de resolver as tensões causadas por um
desenvolvimento desequilibrado e que estabeleça critérios para o
crescimento populacional.

18
TÓPICO 2 | DEFINIÇÕES E CONCEITOS

• Sistema de produção que preserve a base da origem dos recursos


naturais com aproveitamento mais eficiente desses e dos resíduos
gerados.
• Sistema tecnológico que busque continuamente novas soluções
voltadas para a ecoeficiência dos processos e dos produtos.
• Sistema internacional que estimule padrões sustentáveis de comércio
e financiamento, gerando vantagens para a empresa.
• Sistema administrativo flexível e capaz de se autoavaliar em um
processo de melhoria contínua.
A interligação dos sistemas cria um tripé que apoia o desenvolvimento
sustentável, adotando medidas que envolvam o poder público, a
iniciativa privada e a sociedade.

De acordo com o Relatório Brundtland apud ONUBR (2017), as medidas


que devem ser tomadas pelos países para promover o desenvolvimento
sustentável, são:

• Limitar o crescimento populacional.


• Garantir recursos básicos (água, alimentos, energia) em longo prazo.
• Preservar a biodiversidade e dos ecossistemas.
• Diminuir o consumo de energia e desenvolvimento de tecnologias
com uso de fontes energéticas renováveis.
• Atender às necessidades básicas (saúde, escola, moradia).
• Aumentar a produção industrial nos países não industrializados
com base em tecnologias ecologicamente adaptadas.
• Controlar a urbanização desordenada e integração maior entre
campo e cidades.

Segundo Ruppenthal (2014), o desenvolvimento sustentável deve ser


conduzido pelas lideranças de uma empresa para produzir, sem degradar, o meio
ambiente, estendendo essa cultura a todos os níveis da organização. Precisa-se
formalizar um processo de identificação do impacto da produção da empresa
no meio ambiente resultando em um projeto que alia produção e preservação
ambiental, com uso de tecnologia adaptada a esse preceito. As possíveis medidas
para a implantação de um programa de desenvolvimento sustentável nas mais
variadas áreas, são:

• Uso de novos materiais na construção.


• Reestruturação da distribuição de zonas residenciais e industriais.
• Aproveitamento e consumo de fontes alternativas de energia, como
a solar, a eólica e a geotérmica.
• Reciclagem de materiais reaproveitáveis.
• Consumo racional de água e de alimentos.
• Redução do uso de produtos químicos prejudiciais à saúde na
produção de alimentos (AMBIENTAL BRASIL, 2017, s.p.).

2.2 AGENDA 21
Desenvolvida na Conferência Rio-92, a Agenda 21 é um documento que
estabeleceu a cada país o compromisso de refletir, global e localmente, sobre
a forma pela qual governos, empresas, organizações não governamentais e
todos os setores da sociedade pudessem cooperar no estudo de soluções para
19
UNIDADE 1 | GERENCIAMENTO AMBIENTAL

os problemas socioambientais. Buscou reunir e articular propostas para iniciar


a transição de modelos de desenvolvimento convencionais para modelos
de sociedades sustentáveis. Logo, é um programa de ação traduzido num
documento consensual de mais de 500 páginas para o qual contribuíram governos
e instituições da sociedade civil de 179 países. Os temas fundamentais da Agenda
21 estão tratados em41 capítulos organizados em quatro seções:

I – Dimensões sociais e econômicas – aborda os problemas ambientais


sobre o ponto de vista social, isto é, relacionados ao modelo de
produção e consumo, considerando o crescimento populacional, as
formas de uso e ocupação do solo e as consequências na saúde humana
do modelo predatório adotado.
II – Conservação e gestão dos recursos para o desenvolvimento –
enfoca os recursos naturais (ar, florestas, água, solo e biodiversidade)
apontado a necessidade de definição de critérios para a sua utilização,
de forma a assegurar sua preservação para as gerações futuras.
III – Fortalecimento do papel dos principais grupos sociais – conceito
de grupos em desvantagem e suas estratégias de sobrevivência,
ressaltando o papel dos governos locais, universidades e institutos
de pesquisa como parceiros indispensáveis para o processo de
empoderamento desses grupos.
IV – Meios de implementação – indicam recursos materiais, humanos
e mecanismos de financiamento existentes a serem criados, com ênfase
à cooperação entre nações, instituições e diferentes segmentos sociais
(RUPPENTHAL, 2014, p. 36).

2.3 AGENDA 21 LOCAL


A Agenda 21 é flexível e pode ser elaborada para o país como um todo,
para regiões específicas, estados e municípios. A maneira mais utilizada no
Brasil vem sendo a de realizá-la por municípios. Não há uma obrigatoriedade de
seguir algum modelo para a construção das agendas. A Agenda 21 local é um
planejamento participativo de uma determinada localização na qual desenvolve-
se um fórum da Agenda 21 com representações de cidadãos locais e poder público.

DICAS

Ficou curioso, quer saber mais? Acesse a Agenda 21.Disponível em:<http://


www.mma.gov.br/responsabilidadesocioambiental/agenda-21/agenda-21-global>.

20
TÓPICO 2 | DEFINIÇÕES E CONCEITOS

“O fórum é responsável pela construção de um plano local de


desenvolvimento sustentável, que define as prioridades locais por meio de
projetos e ações de curto, médio e longo prazos. No fórum são, também, definidos
os meios de implementação e as responsabilidades do governo e dos demais
setores da sociedade local na implementação, acompanhamento e revisão desses
projetos e ações” (MMA, 2017, s.p.). Os princípios da Agenda 21 local são:

• Participação e cidadania.
• Respeito às comunidades e diferenças culturais.
• Integração.
• Melhoria do padrão de vida das comunidades.
• Diminuição das desigualdades sociais.
• Mudanças de mentalidade.

de
autoativida

Verifique junto ao seu município se a sua região ou cidade possui a Agenda 21


e quais são as propostas e se já foram realizadas algumas delas.

2.4 SISTEMAS DE GESTÃO AMBIENTAL


Agora vamos falar dos sistemas de gestão ambiental, orientação
importante para empresa melhorar o gerenciamento das suas atividades na
questão ambiental e que é confirmado por Ruppenthal (2014, p. 41):

como um conjunto de procedimentos que visa ajudar a organização


empresarial a entender, controlar e diminuir os impactos ambientais de
suas atividades, produtos ou serviços. Está baseado no cumprimento
da legislação ambiental vigente no país e na melhoria contínua do
desempenho ambiental da organização. Possibilita às empresas um
gerenciamento melhor na questão dos impactos ambientais, além
de preocupar-se com atitudes e a cultura da organização em prol do
meio ambiente. Desenvolve um marketing positivo e pode melhorar a
captação de recursos financeiros através do próprio marketing como
na melhoria dos processos internos.

A ISO 14000, certificação reconhecida internacionalmente, é um exemplo


de sistema de Gestão Ambiental com o objetivo de ajudar as empresas em seu
papel de melhorar e auxiliar na preservação do ambiente natural. Sendo uma
certificação reconhecida, possibilita a empresa diferenciar-se de outras que não
possuam a preocupação com meio ambiente, residindo aí um marketing poderoso
com mencionado por Ruppenthal (2014).

21
UNIDADE 1 | GERENCIAMENTO AMBIENTAL

2.5 ISO 14000


As normas da série ISO 14000 foram apresentadas à comunidade
internacional em 1996, tendo como objetivo a criação de um sistema de gestão
ambiental que auxilie as organizações a cumprir os compromissos assumidos
com o meio ambiente e com a probabilidade de certificação (ISO14001)
frente à comunidade em geral. Como processo de certificação é reconhecido
internacionalmente, que diferencia as empresas que se preocupam com o meio
ambiente e asseguram tal procedimento daquelas que só seguem a legislação
ambiental do seu país. A ISO 14000 tem por finalidade desenvolver um sistema
de gestão ambiental ou aperfeiçoar o que a empresa está desenvolvendo. A
melhoria contínua é o processo de aperfeiçoar o sistema de gestão ambiental para
alcançar melhorias no desempenho ambiental total em alinhamento às políticas
da organização.

FIGURA – 3 ISO 14000 E MELHORIA CONTÍNUA

Análise
crítica

Melhoria
contínua

Implementação
e operação
Política
Ambiental

Planejamento

FONTE: Adaptado de Ruppenthal (2014)

A norma ISO 14001 é a única norma do conjunto da ISO 14000, que certifica
ambientalmente uma organização, embora não exija que ela já tenha atingido o
melhor desempenho ambiental possível. A norma ISO 14004 é um guia para o
estabelecimento e implementação de seu Sistema de Gestão Ambiental – SGA e
não enseja certificação.

A principal característica das empresas que buscam a certificação com a


ISO 14001 é a busca de melhores processos produtivos para diminuir os impactos
ao meio ambiente. Os impactos ambientais são levantamentos das atividades da
empresa, etapa essa necessária para a melhoria dos processos, e consequentemente
para a certificação ambiental. A NBR ISO 14001 define o aspecto ambiental como
elemento das atividades, produtos e serviços de uma organização, que possam
interagir com o meio ambiente. O aspecto pode estar relacionado a uma máquina
ou equipamento, assim como, a uma atividade executada por ela ou por alguém

22
TÓPICO 2 | DEFINIÇÕES E CONCEITOS

que produza ou apresente a possibilidade de fazer algum efeito sobre o meio


ambiente. A NBR ISO 14001 prioriza o levantamento dos aspectos ambientais
significativos, já que os aspectos envolvidos em um processo são muitos. Aspecto
ambiental significativo é aquele que tem um impacto ambiental considerável no
ambiente, podendo ser positivo ou negativo (ABNT NBR ISO 14001,2015).

O que mudou na NBR14001 de 2004 para a revisão de 2015? Podemos


verificar, em seguida, o documento original publicado em outubro de 2015 em
que demonstra, na estrutura sublinhada, o que foi modificado ou acrescentado à
norma:

FIGURA 4 – ESTRUTURA DA ISO 14001:2015

FONTE: Disponível em: <http://www.youblisher.com/p/1201229-FIESP-DEPARTAMENTO-DE-


MEIO-AMBIENTE/>. Acesso em: 2 jun. 2017.

DICAS

Esta é a versão oficial, mas o que mudou efetivamente na ISO14001: 2015?


Lembre-se de que o prazo para empresas que possuem para adequar a ISO 14001 é de três
anos desde a publicação da nova versão em setembro de 2015.

23
UNIDADE 1 | GERENCIAMENTO AMBIENTAL

Como vimos na figura a seguir, o princípio básico de um SGA é o ciclo de


planejar, executar, verificar e agir (plan, do, check, action–PDCA), que permite que
as organizações busquem a melhoria contínua de seu sistema de gestão. O ciclo
PDCA tem como objetivos em cada parte: o planejar (plan),estabelecendo objetivos
e processos necessários para atingir os resultados, como suporte na política da
organização, o executar (do) que é colocar em prática o que foi planejado, verificar
(check),avaliar e medir os processos em conformidade com a política, incluindo
objetivos, metas, requisitos legais e compromissos assumidos pela organização e
o agir (action) que é implementar ações necessárias para melhorar continuamente
o desempenho do sistema de gestão (FIESP, 2015, p. 6).

FIGURA 5 – CICLO DE MELHORIA CONTÍNUA

FONTE: Disponível em: <http://www.youblisher.com/p/1201229-FIESP-


DEPARTAMENTO-DE-MEIO-AMBIENTE/>. Acesso em: 02 jun.
2017.

Quando o SGA é implementado, conforme a ISO 14001, dá o direito à


obtenção de certificação pela empresa, após auditoria por organismo certificador
acreditado (pela ABNT). Se as empresas se preocupam em obter a certificação
da ISO 14001 é devido a demanda de mercado, pois mostra sua preocupação
com práticas sustentáveis e padrões internacionais de gestão ambiental. A
ISO 14001 também permite a integração com os demais sistemas de gestão já
implementados pela empresa ou que serão implementados, como, o sistema de
gestão da qualidade, ISO 9001.

Verificando a revisão da norma ISO 14001, também se observou que foram


utilizados os resultados do estudo da ISO/TC 207 SC 1 – Future challenges for SEM
(Desafios futuros para os Sistemas de Gestão Ambiental) para sua composição.

24
TÓPICO 2 | DEFINIÇÕES E CONCEITOS

Seguem as principais mudanças que estão relacionadas conforme apresenta


FIESP (2015, p.7):

• Ao entendimento do contexto da organização, às necessidades e às


expectativas das partes interessadas.
• À consideração de uma perspectiva de ciclo de vida.
• À ênfase em uma abordagem de riscos.
• À liderança como papel central para o alcance dos objetivos do
sistema de gestão.
• Ao destaque para o fortalecimento do desempenho ambiental da
organização, por meio da melhoria contínua do Sistema de Gestão
Ambiental.

No quadro a seguir temos uma comparação entre as modificações na


estrutura das versões 2004 para 2015 de forma simplificada:

QUADRO 1 – COMPARAÇÃO ENTRE AS MODIFICAÇÕES NA VERSÕES 2004 PARA 2015

Estrutura de alto Nível – Anexo SL Estrutura ISO 14001:2004


Introdução Introdução
1. Escopo 1. Escopo
2. Referências normativas 2. Referências normativas
3. Termos e definições 3. Termos e definições
4. Requisitos do Sistema de
4. Contexto da organização
Gestão Ambiental
5. Liderança –
6. Planejamento –
7. Apoio –
8. Operação –
9. Avaliação de desempenho –
10. Melhoria –
FONTE: Adaptado de FIESP (2015)

DICAS

Se você quiser, pode encontrar o diferencial entre a estrutura da norma ISO


14001:2015 e da ISO 14001:2004 em FIESP 2015, na página 15, no endereço disponível em:
<http://www.youblisher.com/p/1201229-FIESP-DEPARTAMENTO-DE-MEIO-AMBIENTE/>.

25
UNIDADE 1 | GERENCIAMENTO AMBIENTAL

2.6 CONTEXTO DA ORGANIZAÇÃO


Você percebe na Figura 4, que as modificações começaram a ser
apresentadas no item 4, da nova estrutura da ISO14001:2015, no contexto das
organizações. E dizem respeito à organização e o contexto em que a empresa está
inserida, ou seja, o ambiente em que se faz presente, como a empresa reagem no
contexto competitivo do setor em que atua, conforme a sua disponibilidade de
recursos e etc.

Conforme FIESP (2015 p. 8):

A organização deverá estabelecer fatores internos e externos relevantes


para seu negócio, os quais podem afetar a habilidade de atingir
resultados esperados do Sistema de Gestão. Desta forma, a organização
pode se concentrar em questões estrategicamente relevantes para o
negócio, a fim de desenvolver um sistema de gestão ambiental eficaz.
Além disso, deverá identificar as partes interessadas (clientes, governo,
fornecedores, empregados, organizações não governamentais etc.) e
especificar aquelas que são relevantes para a organização, entendendo
suas necessidades e expectativas. Dentre as necessidades e expectativas
das principais partes interessadas da organização, é preciso definir
quais são relevantes e, dentre estas, quais serão adotadas. Todo o
processo de entendimento da organização e do seu contexto resultará
em um conhecimento que será base para a definição do escopo do
sistema de gestão, bem como orientar a implementação, a manutenção
e o processo de melhoria contínua do Sistema de Gestão. As grandes
organizações, ao desenvolverem suas estratégias de sustentabilidade,
já fazem o levantamento das necessidades e expectativas de suas partes
interessadas relevantes. Desta forma, este conhecimento também pode
ser utilizado no planejamento do SGA.

Nas pequenas empresas propõe-se desenvolver os processos de maneira


simplificada com a identificação e priorização das necessidades e expectativas de
suas partes interessadas e relevantes.

2.7 LIDERANÇA
Na questão Liderança e Comprometimento, a alta direção terá um papel
fundamental na implementação do SGA para fortalecer a integração da gestão
ambiental (estratégico) e a estratégia de negócios da organização (operacional). O
objetivo é desencadear o ordenamento dos entre os objetivos gerais do negócio,
os objetivos ambientais e de sustentabilidade, agregando valor e melhorando a
eficiência dos processos. Ou seja, a alta direção necessita garantir que as ações
necessárias sejam tomadas para que o sistema de gestão ambiental alcance os
resultados esperados.

No requisito de compromisso com a política, a versão ISO 14001:2015


especifica três atitudes principais que devem estar presentes na política ambiental
da organização sendo elas: proteção ao meio ambiente, atendimento aos requisitos

26
TÓPICO 2 | DEFINIÇÕES E CONCEITOS

legais e outros requisitos que a empresa seja responsável e o fortalecimento do


seu desempenho ambiental. A nova mudança-chave é que a política ambiental da
organização deverá conter um compromisso com a “proteção do meio ambiente”,
incluindo a prevenção da poluição e outros temas relevantes relacionados ao
contexto da organização. Esta nova preocupação surge porque as organizações são
cada vez mais afetadas pelo ambiente onde estão em função da disponibilidade
de recursos, a qualidade do ar e da água e aos impactos associados à mudança
climática etc. Segundo a FIESP (2015, p. 10):

O compromisso da organização com a proteção do meio ambiente está


relacionado com sua própria competitividade e com a sustentabilidade
do negócio ao longo do tempo.Como a organização irá se comprometer
com a proteção do meio ambiente dependerá de suas atividades, bens
e serviços, sua localização e do contexto em que está inserida.

2.8 PLANEJAMENTO
Na questão do planejamento a organização deve projetar quais são os
aspectos do meio ambiente que ela deverá agir, nos requisitos legais e outros
requisitos, ou seja, a organização irá avaliar seus processos e identificar os aspectos
ambientais que ela possa controlar ou influenciar em função da perspectiva
do ciclo de vida, no requisito matéria-prima, desenvolvimentos, produção,
distribuição, uso e destino final.

Você pode verificar que a organização deverá definir quais são os


significativos e propor formas de controle, não esquecendo de determinar os
requisitos legais e outros requisitos, identificando aqueles que se relacionam
aos seus aspectos ambientais, riscos e oportunidades necessários ao alcance dos
resultados.

Você sabe que os riscos e as oportunidades da organização estão


relacionados aos exemplos de requisitos legais e outros requisitos como:

• Os requisitos legais relacionados aos aspectos ambientais da organização são:

a. Leis e regulações.
b. Condicionantes de licenças etc.

• Requisitos de partes interessadas, os quais a organização deve ou escolhe


adotar:

a. Acordos com órgãos públicos ou clientes.


b. Princípios voluntários ou códigos de conduta.
c. Rótulos ou compromissos ambientais voluntários etc.

• Aspectos ambientais.
• Requisitos legais e outros requisitos.

27
UNIDADE 1 | GERENCIAMENTO AMBIENTAL

• Outros fatores externos e internos relacionados ao contexto da organização e


os requisitos relevantes das partes interessadas.

Neste aspecto não é necessário que a organização implemente um processo


formal de gestão de riscos, e sim que no objetivo do planejamento considere a
abordagem baseada em riscos, agindo preventivamente, antecipando possíveis
cenários e consequências indesejáveis.

Você percebeu que estamos falando sobre cada item da ISO 14001,
dando ênfase a cada tópico modificado conforme a Figura 4. Neste item, apoio,
o diferencial da versão de 2004 é que traz o item Comunicação com uma outra
subdivisão, ou seja, dividindo em Comunicação interna e Comunicação externa,
e mencionando que as organizações devem estabelecer, implementar e manter
esse processo com explicitação do que irão comunicar, como, quando, e a quem
(FIESP, 2015).

2.9 OPERAÇÃO
Neste item o planejamento e controle operacional dos processos devem ser
os mais explicados para atender o sistema de gestão ambiental. Com um olhar no
ciclo de vida dos produtos e serviços, com pleno controle também dos processos
terceirizados, especificados pelo sistema de gestão ambiental da organização e
que, conforme Fiesp (2015, p. 12): “prevê a gestão das mudanças planejadas ou
não planejadas, é endereçada no subitem Controle e planejamento operacional,
bem como em outros requisitos da norma, para que a organização possa antecipar
ações de mitigação de possíveis efeitos adversos, se necessário, de forma a não
prejudicar os resultados pretendidos pelo SGA.”

2.10 AVALIAÇÃO DE DESEMPENHO E MELHORIA


Na ISO 14001: 2015 a avaliação do desempenho é um novo item, que
agrega de 2004, o monitoramento, medição, auditoria interna e análise crítica.

Aqui, neste item tem-se maior ênfase que o fortalecimento do desempenho


ambiental é um dos resultados esperados com a implementação do SGA, em que a
organização deverá demonstrar, por meio de critérios e indicadores apropriados,
que conseguiu melhorar o seu desempenho ambiental.

Outra observação para a ISO 14001:2015 e que nesta versão tem-se a


preocupação com a prevenção como elemento central de forma implícita nos
subitens: 4.1 – Entender a organização e seu contexto, e no subitem: 6.1 – Ações
para endereçar riscos e oportunidades. A gestão de mudanças, que possui o foco
em prevenção, também está implícita em vários requisitos da versão 2015, por
exemplo: Aspectos ambientais (6.1.2), Comunicação interna (7.4.2), Controle
operacional (8.1) e Análise pela administração (9.3).
28
TÓPICO 2 | DEFINIÇÕES E CONCEITOS

2.11 AUDITORIA AMBIENTAL


As auditorias ambientais são definidas como procedimentos sistemáticos,
através das quais a organização irá avaliar sua adequação a critérios ambientais
(ISO 14001, EMAS–Sistema Comunitário de Ecogestão e Auditoria). É uma
ferramenta importante para a verificação e fiscalização das empresas e uma
avaliação de seus sistemas de gestão. Desenvolvida pela família: NBR ISO
19011:2012, que trata das diretrizes para auditoria de sistemas de gestão e a NBR
ISO 19015:2003, que trata da Avaliação Ambiental de Locais e Organizações –
AALO. Essas normas verificam o desempenho dos equipamentos instalados,
buscando fiscalizar e limitar o impacto de suas atividades sobre o meio ambiente.
É realizada por uma equipe multidisciplinar de auditores especializados nos
campos contábil, financeiro, econômico e ambiental. Deve ser independente,
sistemática, periódica, documentada e objetiva. As normas sobre auditoria
ambiental fornecem os princípios comuns gerais e os procedimentos para a
condução de auditorias ambientais incluindo os critérios para qualificação de
auditores ambientais.

As auditorias ambientais podem variar dependendo do seu âmbito de


aplicação, podem ser como aquelas realizadas por órgãos fiscalizadores, entidades
de controle externo (Tribunal de Contas da União – TCU ou auditorias gerais)
e empresas privadas. As auditorias de órgãos fiscalizadores seguem normas
específicas de acordo com a legislação pertinente (municipal, estadual ou federal
ou do próprio órgão fiscalizador). As auditorias são fiscalizadoras das atividades
em relação ao atendimento da legislação ambiental na concessão de licenças,
verificação do cumprimento aos condicionantes do processo de licenciamento,
quantificação e qualificação de danos, atendimento a demandas e cronogramas de
fiscalização estabelecidos por lei, além de apurar denúncias (CAMPOS; LERÍPIO,
2009).

2.12 AVALIAÇÃO DE DESEMPENHO


E de que forma podemos medir o desempenho do sistema de gestão
ambiental nas organizações?

De acordo com a ABNT NBR ISO 14001:2004 e 2015, o desempenho


ambiental corresponde na medida dos resultados da gestão de uma organização
sobre os aspectos ambientais. No sistema da gestão ambiental, os resultados
podem ser medidos com base na política ambiental, objetivos ambientais e metas
ambientais da organização e outros requisitos de desempenho ambiental.

A necessidade de parâmetros sérios para a medida do desempenho


ambiental pode ser verificada na norma NBR ISO 14031:2015, que traz indicadores
de desempenho ambiental para avaliar as organizações e traçar um paralelo com
os critérios do sistema de gestão ambiental (SGA) da empresa.

29
UNIDADE 1 | GERENCIAMENTO AMBIENTAL

3 AVALIAÇÃO DE IMPACTOS AMBIENTAIS – AIA


Para falar sobre a avaliação de impacto ambiental, vamos recordar
de alguns conceitos: para meio ambiente inclui-se aí objetos materiais e seu
meio, assim como as relações, condições e limites que devem ser conhecidos e
interpretados pela sociedade. O ambiente natural engloba fatores bióticos (meio
biológico), fatores abióticos (meio físico) e o ambiente antrópico (relações sociais,
econômicas e culturais). Aspectos ambientais são entendidos como elementos
das atividades ou produtos ou serviços de uma organização que podem interagir
com o meio ambiente. (ABNT ISO 14001:2015). Impactos ambientais são as
alterações induzidas pelas atividades humanas. O impacto deve ser entendido
como uma alteração no valor de um determinado parâmetro ambiental ao longo
do tempo, com relação ao seu valor, caso nenhuma atividade humana tivesse sido
realizada (ABNT ISO 14001:2015). O impacto ambiental, segundo o CONAMA –
Conselho Nacional do Meio Ambiente na Resolução 001/1986, em seu Artigo 1,
inclui, tanto as alterações negativas ou adversas como positivas ou benéficas, em
consequência das ações de determinado projeto ou empreendimento. Também,
qualquer alteração das propriedades físicas, químicas e biológicas do meio
ambiente, causada por qualquer forma de matéria ou energia, resultante das
atividades humanas, que direta ou indiretamente, afetam a saúde, a segurança
e o bem-estar da população nas atividades sociais e econômicas. As condições
estéticas e sanitárias do meio ambiente e a qualidade dos recursos ambientais
estão atreladas ao ponto de vista legal.

FIGURA 6 – RELAÇÃO ENTRE POLUIÇÃO E IMPACTOS AMBIENTAIS

Respiração
Atmosfera Absorção
animal

Emissão

Vida animal Vegetação

Fonte
Poluidora

Despejo Infiltração Micro-


organismos

Deposição
Água Solo

FONTE: Adaptado de Adissi, Pinheiro e Cardoso (2012)

30
TÓPICO 2 | DEFINIÇÕES E CONCEITOS

É necessário lembrar que impacto ambiental e poluição ambiental não


advêm somente da liberação de energia prejudicial e de materiais, também podem
vir de fatores de sociais ou culturais e ainda assumir posições benéficas. De que
forma? Se pensarmos que:

Poluição é uma grandeza física, por meio de fluxos de matéria e


energia, que podem promover alterações das propriedades químicas,
físicas e biológicas do meio ambiente (conotação negativa ou adversa).
Os tipos de poluição são oriundos do elemento natural atingido. O ar é
poluído por emissões de gases e poeiras. A água é poluída por despejo
de efluentes. E o solo é poluído por deposição de resíduos (sólidos
ou líquidos). Movimentos naturais como intempéries, transformações
químicas ou ações biológicas fazem com que o agente poluidor seja
propagado, anulado ou potencializado (RUPPENTHAL, 2014, p. 56).

3.1 A REALIZAÇÃO DO AIA


Como a avaliação do impacto ambiental é um processo formal para
identificar efeitos esperados de atividades ou projetos no ambiente (interpretado
pelos componentes físico, biológico e social) e utiliza meios e medidas de mitigar
e monitorar estes impactos.

UNI

Você sabe o que é mitigação?


É a implementação de medidas desenhadas para reduzir os efeitos indesejáveis de
uma ação proposta sobre o ambiente.

3.1.1 Como fazer um AIA?


A fase 1, ou inicial, que deve compreender as atividades propostas, a
categorização, condução e a avaliação preliminar (só passamos para a fase 2 do
processo AIA se a fase 1 indicar que um estudo completo AIA se faz necessário).

Na fase 2, ou de estudo completo, ou o EIA (Estudo de Impacto


Ambiental) tem-se um esforço muito mais completo e significativo comparado
coma avaliação preliminar. Ele só é desenvolvido para atividades as quais uma
avaliação preliminar mostra que há prováveis impactos significativos.

No estudo completo temos que definir o escopo, avaliar a situação de base,


identificar e escolher alternativas, identificar e caracterizar os impactos potenciais
das atividades propostas e cada alternativa, desenvolver o plano de mitigação e
monitoramento, comunicar e documentar.
31
UNIDADE 1 | GERENCIAMENTO AMBIENTAL

O AIA é um instrumento da Política Nacional do Meio Ambiente, de


grande importância para a gestão institucional de planos, programas e projetos,
em nível federal, estadual e municipal e para a consecução desse objetivo, a Lei
6.938/81 prevê a Avaliação de Impacto Ambiental – AIA e outros instrumentos
complementares e inter-relacionados, como por exemplo: o licenciamento e
a revisão de atividades efetivas ou potencialmente poluidoras, que exige a
elaboração de EIA/RIMA e/ou de outros documentos técnicos, os quais constituem
instrumentos básicos de implementação da AIA: como o zoneamento ambiental,
o estabelecimento de padrões de qualidade ambiental e a criação de unidades
de conservação, os cadastros técnicos, os relatórios de qualidade ambiental, as
penalidades, os incentivos à produção entre outros.

Existem outros documentos técnicos necessários ao Licenciamento


Ambiental como o Plano de Controle Ambiental (PCA) que é exigido pela Resolução
CONAMA009/90 para concessão de Licença de Instalação (LI) de atividade de
extração mineral de todas as classes previstas no Decreto-Lei nº 227/67. O PCA
é uma exigência adicional ao EIA/RIMA apresentado na fase anterior (Licença
Prévia – LP). O PCA tem sido exigido por alguns órgãos estaduais de meio
ambiente também para o licenciamento de outros tipos de atividade.

3.1.2 Relatório de Controle Ambiental (RCA)

O Relatório de Controle Ambiental é exigido pela Resolução CONAMA


010/90, quando da dispensa do EIA/RIMA, para a obtenção de Licença Prévia
(LP) de atividade de extração mineral da Classe II, prevista no Decreto-Lei nº
227/67. Tem que ser elaborado de acordo com as diretrizes estabelecidas pelo
órgão ambiental regulador.

3.1.3 Plano de Recuperação de Áreas Degradadas


(PRAD)
O Plano de Recuperação de Áreas Degradadas tem sido mais utilizado para
a recomposição de áreas degradadas pela atividade de mineração. É elaborado
em conformidade com as diretrizes da NBR 13030, da Associação Brasileira de
Normas Técnicas, e outras normas pertinentes.

32
TÓPICO 2 | DEFINIÇÕES E CONCEITOS

3.1.4 Como elaborar o EIA/RIMA


• Informações gerais:

Nome, razão social, endereço etc.


Histórico do empreendimento.
Nacionalidade de origem e das tecnologias.
Porte e tipos de atividades desenvolvidas.
Objetivos e justificativas.

Contexto econômico-social do país, região, estado e município.


Localização geográfica, vias de acesso.
Etapas de implantação.
Empreendimentos associados e/ou similares.

• Caracterização do empreendimento

Para cada uma das fases (planejamento, implantação, operação e


desativação):
Objetivos e justificativas do projeto, sua relação e compatibilidade com
as políticas setoriais, planos e programas governamentais.
A descrição do projeto e suas alternativas tecnológicas e locacionais,
especificando: área de influência, matéria-prima, mão de obra, fontes de energia,
processos e técnica operacionais, prováveis efluentes, emissões, resíduos de
energia, geração de empregos.

• Área de influência (AI)

Limitação geográfica das áreas:


Diretamente afetada e indiretamente afetada.
Sempre considerar a bacia hidrográfica onde se localiza o empreendimento
como unidade básica para a AIA.
Apresentar justificativas para a determinação das AIs.
Ilustrar através de mapeamento.

• Diagnóstico Ambiental da AI

Caracterização atual do ambiente natural, ou seja, antes daí Implantação


do projeto, considerando:
As variáveis suscetíveis de sofrer direta ou indiretamente efeito sem
todas as fases do projeto.
Os fatores ambientais físicos, biológicos e antrópicos de acordo com o
tipo e porte do empreendimento.
Informações cartográficas com as AIs em escalas compatíveis com o
nível de detalhamento dos fatores ambientais considerados.

33
UNIDADE 1 | GERENCIAMENTO AMBIENTAL

Meio físico: subsolo, as águas, o ar e o clima:


Condições meteorológicas e o clima.
Qualidade do ar.
Níveis de ruído.
Caracterização geológica e geomorfológica.
Usos e aptidões dos solos.
Recursos hídricos:
Hidrologia superficial.
Hidrogeologia.
Oceanografia física.
Qualidade das águas.
Usos das águas.

Meio biológico e os ecossistemas naturais fauna e flora:


Ecossistemas terrestres
Descrição da cobertura vegetal
Descrição geral das inter-relações fauna-fauna e fauna-flora
Ecossistemas aquáticos
Mapeamento das populações aquáticas
Identificação de espécies indicadoras biológicas
Ecossistemas de transição como banhados, manguezais, brejos,
pântanos, etc.

Meio antrópico ou socioeconômico;


Dinâmica populacional;
Uso e ocupação do solo;
Nível de vida;
Estrutura produtiva e de serviços;
Organização social (AMORIM, s.d., p. 31).

4 O RIMA
O Relatório de Impacto Ambiental (RIMA), segundo Amorim (s.d.)
o documento que apresenta os resultados dos estudos técnicos e científicos
de AIA. Ele destina-se à comunidade, e deve ser elaborado em linguagem
acessível, ilustrado por mapas, cartas, quadros, gráficos e demais técnicas de
comunicação visual, de modo que as pessoas possam entender, claramente, as
possíveis consequências ambientais do projeto e suas alternativas, comparando
as vantagens e desvantagens de cada uma delas.

Segundo a Resolução do CONAMA, nº 237 (BRASIL, 1986, s. p.), o RIMA


deverá refletir as conclusões do EIA e conter, no mínimo:

1- Objetivos e justificativas do projeto e sua relação com políticas


setoriais e planos governamentais.
2- Descrição e alternativas tecnológicas do projeto (matéria prima,
fontes de energia, resíduos etc.).

34
TÓPICO 2 | DEFINIÇÕES E CONCEITOS

3- Síntese dos diagnósticos ambientais da área de influência do


projeto.
4- Descrição dos prováveis impactos ambientais da implantação
da atividade e dos métodos, técnicas e critérios usados para sua
identificação.
5- Caracterizar a futura qualidade ambiental da área, comparando
as diferentes situações da implementação do projeto, bem como a
possibilidade da não realização do mesmo.
6- Descrição do efeito esperado das medidas mitigadoras em relação
aos impactos negativos e o grau de alteração esperado.
7- Programa de acompanhamento e monitoramento dos impactos.
8- Conclusão e comentários gerais.

Com a possibilidade de se avaliar o impacto ambiental, conseguimos


produzir lado a lado o desenvolvimento econômico e social com proteção e
a melhoria da qualidade ambiental, tendo como objetivo desenvolvimento
sustentável para melhor qualidade de vida.

4.1 QUALIDADE, DEGRADAÇÃO, RECUPERAÇÃO E DANO


AMBIENTAL
Qualidade ambiental é medida com base em indicadores da condição de
um determinado ambiente em relação aos requisitos e necessidades humanas
e de outras espécies. A degradação é uma alteração dos processos, funções
ou componentes ambientais ou, ainda, alteração da qualidade ambiental.
Recuperação ambiental é realizada através da ação humana que devolve a níveis
compatíveis o meio ambiental, quando esse mesmo meio ambiente não consegue
recuperar-se por si só. O dano ambiental segundo Ruppenthal (2014), é uma
lesão aos recursos ambientais caracterizando uma degradação da qualidade do
ambiente protegido por lei.

4.2 ROTULAGEM AMBIENTAL


O que é rotulagem ambiental?

A rotulagem ambiental (selo verde) – Ecolabelling é uma certificação


voluntária fornecida pela ABNT NBR ISO 14020 e ISO14024 de produtos e
serviços que vêm sendo praticados ao redor do mundo. Tem como objetivo a
certificação de produtos/serviços com qualidade ambiental que atesta, por meio
de uma marca colocada no produto ou na embalagem, que determinado produto/
serviço (adequado ao uso) apresenta menor impacto ambiental em relação a
outros produtos semelhantes e disponíveis no mercado e podem ser classificados
com rótulo do tipo I,ou II ou III.

35
UNIDADE 1 | GERENCIAMENTO AMBIENTAL

O surgimento do rótulo ambiental, ou selo verde, mais antigo é o Anjo


Azul e foi criado em 1978, na Alemanha e verifica-se que hoje a maioria dos
alemães, cerca de 85%, segundo Barbieri, (2016), dão preferências a empresas que
possuem alguma rotulagem.

FIGURA 7 – ANJO AZUL

FONTE: Barbieri (2016)

4.2.1 Tipos de rotulagem ambiental


Tipo I NBR ISO 14024: Esta norma estabelece critérios para criação de programa
de rotulagem, tem como objetivo avaliar e demonstrar sua conformidade, além
dos procedimentos de certificação para a concessão do rótulo, tem a intenção
de reduzir o impacto e possui critérios de organização bem como leva em
consideração alguns do ciclo de vida que devem estar definidos.

FIGURA 8 – EXEMPLOS DE RÓTULOS

FONTE: Barbieri (2016)

Tipo II – NBR ISO 14021 – requisitos para autodeclarações ambientais, incluindo


textos, símbolos e gráficos, no que se refere aos produtos. Descreve somente o
aspecto ambiental do seu produto, ou seja, a afirmação da qualidade ambiental
do produto ou serviço, não obriga a realização de uma Análise do Ciclo de Vida
reduz os custos para atender de uma forma rápida às demandas do marketing e
seu texto ou símbolo informa que o produto foi elaborado com certo percentual
de material reciclado ou que o equipamento economiza energia.

36
TÓPICO 2 | DEFINIÇÕES E CONCEITOS

FIGURA 9 – EXEMPLOS DE SÍMBOLOS

FONTE: Barbieri (2016)

Rotulagem tipo III – ISO 14025 – Declarações ambientais do produto possuem


alto grau de complexidade devido à inclusão da ferramenta avaliação do Ciclo de
Vida (ACV).Trata de rótulos voluntários, verificados por terceiros e que avaliam
o ciclo de vida completo do produto. Segundo Ruppenthal (2014, p. 48), “são
considerados os mais sofisticados e complexos quanto a sua implantação, pois
exigem extensos bancos de dados ou inventários para avaliar o produto em todas
as suas etapas, fornecendo a dimensão exata dos impactos que provoca”. Como
é complexa a sua implantação de ferramenta de análise, este tipo de rotulagem
é utilizado apenas entre empresas – business to business. Ele viabiliza a um
importador solicitar o selo ao produtor internacional, sem que esta atitude seja
considerada barreira alfandegária.

Conforme a ABNT (2004), a certificação de um selo ambiental em um


produto segue um roteiro específico: 

• Demanda – classificação em categoria pertinente.


• Pesquisa de critérios no GEN (Global Ecolabelling Network), caso exista faz-se a
adequação, do contrário, é preciso desenvolvê-los.
• Elaboração de procedimentos.
• Certificação.

37
UNIDADE 1 | GERENCIAMENTO AMBIENTAL

FIGURA 10 –TIPOS DE MATERIAIS

FONTE: Barbieri (2016)

UNI

LEMBRE-SE
Que o Rótulo Ecológico ABNT é um programa de rotulagem ambiental (Ecolabelling),
caracterizando-se por ser uma metodologia voluntária de certificação e rotulagem de
desempenho ambiental de produtos ou serviços que vem sendo praticada ao redor do
mundo, sendo um importante mecanismo de implementação de políticas ambientais
dirigida aos consumidores, auxiliando-os na escolha de produtos com impacto ambiental
reduzido.

38
RESUMO DO TÓPICO 2
Neste tópico você aprendeu:

• O que é o desenvolvimento sustentável, como se deve trabalhar a preservação
e conservação ambiental e a identificação dos elementos que apoiam o
desenvolvimento sustentável. Compreendemos os conceitos, a estrutura e os
princípios da Agenda 21.

• As partes que compõem o sistema de gestão ambiental e a contribuição de cada


norma para esse sistema. A apresentação da ISO 14001:2015, com as principais
modificações e implementações, a comparação do SGA atual com os novos
requisitos da ISO 14001, o desenvolvimento de um plano de ação com base na
análise comparativa para atendimento da nova versão da norma.

• Vimos como se avaliam o Impacto Ambiental e o RIMA é o relatório que


apresenta os resultados dos estudos técnicos e científicos do AIA (Avaliação
do Impacto Ambiental), a qualidade ambiental como base em indicadores da
condição de um determinado ambiente em relação aos requisitos e necessidades
humanas e de outras espécies.

• A degradação como alteração dos processos, funções ou componentes


ambientais ou, ainda, alteração da qualidade ambiental. E a recuperação
ambiental realizada através da ação humana, que devolve a níveis compatíveis
o meio ambiental, quando esse mesmo meio ambiente não consegue recuperar-
se por si só.

• Verificamos que a Rotulagem Ambiental ou Ecolabelling é uma certificação


voluntária fornecida pela ABNT NBR ISO 14020 e ISO14024 de produtos e
serviços que têm qualidade ambiental atestada por apresentar menor impacto
ambiental em relação a outros produtos semelhantes e disponíveis nos
mercados.

