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EDUCAÇÃO, SOCIEDADE
E MEIO AMBIENTE
Desafios, Saberes e Práticas
EDUCAÇÃO, SOCIEDADE E
MEIO AMBIENTE
Desafios, Saberes e Práticas
AVALIAÇÃO, PARECER E REVISÃO POR PARES
Os textos que compõem esta obra foram avaliados por pares e indicados para publicação.
Dados Internacionais de Catalogação na Publicação (CIP)
Bibliotecária responsável: Aline Graziele Benitez CRB-1/3129
Bibliografia.
ISBN: 978-65-5368-094-4
https://doi.org/10.37008/978-65-5368-094-4.25.07.22
R
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Taiane Aparecida Ribeiro Nepomoceno
Organizadora
EDUCAÇÃO, SOCIEDADE E
MEIO AMBIENTE
Desafios, Saberes e Práticas
1.ª Edição - Copyright© 2021 dos autores
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normas ortográficas, questões gramaticais, sistema de citações e referencial bibliográfico são prerrogativas de
cada autor(es).
Revisão Os autores
SOBRE A ORGANIZADORA...................................................................155
ÍNDICE REMISSIVO..................................................................................156
APRESENTAÇÃO
INTRODUÇÃO
3
Cf. http://warana.com.br/por-que-warana/. Acesso em: 22 fev. 2021.
12
Têm os andirazes em seus matos uma frutinha que
chamam guaraná, a qual secam e depois pisam, fazendo
dela umas bolas, que estimam como os brancos a seu
ouro, e desfeitas com uma pedrinha, com que as vão
roçando, e em uma cuia de água bebida, dá tão grandes
forças, que indo os índios à caça, um dia até o outro não
têm fome, além do que faz urinar, tira febres e dores
de cabeça e câimbras”, relatou o Padre João Felipe
Betendorf. (ALMEIDA, 2007, p. 13).
13
O guaranazeiro (Paullinia cupana var. sorbilis), nativo da
Amazônia, é uma planta trepadora lenhosa da família
das Sapindáceas. Quando cultivado em espaços abertos,
assume o aspecto de um arbusto semi-ereto. O fruto, que
tem a forma de cápsula e é deiscente, ou seja, abre-se
espontaneamente depois de maduro, pode conter de
uma a três sementes, que se encontram cobertas por
espessa película (arilo) branca. (POLTRONIERI ET
AL., 1995, p. 9).
4
Cf. https://brasilescola.uol.com.br/frutas/guarana.htm. Acesso em: 22 fev. 2021.
14
culturais junto ao artesanato, no próprio consumo do
tradicional “Çapó”, ou no recente e difundido “turbi-
nado”, vitaminado comum no município com diversos
outros ingredientes. A verdade é que este fruto está
fortemente presente na cultura e imaginário do povo
que o cultiva, vive e respira o guaraná na região desde
os tempos ancestrais.
17
A Etnomatemática procura aproximar conceitos e conteúdos
matemáticos às experiências vivenciadas por grupos sociais no dia a
dia, criando seu próprio processo de ensino-aprendizagem e dando
visibilidade aos conhecimentos matemáticos.
Quando se contextualiza a Matemática, o aluno sai de sua condi-
ção muitas vezes de expectador e tem a oportunidade de solucionar pro-
blemas percebidos e vividos em seu contexto social imediato, no dia a dia.
Nesse sentido, entendemos que os conhecimentos matemáticos
presentes no cultivo do guaraná também podem ser aproveitados para
o ensino da Matemática por meio da perspectiva etnomatemática.
Assim, a seguir, analisamos de forma sucinta essas possibilidades.
19
A floração do guaraná acontece entre os meses de julho e setem-
bro. O guaranazeiro inicia sua produção dois anos após o plantio.
Nesse período, as árvores ficam quase todas carregadas de frutos;
porém, devido ao forte verão amazonense, muitos deles não se sus-
tentam e acabam caindo dos cachos.
Nesse contexto, é possível trabalhar conhecimentos relacionados
a porcentagem, razão e proporção, considerando a quantidade de fru-
tos que caem em relação aos que se mantêm na planta e em relação a
outras quantidades avaliadas em períodos diferentes. Outro conteúdo
que pode ser desenvolvido a partir dessa etapa da cultura do guaraná
é a utilização de medidas de tempo, assunto proposto para o 6° e para
o 7° anos do Ensino Fundamental.
De acordo com as observações do processo feitas por Menezes
(2021), a colheita do guaraná é feita manualmente ou com a ajuda de
tesoura de podar. O guaranalista realiza colheita seletiva constante,
pelo menos duas vezes na semana.
O período da colheita é definido quando os frutos esti-
verem 50% abertos. Enquanto os f rutos não apresentam essa
porcentagem de abertura, a colheita deve ser feita individual-
mente, ou seja, devem ser colhidos apenas os f rutos abertos.
Esses procedimentos também envolvem conhecimentos mate-
máticos relacionados a porcentagem.
Os frutos geralmente são coletados em paneiros, peque-
nos cestos de vime com duas asas. O processo de colheita é feito
árvore por árvore. Assim que o paneiro estiver cheio, é trans-
portado para uma saca de fibra que, posteriormente, é carregada
até o local de beneficiamento.
Sobre o manuseio do paneiro pelo guaranalista, é possível identi-
ficar polígonos, posições de retas, unidades de medida, peso e volume.
De acordo com Souza (2018, p. 17) “Essas ideias matemáticas se forem
discutidas no ambiente escolar, podem ser usadas como referência para
20
ensino de diversos conteúdos matemáticos”, um exemplo de ensino a
partir da perspectiva etnomatemática.
O professor que tem a possibilidade de levar seus estudantes a
uma plantação de guaraná ou a um local onde estejam acontecendo os
processos de produção desse fruto amazônico pode levá-los a observar,
identificar e compreender a Matemática, extrapolando os livros.
O uso de materiais manipuláveis pode proporcionar a interação
social, a criatividade, a motivação, a compreensão e a assimilação de
conteúdo matemático por parte dos estudantes. O paneiro é apenas
um dos muitos exemplos possíveis.
Pelo visto até aqui, podemos identificar também na etapa
de colheita do processo da cultura do guaraná conhecimentos
matemáticos relacionados a diferentes conteúdos desenvolvidos
durante diferentes etapas de ensino.
Antes de terminar nosso trajeto neste c apítulo,
à guisa de possíveis encaminhamentos, a seguir tece-
mos mais algumas considerações.
POSSÍVEIS ENCAMINHAMENTOS
22
REFERÊNCIAS
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versidade do Estado do Amazonas, Parintins, 2018.
24
ENSINO DE QUÍMICA NO CONTEXTO DA
EDUCAÇÃO 4.0
INTRODUÇÃO
27
De acordo com o estudo intitulado “Indústria 4.0: desafios e opor-
tunidades”, publicado na revista República e Desenvolvimento, em 2018,
Santos et al (2018, p. 112) ressaltam que [a] Indústria 4.0 é um dos termos
utilizados para descrever a estratégia de alta tecnologia promovida pelo
governo alemão e que está sendo implementada pela indústria. Surgiu com
intuito de aprimorar os processos industriais, adotando os recursos tecno-
lógicos disponíveis e dando origem a novos recursos para suprir as novas
demandas. Abrange um conjunto de tecnologias de ponta ligadas à internet,
com objetivo de tornar os sistemas de produção mais flexíveis e colaborativos.
Em acréscimo, pode-se dizer que se trata de uma revolução dos pro-
cessos de manufatura, tendo por base, entre outras tecnologias, os Sistemas
Ciber-Físicos e a Internet das Coisas (PEREIRA; SIMONETTO, 2018, p.
8). De acordo com a página seis da última obra citada, ocorrem nove pilares
principais: Big data e análise de dados; Robôs autônomos; Simulação; Integra-
ção de sistemas horizontal e verticalmente; A Internet das Coisas Industrial;
Segurança cibernética; Nuvem; Fabricação de aditivos e Realidade aumentada.
