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Celular
Me. Eloiza Muniz Capparros
DIREÇÃO UNICESUMAR
Reitor Wilson de Matos Silva, Vice-Reitor e
Pró-Reitor de Administração Wilson de Matos
Silva Filho, Pró-Reitor Executivo de EAD William
Victor Kendrick de Matos Silva, Pró-Reitor de
Ensino de EAD Janes Fidélis Tomelin, Presidente
C397 CENTRO UNIVERSITÁRIO DE MARINGÁ. Núcleo de Educação a da Mantenedora Cláudio Ferdinandi.
Distância; CAPPARROS, Eloiza Muniz.
NEAD - NÚCLEO DE EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA
Biologia Celular. Eloiza Muniz Capparros.
Maringá-PR.: Unicesumar, 2021. Diretoria Executiva Chrystiano Mincoff, James Prestes
232 p. e Tiago Stachon; Diretoria de Graduação e Pós-gra-
“Graduação - Híbridos”. duação Kátia Coelho; Diretoria de Cursos Híbridos
Fabricio Ricardo Lazilha Diretoria de Permanência
1. Biologia Celular. 2. Citologia . 3. EaD. I. Título.
Leonardo Spaine; Diretoria de Design Educacional
ISBN 978-85-459-1756-4 Débora Leite; Head de Metodologias Ativas Thuinie
CDD - 22 ed. 574.87 Daros; Head de Curadoria e Inovação Tania Cristia-
CIP - NBR 12899 - AACR/2 ne Yoshie Fukushima; Gerência de Projetos Especiais
Daniel F. Hey; Gerência de Produção de Conteúdos
Diogo Ribeiro Garcia; Gerência de Curadoria Carolina
Impresso por: Abdalla Normann de Freitas; Supervisão de Projetos
Especiais Yasminn Talyta Tavares Zagonel; Projeto
Gráfico José Jhonny Coelho e Thayla Guimarães
Cripaldi; Fotos Shutterstock
Seja bem-vindo(A)!
Você ingressou em um curso da área da saúde, no qual você conhecerá diversos as-
pectos relacionados a vida dos seres humanos: suas relações com o meio que habitam,
especificidades sobre o “funcionamento” do organismos e acerca do metabolismo
para a manutenção da homeostasia. Uma das bases das ciências da vida é a Biologia
Celular, ou, como ela também pode ser chamada, Citologia. Nessa disciplina, você
irá conhecer a célula de maneira aprofundada, identificando cada elemento de sua
estrutura, suas organelas, seu metabolismo, a comunicação entre células e também o
material genético e a divisão celular.
Ao mesmo tempo em que você estuda os princípios de Citologia, você também será
atualizado sobre os estudos e as técnicas mais recentemente desenvolvidas para traba-
lhar com células, o que só foi possível com os avanços da Biologia Molecular. Assim,
essa disciplina se propõe a integrar os principais conceitos relativos à Biologia Celular
e Molecular, os quais constituirão a base conceitual de que você precisará para estudar
os seres vivos ao longo do seu curso de graduação.
Para que esse objetivo seja alcançado, você estudará as células sob diferentes perspec-
tivas apresentadas ao longo das cinco unidades:
Na Unidade 1 (Estrutura, Função e Evolução das Células), você conhecerá os princi-
pais elementos celulares e funções; você também terá uma ideia sobre os principais
paradigmas que sustentam a evolução das células. Nesta unidade será abordado o
histórico da Biologia Celular; será apresentada uma visão panorâmica sobre a evolu-
ção das células; você aprenderá a identificar os principais tipos celulares (procariotos
e eucariotos); será abordada a relação dos vírus com as células e você irá reconhecer
a organização estrutural, a constituição e as principais moléculas encontradas no
interior das células.
A Unidade 2 (Envoltórios Celulares, Citoplasma e Citoesqueleto) apresentará a você
os principais aspectos a respeito dos componentes externos à célula, você conhecerá
a estrutura e a função da Membrana Plasmática, da Parede Celular e do Glicocálix.
Você também aprenderá em quais tipos de célula é possível encontrar cada um dos
envoltórios; conhecerá as trocas que a célula realiza com o meio extracelular, tanto as
trocas ativas quanto as passivas; estudará sobre a estrutura, a composição e as funções
do citoplasma nos diferentes tipos celulares; conhecerá o citoesqueleto e como ele se
relaciona com os movimentos celulares; aprenderá sobre a comunicação celular por
meio de sinais químicos, como os hormônios e os neurotransmissores.
A Unidade 3 (Organelas Celulares e Metabolismo Celular) apresentará a você os di-
ferentes tipos de organelas encontradas em diferentes organismos; você irá relacionar
as organelas ao tipo de atividade que elas executam nas células, como o metabolismo,
a síntese (produção) e a degradação de macromoléculas, com ênfase especial aos
ribossomos e à síntese de proteínas; você também irá identificar os elementos que
constituem as mitocôndrias e como eles são necessários à respiração celular; você
irá identificar os tipos de célula em que são encontrados os cloroplastos, conhecerá
sua estrutura e irá relacionar essa estrutura com as reações químicas da fotossíntese.
A Unidade 4 (Núcleo, Ciclo Celular e Divisão Celular) apresentará a você os eventos que
acontecem no núcleo celular, a estrutura do DNA e do RNA e você conseguirá relacionar
a estrutura do material genético com a expressão gênica. Você também conhecerá cada
uma das etapas do Ciclo Celular, identificando os eventos que ocorrem em cada uma
delas. Para compreender como as células se tornam tecidos, você conhecerá a especiali-
zação ou a diferenciação celular e também irá diferenciar os dois tipos de divisão celular
pelos quais as células eucariontes podem passar: a mitose e a meiose.
A Unidade 5 (Técnicas de Estudo em Biologia Celular e Molecular) reunirá atualidades
sobre Biologia Celular e Molecular, por meio das principais técnicas de manipula-
ção do material genético. Você conhecerá os fundamentos da Tecnologia do DNA
recombinante e da Clonagem Molecular; você aprenderá as principais técnicas de
manipulação do DNA, compreenderá os princípios de eletroforese, extração do DNA,
noções de amplificação do DNA por PCR e sequenciamento do DNA. Você estudará
também a hibridização molecular e a impressão genética do DNA; conhecerá as etapas
para a construção de Bibliotecas Genômicas e compreenderá alguns princípios sobre
o estudo das células-tronco, da transgênese e da terapia gênica.
Ao cursar esta disciplina, você irá se familiarizar com os principais conceitos relativos
às células, terá conhecimentos básicos sobre a estrutura morfológica e funcional dos
diferentes tipos de célula e terá contato com as inovações e atualidades no desenvol-
vimento de pesquisas nesta área do conhecimento.
Espero que você possa construir um alicerce consistente e que, por meio do mate-
rial proposto, dos materiais complementares e das atividades propostas, você possa
desenvolver conhecimentos significativos sobre as células e sua importância para os
seres vivos.
Bons estudos!
CURRÍCULO DOS PROFESSORES
13
Envoltórios
Celulares,
Citoplasma e
Citoesqueleto
59
Organelas Celulares
e Metabolismo
Celular
101
145
Técnicas de Estudo
em Biologia Celular e
Molecular
187
Me. Eloiza Muniz Capparros
Estrutura, Função e
Evolução das Células
PLANO DE ESTUDOS
Histórico da Biologia
Vírus e sua Relação Principais Moléculas
Celular e a Evolução
com as Células Celulares
das Células
OBJETIVOS DE APRENDIZAGEM
INTRODUÇÃO
É possível que, em algum momento de sua vida escolar, você já tenha estudado as células e a organização
celular dos seres vivos. Isso acontece porque a chamada Teoria Celular é utilizada como critério para
diferenciar seres vivos de matéria não viva, mas nem sempre foi assim. Até a invenção dos microscópios,
em meados do século XVI, a vida microscópica era totalmente desconhecida.
No século XVII, dois cientistas, Robert Hooke e Antonj von Leeuwenhoek, revolucionaram o co-
nhecimento a respeito da organização celular dos seres vivos (ROONEY, 2018).
Robert Hooke (1635-1703) foi o primeiro a distinguir e cunhar o termo “célula”, ele literalmente deu
nome ela. A palavra célula vem do latim cellula, que é o diminutivo de cella, o que significa pequeno
compartimento. No momento, ele se referia aos componentes que formam a estrutura dos seres vivos,
tomando como base uma amostra de cortiça (Figura 1).
UNIDADE 1 15
Figura 1 - Ilustração elaborada por Hooke a respeito de suas Figura 2 - Microscópio usado por Hooke
observações da cortiça no microscópio Fonte: Wikimedia Commons (2006, on-line)².
Fonte: Wikimedia Commons (2018, on-line)¹.
Antonie von Leeuwenhoek (1632-1723), um fabricante de lentes holandês, foi o primeiro a visualizar
os microrganismos. Os microscópios que Leeuwenhoek utilizou permitiam um aumento de até 200x e,
por isso, ele conseguiu observar diferentes tipos de células: hemácias, espermatozoides e protozoários
de vida livre, entre outros organismos (ROONEY, 2018).
Em 1893, Theodor Schwann (1810-1882), um fisiologista alemão, estabeleceu o que hoje conhece-
mos como a base da Teoria Celular, em que todos os seres vivos se compõem de células e de produtos
de células, ou seja, todos os seres vivos seriam constituídos de células (ROONEY, 2018).
A Teoria Celular ainda é amplamente utilizada pelos cientistas e é considerada a base da Biologia
Celular. Rudolf Virchow (1821-1902) adicionou elementos e elaborou a hoje conhecida Teoria Celular
Moderna (SILVA; AIRES, 2016), que tem por pressupostos (JUNQUEIRA; CARNEIRO, 2012):
• Todos os organismos vivos conhecidos são formados de células.
• A célula é a unidade estrutural e funcional de tudo o que é vivo.
• Todas as células vêm de células preexistentes por divisão (a geração espontânea não ocorre).
• As células contêm informações hereditárias passadas de célula para célula na divisão celular.
• Todas as células têm, basicamente, a mesma composição química.
• Todo o fluxo de energia da vida (metabolismo e bioquímica) ocorre dentro das células.
A partir de então, o estudo das células passou a ser relacionado com a causa de muitas doenças. O
médico francês Nicolas Andry de Bois-Regard (1658-1742) foi o primeiro a propor, sem evidências,
que os microrganismos seriam os causadores das doenças. Ideia essa que ficou conhecida depois
como Teoria dos Germes.
Em 1860, o cientista francês Louis Pasteur (1822-1895) foi o primeiro a demonstrar que a teoria dos germes
da doença estava correta, pois conseguiu demonstrar muitos tipos de ação microbiana (ROONEY, 2018).
explorando Ideias
Certamente, você já bebeu leite, sucos industrializados ou laticínios que são pasteurizados. O
processo de pasteurização foi desenvolvido por Louis Pasteur (daí o nome), o cientista alemão
citado no texto.
A pasteurização é utilizada para tratar alimentos (principalmente leite) e evitar que estraguem.
O processo consiste em basicamente aquecer o alimento até uma temperatura suficiente para
matar todos os microrganismos e resfriar, em seguida, enquanto se exclui o ar para impedir a
entrada de novos microrganismos.
Fonte: Pelczar Jr, Chan e Krieg (2005).
O estudo das doenças abriu portas para uma nova de fato, a existência dos vírus. Em 1898, ao es-
discussão: a de que poderiam existir seres ainda tudarem o agente da febre aftosa, um vírus que
menores do que as bactérias, mas que também afeta principalmente bovinos, eles propuseram a
causavam doenças. Iniciou-se, então, o estudo dos existência de uma partícula minúscula, pequena
vírus. Eles estão diretamente relacionados ao es- demais para ser filtrada, contrariando a ideia de
tudo das células, pois são parasitas intracelulares um fluido venenoso de Beijerinck.
obrigatórios. Você estudará os vírus de maneira Com aproximadamente um centésimo do ta-
mais aprofundada em “Vírus e sua relação com as manho de uma bactéria, os vírus permaneceram
células”, ainda nesta unidade. invisíveis até a invenção do microscópio eletrô-
Martinus Beijerinck (1851-1931), microbiolo- nico, no século XX. Aos poucos, a melhora na
gista e botânico holandês, estudou uma curiosa microscopia revelou, além dos vírus, a complexi-
doença que afetava o tabaco. Sem sucesso ao su- dade das células eucariontes: as organelas foram
gerir que se tratavam de bactérias, ele sugeriu a observadas (ROONEY, 2018).
existência de um líquido, como um veneno (daí O desenvolvimento do microscópio eletrônico
o nome “vírus” que, em latim, significa fluido ve- começou, em 1931, com o trabalho dos engenheiros
nenoso ou toxina), sem partículas vivas, e que eletricistas alemães Ernst Ruska (1906-1988) e Max
seria o responsável pela doença (ROONEY, 2018). Knoll (1897-1969). Um microscópio eletrônico mo-
O médico alemão Friedrich Loeffler (1852- derno tem uma resolução de até 0,2 nm, mil vezes
1915) e o bacteriologista Paul Frosch (1860-1928), menor do que a resolução do mais potente micros-
também alemão, foram os primeiros a sugerir, cópio óptico (Figura 3).
UNIDADE 1 17
O próximo desenvolvimento
importante para o estudo da
Biologia Celular e Molecular foi
a descoberta do DNA. Em 1953,
o biofísico e neurocientista
britânico Francis Crick (1916-
2004) e o geneticista americano
James Watson (1928-) apresen-
taram, em forma de artigo cien-
tífico, um modelo de DNA que
explicava a possível existência
de um mecanismo de reprodu-
ção e transmissão de informa-
Figura 3 - Microscópio óptico, possibilita a observação de células e algumas ções hereditárias (CHALTON;
estruturas celulares, como o núcleo, a parede celular e os cromossomos MacARDLE, 2017).
UNIDADE 1 19
pensando juntos
Divisão e multiplicação celular são sinônimos. A célula original se divide, formando novas, mas
também podemos dizer que, a cada ciclo celular, o número de células aumenta, isto é, se mul-
tiplica.
As células são as menores partes vivas do seu cor- Olhando desse modo, é como se todas as células
po. Tudo o que você faz que o(a) mantém vivo(a) tivessem um “modelo padrão básico” e, a partir
está relacionado aos processos celulares, consti- dele, desenvolveram suas especificações. No
tuindo o metabolismo celular. Isso acontece na nível mais fundamental, as células que existem
absorção de moléculas provenientes da alimen- na Terra se mostram relacionadas e unificadas.
tação, na respiração e no crescimento. Ao crescer, Em relação à estrutura, todas as células (de to-
suas células estão se dividindo (ou multiplicando) dos os seres vivos, não apenas as do seu corpo)
para formar novas células e estruturar seu corpo. têm aspectos em comum (JUNQUEIRA; CAR-
Além de você, tudo que é vivo é formado por NEIRO, 2015):
células. Todas as células são constituídas, basica- • Membrana Plasmática, uma barreira que
mente, dos mesmos componentes e funcionam separa as células do ambiente ao seu redor.
de forma semelhante. Isso indica que toda forma • Citoplasma (veja na Unidade 2), o volume
de vida na Terra está relacionada. Para entender dentro de todas as células, delimitado pela
melhor como isso acontece, observe os argumen- membrana plasmática.
tos a seguir (JUNQUEIRA; CARNEIRO, 2015): • DNA (ácido desoxirribonucleico), que
• Todas as células têm DNA como material contém as informações para a construção
genético. e o metabolismo celular.
• Todas as células usam os mesmos proces- • Você observou, até agora, como as cé-
sos para produzir proteínas. lulas são parecidas entre si. Agora, você
• Todas seguem os mesmos princípios bási- verá o outro lado, em que as células são
cos de metabolismo. diferentes.
UNIDADE 1 21
Devido à alimentação heterotrófica, as primeiras células pro-
vavelmente esgotaram os compostos orgânicos. Surgiram, então, as
primeiras células autotróficas, capazes de sintetizar moléculas orgâ-
nicas complexas a partir de substâncias muito simples, utilizando
a energia da luz solar (JUNQUEIRA; CARNEIRO, 2015). Além de
moléculas orgânicas, essas células liberavam gás oxigênio, que se
acumulava até a mudança da composição dos gases na atmosfera.
A disponibilidade de oxigênio, na atmosfera terrestre, fa-
voreceu o surgimento e, depois, a ampla ocupação de células
aeróbias (ou aeróbicas), que utilizam oxigênio para quebrar li-
gações químicas de compostos orgânicos e, assim, obter energia.
A ocupação dos primeiros organismos aeróbios foi tão grande,
que os anaeróbios ficaram restritos a poucos lugares, em que há
ausência de oxigênio (JUNQUEIRA; CARNEIRO, 2015).
O próximo acontecimento importante, na história evolutiva
celular, foi o surgimento de células eucariontes. A principal hipótese
sugere que as células eucariontes surgiram a partir das células pro-
cariontes que tiveram suas membranas invaginadas. Esta hipótese
explica a existência de organelas, como o Retículo Endoplasmático,
o Complexo de Golgi e os Peroxissomos, além do próprio núcleo.
Ao observar, porém, as células eucariontes ao microscópio, al-
guns cientistas propuseram que as estruturas visíveis no interior das
células eucariontes seriam como bactérias, vivendo em um tipo de
simbiose (HOONEY, 2018).
Na década de 60, Lynn Margulis (1938-2011) elaborou a Teoria
da Endossimbiose Seriada. Segundo Margulis, as mitocôndrias e os
cloroplastos tiveram origem em bactérias que foram fagocitadas e
que conseguiram escapar dos mecanismos de digestão intracelular,
estabelecendo-se como simbiontes (endossimbiontes). Isto porque
esse relacionamento (célula e bactéria fagocitada) era benéfico para
as duas partes envolvidas e se tornou irreversível com o passar do
tempo.
Considerando que os cloroplastos estão presentes em células vegetais e de algas, e que, por outro
lado, as mitocôndrias estão presentes em todas as células eucariontes, é provável que a simbiose que
deu origem às mitocôndrias (endossimbiose primária) ocorreu antes da que originou os cloroplastos
(endossimbiose secundária). Assim, primeiro surgiram células eucariontes com mitocôndrias e, pos-
teriormente, algumas dessas células realizaram uma nova endossimbiose, com bactérias autotróficas
(fotossintéticas) (Figura 7) (MARGULIS, 2001; JUNQUEIRA; CARNEIRO, 2015).
A partir da formação das células eucariontes, houve grande expansão na diversidade dos seres vivos,
até chegar aos dias de hoje, com uma enorme variedade de células e organismos. A Biologia Celular e
Molecular impacta a sua vida de várias maneiras, certamente, ela se tornará mais importante no futuro.
UNIDADE 1 23
Principais Tipos
Celulares: Procariotos
e Eucariotos
O domínio Bactéria é composto por microrganismos unicelulares e procariontes, que são conhecidos
por causarem doenças em humanos, eles são nomeados de eubactérias. Os Arqueia também são mi-
crorganismos unicelulares e procariontes, mas são menos conhecidos porque foram descobertos mais
recentemente em ambientes extremos (WOESE et al., 1990). São procariontes metanogênicos, ou seja,
têm o gás metano como produto de seu metabolismo e vivem em condições extremas de temperatura,
salinidade e pH.
O domínio Eucaria tem como representante os protistas (protozoários), os fungos, as plantas e
os animais. Como o próprio nome sugere, os Eucaria se diferenciam dos outros dois domínios pela
presença de núcleo em suas células.
O fato mais interessante sobre os Arqueia, entretanto, não são as condições extremas em que esses
microrganismos vivem. Os Arqueia possuem algumas semelhanças com os Eucaria e, ao mesmo tempo,
muitas diferenças com os microrganismos do domínio Bactéria.
As conclusões de estudos moleculares sugerem que a célula procarionte ancestral universal deu
origem a dois domínios: Arqueia e Bactéria. A partir do domínio Arqueia, então, surgiram as primeiras
células eucariontes, que constituem o domínio Eucária (Figura 9).
UNIDADE 1 25
Com este breve raciocínio, é possível imaginar
a facilidade de infecção de um vírus em uma célula
eucarionte, por exemplo. Também fica mais fácil
compreender como a teoria da endossimbiose (lem-
bra do primeiro tópico?) foi desenvolvida. Também
podemos usar outras escalas comparativas, levando
em consideração outros organismos (Figura 10).
Observe o espectro alcançado a olho nu, ao micros-
cópio óptico e ao microscópio eletrônico.
As células procariontes têm como representantes as (comumente conhecidas por causarem doenças)
bactérias ou eubactérias e também os menos conhecidos microrganismos da divisão Arqueia, as bac-
térias extremófilas. Essas células são as mais simples, com menos estruturas e organelas (Figura 11) e
também são consideradas mais primitivas.
Figura 11 - Estrutura de uma célula bacteriana (procarionte), sem escala e colorida para fins didáticos (fantasia)
pensando juntos
10% Humano(a)
Segundo a bióloga e autora do livro 10% Humano, seu organismo não é formado apenas de
carne e osso, músculos e sangue, cérebro e pele - você também é formado(a) por bactérias e
fungos. Segundo a autora, ao considerar o número de células, para cada célula humana em seu
corpo, existem outras nove células de bactérias ou fungos, portanto, sua composição corporal
seria apenas 10% humana.
