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Educação
PROFESSORA
Me. Raquel de Araújo Bomfim Garcia
FICHA CATALOGRÁFICA
Reitor
Wilson de Matos Silva
MINHA HISTÓRIA
MEU CURRÍCULO
Me. Raquel De Araújo Bomfim Garcia
PSICOLOGIA DA EDUCAÇÃO
Você está iniciando uma nova disciplina. Talvez, já tenha tido algum contato com o tema
ou não. Quem sabe já teve a curiosidade de conhecer um pouco sobre o assunto? Pode ser
que tenha ouvido falar que é um conteúdo muito complexo, e isso já gerou certa ansiedade,
lembrando de conteúdos acadêmicos anteriores em que teve dificuldade. O que é isso afinal?
Pensamentos, sentimentos, raciocínio? Como é que tudo isso acontece no interior da nossa
mente e, mais ainda, como é que aprendemos?
A proposta desta disciplina é apresentar a você abordagens teóricas da Psicologia que fazem
interface com a Educação, dando subsídios para o entendimento de como o sujeito aprende
e se desenvolve, esclarecendo sobre os fatores que podem facilitar ou dificultar esse pro-
cesso. Utilizam-se, para isso, referenciais teóricos dos próprios autores — Skinner, Piaget,
Vygotsky, Freud e Wallon — e de seus seguidores, por meio de livros, teses, dissertações e
artigos científicos.
Não se esqueça, porém, de que, ao estudar esta disciplina, você também compreenderá um
pouco mais sobre a sua aprendizagem, e esse é o desafio da Psicologia.
RECURSOS DE
IMERSÃO
REALIDADE AUMENTADA PENSANDO JUNTOS
Sempre que encontrar esse ícone, Ao longo do livro, você será convida-
esteja conectado à internet e inicie do(a) a refletir, questionar e trans-
o aplicativo Unicesumar Experien- formar. Aproveite este momento.
ce. Aproxime seu dispositivo móvel
da página indicada e veja os recur-
sos em Realidade Aumentada. Ex- EXPLORANDO IDEIAS
plore as ferramentas do App para
saber das possibilidades de intera- Com este elemento, você terá a
ção de cada objeto. oportunidade de explorar termos
e palavras-chave do assunto discu-
tido, de forma mais objetiva.
RODA DE CONVERSA
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43
PSICOLOGIA DA ABORDAGEM
EDUCAÇÃO: UMA BEHAVIORISTA
INTRODUÇÃO
3
69 4 101
ABORDAGEM DA ABORDAGEM
EPISTEMOLOGIA HISTÓRICO-
GENÉTICA CULTURAL
5
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TEMAS
CONVERGENTES
COM A
PSICOLOGIA DA
EDUCAÇÃO
1
Psicologia da
Educação: Uma
Introdução
Me. Raquel de Araújo Bomfim Garcia
A primeira vez que entrei numa escola como estagiária do Magistério, muitas
eram as minhas expectativas. Aquele ambiente inspirava o conhecimento e o
meu desejo de ensinar. No entanto, a princípio, o estágio era de observação e a
orientação era para que ficasse no fundo da sala sem interferir no andamento
da aula. A atenção deveria ser no professor e sua metodologia de ensino, mas os
meus olhos não me obedeciam e eu me vi envolvida com todo aquele movimento
que acontecia entre as crianças, as conversas, as dúvidas e o que não era falado,
mas expressado com o comportamento. Imagine-se você, futuro profissional da
educação, diante de várias crianças, adolescentes e adultos com tantas diferen-
ças, com maneiras de aprender peculiares, com atitudes e comportamentos tão
distintos. O que acontece se você explicou tão minuciosamente aquele conteúdo
e alguns entenderam e outros não? Ou você atendeu individualmente um sujei-
to apresentando a ele um conteúdo específico com um material diferenciado e
mesmo assim ele não compreendeu? Que fatores podem estar interferindo para
que essa aprendizagem aconteça ou não? Afinal, como acontece a aprendizagem
e o desenvolvimento? Estas e outras perguntas a psicologia vem estudando ao
longo da história do homem.
A psicologia é uma ciência que estuda o comportamento humano e seus
processos mentais nos mais diferentes contextos; no entanto, para se organizar
enquanto ciência, passou por diferentes definições. Teve influência, a princípio,
de várias correntes filosóficas, mas com o avanço científico surgem novos ques-
tionamentos e a necessidade de instrumentalizar e estabelecer técnicas específicas
que pudessem defini-la como ciência.
No que se refere à Psicologia da Educação, estudos revelam que há uma preo-
cupação em dar suporte à educação, principalmente ao ensino e à aprendizagem,
fundamentados pelas contribuições das diferentes subáreas da psicologia. Con-
siderando as situações da sua aula ou do atendimento individualizado, podemos
analisar que, apesar da grande maioria das pessoas aprenderem do mesmo jeito,
vamos encontrar sujeitos que aprendem e se desenvolvem de maneira diferente.
E é aí que acontece o encontro da Psicologia com a Educação.
Como a psicologia auxilia no entendimento do processo de aprendizagem e
de desenvolvimento? Convido você a fazer uma imersão nesta experiência. Você
já parou para prestar atenção em como você aprende? Quais os recursos que
você utiliza, por exemplo, para reter conteúdos na memória? Faça a experiência,
tente memorizar estas seis palavras: admoesta, desasnado, iconoclasta, nódoa,
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UNICESUMAR
DIÁRIO DE BORDO
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UNIDADE 1
Você, em algum momento de sua vida, teve contato com um assunto, texto ou
reportagem que trouxesse informações sobre a psicologia. É cada vez mais cres-
cente o interesse das pessoas por esta ciência, mas muitas das explicações ainda
se encontram no campo do senso-comum. Diante disso, convido você a conhecer
esta ciência - a Psicologia.
Descrição da Imagem: O símbolo da psicologia, ou símbolo psi, é representado por um tridente, o qual
é semelhante à vigésima terceira letra do alfabeto grego denominada psi. Por esse motivo, o símbolo da
Psicologia também pode ser chamado de símbolo psi.
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UNICESUMAR
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UNIDADE 1
EXPLORANDO IDEIAS
Você deve estar se perguntando: qual a diferença entre a Psicologia Educacional e a Psi-
cologia Escolar?
Essas duas subáreas da psicologia:
[...] são intrinsecamente relacionadas, mas não são idênticas, nem
podem reduzir-se uma à outra, guardando cada qual sua autonomia
relativa. A primeira é uma área de conhecimento (ou sub-área) e
tem por finalidade produzir saberes sobre o fenômeno psicológico
no processo educativo. A outra constitui-se como campo de atuação
profissional, realizando intervenções no espaço escolar ou a ele re-
lacionado, tendo como foco o fenômeno psicológico, fundamentada
em saberes produzidos, não só, mas principalmente, pela subárea
da psicologia, a psicologia da educação (ANTUNES, 2007, p. 3-4).
Fonte: Antunes (2007, p. 3-4).
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UNICESUMAR
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UNIDADE 1
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UNICESUMAR
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UNIDADE 1
“
[...] a Psicologia Diferencial pretendeu [e pretende] focalizar a sua
pesquisa na variação (intra e inter) individual, alertando para o fac-
to de que as diferenças entre os indivíduos podem constituir um
elemento curial para a compreensão dos processos de desenvolvi-
mento, numa óptica de singularidade, e para modelação recíproca
indivíduo(s)- meio (CALDEIRA, 2004, p. 96).
Para a educação, esta teoria apresenta duas implicações importantes: uma está na
evidência em problemas que ocorrem com o sujeito nos períodos em que se es-
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UNICESUMAR
força para aprender; a outra se refere à influência desta teoria na organização das
instituições educacionais, que oferecem essas aprendizagens (CALDEIRA, 2004).
Conforme Caldeira (2004), a Psicologia do Desenvolvimento apresentou uma
especificação e conceitualização diferente, tanto da infância quanto da adolescên-
cia e vida adulta. Importou do movimento psicanalítico o conceito de estádios do
desenvolvimento. “Consequentemente, as diferenças nos processos de aquisição
e utilização do conhecimento durante o desenvolvimento ganharam particular
acuidade” (CALDEIRA, 2004, p. 94).
Compreende-se que este processo inicial de construção da Psicologia da Edu-
cação apresenta diversos pontos de vistas, mas é fato que todos tiveram como
abordagem primordial o ensino e a aprendizagem (CALDEIRA, 2004).
A partir da década de 40, a Psicologia da Educação desenvolveu e ampliou
seu campo teórico prático por meio da contribuição de outras áreas da Psicologia
que fazem intersecção com a educação. Podemos destacar as contribuições de
Binet, na França, e seus continuadores americanos Lewis Terman e Maude Merril,
com a introdução da medição da inteligência por meio de testes de inteligência.
No contexto da investigação educativa, estes possibilitaram uma maior objetivi-
dade. Mesmo tendo ciência de que o êxito escolar não depende unicamente da
inteligência, o uso de testes significou, naquele momento, um avanço no que se
refere ao prognóstico escolar (MIRANDA, 1982).
A Psicologia da Educação também recebeu contribuições da psicologia do
desenvolvimento que tinham como principais referências Wallon, Gessel e Piaget
“[...] que inaugurou a aplicação de métodos de observação e medida no estudo
das mudanças quantitativas e qualitativas que ocorrem em uma ou várias di-
mensões do comportamento ou atividade” (CALDEIRA, 2004, p. 97). Caldeira
(2004) explica que essa teoria procurou estabelecer normas para uma extensa
quantidade de processos que conduz o funcionamento do ser humano no que se
refere à idade/estádio de desenvolvimento, destacando a relevância dos períodos
críticos, como também o ritmo interindividual.
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UNIDADE 1
Neuropsicologia
Outra subárea da Psicologia que atualmente tem
apresentado grandes contribuições para a Educação
é a Neuropsicologia. Convido você a conhecer um
pouco mais sobre esta ciência.
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UNICESUMAR
“
Portanto, a aprendizagem implica mudanças na capacidade – ou
seja, na potencialidade para fazer algo – e também na disposição –
na inclinação para o desempenho. A evidência de que a aprendiza-
gem aconteceu pode depender também da oportunidade para agir;
daí a necessidade de definir a aprendizagem como uma mudança
no potencial para o comportamento, em vez de simplesmente uma
mudança no comportamento (LEFRANÇOIS, 2016, p. 6).
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UNIDADE 1
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UNICESUMAR
Descrição da Imagem: o quadro 1 está com o título de Desenvolvimento. Abaixo temos três colunas.
Na primeira temos o subtítulo Físico e a descrição: crescimento do corpo, as habilidades motoras, as
capacidades sensoriais e a saúde. Na segunda coluna temos o subtítulo Psicossocial, com a seguinte
descrição: emoções, relações sociais e a personalidade. E na terceira coluna temos o subtítulo Cognitivo
com a descrição: aprendizagem, memória, atenção, pensamento, linguagem, criatividade e raciocínio.
PENSANDO JUNTOS
Não há nada permanente, exceto a mudança - Heráclito, fragmento (século VI a.C).
Fonte: Papalia e Feldman (2013, p. 34).
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UNIDADE 1
Algumas características inatas ou ainda traços herdados dos pais biológicos po-
dem influenciar no desenvolvimento do sujeito, ou seja, a hereditariedade pode
ser considerada o ponto inicial na vida deste. No entanto, é fato que as demandas
do ambiente também têm uma representatividade importante no desenvolvi-
mento, especialmente o contexto familiar, socioeconômico, cultural, entre outros
(PAPALIA; FELDMAN, 2013).
Segundo Pinheiro (1994, p. 55), no que se refere à questão hereditária, é im-
portante ressaltar que os genes constituem “[...] as bases para os traços culturais,
mas não forçam o desenvolvimento de nenhum traço em particular. Caracteres
adquiridos não são transmitidos por via biológica”. No entanto, o comportamento
aprendido consiste no resultado da interação do sujeito com o meio, sendo que
a constituição genética poderá auxiliar na sua execução.