Para Souza, (2021, p. 48):
Uma revolução tão impactante e significativa por certo
exigiria grande interação por parte dos diversos atores
que dela fazem parte: governos, empresas, universidades,
sociedade. Desta forma, seria possível gerar o equilíbrio
necessário no contexto da economia, notadamente no
que se refere ao futuro do trabalho, um dos maiores
desafios gerados por tanta ruptura e inovação.
28
Para uma visão mais competitiva, as empresas devem
reconhecer a importância estratégica dos trabalhadores. As
organizações podem fomentar a criatividade e habilidades
dos trabalhadores utilizando as máquinas para a realização
de tarefas monótonas e repetitivas ou de difícil ergonomia
e assim, aproveitar os pontos fortes de cada um. Também
serão necessários novas interfaces homem-máquina que
permitam novos modos de interação (baseados em voz,
reconhecimentos de gestos) adaptados às novas restrições
de trabalho. (SANTOS et al., 2018, p. 120).
CONCLUSÃO
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34
ENSINO INVESTIGATIVO COMO
FERRAMENTA PARA A ALFABETIZAÇÃO
CIENTÍFICA E EDUCAÇÃO AMBIENTAL
INTRODUÇÃO
7
Mestrando (UFSC). Docente (SED-SC). CV: http://lattes.cnpq.br/1411601018895092
8
Doutorado em Engenharia e Ciência de Alimentos (F URG). Docente (UNIASSLEVI).
CV: http://lattes.cnpq.br/4448748119317117
9
Doutor em Saúde Coletiva (UFSC). Pós-doutorando Programa de Pós-Graduação em Saúde e Meio
Ambiente (UNIVILLE). CV: http://lattes.cnpq.br/7360141353267899
10
Pós-doutor em Botânica Tropical. Professor do Departamento de Ciencias Biológicas (UNIVILLE).
CV: http://lattes.cnpq.br/9349272647053308
35
dução responsáveis; 13 – ação contra a mudança global do clima; 14 – vida
na água; e 15 – vida terrestre (ONU, 2022). De acordo com Souza (2020),
a escola é um ambiente favorável às ações coletivas e, portanto, o ambiente
deve ser utilizado pelo professor para desenvolver ações se conscientização
dos alunos sobre temas coletivos; sobre a sociedade com quem convive e o
ambiente em que habita, como o desenvolvimento sustentável.
As discussões no campo do Ensino de Ciências têm abordado a
importância dos estudantes conhecerem a linguagem científica, com-
preendendo os componentes curriculares não apenas como produto, mas
seu desenvolvimento como processo. O Ensino de Ciências deve ir além
da descrição de objetos e fenômenos. Compreensão do experimento,
atitude protagonista do estudante em questões não apenas conceituais,
mas também procedimentais e atitudinais (BRITO; FIREMAN, 2018).
Não é a pretensão transformar os estudantes em cientistas, mas
sim de fazer com que os conteúdos relacionados às ciências sejam
ensinados às pessoas de maneira comum. Que todos possam ter uma
atitude científica perante o mundo, transformando o local onde vivem
em um ambiente melhor, com desenvolvimento e sustentabilidade.
No ambiente escolar, a metodologia de Ensino Investigativo pode
ser considerada uma estratégia pedagógica eficiente para construir esse
caminho. Trata-se de uma abordagem dos conteúdos em sala de aula
em forma de problemas e no desenvolvimento de atividades que sigam
os passos do método científico (observação, testagem, sistematização,
análise, conclusão e socialização). O chamado Ensino de Ciências por
investigação não trata os produtos resultantes do processo investigativo,
mas, torna o próprio processo o caminho para a aprendizagem do con-
teúdo, construindo uma cultura científica na escola (SASSERON, 2008).
Os alunos se posicionam de forma ativa nessa abordagem, o con-
teúdo se torna mais interessante e o impacto na relação das novas gerações
com o seu meio também se torna mais efetivo. Isso porque o conheci-
mento sobre o saber fazer ciência os coloca em contato com essas ques-
tões, os ensina a aprender Ciências fazendo a ciência. Por isso relaciona
36
aspectos conceituais e procedimentais com atitudinais: é preciso saber
sobre; saber fazer; ter capacidade de emitir juízos e opiniões; ter atitudes
a partir dos assuntos discutidos em sala (BRITO; FIREMAN, 2018).
Dessa forma, aliar uma metodologia que possa gerar uma aprendi-
zagem significativa ao Ensino de Ciências, com ênfase sobre o desenvolvi-
mento sustentável, justifica a relevância deste trabalho. Além disso, tornar o
aluno autor da sala de aula; crítico; reflexivo e consciente sobre as questões
ambientais do local onde vive também fundamentam a presente pesquisa.
O presente trabalho busca discutir a utilização do ensino por investigação
para a alfabetização científica e educação ambiental de alunos do ensino
médio através da construção de uma composteira no ambiente escolar.
METODOLOGIA
37
RESULTADOS E DISCUSSÃO
39
disseminação encontra terreno fértil no desenvolvimento de atividades
voltadas para a alfabetização científica e conscientização ambiental.
O cuidado com o descarte dos resíduos produzidos pelos seres huma-
nos ganhou importância nas últimas décadas, tendo em vista a complexidade
das demandas do meio ambiente em relação ao desenvolvimento social e
urbano – o que faz com que a sociedade precise se organizar frente a isso
(BRASIL, 2010). O descarte inadequado gera prejuízo e desperdício, e
impacta diretamente na qualidade de vida das pessoas, relacionando-se com
aspectos da saúde pública, aumentando a degradação ambiental, contri-
buindo para o aumento da desigualdade social (SCHALCH et al., 2002).
A compostagem pode ser definida como:
(...) um processo de decomposição aeróbica, em que há
desprendimento de gás carbônico, água – na forma de
vapor – e energia por causa da ação dos microrganismos.
Parte da energia é usada pelos microrganismos para
crescimento e movimento, e a restante é liberada como
calor, que se procura conservar na pilha de compostagem
(LOUREIRO et al., 2007, p. 1044).
41
E3 – “Os compostos orgânicos depositados na com-
posteira, com o tempo irão se decompor virando adubo
para as futuras plantas.”
CONSIDERAÇÕES FINAIS
46
O ensino por investigação é facilitado e estimulante, além de
conscientizar e incentivar a utilização de resíduos orgânicos, produção
de adubo e a prática da compostagem. Essa ferramenta demonstra
na prática o que é visto teoricamente, fazendo com que o conteúdo
seja absorvido de modo mais claro e eficaz, ao entrar em contato com
o objeto pesquisado de forma prática, o “olhar” para o objeto muda,
tornando-se mais real mostrando a veracidade do estudo teórico, isso
faz com que a absorção do estudo específico ocorra mais facilmente.
Através dos resultados apresentados é possível verificar o envol-
vimento e entusiasmo dos alunos, o que sugere o efeito do ensino
aprendizagem pelo método investigativo. Acredita-se que os métodos
e análises desenvolvidas no presente projeto suscitaram a promoção
do conhecimento científico e ambiental, bem como possibilitaram a
alfabetização científica dos adolescentes envolvidos.
Salienta-se ainda, que a pandemia de Covid-19 estabeleceu
limitações físicas e de abrangência do projeto, aplicado no ano de 2021,
diminuindo o número de estudantes envolvidos. Entretanto, acredita-se
que os métodos empregados possam ser replicados nessa e em outras
escolas de modo que potencializem esse potencial das atividades de
compostagem e de alfabetização científica no ambiente escolar.
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Acesso em: 11 jan. 2022.
