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Química Geral

Prof. José Edson Reinert

Indaial – 2020
2a Edição
Copyright © UNIASSELVI 2020

Elaboração:
Prof. José Edson Reinert

Revisão, Diagramação e Produção:


Centro Universitário Leonardo da Vinci – UNIASSELVI

Ficha catalográfica elaborada na fonte pela Biblioteca Dante Alighieri


UNIASSELVI – Indaial.

R367q
Reinert, José Edson
Química geral. / José Edson Reinert. – Indaial: UNIASSELVI, 2020.
268 p.; il.

ISBN 978-65-5663-293-3
ISBN Digital 978-65-5663-294-0

1. Química. - Brasil. II. Centro Universitário Leonardo da Vinci.

CDD 540.7

Impresso por:
Apresentação
Caro acadêmico, seja muito bem-vindo à disciplina de Química
Geral! Este livro didático auxiliará seus estudos para que você compreenda
melhor os principais tópicos da química. As orientações têm como objetivo
contribuir de forma positiva o direcionamento do seu processo de ensino e
aprendizagem.

Este livro tem como finalidade proporcionar a você embasamento


teórico a respeito de conceitos base da Química para que possam no futuro
estabelecer uma relação com as demais disciplinas do seu curso. Assim, o
livro didático ordena os conteúdos e aspectos teóricos que auxiliarão no seu
desenvolvimento integral, aprimorando seus conhecimentos e possibilitando,
no final do curso, sua inserção no mercado de trabalho.

A fim de lhe familiarizar de forma breve com a disciplina,


apresentamos a seguir cada uma das unidades que serão abordadas neste
livro. Na Unidade 1, você compreenderá os aspectos que levaram à evolução
dos modelos atômicos e como as interpretações de dados experimentais
contribuíram com as características de cada modelo. Nesta unidade, você
conhecerá a forma como a tabela periódica é organizada atualmente e as
propriedades que são observadas através desta organização. Além do mais
será capaz de diferenciar e identificar as ligações químicas que mantêm os
átomos unidos.

Na Unidade 2, trabalharemos com as funções inorgânicas, que são


grupos de substâncias que apresentam algum tipo de semelhança, sendo
elas, ácidos, bases, sais e óxidos. Além disso, será apresentada a forma como
se realiza a nomenclatura dessas substâncias e suas características. Esta
unidade apresentará também as reações inorgânicas.

Na Unidade 3, trataremos sobre alguns fundamentos da físico-


química, dentre eles as grandezas químicas e estequiometria das reações.
Outro ponto a ser tratado serão as classificações e características das dispersões
com ênfase nas soluções e seus processos de separação. A radioatividade
será outro tópico a ser discutido nesta unidade.

Nesse contexto, apresentamos assuntos de suma importância para


sua formação e que devem ser conhecidos, portanto, convidamos você a se
inteirar e assimilar todo esse conhecimento.

Desejamos uma ótima leitura! Bons estudos!

Prof. José Edson Reinert


NOTA

Você já me conhece das outras disciplinas? Não? É calouro? Enfim, tanto para
você que está chegando agora à UNIASSELVI quanto para você que já é veterano, há
novidades em nosso material.

Na Educação a Distância, o livro impresso, entregue a todos os acadêmicos desde 2005, é


o material base da disciplina. A partir de 2017, nossos livros estão de visual novo, com um
formato mais prático, que cabe na bolsa e facilita a leitura.

O conteúdo continua na íntegra, mas a estrutura interna foi aperfeiçoada com nova
diagramação no texto, aproveitando ao máximo o espaço da página, o que também
contribui para diminuir a extração de árvores para produção de folhas de papel, por exemplo.

Assim, a UNIASSELVI, preocupando-se com o impacto de nossas ações sobre o ambiente,


apresenta também este livro no formato digital. Assim, você, acadêmico, tem a possibilidade
de estudá-lo com versatilidade nas telas do celular, tablet ou computador.
 
Eu mesmo, UNI, ganhei um novo layout, você me verá frequentemente e surgirei para
apresentar dicas de vídeos e outras fontes de conhecimento que complementam o assunto
em questão.

Todos esses ajustes foram pensados a partir de relatos que recebemos nas pesquisas
institucionais sobre os materiais impressos, para que você, nossa maior prioridade, possa
continuar seus estudos com um material de qualidade.

Aproveito o momento para convidá-lo para um bate-papo sobre o Exame Nacional de


Desempenho de Estudantes – ENADE.
 
Bons estudos!

UNI

Olá acadêmico! Para melhorar a qualidade dos


materiais ofertados a você e dinamizar ainda mais
os seus estudos, a Uniasselvi disponibiliza materiais
que possuem o código QR Code, que é um código
que permite que você acesse um conteúdo interativo
relacionado ao tema que você está estudando. Para
utilizar essa ferramenta, acesse as lojas de aplicativos
e baixe um leitor de QR Code. Depois, é só aproveitar
mais essa facilidade para aprimorar seus estudos!
LEMBRETE

Olá, acadêmico! Iniciamos agora mais uma disciplina e com ela


um novo conhecimento.

Com o objetivo de enriquecer seu conhecimento, construímos, além do livro


que está em suas mãos, uma rica trilha de aprendizagem, por meio dela você
terá contato com o vídeo da disciplina, o objeto de aprendizagem, materiais complemen-
tares, entre outros, todos pensados e construídos na intenção de auxiliar seu crescimento.

Acesse o QR Code, que levará ao AVA, e veja as novidades que preparamos para seu estudo.

Conte conosco, estaremos juntos nesta caminhada!


Sumário
UNIDADE 1 —INTRODUÇÃO À QUÍMICA................................................................................... 1

TÓPICO 1 —CONSTITUIÇÃO DA MATÉRIA................................................................................. 3


1 INTRODUÇÃO..................................................................................................................................... 3
2 UMA BREVE HISTÓRIA DA QUÍMICA........................................................................................ 3
2.1 MÉTODO CIENTÍFICO.................................................................................................................. 5
3 MODELOS ATÔMICOS..................................................................................................................... 6
3.1 OS GREGOS E A CONSTITUIÇÃO DA MATÉRIA................................................................... 6
3.2 TEORIA ATÔMICA DE DALTON................................................................................................ 8
3.3 TEORIA ATÔMICA DE THOMSON............................................................................................ 9
3.4 TEORIA ATÔMICA DE RUTHERFORD.................................................................................... 11
3.5 TEORIA ATÔMICA DE BOHR.................................................................................................... 15
3.6 MODELOS ATÔMICO ATUAL................................................................................................... 17
4 ESTRUTURA ATÔMICA.................................................................................................................. 18
4.1 NÚMERO ATÔMICO, NÚMERO DE MASSA E MASSA ATÔMICA.................................. 19
4.1.1 Elementos químicos e sua representação.......................................................................... 20
4.2 ÍONS................................................................................................................................................ 21
4.3 SEMELHANÇAS ATÔMICAS..................................................................................................... 23
4.4 DISTRIBUIÇÃO ELETRÔNICA.................................................................................................. 24
4.5 NÚMERO QUÂNTICOS.............................................................................................................. 28
LEITURA COMPLEMENTAR............................................................................................................. 32
RESUMO DO TÓPICO 1..................................................................................................................... 34
AUTOATIVIDADE............................................................................................................................... 36

TÓPICO 2 —TABELA PERIÓDICA................................................................................................... 39


1 INTRODUÇÃO................................................................................................................................... 39
2 EVOLUÇÃO DA TABELA PERIÓDICA........................................................................................ 39
3 ORGANIZAÇÃO DA TABELA PERIÓDICA............................................................................... 44
3.1 GRUPOS.......................................................................................................................................... 44
3.2 PERÍODOS...................................................................................................................................... 45
3.3 CLASSIFICAÇÃO DOS ELEMENTOS....................................................................................... 46
3.3.1 Classificação quanto à estrutura eletrônica....................................................................... 46
3.3.2 Classificação quanto às características e propriedades................................................... 49
3.3.3 Classificações complementares........................................................................................... 52
4 PROPRIEDADES PERIÓDICAS..................................................................................................... 53
4.1 RAIO ATÔMICO............................................................................................................................ 53
4.2 ELETRONEGATIVIDADE........................................................................................................... 55
4.3 ENERGIA DE IONIZAÇÃO........................................................................................................ 57
4.4 AFINIDADE ELETRÔNICA........................................................................................................ 58
RESUMO DO TÓPICO 2..................................................................................................................... 61
AUTOATIVIDADE............................................................................................................................... 63
TÓPICO 3 —LIGAÇOES QUÍMICAS E INTERAÇÕES INTERMOLECULARES.................. 65
1 INTRODUÇÃO................................................................................................................................... 65
2 LIGAÇÕES QUÍMICAS.................................................................................................................... 66
2.1 TEORIA DO OCTETO................................................................................................................... 66
2.2 LIGAÇÕES IÔNICAS.................................................................................................................... 67
2.2.1 Fórmula unitária ou mínima............................................................................................... 69
2.2.2 Fórmula de Lewis ou eletrônica......................................................................................... 69
2.2.3 Características dos compostos iônicos............................................................................... 70
2.3 LIGAÇÕES COVALENTES.......................................................................................................... 71
2.3.1 Fórmula de Lewis ou Eletrônica......................................................................................... 72
2.3.2 Fórmula estrutural................................................................................................................ 73
2.3.3 Fórmula molecular............................................................................................................... 76
2.3.4 Ligações covalentes coordenadas....................................................................................... 76
2.3.5 Características dos compostos moleculares/covalentes.................................................. 78
2.4 LIGAÇÕES METÁLICAS............................................................................................................. 78
2.4.1 Características dos compostos metálicos ......................................................................... 79
2.4.2 Ligas metálicas...................................................................................................................... 79
3 POLARIDADE E GEOMETRIA...................................................................................................... 80
3.1 GEOMETRIA MOLECULAR....................................................................................................... 80
3.2 POLARIDADE DAS LIGAÇÕES................................................................................................. 84
3.3 POLARIDADE DAS MOLÉCULAS............................................................................................ 85
4 INTERAÇÕES INTERMOLECULARES........................................................................................ 86
4.1 DIPOLO INSTANTÂNEO – DIPOLO INDUZIDO.................................................................. 87
4.2 DIPOLO PERMANENTE – DIPOLO INDUZIDO.................................................................... 88
4.3 DIPOLO PERMANENTE – DIPOLO PERMANENTE............................................................ 88
4.4 LIGAÇÕES DE HIDROGÊNIO................................................................................................... 88
4.5 ÍON – DIPOLO............................................................................................................................... 89
4.6 IMPLICAÇÕES DAS INTERAÇÕES INTERMOLECULARES............................................... 90
RESUMO DO TÓPICO 3..................................................................................................................... 91
AUTOATIVIDADE............................................................................................................................... 93
REFERÊNCIAS....................................................................................................................................... 95

UNIDADE 2 — FUNÇÕES INORGÂNICAS E REAÇÕES QUÍMICAS.................................... 97

TÓPICO 1 — ÁCIDOS E BASES........................................................................................................ 99


1 INTRODUÇÃO................................................................................................................................... 99
2 TEORIAS ÁCIDO-BASE................................................................................................................... 99
2.1 TEORIA DE ARRHENIUS.......................................................................................................... 100
2.2 TEORIA DE BRONSTED-LOWRY............................................................................................ 101
2.3 TEORIA DE LEWIS..................................................................................................................... 102
3 POTENCIAL HIDROGÊNIÔNICO (pH).................................................................................... 103
3.1 INDICADORES ÁCIDO-BASE.................................................................................................. 105
3.2 ÍONS COMUNS E SOLUÇÃO-TAMPÃO................................................................................ 108
4 NÚMERO DE OXIDAÇÃO (NOX)............................................................................................... 111
5 ÁCIDOS.............................................................................................................................................. 113
5.1 CLASSIFICAÇÃO........................................................................................................................ 114
5.1.1 Quanto ao número de elementos..................................................................................... 114
5.1.2 Quanto à presença de oxigênio......................................................................................... 114
5.1.3 Quanto ao número de hidrogênios ionizáveis............................................................... 115
5.1.4 Quanto à volatilidade......................................................................................................... 116
5.1.5 Quanto à força..................................................................................................................... 116
5.2 NOMENCLATURA..................................................................................................................... 121
5.3 APLICAÇÕES............................................................................................................................... 123
6 BASES................................................................................................................................................. 125
6.1 CLASSIFICAÇÃO........................................................................................................................ 126
6.1.1 Quanto ao número de hidroxilas...................................................................................... 126
6.1.2 Quanto à solubilidade........................................................................................................ 126
6.1.3 Quanto à força..................................................................................................................... 127
6.2 NOMENCLATURA..................................................................................................................... 128
6.3 APLICAÇÕES............................................................................................................................... 130
RESUMO DO TÓPICO 1................................................................................................................... 132
AUTOATIVIDADE............................................................................................................................. 134

TÓPICO 2 — SAIS, ÓXIDOS E HIDRETOS.................................................................................. 137


1 INTRODUÇÃO................................................................................................................................. 137
2 SAIS..................................................................................................................................................... 137
2.1 CLASSIFICAÇÃO........................................................................................................................ 139
2.1.1 Quanto ao número de elementos químicos constituintes............................................. 139
2.1.2 Quanto à solubilidade em água........................................................................................ 140
2.1.3 Quanto à presença de água............................................................................................... 141
2.1.4 Quanto à natureza dos íons............................................................................................... 141
2.1.4.1 Sal neutro.......................................................................................................................... 142
2.1.4.2 Sal ácido............................................................................................................................ 142
2.1.4.3 Sal básico........................................................................................................................... 142
2.1.4.4 Sal misto............................................................................................................................ 143
2.2 NOMENCLATURA..................................................................................................................... 143
2.3 APLICAÇÕES............................................................................................................................... 144
3 ÓXIDOS.............................................................................................................................................. 145
3.1 CLASSIFICAÇÃO........................................................................................................................ 148
3.1.1 Quanto ao tipo de elemento ligado ao oxigênio............................................................ 148
3.1.2 Quanto à propriedade ácido-base.................................................................................... 149
3.1.3 Outros compostos derivados do oxigênio...................................................................... 150
3.2 NOMENCLATURA..................................................................................................................... 151
3.3 APLICAÇÕES............................................................................................................................... 152
4 HIDRETOS......................................................................................................................................... 154
4.1 CLASSIFICAÇÃO........................................................................................................................ 155
4.1.1 Hidretos iônicos ou salinos............................................................................................... 155
4.1.2 Hidretos covalentes ou moleculares................................................................................ 155
4.1.3 Hidretos metálicos ou intersticiais................................................................................... 156
4.1.4 Hidretos intermediários..................................................................................................... 156
4.2 NOMENCLATURA..................................................................................................................... 157
RESUMO DO TÓPICO 2................................................................................................................... 158
AUTOATIVIDADE............................................................................................................................. 159

TÓPICO 3 — REAÇÕES QUÍMICAS.............................................................................................. 161


1 INTRODUÇÃO................................................................................................................................. 161
2 CONCEITOS GERAIS SOBRE REAÇÕES QUÍMICAS........................................................... 161
3 INDICATIVOS DE REAÇÃO QUÍMICA.................................................................................... 163
4 LEIS DAS REAÇÕES QUÍMICAS................................................................................................ 164
4.2 LEI DA CONSERVAÇÃO DAS MASSAS................................................................................ 166
4.1 LEI DA COMBINAÇÃO DE VOLUMES................................................................................. 166
4.3 LEI DAS PROPORÇÕES DEFINIDAS...................................................................................... 167
5 BALANCEAMENTO DE REAÇÕES............................................................................................ 168
6 CLASSIFICAÇÕES DAS REAÇÕES QUÍMICAS..................................................................... 170
6.1 REAÇÃO DE SÍNTESE OU ADIÇÃO....................................................................................... 171
6.2 REAÇÃO DE ANÁLISE OU DECOMPOSIÇÃO.................................................................... 171
6.3 REAÇÃO DE DESLOCAMENTO OU SIMPLES TROCA..................................................... 173
6.4 REAÇÃO DE DUPLA-TROCA.................................................................................................. 174
RESUMO DO TÓPICO 3................................................................................................................... 176
AUTOATIVIDADE............................................................................................................................. 178
REFERÊNCIAS..................................................................................................................................... 180

UNIDADE 3 — FUNDAMENTOS DA FÍSICO-QUÍMICA........................................................ 183

TÓPICO 1 — RADIOATIVIDADE.................................................................................................. 185


1 INTRODUÇÃO................................................................................................................................. 185
2 HISTÓRICO DA RADIOATIVIDADE........................................................................................ 186
3 EMISSÕES RADIOATIVAS........................................................................................................... 189
3.1 PARTÍCULAS ALFA.................................................................................................................... 191
3.2 PARTÍCULAS BETA.................................................................................................................... 191
3.3 RADIAÇÃO GAMA.................................................................................................................... 192
3.4 COMPARATIVO DA EMISSÕES RADIOATIVAS.................................................................. 193
4 REAÇÕES NUCLEARES................................................................................................................. 196
4.1 LEIS DA RADIOATIVIDADE.................................................................................................... 197
4.1.1 Primeira lei da radioatividade.......................................................................................... 197
4.1.2 Segunda lei da radioatividade.......................................................................................... 198
4.2 SÉRIES RADIOATIVAS............................................................................................................... 199
5 CINÉTICA RADIOATIVA.............................................................................................................. 201
5.1 DECAIMENTO RADIOATIVO................................................................................................. 201
5.2 ATIVIDADE.................................................................................................................................. 202
5.3 MEIA-VIDA.................................................................................................................................. 203
5.4 VIDA MÉDIA............................................................................................................................... 207
6 FISSÃO E FUSÃO............................................................................................................................. 208
7 APLICAÇÕES.................................................................................................................................... 210
RESUMO DO TÓPICO 1................................................................................................................... 215
AUTOATIVIDADE............................................................................................................................. 217

TÓPICO 2 — GRANDEZAS QUÍMICAS....................................................................................... 219


1 INTRODUÇÃO................................................................................................................................. 219
2 UNIDADE DE MASSA ATÔMICA.............................................................................................. 220
2.1 MASSA DE UM ELEMENTO.................................................................................................... 221
2.2 MASSA MOLECULAR E MASSA FÓRMULA....................................................................... 221
3 MOL..................................................................................................................................................... 222
3.1 CONSTANTE DE AVOGADRO................................................................................................ 222
3.2 MASSA MOLAR.......................................................................................................................... 223
3.3 VOLUME MOLAR...................................................................................................................... 224
4 CÁLCULO ESTEQUIOMÉTRICO................................................................................................ 225
RESUMO DO TÓPICO 2................................................................................................................... 229
AUTOATIVIDADE............................................................................................................................. 230

TÓPICO 3 — SISTEMAS QUÍMICOS............................................................................................ 233


1 INTRODUÇÃO................................................................................................................................. 233
2 SUBSTÂNCIA PURA E MISTURA............................................................................................... 233
2.1 PROCESSOS DE SEPARAÇÃO DE MISTURAS..................................................................... 235
3 CLASSIFICAÇÃO DAS DISPERSÕES........................................................................................ 241
3.1 SUSPENSÃO................................................................................................................................. 241
3.2 COLOIDE...................................................................................................................................... 242
3.3 SOLUÇÃO.................................................................................................................................... 244
4 ESTUDO DAS SOLUÇÕES............................................................................................................ 244
4.1 CLASSIFICAÇÃO DAS SOLUÇÕES........................................................................................ 245
4.1.1 De acordo com o estado físico da solução....................................................................... 245
4.1.2 De Acordo com a natureza do soluto.............................................................................. 246
4.1.3 De acordo com a solubilidade do soluto......................................................................... 247
4.2 UNIDADES DE CONCENTRAÇÃO DAS SOLUÇÕES........................................................ 251
4.2.1 Título.................................................................................................................................... 251
4.2.2 Concentração comum......................................................................................................... 252
4.2.3 Concentração em quantidade de matéria por volume.................................................. 253
4.2.4 Concentração em quantidade de matéria por massa.................................................... 253
4.2.5 Relacionando as concentrações......................................................................................... 254
4.3 VARIAÇÃO NA CONCENTRAÇÃO....................................................................................... 254
4.3.1 Diluição e concentração de soluções................................................................................ 254
4.3.2 Mistura de soluções com o mesmo soluto...................................................................... 255
4.3.3 Mistura de soluções com solutos diferentes que não reagem entre si........................ 256
4.3.4 Mistura de soluções com solutos diferentes que reagem entre si............................... 257
LEITURA COMPLEMENTAR........................................................................................................... 261
RESUMO DO TÓPICO 3................................................................................................................... 263
AUTOATIVIDADE............................................................................................................................. 265
REFERÊNCIAS..................................................................................................................................... 267
UNIDADE 1 —

INTRODUÇÃO À QUÍMICA

OBJETIVOS DE APRENDIZAGEM
A partir do estudo desta unidade, você deverá ser capaz de:

• identificar as unidades fundamentais da matéria;


• diferenciar os modelos atômicos e reconhecer as observações que levaram
a sua evolução;
• realizar a distribuição eletrônica utilizando o Diagrama de Linus Pauling
assim como identificar os quatro números quânticos;
• reconhecer a organização atual da tabela periódica e os elementos que a
compõe;
• compreender a estabilidade química dos elementos através da Regra do
Octeto;
• identificar e diferenciar as ligações iônicas, covalentes e metálicas.

PLANO DE ESTUDOS
Esta unidade está dividida em três tópicos. No decorrer da unidade, você
encontrará autoatividades com o objetivo de reforçar o conteúdo apresen-
tado.

TÓPICO 1 – CONSTITUIÇÃO DA MATÉRIA

TÓPICO 2 – TABELA PERIÓDICA

TÓPICO 3 – LIGAÇÕES QUÍMICAS E INTERAÇÕES INTERMOLECULA-


RES

CHAMADA

Preparado para ampliar seus conhecimentos? Respire e vamos


em frente! Procure um ambiente que facilite a concentração, assim absorverá
melhor as informações.

1
2
UNIDADE 1 TÓPICO 1 —

CONSTITUIÇÃO DA MATÉRIA

1 INTRODUÇÃO
Olá, caro acadêmico! Iniciamos nossos estudos em Química Geral com a
constituição da matéria, portanto, reflita sobre o que é apresentado a seguir.

Tudo que está a nossa volta, que podemos tocar, que possui massa e ocupa
um lugar no espaço, ou seja, possui volume, é denominado matéria. A matéria foi
algo que sempre intrigou pensadores e cientistas ao longo dos séculos. Nos dias
atuais, sabemos que os átomos são responsáveis pela constituição da matéria,
porém esta ideia pode ser considerada “recente”.

Neste tópico vamos abordar a evolução dos modelos atômicos e da ideia


do que constitui a matéria, assim como características e classificações dela. Para
isso iremos dos filósofos gregos até os maiores cientistas da história da Química e
suas contribuições para esta área.

2 UMA BREVE HISTÓRIA DA QUÍMICA


Os seres humanos começaram a estabelecer seu conhecimento sobre a
química das coisas na pré-história com o domínio do fogo. O domínio desse
recurso permitiu a diversas civilizações a manipulação de metais e consequen-
temente o desenvolvimento de diversos utensílios, objetos e armas. Além disso,
aprender a “produzir” fogo proporcionou a estas civilizações iluminação e pro-
teção contra o frio.

DICAS

A GUERRA DO FOGO

Título: A Guerra do Fogo (La Guerre du Feu)


Direção: Jean-Jacques Annaud
Ano: 1981
Duração: 125 minutos
Sinopse: Esse filme franco-canadense, bastante premiado, conta a
história de uma batalha entre duas tribos da Pré-História em torno da
posse e da produção do fogo, tecnologia de grande importância na
evolução humana.

3
UNIDADE 1 —INTRODUÇÃO À QUÍMICA

Com o avanço dos conhecimentos a respeito da natureza e mesmo antes


da química se estabelecer como ciência, houve a alquimia. A alquimia surgiu por
volta do século IV a.C. e foi a precursora da química. Ela era uma mistura de arte,
ciência e magia, e apresentava uma forma mais mística e misteriosa de observar
a natureza. Vários povos se destacaram pelos estudos alquímicos, como egípcios,
gregos, chineses, árabes etc.

A alquimia possuía dois objetivos principais a serem alcançados, sendo


eles:

• A pedra filosofal: ela seria capaz de realizar a transmutação de materiais


comuns em ouro.
• O elixir da vida: material que teria a propriedade de garantir cura das
enfermidades do corpo, assim como, juventude e vida eterna.

Apesar de nenhum dos dois objetivos terem sido alcançados, a alquimia,


durante seu auge, permitiu a descoberta de diversos elementos e substâncias,
a elaboração de várias técnicas e vidrarias de laboratórios que fazem parte da
Química atual.

FIGURA 1 – LABORATÓRIO ALQUÍMICO

FONTE: <https://bit.ly/2yByxiY>. Acesso em: 8 abr. 2020

A química, como uma das áreas das ciências naturais, é recente e tem seu
início datado por volta do final do século XVIII e marcado por trabalhos de dois
estudiosos: Robert Boyle (1627-1691) e Antoine-Laurent de Lavoisier (1743-1794).

4
TÓPICO 1 —CONSTITUIÇÃO DA MATÉRIA

Tanto Robert Boyle quanto Antoine-Laurent de Lavoisier aplicaram o uso


de experimentos planejados com o propósito de responder a um questionamento,
para isso realizavam observações e medidas assim como elaboraram hipóteses e
testaram-nas. Isso permitiu a generalização de muitos conceitos. A partir deste
ponto a análise da matéria e suas transformações adquiriu um caráter mais
científico e deixou de lado o misticismo da Alquimia.

2.1 MÉTODO CIENTÍFICO


A forma de trabalho de Boyle e Lavoisier são conhecidas atualmente como
o método científico. O método científico estabelece uma sequência a ser seguida a
fim de se comprovar uma hipótese, para isso há uma estrutura bem definida que
pode ser seguida em qualquer área das ciências e até mesmo no cotidiano. Veja a
estrutura a seguir:

FIGURA 2 – ESTRUTURA DO MÉTODO CIENTÍFICO

FONTE: O autor

5
UNIDADE 1 —INTRODUÇÃO À QUÍMICA

Note que a química atual está embasada na experimentação, então após


observar algum fenômeno, caracterizar um problema a ser solucionado e fazer um
levantamento de dados deve-se elaborar uma hipótese que possa responder ao
questionamento ligado ao problema. A verificação da hipótese se dá através de um
experimento. Ao comparar os resultados obtidos com a hipótese formulada dois ca-
minhos podem ser seguidos, caso os dados indiquem que a hipótese é verdadeira en-
tão teremos uma lei ou teoria. Caso a experimentação refute a hipótese nós voltamos
ao ponto de elaboração para uma nova hipótese até que a mesma seja verdadeira.

3 MODELOS ATÔMICOS
A química possui como objetivo estudar a matéria a suas transformações.
No entanto, do que a matéria é constituída? Essa é uma pergunta que sempre
intrigou muitos filósofos e cientistas ao longo dos anos.

O conceito do que constitui a matéria é algo que evoluiu com o passar dos
anos, principalmente pelo fato de que a ciência é algo em constante construção.
A descoberta de novas tecnologias levou ao desenvolvimento dos conhecimentos
ligados à interpretação da constituição da matéria.

Atualmente, muito se fala sobre os átomos e a pesquisa constante para
desvendar cada mistério do seu interior, mas até chegarmos neste nível de conhe-
cimento a humanidade caminhou um longo caminho, iniciado com os filósofos
gregos.

3.1 OS GREGOS E A CONSTITUIÇÃO DA MATÉRIA


Há pouco mais de 2500 anos, os filósofos gregos foram os primeiros a
sugerir e discutir sobre qual seria a constituição da matéria. Podendo-se destacar
as seguintes ideias:

• Tales de Mileto (c.624 a.C. – c.558 a.C.) – Propôs que todo o universo era com-
posto de água.
• Anaxímenes (c.585 a.C. – c.524 a.C.) – Acreditava que a base de tudo era o ar.
• Heráclito (c.540 a.C. – c.475 a.C.) – Este filósofo propôs que tudo era composto
de fogo.
• Empédocles (c.490 a.C. – c.435 a.C.) – Unificou os elementos água, ar e fogo ao
elemento terra, propondo a teoria dos quatro elementos, para ele essa teoria
era regida por amor (união) e ódio (separação).

Todavia, entre todas as concepções gregas a que merece certo destaque é a


proposta por Leucipo (c.480 a.C. – c.420 a.C.) e defendida por seu pupilo Demó-
crito (c.460 a.C. – c.370 a.C.). Para eles, por hipótese, ao fragmentar uma porção
de matéria sucessivas vezes ao meio chegaríamos em uma unidade imaginária,
invisível e indivisível, o átomo.

6
TÓPICO 1 —CONSTITUIÇÃO DA MATÉRIA

NOTA

A palavra átomo vem do grego ἄτομος, sendo a = não e tomos = partes, ou


seja, sem partes, melhor traduzido como indivisível, uma forma de expressar o conceito
abordado pelos filósofos Leucipo e Demócrito.

Posteriormente, a Leucipo e Demócrito tivemos a influência de


Aristóteles  (384  a.C. – 322 a.C.). Ele criticou a teoria atomística e retomou os
conceitos da teoria dos quatro elementos, expandindo-a. Para Aristóteles, os
quatro elementos mantinham uma relação entre si através de amor e ódio e essa
relação seria responsável pelas características seco, quente, úmido e frio.

FIGURA 3 – TEORIA DOS QUATRO ELEMENTOS

FONTE: <https://bit.ly/2zlA0ur>. Acesso em: 9 abr. 2020.

7
UNIDADE 1 —INTRODUÇÃO À QUÍMICA

É importante destacar que não se deve comparar os conhecimentos adqui-


ridos pelos filósofos gregos com os trabalhos sobre a constituição da matéria di-
fundidos a partir do Século XVIII, pois estes estavam embasado na experimenta-
ção, já as ideias dos filósofos gregos valorizavam as atividades mentais, visto que
trabalhos manuais eram característicos de escravos (NOVAIS; ANTUNES, 2016).

3.2 TEORIA ATÔMICA DE DALTON


O primeiro modelo atômico de destaque que surge após o século XVIII
é o modelo proposto pela teoria atômica do químico inglês John Dalton (1766-
1844). Não se pode estabelecer ao certo quais foram os tópicos que levaram ao
desenvolvimento desta teoria, visto que muitas eram as influências sobre ela,
porém, segundo Melzer e Aires (2015), dois pontos podem ser destacados:

• Dalton baseou sua proposta em uma teoria ligada a seus estudos acerca da
física proposta por Isaac Newton, ancorada no corpuscularismo newtoniano;
• E através de seus estudos sobre misturas gasosas, com todas as discussões e
críticas feitas pelos seus contemporâneos que o fizeram analisar e conceber
uma união entre a proposta Newtoniana de partícula com as propostas de
afinidade química, ambas apresentadas em sua época.

NOTA

O corpuscularismo é uma teoria física, estudada principalmente pelo cientista


inglês Isaac Newton (1643-1727), que propõe que a matéria é composta por partículas
minúsculas, denominadas corpúsculos. Essa teoria é similar à teoria atomística, porém, se
difere no fato de que, no caso dos corpúsculos, eles poderiam, em princípio, ser divididos.

Além disso, outra influência observada por Dalton para elaboração de


sua teoria foram as leis ponderais de Lavoisier (Lei da Conservação das Massas)
e Proust (Lei das Proporções Definidas). Por fim a teoria atômica de Dalton,
apresentada através de publicações do cientista entre os anos de 1804 e 1827,
apresenta as seguintes características:

• O átomo é formado por uma esfera corpuscular maciça e indivisível.


• Os elementos químicos são a junção de átomos com a mesma massa, tamanho
e propriedades.
• Os elementos químicos diferentes possuem propriedades diferentes, tais como
tamanho e massa.
• A combinação de átomos de elementos diferentes forma “átomos compostos”
(atualmente chamados de moléculas).

8
TÓPICO 1 —CONSTITUIÇÃO DA MATÉRIA

• Durante uma reação química os átomos não são criados, nem destruídos, são
reorganizados, formando novas substâncias.

O modelo atômico de Dalton proveniente de sua teoria atômica era


imaginado como sendo uma esfera maciça, indivisível e indestrutível, sendo que
esta representação do átomo ficou conhecida como Modelo da Bola de Bilhar.

FIGURA 4 – MODELO ATÔMICO DE DALTON

FONTE: O autor

3.3 TEORIA ATÔMICA DE THOMSON


A evolução das teorias atômicas é algo natural, visto que o avanço da
ciência permite chegar a conclusões que eram experimentalmente impossíveis no
passado. Segundo Novais e Antunes (2016, p. 85):

Apesar de a teoria atômica de Dalton, divulgada no início do século


XIX, ter sido importante para os avanços da Química e de ainda hoje
valer para a compreensão de inúmeros fenômenos que estudamos,
ela não permite explicar uma série de fatos experimentais, alguns dos
quais passaram a ser conhecidos durante o século XIX.

Dentre os fenômenos não explicados pela teoria atômica de Dalton,


podemos destacar o fato de ela não explicar a eletrização de corpos por atrito e as
reações químicas provocadas por passagem de corrente elétrica, ou seja, a teoria
de Dalton não explicava a natureza elétrica da matéria.

O responsável por introduzir a natureza elétrica da matéria foi Joseph


John Thomson (1856-1940), mas para que possamos entender seu trabalho,
precisamos falar sobre as pesquisas que ocorreram ao longo do século XIX.

Ao longo do século XIX, vários cientistas buscavam entender os fenômenos


elétricos e para isso realizavam experimentos com tubos de descarga elétrica.
Armazenados a baixas pressões, gases eram contidos nestes recipientes nos quais
eram realizadas descargas elétricas. A diminuição da pressão era realizada com
o uso de uma bomba de vácuo e o dentro dos tubos de vidro havia duas placas
metálicas (cátodo e ânodo) ligadas por fios a fontes de alta tensão, conforme o
esquema a seguir:

9
UNIDADE 1 —INTRODUÇÃO À QUÍMICA

FIGURA 5 – TUBO DE DESCARGA ELÉTRICA

FONTE: <https://bit.ly/2VOd12I>. Acesso em: 9 abr. 2020.

Um dos cientistas que realizou estes estudos foi William Crookes (1832-
1919). Ele realizou seus testes em baixíssimas pressões, e ao fazer isso, observou
que certa luminosidade aparecia na parede do tubo em frente ao cátodo. Então,
esses raios, que partiam em linha reta do cátodo na direção oposta a ele, foram
denominados de raios catódicos.

Thomson, ao trabalhar com raios catódicos, realizou algumas observações


importantes a respeito deles:

• eles possuíam massa, pois ao inserir dentro do tubo de vidro uma pequena
hélice se movia com a incidência dos raios catódicos;
• uma pequena cruz dentro do tubo de vidro era capaz de deter os raios catódicos,
formando uma sombra sobre na parede de vidro;
• os raios catódicos mudavam de direção ao serem colocados entre duas placas
carregadas, desviando-se em na direção da placa positiva;
• independentemente do gás utilizado no tubo de vidro a relação entre carga e
massa era sempre a mesma.

Assim, Thomson concluiu que:

• os raios catódicos são formados por feixes de partículas carregadas negativa-


mente;
• todos os átomos da matéria possuem estas partículas (conhecidas como elé-
trons).
• como os corpos são neutros, Thomson propôs que o átomo deveria ser formado
por uma massa de carga positiva de mesmo valor, porém de sinal contrário a
soma das cargas dos elétrons (cargas negativas) que estavam incrustados nele.

O modelo atômico proposto por Thomson ficou conhecido como Modelo


do Pudim de Passas e se assemelha ao que é apresentado na imagem a seguir:

10
TÓPICO 1 —CONSTITUIÇÃO DA MATÉRIA

FIGURA 6 – MODELO ATÔMICO DE THOMSON

FONTE: O autor

3.4 TEORIA ATÔMICA DE RUTHERFORD


O modelo atômico de Thomson foi bem aceito por muitos anos, porém,
depois do início do século XX, Ernest Rutherford (1871-1937) e alguns colaborado-
res, através de alguns experimentos realizados na Inglaterra, propuseram um novo
modelo atômico que levaria à substituição do modelo de Thomson (RUSSEL, 2002).

TUROS
ESTUDOS FU

A descoberta da radioatividade

Em 1890, descobriu-se que certos elementos são radioativos. Isto significa que eles emitem
radiação de alta energia, da qual há três tipos: partículas alfa (α), partículas beta (β)e raios
gama (γ).

FONTE: RUSSELL, J. B. Química geral. 2. ed. São Paulo: Makron Books, 2002. v. 1.

Rutherford, junto aos cientistas E. Marsden e H. Geiger, realizaram


uma experiência em que um fluxo de partículas alfa, emitida por uma amostra
de polônio radioativo, atingia folhas finas de diversos materiais. Os cientistas
observaram, segundo Russel (2002, p.236), que
[...] embora muitas partículas atravessassem as folhas em linha
reta, algumas foram espalhadas ou desviadas da linha reta. Os três
cientistas ficaram intrigados pelo espalhamento da partícula alfa (o
que causou o desvio e por que somente algumas das partículas foram
desviadas?) e projetaram um aparelho para medir o ângulo do desvio
sofrido pelas partículas alfa, quando estas passavam através de uma
folha extremamente fina de ouro.

O experimento descrito é apresentado na figura a seguir.

11
UNIDADE 1 —INTRODUÇÃO À QUÍMICA

FIGURA 7 – EXPERIMENTO DE RUTHERFORD

FONTE: <https://bit.ly/3f4Gzlq>. Acesso em: 11 abr. 2020.

Note que o experimento consiste em (1) uma amostra de polônio den-


tro de (2) um bloco de chumbo provido de uma abertura estreita e partindo da
amostra dentro do bloco há (3) um feixe de partículas alfa que vão em direção (5)
a uma finíssima lâmina de ouro (0,0001 mm de espessura). Ao atingir a lâmina
no ponto 6, observa-se que (7) grande parte das partículas alfa atravessa a lâmina
com pouco ou nenhum desvio e atinge (4) um anteparo revestido por uma cama-
da de sulfeto de zinco (ZnS) fosforescente onde é detectada com a formação de
uma marcação.

Os resultados eram interessantes, pois, mesmo como pouquíssimos


desvios ocorridos, a amplitude dos ângulos ia de valores muito pequenos até
valores acima de 90°. Fato que intrigou os cientistas, pois de acordo com o modelo
de Thomson, as partículas alfa deveriam atravessar sem desvio (Figura 8).

FIGURA 8 – RESULTADO ESPERADO PARA O MODELO DE THOMSON

FONTE: Adaptado de <https://bit.ly/2W6DCYS>. Acesso em: 11 abr. 2020.

12
TÓPICO 1 —CONSTITUIÇÃO DA MATÉRIA

De acordo com o modelo de Thomson, Rutherford já esperava que as


partículas alfa atravessassem sem sofrer desvio:

Ele raciocinou que isto ocorreria se a massa e carga elétricas positiva


e negativa estivessem espalhadas mais ou menos ao acaso através de
cada átomo na folha. Tal distribuição difusa de massa poderia significar
que nada seria muito sólido para uma partícula alfa atravessar, e a
carga positiva carregada pela partícula não seria influenciada por
nenhuma concentração alta de carga positiva ou negativa localizada
na folha (RUSSEL, 2002, p. 237).

A partir dos dados obtidos, em 1911, Rutherford propôs um novo modelo


atômico baseado nas interpretações dos resultados observado na experiência,
conforme a Tabela 1.

TABELA 1 – DADOS DA EXPERIÊNCIA DE RUTHERFORD


OBSERVAÇÃO INTERPRETAÇÃO
A maioria das partículas alfa (α)
atravessou a folha de ouro sem sofrer O átomo é principalmente espaço vazio.
nenhuma deflexão.

Algumas partículas alfa (α) foram Há um núcleo carregado com carga


positiva, assim como as partículas alfa
defletidas com pequenos ângulos. (α)
Ocasionalmente, uma partícula alfa (α) O núcleo do átomo concentra
retorna ao atingir a folha de ouro. praticamente toda sua massa.
FONTE: O autor

Para Rutherford, o átomo então possuía duas regiões distintas, o núcleo


que possuía carga positiva e concentrava praticamente toda massa do átomo
e a região em volta dele, chamada de eletrosfera, em que os elétrons de carga
negativa circulavam.

FIGURA 9 – MODELO ATÔMICO DE RUTHERFORD

FONTE: O autor

13
UNIDADE 1 —INTRODUÇÃO À QUÍMICA

NTE
INTERESSA

Para que você tenha uma ideia da relação entre o tamanho do átomo e o
tamanho do núcleo, imagine o seguinte: se aproximássemos a visualização do átomo ao
ponto de que o núcleo atômico possuísse o tamanho de uma bola de tênis, o diâmetro do
total átomo seria de aproximadamente 6,4 km.

Afinal de contas, do que é composto o núcleo atômico?

Em 1914, Rutherford demonstrou a existência de uma partícula que tem


uma massa muito maior do que o elétron e tem a carga igual em gran-
deza à de um elétron, mas de sinal oposto, isto é, positivo ao invés de
negativo. Rutherford sugeriu que a carga positiva de um núcleo atômi-
co se deve à presença de um número destas partículas, que em 1920 ele
denominou prótons (RUSSEL, 2002, p. 238-239, grifo do autor).

Rutherford observou que os prótons descreviam apenas cerca de metade


da massa nuclear. Ele sugeriu a existência de outra partícula, também presente no
núcleo, de massa aproximada ao dos prótons e sem carga. Todavia, essa partícula
só foi descoberta em 1932 pelo físico britânico James Chadwick (1891-1974) e
denominada nêutron (BRADY; HUMISTON, 1986).

O modelo de Rutherford é ainda útil nos dias de hoje, de forma didática,


porém, ele acabou apresentando uma contradição que levou a modificação deste
modelo. Essa contradição consiste no fato de que, se elétrons de carga negativa
circulam um núcleo de carga positiva, eles deveriam perder energia na forma
de radiações eletromagnéticas e percorrer uma trajetória espiralada até atingir o
núcleo, fato que não ocorre.

FIGURA 10 – CONTRADIÇÃO DO MODELO DE RUTHERFORD

FONTE: Adaptado de: <https://bit.ly/35nXVoQ>. Acesso em: 11 abr. 2020.

14
TÓPICO 1 —CONSTITUIÇÃO DA MATÉRIA

3.5 TEORIA ATÔMICA DE BOHR


Apesar de ser revolucionário, o modelo atômico de Rutherford não pôde
explicar o comportamento dos elétrons que circulavam o núcleo atômico. Esse
comportamento só foi explicado em 1913, pelo físico dinamarquês Niels Henrik
David Bohr (1885-1962).

Segundo Nahra (2018), Bohr propôs alguns postulados que fundamentavam
seu modelo atômico, sendo eles apresentados a seguir:

• Os elétrons percorrem órbitas circulares ao redor do núcleo, denominadas


órbitas estacionárias.
• Cada órbita circular apresenta uma energia constante. Logo, os elétrons não
absorvem nem emitem energia ao descreverem uma órbita estacionária.
• Os elétrons são capazes de ocupar apenas os níveis que contêm uma certa
quantidade bem definida de energia, levando em conta valores exatos de
energia de acordo com a órbita estacionária na qual se encontram. Os elétrons
não possuiriam, portanto, a capacidade de ocupar estados intermediários de
energia.
• Os elétrons localizados em órbitas mais afastadas do núcleo possuiriam
maiores valores de energia.
• Ao absorver certa quantidade de energia, o elétron deve saltar para uma órbita
mais energética. Ao retornar à sua órbita original, o elétron libera o mesmo
valor de energia que foi absorvido no salto quântico. A liberação de energia,
conhecida como fóton, ocorre na forma de onda eletromagnética. Essa energia
apresenta um valor idêntico à diferença de energia entre as órbitas circulares
em questão.

NOTA

Postulado é uma afirmação ou fato que se toma como ponto de partida de


uma argumentação e que não possui necessidade de demonstração.

Considerando os postulados, o modelo de Bohr pode ser representado


pela Figura 11.

15
UNIDADE 1 —INTRODUÇÃO À QUÍMICA

FIGURA 11 – MODELO ATÔMICO DE BOHR

FONTE: <https://bit.ly/2KRDw21>. Acesso em: 11 abr. 2020.

Bohr introduziu o conceito de energia quantizada ao átomo, ou seja,


os elétrons só poderiam ocupar determinados níveis de energia. Estes níveis,
numerados de 1 a 7, são representados pelas letras, K, L, M, N, O, P e Q. Os níveis
mais internos possuem menor energia e os mais externos, maior energia. Assim,
ao saltar de um nível mais interno para um mais externo o elétron precisaria
absorver energia, este estado é denominado de estado excitado. Quando este
mesmo elétron retorna para seu nível de origem ele precisa liberar esta energia,
na forma de radiação eletromagnética, sendo este estado denominado estado
fundamental.

DICAS

Os saltos quânticos realizados pelos elétrons explicam a coloração dos fogos


de artifícios e das cores das luzes de letreiros luminosos. Cada elemento químico possui
órbitas com diferentes valores de níveis de energia, consequentemente ao retornar para
o estado fundamental, os elétrons irão liberar uma quantidade de energia na forma de
luz visível que será característica do átomo. Você pode saber mais sobre este assunto
acessando https://bit.ly/2KRDw21 e/ou https://bit.ly/2SLnCe0.

O modelo de Bohr, apesar de uma contribuição importante, também


apresentou limitações. Segundo Tenfen e Tenfen (2017, p. 227) há:

[...] uma falha séria no poder descritivo do modelo atômico de Bohr: a


incapacidade de descrição quantitativa dos espectros de emissão para
átomos com mais de um elétron. Ainda que o modelo possua grande
mérito na descrição das energias de estados fundamentais e energias de
ionização para átomos com poucos elétrons, a referida falha surge de
forma natural, pois a mecânica clássica, utilizada fortemente no modelo
de Bohr, limita a descrição dos estados estacionários dos átomos.

16
TÓPICO 1 —CONSTITUIÇÃO DA MATÉRIA

Didaticamente, os modelos de Rutherford e Bohr são comumente


utilizados como modelo Rutherford-Bohr em sala de aula, a fim de simplificar a
compreensão do modelo atômico. Todavia, o modelo atual leva em consideração
a contribuição de outros cientistas.

3.6 MODELOS ATÔMICO ATUAL


O modelo atômico atual é uma grande colaboração entre os cientistas
Erwin Schrödinger (1887-1961), Louis Victor de Broglie (1892-1987) e Werner Hei-
senberg (1901-1976). A partir de uma nova visão, denominada de mecânica ondu-
latória, eles reuniram todos os conhecimentos já adquiridos por outros cientistas,
como os citados até agora, e desenvolveram uma nova teoria do modelo atômico.

E
IMPORTANT

A mecânica quântica estabelece que só é possível estudar o comportamento de


sistemas microscópicos em termos de “probabilidades”. Assim, não é permitido utilizarmos
expressões, como a trajetória de um elétron, mas sim a região de maior probabilidade
de se encontrar um elétron, que é o orbital atômico, passando esses sistemas a serem
descritos por uma função de onda, representada pela letra grega Ψ (Psi).

FONTE: OLIVEIRA, Ótom Anselmo de; FERNANDES, Joana D’arc Gomes. Arquitetura
Atômica e Molecular: o modelo atômico atual e os números quânticos. Natal: EDUFRN,
2006. 280 p. Disponível em: https://docente.ifrn.edu.br/denilsonmaia/o-modelo-atomi-
co-atual. Acesso em: 8 maio 2020.

Basicamente, este modelo leva em consideração o princípio da incerteza


de Heisenberg e o princípio de dualidade de Broglie, onde qualquer corpúsculo
atômico teria um comportamento de onda ou partícula. Enquanto isso,

[...] Schrödinger formulou uma equação de onda para descrever o com-


portamento de sistemas microscópicos, em que considerava o comporta-
mento dualístico de uma partícula se movimentando em três dimensões
de se encontrar num instante qualquer um dado elétron numa determina-
da região do espaço (OLIVEIRA; FERNANDES, 2006, p.2).

Assim, a ideia que se tinha sobre as órbitas acabou ficando incoerente e


foi substituída pelo conceito de probabilidade, em que se podia determinar uma
região provável para encontrar os elétrons.

17
UNIDADE 1 —INTRODUÇÃO À QUÍMICA

FIGURA 12 – MODELO ATÔMICA ATUAL

FONTE: Adaptado de: <https://bit.ly/2A5ikU1>. Acesso em: 8 maio 2020.

A composição da matéria passou por diversas transformações, indo da


teoria dos quatro elementos ao átomo indivisível, passando pela apresentação de
um átomo carregado eletricamente e até mesmo se tornando descontínuo, mas to-
das as contribuições levaram ao que é o átomo atualmente, uma estrutura regida
por mecânica quântica extremamente complexa. Lembre, acadêmico, as ciências
estão em constante transformação e quanto mais avançamos em termos de conhe-
cimento e tecnologia, a concepção de átomo poderá acompanhar este avanço se
transformar em algo diferente no futuro.

É importante saber que podemos ir além de prótons, nêutrons e elétrons


na representação do átomo. Sabemos que existem estruturas ainda menores e
mais elementares, chamadas de quarks e léptons, estudadas pela Física de Par-
tículas. Estas partículas elementares são responsáveis pela estrutura de prótons
e nêutrons. Os elétrons são a mais conhecida representação dos léptons. Não se
conhece algo além desse ponto em nível subatômico. Para saber mais sobre este
assunto veja a leitura complementar ao final deste tópico.

4 ESTRUTURA ATÔMICA
O átomo de forma didática, como foi descrito anteriormente, é trabalhado
com o modelo Rutherford-Bohr, portanto, é importante relembrar algumas
informações:

TABELA 2 – COMPOSIÇÃO DO ÁTOMO


CARGA ELÉTRICA MASSA
REGIÃO PARTÍCULA SÍMBOLO MASSA (kg)
RELATIVA RELATIVA
Próton p+ 1 1 1,6725.10-27
Núcleo
Nêutron n 0 1 1,6748.10-27
Eletrosfera Elétron e- -1 1/1836 9,1096.10-31
FONTE: O autor

18
TÓPICO 1 —CONSTITUIÇÃO DA MATÉRIA

Através destas informações, é possível de se obter outros dados impor-


tantes, como número atômico, número de massa e massa atômica.

4.1 NÚMERO ATÔMICO, NÚMERO DE MASSA E MASSA


ATÔMICA
O número atômico, representado por Z, é igual à quantidade de prótons
presentes num determinado átomo. Este número é uma espécie de “impressão
digital” do átomo, sendo que cada um deles possuirá um número diferente.
Dessa forma nunca existirá dois átomos de elementos diferentes que possuam o
mesmo número atômico.

Z = nº de prótons (p⁺)

NOTA

O símbolo Z atribuído ao número atômico deve-se à palavra alemã “Zahl”, que


significa “número”. Este número corresponde à ordem dos elementos químicos na Tabela
Periódica.

O número de massa, representado por A, indica a soma do número de


prótons (p+) e nêutrons (n) presentes no núcleo atômico.

A = p++n

Considerando que o número atômico é igual ao número de prótons, a
equação poderia ser reescrita assim:

A=Z+n

Note que isolando o n na equação é possível chegar ao número de nêutrons


do átomo.

A massa atômica (MA), que representa a massa de um átomo, normalmente


é “expressa pelo uso de uma unidade extremamente pequena, chamada de
unidade de massa atômica, abreviada u [...]” (RUSSEL, 2002, p. 74), sendo que
a unidade de massa atômica (u) equivale a 1/12 avos da massa do isótopo de
carbono-12 (O conceito de isótopos será trabalhado mais a frente). A título de
conhecimento, 1u equivale aproximadamente a 1,66.10-24g.

