Você está na página 1de 200

Anatomia

Humana
PROFESSORA
Dra. Carmem Patrícia Barbosa

ACESSE AQUI O SEU


LIVRO NA VERSÃO
DIGITAL!
EXPEDIENTE
DIREÇÃO UNICESUMAR
Reitor Wilson de Matos Silva Vice-Reitor Wilson de Matos Silva Filho Pró-Reitor de Administração Wilson de Matos Silva Filho
Pró-Reitor Executivo de EAD William Victor Kendrick de Matos Silva Pró-Reitor de Ensino de EAD Janes Fidélis Tomelin
Presidente da Mantenedora Cláudio Ferdinandi

NEAD - NÚCLEO DE EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA


Diretoria Executiva Chrystiano Mincoff, James Prestes, Tiago Stachon Diretoria de Graduação e Pós-graduação Kátia Coelho Diretoria
de Cursos Híbridos Fabricio Ricardo Lazilha Diretoria de Permanência Leonardo Spaine Head de Graduação Marcia de Souza Head
de Metodologias Ativas Thuinie Medeiros Vilela Daros Head de Tecnologia e Planejamento Educacional Tania C. Yoshie Fukushima
Head de Recursos Digitais e Multimídias Franklin Portela Correia Gerência de Planejamento e Design Educacional Jislaine Cristina
da Silva Gerência de Produção Digital Diogo Ribeiro Garcia Gerência de Recursos Educacionais Digitais Daniel Fuverki Hey
Supervisora de Design Educacional e Curadoria Yasminn T. Tavares Zagonel Supervisora de Produção Digital Daniele Correia

PRODUÇÃO DE MATERIAIS

Coordenador de Conteúdo Lilian Rosana dos Santos Moraes Designer Educacional Raquel Frata; Antonio E. Nicacio
Revisão Textual Meyre Aparecida B. da Silva Editoração Lavígnia S. Santos Ilustração Andre Luis A. da Silva Realidade
Aumentada Maicon Douglas Curriel Fotos Shutterstock.

FICHA CATALOGRÁFICA

C397 CENTRO UNIVERSITÁRIO DE MARINGÁ.


Núcleo de Educação a Distância. PATRÍCIA BARBOSA, Carmem.

Anatomia Humana.
Carmem Patrícia Barbosa.
Maringá - PR.: Unicesumar, 2021.
200 p.
“Graduação - EaD”.

1. Anatomia 2. Humana. EaD. I. Título.

Impresso por:
CDD - 22 ed. 611
CIP - NBR 12899 - AACR/2
ISBN 978-65-5615-431-2

Pró Reitoria de Ensino EAD Unicesumar


Bibliotecário: João Vivaldo de Souza CRB- 9-1679 Diretoria de Design Educacional

NEAD - Núcleo de Educação a Distância


Av. Guedner, 1610, Bloco 4 - Jd. Aclimação - Cep 87050-900 | Maringá - Paraná
www.unicesumar.edu.br | 0800 600 6360
BOAS-VINDAS
A UniCesumar celebra os seus 30 anos de história
avançando a cada dia. Agora, enquanto Universi-
dade, ampliamos a nossa autonomia e trabalhamos Tudo isso para honrarmos a
diariamente para que nossa educação à distância nossa missão, que é promover
continue como uma das melhores do Brasil. Atu- a educação de qualidade nas
amos sobre quatro pilares que consolidam a visão diferentes áreas do conhecimento,
abrangente do que é o conhecimento para nós: o formando profissionais
intelectual, o profissional, o emocional e o espiritual. cidadãos que contribuam para o
desenvolvimento de uma sociedade
A nossa missão é a de “Promover a educação de
justa e solidária.
qualidade nas diferentes áreas do conhecimento,
formando profissionais cidadãos que contribuam
para o desenvolvimento de uma sociedade justa e
solidária”. Neste sentido, a UniCesumar tem um
gênio importante para o cumprimento integral de-
sta missão: o coletivo. São os nossos professores e
equipe que produzem a cada dia uma inovação, uma
transformação na forma de pensar e de aprender.
É assim que fazemos juntos um novo conhecimento
diariamente.

São mais de 800 títulos de livros didáticos como este


produzidos anualmente, com a distribuição de mais
de 2 milhões de exemplares gratuitamente para nos-
sos acadêmicos. Estamos presentes em mais de 700
polos EAD e cinco campi: Maringá, Curitiba, Londri-
na, Ponta Grossa e Corumbá), o que nos posiciona
entre os 10 maiores grupos educacionais do país.

Aprendemos e escrevemos juntos esta belíssima


história da jornada do conhecimento. Mário Quin-
tana diz que “Livros não mudam o mundo, quem
muda o mundo são as pessoas. Os livros só mudam
as pessoas”. Seja bem-vindo à oportunidade de fazer
a sua mudança!

Reitor
Wilson de Matos Silva
MINHA HISTÓRIA
MEU CURRÍCULO
Meu nome é Carmem Patrícia Barbosa. Embora nos meus
ambientes profissionais todos me chamem de Carmem, em
casa e para as pessoas mais próximas eu sou chamada de
Patrícia, porque Carmem era o nome da minha mãe (meu
pai a homenageou dando-me o nome dela). Fique à vontade
se preferir me chamar de Patrícia. Eu sou mãe da Nayara, da
Tayná e da Yasmin. Elas são, literalmente, a melhor parte da
minha história.
Não posso dizer que minha história foi daquelas fáceis. Fui de
família pobre e batalhadora, filha de pais separados, estudei
a vida toda em escola pública, mas sempre fui muito deter-
minada e sempre contei com a poderosa ajuda de Deus e de
pessoas maravilhosas que ele colocou em minha vida como
anjos. Sempre amei estudar e aprender coisas novas. Apren-
der para mim (até hoje) é maravilhoso. Gosto de aprender
sobre tudo e sempre.
Ensinar também sempre foi uma paixão para mim. Brinco que,
se eu não fosse professora, o meu sonho seria ser. De igual
modo, a Anatomia Humana sempre despertou em mim curio-
Aqui você pode sidade e fascínio. Desde o primeiro ano da minha graduação,
conhecer um eu olhava o cadáver dissecado e pensava quão fabuloso seria
pouco mais sobre
ter o conhecimento pleno de cada pedacinho dele (artérias,
mim, além das
informações do veias, nervos, gânglios, músculos, ligamentos etc.). E, assim,
meu currículo. eu vim parar aqui. Espero que você se apaixone por esta
ciência tão bela como um dia eu me apaixonei. Forte abraço
e muito estudo pra você!
http://lattes.cnpq.br/9374304100882579
RECURSOS DE
IMERSÃO
REALIDADE AUMENTADA

Sempre que encontrar esse ícone, esteja conectado à internet e inicie o aplicativo
Unicesumar Experience. Aproxime seu dispositivo móvel da página indicada e veja os
recursos em Realidade Aumentada. Explore as ferramentas do App para saber das
possibilidades de interação de cada objeto.

RODA DE CONVERSA

Professores especialistas e convidados, ampliando as discussões sobre os temas.

PÍLULA DE APRENDIZAGEM

Uma dose extra de conhecimento é sempre bem-vinda. Posicionando seu leitor de QRCode
sobre o código, você terá acesso aos vídeos que complementam o assunto discutido

PENSANDO JUNTOS

Ao longo do livro, você será convidado(a) a refletir, questionar e transformar. Aproveite


este momento.

EXPLORANDO IDEIAS

Com este elemento, você terá a oportunidade de explorar termos e palavras-chave do


assunto discutido, de forma mais objetiva.

EU INDICO

Enquanto estuda, você pode acessar conteúdos online que ampliaram a discussão sobre
os assuntos de maneira interativa usando a tecnologia a seu favor.

Quando identificar o ícone de QR-CODE, utilize o aplicativo Unicesumar


Experience para ter acesso aos conteúdos on-line. O download do aplicativo
está disponível nas plataformas: Google Play App Store
PROVOCAÇÕES
INICIAIS
ANATOMIA HUMANA

Prezado(a) aluno(a), vamos supor que um hospital da rede pública de saúde da sua
cidade abra uma vaga de estágio remunerado, no setor de atendimento aos pacientes
pós-consultas médicas. Esta vaga é exclusiva para alunos do segundo ano de gradua-
ção, na área da saúde e do bem-estar, pois, assim, a disciplina de Anatomia Humana
já teria sido cursada.
Você precisa muito conseguir este estágio para adicionar em seu currículo, pois sua
intenção é prestar concurso público nesta área. Além disso, você também precisa da
remuneração oferecida (que é muito boa, aliás, e servirá para mantê-lo em melhores
condições, durante seu período de graduação). Você conhece os órgãos que constituem
os sistemas que formam o nosso corpo? Considerando a complexidade da linguagem
médica para os pacientes bem como o agravamento desta dificuldade, devido à baixa
escolaridade da população, e os conhecimentos de Anatomia Humana que constituem
a base da prova, você se considera apto para prestar esta avaliação?
O setor em que você buscará o estágio é de extrema importância, pois muitos pacientes
e/ou acompanhantes têm dificuldade de entender o que os médicos dizem em relação ao
diagnóstico, aos procedimentos terapêuticos e, até mesmo, em relação ao prognóstico
dos pacientes. Esta dificuldade é agravada pelo baixo nível de escolaridade da maioria
deles e pelo estresse que envolve esta etapa da internação. Assim, a prova de seleção
avaliará o conhecimento específico dos candidatos em relação ao corpo humano e à
anatomia humana é a base da prova.
A Anatomia Humana é a área de conhecimento que intenciona estudar o corpo huma-
no. Por meio dela, compreendemos a morfologia do corpo, ou seja, a forma de suas
estruturas. Assim, cada sistema e cada órgão, individualmente, pode ser plenamente
conhecido a partir do estudo anatômico. Os principais sistemas estudados neste campo
de pesquisa são o esquelético, articular, muscular, nervoso, circulatório, tegumentar,
respiratório, digestório, urinário, endócrino e reprodutor.
Vamos imaginar que você passou na prova de seleção para o estágio, e, em seu primeiro
dia de estágio, aparece uma mãe cujo filho foi internado com muita fraqueza muscular,
falta de ar e cianose (arroxeamento das extremidades). O médico disse a ela que seu
filho tem sopro cardíaco. Por não ter entendido as palavras do médico, ela te pergunta:
O que é sopro cardíaco? O que são válvulas cardíacas? Como será feita a cirurgia que
o médico disse ser necessária? Analisando estas e tantas outras perguntas às quais
você poderá ser confrontado, explique como você responderia aos questionamentos
desta mãe.
Veja bem, se você não tiver o pleno conhecimento da morfologia (forma) e da fisiologia
(função) do coração, você será incapaz de passar as adequadas informações a esta mãe
e aos outros tantos pacientes/familiares que lhe pedirão orientações em seu estágio.
Desta forma, é importante que você tenha em mente que a disciplina Anatomia Huma-
na é imprescindível para lhe dar competência suficiente para solucionar este e tantos
outros problemas que você enfrentará.
Considerando todas as necessidades dos profissionais da área da saúde e do bem-estar
em relação ao mercado de trabalho e à qualificação profissional, este livro visa elucidar
as funções de cada sistema do corpo humano. Além disso, todas as estruturas anatô-
micas que os formam serão abordadas de maneira pormenorizada visando esclarecer
os principais aspectos morfológicos e funcionais de maneira aplicada à prática de sua
profissão.
Quando eu era criança, encantava-me ao ver um mecânico abrindo o capô do carro,
observando, atentamente, seu motor, olhando cada detalhe daquele monte de peças
e fios que formam o que dá vida ao carro, o motor. Para ser sincera, até hoje eu olho
e penso: “Como deve ser difícil desvendar com precisão onde está o problema e como
o consertar! Tem muita coisa aí dentro”!
Pois bem, após o término da minha graduação, decidi estudar Anatomia Humana, e
imagine qual foi a minha reação ao começar a estudar com mais detalhes todas as
artérias, veias, nervos, linfáticos e tudo o mais que forma nosso corpo? Lembrei dos
mecânicos, com admiração, e pensei: “Se eles conseguem, eu também vou conseguir”.
De fato, hoje, considero o corpo humano de muito maior complexidade do que qualquer
motor que o homem já possa ter inventado. Sempre que estudo (e olha que eu estudo
muito), penso e digo aos meus alunos que, cada vez que compreendo algo novo sobre
o corpo, não posso deixar de enfatizar a perfeição da criação de Deus: o homem.
Ainda precisamos, no entanto, aprender mais sobre esta extraordinária máquina, a
fim de que possamos encontrar a cura para graves doenças como a de Alzheimer ou
mesmo a esclerose lateral amiotrófica. Sendo assim, o estudo não pode parar, e você
faz parte disso. Enquanto profissional da área da saúde e do bem-estar, você não é
apenas responsável por manter o corpo em perfeito funcionamento, mas também deve
atentar para a qualidade de vida das pessoas. Além disso, tem a responsabilidade de
pesquisar e divulgar o conhecimento, pois você teve a oportunidade de conhecer todos
os sistemas do corpo e de inter-relacioná-los. Isso é fabuloso! Espero que considere
tudo isto para sempre e nunca pare de se aperfeiçoar.
Forte abraço! Carmem.
CAMINHOS DE
APRENDIZAGEM

1
9
INTRODUÇÃO AO
ESTUDO DA
ANATOMIA
HUMANA E SISTEMA
TEGUMENTAR

2
41

APARELHO
LOCOMOTOR
3
91

ESPLANCNOLOGIA

4
153

SISTEMA
NEUROENDÓCRINO
1
Introdução ao Estudo
da Anatomia Humana
e Sistema Tegumentar
Dra. Carmem Patrícia Barbosa

Na Unidade 1, você terá seu primeiro contato com a Anatomia


Humana. Entenderá seus principais conceitos, a importância, os
aspectos históricos e a terminologia. Ademais, você entenderá as
divisões do corpo humano, seus planos de estudo (aqueles que o
tocam e aqueles que o cortam) e os eixos que permitem seus mo-
vimentos. Por fim, você terá a oportunidade de aprender sobre a
constituição do tegumento comum, entender as funções de cada
uma de suas estruturas e entenderá as alterações mais comuns
que podem acometê-lo.
UNICESUMAR

Caro(a) aluno(a), imagine, agora, que você seja contratado para prestar uma consultoria especial no
Instituto Médico Legal (IML) de sua cidade, em decorrência de um homicídio doloso que ocorreu
com uma mulher, há 15 dias. Em seu relato, você precisaria descrever quais foram os danos causados
ao tegumento comum da vítima e quais foram os planos de corte usados na secção do corpo pela arma
branca utilizada pelo assassino.
Está sentindo que tem um nó em sua cabeça, ou você tem noção de como um cadáver é dissecado?
E os planos e os eixos do corpo humano, você conhece? Você já ouviu falar do tegumento comum,
que seria de sua responsabilidade tratar no relatório? Pois bem! Talvez você nunca tenha ouvido falar
destes termos, mas você precisará ter esses conceitos muito bem definidos porque, em sua atuação
profissional, enquanto na área da saúde e do bem-estar, tais conceitos sempre serão, amplamente, usados
e adotados como padrão e referência. Assim, ser assertivo em seu relato enquanto legista é de extrema
importância, pois você poderá contribuir para que um criminoso seja preso e a justiça prevaleça.
A fim de que você possa ter um conhecimento prévio sobre o caso descrito anteriormente, gostaria
que você fizesse uma pesquisa sobre quais são as estruturas que compõem o tegumento comum e
qual destas poderia revelar algo mais específico sobre o assassino e a forma como se deu o assassinato.
Adicionalmente, quero que você faça uma pesquisa básica sobre quais são os planos de corte usados
em anatomia humana para que um cadáver possa ser dissecado de forma correta.
Acho que, refletindo no caso apresentado, você concordará comigo que é, realmente, muito impor-
tante você se dedicar ao estudo da anatomia humana porque, só assim, você será capaz de responder
com propriedade as perguntas que lhe serão impostas, no decorrer de sua vida profissional. Refletindo
bem, você também concordará que conhecimentos prévios básicos sobre essa disciplina são essenciais
para lhe dar segurança em seu desempenho laboral.
Respondendo aos questionamentos apresentados, as estruturas que compõem o tegumento comum
incluem a pele e seus anexos, bem como a tela subcutânea (também conhecida como hipoderme). Entre
tais estruturas, a pele e as unhas da vítima poderiam revelar algo mais específico sobre o assassino e
a forma como se deu o assassinato, pois poderiam conter material biológico do assassino para uma
possível análise de DNA. Em relação aos planos de corte usados em anatomia humana para dissecar
o cadáver, estão o sagital, o coronal e o transversal. Contudo não precisamos ter pressa, pois ainda
abordaremos estes temas com mais profundidade.

10
UNIDADE 1

DIÁRIO DE BORDO

CONCEITO E INTRODUÇÃO AO ESTUDO DA ANATOMIA HUMANA

Depois de tantas informações iniciais, vamos, agora, caro(a) aluno(a), entender sobre este assunto
por etapas. Para muitas pessoas, falar em anatomia humana pode ser assustador. Isso porque muitos
pensam (talvez até para você) que anatomia é sinônimo de pessoas mutiladas, assombrações ou coisas
do gênero. Na verdade, a anatomia não tem nada de assustador, muito pelo contrário, é uma ciência
simplesmente encantadora, que muito nos tem esclarecido ao longo dos anos.
A anatomia estuda a estrutura do ser humano e as relações entre as partes que o formam. O termo
anatomia deriva de duas palavras gregas, ana e tomnein, que significam, respectivamente, em partes
e cortar ou incisar. Esta palavra foi escolhida porque, na Grécia Antiga, a atenção era dada, exclu-
sivamente, ao ato de cortar, o que estava implícito no conceito geral da anatomia. Tal fato explica, ao
menos parcialmente, porque, até mesmo nos dias de hoje, muitas pessoas se sentem incomodadas ou
têm medo de estudar anatomia.
Enquanto ciência, a anatomia tem um significado muito mais amplo, pois estuda, macro e micros-
copicamente, a constituição e o desenvolvimento do ser humano. Sua existência sempre esteve rela-
cionada à imensa curiosidade do homem em compreender as estruturas que o formam e as diferenças
que existem em relação aos seus semelhantes, em termos de constituição e função. O início dos estudos
anatômicos foi difícil, pois princípios éticos e religiosos da época impunham restrições ao ato de expor
o corpo humano, já que, para desvendar os mistérios desta fabulosa máquina, a simples observação
superficial não era suficiente. Por isso, a necessidade de aprofundar tal estudo foi, posteriormente,
saciada pela dissecação (ou dissecção).

11
UNICESUMAR

A palavra dissecar tem origem latina e é produto da fusão de dis (separar) e secare (cortar). Assim, por
meio da dissecação, o corpo e seus órgãos podem ser expostos, cirurgicamente, de maneira metódica, por
meio de incisões adequadas que mantêm a organização natural de cada parte. Dessa forma, é possível manter
os órgãos separados, mas, ao mesmo tempo, em uma relação de dependência entre forma e função. Assim,
a anatomia enquanto ciência está, amplamente, embasada no ato de cortar o corpo humano pelo método
da dissecção ou dissecação, a fim de melhor compreender sua estrutura externa e interna (FREITAS, 2004).
Vale ressaltar que os estudos da anatomia humana são realizados no cadáver - nome dado ao corpo
após a morte, enquanto este ainda conserva parte de seus tecidos. O termo cadáver, segundo a etimologia
popular, teve origem na expressão latina caro data vermibus, que significa a carne dada aos vermes. Os
etimologistas defendem que a palavra deriva da raiz cado, que significa caído. Estranho, não é? Esse termo
foi escolhido, devido ao fato de que, como o estudo anatômico era, inicialmente, proibido, aqueles que se
interessavam pela dissecação, muitas vezes, o faziam às escuras, violando sepulturas e dissecando corpos
que já estavam em estado de putrefação.
Complementarmente, estudos realizados em animais originaram a anatomia comparativa, por meio
da qual a compreensão da constituição do corpo era realizada, primeiramente, em animais para posterior
comparação com seres humanos. Inclusive, a dissecação de animais prenhes permitiu a observação de fetos
e representou o início da Embriologia como ciência.
A Embriologia (estudo da formação dos órgãos e sistemas), a Citologia (estudo das células) e a Histologia
(estudo dos tecidos) tiveram seus desenvolvimentos fortemente marcados pelo surgimento do microscó-
pio. Isto porque este instrumento possibilitou o estudo específico dos elementos constituintes dos seres
organizados. Vale ressaltar que, embora todas estas ciências sejam consideradas especializações, são vistas,
originalmente, como ramos da anatomia.
Em relação aos principais aspectos históricos da anatomia humana, sabe-se que os primeiros es-
boços anatômicos datam do período paleolítico, e que os gregos foram grandes responsáveis por seu
desenvolvimento. No Brasil, a Bahia destacou-se como berço do ensino médico e, na mesma época,
iniciou-se o ensino médico oficial, no Rio de Janeiro.
Atualmente, o estudo da anatomia ainda é realizado, por meio da dissecação de cadáveres humanos
considerados normais, embora, possam existir variações anatômicas individuais e diferenças morfológicas
em decorrência da passagem do estado vivo ao cadavérico. No entanto, é possível aprender anatomia mesmo
sem a dissecação, por meio da observação do corpo humano, por sua palpação e pelo estudo da anatomia
de superfície (a qual avalia os relevos e as depressões que as estruturas anatômicas são capazes de formar).
Na anatomia, estudamos o corpo humano considerado normal, já que a patologia e outras ciências
se dedicam ao estudo das doenças que o acometem. No entanto, para definir normal em anatomia, é ne-
cessário considerar os conceitos estatístico e idealístico. O conceito idealístico considera normal aquilo
que é melhor para o desempenho da função da estrutura anatômica. Por exemplo, para que a mão consiga
desempenhar, adequadamente, sua função de pinça fina, é ideal que o indivíduo tenha cinco dedos em
cada uma delas. Já o conceito estatístico considera normal aquilo que a maioria dos indivíduos apresenta.
Por exemplo, a maioria das pessoas tem cinco dedos em cada mão, por isso, é normal ter cinco, e não três
ou quatro dedos (WATANABE, 2000).

12
UNIDADE 1

Quando comparamos diferentes indivíduos em um pequeno grupo, todavia, sempre podemos


identificar a existência de pequenas diferenças morfológicas entre eles. Faça isso onde você estiver
agora, caro(a) aluno(a), e perceba como as pessoas são mesmo diferentes. De acordo com Watanabe
(2000), quando tais diferenças não prejudicam a função desempenhada pela estrutura anatômica, di-
z-se que são apenas variações anatômicas. No entanto, quando tais diferenças atrapalham a função
da estrutura, estas são ditas anomalias e, inclusive, podem ser denominadas monstruosidades, se
impedirem que o indivíduo permaneça vivo.
Uma variação anatômica pode ser, por exemplo, as diferentes tonalidades na cor dos olhos de dois
irmãos. Uma anomalia pode ser a miopia que um deles apresenta. Uma monstruosidade pode ser
exemplificada quando dois irmãos nascem unidos, e um deles tem de ser sacrificado para que o outro
possa viver (é o que ocorre com gêmeos siameses ou xifópagos).
Para que estes conceitos de normal, variação anatômica, anomalia e monstruosidade possam
ser empregados, é necessário saber que alguns fatores podem causar variação. Isto ocorre, por exem-
plo, com a idade do indivíduo, com seu sexo, o grupo étnico, o biotipo, entre outros. Por exemplo, é
normal que um bebê apresente os ossos do crânio separados, mas não é normal que isso ocorra em
um adulto. É normal que uma mulher tenha os ossos da pelve mais abertos a fim de facilitar o parto
pélvico, mas não é normal que isso ocorra em um homem. É normal que um indivíduo negro tenha a
pele escura e os cabelos encaracolados, mas não é normal em um japonês. É normal que um indivíduo
longilíneo tenha os membros longos em relação ao corpo, mas não o é em um indivíduo brevilíneo.
Por fim, é importante destacar que o estudo da anatomia humana pode ser feito de diferentes formas,
conforme o objetivo do estudo. Por exemplo, a anatomia pode ser estudada a partir dos sistemas que
compõem o corpo humano (esta é a anatomia sistêmica que aprenderemos aqui e que lhe permitirá
estudar os sistemas circulatório, respiratório, digestório, urinário, genital masculino, genital feminino,
nervoso, endócrino, esquelético, articular, muscular e o tegumento comum). Por outro lado, o estudo
anatômico pode abranger regiões específicas do corpo - o que ocorre na chamada anatomia topográ-
fica (a odontologia, por exemplo, estuda anatomia topográfica da cabeça e do pescoço). Além disso,
o estudo anatômico pode ser feito, por meio de imagens (anatomia radiológica ou de imagem), em
comparação a seres de outras espécies (anatomia comparativa), com fins artísticos (anatomia artística),
em comparação aos diferentes tipos raciais e morfológicos (anatomia antropológica e biotipológica)
etc. (WATANABE, 2000).

Caro(a) aluno(a), será que algum dia você imaginou que a Anatomia Humana poderia ter tantas
áreas de atuação, enquanto meio de trabalho?

13
UNICESUMAR

Cientistas e profissionais da área da saúde usam uma linguagem própria ao se referirem às estruturas
do corpo humano e à forma como a dissecção é feita. Por isso, estar atualizado em relação à nomen-
clatura utilizada é essencial ao estudante de anatomia humana bem como aos profissionais da saúde e
do bem-estar. Na anatomia, esta nomenclatura engloba termos gerais e especiais originados da língua
grega, latina e outras. Em conjunto, a Nômina Anatômica, publicada com o nome de Terminologia
Anatômica, tem o objetivo de evitar que estruturas do corpo humano recebam diferentes denominações
em diversos centros de estudos e pesquisas em anatomia no mundo (DI DIO, 2002).
Considerada um documento oficial que deve ser obedecido por professores e alunos da disciplina
Anatomia Humana, a terminologia anatômica é constituída por cerca de 6.000 termos, esporadica-
mente, revistos e atualizados, os quais são traduzidos pelas sociedades de anatomia de cada país. No
Brasil, a terminologia é traduzida pela Comissão de Terminologia Anatômica da Sociedade Brasileira
de Anatomia (SBA) (CFTA, 2001; FREITAS, 2004; TORTORA; DERRICKSON; WERNECK, 2010).
Este conjunto de termos empregados fundamenta-se na forma da estrutura ou em parte dela (como o
músculo deltoide que recebe este nome por lembrar um delta, uma estrutura triangular), na localização
da estrutura (artéria vertebral), em sua função (glândula lacrimal) e outras peculiaridades. Vale destacar
que a utilização de abreviações é permitida a fim de facilitar seu uso prático. Assim, utiliza-se a. (para
artéria), v. (para veia), n. (para nervo), m. (para músculo), lig. (para ligamento), gl. (para glândula)
e g. (para gânglio). O plural destes termos, normalmente, emprega a duplicação da letra utilizada na
abreviação, por exemplo, aa. (para artérias), vv. (para veias) etc. (WATANABE, 2000).
Ademais, caro(a) aluno(a), a posição anatômica, vista logo a seguir, de descrição ou posição de refe-
rência, foi instituída e se tornou de grande valia para evitar erros na nomenclatura e no posicionamento
do corpo a ser estudado. Em tal posição, supõe-se que o indivíduo esteja ereto, com a cabeça em nível
horizontal, olhos voltados para a frente, pés plantados no chão e direcionados para frente, membros
superiores ao lado do corpo com as palmas das mãos voltadas para frente (MOORE et al., 2014).

14
UNIDADE 1

Figura 1 - Posição anatômica de descrição

Descrição da Imagem: na figura, temos um desenho


com a representação de um corpo humano feminino.
Este corpo está em posição ereta, com os braços es-
tendidos, e as palmas das mãos viradas para frente.

A partir da posição anatômica, as várias regiões do corpo são denominadas, por exemplo, cabeça,
pescoço, tronco, membros superiores e membros inferiores. A cabeça é subdividida em crânio facial ou
viscerocrânio e crânio neural ou neurocrânio. Enquanto o crânio facial é anterior, menor, constituído
por catorze ossos cujas funções se relacionam a abrigar e proteger os órgãos dos sentidos e possibilitar
a fonação e a mastigação, o crânio neural é posterior, maior, constituído por oito ossos os quais estão,
diretamente, relacionados à proteção do sistema nervoso central localizado em seu interior (TORTO-
RA; DERRICKSON; WERNECK, 2010).
Já o pescoço é dividido em pescoço anterior (visceral) e posterior (muscular), também denominado
nuca. Segundo Freitas (2004), o tronco também é subdividido em tórax (limitado, superiormente pela
clavícula e inferiormente pelo músculo diafragma), abdome (limitado superiormente, pelo músculo dia-
fragma e, inferiormente, pela abertura superior da pelve) e pelve (localizada entre os ossos do quadril).
Os membros superiores e inferiores também são subdivididos em uma região conectada ao tronco,
denominada cíngulo (ou raiz ou cintura) e uma parte livre. A raiz ou cíngulo do membro superior
é a cintura escapular e sua parte livre inclui braço, antebraço e mão (sendo sua parte anterior deno-
minada palma e sua parte posterior chamada de dorso). A raiz ou cíngulo do membro inferior é a
cintura pélvica e sua parte livre inclui coxa, perna e pé (sendo sua parte superior denominada dorso
e sua parte inferior chamada de planta). As articulações conectam as várias partes do corpo, como é
o caso das articulações intervertebrais, da articulação do ombro, cotovelo, quadril, joelho e tornozelo
(FREITAS, 2004).

15
UNICESUMAR

CRÂNIO NEURAL
CRÂNIO FACIAL

PESCOÇO E NUCA

TÓRAX RAIZ

ABDOME DORSO
MEMBRO
SUPERIOR
RAIZ
PELVE REGIÃO GLÚTEA
PARTE
LIVRE

MEMBRO
INFERIOR

PARTE
LIVRE

Figura 2 - Partes do corpo humano

Descrição da Imagem: na figura, há um desenho do corpo humano em vista anterior, posterior e lateral com suas
subdivisões: crânio neural e facial, pescoço e nuca, tronco (tórax, abdome, pelve, dorso e região glútea) e membros
superiores e inferiores (raiz do membro e suas partes livres).

A partir da posição anatômica de descrição, que vimos anteriormente, supõe-se a existência de planos
imaginários que tangenciam (ou tocam) a superfície externa do corpo a fim de facilitar a localização
das estruturas corpóreas. Tais planos são denominados superior ou cranial, inferior ou podálico, lateral
direito, lateral esquerdo, anterior ou ventral e posterior ou dorsal (MIRANDA NETO; CHOPARD, 2014).
Assim, pode-se afirmar que os olhos são estruturas superiores à cicatriz umbilical já que se locali-
zam mais próximos ao plano superior ou cranial do que a cicatriz umbilical. De igual modo, pode-se
afirmar que as escápulas são estruturas posteriores em relação ao osso esterno uma vez que estão mais
próximas do plano posterior. Embora os planos de tangenciamento facilitem a localização das estru-
turas corpóreas, o estudo da anatomia também se faz, por meio do corpo seccionado. Lembra? Assim,
planos de referência de secção (ou corte) também tiveram que ser padronizados. Neste contexto, os
termos plano sagital, plano transversal (ou horizontal) e plano coronal (ou frontal) foram adotados.
O plano sagital é uma secção longitudinal, que divide o corpo ou qualquer uma de suas partes
em porções direita e esquerda. Se este plano passa, exatamente, sobre a linha mediana do corpo, ele
é chamado de plano sagital mediano, o qual divide o corpo em duas metades iguais, denominadas
antímero direito e antímero esquerdo. O plano coronal é uma secção longitudinal, que divide o corpo
em porção anterior e posterior, denominadas paquímero anterior ou ventral e paquímero posterior
ou dorsal. Por fim, o plano transversal divide o corpo em porção superior e inferior, denominadas
metâmero superior ou cranial, e metâmero inferior ou podálico (FREITAS, 2004).

16
UNIDADE 1

Figura 3 - Planos de secção do corpo Imagem

Descrição da Imagem: a figura mostra o corpo humano com os três planos de secção: sagital, coronal e transversal.

Um dos objetivos do estudo da anatomia humana é empregar os conhecimentos adquiridos também


no corpo vivo. Dessa forma, existem termos usados para descrever os diferentes movimentos dos
membros e outras partes corpóreas que podem ser realizados nas articulações móveis do corpo. Tais
movimentos são descritos como pares de opostos, ou seja, flexão e extensão, abdução e adução, ro-
tação medial e lateral, supinação e pronação etc. (MOORE et al., 2014; TORTORA; DERRICKSON;
WERNECK, 2010). Todos estes movimentos serão abordados, posteriormente, quando falarmos sobre
o aparelho locomotor e as funções dos diversos músculos do corpo humano.
Os movimentos sempre ocorrem em um plano (sagital, coronal ou transversal) e por meio de um
eixo de movimento corpóreo. Os eixos são linhas imaginárias denominadas perpendiculares aos pla-
nos nos quais ocorrem. Assim, os movimentos de flexão e extensão, por exemplo, ocorrem no plano
sagital e no eixo coronal. Os movimentos de abdução e adução ocorrem no plano coronal, a partir
do eixo sagital. Por fim, as rotações medial e lateral ocorrem no plano transversal, a partir do eixo
longitudinal (WATANABE, 2000).

17
UNICESUMAR

TEGUMENTO COMUM

Como já mencionado, caro(a) aluno(a), conhecer o tegumento comum é de extrema importância aos
profissionais da saúde e do bem-estar uma vez que este se relaciona, diretamente, às suas atividades
profissionais. O termo tegumento comum engloba a pele e seus anexos e a tela subcutânea que tam-
bém é conhecida como hipoderme. Enquanto a tela subcutânea tem localização profunda, a pele é
superficial e é constituída por duas camadas sobrepostas: a epiderme e a derme (NARCISO, 2012).
Agora, caro(a) aluno(a), observe as duas principais camadas da pele humana (epiderme e derme)
e a tela subcutânea ou hipoderme na figura a seguir.

Epiderme

Derme
Figura 4 - Tegumento comum

Descrição da Imagem: a figura Hipoderme


mostra um pedaço da pele (com
a epiderme e a derme) e a tela
subcutânea (ou hipoderme).

A pele é considerada o maior órgão do corpo humano, equivalente a 16% do peso corporal de um in-
divíduo adulto e com uma área total de cerca de 2m2. Ela reveste, externamente, a superfície do corpo,
margeia seus orifícios e se prolonga com as mucosas do corpo, dando proteção contra desidratação e
agentes nocivos (que podem ser agentes químicos, físicos e biológicos).
Além disso, a pele apresenta inúmeros receptores sensitivos (de dor, tato, temperatura, pressão
etc.) os quais se ligam ao sistema nervoso central informando-o, constantemente, das condições do
meio externo. Adicionalmente, por seu intermédio, pode ocorrer eliminação e absorção de várias
substâncias do corpo, como medicamentos. Ela é fantástica! Algumas características da pele podem
variar de acordo com as regiões do corpo. Sua espessura, por exemplo, pode variar de 0,5 a 4 mm.
Normalmente, é mais espessa nas superfícies dorsais e extensoras do corpo e em regiões sujeitas à
pressão, onde é chamada de pele grossa, como podemos verificar na imagem da palma da mão. Em
contrapartida, em áreas, como pálpebras e lábios, ela é, extremamente, delicada, sendo chamada de
pele fina (DÂNGELO; FATTINI, 2011).

18
UNIDADE 1

A B

Figura 5 - Diferentes tipos de pele hu-


mana: a) Pele fina; b) Pele grossa

Descrição da Imagem: a figura


mostra, à esquerda, um pedaço
de pele fina (como do antebra-
ço) e, à direita, um pedaço de
pele grossa (como da palma da
mão).

A pele prende-se, apenas frouxamente, às estruturas próximas


(como a tela subcutânea e as fáscias) e, por isso, pode ser, facil-
mente, deslocada ou mesmo se adaptar às irregularidades do corpo.
Todavia existem faixas de tecido conjuntivo chamadas retináculos
da pele, os quais podem limitar, parcialmente, esta mobilidade. Tais
REALIDADE
retináculos prendem-se à tela subcutânea e às fáscias, formando
AUMENTADA
pontos de fixação profunda da pele. Nos pontos onde estas estrutu-
ras estão bem presentes, formam-se sulcos superficiais, chamados
linhas de clivagem, que indicam a direção dos feixes de fibras colá-
genas. Por isso, a pele (mais especificamente a epiderme) é rica em
sulcos e cristas que caracterizam as pessoas (como as impressões
digitais) e as regiões do corpo (JUNQUEIRA et al., 2018).
Em algumas regiões do corpo, a pele apresenta capacidade de
contração, devido à presença de fibras musculares lisas. Isso acon-
tece, por exemplo, na pele dos mamilos e do escroto. Ademais,
a pele pode ser, extremamente, elástica (como ocorre no dorso
da mão) ou pouco elástica (como ocorre na palma da mão). No
entanto o envelhecimento faz com que ocorra expressiva perda da
elasticidade da pele uma vez que suas fibras elásticas diminuem em PROCESSO DE
termos quantitativos e se tornam desorganizadas. Tal fato associa-se ENVELHECIMENTO DA PELE

ao aumento do número de rugas e de flacidez. Vale ressaltar que,


quando ocorre a distensão excessiva da pele (em caso de gestação,
obesidade, edema etc.), pode haver alteração da sua estrutura, com
adelgaçamento e ruptura dos feixes de fibras elásticas.

19
UNICESUMAR

Você sabia que a pele tem importante participação da síntese da vitamina D? Isso é importante,
pois a vitamina D aumenta a absorção de fosfato e cálcio no intestino. Sua síntese depende da
incidência dos raios ultravioletas do sol, os quais, ao atingirem a pele, transformam a pré-vita-
mina D obtida nos alimentos em sua forma ativa.

Outra questão importante que merece destaque, caro(a) aluno(a), é que a pele pode apresentar-se flá-
cida quando a ingestão de proteínas é muito baixa. Isto porque os fibroblastos da pele necessitam de
aminoácidos para efetivarem a síntese de colágeno cuja ausência implica flacidez cutânea. A vitamina
C estimula a síntese de colágeno e, de igual modo, sua ausência a reduz (JUNQUEIRA et al., 2018). A
proliferação das células da pele depende do ritmo circadiano, sendo mais acentuada durante o repouso.
O conhecimento da cronobiologia da pele tem permitido aos dermatologistas, cosmetologistas e pro-
fissionais que trabalham em seu benefício, otimizar a absorção de compostos pela pele, estimulando
a utilização de protetores solares, durante o dia, e cremes hidratantes e nutritivos, durante a noite.
A cor da pele depende de alguns fatores, como a quantidade de pigmentos (principalmente me-
lanina e caroteno), a cor do sangue circulante, a espessura da epiderme e a quantidade de vasos capi-
lares sanguíneos. Este último fator explica, por exemplo, o fato de a pele ficar avermelhada quando
aquecida em decorrência da vasodilatação periférica e, em contrapartida, o fato de a pele ficar pálida
(esbranquiçada) em função da vasoconstrição.

Figura 6 - Histologia da pele humana.


Observar os muitos melanócitos e a
abundante quantidade de melanina
na pele do mamilo humano

Descrição da Imagem: a figura


mostra um corte histológico da
pele do mamilo humano com
muitos melanócitos e melanina
abundante.

20
UNIDADE 1

A melanina é produzida pelos melanócitos de maneira, geneticamente, determinada. Embora o número


de melanócitos seja quase o mesmo em todas as raças, a quantidade de melanina que eles produzem
determina a cor que a pele apresentará (negros têm muita melanina e albinos não a apresentam). É
importante destacar que a melanina protege dos raios solares (e, consequentemente, da incidência de
câncer de pele). Todavia um tipo específico de câncer, o melanoma maligno, pode acometer os mela-
nócitos. Sua prevenção relaciona-se à menor exposição aos raios ultravioletas. A exposição da pele ao
sol causa escurecimento porque a melanina já existente na pele sofre um processo de escurecimento
e, concomitantemente, ocorre ativação da síntese de nova melanina a partir da liberação do hormônio
estimulante de melanócitos (MSH), produzido pela glândula hipófise (DÂNGELO; FATTINI, 2011).
O caroteno também influencia na coloração da pele, podendo fazer com que ela apresente uma
coloração amarelada. Este pigmento está presente em alimentos, como cenoura, abóbora e mamão.
No entanto, é importante enfatizar que a pele amarelada pode surgir em decorrência de doenças que
podem alterar a coloração normal da pele (como icterícia, hepatites etc.).

Ainda falando em vitamina D, no verão sua síntese é grande, permitindo que o excedente do
consumo seja armazenado no fígado, possibilitando que a reserva seja consumida durante
o inverno (pela menor disponibilidade de luz solar). Deficiência de vitamina D pode causar
raquitismo (nas crianças) e osteomalácea (nos adultos). Um dado interessante é o fato de a
vitamina A (ácido retinoico) ser fundamental para a manutenção da estrutura epitelial normal,
pois é necessária para que as células basais se diferenciem em epitélio, garantindo, assim, a
integridade da pele e das mucosas. Sua deficiência causa lesões cutâneas como hipercerato-
se folicular (pele de sapo, escamas de jacaré), cegueira noturna (nictalopia), amolecimento e
ulceração da córnea.

Como visto anteriormente, a pele é constituída por duas camadas sobrepostas: a epiderme e a derme.
A epiderme é formada por várias camadas de células. As mais profundas sofrem divisões celulares,
proliferam-se e empurram as demais células para regiões mais superficiais as quais passam por um
processo de queratinização. Assim, quando queratinizadas e mortas, tais células são eliminadas pelo
próprio atrito.
Como a queratina é uma proteína de fácil hidratação, a tumefação característica da pele de indiví-
duos que ficam muito tempo submersos na água se deve à hidratação excessiva dela. Além disso, na
epiderme, a queratina é responsável pela relativa impermeabilidade que a pele apresenta dificultando
a evaporação de água (o que é essencial à manutenção da homeostasia corpórea), impede a penetração
de substâncias químicas lesivas e minimiza a invasão de microrganismos.

21
UNICESUMAR

A epiderme não tem vasos linfáticos nem sanguíneos e, por isso, recebe sua nutrição do tecido
conjuntivo da derme. Apresenta três tipos principais de células: as células epiteliais (que são as mais
abundantes e formam o epitélio pavimentoso queratinizado), os melanócitos e as células do sistema
imune. Histologicamente (ou seja, quando vista ao microscópio), a epiderme é constituída por cinco
estratos (camadas) de células: estrato córneo, estrato lúcido, estrato granuloso, estrato espinhoso e
estrato basal (ou germinativo) (JUNQUEIRA et al., 2018).

Camadas da Epiderme

Estrato córneo

Epiderme
Estrato lúcido
Estrato Granuloso

Derme

Estrato Espinhoso

Hipoderme
Estrato Basal

Figura 7 - Corte da pele e da hipoderme (em destaque, as camadas da epiderme)

Descrição da Imagem: a figura à esquerda mostra um corte da pele (Epiderme, Derme) e da Hipoderme. À direita,
destacam-se as cinco camadas da epiderme: estrato córneo, estrato lúcido, estrato granuloso, estrato espinhoso e
estrato basal.

A derme fica abaixo da epiderme, tem muito tecido conjuntivo e é a camada mais espessa da pele. É
rica em fibras colágenas e elásticas, o que lhe dá a capacidade de distensão quando tracionada. Apre-
senta muitos vasos sanguíneos e linfáticos, nervos e terminações nervosas. Devido aos vasos sanguí-
neos e às glândulas que apresenta, ela participa da regulação da temperatura corporal, na chamada
termorregulação.
A derme apresenta duas camadas: papilar e reticular. A camada papilar é fina e formada por tecido
conjuntivo frouxo que penetra nas papilas dérmicas, formando as cristas dérmicas (impressões digitais)
visíveis na superfície da pele. Nas papilas dérmicas, estão presentes vasos sanguíneos e receptores do
tato. Complementarmente, a camada reticular apresenta muitas fibras colágenas, elásticas e reticulares
entrelaçadas.

22
UNIDADE 1

CAMADAS DA PELE Estrato córneo

E HIPODERME Estrato lúcido

Estrato Granuloso

Estrato Espinhoso
Folículo piloso
Estrato Basal

Membrana Basal
Epiderme

Papila Dérmica

Corpúsculo tátil de Meissner

Derme Glândula Sebácea

Folículo Piloso

Camada Reticular
Gordura Subcutânea (hipoderme)
Nervos sensitivos
Tecido subcutâneo

Ducto da Glândula Sudorípara

Veia

Corpúsculo de Paccini
Glândula Sudorípara
Artéria

Figura 8 - Camadas da Pele e Hipoderme

Descrição da Imagem: a figura mostra as camadas da pele e a hipoderme. Nela, aparecem pelos, glândulas sudo-
ríparas e sebáceas, vasos sanguíneos e nervos. Com destaque para: à esquerda - Folículo piloso, epiderme, derme,
gordura subcutânea (hipoderme), tecido subcutâneo, veia, corpúsculo de Paccini, artéria. À direita - estrato córneo,
estrato lúcido, estrato granuloso, estrato espinhoso, estrato basal, membrana basal, papila dérmica, corpúsculo tátil
de Meissner, glândula sebácea, folículo piloso, camada reticular, nervos sensitivos, ducto da glândula sudorípara,
glândula sudorípara.