48
RELATO DE EXPERIÊNCIA: A
TRANSDISCIPLINARIDADE NO ESTUDO DA
BIOSFERA NO RIO DESEJADO DO DISTRITO
DE ENTRE RIOS DE NOVA UBIRATÃ-MT
INTRODUÇÃO
Fonte: As autoras
11
Mestranda em Educação (UNINI - PRI). CV: http://lattes.cnpq.br/2766475219861248
12
Mestranda em Educação (UNEA - ESP). CV: http://lattes.cnpq.br/6370312180582350
13
Mestranda em Educação (UNINI - PRI). CV: http://lattes.cnpq.br/5867397194886933
14
Mestranda em Educação (UNINI - PRI). CV: http://lattes.cnpq.br/6125506428835496
15
Mestranda em Educação (UNINI - MEX). CV: http://lattes.cnpq.br/9979776584737680
49
O objeto de conhecimento desenvolvido, trata sobre o estudo da
Biosfera, – a esfera da vida, ou seja, agrupamento de todos os elementos
naturais que favorecem e dão condições para a manutenção da vida no pla-
neta. A esfera da vida ou biosfera é constituída por três elementos naturais
de extrema importância para a vida na Terra, nesse caso estão a hidrosfera,
atmosfera e litosfera - que contemplará os três elementos básicos do meio
ambiente: A Litosfera, a Hidrosfera e a Atmosfera. A partir do entendimento
desses três temas dependem todos os demais que estão inseridos nestas áreas
de conhecimento. Esses objetos de conhecimento têm como habilidades:
Descrever o ciclo da água, comparando o escoamento
superficial no ambiente urbano e rural, reconhecendo
os principais componentes da morfologia das bacias e
das redes hidrográficas e a sua localização no modelado
da superfície terrestre e da cobertura vegetal;
Explicar as diferentes formas de uso do solo (rotação
de terras, terraceamento, aterros etc.) e de apropriação
dos recursos hídricos (sistema de irrigação, tratamento
e redes de distribuição), bem como suas vantagens e
desvantagens em diferentes épocas e lugares;
Analisar distintas interações das sociedades com a
natureza, com base na distribuição dos componentes
físico-naturais, incluindo as transformações da biodi-
versidade local e do mundo;
Identificar o consumo dos recursos hídricos e o uso das
principais bacias hidrográficas no Brasil e no mundo,
enfatizando as transformações nos ambientes urbanos
(BNCC, 2017, p. 387).
50
2. Exercitar a curiosidade intelectual e recorrer à abordagem
própria das ciências, incluindo a investigação, a reflexão, a
análise crítica, a imaginação e a criatividade, para investi-
gar causas, elaborar e testar hipóteses, formular e resolver
problemas e criar soluções (inclusive tecnológicas) com
base nos conhecimentos das diferentes áreas. 4. Utilizar
diferentes linguagens – verbal (oral ou visual-motora, como
Libras, e escrita), corporal, visual, sonora e digital –, bem
como conhecimentos das linguagens artística, matemá-
tica e científica, para se expressar e partilhar informações,
experiências, ideias e sentimentos em diferentes contextos
e produzir sentidos que levem ao entendimento mútuo. 9.
Exercitar a empatia, o diálogo, a resolução de conflitos e a
cooperação, fazendo se respeitar e promovendo o respeito
ao outro e aos direitos humanos, com acolhimento e valo-
rização da diversidade de indivíduos e de grupos sociais,
seus saberes, identidades, culturas e potencialidades, sem
preconceitos de qualquer natureza. 1. Compreender as
Ciências da Natureza como empreendimento humano, e o
conhecimento científico como provisório, cultural e histó-
rico. 2. Compreender conceitos fundamentais e estruturas
explicativas das Ciências da Natureza, bem como dominar
processos, práticas e procedimentos da investigação cien-
tífica, de modo a sentir segurança no debate de questões
científicas, tecnológicas, socioambientais e do mundo do
trabalho, continuar aprendendo e colaborar para a cons-
trução de uma sociedade justa, democrática e inclusiva.
6. Utilizar diferentes linguagens e tecnologias digitais de
informação e comunicação para se comunicar, acessar e
disseminar informações, produzir conhecimentos e resol-
ver problemas das Ciências da Natureza de forma crítica,
significativa, reflexiva e ética (BNCC, 2017, p. 9-11; 324)
DESENVOLVIMENTO
55
sociedade estariam sendo estimulados e desafiados para uma “uma reforma
do pensamento” (MORIN, 2003, apud FLORIANI, 2003, p. 116).
Dessa forma, os professores, mediadores do conhecimento, estariam
conduzindo os estudantes a desenvolver o pensamento crítico e reflexivo
capaz de promover debates que abordem as condutas mecanizadas orga-
nizadas por um grupo de pessoas que visam apenas o benefício próprio.
Nesse sentido, concorda-se com Jacobi (2005, p. 245), que afirma que “a
inserção da educação ambiental numa perspectiva crítica ocorre na medida em que
o professor assume uma postura reflexiva. Isto potencializa entender a educação
ambiental como uma prática político-pedagógica”. Para cumprir esse papel,
A educação ambiental deve envolver como objeto próprio,
o confronto com as estratégias de desenvolvimento e do
processo de globalização, bem como comportar, nesta
missão, a dimensão da cidadania, da ética e da justiça.
Nesse sentido, trabalhar com educação ambiental signi-
fica reunir não apenas a capacidade de superar desafios
que nos são cotidianamente apresentados no mundo
moderno, como também esperar que seus militantes/
defensores se reconheçam e ajam como cidadãos, para
também inspirar a construção/garantia desse processo em
seus educandos/aprendizes (GOUVÊA, 2006, p. 165).
Fonte: As autoras
16
Fluxograma realizado no Canva. Disponível em: https://bit.ly/3O5SeRj
57
O projeto “A Biosfera no rio Desejado’’ do Distrito de Entre
Rios de Nova Ubiratã/ MT, foi executado, como já citado na intro-
dução, nas aulas Geografia, numa turma do sexto ano. Na figura 02
apresenta-se alguns momentos marcantes desse projeto.
Fonte: As autoras
CONSIDERAÇÕES
REFERÊNCIAS
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UNDIME, 2017. Disponível em: http://basenacionalcomum.mec.gov.br/ Acesso em: mar. 2022, 20:49
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SHENA, F. Geografia: 6º ano/Fernando Shena; Apostila Sistema de Ensino Aprende Brasil;
Curitiba: Aprende Brasil, 2019.
60
EDUCAÇÃO FISCAL E A BASE NACIONAL
COMUM CURRICULAR
INTRODUÇÃO
62
Pelo exposto, existiu um tempo em que, para homenagear seus
líderes e deuses, a população lhes oferecia, espontaneamente, presentes,
os quais, mais tarde, foram denominados tributos. Porém, o que era
presente e espontâneo, com o passar do tempo, tornou-se obrigatório.
Assim, por exemplo, “[...] as contribuições passaram a ser compul-
sórias, quando os vencidos de guerra eram forçados a entregar parte
ou a totalidade de seus bens aos vencedores.” (BRASIL, 2009, p. 11).
Foi nesse contexto que surgiram grandes civilizações, entre as
quais a egípcia, a grega e a romana. A esse período chamamos de
Antiguidade, indo da invenção da escrita, ocorrida aproximadamente
em 5.000 a.C., até o fim do Império Romano, em 476 d.C.
Um fato sobre a origem da cobrança de tributos foi registrado
nesse período, em texto encontrado na antiga Suméria, entre os rios
Tigre e Eufrates, uma placa de 2.350 a.C. Os escritos revelaram leis que
oprimiam os súditos por causa de confisco de bens para os reis (BRASIL,
2009). Esse documento comprova que os impostos foram usados como
forma de oprimir a população, que acabava vendo seus bens confiscados.
Com o passar dos anos, as nações se desenvolveram.
Em meio a tantas guerras a Grécia se destacou como
uma civilização superior, resistindo fortemente à domi-
nação por outros povos, graças à força de sua cultura.
Foi na Grécia que muito antes de Cristo nascer, sur-
giram grandes pensadores que procuravam explicar o
sentido da vida e a busca de um novo caminho para a
humanidade. (AFISCAMP, s/d).
68
Tabela: Programas de Educación Fiscal en América Latina y la República Dominicana
69
Considerando a importância da temática da Educação Fiscal para
a formação cidadã no Brasil, a seguir, passamos à análise documental,
focando em proposta curricular nacional.