39
AUTOATIVIDADE

Vamos agora recordar e conceituar cada expressão:

1- Impacto ambiental:

2- Recuperação ambiental:

3- Dano ambiental:

4- Qualidade ambiental

5- Auditorias ambientais:

6- Rotulagem ambiental:

40
UNIDADE 1
TÓPICO 3

DOENÇAS DA CARÊNCIA DE SANEAMENTO

1 INTRODUÇÃO
Segundo o Manual de Saneamento (BRASIL, 2015), saneamento é o
conjunto de ações socioeconômicas que têm por objetivo alcançar níveis de
salubridade ambiental, por meio de abastecimento de água potável, coleta
e disposição sanitária de resíduos sólidos, líquidos e gasosos, promoção da
disciplina sanitária de uso do solo, drenagem urbana, controle de doenças
transmissíveis e demais serviços e obras especializadas, com a finalidade de
proteger e melhorar as condições de vida urbana e rural. Já a OMS (2002, s.p.)
apud BRASIL (2015) define saneamento como “o controle de todos os fatores do
meio físico do homem, que exercem ou podem exercer efeitos deletérios sobre
seu estado de bem-estar físico, mental ou social”.

2 HISTÓRICO DO SANEAMENTO
A preocupação com o saneamento não é de hoje, a importância do
saneamento e da sua associação com a saúde humana remonta às mais antigas
culturas. O saneamento, segundo BRASIL (2015) desenvolveu-se de acordo coma
evolução das diversas civilizações.

Na época das civilizações antigas, a preocupação com ações de natureza


sanitária era relativa ao suprimento e água para consumo humano, irrigação e à
disposição dos efluentes.

Há escritos em ruínas de civilizações na Índia com mais 4000 anos que


foram encontrados em banheiros e esgotos, nas construção e drenagem nas
ruas. O Antigo Testamento Bíblico (ano apud BRASIL, 2015) tem escrito diversas
passagens vinculadas às práticas sanitárias do povo judeu como, por exemplo,
o uso da água para limpeza: “roupas sujas podem levar a doenças como a
escabiose”. Desta forma os poços para abastecimento eram mantidos tampados,
limpos e longe de possíveis fontes de poluição.

No ano 2000 a.C., de tradições médicas, na Índia, recomendava-se que a


água impura deveria ser purificada pela fervura sobre fogo, pelo aquecimento
no sol, mergulhando um ferro em brasa dentro dela ou, ainda, ser purificada por
filtração em areia ou cascalho, e posteriormente resfriada.

41
UNIDADE 1 | GERENCIAMENTO AMBIENTAL

Segundo publicação da Comissão de Serviços de Infraestrutura do Senado


Federal de Saneamento Básico:

“temos resquícios do saneamento básico em toda história da humanidade,


como na:

Idade Antiga até o século V - d.C. onde houve desenvolvimento de técnicas


essenciais como: irrigação, construção de diques, canalizações superficiais e
subterrâneas.

Grécia: as fezes eram enterradas ou as afastavam para longe das residências.

Em Roma, as ruas tinham encanamentos que ligavam a fontes públicas e aos


lares de cidadãos ricos que pagavam pelo privilégio.

Idade Média (século V d.C. ao século XV d.C.) A água era o elemento principal
para o desenvolvimento econômico das rodas d’água para moagem, tecelagem,
tinturaria e curtimento.

Na Idade Moderna (1453 a 1789), desenvolve-se a hidrologia com a metodologia


de medição de velocidades das águas. É estabelecido que os rios, fontes e águas
subterrâneas dependem das chuvas.

Idade Contemporânea (1790 até os dias de hoje), tem–se a revolução


termodinâmica (1764) com a criação da máquina a vapor que acelera o processo
produtivo e causa forte impacto socioeconômico e ambiental. Na França (1829)
há o combate à poluição das águas, em quese previa multa ou prisão àqueles
que atirassem nas águas produtos que provocassem o envenenamento ou
destruição dos peixes.

Na metade do século XIX, inicia-se a implantação de administração e legislação


do saneamento e os estudos de Edwin Chadwick, em 1842, dão início à medicina
preventiva com o fornecimento da base para o desenvolvimento das relações
entre saneamento e saúde.”

Na atualidade temos em torno de 1 bilhão de pessoas que não têm acesso


à água potável. Até meados deste século, 2 bilhões de pessoas sofrerão com a
escassez de água potável, caso não haja adoção de políticas para preservar e
recuperar os recursos hídricos.

Diariamente morrem cerca de 6.000 crianças devido a doenças ligadas à


qualidade da água e deficiência de saneamento, 80% de todas as doenças ainda se
relacionam com a falta de controle adequado da água.

42
TÓPICO 3 | DOENÇAS DA CARÊNCIA DE SANEAMENTO

Podemos concluir que mesmo com os diversos meios de comunicação


existentes e projetos, ainda se observa a falta de divulgação dos conhecimentos
relativos ao de saneamento básico e sua importância em relação à saúde. Em áreas
rurais, a população ainda constrói suas residências sem incluir poço protegido,
fossa séptica, entre outras. Assim sendo, o processo saúde versus doença não deve
ser entendido como uma questão puramente individual e sim como um problema
geral. (BRASIL, 2015)

3 SANEAMENTO NO BRASIL
No Brasil Colônia, período que vai de 1500 até o início do século XIX, pouca
preocupação existiu quanto ao saneamento. O que se verifica são os aquedutos
rurais de água, necessários para a moagem da cana de açúcar e as plantações
de café para a lavagem dos grãos. As vilas em geral eram construídas próximas
de riachos, nascentes e ribeirões de onde podiam extrair a água. O governo da
época não tinha preocupação com o saneamento, tanto que no Rio de Janeiro,
o primeiro aqueduto que transportava água do rio Carioca até um chafariz no
largo da Carioca só foi construído em 1723. Modelo ampliado e posteriormente
adotado em outras cidades do país.

Em 1808, com a vinda da Família Imperial ao Rio de Janeiro, ocorreram
várias transformações nas cidades da colônia. Algumas delas foram os serviços
de infraestrutura, de abastecimento de água e de esgotamento sanitário. Observa-
se que até então o Brasil não obtinha política sanitária relevante alguma nas
políticas públicas.

No decorrer do século XIX, o Brasil passou a incentivar as populações


para se deslocarem das pequenas comunidades rurais para os centros urbanos
em formação, criando condições propícias às doenças epidêmicas. Devido
à falta de saneamento e de infraestrutura urbana o poder público une-se a
empresas privadas para desenvolver um modelo saneamento e, com isso, tem-
se nos maiores centros do país, a delegação de prestação de serviços públicos
a concessionárias estrangeiras, principalmente da Inglaterra, que desenvolvia o
abastecimento de água e o esgotamento sanitário. Todo material, como as caixas
d’água, canalizações, motores e os chafarizes em ferro fundido, técnica e insumos
vinham do estrangeiro.

Essa realidade teve uma modificação somente em 1910, em função das


pressões da sociedade por melhorias na qualidade dos serviços prestados pelas
empresas privadas fazendo com que o estado cobrasse mais destas. Essa situação
permaneceu até parte do século XX, em que todas as concessões foram canceladas
em função da falta de manutenção, ampliação e da baixa qualidade dos serviços
prestados.

43
UNIDADE 1 | GERENCIAMENTO AMBIENTAL

Com o advento da Segunda Guerra Mundial, o Brasil recebe verbas


norte-americanas, que têm interesse em manter a salubridade na exploração dos
materiais econômicos. Em 1950, o SESP começava a assinar convênios com os
municípios para a construção, financiamento e operação de sistemas de água e
esgotos, dando origem aos serviços autárquicos (municipal) no país.

Na década de 1970, o governo federal implementa o Plano Nacional de


Saneamento Básico (PLANASA), buscando diminuir o baixo abastecimento de
água e esgotamento sanitário em função crescimento populacional na década de
1960.

O PLANASA cria as Companhias Estaduais de Saneamento Básico


(CESB), que ao total compõem 26 companhias regionais. Nos anos 80, em função
da extinção do Banco Nacional de habitação, que financiava o PLANASA, esta
entra em declínio. Até a primeira década do século XXI o Brasil ficou sem política
de saneamento definida, sendo que somente em janeiro de 2007 foi promulgada
a Lei Nacional de Saneamento, a Lei nº 11.445/2007, estabelecendo diretrizes
nacionais para o saneamento no Brasil (BRASIL. MMS 2015).

4 DOENÇAS CAUSADAS PELA FALTA DE SANEAMENTO


Vimos pela história, ao logo dos séculos, que o saneamento é extremamente
importante à saúde de uma população e que a sua falta causa inúmeras doenças.
O que pode ser bem expressado pela frase: para cada R$ 1,00 investido no setor de
saneamento, economiza-se R$ 4,00 na área de medicina curativa (BRASIL, 2015).
Saneamento básico é composto pelo tratamento da água, esgoto e lixo.

Quanto à classificação, temos doenças infecciosas relacionadas à água, às


excreções (esgoto), ao lixo, bem como com a habitação.

4.1 DOENÇAS RELACIONADAS COM A ÁGUA


As doenças infecciosas trazidas pela água podem ser de causa química
(agrotóxicos e liberação de efluentes industriais) e microbiano. Estas doenças
têm probabilidade de serem contraídas pelo contato e ingestão de alimentos
contaminados ou pela própria água. Algumas das doenças contraídas pela
ingestão de água contaminada são: hepatite infecciosa, cólera, febre tifoide
e disenteria bacilar. A falta da água na higienização em geral também pode
provocar infecções por piolho, diarreias e infecções oculares (conjuntivites) e de
pele. A melhor maneira de evitá-las é utilizar água tratada ou fervida.

44
TÓPICO 3 | DOENÇAS DA CARÊNCIA DE SANEAMENTO

4.2 DOENÇAS INFECCIOSAS RELACIONADAS COM


EXCRETAS (ESGOTOS)
A doenças infecciosas advindas do esgoto são por: helmintos, vírus,
bactérias e protozoários e as que podem ser contraídas pela contaminação por
esgotos, diretamente pelo contato ou ingestão são: salmonelose, cólera, diarreia,
ascaridíase, teníase, hepatite A e, indiretamente, pelo mosquito contaminado a
cólera. A melhor maneira de evitar é o controle dos locais de multiplicação de
insetos, melhoria das disposições sanitárias, coleta, tratamento, disposição final
e reutilização (irrigação) dos efluentes, fornecimento de água em quantidades e
qualidade adequada para a população e assepsia adequada dos alimentos.

4.3 DOENÇAS INFECCIOSAS RELACIONADAS COM O


LIXO
As infecções relacionadas ao lixo são provenientes da proliferação de
insetos, roedores e chorume. Estes podem causar doenças como a peste bubônica,
leptospirose (por ratos), febres com a dengue (mosquito).

Para evitar as doenças é necessário impossibilitar a proliferação dos


transmissores e isso só será possível com o acondicionamento adequado da fonte
de produção, que deve ser mantida tampada para evitar ratos e insetos, um
sistema de coleta de lixo eficiente, aterros sanitários, compostagem e incineração
adequada.

4.4 DOENÇAS INFECCIOSAS RELACIONADAS COM A


HABITAÇÃO
 As doenças infecciosas relacionadas à habitação são adquiridas em função
da localização inadequada das moradias, da falta de instalações hidrossanitárias e
a proteção da habitação de lixo, água parada, e a própria melhorias nas condições
físicas das casas, rebocando as paredes de barro e sapé, reformando os telhados,
pisos, melhorando a iluminação e ventilação e as condições domiciliares como
galinheiros, cercas, paióis, chiqueiros são medidas relevante para assegurar a
saúde de seus moradores.

45
RESUMO DO TÓPICO 3
Neste tópico você estudou:

• As doenças infecciosas trazidas pela água por causa química (agrotóxicos e


liberação de efluentes industriais) e microbiano.

• A doenças infecciosas advindas do esgoto por contato direto ou por via indireta,
através da picada de mosquito.

• As infecções relacionadas ao lixo que são provenientes da proliferação de


insetos, roedores e chorume.

•   As  doenças infecciosas  relacionadas  à  habitação  adquiridas em função da


localização inadequada das moradias, da falta de instalações hidrossanitárias
e a proteção da habitação de lixo, água parada, e a própria melhoria nas
condições físicas das casas, rebocando as paredes de barro e sapé, reformando
os telhados, pisos, melhorando a iluminação e ventilação e as condições
domiciliares externas.

46
AUTOATIVIDADE

1 Vamos exercitar? Assinale com V ou F as seguintes afirmações e depois


escolha a alternativa correta:

( ) As doenças infecciosas relacionadas ao esgoto são em função da localização


inadequada das moradias.
( ) As doenças infecciosas advindos do esgoto são por helmintos, vírus,
bactérias e protozoários e podem ser contraídas pela contaminação por
esgotos, diretamente pelo contato ou ingestão.
( ) Para cada R$ 1,00 investido no setor de saneamento economizam R$ 4,00
na área de medicina curativa.
( ) As doenças infecciosas trazidas pela água podem ser de causa química
(agrotóxicos e liberação de efluentes industriais) e microbiano.
( ) As infecções relacionadas ao lixo são provenientes da proliferação de
insetos, roedores e chorume.

Assinale a alternativa correta para as escolhas que você fez acima:


a) ( ) V – V – V – F – V.
b) ( ) F – V – F – V – F.
c) ( ) F – V – V – V – V.
d) ( ) V – V – V – V – F.
e) ( ) V – F – V – V – V.

2 Quando iniciaram os serviços de saneamento no Brasil?

47
48
UNIDADE 1
TÓPICO 4

CONDIÇÕES SANITÁRIAS E DE
CONFORTO NOS LOCAIS DE
TRABALHO

1 INTRODUÇÃO
Podemos buscar informações sobre a questão de condições sanitárias e
de conforto nos locais de trabalho através da NR24 (BRASIL, 2017e), que trata
das condições adequadas ao trabalhador para melhores instalações de banheiros,
vestiários, refeitórios, cozinhas e alojamentos. Você deve lembrar que esses
ambientes são áreas onde os trabalhadores (hoje considerados colaboradores)
passam a maior parte de suas vidas, merecendo uma atenção bastante grande
dos órgãos fiscalizadores como o Ministério e Trabalho e Emprego com a criação
cada vez mais das NRs (Normas Regulamentadores) para orientar e promover
uma equalização positiva destes ambientes. Nas próximas linhas em consonância
coma a legislação, você terá um maior conhecimento de como deverá proceder
conforme cada instalação, dentro de uma empresa.

2 INSTALAÇÕES SANITÁRIAS
Todas as instalações sanitárias devem ser separadas por gênero
(masculino e feminino). Todas as áreas destinadas aos sanitários deverão atender
às dimensões mínimas essenciais. A metragem correta para cada sanitário é de 1
metro, por 20 operários em atividade.

As instalações sanitárias deverão ser submetidas a um processo


permanente de higienização, sem quaisquer odores, durante toda a jornada de
trabalho.
 
Os vasos sanitários deverão ser sifonados e possuir caixa de descarga
automática externa de ferro fundido, material plástico ou fibrocimento.
 
Os chuveiros poderão ser de metal ou de plástico, e deverão ser
comandados por registros de metal a meia altura na parede.
 
É exigido pela NR 24 (BRASIL, 2017e), no conjunto de instalações sanitárias,
um lavatório para cada 10 (dez) trabalhadores nas atividades ou operações
insalubres, ou nos trabalhos com exposição às substâncias tóxicas, irritantes,
infectantes, alergizantes, poeiras ou substâncias que provoquem sujidade.
   
49
UNIDADE 1 | GERENCIAMENTO AMBIENTAL

O lavatório deverá ser provido de material para a limpeza, enxugo ou


secagem das mãos, sendo proibindo o uso de toalhas coletivas.
 
Há necessidade de canalização com tomada d’água, exclusivamente para
uso contra incêndio.
 
Todo banheiro, segundo a NR24 (BRASIL, 2017e), que possua chuveiros,
deverá:
 
a) Ser mantidos higienizados.
b) Ter local adequado de instalação.
c) Dispor de água quente.
d) Ter portas de acesso de modo a manter privacidade.
e) Ter piso e paredes revestidos de material resistente, liso, impermeável e lavável.
 
Segunda a NR 24 (BRASIL, 2017e), o ambiente deverá ter 1 um chuveiro
para cada 10 (dez) trabalhadores nas atividades ou operações insalubres, ou nos
trabalhos com exposição a substâncias tóxicas, irritantes, infectantes, alergizantes,
poeiras ou substâncias que provoquem sujidade, e nos casos em que estejam
expostos a calor intenso.
 
A iluminação nos banheiros deve ser de, no mínimo 100 lux, bem como
ser instaladas lâmpadas incandescentes de 100 W/8,00 m² de área com pé-direito
de 3,00m máximo, ou luminária que produza a mesma luminosidade.
 

3 VESTIÁRIOS
O estabelecimento industrial que exigir troca de roupas ou seja imposto
o uso de uniforme ou guarda-pó, deverá ter local apropriado para vestiário
dotado de armários individuais, observando a separação de gêneros (masculino
e feminino).
 
A área mínima de um vestiário é dimensionada em função de 1,50 m² para
1 trabalhador.
 
A iluminação mínima para este ambiente é de 100 lux e deverão ser
instaladas lâmpadas incandescentes de 100 W/ 8,00 m² de área com pé-direito de
3.00 m, ou outro tipo de luminária com o mesmo efeito.
 

4 REFEITÓRIOS
 
Em empresas com mais de 300 (trezentos) operários, é obrigatória a
existência de refeitório, não sendo permitido aos trabalhadores fazerem suas
refeições em outro local do estabelecimento que não seja o refeitório.
 
50
TÓPICO 4 | CONDIÇÕES SANITÁRIAS E DE CONFORTO NOS LOCAIS DE TRABALHO

Este necessariamente precisa ter as dimensões de área de 1,00m² (um


metro quadrado) por usuário, abrigando, de cada vez, 1/3 (um terço) do total de
empregados por turno de trabalho, sendo este turno o que tem maior número
de empregados e uma circulação principal com largura mínima de 75 cm, e a
circulação entre bancos e banco/parede deverá ter a largura mínima de 55 cm.
 
A iluminação deverá ser realizada por lâmpadas incandescentes de 150
W/6,00 m² de área com pé direito de 3,00 m máximo ou outro tipo semelhante. O
piso será impermeável, revestido de cerâmica, plástico ou outro material lavável.
Ventilação e iluminação de acordo com as normas fixadas na legislação federal,
estadual ou municipal.
 
Água potável deve ser fornecida em condições higiênicas, por meio de
copos individuais, ou bebedouros de jato inclinado e guarda-protetora, proibindo-
se sua instalação em pias e lavatórios, e o uso de copos coletivos.
 
O refeitório deverá ser instalado em local apropriado, não se comunicando
diretamente com os locais de trabalho, instalações sanitárias e locais insalubres
ou perigosos.
 
Em estabelecimentos em que trabalhem mais de 30 até 300 empregados,
apesar da não exigência de refeitório, deverão ser asseguradas aos trabalhadores
condições suficientes de conforto para a ocasião das refeições.
 
As condições de conforto conforme a NR 24 (BRASIL, 2017e) são:

a) Local adequado, fora da área de trabalho.


b) Piso lavável.
c) Limpeza, arejamento e boa iluminação.
d) Mesas e assentos em número correspondente ao de usuários.
e) Lavatórios e pias instalados nas proximidades ou no próprio local.
f) Fornecimento de água potável aos empregados.
g) Estufa, fogão ou similar, para aquecer as refeições.

5 COZINHAS
 As cozinhas devem ficar ao lado dos refeitórios e com ligação entre si, por
meio de aberturas por onde serão servidas as refeições. As áreas destinadas para
cozinha e depósito de gêneros alimentícios deverão ter a proporção de 35% (trinta
e cinco por cento) e 20% (vinte por cento) respectivamente, da área do refeitório.
 
A iluminação deverá ser com lâmpadas incandescentes de 150 W/4,00m²
com pé-direito de 3,0 m máximo, ou semelhantes.

51
UNIDADE 1 | GERENCIAMENTO AMBIENTAL

Lavatório com água corrente para uso dos funcionários do serviço de


alimentação e dispondo de sabão e toalhas. O lixo deve ser tratado, de acordo
com as normas locais do Serviço de Saúde Pública.
 
Os funcionários da cozinha encarregados de manipular alimentos,
refeições e utensílios, necessitam ter de sanitário e vestiário próprios e exclusivos,
e que não se comuniquem com a cozinha.
 

6 ALOJAMENTOS
Um alojamento é o local destinado ao descanso de operários de
forma adequada deve ter capacidade máxima de 100 (cem) operários e o seu
dimensionamento segue as características gerais do Quadro 1 da NR 24(BRASIL,
2017e), tendo áreas mínimas dimensionadas de acordo com os módulos (camas/
armários) para atender como um alojamento

QUADRO 2 – DIMENSÕES DO ALOJAMENTO

Área
Tipos de cama e área Área de circulação Área de armário
total
respectiva (m2) lateral à cama (m2) lateral à cama (m2)
(m2)
simples
1 1,45 x 0,6 = 0,87 0,6 x 0,45 = 0,27 2,47
1,9 x 0,7 = 1,33
2 1,9 x 0,7 = 1,33 1,45 x 0,6 = 0,87 0,6 x 0,45 = 0,27 2,47
FONTE: Adaptado de Brasil (2017e)

Os alojamentos deverão ter área de circulação interna, nos dormitórios,


com a largura mínima de 1,00 metro.
 
As portas dos alojamentos deverão ser metálicas ou de madeira, abrindo
para fora, medindo no mínimo 1,00m x 2,10m para cada 100 operários.
  
A iluminação mínima é de 100 lux, podendo ser instaladas lâmpadas
incandescentes de 100W/8,00 m² de área com pé-direito de 3 (três) metros ou
iluminação semelhante. Todos alojamentos devem possuir bebedouros.
 
No caso de alojamentos possuir dois andares deverá haver, no mínimo,
duas escadas de saída, guardada a proporcionalidade de 1,0m de largura para
cada 100 operários.Os dormitórios não poderão ter ventilação somente de forma
indireta.
 
Nos alojamentos deverão ser obedecidas as seguintes instruções gerais de
uso:

52
TÓPICO 4 | CONDIÇÕES SANITÁRIAS E DE CONFORTO NOS LOCAIS DE TRABALHO

a) Todo quarto ou instalação deverá ser conservado limpo e todos eles serão
pulverizados de 30 em 30 dias.
b) Os sanitários deverão ser desinfetados diariamente.
c) O lixo deverá ser retirado diariamente e depositado em local adequado.
d) É proibida, nos dormitórios, a instalação para eletrodomésticos e o uso de
fogareiro ou similares. 
 
Em todos os locais de trabalho deverá ser fornecida aos trabalhadores água
potável, em condições higiênicas, sendo proibido o uso de recipientes coletivos.
Onde houver rede de abastecimento de água, deverão existir bebedouros de jato
inclinado e guarda protetora, proibida sua instalação em pias ou lavatórios, e na
proporção de 1 bebedouro para cada 50 empregados.
   
A destinação e tratamento de todo resíduo, para que se torne inócuos aos
empregados e à coletividade proveniente dos estabelecimentos industriais, é de
responsabilidade da empresa contratante.

Vimos que na questão do tratamento das condições sanitárias de conforto


nos ambientes de trabalho, a legislação na forma da NR24 é bastante rigorosa na
questão de propiciar segurança, higiene, conforto e ergonomia aos trabalhadores,
com uma visão de ambiente propicio a melhores condições de trabalho qualidade
de vida e saúde.

53
RESUMO DO TÓPICO 4
Neste tópico, você aprendeu:

• As questões de condições sanitárias e de conforto nos locais de trabalho através


da NR24 (BRASIL, 2017e).

• As condições adequadas em que o trabalhador deve usufruir dentro da empresa


no tocante de melhores instalações, tais como banheiros, vestiários, refeitórios,
cozinhas e alojamentos.

• As medidas adequadas, iluminação, higiene, tamanhos de cada instalação e


número de unidades respectivamente ao número de colaboradores de cozinha,
instalações sanitária, vestiário, refeitório e alojamento.

54
AUTOATIVIDADE

1 Quanto às instalações sanitárias, assinale V ou F e posteriormente marque a


alternativa correta:

( ) Todas as instalações sanitárias devem ser separadas por gênero (masculino


e feminino).
( ) Todas as áreas destinadas aos sanitários deverão atender às dimensões
mínimas essenciais com metragem para cada sanitário de 1 metro, por 10
operários em atividade.
( ) As instalações sanitárias não necessitam ser submetidas a um processo
permanente de higienização, sem quaisquer odores, durante toda a jornada
de trabalho.
( ) Os vasos sanitários deverão ser sifonados e possuir caixa de descarga
automática externa de ferro fundido, material plástico ou fibrocimento.
( ) Os chuveiros poderão ser de metal ou de plástico, e deverão ser comandados
por registros de metal a meia altura na parede.

a) ( ) V – F – F – V – V.
b) ( ) V – F – V – F – V.
c) ( ) F – F – F – V – V.
d) ( ) V – V – F – F – F.
e) ( ) F – V – F – V – F.

2 Assinale a afirmação correta, quanto às condições de conforto do refeitório,


conforme a NR 24 (BRASIL, 2017e):

a) ( ) Local adequado, fora da área de trabalho e piso lavável.


b) ( ) Limpeza, arejamento boa iluminação e estufa, fogão ou similar, para
aquecer as refeições.
c) ( ) Mesas e assentos em número correspondente ao de usuários.
d) ( ) Lavatórios e pias instalados nas proximidades ou no próprio local e
fornecimento de água potável aos empregados.
e) ( ) Todas as alternativas anteriores estão corretas.

55
56
UNIDADE 1
TÓPICO 5

LEGISLAÇÃO

1 INTRODUÇÃO
Neste tópico vamos entender um pouco da regulamentação do saneamento
básico no Brasil e a legislação sobre o assunto. A Constituição Federal, como
legislação superior, mostra as regras gerais dos estados e distrito federal até onde
cada um pode proporcionar uma melhor condição de vida a todas as pessoas
com a implementação de políticas públicas de saneamento, que são a coleta
de lixo, destinação de esgoto doméstico e de efluentes industriais, a captação e
distribuição de água potável, entre outros (ROCHA, s.d.). E ainda segundo Rocha
(s.d., p. 1), o “ saneamento básico é essencial à sadia qualidade de vida que é
um direito de todo cidadão, pois está intimamente ligado à dignidade humana.
O meio ambiente deve ser observado criteriosamente, haja vista que a falta de
saneamento básico, ou seu mau planejamento, afeta diretamente o ambiente,
podendo causar danos irreparáveis”.

2 LEGISLAÇÃO DE SANEAMENTO NO BRASIL


A primeira legislação no âmbito ambiental no Brasil ocorreu em 1934
com a criação do Código de Águas e do Código Florestal, mas podemos verificar
que houve um grande avanço na legislação com a introdução da Lei nº 6.938, da
Política Nacional de Meio Ambiente, que é uma das mais avançadas legislações
no mundo. Essas legislações criaram órgãos regulatórios, ações punitivas, figuras
jurídicas diferenciadas, o licenciamento e zoneamento ambiental, além das áreas
de preservação permanente, entre outros mecanismos de preservação ambiental.

A Lei Federal nº 6.938, de 31 de agosto de 1981, criou a política nacional do


meio ambiente, apresentando seus fins e mecanismos de formulação e aplicação.
Essa mesma legislação criou o Sistema Nacional do Meio Ambiente (SISNAMA),
que é regulamentada pelo Decreto nº 99.274, de 6 de junho de 1990, sendo
constituído por órgãos e entidades da União, dos estados, do distrito federal,
dos municípios e pelas fundações instituídas pelo poder público, que tem a
responsabilidade de proteger e melhorar a qualidade ambiental (BRASIL, 1986).

57
UNIDADE 1 | GERENCIAMENTO AMBIENTAL

FIGURA11 – O SISNAMA

FONTE: Disponível em: <http://www.mma.gov.br/governanca-ambiental/sistema-nacional-


do-meio-ambiente>. Acesso em: 2 jun. de 2017.

O Brasil possui legislação avançada, com um capítulo exclusivo na


Constituição de 1988 para tratar sobre o meio ambiente.

DICAS

Quer conhecer o capítulo que trata do meio ambiente na íntegra? Procure na


Constituição Federal de 1988, capítulo VI, em:
Disponível em: <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/constituicao/constituicaocompilado.
htm>.

De forma geral, a Constituição Federal de 1988, no capítulo VI, artigo 225


responsabiliza o Poder Público e a Coletividade para proteger o meio ambiente,
como direito de todos cidadãos presentes e das futuras gerações.

Para tanto, cria uma série de mecanismos de verificação e proteção, que


conheceremos logo em seguida:

58
TÓPICO 5 | LEGISLAÇÃO

3 LICENCIAMENTO AMBIENTAL
O licenciamento ambiental federal foi criado pela PNMA (Lei nº
6.938/1981), Artigo 9, inciso IV. E tem como preocupação o licenciamento e a
revisão de atividades efetivas ou potencialmente poluidoras que apresentados
pelo Decreto nº 99274/1990, Capítulo IV, Artigo 17:

A construção, instalação, ampliação e funcionamento de estabelecimentos


e atividades utilizadoras de recursos ambientais, consideradas efetiva ou
potencialmente poluidoras, ou aquelas que podem causar degradação ambiental,
dependerão de prévio licenciamento do IBAMA ou de órgão estadual competente,
integrante do SISNAMA, sem prejuízo de outras licenças exigíveis.

O licenciamento ambiental é de responsabilidade compartilhada entre a


União e os estados da federação, distrito federal e os municípios, de acordo com
as respectivas competências.

O objetivo do licenciamento ambiental é regulamentar as atividades


e os empreendimentos que utilizam os recursos naturais e que podem causar
degradação ambiental. É realizado em 3 partes: licença prévia, licença de
instalação e licença de operação.

A licença prévia é concedida na fase preliminar do planejamento do


empreendimento ou atividade. O Estudo de Impactos Ambientais (EIA) pode ser
exigido, ou não.

O início da instalação do empreendimento ou atividade só deve ocorrer


após a expedição da licença de instalação.

A licença de operação é a que finalmente autoriza o início das operações


do empreendimento ou atividade objeto do projeto, após a verificação do
atendimento das condicionantes.

O Decreto nº 99.274/1990, em seu Artigo 23 menciona que “as entidades


governamentais de financiamento ou gestoras de incentivos, condicionarão a sua
concessão à comprovação do licenciamento previsto”(BRASIL, 1990, p. 8).

O licenciamento ambiental, por ser uma autorização conferida pelo poder


público, tem caráter temporário, bem como o órgão que expediu a licença poderá
modificar suas condições e medidas de controle, ou ainda, suspender ou cancelar
uma licença em vigor diante de algumas situações.

Pode ter, também, a licença suspensa ou cancelada no sentido de


desestimular o relaxamento das condições estabelecidas na fase inicial de
licenciamento, após a expedição da licença. Todo estudo ambiental, segundo
legislação do CONAMA 237/1997, artigo 11, tem que ser realizado por profissional
legalmente habilitado e os custos deste, pagos pelo empreendedor.

59
UNIDADE 1 | GERENCIAMENTO AMBIENTAL

O Licenciamento Ambiental (LA), a Avaliação de Impactos Ambientais


(AIA), o Estudo de Impactos Ambientais (EIA) e respectivos relatórios de Impacto
Ambiental (RIMA), conforme o artigo 2 do Decreto nº 88.351/86, são exigências
no processo de licenciamento ambiental em obras com grandes possibilidades de
impactos, como as atividades relacionadas a seguir:

Estradas de rodagem com duas ou mais faixas de rolamento.


Ferrovias.
Portos e terminais de minério, petróleo e produtos químicos.
Aeroportos.
Oleodutos, gasodutos, minerodutos, troncos coletores e emissários de
esgotos sanitários.
Linhas de transmissão de energia elétrica, acima de 230 kV.
Obras hidráulicas para exploração de recursos hídricos, tais como:
Barragem para fins hidrelétricos, acima de 10 MW, de saneamento ou
de irrigação, abertura de canais para navegação, drenagem e irrigação,
retificação de cursos d’água, abertura de barras e embocaduras,
transposição de bacias, diques.
Extração de combustível fóssil (petróleo, xisto, carvão).
Extração de minério, inclusive os da classe II, definidas no Código de
Mineração.
Aterros sanitários, processamento e destino final de resíduos tóxicos
ou perigosos.
Usinas de geração de eletricidade, qualquer que seja a fonte de energia
primária, acima de 10 MW
Complexos, unidades industriais e agroindustriais (petroquímicos,
siderúrgicos, cloroquímicos, destilarias de álcool, hulha, extração e
cultivo de recursos hídricos).
Distritos industriais e Zonas Estritamente Industriais – ZEI.
Exploração econômica de madeira ou de lenha, em áreas acima de 100
hectares ou menores, quando atingir áreas significativas em termos
percentuais ou de importância do ponto de vista ambiental.
Projetos urbanísticos, acima de 100 hectares, ou em áreas consideradas
de relevante interesse ambiental a critério do IBAMA e dos órgãos
municipais e estaduais competentes.
Qualquer atividade que utilize carvão vegetal, em quantidade superior
a dez toneladas por dia.
Projetos Agropecuários que contemplem áreas acima de 1.000 ha ou
menores, neste caso, quando se tratar de áreas significativas em termos
percentuais ou de importância do ponto de vista ambiental, inclusive
nas áreas de proteção ambiental
Empreendimentos potencialmente lesivos ao patrimônio espeleológico
nacional (BRASIL, 1997, s.p.).

Ainda segundo a legislação do CONAMA 237/97 (BRASIL, 1997, s.p.) é de


responsabilidade do IBAMA o licenciamento de empreendimentos com grande
impacto ambiental, de âmbito nacional e regional, como:

• Localizadas ou desenvolvidas conjuntamente no Brasil e em país limítrofe; no


mar territorial, na plataforma continental, na zona econômica exclusiva; em
terras indígenas ou em unidades de conservação do domínio da União.
• Localizadas ou desenvolvidas em dois ou mais estados.
• Cujos impactos ambientais diretos ultrapassem os limites territoriais do País
ou de um ou mais Estados.

60
TÓPICO 5 | LEGISLAÇÃO

• Destinados a pesquisar, lavrar, produzir, beneficiar, transportar, armazenar


e dispor material radioativo, em qualquer estágio, ou que utilizem energia
nuclear em qualquer de suas formas e aplicações, mediante parecer da
Comissão Nacional de Energia Nuclear – CNEN.
• Bases ou empreendimentos militares, quando couber, observada a legislação
específica.

Os empreendimentos ou atividades de competência de Estados e Distrito


Federal são definidos pela Resolução CONAMA 237/ (BRASIL, 1997, s.p.), e são:

• Localizados ou desenvolvidos em mais de um Município ou em unidades de


conservação de domínio estadual ou do Distrito Federal.
• Localizados ou desenvolvidos nas florestas e demais formas de vegetação
natural de preservação permanente relacionadas no Artigo 2º da Lei 4.771,
de 15 de setembro de 1965, e em todas as que assim forem consideradas por
normas federais, estaduais ou municipais.
• Cujos impactos ambientais diretos ultrapassem os limites territoriais de um ou
mais Municípios.
• Delegados pela União aos Estados ou ao Distrito Federal, por instrumento
legal ou convênio.

Observe que no Licenciamento Ambiental (LA) municipal a Resolução


CONAMA 237/1997 regulamenta delegando ou desenvolvendo convênios com o
estado, podendo o município licenciar empreendimentos e atividades de menor
porte e com potencial de impacto ambiental local, cujas alterações ambientais (os
impactos) restringem-se aos limites do município.

NOTA

ALGUMAS SIGLAS E SEUS SIGNIFICADOS QUE VOCÊ IRÁ PRECISAR AO


LONGO DO SEU ESTUDO:

ABNT - Associação Brasileira de Normas Técnicas


AIA - Avaliação de Impacto Ambiental
BID - Banco Interamericano de Desenvolvimento
BIRD - Banco Mundial
BNDES - Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social
CNEN - Comissão Nacional de Energia Nuclear
CONAMA - Conselho Nacional do Meio Ambiente
CONDEMAS - Conselhos Municipais de Meio Ambiente
CONSEMAS - Conselhos Estaduais de Meio Ambiente
COPAM - Conselho Estadual de Política Ambiental
DER - Departamento de Estradas de Rodagem
DNER - Departamento Nacional de Estradas de Rodagem
DNPM - Departamento Nacional de Produção Mineral
EIA - Estudo de Impacto Ambiental

61
UNIDADE 1 | GERENCIAMENTO AMBIENTAL

EIS - Environmental Impact Statement


EMAS -  Sistema Comunitário de Ecogestão e Auditoria (sistema desenvolvido pela
Comunidade Europeia)
FEAM - Fundação Estadual do Meio Ambiente
FUNAI - Fundação Nacional do Índio
FUNASA – Fundação Nacional de Saúde
IBAMA - Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais
Renováveis
ICMbios- Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade é uma autarquia em
regime especial vinculada ao Ministério do Meio Ambiente e integrada ao Sistema Nacional
do Meio Ambiente (Sisnama).
INCRA - Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária
LO - Licença de Operação
LP - Licença Prévia
LI - Licença de Instalação
LPO - Licença Precária de Operação
LRP - Licença de Reformulação de Processo
LRQ - Licença de Reequipamento
MMA – Ministério do Meio Ambiente
NEPA - National Environmental Policy Act
OEMA - Órgão Estadual do Meio Ambiente
PBQP - Programa Brasileiro de Qualidade e Produtividade
PCA - Plano de Controle Ambiental
PLANASA - Plano Nacional de Saneamento
PNMA - Política Nacional do Meio Ambiente
PRAD - Plano de Recuperação de Áreas Degradadas
RCA - Relatório de Controle Ambiental
RIMA - Relatório de Impacto Ambiental
SISNAMA - Sistema Nacional do Meio Ambiente

(FONTE: ABSY et al. 1995)

62
TÓPICO 5 | LEGISLAÇÃO

LEITURA COMPLEMENTAR

Situação Saneamento no Brasil

Água:

83% dos brasileiros são atendidos com abastecimento de água tratada. São
mais de 35 milhões de brasileiros sem o acesso a este serviço básico. A cada 100
litros de água coletados e tratados, em média, apenas 63 litros são consumidos.
Ou seja, 37% da água no Brasil é perdida, seja com vazamentos, roubos e ligações
clandestinas, falta de medição ou medições incorretas no consumo de água,
resultando no prejuízo de R$ 8 bilhões.

A soma do volume de água perdida por ano nos sistemas de distribuição


das cidades daria para  encher 6 (seis) sistemas Cantareira. A região Sudeste
apresenta 91,16% de atendimento total de água; enquanto isso, o Norte apresenta
índice de 56,9%. A região Norte é a que mais perde, com 46,25%; enquanto isso,
o Sudeste apresenta o menor índice com 32,92%. A média de consumo per capita
de água no Brasil em três anos é de 165,3 litros por habitante ao dia. Em 2014,
este valor foi  162l/hab.dia. Em três anos, a região Sudeste apresentou o maior
índice com 192, l/hab.dia e o menor foi o Nordeste com 125,3 l/hab.dia. Em 2014,
o Sudeste continuou como maior índice 187,9 l/hab.dia e o Nordeste se manter
como o menor com 118,9 l/hab.dia.

110 litros/dia é a quantidades de água suficiente para atender às


necessidade básicas de uma pessoa, segundo a ONU (Organização das Nações
Unidas). 50,3% da população têm acesso à coleta de esgoto. Mais de 100 Milhões
de brasileiros não têm acesso a este serviço.

Mais de 3,5 milhões de brasileiros, nas 100 maiores cidades do


país, despejam esgoto irregularmente, mesmo tendo redes coletoras disponíveis.

47% das obras de esgoto do PAC, monitoradas há 6 anos, estão em


situação inadequada. Apenas 39% de lá para cá foram concluídas e, hoje, 12% se
encontram em situação normal.
Cerca de  450 mil pessoas  nos 15 municípios paulistas  têm disponíveis
os serviços de coleta dos esgotos, porém não estão ligados às redes, e, portanto,
despejam seus esgotos de forma inadequada no meio ambiente.

Tratamento Esgoto:

42,67% dos esgotos do país são tratados. A média das 100 maiores cidades
brasileiras em tratamento dos esgotos foi de  50,26%. Apenas 10 delas tratam
acima de 80% de seus esgotos.

63
UNIDADE 1 | GERENCIAMENTO AMBIENTAL

Regiões do Brasil: Norte  apenas 16,42% do esgoto é tratado, e o índice


de atendimento total é de 8,66%. A pior situação entre todas as regiões.
Nordeste apenas 32,11% do esgoto é tratado. Sudeste 47,39% do esgoto é tratado.
O índice de atendimento total de esgoto é de 77,23%. Sul  41,43% do esgoto é
tratado, e o índice de atendimento total é de 41,02%. Centro-Oeste  50,22% do
esgoto é tratado. A região com melhor desempenho, porém a média de esgoto
tratado não atinge nem a metade da população. Em termos de volume, as capitais
brasileiras lançaram 1,2 bilhão de m³ de esgotos na natureza em 2013.