19
UNIDADE 1 —INTRODUÇÃO À QUÍMICA

A massa atômica apresentada na tabela periódica é obtida por uma


média ponderal, considerando a abundância e as massas de todos os isótopos do
elemento presentes na natureza, veja o exemplo a seguir:

TABELA 3 – ABUNDÂNCIA DOS ISÓTOPOS DE OXIGÊNIO


ISÓTOPO MASSA ATÔMICA (u) ABUNDÂNCIA (%)
Oxigênio – 16 15,9949 99,76
Oxigênio – 17 16,9991 0,03
Oxigênio – 18 17,9991 0,21
FONTE: Adaptado de: <https://bit.ly/3dw3Xa2>. Acesso em: 8 maio 2020.

Considerando os dados, podemos calcular a média ponderal da seguinte


forma:

Para o nosso exemplo:

Cuidado para não confundir a massa atômica com o número de massa.


Apesar de os números coincidirem, a massa atômica também considera a massa
dos elétrons presentes no átomo. Lembre-se, porém, de que os elétrons possuem
massa praticamente desprezível dessa forma não interferem significativamente
no valor da massa atômica, o que justifica a coincidência de valores.

4.1.1 Elementos químicos e sua representação


Os elementos químicos são definidos como grupos de átomo que pos-
suem no seu núcleo o mesmo número de prótons, ou seja, o mesmo número atô-
mico. Sob outra perspectiva, os átomos são a menor representação de um elemen-
to químico.

A União Internacional de Química Pura e Aplicada (IUPAC – Internatio-


nal Union of Pure and Applied Chemistry) determina a forma correta de representar
um elemento químico, conforme é apresentado na imagem a seguir.

20
TÓPICO 1 —CONSTITUIÇÃO DA MATÉRIA

FIGURA 13 – REPRESENTAÇÃO DOS ELEMENTOS

FONTE: O autor


O nome dos elementos tem várias origens, alguns derivam de palavras em
latim, outro de nomes de planetas, cientistas ou até mesmo locais de descoberta.
Consequentemente seus símbolos têm base nos seus nomes e são representados
por uma ou duas letras, sendo que a primeira letra está sempre em maiúsculo e
a segunda em minúsculo. Estes símbolos são encontrados na Tabela Periódica.

DICAS

Para saber mais sobre a história dos elementos químicos, acesse os dois
infográficos criados pelo site Compound Interest (www.compoundchem.com) que são
disponibilizados a seguir:

Descoberta dos Elementos – https://bit.ly/3cb8tcL


Origem dos Nomes dos Elementos – https://bit.ly/2XG5ofr

4.2 ÍONS
Naturalmente, os átomos tendem a ganhar ou perder elétrons devido à
necessidade de adquirirem estabilidade. Esta estabilidade, no geral, está ligada
a Teoria do Octeto, que será abordada ainda nesta unidade, mas que de forma
resumida indica que para um átomo estar estável ele precisa possuir 8 elétrons na
camada mais externa da sua eletrosfera, denominada Camada de Valência.

Quando átomos neutros ganham ou perdem elétrons eles são denominados


íons, de forma mais específica, ao ganharem elétrons eles se tornam ânions e ao
perderem se tornam cátions.

Ânions são frutos de átomos neutros que ganharam elétrons e são


representados com a utilização de uma carga de sinal negativo, conforme é
21
UNIDADE 1 —INTRODUÇÃO À QUÍMICA

apresentado na Figura 14. O que geralmente causa grande confusão é: se eles


ganham elétrons porque o sinal da carga é negativo? Veja a figura a seguir:

FIGURA 14 – ÁTOMO DE OXIGÊNIO PERDENDO ELÉTRONS

FONTE: O autor

Note que no átomo neutro há uma igualdade de cargas positivas e


negativas, ou seja, o número de prótons é igual ao número de elétrons. Quando
este átomo ganha 2 elétrons o balanceamento de carga se torna diferente. A carga
que se encontra em excesso é a negativa, mas especificamente 2-. Neste caso o
átomo de oxigênio 168 O será representado como 168 O2-.

Para os cátions, onde há perda de elétrons, temos a representação como o


sinal positivo, o que acaba gerando uma pergunta similar: se há perda de elétrons,
qual o motivo do sinal positivo?

22
TÓPICO 1 —CONSTITUIÇÃO DA MATÉRIA

FIGURA 15 – ÁTOMO DE SÓDIO GANHANDO ELÉTRONS

FONTE: O autor

Assim como os ânions, os cátions apresentam uma diferença entre cargas


positivas e negativas. Neste caso, há um excesso de cargas positivas. No nosso
exemplo apresentado na Figura 15, o cátion de magnésio apresenta dois prótons
a mais que elétrons, sendo assim, o átomo 21
12 Mg ao perder elétrons será represen-
tado como 21
12 Mg .
2+

4.3 SEMELHANÇAS ATÔMICAS


Ao apresentar a determinação da massa atômica a palavra isótopo
apareceu, porém não foi definida. Portanto, antes de defini-la vamos abordar um
pouco este tema.

Segundo Bustillos (2019, p. 42), “o primeiro cientista que descobriu


a existência dos isótopos foi J. J. Thomson em 1912. Ele mesmo construiu um
espectrômetro de massas e explorou os íons positivos de Neônio, ele descobre a
existência de dois isótopos Ne-20 e Ne-22”. É importante destacar, porém, que
a denominação isótopo só foi introduzida em 1913 por Frederick Soddy (1877-
1956), químico inglês que ganhou o Nobel de química em 1921 por seus trabalhos
envolvendo isótopos radioativos. Outro grande nome por trás do estudo dos
isótopos foi o físico e químico britânico Francis William Aston (1877-1945),
ganhador do Nobel de química de 1922, pela descoberta de isótopos de grande
número de elementos não radioativos (MEDEIROS, 1999).

23
UNIDADE 1 —INTRODUÇÃO À QUÍMICA

DICAS

Para saber mais sobre a descoberta dos isótopos leia o artigo Aston e a
descoberta dos Isótopos, escrito por Alexandre Medeiros e publicado pela revista Química
Nova na Escola. Acesse pelo link https://bit.ly/3bpgM4b.

Afinal de contas, o que são isótopos? Isótopos são átomos que possuem o
mesmo número de prótons, porém apresentam diferentes números de massa. A iso-
topia não é a única semelhança atômica que pode se apresentar entre dois ou mais
átomos, além dela podemos falar sobre isóbaros, isótonos e isoeletrônicos. Na tabela
a seguir, você pode verificar cada uma das semelhanças atômicas e suas definições.

TABELA 4 – SEMELHANÇAS ATÔMICAS

FONTE: O autor

4.4 DISTRIBUIÇÃO ELETRÔNICA


Os elétrons são distribuídos na eletrosfera por níveis (K, L, M, N, O, P
e Q) e subníveis (s, p, d e f), respeitando a ordem de aumento da energia, de
acordo com um diagrama de distribuição proposto pelo químico estadunidense
Linus Carl Pauling (1901-1994). Este diagrama é conhecido como Diagrama de
Linus Pauling, ou simplesmente Diagrama de Pauling.

24
TÓPICO 1 —CONSTITUIÇÃO DA MATÉRIA

Antes de apresentar o diagrama proposto por Pauling, é importante


destacar que este diagrama considera uma quantidade máxima de elétrons que
cada nível e subnível comporta.

TABELA 5 – NÚMEROS MÁXIMOS DE ELÉTRONS POR NÍVEL

FONTE: O autor

TABELA 6 – NÚMEROS MÁXIMOS DE ELÉTRONS POR SUBNÍVEL

FONTE: O autor

Considerando o aumento de energia de níveis e subníveis, o Diagrama de


Pauling se organiza da seguinte maneira:

25
UNIDADE 1 —INTRODUÇÃO À QUÍMICA

FIGURA 16 – DIAGRAMA DE LINUS PAULING

FONTE: Adaptado de: <https://bit.ly/2T2rhEd>. Acesso em: 10 maio 2020.

A distribuição eletrônica deve seguir a sequência apresentada pela seta


do diagrama. Conforme os níveis e subníveis de menor energia são preenchidos
a sequência segue para os de maior energia.

Ao fazer a distribuição eletrônica para átomos neutros devemos lembrar


que o número de elétrons é igual ao número de prótons, e este é igual ao número
atômico. Portanto, por exemplo, para o elemento níquel (28Ni) teríamos a seguinte
distribuição:

FIGURA 17 – DISTRIBUIÇÃO ELETRÔNICA DO NÍQUEL

FONTE: O autor
26
TÓPICO 1 —CONSTITUIÇÃO DA MATÉRIA

A partir desta distribuição podemos fazer algumas observações:

• Seguindo o Diagrama de Linus Pauling, deve-se preencher cada subnível até


que se atinja a quantidade de elétrons desejada, porém, lembre-se que cada
um dos subníveis possui um limite de elétrons que eles comportam (veja
novamente a tabela 5). O subnível pode ser preenchido com uma quantidade
inferior ao limite, mas nunca com uma quantidade superior.
• O maior nível de energia apresentado na distribuição representa a Camada de
Valência. Ela se refere à camada mais externa de um átomo.
• O último subnível no qual foram distribuídos elétrons é chamado de subnível
mais energético.

Ao distribuir elétrons para íons deve-se se tomar cuidado, pois, para os


ânions há a adição de elétrons, consequentemente estes elétrons também deverão
ser distribuídos, apenas continuando a sequência do diagrama. Já para os cátions,
onde há perda de elétrons, devemos nos ater ao fato de que os elétrons devem ser
retirados da camada de valência.

Vamos verificar um exemplo de cátion utilizando o elemento níquel, já


apresentado anteriormente. O níquel perde elétrons e se torna um cátion com
carga trivalente, ou seja, se torna 28Ni31 .

FIGURA 18 – DISTRIBUIÇÃO ELETRÔNICA DO CÁTION DE NÍQUEL

FONTE: O autor

27
UNIDADE 1 —INTRODUÇÃO À QUÍMICA

Note que, ao remover os 3 elétrons do átomo de níquel, primeiramente


retiramos da camada de valência, porém, ela só possuía 2, consequentemente, a
camada mais externa passou a ser a camada 3, sendo assim o elétron que ainda
precisava ser retirado foi removido dela.

4.5 NÚMERO QUÂNTICOS


Segundo Brady e Humiston (1986, p. 91), “cada orbital em um átomo
possui uma energia característica e é visto como uma descrição da região em
torno do núcleo onde se espera poder encontrar os elétrons”. Lembre-se de que,
conforme foi apresentado anteriormente, estes orbitais estão em consonância com
o modelo atual, portanto, são representados por funções de onda. Já estas funções
de onda que descrevem os orbitais são caracterizadas por três números quânticos
com a adição de um outro número quântico decorrente do comportamento do
elétron no orbital.

TABELA 7 – NÚMEROS QUÂNTICOS

NÚMERO QUÂNTICO SÍMBOLO DEFINIÇÃO

Número Quântico Principal n Refere-se ao nível.

Número Quântico Secundário ou


Refere-se ao subnível.
Azimutal

Número Quântico Magnético m Refere-se ao orbital.

Refere-se ao
Número Quântico de Spin s comportamento de giro do
elétron.

FONTE: Adaptado de Brady e Humiston (1986, p. 91)

O número quântico principal possui valor máximo igual a 7, já que os


elementos conhecidos até o momento possuem no máximo essa quantidade de
níveis de energia, que são representados pelas letras K, L, M, N, O, P e Q, indo da
camada mais próxima ao núcleo para a mais distante. Cada uma destas camada
correspondem, respectivamente, aos números 1, 2, 3, 4, 5, 6 e 7.

O número quântico secundário está vinculado aos quatro subníveis


conhecidos, sendo que cada um deles é representado por um número, conforme
a tabela a seguir.

28
TÓPICO 1 —CONSTITUIÇÃO DA MATÉRIA

TABELA 8 – NÚMERO QUÂNTICO SECUNDÁRIO

SUBNÍVEL NÚMERO QUÂNTICO SECUNDÁRIO

s 0

p 1

d 2

f 3

FONTE: O autor

Já o número quântico magnético está relacionado ao orbital no qual


o elétron se encontra. O número de orbitais está diretamente relacionado ao
subnível, veja a tabela a seguir.

TABELA 9 – NÚMERO QUÂNTICO MAGNÉTICO

NÚMERO DE
SUBNÍVEL NÚMERO QUÂNTICO MAGNÉTICO
ORBITAIS

s 1

p 3

d 5

f 7

FONTE: O autor

O número quântico de spin refere-se ao sentido de rotação do


elétron dentro do orbital, sendo que cada orbital comporta no máximo dois
elétrons. Lembre-se de que os elétrons possuem carga negativa, porém, como
dois elétrons podem ficar confinados num orbital se possuem cargas de mesmo
sinal? A explicação está no fato de cada um deles girarem em sentidos opostos, o
que gera uma força de atração magnética. O que fundamenta o comportamento
destes elétrons é o Princípio da Exclusão de Pauli.

O Princípio da Exclusão de Pauli “estabelece que num mesmo átomo,


dentro de um orbital, não há elétrons com mesmos números quânticos, ou seja,
29
UNIDADE 1 —INTRODUÇÃO À QUÍMICA

que férmions idênticos não ocupam o mesmo estado quântico” (BARRETOS;


BARROS, 2019, p.1). Assim, os elétrons podem ter os mesmos números de n, , e
m, porém apresentarão s diferente quando ocuparem o mesmo orbital.

Os elétrons dentro dos orbitais são representados por setas. Por convenção
adotaremos que o número quântico de spin para cima como sendo +½ e para
baixo –½.

FIGURA 19 – NÚMERO QUÂNTICO DE SPIN

FONTE: <https://bit.ly/2Z4M6Tp>. Acesso em: 10 maio 2020.

Quanto à ordem de preenchimento dos orbitais, devemos seguir a Regra


de Hund, que diz o preenchimento dos orbitais de um subnível deve ser feito
de uma forma que contenha o maior número possível de elétrons isolados
(desemparelhados). Por este motivo, deve-se preencher primeiro os orbitais,
colocando somente as setas para cima, e depois voltamos preenchendo as setas
para baixo.

FIGURA 20 – APLICAÇÃO DA REGRA DE HUND

FONTE: O autor

30
TÓPICO 1 —CONSTITUIÇÃO DA MATÉRIA

Os números quânticos serão sempre utilizados para identificar o elétron


mais energético da distribuição eletrônica, portanto, vamos aplicar estas
informações em um exemplo: identificar os números quânticos do 26Fe.

• Primeiramente devemos fazer a distribuição eletrônica seguindo o Diagrama


de Linus Pauling. Como o átomo de ferro está neutro, então o número de
prótons é igual ao número de elétrons e o número atômico é igual ao número
de prótons, portanto, Z ­– p+– e⁻ . Como o número atômico é 26, então, o
número de elétrons a ser distribuídos é 26. Fazendo a distribuição temos:
1s2 2s2 2p6 3s2 3p6 4s2 3d6. Lembre-se de que o elétron mais energético é o último
na sequência da distribuição, neste caso, é o que pertence ao 3d6.

• Sabendo onde está o elétron mais energético podemos identificar os números


quânticos. Veja a figura a seguir.

FIGURA 21 – IDENTIFICAÇÃO DOS NÚMEROS QUÂNTICOS DO FERRO

FONTE: O autor

Utilizando a lógica contrária, ao saber os números quânticos você


determina nível, subnível, número de elétrons e sentido de rotação do elétron
e pode fazer a distribuição eletrônica até chegar aos valores obtidos, assim
identificando o elemento ao qual estes números quânticos pertencem.

31
UNIDADE 1 —INTRODUÇÃO À QUÍMICA

LEITURA COMPLEMENTAR

O MODELO PADRÃO DA FÍSICA DE PARTÍCULAS

Marco Antonio Moreira

O chamado Modelo Padrão das partículas elementares não é propriamente


um modelo, é uma teoria. E das melhores que temos. Aliás, na opinião de muitos
físicos, a melhor de todas sobre a natureza da matéria. Por exemplo, segundo
Gordon Kane (2003, p. 58), um físico teórico da Universidade de Michigan:

...o Modelo Padrão é, na história, a mais sofisticada teoria matemática


sobre a natureza. Apesar da palavra "modelo" em seu nome, o Modelo
Padrão é uma teoria compreensiva que identifica as partículas básicas
e específica como interagem. Tudo o que acontece em nosso mundo
(exceto os efeitos da gravidade) resulta das partículas do Modelo
Padrão interagindo de acordo com suas regras e equações.

De acordo com o Modelo Padrão,  léptons e quarks  são partículas


verdadeiramente elementares, no sentido de não possuírem estrutura interna.
Partículas que têm estrutura interna são chamadas de hádrons; são constituídas
de quarks:  bárions  quando formadas por três quarks ou três antiquarks,
ou mésons quando constituídas por um quark e um antiquark.

Há seis léptons (elétron, múon, tau, neutrino do elétron, neutrino do múon


e neutrino do tau) e seis quarks [quark up (u) quark down (d), quark charme (c),
quark estranho (s), quark bottom (b) e quark top (t)]. Todavia, os quarks têm uma
propriedade chamada  cor  e podem, cada um, apresentar três cores (vermelho,
verde e azul). Há, portanto, 18 quarks. Contudo, como a cada partícula corresponde
uma antipartícula, existiriam no total 12 léptons e 36 quarks.

O elétron é o lépton mais conhecido e o próton e o nêutron os hádrons


mais familiares. A estrutura interna do próton é uud, ou seja, dois quarks u e um
d; a do nêutron é udd, isto é, dois quarks d e um u. O méson π+ é formado por
um antiquark d e um quark u, o méson π- é constituído por um antiquark u e um
quark d. E assim por diante, ou seja, a grande maioria das chamadas partículas
elementares são hádrons e estes são formados por três quarks ou três antiquarks
(bárions) ou por um quark e um antiquark (mésons).

Em princípio, a teoria dos quarks, a Cromodinâmica Quântica, não proíbe


a existência de partículas com estrutura mais complexa do que três quarks, três
antiquarks ou um par quark-antiquark. Todavia, apenas recentemente físicos
experimentais têm apresentado evidências de partículas com cinco quarks, ou
seja, pentaquarks, como o teta mais, formado por quatro quarks e um antiquark.
Mas isso ainda depende de resultados experimentais adicionais.

32
TÓPICO 1 —CONSTITUIÇÃO DA MATÉRIA

Uma característica peculiar dos quarks é que eles têm carga elétrica
fracionária, (+2/3e) para alguns tipos e (-1/3e) para outros. No entanto,  quarks
nunca foram detectados livres, estão sempre confinados em hádrons, de tal modo
que a soma algébrica das cargas dos quarks que constituem um determinado
hádron é sempre um múltiplo inteiro de e. O próton, por exemplo, é formado por
dois quarks de carga (+2/3e) e um quark de carga (-1/3e) de modo que sua carga
é (+2/3, +2/3, -1/3)e, ou, simplesmente, e. Quer dizer, o quantum da carga elétrica
continua sendo e (1,6 x 10-19 0).

Resumindo, segundo o Modelo Padrão a grande quantidade de partículas


elementares até hoje detectadas, cerca de 300, em aceleradores/colisores de
partículas ou em raios cósmicos, pode ser agrupada em léptons, quarks e hádrons
ou em léptons e hádrons, visto que os quarks são constituintes dos hádrons ou,
ainda, em léptons, bárions e mésons, pois os hádrons podem ser divididos em
bárions e mésons.

FONTE: MOREIRA, Marco Antonio. O modelo padrão da física de partículas. Rev. Bras. Ensino
Fís., São Paulo, v. 31, n. 1, p. 1306.1-1306.11, abril 2009. Disponível em: https://bit.ly/302dke4.
Acesso em: 29 maio 2020.

33
RESUMO DO TÓPICO 1
Neste tópico, você aprendeu que:

• O estudo sobre a química das coisas inicia na pré-história com o domínio do


fogo.

• A Alquimia foi precursora da Química e tinha como objetivos principais


desenvolver a Pedra Filosofal e o Elixir da Longa Vida.

• De acordo com Aristóteles, se tinha a ideia inicial de que a matéria era


constituída pelos elementos fogo, ar, terra e água e que estes elementos
mantinham uma relação através das características quente, frio, seco e úmido.

• Dalton apresentou a matéria como sendo constituída por átomos que, na sua
concepção, eram esferas maciças, indestrutíveis e indivisíveis.

• O modelo atômico de Thomson introduziu a natureza elétrica da matéria ao


propor que os átomos são esferas de cargas positivas que possuem elétrons
incrustados, semelhante a um pudim de passa, nome pelo qual o modelo
ficou conhecido.

• Rutherford, em seu modelo atômico, propôs que os átomos possuíam duas


regiões distintas, núcleo (de carga positiva e que concentrava praticamente
toda massa do átomo) e eletrosfera (região onde se encontram os elétrons).

• Bohr apresentou postulados para um modelo atômico no qual a eletrosfera


possuía níveis de energia quantizada, ou seja, apresentavam somente valores
específicos de energia no qual os elétrons poderiam orbitar. Os elétrons
poderiam saltar de um orbital para outro ao receber ou ceder energia.

• O modelo atômico atual é uma contribuição de diversos cientistas e apresenta


conceitos de mecânica quântica, ondulatória e probabilidade.

• Átomos são representados utilizando o número atômico, que indica o número


de prótons, e o número de massa, que é a soma de prótons e nêutrons.

• Átomos neutros podem se tornar íons quando sua quantidade de elétrons é


modificada. Ao ganhar elétrons eles se tornam ânions (carga negativa) e ao
perder elétrons se tornam cátions (carga positiva).

• Átomos podem apresentar semelhanças atômicas. Dentre estas semelhanças


temos isótopos (mesmo número de prótons), isóbaros (mesmo número
de massa), isótonos (mesmo número de nêutrons) e isoeletrônicos (mesmo
número de elétrons).

34
• Os elétrons são distribuídos de acordo com o Diagrama de Linus Pauling que
respeita a ordem energética dos níveis e subníveis, assim como, seus limites
de elétrons. Nesta distribuição é possível identificar a camada de valência e o
subnível mais energético.

• O último elétron distribuído pode ser representado através de quatro números


quânticos, sendo eles: número quântico principal (nível), número quântico
secundário (subnível), número quântico magnético (orbital) e número
quântico de spin (sentido de rotação do elétron).

35
AUTOATIVIDADE

1 O método científico foi um dos marcos que representou a transição entre a


alquimia e a química. Considerando a importância da aplicação do método
científico e sua versatilidade para ser aplicado em diversas situações,
proponha uma situação cotidiana na qual possa aplicá-lo e destaque cada um
dos passos.

2 A Química faz parte de uma grande área, conhecida como Ciências da


Natureza, assim como a Biologia e a Física. Todas essas áreas estão em
constante evolução, visto que todos os dias novas descobertas são realizadas,
e essas descobertas complementam algo que já conhecemos ou refutam ideias
anteriores. Na Química, um grande exemplo de algo que a cada dia intriga
mais os cientistas e que os instiga a realizar novas pesquisas é o átomo.
Considerado a menor parte da matéria, ele já foi objeto de estudo de muitos
químicos e físicos. Dessa forma, indique as principais contribuições ao modelo
atômico propostas por Rutherford, assim como a forma como ele chegou a
estas definições.

3 As semelhanças atômicas permitem aos cientistas descobrir cada vez mais


informações sobre os elementos. Muitas vezes, em laboratório, podemos criar
isótopos de elementos que anteriormente não existiam na natureza e buscar
aplicações para ele. Considerando as semelhanças atômicas, determine o
número atômico e o número de massa e identifique os átomos A e B, que são
isóbaros e apresentam a seguinte representação:

4 Conhecer o número de elétrons de determinado elemento permite


estabelecer algumas relações entre os tipos de ligação que este pode realizar
e suas propriedades. É importante saber realizar a distribuição eletrônica,
pois assim podemos identificar os elétrons de valência, responsáveis por
estabelecer ligações. Portanto, realize a distribuição eletrônica das espécies
químicas a seguir:

5 Ao informar seu endereço para qualquer pessoa, normalmente, quatro


informações são essenciais para que você seja localizado: estado, cidade, rua
e número. Imagine que para o último elétron de uma distribuição eletrônica
isso também seja possível. Para isso, é comum o uso dos números quânticos,

36
sendo eles: o principal, o secundário, o magnético e o spin. Considerando seus
conhecimentos sobre este tema, indique os quatro números quânticos das
espécies químicas apresentadas na questão anterior.

6 Os números quânticos surgiram inicialmente com Bohr, através de seus


postulados, porém, só foram realmente compreendidos com advento da
mecânica quântica e as contribuições de Schrödinger e Dirac. Enquanto os
números principal, secundário e magnético são utilizados para descrever um
orbital, o número spin serve para definir completamente o estado de energia do
elétron no átomo. Conhecendo o valor desses números, é possível identificar
certo elemento, fazendo a distribuição eletrônica até atingir a configuração
desejada. Portanto, determine o elemento que possui os seguintes números
quânticos,

37
38
UNIDADE 1 TÓPICO 2 —

TABELA PERIÓDICA

1 INTRODUÇÃO

Caso você, acadêmico, tenha como passatempo colecionar algum tipo de


objeto, provavelmente já se deparou com a necessidade de criar uma ordem para
que sua coleção ficasse organizada, assim podendo encontrar qualquer item da
coleção sem problemas.

Desde quando o ser humano começou a moldar matéria e buscou


compreender a constituição dela, elementos foram descobertos. Muitos deles
foram descobertos e isolados pela alquimia, e com a química atual, esse número
só aumentou. Dessa forma, essa coleção de elementos, assim como qualquer
outra coleção, precisava de uma organização. Portanto, várias foram as tentativas
de organizar os elementos químicos até que se chegasse à organização atual. Essa
organização dos elementos químicos foi nomeada como Tabela Periódica.

O uso da palavra “periódica” não é em vão, pois, ao organizar os elementos


seguindo um determinado padrão, foi possível identificar propriedades que se
repetiam periodicamente. Este conhecimento permite a qualquer cientista prever
característica de compostos químicos e buscar a melhor aplicação para eles,
baseado nestas características. Ao longo deste tópico iremos abordar cada uma
dessas propriedades periódicas para que você possa compreender a importância
da construção da tabela para a área da Química.

Vamos iniciar nossos estudos com a evolução da organização dos


elementos. Assim, você pode compreender quais características foram essenciais
para cada tentativa e qual a contribuição deixada por ela para o modelo atual.

2 EVOLUÇÃO DA TABELA PERIÓDICA


Segundo Oliveira et al. (2015, p. 169), a Tabela Periódica,

[...] é um marco no desenvolvimento da capacidade humana em


buscar arranjar de forma organizada, sistematizada, crítica, prática
e concisa aquilo que é considerado relevante para todos, a fim de
tornar mais acessível as informações consideradas indispensáveis
ao entendimento de fatos, fenômenos ou acontecimentos. Esta é sem
dúvida a principal fonte de pesquisa e informação quando se deseja
buscar conhecer as características e propriedades dos elementos
químicos, e a forma como estes estão organizados é um facilitador na
obtenção destas informações.

39
UNIDADE 1 —INTRODUÇÃO À QUÍMICA

No entanto, antes de se obter a organização atual da tabela periódica,


ela passou por alguns modelos diferentes. As tentativas iniciais de organização
dos elementos químicos surgiram no século XVIII e levavam em consideração
características e propriedades destes elementos, foi neste período que Lavoisier,
em seu livro intitulado Tratado Elementar de Química, apresentou uma tabela
contendo 33 substâncias elementares, isto é que não podiam ser decompostas
em reações químicas, e das quais muitas fazem parte da tabela atual. Lavoisier
classificou tais elementos em quatro grupos: substâncias simples, metálicas, não
metálicas e salificáveis ou terrosas (OLIVEIRA et al., 2015).

Posteriormente, Johann W. Döbereiner (1780-1849), em 1829, tentou
organizar os elementos em grupos de três elementos, conhecidos como Tríades
de Döbereiner, considerando os valores aproximados de massa atômica dos
elementos que já haviam sido determinados (BATISTA, 2019).

FIGURA 22 – TRÍADES DE DÖBEREINER

FONTE: O autor

Na organização de Döbereiner, a massa atômica do elemento central era


a média das massas dos outros dois elementos. O problema desta organização
estava no fato de que muitos elementos não podiam ser agrupados desta maneira.

Outra tentativa de organizar os elementos foi feita pelo geólogo francês


Alexandre-Emile Béguyer de Chancourtois (1820-1886), em 1862. O modelo de
Chancourtois ficou conhecido como Parafuso Telúrico e consistia em organizar 16
elementos químicos por ordem crescente de massa atômica. Nesta organização os
elementos verticalmente alinhados possuíam propriedades semelhantes.

40
TÓPICO 2 —TABELA PERIÓDICA

FIGURA 23 – PARAFUSO TELÚRICO DE CHANCOURTOIS

FONTE: Adaptado de: <https://bit.ly/3e4qomD>. Acesso em: 15 maio 2020.

Em 1863, John Alexander Reina Newlands (1837-1898) propôs uma nova


classificação para os elementos conhecido como as Oitavas de Newlands. Esta
classificação organizava os elementos em ordem crescente de massa atômica e a
cada 8 elementos as propriedades se repetiam. Surge então uma relação periódica
bem interessante. Mesmo apresentando certas restrições, a classificação de
Newlands apresentou as ideias de grupos e períodos, e foi precursor do modelo
de Mendeleiev (BATISTA, [201-]).

TABELA 10 – OITAVAS DE NEWLANDS


OITAVAS
1ª 2ª 3ª 4ª 5ª 6ª 7ª 8ª
H F Cl Co/Ni Br Pd I Pt/Ir
Li Na K Cu Rb Ag Cs Os
G Mg Ca Zn Sr Cd Ba/V Hg
Bo Al Cr Y Ce/La U Ta Tl
C Si Ti In Zr Sn W Pb
N P Mn As Di/Mo Sb Nb Bi
O S Fe Se Ro/Ru Te Au Th
FONTE: O autor

41
UNIDADE 1 —INTRODUÇÃO À QUÍMICA

E
IMPORTANT

Perceba que a tabela proposta por Newlands apresenta alguns símbolos que,
atualmente, não aparecem na Tabela Periódica. Como o passar dos anos alguns elemen-
tos tiveram alteração de seu símbolo, um exemplo é o Berílio (Be). Na tabela de Newlands
ele é representado por “G”, pois compostos com Berílio costumam possuir sabor adocica-
do, e por esse motivo chegou a ser chamado de glucinum ou glucinium.

Julius Lothar Meyer (1830-1895) foi um químico alemão que fez


contribuições importantes para construção da tabela periódica. Segundo Batista
(2019, n.p.), Meyer,

[...] baseando-se principalmente nas propriedades físicas dos


elementos, fez uma nova distribuição segundo as massas atômicas. Ele
observou que entre elementos consecutivos, a diferença das massas
era constante e concluiu a existência de relação entre massa atômica e
propriedades de um grupo. Através do estudo proposto por Meyer foi
possível comprovar a existência de periodicidade, ou seja, ocorrência
de propriedades semelhantes em intervalos regulares.

Dmitri Ivanovic Mendeleiev (1834-1907) foi um químico e físico russo


que, em 1869, apresentou uma nova organização da Tabela Periódica. Apesar
de serem realizados em locais diferentes os trabalhos de Mendeleiev e Meyer
apresentavam semelhanças na organização dos elementos químicos. O diferencial
da organização da tabela de Mendeleiev estava nas lacunas que previram
elementos químicos até então ainda desconhecidos.

Mendeleiev organizou 63 elementos químicos conhecidos em colunas com


base em suas massas atômicas. Seu trabalho foi o mais completo, pois organizou
os elementos de acordo com suas propriedades e pôde reunir várias informações
de forma simples.

FIGURA 24 – TABELA PERIÓDICA DE MENDELEIEV

FONTE: Leite (2019, p. 704)

42
TÓPICO 2 —TABELA PERIÓDICA

“Até então, nada se sabia a respeito da constituição dos átomos, mas a


organização proposta por Meyer-Mendeleiev originou inúmeras investigações
para justificar a periodicidade dos elementos e constitui a base da atual Tabela
Periódica” (BATISTA, 2019, n. p.).

A organização atual da Tabela Periódica é fruto do trabalho do físico


britânico Henry Gwyn Jeffreys Moseley (1887-1915). Moseley, em 1913, atribuiu
números inteiros aos elementos químicos, que, posteriormente, corresponderiam
ao número de prótons no núcleo atômico. Assim, ele organizou a tabela de
Mendeleiev de acordo com os números atômicos e com isso removeu algumas
falhas que persistiam. Além disso, esta organização evidenciou a periodicidade
de propriedades químicas e físicas dos elementos.

A Tabela Periódica é constantemente atualizada com novas informações e


com acréscimo de novos elementos que são descobertos. Atualmente ela contém
118 elementos químicos, organizados em grupos e períodos. As mais recentes
adições a ela foram os elementos Nihonium (Nh), Moscovium (Mc), Tennessine
(Ts) e Oganesson (Og), que completaram a sétima linha da tabela.

FIGURA 25 – TABELA PERIÓDICA ATUAL

FONTE: <https://bit.ly/3bHeihL>. Acesso em: 15 maio 2020.

43
UNIDADE 1 —INTRODUÇÃO À QUÍMICA

DICAS

A construção da Tabela Periódica talvez nunca chegue a um final, porém,


somente o futuro dirá qual será o elemento mais pesado que ser humano será capaz de
criar. Para saber mais sobre os novos elementos e sobre o futuro da Tabela Periódica leia
o artigo Quatro Novos Elementos na Tabela Periódica de Mendeleev: o que muda na prá-
tica?, escrito por Caroline Deckmann Nicoletti e publicado na Revista Virtual de Química,
disponibilizado através do link: https://bit.ly/3bFIKJi.

3 ORGANIZAÇÃO DA TABELA PERIÓDICA


Os elementos da Tabela Periódica podem ser organizados de acordo
com seus grupos e períodos, e ainda podem ser classificados quanto a suas
propriedades.

3.1 GRUPOS
A Tabela Periódica possui 18 colunas que são denominadas grupos, sendo
eles numerados de 1 a 18 por recomendação da IUPAC, porém é possível ver em
algumas publicações a utilização de subgrupo A e B que são acompanhados de
números romanos. No entanto, esta terminologia está em desuso.

FIGURA 26 – IDENTIFICAÇÃO DOS GRUPOS DA TABELA PERIÓDICA

FONTE: O autor

Alguns grupos recebem nomes especiais em virtude das características


dos elementos que o compõem. Veja a tabela a seguir:

44
TÓPICO 2 —TABELA PERIÓDICA

TABELA 11 – GRUPOS DA TABELA PERIÓDICA

GRUPO NOME DO GRUPO


1 Metais Alcalinos
2 Metais Alcalino-Terrosos
13 Família do Boro
14 Família do Carbono
15 Família do Nitrogênio
16 Calcogênios
17 Halogênios
18 Gases Nobres
FONTE: O autor

Os elementos que pertencem a um mesmo grupo possuem propriedade


semelhantes.

3.2 PERÍODOS
A Tabela Periódica atual possui ao todo 7 linhas, cada uma destas linhas é
chamada de período, ou seja, ela possui 7 períodos. Os períodos indicam o número
de camadas que os átomos que os compõem possuem, ou seja, um elemento que
esteja no 6º período possuirá elétrons até a 6ª camada (Camada P).

FIGURA 27 – PERÍODOS DA TABELA PERIÓDICA

FONTE: O autor

45
UNIDADE 1 —INTRODUÇÃO À QUÍMICA

Note que existem duas linhas deslocadas para a parte inferior da Tabela
Periódica, esse deslocamento é realizado com o objetivo de encurtá-la. No 6º
período temos os lantanídeos, grupo que engloba os elementos de números
atômicos 57 a 71, e no 7º período os actinídeos com elementos de números atômico
89 a 103.

DICAS

Os lantanídeos também são conhecidos como “terras-raras” devido ao fato


deste grupo possuir elementos de grande importância em aplicações tecnológicas. Para
saber mais leia o artigo Terras raras: aplicações industriais e biológicas, escrito por Tereza
S. Martins e Paulo Celso Isolani e publicado pela revista Química Nova. Você pode acessar
o artigo pelo link https://bit.ly/2LIy8Pe.

3.3 CLASSIFICAÇÃO DOS ELEMENTOS


Os 118 elementos da Tabela Periódica podem ser classificados de acordo
com alguns quesitos e dentre as classificações possíveis temos:

• Quanto à estrutura atômica


• Quanto às características e propriedades
• Complementares

3.3.1 Classificação quanto à estrutura eletrônica


Os elementos químicos podem ser divididos em representativos e de
transição. Os elementos representativos terminam sua distribuição eletrônica
nos subníveis s ou p, já os de transição terminam em d (transição externa) ou f
(transição interna).

46
TÓPICO 2 —TABELA PERIÓDICA

FIGURA 28 – ELEMENTOS REPRESENTATIVOS E DE TRANSIÇÃO

FONTE: O autor

Dentre estas duas grandes classificações, podemos destacar que os grupos


de elementos representativos possuem o mesmo número de elétrons na sua
camada de valência. Como exemplo, podemos avaliar a distribuição de alguns
elementos do grupo 2:

Note que todos possuem dois elétrons na camada de valência e terminam


sua distribuição com o subnível mais energético sendo s, como previsto pela
Figura 28.

Na tabela a seguir, você pode verificar o número de elétrons na camada


de valência de elementos representativos de acordo com o grupo em que se
encontram.

47
UNIDADE 1 —INTRODUÇÃO À QUÍMICA

TABELA 12 – NÚMERO DE ELÉTRONS NA CAMADA DE VALÊNCIA DOS ELEMENTOS REPRESEN-


TATIVOS

GRUPO Nº DE ELÉTRONS CAMADA DE VALÊNCIA


1 1
2 2
13 3
14 4
15 5
16 6
17 7
18 8 (Exceto He que possui 2)
FONTE: O autor

Você pode localizar um elemento através da sua distribuição eletrônica,


o primeiro passo é determinar se ele é representativo ou de transição. Para
elementos de representativos você verifica o número de elétrons da última
camada (que indica o grupo) e qual a camada de valência (que indica o período),
veja o exemplo a seguir:

Como o elemento fósforo (P) termina sua distribuição em p então ele


é representativo, sua camada mais externa é a 3, então está no 3º período, e o
número de elétrons na camada de valência é 5 (3s², 3p³), então está no grupo 15.

Para elementos de transição externa, o grupo será indicado pela soma dos
elétrons da camada de valência com os elétrons do subnível mais energético, já o
período é indicado pela camada de valência. Veja o exemplo:

Somando os elétrons da camada de valência com o subnível mais energético


(5s2, 4d9), temos 11, que indica o grupo da prata, e a camada de valência é 5,
indicando o 5º período.

Para os elementos de transição interna, os quais a distribuição termina em


f, identificamos o período pela camada de valência e a casa, que é a posição na fila
de lantanídeos e actinídeos, pelo número de elétrons no subnível mais energético.

48
TÓPICO 2 —TABELA PERIÓDICA

FIGURA 29 – CASAS DOS ELEMENTOS DE TRANSIÇÃO INTERNA

FONTE: O autor

Veja o exemplo:

A camada de valência do urânio é a 7, então o elemento está no 7º período,


e como possui 4 elétrons no subnível mais energético então está na casa 4.

3.3.2 Classificação quanto às características e


propriedades
Os elementos químicos se reúnem em grupos que apresentem
características e propriedades bem semelhantes. Estes grupos são dividido em:

• Hidrogênio
• Metais
• Não Metais
• Semimetais
• Gases nobres

49
UNIDADE 1 —INTRODUÇÃO À QUÍMICA

FIGURA 30 – DIVISÕES POR PROPRIEDADES E CARACTERÍSTICAS DA TABELA PERIÓDICA

FONTE: O autor

O hidrogênio, apesar de se localizar no grupo 1 por possuir 1 elétron


na sua camada de valência, não faz parte do grupo dos metais. Ele possui
características singulares e que se aplicam apenas a ele, assim, não se enquadra
em nenhum outro grupo:

• Ponto de Fusão: -259,2°C;


• Ponto de Ebulição: -252,9°C;
• Pode formar cátion ou ânion monovalente;
• Pode realizar ligação covalente ou iônica;
• É um forte agente redutor;
• Em condições normais é pouco reativo, porém, sob condições favoráveis
reagem com a maioria dos elementos.

Os metais compõem a maioria dos elementos da Tabela Periódica. Para


que um elemento se enquadra na definição de metal ele deve apresentar algumas
das seguintes características:

• São sólidos a temperatura ambiente (Exceção: Mercúrio [líquido]);


• Apresentem brilho metálico;
• Apresentam altos pontos de fusão e ebulição (Exceção: Mercúrio [PF: -38,8°C
PE: 356,7°C]);
• Formam cátions;
• São maleáveis;
• São dúcteis;
• São bons condutores de calor e eletricidade.
50
TÓPICO 2 —TABELA PERIÓDICA

ATENCAO

A maleabilidade e a ductibilidade são características interessantes dos metais


e estão relacionadas à capacidade de deformação plásticas destes elementos. Ser maleá-
vel indica a possibilidade de transformar um metal em lâminas extremamente finas devido
a sua capacidade de se deformar sem se romper quando submetido à compressão. Já ser
dúctil indica a possibilidade de transformar um metal em fios extremamente finos e longos
sem que se rompam ao serem submetidos à tração.

Os não metais (ou ametais) representam uma parcela bem menor da Tabe-
la Periódica quando comparados aos metais. Apesar disso apresentam elementos
de grande importância, como carbono (presente nos hidrocarbonetos) e oxigênio
(na forma de gás oxigênio é essencial para vida). Eles apresentam características
opostas aos metais, sendo elas:

• São opacos, ou seja, não apresentam brilho (Exceção: Iodo);


• Não são dúcteis nem maleáveis;
• São maus condutores de calor e eletricidade (Exceção: Carbono);
• Formam ânion;
• São encontrados nos três estados físicos;
• Apresentam baixos pontos de fusão e ebulição.

Os semimetais representam um grupo intermediário entre metais e não


metais, possuem características intermediárias entre os metais e os não metais.
No geral, suas características são as seguintes:

• Apresentam pouco brilho;


• São semicondutores elétricos, ou seja, conduzem parcialmente a eletricidade;
• São semicondutores térmicos, ou seja, conduzem parcialmente o calor;
• Possuem a tendência de se fragmentar.

NTE
INTERESSA

Dos semimetais podemos dar atenção ao silício (Si), ele é um material semi-
condutor muito abundante, é amplamente utilizado na indústria tecnológica para a pro-
dução de transistores para chips, células solares e em diversas variedades de circuitos
eletrônicos. Sua importância para esta área é tão grande que deu nome a uma região na
Califórnia, Estados Unidos, conhecida como Vale do Silício. Esta região reúne as maiores
empresas do ramo, como Google, Facebook, HP, Intel, Netflix, entre outras.

51
UNIDADE 1 —INTRODUÇÃO À QUÍMICA

Por fim, temos os gases nobres. O grupo recebe este nome devido ao fato de
os elementos que o compõem apresentarem alta estabilidade e consequentemente
baixa reatividade nas condições normais de temperatura e pressão (CNTP).
Devido a esta estabilidade, os gases nobres são encontrados de forma isolada na
natureza, porém em condições muito específicas podem formar compostos. Seus
elementos possuem 8 elétrons na camada de valência, com exceção do hélio (He)
que possui 2.

3.3.3 Classificações complementares


Os elementos podem ser classificados ainda segundo a sua origem, assim
temos elementos naturais e artificiais. Os elementos naturais são, como o próprio
nome sugere, encontrados na natureza, sendo o urânio (U), elemento de número
atômico 92, seu último representante na Tabela Periódica.

Já os elementos artificiais são sintetizados em laboratório através da


colisão e junção de átomos num processo conhecido como fusão. Geralmente,
estes elementos são extremamente instáveis e se desintegram em questão de
milésimos de segundos.

Os elementos artificiais podem ser classificados ainda em cisurânicos e


transurânicos. Os cisurânicos são os elementos artificiais que estão antes do urâ-
nio (último elemento natural da Tabela Periódica), sendo eles: tecnécio ,
promécio , astato e frâncio (SYNTHETIC...
2017). Os transurânicos são todos os elementos após o urânio, sendo que todos
são artificiais.

4 PROPRIEDADES PERIÓDICAS
A organização dos elementos através da Tabela Periódica permitiu
observar que algumas de suas propriedades apresentam variações periódica em
função de seus números atômicos (RUSSEL, 2002). Neste item, iremos tratar das
seguintes propriedades periódicas:

• Raio atômico
• Eletronegatividade
• Energia de ionização
• Afinidade eletrônica

52
TÓPICO 2 —TABELA PERIÓDICA

4.1 RAIO ATÔMICO


O raio atômico representa a medida média da distância de seu núcleo até
o “final” da eletrosfera. Todavia, realizar esta medida considerando o “final” da
eletrosfera seria complicado, sendo que ela é uma nuvem de probabilidade sem
uma demarcação de fim. Dessa forma, a determinação do raio atômico é feita
experimentalmente utilizando a distância de ligação ou comprimento de ligação
(indica a distância entre os núcleos de dois átomos ligados).

FIGURA 31 – DETERMINAÇÃO DO RAIO ATÔMICO

FONTE: O autor

Note que, através da figura, o raio atômico será obtido por:

O aumento do raio atômico é ilustrado pela figura a seguir:

53
UNIDADE 1 —INTRODUÇÃO À QUÍMICA

FIGURA 32 – AUMENTO DO RAIO ATÔMICO

FONTE: O autor

O aumento do raio atômico de cima para baixo em um grupo ocorre


devido ao fato de que quanto mais para baixo maior o número de camadas nos
elementos e, consequentemente, maior o será raio atômico.

Já o aumento do raio atômico em um período não se relaciona ao número


de camadas, já que, em um período, todos possuem a mesma quantidade de
camadas. Ele aumenta da direita para esquerda, pois os elementos da direita
possuem números atômicos maiores, ou seja, possuem um maior número de
prótons em seu núcleo. Esse aumento de cargas no núcleo faz com que a atração
eletrostática entre prótons e elétrons seja maior, e assim, fazendo com que o raio
seja menor. Em comparação, num mesmo período, um elemento localizado a
esquerda terá um número atômico menor e a atração entre núcleo e eletrosfera
será menor.

Quando um elemento vira um íon, seu raio atômico é modificado e


podemos tratar como raio iônico. Ao se transformar em um cátion (perda de
elétrons), ocorre uma diminuição do raio, já que pode ocorrer diminuição do
número de camadas e aumento da atração eletrostática, contrariamente ao se
transformar em um ânion (ganho de elétrons) há um aumento do raio. Veja a
comparação de alguns raios atômicos e iônicos, medidos em angstroms (1Â =
1.10-10m), a seguir:

54
TÓPICO 2 —TABELA PERIÓDICA

FIGURA 33 – RAIOS ATÔMICOS X RAIOS IÔNICOS

FONTE: <https://bit.ly/2ZsOSC9>. Acesso em: 19 maio 2020.

4.2 ELETRONEGATIVIDADE
A eletronegatividade é definida, segundo Usberco e Salvador (2002, p.
87), como “a força de atração exercida sobre os elétrons de uma ligação”. Na
Tabela Periódica, o aumento da eletronegatividade ocorre de forma contrária ao
aumento do raio atômico. Veja a figura a seguir:

FIGURA 34 – AUMENTO DA ELETRONEGATIVIDADE

FONTE: O autor

55
UNIDADE 1 —INTRODUÇÃO À QUÍMICA

O aumento da eletronegatividade é oposto ao raio atômico, pois quanto


menor o raio maior a força de atração eletrostática do núcleo sobre os elétrons.
Essa propriedade é capaz de explicar alguns fatores que diferenciam as ligações
químicas que veremos mais à frente.

Através de alguns experimentos, Linus Pauling, em 1931, buscou quantificar


esta tendência de atrair elétrons e criou uma escala de eletronegatividade (SANTOS;
SILVA; WARTHA, 2011, p. 1846). Essa escala normalmente é apresentada em
muitas Tabelas Periódicas.

FIGURA 35 – VALORES DE ELETRONEGATIVIDADE

FONTE: Adaptado de: <https://bit.ly/3gj7330>. Acesso em: 20 maio 2020.

Alguns valores de eletronegatividade são apresentados, porém, note


que não são apresentados valores de eletronegatividade para os gases nobre. De
acordo com Campos e Santos (2000, n. p.):

A configuração eletrônica característica do todos os gases nobres [...]


e o fato que até 1961, nenhum composto estável de gases nobres era
conhecido, dava a entender que os gases nobres não apresentavam
eletronegatividade (EN). Por isso, as escalas de EN propostas até 1961
não consideravam estes elementos. Alguns autores inclusive, chegaram
a sugerir que a EN dos gases nobres fosse considerada como sendo
‘zero’. No entanto, a síntese de compostos estáveis de gases nobres
conduziu ao reconhecimento que estes elementos também possuem
eletronegatividade. Diante do exposto, as EN’s dos gases nobres, têm
sido intensamente pesquisadas, com o propósito de que, seus valores
possam explicar e até prever fatos experimentais, além de elucidar a
natureza das ligações envolvendo esses elementos.

Como as condições para se obter valores de eletronegatividade para gases


nobres são muito específicas, iremos apenas ater nossos estudos para os demais
elementos, considerando o flúor (F) o elemento mais eletronegativo.

56
TÓPICO 2 —TABELA PERIÓDICA

4.3 ENERGIA DE IONIZAÇÃO


A energia de ionização é a mínima energia necessária para remover um
elétron de um átomo isolado, no seu estado fundamental.

Quando um átomo isolado, em seu estado fundamental, absorve


energia, o elétron pode se transferir de um nível energético quantizado
para outro. Se a energia fornecida for suficiente, o elétron pode ser
completamente removido do átomo [...] originando um íon positivo.
(O elétron mais facilmente removível é aquele menos firmemente
preso ao núcleo, e o de mais alta energia) (RUSSEL, 2002, p. 334).

A energia de ionização está diretamente ligada ao fato de o núcleo exercer


uma força de atração sobre os elétrons, portanto, assim como a eletronegatividade,
o aumento da energia de ionização é contrário ao aumento do raio atômico. Assim,
para elementos que possuem raios maiores, o núcleo exerce uma força menor
sobre o elétron que se encontra mais afastado e este pode ser mais facilmente
removido.

FIGURA 36 – AUMENTO DA ENERGIA DE IONIZAÇÃO

FONTE: O autor

A primeira energia de ionização é a de menor valor, essa energia se refere à


energia para remover o elétron mais afastado do núcleo e que sofre menor atração
eletrostática, conforme os elétrons vão sendo retirados os valores de energia
de ionização vão aumentando significativamente. Veja o exemplo do elemento
cloro (C ) e compare as energias para remover o 1º elétron e o 17º elétron de
um átomo isolado de cloro, o salto de energia é absurdamente alta. Note que o
aumento dos valores não obedece a uma linearidade. De forma generalizada, esse
comportamento também é visto nos demais elementos.

57
UNIDADE 1 —INTRODUÇÃO À QUÍMICA

FIGURA 37 – ENERGIAS DE IONIZAÇÃO DO ELEMENTO CLORO

FONTE: Adaptado de: <https://bit.ly/2zr5Iql>. Acesso em: 20 maio 2020.

