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Bioquímica
Humana
Dra. Marcia Cristina de Souza Lara Kamei
DIREÇÃO UNICESUMAR
Reitor Wilson de Matos Silva, Vice-Reitor e
Pró-Reitor de Administração Wilson de Matos
Silva Filho, Pró-Reitor Executivo de EAD William
Victor Kendrick de Matos Silva, Pró-Reitor de
C397 CENTRO UNIVERSITÁRIO DE MARINGÁ. Núcleo de Educação a Ensino de EAD Janes Fidélis Tomelin, Presidente
Distância; LARA KAMEI, Marcia Cristina de Souza.
da Mantenedora Cláudio Ferdinandi.
Biologia e Bioquímica Humana. Marcia Cristina de Souza Lara
Kamei.
Maringá-PR.: Unicesumar, 2019. Reimpresso em 2023. NEAD - NÚCLEO DE EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA
184 p. Diretoria Executiva Chrystiano Mincoff, James
“Graduação - Híbridos”.
Prestes e Tiago Stachon; Diretoria de Graduação
1. Biologia 2. Bioquímica 3. Humana 4. EaD. I. Título. e Pós-graduação Kátia Coelho; Diretoria de
Permanência Leonardo Spaine; Diretoria de
ISBN 978-85-459-1986-5 Design Educacional Débora Leite; Head de
CDD - 22 ed. 572
CIP - NBR 12899 - AACR/2 Produção de Conteúdos Celso Luiz Braga de Souza
Filho; Head de Metodologias Ativas Thuinie Daros;
Head de Curadoria e Inovação Tania Cristiane Yoshie
Impresso por: Fukushima; Gerência de Projetos Especiais Daniel
F. Hey; Gerência de Produção de Conteúdos Diogo
Ribeiro Garcia; Gerência de Curadoria Carolina
Abdalla Normann de Freitas; Supervisão do Núcleo
de Produção de Materiais Nádila de Almeida
Toledo; Projeto Gráfico José Jhonny Coelho e
Thayla Guimarães Cripaldi; Fotos Shutterstock.
Coordenador de Conteúdo Lilian Rosana dos
Santos Moraes
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NEAD - Núcleo de Educação a Distância tura Junior, Janaína de Souza Pontes e Yasminn
Av. Guedner, 1610, Bloco 4 - Jardim Aclimação Talyta Tavares Zagonel.
CEP 87050-900 - Maringá - Paraná Revisão Textual Cintia Prezoto Ferreira
unicesumar.edu.br | 0800 600 6360 Editoração Isabela Mezzaroba Belido.
Ilustração Bruno Pardinho e Natalia de Souza
Scalassara
Realidade Aumentada Kleber Ribeiro, Leandro
Naldei e Thiago Surmani.
PALAVRA DO REITOR
Caro(a) aluno(a)!
Você ingressou em um curso que trabalhará com o organismo humano
e seu desenvolvimento, dessa forma, faz-se necessário que você conheça
as bases estruturais e funcionais desse organismo. Para conhece-lo, você
terá acesso a diversas disciplinas no decorrer do curso, incluindo esta que
trabalharemos a partir de agora.
Somos organismos pluricelulares, isto é, formados por, aproximadamente,
dez trilhões de células. Durante nosso desenvolvimento embrionário, nossas
células tornaram-se especializadas, por isso, possuímos diferentes tipos de
tecidos com funções específicas, como o tecido epitelial, conjuntivo, tecido
muscular e tecido nervoso.
Apesar de toda a diversidade de tecidos e órgãos que formam nosso corpo,
cada célula é uma unidade morfológica e funcional desse organismo e
nossas atividades metabólicas são resultados do funcionamento indivi-
dual e integrado de cada uma destas, sendo que a nossa vida depende da
manutenção da integridade morfológica e funcional de cada uma delas.
A atividade metabólica das células é definida como um conjunto de reações
químicas no interior deste sistema biológico. Para compreender estas ativi-
dade, temos que, primeiramente, entender sua constituição bioquímica e o
arranjo dessas moléculas na estrutura dos elementos que formam as células.