Fonte: Collen (2016).
UNIDADE 1 27
Eucariotos
Os eucariontes têm representantes divididos em quatro reinos: Protista (protozoários), Fungi (fungos),
Plantae (vegetais) e Animalia (animais). Apesar da grande diversidade, as células de todos os eucariontes
são muito similares à sua estrutura e às funções que executam.
A característica mais relevante das células eucariontes é a presença de núcleo (Figura 12), um com-
partimento cercado pela membrana nuclear (ou carioteca) que abriga o material genético (DNA). O
núcleo isola e protege o DNA de danos que podem resultar em mutações.
Figura 12 - Células do fígado de camundongo, coradas em Figura 13 - Células da epiderme de cebola (Allium cepa),
hematoxilina/eosina, vistas sob o microscópio óptico (40x) coradas com azul de metileno, vistas sob microscópio óp-
tico (40x)
* Cloroplastos e vacúolos também estão presentes nas células das algas, que apresentam classificação controversa.
Fonte: adaptada de Junqueira e Carneiro (2015).
A parede celular é um envoltório presente em plantas (Figura 15), fungos e em alguns protozoários,
mas ausente em células animais. As comparações mais comuns entre os tipos celulares são feitas entre
os animais e os vegetais, por isso, observe as semelhanças e as diferenças entre essas células.
Figura 15 - Esquema anatômico de uma célula vegetal, com as organelas e estruturas presentes nesse tipo celular
UNIDADE 1 29
Figura 16 - Esquema anatômico de uma célula animal, com as organelas e estruturas presentes nesse tipo celular
Tanto para as células vegetais quanto para as cé- células-tronco. Você estudar á especialização ce-
lulas animais, o esquema ilustrado retrata apenas lular mais profundamente na Unidade 4.
uma célula padrão hipotética. Por se tratarem de Ao reconhecer os principais tipos celulares e
organismos de grande complexidade estrutural, diferenciar os organismos procariotos e eucario-
há grandes diferenças entre as células encontradas tos, o seu foco deve ser nos principais exemplos e
em um mesmo organismo. Em seu próprio corpo nas diferenças encontradas nas células analisadas.
isso acontece, por isso, conseguimos perceber os Nas próximas unidades, você estudará, detalhada-
diferentes tecidos, como epitelial (pele), nervo- mente, cada organela celular em separado, então,
so, muscular, entre outros. A formação de células tenha em mente quais organelas estão presentes
especializadas é conhecida como diferenciação em cada um dos tipos celulares, observando as
ou especialização celular (Figura 17) e se inicia, diferentes configurações que as células podem
ainda, na vida embrionária, a partir das famosas apresentar.
Figura 17 - Diferenciação ou especialização celular em células animais a partir de células embrionárias que dão origem
às células-tronco
UNIDADE 1 31
Devido ao seu tamanho, os vírus só foram identificados de fato
em meados do século XX, quando o microscópio eletrônico foi
inventado. Eles são muito diversos em suas estruturas (Figura 18)
e apresentam diferentes padrões de reprodução no interior das
células. Em seres humanos, alguns vírus bastante conhecidos são
os causadores de doenças, como a gripe, a poliomielite (paralisia
infantil) e a AIDS.
Os vírus mais simples são compostos por um ácido nucleico (DNA ou RNA, nunca os dois) e uma
estrutura proteica que o envolve, composta por unidades que se repetem, chamadas de capsômeros e
que, juntas, formam o capsídeo (Figura 19), como é o caso do vírus HPV.
Figura 19 - Estrutura viral interna do HPV (papiloma vírus Figura 20 - Estrutura viral externa do HPV (papiloma vírus
humano) humano)
O material genético dos vírus apresenta algumas cíficos (tanto para os tipos celulares quanto para as
particularidades em relação às células. Nestas, o espécies de hospedeiros), e há também vírus que são
DNA é encontrado sempre na estrutura de dupla mais generalistas, invadindo uma variedade maior
fita e o RNA sempre forma uma fita simples. Nos de tipos celulares ou hospedeiros.
vírus, entretanto, além dessas duas formas, podem
ser encontrados, também, o DNA fita simples e o
RNA fita dupla. Vírus e Bactérias
Alguns vírus podem apresentar um envoltório
extra, chamado invólucro ou envelope. Esses vírus Vírus e bactérias causam doenças em humanos, mas
são chamados, então, de envelopados. O envelope eles podem ser inimigos uns dos outros. Isto porque
tem origem celular, formado por duas camadas de existem alguns vírus da classe dos bacteriófagos, que
lipídios derivadas da membrana plasmática e é im- são especializados na invasão de bactérias.
portante na identificação das células hospedeiras. O bacteriófago é um vírus com simetria com-
Os vírus invadem as células conforme a compati- plexa, não envelopado e que possui fibras em sua
bilidade entre as proteínas na superfície do vírus e base capazes de identificar as bactérias que serão
os receptores na superfície da membrana da célula suas hospedeiras (Figura 21). Seu mecanismo
hospedeira. de infecção é bastante semelhante ao dos outros
Este sistema funciona como chave-fechadura: os vírus, pois os bacteriófagos invadem e manipu-
vírus são a “chave” que abre a “fechadura” das células lam a bactéria hospedeira, fazendo com que ela
hospedeiras, invadindo-as. Por isso, a especificidade passe a produzir material genético e proteínas
dos vírus pode variar, existem alguns bastante espe- da estrutura viral.
UNIDADE 1 33
Os bacteriófagos podem se reproduzir por dois ciclos diferentes. Devido à relativa simplicidade
estrutural, a reprodução dos bacteriófagos será usada como exemplo geral de reprodução dos vírus.
Os vírus se reproduzem no interior da célula hospedeira de duas maneiras: Ciclo Lítico (rápido) e
Ciclo Lisogênico (lento). Existem vírus, como é o caso dos bacteriófagos, que realizam os dois ciclos.
Alguns tipos entretanto, só conseguem se reproduzir por meio do ciclo lítico.
pensando juntos
Vírus são confundidos como bactérias e vice-versa. Sua composição estrutural, porém, faz dife-
rença, pois antibióticos que são prescritos para infecções bacterianas não têm nenhum efeito
sobre os vírus.
Figura 22 - Esquema de Ciclo Lítico dos bacteriófagos, ênfase nas fases de Pe-
netração, Maturação e Liberação dos vírus
UNIDADE 1 35
Figura 23 - Esquema comparativo entre os ciclos lítico e lisogênico do vírus bacteriófago infectando uma bactéria hospedeira
Fonte: Wikimedia Commons (2014, on-line)4.
Os vírus que mais preocupam são aqueles que causam doenças em seres humanos, as chamadas viroses.
Vírus como os do sarampo, da varíola, da poliomielite e da gripe já foram ou, ainda, são responsáveis
por verdadeiras epidemias que, inclusive, podem levar muitos doentes à morte.
explorando Ideias
HIV e AIDS
Uma das epidemias mais importantes das últimas décadas é causada pelo vírus HIV (Vírus da
Imunodeficiência Humana). Esse vírus ataca um grupo de células de defesa do organismo co-
nhecidas como linfócitos T4, que são cruciais para o funcionamento do sistema imune. O HIV
é causador da AIDS (Síndrome da Imunodeficiência Adquirida), uma DST (Doença Sexualmente
Transmissível), para a qual não há vacina. Para saber mais, acesse: <https://www.unicef.org/
prescriber/port_p16.pdf>.
Fonte: Unicef (1998).
Diferente das bactérias, para as quais é possível tomar antibióticos, ao contrair uma virose, você contará,
basicamente, com seu sistema imune ou, então, se houver, com vacinas.
Figura 24 - Replicação do DNA (DNA forma outro DNA); Transcrição (DNA forma RNA); Tradução (RNA forma pro-
teínas) e Transcrição reversa (realizada pelos vírus de RNA, em que o RNA viral dá origem a um DNA)
UNIDADE 1 37
Organização Estrutural
e Constituição
Molecular da Célula
Água
UNIDADE 1 39
Sais Minerais (íons)
Os sais minerais, em meio aquoso como no interior das células, dão origem aos íons, que têm papel
fundamental no metabolismo celular. Os íons desempenham diversas funções vitais (Tabela 2) e alguns
deles são encontrados em todos os seres vivos.
Tabela 2 - Principais íons orgânicos e suas respectivas funções
Íon Função
Cálcio Componente de membranas, cromossomos, e esqueleto dos vertebrados;
(Ca²+) participa da contração muscular e da coagulação sanguínea.
Ferro Participa da respiração celular; compõe os citocromos e a hemoglobina.
(Fe²+)
Magnésio (Mg²+) Componente da molécula de clorofila.
Zinco (Zn²+), Cobre (Cu+) e Atuam como coenzimas em algumas reações químicas do metabolismo.
Cobalto (Co²+)
Sódio (Na+) Participam da transmissão do impulso nervoso.
Potássio (K+)
Fosfato (PO4³-) Componente da molécula de ATP e dos nucleotídeos do DNA e do RNA.
Fonte: adaptada de Junqueira e Carneiro (2012).
Carboidratos
Com relação à estrutura, os carboidratos podem ser de dois tipos: monossacarídeos e polissacarídeos.
Os monossacarídeos são os açúcares simples, como a glicose e a frutose. Os polissacarídeos são carboi-
dratos complexos, pois são polímeros de monossacarídeos. A celulose (Figura 27), presente na parede
celular dos vegetais, é um exemplo de polissacarídeo.
Lipídios
UNIDADE 1 41
Os lipídios formam o grupo de moléculas orgânicas mais diversas em estrutura, com maior diversidade
do que os carboidratos, as proteínas e os ácidos nucleicos. Isto acontece porque os lipídios, diferente dos
outros grupos, não são polímeros. A estrutura básica dos lipídios são os hidrocarbonetos, moléculas
com longas cadeias de carbono ligadas aos hidrogênios (Figura 28).
Proteínas
As proteínas têm papel chave na estrutura e no funcionamento celular. Dentre as funções realizadas
pelas proteínas, destacam-se:
• Enzimática: aceleram reações químicas do metabolismo.
• Estrutural: componentes da membrana plasmática, do citoesqueleto, da matriz extracelular e
dão suporte às células (como o colágeno).
• Transporte: ligadas à membrana plasmática, são responsáveis por transportar substâncias para
dentro e para fora das células.
• Identidade celular: sinalizam células específicas, como as glicoproteínas na superfície da mem-
brana plasmática.
• Movimentação celular: proteínas do citoesqueleto que podem se estender até cílios e flagelos.
• Comunicação celular: recebem e enviam informações de uma célula para outra, como é o caso
da insulina.
UNIDADE 1 43
Cada polipeptídeo tem um formato específico, conforme a função
que executa. O formato, ou seja, a estrutura de uma proteína, é tão
importante que, se há alguma mudança nesse formato, a proteína
desnatura (de maneira irreversível) e não funciona mais. De acordo
com a conformação das proteínas, elas são classificadas em quatro
categorias: primária, secundária, terciária e quaternária (Figura 30).
Figura 31 - Estrutura da enzima com o centro ativo, que se combina aos substratos para formar o produto
As enzimas podem ser inibidas quando a reação não é catalisada. As inibições podem ser do tipo
competitiva ou não competitiva (Figura 33).
Inibição competitiva: uma molécula semelhante ao substrato, mas que não sofre ação enzimática
(inibidor) e que se encaixa no sítio ativo da enzima, impedindo a reação de catalisação.
Inibição não competitiva: o inibidor é uma molécula que não compete com o substrato, mas que
muda a configuração da enzima, impedindo o encaixe com o substrato e, consequentemente, a reação.
Figura 32 - Inibição competitiva (a), quando o inibidor ocupa o lugar do substrato. Inibição não competitiva (b), o inibidor
muda a conformação da enzima, impedindo o encaixe com o substrato
Fonte: Wikimedia Commons (2016, on-line)8.
UNIDADE 1 45
Além da inibição, existem também fatores externos ou ambientais que afetam a atividade enzimática: as
variações de temperatura (aumentos excessivos na temperatura podem desnaturar a proteína, enquanto
a redução na temperatura pode reduzir a atividade enzimática) ou pH, a concentração do substrato e
a presença de ativadores e inibidores que alteram a velocidade de atuação das enzimas.
pensando juntos
Na estrutura do RNA, essas ligações não se formam, pois a molécula de RNA é formada por apenas
uma cadeia de nucleotídeos (Figura 36).
Figura 35 - Comparação da estrutura do DNA (dupla cadeia de nucleotídeos) e do RNA (cadeia única)
UNIDADE 1 47
Caro(a) aluno(a), ao longo desta unidade, você respeito da origem das primeiras células ainda
pôde conhecer melhor a estrutura de uma célula. nos dias de hoje.
A proposta desta unidade foi introduzi-lo (a) ao Dentre as diferentes células que existem, es-
estudo da Biologia Celular. Desde o histórico da tudamos os organismos procariontes e eucarion-
descoberta dos microrganismos, passando pela tes, com os respectivos exemplares na natureza.
estrutura de uma célula, até chegar nas principais Estudamos também os principais componentes
moléculas celulares, todos estes conteúdos serão celulares: os envoltórios, o citoplasma, as organe-
base para o que você estudará nas próximas uni- las e o núcleo. Estas características são de funda-
dades. Sempre que julgar necessário, retome a esta mental importância para o desenvolvimento e o
unidade para o esclarecimento de eventuais dúvi- metabolismo celular, bem como ampliam a visão
das. Buscar as informações e os materiais extras a respeito da atual biodiversidade que existe em
pode ajudá-lo (a) a avançar para passos cada vez nosso planeta.
mais largos e certeiros. Apesar de acelulares, os vírus estão estreita-
mente relacionados às células e, por isso, enfatiza-
mos a estrutura e o metabolismo viral que ocor-
CONSIDERAÇÕES FINAIS re dentro de uma célula hospedeira. Conhecer a
ação do vírus no interior das células tem grande
Chegamos ao fim da primeira unidade e você já importância para o desenvolvimento de medica-
possui uma bagagem considerável de informações mentos que combatem as viroses, bem como sua
e conhecimentos a respeito das células. Vamos, utilização adequada.
então, retomar e estabelecer conexões entre tudo Em interface com a bioquímica, estudamos
o que foi estudado. os principais componentes das estruturas celu-
Inicialmente, relacionamos a descoberta dos lares, tanto inorgânicos, como água e íons (sais
microrganismos (células) à invenção de micros- minerais), quanto os orgânicos, como carboidra-
cópios. A melhora na tecnologia possibilitou o tos, lipídios, proteínas e ácidos nucleicos. Estas
aumento na resolução destes aparelhos e foram moléculas desempenham funções fundamentais
descobertas as estruturas das organelas celulares para o metabolismo celular e, consequentemente,
e mesmo, os vírus. para a manutenção da vida.
Em seguida, você conheceu a estrutura geral Toda a proposta desta unidade consiste em
de uma célula, com as respectivas organelas. A servir de base para o estudo das próximas, pois,
partir da estrutura celular, relacionamos todas a partir daqui, aprofundaremos ainda mais os
as células por meio de uma origem evolutiva co- estudos sobre a estrutura e o metabolismo ce-
mum, além de levantar as principais hipóteses a lular.
2. De acordo com a Teoria Celular, todos os seres vivos são formados por células.
Mesmo com organismos uni e pluricelulares e uma biodiversidade muito grande,
todas as células são constituídas de alguns elementos em comum. Assinale a
alternativa em que só existam elementos presentes em todos os tipos de células.
a) Membrana plasmática, parede celular e ribossomos.
b) Mitocôndria, citoplasma e DNA.
c) Núcleo, Complexo de Golgi e vacúolo.
d) Membrana plasmática, citoplasma e ribossomos.
e) Parede celular, retículo endoplasmático e RNA.
49
4. Sobre as células procariontes e eucariontes, analise as afirmativas a seguir:
I) Os domínios Archaea e Bacteria têm representantes exclusivamente unice-
lulares e procariontes.
II) Algumas diferenças entre as células procariontes e eucariontes são o ta-
manho; a presença/ausência de núcleo; a presença/ausência de organelas
membranosas e ribossomos com tamanhos e composições diferentes.
III) São semelhanças entre as células animais e vegetais: presença de núcleo,
parede celular e ribossomos.
IV) As células dos fungos, assim como as dos vegetais, possuem parede celular
de celulose.
50
6. A respeito das moléculas que compõem a estrutura das células, analise as afir-
mativas a seguir e assinale verdadeiro (V) ou falso (F):
( ) Água e sais minerais, que dão origem aos íons, são componentes orgânicos
das células.
( ) Os carboidratos são polímeros de nucleotídeos e são importantes para a
identidade celular.
( ) Os lipídios são moléculas hidrofóbicas, ou seja, não têm afinidade com a água
por conta de sua estrutura molecular apolar que se opõe à estrutura da água.
( ) As enzimas são tipos especiais de proteínas que catalisam reações químicas
no metabolismo celular.
( ) As proteínas são formadas por longas cadeias de monossacarídeos unidos
por ligações glicosídicas.
51
HOUVE MUDANÇAS RECENTES NA BIOLOGIA
EM RELAÇÃO À CITOLOGIA?
Nas últimas décadas, houve um progresso con- crioultramicrotomia – que permite a obtenção
siderável no conhecimento da organização e de secções muito finas (60-100 nanômetros) de
função das organelas e estruturas celulares e células/tecidos congelados – permite o estudo de
da interação entre os diversos tipos de células células que não foram submetidas ao processo de
que compõem os tecidos animais. fixação química, diminuindo, significativamente,
os artefatos resultantes desse processo.
Pode-se citar, como exemplo, a identificação de
canais iônicos e receptores na superfície celu- A utilização de sondas para detectar ácidos
lar, de moléculas de adesão, de proteínas do nucleicos (segmentos de DNA e diferentes tipos
citoesqueleto, de fatores de crescimento etc. de RNA) permite estudar a expressão de genes
A identificação e a localização de diferentes em células submetidas a diferentes condições
moléculas permitiram maior compreensão de experimentais e em diversas doenças. Como na
fenômenos celulares, tais como a migração de ciência moderna não há mais barreiras entre as
células, a regeneração de neurônios e de fibras diferentes áreas do conhecimento, essas técnicas
musculares, a compartimentalização do com- são utilizadas por pesquisadores de diferentes
plexo de golgi ou mesmo a identificação de especialidades: morfologistas, bioquímicos,
novas organelas em protozoários. microbiologistas, patologistas etc.
52
LIVRO
O Planeta Simbiótico
Autor: Lynn Margulis
Editora: Rocco
Sinopse: a autora apresenta sua Teoria da Endossimbiose Sequencial em lin-
guagem simples. Essa teoria mostra que a célula, como a conhecemos hoje,
surgiu de uma simbiose entre bactérias primitivas. Para comprová-la, baseia-se
no material encontrado no citoplasma.
LIVRO
LIVRO
10% Humano
Autor: Alanna Collen
Editora: Sextante
Sinopse: somos apenas 10% humanos. Não somos feitos apenas de carne e
osso, músculos e sangue, cérebro e pele — somos também bactérias e fungos.
Um livro pioneiro e extraordinário, que conta a história de uma das relações
íntimas mais antigas da humanidade: a das pessoas e dos seus micróbios.
53
FILME
E a Vida Continua
Ano: 1993
Sinopse: no início dos anos 80, surgiu uma misteriosa doença. Uma pesquisa
independente conseguiu identificar o vírus transmissor da doença e a batizou
de HIV. Este drama documental conta a história da mais devastadora epidemia
do século XX: a AIDS.
Comentário: existe um filme brasileiro, de 2001, com o mesmo nome. Então, se
atente ao procurar pelo título.
WEB
O Monge e o Executivo
Links: Lus, milin diem licerfinclus criosteredem sedius, Catque ia in Etravo, C. Ut
pra nos estam inatrec movides demus, sisus a audam. vis spiocae ernirmis escer
quam publicienium inaride ntintiam ad menterd ienamquit.
Para acessar, use seu leitor de QR Code.
54
BROWN, T.; LEMAY Jr, H. E.; BURSTEN, B. E.; MURPHY, C. J.; WOODWARD, P. M.; STOLZFUS, M. W. Che-
mistry: The Central Science. 13. ed. New Jersey: Prentice-Hall, 2014.
CAMARGOS, E. R. S. Houve mudanças recentes na biologia em relação à citologia e à histologia animal e vegetal?
In: COSTA, V. R.; COSTA, E. V. Biologia: explorando o ensino. Brasília: Ministério da Educação; Secretaria de
Educação Básica, 2006. Volume 6. Disponível em: <http://portal.mec.gov.br/seb/arquivos/pdf/EnsMed/expensbio.
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CHALTON, N.; MacARDLE, M. História da Ciência para quem tem pressa. 1. ed. Rio de Janeiro: Valentina,
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COLLEN, A. 10% Humano: como os microrganismos são a chave para a saúde do corpo e da mente. Rio de
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Referências On-Line
56
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Watson e Crick: descoberta da estrutura do material genético (DNA e RNA) (século XX).