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UNICESUMAR
27
UNIDADE 1
EU INDICO
Bott (1976, p. 111) explica que o meio social no qual as famílias estão inseridas
deve ser compreendido “[...] não como a área local em que vive a família, mas sim
como a rede das relações sociais reais que elas mantêm [...]”. Sendo importante
considerar os diferentes contextos e grupos nos quais a família está inserida. À
vista disto, as crianças não estão limitadas ao contexto familiar, pois transitam
em diferentes lugares (OLIVEIRA; PEDROSO, 2017).
O sujeito, no seu processo de desenvolvimento, recebe influência da família
nuclear e extensa, do nível socioeconômico, da cultura e etnia e o contexto his-
tórico. Estes fatores serão especificados na figura a seguir:
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UNICESUMAR
O nível socioeconômico
O grupo étnico é um grupo tem combinação de fatores
unido por ancestralidade, econômicos e sociais que
raça, religião, língua ou descreve um indivíduo ou
origens nacionais, que uma família, e que inclui
contribuem para formar renda, educação e
um senso de identidade educação.
comum.
Descrição da Imagem: a Figura apresenta os seis fatores que interferem no desenvolvimento do indi-
víduo. São eles a família nuclear, a família extensa, o nível socioeconômico, a cultura, o grupo étnico e
o contexto histórico. A família nuclear é a unidade econômica e doméstica, que compreende laços de
parentesco envolvendo duas gerações, consiste em pai e mãe ou, apenas, um dos dois e seus filhos bio-
lógicos, adotados ou enteados. A família extensa tem rede de parentesco envolvendo muitas gerações e
formada por pais, filhos e outros parentes, às vezes, vivendo juntos no mesmo lar. O nível socioeconômico
tem combinação de fatores econômicos e sociais que descreve um indivíduo ou uma família e que inclui
renda, educação e ocupação. Para a cultura tem o modo de vida global de uma sociedade ou de um grupo,
que inclui costumes, tradições, crenças, valores, linguagem e produtos materiais – todo comportamento
adquirido que é transmitido dos pais para os filhos. O grupo étnico é um grupo unido por ancestralidade,
raça, religião, língua ou origens nacionais, que contribuem para formar um senso de identidade comum.
Por fim, o contexto histórico que tem experiências relacionadas ao tempo e o lugar em que as pessoas
vivem afetam o seu curso de vida.
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UNIDADE 1
esperada da vida, temos como exemplo a perda dos pais quando a criança ainda
é pequena (PAPALIA; FELDMAN, 2013).
Destacamos que ocorrem divergências entre as abordagens teóricas quanto
à relevância de cada um destes fatores, alguns enfatizam a hereditariedade como
decisiva no desenvolvimento do sujeito, enquanto outros evidenciam que o meio
social é determinante neste processo; mas há uma unanimidade em considerá-los
no entendimento do processo de desenvolvimento do sujeito.
EU INDICO
Além destes fatores, não podemos deixar de apresentar alguns conceitos que,
fundamentados pela psicologia, podem auxiliar na compreensão do sujeito que
aprende. Esclarecendo que a ideia aqui é de apenas apresentá-los, pois sabemos
da complexidade de cada um deles. O intuito é despertar o seu interesse em apro-
fundar-se neste conhecimento tão importante para sua formação profissional.
Vamos começar pela origem do conhecimento: as sensações. É por meio
dos nossos sentidos (visão, audição, paladar, olfato e tato) que coletamos as in-
formações apresentadas pelo ambiente. Estes apresentam órgãos especializados
que recebem, centralizam e expandem os estímulos que se apresentam ao corpo
(GLEITMAN; REISBERG; GROSS, 2009). Segundo Silva e Merlín (2010), um dos
processos mais elementares da nossa vivência consiste em receber e responder
aos estímulos sensoriais.
Os mais diversos estímulos apresentados pelos objetos ou por pessoas susci-
tam o interesse da criança ao conhecimento, por isso a importância das ativida-
des sensoriais (FERLAND, 2002). O tempo todo estamos recebendo inúmeros
estímulos sensoriais e, mesmo diante disso, acabamos por focar nossa atenção
30
UNICESUMAR
“
A capacidade do cérebro de processar a informação sensorial é mais
limitada do que a capacidade de seus receptores para mensurar o
ambiente. A atenção, portanto, funciona como um filtro, selecio-
nando alguns objetos para processamento adicional. [...] Em nossa
experiência momentânea nos concentramos em informações sen-
soriais específicas e excluímos (mais ou menos) as demais (KAN-
DEL, 2009, p. 339).
De acordo com Luria (1979), a atenção pode ser seletiva e sustentada. A aten-
ção seletiva consiste na capacidade de escolher estímulos e objetos específicos,
definindo uma orientação atencional focal, desencadeando uma centralização
das funções mentais, sendo estabelecido o que é prioritário na atividade cons-
ciente do sujeito frente à infinidade de estímulos ambientais. A seletividade é
fundamental para que a ação do sujeito seja organizada, pois sem ela isto não
seria possível devido à grande quantidade de informação. A atenção sustenta-
da tem a função de manter a atenção seletiva direcionada a um determinado
objeto ou estímulo; com isso, facilita a realização de tarefas exclusivas, como
também alcançar os objetivos almejados.
O professor deve considerar que inúmeros fatores podem exercer influência
sobre a atenção, Davidoff (1983) apresenta alguns deles, como: o contexto em que
o sujeito está incluso, a motivação, as características do estímulo, a expectativa, a
relevância da tarefa a ser executada, experiências anteriores e o estado emocional.
A atenção também influencia diretamente na percepção. Contudo, mas no
que consiste a percepção? Segundo Schiffman (2005), a percepção organiza, in-
terpreta e atribui sentido aos estímulos captados e processados inicialmente pelos
órgãos dos sentidos. Com isso, a percepção possibilita ao sujeito a consciência dos
objetos, como também do contexto ambiental. O processo de percepção consiste
no resultado dos processos psicológicos, em que aspectos como o contexto, o sig-
nificado, as relações, a experiência, o julgamento e a memória exercem um papel
importante. Davidoff (1983) ressalta, ainda, que a compreensão do processo de
percepção pode variar de acordo com a abordagem teórica. No entanto, o seu
entendimento é de fundamental importância no contexto ensino e aprendizagem.
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UNIDADE 1
EXPLORANDO IDEIAS
O passado, nossas memórias, nossos esquecimentos voluntários, não só nos dizem quem
somos, como também nos permitem projetar o futuro, isto é, nos dizem quem podere-
mos ser. O passado contém o acervo de dados, o único que possuímos, o tesouro que nos
permite traçar linhas a partir dele, atravessando, rumo ao futuro, o efêmero presente em
que vivemos. Não somos outra coisa senão isso; não podemos sê-lo. Se não temos hoje
a medicina entre nossas memórias, não poderemos praticá-la amanhã. Se não nos lem-
bramos de como se faz para caminhar, não poderemos fazê-lo. Se não recebemos amor
quando crianças, dificilmente saberemos oferecê-lo quando adultos.
Fonte: Izquierdo (2018, p. 1).
Cada um de nós tem um conjunto de memórias que determina nosso jeito de ser,
nossa personalidade. As nossas lembranças vão nos moldando, o sujeito que foi
criado no contexto de medo, por exemplo, manifestará características de perso-
nalidade relacionadas a este, podendo apresentar-se mais introvertido, cuidadoso,
ressentido ou lutador. O fato é que as nossas lembranças nos influenciam muito
mais do que as propriedades congênitas (IZQUIERDO, 2018).
Souza e Salgado (2015) destacam que as memórias podem ser classificadas
segundo a maneira com que são adquiridas: memória explícita ou implícita; ou,
ainda, pelo tempo que fica armazenada: memória de curto ou longo prazo e me-
mória de trabalho. Especificaremos, na Figura 3, cada uma delas:
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UNICESUMAR
Explícita ou Declarativa
são aqueles que armazenam
fatos e sua aquisição está
associada à plena interve- 2 Implícita ou Não
1 Declarativa são aquelas
ção da consciência, como: Implícita
Explícita ou
relatar situações cotidianas, ou Não que adquirimos de forma
Declarativa
conversas do dia anterior. declarativa incosciente, como tarefas
e habilidades, como:
Você sabe o que dirigir, ler, andar de
Trabalho é a responsável faz sua memória
5 3 bicicleta.
por dar continuidade aos melhorar?
Trabalho Curta
nossos atos cotidianos,
armazena por poucos 4 Duração
segundos a informação, Longa Curta duração são
permitindo que saibamos Duração aquelas que permane-
onde estamos e o que estamos cem em nosso cérebro
fazendo a cada instante e nos por curto espaço de
momentos anteriores. tempo, cerca de um
Longa duração são minuto e pode dar lugar
aquelas armazenadas as memórias de média
por horas, anos ou duração ou serem
mesmo por toda vida. esquecidas.
Descrição da Imagem: a figura apresenta uma cabeça de perfil com os 5 tipos de memórias: explícita
ou declarativa, implícita ou não declarativa, de curta duração, de longa duração e de trabalho. A explícita
ou declarativa é aquela que armazenam fatos e sua aquisição está associada à plena intervenção da
consciência, como: relatar situações cotidianas, conversas do dia anterior. A implícita ou não declarativa
é aquela que adquirimos de forma inconsciente, como tarefas e habilidades, tais como: dirigir, ler, andar
de bicicleta. A de curta duração são aquelas que permanecem em nosso cérebro por curto espaço de
tempo, cerca de um minuto, e pode dar lugar às memórias de média duração ou serem esquecidas. A
de longa duração são aquelas armazenadas por horas, anos ou mesmo por toda a vida. A de trabalho
é a responsável por dar continuidade aos nossos atos cotidianos, armazena por poucos segundos a
informação, permitindo que saibamos onde estamos e o que estamos fazendo a cada instante e nos
momentos anteriores.
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UNIDADE 1
EXPLORANDO IDEIAS
Os testes de inteligência, a princípio, eram computados por meio de uma razão entre a
idade mental do sujeito (uma medida do seu desenvolvimento intelectual) e sua idade cro-
nológica. A razão, também chamada de quociente, acabou por dar o nome ao teste, que
verificava o quociente de inteligência, ou seja, o QI. Hoje, os testes de QI são analisados de
maneira diferente, não comparam mais a idade mental com a cronológica. No entanto, o
nome QI ainda permanece.
Fonte: Gleitman, Reisberg e Gross (2009).
“
[...] a capacidade de perceber as emoções de forma precisa, a capaci-
dade de usar as emoções para facilitar o pensamento e o raciocínio,
a capacidade de entender as emoções (incluindo o uso da linguagem
para descrever as emoções) e a capacidade de lidar com as emoções
em si mesmo e em outras pessoas.
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UNICESUMAR
PENSANDO JUNTOS
O desafio fundamental dos nossos testes de inteligência consiste em: será que eles me-
dem a inteligência ou apenas medem o que denominamos como inteligência para a nossa
cultura?
Fonte: Gleitman, Reisberg e Gross (2009).
Cada uma destas visões sobre a inteligência tem o seu valor na compreensão do
homem, suas capacidades, habilidades e talentos. No contexto escolar, o professor
é o grande responsável por dar condições para que o sujeito possa desenvolver
suas capacidades intelectuais. Souza e Salgado (2015, p. 150) destacam que “[...]
reconhecer o potencial de cada um e aperfeiçoar as habilidades para as quais a
pessoa tem aptidão pode ser um caminho para que ela alcance maior êxito aca-
dêmico e profissional”.
Isto posto, confirmamos a relevância da psicologia para a educação. Nas uni-
dades seguintes, vamos aprofundar o conhecimento nas principais teorias da
psicologia que auxiliam o educador na compreensão do sujeito que aprende.
Estudante, finalizamos esta unidade compreendendo o processo pelo qual a
psicologia foi se estruturando enquanto ciência, definindo, assim, sua essência. A
retomada histórica possibilita a você estar entendendo o quanto a especificidade
do objeto de estudo da psicologia impulsionou para que ela fosse se ramificando
e buscando entender o sujeito nas mais diferentes áreas.