Ao cursar esta disciplina, você terá um conhecimento básico sobre a estru-
tura morfológica e funcional do organismo humano – a célula e a constru-
ção do conhecimento sobre o organismo humano terão como alicerce o
conhecimento a respeito da constituição química das células, sua estrutura
morfológica e suas interações metabólicas para obtenção de recursos que
mantenham a manutenção biológica do organismo humano.
Esperamos que você possa se tornar íntimo dos conhecimentos abordados
neste livro e que faça bom proveito para seus estudos.
CURRÍCULO DOS PROFESSORES
13
Estrutura e Funções
das Organelas
Celulares da Célula
Eucarionte
47
Movimento e
Proliferação Celular
85
Disponibilização de
Energia para a Célula
- Degradação de
Carboidratos
129
Transformação
e Armazenamento
de Energia:
Degradação de
Lipídios e Proteínas
157
20 Citoplasma de uma célula eucarionte
Utilize o aplicativo
Unicesumar Experience
para visualizar a
Realidade Aumentada.
Dra. Marcia Cristina de Souza Lara Kamei
Caracterização
Bioquímica das Células
PLANO DE ESTUDOS
OBJETIVOS DE APRENDIZAGEM
• Reconhecer a célula como unidade fundamental da vida. • Compreender as funções biológicas da água e outros ele-
• Diferenciar células eucariontes e procariontes. mentos inorgânicos para o metabolismo celular.
• Compreender a estrutura e funções das moléculas orgâ-
nicas para o metabolismo celular.
Evolução
das Células
UNIDADE 1 15
Esse processo evolutivo começou
a quatro bilhões de anos, em um
período em que a atmosfera tinha
uma composição distinta da atual.
As moléculas mais abundantes
eram: água, amônia, metano, hi-
drogênio, sulfeto de hidrogênio
e gás carbônico. Com a ação do
calor, radiação e descargas elétri-
cas constantes, essas moléculas
sofreram reações químicas es-
pontâneas, aleatórias e formaram
compostos orgânicos tais como
proteínas e ácidos nucleicos.
Essa teoria é conhecida como
teoria pré-biótica e apresenta
como argumento científico o ex-
perimento proposto por Stanley
L. Miller, que simulou em labora-
tório estas condições atmosféri-
cas e obteve formação espontâ-
nea de elementos orgânicos.
Essas moléculas orgânicas
Figura 2 - Esquema ilustrando o processo evolutivo de transformação de células
se depositaram em ambientes procariontes em células eucariontes
aquosos, que estavam se for- Fonte: Junqueira et al. (2012, p. 12).
mando na superfície do planeta
pelo processo de resfriamento.
Reações químicas continuaram
ocorrendo entre elas e, gradati- O isolamento dessas moléculas se deu pela organização de ca-
vamente, as moléculas orgâni- madas de fosfolipídios que, espontaneamente, no meio aquoso,
cas foram se tornando cada vez formaram as primeiras membranas, originando, desta forma, as
mais complexas. primeiras células.
O acúmulo gradual dos Estas eram estruturas simples, certamente heterotróficas e
compostos orgânicos foi favo- anaeróbicas e foram denominadas de células procariontes. Essas
recido por três circunstâncias: primeiras formas de vida eram estruturalmente semelhantes às
(1) enorme extensão da Terra nossas bactérias atuais.
com formação de vários nichos; A partir do desenvolvimento da vida, as alterações químicas na
(2) longo tempo, provavelmente molécula de DNA promovem características novas. Dessa forma,
cerca de 2 bilhões; e (3) ausência por meio de uma série de mutações, novas características foram
de oxigênio que impedia que as surgindo, dando origem à célula eucarionte que forma todos os de-
moléculas sofressem degradação. mais seres vivos, com exceção de bactérias (ALBERTS et al., 2011)
UNIDADE 1 17
Células procariontes são
“pobres” em membranas. Nelas,
a única membrana existente é a
membrana plasmática, portan-
to, não existem compartimen-
tos individualizados no seu ci-
toplasma. Na célula eucarionte,
esses compartimentos delimita-
dos por membranas são deno-
minados de organelas.