Na derme, conforme imagem a seguir, estão os folículos pilosos, as glândulas sudoríparas, as glândulas
sebáceas e os músculos eretores do pelo. Sua superfície profunda se fixa aos ossos, aos músculos ou
ao tecido conjuntivo da tela subcutânea (JUNQUEIRA et al., 2018).

23
UNICESUMAR

Poros

Epiderme

Glândula
sebácea

Derme Glândula
sudorípara
Folículo
piloso
Adipócitos
Hipoderme

Músculo

Figura 9 - Pele humana

Descrição da Imagem: a figura mostra a pele humana (com a epiderme, contendo poros; e a derme, contendo glându-
las sudoríparas e sebáceas, e o folículo piloso). Além disso, mostra a hipoderme (com adipócitos) e, por fim, os músculos.

Os anexos da pele localizam-se na epiderme, na derme e, até mesmo, na tela subcutânea. Incluem as
glândulas sudoríparas, as glândulas sebáceas, as mamas, os pelos e as unhas. As glândulas sudorípa-
ras possibilitam a sudorese, ou também chamada transpiração, que nada mais é do que a eliminação
do suor a fim de manter a homeostasia corpórea (tais glândulas atuam na termorregulação). O suor
é semelhante ao plasma sanguíneo, contém sódio, potássio, cloreto, ureia, amônia, ácido úrico e uma
pequena quantidade de proteínas. O odor do suor se deve à ação das bactérias sobre o mesmo e das
substâncias orgânicas eliminadas.
As glândulas sudoríparas também atuam na excreção de metabólitos, medicações e alimentos. Elas
são inervadas pelo sistema nervoso autônomo simpático e, por isso, podem ser influenciadas pelas
emoções (o que explica o fato de, em situações de estresse físico ou psicológico, haver aumento da
sudorese). Seu número varia de acordo com as regiões do corpo, sendo abundantes nas palmas das
mãos e plantas dos pés, escassas no dorso das mãos e pés, e ausentes nas pálpebras e glande.
Em algumas regiões do corpo (como axila, região inguinal, órgãos genitais externos e ânus) existem
algumas glândulas muito semelhantes às glândulas sudoríparas. Todavia a secreção de tais glândulas é
um pouco diferenciada, pois é, ligeiramente, viscosa, apresenta alguns produtos da desintegração de
células glandulares e pode desenvolver um odor característico em função das bactérias locais.

24
UNIDADE 1

As glândulas sebáceas secretam sebo (constituído de gorduras) cuja função é lubrificar a pele e
os pelos. Assim, o sebo diminui o ressecamento dos pelos e previne a evaporação excessiva da pele,
mantendo-a macia e inibindo o crescimento bacteriano. Normalmente, elas ficam próximas aos folí-
culos pilosos e não existem nas regiões palmares e plantares. Na adolescência, é comum, por influência
hormonal, que as glândulas sebáceas sejam estimuladas e passem a produzir maior quantidade deste
sebo. Tal fato, associado à queratinização anormal, à impactação do fluxo do sebo e ao crescimento
bacteriano exacerbado, pode causar uma infecção dérmica ou hipodérmica conhecida como acne.

Glândulas sebáceas
Poro

Folículo piloso

Glândulas sudoríparas écrinas


(liberam sua secreção sem
que haja perda do citoplasma
Glândulas sudoríparas da célula secretora)
apócrinas (eliminam
secreção com porções
do citoplasma)

Figura 10 - Glândulas sudoríparas e sebáceas

Descrição da Imagem: a figura mostra um corte da pele e da hipoderme com as glândulas sudoríparas e sebáceas, e
o folículo piloso, destacando: glândula sebácea, poro, glândula sudorípara, folículo piloso.

As mamas situam-se à frente dos músculos peitorais e são, popular e erroneamente, chamadas seios.
Este termo foi atribuído às mamas em decorrência do fato de entre elas existir um sulco intermamá-
rio, o qual, no passado, era chamado seio. Elas têm por função secretar, inicialmente, o colostro e,
posteriormente, o leite para a nutrição do recém-nascido uma vez que é rico em proteínas, lactose,
lipídios e sais minerais.
As mamas são constituídas por 15 a 20 glândulas especializadas na produção de leite, as quais pas-
sam por um amplo desenvolvimento durante a puberdade em decorrência da influência hormonal.

25
UNICESUMAR

Por isso, as mamas são vistas como caracteres sexuais secundários e sofrem uma involução (chamada
de involução climatérica da mama), o que gera redução de tamanho, atrofia de ductos, de glândulas e
tecido conjuntivo, caracterizando a involução senil. Nos homens, elas são pouco desenvolvidas.
A influência hormonal sobre as mamas também pode ser vista durante o período gestacional e
de lactação e durante o período pré-menstrual. No primeiro caso, as mamas podem até triplicar de
tamanho. No segundo, pode haver enrijecimento e um quadro doloroso nas mamas. Elas apresentam
uma região central projetada chamada papila mamária onde desembocam de 15 a 20 ductos lactíferos.
A papila é bastante inervada e sua pele apresenta fibras musculares lisas cuja contração (desencadeada
por estímulos mecânicos, táteis, térmicos ou sexuais) faz com que ela endureça. Ao redor da papila
está a aréola da mama, uma área bastante pigmentada onde existem glândulas sudoríparas e sebáceas
que são visíveis como pequenas saliências. Na gravidez, a aréola da mama escurece e tende a manter
esta cor após o período gestacional.
Internamente, as mamas são compostas por glândulas mamárias cujos ductos lactíferos se abrem
na papila mamária, como pode ser visto na imagem a seguir. O conjunto destas glândulas é chamado
corpo da mama. Além disso, uma grande quantidade de tecido conjuntivo forma o estroma da mama.
O tecido conjuntivo denso forma trabéculas (ligamentos cutâneos ou ligamentos suspensores da mama)
que sustentam o tecido adiposo da mama. A forma e o tamanho das mamas dependem da quantidade
de tecido adiposo que elas apresentam.
Infelizmente, caro(a) aluno(a), o câncer de mama atinge grande parte da população feminina
mundial. A prevenção é a melhor forma de conter esta doença. Para tanto, a palpação periódica dos
linfonodos de drenagem das mamas e o autoexame de mama são essenciais.

Músculo Peitoral
Maior
Tecido Adiposo

Glândulas
Mamárias

Mamilo
Figura 11 - Anatomia da mama

Papila
Descrição da Imagem: a figura
mostra a estrutura constitucio- Mamária
nal da mama, com a respectiva
indicação de cada elemento:
músculo peitoral maior, tecido
Ductos
adiposo, glândulas mamárias, Lactíferos
mamilo, papila mamária, ductos
lactíferos e costelas. Costelas

26
UNIDADE 1

Os pelos recobrem uma parte considerável da pele dos mamíferos, embora em algumas regiões es-
pecíficas possam ser ausentes (como no dorso das falanges distais e nas regiões palmar e plantar). Os
pelos dão proteção ao corpo, participam da termorregulação, da evaporação do suor e da sensibilidade
tátil. Eles variam de acordo com as diferentes regiões corpóreas, com o sexo e grupo étnico. Sua colo-
ração depende da quantidade de melanina que apresentam de forma que a ausência deste pigmento
faz com que sejam brancos.
Os pelos apresentam duas partes: haste (acima da pele) e raiz (dentro do folículo piloso que fica
dentro da derme e da tela subcutânea). A base do folículo piloso é dilatada, formando o bulbo piloso,
e a cada pelo há um músculo eretor do pelo cuja contração faz que ele fique ereto e a pele próxima
arrepiada. Além disso, ocorre a contração da glândula sebácea cuja secreção é eliminada ao meio
externo para diminuir a perda de calor corpóreo. O músculo eretor do pelo pode se contrair, invo-
luntariamente, a partir de emoções (como susto e medo) e, também, pela influência do frio. Ao redor
das raízes dos pelos, existem várias terminações nervosas e vasos sanguíneos.
Os pelos, como pode ser observado na imagem a seguir, são constituídos de células queratinizadas
e incluem cabelos, supercílios, cílios, vibrissas (pelos do nariz), bigode, barba, hircos (pelos da axila) e
púbios (pelos da região púbica). Pelos escuros apresentam medular, cortical (pigmentada) e cutícula;
pelos brancos têm as mesmas camadas, mas a cortical é despigmentada; pelos loiros não têm medular.

Papila do Pelo

Escalpo
Músculo Eretor do Pelo

Glândula Sebácea Folículo Piloso

Raíz do Pelo
Pelo

Vasos Sanguíneos

Figura 12 - Anatomia do pelo

Descrição da Imagem: a figura tem uma ilustração que demonstra um pedaço de pele com a estrutura do pelo (com
o folículo piloso e a raiz do pelo). Na figura, à esquerda, estão indicados: haste do pelo, escalpo, glândula sebácea,
papila do cabelo. À direita, estão indicados: músculo eretor do pelo, folículo piloso, raiz do pelo, vasos sanguíneos.

27
UNICESUMAR

As unhas são lâminas constituídas de células queratinizadas, que recobrem a maior parte das falanges
distais das mãos e pés a fim de protegê-las. Sua parte proximal é chamada de matriz da unha (oculta
pela pele que a recobre), e sua parte distal e principal é o corpo da unha. A matriz da unha garante a
formação e o crescimento da unha. Próximo à raiz, há uma região esbranquiçada em forma de meia
lua chamada de lúnula e uma prega que a fixa chamada de eponíquio (ou popularmente, cutícula).
As margens laterais e a margem proximal da unha são fixas aos dedos, e sua margem distal é livre.
Sua transparência permite ver a tonalidade rosada do leito da unha (local bastante vascularizado e
inervado onde a unha repousa).
As unhas crescem durante toda a vida (cerca de 1mm/semana), pois as células epiteliais da raiz se
proliferam e sofrem queratinização, formando a placa córnea constituída de células mortas. O cresci-
mento das unhas tende a ser maior no verão e não ocorre em cadáveres.

n ha
a
nh unha au
u a ld
a d
r i z d iz d
a
x i mi í c ula
t Ra o t
Ma pr / Cu a
e g a
u i o
u nh a
Pr níq d a u nh
o o
Ep rp da
C o i t o da
Le livre
m
rge
ma unha

Falange distal

Estrato
germinativo
Figura 13 - Anatomia da unha

Descrição da Imagem: a ilustração mostra a constituição anatômica da unha, com os seguintes componentes: matriz
da unha, raiz da unha, prega proximal da unha, eponíquio/cutícula, corpo da unha, leito da unha, margem livre da
unha, falange distal, estrato germinativo.

A tela subcutânea (Figuras 7 e 8) é formada por tecido conjuntivo frouxo, tecido adiposo e fibras
elásticas. Ela une, frouxamente, a derme aos órgãos adjacentes, protege contra choques e atua como
isolante térmico. Adicionalmente, a tela subcutânea representa uma reserva de nutrientes e armazena,
temporariamente, alguns hormônios e medicamentos lipossolúveis. Tal fato pode ser útil quando se
utilizam injeções subcutâneas de liberação lenta aplicada, diretamente, na tela subcutânea. Todavia
isso pode ser indesejável quando a via de administração é outra, mas o medicamento é, parcialmente,
armazenado na tela subcutânea comprometendo sua biodisponibilidade e, consequentemente, sua
ação (é o caso, por exemplo, de medicamentos à base de hormônios lipossolúveis).

28
UNIDADE 1

A tela subcutânea forma uma camada variável de tecido adiposo chamada de panículo adiposo.
Embora ela seja mais espessa nas mulheres e sua distribuição no corpo feminino seja uma caracte-
rística sexual secundária (haja vista ela predominar na região do baixo ventre e quadris), em alguns
lugares do corpo ela quase inexiste (como no pavilhão auditivo, pálpebras, lábios menores do pudendo,
escroto e prepúcio).
O tecido conjuntivo subcutâneo tem muitos vasos sanguíneos e vasos linfáticos. Além disso, apre-
senta raízes dos folículos pilosos, parte das glândulas sudoríparas, nervos cutâneos e terminações ner-
vosas (principalmente aquelas relacionadas à pressão). A espessura da tela subcutânea varia de acordo
com o estado nutricional do indivíduo e tende a ser maior nas mulheres e a aumentar com a idade
em ambos os sexos. Histologicamente, apresenta as camadas areolar, lamelar e a fáscia superficial. A
gordura da tela subcutânea, normalmente, é usada em situações de privação alimentar e desnutrição.
As principais alterações correlatas ao tegumento comum incluem dermatite, vitiligo, caspas,
cianose, eritema, icterícia, queloide, estrias cutâneas, queimaduras e acne.
A dermatite é a inflamação da pele que pode ocorrer, por exemplo, quando a pele é exposta a
substâncias irritantes químicas ou físicas, ao contato com agentes tóxicos, ou pode ser em decorrência
à exposição excessiva aos raios ultravioletas do sol. Quando Streptococos pyogenes infectam a pele,
podem aparecer impetigo (lesão ulcerosa e até purulenta) e erisipela (grave infecção da pele).
O vitiligo é uma doença na qual os melanócitos são perdidos, parcial ou completamente. Assim, a
atuação deles na produção de pigmento na epiderme é prejudicada, fazendo que apareçam manchas
de tonalidade mais clara pelo corpo. Suas causas incluem autoimunidade, fatores neuro-humorais e
autodestruição dos melanócitos por intermediários tóxicos da síntese de melanina.
As caspas, também chamadas dermatite seborreica, são caracterizadas por placas amareladas
e oleosas em toda a extensão do couro cabeludo. Seu agente causador são fungos e, normalmente,
culminam em queda dos cabelos.
A cianose é a pele azulada comum em casos de hipóxia ou anóxia (diminuição ou falta de oxigê-
nio). Isso ocorre porque a hemoglobina (responsável pelo transporte de gases no sangue) apresenta
coloração vermelho vivo ao transportar o oxigênio, e coloração arroxeada quando o oxigênio não
está em quantidade suficiente. É mais evidente onde a pele é fina, como nos lábios, pálpebras e unhas
transparentes.
O eritema é a coloração, anormalmente, avermelhada da pele que ocorre em casos de lesão cutânea,
exposição ao calor excessivo, infecção, inflamação ou reações alérgicas. Ocorre por ingurgitamento
dos leitos capilares superficiais.
A icterícia é a coloração amarelada da pele e das escleras dos olhos. É comum em alguns distúr-
bios do fígado, porque um pigmento amarelado (chamado bilirrubina) acumula-se no sangue. É mais
evidente em pessoas de pele clara.
Queloide é a cicatrização excessiva ou alterada da pele. Incisões paralelas às linhas de clivagem da
pele tendem a cicatrizar facilmente e com pouca marca de cicatrização. No entanto, quando a incisão
é transversal às linhas de clivagem, mais fibras colágenas são rompidas, e a cicatrização é mais difícil,
podendo desencadear uma cicatrização anormal chamada queloide.

29
UNICESUMAR

Estrias cutâneas são linhas finas e enrugadas que aparecem na pele, inicialmente, com a coloração
avermelhada e, posteriormente, esbranquiçada. Elas surgem porque os ajustes da pele em relação à
distensão e ao crescimento não são suficientes para evitar que as fibras colágenas da derme se rompam.
Ocorrem, comumente, em gravidez, com o aumento de peso acentuado (obesidade), em algumas doen-
ças (hipercortisolismo ou síndrome de Cushing), e são comuns nas nádegas, abdome, coxas e mamas.
Queimaduras são causadas por trauma térmico, radiação ultravioleta ou ionizante, agentes quí-
micos entre outros. São classificadas de acordo com a profundidade da lesão em queimaduras de
primeiro, segundo e terceiro graus. A queimadura de primeiro grau é mais superficial, pois se limita à
epiderme. Ocorre, por exemplo, por exposição ao sol. Seus principais sintomas incluem dor, eritema
e edema. Geralmente, causa descamação da camada mais superficial, sendo facilmente substituída
sem que haja cicatriz.
A queimadura de segundo grau tem uma profundidade intermediária, havendo danos à epiderme
e à derme superficial. É comum o aparecimento de bolhas e dor em função da agressão às terminações
nervosas. A cicatrização é lenta (em média três meses) e pode haver cicatriz e algum grau de retração
ou contratura.
A queimadura de terceiro grau é profunda, pois acomete toda a espessura da pele, tela subcutânea
e, até mesmo, músculos subjacentes. É comum o aparecimento de edema e anestesia da região aco-
metida em função da lesão das terminações nervosas locais. Pode exigir, inclusive, enxerto de pele.
É importante enfatizar que a extensão da queimadura, geralmente, é mais importante do que o grau
da lesão. De acordo com a American Burn Association, uma queimadura extensa é representada por
uma queimadura de 3° grau em mais de 10% da área de superfície corporal, ou uma queimadura de
2° grau em mais de 25% desta área ou, ainda, qualquer queimadura de 3° grau em mãos, pés, face ou
períneo. Quando a área queimada do corpo ultrapassa 70% da área de superfície corporal, a taxa de
mortalidade passa a ser superior a 50%.
Por fim, a acne é uma infecção dérmica ou hipodérmica comum, mas não exclusiva da adolescência
(devido à forte influência hormonal que ocorre nesta fase da vida). Ela é causada pela estimulação
excessiva das glândulas sebáceas, que passam a produzir maior quantidade de sebo, aliada à querati-
nização anormal, à impactação do fluxo do sebo e ao crescimento bacteriano exacerbado.

Querido(a) aluno(a), convido você a clicar aqui e ouvir o Podcast so-


bre algumas alterações relacionadas ao tegumento comum com a
professora mestre Renata Cappellazzo.

30
UNIDADE 1

Assim, encerramos esta unidade com o pleno conhecimento da história, definição, conceitos e utili-
zações da anatomia humana, bem como das subdivisões do corpo humano, dos planos usados para
o estudo anatômico do corpo. Adicionalmente, esta unidade proporcionou o estudo do tegumento
comum em termos da sua constituição, funções e anormalidades. Espero que você tenha gostado e
aprendido bastante.
Você se lembra que, no início desta unidade, eu pedi para que você se imaginasse prestando uma
consultoria ao IML de sua cidade em decorrência de um homicídio? Você precisaria descrever quais
foram os danos causados ao tegumento comum da vítima e quais foram os planos de corte usados
na secção do corpo pela arma branca utilizada pelo assassino. Além disso, você se lembra que não
tinha a menor noção de como um cadáver é dissecado, nem dos planos e eixos do corpo humano?
Pois bem! Agora, você tem conteúdo suficiente para entender que entre as estruturas do tegumento
comum, a pele (epiderme e derme) foi a mais afetada pelo corte, e que as unhas da vítima poderiam
mostrar evidências físicas do assassino (como pele e sangue). Provavelmente, o assassino usou como
plano de corte o transversal ao deferir golpes com a arma branca. Ademais, você aprendeu que, para
que o cadáver seja dissecado, além do plano transversal, pode-se usar o sagital e o coronal, e que os
movimentos do corpo humano sempre ocorrem em eixos específicos.
O conteúdo exposto nesta unidade sobre os conceitos básicos da anatomia humana deve instigar
você a ver esta ciência tão bela como a base de toda profissão da área da saúde e do bem-estar. Ademais,
ao chegar ao término do estudo específico do tegumento comum, você deve ser capaz de diferenciar
as estruturas anatômicas que formam o tegumento comum e precisa entender seus principais aspectos
morfológicos e funcionais. Por isso, é importante que você se sinta familiarizado com as principais
alterações do tegumento comum e que busque sempre o conhecimento específico das principais téc-
nicas profiláticas e terapêuticas de tais males.
Além disso, você não pode se esquecer de que a pele é um dos melhores indicadores da saúde do
corpo humano. Por isso, seu exame detalhado, além de ser facilmente realizado, é imprescindível e
pode evitar maiores complicações à saúde. Por isso, é importante que você se aplique à prática da ana-
tomia humana e se aperfeiçoe em suas habilidades profissionais, sempre se capacitando e buscando a
excelência. Muito sucesso a você!

31
Caro(a) aluno(a), gostaria que você fizesse, agora, uma verificação crítica dos conhecimentos ad-
quiridos por você ao término desta unidade. Para tanto, verifique o Mapa Mental a seguir e, com
base nos questionamentos, faça uma descrição resumida dos principais conceitos de Anatomia
Humana e do Tegumento Comum. Você pode fazer em formato de texto e utilizar para seu estudo
pessoal. Vamos lá?

Cite os principais planos usados


para o estudo anatômico

Defina esta ciência ANATOMIA HUMANA

Explique a importância da
Anatomia Humana

Cite os componentes do tegumento comum

Descreva cada componente do


TEGUMENTO COMUM
MAPA MENTAL

tegumento comum em termos de


constituição

Cite as principais alterações do tegumento comum

32
33
MAPA MENTAL
1. O estudo dos planos de secção e tangenciamento do corpo humano é essencial à
anatomia humana uma vez que auxilia no corte anatômico e na nomenclatura das
estruturas estudadas. Analise, com atenção, as proposições que seguem:
I) Uma secção do corpo humano, de acordo com o plano sagital mediano, origina um
metâmero superior e outro inferior.
II) Ao contrário do proposto acima, uma secção do corpo humano, de acordo com o
plano sagital mediano, origina um paquímero anterior e outro posterior.
III) Pode-se afirmar que o osso esterno é anterior em relação às escápulas.
IV) Pode-se afirmar que as costelas são laterais em relação ao osso esterno.

Assinale a alternativa que contém apenas as proposições verdadeiras.


a) I e III.
b) III e IV.
c) II e III.
d) I e IV.
e) II e IV.
AGORA É COM VOCÊ

34
2. A anatomia humana estuda a constituição do corpo, considerando que cada indivíduo
pode apresentar diferenças, devido a fatores que causam variações anatômicas. Analise,
com atenção, as proposições a seguir:
I) A idade é um fator causador de variação anatômica. Bom exemplo disso é o fato
de que os ossos do crânio de indivíduos idosos tendem a se fundir com o decorrer
da idade.
II) O biótipo é outro fator causador de variação anatômica. Indivíduos do biótipo lon-
gilíneo apresentam tórax arredondado, membros curtos em relação ao tronco e
baixa estatura corporal. Em contrapartida, indivíduos brevilíneos têm tórax alongado,
membros longos em relação ao tronco e maior estatura corporal.
III) Outro diferente fator causador de variação anatômica é a etnia. No entanto, diferen-
tes grupos raciais apresentam diferenças anatômicas apenas externamente (cor de
pele, cor de olhos, aspecto do cabelo, do nariz etc.). Não há diferenças anatômicas
internas entre grupos raciais.
IV) O sexo também causa variação anatômica e, inclusive, pode ser usado na anatomia
legal para identificação de cadáveres. O crânio masculino, por exemplo, apresenta
a fronte mais inclinada (na mulher ela é verticalizada). Além disso, o crânio masculi-
no tem acidentes anatômicos mais salientes devido à maior força muscular que os
homens apresentam tracionando os ossos ao ponto de marcá-los.

Assinale a alternativa que contém apenas as proposições verdadeiras.


a) I e II.

AGORA É COM VOCÊ


b) I e III.
c) II e III.
d) I e IV.
e) III e IV.

3. Sobre o tegumento comum, assinale o que for correto.

a) O termo tegumento comum é constituído pela pele e seus anexos. A pele, por sua vez,
é formada pela epiderme, derme e hipoderme (ou tela subcutânea).
b) A derme não tem vasos linfáticos nem sanguíneos e, por isso, recebe sua nutrição do
tecido conjuntivo da epiderme.
c) A epiderme fica abaixo da derme, tem muito tecido conjuntivo e é a camada mais
espessa da pele.
d) Na epiderme, estão os folículos pilosos, as glândulas sudoríparas, as glândulas sebáceas
e os músculos eretores do pelo.
e) A superfície profunda da derme é fixa aos ossos, músculos ou ao tecido conjuntivo
da tela subcutânea.

35
4. Sabemos que a cor da pele depende de alguns fatores, como a quantidade de pigmentos
(principalmente melanina e caroteno), da cor do sangue circulante, da espessura da
epiderme e da quantidade de vasos sanguíneos capilares. Considerando tais fatores,
explique por que a pele fica avermelhada em função do calor e esbranquiçada em
função do frio.

5. Explique como a tela subcutânea é constituída e cite quatro de suas principais funções.
AGORA É COM VOCÊ

36
1. B. As alternativas I e II estão erradas, pois uma secção do corpo humano, de acordo com o plano
sagital mediano, origina antímeros direito e esquerdo.

2. D. A alternativa II está errada, pois indivíduos do biotipo brevilíneo apresentam tórax arredon-
dado, membros curtos em relação ao tronco e baixa estatura corporal e indivíduos do biótipo
longilíneo têm tórax alongado, membros longos em relação ao tronco e maior estatura corporal.

A alternativa III está errada porque as diferenças anatômicas decorrentes da etnia não são
apenas externas, havendo diferenças anatômicas internas como, por exemplo, predomínio de
diferentes tipos de fibras musculares em pessoas das raças branca e negra.

3. E. A alternativa A está errada porque a pele é formada pela epiderme e derme.

A alternativa B está errada porque é a epiderme que não tem vasos linfáticos nem sanguíneos
e, por isso, recebe sua nutrição do tecido conjuntivo da epiderme.

A alternativa C está errada porque é a derme que fica acima da hipoderme, que tem muito tecido
conjuntivo e é a camada mais espessa da pele.

CONFIRA SUAS RESPOSTAS


A alternativa D está errada porque é na derme que estão os folículos pilosos, as glândulas su-
doríparas, as glândulas sebáceas e os músculos eretores do pelo.

4. Entre os vários fatores que influenciam na cor da pele, a quantidade de vasos presentes na
região é fundamental. Ademais, você precisa citar o fato de que o aumento da temperatura
(calor) causa vasodilatação, aumentando o fluxo sanguíneo e dando aspecto avermelhado à
pele. Ao contrário, a diminuição da temperatura (frio) causa vasoconstrição, diminuindo o fluxo
sanguíneo e minimizando o aspecto avermelhado da pele.

5. A tela subcutânea é formada por tecido conjuntivo frouxo, tecido adiposo e fibras elásticas. Ela
une, frouxamente, a derme aos órgãos adjacentes, protege contra choques e atua como isolante
térmico. Adicionalmente, a tela subcutânea representa uma reserva de nutrientes e armazena,
temporariamente, alguns hormônios e medicamentos lipossolúveis.

37
MEU ESPAÇO

38
39
MEU ESPAÇO
MEU ESPAÇO

40
2
Aparelho
Locomotor
Dra. Carmem Patrícia Barbosa

Na Unidade, 2 você entenderá como o aparelho locomotor é cons-


tituído e como cada sistema que o forma atua a fim de possibilitar
o movimento humano harmônico e de forma coordenada pelo
sistema nervoso. Nesta unidade, você também entenderá as particu-
laridades dos ossos, das articulações e dos músculos que compõem
o corpo humano.
UNICESUMAR

Você sabe quantos ossos tem o corpo humano? Será que um recém-nascido tem a mesma quantidade
de ossos que um adulto? Você tem noção de quantos músculos temos? Será que todos os músculos
agem ao mesmo tempo?
Acho que de imediato você só saberá a resposta para estas perguntas se for realmente um interes-
sado em Anatomia Humana. No entanto, você será bastante questionado em relação a estas e muitas
outras curiosidades do corpo quando estiver atuando profissionalmente. Por isso, ao ler e participar
das atividades propostas nesta unidade, você se tornará hábil a respondê-las de prontidão.
Perceba a importância de sua atuação como futuro profissional da saúde. Em sua jornada, você irá
se deparar com diversos perfis sociais, econômicos e técnicos de pacientes, cujas necessidades deverão
ser identificadas segundo suas habilidades e conhecimentos na área de Anatomia.
O Governo Federal, por exemplo, em conjunto com o Ministério da Saúde, dentro das estratégias
públicas de atenção à saúde da família, desenvolveu o Programa Saúde na Escola. Este projeto tem
o objetivo de, entre outros, promover e ampliar “o alcance e o impacto de suas ações relativas aos
educandos e suas famílias, otimizando a utilização dos espaços, dos equipamentos e dos recursos
disponíveis” (BRASIL, 2021).
Uma das diretrizes básicas do Programa, é a articulação entre saberes compartilhados entre a
comunidade escolar, pais e sociedade, tornando-os agentes ativos e com autonomia e participação
na construção de políticas públicas em Saúde. E é aqui que você entra! Como futuro profissional da
Saúde e Bem-Estar, você poderá contribuir diretamente nesta empreitada.

42
UNIDADE 2

Imagine que, após terminar sua graduação, você seja convidado a ministrar uma palestra sobre o
aparelho locomotor para uma turma de ensino médio que prestará vestibular na área da Saúde e do
Bem-Estar.
Com base no artigo “A importância da Educação Postural evitando situações que possam afetar a
saúde de crianças e adolescentes em idade escolar”, uma das preocupações diz respeito às frequentes
alterações posturais e queixas de dor na região da coluna vertebral em crianças e adolescentes, pelas
possíveis consequências patológicas nos indivíduos na fase adulta.
Suponha que durante tais aulas alguns alunos lhe façam as perguntas que eu mesma fiz no início
da unidade, e também questionem outras coisas mais profundas, por exemplo, sobre como as nossas
articulações se mantêm funcionantes durante o envelhecimento.
A fim de que você esteja bastante preparado para estes e tantos outros questionamentos aos quais
você irá responder ao longo da sua vida profissional, fundamente-se nas informações trazidas pelo
artigo indicado, bem como, o que você estudou até aqui, na Unidade 1, e identifique os principais
argumentos e estratégias para que sua palestra junto aos adolescentes os esclareça e seja engajadora.
Experimente pensar em demonstrar a esta turma de ensino médio um laboratório de aula prática de
anatomia humana, na qual ela poderá ter contato com um esqueleto humano adulto e compará-lo aos
ossos de um feto, por exemplo. Aqui, você pode correlacionar a proposta de sua palestra com a iden-
tificação de importantes articulações que podem ser comprometidas pela falta de Educação Postural.
No laboratório, você também poderá mostrar aos alunos um cadáver com suas articulações e
músculos dissecados e eles poderão entender como o envelhecimento afeta o sistema articular. Após
esta prática, você chegará à conclusão de que seus conhecimentos prévios são essenciais para seu de-
senvolvimento profissional, seja na docência ou na atuação prática. Para tanto, anote suas conclusões
no Diário de Bordo.

DIÁRIO DE BORDO

43
UNICESUMAR

SISTEMA ESQUELÉTICO

Ossos são peças rígidas, com formatos variados. Eles são muito plásticos, ou seja, adaptam-se às es-
truturas vizinhas, inclusive permitindo que tais estruturas lhes imprimam marcas em decorrência do
contato.
A criança apresenta um total de 350 ossos, mas o indivíduo adulto tem este número reduzido para
206. Você pode se perguntar: “O que ocorre para este número reduzir tanto”? Na verdade, há uma fusão
em vários ossos do corpo, por exemplo, no osso frontal, no sacro e nos ossos do quadril. Além disso,
você precisa saber que este número pode sofrer variações de acordo com características individuais.
Por exemplo, se a pessoa tiver um dedo ou uma costela a mais ou a menos. Além disso, este número
total de ossos também pode ser influenciado pelo critério de contagem adotado.
Muitas vezes escuto pessoas dizendo que o peso alto na balança não é porque estão acima do
peso, e sim por conta de terem ossos largos e pesados. Sorrio quando ouço isso porque tenho a
impressão de que as pessoas se veem como o Wolverine e seus ossos de adamantium. Acho que as
pessoas imaginam que os ossos pesam muito mais do que verdadeiramente pesam. Você sabe qual
é o peso real dos seus ossos? Por exemplo, em um homem adulto de cerca de 80 Kg, os ossos pesam
cerca de 12 Kg. Assim, não é tanto quanto a maioria das pessoas julgam ser.
Se você acha que a função dos ossos se restringe a possibilitar movimentos, você está muito enganado.
Na verdade, o esqueleto desempenha várias funções, inclusive algumas consideradas vitais (MOORE et
al., 2014). De fato, os ossos se relacionam ao movimento, embora não os produzam. Isto porque quem
faz o movimento acontecer são os músculos e, por isso, estes são considerados os elementos ativos do
movimento (por outro lado, os ossos são elementos passivos do movimento). Eles são tracionados

44
UNIDADE 2

pelos músculos em um efeito de alavanca. É o que ocorre, por exemplo, quando o músculo quadríceps
femoral traciona a tíbia e gera movimento de extensão do joelho.
Outras duas funções dos ossos podem ser identificadas quando observamos atentamente o corpo
humano na posição bípede (em pé). A habilidade dos ossos em suportar o peso corporal e dar forma
aos diferentes segmentos do corpo é extraordinária. Tais funções são percebidas quando imaginamos
um osso fraturado (o fêmur, por exemplo) e temos a certeza de que é impossível descarregar peso sobre
ele. Além disso, se você comparar a forma arredondada do seu crânio à forma alongada de seus dedos
terá clareza de que os ossos são os responsáveis por tais diferenças.
Quando os ossos protegem os órgãos internos, sintetizam células sanguíneas e absorvem toxinas,
certamente concluímos que suas funções também são vitais. Ao observarmos, por exemplo, a impor-
tante ação das costelas e do osso esterno envolvendo o coração e os pulmões, e do crânio envolvendo
o encéfalo, fica claro o quanto os ossos são relevantes. Além disso, os ossos atuam como reservatórios
de cálcio, fosfato e magnésio os quais são essenciais à transmissão sináptica e à contração muscular.
A síntese de células sanguíneas ocorre por meio da medula óssea vermelha que se localiza no interior
dos ossos. Por fim, os ossos são hábeis em absorver toxinas e metais pesados da corrente sanguínea
diminuindo os efeitos deletérios destes compostos em outros tecidos (principalmente no fígado e rins).
O esqueleto pode ser dividido em duas partes funcionais interligadas: o esqueleto axial e o esqueleto
apendicular. O esqueleto axial é formado pelos ossos localizados na região central do corpo, como
aqueles da cabeça (ossos do crânio), pescoço (osso hioide e vértebras cervicais) e no tronco (osso
esterno, costelas, vértebras e sacro). O esqueleto apendicular é formado pelos ossos localizados nas
extremidades do corpo, ou seja, nos membros superiores e inferiores, incluindo aqueles que formam
os cíngulos (escápula, clavícula e ossos do quadril) (DANGELO; FATTINI, 2011).

ANATOMIA DO SISTEMA ESQUELÉTICO HUMANO

Figura 1 - Esqueleto apendicular e es-


queleto axial

Descrição da Imagem: esque-


leto apendicular (ossos dos
membros superiores e inferio-
res e ossos dos cíngulos). Es-
queleto axial (ossos da cabeça,
pescoço e tronco).

Esqueleto apendicular Esqueleto axial

45
UNICESUMAR

Ao avaliar o comprimento, a largura e a espessura dos ossos, podemos agrupá-los em 6 tipos principais:
longos ou tubulares, curtos, laminares ou planos, irregulares, sesamoides e pneumáticos (WATANABE,
2000). Ossos longos ou tubulares têm predomínio do comprimento em relação à largura e à espessu-
ra. Apresentam uma cavidade central (chamada cavidade medular) que abriga a medula óssea. Além
disso, sua parte central é chamada de diáfise e suas extremidades são as epífises. Enquanto, a epífise
proximal fica mais próxima do cíngulo do membro, a epífise distal fica mais distante dele. A região de
transição entre epífise e diáfise recebe o nome de metáfise. O fêmur é um exemplo deste tipo de osso.

Estrutura do osso longo (úmero) inteiro

Osso
esponjoso
Epífise
proximal Placa óssea
cortical

Artéria nutrícia
Periósteo
Vasos
sanguíneos Periósteo
Osso compacto
Diáfise Osso esponjoso
Endósteo
Cavidade
medular Endósteo

Cavidade
medular

Epífise
distal

Figura 2 - Estrutura do osso longo (úmero)

Descrição da Imagem: a imagem mostra, à esquerda, o exemplo de um osso longo (o úmero inteiro), destacando suas
partes: Epífise proximal, diáfise, epífise distal. À direita, o úmero aparece cortado, mostrando sua estrutura interna. Es-
querda (de cima de baixo): Epífise proximal; Diáfise; Epífise distal; No meio: Periósteo; Osso compacto; Osso esponjoso;
Endósteo; Cavidade medular; Vasos sanguíneos; Direita (de cima de baixo): Osso esponjoso; Osso compacto; Artéria
nutrícia; Periósteo; Endósteo; Cavidade medular.

Alguns ossos têm características semelhantes, mas não apresentam cavidade medular e, por isso, são
chamados de alongados ao invés de longos. Ossos curtos têm os três diâmetros (comprimento, largura e
espessura) equivalentes, apresentando forma cuboide. É o que ocorre, por exemplo, com os ossos carpais

46
UNIDADE 2

e tarsais. Por outro lado, os ossos laminares ou planos são largos e pouco espessos. Geralmente, estes
ossos têm função protetora, como os ossos planos do crânio (o parietal é um bom exemplo). Ossos
irregulares têm formatos variados sem predomínio específico de nenhum diâmetro. São exemplos
os ossos da face e as vértebras. Os ossos sesamoides (também chamados de ossos intratendíneos
ou periarticulares) desenvolvem-se em alguns tendões e são encontrados onde os tendões cruzam
as extremidades dos ossos longos. Assim, protegem os tendões contra desgastes e podem mudar seu
ângulo de inserção. A patela é um deles. Todavia, algumas pessoas podem ter ossos sesamoides nas
mãos e pés como variação anatômica. Ossos pneumáticos apresentam cavidades contendo ar em
seu interior e localizam-se no crânio (osso frontal, maxila, esfenoide e etmoide). Suas cavidades são
revestidas por mucosa e são chamadas de seios. Devido ao fato de drenar seu conteúdo mucoso para
a cavidade nasal, podem ser chamados em conjunto de seios paranasais.
Ossos longos ou tubulares

Ossos planos ou chatos Ossos curtos ou cubóides

Substância
óssea
compacta
Substância
óssea
esponjosa

Cavidade medular
Ossos irregulares
Substância
óssea compacta

Figura 3 - Tipos de ossos

Descrição da Imagem: a figura apresenta exemplos dos tipos de ossos quanto à forma.

47
UNICESUMAR

Quando você observa atentamente um osso, é comum achar que se


trata de um tecido inerte, seco e até sem vida. Todavia, muito pelo
contrário, o tecido ósseo é vivo, dinâmico e se desenvolve e cresce
por meio de um metabolismo muito ativo. Para você ter uma ideia,
os ossos se renovam, em média, a cada dois anos. Isto significa que
o fêmur ou o crânio que você tem hoje, não são os mesmos que você
tinha há dois anos atrás e nem serão os mesmos que você terá daqui
a dois anos. Fantástico, não?
A constituição do tecido ósseo também é fabulosa, pois os ossos
são constituídos a partir de três componentes principais: água, ma-
triz óssea orgânica e matriz óssea inorgânica (DANGELO; FATTI-
NI, 2011). A água representa cerca de 25% de sua estrutura. Todavia,
é importante ressaltar que esta proporção é maior em recém-nas-
cidos e crianças, e vai diminuindo à medida que o envelhecimento
ocorre. A matriz orgânica também representa cerca de 25% da
estrutura óssea e é constituída por colágeno e proteoglicanas. As-
sim, esta matriz é rica em proteínas que dão resistência à tensão
e à tração às quais os ossos estão sujeitos diariamente. Por isso, a
matriz orgânica está diretamente relacionada à maleabilidade óssea,
ou seja, sua ausência pode causar doenças como, por exemplo, a
doença dos ossos de vidro. Nesse caso, os ossos não resistem à tensão
e à tração que os músculos lhes impõem e se tornam quebradiços,
mesmo aos menores esforços. A matriz inorgânica representa cerca
de 50% da estrutura óssea. É constituída por sais minerais (princi-
palmente, fosfato de cálcio e carbonato de cálcio) os quais dão ao
osso resistência à compressão. Deficiência nos componentes dessa
matriz também pode tornar os ossos quebradiços.
O tecido ósseo pode se organizar em dois tipos principais de
ossos: os compactos (ou corticais) e os esponjosos (ou trabecula-
res). No osso compacto, as trabéculas ósseas estão bem próximas
e formam uma estrutura pouco porosa e com alta capacidade de
resistência para sustentação de peso. Assim, atuam como colunas
que suportam a descarga de peso. Em contrapartida, no osso es-
ponjoso as trabéculas ósseas estão mais afastadas, deixam espaços
entre si os quais são preenchidos por ar. Essa disposição origina
uma estrutura altamente porosa e adaptada à absorção de impacto.

48
UNIDADE 2

Osso esponjoso Osso esponjoso

Epífise proximal Osso compacto


Cartilagem articular

Artérias nutrícias

Endósteo
Medula óssea amarela

Diáfise

Epífise distal

Artérias nutrícias
Periósteo
Osso compacto

Figura 4 - Osso compacto e esponjoso

Descrição da Imagem: a figura apresenta um osso fêmur inteiro e um osso em secção coronal, evidenciando os tipos
de substâncias ósseas (compacta e esponjosa) e a cavidade medular com a medula óssea.

É importante que você saiba que a distribuição de tecido ósseo compacto e esponjoso nos ossos não é
uniforme, mas depende das solicitações biomecânicas impostas, ou seja, varia de acordo com a função
exercida pelo osso, com a tração e com a pressão a que os ossos são submetidos. Assim, embora todos
os ossos tenham uma fina camada superficial de osso compacto ao redor de uma massa central de
osso esponjoso, ossos longos adaptados à descarga de peso (como o fêmur, por exemplo) apresentam
maior quantidade de osso compacto próximo da parte média da diáfise onde tendem a se curvarem.
O mesmo não acontece nos ossos longos que não recebem grandes descargas de peso (por exemplo,
úmero) ou nos ossos das mãos.
A manutenção da saúde dos ossos depende da atuação das células que os compõem: osteoblastos,
osteócitos e osteoclastos (MIRANDA NETO; CHOPARD, 2014). Os osteoblastos são células jovens,
originadas de células osteoprogenitoras, com grande capacidade de divisão celular e, portanto, forma-
doras de osso. Elas sintetizam e secretam fibras colágenas e outros componentes orgânicos necessários
à formação da matriz extracelular e iniciam a calcificação. À medida que são recobertos por matriz,
tornam-se presos em suas secreções e se transformam em osteócitos.

49
UNICESUMAR

Os osteócitos são considerados células ósseas maduras relacionadas à manutenção do tecido ósseo
e, por isso, são as principais células desse tecido. Assim como os osteoblastos, não sofrem divisão ce-
lular (apenas células osteoprogenitoras se dividem). Já os osteoclastos são células grandes que liberam
enzimas proteolíticas que englobam e solubilizam cristais que contêm cálcio dissolvendo as matrizes
ósseas. Assim, estão diretamente relacionados à renovação óssea, uma vez que o tecido ósseo sofre
reabsorção e reelaboração durante toda a vida, fazendo com que o esqueleto seja constantemente
renovado. No entanto, sua ação excessiva pode causar osteopenia, que pode evoluir para osteoporose.

CÉLULAS ÓSSEAS

OSTEÓCITOS OSTEOCLASTOS
OSTEOBLASTO:

SÃO FORMADOS A PARTIR DEGRADAM O TECIDO


SINTETIZA OSSO
DOS OSTEOBLASTOS ÓSSEO

Figura 5 - Células ósseas

Descrição da Imagem: a figura representa as células ósseas, por meio de ilustrações, com textos de definição de cada
célula, na seguinte ordem: Osteoblasto: sintetiza osso; Osteócitos: são formados a partir dos osteoblastos; Osteoclastos:
degradam o tecido ósseo.

A ação das células ósseas depende de diversos fatores como idade, hereditariedade, nutrição, doença,
trauma, gravidez, esforço funcional e influência hormonal. Em relação aos hormônios, os ossos sofrem
forte influência do hormônio do crescimento (GH), dos hormônios sexuais (testosterona, estrogênio
e progesterona), da calcitonina (hormônio tireoidiano) e do paratormônio (ou hormônio paratireoi-
diano). Enquanto o GH, os hormônios sexuais e a calcitonina atuam como hormônios osteogênicos
ativando osteoblastos, o paratormônio estimula a degradação da estrutura óssea por estimular os
osteoclastos.
A deficiência na ingestão de determinados nutrientes pode enfraquecer os ossos. É o caso, por
exemplo, das proteínas (uma vez que aminoácidos são necessários para formar colágeno), vitamina
C (que estimula a síntese do colágeno), vitamina D (que é responsável pela absorção do cálcio e do
fosfato do intestino; é ativada pela exposição ao sol) e vitamina A (que ajuda a fazer com que os ossos
respondam adequadamente à tensão).
A medula óssea está presente em praticamente todos os ossos do feto e em alguns ossos dos adultos
(como costelas, osso esterno, ossos do quadril, crânio e ossos dos membros superiores e inferiores).
Nos ossos longos, o osso esponjoso da diáfise é substituído pela cavidade medular que abriga a medula
óssea. Essa medula pode ser vermelha ou amarela. A vermelha é um órgão hematopoiético, ou seja,
produz células sanguíneas. A amarela perde esta função em decorrência do envelhecimento e se torna
altamente gordurosa.

