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Antônio Thomé
Vice-Reitor de Pesquisa e Pós-Graduação
Rogerio da Silva
Vice-Reitor de Extensão e Assuntos Comunitários
O TRABALHO
PEDAGÓGICO NA
EDUCAÇÃO DE
JOVENS E ADULTOS
repensando e qualificando
as práticas educativas
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2018
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Programa de Pós-Graduação
em Envelhecimento Humano
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das Editoras Universitárias
Sumário
Apresentação................................................................................ 7
Prefácio..................................................................................... 12
Carla Cristine Tramontina
Elisabeth Maria Foschiera
Luciane Spanhol Bordignon
Maria Isabel Bristott
Posfácio................................................................................... 148
Carlos Rodrigues Brandão
Apresentação
P
oucos dias antes de começar a escrever algumas anota-
ções para este livro, eu participava do 3º Congresso Bra-
sileiro de Alfabetização em Vitória, no Espírito Santo.
Penso que, de todas as muitas pessoas presentes e vindas de
vários recantos do Brasil, eu fui o único a me espantar com
um detalhe. Quando as pessoas, entre palestras e falas de me-
sas redondas, recordavam fatos entre o presente e o passado, o
“passado” delas ia aos “anos 1980”, quando muito. Claro, eram
todas elas muito mais jovens do que eu e haviam ingressado em
trabalhos pedagógicos de alfabetização há não mais do que uns
dez ou vinte anos.
Eu venho de mais longe. Venho do começo dos anos 1960, e
lembrei em minha fala no Congresso que, desde o final de 1963,
estive ano a ano envolvido sem tréguas com isto a quem demos
o nome de “educação popular”.
Comecei, então, o que eu tinha a dizer com distantes lem-
branças. E não por um saudosismo compreensível em uma pes-
soa que “passou dos setenta”. O motivo era outro. Pensei que
seria importante trazer para aquele cenário de uma entusias-
mada juventude a memória de tempos em que “uma boa parte
de tudo começou”.
E iniciei narrando acontecimentos de anos e de eras em
que alfabetizar e trabalhar com o que veio a ser mais tarde
MOVA e EJA, “naqueles tempos”, poderia resultar em punições
severas, entre penalidades que iam da apreensão do material
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O trabalho pedagógico na educação de jovens e adultos: repensando e qualificando as práticas educativas
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Carla Tramontina et al. (Org.)
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O trabalho pedagógico na educação de jovens e adultos: repensando e qualificando as práticas educativas
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Carla Tramontina et al. (Org.)
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O trabalho pedagógico na educação de jovens e adultos: repensando e qualificando as práticas educativas
Prefácio
Carla Cristine Tramontina
Elisabeth Maria Foschiera
Luciane Spanhol Bordignon
Maria Isabel Bristott
E
sta obra é resultado da sistematização do curso de for-
mação continuada em serviço realizado com professores
e funcionários de educação de jovens e adultos (EJA) da
rede municipal de ensino de Marau, coordenado pela Faculdade
de Educação (Faed) da Universidade de Passo Fundo (UPF),
por meio do Centro Regional de Educação (CRE), com apoio da
Administração da Prefeitura Municipal de Marau, por inter-
médio da Secretaria Municipal de Educação, gestão 2013-2016.
O processo de formação teve como tema orientador “O tra-
balho pedagógico na EJA: repensando e qualificando as práti-
cas educativas”, e como objetivo geral qualificar a EJA do muni-
cípio de Marau, tendo a socialização dos saberes e dos sentidos
como mobilizadora para as aprendizagens.
A metodologia utilizada no trabalho desenvolvido baseou-
-se nos princípios dos documentos nacionais que tratam da
EJA, dando ênfase à formação e à autoformação dos sujeitos
envolvidos na ação educativa. Durante o processo, ocorreram
momentos de sistematização do que foi construído, possibilitan-
do o registro das práticas e reflexões vivenciadas.
O trabalho realizado teve como princípio de ação “o diálo-
go participativo, reflexivo, construtivo e democrático”, visando
à sensibilização do grupo para o repensar pedagógico na EJA.
Portanto, foram realizados encontros e oficinas para escuta
das expectativas da comunidade escolar e leitura da realida-
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Carla Tramontina et al. (Org.)
1
A expressão “tema gerador” está ligada à ideia de interdisciplinaridade e está
presente na metodologia freireana, pois tem como princípio metodológico a
promoção de uma aprendizagem global, não fragmentada. Traz a ideia de promover
a integração do conhecimento e a transformação social. Do tema gerador geral,
sairá o recorte para cada uma das áreas do conhecimento.
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O trabalho pedagógico na educação de jovens e adultos: repensando e qualificando as práticas educativas
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RESGATANDO
A EDUCAÇÃO
DE JOVENS
E ADULTOS
Educação de jovens e adultos: quem são seus sujeitos?
Educação de jovens e
adultos: quem são seus
sujeitos?
Maria Isabel Bristott
Lisiane Lígia Mella
Introdução
A
educação de jovens e adultos (EJA) possui peculiarida-
des únicas, principalmente por abranger uma gama de
pessoas que, por inúmeros motivos, ficaram à margem
do processo educacional dito regular, conforme rege a legislação
acerca da EJA. Porém, para se pensar “os sujeitos da EJA”, é
fundamental compreender que são sujeitos históricos, resulta-
do de um contexto cultural que envolve questões sociais, políti-
cas e econômicas que os estruturam enquanto seres humanos
presentes no mundo.
Falar e escrever sobre os sujeitos da EJA envolvem uma
responsabilidade desafiadora por se tratar de pessoas que, na
maioria, interromperam ou foram impedidos/impossibilitados
de seguir o curso da vida escolar e buscam reparar essa falta.
Com isso, ao retornarem à escola, pressupõe-se que resgatam
projetos de vida, sonhos e desejos que, aparentemente, pare-
ciam “perdidos” ou não acreditavam que ainda poderiam reali-
zá-los. Também, encontra-se nos programas de EJA um gran-
de número de adolescentes evadidos das escolas regulares que
esperam completar a idade mínima de 15 anos para ingressar
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Maria Isabel Bristott | Lisiane Lígia Mella
1
Estas práticas fazem parte do Projeto Alternativas à Violência – PAV, ao qual as
autoras fazem parte.
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Educação de jovens e adultos: quem são seus sujeitos?
Desenvolvimento
Para iniciar o encontro, apresentou-se a agenda com a se-
quência do trabalho e as combinações necessárias, como: flexi-
bilização da agenda; horário e tempo para o intervalo; horário
para o encerramento do trabalho; etc. Na sequência, retoma-
ram-se as “Guias de Convivência” e os “Sinais”,2 construídos
coletivamente e apresentados no primeiro encontro, para orien-
tar, repensar e qualificar as práticas pedagógicas. Em seguida,
como acolhimento e como forma de o grupo se conhecer, com os
participantes dispostos em círculo, cada um compartilhou a se-
guinte fala: “Eu sou... O que me qualifica a trabalhar com EJA
é...”. Com essa atividade, por meio de uma narrativa concisa,
os sujeitos apresentaram sua história enquanto profissionais e
suas potencialidades para trabalhar com EJA.
Dentre as narrativas, destacam-se os seguintes aspectos:
aprendizagem; conseguir dominar o público com que trabalha-
mos; acreditar neste processo de ensino/aprendizagem; crença
de que mudar é difícil, mas possível; compromisso com a escola
e com o processo; disposição de interagir com turmas; compar-
tilhamento de conhecimentos; possibilidade de mudança; sen-
sibilidade; fazer o meu melhor; olhar diferente para o outro;
amar a profissão; possibilidade de uma sociedade mais justa;
acreditar na inclusão das pessoas; consciência de que o que vai
fazer a diferença é a educação; transformar temas cotidianos
em possibilidades criativas; responsabilidade com o conjunto
escolar; aprender com os alunos e acreditar na diversidade cul-
tural.
Na continuidade do trabalho, com o objetivo de aproximar
e ampliar as concepções dos educadores acerca dos sujeitos da
EJA, foi realizada a dinâmica de grupo denominada “Linhas
2
Estas práticas consistem em estabelecer com o grupo algumas combinações que
servirão de guias para a convivência e o apoio na comunicação durante o encontro.
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Maria Isabel Bristott | Lisiane Lígia Mella
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Educação de jovens e adultos: quem são seus sujeitos?
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Maria Isabel Bristott | Lisiane Lígia Mella
Considerações finais
Os registros dos educadores remetem, novamente, ao texto
de Paulo Freire (2000, p. 88) ao destacar que: “Aprender a ler e
a escrever [...] não basta para que deixemos de ser sombra dos
outros; que é preciso muito mais. Ler e escrever a palavra só
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Educação de jovens e adultos: quem são seus sujeitos?