2. D.
3. B.
4. A.
5. E.
6. D.
57
58
Professora Me. Eloiza Muniz Capparros
Envoltórios Celulares,
Citoplasma e
Citoesqueleto
PLANO DE ESTUDOS
OBJETIVOS DE APRENDIZAGEM
INTRODUÇÃO
Os envoltórios celulares, como o próprio nome sugere, são estruturas que envolvem e deli-
mitam as células, separando o meio extracelular do interior da célula. Existem três tipos de
envoltórios: membrana plasmática, que é universal, ou seja, encontra-se em todos os tipos
de célula; parede celular, que está presente nos vegetais, fungos e bactérias; glicocálix,
presente nas células animais.
O objetivo aqui é estudar a estrutura, a composição e as funções que cada envoltório realiza, porque,
mais adiante, você conhecerá o funcionamento dos envoltórios no metabolismo celular.
UNIDADE 2 61
Membrana Plasmática célula do meio extracelular. Com espessura entre 7
a 10 nm, só é possível visualizá-la ao microscópio
A membrana plasmática, também conhecida eletrônico. Nas eletromicrografias, aparece como
como membrana citoplasmática ou plasmalena, uma estrutura trilaminar: duas linhas escuras se-
é a parte mais externa do citoplasma, que separa a paradas por uma linha clara (Figura 1).
Membrana celular
Espaço intercelular
Membrana celular
Figura 1 - Eletromicrografia de duas células próximas, em que é possível visualizar a membrana plasmática de ambas,
separadas por um espaço intercelular
Fonte: Chimica ([2018], on-line)¹.
Cabeça hidrofílica
Fosfolipídeo Meio extracelular
Cauda hidrofóbica
Cadeia de Proteína
Glicolipídeo carboidratos globular Glicoproteína
Apolar
Polar
Polar
UNIDADE 2 63
Com relação à função, as proteínas de membrana podem ser:
• Transportadoras: são proteínas integrais que auxiliam moléculas a atravessar a membrana
plasmática.
• Receptoras: recebem sinais (químicos, físicos, hormonais) de fora da célula.
• (De) Adesão: realizam conexões entre o lado interno e externo da célula, aumentando a coesão.
• (De) Identidade: são glicoproteínas que ficam na superfície externa da membrana plasmática
e auxiliam no reconhecimento de tipos celulares diferentes.
• Enzimas: existem algumas enzimas (catalisadores de reações químicas do metabolismo) que
estão aderidas à membrana plasmática.
Parede Celular
Todas as células têm membrana plasmática. Algumas células, porém, ainda possuem uma camada
adicional, externa à membrana plasmática, como é o caso da parede celular. Isto confere à célula
maior resistência, mas não apresenta função seletiva e tampouco delimita o citoplasma. Estas funções
são exclusivas da membrana plasmática.
A parede celular é um envoltório mais espesso do que a membrana plasmática (Figura 3) e pode
ser vista sem dificuldade pelo microscópio óptico.
A estrutura de uma parede celular pode ser bem diferente. De maneira geral, ela é formada por uma
cadeia de carboidratos ou proteínas envoltas por uma matriz. Nos vegetais, a celulose é o carboidrato
que forma a parede celular. Em algumas plantas, pode haver lignina na parede celular também, quando
há crescimento secundário. Nos fungos, a quitina forma a parede celular. Todos os vegetais e todos
os fungos a apresentam. As bactérias apresentam componentes variados na estrutura de suas paredes
celulares que, inclusive, não estão presentes em todas as bactérias.
Além de fornecer resistência e maior proteção às células, a parede celular desempenha outras funções,
tais como:
• Impede a mobilidade das células.
• Participa da aderência celular para a formação de tecidos.
• Suporta tensão e compressão.
• Regula a expansão osmótica (mantém a integridade osmótica).
• Barreira protetora contra agentes patogênicos.
• Fornece sustentação (vegetais).
Glicocálix
UNIDADE 2 65
Meio extracelular
Fibra de Proteoglicana
colágeno
Grupamento
de carboidrato
Fibronectina
Proteoglicana
Bicamada Filamentos do
fosfolipídica CITOPLASMA
citoesqueleto
Cabeça
hidrofília Carboidrato
Proteína central
Cauda
hidrofília Polissacarídeo
Molécula de
fosfolipídeo Complexo da proteoglicana
A composição do glicocálix não é estática, varia muito de um tipo de célula para outra e, na mesma
célula, varia conforme a região da membrana e também de acordo com a atividade funcional da célula
em um determinado momento. São funções do glicocálix:
• Identificação e reconhecimento celular, tanto para formar tecidos quanto para rejeitar células
diferentes.
• Proteção contra agentes químicos e físicos.
• Barreira de difusão, funciona como um “filtro” para moléculas grandes.
• Enzimática, existem enzimas aderidas ao glicocálix que facilitam a ação enzimática.
• Movimentação celular.
• Reprodução para a adesão do espermatozoide no óvulo, acontece por reações do glicocálix
dessas células.
UNIDADE 2 67
Transporte passivo porém outras são hidrofílicas demais para que
isso aconteça. Então, há dois tipos de difusão:
Ocorre sem gasto energético, a favor do gradiente simples e facilitada.
de concentração da molécula ou da substância. A difusão simples ocorre por intermédio
Difusão (simples e facilitada) e osmose são exem- da bicamada fosfolipídica, geralmente por
plos de transporte passivo. moléculas pequenas e hidrofóbicas. Consiste,
basicamente, em atravessar a bicamada fosfo-
lipídica a favor do gradiente de concentração:
Difusão do meio mais concentrado para o menos con-
centrado (Figura 7). Moléculas, como gás car-
A difusão consiste no movimento de moléculas bônico (CO₂), gás oxigênio (O₂) e água (H₂O),
de um meio em que elas estão mais concentradas atravessam a bicamada por difusão simples. Na
para um meio em que elas estão menos concen- Figura 7, as moléculas estão mais concentradas
tradas, até atingir o equilíbrio na concentração. no meio extracelular e, depois, atravessam a
Algumas moléculas conseguem atravessar a bi- membrana até que as concentrações estejam
camada fosfolipídica da membrana plasmática, equilibradas.
Meio extracelular
Bicamada lipídica
(membrana
plasmática)
Meio intracelular
Tempo
Figura 7 - Difusão simples por meio da membrana plasmática
Fonte: Wikimedia Commons (2018, on-line)4.
Algumas moléculas, entretanto, não conseguem atravessar a bicamada fosfolipídica, então precisam
da ajuda de proteínas transportadoras, em um processo chamado difusão facilitada. Há um gra-
diente de concentração dessas moléculas, porém, por serem polares ou possuírem cargas (íons), elas
não conseguem atravessar a bicamada. As proteínas transportadoras as protegem da parte hidrofóbica
da membrana, formando uma rota por onde podem passar. As duas principais classes de proteínas
facilitadoras de transporte são: os canais e as proteínas carreadoras.
Aquaporina
Água
Figura 8 - Aquaporinas, proteínas transmembrana do tipo canal que facilitam a passagem de água
As proteínas carregadoras, por sua vez, não formam túneis, mas podem mudar sua estrutura para
atravessar uma molécula-alvo. As moléculas de glicose, por exemplo, são transportadas por proteínas
carregadoras.
pensando juntos
UNIDADE 2 69
Osmose
pensando juntos
Não importa o ponto de vista (da água ou do soluto), ao final da osmose, as moléculas de água
ficam distribuídas de maneira mais homogênea.
Transporte Ativo
Muitas vezes, as células precisam mover moléculas contra seu gradiente de concentração. Por este
motivo, o transporte demanda gasto energético da célula, proveniente da molécula de ATP (Adeno-
sina Trifosfato).
explorando Ideias
ATP
Adenosina Trifosfato (ATP) representa uma fonte de energia amplamente utilizada pela célula, por isso é co-
nhecida como moeda energética. O ATP armazena energia em suas ligações químicas quando perde/ganha um
radical fosfato. Assim, a forma alternativa (ADP) forma um ATP consumindo energia e, quando o ATP perde o
radical fosfato terminal e se torna ADP, essa energia é liberada para o consumo imediato.
Fonte: Junqueira e Carneiro (2015).
O transporte ativo só ocorre por meio de proteínas, que utilizam o ATP para transportar uma molé-
cula contra seu gradiente de concentração. As proteínas permeases que realizam o transporte ativo
são conhecidas como bombas. O transporte por meio dessas permeases pode ser do tipo uniporte,
simporte e antiporte (Figura 10) (ROBERTS; HIB, 2001).
UNIDADE 2 71
• Uniporte: apenas uma molécula é transportada contra seu gradiente de concentração.
• Simporte: duas moléculas atravessam a membrana plasmática simultaneamente e contra seus
gradientes de concentração e no mesmo sentido.
• Antiporte: duas moléculas utilizam a bomba para se movimentarem contra seus gradientes
de concentração, porém as moléculas são carregadas para sentidos opostos.
Figura 10 - Tipos de transporte ativo: simporte (passagem no mesmo sentido), antiporte (sentidos opostos) e uniporte
(apenas uma molécula)
Um tipo de transporte ativo antiporte, que é fun- membrana plasmática se desloca, alterando sua
damental para as células animais, é a Bomba de morfologia de maneira a englobar a partícula
Sódio-Potássio (Na+/K+ ATPase). Em etapas, a a ser importada.
Bomba Na+/K+ transporta, ao mesmo tempo, só-
dio e potássio para lados opostos da membrana.
Esse transporte é fundamental para processos ce- Fagocitose
lulares, como a transmissão do impulso nervoso.
Fagocitose (Figura 11) é o processo pelo qual a
célula forma prolongamentos (pseudópodes) que
Fagocitose e Pinocitose englobam partículas sólidas (visíveis ao microscó-
pio óptico), a serem introduzidas no citoplasma
Há casos em que uma molécula ou substân- (JUNQUEIRA; CARNEIRO, 2015). Ao envolver
cia é grande demais para ser transportada por a partícula, forma-se uma vesícula no interior da
meio da membrana. Fagocitose e pinocitose célula, envolta por parte da membrana plasmática
são transportes em quantidade e, nestes casos, a (fagossomo), que será degradada.
Lisossomo
Fagossomo
Figura 11 - Fagocitose
Pinocitose
UNIDADE 2 73
Citoplasma: Estrutura,
Composição e Função
UNIDADE 2 75
CÉLULA BACTERIANA CÉLULA ANIMAL
Flagelo
Mitocôndria
Complexo de Golgi
Cápsula Lisossomo
Retículo
Endoplasmático
Ribossomo Citoplasma
Parede celular Rugoso
Grânulo
alimentar Centríolo
Membrana
Núcleo
plasmática
DNA Nucléolo
cromossômico DNA do Plasmídeo
Membrana Retículo
Citoplasma plasmática Endoplasmático
Liso
Fímbria
Ribossomo
Figura 13 - Estruturas e organelas presentes na célula pro- Figura 14 - Estruturas e organelas presentes na célula animal
carionte (bactéria) e nas células eucariontes
CÉLULA VEGETAL
Lisossomo
Complexo de Golgi
Cloroplasto
Ribossomo
Vacúolo
Retículo
Endoplasmático
Citoplasma Rugoso
Nucléolo
Parede Celular
Núcleo
Membrana Retículo
plasmática Endoplasmático
Liso
Mitocôndria
Depósitos citoplasmáticos
O citoplasma pode apresentar depósitos de substâncias diversas, como grânulos de glicogênio, partículas
lipídicas e pigmentos. Assim, formam-se os depósitos citoplasmáticos (Figura 16) que, geralmente,
são temporários, formados por diversas substâncias e não envolvidos por membrana.
UNIDADE 2 77
Citoesqueleto e
Movimentos Celulares
Além do papel mecânico de suporte, o ci- as fibras do áster que deslocam os cromos-
toesqueleto também é o responsável pelos mo- somos.
vimentos celulares. Existem diversos tipos de • Microfilamentos de actina: são os mais fi-
movimentos, tais como a contração (em células nos, formados por actina, que se distribuem
musculares, por exemplo), a formação de pseu- por toda a célula. Realizam a contração mus-
dópodes (em ameboides ou em células de defesa, cular, participam dos movimentos das par-
como os macrófagos) e o deslocamento intrace- tículas intracelulares, reforçam a membrana
lular de organelas. plasmática e participam da fagocitose.
• Filamentos intermediários: são consti-
tuídos de diversas proteínas fibrosas que
Componentes do se agregam espontaneamente, sem neces-
Citoesqueleto sidade de energia. São estáveis, importan-
tes para a sustentação e não participam da
A disposição, a distribuição e a quantidade de ele- movimentação celular. São muito abun-
mentos que compõem o citoesqueleto são bastan- dantes em células que sofrem atrito, onde
te variáveis para cada tipo de célula e também de se prendem a especializações da membra-
acordo com as necessidades que elas apresentam. na plasmática, os desmossomos (Figura
O citoesqueleto, porém, é formado pela combina- 19), que unem as células umas às outras.
ção de diferentes tipos de filamentos (Figura 18): • Proteínas motoras: miosina, dineí-
• Microtúbulos: estão em constante reor- nas e cinesinas são responsáveis pelo
ganização, são importantes para a movi- deslocamento intracelular de organelas
mentação de cílios e flagelos e também e outras partículas, associadas a outros
participam da divisão celular, pois formam componentes do citoesqueleto.
UNIDADE 2 79
Citoplasma
Microfilamentos
Filamentos
intermediários
Microtúbulos
Organelas imobilizadas
pelos componentes
do citoesqueleto
A Figura 19, a seguir, apresenta a estrutura de um desmossomo, que tem o formato de disco e, na mem-
brana de cada célula, existe uma placa na qual se inserem os filamentos intermediários de queratina
Glicoproteína
ligante
Placa
Espaço Queratina
intercelular (filamentos
intermediários)
Figura 19 - Estrutura de um desmossomo: uma especiali- Figura 20 - Fotomicrografia em microscópio óptico, mos-
zação da superfície de duas células que estão lado a lado, trando o estrato da epiderme corado com hematoxilina,
com a função de aderência evidenciando os filamentos de queratina e desmossomos
entre as células
Figura 21 - Componentes estruturais de um músculo estriado esquelético: fibras, miofibrilas, actina e miosina
Cada músculo é formado por feixes de fibras musculares, que apresentam faixas claras e escuras
(estrias), consequência do arranjo de filamentos que formam as miofibrilas. Estas, por sua vez, são
formadas por unidades que se repetem, os sarcômeros. É a estrutura do sarcômero que torna as estrias
visíveis ao microscópio óptico. Cada sarcômero é uma unidade contrátil, formada por filamentos de
actina (finos, nas extremidades) e miosina (grossos, ao centro).
UNIDADE 2 81
A miosina, na verdade, é uma enzima, uma ATPase que catalisa a reação química que quebra o
ATP e libera o grupamento fosfato, formando um ADP. Esta quebra libera energia que, no caso da
contração muscular, é utilizada para movimentar os filamentos de actina ao longo dos filamentos
de miosina para dentro do sarcômero, encurtando-o (Figura 22).
Sarcômero
Sarcômero Sarcômero
(músculo relaxado) (músculo contraído)
Filamento fino
Filamento grosso.
Figura 22 - Estrutura das células musculares e etapas da contração dos músculos por meio da interação entre as proteínas
actina e miosina
Quando a contração se inicia, a cabeça globular da miosina se liga ao sítio no filamento de actina. Esta
ligação faz com que o filamento de actina deslize sobre a miosina, pela mudança na configuração da
molécula. A miosina tem atividade enzimática, então o ATP se liga a ela e, quando a reação é catalisada,
há liberação de energia. Essa energia faz com que a miosina se desligue da actina e volte à sua posição
original, pronta para um novo ciclo.
O controle da contração muscular é realizado pelos íons Ca²+. Quando o músculo está em repouso,
a actina e a miosina não se ligam porque a tropomiosina e as troponinas estão ligadas à actina, tapando
o sítio de ligação com a miosina. Se há um estímulo no músculo (um sinal do sistema nervoso, por
exemplo), abrem-se os canais de Ca²+ da membrana plasmática, fazendo com que grandes quantidades
desse íon entrem na célula muscular. Os íons Ca²+ deformam a tropomiosina, liberando, então, o sítio
de ligação, dando início à contração muscular (Figura 23).
Troponina C Troponina T
Troponina I
Músculo relaxado
Filamento fino
do sarcômero
Tropomiosina
Existem, ainda, outras ações celulares importantes realizadas pelas interações entre a actina e a mio-
sina. Entre elas, estão:
• Participação na citocinese, que é a separação das células-filhas ao fim da divisão celular.
• Formação de microvilos na superfície de células de alguns epitélios. Nos microvilos, há apenas
actina com função estrutural.
• Participação no movimento ameboide, realizado pela formação de pseudópodes, importantes
para a fagocitose e para a movimentação celular, por exemplo. Os filamentos de actina e miosina
“puxam” a célula na formação dos pseudópodes.
UNIDADE 2 83
Cílios e flagelos
Cílios e flagelos são prolongamentos celulares com funções, como o deslocamento celular (em pro-
tozoários ou espermatozoides) ou também a movimentação de partículas na superfície dos tecidos
corporais (como no revestimento das vias aéreas no sistema respiratório). A diferença entre os cílios
e flagelos é externa, cílios são curtos e muito numerosos, enquanto flagelos são longos e únicos (ou
poucos) (Figura 24).
Flagelo
Vacúolo
alimentar
Citossomo
Núcleo
Sulco oral
Vacúolo
Macronúcleo Película
Vacúolo
Cílios contráctil Axóstilo
Figura 24 - Paramecium sp.: um protozoário de vida livre, Figura 25 - Trichomonas sp.: protozoário causador da trico-
que se movimenta por batimento ciliar moníase (DST), que se locomove utilizando flagelos
O movimento de cílios e flagelos acontece porque os pares de microtúbulos deslizam uns sobre os
outros durante a contração. A energia para essa contração vem da catalisação do ATP feita pela dineína
(uma ATPase, assim como a miosina). O deslizamento provoca envergaduras temporárias na estrutura
dos cílios e flagelos, resultando em um movimento de chicote. Esse deslizamento para apenas quando
as dineínas prendem os pares de protofilamentos uns aos outros (Figura 26).
Microtúbulo
duplo Força de
Braço de deslizamento
dineína
ATP
UNIDADE 2 85
Na comunicação celular ocorre a produção de sinais ou mensageiros químicos por uma de-
terminada célula. Para ser considerado mensageira ou sinal químico, é preciso que haja uma resposta
para sua presença na célula-alvo.
Para que uma célula responda a um sinal químico, ela precisa reconhecê-lo, para, então, agir. O re-
conhecimento acontece apenas quando há um receptor para esse sinal. As moléculas sinalizadoras são
chamadas de ligantes, que se prendem aos locais específicos das moléculas receptoras ou receptores.
Um receptor é capaz de reconhecer especificamente outra molécula (seu ligante) e de desencadear
uma resposta celular, quando unida ao ligante (Figura 27).
Célula-alvo
Receptor
Hormônio
Célula incompatível
Célula secretora (sem receptores)
Figura 27 - Célula secretora liberando hormônios que atuam nas células-alvo, que são aquelas com receptores específicos
para o hormônio
Dependendo do tipo de distância percorrida pela molécula e pelas características do trajeto, a co-
municação celular pode ser classificada em três tipos: comunicação por hormônios, comunicação
parácrina e por neurotransmissores.
Hormônios
Certamente, você já ouviu falar em hormônios. Muitas vezes, eles são associados aos problemas de
saúde, ao crescimento ou mesmo em relação às mudanças corporais que acontecem na puberdade.
Os hormônios são mesmo responsáveis por todas estas funções. São moléculas secretadas em órgãos
especializados pelas glândulas endócrinas (Figura 28).
Capilares
sanguíneos
Células
endócrinas
Figura 28 - Esquema que ilustra as células que formam as Figura 29 - Tecido glandular visto ao microscópio óptico,
glândulas, circundadas por capilares sanguíneos, por onde corado com hematoxilina/eosina
os hormônios são liberados
Os hormônios são sinais que atravessam grandes célula-alvo, a resposta por ela apresentada pode
distâncias até encontrarem seu local de atuação. ser lenta (como os esteroides) ou rápida.
Após a produção, eles são lançados no espaço ex- A solubilidade de um hormônio está relacio-
tracelular, penetram os capilares sanguíneos e se nada ao seu local de recepção na célula-alvo. A
distribuem por todo o corpo. maioria dos hormônios é hidrossolúvel e atua
A insulina, por exemplo, é um hormônio produ- sobre os receptores de membrana externamente,
zido no pâncreas e que percorre todo o organismo porém alguns são lipossolúveis e, por isso, atra-
por meio das células sanguíneas para retirar a gli- vessam a membrana plasmática com facilidade.
cose do sangue e enviá-la para os tecidos e que será No interior da célula, ligam-se aos receptores lo-
usada como recurso alimentar. De maneira similar, calizados no citoplasma ou no núcleo.
as auxinas nos vegetais atuam como hormônios de
crescimento nos meristemas.