71
Sobre a questão, a BNCC apresenta orientações e
determina que sejam incorporados
[...] aos currículos e às propostas pedagógicas a
abordagem de temas contemporâneos que afetam a
vida humana em escala local, regional e global, pre-
ferencialmente de forma transversal e integradora.
Entre esses temas, destacam-se: direitos da criança
e do adolescente (Lei nº 8.069/1990), [...], educação
para o consumo, educação financeira e fiscal, trabalho,
ciência e tecnologia e diversidade cultural (Parecer
CNE/CEB nº 11/2010 e Resolução CNE/CEB nº
7/2010). Na BNCC, essas temáticas são contempladas
em habilidades dos componentes curriculares, cabendo
aos sistemas de ensino e escolas, de acordo com suas
especificidades, tratá-las de forma contextualizada.
(BRASIL, 2017, p. 19).
CONSIDERAÇÕES FINAIS
72
partir do tema Economia, e, de forma indireta, pelas Competên-
cias Gerais e seus desdobramentos.
Dessa forma, entendemos que a tendência é que a temática da
Educação Fiscal se fortaleça cada vez mais, haja vista que, como parte
da proposta curricular, deverá ser adotada e desenvolvida nas escolas,
durante a formação dos estudantes brasileiros.
Além disso, merecem atenção os possíveis desdobramentos da
presença da temática da Educação Fiscal na Base Nacional Comum
Curricular (op. Cit.), entre os quais os regionais, o que nos leva a propor
novos questionamentos: em que medida os referenciais curriculares
estaduais e distrital incorporam a temática da Educação Fiscal? Como
é proposto o desenvolvimento dessa temática nesses documentos cur-
ricularizantes regionais? Que consequência prática essa inclusão curri-
cular da temática da Educação Fiscal trará para a sociedade brasileira?
Considerando o escopo e a concisão deste capítulo, deixamos
essas perguntas como provocações para possíveis novas pesquisas.
REFERÊNCIAS
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Tributo é antigo? Disponível em: http://www.afiscamp.org.br/site/cidadania/tributo.php.
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73
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cidadania e para a melhoria qualitativa da vida em sociedade. Cadernos De Ciências Sociais
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no âmbito do Programa de Mestrado em Ciencias de la Educación da Universidad de la
Integración de las Américas. Asunción, Paraguay: UNIDA, 2021. 101f.
74
POLÍTICAS PÚBLICAS NO BRASIL:
O NOVO FUNDEB E AS GARANTIAS
CONSTITUCIONAIS
Paulo Freire
INTRODUÇÃO
19
Doutoranda em Educação (UFPR). Pedagoga (SME/Araucária – PR).
CV: http://lattes.cnpq.br/3297671225940249
20
Especialização em Gestão da Educação e Políticas Públicas Educacionais (FACEAR).
CV: http://lattes.cnpq.br/7240030484030663
75
Deste cenário, o trabalho parte da seguinte problemática: como
são utilizados os recursos na educação e qual é a participação do novo
Fundeb para a vinculação da redistribuição desses recursos?
Para responder à questão norteadora, foi realizada pesquisa através de
análise qualitativa, por meio de busca bibliográfica e de dados do Fundeb,
do Instituto de Estudos Socioeconômicos (INESC), do Departamento
Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos (DIEESE), do O
Portal de Notícias da Globo (G1) e do Ministério da Educação (MEC)
e Câmara dos Deputados Nacional. Nestes dados levantados analisou-se
a execução do orçamento da função educação; a participação da União;
a estimativa de progressão da vinculação de recursos nos últimos anos; e,
a proposta de arrecadação do Imposto sobre Circulação de Mercadoria
e Produtos (ICMS), segundo as regras do novo Fundeb.
Desta feita, a partir da problemática da pesquisa, busca-se
caracterizar o novo papel do Fundeb e a distribuição de recursos
para a educação e; apresentar as disputas e desafios do financia-
mento da educação para a gestão.
DESENVOLVIMENTO
21
Em 2007 a Campanha Nacional pelo Direito a educação (CNDE), uma rede que articula centenas de
grupos e entidades que atuam em defesa da escola pública define o conceito de CAQ e o Custo Aluno
Qualidade-Inicial (CAQi).
22
O Salário Educação consiste em uma contribuição social criada em 1964, sobre a folha de pagamento
das empresas para financiar o então ensino primário.
77
QUADRO 1: Proposta de arrecadação do ICMS, segundo as regras do novo FUNDEB
Princípio arrecadatório Atual vigência Regra do novo FUNDEB
Atividade econômica no 75% 65%
território
Legislação específica 25% até 25%
estadual
Indicadores de melhoria - no mínimo 10%
educacional
Total 100% 90 a 100%
Fonte: DIEESE (2020).
Fonte: G1 (2022).
81
Durante a tramitação da Câmara, o governo apresentou uma
proposta que previa um aumento do percentual de 12,5%, alcançando
20% em 2027. Outro ponto destacado foi destinar parte dos 20%
repassados pela União ao fundo à transferência direta de renda para
as famílias com crianças em idade escolar, com o objetivo de que os
recursos viessem compor o Renda Brasil.
De acordo com Aguiar (2020), durante o governo de Michel
Temer e Jair Bolsonaro, novas políticas educacionais foram traçadas,
principalmente pelo Ministério da Educação (MEC) e pelo Conselho
Nacional de Educação (CNE) que repercutiram no sistema educacional,
com a aprovação da Base Nacional Comum Curricular da Educação
Infantil e do Ensino Fundamental e da Base Nacional Comum Cur-
ricular do Ensino Médio. Todas as iniciativas de políticas de cunho
reacionário que esvaziaram a participação política das associações
participativas da sociedade civil organizada de base educacional de
cunho progressista. Além dessas iniciativas que atingiram a educação
básica, também surgiram medidas que impactaram a formação dos
profissionais da educação básica no ensino superior.
Concomitantemente, no início de 2020, as nações foram impac-
tadas pela pandemia do Covid-19, atingindo países de todo o planeta.
No entanto, o Governo Federal não deu muita importância ao grande
problema que a sociedade estava vivendo, refletindo, com isso, também
na educação, com a ausência de uma efetiva coordenação nacional para
medir esforços dos entes federativos, impactando a vida dos estudan-
tes, das instituições educacionais, dos profissionais da educação, das
famílias e da comunidade em geral. Em meio a grave crise sanitária no
país, que tem custado a vida de milhares de pessoas, há ainda ataques
às universidades, à ciência e a pesquisa científica e as várias trocas de
ministros da educação, 04 trocas até o momento.
As receitas de estados e municípios, que são os principais for-
necedores da educação básica, também foram afetadas pela pandemia,
82
visto que a arrecadação desses impostos23 afeta diretamente a receita
disponível para a educação básica dos estados e municípios, sendo que
o ICMS, por exemplo, responde por 58% da composição da receita
do Fundeb (SILVA; MARQUES; DOMINGOS, 2020).
De acordo com o Banco Interamericano de Desenvolvimento
(2020) a pandemia não afetou somente o volume de recursos, mas
também a distribuição das receitas educacionais, visto que as contas
públicas variam entre os diferentes entes federados. O grande desafio
dos governos brasileiros era planejar seus orçamentos para uma reali-
dade fiscal preocupante, em que as receitas diminuíam e as demandas
por investimento educacional aumentavam.
O sistema brasileiro financeiro depende hoje da arrecadação de
impostos diretos, como o ICMS e o ISS. Devido ao período de crise
econômica, há menos arrecadação desses impostos e com isso, menos
recursos para a educação agravando-se no contexto da pandemia e
“pós-pandemia”. Portanto, deve-se haver uma discussão política que
resulte na garantia de mais recursos à educação, pois independente de
crise econômica, política e social, as crianças e estudantes necessitam
ter seu direito à uma educação de qualidade efetivado.
CONSIDERAÇÕES FINAIS
23
ICMS e – Imposto sobre Serviços de Qualquer Natureza (ISSQN).