DICAS

Caso tenha interesse em verificar os valores de energia de ionização para os


demais elementos, consulte no site do National Institute of Standards and Technology
(NIST), digitando o símbolo do elemento, através do link: https://bit.ly/3lTeiBC.

4.4 AFINIDADE ELETRÔNICA


A afinidade eletrônica (ou eletroafinidade) é definida como a quantidade
de energia envolvida no processo em que um átomo isolado gasoso, no seu
estado fundamental, recebe um elétron, formando um ânion, ou seja, é o oposto
da energia de ionização.

58
TÓPICO 2 —TABELA PERIÓDICA

Este processo é normalmente acompanhado por uma liberação de


energia, e tal quantidade mede o quão fortemente o elétron se liga
ao átomo. [...] Quando um átomo tende a ganhar um elétron, energia
é liberada e, assim, a quantidade ΔH [variação de energia] para o
processo é negativa. Quanto mais negativo o valor da afinidade
eletrônica, maior a tendência do átomo em receber elétrons (RUSSEL,
2002, p. 339).

Esta propriedade aumenta de baixo para cima em um grupo e da esquerda


para direita em um período, conforme é apresentado a seguir:

FIGURA 38 – AUMENTO DA AFINIDADE ELETRÔNICA

FONTE: O autor

Como a afinidade eletrônica representa a energia liberada quando um


átomo gasoso, em seu estado fundamental, recebe um elétron, quanto maior a
atração que o núcleo exerce sobre os elétrons maior será a energia liberada. Isso
explica o comportamento do aumento dessa propriedade, já que, ao diminuir o
raio atômico consequentemente há aumento da atração eletrostática.

FIGURA 39 – AFINIDADE ELETRÔNICA DOS ELEMENTOS REPRESENTATIVOS

FONTE: <https://bit.ly/2X1zQBT>. Acesso em: 20 maio 2020.

59
UNIDADE 1 —INTRODUÇÃO À QUÍMICA

Na figura são apresentados alguns valores de afinidade eletrônica para


os elementos representativos em kJ/mol, quanto mais negativo o valor, maior a
energia liberada na formação de um ânion. Note que, pelo seu comportamento
estável, não são apresentados valores de afinidade eletrônica para os gases nobres.
“É importante entender as diferenças entre energia de ionização e afinidade
eletrônica: a energia de ionização mede a facilidade com que um átomo perde um
elétron, enquanto a afinidade eletrônica mede a facilidade com que um átomo
ganha um elétron” (BROWN et al., 2005, p. 231).

60
RESUMO DO TÓPICO 2
Neste tópico, você aprendeu que:

• O surgimento da Tabela Periódica se deu pela necessidade de organizar os


elementos já conhecidos como forma facilitar o acesso a suas informações.

• Em 1829, Johann W. Döbereiner, tentou organizar os elementos em grupos


de três elementos, conhecidos como Tríades de Döbereiner, considerando os
valores aproximados de massa atômica dos elementos. O elemento central da
tríade possuía um valor de massa próximo a média das massas dos outros
dois elementos.

• Em 1862, Alexandre-Emile Béguyer de Chancourtois propôs uma organização


conhecida como Parafuso Telúrico e consistia em organizar 16 elementos
químicos por ordem crescente de massa atômica, sendo que os elementos que
se alinhavam verticalmente possuíam propriedades semelhantes.

• Em 1863, John Alexander Reina Newlands propôs uma nova classificação


para os elementos conhecido como as Oitavas de Newlands. Esta classificação
organizava os elementos em ordem crescente de massa atômica e a cada 8
elementos as propriedades se repetiam.

• Em 1869, Dmitri Ivanovic Mendeleiev apresentou uma nova organização da


Tabela Periódica. Ele organizou 63 elementos em colunas e previu a descoberta
de alguns elementos que representam lacunas na sua organização.

• A Tabela Atômica atual organiza os elementos em ordem crescente de seus


números atômicos possui 18 linhas verticais (grupos) e 7 linhas horizontais
(períodos).

• Elementos de um mesmo período possuem o mesmo número de camadas.

• Elementos de um mesmo grupo possuem um mesmo número de elétrons na


camada de valência.

• Os elementos químicos podem ser classificados quanto a sua estrutura


atômica em representativos (terminam a distribuição eletrônica em s ou p) ou
de transição (terminam a distribuição eletrônica em d [transição externa] ou f
[transição interna]).

• Os elementos químicos se reúnem em grupos que apresentam características


e propriedades bem semelhantes. Estes grupos são divididos em: hidrogênio,
metais, não metais, semimetais e gases nobres.

61
• Os elementos podem ser classificados em naturais, encontrados na natureza, e
artificiais, sintetizados em laboratório. Os artificiais se dividem em cisurânicos,
localizados antes do urânio (último elemento natural da Tabela Periódica) e
transurânicos, localizados depois do urânio, sendo todos artificiais.

• O raio atômico é uma propriedade periódica que aumenta de cima para baixo
em um grupo (pelo aumento de camadas), e da direita para esquerda em
um período (pela diminuição da força de atração eletrostática entre núcleo e
eletrosfera).

• A eletronegatividade é definida como a força de atração exercida sobre os


elétrons de uma ligação. Ela aumenta contrariamente ao aumento do raio
atômico.

• Energia de ionização é a mínima energia necessária para remover um elétron


de um átomo isolado, no seu estado fundamental. Ela aumenta contrariamente
ao aumento do raio atômico.

• Afinidade eletrônica representa o oposto da energia da ionização e definida


como como a quantidade de energia, envolvida no processo em que um átomo
isolado gasoso, no seu estado fundamental, recebe um elétron, formando um
ânion. Assim como a eletronegatividade e a energia de ionização ela aumenta
contrariamente ao aumento do raio atômico.

62
AUTOATIVIDADE

1 Leia o texto a seguir:


Sabe-se, por fatos experimentais que os elétrons se distribuem em níveis em
torno do núcleo (os quais também podem ser chamados de camadas). Estes
números são infinitos, mas só existem átomos na natureza que precisam de,
no máximo, sete níveis para acomodar seus elétrons. Em cada nível há um
número máximo de elétrons que podem ser acomodados.
Muito além de apenas identificar a quantidade de elétrons em cada nível (ou
camada) e subnível, a distribuição eletrônica carrega com si as informações que
indicam a posição dos elementos na Tabela Periódica. Dessa forma, determine
a localização e símbolo dos elementos que tem subnível mais energético:

a) 5d4
b) 4f²
c) 5p²

FONTE: https://docplayer.com.br/4335589-Nivel-1-2-3-4-5-6-7-camada-k-l-m-n-o-p-q-nu-
mero-maximo-de-eletrons-2-8-18-32-32-18-2.html. Acesso em: 6 set. 2020.

2 Ao longo dos anos, a Tabela Periódica evoluiu tanto na busca por prever
propriedades dos elementos quanto para comportar novos integrantes que
surgiram com o avanço da área das ciências. Atualmente, ela conta com
118 elementos distribuídos por 18 grupos e 7 períodos. Indicar um grupo
e um período para um elemento na tabela é similar a indicar uma posição
geográfica para uma pessoa ou lugar em um mapa. Considere um elemento
que se encontra no grupo 13 e no 4º período e identifique-o com o auxílio da
Tabela Periódica.

3 Várias são as classificações que podemos fazer através da observação dos


elementos na Tabela Periódica, porém, uma das mais relevantes se trata da
classificação através das características dos elementos. Portanto, relacione as
colunas a seguir, indicando a respectiva classificação para as propriedades
apresentadas:
( ) São opacos, maus condutores de calor e eletrici-
I. Metais
dade, e apresentam baixos pontos de fusão e ebulição.
( ) Possuem brilho característico, são maleáveis e
II. Semimetais
dúcteis, são bons condutores de calor e eletricidade.
( ) São semicondutores, quebradiços e apresentam
III. Não Metais
pouco brilho.

4 Além de permitir uma melhor organização dos elementos, a Tabela Periódica


atual conseguiu prever várias propriedades que se repetem, por esse motivo
utiliza-se o termo “periódica”. Dentre essas propriedades está o raio atômico,

63
que de certa forma ajuda a compreender as demais propriedades e indica a
medida média da distância de seu núcleo até o “final” da eletrosfera. Com
relação ao raio atômico:

a) De que forma os tamanhos dos átomos variam ao longo de um período?


b) De que forma os tamanhos dos átomos variam ao longo de um grupo?
c) Coloque os seguintes átomos em ordem crescente de raio atômico: Na, F,
C , Co.

5 O raio atômico indica a medida média da distância de seu núcleo até o


“final” da eletrosfera, porém, a eletrosfera pode sofrer modificações quando
determinado átomo se torna um íon, ganhando ou perdendo elétrons. Essa
modificação irá interferir diretamente nas demais propriedades periódicas da
espécie química que se forma. Com relação à formação de íons e a alteração
no raio atômico, explique:

a) Por que os cátions possuem raios iônicos menores que seus átomos neutros
correspondentes?
b) Por que os ânions possuem raios iônicos maiores que seus átomos neutros?

6 Os elementos químicos apresentam diversas características que os definem,


e isso é importante, por exemplo, numa análise qualitativa, quando se busca
determinar uma espécie desconhecida em uma amostra. Suponha que em
um quis, um aluno recebeu as seguintes dicas a respeito de um determinado
elemento químico:

I. É produzido em laboratório.
II. É classificado como cisurânico.
III. É classificado como não metal.

A partir das caraterísticas apresentadas, qual dos elementos a seguir representa


as características apresentadas pelas dicas?

a) ( ) U.
b) ( )Tc.
c) ( ) At.
d) ( ) Pm.

7 A formação de um cátion envolve um processo no qual elétrons devem ser


retirados e, para isso, certa quantidade de energia deve ser fornecida ao átomo
original. Essa energia é chamada de energia de ionização. Essa propriedade
apresenta um valor crescente, pois conforme um elétron é retirado, mais
energia é necessária para remover o próximo. Sendo assim, por que a segunda
energia de ionização de um átomo é sempre maior que sua primeira energia
de ionização?

64
UNIDADE 1 TÓPICO 3 —

LIGAÇOES QUÍMICAS E
INTERAÇÕES INTERMOLECULARES

1 INTRODUÇÃO
No Tópico anterior nos dedicamos a entender como os elementos se
organizam na Tabela Periódica e quais as propriedades que podemos prever
através deles. Todavia, um ponto muito importante é que são raros os casos em que
um átomo de um elemento químico é encontrado de forma isolada na natureza.
Geralmente, eles estão associados a outros elementos, formando substâncias
compostas, ou até mesmo associados a átomos do mesmo elemento, formando
substâncias simples. Essa interação entre átomos ocorre através das ligações
químicas, além disso, elas justificam algumas características das substâncias
formadas.

No Tópico 1 nos preocupamos em realizar a distribuição eletrônica dos


átomos e analisar suas camadas de valência, e isso não foi em vão, pois quando
átomos estabelecem uma ligação química, esta é feita através dos elétrons que se
encontram nessa camada. A quantidade de elétrons que se mantem ali e certas
propriedades periódicas são essenciais na determinação do tipo de ligação que
ocorre.

Buscaremos ao longo deste Tópico compreender como cada ligação


química ocorre e quais suas possíveis representações. Apesar de as ligações
químicas indicarem a relação entre os átomos, precisamos falar também sobre
interações intermoleculares. Elas são responsáveis pela interação entre os
compostos químicos e explicam várias propriedades, como estado físico, pontos
de fusão e ebulição, densidade, entre outras.

Na identificação do tipo de interação intermolecular, dois pontos são


essenciais e serão objetos do nosso estudo, sendo eles: a polaridade das ligações
e a geometria da molécula. Essas características nos ajudam na definição da
polaridade da molécula, que, por fim, irá determinar o tipo de interação que
ocorrerá.

65
UNIDADE 1 —INTRODUÇÃO À QUÍMICA

2 LIGAÇÕES QUÍMICAS
Segundo Covre (2001, p. 109), “ligação química é o nome dado às formas
de associação existentes entre os átomos”. Estas ligações ocorrem através da
interação entre as eletrosferas dos átomos, ou seja, são determinadas pela relação
entre os elétrons. As ligações químicas podem ser chamadas também de interações
intramoleculares.

Brown et al. (2005, p. 252) traz como apresentação das ligações químicas a
seguinte situação,
Sobre a mesa da maioria dos restaurantes você pode encontrar duas
substâncias brancas cristalinas: sal de cozinha e açúcar refinado.
Apesar de suas similaridades na aparência, sal e açúcar são espécies de
substâncias bem diferentes. Sal de cozinha é cloreto de sódio, , que
consiste em íons sódio, Na+, e íons cloreto, . A estrutura é mantida
unida pelas atrações entre íons com cargas de sinais contrários, que
podemos chamar de ligações iônicas. Por outro lado, o açúcar refinado
não contém íons sob qualquer condição. Consiste em moléculas de
sacarose, C12H22O11, nas quais as atrações chamadas ligações covalentes
mantêm os átomos unidos.

No entanto, quais são as condições para que uma ligação química


mantenha estável determinada substância? A resposta está na Teoria do Octeto.

2.1 TEORIA DO OCTETO


Como citado anteriormente, são raros os casos de átomos de elementos que
são encontrados de forma isolada na natureza, sendo estes casos representados
pelos elementos do grupo 18, os gases nobres. Todos os demais se ligam a outros
átomos, formando substâncias simples (substância formada por átomos de um
mesmo elemento, como O2 [gás oxigênio]) ou substâncias compostas (substâncias
formadas por átomos de elementos diferentes, como CO2 [dióxido de carbono]).

As ligações químicas fazem com que os átomos adquiram estabilidade,


ou seja, sejam mais estáveis do que em seus estados fundamentais. Todavia, os
gases nobres já apresentam esta estabilidade em seus estados fundamentais, o
questionamento de o porquê isso ocorre levou o físico alemão Walther Ludwig
Julius Kossel (1888-1956) a analisar a relação entre a estabilidade e a configuração
eletrônica destes elementos.

Kossel percebeu que os gases nobres apresentavam exatamente oito


elétrons na sua camada de valência, tendo como única exceção o elemento hélio
(He) que possui somente dois elétrons já que o seu nível mais externo é o primeiro.

66
TÓPICO 3 —LIGAÇOES QUÍMICAS E INTERAÇÕES INTERMOLECULARES

FIGURA 40 – DISTRIBUIÇÃO ELETRÔNICA DOS GASES NOBRES

FONTE: O autor

Assim, Kossel relacionou a estabilidade dos gases nobres a suas


configurações eletrônicas e consequentemente para que outro elemento também
atingisse a estabilidade precisaria possuir a configuração de um gás nobre.

A dedução de Kossel foi aperfeiçoada posteriormente pelos físico-


químicos estadunidenses Gilbert Newton Lewis (1875-1946) e Irving Langmuir
(1881-1957). Langmuir nomeou esta relação entre a configuração eletrônica e a
estabilidade de teoria do octeto (ou regra do octeto).

Segundo Brown et al. (2005, p. 253), a teoria do octeto diz que “os
átomos tendem a ganhar, perder ou compartilhar elétrons até que eles estejam
circundados por oito elétrons de valência”. É importante destacar, por fim, que
“existem muitas exceções à regra do octeto, mas ela fornece uma estrutura útil
para introduzir muitos conceitos importantes de ligação” (BROWN et al., 2005,
p. 253).

2.2 LIGAÇÕES IÔNICAS


As ligações iônicas são formadas pela atração eletrostática entre íons de
cargas opostas. Neste tipo de ligação um elemento de baixa energia de ionização
(possui grande tendência a perder elétron), neste caso, os metais, se ligam a
elementos com alta afinidade eletrônica (possui uma grande tendência em ganhar
elétron), neste caso, os não metais, formando os compostos iônicos.

Em resumo, metais tendem a formar cátions (+) e perder elétrons e os não


metais tendem a formar ânion (-) e ganhar elétrons. Veja, a seguir, o exemplo do
composto iônico (Cloreto de Sódio):

67
UNIDADE 1 —INTRODUÇÃO À QUÍMICA

FIGURA 41 – FORMAÇÃO DO COMPOSTO IÔNICO NaC

FONTE: O autor

Note que tanto o íon sódio quanto o íon cloro possuem, após a interação,
oito elétrons na camada de valência.

“[...] um sólido iônico é constituído por um aglomerado de cátions e


ânions organizados com formas geométricas bem definidas, chamadas de retícu-
los ou reticulados cristalinos” (FOGAÇA, 2012, n. p.). Para o exemplo do
devemos observar que ele é formado por uma “[...] transferência definitiva de um
elétron do sódio para o cloro, originando o cátion sódio (Na+) e o ânion cloreto
( )” (FOGAÇA, 2012, n. p.), porém, essa reação não envolve somente dois
átomos, mas um número enorme e indeterminado de átomos que formam um
retículo cristalino de forma cúbica.

FIGURA 42 – RETÍCULO CRISTALINO DO CLORETO DE SÓDIO

FONTE: <https://bit.ly/2X4juYZ>. Acesso em: 22 maio 2020.

68
TÓPICO 3 —LIGAÇOES QUÍMICAS E INTERAÇÕES INTERMOLECULARES

Existem duas maneiras de representar um composto iônico:

• Fórmula unitária ou mínima


• Fórmula de Lewis ou eletrônica

2.2.1 Fórmula unitária ou mínima


A Fórmula unitária ou mínima representa a menor proporção entre
cátions e ânions que compõem o retículo cristalino, sendo que, a carga total do
composto deve ser nula e para que isso ocorra é necessário que o número de
elétrons cedidos por um átomo seja igual ao número de elétrons recebidos pelo
outro átomo. Para montar a fórmula unitária basta combinar os íons conforme é
apresentado na imagem a seguir.

FIGURA 43 – FÓRMULA UNITÁRIA

FONTE: O autor

Note que o cátion deve ser na frente e o ânion atrás. Como exemplo,
podemos aplicar a fórmula unitária para uma combinação entre os íons Mg2+
e , neste caso, obteríamos o composto iônico MgC 2 (Cloreto de Magnésio).
A fórmula MgC 2 indica que são necessários dois átomos de cloro para um
átomo de magnésio. Tenha em mente o seguinte, o íon cloro é representado
por portanto, ele recebe apenas um elétron, no entanto,00 o íon magnésio,
representado por Mg2+, doa dois, sendo assim, ao duplicar a quantidade de íons
cloro o balanço de elétrons doados e recebido será nulo.

2.2.2 Fórmula de Lewis ou eletrônica


A Fórmula de Lewis ou eletrônica apresenta o símbolo do elemento,
chamado de tronco ou cerne, que representa o núcleo e todos os elétrons que
não fazem parte da camada de valência, circundado por pontos (•) ou xises (x),

69
UNIDADE 1 —INTRODUÇÃO À QUÍMICA

que representam os elétrons da camada de valência, chamados de elétrons de


valência. Estes elétrons de valência geralmente são representados em pares que são
posicionados em volta do cerne. Considerando o composto iônico utilizado
anteriormente, vamos fazer a representação dele através da fórmula de Lewis:

FIGURA 44 – FÓRMULA DE LEWIS CLORETO DE MAGNÉSIO

FONTE: O autor

Algumas informações importantes com relação aos íons são as


denominações usadas em relação ao número de elétrons que eles ganham ou
perdem, conforme é apresentado na tabela a seguir.

TABELA 13 – DENOMINAÇÃO DOS ÍONS EM FUNÇÃO DO NÚMERO DE ELÉTRONS CEDIDOS


OU RECEBIDOS

VARIAÇÃO DE REPRESENTAÇÃO
NOMENCLATURA
ELÉTRONS GENÉRICA
1 Monovalente
2 Bivalente ou Divalente
3 Trivalente
4 Tetravalente
5 Pentavalente
FONTE: O autor

2.2.3 Características dos compostos iônicos


A formação de íons e do retículo cristalino determinam as principais
características dos compostos iônicos, sendo elas:

70
TÓPICO 3 —LIGAÇOES QUÍMICAS E INTERAÇÕES INTERMOLECULARES

• Possuem aspecto cristalino (formam cristais);


• São quebradiços;
• Apresentam elevados pontos de fusão (PF) e ebulição (PE);
• São sólidos nas condições ambientais de temperatura e pressão (CATP, 25°C,
1atm);
• Quando fundidos ou dissolvidos em água, conduzem corrente elétrica (são
eletrólitos).

2.3 LIGAÇÕES COVALENTES


De acordo com Brown et al. (2005, p. 259, grifo nosso),

A grande maioria das substâncias químicas não tem as características


de materiais iônicos. Muitas das substâncias com as quais temos
contato em nosso dia-a-dia, como a água, tendem a ser gases, líquidos
ou sólidos com baixos pontos de fusão. Muitas, como a gasolina,
vaporizam-se rapidamente. Outras são maleáveis nas formas sólidas
- por exemplo, sacolas plásticas e parafina.
Para a grande classe de substâncias químicas que não se comportam
como substâncias iônicas, precisamos de um modelo diferente para
a ligação química entre os átomos. [...] Lewis inferiu que os átomos
poderiam adquirir uma configuração eletrônica de gás nobre pelo
compartilhamento de elétrons com outros átomos. [...] uma ligação
química formada desse modo é chamada ligação covalente.

E
IMPORTANT

“Compostos formados por ligações covalentes podem ser divididos em dois


grupos: moleculares e covalentes. Quando átomos se ligam por meio de ligações cova-
lentes, originando moléculas de número determinado, tem-se um composto molecular.
Entretanto, para um número muito grande e indeterminado de átomos, tem-se um com-
posto covalente ou sólido de rede covalente”.

FONTE: BATISTA, Fábio Roberto. Química. Curitiba: Positivo, v. 2, 2015, p. 9. Livro do Pro-
fessor: Orientações Metodológicas.

Este tipo de ligação é a que ocorre entre os átomos de elementos que tendem
a receber elétrons, em geral não metais e, em alguns casos, semimetais. Ela ocorre
também entre não metais e hidrogênio na formação de ácidos. O exemplo mais
simples de ligação covalente ocorre entre dois átomos de hidrogênio na formação
do gás hidrogênio (H²).

As ligações covalentes podem ser representadas por três fórmulas


diferentes, sendo elas:

71
UNIDADE 1 —INTRODUÇÃO À QUÍMICA

• Fórmula de Lewis ou eletrônica


• Fórmula estrutural
• Fórmula molecular

2.3.1 Fórmula de Lewis ou Eletrônica


A fórmula de Lewis segue a mesma ideia já apresentada para compostos
iônicos. Lembre-se de que a representação de Lewis considera o símbolo do
elemento como cerne ou tronco, que representa o núcleo atômico e os elétrons que
não pertencem à camada de valência, e os elétrons de valência, que são aqueles
pertencentes à camada de valência, que são representados por pontos (•) ou xises
(x).

Para apresentar todas as fórmulas vamos trabalhar com o exemplo do gás


cloro, portanto, vamos começar com a fórmula de Lewis:

FIGURA 45 – FÓRMULA DE LEWIS PARA O GÁS CLORO

FONTE: O autor

Note que após o compartilhamento ser estabelecido, ou seja, a ligação


covalente ser formada, ambos os átomos de cloro possuem 8 elétrons na camada
de valência.

ATENCAO

É importante destacar que o hidrogênio (H) se assemelha ao hélio (He) em


questão de estabilidade pelo fato de possuir somente a primeira camada da eletrosfera, ou
seja, ele se estabiliza somente com 2 elétrons. Esta ressalva é importante visto que o hidro-
gênio reage com a maioria dos elementos da Tabela Periódica e geralmente é apresentado
em exemplo e questões.

72
TÓPICO 3 —LIGAÇOES QUÍMICAS E INTERAÇÕES INTERMOLECULARES

FIGURA 46 – OUTROS EXEMPLOS DA FÓRMULA DE LEWIS

FONTE: <https://bit.ly/2Xz0tgp>. Acesso em: 22 maio 2020.

2.3.2 Fórmula estrutural


A fórmula estrutural substitui cada compartilhamento por um traço, que
representa a ligação covalente, vejamos para o nosso exemplo do gás cloro:

FIGURA 47 – FÓRMULA ESTRUTURAL PARA O GÁS CLORO

FONTE: O autor

Cada compartilhamento é representado por um traço, assim, deve-se ter


em mente que dois átomos podem estabelecer um, dois ou três compartilhamentos
entre si.

TABELA 14 – LIGAÇÕES COVALENTES

NÚMERO DE COMPARTILHA-
TIPO DE LIGAÇÃO REPRESENTAÇÃO
MENTOS
1 Simples
2 Dupla
3 Tripla

FONTE: O autor

73
UNIDADE 1 —INTRODUÇÃO À QUÍMICA

Analisando as ligações covalentes sob a perspectiva de orbitais atômicos,


deve-se ressaltar que ocorre a interpenetração de dois orbitais atômicos, formando
um orbital molecular. Essa interpenetração pode ocorrer no mesmo eixo, de forma
linear, e ser chamada de ligação sigma (σ) ou através de eixos paralelos, de forma
paralela, formando uma ligação pi (π).

FIGURA 48 – LIGAÇÕES σ E π ENTRE OS ORBITAIS p E ORBITAL HÍBRIDO sp

FONTE: Adaptado de: <https://bit.ly/2UWeCU3>. Acesso em: 19 maio 2020.

Note que a ligação frontal entre o orbital híbrido sp forma uma ligação
sigma (ligação “A”), enquanto os dois orbitais de p se ligam paralelamente,
formando duas ligações pi (OBS: A ligação “B” representa uma ligação pi e a
ligação “C” outra).

A primeira ligação estabelecida entre dois átomos será sempre sigma e as


demais serão ligações pi. Assim:

TABELA 15 – LIGAÇÕES SIGMA E PI

TIPO DE LIGAÇÃO REPRESENTAÇÃO SIGMA (σ) PI (π)


Simples 1 0
Dupla 1 1
Tripla 1 2

FONTE: O autor

Pode-se prever as ligações possíveis para determinado grupo considerando


o número de elétrons de valência.

74
TÓPICO 3 —LIGAÇOES QUÍMICAS E INTERAÇÕES INTERMOLECULARES

TABELA 16 – GRUPOS X LIGAÇÕES COVALENTES

FÓRMULA ELETRONS DE
ELEMENTOS LIGAÇÕES
ESTRUTURAL VALÊNCIA
Hidrogênio 1 simples 1 elétron

4 simples

Grupo 14 2 simples e 1 duplas 4 elétrons

1 simples e 1 tripla

2 duplas

3 simples

Grupo 15 5 elétrons
1 simples e 1 dupla

1 tripla

2 simples
Grupo 16 6 elétrons
1 dupla

Grupo 17 1 simples 7 elétrons

FONTE: O autor

FIGURA 49 – OUTROS EXEMPLOS DE FÓRMULAS ESTRUTURAIS

FONTE: Adaptado de: <https://bit.ly/2Xz0tgp>. Acesso em: 22 maio 2020.

75
UNIDADE 1 —INTRODUÇÃO À QUÍMICA

2.3.3 Fórmula molecular


A fórmula molecular indica o símbolo dos elementos acompanhado de
um índice inferior que representa a quantidade deste elemento no composto.
Para o exemplo do gás cloro, teremos:

FIGURA 50 – FÓRMULA MOLECULAR PARA O GÁS CLORO

FONTE: O autor

FIGURA 51 – OUTROS EXEMPLOS DE FÓRMULAS MOLECULARES

FONTE: Adaptado de: <https://bit.ly/2Xz0tgp>. Acesso em: 22 maio 2020.

2.3.4 Ligações covalentes coordenadas


As ligações covalentes normais não podiam explicar algumas moléculas
e na tentativa de formular uma ideia que pudesse dar suporte a estrutura dessas
moléculas, sugiram as ligações covalentes coordenadas (pode-se encontrar
através do nome ligação covalente dativa). Diferentemente das ligações
covalentes normais, onde cada átomo cede um elétron para estabelecer um
compartilhamento, nas ligações covalentes coordenadas um único átomo cede
um par de elétrons para ser compartilhado entre ele e outro átomo. Este par de
elétron é chamado de par de elétrons isolados.

A ligação covalente coordenada pode ser representada por um traço (–) ou


uma seta (→). Para facilitar a diferenciação, neste material procuraremos utilizar a
seta.

O dióxido de enxofre (SO­₂) é um exemplo clássico de uma molécula onde


há uma ligação covalente coordenada. Lembre-se, tanto o enxofre (S) quanto o

76
TÓPICO 3 —LIGAÇOES QUÍMICAS E INTERAÇÕES INTERMOLECULARES

oxigênio (O) são elementos que pertencem ao grupo 16 da tabela periódica e de


acordo com a Tabela 16, cada um deles deve fazer duas ligações para adquirir
estabilidade, ou seja, bastava uma ligação dupla entre eles, porém há um outro
átomo de oxigênio para formação do dióxido de enxofre.

FIGURA 52 – DIÓXIDO DE ENXOFRE

FONTE: O autor

A tabela a seguir indica o número de ligações covalentes coordenadas


possíveis para alguns grupos da Tabela Periódica.

TABELA 17– GRUPOS X LIGAÇÕES COVALENTES COORDENADAS

NÚMERO DE
NÚMERO DE
LIGAÇÕES
CAMADA DE LIGAÇÕES
GRUPO COVALENTES
VALÊNCIA COVALENTES
COORDENADAS
SIMPLES
POSSÍVEIS

14 4 Não faz coordenada


4 elétrons

15 3 1
5 elétrons

18 2 1 ou 2
6 elétrons

17 1 1, 2 ou 3
7 elétrons

FONTE: O autor

77
UNIDADE 1 —INTRODUÇÃO À QUÍMICA

2.3.5 Características dos compostos moleculares/


covalentes
Apesar de receberem nomes diferentes, os compostos formados por
ligações covalentes apresentam características semelhantes:

• São encontrados na natureza nos três estados físicos na CATP (Ex: Sólido –
Açúcar e Diamante; Líquido – Água e Etanol; Gasoso – Gás Hidrogênio e Gás
Cloro);
• Pontos de fusão e ebulição menores quando comparados aos compostos
iônicos (compostos covalentes possuem PF e PE maiores que os compostos
moleculares);
• Quando puros, não conduzem corrente elétrica;
• São quebradiços.

2.4 LIGAÇÕES METÁLICAS


As ligações metálicas ocorrem, como o próprio nome sugere, entre os
metais. Esse tipo de ligação é aplicado através do modelo chamada de mar de
elétrons (ou nuvem de elétrons), em que os núcleos positivos dos metais formam
uma rede e compartilham seus elétrons de valência. Esse mar de elétrons se forma
devido ao fato de os metais possuírem baixas energias de ionização, ou seja,
tendem a perder facilmente seus elétrons de valência (TRO, 2017). “Estes elétrons
“livres” não estão mais localizados em um único átomo, mas deslocalizados
sobre o metal inteiro. Os átomos do metal positivamente carregados são, então,
atraídos para o mar de elétrons, mantendo o metal unido” (TRO, 2017, p. 385).

FIGURA 53 – LIGAÇÃO METÁLICA X MAR DE ELÉTRONS

FONTE: O autor

78
TÓPICO 3 —LIGAÇOES QUÍMICAS E INTERAÇÕES INTERMOLECULARES

2.4.1 Características dos compostos metálicos


As características dos compostos metálicos (ou metais) são explicadas
pela formação do mar de elétrons. Assim, podemos destacar que:

• Eles são bons condutores de eletricidade, pois diferentemente dos compostos


iônicos onde os elétrons estão confinados a um íon, nos compostos metálicos
eles estão livres para circular.
• São bons condutores de calor, pelo mesmo motivo anterior, os elétrons ajudam
a dispersar a energia térmica.
• Possuem pontos de fusão e ebulição extremamente altos, com exceção do
mercúrio (Hg);
• São maleáveis e dúcteis, pois, como não há nenhuma “ligação” específica,
“podemos deformá-lo com relativa facilidade forçando os íons do metal a
passar um pelo outro. O mar de elétrons acomoda facilmente deformações
fluindo para a nova forma” (TRO, 2017, p. 415-416).

2.4.2 Ligas metálicas


As ligas metálicas são misturas de pelo menos dois metais diferentes
com o objetivo de obter um produto ofereça propriedades que os metais
isoladamente não possuem, dessa forma as ligas metálicas possuem diversas
finalidades. Geralmente, as propriedades melhoradas estão relacionadas a
uma maior resistência mecânica, maior dureza, maior resistência a corrosão e
melhor condutividade térmica e elétrica. Veja as principais ligas metálicas e suas
aplicações na tabela a seguir.

79
UNIDADE 1 —INTRODUÇÃO À QUÍMICA

TABELA 17 – PRINCIPAIS LIGAS METÁLICAS E SUAS APLICAÇÕES

LIGA METÁLICA COMPONENTES APLICAÇÕES


Cobre (Cu) [67%] + Zinco (Zn) Latões, parafusos, vál-
Latão
[33%] vulas, bijuterias, tubos
Cobre (Cu) [90%] + Estanho Moedas, instrumentos
Bronze
(Sn) [10%] musicais, medalhas
Ferro (Fe) [98,5-99,9%] +
Aço Comum Peças, estruturas, fios
Carbono (C) [0,1-1,5%]
Aço [74%] + Níquel (Ni) [8%] + Talheres, utensílios
Aço Inox
Crômio (Cr) [18%] domésticos
Obturações
Mercúrio (Hg) [50%] + Prata
Amálgama odontológicas,
(Ag) [35%] + Estanho (Sn) [15%]
mineração de ouro
Ouro (Au) [75%] + Prata (Ag)
Ouro 18 Quilates Joias, ornamentos
[12,5%] + Cobre (Cu) [12,5%]
Chumbo (Pb) [67%] + Estanho
Solda Comum Solda elétrica
(Sn) [33%]
Níquel (Ni) [60%] + Crômio Fios de resistência
Níquel-Crômio
(Cr) [15%] + Ferro (Fe) [25%] elétrica
Alumínio [95%] + Cobre
Peças de automóveis
Duralumínio (Cu) + Magnésio (Mg) +
e aviões
Manganês (Mn) [5%]
FONTE: O autor

3 POLARIDADE E GEOMETRIA
Uma frase bem comum de se ouvir em um laboratório quando se fala de
solubilidade das substâncias é: semelhante dissolve semelhante. Esta semelhança
a qual a frase se refere está relacionada à polaridade das moléculas, ou seja,
substâncias polares tendem a dissolver substâncias polares, e substâncias apolares
tendem a dissolver substâncias apolares. Esta polaridade pode ser definida ao se
analisar a polaridade e a geometria das moléculas.

3.1 GEOMETRIA MOLECULAR


A geometria molecular define a forma espacial assumida pelos átomos
de uma molécula a partido do momento em que eles se unem. Segundo Batista
(2015, p. 45), “quando ocorre uma ligação química, os átomos formam ângulos
entre si, adotando determinada geometria. Existem várias teorias que permitem
fazer uma previsão sobre a geometria das moléculas [...]”, porém, a mais
confiável é a Teoria da Repulsão dos Pares de Elétrons da Camada de Valência
(VSEPR, sigla em inglês para Valence Shell Electron Pair Repulsion). “Esse modelo
80
TÓPICO 3 —LIGAÇOES QUÍMICAS E INTERAÇÕES INTERMOLECULARES

foi proposto, em 1940, por Nevil Vincent Sidgwick (1873-1952) e desenvolvida


por Ronald Sydney Nyholm (1917-1971), autor que publicou em 1957. O modelo
foi aperfeiçoado e divulgado novamente, em 1970, por Ronald James Gillespie
(1924)” (BATISTA, 2015, p. 45, grifo do autor).

Essa teoria considera os pares de elétrons ligantes e isolados que estão


envoltos do átomo central da molécula. Estes pares de elétrons ocupam espaço
e tendem a se distanciar o máximo possível, se arranjando numa geometria
molecular que mantenha a molécula o mais estável possível. A tabela a seguir
ajuda na predição das geometrias moleculares considerando os pares ligantes e
isolados.

TABELA 18 – GEOMETRIA MOLECULAR (VSEPR)


MODELO
NCT PL PNL GEOMETRIA ÂNGULO EXEMPLO
MOLECULAR

2 2 0 Linear 180° CO2, BeH2

Trigonal
3 0 120° BF3,
Plana

2 1 Angular ~119° H2S, SO2

4 0 Tetraédrica 109,5° , CH4

4 Piramidal
3 1 ~107° NH3, H3O+
Trigonal

2 2 Angular ~104,5° H2O,

81
UNIDADE 1 —INTRODUÇÃO À QUÍMICA

Bipiramidal
5 0 90°/120° PC 5, PBr3F2
Trigonal

4 1 Gangorra <90°/<120° SF4, SeC 4

3 2 Forma de T 90° C F3, C Br3

2 3 Linear 180° XeF2, I3-

6 0 Octaédrica 90° SF6, PF6

Piramidal
5 1 ~90° BrF5, TeF5
6 Quadrada

Quadrática
4 2 90° XeF4, BrF4
Plana

82
TÓPICO 3 —LIGAÇOES QUÍMICAS E INTERAÇÕES INTERMOLECULARES

3 3 Forma de T 90° -

2 4 Linear 180° -

NCT = Número de Coordenação Total (número total de pares de elétrons)


PL = Pares Ligantes
PNL = Pares Não Ligantes (pares isolados)

FONTE: Adaptado de <https://bit.ly/3gTyG1I>. Acesso em: 26 maio 2020.

OBSERVAÇÃO: somente os pares de elétrons das ligações sigma (σ)


são contados como pares ligantes, assim, quando dois átomos estabelecem uma
ligação dupla ou tripla, esta será considerada apenas um par de elétrons ligantes.
Pares isolados ocupam mais espaço do que pares ligantes.

Note que nos modelos das moléculas são apresentados três tipos de
“ligações” que são representados pelos símbolos a seguir. Estas representações
estão associadas à posição da ligação em relação ao plano no qual a molécula
se encontra. A representação A indica que a ligação está alinhada ao plano, a
representação B indica que a ligação está posicionada para frente do plano e a
representação C para trás do plano.

FIGURA 54 – REPRESENTAÇÃO DAS LIGAÇÕES NA GEOMETRIA

FONTE: O autor

83
UNIDADE 1 —INTRODUÇÃO À QUÍMICA

3.2 POLARIDADE DAS LIGAÇÕES


Ao tratar sobre as propriedades periódicas foi apresentada a
eletronegatividade, uma propriedade que está relacionada à força de atração
exercida sobre os elétrons de uma ligação.

A diferença de eletronegatividade entre os átomos participantes de


uma ligação é essencial para definir qual tipo de ligação está estabelecida e
poder identificar se o composto apresenta características iônicas ou covalentes,
geralmente, temos que:

FIGURA 55 – ELETRONEGATIVIDADE X POLARIDADE DAS LIGAÇÕES

FONTE: O autor

Quando dois átomos do mesmo elemento estabelecem uma ligação através


do compartilhamento de elétrons, temos a formação de uma ligação covalente
apolar, pois ambos possuem a mesma eletronegatividade, ou seja, atraem o par
de elétrons com a mesma intensidade.

Já quando átomos de elementos diferentes estabelecem esse


compartilhamento, temos a formação de uma ligação covalente polar. Neste
caso, o elemento mais eletronegativo atrai mais fortemente o par de elétrons
para si, formando um polo negativo (δ -) enquanto o outro átomo, de menor
eletronegatividade, apresenta-se como o polo positivo (δ +), deficiente de elétrons.
Quanto maior a diferença de eletronegatividade mais polar é a ligação.

Quando a diferença de eletronegatividade extrapola o valor de 1,7,


temos uma ligação iônica. Para este caso, a diferença entre os valores de
eletronegatividade dos átomos é tão grande que os elétrons são arrancados de
um átomo e transferidos para o outro, formando íons.

84
TÓPICO 3 —LIGAÇOES QUÍMICAS E INTERAÇÕES INTERMOLECULARES

3.3 POLARIDADE DAS MOLÉCULAS


As moléculas podem ser polares ao apolares, porém, não se engane
achando que se uma molécula apresenta ligações polares ela será polar. Em
muitos casos uma molécula com ligações polares pode ser apolar, isso dependerá
do momento dipolar resultante . O momento dipolar resultante é um vetor
obtido pela soma dos momentos dipolares das ligações.

Vetores são símbolos matemáticos utilizados na representação de


grandezas vetoriais, estas grandezas são bem definidas quando são atribuídos
a elas intensidade (módulo), direção e sentido. Os vetores são representados por
setas. A intensidade é representada por um valor, no caso do momento dipolar,
é a diferença de eletronegatividade entre os átomos. Em muitos casos o tamanho
do vetor (seta) indica sua intensidade. A direção, indicada pela reta suporte,
está associada a horizontal, vertical ou diagonal. Já o sentido, representado pela
ponta da seta, está associado com alguns dos seguintes termos, para direita, para
esquerda, para cima e para baixo.

FIGURA 56 – REPRESENTAÇÃO DE VETORES

FONTE: O autor

Moléculas formadas por apenas ligações apolares são moléculas apolares.


E ainda, para moléculas diatômicas, ou seja, formada apenas por dois átomos, o
tipo de ligação estabelecida entre os átomos indica a polaridade da molécula.

Já as moléculas que apresentam ligações polares podem ser polares ou


apolares, e isso dependerá do momento dipolar resultante. Este momento por sua
vez estará relacionado à orientação dos vetores de cada ligação e com a geometria
da molécula. Quando a molécula é apolar e quando a molécula é
polar. Veja alguns exemplos a seguir.

85
UNIDADE 1 —INTRODUÇÃO À QUÍMICA

FIGURA 57 – MOLÉCULAS POLAR E APOLAR

FONTE: O autor

A molécula de dióxido de carbono possui ligações polares entre os átomos


de carbono e oxigênio, como o oxigênio é mais eletronegativo o momento dipolar
é apontado para ele, porém, note que a molécula é linear e temos dois momentos
dipolares de mesma intensidade apontados para sentidos diferentes, assim, um
anula o outro. Para facilitar, imagine essa situação como um cabo de guerra, se
duas pessoas iguais puxassem a corda cada uma de um lado ninguém sairia do
lugar, ou seja, não haveria polos, que é o que ocorre para esta molécula.

Já a molécula de água possui ligações polares entre hidrogênio e oxigênio,


sendo este último mais eletronegativo, porém, note que ela tem geometria angular
e os dois momentos dipolares estão voltados para cima, gerando um momento
dipolar resultante diferente de zero. Isso faz com que a água seja uma substância
polar, tendo seu polo negativo (δ –) próximo ao oxigênio e o polo positivo (δ +)
próximo ao hidrogênio.

4 INTERAÇÕES INTERMOLECULARES
Assim como os átomos, que interagem entre si através de ligações químicas,
as substâncias químicas também estabelecem interações. Estas interações são
chamadas de interações intermoleculares (ou forças intermoleculares) apesar de
haver algumas interações que ocorrem entre um íon e uma molécula. Segundo
Tro (2017, p. 488),

A estrutura das partículas que constituem uma substância determina


a intensidade das forças intermoleculares que mantêm a coesão da
substância, o que, por sua vez, determina se a substância é um sólido,
um líquido ou um gás a uma dada temperatura. À temperatura
ambiente, forças intermoleculares moderadas a intensas tendem a
formar líquidos e sólidos (altos pontos de fusão e ebulição) e forças
intermoleculares fracas tendem a formar gases (baixos pontos de fusão
e ebulição). As forças intermoleculares têm origem nas interações
entre cargas, cargas parciais e cargas temporárias nas moléculas (ou
nos átomos e íons) [...].

86
TÓPICO 3 —LIGAÇOES QUÍMICAS E INTERAÇÕES INTERMOLECULARES

Muitas vezes, algumas das interações intermoleculares são agrupadas e


chamadas de forças de Van der Waals, uma homenagem ao físico neerlandês
Johannes Diderik Van der Waals (1837-1923) o primeiro a teorizar e descrever
essas interações. As forças de Van der Waals são classificadas como:

• Dipolo Instantâneo – Dipolo Induzido


• Dipolo Permanente – Dipolo Induzido
• Dipolo Permanente – Dipolo Permanente

Além das forças de Van der Waals, podemos destacar ainda mais dois
tipos de interações:

• Ligações de Hidrogênio
• Íon – Dipolo

4.1 DIPOLO INSTANTÂNEO – DIPOLO INDUZIDO


Esse tipo de interação é conhecido também como forças de London (ou
força de dispersão). Esta interação foi explicada pelo físico alemão naturalizado
norte-americano Fritz Wolfgang London (1900-1954), durante os seus estudos
sobre a atração entre átomos de gases nobres. “As forças de London estão presentes
em todas as interações moleculares, sendo as moléculas polares ou não. No caso
das moléculas apolares, é a única força presente” (LIMA, 2014, s.p.). Além disso,
este é o tipo de interação que ocorre entre átomo de gases nobres.

Essa interação é explicada pelo fato de os elétrons de um átomo ou


uma molécula poderem, a qualquer instante, ficar desigualmente distribuídos.
Essa distribuição desigual leva à formação de polos positivo e negativo,
consequentemente essa formação de polos induz o átomo ou molécula próximo a
formar polos também e assim estabelecer uma interação.

FIGURA 58 – FORÇA DE LONDON NO HÉLIO (He)

FONTE: Adaptado de: TRO, Nivaldo J. Química: uma abordagem molecular. 3. ed. Rio de Janei-
ro: LTC, 2017, p. 489-490.

87
UNIDADE 1 —INTRODUÇÃO À QUÍMICA

4.2 DIPOLO PERMANENTE – DIPOLO INDUZIDO


As interações de dipolo permanente-dipolo induzido podem ser chamadas
de forças de Debye, em homenagem a Petrus Josephus Wilhelmus Debye (1884-
1966), um físico-químico estadunidense de origem neerlandesa, que com seus
estudos fez descobertas e descreveu matematicamente a formação de dipolos.

Esta interação dá-se quando uma molécula polar se aproxima de uma


molécula apolar. Uma extremidade com excesso de carga da molécula
polar pode fazer deslocar elétrons da molécula apolar para uma das
extremidades, conduzindo à formação de um dipolo momentâneo
(induzido), resultando assim uma atração entre os dois dipolos (LIMA,
2014, s.p.).

4.3 DIPOLO PERMANENTE – DIPOLO PERMANENTE


As interações dipolo permanente–dipolo permanente, ou simplesmente,
dipolo–dipolo, também são conhecidas como forças de Keesom, em tributo ao
físico holandês Willem Hendrik Keesom (1876-1956), que desenvolveu o modelo
matemático para explicar esse fenômeno.

As forças de Keesom ocorrem entre moléculas polares, ou seja, moléculas


que possuem dipolos permanentes. O polo positivo de uma molécula polar atrai
o polo negativo de outra molécula a assim sucessivamente.

FIGURA 59 – FORÇA DE KEESOM PARA NO HC

FONTE: Adaptado de: <https://bit.ly/2AqlbHi>. Acesso em: 28 maio 2020.

4.4 LIGAÇÕES DE HIDROGÊNIO


As ligações de hidrogênio, antigamente denominadas pontes de
hidrogênio, são um tipo específico de interação dipolo – dipolo. Nessa interação
um átomo de hidrogênio de determinada molécula polar interage com flúor (F),

88
TÓPICO 3 —LIGAÇOES QUÍMICAS E INTERAÇÕES INTERMOLECULARES

oxigênio (O) ou nitrogênio (N) de outas moléculas. Talvez a situação mais clássica
em que a ligação de hidrogênio se estabelece é entre as moléculas de água (H2O).

FIGURA 60 – LIGAÇÃO DE HIDROGÊNIO ENTRE MOLÉCULAS DE ÁGUA

FONTE: Adaptado de: <https://bit.ly/2AqlbHi>. Acesso em: 28 maio 2020.

4.5 ÍON – DIPOLO


Esse tipo de interação geralmente é estudado com as forças intermoleculares
apesar de elas serem, na verdade, uma interação entre íon e molécula ao invés
de molécula com molécula (BIOLOGIA TOTAL, 2019). Esse tipo de interação é
extremamente forte e ela explicar a grande capacidade de solubilização de sais.
Na figura a seguir é possível verificar a interação íon – dipolo quando o cloreto de
sódio (NaC ), composto iônico, é dissolvido em água.

FIGURA 61 – INTERAÇÃO ÍON – DIPOLO ENTRE ÁGUA E CLORETO DE SÓDIO

FONTE: Adaptado de: <https://bit.ly/3gCJW3Q>. Acesso em: 29 maio 2020.

89
UNIDADE 1 —INTRODUÇÃO À QUÍMICA

E
IMPORTANT

Quando um composto iônico ou substância polar é dissolvido em uma


substância polar sem formar uma nova substância chamamos esse fenômeno de
solvatação. Nesta situação, moléculas do solvente envolvem moléculas ou íon do soluto.

4.6 IMPLICAÇÕES DAS INTERAÇÕES INTERMOLECULARES


Dependendo do tipo de interação que ocorra, seja entre moléculas ou entre
íon e molécula, devemos saber que esta interação irá influenciar em propriedades
das substâncias nas CNTP, por exemplo, estado físico, solubilidade, volatilidade,
densidade, temperatura de ebulição etc. Assim, a primeira análise a ser feita é a
respeito da intensidade de cada uma das interações.

FIGURA 62 – INTENSIDADE DAS INTERAÇÕES INTERMOLECULARES

FONTE: O autor

No geral, conclui-se que, ao aumentar a intensidade da interação,


mais forte serão as ligações entre as moléculas ou entre as moléculas e íons, e,
consequentemente, maior serão os pontos de ebulição e maior será a densidade.
Quanto aos estados físicos, o aumento da intensidade da interação faz com que
tenhamos estados mais condensados, ou seja, sólidos apresentam interações
mais fortes enquanto gases apresentam interações mais fracas. Com relação à
solubilidade, como já foi citado anteriormente, substâncias polares tendem a
dissolver substâncias polares enquanto apolares tendem a dissolver apolares
devido à interação que ocorre entre elas. Por último, mas não menos importante,
temos a volatilidade, quanto mais fraca a interação maior é a volatilidade de
determinada substância.

90
RESUMO DO TÓPICO 3

Neste tópico, você aprendeu que:

• Para adquirir estabilidade os átomos estabelecem ligações químicas entre si.

• As ligações iônicas são ligações químicas que ocorrem através da transferência


de elétrons, onde temos átomos doam elétrons e formam cátions e átomos que
recebem elétrons e formam ânion.

• As ligações covalentes ocorrem através do compartilhamento de pares de


elétrons. Na ligação covalente normal cada átomo cede um elétron para que a
ligação seja estabelecida, já na ligação covalente coordenada um único átomo
cede o par de elétrons.

• A diferença de eletronegatividade entre os átomos determina se a ligação é


iônica, covalente polar ou covalente apolar.

• A fórmula de Lewis usada para representar os compostos é indicada pelo


símbolo do elemento, que corresponde ao núcleo e os elétrons que não fazem
parte da camada de valência, circundado por pontos (•) ou xises (x), que
correspondem aos elétrons de valência.

• O número de pares de elétrons compartilhados entre dois átomos indica se


eles estabelecem uma ligação simples, dupla ou tripla, sendo que, a primeira
ligação estabelecida é a sigma (σ) e as demais são pi (π).

• Na ligação metálica há a formação de um “mar de elétrons”, onde os núcleos


positivos ficam distribuídos em forma de rede enquanto os elétrons de
valência circulam livremente entre esses núcleos.

• A criação de ligas metálicas tem como objetivo melhorar alguma propriedade


apresentada pelo metal isolado.

• Considerando a Teoria da Repulsão dos Pares de Elétrons da Camada de


Valência (VSEPR) é possível determinar a geometria das moléculas.