50
UNIDADE 2

Uma medula óssea anormal ou cancerosa pode ser substituída por uma medula óssea vermelha
saudável a fim de restabelecer as contagens normais de células sanguíneas por meio de um
transplante de medula óssea. A medula óssea vermelha saudável pode ser fornecida por um
doador do qual é retirada, sob anestesia, da crista ilíaca e injetada na veia do receptor em um
processo muito semelhante a uma transfusão de sangue. Um procedimento mais moderno
envolve o transplante de células do cordão umbilical (MIRANDA NETO; CHOPARD, 2014).

A B

Figura 6 - Tipos de medula óssea

Descrição da Imagem: as figuras mostram o osso fêmur cortado para evidenciar os tipos de medula óssea. Em A, a
medula óssea vermelha é evidenciada; em B, a medula óssea amarela é destacada.

Pericôndrio, endósteo e periósteo são camadas de tecido conjuntivo fibroso que reveste os elementos
do esqueleto. O pericôndrio faz o revestimento das cartilagens nutrindo suas faces externas; o en-
dósteo reveste internamente a cavidade medular e contém uma única camada de células formadora
de osso; o periósteo faz o revestimento externo dos ossos, é capaz de depositar mais osso (sobretudo
durante a consolidação de fraturas ou o crescimento ósseo), formar uma interface para fixação dos
tendões e dos ligamentos, proteger o osso e ajudar na nutrição do tecido ósseo (MIRANDA NETO;
CHOPARD, 2014).
As estruturas responsáveis pelo crescimento ósseo em comprimento e em espessura são diferentes.
Enquanto, o crescimento em espessura dos ossos é possibilitado pelo periósteo, o crescimento em

51
UNICESUMAR

comprimento é feito pela lâmina epifisial. A lâmina epifisial é uma fina camada de cartilagem hialina
localizada na metáfise. Por volta dos 18 anos de idade para mulheres e 21 anos para homens, ela se
fecha, ou seja, suas células param de se dividir e o osso substitui a cartilagem permanecendo apenas a
linha epifisial. A clavícula é o último osso a parar de crescer (WATANABE, 2000).
Se você já sofreu alguma fratura sabe que dói muito e que pode ocorrer sangramento na região.
A dor se deve ao fato dos ossos serem muito inervados e o sangramento ocorre porque eles são muito
vascularizados. A drenagem venosa dos ossos é feita por veias que seguem trajetos muito semelhantes
aos das artérias. Os nervos dos ossos acompanham os vasos sanguíneos (MOORE et al., 2014).

Figura 7 - Vascularização dos ossos

Descrição da Imagem: a figura


mostra um osso com seus vasos
sanguíneos, passando, externa-
mente, ao periósteo.

52
UNIDADE 2

Você já se perguntou se os fetos têm ossos prontos? A resposta é não, os ossos não nascem prontos.
Eles são gradativamente formados por um processo contínuo (chamado ossificação ou osteogênese)
que se inicia na sexta semana de desenvolvimento. Depois do osso formado pode haver, em casos de
traumas ou doenças, a ruptura do osso caracterizando algum tipo de fratura. O reparo de uma fratura é
um processo relativamente lento e sua recuperação deve ser sempre acompanhada por um profissional
habilitado que acompanhe todas as etapas para que não se forme um osso defeituoso (MIRANDA
NETO; CHOPARD, 2014).
Os acidentes anatômicos constituem os elementos descritivos para o estudo dos ossos. Eles surgem
onde há inserção de tendões, fixação de fáscias, ligamentos, onde artérias penetram os ossos etc. Podem
ser de vários tipos, por exemplo, saliências, depressões e aberturas. As saliências (como os processos,
tubérculos, eminências, cristas, espinhas etc.) geralmente estão relacionadas a pontos de inserção de
músculos e fáscias. Depressões (como fossas, sulcos, incisuras etc.) geralmente servem para adaptação
a estruturas vizinhas. As aberturas (como forames, canais etc.) geralmente servem para passagem de
estruturas como vasos e nervos (WATANABE, 2000).
Os ossos da cabeça são chamados em conjunto de crânio. Esta estrutura que se parece com um
capacete tem por principal função proteger o encéfalo (parte do sistema nervoso central popularmente
conhecida como “cérebro”) que fica em seu interior. No entanto, o crânio apresenta outras três impor-
tantes funções: abrigar e proteger os órgãos dos sentidos (olhos, mucosa olfatória, órgão auditivo, órgão
gustativo e do equilíbrio) em cavidades especiais (orbital, nasal, meato acústico interno e cavidade oral),
possibilitar a mastigação e a fonação por meio dos movimentos da Articulação Temporo-Mandibular
(ATM). (DANGELO; FATTINI, 2011).
O crânio tem um teto (chamado de calvária) e um assoalho (chamado de base) e é formado por 22
ossos que se articulam sendo apenas um deles móvel, a mandíbula. Vale lembrar que no interior de
dois destes ossos (os ossos temporais) estão presentes os ossículos da audição chamados de martelo,
bigorna e estribo, os quais não entram nesta contagem (DI DIO, 2002).
Dos 22 ossos, 8 formam o crânio neural (osso frontal, occipital, esfenoide, etmoide, parietais e
temporais) e 14 formam o crânio facial ou visceral (mandíbula, vômer, nasais, palatinos, maxilas,
zigomáticos, lacrimais e conchas nasais inferiores). Lembre-se de que a maxila e a mandíbula têm
estruturas destinadas à sustentação dos dentes (processos alveolares) e por todo o crânio há muitos
forames para a passagem de vasos e nervos.

53
UNICESUMAR

Osso parietal
Osso frontal
Linha temporal superior
Asa maior do osso
esfenóide
Linha temporal inferior

Lâmina Orbital
do Osso etmóide

Osso lacrimal

Osso nasal
Osso occipital

Linha nucal superior Osso zigomático


Protuberância occipital externa
Crista occipital externa Maxila
Parte escamosa do osso temporal
Processo mastóide do osso temporal
Meato acústico externo Dentes
Processo estilóide do osso temporal
Arco zigomático
Mandíbula

Figura 8 - Ossos do crânio

Descrição da Imagem: a figura apresenta um crânio humano em vista lateral com os ossos que o compõem: osso
frontal, osso esfenoide, osso etmoide, osso lacrimal, osso nasal, osso zigomático, maxila, dentes, mandíbula, arco
zigomático, processo estiloide do osso temporal, meato acústico externo, processo mastoide do osso temporal, parte
escamosa do osso temporal, crista occipital externa, protuberância occipital externa, linha nucal superior, osso occipital,
linha temporal inferior, linha temporal superior, osso parietal.

Exceto a ATM, as outras articulações do crânio ocorrem por meio de suturas (como a sagital, a coronal,
a lambdoide, a escamosa, a internasal e a intermaxilar). Estas suturas não estão presentes desde o nasci-
mento, pois, inicialmente, entre os ossos do crânio existem espaços preenchidos com mesênquima não
ossificado chamados de fontículos (popularmente chamados de “moleiras”). Os fontículos permitem
relativa flexibilidade e possibilidade de crescimento ao crânio fetal. Os principais são o fontículo ante-
rior (entre o osso frontal e os parietais), o posterior (entre os parietais e o occipital), os ântero-laterais
(entre frontal, parietal, esfenoide e temporal) e os póstero-laterais (entre parietal, occipital e temporal).
Esses sofrem ossificação e desaparecem durante o crescimento do crânio.

54
UNIDADE 2

Fontículo
esfenoidal
Fontículo
mastoídeo

Fontículo posterior

Fontículo Anterior

Figura 9 - Fontículos

Descrição da Imagem: a figura mostra um crânio fetal em vista superior, contendo os fontículos anterior e posterior;
e em vista lateral, mostrando os fontículos esfenoidal e mastoídeo.

Fazem parte dos ossos do pescoço o osso hioide, as vértebras cervicais, o manúbrio do esterno (que
será descrito junto com o esqueleto do tórax) e as clavículas (que serão descritas junto ao esqueleto
do membro superior) (MOORE et al., 2014). O osso hioide fica situado na parte anterior do pescoço.
Ele é suspenso por músculos e ligamentos e não se articula com nenhum outro osso do corpo. Assim,
além de fixar os músculos da região anterior do pescoço, ele ajuda a manter as vias aéreas abertas. As
vértebras cervicais são sete pequenos ossos irregulares chamados, respectivamente, de C1 (ou atlas),
C2 (ou áxis), C3, C4, C5 e C6 e C7 (ou vértebra proeminente).

Figura 10 - Osso hioide

Descrição da Imagem: a figura


mostra uma pessoa de perfil,
destacando seu osso hioide, lo-
calizado abaixo da mandíbula, à
frente das vértebras cervicais.

55
UNICESUMAR

Os ossos do tronco incluem o osso esterno, as costelas, as vértebras torácicas, as vértebras lombares,
as vértebras sacrais e as vértebras coccígeas (DI DIO, 2002).

Caixa torácica (vista anterior)

Clavícula

Manúbrio

Osso esterno Corpo


Costelas verdadeiras
(do 1º ao 7° par)
Escápula

Processo
Xifóide

Coluna vertebral Costelas falsas


(do 8º ao 12° par)
Cartilagens costais

Figura 11 - Ossos do tronco

Descrição da Imagem: a figura mostra um tronco, com ossos em destaque na seguinte ordem: Caixa torácica (vista
anterior); clavícula; escápula; costelas verdadeiras (do 1º ao 7° par); costelas falsas (do 8º ao 12° par); coluna vertebral;
cartilagens costais; osso esterno: manúbrio, corpo e processo xifoide.

O osso esterno é um osso ímpar, plano, localizado na região central e anterior do tórax. Ele é dividido
em três partes até a meia idade, quando ocorre sua ossificação. A parte mais larga e superior é chamada
de manúbrio. Esta se une ao corpo que é mais longo e estreito. O processo xifóide é a menor e a mais
inferior parte do esterno.
As costelas são 12 pares de ossos curvos com alta resiliência e que contém medula óssea. Podem ser
verdadeiras, falsas ou flutuantes. As verdadeiras (do 1° ao 7° par) fixam-se diretamente ao osso esterno
por meio de suas próprias cartilagens costais. As falsas (do 8° ao 10° par) têm conexão indireta com
o osso esterno, pois suas cartilagens costais são unidas (formando a margem costal). As flutuantes ou
anesternais (11° e 12° par de costelas) não se conectam ao osso esterno.
As 12 vértebras torácicas são chamadas de T1, T2, T3, T4, T5, T6, T7, T8, T9,T10, T11 e T12, as 5 lombares
são chamadas de L1, L2, L3, L4 e L5, as 5 sacrais são chamadas de S1, S2, S3, S4 e S5 e as 3 ou 4 coccígeas são
chamadas de Co1, Co2, Co3 e Co4 (variação anatômica). No entanto, as vértebras sacrais e as coccígeas,
por ossificação de seus discos intervertebrais, originam o sacro e o cóccix, respectivamente.

56
UNIDADE 2

Dorsal Lateral

Vértebras Vértebras
cervicais cervicais

Face costal

Discos
Vértebras intervertebrais
torácicas
Vértebras
Forames torácicas
intervertebrais

Figura 12 - Coluna vertebral

Descrição da Imagem: a figura


mostra a coluna vertebral em
Vértebras vista posterior e lateral, identifi-
lombares
cando suas regiões: cervical, to-
Vértebras rácica, lombar, sacral e coccígea,
lombares destacando à esquerda: Vista
posterior - Vértebras cervicais;
Vértebras torácicas; Vértebras
lombares; Vértebras sacrais e
coccígeas. No meio: Face costal;
Vértebras sacrais Discos intervertebrais; Forames
e coccígeas Sacro
intervertebrais; Sacro; Cóccix.
À direita: Vértebras cervicais;
Vértebras torácicas; Vértebras
lombares.
Cóccix

As lombares são as maiores e mais resistentes vértebras da coluna. Seus processos espinhosos servem
para fixação dos grandes músculos do dorso. O sacro é um osso triangular que se posiciona medialmente
aos ossos do quadril. Na mulher ele é mais curto, largo e curvo a fim de favorecer a expulsão do bebê
durante o trabalho de parto normal. Apresenta forames pelos quais passam nervos e vasos sanguíneos.

Você sabia que entre os corpos das vértebras ficam interpostos os discos intervertebrais?
Estes discos são altamente hidratados e por isso são capazes de absorver impactos impostos
à coluna vertebral e permitir movimentos sem desgastes.

57
UNICESUMAR

O membro superior é composto por vários ossos (32 no total) que se articulam para permitir ampla
mobilidade e realização dos movimentos das mãos, inclusive os de pinça fina. O cíngulo do membro
superior é composto pela clavícula e pela escápula e tem a função de unir a parte livre do membro ao
esqueleto axial. A parte livre do membro apresenta um osso no braço (o úmero), dois ossos no ante-
braço (o rádio e a ulna), treze ossos nas mãos (oito ossos carpais e cinco ossos metacarpais) e quatorze
ossos nos dedos (cinco falanges proximais, cinco falanges distais e quatro falanges médias). Apenas
os ossos carpais são classificados quanto à forma como curtos, sendo os demais classificados como
longos (MIRANDA NETO; CHOPARD, 2014).
Clavícula

Cintura
Escápula Escapular

Úmero
Braço

Articulação do
Cotovelo

Rádio

Antebraço Ulna

Figura 13 - Ossos do membro superior


Ossos carpais

Descrição da Imagem: a figu- Ossos Metacarpais


ra mostra os ossos do membro
superior: Cintura Escapular, Es- Mão
cápula, Clavícula, Braço, Úmero,
Articulação do Cotovelo, Ante-
braço, Rádio, Ulna, Mão, Ossos Falanges
carpais, Ossos metacarpais, Os-
sos Falanges.

58
UNIDADE 2

A clavícula é um osso fino, em forma de “S”, que fica sobre a primeira costela. Sua posição lhe permite
se articular com o esterno e com a escápula, além de servir como ponto de fixação para alguns liga-
mentos. Em contrapartida, a escápula é um osso grande, plano, triangular e posterior que se articula
com a clavícula e com o úmero.
O úmero é o osso mais longo do membro superior. Sua extremidade proximal se articula com a
escápula e sua extremidade distal se articula com o rádio e com a ulna. Ele permite a fixação de vá-
rios músculos. Enquanto a ulna (o maior osso do antebraço) tem localização medial, o rádio é o osso
lateral do antebraço cuja extremidade distal se articula com três ossos do carpo (semilunar, escafoide
e piramidal) para formar a articulação radiocarpal. Rádio e ulna se articulam entre si pela membrana
interóssea do antebraço que serve como ponto de fixação de alguns músculos profundos do antebraço.
Os ossos da mão compreendem os ossos carpais e metacarpais. Os carpais são oito ossos curtos
unidos por ligamentos nas articulações intercarpais. São dispostos em duas fileiras com quatro ossos
cada. Na fileira proximal estão os ossos escafóide, semilunar, piramidal e pisiforme; na fileira distal
estão os ossos trapézio, trapezóide, capitato (maior) e hamato. Os ossos metacarpais são cinco ossos
longos numerados de I a V, a partir da posição lateral. Articulam-se proximalmente com os ossos do
carpo e distalmente com as falanges. Os ossos dos dedos são as falanges. São 14 ossos longos chamados
de falanges proximal, média e distal. O polegar tem apenas as falanges proximal e distal.
O membro inferior é composto por vários ossos que se articulam entre si para permitir
ampla mobilidade e o suporte de peso corporal durante a marcha e o equilíbrio do corpo na postura
estática. O cíngulo do membro inferior é composto pelos ossos do quadril e pelo osso sacro, e tem
por função unir a parte livre do membro inferior ao esqueleto axial. A parte livre do membro inferior
apresenta um osso longo na coxa (o fêmur), dois ossos longos na perna (a tíbia e a fíbula), um osso
sesamoide na região do joelho (patela), doze ossos no pé (sendo sete ossos tarsais e cinco ossos meta-
tarsais) e quatorze ossos nos dedos (cinco falanges proximais, cinco falanges distais e quatro falanges
médias). Os ossos do quadril e o sacro são irregulares, os tarsais são curtos, os metatarsais e as falanges
são longos (DANGELO; FATTINI, 2011).

59
UNICESUMAR

OSSOS DO MEMBRO INFERIOR


Visão anterior

Osso do quadril

Fêmur

Patela

Tíbia Fíbula

Figura 14 - Ossos do membro inferior

Descrição da Imagem: a figura Ossos do Tarso


mostra os ossos do membro in- Ossos do Metatarso
ferior: ossos do quadril, fêmur,
patela, tíbia, fíbula, ossos tar-
sais, metatarsais, falanges. Falanges

O osso do quadril do recém-nascido é formado por três ossos separados por cartilagem: ílio, ísquio
e púbis. Eles se unem completamente por volta dos 23 anos de idade e se articulam anteriormente na
sínfise púbica e, posteriormente, unem-se ao sacro. Assim, o anel ósseo completo formado pelos dois
ossos do quadril e pelo sacro formam a pelve óssea (bacia popularmente referida), que dá suporte à
coluna e aos órgãos pélvicos.
O fêmur é o maior, mais pesado e mais resistente osso do corpo. Sua extremidade proximal arti-
cula-se com o osso do quadril e a distal articula-se com a tíbia e patela. A patela é um osso triangu-
lar e sesamoide que se desenvolve no tendão do músculo quadríceps femoral aumentando a força

60
UNIDADE 2

de alavanca deste músculo, mantendo a posição de seu tendão na flexão do joelho e protegendo a
articulação. Enquanto, a tíbia é o osso medial e sustentador de peso do membro inferior, a fíbula é
lateral. Superiormente, a tíbia se articula com o fêmur e com a fíbula e inferiormente se articula com
o tálus e com a fíbula (pela membrana interóssea da perna). Os ossos do pé incluem os ossos tarsais
e metatarsais. Os tarsais (tálus, calcâneo, navicular, cuboide, cuneiforme lateral, cuneiforme medial e
cuneiforme intermédio) unem-se pelas articulações intertarsais. Os metatarsais são numerados de I
a V a partir da posição medial. Articulam-se proximalmente com os ossos tarsais e distalmente com
as falanges. Exceto o hálux (popularmente chamado de “dedão”) que só apresenta falanges proximal
e distal, os demais dedos têm falanges proximal, média e distal.

SISTEMA ARTICULAR

Quem nunca ouviu a vó ou o vô reclamar que está com dor nas “juntas”? Quem nunca ouviu dizer que
se ficar muito tempo sem movimentar uma articulação a “junta” seca? Será que essas suposições são
fato ou boato? A fim de respondermos estas e tantas outras questões sobre este tema tão complexo,
neste tópico faremos um estudo completo sobre as articulações.
Em primeiro lugar, você só pode chamar as articulações de junturas. “Juntas” não! Em segundo
lugar, elas são definidas como um conjunto de estruturas anatômicas que promovem a conexão entre
duas ou mais peças do esqueleto. Se ocorrer entre apenas dois ossos ela é classificada como articulação
simples, mas se acontecer entre mais de dois ossos, ela é chamada de composta (WATANABE, 2000).
A maioria das articulações relaciona-se à produção de movimentos uma vez que as peças ósseas
são tracionadas pelos músculos. Todavia, algumas articulações não são muito móveis, mas dão esta-
bilidade às zonas de união entre os vários segmentos do esqueleto, ou seja, estão mais relacionadas à
manutenção da postura e do equilíbrio. Quando as articulações perdem suas funções em decorrência
de doenças (artrite, por exemplo), um procedimento cirúrgico chamado artroplastia pode ser feito.
Nele a articulação lesada é substituída por uma articulação artificial (MOORE et al., 2014).
As articulações podem ser classificadas segundo vários critérios, sendo os dois mais utilizados o
critério funcional (com base nos tipos de movimentos que permitem) e o critério estrutural (baseado
em características anatômicas). A classificação funcional está relacionada ao grau de movimento
que a articulação permite. Assim, pode ser chamada de sinartrose (quando a articulação é fixa, sem
movimento), anfiartrose (quando a articulação permite pouco movimento) ou diartrose (quando a
articulação é muito móvel). Já a classificação estrutural é baseada na presença ou ausência de um es-
paço (a cavidade articular) entre os ossos da articulação e no tipo de tecido que une os ossos. Assim, a
articulação pode ser fibrosa, cartilagínea ou sinovial (GRABINER; GREGOR; VASCONCELOS, 1991).
A articulação fibrosa tem ossos unidos por tecido conjuntivo fibroso rico em fibras colágenas, não
tem cavidade articular entre os ossos e permite apenas pequenos deslocamentos e movimentos vibra-
tórios. A articulação cartilagínea tem ossos unidos por cartilagem hialina ou fibrocartilagem, não tem
cavidade articular entre os ossos e também permite apenas pequenos deslocamentos e movimentos

61
UNICESUMAR

vibratórios. Em contrapartida, a articulação sinovial tem ossos unidos por tecido conjuntivo denso
não modelado em forma de cápsula articular, tem cavidade articular e apresenta alguns elementos
articulares característicos e outros especiais.
As articulações fibrosas podem ser do tipo sutura, sindesmose e gonfose. As suturas são funcio-
nalmente classificadas como sinartroses, são encontradas nos ossos do crânio e podem ser planas
(quando os ossos se encaixam de forma retilínea, como no caso da sutura internasal), serrilhada
(quando os ossos se interdigitalizam um no outro, como na sutura sagital) ou escamosa (quando os
ossos se sobrepõem um ao outro, como ocorre entre o parietal e temporal). A ossificação das suturas
geralmente inicia na segunda década de vida e termina após 80 anos, recebendo o nome de sinostose.
Na sindesmose há uma distância maior entre os ossos e, por isso, existe mais tecido conjuntivo
fibroso entre eles o qual pode estar disposto como um feixe (ligamento) ou como lâmina (membrana
interóssea). Exemplo: membrana interóssea da perna (sindesmose tibiofibular) e do antebraço (sin-
desmose radioulnar). É funcionalmente classificada como anfiartrose.
A gonfose ocorre quando uma estrutura cuneiforme se ajusta a uma concavidade. É o que ocorre,
por exemplo, na união das raízes dos dentes com os processos alveolares da maxila e mandíbula. Vale
ressaltar que, embora discretos, os movimentos dos dentes existem e podem ser percebidos durante
pequenos rebaixamentos ao serem submetidos a fortes compressões (servem para suavizar impactos
e evitar que os dentes se partam). São funcionalmente classificadas como sinartroses.

Figura 15 - Articulações fibrosas do tipo sindesmose

Descrição da Imagem: a figura mostra as articulações fibrosas do antebraço (esquerda) e da perna (direita), destacando
as membranas interósseas destas regiões.

62
UNIDADE 2

As articulações cartilagíneas podem ser do tipo sincondrose ou sínfise. A sincondrose apresenta car-
tilagem hialina entre os ossos e é funcionalmente classificada como sinartrose. Algumas podem ser
temporárias sofrendo ossificação no decorrer da vida (como a sincondrose esfenocciptal e a lâmina
epifisial) e outras podem ser permanentes (como as articulações entre o osso esterno e as dez primeiras
cartilagens costais).
A sínfise é uma articulação onde os ossos são unidos por um disco de fibrocartilagem (por exemplo,
sínfise púbica, manubrioesternal e intervertebral). São classificadas como anfiartroses. As articulações
sinoviais têm elementos característicos e especiais como a superfície articular, cartilagem articular,
cápsula articular e líquido sinovial.
A superfície articular é a porção de cada osso da articulação. Não tem periósteo, mas é coberta por
cartilagem articular que é avascular (é nutrida pelo líquido sinovial), é fina, lisa e escorregadia (a fim
de reduzir o atrito entre os ossos e absorver impactos). A cápsula articular é uma membrana de teci-
do conjuntivo que envolve a articulação vedando-a e unindo os ossos (fazendo coaptação articular).
É amplamente vascularizada e inervada (tanto com inervação dolorosa quanto proprioceptiva). É
composta pela camada fibrosa (externa) e sinovial (interna). Enquanto a fibrosa é resistente, permite
coaptação, mobilidade e resistência à tração, a sinovial sintetiza o líquido.
O líquido sinovial é viscoso, amarelo-claro, constituído principalmente por ácido hialurônico,
proteoglicanas e glicosaminoglicanas. Ele reduz atrito (pois lubrifica a articulação), absorve impactos
(pois mantém os ossos levemente afastados) e elimina calor produzido nas articulações durante os
movimentos. Além disso, remove microrganismos e fragmentos resultantes do desgaste articular (pois
contém células fagocíticas), nutre e oxigena a cartilagem articular, assim como dela remove o CO2 e os
resíduos metabólicos. Como é produzido proporcionalmente ao movimento articular, quando uma
articulação fica imobilizada por muito tempo (para consolidar uma fratura, por exemplo), o líquido
torna-se menos abundante e viscoso. Por isso, as pessoas dizem que a “junta secou”. Todavia, produzido
em excesso (por um processo inflamatório, por exemplo, sinovite), deve ser aspirado a fim de diminuir
a pressão intra-articular e a dor (FREITAS, 2004).
Os elementos especiais das articulações sinoviais incluem os lábios, os discos articulares, os meniscos,
os ligamentos acessórios, as bolsas e as bainhas tendíneas. Os lábios são estruturas de fibrocartilagem lo-
calizadas em extremidades articulares, geralmente côncavas, a fim de ampliar a cavidade e conferir maior
estabilidade à articulação. Os discos articulares e os meniscos são estruturas de fibrocartilagem presentes
em articulações muito usadas, como a ATM e o joelho. Eles melhoram a coaptação articular, aumentam
a estabilidade, reduzem o atrito e os danos causados por impactos, além de distribuírem melhor o líquido
sinovial. Os ligamentos acessórios aumentam a coaptação articular e podem estar localizados por fora da
cavidade articular (extracapsulares - como os ligamentos colaterais do joelho) ou por dentro da cápsula, mas
fora da cavidade articular (intracapsulares - como o ligamento cruzado anterior do joelho). As bolsas são
sacos de tecido conjuntivo revestidos por membrana sinovial e preenchidos por uma pequena quantidade
de líquido semelhante ao líquido sinovial. Localizam-se entre pele e osso, tendão e osso, músculo e osso ou
ligamento e osso. Reduzem o atrito de articulações muito exigidas e sua inflamação é chamada de bursite.
Por fim, bainhas tendíneas são bolsas que envolvem tendões que estão sob atrito.

63
UNICESUMAR

As articulações sinoviais são nomeadas de acordo com os movimentos que permitem, os quais são
influenciados pela forma dos ossos. Assim, conforme a configuração das faces articulares, as articula-
ções sinoviais podem ser do tipo plana, gínglimo, trocoide, elipsoide, selar ou esferoide. Articulações
planas apresentam faces planas e permitem movimentos de deslizamento de uma superfície sobre a
outra. Isto ocorre entre os ossos carpais e tarsais, na articulação sacroilíaca, acromioclavicular, ester-
noclavicular, esternocostais e vertebrocostais. As articulações do tipo gínglimo têm superfícies ósseas
cilíndricas apresentando depressão em carretel em um osso e saliência correspondente no outro. As
articulações interfalângicas, do cotovelo e do joelho são alguns exemplos. As articulações trocoides têm
faces ósseas semi-cilíndricas completadas por ligamentos que possibilitam movimento de rotação. As
articulações radio-ulnar proximal e distal, e a articulação atlantoaxial são exemplos. Já nas elipsoides,
uma das superfícies ósseas é oval e convexa, e a outra é oval e côncava. As articulações radiocarpal e
metatarsofalângica são assim. As selares têm superfície côncava em uma direção e convexa em outra,
com encaixe recíproco em outra superfície óssea. Ocorrem, por exemplo, na articulação carpometa-
carpal do polegar. Por fim, as articulações esferoides têm superfície esférica articulando-se em uma
cavidade correspondente (como no quadril e no ombro) (TORTORA et al., 2010).

TIPOS DE ARTICULAÇÕES

Articulação
trocóide
Articulação
gínglimo

Articulação Articulação
selar elipsóide
Figura 16 - Tipos de articulações

Descrição da Imagem: a figura


mostra um esqueleto e, nele,
destaca os principais tipos de
articulações: articulação gíngli-
mo; articulação elipsoide; arti-
Articulação culação esferoide; articulação
plana plana; articulação selar e arti-
Articulação
esferóide culação trocoide.

64
UNIDADE 2

As articulações sinoviais podem apresentar movimento do tipo deslizamento, angular, de rotação


ou ainda movimentos especiais. No deslizamento, as faces planas dos ossos se movimentam sem alterar
significativamente o ângulo entre eles. Assim, a amplitude de movimento é limitada. Diferentemente,
nos movimentos angulares o ângulo entre os ossos da articulação é alterado. Incluem flexão, extensão,
flexão lateral, abdução, adução e circundução (GRABINER; GREGOR; VASCONCELOS, 1991).
Flexão e extensão são movimentos opostos. Na flexão ocorre redução do ângulo entre os ossos e na
extensão ocorre aumento desse ângulo (normalmente para voltar à posição anatômica). Ocorrem no
plano sagital, por meio do eixo coronal (exceto a do polegar). Alguns autores consideram a continua-
ção da extensão para além da posição anatômica como hiperextensão. Na flexão lateral, o segmento
corpóreo é deslocado em direção ao plano lateral. Ocorre no plano coronal por meio do eixo sagital.
Este movimento ocorre, por exemplo, no tronco.
Abdução e adução são movimentos opostos. Na abdução ocorre movimento do segmento corpóreo
para longe da linha mediana do corpo. Na adução, o segmento corpóreo é deslocado em direção à
linha mediana (normalmente para voltar à posição anatômica). Ocorrem no plano coronal por meio
do eixo sagital (exceto a do polegar). Para os dedos, considera-se como ponto de referência uma linha
mediana que passa sobre o dedo médio da mão e sobre o segundo dedo do pé. Na articulação radio-
carpal, a abdução pode ser chamada de desvio radial e a adução pode ser chamada de desvio ulnar.
Na circundução, a extremidade distal do segmento corpóreo descreve um círculo. Ocorre como
resultado de uma sequência de movimento que envolve flexão, extensão, abdução e adução. Na rotação
o osso gira em torno do seu próprio eixo longitudinal. Nos membros, se a face anterior é girada em
direção à linha mediana do corpo, a rotação é chamada de medial e se é girada para longe da linha
mediana do corpo, é chamada de lateral.
Em algumas articulações podem ocorrer movimentos especiais. É o caso, por exemplo, da elevação
(quando parte do corpo se desloca para cima) e abaixamento (esta mesma parte move-se para baixo).
São possíveis na mandíbula, costelas, ombros, osso hioide etc. Outros movimentos especiais incluem
a protração (ou protrusão), retração (ou retrusão), inversão, eversão, flexão dorsal (ou dorsiflexão),
flexão plantar (ou plantiflexão), supinação, pronação, oposição e reposição.
Na protração, há movimento anterior de uma parte do corpo no plano transversal e na retração ocorre
o movimento da parte protraída de volta à posição anatômica (possível na mandíbula, clavícula etc.). A
inversão e a eversão ocorrem nas articulações intertarsais. Enquanto na inversão as plantas se movimentam
medialmente, na eversão elas se movimentam lateralmente. Na flexão dorsal, o dorso do pé é movido em
direção à face anterior da perna e na flexão plantar, a planta é movida em direção à face posterior da perna.
A supinação e a pronação ocorrem nas articulações radioulnar proximal e distal. Enquanto na supinação a
palma é girada anteriormente, na pronação a palma é girada posteriormente. Por fim, oposição é o movimento
do polegar para tocar as falanges distais dos demais dedos dando-lhes a capacidade de fazer movimentos de
pinça (possível na articulação carpometacarpal). Reposição é o movimento oposto.
As articulações são extremamente inervadas e vascularizadas (MIRANDA NETO; CHOPARD,
2014). Elas recebem sangue de ramos articulares das artérias que passam ao redor da cápsula arti-
cular e são drenadas por veias que acompanham as artérias. A maioria dos nervos articulares deriva

65
UNICESUMAR

de nervos que suprem músculos ao redor das articulações. Vale destacar que a inervação articular é
muito importante, pois está relacionada à sua proteção. Assim, a cápsula e os ligamentos articulares
apresentam vários tipos de sensibilidade, como a dolorosa e a proprioceptiva.
Alguns fatores afetam o contato entre as superfícies ósseas de uma articulação e, consequentemente,
limitam a amplitude de movimento articular. Os principais são a forma dos ossos que se articulam, a
resistência das estruturas articulares, a tensão muscular, o contato de partes moles próximas, ação de
alguns hormônios e o desuso (GRABINER; GREGOR; VASCONCELOS, 1991). A forma dos ossos
afeta, por exemplo, a extensão completa do cotovelo, pois tal movimento depende do encaixe da ulna
no úmero. Extrapolar esta limitação óssea pode causar lesão. A resistência das estruturas articulares
pode ser vista, por exemplo, quando se faz a flexão e a extensão do punho em amplitude máxima.
Tais movimentos são limitados pela tensão dos ligamentos e da cápsula articular os quais são bastante
resistentes. A tensão muscular pode ser exemplificada com a realização da flexão do quadril associada
à extensão do joelho, a qual pode ser limitada por encurtamento dos músculos posteriores da coxa.
Quando a flexão do cotovelo é realizada por um indivíduo com hipertrofia do músculo bíceps bra-
quial, pode haver limitação da amplitude de movimento devido o contato das partes moles próximas
(músculos do braço e do antebraço). Além disso, alguns hormônios podem interferir na mobilidade
articular. É o caso da relaxina (produzida pelos ovários e placenta) que aumenta a mobilidade da sínfise
púbica em gestantes a fim de facilitar o trabalho de parto. Em contrapartida, o desuso ou a imobilização
articular podem reduzir a flexibilidade dos ligamentos e tendões.
Os efeitos do envelhecimento sobre as articulações variam individualmente segundo fatores here-
ditários e de uso. Incluem a diminuição na produção do líquido sinovial, a fragilidade da cartilagem
articular, a perda da flexibilidade dos ligamentos, o aumento do peso corporal e a tendência a de-
formidades corpóreas (principalmente na coluna vertebral e nos joelhos). (GRABINER; GREGOR;
VASCONCELOS, 1991). Todavia todos estes efeitos podem ser minimizados pela prática de exercícios
físicos frequentes e por cuidados alimentares (ingestão proteica e hídrica adequada, por exemplo).
As diferentes articulações do corpo têm características anatômicas próprias as quais variam com
as demandas funcionais. Assim, a presença de discos e meniscos na articulação do joelho e na ATM,
por exemplo, deve-se ao fato destas articulações receberem descarga de peso e serem utilizadas abun-
dantemente em toda a vida. Por outro lado, articulações dos tórax estão adaptadas não à descarga de
peso, mas aos movimentos respiratórios.
Outro aspecto importante é que as articulações se movem ao redor de eixos de movimento. Assim, quanto
mais móvel é a articulação, mais eixos passam por ela. Por exemplo, as articulações do quadril e do ombro
são muito móveis, pois são triaxiais, ou seja, por elas passam três eixos de movimento. Já as articulações do
joelho e cotovelo são monoaxiais e, por isso, desenvolvem menos movimentos. O punho e o tornozelo são
biaxiais e podem realizar mais movimentos do que as monoaxiais e menos do que as triaxiais.
Normalmente, os movimentos de flexão e extensão ocorrem por meio do eixo coronal e são rea-
lizados no plano sagital. Já os movimentos de abdução e adução ocorrem por meio do eixo sagital e
são realizados no plano coronal. As rotações ocorrem pelo eixo longitudinal e no plano transversal
(GRABINER; GREGOR; VASCONCELOS, 1991).

66
UNIDADE 2

SISTEMA MUSCULAR

A função do músculo é realizar contração e a partir desta, vários outros eventos podem ser desencadea-
dos, como manutenção da postura (sustentação estática), respiração, movimento cardíaco, movimento
peristáltico e manutenção do tônus muscular. Além disso, os músculos dão forma ao corpo, são fonte
de calor e possibilitam movimentos voluntários, sendo considerados os órgãos ativos da locomoção
(MOORE et al., 2014).
Os músculos podem ser classificados considerando diferenças relacionadas ao controle voluntário,
à presença de estrias em suas fibras e à localização (FREITAS, 2004). Quanto ao controle voluntário,
o músculo pode ser voluntário (se sua contração ocorrer de acordo com a vontade do indivíduo) ou
involuntário (se sua contração não depender do controle do indivíduo). Quanto à aparência estriada
ou não de suas fibras ao microscópio, o músculo pode ser do tipo estriado (aquele que apresenta estrias
transversais) ou liso (sem estrias transversais). Por fim, quanto à localização, o músculo pode ser somático
(aquele localizado na parede do corpo ou nos membros) ou visceral (aquele localizado nos órgãos ocos
ou nos vasos sanguíneos). Assim, considerando estes três critérios, os músculos podem ser de três tipos:
Músculo estriado esquelético (movem ou estabilizam ossos e outras estruturas como os olhos; é somático
e voluntário), músculo estriado cardíaco (forma a maior parte das paredes do coração e dos grandes va-
sos; é visceral e involuntário) ou músculo liso (forma a parede da maioria dos vasos sanguíneos e órgãos
ocos; é visceral e involuntário). Um caso especial ocorre com o músculo diafragma, pois embora seja
involuntário, ele pode sofrer breve influência voluntária permitindo períodos de apneia (interrupção da
respiração) ou hiperpneia (aumento da frequência da respiração) de acordo com a vontade do indivíduo.

Figura 17 - Tipos de músculos

Descrição da Imagem: a figura mostra os três tipos de músculos: estriado cardíaco, estriado esquelético e liso.

A maioria dos músculos estriados esqueléticos está fixada aos ossos, cartilagens, ligamentos e fáscias.
Todavia, alguns deles podem se fixar a órgãos (como os olhos), pele (como os músculos da face) ou à
mucosa (como os músculos intrínsecos da língua). Tais músculos têm porções carnosas, avermelha-
das e contráteis (chamadas de cabeça ou ventre), e extremidades brancas não contráteis (chamadas
de tendões). Os tendões são compostos principalmente por feixes de colágenos e servem para fixação
dos músculos. Em alguns músculos aparecem como lâminas planas e passam a ser chamados de apo-
neurose (MIRANDA NETO; CHOPARD, 2014).

67
UNICESUMAR

VENTRE MUSCULAR

TENDÃO

APONEUROSE LOMBAR

Figura 18 - Ventre, tendão e aponeurose

Descrição da Imagem: a figura mostra o dorso dissecado de um indivíduo, evidenciando o ventre muscular, o tendão
e a aponeurose destes músculos.

Uma membrana de tecido conjuntivo denso chamada epimísio, envolve o músculo. Dela partem sep-
tos (o perimísio) para o interior do músculo, os quais envolvem pequenos grupos de células ou fibras
musculares (fascículos). Cada fibra muscular, por sua vez, é envolvida por uma membrana delicada de
tecido conjuntivo, o endomísio. Externamente, os músculos são revestidos por mais uma camada de
tecido conjuntivo - a fáscia muscular. Epimísio, perimísio e endomísio se prolongam além das fibras
musculares para formar tendões.
A fáscia muscular garante a sustentação do músculo bem como a preservação de sua anatomia
funcional sustentando vasos e nervos, e permitindo o deslizamento entre músculos próximos. Além
disso, forma septos intermusculares que compartimentalizam os músculos do corpo. Quando ocorre
aderência entre as fáscias (devido a processos inflamatórios ou traumas), os músculos diminuem seu
poder de contração.

68
UNIDADE 2

Cartilagem
articular

Tendão

Fáscia
muscular
Músculo
estriado
esquelético

Perimísio

Epimísio Figura 19 - Epimísio, perimísio, endomí-


sio e fáscia muscular
Fibras Vasos
musculares sanguíneos Descrição da Imagem: a figura
Fascículo mostra a estrutura interna do
músculo estriado esquelético.
Endomísio Osso

As fixações dos músculos (seja por tendão ou aponeurose) costumam ser descritas como origem
e inserção. Em geral, a origem é a extremidade proximal que permanece fixa durante a contração
muscular e muscular. No entanto, em alguns movimentos específicos, estes conceitos podem mudar.
Existem dois principais tipos de contração muscular fásica ou ativa: a isométrica e a isotônica
(GRABINER; GREGOR; VASCONCELOS, 1991). Na contração isométrica, o comprimento do mús-
culo permanece igual (ou seja, não há movimento), mas a força aumenta para resistir à gravidade ou à
outra força antagônica. Este tipo de contração é importante para a manutenção da postura quando os
músculos atuam como fixadores. Em contrapartida, na contração isotônica o músculo altera seu com-
primento enquanto o movimento ocorre. Ela pode ser do tipo concêntrica (o movimento se dá junto
ao encurtamento do músculo) ou excêntrica (quando o músculo é alongado ao se contrair, havendo
relaxamento gradual e controlado enquanto ocorre uma força contínua). É importante destacar que a
gravidade influencia no tipo de contração que o músculo exercerá. Assim, a flexão resistida do coto-
velo com o indivíduo em pé é realizada por contração concêntrica dos músculos flexores do cotovelo,
mas o lento retorno à extensão do cotovelo é feita pela contração excêntrica dos mesmos músculos.

69
UNICESUMAR

Muitas pessoas imaginam que o retorno seja feito pela contração concêntrica do tríceps braquial que
é o agonista da extensão do cotovelo, mas não é. Isso porque o fato do movimento ocorrer contra a
ação da gravidade muda a participação do músculo no movimento.
A vascularização sanguínea é abundante nos músculos, pois dela depende a adequada oxigenação e nutri-
ção muscular, bem como a drenagem de gás carbônico e produtos residuais produzidos no próprio músculo.
Sem vascularização eficiente, a contração muscular é inviável e, por isso, ela geralmente é múltipla, ou seja, o
músculo é irrigado por várias artérias adjacentes. De igual modo, a inervação do músculo é responsável pela
contração e estímulos sensitivos dos mesmos (dolorosos e proprioceptivos). Assim, a coordenação motora
depende da interação entre sistema muscular e sistema nervoso (MOORE et al., 2014).
De acordo com o papel que o músculo desempenha durante o movimento, ele pode ser classificado
como agonista, antagonista, sinergista e fixador ou postural (GRABINER; GREGOR; VASCONCELOS,
1991). O agonista (motor primário) é o principal músculo que produz o movimento (como o músculo
braquial na flexão do cotovelo). Já o antagonista, é o músculo que se opõe à ação de outro músculo
(como o tríceps braquial na flexão do cotovelo). O músculo sinergista complementa a ação do ago-
nista (como o músculo braquiorradial na flexão do cotovelo) ou fixa uma articulação intermediária
quando o agonista passa por mais de uma articulação (como o extensor dos dedos, que é sinergista do
flexor profundo dos dedos ao fixar em extensão todas as outras articulações pelas quais ele passa). Por
fim, o músculo fixador ou postural estabiliza partes proximais de um membro mediante contrações
isométricas, enquanto ocorrem movimentos nas partes distais. O músculo deltoide, por exemplo,
mantém o ombro em abdução enquanto uma pinça fina é executada nas articulações interfalângicas.
As bainhas fibrosas, as bainhas sinoviais e os retináculos auxiliam os músculos no desempenho
de suas funções e por isso são ditas órgãos anexos do sistema muscular (FREITAS, 2004). As bainhas
fibrosas revestem tendões e fáscias de revestimento. São constituídas por tecido conjuntivo e se inserem
nos ossos formando canais para manterem em posição os tendões de músculos longos que passam em
seu interior. As bainhas sinoviais são encontradas no interior das bainhas fibrosas. São constituídas
por uma camada interna (intimamente aderida ao tendão) e uma camada externa (voltada à bainha
fibrosa). Sua função é produzir um líquido semelhante ao líquido sinovial para facilitar o deslizamento
dos tendões durante a realização dos movimentos. São comuns na região dos ossos carpais e tarsais.
Os retináculos são espessamentos das fáscias. São constituídos por tecido conjuntivo e servem para
manter em posição os tendões que cruzam as articulações.
Segundo Moore et al. (2014), existem 656 músculos estriados esqueléticos nominados no
corpo humano. A nomenclatura dos mesmos é baseada em vários critérios, como forma (músculo
deltoide e músculo trapézio), localização (músculos intercostais e músculo subescapular), forma e lo-
calização (músculo quadrado da coxa e músculo orbicular da boca), ação (músculo eretor da espinha
e músculo extensor dos dedos), ação e forma (músculo pronador quadrado e músculo adutor longo),
ação e localização (músculo flexor superior dos dedos e músculo flexor radial do carpo), origem e
inserção (músculo esternocleidomastoideo), dentre outros. Além disso, os músculos também podem
ser classificados de acordo com outros critérios, por exemplo, função, direção das fibras musculares,
aparência, localização, número de pontos de origem, de pontos de inserção, de ventres musculares.