83
Com o surgimento da Constituição Federal de 1988, foi esta-
belecido o direito a educação, onde era dever do Estado e da família,
sendo promovida e incentivada com a colaboração da sociedade. A
Constituição Federal de 1988 também estabeleceu a obrigatoriedade
e o acesso gratuito ao ensino fundamental, com prioridades para a
distribuição de recursos e a responsabilidade dos estados, Distrito
Federal e municípios para criar mecanismos de financiamento do ensino.
O Fundef foi instituído pela Emenda Constitucional de 1996,
sendo responsável pela receita arrecadada e pela redistribuição de
verbas para o ensino fundamental. Seus recursos estavam vincula-
dos em distribuir igualitariamente 15% dos recursos arrecadados ao
ensino fundamental, de acordo com o número de alunos atendidos
em cada rede de ensino e que pelo menos 60% dos recursos utilizados
deveriam ser destinados, pelos governos estaduais e municipais, para
a remuneração dos professores.
O Fundef destinou recursos somente para o ensino fundamental,
já o Fundeb, nosso objeto de pesquisa, prioriza todo o ensino básico.
Este emerge com a finalidade de aumentar os recursos aplicados a
União, estados e municípios, diminuir as desigualdades e melhorar o
salário dos profissionais da educação.
Entretanto, mesmo com o novo Fundeb alguns estados não
conseguem chegar a um valor mínimo por aluno, recebendo com-
plementação do Governo Federal. Além disso, os recursos públicos
também podem ser aplicados às escolas privadas, significando que os
gastos em escolas públicas seriam parte do percentual mínimo.
Através desta pesquisa, percebe-se que apesar de haver muitas
dificuldades enfrentadas pela educação brasileira e os recursos não serem
suficientes, houve uma evolução na educação básica, principalmente
com a universalização da educação infantil e do ensino fundamental.
Com a criação dos fundos, houve previsão de fundos destinados à
educação básica, tendo em vista que o financiamento é considerado
um dos principais instrumentos de democratização das escolas. Os
84
recursos, sobre este prisma, possibilitam a promoção de uma escola
de qualidade e com a participação de todos.
Dessa forma, questiona-se que, embora a aprovação do novo
Fundeb tenha sido efetivamente um grande avanço para a educação
básica, há uma disputa dos recursos pelos setores privados. Este fato é
uma questão que move a luta dos movimentos sociais, institucionais e
grupos de educadores progressistas por recursos que vise a garantia de uma
educação pública e de qualidade enquanto direito subjetivo para todos,
desde as crianças na Educação Infantil aos acadêmicos nas universidades.
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86
ETHOS AMBIENTAL E SUSTENTABILIDADE
NO BAIXO AMAZONAS: A CIRCULARIDADE
DA CULTURA NO MUNICÍPIO DE PARINTINS
INTRODUÇÃO
24
Doutora em Ciências do Ambiente e Sustentabilidade na Amazônia (UFAM). Professora adjunta
(UEA). CV: http://lattes.cnpq.br/5664221021042412
87
Essa perspectiva vem a convergir com o pensamento de Saquet,
em que ele afirma “a territorialidade é compreendida como relações
sociais, econômicas, culturais e políticas realizadas nas famílias, na
vizinhança, na comunidade e entre a cidade e o campo” (SAQUET,
2011, p. 15-16), essas relações se efetivam por meio de redes de comu-
nicação e circulação. Ou seja, a territorialidade corresponde ao espaço
vivido e as relações sociais de alteridade e exterioridade cotidianas.
90
Figura 02- Como os ribeirinhos do Zé Açu se mantém informados.
93
Quinta Frango f rito
Café, pão e Suco de
com macarrão, Sopa de frango
09/01/2014 manteiga. maracujá
arroz e farinha
Sexta Pe i xe f r i t o
Café com Café com
com arro z/ Peixe cozido
10/01/2014 pupunha pupunha
farinha
Sábado Pe i xe f r i t o
Café com Café c o m Ovo frito com
com arro z/
11/01/2014 pupunha pupunha calabresa
farinha
Fonte: Trabalho de campo, 2014.
94
Porém, essa característica das famílias de várzea estudada pela
autora com as famílias de terra firme, que foram alvo desta pesquisa,
é distinta, com estas dando preferência aos produtos industrializados.
Na concepção da autora isso incorre em vários proble-
mas. Entre eles estabelece-se um quadro de insegurança alimen-
tar, como nas palavras da mesma:
O acesso a esses alimentos industrializados é facilitado,
sobretudo, pelos auxílios governamentais (bolsa família,
aposentadoria, pensões, etc.) como já demonstrado
acima. O consumo de produtos industrializados reforça
um padrão insustentável da alimentação com sérios
problemas à saúde como a obesidade. À primeira vista se
pensa ser uma escolha livre de cada cidadão, significando
apenas comer o que se bem entende, não importando a
opinião de outrem. É a própria liberdade da pessoa que
está sendo violentada. Uma escolha alimentar não é ape-
nas ausência de restrições. As escolhas são substantivas,
pois supõem a presença de condições objetivas, sociais
e materiais com base nas quais os indivíduos levariam
adiante seus projetos pessoais e ampliar seu leque de
escolhas para uma vida digna e valiosa. (SEN, 2010).
Isto significa que as pessoas, muitas vezes, não têm real
escolha dos seus alimentos consumidos. Um exemplo
disso, em Parintins, é a geração mais jovem, com acesso a
TV, recebendo mensagens de propagandas de alimentos
pouco saudáveis e influenciando nas preferências de suas
famílias. Isto explica, de certa maneira, a presença de
refrigerantes nas casas de muitos agricultores familiares
da várzea e terra-firme, principalmente aquelas que
tinham muitos jovens como membros. Essas famílias
não podem dizer que realmente tiveram a livre escolha
para decidir consumir aquele alimento. (SANTOS,
2012, p. 157).
97
A identidade social é também uma identidade territorial
quando o referente simbólico central para a construção
dessa identidade parte do ou transpassa o território.
Território que pode ser percebido e suas múltiplas
perspectivas, desde aquela de uma paisagem como coti-
diano, ‘vivido’, que ‘simboliza’ uma comunidade, até um
recorte geográfico mais amplo e, em tese, mais abstrato
como o Estado-nação. (HAESBAERT, 2013, p. 238).
CONSIDERAÇÕES FINAIS
100
Considerando os aspectos identificados e analisados sobre a
circularidade da cultura, habitus e ethos ambiental dos ribeirinhos do
Zé Açu, afirmamos que este território rural apresenta, por meio de suas
territorialidades, uma forte interligação entre os ribeirinhos-ambiente
e cultura, pautada principalmente por suas atividades na agricultura,
pesca, religiosidade e festas folclóricas.
Essas territorialidades estão seriamente ameaçadas pelas constan-
tes pressões sobre os recursos ambientais engendradas por agentes eco-
nômicos externos, que degradam os recursos hídricos e florestais, amea-
çando diretamente a sustentabilidade socioambiental deste território.
Portanto, este trabalho abordou a importância de pensar o ter-
ritório e as territorialidades do ponto de vista da sustentabilidade. A
relação direta existente entre o habitus e o ethos ambiental dos grupos
societários tradicionais e a forma como organizam os espaços. Tam-
bém fez a abordagem da circularidade da cultura como processo que
faz a mediação entre o urbano e o rural, que implica em mudanças
e permanências nesses lugares.
A compreensão das dimensões socioculturais dos sujeitos que
dão vida e dinamicidade ao território é uma questão chave nas reflexões
sobre a sustentabilidade dos sistemas sociais e ambientais. Somente por
meio do conhecimento profundo das concepções de vida e ambiente
dos grupos societário que vivem nesses territórios rurais (seus reais
interesses e necessidades) é possível compor um quadro analítico
capaz de auxiliar nas políticas de gestão dos territórios que venham a
contemplar a qualidade de vida paras essas pessoas.