• Considerando a geometria molecular a polaridade das ligações é possível


caracterizar a substância como polar (quando o momento dipolar é diferente
de zero) ou apolar (quando o momento dipolar é igual a zero).

91
• As substâncias interagem através de interação intermoleculares, sendo elas:
dipolo instantâneo – dipolo induzido, dipolo permanente – dipolo induzido,
dipolo permanente – dipolo permanente, ligações de hidrogênio e interação
íon – dipolo.

CHAMADA

Ficou alguma dúvida? Construímos uma trilha de aprendizagem


pensando em facilitar sua compreensão. Acesse o QR Code, que levará ao
AVA, e veja as novidades que preparamos para seu estudo.

92
AUTOATIVIDADE

1 O elemento cloro ( ) é um dos mais conhecidos da Tabela Periódica. Na


forma de substância simples ele se apresenta como um gás de coloração
amarelo esverdeada, porém, ele também forma compostos com carbono,
cálcio, hidrogênio e sódio. Monte as fórmulas de Lewis para os compostos
formados entre cloro e os outros elementos e classifique-os como covalentes
ou iônicos. Utilize a Tabela Periódica como apoio.

2 O gás nitrogênio (N₂) ocupa cerca de 78% da composição da atmosfera


terrestre. Além disso, ele é um gás incolor, inodoro e insípido. Monte
as fórmulas de Lewis e estrutural do gás e indique que tipo de ligação se
estabelece entre os átomos: simples, dupla ou tripla? Polar ou apolar?

3 A determinação de propriedades das substâncias, como pontos de fusão e


ebulição, dureza, solubilidade, entre tantas outras, é resultado da estrutura
interna da substância no momento em que os átomos estão se ligando. Essa
estrutura, chamada de geometria da molécula, em junção com a polaridade
da molécula, irá permitir analisar o comportamento da substância e prever
as propriedades citadas anteriormente. Considerando a importância do
conhecimento sobre este assunto, determine a geometria e a polaridade das
seguintes substâncias:

a) ( ) NH₃
b) ( ) HCN
c) ( ) CC ₄
d) ( ) SF₆

4 As bases nitrogenadas são compostos químicos responsáveis pela composição


do DNA e do RNA, sendo estes os ácidos nucleicos encontrados nas células.
Essas bases nitrogenadas são moldes para as proteínas que proporcionaram
as características do indivíduo. Considerando o exposto, observe a imagem a
seguir:

FONTE: <https://bit.ly/2ApkDBN>. Acesso em: 29 maio 2020.

93
Na imagem são apresentadas as bases nitrogenadas que formam as duas fitas
de dupla hélice que formam o DNA. Note que há uma interação que ocorre
entre as duas fitas e que é destacada através da linha pontilhada. Assim,
determine qual o tipo de interação intermolecular está ocorrendo. Justifique
sua resposta.

5 Algumas propriedades como ponto de fusão, ponto de ebulição e condução


de corrente elétrica permitem determinar o tipo de ligação de prevalece entre
os átomos de determinado composto. Essa avaliação é útil principalmente
quando falamos de Química Analítica Qualitativa, um ramo da Química
que tem como objetivo avaliar amostras e determinar seus constituintes.
Considerando o exposto, imagine que em uma análise qualitativa foram
encontradas as substâncias A, B e C em uma amostra e suas propriedades
foram definidas de acordo com a tabela a seguir. Dessa forma, determine o
tipo de ligação que prevalece para cada uma das substâncias e preencha na
tabela.

CONDUÇÃO
PONTO PONTO DE CORRENTE TIPO DE
SUBS-
DE DE ELÉTRICA LIGAÇÃO
TÂNCIA
FUSÃO EBULIÇÃO Sólido Líquido QUÍMICA

A 1856°C 2550°C Sim Sim


B 80°C 203°C Não Não
C 1547°C 1992°C Não Sim

94
REFERÊNCIAS
BARRETO, P. G.; DE BARROS, A. E. A. Os principais tipos de materiais magné-
ticos e o princípio de exclusão de PAULI. Revista do Professor de Física, v. 3, n.
Especial, p. 1-2, 5 jul. 2019.

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todamateria.com.br/historia-da-tabela-periodica/. Acesso em: 12 maio 2020.

BATISTA, F. R. Química: Ensino Médio. Curitiba: Positivo, 2015. v. 2.

BIOLOGIA TOTAL (Org.). Forças intermoleculares: o que são e o que causam?


2019. Disponível em: https://blog.biologiatotal.com.br/forcas-intermoleculares/.
Acesso em: 29 maio 2020.

BRADY, J. E.; HUMISTON, G. E. Química geral. 2. ed. São Paulo: LTC, 1986.

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BUSTILLOS, O. V. Os isótopos e a espectrometria de massas. Revista Analytica,


n. 100, p. 42-43, abril/maio 2019. Disponível em: https://bit.ly/3bua9j2. Acesso
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CAMPOS, A. F.; SANTOS, M. B. D. dos. Cálculo da eletronegatividade dos ga-


ses nobres através da escala z*3/n4. 2000. Disponível em: http://www.sbq.org.
br/ranteriores/23/resumos/1296-2/index.html. Acesso em: 20 maio 2020.

COVRE, G. J. Química total. São Paulo: FTD, 2001.

FOGAÇA, J. R. V. Fórmulas para representar as ligações Iônicas. [201-]. Dispo-


nível em: https://brasilescola.uol.com.br/quimica/formulas-para-representar-as-
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LEITE, B. S. O ano internacional da tabela periódica e o ensino de química: das


cartas ao digital. Química Nova, São Paulo, v.42, n.6, p. 702-710, junho 2019.

LIMA, L. S. Interações de van der Waals. Revista de Ciência Elementar, [s.l.], v.


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MEDEIROS, A. Aston e a descoberta dos isótopos. Química nova na escola, v.


10, 1999.

95
MELZER, E. E. M.; AIRES, J. A. A história do desenvolvimento da teoria atômi-
ca: um percurso de Dalton a Bohr. Amazônia: Revista de Educação em Ciên-
cias e Matemáticas, [S.l.], v. 11, n. 22, p. 62-77, jun. 2015. Disponível em: https://
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NAHRA, S. Modelo Atômico de Bohr. 2018. Disponível em: https://querobolsa.


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OLIVEIRA, Ó. A.; FERNANDES, J. D. G. Arquitetura atômica e molecular: o


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RIBEIRO, D. Número atómico. Revista de Ciência Elementar, v. 2, n. 2, 2014.

RUSSELL, J. B. Química geral. 2. ed. São Paulo: Makron Books, 2002. v. 1.

SANTOS, C. M. A.; SILVA, R. A. G.; WARTHA, E. J. O conceito de eletronega-


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SYNTHETIC Elements. 2017. Publicado por Infoplease. Disponível em: https://


www.infoplease.com/encyclopedia/science/chemistry/elements/synthetic-ele-
ments. Acesso em: 20 maio 2020.

TENFEN, D. N.; TENFEN, W. O modelo atômico de Bohr e as suas limitações na


interpretação do espectro do átomo de hélio. Caderno Brasileiro de Ensino de
Física, Florianópolis, v. 34, n. 1, p. 216-235, maio 2017. ISSN 2175-7941. Disponí-
vel em: https://periodicos.ufsc.br/index.php/fisica/article/view/2175-7941.2017v-
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TRO, N. J. Química: uma abordagem molecular. 3. ed. Rio de Janeiro: LTC, 2017.
2 v.

USBERCO, J.; SALVADOR, E. Química: volume único. 5. ed. São Paulo: Saraiva,
2002.

96
UNIDADE 2 —

FUNÇÕES INORGÂNICAS
E REAÇÕES QUÍMICAS

OBJETIVOS DE APRENDIZAGEM
A partir do estudo desta unidade, você deverá ser capaz de:

• identificar as funções inorgânicas;


• diferenciar as teorias ácido-base de Lewis, Bronsted-Lowry e Arrhenius;
• avaliar as características das funções inorgânicas;
• nomear as funções inorgânicas;
• verificar as principais aplicações de ácidos, bases, sais e óxidos;
• identificar e diferenciar as reações químicas.

PLANO DE ESTUDOS
Esta unidade está dividida em três tópicos. No decorrer da unidade
você encontrará autoatividades com o objetivo de reforçar o conteúdo
apresentado.

TÓPICO 1 – ÁCIDOS E BASES


TÓPICO 2 – SAIS, ÓXIDOS E HIDRETOS
TÓPICO 3 – REAÇÕES QUÍMICAS

CHAMADA

Preparado para ampliar seus conhecimentos? Respire e vamos


em frente! Procure um ambiente que facilite a concentração, assim absorverá
melhor as informações.

97
98
UNIDADE 2 TÓPICO 1 —

ÁCIDOS E BASES

1 INTRODUÇÃO
Caro acadêmico, chegamos a uma nova unidade do nosso livro didático, e
nela pretendemos abordar grupos de substâncias que apresentam características
semelhantes entre si, são as funções químicas. Mais especificamente trataremos
das funções inorgânicas, que comtemplam muitas das substâncias utilizadas no
nosso cotidiano.

Começaremos abordando ácidos e bases, que são substâncias muito


utilizadas em laboratório e geralmente estão envolvidos processos extremamente
importantes. Segundo Zapp et al. (2015, p. 278),

O conhecimento de ácidos e bases faz parte de muitas situações


cotidianas [...] como, por exemplo, a ingestão de um antiácido utilizado
para amenizar a acidez estomacal, a ocorrência de chuvas ácidas ou
ainda a partir de determinações políticas, econômicas e sociais que
envolvem as indústrias e o seu consequente impacto ambiental.

Além disso, o aspecto primordial dessas funções químicas vai mais


além, pois muitas reações químicas que ocorrem no nosso organismo envolvem
ácidos e bases, e conhecer essas reações e todas as características dessas funções
ajuda, de forma geral, na fundamentação de outros conceitos relacionados à
Química (BRUNIG e SÁ, 2013). É válido ressaltar que o conhecimento sobre essas
substâncias já data de muito tempo, sendo que “os termos ‘ácido’ e ‘sal’ datam da
Antiguidade, ‘álcali’, da Idade Média e ‘base’ do século XVIII” (CHAGAS, 1999,
p. 28).

2 TEORIAS ÁCIDO-BASE
Afinal de contas, o que define um ácido? E uma base? Quais são as
características que fazem com que estas substâncias se definam como funções? É
isso que pretendemos entender com as teorias ácido-base.

Com o intuito de compreender o comportamento destas substâncias


ácidas e básicas (ou alcalinas) e as reações características dessas funções, muitos
estudos foram realizados a fim de defini-los. Estes estudos levaram à elaboração
das teorias ácido-base. “As teorias ácido-base, ou seja, as teorias que procuram
explicar o comportamento dessas substâncias baseando-se em algum princípio

99
UNIDADE 2 — FUNÇÕES INORGÂNICAS E REAÇÕES QUÍMICAS

mais geral, são [...] bastante antigas, porém vamos considerar apenas as do século
XX” (CHAGAS, 1999, p. 28).

Dentre as teorias formuladas para explicar o comportamento de ácidos e


bases, destacaremos as seguintes:

• Teoria de Arrhenius (1887)


• Teoria de Bronsted-Lowry (1923)
• Teoria de Lewis (1923)

É importante destacar que estas teorias não se anulam. Na realidade, cada


uma delas aborda fenômenos e reações diferentes ampliando consideravelmente
o conceito de ácidos e bases nas mais diversas situações (FOGAÇA, 2011).

DICAS

Para saber mais sobre outras teorias ácido-base você pode fazer a leitura do
artigo Teorias Ácido-Base do Século XX, escrito por Aécio Pereira Chagas e publicado pela
revista Química Nova na Escola. Acesse através do link https://bit.ly/2AWLZPC.

2.1 TEORIA DE ARRHENIUS


Iniciamos nosso estudo sobre as teorias ácido-base com a teoria proposta
pelo químico sueco Svante August Arrhenius (1859-1927). Esta teoria é a mais
utilizada quando comparadas as demais, sendo o principal objeto de estudo, por
exemplo, no ensino médio. Para Arrhenius:

• Ácido: toda substância que em solução aquosa libera como único cátion o íon
H⁺(em alguns casos pode ser representado por pelo íon hidrônio (H³O⁺)).
• Base: toda substância que em solução aquosa libera como único ânion o íon
OH– (hidroxila).

É importante que você tenha em mente que dois processos distintos ocorrem
com ácidos e bases quando em solução aquosa. Bases, quando dissolvidas em
água, sofrem um processo denominado dissociação, processo no qual compostos
iônicos têm seus íons separados. Já os ácidos passam por um processo diferente
chamado de ionização. Esse processo permite que um composto molecular
adquira uma carga negativa ou positiva ao ganhar ou perder elétrons. Inclusive,
estes fenômenos foram formulados por Arrhenius em seus estudos que levaram
a elaboração de sua teoria ácido-base.

100
TÓPICO 1 — ÁCIDOS E BASES

Veja a seguir os exemplos genéricos de ácido e base segundo Arrhenius:

FIGURA 1 – ÁCIDO E BASE DE ARRHENIUS

FONTE: O autor

“Esta teoria foi muito importante, pois além de dar conta de um grande
número de fenômenos já conhecidos, provocou o desenvolvimento de várias
linhas de pesquisa, inclusive contribuindo para estabelecer as bases científicas da
química analítica” (CHAGAS, 1999, p. 28).

2.2 TEORIA DE BRONSTED-LOWRY


Proposta em 1923, de forma independente, pelos cientistas Johannes
Nicolaus Brønsted (1879-1947) e Thomas Martin Lowry (1874-1936), essa teoria
ácido-base aumenta a definição de como determinar um ácido e uma base.
Diferente da teoria de Arrhenius, estes cientistas definiram ácidos e bases na
ausência de água. Assim, para eles:

Ácido: é qualquer substância capaz de doar um próton.


Base: é qualquer substância capaz de receber um próton.

É importante destacar que se considera como próton o íon hidrogênio


(H⁺). Ao doar um próton o ácido irá se transformar em sua base conjugada e
a base ao receber um próton se tornará seu ácido conjugado. Veja o exemplo
apresentado na Figura 2.

FIGURA 2 – ÁCIDOS E BASES DE BRONSTED-LOWRY

FONTE: O autor

101
UNIDADE 2 — FUNÇÕES INORGÂNICAS E REAÇÕES QUÍMICAS

Note que as reações estão em equilíbrio ( ), assim, os pares conjugados


podem fazer o caminho oposto e se tornarem os ácidos e bases que lhes deram
origem.

2.3 TEORIA DE LEWIS


Em 1923, mesmo ano que a Teoria de Bronsted-Lowry foi publicada, o
químico americano Gilbert Newton Lewis (1875-1946) desenvolveu outra teoria
para explicar o comportamento de ácidos e bases, e que leva o seu nome. Para ele:

Ácido: é toda espécie química capaz de receber um par de elétrons.


Base: é toda espécie capaz de doar um par de elétrons.

NOTA

A teoria ácido-base de Lewis é muito utilizada na Química Orgânica, princi-


palmente no que diz respeito às reações orgânicas. Nelas, o ácido de Lewis e a base de
Lewis são chamados, respectivamente, de reagentes eletrófilos e reagentes nucleófilos.
• Reagentes eletrófilos: são grupos que necessitam de um par de elétrons e, durante
uma reação orgânica, sempre atacam a parte negativa de uma molécula;
• Reagentes nucleófilos: são grupos capazes de doar um par de elétrons e, durante
uma reação orgânica, sempre atacam a parte positiva de uma molécula.

FONTE: DIAS, Diogo Lopes. Teoria ácido-base de Lewis. 2016. Disponível em: <https://bit.
ly/2Z5yfKO>. Acesso em: 23 jun. 2020.

Segundo Fogaça (2011, s. p.),

Essa teoria introduz um conceito novo, é mais abrangente, mas não


invalida a teoria de Bronsted-Lowry. Pois todo ácido de Lewis é um
ácido de Bronsted, e consequentemente toda base de Lewis é uma base
de Bronsted. Isto ocorre porque um próton recebe elétrons, ou seja, um
ácido de Lewis pode unir-se a um par solitário de elétrons em uma
base de Lewis.

Veja um exemplo da teoria ácido-base de Lewis na Figura 3.

102
TÓPICO 1 — ÁCIDOS E BASES

FIGURA 3 – ÁCIDOS E BASES DE LEWIS

FONTE: O autor

Esta teoria é extremamente abrangente, mas pode-se destacar sua


aplicação no estudo de mecanismos de reações orgânicas e no campo da química
de coordenação. Quanto à abrangência dos conceitos de ácidos e bases desta
teoria podemos relacioná-la as demais teorias utilizando um diagrama de Venn.

FIGURA 4 – DIAGRAMA DE VENN DAS TEORIAS ÁCIDO-BASE

FONTE: O autor

Como citado anteriormente, uma teoria não exclui a outra, na realidade


elas se complementam, ampliando os conceitos de ácidos e bases.

3 POTENCIAL HIDROGÊNIÔNICO (pH)


Cotidianamente, a identificação qualitativa e/ou quantitativa de um ácido
ou uma base pode ser feita com o uso de uma escala numérica adimensional
chamada de potencial hidrogeniônico ou simplesmente pH. O valor do pH
de uma substância é definido com um logaritmo da concentração de íons H⁺,
conforme é apresentado na fórmula a seguir.

103
UNIDADE 2 — FUNÇÕES INORGÂNICAS E REAÇÕES QUÍMICAS

FIGURA 5 – FÓRMULA PARA DEFINIÇÃO DO pH

FONTE: O autor

E
IMPORTANT

Caro acadêmico, as principais propriedades logarítmicas utilizadas para reso-


lução da fórmula do pH são apresentadas a seguir:

A escala de pH varia de 0 a 14 a 25°C, através dela podemos observar três


situações diferentes:

• pH < 7 o meio é ácido, sendo a [H+] > [OH–]


• pH = 7 o meio é neutro, sendo a [H+] = [OH–]
• pH > 7 o meio é básico (ou alcalino), sendo a [H+] < [OH–]

A escala é apresentada na Figura 6, com algumas substâncias e seus


respectivos valores de pH.

104
TÓPICO 1 — ÁCIDOS E BASES

FIGURA 6 – ESCALA DE pH E EXEMPLOS

FONTE: Adaptado de <https://bit.ly/3duv6cN>. Acesso em: 25 jun. 2020.

E
IMPORTANT

A escala de pH varia em função da temperatura, porém, na maioria dos casos,


trabalha-se com a escala a 25°C, como neste livro didático. Se quiser saber mais sobre o
assunto, acesse o link bit.ly/2Z6PH1R, em que é apresentada uma comparação entre a
escala a 25°C e a 45°C.

3.1 INDICADORES ÁCIDO-BASE


A natureza nos apresenta várias plantas, flores e frutas que possuem
substâncias coloridas em sua formação e que podem sofrer modificação dessa
coloração dependendo do pH do meio em que se encontram. Estes indicadores
naturais de pH são, muitas vezes, utilizados como recurso didático nas escolas
por sem de fácil acesso (CUCHINSKI; CAETANO; DRAGUNSKI, 2010). Veja
alguns exemplos desses indicadores na Figura 7, apresentada a seguir:

105
UNIDADE 2 — FUNÇÕES INORGÂNICAS E REAÇÕES QUÍMICAS

FIGURA 7 – INDICADORES NATURAIS DE pH

FONTE: <https://bit.ly/2VifgeX>, <https://bit.ly/2YyhskL>. Acesso em: 26 jun. 2020.

NOTA

A propriedade relacionada à mudança de coloração em função do pH do


meio recebe o nome de Halocromismo. Para saber mais sobre essa mudança de cor e
o uso de flores como indicadores de pH, leia a publicação Indicadores de pH a partir das
flores das espécies Macroptilium atropurpureum, Centrosema brasilianum e Ipomoea asa-
rifolia, disponível através do link: bit.ly/3g4zzVt.

Segundo Cuchinski, Caetano e Dragunski (2010, p.17),

[...] os indicadores são substâncias capazes de mudar de cor dependendo


das características físico-químicas da solução na qual estão contidas.
[...] Os indicadores ácido-base, ou indicadores de pH, são substâncias
orgânicas fracamente ácidas (indicadores ácidos) ou fracamente
básicas (indicadores básicos) que apresentam cores diferentes para
as suas formas protonadas e desprotonadas. A mudança de coloração
ocorre numa estreita, porém, bem definida faixa de pH.

Dentre os diversos indicadores utilizados para determinação da faixa de


pH das soluções, podemos destacar alguns, que são apresentados no Quadro 1.

106
TÓPICO 1 — ÁCIDOS E BASES

QUADRO 1 – INDICADORES ÁCIDO-BASE

Coloração Faixa de Coloração


Indicador abaixo da faixa Viragem de acima da faixa
de Viragem pH de Viragem
Azul de Tornassol vermelho 1,0 – 6,9 azul
Amarelo Metanil vermelho 1,2 – 2,4 amarelo
Azul de Timol (1ª transição) vermelho 1,2 – 2,8 amarelo
Azul de Bromofenol amarelo 3,0 – 4,6 violeta
Vermelho do Congo azul 3,0 – 5,2 vermelho
Laranja de Metilo vermelho 3,1 – 4,4 amarelo
Vermelho de Metila vermelho 4,4 – 6,2 amarelo
Azul de Bromotimol amarelo 6,0 – 7,6 azul
Vermelho de Fenol amarelo 6,6 – 8,0 vermelho
Azul de Timol (2ª transição) amarelo 8,0 – 9,6 azul
Fenolftaleína incolor 8,2 – 10,0 rosa-carmim
Amarelo de Alizarina R amarelo 10,1 – 12,0 vermelho
Carmim de Indigo azul 11,4 – 13,0 amarelo
Verde de Bromocresol amarelo 3,8 – 5,4 azul
Vermelho de Bromofenol amarelo 5,2 – 7,0 púrpura
Vermelho Neutro vermelho 6,8 – 8,0 amarelo
Vermelho de Cresol vermelho 7,2 – 8,8 amarelo

FONTE: Adaptado de <https://bit.ly/2ZeAFHc>. Acesso em: 26 jun. 2020.

É comum o uso da Tira Universal de pH (Figura 8) para determinação do


pH em diversas situações.

Esse tipo de medição é a mais frequente em laboratórios, porém é


aplicada ainda no campo da agronomia, medicina, biologia, química,
nutrição, tratamento de água, entre outros. As tiras de pH não
necessitam de nenhuma calibração, manutenção e são muito práticas
para aplicar em qualquer rotina. As tiras de pH consistem num
filtro de papel impregnado com um indicador ou uma mistura de
indicadores, que aponta a escala de pH – do ácido ao básico – através
de uma variedade de cores. Ou seja, existe uma cor diferente para
cada número na escala do pH e através dessa diferenciação é possível
classificar a solução em análise (KASVI, 2016, s. p.).

107
UNIDADE 2 — FUNÇÕES INORGÂNICAS E REAÇÕES QUÍMICAS

FIGURA 8 – TIRA UNIVERSAL DE pH

FONTE: <https://bit.ly/2H9ypM7>. Acesso em: 6 jul. 2020.

3.2 ÍONS COMUNS E SOLUÇÃO-TAMPÃO


No laboratório de Química é comum encontrar substâncias que atuam de
forma a impedir a variação de pH de determinada solução. Estas são chamadas
de soluções-tampão. Para que possamos verificar como uma solução-tampão
funciona, precisamos compreender o efeito do íon comum.

Tudo começa com o Princípio de Le Châtelier, desenvolvido pelo
químico e metalurgista francês Henri Louis Le Châtelier (1850-1936) durante
seus estudos sobre equilíbrio químico. Segundo Skoog et al. (2005, p. G-11), este
princípio afirma que “[...] a aplicação de uma perturbação a um sistema químico
em equilíbrio resultará em uma mudança na posição do equilíbrio no sentido de
minimizar o efeito da perturbação”.

Ao ser adicionado um íon comum em uma reação que já se encontra em


equilíbrio, provocamos um deslocamento desse equilíbrio, isso fará com que o
íon adicionado seja consumido, dando a esse fenômeno o nome de efeito do íon
comum. Veja a figura 9.

FIGURA 9 – EFEITO DO ÍON COMUM SOBRE O EQUILÍBRIO

FONTE: O autor

108
TÓPICO 1 — ÁCIDOS E BASES

NOTA

O efeito do íon comum pode ser utilizado para diminuir o grau de ionização
de um ácido, o grau de dissociação de uma base ou a solubilidade de um sal.

“O efeito do íon comum é responsável pela capacidade que as soluções-


tampão possuem de quase não sofrer variação de pH [...] com a adição de pequenas
quantidades de ácidos fortes ou bases fortes em seu meio” (PRIETO, 2019, s. p.).

Prieto (2019, s. p.) afirma que:

Uma solução tampão pode ser formada por um ácido de natureza


fraca e por um sal formado da reação entre esse ácido e uma base forte
(ou seja, um sal de base forte). A solução tampão também pode ser
formada por base fraca e por um sal formado pela reação dessa base
com um ácido forte (sal de ácido forte).

Esta solução é dita “tamponada” e pode ser preparada através da


dissolução das substâncias em água. Para entender como funciona o efeito
tampão, fenômeno no qual uma solução-tampão mantém praticamente inalterado
o valor de pH da solução com adição de pequenas quantidades de ácido ou base
fortes, vamos ver um exemplo.

Exemplo: Imagine uma solução-tampão formada por ácido cianídrico


(HCN) [ácido fraco] e cianeto de sódio (NaCN) [sal solúvel], teremos duas reações
em equilíbrio:

Note que o íon comum é o cianeto (CN–), assim, por ser um sal solúvel, o
NaCN se dissocia facilmente e aumenta a disponibilidade desse íon em solução
fazendo com que o equilíbrio representado em “a” seja deslocado ainda mais
para esquerda, mantendo o ácido sob forma molecular.

Se a esta solução for adicionada uma pequena quantidade de uma base


forte, como hidróxido de potássio (KOH), esta sofre a seguinte dissociação:

Os íons hidroxila (OH–) serão neutralizados pelos íons hidrogênio


(H⁺) presentes no equilíbrio representado em “a”, dessa forma, novamente, o
equilíbrio representado em “a” será deslocado, só que agora será para direita, a

109
UNIDADE 2 — FUNÇÕES INORGÂNICAS E REAÇÕES QUÍMICAS

fim de produzir mais íons hidrogênio e compensar o que foi consumido. Assim, a
variação do pH da solução será pequena, pois enquanto a reação expressa em “b”
faz com que o H⁺ seja consumido com o íon comum, a reação expressa em “c” faz
com que ele seja formado.

A adição sucessiva da base forte continuará deslocando o equilíbrio da


reação expressa em “a” até que todo o ácido tenha sido ionizado, e neste momento
se encerra o efeito tampão da solução.

Agora, se adicionarmos um ácido forte, com por exemplo, ácido clorídrico


( ) a solução-tampão, observamos que este ácido se ioniza da seguinte maneira:

Como o ácido cianídrico é um ácido fraco, ele tende a se manter na forma


molecular, sendo assim, os íons H+ liberados na pelo ácido forte na reação “d”
reagem com o íon cianeto (CN–) liberado no equilíbrio representado por “b”
formando ácido cianídrico (HCN) e mantendo a variação de pH pequena. O
efeito tampão irá cessar quando todo o sal da reação “b” tiver sido dissociado.

A mesma lógica é aplicada quando temos uma solução tampão formada


por uma base fraca e um sal que possua o mesmo cátion da base.

NTE
INTERESSA

O sangue humano possui uma solução-tampão muito importante, pois ele


deve se manter com um pH entre 7,35 e 7,45 mesmo com a ingestão de pequenas quan-
tidades de ácidos forte ou bases fortes.

A manutenção do pH do sangue em níveis normais é


fundamental para a manutenção das células, que são recobertas
por sangue. Quando há variação nesse índice, as células não
se comportam como o esperado, podendo morrer mais cedo e
causar diversas complicações de saúde (MEDPREV, 2020, s. p.).

A solução tampão do sangue é formada por ácido carbônico (H2CO3) e bicarbonato de


sódio (NaHCO3) e quando o efeito tampão cessa dois fenômeno podem ser observados,
a acidose, que faz com que o pH do sangue diminua, geralmente por problemas respira-
tórios que impedem a expiração de gás carbônico (CO2), ou a alcalose, que faz com que
ocorra um aumento do pH provocado principalmente por hiperventilação pulmonar.

110
TÓPICO 1 — ÁCIDOS E BASES

4 NÚMERO DE OXIDAÇÃO (NOX)


Segundo Ribeiro (2014, s. p.),

O número de oxidação é um conceito convencional usado em química


em variadas situações, inclusive na nomenclatura. O número de
oxidação de um elemento em qualquer espécie química é a carga que
ficaria no átomo desse elemento se os elétrons em cada ligação formada
por esse átomo fossem atribuídos ao átomo mais eletronegativo.

Ou seja, o número de oxidação, ou simplesmente NOX, representa a carga
elétrica adquirida por um elemento quando este faz parte de um íon ou de uma
substância. Mas você deve se perguntar, qual é o objetivo de aprender este tema
antes de falarmos de ácidos e bases?

Na realidade, conhecer o número de oxidação é algo importante para


Química. Através dele podemos determinar a nomenclatura de compostos (como
faremos mais a frente), balancear reações de oxirredução e determinar fórmulas
químicas.

Antes de determinar o NOX de um elemento devemos conhecer algumas


informações:

• Para uma substância simples (Ex: ), o NOX do elemento será sempre


zero;
• Para íons monoatômicos (Ex: ) a carga do respectivo íon representa o
valor do NOX;
• A soma dos NOXs dos elementos que compõem uma substância será sempre
igual a zero.
• A soma dos NOXs dos elementos que compõem um íon poliatômico (Ex:
SO₄2-) será sempre igual a carga do próprio íon.

Alguns elementos possuem valor de NOX fixo:

QUADRO 2 – ELEMENTOS COM NOX FIXO

ELEMENTO NOX
Grupo 1 (Li, Na, K, Rb, Cs, Fr) +1
Grupo 2 (Be, Mg, Ca, Sr, Ba, Ra) +2
Zinco (Zn) +2
Prata (Ag) +1
Alumínio +3
FONTE: O autor

111
UNIDADE 2 — FUNÇÕES INORGÂNICAS E REAÇÕES QUÍMICAS

• Na maioria dos compostos o hidrogênio (H) possui NOX igual a +1 (Exceto


em hidretos metálicos, que são compostos binários no qual o hidrogênio se
liga a um metal, como o hidreto de sódio [NaH]). Nesses casos ele possui
NOX -1);
• Na maioria dos compostos o oxigênio (O) possui NOX igual a -2 (Exceto nos
peróxidos ( ), que é –1, nos superóxidos ( ), que é – ½, e no fluoreto de
oxigênio (OF₂), que é +2).

Conhecendo estas informações é possível determinar o NOX dos demais


elementos quando estes fazem parte de uma substância ou de um íon, dessa
forma, são apresentados quatro passos que podem auxiliar nesta determinação:

1º) Identifique os NOXs de elementos já conhecidos.


2º) Multiplique o valor do NOX de cada elemento pelo seu índice.
3º) Some os NOXS resultantes e iguale a zero (se for uma substância) ou a
carga (se for um íon poliatômico).
4º) Calcule o valor do NOX do elemento a ser descoberto.

NOTA

Os índices indicam a quantidade de átomos do elemento que compõem a


substância ou íon, quando nenhum número é apresentado subentende-se que se trata do
número 1.

A seguir são apresentadas duas situações nas quais os passos descritos


anteriormente são utilizados na determinação do NOX do elemento cloro ( ).

112
TÓPICO 1 — ÁCIDOS E BASES

FIGURA 10 – EXEMPLOS DE DETERMINAÇÃO DO NOX

FONTE: O autor

5 ÁCIDOS
Ácidos são substâncias amplamente encontradas em nosso cotidiano, seja
em medicamentos, produtos de limpeza ou alimentos. Como vimos anteriormente,
eles podem ser identificados de acordo com algumas teorias, porém, para fins
didáticos trabalharemos com o conceito de ácidos apresentados por Arrhenius:

“Toda substância que em solução aquosa libera como único cátion o


íon (em alguns casos pode ser representado por pelo íon hidrônio (H₃O⁺))”.

Considerando o conceito de Arrhenius devemos estar atentos à forma


como será montada a fórmula molecular desta ácido. Veja a Figura 11 apresentada
a seguir.

FIGURA 11 – FÓRMULA MOLECULAR DOS ÁCIDOS

FONTE: O autor

113
UNIDADE 2 — FUNÇÕES INORGÂNICAS E REAÇÕES QUÍMICAS

Note que as cargas do cátion (que no caso dos ácidos de Arrhenius


será sempre H+) e do ânion se tornam os índices um do outro. Com relação à
representação dos ânions, você pode consultar o Quadro 3, disponível no item 5.2,
e fique tranquilo, pois com o tempo, essas informações acabam sendo gravadas
na memória e se tornam mais práticas de usar.

5.1 CLASSIFICAÇÃO
As características gerais dos ácidos, como sabor azedo, estado líquido e
ionização em água são aspectos que estão relacionados com a sua classificação,
sendo assim, é muito importante que possamos conhecê-la. Dessa forma é
necessário saber que os ácidos podem ser classificados de acordo com alguns
parâmetros sendo eles:

• Quanto ao número de elementos;


• Quanto à presença de oxigênio;
• Quanto ao número de hidrogênios ionizáveis;
• Quanto à volatilidade;
• Quanto à força.

Portanto, vamos iniciar a classificação quanto ao número de elementos.

5.1.1 Quanto ao número de elementos


Como relação ao número de elementos constituintes do ácido, ele pode
ser classificado como:

• Binário: formado por dois elementos.


Ex.: Ácido Clorídrico (H ).
• Terciário: formado por três elementos.
Ex.: Ácido Nítrico (HNO₃).
• Quaternário: formado por quatro elementos.
Ex.: Ácido Tiocianoico (HSCN).

5.1.2 Quanto à presença de oxigênio


Com relação à presença de oxigênio, os ácidos podem ser classificados
como:

• Oxiácido: possuem oxigênio em sua estrutura.


Ex.: Ácido Perclórico (H O₄)
• Hidrácido: não possuem oxigênio em sua estrutura.
Ex.: Ácido Fluorídrico (HF)

114
TÓPICO 1 — ÁCIDOS E BASES

5.1.3 Quanto ao número de hidrogênios ionizáveis


Para realizar esta classificação, primeiramente precisamos definir
“hidrogênio ionizável”. Todo hidrogênio ionizável é aquele, que em solução aquosa,
é capaz de sofrer o processo de ionização e formar o cátion H+ (ou H₃O⁺). Assim,
quanto ao número de hidrogênios ionizáveis, os ácidos podem ser classificados
como:

• Monoácido (ou monoprótico): apresentam apenas um hidrogênio ionizável.


Ex.: Ácido Bromídrico (HBr)
• Diácido (ou diprótico): apresentam dois hidrogênios ionizáveis.
Ex.: Ácido Sulfúrico (H₂SO₄)
• Triácido (ou triprótico): apresentam três hidrogênios ionizáveis.
Ex.: Ácido Fosfórico (H₃PO₄)
• Tetrácido (ou tetraprótico): apresentam quatro hidrogênios ionizáveis.
Ex.: Ácido Ortossilícico (H₄SiO₄)

Ao classificar um ácido considerando o número de hidrogênios ionizáveis,


é importante considerar algumas informações: Para hidrácidos o número
de hidrogênio na molécula é o próprio número de hidrogênios ionizáveis, já
para oxiácidos o número de hidrogênios ionizáveis será igual ao número de
hidrogênios ligados diretamente a átomos de oxigênio. Veja o exemplo do Ácido
Fosforoso (H₃PO₃) na figura a seguir.

FIGURA 12 – HIDROGÊNIOS IONIZÁVEIS DO ÁCIDO FOSFOROSO (H₃PO₃)

FONTE: Adaptado de <https://bit.ly/3g7mTwW>. Acesso em: 29 jun. 2020.

Note que apesar de o ácido fosforoso possuir 3 hidrogênios em sua


molécula ele será classificado como um diácido, pois apenas os hidrogênios
ligados diretamente aos átomos de oxigênios sofrerão processo de ionização.
Dessa forma, no caso de oxiácidos, é importante verificar sua fórmula estrutural
antes de definir sua classificação.

115
UNIDADE 2 — FUNÇÕES INORGÂNICAS E REAÇÕES QUÍMICAS

5.1.4 Quanto à volatilidade


Quando um frasco de vinagre é aberto, imediatamente sentimos seu
cheiro, isso se deve a uma propriedade chamada de volatilidade. A volatilidade
é uma grandeza relacionada à facilidade que um líquido tem para passa para
o estado gasoso. Quanto a esta característica os ácidos podem ser classificados
como:

• Voláteis: possuem baixos pontos de ebulição, portanto, passam facilmente


para o estado gasoso.
Ex.: ácido Iodídrico (HI) [PE: -35,36 °C]
• Fixos: possuem elevados pontos de ebulição, portanto, apresentam dificuldade
para transitar para o estado gasoso.
Ex.: ácido Bórico (H₃BO₃) [PE: 300 °C]

De forma geral, todos os hidrácidos, ácido nítrico (HNO₃), ácido metanoico


(HCOOH) e ácido acético (CH₃COOH) são voláteis, já os demais ácidos são fixos.

5.1.5 Quanto à força


A fim de identificar a força de um ácido, é necessário determinar o grau
de ionização (α), para isso contamos com a seguinte fórmula:

O grau de ionização representa uma grandeza adimensional, ou seja, sem


unidade de medida, porém é comum transformar este valor em porcentagem ao
multiplicá-lo por 100. Imagine, por exemplo, que em um recipiente seja preparada
uma solução 1 mol/L de ácido clorídrico ( ) e que a cada 1000 moléculas que
se dissolvem somente 920 sofram o processo de ionização e o restante se mantém
da forma molecular, dessa forma, poderíamos calcular o grau de ionização da
seguinte forma:

Multiplicando este resultado por 100 teríamos um grau de ionização igual


a 92%. Porém, o que este resultado representa para a força de um ácido? Veja as
relações a seguir:

• Ácido forte: possui grau de ionização maior que 50% (α > 50%).
• Ácido Moderado: possui grau de ionização maior ou igual a 5% e menor ou
igual a 50% (5% ≤ α ≤ 50%).
• Ácido fraco: possui grau de ionização menor que 5% (α < 5%).

116
TÓPICO 1 — ÁCIDOS E BASES

Para o nosso exemplo apresentado anteriormente, possuir α = 92% indica


que o ácido clorídrico é um ácido forte.

Há uma regra prática para a determinação da força dos ácidos, sendo que,
para hidrácidos:

• Ácidos fortes:
• Ácido moderado: HF.
• Ácidos fracos: demais hidrácidos.

Já para oxiácidos usamos a Regra de Pauling que nos diz que devemos
analisar o resultado da seguinte subtração:

x = (nº de oxigênios da molécula) – (nº de hidrogênios ionizáveis)

Sendo,

• Ácido forte: aqueles em que a diferença for maior ou igual a 2 (x ≥ 2).


• Ácido moderado: aqueles em que a diferença for igual a 1 (x = 1).
• Ácido fraco: aqueles em que a diferença for igual a zero (x = 0).

A única exceção que merece destaque para esta regra é o Ácido Carbônico
(H₂CO₃), no qual a diferença entre oxigênios e hidrogênios ionizáveis é 1, porém,
este ácido é classificado como fraco.

E
IMPORTANT

Ao aplicar a regra de Pauling para oxiácidos, você pode se perguntar, numa


comparação, qual oxiácido é mais forte. Para isso, há duas dicas a serem seguidas: (1)
Quanto maior for o número de átomos de oxigênio ligados ao átomo central, mais forte
será o ácido; (2) Nos casos onde o número de oxigênios ligados ao átomo central for o
mesmo, verifique a eletronegatividade de átomo central, aquele que possuir maior eletro-
negatividade mais forte será.

FONTE: WALLAU, Wilhelm Martin. Química inorgânica I: aulas teóricas. Aulas Teóricas.


2014. Universidade Federal de Pelotas (UFPel). Disponível em: https://bit.ly/3ghtWD9.
Acesso em: 30 jun. 2020.

117
UNIDADE 2 — FUNÇÕES INORGÂNICAS E REAÇÕES QUÍMICAS

E
IMPORTANT

Um dos assuntos que merece destaque ao se trabalhar com ácidos e bases


(e também sais) é sua classificação quanto à força. Lembre-se que quanto maior o grau
de ionização/dissociação, mais forte será a substância. No entanto, há outra propriedade
ligada a essa força, o fato de esta substância ser ou não um eletrólito, o que, de forma
direta, irá interferir em outra propriedade, a condutividade.

Buscando abordar este assunto, é apresentado a seguir um trecho da apresentação da


disciplina de Fundamentos de Química Analítica da Universidade Federal de Minas Gerais
(UFMG), escrita por Ione Maria F. de Oliveira, Maria José de S. F. da Silva, Simone de F. B.
Tófani, sendo que, para fins didáticos, algumas alterações foram realizadas.

ELETRÓLITOS

Uma propriedade físico-química importante das soluções é a sua condutivi-


dade elétrica. Condutividade elétrica é a capacidade das soluções de conduzir uma
corrente elétrica devido ao movimento relativo de íons presentes na solução.

A água pura exibe uma pequena condutividade elétrica devido à baixa concen-
tração dos íons hidrogênio, H+, e hidróxido, OH–. As soluções aquosas, em geral, podem
exibir condutividades maiores ou iguais à da água pura, dependendo da natureza do
soluto.

Substâncias que, em solução aquosa, não alteram a condutividade da água são


denominadas de não eletrólitos. Os não-eletrólitos usualmente são solúveis em água,
mas não formam íons em solução. Por exemplo, a sacarose (açúcar), C12H22O11, ou o
etanol (álcool comum), C2H6O, comportam-se como não-eletrólitos ao serem dissolvi-
dos em água,

Por outro lado, substâncias que, em solução aquosa, aumentam a condutivida-


de da água, são denominadas eletrólitos. Os eletrólitos são responsáveis pela condução
de eletricidade em uma solução aquosa e essa condução é feita pelos íons formados.
Por exemplo, o ácido clorídrico, , cloreto de sódio (sal de cozinha), Na e hidró-
xido de sódio, NaOH, são exemplos comuns de substâncias que se comportam como
eletrólitos em água:

118
TÓPICO 1 — ÁCIDOS E BASES

A medida da condutividade de uma solução reflete o grau de dissociação ou


de ionização do soluto. No entanto, a condutividade também depende da concentra-
ção da solução. Baseado na condutividade das soluções, os eletrólitos são classificados
como eletrólitos fortes e eletrólitos fracos.

ELETRÓLITOS FORTES E FRACOS

Independentemente do conhecimento das medidas de condutividade de uma


solução, um analista deve ter a habilidade de reconhecer se uma dada substância é um
eletrólito e, também, de reconhecer se um eletrólito é fraco ou forte. Esse conheci-
mento possibilita escrever corretamente as equações químicas das reações que esses
eletrólitos podem sofrer em solução aquosa.

Eletrólitos fortes: são substâncias que se dissociam ou se ionizam totalmente em so-


lução aquosa.
Eletrólitos fracos: são substâncias que se dissociam ou se ionizam parcialmente em
solução aquosa.

FONTE: Adaptado de SILVA, Maria José de S. F. da; TÓFANI, Simone de F. B.; OLIVEIRA,
Ione Maria F. de. Fundamentos de Química Analítica: Aula 1. Belo Horizonte: Universi-
dade Federal de Minas Gerais (UFMG), 2009. Disponível em: <https://bit.ly/3dQ3LSF>.
Acesso em: 30 jun. 2020.

Numa análise microscópica verificaríamos que uma solução possui eletrólitos fracos ou
fortes, conforme a figura a seguir, que apresenta dois ácidos, sendo o Ácido Cianídri-
co (HCN) fraco (condutividade menor) e o Ácido Clorídrico ( ) forte (condutividade
maior).

ELETRÓLITOS FORTES E FRACOS

FONTE: <https://bit.ly/38qbXI7>. Acesso em: 30 jun. 2020.

Além de ser um indicador da condutividade elétrica, a presença de eletrólitos é de vital


importância para o funcionamento do corpo humano. Dessa forma, é apresentado a
seguir um texto escrito pelo médico nefrologista James L. Lewis e publicado no site
Manual MSD.

119
UNIDADE 2 — FUNÇÕES INORGÂNICAS E REAÇÕES QUÍMICAS

CONSIDERAÇÕES GERAIS SOBRE ELETRÓLITOS

Mais da metade do peso do corpo é composto por água. Os médicos consi-


deram que a água do corpo fica confinada em vários espaços, denominados comparti-
mentos de líquidos. Os três compartimentos principais são:

• Líquido no interior das células


• Líquido no espaço em torno das células
• Sangue

Para funcionar normalmente, o corpo deve evitar que os níveis de líquido


variem muito nessas áreas.

Alguns minerais – principalmente os macrominerais (minerais de que o


corpo precisa em quantidades relativamente grandes) – são importantes, tais como
os eletrólitos. Eletrólitos são minerais que carregam uma carga elétrica quando estão
dissolvidos em um líquido, como o sangue. Os eletrólitos do sangue – sódio, potássio,
cloreto e bicarbonato – ajudam a regular as funções dos nervos e músculos e manter
um equilíbrio ácido-base e um equilíbrio hídrico.

Os eletrólitos, sobretudo o sódio, ajudam o corpo a manter os níveis de líqui-


do normais nesses compartimentos de líquidos, uma vez que a quantidade de líquido
contida em um compartimento depende da quantidade (concentração) de eletrólitos
contida nele. Se a concentração de eletrólitos for alta, o líquido se move para este
compartimento (um processo chamado osmose). Do mesmo modo, se a concentra-
ção de eletrólitos for baixa, o líquido se move para fora deste compartimento. Para
ajustar os níveis de líquidos, o corpo pode mover ativamente os eletrólitos para dentro
ou para fora das células. Assim, ter eletrólitos nas concentrações corretas (um estado
denominado equilíbrio eletrolítico) é importante para manter o equilíbrio líquido entre
os compartimentos.

Os rins ajudam a manter as concentrações de eletrólitos através da filtragem


de eletrólitos e água do sangue, devolvendo alguns para o sangue e excretando qual-
quer excesso pela urina. Assim, os rins ajudam a manter um equilíbrio entre o consumo
diário e a excreção de eletrólitos e água.

Alguns distúrbios podem surgir se esse equilíbrio de eletrólitos for perturbado.


Por exemplo, um desequilíbrio eletrolítico pode ser causado por:

• Ficar desidratado ou hiper-hidratado


• Tomar certos medicamentos
• Distúrbios específicos do coração, rim ou fígado
• Recebimento de hidratação ou alimentação por via intravenosa em quantidades
inadequadas

FONTE: Adaptado de LEWIS, James L. Considerações gerais sobre eletrólitos. [S. l.]:
Manual MSD, 2018. Disponível em: <https://msdmnls.co/3inRPL9>. Acesso em: 30 jun.
2020.

120
TÓPICO 1 — ÁCIDOS E BASES

5.2 NOMENCLATURA
A nomenclatura dos ácidos geralmente representa certa dificuldade
aos acadêmicos, porém, com um pouco de prática e com as dicas a seguir esse
processo pode ficar mais fácil. Assim, vamos começar com a forma geral de dar
nome aos ácidos e para isso é importante ter em mãos uma tabela de ânions, igual
a apresentada a seguir:

QUADRO 3 – ÂNIONS

MONOVALENTE SbO₂– Metantimonito MnO₄2– Manganato


H+ Hidreto BiO₃– Bismutato FeO₄2– Ferrato
OH –
Hidróxido BIVALENTE Zn₂² –
Zincato
F –
Fluoreto O²– Óxido MoO₄² –
Molibdato
BF4 –
Fluoborato O₂²– Peróxido SnO₂² –
Estanito
Cloreto S²– Sulfeto SnO₃² –
Estanato
Hipoclorito SO₃²– Sulfito WO₄² –
Tungstato
Clorito SO₄²– Sulfato PbO₂² –
Plumbito
Perclorato S2O₃²– Tiossulfato PbO₃² –
Plumbato
Cloroaurato S₂O₇2– Pirossulfato TRIVALENTE
Brometo S₂O₈2– Persulfato N³– Nitreto
Hipobromito SO₅2– Monopersulfato p³– Fosfeto
Bromato S₂O₄2– Hipossulfito PO₄³– Fosfato
Iodeto S₂O₅2– Pirossulfito PO₃³ –
Fosfito
Hipoiodito Se²– Seleneto PO₂³ –
Hipofosfito
Iodato SeO₃2– Selenito AsO₃³ –
Arsenito
Periodato SeO₄2– Selenato AsO₄³ –
Arsenato
Metaborato Te2– Telureto SbO₃³ +
Antimonito
H₃C – COO

Acetato TeO₃2– Telurito SbO₄³ –
Antimonato
CN –
Cianeto B₄O₇2– Tetraborato BO₃³– Borato
OCN –
Cianato CO₃2– Carbonato Fe(CN)₆³ –
Ferricianeto
SCN– Tiocianato C₂O₄ 2–
Oxalato TETRAVALENTE
NO₂– Nitrito N₂O₂2– Hiponitrito P₂O₆⁴– Hipofosfato
NO3 –
Nitrato SiF²– Fluossilicato P₂O₇⁴ –
Pirofosfato
Aluminato SiO₃2– Metassilicato As₂O₇⁴ –
Piroarsenato
(Hexa)
PO₃– Metafosfato Sb₂O₇⁴– Piroantimonato
cloroplatinato
MnO₄– Permanganato CrO₄2– Cromato SiO₄⁴– Silicato
FeO₂ –
Ferrito Cr₂O₇ 2–
Dicromato Fe(CN)₆⁴ –
Ferrocianeto
AsO₂– Metarsenito MnO₃ 2–
Manganito -
FONTE: O autor

121
UNIDADE 2 — FUNÇÕES INORGÂNICAS E REAÇÕES QUÍMICAS

Para nomear, basta utilizar a palavra “Ácido” seguida pelo radical do


ânion e sua terminação apropriada.

ÁCIDO + RADICAL DO ÂNION + TERMINAÇÃO

Para identificar o radical basta retirar as terminações “ito”, “ato” e “eto”


do nome do ânion e adicionar a nova terminação, conforme é apresentado no
Quadro 4.

QUADRO 4 – ALTERAÇÃO DA TERMINAÇÃO DO NOME DO ÂNION

TERMINA EM... SUBSTITUI POR...


ITO OSO
ATO ICO
ETO ÍDRICO
FONTE: O autor

Por exemplo, se quiséssemos nomear o ácido HNO₃, o ânion que deu


origem a ele é o NO₃–, chamado de nitrato, substituindo a final ato por ico ficaria,
nítrico, portanto, o nome deste ácido será Ácido Nítrico. Como toda regra possui
uma exceção, esta não seria diferente. Para ânions compostos com enxofre (S) e
oxigênio (O), o radical utilizado não será “sulf”, mas sim “sulfur”.

Outras dicas que podem ajudá-lo na nomenclatura dos ácidos são:

• Para hidrácidos, a terminação será sempre “ídrico”, ou seja, de forma geral


teremos sempre:

ÁCIDO + RADICAL + ÍDRICO

• Para os oxiácidos, pode-se considerar o NOX (número de oxidação) do


átomo central e buscar as informações no Quadro 5. Perceba que eles terão a
terminação “ico” e “oso”.