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UNIDADE 1
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AGORA É COM VOCÊ
37
AGORA É COM VOCÊ
3. De acordo com Kandel (2009), o processo da atenção acontece como num filtro, no
qual são selecionados alguns objetos para serem adicionados, ou seja, em um mo-
mento a nossa concentração é em determinadas informações sensoriais específicas
e descartamos momentaneamente outras.
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AGORA É COM VOCÊ
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CONFIRA SUAS RESPOSTAS
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MEU ESPAÇO
MEU ESPAÇO
2
Abordagem
Behaviorista
Me. Raquel de Araújo Bomfim Garcia
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UNICESUMAR
DIÁRIO DE BORDO
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UNIDADE 1
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UNICESUMAR
rias reformulações. Para uma compreensão correta sobre o Behaviorismo hoje, deve-
mos considerar as obras de Burrhus Frederic Skinner (HUBNER; MOREIRA, 2012).
A abordagem de estudo conhecida por Behaviorismo Radical foi apresentada
por Skinner, em 1945, e consiste numa “[...] filosofia da ideia da mutabilidade das
espécies de comportamento humano, que produz, especialmente, conhecimento
por meio da análise experimental do comportamento” (BOCK, 2018, p. 52). Desta
forma, para Skinner, o comportamento se constrói por meio dos processos de
variação e seleção; e sua proposta está pautada no comportamento operante. Em
todas as suas obras, o autor enfatiza o poder e o dever da ciência em ser a resolu-
ção das dificuldades humanas. Com isso, ressalta a importância de uma ciência
do comportamento humano para oferecer soluções práticas para a sociedade,
dando ênfase na predição e controle (SAMPAIO, 2005).
EXPLORANDO IDEIAS
Podemos encontrar, na obra de Skinner, grande influência das ideias de Charles Darwin,
principalmente no que se refere ao tema da mutabilidade das espécies, como também a
proposição da teoria da seleção natural. Para Darwin, as espécies passavam por transfor-
mações constantes e as variações que são produzidas nas gerações subsequentes, mes-
mo que sejam mínimas, podem ser selecionadas e manterem-se na espécie.
Fonte: Bock (2018).
Estando fundamentado por estas ideias, Skinner foi organizando sua teoria na
qual o desenvolvimento de um comportamento operante é base de sua propos-
ta. Entretanto, para compreendermos este conceito, é necessário que tenhamos
algumas noções sobre o comportamento respondente ou reflexo (BOCK, 2018).
De acordo com Skinner (1953 apud LEONARDI; NICO, 2012), o entendi-
mento sobre o comportamento respondente pode ser limitado, devido a referir-se,
exclusivamente, a comportamentos com características fisiológicas específicas,
cuja responsabilidade é de adaptar o organismo às modificações que acontecem
no meio. No entanto, o autor ressalta que ignorar este tipo de comportamento re-
flexo para o entendimento do comportamento humano seria um equívoco. Bock
(2018) evidencia que este é essencial e de grande valor para a sobrevivência do
sujeito. A autora explica que ele também é chamado de não voluntário e abrange
respostas produzidas ou provocadas por estímulos advindos do ambiente.
47
UNIDADE 1
Magnitude: consiste na
amplitude da resposta.
Características
das relações
respondentes
Duração: refere-se ao
tempo que a resposta
eliciada perdura.
Descrição da Imagem: a Figura 1 apresenta um infográfico com as quatro características das relações
respondentes. Primeiramente, iniciamos com a limiar, que se refere à intensidade mínima do estímulo
necessário para que a resposta seja eliciada. A magnitude consiste na amplitude da resposta. A duração
se refere ao tempo que a resposta eliciada perdura. E a latência consiste no intervalo de tempo entre a
apresentação do estímulo e a ocorrência da resposta.
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UNICESUMAR
49
UNIDADE 1
EXPLORANDO IDEIAS
O descobridor do reflexo condicionado foi o fisiologista russo Ivan Petrovich Pavlov (1849-
1936), por isso, muitas vezes, o condicionamento respondente também é nomeado de
condicionamento pavloviano. A descoberta aconteceu
“[...] durante um estudo da fisiologia das secreções digestivas dos
cães, observou que os animais salivavam a estímulos que não a co-
mida, tais como os passos e a visão do alimentador. Essas salivações
inexplicáveis, que no início eram contratempo, ocuparam cada vez
mais a atenção de Pavlov” (DAVIDOFF, 1983, p. 164).
A partir disso, focou seus estudos no condicionamento respondente até a sua morte, com
87 anos.
50
UNICESUMAR
“
O comportamento operante refere-se à inter-relação sujeito-ambiente.
Quando o organismo se comporta (emitindo essa ou aquela resposta),
sua ação produz uma alteração ambiental, uma determinada conse-
quência que, por sua vez, retroage sobre o sujeito, alterando a probabi-
lidade futura de ocorrência. Assim, agimos sobre o mundo em função
das consequências criadas pela ação (BOCK, 2018, p. 55).
51
UNIDADE 1
A manutenção ou não de uma ação vai depender das consequências que ela
produz no meio. Sendo assim, podemos dizer que houve um condicionamento
operante quando uma situação do ambiente que ocorre após um comporta-
mento provoca o aumento ou a diminuição da possibilidade deste comporta-
mento acontecer novamente. Então, o reforço pode ser compreendido como
um processo em que a utilização de um estímulo aumenta a possibilidade de
um comportamento ocorrer ou não. O reforço pode ser utilizado por meio da
oferta de um estímulo que seja atraente - reforço positivo, ou pela retirada de
um estímulo que seja aversivo - reforço negativo (NOLEN–HOEKSEMA et al.,
2018). Para compreender como acontece estes dois tipos de reforço, convido
você a analisar a Figura 2:
Descrição da Imagem: a Figura 2 apresenta os dois tipos de reforço: positivo e negativo. Primeiramente,
apresentaremos o Reforço Positivo. Sua definição consiste no oferecimento de um estímulo agradável
ou atrativo após uma resposta de comportamento. Tem como efeito aumentar a frequência da resposta
comportamental. A apresentamos um exemplo em que se a ação de estudar for seguida por uma nota alta
em uma prova, a incidência de estudar antes das provas aumentará. A imagem demonstra uma criança
estudando ao lado da mãe estimulada e satisfeita. Após, apresentamos o Reforço Negativo. Sua definição
corresponde à remoção de um estímulo desagradável ou aversivo após uma resposta comportamental.
Tem como efeito aumentar a frequência da resposta comportamental. O exemplo deste reforço é que
se deixar a sala de estudos livra-o de um colega barulhento, o tempo gasto longe da sala aumentará.
A imagem demonstra uma criança estudando ao lado da mãe recebendo bronca pela falta de atenção.
52
UNICESUMAR
Bock (2018, p. 56) destaca o cuidado ao definir uma situação como reforçadora,
pois “a função reforçadora de um evento ambiental qualquer só é definida pelo
aumento na frequência da resposta que o produziu, ou seja, pela relação funcional
estabelecida entre as respostas do indivíduo e o ambiente”. A autora ressalta que
determinados eventos podem ser reforçadores para uma espécie como um todo
(exemplo: comida, afeto, água), sendo nomeado de reforço primário. Os reforços
secundários são os que assumiram uma função após terem sido pareados tem-
poralmente com o reforço primário (exemplo: o dinheiro).
No que se refere ao reforçamento negativo, é relevante destacar dois processos
importantes: a esquiva e a fuga. O processo de esquiva ocorre quando, depois
que um estímulo é condicionado, o sujeito exibe uma resposta reforçadora e esta
acaba por reduzir ou evitar um segundo estímulo, que é igualmente aversivo. Por
exemplo, quando o indivíduo vê um raio, a reação ou a resposta emitida é de tapar
os ouvidos, esta é reforçada por reduzir o segundo estímulo, também aversivo, que
é o trovão. No processo de fuga, existe um estímulo aversivo incondicionado que,
quando acontece, o sujeito o evitará com um comportamento de fuga. No caso do
exemplo do trovão, o sujeito procura se fechar em um ambiente (BOCK, 2018).
Quando falamos de punição, precisamos entender que ela é o contrário do
reforço, isto porque diminui a possibilidade de um comportamento acontecer,
por meio da utilização de um estímulo que seja aversivo - punição positiva ou
punição -, ou pela remoção de um estímulo que seja atrativo - punição negativa
ou treinamento por subtração (NOLEN–HOEKSEMA et al., 2018).
Segundo Bock (2018), pesquisas revelam que a extinção de um comporta-
mento punido só se torna definitiva quando a punição for de uma intensidade
extrema, visto que os motivos que desencadearam à ação acabam por não serem
mudados com a punição. Ao contrário do que muitos imaginam, a punição de
ações leva apenas a supressão da resposta temporariamente. Sendo este tema
debatido entre os behavioristas quanto à validade do seu uso com o intuito de
diminuir a frequência de determinadas respostas.
O princípio da punição é muito utilizado no cotidiano, em quaisquer espa-
ços no qual busque ocasionar comportamentos desejados. Um exemplo disso é
o trânsito que, apesar das punições que são aplicadas aos motoristas devido as
infrações cometidas, não têm levado a adotarem um comportamento que seja
adequado para o trânsito. O que se vê, no entanto, é que eles se tornam peritos
em fuga e esquiva (BOCK, 2018).
53
UNIDADE 1
PENSANDO JUNTOS
Deixar o(a) aluno(a) sem recreio, mantê-lo isolado, obrigá-lo a fazer inúmeras cópias de
um mesmo texto por castigo, humilhá-lo, entre outras práticas punitivas utilizadas pela
escola, foram muito questionadas pelo Behaviorismo (BOCK, 2018). Será que ainda en-
contramos esta prática na escola de hoje?
EU INDICO
54
UNICESUMAR
Descrição da Imagem: a Figura 3 apresenta uma foto preta e branca do psicólogo behaviorista, inventor
e filósofo norte-americano, Skinner. Um senhor na faixa etária de 50 a 60 anos. É calvo na testa com
cabelos brancos. Está com uns óculos de lentes redondas, vestindo terno escuro, com camisa clara e
uma gravata escura.
55
UNIDADE 1
56
UNICESUMAR
Para ficar mais claro, vamos aos exemplos: Pedro utiliza, no seu dia a dia,
algumas gírias, seus pais reagem e ficam zangados, no entanto, seus amigos o
admiram por isso. Em consequência, Pedro faz uso de gírias com seus amigos,
não usando na presença de adultos (DAVIDOFF, 1983). Sendo assim, podemos
verificar a nossa capacidade de emitir respostas aos estímulos nos comportando
de forma diferente em cada ocasião. Consideramos, então, que esta circunstância
foi instaurada como discriminativa (BOCK, 2018).
Com base neste conhecimento dos pressupostos fundamentais da abordagem
behaviorista, você deve estar curioso para saber qual o entendimento desta sobre
a aprendizagem. A abordagem behaviorista ou comportamental tem como obje-
tivo o estudo das atividades do organismo que podem ser observadas e descritas,
destacando o quanto as variáveis ambientais podem influenciar a aprendizagem
(ATKINSON et al., 1995).
Sendo assim, afirma Moreira (2009 apud COELHO; DUTRA, 2017/2018, p.
58) que para esta teoria “[...] o ensino é obtido quando o que é ensinado pode
ser colocado em condições de controle sob o comportamento observável; dessa
forma, esse é obtido quando o comportamento não desejado é punido e o dese-
jado é reforçado e incentivado com estímulos até que ele se torne automático”.
Este modo de compreender a aprendizagem gerou muitas objeções a esta teoria,
principalmente pelo fato de focar unicamente na consequência causada por uma
determinada atividade de aprendizagem, ignorando a ocorrência de um processo
cognitivo interno naquele que aprende (COELHO; DUTRA, 2017/2018).
57
UNIDADE 1
A aprendizagem acontece, então, por meio dos estímulos que o sujeito recebe
do meio. O sujeito manifesta comportamentos operantes e estes são influenciados
pelos resultados deste comportamento (reforço). Se as consequências deste com-
portamento ocorrem de modo satisfatório, estas retrocedem sobre o comporta-
mento, ampliando a possibilidade de ocorrer novamente; se caso esta sequência
insistir em acontecer, forma-se um hábito (LA ROSA, 2003).