70
UNIDADE 2

Quanto à direção das fibras musculares, podem ser de fibras paralelas (como o sartório) ou de fibras
oblíquas (como o glúteo máximo). Normalmente, músculos de fibras paralelas desenvolvem bastante
amplitude de movimento articular, mas normalmente têm pouca força. Em contrapartida, músculos
de fibras oblíquas têm bastante força muscular, mas pouca amplitude de movimento. Complemen-
tarmente, os músculos de fibras oblíquas podem ser do tipo unipenados (como o extensor longo dos
dedos), bipenados (como o reto da coxa) ou multipenados (como o deltoide).
Vale ressaltar que em alguns músculos, as fibras convergem de uma larga origem para um estreito
e único tendão dando ao músculo um arranjo em forma de leque ou um aspecto triangular (é o que
ocorre, por exemplo, com o músculo peitoral maior). Quanto à aparência, os músculos podem ser
curtos (como os da mão), longos (em forma de fita; como o sartório), plano ou chato (presentes no
abdome e no dorso; como o trapézio), fusiforme (com uma região central de maior diâmetro em relação
às extremidades; como o bíceps braquial) ou circulares ou esfincterianos (que circundam aberturas
ou orifícios do corpo; como o orbicular do olho).
Quanto à localização, eles podem ser superficiais (aqueles que ficam logo abaixo da pele e têm pelo
menos uma de suas inserções na derme, sendo por isso chamados de dérmicos, como os músculos da
expressão facial) ou profundos (sem inserções na derme, como os músculos profundos do antebraço).
A nomenclatura também pode considerar o número de pontos de origem (bíceps, tríceps e quadrí-
ceps), o número de pontos de inserção (bicaudado e policaudado), de ventres musculares (digástrico
e poligástrico) ou a função exercida pelo músculo (flexor, extensor, abdutor etc.)
Os músculos da cabeça e do pescoço incluem os da expressão facial, os mastigatórios, os relaciona-
dos ao osso hióide, os superficiais do pescoço (como o esternocleidomastoideo), aqueles relacionados
à coluna vertebral (pré, para e pós-vertebrais), além daqueles que constituem a língua, o palato mole
e a faringe (FREITAS, 2004). Os músculos da expressão facial nos permitem expressar emoções por
meio de suas contrações. Seus nomes estão diretamente relacionados às suas funções, são eles:
• Occipitofrontal: apresenta ventres frontal e occipital unidos pela aponeurose epicrânica; eleva
os supercílios enrugando a pele da fronte, dando a expressão de atenção.
• Prócero: enruga a pele entre os supercílios.
• Corrugador do supercílio: junta os supercílios fazendo a expressão de bravo.
• Orbicular do olho: fecha a rima palpebral.
• Nasal: abre a asa do nariz para ampliar a captação do ar em esforço respiratório.
• Levantador do lábio superior e da asa do nariz: levanta o lábio superior e a asa do nariz.
• Levantador do lábio superior: levanta o lábio superior fazendo eversão ou “bico” do lábio
superior.
• Levantador do ângulo da boca: traciona o ângulo da boca obliquamente para cima na risada.
• Zigomático maior e zigomático menor: tracionam o ângulo da boca obliquamente para
cima na risada.
• Risório: traciona o ângulo da boca horizontalmente no sorriso.
• Orbicular da boca: fecha a rima bucal.
• Abaixador do ângulo da boca: abaixa o ângulo da boca fazendo a expressão de tristeza.

71
UNICESUMAR

• Abaixador do lábio inferior: abaixa o lábio inferior fazendo a eversão ou “bico” do lábio
inferior.
• Mentual: protrai o lábio inferior e enruga a pele do mento.
• Bucinador: contrai a bochecha no assopro, assovio, bocejo, e puxa o ângulo da boca lateral-
mente.
• Platisma: é superficial; abaixa a mandíbula, traciona o ângulo da boca para baixo e enruga a
pele do pescoço.

Figura 20 - Músculos da expressão facial

Descrição da Imagem: a figura mostra os músculos dissecados da expressão facial, conforme segue: escalpo - músculo
frontal, músculos da mastigação - temporal, masseter, músculo do mento - abaixador do ângulo da boca, abaixador
do lábio inferior, mentual, músculo do pescoço - platisma, boca - bucinador, orbicular da boca, risório, músculos da
bochecha - zigomático menor, zigomático maior, músculos do nariz - prócero, nasal, levantador do lábio superior e da
asa do nariz, levantador do lábio superior, levantador do lábio superior, músculos dos olhos - corrugador do supercílio,
orbicular do olho).

Os músculos da mastigação incluem o temporal, o masseter, o pterigoideo lateral e o pterigoideo


medial. Todos eles movimentam a mandíbula durante a mastigação e a fala.

72
UNIDADE 2

Figura 21 - Músculo Temporal e Músculo


Masseter

Descrição da Imagem: a figura


mostra os músculos da masti-
gação temporal e masseter em
vista lateral.

Os músculos relacionados ao osso hioide dividem-se em supra-hioideos (digástrico, estilo-hioideo,


milo-hioideo e gênio-hioideo) e infra-hioideos (omo-hioideo, esterno-hioideo, esterno-tireóideo e
tireo-hioideo). Supra-hioideos elevam o osso hioide durante a primeira fase da deglutição e abaixam
a mandíbula contra resistência. Infra-hioideos abaixam o osso hioide durante a segunda fase da de-
glutição.

Figura 22 - Músculos supra e infra-hioi-


deos

Descrição da Imagem: a figu-


ra mostra os músculos supra e
infra-hioideos em vista frontal.

73
UNICESUMAR

O esternocleidomastóideo é um músculo superficial do pescoço. Ele flexiona a cabeça (em contração


bilateral) e, em contração unilateral, faz a flexão lateral da cabeça para o mesmo lado do músculo que
se contraiu associada à rotação da face para o lado contrário do músculo que se contraiu.

Figura 23 - Músculo Esternocleidomas-


toideo (ECM)

Descrição da Imagem: a figu-


ra mostra o pescoço dissecado,
destacando o músculo esterno-
cleidomastoideo.

Os músculos pré-vertebrais estão relacionados à flexão da cabeça e do pescoço (músculos longo da


cabeça, longo do pescoço, reto anterior da cabeça e reto lateral da cabeça). Os músculos para-vertebrais
realizam a flexão ou inclinação lateral da cabeça e do pescoço (escalenos anterior, médio e posterior).
Os músculos pós-vertebrais estão relacionados à extensão da cabeça e do pescoço (esplênio da cabeça,
esplênio do pescoço, semiespinal da cabeça, semiespinal do pescoço, multífidos e suboccipitais). Os
multífidos são também rotadores da coluna vertebral.

74
UNIDADE 2

Músculos paravertebrais Músculos pós-vertebrais

A B
Figura 24 - Músculos paravertebrais (a) e pós vertebrais (b)

Descrição da Imagem: a figura mostra o pescoço dissecado em vista anterior e posterior, destacando os músculos
paravertebrais e pós vertebrais.

Os músculos do dorso são fortes, fixam-se às vértebras e são essenciais para sustentar e mover a coluna
vertebral. De uma forma geral, podem produzir movimentos nos membros superiores (como o tra-
pézio, o latíssimo do dorso, o levantador da escápula e os rombóides), relacionam-se aos movimentos
respiratórios (como o serrátil posterior superior e o serrátil posterior inferior) ou agir sobre a coluna
permitindo movimento e sustentando a postura (como o esplênio da cabeça, esplênio do pescoço,
eretor da espinha, semiespinal, multífidos e rotadores) (DI DIO, 2002).

75
UNICESUMAR

Figura 25 - Vista superficial dos mús-


culos do dorso

Descrição da Imagem: a figura


mostra o dorso dissecado, des-
tacando seus músculos.

Os músculos do tórax incluem músculos que unem o esqueleto axial ao apendicular, músculos da
parede anterolateral do abdome, músculos do pescoço, do dorso e alguns que agem como acessórios
da respiração. No entanto, os verdadeiros músculos da parede torácica são os levantadores das costelas
(agem na inspiração), o transverso do tórax (função expiratória), os intercostais externos (atuam na
inspiração), os intercostais internos (na expiração), os intercostais íntimos (têm a mesma ação dos
intercostais internos) e os subcostais (com ação igual a dos intercostais internos).

Figura 26 - Vista superficial dos múscu-


los do tórax e abdome

Descrição da Imagem: a figura


mostra o tronco dissecado, des-
tacando os músculos do tórax e
abdome.

76
UNIDADE 2

O diafragma é um músculo comum ao tórax e ao abdome, e atua como o principal músculo da inspi-
ração. Apresenta uma parte central aponeurótica chamada de centro tendíneo, e uma parte muscular
chamada de cúpula diafragmática. Ele é atravessado pela veia cava, pelo esôfago e pela artéria aorta
(WATANABE, 2000).

Figura 27 - Músculo diafragma

Descrição da Imagem: a figura


mostra o músculo diafragma
em um tronco dissecado, visto
de baixo para cima, na cavidade
abdominal. É possível visualizar
o centro tendíneo e a cúpula
diafragmática.

Os músculos do abdome podem estar localizados na parede ântero lateral ou posterior do abdome. Na
parede ântero lateral existem cinco pares de músculos: reto do abdome, piramidal, oblíquo externo do
abdome, oblíquo interno do abdome e transverso do abdome. Estes músculos têm diferentes direções
de fibras e formam uma sustentação forte nesta região. Juntos, sustentam e protegem as vísceras ab-
dominais, comprimem o conteúdo abdominal para manter ou aumentar a pressão intra-abdominal,
opõem-se ao diafragma, movem o tronco, ajudam a manter a postura, formam um cinturão muscular
e atuam ao tossir, espirrar, vomitar, no parto normal, ao assoar o nariz, na defecação e outras atividades
(MIRANDA NETO; CHOPARD, 2014).
Os músculos da parede abdominal posterior incluem o psoas maior, o psoas menor, o ilíaco e o
quadrado do lombo. O psoas maior fica lateralmente à coluna vertebral e parte de suas fibras unem-se
ao tendão do músculo ilíaco formando o músculo iliopsoas, que é o principal flexor do quadril. Além
disso, ele faz a flexão lateral do tronco e ajuda a manter a lordose lombar. O psoas menor é considerado
uma variação anatômica. Enquanto o ilíaco estabiliza o quadril, o quadrado do lombo é flexor lateral
e extensor do tronco.

77
UNICESUMAR

Figura 28 - Músculos da parede abdo-


minal posterior e músculos do quadril

Descrição da Imagem: a figura


mostra a parte inferior da colu-
na vertebral e os ossos do qua-
dril formando a pelve. Nela, os
músculos da parede abdominal
posterior e os músculos da re-
gião anterior do quadril podem
ser visualizados.

Os músculos do membro superior são muito numerosos, principalmente, porque possibilitam os


precisos movimentos da mão. Incluem o peitoral maior, peitoral menor, subclávio, serrátil anterior,
levantador da escápula, rombóide maior, rombóide menor, deltóide, redondo maior, redondo menor,
supraespinal, infraespinal, subescapular, os vários músculos do braço, do antebraço e da mão. Vale
destacar que os músculos trapézio e latíssimo do dorso, embora presentes no dorso, também atuam
sobre o membro superior (DI DIO, 2002).
Os músculos do braço incluem o bíceps braquial, braquial, coracobraquial, tríceps braquial e an-
côneo. Os músculos do antebraço compreendem 17 músculos que cruzam a articulação do cotovelo.
Alguns atuam exclusivamente nesta articulação, enquanto outros atuam na articulação do punho e/
ou dedos. Os músculos da mão têm nomes que identificam suas funções. Incluem o músculo abdutor
curto do polegar, flexor curto do polegar, oponente do polegar, abdutor do dedo mínimo, flexor curto
do dedo mínimo, oponente do dedo mínimo, lumbricais, interósseos e o adutor do polegar (MOORE
et al., 2014).

78
UNIDADE 2

M. Supra escapula

M. Infra escapular

M. Redondo menor
M. Triceps Braquial

M. Redondo maior Cabeça lateral


Cabeça longa

M. Latissimo do dorso

A B
Figura 29 - Vista posterior dos músculos relacionados à escápula (a) e do membro superior (b).

Descrição da Imagem: a figura mostra, em vista posterior, alguns músculos relacionados à escápula (como o supra
espinal, infra espinal, tríceps braquial, cabeça lateral, cabeça longa, latíssimo do dorso, redondo maior e redondo
menor) e do membro superior.

Os músculos do membro inferior, além de movimentar as diversas articulações deste segmento cor-
póreo, permitem a sustentação do peso do corpo e a manutenção da postura bípede em equilíbrio,
possibilitando a marcha.

79
UNICESUMAR

Figura 30 - Aspecto superficial dos


músculos dos membros inferiores (em
ordem: vista anterior, posterior, lateral
e medial)

Descrição da Imagem: a figu-


ra mostra o membro inferior
dissecado, destacando seus
músculos superficiais. Estes
músculos são apresentados em
vista anterior, posterior, lateral
e medial.

Os principais são: pectíneo, sartório, iliopsoas, quadríceps femoral, articular do joelho, adutor longo,
adutor curto, adutor magno, grácil, obturador externo, glúteo máximo, glúteo médio, glúteo mínimo,
tensor da fáscia lata, piriforme, obturador interno, gêmeo superior, gêmeo inferior, quadrado femoral,
semitendíneo, semimembranáceo, bíceps femoral, tibial anterior, extensor longo dos dedos, extensor
longo do hálux, fibular terceiro, fibular longo, gastrocnêmio, sóleo, plantar, poplíteo, flexor longo dos
dedos, flexor longo do hálux, tibial posterior (FREITAS, 2004).

A B

M. Glúteo mínimo M. Glúteo médio M. Glúteo máximo

Figura 31 - Músculos da região glútea (A) e da região posterior da coxa (B)

Descrição da Imagem: a figura mostra o membro inferior dissecado, destacando os músculos da região glútea e da
região posterior da coxa.

80
UNIDADE 2

Vale destacar que o músculo quadríceps femoral dá o maior volume para a região anterior da coxa
e é um dos músculos mais fortes do corpo. É constituído pelos músculos reto femoral, vasto lateral,
vasto intermédio e vasto lateral.

A B

Figura 32 - Vista superficial dos músculos da perna. Região anterior (A) e posterior (B)

Descrição da Imagem: a figura mostra o membro inferior dissecado, destacando os músculos da perna.

Os músculos do pé localizam-se na face plantar (14 deles), no dorso (2 deles) ou são intermediários
(4 deles). Os músculos da planta estão organizados em camadas e atuam na fase de suporte da mar-
cha mantendo os arcos do pé e produzindo supinação e pronação para permitir que o pé se ajuste ao
solo irregular. São eles o abdutor do hálux, adutor do hálux, flexor curto do hálux, abdutor do dedo
mínimo, flexor do dedo mínimo, flexor curto dos dedos, quadrado plantar, lumbricais, interósseos
dorsais e plantares. No dorso estão os músculos extensor curto dos dedos e extensor curto do hálux.

81
UNICESUMAR

Figura 33 - Vista lateral dos músculos superficiais do pé

Descrição da Imagem: a figura mostra o membro inferior dissecado, destacando os músculos do pé.

Querido(a) aluno(a), te convido a clicar aqui e ouvir o Podcast sobre


algumas alterações comuns relacionadas ao aparelho locomotor
com o fisioterapeuta e profissional de Educação Física Geraldo Iná-
cio Júnior, que é osteopata e especialista em acupuntura e técnicas
complementares na área da saúde e bem estar. Aproveite para tirar
todas as suas dúvidas!

82
UNIDADE 2

Título: A Teoria de Tudo


Ano: 2014
Sinopse: a história de Stephen Hawking é contada pela luz da ge-
nialidade e do amor que não vê obstáculos. Quando Jane conhece
Stephen, percebe que está entrando para uma família diferente. Com
grande sede de conhecimento, os Hawking possuíam o hábito de levar
material de leitura para o jantar, ir a óperas e concertos e estimular o
brilhantismo em seus filhos – entre eles aquele que seria conhecido
como um dos maiores gênios da humanidade, Stephen. Diagnosticado com Esclerose Lateral
Amiotrófica (ELA) aos 21 anos, Hawking superou todas as expectativas dos médicos sobre
suas chances de sobrevivência a partir da perseverança de sua mulher. Mesmo ao descobrir
que a condição de Stephen apenas pioraria, Jane seguiu firme na decisão de compartilhar
a vida com aquele que havia lhe encantado.
Comentário: é um filme que retrata a total dependência do sistema muscular em relação
ao sistema nervoso. Excelente!

Esta unidade expôs você ao fato de que o corpo humano é capaz de realizar movimentos graças ao
sistema locomotor o qual é formado por ossos, articulações e músculos. A atuação conjunta desses
sistemas, e em concordância com o comando do sistema nervoso, garante o movimento voluntário
harmônico e coordenado. O sistema muscular representa o elemento ativo do movimento tracionando
ossos que, como alavancas, movem, passivamente, as articulações. Se qualquer um destes sistemas
ou o controle nervoso falhar, distúrbios motores podem surgir como hiper ou hipotonia muscular,
paralisia, paresia, discinesia e outros. Por exemplo: Você lembra que, no início desta unidade, você
foi questionado a respeito de quantos ossos tem o corpo humano, se um recém-nascido tem a mes-
ma quantidade de ossos que um adulto, sobre quantos músculos tem o corpo humano e se todos os
músculos do corpo agem ao mesmo tempo? Pois bem. Precisamos responder tais questionamentos.
Temos 206 ossos quando adultos. Um recém-nascido nasce com 350. Temos 656 músculos os quais
não agem, simultaneamente, mas quando são requisitados. Assim, é essencial o pleno conhecimento
anatômico e fisiológico das estruturas que compõem tais sistemas, pois, por meio do conhecimento
adequado, procedimentos preventivos e curativos (como o fortalecimento e o alongamento muscular,
e até mesmo as intervenções cirúrgicas) poderão aperfeiçoar a atuação destes sistemas tão importan-
tes. Vale ressaltar que profissionais da saúde e do bem-estar devem conhecer, profundamente, estes
sistemas, pois agem modificando-os, ou mantendo a integridade dos mesmos.

83
Caro(a) aluno(a), gostaria que você fizesse, agora, uma verificação crítica dos conhecimentos
adquiridos por você ao término desta unidade. Para tanto, verifique o Mapa da Empatia a seguir
e, com base nos conhecimentos adquiridos, faça uma listagem resumida dos principais tipos de
ossos, articulações e músculos e inclua exemplos. Você pode fazer em formato de texto e utilizar
para seu estudo pessoal. Vamos lá!

SISTEMA ESQUELÉTICO SISTEMA ARTICULAR SISTEMA MUSCULAR

- FORMA: TIPOS DE OSSOS - ASPECTO ESTRUTURAL: - TIPOS DE MÚSCULOS


- EXEMPLOS TIPOS DE ARTICULAÇÕES - EXEMPLOS
- EXEMPLOS
MAPA MENTAL

84
1. Leia, atentamente, o texto que segue sobre o sistema esquelético:

“Além de dar sustentação ao corpo, o sistema esquelético protege os órgãos internos


e fornece pontos de apoio para a fixação dos músculos. Ele é constituído de peças ós-
seas e cartilagíneas articuladas, que formam um sistema de alavancas movimentadas
pelos músculos”.

(Fonte: https://afh.bio.br/sistemas/sustentacao/1.php).
I) O esqueleto do tórax é composto pelas cartilagens costais, osso esterno, costelas
e vértebras cervicais e torácicas. Sua mobilidade, apesar de não tão expressiva, é
essencial à respiração.
II) Pode-se afirmar que, exceto os ossos carpais e tarsais que são alongados, os outros
ossos que formam o esqueleto dos membros superiores e inferiores são classificados
como longos.
III) A escápula e a clavícula, embora estejam posicionadas no tronco, pertencem ao
esqueleto apendicular.
IV) O crânio é constituído por 22 ossos os quais apresentam pouca mobilidade. A maior
parte destes ossos constitui o crânio facial.

Assinale a alternativa que contém apenas proposições corretas.


a) I e II.

AGORA É COM VOCÊ


b) II e III.
c) III e IV.
d) I e IV.
e) I e III.

85
2. Relembre seus conhecimentos sobre miologia, analise as afirmações, a seguir, e iden-
tifique-as como verdadeiras (V) ou falsas (F).
( ) Os músculos classificados como digástricos apresentam dois ventres musculares se-
parados por um tendão intermediário. Um exemplo de tal músculo é o estilo-hioideo
(um dos músculos supra-hioideos que atuam na primeira fase da deglutição, elevando
o osso hioide).
( ) Os músculos classificados como bíceps, tríceps ou quadríceps apresentam, respecti-
vamente, dois, três ou quatro ventres musculares.
( ) Os músculos mímicos são classificados como estriados esqueléticos, voluntários e
dérmicos. A proximidade deles à pele faz com que suas contrações repetitivas e con-
tínuas sulquem a pele, fazendo com que as rugas de expressão apareçam.
a) F, F, V.
b) V, F, V.
c) F, V, F.
d) V, F, F.
e) F, V, V.

3. A miologia estuda os músculos e seus órgãos anexos. Analise, atentamente, as afir-


mativas a seguir:
I) O músculo estriado cardíaco apresenta estrias transversais e contração involuntária.
Assim, ele é classificado como somático.
AGORA É COM VOCÊ

II) Ao contrário do músculo estriado cardíaco, o músculo estriado esquelético tem


contração voluntária e não apresenta estrias transversais. Assim, ele é classificado
como liso.
III) Um músculo classificado como policaudado (como alguns das mãos e dos pés)
apresenta um ventre muscular e vários tendões de inserção.
IV) É considerado o tendão de origem de um músculo seu ponto que permanece mais
fixo, durante determinado movimento. Em contrapartida, é considerado o tendão
de inserção de um músculo seu ponto que mais se move, durante um determinado
movimento.

Assinale a alternativa que contém apenas afirmativas corretas.


a) I e III.
b) II e III.
c) I e IV.
d) III e IV.
e) II e IV.

86
1. C. A alternativa I está errada porque as vértebras cervicais não fazem parte do tórax.
A alternativa II está errada porque os ossos carpais e tarsais não são alongados, e sim
curtos.

2. A. A alternativa I está errada porque o músculo estilo hioideo não é digástrico. A alter-
nativa II está errada porque músculos classificados como bíceps, tríceps ou quadríceps
apresentam, respectivamente, dois, três ou quatro diferentes pontos de origem.

3. D. A alternativa I está errada porque o músculo estriado cardíaco é classificado como


visceral. A alternativa II está errada porque o músculo estriado esquelético apresenta
estrias transversais, e não é classificado como liso.

CONFIRA SUAS RESPOSTAS

87
MEU ESPAÇO

88
89
MEU ESPAÇO
MEU ESPAÇO

90
3
Esplancnologia
Dra. Carmem Patrícia Barbosa

Nesta unidade, você estudará os principais aspectos morfológicos


e funcionais dos sistemas circulatório (sanguíneo e linfático), respi-
ratório, digestório, urinário, genital masculino e genital feminino. O
estudo destes sistemas é de extrema importância ao profissional
da saúde e do bem-estar, pois a necessidade de entender o corpo
humano como um todo e a interrelação entre seus componentes
ressalta a relevância do tema desta unidade. Nela, você poderá
entender, por exemplo, todo o trajeto do sangue pelo nosso corpo
e saberá a atuação conjunta dos sistemas circulatório e respiratório,
essencial ao entendimento da fisiologia do exercício. Aproveite ao
máximo o conteúdo!
UNICESUMAR

Será que você conhece todos os órgãos que formam cada um dos siste-
mas do seu próprio corpo os quais estudaremos nesta unidade? Você
sabe onde fica o timo e para que serve? Você já ouviu falar do epidídimo
e do bulbo do vestíbulo? Se não sabe responder estas perguntas, ou se
acha que tem dúvidas em relação à esplancnologia, precisa compreen-
der que, como profissional da saúde e do bem-estar, é impossível ser
bem-sucedido sem tal conhecimento. Suponha, por exemplo, que você
trabalhe em um hospital da rede pública de saúde e, certa noite, chega
uma senhora desesperada em função de seu filho ter sofrido um aci-
dente motociclístico, e o médico ter lhe dito que o filho estava em um
estado muito grave de saúde (inclusive, em risco de morte). Segundo
informações do médico, o risco se deve ao fato de o rapaz ter apresen-
tado ruptura do baço, ruptura da artéria aorta descendente abdominal
e perfuração do pulmão esquerdo.
A fim de orientar não só esta mãe, mas todas as pessoas que pre-
cisarem de sua ajuda (incluindo os pacientes), você precisa entender
quais são as funções destes órgãos e seus papéis na manutenção da
homeostasia corpórea. Neste contexto, o estudo desta unidade e a
realização das atividades propostas lhe darão plena condição de,
por meio de competências específicas, desempenhar seu trabalho,
de maneira excelente, junto à equipe multiprofissional com a qual
você trabalhará. Então, vamos ao conhecimento!
Considerando que a mãe do rapaz do caso descrito é extrema-
mente simples em termos de conhecimento anatômico e que ela
veio até você em busca de respostas, gostaria de lhe sugerir uma
pesquisa sobre onde se localiza o baço, qual sua função e quais as
possíveis repercussões na vida deste rapaz, após a esplenectomia
acontecer. Também lhe oriento a compreender por que a ruptura
da artéria aorta descendente abdominal pode ser, de fato, fatal e o
que pode ocasionar a ruptura do pulmão esquerdo. Adicionalmente
e a fim de compreender a visão geral do corpo humano, em uma
folha de papel craft (ou qualquer outro papel de grande diâmetro),
faça uma relação de todos os órgãos que compõem cada sistema do
corpo humano. Coloque o nome do sistema em destaque (no topo
da folha), abaixo do nome, elenque todos os órgãos que o formam
e, na frente de cada órgão, cite sua principal função.
Considerando que é impossível entender o corpo humano e sua
homeostasia sem a compreensão da esplancnologia, você perceberá
que o uso da lista sugerida e dos conhecimentos que adquirirá no

92
UNIDADE 3

decorrer desta unidade serão essenciais a você. Assim, terá mais facilidade em memorizar as estruturas
anatômicas que compõem o corpo humano bem como suas funções.

SISTEMA CIRCULATÓRIO

O sistema circulatório apresenta importantes funções como nutrir e oxigenar as células e drenar
suas substâncias tóxicas (excretas metabólicas e CO2). Isto é possível, devido à atuação das hemácias
transportando gases aos pulmões (onde ocorre a hematose) e aos órgãos de filtragem (como fígado e
rim). Tal função é vital, pois, se as células não forem nutridas, oxigenadas e purificadas, haveria mor-
te celular. Além disso, contribui para o controle da temperatura corpórea, é imprescindível à defesa
imunológica, à coagulação sanguínea, à distribuição de hormônios pelo corpo e à administração de
medicamentos por via endovenosa (MIRANDA NETO; CHOPARD, 2014).
O sangue e suas funções só começaram a ser desvendados pela ciência a partir do século XVII e, atualmen-
te, a hematologia se encarrega de desvendar todos os seus mistérios. Sabemos hoje que o sangue apresenta uma
parte líquida, chamada plasma sanguíneo, e uma parte celular, cujas principais células incluem as hemácias
(eritrócitos ou glóbulos vermelhos), os leucócitos (ou glóbulos brancos) e as plaquetas (ou trombócitos).
As hemácias, de coloração avermelhada, apresentam como principal componente a hemoglobina em cuja
região central existem átomos de ferro (grupo heme) habilitados ao transporte de gases (como O2 e CO2).
Os leucócitos são células que possibilitam a defesa imunológica, por meio da fagocitose ou da produção de
substâncias capazes de destruir vírus, bactérias, células anômalas etc. Os trombócitos são células responsáveis
pela coagulação do sangue. Doenças que atrapalhem a produção ou o funcionamento destas células (anemia,
leucemia, hemofilia, por exemplo), podem causar a morte (FREITAS, 2004).

O sangue sempre foi considerado um poderoso símbolo da vida em qualquer civilização. Por
isso, foi chamado de fluido da vida e a ele foram atribuídas as funções de dar e sustentar a
vida sendo, inclusive, capaz de salvá-la. Entretanto muitos séculos de estudo e pesquisa foram
necessários para que a ciência descobrisse sua real importância e fizesse adequado uso dele.
Neste ínterim, muitos erros e algumas atrocidades foram cometidos. Por exemplo, conta-se
que, na Grécia Antiga, os nobres bebiam o sangue dos gladiadores mortos na arena a fim de
se curarem de muitos males (como a epilepsia). Outro fato interessante ocorreu, em 1492,
quando o Papa Inocêncio VIII foi convencido a ingerir o sangue de três jovens para se curar
de uma grave doença. O interessante é que tais jovens morreram anêmicos sem conseguir
restabelecer a saúde do pontífice.
Fonte: adaptado de Pró-sangue ([2021], on-line)1.

93
UNICESUMAR

O coração é um mistério desde a Antiguidade, quando as pessoas lhe atribuíram funções que não são
dele, como amor, ódio, amargura, bem querer, e tantas outras. Até mesmo os primeiros estudiosos em
anatomia achavam que o coração era o responsável pelo controle geral do corpo, e que os sentimentos
de fato advinham dele (criam na teoria cardiocêntrica). Aos poucos, este equívoco foi sendo corrigido,
e a função de controle geral do funcionamento do corpo foi atribuída ao cérebro. Mesmo assim, ainda
hoje poetas, músicos e, principalmente, os apaixonados associam funções emocionais ao coração.
Na verdade, este órgão tão simbólico ainda é considerado central em relação ao sistema circulatório
sanguíneo e é objeto de estudo da cardiologia.
Ele é ímpar, muscular, oco, com, aproximadamente, 12 cm de comprimento, 9 de largura e 6 de
espessura, pesa cerca de 250 gramas nas mulheres e 300 gramas nos homens e ocupa o volume aproxi-
mado de uma mão com os dedos fechados. Ele tem forma de uma pirâmide com o ápice (extremidade
pontiaguda) apontando para baixo, e a base (parte larga oposta ao ápice) direcionada para cima e à
direita. A base não tem uma localização muito nítida, pois os principais vasos sanguíneos do coração
(vasos da base) entram e saem por ela. Ao contrário, o ápice fica voltado à esquerda de forma que
cerca de 2/3 da massa do coração está à esquerda da linha mediana do corpo. Por isso e pelo fato de
que, no ápice as bulhas cardíacas, são muito audíveis, a maioria das pessoas acha que o coração fica
do lado esquerdo do peito, mas não fica. Ele fica no centro da cavidade torácica, entre os pulmões
(no mediastino), atrás do osso esterno e das cartilagens costais, anteriormente às vértebras torácicas
e acima do músculo diafragma (DI DIO, 2002).

Figura 1 - Posição e forma do coração / Fonte: Wikimedia


Commons (2009, on-line).

Descrição da Imagem: a figura mostra um tronco hu-


mano, masculino, com uma ilustração das costelas e
do coração, destacando sua posição e formato.

94
UNIDADE 3

O coração é constituído por três camadas (paredes ou túnicas): a interna (ou endocárdio), a média
(ou miocárdio) e a externa (ou pericárdio). A túnica média é a mais espessa, pois é formada de tecido
muscular estriado cardíaco. O pericárdio pode ser fibroso (mais externo, formado por tecido conjun-
tivo fibroso que auxilia na fixação do coração à cavidade torácica) ou seroso (constituído por tecido
seroso) (TORTORA; DERRICKSON; WERNECK, 2010).

Cavidade pericárdica

Endocardio
Pericardio fibroso
Miocardio

Capa parietal do
pericardio seroso

Epicardio
(capa visceral do
pericardio seroso)

Figura 2 - Constituição da parede do coração, evidenciando o endocárdio, miocárdio e pericárdio

Descrição da Imagem: a figura mostra um coração humano, destacando suas camadas interna, média e externa.

A cavidade do coração é subdividida em quatro câmaras cardíacas: dois átrios e dois ventrículos. Os
átrios são superiores, menores e chamados câmaras de recepção. Em contrapartida, os ventrículos são
inferiores, maiores e chamados câmaras de ejeção. Na face anterior de cada átrio, existe uma estrutura
enrugada, a aurícula, a qual aumenta, ligeiramente, a capacidade de armazenamento de sangue do
átrio. A divisão em tais câmaras é feita por projeções musculomembranosas do próprio miocárdio,
chamadas septos cardíacos. O septo atrioventricular tem direção horizontal e divide o coração em
parte superior e inferior. O septo interatrial é vertical e divide a porção superior do coração em átrio
direito e átrio esquerdo. O septo interventricular também é vertical, mas divide a porção inferior do
coração em ventrículo direito e ventrículo esquerdo. A face externa do coração apresenta gordura,
artérias coronárias e seus ramos e as veias do coração (DANGELO; FATTINI, 2011).

95
UNICESUMAR

Aorta Veias
pulmonares
Veia cava superior Artéria esquerdas
pulmonar

Átrio
esquerdo

Válvulas
semilunares Valva
do tronco atrioventricular Figura 2 - Câmaras e septos cardíacos

pulmonar esquerda
Descrição da Imagem: a figu-
ra mostra um coração aberto,
Átrio direito evidenciando as câmaras e
septos cardíacos: Aorta, Artéria
pulmonar, Veias pulmonares
esquerdas, Átrio esquerdo, Val-
va atrioventricular esquerda,
Valva Válvulas Válvulas semilunares da aorta,
atrioventricular semilunares Ventrículo esquerdo, Ventrículo
da aorta direito, Veia cava inferior, Valva
direita Ventrículo atrioventricular direita, Átrio
direito direito, Válvulas semilunares
Veia cava Ventrículo do tronco pulmonar, Veia cava
esquerdo superior.
inferior

Entre os átrios e os ventrículos, existem orifícios chamados óstios atrioventriculares, os quais apre-
sentam dispositivos orientadores da corrente sanguínea, as valvas cardíacas. As principais são as
valvas atrioventriculares direita e esquerda, valva do tronco pulmonar e da aorta. Tais estruturas, por
sua vez, são constituídas por lâminas de tecido conjuntivo chamadas válvulas, folhetos ou cúspides
(WATANABE, 2000). Na valva atrioventricular esquerda, existem duas válvulas, e, na atrioventricular
direita, existem três. No tronco pulmonar e na artéria aorta, as três válvulas são do tipo semilunares. As
valvas atrioventriculares se abrem quando a pressão dos átrios é maior do que a dos ventrículos. Neste
momento, os músculos papilares estão relaxados, e as cordas tendíneas frouxas. Quando os ventrículos
se contraem, a pressão do sangue empurra as válvulas para cima até o óstio fechar. Ao mesmo tempo,
os músculos papilares se contraem, e as cordas tendíneas são puxadas para impedir que as válvulas
se invertam em direção aos átrios. Neste momento, as válvulas do tronco pulmonar e da artéria aorta
se abrem, pois o aumento da pressão nos ventrículos e nas artérias faz com que o sangue empurre as
válvulas contra a parede destes vasos. Em contrapartida, à medida que os ventrículos vão relaxando, o
sangue reflui de volta ao coração, preenchendo tais válvulas fazendo-as se fecharem, fortemente. Este
mecanismo é essencial, pois assegura que o fluxo do sangue seja unidirecional (sem refluxo).

96
UNIDADE 3

Valva pulmonar Valva aórtica

Valva mitral
Valva tricúspide

Valva mecânica

Valva biológica

Figura 3 - Valvas e válvulas cardíacas

Descrição da Imagem: a figura mostra um coração aberto, evidenciando as valvas cardíacas. Na região inferior da
imagem, vê-se uma valva biológica e uma mecânica, utilizadas em implantes.

A passagem do sangue pelo coração e pelos vasos é chamada circulação. Esta se faz por meio de duas
correntes que partem ao mesmo tempo do coração. A primeira sai do ventrículo direito (pelo tronco
pulmonar) e se dirige aos capilares pulmonares onde ocorre a hematose. O sangue oxigenado é levado
ao átrio esquerdo (pelas veias pulmonares) e é lançado no ventrículo esquerdo. Esta é chamada peque-
na circulação, ou circulação pulmonar, e tem por objetivo oxigenar o sangue. A segunda corrente
sai do ventrículo esquerdo (pela artéria aorta) e se dirige a todos os tecidos do corpo, permitindo a
troca entre sangue e células. Após tais trocas, o sangue cheio de CO2 e resíduos, retorna ao coração
pelas veias cavas superior e inferior, que desembocam no átrio direito, de onde o sangue é dirigido ao
ventrículo direito. Esta é chamada grande circulação, ou circulação sistêmica, e tem por objetivo
distribuir o sangue oxigenado e rico em nutrientes ao corpo e dele remover o CO2 e os produtos resi-
duais (TORTORA; DERRICKSON; WERNECK, 2010).

97
UNICESUMAR

SISTEMA DE CIRCULAÇÃO SANGUÍNEA

Pulmão
PEQUENA
CIRCULAÇÃO

Artéria Pulmonar Veia Pulmonar


Aorta

Figura 4 - Sistema de circulação San- Aorta


guínea Átrio direito

Átrio esquerdo
Descrição da Imagem: a figu-
ra evidencia os tipos de sangue Veia
que circulam pelo sistema circu- Ventrículo
esquerdo
latório sanguíneo. À esquerda,
em azul, mostra o sangue rico
em CO2 advindo das células do Ventrículo
corpo, chegando no lado direito direito
do coração e sendo encaminha-
do aos pulmões para a hemato-
se. À direita, em vermelho, mos-
tra o sangue rico em O2 saindo
dos pulmões, indo para o lado
esquerdo do coração e sendo
encaminhado ao corpo. Orgãos e partes do corpo GRANDE CIRCULAÇÃO

Todos os eventos associados a um batimento cardíaco são chamados ciclo cardíaco. Em um ciclo nor-
mal, os dois átrios se contraem enquanto os dois ventrículos relaxam e, em seguida, os dois ventrículos
se contraem enquanto os dois átrios relaxam. No final, ocorre um período de relaxamento caracteri-
zado pelo momento em que os ventrículos começam a relaxar, e todas as câmaras estão em diástole.
Vale lembrar que sístole é um termo que se refere à fase de contração do coração enquanto diástole
é um termo que se refere à fase de relaxamento do mesmo (MIRANDA NETO; CHOPARD, 2014).
A inervação do coração é diferente da de outras regiões do corpo. Isto porque a inervação do músculo
cardíaco ocorre de duas formas, a extrínseca e a intrínseca. A extrínseca é feita pelo Sistema Nervoso
Autônomo (SNA), por meio de seus componentes simpáticos e parassimpáticos. Enquanto as fibras
simpáticas causam taquicardia, as parassimpáticas causam bradicardia. A inervação intrínseca, chamada
sistema de condução do coração, ou complexo estimulante do coração, não é feita por elementos
nervosos, e sim por fibras musculares estriadas cardíacas especiais, com poucas estrias transversais,
poucas miofibrilas, menor diâmetro e que formam o tecido nodal. Este tecido por si só é capaz de
gerar impulsos eletroquímicos que se propagam pelo coração, causando a contração do miocárdio de
forma rítmica e repetitiva (WATANABE, 2000). Um detalhe interessante é que a atividade elétrica do
coração gera uma corrente elétrica que pode ser detectada na superfície do corpo e registrada por um
exame chamado Eletrocardiograma (ECG). Alterações no ECG são úteis para diagnosticar e tratar

98
UNIDADE 3

doenças do coração que também podem ser identificadas ao avaliar a resposta do coração ao estresse
causado pelo exercício físico, por meio de um teste de esforço.
Como o coração se situa entre duas estruturas rígidas (a coluna vertebral e o osso esterno), sua
compressão pode ser útil para bombear o sangue dele para a circulação sistêmica. Assim, se ele parar,
subitamente, de bater, a ressuscitação cardiopulmonar (compressão cardíaca associada à ventilação
artificial dos pulmões) é útil para manter o sangue oxigenado até que o coração volte a bater (FREI-
TAS, 2004).
Os vasos sanguíneos incluem artérias, veias, arteríolas, capilares e vênulas. Tanto artérias quanto
veias possuem paredes formadas por três camadas sobrepostas: a túnica adventícia ou externa (que
dá resistência à parede do vaso), a túnica média (mais espessa, devido ao músculo liso que permite
vasoconstrição e vasodilatação sob o controle do SNA), e a túnica íntima ou endotélio (formada por
uma camada de células que permitem o deslizamento do sangue).
As artérias e veias não são iguais, e suas particularidades estruturais estão correlacionadas às funções
que desempenham na circulação. De modo geral, veias têm paredes menos espessas, mas luz vascular mais
ampla do que artérias (luz vascular é o espaço que existe para o sangue circular dentro do vaso). Isto porque
o mesmo volume de sangue que saiu do coração pelas artérias deve retomar ao coração pelas veias, quase
sem pressão e passivamente (ou seja, sem um órgão como o coração para mandá-lo de volta). Ademais, o
sangue presente nas artérias circula com maior pressão do que o sangue que circula nas veias.
Artérias são tubos cilíndricos elásticos, que saem do coração para levar sangue rico em O2 e nu-
trientes para as células (exceto as artérias pulmonares que conduzem sangue rico em CO2 aos pulmões).
Elas se ramificam, diminuem de diâmetro e, na maioria das vezes, são menos numerosas. Têm pulsação,
pois a força de contração do ventrículo gera uma onda de grande pressão, conhecida como pulso, que
se propaga ao longo delas. Em geral, artérias comunicam-se entre si por anastomoses, fornecendo
rotas alternativas para que o sangue chegue a determinado tecido (DI DIO, 2002).
Os capilares sanguíneos têm paredes muito delgadas, permitindo a passagem de substâncias por
meio de suas paredes e sendo conhecidos como vasos de troca. Têm diâmetro microscópico e ligam as
arteríolas às vênulas, permitindo a microcirculação. Apresentam vasomotricidade, são considerados
os vasos mais numerosos do corpo, e seu número varia com a atividade metabólica do tecido. Mús-
culos, fígado, rins e SNC têm alto metabolismo e muitos capilares; tendões e ligamentos têm menos
(TORTORA; DERRICKSON; WERNECK, 2010).
As veias são tubos que trazem sangue ao coração. São responsáveis pela drenagem sanguínea, ou
retorno venoso, pois coletam o sangue rico em CO2 e metabólitos dos tecidos para o coração (exceto
as veias pulmonares que conduzem sangue rico em O2 para o coração). Elas se formam pelas suces-
sivas confluências de vênulas e capilares venosos e vão aumentando, gradativamente, de calibre (ao
contrário das artérias). Veias não têm pulsação e, normalmente, são menos espessas do que as artérias
e, por isso, podem colabar (suas paredes podem ficar aderidas). São mais numerosas do que as artérias
(o leito venoso é, praticamente, o dobro do leito arterial; pênis e cordão umbilical são exceções, pois
neles há duas artérias acompanhando uma única veia). Podem ser superficiais ou profundas e podem
apresentar válvulas para impedir o refluxo do sangue (MIRANDA NETO; CHOPARD, 2014).

99
UNICESUMAR

A distribuição do sangue pelo corpo não é simétrica entre os órgãos e depende da demanda fun-
cional à qual o indivíduo está sujeito. Assim, a maior parte do volume de sangue em repouso (64%)
está nas veias e vênulas sistêmicas. As artérias sistêmicas têm cerca de 13%, os capilares sanguíneos
7%, os vasos pulmonares 9%, e o coração 7%. Todavia este estado pode ser totalmente alterado em
condições específicas, como exercício físico e estresse. Assim, pode-se dizer que as veias e vênulas
sistêmicas atuam como reservatório de sangue a partir do qual o sangue pode ser, rapidamente, re-
movido se houver necessidade. Este é o caso, por exemplo, de um quadro de hemorragia ou atividade
muscular intensa onde a venoconstrição poderá ajudar a contrabalancear a queda na pressão arterial.
As veias e vênulas do fígado, baço e da pele representam os principais reservatórios de sangue do corpo
(MOORE et al., 2014).

Aorta Artéria Coronária


Esquerda

Artéria Coronária
Figura 5 - Anatomia externa do coração Direita
Descrição da Imagem: a figura
mostra a anatomia externa do
coração com seus principais
vasos.

A vascularização do coração depende da parte ascendente da artéria aorta, que emite as artérias co-
ronárias as quais irrigam o pericárdio e o miocárdio. O endocárdio é nutrido por microvascularização,
diretamente, das câmaras do coração. O coração é drenado por pequenas veias cardíacas mínimas e
veias que se abrem no seio coronário (principal veia do coração). Este seio situa-se no sulco coronário
e desemboca no átrio direito. Antes, todavia, ele recebe como principais tributárias a veia cardíaca
magna, a veia cardíaca média e a veia cardíaca parva (WATANABE, 2000).