122
TÓPICO 1 — ÁCIDOS E BASES

QUADRO 5 – NOMENCLATURA DE OXIÁCIDOS


POSSÍVEIS NOX DO
REGRA DE NOMENCLATURA
ELEMENTO CENTRAL
Radical do Elemento
Grupo Central EXEMPLOS
Prefixo Grupo Sufixo
17 16 15
17 16 15
( ) (S) (N, P)

+7 - - per ico

+5 +6 +5 - ico
F (Fluor)
(Clor) S
N (Nitr)
Br (Brom) (Sulfur)
P (Fosfor)
I (Iod)

+3 +4 +3 - oso

+1 +2 +1 hipo oso

FONTE: Adaptado de <https://bit.ly/2Bu5iki>. Acesso em: 1 jul. 2020.

5.3 APLICAÇÕES
Como citado anteriormente, os ácidos são extremamente utilizados no dia
a dia para as mais diversas aplicações. Dessa forma, são apresentados a seguir os
principais ácidos e suas aplicações.

QUADRO 6 – PRINCIPAIS ÁCIDOS E SUAS APLICAÇÕES

FÓRMULA
NOME APLICAÇÃO
MOLECULAR
Ácido É utilizado na limpeza de peças metálicas e
H
Clorídrico como importante reagente laboratorial.
É utilizado para fazer marcações e gravações
Ácido
HF no vidro e no aço, já que causa corrosão
Fluorídrico
nesses tipos de material.

123
UNIDADE 2 — FUNÇÕES INORGÂNICAS E REAÇÕES QUÍMICAS

Possui extrema importância, principalmente


industrial, para a produção de diversos
Ácido
H₂SO₄ materiais, como baterias de automóvel,
Sulfúrico
corantes, tintas, explosivos, papel e
fertilizantes.
É bastante utilizado na fabricação de
Ácido
HNO₃ explosivos, principalmente o TNT e a
Nítrico
nitroglicerina, fertilizantes agrícolas e salitre.

É um ácido utilizado na produção de


plásticos, corantes, pesticidas e fertilizantes.
Por ser encontrado na forma de um gás, foi
Ácido usado para executar pessoas em câmaras
HCN
Cianídrico de gás durante a Segunda Guerra Mundial,
marcando a história pelo grande número
de mortos, o que ficou conhecido como
holocausto.
Ácido presente na formação de alguns
sais (fosfatos), os quais são utilizados
Ácido
H₃PO₄ na produção de fertilizantes, além de
Fosfórico
ser utilizado na indústria alimentícia e
farmacêutica.
É utilizado na produção de água mineral
Ácido
H₂CO₃ gaseificada e dos refrigerantes, sendo
Carbônico
fundamental no realce de sabor e aparência.
Ácido bastante utilizado em laboratórios
Ácido de análises quantitativas, é fundamental na
H₂S
Sulfídrico precipitação de metais, principalmente os
denominados metais pesados.

Na forma de solução, esse ácido é capaz de


oxidar madeira. Sua maior utilização, porém,
é na produção de sais denominados cloratos,
Ácido
H O₃ os quais são empregados na produção de
Clórico
fogos de artifício, fósforos de segurança,
produção de gás oxigênio e pastilhas para
garganta.

Ácido utilizado na limpeza de vidrarias de


laboratório, na cromação de peças metálicas,
Ácido
H₂CrO₄ na produção de vidros e cerâmicas e na
Crômico
formação de sais de cromo, muito utilizados
como reagentes em laboratório.
Ácido utilizado na fabricação de explosivos,
Ácido herbicidas, na precipitação de mucoproteínas
H O₄ Perclórico (presentes no sangue ou em líquidos
sinoviais) e em análises clínicas laboratoriais.

FONTE: Adaptado de <https://bit.ly/3iD6dPZ>. Acesso em: 5 jul. 2020.

124
TÓPICO 1 — ÁCIDOS E BASES

6 BASES

Assim como os ácidos, as bases (ou hidróxidos) representam uma
função química, ou seja, um grupo de substâncias que possuem características
semelhantes. Considerando essa informação, para fins didáticos, trabalharemos
com a Teoria Ácido-Base de Arrhenius, portanto, bases podem ser definidas como:

“Toda substância que em solução aquosa libera como único ânion o


íon OH–(hidroxila)”.

As bases (ou hidróxidos) apresentam pH básico (ou alcalino), ou seja, na


escala irão apresentar valor superior a 7. Além disso, possuem sabor adstringente
e tato escorregadio.

Diferente dos ácidos, as bases sofrem dissociação ao invés de ionização,


pois são compostos iônicos, já que a maioria de seus cátions são metais (a única
exceção é o hidróxido de amônio [NH₄OH], uma base formada por um não metal
e que sofre ionização).

E
IMPORTANT

O hidróxido de amônio na realidade representa o borbulhamento e


solubilização de gás amônia (NH3) em água (H2O), conforme é apresentado na equação
química a seguir:

Considerando o conceito de Arrhenius devemos estar atentos à forma


como será montada a fórmula unitária das bases.

FIGURA 13 – FÓRMULA UNITÁRIA BASES

FONTE: O autor

125
UNIDADE 2 — FUNÇÕES INORGÂNICAS E REAÇÕES QUÍMICAS

6.1 CLASSIFICAÇÃO
As bases podem ser classificadas perante alguns quesitos sendo eles:

• Quanto ao número de hidroxilas;


• Quanto à solubilidade;
• Quanto à força.

6.1.1 Quanto ao número de hidroxilas


Quanto ao número de hidroxilas (OH–) presentas na substância podemos
classificar as bases como:

6.1.2 Quanto à solubilidade


A solubilidade poder ser definida como a capacidade de uma substância
se dissolver em outra. Quanto a essa capacidade, as bases podem ser classificadas
como:

NOTA

Precipitado, corpo de fundo ou corpo de chão é o sólido insolúvel que se


deposita no fundo do recipiente ao final de uma reação ou quando a solução já apresenta
a quantidade máximo de soluto dissolvido.

126
TÓPICO 1 — ÁCIDOS E BASES

Esta classificação está vinculada ao cátion, que se liga à hidroxila, sendo:

• Solúveis: todas as bases formadas por metais alcalinos (Grupo 1) e hidróxido


de amônio (NH₄OH). ).
• Pouco solúveis: todas as bases formadas por metais alcalinos terroso (Grupo
2), exceto as formadas por berílio (Be) e magnésio (Mg).
• Praticamente insolúveis: todas as demais bases.

Veja no Quadro 7 a solubilidade algumas bases em água a 20 °C:

QUADRO 7 – SOLUBILIDADE DE BASES

FÓRMULA UNITÁRIA NOME SOLUBILIDADE (g/L)


Fe (OH)₂ Hidróxido de Ferro II 0,001
Hidróxido de Alumínio 0,008
Mg (OH)₂ Hidróxido de Magnésio 0,009
Ca (OH)₂ Hidróxido de Cálcio 1,7
Sr (OH)₂ Hidróxido de Estrôncio 4,0
Ba (OH)₂ Hidróxido de Bário 39,0
NaOH Hidróxido de Sódio 1090,0
KOH Hidróxido de Potássio 1120,0
FONTE: O autor

6.1.3 Quanto à força


Assim como os ácidos, a força das bases está associada ao seu grau de
dissociação (α). Dessa forma, podemos classificar as bases como:

• Base forte: são bases que possuem um grau de dissociação superior a 50%
(α > 50%).
• Base fraca: são bases que possuem um grau de dissociação igual ou menor
que 5% (α≤ 5%).

127
UNIDADE 2 — FUNÇÕES INORGÂNICAS E REAÇÕES QUÍMICAS

NOTA

Lembre-se de que ao falar de ácidos identificamos como sendo o grau


de ionização, essa mudança de nomenclatura ocorre devido ao fato de ácidos serem
compostos moleculares, que sofrem ionização, enquanto bases são compostos iônicos e
sofrem dissociação, portanto, se fala em grau de dissociação.

O grau de dissociação está associado à solubilidade. Portanto:

• Bases fortes: são todas formadas pelas pelos metais alcalinos (Grupo 1)
e metais alcalinos terrosos (Grupo 2), exceto as formadas por berílio (Be) e
magnésio (Mg).
• Bases fracas: todas as demais e Hidróxido de Amônio.

Aqui é importante salientar que o hidróxido de amônio (NH₄OH),


apesar de ser uma base solúvel, é considerada fraca, isso ocorre pois na reação
entre amônia (NH₃) e água (H₂O) o equilíbrio da reação está direcionada para
esquerda, ou seja, há mais reagentes do que produtos, portanto, há uma pequena
quantidade de hidroxilas (OH–) em solução. Lembre-se, o hidróxido de amônio
só existirá em solução (amônia dissolvida em água). Reveja a reação:

6.2 NOMENCLATURA
Para nomear as bases devemos relembrar os nossos conhecimentos
sobre NOXs. Portanto, nos quadros a seguir (Quadros 8 e 9) são apresentados
os principais cátions e seus valores de carga (para íons monoatômicos o valor da
carga é igual ao NOX).

128
TÓPICO 1 — ÁCIDOS E BASES

QUADRO 8 – CÁTIONS DE NOX FIXO


ELEMENTO CARGA
Lítio Li+
Sódio Na+

(Grupo 1)
Alcalinos
Potássio K+
Rubídio Rb+
Césio Cs+
Frâncio Fr+
Magnésio Mg²+
(Grupo 2)
Alcalinos

Cálcio Ca²+
Terrosos

Estrôncio Sr²+
Bário Ba²+
Rádio Ra²+
Prata Ag+
Zinco Zn²+
Alumínio

FONTE: O autor

QUADRO 9 – CÁTIONS DE NOX VARIÁVEL

ELEMENTO CARGA / NOME


Cu⁺ Cu²⁺
Cobre
Cuproso Cúprico
(Hg₂)²⁺ Hg²⁺
Mercúrio
Mercuroso Mercúrico
Au⁺ Au³⁺
Ouro
Auroso Áurico
Fe²⁺ Fe³⁺
Ferro
Ferroso Férrico
Co²⁺ Co³⁺
Cobalto
Cobaltoso Cobáltico
Ni²⁺ Ni³⁺
Níquel
Niqueloso Niquélico
Cr²⁺ Cr³⁺
Cromo
Cromoso Crômico
Sn²⁺ Sn⁴⁺
Estanho
Estanoso Estânico
Pb²⁺ Pb⁴⁺
Chumbo
Plumboso Plúmbico
Mn²⁺ Mn⁴⁺
Manganês
Manganoso Mangânico
FONTE: O autor

129
UNIDADE 2 — FUNÇÕES INORGÂNICAS E REAÇÕES QUÍMICAS

Conhecendo os valores de NOX podemos nomear as bases considerando


se o elemento possui NOX fixo ou variável.

Para bases de formadas por cátions de NOX fixo basta seguir a forma
geral apresentada a seguir:

Hidróxido de + Nome do Cátion

Por exemplo, para a base formada por estrôncio (Sr(OH)₂), teríamos


Hidróxido de Estrôncio.

Já para bases formadas por cátions com NOX variável podemos utilizar
duas formas diferentes:

1ª) Hidróxido de + Nome do Cátion + Carga em Números Romanos


Ex.: a base Mn(OH)₂ seria nomeada como Hidróxido de Manganês II.

2ª) Hidróxido + Nome do Cátion + Terminação “oso” (menor carga)


Ex.: A base Mn(OH)₂ seria nomeada como Hidróxido Manganoso.
ou
Hidróxido + Nome do Cátion + Terminação “ico” (maior carga)
Ex.: A base Mn(OH)₄ seria nomeada como Hidróxido Mangânico.

No Quadro 9 são apresentados os nomes dos cátions com a terminação


“oso”, para os de menor carga, e “ico”, para os de maior carga.

6.3 APLICAÇÕES
As bases possuem diversas aplicações no cotidiano, portanto, o Quadro
10 apresenta algumas das mais importantes e seus principais usos e curiosidades.

QUADRO 10 – PRINCIPAIS BASES E SUAS APLICAÇÕES

FÓRMULA
NOME APLICAÇÃO
UNITÁRIA
Conhecida como soda cáustica, essa base é um
sólido branco bastante solúvel em água. Ela é
utilizada em limpezas pesadas e em produtos
Hidróxido para desentupir pias e ralos. Também é utilizada
NaOH
de Sódio em uma das etapas da fabricação de papel, no
tratamento de efluentes e na indústria têxtil. Além
do mais, esta base tem um alto poder corrosivo
podendo destruir tecidos vivos.

130
TÓPICO 1 — ÁCIDOS E BASES

Esta base pode ser encontrada como potassa


cáustica sendo um sólido branco, cristalino e
Hidróxido
KOH extremamente tóxico. É usada na fabricação de
de Potássio
sabões, na produção de biodiesel e na produção
pilhas alcalinas.
O hidróxido de cálcio também leva o nome de cal
hidratada, cal extinta ou cal apagada. Quando
essa substância é misturada com água, ela é
Hidróxido chamada de água de cal e na forma de suspensão,
Ca(OH)₂
de Cálcio como leite de cal. Ela é aplicada principalmente
em construções, na preparação de argamassa,
no tratamento de água e esgotos, em inseticidas,
fungicidas e na redução da acidez do solo.
Esta base é um sólido branco, pouco solúvel em
água. A sua principal aplicação se dá na forma
Hidróxido
de leite de magnésia, que é usado como laxante
Mg(OH)₂ de
e antiácido. Além disso, pode ser utilizada na
Magnésio
fabricação de papéis no refino de açúcar e na
fabricação de retardantes de chamas.
Hidróxido Geralmente, esta base pouco solúvel é utilizada
de para fabricação de desodorantes, no tratamento
Alumínio de água, e como antiácido estomacal.
Obtido da dissolução de amônia em água,
esta base é um líquido incolor de forte odor. O
hidróxido de amônio é conhecido comercialmente
Hidróxido
NH₄OH por amoníaco, sendo muito utilizado na produção
de Amônio
de fertilizantes e explosivos, na saponificação
de óleos e gorduras e na revelação de filmes
fotográficos.
FONTE: O autor

131
RESUMO DO TÓPICO 1
Neste tópico, você aprendeu que:

• Segundo a Teoria de Arrhenius, ácidos são todas as substâncias que em solução


aquosa liberam como único cátion o íon H+ e bases são todas as substâncias
que em solução aquosa liberam como único ânion o íon OH–.

• De acordo com a Teoria de Bronsted-Lowry, ácido é qualquer substância


capaz de doar um próton, enquanto base é qualquer substância capaz de
receber um próton (H⁺).

• Para a Teoria de Lewis, ácido é toda espécie química capaz de receber um par
de elétrons e base é toda espécie capaz de doar um par de elétrons.

• A acidez e basicidade (ou alcalinidade) de uma solução é medida através da


escala de pH. Substâncias ácidas terão pH inferior a 7, substâncias neutras
terão pH igual a 7, e substâncias básicas terão pH acima de 7.

• É comum o uso de indicadores ácido-base tanto em laboratório quanto em


algumas atividades cotidianas. Estes indicadores mudam de cor dependendo
do meio em que se encontram.

• O número de oxidação, ou simplesmente NOX, indica a carga de um elemento


quando este faz parte de um íon ou substância. É importante conhecer essa
numeração ao realizar a nomenclatura dos compostos.

• Ácidos são substâncias que sofrem ionização, liberam H⁺ e possuem sabor


azedo. Podem ser classificados quanto ao número de hidrogênios ionizáveis,
quanto ao número de elementos, quanto à força, quanto à volatilidade e
quanto à presença de oxigênios.

• Para nomear um ácido usamos “Ácido + Nome do Ânion + Terminação”.


Seguindo a regra de que cátions que terminem em “ito” tem a terminação
substituída por “oso”, terminados em “ato” por “ico” e terminados em “eto”
por “ídrico”.

• Bases são substâncias que sofrem dissociação, liberam OH– e possuem sabor
adstringente. Podem ser classificadas quanto à força, a solubilidade e o
número de hidroxilas.

• Para nomear uma base usamos “Hidróxido de + Nome do Cátion” para


cátions de NOX fixo e “Hidróxido de + Nome do Cátion + Carga em Números
Romanos” para cátions de NOX variável.

132
• Tanto os ácidos quanto as bases possuem diversas aplicações no nosso
cotidiano.

• Eletrólitos são substâncias que, ao serem dissolvidos em água, sofrem ionizam


ou dissociam com facilidade e aumentam a condutividade da solução. Podem
ser classificados como fortes e fracos.

• Não eletrólitos são substâncias que ao serem dissolvidos em águam não


sofrem ionização e permanecem na forma molecular, não aumentando a
condutividade do sistema.

133
AUTOATIVIDADE

1 A amônia (NH₃) é amplamente utilizada nas mais diversas aplicações. Além


de formar a base NH₄OH quando borbulhada em água, ela ainda é empregada
em outras várias reações, como as apresentadas a seguir:

Considerando a Teoria Ácido-Base de Bronsted-Lowry, classifique a amônia


em ácido ou base para as reações I e II.

2 A titulação ácido-base é uma técnica utilizada em química analítica a fim


de determinar a concentração de determinada solução. Essa técnica envolve
o uso de um indicador ácido-base pois ele tem a propriedade de mudar de
cor dependendo do meio em que se encontra. Seguindo a mesma ideia da
mudança de coloração, foi iniciada uma análise qualitativa com o objetivo
de determinar a faixa de pH de uma solução desconhecida, para isso ela foi
dividida em três béqueres e a cada um deles foi adicionado um indicador.

FONTE: O autor.

Considerando as colorações adquiridas pelas soluções, determine a faixa


aproximada de pH.

3 Ao medir a concentração de íons H⁺ em uma solução obteve-se o valor de


0,002mol/L. Calcule o valor de pH da solução e determine seu caráter.

4 O Ácido Fluorídrico ( ) possui uma alta reatividade com vidro sendo, por
esse motivo, usado em solução aquosa para fazer gravações nessas superfícies.
Por esse motivo também, ele deve ser guardado em recipientes polietileno

134
ou politetrafluoroetileno. Considerando seus conhecimentos acerca de
ácidos, classifique o ácido fluorídrico, quanto ao número de elementos, de
hidrogênios ionizáveis, presença de oxigênio, volatilidade e força.

5 Os ácidos são uma das funções químicas mais comuns do nosso cotidiano.
Eles estão presentes em situações que, talvez, muitas pessoas não estão tão
acostumadas a perceber, como nas baterias dos veículos, ou em situações
corriqueiras, como no vinagre utilizado na salada. No entanto, para um
químico, conhecer suas fórmulas moleculares e seus nomes é essencial para
evitar acidentes em laboratório. Assim, dê nome aos seguintes ácidos:

6 Uma experiência comum no ensino médio é denominada “Sangue do Dia-


bo”, mas apesar do nome assustador ela é uma atividade interessante no es-
tudo de bases e indicadores, pois a solução é basicamente composta de hi-
dróxido de amônio (NH₄OH) e fenolftaleína. Por ser uma base, o hidróxido
de amônio faz com que o indicador adquira uma coloração vermelha, daí a
origem do nome. Ao jogar essa solução vermelha em um tecido branco logo
a coloração desaparece. Considerando seus conhecimentos sobre bases, clas-
sifique o hidróxido de amônio e proponha uma explicação para o desapareci-
mento da coloração com o passar do tempo.

7 No dia a dia muitos vegetais funcionam como indicadores ácido-base na-


turais, como beterrabas, amoras, jabuticabas, além de flores com pétalas co-
loridas, como a hortênsia e a azaleia. No entanto, o vegetal mais comum é o
repolho roxo. Dentre as funções químicas que reagem com esses indicadores
temos as bases. Conhecer seu comportamento químico contribui na compre-
ensão de sua interação com esses indicadores. Considerando a importância
de conhecer essa função química, dê nome as seguintes bases:

135
UNIDADE 2
TÓPICO 2 —

SAIS, ÓXIDOS E HIDRETOS

1 INTRODUÇÃO
Além de ácidos e bases, outras funções inorgânicas também fazem parte
nosso cotidiano, são eles sais, óxidos e hidretos. Eles podem ser observados nas
mais diversas situações, indo da presença em alimentos, passando pelo uso como
conservantes, pela presença em poluentes até a formação de ferrugem sobre as
superfícies de ferro.

FIGURA 14 – FERRUGEM

FONTE: <https://bit.ly/2WgVbqb>. Acesso em: 8 jul. 2020.

2 SAIS
Geralmente, ao se falar de sais, a principal referência se torna o cloreto de
sódio ( ) conhecido como sal de cozinha (Figura 15), porém, este grupo de
substâncias é muito mais amplo do que aparenta.

137
UNIDADE 2 — FUNÇÕES INORGÂNICAS E REAÇÕES QUÍMICAS

FIGURA 15 – SAL DE COZINHA

FONTE: <https://bit.ly/2C2YB98>. Acesso em: 08 jul. 2020.

Os sais são compostos iônicos obtidos através de reações de neutralização


entre um ácido e uma base.

ácido + base → sal + água

Essa reação também pode ser chamada de reação de salificação. Na figura


16, por exemplo, é apresentada a reação que dá origem ao cloreto de sódio.

FIGURA 16 – REAÇÃO DE NEUTRALIZAÇÃO/SALIFICAÇÃO

FONTE: O autor

Perceba que através dessa reação é possível chegar à definição de sais


formulada por Arrhenius:

Sais são substâncias que em solução aquosa sofrem dissociação e liberam


pelo menos um cátion diferente de H⁺ (ou H₃O⁺) e um ânion diferente de OH–.
Lembrando que o cátion será proveniente da base e o ânion proveniente do
ácido.
138
TÓPICO 2 — SAIS, ÓXIDOS E HIDRETOS

Da mesma forma como ocorre para os ácidos e as bases, a fórmula de um


sal pode ser obtida, genericamente, da seguinte forma:

FIGURA 17 – FÓRMULA UNITÁRIA DOS SAIS

FONTE: O autor

2.1 CLASSIFICAÇÃO
Os sais apresentam uma grande variedade de representantes que podem
ser classificados com relação a alguns fatores, sendo eles:

• Quanto ao número de elementos químicos constituintes;


• Quanto à solubilidade em água;
• Quanto à presença de água;
• Quanto à natureza dos íons.

2.1.1 Quanto ao número de elementos químicos


constituintes
Com relação ao número de elementos que continuem um sal ele pode ser
classificado como:

• Binário: formado por apenas dois elementos.


Ex.: Brometo de Potássio (KBr)
• Ternário: formado por apenas três elementos.
Ex.: Sulfato de Cobre (CuSO₄)
• Quaternário: formado por apenas quatro elementos.
Ex.: Ferricianeto de Potássio (K₄[Fe(CN)₆])

139
UNIDADE 2 — FUNÇÕES INORGÂNICAS E REAÇÕES QUÍMICAS

2.1.2 Quanto à solubilidade em água


Segundo Batista (2015, p. 23), “A solubilidade de um sal depende da
intensidade das interações entre os íons do sal e as moléculas de água a dada
temperatura. Como são vários os fatores que influenciam esse critério, é
praticamente impossível fazer previsões teóricas sobre a solubilidade desses
compostos”.

Assim, a fim de verificar a solubilidade dos sais, foi elaborado o Quadro


11, apresentada a seguir, de forma experimental nas condições ambientes (25°C
e 1atm).

QUADRO 11 – SOLUBILIDADE DOS SAIS


SOLUBILIDADE SAIS EXCEÇÕES
-
-
Acetatos (H₃CCOO–) Ag⁺
SOLÚVEIS
Brometos (Br–)
Iodetos (I–)
Ca2+,Ba2+,Sr2+, Pb2+
Sulfetos (S2–) Metais do Grupo 1, 2 e Amônio
PRATICAMENTE Metais do Grupo 1 e Amônio
INSOLÚVEIS Metais do Grupo 1 e Amônio
Metais do Grupo 1 e Amônio
* Todos os sais que contenham cátions do grupo 1 e o
íon amônio são sempre solúveis.
FONTE: Adaptado de Batista (2016, p. 23)

NOTA

Caro acadêmico, no caso dos sais, não é comum analisá-los quanto a sua
força, mas quanto a sua solubilidade. Como nenhuma substância é totalmente insolúvel,
utilizamos o termo “praticamente insolúvel” para nos referir a substâncias que possuem
uma solubilidade extremamente pequena.

140
TÓPICO 2 — SAIS, ÓXIDOS E HIDRETOS

2.1.3 Quanto à presença de água


Quanto à presença de água, os sais podem ser classificados em anidros ou
hidratados. Quando o sal possui moléculas de água em sua estrutura cristalina ele
é dito hidratado (Ex.: Sulfato de Cobre Penta-hidratado [CuSO₄.5H₂O]), porém,
quando não houver, ele é dito anidro (Ex.: Sulfato de Cobre [CuSO₄]).

NTE
INTERESSA

Um objeto bem curioso e que muitas vezes pode ser encontrado na casa dos
brasileiros é o chamado “Galinho do Tempo”. Esse objeto surpreende pelo fato de mudar de
cor e indicar o aumento da probabilidade de chuva, porém, o que muitos desconhecem é
que há uma explicação química por trás de seu funcionamento.

GALINHO DO TEMPO

FONTE: Adaptado de <https://bit.ly/2WnZKyJ>. Acesso em: 10 jul. 2020.

Esse bibelô é revestido por cloreto de cobalto II ( ), um sal anidro, que apresenta
coloração azul e é muito higroscópico (absorve água com facilidade), porém, ao ficar
exposto ao clima, como o aumento da umidade (um indicativo de chuva e frio) este sal
absorve água e se torno cloreto de cobalto hexa-hidratado ( ), um sal rosa. Ob-
viamente, quando o clima fica seco e quente a água de hidratação sai do sal e ele volta a
ser azul.

2.1.4 Quanto à natureza dos íons


Dependendo do(s) cátion(s) e do(s) ânion(s) presente(s) em determinado
sal, ele pode apresentar classificações diferentes. Geralmente pode-se verificar a
classificação do sal ao analisar se sua reação de neutralização foi total ou parcial.

141
UNIDADE 2 — FUNÇÕES INORGÂNICAS E REAÇÕES QUÍMICAS

Como exemplo, podemos avaliar a reação entre ácido carbônico (H₂CO₃)


e hidróxido de sódio (NaOh), começando por uma reação de neutralização total:

H₂CO₃ + 2NaOH → Na₂CO₃ + 2H₂O



Note que para cada H⁺ há um OH–, resultando em carbonato de sódio
(Na₂CO₃), um sal neutro, porém essa reação pode ocorrer de forma parcial, como
é apresentado a seguir:

H₂CO₃ + NaOH → NaHCO₃ + H₂O

Agora, enquanto o ácido possui dois H⁺ a base possui apenas um OH–,


resultando em uma neutralização parcial e formando hidrogenocarbonato de
sódio (ou bicarbonato de sódio) (NaHCO₃) um sal ácido.

Mas enfim, vamos definir esses tipos diferente sais.

2.1.4.1 Sal neutro


Sais neutros (ou normais) são provenientes de reações de neutralização
total e são formados por um único cátion (exceto H⁺) e um único ânion (exceto
OH–). Ex.: Cloreto de Sódio ( ), Sulfato de Potássio (K₂SO₄), Fluoreto de Cálcio
(CaF₂).

2.1.4.2 Sal ácido


Os sais ácidos, também chamados de hidrogenossais, são provenientes
de reações de neutralização parcial dos ácidos. Nestas reações, o sal formado,
apresenta dois cátions, sendo um deles H⁺, e um único ânion (exceto OH–). Ex.:
Hidrogenosulfatode Sódio (NaHSO₄), Di-hidrogenofosfato de Potássio (KH₂PO₄).

2.1.4.3 Sal básico


Sais básicos ou hidroxissais, são formados após uma reação de
neutralização parcial da base, portanto, eles possuem um único cátion (exceto H⁺)
e dois ânions, sendo um deles OH–. Ex.: Hidroxicloreto de Alumínio ( ),
Di-hidroxissulfato de Estanho IV (Sn(OH)₂SO₄).

142
TÓPICO 2 — SAIS, ÓXIDOS E HIDRETOS

2.1.4.4 Sal misto


Os sais mistos ou duplos serão formados por dois cátions (exceto H⁺) e um
ânion ou um cátion e dois ânions (exceto OH–). Ex.: Cloreto-Brometo de Cálcio
(CaBr ), Sulfato de Sódio e Potássio (NaKSO₄).

2.2 NOMENCLATURA
A nomenclatura de um sal irá depender de sua classificação quanto à
natureza dos íons, quanto à presença de água e, além disso, é importante que
saibamos o nome do ânion, proveniente do ácido, e do cátion, proveniente da
base.

E
IMPORTANT

Para nomenclatura dos sais também é válida a regra da terminação “ico” e


“oso” para cátions que possuem carga variável. Você pode optar também pelo uso da
representação da carga em números romanos ao invés de usar as terminações. Caso
queira relembrar este assunto, consulte o Quadro 9, no Tópico 1 da Unidade 2.

Para sais anidros:

• Sal Neutro (ou Normal)

nome do ânion + de + nome do cátion

Ex.: Fe₂S₃ – Sulfeto de Ferro III (ou Sulfeto Férrico).

• Sal Ácido (ou Hidrogenossal)

prefixo* + hidrogeno** + nome do ânion + de + nome do cátion

* Este prefixo se refere ao número de hidrogênios presentes na fórmula do


sal, podendo ser mono-, di- ou tri-. Para sais com apenas um hidrogênio em sua
fórmula é comum suprimir este prefixo iniciando o nome apenas por hidrogeno.

** Para sais que possuem apenas um H⁺ é comum a substituição no termo


“mono-hidrogeno” por “bi” (veja o exemplo).

Ex.: Na₂HPO₄ – Mono-hidrogeno Sulfato de Sódio (ou Bissulfato de Sódio).

143
UNIDADE 2 — FUNÇÕES INORGÂNICAS E REAÇÕES QUÍMICAS

• Sal Básico (ou Hidroxissal)

prefixo* + hidroxi + nome do ânion + de + nome do cátion

* Este prefixo se refere ao número de hidroxilas presentes na fórmula do


sal, podendo ser mono-, di- ou tri-. Para sais com apenas uma hidroxila em sua
fórmula é comum suprimir este prefixo iniciando o nome apenas por hidroxi.

Ex.: Sn(OH)3I – Tri-hidroxi-iodeto de Estanho IV (ou Tri-hidroxi-iodeto


Estânico).

• Sal Misto (ou Duplo)

nome(s) do(s) cátion(s)* + de + nome(s) do(s) ânion(s)*

* Os nomes devem ser colocados em ordem alfabética.

Ex.: KagSO3 – Sulfito de Potássio e Prata.

Para sais hidratados:

Segue-se as mesmas regras apresentadas, porém, deve-se acrescentar


no final do nome um prefixo (mono, di, tri, tetra...), que indique o número de
moléculas de água presentes na estrutura cristalina acompanhado da palavra
“hidratado”.

Ex.: Na₂SO₄ . 10H₂O – Sulfato de Sódio Deca-hidratado

2.3 APLICAÇÕES
Os sais são facilmente encontrados na natureza e por causa de sua
diversidade acabam possuindo muitas aplicações cotidianas, dessa forma, a fim
de sintetizar estes dados, é apresentado o quadro 12.

QUADRO 12 – PRINCIPAIS SAIS E SUAS APLICAÇÕES


FÓRMULA
NOME APLICAÇÃO
UNITÁRIA
É o principal constituinte do sal de cozinha, é
Cloreto de usado na produção de cloro e hipoclorito de
Na
Sódio sódio. Também é utilizado na conservação de
alimentos e produção de sabões e corantes.

144
TÓPICO 2 — SAIS, ÓXIDOS E HIDRETOS

É encontrado no calcário, na calcita, em cascas


de ovos, nas pérolas e nos recifes de corais.
Carbonato Nas siderúrgicas é utilizado como fundente, na
CaCO₃
de Cálcio indústria é utilizado na fabricação do cimento,
vidro, da cal virgem e na agricultura para
correção da acidez do solo.

Chamado também de “soda” ou “barrilha”, é


Carbonato utilizado na fabricação de papéis, detergentes,
NaCO₃
de Sódio medicamentos, no tratamento de água de piscina
e no tratamento têxtil.
É utilizado no combate a acidez estomacal,
Bicarbonato
NaHCO₃ na produção de cremes dentais, extintores,
de Sódio
desodorantes e fermento para bolo.
É utilizado na produção de cremes dentais e na
Fluoreto de
NaF fluoretação de água potável pois é fonte de íons
Sódio
fluoreto, que fortalecem o esmalte dos dentes.
Tem aplicação na produção de ácido nítrico
Nitrato de
KNO₃ e pólvora negra, além de ser utilizado como
Potássio
conservante para embutidos.
Este sal, também conhecido como salitre do
Nitrato de Chile, é utilizado na fabricação de pólvora negra
NaNO₃
Sódio e de fertilizantes. Possui aplicação também na
conservação de alimentos.
É usado na conservação de alimentos, na
Sulfito de
Na₂SO₃ refinação de açúcar e na indústria de celulose
Sódio
para clarificação do papel.
Na medicina é utilizado como um estabilizador
Carbonato do humor para o tratamento psiquiátrico de
Li₂SO₄
de Lítio estados de mania e distúrbio bipolar, além de ser
um antidepressivo.
Ele é usado na fabricação de papéis fotográficos,
Sulfato de pigmentos artificiais de marfim e celofane. Na
BaSO₄
Bário forma de suspensão é utilizado como contraste
em radiografias do sistema digestório.
Na agricultura é empregado como corretor da
Sulfato de
MgSO₄ deficiência de magnésio no solo e na medicina é
Magnésio
utilizado como laxante e repositor de eletrólitos.
FONTE: O autor

3 ÓXIDOS
Os óxidos constituem outra função inorgânica que merece destaque, mas
antes de adentrarmos a este assunto leia o texto apresentado a seguir.

145
UNIDADE 2 — FUNÇÕES INORGÂNICAS E REAÇÕES QUÍMICAS

NTE
INTERESSA

ÓXIDO NITROSO: UM POLUENTE PERIGOSO

As emissões de óxido nitroso (N2O), um gás frequentemente esquecido e potente, podem


quase dobrar até 2050 e, portanto, potencialmente minar os ganhos na recuperação da
camada de ozônio e agravar as mudanças climáticas.

Drawing Down N2O to Protect Climate and the Ozone Layer, um novo relatório do Progra-
ma das Nações Unidas para o Meio Ambiente (PNUMA), alerta que o óxido nitroso é agora
a emissão mais importante que destrói a camada de ozônio e o terceiro gás de efeito
estufa mais potente liberado na atmosfera.

Enquanto o N2O existe naturalmente na atmosfera em pequenas quantidades, as ativida-


des humanas aumentaram suas concentrações desde a revolução industrial. [...].
"Precisamos de todas as mãos no convés para combater os aumentos sérios e signifi-
cativos dos níveis de N2O na atmosfera", disse o subsecretário-geral da ONU e o diretor
executivo do PNUMA, Achim Steiner. "O PNUMA está trabalhando em várias frentes para
apoiar os esforços internacionais sob a Convenção do Clima da ONU, desde catalisar a
captação de energias renováveis e ​​ eficiência energética até projetos de adaptação em
muitas partes do globo". [...].

"Embora não seja tão prevalente na atmosfera quanto o CO2 em termos de massa, o N2O
– comumente conhecido por muitos como 'gás do riso' – está longe de ser motivo de riso
no que diz respeito aos danos causados ao clima e a camada de ozônio, pois tem um im-
pacto desproporcional no aquecimento global por causa de suas propriedades radiativas
e longa vida na atmosfera, que é em média de 120 anos. As ações sobre essas emissões
oferecem mais uma oportunidade para manter o mundo sob um aumento de temperatura
de 2°C", acrescentou.

A maior parte da depleção da camada estratosférica de ozônio até agora se deve aos in-
fames clorofluorocarbonetos (CFCs) e outros produtos químicos halogenados (contendo
cloro e bromo).

No entanto, esses produtos químicos – diferentemente do N2O – agora são amplamente


controlados pelo Protocolo de Montreal, um tratado internacional projetado para proteger
a camada de ozônio.

A agricultura é de longe a maior fonte de emissões de N2O induzidas pelo homem, re-
presentando dois terços dessas emissões. Enquanto isso, outras fontes importantes de
N2O incluem indústria e combustão de combustíveis fósseis, queima de biomassa e águas
residuais.

FONTE: UNITED NATIONS ENVIRONMENT PROGRAMME. Often-Overlooked yet Potent


Pollutant Nitrous Oxide Poses Ozone and Climate Risks. Varsóvia, 21 nov. 2013. Tradução
de José Edson Reinert. Disponível em: <https://bit.ly/2ZQRKsd>. Acesso em: 17 jul. 2020.

146
TÓPICO 2 — SAIS, ÓXIDOS E HIDRETOS

NOTA

O planeta vive uma constante batalha contra a poluição do ar. Esta polui-
ção traz danos tanto à saúde quanto ao meio ambiente. Nos infográficos a seguir são
apresentadas as principais causas da poluição do ar e quais medidas podem ser tomadas
a fim de diminuir esse problema.

PRINCIPAIS CAUSAS DA POLUIÇÃO DO AR

FONTE: Adaptado de <https://bit.ly/32PuUDv>. Acesso em: 18 jul. 2020.

SOLUÇÕES PARA POLUIÇÃO DO AR

FONTE: Adaptado de <https://bit.ly/32PuUDv>. Acesso em: 18 jul. 2020.

Se você quiser saber mais sobre o tema ou mesmo encontrar outros infográficos acesse
o site oficial da Organização Mundial da Saúde (OMS) através do link https://bit.ly/2ZNF-
Qzu.

147
UNIDADE 2 — FUNÇÕES INORGÂNICAS E REAÇÕES QUÍMICAS

Além do óxido nitroso, diversos outros óxidos são responsáveis por


problemas ambientais e consequente representam um perigo para nossa saúde
(BATISTA, 2015). Assim, é importante que possamos conhecer um pouco mais
sobre essas substâncias e como são classificadas. O primeiro passo é definir um
óxido:

São compostos binários, ou seja, formados por apenas dois elementos, em


que o oxigênio deve ser o elemento mais eletronegativo.

NOTA

O oxigênio pode formar compostos binários com o flúor (OF2 e O2F2), porém,
estes compostos não são classificados como óxidos, pois o flúor é o elemento mais
eletronegativo. Outra curiosidade é que apesar de os gases nobres serem extremamente
estáveis, em certas condições, é possível formar óxidos com o elemento xenônio (XeO3 e
XeO4).

3.1 CLASSIFICAÇÃO
Quanto à classificação, os óxidos podem ser classificados de acordo com
os seguintes critérios:

• Quanto ao tipo de elemento ligado ao oxigênio;


• Quanto à propriedade ácido-base;
• Outros compostos derivados do oxigênio.

3.1.1 Quanto ao tipo de elemento ligado ao oxigênio


Quanto a este critério de classificação os óxidos podem ser definidos como:

• Óxidos iônicos: são aqueles formados por oxigênio ligado a um metal.


Ex.: Óxido de Cálcio (CaO).
• Óxidos moleculares: são aqueles formados por oxigênio ligado a um não
metal.
Ex.: Dióxido de Carbono (CO₂).

148
TÓPICO 2 — SAIS, ÓXIDOS E HIDRETOS

3.1.2 Quanto à propriedade ácido-base.


ÓXIDOS ÁCIDOS

São formados por elementos metálicos de alta eletronegatividade, que


possuem NOX superior a +4, e por não metais. Quando dissolvidos em água
formam seu ácido correspondente, dando a solução caráter ácido. Podem reagir
com bases formando sal e água. São chamados também de anidridos de ácidos.

ÓXIDOS BÁSICOS

São formados por elementos metálicos de baixa eletronegatividade,


que possuem NOX +1, +2 e +3. Quando dissolvidos em água formam sua base
correspondente, dando a solução caráter básico. Podem reagir com ácidos
formando sal e água.

ÓXIDOS NEUTROS

Segundo Batista (2015, p. 31), esse tipo de óxido “não reage com água,
nem com ácido ou base. Do tipo molecular, é conhecido também como óxido
indiferente. Os mais importantes são: CO, NO e N₂O”.

ÓXIDOS ANFÓTEROS

Diferente das demais classificações, estes óxidos não reagem com água,
porém podem reagir com ácidos e bases. Dentre os óxidos anfóteros cabe destacar:

149
3.1.3 Outros compostos derivados do oxigênio
ÓXIDOS DUPLOS OU MISTOS

Os óxidos duplos ou mistos são formados pela associação de dois óxidos


diferentes formados pelo mesmo cátion. Um exemplo deste tipo de óxido é o
tetróxido de chumbo (Pb₃O₄), popularmente conhecido como zarcão e utilizado
para proteção de peças de ferro contra ferrugem, na fabricação de baterias e de
vidro cristal. Este óxido é formado pela associada de óxido de chumbo IV (PbO₂)
e óxido de chumbo II (PbO).

Pb₃O₄ – PbO₂ + 2PbO

Outro exemplo de óxido duplo ou misto é óxido de ferro II, III (Fe₃O₄),
principal constituinte da magnetita. Ele é formado pela associação entre óxido de
ferro II (FeO) e óxido de ferro III (Fe₂O₃).

Fe₃O₄ = FeO + Fe₂O₃

FIGURA 18 – MAGNETITA

FONTE: <https://bit.ly/3eLrVy4>. Acesso em: 18 jul. 2020.

150
PERÓXIDOS

Nestes compostos há a presença do grupo , onde o oxigênio apresenta


carga -1. Na sua maioria são formados por elementos do grupo 1 e do grupo
2, ou seja, são compostos iônicos. A única exceção é o peróxido formado por
hidrogênio, conhecido popularmente como água oxigenada, que é um composto
molecular.

Ex.: Peróxido de Cálcio (CaO₂) e Peróxido de Hidrogênio (H₂O₂).

Outra informação a ser considerada é que, ao reagirem com água ou com


ácidos diluídos os peróxidos produzem peróxido de hidrogênio.

Ex.: Na₂O₂ + H₂O → 2NaOH + H₂O₂

SUPERÓXIDOS

Assim como os peróxidos, nos superóxidos o oxigênio apresenta uma


carga diferente, pois o grupo que faz parte da composição dos compostos é o ,
onde o oxigênio possui carga -½. São formados por cátions do grupo 1 e do grupo
2.

Ex.: Superóxido de Sódio (NaO₂).

3.2 NOMENCLATURA
Para que possamos dar nome aos óxidos é importante que realizemos as
classificações, pois dependendo dela teremos uma estrutura de nomenclatura
diferente.

Para óxidos iônicos:

Estes óxidos podem apresentar cátions que possuem carga fixa ou variável,
portanto, começando com os de carga fixa temos:

óxido de + nome do cátion

Ex.: Óxido de Zinco (ZnO).

Para os de carga variável pode-se utilizar as terminações “ico” (para o


cátion de maior carga) e “oso” (para o de menor carga) ou expressar a carga em
números romanos, como já foi apresentado para as outras funções inorgânicas.

151
óxido de + nome do cátion + carga em números romanos

ou

óxido + nome do cátion + terminação “ico” ou “oso”

Ex.: Óxido de Cobre I ou Óxido Cuproso (Cu₂O).

Para óxidos moleculares:

Para nomenclatura destes óxidos é importante a utilização de prefixos que


indiquem a quantidade de átomos de oxigênios e a quantidade de átomos do
elemento que está ligado a ele.

prefixo* + óxido de + prefixo* + nome do elemento

*Este prefixo se refere ao número de átomos de oxigênio/elemento


presentes na fórmula do óxido, podendo ser mono-, di-, tri-, tetra- e etc. Para
óxidos nos quais há a presença de apenas um átomo do elemento ligado ao
oxigênio é comum suprimir prefixo mono.

Ex.: Dióxido de Carbono (CO₂) e Pentóxido de Difósforo (P₂O₅).

Para peróxidos e superóxidos:

O que difere esses compostos dos demais é a substituição do termo


“óxido” por “peróxido” ou “superóxido”.

peróxido de + nome do cátion


e
superóxido de + nome do cátion

Ex.: Peróxido de Sódio (Na₂O₂) e Superóxido de Cálcio (CaO₄).

3.3 APLICAÇÕES
Como abordado no início deste item, os óxidos estão presentes no ar e
representam poluentes responsáveis por vários impactos ambientais, porém
existem outras aplicações que são apresentadas através do Quadro 13.

152
QUADRO 13 – PRINCIPAIS ÓXIDOS E SUAS APLICAÇÕES

FÓRMULA NOME APLICAÇÃO

Obtido a partir da decomposição do calcário,


Óxido de é usado na agricultura para diminuir a acidez
CaO
Cálcio do solo e na preparação de argamassa na
construção civil.

Conhecido como gás hilariante, esse óxido


Óxido inalado em pequena quantidade provoca
N₂)
Nitroso euforia, mas pode causar sérios problemas de
saúde; é utilizado como anestésico.

É usado para a obtenção de ácido sulfúrico e


no branqueamento de óleos alimentícios, entre
Dióxido de outras aplicações. É um dos principais poluentes
SO₂
Enxofre atmosféricos; em dias úmidos, combina-se com o
vapor de água da atmosfera e origina a chamada
chuva ácida.

Usado para obter certos produtos químicos e na


metalurgia do aço. É normalmente o principal
Monóxido poluente da atmosfera das zonas urbanas;
CO
de Carbono inalado combina com a hemoglobina das
hemácias do sangue, neutralizando-as para o
transporte de gás oxigênio no organismo.

O gás carbônico é encontrado nos refrigerantes


Dióxido de e na água mineral gaseificados. Ele reage com a
CO₂
Carbono água fazendo com que o meio fique ácido, daí o
porquê de os refrigerantes serem ácidos.

É um líquido incolor que pode explodir


violentamente se for aquecido e, justamente por
isso, é utilizado na projeção de foguetes.
Este composto também é conhecido como “água
oxigenada”, aquela usada para clarear pelos e
Peróxido de
H₂O₂ cabelos. A solução aquosa concentrada a 3 % de
Hidrogênio
peróxido de hidrogênio é vendida em farmácias
para uso antisséptico e alvejante. Soluções com
concentração superior a 30 % são utilizadas na
indústria como alvejante de madeira e fibras
têxteis e na propulsão de foguetes.

FONTE: Adaptado de <https://bit.ly/2CVZD6U>. Acesso em: 18 jul. 2020.

153
4 HIDRETOS

NTE
INTERESSA

AMÔNIA

A amônia é um gás incolor a temperatura ambiente, que possui um odor extremamente


forte e é consideravelmente mais leve que o ar [...]. Apresenta pontos de fusão e ebulição
de -77,7°C e -33,35°C, respectivamente, e é bastante solúvel em água, pois a 20°C e 1
atmosfera, um volume de água dissolve 702 volumes de amônia, resultando em uma so-
lução alcalina. Apesar disso, pode ser facilmente removida da água levando-se à fervura.
No estado líquido, é um dos solventes que mais tem sido usado para o estudo de reações
químicas, sendo encontrada comercialmente disponível em solução aquosa [...], com a
denominação de amoníaco.

Desde a antiguidade a amônia é conhecida. Plínio em sua Historie naturalis mencionou a


existência de uma variedade de sal denominado hammoniacum. Robert Boyle, em 1661,
escreveu na Sceptical Chymist que o sal de amoníaco é composto de ácido muriático e
álcali volátil. J. Priestley (1774) isolou amônia gasosa, que chamou de ar alcalino, e mostrou
que ela podia ser decomposta por faísca elétrica em um outro gás combustível. Berthollet
encontrou, em 1785, que quando esse gás é decomposto em seus constituintes por meio
de faísca elétrica, ele fornece aproximadamente 0,725 volume de hidrogênio e 0,275 volu-
me de nitrogênio. Esses dados foram confirmados por outros pesquisadores e permitiram
estabelecer a composição do gás.

Devido às suas diversas propriedades, a amônia apresenta vasta aplicação, dentre as quais
pode-se destacar seu uso como fonte de nitrogênio na fabricação de fertilizantes, agente
neutralizador na indústria do petróleo e gás de refrigeração em sistemas industriais, pois
seu alto poder refrigerante e baixo potencial de destruição do ozônio estratosférico tor-
nam este gás adequado para ser usado em grandes máquinas de refrigeração industrial,
evitando assim os usuais compostos orgânicos clorofluorcarbonos (CFC).

FONTE: FELIX, Erika Pereira; CARDOSO, Arnaldo Alves. Amônia (NH3) atmosférica: fon-
tes, transformação, sorvedouros e métodos de análise. Química Nova, São Paulo, v.27,
n.1, p.123, 2004. Disponível em: <https://bit.ly/2CDOvvp>. Acesso em: 19 jul. 2020.

A amônia representa uma das substâncias que fazem parte de outra


importante função inorgânica, os hidretos. Basicamente, estes compostos são
definidos como:

São compostos binários no qual um dos elementos é o hidrogênio e


apresentam fórmula geral EHX, onde E pode representar um metal ou um não
metal.

154
TÓPICO 2 — SAIS, ÓXIDOS E HIDRETOS

4.1 CLASSIFICAÇÃO
Dependendo do elemento ligado ao hidrogênio os hidretos podem ser
classificados como:

• Hidretos Iônicos ou Salino.


• Hidretos Covalentes ou Moleculares.
• Hidretos Metálicos ou Intersticiais.
• Hidretos Intermediários.

4.1.1 Hidretos iônicos ou salinos


Estes compostos são formados por metais alcalinos (Grupo 1) e metais
alcalinos terrosos (Grupo 2) mais pesados (Ca, Sr, Ba, Ra) (Veja a Figura 20). Sob
outra perspectiva, são formados por metais fortemente eletropositivos.

Ex.: Hidreto de Cálcio (CaH₂)

Estes hidretos reagem com água liberando gás hidrogênio (H₂) e formando
sua base correspondente. Portanto, apesar de caras, os hidretos iônicos são fontes
convenientes desse gás (BROWN et al., 2005).

HIDRETO IÔNICO + ÁGUA → BASE + GÁS HIDROGÊNIO

Ex.: CaH₂ + H₂O → Ca (OH)₂ + H₂

Nos hidretos iônicos o hidrogênio possui carga -1, porém, segundo


Atkins e Jones (2012, p. 618), “[...] a carga positiva unitária do núcleo do átomo de
hidrogênio é insuficiente para controlar os dois elétrons no íon H– que, por isso,
são facilmente perdidos. A pequena energia necessária para que o íon hidreto
perca um elétron torna os hidretos iônicos redutores muito poderosos [...]”.

4.1.2 Hidretos covalentes ou moleculares


Estes hidretos são formados por metais e semimetais presentes no bloco
p da Tabela Periódica, ou seja, com os elementos dos grupos 13, 14, 15, 16 e 17
(Veja a Figura 20). Sob condições padrão, se apresentam como gases ou líquidos
(BROWN et al., 2005), além de apresentar o hidrogênio com carga +1.

Ex.: Metano (CH₄), Amônia (NH₃) e Água (H₂O).

155
UNIDADE 2 — FUNÇÕES INORGÂNICAS E REAÇÕES QUÍMICAS

4.1.3 Hidretos metálicos ou intersticiais


“Os hidretos metálicos são formados quando o hidrogênio reage com os
metais de transição. Esses compostos são assim chamados porque mantêm sua
condutividade metálica e outras propriedades metálicas” (BROWN et al., 2005, p.
812). Mais especificamente, são formados por metais de transição dos grupos 3, 4
e 5, além do Cr, Ni e Pd (Veja a Figura 20).