A comunicação hormonal é relativamente Comunicação Parácrina
lenta porque a distribuição hormonal é por meio
da corrente sanguínea, e isto leva tempo. Os hor- A secreção parácrina é realizada por células es-
mônios deixam os capilares sanguíneos por di- pecializadas por meio de mediadores químicos
fusão, onde são captados por células que contêm de ação local. Os mediadores atuam em células
os receptores específicos, ou seja, as células-alvo. adjacentes; após a atuação, as moléculas podem
A especificidade hormonal depende da na- ficar retidas na matriz extracelular do local de
tureza química do hormônio, mas também da produção ou podem ser inativadas logo após exer-
existência de receptores apropriados na célula- cerem suas funções.
-alvo. As respostas ao estímulo de um hormô- Geralmente, a molécula secretada por um tipo
nio dependem do tipo de célula-alvo: o mesmo celular atua sobre outro tipo, porém, em algumas
hormônio pode ter ação inibitória de secreção vezes, a produção e a atuação das moléculas sina-
em alguns tipos celulares e liberar secreção em lizadoras são feitas pelo mesmo tipo celular, então
outros. Uma vez que o hormônio encontra sua a secreção é autócrina.
UNIDADE 2 87
Os mastócitos (Figura 30) são células de defesa que têm por mecanismo de atuação a secreção
parácrina de histamina e heparina no tecido conjuntivo. Ao receberem um estímulo, tais como os
antígenos do sistema imune ou a ação de agentes químicos, os grânulos de histamina e heparina são
expulsos dos mastócitos.
Receptor Antígeno
IgE
Liberação
dos grânulos
Histamina
Figura 30 - Esquema de um mastócito com o antígeno e seu Figura 31 - Mastócito (ao centro) com grânulos de histami-
receptor, os grânulos saindo do citoplasma e a histamina na e heparina que são liberados no tecido conjuntivo (em
saindo dos grânulos azul, ao redor), fotomicrografia óptica
Além da defesa contra patógenos e agentes ex- neurônio e uma célula efetora (excretora ou mus-
ternos, existem mediadores de ação local que cular).
atuam na inflamação, na proliferação celular, O neurônio é uma célula do sistema nervoso
no tubo digestivo, nos brônquios e na secreção constituída de dendritos, um corpo celular e o
celular. axônio, com seus terminais. Os dendritos cons-
tituem a parte receptora de sinais, eles são o local
por onde os neurotransmissores chegam a um
Neurotransmissores neurônio. O corpo celular é responsável pela
síntese de macromoléculas, é o local em que se
Os neurotransmissores são moléculas respon- encontram o núcleo, o retículo endoplasmático,
sáveis pela transmissão de informações nervo- os ribossomos e o Complexo de Golgi. O axô-
sas, provenientes, principalmente, de precursores nio forma terminais axônicos, que são os locais
proteicos. A comunicação celular por neuro- onde se formam as sinapses e onde são liberados
transmissores depende de estruturas altamente os neurotransmissores (Figura 32). Os dentrito,
especializadas, as sinapses. Sinapse é o local de o corpo celular e o axônio são os componentes
comunicação entre dois neurônios ou entre um básicos de um neorônio.
Terminais axônicos
Ca2+
Terminal axônico
Canais de Ca2+ Fenda sináptica
Membrana pós-sináptica
Canal iônico ligante
Neurônio pós-sináptico
Neurotransmissores são produzidos em vesículas nos terminais pré-sinápticos.
As sinapses podem ocorrer entre dois neurônios ou entre um neurônio e uma célula efetora, como as mus-
culares. No caso da comunicação com músculos, o principal neurotransmissor é a acetilcolina, liberada por
exocitose na placa motora (ou junção neuromuscular) que se forma no ponto de comunicação.
A comunicação por neurotransmissores é rápida e de breve duração. Além da acetilcolina (nos mús-
culos), GABA (ácido gama-aminobutírico), dopamina, serotonina e glicina também são exemplos de
neurotransmissores.
Algumas moléculas podem atuar como neurotransmissores e também por outro modo de comunicação.
Isto acontece com a epinefrina e a norepinefrina (também conhecidas como adrenalina e noradrenalina),
que atuam como neurotransmissores e também podem atuar como hormônios produzidos pelas glându-
las adrenais.
UNIDADE 2 89
Fechado Aberto
Complexo
conector
Monômero
de conexão
Membrana
plasmática
Espaço intercelular
Espaço de 2-4 nm
Canal hidrofílico
Figura 34 - Junções comunicantes ou gap junctions, presentes entre duas células contíguas que permitem comunicações
diretas entre as células por meio de moléculas que atravessam esses canais
Fonte: Wikimedia Commons (2015, on-line)8.
Além dos processos que você estudou ao longo delimitam o citoplasma, a membrana plasmática
deste tópico, que envolvem ligantes e receptores, regula as trocas entre os meios intra e extracelular.
algumas células conseguem se comunicar dire- No citoplasma, entre outros componentes, o citoes-
tamente por meio de moléculas que passam por queleto sustenta a estrutura e realiza movimentos
canais existentes entre células contíguas, as jun- celulares. Em todos os organismos multicelulares
ções comunicantes ou gap junctions (Figura 34). existe comunicação entre as células, feita por dife-
Caro(a) aluno(a), ao longo desta unidade, você rentes vias, por diversos mensageiros. Todos os co-
pôde conhecer melhor a estrutura de uma célula. nhecimentos desta unidade se integram de forma a
A ideia que orienta seus estudos aqui é conhecer os estruturar e a diferenciar as células, esta foi a primeira
componentes celulares, principalmente em células etapa no estudo aprofundado dos constituintes e do
eucariontes, como se você pudesse visualizar a cé- metabolismo celular, que serão importantes para as
lula “de fora para dentro”. Os envoltórios celulares próximas unidades.
UNIDADE 2 91
Você pode utilizar seu diário de bordo para a resolução.
92
4. O citoesqueleto é composto por microtúbulos, microfilamentos, filamentos
intermediários e proteínas motoras. Sobre este assunto, julgue as afirmativas
a seguir como verdadeiras (V) ou falsas (F).
( ) Os microtúbulos são importantes para a contração muscular.
( ) Microtúbulos são formados por dímeros de tubulina que se polimerizam ou
despolimerizam, aumentando ou diminuindo de tamanho.
( ) Os filamentos intermediários são os únicos tipos de filamentos do citoesqueleto
que não participam dos movimentos celulares.
93
DIABETES MELLITUS
O Diabetes Mellitus configura-se hoje como uma plicações, como a doença cardiovascular, a
epidemia mundial, e é um grande desafio para os diálise por insuficiência renal crônica e as cirur-
sistemas de saúde de todo o mundo. O envelhe- gias para amputações de membros inferiores.
cimento da população, a urbanização crescente No Brasil, o diabetes junto com a hipertensão
e a adoção de estilos de vida pouco saudáveis arterial, é responsável pela primeira causa de
como sedentarismo, dieta inadequada e obesi- mortalidade e de hospitalizações, de ampu-
dade são os grandes responsáveis pelo aumento tações de membros inferiores e representa
da incidência e prevalência do diabetes. ainda 62,1% dos diagnósticos primários em
pacientes com insuficiência renal crônica sub-
Segundo estimativas da Organização Mundial de metidos à diálise.
Saúde, o número de portadores da doença em
todo o mundo era de 177 milhões em 2000, com O diabetes é um grupo de doenças metabólicas
expectativa de alcançar 350 milhões de pessoas caracterizadas por hiperglicemia e associadas
em 2025. No Brasil são cerca de dez milhões de a complicações, disfunções e insuficiência de
portadores, e esse número ainda cresce. As con- vários órgãos, especialmente olhos, rins, nervos,
sequências humanas, sociais e econômicas são cérebro, coração e vasos sanguíneos. Pode resul-
devastadoras: são 4 milhões de mortes por ano tar de defeitos de secreção e/ou ação da insulina
relativas ao diabetes e suas complicações (com envolvendo processos patogênicos específicos,
muitas ocorrências prematuras), o que repre- por exemplo, destruição das células beta do pân-
senta 9% da mortalidade mundial total. creas (produtoras de insulina), resistência à ação
da insulina, distúrbios da secreção da insulina,
O grande impacto econômico ocorre nota- entre outros.
damente nos serviços de saúde, como
consequência dos crescentes custos do A classificação etiológica da doença a separa em
tratamento da doença e, sobretudo das com- duas categorias: Diabetes Tipo I e Tipo II.
94
DIABETES TIPO I
DIABETES TIPO II
O termo tipo II é usado para designar uma A maioria dos casos apresenta excesso de
deficiência relativa de insulina. A adminis- peso ou deposição central de gordura. Em
tração de insulina nesses casos, quando geral, mostram evidências de resistência à
efetuada, não visa evitar cetoacidose, mas ação da insulina e o defeito na secreção de
alcançar controle do quadro hiperglicêmico. insulina manifesta-se pela incapacidade de
A cetoacidose é rara e, quando presente, é compensar essa resistência. Em alguns indiví-
acompanhada de infecção ou estresse muito duos, no entanto, a ação da insulina é normal,
grave. e o defeito secretor mais intenso.
Fonte: Brasil (2006).
95
FILME
Quebrado
Ano: 2012
Sinopse: após testemunhar um ataque violento, a vida de uma jovem inglesa
é transformada e seu mundo começa a parecer cada vez mais estranho. Ela
enfrenta o desconhecido e o medo, vendo a inocência da infância ir embora,
com o apoio de Rick, um rapaz doce e sofrido. A comunidade em que vivem é
dividida pelo terrível crime e os esforços da menina vão alterar as opiniões e os
sentimentos dos moradores do bairro.
Comentário: o filme retrata de maneira realista o convívio diário com o diabetes
tipo 1 sob a ótica de uma menina de 11 anos.
WEB
96
ALBERTS, B.; JOHNSON, A.; LEWIS, J.; RAFF, M.; DE ROBERTS, K.; WALTER, P. Biologia molecular da
célula. 6. ed. Porto Alegre: Artmed, 2017.
BRASIL. Ministério da Saúde. Diabetes Mellitus. Cadernos de Atenção Básica n. 16. Brasília: Ministério da
Saúde, 2006. Disponível em: <http://bvsms.saude.gov.br/bvs/publicacoes/diabetes_mellitus.PDF>. Acesso em:
28 jan. 2019.
DE ROBERTS, E. M. F.; HIB, J. Bases da biologia celular e molecular. 3. ed. Rio de Janeiro: Guanabara Koo-
gan, 2001.
JUNQUEIRA, L. C.; CARNEIRO, J. Biologia Celular e Molecular. 9. ed. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan,
2012.
MOYES, C. D.; SCHULTE, P. M. Princípios de fisiologia animal. Porto Alegre: Artmed, 2009.
PELCZAR, M. J.; CHAN, E. C. S.; KRIEG, N. R.; EDWARDS, D. D.; PELCZAR, M. F. Microbiologia: conceitos
e aplicações. São Paulo: Makron Books, 1997.
Referências On-Line
⁷Em: <https://slideplayer.es/slide/134804/2/images/38/Mecanismo+de+curvatura+o+movimiento+de+un+-
microt%C3%BAbulo+en+cilios+y+flagelos.jpg>. Acesso em: 28 jan. 2019.
97
1. C.
2. Exemplo de resposta:
4. E.
5. B.
98
99
100
Me. Eloiza Muniz Capparros
Organelas Celulares e
Metabolismo Celular
PLANO DE ESTUDOS
Organelas Responsáveis
Cloroplastos e
Pela Síntese e Degradação
Fotossíntese
de Macromoléculas
OBJETIVOS DE APRENDIZAGEM
Introdução
Ao longo das duas primeiras unidades, você pôde compreende o conjunto de processos químicos de
perceber que todos os seres vivos são formados degradação e síntese de moléculas (JUNQUEIRA;
por células. Alguns são unicelulares, outros pluri CARNEIRO, 2015; DE ROBERTS; HIB, 2001).
ou multicelulares, as bactérias são procariontes, Para fins didáticos, organelas são definidas
mas você é um indivíduo formado por células aqui como todas as estruturas intracelulares pre-
eucariontes. A organização em grupos, entretanto, sentes em todas as células e que desempenham
não significa que as células são idênticas, muito funções bem definidas, sem necessariamente se-
pelo contrário, a diversidade delas é muito grande, rem delimitadas por membranas (JUNQUEIRA;
tanto para os organismos uni quanto os plurice- CARNEIRO, 2015). De acordo com esta definição,
lulares, em que há diferenças, inclusive, nos dife- tanto organismos procariontes quanto eucarion-
rentes tecidos que formam o mesmo organismo. tes têm organelas em sua estrutura, sendo que
A partir de agora, o foco será na estrutura cada tipo celular apresenta organização, quan-
e no funcionamento das organelas, de modo a tidade e tipos de organelas relacionadas ao seu
interligar isto com o metabolismo celular. Este metabolismo.
UNIDADE 3 103
Procariotos
As células procariontes (Figura 1), devido à estrutura Alguns podem apresentar parede celular ao
simples, apresentam variedade menor de organe- redor da membrana plasmática, que fornece rigi-
las quando comparadas às células eucariontes. Nos dez e funciona de modo análogo ao citoesqueleto,
procariontes, a célula é delimitada pela membrana que existe apenas em células eucariontes. Algumas
plasmática, que pode formar os mesossomos. Podem bactérias podem, ainda, apresentar uma cápsula
apresentar concentração de enzimas respiratórias, que as envolve e protege de fatores ambientais
fundamentais para o metabolismo. potencialmente danosos.
DNA plasmidial
DNA cromossômico
Ribossomos
Fímbrias
Cápsula
Parede celular
Membrana plasmática
Citoplasma
Flagelos
O DNA dos eucariontes é circular e fica no citoplasma, em uma região chamada nucleoide. Além do
DNA que forma os cromossomos, existe também o DNA no plasmídeo, o que é muito importante para
a manutenção da variabilidade genética dos procariontes, visto que a reprodução desses organismos é
feita por bipartição, ou seja, basicamente, são formados clones da célula original.
O citoplasma dos procariotos não apresenta organelas membranosas, sendo o citosol e os polirri-
bossomos os principais componentes. Os polirribossomos são resultados da união entre um ribossomo
e um RNAm (mensageiro), responsável pela síntese de proteínas.
No citoplasma, pode haver, ainda, a presença de grânulos diversos que, neste caso, são acúmulos de
alimentos. Nas bactérias fotossintetizantes existem membranas paralelas entre si que estão associadas
à clorofila ou, outros pigmentos, funcionando como reservatório. Alguns podem apresentar cílios e
flagelos, importantes para a locomoção.
Apesar da simplicidade estrutural, os procariotos apresentam grande diversidade metabólica, que
se reflete em sua distribuição universal. As condições ambientais em que vivem as bactérias e arqueias
são as mais variadas, incluindo lugares extremos em que as condições de temperatura, pH, umidade
e oxigênio disponível impossibilitam a vida de outros organismos.
As células eucariontes são aquelas que, por de- As estruturas e o funcionamento de cada organela
finição, apresentam núcleo. A complexidade es- serão estudados nos próximos tópicos. O objetivo
trutural dessas células, porém, vai muito além aqui é ter uma visão panorâmica a respeito das
do núcleo. Os eucariontes apresentam organelas organelas celulares.
endomembranosas, de modo que o citoplasma é Dentre os diferentes tipos celulares, existem
dividido em compartimentos ou microrregiões, diferenças significativas que distinguem células
onde se encontram moléculas diferentes do cito- animais e células vegetais (Figura 2). As vegetais
sol e que executam funções especializadas. apresentam estruturas e organelas que são ausen-
A compartimentalização do citoplasma das cé- tes nas células animais, que são:
lulas eucariontes aumenta a eficiência metabólica, • Presença de parede celular.
pois a separação das atividades permite que essas • Presença de plastídios (plastos), quando
células atinjam maior tamanho, sem prejuízo de não apresentam pigmento, são chamados
suas funções. de leucoplastos, quando têm pigmentos,
Além dos ribossomos, que também existem são cromoplastos. O tipo mais frequente
nas células procariontes, as organelas encontradas é o cloroplasto, rico em clorofila, que é o
em eucariotos são: principal pigmento fotossintético.
• Mitocôndrias: responsáveis pela respi- • Vacúolos citoplasmáticos são grandes re-
ração celular e o metabolismo energético. servatórios de diversas substâncias.
• Retículo endoplasmático: rede de vesí- • Presença de amido como polissacarídeo
culas que se comunicam e que são respon- de reserva. Nos animais, a reserva é de gli-
sáveis pela inativação de moléculas tóxicas, cogênio.
síntese de fosfolipídios e proteínas, produ- • Presença de plasmodesmos. Canais que
ção de hormônios esteroides, depósito de conectam as células vegetais adjacentes,
íons Ca²+. fornecendo resistência e capacidade de
• Complexo de Golgi: vesículas circulares comunicação. Com função análoga, os
achatadas ou esféricas, responsáveis pela animais apresentam junções comuni-
separação e endereçamento das moléculas cantes.
UNIDADE 3 105
Mitocôndria
Centríolo
Retículo
endoplasmático
Microtúbulos
Complexo
de Golgi
Lisossomos
Ribossomos
Vesículas
Núcleo
Nucléolo
Mitocôndria Membrana
Citoplasma Plasmática
Cloroplasto
Retículo
endoplasmático
Microtúbulos
Complexo
de Golgi
Lisossomos
Ribossomos
Vacúolo Parede
Celular
Núcleo
Plasmodesmo
Nucléolo
UNIDADE 3 107
Os compartimentos celulares (cisternas, sacos, serão abordados aqui também, por se tratarem de
túbulos, vesículas) têm comunicação uns com os organelas que degradam substâncias no interior
outros de maneira direta ou por meio de vesícu- das células.
las de transporte. As vesículas se originam em Todo o processo de síntese e degradação de
um compartimento e são transferidas para outro moléculas está relacionado, sendo que o retículo
em um processo de perda e ganho de membranas endoplasmático e o Complexo de Golgi são os
entre as organelas para que o conteúdo das vesícu- responsáveis pela produção de substâncias, en-
las seja transportado (DE ROBERTS; HIB, 2001). quanto os lisossomos e peroxissomos degradam
O sistema de endomembranas é composto pelo partículas e moléculas (Figura 4). Esses processos
retículo endoplasmático (liso e rugoso), o Com- têm fundamental importância para o equilíbrio
plexo de Golgi e os lisossomos. Os peroxissomos das funções celulares e do organismo em geral.
Nucléolo Cromatina
Membrana nuclear Núcleo
Poro nuclear
Retículo
Endoplasmático
Rugoso
(Síntese de proteínas e
participação em outras
funções). Retículo Endoplasmático Liso
(Síntese de lipídeos e participação
em outras funções).
Ribossomos
Vesícula de COMPLEXO
transporte
DE GOLGI
Proteínas do Retículo Vesícula se insere
Endoplasmático Rugoso na membrana
migrando para o complexo de plasmática.
Fagolisossomo
Golgi. Descarte de
Proteínas são modificadas Corpo partículas da
dentro do complexo de Golgi. residual digestão.
Fagossomo Micróbio
Proteínas são empacotadas
em vesículas secretoras Vesícula se torna
para exocitose. um lisossomo.
Proteínas secretadas
Receptor
Translocon de SRP
Peptidase Sinal
Interior do Retículo
Endoplasmático Passo 5
Rugoso
UNIDADE 3 109
As proteínas sintetizadas pelos polirribossomos celulares, incluindo os fosfolipídios e o colesterol
são processadas e acumuladas nas cisternas, de (JUNQUEIRA; CARNEIRO, 2015).
onde são transportadas para seus locais de destino
por meio de vesículas. Essas proteínas compo-
rão tanto as membranas quanto o interior das Complexo de Golgi
cavidades do próprio RE, do Complexo de Golgi
e também dos lisossomos (JUNQUEIRA; CAR- O Complexo de Golgi costuma se localizar pró-
NEIRO, 2015). ximo à região do retículo endoplasmático, mas
O REL pode ter continuidade com o RER e pode variar de acordo com o tipo e a função de
é responsável pela síntese de lipídios, processos célula. Costuma ser mais desenvolvido em célu-
de desintoxicação, degradação do glicogênio e las secretoras (Figura 6) e é formado por vários
também pelo controle da concentração de Ca2- compartimentos em sequência (sacos membra-
intracelular. O REL realiza a síntese da grande nosos, achatados e empilhados), revestidos por
maioria dos lipídios que compõem as membranas membranas, formando as cisternas.
Vermelho
Verde
Azul
Figura 6 - Microscopia eletrônica de transmissão mostrando Figura 7 - Microscopia eletrônica de transmissão mostrando
o citoplasma de uma célula da glândula suprarrenal, secre- o citoplasma de uma célula da glândula suprarrenal, secre-
tora de adrenalina; vermelho: cisternas do Complexo de tora de adrenalina, porém sem coloração
Golgi; verde: centríolos; azul: grânulos de secreção
Figura 8 - Eletromicrografia de transmissão com falsa Figura 9 - Eletromicrografia de transmissão com falsa co-
coloração, mostrando muitos lisossomos (vermelho) e o loração, mostrando muitos lisossomos, porém sem a colo-
citoplasma (verde); à esquerda, uma célula que secreta no- ração falsa
radrenalina (azul)
Cada lisossomo é envolvido por uma unidade de membrana e contém enzimas em seu interior (Figu-
ra 10). Essas enzimas são utilizadas pelas células para digerir moléculas introduzidas por pinocitose,
fagocitose ou mesmo organelas celulares, para manutenção de um bom estado funcional.