REFERÊNCIAS
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HAESBAERT, Rogério. Identidades Territoriais. In: CORREA, Roberto Lobato; ROSEN-
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101
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SAQUET, Marcos Aurélio. Por uma geografia das territorialidades e das temporalidades:
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102
A IMPORTÂNCIA DAS ONGS AMBIENTAIS
NO DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVEL
BRASILEIRO
INTRODUÇÃO
CV: http://lattes.cnpq.br/8194138641688371
103
para o futuro, o que pode ser efetuado por intermédio das Organiza-
ções Não Governamentais (ONGs).
O trabalho tem como objetivo contextualizar a importância
do Terceiro Setor, mais precisamente, de ONGs ambientais, para o
Desenvolvimento Sustentável. A pesquisa é de caráter exploratório.
104
Atualmente o meio ambiente encontra proteção jurídica
na Constituição da República Federativa do Brasil de
1988, nos chamados direitos de terceira geração, onde a
Carta da República estabelece que todos tem direito ao
meio ambiente ecologicamente equilibrado, sendo este
um bem de uso comum e essencial à sadia qualidade
de vida, impondo, ainda, ao Poder Público, o dever de
protegê-lo e de preservá-lo.
107
Com razão, “A necessidade de ir além das regras de mercado
tem sido muito discutida recentemente no contexto da proteção do
meio ambiente” (SEN, 2010, p. 342). Por outro lado, Tesserolli e Klein
(2016, p. 19), argumentam: “O avanço da ação regulatória do Estado
gerou críticas profundas nos economistas que desconfiavam da sua
eficiência ou inevitabilidade.”
Embora a regulação seja de grande valia, Nicolaisen, Dean e
Hoeller (1991, p. 21) entendem que não se pode afirmar que um ins-
trumento pode ser considerado melhor ou superior no que diz respeito
a políticas ambientais; porém, os regimes de regulação parecem sofrer
com complexidades e distorções que envolvem perdas de eficiência.
Justamente em razão da insuficiência reconhecida dos instrumentos
Econômicos e de Comando e Controle para proteção ambiental, é
que se verifica a relevância das ONGs ambientais.
109
de iniciativa, autogestão e exercício da cidadania na
sociedade brasileira. Pois um terceiro setor vigoroso,
constituído por uma vasta rede de cidadãos dedicados
ao bem-estar de sua comunidade – em todas as esferas
da vida – é indicador fundamental do grau de civilização
alcançado por um povo e de sua aptidão par a vencer os
desafios impostos pela existência ao longo da História
Não foi por acaso que tais instituições têm crescido em rele-
vância. Em Estigara, Pereira e Lewis (2009, p. 5-8) se lê um resumo
dos fatos que desembocaram no crescimento do Terceiro Setor. Para
eles, o Estado Liberal que perdurou no Século XVIII até meados de
1930 caracterizava-se pela ausência de intervenção na economia, bus-
cando resguardar o mínimo em educação, saúde, justiça, patrimônio,
segurança pública, direitos civis e políticos. Entretanto, em razão da
insatisfação social com sua realidade individualista, abstencionista e
neutra, cedeu espaço ao Estado Social.
Mais tarde, a crise do Estado Social culminou em ascensão das
ideias Neoliberais nas décadas de 70 e 80 do Século XX, propondo-se
a redução do tamanho do Estado e cortes nos gastos sociais, gerando
espaço para que se iniciasse o discurso da Responsabilidade Social, a
fim de atender áreas carentes de atenção pelo chamado Estado Mínimo.
Inicia-se o compartilhamento de responsabilidades, inclusive em função
da complexidade dos problemas sociais e ambientais da atualidade.
As Instituições do Terceiro Setor, então, mostram-se como parceiras
do Estado na melhoria das condições de vida, atuando em diversas
áreas como saúde, educação, cultura e meio ambiente.
Ressaltam-se diversas considerações favoráveis acerca da exis-
tência de instituições do Terceiro Setor:
Os serviços oferecidos pelas organizações não-lucrati-
vas estão sempre numa escala muito menor do que os
prestados pelas instituições públicas, o que facilitaria
sobremaneira seu gerenciamento; como a atuação das
organizações desse tipo está estreitamente vinculada a
110
uma comunidade e/ou grupo de indivíduos, sofre, por
parte desses, pelo menos em Tese, um certo controle.
Esse controle comunitário assegura, de certa forma,
a qualidade do serviço, pois o usuário do serviço tem
acesso facilitado à instituição, podendo reivindicar
melhorias com maior eficácia. Parte-se do pressuposto
de que os consumidores não são suficientemente equi-
pados de instrumentos e informações para julgar a
qualidade dos serviços oferecidos. Se esses são ofere-
cidos por organizações do terceiro setor, a comunidade
terá um serviço de qualidade igual ou melhor do que
o oferecido pelas empresas privadas e a preços mais
acessíveis ou até mesmo gratuitos; o serviço ou bem
público produzido por essas organizações geralmente
tem um custo mais baixo do que aquele produzido
pelo mercado ou pelo setor público, fazendo com que a
relação custo/benefício seja positiva. Um dos fatores do
barateamento de custos decorre exatamente das isenções
fiscais (MEREGE E BARBOSA, 2001, p. 130).
112
Vale a pena ressaltar que entre 2010 e 2016 o número de Fasfil
apresentou retração na ordem de 16,5%, embora o pessoal assalariado
ocupado tenha crescido 3,5%, com criação de 238,5 mil postos no período.
Ao dividir segundo a área a qual se dedicam, percebe-se grandes
diferenças, conforme a Tabela 1 a seguir:
CONSIDERAÇÕES FINAIS
114
Entretanto, no Brasil, nota-se que as ONGs ambientais são
percentualmente pouco expressivas, sendo esse percentual inferior
a 1%, o que pode ser explicado pela dificuldade, por vezes, de se dar
publicidade aos resultados de ações ambientais; pela demora em se
atingir resultados, e pelo fato de que questões como o cuidado a ido-
sos e a crianças possuírem maior apelo emocional, o que demonstra a
urgência de se melhorar as condições para a implantação e manutenção
de ONGs ambientais no Brasil, bem como de ampliar seu quantitativo.
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116
A REGULARIZAÇÃO SANITÁRIA APLICADA
À AGRICULTURA FAMILIAR
INTRODUÇÃO
Marco Objetivos
Decreto nº 1.946/1996 Fortalecer a capacidade produtiva da agricultura
Pro g r a m a Na c i o n a l d e familiar; contribuir para a geração de emprego e
Fortalecimento da Agricultura renda nas áreas rurais e melhorar a qualidade de
Familiar (PRONAF) vida dos agricultores familiares
Incentivar a agricultura familiar, promovendo a
sua inclusão econômica e social, com fomento à
produção com sustentabilidade, ao processamento
de alimentos e industrialização e à geração de
renda; incentivar o consumo e a valorização dos
alimentos produzidos pela agricultura familiar;
promover o acesso à alimentação, em quanti-
dade, qualidade e regularidade necessárias, das
Lei nº 10.696/2003 pessoas em situação de insegurança alimentar e
Programa de Aquisição de nutricional, sob a perspectiva do direito humano
Alimentos (PAA) à alimentação adequada e saudável; promover
o abastecimento alimentar, que compreende as
compras governamentais de alimentos, incluída
a alimentação escolar; constituir estoques públi-
cos de alimentos produzidos por agricultores
familiares; apoiar a formação de estoques pelas
cooperativas e demais organizações formais da
agricultura familiar; fortalecer circuitos locais e
regionais e redes de comercialização
Estabelece os conceitos, princípios e instru-
mentos destinados à formulação das políticas
Lei 11.326/2006
públicas direcionadas à Agricultura Familiar e
Empreendimentos Familiares Rurais
Programa Nacional de Alimentação Escolar
Lei Federal n° 11.947/2009 (PNAE). Estipula que, no mínimo, trinta por
e da Resolução nº 38/Fundo cento (30%) do total destes recursos sejam desti-
Nacional de Desenvolvimento nados à compra de alimentos, preferencialmente
da Educação (FNDE) orgânicos, produzidos pela Agricultura Familiar,
local, regional ou nacional
120
Três eixos de atuação: 1. Garantia de renda, para
alívio imediato da situação de extrema pobreza;
Decreto n° 7.492/ 2011 2. Acesso a serviços públicos, para melhorar as
condições de educação, saúde e cidadania das
Plano Brasil Sem Miséria famílias; 3. Inclusão produtiva, para aumentar
(PBSM) as capacidades e as oportunidades de trabalho e
geração de renda entre as famílias mais pobres
do campo e das cidades
Auxiliar na erradicação da pobreza extrema no
Brasil, por meio da geração de trabalho, emprego,
Resolução da Diretoria
renda e inclusão social, no que tange à atuação
Colegiada RDC nº 49/2013
do Sistema Nacional de Vigilância Sanitária
(SNVS).