Em muitos hidretos metálicos, a razão entre hidrogênio e o elemento


metálico não é fixa pois o hidrogênio pode se alocar em “buracos” presentes na
estrutura cristalina. Estes buracos são conhecidos por interstícios (Figura 19), daí
o nome hidretos intersticiais.

FIGURA 19 – INTERSTÍCIOS NA ESTRUTURA CRISTALINA

FONTE: O autor

Ex.: Hidreto de Titânio (TiH₂-x).

4.1.4 Hidretos intermediários


Alguns hidretos possuem propriedades intermediárias em relação aos
demais, portanto, não se enquadram em nenhuma das demais classificações. São
formados por Be, Mg, Cu e Zn.

Ex.: Hidreto de Zinco (ZnH₂).

A figura apresentada a seguir resume a classificação dos hidretos


intermediários, assim como, as demais classificações já apresentadas.

156
TÓPICO 2 — SAIS, ÓXIDOS E HIDRETOS

FIGURA 20 – CLASSIFICAÇÃO DOS HIDRETOS

FONTE: Adaptado de <https://bit.ly/3hqkf68>. Acesso em: 20 jul. 2020.

4.2 NOMENCLATURA
Para dar nome aos hidretos devemos analisar sua classificação. Para
hidretos iônico, metálicos e intermediários utiliza-se a seguinte regra:

hidreto de + nome do elemento

Ex.: Hidreto de Potássio (KH) e Hidreto de Sódio (NaH).

Já hidretos moleculares podem seguir a mesma regra de nomenclatura em


alguns casos, porém são mais conhecidos por seus nomes usuais.

Ex.: Fosfina (PH₃) e Arsina (AsH₃).

157
RESUMO DO TÓPICO 2
Neste tópico, você aprendeu que:

• Sais são substâncias que em solução aquosa sofrem dissociação e liberam pelo
menos um cátion diferente de H⁺ e um ânion diferente de OH–. Lembrando
que o cátion será proveniente da base e o ânion proveniente do ácido.

• Os sais podem ser classificados quanto ao número de elementos químicos


constituintes, quanto à solubilidade em água, quanto à presença de água,
quanto à natureza dos íons.

• Quanto à natureza dos íons, os sais podem ser classificados como: sais neutros
(ou normais), sais ácidos (ou hidrogenossais), sais básicos (ou hidroxissais) e
sais mistos (ou duplos).

• Os sais possuem diversas aplicações cotidianas, sendo seu principal


representando o cloreto de sódio ( ), popularmente conhecido como sal
de cozinha.

• Os óxidos representam compostos binários onde o oxigênio deve ser o


elemento mais eletronegativo.

• Quanto a suas propriedades ácido-base, os óxidos podem ser classificados


como neutros, ácidos, básicos ou anfóteros.

• Outros compostos derivados do oxigênio que representam grande importância


são os óxidos duplos (ou mistos), os peróxidos e os superóxidos.

• Muitos dos óxidos encontrados na natureza se apresentam como vilões quando


se trata de poluição do ar, sendo seus principais representantes CO, CO₂, N₂O
e SO₂.

• Os hidretos são compostos binários no qual um dos elementos é o hidrogênio


e apresentam fórmula geral EHx, onde E pode representar um metal ou um
não metal.

• São classificados como hidretos iônicos (ou salinos), hidretos covalentes (ou
moleculares), hidretos metálicos (ou intersticiais) e hidretos intermediários.

158
AUTOATIVIDADE

1 (UCS/RS – Adaptada) Os antiperspirantes funcionam como inibidores da


transpiração e mantêm o corpo relativamente seco. O componente ativo mais
comum desses produtos é o penta-hidroxi-cloreto de alumínio. Esse sal libera
os íons que coagulam as proteínas, formando estruturas bloqueadoras
do canal de saída das glândulas sudoríparas. De a fórmula unitária deste sal e
a classificação considerando todos os critérios.

FONTE: DIAS, Diogo Lopes. Exercícios Sobre O Caráter Dos Sais, 2018. Disponível em: ht-
tps://bit.ly/3kuPEpv. Acesso em: 18 set. 2020.

2 Os sais podem ser classificados quanto à natureza dos íons que os formam.
Assim, associe os itens, utilizando o código a seguir:

I- Sal Neutro.

II- Sal Ácido.

III- Sal Básico.

IV- Sal Misto.

Assinale a alternativa que apresenta a sequência CORRETA:

a) ( ) IV – II – III – II – I.
b) ( ) I – I – III – II – IV.
c) ( ) III – IV – II – I – I.
d) ( ) III – II – III – IV – I.

3 Ao conhecer as substâncias químicas, as funções as quais pertencem e


suas propriedades, podemos, de forma segura, manipulá-las ao nosso favor,
produzindo novas substâncias que podem não ser encontradas na natureza,
mas que podem possuir uma grande importância comercial. Considerando o
exposto, dê o nome dos seguintes compostos e classifique-os de acordo com
suas funções inorgânicas:

a) FeSO₄
b) GaH₃
c) SO₃
d) Pb₃O₄
e) BeH₂
f) (NH₄)₂CO₃

4 O filme “Perdido em Marte” conta a história de um astronauta, vivido


pelo ator Matt Damon, que tem que sobreviver nas condições adversas do
planeta vermelho. Uma das ações pensadas por ele foi produzir água através
de dióxido de nitrogênio (NO₂) e hidrazina (N₂H₄) para cultivar batatas. A
159
hidrazina é um hidreto e possui como característica a presença do íon hidreto
representado por H–. Considerando seus conhecimentos sobre esta função
química, monte a fórmula unitária dos hidretos a seguir e equacione suas
reações com água.

a) Hidreto de Sódio
b) Hidreto de Cálcio

5 Os óxidos possuem diversas classificações e uma delas são os chamados


óxidos básicos. Estes óxidos quando dissolvido em água forma sua base
correspondente deixando o meio alcalino. Dentre as alternativas a seguir,
assinale a alternativa CORRETA que representa somente óxidos básicos:

a)
b)
c)
d)
e)

6 Nos últimos tempos muito tem se falado sobre os impactos da poluição


sobre o meio ambiente. Várias convenções, ONG’s, e instituições buscam
maneira de retardar esse avanço da produção de poluentes, principalmente
no que se refere a poluição do ar. Um efeito grave deste tipo de poluição é a
chuva ácida, pois além de deteriorar monumentos e degradar plantas, solos
e lagos, ela ainda pode ser um fator causador de doenças respiratórias. Nesse
quesito, os óxidos são os principais responsáveis pelo surgimento da chuva
ácida. Dessa forma, assinale a alternativa CORRETA que apresenta o óxido
que adicionado à água pode lhe conferir caráter ácido:

a)
b)
c)
d)
e)

160
UNIDADE 2 TÓPICO 3 —

REAÇÕES QUÍMICAS

1 INTRODUÇÃO

Ao nosso redor e mesmo dentro do nosso organismo tudo está em constante


transformações. Essas transformações podem ser consideradas fenômenos
físicos, quando envolvem mudanças de estado físico ou deformação, no qual não
ocorrer mudança da constituição da matéria, ou fenômenos químicos, quando
novas substâncias são formadas.

Observamos as transformações físicas nas mais variadas situações, mas


no dia a dia podemos usar para exemplificar este fenômeno quando gelo está
derretendo dentro de um drinque, quando estamos fervendo água para o café ou
quando rasgamos e amassamos uma folha.

Os químicos fazem muitas coisas; medem as propriedades físicas


de substâncias, analisam misturas para descobrir do que elas são
compostas e fazem novas substâncias. O processo de fazer compostos
químicos é chamado de síntese. A síntese depende das reações
químicas (MOORE, 2008, p. 119).

Essas reações químicas, ou transformações químicas, estão presentes em


fenômenos que podem nos surpreender um pouco mais, como a mudança de cor
de uma flor, a explosão de uma bomba ou mesmo a produção de energia para o
nosso corpo. Elas podem ocorrer de forma espontânea na natureza ou podem ser
realizadas pelo ser humano.

Neste tópico buscaremos conhecer as reações químicas e os fatores que


indicam a ocorrência delas, além disso vamos aprender a equacionar e balancear
uma reação química.

2 CONCEITOS GERAIS SOBRE REAÇÕES QUÍMICAS


Antes de classificarmos as reações químicas é importante que possamos
conhecer algumas informações gerais sobre elas a fim de que suas representações
sejam feitas da forma correta.

Primeiramente, toda reação química é representada por uma equação


química, nesta equação são expressas as fórmulas moleculares/unitárias de
cada substância participante. A equação possui dois lados separados por uma

161
UNIDADE 2 — FUNÇÕES INORGÂNICAS E REAÇÕES QUÍMICAS

seta que indica o sentido da reação, comumente do lado esquerdo da seta é(são)
representado(s) o(s) reagente(s) e do lado direito o(s) produto(s).

Acompanhado de cada espécie química participante da reação, de forma


subscrita, pode-se representar os estados físicos, sólido (s), líquido ( ) e gasoso
(g), além disso temos também o estado aquoso (aq), utilizado para substâncias
que estão dissociadas/ionizadas em água.

Outra simbologia que pode aparecer em alguns casos são setas que
apontam para cima (↑) ou para baixo (↓). A seta para cima indica que a formação
de uma substância no estado gasoso, já a seta para baixo, a formação de um
precipitado (sólido).

Na Figura apresentada a seguir, temos a representação de uma equação


química de uma reação genérica onde as letras maiúsculas representam as
substâncias participantes. Note que, acompanhada delas, há letras minúsculas,
estas letras representam os coeficientes estequiométricos que mantém a reação
balanceada. Não se preocupe, falaremos sobre balanceamento mais a frente e
entenderemos melhor o papel destes coeficientes.

FIGURA 21 – REPRESENTAÇÃO DE UMA EQUAÇÃO QUÍMICA

FONTE: O autor

É importante salientar que a seta que separa os reagentes dos produtos


pode também ser apresentada como uma seta dupla ( ). Mas qual
é a diferença? A seta simples é utilizada para reações irreversíveis ou reversíveis,
porém que o processo inverso (produto formando reagente) seja insignificante.
Nesta situação, a reação caminha em um único sentido onde todos ou ao menos
um dos reagentes é consumido por completo, imagine uma folha de papel que
é queimada, a partir do momento que não houver mais folha a reação para. Já a
seta dupla indica que a reação é reversível e um equilíbrio químico é atingido.
Neste equilíbrio, a velocidade de formação de produtos (reação direta) se iguala
a velocidade de formação dos reagentes (reação inversa).

Alguns símbolos podem ser representados sobre a seta a fim de identificar


algum fator para que a reação ocorra, dentre estes símbolos temos:

• Quando o delta (∆) é representado sobre a seta isso indica que a reação ocorre
mediante aquecimento.

Ex.:

162
TÓPICO 3 — REAÇÕES QUÍMICAS

• Quando o lambda (λ) é representado sobre a seta isso indica que a reação
ocorre mediante presença de luz.

Ex.:

• Quando o raio ( ) é representado sobre a seta isso indica que a reação ocorre
mediante passagem de corrente elétrica.

Ex.:

• Para reações catalisadas é comum a representação da fórmula da substância


que representa o catalisador ou a escrita da palavra “catalisador”.

Ex.:

Sabendo de todas essas informações há algo que precisamos discutir,


quais fenômenos podem ser observados e que indicam a ocorrência de uma
reação química? É isso que pretendemos responde no próximo item.

3 INDICATIVOS DE REAÇÃO QUÍMICA


“De maneira geral, o reconhecimento de uma reação química pode
estar relacionado a evidências que permitam visualizar, de forma simples e
direta, a ocorrência de uma transformação” (BATISTA, 2015, p. 46). Dentre estes
fenômenos, temos:

• Liberação de gás (Figura 22A);


• Mudança de cor (Figura 22B);
• Formação ou dissolução de sólido (Figura 22C);
• Liberação ou absorção de calor (Figura 22D);
• Liberação de luz ou eletricidade (Figura 22E).

FIGURA 22 – FENÔMENOS QUE INDICAM A OCORRÊNCIA DE REAÇÕES QUÍMICAS

FONTE: O autor

163
UNIDADE 2 — FUNÇÕES INORGÂNICAS E REAÇÕES QUÍMICAS

Deve-se ter em mente que a ocorrência de um destes fenômenos não


impossibilita a ocorrência de outro deles, na figura 22D você pode observar uma
vela queimando onde além de liberação de calor há liberação de luz.

NOTA

Quando se fala em reação que libera ou absorve calor é comum usar os


termos reação exotérmica e reação endotérmica, respectivamente.

DICAS

Que tal experimentar? No laboratório você pode realizar experiências que tem
como foco verificar estes fenômenos que indicam a ocorrência de reações químicas. A
USP apresenta um roteiro intitulado Evidências de Reações Químicas, que pode ser aces-
sado através do link https://bit.ly/30XpBix.

4 LEIS DAS REAÇÕES QUÍMICAS


As leis das reações químicas são divididas em dois grupos, as Leis
Ponderais e as Leis Volumétricas. As Leis Ponderais levam em conta a relação
das massas das substâncias participantes da reação, já as Leis Volumétricas
consideram a relação com os volumes.

Das Leis Volumétricas podemos destacar a Lei de Gay-Lussac, desenvol-


vida pelo químico e físico francês Louis Joseph Gay-Lussac (1778-1850), em 1808.
Esta lei também ficou conhecida como Lei da Combinação de Volumes  e foi
resultado de experimentos no qual Gay-Lussac realizou a medida do volume de
gases de reações químicas entre gás oxigênio e gás hidrogênio.

164
TÓPICO 3 — REAÇÕES QUÍMICAS

NOTA

Nos dias de hoje o nome de Gay-Lussac se tornou a unidade de medida °GL


(lê-se “grau GL” ou “grau gay-lussac”), usada para medir a o teor de álcool. Essa unidade
representa a quantidade de mililitros (mL) de álcool que há em 100mL de uma solução
hidroalcoólica (água + álcool).

ÁLCOOL COMERCIAL DE 96°GL

FONTE: O autor

No final do século XVIII, os cientistas Antoine Laurent Lavoisier


[1743-1794] e Joseph Louis Proust [1754-1826], através de estudos
experimentais, concluíram que as reações químicas obedecem
a determinadas leis. Essas leis são chamadas de leis ponderais
e relacionam as massas das substâncias, reagentes e produtos
participantes de uma reação química (PAULA, 2015, s. p., grifo nosso).

A Lei de Lavoisier também ficou conhecida como Lei da Conservação


das Massas, enquanto a Lei de Proust foi nomeada como Lei das Proporções
Definidas.

Conhecendo estas informações podemos agora verificar como se


comportam as leis das reações químicas.

165
UNIDADE 2 — FUNÇÕES INORGÂNICAS E REAÇÕES QUÍMICAS

4.1 LEI DA COMBINAÇÃO DE VOLUMES


Como já citado anteriormente, a Lei da Combinação de Volumes, ou
Lei de Gay-Lussac, leva em conta o volume dos participantes da reação. Gay-
Lussac enunciou que: “Quando medidos nas mesmas condições de temperatura
e pressão, os volumes dos gases participantes de uma reação têm entre si uma
proporção fixa expressa por números inteiros e pequenos” (POSITIVO, 2017, p.
48).

Se observarmos, por exemplo, a reação de formação de água, podemos


verificar que existe uma relação de 2:1:2 entre os volumes dos participantes da
reação.

FIGURA 23 – RELAÇÃO ENTRE OS VOLUMES DOS PARTICIPANTES DA REAÇÃO DE FORMAÇÃO


DA ÁGUA

FONTE: O autor

Essa relação estabelece que o volume de gás hidrogênio será sempre o


dobro do volume de gás oxigênio na reação, assim como o volume de água será
sempre o dobro do volume de gás oxigênio.

4.2 LEI DA CONSERVAÇÃO DAS MASSAS


A Lei de Lavoisier, ou Lei da Conservação das Massas, é uma lei ponderal,
portanto, leva em consideração a massa dos participantes de uma reação, podendo
ser enunciada como: “Em um sistema fechado, a soma das massas dos reagentes
deve ser numericamente igual à soma das massas dos produtos” (POSITIVO,
2017, p.47).

Popularmente, esta lei é expressa pela célebre frase de Lavoisier: “Na


natureza, nada se perde, nada se cria, tudo se transforma”, e pode ser verificada,
por exemplo, na reação entre cloreto de cálcio ( ) e sulfato de sódio ( ).

166
TÓPICO 3 — REAÇÕES QUÍMICAS

FIGURA 24 – LEI DA CONSERVAÇÃO DE MASSAS SENDO OBSERVADA NA REAÇÃO ENTRE


CLORETO DE CÁLCIO E SULFATO DE SÓDIO

FONTE: Adaptado de <https://shutr.bz/2DaWEYg>. Acesso em: 25 jul. 2020.

Note que a soma da massa dos reagentes é exatamente igual a soma da


massa dos produtos, o que comprova a Lei de Lavoisier.

4.3 LEI DAS PROPORÇÕES DEFINIDAS


Por volta de 1799 Proust enuncio a Lei das Proporções Definidas, também
conhecida como Lei de Proust, que indica que “independente da procedência
de uma substância composta, esta é sempre formada pelos mesmos elementos
químicos, em uma mesma proporção em massa” (POSITIVO, 2017, p. 47).

Veja o exemplo da reação de decomposição da água apresentado no


Quadro 14.

QUADRO 14 – ANÁLISE DAS PROPORÇÕES SEGUNDO A LEI DE PROUST

Experimento 1 36g 4g 32g


Experimento 2 18g 2g 16g
Experimento 3 9g 1g 8g
Proporção 9 1 8

FONTE: O autor

167
UNIDADE 2 — FUNÇÕES INORGÂNICAS E REAÇÕES QUÍMICAS

Portanto, de acordo com a tabela a relação entre as massas de hidrogênio


e oxigênio é de 1:8 na composição da água. Note ainda que a Lei de Lavoisier
também é respeitada nos três experimentos.

De forma geral esta lei pode ser aplicada para qualquer reação química,
pois a proporção em massa das substâncias que participam de uma reação é fixa,
constante e invariável.

5 BALANCEAMENTO DE REAÇÕES
Seguindo a frase de Lavoisier de que, na natureza, nada se perde, nada se
cria, tudo se transforma podemos avaliar as reações químicas.

Em uma reação, a quantidade de átomos presentes nos produtos


devem ser as mesmas do início da reação presentes nos reagentes.
Por isso, as reações devem ser balanceadas: a mesma quantidade de
átomos deve estar presente tanto nos reagentes como nos produtos.
Isso significa que uma equação química balanceada deve mostrar que
os átomos são conservados e todos os átomos dos regentes devem ter
correspondentes nos produtos (BARP; SILVA, 2014, s. p.).

Veja o exemplo apresentado na figura a seguir:

FIGURA 25 – BALANCEAMENTO DE REAÇÕES QUÍMICAS

FONTE: O autor

Note que na frente de cada substância há um número em destaque, este é o


coeficiente estequiométrico, conforme já foi apresentado anteriormente. Ao multi-
plicar o coeficiente pelo índice (número subscrito) de cada elemento pertencente as
substâncias obtemos o número total de átomo nos reagentes e nos produtos. Para
que a reação esteja balanceada, o número de átomos de cada elemento deve ser
igual dos dois lados da equação.
168
TÓPICO 3 — REAÇÕES QUÍMICAS

Para realizar o balanceamento iremos utilizar o método de tentativas, para


isso há alguns passos que podem facilitar o processo:

• 1º Passo: equacione a reação química.


• 2º Passo: considerando toda equação, identifique o elemento que aparece
uma única vez em cada lado. Procure não começar pelo oxigênio (deixe-o por
último).
• 3º Passo: verifique em qual das substâncias o elemento possui maior índice e
dê a esta substância o coeficiente 1.
• 4º Passo: faça o ajuste entre o coeficiente da substância escolhida e o coeficiente
da substância do outro lado da equação que contém o elemento para que
fiquem com o mesmo número de átomos.
• 5º Passo: identifique os coeficientes das demais substâncias.
• 6º Passo: busque apresentar os menores coeficiente inteiros para cada
substância.

Vejamos o exemplo da reação de combustão de butano (C₄H₁₀):

• 1º Passo: a reação equacionada é representada por C₄H₁₀ + O₂ → CO₂ + H₂O


• 2º Passo: selecionamos o carbono para trabalhar pois ele só está presente em
um dos produtos e um dos reagentes.
• 3º Passo: observamos que o butano possui o maior índice de carbono, portanto,
o coeficiente 1 será adicionado a ele, resultando em:

1C₄H₁₀ + O₂ → CO₂ + H₂O

• 4º Passo: para balancear o carbono precisamos colocar o coeficiente 4 na frente


do dióxido de carbono (CO₂), assim o número de carbonos será o mesmo dos
dois lados da equação.

1C₄H₁₀ + O₂ → 4CO₂ + H₂O

• 5º Passo: agora que já está estabelecido o coeficiente 1 para o butano podemos


acertar o hidrogênio. Como há 10 átomos de hidrogênios nos reagentes
devemos colocar o coeficiente 5 na água para que tenhamos a mesma
quantidade de hidrogênios nos produtos.

1C₄H₁₀ + O₂ → 4CO₂ + 5H₂O

Por último balanceamos o oxigênio. Como nos produtos temos 13


((4 x 2) + (5 x 1) = 13) átomos de oxigênio, precisamos colocar o coeficiente 7,5, na
forma de fração (13/2) na frente do gás oxigênio presente nos reagentes, assim as
quantidades de se igualam.

1C₄H₁₀ + 13/2 O₂ → 4CO₂ + 5H₂O

• 6º Passo: para apresentar os menores coeficiente inteiros devemos remover a


fração multiplicando toda equação por 2.

169
UNIDADE 2 — FUNÇÕES INORGÂNICAS E REAÇÕES QUÍMICAS

2C₄H₁₀ + 13O₂ → 8CO₂ + 10H₂O

Por fim, a reação se encontra balanceada, porém, é importante ressaltar


que os coeficientes, quando não forem inteiros, devem ser representados na
forma de fração.

NOTA

Outra forma utilizada para realizar o balanceamento é através da análise da


variação do número de oxidação (NOX) dos elementos, chamado de balanceamento por
oxirredução ou balanceamento redox.

DICAS

Acadêmico, o site PhET Colorado disponibiliza diversas simulações que podem


ajudar na compreensão de conteúdos de Química, Física, Biologia e Matemática. Uma delas
é intitulada “Balanceamento de Equações Químicas” e ajuda a entender, de forma lúdica,
como esse processo ocorre. Você pode acessá-la através do link https://bit.ly/3g8UVRO.
Aproveite para explorar o site e encontrar outras simulações!

6 CLASSIFICAÇÕES DAS REAÇÕES QUÍMICAS


O nosso cotidiano é repleto de reações químicas que ocorrem tanto dentro
do nosso corpo quanto fora dele. Estas reações são responsáveis por manter a
vida em curso ao prover energia para os mais diversos sistemas como também
fazer a manutenção da morte ao realizarem a decomposição da matéria. “O
conceito de reação química está associado à ideia de transformação química, ou
seja, à produção de novas substâncias em decorrência do rearranjo dos átomos
que formavam as substâncias que deixaram de existir” (BIANCO, 2016, p. 109).

Veja a situação a seguir:

Você já colocou vinagre em um recipiente com bicarbonato? Se sim,


sabe que imediatamente surge uma cascata efervescente de bolhas.
As bolhas são formadas pelo dióxido de carbono, que é produzido
pela reação entre o bicarbonato de sódio e o ácido acético do vinagre
(BROWN et al., 2005, p. 84).

170
TÓPICO 3 — REAÇÕES QUÍMICAS

A reação descrita, por exemplo, é uma experiência comum no ensino


médio quando se deseja estudar este assunto, assim como, diversas outras
possibilidades de reações que podem ser realizadas com materiais comuns.

De acordo com o rearranjo que ocorre com os átomos na reação, elas


podem ser classificadas como:

• Reação de Síntese ou Adição;


• Reação de Análise ou Decomposição;
• Reação de Deslocamento ou Simples Troca;
• Reação de Dupla-Troca.

E são estas classificações que pretendemos abordar agora.

6.1 REAÇÃO DE SÍNTESE OU ADIÇÃO


As reações de síntese ou adição são reações nas quais dois ou mais reagentes
forma um único produto. Caso a reação tenha como reagentes apenas substâncias
simples teremos uma síntese total, porém, se ao menos um dos reagentes for uma
substância composta teremos uma síntese parcial.

FIGURA 26 – REAÇÃO DE SÍNTESE

FONTE: O autor

Ex.:

6.2 REAÇÃO DE ANÁLISE OU DECOMPOSIÇÃO


Na reação de análise ou decomposição temos um único reagente que irá se
decompor em dois ou mais produtos. Assim como ocorre nas reações de síntese,
as reações de decomposição também podem ser totais, quando os produtos
formados são apenas substâncias simples, ou parciais, quando ao menos um dos
produtos é uma substância composta.

171
UNIDADE 2 — FUNÇÕES INORGÂNICAS E REAÇÕES QUÍMICAS

FIGURA 27 – REAÇÃO DE DECOMPOSIÇÃO

FONTE: O autor

As reações de decomposição podem receber nomes especiais dependendo


da forma como a decomposição ocorre, sendo elas:

• Pirólise: decomposição pela presença de calor (∆).


• Fotólise: decomposição pela presença de luz (λ).
• Eletrólise: decomposição pela passagem de corrente elétrica ( ).

NTE
INTERESSA

E SE NÃO HOUVESSE DECOMPOSIÇÃO?

Do cheiro ruim de animais mortos à gasolina do seu carro, muita coisa não existiria. Mas
a principal mudança é na alimentação. Comeríamos como astronautas

Só lembramos dela quando esquecemos uma maçã no fundo da geladeira. Mas a decom-
posição é um processo essencial do ciclo da vida. “Graças a ela, a matéria orgânica, aquela
que forma os seres vivos, é degradada e retorna à natureza, tornando-se disponível para
que outros organismos a utilizem novamente”, explica a bióloga da USP Ana Maria Gouw.

A decomposição é um processo complexo em que, basicamente, matéria orgânica se


transforma em minerais. É por meio dela que é possível reciclar a vida no planeta. Sem
esse processo, ela seria linear. Por exemplo, uma floresta usaria os nutrientes do solo para
se desenvolver. Mas as árvores morreriam e, como não sofreriam decomposição, o solo
não seria enriquecido por seus nutrientes e ficaria pobre para alimentar uma nova geração
de árvores e outras formas de vida. “A vida na Terra existe porque há um fluxo de energia e
nutrientes entre os seres vivos”, diz Gouw. “Se não houvesse a decomposição, os nutrien-
tes ficariam retidos nos cadáveres e nenhuma nova vida poderia ser produzida”.
O único jeito de a vida continuar seria fazer essa reciclagem de nutrientes em laboratório.
Uma maneira um tanto mais elaborada do que já ocorre com os astronautas, que bebem
a própria urina reciclada. Nada apetitoso. Por falar nisso, as refeições não seriam lá muito
agradáveis. E a geladeira seria só um frigobar.

FONTE: SOEIRO, Raphael. E se não houvesse decomposição? 3 fev. 2013. Disponível em:
<https://bit.ly/3hNYmhf>. Acesso em: 28 jul. 2020.

172
TÓPICO 3 — REAÇÕES QUÍMICAS

6.3 REAÇÃO DE DESLOCAMENTO OU SIMPLES TROCA



As reações de deslocamento ou simples troca ocorrem quando uma
substância simples desloca (substitui) um elemento de uma substância composta,
formando outra substância simples e outra substância composta.

FIGURA 28 – REAÇÃO DE DESLOCAMENTO

FONTE: O autor

Esse tipo de reação só ocorre quando a reatividade do elemento da


substância simples for maior que a reatividade do elemento que está presente na
substância composta. Para os metais essa propriedade é apresentada pela fila de
reatividade a seguir:

FIGURA 29 – FILA DE REATIVIDADE DOS METAIS

FONTE: O autor

Vamos analisar duas reações distintas:

• Reação I:
• Reação II:

Observe que na reação I, o cobre (Cu) foi substituído pelo zinco (Zn), para
que isso aconteça o zinco precisa ser mais reativo que o cobre, o que é comprovado
ao observarmos a fila de reatividade, portanto, a reação I ocorre.

Já na reação II, note que o magnésio (Mg) é substituído pelo ferro (Fe),
porém, segundo a fila de reatividade o magnésio é mais reativo que o ferro, dessa
forma, a reação II não ocorre. Ela seria corretamente representada por

173
UNIDADE 2 — FUNÇÕES INORGÂNICAS E REAÇÕES QUÍMICAS

A mesma análise de reatividade é feita para os não metais nas reações de


simples troca ou deslocamento, para isso os não metais também são organizados
por uma fila de reatividade, conforme é apresentado na figura a seguir.

FIGURA 30 – FILA DE REATIVIDADE DOS NÃO METAIS

FONTE: O autor

6.4 REAÇÃO DE DUPLA-TROCA


As reações de dupla-troca ocorrem quando duas substâncias compostas
dão origem a outras duas substâncias compostas. Neste tipo de reação há uma
substituição mútua de cátions e ânions, conforme é apresentado na figura a seguir.

FIGURA 31 – REAÇÃO DE DUPLA TROCA

FONTE: O autor

As reações de neutralização abordadas no início desta unidade são


exemplos de reações de dupla-troca. Na reação entre ácido clorídrico e hidróxido
de sódio, por exemplo, o cloro do ácido se junta ao sódio da base para forma o sal,
já o hidrogênio do ácido se junta a hidroxila da base para formar a água.

No entanto, para que as reações de dupla-troca ocorram é necessário que


ao menos um dos produtos, quando comparado aos reagentes, seja:

• Menos solúvel;
• Mais volátil;
• Mais fraco.

Quanto à formação de uma substância menos solúvel, visualmente


conseguimos observar essa característica quando há o aparecimento de precipitado
(sólido) ao longo da reação. Na reação entre nitrato de chumbo (Pb(NO₃)₂) e

174
TÓPICO 3 — REAÇÕES QUÍMICAS

cromato de potássio (K₂CrO₄), por exemplo, há a formação de um precipitado


amarelo característico do cromato de chumbo (PbCrO₄).

FIGURA 32 – FORMAÇÃO DE UM PRODUTO MENOS SOLÚVEL QUE OS REAGENTES

FONTE: O autor

Com relação à formação de uma substância mais volátil, consegue-se


observar o aparecimento de uma substância gasosa (há o aparecimento de bolhas
nas soluções).

Quanto à formação de um produto mais fraco é necessário que avaliemos


o grau de ionização/dissociação das substâncias. No caso da reação neutralização
apresentada anteriormente, o ácido clorídrico possui um grau de ionização de
92% e o hidróxido de sódio um grau de dissociação de 95%, porém a água (um
dos produtos formados) se apresenta como uma substância pouco ionizada, ou
seja, ela é mais fraca que os reagentes.

175
RESUMO DO TÓPICO 3

Neste tópico, você aprendeu que:

• Fenômenos físicos envolvem apenas mudanças de estado físico e deformação


da matéria, ou seja, não há a formação de novas substâncias.

• Fenômeno químicos representam reações químicas, nas quais os átomos são


rearranjados dando origem a novas substâncias.

• A ocorrência de uma reação química pode ser observada quando há a


liberação de gás, mudança de cor, formação ou dissolução de sólido, liberação
ou absorção de calor, liberação de luz ou eletricidade.

• Inicialmente, numa reação química, há a presença de reagentes que com o


passar do tempo se transformam em produtos.

• As reações químicas são representadas por equações químicas.

• As reações devem ser balanceadas para que a quantidade de átomos dos


elementos nos reagentes seja igual a quantidade de átomos nos produtos.

• Para realizar o balanceamento devemos acrescente os coeficientes


estequiométricos na frente de cada substância da equação química.

• A Lei de Gay-Lussac indica que, quando medidos nas mesmas condições de


temperatura e pressão, os volumes dos gases participantes de uma reação têm
entre si uma proporção fixa expressa por números inteiros e pequenos.

• A Lei de Lavoisier indica que a quantidade de massa numa reação é constante,


ou seja, a soma das massas dos reagentes deve ser igual a soma das massas
dos produtos.

• A Lei de Proust indica que independente da procedência de uma substância


composta, esta é sempre formada pelos mesmos elementos químicos, em uma
mesma proporção em massa.

• As reações de síntese ocorrem quando dois ou mais reagentes formam um


único produto.

• As reações de decomposição ocorrem quando um único reagente forma dois


ou mais produtos.

176
• As reações de simples troca ocorrem quando uma substância simples substitui
um elemento em uma substância composta formando uma nova substância
simples e uma nova substância composta.

• As reações de dupla-troca ocorrem quando há uma troca mútua entre cátions


e ânions de duas substâncias compostas formando duas novas substâncias
compostas.

CHAMADA

Ficou alguma dúvida? Construímos uma trilha de aprendizagem


pensando em facilitar sua compreensão. Acesse o QR Code, que levará ao
AVA, e veja as novidades que preparamos para seu estudo.

177
AUTOATIVIDADE

1 A adição de sódio metálico em água faz com que ocorra uma interação entre
estas duas espécies químicas. Essa interação é representada a seguir:

Classifique este fenômeno e indique o fator que indica a ocorrência deste


fenômeno.

2 Ao nosso redor, diversas transformações estão acontecendo. Observe o


orvalho se formando sobre as plantas pela manhã, a água para o café fervendo
na chaleira, o pão sendo torrado ou as frutas apodrecendo em uma fruteira.
Além dessas, diversas outras podem ocorrer sem que você se dê conta disso.
Dentre essas transformações, temos as físicas e as químicas. Portanto, associe
os itens, utilizando o código a seguir:

3 Balancear as equações químicas é parte do processo ao se analisar uma


reação química. Dessa forma, faça o balanceamento das equações químicas a
seguir:

a)
b)
c)

4 De forma geral, reações químicas envolvem o rompimento de ligações


que existem nos reagentes para formação de novas ligações nos produtos,
porém, isso não expressa toda a magnitude desse tema. Reações podem ser
classificadas de acordo com o tipo de reagentes envolvidos, o tipo de produto
formado ou até mesmo a quantidade de reagente e produtos envolvidos.
Dessa forma, classifique as reações a seguir de acordo com sua estrutura:

a)
b)
c)
d)
e)

178
5 Utilizado na construção civil para preparação de argamassa e na agricultura
para diminuição da acidez do solo, o óxido de cálcio é obtido através da
decomposição do calcário. No processo o calcário é extraído de rochas e depois
selecionado, moído e submetido a altas temperaturas em fornos industriais.
Considere seus conhecimentos sobre as leis das reações químicas e reação de
decomposição do calcário e descubra os valores de A, B e C.

179
REFERÊNCIAS
ATKINS, P.; JONES, L. Princípios da química: questionando a vida moderna e o
meio ambiente. 5. ed. Porto Alegre: Bookman, 2012.

BARP, E.; SILVA, E. L. Química geral e inorgânica. São Paulo: Editora Érica, 2014.

BATISTA, F. R. Química. Curitiba: Positivo, 2015. v. 3.

BIANCO, R. J. F. Química geral. Indaial: Uniasselvi, 2016.

BROWN, T. L. et al. Química: a ciência central. 9. ed. São Paulo: Pearson Pretince
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BRUNING, V.; SÁ, M. B. Z. de. Uma Abordagem sobre Ácidos e Bases no


Cotidiano: Trabalhando com Atividades Experimentais Investigativas na Edu-
cação. In: PARANÁ. Secretaria de Estado da Educação. Superintendência de Ed-
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partir das flores das espécies Macroptilium atropurpureum, Centrosema brasilianum
e Ipomoea asarifolia. 4ª Semana de Química – IFRN, [s.l.], p. 93-96, 2016.

CUCHINSKI, A. S.; CAETANO, J.; DRAGUNSKI, D. C. Extração do corante da


beterraba (Beta vulgaris) para utilização como indicador ácido-base. Eclética
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DIAS, D. L. Teoria ácido-base de Lewis. 2016. Disponível em: https://bit.ly/


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FOGAÇA, J. R. V. Teorias ácido-base de Arrhenius, de Brönsted-Lowry e de


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KASVI. Como usar a tira universal para medir o pH? São José do Pinhais, 12
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181
182
UNIDADE 3 —

FUNDAMENTOS DA FÍSICO-QUÍMICA

OBJETIVOS DE APRENDIZAGEM
A partir do estudo desta unidade, você deverá ser capaz de:

• apresentar a descoberta da radioatividade;


• diferenciar os tipos de emissões radioativas;
• avaliar as aplicações da radioatividade;
• conhecer os processos de fissão e fusão;
• identificar as grandezas químicas;
• diferenciar os tipos de dispersões;
• avaliar os processos de separação de misturas;
• apresentar unidades de concentração para soluções;
• classificar as soluções.

PLANO DE ESTUDOS
Esta unidade está dividida em três tópicos. No decorrer da unidade
você encontrará autoatividades com o objetivo de reforçar o conteúdo
apresentado.

TÓPICO 1 – RADIOATIVIDADE
TÓPICO 2 – GRANDEZAS QUÍMICAS
TÓPICO 3 – SISTEMAS QUÍMICOS

CHAMADA

Preparado para ampliar seus conhecimentos? Respire e vamos


em frente! Procure um ambiente que facilite a concentração, assim absorverá
melhor as informações.

183
184
UNIDADE 3 TÓPICO 1 —

RADIOATIVIDADE

1 INTRODUÇÃO

Geralmente, quando se fala em radiação ou radioatividade em um círculo


de pessoas leigas neste assunto, tem-se muitas concepções erradas. Esse tema
geralmente é associado a desastres ambientais, causa de doenças e muitas vezes
morte. No entanto, o estudo das radiações e da radioatividade vai além de fatores
negativos e pode ser aplicado na produção de energia elétrica, em tratamentos
médicos e na produção de alimentos.

Afinal de contas, de onde surge a radiação? Os átomos de alguns
elementos apresentam instabilidade nuclear devido à grande quantidade de
energia presente em seu núcleo. Com o intuito de diminuir essa energia, os átomos
emitem espontaneamente radiações (BRADY, 1986). A esse fenômeno espontâneo
foi dado o nome de radioatividade.

NOTA

O símbolo internacional de radiação (também conhecido como trifólio ou


trevo de três folhas) apareceu pela primeira vez em 1946, no Laboratório de Radiação da
Universidade da Califórnia, em Berkeley. Na época, o símbolo era magenta sob um fundo
azul (Símbolo A). Nos Estados Unidos a versão utilizada atualmente é magenta contra um
fundo amarelo (Símbolo B). Já na versão internacional o símbolo é preto sob um fundo
amarelo (Símbolo C).

SÍMBOLOS DE RADIAÇÃO

FONTE: O autor

185
UNIDADE 3 — FUNDAMENTOS DA FÍSICO-QUÍMICA

A importância da radioatividade está na essência da Química, pois o


desenvolvimento desta área está ligado à evolução dos modelos atômicos, um
dos conceitos centrais da Química, que já foi abordado na Unidade 1. Segundo
Salgado et al. (2009, p. 3), “a evolução dos modelos atômicos, principalmente no
final do século XIX e início do século XX, ocorreu de forma intimamente ligada ao
avanço do conhecimento na área da radioatividade”.

Com o intuito de verificar as contribuições que o estudo da radioatividade


trouxe para a área das ciências, nosso próximo passo é compreender seu histórico.

2 HISTÓRICO DA RADIOATIVIDADE
Os primeiros passos em direção a descoberta da radioatividade foram
dados em 1895 pelo físico e engenheiro mecânico alemão Wilhelm Conrad
Röntgen (1845-1923). Segundo Xavier et al. (2007, p. 83):

[...] Röntgen trabalhava em uma sala totalmente escura, utilizando


uma válvula com a qual estudava a condutividade dos gases. A
certa distância da válvula, havia uma folha de papel tratada com
platinocianeto de bário usada como tela. Röntgen viu com espanto
a tela brilhar, emitindo luz. Achou que esta luz não poderia ser
proveniente da válvula, pois a mesma estava coberta por uma
cartolina negra e nada (luz ou raio catódico) poderia ter vindo dela.
Surpreso, fez várias investigações. Virou a tela, expondo o lado sem
o revestimento de platinocianeto de bário, e esta continuava a brilhar.
Colocou diversos objetos entre a válvula e a tela e viu que todos
pareciam transparentes, mas não demorou a ter uma surpresa maior,
quando sua mão escorregou em frente à válvula e viu seus ossos na
tela. Registrou em chapas fotográficas suas observações e só então teve
certeza de que estava diante de algo novo.

Durante seus estudos, Röntgen imobilizou a mão de sua esposa durante


alguns minutos em frente aos raios e sobre uma chapa fotográfica e após revelá-la
obteve a primeira radiografia da história.

186
TÓPICO 1 — RADIOATIVIDADE

FIGURA 1 – RADIOGRAFIA DA MÃO DA ESPOSA DE RÖNTGEN

FONTE: <https://bit.ly/39YCmxv>. Acesso em: 5 ago. 2020.

Historicamente, muito se lê sobre o fato de que por ser algo desconhecido


até então estes raios foram nomeados como raios X., No entanto,

Embora muitos tenham acreditado que x foi a letra empregada pelo


seu significado matemático de "desconhecido", isto é improvável,
uma vez que todo o texto original [que Röntgen escreveu sobre o
assunto] foi escrito com X maiúsculo, inclusive no seu manuscrito.
No texto, Röntgen afirma ter empregado esta letra somente para, de
forma sucinta, dar uma denominação a essa nova forma de radiação
(ARRUDA, 1996, p. 525).

Com relação ao nome dado a essa nova descoberta, pode até haver uma
discordância, mas algo é certo, essa descoberta garantiu a Röntgen, em 1901, o
Prêmio Nobel da Física.

A descoberta dos raios X desencadeou, quase que instantaneamente,


diversos estudos, dentre eles houve um que levou à descoberta da radioatividade,
os estudos desenvolvidos pelo físico francês Antoine-Henri Becquerel (1852-
1908), em 1896. Becquerel tinha “interesse pelas áreas de fosforescência e a
fluorescência moleculares” (XAVIER et al., 2007, p. 83) e a descoberta de Röntgen
o levou a questionar se essas substâncias também emitiam raios X.

Com experimentos adicionais utilizando urânio, Becquerel chegou


à conclusão de que a radiação penetrante era originária do próprio
elemento e não tinha relação com o fenômeno da fluorescência. Esta
radiação, [...] inicialmente ficou conhecida como raios de Becquerel [...]
(XAVIER et al., 2007, p. 83, grifo nosso).

187
UNIDADE 3 — FUNDAMENTOS DA FÍSICO-QUÍMICA

Mais tarde, os raios de Becquerel foram renomeados como Radioatividade


por Marie Skłodowska Curie (1867-1934), uma cientista e física polonesa
naturalizada francesa. Marie era casada com o físico francês Pierre Curie (1859-
1906) e os dois formaram um dos casais mais importantes da história da ciência.
Em conjunto, eles trabalharam com as radiações observadas por Becquerel no
minério de urânio e após a utilização de diversos equipamentos, alguns até mesmo
desenvolvidos por Pierre, determinaram que essa radiação era uma propriedade
intrínseca do próprio elemento e que dependia da sua quantidade na substância
e não de fatores externos, estado de agregação da matéria ou combinação química
(XAVIER et al., 2007). Posteriormente, em 1903, Marie, Pierre e Becquerel foram
laureados com o Prêmio Nobel de Física por seus estudos sobre a radioatividade.

O casal Curie foi além e observou que o urânio não era o único elemento
que apresentava essa propriedade. Eles observaram que a pechblenda (Figura 2),
um minério do qual é extraído o urânio, era muito mais radioativo que o próprio
urânio isolado. Após conseguir uma grande quantidade desse minério, em julho
de 1898, anunciaram a descoberta de um novo elemento isolado da pechblenda,
que foi nomeado “polônio” em homenagem à terra natal de Marie. No final do
mesmo ano, isolaram mais um novo elemento, o rádio. Marie levou quatro anos
até conseguir isolar uma quantidade significativa de rádio e determinar sua
massa atômica. Por essas descobertas Marie recebeu, em 1911, o Prêmio Nobel de
Química (XAVIER et al., 2007).

FIGURA 2 – PECHBLENDA

FONTE: <https://bit.ly/31xO5iE>. Acesso em: 7 ago. 2020.

Outras contribuições importantes para a construção do estudo da


Radioatividade vieram em 1900. Segundo Xavier et al. (2007, p. 85, grifo nosso),
neste mesmo ano,

188
TÓPICO 1 — RADIOATIVIDADE

[...] pouco tempo após as descobertas de Becquerel, o físico neozelandês


Ernest Rutherford e o físico francês Pierre Curie identificaram, de
forma independente e quase simultaneamente, dois tipos distintos
de emissões oriundas dos elementos radioativos. Essas radiações
foram denominadas de partículas alfa (α) e beta (β). No mesmo ano,
o físico francês Paul U. Villard identificou outra espécie de radiação
eletromagnética, que também era emitida por esses elementos, que
denominou radiação gama (γ).

Com seus estudos a respeito da Radioatividade, Rutherford propôs,


em 1903, que o átomo possuía um núcleo, como foi abordado anteriormente
na Unidade 1. Posteriormente, a essa descoberta, o cientista propôs ainda que
era a instabilidade desse núcleo que permitia a ele liberar emissões radioativas
transformando um núcleo atômico em outro através de um fenômeno que foi
denominado decaimento radioativo.

Obviamente, a história da Radioatividade não para por aí, pois ela se


estende até os dias de hoje. Neste primeiro momento, nós buscamos apresentar
pontos primordiais para o início dessa área tão fantástica. Ao longo do tópico,
outros eventos serão apresentados, mas para se aprofundar neste conteúdo tão
rico e incrível veja a dica a seguir.

DICAS

Para saber mais sobre a Radioatividade e as descobertas que mudaram os


rumos das ciências, acesse o artigo “Marcos da História da Radioatividade e Tendências
Atuais”, uma colaboração de vários autores que pode ser acessada através do link: https://
bit.ly/2PyCl9X.

3 EMISSÕES RADIOATIVAS
O que torna um núcleo de um átomo estável? Essa é uma questão bem
interessante e que talvez exija de você um pouco de atenção. Vamos começar
pelo o que aprendemos na Unidade 1: o núcleo é composto por prótons (carga
positiva) e nêutrons (carga neutra). Veja bem, se pensarmos em partículas de
carga positiva confinadas em um espaço extremamente pequeno como o núcleo,
eles deveriam se repelir já que são regidas por forças eletrostáticas e o núcleo
deveria se desintegrar, porém isso não ocorre.

Os avanços no estudo da matéria levaram à definição de uma forma de


interação diferente das forças eletrostáticas, a chamada força forte. A força forte
só existe em distâncias extremamente pequenas, na ordem 10-15 m, ou seja, na
mesma ordem do tamanho de um núcleo. Essa é uma força atrativa que supera a
repulsão eletrostática. Diferente da força eletrostática, a força forte ocorre também
entre prótons e nêutrons, ou seja, é independente das cargas.
189
UNIDADE 3 — FUNDAMENTOS DA FÍSICO-QUÍMICA

O alcance limitado da força forte exerce um papel primordial na


estabilidade do núcleo. Para manter a estabilidade nuclear, é necessário que a
repulsão eletrostática entre os prótons seja contrabalançada pela atração entre
os prótons e os nêutrons através da força forte. No entanto, devemos destacar
que temos duas realidades, a primeira é que um próton repele todos os demais
prótons do núcleo, pois a força eletrostática é de longo alcance e a segunda é que
através da força forte um próton ou um nêutron só irá atrais seus vizinhos, já que
ela tem um alcance extremamente pequeno (USP, 2016).

Concluindo, a estabilidade nuclear dependerá da relação entre as


quantidades de prótons e nêutrons presentes no núcleo do átomo. Se houver uma
grande quantidade de prótons e uma pequena quantidade de nêutrons, a força
eletrostática irá prevalecer e o núcleo sofrerá um decaimento radioativo. Através
dessa relação foi construído um gráfico chamado de cinturão de estabilidade,
que é representado pelos pontos escuro desse gráfico e que pode ser observado
na Figura 3.

FIGURA 3 – CINTURÃO DE ESTABILIDADE NUCLEAR

FONTE: Brown et al. (2016, p. 954).

190
TÓPICO 1 — RADIOATIVIDADE

Note que o aumento do número de prótons do núcleo cresce até o ponto


no qual o aumento do número de nêutrons não é suficiente para compensar a
repulsão elétrica, ainda que a razão entre o número de nêutrons e prótons (n/p)
não cresce linearmente. O elemento que possui o maior número atômico a ainda
é estável é o bismuto (z = 83), depois dele todos os outros elementos emitem
partículas, ou seja, são instáveis, o que faz com que eles sofram decaimento até
atingir a estabilidade.

NOTA

Na Unidade 1, nós falamos sobre semelhanças atômicas e você se familiari-


zou com os isótopos. Na natureza, é comum verificar que um elemento apresenta diver-
sos isótopos e alguns deles podem ser radioativos, devido a essa razão entre o número de
nêutrons e o número de prótons. Estes isótopos radioativos são chamados de radioisóto-
pos ou radionuclídeos.

Durante o processo de decaimento, existem três tipos de emissões


radioativas muito comuns que podemos analisar, sendo elas:

• Partículas Alfa (α)


• Partículas Beta (β)
• Radiação Gama (γ)

Note que usamos os termos partículas e radiação. Essa distinção ocorre,


pois alfa e beta possuem massa, enquanto a emissão gama é representada por
uma onda eletromagnética. Veremos mais detalhes a seguir.

3.1 PARTÍCULAS ALFA


A partícula alfa (α) é geralmente associada a um núcleo de hélio (He)
devido ao fato de também ser formada por 2 prótons e 2 nêutrons, sendo assim,
estas partículas possuem carga +2 e massa de 4u, podendo ser representadas da
seguinte maneira .

3.2 PARTÍCULAS BETA


A partícula beta (β) é formada por um elétron, mas lembre-se de que essas
emissões radioativas são provenientes do núcleo atômico, portanto, de onde
surge este elétron? A resposta é simples: da decomposição de um nêutron!

191
UNIDADE 3 — FUNDAMENTOS DA FÍSICO-QUÍMICA

FIGURA 4 – DECOMPOSIÇÃO DO NÊUTRON

FONTE: O autor

Note que ao se decompor, o nêutron forma um próton ( ), um neutrino


( ) e um elétron ( ), sendo que o neutrino e o elétron são ejetados do núcleo.
Este elétron é denominado como partícula beta, que assim como o elétron pode
ser representada por . Aqui vale ressaltar alguns pontos: lembre-se de que o
elétron possui carga negativa e sua massa é praticamente desprezível, sendo por
esse motivo que a massa da partícula beta é 0 e sua carga -1.

NOTA

Outra partícula radioativa que pode ser emitida pelo núcleo atômico durante
um decaimento é o pósitron, a antipartícula do elétron. Essa partícula possui a mesma
massa de um elétron, porém é carregada positivamente, portanto, é representada como
. Ela surge quando um próton é convertido em um nêutron dentro do núcleo de um
radionuclídeo. A existência do pósitron foi proposta em 1928 físico britânico Paul Dirac
(1902-1984), mas ele só foi observado em 1932 pelo físico estadunidense Carl David An-
derson (1905-1991), o que conferiu a este último o Prêmio Nobel de Física em 1936.

3.3 RADIAÇÃO GAMA

Diferentemente das outras emissões radioativas, a emissão gama (γ) recebe


o nome de radiação ao invés de partícula, pois ela é uma onda eletromagnética de
alta frequência que carrega uma grande quantidade de energia.