Os lisossomos podem digerir substâncias por meio de duas vias:
• Via endocítica (Figura 10): moléculas são englobadas por pinocitose seletiva e precisam da
separação prévia de seus receptores, realizada pelos endossomos.
• Via fagocítica/autofágica (Figura 11): quando a partícula é incorporada sem receptores, o li-
sossomo se funde à vesícula, formando um fagossomo (via fagocítica), os lisossomos também
podem digerir componentes citoplasmáticos (via autofágica).
UNIDADE 3 111
Membrana plasmática Lisossomo
Invaginação Endossomo
Receptor Degradação
Ligante
pensando juntos
Vacúolo residual
Vacúolo
autofágico
Fagossomo
Vacúolo digestivo
(lisossomo secundário)
A Lisossomo
primário
Sistema golgiense
Figura 11 - Mecanismo de ação direta dos lisossomos (A) via fagocítica; (B) via autofágica
Fonte: Só Biologia ([2019], on-line)3.
Peroxissomo é uma organela pequena, delimita- O nome dessas organelas se refere à sua ca-
da por membrana, que utiliza oxigênio molecu- pacidade de produzir e decompor peróxido de
lar para oxidar moléculas orgânicas. Com vida hidrogênio (H₂O₂). Em alguns casos, os peroxis-
média de cinco a seis dias, os peroxissomos se somos podem apresentar, em seu interior, uma
reproduzem por fissão binária (JUNQUEIRA; região chamada core cristaloide, decorrente da
CARNEIRO, 2015). alta concentração de enzimas (Figura 12).
Figura 12 - Estrutura do peroxissomo, indicando a mem- Figura 13 - Eletromicrografia com um peroxissomo iden-
brana que o envolve e o core cristaloide tificado
Fonte: adaptada de Wikimedia Commons (2006, on-line)4. Fonte: Infoescola (2010, on-line)5.
explorando Ideias
Síndrome de Zellweger
Também conhecida como síndrome cérebro-hepatorrenal, a Síndrome de Zellweger é uma
condição hereditária que é caracterizada pela redução ou ausência de peroxissomos nas célu-
las do fígado e do cérebro. Indivíduos com esta síndrome apresentam anomalias severas no
cérebro, fígado e rim, consequentemente, morrem logo após o nascimento.
Fonte: Junqueira e Carneiro (2012).
UNIDADE 3 113
Ribossomos e
Síntese de Proteínas
pensando juntos
Como exposto na primeira unidade, existem 20 tipos de aminoácidos que compõem as proteí-
nas nos seres vivos.
Fonte: a autora.
UNIDADE 3 115
Figura 14 - Combinações de códons possíveis no RNAm e seus respectivos aminoácidos, em diagrama e tabela
2ª BASE
U C A G
UUU Fenilalanina UCU UAU Tirosina UGU Cisteína (Cis) U
UUC (Fen) UCC UAC (Tir) UGC C
U UUA Serina (Ser)
UAA Codão de finaliza- UGA Codão de finaliza- A
Leucina (Leu) UCA ção ção
UUG UCG UAG Codão
ção
de finaliza- UGG Triptofano (Trp) G
CUU CCU CAU Histidina (His) CGU U
CCC Prolina (Pro) CAC CGC Arginina (Arg) C
C CUC Leucina (Leu)
CUA CCA CAA Glutamina CGA A
1ª BASE
3ª BASE
Síntese de proteínas
Iniciação
UNIDADE 3 117
Met O complexo formado pela subunidade
RNAt inicial menor do ribossomo e RNAt se ligam ao
marcador CAP-5'.
UAC
5’ AUG 3’
5’ cap Códon de iniciação
O complexo percorre o RNAt até
Met encontrar o códon de iniciação (AUG).
UAC
5’ AUG 3’
UAC
5’ AUG 3’
UAC
5’ AUG 3’
Complexo de iniciação
O complexo de iniciação reconhece o RNAm através do CAP-metil 5’. Depois de
identificado, o complexo percorre o RNAm até encontrar o códon de iniciação
(AUG), onde o códon iniciador (que carrega a Metionina) se liga. A subunidade
maior do ribossomo se une ao complexo de iniciação, dando início à tradução.
Figura 16 - Iniciação da tradução em eucariotos
Fonte: Khan Academy ([2019], on-line)7.
Nos procariotos (Figura 17), a iniciação é dife- Esta diferença existe porque os genes bacte-
rente. Isto porque a subunidade menor do ribos- rianos são traduzidos em grupos (chamados de
somo não começa pela extremidade 5’ e caminha operons), o que significa que um RNAm bacte-
para 3’. Ao invés disso, ela se associa diretamente riano pode conter as sequências codificadoras
a sequências específicas no RNAm, chamadas de para vários genes. A sequência Shine-Dalgarno
sequências Shine-Dalgarno. Essas sequências marca o início de cada sequência no RNAm, o
antecedem e apontam para os ribossomos e os que permite que o ribossomo encontre o códon
códons em que a tradução deve ser iniciada. de iniciação de cada gene.
fMet fMet
Subunidade
menor do E P A
ribossomo. RNAt inicial
UAC UAC
5’ GGAGG AUG 3’ 5’ GGAGG AUG 3’
Sequência Códon de
Shine-Dalgarno iniciação
Complexo de iniciação
Figura 17 - Iniciação da tradução em procariotos, com o intermédio da sequência Shine-Dalgarno que indica o início
correto da tradução.
Fonte: Khan Academy ([2019, on-line)7.
Alongamento
Como o próprio nome indica, nesta fase acontece a modo que o próximo RNAt se encaixa ali. O próximo
adição de aminoácidos nas cadeias polipeptídicas, RNAt é aquele que tem um anticódon correspon-
deixando-as maiores (ou seja, mais longas). Na etapa dente (complementar) ao do códon no sítio A. Por
de iniciação, o primeiro RNAt (transportador da exemplo, se o códon de RNAm exposto no sítio A é
Metionina) se encaixou no sítio P, o compartimento a trinca ACU, então o anticódon correspondente no
central. Ao lado, no sítio A, um novo códon (sequên- RNAt será UGA, que carrega o aminoácido Serina
cia de três pares de bases nitrogenadas) é exposto, de (reveja a Figura 15).
Ribossomos
RNAm
Subunidade
menor
UNIDADE 3 119
Na Figura 18, ocorre a ligação peptídica, entre os sítios P e A, que
une os aminoácidos. Depois que liberam os aminoácidos, o RNAt
é arrastado para o sítio E que, agora “vazio”, é liberado do complexo
de alongamento.
Depois que o RNAt se encaixa no sítio A, acontece a ligação
peptídica, que conecta os dois aminoácidos (no nosso exemplo, a
Metionina e a Serina), transferindo a metionina do primeiro RNAt
para o aminoácido do segundo RNAt, no sítio A. Depois que a
ligação peptídica acontece, o RNAm é puxado para frente no ribos-
somo, no sentido 5’ → 3’, “andando” um códon. O deslocamento faz
com que o RNAt inicial, agora sem o aminoácido, saia por meio do
sítio E. Além disso, um novo códon fica exposto no sítio A e todo
o ciclo recomeça.
Terminação
UNIDADE 3 121
pensando juntos
A fotossíntese, portanto, o fato de serem autotróficas, permitiu que as plantas se desenvolvessem com organis-
mos fixos no ambiente. Ao produzir seu próprio alimento, a necessidade de buscá-lo acaba.
Cloroplastos
pensando juntos
Pigmento é uma molécula capaz de absorver energia luminosa e, com ela, eleva seu nível ener-
gético, tornando-se excitada. As ligações químicas da fotossíntese captam a energia liberada
na excitação.
Fonte: a autora.
Em sua estrutura, cada cloroplasto apresenta três conjuntos de membrana: externa, a interna e as mem-
branas do tilacoide (Figura 19). Isso separa o cloroplasto em três compartimentos solúveis, o espaço
intermembranoso, o estroma e a luz do tilacoide.
Interior do
tilacoide
Granum
Lamela
Membrana Membrana
externa interna
Lamela do
estroma Estroma
Tilacoide
De acordo com essa reação, os átomos de carbono (C), o hidrogênio (H) e o oxigênio (O) provenientes
do dióxido de carbono (CO₂) e da água (H₂O) são rearranjados para formar açúcares (glicose) e gás
oxigênio (O₂). Desta forma, os componentes ambientais passam a fazer parte da estrutura dos vegetais
e, ao mesmo tempo, um componente (o gás oxigênio) é devolvido à atmosfera.
A energia necessária para formar uma molécula de glicose vem da luz solar e, por meio da fotos-
síntese, a energia luminosa é transformada em energia química, armazenada nas ligações químicas da
molécula de glicose. Essa energia química será utilizada posteriormente pela própria planta (ou então,
por outro organismo que se alimente dela).
Diferente do indicado pela reação simplificada, a fotossíntese não ocorre em uma etapa só. Ba-
sicamente, ela ocorre em duas etapas separadas e consecutivas, que estão interligadas. A primeira é
chamada de etapa fotodependente ou fotoquímica e ocorre na membrana dos tilacoides; a segunda
é denominada etapa bioquímica ou fotoindependente e suas reações ocorrem no estroma. Como
o próprio nome sugere, a presença de luz é fundamental para as reações químicas que ocorrem na
primeira etapa, mas é dispensável na segunda.
UNIDADE 3 123
Etapa fotoquímica
Nas membranas dos tilacoides existem fotossistemas, especializados na coleta e absorção de luz, que
têm papel chave nas reações fotoquímicas. A primeira reação da etapa fotoquímica é a fotofosforila-
ção não-cíclica, em que os elétrons são removidos das moléculas de água e levados aos fotossistemas
(FSII e FSI), para depois compor o NADPH (coenzima do complexo energético). Essa reação faz com
que a energia luminosa seja absorvida em dois momentos, um em cada fotossistema, produzindo ATP
(Figura 20).
CO2 Ciclo de
Calvin + Pi
H
Carboidratos ATP ADP
Ferrodoxina NADP NADPH +
H
Luz NADPH-redutase
Citocromo Luz FNR
+
H ATP-
Fd Ferrodoxina sintase
P680 b6f
FSI
FSII PQ +
H
PQH
PC
Membrana
Plastoquinona do tilacoide
H
+
Plastocianina
O2 +
H2O H
+
H +
H
Lumen do tilacoide
Legenda: A energia luminosa é absorvida pelo fotossistema I (PSI), onde excita um elétron da
clorofila e promove a quebra da molécula de água, liberando um novo elétron (da água) e
oxigênio (O2). O elétron deixa o FSII e atravessa a cadeia transportadora de elétrons, formada
pela plastoquinona (PQ), o complexo citocromo b6f e a plastocianina (PC). O transporte do
elétron pela cadeia faz com que o elétron perca energia, o que gera um gradiente de prótons.
Esse gradiente é usado pela ATP-sintase para produzir um ATP, adicionando um fosfato ao ADP.
No FSI, o elétron eleva novamente seu nível energético pela absorção de energia luminosa e,
então, é enviado para a enzima FNR (ferredoxina NADP-redutase), que transfere os elétrons
na produção de NADPH.
Essa etapa ocorre no estroma e não necessita diretamente de energia luminosa, mas usa ATP e NADPH
para fixar o dióxido de carbono (CO₂) e produzir açúcares de três carbonos, G3P (gliceraldeído-3-fos-
fato), que se unem para formar a molécula de glicose. Nos vegetais, o dióxido de carbono tem acesso
ao interior de uma folha por meio dos estômatos (Figura 21), células especiais que abrem e fecham.
Dos estômatos, difundem-se para o estroma dos cloroplastos, local em que ocorre as reações da etapa
bioquímica.
Figura 21 - Estômatos, complexos celulares que permitem Figura 22 - Fotomicrografia óptica de estômatos foliares
a entrada e saída de oxigênio e gás carbônico, indicando a
localização dos estômatos
UNIDADE 3 125
Na etapa bioquímica (ou Ciclo de Calvin), ocorre a fixação de átomos de carbono provenientes do
dióxido de carbono (CO₂). As reações dessa etapa podem ser divididas em três fases: fixação do car-
bono, redução e regeneração (Figura 23).
Cloroplasto
3 CO2
3 RuBp
3 RuBp
Ciclo de
Calvin 6 3-PGA
1. Fixação
Açúcar (glicose)
do carbono
6 ATP
6 Pi 3 ADP 3. Regeneração
da RuBP 6 ADP 6 Pi
3 ATP 2. Redução
6 NADPH
6 NADP 6 H
5 G3P
6 G3P
Açúcar
Cada reação está representada três vezes. O ciclo de Calvin é dividido em: fixação do carbono, em que
os carbonos do CO2 se unem à RuBP, formando duas moléculas 3-PGA; redução, ATP e NADPH são
usados para converter 3-PGA em G3P, que são liberados para formar a glicose; regeneração, RuBP é
reorganizada com a utilização de ATP.
• Fixação do carbono: as moléculas de dió- léculas de açúcar com três carbonos, o G3P
xido de carbono (CO₂) se unem à RuBP (gliceraldeído-3-fosfato), que é liberado
(1,5-ribulose-bifosfato), uma molécula do ciclo. Este processo é chamado de re-
receptora formada por cinco carbonos. dução, porque o NADPH doa elétrons, ou
Ao receber mais um, ela se torna um com- seja, reduz para um intermediário de três
posto com seis carbonos, que se divide em carbonos para formar o G3P.
duas moléculas com três carbonos cada, • Regeneração: duas moléculas de G3P pre-
o 3-ácido-fosfoglicérico (3-PGA), reação cisam se unir para compor a glicose, en-
catalisada pela enzima rubisco (RuBP car- quanto as demais, que permaneceram no
boxilase/oxigenase). ciclo, devem ser recicladas para regenerar
• Redução: ATP e NADPH são usados para o receptor da RuBP, processo que requer
converter as moléculas de 3-PGA em mo- energia do ATP.
Processo de fotossíntese
Açúcar Cloroplasto
Luz
Ciclo de
Calvin
Granum
pensando juntos
A fotossíntese tem grande importância ecológica, pois introduz carbono fixado (glicose) e ener-
gia aos ecossistemas, além de afetar a composição da atmosfera, pois remove CO2 e libera O2.
Fonte: a autora.
UNIDADE 3 127
Mitocôndrias e
Respiração Celular
As mitocôndrias (mitos, filamento; condria, partícula) são organelas membranosas esféricas ou alon-
gadas, presentes em todas as células eucariontes e responsáveis por extrair energia dos nutrientes.
Existem duas unidades de membrana revestindo cada mitocôndria, a externa e a interna (Figura 25).
Matriz
1. DNA
2. Grânulos
3. Ribossomos
4. ATP-sintase
A membrana externa é lisa e muito permeável de- Como são as organelas as responsáveis
vido à presença de aquaporinas. Sua principal função pela respiração celular e, consequentemente,
é separar mecanica e quimica o interior da mitocôn- pela obtenção de energia, as mitocôndrias são
dria do citoplasma celular. A membrana interna é mais numerosas em células com elevado me-
pregueada, originando dobras em forma de túbulos, tabolismo energético, como as células muscu-
as cristas mitocondriais. As duas membranas estão lares estriadas esqueléticas (que você viu na
localizadas de modo que formam compartimentos Unidade 2). A distribuição das mitocôndrias
dentro da mitocôndria: o espaço intermembrano- no citoplasma é bastante variável, mudando
so, formado entre as duas membranas e a matriz constantemente pela atividade das proteínas
mitocondrial, delimitado pela membrana interna. do citoesqueleto (Figura 26).
UNIDADE 3 129
Respiração Celular las de piruvato (ou ácido pirúvico; C₃H₄O₃), em
um processo que envolve dez reações químicas
Durante a respiração celular aeróbica, as molécu- diferentes.
las provenientes dos alimentos são rearranjadas de A glicólise é a etapa anaeróbia da respiração
modo que a energia armazenada fique disponível celular, porque ocorre na presença ou na ausência
para a célula, processo que consome gás oxigênio de oxigênio. É realizada em duas fases: investi-
(O₂), libera gás carbônico (CO₂) e demanda ener- mento e compensação, e resulta na formação de
gia, obtida pela degradação das moléculas de ATP. duas moléculas de ATP.
A respiração celular se inicia no citoplasma, • Investimento: nesta fase, são “gastos” dois
mas são as mitocôndrias que possuem a maqui- ATPs, formando ADP+Pi. Os dois Pi (fos-
naria para a fosforilação oxidativa aeróbica, que fato inorgânico) são adicionados à molé-
é muito eficiente na transferência da energia dos cula de glicose, ativando-a. A glicose fica
nutrientes para o ATP. As moléculas energéticas instável e se quebra em ácido pirúvico.
mais usadas pelas células são a glicose e os ácidos • Compensação: a quebra da glicose em
graxos. A respiração celular pode ser dividida em ácido pirúvico libera 4 ATPs, porém, como
três etapas principais: a glicólise, o ciclo do áci- dois foram usados na fase de investimento,
do cítrico (ou ciclo de Krebs) e a fosforilação o saldo final da glicólise é de 2 ATPs.
oxidativa.
Durante a glicólise também são liberados quatro
elétrons e quatro íons H+. Desse, dois H+ e quatro
Glicólise elétrons são capturados por duas moléculas de
NAD+ (dinucleotídeo nicotinamida-adenina),
A primeira etapa da respiração ocorre no citosol, produzindo NADH. O ácido pirúvico será utili-
ou seja, fora da mitocôndria e é chamada de glicó- zado na próxima etapa, no ciclo do ácido cítrico.
lise. Como o próprio nome sugere (glico, glicose; Assim, a equação da glicólise pode ser re-
lise, quebra), nesta etapa, ocorre a quebra de uma presentada da seguinte maneira (lembrando:
molécula de glicose (C₆H₁₂O₆) em duas molécu- C₆H₁₂O₆ é a glicose e C₃H₄O₃ é o ácido pirúvico):
pensando juntos
Piruvato é sinônimo de ácido pirúvico, que é composto de menor energia que se pode obter da
glicose sem a utilização de oxigênio.
Glicólise
Piruvato
Figura 27 - Vias aeróbia (laranja) e anaeróbica (verde e lilás) do piruvato formado a partir da glicólise
Fonte: Wikimedia ([2019], on-line)8.
Na presença de oxigênio, inicia-se o ciclo do ácido Em seguida, o ciclo do ácido cítrico se inicia
cítrico. Na ausência, ocorre a fermentação láctica a partir da condensação da acetil-CoA, prove-
(em células musculares ou bactérias lácticas) ou niente do piruvato, ou então, da β-oxidação dos
alcoólica (em leveduras). ácidos graxos, com o ácido oxalacético, pro-
duzindo o ácido cítrico. Assim, inicia-se um
ciclo de reações enzimáticas (desidrogenases),
Ciclo do Ácido Cítrico em que ocorre a liberação gradual de elétrons
e prótons, que também libera gás carbônico
Também conhecido como Ciclo de Krebs (Fi- (CO₂). Após todas as reações, o ácido cítrico
gura 28), esta etapa da respiração celular se inicia dá origem ao ácido oxalacético, que reinicia
logo após a glicólise, com o transporte do ácido o ciclo.
pirúvico para a matriz mitocondrial. É uma etapa Os elétrons e os íons H+ são captados por
aeróbia, ou seja, só ocorre na presença de oxigênio. moléculas de NAD+ (nicotinamida adenina-
Na matriz, o ácido pirúvico reage com a coenzima -dinucleotídeo) e FAD (flavina adenina dinu-
A (CoA) e forma Acetilcoenzima-A (Acetil-CoA) cleotídeo), formando três NADH e um FADH₂,
e gás carbônico (CO₂). Nesse processo, uma mo- respectivamente. Durante o ciclo, a energia li-
lécula de NAD+ é transformada em NADH pela berada também leva à formação do GTP (gua-
captura de dois elétrons e um dos dois íons H+ nosina trifosfato), molécula semelhante ao ATP.
que foram liberados na reação.
UNIDADE 3 131
Ciclo de
Krebs
Célula Respiração celular
Ciclo de
Krebs
A Acetil-CoA (com dois carbonos; 2C) se une ao ácido oxalacético (com quatro
carbonos; 4C) para formar o citrato (com seis carbonos; 6C).
Após sucessivas reações com as enzimas desidrogenases, são liberados íons H+,
elétrons (captados por NAD+ ou FADH) e gás carbônico. Ao final do ciclo, o ácido
oxalacético (4C) se recompõe para dar início a um novo ciclo.
Fosforilação oxidativa
A terceira e última etapa da respiração celular ocorre na membrana interna da mitocôndria, em que
elétrons são transportados da matriz para o espaço intermembrana e há a produção de ATP por
quimiosmose. A participação do oxigênio é fundamental para essa etapa e, sem ele, o processo seria
interrompido, pois os elétrons não seriam transportados.
pensando juntos
Nas células procariontes (bactérias) não há mitocôndrias e a cadeia que transporta elétrons se
encontra na face interna da membrana plasmática dessas células.