Catania (1999) e Hilgard (1973), no que se referem a aprendizagem,
caracterizam o behaviorismo como uma teoria conexista, ou seja, está baseada
na associação que acontece entre estímulos ou entre comportamento e estímulo;
tendo três proposições básicas: 1) a aprendizagem é explicada de maneira adequa-
da quando relacionada a comportamentos e respostas que podem ser observadas;
2) alguns métodos de aprendizagem usados com animais podem ser úteis com
humanos também; e 3) que a compreensão da essência da aprendizagem humana
mais complexa pode ser explicada por meio de análises baseadas em processos
muito elementares (exemplo: estímulo e resposta).
No entanto, a aprendizagem também pode acontecer de maneira indireta,
ou seja, pode acontecer por meio da observação do comportamento de outrem
ou pela instrução verbal. Esta maneira de aprender é comum aos seres huma-
nos, sendo chamada de aprendizagem indireta. Encontramos, na literatura,
dois tipos de aprendizagem indireta: a aprendizagem vicariante (também co-
nhecida como aprendizagem por observação) e a aprendizagem por instrução
(GOULART et al., 2012).
A aprendizagem por observação se fundamenta na ação de observar as res-
postas apresentadas por um outro organismo e/ou as suas consequências (CA-
TANIA, 1999). Pode ocorrer a imitação do comportamento observado, mas esse
processo não se restringe à imitação da resposta do que está sendo observado. Vai
depender das consequências que a ação apresentada causa para o sujeito. Assim
sendo, este tipo de aprendizagem apresenta vantagens para o organismo devido
possibilitar que o sujeito aprenda por meio da experiência do outro, poupando
tempo, não sendo necessário aprender na relação direta com as contingências
(GOULART et al., 2012).
58
UNICESUMAR
“
É importante notar, no entanto, que, embora a observação permita
a ocorrência da resposta apropriada no contexto apropriado sem o
contato prévio com as contingências, ao emitir a resposta no con-
texto apropriado, o organismo acaba por entrar em contato com as
contingências, o que tornará possíveis a manutenção e eventuais
refinamentos da resposta. Esse tipo de aprendizagem não é van-
tajoso apenas para o indivíduo, mas também para o grupo social
(GOULART et al., 2012, p. 33).
EXPLORANDO IDEIAS
59
UNIDADE 1
60
UNICESUMAR
Diante disso, de acordo com Cunha (2000), Skinner buscou transpor alguns
dos princípios do comportamentalismo para que fossem aplicados na escola. Para
isso, foi necessário que adaptasse seu conhecimento a uma linha de pensamento
pedagógico nomeada de tecnicismo. Dentro desta proposta, entende-se que os
meios (métodos, ações, instrumentos e técnicas) devem ser usados para atingir
um fim. Esclarecendo, Mizukami (1986) explica que, nesta lógica, o ensino de
qualquer conteúdo, pensamento, comportamento pode ser programado, desde
que seja definido previamente o que busca alcançar no final deste processo. O
comportamentalismo auxiliou este período do tecnicismo fornecendo conceitos
e também métodos, buscando transformar as metas da educação em objetivos
que fossem operacionais (CUNHA, 2000).
A abordagem behaviorista/comportamental acredita que a função da escola
está fundamentada em instaurar nos sujeitos, de uma determinada cultura, com-
portamentos que sejam importantes futuramente, tanto para ele como também
para o seu grupo. E para isso, é essencial ensinar determinados comportamentos
como a resolução de problemas, o autocontrole e a tomada de decisões, possibili-
tando que o sujeito contribua para a sobrevivência da sua cultura (HENKLAIN,
CARMO, 2013).
61
UNIDADE 1
-se, então, que o ensinar abrange a ação do professor como também a aprendiza-
gem do aluno, sendo processos interdependentes (HENKLAIN; CARMO, 2013).
Segundo Piletti e Rossato (2011, p. 29):
“
Skinner afirma que é possível ensinar um aluno a estudar e que para
tanto deve-se ensinar-lhe técnicas de autogoverno, a fim de que pos-
sam ser aumentadas as possibilidades de que o que foi visto ou ouvido
seja lembrado. Estudar por si mesmo também é um comportamento
e, portanto, também deve ser aprendido para poder ser realizado.
Assim, ensinar o aluno a estudar por si mesmo é fazer com que ele
seja capaz de controlar o seu próprio comportamento de aprender.
Esta abordagem compreende que o ato de ensinar depende de dois fatores: pla-
nejamento e tomada de decisões. Primeiramente, é necessário que identifique e
também descreva de maneira clara e precisa o que pretende ser ensinado. Para
esta abordagem, isto significa que devem ser especificados os comportamentos
que se espera que o aluno esteja apto a apresentar após o ensino, como também
os critérios a serem aplicados para verificar o que ele aprendeu de fato. Um con-
ceito que denomina esses objetivos é o de comportamento-objetivo (KUBO;
BOTOMÉ, 2001). Este, por sua vez, considera a importância de que o ensino
seja planejado, definindo-se os comportamentos que vão estabelecer os objetivos
que devem ser atingidos por meio do ensino. A partir deste serão elencados os
conteúdos (específicos), como também os recursos que auxiliarão no processo
de ensino (HENKLAIN; CARMO, 2013).
À vista disso, pode-se reconhecer os pré-requisitos ou comportamentos
básicos que são necessários para alcançar o comportamento final que se busca
ensinar. Isto possibilitará ao professor delimitar comportamentos básicos e orde-
ná-los em sequência - do simples para o complexo. Esta maneira de pensar aponta
que o ensinar será mais eficiente se acontecer de maneira gradual. Revela-se, com
isso, a hierarquia de ensino, partindo de comportamentos mais simples, fáceis de
aprender ou que já é conhecido do aluno, para os comportamentos mais com-
plexos (HENKLAIN; CARMO, 2013).
Um outro fator que é considerado neste contexto é o conhecimento sobre o
aluno (seu conhecimento acadêmico, interação social, suas preferências, contexto
social, entre outros); pois essas informações auxiliarão tanto no planejamento
62
UNICESUMAR
“
Com os objetivos estabelecidos e o ensino organizado de forma
gradual (do simples ao complexo), bem como de posse de dados
sobre o repertório do aluno e sobre o que possui valor reforçador
e aversivo para ele, é possível planejar como os materiais de ensino
devem ser construídos e quais atividades podem ser utilizadas em
sala de aula; ou seja, é possível planejar as contingências de reforço.
Com relação ao reforço, é importante ressaltar que devem ser reforçados todos
os comportamentos que se aproximarem dos objetivos estabelecidos, sendo de
fundamental importância para um aprendizado eficiente e gratificante que o
reforço do comportamento aconteça imediatamente após a sua apresentação. O
reforço é fundamental, mas deve ser usado com cautela, estando atento ao tipo de
reforço utilizado como também ter claro quais os comportamentos que receberão
reforço. Estando sempre atento aos comportamentos – objetivo, podemos dizer
que temos claro os critérios estabelecidos para que o aluno alcance os resultados
esperados em determinada situação. Cuidado na escolha dos reforçadores não
se limitando a reforçadores artificiais (nota, estrelinha no caderno, prêmio, entre
outros), tentando transpor estes para reforçadores naturais (compreender o que
está escrito em um livro, progresso na capacidade de resolução de problemas
matemáticos, entre outros). Ao planejar as contingências de reforço, deve-se estar
atento na escolha e utilização dos reforçadores que fazem parte do contexto da
sala de aula (HENKLAIN, CARMO, 2013).
Perfazendo seus estudos sobre as contribuições desta abordagem teórica
para a educação, Kubo e Botomé (2001) destacam as inovações essenciais tanto
da psicologia quanto para a educação, devido a assumir uma postura de refugar
construtos hipotéticos como sendo o acionador do comportamento, pois isto
leva a procurar de maneira criteriosa as variáveis do ambiente que delimita o
comportamento, auxiliando na elaboração de procedimentos que sejam con-
cisos para o ensino.
63
UNIDADE 1
EU INDICO
Essa retomada teórica sobre esta abordagem da psicologia com certeza trará
a você vários questionamentos e reflexões sobre a educação e a maneira como
muitas das rotinas estabelecidas dentro do contexto escolar encontram suas pre-
missas desta teoria.
Ao estudarmos sobre a teoria behaviorista, também conhecida como análise
do comportamento, passamos a estar mais atentos a como nos comportamos e
a complexidade de fatores que influenciam este processo. A princípio, a teoria
parece ser muito esquematizada, mas à medida que vamos nos aprofundando,
percebemos sua autenticidade e seus limites.
64
UNICESUMAR
65
AGORA É COM VOCÊ
66
CONFIRA SUA RESPOSTA
O mapa mental deverá constar a definição e aplicação dos seguintes temas estudados:
comportamento respondente ou reflexo; comportamento operante e seus desdobramen-
tos: reforço, punição, modelagem, extinção, generalização e discriminação; aprendizagem
para esta abordagem e a relação desta com a educação.
67
MEU ESPAÇO
3
Abordagem da
Epistemologia
Genética
Me. Raquel de Araújo Bomfim Garcia
70
UNICESUMAR
DIÁRIO DE BORDO
71
UNIDADE 1
PENSANDO JUNTOS
Conhecer não é somente explicar; e não é somente viver: conhecer é algo que se dá a
partir da vivência (ou seja, da ação sobre o objeto do conhecimento) para que este objeto
seja imerso em um sistema de relações.
Fonte: Ramozzi-chiarottino (1988, p. 3).
Desta forma, o interesse principal desta teoria é entender como acontece a forma-
ção da inteligência na criança, mas também estão incluídos neste estudo outros
elementos, como a percepção, a motivação e a moral relacionados à inteligência.
Com seus estudos, Piaget possibilitou a compreensão do desenvolvimento infan-
til, bem como os seus comportamentos por meio de um dos aspectos qualitativos,
descrevendo cada estágio do desenvolvimento – da infância à adolescência (final
da maturidade cognitiva) (BRIDI, 2017).
A compreensão desta teoria perpassa pela história de seu idealizador Jean
Piaget, um dos mais importantes pensadores do século XX, que nasceu na ci-
dade de Neuchâtel, na Suíça, em 09 de agosto de 1896. Desde a adolescência já
se destaca, publicando, aos 11 anos de idade, seu primeiro artigo acerca de um
pardal parcialmente albino. Logo após, com autorização e orientação do diretor
do museu de história natural de Neuchâtel, passou a catalogar a coleção de con-
chas, seguiu com esta atividade por quatro anos. A partir disso, iniciou a publi-
cação de artigos cujo tema era a malacologia (estudo dos moluscos - zoologia),
tornando-se curador da coleção de moluscos do referido museu (BRIDI, 2017).
72
UNICESUMAR
Descrição da Imagem: foto em preto e branco de Jean Piaget, senhor na faixa etária de 70 a 80 anos.
Está segurando um cachimbo. É calvo com cabelos brancos na lateral da cabeça. Está com óculos de
lentes redondas com a boca semiaberta (provavelmente sorrindo). Está vestindo terno e colete escuro,
com camisa clara e uma gravata escura.
73
UNIDADE 1
74
UNICESUMAR
Foi em 1923 e 1924 que Piaget apresentou suas primeiras publicações sobre
a psicologia do desenvolvimento, que se fundamentava em resultados de pes-
quisas realizadas sobre o comportamento linguístico e a lógica de crianças na
faixa etária de 3 a 14 anos. Por meio de suas observações, foi possível averiguar a
mentalidade própria da criança. Iniciou também, nesse período, os estudos sobre
o egocentrismo infantil (KESSELRING, 2008).