Segundo Brown et al. (2016), a emissão de radiação gama (ou raios gama)
não provoca alteração alguma no número atômico ou no número de massa do
radioisótopo, pois ela é apenas uma onda eletromagnética, dessa forma, não pos-
sui nem massa e nem carga, sendo representada por . “Geralmente, a radiação
gama acompanha outra emissão radioativa, pois representa a energia perdida
quando, em uma reação nuclear, os núcleons se reorganizam em arranjos mais
estáveis” (BROWN et al., 2016, p.952, grifo nosso). Por não possuir nem massa,
nem carga e não interferir no número atômico ou de massa, é comum não repre-
sentarmos a radiação gama nas equações nucleares.
192
TÓPICO 1 — RADIOATIVIDADE

NOTA

Você deve ter percebido que na citação anterior destacamos a palavra


núcleons, ela representa partícula presentes no núcleo atômico, ou seja, prótons e nêutrons.

3.4 COMPARATIVO DA EMISSÕES RADIOATIVAS


Agora que temos conhecimento sobre algumas características das emissões
radioativas, podemos compará-las quanto a algumas propriedades:

• Poder de Penetração
• Poder Ionizante

O poder de penetração de cada uma das emissões é diferente, assim, cada


uma delas pode ou não atravessar determinada superfície, veja a Figura 5.

FIGURA 5 – PODER DE PENETRAÇÃO DAS EMISSÕES RADIOATIVAS

FONTE: Adaptado de <https://www.deviante.com.br/noticias/a-radiacao-das-profundezas/>.


Acesso em: 29 maio 2020.

Perceba que ao comparar os poderes de penetração, a partícula alfa possui


baixo poder, a partícula beta possui poder médio, enquanto a radiação gama
possui alto poder, conseguindo atravessar a maioria das superfícies por se tratar
de uma onda eletromagnética.

193
UNIDADE 3 — FUNDAMENTOS DA FÍSICO-QUÍMICA

DICAS

A relação entre uma emissão radioativa e seu poder de penetração é algo


complexo, mas em resumo, se trata de uma relação entre a energia e a carga dessas emis-
sões. Caso queira se aprofundar neste assunto sugerimos a você o material desenvolvido
pela International Nuclear Information System (INIS) intitulado INTERAÇÃO DA RADIAÇÃO
COM A MATÉRIA, que está disponível através do link: https://bit.ly/2PVcnO9.

Dessa forma, ao analisar o impacto dessas emissões radioativas sobre o


corpo humano, Brown et al. (2016, p. 977, grifo nosso) afirmam que:

O estrago produzido pela radiação depende da: atividade e da energia


da radiação, tempo de exposição e se a fonte está dentro ou fora do
corpo. Os raios gama são particularmente prejudiciais fora do corpo,
porque penetram o tecido humano com facilidade, exatamente como
os raios X. Assim, seus danos não estão limitados à pele. Por outro lado,
muitos raios Alfa são bloqueados pela pele, e os raios beta são capazes
de penetrar apenas cerca de 1 cm além da superfície da pele. Nenhum
deles é tão perigoso quanto os raios gama, a menos que, de alguma
forma, a fonte de radiação penetre no corpo. Dentro do corpo, os raios
Alfa são especialmente perigosos, porque transferem facilmente suas
energias aos tecidos vizinhos, provocando dano considerável.

FIGURA 6 – PENETRAÇÃO DAS EMISSÕES RADIOATIVAS NO CORPO HUMANO

FONTE: Brown et al. (2016, p. 977).

Dependendo da quantidade de energia, que pode ser classificada como


ionizante, quando possui grande quantidade de energia, ou não ionizante
quando possuem baixa quantidade de energia, as radiações ionizantes, ao serem

194
TÓPICO 1 — RADIOATIVIDADE

emitidas, passam por átomos ou moléculas e são capazes de remover elétrons


dessas espécies químicas e transformá-las em íons.

As radiações ionizantes podem ser classificadas como diretamente


ionizantes ou indiretamente ionizantes. As diretamente ionizantes “atuam
principalmente por meio de seu campo elétrico e transferem sua energia para
muitos átomos ao mesmo tempo” (INTERNATIONAL ATOMIC ENERGY
AGENCY, 2018, p. 78) são aquelas que possuem carga, como partículas alfa e
beta. Já as indiretamente ionizantes “interagem individualmente transferindo sua
energia para elétrons, que irão provocar novas ionizações” (INTERNATIONAL
ATOMIC ENERGY AGENCY, 2018, p. 78), são aquelas sem cargas, como a
radiação gama.

O poder de ionização das emissões radioativas está relacionado as suas


cargas elétricas, portanto, por possuir maior carga as partículas Alfa possuem alto
poder ionizante, enquanto as partículas Beta possuem poder médio e a radiação
gama possui baixo poder ionizante.

Além de analisarmos o impacto das emissões radioativas sobre o corpo


humano com relação ao poder de penetração, podemos verificar como o poder de
ionização também interfere nas funções normais do organismo. Segundo Brown
et al. (2016, p. 977),

Quando a radiação ionizante passa pelos tecidos vivos, os elétrons


são removidos das moléculas de água, formando íons H₂O⁺ altamente
reativos. Um íon H₂O⁺ pode reagir com outra molécula de água para
formar um íon H₃O⁺ e urna molécula neutra OH:

H₂O⁺ + H₂O → H₃O⁺ + OH

A molécula de OH é instável e altamente reativa, sendo classificada


como um radical livre, uma substância com um ou mais elétrons
desemparelhados [...]. A molécula de OH também é chamada de
radical hidroxil, e a presença do elétron desemparelhado costuma
ser enfatizada ao escrever as espécies com um único ponto, . OH.
Em células e tecidos, esses radicais podem atacar biomoléculas para
produzir novos radicais livres, os quais, por sua vez, ainda atacam
outras biomoléculas. Portanto, a formação de um único radical hidroxil
[...] pode iniciar um grande número de reações químicas que, no fim,
são capazes de romper as operações normais das células.

Dessa forma, conhecendo as principais emissões radioativas, suas


características e propriedades, podemos sintetizar todas as informações de acordo
com o Quadro 1.

195
UNIDADE 3 — FUNDAMENTOS DA FÍSICO-QUÍMICA

QUADRO 1 – EMISSÕES RADIOATIVAS E SUAS CARACTERÍSTICAS

Partícula
EMISSÃO Partícula Alfa Radiação Gama
Beta
2 prótons + 2 Onda
COMPOSIÇÃO 1 elétron
nêutrons Eletromagnética*
MASSA (u) 4 0** 0

MASSA (g) 6,64 x 10-24 9,11 x 10-28 0

CARGA 2 -1 0

REPRESENTAÇÃO

PODER DE
Baixo Médio Alto
PENETRAÇÃO
PODER DE
PENETRAÇÃO 1 100 10.000
RELATIVO
PODER DE
Alto Médio Baixo
IONIZAÇÃO

* De forma mais precisa, a radiação gama é composta por fótons (pacotes de


energia) de alta energia.
** A massa da partícula beta é representada como zero, pois ela é formada por
um elétron que possui massa praticamente desprezível.

FONTE: O autor

4 REAÇÕES NUCLEARES
Quando um átomo libera alguma emissão radioativa, o núcleo atômico
sofre uma modificação. Essas modificações são chamadas de reações nucleares.
As reações nucleares se diferem das reações químicas, pois enquanto a primeira
altera o núcleo atômico a segunda faz alterações na eletrosfera. Nestas reações
nucleares, o átomo mais instável é chamado de átomo-pai enquanto o átomo
formado, que é mais estável, é chamado de átomo-filho.

Segundo Scarpellini e Andreatta (2011, p. 324-325, grifo nosso),

As emissões alfa e beta promovem o fenômeno da transmutação,


isto é, alteram a carga nuclear do átomo e, portanto, transformam
um elemento químico em outro. As emissões gama não promovem
transmutações. Quando as transmutações ocorrem por emissão
de partículas, são denominadas transmutações naturais; quando
ocorrem por bombardeamento de núcleos estáveis, são denominadas
transmutações artificiais.

196
TÓPICO 1 — RADIOATIVIDADE

O estudo das transmutações artificiais teve seu início com a descoberta


da radioatividade artificial, em janeiro de 1934. Essa descoberta foi realizada
pela química francesa, filha de Marie e Pierre Curie, Irène Joliot-Curie (1897-
1956) e seu marido, o físico francês Frédéric Joliot-Curie (1900-1958). Durante
um experimento onde bombardearam uma folha de alumínio-27 com partículas
alfa ( ) eles observaram a criação do fósforo-30, um radioisótopo até então
inexistente na natureza. Esta experiência abriu o caminho rumo à criação de
isótopos radioativos que não existiam na natureza através do bombardeamento
de núcleos estáveis. Devido a essa descoberta o casal Joliot-Curie foi agraciado
com o Prêmio Nobel de Química em 1935 (XAVIER et al., 2007).

Considerando as transmutações, as leis da radioatividade, apresentadas a


seguir, trazem um panorama mais específico sofre a emissão de partículas alfa e
beta nas reações nucleares.

4.1 LEIS DA RADIOATIVIDADE


As leis da radioatividade expressam o comportamento de um átomo ao
emitir partículas alfa e partículas beta. A primeira lei, que trata da emissão de
partículas alfa, foi desenvolvida em 1911 pelo químico inglês Frederick Soddy
(1877-1956), já a segunda lei, que trata da emissão de partículas beta, foi proposta
em 1913 por Soddy e também pelos físico-químicos Kasimir Fajans (1887-1975) e
Alexander Smith Russell (1888-1972).

NTE
INTERESSA

“O Prêmio Nobel de Química de 1921 foi concedido a Frederick Soddy ‘por


suas contribuições para o nosso conhecimento da química de substâncias radioativas e
suas investigações sobre a origem e natureza dos isótopos’” (NOBEL PRIZE, 2017, s. p.).

4.1.1 Primeira lei da radioatividade


A primeira lei da radioatividade diz que:

Quando um átomo radioativo emite uma partícula alfa (α) ele sofre um
decaimento e seu número atômico (Z) diminui em 2 unidades e o seu número
de massa (A) diminui em 4 unidades.

De forma genérica, a primeira lei é representada da seguinte maneira:

197
UNIDADE 3 — FUNDAMENTOS DA FÍSICO-QUÍMICA

FIGURA 7 – 1ª LEI DA RADIOATIVIDADE

FONTE: O autor

Ex.:

NOTA

Muitas situações que são apresentadas com relação a esse tema solicitam
ao leitor descobrir qual a emissão radioativa realizada por determinado elemento. Veja o
exemplo a seguir:
[Questão Adaptada] (UNESP) Detectores de incêndio são dispositivos que disparam um
alarme no início de um incêndio. Um tipo de detector contém uma quantidade mínima do
elemento radioativo amerício-241. A radiação emitida ioniza o ar dentro e ao redor do de-
tector, tornando-o condutor de eletricidade. Quando a fumaça entra no detector, o fluxo
de corrente elétrica é bloqueado, disparando o alarme. Este elemento sofre decaimento
de acordo com a equação a seguir:

De acordo com a equação de decaimento do amerício-241 determine e emissão X.


Resolução: Para resolver essa questão é simples, basta analisar todos os números superio-
res como uma equação matemática, sendo que a seta representa a igualdade. Faremos o
mesmo para os números inferiores.
Número Superiores → 241 = A + 237, isolando A temos, A = 241 – 237, portanto, A = 4.
Números Inferiores → 95 = Z + 93, isolando Z temos, Z = 95 - 93, portanto, Z – 2.
Dessa forma, nossa partícula X possui a seguinte representação , ou seja, se trata de
uma partícula alfa ( ).

4.1.2 Segunda lei da radioatividade


A segunda lei da radioatividade diz que:

Quando um átomo radioativo emite uma partícula beta (β) ele sofre
decaimento e o seu número atômico (Z) aumenta em uma unidade enquanto
seu número de massa (A) permanece o mesmo.

De forma genérica, a segunda lei é representada da seguinte maneira:

198
TÓPICO 1 — RADIOATIVIDADE

FIGURA 8 – 2ª LEI DA RADIOATIVIDADE

FONTE: O autor

Ex:

Lembre-se de que a partícula beta é emitida do núcleo atômico e provém


de um nêutron instável que se desintegra formando 1 elétron (partícula beta), 1
próton e 1 neutrino. Assim, quando o nêutron se desintegra a massa do núcleo
deveria diminuir, porém há a formação de um próton, que fica no núcleo, por
esse motivo não há alteração da massa (prótons e nêutrons possuem massa
semelhantes) e também por esse motivo há o aumento do número atômico em
uma unidade.

4.2 SÉRIES RADIOATIVAS


“As séries radioativas são conjuntos de elementos originados na emissão
de partículas alfa e beta, tendo como produto final um isótopo estável de chumbo”
(SCARPELLINI; ANDREATTA, 2011, p. 324).

Existem três séries radioativas naturais, são elas:

• Série do Urânio: esta série se inicia com urânio-238 ( ) e após emissões


consecutivas de partículas alfa e beta ela termina com o chumbo-206 ( ),
um átomo de núcleo estável.
• Série do Actínio: acreditava-se que essa série iniciava com o actínio-227
( ) por isso este nome, porém, na realidade, esta série se inicia com
urânio-235 ( ) e após emissões consecutivas de partículas alfa e beta ela
termina com o chumbo-207 ( ), um átomo de núcleo estável.
• Série do Tório: esta série se inicia com tório-232 ( ) e após emissões
consecutivas de partículas alfa e beta ela termina com o chumbo-208 ( ),
um átomo de núcleo estável.

Veja a representação das séries radioativas na Figura 9.

199
UNIDADE 3 — FUNDAMENTOS DA FÍSICO-QUÍMICA

FIGURA 9 – SÉRIES RADIOATIVAS NATURAIS

FONTE: Adaptado de <https://bit.ly/3kVop8e>. Acesso em: 19 ago. 2020.

Segundo Cardoso (2015, p. 22, grifo nosso),

Com o desenvolvimento de reatores nucleares e máquinas aceleradoras


de partículas, muitos radioisótopos puderam ser “fabricados”
(produzidos), utilizando-se isótopos estáveis como matéria prima.
Com isso, surgiram as Séries Radioativas Artificiais, algumas de
curta duração.

Assim, uma dessas séries radioativas artificiais é a Série do Netúnio.


Apesar de ter este nome, devido ao fato de o netúnio-237 ( ) possuir a maior
meia-vida dentre os átomos da série (veremos o conceito de meia-vida no item
Cinética Radioativa), esta série possui como átomo-pai o plutônio-241 ( )e
diferente das séries naturais, ela termina com o átomo estável de bismuto-209
( ).

200
TÓPICO 1 — RADIOATIVIDADE

5 CINÉTICA RADIOATIVA
Com o passar do tempo e as emissões radioativas acontecendo,
radioisótopos vão se transformando em átomos com núcleos cada vez mais
estáveis. A análise da velocidade e consequentemente do tempo envolvidos
neste processo de decaimento é realizada pela cinética radioativa. Dessa forma,
veremos quatro itens muito importantes, sendo eles:

• Decaimento radioativo
• Atividade
• Meia-vida
• Vida média

5.1 DECAIMENTO RADIOATIVO


Como citado anteriormente, o decaimento radioativo é um processo no
qual um núcleo instável se transforma em um núcleo estável. Assim é possível
calcular a quantidade de núcleos instáveis remanescentes numa amostra
radioativa após determinado intervalo de tempo através da seguinte expressão:

Onde:

• N = número de núcleos radioativos remanescentes após um tempo t;


• N₀ = número de núcleos radioativos na amostra num tempo t – 0;
• λ = constante radioativa;
• t = tempo.

NOTA

Na fórmula descrita é apresentado o “e”, uma constante matemática que é


a base dos logaritmos naturais, ele é comumente chamado de número de Euler e é um
número irracional. É muito comum encontrá-lo em funções logarítmicas ou exponenciais.
O número de Euler tem a seguinte equivalência e = 2,718281 ... . .

A constante radioativa (λ) ou constante de decaimento indica a


probabilidade de um átomo sofre decaimento no intervalo de tempo de 1 segundo,
por esse motivo possui como unidade de medida s–1. Ela é característica de cada

201
UNIDADE 3 — FUNDAMENTOS DA FÍSICO-QUÍMICA

núcleo e no item que trataremos sobre meia-vida será apresentada a você uma
forma de encontrar o valor desta constante.

A equação do decaimento é uma função exponencial, portanto,


graficamente, de forma genérica, pode ser representada pela Figura 10.

FIGURA 10 – GRÁFICO GENÉRICO DO DECAIMENTO RADIOATIVO

FONTE: O autor

5.2 ATIVIDADE
A atividade ou taxa de decaimento representa o número de decaimentos
nucleares que ocorrem por unidade de tempo para uma determinada quantidade
de substância radioativa. Antigamente, possuía como unidade de medida o curie
(Ci), mas atualmente, de acordo com Sistema Internacional de Unidade (SI), tem
como unidade padrão o becquerel (Bq). O becquerel representa desintegrações
por segundo. A unidade antiga e a nova possuem a seguinte equivalência
1Ci = 3,7 x 1010 Bq, pois a unidade curie levou em conta a atividade de 1g de
rádio-226 na sua criação.

Imagine que temos uma amostra com 1000 átomos radioativos e destes, 50
sofrem desintegração num intervalo de 5 segundos, dessa forma, ao dividirmos
o número de desintegrações pelo intervalo de tempo, teremos 10 desintegrações
por segundo, ou seja, 10 Bq. Podemos representar este cálculo através da seguinte
fórmula:

202
TÓPICO 1 — RADIOATIVIDADE

Onde:

• A = atividade;
• ∆N = número de desintegrações (ou a variação do número de núcleos
radioativos);
• ∆t = intervalo de tempo;
• λ = constante radioativa;
• N = número total de núcleos radioativos.

Através de algumas deduções matemáticas, utilizando as fórmulas


apresentadas anteriormente, chegamos a uma nova fórmula, onde conhecendo
atividade inicial de uma amostra podemos prever sua atividade para qualquer
intervalo de tempo:

A = A0.e–λ.t

Onde:

• A = atividade no tempo t;
• A0 = atividade no tempo t = 0;
• λ = constante radioativa;
• t = tempo.

Note que esta última fórmula também é exponencial, portanto,


graficamente irá ser semelhante ao gráfico apresentado na figura 10.

5.3 MEIA-VIDA
Durante o processo de decaimento, um radioisótopo de uma amostra irá
se transformar em átomo de núcleo estável e com o passar do tempo a quantidade
desse radioisótopo na amostra irá diminuir. A meia-vida, semivida ou ainda o
período de semidesintegração, representado por , indica o tempo necessário
para que uma amostra radioativa diminua pela metade sua quantidade de massa.
“Quando a massa de um radioisótopo se reduz à metade, também se reduzem
à metade o número de átomos, a quantidade em mols e a atividade radioativa
(desintegrações por segundo) desse radioisótopo” (DIAS, 2018, s.p.).

Segundo Dias (2018, s. p.), “o tempo de meia-vida é uma característica de


cada radionuclídeo e não depende da quantidade inicial do radionuclídeo nem
de fatores como pressão, temperatura e composição química do material [...]”.

O número de meias-vidas transcorridas para uma amostra pode ser


calculado por:

203
UNIDADE 3 — FUNDAMENTOS DA FÍSICO-QUÍMICA

Onde:

• m = massa final da amostra;


• m₀ = massa inicial da amostra;
• x = número de meias-vidas transcorridas.

NOTA

Na forma anterior utilizamos para representar a massa da amostra radioativa,


no entanto, podemos substituir o valor de massa por número de mol, atividade ou ainda
porcentagem da amostra.

Vamos ver um exemplo de aplicação da fórmula a seguir.

FIGURA 11 – DETERMINAÇÃO DO NÚMERO DE MEIAS-VIDAS TRANSCORRIDAS

FONTE: O autor

Agora, para calcular o tempo de meia-vida de uma amostra, podemos


utilizar a seguinte fórmula:

204
TÓPICO 1 — RADIOATIVIDADE

Veja que novamente a constante radioativa aparece nesta fórmula.


Assim, sabendo essa informação podemos determinar a meia-vida, ou ainda,
se soubermos o valor da meia-vida de um radioisótopo poderemos calcular a
constante radioativa isolando-a e posteriormente aplicá-la nas demais fórmulas
apresentadas.

NOTA

A constante radioativa representa uma informação bem importante e em


muitos casos o tempo de meia-vida acaba sendo deduzido por lógica o que permite
posteriormente calcular esta constante.

Como uma continuação da situação apresentada na Figura 11, veja agora


a Figura 12, que aplica e fórmula da meia-vida na determinação da constante
radioativa.

FIGURA 12 – DETERMINAÇÃO DA CONSTANTE RADIOATIVA

FONTE: O autor

Graficamente, nós podemos representar a passagem de meias-vidas


conforme a Figura 13.

205
UNIDADE 3 — FUNDAMENTOS DA FÍSICO-QUÍMICA

FIGURA 13 – REPRESENTAÇÃO GRÁFICA DA MEIA-VIDA

FONTE: Adaptado de <https://bit.ly/3gp2GT6>. Acesso em: 26 ago. 2020.

Perceba que conforme os números de meias-vidas vão passando, os


átomos pais vão se transformando em átomos filhos e o percentual de átomos
pais vai se reduzindo sempre pela metade (100% → 50% → 25% → 12,5% → 6,25%
→ ... ).

Além disso, para o seu conhecimento, no Quadro 2, você encontra alguns


radioisótopos e seus tempos de meia-vida.

QUADRO 2 – TEMPO DE MEIA-VIDA DE RADIOISÓTOPOS

206
TÓPICO 1 — RADIOATIVIDADE

FONTE: O autor

5.4 VIDA MÉDIA


A vida média, simbolizada pela letra grega tau (τ), indica a média arit-
mética do tempo de vida dos átomos radioativos de uma amostra. Imagine uma
situação em que um átomo de uma amostra sofre decaimento, após 20 minutos
outro, após 1 dia outro, após 1 semana outro e assim sucessivamente, fazendo a
média aritmética destes valores obtemos a vida média de um radioisótopo. Para
calcular a vida média utilizamos a seguinte fórmula:

Onde:

τ = vida média
λ = constante radioativa

Podemos relacionar a vida média e a meia-vida fazendo algumas


substituições:

207
UNIDADE 3 — FUNDAMENTOS DA FÍSICO-QUÍMICA

FIGURA 14 – RELAÇÃO ENTRE VIDA MÉDIA E MEIA-VIDA

FONTE: O autor

6 FISSÃO E FUSÃO
Por volta de 1934, o físico italiano Enrico Fermi (1901-1954) percebeu
que ao bombardear o núcleo de alguns átomos com nêutrons a certa velocidade
moderada fazia com que esse nêutron fosse capturado pelo núcleo. Dessa forma,
Fermi concluiu que ao bombardear urânio (92U) (último elemento natural da Tabela
Periódica) com nêutrons seria possível produzir elementos transurânicos, ou seja,
elementos que possuem o número atômico maior que 92. Várias experiências
foram feitas por Fermi e sua equipe, porém nenhum novo elemento foi isolado
(XAVIER et al., 2007).

Realizando experiências similares, os químicos Otto Hahn [1879-1968]


e Fritz Stassmann [1902-1980], em 1938, detectaram a presença de bário
(Z = 56), após o bombardeamento do urânio com nêutrons moderados.
A explicação para o fato foi dada por uma cientista da equipe, a física
austríaca Lise Meitner [1878-1968], e por seu sobrinho, o físico Otto
R. Frisch [1904-1979]: “O núcleo do átomo de urânio é instável e, ao
ser bombardeado com nêutrons moderados, rompe-se praticamente
ao meio, originando dois núcleos de massa média e liberando 2 ou 3
nêutrons, além de mais energia”. A esse fenômeno foi dado o nome de
fissão nuclear (XAVIER et al., 2007, p.84, grifo nosso).

Portanto, a fissão nuclear é um processo que consiste na quebra de um


átomo de grande massa ao atingi-lo com um nêutron. Nessa quebra são liberados
átomos de menor massa, nêutrons e certa quantidade de energia. Além disso,
os nêutrons liberados no processo de fissão podem desencadear uma reação em
cadeia, onde atingiram outros núcleos provocando um novo processo de fissão.

208
TÓPICO 1 — RADIOATIVIDADE

FIGURA 15 – FISSÃO NUCLEAR E A REAÇÃO EM CADEIA

FONTE: <https://bit.ly/3dp2TF0>. Acesso em: 28 ago. 2020.

Outro processo que envolve reações nucleares é a fusão nuclear, um


processo no qual dois núcleos atômicos pequenos são colididos para formar
um núcleo de maior massa, esse processo ocorre nas estrelas onde átomo de
hidrogênio colidem para formar átomo de hélio. Durante esse processo, uma
enorme quantidade de energia é liberada, uma energia muito superior à energia
liberada no processo de fissão nuclear.

FIGURA 16 – FUSÃO NUCLEAR

FONTE: Adaptado de <https://bit.ly/2XTa5D3>. Acesso em: 28 ago. 2020.

209
UNIDADE 3 — FUNDAMENTOS DA FÍSICO-QUÍMICA

As origens dos estudos da fusão nuclear são encontradas por volta de


1929, quando o físico e astrônomo britânico Robert d'Escourt Atkinson (1898-
1982) e o físico atômico e nuclear holandês-austríaco-alemão Friedrich Georg
"Fritz" Houtermans (1903-1966) descobriram qual é a fonte de energia do Sol e
começaram a analisar esse tipo de reação. Todavia, os conceitos mais importantes
relacionados à fusão nuclear e sua aplicação real foram desenvolvidos a partir
de 1942, com os trabalhos de Hans Bethe (1906-2005), Enrico Fermi (1901-1954),
Robert Oppenheimer (1904-1967) e Edward Teller (1908-2003), entre outros
(PLANAS, 2009).

DICAS

Para saber mais sobre a história da energia nuclear, acesse o material


desenvolvido pelo Conselho Nacional de Energia Nuclear (CNEN) através do link: https://
bit.ly/3oValy0.

7 APLICAÇÕES
Diversas são as utilizações da radioatividade, seja no cotidiano ou em
processos mais complexos, assim, vamos discutir algumas destas aplicações a
seguir.

Na medicina, a radioatividade é utilizada em radiodiagnóstico, o principal


exemplo é o uso de iodo-131 na determinação de problemas associados à tireoide.
Esse radioisótopo é absorvido pela tireoide e posteriormente pode ser observado
através de um mapeamento (Figura 17) num processo chamado de cintilografia.
Ao comparar esse mapeamento com o de uma tireoide normal é possível verificar
problemas associados a essa glândula. O radiodiagnóstico também é aplicado no
mapeamento de fígado e pulmão.

FIGURA 17 – MAPEAMENTO DE TIREOIDE

FONTE: <https://bit.ly/34OPmoX>. Acesso em: 31 ago. 2020.

210
TÓPICO 1 — RADIOATIVIDADE

Além do uso em radiodiagnósticos, a radioatividade é utilizada na


radioterapia, onde radiação é utilizada para destruição de células de tumores.
Nesse processo, os principais elementos utilizados como fonte de emissões
radioativas são césio-137 e cobalto-60.

Na agricultura “É possível acompanhar, com o uso de traçadores


radioativos, o metabolismo das plantas, verificando o que elas precisam para
crescer, o que é absorvido pelas raízes e pelas folhas e onde um determinado
elemento químico fica retido” (CARDOSO, 2014, p. 9).

NOTA

Um traçador radioativo ou marcador radioativo é um composto químico


no qual um ou mais átomos foram substituídos por radioisótopos. Assim, através do de-
caimento dessas espécies químicas é possível explorar o mecanismo de reações.

Na agricultura, o uso de marcadores radioativos pode ajudar também no


estudo sobre insetos. Uma vez que eles ingerem os marcadores presentes nas
plantas, passam a emitir radiação, dessa forma é possível verificar seus hábitos
e encontrar seus habitats. Com relação a insetos que destroem as lavouras, é
possível verificar quais são predadores, pois eles irão emitira radiação.

FIGURA 18 – MARCAÇÃO DE INSETOS

FONTE: O autor

É possível fazer o controle de insetos com o uso de radiação. Segundo


Patrício et al. (2012, p.256),

211
UNIDADE 3 — FUNDAMENTOS DA FÍSICO-QUÍMICA

O método usado é o da esterilização dos machos, e consiste no seguinte:


insetos são criados em massa e, antes que cheguem à maturidade, são esterilizados
por meio de radiação controlada. Em seguida são libertados na região infestada. O
acasalamento improdutivo dos machos com as fêmeas que estavam em liberdade
acaba por levar a extinção da espécie.

Na indústria de alimentos, a principal utilização é na irradiação de


alimentos. O processo de irradiação ajuda a evitar que vegetais apodreçam ou
germinem por longos períodos. De acordo com Junior e Vital (2016, s.p.), “na
preservação de alimentos, a irradiação tem se mostrado como uma ferramenta
eficaz para aumentar significativamente a vida útil dos alimentos, reduzir perdas,
garantir a segurança alimentar e aumentar a oferta do alimento ao consumidor”.

Na indústria e na construção civil, é comum o uso da radiação gama


num processo conhecido como gamagrafia. Esse processo permite a impressão
da radiação gama em filmes fotográficos a fim de verificar possíveis rachaduras e
defeitos em peças e construções.

A radiação possui aplicação na produção de energia elétrica através


de usina termonucleares. Nessas usinas, o processo de fissão, principalmente
de urânio-235, libera uma grande quantidade de energia na forma de calor que
aquece a água e a transforma em vapor. Esse vapor movimenta uma turbina que
está ligada a um gerador elétrico. Posteriormente, esse vapor é resfriado até a
forma líquida e volta para o sistema para ser novamente aquecido mantendo um
ciclo. Veja o esquema de uma usina termonuclear a seguir.

FIGURA 19 – USINA TERMONUCLEAR

FONTE: Adaptado de <https://bit.ly/32a1pek>. Acesso em: 31 ago. 2020.

212
TÓPICO 1 — RADIOATIVIDADE

Por fim, outra aplicação importante da radioatividade está na


geocronologia e paleontologia, onde se faz datação radioativa. De acordo com
Patrício et al. (2012, p. 256),

[...] para determinação de idade e formação e modificação de elementos


geológicos como rochas, cristalização, idade de fósseis e formação de
petróleo a utilização de radioisótopos é eficaz na datação, os principais
isótopos utilizados em geocronologia e paleontologia são: Urânio-238,
Tório-232, Rubídio-87, Carbono-14 e Potássio-40.

O principal elemento utilizado na datação radioativa é o carbono-14 e na


Figura 20 é possível verificar como ele é absorvido pelas plantas e animais.

FIGURA 20 – ABSORÇÃO DE CARBONO-14 POR PLANTAS E ANIMAIS

FONTE: <https://bit.ly/2DjJSao>. Acesso em: 31 ago. 2020.

213
UNIDADE 3 — FUNDAMENTOS DA FÍSICO-QUÍMICA

Dessa forma, a quantidade de carbono-14 é constante num organismo até


que ele morra. Sabendo essa quantidade, que deveria haver num organismo vivo,
é possível compará-la com a quantidade medida num fóssil e determinar sua
idade através do tempo de meia-vida do elemento.

214
RESUMO DO TÓPICO 1
Neste tópico, você aprendeu que:

• A descoberta da radioatividade teve seus primeiros passos com a descoberta


dos Raios X por Wilhelm Conrad Röntgen em 1895.

• O termo “Radioatividade” foi proposto pela física polonesa Marie Skłodowska


Curie.

• Átomos que possuem núcleos instáveis emitem radiação através de um


processo chamado de decaimento radioativo.

• As principais emissões radioativas são: partículas alfa (α) e beta (β) e radiação
gama (γ).

• Partículas alfa são compostas pode dois prótons e dois nêutrons, dessa forma,
possuem massa igual a 4 e carga igual a 2. Possuem alto poder de ionização e
baixo poder de penetração.

• Partículas beta são compostas por um elétron proveniente da decomposição


de um nêutron, possuem poder de ionização e penetração intermediários.
Possuem massa insignificante e carga -1.

• Radiação gama se trata apenas de energia representada por uma onda


eletromagnética, dessa forma, não possui nem massa e nem carga. Possui
baixo poder de ionização e alto poder de penetração.

• A 1º Lei da Radioatividade indica que ao emitir uma partícula alfa um átomo


diminui sua massa em 4 unidade e seu número atômico em 1 unidade.

• A 2º Lei da Radioatividade indica que ao emitir uma partícula beta um átomo


não tem sua massa alterada, porém seu número atômico aumenta em 1
unidade.

• As séries radioativas são conjuntos de átomos que emitem partículas alfa


e beta sofrendo decaimento até chegar em um átomo de núcleo estável,
normalmente chumbo.

• A atividade ou taxa de decaimento representa o número de decaimentos


nucleares que ocorrem por unidade de tempo para uma determinada
quantidade de substância radioativa.

• A meia-vida indica o tempo necessário para reduzir pela metade a atividade

215
ou quantidade de um radioisótopo.

• A vida média indica a média aritmética do tempo de vida dos átomos


radioativos de uma amostra.

• A fissão nuclear ocorre quando um átomo de massa elevada é bombardeado


com nêutrons e se divide formando átomos mais leves.

• A fusão nuclear ocorre quando dois átomos de massa leve são unidos
para formar um átomo de massa mais elevada, geralmente esse processo é
analisado através da fusão de hidrogênio para formação de hélio.

• A radioatividade tem aplicação na medicina, na agricultura, na indústria


de alimentos, na construção civil, na produção de energia elétrica, na
geocronologia e na paleontologia.

216
AUTOATIVIDADE

1 A fissão nuclear é um processo muito importante quando se fala da produção


de energia elétrica. A seguir é representada uma das principais reações de
fissão nuclear que ocorre em usinas termoelétricas:

Considerando a reação apresentada, determine os valores de Z e A.

2 Numa série radioativa, o elemento urânio-238 sofre sucessivos decaimentos,


no total são 8 emissões alfa ( ) e 6 emissões beta ( ). Dessa forma, monte a
equação nuclear que representa essas emissões e determine o elemento estável
que se forma indicando seu número atômico, número de massa e símbolo.

3 (Mackenzie-SP – Adaptada) A irradiação é uma técnica eficiente na


conservação e esterilização dos alimentos, pois reduz as perdas naturais
causadas por processos fisiológicos (brotamento e maturação), além de
eliminar ou reduzir microrganismos, parasitas e pragas, sem causar qualquer
prejuízo ao alimento. Assim, cebolas, batatas e morangos são submetidos à
irradiação, utilizando-se, como fonte, isótopos radioativos, emissores de
radiação gama, como elemento químico cobalto-60, que destroem bactérias e
fungos responsáveis pela deterioração desses alimentos.

O cobalto ( ) pode também sofrer transmutação para manganês ( ),


que por sua vez transforma-se em átomos de ferro ( ). Baseado nessas
informações determine a sequência de partículas emitidas durante essa
transmutação.

FONTE: https://bit.ly/35Zu5Ia. Acesso em: 3 nov. 2020.

4 A radioatividade está presente no nosso cotidiano, mesmo que de forma


indireta. Você pode encontrar elementos radioativos até mesmo no corpo
humano, um exemplo clássico é o carbono-14, usado na datação radioativa.
Esses elementos estão constantemente sofrendo decaimento e se transformando
em outros átomos. Imagine que uma amostra de um radioisótopo de 68g tem
sua atividade reduzida à 25% num período de 12 horas. Assim, determine:

a) O tempo de meia-vida do radioisótopo;


b) O número de meias-vidas que passaram;
c) A vida média do radioisótopo;
d) A quantidade restante da amostra em gramas.

217
UNIDADE 3 TÓPICO 2 —

GRANDEZAS QUÍMICAS

1 INTRODUÇÃO

Grandezas são relacionadas a atributos que podem ser medidos, e


“qualquer medida do valor de uma grandeza consiste sempre numa comparação
da magnitude da grandeza com uma usada como unidade de medida” (ROCHA-
FILHO; SILVA, 1991, p. 300).

Diversas são as unidades de medidas utilizadas, porém, a fim de


sistematizar o uso dessas unidades, em 1960, a 11ª Conferência Geral de Pesos e
Medidas (CGPM) criou o Sistema Internacional de Unidades (SI). Esse sistema
permitiu a padronização das unidades de medida e, dessa forma, facilitou o uso
tornando-as acessíveis a qualquer pessoa.

Na Química, o conhecimento das grandezas e suas unidades leva à


compreensão de diversos temas, mas de forma específica, podemos destacar
os cálculos estequiométricos. A compreensão desse tema ajuda na previsão da
quantidade de reagentes necessários para obtenção de determinada quantidade
de produto. Além disso permite planejar a produção em larga escala com o menor
gasto possível.

Por esse motivo, é importante que conheçamos as grandezas químicas,


suas unidades e os cálculos relacionados a elas.

DICAS

Em 2019, o Sistema Internacional de Unidade sofreu algumas atualizações,


para saber mais sobre esse assunto acessa a cartilha “O Novo Sistema Internacional de
Unidades (SI)”, desenvolvido pela Sociedade Brasileira de Física e a pela Sociedade Brasi-
leira de Metrologia, através do link: https://bit.ly/3biekya.

219
UNIDADE 3 — FUNDAMENTOS DA FÍSICO-QUÍMICA

O NOVO SISTEMA INTERNACIONAL DE UNIDADES SI

FONTE: <https://bit.ly/3biekya>. Acesso em: 9 set. 2020.

2 UNIDADE DE MASSA ATÔMICA


A unidade de massa atômica representada pela letra u, indica a medida
utilizada para expressar a massa de partículas atômicas, assim permite expressar
a massa de um átomo, de um elemento ou de uma substância. Essa unidade
representa 1/12 (lê-se um doze avos) da massa de um átomo do carbono-12 ( )
em seu estado fundamental.

FIGURA 21 – UNIDADE DE MASSA ATÔMICA

FONTE: O autor

220
TÓPICO 2 — GRANDEZAS QUÍMICAS

Dessa forma, ao expressar que determinado átomo possui 15u, estamos


indicando que ele é 15 vezes mais pesado que 1/12 de carbono-12.


2.1 MASSA DE UM ELEMENTO
Conforme foi apresentado na Unidade 1, a massa atômica (MA) de
determinado elemento é calculada com base na média ponderal da sua abundância
isotópica. De forma geral podemos calcular a massa atômica de um elemento da
seguinte forma:

Veja o exemplo a seguir:

QUADRO 3 – ABUNDÂNCIA DOS ISÓTOPOS DE COBRE

ISÓTOPO MASSA ATÔMICA (u) ABUNDÂNCIA (%)


Cobre-63 62,96 70,5
Cobre-65 64,96 29,5
FONTE: O autor

Considerando os dados podemos calcular a massa do cobre como:

Portanto, a massa atômica do elemento cobre é de 63,55u.

2.2 MASSA MOLECULAR E MASSA FÓRMULA


A massa molecular (MM) representa a soma das massas atômicas de todos
os elementos que constituem determinado composto molecular multiplicados
por seus respectivos índices. Por exemplo, se analisarmos a molécula de
glicose (C₆H₁₂O₆), ela possui 6 átomos de carbono, 12 átomos de hidrogênio e 6
átomos de oxigênio, conhecendo as massas atômicas de cada um dos elementos
( ) podemos determinar a massa molecular
da glicose.

221
UNIDADE 3 — FUNDAMENTOS DA FÍSICO-QUÍMICA

Portando, a massa molecular da glicose será 180,15u ou se fizermos alguns


arredondamentos 180u.

Para compostos iônicos é comum o uso do termo massa fórmula (MF),


porém a lógica utilizada na sua determinação é a mesma da massa molecular.

3 MOL
O mol, segundo o Sistema Internacional de Unidades (SI), representa a
unidade de medida para a grandeza quantidade de matéria, ele é simbolizado
apenas por mol. De acordo com Marquardt et al. (2018), 1 mol equivale à
exatamente 6,022 140 76 . 1023 entidades elementares, sendo estas entidades:
átomos, moléculas, íons, elétrons, qualquer outra partícula ou grupo de partículas
especificado.


3.1 CONSTANTE DE AVOGADRO
O número apresentado anteriormente como equivalente ao mol é chamado
de constante de Avogadro (NA) e possui unidade de medida inversa ao mol, ou
seja, NA = 6,022 140 76 . 1023 mol–1. Esse número leva o nome em homenagem
ao físico italiano Lorenzo Romano Amedeo Carlo Avogadro (1776-1856), que
durante seus estudos com gases em 1811 determinou que “volumes iguais de dois
gases diferentes, desde que eles estejam nas mesmas condições de temperatura
e pressão, têm a mesma quantidade de moléculas” (GUIA DO ENSINO, 2020,
s.p.), o que levou à dedução do Princípio de Avogadro, que nada mais é do que
o número apresentado anteriormente como constante de Avogadro, que indica a
quantidade de qualquer entidade em 1 mol.

FIGURA 22 – LORENZO ROMANO AMEDEO CARLO AVOGADRO

FONTE: <https://bit.ly/3bMyhgH>. Acesso em: 09 set. 2020.

222
TÓPICO 2 — GRANDEZAS QUÍMICAS

Para entender a importância e a relação íntima entre o mol e a constante


de Avogadro, vamos ver um exemplo:

• Imagine que tenhamos 1 mol de água (H₂O), dessa forma, temos no total
quantas moléculas de água? E quantos átomos de hidrogênio e oxigênio? E o
total de átomos?

FIGURA 23 – O QUE HÁ EM 1 MOL DE ÁGUA?

FONTE: O autor

A resposta é simples, veja: se 1 mol equivale a 6,022 140 75 . 1023 entidades


elementares, então em 1 mol de H₂O teremos 6,002 140 76 . 1023 moléculas de água.
Quanto aos elementos, numa molécula de água temos 2 átomos de hidrogênio e
1 átomo de oxigênio, portanto, basta multiplicar essas quantidades pelo número
de moléculas, ou seja, a constante de Avogadro. Assim, no total temos 6,022 140
76 . 1023 átomos de oxigênio e 12,044 281 52 . 1023 átomos de hidrogênio. O total
de átomos é dado pela soma dos átomos de hidrogênio e os átomos de oxigênio,
portanto, temos 18,066 422 28 . 1023 átomos.

3.2 MASSA MOLAR


A massa molar (M) indica a massa em gramas de um mol de qualquer
entidade elementar, portanto, é expressa em g/mol. Sob outra ponto de vista, a
massa molar se relaciona à constante de Avogadro, dessa forma, indica a massa
em gramas de 6,022 140 76 . 1023 entidades elementares.

223
UNIDADE 3 — FUNDAMENTOS DA FÍSICO-QUÍMICA

A massa molar de um elemento (ou de um composto molecular ou de um


composto iônico) será numericamente igual a massa atômica do elemento (ou
massa molecular ou massa fórmula), sendo que há a troca da unidade de medida
de u para g/mol.

3.3 VOLUME MOLAR


O volume molar (Vm) indica o volume ocupado por um mol de qualquer
substância. Quando a substância se enquadra como um gás ideal, podemos
calcular o volume ocupado por ela através da seguinte expressão matemática:

Onde:

• V = Volume (L)
• n = número de mols (mol)
• R = Constante unidversal dos gases (0,082 atm . L/mol . K)
• P = Pressão (atm)

Substituindo cada uma das variáveis por seus valores nas Condições
Normais de Temperatura e Pressão (CNTP) que equivalem a 0°C (273,15K) e 1
atm, obtemos que o volume ocupado por 1 mol equivale a 22,4L.

FIGURA 24 – VOLUME MOLAR

FONTE: O autor

Nas Condições Ambientais de Temperatura e Pressão (CATP), que


equivalem a 25 ºC (298,15K) e 1 atm, o volume ocupado por 1 mol sobe para 24,4L.

224
TÓPICO 2 — GRANDEZAS QUÍMICAS

4 CÁLCULO ESTEQUIOMÉTRICO
Já vimos na Unidade 2 que uma reação química é expressa através de
uma equação química e para que ela esteja corretamente representada devemos
realizar o balanceamento e indicar os coeficientes estequiométricos. Segundo
Bianco (2016, p. 130), “Estequiometria é a parte da química que trata da relação
quantitativa dos constituintes de uma espécie química (átomo ou molécula) e da
relação quantitativa entre duas ou mais espécies químicas (átomos ou moléculas)
presentes numa transformação química”.

A estequiometria está fundamentada na Lei de Conservação de Massas e


na Lei das Proporções Definidas.

Numa reação química, a quantidade de determinado(s) produto(s), seja


em massa, volume, número de mols, número de moléculas etc., está vinculada à
quantidade de reagente(s) disponível(is) no início da reação. Em escala industrial,
o aproveitamento máximo dos reagentes para obtenção de produtos está
relacionado, principalmente, aos lucros que serão obtidos pela empresa, portanto,
é fundamental evitar desperdícios e prever corretamente as quantidades que
devem ser utilizadas numa reação química através de cálculos estequiométricos.

Os cálculos estequiométricos levam em conta os coeficientes apresentados


numa equação química, considerando que eles estabelecem uma relação, em mols,
entre as espécies químicas que reagem e as que são produzidas. Segundo Batista
(2015, p. 22, grifo nosso), para realizar estes cálculos comumente há alguns passos
a serem seguidos:

I. Escreva a equação química, balanceando, quando necessário.


II. Verifique a proporção em quantidade de matéria entre os
participantes da reação de acordo com os coeficientes estequiométricos
obtidos pelo balanceamento da equação.
III. Relacione a quantidade de matéria com as grandezas químicas
indicadas no enunciado (massa, volume, número de moléculas etc.).
IV. Estabeleça uma relação entre as informações apresentadas na
questão.

Vamos ver alguns exemplos de aplicação dos cálculos


estequiométricos:

Exemplo 1: (FUVEST) Pela sequência de reações:

C + O₂ → CO₂
CO₂ + NaOH → NaHCO₃

Qual a massa de hidrogenocarbonato de sódio (NaHCO₃) que se pode


obter a partir de 1,00 g de carbono? (Dadas as massas molares em g/mol: H=1;
C=12; O=16; Na=23)

225
UNIDADE 3 — FUNDAMENTOS DA FÍSICO-QUÍMICA

Para responder a esta questão, primeiramente precisamos estabelecer


a relação entre a massa de C e a massa de CO₂ que será produzida para
posteriormente estabelecer a relação entre a massa de CO₂ calculada e a massa de
NaHCO₃ produzida. Para isso, vamos utilizar os passos propostos anteriormente:

FIGURA 25 – CÁLCULO ESTEQUIMÉTRICO DA RELAÇÃO ENTRE C E CO₂

FONTE: O autor

Portanto, a partir de 1 g de C iremos obter 3,67g de CO₂. Agora podemos


calcular a relação entre essa massa de CO₂ calculada e a massa de NaHCO₃ que
será produzida.

FIGURA 26 – CÁLCULO ESTEQUIMÉTRICO DA RELAÇÃO ENTRE CO₂ E NaHCO₃

FONTE: O autor

226
TÓPICO 2 — GRANDEZAS QUÍMICAS

Assim, estabelecidas as relações estequiométricas entre os participantes


de cada reação e fazendo uso dos cálculos estequiométricos, determinamos que 1
g de C acarretará a produção de 7 g de NaHCO₃.

No cotidiano de um laboratório, podemos nos deparar com reagentes


químicos que não são P.A. (sigla que significa “Para Análise” e indica reagentes
com alto grau de pureza), portanto, através de cálculos estequiométricos podemos
calcular a pureza de determinado reagente e considerá-la nas reações nas quais
este reagente será usado.

Exemplo 2: (PUC-MG – Adaptado) O medicamento “Leite de Magnésia”


é uma suspensão de hidróxido de magnésio (Mg(OH)₂). Esse medicamento é
utilizado para combater a acidez estomacal provocada pelo ácido clorídrico
(H ), encontrado no estômago. Sabe-se que, quando utilizamos 12,2 g desse
medicamento, neutraliza-se certa quantidade do ácido clorídrico, produzindo
16,0 gramas de cloreto de magnésio ( ). Determine o grau de pureza desse
medicamento, em termos do hidróxido de magnésio. (Dadas as massas molares:
)

Primeiramente, para responder a esta questão devemos montar a equação


química balanceada da reação descrita no enunciado.

Agora, podemos aplicar os passos envolvidos nos cálculos estequiométricos


e que já utilizamos antes para descobrir qual a real quantidade de hidróxido
de magnésio que reage com o ácido clorídrico e produz os 16 g de cloreto de
magnésio.

FIGURA 27 – CÁLCULO ESTEQUIMÉTRICO DA RELAÇÃO ENTRE Mg(OH)₂ E

FONTE: O autor

227
UNIDADE 3 — FUNDAMENTOS DA FÍSICO-QUÍMICA

Assim, na realidade, para que fossem produzidos 16 g de cloreto de


magnésio, só havia 9,77g de hidróxido de magnésio nos 12,2 g de medicamento
utilizados, portanto, para calcular o grau de pureza, podemos utilizar uma regra
de três onde os 12,2 g de medicamento equivalem a 100% e os 9,77 g equivaleram
ao grau de pureza .

Dessa forma, o “Leite de Magnésia” possui um grau de pureza de 80% em


relação ao hidróxido de magnésio.

Além dos exemplos apresentados, os cálculos estequiométricos podem


ser aplicados em diversas outras situações, basta seguir os passos que foram
evidenciados ao longo deste tópico.

228
RESUMO DO TÓPICO 2
Neste tópico, você aprendeu que:

• Grandezas químicas são atributos que podem ser medidos e expressos em


comparação a uma unidade de medida.

• As unidades de medida padrão são reguladas pelo Sistema Internacional de


Unidade (SI).

• A unidade de massa atômica, representada pela letra u, indica a medida


utilizada para expressar a massa de partículas atômicas e ela equivale a 1/12
de carbono-12.

• A massa atômica (MA) de determinado elemento é calculada com base na


média ponderal da sua abundância isotópica.

• A massa molecular (MM) representa a soma das massas atômicas de todos os


elementos que constituem determinado composto molecular multiplicados
por seus respectivos índices. Para compostos iônicos utiliza-se o termo massa
fórmula (MF).

• O mol é a unidade de medida para quantidade de matéria, ele equivale a


6,022 140 76 . 1023 entidades.

• A massa molar (M) indica a massa em gramas de determinada espécie química


presente em 1 mol de matéria, ou seja, é expressa em g/mol.

• O volume molar indica o volume ocupado por 1 mol de matéria. Na CNTP


(0°C e 1 atm) esse valor é de 22,4L e na CATP (25°C e 1 atm) é de 24,4L.

• Os cálculos estequiométricos contribuem na determinação das quantidades,


da pureza ou do rendimento dos participantes de uma reação química. Para
desenvolvê-los há quatro passos a serem seguidos: 1) Montar a equação
química e realizar o balanceamento se necessário; 2) Estabelecer a relação em
quantidade de matéria; 3) Relacionar a quantidade de matéria com a grandeza
apresentada no enunciado; 4) Estabelecer uma relação com as informações
apresentadas.

229
AUTOATIVIDADE

1 “A nitração do fenol é um procedimento bastante utilizado em química


orgânica experimental, principalmente pelo fato de demonstrar com relativa
simplicidade as forças dirigentes em uma reação de substituição eletrofílica
de anéis aromáticos [...]” (TENÓRIO et al., 2009, p. 1).

A reação de nitração do fenol, descrita anteriormente, está representada a


seguir:

Calcule a massa de fenol, em gramas, necessária para reagir completamente


com 37,8 g de ácido nítrico. (Massas Molares:
)

FONTE: TENÓRIO, John Aldson Bezerra et al. Nitração do fenol, procedimento em escala
semimicro, e purificação dos componentes através de cromatografia em coluna, utilizando
areia como adsorvente. XI Encontro de Iniciação à Docência, João Pessoa, 2009. Disponí-
vel em: https://bit.ly/3k6AWVy. Acesso em: 11 set. 2020.