A célula procarionte mais
bem estudada é a Escherichia
Coli (E. Coli) e usaremos sua
estrutura para descrever as
Figura 3 - Esquema da estrutura de células procariontes
características de uma célula Fonte: Bio conexão (2015, on-line)1.
procarionte. Você pode acom-
panhar a estrutura observando • Parede celular: localizada externamente à membrana cito-
a Figura 3. plasmática, constituída por rede rígida que serve de proteção
• Membrana citoplas- mecânica. Apresenta duas camadas – a mais interna cons-
mática: estrutura lipo- tituída de peptideoglicanas, e a mais externa é chamada de
proteica que delimita a membrana externa. Essa parede contribui para o equilíbrio
célula, separando o meio da pressão osmótica.
extracelular e intracelu- • Protoplasma: ambiente interno da célula. Encontramos as
lar. Apresenta permea- partículas responsáveis pela síntese de proteínas – ribos-
bilidade seletiva, sendo somos que podem estar agrupados em polirribossomos. O
responsável pela troca de protoplasma também contém água, íons, moléculas de RNAs,
elementos entre os meios proteínas estruturais é enzimas. O DNA está localizado em
intra e extracelulares. É uma região específica, denominada nucleoide. Por ser o úni-
importante salientar que co compartimento da célula, todas as reações metabólicas
os componentes enzimá- são realizadas no protoplasma.
ticos da cadeia respira- • Cromossomos: a molécula de DNA principal da célula
tória e da fotossíntese procarionte está organizada em um único cromossomo
estão acoplados à mem- de forma circular, formando o nucleoide. Além do DNA
brana plasmática. Ela principal do nucleoide, as células procariontes apresentam
apresenta invaginações pedaços pequenos de DNA também circular, chamado de
denominada mesosso- plasmídeos. Estes podem ser trocados por tipos diferente de
mos, que ampliam a área bactéria por meio de vários mecanismos e estão associados
da membrana citoplas- à variabilidade genética das bactérias. Essas características
mática, aumentando o determinadas pelo DNA dos plasmídeos podem conferir
número dos complexos características que resultam em resistência a antibióticos ou
enzimáticos. características de patogenicidade.
UNIDADE 1 19
Citoplasma de uma célula eucarionte Figura 4 - Esquema de uma célula eucarionte animal
Fonte: Junqueira et al. (2012, p.12).
Ribossomas
UNIDADE 1 21
• Aparelho de Golgi: um conjunto de separando o DNA das células eucariontes.
membranas achatadas que se empilham No interior deste núcleo, o DNA está asso-
formando unidades funcionais denomi- ciado a moléculas de proteínas, formando
nadas de Dictiossomo, em que cada um o arranjo de cromatina.
apresenta uma face convexa – face cis – e • Citoesqueleto: apesar de não ser uma or-
uma face côncava – face trans. Está envol- ganela, o citoesqueleto também diferencia
vido com o processamento e distribuição as células eucariontes das procariontes.
das macromoléculas que começaram a ser Constituído por uma rede de filamentos
sintetizadas no retículo endoplasmático proteicos que formam uma trama, esta
liso e rugoso. estrutura tem papel de promover a manu-
• Lisossomos: formas e tamanhos variáveis. tenção da forma, papel mecânico de sus-
No interior há uma gama de enzimas uti- tentação das organelas, adesão celular e
lizadas para digestão de macromoléculas. movimentos celulares diversos. Os princi-
Essas organelas apresentam seu interior pais elementos que formam o citoesqueleto
ácido. Estão envolvidas com a digestão de são os microtúbulos, filamentos de actina
moléculas englobadas por endocitose e e filamentos intermediários.
também de organelas que não estão sen-
do utilizadas. Além dessas organelas, existem as que são en-
• Endossomos: vesículas oriundas do pro- contradas apenas em células eucariontes vegetais
cesso de endocitose. Constituem uma rede que apresentam as estruturas básica das células
complexa de vesículas que são encaminha- eucariontes animais. Não estudaremos as células
das para a digestão. vegetais, porém, as principais diferenças com as
• Peroxissomos: contêm enzimas oxidativas células animais são:
que transferem átomos de hidrogênio de di- • Presença de parede celular: além da
versos substratos para o oxigênio, formando membrana plasmática, as células vegetais
os peróxidos. apresentam parede de celulose que lhes
conferem maior resistência mecânica.