Referência
FREIRE, Paulo. Desafios da educação de adultos ante a nova estrutura-
ção tecnológica. In: ______. Pedagogia da Indignação: cartas pedagógicas
e outros escrotos. São Paulo: Unesp, 2000. p. 87-102.
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Luciane Spanhol Bordignon | Eliara Zavieruka Levinski
Educação de jovens
e adultos: políticas e
formação continuada
dos docentes
Luciane Spanhol Bordignon
Eliara Zavieruka Levinski
Introdução
E
ste texto objetiva contribuir para reflexões que envol-
vam a educação de jovens e adultos (EJA) na dimensão
das políticas educacionais e da formação continuada dos
docentes. A modalidade de ensino EJA está posta em diversos
documentos, legislações e políticas públicas educacionais. Além
disso, a preocupação com jovens e adultos que, por inúmeras si-
tuações, não tiveram acesso à educação básica é sentida na pri-
vação dos bens simbólicos que a escolarização deveria garantir.
Nesse sentido, a prática cotidiana dos educadores de EJA
requer permanente reflexão, investigação, teorização e ressig-
nificação de desafios, exigências, atravessamentos das políticas
e processos educacionais. Os momentos de formação continua-
da possibilitam tematizar questões sobre o ofício da docência
na EJA.
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Educação de jovens e adultos: políticas e formação continuada dos docentes
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Luciane Spanhol Bordignon | Eliara Zavieruka Levinski
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Educação de jovens e adultos: políticas e formação continuada dos docentes
1
O Marco de Ação de Belém é um documento construído coletivamente ao longo
do processo preparatório para a VI Conferência Internacional de Educação de
Adultos, ocorrida em Belém, em dezembro de 2009. Após aprovação, caracterizou-
se como um conjunto de recomendações para o direcionamento das Políticas de
Alfabetização e EJA.
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Luciane Spanhol Bordignon | Eliara Zavieruka Levinski
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Educação de jovens e adultos: políticas e formação continuada dos docentes
[...] sem dúvida um dos olhares sobre esses jovens e adultos é vê-los
como alunos(as), tomarmos consciência de que são privados dos bens
simbólicos que a escolarização deveria garantir [...] que o analfa-
betismo e os baixos índices da escolarização da população jovem e
adulta popular são um gravíssimo indicador de estarmos longe da
garantia universal do direito à educação para todos (2011, p. 23).
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Luciane Spanhol Bordignon | Eliara Zavieruka Levinski
2
No encontro de formação docente realizado no dia 05 de outubro de 2016, os
docentes sinalizaram alguns desafios, como: amplificação do olhar; compreensão
da vida cotidiana dos alunos; desafio de manter o aluno que em algum momento
já abandonou a escola; necessidade de maior aproximação com a universidade;
entre outros.
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Educação de jovens e adultos: políticas e formação continuada dos docentes
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Luciane Spanhol Bordignon | Eliara Zavieruka Levinski
Considerações finais
A escolarização de jovens e adultos demonstra tentativas
de se avançar na luta pelo direito à educação. Manter reflexões
sobre as políticas educacionais, a formação docente e o pensar
pedagógico no contexto da EJA possibilita, segundo Arroyo
(2011), uma reconfiguração de um campo educativo que tem
uma história tão tensa quanto densa, mas que exige ser reco-
nhecida como um campo específico de responsabilidade pública.
Ao finalizar este texto, tendo presente os estudos prévios
que o subsidiam, destacam-se: os indicativos da importância
dos processos de formação continuada dos docentes na EJA na
perspectiva do professor reflexivo e de trabalhos coletivos; o
aprofundamento de debates sobre questões fundantes sobre a
desigualdade social; a possibilidade de contribuição para o pro-
cesso de mudança social; e o fomento à EJA, enquanto modali-
dade de ensino e direito à educação, que possibilita a garantia
de uma educação de qualidade na formação cidadã.
Referências
ARROYO, Miguel Gonzáles. Educação de jovens-adultos: um campo de di-
reitos e de responsabilidade pública. In: SOARES, Leôncio; GIOVANET-
TI, Maria Amélia; GOMES, Nilma Lino (Org.). Diálogos na educação de
jovens e adultos. Belo Horizonte: Autêntica, 2011. p. 19-52.
BRASIL. Constituição (1988). Constituição da República Federativa do
Brasil de 1988. Brasília, DF, 1988. Disponível em: <http://www.planalto.
gov.br/ccivil_03/constituicao/constituicaocompilado.htm>. Acesso em: 20
jul. 2017.
______. Lei nº 9.394, de 20 de dezembro de 1996. Lei de Diretrizes e Bases
da Educação Nacional. Dispõe sobre as Diretrizes e Bases da Educação
Nacional. 1996. Disponível em: <http://portal.mec.gov.br/seesp/arquivos/
pdf/lei9394_ldbn1.pdf>. Acesso em: 09 ago. 2017.
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Educação de jovens e adultos: políticas e formação continuada dos docentes
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Maria Isabel Bristott
Linguagens, códigos
e suas tecnologias
em EJA
Maria Isabel Bristott
Introdução
O
presente texto tem o objetivo de (com)partilhar o traba-
lho realizado na oficina voltada às “Linguagens, códi-
gos e suas tecnologias”, no contexto do curso de forma-
ção continuada “O trabalho pedagógico na educação de jovens
e adultos: repensando e qualificando as práticas educativas”,
coordenado pelo Centro Regional de Educação, da Faculdade de
Educação (Faed) da Universidade de Passo Fundo (UPF), com
educadores do Serviço de Educação de Jovens e Adultos (Seja),
de Marau, RS, e com educadores do Núcleo Estadual de Edu-
cação de Jovens e Adultos (Neeja), de Palmeira das Missões,
RS. Ao compartilhar o trabalho, almeja-se trazer contribuições
metodológicas para a educação de jovens e adultos (EJA), de
forma que, além disso, faça-se parte significativa ao repensar e
ao qualificar as práticas educativas.
A proposta apresentada está ancorada no meu exercício
profissional de educadora na área das linguagens, em especial
em EJA, na rede pública estadual de ensino do Rio Grande do
Sul, e de psicóloga, comprometida com a educação libertado-
ra e constituinte de sujeitos. Também, a proposta traz os prin-
cípios metodológicos participativos, em que o entrelaçamento
das partes, mediados pelas múltiplas formas de linguagem que
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Linguagens, códigos e suas tecnologias em EJA
Início do trabalho
O trabalho iniciou-se com saudação aos participantes, com
uma breve “conversa de abertura”, e apresentação da agenda
do encontro, com a sequência do trabalho a ser desenvolvido.
A apresentação da agenda tem uma função organizadora dos
sujeitos do processo tanto no tempo quanto no espaço, além de
permitir a observação de como cada um se posiciona diante do
que é proposto. Este é um bom momento para verificar se a
proposta vem ao encontro da demanda do grupo ou, então, se é
necessário alterá-la. Em seguida, foram retomadas as guias de
convivência e os sinais. As guias de convivência consistem em
pontuar, com o grupo, palavras que orientem o(s) encontro(s),
de forma que favoreça o convívio e o crescimento. Os sinais, to-
dos não verbais, são previamente combinados, como: levantar o
braço e estender o dedo para pedir a palavra; levantar o braço
e estender a mão para pedir silêncio; elevar as mãos, com as
palmas para cima, quando alguém estiver falando muito baixo,
ou elevar as mãos, com as palmas para baixo, quando alguém
estiver falando muito alto, no momento das partilhas das falas.
Salienta-se que esses códigos podem ser solidários. Qualquer
participante pode fazer uso deles, uma vez que, além de serem
facilitadores da organização do trabalho, qualificam a comu-
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Maria Isabel Bristott
1
Disponível em: <https:/www.letras.mus.br>nossas- histórias>. Acesso em: 30 jun.
2016.
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Linguagens, códigos e suas tecnologias em EJA
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Maria Isabel Bristott
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Linguagens, códigos e suas tecnologias em EJA
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Maria Isabel Bristott
[...] lemos pouca poesia, nunca fui desafiado a ler poesia; as poesias
dizem muitas coisas; falamos da resistência do adolescente, mas nós
também resistimos, no início; recitar é se expor, pra nós foi desa-
fiador; para leitura de poesia, requer mais preparo e interpretação,
partilhar foi um desafio.
Avaliação
Para avaliar a oficina, foi utilizada a dinâmica de grupo “A
mala”, também do PAV, que consiste na utilização de um papel
pardo ou cartolina para desenhar uma mala e registrar: dentro
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Linguagens, códigos e suas tecnologias em EJA
Referências
BRANDÃO, Carlos Rodrigues. O jogo das palavras-semente: e outros jo-
gos para jogar com palavras. São Paulo: Cortez, 2015.