100
UNIDADE 3

A vascularização da cabeça e pescoço depende das artérias


carótidas comuns e subclávias, as quais se originam do arco da
aorta. As artérias carótidas comuns têm pulsação lateralmente à
laringe e, na altura da cartilagem tireoide, ramificam-se em artéria
carótida interna e externa. A interna passa o canal carótico, emite
a artéria oftálmica (que irriga a retina), a artéria cerebral anterior
(que irriga a face medial do encéfalo), a artéria cerebral média
(que irriga a face superolateral do hemisfério cerebral) e a artéria
comunicante posterior. A região posterior do encéfalo é irrigada
pelas artérias vertebrais (que são ramos das artérias subclávias). As
artérias vertebrais sobem pelos forames transversos das vértebras
cervicais, entram no crânio pelo forame magno, unem-se e formam
a artéria basilar. A basilar emite as artérias cerebelares e a artéria
cerebral posterior.
Assim, na face inferior do encéfalo, forma-se o círculo arterial
do encéfalo, por meio do qual o sistema carotídeo interno se une
ao sistema vértebro-basilar como uma anastomose arterial que
pode, em situações específicas (como obstruções e aneurismas),
prevenir quadros de isquemia cerebral. A artéria carótida externa
irriga todas as estruturas externas da face e do couro cabeludo. A
drenagem venosa da cabeça e do pescoço é feita pelos seios venosos
da dura-máter e por veias superficiais que, após várias confluências,
desembocam na veia jugular interna. Esta veia se une à veia sub-
clávia, formando a veia braquiocefálica. As veias braquiocefálicas
direita e esquerda se unem e formam a veia cava superior a qual
desemboca no átrio direito do coração, levando o sangue venoso
da cabeça e do pescoço, além do sangue do membro superior e do
tórax (DANGELO; FATTINI, 2011).

101
UNICESUMAR

Diagrama das principais artérias da cabeça


Ramo frontal
Artéria supratroclear
Ramo parietal
Artéria oftálmica

Artéria dorsal
do nariz
Artéria temporal
superficial

Artéria angular

Artéria labial
Artéria occipital superior

Artéria carótida externa Artéria labial


inferior
Artéria carótida interna
Seio carótico Artéria tireóidea
superior Artéria facial
Artéria carótida comum

Diagrama das principais veias da Cabeça

Veia supraorbital

Veia supratroclear

Veia temporal
superficial Veia angular

Veia profunda
da face

Veia labial superior


Veia occipital
Veia labial inferior
Veia retromandibular
Veia mental
Veia jugular externa
Veia facial
Veia jugular interna Veia tireóidea
superior Veia submental

Figura 6 - Vasos da cabeça e do pescoço

Descrição da Imagem: Ed ut perspiciatis unde omnis iste natus error sit voluptatem accusantium doloremque laudan-
tium, totam rem aperiam, eaque ipsa quae ab illo inventore veritatis et quasi architecto beatae vitae dicta sunt explicabo.

102
UNIDADE 3

A vascularização do tórax é feita pela parte torácica da artéria aorta a qual, antes de atravessar o
músculo diafragma, emite uma série de ramos viscerais e parietais, como as artérias esofágicas (que
irrigam o esôfago), as pericárdicas (irrigam o pericárdio), as mediastinais (irrigam estruturas do
mediastino), as bronquiais (irrigam os brônquios), as frênicas superiores (irrigam o diafragma), as
subcostais e as intercostais posteriores (irrigam músculos intercostais e torácicos). Além da artéria
aorta, também participam da irrigação da parede torácica a artéria subclávia e a artéria axilar. O tórax
é drenado por várias veias que drenam para a veia ázigo a qual conduz o sangue venoso até a veia cava
superior (MOORE et al., 2014).

Figura 7 - Vascularização do tronco

Descrição da Imagem: a figura


apresenta uma vista interna da
vascularização do tronco (tanto
arterial como venosa).

A vascularização do abdome é feita pela parte abdominal da artéria aorta a qual também emite ra-
mos viscerais e parietais entre as quais pode-se citar as artérias epigástricas, musculofrênica, subcostal,
circunflexa ilíaca profunda, circunflexa ilíaca superficial, frênicas inferiores, tronco celíaco (irriga
esôfago, estômago, baço, pâncreas, fígado e duodeno), mesentérica superior (irriga intestino delgado,
ceco, colo ascendente e transverso e pâncreas), mesentérica inferior (irriga colo transverso, descendente
e sigmoide), supra-renais médias (irrigam glândulas suprarrenais), renais (irrigam rins), gonadais (as
testiculares irrigam testículos e as ováricas irrigam os ovários) e ilíacas comuns. A drenagem venosa
das vísceras abdominais é feita, principalmente, pela veia porta e pela veia cava inferior.

103
UNICESUMAR

Figura 8 - Vascularização do abdome

Descrição da Imagem: a figura mostra a região abdominal dissecada enfatizando a vascularização do abdome (tanto
arterial como venosa).

A vascularização da pelve depende das artérias ilíacas comuns que se ramificam em artérias ilíacas
externas (irrigam os membros inferiores) e ilíacas internas (que enviam ramos para a parede e vísceras
da pelve). Entre as principais artérias da pelve estão a umbilical, a obturatória, a sacral mediana, a retal
superior, a gonadal (ovárica e testicular), a artéria do ducto deferente, ramos prostáticos, vesical superior
e inferior (na mulher é artéria vaginal) e artéria uterina. Os plexos venosos pélvicos são formados por
veias que circundam as vísceras pélvicas (plexo retal, vesical, prostático, uterino e vaginal). Também
são importantes as veias iliolombares, sacral mediana e sacrais laterais. Na pelve, a veia ilíaca interna se
une à veia ilíaca externa para formar a veia ilíaca comum. As veias ilíacas comuns (direita e esquerda)
se unem para formar a veia cava inferior a qual segue na cavidade abdominal, paralelamente à aorta,
recebendo várias tributárias. Ela passa pelo forame da veia cava (no músculo diafragma) e desemboca
no átrio direito do coração (DI DIO, 2002).

104
UNIDADE 3

Figura 9 - Vascularização da pelve

Descrição da Imagem: a figura


mostra a região pélvica disse-
cada enfatizando sua vascu-
larização (tanto arterial como
venosa).

A vascularização dos membros inferiores depende da artéria ilíaca externa, que continua no mem-
bro inferior como artéria femoral a qual passa, posteriormente, à região do joelho e recebe o nome
de artéria poplítea. A poplítea se bifurca em artérias tibial anterior, tibial posterior e fibular. As veias
profundas do membro inferior acompanham as artérias, têm os mesmos nomes delas e seguem, em
última instância, até a veia femoral. As duas principais veias superficiais do membro inferior são a
safena magna e a safena parva. A veia safena parva drena para a veia poplítea, e a safena magna drena
para a veia femoral (FREITAS, 2004).

105
UNICESUMAR

Veia renal Artéria renal

Rim

Veia cava inferior


Aorta

Veia ilíaca comum Artéria ilíaca comum

Artéria ilíaca interna


Veia ilíaca interna

Artéria femoral
Veia femoral
Veia safena magna

Artéria poplítea
Veia poplítea

Artéria tibial anterior


Artéria fibular
Figura 10 - Vascularização dos membros
inferiores Veia tibial anterior
Artéria tibial posterior
Veia tibial posterior
Descrição da Imagem: a figu-
ra mostra a vascularização dos
membros inferiores (tanto arte-
rial como venosa).

A vascularização dos membros superiores depende das artérias subclávias, que, na região axilar,
passam a ser chamadas de artérias axilares e, no braço, passam a ser artérias braquiais. Na altura da
fossa cubital, elas se ramificam em artérias ulnar e radial as quais irrigam a mão e os dedos. A artéria
radial é a continuação direta da artéria braquial. Ela é superficial na parte distal do antebraço, onde
pode ser palpada para verificar suas pulsações. As veias profundas do membro superior têm os mes-
mos nomes das artérias e seguem, em última instância, até a veia subclávia. As duas principais veias
superficiais do membro superior são a veia cefálica e a basílica, as quais desembocam na veia braquial.

106
UNIDADE 3

Veia subclávia direita

Veia axilar

Veia braquial

Veia basílica

Veia cubital mediana

Veia cefálica

Veia radial
Artéria braquial

Artéria radial
Veia ulnar Nervo radial
Artéria ulnar

Plexo venoso Artéria interóssea


dorsal

Nervo mediano Figura 11 - Vascularização e inervação


dos membros superiores
Nervo ulnar

Arco arterial superficial Descrição da Imagem: a figura


mostra a vascularização (tanto
arterial como venosa) e a iner-
vação do membro superior.

É importante ressaltar que as veias dos membros inferiores drenam o sangue, des-
favoravelmente, em relação à gravidade e, por isso, suas paredes são ricas em fibras
musculares lisas e em fibras colágenas. Além disso, possuem muitas valvas que ajudam
no direcionamento do sangue (veias profundas têm mais). Outros fatores que ajudam
no retorno venoso são a ação de esponja venosa das plantas dos pés, a ação massa-
geadora dos músculos do membro inferior sobre os vasos, a pulsação das artérias
adjacentes, transmitindo o pulso para a parede da veia acompanhante e o gradiente
de pressão entre a cavidade torácica e a abdominal durante a respiração. Todavia
em pessoas que permanecem em pé por períodos prolongados, o sangue pode se
acumular no interior das veias dos membros inferiores, resultando em elevação da
pressão, dilatação, insuficiência valvular e varizes. Isto gera um fluxo retrógrado do
sangue, estase sanguínea e migração de líquido para o espaço intersticial, causando
edema (TORTORA; DERRICKSON; WERNECK, 2010).

107
UNICESUMAR

SISTEMA LINFÁTICO

O sistema linfático é considerado um sistema de drenagem que auxilia o sistema venoso a drenar a
linfa dos tecidos para a circulação sanguínea. Para tanto, é constituído por uma vasta rede de vasos
linfáticos que se distribuem por todo o corpo, captando líquido tecidual que não retornou aos capila-
res sanguíneos. Assim, dispõe de estruturas que filtram e reconduzem a linfa à circulação sanguínea
e é constituído pela linfa, tubos de drenagem (capilares, vasos e ductos linfáticos), tecidos e órgãos
linfoides (baço, timo, linfonodos e tonsilas) (MOORE et al., 2014).

Figura 12 - Visão geral do sistema lin-


fático

Descrição da Imagem: a figura


mostra uma pessoa em pé, evi-
denciando seu sistema linfático.

108
UNIDADE 3

Pode-se dizer que a mais notável função do sistema linfático é sua habilidade de drenar o excesso de
líquido intersticial para os vasos linfáticos, mantendo o equilíbrio dos fluídos do corpo. Se ele não
atuar desta forma, o volume sanguíneo poderia ser afetado, já que o sangue é a fonte principal deste
líquido. Além disso, ele também drena para os vasos linfáticos parte das proteínas que saem dos vasos
sanguíneos. Tal fato é de extrema importância, pois evita que ocorra osmose reversa e, consequente-
mente, edema tecidual. No entanto o sistema linfático desempenha outras funções, como participar,
ativamente, da imunidade corporal. Por sua ação, bactérias, partículas estranhas e células anômalas
podem ser destruídas uma vez que ele está, diretamente, relacionado à produção e à maturação de
células imunológicas, como macrófagos e linfócitos. Além disso, o sistema linfático está relacionado à
absorção e ao transporte das gorduras dos alimentos, por meio dos capilares lácteos, os quais recebem
todos os lipídios e vitaminas lipossolúveis absorvidos pelo intestino. Após esta absorção, o quilo (linfa
drenada do intestino delgado com aparência leitosa) é conduzido pelos vasos linfáticos viscerais para
o ducto torácico e daí para o sistema venoso. Em outros tecidos, a linfa é um líquido amarelo-claro
translúcido (DANGELO; FATTINI, 2011).
Os órgãos linfoides são classificados como primários ou secundários. Os primários são locais nos
quais células tronco se dividem e se tornam aptas a executar a resposta imune (por exemplo, a medula
óssea vermelha e o timo). Os secundários são locais nos quais a resposta imune ocorre (por exemplo,
os linfonodos, o baço e os folículos linfáticos). Enquanto o baço, timo e linfonodos são considerados
órgãos, pois são revestidos por uma cápsula de tecido conjuntivo, os nódulos linfáticos não são, pois
não apresentam tal cápsula.
A linfa é um líquido incolor presente no espaço intersticial, resultante das trocas entre o sangue
dos capilares e o tecido. Pode-se dizer que representa o excesso de líquido que saiu do capilar, mas
não retornou à circulação sanguínea. Sua composição é parecida com a do plasma sanguíneo, todavia
é mais rica em água, tem menos proteínas e não tem hemácias ou plaquetas. Diferentemente do que
ocorre no sistema circulatório sanguíneo, onde o coração bombeia o sangue, no sistema linfático, não
existe um órgão central bombeador de linfa. Assim, a circulação da linfa é possibilitada pelos mesmos
mecanismos que auxiliam o retorno venoso e, por isso, o fluxo da linfa é lento em inatividade física,
mas aumenta com o exercício, o peristaltismo e com movimentos respiratórios. Algumas pessoas
precisam realizar drenagem linfática, artificialmente (TORTORA; DERRICKSON; WERNECK, 2010).
A linfa intersticial é recolhida pelos capilares linfáticos, os quais são importantes porque recolhem a
linfa e as diversas moléculas do líquido intersticial que não retornam aos capilares sanguíneos (moléculas
grandes ou proteínas). Tal habilidade é possível porque os capilares linfáticos são mais calibrosos e têm
maior permeabilidade do que os capilares sanguíneos. Ademais, têm maior espaço entre suas células (são
fenestrados), não têm membrana basal, e as bordas de suas células endoteliais estão, frouxamente, unidas e
podem ser empurradas pela pressão do líquido intersticial de fora para dentro, fazendo com que o líquido
entre nos capilares linfáticos e não retorne ao meio intersticial, devido à pressão que força as bordas das
células endoteliais a se juntarem (como uma porta vaivém unidirecional). Adicionalmente, estes pequenos
vasos permitem o fluxo unidirecional da linfa em direção ao capilar sanguíneo e apresentam válvulas que
ajudam a conduzir a linfa em direção ao coração (FREITAS, 2004).

109
UNICESUMAR

Os capilares linfáticos estão presentes em quase todo o corpo,


sendo abundantes na pele e nas mucosas, mas ausentes nos dentes,
nos ossos, na medula óssea vermelha, no sistema nervoso central, nos
tecidos avasculares (como cartilagem, epiderme e córnea do bulbo)
e nos músculos estriados esqueléticos (embora estejam presentes no
tecido conjuntivo que os envolve). Os capilares se unem para formar
vasos linfáticos, os quais podem ser superficiais ou profundos. Os su-
perficiais anastomosam-se e são mais numerosos do que as veias no
tecido subcutâneo. Eles drenam para os vasos linfáticos profundos, que
também recebem a drenagem dos órgãos internos. Assim, os vasos linfá-
ticos tornam-se, progressivamente, maiores (sendo chamados de vasos
coletores) e atravessam vários linfonodos antes de desembocarem nos
troncos linfáticos e permitirem que a linfa retorne à corrente sanguínea.
Os cinco principais troncos linfáticos são o intestinal (que recebe a
linfa dos órgãos abdominais), o lombar (que drena o membro inferior
e alguns órgãos pélvicos), o subclávio (que drena o membro superior,
parte do tórax e do dorso), o jugular (que drena cabeça e pescoço) e o
broncomediastinal (que drena o tórax). Os troncos linfáticos drenam
para o ducto linfático direito ou para o ducto torácico. Posteriormente,
a linfa é direcionada às veias e passam a circular junto com o plasma
sanguíneo. O ducto linfático direito desemboca na junção das veias
subclávia direita e jugular interna direita. Já o ducto torácico desemboca
na veia subclávia esquerda e recolhe a linfa de todo o corpo menos do
membro superior direito e da metade direita da cabeça, pescoço e tórax
(esta é recolhida pelo ducto linfático direito).
Os linfonodos são pequenas massas de tecido linfoide, dispostas
ao longo do trajeto dos vasos linfáticos. Os cerca de 600 linfonodos
dispersos pelo corpo reúnem-se em grupo superficial e profundo e
atuam como órgãos filtrantes da linfa antes que ela adentre o sistema
venoso e, nele, linfócitos são sintetizados. Para tanto, eles destroem
microrganismos, toxinas, células anômalas e partículas estranhas,
por meio dos macrófagos e linfócitos existentes em seu interior. A
linfa penetra o linfonodo por vasos linfáticos aferentes, os quais têm
válvulas que se abrem para o centro do linfonodo e não permitem
que a linfa reflua. Então, ela é, lentamente, filtrada, por meio de
canais irregulares, denominados seios, onde existem macrófagos,
linfócitos e plasmócitos. Dos seios, a linfa sai pelos vasos linfáticos
eferentes (que existem em menos quantidade do que os aferentes a
fim de reduzir a velocidade do fluxo da linfa) (WATANABE, 2000).

110
UNIDADE 3

Veia
Artéria

SISTEMA LINFÁTICO
Vaso linfático
eferente
Vaso linfático
Linfa
Válvula fechada Válvula aberta

Vaso linfático
aferente Entrada da
linfa no capilar
linfático

Figura 13 - Linfonodos e vasos linfáticos

Descrição da Imagem: a figura mostra, à esquerda, um linfonodo (em corte), mostrando sua vascularização e os
vasos linfáticos aferentes e eferentes. À direita, um vaso linfático é mostrado, enfatizando o fluxo da linfa e a abertura
e fechamento das válvulas.

O baço é o maior órgão linfoide (cerca de 10 cm), localizado à esquerda da cavidade abdominal, logo
abaixo do músculo diafragma, sendo, quase completamente, coberto pelo estômago. Com forma
elíptica e cor vermelho-escura. Ele é envolto pelo peritônio visceral e por uma cápsula resistente de
tecido conjuntivo fibroso que contém fibras musculares e envia septos para seu interior, dividindo-o
e lhe dando sustentação. Seu parênquima é constituído por polpa vermelha e branca. A vermelha é
mais abundante e consiste de seios venosos ramificados que armazenam sangue; a branca fica dentro
da vermelha e apresenta grande quantidade de linfócitos e macrófagos. Inúmeras funções são desem-
penhadas pelo baço. Ele produz linfócitos e plasmócitos, atua na maturação dos linfócitos B, armazena
plaquetas, destrói células sanguíneas velhas (hemocaterese) e produz células sanguíneas (hemopoese).
Além disso, atua como reservatório de sangue sendo capaz de liberar cerca de 200 ml para a corrente
sanguínea em situações de emergência (como uma hemorragia). Normalmente, este sangue fica con-
tido nos seios venosos da polpa vermelha e é liberado pela contração das células musculares lisas de
sua cápsula (DI DIO, 2002).

111
UNICESUMAR

Figura 14 - Baço

Descrição da Imagem: a figura


mostra uma pessoa, evidencian-
do que o baço se localiza à es-
querda da cavidade abdominal,
abaixo do estômago.

Algumas doenças infecciosas podem aumentar o tamanho do baço (esplenomegalia). Além disso,
trauma abdominal pode rompê-lo e causar sangramento intraperitoneal, obrigando sua remoção
cirúrgica (esplenectomia) para evitar morte por hemorragia. Neste caso, outras estruturas (como fí-
gado, medula óssea vermelha, linfonodos e tonsilas) podem assumir suas funções, embora as funções
imunes possam permanecer debilitadas.
O baço dói quando se faz exercícios intensos sem bom preparo físico porque, no exercício, ele faz
várias funções ao mesmo tempo. Ele realiza a hemocaterese, a hemopoese e a liberação de sangue
extra para a circulação periférica a fim de suprir as necessidades dos músculos. Para ele parar de in-
comodar, o ideal é prosseguir com o treinamento, pois isso, gera mudanças na constituição do próprio
sangue (aumentando, por exemplo, a quantidade de eritrócitos e otimizando o transporte de O2 para
os músculos).

112
UNIDADE 3

O timo é um órgão linfoide que a maioria das pessoas nem sabe onde se localiza e o que faz. Ele está
situado, em parte, na região inferior do pescoço e, em parte, na cavidade torácica (posteriormente ao osso
esterno). Esse órgão é maior na infância, pois é, gradativamente, substituído por tecido conjuntivo e gordura.
Contudo algumas de suas células continuam a se proliferarem durante toda a vida. Ele é formado por uma
massa linfoide envolta por uma cápsula de tecido conjuntivo. Apresenta linfócitos T, células dendríticas, cé-
lulas epiteliais e macrófagos. Linfócitos T necessitam do timo para amadurecer e, quando maduros, deixam
o timo, por meio do sangue e são transportados até os linfonodos, o baço e outros tecidos linfáticos. O timo
também atua como glândula endócrina, produzindo o hormônio timosina, que estimula o crescimento de
linfócitos em todos os tecidos linfáticos do corpo (FREITAS, 2004).

Figura 15 - Timo

Descrição da Imagem: a figura


mostra o tronco de uma pessoa,
evidenciando a localização do
timo na região central da cavi-
dade torácica, mais especifica-
mente, no mediastino.

Nódulos linfáticos são massas ovais de tecido linfático não envoltas por uma cápsula de tecido con-
juntivo. Eles estão espalhados por toda a mucosa que reveste os sistemas genital masculino e feminino,
os sistemas digestório, urinário e respiratório e, por isso, são chamados de tecido linfático associado à
mucosa (MALT). Enquanto alguns nódulos linfáticos são pequenos e solitários, outros formam grandes
agregações (como as tonsilas, os nódulos linfáticos do íleo e do apêndice vermiforme). Nos segmentos
gastrointestinais, são chamados de placas de Peyer (TORTORA; DERRICKSON; WERNECK, 2010).
Tonsilas são pequenas massas de tecido linfoide relacionadas à imunidade, representando a primeira
defesa do organismo. Elas ficam localizadas em torno das aberturas entre as cavidades nasal e oral e a
faringe: na parte nasal da faringe (tonsila faríngea), próximo ao óstio faríngeo da tuba auditiva (tonsila
tubária), na raiz da língua (tonsila lingual), na fossa tonsilar (tonsila palatina) e na laringe (tonsila
laríngea). O conjunto delas é conhecido como anel linfático. Na infância, é normal que fiquem mais
volumosas uma vez que a criança tende a pôr na boca quase tudo o que manipula, ativando as tonsilas
a fim de produzir anticorpos (ficam hipertrofiadas e dolorosas). Outro detalhe interessante é que a
hipertrofia da tonsila tubária e faríngea recebe o nome de adenoide e pode dificultar o funcionamento
da tuba auditiva, da qualidade da voz e a respiração nasal. Assim, o indivíduo desenvolve respiração
bucal e, por isso, os roncos são comuns. De igual modo, a hipertrofia da tonsila palatina (popularmente
chamada de amidalite) também dificulta a deglutição (WATANABE, 2000).

113
UNICESUMAR

Figura 16 - Tonsilas palatinas

Descrição da Imagem: a figura mostra a boca bem aberta de uma pessoa,


evidenciando as tonsilas palatinas.

Os linfonodos da cabeça incluem o occipital, os mastoideos, pré-


-auriculares, parotídeos e da face (infraorbitais, mandibulares e
bucinatórios). Os linfonodos do pescoço incluem os submandi-
bulares, submentuais, cervicais superficiais, cervicais profundos
superiores, cervicais inferiores e os cervicais superiores (FREITAS,
2004).
Os linfonodos do tórax podem ser parietais ou viscerais. Os
parietais incluem os linfonodos paraesternais, entercostais e frêni-
cos. Os linfonodos viscerais incluem os mediastinais anteriores, os
mediastinais posteriores e os traqueobronquiais. Os linfonodos do
abdome e da pelve, também, podem ser parietais ou viscerais. Os
parietais incluem os linfonodos ilíacos externos, ilíacos comuns,
ilíacos internos, sacrais e lombares. Os linfonodos viscerais in-
cluem os celíacos, mesentéricos superiores e mesentéricos inferiores
(FREITAS, 2004).
Os principais linfonodos dos membros superiores são os
supratrocleares, os deltopeitorais e os axilares. Os principais lin-
fonodos dos membros inferiores são os poplíteos e os inguinais
superficiais e profundos (DANGELO; FATTINI, 2011).

114
UNIDADE 3

Células cancerígenas podem se disseminar pelo corpo por proximidade ou por me-
tástase. A propagação por metástase ocorre por disseminação hematogênica (pelo
sangue) ou linfática (pela circulação linfática). A disseminação hematogênica do câncer
é a via mais comum de propagação de sarcomas (tumores menos comuns, porém mais
malignos). Um fato interessante é que as veias disseminam mais do que as artérias
(pois têm paredes mais finas, oferecem menos resistência e são mais abundantes) e
os locais mais comuns de sarcomas secundários são o fígado e os pulmões. A disse-
minação linfática do câncer é a via mais comum de disseminação de carcinomas (tipo
mais comum de câncer, porém menos maligno). Quando a metástase ocorre por via
linfática, pode-se prever o novo local de instalação do câncer, analisando a drenagem
linfática do tumor primário. Esta via faz com que linfonodos cancerosos fiquem au-
mentados, insensíveis, rígidos e fixos às estruturas subjacentes. Esta caracterização
é importante e deve ser avaliada de maneira comparativa em relação às alterações
causadas nos linfonodos em decorrência de infecções. Nesse caso, a infecção faz com
que os linfonodos fiquem maiores, mas moles, móveis e dolorosos. Como algumas
células cancerígenas podem sobreviver e se multiplicar no interior dos linfonodos e
a partir dele se disseminar pelo corpo, linfonodos intumescidos próximos a regiões
cancerosas devem ser removidos, cirurgicamente. Além disso, a técnica de terapia
manual denominada drenagem linfática não é aconselhável a portadores de tumores,
pois facilita a disseminação de células cancerígenas de um tumor primário para outras
regiões do corpo (MOORE et al., 2014).

Linfoma é o câncer dos órgãos linfoides, especialmente dos linfonodos. A maioria não tem causa
conhecida. O tratamento inclui radioterapia, quimioterapia e transplante de medula óssea. Os
dois principais tipos de linfomas são a doença de Hodgkin e não Hodgkin. O primeiro acomete
pessoas entre 15 e 35 anos ou acima de 60 anos. Há aumento dos linfonodos, comumente no
pescoço, no tórax e na axila, é mais comum em homens e é curado em até 95% dos casos. O
não Hodgkin é o tipo mais comum, ocorre em qualquer idade e pode estar associado à esple-
nomegalia, anemia e mal-estar geral. A cura ocorre em cerca de 50% dos casos.

115
UNICESUMAR

Algumas estruturas do sistema linfático podem sofrer alterações e modificar seu funcionamento. São
exemplos: a linfangite, a linfadenite e o linfedema. A linfangite é a inflamação secundária dos vasos
linfáticos. A linfadenite é a inflamação secundária dos linfonodos (popularmente conhecido como
íngua; ocorre em casos de infecção ou inflamação). Linfedema é um tipo localizado de edema que
ocorre quando a linfa não está sendo, adequadamente, drenada (pode ser causada por um linfonodo
infectado ou um vaso linfático bloqueado). Por fim, é importante pontuar que o envelhecimento muda
a fisiologia do sistema linfático. É comum, por exemplo, que haja diminuição da produção de células
imunológicas e maior produção de anticorpos contra o próprio organismo. Tal fato está, diretamente,
relacionado à maior debilidade imunológica que os idosos apresentam e ao aumento da incidência de
doenças autoimunes (MIRANDA NETO; CHOPARD, 2014).

SISTEMA RESPIRATÓRIO

O sistema respiratório é constituído por um conjunto de estruturas anatômicas as quais, em conjunto,


são responsáveis pela captação do ar do meio ambiente e transporte do mesmo até o órgão respiratório
para que a hematose seja possível. A hematose é um processo que implica trocas gasosas entre o ar
atmosférico e o meio interno. Neste processo, o CO2 resultante do metabolismo celular é trazido pelo
sangue aos pulmões e se difunde dos capilares teciduais para os alvéolos para ser eliminado juntamente
com o ar expirado. Ao mesmo tempo, o O2 do ar inspirado difunde-se dos alvéolos para os capilares
alveolares onde se combina com a hemoglobina, originando o sangue rico em O2. Posteriormente, o O2
difunde-se dos capilares teciduais para o líquido intersticial e deste para as células. Desta forma, o O2

116
UNIDADE 3

vindo dos pulmões é distribuído a todas as células do corpo, e o CO2 por elas produzido é eliminado,
evitando morte celular (DANGELO; FATTINI, 2011).
Como você percebeu, o sistema respiratório é essencial à vida e executa funções complexas que
dependem das estruturas anatômicas que o compõem. Assim, tais estruturas podem ser divididas,
conforme a função que desempenham, em porção de condução e porção de respiração. A porção
de condução é formada por órgãos tubulares cuja função é levar o ar inspirado até a porção respira-
tória e destes conduzi-lo de volta para ser expirado. É composta pelo nariz, faringe, laringe, traqueia,
brônquios e todas as suas ramificações. A porção de respiração é representada, exclusivamente, pelos
pulmões, pois é neles que, efetivamente, ocorrem trocas gasosas (hematose). Além disso, as estruturas
anatômicas do sistema respiratório também podem ser agrupadas em via aérea superior e via aérea
inferior. Enquanto a via aérea superior compreende o nariz, a faringe e a laringe, a via aérea inferior
compreende a traqueia, os brônquios e suas ramificações, e os pulmões.
Nariz é a primeira estrutura do sistema respiratório cuja principal função é captar o ar do meio
ambiente. Todavia ele também filtra, aquece e umidifica o ar inspirado, recebe e elimina as secreções
dos seios paranasais e do ducto lacrimonasal e permite o olfato. O nariz se localiza acima do palato
duro e é composto por uma parte externa e pela cavidade nasal. Devido à proximidade e às relações
funcionais, os seios paranasais são estudados junto ao nariz.
Externamente, o nariz está localizado no plano mediano da face, como uma pirâmide de base in-
ferior e ápice superior. Sua estrutura é ósteo-cartilaginosa. Sua parte óssea externa é composta pelos
ossos nasais e pelas maxilas. A parte óssea interna é composta pelos ossos etmoide e vômer. Em sua
composição cartilagínea, participam as cartilagens laterais, a cartilagem do septo e as cartilagens alares
maiores e menores (DI DIO, 2002).
O nariz é subdividido em raiz (superiormente onde ele inicia), base (parte inferior da pirâmide),
ápice (ponto projetado mais anteriormente), dorso (entre a raiz e o ápice), asa (a parte gordinha onde
as pessoas colocam piercing) e narinas (aberturas em forma de fenda que fazem a comunicação da
cavidade nasal com o meio externo; separadas por um septo).
A cavidade nasal fica superior à cavidade oral e se comunica com o meio externo e com a parte
nasal da faringe. A cavidade nasal pode ser dividida em vestíbulo, região respiratória e região olfató-
ria. O vestíbulo é anterior e apresenta pelos chamados vibrissas. As regiões respiratória e olfatória são
posteriores e ficam cobertas por mucosa. Enquanto, a região respiratória é maior e inferior, a região
olfatória fica restrita à concha nasal superior e ao terço superior do septo nasal.
O septo nasal divide a cavidade nasal em porções direita e esquerda. Esse septo é constituído por
uma parte cartilagínea (cartilagem do septo nasal) e uma parte óssea (ossos etmoide e vômer). Assim,
o termo cavidade nasal pode ser usado para toda a cavidade ou para cada parte (direita e esquerda).
As conchas nasais delimitam espaços denominados meatos, os quais aumentam a superfície mucosa
da cavidade nasal, umedecendo e aquecendo o ar inspirado. Essa região é muito vascularizada, e a
ruptura de vasos pode causar sangramento nasal (epistaxe).
Os seios paranasais, ou da face, são cavidades contendo ar e cobertas por mucosa existentes em
alguns ossos do crânio (frontal, maxila, esfenoide e etmoide). Tais ossos são chamados pneumáticos,

117
UNICESUMAR

e cada um deles apresenta seu próprio seio (seio frontal, seio maxilar, seio esfenoidal e seio ou células
etmoidais). Eles tornam a cabeça mais leve, ajudam a aquecer e umidificar o ar, e estão relacionados
à ampliação da voz.
Toda a constituição interna do nariz é muito importante porque permite que o ar inspirado seja,
adequadamente, purificado, aquecido e umidificado. Assim, quando o ar percorre a cavidade nasal, ele
é turbilhonado contra as saliências e reentrâncias de suas paredes (devido às conchas nasais e meatos)
o que aumenta o contato do ar com a mucosa a qual contém glândulas nasais (produtoras de secreção
serosa) e células caliciformes (produtoras de muco). Estas secreções permitem que partículas de im-
purezas e microrganismos fiquem presos e, na mucosa olfatória, permitem a limpeza dos receptores
olfativos, habilitando-os a captar estímulos químicos que causam sensações olfativas. Além disso, a
mucosa respiratória possui células ciliadas que, por meio dos batimentos dos cílios, conduzem as
impurezas e os microrganismos aprisionados até o meio externo. Vale lembrar que, em caso de gripe,
o excesso de muco prejudica a limpeza dos receptores olfativos e, juntamente, com a inflamação da
mucosa nasal, dificulta a chegada do ar até a área olfativa reduzindo o olfato.

Figura 17 - Cavidade nasal

Descrição da Imagem: a figura


mostra uma hemicabeça para
evidenciar a cavidade nasal.

Faringe é uma estrutura músculo-membranácea, localizada, posteriormente à cavidade nasal, à ca-


vidade oral e à laringe, de forma que apresenta três partes sem limites precisos entre elas: parte nasal
(superior, em comunicação com a cavidade nasal e com função respiratória), parte oral (em comuni-
cação com a cavidade oral e com função digestória) e parte laríngea (inferior, em comunicação com a
laringe e com função respiratória). Assim, a faringe está associada ao sistema respiratório e digestório,
pois é um canal comum à passagem do ar e alimento (TORTORA; DERRICKSON; WERNECK, 2010).
Ela tem início na base do crânio e término ao nível da 6ª vértebra cervical onde continua como
esôfago. Ela é constituída por três camadas: a interna é mucosa, a externa é rica em fibras conjuntivas

118
UNIDADE 3

e a média é constituída por músculo estriado esquelético. Estes músculos realizam os movimentos
peristálticos da faringe, empurrando o alimento ao esôfago.
Na parte nasal da faringe, existe uma abertura, o óstio faríngeo da tuba auditiva, que se comunica
com a tuba auditiva para igualar a pressão do ar externo à pressão daquele contido na própria cavidade
timpânica (percebemos, claramente, isso quando descemos uma serra e sentimos a pressão externa
como um incômodo). Devido a esta comunicação, uma infecção da faringe pode se propagar à orelha
média (isso é muito comum em crianças onde uma tonsilite acaba evoluindo para um quadro de otite).
Além disso, o óstio também drena muco e perilinfa que existem nos canais semicirculares. Nas bordas
deste óstio, existem aglomerações linfáticas chamadas de tonsila tubária. Nesta parte da faringe, existe
ainda a tonsila faríngea a qual, quando aumentada, passa a ser chamada de adenoide.

Cavidade nasal

Parte nasal da faringe

Parte oral da faringe

Figura 18 - Anatomia da via aérea su-


perior
Parte laríngea
da faringe Descrição da Imagem: a figura
mostra uma hemicabeça, evi-
Cavidade oral denciando a anatomia da via
aérea superior, destacando a
cavidade nasal, a parte nasal da
faringe, a parte oral da faringe,
Larínge Traqueia a parte laríngea da faringe, a tra-
queia, a laringe e a cavidade oral

A laringe é um órgão tubular que se localiza no plano mediano e anterior do pescoço e dá continui-
dade à traqueia. Permite a passagem do ar da faringe para a traqueia e atua como órgão da fonação,
pois dentro dela estão as pregas vocais. Ela é constituída por um esqueleto cartilagíneo, ligamentos,
membranas e músculos estriados esqueléticos que atuam sobre as pregas vocais ou em sua movimen-
tação, durante a deglutição. Seu esqueleto cartilagíneo é formado por nove cartilagens (três ímpares
e três pares). As cartilagens ímpares são a cartilagem tireoidea (a maior delas; forma a proeminência
laríngea conhecida como gogó), a cartilagem cricoidea (fica abaixo da cartilagem tireoidea e acima
do primeiro anel de cartilagem da traqueia), a cartilagem epiglótica (é fina e lembra uma folha). As

119
UNICESUMAR

cartilagens pares ficam na parte posterior da laringe e são a cartilagem corniculada, a cuneiforme e a
aritenoidea.
Dentro da laringe, existe uma fenda limitada por duas pregas, a prega vestibular (superior) e a
prega vocal (inferior). Para que o som seja produzido, os músculos da laringe movimentam as pregas
vocais cuja tensão ou relaxamento interfere na tonalidade do som. Em condições normais, as pregas
vestibulares não participam da fonação, mas protegem as pregas vocais (WATANABE, 2000).
A traqueia é a continuação direta da laringe. Sua função é conduzir ar da laringe até os brônquios
principais. Ela passa anteriormente ao esôfago em direção ao tórax, por isso, apresenta uma parte
cervical e outra torácica. Tem estrutura cilíndrica fibrocartilagínea constituída por 16 a 20 anéis in-
completos de cartilagem em forma de “C” sobrepostos e ligados entre si pelos ligamentos anulares. Sua
parede posterior constitui a parede membranácea da traqueia a qual é formada por tecido conjuntivo
e músculo liso (músculo traqueal). Suas cartilagens dão rigidez para impedir o colabamento de suas
paredes, mas, ao mesmo tempo, por estarem unidas por tecido elástico, a traqueia apresenta mobilidade
e flexibilidade durante a respiração e a deglutição.
Internamente, a traqueia é revestida por mucosa e tem células ciliadas que auxiliam na limpeza
das vias aéreas. O tabagismo faz com que as glândulas traqueais se tornem hipersecretivas ao mesmo
tempo em que paralisam seus cílios. Isto faz com que o fumante crônico tenha sempre muita secreção,
mas não consiga fazer uma boa higiene traqueobrônquica. Assim, parece que ele está sempre carregado
de secreção.
Apesar de ser uma estrutura mediana, antes de dividir-se nos brônquios principais direito e esquerdo,
a traqueia se desvia à direita. Assim, o brônquio principal esquerdo é mais comprido do que o direito.
Tal divisão é marcada, internamente, por uma crista chamada carina (DANGELO; FATTINI, 2011).
Os brônquios têm estrutura semelhante à da traqueia, porém os anéis de cartilagem são substituídos
por placas irregulares de cartilagem. Sua função é transportar o ar. Logo após sua origem, os brônquios
são chamados de principais (de primeira ordem ou primários). Estes iniciam um processo de ramifi-
cação, de forma que dão origem aos brônquios lobares (de segunda ordem ou secundários) os quais
ventilam os lobos pulmonares. Por sua vez, os brônquios lobares se dividem em brônquios segmentares
(de terceira ordem ou terciários) os quais vão até os segmentos broncopulmonares, sofrem sucessivas
divisões e terminam nos alvéolos pulmonares em ramificações conhecidas como árvore brônquica.
O brônquio direito é mais vertical, mais calibroso e mais curto do que o esquerdo, por isso, cor-
pos estranhos que passam pela traqueia, geralmente, obstruem este brônquio. Ele se divide em três
brônquios lobares e dez brônquios segmentares. Já o brônquio principal esquerdo se divide em dois
brônquios lobares e oito brônquios segmentares. Os brônquios segmentares continuam como bron-
quíolos terminais, bronquíolos respiratórios e sacos alveolares (onde aparecem os alvéolos) (MOORE
et al., 2014).

120
UNIDADE 3

ANATOMIA DO PULMÃO HUMANO

Laringe

Traqueia
Brônquio principal
Brônquio principal
direito
esquerdo

Lobos direitos
Bronquíolos

Lobos esquerdos

Pulmão direito Pulmão esquerdo

Figura 19 - Traqueia, brônquios e pulmões

Descrição da Imagem: a figura mostra, à esquerda, o tronco de uma pessoa, as estruturas das vias aéreas inferiores,
ou seja, a traqueia, os brônquios e os pulmões. À direita, a figura, também, mostra as estruturas das vias aéreas infe-
riores, destacando os pulmões.

Os pulmões, in vivo, são leves, esponjosos, macios e elásticos. São considerados os principais órgãos
da respiração uma vez que é em seu interior que a hematose ocorre. Por isso, ao nascimento, ele é rosa,
mas vai se tornando acinzentado e com manchas durante a vida, devido à inalação de várias partículas.
Estão contidos na cavidade torácica, ocupando-a quase totalmente. Entre eles há uma região media-
na, chamada mediastino, onde estão importantes estruturas, como o coração e seus grandes vasos, a
traqueia, o esôfago, o timo, os brônquios principais (DI DIO, 2002).
O pulmão tem forma cônica, apresentando uma região superior chamada ápice e uma região in-
ferior chamada base. A base fica sobre o diafragma, podendo ser chamada face diafragmática. Além
desta face, o pulmão apresenta as faces costal e medial ou mediastinal. A costal fica em contato com
as costelas; a medial é voltada ao mediastino e tem uma abertura chamada hilo pulmonar, por onde
entram e saem estruturas como os brônquios, artérias, veias e vasos linfáticos (MOORE et al., 2014).
O pulmão direito é maior, mais pesado, mais curto e mais largo do que o esquerdo, devido à posição
do coração (o volume do pulmão esquerdo chega a ser 10% menor do que o do pulmão direito). Além
disso, o pulmão direito subdivide-se em três lobos, enquanto o esquerdo apresenta apenas dois. Os
lobos do pulmão direito são chamados superior, médio e inferior e são separados entre si por fendas
profundas chamadas fissuras. No direito, existem as fissuras oblíqua e horizontal. O pulmão esquerdo
apresenta o lobo superior e o inferior os quais são separados apenas pela fissura oblíqua. O pulmão
esquerdo tem uma projeção inferior do lobo superior chamada língula.

121
UNICESUMAR

Cada pulmão é envolto por um saco seroso, completamente, fechado, chamado pleura, que apresenta
dois folhetos: pleura pulmonar ou visceral, e pleura parietal. A pleura pulmonar reveste a superfície dos
pulmões, penetrando suas fissuras; a pleura parietal é mais espessa e recobre a face interna do tórax e o
diafragma. As pleuras são contínuas entre si, por meio de um espaço (a cavidade pleural) onde existe
um líquido que permite o deslizamento entre elas, durante os movimentos respiratórios. Na cavidade
pleural, a pressão é subatmosférica a fim de favorecer a mecânica respiratória.

Traqueia
Brônquio principal esquerdo

Brônquio principal
direito

Pleura parietal

Pleura visceral
Figura 20 - Pleuras e cavidade pleural
Cavidade pleural
direita Pulmão Pulmão Cavidade pleural
direito esquerdo esquerda
Descrição da Imagem: a figura
mostra as vias aéreas inferiores,
os pulmões e o músculo diafrag-
ma. Nela, veem-se: Traqueia, Músculo
Brônquio principal esquerdo, diafragma
Pleura parietal, Pleura visceral,
Cavidade pleural esquerda,
Mediastino
Pulmão esquerdo, Músculo dia-
fragma, Mediastino, Cavidade
pleural direita, pulmão direito,
Brônquio principal direito. Em- Parede do tórax
baixo: Pleura visceral, Pulmão,
Pleura parietal Pleura visceral
Cavidade pleural, Pleura parie-
tal, parede do tórax) Cavidade pleural Pulmão

A mecânica respiratória depende bastante do músculo diafragma, que é o principal músculo da


respiração. Isto pode ser dito porque, em condições de repouso, ele é o único músculo a se contrair
para gerar a respiração. Quando se contrai, ele desce em direção ao abdome comprimindo as vísceras
abdominais e aumentando a pressão nesta cavidade. Em contrapartida, a pressão no tórax é dimi-
nuída fazendo com que o ar flua a favor do gradiente de pressão, de onde está em maior pressão (o
meio externo) para onde a pressão é menor (a cavidade torácica). Isto caracteriza a inspiração. Para
que a expiração ocorra, não é necessário que nenhum músculo respiratório se contraia, pois a própria
elasticidade do tecido pulmonar faz com que o ar saia dele assim que a pressão interna e a externa se
igualarem. Todavia, se a inspiração ou a expiração forem forçadas, outros músculos respiratórios passam
a agir (é o que ocorre, por exemplo, durante o exercício físico ou em doença respiratória). Neste caso,
os músculos intercostais externos e alguns músculos do pescoço (esternocleidomastoideo e escalenos)
passam a atuar na inspiração forçada, assim como os músculos intercostais internos e os abdominais
passam a atuar na expiração forçada (TORTORA et al., 2010).

122
UNIDADE 3

Osso esterno Osso esterno


Costela

Costela

Figura 21 - Principais músculos da res-


piração

Descrição da Imagem: a figura


mostra a caixa torácica em vis-
ta anterior e lateral, destacando
alguns dos principais músculos
da respiração: Osso esterno,
Músculos Costelas, Músculo diafragma,
Músculo Osso esterno, Costelas, Múscu-
diafragma intercostais los intercostais.

Toda a mecânica respiratória é, cuidadosamente, controlada pelo sistema nervoso (controle nervoso) e
por estímulos químicos (controle químico). Enquanto o controle nervoso depende da medula espinal
e do tronco encefálico, o controle químico se dá pela concentração dos gases O2 e CO2 os quais agem
sobre receptores periféricos e, consequentemente, sobre o centro respiratório. Assim, importantes
fatores da respiração podem ser modificados, como a frequência e o volume respiratório, de acordo
com a temperatura ambiental, o esforço físico, as doenças etc.

Você sabia que pessoas com problemas respiratórios podem melhorar suas disfunções pra-
ticando exercícios físico específicos para a musculatura respiratória e mesmo com exercícios
aeróbicos em geral? Você já ouviu falar que atletas têm melhores capacidades pulmonares do
que sedentários?