Na década de 30, o foco de seus estudos se direcionou para a origem bioló-
gica do desenvolvimento intelectual. Nestes, ponderou que o que impulsiona o
desenvolvimento cognitivo é a busca por um equilíbrio intelectual cada vez mais
efetivo – equilibração. As investigações sobre o desenvolvimento da criança ti-
veram destaque e a observação de seus três filhos resultou em três grandes livros
nos quais o autor descreve o desenvolvimento do lactente até a criança em idade
pré-escolar (KESSELRING, 2008).
No ano de 1936, segundo Palangana (2015), Piaget recebeu a condecoração
de Doutor Honoris Causa, concedido pela Universidade de Harvard. No período
entre 1939 e 1950, trabalhou na Universidade de Genebra, ministrando aulas de
sociologia na Faculdade de Ciências Econômicas, sendo nomeado, em seguida,
como diretor do Laboratório de Psicologia Experimental, substituindo Édouard
Claparède. Nos anos seguintes, assumiu a presidência da Sociedade Suíça de
Psicologia, passou a ser codiretor da Revista Suíça de Psicologia, trabalhou como
professor catedrático de sociologia e psicologia na Universidade de Lausanne,
como também de psicologia da criança na Sorbonne.
Podemos considerar que sua obra passou por duas fases. Em um primeiro mo-
mento, seus trabalhos estavam direcionados para a compreensão da estruturação do
pensamento, o processo da linguagem, como também a interação entre as pessoas,
revelando um interesse mais relacionado com o social. Este envolvimento pode
ser observado em suas obras, principalmente em: A linguagem e o pensamento
da criança, de 1923; O juízo e o raciocínio da criança, de 1924; A representação
do mundo da criança, em 1924; e O julgamento moral da criança, publicado em
1932. Num segundo momento, podemos verificar que o foco de seu estudo:
75
UNIDADE 1
“
[...] centra-se na ação e na manipulação dos objetos que passam
a constituir, juntamente com a maturação biológica, os fatores es-
senciais à estruturação do pensamento. Em outras palavras, Piaget
orienta sua teorização sobre as estruturas cognitivas para a dimen-
são lógico-formal. Obras como Psicologia da inteligência (1958), O
nascimento da inteligência na criança (1970), Da lógica da criança
à lógica do adolescente (1976) e muitas outras demonstraram bem
esse novo enfoque (PALANGANA, 2015, p. 15 - grifos do autor).
76
UNICESUMAR
PENSANDO JUNTOS
A ideia é que o homem não nasce inteligente, ou seja, que essa faculdade mental não é
algo que o indivíduo traz consigo ao nascer, como sugeriam os inatistas, mas que é in-
fluenciada pelo meio em que ele vive.
Fonte: Gamez (2013, p. 55).
77
UNIDADE 1
“
O equilíbrio é o estado em que o homem consegue agir coerente-
mente e em que os seus conhecimentos se integram numa totalidade
harmoniosa. A inteligência desenvolve-se em razão de uma tendên-
cia interna de melhorar permanentemente as condições de equilí-
brio. O desenvolvimento cognitivo é um processo de equilibração.
78
UNICESUMAR
“
O conceito de esquema proposto por Piaget está ligado às invarian-
tes funcionais. O esquema é o construto cognitivo que se estabelece
e se organiza a partir dos processos de captação e reorganização
frente às interações com o ambiente. O esquema se constitui como
uma organização cognitiva, criada pela assimilação e acomodadas
dentro da organização cognitiva existente naquele momento. Cada
vez que um novo conhecimento é assimilado, o conhecimento já
existente se expande e anexa essa nova informação, ampliando sua
relação com o meio e seu poder de interação (BRIDI, 2017, p. 16).
79
UNIDADE 1
PENSANDO JUNTOS
80
UNICESUMAR
EXPLORANDO IDEIAS
Quando a criança compreende uma nova informação, esta é adicionada aos esquemas
anteriores, dando-se, assim, a assimilação. Agora, quando a criança ajusta seus esquemas
para se adaptar a novas informações e experiências, ocorre a acomodação. Para entender
esses processos, quando a criança compreende, por exemplo, a palavra “casa”, ela passa
a chamar o que vê na rua de casas, ou seja, ela assimilou o significado de casa, porém
logo aprende que edifícios, prédios, condomínios não são “casas” – acontece, então, uma
sintonia fina da categoria para excluir edifícios, prédio e condomínios, acomodando o
esquema.
Fonte: Coletta et al. (2018, p. 70).
81
UNIDADE 1
82
UNICESUMAR
EXPLORANDO IDEIAS
83
UNIDADE 1
“
Isso é possível porque cada criança desenvolve um modo de pensar
e agir, diferente das demais e quando esse confronto se estabelece,
uma nova gama de informações diferentes e desafiadoras se apresen-
tam para a criança, exigindo que, estabeleça uma nova relação com o
que já foi aprendido, ampliando sua capacidade cognitiva. O termo
conflito cognitivo é utilizado para designar essas situações onde o
equilíbrio foi alterado, fazendo com que o organismo, como um todo,
estabeleça uma nova busca de equilibração (BRIDI, 2017, p. 19).
E esse processo de equilibração é destacado por Bridi (2017) como o quarto fator
essencial para o desenvolvimento cognitivo, devido regular a aquisição do conhe-
cimento, estando presente em todas as etapas do desenvolvimento, destacando
que um mesmo elemento, por exemplo uma boneca, sendo apresentada em fases
diferentes de desenvolvimento, ou seja, em estágios cognitivos diferentes, poderá
causar novos enfrentamentos cognitivos, como também novas aquisições no trans-
correr do processo. Isto porque a maneira de apreender e absorver o elemento vai
depender da capacidade cognitiva da criança de anexar, de maneira progressiva,
informações novas àquelas que já existem anteriormente. Assim, uma criança de
um ano de idade pode colocar a boneca na boca ou sacudi-la no ar; já para uma
criança de cinco anos, a boneca fará parte de uma brincadeira de faz de conta, que
aprendeu durante esses anos na interação com outras crianças ou adultos.
84
UNICESUMAR
PENSANDO JUNTOS
Você, alguma vez, indagou-se como as crianças de idades diferentes apresentam respos-
tas tão inusitadas e distintas? Você acredita que nascemos inteligentes? Será que a inteli-
gência está relacionada à quantidade de conhecimentos que acumulamos?
85
UNIDADE 1
“
[...] refere-se ao aspecto que ao mesmo tempo que um conheci-
mento apresenta uma organização estabelecida e fixada pelas regras
que o sujeito constituiu sobre ele, esse mesmo conhecimento, para
seu avanço e ampliação, é também capaz de reversibilidade na sua
construção, definindo assim que, todas as regras e o próprio conhe-
cimento já adquirido pode ser reorganizado novamente.
86
UNICESUMAR
EXPLORANDO IDEIAS
87
UNIDADE 1
Sensório-motor
0 a 2 anos
Inteligência prática é realizada por meio das percepções e dos movimentos,
com uma coordenação sensório-motora das ações.
Sem o uso exato do pensamento.
Pré-operatório
2 a 7 anos
Linguagem é maior desenvolvivemto, mas possuem dificuldade em manter
uma conversa, pois entram em contradição durante os siálogos e não explicam
seu ponto de vista.
Socialização ocorre uma maior interação, pois consegue comunicar-se com os
demais, mas ainda é característico o egocentrismo e monólogos coletivos.
Período dos questionamentos, fase dos porquês.
Fase das condutas de representação ou manifestações da função simbólica,
sendo capaz de realizar jogo simbólico.
Irreversibilidade, impossibilidade de reverter um pensamento.
Nominalismo, nomeação de variadas coisas, cujos nomes a criança desconhece.
Pensamento intuitivo que considera as percepções imediatas não conseguindo
seguir regras coletivas.
Operatório-concreto
7 a 12 anos
Transição entre a ação e as estruturas lógicas mais gerais, pensando de forma
lógica e concreta, baseando-se no que é perceptivo.
Ordens de operação são as operações infralógicas, com base em algo concreto.
Aquisições cognitivas matemáticas, classificação e a seriação, e em seguida
ocorrem a multiplicação lógica e compensação simples.
Capacidade de consolidar as conservações.
Não se limita mais a uma representação imediata, mas ainda depende do
mundo concreto para desenvolver a abstração.
A criança já não é mais tão egocêntrica e já consegue se colocar abstratamente
no lugar do outro.
Socialização, na organização social passa a ser de grupos de amigos fixos.
Operatório-formal
12 anos em diante
88conceituais abstratos.
Capaz de formar esquemas
Realiza operações mentais que seguem os princípios da lógica formal.
Discute valores e constrói seus próprios valores.
Fase das condutas de representação ou manifestações da função simbólica,
sendo capaz de realizar jogo simbólico.
Irreversibilidade, impossibilidade de reverter um pensamento.
UNICESUMAR
Nominalismo, nomeação de variadas coisas, cujos nomes a criança desconhece.
Pensamento intuitivo que considera as percepções imediatas não conseguindo
seguir regras coletivas.
Operatório-concreto
7 a 12 anos
Transição entre a ação e as estruturas lógicas mais gerais, pensando de forma
lógica e concreta, baseando-se no que é perceptivo.
Ordens de operação são as operações infralógicas, com base em algo concreto.
Aquisições cognitivas matemáticas, classificação e a seriação, e em seguida
ocorrem a multiplicação lógica e compensação simples.
Capacidade de consolidar as conservações.
Não se limita mais a uma representação imediata, mas ainda depende do
mundo concreto para desenvolver a abstração.
A criança já não é mais tão egocêntrica e já consegue se colocar abstratamente
no lugar do outro.
Socialização, na organização social passa a ser de grupos de amigos fixos.
Operatório-formal
12 anos em diante
Capaz de formar esquemas conceituais abstratos.
Realiza operações mentais que seguem os princípios da lógica formal.
Discute valores e constrói seus próprios valores.
Critica sistemas sociais e propõe novos códigos de conduta.
Consciente do seu pensamento, refletindo sobre ele.
Lida com relações entre relações.
89
UNIDADE 1
Existem alguns mecanismos funcionais que são comuns a todos os estágios. Po-
demos verificar que, de modo geral, toda ação, seja ela um pensamento, senti-
mento ou movimento, está relacionada a uma necessidade, ou seja, um motivo
para a ação. A necessidade é uma expressão de um desequilíbrio. O desequilíbrio
acontece quando algo, seja interno (físico ou mental) ou externo a nós, alterou-se,
sendo preciso reajustar a conduta devido a esta mudança. Exemplificando, a fome
faz com que ocorra a procura pelo alimento. Diante disso, consideramos que a
ação termina quando ocorre a satisfação da necessidade e, consequentemente,
o restabelecimento do equilíbrio. “A cada instante, pode-se dizer, a ação é dese-
quilibrada pelas transformações que aparecem no mundo, exterior ou interior,
e cada nova conduta vai funcionar não só para restabelecer o equilíbrio, como
também para tender a um equilíbrio mais estável que o estágio anterior a esta
perturbação” (PIAGET, 1991, p. 14).
90
UNICESUMAR
91
UNIDADE 1
“
Este modelo se fundamenta, prioritariamente, em uma concepção
de criança que age sobre a realidade, e, portanto, não aprende de
forma passiva, mas a partir da diversidade e da riqueza de oportu-
nidades de interação que lhe são oferecidas cotidianamente na
própria vida, e, particularmente, nas instituições escolares (JOBIM
E SOUZA, 2008, p. 65).
92
UNICESUMAR
EU INDICO
Este vídeo foi produzido na Suíça, em 1977, pelo próprio Jean Piaget, com o
intuito de esclarecer sobre a Epistemologia Genética, discutindo suas ideias,
esclarecendo mal entendidos e mostrando algumas de suas experiências
clássicas com crianças.
93
UNIDADE 1
EXPLORANDO IDEIAS
Piaget não foi um educador, como muitos pensam ainda hoje, e sua obra destinada à
educação não é extensa se comparada a outros temas. Mesmo assim, ele deixou contri-
buições incalculáveis quando conseguimos interpretar sua obra com vistas à prática esco-
lar. Para ele, a educação deve possibilitar à criança o desenvolvimento amplo e dinâmico
desde o período sensório-motor até o período operatório-abstrato. A escola deve levar
em consideração os esquemas de assimilação da criança e partir deles. Deve favorecer
a realização de atividades desafiadoras que provoquem desequilíbrio (“conflitos cogniti-
vos”) e reequilibrações sucessivas, para que promovam a descoberta e a construção do
conhecimento.