FREIRE, Paulo. A importância do ato de ler: em três artigos que se com-
pletam. São Paulo: Cortez, 2006.
MORENNO, Pablo. Por que os homens não voam? Porto Alegre: WS Edi-
tor, 2006.
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Sandra Mara Marasini
Educação matemática
e EJA: debate sobre o
ensino e a aprendizagem
Sandra Mara Marasini
Introdução
P
roporcionar um ensino que tenha como finalidade a
aprendizagem matemática, na perspectiva do desen-
volvimento intelectual além do desenvolvimento de um
conteúdo, tem gerado pesquisas por um grupo de educadoras
matemáticas, pertencentes à equipe de professores do Labora-
tório de Matemática da Universidade de Passo Fundo (UPF).
Apesar de as pesquisas serem voltadas para o ensino e a apren-
dizagem da matemática na educação básica, seus resultados
subsidiam ações relacionadas à educação de jovens e adultos
(EJA), porque os resultados dessas pesquisas subsidiam toda
ação relacionada ao ensino e à aprendizagem da matemática
para qualquer sujeito. Uma dessas ações foi o Curso de For-
mação do EJA – Marau, cujo minicurso relacionado à área da
educação matemática foi desenvolvido na noite de 10 de agosto
de 2016, na Secretaria Municipal de Marau, RS.
O minicurso “Educação matemática e EJA: debate sobre o
ensino e a aprendizagem” objetivou oportunizar o debate sobre
processos de ensinar e de aprender de jovens e adultos, entre
docentes da EJA e da UPF, com a finalidade de refletir sobre
princípios pedagógicos que qualifiquem a elaboração de propos-
tas pedagógicas para grupos de EJA.
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Educação matemática e EJA: debate sobre o ensino e a aprendizagem
O minicurso
O encontro iniciou com a acolhida das coordenadoras do
encontro de formação da EJA do município de Marau e da UPF.
Durante a acolhida, foram retomados os guias de convivência
definidos pelo grupo desde o primeiro encontro, equivalentes a
regras do contrato didático, conceito desenvolvido por autores
franceses, especialmente por Brousseau na didática da mate-
mática.
Para Henry, o contrato didático é o “conjunto de comporta-
mentos do professor que são esperados pelo aluno, e o conjun-
to dos comportamentos do aluno que são esperados pelo pro-
fessor” (1971, p. 47 apud SILVA; MOREIRA; GRANDO, 1996,
p. 10). Assim, o contrato didático compreende negociações de
compromissos estabelecidos entre professor e aluno, sujeitos
que compõem efetivamente o sistema didático. Esses compro-
missos dependem do nível de acolhimento durante os encontros.
Para isso, foram feitas breves apresentações, especialmente em
relação à atuação na EJA.
Com a mensagem “O cego e o publicitário” (autor desco-
nhecido), foi possível perceber que, quando nada nos acontece
é preciso mudar de estratégia. Dessa forma, durante o mini-
curso, não foram explorados conceitos matemáticos diferentes
do que os professores já tivessem estudado, mas com ênfase
na conscientização dos seus porquês. Assim, os participantes
foram questionados sobre suas concepções de matemática e a fi-
nalidade do estudo da matemática na EJA. Após manifestações
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Sandra Mara Marasini
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Educação matemática e EJA: debate sobre o ensino e a aprendizagem
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Sandra Mara Marasini
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Educação matemática e EJA: debate sobre o ensino e a aprendizagem
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Sandra Mara Marasini
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Educação matemática e EJA: debate sobre o ensino e a aprendizagem
Considerações
Apesar da pouca bibliografia sobre educação matemática
e EJA, o momento vivenciado permitiu perceber que não há
como promover mudanças qualitativas na educação sem uma
base teórica consistente, que subsidie o fazer pedagógico, neste
caso, em especial, os pressupostos da teoria histórico-cultural,
na matemática e na didática da matemática.
Um aspecto importante a ser considerado é que todo estu-
dante de EJA tem suas vivências pessoais e traz consigo con-
ceitos prévios sobre os conceitos matemáticos. Dessa forma, a
utilização dos conceitos matemáticos, nos diferentes contextos
dos estudantes, aparece de forma integrada, envolvendo vários
ao mesmo tempo e diversas áreas do conhecimento. Assim sen-
do, os conceitos da cultura do trabalho dos estudantes podem
caracterizar-se como elementos mediadores para a apropriação
dos conceitos matemáticos, possibilitando novas zonas de de-
senvolvimento proximal (VYGOTSKY, 1998).
Além disso, todo componente curricular deve ser desen-
volvido com a única finalidade de levar o aluno ao desenvol-
vimento intelectual para a tomada consciente de decisões e a
resolução de problemas pessoais, como cidadão de direito na
sociedade em que vive. Disso tudo, é possível afirmar que o mi-
nicurso contribuiu para a formação dos docentes, na medida em
que proporcionou trocas de saberes fundamentados nas expe
riências pessoais dos docentes.
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Sandra Mara Marasini
Referências
BRASIL. Ministério de Educação e Cultura. Parâmetros Curriculares Na-
cionais de Matemática – Ensino Fundamental. Brasília, DF: MEC, 1998.
CARVALHO, João Bosco Pitombeira. O que é educação matemática? Te-
mas & Debates, Rio Claro, SBEM, ano IV, n. 3, p. 17- 26, 1991.
FIORENTINI, Dario. Desafios da profissionalidade docente em mate-
mática no contexto atual: a complexidade de estar em sala de aula. In:
JORNADA NACIONAL, 1; JORNADA REGIONAL DE EDUCAÇÃO MA-
TEMÁTICA, 14. Passo Fundo. Anais... Passo Fundo: UPF Editora, 2006.
1 CD-ROM.
GRANDO, Neiva Ignês; MARASINI, Sandra Maria. Educação matemá-
tica: a sala de aula como espaço de pesquisa. Passo Fundo: UPF Editora,
2008.
LEAL, Cláudia. O ato de ensinar. Revista Mentecérebro, Edição Especial,
n. 26, p. 82, abr. 2011.
MACHADO, Nilson José. Sobre a idéia de competência. In: PERRE-
NOUD, Philippe et al. As competências para ensinar no século XXI: a for-
mação dos professores e o desafio da avaliação. Trad. Cláudia Schilling e
Fátima Murad. Porto Alegre: Artmed, 2002. p. 137-155.
MICOTTI, Maria Cecília de Oliveira. O ensino e as propostas pedagógi-
cas. In: BICUDO, Maria Aparecida Viggiani (Org.). Pesquisa em educação
matemática: concepções & perspectivas. São Paulo: Editora Unesp, 1999.
p. 153-168.
MARASINI, Sandra Maria. Contribuições da didática da matemática
para a educação matemática. In: RAYS, Oswaldo Alonso. Educação e ensi-
no: constatações, inquietações e proposições. Santa Maria: Pallotti, 2000.
p. 126-130.
PAIS, Luiz Carlos. Didática da matemática: uma análise da influência
francesa. 2. ed. Belo Horizonte: Autêntica, 2008.
PANIZZA, Mabel et al. Ensinar matemática na educação infantil e nas
séries iniciais: análise e propostas. Trad. Antônio Feltrin. Porto Alegre:
Artmed, 2006.
SILVA, Elcio Oliveira da; MOREIRA, Mariano; GRANDO, Neiva Ignês. O
contrato didático e o currículo oculto: um duplo olhar sobre o fazer peda-
gógico. Zetetiké, Campinas, a. 5, n. 6, 1996.
VYGOTSKY, L. S. Pensamento e linguagem. 2. ed. São Paulo: Martins
Fontes, 1998.
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Ciências da natureza e suas tecnologias: algumas contribuições...
Ciências da natureza
e suas tecnologias:
algumas contribuições
para o trabalho
na educação de
jovens e adultos
Elisabeth Maria Foschiera
Introdução
O
presente texto tem o objetivo de apresentar a siste-
matização do trabalho realizado na oficina sobre pro-
cessos de ensino-aprendizagem, na área das ciências
da natureza e suas tecnologias, desenvolvida no município de
Marau, RS, com os gestores da Secretaria Municipal de Educa-
ção (SME), professores e funcionários do Serviço de Educação
de Jovens e Adultos (Seja). Também participaram da formação
gestores e professores do Núcleo Estadual de Educação de Jo-
vens e Adultos (Neeja), do município de Palmeira das Missões.
A oficina ocorreu no curso de formação continuada denomina-
do: “O trabalho pedagógico na educação de jovens e adultos:
repensando e qualificando as práticas educativas” e foi desen-
volvida a partir de socialização de práticas vivenciadas pelos
educadores e gestores, nos seus respectivos locais de trabalho,
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Elisabeth Maria Foschiera
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Ciências da natureza e suas tecnologias: algumas contribuições...