Universalização:

O custo para universalizar o acesso aos 4 serviços do saneamento (água,


esgotos, resíduos e drenagem) é de R$ 508 bilhões, no período de 2014 a 2033.
Para universalização da água e dos esgotos esse custo será de R$ 303 bilhões em
20 anos. O Governo Federal, através do PAC, já destinou recursos da ordem de R$
70 bilhões em obras ligadas ao saneamento básico. Houve um investimento de R$
1.69 bilhão a mais em 2014 comparado a 2013.

Os maiores investimentos em saneamento básico (água e esgoto), durante


três anos, foram nos estados de São Paulo, Minas Gerais, Paraná, Rio de Janeiro
e Bahia, totalizando 63,3%. Já os estados do Amazonas, Acre, Amapá, Alagoas e
Rondônia são os que menos investiram em três anos, totalizando 1,7%.

FONTE: Instituto Trata Brasil. Disponível em: <http://www.tratabrasil.org.br/saneamento-no-


brasil>. Acesso em: 25 ago. 2017.

64
RESUMO DO TÓPICO 5
Neste tópico, você estudou:

• O conceito de saneamento ambiental e o histórico da legislação brasileira de


saneamento.

• A Lei Federal nº 6.938, de 31 de agosto de 1981, que criou a política nacional do


meio ambiente, e o Sistema Nacional do Meio Ambiente (SISNAMA)(BRASIL,
1986).

• O objetivo do licenciamento ambiental, como autorização conferida pelo poder


público, de caráter temporário, e suas medidas de controle.

• O licenciamento ambiental em obras com grandes impactos e suas exigências


como a Avaliação de Impactos Ambientais (AIA), o Estudo de Impactos
Ambientais (EIA) e respectivos Relatórios de Impacto Ambiental (RIMA) bem
como o que são considerados grandes obras segunda o Artigo 2 do Decreto nº
88.351.

65
AUTOATIVIDADE
1 Responda cada uma das questões que seguem abaixo como uma forma de
resumo para seus estudos:

a) Segundo o licenciamento ambiental o que é considerado como grandes
obras ?

b) Quais são as responsabilidades do IBAMA no licenciamento de


empreendimentos com grande impacto ambiental, de âmbito nacional e
regional?

c) Qual é o objetivo do licenciamento ambiental e como está subdividido?

66
UNIDADE 2

RECURSOS HÍDRICOS

OBJETIVOS DE APRENDIZAGEM

A partir desta unidade, você deverá ser capaz de:

• conhecer e compreender os conceitos de recursos hídricos e a importância


para qualquer vida presente no ecossistema do planeta;

• conhecer e aprender como deve ser realizado o tratamento de efluentes da


maneira mais simples até a mais avançada;

• saber da importância da potabilidade da água na atual conjuntura mun-


dial;

• conhecer os tratamentos eficazes para efluentes líquidos e gasosos.

PLANO DE ESTUDOS
Esta unidade está dividida em quatro tópicos. No decorrer do texto, você en-
contrará autoatividades com o objetivo de reforçar o conteúdo apresentado.

TÓPICO 1 – RECURSOS

TÓPICO 2 – HISTÓRICO

TÓPICO 3 – CONCEITOS

TÓPICO 4 – TIPOS DE TRATAMENTOS DE EFLUENTES

67
68
UNIDADE 2
TÓPICO 1

RECURSOS

1 INTRODUÇÃO
Veremos nesta unidade conceitos e técnicas para tratamento de efluentes,
visto que a conservação e/ou tratamento da água, seja ela para utilização em
processo fabril ou para consumo humano, é algo que preocupa as autoridades
de todo mundo, pois tempos virão quando o controle das reservas de água será
motivo para disputas e até guerras entre nações. Essa afirmação é tão verdadeira
que Falco (2016, s.p.) coloca que as Nações Unidas para Agricultura e Alimentação
(FAO) na questão água apresenta dados que:

[...] quase todos os 261 rios “internacionais” do mundo – aqueles que


cruzam fronteiras – têm sido foco de tensões nas últimas décadas. A
maioria deles localiza-se na África, no Oriente Médio e no sudeste
da Ásia. Um dos casos mais emblemáticos de guerra por água é o
conflito entre árabes e israelenses que começou em 1964 e mantém-
se vivo até hoje. Naquele ano, Israel bombardeou a Síria depois que
o país começou a desviar água do rio Banias e alguns afluentes do
Jordão. A disputa foi evoluindo até dar origem à Guerra dos Seis Dias,
em 1967, quando os israelenses ocuparam as colinas de Golã (região
com importantes fontes renováveis de água) e passaram a controlar
a cidade de Jerusalém inteira. Especialistas em hidropolítica afirmam
que, até 2020, a falta d´água será crônica em todo o Oriente Médio. Isso
poderá esquentar ainda mais a já tumultuada relação entre os países
daquela região.

Imagine que a partir dessa preocupação temos que repensar como


utilizaremos a água potável para mantê-la em níveis compatíveis para os seres
de hoje e as futuras gerações. A ONU lançou, em 1999, uma declaração que para
levar saneamento e água a baixos custos a quem não a tem, até 2009, tem um
custo equivalente a gastos para alimentação de animais de estimação na Europa
e América do Norte. Fez também uma observação que a maior parte das doenças
continua a ser em função da qualidade da água.

É possível verificar que com essa afirmação dada pela ONU, a importância
da água na vida de nosso planeta, a começar com o corpo humano, que é composto
por 70% de água e dentro dele cada órgão tem porcentagem diferenciada.

69
UNIDADE 2 | RECURSOS HÍDRICOS

FIGURA 12 – PORCENTAGEM DE ÁGUA EM ALGUNS ÓRGÃOS DO CORPO


HUMANO

Cérebro - 75%

Músculos - 75%
Pulmões - 86%

Coração - 75%

Fígado - 86%
Rins - 83%

Sangue - 81%

FONTE: Disponível em: <http://www.sobiologia.com.br/conteudos/Agua/


Agua2.php>. Acesso em: 15 jul. 2017.

O nosso planeta, da mesma forma que nosso corpo, possui 70% de


água, sendo 97%, composto por água dos mares e oceanos que, por serem
extremamente salgadas, são impróprias para consumo. Em alguns locais, pratica-
se a dessalinização da água, mas esse processo é caro e pouco eficiente, sendo
ainda pouco praticado (PENA, 2015).

Da água restante do mundo, conforme Pena (2015) 71% dela estão em


forma de gelo nas calotas polares. Como o processo de transporte dessas geleiras é
caro e também pouco eficaz, quase não há atividades referentes ao abastecimento
de localidades através do manuseio de icebergs. Os outros 29% restantes de água
potável no mundo estão distribuídos em águas subterrâneas (18%), rios e lagos
(7%) e umidade do ar (4%).

Você já percebeu que se cuidarmos melhor da utilização da água, através


do conhecimento do uso mais sustentável, reduzirá nossa preocupação com sua
falta, visto que o Brasil é o segundo maior consumidor do mundo com 42.957m2/
hab. Ficando atrás somente do Canadá que possui um consumo mais que o dobro
do brasileiro, com 98.462m2/hab. Estatisticamente cada casa em média gasta 200
litros por dia em consumo de água, com 33% com descarga de banheiro, 27%
em cozinha e no beber, 25% no banho e escovação de dentes, 12% na lavação de
roupa e 3% lavando o carro, que são as atividades mais comuns do brasileiro
(VICTORINO, 2007).

70
TÓPICO 1 | RECURSOS

As preocupações além da má utilização da água é a sua contaminação em


variados níveis como dos lençóis freáticos com o solo contaminado por agrotóxico,
a exploração de rios para fins comerciais como despejo de dejetos, entre outros.

O Brasil tem utilizado mais as bacias hidrográficas, do que os mananciais


subterrâneos tendo este último, inclusive, qualidade superior à da água da
superfície por ser mais difícil de ser poluída em função do solo fazer, às vezes,
papel de filtro nas camadas permeáveis, isenta de bactérias que são encontradas
na superfície, se não estiverem em contato com fonte poluidora. A Suíça e
a Alemanha têm o consumo de sua população baseado na captação de águas
subterrâneas em quase 100%.

No Brasil temos o maior volume de água em lençóis de água subterrâneos


do mundo com 111 trilhões e 661 milhões de metros cúbicos de água em suas
reservas. Se levarmos em conta só a reserva que se localiza no Nordeste, consegue
manter a população brasileira durante cerca de 60 anos com seus 11 trilhões de
metros cúbicos (OLIVEIRA, 2009; VICTORINO, 2007).

Observe nossas bacias hidrográficas e sua reserva em percentuais:

QUADRO 3 – ÁREAS DAS BACIAS HIDROGRÁFICAS NO BRASIL 

Amazônia.................................... 45,7% 
Uruguai........................................ 21%
Paraná.......................................... 14,3% 
Norte e Nordeste........................ 1,6% 
Tocantins..................................... 9,5% 
São Francisco.............................. 7,5% 
Leste............................................. 6,7% 
Sudeste......................................... 2,6%

FONTE: Disponível em: <www.uniagua.org.br>. Acesso em: 15 jul. 2017.

O Brasil possui grande vantagem no requisito de reservas mundiais de


água ficando com 12% ou seja 0,2 bilhões de km das reservas mundiais e o maior
volume de água (6.959 km) disponível para consumo humano a frente de países
como Estados Unidos e Rússia, observando que Alemanha e França possuem 171
km e 198 km de mananciais de água disponíveis para população (VICTORINO,
2007).

É real que em algumas partes do país, como Nordeste, temos problemas


com a escassez e racionalização da água, que possui um potencial hídrico renovável
per capita, que deixa a desejar a sua população. São exemplos: Pernambuco com
1234 m3/hab./ano e Paraíba com 1348 m3/hab./ano. Um desses agravantes foi que
nos últimos 50 anos houve a quadriplicação do consumo de água doce puxada
fortemente pela agricultura, indústria e consumo doméstico.

71
RESUMO DO TÓPICO 1
Neste tópico, você aprendeu:

• É importante lembrarmos que esse recurso água, em especial na água doce,


encontra-se de forma reduzida na natureza e que as novas tecnologias para
dessalinização ainda são muito caras para a população pagar. Mas esse assunto
veremos e discutiremos mais à frente.

• O volume de água em nosso planeta é de 70% de sua superfície, sendo 97%,


composto por água dos mares e oceanos, que ao natural não podem ser
utilizadas e a porção de água doce tendo um gerenciamento inadequado ou
sendo inacessível para sua utilização como é o caso dos icebergs

• Os levantamentos destacados pela ONU desde 1999, com preocupações com o


tratamento e conflitos causados pela posse de água.

• Como estão divididos os recursos hídrico potáveis no Brasil.

• A problemática da captação, consumo e o saneamento da água no Brasil e as


responsabilidades da população e poder público.

72
AUTOATIVIDADE

1 Vamos recordar algumas questões! Você pode dizer onde encontramos


o maior número de água doce, que é a que utilizamos nos mais variados
consumos, de forma cada vez mais crescente? (Se quiser pode colocar seu
percentual).

2 Quais são os percentuais em água doce das maiores bacias hidrográfica


brasileiras?

3 Qual é o potencial de reserva hídrica do Brasil?

4 Segundo a ONU, qual é o potencial de água disponível desejável para


consumo humano? E o consumo diário necessário por pessoa?

73
74
UNIDADE 2 TÓPICO 2
HISTÓRICO

1 INTRODUÇÃO
No passado a água era de suma importância para as populações que
passaram do estágio nômade para grupos com locais fixos, como a preocupação
com água para suprir as necessidades primárias de alimentação, de matar a sede
e no desenvolvimento da agricultura e mais tarde para a dissolução dos dejetos
humanos. A preocupação dessas comunidades humanas, de forma geral, era
de sempre viver em locais próximos a lagos e rios sem preocuparem-se com a
qualidade da água e tão somente com a cor, sabor e odor.

Se retornarmos ao passado, todas as águas possuíam boa qualidade,


bem como eram limpas. Por muito tempo não se relacionavam as doenças
à água contaminada e não possuíam maneiras de detectar as impurezas ou a
contaminação por microrganismos. A preocupação não era grande porque a
população também não era numerosa e a quantidade de dejetos levados pelos
mananciais também não possuía muitos microrganismos danosos à saúde. Esses
parâmetros só se mostraram preocupantes quando a população fixa ganhou
contornos urbanos e a água superficial teve sua contaminação elevada.

Você sabe que desde que o homem existe, ele necessita da água do planeta
para viver e, de alguma maneira, aprendeu a dominar seu uso. No decorrer
dos tempos o homem foi aprimorando as diversas formas de uso e aprendeu a
encontrar, armazenar, tratar e distribuir a água para seu consumo próprio. Há
cerca de 4500 anos foi desenvolvido o primeiro sistema de distribuição de água,
mas antes disso, o homem já armazenava a água para benefício próprio em potes
de barro não cozidos por volta de 9.000 a.C. A cerâmica, aparece em 7.000 a.C., e
consolida-se de forma importante para a capacidade de armazenamento de água
(PITERMAN; GRECO, 2005).

A construção de poços, canais, represas, aquedutos datam 10.000 anos


atrás junto à Revolução Agrícola. Na Índia, há 4000 anos surgiu uma das primeiras
técnicas para tratamento de água, que consistia na sua fervura, para purificá-
la e é de lá que existem evidências que algumas cidades já possuíam redes de
esgotos e sistemas de drenagem por volta de 3.200 a.C. (PITERMAN; GRECO,
2005). Há dois mil anos, os egípcios descobriram que a água inapropriada podia
causar doenças e os levaram a usar o sulfato de alumínio na clarificação da água.
Os escritos sânscritos mencionavam os cuidados que deveriam ter com a água
de consumo e que o seu armazenamento deveria ser em vasos de cobre, sua
exposição ao sol e a filtração através do carvão. Os escritos mencionam a maneira

75
UNIDADE 2 | RECURSOS HÍDRICOS

de desenvolver a purificação da água pela fervura ao fogo, aquecimento ao sol ou


a introdução de uma barra de ferro aquecida na massa líquida, posteriormente
realizar filtração com areia e cascalho grosso. A primeira represa para armazenar
água foi construída no Egito em 2.900 a.C., pelo faraó Menes, para abastecer a
capital, Memphis (ROSEN, 1994; RESENDE; HELLER, 2002). No passado, ou
seja, na antiguidade, a população evacuava no solo e somente os mais nobres
usavam recipientes específicos, que eram posteriormente despejados em locais
nas proximidades das casas. Durante as chuvas, as fezes eram lançadas nos rios,
contaminando a água e levando doenças à população.

Alguns povos como os egípcios e os japoneses, para tornarem a água limpa


antes de ser utilizada nas atividades domésticas filtravam o líquido em vasos de
porcelana. Os gregos perceberam que era importante organizar e disciplinar o
uso da água tanto nas cidades, quanto no campo para uma melhor organização
social e política da humanidade (PINTO-COELHO; HAVENS, 2015). O filósofo
Platão (427-347 a.C.) foi um dos primeiros a se preocupar com a necessidade
de disciplinar o uso da água e prescreveu algumas formas de penalização para
aqueles que causassem algum dano a um recurso por ele considerado essencial
para a manutenção das plantações (ARRUDA, 1977). Um dos primeiros aquedutos
conhecidos foi construído em 700 a.C., por Ezequiel, rei de Judá, e tinha o objetivo
de abastecer Jerusalém. O objetivo dos aquedutos, era abastecer dezenas de
termas (ou os chamados banhos públicos). E estes aquedutos traziam também
a água dos lagos para fontes artificiais na cidade. Outra curiosidade é que, já
naquela época, os romanos construíram redes de esgotos e de canalizações para
escoamento das águas de chuvas nas cidades. Na Idade Média, a população não
tinha muita preocupação com o asseio, mas o pouco investido em saneamento era
para utilizar o rio como meio de transporte e captação de água (ROSEN, 1994).
Os aquedutos são uma das formas mais antigas de transporte de água a grandes
distâncias.

FIGURA 13 – EXEMPLO DE AQUEDUTO

FONTE: Disponível em: <http://pt.wikipedia.org/wiki/Aqueduto>. Acesso em:


11 jul. 2017.

76
TÓPICO 2 | HISTÓRICO

A água sempre foi o motor propulsor para grandes feitos seja para
transporte através das grandes navegações, culminando nas grandes descobertas
de territórios nas Américas, África e Ásia a força motriz nos engenhos de cana-de-
açúcar movidos a água. Seguido no renascimento do fortalecimento entre saúde
e saneamento com a descoberta dos engenheiros da época da obra “De aquis urbis
Romae” tendo acesso aos detalhes da construção e manutenção desse sistema em
1425 (SILVA RODRIGUES, 1998). A importância dada à arte grega e romana no
Renascimento inspirou artistas da época a construírem chafarizes e fontes com
influências mitológicas.

E mais uma vez a água foi importante na segunda grande revolução


tecnológica da humanidade que foi a Revolução Industrial. Com a descoberta e
o domínio da técnica de produzir trabalho mecânico a partir do vapor de água, o
rumo da humanidade mudou com o desenvolvimento das manufaturas que eram
movidas pela força motriz de animais ou dos seres humanos. O vapor de água
fez surgir as indústrias têxteis o desenvolvimento das ferrovias os transportes
marítimo e fluvial (WIKIPEDIA, 2017).

Com esse crescimento tivemos a passagem da população de eminentemente


rural a uma sociedade de maioria urbana, que como tal, para época (1760-1850)
viu-se com sérios problemas de saneamento e com o assolamento de epidemias
na Europa. Os grandes proprietários de terras e de indústrias não aceitavam
as desapropriações demandadas pela execução de obras de drenagem e de
abastecimento. Estas obras foram postergadas, dado o seu caráter impopular
(RESENDE; HELLER, 2002). Mas os ingleses, conseguiram grandes avanços
em saneamento e tratamento de água no século XIX com a primeira estação de
tratamento da água que foi construída em Londres, em 1829, e tinha como base
a filtração da água do Rio Tâmisa com areia. Mesmo com esse tratamento, em
1854, ocorreu um surto de cólera em uma área restrita de Londres, causando a
morte de grande número de pessoas em curto período, e provocando pânico na
população local (RODRIGUES 1998 apud VICTORINO, 2007). Mas o médico
inglês, John Snow, em seus estudos descobriu que a cólera era uma doença
que estava associada ao consumo de água contaminada com fezes humanas. O
médico suspeitou que essa água poluída continha um microrganismo, que hoje se
conhece como Vibrae cholerae. O cloro como tratamento, só foi introduzido no final
século XIX e, posteriormente, em 1951, o flúor, como agente para a prevenção
de cáries e outras infecções, passou a ser regularmente usado nas estações de
tratamento.

Veja que somente no século XX foi percebido o abuso na utilização dos


diferentes recursos hídricos do planeta. A maior utilização indiscriminada do uso
da água foi para o uso da energia potencial da água para com o desenvolvimento das
usinas hidrelétricas. Considerada para época limpa e sustentável se comparadas
com outras como as termoelétricas movidas a carvão ou óleo combustível. Mas
essa argumentação caiu por terra com as pesquisas em Limnologia e Ecologia
aplicada, percebeu-se a gravidade dos impactos ambientais (“pegada ecológica”)
em relação à construção das hidrelétricas.

77
UNIDADE 2 | RECURSOS HÍDRICOS

UNI

Caro aluno! Você sabe o que é limnologia?


A limnologia é o estudo das reações funcionais e produtividade das comunidades bióticas
de lagos, rios, reservatórios e região costeira em relação aos parâmetros físicos, químicos
e bióticos ambientais.
POMPÊO, M. L. M.; MOSCHINI, C. V. Água USP – IB, Departamento de Ecologia. São Paulo,
[s.d.]. Disponível em: <http://www.ib.usp.br/limnologia/Oqueelimnologia/>. Acesso em:
25 jul. 2017.

Significado de cada desenho da pegada ecológica:

1- Florestas – Representação de área de florestas, tão necessárias para o


fornecimento de produtos madeireiros, celulose e lenha.
2- Pastagens – Representação da extensão de áreas de pastagens necessárias ao
gado de corte e leiteiro e para produção de couro e produtos de lã.
3- Oceanos – Estimativa de produção necessária para sustentar peixes e mariscos
capturados, com base em dados de captura relativos a espécies marinhas e de
água doce.
4- Área Construída – Representação da extensão de área coberta por infraestrutura
humana, inclusive transporte, habitação, estruturas e reservatórios para
geração de energia hidrelétrica.
5- Áreas agrícolas – Representação da extensão das áreas de cultivo usados para
produção de alimentos e fibras para consumo humano, bem como para a
produção da ração para gado, oleaginosas e borracha.

FONTE: Marcas que você quer deixar no planeta Disponível em: <http://www.autossustentavel.
com/2010/04/que-marcas-voce-quer-deixar-no-planeta.html>. Acesso em: 15 jul. 2017.

78
TÓPICO 2 | HISTÓRICO

UNI

E a pegada ecológica?

Tudo que fizemos gera um determinado impacto no meio ambiente, pois “a pegada
ecológica é nossa caminhada pela Terra que deixa “rastros”, “pegadas”, que podem ser
maiores ou menores, dependendo de como caminhamos. Ou seja, a pegada ecológica
é uma metodologia de contabilidade ambiental que avalia a pressão do consumo das
populações humanas sobre os recursos naturais” (AUTOSSUSTENTAVEL, 2010, s.p.).
FONTE: AUTOSSUSTENTAVEL. Marcas que você quer deixar no Planeta. 2010 Disponível
em: <http://www.autossustentavel.com/2010/04/que-marcas-voce-quer-deixar-no-
planeta.html>. Acesso em: 15 jul 2017.

E ainda, segundo WWF (s.d,s.p.) é:


Expressada em hectares globais (gha), permite comparar diferentes
padrões de consumo e verificar se estão dentro da capacidade ecológica
do planeta. Um hectare global significa um hectare de produtividade
média mundial para terras e águas produtivas em um ano. Já a
biocapacidade, representa a capacidade dos ecossistemas em produzir
recursos úteis e absorver os resíduos gerados pelo ser humano. Sendo
assim, a pegada ecológica contabiliza os recursos naturais biológicos
renováveis (grãos e vegetais, carne, peixes, madeira e fibras, energia
renovável etc.), segmentados em agricultura, pastagens, floresta,
pesca. Área construída e energia e absorção de Dióxido de carbono
(CO2).

de
autoativida

Você sabia que podemos calcular a nossa pegada ecológica individualmente?


Como? Veja no site:
<http://www.pegadaecologica.org.br/2015/index.php> e depois descreva como é a sua
pegada ecológica e compare com a pegada do Brasil e do Mundo. (Você espantar-se-á):
______________________________________________________________________________
______________________________________________________________________________
_______________________________________________________________________________

79
UNIDADE 2 | RECURSOS HÍDRICOS

Esse impacto foi causado pela crescente industrialização do século XX


que estava concentrado na Europa e América do Norte, em primeiro momento
no século XIX e espalhou-se por todos os continentes no século XX. E foi essa
globalização da industrialização que causou rápida degradação das águas
nos diversos continentes que passaram a ser impactados por esse novo ciclo
econômico, inclusive com doenças infecciosas transmitidas através das águas em
todos os países do globo (ROSEN, 1994). Em contrapartida temos também que
muitas populações vêm enfrentando crescente escassez de abastecimento de água
pura, com porcentuais de atendimento às populações em termos de esgotamento
e de tratamento de esgotos muito reduzidos.

Cada vez mais os governos terão de investir em saúde pública e em


saneamento para elevar o padrão geral de vida das pessoas e terão ainda que
investir em recuperação ambiental para lagos, reservatórios, rios e aquíferos
degradados.

O nosso século XXI iniciou com grandes desafios em relação ao futuro dos
recursos hídricos, com problemas chegando ao ponto de irreversibilidade e que
necessitam de novas tecnologias ou uma parada obrigatória da exploração desses
recursos para deter a degradação ou a adaptação da humanidade a esse novo
quadro mundial. A perspectiva que está à frente é a do estudo da recuperação e
mitigação dos impactos gerados nas águas de todo o planeta fomentando novas
tecnologias para recuperação do degradado para que possamos entregar esse
recurso precioso, a água, às futuras gerações em um estágio seguro e propício
para a vida.

80
RESUMO DO TÓPICO 2
Neste tópico, você aprendeu que:

• A história da utilização da água ao longo do tempo, bem como a preocupação


desta água para humanidade, que vem desde os tempos do estágio nômade,
passando pelos agrupamentos humanos com locais fixos, as cidades, a Revolução
Industrial até a atualidade. E que hoje, como no passado, a preocupação com
água tem como objetivo suprir as necessidades de alimentação, de sede,
saneamento, do desenvolvimento da agricultura, e da indústria. E que o
homem teve que aprender ao logo deste tempo como manejá-la e tratá-la para
oferecer esta água com melhor qualidade as suas populações.

• Que já existe como mensurar o impacto ambiental do ser humano sobre o


planeta a partir da verificação do cotidiano de cada ser humano dentro do
contexto em que vive. Um exemplo de metodologia é a pegada ecológica que
é conceituada como uma contabilidade ambiental que avalia a pressão do
consumo das populações humanas sobre os recursos naturais.

81
AUTOATIVIDADE

1 Relacione as colunas com a sequência temporal correta da utilização da água


pelo homem.

1- Homem nômade ( ) preocupação com o saneamento.


2- Homem da atualidade ( ) água eminentemente para matar a sede.
( ) utilização para indústria.
( ) utilização para grandes plantações.
( ) para alimentação.

2 Como a WWF caracteriza a pegada ecológica?

82
UNIDADE 2 TÓPICO 3

CONCEITOS

1 INTRODUÇÃO
A água é tão importante para vida na Terra, seja ela água do mar ou água
doce, que para estudarmos precisamos saber o maior número de dados a seu
respeito, e é através desse conhecimento maior que veremos a seguir, poderemos
ser agentes de transformação, como nas colocações de PINTO-COELHO;
HAVENS, (2015, p. 17) que afirmam que:

Muitos cientistas vêm alertando que estamos nos aproximando de


um ponto de “não retorno” para alguns casos, ou seja, de um ponto
a partir do qual não será mais possível retornar às condições do
passado (exemplo: aumento do nível dos oceanos). Será que teremos
que chegar a um ou vários desses pontos para então começarmos a
agir? Vivemos uma crise nas águas da biosfera? O pequeno tempo de
residência da água dos rios sugere que esses sistemas possuem uma
elevada dinâmica. Os rios destacam-se pela sua elevada capacidade
de transporte de sólidos em suspensão, nutrientes dissolvidos.
São verdadeiras “estradas da vida”, já que centenas de espécies de
peixes, aves e mamíferos e milhares de espécies de insetos e de outros
invertebrados os usam como rotas de migração e locais de reprodução
ou ali vivem toda a sua vida. As diferenças na oferta de água, quando
somadas às mudanças climáticas, à crescente destruição de hábitats e
à pressão por novos usos formam um cenário sombrio que caracteriza
a atual “crise nas águas”. Como todas as crises enfrentadas pela
humanidade através dos séculos, essa será uma crise que irá deixar
marcas permanentes na história de nossa civilização.


2 O QUE É A ÁGUA?
Vamos ver do que é composta a água em sua essência sem qualquer
interferência ou reação por poluente. Como a água é uma das substâncias em
abundância em nosso planeta, desta forma, bastante comum, é encontrada na
natureza na forma da molécula pela fórmula química H2O. Em cada grama de água
há cerca de 30 000 000 000 000 000 000 000 (leia: "trinta sextilhões") de moléculas
de água. Inimaginável quantitativamente contando. Veja uma molécula de água
como é estruturalmente com seus respectivos átomos de oxigênio e hidrogênio:

83
UNIDADE 2 | RECURSOS HÍDRICOS

FIGURA 14 – MOLÉCULA DE ÁGUA

FONTE: Disponível em <http://www.sobiologia.com.br/


conteudos/Agua/>. Acesso em: 24 jul. 2017.

2.1 A ÁGUA NO PLANETA TERRA


Como estudamos, 71% da superfície da Terra é coberta por água em estado
líquido. Deste total em volume, 97,4% aproximadamente, está nos oceanos, em
estado líquido. A água dos oceanos é salgada por conter muito cloreto de sódio,
além de outros sais minerais. Além do oceano ela é encontrada nos rios, nos
lagos e nas represas, infiltrada nos espaços do solo e das rochas, nas nuvens e nos
seres vivos. Nesses outros locais a concentração de sais é inferior à água do mar,
portanto, chamada de água doce e corresponde a apenas cerca de 2,6% do total de
água do planeta. Observe também que em torno de 1,8% da água doce do planeta
está em estado sólido, com formação de grandes geleiras nas regiões próximas
dos polos e no topo de montanhas elevadas. As águas subterrâneas compõem
0,96% da água doce, o restante está disponível em rios e lagos.

FIGURA 15 – PORCENTAGEM DE ÁGUA NA TERRA

Oceanos e mares - 97%
Geleiras inacessíveis - 2%
Rios, lagos e fontes subterrâneas - 1%

FONTE: Disponível em: <http://www.sobiologia.com.br/conteudos/Agua/>. Acesso em:


24 jul. 2017.

84
TÓPICO 3 | CONCEITOS

2.2 O CICLO DA ÁGUA


Nenhuma água no planeta se mantém sem passar pelo ciclo da água. Para
o entendimento de como esse ciclo se processa podemos iniciar com a água no
estado líquido que ocupa os oceanos, lagos, rios, açudes etc. De forma contínua
e lenta, à temperatura ambiente, acontece a evaporação, quando a água passa do
estado líquido para o gasoso.

Devemos observar que quanto maior for a superfície de exposição da


água (como exemplo, um oceano ou nas folhas de árvores de uma floresta), maior
será a evaporação. E esse vapor de água quando chega às camadas mais frias
da atmosfera, volta ao estado líquido, em gotículas de água ou cristais de gelo
minúsculos concentrados chamados por nós de nuvens.

As nuvens ao serem formadas por um acúmulo de água muito grande, as


gotas tornam-se cada vez maiores, há a precipitação da água que chamamos de
chuva. Nas regiões muito frias da atmosfera, o diferencial é que a água passa do
estado gasoso para o estado líquido e, rapidamente, para o sólido, formando a
neve ou os granizos (pedacinhos de gelo).

Com a água da chuva e da neve derretida, temos a infiltração no solo, para


formação ou renovação dos  lençóis freáticos, e estes em algum lugar propício,
emergem para a superfície para formar as nascentes de córregos, rios e manter
seus níveis de água.

Outra maneira da utilização da água do solo é a absorção pelas raízes


das plantas. E posteriormente por transpiração, as plantas eliminam água no
estado de vapor novamente para o meio ambiente (folhas) para suprir a cadeia
alimentar, onde as plantas, pelos frutos, raízes, sementes e folhas, transferem
água para os seus consumidores. Imagine se ela se utilizar de fonte contaminada
como ficariam os consumidores dessa cadeia!

Esse não é o único ciclo que ocorre no meio ambiente, pois além de ingerido
pela alimentação, os animais obtêm água bebendo-a diretamente. E devolvem-na
para o ambiente pela transpiração, pela respiração e pela eliminação de urina e
fezes. Essa água evapora e retorna à atmosfera. Este ciclo da água permanente em
todo o nosso planeta.

85
UNIDADE 2 | RECURSOS HÍDRICOS

FIGURA 16 - CICLO DA ÁGUA

FONTE: Disponível em: <http://www.sobiologia.com.br/conteudos/Agua/Agua5.


php>. Acesso em: 15 jul. 2017.

2.3 CLASSIFICAÇÕES E USO DA ÁGUA


Todos os seres vivos dependem da água. Necessitamos no nosso dia a
dia para limpar as nossas casas, lavar as nossas roupas, o nosso corpo, limpar
máquinas e equipamentos, irrigar plantações, dissolver produtos químicos, criar
novas substâncias, gerar energia e outras tantas soluções. Sim, soluções porque
a água em seu estado normal, límpida é solução para todas as atividades de
nossas vidas. Mas as nossas atividades humanas, muitas vezes, comprometem
a qualidade da água. Casas e indústrias se não tiverem preocupações na área de
sustentabilidade, podem despejar em rios e mares substâncias sem tratamento
adequado que prejudicam a nossa saúde. Dessa forma é necessário que cada
um faça a sua parte para escolher bem a água que usamos e cobrar de órgãos
fiscalizadores a proteção de rios, lagos e mares de agentes nocivos à vida de nosso
planeta.

Como a água é necessária a todas atividades humanas, ela serve tanto para
consumo como insumo nas indústrias, a sua classificação depende do seu uso.
Mesmo na água captada de fontes têm-se outras substâncias além das moléculas
de hidrogênio e oxigênio, sem que cause danos aos seres vivos, não estando por
isso poluída. Mas dependendo da sua localização ela pode apresentar-se com
substâncias que prejudicam sua utilização.
 

86
TÓPICO 3 | CONCEITOS

2.4 TIPOS DE ÁGUA


Encontramos vários tipos de classificação para água baseada em sua
potabilidade. A água potável é aquela conhecida como água pura e necessita ter
as características como ser incolor, insípida (sem sabor) e inodora (sem cheiro).
Não deve apresentar material tóxico e microrganismos, como protozoários,
bactérias etc., prejudiciais a nossa saúde, mas sim sais minerais em quantidade
necessária. A água potável desejável, como já estudamos, é encontrada em
pequena quantidade no nosso planeta e não é infinita. Por este motivo devemos
pensar em utilizá-la de forma planejada.
 

2.4.1 Água destilada


A água destilada diferente da água potável que possui certa quantidade
de sais minerais dissolvidos, que são importantes para a nossa saúde, não pode
ter qualquer outra substância dissolvida. Para conseguir a água destilada deve-
se retirar os sais minerais e outros produtos dissolvidos na água, através de
um processo chamado  de destilação. A água destilada que é o produto dessa
destilação, é utilizada na fabricação de remédios e em baterias de carros e outros
produtos não é a água utilizada para beber, já que não possui os sais minerais
necessários ao nosso organismo. O aparelho utilizado para produzir a água
destilada é chamado de destilador, como podemos ver a seguir:

FIGURA 17 – APARELHO DESTILADOR

FONTE: Disponível em: <http://www.sobiologia.com.br/conteudos/


Agua/Agua2.php>. Acesso em: 13 jul. 2017.

Observe que a água ferve  (1)  com ajuda do  (2)  Bico de Bunsen (chama
que aquece a água), transformando-se em vapor  (3), e depois se condensa  (4),
voltando ao estado líquido. Os sais minerais não vaporizam, mas ficam dentro
do vidro onde a água foi fervida, chamado de balão de destilação (SOBIOLOGIA,
s.d.).
 
87
UNIDADE 2 | RECURSOS HÍDRICOS

2.4.2 Água mineral


A água mineral, diferente a do mar, que é salgada, por conter cloreto
de sódio, o sal que utilizamos em nossa alimentação, não pode ser consumida
para saciar a sede, ou seja, não é potável. O excesso de consumo de sal nos fará
eliminar mais água na urina do que o normal nos deixando desidratados. A água
doce proveniente de rios, lagos e fontes é possível de ser bebida desde que seja
isenta de micróbios e produtos tóxicos ou que tenha passado por tratamento para
eliminar a toxidez ou microrganismos.

A água mineral é aquela que brota de fontes do subsolo, os lençóis freáticos.


Ela possui alguns sais minerais quase sempre em quantidades superiores à água
utilizada nas residências. A água mineral é, em sua maioria potável podendo ser
bebida na fonte ou após engarrafada, desde que a fonte não esteja poluída ou
contaminada, e com as respectivas autorizações dos órgãos reguladores tendo o
processo de engarrafamento higiênico.

FIGURA 18 – MÁQUINA DE ENGARRAFAMENTO AUTOMÁTICO DA ÁGUA MINERAL

FONTE: Disponível em: <http://portuguese.liquidbottlefillingmachine.com/sale-


2108611-fully-automatic-mineral-water-bottling-machine-filling-plant-
high-speed.html>. Acesso em: 14 jul. 2017.

2.5 USOS DA ÁGUA


A água pode ser utilizada em:

• Na indústria: como insumo ou matéria-prima, na produção de alimentos e


produtos farmacêuticos, em sistemas de refrigeração, na metalurgia, lavagem
nas áreas de produção de papel, tecido, abatedouros, como vapor para
caldeiras, entre outros.

88
TÓPICO 3 | CONCEITOS

• Para abastecimento doméstico: para preparação de alimentos, bebidas, higiene


pessoal, limpeza na habitação, irrigação de jardins e hortas particulares, criação
de animais domésticos, entre outros.

• Abastecimento público: moradias, escolas, hospitais, irrigação de parques e


jardins, limpeza de ruas e logradouros, paisagismo, combate a incêndios, entre
outros.
.
• Abastecimento comercial: em escritórios, oficinas, nos centros comerciais e
lojas, em bares, restaurantes, entre outros.

• Abastecimento agrícola e pecuário: na irrigação para produção de alimentos,


para tratamento de animais, lavagem de instalações, máquinas e utensílios.

• Na recreação: em áreas do turismo, lazer, em piscinas, lagos, parques, rios,


entre outros.

• Para geração de energia elétrica: produzindo energia através de hidrelétricas


ou moinhos de água

• Saneamento: diluição e tratamento de efluentes.

O CONAMA, em sua Resolução 357/2005, (BRASIL, 2005, p. 1)


classifica os corpos d´água, quanto a sua qualidade requerida para os seus usos
preponderantes, em treze classes subdivididas em águas salobras, águas salinas
e águas doces. São consideradas águas doces as águas com salinidade igual ou
inferior a 0,5 ‰. Águas salobras COM salinidade superior a 0,5 ‰ e inferior a 30
‰. E águas salinas com salinidade igual ou superior a 30 ‰.

UNI

O mar pode "morrer"?

A resposta é sim. Como? Temos um exemplo na Ásia, o famoso mar Morto, que é um
exemplo de que um mar ou lago pode "morrer". Quando o nível de sal está tão alto que
não permite a vida da fauna, (os peixes) e flora nele. No mar morto esse fenômeno ocorreu
devido à pouca chuva aliada à sua grande evaporação em função do clima quente e seco,
somado à diminuição de escoamento de rios.

Os resíduos que normalmente poluem a água são os metais, plásticos,


vidros, papéis, embalagens longa vida, isopor, mas que podem ter um destino
nobre, serem reciclados, livrando a água de boa parte dos seus maiores (em
tamanho) e mais comuns poluidores. Já os materiais poluidores orgânicos

89
UNIDADE 2 | RECURSOS HÍDRICOS

encontrados na água são as sobras de alimento, cascas de frutas, cigarros, papel


higiênico, guardanapo, entre outros. Sem levar em consideração os lixos de
grandes proporções como sofás, restos de tecidos, madeiras e tudo aquilo que
não é mais necessário e que não é recolhido pelo poder público.

Esse é um desrespeito pela natureza encontrado na população dos


empresários e governos, pois no Brasil existem 12 mil lixões, 63% instalados na
beira de rios e mananciais. Outro motivo da deterioração dos mananciais que
servem de abastecimento às cidades são as instalações de indústrias, ocupações
imobiliárias sem qualquer planejamento urbano. A população precisa ter noção
que a movimentação das águas que saem das fontes e formam pequenos riachos
são os abastecedores de rios e se infiltram nos mananciais subterrâneos.

Nos últimos tempos há muita utilização de captação de água do subsolo,


principalmente nos países desenvolvidos, mas há necessidade de cuidado para
que estas águas não sejam poluídas evitando futuras restrições de abastecimentos.
Essa contenção da poluição pode ser gerenciada a partir do conhecimento
hidrogeológico associado a um processo contínuo de conscientização através da
educação e da utilização da tecnologia de todos as partes envolvidas: população,
empresários e governo.

Você sabia que o aquífero fica em grandes profundidades e alimenta


perenemente os rios? E que o aquífero Guarani é considerado o maior reservatório
subterrâneo de água doce da Terra, chega a ficar a 1800 metros da superfície
e passa pelos estados de São Paulo, Minas Gerais, Goiás, Mato Grosso do Sul,
Paraná, Santa Catarina e Rio Grande do Sul. O aquífero Guarani ocupa 840.000
km2 do território brasileiro, ele se estende pela Argentina (255.000 km2), Uruguai
(58.500km2) e Paraguai (58.500 km2). Em proporções o aquífero Guarani ocupa
áreas equivalentes a países como França, Espanha e Inglaterra, possui água para
abastecer a população da terra por uma década ou só a população brasileira por
3500 anos tendo 70% de suas águas no território brasileiro.

UNI

Outra curiosidade sobre o aquífero Guarani, é que suas águas chegam a atingir
temperaturas elevadas entre 50 e 85oC em algumas regiões em que se situa. Suas águas,
em função da temperatura podem ser utilizadas economicamente em alguns processos
industriais, hospitalares, no combate à geada e para fins de recreação e lazer.