Fonte: a autora.
Na fosforilação oxidativa, ocorre a reoxidação das moléculas de NADH e FADH₂. Devido à grande
afinidade com o gás oxigênio, os elétrons são “roubados” e percorrem quatro grandes complexos
proteicos na membrana interna da mitocôndria (Figuras 29), liberando, no percurso, uma grande
quantidade de energia. Essa energia ocasiona a passagem dos íons H– da matriz mitocondrial para o
espaço intermembranoso.
Legenda: Em verde estão representados os quatro grandes complexos proteicos que separam
o espaço intermembranoso (acima) da matriz mitocondrial (abaixo). As moléculas de NADH e
FADH2, formadas nas etapas anteriores, reagem com o oxigênio, liberando íons H+ e elétrons,
o que forma NAD+ e FAD. Enquanto os elétrons são transportados até chegarem ao oxigênio, é
liberada grande quantidade de energia. que promove a passagem dos íons H+ da matriz mito-
condrial para o espaço intermembranoso. Como a concentração de íons H+ é maior no espaço
intermembranoso, eles tendem a voltar para a matriz e, no caminho, atravessam a enzima
ATP-sintase, que forma ATP. Os elétrons se juntam ao oxigênio e formam moléculas de água.
Como a concentração de íons H+ no espaço entre ATP-sintase utiliza o fluxo de H+ para adicionar
as membranas é bastante elevada, eles tendem a um fosfato ao ADP, formando ATP (Figura 30).
retornar à matriz mitocondrial e, no caminho, Esse processo é chamado quimiosmose, pois
ativam a enzima ATP-sintase. Isto porque a mem- gera um ATP usando a energia de um gradiente
brana interna é impermeável a esses íons e, então, químico, e a reação ADP → ATP é chamada de
o único canal disponível é por meio da enzima. A fosforilação oxidativa.
UNIDADE 3 133
Figura 30 - Atividade da ATP-sintase
A fosforilação oxidativa é responsável pela maior parte dos ATPs produzidos pela célula. O saldo
energético, ao final da respiração celular, é de 30 ATPs, sendo que:
• Glicólise 2 ATPs.
• Ciclo do ácido cítrico 2 ATPs.
• Fosforilação oxidativa 26 ATPs.
Apesar de tratadas em separado, as etapas da respiração celular são contínuas e ocorrem em locais dife-
rentes na célula, de modo que os produtos de cada etapa são importantes para as próximas (Figura 31).
Ciclo
de
Acetil-CoA Krebs
Fosforilação
Mitocôndria oxidativa
Citosol
Legenda: No citosol, uma molécula de glicose é quebrada em duas de piruvato. Ele é oxidado e
forma a acetil coenzima-A, que, na matriz mitocondrial, entra no ciclo do ácido cítrico. Os NADH
e FADH2 formados na glicólise e no ciclo do ácido cítrico são oxidados na cadeia transportadora
de elétrons, promovendo a formação de ATPs em grande quantidade.
Outra reflexão importante a ser feita é a respeito da relação entre a respiração celular e a fotossíntese.
Você estudou cada processo em separado e, apesar de ocorre em locais e até em organismos diferentes,
eles estão intimamente ligados. Isto porque os produtos da respiração celular (gás carbônico e água)
são exatamente os reagentes da fotossíntese, enquanto o produto da fotossíntese (glicose e oxigênio)
também são os produtos da respiração celular (Figura 32).
UNIDADE 3 135
Fotossíntese
Luz
solar
Cloroplasto
UNIDADE 3 137
Você pode utilizar seu diário de bordo para a resolução.
138
3. Analise as afirmativas a seguir e assinale V para o que for verdadeiro e F para
falso:
( ) Os ribossomos são as organelas responsáveis pela síntese de proteínas e estão
presentes em todas as células.
( ) O RNA transportador carrega mensagens que serão “lidas” pelos ribossomos
para a produção de proteínas.
( ) A síntese de proteínas e dos componentes que participam dela acontece no
citoplasma.
( ) Na formação de uma proteína, os aminoácidos são unidos por ligações pep-
tídicas.
139
1. GLICÓLISE, FERMENTAÇÃO E CULINÁRIA
Há muito tempo, a humanidade vem consu- A fermentação láctica é assim chamada porque
mindo alimentos fermentados, que, além de produz o ácido láctico como composto principal.
conferir às matérias-primas utilizadas um sabor É um processo bioquímico realizado por bac-
agradável, também prolongam a durabilidade térias lácticas como Lactobacillus delbrueckii, L.
dos alimentos, como é o caso do iogurte. bulgaricus, L. pentosus, o L. casei, L. leichmannii
e Streptococcus lactis, entre outros.
Embora alguns micro-organismos façam mal à
saúde, alguns são de grande importância e não A fermentação do leite resulta em vários tipos
nos fazem mal, podendo até conferir benefícios de produtos. Todos eles possuem durabili-
à saúde, como os leites fermentados. dade (ou vida de prateleira) mais extensa do
que a do leite fresco. Esse fato deve-se à pro-
Os leites fermentados podem melhorar a flora dução do ácido láctico, que resulta em maior
intestinal, fortalecer o sistema imunológico, acidez e abaixamento do pH do meio, dificul-
auxiliar no combate ao colesterol, entre outros tando o crescimento de micro-organismos que
benefícios. Acredita-se que sejam capazes até de podem fazer mal à saúde humana ou deterio-
prevenir determinados tipos de câncer no estô- rar o produto.
mago e no intestino. Os benefícios do iogurte
estão diretamente ligados ao aparelho digestivo,
regulando o intestino e combatendo também
prisão de ventre. O iogurte é produzido por meio O leite empregado no processo de fermentação
da fermentação do leite. Entre as fermentações deve ser de boa procedência e qualidade, livre
utilizadas em alimentos destacam-se como as de antibióticos ou resíduos tóxicos, importante
mais importantes, a fermentação alcoólica, a para garantir a segurança alimentar do produto,
fermentação acética e a fermentação láctica. mantendo o padrão de qualidade estabelecido
pela legislação em vigor no país que o produz
Fermentação alcoólica: realizada por diversos e comercializa.
micro-organismos, bastante utilizada na fabri-
cação de bebidas alcoólicas, como a cerveja, o É importante entender que, por mais avançada
vinho, entre outros. Produz como principal pro- que seja a tecnologia empregada no processa-
duto o álcool. mento do leite fermentado, nunca se conseguirá
fabricar um produto de boa qualidade a partir
Fermentação acética: largamente utilizada na de matéria-prima deficiente.
indústria de alimentos, utiliza micro-organis-
mos como as bactérias acéticas, com a finalidade Vários defeitos de fabricação podem ocorrer
de produzir, por exemplo, o vinagre, gerando o devido à contaminação do leite, por exemplo,
ácido acético como principal composto. a coagulação incompleta, sabor amargo ou de
ranço. Portanto, deve-se utilizar leite de boa
Fermentação láctica: é aplicada na produção procedência, bem refrigerado e livre de conta-
de diversos alimentos, tanto de origem vegetal, minantes (pesticidas, herbicidas e sanitizantes).
como picles, chucrute e azeitonas, quanto de ori-
gem animal, como queijos, iogurtes e salames.
Fonte: Martins, Veiga e Castilho (2014).
140
LIVRO
FILME
O Óleo de Lorenzo
Ano: 1992
Sinopse: um garoto é diagnosticado com uma doença extremamente rara, que
provoca uma preocupante degeneração no cérebro. No filme, seus pais passam
a estudar e a pesquisar uma possível cura, na esperança de descobrir algo que
possa deter o avanço da doença.
WEB
WEB
141
ALBERTS, B.; JOHNSON, A.; LEWIS, J.; RAFF, M.; DE ROBERTS, K.; WALTER, P. Biologia molecular da
célula. 6. ed. Porto Alegre: Artmed, 2017.
DE ROBERTS, E. M. F.; HIB, J. Bases da biologia celular e molecular. 3. ed. Rio de Janeiro: Guanabara
Koogan, 2001.
JUNQUEIRA, L. C.; CARNEIRO, J. Biologia Celular e Molecular. 9. ed. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan,
2012.
RAVEN, P. H.; EVERT, R. F.; EICHORN, S. E. Biologia vegetal. 7. ed. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 2007.
Referências On-Line
²Em: <https://c8.alamy.com/compde/bb46kp/rezeptor-vermittelte-endozytose-ermoglicht-zellen-molekule-wie-
proteine-aufnehmen-die-fur-die-normale-zellfunktion-notwendig-sind-bb46kp.jpg>. Acesso em: 28 jan. 2019.
6Em: <https://essaseoutras.com.br/tabela-do-codigo-genetico-universal-com-codons-de-rnam-aminoacidos/>.
Acesso em: 29 jan. 2019.
7Em: <https://pt.khanacademy.org/science/biology/gene-expression-central-dogma/translation-polypeptides/a/
the-stages-of-translation>. Acesso em: 29 jan. 2019.
8Em: <https://upload.wikimedia.org/wikipedia/commons/thumb/3/32/Voies-aerobiose-anaerobiose.svg/941px-
Voies-aerobiose-anaerobiose.svg.png>. Acesso em: 29 jan. 2019.
142
1. Exemplo de resposta:
Procariontes Eucariontes
R.E. e Complexo Presentes em todas
Síntese de moléculas. Ausentes.
de Golgi as células.
Lisossomos e Presentes em todas
Degradação molecular. Ausentes.
Peroxissomos as células.
Ribossomos Síntese de proteínas. Presentes. Presentes.
Apenas em vegetais
Cloroplastos Fotossíntese. Ausentes.
e algas.
Presentes em todas
Mitocôndria Respiração celular. Ausentes.
as células.
2. B.
3. A.
4. C.
5. Exemplo de resposta: os cloroplastos realizam a fotossíntese a partir de moléculas de gás carbônico e água,
em que são produzidas moléculas de glicose e gás oxigênio, utilizando a energia da luz solar. As mitocôn-
drias utilizarão a glicose produzida na fotossíntese como fonte de energia para as células na respiração
celular. A glicose reage com o oxigênio (os produtos da fotossíntese), formando gás carbônico e água, que
são exatamente os reagentes da fotossíntese.
143
144
Me. Eloiza Muniz Capparros
PLANO DE ESTUDOS
Divisão Celular
Ciclo Celular
I: Mitose
Núcleo Celular,
Especialização e Divisão Celular
Material Genético
Diferenciação Celular II: Meiose
Expressão Gênica
OBJETIVOS DE APRENDIZAGEM
• Reconhecer elementos nucleares relacionando-os com a • Diferenciar e identificar os principais eventos que ocorrem
expressão gênica. em cada uma das fases da Mitose (prófase, metáfase,
• Identificar cada uma das fases do ciclo celular (G0; G1; anáfase e telófase).
S; G2 e divisão celular), bem como os eventos que nelas • Diferenciar e identificar os principais eventos que ocorrem
ocorrem. em cada uma das fases da meiose (meiose i e meiose ii).
• Reconhecer os principais eventos pelos quais as células
passam durante o processo de especialização e diferen-
ciação.
Núcleo, Ciclo
Celular e
Divisão Celular
Introdução
Núcleo
Como você já viu anteriormente, o núcleo celular (Figura 1) está presente apenas em células eucariontes
e é a principal estrutura que as diferencia das células procariontes.
UNIDADE 4 147
Na Figura 1, o envelope nuclear é representado ca. Na face citoplasmática da membrana externa
pela cor vermelha; a cromatina, verde; o nucléolo, que forma o envelope nuclear, são encontrados
azul. No citoplasma, é possível ver grande quanti- polirribossomos, que se estendem até o início do
dade de retículo endoplasmático rugoso. retículo endoplasmático rugoso (RER). Na su-
Por meio da expressão gênica, o material gené- perfície interna da membrana nuclear existe uma
tico nuclear controla o metabolismo da célula, pois rede de proteínas chamada lâmina nuclear, com
o DNA é transcrito em RNA, que (quase todos) são função de sustentação.
traduzidos em proteínas, o produto final da infor- Em cada célula, a posição do núcleo é fixa no
mação genética. O fluxo direcional da informação citoplasma, pois ele está associado a componentes
genética (DNA → RNA → proteínas) é chamado de do citoesqueleto. O componente mais importante
dogma central da Biologia Molecular. do núcleo, entretanto, é o DNA e, associado a ele,
O núcleo (Figura 3) é separado do citoplasma o RNA. Juntos, eles formam o material genético
por uma dupla membrana, chamada de cariote- celular.
Lâmina Nucleoplasma
nuclear
Nucléolo Cromatina
Poro nuclear Nucléolo
Figura 3 - Núcleo celular: a membrana, os poros, a lâmina Figura 4 - Núcleo celular: a membrana, os poros, a lâmina nu-
nuclear e o nucléolo clear, o nucléolo, o nucleoplasma, os ribossomos e a cromatina
Na Figura 5, observa-se (de cima para baixo) os possível visualizá-los em microscópio óptico. Porém
cromossomos celulares condensados e a estru- quando a célula não está em divisão celular (o que
tura em dupla-hélice do filamento de DNA, que ocorre na maior parte do tempo de vida de uma
se associa a proteínas histonas, formando um célula), o DNA associado às histonas assume uma
cromossomo que se condensa e fica visível ao forma menos condensada, a cromatina (Figura 7).
microscópio óptico. É na forma de cromatina que o DNA se expressa nas
Durante a divisão celular, os cromossomos se células, pois apenas assim ele pode ser transcrito nos
condensam em seu grau máximo, de modo que é diferentes tipos de RNA.
UNIDADE 4 149
Figura 7 - Filamento de DNA associado às proteínas histonas, formando os nucleossomos
Expressão gênica
Transcrição
A RNA-polimerase se liga a uma sequência espe- Nesta etapa, a fita molde de DNA é “lida” pela RNA-
cífica de DNA, chamada de promotor, encontra- -polimerase, uma base nitrogenada (A, C, G, T) por
da próxima ao início de um gene. Em seguida, a vez e, a partir de cada base encontrada no DNA, é
RNA-polimerase se posiciona para iniciar a trans- adicionada uma base complementar na cadeia de
crição no local e na direção corretos. nucleotídeos do RNA. Por exemplo, se no filamento
As duas fitas de DNA são separadas, formando molde (DNA) está uma Guanina (G), será adicio-
uma forquilha (ou bolha) de transcrição. Este é o nada ao RNA uma Citosina (C) (Figura 8). O RNA
local onde a transcrição ocorrerá, pois a fita molde transcrito carrega a mesma informação que o fila-
de cadeia simples (filamento único) de DNA fica mento do DNA não usado como molde, mas com a
exposta para a “leitura” pela RNA-polimerase. base nitrogenada Uracila (U) no lugar da Timina (T).
UNIDADE 4 151
Nas células eucariontes existem muitas regiões não codificadoras de DNA chamadas íntrons. Essas
sequências precisam ser removidas para que os éxons (sequências codificadoras) sejam unidos. Este
processo é chamado de splicing (Figura 9).
Figura 9 - Splicing em eucariotos: remoção de íntrons e união dos éxons depois que o RNA é transcrito
Fonte: Wikimedia Commons (2013, on-line)².
5΄UTR Sequência
codante Cauda
Códon de Códon de
Cap 5΄ iniciação 3΄UTR Poli-A
terminação
Extremidade 5΄ Extremidade 3΄
Figura 10 - CAP-5’ e cauda Poli-A adicionados ao RNA transcrito, no processamento antes do envio para os ribossomos
Fonte: Wikimedia Commons (2010, on-line)³.
É importante lembrar que, nos eucariotos, a transcrição ocorre no núcleo e a tradução no citoplasma,
onde estão os ribossomos. Nos procariotos, porém, não há membrana nuclear separando o material
genético dos ribossomos, então tudo acontece no citoplasma.
Tradução
A tradução consiste no processo de formar um polipeptídeo (proteína) a partir de um RNAm que foi
formado no processo de transcrição. Dizemos que o RNA é traduzido na sequência de aminoácidos
que formam o polipeptídeo.
Você estudou sobre a tradução na Unidade 3 (ribossomos e a síntese de proteínas), então, caso jul-
gue necessário, retorne a esta seção para conectar as informações e aprimorar os seus conhecimentos.
UNIDADE 4 153
Ciclo
Celular
Em seu corpo existem dois tipos de células: somáticas e reprodutivas. Células reprodutivas são ovócitos (mulhe-
res) ou espermatozoides (homens); as somáticas são todas as demais células.
Fonte: a autora.
Crescimento celular
(aproximadamente 4h).
Crescimento celular
(aproximadamente 10h).
UNIDADE 4 155
Aqui, neste tópico, o foco será a interfase. A mitose Fase G₁
será trabalhada mais adiante, especificamente, em
Divisão Celular I: mitose. A fase G₁ se inicia logo que uma mitose acaba. A
síntese de RNA e proteínas recomeça e, devido à
grande atividade metabólica, a célula cresce, re-
Interfase plica organelas e também produz componentes
celulares que serão úteis na fase S, tais como as
A interfase é o período entre duas divisões celu- DNA-polimerases e as proteínas histonas. Duran-
lares. É uma fase preparatória que inclui eventos te essa fase, ocorre também uma importante de-
fundamentais para que a próxima divisão celular cisão celular: entrar em um novo ciclo de divisão
ocorra, como a duplicação do DNA. A fase de celular ou retirar-se dele, entrando em um estado
duplicação do DNA é chamada de fase S, de du- quiescente (fase G₀). Essa decisão é chamada de
plicação ou síntese, daí o nome. ponto de checagem G₁ e é determinada por fa-
As fases que ocorrem imediatamente antes e tores externos, tais como fatores de crescimento
depois da fase S são chamadas de G₁ e G₂. A letra ou nutrientes.
G se refere a gap (intervalo, em inglês). A fase G₁ Se a célula passar pelo primeiro ponto de che-
é o período pós-mitótico ou pré-sintético, pois cagem e entrar na fase S, então ela continuará o
ocorre a partir do fim de uma mitose até o início processo de divisão celular. Neste ponto, a célula
da síntese de DNA (fase S). A fase G₂, entretanto, é verifica se as condições estão favoráveis à divisão
chamada de período pós-sintético ou pré-mitóti- celular avaliando fatores, como: tamanho da célu-
co, porque se inicia logo que a duplicação do DNA la, disponibilidade de nutrientes, sinais molecula-
termina e se estende até o início da divisão celular. res (como fatores de crescimento) e integridade
Apesar de levarem em seus nomes o termo “in- do DNA.
tervalo”, o que fazia referência a um suposto repou- Se, entretanto, a célula não obtém os sinais que
so celular, as fases G₁ e G₂ são os períodos em que a precisa para seguir em frente no ciclo celular, ela
célula está em maior atividade metabólica, inclusiva pode sair do ciclo e entrar em um estado de re-
na síntese de RNA e proteínas. Além disso, ocorre o pouso, chamado fase G₀. Essa fase tem duração
crescimento contínuo da célula e os mecanismos de bastante variada e, em algumas células, a fase G₀
controle da divisão celular. Assim, a interfase pode pode acabar quando as condições externas esti-
ser dividida em três fases: G₁, S e G₂. verem favoráveis à divisão.
A fase S é caracterizada pela duplicação (ou síntese) do DNA (Figura 12). Durante toda a fase G₁, a
célula possui uma quantidade de DNA que será chamada de “C”. Ao longo da fase S, essa quantidade
é duplicada e o núcleo celular, então, passa a ter 2C. Durante toda a fase G₂, a quantidade de DNA
continua duplicada e só recai novamente para a C durante a mitose, que separa os núcleos das duas
células que estão se formando, chamadas células-filhas.
2C
C
C1 S C2 M C1 S
Tempo
INTÉRFASE MITOSE INTÉRFASE
Figura 12 - Gráfico da quantidade de DNA por núcleo ao longo do ciclo celular
Fonte: Biologia e Vida (2017, on-line)4.
Observe na figura que, na fase G₁ da interfase, a célula possui uma quantidade C de DNA. Durante
a fase S, essa quantidade é duplicada e a célula, então, passa a ter 2C. Essa quantidade duplicada
permanece durante toda a fase G₂ e só recai novamente para a C durante a mitose, que separa os
núcleos das duas células que estão se formando.
Logo que a síntese de DNA começa, inicia-se também a fase S. Ocorre, então, uma série de
processos chamados de replicação, duplicação ou síntese de DNA. Além do DNA, também são
duplicados os centrossomos, estruturas que organizam os microtúbulos que participam da sepa-
ração do DNA na fase M.
UNIDADE 4 157
Replicação do DNA replicação do DNA é que ela é semiconservativa
(Figura 13). Isto quer dizer que cada fita na dupla
O processo de replicação do DNA é fundamental hélice, que forma o DNA, serve de modelo para a
para a divisão celular, pois o DNA duplicado na síntese de uma fita nova, a complementar. Além
fase S é, posteriormente, separado na mitose. Esse disso, depois que as novas fitas são sintetizadas,
processo de replicação, seguido da mitose, garante elas se unem cada uma à sua fita molde. Assim,
que o DNA se propague nas células ao longo das de cada fita nova de DNA sintetizado, uma fita
gerações (DE ROBERTS; HIS, 2001). da dupla-hélice é velha, pois uma era o molde e a
Uma das características mais importantes da outra é nova, recém-produzida.