Procedimentos metodológicos
Portanto, a metodologia para o trabalho com a EJA deve
se basear nos princípios presentes nos documentos nacionais,
dando ênfase à formação e à autoformação dos sujeitos envol-
vidos na ação educativa. O educando deverá sistematizar o que
assimilou ao longo do processo educativo, sendo agente da cons-
trução das hipóteses sobre a realidade que o cerca, por meio da
experimentação e da reelaboração do conhecimento. O desen-
volvimento do trabalho deverá ser orientado por campos concei-
tuais envolvendo as diferentes áreas do conhecimento, a serviço
da construção de novos conceitos (BRASIL, 1997).
A metodologia deverá contemplar a busca dos elementos
que permitem o levantamento de temas significativos, para
serem geradores de novas relações entre os diferentes campos
do saber. Esse tema, denominado “tema gerador”, impulsiona
a análise da realidade. A expressão “tema gerador” está ligada
à ideia de interdisciplinaridade e está presente na metodolo-
gia freireana, pois tem como princípio metodológico a promoção
de uma aprendizagem global, não fragmentada, e traz a ideia
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Elisabeth Maria Foschiera
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Ciências da natureza e suas tecnologias: algumas contribuições...
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Figura 2 – Plenária 1
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Elisabeth Maria Foschiera
Figura 3 – Plenária 2
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Ciências da natureza e suas tecnologias: algumas contribuições...
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Elisabeth Maria Foschiera
Referências
ARROYO, Miguel Gonzalez. Educação básica de jovens e adultos, escola
plural. Belo Horizonte: Secretaria Municipal de Educação de Belo Hori-
zonte, 1996.
BRASIL. Ministério da Educação. Parâmetros Curriculares Nacionais.
Brasília, DF: MEC, 1997. v. 8.
FOSCHIERA, E. M. As contribuições da educação ambiental na educação
de jovens e adultos. In: SARTORI, Jerônimo; WESCHENFELDER, Lorita
Maria (Org.). Práticas pedagógicas: vivências e reflexões. Passo Fundo:
UPF Editora, 2007.
FREIRE, Paulo. Educação como prática de liberdade. Rio de Janeiro: Paz
e Terra, 1983.
______. Pedagogia da autonomia. São Paulo: Paz e Terra, 1999.
______. Pedagogia do oprimido. 36. ed. Rio de Janeiro: Paz e Terra, 2003.
GADOTTI, M. Pedagogia da práxis. In: FERRARO JR., L. A. (Org.). En-
contros e caminhos: formação de educadoras(es) ambientais e coletivos
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p. 236-245.
HURTADO, Carlos, Nunes. Educar para transformar, transformar para
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KONDER, Leandro. O futuro da filosofia da práxis. Rio de Janeiro: Paz
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RIO GRANDE DO SUL. Secretaria de Educação. Merenda Escolar. Porto
Alegre: Secretaria de Educação, 2000.
TARDIF, Maurice. Saberes docentes e formação profissional. Petrópolis:
Vozes, 2002.
TOZONI-REIS, M. F. de C. Temas ambientais como “temas gerado-
res”: contribuições para uma metodologia educativa ambiental crítica,
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tion/250050825_Temas_ambientais_como_temas_geradores_contribui-
coes_para_uma_metodologia_educativa_ambiental_critica_transforma-
dora_e_emancipatoria>. Acesso em: 11 set. 2017.
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EXPERIÊNCIAS
VIVENCIADAS
Anarete Bolis
Alfabetização na
educação de
jovens e adultos
Anarete Bolis
Introdução
A
prática pedagógica oferece inúmeras experiências.
Uma das experiências mais significativas é o trabalho
na educação de jovens e adultos (EJA). Trabalhar com
os adultos, principalmente, na alfabetização é muito gratifican-
te, pois cada descoberta, cada palavra escrita ou lida tem um
sentido, um significado. É importante destacar que os sujeitos
da EJA, em especial, do Serviço de Educação de Jovens e Adul-
tos (Seja), apresentam vivências e experiências diferenciadas,
que se caracterizam como conhecimentos construídos ao longo
de suas vidas.
Os ambientes da escola e da sala de aula necessitam ter
como foco o respeito e a valorização de todas as formas de ex-
pressão dos alunos. Todas as atividades realizadas com os alu-
nos devem favorecer a aprendizagem e a reflexão, para que o
conhecimento seja construído e as relações sejam promotoras
do saber. Destaco, como primordial no meu trabalho, a valori-
zação dos sujeitos bem como de seus saberes adquiridos com as
experiências realizadas.
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Alfabetização na educação de jovens e adultos
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Anarete Bolis
Relatos de experiência
Diante do exposto pela teoria, procurei realizar breves re-
latos de atividades realizadas com alunos do Seja, objetivando
a leitura da palavra e do mundo. A necessidade de ler e escre-
ver precisa ser ressignificada pela escola. Como afirma Freire
(2006, p. 11), a “leitura do mundo precede a leitura das pala-
vras”.
Os indivíduos que buscam a escolarização são sujeitos que
se conscientizaram dessa necessidade para fins de trabalho ou
para buscar habilitação (carteira de motorista), além do caso de
mães que, na sua maioria, têm a necessidade de auxiliar o filho
na vida escolar. A busca pela apropriação do código escrito traz
consigo conhecimentos construídos de algumas práticas sociais
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Alfabetização na educação de jovens e adultos
Atividade 1
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Anarete Bolis
Atividade 2
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Alfabetização na educação de jovens e adultos
Atividade 3
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Anarete Bolis
Considerações
A educação para a vida tem que ser o grande objetivo da
escolarização, tendo o currículo como uma ponte para acessar
essa complexidade, para que esses indivíduos possam se colo-
car como sujeitos críticos, reflexivos, transformadores do tempo
em que vivem. E isso perpassa, naturalmente, por uma relação
de compromisso entre professor e alunos. É um compromisso
social.
A educação, por natureza, é pura responsabilidade social.
É uma responsabilidade socioeconômica, cultural, ambiental,
portanto, educar, hoje, significa educar para a vida no mundo.
Isso exige professores comprometidos com a educação. Então,
ensinar ganha um panorama mais amplo e está inscrito em um
cenário mais completo do que o de décadas atrás. E quem ensi-
na assume uma relação de alteridade como projeto de vida. É
ensinar para a vida.
Referências
FREIRE, Paulo. Educação como prática da liberdade. 23. ed. Rio de Ja-
neiro: Paz e Terra, 1997.
______. Conscientização: teoria e prática da libertação: São Paulo: Moraes,
1980.
______. Ação cultural para a liberdade e outros escritos. Rio de Janeiro:
Paz e Terra, 1982.
______. Pedagogia do oprimido. Rio de Janeiro: Paz e Terra, 1987.
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Alfabetização na educação de jovens e adultos
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Carla Cristine Tramontina
Aprender a aprender
na educação de jovens
e adultos e sua
interação com a vida
Carla Cristine Tramontina
Introdução
P
ensar a escola como instituição social é um grande desa-
fio, pois necessita construir a cidadania e preparar o su-
jeito para a vida, para que possa intervir nesse contexto.
A educação de jovens e adultos (EJA) tem muito a fazer para
auxiliar no processo de aprender a aprender, em que muitos
jovens e adultos se inserem com o intuito de buscar mais ou de
“ser alguém na vida”. Em relação a essa realidade, em Marau,
RS, tem-se a escola de Serviço de Educação de Jovens e Adultos
(Seja) para atender as necessidades da comunidade na forma-
ção de pessoas que precisam se inserir no mercado de trabalho
ou que têm que acelerar os estudos em função da distorção ano/
idade.
Diante do exposto, faz-se necessário pensar uma escola de
EJA diferenciada e com qualidade, possibilitando que os sujei-
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Aprender a aprender na educação de jovens e adultos e sua interação com a vida
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Carla Cristine Tramontina
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Carla Cristine Tramontina
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Aprender a aprender na educação de jovens e adultos e sua interação com a vida
A participação no Seja
Entender o conceito de participação e as suas implicações
dentro da escola é de suma importância, pois é o que oferece
sentido ao trabalho pedagógico e possibilita a sua concretiza-
ção, porque exige comprometimento.
Conforme Benincá (1995, p. 14), segundo a etimologia da
palavra, participação significa “ter parte na ação”, o que torna
necessário ter acesso ao agir e também “às decisões que orien-
tam o agir. Para ter parte na ação é necessário ter acesso ao
agir e às decisões desse agir”. O autor reflete que “executar
uma ação não significa ter parte, ou seja, responsabilidade so-
bre a ação. E somente será sujeito da ação quem puder decidir
sobre ela”. Esse processo acontecerá se for conduzido de forma
consciente e refletida, envolvendo o grupo em todas as decisões
da escola.