90
TÓPICO 3 | CONCEITOS

A formação do aquífero Guarani data nos tempos dos dinossauros e é


constituído em rocha de arenito, tendo seu nome dado pelo geólogo Uruguaio
Danilo Dalton em homenagem à nação Guarani que habitava a sua região no
período Colonial. Anteriormente, em função da grande extensão do aquífero
e por passar por quatro países, seu nome era Gigante do Mercosul. Com a
utilização cada vez maior de seus recursos os países integrantes do aquífero estão
desenvolvendo uma gestão sustentável para preservá-lo às futuras gerações.

Como exemplo temos o Código das Águas de 1934. No artigo 98, afirma
que é expressamente proibido fazer construções capazes de poluir ou inutilizar,
para uso ordinário, a água do poço ou nascente alheia, a elas preexistentes. E, no
artigo 99 lê-se: “Todo aquele que violar as disposições dos artigos antecedentes é
obrigado a demolir as construções e respondendo responde por perdas e danos”
(BRASIL, 1934 apud VITORINO, 2007, p. 10).

FIGURA 19 – O AQUÍFERO GUARANI

FONTE: Disponível em: <https://goo.gl/uaBTJW>. Acesso em: 7 fev. 2018.

Em torno de 15 milhões de pessoas, hoje, vivem na região do Sistema


Aquífero Guarani, e o seu consumo deve aumentar em função do aumento
demográfico, consequentemente, o número de pessoas a utilizá-lo deve aumentar,
somado ao consumo pela indústria e o setor agrícola.

Para preservar o aquífero, aconteceu em Foz do Iguaçu no ano de 2000,


um encontro para aprovação de um projeto sobre a proteção Ambiental e
Desenvolvimento Sustentável do Sistema Aquífero Guarani e, em 2003, foi criado
o programa Pró-Rio Uruguai (que é abastecido pelo Aquífero) em cooperação

91
UNIDADE 2 | RECURSOS HÍDRICOS

com o Banco Interamericano de Desenvolvimento – BID, que doou mais de 1


milhão de dólares para completar o montante estimado em mais de 2,5 milhões
de dólares de investimentos para sua preservação.

Por estar em menos contato com a superfície, o lençol freático do aquífero


conserva ainda água com excelente qualidade, dessa forma, tem um grande valor
estratégico aos países em que passa e tem seu risco de poluição aumentado nas áreas
de recarga e na escavação de poços profundos. O projeto entre os países (Brasil,
Argentina Paraguai e Uruguai) tem como objetivo aprofundar os conhecimentos
sobre o comportamento hidrodinâmico do aquífero, de aproveitamento de seus
gradientes térmicos na produção de energia, e na área de recarga que deveriam
receber proteção especial para diminuir os riscos de contaminação. 

A Agência Nacional de Águas (ANA) dá o aporte ao governo brasileiro


no sentido de ajuda aos governos estaduais, por onde se situa o aquífero, para
implantação de um sistema de cadastramento, monitoramento e fiscalização de
atividades poluidoras em áreas de recarga e de poços, mobilizando centros de
estudos na área pelo país.

Em pesquisas desenvolvidas por sanitaristas, na parte catarinense,


em áreas de recarga foi encontrado nitrato como maior poluente, que é um
componente gerado por fertilizantes nitrogenados em zonas irrigadas com solos
permeáveis e aquíferos livres. Devemos lembrar que a autodescontaminação do
aquífero pode levar séculos, daí a importância de sua preservação.

  Em sua formação, o aquífero, sendo uma rocha arenosa, com mais ou


menos 5km2, acumula a água da chuva a grandes profundidades, como uma
esponja e, como essa infiltração acontece lentamente, a sua renovação também é
lenta levando milhares de anos para se recompor.

FIGURA 20 – DISTRIBUIÇÃO DAS ÁGUAS NA TERRA

1
2
3
4

1
2
3
4

FONTE: Disponível em: <http://www.pucrs.br/edipucrs/online/planetaagua/


planetaagua/capitulo1.html>. Acesso em: 14 jul. 2017.
92
TÓPICO 3 | CONCEITOS

FIGURA 21 – CONSUMO DE ÁGUA NO PAÍS

1
4
2
3 2
3

FONTE: Disponível em: <http://www.pucrs.br/edipucrs/online/planetaagua/


planetaagua/capitulo1.html>. Acesso em: jul. 2017.

QUADRO 4 – DISTRIBUIÇÃO DA ÁGUA NA TERRA POR KM²

FONTE: Disponível em: <www.aguasubterranea.hpg.ig.com.br/ciclo.htm>. Acesso


em: 14 jul. 2017.

Os recursos hídricos de água doce, hoje por continentes, conforme Geo


Brasil (2007) apud VICTORINO (2007) se dão, da seguinte forma:

• América do Norte: 36%


• América Central: 6%
• América do Sul: 60%
• África 9%

93
UNIDADE 2 | RECURSOS HÍDRICOS

• Ásia: 32%
• Austrália e Oceania: 6%
• Europa: 7%.

UNI

Da América do Sul, 28% da água está no Brasil, 180 mil m³ vazão média anual
de água nos rios brasileiros. Só a região Amazônica possuiu 74% de toda água disponível
no Brasil, 46% da água extraída dos rios no Brasil vai para irrigação e outros 27% para área
urbana (GEO BRASIL, 2007 apud VICTORINO 2007).

UNI

Você sabia que existe a Declaração Universal dos Direitos da Água? Ela foi
proclamada em 1992 pela ONU e tem como objetivo atingir todos os povos e todas as
nações, para que todos os homens, tendo esta Declaração constantemente para si, tenham
consciência e que utilizem da educação de seus povos, desenvolvam o respeito aos direitos
e obrigações mencionados nesta declaração.

94
RESUMO DO TÓPICO 3
Neste tópico, você aprendeu:

• Como a água é em sua essência sem qualquer interferência ou reação por


poluente, ou seja, na forma da molécula, ou como fórmula química de H2O,
posteriormente, os principais tipos de poluentes que a atinge.

• A classificação dos tipos de água em destilada e mineral e suas utilizações na


indústria, para abastecimento doméstico, abastecimento público, abastecimento
comercial, abastecimento agrícola e pecuário; na recreação, para geração de
energia elétrica e saneamento.

• Que as águas que utilizamos saem das fontes (muitos delas provenientes
de aquíferos), formam pequenos riachos, abastecem os rios e que estes rios
também se infiltram nos mananciais subterrâneos, antes de serem captados
pelo homem para suas diversas utilizações.

• A distribuição da água doce na terra por continente, o seu consumo no Brasil,


tendo como maior utilização a agricultura, seguida pela geração de energia
elétrica, comércio e consumo e indústria. Além de mostrar consumo desta água
doce por continente com: América do Sul 60%, América do Norte 36%, Ásia:
32%, África 9%, Europa 7%, América Central 6%, Austrália e Oceania 6%.

95
AUTOATIVIDADE

1 Coloque V para as sentenças verdadeiras ou F para as falsas e depois assinale


a alternativa correta:

( ) A água destilada, diferente da água potável que possui certa quantidade de


sais minerais dissolvidos, os quais são importantes para a nossa saúde, não
pode ter qualquer outra substância dissolvida.
( ) A água pode ser utilizada: na indústria, no abastecimento doméstico,
no abastecimento comercial, no abastecimento agrícola e pecuário e na
recreação.
( ) A água mineral, diferente da do mar que é salgada por conter cloreto
de sódio, que é o sal que utilizamos em nossa alimentação, não pode ser
consumida para saciar a sede ou seja não é potável.
( ) No abastecimento público – a água tem como utilidade servir para
abastecimento de moradias, escolas, hospitais, irrigação de parques e
jardins, limpeza de ruas e logradouros, paisagismo, combate a incêndios,
entre outros.
( ) No lazer, a água tem como objetivo abastecer indústrias, irrigação de parques
e jardins, limpeza de ruas e logradouros, paisagismo, combate a incêndios,
entre outros.

Selecione a alternativa correta:


a) ( ) V – V – V – V – V.
b) ( ) V – F – V – F – V.
c) ( ) V – V – F – V – F.
d) ( ) F – V – V – V – V.
e) ( ) V – V – V – V – F.

2 Quanto ao Aquífero Guarani assinale V ou F e posteriormente selecione a


alternativa correta:

( ) A formação do aquífero Guarani data nos tempos dos dinossauros e


é constituído em rocha de arenito, tendo seu nome dado pelo geólogo
Uruguaio Danilo Dalton em homenagem a nação Guarani que habitava a
região no período Colonial
( ) A Agência Nacional de Águas (ANA) dá o aporte ao governo brasileiro
no sentido de ajuda aos governos estaduais, por onde se situa o Aquífero
Guarani, para implantação de um sistema de cadastramento, monitoramento
e fiscalização de atividades poluidoras em áreas de recarga e de poços,
mobilizando centros de estudos na área pelo país.
( ) Em torno de 15 milhões de pessoas, hoje, vivem na região do Sistema
Aquífero Guarani, e o seu consumo não deve aumentar em função do
aumento demográfico.

96
( ) Por estar em menos contato com a superfície o lençol freático do aquífero
conserva ainda água com baixa qualidade, dessa forma, tem um baixo valor
estratégico aos países em que se localiza.
( ) Para proteger o Aquífero Guarani temos o Código das Águas de 1934, que
afirma no artigo 98 que é expressamente proibido construções capazes de
poluir ou inutilizar, para uso ordinário, a água do poço ou nascente alheia,
a elas preexistentes.

Selecione a alternativa correta:


a) ( ) V – V – V – V – V.
b) ( ) V – F – V – F – V.
c) ( ) V – V – F – F – V.
d) ( ) F – V – V – V – V.
e) ( ) V – V – V – V – F.

97
98
UNIDADE 2
TÓPICO 4

TIPOS DE TRATAMENTOS DE EFLUENTES

1 INTRODUÇÃO
Conhece-se a educação de um povo pela forma que trata coisas ou mesmo
as pessoas, sem antever ou perceber benefício algum, é o que mais ou menos diz
o ditado popular. Mas o que dizer se pensarmos no valor de algo tão importante
para vida como é a água. Devemos ter todo cuidado com a água, não pela
imposição da legislação, mas sim por ter certeza que sem ela, nós seres vivos não
sobreviveremos.

Por um lado ou por outro, é nossa responsabilidade preservá-la ou


fazer com que ela retorne à natureza e àqueles que têm necessidade dela para
sobreviver. Para isso, o homem vem a séculos desenvolvendo maneiras de
tornar a água poluída pela sua má utilização ou pela não preocupação de dar
um fim correto a dejetos, lixos, entulhos, em uma água potável e de utilidade a
todas as formas de vida, tanto é verdade que nós "Somos o maior destruidor da
natureza, considerando que, nos últimos 15 anos, a disponibilidade quantitativa
e qualitativa de água por pessoa diminuiu 37% e que 93% da Mata Atlântica
está devastada. Mas, ao mesmo tempo, somos a única esperança da natureza"
(WARTCHOW 2004 apud VICTORINO, 2007, p. 7).

  Além da informação de um dos secretários Geral da ONU, o Sr. Kofi


Annan, que no dia Internacional do Meio Ambiente de 2004 declarou: "O lixo
marinho mata anualmente mais de um milhão de aves marinhas e cerca de 100
mil mamíferos marinhos e tartarugas. Como mais de 40% da população mundial
vive em até 60 km da faixa litorânea e, este índice vem aumentando, os problemas
tendem a se agravar” (ONU, 2004 apud VICTORINO, 2007). Por esta afirmação
podemos relatar práticas comuns do ser humano que impactam no meio ambiente,
como o jogar o lixo de forma indiscriminada nos mananciais de água. Vejamos, a
seguir, algumas formas de destruição ambiental, que o homem está acostumado
a praticar, sem se dar conta. 

O desperdício de água no Brasil com banho está em 70%, nas residências


e chega a um total de 78%. Os índices com essa prática, por exemplo, em uma
ducha com duração de 15 minutos, perdem-se 60 litros de água. No banho de
imersão são gastos 350 litros, no vaso sanitário são gastos 18 litros de água ou 6
litros quando há descarga acoplada. 

Uma escovação de dentes com torneira aberta ininterrupta, gasta 25 litros


de água potável. Na máquina de lavar roupa de 10 kg são utilizados 140 litros,

99
UNIDADE 2 | RECURSOS HÍDRICOS

no tanque com torneira aberta em 15 minutos são gastos 117 litros de água em
uma casa, em apartamento a estatística mostra que são 280 litros gastos. Uma
torneira aberta gasta por minuto o equivalente de 12 a 20 litros, lavar a calçada
durante 1 minuto gasta 4 litros e lavar o carro, durante 25 minutos, são 100 litros
desperdiçados. Estatisticamente cada pessoa, sem preocupação com o consumo
de água, gasta por dia de 150 a 200 litros de água.

No tratado Estratégias da Biodiversidade Global, especialistas de todo


o mundo mostraram que as alterações das diversas atividades (agricultura,
agropecuária, urbanizações, indústria e mineração), ocasionaram mudanças
profundas nas características dos ecossistemas com a adição novas substâncias,
como toxinas e fertilizantes de difícil tratamento, principalmente na água, para
torná-la própria, no mínimo, para o consumo humano.

Só para termos ideia, em 1996, pesquisas mostraram que a economia


global praticamente quintuplicou nos últimos 45 anos. O consumo de água,
grãos e carne triplicou enquanto o uso do papel sextuplicou. Imagine como estão
esses dados hoje em dia. As pessoas do grupo dos 40% mais pobres do planeta
sobrevivem com uma renda de menos de 2 dólares/dia, menos de 7% da renda
global (VICTORINO, 2007). Entretanto, o grupo dos 20% mais ricos duplicaram
o consumo de madeira, energia e quadruplicaram o número de seus automóveis,
(sobre consumo humano, na Unidade 2, Tópico 2 deste livro). Percebemos que os
mais abastados degradam pela sua voracidade em utilizar e desperdiçar resíduos
enquanto a camada da população mais pobre por subsistência ou ignorância.

A preocupação com a potabilidade da água já é uma realidade das nações


e de algumas ONGs, seja pelos gastos de tornar essa água potável novamente,
e a população livre de doenças provenientes de água poluída. Para isso, além
de preservar é necessário diagnosticar os poluentes, desenvolver práticas mais
saudáveis no tratamento e com auxílio da natureza (SENZ, 2016).  Segundo
Victorino (2007, p. 12),

é preciso que essa busca pelas coisas que geram mais e mais poder,
seja canalizada para ações que visualizem a busca pelo bem-estar
econômico e social de todos, e a água tem esse objetivo. Algumas
experiências mostram que os recursos hídricos existentes no planeta
foram criados para que o homem, não importa de qual nação ou raça,
possa fazer desses recursos uma forma de busca e de satisfação de
interesses em uma oportunidade de cooperação e desenvolvimento
conjunto dentro de um sistema de regulamentação que trate essa água
como um bem comum.

A cobrança pelo uso racional da água será cada vez maior pelo custo de
captação e tratamento e posteriormente depois de ser utilizado.

Estudaremos as formas de tratamento desses efluentes conforme os vários


tipos de contaminações para que você possa ter uma noção de como conseguir o
tratamento de água mais compatível com sua realidade.

100
TÓPICO 4 | TIPOS DE TRATAMENTOS DE EFLUENTES

O gerenciamento dos recursos hídricos baseia-se na percepção da água


como parte integral do ecossistema, recurso natural e bem social e econômico, cuja
quantidade e qualidade determinam a natureza de sua utilização (VICTORINO,
2007).

A utilização hoje cada vez maior de captação de águas provenientes da


chuva sem ser para consumo direto ao homem e sim para utilização em descarga
de banheiros, ou para molhar jardins, já é uma preocupação de algumas empresas
na construção de casas e prédios como mostra o projeto abaixo do engenheiro
Paulo Garcia, pós-graduado em engenharia ambiental, recebeu no ano de 2004,
o Case Premiun, em Porto Alegre, por projeto diferencial de qualidade e respeito
com o meio ambiente (VICTORINO, 2007).

FIGURA 22 – SISTEMA DE ARMAZENAMENTO DE ÁGUA DE CHUVA BASEADA NAS


CISTERNAS
1 - Captação água da chuva
7 - Reservatório para
abastecimento das bacias 2 - Recolhimento através de
sanitárias e combate a calhas e conduzidas às colunas
incêndio
9 - Bacia Sanitária
8 - Caixa de incêndio

6 - Através de um conjunto de
bombas, a água é recalcada
para os reservatórios superiores 3 - Remoção das partículas
com a utilização de um filtro

10 - Poço artesiano
Sistema complementar
5 - A água filtrada será encaminhada
a um reservatório exclusivo
4 - As partículas são
conduzidas ao esgoto pluvial

FONTE: Disponível em: <http://www.pucrs.br/edipucrs/online/planetaagua/


planetaagua/capitulo5.html>. Acesso em: 14 jul. 2017.

101
UNIDADE 2 | RECURSOS HÍDRICOS

O sistema baseia-se na captação de água da chuva captada e conduzida pela


rede pluvial até um filtro instalado no subsolo. No filtro são retirados os resíduos
sólidos e água vai para um reservatório na base inferior do prédio, e bombas
enviam a água para o reservatório no alto do edifício. Este reservatório abastece
os vasos sanitários e a rede de combate a incêndio do prédio. Um poço artesiano,
localizado no subsolo, funciona como um sistema complementar (VICTORINO,
2007).

Deve-se lembrar de que a primeira causa da poluição dos rios é o esgoto


doméstico que não é tratado pela maior parte das cidades do Brasil e que a água
para ser utilizada pela população tem de ser, no mínimo, de boa qualidade.

Os custos para oferecer água de abastecimento estão diretamente ligados


à sua qualidade e das fontes e o valor de consumo de água depende dos usos e da
estrutura da fonte de consumo. Nos países de baixa renda per capita (entre U$200
e U$500), 4% são destinados para consumo doméstico, 5% para a indústria e 91%
para a agricultura. Já em países com alta renda (isso entre U$5.000 e U$ 20.000) o
consumo é de 14% para uso doméstico, 47% para as indústrias e 39% são usados
para agricultura (TUNDISI, 2003).

Veja como em média é o consumo de água por produtos agrícolas:

1- Produtos agrícolas Necessidade de água


(Quilo) (Litros)
Trigo 900
Milho 1.400  
Arroz 1.910
Carne de Frango 3.500
Carne de Boi 100.000

Consumo médio de água por produtos industriais:

Necessidade de água
2- Produtos industriais
(Litros)
1 litro de gasolina 10
1 quilo de açúcar 100  
1 quilo de papel 250
1 dia de papel para imprensa
1,4 bilhões
mundial
1 quilo de alumínio 100.000
4 pneus de carro 9.400

FONTE: Disponível em: <http://www.pucrs.br/edipucrs/online/planetaagua/planetaagua/>.


Acesso em: 14 jul. 2017.

102
TÓPICO 4 | TIPOS DE TRATAMENTOS DE EFLUENTES

A água tratada que já foi um item muito barato a cada dia vem aumentando
para fazer jus ao seu gasto desordenado, bem como pelo seu tratamento após ser
utilizado (tornando-se esgoto) que já acontece em alguma cidade (que é a minoria
em nosso país). Podemos ver na Agenda 21 (lembra-se já falamos sobre ela na
Unidade 1), uma nova maneira de vislumbrar os conceitos de desenvolvimento
sustentável, à nível municipal, estadual e federal isto é voltado as especificidades
de cada região é o que faz a análise criteriosa da Agenda 21 com todos os cidadãos
que quiserem envolver-se.

2 FONTES DE POLUIÇÃO DA ÁGUA


Quais são os contaminantes da água? Em sua essência, podem conter
barro, areia e outras impurezas provenientes do meio natural onde está, como a
coloração ferrugem em um leito com minério de ferro.

O maior problema na contaminação da água está na presença de produtos


químicos tóxicos  ou  microrganismos  que tornam a água poluída, provenientes
da ação humana. A água pode ser poluída de várias formas e a cada forma há
um tratamento específico. Existem três situações de poluição e cada uma traz o
estágio de desenvolvimento social e industrial, segundo Fiocruz (2015, p. 9):
Primeiro estágio: poluição patogênica. Neste estágio, as exigências
quanto à qualidade da água são relativamente pequenas, tornando-
se comuns as enfermidades veiculadas pela água. O uso de estações
de tratamento de água e sistemas de adução podem prevenir os
problemas sanitários neste estágio;
Segundo estágio: poluição total. Este estágio define-se como aquele
em que os corpos receptores tornam-se realmente afetados pela
carga poluidora que recebem (expressa como sólidos em suspensão
e consumo de oxigênio). Este estágio normalmente ocorre durante
o desenvolvimento industrial e o crescimento das áreas urbanas. Os
prejuízos causados ao corpo receptor e, em consequência, à população
podem ser reduzidos com a implantação de sistemas eficientes de
tratamento de água e de esgotos;
Terceiro estágio: poluição química. Este estágio é o da poluição
insidiosa, causada pelo contínuo uso da água. O consumo de água
aumenta em função do aumento da população e da produção
industrial. Cada dia é maior a quantidade de água retirada dos rios e
maior e mais diversa a poluição neles descarregada.

E os principais processos poluidores da água segundo Barros et al. (1995),


no quadro a seguir, são:

103
UNIDADE 2 | RECURSOS HÍDRICOS

QUADRO 5 – NOME PROCESSOS POLUIDORES DA ÁGUA

FONTE: Barros et al. (1995)

FIGURA 23 – TIETÊ EM OBRAS EM SÃO PAULO PARA RETIRADA DE


LIXO DEPOSITADO

FONTE: Disponível em: <http://www.sobiologia.com.br/


conteudos/Agua/>. Acesso em: 14 jul. 2017.

2.1 A POLUIÇÃO CAUSADA PELAS INDÚSTRIAS


Ainda é recorrente que as empresas não estão interessadas no tratamento
de seus resíduos. A maior questão é econômica, pois tratar seus efluentes ou
direcioná-los a aterros sanitários tem um custo alto para as empresas, sendo
mais fácil despejar nos mananciais que abastecem as cidades. Mesmo que as
leis tenham endurecido nos últimos anos, tratando estes atos como criminosos,
existem empresas que jogam seus efluentes não tratados nos rios que abastecem
suas cidades.

104
TÓPICO 4 | TIPOS DE TRATAMENTOS DE EFLUENTES

Pode-se notar um rio poluído quando se observa em sua superfície a


formação de pequena espuma ácida, que, dependendo da fonte de poluição, pode
ser composta principalmente de  chumbo  e  mercúrio. A espuma causa a morte
da flora e da fauna desses rios tanto pela toxidade quanto pela não absorção
de oxigênio pela água. A toxidade pode afetar também aqueles que utilizam
essa fauna como alimento como o próprio consumo da água por populações
ribeirinhas. 

FIGURA 24 – MORTANDADE DE PEIXES NO RIO TIETÊ EM 2014 POR POLUIÇÃO


INDUSTRIAL

FONTE: Disponível em: <http://correio.rac.com.br/_conteudo/2014/11/capa/


nacional/226587-manchas-negras-no-tiete-causam-a-mortandade-de-
peixes.html>. Acesso em: 14 jul. 2017.

2.2 A MINERAÇÃO, A EXTRAÇÃO E O TRANSPORTE DE


PETRÓLEO
As atividades que geram grandes recursos econômicos que não foram
desenvolvidas por empresa que possuam preocupação ambiental podem causar
acidentes graves no meio ambiente. Se isso já acontece com empresas que têm em
seus valores a preocupação com o meio ambiente, como exemplo são as empresas
petrolíferas que contam com acidentes ecológicos graves no meio ambiente. Como
o petróleo extraído dos mares e os metais ditos pesados usados na mineração (por
exemplo, o mercúrio, no Pantanal), lançados na água por acidente, ou negligência,
tem gerado poluição das águas com prejuízos ambientais irreversíveis, um
exemplo é o caso de Mariana em Minas Gerais.

105
UNIDADE 2 | RECURSOS HÍDRICOS

FIGURA 25 – TRAGÉDIA DE MARIANA – BBC

FONTE: Disponível em: <http://www.bbc.com/portuguese/


noticias/2015/11/151125_onu_brasil_mariana_fd>. Acesso em: 14 jul. 2017.

2.3 AS ESTAÇÕES DE TRATAMENTO DA ÁGUA


De forma geral nas cidades grandes recebe-se água encanada, vinda de
rios e lagos. Todas essas águas são submetidas a tratamentos específicos para
eliminar as impurezas e os micróbios que são prejudiciais à saúde.

Para ser tratada, a água do rio ou lago é levada através de canos grossos,
chamados adutoras, para estações de tratamento de água. Depois de purificada, a
água é levada para grandes reservatórios e daí é distribuída para as casas.

No Brasil, 49% de todo o esgoto produzido é coletado através de rede,


tendo pouco mais de 10% do esgoto tratado. Só nas grandes cidades há uma
grande quantidade de esgoto que é jogado sem tratamento nos rios e mares que
servem de corpos receptores. Em função desta postura temos maior poluição
das águas nas áreas urbanas com aumento do custo de tratamento da água de
abastecimento

Em princípio toda água pode ser tratada, mas dependendo dos


contaminantes teremos custo maior ou menor para fazê-lo. Neste ponto reside
a importância das estações de tratamento que têm como objetivo remover
poluentes tanto para torná-la própria para consumo humano como para tratar
águas residuárias para retornar ao corpo d’água.

106
TÓPICO 4 | TIPOS DE TRATAMENTOS DE EFLUENTES

UNI

Você sabia que chamamos de água residuária os esgotos sanitários e


industriais, sendo que este último, de maneira geral, é tratado pela própria indústria ou
removido para empresas que fazem este tratamento antes de enviar ao rio ou lago (corpo
receptor)?

Conforme o Ministério da Saúde, em sua Portaria no 2914/11, (BRASIL,


2011) os parâmetros que devem ser seguidos para a potabilidade de água para
consumo humano são:

QUADRO 6 – PARÂMETRO DE POTABILIDADE DA ÁGUA

FONTE: (BRASIL, 2011 apud SENS, 2016, p. 14)

Segundo a Portaria 2914/11 MS (BRASIL, 2011 apud SENS, 2016, p. 15),


temos:

(1) valor máx. permitido – intensidade máxima de percepção para qualquer


característica de gosto e odor com exceção do cloro livre, nesse caso por ser
uma característica desejável em água tratada.

107
UNIDADE 2 | RECURSOS HÍDRICOS

(2) Os valores recomendados para a concentração de íon fluoreto devem observar


a legislação específica vigente relativa à fluoretação da água, em qualquer caso
devendo ser respeitado o VMP desta tabela.

QUADRO 7 – VALOR MÁXIMO PERMITIDO

FONTE: (BRASIL, 2011 apud SENS 2016, p. 15)

Em termos microbiológicos, conforme a Portaria de no 2914/11 (BRASIL,


2011), temos os seguintes parâmetros:

QUADRO 8 – PADRÃO MICROBIOLÓGICO DE ÁGUA PARA CONSUMO

Valores de
microorganismos por Quantidade desejável para
Microorganismo
quantidade de água potabilidade
coletada

Ausência em
Escherichia coli NMP/ 100 mL
100 mL

Ausência em
Coliformes Totais NMP/ 100 mL
100 mL

Contagem Padrão de Ausência em


NMP/ 100 mL
Bactéria 100 mL

Microcistinas µg/L 1,0

108
TÓPICO 4 | TIPOS DE TRATAMENTOS DE EFLUENTES

Cilindrospermopsina(2) µg/L 1,0

Saxitoxinas µg/L equivalente STX/L 3,0

Frequência de monitoramento de
cianobactérias no manancial de
Cianobactérias Cél./mL abastecimento de água:
< 10000 ----> Mensal
> 10000 ----> Semanal

FONTE: Sens (2016, p. 12)

Verificar cianotoxinas com valor máximo permitido quando for detectada


a presença de gêneros potencialmente produtores de cilindrospermopsinas no
monitoramento de cianobactérias previsto no § 1º do art. 40 Portaria 2914/11
(BRASIL, 2011 apud SENS 2016, p. 12).

2.4 PADRÕES PARA OS AGROTÓXICOS


Você deve verificar que para a análise, o plano de amostragem para os
parâmetros de agrotóxicos deve considerar a avaliação dos seus usos na bacia
hidrográfica do manancial de contribuição, bem como a sazonalidade das
culturas/ plantios e utilização destes (§ 5º art. 40 da Portaria 2914/11 MS).

Observe no quadro a seguir os mais variados tipos de agrotóxicos que


podem ser encontrados na água e que devem receber tratamento adequado, em
muitos casos, distinto do convencional.

109
UNIDADE 2 | RECURSOS HÍDRICOS

QUADRO 9 – PADRÃO PARA AGROTÓXICOS


Parâmetro VMP(1) (µg/L)
Alaclor 20
Aldrin + Dieldrin 0,03
Atrazina 2
Diuron 90
Clordano 0,2
2,4 D + 2,4,5 T 30
DDT + DDD + DDE 1
Endossulfan 20
Endrin 0,6
Glifosato + AMPA 500
Heptacloro e Heptacloro êpóxico 0,03
Hexaclorobenzeno 1
Lindano 2
Metolacloro 10
Metoxicloro 20
Molinato 6
Pendimetalina 20
Pentaclorofenol 9
Permetrina 20
Propanil 20
Simazina 2
Trifluralina 20

FONTE: (BRASIL, 2011 apud SENS 2016, p. 16)

Outro padrão a ser observado quanto à água é o de radioatividade. Deve-


se verificar se se encontra nos padrões permitidos pelo Ministério da Saúde. Veja
no quadro a seguir:

QUADRO 10 – PADRÕES DE RADIOTIVIDADE

Parâmetro VMP(1) (Bq/L)

Rádio - 226 1

Rádio - 228 0,1

FONTE: (BRASIL, 2011 apud SENS 2016, p. 17)

110
TÓPICO 4 | TIPOS DE TRATAMENTOS DE EFLUENTES

Outras substâncias que são novas preocupações para os profissionais


da área de tratamento de água são os chamados novos contaminantes:
perturbadores endócrinos ou interferentes endócrinos. Essas substâncias podem
agir como agonistas ou antagonistas. São os agentes exógenos ou misturas que
modificam a função do sistema endócrino e consequentemente causam vários
efeitos negativos em um organismo, ou na sua progene ou em subpopulações
(WHO, 2012 apud SENS, 2016). São eles os estrógenos, hormônios responsáveis
pelo desenvolvimento sexual feminino, os andrógenos, hormônios responsáveis
pelas características do sexo masculino e a Tiroxina e tri-iodotironina, que
estimulam diversas células do corpo e controlam o crescimento, a reprodução, o
desenvolvimento e o metabolismo. Muitos desses perturbadores endócrinos vêm
com a água após a utilização da lavação de utensílios utilizados pela população.
Como exemplo de produtos que utilizamos e que transportam esses perturbadores
endócrinos temos produtos de higiene pessoal e cosméticos, fármacos, retardantes
de chamas bromados (PBDEs), praguicidas, corantes etc.

FIGURA 26 – CONTAMINANTES EMERGENTES:


INTERFERENTES ENDÓCRINOS

FONTE: Who (2012 apud Sens, 2016, p. 19)

FIGURA 27 – CONTAMINATES EMERGENTES: INTERFERENTES


ENDÓCRINOS

FONTE: Who (2012 apud Sens, 2016, p. 19)

111
UNIDADE 2 | RECURSOS HÍDRICOS

FIGURA 28 – CONTAMINATES EMERGENTES: INTERFERENTES


ENDÓCRINOS

FONTE: Who (2012 apud Sens, 2016, p. 19)

FIGURA 29 – RETARDANTES DE CHAMAS BROMADOS


(PBDES) E NANOMATERIAIS

FONTE: Who (2012 apud Sens, 2016, p. 19)

Outros parâmetros que necessitam ser verificados nas estações de


tratamento em termos de um esgoto sanitário ou industrial são a demanda
bioquímica por oxigênio – DBO. Que é aplicada na medição da carga orgânica na
estação de tratamento de esgotos e na avaliação da eficiência das estações, desta
forma quanto maior a DBO maior a poluição orgânica. Para escolher o sistema de
tratamento é necessário conhecer as condições estabelecidas para a qualidade da
água dos corpos receptores. Todo desenvolvimento de um projeto de sistema de
tratamento deve estar baseado no conhecimento de diversas variáveis do esgoto
a ser tratado, tais como a vazão, o pH, a temperatura, o DBO, DQO, compostos
tóxicos e metais pesados, oxigênio dissolvido, H2S, CH4, N, e quantidade de
sólidos (suspensos, sedimentáveis, totais e dissolvidos) etc. (BARÃOEMFOCO,
s.d.).

112
TÓPICO 4 | TIPOS DE TRATAMENTOS DE EFLUENTES

UNI

O que é DBO?
DBO ou Demanda Bioquímica de Oxigênio é a quantidade de oxigênio necessária a oxidar
a matéria orgânica biodegradável sob condições aeróbicas ou quanto de plantas e/ou
animais presentes na água utilizarão certa quantidade de oxigênio.
FONTE: Disponível em: <http://mundoeducacao.bol.uol.com.br/quimica/demanda-
bioquimica-oxigenio.htm>. Acesso em: 14 jul. 2017.

E a DQO?

A DQO ou Demanda Química de Oxigênio, verifica a quantidade de Oxigênio Dissolvido


(OD) consumido em meio ácido que leva à degradação de matéria orgânica, podendo
ser biodegradável ou não, ou seja, quanto de produto químico presente na água que
consumirá determinada quantidade de oxigênio.
FONTE: Disponível em: <http://mundoeducacao.bol.uol.com.br/quimica/demanda-
quimica-oxigenio.htm>. Acesso em: 14 jul. 2017.

FIGURA 30 – TRATAMENTO DA ÁGUA


reservatório elevado

represa
rede de distribuição

cloro e flúor
sulfato de
adutora de adutora
alumínio
captação canal de água
cal, cloro
filtrada carvão ativado
areia
cascalho

reservatório de
água tratada
floculação decantação filtração

FONTE: Disponível em: <http://www.sobiologia.com.br/conteudos/Agua/>. Acesso em:


14 jul. 2017.

A água vinda do corpo receptor começa a ser tratada na estação trazida


dos dutos. É levada a tanques, na estação de tratamento recebendo inicialmente
o sulfato de alumínio e o hidróxido de cálcio (cal hidratado) que tem a finalidade
de fazer as partículas finas de areia e  de argila presentes na água se juntarem,
formando flocos, por isso esse processo tem o nome de floculação. Como essas

113
UNIDADE 2 | RECURSOS HÍDRICOS

partículas são maiores e mais pesadas, elas vão sendo depositadas no fundo
de outro tanque, chamado de  tanque de decantação. Nesta primeira parte do
tratamento já se consegue tratar parte das impurezas sólidas.

Segundo Sens (2016, p. 7),

a finalidade da coagulação e floculação é transformar as impurezas


que se encontram em suspensão fina, em estado coloidal ou em
solução, bactérias, protozoários e/ou plâncton, em partículas maiores
(flocos) para que possam ser removidas por sedimentação ou flotação,
e/ou filtração. Na prática, a coagulação corresponde ao lançamento do
reagente (coagulante) sob agitação rápida durante um tempo curto e
a floculação corresponde à fase de crescimento dos flocos sob agitação
lenta durante um tempo maior.

Depois de passar algumas horas decantando, a água, acima das impurezas,


vai para etapa de filtração, que se compõe de um filtro com várias camadas de
cascalho, de areias mais grossas as mais finas, que retêm outras partículas que
não se depositaram na decantação e que nesta etapa são retidas nos espaços
entre os grãos de areia. Também neste filtro de areia fica parte dos micróbios.
Como não são todos os micróbios que são retidos na etapa de filtração da água,
há a necessidade de usar a parte chamada de desinfecção que pode ser feita por
cloro, ozonização, porém, no Brasil, por ser mais barato é usado o cloro. O flúor,
um mineral para prevenção de cáries também é colocado nesta fase final. Após
o tratamento, a água é levada para adutoras dos municípios ou para as casas e
indústrias para ser utilizada.

A água é, então, levada através de encanamentos subterrâneos para as


casas ou os edifícios. O cuidado com a água não deve ser pensado somente pelo
poder público, mas os consumidores devem fazer a sua parte mantendo as caixas
de águas limpas, tampadas e fazendo a devida manutenção a cada seis meses.

Existem várias maneiras de desenvolver os tratamentos de água como


veremos a seguir.

2.5 TRATAMENTO DE ÁGUA CONVENCIONAL


A água que chega à população pelo tratamento convencional é água bruta
que passa por uma ETA (Estação de Tratamento de Afluentes), dotado de
processos de floculação, decantação, filtração, correção de pH, desinfecção
(cloração) e fluoretação, antes de chegar à população. Esse processo tem como
características: dar tratamento a uma água com menor qualidade, absorvendo as
variações da qualidade da água bruta, exige mão de obra especializada e possuí
custos altos de implantação, operação e manutenção.

114
TÓPICO 4 | TIPOS DE TRATAMENTOS DE EFLUENTES

FIGURA 31 – TRATAMENTO CONVENCIONAL

FONTE: Adaptado de Sens (2016, p. 38)

FIGURA 32 – TRATAMENTO CONVENCIONAL

FONTE: Adaptado de Sens (2016, p. 38)

As principais características para o tratamento de efluentes no sistema


convencional, além do apresentado no esquema da anterior, são: possui
maiores custos de implantação, de operação, manutenção e requer mão de obra
especializada. Tem indicação para potabilizar águas com menor qualidade, têm
a capacidade de absorver as variações na qualidade da água bruta (SENS, 2016).

2.6 FILTRAÇÃO LENTA


A filtração lenta é a técnica mais antiga para a purificação de água, utilizada
há muitos séculos e ainda considerada eficiente. Em sistemas desse tipo, a água
é introduzida no filtro com baixas taxas de filtração o que permite o tratamento
principalmente por meio das atividades biológicas. Esses sistemas também são

115
UNIDADE 2 | RECURSOS HÍDRICOS

reconhecidos por sua simplicidade na construção e operação, por poderem ser


utilizados recursos locais e de não precisar de dosagem de produtos químicos
(SOUSAGIMBEL et al., 2006; LANGENBACH et al., 2010; SÁ et al., 2004 apud
SOUZA, 2017).

Por ser uma técnica considerada antiga para o tratamento de água, perdeu
espaço devido ao aparecimento de tecnologias mais avançadas e com a necessidade
de menores áreas para implementação. Ainda hoje é utilizada principalmente para
a potabilização de água em comunidades que não têm acesso ao sistema público
de abastecimento, em que a instalação e operação dessas é algo inviável. Assim, a
filtração lenta torna-se interessante por ser de fácil operação, pois geralmente não
demanda de dosagem de produtos químicos, apenas a cloração para desinfecção
final da água. (BRASIL, 2011; LOGSDON, G. et al., 2002 apud SOUZA, 2017).

FIGURA 33 – FILTRAÇÃO LENTA

FONTE: Adaptado de Sens (2016, p. 35)

Tem como característica taxa de filtração 2 a 10 m³/m².dia. É uma operação


simples, para pequenas comunidades, comumente é usado no Brasil, em cidades
com menos de 10.000 habitantes, exigem áreas grandes para sua implantação e
tem processo de limpeza trabalhoso, não requer adição de produtos químicos e
é utilizado para águas com turbidez e cor menor de 40. O processo de filtração
é predominantemente biológico, com boa capacidade na remoção de micro-
organismos patogênicos e turbidez. Uma planta de filtração lenta tem a capacidade
de tratamento de 2 a 10 m³/m² de água ao dia, mas é mais comum verificar neste
tipo de plantas de 2 a 6 m3/m2 de água tratada ao dia.

2.7 FILTRAÇÃO DIRETA


A Filtração direta pode ser descendente ou ascendente, normalmente tem
taxas de filtração FDA 120 a 280 m³/m².dia (filtração direta ascendente) e FDD 120
a 300 m³/m².dia (filtração descendente). Possuí custo de implantação e operação
menor do que o tratamento convencional, mas deve haver controle bastante
rigoroso quanto à dosagem de produtos químicos.

116
TÓPICO 4 | TIPOS DE TRATAMENTOS DE EFLUENTES

UNI

As medidas (Taxa de filtração) para fins de tratamento de água (nomenclatura)


são o m³/m².dia metros cúbicos (volume) por metro quadrado (área) tratados, em um dia
ou m³/m². em uma hora...

Taxa de filtração q = Q ( vasão, m3) / A (área de filtração m2).

FIGURA 34 – FILTRAÇÃO DIRETA

FONTE: Adaptado de Sens (2016, p. 37)

2.8 QUANDO NÃO HÁ ESTAÇÃO DE TRATAMENTO


Para auxiliar as pessoas em locais onde não há estações de tratamento, a
água temos sua obtenção de forma direta de rios, lagos, nascentes, represas ou
poços. Se a água for obtida por um desses meios ela pode estar contaminada por
micróbios e poluentes e são necessários alguns cuidados, que veremos a seguir
(SOBIOLOGIA, s.d.).