RH2 + O2 → R + H2O2 • Presença de plastídios: organelas que
armazenam diversos tipos diferentes de
Os peroxissomos possuem catalase, uma enzima substâncias. Os plastídios que não ar-
que converte o peróxido de hidrogênio em água mazenam substâncias pigmentadas são
e oxigênio. Isto é de extrema importância, pois o chamados de leucoplastos, e os que ar-
peróxido de hidrogênio é um oxidante energético mazenam substâncias pigmentadas são
e extremamente prejudicial à célula. chamados de cromoplastos, dos quais os
mais frequentes são os cloroplastos, ricos
2 H2O2 Catalase → 2 H20 + O2 em clorofila.
• Vacúolos citoplasmáticos: ocupam a
• Núcleo: organela constituída por envoltó- maior parte do citoplasma, reduzindo o
rio nuclear formado por duas membranas citoplasma funcional a uma pequena faixa.
UNIDADE 1 23
Água como veículo de transporte para diversas moléculas nos ambientes
intracelular e extracelular (STRYER; TYMOCZKO; BERG, 2014).
As primeiras células se desen- Conforme a interação com a água, as moléculas são classificadas em:
volveram em meio aquoso e, du- • Moléculas polares: (com cargas) possuem afinidades pelo
rante muito tempo, a vida existia dipolo da água e, portanto, são atraídas e dissolvidas quando
apenas na água. Atualmente, te- em contato com a água, sendo denominadas de hidrofílicas.
mos formas de vida fora da água, Ex.: Na+Cl-.
porém, todas as formas de vida • Moléculas apolares: (sem cargas) não são atraídas pelo dipolo
dependem dela. da água, sendo, portanto, insolúveis em água e denominadas
Essa molécula não é inerte de hidrofóbicas.
com função apenas de preencher • Moléculas anfipáticas: moléculas grandes com grupamentos
os espaços do citosol e dissolver polares que não se distribuem ao longo de toda a molécula,
outras moléculas, mas também portanto, a polarização não abrange a molécula inteira, somen-
participa ativamente nas pro- te uma parte. A região na qual estão localizados os grupamen-
priedades das biomoléculas e de tos polares é hidrofílica e o restante da molécula é hidrofóbica.
suas interações químicas.
Apesar de ser representada Outra propriedade da molécula de água é sua ionização, formando
pela fórmula H-O-H, a molécula uma ânion hidroxila (OH-) e um próton H+. Esses íons são doados para
de água não é um bastão reto. Os diversas reações químicas do metabolismo e também contribuem para a
dois átomos de hidrogênios for- manutenção do Potencial Hidrogeniônico (pH) dos sistemas biológicos.
mam com o oxigênio um ângulo A água também atua absorvendo calor e impedindo o aumento
de 104,9o. A estrutura tridimen- drástico da temperatura dos sistemas biológicos, portanto, transpirar
sional depende da forte atração é um mal necessário.
exercida pelo oxigênio sobre os
elétrons que são compartilhados
com os hidrogênios. Em razão
desse deslocamento dos elétrons,
a molécula é relativamente posi-
tiva no lado dos dois hidrogênios
e relativamente negativa no lado
do oxigênio, sendo, desta forma,
um dipolo, como você pode ob-
servar na Figura 7.
Por ser dipolar, a água é um
bom solvente. Ela dissolve com-
postos que apresentam cargas
(moléculas polares), pois o di-
polo da água tende a atrair os
polos positivos e negativos das
moléculas, por exemplo: Na+Cl-. Figura 7 - Esquema da estrutura molecular da água
Por ser um bom solvente, ela atua Fonte: Junqueira et al. (2012, p. 43).
H
Alguns íons são cofatores de enzimas (Mg+2), transmissores de
H
H
H
C
H
C
C
H
H
C
H
C
H
C
H
C
H
C
H
C
C
H
H
C
C
C
O
H
UNIDADE 1 25
Proteínas e Enzimas
Daremos início ao estudo dos componentes orgâ- • Atuam na defesa por meio de imunoglo-
nicos das células. Iniciaremos analisando as pro- bulinas (anticorpos).
teínas, que além de serem os elementos orgânicos • Transportam substâncias no organismo
mais abundantes nas células, são as moléculas (hemoglobina) e nas células (permeases
mais diversificadas em formas e funções. e bombas).