A própria Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional,
Lei nº 9.394/1996, em seu artigo 12, afirma e aponta a impor-
tância da participação quando provoca os estabelecimentos de
ensino para elaborarem sua proposta pedagógica. Além disso,
a mesma lei indica a articulação dessa tarefa sob uma visão
democrática, em seu artigo 14, que afirma que “[...] os sistemas
de ensino definirão as normas da gestão democrática do ensino
público na educação básica, de acordo com as suas peculiarida-
des” (BRASIL, 1996).
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Carla Cristine Tramontina
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Aprender a aprender na educação de jovens e adultos e sua interação com a vida
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Carla Cristine Tramontina
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Aprender a aprender na educação de jovens e adultos e sua interação com a vida
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Carla Cristine Tramontina
Considerações finais
A EJA traz em sua constituição a marca das exclusões e
do uso de metodologias que não atendem as necessidades dos
educandos. A Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional e
as novas leis educacionais abriram novas possibilidades e pro-
moveram um avanço para a EJA, ou seja, tornaram-na mais
democrática e dialógica, atenta às experiências dos alunos, a
fim de que estes venham a ser sujeitos que possam intervir na
realidade em que se inserem.
Todo trabalho realizado em prol da EJA e para pensar uma
escola do Seja diferenciada é um desafio, porque necessita força
de vontade, pesquisa, confronto entre teoria e prática e, prin-
cipalmente, fazer acontecer. O Seja foi criado para aqueles que
não tiveram o acesso à escola na idade apropriada, a possibili-
dade de desenvolvimento e aprendizagem, o que faz com que
essa modalidade de ensino tenha uma especificidade singular.
Realizar o processo de formação do Seja foi de grande re-
levância, pois obtive um grande acúmulo de conhecimentos,
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Aprender a aprender na educação de jovens e adultos e sua interação com a vida
Referências
ABREU, I. A pedagogia de projetos: o novo olhar na aprendizagem. 2012.
Disponível em: <http://meuartigo.brasilescola.com/educacao/a-pedagogia-
projetos-novo-olhar-na-aprendizagem.htm>. Acesso em: 03 jan. 2017.
BENINCÁ, E. As origens do planejamento participativo no Brasil. Revista
Educação – AEC, Brasília, DF, n. 26, p. 7-21, jul./set. 1995.
BRASIL. Lei nº 9.394/1996. Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacio-
nal. Brasília, DF, 1996.
COLL, C. S. Aprendizagem escolar e construção do conhecimento. Porto
Alegre: Artes Médicas, 1994.
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Carla Cristine Tramontina
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A matemática e a diversidade cultural do Seja: contribuições e desafios
A matemática e a
diversidade cultural
do Seja: contribuições
e desafios
Eleni Dossa
Introdução
C
omo professora de escola educação de jovens e adultos
(EJA) e de escola regular, frequentemente ouço a se-
guinte frase: “Esse aluno já fez 15 anos, tem que ir para
o EJA”. Os educadores, de modo geral, têm dificuldades em tra-
balhar com alunos que não estão em conformidade entre série/
ano e idade, mesmo que estejam incluídos em grupos de apren-
dizagem de uma única geração.
Pensar a EJA é imaginar-se mediador acadêmico para um
grupo de aprendizagem do qual fazem parte mais de uma gera-
ção de sujeitos, com expectativas, necessidades e vivências úni-
cas e individualizadas. É mais que se imaginar, é ter consciên
cia de que, mesmo na heterogeneidade, temos o dever de, se não
corrigir, ao menos, amenizar uma dívida social que perdura ao
longo da construção da sociedade brasileira.
Nesse sentido, o presente texto procura pensar e refletir
sobre o ensino da matemática diante da diversidade cultural
dos sujeitos que fazem parte da EJA. Além disso, procura-se
demonstrar o quanto essa disciplina é importante e utilizada
no cotidiano de todos, relatando práticas pedagógicas realiza-
das com os alunos.
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Eleni Dossa
A matemática e a EJA
As demandas que regem o fazer pedagógico de um educa-
dor de EJA requerem absoluta certeza da disponibilidade de re-
pensar, renovar e contextualizar os conteúdos e a própria ação,
para que, nessa diversidade, possa-se chegar a cada um e aten-
der todas as expectativas. Do contrário, tem-se um fator prepon-
derante de evasão escolar, além da frustração por não ter sensi-
bilizado aquele(a) aluno(a) sobre a importância do estudo como
ferramenta para intervenção na realidade e para mudá-la ao
seu favor, de comprometer sua inserção no contexto dos que rei-
vindicam seus direitos e a própria cidadania, além de excluí-lo
totalmente do conhecimento acadêmico. É sob esse panorama
que se posiciona a Matemática, como algoz de muitos insucessos
escolares, principalmente dos educandos mais jovens.
Grande parte dos alunos referem-se à Matemática como
uma disciplina à parte do contexto das aprendizagens, não gos-
tam, não veem sentido na sua abstração, no entanto, não dizem
que não é importante estudá-la, conhecê-la e tampouco enten-
der os seus conceitos. O que é bem claro é que a maioria não faz
a correlação entre as definições aprendidas na sala de aula e
suas práticas cotidianas. Segundo os Parâmetros Curriculares
Nacionais:
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A matemática e a diversidade cultural do Seja: contribuições e desafios
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Eleni Dossa
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A matemática e a diversidade cultural do Seja: contribuições e desafios
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Eleni Dossa
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A matemática e a diversidade cultural do Seja: contribuições e desafios
Prática 1
Prática 2
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Eleni Dossa
Considerações finais
É evidente que a diversidade cultural está presente no
Seja, e por isso a necessidade de trabalhar conteúdos que sejam
significativos para todos os sujeitos. A busca para contextua-
lizar os conteúdos e torná-los significativos para o aluno deve
ser constante, a fim de que haja realmente a aprendizagem.
Os conteúdos devem ser relacionados à realidade vivida pelos
sujeitos para se tornarem significativos.
Nesse sentido, o professor de matemática tem o desafio
constante de refletir sobre sua prática, analisar os conteúdos
significativos e proporcionar desafios para que os alunos pos-
sam pensar sobre o que estão refletindo e realizando. Deve-se
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A matemática e a diversidade cultural do Seja: contribuições e desafios
Referências
FREIRE, Paulo. Pedagogia da esperança. Um reencontro com a Pedago-
gia do oprimido. Rio de Janeiro: Paz e Terra, 1992.
FONSECA, Maria da Conceição F. R. Educação matemática de jovens e
adultos: especificidades, desafios e contribuições. São Paulo: Autêntica,
2007.
SOUSA, Ariana Bezerra. A resolução de problemas como estratégias di-
dáticas para o ensino da matemática. 2005. Disponível em: <http://www.
ucb.br/sites/100/103/TCC/2005/AdrianaBezerradeSousa.pdf>. Acesso em:
1º fev. 2017.
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Fabiane Pizato Girardi
Ressignificando práticas
de arte-educação para
jovens e adultos
Fabiane Pizato Girardi
Introdução
E
ste texto parte das reflexões, das discussões e dos traba-
lhos de dinâmica de grupo propostos no curso de forma-
ção pedagógica “Educação de jovens e adultos: repen-
sando e qualificando as práticas educativas”, promovido pela
Secretaria de Educação da cidade de Marau, RS, realizado no
decorrer do ano de 2016, em parceria com a Universidade de
Passo Fundo (UPF). O objetivo é apresentar uma ação peda-
gógica de Arte realizada no ano de 2016 no Serviço de Educa-
ção de Jovens e Adultos (Seja), na cidade de Marau, RS, que
aborda: temas relacionados com a história da arte-educação no
Brasil e as bases curriculares da disciplina; reflexões sobre a
educação visual e sua importância; contextualização do fazer
artístico, de forma que represente uma proposta de ressignifi-
cação da prática docente para melhor abordar temas relativos à
arte e que sejam relevantes aos sujeitos da educação de jovens
e adultos (EJA).
A metodologia orientadora está apoiada na abordagem
triangular, proposta por Ana Mae Barbosa, a qual está estrutu-
rada a partir dos enfoques no fazer artístico, da apreciação e da
contextualização das ações. Ainda, apresentam-se as propostas
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Ressignificando práticas de arte-educação para jovens e adultos
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Fabiane Pizato Girardi
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Fabiane Pizato Girardi
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Ressignificando práticas de arte-educação para jovens e adultos
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Fabiane Pizato Girardi
Ressignificando...
A presença da disciplina de Artes Visuais no currículo es-
colar provoca no educando abertura para a reflexão, a observa-
ção, a capacidade crítica, a experimentação, o desenvolvimento
de habilidades, a sensibilidade e a imaginação, pelo fato de que
possui especificidades pedagógicas essenciais ao processo edu-
cativo em cada pessoa.