117
UNIDADE 2 | RECURSOS HÍDRICOS

FIGURA 35 – QUANDO NÃO HÁ ESTAÇÃO DE TRATAMENTO

FONTE: Disponível em: <http://www.sobiologia.com.br/conteudos/Agua/>. Acesso em: 14 jul.


2017.

Quando se desenvolve um poço, o tipo mais utilizado é o de 20 metros de


profundidade considerado um poço raso. Devem ser verificados alguns cuidados,
como ser construído longe das fontes de poluição e contaminação, de no mínimo
25 metros da fossa, que serve para armazenar os resíduos da casa e as fezes. O
poço deve ter uma tampa de preferência de laje de concreto armado com abertura
de pelo menos 20 centímetros acima do solo, para protegê-lo contra a entrada de
águas que escorrem pela superfície do solo em chuvas etc. Além disso, nos três
primeiros metros do poço é necessário que ele seja impermeável à água da chuva
que cai na superfície do terreno e que pode ser absorvida polo poço através da
terra. Observando que a água que se infiltra a mais de três metros entrando no
poço já sofreu um processo natural de filtração ao passar pelo solo. Para constatar
que o poço está fornecendo água de boa qualidade, é necessário que esta seja
analisada por um laboratório periodicamente, do contrário a água deve ser fervida
por 15 minutos ou filtrada (para remover vermes) e fazer desinfecção com cloro,
seguindo as normas do fabricante quanto ao uso para não haver intoxicação.

118
TÓPICO 4 | TIPOS DE TRATAMENTOS DE EFLUENTES

FIGURA 36 – ONDE INSTALAR UM POÇO ARTESIANO

FONTE: Disponível em: <http://www.sobiologia.com.br/conteudos/Agua/>. Acesso em: 14 jul. 2017

Outros tipos de  poços são os artesianos construídos com equipamento


especial, que furam a terra, mais ou menos a 100 metros de profundidade e
tiram a água de lençóis subterrâneos mais profundos. Esta água, apesar de
ser considerada a mais limpa, também deve ser analisada para verificação de
parâmetros de potabilidade.

UNI

Se você quer ver uma problemática sobre água assista à Water Changes
Everything. Disponível em: <http://www.youtube.com/watch?v=3WovptJrH3c>.

3 O DESTINO DA ÁGUA UTILIZADA


Caro aluno, você já parou para pensar para onde vai a água depois
de utilizada em lavagens de roupas, banho, descarga de banheiros e outras
atividades do nosso cotidiano doméstico? Esse é um grande problema no Brasil,
em que poucas cidades tem o tratamento de seu esgoto, ou seja, um problema
de saneamento básico. Até agora vimos o estudo de tratamento de água de um
corpo hídrico para o consumo humano e agora veremos deste corpo hídrico já
utilizado por esta população. Como? Siga sua leitura!

119
UNIDADE 2 | RECURSOS HÍDRICOS

Em muitos locais, a única maneira utilizada para o tratamento do esgoto


é a fossa séptica e sumidouro, só que essa tecnologia para regiões populosas é
inviável, verificando-se soluções melhores e eficientes, pois os sumidouros e
fossas sépticas seriam insuficientes para o volume gerado de água consumida
por esses usuários. E para essas situações é necessária a implantação de redes de
esgotos. Você sabe quais são os tipos de esgotos que temos? São eles:

• os esgotos domésticos: que são as águas que contêm matéria fecal e as águas
resultantes de banho e de lavagem de utensílios e roupas;
• de esgotos industriais com resíduos orgânicos, de indústria de alimentos,
matadouros, as águas residuárias agressivas, procedentes de indústrias de
metais, as águas residuárias de indústrias de cerâmica, água de refrigeração
etc.;
• as águas pluviais procedentes das águas das chuvas;
• as águas de infiltração: são as águas do subsolo que se introduzem na rede.

E quanto às características físicas, você sabe quais são os principais


poluentes do esgoto doméstico? É o que veremos a seguir, assim como o teor de
matéria sólida, temperatura, odor, cor e turbidez que explicaremos melhor:

O teor de matéria sólida são todos os contaminantes da água, sem levar


em conta os gases dissolvidos, são a carga de sólidos, definida como a matéria
que permanece como resíduo após evaporação a 103˚C. É devido ao percentual
de 0,1% de sólidos nos esgotos, que ocorrem os problemas de poluição das
águas, e a necessidade do tratamento de esgotos. Os sólidos em suspensão são
responsáveis diretamente com a medida de turbidez. A respeito da temperatura,
normalmente o esgoto doméstico tem temperatura um pouco superior à das águas
de abastecimento e da temperatura do ar, não levando em conta aqui os meses
mais quentes de verão. Verifica-se que a decomposição do esgoto é proporcional
ao aumento da temperatura deste.

O cheiro que vem do esgoto é causado pelos gases formados pela


decomposição, portanto, a semelhança com o odor de mofo é normalmente
encontrada em esgoto mais novos, o odor de ovo podre encontrado em esgoto
velho ou séptico, pela presença de gás sulfídrico.

A cor e turbidez são indicadores do estado de composição do esgoto,


podendo ser acinzentada e com turbidez caracterizando um esgoto novo e cinza
escura ou preta para esgoto velho.

Quanto às características químicas, 70% dos sólidos no esgoto são


de origem orgânica (sólidos voláteis). Os elementos orgânicos são combinações
de carbono, hidrogênio e oxigênio (matéria orgânica carbonácea), e podendo ter
nitrogênio (matéria orgânica nitrogenada). Os grupos de substâncias orgânicas
nos esgotos são compostos encontrados normalmente nas proporções de 40 a
60% de proteínas, 25 a 50% de carboidratos e 10% de gorduras e óleos, ureia,
surfactantes, fenóis e outros.

120
TÓPICO 4 | TIPOS DE TRATAMENTOS DE EFLUENTES

O cheiro desagradável que vem do esgoto é proveniente do enxofre


das proteínas, e se manifesta na forma de gás sulfídrico. Lembre-se de que as
proteínas vêm e formam os organismos animais e também alguns vegetais, são
as principais produtoras de nitrogênio e carbono, hidrogênio, oxigênio, também
podendo conter os elementos fósforo, enxofre e ferro. Já os carboidratos são
constituídos de carbono, hidrogênio e oxigênio. São as principais substâncias a
serem consumidas pelas bactérias, resultando na produção de ácidos orgânicos,
essa produção mais ácida é percebida nos esgotos mais velhos. As gorduras são
matéria graxa e óleos, provenientes do esgoto doméstico pelo consumo de óleos
vegetais de carne, manteiga e outros, que são hábitos alimentares da população.
Os óleos de forma geral são prejudiciais em função do entupimento que podem
causar nas unidades de tratamento e nas redes, pela formação de escumas que
são uma camada flutuante prejudiciais na operação de tratamento do efluente.

Os fenóis, originados de efluentes industriais também são de origem


orgânica, ou seja, possuem carbono em sua constituição. E os surfactantes são
substâncias que formam espuma na estação de tratamento ou no corpo hídrico,
tem como composição compostos de moléculas orgânicas. Os compostos
utilizados pela comunidade que possuem esses surfactantes são os detergentes,
os sabonetes e xampus.

Segundo Brasil (2015), não há a necessidade de saber qual a composição


da matéria orgânica no esgoto, mas sim a sua totalidade, sendo usado para a
determinação métodos diretos e indiretos. No método direto é medido o
Carbônico Orgânico Total (COT) e os indiretos medem a Demanda Bioquímica
de Oxigênio (DBO) e a Demanda Química de Oxigênio (DQO).

3.1 DEMANDA BIOQUÍMICA DE OXIGÊNIO (DBO)


A DBO, segundo Brasil (2015, p.141), “é a forma mais utilizada para se
medir de forma indireta a quantidade de matéria orgânica no esgoto, ou seja,
medir a quantidade de oxigênio necessário para estabilizar bioquimicamente
a matéria orgânica presente no volume padronizado de uma amostra, pela
ação de bactérias aeróbias, num determinado período de tempo e numa dada
temperatura”. A DBO é um padrão de medida da matéria orgânica carbonácea,
realizando-se a análise no quinto dia com temperatura 20º na amostra durante
todo o teste. Este teste é denominado DBO5. Quanto maior a poluição orgânica
maior será a DBO5. E essa DBO irá reduzindo-se aos poucos durante o processo
aeróbio até extinguir, característica da estabilização total da a matéria orgânica.
De forma geral, em temperatura de 20°C, e passados 20 dias, é possível estabilizar
cerca de 99% da matéria orgânica dissolvida ou em estado coloidal que se encontra
nos esgotos domésticos. Esta demanda total é chamada de demanda última de
oxigênio (DBOu), cujo valor para os esgotos domésticos é em torno de 1,5 vezes a
DBO5. Para fins de estudo, a DBO é representada por miligrama por litros (mg/l)
e nos esgotos domésticos brutos varia entre 200 e 400 mg/l, podendo ser maiores

121
UNIDADE 2 | RECURSOS HÍDRICOS

conforme a característica do esgoto. Ou seja, o número em miligramas indica a


quantidade de oxigênio necessária para estabilizar bioquimicamente a matéria
orgânica presente em um litro de esgoto. Observe que a estabilização total da
matéria orgânica está associada à DBOu enquanto a DBO50 é normalmente usada
devido à rapidez na realização do teste.

3.2 DEMANDA QUÍMICA DE OXIGÊNIO (DQO)

É uma indicação indireta do teor de matéria orgânica presente na


amostra de esgoto. Tem o objetivo de medir o consumo de oxigênio para a sua
oxidação química obtida através de um forte oxidante, como o dicromato de
potássio, enquanto na DBO, a oxidação é realizada totalmente pela ação dos
microrganismos. O interessante neste método é a rapidez, pode levar de duas a
três horas para ser realizado e dá uma boa indicação do oxigênio requerido para
a estabilização da matéria orgânica carbonácea tanto biodegradável quanto não
biodegradável. Um ponto não tão favorável é que também oxida a fração inerte,
que são os materiais inorgânicos presentes no esgoto aumentando a quantidade
de oxigênio exigida no tratamento biológico do esgoto. Para o esgoto doméstico
bruto o índice relação DQO/DBO deve variar de 1,7 a 2,4, neste caso adotando o
2,0 (CAMPOS, 2017).

3.3 CARBONO ORGÂNICO TOTAL (COT)

É um teste de medida instrumental direto em amostras com baixa


quantidade de matéria orgânica utilizada em corpos d’água. É utilizado em
laboratórios convencionais com frequência.

3.4 OXIGÊNIO DISSOLVIDO (OD)


Também é um método para verificar a qualidade da água dos cursos
de água. O oxigênio dissolvido é importante para se manter a vida marinha e
autolimpeza de todo os sistemas aquáticos dos corpos hídricos e nas estações de
tratamento de efluentes. Para manter-se a vida marinha a legislação Brasileira
estabelece que esteja presente 5mg/l de oxigênio dissolvido (OD), podendo ter
variações conforme o corpo hídrico e a espécie de vida marinha que aí está.
Também a temperatura e a altitude do local têm forte impacto sobre a quantidade
de oxigênio presente na água. Em altas altitudes, onde a pressão atmosférica é
menor, há solubilidade menos do oxigênio dissolvido e as águas com temperaturas
baixas têm maior capacidade de dissolver o oxigênio.

122
TÓPICO 4 | TIPOS DE TRATAMENTOS DE EFLUENTES

3.5 E COMO É O TRATAMENTO DE ESGOTO?


Em resumo, ele acontece dessa forma: após sua utilização pela população
da cidade essa água (esgoto) vai à estação de tratamento. O esgoto inicialmente
passa por grades de metal separando os objetos (como latas, papéis, plástico,
tecidos, vidros etc.) da areia, da matéria orgânica e de outras partículas. Este
passa por grandes tanques, de forma lenta para o depósito da areia e as outras
partículas. O lodo mais a matéria orgânica seguem para o biodigestor, que pela
ação das bactérias decompõem esse material resultando nos gases como o metano,
pode ser utilizado como um dos componentes do combustível. O líquido acima
do lodo é agitado por grandes hélices para oxigenar a água pois ainda possui
matéria orgânica e bactérias. Outras técnicas para oxigenação são a utilização
bombas de ar ou mesmo determinados tipos de algas, que produzirão o oxigênio
na fotossíntese.

FIGURA 37 – PROCESSO AERÓBICO

Água da chuva

Caixas de
Captação

Gradeamento Tanques de
Estação Aeração Adensador
Rede Elevatória Mecânico de Lodo
Coletora Desarenador

Decantadores Secagem
Água
Fluvial Mecânica de
Lodo

FONTE: Disponível em: <http://www.sobiologia.com.br/conteudos/Agua/>. Acesso em: 14 jul. 2017.

Se estudarmos mais profundamente, podemos verificar alguns tipos


de tratamento de efluentes, e que tem seu tratamento classificados em físicos,
químicos e biológicos. Essa classificação se dá conforme os poluentes a serem
retirados ou das operações unitárias utilizadas no tratamento. A classificação
também pode ser efetuada em razão da eficiência dos tratamentos, chamados de
primário, secundário e terciário (RUPPENTHAL, 2014).

123
UNIDADE 2 | RECURSOS HÍDRICOS

3.6 TRATAMENTO PRIMÁRIO


Tratamento primário ou físico químico tem como objetivo adicionar
produtos químicos que facilitem os processos. Inicia após o processo preliminar
de gradeamento onde o efluente passa, através de um sistema de grades, de três
classes: grosseiras, com abertura de 5 a 10 cm; médias, com aberturas entre 2 e 4
cm; e finas, com aberturas entre 1 e 2 cm. Esse processo tem como objetivo retirar
sólidos de vários tamanhos, evitando obstruções de tubulações e desgaste de
bombas e facilitar o tratamento primário para a passagem pela caixa de areia ou
desarenação que possui a função de retirar sólidos suspensos de rápida deposição.
São esses sólidos suspensos os cascalhos, as partículas de metal, carvão areia
etc., o objetivo aqui também é não danificar bombas, canos e outros materiais
utilizados nesta etapa e nas futuras. Posteriormente, passa a caixa retentora para
a remoção de óleos e graxas.

O tratamento primário propriamente dito se dá com a adição de produtos


químicos nos processos de sedimentação, que é a remoção dos sólidos em
suspensos não removidos no pré-tratamento. Ocorre nos decantadores ou
sedimentadores e o efluente deve permanecer nesse tanque retangular de 3
a 4 metros de profundidade durante o período de 2 a 3 horas. Ao sedimentar,
o efluente tem sua velocidade reduzida e o seu sedimento é direcionado para
baixo do tanque. Os sólidos sedimentados são raspados por uma régua fixa e são
direcionados para um poço que os armazena.

A equalização tem como objetivo controlar a vazão e a concentração do


efluente, ou uma das operações para não haver uma distribuição variável dos
poluentes ou sobrecarga no sistema.

A neutralização tem como objetivo a correção do pH do efluente, com


a mistura de diferentes tipos de efluentes ácidos ou básicos), chamado de
neutralização por equalização. E também por adição direta de ácidos ou bases
para a correção direta do pH.

A coagulação realizada por eletrólitos é a fase para reunir as substâncias


que se encontram em suspensão finos ou ainda dissolvidos, que posteriormente
são removidas por decantação ou filtração. Assim o coagulante é misturado de
forma rápida por agitadores em câmara de mistura rápida, que por sua ação
reagem com a água, formando espécies hidrolisadas com carga positiva, que
desestabilizam a carga superficial dos poluentes. Posteriormente, a coagulação
é realizada a floculação em que os poluentes se aglomeram em flocos através
da quebra da velocidade (que deve estar em 0,1 e 0,4 m/s) do fluxo do efluente
permitindo o contato entre os poluentes (formando o floco) e novamente retornam
ao decantador para que estes flocos sedimentarem.

124
TÓPICO 4 | TIPOS DE TRATAMENTOS DE EFLUENTES

3.7 TRATAMENTO BIOLÓGICO OU SECUNDÁRIO


O tratamento biológico ou secundário, conforme Ruppenthal (2014),
tem como objetivo remover a matéria orgânica dissolvida e em suspensão
ao transformá-la em flocos biológicos ou sólidos sedimentáveis e gases. Esse
processo é o mesmo fenômeno que ocorre na natureza, porém mais acelerado
devido à necessidade de tratamento. Seus processos são: aeróbios, facultativos e
anaeróbios. Os processos aeróbios são os sistemas de lodo como os sistemas de
aeração prolongada, lagoas aeradas facultativas e lagoas aeradas aeróbias. Nos
denominados de processos facultativos utilizam-se lagoas aeradas facultativas,
filtros biológicos e lagoas fotossintéticas. A sua sequência quanto tratamento é:
em tanques de aeração, o efluente com vasões determinadas pela DBO recebem o
lodo ativado, ou cultura microbiológica em forma de flocos. Esses microrganismos
oxidarão a matéria orgânica remanescente no efluente, na presença de oxigênio.
O oxigênio, é fornecido por um sistema de aeração mecânica ou pela introdução
do gás oxigênio puro, em concentrações de 1,50 a 2,0 mg/L. Essa mistura de
efluente com o lodo ativado é conhecida como licor. Posteriormente, a este
tratamento, tem-se a decantação com a separação dos flocos de lodo ativado do
licor e na sequência o tratamento terciário quando necessário. O lodo ativado é
reaproveitado ou descartado.

FIGURA 38 - LAGOA FOTOSSINTÉTICA

FONTE: Adaptado de Ruppenthal (2014, p. 103)

Os processos anaeróbios ocorrem em lagoas anaeróbias e biodigestores.

125
UNIDADE 2 | RECURSOS HÍDRICOS

FIGURA 39 – LAGOA ANAERÓBICA (SEM A PRESENÇA DE AR)

FONTE: Adaptado de Ruppenthal (2014, p. 103)

FIGURA 40 – LODO ATIVADO

FONTE: Adaptado de Ruppenthal (2014, p. 103)

3.8 TRATAMENTO TERCIÁRIO


O tratamento terciário tem como objetivo remover poluentes específicos,
antes de enviar o efluente tratado ao corpo hídrico receptor ou para recirculação
em sistema fechado (em indústrias). Esse tratamento é chamado de polimento.
Os processos são específicos para as necessidades de cada tipo de indústria
ou quando o corpo receptor não possui vazão suficiente para diluir o efluente
originado dos tratamentos primários e secundários, ou ainda, se deseja a
reutilização da água originada do tratamento do efluente, porém com uma
qualidade superior. Suas principais etapas são: filtração, cloração ou ozonização
para a remoção de bactérias, absorção por carvão ativado, e outros processos
de absorção química para a remoção de cor, redução de espuma e de sólidos
inorgânicos, tais como eletrodiálise, osmose reversa e troca iônica. Os métodos
empregados no tratamento terciário são mais caros e a escolha de cada um
irá depender da qualidade da água necessária (na indústria ou para o corpo
hídrico). Por exemplo, se desejamos que o efluente tenha como destino um rio
que irá abastecer cidades se faz necessária sua desinfecção, que nada mais é
que a retirada de microrganismos patogênicos além de retirar matéria orgânica
remanescente, o nitrogênio e fósforo responsáveis pela eutrofização. Para matéria

126
TÓPICO 4 | TIPOS DE TRATAMENTOS DE EFLUENTES

orgânica utiliza-se o método de filtros de carvão ativado e de ozonização para


oxidação dos compostos orgânicos. E para o fósforo, faz-se o tratamento com sais
de ferro ou alumínio que o precipitarão transformando o fósforo em um lodo
de difícil tratamento, mas facilmente removível. O nitrogênio pode ser retirado
por bactérias desnitrificantes, com carência de oxigênio, ou ainda convertido em
amônia e liberados por torres de remoção específica. A desinfecção e retirada de
odores do efluente são realizadas com a cloração que possui ação bactericida.

Somente após o tratamento, esse esgoto, agora água, pode retornar aos
rios, lagos ou mares. Muitas vezes, com melhor qualidade do que o captado,
prevenindo a contaminação da água e não colocando em risco a saúde de todo
o meio ambiente que desta água se serve. Sem o tratamento do esgoto teremos a
contaminação, além da água, a do solo e o desenvolvimento de várias doenças.
Como você percebeu, o tratamento do esgoto, além de melhorar a saúde, aumenta
a qualidade de vida da população.

UNI

Você sabe o que é eutrofização?

É a fertilização excessiva da água por recebimento de nutrientes (nitrogênio, fósforo),


causando o crescimento descontrolado (excessivo) de algas e plantas aquáticas.
FONTE: Disponível em: <https://goo.gl/TWtujV>. Acesso em: 14 jul. 2017.

3.9 TRATAMENTO DE LODO


Os lodos ativados são provenientes de inúmeros resíduos de tratamentos
de efluentes das ETE – Estações de Tratamento de Efluentes). Para não serem
prejudiciais ao meio ambiente, os lodos ativados podem ser tratados e depois
levados para um aterro sanitário ou dependendo sua composição, utilizada para
outros fins como adubo para agricultura ou ser utilizada pela própria ETE.

E como se dá esse tratamento?

Ele inicia-se pelo adensamento, que é o aumento da concentração de


sólidos. As técnicas que podem ser utilizadas são: por gravidade, flota­ção,
centrifugação ou por adensadores de esteira e tambor rotativo. Posteriormente,
tem-se a estabilização que é a redução de material orgânico volátil, ocorrendo
em um reator, de forma aeróbica, (presença de ar) evitando a concentração de
microrganismos patogênicos e putrefação do lodo.

127
UNIDADE 2 | RECURSOS HÍDRICOS

Após a estabilização, a operação a ser realizada é o condicionamento,


que objetiva melhorar as características de separação das fases do lodo (sólida
e líquida). A técnica de condicionamento é realizada com tratamento químico,
utilizando de sais de alumínio ou ferro, ou então, por processos físicos, por
tratamento térmico.

Após o condicionamento temos a desidrata­ção, que tem como objetivo


reduzir a umidade no lodo, diminuindo seu volume para melhor armazenamento
final. Devemos lembrar que o lodo do esgoto possui um grande número de
organismos patogênicos e necessita sofrer estabilização em sua fração orgânica
biodegradável para ser conduzido à disposição final. Deve-se utilizar processos
térmicos aquecendo o lodo a temperaturas próximas de 180º, por no mínimo 30
minutos. O aquecimento leva ao extermínio da maior parte dos microrganismos
patogênicos. Ao final, o lodo é denominado biossólido, e neste estado pode ser
levado ao aterro sanitário ou aproveitado no solo como adubo. Outros métodos
utilizados para estabilização do lodo podem ser por adição de produtos químicos
e adição de calor e a digestão anaeróbica ou aeróbica. Conforme Ruppenthal
(2014, p. 102):

o grau de estabilização do lodo produzido varia conforme o


processo de tratamento de esgoto adotado. Naqueles em que ocorre
estabilização do lodo durante o próprio processo de tratamento, não
há uma unidade específica para a digestão do lodo. Caso contrário,
precisa passar por um digestor de lodo antes de seguir para as demais
fases. Após ser digerido, o lodo deverá passar por um processo de
desaguamento para facilitar o manuseio e o transporte final.

O desaguamento do lodo pode ser realizado por meios mecanizados tipo


filtração, compactação ou centrifugação, ou os naturais que são: evaporação e
percolação (leitos de secagem e lagoas de lodo). Ainda, de maneira cada vez maior,
devido às facilidades e como solução, estão sendo usados materiais geossintéticos
para o desaguamento do lodo, como geoformas ou geocontainers.

Os geossintéticos são produtos poliméricos (sintéticos ou naturais)


industrializados, desenvolvidos para aplicação em obras geotécnicas, com uma ou
mais funções, como reforço, filtração, drenagem, separação, impermeabilização
e controle de erosão.

UNI

E aí, caro estudante! Você sabe o que é percolação?

Bem, segundo o dicionário Aurélio (FERREIRA, 1999) é a passagem lenta de um líquido


através de um meio filtrante; método de purificação ou extração por meio de filtros.

128
TÓPICO 4 | TIPOS DE TRATAMENTOS DE EFLUENTES

Observa-se que em locais onde as ETE são de pequeno porte, a solução para
o tratamento do lodo são os processos naturais de desaguamento do lodocomo os
leitos de secagem.

3.10 LEITOS DE SECAGEM


Os leitos de secagem podem ser construídos em ambiente coberto ou ao ar
livre, são projetados para receber o lodo de digestores, ou seja, são as unidades de
oxidação total ou também chamados reatores UASB, são em sua maioria tanques
retangulares, onde se processa a redução da umidade com evaporação e drenagem
da água liberada durante o período de secagem. É normalmente formada pelos:
tanques de armazenamento, camada drenante e cobertura.

Em leitos de secagem com cobertura utilizam-se telhas transparentes,


iguais às utilizadas em estufas de plantas. Observe que em países tropicais, em
regiões sem precipitações pluviométricas frequentes, não é usual a cobertura
nestes. A instalação de uma cobertura em leitos de secagem é bastante cara. Já em
países de clima frio e/ou com elevada frequência de chuvas, ou precipitação de
neve, devem ter cobertura como obrigatoriedade para o sistema funcionar.

Os leitos de secagem como um processo natural de perda de umidade


funcionam da seguinte forma:

• primeiro há a liberação dos gases dissolvidos ao serem transferidos do digestor


(pressão elevada) e submetidos à pressão atmosférica nos leitos de secagem;
• após, há a liquefação em função da diferença de peso específico aparente do
lodo digerido e da água;
• em seguida, tem-se a evaporação natural da água ao contato próximo da
atmosfera;
• ocorrendo a evaporação devido ao poder calorífico do lodo.

Observe que o lodo em condições normais de secagem poderá ser


removido do leito de secagem após e um período de 20 a 40 dias, verificando que
a umidade reduziu de 60% a 70%.

Segundo Ruppenthal (2014) há experiências realizadas na região Sudeste


do Brasil, onde o lodo utilizado no leito de secagem com umidade média de 95%
posteriormente atingiu valores de 50% após 20 dias com climas favoráveis. Foi
observado que na região Nordeste, os dias para a ocorrência de secagem é de 15
dias em média.

129
UNIDADE 2 | RECURSOS HÍDRICOS

FIGURA 41 – ATERROS SANITÁRIOS EM SANTA CATARINA

FONTE: Disponível em: <http://www.ambiental.sc/servicos/limpeza-urbana/tratamento-e-


disposicao-final-de-residuos/>. Acesso em: 14 jul. 2017.

4 MÉTODOS DE TRATAMENTOS AVANÇADOS DA ÁGUA


Até aqui estudamos os métodos de tratamento de água mais utilizados
no Brasil e no mundo. Agora, veremos alguns outros, não tão comuns em função
de pouca difusão e estudo na área, mas que podem ser um diferencial na busca
do tratamento da água com menor utilização de produtos químico, mas com
excelentes resultados em potabilidade para consumo humano e consequentemente
uma água de melhor qualidade para a população.

4.1 FILTRAÇÃO EM MARGEM


A maioria dos sistemas da Filtração de Margem em Rio (FMR), são
construídos em aquíferos aluviais situados ao longo das margens dos rios e lagos.
Estes aquíferos consistem em depósitos de camadas de diferentes materiais,
dentre os quais encontra-se, areia, areia grossa ao cascalho e grandes seixos
rolados. As circunstâncias ideais incluem tipicamente grãos-grosseiros, os quais
a permeabilidade dos sedimentos facilita o direcionamento da água para o poço,
e que sejam conectados hidraulicamente com o leito do rio/lago. Estes depósitos
são encontrados dentro de vales profundos e largos ou em vales estreitos e rasos.

A filtração em margem acontece de maneira que a água é exposta a


diversos processos hidrodinâmicos, mecânicos, biológicos e físico-químicos que
ocorrem pela sua passagem através dos sedimentos das margens e dos leitos
dos corpos d´água até o poço. As etapas que ocorrem neste meio são: dispersão,
diluição, filtração, colmatação, adsorção, sedimentação, reação de redox, troca
iônica e biodegradação (DONALD; et al. 2002; TUFENKJI et al., 2002 e SENS et
al. 2006).

130
TÓPICO 4 | TIPOS DE TRATAMENTOS DE EFLUENTES

FIGURA 42 - FILTRAÇÃO EM MARGEM

FONTE: Adaptado de Freitas (2010 apud FERREIRA 2011, p. 27)

4.2 FILTRAÇÃO POR MEMBRANA


Uma membrana, pode se dizer que é um filtro que elimina todos os
compostos maiores do que seu peso molecular de corte. O uso do tipo de
membrana a ser utilizada para obter uma água de qualidade desejável depende
das substâncias a serem eliminadas da água bruta. O emprego de filtração por
membranas é dividido em quatro categorias, de acordo com seus pontos de cortes.
Estes são: Microfiltração (MF), Ultrafiltração (UF), Nanofiltração (NF) e Osmose
Reversa (OR). Os dois primeiros processos necessitam de uma pressão de serviço
menor que 5 bars e são mais utilizados para separação sólido/líquido e eliminação
de partículas. A UF retira partículas minerais e orgânicas e partículas biológicas,
como as algas, bactérias e vírus. A UF pode também ser usada junto à adsorção
sobre carvão ativado em pó, para retirar moléculas orgânicas dissolvidas.

Já a Osmose Reversa e a Nanofiltração podem retirar partículas do tamanho


de um íon. A NF é mais utilizada para diminuir e, em parte, para desmineralizar
água salobra ou pouco salina e a OR para dessalinizar a água do mar ou águas
salobras. A utilização de membranas poliméricas para purificação e produção de
água potável vem cada vez mais crescendo. A utilização de membrana já vem
desde os anos de 1960, nos quais foram desenvolvidas membranas de acetato
de celulose para a osmose reversa, verificando as possibilidades de utilizá-la no
tratamento de águas e águas residuárias. Algumas destas aplicações incluem
dessalinização, abrandamento, remoção de Matéria Orgânica Natural (MON),
remoção de pesticidas, micropoluentes orgânicos e metálicos e remoção de

131
UNIDADE 2 | RECURSOS HÍDRICOS

nitratos. Hoje muitas empresas de abastecimento de água do Japão, Austrália,


Holanda, Inglaterra, Estados Unidos, Nações Árabes, e aqui no Brasil estão
construindo instalações de filtração por membranas para a produção de água
potável (HOFMAN et al., 1994).

4.3 UTILIZAÇÃO DE MEMBRANAS NA CLARIFICAÇÃO E


NA DESINFECÇÃO
A membranas de ultrafiltração com seu ponto de corte de 0,01 mm, são
barreiras detendo todos os sólidos suspensos incluindo turbidez e microrganismos
(protozoários, bactérias e vírus). Muito diferente dos processos convencionais,
em que há necessidade de produtos químicos, na filtração a remoção é total, sem
ter que adicionar reagentes e independe da qualidade da fonte de abastecimento.
A eficiência total da UF para desinfecção tem sido amplamente pesquisada e
demonstrada (JACANGELO et al., 1995).

Segundo Jacangelo et al. (1995 apud RIBEIRO, 2009, p. 14):

Por comparação, processos de clarificação convencional (normalmente


coagulação – floculação – filtração e desinfecção) são de confiança
e eficiência limitadas, dependendo da qualidade da fonte de água
e das condições de operação para a estação, isto é, concentrações
dos reagentes, pH, temperatura, tempo de contato e de parâmetros
hidráulicos. Em quase todos os trabalhos sobre membranas, tenta-
se definir, a grosso modo, as diferentes tecnologias de membranas
utilizáveis em tratamento de água em função do tamanho dos poros
das membranas e do diâmetro médio das “partículas” que ocorrem
nas águas naturais. Por exemplo, a microfiltração é aconselhada para
tamanhos entre 10 e 0,1 mm, a ultrafiltração para tamanhos entre 0,2
e 0,001 mm e a nanofiltração, para tamanhos entre 0,01 e 0,0004 mm.
Em consequência, da formação de subprodutos por desinfetantes /
desinfecção, está havendo uma preocupação maior pelas indústrias
sobre a remoção de matéria orgânica natural (MON) das águas brutas
de abastecimento. Três importantes opções na remoção de MON
podem ser a coagulação/sedimentação, a adsorção sobre carvão ativado
granular (CAG), e a filtração por membranas. Destes três processos, a
coagulação é o mais amplamente usado nas águas industriais. Mas
quando a coagulação não pode atingir a concentração adequada de
NOM ou controlar a formação de subprodutos, outras tecnologias tais
como CAG e nanofiltração podem ser usadas.

132
TÓPICO 4 | TIPOS DE TRATAMENTOS DE EFLUENTES

FIGURA 43 – TRATAMENTO BIORREATOR COM OSMOSE PROCESSO RETENÇÃO E


PRELIMINAR COM MEMBRANA REVERSA OXIDATIVO E RETENÇÃO AVANÇADO

FONTE: Disponível em: <http://revistapesquisa.fapesp.br/2015/09/15/agua-reciclada/. Acesso


em: jul. 2017>. Acesso em: 14 jul. 2017.

5 LEGISLAÇÃO
E a qualidade da água?

A lei que instituiu a Política Nacional de Recursos Hídricos (PNRH) e


também que criou o Sistema Nacional de Gerenciamento de Recursos Hídricos
(SINGREH) é a Lei nº 9433/1997.

A Agência Nacional das Águas – ANA, entidade federal de implementação


da PNRH e de coordenação do SINGREH, foi criada pela Lei nº 9984/2000. Tem
como objetivo regular o uso das águas dos rios e lagos de domínio da União e
implementar o SINGREH, garantindo o seu uso sustentável, evitando a poluição
e o desperdício e assegurando água de boa qualidade e em quantidade suficiente
para a atual e as futuras gerações.

Outras resoluções importantes pertinentes à água são: a Resolução do


CONAMA 357/2005, que fala sobre a classificação dos corpos de água e diretrizes
ambientais para o seu enquadramento, bem como estabelece as condições e
padrões de lançamento de efluentes e dá outras providências. A Resolução
CONAMA 430/2011, que dispõe sobre condições e padrões de lançamento de
efluentes e que complementa e altera a Resolução nº 357, de 2005 do CONAMA.

133
UNIDADE 2 | RECURSOS HÍDRICOS

UNI

Se você quer pesquisar mais sobre água, acesse os sites a seguir:

<www.ana.gov.br>. 
<www.aguaonline.com.br>. 
<www.aguasubterranea.hpg.ig.com.br>. 
<www.amigodaagua.com.br>. 
<www.ate.com.br>. 
<www.abrh.org.br/agua>. 
<www.worldwater.org>. 
<www.ondazul.org.br>.
<www.rededasaguas.org.br>. 
<www.sosaguas.org.br>. 
<www.mma.gov.br>. 
<www.uniagua.org.br>.
<www.solociencia.com>.

UNI

Para saber mais sobre a ANA, acesse ao link disponível em: <http://www2.
ana.gov.br/Paginas/default.aspx>.

134
TÓPICO 4 | TIPOS DE TRATAMENTOS DE EFLUENTES

LEITURA COMPLEMENTAR

ESCASSEZ DE ÁGUA NO BRASIL

Para entender a escassez de água no Brasil, é preciso considerar que


existem fatores geográficos, políticos e climáticos associados a esse problema.

O Brasil passou a viver, a partir de 2014, os primeiros grandes focos


daquilo que pode ser a maior crise hídrica de sua história. Com um problema
grave de seca e também de gestão dos recursos naturais, o país vem apresentando
níveis baixos em seus reservatórios em épocas do ano em que eles costumam
estar bem mais cheios. Essa ocorrência, de certa forma, representa uma grande
contradição, pois o Brasil é considerado a maior potência hídrica do planeta.

Mas se há muita água disponível no Brasil, por que está faltando água?

Para entender a questão da escassez de água no Brasil, é preciso primeiro


entender algumas questões geográficas concernentes ao território nacional.

Em primeiro lugar, embora o país possua as maiores reservas de água por


unidade territorial do planeta, é preciso destacar que elas estão desigualmente
distribuídas no espaço geográfico brasileiro. A região Norte, notadamente a Bacia
do Rio Amazonas, é aquela que possui a maior concentração de água no país,
tanto pelo rio em questão quanto pela presença do Aquífero Alter do Chão, o
maior em volume d'água.

Em segundo lugar, é preciso entender a  questão demográfica. A maior


parte da população brasileira não reside nos pontos onde a água encontra-se
disponível de forma mais abundante, pois há uma concentração populacional
muito elevada nas regiões Sudeste e Nordeste, respectivamente. Curiosamente,
são essas as regiões cujos estados possuem os maiores históricos de secas e
escassez de água ao longo do tempo.

Esse panorama contribui consideravelmente para o problema em questão,


haja vista que a exploração dos recursos hídricos da Amazônia é totalmente
inviável em virtude dos grandes custos de transporte e também pelos iminentes
impactos naturais, que podem comprometer as reservas de água então disponíveis.

Mas isso não é tudo para entender a escassez de água no Brasil. Existem
também as questões referentes à utilização e gestão dos recursos hídricos no país.

Pela Constituição Federal de 1988, cabe aos governos estaduais a missão


de gerir e administrar a captação e distribuição de água, embora o governo federal
também precise atuar por intermédio do fornecimento de verbas públicas e obras
interestaduais. Nesse sentido, alguns governos, por questões administrativas ou
até políticas, podem apresentar algumas falhas, principalmente no que se refere
ao planejamento no manejo dos recursos hídricos.
135
UNIDADE 2 | RECURSOS HÍDRICOS

No Brasil, atualmente, o estado que vem passando por maiores dificuldades


é  São Paulo, o que vem atraindo uma grande atenção da mídia, pois a capital
paulista, que é a área mais povoada do país, é a protagonista desse cenário.
Nesse caso, uma seca total pode afetar a vida de dezenas de milhões de pessoas.
O reservatório do Sistema Cantareira, o principal da cidade, vem apresentando
sucessivos recordes de baixas em seu volume, o que torna o contexto em questão
ainda mais desfavorável.

Além da má distribuição dos recursos hídricos e dos problemas de gestão


no território nacional, o problema da escassez de água no Brasil também perpassa
pelas recentes secas que vêm afetando o país. Nos últimos anos, principalmente
em 2014, os níveis de precipitação ficaram muito abaixo do esperado, por isso,
os reservatórios em todo país mantiveram baixas históricas, principalmente na
região Sudeste.

Vale lembrar, afinal, que a falta de água no Brasil não afeta somente a
disponibilidade de água tratada nas residências. As indústrias e a agricultura (os
principais consumidores) são os setores que mais poderão sofrer com o problema,
o que pode acarretar impactos na economia como um todo – lembrando que a maior
parte das indústrias do país está justamente na região Sudeste. Além disso, cabe a
ressalva de que o principal modal energético do país é o hidrelétrico, que possui
como ponto negativo justamente a dependência em relação à disponibilidade,
de modo que uma seca extrema pode levar o país a um novo racionamento de
energia, tal qual o ocorrido em 2001.

PENA, R. F. A. Escassez de água no Brasil.  Disponível em <http://brasilescola.uol.com.br/


geografia/escassez-agua-no-brasil.htm>. Acesso em: 24 jul. 2017.

136
RESUMO DO TÓPICO 4
Neste tópico, você aprendeu que:

• Estudamos a poluição da água e aprendemos os tipos e principais processos de


tratamento de efluentes.

• No processo de tratamento temos a água vinda do corpo receptor e que começa


a ser tratada na estação trazida dos dutos. É levada para os tanques, na estação
de tratamento recebendo inicialmente o sulfato de alumínio e o hidróxido de
cálcio, que têm a finalidade de fazer as partículas finas de areia e de argila
presentes na água se juntarem, formando flocos. Como essas partículas
são maiores e mais pesadas, elas vão sendo depositadas no fundo de outro
tanque, chamado de tanque de decantação. Depois de passar algumas horas
decantando a água acima das impurezas, a limpa, vai para etapa de filtração.
Esse filtro é formado de várias camadas de cascalho, de areias mais grossas as
mais finas, que retêm outras partículas que não se depositaram na decantação
e que nesta etapa são retidos nos espaços entre os grãos de areia, além de
micróbios. Posteriormente é feita a desinfecção com cloro para retirar os
micróbios que ainda se encontram na água e a fluoretação, para daí ir para as
casas e indústrias por meio de tubulações.

• No tratamento de efluentes tempos o processo de limpeza da água de esgoto


doméstico e industrial nas ETEs que se compõem das seguintes etapas: pré-
tratamento com grade média (limpeza manual, situada na estação elevatória);
o tratamento primário: reator anaeróbio de fluxo ascendente (UASB); o
tratamento secundário: biofiltros aerados submersos; o tratamento terciário
desidratação do lodo: leitos de secagem e o bombeamento da água. Além
de tratamentos avançados como a filtração em margem e o tratamento por
membranas também são utilizados para tratamentos de afluentes e efluentes.

• Para verificação de toda legislação da água temos a ANA (Agência Nacional


de Águas) órgão federal que tem como objetivo regular o uso das águas dos
rios e lagos de domínio da União assegurando água de boa qualidade e em
quantidade suficiente para a atual e as futuras gerações.