Decreto nº 9.064 de 31 de maio Formulação da Política Nacional da Agricultura
de 2017 Familiar e empreendimento familiares rurais
Ações de vigilância sanitária relacionadas a esta-
Resolução da Diretoria
belecimento, produtos e serviços de baixo risco
Colegiada RDC n° 207/2018
sanitário
121
De maneira prática, podem ser conciliadas iniciativas entre as
superintendências regionais de saúde com ações voltadas para o núcleo
de vigilância sanitária e sua interação com os microempreendedores
individuais. O exemplo cabe ao determinado no Estado de Minas
Gerais, no município de Uberlândia, que criou a Lei Municipal nº
12.905/ 2018, a qual promoveu a habilitação sanitária de estabe-
lecimento agroindustrial rural de pequeno porte no Município de
Uberlândia (UBERLÂNDIA, 2019), possibilitando que a Vigilância
Sanitária municipal tivesse autonomia normativa nas práticas voltadas
à AF, que anteriormente eram realizadas em caráter complementar
pela Vigilância Sanitária Estadual da Regional de Uberlândia.
Essa colaboração pode ser estendida a outros órgãos e ins-
tituições como Universidades, órgãos responsáveis pela execução
das políticas públicas de defesa sanitária animal e vegetal, como o
Instituto Mineiro de Agropecuária (IMA), SEBRAE e cooperati-
vas (DELGADO & BERGAMASCO, 2017).
As ações visam dar suporte prático aos microempreendedo-
res de maneira que eventos como capacitações, reuniões técnicas e
treinamentos reúnam um planejamento de atuação e alinhamento
estratégico. Isso favorece a habilitação sanitária do Agricultor Fami-
liar assim como a formulação de documentos para subsidiar ações
padronizadas e alinhadas de cada instituição parceira, por meio de
treinamento dos fiscais para moldar um perfil de conduta adequado,
pautados nas Políticas Públicas de Inclusão Produtiva.
Dentre as documentações, a elaboração de modelos de Layout
de Infraestrutura física dos ambientes mínimos necessários para uma
agroindústria de interesse sanitário, conforme normas sanitárias vigentes
auxiliam os MEI nas adequações. Em paralelo, a elaboração de Proce-
dimentos Operacionais Padronizados de orientação para habilitação
sanitária de estabelecimentos de Baixo Risco de Alimentos fornece
informações mais detalhadas de todo o processo de habilitação sani-
tária, incluindo modelo de documentos para todas as ações, contato
122
dos parceiros, fluxo sistematizado de processos de trabalho, bem como
das referências normativas (BRITO; SANTANA; ALMEIDA, 2019).
Devido a dinâmica normativa, do cenário econômico e social e
das novas demandas de saúde pública, as ações de vigilância sanitária
voltadas para promoção da saúde constituem ações permanentes.
Neste âmbito, a publicação de resoluções, como a Resolução SES/
MG N° 7.800/2021 (MINAS GERAIS, 2021), aprovada pela Deli-
beração CIB-SUS/MG Nº 3.579/2021 (MINAS GERAIS, 2021),
que instituiu o Projeto de Integração das Ações de Vigilância em
Saúde para Agricultura Familiar (PRO AGRI SAÚDE), no âmbito
do estado de Minas Gerais (Figura 1), constituem-se como ferramenta
de harmonização entre os objetivos planejados e a execução objetiva.
125
CONSIDERAÇÕES
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130
CONDIÇÕES DE SANEAMENTO BÁSICO
NO MUNICÍPIO DE DIAMANTE DO SUL,
PARANÁ, BRASIL
INTRODUÇÃO
31
Doutoranda em Desenvolvimento Rural Sustentável (UNIOESTE). Pesquisadora em Desenvolvimento
Rural Sustentável (UNIOESTE). CV: http://lattes.cnpq.br/6280862106042614
32
Acadêmica de Ciências Biológicas (UNIOESTE). CV: http://lattes.cnpq.br/0485961466086144
131
de doenças junto à população [...]. (SANTOS et al.,
2018, p. 241)
ENCAMINHAMENTO METODOLÓGICO
133
mações são advindas do Censo demográfico do Instituto Brasileiro
de Geografia e Estatistica (IBGE) de 1991, 2000 e 2010.
Os dados foram obtidos na totalidade, sem distinção entre
área rural ou urbana, no dia 22 de novembro de 2021 e, posterior-
mente, organizados por estatística simples no software excel, resul-
tando na construção de gráficos.
RESULTADOS E DISCUSSÃO
134
possuíam água canalizada, mas que o abastecimento era feito a partir
de poço artesiano ou nascente.
Por outro lado, em 2010 o cenário foi diferente. Nesse caso, 538
domicílios não apresentaram informação de canalização, mas a água de
abastecimento era advinda de poço ou nascente e outros 409 domicílios
também foram caracterizados como: sem informação de canalização
(rede geral). Neste censo, 108 domicílios afirmaram obter água de poço
ou nascente de fora da propriedade, conforme se verifica no Gráfico 1.
CONSIDERAÇÕES FINAIS
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140
ARTESANATO E DECOLONIALIDADE:
CONSTRUÇÃO DE UMA IDENTIDADE
CULTURAL E SIMBÓLICA NO
RECÔNCAVO BAIANO
INTRODUÇÃO
33
Pós-graduanda em Comunicação e Marketing (UNIFACS). CV: http://lattes.cnpq.br/0866223137181475
34
Pós-graduada em Gestão da Qualidade (UNIJORGE).CV: http://lattes.cnpq.br/5796556745893742
35
Doutorando em Mudança Social e Participação Política (ProMuSPP - USP) e do Programa de Pós-
-graduação em Território, Ambiente e Sociedade (PPGTAS - UCSAL). Jornalista.
CV: http://lattes.cnpq.br/1919366602220434
141
suas histórias de vida estão impressas simbolicamente no trabalho
artesanal e que a hibridação cultural faz parte da decolonialidade.
Este texto analisa o saber-fazer artesanal da renda de bilro como
uma herança europeia, que hoje encontra-se em mãos de mulheres
negras do Recôncavo Baiano e que neste processo de hibridação cul-
tural verifica-se uma possível afirmação da identidade de resistência
do artesanato frente aos processos globalizantes.
144
Cabe trazer o que foi mencionado por Hall (2006) quando
aborda a homogeneização cultural ao citar Kevins Robins, que se refere
ao capitalismo global como sendo um processo de ocidentalização,
ou seja, “a exportação das mercadorias, dos valores, das prioridades,
das formas de vida ocidentais”, onde o ocidente considera a cultura
do outro como sendo “alienígena” e “exótica” e, assim, “a globalização
torna o encontro entre o centro colonial e a periferia colonizada
imediato e intenso” (HALL, 2006).
145
Para Quijano (2005), “a colonialidade, em outras palavras, é
o lado mais sombrio da modernidade ocidental” e acrescenta que “a
decolonialidade é tanto um fazer analítico quanto um fazer prospectivo:
construindo e reconstruindo os modos de vida que a modernidade
repudiou e destruiu” (MIGNOLO, 2017).
É preciso oportunizar e criar espaços de expressões orais dos
saberes tradicionais, promover a reconstituição epistêmica daqueles que
herdaram a tradição, mas que não puderam, por algum tempo, evocar
sua subjetividade durante o processo de produção. Hoje, representantes
destas comunidades tradicionais podem criar diálogos com as diversas
áreas do conhecimento sem perder a sua identidade cultural.