O ponto de partida para o trabalho de ressignificação rela-
tado a seguir se deu em função do hábito, da maioria dos edu-
candos, de observar o mundo das imagens por meio da televi-
são, de propagandas e outdoors. Por isso, foram utilizadas pro-
pagandas de cerveja, refrigerante e fastfood, em um primeiro
momento de leitura de imagem, com ênfase na psicologia das
cores usadas para transmitir sensações e estimular o desejo.
Sabe-se que a televisão é o meio de comunicação de maior
acesso, e, atualmente, saber ler as imagens é indispensável
para a reflexão crítica da realidade. Também, com a intensa in-
dustrialização e o desenvolvimento do sistema capitalista que
incentiva e seduz para o consumo, é fundamental que o teles-
pectador seja educado para um olhar crítico, uma vez que, para
vender grandes quantias de produtos, a publicidade televisiva
é muito bem articulada.
A educação do olhar é um processo em que o educador as-
sume uma postura na mediação de leituras de imagens, bus-
cando sempre partir de uma abordagem problematizadora, ins-
tigando o olhar e a reflexão, respeitando as interpretações e os
julgamentos dos educandos e estimulando a autonomia.
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Ressignificando práticas de arte-educação para jovens e adultos
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Fabiane Pizato Girardi
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Ressignificando práticas de arte-educação para jovens e adultos
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Fabiane Pizato Girardi
Considerações finais
Mais do que refletir sobre a abordagem triangular e as
propostas para uma nova narrativa visual, todo educador, inde-
pendente da disciplina que ministra, deve considerar a escola
e o seu contexto, assim como a atividade que pretende propor e
a realidade dos educandos aos quais as atividades são ofereci-
das. Nesse sentido, a adaptação dos conteúdos e das propostas
pedagógicas para o ensino de EJA deve estar, necessariamente,
em constante adaptação.
Para qualificar a prática pedagógica, a etapa de adapta-
ção foi importante, como também a observação das turmas, as
singularidades dos educandos e todos os aspectos que os dife-
renciam entre si. Percebe-se que, por meio das reflexões acerca
de todo o processo de ensino-aprendizagem, a escolha de trazer
para o ambiente escolar o cotidiano dos alunos e, a partir dele,
ressignificar as propostas e as práticas pedagógicas adotadas
em sala de aula na disciplina de Arte provocou uma mudança
de postura na escola.
O ato de trazer o cotidiano para a sala de aula serviu para
a abertura do caminho de acesso a diversas ações em torno de
ler, fazer e contextualizar obras, imagens, propagandas, temas
e outros materiais da cultura visual com os alunos da EJA.
Também, acompanhar a evolução estética e crítica da cul-
tura visual dos educandos no decorrer do ano foi uma imensa
satisfação. Outro aspecto que merece registro refere-se às refle-
xões e aprendizagens conquistas com o trabalho realizado em
conjunto pela escola, pela Secretaria de Educação de Marau e
pela UPF nessa formação em EJA. O referido trabalho, por seu
processo contínuo, envolveu diversas ações, discussões e articu-
lações entre arte-educação e cotidiano, favorecendo a formação
de identidades dos sujeitos da EJA e da escola.
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Ressignificando práticas de arte-educação para jovens e adultos
Referências
BARBOSA, Ana Mae. Inquietações e mudanças no ensino da arte. São
Paulo: Cortez, 2007.
BRASIL. Ministério da Educação. Proposta curricular da disciplina de
Arte para educação de jovens e adultos. 2001. Disponível em: <http://por-
tal.mec.gov.br/secad/arquivos/pdf/eja/propostacurricular/segundosegmen-
to/vol3_arte.pdf>. Acesso em: 05 jan. 2017.
______. Lei nº 9.394, de 20 de dezembro de 1996. Brasília, DF, 1996. Dis-
ponível em: <http://portal.mec.gov.br/arquivos/pdf/ldb.pdf>. Acesso em: 05
jan. 2017.
______. Secretaria de Educação Fundamental. Parâmetros Curriculares
Nacionais: Arte. Brasília: MEC/SEF, 1997. Disponível em: <http://portal.
mec.gov.br/seb/arquivos/pdf/livro06.pdf>. Acesso em: 05 jan. 2017.
BUENO, Maria Lucina Busato. Vivências no fazer pictórico com tintas
naturais. Passo Fundo: UPF Editora, 2005.
HERNÁNDEZ, Fernando. Catadores da cultura visual. Porto Alegre: Me-
diação, 2009.
______. Cultura visual, mudança educativa e projeto de trabalho. Porto
Alegre: Artes Médicas, 2000.
IAVELBERG, Rosa. Para gostar de aprender arte: sala de aula e formação
de professores. Porto Alegre: Artes Médicas, 2003.
MARTINS, Miriam C. Didática do ensino da arte: poetizar, fruir e conhe-
cer arte. São Paulo: FTD, 1998.
| 106 |
Odalea Carla Andreis
Introdução
C
onhecer e interpretar o mundo é fundamental para po-
dermos usufruir os melhores momentos da vida e, con-
sequentemente, tornarmo-nos abertos para novas expe-
riências, desenvolvendo nossas capacidades intelectuais.
A educação de jovens e adultos (EJA), ao longo dos anos,
desde sua implantação no Brasil, tem motivado um grande nú-
mero de alunos com diferentes faixas etárias, previstas em lei,
para o ingresso nessa modalidade de ensino, a fim de buscar
cotidianamente mudanças em sua história e em sua trajetória
de vida, por meio de novas aprendizagens, valorizando e respei-
tando o conhecimento.
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A interação dos alunos da educação de jovens e adultos com o ensino das ciências naturais
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Odalea Carla Andreis
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A interação dos alunos da educação de jovens e adultos com o ensino das ciências naturais
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Odalea Carla Andreis
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A interação dos alunos da educação de jovens e adultos com o ensino das ciências naturais
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Odalea Carla Andreis
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A interação dos alunos da educação de jovens e adultos com o ensino das ciências naturais
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Odalea Carla Andreis
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A interação dos alunos da educação de jovens e adultos com o ensino das ciências naturais
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Odalea Carla Andreis
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A interação dos alunos da educação de jovens e adultos com o ensino das ciências naturais
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Odalea Carla Andreis
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A interação dos alunos da educação de jovens e adultos com o ensino das ciências naturais
Considerações finais
O caminho para a mudança deste país está em nossas
mãos, mãos de educadores que sonham, criam e partilham
esperanças na área educacional. Para isso acontecer, são ne-
cessários empenho, dedicação e coragem para fazer a diferen-
ça no modo de planejar e compartilhar os saberes necessários,
tornando jovens e adultos capazes de fazer e refazer, formar e
transformar, criar e recriar seus trajetos de vida e a própria
sociedade, pois a mudança é essencial para todo ser humano.
Referências
PIAGET, J. Psicologia e Pedagogia. Rio de Janeiro: Bertrand Brasil, 1970.
MOREIRA, M. A. Mapas conceituais e aprendizagem significativa. São
Paulo: Centauro, 2010.
| 120 |
Flávio da Silva Figueiró et al.
A prática pedagógica
na educação de
jovens e adultos
no Núcleo de Palmeira
das Missões, RS
Flávio da Silva Figueiró
Maria Georgina Freire
Neusa Marisa Leal Klein
Rosaneti Saurin Machado
Introdução
O
presente texto apresenta algumas práticas pedagógi-
cas utilizadas na educação de jovens e adultos (EJA)
nos diferentes processos de formação do Núcleo Es-
tadual de Educação de Jovens e Adultos e Cultura Popular
(NeejaCP), de Palmeira das Missões, RS. Essa abordagem torna-
-se uma exigência, dado o percurso realizado por esse núcleo des-
de 1999, como memória necessária dessa temporalidade, quando
transitou entre os ensinos fundamental e médio de forma pre-
sencial (totalidades1) e não presencial (exames supletivos).
Essas transições sempre foram marcadas por iniciativas
individuais de determinados grupos na perspectiva de garan-
1
Totalidade – uma perspectiva de trabalho interdisciplinar, valorizando todas as
áreas de conhecimento.
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A prática pedagógica na educação de jovens e adultos no Núcleo de Palmeira das Missões, RS
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Flávio da Silva Figueiró et al.
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A prática pedagógica na educação de jovens e adultos no Núcleo de Palmeira das Missões, RS
2
Do original: “Ella está en el horizonte – dice Fernando Birri –. Me acerco dos pasos,
ella se aleja dos pasos. Camino diez pasos y el horizonte se corre diez pasos más
allá. Por mucho que yo camine, nunca la alcanzaré. ¿Para qué sirve la utopía?
Para eso sirve: para caminar”.
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Flávio da Silva Figueiró et al.
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A prática pedagógica na educação de jovens e adultos no Núcleo de Palmeira das Missões, RS
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Flávio da Silva Figueiró et al.