• Formam hormônios e neurotransmissores
que controlam as atividades fisiológicas
Funções das proteínas dos organismos pluricelulares (Obs.: al-
guns hormônios apresentam constituição
As proteínas exercem funções estruturais e dinâ- lipídica - hormônios esteroides).
micas. São elas:
• Formam elementos estruturais do nosso Apresentam ação enzimática, controlando as ati-
organismo, como músculo, ossos, dentes, vidades metabólicas.
pelos etc.
• São responsáveis por movimentos do orga-
nismo (contração muscular) e das células Proteínas são polímeros de
(cílios, flagelos e pseudópodes). aminoácidos
H α
R C NH2
COOH
Figura 9 - Fórmula geral básica de aminoácidos
Fonte: Junqueira et al. (2012, p. 45).
H2O
O H COOH O H COOH
C OH + H N CH C N CH
H2N CH CH2OH H2N CH CH2OH
CH3 CH3
Figura 10 - Ligação peptídica
Fonte: Junqueira et al. (2012, p. 45).
UNIDADE 1 27
Figura 11 - Tabela com fórmula dos 20 tipos diferentes de aminoácidos
Fonte: Junqueira et al. (2012, p. 45).
No início de sua síntese a pro- Essas também são as pontes de hidrogênio. Observe, na Figura 12, cada
teína é uma sequência linear de uma dessas estruturas tridimensionais.
aminoácidos, que é chamada de Quando uma proteína é sintetizada na célula, sua estrutura pri-
estrutura primária da proteína mária dobra-se espontaneamente, originando as estruturas secun-
e é mantida pela ligação entre dárias e terciárias, e se for característico da referida proteína, assume
os aminoácidos. Essa é uma também a estrutura quaternária. Essa conformação assumida assim
ligação covalente e somente que a proteína é sintetizada é a mais estável que a molécula pode
poderá ser desfeita por ação assumir e é chamada da configuração nativa.
de enzimas. A proteína funcio-
nal irá assumir outros arranjos
que dependem da sequência de
aminoácidos (MARZZOCO;
TORRES, 2015).
Os aminoácidos vizinhos in-
teragem por meio de seus gru-
pamentos (cadeia lateral) por
interações do tipo pontes de
hidrogênio e originam o arranjo
de α-hélice espiralada ou α-pre-
gueada, considerado estrutura
secundária das proteínas.
Considerando a interação
que os aminoácidos distantes
podem sofrer, a proteína irá se
dobrar sobre ela mesma e for-
mar uma estrutura globular de-
nominada de estrutura terciária.
Essas interações que mantêm a
estrutura terciária são as pontes
de hidrogênio, pontes dissulfeto
(entre dois átomos de enxofre) e
interações hidrofóbicas.
Ainda temos as interações
que ocorrem entre duas cadeias
distintas de aminoácidos e dão
origem a proteínas formadas
por mais de uma sequência poli-
peptídica, considerada como es- Figura 12 - Esquemas das estruturas tridimensionais assumidas pelas proteínas
trutura quaternária da proteína. Fonte: Marzzoco e Torres (2015, p. 17, 20, 21 e 24).
UNIDADE 1 29
Desnaturação proteica Enzimas
Como elucidado anteriormente, apenas a estrutura primária é mantida A manutenção das atividades
por interação química forte – a ligação peptídica; enquanto as demais metabólicas que definimos
são mantidas por interações fracas. Alterações físicas e químicas nos como vida depende da con-
ambientes biológicos podem interferir nas estruturas mantidas por tínua ocorrência de um con-
interações fracas – secundária, terciária e quaternária – promovendo junto de reações químicas que
a desnaturação das proteínas. devem atender dois critérios:
Os agentes capazes de causar desnaturação proteica são as altas (1) devem ocorrer em veloci-
temperaturas, valores de pHs muito ácidos ou muito básicos, adições dades adequadas à fisiologia
de detergentes que interferem na interação hidrofóbica das molécu- celular e (2) precisam ser al-
las e de solventes orgânicos polares que apresentam facilidade em tamente específicas para não
promover pontes de hidrogênios (NELSON et al. 2013). gerarem produtos intermediá-
Proteínas desnaturadas perdem suas propriedades e suas funções rios nocivos.