137
AUTOATIVIDADE

1 Assinale a alternativa correta das afirmações abaixo da afirmação a seguir:

É a fertilização excessiva da água por recebimento de nutrientes (nitrogênio,


fósforo), causando o crescimento descontrolado (excessivo) de algas e plantas
aquáticas, é o conceito de:

a) ( ) Lodo ativado.
b) ( ) DBO.
c) ( ) DQO.
d) ( ) Eutrofização.
e) ( ) Percolação.

2 Relacione a primeira coluna com os conceitos da segunda coluna:

a. Tratamento biológico ou secundário.


b. Lodo ativado.
c. Demanda química de oxigênio (DQO).
d. Filtração em margem.
e. Membranas.

( ) Tem como objetivo remover a matéria orgânica dissolvida e em suspensão


ao transformá-la em flocos biológicos ou sólidos sedimentáveis e gases.
( ) São resíduos provenientes de tratamentos de efluentes das Estações de
Tratamento de Efluentes – ETE.
( ) É uma indicação indireta do teor de matéria orgânica presente na amostra de
esgoto e tem o objetivo de medir o consumo de oxigênio para a sua oxidação
química.
( ) É um filtro que elimina todos os compostos maiores do que seu peso
molecular de corte.
( ) Acontece quando a água é exposta a diversos processo hidrodinâmicos,
mecânicos, biológicos e físico-químicos que ocorrem pela sua passagem
através dos sedimentos das margens e dos leitos dos corpos d´água.

3 Na área de meio ambiente qual é a definição de Percolação?

138
UNIDADE 3

GESTÃO DE RESÍDUOS

OBJETIVOS DE APRENDIZAGEM

A partir desta unidade, você deverá ser capaz de:

• conhecer quais são os resíduos sólidos e urbanos e a importância da gestão


e destino para preservação de nosso planeta;

• conhecer e aprender como deve ser realizado o transporte interno e exter-


no destes resíduos, bem como a legislação pertinente;

• saber a importância da disposição correta dos resíduos;

• conhecer como desenvolver a sustentabilidade em nosso país, conforme


normas e legislações.

PLANO DE ESTUDOS
Esta unidade está dividida em cinco tópicos. No decorrer da unidade você en-
contrará autoatividades com o objetivo de reforçar o conteúdo apresentado.

TÓPICO 1 – RESÍDUOS SÓLIDOS URBANOS E INDUSTRIAIS

TÓPICO 2 – GESTÃO E GERENCIAMENTO DE RESÍDUOS

TÓPICO 3 – CUIDADOS NO TRANSPORTE INTERNO E EXTERNO

TÓPICO 4 – TÉCNICAS DE DISPOSIÇÃO FINAL AMBIENTAL CORRETA

TÓPICO 5 – GESTÃO DE SUSTENTABILIDADE

139
140
UNIDADE 3
TÓPICO 1

RESÍDUOS SÓLIDOS URBANOS E


INDUSTRIAIS

1 INTRODUÇÃO
Com o aumento da população mundial, consequentemente com a
urbanização, a melhoria da renda, o aumento de produção e de consumo de
produtos manufaturados, verifica-se um maior impacto no manejo e disposição
final inadequado de vários tipos de resíduos. A cada inovação tecnológica
desenvolvida pelo homem, verifica-se em paralelo um fator poluente novo ou um
desequilíbrio ecológico (PINTO, 2009). Como exemplo, no passado, a máquina
de vapor que utilizou o carvão incentivou o desmatamento e, na atualidade,
a indústria petroquímica que desenvolve novos tipos de plásticos, alguns não
biodegradáveis. A biotecnologia trouxe a preocupação como o bioterrorismo
(RIFKIN apud PINTO 2009).

Voltando à questão mais próxima, no âmbito das cidades temos a


deficiência e/ou ineficiência do setor público em gerenciar a disposição final e
da população em cobrar destes a alocação dos resíduos em locais próprios. A
preocupação em haver um recolhimento destes resíduos, faz com que haja um
impacto crescente na situação do meio ambiente em absorver sem impactar todo
um ecossistema.

2 DEFINIÇÃO DE RESÍDUO SÓLIDO


Conforme a Constituição Federal caput do artigo 225 (BRASIL, 1988, p.
170), “meio ambiente ecologicamente equilibrado, bem de uso comum do povo e
essencial à sadia qualidade de vida”.

O desafio hoje é para os gestores públicos com auxílio de uma população


mais esclarecida e preocupada com a saúde pública, através do conhecimento da
legislação, bem como os tipos de resíduos existentes a trabalharem para colocar
em prática a implementação de sistemas de gerenciamento integrado de resíduos
sólidos. A melhor maneira para atingir esse objetivo será o aproveitamento destes
resíduos na adoção de tratamento (compostagem e reciclagem) e disposição final
segura com uma parcela mais reduzida destes resíduos em aterro sanitários.

Segundo o PNRS (Política Nacional de Resíduos Sólidos) Lei nº 12.305/2010,


regulamentada pelo Decreto nº 7.404/2010, resíduo sólido é

141
UNIDADE 3 | GESTÃO DE RESÍDUOS

[...] material, substância, objeto ou bem descartado resultante de


atividades humanas em sociedade, a cuja destinação final se procede,
se propõe proceder ou se está obrigado a proceder, nos estados sólido
ou semissólido, bem como gases contidos em recipientes e líquidos
cujas particularidades tornem inviável o seu lançamento na rede
pública de esgotos ou em corpos d’água, ou exijam para isso soluções
técnica ou economicamente inviáveis em face da melhor tecnologia
disponível.

E conforme a ABNT (2004, p. 1) na NBR 10004/2004, resíduos sólidos são:

[...] aqueles nos estados sólidos e semissólidos, que resultam de


atividades da comunidade de origem: industrial, doméstica, hospitalar,
comercial, agrícola, de serviços e de varrição. Ficam incluídos, nesta
definição os lodos provenientes de sistemas de tratamento de água,
aqueles gerados em equipamentos e instalações de controle de
poluição, bem como determinados líquidos, cujas particularidades
tornem inviável seu lançamento na rede pública de esgoto ou corpos
de água, ou exijam para isso soluções técnica e economicamente
inviáveis em face à melhor técnica disponível.

D’almeida e Vilhena, (2000) apresenta resíduo sólido ou lixo, como todo


material sólido ou semissólido indesejável e que necessita ser removido por ter
sido considerado inútil por quem o descarta, em qualquer lugar destinado a este
fim.

Já o lixo, expressão de cunho popular mais utilizada, conforme Ruffino


(2009), está relacionado à aversão, em que esse lixo é composto de elementos
inúteis, malcheirosos e prejudiciais à saúde humana, devendo ser mantido em
locais afastados. Enquanto o “resíduo” está relacionado a materiais (ou parte deles)
que não apresentam utilidade direta, podendo ser descartados adequadamente
ou reaproveitados, tomando parte em um ciclo (RUFFINO 2009)

E o “rejeito” é considerado como algo inservível e que a única aplicação


seria a disposição final.

E qual é a divisão do lixo quanto à origem?

142
TÓPICO 1 | RESÍDUOS SÓLIDOS URBANOS E INDUSTRIAIS

FIGURA 44 – DIVISÃO EM ÁREAS QUANTO À ORIGEM

FONTE: Disponível em: <www.senado.gov.br/noticias/jornal/emdiscussao/saiba.../0604_Valdir_


Schalch.ppt>. Acesso em: 1 ago. 2017.

Segundo Oliveira (2014b), “é a prática do consumo que “dispara” sem


precedentes. No mundo, ao ano, são mais de 70 milhões de veículos consumidos.
O consumo da humanidade em bens e serviços em 1960 atingiu o equivalente
a US$ 4,9 trilhões (dólares de 2008); em 1996, chegou a US$ 23,9 trilhões e, dez
anos depois, atingiu mais de US$ 30 trilhões. Na França, a média do consumo
de proteínas é de 115 gramas/dia, ao passo que em Moçambique é de apenas
32 gramas. Cada cidadão dos Estados Unidos, na média, consome 120 quilos
de carnes ao ano (10 quilos por mês), enquanto um angolano consome 24
quilos/ano, (2 quilos/mês). Os 315 milhões de estadunidenses (dados de 2012)
comem 9 bilhões de aves todos os anos. Na Ásia inteira, com 3,5 bilhões de
pessoas, consome-se 16 bilhões de aves ao ano. Há 150 carros para cada mil
habitantes na China, enquanto nos países da Organização para a Cooperação e
Desenvolvimento Econômico (OCDE) essa relação é de 750, e na Índia, apenas 35.
Oitenta e dois por cento da população da Índia, 65% da população da Indonésia,
55% da chinesa e 17% da brasileira ganham menos de U$$ 2/dia, segundo dados
do estudo Sustainable Consumption: A Global Status Report, produzido pela
United Nations Environment Programme (2002)”.

143
UNIDADE 3 | GESTÃO DE RESÍDUOS

E ainda temos outros como segundo Oliveira (2014 b):

• Os cosméticos nos EUA, que por ano são gastos US$ 8 bilhões.
• Os gastos com cigarros na Europa chegam a mais de US$ 50 bilhões e mais US$
105 bilhões em bebidas alcóolicas.
• Os armamentos e equipamentos bélicos no mundo giram, ao ano, próximo de
US$ 780 bilhões, enquanto apenas US$ 9 bilhões seriam suficientes para levar
água e saneamento básico para toda a população mundial.
• 80% do  consumo  privado mundial é abocanhado por 20% da população
mundial residente nos países mais ricos, o que faz “sobrar” para 80% da
população (5,6 bilhões de pessoas), residente nos países mais pobres e em vias
de desenvolvimento, apenas 20% da produção mundial.
• Só os EUA, com 4,5% da população mundial consomem 40% de todos os
recursos disponíveis.
• Enquanto os mais ricos exageram no consumo, os mais pobres sofrem de perto
as consequências do desequilíbrio ambiental.
• Nos últimos 30 anos o consumo mundial de bens cresceu numa média anual de
2,3%; em alguns países do leste asiático essa taxa supera o patamar de 6%.

Conforme BOFF (2012, p. 74):

Esse processo de produção exige mais e mais a exploração dos recursos


da natureza. Como decorrências quanto mais se exploram os recursos
naturais, mais escassos se fazem, mais poluição se produz, mais
deflorestação ocorre, mais se envenenam os solos, mais se contaminam
as águas, mais se degeneram ecossistemas e cada vez mais aumenta o
aquecimento global com as decorrentes mudanças climáticas

Ainda, segundo Oliveira (2014b):

Trata-se de um desequilíbrio sem igual provocado por poucos que


dominam a cena do consumo mundial. Stephen Pacala, ecologista da
Universidade Princeton, aponta que as 500 milhões de pessoas mais
ricas do mundo (aproximadamente 7% da população mundial) são
atualmente responsáveis por 50% das emissões globais de dióxido
de carbono, enquanto os 3 bilhões mais pobres são responsáveis por
apenas 6%.

Analisando estes aspectos, percebemos que ainda a minoria da população


que detêm o maior poder aquisitivo do planeta é a que mais consome bens
manufaturados de forma direta ( o seu consumo particular, em alimentos
serviços, produtos de beleza, carros, mansões e bens de consumo em geral) e
indiretamente através da posse de empresas (das quais são donos ) ou investem
por meio de compras de ações.

144
RESUMO DO TÓPICO 1

Neste tópico, você aprendeu:

• A definição de resíduo sólido, lixo e rejeito, conforme a constituição e algumas


instituições como a ABNT: “[...] aqueles nos estados sólidos e semissólidos,
que resultam de atividades da comunidade de origem: industrial, doméstica,
hospitalar, comercial, agrícola, de serviços e de varrição”.

• Como se dá a divisão do lixo conforme sua origem, ou seja, ele é subdividido


em resíduos domiciliares, de limpeza urbana, de estabelecimentos comerciais
e prestadores de serviços, resíduos de serviços públicos e de saneamento, de
serviços de transporte, de construção civil, de mineração, industriais de saúde,
agrossilvopastoril, e resíduos de significativo impacto ambiental.

145
AUTOATIVIDADE

1 Qual é a definição de resíduo sólido?

2 O que é o rejeito?

3 Qual é a divisão do lixo quanto à origem?

146
UNIDADE 3
TÓPICO 2

GESTÃO E GERENCIAMENTO DE
RESÍDUOS

1 INTRODUÇÃO

Conforme o que temos na  Política Nacional de Resíduos Sólidos, Lei


nº 12.305/2010, gerenciar resíduos sólidos em nosso país já possui diretrizes
sólidas a serem seguidas nas várias esferas do poder público (federal, estadual e
municipal). O gerenciamento de resíduos sólidos, nesta legislação permite que o
estado tenha informações de como proceder nas várias etapas do gerenciamento
dos resíduos como coleta, transporte, transbordo, tratamento e destinação final
ambientalmente corretas desses resíduos sólidos e disposição final, assim como,
informar o cidadão de como poderá fazer parte desse processo que tem como
objetivo final a sua melhor qualidade de vida sem os detritos causadores de
doenças.

SOUZA et al. (2009, p. 1) conceitua a Gestão de resíduos sólidos como

um conjunto de atitudes (comportamentos, procedimentos, propósitos)


que apresentam como objetivos principal, a eliminação dos impactos
ambientais negativos, associados à produção e à destinação do lixo.
Na ausência do gerenciamento de resíduos sólidos, a produção
e a destinação do lixo podem conduzir aos seguintes problemas,
entre vários outros: contaminação do solo com fungos e bactérias;
contaminação das águas de chuva e do lençol freático; aumento da
população de ratos, baratas e moscas, disseminadores de doenças
diversas, aumento dos custos de produtos e serviços; entupimento das
redes de drenagem das águas de chuva; assoreamento dos córregos e
dos cursos d’água; incêndios de largas proporções e difícil combate;
destruição da camada de ozônio etc.

2 O PROCESSO DE GESTÃO DE RESÍDUOS


A gestão de resíduos sólidos pode diminuir, e em alguns casos evitar, esses
impactos negativos, propiciando níveis crescentes de qualidade de vida, saúde
pública e bem-estar social, além de gerar redução das despesas de recuperação das
áreas degradadas, da água, dos lençóis freáticos e do ar poluído, possibilitando a
aplicação desses mesmos recursos (econômicos) em outras áreas de interesse da
população. Além disso, a gestão de resíduos sólidos, aplicada às indústrias e às
fábricas, reduz os custos de produção, possibilitando a recuperação de matérias-
primas, aproveitáveis no processo de fabricação, ou comercializável por terceiros
Souza et al. (2009)

147
UNIDADE 3 | GESTÃO DE RESÍDUOS

A gestão de resíduos sólidos é uma das maneiras mais diretas para


minimizar os impactos ao meio ambiente. Também cabe a cada um de nós orientar
as medidas que podem reduzir o desperdício. As empresas, de um modo geral,
podem direcionar sua produção de maneira produtiva e também que venha a
colaborar com o meio ambiente em geral, como, por exemplo, reaproveitar o
material que foi rejeitado na produção para ser reciclado e aproveitado pelos
outros setores, evitando que seja descartado para o lixo (SOUSA, 2009).

Segundo Adissi, Pinheiro e Cardoso (2012), o fluxo de informação do


inventário de resíduos na empresa é composto pelos seguintes itens:

1. Informações gerais da indústria:


I- Razão Social.
Il- Endereço da unidade industrial.
III- Endereço para correspondência.
IV- Contato técnico.
V- Característica da atividade industrial.
VI- Responsável pela empresa.

2. Informações sobre o processo de produção desenvolvida pela empresa:


I- Listar as matérias-primas e insumos utilizados.
II- Identificar qual a produção anual da indústria.
III- Apresentar uma relação das etapas em que apresente o decorrer do
processo industrial.
IV- Relacione todas as etapas do processo de produção.

3. Informações sobre os resíduos sólidos gerados nos últimos 12 meses:


1. Formas de armazenamento.
2. Formas de tratamento na indústria.
3. Formas de tratamento fora da indústria/destino.

3.1 Na própria indústria: informações sobre resíduos sólidos gerados:


1. Armazenamento.
2. Tratamento.
3. Reutilização.
4. Reciclagem.
5. Disposição final.

3.2 Fora da Indústria: informações sobre resíduos sólidos gerados:


1. Armazenamento.
2. Tratamento.
3. Reutilização.
4. Reciclagem.
5. Disposição final.

4. Informações sobre resíduos sólidos gerados nos anos anteriores.


I- Resíduos gerados nos anos anteriores que estão sob o controle da
indústria.
148
TÓPICO 2 | GESTÃO E GERENCIAMENTO DE RESÍDUOS

2.1 CLASSIFICAÇÃO DOS RESÍDUOS SÓLIDOS


Os resíduos sólidos são classificados conforme a origem, tipo de resíduo,
composição química e periculosidade.

2.1.1 Quanto à origem


O lixo quanto à origem à classificado como:

• industrial,
• serviço de saúde,
• domiciliar,
• comercial,
• limpeza urbana,
• transporte (terminais rodoviários, aeroportos, portos e ferroviários),
• construção civil,
• mineração,
• agrossilvopastoril.

2.1.2 Quanto à periculosidade


A classificação dos resíduos sólidos quanto à periculosidade, conforme a
ABNT NBR 10.004 (2004, p. 1) em:

Classe I:

Perigosos. São aqueles que proporcionam:


• riscos à saúde pública;
• riscos ao meio ambiente.

Classe II
Os não perigosos.

Classe IIA:
Os não inertes, ou seja:
• biodegradáveis, com combustibilidade ou solubilidade em água.

Classe IIB
Os inertes:

• São quaisquer resíduos que, quando amostrados de uma forma representativa,


e submetidos a um contato dinâmico e estático com água destilada ou
desionizada, à temperatura ambiente, não tiverem nenhum de seus constituintes
solubilizados a concentrações superiores aos padrões de potabilidade de água,
excetuando-se aspecto, cor, turbidez, dureza e sabor.
149
UNIDADE 3 | GESTÃO DE RESÍDUOS

2.2 POLÍTICA NACIONAL DOS RESÍDUOS SÓLIDOS (PNRS)


A Lei nº 12.305/2010, para resíduos sólidos é parte integrante da
Política Nacional dos Resíduos Sólidos que integra a Política Nacional do
Meio Ambiente junto à Política Federal do Saneamento Básico e com a Política
Nacional da Educação Ambiental. (Esses são órgãos hierárquicos que auxiliam
no cumprimento da legislação da Política de resíduos sólidos). Possui vínculo
com as Políticas Nacionais de Recursos Hídricos, de Saúde, Urbana, Industrial,
Tecnológica. Observando que o objetivo da PNRS é o não desenvolvimento, a
redução, a reutilização e o tratamento de resíduos sólidos, bem como a disposição
final de forma adequada dos rejeitos não utilizáveis.

Os objetivos, de forma sucinta, são: a redução do uso de recursos naturais


nos processos produtivos, intensificar as ações de educação ambiental, aumentar
o incentivo a reciclagem que auxilia na inclusão social. Este último, utilizando o
resíduo sólido reutilizável e reciclável como um bem econômico e de valor social,
que pode gerar trabalho e renda à população menos favorecida. (RUPPENTHAL
2014).

O PNRS tem como ações para o desenvolvimento de um fim para os


resíduos sólidos: o inventário e o sistema declaratório anual de resíduos sólidos,
a coleta seletiva e o incentivo às cooperativas de catadores (BRASIL, 2002).

O inventário de resíduos industriais é um instrumento de política de


gestão de resíduos, em que as indústrias devem fornecer informações aos órgãos
ambientais estaduais sobre a geração, características, armazenamento, transporte,
tratamento, reutilização, recuperação e disposição final dos seus resíduos sólidos
gerados.

Outra preocupação do PNRS são o monitoramento e a fiscalização


ambiental, sanitária e agropecuária, a cooperação técnica e financeira entre os
setores público e privado, desenvolvendo pesquisas de novos produtos, métodos,
processos e tecnologias de gestão para a área (BRASIL, 2010).

Segundo Oliveira (2014b):

150
TÓPICO 2 | GESTÃO E GERENCIAMENTO DE RESÍDUOS

FIGURA 45 – PLANO DE RESÍDUOS SÓLIDOS

FONTE: Disponível em: <http://www.agricultura.gov.br/assuntos/camaras-setoriais-tematicas/


documentos/camaras-setoriais/viticultura-vinhos-e-derivados/anos-anteriores-1/
politica-nacional-de-residuos-solidos-39.pdf>. Acesso em: 10 ago. 2017.

E como deve acontecer o Plano de Resíduos Sólidos delineado pelo


Governo Federal?

151
UNIDADE 3 | GESTÃO DE RESÍDUOS

FIGURA 46 – HIERARQUIA DE PRIORIDADE NA GESTÃO DE E GERENCIAMENTO DE


RESÍDUOS SÓLIDOS

FONTE: Disponível em: <http://www.agricultura.gov.br/assuntos/camaras-setoriais-


tematicas/documentos/camaras-setoriais/viticultura-vinhos-e-derivados/
anos-anteriores-1/politica-nacional-de-residuos-solidos-39.pdf>. Acesso em:
10 ago. 2017.

2.3 LOGÍSTICA REVERSA

FIGURA 47 – A OBRIGAÇÃO DA IMPLANTAÇÃO DA LOGÍSTICA REVERSA

FONTE: Disponível em: <http://www.agricultura.gov.br/assuntos/camaras-setoriais-


tematicas/documentos/camaras-setoriais/viticultura-vinhos-e-derivados/
anos-anteriores-1/politica-nacional-de-residuos-solidos-39.pdf>. Acesso em:
10 ago. 2017.

152
TÓPICO 2 | GESTÃO E GERENCIAMENTO DE RESÍDUOS

A logística reversa é caracterizada como um conjunto de procedimentos que


tem como foco ajudar na coleta e destinação de resíduos para a área empresarial.
O principal objetivo é, através da tecnologia, ter um reaproveitamento dos
resíduos sólidos no ciclo produtivo da empresa ou em outros ciclos produtivos,
ou ainda, outro destino não prejudicial ao meio ambiente e à saúde pública. Esse
é o ciclo adequado de reaproveitamento com a reentrada dos resíduos novamente
na cadeia de abastecimento baixando os custos de forma geral.

E segundo a legislação, tem a responsabilidade compartilhada pelo ciclo


de vida do produto os: fabricantes, importadores, titulares dos serviços públicos
de limpeza urbana e manejo dos resíduos sólidos, consumidores e distribuidores
comerciais. Que tem como objetivo de forma integrada a minimização geração de
resíduos sólidos e rejeitos e a redução dos impactos à saúde humana e à qualidade
ambiental decorrente do ciclo de vida dos produtos. Além de um acordo setorial
de natureza contratual entre o poder público e fabricantes, importadores,
distribuidores ou comerciantes para a implantação da responsabilidade
compartilhada pelo ciclo de vida do produto.

Responsabilidade da logística reversa conforme os setores:

FIGURA 48 – RESPONSABILIDADE DA LOGÍSTICA REVERSA CONFORME OS SETORES

FONTE: Disponível em: <http://www.agricultura.gov.br/assuntos/camaras-setoriais-


tematicas/documentos/camaras-setoriais/viticultura-vinhos-e-derivados/anos-
anteriores-1/politica-nacional-de-residuos-solidos-39.pdf>. Acesso em: 10 ago. 2017.

153
UNIDADE 3 | GESTÃO DE RESÍDUOS

O CONAMA tem a preocupação para deliberar sobre os resíduos


sólidos de:

FIGURA 49 – RESÍDUOS SÓLIDOS

FONTE: Disponível em: <http://www.agricultura.gov.br/assuntos/camaras-


setoriais-tematicas/documentos/camaras-setoriais/viticultura-vinhos-e-
derivados/anos-anteriores-1/politica-nacional-de-residuos-solidos-39.
pdf>. Acesso em: 10 ago. 2017.

A coleta seletiva pelo município deve ser atendida como segue na figura:

FIGURA 50 – LEI Nº 12.305, DE 2 DE AGOSTO DE 2010

FONTE: Disponível em: <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2007-2010/2010/


lei/l12305.htm>. Acesso em: 11 ago. 2017.
154
TÓPICO 2 | GESTÃO E GERENCIAMENTO DE RESÍDUOS

FIGURA 51 - LIXO

FONTE: Disponível em: <http://www.mma.gov.br/estruturas/secex_


consumo/_arquivos/8%20-%20mcs_lixo.pdf>. Acesso em: 12 ago.
2017.

Caro aluno, as diretrizes para a logística reversa e como ela acontece


devem estar indicadas principalmente nos Planos Estaduais, refletindo acordos
setoriais previstos na Política Nacional, de acordo com orientação estratégica
definida pelo Comitê Orientador para Implementação de Sistemas de Logística
Reversa, com a coordenação do Ministério do Meio Ambiente.

Aos consumidores cabe a responsabilidade de acondicionar


adequadamente e disponibilizar os resíduos para coleta ou devolução. O
descumprimento da obrigação sujeita ao consumidor ocasionam penas que vão
de advertência até multa que pode ser convertida em prestação de serviços.

A logística reversa é de caráter obrigatória e deveria ser implantada


prioritariamente, a partir de 2013 até 2020, para estes produtos:

• lâmpadas fluorescentes de vapor de sódio, de mercúrio e de luz mista;

• pilhas e baterias a partir dos dispositivos pequenos, como os de celulares e


relógios, as baterias de automóveis e caminhões;

• para todos os tipos de pneus, de bicicletas para crianças, de carros, até os pneus
de tratores;
155
UNIDADE 3 | GESTÃO DE RESÍDUOS

• eletroeletrônicos e seus componentes como os equipamentos de controle


eletrônico ou elétrico, e todos os dispositivos de informática, som, vídeo,
telefonia, brinquedos, e equipamentos da linha branca, como geladeiras,
lavadoras e fogões, além de ferros de passar, secadores, ventiladores, exaustores
etc;

• óleos lubrificantes, seus resíduos e embalagens;

• agrotóxicos, seus resíduos e embalagens, bem como, outros produtos cuja


embalagem, após o uso, constitua resíduo perigoso.

156
RESUMO DO TÓPICO 2

Neste tópico, você aprendeu:

• O que é logística reversa e quais são os resíduos que possuem a obrigatoriedade


controlada de pelas empresas fabricantes de forma a não prejudicarem o meio
ambiente.

• Como se dá a divisão dos resíduos conforme a cor dos coletores.

• A legislação reguladora para o exercício da logística reversa.

157
AUTOATIVIDADE

1 O que é a logística reversa? E qual é seu objetivo?

2 Quais são os produtos da Logística reversa que são de caráter obrigatório o


seu retorno pelas empresas fabricantes?

3 Para o descarte do lixo em container especifique para cada cor de container


de descarte, o tipo de resíduo que deve ser descartado respectivamente:

158
UNIDADE 3
TÓPICO 3

CUIDADOS NO TRANSPORTE INTERNO E


EXTERNO

1 INTRODUÇÃO
Existem vários tipos de transportes para resíduos e/ou substâncias
perigosas, vamos ver o que significa cada um deles e como devemos tratar quanto
a sua locomoção no que tange aos transportes.

Produto perigoso é aquele que, dependendo da quantidade, fora de sua


embalagem ou local de segurança, traz riscos para a saúde e à vida humana e de
animais. Os produtos perigosos estão catalogados pela Organização das Nações
Unidas – ONU e pela Portaria nº 204, de 26 de maio de 1997 do Ministério dos
Transportes.

Segundo Bruns (2002), carga com produtos perigosos é toda e qualquer


carga que tenha, parcial ou totalmente produtos perigosos que representem riscos
a seres humanos, desenvolvam prejuízos materiais e/ou danos ao meio ambiente.

E segundo a Agência Nacional de Transporte Terrestre (ANTT, 2004),


produtos perigosos são substâncias encontradas na natureza ou produzidas por
processos que possuam propriedades físico-químicas, biológicas ou radioativas
que representem riscos para a saúde das pessoas, para a segurança pública e para
o meio ambiente, conforme relacionado na Resolução nº 420/04, da ANTT.

2 TRANSPORTE DE PRODUTOS PERIGOSOS


Os produtos perigosos apresentam-se nas formas sólida, líquida ou gasosa
e são transportados normalmente em grandes quantidades. O vazamento acidente
destes produtos representa um perigo potencial para o público e para o meio
ambiente. Em função de sua periculosidade foram desenvolvidos dois sistemas
de identificação de perigos. São para pessoas que participam de ações perante
um acidente desta proporção. O primeiro sistema é usado nos Estados Unidos
para tanques de armazenagem e recipientes pequenos (instalações permanentes).
O segundo é utilizado para depósitos, tanques, vagões ferroviários, tambores e
outros tipos de embalagens transportadas no comércio normal, dentro de um
estado ou entre estados. O transporte desse tipo de materiais no Brasil pertence
ao Ministério dos Transportes e sua utilização é mediante placas e etiquetas em
conformidade com as Normas Técnicas Brasileiras (BATALHÃO DO CORPO DE
BOMBEIROS, 2004).

159
UNIDADE 3 | GESTÃO DE RESÍDUOS

Temos como exemplo os produtos perigosos, como os inflamáveis,


explosivos, corrosivos, tóxicos, radioativos, entre outros produtos químicos que
podem não apresentar risco imediato, mas caso haja um acidente, representam
uma ameaça nociva ao meio ambiente em geral.

Segundo Bychinski (2012), os acidentes com produtos perigosos variam


em função do tipo do produto químico, da quantidade e das características dele.
Observe que a quantidade de produto químico que é produzido, armazenado,
transportado por via rodoviária em nosso país é enorme, no qual a maioria é de
produtos perigosos. Perceba que ocorre um acidente com produto perigoso todas
as vezes que se perde o controle sobre o risco, resultando em alguma forma de
extravasamento, causando danos ambientais e aos seres vivos de forma geral.
Esses impactos podem ser do tipo reduzido, localizado, ou de elevada monta,
mas todos impactantes para o meio onde ocorreram.

Existem muitos volumes líquidos a granel que são transportados em


tanques, que para sua circulação recebem uma estrutura externa especial quer
tem por objetivo permitir a movimentação, o armazenamento e o transporte dos
tanques na forma de contêineres, como também deixa livre o acesso às válvulas
e instrumentos controladores de pressão nível, e outros necessários, conforme
a natureza do produto contido e que permite que sejam transportados como
contêineres, recebendo a denominação de “isotank”. De forma geral, o transporte
rodoviário de produtos perigosos se faz, via de regra, em caminhões tanques
(para transporte de grandes volumes de líquidos a granel) e não em transporte
ferroviário (como é comum na Europa) em relação a produtos perigosos.

Nos Estados Unidos, esse transporte é rodoviário em sua maioria e


acontece com fortes restrições como apresentado por Coelho (2010), na qual uma
das formas mais utilizadas de regulamentação é a interdição no uso de algumas
vias para o transporte destes materiais. Estas vias incluem áreas densamente
povoadas, interior de centros urbanos, vias próximas a nascentes de rios etc.
Outras alternativas existem, e algumas são usadas em conjunto com o fechamento
das vias. Elas incluem treinamento especial do motorista, restrição do número de
horas de trabalho, especificações do contêiner e exigência de seguros, entre outros.
Uma das dificuldades em implantar estes sistemas de controle é na avaliação do
risco: se for considerada a probabilidade de ocorrência de um incidente durante
o transporte, então o risco é bastante baixo.

Durante a década de 1990, nos Estados Unidos, houve mais de 300


milhões de transportes de produtos perigosos, que totalizaram mais de 3,2
bilhões de toneladas. Como esperado, a maioria destes produtos chega ao seu
destino em segurança. De acordo com o U.S. Department of Transportation, em
1999 ocorreram aproximadamente 15.000 incidentes envolvendo transporte
de produtos perigosos naquele país, e apenas 429 foram classificados como
incidentes graves, que resultaram em 13 mortes e 198 feridos. No entanto, a
regulamentação é rígida devido aos riscos potenciais envolvidos. “Transportes
de combustíveis, petróleo, cloro, materiais radioativos, etc. podem causar danos
graves a populações inteiras” (RAMOS, 2011).
160
TÓPICO 3 | CUIDADOS NO TRANSPORTE INTERNO E EXTERNO

Conforme Norma Brasileira Registrada (NBR 7500) disponibiliza que


os produtos perigosos devam ser embalados em recipientes pequenos e que
sejam devidamente etiquetados ou rotulados, mas em se tratando de caminhões
tanque, vagões ferroviários e reboques devem portar placas de cor laranja com
números pretos, que indicam a natureza do perigo que a carga representa. Essa
classificação usada nas placas e rótulos de risco é baseada nas Classes de Risco
dispostas pelas Nações Unidas apud (BYCHINSKI 2012), como:

Classe 1: explosivos

Subclasse 1.1 – Substâncias e artigos com risco de explosão em massa;


Subclasse 1.2 – Substâncias e artigos com risco de projeção, mas sem risco de
explosão;
Subclasse 1.3 – Substâncias e artigos com risco predominante de fogo;
Subclasse 1.4 – Substâncias e artigos que não apresentam risco significativo;
Subclasse 1.5 – Substâncias muito insensíveis, mas com risco de explosão em
massa;
Subclasse 1.6 – Artigos extremamente insensíveis, sem risco de explosão em
massa.

Classe 2: gases comprimidos – liquefeitos – dissolvidos sob pressão ou


altamente refrigerados

Subclasse 2.1 – Gases inflamáveis: são gases que a 20°C e à pressão normal são
inflamáveis quando em mistura de 13%, em volume, com o ar ou que apresentem
faixa com o ar de, no mínimo 12%, limite inferior de inflamabilidade.

Subclasse 2.2 – Gases não inflamáveis, não tóxicos: são gases asfixiantes, oxidantes
ou que não se enquadrem em outra subclasse.

Subclasse 2.3 – Gases tóxicos: são gases, reconhecidamente, tóxicos e corrosivos


que constituam risco das pessoas.

Classe 3: líquidos inflamáveis

Líquidos inflamáveis: são líquidos, misturas de líquidos ou líquidos que


contenham sólidos em solução ou suspensão, produzam vapor inflamável a
temperaturas de até 60,5°C, em ensaio de vaso fechado, ou até 65,6ºC, em ensaio
de vaso aberto, ou ainda os explosivos dissolvidos ou suspensos em água ou
outras substâncias líquidas.

Classe 4: sólidos inflamáveis – substâncias sujeitas à combustão espontânea –


em contato com água, emitem gases inflamáveis

Substâncias sujeitas à combustão espontânea; substâncias que, em contato com


água, emitem gases inflamáveis.

161
UNIDADE 3 | GESTÃO DE RESÍDUOS

Subclasse 4.1 – Sólidos inflamáveis: substâncias autorreagentes e insensibilizados:


sólidos que, em condições, sejam facilmente combustíveis, ou que por atrito
possam causar fogo ou contribuir para tal; substâncias autorreagentes que
possam sofrer reação fortemente exotérmica; explosivos sólidos insensibilizados
que possam explodir senão estiverem suficientemente diluídos.

Subclasse 4.2 – Substâncias sujeitas à combustão espontânea: substâncias sujeitas


a aquecimento espontâneo em condições normais de transporte, ou a aquecimento
em contato com ar, podendo inflamar-se.

Classe 5: substâncias oxidantes – peróxidos orgânicos

Subclasse 5.1 – Substâncias oxidantes: são substâncias que podem, pela liberação
de oxigênio, causar a combustão materiais ou contribuir para isso.

Subclasse 5.2 – Peróxidos orgânicos: são poderosos agentes oxidantes, como


derivados do peróxido de hidrogênio, termicamente instáveis que podem sofrer
decomposição térmica autoacelerável.

Classe 6: substâncias tóxicas – substâncias infectantes

Subclasse 6.1 – Substâncias tóxicas, venenosas: são substâncias capazes de


provocar morte, lesões graves ou danos à saúde humana, se ingeridas ou inaladas,
ou se entrarem em contato com a pele.

Subclasse 6.2 – Substâncias infectantes: Substâncias infectantes: são substâncias


que contém patógenos capazes de provocar doenças infecciosas em seres humanos
ou em animais.

Classe 7: materiais radioativos

Qualquer material ou substância que contenha radionuclídeos, cuja concentração


de atividade e atividade total na expedição (radiação), excedam os valores
especificados.

Classe 8: corrosivos

São substâncias que, por ação química, causam severos danos quando em contato
com tecidos vivos ou, em caso de vazamento, danificam ou mesmo destroem
outras cargas ou o próprio veículo.

Classe 9: substâncias perigosas diversas

São aqueles que apresentam, durante o transporte, são aqueles transportes que
apresentam, substâncias perigosas não abrangidas por nenhuma das outras
classes.

162
TÓPICO 3 | CUIDADOS NO TRANSPORTE INTERNO E EXTERNO

Conforme Bychinski (2012), para dirigir veículos com de produtos


perigosos, o motorista deverá portar uma série de documentos obrigatórios
obedecendo ao Regulamento para o Transporte de Produtos Perigosos (RTPP),
regras específicas do Conselho Nacional de Energia Nuclear (CNEN), do Exército
Brasileiro (EB) e também o determinado pelo Código de Trânsito Brasileiro
(CTB). Deve ainda ficar atento aos casos específicos que se podem exigir mais 26
requisitos de acordo com normas específicas, por exemplo, do Meio Ambiente,
Polícia Federal e legislações estaduais. De acordo com o Decreto n⁰ 96.044, de maio
de 1988 apud (BYCHINSKI, 2012), os caminhões transportando produtos perigoso
só poderão circular pelas vias públicas portando os seguintes documentos:

a) Documento Fiscal: deve apresentar o número ONU, nome do produto, classe


de risco, grupo de embalagem, quantidade do produto e declaração de
responsabilidade do expedidor de produtos perigosos.

b) Ficha de Emergência: deve conter informações sobre a classificação do produto


perigoso, riscos que apresenta e procedimentos em caso de emergência,
primeiros socorros e informações ao médico. É o documento que acompanha
o transporte de produtos perigosos resumindo seus principais riscos e as
providências a serem tomadas em casos de acidentes com vazamentos, fogo,
poluição, envolvimento de pessoas, dando também informações médicas. A
ficha de emergência é destinada às equipes de atendimento a emergência. As
informações ao motorista devem estar descritas exclusivamente no envelope
para transporte. O conteúdo da ficha de emergência é de responsabilidade do
fabricante ou importador do produto. Os expedidores de produtos perigosos
devem elaborar as fichas de emergência dos produtos com base nas informações
fornecidas pelo fabricante ou importador do produto. A ficha de emergência
é composta por seis áreas. Para cada produto classificado de acordo com a
numeração ONU, deve ser elaborada uma única ficha de emergência, não é
permitida a utilização de uma ficha de emergência contendo vários produtos
com número ONU diferentes. Para diferentes produtos com mesmo número
ONU, mesmo nome para embarque, mesmo estado físico, mesmo grupo
de embalagem e mesmo número de risco, pode ser usada a mesma ficha de
emergência, desde que sejam aplicáveis às mesmas informações de emergência.

c) Envelope para Transporte: mostra os procedimentos mínimos para o motorista,


atuar em situação de emergência, telefones úteis e identificação das empresas
transportadora, redespacho quando for o caso, e expedidora do produto
perigoso. O envelope de transporte é obrigatório por embarcador de produto
no veículo.

d) O Certificado de Inspeção para o Transporte de Produtos Perigosos com


citação no RTPP (Regulamento para o Transporte de Produtos Perigosos) como
Certificado de Capacitação para o Transporte de Produtos Perigosos a Granel,
é um documento expedido pelo INMETRO ou empresa credenciada por ele,
que comprova a aprovação do veículo (caminhão, caminhão trator e chassis

163
UNIDADE 3 | GESTÃO DE RESÍDUOS

porta contêiner) ou ainda equipamento tanque, vaso para gases etc.) para o
transporte de produtos perigosos a granel (sem embalagem). Observe que para
o transporte de carga fracionada (embalada) este documento não é obrigatório.

e) Certificado de Conclusão do Curso de Movimentação de Produtos Perigosos


o MOPP: é obrigatório somente o porte deste documento, quando a Carteira
Nacional de Habilitação não apresentar a informação "Transportador de Carga
Perigosa". Esta informação deve ser inserida no ato da renovação do exame
de saúde do condutor. Todo motorista que transporta produtos perigosos
tem a obrigação legal de comprovar a participação em Curso de Treinamento
Específico para Transporte de Produtos Perigosos, com o Certificado atualizado,
através do curso de Movimentação de Produtos Perigosos – MOPP.

f) A Declaração de Expedição que não contenha embalagens vazias e não limpas


que apresente valor de quantidade limitada igual a “zero", tem a obrigatoriedade
de documento somente quando forem transportadas embalagens vazias e
sejam utilizadas as isenções previstas para o transporte de produtos perigosos
em quantidades limitadas, conforme a Resolução ANTT Nº 420/04.

g) Declaração de Incompatibilidade nos Casos em que a Ficha de Emergência não


é exigida. O documento obrigatório somente quando a legislação dispensa o
porte da Ficha de Emergência, como, por exemplo, no transporte de perigosos
em quantidades limitadas, conforme a Resolução ANTT nº 420/04.

h) Guia de Tráfego: obrigatório para o transporte de produtos controlados pelo


exército como explosivo, armas, entre outros.

i) Declaração do Expedidor de Material Radioativo e Ficha de Monitoração da


Carga e do Veículo Rodoviário: obrigatório para os produtos com a classificação
de radioativos, e expedidos pela CNEN (Conselho Nacional de Emergência
Nuclear).

j) Outros: com documentos exigidos por outras legislações, conforme o produto


transportado, ou município por onde o veículo irá transitar, documentos
previstos pela Polícia Federal, para produtos utilizados no refino e produção
de entorpecentes e de órgãos de Meio Ambiente, para o transporte de resíduos
(BYCHINSKI, 2012).