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Flávio da Silva Figueiró et al.
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Flávio da Silva Figueiró et al.
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A prática pedagógica na educação de jovens e adultos no Núcleo de Palmeira das Missões, RS
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Flávio da Silva Figueiró et al.
Minha filha que me fez ir para o Neeja. Fui as primeiras vezes, achei
tão difícil, parece que tava atada, voltei, quase tava desistindo. E
comecei a gostar, a aprender, tava numa alegria, eu não esperava,
foi uma transformação. Eu dei exemplo pra muita gente, muitos vol-
taram a estudar. Quando a gente é nova, não dá valor pros estudos,
casava cedo e só cuidava do marido, dos filhos e da casa (Valda Rosa
Vila Fortes, formanda, 2003).
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A prática pedagógica na educação de jovens e adultos no Núcleo de Palmeira das Missões, RS
Referências
FREIRE, Paulo. Pedagogia da autonomia: saberes necessários à prática
educativa. 36. ed. São Paulo: Paz e Terra, 1996.
OLIVEIRA, Marcia Cristina. Caminhos para a gestão compartilhada da
educação escolar. Curitiba: IBPEX, 2011.
PACHECO, José. Escola Da Ponte – formação e transformação da educa-
ção. 2. ed. Petrópolis: Vozes, 2009. (Coleção Transições).
GALEANO, Eduardo; BORGES, José. Las palabras andantes. Buenos Ai-
res: Siglo XXI, 1994.
| 134 |
Andréia Fasolin Fioravanço Bassani | Maris Dias Tonial
Serviço de Educação
de Jovens e Adultos:
o recomeço de
um novo caminho
Andréia Fasolin Fioravanço Bassani
Maris Dias Tonial
Introdução
A
ssim como um filho pede aos pais que lhe mostrem o
caminho, que lhe ensinem a olhar a vida, a conhecer
a imensidão, a grandeza do mundo, oferecendo-lhe um
norte para que tenha condições de seguir e construir sua pró-
pria caminhada, os professores de turmas de educação de jo-
vens e adultos (EJA) precisam servir de mediadores para que
esses sujeitos redescubram ou retomem seu próprio caminho
de estudos, com um novo olhar de mundo, ressignificando seus
conceitos de cidadãos inseridos na sociedade.
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Serviço de Educação de Jovens e Adultos: o recomeço de um novo caminho
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Andréia Fasolin Fioravanço Bassani | Maris Dias Tonial
1
Eu mesma, Andréia, enquanto diretora do Serviço de Educação de Jovens e
Adultos (2013-2016), no ato da matrícula de muitos alunos adultos que voltavam
para a escola, muitos eufóricos, outros com vergonha da idade, deparava-me com
lembranças de minha infância e adolescência ao relembrar das palavras de meu
pai (Enilo Marcante Fioravanço – in memoriam) sobre a importância dos estudos.
Cresci ouvindo que seu maior sonho era proporcionar estudo aos seus quatro filhos,
uma vez que em sua infância não teve essa oportunidade. Frequentou somente até
a 4ª série, mas contava com muito orgulho e como se fosse um dos seus grandes
feitos ter conseguido repetir esta mesma série para não ficar sem ir à escola, pois,
após esta etapa, teria que parar de estudar para ir trabalhar na roça. Sempre nos
disse que o estudo era a única herança que nunca iríamos perder, que ninguém
nunca nos tiraria este bem, e que era através do estudo que poderíamos nos
sustentar e cuidar de nossa família. Seu desejo se realizou no dia da formatura de
sua última filha, minha irmã caçula, quando foram visíveis sua alegria e satisfação
de ver o dever cumprido, ao dizer: “Pronto, todos formados”.
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Serviço de Educação de Jovens e Adultos: o recomeço de um novo caminho
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Andréia Fasolin Fioravanço Bassani | Maris Dias Tonial
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Serviço de Educação de Jovens e Adultos: o recomeço de um novo caminho
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Andréia Fasolin Fioravanço Bassani | Maris Dias Tonial
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Serviço de Educação de Jovens e Adultos: o recomeço de um novo caminho
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Objetivos
Os objetivos do Seja são: desenvolver um caminho de tole-
rância ao ritmo e ao modo individual de ser e crescer de cada
um, contribuindo para o aperfeiçoamento e a melhoria da qua-
lidade de vida dos educandos; buscar restabelecer a trajetória
escolar dos alunos, oportunizando a equalização série/idade;
observar a relação saudável entre as gerações; contribuir para
melhorar o aperfeiçoamento e a qualidade de vida; elevar o
nível de escolaridade da população; reduzir as desigualdades
sociais e regionais no tocante ao acesso e à permanência na
educação pública; conferir sentido para o saber/aprender do
educando; e diminuir o analfabetismo.
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Serviço de Educação de Jovens e Adultos: o recomeço de um novo caminho
Função social
A função social do Seja é desenvolver as potencialidades
sociais e cognitivas dos alunos, por meio do ensino contextua-
lizado e interdisciplinar, a fim de formar cidadãos ativos, críti-
cos, participativos, conscientes de seus direitos e deveres, que
percebam a valorização da vida como meio de evolução pessoal,
política e social.
Numa visão de futuro, o Seja gostaria de ser uma escola
reconhecida por propiciar aos alunos, além do aprendizado pe-
dagógico, o aprendizado social e político, comprometido e trans-
formador, focado no desenvolvimento da cidadania.
Missão
A missão mais relevante do Seja é erradicar o analfabetis-
mo e aumentar o nível de escolaridade dos alunos, proporcio-
nando a vivência de sua evolução de forma digna e os direitos
garantidos pela Constituição da República Federativa do Bra-
sil. Trata-se de uma escola que procura estimular a vivência de
valores como respeito, comprometimento, criatividade, ética,
cidadania, superação, censo crítico, entre muitos outros valores
que agregam para a vida dos educandos.
Currículo
Na dimensão pedagógica, o currículo do Seja necessita ser
construído a cada etapa de estudo junto com os alunos, vindo
ao encontro dos anseios dos educandos. O saber formal obedece
aos conteúdos mínimos de cada série, porém o saber não formal
é preestabelecido conforme os interesses e as necessidades de
cada totalidade.
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Avaliação
A avaliação dos alunos é contínua, exigindo-se frequência
superior a 75% em sala de aula, e os trabalhos de aprofunda-
mento de estudos a distância são proporcionados uma vez por
semana, com um total de quatro horas. O respeito e o cum-
primento às normas de convivência são combinados a cada se-
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Considerações
O PPP é o que norteia o trabalho de uma escola, envolven-
do todos os seus sujeitos. Assim, o projeto desenvolvido pelo
grupo de trabalho do Seja apresenta grandes benefícios, como o
trabalho em cooperação de diferentes setores da escola, a busca
continuada por uma educação de qualidade, o caráter dinâmi-
co entre a prática e a teoria, a orientação quanto a decisões
a serem tomadas, tanto no âmbito administrativo quanto no
pedagógico.
Enfim, em seu desenvolvimento, o PPP do Seja apoia pro-
postas educativas eficazes, a implementação de novas metas, a
formação continuada e outras ações exigidas pelo contexto. Ele
proporciona o envolvimento de todos, para que juntos possamos
construir uma escola mais humana. “Educação não transforma
o mundo. Educação muda as pessoas. Pessoas mudam o mun-
do” (FREIRE, 1979, p. 86).
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Referências
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e bases da educação nacional. Brasília, DF, 1996.
FÉO, Fábia A. C. Aspectos metodológicos do ensino-aprendizagem da lín-
gua espanhola: conceitos de transformação social no ensino de jovens e
adultos. Marau: [s. n.], 2014.
FREIRE, Paulo. Educação e mudança. São Paulo: Paz e Terra, 1979.
GALEANO, Eduardo. O livro dos abraços. 9. ed. Porto Alegre: L&PM,
2002.
GALVÃO, Izabel. Uma reflexão sobre o pensamento pedagógico de Henri
Wallon. São Paulo: FDE, 1994. (Série Ideias, n. 20).
GIANSANTI, Roberto. O Desafio do Desenvolvimento Sustentável. São
Paulo: Atlas, 1998.
LÜCK, Heloísa. Pedagogia interdisciplinar: fundamentos teórico-metodo-
lógicos. 2. ed. Petrópolis, RJ: Vozes, 1995.
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Posfácio
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ntre os primeiros anos da presente década, estivemos
comemorando alguns cinquentenários que não devem
ser esquecidos. Em 2011, rememoramos os cinquenta
anos da instauração da educação popular no Brasil e, depois,
em toda a América Latina, a partir dos trabalhos da primeira
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Em uma consulta recente sobre a educação popular realizada pelo Conselho de
Educação de Adultos da América Latina (Ceaal), responderam 118 instituições da
sociedade civil filiadas à educação popular, provenientes de praticamente todos os
países da América Latina (CARRILLO, 2012, p. 139-140).