[...] Assim, o conhecimento não é concebido apenas como espontaneamente descoberto
pela criança, nem como mecanicamente transmitido pelo meio exterior ou pelo adulto,
mas como resultado dessa interação na qual o indivíduo é sempre ativo. Contrariando
todas as formas de modismos educacionais, Piaget efetivamente elabora uma teoria do
conhecimento e não um método de ensino.
Fonte: Leão (1999, p. 201).
94
UNICESUMAR
95
AGORA É COM VOCÊ
1. Quando explica a teoria do desenvolvimento, Piaget enfatiza que existem alguns fato-
res que são essenciais em todos os estágios, são eles: a maturação, a experiência, a
transmissão social e o processo de equilibração. Nesse sentido, analise as alternativas
e assinale a que apresenta características que correspondem ao fator experiência.
2. Como vimos, a teoria de Piaget foi apropriada pela educação devido à necessidade
de encontrar respostas para as dificuldades apresentadas pelas crianças em seu de-
senvolvimento e em sua aprendizagem; a partir disso, a utilização do Construtivismo
de Piaget se constituiu numa possibilidade de solucionar problemas na Educação.
Considerando o Construtivismo de Piaget, analise as afirmativas e considere V para
verdadeiro e F para falso.
a) V, V, F.
b) F, F, V.
c) V, F, V.
d) F, F, F.
e) V, V, V.
96
AGORA É COM VOCÊ
3. Para Piaget, o processo evolutivo humano acontece a partir de uma base biológica
que poderá ser ativada por meio de interações e ações do sujeito com o meio em
que está inserido. Sendo assim, explique porque o autor compreende a inteligência
como função e estrutura.
97
CONFIRA SUAS RESPOSTAS
2. C. Está correta, pois a afirmativa I e III são verdadeiras e a II é falsa, visto que, para o
Construtivismo, a criança não aprende de modo passivo, mas por meio da diversidade
e da riqueza de oportunidades de interação que lhe são oferecidas em seu cotidiano
e principalmente pela escola.
5. A equilibração acontece cada vez que o sujeito se depara com algo que seja desco-
nhecido, que provoca um conflito, causando um desequilíbrio. Diante disso, o sujeito
busca entrar em contato com o desconhecido; para isso, ele precisa acomodar-se a
ele e, para que possa lidar com ele, é preciso modificar-se, procurando estabelecer o
equilíbrio novamente. Este processo ocorre por meio da assimilação e acomodação.
98
MEU ESPAÇO
MEU ESPAÇO
4
Abordagem
Histórico-Cultural
Me. Raquel de Araújo Bomfim Garcia
Contarei para vocês uma das vivências que tive em meu trabalho com crianças
com deficiência física neuromotora e que muito me intrigava. É a história de um
aluno que, em seu nascimento, foi diagnosticado com anencefalia, ou seja, essa
criança nasceu com ausência de parte do cérebro. O prognóstico médico foi de
que ele sobreviveria por, no máximo, quatro meses. No entanto, essa criança foi
crescendo e, mesmo com limitações motoras e na linguagem, desenvolveu uma
maneira de se comunicar por meio do olhar e de suas expressões faciais. Com isso,
estabelecia uma boa relação com o meio, fazendo-se ser compreendido. Como
isso é possível? De que modo ele conseguiu se desenvolver? A resposta para essas
e outras perguntas sobre o desenvolvimento do sujeito e de suas funções psico-
lógicas superiores são apresentadas pela Teoria Histórico-Cultural.
Vygotsky, o principal mentor dessa teoria, explica que onde os caminhos dire-
tos estão obstruídos, impedidos, abre-se um leque de possibilidades de caminhos
indiretos. Esses, por sua vez, se fazem por meio do social, na relação com o outro,
utilizando-se de instrumentos e signos que foram desenvolvidos pela humanida-
de em sua história. A Teoria Histórico-Cultural traz uma visão diferenciada do
desenvolvimento, na qual o social é determinante nesse processo.
Para compreender melhor essa situação, experienciaremos. Imagine que você
recebeu uma carta do seu banco dizendo que, para que uma transação seja efetua-
da, você precisa realizar o beneplácito. E aí, você faz o beneplácito? Garanto que
você já entrou na internet e recorreu ao dicionário para descobrir o que é bene-
plácito, não é mesmo? Para a Abordagem Histórico-Cultural, a aprendizagem e,
consequentemente, o desenvolvimento acontecem com o auxílio de instrumentos
e signos produzidos ao longo da história. A internet, hoje, é um instrumento que
possibilita o acesso ao conhecimento, mas, com certeza, para que você recorresse
a esse recurso, houve, anteriormente, a mediação de outro mais experiente que
mostrou o caminho.
Assim, a Abordagem Histórico-Cultural traz um novo olhar para o desenvolvi-
mento e a aprendizagem, provocando você a pensar sobre a construção do conhe-
cimento numa perspectiva social, na qual o homem se constitui por meio de suas
relações, tanto com a natureza quanto com outros homens. E destacando a impor-
tância do profissional da educação no processo de mediação do conhecimento.
102
UNICESUMAR
DIÁRIO DE BORDO
EXPLORANDO IDEIAS
No decorrer deste estudo, você observará que o nome de Vygotsky poderá apresentar di-
ferentes grafias, escrevemos conforme a literatura e as traduções. Esclareço que a grafia
será mantida de acordo com a referência bibliográfica da obra original.
103
UNIDADE 1
Descrição da Imagem: a figura 1 apresenta uma fotografia de Lev Semyonovich Vygotsky, homem branco,
com cabelos curtos e escuros, olhos castanhos. Está vestindo uma camisa branca, com gravata e terno
escuro.
104
UNICESUMAR
judaica, e o autor teve uma educação que valorizava a cultura, o que favoreceu
sua formação intelectual (BORTOLANZA; RINGEL, 2016).
Vygotsky apresentou uma carreira acadêmica exemplar, desde a escola até a
universidade, onde iniciou seus estudos no curso de Medicina, mas logo trans-
feriu para Direito; interessou-se por outras áreas, como a Psicologia, Filosofia,
Literatura e Artes, que subsidiaram sua vida profissional e, também, sua produ-
ção científica (BORTOLANZA; RINGEL, 2016). Conforme Longarezi e Puentes
(2013), Vygotsky retornou a Gomel em plena Revolução Russa de 1917, onde foi
trabalhar em escolas como professor de Literatura russa e, também, em cursos
técnicos de Pedagogia, onde lecionava sobre Psicologia Infantil, Geral e Pedagógi-
ca; assim como se dedicava a atividades culturais. Foi nesse contexto de trabalho
que o autor entrou em contato com uma realidade específica — a deficiência —,
o que despertou seu interesse sobre o assunto (BORTOLANZA; RINGEL, 2016).
De acordo com Bridi (2017), essa vivência serviu como estímulo para que
buscasse novas possibilidades que auxiliassem essas crianças em seu desenvol-
vimento. Assim, partindo de 1924, verificamos sua maior produção científica;
seus trabalhos, nesta época, já estavam vinculados ao Instituto de Psicologia de
Moscou. Embasado pelo método dialético, realizou pesquisas relativas às mudan-
ças qualitativas que acontecem no comportamento humano no transcorrer do
seu desenvolvimento, como também sobre as relações tanto com o meio social
quanto cultural em que o sujeito se encontra.
Em vista disso, podemos verificar que suas pesquisas e estudos tiveram ori-
gem na ação revolucionária do autor, que buscava elaborar algo que fosse novo,
uma ciência verdadeiramente humana, um método que pudesse atender às de-
mandas daquele momento histórico. O contexto histórico no qual o autor estava
inserido, ou seja, a mudança do Czarismo para o Comunismo, como também o
cenário internacional — a Primeira Guerra Mundial — influenciaram-no pes-
soalmente e profissionalmente (BORTOLANZA; RINGEL, 2016).
Foi no período Pós-Revolução Russa, entre 1920 e 1930, que se iniciam as
pesquisas conjuntas de Vygotsky, Lúria, Leontiev e outros intelectuais da Rússia,
que tinham como objetivo realizar uma conexão entre o regime que se instau-
rou naquele momento e a produção científica crescente. Esses jovens cientistas
buscavam uma Psicologia que atendesse aos ideais revolucionários e, para isso,
era necessário que ela buscasse auxiliar nos problemas enfrentados pela União
Soviética, tanto sociais quanto econômicos (PALANGANA, 1998).
105
UNIDADE 1
“
Problemas sociais forçam ou exigem diferentes disciplinas científi-
cas se relacionando entre si para que se integrem na busca de uma
solução prática. A multidisciplinaridade de um problema prático
conduz Vygotsky a enfrentar-se com a complexidade. A solução
de um problema social prático requer a integração de diferentes
disciplinas científicas, o que transforma os próprios especialistas,
pelo trabalho interdisciplinar, em práticos, tanto em seu próprio
fazer científico – porque abordagens interdisciplinares não estão
disponíveis a priori, quanto em seu deslocamento para além dos
limites da academia para se reencontrar com a vida social (GE-
RALDI, 2006, p. 13).
106
UNICESUMAR
EXPLORANDO IDEIAS
“[...] a tradução literal para pedologia seria ciência sobre a criança. Mas a tradução literal
de denominação de uma ciência, como sempre, não expressa, de forma suficientemente
precisa, o que a ciência estuda neste objeto [...]. A pedologia é a ciência sobre o desenvol-
vimento da criança”.
Fonte: Vygotsky (2001, p. 10-11 apud PRESTES, 2014, p. 8).
107
UNIDADE 1
EU INDICO
Neste livro, Marta Kohl Oliveira, uma das mais importantes estudio-
sas sobre a teoria de Lev Vygotsky, apresenta uma síntese das ideias
deste autor, localizando-o no contexto histórico em que produziu os
conceitos de sua obra. Ao enfatizar a importância dada por Vygotsky
à cultura e à linguagem na constituição do ser humano, ela explora as
relações entre o desenvolvimento e aprendizado, pensamento e linguagem
e aspectos biológicos e culturais do funcionamento psicológico. É um livro de
grande relevância para quem quer ter um conhecimento mais aprofundado
sobre a obra desse autor.
Fonte: Pixabay
108
UNICESUMAR
109
UNIDADE 1
110
UNICESUMAR
EU INDICO
“
[...] sob forma de processos interpsicológicos ou intermentais (regu-
lados e controlados mediante a interação social com outras pessoas)
e que, até um momento posterior em que se transformam em pro-
cessos individuais, não podem ser efetuados no plano intrapsico-
lógico ou intramental (regulados e controlados a partir do interior
do indivíduo) (MESTRES; GOÑI, 2014, p. 100).
111
UNIDADE 1
“
[...] seria o caso das capacidades de atenção do recém-nascido: os
bebês que acabam de nascer dão atenção prioritariamente a deter-
minados estímulos visuais e auditivos que cumprem determinadas
características. Esses estímulos atuam sobre seu equipamento sen-
sorial e perceptivo, sempre captando a sua atenção e mantendo-a
centrada nele durante um certo tempo, de maneira que o bebê não
possa fazer nada para evitá-lo (MESTRES; GOÑI, 2014, p. 102).
Diante disso, o emergir dessas funções elementares, para Vigotsky, está relaciona-
do à linha natural de desenvolvimento, fundamentada em princípios biológicos,
relacionados à maturidade neurofisiológica (MESTRES; GOÑI, 2014), muito
diferente do processo das funções psicológicas superiores.