3 RISCOS E DESASTRES AMBIENTAIS


Os desastres no meio ambiente que nos circunda podem ocorrer como
consequência do impacto de um risco natural ou causado por atividades
antrópicas.

164
TÓPICO 3 | CUIDADOS NO TRANSPORTE INTERNO E EXTERNO

UNI

Você sabe o que é ação antrópica?


Conforme o grego: anthropos, quer dizer homem, portanto, ação antrópica é a ação feita
pelo ser humano e ficou mais conhecida por causa dos problemas com o meio ambiente
(PLANETA ATIVO, 2011).

Os riscos naturais são os terremotos, atividade vulcânica, deslizamentos


de terra, tsunamis, ciclones tropicais e outras tempestades intensas, tornados
e ventos fortes, inundações fluviais e costeiras, incêndios florestais e a névoa
que formam, seca, tempestades de areia, de poeira e infestações. Os riscos de
atividades antrópicas podem ser intencionais, como a descarga ilegal de petróleo,
ou acidentais, como derramamentos tóxicos ou fusão nuclear. Esses riscos são
ameaças a todos os seres vivos, ou seja, às pessoas, ao ecossistema, à fauna e à
flora. Muitos acidentes com produtos resíduos, produtos químicos e materiais
radioativos chamaram a atenção mundial para os perigos da má administração,
principalmente nos setores de transportes de resíduos, produtos químicos e de
energia nuclear (PNUMA, 2004).

Conforme a Defesa Civil apud (SANTOS; CÂMARA, 2002), o conceito


de desastre é: o resultado de eventos adversos, naturais ou provocados pelo
homem, sobre um ecossistema vulnerável, causando danos humanos, materiais e
ambientais, tendo como resultado prejuízos econômicos e sociais. A intensidade
de um desastre depende da interação entre a magnitude do evento adverso e
a vulnerabilidade do sistema receptor, e é quantificada em função dos danos e
prejuízos caracterizados (SANTOS; CÂMARA, 2002).

Os acidentes com resíduos ou de emissões acidentais de produtos


químicos para o meio ambiente, dependendo de suas características físicas,
químicas e toxicológicas, podem causar diferentes impactos, causando danos
à saúde pública, ao meio ambiente, à segurança da população e ao patrimônio
público e privado (CETESB, 2004).

O acidente com o transporte desse resíduos ou produtos podem impactar


os bens ambientais atingidos, de forma a alterar, descaracterizar, causar lesão
ou destruir de forma parcial ou total, atingindo os meios físico (ar, solo, subsolo,
águas superficiais, águas subterrâneas, recursos naturais não renováveis),a
biota (flora e fauna), culturais (bens de natureza material ou imaterial de valor
histórico, paisagístico, artístico, arqueológico, paleontológico, arquitetônico,
estético, ecológico e científico), antrópico (relacionado às atividades normais da
comunidade), artificial (equipamentos urbanos) e do trabalho (ANDRADE, 2004).

Caro aluno, percebeu como é relevante a preocupação como transporte de


qualquer produto residual, ou não, de forma segura?
165
UNIDADE 3 | GESTÃO DE RESÍDUOS

4 LEGISLAÇÃO ESPECÍFICA
A regulamentação para o transporte rodoviário de produtos perigosos
somente teve um olhar mais criterioso no Brasil após o acidente com
pentaclorofenato de sódio (pó da china), no Rio de Janeiro, a partir daí, foram
estabelecidas regras de segurança, através dos Decretos nº 2063, de 6 de outubro
de 1983, nº 96044, de 18 maio de 1988 e o nº 1797 de 26 janeiro de 1996 – Mercosul,
além da Portaria nº 204, de 20 de maio de 1997, do Ministério dos Transportes
(SEST – Serviço Social do Transporte, SENAT – Serviço Nacional de Aprendizagem
do Transporte).

O Decreto nº 96.044, de 18 de maio de 1988 (BRASIL, 1988), regulamenta


o transporte de produtos perigosos no país. Em seu artigo 9, define que o
veículo transportador de produto perigoso deve evitar o uso de vias em áreas
densamente povoadas ou de proteção de mananciais, reservatórios de água ou
reservas florestais e ecológicas, ou que sejam próximas a essas áreas.

Em 1985, o Conselho Nacional de Trânsito – CONTRAN regulamentou


e obrigou um curso específico para motoristas de veículos rodoviários
transportadores de produtos perigosos, que capacita o motorista a aplicar
comportamentos preventivos e uniformiza os procedimentos emergenciais para
cada uma das classes de produtos perigosos em todo território nacional.

A Resolução nº 91, de 4 de maio de 1999, é que regulamenta os planos


de ensino dos currículos dos cursos de treinamento específico e complementar
para condutores de veículos rodoviários e a Portaria nº 204, de 20 de maio de
1997, aprova as instruções complementares aos regulamentos dos transportes
rodoviários e ferroviários de produtos perigosos.

E ainda na Resolução nº 420/04, da ANTT (Agência Nacional de


Transportes Terrestre) tem-se as instruções complementares ao transporte
terrestre de produtos perigosos, a qual foi atualizada pela Resolução nº 701/04,
também da ANTT, em que se enquadram em uma das nove classes de material,
mais a obrigatoriedade do certificado MOPP (Movimentação Operacional de
Produto Perigoso).

O transporte de produtos perigosos pode ser feito pelos modais de


transporte rodoviário, ferroviário, marítimo, fluvial, no deslocamento por dutos
aéreos, subterrâneos ou submersos, em instalações fixas tais como os portos, parques
industriais, sejam produtos ou consumidores de produtos perigosos, refinarias de
petróleo e polos petroquímicos, depósitos de resíduos, rejeitos ou restos, ou pelo
consumo, uso doméstico ou outras formas de manuseio de tais produtos.

Nas operações de carga, transporte, descarga, transbordo, limpeza


e descontaminação os veículos e equipamentos utilizados no transporte de
produtos perigosos deverão ter rótulos de risco e painéis de segurança específicos,
conforme a figura a seguir, de acordo com as NBR-7500 e NBR-8286:

166
TÓPICO 3 | CUIDADOS NO TRANSPORTE INTERNO E EXTERNO

FIGURA 52 – RÓTULO DE RISCO

FONTE: Disponível em: <http://www.uepg.br/denge/eng_seg_2004/


TCC%202011/Joseneia.pdf>. Acesso em: 24 out. 2017.

5 RÓTULO DE RISCO
O rótulo de risco é um elemento gráfico (losangos) que apresenta símbolos
ou expressões referentes à natureza, manuseio e identificação do produto. Número
e nome da classe ou subclasse de risco são colocados no ângulo inferior do losango
(figura a seguir). São colocados ainda, nas embalagens e nos veículos de transporte.
É uma placa afixada no veículo em três pontos (lados e traseira) identificando a
classe e subclasse a que pertence o produto perigoso (BYCHINSKI, 2012).

Elemento gráfico (losangos) que apresentam símbolos ou expressões


referentes à natureza, manuseio e identificação do produto. Número e nome da
classe ou subclasse de risco são colocados no ângulo inferior do losango (figura a
seguir). São colocados ainda nas embalagens e nos veículos de transporte. É uma
placa afixada no veículo em três pontos (lados e traseira) identificando a classe e
subclasse a que pertence o produto perigoso (BYCHINSKI, 2012).

Continuando nossas explicações, os números que indicam o tipo e a
intensidade do risco são formados por dois ou três algarismos. A importância do
risco é registrada da esquerda para a direita. O significado dos algarismos que
compõem os números de risco são:

- 2 Emissões de gás devido à pressão ou à reação química;

- 3 Inflamabilidade de líquidos (vapores) e gases, ou líquido sujeito a auto


aquecimento;

- 4 Inflamabilidade de sólidos, ou sólidos sujeitos a auto aquecimento;

- 5 Efeito oxidante (favorece incêndio);

- 6 Toxicidade;

- 7 Radioatividade;
167
UNIDADE 3 | GESTÃO DE RESÍDUOS

- 8 Corrosividade;

- 9 Risco de violenta reação espontânea.

A letra “X” antes dos algarismos significa que a substância reage


perigosamente com água. A repetição de um número indica, aumento da
intensidade daquele risco específico. Observe que o quando o risco associado a
uma substância puder ser adequadamente indicado por um único número, este
será seguido por zero (0).

FIGURA 53 – RÓTULO DE RISCO

FONTE: Disponível em: <http://www.uepg.br/denge/eng_seg_2004/TCC%202011/


Joseneia.pdf>. Acesso em: 24 out. 2017.
168
TÓPICO 3 | CUIDADOS NO TRANSPORTE INTERNO E EXTERNO

6 PAINEL DE SEGURANÇA
É o retângulo de cor laranja (figura a seguir) que é utilizado no transporte
de produtos perigosos; onde na parte inferior da figura é reservada o número de
identificação do produto (conforme o número da ONU) e o número superior é
destinada a identificação de risco. O número de risco é constituído por até três
algarismos, determinando o risco principal (primeiro algarismo), e os subsidiários
(segundo e terceiro) do produto. Alertando que se o mesmo não for compatível
com uso de água, antes do número de risco é aplicada a letra “X”.

FIGURA 54 – PAINEL DE SEGURANÇA

FONTE: Disponível em: <http://www.uepg.br/denge/eng_


seg_2004/TCC%202011/Joseneia.pdf>. Acesso em: 24
out. 2017.

Ainda para identificação de produtos perigosos temos que:

a) na ausência de risco subsidiário deve ser colocado “zero” como segundo


algarismo;
b) no caso de gases, nem sempre o primeiro algarismo significa o risco principal;
c) duplicação ou triplicação dos algarismos, significa intensificação do risco,

Observe um exemplo:

30 = INFLAMÁVEL
33 = MUITO INFLAMÁVEL
333 = ALTAMENTE INFLAMÁVEL

Quando o veículo possuir o painel de segurança na cor laranja e sem


instruções, significa que o mesmo está transportando vários produtos perigosos.

Veja o risco principal do produto conforme significado do primeiro


algarismo:

169
UNIDADE 3 | GESTÃO DE RESÍDUOS

QUADRO 11 - NUMERAÇÃO DE RISCO PRINCIPAL


ALGARISMO SIGNIFICADO ALGARISMO
2 Gás
3 Líquido inflamável
4 Sólido inflamável
5 Substância oxidante ou peróxido orgânico
6 Substância tóxica
7 Substância radioativa
8 Substância corrosiva
FONTE: Disponível em: <http://www.uepg.br/denge/eng_seg_2004/TCC%202011/
Joseneia.pdf>. Acesso em: 24 out. 2017.

Significado do segundo e/ou terceiro algarismo no painel de segurança.

QUADRO 12 - NUMERAÇÃO DE RISCO SECUNDÁRIO OU TERCIÁRIO


Algarismo Significado do algarismo
0 Ausência de risco subsidiário
1 Explosivo
2 Emana gás
3 Inflamável
4 Fundido
5 Oxidante
6 Tóxico
7 Radioativo
8 Corrosivo
9 Perigo de reação violenta
FONTE: Disponível em: <http://www.uepg.br/denge/eng_seg_2004/TCC%202011/
Joseneia.pdf>. Acesso em: 24 out. 2017.

E quais devem ser os procedimentos em caso de emergência, acidente ou


avaria?

De acordo com o Decreto n⁰ 96.044, de maio de 1988 (BRASIL, 1988), o


regulamento para os procedimentos em caso de emergência, acidente ou avaria,
deve ser a obrigação de imobilização do veículo transportando produto perigoso,
tendo que o condutor adotar as medidas indicados na Ficha de Emergência e
no Envelope para o Transporte correspondentes a cada produto transportado,
avisando à autoridade de trânsito mais próxima, o mais rápido possível
com detalhes da ocorrência, o local, as classes e quantidades dos materiais
transportados.

Quando o transbordo (baldeamento) for executado em via pública


deverão ser adotadas as medidas de resguardo ao trânsito. Quem atuar nessas
operações deverá utilizar os equipamentos de manuseio e de proteção individual
(EPI) recomendados pelo expedidor ou fabricante do produto.
170
TÓPICO 3 | CUIDADOS NO TRANSPORTE INTERNO E EXTERNO

O expedidor é responsável pelo acondicionamento do produto a ser


transportado, de acordo com as especificações do fabricante. No carregamento
de produtos perigosos, o expedidor adotará todos os cuidados relativos à
preservação deles, especialmente quanto à compatibilidade entre os produtos.

O expedidor exigirá do transportador o emprego dos rótulos de risco e


painéis de segurança respectivos aos produtos a serem transportados. São de
responsabilidade do expedidor: as operações de carga e do destinatário, as de
operações de descarga. A ambos, ao expedidor e ao destinatário: cumprir, orientar
e treinar o pessoal empregado em todas as atividades mencionadas anteriormente
(BRASIL, 1988).

O transportador tem como obrigações e deveres segundo Bychinski (2012):

– manter boa utilização e prestar manutenções a veículos e equipamentos;

– vistoriar as condições de funcionamento e segurança do veículo e equipamento,


de acordo com a natureza da carga a ser transportada, na periodicidade
regulamentar;

– acompanhar para ressalvar-se das responsabilidades pelo transporte, operações


executadas pelo expedidor ou destinatário de carga, descarga e transbordo,
adotando as cautelas necessárias para prevenir riscos à saúde e da integridade
física a quem trabalha em conjunto com o transportador e ao meio ambiente;

– requerer o Certificado de Capacitação para o Transporte de Produtos Perigosos


a Granel;

– providenciar para que o veículo possua o conjunto de equipamentos necessários


às situações de emergência, acidente ou avaria, bem como verificações de seu
bom funcionamento;

– instruir o pessoal envolvido na operação de transporte quanto à responsabilidade


da correta utilização dos equipamentos necessários às situações de emergência,
acidente ou avaria, conforme instruções do expedidor;

– manter o zelo pela adequada qualificação profissional do pessoal envolvido na


operação de transporte, proporcionando-lhe treinamento específico, exames
de saúde periódicos e condições de trabalho conforme legislação de higiene,
medicina e segurança do trabalho;

– fornecer aos seus trabalhadores trajes e equipamentos de segurança de acordo


com as normas expedidas pelo Ministério do Trabalho, cuidando para que
sejam utilizados nas operações de transporte, carga, descarga e transbordo;

– Verificar e fazer a correta utilização, nos veículos e equipamentos, dos rótulos


de risco e painéis de segurança referentes aos produtos transportados;

171
UNIDADE 3 | GESTÃO DE RESÍDUOS

– observar que nas operações de transbordo sejam realizados os procedimentos


e a utilização de equipamentos recomendados pelo expedidor ou fabricante do
produto;

– assegurar-se de que o serviço de acompanhamento técnico especializado


preenche os requisitos dos regulamentos e das instruções específicas existentes
dos órgãos brasileiros competentes;

– dar e acompanhar correta orientação quanto à estivagem da carga no veículo,


sempre que, por acordo com o expedidor, seja corresponsável pelas operações
de carregamento e descarregamento. Observe que quando o transportador
receber a carga lacrada ou for impedido, pelo expedidor ou destinatário, de
acompanhar carga e descarga, ficará desobrigado da responsabilidade por
acidente ou avaria decorrentes do mau acondicionamento da carga.

7 PRÁTICA NAS EMERGÊNCIAS


As informações do Plano de emergência são necessárias porque têm por
finalidade orientar sobre os cuidados básicos necessários sempre que ocorrer
um acidente com o veículo que leva cargas perigosas, causando vazamento do
produto, ou na movimentação deste.

Segundo a FETRANSPORTES (2014) segue algumas práticas:

QUADRO 13 – PRÁTICAS DE EMERGÊNCIA

FONTE: Disponível em: <http://www.ceped.ufsc.br/wp-content/uploads/2014/07/


transporte_legal_produtos_perigosos.pdf>. Acesso em: 22 ago. 2017.

172
TÓPICO 3 | CUIDADOS NO TRANSPORTE INTERNO E EXTERNO

8 EQUIPAMENTO DE PROTEÇÃO INDIVIDUAL


Recordando que um Equipamento de Proteção Individual (EPI) é todo
dispositivo ou produto, de uso individual utilizado pelo trabalhador destinado
à proteção de riscos suscetíveis de ameaça à segurança e à saúde no trabalho
(BRASIL, 2017).

Para produtos que necessitem de proteção respiratória com baixas


concentrações (até 500 ppm): respirador com filtro químico para vapores orgânico.
Em altas concentrações são utilizados equipamentos de respiração autônoma ou
conjunto. Quanto à proteção dos olhos, deve-se utilizar óculos ou proteção facial
em atividades que haja risco de lançamento ou respingos para a pele e do corpo,
utilizar aventais de PVC, em atividades em contato direto com o produto.

Na proteção das mãos, usar luvas de PVC em atividades de contato


direto com o produto. Dependendo do produto manipulado, os locais onde haja
manipulação deve ter cuidados especiais como manter chuveiros e lava-olhos de
emergência. Cada produto deve ter suas devidas precauções como as medidas de
higiene, como higienizar roupas e sapatos após uso. Não comer, beber ou fumar
ao manusear o produto, separar as roupas de trabalho das roupas comuns.

9 TRANSPORTE E ACONDICIONAMENTO DE RESÍDUOS


SÓLIDOS
Existem várias maneiras de acondicionar os resíduos sólidos, na fonte
produtora (FUNASA, 2015, p. 335-370), são eles:

· Resíduos domiciliares/comerciais:
- recipientes metálicos ou plásticos;
- recipientes de borracha (pneus de caminhão);
- sacos plásticos tipo padrão;
- sacos plásticos de supermercado.

· Resíduos de varrição:
- sacos plásticos apropriados;
- recipientes basculantes – cestos;
- contêineres estacionários.

· Feiras livres e eventos:

- recipientes basculantes – cestos;


- contêineres estacionários;
- tambores de 100/200L;
- cestos coletores de calçadas.

173
UNIDADE 3 | GESTÃO DE RESÍDUOS

Características dos recipientes para acondicionamento:

• peso máximo de 30kg, incluindo a carga, se a coleta for manual;

• utilizar recipientes que permitem maior carga devem ser padronizados para
que possam ser manuseadas por dispositivos mecânicos disponíveis nos
próprios veículos coletores, reduzindo assim o esforço humano;

• dispositivos que facilitem seu deslocamento no imóvel até o local de coleta;

• serem herméticos, para evitar derramamento ou exposição dos resíduos;

• as embalagens flexíveis (sacos plásticos) devem permitir fechamento adequado


das "bocas". As rígidas e semirrígidas (vasilhames, latões, contêineres) devem
possuir tampas e estabilidade para não tombar com facilidade;

• serem seguros, para evitar que lixo cortante ou perfurante possa acidentar os
usuários ou os trabalhadores da coleta;

• serem econômicos, de maneira que possam ser adquiridos pela população;

• não produzir ruídos excessivos ao serem manejados;

• possam ser esvaziados facilmente sem deixar resíduos no fundo.

Os recipientes para acondicionar o lixo domiciliar devem possuir


característica como os recipientes com ou sem retorno. Se forem sem retorno,
a coleta será mais fácil e não haverá exposição de recipientes na rua após o
recolhimento do lixo, e também não haverá a necessidade de limpeza do coletor
pelos moradores. Perceberam que ainda os sacos plásticos são as embalagens mais
adequadas para acondicionar o lixo quando a coleta for manual, isto é porque:

• são facilmente amarrados nas "bocas", garantindo o fechamento;


• são leves, sem retorno (resultando em coleta mais produtiva) e permitem
recolhimento silencioso, útil para a coleta noturna;
• possuem preço acessível, permitindo a padronização. Pode-se tolerar o uso
de sacos plásticos de supermercados (utilizados para embalar os produtos
adquiridos), sem custo para a população.

Conforme a ABES (2006) o saco plástico de polietileno, sendo composto


por carbono, hidrogênio e oxigênio, não poluía atmosfera quando corretamente
incinerado e ainda hoje segundo Mancini (2010) apud Piva e Orikassa (2014), o
uso responsável é certamente a melhor forma de aproveitarmos o baixo custo e
as boas propriedades do plástico, bem como minimizar os impactos ambientais
que causamos. Sabemos que não é biodegradável, mas como os aterros sanitários
são métodos de destino praticamente definitivos, não há maiores objeções ao uso
de sacos plásticos de polietileno como acondicionamento para lixo domiciliar
(ABES, 2006).
174
TÓPICO 3 | CUIDADOS NO TRANSPORTE INTERNO E EXTERNO

Como a maioria da população utiliza os sacos plásticos de supermercados


para acondicionar o lixo produzido, para reduzir o risco de ferimento para os
garis que efetuam a coleta, basta que estes utilizem luvas. Observe que os sacos
plásticos com mais de 100 litros não são seguros, pois os coletores tendem a
abraçá-los para carregá-los até o caminhão. Os vidros e outros objetos cortantes
ou perfuro cortantes contidos no lixo podem feri-los.

Os contêineres utilizados no Brasil são produzidos adotando-se as normas


americanas ANSI (American National Standards Institute). Para habitações
multifamiliares (edifícios de apartamentos ou escritórios), são mais normais
a utilização os contêineres plásticos padronizados, com rodas e tampa, pois
permitem a coleta semiautomatizada, mais produtiva e segura. São ainda de
fácil manuseio, devido às rodas e ao peso reduzido, sendo ainda relativamente
silenciosos. Em função da durabilidade (se for pouco exposto ao sol) são
econômicos, e com boa apresentação. Existem no mercado brasileiro contêineres
disponíveis com 120, 240 e 360 litros (ABES, 2006).

Acondicionamento de resíduo domiciliar.

Os melhores recipientes para a adequação e acondicionamento do lixo de


domicílios são os sacos plásticos, contêineres de plástico, contêineres metálicos.

Se observamos um pouco, podemos perceber que o lixo domiciliar pode


ser embalado em sacos plásticos sem retorno, para ser colocado nos veículos de
coleta, sendo que esses sacos plásticos utilizados no acondicionamento do lixo
domiciliar devem possuir as seguintes características:

• ter resistência para não se romper por ocasião do manuseio;


• ter volume de 20, 30, 50 ou 100 litros;
• possuir fita para fechamento da "boca";
• ser de qualquer cor, com exceção da branca (normalmente os sacos de cor
preta são os mais baratos). Estas características acham-se regulamentadas pela
norma técnica NBR 9.190 (ABNT).

Carrinhos de coleta de resíduos.

Segundo Monteiro et al. (2001) são recipientes de polietileno de alta


densidade (PEAD), nas capacidades de 120, 240 e 360 litros (contêineres de duas
rodas) e 760 e 1.100 litros (contêineres de quatro rodas), constituídos de tampa,
armazenador e rodas, fabricado com algum material reciclado e aditivos contra a
ação de raios ultravioleta. Tem como objetivo o recebimento, acondicionamento
e transporte de lixo domiciliar urbano e público. Podem ser utilizados também
como carrinho para coleta de resíduos públicos e levados pelos garis nas ruas.
O lixo dos grandes geradores, cuja coleta e transporte devem ser operados por
empresas particulares credenciadas pela prefeitura, podendo ser acondicionado
em contêineres semelhantes ao a seguir:

175
UNIDADE 3 | GESTÃO DE RESÍDUOS

FIGURA 55 – CONTÊINER DE PLÁSTICO

FONTE: Monteiro et al. (2001)

Os contêineres de plástico são recipientes providos normalmente de


quatro rodízios, com capacidade variando de 750 a 1.500 litros, que podem ser
basculados por caminhões de lixo compactadores.

FIGURA 56 – BASCULANTE DE CONTÊINERES METÁLICOS

FONTE: Monteiro et al. (2001)

Acondicionamento de resíduo público

PAPELEIRAS DE RUA

A cesta coletora plástica, do tipo papeleira, que possui capacidade


volumétrica útil de 50 litros, para armazenar os resíduos, possuindo ainda tampa
e soleira metálica para se apagar ponta de cigarro antes que seja jogado no seu
interior e que contém em sua matéria-prima um pouco de material reciclado
mais os aditivos contra a ação de raios ultravioletas. Esses armazenadores são
utilizados para pequenos resíduos e lixos descartados por pedestres em trânsito
nas ruas. Devem ser instalados nos parques, praças, jardins, ruas, avenidas e
locais públicos de trânsito de pessoas, com o objetivo de diminuir a quantidade
de lixo jogado no chão.

176
TÓPICO 3 | CUIDADOS NO TRANSPORTE INTERNO E EXTERNO

As cestas coletoras plásticas específicas para pilhas e baterias, do tipo


papeleira, para volumes úteis de 50 litros, devendo ser na cor verde, fabricada em
polietileno de alta densidade, também com proteção contra os raios ultravioleta,
possui recipiente inferior e tampa. Destina-se ao recebimento de pilhas e
baterias, através de um furo circular na parte frontal da tampa. As cestas ou mais
popularmente chamados de lixeiros, devem ser instaladas nos parques, praças,
jardins, ruas, avenidas e outros locais públicos com passagens de pessoas para
facilitar o descarte (MONTEIRO et al., 2001).

SACOS PLÁSTICOS E CONTÊINERES

Os sacos plásticos utilizados no acondicionamento do lixo públicos são


similares aos usados para embalar o lixo domiciliar. A exceção está no volume,
que para o lixo púbico é de 50 litros. E os contêineres plásticos são exatamente os
mesmos utilizados no acondicionamento do lixo domiciliar, com variação apenas
nos contêineres metálicos.

Esses contêineres metálicos utilizados no acondicionamento do lixo


público, são chamados de recipientes estacionários, e possuem capacidade de
5 ou 7m3, podendo ser basculados por caminhões compactadores. Essas caixas
metálicas têm características de serem intercambiáveis. O veículo que as recolhe
quando estão cheias traz uma outra, vazia, para continuar servindo o local e
também é chamado de "Canguru". E os veículos que carregam essas caixas são os
poliguindastes, em função de serem dotados de um guindaste servindo a vários
propósitos. O sistema também é conhecido como "brooks" e as caixas como "caixas
dempsters".

E ainda segundo Monteiro et al. (2001), há o acondicionamento


de resíduos de “grandes geradores” como os imóveis comerciais e industriais,
com geração diária de resíduos sólidos superior a 120 litros sendo necessária a
padronização dos recipientes para acondicionamento desses resíduos. O limite
está baseado na capacidade do menor contêiner de plástico com tampa e rodízios
disponível no mercado.

Acondicionamento de resíduos de grandes geradores.

É necessário que os grandes geradores devam possuir contêineres


diferenciados (em cor, de preferência) daqueles da coleta normal, para facilitar
a fiscalização. Como exemplo, na cidade do Rio de Janeiro os contêineres para
grandes geradores são de cor azul e os da coleta normal são de cor laranja. Tal
fato facilita a fiscalização.

Para a coleta do lixo domiciliar de grandes geradores ou de estabelecimentos


públicos, estão disponíveis no Brasil duas classes de contêineres de grande porte
(com capacidade superior a 360 litros) Monteiro (2001, p. 54) coloca que há
necessidade de:

177
UNIDADE 3 | GESTÃO DE RESÍDUOS

Contêineres providos de rodas, que são levados até os veículos de


coleta e basculados mecanicamente, fabricados em metal ou plástico
(polietileno de alta densidade). As capacidades usuais são de 760,
1.150, 1.500 litros e outras.
Contêineres estacionários (sem rodas), basculáveis nos caminhões ou
intercambiáveis, em geral metálicos. O basculamento nos caminhões
coletores de carregamento traseiro é feito por meio de cabos de aço
acionados por dispositivos hidráulicos, podendo ter capacidade para
até 5m3.Os contêineres intercambiáveis podem ser manejados por
sistema de poliguindastes ou do tipo roll-on, roll-off. São metálicos,
com capacidades de 3 a 30m3. Os grandes contêineres (de 20 a 30m3
de capacidade) são manejados por equipamento roll-on, roll-off,
acionados por guinchos (cabos de aço) ou por cilindros hidráulicos, e
podem ser dotados de dispositivos elétricos de compactação, quando
se transformam em manifestações de transbordo e são apelidados de
"compactêineres”.

E como fica o acondicionamento de resíduos domiciliares especiais como


de construção civil, pilhas e baterias, lâmpadas fluorescentes, pneus?

Para obras, em função do seu elevado peso específico aparente, o entulho


de obras é acondicionado, normalmente, em contêineres metálicos estacionários
de 4 ou 5m3, muito parecidos como os utilizados para o lixo público. A dificuldade
em sua utilização está em mantê-lo até estar totalmente cheio, o que atrapalha a
passagem de pedestres e/ou o trânsito, assim como o estacionamento de veículos.
Além disso, o entulho de obra também consome muito espaço nos aterros, espaço
este que poderia ser utilizado para a destinação de outros tipos de resíduos não
passíveis de reciclagem. Conforme a Agenda 21 (apud MONTEIRO et al., 2001),
reduzir e utilizar os resíduos e subprodutos aparecem como tarefas fundamentais
à sociedade atual. No caso do entulho de obra, os maiores desafios seriam:

• reduzir o volume de entulho gerado, evitando a utilização dos escassos locais


para sua disposição;
• beneficiar a quantidade de entulho gerado, reutilizando-o no ciclo produtivo,
diminuindo o consumo de energia e de recursos naturais (MONTEIRO et al.,
2001).

O acondicionamento de pilhas e baterias que não estiverem totalmente


descarregadas deve ser forma que seus eletrodos não entrem em contato com
os eletrodos das outras baterias ou com um objeto de metal, por exemplo, a
parte de dentro de um tambor de metal. As baterias de níquel-cádmio que não
estiverem totalmente descarregadas deverão ser colocadas, individualmente,
em sacos plásticos antes de serem colocadas junto com outras baterias de Ni-
Cd. Os contêineres com as baterias estocadas devem ser selados ou vedados
para se evitar liberação do gás hidrogênio, que é explosivo em contato com o ar,
devendo ficar sobre estrados ou pallets para que as baterias se mantenham secas.
O armazenamento dos contêineres deve ser feito em local arejado e protegido de
sol e chuva (MONTEIRO et. al., 2001).

178
TÓPICO 3 | CUIDADOS NO TRANSPORTE INTERNO E EXTERNO

A diversidade de usos, associada às pequenas dimensões das pilhas e à


ignorância das pessoas sobre sua periculosidade, tornou comum o seu descarte
nos aterros municipais junto do lixo domiciliar, os quais contaminam o meio
ambiente por causa de suas características tóxicas e da dificuldade em se impedir
seu descarte junto do lixo domiciliar, em 1999 foi publicada a Resolução CONAMA
nº 257, que atribui a responsabilidade do acondicionamento, coleta, transporte e
disposição final de pilhas e baterias aos comerciantes, fabricantes, importadores
e à rede autorizada de assistência técnica, como explicitado em seus arts. 11 e 12,
Como você pode ler a seguir, através de Monteiro et al. (2001, p. 55):
Art. 11 – Os fabricantes, os importadores, a rede autorizada de
assistência técnica e os comerciantes de pilhas e baterias descritas no
art. 1º ficam obrigados a, no prazo de doze meses contados a partir da
vigência desta resolução, implantar os mecanismos operacionais para
a coleta, transporte e armazenamento;
Art. 12 – Os fabricantes e os importadores de pilhas e baterias descritas
no art. 1º ficam obrigados a, no prazo de vinte e quatro meses,
contados a partir da vigência desta Resolução, implantar os sistemas
de reutilização, reciclagem, tratamento ou disposição final, obedecida
a legislação em vigor.

Para o manuseio de lâmpadas que contêm mercúrio, para condicionamento


final, conforme a legislação, temos as seguintes exigências:

• estocar as lâmpadas que não estejam quebradas em uma área


reservada, em caixas, de referência em uma bombona plástica para
evitar que se quebrem;
• rotular todos as caixas ou bombonas;
• não quebrar ou tentar mudar a forma física das lâmpadas;
• quando houver quantidade suficiente de lâmpadas, enviá-las para
reciclagem, acompanhadas das seguintes informações:
• nome do fornecedor (nome e endereço da empresa ou instituição),
da transportadora e do reciclador;
• número de lâmpadas enviadas;
• a data do carregamento;
• manter os registros dessas notas por no mínimo três anos;
• no caso de quebra de alguma lâmpada, os cacos de vidro devem ser
removidos e a área deve ser lavada;
• armazenar as lâmpadas quebradas em contêineres selados e
rotulados da seguinte forma: "Lâmpadas Fluorescentes Quebradas
– Contém Mercúrio" (MONTEIRO et al., 2001, p. 56).

Em relação aos pneus, sua destinação inadequada como o exemplo das


pilhas e baterias, o CONAMA publicou em 1999 a Resolução nº 258 que diz em
seu artigo 1, "as empresas fabricantes e as importadoras de pneumáticos ficam
obrigadas a coletar e dar destinação final, ambientalmente adequada, aos pneus
inservíveis existentes no território nacional" (BRASIL, 1999).

O maior problema para o armazenamento de pneus, coleta ou reciclagem


está no fato dele ficar com acúmulo de água quando estocado em áreas sujeitas
a diferenças climáticas e consequentemente a criação de insetos e condições
propicias de roedores, causadores de doenças. No sentido de acondicionar um
pneu velho a recomendação é segundo Monteiro et al. (2001):
179
UNIDADE 3 | GESTÃO DE RESÍDUOS

• não acumular pneus, dispondo-os para a coleta assim que setor nem sucata;
• se precisar guardá-los, faça-o em ambientes cobertos e protegidos das
intempéries;
• não se deve queimar os pneus, pois geram resíduos tóxicos no ar.

Observe que um dos destinos finais do pneu é ser utilizado como


combustível nos fornos de produção de cimento.

Além do destino final dos resíduos de obras, de pilhas e baterias,


lâmpadas e pneus temos o acondicionamento de resíduos de fontes especiais
que são: resíduos sólidos industriais, resíduos radioativos, resíduos de portos e
aeroportos, e resíduos de serviços de saúde.

As formas mais comuns de destino final de resíduos sólidos industriais


são segundo Atitude Ambiental (2015):

• tambores metálicos de 200 litros para resíduos sólidos sem características


corrosivas;
• bombonas plásticas de 200 ou 300 litros para resíduos sólidos com características
corrosivas ou semissólidos em geral;
• big-bags plásticos, que são sacos, normalmente de polipropileno trançado, de
grande capacidade de armazenamento, quase sempre superior a 1m3;
• contêineres plásticos, padronizados nos volumes de 120, 240,360, 750, 1.100 e
1.600 litros, para resíduos que permitem o retorno da embalagem;
• caixas de papelão, de porte médio, até 50 litros, para resíduos a serem
incinerados.

O manuseio e o acondicionamento dos resíduos radioativos devem


atender às seguintes características segundo Monteiro et al. (2001):

• o manuseio deve ser feito somente com o uso de equipamentos de proteção


individual (EPI) como aventais de chumbo, sapatos, luvas, máscara e óculos
adequados;
• os recipientes devem ser confeccionados com material à prova de radiação
(chumbo, concreto e outros).

O manuseio e o acondicionamento dos resíduos de portos e aeroportos


têm a mesma utilização de recipiente e destino final recipientes do lixo domiciliar,
excetuando os casos de alerta de quarentena, quando deve haver cuidados
especiais com os resíduos das pessoas ou com as cargas provenientes de países
em situação epidêmica.

No manuseio de resíduos de serviços de saúde a regulamentação segue a


NBR 12.809 da ABNT, que compreende os cuidados que se deve ter na separação
de resíduos na fonte e como se deve realizar o manuseio de resíduos perigosos
no caso de lixo infectante e dos resíduos comuns. Observe que o lixo comum
representa apenas de10 a 15% do total de resíduos e o mesmo não necessita de
maiores cuidados.
180
TÓPICO 3 | CUIDADOS NO TRANSPORTE INTERNO E EXTERNO

A falta de cuidados com o manuseio do lixo infectante é a principal


causa da infecção hospitalar. No manuseio dos resíduos infectantes devem ser
utilizados os seguintes equipamentos de proteção individual (EPI):

• avental plástico;
• luvas plásticas;
• bota de PVC (por ocasião de lavagens) ou sapato fechado;
• óculos;
• máscara.

Os resíduos de serviços de saúde devem ser acondicionados diretamente


nos sacos plásticos regulamentados pelas normas NBR 9.190 e 9.191 da ABNT,
sustentados por suportes metálicos, conforme se pode observar na ilustração que
se segue. Para que não haja contato direto dos funcionários com os resíduos, os
suportes são operados por pedais.

Os resíduos da Classe B, Tipos B.1 – Rejeito Radioativo e B.3 – Resíduo


Químico Perigoso, devem ser tratados de acordo com as normas específicas da
CNEN e dos órgãos ambientais municipais e estaduais (como Resíduos Sólidos
Industriais Perigosos), respectivamente, e os resíduos Classe C podem ser
descartados juntamente do lixo domiciliar normal. Em seguida apresentamos
como se deve acondicionar os resíduos Classes A e B.2, verificando que os sacos
plásticos devem obedecer à seguinte especificação de cores conforme Atitude
Ambiental (2015):

• transparentes, lixo comum, reciclável;


• coloridos opacos, lixo comum, não reciclável;
• branco leitoso lixo infectante ou especial (exceto o radioativo).

Posteriormente, os sacos plásticos devem ser colocados em contêineres


que permitam o fácil deslocamento dos resíduos para abrigos temporários. Esses
contêineres devem ser brancos para o transporte do lixo infectante e de qualquer
outra cor para o transporte do lixo comum. Os abrigos temporários devem ser
ladrilhados e com cantos arredondados para facilitar a lavagem de piso e paredes.

FIGURA 57 – ÁREA PARA ABRIGO TEMPORÁRIO DE LIXO INFECTANTE

FONTE: Monteiro et al. (2001)

181
UNIDADE 3 | GESTÃO DE RESÍDUOS

Posteriormente, os sacos plásticos devem ser colocados em contêineres


que permitam o fácil deslocamento dos resíduos para abrigos temporários. Esses
contêineres devem ser brancos para o transporte do lixo infectante e de qualquer
outra cor para o transporte do lixo comum. Os abrigos temporários devem ser
ladrilhados e com cantos arredondados para facilitar a lavagem de piso e paredes.

182
RESUMO DO TÓPICO 3

Neste tópico, você aprendeu:

• Os cuidados no transporte interno e externo conceitos e classificações conforme


a legislação a ONU e a Legislação Brasileira Portaria nº 204, de 26 de maio de
1997, do Ministério dos Transportes.

• A classificação de produtos perigosos conforme a Norma Brasileira Registrada


(NBR 7500) e suas considerações para serem embalados em recipientes pequenos
e que sejam devidamente etiquetados ou rotulados, e em caminhões tanque,
vagões ferroviários e reboques com a utilização de placas de cor laranja com
números pretos, que indicam a natureza do perigo que a carga representa. Que
conforme as Nações Unidas são dispostas em classe como: Classe 1: explosivos
e suas subclasses; Classe 2: gases comprimidos – liquefeitos – dissolvidos
sob pressão ou altamente refrigerados e suas subclasses; Classe 3: líquidos
inflamáveis e suas subclasses; Classe 4: sólidos inflamáveis – substâncias sujeitas
à combustão espontânea – substâncias que, em contato com água, emitem
gases inflamáveis; Classe 5: substâncias oxidantes – peróxidos orgânicos e
suas subclasses; Classe 6: substâncias tóxicas – substâncias infectantes e suas
subclasses; Classe 7: materiais radioativos; Classe 8: corrosivos e Classe 9:
substâncias perigosas diversas (MONTEIRO et al., 2001).

• Documentações necessárias para o transporte como documento fiscal:


deve apresentar o número ONU, nome do produto, classe de risco, grupo
de embalagem, quantidade do produto e declaração de responsabilidade
do expedidor de produtos perigosos, ficha de emergência. O envelope de
transporte é obrigatório por embarcador de produto no veículo; o Certificado
de Inspeção para o Transporte de Produtos Perigosos com citação no RTPP
(Regulamento para o Transporte de Produtos Perigosos) como Certificado de
Capacitação para o Transporte de Produtos Perigosos à Granel; certificado de
Conclusão do Curso de Movimentação de Produtos Perigosos, o MOPP, entre
outros conforme produto a ser transportados.