SISTEMA DIGESTÓRIO

Como o próprio nome diz, o sistema digestório tem como principal função realizar a digestão, su-
prindo os seres vivos de nutrientes e realizando a eliminação de substâncias inúteis ao organismo
(restos do metabolismo). Para isso, as estruturas deste sistema devem ser capazes de realizar apreen-
são do alimento (colocar o alimento em contato com a boca), mastigação (pelos dentes), deglutição
(impulsão do alimento à faringe), digestão propriamente dita (que ocorre, principalmente, na boca,

123
UNICESUMAR

no estômago e no duodeno), absorção dos nutrientes e da água dos alimentos (participa os intestinos
delgado e grosso), e expulsão dos resíduos eliminados sob a forma de fezes (função do intestino grosso)
(DANGELO; FATTINI, 2011).
O sistema digestório divide-se em duas porções principais: o canal alimentar e os órgãos anexos. O
canal alimentar é constituído por órgãos por onde o alimento transita e sofre digestão. Inclui a cavidade
oral, faringe, esôfago, estômago, intestino delgado e intestino grosso. Já os órgãos anexos são estruturas
nas quais o alimento não transita, mas que são essenciais à digestão uma vez que produzem secreções
digestivas. Incluem as glândulas salivares (que produzem saliva, rica em amilase salivar, uma enzima
que degrada amido), o fígado (que produz bile para degradação da gordura) e o pâncreas (que produz
o suco pancreático para degradar gordura).

Glândulas salivares

Boca

Esôfago

Fígado
Estômago

Pâncreas
Vesícula Biliar

Intestino Intestino
delgado grosso

Apêndice
Figura 22 - Órgãos do sistema diges-
tório Reto Ânus

Descrição da Imagem: a figura


mostra uma pessoa em pé, com
todos os órgãos do sistema di-
gestório in situ.

124
UNIDADE 3

A boca é a primeira porção do canal alimentar. Suas funções in-


cluem apreensão do alimento, mastigação, deglutição, percepção
dos sabores dos alimentos, digestão e fonação. A apreensão depende
dos lábios. A mastigação depende dos dentes, os quais, a partir de
ação mecânica, modificam, fisicamente, os alimentos para diminuir
seu tamanho e aumentar sua superfície para que eles fiquem expos-
tos aos agentes da digestão química (as enzimas). A deglutição e a
percepção dos sabores dependem da língua. A digestão ocorre pela
amilase salivar (MIRANDA NETO; CHOPARD, 2014).
A boca comunica-se com o meio externo pela rima da boca (uma
fenda anterior formada pela junção dos lábios superior e inferior).
Posteriormente, ela se comunica com a parte oral da faringe. As
bochechas representam seu limite lateral, os palatos (duro e mole)
são seu limite superior, e os músculos do assoalho da boca são seu
limite inferior. Ela é dividida em duas porções: o vestíbulo da boca
e a cavidade oral. O vestíbulo da boca é o espaço anterior da boca
que fica entre lábios e bochechas (anteriormente), e gengiva e dentes
(posteriormente). A cavidade oral é constituída pelo restante da
boca, ou seja, é o espaço interno ocupado pela língua.
Os lábios são pregas músculo fibrosas compostas pelo músculo
orbicular da boca e cobertas por uma pele fina e sensível. Apre-
sentam mobilidade, são muito irrigados e têm glândulas salivares
labiais. As bochechas têm estrutura quase igual à dos lábios, sen-
do sua composição cutâneo-músculo-mucosa, ou seja, apresenta
pele, músculo e mucosa. Seu principal músculo é o bucinador, e,
entre este músculo e a mucosa, existem várias pequenas glândulas
bucais. Acima do músculo bucinador, existe um tecido gorduroso
chamado corpo adiposo da bochecha, que é maior em crianças
(WATANABE, 2000).
O palato é uma região composta de osso, músculo e mucosa,
que fica entre a cavidade nasal e a cavidade oral. Sua região anterior
é, predominantemente, óssea e imóvel, por isso, chamada de palato
duro. Sua região posterior é, predominantemente, muscular e com
relativo movimento chamada palato mole (estes músculos atuam
na deglutição, elevando o palato para que o alimento não reflua
em direção à cavidade nasal). O limite posterior da boca é o istmo
das fauces, um espaço entre a úvula palatina (superiormente), os
arcos palatoglossos (lateralmente), e o dorso da língua e a cartilagem
epiglótica da laringe (inferiormente) (MADEIRA, 2001).

125
UNICESUMAR

Figura 23 - Palato duro e mole

Descrição da Imagem: a figura


mostra a boca aberta de uma
pessoa, evidenciando o palato
(duro e mole).

A língua é um órgão muscular, móvel, revestido por mucosa, com importante função na mastigação,
na deglutição, como órgão gustativo e fonador. Sua extremidade mais afilada e anterior é chamada
de ápice e sua face superior é o dorso. A mucosa que reveste o dorso apresenta receptores gustativos,
as papilas linguais, as quais captam os diferentes sabores dos alimentos e dão um aspecto rugoso à
língua (MADEIRA, 2001).

PAPÍLAS GUSTATIVAS

Epiglote

Tonsila palatina

Tonsila lingual

Papílas circunvaladas

Figura 24 - Língua e suas papilas

Descrição da Imagem: a figura


mostra a língua com suas papi-
las gustativas em destaque.
Papílas fungiformes

126
UNIDADE 3

A gengiva é formada por tecido fibroso coberto por mucosa, e, nela, os dentes se encaixam. Os dentes
são estruturas rígidas, esbranquiçadas, implantadas nas maxilas e na mandíbula. Em cada dente, dis-
tinguem-se três partes: Raiz (implantada no alvéolo), coroa (parte mais evidente) e colo (região entre
a raiz e a coroa circundada pela gengiva). No homem, há duas dentições, a primária (ou decídua) e
a permanente. A primária (dentes de leite) apresenta 20 dentes, e a permanente tem 32 dentes. Eles
agem impondo uma ação mecânica sobre os alimentos para que sejam expostos à ação enzimática,
facilitando a digestão (MADEIRA et. al., 2014).

Figura 25 - Gengiva

Descrição da Imagem: a figura


mostra a gengiva e a dentição
de uma pessoa adulta.

O assoalho da boca representa o limite inferior da boca. Ele é constituído, principalmente, pelo
músculo platisma e pelos músculos supra-hioideos (como o ventre anterior do digástrico, o músculo
milo-hioideo, o gênio-hioideo e o estilo-hioideo).
Como a faringe já foi estudada na Unidade 2, apresentaremos, agora, o esôfago. Este órgão é um
tubo fibromuscular de, aproximadamente, 25 cm de comprimento, que representa a continuação da
faringe. Ele atravessa o músculo diafragma e desemboca no estômago. Portanto, apresenta três par-
tes: cervical, torácica (maior) e abdominal. A contração de seus músculos altera sua luz e permite a
passagem do bolo alimentar, impulsionando-o durante o peristaltismo (também chamado de movi-
mento peristáltico ou peristalse; este movimento é próprio de todo o canal alimentar e não depende
da gravidade, pois ocorre, inclusive, de cabeça para baixo).

127
UNICESUMAR

Figura 26 - Esôfago

Descrição da Imagem: a figura


mostra uma pessoa em pé, com
os órgãos do sistema digestório
in situ.

Você já ouviu falar em peritônio e cavidade peritoneal? O peritônio é uma membrana serosa transpa-
rente e brilhante, que reveste a cavidade abdominal, a cavidade pélvica e as vísceras destas cavidades.
Ele é formado por duas lâminas contínuas: o peritônio visceral (que envolve as vísceras) e o peritônio
parietal (que reveste as paredes destas cavidades). A cavidade peritoneal é uma cavidade entre estas
duas lâminas, a qual contém uma fina película de líquido peritoneal (TORTORA; DERRICKSON;
WERNECK, 2010).

128
UNIDADE 3

Figura 27 - Peritônio e cavidade peri-


toneal

Descrição da Imagem: a figu-


ra mostra o tronco cortado em
corte sagital, evidenciando o pe-
ritônio e a cavidade peritoneal,
com destaque para estômago,
colo transverso, artéria mesen-
térica superior, duodeno, omen-
to menor, omento maior, pelve,
cavidade peritoneal (infracólica
e supracólica).

O estômago é considerado uma dilatação do canal alimentar. Ele segue o esôfago, dá continuidade ao
intestino e está situado logo abaixo do músculo diafragma com sua maior porção à esquerda do plano
mediano (DI DIO, 2002). Sua principal função é realizar a digestão química (por meio das enzimas do
suco gástrico secretado por suas glândulas) e mecânica dos alimentos (já que apresenta movimentos
circulares e peristálticos). No entanto ele pode conter até três litros de alimento (funcionando como
um reservatório) e é capaz de absorver algumas substâncias (como álcool e alguns medicamentos).
Suas funções dependem, principalmente, dos neurônios do plexo entérico e de neurônios extrínsecos
do sistema nervoso autônomo.
Na superfície mucosa interna do estômago, existem muitas pregas gástricas as quais se distendem
ao receber o alimento e desaparecem com a distensão do órgão. Sua porção proximal é a parte cárdica
que se comunica com o esôfago. O fundo é uma região superior, acima da sua junção com o esôfago.
O corpo, a maior parte do órgão, apresenta face anterior e posterior unidas por duas margens, a curva-
tura gástrica maior (à esquerda) e a curvatura gástrica menor (à direita). A parte pilórica é sua porção
terminal que se comunica com o duodeno. Ela apresenta uma região mais alargada chamada antro
pilórico o qual se estreita originando o canal pilórico, que termina no piloro (região esfincteriana distal).
Tanto na parte cárdica quanto no piloro, localizam-se orifícios chamados óstio, cárdico e pilórico,
respectivamente, onde há uma condensação de feixes musculares que constituem um mecanismo
de abertura e fechamento para regular o trânsito do bolo alimentar. Normalmente, o piloro fica em

129
UNICESUMAR

contração e só se abre para dar passagem ao quimo (bolo alimentar misturado às secreções gástricas)
quando o duodeno está vazio e pronto para digerir mais conteúdo gástrico. Assim, estômago e duodeno
agem, coordenadamente, de forma que, quando o duodeno está cheio, o músculo esfíncter do piloro
se contrai para impedir que mais quimo seja lançado no duodeno.

FUNDO
Esôfago

CÁRDIA

Curvatura gástrica
menor
Esfíncter
Óstio
pilórico
pilórico

Figura 28 - Estômago Duodeno

CORPO
Descrição da Imagem: a figu-
ra mostra um estômago corta-
do, destacando Esôfago, Fun- PILORO
do, Corpo, Curvatura gástrica
maior, Piloro, Duodeno, Óstio Curvatura gástrica
pilórico, Esfíncter pilórico, Cur- maior
vatura gástrica menor e Cárdia.

Os intestinos seguem o estômago e se dividem pelo calibre em delgado e grosso. O intestino delgado
tem de quatro a seis metros de comprimento uma vez que se estende do piloro até o ceco (primeira
porção do intestino grosso). É subdividido em três segmentos: duodeno, jejuno e íleo. Embora re-
presente o principal local de absorção dos alimentos, ele também participa da digestão (DANGELO;
FATTINI, 2011).

130
UNIDADE 3

Figura 29 - Intestino delgado e grosso

Descrição da Imagem: a figura mostra o intestino delgado e o grosso como


se localizam in situ.

À semelhança do estômago, o intestino delgado exerce dois tipos


de atividades sobre o alimento: mecânica (mistura e propulsiona o
quimo, por meio de movimentos estimulados pelos plexos nervo-
sos do sistema nervoso entérico) e química (por meio de enzimas
entéricas, pancreáticas e da bile). Assim, vale ressaltar que a ação
das secreções do próprio intestino (suco entérico), do pâncreas
(suco pancreático) e do fígado (bile) sobre o quimo forma o quilo,
na fase final da digestão, quando já existem substâncias prontas
para serem absorvidas. O duodeno abraça a cabeça do pâncreas,
o jejuno e o íleo são contínuos entre si, pois não há uma divisão
anatômica nítida entre eles. Assim, o termo jejuno-íleo é comum.
O intestino grosso representa a porção terminal do canal ali-
mentar que emoldura o intestino delgado, absorve água e eletrólitos
do quilo, determinando a consistência do bolo fecal, além disso,
atua na formação, no transporte e na expulsão das fezes. Ele é mais
calibroso e curto do que o intestino delgado (mede, aproximada-
mente, 1,5 metros de comprimento). É subdividido em ceco, colo
ascendente, colo transverso, colo descendente, colo sigmoide e reto
(MIRANDA NETO; CHOPARD, 2014).

131
UNICESUMAR

O fígado está localizado, imediatamente, abaixo do diafragma e é considerado a maior glândula do


corpo e, depois da pele, o maior órgão (pesando, aproximadamente, 1,5 kg). Esse órgão desempenha
importante papel nas atividades vitais uma vez que interfere no metabolismo de carboidrato, gordura
e proteína, armazena glicogênio, sintetiza vários compostos orgânicos, metaboliza e excreta substân-
cias tóxicas endógenas ou exógenas (como medicamentos e alimentos), participa dos mecanismos de
defesa do corpo e secreta a bile (atuando como glândula exócrina).
A bile é um líquido esverdeado, de gosto amargo, que vomitamos quando não temos nada no
estômago (ela é, popularmente, conhecida como fel), é produzida, de forma contínua, pelo fígado e
armazenada na vesícula biliar (um órgão em forma de saco, que fica embaixo do fígado). Tem ação
detergente (emulsificante) sobre gorduras e favorece a absorção de ácidos e vitaminas lipossolúveis
(sem bile, cerca de 40% da gordura seriam excretadas pelas fezes assim como as vitaminas A, D, E e
K). O fígado tem dois lobos anatômicos (direito e esquerdo) e dois lobos acessórios (o quadrado e o
caudado) (WATANABE, 2000).

Lobo
Lobo Direito
Esquerdo

Figura 30 - Fígado

Descrição da Imagem: a figura


mostra o fígado humano.

O pâncreas está situado, profundamente, na cavidade abdominal, posterior ao estômago. É conside-


rado a segunda maior glândula anexa do sistema digestório (depois do fígado) e é classificado como
glândula mista uma vez que secreta insulina e glucagon (de maneira endócrina) e suco pancreático (de
maneira exócrina), respectivamente. É dividido em cabeça (extremidade dilatada à direita, emoldurada
pelo duodeno), colo (entre a cabeça e o corpo, com cerca de 2 cm), corpo (em posição transversal)
e cauda (extremidade afilada à esquerda situada perto do baço). O suco pancreático é lançado no
duodeno (FREITAS, 2004).

132
UNIDADE 3

Figura 31 - Pâncreas

Descrição da Imagem: a figura


mostra o pâncreas encaixado
no duodeno, o fígado e a vesí-
cula biliar.

As glândulas salivares são responsáveis por produzirem a saliva. Esta é um líquido viscoso, transpa-
rente, insípido e inodoro, que previne contra as cáries, lubrifica o bolo alimentar, facilita seu transporte
sem irritar as paredes do tubo digestório e inicia a digestão do amido. A saliva mantém a cavidade oral
limpa, permite que se possa sentir o sabor da maior parte dos alimentos, excreta algumas substâncias,
como metais pesados e medicamentos, mantém o pH da cavidade própria da boca etc. Existem dois
subgrupos de glândulas salivares, as maiores e as menores. As menores estão localizadas nas bochechas,
lábios, palato e mucosa da língua. As maiores são três pares: as glândulas parótidas, submandibulares
e sublinguais. A glândula parótida fica, lateralmente, na face, anterior à orelha externa. Ela apresenta
um canal excretor, chamado ducto parotídeo, o qual perfura o músculo bucinador e se abre na cavidade
oral. Ela pode ser infectada por vírus, causando parotidite (popularmente, conhecida como caxumba).
A glândula submandibular localiza-se abaixo da mandíbula, seu ducto (o ducto submandibular) se
abre na cavidade oral abaixo da língua. A glândula sublingual é a menor e a mais profunda delas,
situa-se, lateral e inferiormente, à língua (MADEIRA, 2001).

133
UNICESUMAR

Glândula
Figura 32 - Glândulas salivares Parótida

Descrição da Imagem: a figu- Glândula


ra mostra a ilustração de uma Sublingual
cabeça humana de perfil, desta-
cando a localização das glându-
las salivares: glândula parótida,
glândula submandibular, glân- Glândula
dula sublingual. Submandibular

SISTEMA URINÁRIO

O sistema urinário é essencial à homeostasia corpórea e, portanto, é considerado vital. Ele é considerado
um sistema osmorregulador que livra o organismo do excesso de água, sais minerais, toxinas, excretas
nitrogenadas (ureia e ácido úrico), produtos finais da degradação da hemoglobina, ácido carbônico,
metabólitos de vários hormônios e outros. Assim, controla o volume e a composição do líquido
intracelular, extracelular e do sangue, por meio da excreção de algumas substâncias e reabsorção de
outras pela intensa filtragem. Adicionalmente, este sistema também responde pelo controle indireto
da pressão arterial (TORTORA; DERRICKSON; WERNECK, 2010).
O rim é o órgão central do sistema urinário, é par, de cor avermelhada, em forma de feijão, situado
na cavidade abdominal (ao lado da coluna vertebral), um pouco acima da cintura. O esquerdo tende
a ser um pouco mais comprido e estreito do que o rim direito, mas, em contrapartida, o direito fica,
levemente, mais baixo, devido à posição do fígado (DANGELO; FATTINI, 2011). Externamente, o
rim é revestido por uma fina bainha de tecido conjuntivo fibroso (a cápsula fibrosa), sobre a qual
existe uma grande quantidade de tecido adiposo, formando a cápsula adiposa ou gordura perirrenal.
Essas cápsulas auxiliam na proteção e na fixação do rim à cavidade abdominal. Sobre os rins estão as
glândulas suprarrenais, que pertencem ao sistema endócrino, atuando como importante produtora
de hormônios.
As principais funções dos rins são: filtrar o plasma sanguíneo e formar a urina (uropoiese), sin-
tetizar a forma ativa da vitamina D, sintetizar glicose em casos de jejum prolongado e eritropoetina
(uma glicoproteína que atua na medula óssea, estimulando a produção de hemácias). Além disso, o
rim também sintetiza renina (enzima produzida por fibras musculares lisas das paredes das artérias

134
UNIDADE 3

aferentes cuja liberação para a corrente sanguínea ocorre quando a pressão arterial cai). Externamente,
apresentam faces anterior e posterior, margens medial e lateral e polos superior e inferior. Em sua parte
central, existe uma fissura (hilo renal), que dá passagem às artérias e às veias renais, aos nervos, aos
vasos linfáticos e à pelve renal. Em corte coronal, nota-se uma porção central mais escura denominada
medula renal e outra periférica mais pálida chamada córtex renal, que se projeta em direção à medula,
formando colunas renais, as quais separam porções cônicas da medula denominadas pirâmides renais.
As pirâmides se estreitam, originando as papilas renais as quais apresentam os forames papilares que
recebem a urina para lançá-la nos cálices renais menores. Os cálices renais menores se unem e formam
o cálice renal maior, e estes se abrem na pelve renal.

Figura 33 - Rim

Descrição da Imagem: a figura


mostra um rim, externamente,
e outro, internamente. Os ure-
teres aparecem, e a vasculariza-
ção é destacada no rim cortado.

Para filtrar o sangue e formar urina, o rim é constituído pelos néfrons (que atuam como filtros, sepa-
rando o que deve ser eliminado e o que deve ser reaproveitado pelo corpo). Existe, aproximadamente,
um milhão de néfron em cada rim, mas, infelizmente, vão sendo, gradativamente, destruídos e não
se regeneram (a perda dos néfrons está relacionada, entre outros fatores, à ingestão de conservantes,
corantes, agrotóxicos, condimentos, fármacos etc.). O néfron tem a estrutura de um tubo sinuoso
formado pelo glomérulo renal, cápsula glomerular, túbulo contorcido proximal, túbulo reto, túbulo
contorcido distal e ducto coletor (TORTORA; DERRICKSON; WERNECK, 2010).

135
UNICESUMAR

Os cálculos renais (pedras nos rins) podem ser encontrados nos cálices renais menores e maio-
res, na pelve renal, no ureter e na bexiga urinária, obstruindo o fluxo da urina e provocando
a contração da musculatura do ureter (o que desencadeia uma forte dor aguda). Além disso,
sua presença pode causar lesões, gerando hematúria (sangue na urina). Os principais fatores
que predispõem sua formação incluem baixa ingestão de água, excesso de ingestão de carnes,
leites, queijos, vitamina C e D, alterações na reabsorção de cálcio, hiperparatireoidismo, repouso
prolongado, utilização excessiva de antiácidos que contenham cálcio e predisposição genética.

Figura 34 - Órgãos do sistema urinário

Descrição da Imagem: a figura


mostra o tronco de uma pessoa,
destacando a localização dos ór-
gãos do sistema urinário.

O ureter é um tubo músculo-membranoso estreito e longo (no adulto tem cerca de 30 cm de compri-
mento) que desemboca na bexiga urinária. Ele conduz urina produzida no rim até a bexiga urinária
onde fica armazenada até a micção. Ele é capaz de se contrair e realizar movimentos peristálticos.
Quando os ureteres atravessam a parede muscular da bexiga urinária, eles o fazem de maneira oblíqua,
formando uma válvula unidirecional que, junto com a pressão interna da bexiga, ocasionada pelo seu
enchimento, impede o refluxo da urina em direção ao ureter.

136
UNIDADE 3

A bexiga urinária é um órgão ímpar, localizado após a puberdade, na cavidade pélvica (no feto
e no recém-nascido se localiza na cavidade abdominal). Embora seja oca, ela é constituída por fortes
paredes musculares que se distendem para armazenar urina (ela pode armazenar de 350 ml a 1,5 litros
de urina). Sua forma, seu tamanho, sua relação com órgãos vizinhos e situação variam de acordo com
suas fases de vacuidade, com a idade e o sexo do indivíduo. No adulto, por exemplo, quando ela está
vazia, fica achatada contra a sínfise púbica, mas quando está cheia, ela assume uma forma ovoide que
se salienta na cavidade abdominal. De igual modo, sua posição anatômica é diferente no homem e na
mulher. Enquanto, no homem, ela fica localizada à frente do reto, na mulher, o útero fica interposto
entre ela e o reto (MOORE et al, 2001). A bexiga urinária é constituída por músculos fortes cuja
contração provoca o esvaziamento da bexiga. Vale destacar que a micção é um mecanismo reflexo
desencadeado pela distensão da bexiga, que depende da atividade do sistema nervoso autônomo, mas
pode ser influenciado, voluntariamente, pela ação de músculos do abdome e do períneo.
A uretra é o segmento terminal do sistema urinário, é um tubo músculo-mucoso mediano cuja
função é conduzir a urina até o meio externo (DI DIO, 2002). Há diferenças entre a uretra masculina
e a feminina. A feminina é muito curta (aproximadamente, 4 cm) e se destina, apenas, à passagem de
urina. Ela se abre para o meio externo, por meio do óstio externo da uretra, um pequeno orifício loca-
lizado entre os lábios menores do pudendo, próximo ao clitóris e ao óstio da vagina. Em contrapartida,
a uretra masculina é longa (aproximadamente, 20 cm), sinuosa e se destina à passagem de urina e de
sêmen, durante a ejaculação (pertence aos sistemas urinário e genital).

SISTEMA GENITAL MASCULINO

Este sistema tem a função de formar gameta, possibilitar a passagem dos mesmos pelos genitais fe-
mininos, permitir o encontro desses gametas (por meio da cópula) e produzir hormônio que garanta
as características sexuais secundárias (testosterona). Adicionalmente, tem órgãos internos e externos.
Os internos ficam alojados na cavidade pélvica e na bolsa escrotal e incluem o testículo, o epidídimo,
o ducto deferente, a glândula seminal, o ducto ejaculatório, a próstata, a uretra e a glândula bulbou-
retral. Os externos são visíveis à superfície do corpo e incluem pênis e escroto (MIRANDA NETO;
CHOPARD, 2014).
Os testículos são duas glândulas que produzem, continuamente, a partir da maturidade sexual, os
gametas masculinos (os espermatozoides) e o hormônio testosterona (MOORE et al., 2014). Na vida
intrauterina, ele se desenvolve no interior do abdome (próximo aos rins), mas, à medida que a gestação
avança, desce e se posiciona no interior do escroto onde é palpável ao nascimento.
É fundamental que este processo de migração se complete antes da puberdade para que os testículos
fiquem alojados, externamente, à parede da pelve, pois, a temperatura intra-abdominal (36 a 37°C)
poderia comprometer a produção dos espermatozoides, tornando o indivíduo estéril (pois, para a
espermatogênese, o ideal é 35°C). Por isso, a não descida do testículo (chamada criptorquidia) pode
ser corrigida, cirurgicamente. Como o testículo se posiciona, externamente, à parede da pelve, e os

137
UNICESUMAR

outros órgãos do sistema genital masculino estão no interior dela, várias estruturas entram e saem do
testículo, formando o funículo espermático que percorre uma espécie de túnel pela parede do abdo-
me, o canal inguinal, o qual pode apresentar hérnias inguinais. É importante salientar que, na bolsa
escrotal, não fica apenas o testículo, mas também o epidídimo, parte do ducto deferente e do funículo
espermático. É uma região muito inervada e, portanto, muito sensível.

ANATOMIA DO TESTÍCULO

Plexo pampiniforme
(venoso)

Artéria Testicular

Epidídimo
Ducto
deferente

Testículos

Figura 35 - Testículo e epidídimo

Descrição da Imagem: a figura mostra, à esquerda, o testículo, o epidídimo e o ducto deferente em visão externa, e,
à direita, as mesmas estruturas em corte.

O epidídimo é um órgão par, em forma de tubo enovelado com aspecto de meia lua cuja função é o
armazenamento temporário e a maturação dos espermatozoides. Ele se entende da borda posterior
do testículo até o ducto deferente e apresenta cabeça, corpo e cauda.
O ducto deferente é um órgão par, com cerca de 30 cm de comprimento cuja função é permitir a
passagem dos espermatozoides da cauda do epidídimo até a próstata, à medida que eles amadurecem.
Para tanto, deixa o escroto, sobe pelo funículo espermático, comunica-se com as glândulas seminais
(por meio dos ductos das glândulas seminais) e penetra a próstata onde originam o ducto ejaculatório
(DANGELO; FATTINI, 2011).

138
UNIDADE 3

Figura 36 - Ducto deferente

Descrição da Imagem: a figura


mostra a pelve masculina, des-
tacando a posição dos testículos
e dos ductos deferentes.

A glândula seminal também é um órgão par, formado por estruturas tubulares enoveladas, com cerca
de 5 cm de comprimento. Situa-se, posteriormente, à bexiga urinária e acima da próstata e é constituída
de músculo liso e tecido conjuntivo fibroso. Sua função é secretar um líquido seminal alcalino, espesso,
rico em frutose, que ativa o movimento dos espermatozoides e contribui para a nutrição dos mesmos.
Esse líquido representa cerca de 60% do conteúdo eliminado durante a ejaculação.

Figura 37 - Glândula seminal, próstata


e glândula bulbouretral

Descrição da Imagem: a figura


mostra alguns órgãos do siste-
ma genital masculino.

A próstata é considerada a maior glândula acessória do sistema genital masculino. Embora seja pouco
desenvolvida ao nascimento, ela cresce da puberdade até em torno dos 30 anos de idade e, depois, di-
minui após os 40 anos. Ela tem dois lobos laterais (direito e esquerdo) e um lobo mediano (o istmo da
próstata), localiza-se na pelve, em posição mediana, logo abaixo da bexiga urinária. Sua proximidade
com o reto explica o fato de ela poder ser palpada por meio do toque retal para auxiliar no diagnóstico

139
UNICESUMAR

de hiperplasia da próstata. Em sua constituição, estão presentes músculo liso, tecido conjuntivo fibroso
e glândulas (um terço de sua composição é fibromuscular, e dois terços é glandular, pois ela apresenta
de 30 a 50 glândulas). Tais glândulas secretam o líquido prostático que, além de ativar a movimentação
dos espermatozoides, é alcalino e neutraliza a acidez do líquido proveniente do ducto deferente e da
vagina. Este líquido representa cerca de 30% do volume ejaculado e é fundamental para dar o odor
característico do sêmen (DI DIO, 2002).
Os ductos ejaculatórios são pequenos (cerca de 2 cm de comprimento), e resultam da união do
ducto da glândula seminal com o ducto deferente, atravessa a próstata e desemboca na parte prostática
da uretra.
As glândulas bulbouretrais são pequenas estruturas anatômicas (do tamanho de uma ervilha),
localizadas à direita e à esquerda da parte inicial da uretra. Tem como função produzir, durante o
período de excitação sexual que antecede a ejaculação, uma secreção mucosa e alcalina que, além da
função lubrificante, contribui para neutralizar o pH da uretra e eliminar resíduos de urina (TORTORA;
DERRICKSON; WERNECK, 2010).

Figura 38 - Ducto ejaculatório, pênis,


bolsa escrotal e uretra

Descrição da Imagem: a figura


mostra alguns órgãos do siste-
ma genital masculino.

140
UNIDADE 3

A uretra já foi estudada por ocasião do sistema urinário, mas você deve lembrar que, para o homem,
ela é comum tanto ao sistema urinário (pois se destina à passagem da urina) quanto ao sistema geni-
tal masculino (pois se destina à passagem do sêmen durante a ejaculação). Além disso, também, vale
lembrar que há inúmeras diferenças entre a uretra masculina e a feminina.
O pênis é um órgão ímpar localizado na região pudenda, sua principal função é possibilitar o coito,
por meio da penetração na estrutura de cópula do sistema genital feminino (a vagina) a fim de, nela,
lançar os espermatozoides. Em sua constituição, existem três longas massas cilíndricas de tecido lacu-
nar erétil, que são os dois corpos cavernosos e o corpo esponjoso. O corpo esponjoso contém a parte
esponjosa da uretra e apresenta uma dilatação anterior chamada glande. É importante ressaltar que,
além dos corpos cavernosos e do corpo esponjoso, o pênis também é formado por vasos sanguíneos,
vasos linfáticos e é revestido por uma pele fina, sensível, elástica, lisa, de cor escura e, frouxamente,
presa à tela subcutânea. No pênis, distinguem-se três regiões: raiz, corpo e glande. A raiz é onde ele se
origina, o corpo é sua parte pendular livre e móvel onde estão os corpos cavernosos e o corpo esponjoso.
Já a glande é sua extremidade distal dilatada, coberta por uma pele fina que forma uma prega retrátil
chamada prepúcio, o qual apresenta, inferiormente, um freio que limita sua mobilidade.
Se a abertura do prepúcio for estreitada, impedindo a exposição da glande, ocorre uma condição
patológica chamada fimose. Tal condição, além de dificultar o coito, atrapalha a higienização do pê-
nis, o que é, extremamente, preocupante haja vista a glande apresentar inúmeras glândulas sebáceas
e prepuciais produtoras de sebo e esmegma. Além disso, o acúmulo de esmegma pode fazer com que
microorganismos se proliferem e invadam a uretra, causando infecção. Muitas vezes, podem não
aparecer sintomas graves, mas surge odor desagradável e prurido (coceira). Assim, quando a fimose
é diagnosticada, uma correção cirúrgica pode ser indicada (WATANABE, 2000).
O escroto é uma bolsa fibromuscular cutânea que fica situada, inferiormente, à sínfise púbica, e,
posteriormente, ao pênis, permanecendo pendente na região urogenital. Sua principal função é con-
ter o testículo fora da cavidade pélvica cuja temperatura (37ºC) é superior à temperatura ideal para a
espermatogênese (35ºC).

SISTEMA GENITAL FEMININO

O sistema genital tem a função de formar gametas, possibilitar a passagem dos mesmos, permitir o
encontro desses gametas (por meio da cópula) e produzir hormônios que garantam as características
sexuais secundárias (estrógeno e progesterona). Adicionalmente, permite que o período gestacional
seja cumprido, possibilita o trabalho de parto e, se a fecundação não ocorrer, permite a drenagem dos
produtos menstruais. Apresenta órgãos internos e externos. Os internos ficam alojados na cavidade
pélvica e incluem ovário, tuba uterina, útero e vagina; os externos são visíveis à superfície do corpo e
incluem as estruturas da vulva ou pudendo feminino (MIRANDA NETO; CHOPARD, 2014).
O ovário, de acordo com Dangelo e Fattini (2011), é um órgão par, de forma oval, que repousa
na fossa ovárica. Ele tem cerca de 3 a 4 cm (embora diminua de tamanho com o envelhecimento) e

141
UNICESUMAR

apresenta consistência firme (que aumenta com a idade). Sua função é produzir, ao final da puberdade,
gametas femininos (os ovócitos) e hormônios (estrógeno e progesterona). O ovócito expelido durante
a ovulação é aprisionado pelas fímbrias do infundíbulo da tuba uterina e conduzido à ampola da tuba
uterina onde poderá ser fertilizado.

Útero

Ovário
Figura 39 - Ovário, tuba uterina, útero
e vagina
Tuba
Descrição da Imagem: a figura uterina
mostra os órgãos internos do
sistema genital feminino, quais
Vagina
sejam: ovário, tuba uterina, úte-
ro e vagina.

A tuba uterina é uma estrutura tubular cuja principal função é transportar os ovócitos e os espermato-
zoides. Este processo é facilitado pelo fato de sua superfície interna apresentar pregas que lhe conferem
um aspecto labiríntico útil para a captação e o transporte do ovócito e do espermatozoide (FREITAS,
2004). Embora a tuba tenha cerca de 10 cm de comprimento, sua luz é estreita. Ela apresenta uma
extremidade medial (que se comunica com útero) e uma extremidade lateral (que se comunica com a
cavidade peritoneal). A tuba é dividida em infundíbulo, ampola, istmo e parte uterina.
O útero é um órgão cavitário, eminentemente muscular, situado na pequena pelve, entre a bexiga
urinária e o reto. Ele pode se dilatar ao ponto de abrigar gêmeos, trigêmeos, quadrigêmeos em seu
interior. Sua função principal é alojar o embrião para que ele se desenvolva durante todo o período
embrionário. Todavia ele, também, atua por meio de contrações musculares, facilitando o parto por
via vaginal (parto normal). Após o parto, ele se contrai para rearranjar seus componentes e voltar ao
tamanho aproximado do que tinha antes da gravidez. Tais contrações são importantes também para
promover um pinçamento dos vasos sanguíneos que se rompem, durante o deslocamento da placenta,
impedindo quadros hemorrágicos. Sua camada interna, o endométrio, mensalmente, prepara-se para
receber o zigoto, tornando-se espesso e rico em capilares. Todavia, não ocorrendo a fecundação, este
espessamento do endométrio se descama, eliminando sangue, por meio do óstio da vagina (fenômeno
conhecido como menstruação). Seu posicionamento é mantido por importantes ligamentos os quais,
com o envelhecimento e em decorrência da menopausa, podem se tornar menos resistentes e flácidos.

142
UNIDADE 3

Tal fato é explicado em função da menor produção de estrógeno e, consequentemente, da redução na


síntese de colágeno que os compõem. Com isso, o útero pode migrar em direção à vagina (prolapso
uterino) e alterar a posição da bexiga e a angulação da uretra, podendo causar, entre outros sinais,
incontinência urinária.
O nome vagina significa bainha e lhe foi atribuído em decorrência do fato de ela envolver o pênis
durante a penetração. Sua principal função está relacionada à cópula, mas também participa como
um canal para passagem da menstruação e representa a parte inferior do canal de parto (MIRANDA
NETO; CHOPARD, 2014). A vagina é um tubo musculomembranáceo ímpar, mediano, com cerca
de 8 cm de comprimento cujas paredes, normalmente, estão colabadas. Ela se situa, posteriormente,
à bexiga urinária e à uretra e, anteriormente, ao reto. O óstio da vagina é, parcialmente, fechado nas
virgens pelo hímen (membrana delgada de tecido conjuntivo pouco vascularizada).
As estruturas externas do sistema genital feminino são chamadas vulva, ou pudendo feminino,
incluem o monte do púbis, os lábios maiores e menores do pudendo, o clitóris, o bulbo do vestíbulo
e as glândulas vestibulares maiores e menores. De maneira geral, tais estruturas servem para orientar
o fluxo da urina, evitar a entrada de material estranho no trato urogenital e como tecido sensitivo e
erétil para a excitação e a relação sexual (TORTORA; DERRICKSON; WERNECK, 2010).

Monte do púbis

Clitóris

Lábio menor do pudendo


Óstio da uretra
Lábio maior do pudendo
Vagina

Ânus

Figura 40 - Vulva

Descrição da Imagem: a figura mostra os órgãos externos do sistema genital feminino (vulva), destacando o monte
do púbis, clitóris, lábio menor do pudendo, óstio da uretra, lábio maior do pudendo, vagina, ânus.

143
UNICESUMAR

O monte do púbis é uma elevação mediana, anterior à sínfise púbica e contínua com a parede ab-
dominal anterior. Ele é constituído, principalmente, por tecido adiposo (cuja quantidade é maior
na puberdade e menor após a menopausa) e pelos espessos (após a puberdade). O lábio maior do
pudendo é uma prega cutânea alongada, constituída de tecido conjuntivo frouxo e músculo liso. Sua
principal função é dar proteção indireta ao clitóris, ao óstio da uretra e ao óstio da vagina. O lábio
menor do pudendo é uma prega cutânea localizada, medialmente, ao lábio maior. Na criança e na
idosa, ele é mais volumoso do que o lábio maior, devido à maior quantidade de tecido adiposo que
apresenta. A pele que o recobre é lisa, úmida e vermelha. Ele apresenta tecido conjuntivo esponjoso
contendo tecido erétil, muitos pequenos vasos sanguíneos, glândulas sebáceas e terminações nervosas
sensitivas. O espaço entre os lábios menores é chamado vestíbulo da vagina. Nele, apresentam-se o
óstio externo da uretra, o óstio da vagina e os orifícios dos ductos das glândulas vestibulares. O vestí-
bulo da vagina é determinado por uma fenda chamada rima do vestíbulo.
O clitóris e o bulbo do vestíbulo são estruturas eréteis, formadas por tecido especial capaz de se
dilatar como resultado do ingurgitamento de sangue (este aporte sanguíneo confere à mulher uma
sensação de edema e peso na região pudenda). Por isso, tais estruturas são consideradas análogas aos
corpos cavernosos do pênis. O clitóris é uma estrutura, extremamente, sensível e ligada à excitabilidade
sexual. O bulbo do vestíbulo é formado por duas massas de tecido erétil, alongadas e dispostas como
uma ferradura ao redor do óstio da vagina. Não é visível, pois se situa, profundamente. Quando cheio
de sangue, dilata-se e proporciona maior contato entre pênis e vagina.
As glândulas vestibulares menores existem em número variável e têm seus minúsculos ductos
se abrindo no vestíbulo da vagina. As glândulas vestibulares maiores são duas glândulas profundas,
situadas nas proximidades do vestíbulo da vagina onde seus ductos se abrem. Elas produzem uma
secreção mucosa que serve para lubrificar o próprio vestíbulo e a porção inferior da vagina sob a in-
fluência do sistema nervoso autônomo, nos momentos preparatórios que antecedem a relação sexual
(durante o período de excitação) e durante o coito (por compressão), visando tornar as estruturas
úmidas e propícias à penetração.
O períneo é o conjunto de partes moles que fecham, inferiormente, a pelve óssea. É uma região
delimitada pela margem anterior da arcada púbica, tuberosidade isquiática e cóccix. No sexo feminino,
ele dá passagem à uretra, à vagina e ao reto, e, no sexo masculino, ele dá passagem à uretra e ao reto
(DI DIO, 2002). Pelo fato de o períneo permitir parte da sustentação das vísceras pélvicas, é de grande
relevância que ele seja fortalecido a fim de que tais vísceras permaneçam sempre, adequadamente,
posicionadas.

144
UNIDADE 3

Filme: Sete vidas


Ano: 2008
Sinopse: Ben Thomas (Will Smith) tem depressão após ter causado um
acidente automobilístico que matou sete pessoas, entre as quais sua noiva,
Sarah Jenson (Robinne Lee). Para se redimir, ele decide salvar sete pessoas.
Assim, ele se faz passar por seu irmão e usa as credenciais dele de agente
do Departamento do Tesouro dos Estados Unidos para localizar pessoas
que serão alvo de sua cuidadosa e premeditada redenção. Seus planos
mudam ao conhecer Emily (Rosario Dawson), uma linda mulher que sofre de um problema de
coração, por quem se apaixona. Ben resolve que uma dessas sete vidas que ele salvará é a dela.
Após uma noite de amor com a moça, ele resolve cumprir seus planos.
Comentários da autora: é um filme belíssimo por todo o altruísmo envolvido, pela tão polêmica
questão da doação de órgãos, mas também por aprofundarmos nossa visão sobre as importan-
tíssimas funções do coração. Aproveitem o aprendizado!

Querido(a) aluno(a), convido você a clicar aqui e ouvir o biólogo, gra-


duado pela Unicesumar, Silvano Piovan. Ele é mestre em Ciências Fi-
siológicas pelo Programa de Pós-Graduação em Ciências Fisiológicas
da Universidade Estadual de Maringá e doutor em Ciências Biológi-
cas (Área de concentração: Biologia Celular e Molecular), pelo Pro-
grama de Pós-Graduação em Ciências Biológicas da Universidade Es-
tadual de Maringá. O Dr. Silvano abordará a influência dos sistemas
do corpo na homeostasia corpórea. Aproveite bastante!

Ao término desta unidade, você, de fato, apresenta total condição de responder aos questionamentos
daquela mãe aflita com as lesões de seu filho, após o acidente motociclístico. Assim, sabe que a ruptura
da artéria aorta descendente abdominal pode ser, de fato, fatal porque ela emite ramos que irrigam todos
os órgãos e paredes do tronco. Também sabe que a ruptura do pulmão esquerdo pode comprometer
a saúde do indivíduo, pois a hematose ficaria a encargo apenas do pulmão direito. Além disso, agora,
conhece todos os órgãos que formam cada um dos sistemas do corpo humano e, se fez a atividade
proposta (a lista deles em uma folha grande de papel), sabe, também, as funções de cada um deles. Você
sabe que o timo localiza-se atrás do osso esterno e que é um órgão linfoide; sabe onde se localizam e
para que servem o epidídimo e do bulbo do vestíbulo. Assim, você poderá desempenhar suas práticas
profissionais junto à equipe multiprofissional com a qual trabalhará de forma segura e responsável.
Sinta-se orgulhoso de você mesmo e se estimule a estudar cada dia mais. Parabéns!

145
Prezado(a) aluno(a), a vida depende da atuação conjunta e coordenada de todos os sistemas do
corpo humano. Os sistemas circulatório e respiratório têm papel de destaque, pois deles depen-
dem a adequada oxigenação e nutrição das células bem como sua manutenção em homeostasia
a partir da retirada dos materiais residuais que elas produzem. De igual modo, a obtenção de
energia para o metabolismo celular depende do funcionamento do sistema digestório, assim como
a contração muscular, o pensamento, o aprendizado e tantas outras funções que não acontece-
riam sem o suprimento energético essencial. Os sistemas genitais masculino e o feminino, por
sua vez, atuam em conjunto para permitir a continuidade da vida humana. Por fim, o controle da
composição dos fluidos corporais é um processo complexo que depende, totalmente, do sistema
urinário. Considerando que todos estes sistemas agem em interdependência, todo profissional
da área da saúde e do bem-estar deve aprofundar seus conhecimentos anatômicos sobre eles e
se manter atualizado em relação aos avanços científicos na área.
Caro(a) aluno(a), gostaria que você fizesse, agora, uma verificação crítica dos conhecimentos
adquiridos ao término desta unidade. Para tanto, verifique o Mapa Mental a seguir e faça uma
descrição resumida de todos os órgãos que compõem cada sistema do corpo humano. Na frente
do nome do órgão, sugiro que você coloque, resumidamente, as principais funções que ele exerce.
Faça em formato de texto e o utilize para seu estudo pessoal. Bom trabalho!

1 Sistema Circulatório 4
• Sanguíneo Sistema Urinário
• Linfático

2 5
Sistema Respiratório Sistema Genital Masculino
MAPA MENTAL

3 6
Sistema Digestório Sistema Genital Feminino

146
147
MAPA MENTAL
1. Para que a digestão ocorra de forma ideal, é necessário que o alimento permaneça
tempo adequado em cada porção do sistema digestório a fim de receber secreções
contendo enzimas que facilitem sua metabolização. Uma dessas secreções é a bile.
Sobre ela, é correto afirmar que:
a) O fígado produz a bile, e a vesícula biliar a armazena.
b) A bile é produzida pela vesícula biliar e armazenada no fígado.
c) O duodeno produz a bile, e a vesícula biliar a armazena.
d) A bile é produzida pela vesícula biliar e armazenada no duodeno.
e) Quem produz e armazena a bile são, respectivamente, o fígado e o duodeno.