No entendimento da Teoria Histórico-Cultural, os processos psicológicos
superiores são tipicamente humanos, como atenção ativa e consciente, memó-
ria voluntária, pensamento abstrato, afetividade, entre outros. E a característica
essencial desses processos consiste no fato de serem mediados por signos, que
possibilitam uma execução consciente e autorregulada. Considerando a atenção,
podemos exemplificar:
“
[...] a partir de um determinado momento no processo de desenvol-
vimento, os meninos e as meninas mostram uma atenção que pode
“escapar” do controle dos aspectos mais evidentes do ambiente para
exercitarem-se de maneira consciente e voluntária: trata-se da ca-
pacidade de estar para aquilo que se quer estar e de manter a aten-
ção sobre aquilo, especialmente se aquilo a que dá atenção é pouco
importante perceptivamente (como quando somos capazes de nos
concentrarmos no estudo, mesmo que por volta haja muito ruído e
tráfego, ou quando escutamos uma explicação muito monótona e
pouco atrativa de um conferencista (MESTRES; GOÑI, 2014, p. 103).
112
UNICESUMAR
“
[...] o que, a princípio, somos capazes de fazer “sob a supervisão e o
controle” de outras pessoas e no âmbito de atividades conjuntas –
no plano intermental – é o que depois seremos capazes de efetuar
de maneira autônoma, sob o nosso controle – em um plano intra-
mental –, ou, dito de outra maneira, o que somos capazes de efe-
tuar individualmente em um determinado momento foi produzido
anteriormente no plano da interação com os outros (MESTRES;
GOÑI, 2014, p. 106).
Os autores acrescentam ainda que esse processo de transição ocorre por meio
da internalização, que é definida por Vigotsky como um processo de reconstru-
ção interna de uma ação que é externa. Esse processo acontece de uma maneira
razoavelmente lenta, de forma parcial e gradativa, sendo o sujeito capaz de criar
e modificar seu funcionamento intramental por meio da reconstrução tanto das
estruturas de mediação quanto dos procedimentos que foram empregados na
ação conjunta, ou também chamada de intermental (MESTRES; GOÑI, 2014).
Em vista disso, para Vygotsky, o desenvolvimento do ser humano acontece
em dois níveis: primeiramente, no nível de desenvolvimento real, que é cons-
tituído pelas atividades que o sujeito consegue realizar de maneira independente.
Está relacionado a ciclos de desenvolvimento completos, ou seja, funções psico-
lógicas construídas pelo sujeito até o momento (ZANELLA, 1994).
113
UNIDADE 1
EXPLORANDO IDEIAS
114
UNICESUMAR
Diante disso, você já deve ter percebido o quanto a mediação tem um papel
fundamental no processo de formação das funções psicológicas superiores, au-
xiliando o sujeito no seu processo de formação enquanto ser humano. Então,
como essa teoria compreende a mediação?
De acordo com Oliveira (2002, p. 26), Vygotsky compreendia que “[...] a
mediação em termos genéricos é o processo de intervenção de um elemento
intermediário numa relação; a relação deixa, então, de ser direta e passa a ser
mediada por esse elemento”. De acordo com a autora, a mediação, que ocorre por
meio de instrumentos e signos, não só auxilia o processo de desenvolvimento
das funções psicológicas superiores, mas também é fundamental para viabilizar
as atividades psicológicas voluntárias, cheias de intencionalidade, que podem
ser dominadas pelo sujeito.
Para Vygotsky, a mente humana estrutura seus conceitos por meio da me-
diação de signos, destacando que linguagem é o modo ou meio primordial para
que os seres humanos consigam elaborar conceitos e aprender, considerando que
isso acontece, constantemente, em um contexto de interação social. A função
semiótica tem grande relevância no processo de estruturação mental do sujeito,
ou seja, na construção de seu conhecimento (MARTINS; MOSER, 2012).
115
UNIDADE 1
116
UNICESUMAR
117
UNIDADE 1
118
UNICESUMAR
PENSANDO JUNTOS
“
Desse ponto de vista, aprendizado não é desenvolvimento; entre-
tanto, o aprendizado adequadamente organizado resulta em desen-
volvimento mental e põe em movimento vários processos de desen-
volvimento que, de outra forma, seriam impossíveis de acontecer.
Assim, o aprendizado é um aspecto necessário e universal do pro-
119
UNIDADE 1
EU INDICO
120
UNICESUMAR
“
Quanto mais progride a humanidade, mais rica é a prática sócio-his-
tórica acumulada por ela, mais cresce o papel específico da educação
e mais complexa é sua tarefa. Razão por que toda a etapa nova de
desenvolvimento da humanidade, bem como no dos diferentes po-
vos, apela forçosamente para uma nova etapa no desenvolvimento
da educação (LEONTIEV, 1978, p. 273).
121
UNIDADE 1
Duarte (2013, p. 19) destaca que “ as relações entre psicologia e educação estão
no próprio núcleo teórico e prático da psicologia histórico-cultural”. Essa teoria
psicológica tem sido a base da prática pedagógica de muitos profissionais de
educação, mas o autor alerta para alguns aspectos que devem ser considerados,
ou seja, que essa abordagem oferece fundamentação à educação escolar. Contu-
do, para que possa colaborar com o trabalho educativo, torna-se essencial que
seja inserido em uma teoria pedagógica. Isso significa que, entre essa abordagem
teórica e uma prática educativa, é fundamental a mediação de uma teoria que seja
pedagógica. Dessa forma, a Psicologia Histórico-Cultural não consiste em uma
Pedagogia, mas oferece subsídios para a sua fundamentação.
O autor destaca outro aspecto a ser considerado, que é a delimitação de uma
teoria pedagógica de acordo com os fundamentos da Psicologia Histórico-Cul-
tural e que faça sua mediação com a educação escolar. Para isso, é necessário que
essa Pedagogia tenha sua fundamentação no materialismo dialético e uma con-
cepção materialista do contexto histórico, sendo a Pedagogia Histórico-Crítica
a mais coerente com essas ideias (DUARTE, 2013).
Para a Pedagogia Histórico-Crítica, “[...] o trabalho educativo é o ato de pro-
duzir, direta e intencionalmente, em cada indivíduo singular, a humanidade que
é produzida histórica e coletivamente pelo conjunto dos homens” (SAVIANI,
2003, p. 13), com isso, resgata-se o trabalho do profissional da educação como
mediador no processo de transmitir o conhecimento acumulado no decorrer da
história da humanidade (HADDAD; PEREIRA, 2013).
Encerramos esta unidade destacando que a obra produzida por Vygotsky
trouxe uma nova concepção de homem, entendendo este como um ser que se
122
UNICESUMAR
concebe por meio de um processo de interação com os outros num contexto his-
tórico, social e cultural.“Ao relacionar aprendizagem ao desenvolvimento, o autor
trouxe um novo olhar para a abordagem de ensino e aprendizagem, mostrando
como o ensino intencional pode promover o desenvolvimento das funções psico-
lógicas superiores dos educandos” (FARIAS; BORTOLANZA, 2013, p. 100-101).
Ao conhecer essa abordagem teórica, você pode levantar suas hipóteses so-
bre os motivos pelos quais ela tem uma relevância considerável na educação
brasileira, servindo de embasamento teórico de muitos dos projetos políticos
pedagógicos e servindo de base para a construção de uma educação diferenciada.
Como verificamos no transcorrer desta unidade, as ideias dessa abordagem
teórica perpassam pelo entendimento de que estamos num processo constante
de mudança, transformando-nos e nos desenvolvendo o tempo todo a cada
nova aprendizagem.
Enquanto profissionais da educação, deparamo-nos com a importância do
nosso papel enquanto mediadores do conhecimento, possibilitando o desen-
volvimento das funções psicológicas superiores. Apresentamos os instrumentos
e signos desenvolvidos no transcorrer da história da humanidade que possam
impulsionar a sua aprendizagem e, consequentemente, o desenvolvimento en-
quanto ser humano.
O entendimento de que a cultura é determinante no processo de desenvolvi-
mento destaca o papel da educação, em que o sujeito terá acesso ao conhecimento
científico por meio de intervenções repletas de intencionalidade, por meio da
sistematização da aprendizagem, viabilizando a organização dos processos de
formação do sujeito, estruturando a sua humanização.
A visão dessa abordagem teórica propicia a você, futuro(a) profissional da
educação, um novo olhar para o desenvolvimento, com muito mais possibilida-
des, não se limitando às determinações biológicas, tendo a certeza de que o social
é determinante nesse processo.
Chegamos ao final desta unidade com a expectativa de que as ideias revolu-
cionárias de Vigotsky tenham despertado o seu interesse em se aprofundar, cada
vez mais, no conhecimento sobre essa abordagem teórica que será de grande
importância na sua vida profissional.
123
AGORA É COM VOCÊ
124
CONFIRA SUA RESPOSTA
125
MEU ESPAÇO
5
Temas
Convergentes com
a Psicologia da
Educação
Me. Raquel de Araújo Bomfim Garcia
128
UNICESUMAR
DIÁRIO DE BORDO
129
UNIDADE 1
130
UNICESUMAR
131
UNIDADE 1
“
Os estímulos (fome ou sede, por exemplo) dos instintos são inter-
nos. Quando uma necessidade como a fome é despertada no corpo,
ela gera uma situação de excitação ou energia fisiológica. A mente
transforma essa energia corporal em um desejo. É esse desejo – a
representação mental da necessidade fisiológica –, que é o instinto
ou a força impulsora que motiva a pessoa a se comportar de uma
forma que satisfaça a necessidade. Uma pessoa com fome, por exem-
plo, agirá para satisfazer a sua necessidade procurando comida. O
instinto não é o estado corporal, mas a necessidade corporal trans-
formada em um estado mental, um desejo (SCHULTZ, 2015, p. 46).
132
UNICESUMAR
EXPLORANDO IDEIAS
133
UNIDADE 1
134
UNICESUMAR
PENSANDO JUNTOS
135
UNIDADE 1
Consciente:
Contato com o mundo exterior
EGO Pré-consciente:
Princípio de realidade Material um pouco abaixo da
Processo secundário superfície da consciência
Inconsciente:
SUPEREGO Material difícil de recuperar,
ID
Imperativos bem abaixo da superfície
Princípio do prazer
morais da consciência
Processo primário
136
UNICESUMAR
137
UNIDADE 1
FASE ORAL
Correspondente ao primeiro ano da vida da criança.
Libido está localizada na parte superior do trato digestivo.
Energia voltada para a autopreservação, principalmente
ligada a alimentação.
FASE ANAL
Acontece entre o segundo e terceiro ano de vida.
Nesta a libido centraliza-se na atividade anal, coincidindo com o
momento de treinamento da higiene pessoal.
Exigências vindas do meio referentes ao controle dos esfíncteres.
FASE FÁLICA
Período que vai dos 3 aos 5 anos.
Interesses libidinal direciona-se para os órgãos genitais, sendo
comum nessa fase a exibição e manipulação dos genitais, como
também o interesse pelas diferenças sexuais.
PERÍODO DE LATÊNCIA
Este período vai dos 5 até a puberdade.
Nesta só os impulsos libidinais são postergados a um segundo
plano, priorizando-se o desenvolvimento intelectual.
FASE GENITAL
Inicia com a puberdade, dos 12 anos em diante.
A libido retorna sua ação reforçada pelo desenvolvimento
dos órgãos genitais.
Preparação para as relações adultas, em preparação para a
maturidade.
138
UNICESUMAR
139
UNIDADE 1
140
UNICESUMAR
“
A afetividade é um conceito amplo que, além de envolver um com-
ponente orgânico, corporal, motor e plástico, que é a emoção, apre-
senta também um componente cognitivo, representacional, que são
os sentimentos e a paixão. O primeiro componente a se diferenciar
é a emoção, que assume o comando do desenvolvimento logo nos
primeiros meses de vida; posteriormente, diferenciam-se os senti-
mentos e, logo a seguir, a paixão (MAHONEY, 2004 apud MAR-
QUES, 2016, p. 7).
141
UNIDADE 1
“
Em Les origines du caractère chez l’enfant (1934). Esse autor destaca
a importância da afetividade no processo de desenvolvimento da
personalidade da criança, que se iniciaria de forma sincrética e gra-
dativamente adquiriria contornos mais nítidos através dos proces-
sos de diferenciação” (FERREIRA; ACIOLY-RÉGNIER, 2010, p. 26).