RENDA DE BILRO
146
conhecemos hoje”. Estes trabalhos evidenciam, assim, as imprecisões
históricas e temporais sobre o artesanato (FELIPPI, 2021).
Diante do exposto até aqui, a respeito do saber-fazer da renda
de bilro e da sua relação com a identidade cultural, converge-se para
o entendimento de que “as rendas, nesse caso, nos proporcionam um
repertório rico para estudo tanto histórico e social quanto técnico e
visual”, como um bem cultural material e imaterial, “carregam traços
de identidade individual [...] e coletiva que transmitem códigos cul-
turais através de características próprias na forma com determinados
indivíduos ou grupos confeccionam pontos de renda ou tipos de
renda” (FELIPPI, 2021, p. 59).
A renda de bilro é um objeto que pode ser analisado a partir de
várias categorias de análises e contextos regionais, resultando em uma
rica e vasta produção de conteúdo, visto que, no Brasil, observamos
a existência de vários polos produtores da renda de bilro. Entre eles,
está o município de Saubara (BA), localizado no Recôncavo Baiano,
a cerca de 120 km da capital (Salvador), que possui pouco mais de 12
mil habitantes e surgiu no ano de 1550 (IBGE, 2022).
Ao segmentarmos a população local por gênero, observa-se
que os homens vivem da pesca; já as mulheres, trabalham na coleta
de mariscos, complementando a renda familiar com a produção e
comercialização do artesanato. Neste município, encontra-se a Asso-
ciação dos Artesãos de Saubara (também conhecida como Casa das
Rendeiras) que possui atualmente 110 associadas, das quais 55 estão
em atividade. Destas, 43 artesãs atuam na produção da renda de bilro
e outras 12 estão dedicadas ao artesanato de palha
147
Ilustração 1 – Mosaico de fotos da Associação dos Artesãos de Saubara: local de
aprendizagem e comercialização da renda de bilro
148
Na dissertação de Oliveira (2019), com o tema “Mãos que cosem a
memória: as Rendeiras de Saubara-BA e o protagonismo de mulheres negras
no patrimônio”, destaca-se o papel das artesãs na salvaguarda deste
trabalho artesanal. Evidencia-se a construção da identidade cultural do
saber-fazer a partir das expressões orais das rendeiras, o modo como
elas observam o mundo e se relacionam com ele. Representante da
Associação dos Artesãos, Maria do Carmo revela a sua relação mágica
com a renda de bilro ao dizer que “Por isso que chama magia do
Recôncavo, porque é uma magia mesmo a renda de bilro”. Ela também
aborda a questão da independência feminina (algo que não é exercido
pela maioria das rendeiras), conforme trecho em que diz: “eu não aceito
que ninguém mande em mim, nem diga o que eu tenho que fazer. Eu
não sou mulher de pedir, eu sou de avisar” (OLIVEIRA, 2019, p. 71).
Sobre o diálogo das artesãs com outras áreas do conhecimento,
tem-se a parceria das rendeiras com a designer Márcia Ganem, que
desenvolveu pesquisas na comunidade. Como resultado desta proposta,
alcançaram projeção internacional, com apresentação do artesanato da
renda de bilro de Saubara na Europa e nos Estados Unidos.
Cabe mencionar a realização de alguns programas de capacitação
e fomento ao artesanato, que proporcionaram às artesãs uma maior
autonomia sobre a produção, mesmo que outros objetivos não tenham
sido alcançado, conforme avalia Maria do Carmo, representante da
Associação dos Artesãos, quando relata que o maior dos objetivos é que
todas as rendeiras pudessem viver só da renda “porque é um trabalho
que fica em casa, e a mariscagem é um trabalho muito sacrificado [...].
O que eu gostaria que acontecesse aqui é que a gente encontrasse um
mercado que escoasse nossos produtos” (OLIVEIRA, 2019).
A relação das rendeiras com o saber-fazer revela a subjetividade
de cada artesã e cria momentos de distração ou mesmo de desenvolvi-
mento intelectual. Na fala de dona Doralina Cruz, a mais antiga das
rendeiras, ela menciona: “eu ainda coso porque eu gosto de coser a renda,
tanto é que não tem outra coisa que me distrai. O pensamento tá ali, aí
149
distrai”. Tal sentimento é compartilhado por Maria Antônia Passos:
“Não me vejo sem minha renda. Às vezes quando não tem encomenda eu
vou lá, ‘Maria me dê qualquer coisa aí’” (OLIVEIRA, 2019, p. 71).
Acerca da transmissão do saber, valorizam-se os ensinamentos
dos antepassados. Torna-se motivo de orgulho ter aprendido a rendar
com uma tia, mãe ou avó, conforme a fala de Ednalva Menezes: “eu
amo essa profissão, amo mesmo, já gosto [...]. É fazer.. que gente tá... às
vezes distrai a mente da gente ói, vai jogando os birros ói”. Estabelece-se
um vínculo familiar que ultrapassa a correlação sanguínea e torna-se
uma relação comunitária do saber-fazer, incluindo outras atividades
como a mariscagem, segundo Doralina Cruz: “Eu comecei menina, não
lembro a idade não. Todo mundo fazia, minhas tias, tudo era rendeira.
Naquela época não tinha outra coisa pra fazer. Aí fazia renda. Mariscava
e fazia renda” (OLIVEIRA, 2019).
Comumente, as rendeiras brasileiras utilizam o termo “birro” em
substituição a palavra de origem europeia, “bilro”. Segundo o autor do
livro Ômi Rendero (2009), o termo birro “não recebeu nenhum reco-
nhecimento da parte da camada intelectual” e justifica esta situação ao
fato de que “as rendeiras sendo na sua imensa maioria mulheres que
muito frequentemente não sabiam quase ler, e que por consequência
não tinham voz” (RENDERO, 2009).
Ainda que, historicamente, a origem da renda seja vista como uma
herança europeia, o que as artesãs destacam e se orgulham é o processo
de construção da identidade transmitida por seus familiares, como
vemos dito por Lidiane Silva: “Aí aos nove anos eu já sabia fazer a renda,
[...] E minhas primas todas elas fazem renda, aprendeu com minha vó tam-
bém”, e acrescenta: “é uma tradição milenar passada de geração em geração
desde os portugueses até aqui. É um fato histórico, uma tradição histórica.
Tanto a renda quanto a palha né, o trançar”. Nisto, observa-se que outros
elementos identitários são igualmente valorizados, como o artesanato
da palha, reforçando a multiculturalidade (OLIVEIRA, 2019).
150
O que preocupa a comunidade artesã nesta localidade é o desinte-
resse das novas gerações pela renda de bilro. Quando questionada sobre
este assunto, Maria do Carmo apontou que “elas [as jovens] começaram
com muita força de vontade, mas depois o zap tiraram elas da Casa das
Rendeiras, é tanto que hoje só tem duas aí, antes eram 10”. Seria este um
desafio para a Associação e para a sociedade diante da modernidade?
Cabe uma reflexão mais profunda sobre os contornos que a colonia-
lidade trouxe para as comunidades tradicionais (OLIVEIRA, 2019).
Observa-se nos trabalhos científicos aqui citados, que a tradicio-
nal renda de bilro dialoga com diversas outras áreas do conhecimento,
como a moda, o designer, novas tecnologias, educação, meio ambiente
e desenvolvimento local. Assim, o artesanato da renda de bilro é visto,
tanto pelas artesãs como pela sociedade, como um elemento identitário
de resistência, que pode ser observado e analisado sob diversas perspec-
tivas, valorizando o saber-fazer artesanal e salvaguardando a tradição.
152
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154
SOBRE A ORGANIZADORA
155
ÍNDICE Desenvolvimento Sustentável
35-37, 47, 48, 66, 102-106, 114-116
Povos indígenas 12
www.editorabagai.com.br /editorabagai
/editorabagai contato@editorabagai.com.br