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No Brasil, ademais das escolas antroposóficas, existem, em alguns estados,
as escolas logosóficas. São escolas criadas a partir do pensamento de Carlos
Bernardo Gonzáles Pecotche, Raumsol, um pensador argentino cujas ideias
encontraram inúmeros seguidores no Brasil, onde todos os seus livros foram
traduzidos. Existe um sistema logosófico de Educação, e, no Paraná, há o Instituto
Gonzáles Pecotche. Raumsol criou a primeira escola logosófica em Córdoba, na
Argentina. Ignoro se existe em seu país, tal como no Brasil, uma rede de escolas
logosóficas.
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Não ao acaso, recebi hoje uma mensagem informando que a Finlândia tornou-se
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O livro Liev Tolstoi – os últimos dias, publicado no Brasil em 2011, pela Companhia
das Letras, teve sua primeira edição em 1900. Lembro que, depois de já ser um
escritor universalmente consagrado e de haver sido excomungado pelo sínodo
da Igreja Ortodoxa Russa devido a suas ideias sobre religião e, especialmente, a
suas ásperas críticas ao governo e à religião em seu país, Liev Tolstoi criou, em
sua propriedade, Iasnaia Poliana, uma escola para os filhos dos seus servos, os
mujiques. Ele mesmo se dedicou a lecionar nesta escola e escreveu, inclusive,
uma cartilha popular (existe tradução em português). Há versões que relatam que
a escola simplesmente não seguiu adiante. Mas há também versões segundo as
quais a escola de Tolstoi foi fechada por ordem do governo imperial.
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Federal do Rio Grande do Sul, sua tese de doutorado sobre este assunto, intitulada:
Os libertários e a educação no Rio Grande do Sul (1895-1926) (COELHO, 1987).
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Para quem não está afeito a processos de luta pela terra no Brasil, talvez vale a pena
saber que, dentro de um amplo e persistente processo de luta por conquista da terra,
existem pelo menos três dimensões. E elas valem tanto do ponto de vista de seus
atores sociais essenciais quanto do ponto de vista de setores do poder público e de
políticas públicas ligadas à questão de terra e territórios no Brasil. Uma dimensão é a
questão dos direitos dos povos e das nações indígenas aos seus territórios ancestrais.
Povos indígenas não lutam por terra para plantar, ainda que vários de seus membros
sejam agricultores, mas por territórios e por seus direitos a se reestabelecerem de
forma definitiva em territórios que lhes pertencem ou de que foram expropriados.
Outra dimensão é a dos quilombolas. Desde 1986, a constituição brasileira reconhece
que comunidades de negros estabelecidas em territórios próprios, genericamente
denominados quilombos, desde a colonização escravocrata, devem ser garantidas
comunitariamente a seus habitantes ou a comunidades de negros em luta pela
reconquista de territórios quilombolas expropriados. Existem, no Brasil, mais de mil
territórios quilombolas espalhados praticamente por todos os estados da federação.
Uma grande parte deles está identificada e reconhecida; uma parcela muito menor
está juridicamente homologada; e, finalmente, uma terceira dimensão é a de luta por
territórios e terras expropriados e reivindicados por camponeses em sua luta pela
reforma agrária no Brasil. Tanto no caso do Movimento dos Trabalhadores Rurais
Sem Terra (MST) quanto no da militância de educadores populares, uma luta por
conquista da terra envolve as três dimensões descritas.
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Esta longa passagem faz parte do verbete Pedagogia do Oprimido (2012, p. 553-
560) do Dicionário da educação do campo, publicado em segunda edição em 2012.
A ideia de territórios simbólicos, logo, culturais e pedagógicos e de uma luta popular
por outras territorializações está presente em recentes trabalhos do educador
colombiano Marco Raul Mejía. Considero Mejía um dos mais fecundos educadores
populares em diálogo com o momento presente, sobretudo da América Latina, e
um dos mais lúcidos críticos dos processos atuais de colonização simbólica entre
a mídia e a escola.
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É curioso que, na bibliografia apresentada na última parte do livro, o autor tenha
esquecido de mencionar o seu livro de 2000, lembrado na citação.
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Devo confessar que esta conversão a nós mesmos é parcial. Sendo ao mesmo
tempo um ativista social da cultura e da educação popular, a partir de 1972, inicio
a minha formação como antropólogo. Minhas leituras acadêmicas, sobretudo em
meu mestrado em Antropologia, na Universidade de Brasília, são francamente
inglesas, norte-americanas e, mais tarde, francesas, por meio de Lévi-Strauss.
Durante anos, fui obrigado a ler autores ingleses e norte-americanos e em inglês.
Apenas mais tarde e de forma mais autônoma, pude participar de todo um afã de
diálogo com cientistas sociais e, sobretudo, antropólogos da Espanha e da América
Latina. Os autores da Europa e dos EUA contribuiram com conhecimento e ciência.
Os da América Latina, com consciência e sabedoria. E, em termos de sabedoria,
aprendi mais com os camponeses e os negros com quem convivi e realizei
pesquisa (e, sem pesquisar mais, convivo até hoje) do que com os antropólogos
que me ensinaram a pesquisá-los.
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Um estranho e hoje conhecido acontecimento pessoal pode ilustrar bem tudo isso.
Entre 1969 e 1971, participei de uma pequena equipe que, por meio do Centro
Ecumênico de Documentação e Informação, viajou pela América Espanhola
durante anos de plena ditadura no Brasil, difundindo ideias de educação popular
e o método de Paulo Freire. Como resultado dessa experiência, escrevi pequenos
textos mimeografados e difundidos mais nos Andes do Equador do que no
Nordeste do Brasil. Resolvemos, em uma reunião em Montevidéu, reunir meus
escritos em um livro e publicá-lo. Uma editora argentina, a Siglo XXI, acolheu a
ideia e editou o livro. Devido ao temor de que o livro saísse em meu nome, ele foi
publicado em nome de Júlio Barreiro, um amigo teólogo uruguaio. Com o golpe
militar na Argentina, o livro Educación popular y processo de conscientización
passou a ser editado no México e, depois, na Espanha. Ele alcançou mais de 15
edições e, apenas dez anos depois da primeira edição em espanhol, foi publicado
no Brasil, pela Editora Vozes, aparecendo eu mesmo como tradutor de meu livro.
Uma breve leitura já torna evidente como se estabelece um diálogo com autores
latino-americanos no livro. No Brasil, o livro conheceu apenas duas edições.
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Referências
ARROYO, Miguel. Pedagogia do Oprimido. In: CALDART, Roseli Salete
et al. (Org.). Dicionário da educação do campo. 2. ed. Rio de Janeiro: Es-
cola Politécnica de Saúde Joaquim Venâncio, Expressão Popular, 2012.
p. 553-560.
CALDART, Roseli Salete. Educação do Campo. In: CALDART, Roseli Sa-
lete et al. (Org.). Dicionário da educação do campo. 2. ed. Rio de Janeiro:
Escola Politécnica de Saúde Joaquim Venâncio, Expressão Popular, 2012.
p. 262.
CARRILLO, Alfonso Torres. La educación popular – trayctória y actuali-
dad. 2. ed. Bogotá: El Buho, 2012.
COELHO, Norma Elizabeth Pereira. Os libertários e a educação no Rio
Grande do Sul (1895-1926). Tese (Doutorado em Educação) – Faculdade
de Educação, Universidade Federal do Rio Grande do Sul, Porto Alegre,
1987.
ESTEBAN, Maria Teresa; TAVARES, Maria Tereza Goulart. Educação po-
pular e a escola pública – algumas questões e novo horizontes. In: STRECK,
Danilo; ESTEBAN, Maria Teresa (Org.). Educação popular: lugar de
construção social coletiva. Petrópolis: Vozes, 2013. p. 293-307.
FREIRE, Paulo. Pedagogia do oprimido. Edição fac-símile. São Paulo:
Instituto Paulo Freire, 2014.
GORKI, Máximo. A mãe. São Paulo: Expressão Popular, 2011.
NOVAES, Adauto (Org.). Civilização e barbárie. São Paulo: Companhia
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STRECK, Danilo; ESTEBAN, MariaTereza. Educação popular e a escola
pública – algumas questões e novo horizontes. In: ______. (Org.). Educa-
ção popular – lugar de construção social. Petrópolis: Vozes, 2013.
TOLSTOI, Liev. Patriotismo e governo. In: ______. Liev Tolstoi – os últi-
mos dias. São Paulo: Companhia das Letras, 2011. p. 158-183.
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Sobre os autores
Anarete Bolis – Pedagoga e professora das totalidades 1,
2 e 3 do Serviço de Educação de Jovens e Adultos. E-mail:
anaretebolis@hotmail.com
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