143
UNIDADE 1
“
Quando a afetividade prepondera sobre a dimensão cognitiva, o
indivíduo está voltado para a construção do seu eu e, por isso, o
movimento é para o interior da pessoa (movimento centrípeto).
Quando a cognição prepondera, o movimento é para o exterior
(força centrífuga), para o conhecimento do mundo, das coisas. A
dimensão motora não assume preponderância em fase alguma, mas
exerce um papel fundamental na evolução da pessoa.
“
O motor, o afetivo, o cognitivo, a pessoa, embora cada um desses
aspectos tenha identidade estrutural e funcional diferenciada, estão
tão integrados que cada um é parte constitutiva dos outros. Sua se-
144
UNICESUMAR
“
[...] 1. a ação da escola não se limita à instrução, mas se dirige
à pessoa inteira e deve converter-se em um instrumento
para seu desenvolvimento: esse desenvolvimento pressu-
põe a integração entre as dimensões afetiva, cognitiva e
motora; 2. a eficácia da ação educativa se fundamenta no
conhecimento da natureza da criança, de suas capacidades,
necessidades, ou seja, no estudo psicológico da criança; 3. é
no meio físico e social que a atividade infantil encontra as
alternativas de sua realização; o saber escolar não pode se
isolar desse meio, mas sim, nutrir-se das possibilidades que
ele oferece (ALMEIDA, 2002, p. 32).
145
UNIDADE 1
“
Wallon destaca que as interações com o outro promovem avan-
ços na forma do sujeito relacionar-se com o mundo físico e so-
cial, levando a novas formas de sentir e pensar. Em cada estágio de
desenvolvimento há necessidades diferentes, que exigem formas
de relacionamento diferentes, níveis de sensibilização e percepção
distintos, induzindo sentimentos e emoções qualitativamente mais
sofisticados. As exigências afetivas acompanham as exigências cog-
nitivas e vice-versa (TASSONI; LEITE, 2013, p. 270).
146
UNICESUMAR
Minicucci (2019) ressalta que o aspecto mais relevante das relações humanas
é a compreensão do outro, entendendo-a como uma sensibilidade social, uma
empatia. Um outro aspecto que o autor destaca como essencial é a flexibilida-
de de ação (comportamento), ou seja, ser capaz de reagir a uma certa situação,
com uma determinada pessoa, de maneira apropriada (exemplo: a minha reação
frente a uma agressão será diferente se ela for realizada por uma criança ou por
um adulto). Assim, a flexibilidade de comportamento nos exige a capacidade de
analisar o comportamento do outro, percebendo suas especificidades.
EXPLORANDO IDEIAS
“Em sua essência a empatia significa colocar-se na posição ou situação da outra pessoa,
num esforço de entendê-la” (BOWDITCH; BUONO, 2002, p. 86). Por mais que isso possa
ser considerado simples, não é uma tarefa fácil de se colocar em prática, pois a sociedade,
geralmente, ensina as pessoas a esconderem suas emoções.
147
UNIDADE 1
Nesse processo, devemos ter cuidado com os estereótipos, efeito Halo e as expec-
tativas. O estereótipo consiste em “um modo rígido de se formar impressões consisten-
tes sobre as outras pessoas, supondo que todas tenham certas características comuns
em virtude de sua afiliação (tanto atribuída como obtida) a algum grupo ou categoria
[...]” (BOWDITCH; BUONO, 2002, p. 66). Já no efeito Halo, verificamos a atitude de
deixar que uma única caraterística do sujeito ou de um grupo acabe por impedir a
percepção de outras características deles (exemplo: porque o sujeito é excelente em
uma determinada área, tem que ser bem informado em outras áreas da vida). As
nossas expectativas também podem influenciar na nossa percepção social, em como
veremos e ouviremos, induzindo nosso comportamento e atitudes para com os outros
e até distorcendo a situação (BOWDITCH; BUONO, 2002).
Quando falamos de convivência grupal, precisamos compreender que os gru-
pos, seja ele familiar, escolar, de trabalho ou lazer, apresentam características que
são comuns. Ou seja, os grupos são constituídos por duas, três ou mais pessoas,
conscientes umas das outras e que, por meio da interação, visam a um objetivo
comum (BOWDITCH; BUONO, 2002). Minicucci (2019) destaca os papéis que
são desempenhados no contexto dos grupos, esclarecendo que eles podem ser
funcionais (que facilitam o desenvolvimento das atividades) e bloqueadores (que
impedem seu desenvolvimento). Diante disso, é importante que o profissional
da educação esteja atento aos papéis que se estabelecem nos grupos, entenden-
do, também, quais são os seus objetivos, para auxiliá-los a terem relações mais
funcionais e enriquecedoras.
No desenvolvimento de capacidades de relacionamento mais eficazes, de-
paramo-nos com um dos aspectos mais importantes nas relações interpessoais:
a comunicação. Bowditch e Buono (2002, p. 80) explicam que a comunicação é
definida frequentemente como “uma troca de informações entre o transmissor
e um receptor, e a inferência (percepção) do significado entre os indivíduos en-
volvidos”. Consiste num processo didático (de pessoa para outra pessoa) e inte-
rativo, em que são compartilhados significados e expectativas por meio da troca
de símbolos. Estes, por sua vez, podem ser não verbais ou verbais, que recebem
influência de fatores que são intencionais ou não (como sentimentos e emoções).
Os autores acrescentam que, no contexto da comunicação interpessoal, po-
de-se definir quatro funções básicas: controle (relacionado ao esclarecimento
de responsabilidades, introdução de regras, buscando o estabelecimento de au-
toridade), informação (propiciando o suporte para a tomada de decisões como,
148
UNICESUMAR
EXPLORANDO IDEIAS
149
UNIDADE 1
150
UNICESUMAR
EXPLORANDO IDEIAS
De acordo com Sposito (2001), a violência que chega ao meio pedagógico pode
ter sua origem tanto na violência social externa que reflete na instituição escolar,
principalmente, nas públicas, como, também, pode resultar de ações agressivas
que se constroem dentro do contexto de ensino. Benevides-Pereira (2002) explica
que essa situação somada à responsabilidade pela aprendizagem e bem estar dos
alunos, como, também, as exigências profissionais, dentre outros fatores, acabam
por tornar a atividade docente um tanto complexa. Todos esses aspectos que
constituem o ambiente de trabalho docente desencadeiam um clima escolar/
social desfavorável, desencadeando, muitas vezes, a Síndrome de Burnout.
151
UNIDADE 1
152
UNICESUMAR
EU INDICO
Esse tema despertou seu interesse? Quer conhecer um pouco mais sobre a
Síndrome de Burnout? Então, leia o texto “Síndrome de Burnout ou estafa
profissional e os transtornos psiquiátricos” em
Um outro cuidado que se deve ter no contexto escolar com relação à violência
refere-se ao aluno, sendo que uma das manifestações dela é o bullying. Conforme
Smith (2002 apud ANTUNES, 2010), o bullying caracteriza-se por comporta-
mentos agressivos, repetitivos, apoiados num desequilíbrio de poder. O destaque
quanto à natureza repetitiva do bullying acontece devido à mesma pessoa ser o
alvo de agressões por várias vezes, não sendo capaz de se defender de maneira
eficiente a ponto de conseguir cessá-la. Com relação ao desequilíbrio de poder,
caracteriza-se por diferenças quanto à idade, estatura, desenvolvimento tanto
físico quanto emocional e, também, pelo suporte de outros colegas envolvidos
na situação (FANTE, 2005; OLWEUS, 1993).
EU INDICO
Para Aguiar e Barrera (2017), o bullying apresenta duas variações, podendo ser
direto ou indireto. Quando ocorre o bullying direto, o agressor foca suas agres-
sões diretamente à vítima (exemplo: ofensas, xingamentos, apelidos impróprios,
entre outros), podendo apresentar, também, agressões físicas e até sexuais. Pode
acontecer da vítima ter seus pertences roubados ou danificados, pode, ainda,
ser forçada a pagar despesas ou fazer atividades escolares dos agressores. Já no
bullying indireto, verificamos atos que têm como objetivo ignorar ou excluir
153
UNIDADE 1
“
[...] é importante contextualizar o fenômeno, ou seja, considerando
o tipo de ato realizado (por exemplo, violação de senhas, acesso e
roubo de dados pessoais, piadas e comportamentos de humilhação,
entre outros) e o meio onde ocorre (sites de redes sociais, e-mails,
torpedos SMS [Short Message Service], entre outros).
154
UNICESUMAR
PENSANDO JUNTOS
“A terceira edição da Pesquisa Nacional de Saúde do Escolar, por exemplo, revelou que
88,9% das escolas investigadas no país possuem uma política que proíbe a prática de
bullying, entretanto, mesmo assim, 20,1% dos seus alunos admitem praticarem esse tipo
de violência”.
Fonte: Oliboni et al. (2019, p. 10).
Toro, Neves e Rezende (2010, p. 135), em seus estudos, destacam “que o cenário
de violência na escola está ancorado em relações de expropriação de poder sus-
tentadas por autoritarismo, repressão e ruptura do diálogo, elementos essenciais
à potencialização do bullying”. Os autores enfatizam que, para que ocorra uma
mudança nesse cenário, é necessário que se construam relações baseadas em
princípios de respeito, tolerância, desenvolvimento e criação. É fundamental o
entendimento sobre o bullying, sabendo, assim, identificar situações de violência
na escola, pensando em estratégias de enfrentamento. Esse, com certeza, é um
grande desafio, mas torna-se fundamental nas diferentes instâncias que organi-
zam o contexto educacional.
Diante disso, Cardoso (2009) esclarece que a violência consiste em um com-
portamento aprendido e que, por isso, pode ser desaprendido, dessa forma,
a escola se torna o ambiente ideal para o desenvolvimento de programas de
prevenção, trabalhando estratégias de resolução de conflitos, o respeito mú-
tuo, o autocontrole, modos de resistir à frustração como, também, noções de
equidade, conscientização e respeito às especificidades. Para o autor, essas ex-
periências tanto podem ser aprendidas quanto experimentadas e concretizadas
por meio do debate de ideias e diálogo, possibilitando, assim, que optem por
alternativas não violentas.
155
UNIDADE 1
“
[...] o entorno social, representado pelos valores, conhecimentos e
ideais sociais predominantes em determinado período histórico,
articula-se à elaboração de pressupostos coletivos, no sentido da
sua predominância em relação às pessoas que vivem nesse período.
Nessa perspectiva, configura-se a construção de uma rede cultural
e social que se agrega à constituição subjetiva, mas não restringe ou
define essa constituição, já que o aspecto singular se configura via as
experiências idiossincráticas das pessoas, ou seja, pela apropriação
que elas realizam da dimensão coletiva (SOUZA, 2004, p. 121).
156
UNICESUMAR
157
UNIDADE 1
158
AGORA É COM VOCÊ
Um dos temas abordados nesta unidade foi a empatia, que, em linhas gerais, significa a ca-
pacidade de estarmos nos colocando no lugar do outro. Compreendendo-o a partir da sua
perspectiva, sendo essa atitude essencial no trabalho educacional. Como colocamos no início
desta unidade, o autoconhecimento é fundamental nesse processo. Por isso, propomos com
esta atividade que você organize um MAPA de EMPATIA, o qual proporcionará uma reflexão
sobre alguns aspectos importantes das suas relações. Apresentamos um modelo para que
você possa estruturar suas ideias. Mergulhe nessa oportunidade de autoconhecimento com
o intuito de perceber pontos fortes e, também, o que precisa melhorar. Com certeza, isso fará
a diferença no seu trabalho como profissional da educação, comprometido com a formação
integral do aluno.
Apresento, a seguir, as questões sobre as quais deverá refletir em cada um dos campos.
159
AGORA É COM VOCÊ
O que
PENSA E SENTE?
O que O que
OUVE? VÊ?
O que
FALA E FAZ?
160
CONFIRA SUA RESPOSTA
161
MEU ESPAÇO
MEU ESPAÇO
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