A síntese das novas moléculas de DNA é realizada Além da DNA-polimerase, outras enzimas
por um conjunto de enzimas associadas à DNA- participam do processo de replicação (Figura 14):
-polimerase, que é a enzima chave no processo de • Helicase: abre a dupla fita na forquilha de
replicação. A DNA-polimerase adiciona nucleo- replicação.
tídeos, um a um, na extremidade 3’ da nova fita • Topoisomarase: segura o DNA na região
de DNA de maneira complementar à fita molde. anterior à forquilha, evitando que ele se
Para que isso aconteça, entretanto, é preciso ter enrole.
uma sequência de nucleotídeos chamada primer • Primase: produz primers de RNA com-
(iniciador), pois a DNA-polimerase não inicia plementares à fita de RNA.
sozinha o trabalho de síntese. Além disso, ao final • DNA polimerase I: remove os primers de
da síntese da nova fita de DNA, elas revisam seu RNA e os substitui por DNA.
trabalho, removendo nucleotídeos que são adicio- • DNA ligase: fecha as lacunas entre os frag-
nados de maneira incorreta à cadeia. mentos de DNA.
A replicação do DNA começa em locais especí- Em cada uma das duas fitas abertas, ocorre
ficos, chamados de origens de replicação. Esses a síntese de novas fitas. A DNA-polimerase,
locais possuem diversas ligações A-T (com duas entretanto, só pode adicionar nucleotídeos na
pontes de hidrogênio), que permitem que o DNA extremidade 3’, ou seja, no sentido 5’ 3’. De-
se abra mais facilmente. A helicase reconhece a vido à complementaridade das duas fitas do
origem e abre o DNA, quebrando as pontes de DNA, a dupla hélice é antiparalela: uma das
hidrogênio entre os pares de bases nitrogenadas. fitas começa com 5’ e termina com 3’, enquan-
Depois, ela prossegue quebrando as pontes de to a outra, na mesma direção, começa com 3’
hidrogênio por toda a fita de DNA, até que a re- e termina com 5’. Esta propriedade do DNA
plicação termine. faz com que a replicação ocorra de maneira
Assim, a forquilha se abre para que a DNA-po- diferente nas duas fitas.
limerase comece a trabalhar. Essa enzima, porém, Na fita em que a DNA polimerase começou a
não consegue adicionar o primeiro nucleotídeo síntese no sentido 5’ 3’, chamada de fita líder
à nova fita. Este trabalho é feito pela primase, ou contínua, a replicação ocorre de uma só vez,
enzima que produz um primer de RNA, ou seja, pois a DNA-polimerase se desloca no mesmo
uma pequena sequência (entre cinco a dez nu- sentido da forquilha de replicação. A outra fita,
cleotídeos) de RNA complementar ao DNA, que que se desloca no sentido inverso, tem a síntese
fornece uma extremidade 3’, em que a DNA-po- realizada em fragmentos. Por isso, essa fita é
limerase inicia a síntese. chamada de tardia ou descontínua.
UNIDADE 4 159
Isso significa que, na síntese dessa cadeia, são mers de RNA, substituindo-os por DNA. Então,
produzidos vários fragmentos de DNA com pri- a DNA-ligase une os fragmentos descontínuos de
mers de RNA 5’ nas extremidades. Esses fragmen- DNA, formando uma fita contínua.
tos são unidos posteriormente. Esses trechos são Logo que a fase S termina e até que as molécu-
conhecidos por fragmentos de Okazaki. A fita las de DNA sejam separadas na mitose, elas per-
líder precisa de apenas um primer para sua repli- manecem unidas na altura do centrômero (Figura
cação, enquanto a fita tardia precisa de um primer 15). Enquanto permanecem unidos, cada um dos
para cada fragmento de Okazaki. fragmentos de DNA é chamado de cromátide-ir-
Depois que as duas fitas foram duplicadas, a mã (DE ROBERTS; HIS, 2001).
DNA-polimerase revisa o DNA e remove os pri-
Quando o DNA está duplicado, cada uma das celular acontece nesta fase, chamado de ponto de
duas moléculas de DNA recebe o nome de cromá- checagem G₂. Neste momento, alguns mecanismos
tide (juntas, elas são as cromátides-irmãs) e ambas moleculares verificam a integridade do DNA (que
permanecem unidas pelo centrômero. foi recém-duplicado), verificando se há algum dano
que poderia prejudicar a divisão celular.
Se algum tipo de dano é detectado, a célula não
Fase G₂ continua o ciclo, mas pausa no ponto de checagem
G₂ para que os reparos adequados sejam realiza-
Depois que a duplicação do DNA termina, a célu- dos. Caso os danos ao DNA sejam grandes demais
la retoma sua atividade metabólica de síntese de ou irreversíveis, o ciclo celular é interrompido
RNA e, na sequência, de proteínas que participam definitivamente e a célula entra em apoptose. A
da divisão celular. Na fase G₂, a célula continua apoptose (morte celular programada) é um meca-
crescendo, produz mais organelas e começa a or- nismo de autodestruição que impede que o DNA
ganizar-se para a mitose. danificado seja passado adiante. A fase G₂ acaba,
Um dos eventos mais importantes do ciclo então, quando a mitose se inicia.
UNIDADE 4 161
Figura 16 - Células-tronco
embrionárias pluripotentes
As células-tronco embrionárias pluripotentes zigoto. Ele é a célula que se forma, nos animais, a
têm a capacidade de se diferenciar em diversos partir do encontro do ovócito com o espermato-
tecidos do corpo humano: nervoso, muscular, zoide (Figura 17). Neste evento, o material genético
epitelial e glandular. proveniente de cada um dos gametas se une, forne-
Em seu corpo, e também em todos os outros cendo ao zigoto toda a informação genética neces-
animais, as células que formam os tecidos dife- sária para a formação dos diferentes tipos celulares
renciados derivam de uma célula inicial chamada que, posteriormente, comporão o organismo.
O zigoto é a célula com o potencial máximo para uma célula tem alto potencial, então, ela não pode
a diferenciação, pois pode formar todas as célu- ser especializada em uma função, o que significa
las do corpo. Assim, dizemos que o zigoto é uma que sua diferenciação é baixa ou nula. Por outro
célula totipotente. Todas as células, em relação ao lado, a diferenciação significa o quanto uma célula
seu desenvolvimento, possuem duas propriedades está especializada em uma determinada função e,
opostas: a potencialidade e a diferenciação. de maneira oposta à potencialidade, se uma célula
A potencialidade diz respeito à capacidade que tem grande diferenciação, então, ela apresenta baixa
a célula possui de formar outros tipos celulares. Se potencialidade (JUNQUEIRA; CARNEIRO, 2015).
pensando juntos
O zigoto é uma célula totipotente (toti: total). Ele tem grau zero de diferenciação e grau máximo de potencialidade.
Fonte: a autora.
UNIDADE 4 163
Se você considerar uma célula qualquer de seu corpo, ela terá um de-
terminado grau de potencialidade e de diferenciação. Quanto maior for
a potencialidade, menor será a diferenciação e vice-versa.
Durante todo o desenvolvimento embrionário e também após o
nascimento, a diferenciação continua acontecendo. Durante a em-
briogênese, as células do embrião formam três folhetos embrionários
(ectoderme, mesoderme e endoderme), que dão origem a todos os
tecidos corporais (Figura 18).
Figura 19 -
Hematopoiese em
hemtopoiéticas
células da medula
óssea marrom
UNIDADE 4 165
As células da medula óssea marrom são pluripotentes e têm capaci-
dade de originar todos os componentes celulares que formam o sangue.
Uma etapa importante do desenvolvimento de um organismo plu-
ricelular é a apoptose. Este é o processo de morte celular programada,
ou seja, não é acidental ou por dano, como a necrose (Figura 20).
UNIDADE 4 167
pensando juntos
O DNA da célula, que é duplicado na fase S do ciclo celular, é dividido na mitose, formando dois núcleos, um
para cada nova célula.
Fonte: a autora.
Figura 22 - Fases da mitose em tecido epitelial de cebola (Allium cepa) visto ao microscópio óptico
UNIDADE 4 169
Prófase Metáfase
Esta é a fase inicial da mitose, em que a célula se Na metáfase, os cromossomos atingem seu
organiza estruturalmente para separar seu material grau máximo de condensação. As fibras do fuso
genético. Alguns eventos caracterizam a prófase: mitótico já estão completamente formadas e
• Os cromossomos se condensam, o que faci- ligadas aos cromossomos, que se alinham ao
lita a divisão do DNA posteriormente. centro da célula. Quando os cromossomos se
• Se formam as fibras do áster (ou do fuso encontram nesta posição, ao centro, dizemos,
mitótico). Essas fibras têm estrutura for- então, que eles formam a placa metafásica.
mada por microtúbulos, é responsável por Outro evento importante que ocorre na me-
organizar e mover os cromossomos durante táfase é o ponto de checagem do fuso. A célula
a divisão celular. Elas se ligam ao cinetó- verifica se todos os cromossomos estão ligados
coro, no centrômero (Figura 23) de cada às fibras do fuso, bem como se eles se encon-
cromossomo. tram na placa metafásica. Se algo estiver errado,
• A carioteca se rompe, liberando os cromos- a célula pausa a divisão até que o problema se
somos para o citoplasma. resolva.
Anáfase
UNIDADE 4 171
Divisão Celular II:
Meiose
Figura 25 - Cariótipo (conjunto de cromossomos) humano em células somáticas masculinas (à esquerda) e femininas (à direita)
Na Figura 25, cada cromossomo tem seu respectivo homólogo, sendo que,
nos homens, o par 23 (sexual) é chamado de XY e nas mulheres, de XX.
pensando juntos
Os cromossomos formam pares em suas células somáticas. Cada cromossomo de um mesmo par é cha-
mado de homólogo, e em cada par, um cromossomo é proveniente do espermatozoide (pai) e, o outro, do
óvulo (mãe).
Fonte: a autora.
UNIDADE 4 173
Meiose I
A Meiose I (Figura 26) é formada por quatro etapas: Prófase I, Metáfase I, Anáfase I e Telófase I. Assim
como ocorre na mitose, a célula que passa pela meiose se prepara anteriormente, na interfase, onde o
material genético é duplicado, o volume celular aumenta e as organelas se replicam.
Ao final da Prófase I, as fibras do áster já estão tem início a Telófase I. Em alguns organismos, a
formadas e se ligam aos cromossomos, moven- carioteca se recompõe e o DNA volta à forma de
do-os para o centro da célula, onde se forma cromatina, mas, em outros, isso não ocorre, de
a placa metafásica. Neste ponto, já se iniciou modo que, logo após a citocinese, a Meiose II já se
a Metáfase I e os pares de cromossomos se inicia. Geralmente, a citocinese e a Telófase I ocor-
alinham (e não os cromossomos individuais, rem simultaneamente, formando duas células-fi-
como na mitose). Cada cromossomo (do par) se lha haploides (n), mas com seu material genético
liga às fibras de apenas um dos polos, de modo duplicado (n+n), formando as cromátides-irmãs.
que os cromossomos homólogos se ligam, cada
um, a polos opostos. A orientação é ao acaso, o
que permite diversas combinações entre os cro- Meiose II
mossomos que migram para cada um dos polos.
A Anáfase I é caracterizada pela separação Logo que a Meiose I acaba, a Meiose II (Figura 28)
dos cromossomos homólogos para polos opos- se inicia, sem que o DNA seja duplicado. As duas
tos da célula. Em cada cromossomo, entretanto, células-filhas, que se formaram na Meiose I, passam
as duas cromátides-irmãs permanecem unidas. pela Meiose II, então, todos os eventos aqui descri-
Quando os cromossomos chegam aos polos, tos acontecem em duas células, simultaneamente.
UNIDADE 4 175
Figura 28 - Meiose II: em cada célula-filha formada, ocorre a Prófase II, a Metáfase II, a Anáfase II e a Telófase II
Na Meiose II, ocorre a separação das cromátides-ir- Anáfase II, ocorre a separação das cromátides-ir-
mãs de cada cromossomo, formando quatro células mãs de cada cromossomo, que são levadas pelas
haploides (n) com cromossomos não duplicados. fibras para polos opostos da célula.
Aqui, a divisão também ocorre em quatro fases: Depois que as cromátides foram separadas,
Prófase II, Metáfase II, Anáfase II e Telófase II. inicia-se a Telófase II. Nesta fase, a carioteca
Logo que a Prófase II se inicia, os cromossomos se recompõe ao redor dos cromossomos, que
se(re)condensam e a carioteca se desfaz. Os cen- voltam à forma de cromatina. A última etapa
trossomos se separam e as fibras do áster começam é a citocinese, em que o citoplasma também é
a se ligar aos cromossomos. Em cada cromossomo, dividido. Assim, ao final da meiose, formam-se
as duas cromátides-irmãs se ligam a fibras de polos quatro células-filhas haploides (n), com cromos-
opostos do áster. somos que têm apenas uma cromátide. Em seres
Em seguida, os cromossomos se alinham na humanos, essas células se diferenciarão por es-
região central da célula, formando a placa meta- permatogênese (formando espermatozoides) ou
fásica, o que caracteriza a Metáfase II. Durante a por oogênese (formando óvulos).
Óvulos e espermatozoides
A diferenciação das células formadas a partir da meiose ocorre de maneira distinta em homens e mulheres,
inclusive no número de gametas formados. Em homens, as quatro células são gametas funcionais, ou seja,
tornam-se espermatozoides.
Nas mulheres, durante a oogênese, é desenvolvido apenas um óvulo funcional. Das quatro células-filhas forma-
das a partir da meiose, uma se desenvolve em óvulo, enquanto as outras três formam os corpúsculos polares.
Os corpúsculos não são fertilizados e sofrem apoptose logo que são produzidos.
Fonte: Garcia e Fernandéz (2012).
UNIDADE 4 177
Figura 29 - Semelhanças e diferenças entre o processo de divisão celular por mitose (esquerda) e por meiose (direita)
UNIDADE 4 179
Você pode utilizar seu diário de bordo para a resolução.
180
A sequência correta é:
a) V, F, V e V.
b) F, F, V e V.
c) V, F, F e V.
d) F, V, F e F.
e) V, V, F e F.
181
6. Analise as afirmativas a seguir:
I) A mitose é uma divisão celular equacional, pois as células-filhas têm o mesmo
número de cromossomos da célula-mãe.
II) O zigoto se desenvolve em um organismo por mitose.
III) O crossing-over ocorre na Prófase da mitose.
182
CÂNCER E O CICLO CELULAR
O câncer é uma doença genética no sentido para se tornar cancerígena. As barreiras mais
de que o fenótipo maligno resulta de uma primárias são os próprios pontos de controle
alteração que é transmitida da célula alte- do próprio ciclo celular.
rada para suas células filhas. Todos os dias,
milhões de células se dividem no organismo Esta sequência de fases, com seus respectivos
adulto normal. A cada divisão celular, esta- pontos de controle, permite que a célula com-
mos expostos a sofrer o efeito dos inúmeros plete seu ciclo normal, replicando-se sem dar
carcinógenos ambientais. No entanto, o apa- origem a células anormais. A divisão celular
recimento e desenvolvimento de um clone de normal é positivamente regulada ou estimu-
células tumorais é um evento relativamente lada através de vias sinalizadoras. Estas vias
raro. Isto ocorre porque a célula necessita respondem a fatores extracelulares, os quais
romper uma série de barreiras fisiológicas agem através de uma seqüência de proteínas.
(...)
183
LIVRO
FILME
WEB
O artigo relaciona alguns agentes químicos que atuam no DNA contra o câncer,
tanto específicos quanto não-específicos do ciclo celular.
Para acessar, use seu leitor de QR Code.
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ALBERTS, B.; JOHNSON, A.; LEWIS, J.; RAFF, M.; ROBERTS, K.; WALTER, P. Biologia molecular da célula. 6. ed. Porto
Alegre: Artmed, 2017.
DE ROBERTS, E. M. F.; HIB, J. Bases da biologia celular e molecular. 3. ed. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan,
2001.
GARCIA, S. M. L.; FERNANDÉZ, C. G. Embriologia. Embriologia. 3. ed. Porto Alegre: Artmed, 2012.
GRIFFITHS, A. J. F.; WESSLER, S. R.; CAROLL, S. B.; DOEBLEY, J. Introdução à Genética. 11. ed. Rio de Janeiro: Gua-
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WARD, L. S. Entendendo o processo molecular da tumorigênese. Arquivos Brasileiros de Endocrinologia &
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1. b.
2. a.
3. c.
4. d.
6. a
7. b
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Me. Eloiza Muniz Capparros
Técnicas de Estudo em
Biologia Celular e Molecular
PLANO DE ESTUDOS
Manipulando o DNA:
Princípios de Eletroforese,
Extração do DNA, Noções
de PCR e Sequenciamento Construção
do DNA de Bibliotecas
Genômicas
OBJETIVOS DE APRENDIZAGEM
• Identificar, passo a passo, as principais técnicas que en- • Conhecer as principais bibliotecas genômicas online e os
volvem a Tecnologia do DNA recombinante e a clonagem organismos de interesse nessas bibliotecas.
molecular. • Identificar os processos que envolvem as células-tronco,
• Adquirir noções básicas de manipulação do DNA, incluin- a transgênese e a terapia gênica.
do noções de eletroforese, extração do DNA, técnica de
amplificação por PCR e sequenciamento do DNA.
• Identificar as principais etapas da hibridização molecular
e da impressão genética no DNA.
Fundamentos e
Passos da Tecnologia
do DNA Recombinante e
Clonagem Molecular
Introdução
A descoberta da estrutura da molécula de DNA, em 1953, por Watson e Crick, com o auxílio de Rosa-
lind Franklin, foi o pontapé inicial para o desenvolvimento de uma série de técnicas de manipulação
do DNA. A clonagem molecular é uma técnica muito comum, usada com as mais diversas finalidades:
• Biofarmacêutica: produção de proteínas de interesse humano (a insulina, por exemplo) com
aplicações biomédicas.
• Terapia gênica: tratamento de doenças que são resultantes da mutação de um (ou mais) genes.
Neste caso, a clonagem molecular fornece uma cópia normal para as células do indivíduo afetado.
• Análise genética: com a técnica de clonagem molecular são feitas várias cópias de um gene a
fim de estudá-lo para descobrir sua função.
UNIDADE 5 189
Clonagem gênica
Fragmentos de DNA
a serem inseridos.
DNA inserido
Plasmídeo
EcoRI Digestão e ligação (vetor)
pela EcoRI. Amp
Ori
Plasmídeo Transformação de
Amp (vetor) E.coli com plasmídeos
recombinantes.
Ori
Meio de culturas de
bactérias e antibiótico
em Placa de Petri.
Meio de cultura
Colônias de bactérias com antibiótico.
resistentes ao antibiótico.
Colônia isolada
DNA de E. coli
pensando juntos
Plasmídeos são moléculas circulares de DNA encontradas em bactérias que são capazes de se reproduzir de
maneira independente do DNA cromossômico.
Fonte: a autora.
A inserção do trecho de DNA de interesse no nismo). Essas bactérias são utilizadas na produção
plasmídeo é feita por enzimas de restrição (que de maiores quantidades de DNA plasmidial, ou
cortam o DNA em locais específicos; a EcoRI, ainda, podem ser induzidas a expressar o gene e
por exemplo, é um trecho bastante utilizado a produzir proteína.
em plasmídeos de Escherichia coli) e também Depois que a proteína de interesse é produzida,
pela DNA ligase (que une/cola o DNA). Desse ela deve ser purificada, ou seja, separada de outras
modo, é produzida uma molécula de DNA re- moléculas celulares que não são de interesse. Esse
combinante (montado a partir de fragmentos de processo acontece por técnicas bioquímicas. A
origens diferentes). O plasmídeo, que atua como proteína purificada pode ser utilizada em expe-
portador dos fragmentos de DNA, é chamado rimentos ou mesmo ser administrada a pacientes,
de vetor de clonagem. como ocorre com a insulina.
O vetor é, então, introduzido em bactérias
por um processo chamado de transformação.
Nesse processo, as células bacterianas passam Clonagem Animal
por um choque (como uma exposição a altas
temperaturas), que faz com que elas incorpo- O clone animal mais famoso do mundo é a ovelha
rem o DNA externo. A maioria dos plasmídeos Dolly, realizado, em 1996, por cientistas do Ins-
possui, naturalmente, um gene de resistência tituto Rosalind, na Escócia. A fama da ovelha se
aos antibióticos e esta é utilizada para selecio- deve ao fato de que ela foi o primeiro mamífero
nar bactérias transformadas. Utiliza-se, então, clonado a partir de uma célula somática adulta.
antibióticos para que apenas as bactérias que Isto significa que ela é um clone (geneticamente
incorporaram plasmídeos sobrevivam. idêntico) de outra ovelha.
Logo, as bactérias selecionadas são colocadas A clonagem que deu origem à ovelha Dolly é
em uma placa de Petri, em que se reproduzem e chamada de transferência nuclear de célula somá-
rapidamente formam colônias. As colônias são tica (TNCS). Esse processo consiste, basicamente,
formadas por bactérias idênticas que carregam o na introdução de um núcleo doador (proveniente
plasmídeo com o gene de interesse (de outro orga- de uma célula somática) a um óvulo (Figura 2).