• A legislação específica que trata do transporte rodoviário de produtos perigosos


como o Decretos nº 2063 de 06 de outubro de 1983, nº 96044 de18 de maio de
1988 e o nº 1797 de 26 de janeiro de 1996 – Mercosul, além da Portaria nº 204
de 20 de maior de 1997, do Ministério dos Transportes (SEST – Serviço Social
do Transporte, SENAT – Serviço Nacional de Aprendizagem do Transporte). O
Decreto nº 96.044 de 18 de maio de 1988 regulamenta o transporte de produtos
perigosos no país, em seu artigo 9, define que o veículo transportador de
produto perigoso deve evitar o uso de vias em áreas densamente povoadas
ou de proteção de mananciais, reservatórios de água ou reservas florestais e

183
ecológicas, ou que sejam próximas a essas áreas. E ainda na resolução 420/04
da ANTT (Agência Nacional de Transportes Terrestre) tem-se as instruções
complementares ao transporte terrestre de produtos perigosos, a qual foi
atualizada pela resolução 701/04, também da ANTT.

• Os riscos e suas classificações conforme especificado em placas externas com as


numerações especificando os tipos de substâncias e os riscos pertinentes.

• As práticas de emergências com as informações do Plano de Emergência


necessárias para orientar sobre os cuidados básicos no caso de ocorrer um
acidente com o veículo que leva cargas perigosas, causando vazamento do
produto ou na movimentação deste.

• A classificação dos resíduos sólidos em resíduos domiciliares, comerciais, de


varrição, feiras livres e eventos, o acondicionamento e as características dos
recipientes que acondicionaram os resíduos sólidos e o seu transporte até
disposição final.

184
AUTOATIVIDADE

1 No transporte interno e externo são vários os tipos de transportes para


resíduos e/ou substâncias perigosas e como devemos tratar quanto a sua
locomoção no que tange aos transportes. Dessa forma, qual a definição de
produtos perigosos e que órgãos os catalogaram?

2 Como são classificados os produtos perigosos segundo a Norma Brasileira


Registrada (NBR 7500) e as Nações Unidas?

3 A falta de cuidados com o manuseio do lixo infectante é a principal causa


da infecção hospitalar. No manuseio dos resíduos infectantes devem ser
utilizados quais Equipamentos de Proteção Individual (EPI)?

185
186
UNIDADE 3
TÓPICO 4

TÉCNICAS DE DISPOSIÇÃO FINAL


AMBIENTALMENTE CORRETA

1 INTRODUÇÃO
O tratamento dos resíduos sólidos tem como objetivo a dar um tratamento
ao resíduo antes de dispor em um ambiente definitivo, de forma sustentável, para
não prejudicar o meio ambiente.

Os tratamentos de resíduos sólidos podem se dar da seguinte forma:


biodigestão, aterros controlados, aterros sanitários, incineração, compostagem,
pirólise e outros. Uma das formas mais simples de tratamento dos resíduos sólidos
é a reciclagem e pode ser realizada em nossa casa com a separação dos tipos de
resíduos que podem ser recicláveis daquele inservíveis. Os resíduos que podem
ser reciclados são normalmente coletados, separados e são reintroduzidos  no
processo de produção. O reciclar é uma necessidade cada vez maior e que precisa
ser difundida, em função da economia da energia gasta nos processos de produção,
a diminuição da utilização de matéria-prima em um mundo com potenciais finitos
dessa matéria.

2 BIODIGESTÃO
A biodigestão anaeróbia tem como objetivo fazer com que os resíduos
tratados produzamm o biogás, com composição, de CH4 e o CO2 (que são dois
gases do efeito estufa), que tem a utilidade de produção de energia elétrica, ou
mecânica, e o resíduo final deste processo, pode ser utilizado como adubo. Esse
processo ocorre de forma anaeróbica e fechada, ou seja, sem oxigênio e sem
liberação de gases produzidos pela ação das bactérias. Os gases da decomposição
podem ser canalizados e queimados com a possibilidade de substituir o gás
natural em alguns setores da economia.

187
UNIDADE 3 | GESTÃO DE RESÍDUOS

FIGURA 58 – MODELO CANADENSE DE BIODIGESTOR-ECYCLE

FONTE: Disponível em: <http://www.ecycle.com.br/component/content/


article/35-atitude/1338-biodigestao-e-uma-opcao-para-o-lixo-
organico-rural-e-urbano.html>. Acesso em: 25 ago. 2017.

FIGURA 59 – MODELO CHINÊS DE BIODIGESTOR

FONTE: Silva (2015, p. 9)

3 ATERROS SANITÁRIOS
Os aterros sanitários têm como objetivo dispor os resíduos sólidos
no solo, sem causar danos ou riscos à saúde pública, à segurança e ao meio
ambiente, diminuindo os impactos ambientais. O método utiliza conhecimentos
de engenharia para dispor resíduos sólidos utilizando o maior aproveitamento
possível de área e reduzir os resíduos ao menor volume possível, tendo como
camada protetora uma camada de terra realizada a cada conclusão da jornada de
trabalho do aterro ou em intervalos menores, conforme necessidade.

188
TÓPICO 4 | TÉCNICAS DE DISPOSIÇÃO FINAL AMBIENTALMENTE CORRETA

No aterro de resíduos sólidos são gerados gases ao final do processo de


decomposição, tais como o metano (CH4), dióxido de carbono (CO2), amônia
(NH3), hidrogênio (H2), gás sulfídrico (H2S), nitrogênio (N2) e oxigênio (O2). Neste
processo verifica-se a decomposição anaeróbia dos compostos biodegradáveis
dos resíduos orgânicos com grande formação de dois principais gases o metano
e o dióxido de carbono. O biogás tem o início de sua formação após os resíduos
sólidos serem depositados no aterro e perdura por um período de 20 a 30 anos.
Apesar do benefício por um aspecto o gás proveniente dos aterros contribui para o
aumento de emissões de metano no planeta Terra, mas se capturados, esses gases
podem ser aproveitados para gerar energia. Em 2016, iniciou aqui no Brasil uma
das maiores usinas termelétricas do mundo movida a gás bioquímico, a partir do
lixo disposto em aterro sanitário no município de Caieras, na grande São Paulo.

FIGURA 60 – EXEMPLO DE ATERRO SANITÁRIO

FONTE: Disponível em: <http://www.portalresiduossolidos.com/aterro-sanitario/>.


Acesso em: 25 ago. 2017.

Conforme a figura anterior verifica-se que para ser um aterro sanitário


deve-se ter no mínimo as seguintes características, segundo o Portal dos Resíduos
Sólidos (2017)

Unidades operacionais:

• possibilidade de alojamento em células especiais para vários tipos de resíduos;


• células para rejeitos oriundos do lixo domiciliar;
• células de lixo hospitalar (caso o município não disponha de processo mais
efetivo para dar destino final a esse tipo de lixo);
• isolamento inferior não permitindo que o chorume atinja os lençóis freáticos;

189
UNIDADE 3 | GESTÃO DE RESÍDUOS

• sistema de coleta e tratamento dos líquidos percolados (chorume), resultante


da decomposição da matéria orgânica;
• sistema de coleta e tratamento dos gases do aterro;
• isolamento superior evitando contaminação do ar e atração de animais que se
alimentem dos resíduos orgânicos;
• o isolamento superficial (superior) deve ser feito diariamente;
• sistema de drenagem pluvial para evitar que a água da chuva penetre no aterro
e dessa forma gere ainda mais chorume;
• pátio de estocagem de materiais.

Unidade de apoio

• cerca e barreira vegetal;


• estradas de acesso e de serviço;
• balança rodoviária e sistema de controle de resíduos;
• guarita de entrada e prédio administrativo;
• oficina e borracharia.

Os aterros sanitários, de forma geral, são divididos basicamente em dois


tipos:

Aterro sanitário convencional

No qual os resíduos são depositados acima no nível do solo para depois


serem compactados.

Aterro sanitário em valas 

Os resíduos são depositados em valas para facilitar a formação de células


(separações) e camadas, para melhor manutenção. Após preencher uma célula ou
trincheira o aterro deve voltar a ter a mesma topografia inicial do terreno.

4 COMPOSTAGEM
A compostagem tem como base a reciclagem dos resíduos orgânicos
transformando restos orgânicos em adubo, utilizando um processo biológico,
que faz com que haja a aceleração da decomposição do material orgânico, como
estrume, folhas, papel e restos de comida, num material semelhante ao solo e
consequentemente como produto final um composto orgânico. O composto
orgânico é o solo que é utilizado como adubo, melhorando suas características
físicas, físico-químicas e biológicas.

190
TÓPICO 4 | TÉCNICAS DE DISPOSIÇÃO FINAL AMBIENTALMENTE CORRETA

FIGURA 61 – FUNDEMA CICLO DE COMPOSTAGEM

FONTE: Disponível em: <http://fundemacacador.blogspot.com.br/2015/07/


o-que-e-compostagem-e-como-ela-acontece.html>. Acesso em:
22 ago. 2017).

Na figura anterior temos a transformação da matéria orgânica, como


folhas, restos de comida, papel, em um material semelhante a terra, chamado
composto. O Brasil produz 241.614 toneladas de lixo por dia, sendo que:

76% são depositados em céu aberto, nos lixões;


13% são depositados em aterros controlados;
10% em usinas de reciclagem;
0,1% são incinerados.

Do total do lixo urbano, 60% são formados por resíduos orgânicos que
podem se transformar em excelentes fontes de nutrientes para as plantas. Com
isso há uma diminuição de fertilizantes químicos na plantação, o solo apresenta
maior produtividade com mais qualidade e proporciona mais vida ao solo e se
utilizado em plantações melhora sua característica física.

5 INCINERAÇÃO
A incineração é realizada através da combustão de resíduos, utilizando
o aproveitamento do calor gerado no processo. Os gases provenientes ou
remanescentes são: CO2, SO2, N2, O2, H2O, gases inertes, cinzas e escórias. A
rentabilidade da combustão depende da mistura de combustível mais ar e da
transferência de calor gerado na combustão para o material a ser incinerado.

191
UNIDADE 3 | GESTÃO DE RESÍDUOS

FIGURA 62 – ESQUEMA DE UM FORNO ROTATIVO TÍPICO NUMA INCINERADORA DE


RESÍDUOS PERIGOSOS

FONTE: Disponível em: <https://web.fe.up.pt/~jotace/gtresiduos/coincversus.htm>. Acesso em:


23 jan. 2018.

5.1 INCINERAÇÃO DE RESÍDUOS INDUSTRIAIS


Este processo é baseado na destruição térmica de resíduos sólidos
realizado sob alta temperatura, 900ºC a 1200ºC. Possui tempo de residência
controlada, e é utilizado para o tratamento de resíduos de alta periculosidade,
ou que necessitam de destruição total e segura. O produto deste processo é
uma fase gasosa e outra sólida, reduzindo o volume, o peso e a características
de periculosidade. A destinação final das escórias e cinzas são os aterros. Já os
efluentes líquidos são destinados à estação de tratamento de efluentes, e os gases
oriundos da queima são tratados e devem ser monitorados conforme parâmetros
pré-estabelecidos e a legislação.

Os resíduos industriais normalmente incinerados, são resíduos sólidos,


pastosos, líquidos, gasosos, resíduos orgânicos clorados e não clorados (borra
de tinta, agrodefensivos, borras oleosas, farmacêuticos, resíduos de laboratório,
resinas, entre outros), resíduos inorgânicos contaminados com óleo, água
contaminada com solventes, resíduos ambulatoriais e hospitalares, solo
contaminado e radioativo.

192
TÓPICO 4 | TÉCNICAS DE DISPOSIÇÃO FINAL AMBIENTALMENTE CORRETA

6 PIRÓLISE
A pirólise é uma reação de decomposição do resíduo sólido por meio do
calor. Utilizado na indústria, como método de calcinação. É possível produzir
produtos como o alcatrão pirolítico e o bio-óleo e o carvão vegetal, que servem
como alternativas de combustíveis.

FIGURA 63 – ETAPAS DO REATOR PIROLÍTICO

FONTE: Disponível em: <http://www.infoescola.com/reacoes-quimicas/pirolise/>. Acesso em:


18 out. 2017.

Como o processo é endotérmico, é necessário um fornecimento externo de


calor para que a reação ocorra.

6.1 REATOR PIROLÍTICO


No  reator pirolítico, o processo acontece quando a matéria orgânica
passa por uma série de etapas. A primeira é de zona de secagem, na qual se tem
variações de temperatura entre 100ºC e 150ºC. Em seguida, a matéria vai para

193
UNIDADE 3 | GESTÃO DE RESÍDUOS

a zona de pirólise, e ocorrem reações químicas: a fusão, volatilização e oxidação.


Nessa etapa já são produzidos vários subprodutos, como álcoois e alcatrão. Em
seguida há o resfriamento, quando é produzido o bio-óleo. É necessário lembrar
que existem vários tipos de reatores.

6.2 APLICAÇÕES DA PIRÓLISE


Uma aplicação bastante utilizada é a carbonização da madeira. Tem como
objetivo a produção de carvão vegetal, que pode ser utilizado como combustível
para o fornecimento de energia em diversos segmentos das indústrias. As
técnicas de pirólise evoluíram, com aumento na sua produtividade. Um exemplo
disso é o aumento do uso de biomassa como combustível, e o investimento em
pesquisas para produção do bio-óleo, também é fundamental o uso da pirólise.
Vários estudos demonstram a pirólise como um dos meios mais eficientes para
o tratamento do lixo.

Como exemplo, pesquisas de W. Sanner em 1970 apud (INFOESCOLA


2017) indicam que através da pirólise pode se extrair diversos subprodutos do
lixo. Como em uma tonelada é possível produzir cerca de:

• onze quilos de sulfato de amônia,


• 12 litros de alcatrão,
• 9,5 litros de óleo, entre outros.

É uma opção ecologicamente correta, pois consegue diminuir a quantidade


de aterros sanitários. Na pirólise de uma tonelada de lixo temos:

FIGURA 64 – RESULTADOS DA PIRÓLISE DE LIXO

1 T de
lixo
produz

10,88 Kg 131 Kg 12,3 Litros 435 Litros 331 Nm3

Sulfato de char alcatrão 9,46 Litros álcoois Gases


Óleo
amônia combustíveis
combustível
FONTE: Queiroz (2004)

A Petrobras, no Brasil, utiliza a pirólise em uma usina de reprocessamento


de xisto e pneus. Seu objetivo é a produção de óleo e gases utilizados como
combustíveis. O processo inicia-se com os pneus sendo triturados e levados ao
reator juntamente com o xisto. Logo após é feito o processo de pirólise, obtendo-
se subprodutos, como o óleo e o gás.
194
TÓPICO 4 | TÉCNICAS DE DISPOSIÇÃO FINAL AMBIENTALMENTE CORRETA

Um exemplo bastante simples que podemos observar em casa de pirólise


é o cozimento de alimentos em ambientes secos. Como exemplo o assar do
pão, sendo que os componentes do alimento que passam por esse processo são
os carboidratos e proteínas. Para ocorrer a pirólise de gorduras é necessária uma
temperatura muito mais alta. O cozimento é realizado com presença do ar, porém
as condições ambientais permitem a ocorrência de pouca ou nenhuma combustão.

195
RESUMO DO TÓPICO 4

Neste tópico, você aprendeu:

• O objetivo do tratamento dos resíduos sólidos, bem como a disposição final


dos resíduos de forma sustentável e sem prejudicar o meio ambiente.

• Os tipos de tratamentos realizados em resíduos sólidos como os por biodigestão,


aterros controlados, aterros sanitários, incineração, compostagem, pirólise,
entre outros.

196
AUTOATIVIDADE

1 Associe as colunas e assinale a alternativa correta.

(A) Biodigestão.
(B) Compostagem.
(C) Pirólise.
(D) Incineração.
(E) Aterros sanitários.

( ) Produção de forma anaeróbica e fechada, com ausência de oxigênio e sem


liberação de gases produzidos pela ação das bactérias.
( ) Disposição de resíduos sólidos no solo com a utilização de princípios de
engenharia para dispor os resíduos.
( ) Transformação de restos orgânicos em adubo por meio de um processo
biológico que acelera a decomposição do material orgânico.
( ) Combustão de resíduos com aproveitamento do calor gerado no processo
( ) Reação de decomposição por meio do calor, também chamado de calcinação.

Agora assinale a ordem correta:


a) ( ) D – A – B – E – C.
b) ( ) E – B – A – C – D.
c) ( ) A – C – D – E – B.
d) ( ) B – E – C – A – D.
e) ( ) A – E – B – D – C.

2 Qual o objetivo do tratamento dos resíduos sólidos? E apresente alguns


desses tratamentos.

3 Qual é a diferença entre aterro sanitário convencional e o aterro sanitário em


valas?

197
198
UNIDADE 3
TÓPICO 5

GESTÃO DE SUSTENTABILIDADE

1 INTRODUÇÃO
Podemos observar que a preocupação com o meio ambiente e a
sustentabilidade não é um modismo passageiro, veio para ficar e deve ser
levado a sério por todos seres humanos se quisermos sobreviver e manter todas
as espécies vivas e saudáveis no nosso planeta. É só você se lembrar da pegada
ecológica mencionada na primeira unidade.

É por isso que as empresas estão se posicionando cada vez mais, perante
ao público e a sociedade, como preocupadas em desenvolver todas suas ações
pautadas na sustentabilidade.

FIGURA 65 – RÓTULO AMBIENTAL ABNT

FONTE: Disponível em: <http://www.abntonline.com.br/


sustentabilidade/Rotulo/Default>. Acesso em: 22 ago. 2017.

E desta forma, observa-se o esforço incansável das organizações na


promoção de ações e divulgação dessa poderosa palavra em anúncios, logomarcas,
propagandas e embalagens de todos os produtos possíveis.

O que é sustentabilidade? Você já pensou nisso?

199
UNIDADE 3 | GESTÃO DE RESÍDUOS

1.1 CONCEITOS DE SUSTENTABILIDADE


Por muito tempo se acreditou que a sustentabilidade estaria diretamente
relacionada ao meio ambiente. Pensando nisso as empresas começaram a
incentivar projetos de preservação da flora e da fauna, de reflorestamento, de
proteção a espécies ameaçadas de extinção, entre outras ações neste sentido, que
por mais que sejam válidas, são os únicos elementos que representam o conceito
de sustentabilidade, pois ele é mais amplo.

2 OS TRÊS PILARES DA SUSTENTABILIDADE


O desenvolvimento sustentável é dividido em três principais pilares: social,
econômico e ambiental. Dessa forma para se desenvolver de forma sustentável,
uma empresa deve atuar de forma que esses três pilares sejam desenvolvidos e
interajam entre si de forma harmoniosa.
 
E quais são estes pilares? É o que veremos a seguir:

2.1 SOCIAL
Que aborda todo capital humano que está, direta ou indiretamente, ligado
às atividades desenvolvidas por uma empresa. E deve ser incluído, além de seus
funcionários, seu público-alvo, seus fornecedores, a comunidade a seu entorno e
a sociedade em geral.

 O objetivo da empresa é desenvolver ações socialmente sustentáveis, por


exemplo, dar férias e benefícios aos funcionários. E ainda, deve-se proporcionar
um ambiente que estimule a criação de relações de trabalho legítimos e saudáveis,
favorecer o desenvolvimento pessoal e coletivo dos direta ou indiretamente
envolvidos.

2.2 ECONÔMICO
Na questão econômica, para que uma empresa seja economicamente
sustentável, ela precisa produzir, distribuir e oferecer seus produtos ou serviços
de forma a ser competitiva em relação aos seus concorrentes. A sua lucratividade
não se pode desenvolver às custas de um desequilíbrio nos ecossistemas ao
seu redor ou explorando as más condições de trabalho dos funcionários ou a
degradação do meio ambiente da área onde se situa, por não ter boas relações
com seu entorno.

200
TÓPICO 5 | GESTÃO DE SUSTENTABILIDADE

2.3 AMBIENTAL
O aspecto ambiental tem relação com o desenvolvimento sustentável
ambientalmente correto da empresa em todos os âmbitos, a curto, médio e longo
prazo, que esteja integrado no planejamento estratégico da empresa. As ações da
empresa não podem ser somente paliativas, ou ações de marketing, como plantar
árvores posteriormente à emissão de gases poluentes. O desenvolvimento
sustentável tem o objetivo de diminuir ao máximo os impactos ambientais da
produção industrial. E como toda boa gestão, a sustentabilidade, e seus três
pilares necessitam ser planejados, acompanhados e sempre avaliados, além de
estarem dentro dos objetivos da empresa (planejamento estratégico).
 
A seguir temos alguns mecanismos que podem auxiliar no
desenvolvimento de uma boa gestão da sustentabilidade. São eles as técnicas de
ecoeficiência, neutralização de carbono, Mecanismo de Desenvolvimento Limpo
(MDL) e Protocolo de Kyoto.


3 ECOEFICIÊNCIA
A ecoeficiência pode ser desenvolvida através da disponibilização de
bens e serviços a preços competitivos, que satisfaçam as necessidades humanas
e promovam a qualidade de vida. Neste contexto há a necessidade de reduzir os
impactos ao meio ambiente e a intensidade do uso de recursos ao longo da vida útil
do bem ou serviço, em níveis equivalentes aos da capacidade de suporte da Terra.
Você sabia que para manter o sistema de vida norte-americano precisaríamos de
mais de quatro planetas Terra!

O termo ecoeficiência surgiu na Conferência Rio-92 como resposta do


empresariado às pressões sociais. Tem o objetivo de promover a economia de
recursos, o incremento da produtividade e a busca de competitividade (ONU,
2012).

A ecoeficiência tem objetivo de ser implementada para otimizar


processos, transformando os subprodutos ou os resíduos de uma indústria ou
empresa em recursos para outra, pela inovação que leva a produtos com uma
nova funcionalidade, e por aumento de conhecimento e conteúdo de serviço. A
ecoeficiência baseia-se nos três pilares da sustentabilidade: econômico, ambiental
e social. Uma empresa ou processo ecoeficiente precisa ser economicamente
rentável, ambientalmente compatível e socialmente justo (RUPPENTHAL, 2014).

A Produção Mais Limpa – PML ou P+L é a aplicação de uma estratégia


ambiental preventiva e integrada aos processos, produtos e serviços, com o
objetivo de aumentar a ecoeficiência e reduzir os riscos para o homem e para o
meio ambiente. A sua aplicação estende-se aos processos produtivos, produtos

201
UNIDADE 3 | GESTÃO DE RESÍDUOS

e serviços. É baseada na prevenção da poluição, ou seja, utilização de práticas,


processo, técnica ou tecnologia que vise à redução ou eliminação em volume,
concentração e/ou toxicidade dos resíduos na fonte geradora.

As tecnologias mais limpas são um conjunto de soluções para prevenir


e resolver problemas ambientais, tendo como um dos princípios o de proteger e
conservar o meio ambiente evitando a degradação ambiental e o desperdício de
recursos. Para colocá-la em prática são necessárias novas maneiras de pensar e
agir sobre os processos, produtos, serviços e formas de gestão.

FIGURA 66 – FLUXOGRAMA QUALITATIVO DO PROCESSO DE P+L

FONTE: Adaptado de Ruppenthal (2014)

4 NEUTRALIZAÇÃO DE CARBONO
Tem a preocupação de diminuir o lançamento, além de retirar o excesso
de CO2 da atmosfera. Uma das maneiras é por meio do plantio de árvores que
fixam carbono durante seu crescimento.

202
TÓPICO 5 | GESTÃO DE SUSTENTABILIDADE

UNI

E o que é a neutralização do carbono?

Uma empresa ou produto é neutro em carbono quando todas as emissões de gases de


efeito estufa provenientes de sua atividade são devidamente quantificadas (inventário de
emissões) e uma ação de compensação ambiental (neutralização) é realizada na mesma
proporção.

A neutralização de carbono é realizada em duas etapas:

1º Cálculo e redução das emissões

Identificam-se as fontes poluentes, calculam-se as emissões de gases


estufas de determinado impacto ambiental e a implementação de ações para
diminuir o impacto ambiental

2º Compensação

São atividades que geram benefícios ambientais de mesma proporção.


As atividades devem ser reconhecidas por órgãos certificadores internacionais,
atendendo aos requisitos pré-definidos, aumentar a remoção de gás carbônico da
atmosfera ou reduzir e evitar emissões de gases estufa relacionadas à atividade
padrão. Promover o desenvolvimento da comunidade local, e não gerar impactos
negativos ao meio.

5 MECANISMO DE DESENVOLVIMENTO LIMPO (MDL) E O


PROTOCOLO DE KYOTO
O Mecanismo de Desenvolvimento Limpo (MDL) é uma ferramenta que
está presente no Protocolo de Kyoto, que alerta que os países ricos necessitam
reduzir as emissões de GEE investindo em projetos nos países em desenvolvimento,
visando transferir suas obrigações. Este investimento é subsidiar a busca do
desenvolvimento sustentável promovendo a ecoeficiência, as energias renováveis
e projetos de reflorestamento, entre outras ações.

203
UNIDADE 3 | GESTÃO DE RESÍDUOS

5.1 PROTOCOLO DE KYOTO


O protocolo de Kyoto está diretamente ligado à preocupação com o meio
ambiente que levou os países da ONU a assinarem um acordo em que os países
concordassem com compromissos de redução da emissão dos GEE, segundo os
cientistas como causa do aquecimento global.

O Protocolo de Kyoto determina que países desenvolvidos signatários


reduzam suas emissões de GEE em média em 5,2 %, relativas ao ano de 1990,
entre 2008 e 2012. Esse período é também conhecido como primeiro período
de compromisso. Mas, apresenta uma solução para não prejudicar a economia
desses países, o protocolo indica que parte dessa redução pode ser feita através
de negociações com nações não tão emissoras desses gases com os dos acordos de
flexibilização chamados de mecanismos de desenvolvimento limpo. As reduções
das emissões de gases GEE devem acontecer em várias atividades econômicas,
estimulando os países signatários a cooperarem entre si.

Os objetivos são:

• proteger florestas e outros sumidouros de carbono;


• promover o uso de fontes energéticas renováveis;
• reformar os setores de energia e transportes;
• limitar as emissões de metano no gerenciamento de resíduos e dos sistemas
energéticos.

Os países reunidos durante a 17ª Conferência do Clima da ONU, a COP-


17(2011), aprovaram um documento que prevê a prorrogação do Protocolo de
Kyoto, e desenvolveram o Fundo Verde Climático e um novo tratado sobre o
clima, que deve vigorar a partir de 2020.

Essa é uma segunda fase do Protocolo de Kyoto, que apresentou a


participação do Japão, do Canadá e da Rússia, esvaziando o acordo internacional.
A proposta do Ato 2 do Protocolo de Kyoto, a partir de exceto os Estados Unidos)
para reduzir suas emissões de GEE.

5.2 MECANISMOS DE DESENVOLVIMENTO LIMPO – MDL


Foi definido pelo Protocolo de Kyoto, que o MDL deve ajudar os países
em desenvolvimento, que não possuem metas para cumprir de redução dos GEE,
a atingirmos o desenvolvimento sustentável e auxiliarem os países que possuem
metas de redução a cumprirem suas limitações de emissão. Cada tonelada de CO2
equivalente, deixada de ser emitida ou retirada da atmosfera, se transforma em
uma unidade de crédito de carbono, chamada Redução Certificada de Emissão
(RCE), poderá ser negociada no mercado mundial.

204
TÓPICO 5 | GESTÃO DE SUSTENTABILIDADE

Outros gases geradores do efeito estufa também podem ser convertidos


em créditos de carbono, com o conceito de carbono equivalente.

5.3 O MERCADO DE CARBONO


É desenvolvido por países, empresas ou indivíduos compradores
de crédito de carbono, que desejam reduzir as emissões de GEE com menor
custo, ao invés de investirem ações no próprio território. O MDL incentiva o
desenvolvimento sustentável e a redução de emissões de gases, dando aos países
industrializados algumas opções para atingirem seus objetivos em função das
limitações de emissões.

As categorias de projetos MDL são:

Setor 1 – Geração de energia renovável e não renovável.


Setor 2 – Distribuição de energia.
Setor 3 – Demanda de energia.
Setor 4 – Indústrias de produção.
Setor 5 – Indústrias químicas.
Setor 6 – Construção.
Setor 7 – Transporte.
Setor 8 – Mineração e produção de minerais.
Setor 9 – Produção de metais.
Setor 10 – Emissões de gases fugitivos de combustíveis.
Setor 11 – Emissão de gases fugitivos na produção e consumo de compostos de
enxofre.
Setor 12 – Uso de solventes.
Setor 13 – Gestão e tratamento de resíduos.
Setor 14 – Reflorestamento e florestamento.
Setor 15 – Agricultura.

Os tipos de projetos de MDL são:

• Troca de combustível.
• Pirólise de resíduos.
• Captura de gás em aterro sanitário.
• Compostagem de resíduos sólidos urbanos.
• Tratamento de dejetos suínos e reaproveitamento de biogás.
• Geração de energia por fontes renováveis (biomassa, energia eólica, pequenas
e médias hidroelétricas, energia solar).
• Geração de metano a partir de resíduos orgânicos (biogasificação).
• Florestamento e reflorestamento em áreas degradadas.

205
UNIDADE 3 | GESTÃO DE RESÍDUOS

As etapas dos projetos de MDL são:

• Concepção do projeto.
• Preparo do Documento de Concepção do Projeto (DCP).
• Validação.
• Obtenção da aprovação do país anfitrião.
• Registro.
• Implementação do projeto.
• Monitoramento.
• Verificação e certificação.
• Emissão dos RCEs (créditos de carbono).

O Comitê Executivo (CE) da Convenção das Nações Unidas sobre


Mudança do Clima (UNFCCC), que é o órgão responsável pela supervisão do
MDL é quem aprova os projetos e as metodologias. Quem aprova no Brasil é a
Comissão Interministerial de Mudança Global do Clima – CIMGC é a Autoridade
Nacional Designada (AND).

Quem é o mercado voluntário de carbono?

São conforme o Protocolo de Kioto, grupos e setores que não necessitam


diminuir suas emissões de acordo, ou seja, empresas localizadas em países não
signatários do Protocolo de Kyoto, que possuem a possibilidade de comercializar
reduções de emissões nos mercados voluntários. O mercado voluntário é
importante para a inovação, visto que não há muitas regras preestabelecidas
como no Protocolo de Kyoto, e também pode desenvolver projetos de menor
escala que seriam inviáveis sob Kyoto. As negociações são realizadas através
de regras comuns de mercado, podendo ser realizadas em bolsas, por meio
de intermediários ou diretamente entre as partes interessadas. A transação
dos créditos se dá conforme convenção com CO2 equivalente. Esse mercado é
financiado por organizações e indivíduos interessados em neutralizar o impacto
das emissões produzidas pelas suas atividades e que investem em projetos que
têm como objetivo reduzir as emissões de GEEs, por meio de compra de créditos de
compensação. Os créditos de carbono são instrumentos financeiros negociáveis,
chamados Reduções Verificadas de Emissão (VERs – Verified Emission Reductions),
equivalente a uma tonelada de dióxido de carbono (CO2) reduzida ou deixada de
ser emitida. Vale lembrar que o Brasil domina o mercado, entre as nações latino-
americanas, com o maior volume de geração de créditos.

206
TÓPICO 5 | GESTÃO DE SUSTENTABILIDADE

LEITURA COMPLEMENTAR

SACOLAS PLÁSTICAS – Sua utilização na visão de diferentes autores

As sacolas plásticas eram motivos de orgulho das redes de supermercados,


e passaram de símbolo da modernidade para vilãs do meio ambiente (PLANETA
SUSTENTÁVEL, 2007) devido ao longo período de decomposição que podem
levar de 100 a 300 anos, as sacolas são utilizadas, descartadas e permanecem
no meio ambiente poluindo e causando impactos negativos. É um objeto
utilizado no cotidiano para transportar mercadorias. É também uma das formas
de acondicionamento do lixo doméstico e, constituem uma forma barata de
publicidade para as lojas que as distribuem. A palavra “plástico” tem origem
no grego plástikos, que significa moldáveis, uma característica essencial destes
materiais. Feitos de resina sintética originadas do petróleo, esses sacos não são
biodegradáveis e levam séculos para se decompor na natureza. São feitos de
cadeias moleculares inquebráveis e é impossível definir com precisão quanto
tempo levam para desaparecer no meio natural. Nas sacolas de supermercados
a matéria-prima é o plástico filme, produzido a partir de uma resina chamada
polietileno linear, polietileno de alta densidade ou de polipropileno, polímeros
de plásticos não biodegradáveis (ALMEIDA, 2008). Um aumento na geração
de resíduos é consequência de um consumo de matéria-prima, as quais se
encontram na natureza em quantidade limitadas (SILVA, 2010). O uso consciente
dos materiais não-renováveis existentes na natureza contribui com uma menor
geração de resíduos e consequentemente menor desperdício de materiais. A
disposição dos resíduos sólidos urbanos apresenta problemas relacionados à
instalação adequada dos mesmos, ao espaço físico ocupado pelos rejeitos e o
transtorno causado ao ambientem visualmente desagradável (SANTOS, 2004). A
deposição incorreta dos resíduos é resultado de más condições de armazenamento
trazendo problemas ambientais, sociais e de saúde pública

A diversidade biológica (ou biodiversidade) está diretamente relacionada


com a manutenção desse meio ambiente equilibrado do ponto de vista ecológico.
Para alcançar este objetivo, além da organização do poder público para orientar,
legislar e fiscalizar as ações que possam impactar o meio ambiente é preciso que
haja um movimento de conscientização de toda a sociedade e a escolaridade tem
papel fundamental neste processo (PROBIO, 2006). Mesmo com o apelo crescente
nas questões ambientais, todas as discussões apontam para a necessidade de
políticas públicas de educação ambiental (TOZONI-REIS, 2004). A questão
ambiental refere-se à mudança de hábitos o que dificulta a aceitação por pessoas
já adultas e com opinião formada; o grande foco da conscientização é atingir
a educação infantil e ensinos médios e superiores, nos quais as opiniões estão
sendo formadas, adquirindo o conhecimento. O processo de educação ambiental
começou recentemente e vai se firmar nas gerações que estão por vir. Uma das
metas básicas da Educação Ambiental é conseguir que as pessoas e as comunidades
compreendam o caráter complexo do meio ambiente natural e artificial, resultante
da inter-relação de seus aspectos biológicos, físicos, sociais, econômicos e

207
UNIDADE 3 | GESTÃO DE RESÍDUOS

culturais e adquirir o conhecimento, os valores, as atitudes e as aptidões práticas


que permitam participar, de forma responsável e eficaz, no trabalho de prever e
de resolver problemas ambientais e de uma gestão qualitativamente apropriada
do meio ambiente (LINDNER, 2000).

A educação ambiental contribui para que a sociedade seja estimulada


a participar do desenvolvimento sustentável. As pessoas serão chamadas para
repensar, reprojetar e reestruturar seus valores (PALMA, 2005). As soluções não
estarão prontas, mas sim, estão à disposição instrumentos para que cada um faça
sua parte.

PONTOS POSITIVOS E NEGATIVOS

Na tabela a seguir são descritos os pontos positivos e negativos das


iniciativas tomadas sobre o uso de sacolas plásticas. A descrição é feita de maneira
rápida para que consumidores se atentem para as principais causas da utilização
de cada método para a diminuição das sacolas plásticas comuns. Requer cada
pessoa adaptar-se ao melhor método que é capaz de reduzir o uso de sacolas
plásticas

FONTE: Disponível em: <http://www.pgsskroton.com.br/seer/index.php/rcger/article/


viewFile/1933/1837>. Acesso em: 12 ago. 2017.

208
TÓPICO 5 | GESTÃO DE SUSTENTABILIDADE

QUESTÃO AMBIENTAL

Os plásticos são considerados substratos inertes, com índices de


decomposição variáveis por elementos ambientais, como luz, umidade, calor
e microrganismos. A não degradabilidade no ambiente de materiais plásticos
pós-consumo tem sido um dos fatores em que ambientalistas têm centrado suas
campanhas (FORLIN, 2002).

A maioria das sacolas plásticas disponíveis em supermercados brasileiros


é feita de resina sintética originadas do petróleo, não são biodegradáveis e podem
levar centenas de anos para se decompor. Nos mares, podem matar animais
como tartarugas, que são vítimas frequentes, pois confundem o material com as
medusas, sua presa natural (POZZANA, 2010).

No Brasil são produzidas 210 mil toneladas anuais de plástico filme, que
já representa 9,7% de todo o lixo do país. Abandonados em vazadouros, esses
sacos plásticos impedem a passagem da água – retardando a decomposição dos
materiais biodegradáveis – e dificultam a compactação dos detritos (TRIGUEIRO,
2003).

A ideia de desenvolvimento sustentável apareceu associada à legislação


ambiental dos impactos ambientais indesejáveis; assim desenvolvimento
sustentável é “produzir sem causar impacto”, sendo a relação home-natureza
mediada por conhecimentos técnicos e científicos (TOZONI-REIS, 2004).

A questão ambiental está presente em diversos setores, e aos poucos a


conscientização ambiental está fluindo para todas as áreas de fabricação, consumo
e pós-consumo. Este processo de adquirir a maneira sustentável é vagaroso, pois
requer mudanças de hábitos, crenças, costumes o que demanda persistência e
um alto investimento em educação ambiental. A utilização de sacolas plásticas é
apenas uma questão de educação ambiental; seu uso em excesso traz prejuízos ao
ambiente, assim funciona com qualquer recurso que mal utilizado e posteriormente
mal descartado, vai gerar riscos.

A educação ambiental é a base para despertar a consciência ecológica


na população, somente com conscientização ambiental partindo da educação
ambiental nas escolas. O foco na educação tem poder de transformação,
começando pela educação infantil onde as ideias estão em formação facilitando o
entendimento de maneiras de preservação do meio ambiente através de pequenas
ações.

A questão das sacolas plásticas, não é tão simples em apenas querer banir
seu uso. O fator principal é a não existência de um sistema de coleta seletiva e
de reciclagem de materiais, o que seria ideal para pôr em prática as questões de
sustentabilidade em gestão de resíduos sólidos nas cidades.

209
UNIDADE 3 | GESTÃO DE RESÍDUOS

As medidas que já estão em práticas em algumas regiões e setores, como a


taxa cobrada e o apelo pelo uso de sacolas retornáveis, são medidas imediatas que
estão contribuindo de maneira favorável a redução do uso de sacolas plásticas,
porém essas medidas não são satisfatórias em longo prazo.

A degradação ambiental tem alcançado níveis jamais vistos; vivemos


hoje uma crise ambiental sem precedentes; o que é necessário um repensar da
humanidade em relação ao meio que vive, onde se enquadra a educação ambiental
que surge não só como necessidade, mas também como esperança (GRUN, 1996).

Enquanto um sistema de gestão ambiental eficiente não é implementado,


cabe ao consumidor refletir sobre seu papel na sociedade para garantir a qualidade
de vida necessária para si e para as gerações seguintes.

FONTE: PIVA, C. D.; Noriko Fernandes, T. O. Sacolas plásticas. 2014.


Disponível em: <http://www.pgsskroton.com.br/seer/index.php/rcger/article/
viewFile/1933/1837>. Acesso em: 12 ago. 2017.

210
RESUMO DO TÓPICO 5

Neste tópico, você aprendeu:

• Os resíduos sólidos, a logística reversa a tratamento legislação pertinente.

• A classificação dos resíduos e os tipos e principais processos de tratamento.

• As ações e ferramentas que podem ser utilizadas visando ao objetivo da


ecoeficiência.

• E também vimos as ferramentas de produção mais limpa e neutralização de


carbono e o mecanismo de desenvolvimento limpo.

211
AUTOATIVIDADE

1 Associe as colunas e assinale a alternativa correta:

(A) Produção mais limpa.


(B) Neutralização de carbono.
(C) MDL.

( ) Visa diminuir o lançamento e retirar o excesso de CO2 da atmosfera. A


retirada pode ocorrer por meio do plantio de árvores que fixam carbono
durante seu crescimento.
( ) Integrada aos processos, produtos e serviços, a fim de aumentar a
ecoeficiência e reduzir os riscos para o homem e para meio ambiente.
( ) Definido pelo Protocolo de Kyoto, deve auxiliar os países em desenvolvimento,
que não têm metas para cumprir na redução dos GEE para atingirmos o
desenvolvimento sustentável, bem como auxiliar os países que possuem
metas de redução a cumprirem suas limitações de emissão.
( ) Técnica baseada na prevenção da poluição e refere-se a qualquer prática,
processo, técnica ou tecnologia que vise à redução ou eliminação em volume,
concentração e/ou toxicidade dos resíduos na fonte geradora.
( ) Técnica realizada em duas etapas: redução e cálculo das emissões e
compensação.
( ) Cada tonelada de CO2 equivalente deixada de ser emitida ou retirada da
atmosfera se transforma em uma unidade de crédito de carbono, chamada
Redução Certificada de Emissão (RCE), que poderá ser negociada no
mercado mundial.

a) ( ) B – A – C – A – B – C.
b) ( ) A – B – A – B – C – C.
c) ( ) C – A – C – A – B – B.
d) ( ) B – C – B – C – A – A.
e) ( ) A – B – B – C – C – A.

2 O que é sustentabilidade?

3 Quais são os três pilares da sustentabilidade? E quais são seus objetivos?

212
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