2. O sistema digestório pode ser dividido em canal alimentar (por onde transita o ali-
mento) e órgãos anexos (os quais produzem secreções úteis à digestão, mas que não
apresentam contato com ele). Identifique, entre as alternativas a seguir, aquela que
apresenta a relação correta dos órgãos anexos deste sistema.
a) Baço, fígado e glândulas salivares.
b) Pâncreas, timo e glândulas salivares.
c) Pâncreas, fígado e reto.
d) Ceco, fígado e glândulas salivares.
e) Pâncreas, fígado e glândulas salivares.
AGORA É COM VOCÊ

3. O sistema genital masculino, em atuação conjunta ao sistema genital feminino, é impor-


tantíssimo à manutenção do número de indivíduos da espécie. Para tanto, cada um de
seus órgãos desempenha função específica e coordenada. Sobre o genital masculino,
assinale a alternativa correta.
a) O pênis é constituído por dois corpos esponjosos e um corpo cavernoso. Tais corpos
estão, diretamente, relacionados à ereção uma vez que se ingurgitam de sangue, fa-
zendo com que o pênis fique túrgido (ereto).
b) A uretra masculina é mais longa e sinuosa do que a feminina e pertence tanto ao
sistema urinário quanto ao sistema genital masculino, pois conduz urina e sêmen ao
meio externo.
c) As glândulas bulbouretrais são consideradas as principais glândulas do sistema genital
masculino, pois produzem a maior quantidade de líquido seminal eliminado durante
a ejaculação.
d) A vasectomia secciona, cirurgicamente, o ducto deferente a fim de que o homem se
torne infértil. Neste caso, o indivíduo perde a capacidade de ejaculação, embora a
sensação de orgasmo seja mantida.
e) Nenhuma das alternativas anteriores está correta.

148
UNIDADE 3

4. Embora os sistemas genitais masculino e feminino tenham como objetivo a reprodução, seus
órgãos diferem não só quanto à morfologia, mas também em relação às funções desempenhadas.
Sobre os órgãos do sistema genital feminino, assinale a alternativa correta.
a) A uretra feminina, embora seja mais curta do que a masculina, pertence tanto ao sistema uriná-
rio quanto ao sistema genital feminino, pois permite a passagem da urina e das secreções das
glândulas vestibulares maiores e menores ao meio externo.
b) Na vulva, o clitóris, o óstio externo da uretra e o óstio da vagina se posicionam, sequencialmente,
no sentido ântero-posterior.
c) Ao contrário da afirmação anterior, o posicionamento do clitóris, do óstio externo da uretra e do
óstio da vagina é sequencial, mas no sentido posterior-anterior.
d) A tuba uterina é responsável pela produção dos hormônios sexuais e dos gametas femininos.
e) O útero é responsável pela produção dos hormônios sexuais e dos gametas femininos.

5. Os sistemas circulatório e respiratório atuam em conjunto, possibilitando a irrigação e a drena-


gem das células. Embora tenham similaridades, apresentam, também, várias particularidades.
Leia, com atenção, as informações seguintes:
I) O trajeto que o ar percorre desde sua captação até os alvéolos pulmonares inclui, em ordem,
as seguintes estruturas anatômicas: vestíbulo do nariz, cavidade nasal, laringe, faringe, traqueia,
brônquios principais, brônquios segmentares, brônquios lobares, bronquíolos e alvéolos.
II) A grande circulação tem por objetivo oxigenar e nutrir as células do corpo e delas remover
todo o gás carbônico e as impurezas.
III) Os pulmões são revestidos por uma dupla membrana de tecido conjuntivo chamada pleura.
Esta membrana é análoga, em termos funcionais, à fáscia muscular e ao pericárdio uma vez que
uma de suas funções é proteger os pulmões assim como as estruturas citadas anteriormente
protegem os músculos e o coração.
IV) A grande circulação tem por objetivo oxigenar o sangue nos pulmões.

Assinale a alternativa que contém apenas afirmativas corretas.


a) I e II.
b) I e IV.
c) II e III.
d) II e IV.

149
MAPA MENTAL

150
151
MAPA MENTAL
MAPA MENTAL

152
4
Sistema
Neuroendócrino
Dra. Carmem Patrícia Barbosa

Ao término desta unidade, você será capaz de entender a cons-


tituição e a função geral dos sistemas nervoso e endócrino, pois
estudaremos todas as estruturas anatômicas que os formam tanto
do ponto de vista morfológico quanto funcional.
UNICESUMAR

Você já ouviu falar que o sistema nervoso controla todas as coisas


que acontecem com nosso corpo? Você já escutou alguém dizer, ou
já leu algo sobre o fato de que o sistema nervoso age, também, por
meio das nossas glândulas a fim de realizar tal controle?
Imagine a seguinte situação: um jovem de 25 anos de idade foi
diagnosticado com um tumor no diencéfalo (mais especificamente,
no hipotálamo). Ele procurou ajuda especializada porque estava
percebendo várias coisas diferentes acontecendo com seu corpo,
como emagrecimento (mesmo comendo normalmente), insônia,
taquicardia, sudorese, irritabilidade etc. O médico lhe disse que o
tumor estava comprimindo sua glândula hipófise, e que tal fato
necessitava de correção cirúrgica imediata. A fim de esclarecer
este diagnóstico, o jovem resolveu procurar uma segunda opinião
médica, pois estava extremamente apreensivo por se tratar de uma
cirurgia neurológica.
Analise os detalhes do caso clínico descrito anteriormente e res-
ponda aos seguintes questionamentos: I. Você acha que é possível
um tumor, no hipotálamo, causar compressão da glândula hipófise?
II. Considerando os sintomas descritos pelo jovem e as funções que
a glândula hipófise exerce, você acha que, de fato, este tumor esteja
acometendo esta glândula?
É impossível estudar o caso clínico descrito e não se encantar
com o fato de que existe uma estreita harmonia entre o sistema
nervoso e o sistema endócrino. Além disso, qualquer disfunção
em um deles pode causar severas alterações no funcionamento
geral do corpo humano, prejudicando a homeostasia corpórea.
Pensando assim, profissionais da saúde e do bem-estar devem,
constantemente, preocupar-se com o pleno conhecimento destes
dois sistemas de controle e regulação do corpo humano. Aprende-
remos sobre eles a seguir.

154
UNIDADE 4

SISTEMA NERVOSO

De maneira geral, o sistema nervoso é responsável por receber, analisar e integrar informações prove-
nientes do meio interno e externo. Representa o local onde ocorrem as tomadas de decisão e de onde
são enviadas as ordens para o funcionamento de todo o corpo (MOORE et al., 2014). Ele pode ser,
didaticamente, dividido em central e periférico. O sistema nervoso central (SNC) é representado pelo
tecido nervoso alojado na parte central do corpo, ou seja, no crânio (o encéfalo) e na coluna vertebral
(a medula espinal). O sistema nervoso periférico (SNP) é representado pelo tecido nervoso alojado na
periferia do corpo, ou seja, nervos (cranianos e espinais), gânglios e terminações nervosas.
Inicialmente, estudaremos o SNC. Tanto o encéfalo quanto a medula apresentam, em sua constitui-
ção, corpos celulares e fibras nervosas. A substância cinzenta é formada, predominantemente, por cor-
pos neuronais, e a branca por fibras nervosas que se aglomeram, formando tratos. Enquanto o encéfalo
tem substância cinzenta por fora da branca, constituindo o córtex cerebral, a substância cinzenta da
medula espinal (que tem a forma de uma borboleta ou da letra H) localiza-se, internamente, à branca
(que é formada por fibras que sobem e descem na medula) (MIRANDA NETO; CHOPARD, 2014).

155
UNICESUMAR

Figura 1 - Sistema Nervoso Central e


Periférico

Descrição da Imagem: a figura


mostra a parte superior do cor-
po de uma pessoa, destacando
o SNC (ou seja, o encéfalo e a
medula espinal alojados no crâ-
nio e no canal medular) e parte
do SNP (especificamente, os
nervos espinais e cranianos).

Com certeza, você já ouviu falar de alguém que teve uma lesão na medula e ficou paraplégico ou tetra-
plégico. Nestes casos, muitas perguntas surgem, por exemplo: Será que estas pessoas conseguirão sentir
seu corpo normalmente? Será que a paralisia poderá ser revertida? Como ficam as funções sexuais? E
tantas outras dúvidas que, para serem respondidas, é preciso entender melhor como a medula funciona.
Conforme Machado e Haertel (2014), a medula espinal é uma massa cilíndrica de tecido nervoso,
ligeiramente achatada, que fica dentro do canal vertebral. O nome medula significa miolo, justamente
pelo fato de sua localização no interior deste canal. Seu calibre não é uniforme, pois apresenta duas
dilatações (chamadas intumescência cervical e intumescência lombossacral) onde as raízes nervosas
que formam o plexo braquial e o plexo lombossacral fazem conexão. Esses plexos inervam os membros
superiores e inferiores. Assim, nas intumescências, há maior quantidade de neurônios que entram,
ou saem da medula.
Superiormente, a medula espinal limita-se com o bulbo (ao nível do forame magno do osso occipi-
tal) e, inferiormente, termina afilando-se para formar o cone medular que continua com um delgado
filamento meníngeo, o filamento terminal, ao nível da segunda vértebra lombar. Assim, no adulto, a
medula não ocupa todo o canal vertebral, tendo, aproximadamente, 45 cm no homem, e 42 cm, na
mulher. Tal fato tem importância clínica, pois, abaixo da segunda vértebra lombar, o canal vertebral
não tem medula, mas contém apenas as meninges e as raízes nervosas dos últimos nervos espinais que
constituem a cauda equina. Isto decorre de ritmos diferentes de crescimento entre medula e coluna
vertebral. Por exemplo, até o quarto mês de vida intrauterina, ambas crescem no mesmo ritmo, mas,

156
UNIDADE 4

a partir de então, a coluna cresce mais do que a medula, causando como consequência o afastamento
dos segmentos medulares das vértebras correspondentes.
Além disso, caro(a) aluno(a), a superfície da medula apresenta sulcos onde se conectam os peque-
nos filamentos radiculares que se unirão para formar as raízes ventral e dorsal dos nervos espinais.
Considerando que estes nervos trazem à medula informações sensitivas da periferia do corpo que
deverão ser conduzidas ao encéfalo e que levam as ordens do encéfalo à periferia do corpo, é possível
entender porque uma lesão medular causa perda sensitiva e motora, as quais não serão revertidas se a
lesão medular for completa. Por isso, para maior proteção da medula, membranas fibrosas chamadas
meninges fazem seu revestimento externo. A dura-máter é a mais externa, espessa e resistente. Supe-
riormente, a dura-máter espinal continua com a dura-máter craniana. A pia-máter é a mais delicada
e interna e adere, intimamente, ao tecido nervoso. A aracnoide-máter se dispõe entre as outras duas,
formando um emaranhado de trabéculas aracnoideas. Abaixo da aracnoide-mater, existe o espaço
subaracnoideo que contém líquido cerebrospinal.

Medula espinal

Substância cinzenta
Canal central da medula espinal Substância branca

Pia-máter

Meninges
Aracnoide-máter
espinais

Dura-máter

Figura 2 - Sulcos da medula espinal e meninges

Descrição da Imagem: a figura mostra uma medula espinal recoberta pelas meninges e de onde emergem os nervos
espinais.

157
UNICESUMAR

Vale ressaltar que, abaixo da segunda vértebra lombar, não há perigo de lesão medular, sendo esta
área ideal para a introdução de agulhas com a finalidade de coletar o líquido cerebrospinal para fins
terapêuticos ou diagnósticos para medir a pressão do líquido para introdução de substâncias que
aumentam o contraste nas radiografias (mielografia) ou para introdução de anestésicos. Assim, para
cirurgia das extremidades inferiores, períneo, cavidade pélvica e em algumas cirurgias abdominais,
podem ser feitas anestesias raquidianas ou epidurais (também chamadas peridurais). Na raquidiana, o
anestésico é introduzido no espaço subaracnoideo entre as vértebras L2-L3, L3-L4 ou L4-L5, certificando-se
de que a agulha atingiu o espaço subaracnoideo pela presença do líquido que goteja na extremidade
da agulha. Na anestesia peridural, o anestésico é introduzido sobre a dura-mater, de onde se difunde
e atinge as raízes dos nervos espinais.
O tronco encefálico (TE) interpõe-se entre a medula espinal e o diencéfalo, ventralmente ao cerebelo.
É constituído por corpos de neurônios que se agrupam em núcleos e fibras que se agrupam em tratos,
fascículos ou lemniscos, os quais formam relevos ou depressões em sua superfície. O TE divide-se em
bulbo (inferiormente), mesencéfalo (superiormente) e ponte (entre ambos), e apresenta dez dos doze
pares de nervos cranianos, sendo, por isso, uma região extremamente importante.

Mesencéfalo

Ponte

Figura 3 - Tronco encefálico (nervos cra- Bulbo


nianos em amarelo)

Descrição da Imagem: a figura


mostra o tronco encefálico em
vista anterior, destacando os
nervos cranianos.

A superfície do bulbo é percorrida por sulcos contínuos aos sulcos da medula. Assim, de cada lado
da fissura mediana anterior existe uma eminência alongada, a pirâmide, que é formada por um feixe
de fibras nervosas descendentes que ligam as áreas motoras do cérebro aos neurônios motores da
medula espinal. Fibras deste trato cruzam, obliquamente, o plano mediano e formam a decussação
das pirâmides. Lesões neste trato causam déficit motor contralateral à lesão. Em contrapartida, na área
posterior do bulbo, estão os fascículos grácil e cuneiforme, constituídos por fibras nervosas ascendentes.

158
UNIDADE 4

Em relação às funções, o bulbo é importante, pois se relaciona à função respiratória, cardiovascular,


à tosse, ao vômito, ao espirro, à deglutição e ao bocejo. Complementarmente, ele ajuda a formar o
quarto ventrículo.
A ponte localiza-se anteriormente ao cerebelo, entre o mesencéfalo e o bulbo, e ajuda a formar o
quarto ventrículo. Sua base apresenta estrias transversais em virtude de feixes de fibras transversais
que a percorrem, as quais convergem, de cada lado, para formar o pedúnculo cerebelar médio ou braço
da ponte que penetra o cerebelo.
O mesencéfalo fica entre a ponte e o cérebro e é atravessado em toda a sua extensão por um canal
estreito chamado aqueduto do mesencéfalo, que une o terceiro ao quarto ventrículo. Nele, existe uma
área escura (chamada substância negra) que é formada por neurônios que contém melanina e se re-
lacionam ao movimento. Além disso, está relacionado às vias auditivas e visuais.
O cerebelo situa-se posteriormente ao bulbo e à ponte, repousa sobre o osso occipital e está separado
do lobo occipital por uma prega da dura-máter chamada tentório do cerebelo. Sua porção mediana e
ímpar é chamada verme, e suas massas laterais são os hemisférios cerebelares. Tanto o verme quanto
os hemisférios apresentam sulcos transversais que delimitam lâminas finas chamadas folhas. Em
corte, é possível identificar que o cerebelo é constituído por um centro de substância branca, o corpo
medular do cerebelo e é revestido por uma fina camada de substância cinzenta, o córtex cerebelar. No
interior do corpo medular, existem quatro pares de núcleos de substância cinzenta, os núcleos centrais
do cerebelo: denteado, emboliforme, globoso e fastigial.

Figura 4 - Cerebelo

Descrição da Imagem: a figura mostra uma pessoa em vista anterior e lateral, destacando a posição do cerebelo.

159
UNICESUMAR

O cerebelo está bastante relacionado ao equilíbrio, à coordenação dos movimentos e à aprendizagem


motora. No entanto estudos têm sugerido que o cerebelo também apresenta funções não motoras,
por exemplo, função autônoma, de comportamento e de cognição, além de ajudar a formar o quarto
ventrículo. Além disso, é descrito que autistas apresentam hipoplasia cerebelar, e que lesões cerebelares
podem causar síndromes com diferentes sintomas (GARCIA; MOSQUERA, 2011).
O diencéfalo e o telencéfalo formam o cérebro, que é a porção mais desenvolvida e importante
do encéfalo, ocupando cerca de 80% da cavidade craniana. Todavia o telencéfalo se desenvolveu em
sentido lateral e posterior (formando os hemisférios cerebrais) e encobrindo, quase completamente,
o diencéfalo que permaneceu em situação ímpar e mediana, podendo ser visto apenas na face inferior
do cérebro.

Figura 5 - Telencéfalo e diencéfalo

Descrição da Imagem: a figu-


ra mostra o encéfalo em corte
sagital.

O diencéfalo, embora seja uma região pequena em termos de tamanho, é extremamente importante
em termos funcionais. Ele compreende quatro regiões principais: tálamo, hipotálamo, epitálamo e
subtálamo, os quais se relacionam ao terceiro ventrículo.
O tálamo é uma massa volumosa de substância cinzenta, que recebe e encaminha ao córtex motor
e sensitivo os impulsos motores e sensitivos vindos da periferia do corpo (exceto o olfato). Devido à
sua íntima relação com a dor, uma lesão talâmica pode causar a síndrome talâmica dolorosa, além de
déficit de memória, de linguagem e vários outros sintomas. O hipotálamo é uma área, relativamente,
pequena situada abaixo do tálamo, com importantes funções relacionadas, principalmente, ao controle
da atividade visceral. É considerado um grande centro autônomo e endócrino, atuando em processos

160
UNIDADE 4

como alimentação, ingestão de líquidos, comportamento sexual, comportamento emocional, regulação


da temperatura, memória e crescimento. Suas disfunções podem causar diabetes insípido, distúrbios da
termorregulação (hipo, hiper ou pecilotermia – alterações da temperatura corporal em decorrência de
variação na temperatura ambiental), distúrbios do equilíbrio calórico, do comportamento emocional
(raiva, medo e apatia) e da memória.
O epitálamo localiza-se acima do sulco hipotalâmico limitando, posteriormente, o terceiro ven-
trículo. Seu elemento mais evidente é a glândula pineal, que atua no controle do ritmo circadiano e
na função gonadal. Por isso, a lesão pode retardar a puberdade, ou fazê-la surgir, precocemente, ou
alterar o ritmo circadiano. O subtálamo localiza-se abaixo do tálamo, e seu elemento mais evidente é
o núcleo subtalâmico, que atua no controle e na modulação do movimento voluntário. Sua lesão pode
provocar hemibalismo (doença na qual ocorrem movimentos violentos e involuntários da metade do
corpo contralateral ao subtálamo lesado).
O telencéfalo compreende os dois hemisférios cerebrais e uma pequena parte mediana situada na
porção anterior do terceiro ventrículo. Tais hemisférios são, parcialmente, separados pela fissura lon-
gitudinal do cérebro cujo assoalho é formado pelo corpo caloso (o principal meio de união entre eles).

Figura 6 - Telencéfalo (vista superior)

Descrição da Imagem: a figura


mostra o telencéfalo em vis-
ta superior. Observa a fissura
longitudinal do cérebro e os
hemisférios cerebrais direito e
esquerdo.

161
UNICESUMAR

O telencéfalo possui cinco lobos (grandes regiões). Destes, quatro recebem sua denominação de acordo
com os ossos do crânio com os quais se relacionam (lobo frontal, temporal, parietal e occipital). Todavia
o quinto lobo situa-se, profundamente, e não se relaciona, diretamente, com os ossos do crânio, sendo
chamado lobo da ínsula. Esse lobo, que se relaciona às funções autônomas, é o que menos cresce e,
por isso, é recoberto pelos lobos vizinhos.

LOBO FRONTAL LOBO


LOBO LÍMBICO PARIETAL

LOBO
OCCIPITAL
Figura 7 - Anatomia do encéfalo

Descrição da Imagem: a figu-


ra mostra o encéfalo em corte
sagital mediano. O lobo frontal PONTE
é visto em azul, o parietal em
verde, o occipital em rosa e o BULBO
límbico em roxo. Adicionalmen-
te a figura mostra o cerebelo,
o tronco encefálico e a medula MEDULA ESPINAL CEREBELO
espinal.

A superfície do cérebro humano apresenta depressões denominadas sulcos, que delimitam os giros.
Esses giros permitem aumentar a superfície do cérebro sem aumentar o volume cerebral (dois terços
da área ocupada pelo córtex cerebral estão escondidos nos sulcos), fazendo com que seja chamado
girencéfalo (ao contrário de encéfalos sem giros que são chamados lisencéfalos). Muitos sulcos são
inconstantes e não recebem qualquer denominação, mas outros são constantes e recebem denomi-
nações especiais ajudando a delimitar os lobos e as áreas cerebrais. Além disso, é importante salientar
que o padrão dos sulcos e dos giros pode ser diferente nos dois hemisférios de um mesmo indivíduo,
e não existe nenhum sulco ou giro que seja característico de determinada raça humana, sendo, assim,
impossível a identificação da raça pelo estudo de um único cérebro.
Os dois sulcos mais importantes do encéfalo são o lateral e o central. O lateral é uma fenda pro-
funda, que separa os lobos frontal e parietal do lobo temporal. O central é profundo e separa os lobos
frontal e parietal. Ele é ladeado por dois giros paralelos, o pré-central (anterior ao sulco) e o pós-central
(posterior a ele). Estes giros relacionam-se, respectivamente, à motricidade e à sensibilidade do corpo.
Aconselho você a visualizar melhor em um atlas anatômico (NARCISO, 2012; ROHEN; YOCOCHI;
LUTJEN-DRECOLL, 2002) para melhor visualização destas estruturas.

162
UNIDADE 4

O peso do encéfalo depende do peso corporal do indivíduo e


da complexidade do encéfalo, que é expressa pelo coeficiente de
encefalização (K). O K aumenta à medida que se sobe na escala
zoológica, sendo quatro vezes maior no homem do que no chim-
panzé. No homem adulto brasileiro normal, ele pesa cerca de 1300
gramas (1200 gramas na mulher). O peso do encéfalo não tem re-
lação com o estado cultural ou com a inteligência do indivíduo (o
encéfalo do Einstein, por exemplo, pesava 1230 gramas). O maior
encéfalo humano registrado até hoje pesava 2850 gramas; e o seu
dono tinha um nível normal de inteligência. Admite-se que o menor
encéfalo compatível com a inteligência normal deve pesar cerca de
900 gramas.
O lobo frontal apresenta o sulco pré-central, o sulco frontal
superior e o sulco frontal inferior. Entre o sulco central e o sulco
pré-central está o giro pré-central onde se localiza a área motora
primária. Acima do sulco frontal superior e continuando na face
medial do cérebro, localiza-se o giro frontal superior. Entre o sul-
co frontal superior e o inferior, está o giro frontal médio e, abaixo
do sulco frontal inferior, está o giro frontal inferior (este, do lado
esquerdo, é chamado giro de Broca e é onde se localiza o centro
cortical da palavra falada na maioria dos indivíduos). Os giros
frontal superior e médio relacionam-se à cognição, ao raciocínio
lógico e matemático e à memória recente.
O lobo temporal apresenta dois sulcos principais: o temporal
superior e o temporal inferior. Entre o sulco lateral e o temporal
superior está o giro temporal superior onde está a área de Wernic-
ke, envolvida na compreensão da linguagem falada. Entre o sulco
temporal superior e o inferior está o giro temporal médio. Abai-
xo do sulco temporal inferior, localiza-se o giro temporal inferior
(envolvido na percepção visual de cor e forma). Afastando-se os
lábios do sulco lateral, aparecem pequenos giros transversais dos
quais o mais evidente e importante é o giro temporal transverso
anterior, pois, nele, se localiza o centro cortical da audição ou área
acústica primária.
O lobo parietal apresenta dois sulcos principais, o pós-central e
o intraparietal (este separa o lóbulo parietal superior do inferior).
O lóbulo parietal superior está envolvido na interação do indivíduo
ao meio ambiente e, por isso, lesões, principalmente no hemisfério

163
UNICESUMAR

não dominante, causam negligência de partes do corpo. Nele, existem dois giros, o supramarginal e o
angular (ambos envolvidos na integração de diversas informações sensoriais quanto à fala e percep-
ção e, por isso, lesões, principalmente no hemisfério dominante, causa distúrbio de compreensão da
linguagem e reconhecimento de objetos). O lobo occipital apresenta pequenos sulcos e giros incons-
tantes e irregulares.
A face medial do encéfalo é visível a partir de secção pelo plano sagital mediano e expõe o corpo
caloso, o fórnice, o septo pelúcido e o diencéfalo. O corpo caloso é a maior comissura inter-hemisférica
e aparece como uma lâmina branca arqueada. Ele é formado por um grande número de fibras mie-
línicas que cruzam o plano mediano e penetram de cada lado no centro branco medular do cérebro,
unindo áreas simétricas do córtex cerebral de cada hemisfério. O fórnice emerge abaixo do corpo
caloso, e, entre ele e o corpo caloso, estende-se o septo pelúcido, que separa os dois ventrículos laterais.
Dois sulcos passam do lobo frontal para o parietal, o sulco do corpo caloso (que contorna o corpo
caloso) e o sulco do cíngulo (que é paralelo ao sulco do corpo caloso). Entre estes sulcos está o giro do
cíngulo, que faz parte do sistema límbico e, por isso, afeta o funcionamento visceral, as emoções e o
comportamento. O lobo occipital apresenta, na face medial, dois sulcos importantes: o parietoccipital
e o calcarino, entre os quais está um giro triangular chamado cúneo. A área visual primária localiza-se
nas bordas do sulco calcarino. O diencéfalo é uma pequena área subdividida em tálamo (acima do
sulco hipotalâmico), hipotálamo (abaixo deste sulco), epitálamo (posteriormente) e subtálamo (na
transição entre diencéfalo e mesencéfalo).
Na face inferior do encéfalo, o lobo frontal apresenta o sulco olfatório, medialmente ao qual se
situa o giro reto (relacionado ao olfato) e lateralmente ao qual se situam os giros orbitários. Já o lobo
temporal apresenta os sulcos occipito-temporal, colateral e sulco do hipocampo.

Ventrículos laterais

Terceiro Ventrículo

Quarto Ventrículo

164
UNIDADE 4

Dentro do nosso encéfalo, existem quatro cavidades chamadas ventrículos. Os ventrículos laterais
(direito e esquerdo) são cavidades dos hemisférios cerebrais. O terceiro ventrículo é a cavidade do
diencéfalo e o quarto ventrículo é a cavidade do rombencéfalo (entre o bulbo, a ponte e o cerebelo). Os
ventrículos produzem líquido cerebrospinal e se comunicam entre si. Assim, o líquido cerebrospinal
deixa os ventrículos laterais e chega ao terceiro ventrículo pelo forame interventricular. Depois, sai
do terceiro ventrículo e passa ao quarto ventrículo, por meio do aqueduto do mesencéfalo. Do quarto
ventrículo ele é drenado para o espaço subaracnóideo, por meio das aberturas laterais e da abertura
mediana do quarto ventrículo. Por fim, o líquido sobe até a parte superior do encéfalo, é absorvido
pelas granulações aracnoideas e é drenado para as veias que drenam o encéfalo. Desta forma, o líquido
se mistura ao sangue e sofre os mesmos processos de filtragem que ele.
É bem provável que você já ouviu falar deste líquido. Por exemplo, você já deve ter ouvido falar de
alguém que tenha tido que tirar um pouco dele para saber se está com meningite, ou já ouviu falar de
alguém que perdeu este líquido ao tomar uma anestesia raquidiana e, por isso, teve dor de cabeça. Mas
você já parou para pensar para que ele serve e do que ele é composto? Pois bem. O líquido cerebrospi-
nal (ou líquor) é um fluido aquoso e incolor, que dá proteção mecânica, formando um coxim líquido
entre o SNC e os ossos, reduzindo o risco de traumatismo. Além disso, como o espaço subaracnoideo
envolve todo o SNC, este fica totalmente submerso no líquor de forma que se torna mais leve. Permite,
por exemplo, que o encéfalo flutue impedindo que seu peso comprima as raízes dos nervos cranianos
e os vasos sanguíneos contra a superfície interna do crânio.
Ele é, ativamente, formado pelos plexos coroides dos ventrículos, mas sua circulação é extremamente
lenta, sendo auxiliada pelo fato de sua produção ser em uma extremidade e sua absorção em outra.
Além disso, a pulsação das artérias intracranianas a cada sístole aumenta a pressão liquórica empur-
rando-o, por meio das granulações aracnoideas. Seu volume total é de 400 a 500 ml/dia, renovando-se,
completamente, a cada oito horas. Algumas doenças podem interferir em sua produção, circulação e/
ou absorção, causando hidrocefalia (aumento da quantidade e da pressão do líquor levando à dilata-
ção dos ventrículos e à compressão do tecido nervoso com graves consequências). Essa doença pode
ser corrigida com um procedimento cirúrgico, que drena o líquor, por meio de um cateter desde os
ventrículos até a veia jugular interna, átrio direito ou cavidade peritoneal. Vale lembrar que o aumento
do volume de qualquer componente da cavidade craniana (por tumor, hematoma ou hidrocefalia, por
exemplo) aumenta a pressão intracraniana, podendo causar a protrusão de tecido nervoso e graves
sintomas, como perda de consciência, coma profundo ou morte por lesão dos centros respiratório e
vasomotor.
O encéfalo apresenta uma camada superficial de substância cinzenta (o córtex cerebral) que reveste
um centro de substância branca (o centro branco medular do cérebro). No interior deste centro, existem
massas de substância cinzenta chamadas núcleos da base do cérebro, os quais atuam, principalmente,
no controle do movimento (também têm funções não motoras, como função cognitiva, emocional
e de motivação e seleção de informação sensitiva para o controle motor). Suas lesões podem causar
vários distúrbios motores, como: coreia, atetose, balismo, distonia, tiques, síndrome de Tourette (tiques
motores e vocais) e distúrbios hipocinéticos (como o parkinsonismo). Entre estes núcleos, podemos

165
UNICESUMAR

citar o caudado, o lentiforme (dividido em putame e glóbulo pálido), claustrum, corpo amigdaloide
(faz parte do sistema límbico e é um importante centro regulador do comportamento sexual e da
agressividade), núcleo basal de Meynert e núcleo accumbens.
O centro branco medular do cérebro é formado por fibras mielínicas, as quais podem ser de pro-
jeção ou de associação. As de projeção ligam o córtex cerebral a centros subcorticais (são o fórnice e
a cápsula interna). As de associação unem áreas corticais situadas em pontos diferentes (são o corpo
caloso, a comissura do fórnice e a comissura anterior).

Figura 8 - Núcleos da base e centro


branco medular do cérebro

Descrição da Imagem: a figura


mostra um encéfalo em corte
transversal, mostrando os nú-
cleos da base e o centro branco
medular do cérebro.

O SNC é envolto por membranas conjuntivas denominadas meninges (dura-máter, aracnoide-máter e


pia-máter), as quais têm papel de proteção aos centros nervosos (já havíamos mencionado isto quando
estudamos a medula espinal, lembra?). O acesso cirúrgico ao SNC envolve, necessariamente, o contato
com estas meninges. Além disso, elas podem ser acometidas por processos patológicos como infecções
(meningites) ou tumores (meningiomas).
A dura-máter é ricamente inervada e vascularizada. Como o encéfalo não tem terminações nervosas
sensitivas, quase toda a sensibilidade intracraniana se localiza nela (que é responsável pela maioria das
cefaleias). A aracnoide-máter, em alguns pontos, forma as granulações aracnoideas que absorvem o
líquido cerebrospinal. A pia-máter adere, intimamente, à superfície do encéfalo, acompanhando os
sulcos, os giros e, inclusive, os vasos que penetram o tecido nervoso. Ela dá resistência ao encéfalo.
Aracnoide-máter e pia-máter são membranáceas e delicadas.

166
UNIDADE 4

Crânio

lâmina periostal Dura-máter


lâmina meníngea encefálica Figura 9 - Meninges Encefálicas

Seio sagital superior Espaço subdural Descrição da Imagem: a fi-


Granulações
gura mostra o encéfalo in situ
aracnóideas
Aracnoide-máter e ampliado (em detalhe) para
mostrar as meninges que o re-
cobrem, sendo: Meninges do
cérebro, Seio sagital superior,
Espaço Dura-máter encefálica (lâmina
subaracnóideo periostal, lâmina meníngea),
Espaço subdural, Aracnoide-
Pia-máter
-máter, Espaço subaracnóideo,
Substância Pia-máter, Substância cinzenta
cinzenta e branca do cérebro, Foice do
Cérebro
Substância cérebro, Vasos sanguíneos, Gra-
Vasos sanguíneos branca nulações aracnoideas.
Foice do cérebro

Embora represente apenas uma pequena parte do peso do corpo, o encéfalo recebe, aproximadamente,
um sexto do débito cardíaco e um quinto do oxigênio consumido pelo corpo em repouso. Isto porque
é formado por estruturas nobres e altamente especializadas que exigem um suprimento permanente
e elevado de glicose e oxigênio para seu metabolismo. Por isso, a parada da circulação cerebral por
mais de sete segundos leva à perda da consciência e, após cerca de cinco minutos, começam a aparecer
lesões irreversíveis. O fluxo sanguíneo é maior em áreas com mais sinapses (é maior na substância
cinzenta e há diferença entre as diversas áreas do córtex cerebral, mas tendem a diminuir durante o
sono). Assim, a falta de oxigenação faz com que áreas diferentes sejam lesadas em tempos diferentes.
A vascularização do encéfalo depende da artéria carótida interna e da artéria subclávia. A artéria
carótida interna passa o canal carótico, faz uma inflexão conhecida como sifão carotídeo (onde existem
baro e quimioceptores que detectam variações de pressão sanguínea e dos níveis de gases, como O2
e CO2 no sangue) e emite a artéria oftálmica (que irriga retina), a artéria cerebral anterior, a cerebral
média, a corioidea anterior e a comunicante posterior. As artérias vertebrais sobem pelos forames trans-
versos das seis primeiras vértebras cervicais, entram no crânio pelo forame magno, unem-se e formam
a artéria basilar. Essa artéria emite as artérias cerebelares, artéria do labirinto e a cerebral posterior.

167
UNICESUMAR

As veias do encéfalo não acompanham as artérias, são maiores e mais calibrosas, têm paredes muito
finas, não têm válvulas e são, praticamente, desprovidas de musculatura. Elas se dispõem em sistema
venoso superficial e profundo os quais se comunicam por anastomoses e desembocam na veia jugular
interna a qual, por sua vez, desemboca na veia subclávia e, posteriormente, no átrio direito do coração
(PEIXOTO et al., 2015).

Círculo arterial
do encéfalo

Figura 10 - Artérias do Encéfalo (Favor retirar todos os textos)

Descrição da Imagem: a figura mostra a base do encéfalo destacando suas artérias.

168
UNIDADE 4

Você já se perguntou como o encéfalo é irrigado? Responder este questionamento é impor-


tante, pois o aporte de sangue para o encéfalo deve ser constante e infalível uma vez que sua
interrupção ou ausência pode causar morte neuronal e danos irreversíveis. Vamos entender
isso melhor: na base do encéfalo, existem várias artérias que formam o círculo arterial do
encéfalo (também conhecido como polígono de Willis, em homenagem ao médico inglês que o
estudou). Este círculo permite a troca de sangue entre as artérias que irrigam a região anterior
e posterior do encéfalo, em situações de emergência (PEIXOTO et al., 2015).

Moore et al. (2014) afirmam que, de maneira geral, o sistema nervoso periférico (SNP) é respon-
sável por conduzir os estímulos da periferia do corpo ao SNC e por levar os comandos provenientes
do SNC aos órgãos efetores (os quais são representados pelos músculos e pelas glândulas). O SNP é
formado por corpos celulares e fibras nervosas localizadas fora do SNC. De acordo com Miranda Neto
e Chopard (2014), ele é organizado em quatro estruturas principais: a) nervos espinais e b) nervos
cranianos (que unem a parte central do sistema nervoso às estruturas periféricas do corpo), c) ter-
minações nervosas (que são estruturas especializadas em captar os estímulos da periferia do corpo)
e d) gânglios espinais ou autônomos (que são constituídos por um conjunto de corpos celulares).
As terminações nervosas são originadas das ramificações das extremidades das fibras nervosas dos
nervos. Elas podem ser sensitivas ou aferentes (receptores) e motoras ou eferentes (junção neuroe-
fetora). Os receptores, quando estimulados por uma forma adequada de energia (calor, luz, pressão
etc.), originam um impulso nervoso que segue até atingir o SNC e ser interpretado por áreas cerebrais
próprias (como o giro pós-central). As terminações nervosas motoras trazem as ordens do SNC até
os órgãos efetores desencadeando contração muscular ou secreção glandular.
Os receptores podem ser classificados como especiais ou gerais. Os especiais estão ligados a um
neuroepitélio (como retina e o órgão de Corti) e assim, fazem parte dos órgãos especiais dos sentidos
(visão, audição, equilíbrio, olfato e gustação). Os receptores gerais são mais simples, estão espalhados
por todo o corpo (principalmente na pele) e podem ser livres ou encapsulados, conforme tenham, ou
não, uma cápsula de tecido conjuntivo.
Os receptores gerais livres não têm uma cápsula de tecido conjuntivo que os envolva. São mais
abundantes, ramificam-se na pele, sendo que alguns estão relacionados ao tato (enrolam-se nos fo-
lículos pilosos) e outros estão relacionados à sensibilidade térmica e dolorosa. Os receptores gerais
encapsulados são mais complexos, pois ocorre uma intensa ramificação da extremidade do axônio
no interior de uma cápsula de tecido conjuntivo.

169
UNICESUMAR

Órgãos sensitivos da pele


Corpúsculos de Meissner
(tato) Terminações nervosas livre
Terminações de Ruffini
(pressão) (dor e temperatura)

Discos de Merkel
Corpúsculos de Paccini (tato)
(pressão)

Epiderme

Derme

Hipoderme

Camada muscular

Inervação do bulbo
do pelo

Figura 11 - Tipos de Receptores

Descrição da Imagem: a figura mostra um pedaço de pele humana onde seus principais tipos de receptores são
apresentados: Órgãos sensitivos da pele, Discos de Merkel (tato), Epiderme, Derme, Hipoderme, Camada muscular,
Inervação do bulbo do pelo, Corpúsculos de Paccini (pressão), Terminações de Ruffini (pressão), Corpúsculos de Meis-
sner (tato), Terminações nervosas livre (dor e temperatura).

São exemplos de receptores gerais encapsulados o órgão tendinoso de Golgi (OTG), o fuso neuromus-
cular (FNM) e os corpúsculos sensitivos da pele. Estes corpúsculos incluem o corpúsculo de Meissner
(presente, principalmente, na pele espessa das mãos e pés; atuam como receptores de tato e pressão), o
de Ruffini (também atuam como receptores de tato e pressão e está presente, principalmente, na pele
espessa das mãos e pés e parte pilosa do resto do corpo) e de Vater-Paccini (presente, principalmente,
no tecido subcutâneo das mãos e pés, septos intermusculares e periósteo, atuando como receptores
de sensibilidade vibratória).
O FNM é um receptor proprioceptivo composto por feixes de fibras musculares modificadas
contidas em uma cápsula fibrosa. Ele é importante para a manutenção do tônus muscular e para o
reflexo miotático, o qual pode ser desencadeado, artificialmente, por exemplo, na região patelar. O
OTG também é um receptor sensorial proprioceptivo, mas fica localizado na inserção da fibra mus-
cular com o tendão do músculo esquelético (na junção músculo-tendão). Ele permite ao SNC avaliar
a força que o músculo está exercendo.

170
UNIDADE 4

Os receptores podem ser classificados de acordo com o tipo de estímulo que os ativa. Assim,
quimiorreceptores são ativados por estímulos químicos como os do olfato, da gustação e da artéria
carótida; os osmorreceptores detectam variações na pressão osmótica; os fotorreceptores são ativados
por estímulos luminosos (como os cones e bastonetes da retina); os termorreceptores são ativados por
estímulos térmicos (como as terminações nervosas livres); os nociceptores são ativados por estímulos
nocivos (como as terminações nervosas livres); os mecanorreceptores são ativados por estímulos me-
cânicos (como ocorre na audição, no equilíbrio, no tato, na pressão, na vibração, nos barorreceptores
da carótida, OTG e FNM).
Além disso, os receptores também podem ser classificados de acordo com o local onde estão. As-
sim, ínteroceptores ou vísceroceptores estão localizados nas vísceras e nos vasos, permitem sensações
viscerais pouco localizadas, como fome, prazer sexual, sede e dor visceral. Os exteroceptores estão na
superfície externa do corpo e são ativados por calor, frio, tato, pressão, luz e som. Já os proprioceptores
estão nos músculos, tendões, ligamentos e cápsulas articulares, e seus impulsos podem ser conscientes
ou inconscientes.
A terminação nervosa motora pode ser somática ou visceral. A somática termina no músculo estria-
do esquelético, formando a placa motora onde muitas vesículas sinápticas liberam o neurotransmissor
acetilcolina. As viscerais terminam no músculo liso, estriado cardíaco ou nas glândulas e pertencem
ao sistema nervoso autônomo. Seu neurotransmissor pode ser a acetilcolina ou a noradrenalina.
Os gânglios são estruturas formadas por um conjunto de corpos de neurônios localizados fora do
SNCl (se estivesse no SNC seria chamado núcleo). Tais corpos neuronais são recobertos por pequenas
células chamadas células satélites as quais os protegem.
Gânglio espinal

Figura 12 - Gânglios

Descrição da Imagem: a figura mostra uma medula espinal em corte transversal e a formação de um par de nervos
espinais com suas áreas de inervação.

171
UNICESUMAR

Os gânglios podem ser espinais ou autônomos. Os espinais são


constituídos por um conjunto de neurônios sensitivos, do tipo
pseudounipolares e estão ligados à raiz dorsal do nervo espinal. Os
autônomos pertencem ao sistema nervoso autônomo e podem ser
constituídos por corpos de neurônios simpáticos (gânglios simpá-
ticos) e parassimpáticos (gânglios parassimpáticos). Enquanto os
gânglios simpáticos estão localizados, predominantemente, nas
cavidades torácica e abdominal, os gânglios parassimpáticos estão
localizados, principalmente, no interior de órgãos e, por isso, são,
também, denominados gânglios intramurais.
Nervos são cordões esbranquiçados formados por feixes de fi-
bras nervosas e tecido conjuntivo fora do SNC. Eles unem o SNC
aos órgãos periféricos, de forma que sua função é conduzir impul-
sos nervosos do SNC à periferia do corpo (impulsos eferentes) e
da periferia do corpo ao SNC (impulsos aferentes). Alguns ner-
vos são formados apenas por fibras nervosas sensitivas (nervos
sensitivos), outros por fibras nervosas motoras (nervos motores)
e outros podem ter fibras nervosas sensitivas e motoras (nervos
mistos). Geralmente, nervos motores são profundos, e os sensitivos
são superficiais. Além disso, em um mesmo nervo, podem existir
fibras inativas, pois elas têm funcionamento independente. Assim,
eles podem se bifurcar ou se anastomosar por rearranjos de suas
fibras e, próximo à sua terminação, ramificam-se muito. São muito
vascularizados, mas quase desprovidos de sensibilidade (estímulos
dolorosos causam dor no trajeto do nervo, e não no ponto onde
foi feito o estímulo).
Os nervos são muito fortes, pois suas fibras são sustentadas e
protegidas por três membranas de tecido conjuntivo, as quais
são mais espessas em nervos superficiais: o endoneuro envolve cada
fibra nervosa; o perineuro envolve um fascículo de fibras nervo-
sas; o epineuro circunda um feixe de fascículos, emite septos para
seu interior e tem tecido adiposo, vasos linfáticos e sanguíneos. A
velocidade de condução do impulso nervoso varia de 1 a 120 m/s,
dependendo do calibre da fibra nervosa. Os nervos podem ser
espinais ou cranianos, conforme estejam ligados à medula espinal
ou ao encéfalo.

172
UNIDADE 4

TECIDOS CONJUNTIVOS
DO SISTEMA NERVOSO

Endoneuro

Axônio
Perineuro

Bainha de
Vasos Mielina
sanguíneos

Fascículo

Figura 13 - Tecidos conjuntivo do siste-


ma nervoso

Descrição da Imagem: a figura


13 mostra a estrutura do tecido
conjuntivo do sistema nervoso:
Endoneuro; Perineuro; Vasos
Epineuro sanguíneos; Axônio; Bainha de
NERVO Mielina; Fascículo.

Existem doze pares de nervos cranianos nominados, individualmente, e enumerados por algarismo romano
de I a XII. Eles têm conexão com o encéfalo e saem da cavidade craniana por meio de forames no crânio. A
maioria se conecta ao tronco encefálico (apenas os nervos olfatório e óptico ligam-se, respectivamente, ao
telencéfalo e ao diencéfalo, e o nervo acessório, também, se origina na parte superior da medula).
Os nervos olfatório (I par) e óptico (II par) são classificados como sensitivos, pois são respon-
sáveis, respectivamente, pelo olfato e pela visão. Já os nervos oculomotor (III par), troclear (IV par)
e abducente (VI par) são classificados como motores, pois são responsáveis pelos movimentos dos
músculos extrínsecos do bulbo do olho.
De maneira geral, nervo trigêmeo (V par) é responsável pela sensibilidade exteroceptiva (temperatura,
dor, pressão e tato) de grande parte da cabeça (face, dentes, boca, cavidade nasal e dura-máter craniana),
sensibilidade exteroceptiva e proprioceptiva dos músculos mastigatórios e da articulação temporomandi-
bular. Além disso, inerva músculos mastigatórios, milo-hioideo, ventre anterior do digástrico, tensor do véu
palatino e tensor do tímpano. A nevralgia ou neuralgia do trigêmeo é um distúrbio neuropático que causa
episódios de dor intensa no couro cabeludo, mandíbula, fronte, olhos, nariz e lábios.