2 (UFCG – Adaptada) Alguns gases como o gás mostarda, o fosgênio etc. são
utilizados como arma de guerra devido ao alto grau de toxidez e de letalidade.
A ação desses gases se deve à produção do ácido clorídrico, que é responsável
pela irritação da pele, dos olhos e do sistema respiratório. No caso do gás
mostarda ( ), a produção do ácido clorídrico ( ) ocorre conforme
a equação química a seguir:

Admitindo que a dose letal deste gás seja de 0,01 mg de por kg de massa
corporal, qual seria a quantidade de gás mostarda suficiente para matar uma
pessoa com 80 kg, em mg? (Massas Molares:
).

FONTE: https://bit.ly/2GtJB6m. Acesso em: 3 nov. 2020.

3 Leia o texto a seguir:

Fontes minerais são essenciais para a construção civil, na manufatura de


diversos produtos, para a agricultura, ou mesmo como fontes energéticas. Em
outras palavras, a disponibilidade, o beneficiamento e o emprego de recursos
minerais afetam direta e indiretamente no desenvolvimento sustentável da
economia moderna [...].

Dentre os mais diversos produtos advindos de fontes minerais, a cal é, sem


dúvida, um dos de maior expressão no mercado, em termos de volume
230
consumido e aplicabilidade. A cal é produzida a partir da decomposição
térmica dos carbonatos de cálcio e de magnésio obtidos de depósitos de
calcário. Sua composição depende da origem da rocha calcária empregada,
tendo, como característica geral, o óxido de cálcio (CaO) como componente
majoritário.

FONTE: SOARES, Bruno Daniel. Estudo da produção de óxido de cálcio por calcinação
do calcário: Caracterização dos sólidos, decomposição térmica e otimização paramétrica.
Orientador: Humberto Molinar Henrique. 2007, p. 1. Dissertação (Mestrado em Engenharia
Química) – Universidade Federal de Uberlândia, Uberlândia, 2007. Disponível em: https://bit.
ly/3kiJDvW. Acesso em: 14 set. 2020.

A reação de decomposição térmica do carbonato de cálcio (CaCO₃) [calcário]


para produção de óxido de cálcio (CaO) [cal] citada no texto é representada a
seguir:

Considerando todas as informações apresentadas, determine o grau de pureza


do calcário, sabendo que em certa reação 500,0 g de carbonato de cálcio
produziram 238,0 g de óxido de cálcio. (Massas Molares:
)

231
232
UNIDADE 3 TÓPICO 3 —

SISTEMAS QUÍMICOS

1 INTRODUÇÃO

A Química é uma ciência em constante transformação, e talvez isso tenha


ficado claro para você ao longo deste livro didático, mas para que ela esteja
sempre se renovando precisamos pesquisar, nos questionar e buscar soluções
para problemas que se apresentem no cotidiano.

Sempre que selecionamos determinada porção de matéria para analisar,


temos um Sistema Químico. Descobrir suas características, qualificando e
quantificando seus componentes, nos ajuda a resolver questões que muitas vezes
merecem atenção. No final das contas, esse é o foco da Química, estudar a matéria
e suas transformações.

Quando falamos de sistemas químicos podemos nos deparar com


substâncias, sejam elas simples ou compostas, ou misturas, homogêneas ou
heterogêneas. Neste sentido é essencial darmos destaque a necessidade de
determinar a concentração dos participantes de um sistema assim como, encontrar
o melhor jeito de separá-los.

Muitas vezes, você já põe em prática vários desses conhecimentos no seu


dia a dia, porém não se deu conta do perfil científico que eles possuem. Dessa
forma, vamos investigar esse assunto tão interessante e primordial para Química
iniciando com as definições de substâncias puras e misturas.

2 SUBSTÂNCIA PURA E MISTURA


“Desde a Grécia antiga os homens se perguntam do que são feitos
os objetos que nos rodeiam, ou seja, do que é feita a matéria. A construção do
conceito de substância está profundamente ligada à compreensão do que seja
matéria” (PANE, 2015, p. 24). A substância pura ou simplesmente substância já foi
representada por algumas definições, porém, atualmente, segundo a IUPAC (2014,
p. 265), sua definição é “Matéria de composição constante mais bem caracterizada
pelas entidades (moléculas, unidades de fórmula, átomos) de que é composta.
Propriedades físicas como densidade, índice de refração, condutividade elétrica,
ponto de fusão etc. caracterizam a substância química”.

233
UNIDADE 3 — FUNDAMENTOS DA FÍSICO-QUÍMICA

De forma resumida, podemos definir a substância pura (sendo ela


simples ou composta) como um conjunto de espécies químicas iguais, sendo estas
espécies, moléculas (Ex.: H ), unidades de fórmulas (Ex.: Na₂CO₄) ou átomos
(Ex.: Ne).

Quando falamos de misturas, como o próprio nome sugere, temos a


mistura de duas ou mais substâncias. Estas misturas podem ser classificadas de
acordo com o número de fases, sendo que uma fase é definida como uma porção
de matéria que apresenta propriedades físicas uniformes.

Quando uma mistura apresenta uma única fase ela é classificada como
mistura homogênea (Ex.: Água + Sal), no entanto, quando ela possui mais de
uma fase ela é classificada como mistura heterogênea (Ex.: Água + Óleo).

NOTA

“Fase é o nome dado a cada parte homogênea de um sistema heterogê-


neo. No caso de um sistema homogêneo, ele será necessariamente monofásico” (MAIA;
BIANCHI, 2007, grifo nosso).

FIGURA 28 – SUBSTÂNCIA PURA E MISTURAS

FONTE: O autor

234
TÓPICO 3 — SISTEMAS QUÍMICOS

2.1 PROCESSOS DE SEPARAÇÃO DE MISTURAS


É muito comum encontrarmos na natureza substâncias combinadas
formando misturas, é comum também na rotina de um laboratório a obtenção de
misturas, mas, geralmente, em ambas as situações, o que se busca é a substância
pura, portanto, para que possamos obter essas substâncias de forma isolada
podemos utilizar os processos de separação de misturas.

Estes processos podem ser químicos ou físicos e se baseiam nas


propriedades dos componentes da mistura. Dentre as propriedades que podem
ser consideradas nessas separações temos o ponto de fusão, o ponto de ebulição,
a densidade, a polaridade, o magnetismo etc. Veja os processos de separação a
seguir:

• Ventilação: a ventilação leva em conta a diferença de densidade entre os


componentes de uma mistura heterogênea. Ao aplicar uma corrente de ar
sobre a mistura, o componente de menor densidade é arrastado. Na imagem
a seguir é apresentada a ventilação da casca de arroz, enquanto o grão, de
maior densidade, desce no equipamento.

FIGURA 29 – VENTILAÇÃO

FONTE: <https://bit.ly/3454c8X>. Acesso em: 22 set. 2020.

• Catação: este processo é manual e é utilizado para separar partículas de


tamanho considerável em misturas heterogêneas. Podemos citar como
exemplo a seleção de grão de feijão, onde são catados os grãos estragados e
separado dos grãos saudáveis.

• Levigação: este método é utilizado na separação de misturas heterogêneas de


sólidos. Para isso, é utilizada uma corrente de água onde os componentes de
menor densidade são arrastados, enquanto os de maior densidade se mantém
dentro do recipiente. Esse método é comumente utilizado por garimpeiros na
separação de ouro de outros sólidos.

235
UNIDADE 3 — FUNDAMENTOS DA FÍSICO-QUÍMICA

FIGURA 30 – GARIMPEIRO APLICANDO A LEVIGAÇÃO NA BUSCA POR OURO

FONTE: <https://bit.ly/3kIq9kv>. Acesso em: 22 set. 2020.

• Peneiração: esta é uma separação de misturas heterogêneas do tipo sólido-sólido


baseada no tamanho das partículas. A mistura é passada por uma peneira e as
partículas maiores são retidas pela malha enquanto as menores atravessarão.

• Flotação: é utilizada na separação de misturas heterogêneas e se baseia na


propriedade de flutuação dos componentes. Podemos avaliar essa técnica
de duas formas, a primeira seria adicionar água a uma mistura sólido-sólido
onde o de menor densidade iria flutuar e poderia ser removido, e a segunda
é a “[...] introdução de bolhas de ar a uma suspensão de partículas. Com isso,
verifica-se que as partículas aderem às bolhas, formando uma espuma que
pode ser removida da solução e separando seus componentes de maneira
efetiva” (MASSI et al., 2008, p. 20).

FIGURA 31 – FLOTAÇÃO COM BOLHAS DE AR

FONTE: <https://bit.ly/35XXQL2> (Adaptado). Acesso em: 22 set. 2020.

236
TÓPICO 3 — SISTEMAS QUÍMICOS

• Filtração: este processo é utilizado na separação de misturas heterogêneas do


tipo sólido-líquido ou gás-sólido ao passar tal mistura por um filtro. Durante
a execução, as partículas sólidas são retidas pelo filtro. Em um laboratório,
em muitos casos, não possuímos muito tempo para aguardar uma filtração
simples ocorrer, portanto, podemos executar a filtração a vácuo. Veja o
comparativo dos equipamentos na imagem a seguir:

FIGURA 32 – FILTRAÇÃO SIMPLES E FILTRAÇÃO A VÁCUO

FONTE: Adaptado de <https://bit.ly/3mLmsfN>. Acesso em: 22 set. 2020.

• Decantação: este processo se baseia na densidade dos constituintes de uma


mistura heterogênea do tipo sólido-líquido ou líquido-líquido. Na decantação,
deixa-se a mistura em repouso para que as fases se separem e posteriormente
elas são separadas. Por exemplo, em uma mistura de areia e água, espera-se
a areia sedimentar e depois, com auxílio de um bastão de vidro, transfere-se
a água para outro recipiente. Na mistura de dois líquidos é comum o uso do
funil de separação.

FIGURA 33 – DECANTAÇÃO SÓLIDO-LÍQUIDO E LÍQUIDO-LÍQUIDO

FONTE: Adaptado de <https://bit.ly/2Enw1Ae> e <https://bit.ly/3i1sJkc>. Acesso em: 22 set. 2020.

237
UNIDADE 3 — FUNDAMENTOS DA FÍSICO-QUÍMICA

• Separação magnética: a separação magnética utiliza as propriedades


magnéticas da matéria para separar misturas heterogêneas do tipo sólido-
sólido. Geralmente, aproxima-se um imã de uma mistura e as substâncias
metálicas são atraídas por ele. Um exemplo clássico dessa aplicação é a
separação de minério de ferro dos demais minérios.

FIGURA 34 – SEPARAÇÃO MAGNÉTICA DO MINÉRIO DE FERRO

FONTE: Adaptado de <https://bit.ly/35Ygja9>. Acesso em: 22 set. 2020.

• Dissolução fracionada: esse processo é utilizado na separação de misturas


do tipo sólido-sólido, em que um destes sólidos é solúvel em determinado
solvente enquanto o outro não. Um exemplo seria separar areia e sal, pois o
sal é solúvel em água e a areia não. Posteriormente, outros métodos podem
ser utilizados para isolar a areia e o sal, como a decantação, a evaporação e a
destilação simples.

• Evaporação: essa técnica é utilizada para separar misturas homogêneas do


tipo sólido-líquido, em que o sólido possua uma alta temperatura de ebulição.
Geralmente, é o processo utilizada para separar o sal presente na água do
mar nas salinas. Ao reservar água do mar em grandes áreas, a temperatura
ambiente, a água começa a evaporar restando apenas o sal, que possui alta
temperatura de fusão.

• Destilação simples: a destilação simples, assim como a evaporação, se


baseia nos pontos de ebulição das substâncias de uma mistura homogênea.
Geralmente, esse processo é utilizado na separação de misturas do tipo
sólido-líquido ou líquido-líquido, onde os pontos de ebulição das substâncias
diferem em mais de 80ºC.

238
TÓPICO 3 — SISTEMAS QUÍMICOS

FIGURA 35 – DESTILAÇÃO SIMPLES

FONTE: Adaptado de <https://bit.ly/3hWESGQ>. Acesso em: 23 set. 2020.

Neste processo, a mistura é adicionada dentro do balão, que é aquecido


até que esta mistura entre em ebulição. O componente mais volátil, ou seja, o
que possui menor ponto de ebulição, se torna gasoso e começa a passar pelo
condensador, que é resfriado com um fluxo de água constante. Então, esse
componente volta ao estado líquido e é coletado no béquer. A passagem dos
componentes pelo sistema é controlada pelo termômetro. Enquanto um dos
componentes está passado a temperatura se mantém constante. A partir do
momento que a temperatura começa a subir, isso indica a passagem de outro
componente.

• Destilação fracionada: este processo é utilizado para misturas homogêneas


do tipo líquido-líquido, onde a diferença dos pontos de ebulição dos
componentes é menor que 80 °C. Quanto ao aparato, a diferença está na
presença da coluna de fracionamento, que possui e seu interior bolinhas de
vidro ou uma superfície irregular que dificulta a passagem dos compostos
no estado gasoso, dessa forma, ela permite que apenas o mais volátil chegue
primeiro ao condensador e faz com que os demais condensem na coluna de
fracionamento, voltando para o balão. Novamente, o processo é controlado
pelo termômetro, ou seja, assim que a temperatura sobe, um novo composto
começa a passagem pelo condensador.

239
UNIDADE 3 — FUNDAMENTOS DA FÍSICO-QUÍMICA

FIGURA 36 – DESTILAÇÃO FRACIONADA

FONTE: Adaptado de <https://bit.ly/3hWESGQ>. Acesso em: 23 set. 2020.

E
IMPORTANT

O petróleo é “um líquido combustível natural composto de centenas de hi-


drocarbonetos e outros compostos orgânicos” (BROWN et al., 2016, p. 1150). No entanto,
esse material cru não apresenta muita serventia. Assim, ele passa pelo processo de destila-
ção fracionada e através deste processo se obtém diversas frações com alto valor econô-
mico, podemos destacar a gasolina e o óleo diesel.

DESTILAÇÃO FRACIONADA DO PETRÓLEO

240
TÓPICO 3 — SISTEMAS QUÍMICOS

3 CLASSIFICAÇÃO DAS DISPERSÕES


Anteriormente falamos sobre misturas homogêneas e heterogêneas,
porém, segundo Batista (2015, p. 5), “independentemente do tipo de mistura,
qualquer sistema em que determinada substância está espalhada em outra na
forma de pequenas partículas é conhecido como dispersão. A substância que se
encontra disseminada chama-se disperso e a outra é o dispersante”. É importante
destacar que tanto o disperso quanto o dispersante podem ser sólidos, líquidos
ou gasosos.

O estudo das dispersões nos leva à análise dos extremos, em que temos
misturas homogêneas (solução) e heterogêneas (suspensão), assim como de um
ponto intermediário (coloide), e essa definição está relacionada ao tamanho das
partículas de disperso.

FIGURA 37 – CLASSIFICAÇÃO DAS DISPERSÕES

FONTE: O autor

3.1 SUSPENSÃO
As suspensões são aglomerados de átomos, íons ou moléculas que podem
ser observados a olho nu ou com microscópios simples. Estes aglomerados
possuem diâmetro superior a 1000 nm e podem ser sedimentados pela ação da
gravidade ou em uma centrífuga simples. Geralmente, esse tipo de dispersão
possui como disperso um sólido e como dispersante um fluido (líquido ou gás).
As suspensões se caracterizam como misturas heterogêneas e podem ter suas
partículas retidas em um filtro comum.

241
UNIDADE 3 — FUNDAMENTOS DA FÍSICO-QUÍMICA

NTE
INTERESSA

Muitos medicamentos são apresentados na forma de suspensões orais. Eles


podem trazer o frasco com o pó e o líquido separadamente para que seja feita a mistura
pelo usuário ou apenas o pó, neste caso utiliza-se água para preparar a suspensão. Se a
suspensão já vem pronta é comum ler na embalagem a frase “Agite antes de usar”. As
suspensões ajudam a veicular fármacos insolúveis na forma líquida e mascaram o sabor
desagradável de fármacos.

3.2 COLOIDE
Segundo Batista (2015, p. 6), “a olho nu, muitos materiais são
classificados como homogêneos. No entanto, se forem observados com auxílio
de um instrumento óptico mais avançado, é possível enxergar os aglomerados de
partículas”. Estas dispersões são classificadas como coloides.

NTE
INTERESSA

O químico escocês Thomas Graham (1805-1869) é conhecido por suas pes-


quisas envolvendo a difusão de líquidos e gases em coloides e foi o responsável por pro-
por o termo coloide, que é proveniente do grego kólla (cola) + eîdos (forma).

Os coloides se caracterizam por uma mistura heterogênea formada por


aglomerados de átomos, moléculas e íons, porém, diferentemente das suspensões,
esses aglomerados possuem diâmetro de 1 nm a 1000 nm, sendo que só podem
ser visualizados com equipamentos ópticos avançados. Devido ao seu tamanho,
os aglomerados não sedimentam com a gravidade. Para realizar a filtração de um
coloide são necessários filtros especiais.

Esse tipo de dispersão espalha a luz por ação de um fenômeno conhecido


como efeito Tyndall. Esse fenômeno óptico é observado pelo espalhamento da
luz causado pelos aglomerados presentes nos coloides, o que não ocorre nas
soluções. Ele permite, por exemplo, visualizar um raio de luz que entra pela
janela em um quarto com partículas de poeira no ar.

242
TÓPICO 3 — SISTEMAS QUÍMICOS

FIGURA 38 – EFEITO TYNDALL

FONTE: Adaptado de <https://bit.ly/330n61i>. Acesso em: 25 set. 2020.

NTE
INTERESSA

Que tal realizar uma experiência para verificar a ocorrência do efeito Tyndall?

OBSERVAÇÕES DO EFEITO DA LUZ NAS DISPERSÕES

MATERIAIS
• 5 béqueres
• 1 colher de café
• Xampu
• Sal de cozinha
• Areia
• Álcool
• Água destilada (ou filtrada)
• Laser pointer

MÉTODO
1. Numere os béqueres.
2. Adicione água destilada até 1/3 do volume em cada béquer.
3. Ao béquer nº 2, adicione uma colher de café de álcool.
4. Ao béquer nº 3, adicione uma colher de café de sal de cozinha.
5. Ao béquer nº 4, adicione uma colher de café de xampu.
6. Ao béquer nº5, adicione uma colher de café de areia.
7. Agite bem as misturas e, depois, deixe-as em repouso por cerca de 10
minutos.
8. Observe os béqueres de 2 a 5, comparando-os com o béquer que contém
apenas água.
9. Com o laser pointer direcione feixe de luz para cada material líquido.
10. Observe o comportamento do feixe de luz ao atravessar o material.

RESULTADOS E CONCLUSÃO
a) O que foi observado no experimento?
b) Classifique os sistemas testados em homogêneos ou heterogêneos.

FONTE: BATISTA, F. R. Química: Ensino Médio. Curitiba: Positivo, 2015. v. 5, p. 8.

243
UNIDADE 3 — FUNDAMENTOS DA FÍSICO-QUÍMICA

Os coloides possuem diversas aplicações no cotidiano e podem ser


classificados de acordo com a fase do disperso e a fase do dispersante. Veja o
quadro a seguir:

QUADRO 4 – TIPOS DE COLOIDES

TIPO DE
DISPERSO DISPERSANTE EXEMPLOS
COLOIDE
Aerossol
Líquido Gás Nuvens e Nevoeiro
Líquido
Aerossol Sólido Sólido Gás Fumaça e Poeira
Espuma Sólida Gás Sólido Pedra-Pomes e Isopor
Espuma de Cerveja e
Espuma Líquida Gás Líquido
Espuma de Sabão
Emulsão Líquido Líquido Leite e Maionese
Gel Líquido Sólido Margarina e Manteiga
Sol Sólido Líquido Pasta de Dente e Geleias
Sol Sólido Sólido Sólido Pedras Preciosas e Vidro
FONTE: Adaptado de <https://bit.ly/30aeoLX>. Acesso em: 25 set. 2020.

3.3 SOLUÇÃO
As soluções, diferentemente das demais dispersões, são caracterizadas
por misturas homogêneas formadas por moléculas ou íons comuns. Elas
apresentam partículas de dispersão com diâmetros de até 1 nm. Por formarem
mistura homogêneas, as soluções não sedimentam pela ação da gravidade e nem
pelo uso de centrífugas.

4 ESTUDO DAS SOLUÇÕES


As soluções são tão comuns e importantes para a Química que resolvemos
estudá-las de forma individual. Elas são dispersões nas quais uma substância
se dispersa uniformemente em outra. Consequentemente por serem dispersões,
são formadas por um disperso e um dispersante, no entanto, quando falamos
de soluções é mais comum utilizarmos os termos soluto (disperso) e solvente
(dispersante).

SOLUÇÃO = SOLUTO + SOLVENTE

A água é conhecida como solvente universal, por esse motivo, quando


o solvente não é identificado ou quando utilizamos o termo solução aquosa,

244
TÓPICO 3 — SISTEMAS QUÍMICOS

subtende-se que temos como solvente a água. No entanto, é válido ressaltar que
possuímos soluções nos outros estados físicos, além do estado líquido.

4.1 CLASSIFICAÇÃO DAS SOLUÇÕES


As soluções podem ser classificadas considerando alguns critérios, sendo
eles:

• Estado Físico
• Natureza do Soluto
• Quantidade de Soluto Dissolvido

4.1.1 De acordo com o estado físico da solução


“Quando pensamos em soluções, geralmente imaginamos líquidos [...].
No entanto, soluções também podem ser sólidas ou gasosas” (BROWN et al.,
2016, p. 558). Nas soluções sólidas, o solvente deve ser um componente sólido e
as principais representantes desta classificação de soluções são as ligas metálicas.
“Por exemplo, a prata esterlina é uma mistura homogênea com cerca de 7% de
cobre em prata, portanto, é uma solução sólida” (BROWN et al., 2016, p. 558).

Nas soluções líquidas, ao menos um dos componentes se encontra no


estado líquido. Elas são as mais comuns, estando presentes nos laboratórios, no
corpo humano, na indústria e em situações do cotidiano. A água mineral que
bebemos, por exemplo, é uma solução líquida onde temos dissolvidos na água
(solvente) diversos sais, veja na figura a seguir a composição característica de
uma água mineral.

FIGURA 39 – COMPOSIÇÃO QUÍMICA DA ÁGUA MINERAL

FONTE: Adaptado de <https://bit.ly/2ExvLyH> e <https://bit.ly/3j7sntm> (Adaptado).


Acesso em: 25 set. 2020.

245
UNIDADE 3 — FUNDAMENTOS DA FÍSICO-QUÍMICA

Qualquer proporção entre gases e vapores que não reagem entre si for-
mam uma solução gasosa. “O ar que respiramos [...] é uma mistura homogênea
de vários gases, que fazem dele uma solução gasosa” (BROWN et al., 2016, p.
558). No quadro a seguir, você pode verificar alguns exemplos das soluções clas-
sificadas de acordo com o estado físico.

QUADRO 5 – EXEMPLOS DE SOLUÇÕES DE ACORDO COM O ESTADO FÍSICO

TIPOS DE SOLUÇÕES EXEMPLO


Gasosa
Qualquer mistura gasosa (por exemplo,
Gás dissolvido em gás
acetileno e oxigênio)
Líquida
Qualquer gás dissolvido em água (por
Gás dissolvido em líquido
exemplo, gás carbônico em água)
Líquido dissolvido em líquido Etanol dissolvido em água
Sólido dissolvido em sólido Sal dissolvido em água
Sólida
Gás dissolvido em sólido Hidrogênio dissolvido em platina

Líquido dissolvido em sólido Mercúrio dissolvido em ouro


Qualquer liga metálica monofásica (por
Sólido dissolvido em sólido
exemplo, carbono dissolvido em ferro – aço)
FONTE: Maia e Bianchi (2007, p. 204)

4.1.2 De Acordo com a natureza do soluto


A natureza do soluto pode gerar dois tipos de soluções diferentes. As
soluções moleculares possuem como soluto moléculas e são conhecidas como
soluções não eletrolíticas (lembre-se de que discutimos este assunto em um UNI
na Unidade 2), que são soluções que não conduzem corrente elétrica.

Além das soluções moleculares, temos as soluções iônicas, que possuem


como soluto íons e são conhecidas como soluções eletrolíticas, ou seja, conduzem
corrente elétrica.

246
TÓPICO 3 — SISTEMAS QUÍMICOS

FIGURA 40 – SOLUÇÃO MOLECULAR E SOLUÇÃO IÔNICA

FONTE: Adaptado de <https://bit.ly/3mT2jEF>. Acesso em: 27 set. 2020.

Note que nas soluções moleculares não há a formação de cargas, pois as


moléculas estão neutras e, ao serem dissolvidas no solvente, se mantém na forma
molecular, dessa forma não há um fluxo de cargas na solução, o que indica a não
ocorrência de uma corrente elétrica. Quanto à solução iônica, a formação de uma
corrente elétrica é evidenciada pela movimentação de cátions e ânions formados
pela dissociação/ionização do composto.

4.1.3 De acordo com a solubilidade do soluto


Para que possamos classificar uma solução de acordo com este critério, é
necessário verificar qual a capacidade de soluto que o solvente consegue dissolver.
Esta propriedade é chamada de solubilidade.

A solubilidade, ou ainda o coeficiente de solubilidade, de determinada


substância indica qual é o máximo de soluto que poderá ser dissolvido em certa
quantidade de solvente. Aqui é importante salientar que esse dado está direta-
mente ligado a temperatura e a pressão. Dependendo da substância, a solubilida-
de pode aumentar ou diminuir com o aumento da temperatura, de forma geral,
podemos tratar que a solubilidade de gases diminui com o aumento da tempe-
ratura enquanto a solubilidade de sólidos aumenta. Observe algumas curvas de
solubilidade a seguir:

247
UNIDADE 3 — FUNDAMENTOS DA FÍSICO-QUÍMICA

FIGURA 41 – CURVAS DE SOLUBILIDADE

FONTE: <https://bit.ly/3bYN5J9>. Acesso em: 14 set. 2020.

Note no gráfico que, normalmente, a solubilidade de determinado soluto


é expressa em g/100 g de H₂O, porém, podemos encontrar o valor sendo expresso
em g/100 mL de H₂O, pois como a densidade da água é de 1g/mL, isso indica
que 1g = 1mL, ainda que tenham substâncias que sofrem grandes variações de
solubilidade com o aumento da temperatura, enquanto outras nem tanto. No
quadro a seguir você encontra a solubilidade em g/100g de H₂O de algumas
substâncias entre 0°C e 100°C.

QUADRO 6 – SOLUBILIDADE DE ALGUMAS SUBSTÂNCIAS EM g/100g DE H₂O

Substância Cloreto Sulfato de Nitrato de Sulfato Óxido Dióxido de


de Sódio Potássio Potássio de Prata Nítrico Enxofre
Fórmula K₂SO₂ KNO₃ Ag₂SO₄ NO SO₂
0°C 35,7 7,35 13,3 0,573 0,0098 22,83
10°C 35,8 9,22 20,9 0,695 0,0076 16,21
20°C 36,0 11,11 31,6 0,796 0,0062 11,29
30°C 36,3 12,97 45,8 0,888 0,0052 7,81
40°C 36,6 14,76 63,9 0,979 0,0044 5,41
50°C 37,0 16,50 86,3 1,08 0,0038 4,5
60°C 37,3 18,17 110 1,15 0,0032 -
70°C 37,8 19,75 138 1,22 0,0027 -
80°C 38,4 21,4 169 1,30 0,002 -
90°C 39,0 22,8 202 1,36 0,0011 -
100°C 39,8 24,1 246 1,41 - -
FONTE: Maia e Bianchi (2007, p. 206)

248
TÓPICO 3 — SISTEMAS QUÍMICOS

Agora que compreendermos o que significa o coeficiente de solubilidade,


podemos classificar as soluções de acordo com a solubilidade do soluto, para
isso vamos considerar o cloreto de potássio ( ) que possui solubilidade de 35,5
g/100 g de H₂O a 25°C.

Imagine um béquer com 100g de água a 25°C, se adicionarmos a ele 30


g de , estaremos colocando uma quantidade inferior ao valor máximo que o
solvente pode dissolver, portanto, teremos uma solução insaturada. No entanto,
se adicionarmos o valor máximo termos uma solução saturada. Qualquer valor
acima do valor máximo que for adicionado à solução saturada irá precipitar e
formar o corpo de fundo, formando uma solução saturada com corpo de fundo.

FIGURA 42 – SOLUÇÃO INSATURADA E SATURADA

FONTE: O autor

No entanto, se modificarmos a temperatura de uma solução saturada


com corpo de fundo e aumentarmos o coeficiente de solubilidade, isso permitirá
que o excesso se dissolva. Ao deixar essa solução em repouso para que retorne
à temperatura inicial sem que o excesso precipite, teremos uma solução
supersaturada.
249
UNIDADE 3 — FUNDAMENTOS DA FÍSICO-QUÍMICA

FIGURA 43 – SOLUÇÃO SUPERSATURADA

FONTE: O autor

Perceba que, no exemplo apresentado na imagem, ao aumentar a


temperatura da solução de 25°C para 100 °C, aumentamos a solubilidade de
de 35,5 g/100 g de H₂O para 56,7 g/100 g de H₂O, portanto, a solução se torna
insaturada. Ao deixar essa solução em repouso retornar para a temperatura de 25
°C, o corpo de fundo que estava presente antes se mantém dissolvido, formando
a solução supersaturada. É importante destacar que as soluções supersaturadas
são extremamente instáveis e qualquer perturbação no sistema (grão de soluto,
sujidade, impacto etc.) pode provocar a precipitação do excesso de soluto.

NTE
INTERESSA

Conhecendo os valores de solubilidade (ou coeficiente de solubilidade) de


certa substância em diversas temperaturas é possível obter a curva de solubilidade (veja a
imagem a seguir). Qualquer valor acima da curva representa uma solução saturada com
corpo de fundo, sob a curva teremos uma solução saturada e abaixo dela teremos uma
solução insaturada.

250
TÓPICO 3 — SISTEMAS QUÍMICOS

CURVA DE SOLUBILIDADE DO SAL X

FONTE: O autor

4.2 UNIDADES DE CONCENTRAÇÃO DAS SOLUÇÕES


Segundo Batista (2015, p. 14, grifo nosso), “a relação entre a quantidade de
soluto e a quantidade de solução (ou solvente) é conhecida como concentração de
uma solução. Essas quantidades podem ser expressas por diferentes grandezas,
como massa, volume e quantidade de matéria [...]”. Assim, podemos apresentar
diversas maneiras de relacionar essas quantidades. Para que fique claro, neste
material, nós iremos adotar algumas representações a fim de identificar a quem a
quantidade apresentada se refere, sendo que:

• (s) – soluto
• (sv) – solvente
• (sem símbolo) – solução

4.2.1 Título
O título (τ) expressa a concentração de uma solução relacionando a massa
do soluto (ms) e da solução (m) ou o volume do soluto (Vs) e da solução (V). O
título é adimensional, ou seja, não possui unidade de medida uma vez que ao

251
UNIDADE 3 — FUNDAMENTOS DA FÍSICO-QUÍMICA

dividir massa por massa ou volume por volume temos as unidades de medida se
anulando. Matematicamente, obtemos o título a partir da seguinte fórmula:

Geralmente, o título é expresso em porcentagem (τ%), para isso basta


multiplicar o valor obtido na fórmula anterior por cem.

A química analítica geralmente trabalha com quantidades tão pequenas


de soluto que o uso do título ou da porcentagem para expressar a concentração
não são adequadas. De acordo com Batista (2015, p 15, grifo nosso),

Nesse caso, a relação entre as quantidades pode ser expressa em


partes por milhão (ppm), que indica quantas partes (em massa ou em
volume) de soluto existem em um milhão de partes de solução. Para
concentrações extremamente baixas, utilizam-se também ppb (partes
por bilhão) e ppt (partes por trilhão).

E
IMPORTANT

Você já deve ter se deparado com as seguintes unidades de medida: °INPM


ou °GL. Você sabe o que eles representam? Essas unidades são utilizadas na representação
do título em porcentagem do título em massa (°INPM) ou do título em volume (°GL). No
ano de 2020, o mundo foi assolado pela pandemia de COVID-19 e uma das principais
recomendações era o uso de álcool 70 para desinfecção. O álcool 70 é o nome comercial
do álcool etílico 70°INPM, que indica que ele possui 70% m/m de álcool etílico em água.
Este mesmo álcool pode ser representado como 77°GL, que indica que ele possui 77% v/v
de álcool etílico em água.

4.2.2 Concentração comum


Como o próprio nome sugere, a concentração comum (C) é a forma mais
comum de expressar a concentração de uma solução. Ela relaciona a massa de
soluto (ms) como o volume da solução (V). Matematicamente temos:

252
TÓPICO 3 — SISTEMAS QUÍMICOS

Geralmente, a concentração comum é expressa em g/L, porém, qualquer


relação de unidade de medida de massa de soluto por unidade de medida de
volume de solução também é válida (mg/L, kg/m3, g/mL, mg/mL etc.).

4.2.3 Concentração em quantidade de matéria por


volume
A concentração em quantidade de matéria por volume também é
conhecida como concentração mol/L ([ ]). Esse tipo de concentração é muitas
vezes utilizado nos cálculos estequiométricos que estudamos no Tópico 2 desta
unidade. Essa concentração relaciona o número de mols de soluto (ns) com o
volume da solução (V), tendo como principal unidade o mol/L.

E
IMPORTANT

É comum ainda ler em alguns materiais o uso de “concentração molar” ou


“molaridade” para se referir à concentração em quantidade de matéria por volume, porém,
a IUPAC não recomenda estas terminologias.

4.2.4 Concentração em quantidade de matéria por


massa
Além de expressar a concentração em quantidade de matéria por volume,
podemos expressar por massa. “Essa forma de concentração é especialmente útil
ao se trabalhar com soluções que possam sofrer variações de temperatura, o que
dificulta a determinação do seu volume” (BATISTA, 2015, p. 16).

A concentração em quantidade de matéria por massa (W) relaciona a


quantidade de matéria de soluto (ns) com a massa de solvente (msv) e possui como
principal unidade de medida o mol/kg.

253
UNIDADE 3 — FUNDAMENTOS DA FÍSICO-QUÍMICA

4.2.5 Relacionando as concentrações


Através de algumas deduções matemáticas podemos relacionar as formas
de expressar a concentração de uma solução, isso nos permite facilmente converter
de uma unidade para outra. Veja a expressão geral a seguir:

C = τ x d x 1000 = x M

Onde:





4.3 VARIAÇÃO NA CONCENTRAÇÃO


Quando trabalhamos em um laboratório, dificilmente encontraremos
soluções de diversas concentrações de um mesmo soluto. Por esse motivo, é
comum fazer o preparo de soluções utilizando uma solução padrão (concentração
conhecida), geralmente de concentração elevada, misturando-a com solvente.

Fabricantes de reagentes produzem grandes quantidades de soluções


para comercializar, porém com um número restrito de variações
de concentração. Cabe ao comprador preparar as soluções com as
concentrações adequadas à sua necessidade, a partir da(s) solução(ões)
fornecida(s) pelo fabricante (MAIA; BIANCHI, 2007, p. 217).
.
4.3.1 Diluição e concentração de soluções
Vamos começar analisando uma diluição, nela há a adição de solvente à
solução, fazendo com que haja uma diminuição da concentração, porém, lembre-
se que ao fazer isso a quantidade de soluto se mantém constante.

Imagine que tenhamos uma solução de concentração inicial Ci e desejamos


preparar uma solução de concentração final Cf. Como relacionar essas duas
concentrações? Veja a figura a seguir.

254
TÓPICO 3 — SISTEMAS QUÍMICOS

FIGURA 44 – RELAÇÃO ENTRE AS CONCENTRAÇÕES DAS SOLUÇÕES

FONTE: O autor

É importante destacar que o volume final é obtido pela soma do volume


inicial (Vi) como o volume de solvente adicionado (Vad).

Vf = Vi + Vad

Utilizando a mesma lógica apresentada na Figura 44, só que para


quantidade de matéria, podemos relacionar a concentração mol/L da solução
inicial e da solução final através da seguinte fórmula:

[ ]i x Vi = [ ]f x Vf

Com relação a concentrar uma solução, ou seja, aumentar a concentração,


a única diferença apresentada é o fato de que ao invés de ser adicionado
solvente, este é retirado, geralmente por evaporação. As fórmulas apresentadas
anteriormente também são válidas neste processo, mas fique atento ao volume
final (Vf) pois agora ele é obtido pela subtração do volume evaporado (Vev) do
volume inicial (Vi).

Vf = Vi – Vev

4.3.2 Mistura de soluções com o mesmo soluto


Outra forma de se obter uma solução com certa concentração é através da
mistura de soluções de concentração conhecida. Quando misturamos soluções que
possuem o mesmo soluto, devemos ter em mente que as massas (ms1, ms2, ms3...)
ou as quantidades de matéria (ns1, ns2, ns3...) do soluto das soluções irão se somar

255
UNIDADE 3 — FUNDAMENTOS DA FÍSICO-QUÍMICA

na produção de uma solução final (mf ou nf). Na figura a seguir é apresentada a


lógica para obtenção da fórmula para mistura de soluções de mesmo soluto.

FIGURA 45 – RELAÇÃO ENTRE AS CONCENTRAÇÕES DA SOLUÇÃO

FONTE: O autor

Aplicando a mesma lógica, porém para a concentração mol/L obtemos:

[ ]1 x V1 + [ ]2 x V2 = [ ]f x Vf

OBS.: Note que estamos misturando apenas duas soluções, porém,


podemos aplicar as fórmulas para qualquer número de soluções que são
misturadas.
Perceba que o volume final (Vf) será obtido pela soma dos volumes das
soluções que foram misturadas (V1, V2, V3...).

Vf = V1 + V2 + ...

4.3.3 Mistura de soluções com solutos diferentes que não


reagem entre si
Ao misturar soluções que possuem solutos diferentes, porém que não
reagem entre si, devemos tratar esse processo como uma diluição, pois cada
soluto deverá ser analisado individualmente. Assim, as fórmulas utilizadas são
as mesmas da diluição:

256
TÓPICO 3 — SISTEMAS QUÍMICOS

Apesar de cada soluto ser analisado individualmente, o volume final


(Vf) será obtido pela soma dos volumes das soluções (V1, V2, V3 ...) que estão sendo
misturadas.

Vf = V1 + V2 + ...

4.3.4 Mistura de soluções com solutos diferentes que


reagem entre si
Quando misturamos soluções que possuem solutos que reagem entre
si, devemos recorrer à estequiometria da reação para conseguir determinar
a concentração de certo soluto na solução final. Além disso, o conhecimento
de estequiometria da reação deve ser aliado a uma técnica de análise química
conhecida como titulação.

Segundo Batista (2015, p. 23, grifo nosso), “a titulação é uma operação


básica de análise do volume de uma solução de concentração conhecida (solução-
padrão) que é adicionada lentamente a uma solução-problema, até que os solutos
reajam completamente”. O término dessa reação é observado pela adição de um
indicador, geralmente colorimétrico. Ao mudar de cor, o indicador indica o ponto
final da reação.

FIGURA 46 – TITULAÇÃO

FONTE: <https://bit.ly/344NjuU>. Acesso em: 29 set. 2020.

257
UNIDADE 3 — FUNDAMENTOS DA FÍSICO-QUÍMICA

NOTA

Sobre a titulação, é importante distinguirmos ponto final de ponto de


equivalência. O ponto final é o ponto no qual podemos observar, no primeiro excesso de
solução-padrão, a mudança de cor. O ponto de equivalência é o ponto teórico que indica
a quantidade exata de solução-padrão para reagir com a solução-problema. A escolha do
indicador deve levar em consideração esse ponto de equivalência. Neste material, nós
vamos considerar que o ponto final é tão preciso que se iguala ao ponto de equivalência.

Vamos conhecer o aparato utilizado para o processo de titulação:

FIGURA 47 – APARATO UTILIZADO PARA TITULAÇÃO

FONTE: Adaptado de <https://bit.ly/36jMyRy>. Acesso em: 29 set. 2020.

Perceba que nesse aparato temos a bureta, que contém a solução-padrão,


(ou titulante) e o Erlenmeyer, que contém um volume conhecido da solução-
problema (ou titulado). Dentro deste Erlenmeyer também é adicionado o
indicador. Conforme a torneira da bureta é aberta, o titulante começa a gotejar
sobre o titulado. Na primeira mudança persistente de cor do titulado a torneira
é fechada e o volume de titulante gasto é anotado. Essa mudança de coloração
indica o nosso ponto final.

258
TÓPICO 3 — SISTEMAS QUÍMICOS

Para que possamos entender os cálculos envolvidos na titulação, vamos


abordar um exemplo:

Ao titular 20 mL de solução de ácido sulfúrico (H₂SO₄) foram gastos


24 mL de uma solução de hidróxido de sódio (NaOH) 0,5 mol/L até que fosse
observada uma mudança de coloração. Qual a concentração em mol/L da solução
de ácido sulfúrico? E em g/L?

1º Passo) Identificar a equação química balanceada da reação que ocorre


na titulação.

2º Passo) Identificar a quantidade de matéria de NaOH que reagiu.

3º Passo) Por estequiometria, identificar a quantidade de mols de H₂SO₄


no titulado.

4º Passo) Conhecendo o volume de titulado e o número de mols de soluto


do titulado é possível calcular a concentração em mol/L. (OBS: 20mL – 0,02L)

5º Passo) Conhecendo a concentração mol/L é possível converter para a


concentração em g/L, para isso basta saber a massa molar do H₂SO₄. (Dados:
).

259
UNIDADE 3 — FUNDAMENTOS DA FÍSICO-QUÍMICA

Dessa forma, finalizamos a disciplina de Química Geral. Não se esqueça


de exercitar seus conhecimentos através das autoatividades. Desejo a você bons
estudos!

260
TÓPICO 3 — SISTEMAS QUÍMICOS

LEITURA COMPLEMENTAR

FUNGOS QUE COMEM RADIAÇÃO ESTÃO A PROSPERAR NAS


PAREDES DOS REATORES DE CHERNOBYL

As paredes abandonadas de Chernobyl não estão assim tão abandonadas.


Várias espécies de fungos habitam o ambiente extremamente radioativo que emer-
giu do desastre nuclear de 1986.

Os cientistas documentaram cerca de 200 espécies de 98 gêneros de fungos


– alguns mais resistentes do que outros – que vivem nas ruínas da antiga central
nuclear de Chernobyl.

Alguns fungos, não só conseguem suportar os altos níveis de radiação,


como também se alimentam dessa radiação. Conhecidas como “fungos negros” ou
fungos radiotróficos, estas poucas espécies estão armadas com melanina – o mesmo
pigmento existente na pele humana que ajuda a proteger da radiação ultravioleta
–, o que lhes permite converter a radiação gama em energia química para o cresci-
mento. Além disso, também pode ajudar a protegerem-se da radiação prejudicial.

“Após o acidente, os fungos foram os primeiros organismos a aparecer e


os cientistas queriam entender como conseguiam prosperar num ambiente como
este”, disse, em declarações à Motherboard, Kasthuri Venkateswaran, investigado-
ra no Laboratório de Propulsão a Jato da NASA que estudou de perto os fungos,
em 2016.

“Em muitos reatores nucleares comerciais, a água radioativa fica contami-


nada com organismos melanóticos [com pigmentação negra]. Ninguém sabe real-
mente o que diabos estão lá a fazer”, disse, em declarações à Scientific American,
Arturo Casadevall, microbiologista da Faculdade de Medicina Albert Einstein, em
Nova Iorque, em 2007.

261
UNIDADE 3 — FUNDAMENTOS DA FÍSICO-QUÍMICA

Uma investigação conduzida por Casadevall revelou que as espécies de


fungos que consomem radiação encontrados em Chernobyl – como Cladosporium
sphaerospermum, Cryptococcus neoformans e Wangiella dermatitidis –
conseguem suportar radiação ionizante aproximadamente 500 vezes mais alta do
que os níveis de fundo. Além disso, os fungos parecem crescer mais rapidamente
na presença da radiação.

Outros estudos observaram ainda a forma como os fungos apontam os


seus esporos e hifas para a fonte de radiação como se estivessem à procura de
comida.

“Os fungos colhidos no local do acidente tinham mais melanina do que os


colhidos fora da zona de exclusão”, acrescentou Venkateswaran. “Isso significa
que os fungos se adaptaram à atividade de radiação e até 20% eram considerados
radiotróficos – o que significa que cresceram em direção à radiação”.

Os fungos pretos também são “viajantes”. Em 2016, de acordo com o


IFLScience, oito espécies de fungos colhidos de Chernobyl viajaram para a
Estação Espacial Internacional a bordo de um foguete SpaceX. A missão pretendia
entender a forma como os fungos negros conseguem tolerar níveis tão incríveis
de radiação.

A perspectiva de fungos que prosperam na presença de radiação levanta a


ideia de usá-los como fonte de alimento para os astronautas durante longos voos
espaciais ou quando colonizarmos outros planetas.

FONTE: Adaptado de ZAP. Fungos que comem radiação estão a prosperar


nas paredes dos reatores de Chernobyl. 8 fev. 2020. Disponível em: <https://bit.
ly/33EYLyx>. Acesso em: 30 set. 2020.

DICAS

Quer saber mais sobre o desenvolvimento da vida em locais expostos a


radiação proveniente de acidentes nucleares? Acesse a matéria desenvolvida pela DW
Brasil, intitulada "Toda liberação de radioatividade gera mutações", disponível através do
link: https://bit.ly/33AVyQd.

262
RESUMO DO TÓPICO 3

Neste tópico, você aprendeu que:

• Um sistema químico é uma porção de matéria selecionada para análise.

• Substâncias puras, ou simplesmente substâncias, são formadas pela aglomeração


de espécies químicas que possuem a mesma composição.

• Misturas são formadas pela mistura de duas ou mais substâncias.

• Misturas homogêneas apresentam uma única fase.

• Misturas heterogêneas apresentam duas ou mais fases.

• Existem diversos processos de separação de misturas, sendo os de maior


destaque: filtração, destilação simples e destilação fracionada.

• As dispersões, formadas por um disperso e um dispersante podem ser


classificados como suspensões, coloides e soluções.

• As soluções são misturas homogêneas, enquanto as suspensões são misturas


heterogêneas.

• A solubilidade ou coeficiente de solubilidade indica a quantidade máxima de


soluto que pode ser dissolvido em certo solvente.

• As soluções podem ser classificadas, quanto ao estado físico, em sólidas,


líquidas e gasosas.

• As soluções podem ser classificadas, quanto a natureza do soluto, em


moleculares e iônicas.

• As soluções podem ser classificadas quanto à quantidade de soluto dissolvido,


em insaturadas, saturadas, saturadas com corpo de fundo e supersaturadas.

• Podemos expressar a concentração de uma solução através do título, da


concentração comum, da concentração em quantidade de matéria por volume
e da concentração em quantidade de matéria por massa.

• Ao realizar uma diluição, a concentração da solução diminui.

263
• Ao realizar uma evaporação, a concentração da solução aumenta.

• A titulação é utilizada na determinação da concentração de solutos em


soluções que reagem entre si.

CHAMADA

Ficou alguma dúvida? Construímos uma trilha de aprendizagem


pensando em facilitar sua compreensão. Acesse o QR Code, que levará ao
AVA, e veja as novidades que preparamos para seu estudo.

264
AUTOATIVIDADE

1 A gasolina representa uma fração muito importante do petróleo,


comercialmente falando. Para sua obtenção é realizada a destilação fracionada
onde o petróleo é aquecido e passa pela torre de fracionamento, esse processo
também produz outras frações importantes como o diesel e a querosene.

FONTE: <https://bit.ly/34hbSVq>. Acesso em: 30 set. 2020.

Num laboratório, a torre de fracionamento é representada pela coluna de


fracionamento, uma versão em menor escala. Tendo em vista a importância
desse processo e seus conhecimentos a respeito da destilação fracionada,
disserte sobre a função e o funcionamento da coluna de fracionamento.

2 O uso de soluções no laboratório é muito comum, porém, muitas vezes


não nos damos conta que preparamos soluções no nosso cotidiano também
quando preparamos um refresco, um café ou um leite com achocolatado.
Muitas vezes percebemos que ao adicionar soluto a um solvente há um ponto
onde o solvente não consegue mais dissolver o soluto. Ao atingir este ponto,
obtemos qual solução?

a) ( ) Diluída
b) ( ) Fraca
c) ( ) Insaturada
d) ( ) Supersaturada
e) ( ) Saturada

3 Ao preparar uma solução, devemos estar atentos à temperatura ambiente


e ao coeficiente de solubilidade, pois esses dados serão primordiais para
identificar a quantidade de soluto que o solvente será capaz de dissolver.

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Considerando que a solubilidade do sulfato de potássio (K₂SO₄) a 20°C é de
11,1g / 100g de H₂O , determine a massa necessária deste sal em gramas para
preparar uma solução saturada com 245 mL de água. (Lembre-se 1g de água
equivalem a 1mL).

4 O consumo de bebidas alcoólicas pode causar desde uma leve euforia,


passando pela perda de julgamento crítico até coma e morte, isso tudo
depende de organismo para organismo, mas principalmente quanto de álcool
foi ingerido. Comparando bebidas fermentadas e destiladas é constatado que
o teor alcoólico das bebidas destiladas é mais elevado. Podemos comparar,
por exemplo, a cerveja (bebida fermentada) que possui cerca de 4°GL e a
vodca (bebida destilada) que possui cerca de 37,5ºGL. Considere o exposto
e analise a situação: Dois amigos vão a uma festa, um deles bebe somente
cerveja, enquanto o outro bebe apenas vodca. Com base nos valores de teores
alcoólicos apresentados, calcule o volume de cerveja em litros que o indivíduo
que está bebendo essa bebida deverá ingerir para alcançar o mesmo volume
de álcool ingerido por seu amigo que consumiu 300 mL de vodca.

5 O sistema respiratório pode sofrer por várias patologias que causam


infecções e acarretam o comprometimento das vias aéreas. Geralmente, nestes
casos é recomendado o uso de expectorantes, como o iodeto de potássio (KI).
Ao preparar um xarope expectorante são utilizadas duas soluções de iodeto
de potássio (BATISTA, 2015)). São misturados 25 mL de uma solução 21 g/L e
40 mL de uma solução 60 g/L. Considerando a massa molar do KI como sendo
MKI = 166 g/mol e os dados apresentados na questão, determine:

a) A concentração em g/L da solução final.


b) A concentração em mol/L da solução final.

FONTE: BATISTA, Fábio Roberto. Química: Ensino Médio. Curitiba: Positi-


vo, 2015. v. 5.

6 O processo de titular é uma prática comum em laboratório, além de ajudar


na determinação da concentração de soluções, ela ajuda na confirmação das
concentrações descritas nos rótulos. Conhecer a concentração correta de uma
solução influi diretamente nos resultados obtidos em uma análise quantitativa.
Imagine que ao titular 10 mL de solução de ácido bórico (H₃BO₃) foram gastos
40 mL de uma solução de hidróxido de cálcio (Ca(OH)₂) 0,6 mol/L até que
fosse observada uma mudança de coloração. Considere o exposto e calcule a
concentração em mol/L da solução de ácido bórico.

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REFERÊNCIAS

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