UNIDADE 5 191
Figura 2 - Clonagem animal por transferência nuclear de célula somática
Nesse tipo de clonagem, o núcleo de uma célu- gestação. No ano de 1999, estudos indicaram que
la somática doadora é removido (e os demais a Dolly estaria apresentando formas de envelhe-
componentes celulares são descartados). O cimento precoce, pois apresenta telômeros mais
núcleo do óvulo receptor também é removido, curtos que ovelhas não clonadas de mesma idade.
abrindo espaço para a introdução do núcleo da Este fato deu origem a uma discussão científica e
célula doadora. O padrão de expressão nuclear é ética sobre o efeito da clonagem no envelhecimen-
reprogramado pela célula hospedeira, de modo to precoce, que, inclusive, ainda está em aberto.
que o óvulo começa a se dividir, dando início Atualmente, a clonagem animal por TNCS
ao desenvolvimento de um clone (da célula que tem aplicações científicas e comerciais, tais como:
doou o núcleo). produção de animais transgênicos, preservação
No caso da ovelha Dolly, três ovelhas participa- de animais com genética desejável, rara ou em
ram do processo. A primeira forneceu o ovócito, a extinção, aplicação para o estudo de aspectos bá-
segunda forneceu o material genético que foi in- sicos em biologia molecular, celular e do desen-
serido no ovócito. A terceira foi a responsável pela volvimento.
Extração do DNA
UNIDADE 5 193
• Lise celular: consiste em romper as células
conecte-se
para liberar o DNA do núcleo. Geralmente,
é feita em banho-maria com uma solução PCR (Polymerase Chain Reaction)
tampão que contém enzimas que provo-
cam a lise celular.
• Remoção de proteínas: as quais com-
põem a maior parte da amostra biológica.
As proteínas são digeridas com fenol ou
clorofórmio, agentes desnaturantes de pro-
teínas contidas nas amostras.
• Purificação do DNA: com álcool (etanol).
A precipitação com etanol absoluto con-
centra o DNA na superfície da amostra,
além de ajudar na remoção de resíduos de
fenol e de clorofórmio presentes nela.
No termociclador são colocados os tubos com um dos lados da fita fica disponível para
as amostras de DNA e os reagentes necessários atuar como molde para a replicação.
para que a PCR ocorra. Essas amostras ficam • Anelamento (55 ºC - 65 °C): depois que
em um tipo de banho-maria e o termocicla- o DNA está aberto, a amostra é resfriada
dor, pré-programado, controla a temperatura para que os primers se liguem às respecti-
de cada etapa do ciclo e também a quantidade vas sequências complementares no DNA
de ciclos que ocorrerão. molde de fita simples.
• No termociclador, a PCR ocorre, basica- • Extensão (72 °C): a amostra é novamen-
mente em três etapas (Figura 4): te aquecida à temperatura ótima para a
• Desnaturação (96 °C): a amostra é aqueci- atividade da Taq-polimerase. Assim, os
da para desnaturar e separar as duas fitas primers são estendidos, sintetizando no-
que compõem a molécula de DNA. Assim, vas fitas de DNA.
UNIDADE 5 195
Figura 4 - Etapas da PCR
UNIDADE 5 197
pensando juntos
Eletroforese significa: forese, migração ou movimento e eletro refere-se ao uso da eletricidade para as
moléculas migrarem.
Fonte: a autora.
UNIDADE 5 199
Sequenciamento de DNA
UNIDADE 5 201
Hibridização Molecular e
Impressão Genética do DNA
Hibridização molecular
Southern blotting
Eletroforese
UNIDADE 5 203
*O RNA é extraído de uma amostra e os fragmentos são separados
Amostra por tamanho por meio da eletroforese em gel de agarose.
O RNA é transferido para uma membrana, onde são colocadas
também as sondas marcadas. Após a hibridização, o resultado
Extração
pode ser visto em filme de raio-X.
do RNA
Eletroforese
RFLP
Figura 12 - Amostras que reagiram com as sondas na placa
O RFLP (do inglês Restriction Fragment Length
Polymorphism) é uma técnica de análise combi-
nada do material genético (Figura 14), bastante
utilizada em testes de paternidade e também na
medicina forense. Esta técnica se baseia no fato
de que indivíduos diferentes possuem sequências
de nucleotídeos diferentes em seu DNA, então é
possível comparar os polimorfismos.
As amostras de DNA (duas ou mais) são sub-
metidas a clivagem por enzimas de restrição,
formando fragmentos de diferentes tamanhos.
Esses fragmentos são amplificados (por PCR) e
separados por eletroforese, para que fiquem visí-
veis em bandas. A visualização pode ser feita com
Southern blotting, coloração por prata, brometo
de etídeo (submetido a raios UV) ou por substân-
Figura 13 - Leitura do resultado do Microarray cias radioativas (raio-X).
UNIDADE 5 205
Assim, cada indivíduo apresentará um padrão próprio de fragmen-
tos, chamado perfil de digestão, que é detectado pela quantidade e pelo
tamanho dos fragmentos obtidos.
UNIDADE 5 207
Como o material genético é herdado dos pais, o padrão de repetição
dos microssatélites apresenta semelhanças quando os indivíduos
são aparentados. Assim, com a técnica de microssatélites é possível
determinar se dois indivíduos quaisquer apresentam algum grau de
parentesco. É com essa mesma técnica que são realizados os testes
de paternidade e também a solução de crimes na biologia forense.
Para entender melhor como o reconhecimento dos microssatélites
auxilia nesses casos, observe os exemplos a seguir (Figura 17).
Mãe Criança “Pai” 1 “Pai” 2 “Pai” 3 Mãe Criança “Pai” 1 “Pai” 2 “Pai” 3
1
2
3
4
5
6
Perfil genético da A análise de paternidade é realizada Perfis de três possíveis
mãe e da criança. comparando o perfil da criança com o da pais.
mãe e, ao mesmo tempo, com o perfil de
cada um dos possíveis pais.
Na Figura 17 é apresentado um exemplo de teste da criança não está no perfil da mãe e nem no
de paternidade. À esquerda estão os perfis gené- “Pai 1”, mas está nos outros dois possíveis pais.
ticos da mãe e da criança e, à direita, os perfis de A segunda é idêntica à banda da mãe, a terceira
três possíveis pais biológicos. Para interpretar os também (mesmo estando presente nos pais 1 e
resultados, precisamos comparar cada um dos 2). A quarta e a quinta banda estão ausentes no
perfis (da mãe e dos possíveis pais) com o perfil perfil da mãe e só aparecem juntas no perfil de um
da criança. Todo o material genético foi herdado, possível pai, o “Pai 3”. A última também é idêntica
então cada uma das bandas é proveniente dos à banda da mãe. Assim, por comparação dos perfis
cromossomos maternos ou paternos. genéticos, é possível concluir que o perfil genético
Interpretando os perfis genéticos de cima para apresentado pela criança é compatível com o da
baixo, é possível ver que a primeira banda do perfil mãe e com o “pai” 3.
UNIDADE 5 209
Construção de
Bibliotecas Genômicas
A biblioteca genômica de um organismo precisa fragmentos que constituem a biblioteca são prove-
ser representativa de todo o genoma de uma de- nientes do DNA genômico, tem-se uma biblioteca
terminada espécie, deve conter cópias ou clones genômica. Existem, basicamente, duas etapas para
de cada fragmento de DNA. Isto aumenta a chan- a sua construção:
ce de conseguir isolar posteriormente os genes e é • Isolamento do DNA: enzimas de restri-
bastante útil quando é preciso replicar um trecho ção clivam o DNA, produzindo fragmentos
específico do DNA, como ocorre, por exemplo, na com tamanho adequado para a inserção no
clonagem molecular. vetor de clonagem.
Quando se constrói uma biblioteca genômica, • Introdução dos fragmentos de DNA no
um meio de garantir que o trecho de DNA de inte- vetor: podem ser utilizados os bacteriófa-
resse esteja entre os fragmentos clonados é estimar gos λ ou plasmídeos recombinantes (Figura
o tamanho necessário da biblioteca conforme o 20), em ambos os casos, os fragmentos de
tamanho do fragmento e do genoma. Quando os DNA serão injetados na célula hospedeira.
Genoma do organismo
clivado com enzimas
de restrição.
ou
Clones de Plasmídeos
bactérias. recombinantes.
Clones
Fago com DNA de fagos.
recombinante.
Figura 20 - Introdução de fragmentos de DNA em vetores para clonagem: (a) Biblioteca de plasmídeos; (b) biblioteca de fagos
Fonte: Biblioteca Genómica ([2018], on-line)12.
UNIDADE 5 211
Para obter um fragmento específico em uma é que, ao utilizar essa enzima, é possível pro-
biblioteca, é preciso fazer um rastreamento duzir fragmentos de DNA complementares ao
utilizando sondas de DNA, que identificam RNA mensageiro, sendo, então, cópias de trechos
e selecionam os clones que possuem o frag- transcritos, sem as regiões não-codificantes.
mento-alvo. A formação de uma biblioteca de DNAc é fei-
Além da biblioteca genômica, outra possibili- ta em etapas (Figura 21). Inicialmente, são cole-
dade é o armazenamento de informações gené- tadas e isoladas amostras de RNAm de um orga-
ticas por meio de uma biblioteca de DNAc. Um nismo de interesse. O RNA isolado é submetido
DNAc é um DNA complementar obtido a partir à transcrição reversa, que origina fragmentos
de um RNAm. Este processo de produção de um de DNAc (DNA complementar ao RNAm). O
fragmento de DNA a partir de um RNA só é DNAc obtido é inserido em plasmídeos, que
possível graças à ação de uma enzima específica, depois serão inseridos em células bacterianas.
a transcriptase reversa. Talvez você se recorde Essas células com plasmídeos são colocadas em
deste nome ou do processo de transcrição rever- cultura e crescem. Quando necessário, os plas-
sa, pois ele foi trabalhado na primeira unidade, mídeos são isolados e o DNA é purificado para
quando o assunto eram os vírus. O importante a obtenção da sequência de interesse.
explorando Ideias
UNIDADE 5 213
Introdução ao Estudo
de Células-Tronco,
Transgênese e Terapia Gênica
Células-tronco
UNIDADE 5 215
Células-tronco embrionárias
São provenientes de etapas bastante iniciais do desenvolvimento embrionário, em duas etapas distintas:
os blastômeros (Figura 24) e as células internas dos blastocistos (Figura 25). Os blastômeros são as
primeiras células formadas a partir da clivagem do zigoto, que antecedem a fase de blastocisto. Essas
células são totipotentes, pois têm capacidade de originar todas as células do organismo, inclusive os
folhetos embrionários.
Figura 24 - Fases iniciais do desenvolvimento embrionário: as células-tronco totipotentes se encontram em todas as fases
que antecedem o blastocisto
Os blastocistos apresentam células-tronco pluripotentes, que se encontram em sua parte interna. Essas
células apresentam alta capacidade de diferenciação, podendo originar quase todos os tipos de células
do organismo, com exceção dos folhetos embrionários, por isso são chamadas de pluripotentes.
Neurônios
Células
Massa de musculares
células
internas
Células Órgãos
Mórula tronco
Blastocisto
Células
sanguíneas
Células
ósseas
Figura 25 - Blastocisto, onde se originam as células-tronco embrionárias (em azul)
Transgênese
UNIDADE 5 217
Uma vez que a introdução do material genético de outro or-
ganismo teve sucesso, o organismo transgênico está apto para se
reproduzir, dando origem a novos indivíduos geneticamente al-
terados. Os transgênicos são, portanto, resultado da manipulação
genética e resultam em indivíduos com características cruzadas que
não ocorreriam na natureza. A transgênese é utilizada para vários
fins, como a pesquisa biológica médica e a produção de alimentos.
Graças à tecnologia do DNA recombinante (que você viu no
início desta unidade), a produção de alimentos transgênicos já
ocorre em larga escala e em diversos países no mundo (Figura 26).
É grande, entretanto, a polêmica a respeito da produção e do con-
sumo de alimentos transgênicos. Nota-se, na Figura 26, que o Brasil
é o segundo maior produtor de transgênicos (em área cultivada).
Figura 26 - Dez países com as maiores áreas disponibilizadas para a plantação de transgênicos, com dados de 2016
Fonte: Conselho de Informações sobre Biotecnologia (2017, on-line)13.
UNIDADE 5 219
Método biológico
Uma técnica alternativa de terapia gênica é por pais técnicas de estudo em biologia celular e
método in-vivo, em que o tecido com material molecular. O objetivo desta unidade era apre-
genético modificado é inserido diretamente no sentar os aspectos práticos e as aplicações das
organismo, sem ter uma amostra retirada. Ainda tecnologias referentes à manipulação do DNA.
em fase experimental, doenças como câncer, dia- Aqui, você teve acesso às principais técnicas de
betes, epilepsia e outras doenças degenerativas maneira geral, caso deseje aprofundar os seus
ou genéticas apresentam avanços no tratamento conhecimentos ou testar os principais protoco-
por terapia gênica. los, existe uma vasta gama de materiais disponí-
Caro(a) aluno(a), chegamos ao fim da Uni- veis, os quais alguns se encontram nas sugestões
dade 5, em que você pode conhecer as princi- de materiais complementares.
UNIDADE 5 221
Você pode utilizar seu diário de bordo para a resolução.
222
3. Julgue as alternativas a seguir, utilizando (V) para verdadeiro e (F) para falso.
I) A técnica de hibridização por Southern blotting é utilizada para procurar
fragmentos específicos de DNA em uma amostra, por meio de uma sonda
fluorescente.
II) Na técnica Northern blotting, os alvos são proteínas que são sondadas por
anticorpos específicos marcados com fluorescência.
III) A técnica de hibridização por Microarray é importante para exames diagnós-
ticos, pois permite a verificação simultânea de muitos fragmentos de DNA
diferentes.
A sequência correta é:
a) V, F e F.
b) F, V e V.
c) V, V e V.
d) F, V e F.
e) V, F e V.
Pai
Mãe Criança 1 2 3
223
5. Sobre as bibliotecas genômicas e de DNAc, assinale o que for correto.
a) As bibliotecas de DNAc são compostas por todo o material genético de uma
determinada espécie, incluindo íntrons e éxons.
b) As bibliotecas genômicas são utilizadas no tratamento de doenças degenera-
tivas.
c) Colônias de bactérias com plasmídeos geneticamente modificados são um
exemplo de armazenamento das bibliotecas genômicas e de DNAc.
d) Na construção de uma biblioteca de DNAc, o material genético da espécie é
transcrito para RNA e, então, é inserido em um vírus ou, uma bactéria.
e) As bibliotecas são importantes para a construção de um perfil genético indivi-
dual em cada espécie.
224
O Projeto Genoma Humano
O Projeto Genoma Humano (PGH) teve mos, oriundos de diferentes grupos étnicos.
como objetivo o sequenciamento dos 3,1 Em 2007, foi descrita a primeira sequência
bilhões de bases nitrogenadas do genoma genômica completa diploide de um único
humano. O genoma é o conjunto de DNA indivíduo [...].
de um ser vivo, e o DNA é formado pela liga-
ção sequencial de moléculas denominadas Entretanto, a conclusão do Projeto Genoma
nucleotídeos [...]. não atendeu as expectativas [...]: benefícios
imediatos que levariam à cura de diversas
A ordem com que os nucleotídeos são doenças congênitas e grande avanço às
dispostos no DNA é que faz com que pesquisas biomédicas. Sem dúvida, houve
uma molécula difira da outra. Podemos um imenso avanço em relação ao conhe-
determinar esta diferença por meio do cimento do genoma humano. Mas, se no
sequenciamento dos genomas. Como as início do milênio a mídia esperava noticiar
moléculas de fosfato e açúcar são sempre avanços médicos com grande euforia, no fim
as mesmas, a ordem da sequência é dada dessa mesma década, humildes reportagens
pelas bases nitrogenadas [...]. e entrevistas apresentavam a dificuldade
de um leigo identificar ou entender algum
O grupo que se propôs a sequenciar o benefício imediato resultante do sequen-
genoma humano consistiu em um con- ciamento do genoma humano.
sórcio público internacional, liderado pelo
National Human Genome Research Institute As perspectivas pós-genômicas encon-
(NHGRI), subordinado ao National Institute tram-se no surgimento de outras áreas de
of Health (NIH) dos Estados Unidos. Reu- pesquisa, outros “omas”, onde o genoma se
nindo equipes de pesquisa e laboratórios apresentava apenas como uma informação
de vários países, seu objetivo central era inicial, o pioneiro. No entanto, o avanço que
o sequenciamento completo do genoma o pioneiro estudo da genômica trouxe teve
humano [...]. efeito avassalador na “Biologia Molecular
do século XXI”, como um ponto de partida
O produto final do projeto consistiu no básico, uma referência, que guia estudos e
sequenciamento de um genoma-referên- investigações a um sem-número de desco-
cia composto por genomas de diferentes bertas a cada dia.
povos. Eram amostras de doadores anôni-
Fonte: Goes e Oliveira (2014).
225
LIVRO
LIVRO
226
FILME
WEB
WEB
227
ALBERTS, B.; BRAY, D.; HOPKINS, K.; JOHNSON, A.; LEWIS, J.; RALF, M.; ROBERTS, K.; WALTER, P. Funda-
mentos de Biologia Celular: uma Introdução à Biologia Molecular da Célula. 2. ed. Porto Alegre: Artmed, 2011.
ALBERTS, B.; JOHNSON, A.; LEWIS, J.; RALF, M.; ROBERTS, K.; WALTER, P. Biologia Molecular da Célula.
Tradução de Vanz. et al. 5. ed. Porto Alegre: Artmed, 2010.
GÓES, A. C. S.; OLIVEIRA, B. V. X. Projeto Genoma Humano: um retrato da construção do conhecimento cien-
tífico sob a ótica da revista Ciência Hoje. Ciência & Educação, Bauru, v. 20, n. 3, 2014. Disponível em: <http://
www.scielo.br/pdf/ciedu/v20n3/1516-7313-ciedu-20-03-0561.pdf>. Acesso em: 18 jan. 2019.
JUNQUEIRA, L. C.; CARNEIRO, J. Biologia Celular e Molecular. 9. ed. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 2012.
LODISH H.; BERK, A.; MATSUDAIRA, P. Biologia Celular e Molecular. 5. ed. Porto Alegre: Artmed, 2005.
MATIOLI, S. R.; FERNANDES, F. M. C. Biologia Molecular e Evolução. 2. ed. Ribeirão Preto: Holos, 2012.
WATSON, J. D.; BAKER, T. A.; BELLl, S. P. Biologia Molecular do gene. 7. ed. Porto Alegre: Artmed, 2015.
ZAHA, A.; FERREIRA, H. E.; PASSAGLIA, L. M. P. Biologia Molecular Básica. 5. ed. Porto Alegre: Artmed, 2014.
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Referências On-Line
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229
1. B.
2. D.
3. E.
5. C.
6. A.
230
231
CONCLUSÃO
Prezado(a) aluno(a), espero que a leitura e as reflexões proporcionadas por este livro te-
nham atendido às suas expectativas enquanto aluno(a). Neste livro, foram apresentados
os principais tópicos sobre Biologia Celular e conhecimentos básicos sobre a estrutura
morfológica e funcional dos diferentes tipos de célula, além das inovações e atualidades
no desenvolvimento de pesquisas nessa área do conhecimento.
Na Unidade 1, Estrutura, função e evolução das células, foram apresentados um
breve histórico a respeito da descoberta das células e uma visão panorâmica sobre a evo-
lução das células procariontes e eucariontes, incluindo os vírus. Encerramos a primeira
unidade com a bioquímica celular.
Na Unidade 2, Envoltórios celulares, citoplasma e citoesqueleto, você pôde perceber
as diferenças existentes entre os envoltórios; você também conheceu as trocas que a célula
realiza com o meio extracelular, conheceu a estrutura, a composição do citoplasma e do
citoesqueleto, além dos principais aspectos sobre a comunicação celular.
Na Unidade 3, Organelas celulares e metabolismo celular, você conheceu a estru-
tura e o metabolismo das organelas, como: Retículo Endoplasmático, Complexo de Golgi,
lisossomos, peroxissomos, ribossomos, mitocôndrias e cloroplastos.
A Unidade 4, Núcleo, ciclo celular e divisão celular, teve foco nos eventos que aconte-
cem no núcleo celular, como: expressão gênica, ciclo celular, divisão celular e diferenciação.
Na Unidade 5, Técnicas de estudo em biologia celular e molecular, você conhe-
ceu as principais técnicas de manipulação do material genético, hibridização molecular,
impressão genética do DNA, bibliotecas genômicas e os estudos das células-tronco, da
transgênese e da terapia gênica.
Espero que você tenha construído uma base sólida e consistente sobre citologia e que,
por meio do conteúdo, dos materiais e das atividades propostas, você tenha desenvolvido
conhecimentos significativos sobre as células e sua importância para os seres vivos.
Grande abraço.