173
UNICESUMAR

O nervo facial (VII par) dá origem a cinco ramos motores


terminais: temporal, zigomático, bucal, marginal da mandíbula e
cervical os quais inervam músculos da expressão facial, da orelha,
ventre posterior do digástrico, estilo-hioideo e músculo estapédio.
Além disso, ele envia fibras para o gânglio pterigopalatino (para
inervar glândulas lacrimais) e para o gânglio submandibular (para
inervar as glândulas salivares sublingual e submandibular). Adi-
cionalmente, dá sensibilidade gustativa dos dois terços anteriores
da língua e do palato mole e supre uma pequena área de pele da
concha da orelha, perto do meato acústico externo.
O nervo vestibulococlear (VIII par) é responsável pelo equi-
líbrio, orientação espacial e audição. Sua lesão pode causar enjoo,
alteração de equilíbrio, nistagmo, vertigem e hipoacusia (dimi-
nuição da audição). O nervo glossofaríngeo (IX par) permite
movimento para o músculo estilofaríngeo e emite alguns ramos
sensitivos, como o nervo timpânico, nervo do seio carótico, nervo
faríngeo, tonsilar e lingual.
O nervo vago (X par) é longo e envia ramos para o palato, fa-
ringe, laringe, brônquios, pulmões e coração. Formam os troncos
vagais anteriores e posteriores que se unem ao plexo esofágico,
inervando esôfago, estômago e intestinos (até à flexura esquerda
do colo). O nervo acessório (XI par) une-se, temporariamente,
ao nervo vago (com o qual inerva músculos da laringe e vísceras
torácicas), penetra os músculos esternocleidomastoideo e trapé-
zio, dando-lhes motricidade. O nervo hipoglosso (XII par) dá
movimento aos músculos extrínsecos e intrínsecos da língua. Sua
lesão pode causar desvio lateral da língua quando se faz protrusão.
Existem 31 pares de nervos espinais que inervam o tronco, os
membros, o pescoço e parte da cabeça (oito cervicais, doze toráci-
cos, cinco lombares, cinco sacrais e um coccígeo). São identificados
por uma letra (que identifica a região da medula a qual pertence)
e um número (que identifica sua ordem). Por exemplo: o nervo T4
é o 4° nervo da região torácica.

174
UNIDADE 4

Figura 14 - Nervos espinais

Descrição da Imagem: a figu-


ra mostra uma pessoa em vista
posterior, destacando o trajeto
dos nervos espinais.

Da medula espinal, emergem as radículas que convergem para formar as raízes ventral e dorsal. A
raiz ventral apresenta axônios de neurônios motores que se direcionam aos órgãos efetores, situados
na periferia do corpo (músculos e glândulas). A raiz dorsal apresenta axônios de neurônios sensitivos
vindos das terminações sensitivas, localizadas na periferia do corpo e cujos corpos estão nos gânglios
espinais das raízes dorsais.

175
UNICESUMAR

Secção transversa da medula Raiz dorsal

Gânglio espinal

Nervo espinal
Raiz ventral

Figura 15 - Formação dos Nervos Es-


Ramo dorsal
pinais

Descrição da Imagem: a figura


mostra uma medula espinal em
corte transversal e a formação
Vértebra
de um par de nervos espinais, Ramo ventral
destacando a Secção transversa
da medula espinal, Raiz dorsal, Ramo comunicante
Gânglio espinal, Nervo espinal,
Gânglio simpático
Raiz ventral, Ramo dorsal, Ramo
ventral, Ramo comunicante,
Gânglio simpático, Vértebra.

Próximo do forame intervertebral, as raízes ventral (motora) e dorsal (sensitiva) se unem para formar
o tronco do nervo espinal que, funcionalmente, é misto e tem componentes somáticos e viscerais. O
tronco sai do canal vertebral pelos forames intervertebrais e se divide em um ramo dorsal e outro ventral
(ambos mistos). O ramo dorsal dirige-se, posteriormente, à pele, aos músculos da região occipital, à
nuca, à região dorsal do tronco e às articulações sinoviais da coluna vertebral. São separados uns dos
outros e não formam plexos nervosos (são unissegmentares). Em contrapartida, o ramo ventral distri-
bui-se à pele, aos músculos, aos ossos, às articulações e aos vasos da região ântero-lateral do pescoço,
ao tronco e aos membros. Na região torácica, tem trajeto paralelo às costelas (são unissegmentares),
mas, em outras regiões, se anastomosam e formam plexos plurissegmentares (com fibras de mais de
um segmento medular). Os principais plexos formados são o cervical, braquial, lombar e sacral (todos
pares). No entanto, também, é descrito o plexo coccígeo que é uma pequena rede de fibras nervosas
formada pelos ramos anteriores de S4 e S5 e os nervos coccígeos. Ele supre a articulação sacrococcígea,
o músculo coccígeo e parte do levantador do ânus. Os nervos anococcígeos originados dele suprem
uma pequena área de pele entre o cóccix e o ânus.
Resumidamente, o plexo cervical inerva pele e músculos da cabeça, pescoço, ombro e tórax e tem
um ramo de cada lado, o nervo frênico, que inerva o músculo diafragma. O plexo braquial estende-se,
inferior e lateralmente, passa abaixo da clavícula, entra na região axilar e desce pelo membro superior.
O plexo lombar emite vários nervos que se destinam aos músculos abdominais, regiões inguinal e
púbica e membros inferiores. Por fim, o plexo sacral inerva as vísceras pélvicas e o membro inferior
e emite seu ramo terminal, o nervo isquiático. Esse nervo (popularmente conhecido como nervo ciá-
tico) é o mais calibroso e longo do corpo humano (suas fibras descem até os dedos dos pés). Ele não

176
UNIDADE 4

supre estruturas da região glútea, mas os músculos posteriores da coxa, todos os músculos da perna e
do pé, e a pele da maior parte da perna e do pé. Envia ramos articulares para todas as articulações do
membro inferior. Além dele, o plexo sacral emite vários outros nervos.

A B
Figura 16 - Plexos Nervosos: Braquial (a) e lombo-sacral (b)

Descrição da Imagem: a figura mostra o ombro e o dorso de uma pessoa para identificar a formação dos plexos
braquial e lombo-sacral.

As lesões nervosas são frequentes, podem ser causadas por diversos fatores (como arma branca, arma
de fogo e traumas) e podem causar graves danos motores e sensitivos, pois neurônios não se proliferam
no sistema nervoso do adulto (exceto os neurônios do epitélio olfatório). Em caso de lesão, é comum
ocorrer degeneração onde o axônio que foi separado de seu corpo degenera. Essa degeneração é, in-
versamente, proporcional à distância da lesão ao corpo e é máxima entre sete e quinze dias.
Um fator que pode contribuir para a regeneração é a presença da glicoproteína laminina, produzida
pelas células de Schwann, no SNP. A laminina atua como um fator neurotrófico, estimulando o cres-
cimento axonal. Uma lesão por secção no nervo requer intervenção cirúrgica porque a regeneração
do axônio exige a aposição das extremidades seccionadas por suturas do epineuro. Vale ressaltar que
a laminina não é produzida no SNC onde a célula responsável pela mielinização é o oligodendrócito,
e não a célula de Schwann. O comprometimento do suprimento de um nervo, por longo período, pela
compressão dos vasos dos nervos pode causar degeneração do nervo (lesão por isquemia) (SIQUEIRA,
2007).

177
UNICESUMAR

O SISTEMA NERVOSO AUTÔNOMO (SNA)

A classificação funcional do sistema nervoso divide-o em sistema nervoso somático (ou de vida de
relação) e sistema nervoso visceral (ou de vida vegetativa). O sistema nervoso somático faz com que
o organismo se relacione com o meio em que vive, predispondo movimentos voluntários. O sistema
nervoso visceral é responsável pelo funcionamento visceral e apresenta vias sensitivas e motoras. Sua
via motora leva ordens dos centros nervosos para os músculos liso e estriado cardíaco, para as glându-
las e para os adipócitos. Assim, possibilita ações involuntárias, como batimento cardíaco, movimentos
peristálticos e secreção glandular.
A via motora (ou eferente) do sistema nervoso visceral é conhecida como sistema nervoso autôno-
mo (SNA). Pode ser entendido como o conjunto de neurônios centrais e periféricos responsáveis pela
inervação motora das vísceras. Ele é dividido em parte simpática, parassimpática e sistema nervoso
entérico.
A parte parassimpática, quando estimulada, faz as glândulas lacrimais e salivares secretarem e cau-
sam constrição da pupila e dos brônquios, acomodação visual, bradicardia, ativação dos movimentos
peristálticos, relaxamento dos esfíncteres do tubo digestório, estimulação da secreção das glândulas
anexas dos genitais e ereção. Em contrapartida, a parte simpática é responsável pela constrição dos
vasos sanguíneos, pela dilatação da pupila, pela secreção das glândulas sudoríparas, pela ereção dos
pelos, pelo aumento do ritmo cardíaco, pela dilatação dos brônquios, pela diminuição do peristal-
tismo, pelo fechamento dos esfíncteres do tubo digestório, pela estimulação da secreção da glândula
suprarrenal, pelo aumento da contração da musculatura lisa do sistema genital masculino e feminino
e pela ejaculação.
Vale ressaltar que o tabagismo e as diversas situações de estresse emocional (raiva, medo e ansie-
dade) provocam grande estimulação do SNA simpático predispondo à elevação da pressão arterial, a
impotência sexual e aos distúrbios do sistema digestório. Por isso, quando sofremos um grande estresse
emocional (por exemplo, se uma pessoa bate em nosso carro ou recebemos uma notícia muito per-
turbadora), sentimos taquicardia, frio na barriga, dor no estômago, alterações na respiração e tantos
outros sinais de ativação do SNA simpático. Se estes estímulos forem persistentes ou frequentes, pode
haver sobrecarga em vários órgãos, inclusive, no coração. Portanto, tal fato é extremamente maléfico.
O sistema nervoso entérico é constituído por redes neuronais entre as células da parede do tubo
digestório. Ele é formado por neurônios motores, sensitivos e interneurônios, e seus principais com-
ponentes são o plexo submucoso e o mioentérico. A maioria de seus neurônios motores é formada
por neurônios pós-ganglionares do SNA parassimpático. Os neurônios sensitivos são estimulados por
alterações na tensão da parede dos intestinos e por alterações químicas na luz intestinal. Assim, pode-se
dizer que o sistema nervoso entérico é fundamental para o controle da motilidade do intestino, da
tonicidade dos vasos sanguíneos intestinais, da velocidade de proliferação das células do revestimento
epitelial do tubo digestório, da secreção de hormônios e para a absorção de nutrientes (MIRANDA
NETO; CHOPARD, 2014).

178
UNIDADE 4

PLEXO ENTÉRICO
Nervo

Plexo mientérico

Plexo submucoso

Lúmen intestinal

Mesentério

Figura 17 - Sistema nervoso entérico

Descrição da Imagem: a figura mostra um pedaço do intestino para enfatizar a constituição do sistema nervoso
entérico: Plexo entérico, Nervo, Plexo mientérico, Plexo submucoso, Lúmen intestinal, Mesentério

Título do filme: O óleo de Lorenzo


Ano:1992
Sinopse: este é um filme lindo e emocionante que você não pode deixar
de assistir, pois se trata de uma valiosa lição de vida. Além disso, neste
filme, você poderá perceber (principalmente após estudar sobre o sistema
nervoso) como as funções de controle são desempenhadas pelo sistema
nervoso central e como possíveis lesões no sistema nervoso periférico
podem modificar, completamente, a vida de todos nós. Confira!

179
UNICESUMAR

SISTEMA ENDÓCRINO

Todos nós já ouvimos falar que os hormônios são essenciais para o


funcionamento do nosso corpo e que se eles estiverem em alta ou
baixa concentração, muitas disfunções podem aparecer. Por isso,
um tumor hipofisário, por exemplo, pode ser tão danoso quanto
um tumor encefálico.
Vamos compreender melhor este sistema tão importante que
atua em sinergia ao sistema nervoso. Em primeiro lugar, você pre-
cisa ter claro que o sistema endócrino é composto por glândulas
endócrinas macroscópicas que não possuem canais excretores,
mas lançam seus produtos (os hormônios) na corrente sanguínea,
fazendo com que sejam distribuídos, rapidamente, a todo o cor-
po. Assim, tais glândulas são consideradas glândulas de secreção
interna (são diferentes das glândulas exócrinas que secretam para
fora da corrente sanguínea, como as glândulas lacrimais, salivares,
sudoríparas e sebáceas).
No corpo humano, participam do sistema endócrino as glându-
las hipófise, tireoide, paratireoides, suprarrenais, pineal e as porções
endócrinas do pâncreas e das gônadas. Todavia a placenta e o timo

180
UNIDADE 4

também podem ser incluídos entre os órgãos deste sistema, pois a placenta produz estrógeno, pro-
gesterona e gonadotrofina, e o timo age sobre o metabolismo, estimulando o crescimento corpóreo e
secretando hormônios relacionados à imunidade. O timo fica atrás do osso esterno, na porção supe-
rior do mediastino e é bem desenvolvido na primeira idade, sofrendo atrofia após a puberdade. Além
desses órgãos, existem, também, inúmeras glândulas endócrinas microscópicas, representadas por
células secretoras de hormônios isoladas ou organizadas em pequenos agregados. Elas se distribuem
por todo o corpo, por exemplo, na mucosa do trato gastrointestinal. Alguns autores denominam estas
glândulas endócrinas microscópicas sistema neuroendócrino difuso.

Hipotálamo
Glândula hipófise

Glândula tireoide
e paratireoide
Glândula pineal

Timo

Pâncreas

Ovário Glândula
suprarrenal Figura 18 - Estruturas gerais do sistema
endócrino

Descrição da Imagem: a figura


mostra uma pessoa em pé, com
destaque às estruturas que for-
mam o sistema endócrino, des-
tacando: Hipotálamo, Glândula
Hipófise, Glândula Tireoide e
Paratireoide, Pâncreas, Glându-
la suprarrenal, Placenta (duran-
Placenta te a gravidez), Testículo, Ovário,
Testículo (durante a gravidez) Timo, Glândula pineal.

181
UNICESUMAR

Os hormônios produzidos pelas glândulas endócrinas são, frequentemente, considerados como men-
sageiros químicos e participam da regulação de muitas atividades do organismo, atuando tanto no
meio intra quanto extracelular. Assim, participam da regulação e integração corpórea num papel
regulador muito semelhante ao do sistema nervoso. Quando os hormônios agem sobre as células de
um grande número de órgãos, diz-se que há uma regulação geral. Isto ocorre com a adrenalina, por
exemplo, a qual, quando liberada pelas glândulas suprarrenais sob situação de estresse, causa efeitos
em, praticamente, todos os órgãos do corpo. Todavia a ação de um hormônio também pode ser bem
específica afetando as células de um órgão em particular, como é o caso do hormônio antidiurético
liberado pela neuro-hipófise, que atua nos néfrons para aumentar a absorção de água.
Alguns hormônios são esteroides derivados do colesterol (como o cortisol), outros são proteicos
(como a prolactina) e outros são derivados de aminoácidos (como a epinefrina). Eles podem agir
na célula de várias maneiras (modificando a permeabilidade da membrana, agindo sobre segundos
mensageiros, influenciando o material genético, agindo sobre enzimas etc.). A seguir, iremos abordar
as principais glândulas do sistema endócrino e seus hormônios. Também mencionaremos algumas
disfunções que podem surgir pelo aumento ou pela diminuição de seus hormônios.
A glândula hipófise é uma pequena glândula com cerca de 1 cm de diâmetro e 1 grama de peso,
encontrada na fossa hipofisial do osso esfenoide. A íntima relação entre o sistema endócrino e o nervoso
pode ser vista ao constatar que quase todas as secreções da glândula hipófise são controladas por sinais
hormonais ou nervosos provenientes do hipotálamo, o qual recebe sinais de quase todas as regiões do
sistema nervoso. A glândula hipófise pode ser dividida em lobo anterior (ou adeno-hipófise) e lobo
posterior (ou neuro-hipófise). A adeno-hipófise tem natureza glandular e é controlada por hormônios
hipotalâmicos de liberação ou de inibição (secretados pelo próprio hipotálamo e transportados para
a adeno-hipófise por pequenos vasos sanguíneos). A neuro-hipófise tem natureza nervosa, pois é
controlada por sinais nervosos que partem do hipotálamo.
Os hormônios da adeno-hipófise atuam nas funções metabólicas do corpo. São eles o hormônio de
crescimento (ou, popularmente, conhecido pela sigla GH), a corticotrofina, a tireotrofina, a prolactina,
o hormônio folículo estimulante e o hormônio luteinizante. O hormônio de crescimento afeta a síntese
de proteína e causa multiplicação e diferenciação celular. A corticotrofina controla a secreção de alguns
hormônios do córtex da glândula suprarrenal, os quais afetam o metabolismo da glicose, de proteínas e
de gorduras. Enquanto o hormônio tireotrofina controla a secreção de tiroxina pela glândula tireoide,
a prolactina desenvolve as glândulas mamárias e estimula a produção do leite. Já o hormônio folículo
estimulante e o luteinizante controlam o crescimento das gônadas e suas atividades reprodutivas.
A neuro-hipófise pode ser considerada uma extensão anatômica e fisiológica do sistema nervoso
(apresentando, inclusive, a mesma origem embriológica) e secreta o hormônio antidiurético e a oci-
tocina. Enquanto a ocitocina ajuda a liberar o leite das glândulas mamárias durante a sucção e ajuda
no trabalho de parto, o hormônio antidiurético (também chamado vasopressina) tem como função
regular a excreção de água na urina, controlando a quantidade de água dos líquidos corporais.

182
UNIDADE 4

OS HORMÔNIOS DA
OVÁRIOS
GLÂNDULA HIPÓFISE RIM

GONADOTROFINAS
HORMÔNIO FOLÍCULO ESTIMULANTE (FSH) HORMÔNIO
HORMÔNIO LUTEINIZANTE (LH) ANTIDIURÉTICO (ADH)

TESTÍCULOS MÚSCULO LINO


DO ÚTERO
OCITOCINA

GONADOTROFINAS
HORMÔNIO FOLÍCULO ESTIMULANTE (FSH)
OCITOCINA

OC
HORMÔNIO LUTEINIZANTE (LH)

ITO
CI
NA
OSSOS, TECIDOS GLÂNDULAS MAMÁRIAS
INA
PROLOET

HORMÔNIO DO CRESCIMENTO (GH) OCITOCINA

GLÂNDULAS MAMÁRIAS CORTEX DA GLÂNDULA GLÂNDULA TIREOIDE


PELE SUPRARRENAL

HORMÔNIO MELONÓCITO HORMÔNIO HORMÔNIO


ESTIMULANTE PROLACTINA (PRL) ADENOCORTICOTRÓPICO TIREOESTIMULANTE (TSH)

Figura 19 - Glândula Hipófise

Descrição da Imagem: a figura mostra a glândula hipófise, no centro, e, ao redor, as estruturas que são influenciadas
por ela e os hormônios que produz.

A disfunção da glândula hipófise pode ser extremamente maléfica, levando, inclusive, o indivíduo ao óbito.
De igual modo, alterações na produção e na liberação de seus hormônios podem ser bastante prejudiciais. É
o caso, por exemplo, do hipertireoidismo e do hipotireoidismo que resultam de anormalidades no hormônio
do crescimento. Além disso, pode-se afirmar que seus hormônios relacionam-se à homeostasia corpórea.
À semelhança da neuro-hipófise, a glândula pineal está, intimamente, relacionada ao SNC. Loca-
lizada no epitálamo, pesa cerca de 150 mg, tem a forma de uma pequena pinha (por isso, seu nome) e
produz o hormônio melatonina. Este hormônio é produzido a partir do aminoácido triptofano e está
relacionado a quase todos os processos fisiológicos do corpo, pois causa sono e regula o ciclo sono-
-vigília. Assim, atua nos relógios circadianos (aqueles que ocorrem durante o dia) e ajuda a modular
os circuitos do tronco encefálico.

183
UNICESUMAR

Glândula Pineal

Figura 20 - Glândula Pineal

Descrição da Imagem: a figura


mostra uma cabeça em corte
sagital, evidenciando o encéfa-
lo e a glândula pineal em seu
interior.

Segundo Miranda Neto e Chopard (2014), para sincronizar o ciclo orgânico com o ciclo claro-escuro
do ambiente, os organismos são dotados de sincronizadores chamados de fotoagentes arrastadores,
que detectam as variações nos níveis de luz à medida que a noite se aproxima. Esses receptores estão
localizados na camada externa da retina e deles partem neurônios que chegam ao núcleo supraquias-
mático do hipotálamo cuja ativação excita os neurônios que descem até os neurônios pré-ganglionares
simpáticos. Esses neurônios modulam aqueles localizados nos gânglios cervicais simpáticos superiores,
dos quais partem neurônios pós-ganglionares que se projetam à glândula pineal. Assim, esta ativação
permite que os fotorreceptores da retina reduzam a produção de melatonina. Por outro lado, ao en-
tardecer, com a menor luminosidade e a redução de ativação desses fotorreceptores, a pineal aumenta
a síntese e a liberação de melatonina na corrente sanguínea, provocando sono (sua síntese atinge o
nível máximo entre duas e quatro horas da manhã). Por isso, sua disfunção pode causar, por exemplo,
alteração do ciclo sono-vigília. Adicionalmente, vale destacar que a melatonina tem relação direta com
o exercício físico e com o repouso após sua prática.
A glândula tireoide é um dos maiores órgãos endócrinos do corpo. Ela está localizada anterior-
mente à traqueia e sua função é sintetizar os hormônios tiroxina (T4), triiodotironina (T3) e calcitonina
a partir do aminoácido tirosina e do iodo. Enquanto a calcitonina diminui os níveis sanguíneos de
cálcio e fosfato (provavelmente, acelerando a absorção de cálcio pelos ossos), os hormônios T3 e T4
aumentam o metabolismo de carboidratos, estimulam a síntese de proteínas, estimulam a degradação

184
UNIDADE 4

de gorduras, aumentam o metabolismo da água, de sais minerais


e de vitaminas.
A secreção excessiva desses hormônios causa uma doença co-
nhecida como hipertireoidismo. Nesta condição, ocorre perda de
nitrogênio pela urina, redução do colesterol circulante, agitação
psicomotora, perda de peso corporal, insônia, instabilidade afetiva,
tremor nas mãos, taquilalia (fala rápida), taquicardia, palpitação,
hipertensão arterial, dispneia, hiperfasia, fraqueza muscular e os-
teoporose. Além disso, o excesso extremo dos hormônios T3 e T4
podem elevar o metabolismo basal para cerca de 60 a 100% acima
do valor normal, causando graves consequências. Ao contrário, a
falta desses hormônios causa hipotireoidismo. Neste caso, ocorre
aumento do colesterol circulante, desaceleração do metabolismo
corpóreo, cansaço, alterações menstruais e deficiência cardíaca. A
falta completa destes hormônios causa queda do metabolismo basal
para cerca de 40% abaixo do normal.

Lobo direito da
glândula tireoide Laringe

Traqueia Lobo esquerdo da


glândula tireoide

GLÂNDULA TIREOIDE

Figura 21 - Glândula Tireoide

Descrição da Imagem: a figura mostra a localização da glândula tireoide,


destacando: Laringe, Lobo direito da glândula tireoide, Traqueia, Lobo es-
querdo da glândula tireoide, Glândula tireoide.

185
UNICESUMAR

Pelo fato de os hormônios tireoidianos serem fundamentais para


o crescimento e o desenvolvimento físico e mental, crianças com
hipotireoidismo têm atraso na maturação do esqueleto, podem
desenvolver nanismo, hipotonia muscular e deficiência mental.
Estes sinais clínicos caracterizam o quadro de cretinismo o qual
pode ocorrer por ausência congênita da glândula, defeito genético
em sua função ou falta de iodo na dieta. Por isso, segundo Miranda
Neto e Chopard (2014), gestantes devem ingerir iodo, diariamente,
em quantidade mínima necessária (em torno de 100 microgramas
de iodo/dia). Além disso, na ausência de iodo, a glândula tireoide
fica edemaciada, formando o bócio (uma espécie de papo que se
forma na região anterior do pescoço).
Um detalhe interessante que merece ser pontuado é que em re-
giões onde o solo é pobre em iodo (por exemplo, em locais longe do
mar) a incidência do bócio é mais alta, pois os alimentos são pobres
em iodo. No Brasil, desde 1955, iniciaram-se programas de adição
de iodo no sal de cozinha, conforme recomendação da Organização
Mundial de Saúde. Todavia, se a quantidade de iodo adicionada ao
sal for excessiva, pode acontecer hipertireoidismo induzido por
iodo (principalmente em idosos) e elevação do número de pessoas
com doenças autoimunes da glândula tireoide.
As glândulas paratireoides são quatro pequenas glândulas
embutidas na face posterior da glândula tireoide. Elas produzem
o hormônio paratireoidiano ou paratormônio (PTH), que regula
os níveis dos íons cálcio e fósforo nos fluidos corporais. A secreção
deste hormônio é controlada pela concentração de cálcio nos flui-
dos corporais, de forma que a diminuição de cálcio faz aumentar a
secreção de PTH e vice-versa. Esse hormônio ativa os osteoclastos,
que retiram cálcio dos ossos, aumentando a concentração deste
mineral no plasma e diminuindo sua excreção na urina. Além disso,
promove a síntese da forma mais ativa da vitamina D nos rins, a
qual promove a absorção de cálcio no trato gastrointestinal.
É importante notar que o PTH e a calcitonina têm efeitos con-
trários sobre a concentração de cálcio no sangue. Assim, enquanto
o PTH tira o cálcio dos ossos, aumentando sua concentração do
plasma, a calcitonina leva o cálcio do plasma para os ossos. Por isso,
o excesso de PTH no sangue causa descalcificação óssea, fraturas,
deformidades, osteoporose e calcificação de tecidos moles. Isto pode

186
UNIDADE 4

ser causado por hiperparatireoidismo. Contrariamente, sua deficiência diminui a taxa de cálcio no
sangue, aumenta a excitabilidade do sistema nervoso, resultando em câimbras e espasmos. No entanto
esta ação antagônica é essencial para que os níveis de cálcio sejam mantidos dentro de estreitos limites.

Figura 22 - Glândulas Paratireoides

Descrição da Imagem: a figura


mostra a localização das glân-
dulas paratireoides.

As glândulas suprarrenais estão localizadas no polo superior de cada rim, têm forma piramidal, são
retroperitoneais e são cobertas por uma cápsula de tecido conjuntivo e gordura.

187
UNICESUMAR

Glândula suprarrenal
(Vista externa)

Glândula suprarrenal
(Vista interna)

Córtex da
glândula
suprarrenal

Medula da
glândula
suprarrenal

Figura 23 - Glândula Suprarrenal

Descrição da Imagem: a figura mostra, à esquerda, o tronco de uma pessoa, destacando o posicionamento dos rins.
No centro, destaca-se o rim cortado, e, à direita, uma glândula suprarrenal em corte.

A parte central da glândula é chamada medula, e a periférica é o córtex. Cada uma destas regiões age
como se fosse glândulas independentes. A medula corresponde a 20% da glândula e representa uma
continuidade funcional do SNA simpático, secretando epinefrina e norepinefrina na corrente sanguínea.
Esses hormônios produzem efeitos semelhantes à estimulação direta do SNA simpático. Assim, o SNA
simpático e a medula da glândula suprarrenal agem em conjunto para regular funções que permitem
ao organismo se adaptar a situações de emergência. Por isso, o sistema simpático-adrenal é ativado em
casos de hemorragia, hipoglicemia, hipóxia, dor, exercícios intensos, medo e raiva. Em contrapartida,
o córtex da glândula suprarrenal secreta mineralocorticoides, glicocorticoides e androgênios, todos
sintetizados a partir do colesterol.

188
UNIDADE 4

Os mineralocorticoides controlam os eletrólitos dos líquidos extracelulares, principalmente o


sódio e o potássio. O principal deles é a aldosterona. São exemplos de glicocorticoides o cortisol e a
cortisona. O cortisol tem ação anti-inflamatória e anti-estressante. Todavia a constante exposição ao
estresse causa elevação prolongada no nível de cortisol, causando acúmulo de gordura na face e no
pescoço, depressão imunológica e mental. Além disso, o cortisol associado à adrenalina causa sobre-
carga cardíaca e inativa funções essenciais ao crescimento e renovação dos tecidos. Os androgênios
(hormônios sexuais) são secretados em pequena quantidade e causam os mesmos efeitos da testos-
terona. Em condições normais têm pouca importância, mas, em casos de anormalidade do córtex da
glândula suprarrenal, podem ser secretados em grande quantidade, causando efeito masculinizante.
O pâncreas está localizado posteriormente ao estômago, entre o baço e o duodeno. Ele é considerado
uma glândula mista, pois secreta hormônios, como a insulina e o glucagon, na corrente sanguínea, e
o suco pancreático, no duodeno (sua secreção exócrina).
A insulina é um hormônio proteico e é liberada em estado alimentado (ou seja, quando há dis-
ponibilidade de nutrientes, como a glicose). Ela estimula o transporte de glicose do sangue para as
células, assim como sua utilização e seu armazenamento na forma de glicogênio. A glicose excedente
é convertida em gordura e é armazenada no tecido adiposo. Além disso, reduz o uso de gorduras e
proteínas como fonte energética (inibe a lipólise e a proteólise) e estimula a síntese proteica. O gluca-
gon também é proteico, mas tem atividade oposta à da insulina, pois diminui a oxidação de glicose e
promove a hiperglicemia. Além disso, estimula a degradação do glicogênio hepático e a liberação de
glicose para a corrente sanguínea.

Figura 24 - Pâncreas

Descrição da Imagem: a figura


Pâncreas mostra o pâncreas encaixado
no duodeno, o fígado e a vesí-
cula biliar.

189
UNICESUMAR

As gônadas masculinas (testículos) e femininas (ovários) pro-


duzem gametas e hormônios. Ambos já foram estudados quanto às
funções reprodutivas, na Unidade 3, de forma que, nesta unidade,
serão abordados apenas seus aspectos hormonais. Os hormônios
sexuais masculinos são chamados andrógenos, sendo a testosterona
o mais importante. Os femininos são os estrógenos e as progestinas.
O mais importante dos estrógenos é o estradiol, e das progestinas
é a progesterona.
A testosterona é formada pelas células intersticiais de Leydig e
é responsável pelas características sexuais secundárias do corpo
masculino (pelos, aumento da laringe, espessura da pele e desen-
volvimento ósseo e muscular). No feto, ela é essencial à formação
do pênis, da bolsa escrotal, da próstata, das glândulas seminais e dos
ductos genitais masculinos bem como pela descida dos testículos
para a bolsa escrotal. Após a puberdade, faz aumentar o tamanho
do pênis, da bolsa escrotal e dos testículos. Os estrógenos causam
proliferação celular e crescimento dos tecidos dos órgãos sexuais e
de outros tecidos relacionados à reprodução. Além disso, estimulam
a síntese de colágeno e a renovação dos tecidos epiteliais da pele,
das mucosas e dos tecidos conjuntivos de suporte.
Após a puberdade, os estrógenos aumentam e causam crescimen-
to corporal e dos órgãos genitais. Todavia reduzem sua produção,
após a menopausa, fazendo com que a renovação dos tecidos seja
reduzida, assim como a síntese de colágeno. Tal fato causa o apare-
cimento dos sinais de envelhecimento (perda do vigor da pele, da
massa muscular e óssea etc.). Vale ressaltar que o tabagismo tem
ação antiestrogênica e, por isso, antecipa e prolonga a menopausa,
agravando seus sinais e sintomas.
Por fim, a progesterona promove alterações secretoras do en-
dométrio, durante a segunda metade do ciclo sexual, preparando
o útero para a implantação do blastocisto. Também estimula o de-
senvolvimento das mamas e aumenta a secreção no revestimento
mucoso das tubas uterinas (o que é necessário à nutrição do ovo em
desenvolvimento) (MIRANDA NETO; CHOPARD, 2014).

190
UNIDADE 4

FEMININO MASCULINO
Figura 25 - Órgãos genitais femininos internos e órgãos genitais masculinos

Descrição da Imagem: a figura mostra, à esquerda, órgãos genitais femininos internos (útero, ovários, vagina, tubas
uterinas), e, à direita, mostra alguns órgãos do sistema genital masculino (pênis, testículos, ductos deferentes, glân-
dulas seminais e próstata).

Querido(a) aluno(a), convido você a clicar aqui e ouvir o Podcast so-


bre recentes pesquisas em relação ao sistema nervoso central com
a professora pós-doutora Silvana Regina de Melo, da Universidade
Estadual de Maringá. Bom aprendizado!

Nesta unidade, vimos que o SNC, o SNP e o SNE agem em conjunto para possibilitar o controle e a
integração das atividades sensitivas, motoras, viscerais, cognitivas e comportamentais do indivíduo.
Todavia, por mais excelência que estes três sistemas possam ter, não haveria homeostasia corporal se
o sistema endócrino não participasse desta regulação. Seu conhecimento específico e da inter-relação
que apresentam entre si é de extrema relevância para a prevenção, o diagnóstico e o tratamento eficaz
de qualquer desordem que possa vir a acometer qualquer um desses sistemas. Por isso, este tema é rele-
vante a você enquanto profissional da saúde e do bem- estar uma vez que não pode haver homeostasia
corpórea sem a atuação conjunta destes sistemas. Assim, seu estudo histológico, anatômico e fisiológico
é imprescindível a você. Aproveite muito!

191
Caro(a) aluno(a), gostaria que você fizesse, agora, uma verificação crítica dos conhecimentos ad-
quiridos por você, ao término desta unidade. Para tanto, verifique o Mapa Mental a seguir e, com
base nos conhecimentos adquiridos, faça uma listagem resumida dos principais componentes dos
sistemas nervoso central, nervoso periférico e do sistema endócrino. À frente de cada estrutura,
você pode acrescentar a principal função que ela desempenha. Você pode fazer em formato de
texto e utilizar para seu estudo pessoal. Vamos lá!

1 Sistema Nervoso 2 Sistema Nervoso 3


Periférico Sistema Endócrino
Central

• Estruturas e funções • Estruturas e funções • Estruturas e funções


MAPA MENTAL

192
193
MAPA MENTAL
1. Uma senhora de 68 anos de idade, sedentária, na menopausa desde os 42 anos de
idade, sem nunca ter feito terapia de reposição hormonal, começa a apresentar várias
alterações endócrinas. Analise as afirmações sobre tais disfunções:
I) Uma das alterações endócrinas que a paciente do caso descrito pode apresentar é
um quadro de hipertireoidismo. Isto pode ser dito considerando que a calcitonina
(hormônio tireoidiano) está predispondo descalcificação óssea uma vez que tal
hormônio ativa osteoclastos e aumenta a calcemia a fim de manter a concentração
fisiológica de cálcio para os neurônios, para o miocárdio e para o diafragma. Assim,
pode-se supor que esta senhora tem severa osteoporose.
II) Outra disfunção possível desta senhora seria o aumento na dosagem dos hormônios
das glândulas suprarrenais, principalmente do cortisol e da adrenalina. Isto pode ser
dito, devido ao fato de que o excesso dos mesmos pode causar reabsorção óssea
contínua. Tal fato pode ser comprovado pelo aumento na dosagem do hormônio
corticotrófico (ACTH) produzido pela glândula hipófise.
III) Ainda considerando um caso de hiperativação das glândulas suprarrenais, esta se-
nhora poderia manifestar sinais e sintomas relacionados ao sistema cardiovascular
uma vez que o excesso dos hormônios dessa glândula, principalmente cortisol e
adrenalina, pode ocasionar sobrecarga cardíaca e hipertensão arterial. Tal fato inspira
cuidados adicionais, principalmente se ela um dia precisar de procedimento cirúrgico.
IV) O paratormônio ou hormônio paratireoidiano (PTH) pode estar aumentado uma vez
que é responsável pelo aumento da calcemia com consequente reabsorção óssea
AGORA É COM VOCÊ

e dentária. Assim, a possibilidade de hiperparatireoidismo deve ser considerada.

Assinale a alternativa que contém apenas afirmações verdadeiras.


a) I e III.
b) II e IV.
c) II e III.
d) III e IV.
e) I e II.

194
2. Os nervos cranianos podem ser classificados como motores, sensitivos ou mistos e
exercem funções específicas (MACHADO; HAERTEL, 2014). A seguir, temos os nomes de
alguns pares de nervos cranianos. A partir de seu estudo sobre este assunto, associe
os nomes destes nervos às definições referentes aos mesmos:
a) n. Glossofaríngeo
b) n. Trigêmeo
c) n. Vago
d) n. Acessório
( ) Nervo misto cuja função é complementada pelo quarto par uma vez que, também,
auxilia na inervação sensitiva da face, ao mesmo tempo em que é responsável pela
inervação dos músculos mastigatórios.
( ) É motor e responsável pelos movimentos do pescoço.
( ) Inerva estruturas vitais, como o coração e os intestinos.
( ) Responsável pela sensibilidade da língua e da faringe.

Assinale a alternativa cuja sequência corresponde à resposta correta.


a) B, D, C, A.
b) A, D, C, B.
c) D, B, A, C.
d) A, D, B, C.

AGORA É COM VOCÊ


e) D, A, C, B.

3. O estudo do sistema nervoso mostra que o tecido nervoso pode apresentar coloração
esbranquiçada (substância branca) ou acinzentada (substância cinzenta) quando visto
a olho nu. Considerando a composição destes dois tipos de substâncias que formam
o sistema nervoso, diferencie, em termos constitucionais, a substância branca e a
substância cinzenta.

4. Ainda considerando a constituição do tecido nervoso, defina córtex e o diferencie em


relação aos núcleos da base.

195
1. D. Nesta questão, espera-se que você revise todo o conteúdo referente ao sistema endócrino
quanto às suas glândulas, aos hormônios produzidos e às possíveis disfunções em relação ao
excesso ou à falta desses.

2. A. Nesta questão, o objetivo é que você relembre os nomes dos nervos cranianos e suas prin-
cipais funções e disfunções.

3. A substância branca é formada por axônios de neurônios (principalmente mielinizados) e células


da glia. A substância cinzenta é formada por corpos de neurônios e células da glia. Aqui, você
deve revisar a constituição do tecido nervoso. Lembre-se de que neurônios e células da glia
existem nos dois tipos de substâncias.

4. Córtex é a substância cinzenta localizada por fora (como o córtex cerebral e o cerebelar). Os
núcleos da base são formados por substância cinzenta, localizada, internamente, à substância
branca (como os núcleos da base do cérebro e os núcleos centrais do cerebelo). Aqui, você deve
recordar que a substância cinzenta do tecido nervoso pode formar diferentes arranjos com
nomes diferentes no sistema nervoso central.
CONFIRA SUAS RESPOSTAS

196
Unidade 1

CFTA. Terminologia Anatômica: terminologia anatômica internacional. São Paulo: Manole, 2001.

DÂNGELO, J. G.; FATTINI, C. A. Anatomia Humana sistêmica e segmentar. 3. ed. São Paulo:
Atheneu, 2011.

DI DIO, L. J. A. Tratado de Anatomia Sistêmica Aplicada: princípios básicos e sistêmicos, esque-


lético, articular e muscular. 2. ed. Atheneu: São Paulo, 2002.

FREITAS, V. Anatomia conceitos e fundamentos. Porto Alegre: Artmed, 2004.

JUNQUEIRA, L. C. U.; CARNEIRO, J.; ABRAHAMSOHN, P.; ZORN, T. M. T.; SANTOS, M. F.;
GAMA, P. Histologia básica: texto e atlas. 13. ed. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 2018.

MIRANDA NETO, M. H.; CHOPARD, R. P. Anatomia humana: aprendizagem dinâmica. Maringá:


Gráfica Editora Clichetec, 2014.

MOORE, K. L.; DALLEY, A. F.; AGUR, A. M. R.; ARAÚJO, C. L. C. Anatomia orientada para a
clínica. 7. ed. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 2014.

NARCISO, M. S. Sobotta: atlas de anatomia humana: anatomia geral e sistema muscular. v. 1. Rio
de Janeiro: Guanabara Koogan, 2012.

TORTORA, G. J.; DERRICKSON, B.; WERNECK, A. L. Princípios de anatomia e fisiologia. 12.


ed. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 2010.

WATANABE, L. Erhart: elementos de anatomia humana. 9. ed. São Paulo: Atheneu, 2000.

Unidade 2

REFERÊNCIAS
DÂNGELO, J. G.; FATTINI, C. A. Anatomia Humana sistêmica e segmentar. 3. ed. São Paulo:
Atheneu, 2011.

DI DIO, L. J. A. Tratado de Anatomia Sistêmica Aplicada: princípios básicos e sistêmicos, esque-


lético, articular e muscular. 2. ed. São Paulo: Atheneu, 2002.

FREITAS, V. Anatomia conceitos e fundamentos. Porto Alegre: Artmed, 2004.

GRABINER, M. D.; GREGOR, R. J.; VASCONCELOS, M. M. Cinesiologia e anatomia aplicada.


7. ed. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 1991.

MIRANDA NETO, M. H.; CHOPARD, R. P. Anatomia humana: aprendizagem dinâmica. Maringá:


Gráfica Editora Clichetec, 2014.

197
MOORE, K. L. et al. Anatomia orientada para a clínica. 7. ed. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan,
2014.

TORTORA, G. J.; DERRICKSON, B.; WERNECK, A. L. Princípios de anatomia e fisiologia. 12.


ed. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 2010.

WATANABE, L. Erhart: elementos de anatomia humana. 9. ed. São Paulo: Atheneu, 2000.

Unidade 3

DANGELO, J. G.; FATTINI, C. A. Anatomia Humana sistêmica e segmentar. 3. ed. São Paulo:
Atheneu, 2011.

DI DIO, L. J. A. Tratado de Anatomia Sistêmica Aplicada: princípios básicos e sistêmicos, esque-


lético, articular e muscular. 2. ed. Atheneu: São Paulo, 2002.

FREITAS, V. Anatomia conceitos e fundamentos. Porto Alegre: Artmed, 2004.

MADEIRA, M. C. Anatomia da face: bases anátomo-funcionais para a prática odontológica. 3. ed.


São Paulo: Sarvier, 2001.

MIRANDA NETO, M. H.; CHOPARD, R. P. Anatomia humana: aprendizagem dinâmica. Maringá:


Gráfica Editora Clichetec, 2014.

MOORE, K. L. et al. Anatomia orientada para a clínica. 7. ed. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan,
2014.

TORTORA, G. J.; DERRICKSON, B.; WERNECK, A. L. Princípios de anatomia e fisiologia. 12.


ed. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 2010.

WATANABE, L. Erhart: elementos de anatomia humana. 9. ed. São Paulo: Atheneu, 2000.
REFERÊNCIAS

WIKIMEDIA COMMONS. Surface anatomy of the heart. 1 figura. 2009. Disponível em: https://
pt.wikipedia.org/wiki/Ficheiro:Surface_anatomy_of_the_heart.svg. Acesso em: 15 mar. 2021.

Referência on-line
1
Em: http://www.prosangue.sp.gov.br/artigos/estudantes.html#:~:text=Conta%2Dse%20que%2C%20
na%20Gr%C3%A9cia,males%2C%20entre%20eles%20a%20epilepsia. Acesso em: 15 mar. 2021.

198
Unidade 4

GARCIA, P. M., MOSQUERA, C. F. F. Causas neurológicas do autismo. O Mosaico - Revista de


Pesquisa em Artes da Faculdade de Artes do Paraná. n. 5, jan./jun. 2011.

MACHADO, A. B. M.; HAERTEL, L. M. Neuroanatomia funcional. 3. ed. São Paulo: Atheneu, 2014.

MIRANDA NETO, M. H.; CHOPARD, R. P. Anatomia humana: aprendizagem dinâmica. Maringá:


Gráfica Editora Clichetec, 2014.

MOORE, K. L. et al. Anatomia orientada para a clínica. 7. ed. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan,
2014.

NARCISO, M. S. Sobotta: atlas de anatomia humana: cabeça, pescoço e neuroanatomia - Vol. 3. Rio
de Janeiro: Guanabara Koogan, 2012.

PEIXOTO, R. L. et al. Variações anatômicas na porção posterior do polígono de Willis. Revista


Saúde e Ciência, 2015.

ROHEN, J. W.; YOKOCHI, C.; LÜTJEN-DRECOLL, E. Anatomia humana: atlas fotográfico de


anatomia sistêmica e regional. 5. ed. São Paulo: Manole, 2002.

SIQUEIRA, R. Lesões nervosas periféricas: uma revisão. Rev. Neurocienc. v. 15, n. 3, p. 226-33, 2007.

REFERÊNCIAS

199
MEU ESPAÇO

200

Você também pode gostar