biológicas. Portanto, os sistemas biológicos devem ser mantidos em Essas exigências não seriam
temperaturas e pHs específicos ou terão seu metabolismo alterado. possíveis se esperássemos que
as reações metabólicas ocor-
resse espontaneamente. A pre-
sença de enzimas dirigindo
todas as reações químicas nos
sistemas biológicos permitem
que essas exigências sejam
contempladas. As reações são
Figura 13 - Proteína em estrutura terciária sofrendo desnaturação proteica dirigidas pela ação de enzimas,
Fonte: Junqueira et al. (2012, p. 46).
permitindo que estas condi-
Proteínas podem apresentar apenas aminoácidos em sua constitui- ções sejam atendidas. Com as
ção, sendo denominados de proteínas simples, ou possuírem outros enzimas atuando como catali-
elementos em sua constituição, sendo denominadas de proteínas sadores, aumentam a velocida-
conjugadas. Como exemplo de proteínas conjugadas, podemos ci- de das reações e, por serem as
tar a hemoglobina, responsável pela distribuição de O2 nos nossos enzimas altamente específicas,
tecidos, que possui em sua constituição um grupamento heme - selecionam as reações mais di-
molécula de porfirina ligada a átomos de ferro. retas possíveis.
conformação tridimensional.
Essas regiões específicas da Enzima
enzimas na qual os substratos Glicose-
6- fosfato
permaneceram encaixado cha-
ma-se sítio ativo (NELSON et Figura 14 - Esquema ilustrando o mecanismo de ação enzimática
al., 2013). Fonte: Junqueira et al. (2012, p. 50).
UNIDADE 1 31
Carboidratos Classificação dos carboidratos
H C OH 4
Os carboidratos representam a H C OH H C OH HO C H
H C OH 5
principal fonte de energia para CH2OH H C OH H C OH
as células. Apesar de seu pa- CH2OH 6
CH2OH CH2OH
pel energético predominante,
D-Gliceraldeido D-Ribose D-Glicose D-Galactose
podemos reconhecer outras
funções:
• Reconhecimento celu- 1
CH2OH
lar: forma a glicoproteí- CH2OH
2
nas que atuam como re- C O
CH2OH C O
ceptores nas membranas 3
HO C H
e glicocálice. C O H C OH 4
• Função estrutural: for- H C OH
H C OH 5
ma as glicoproteínas da CH2OH
H C OH
matriz extracelular dos CH2OH 6
tecidos, forma a parede de CH2OH
células vegetais e o exoes- Diidroxiacetona D-Ribulose D-Frutose
queleto de vários grupos Figura 15 – Fórmulas químicas de monossacarídeos mais comuns
de animais (quitina). Fonte: Marzzoco e Torres (2015, p. 88).
UNIDADE 1 33
Grupo O- O-
carboxila O C O C
CH2 CH2
CH2 CH2
CH2 CH2
CH2 CH2
CH2 CH2
CH2 CH2
CH2 CH2
Cadeia CH2 HC
carbônica CH2 HC CH2
CH2 CH2 CH2
CH2 CH2 CH2
CH2 CH2 CH2
CH2 CH2 CH3
CH2
CH2
CH2
CH3
Extremidade polar
CH3
(hidrofílica)
H3C N CH3
lares. São moléculas anfipáticas com uma região hidrofílica CH2 CH2
CH2 CH
e caudas hidrofóbicas (cadeias de ácidos graxos). São mais CH2 CH
complexos que os lipídios de reserva energéticas. CH2 CH2
CH2 CH2
O CH2 CH2
1 CH2
1 C CH2
H2C OH H2C O 16 CH3 CH2
O
Esfingosina
1 9 CH2
2 C
HC OH HC O 18 CH2
O CH3
1 9 Ácido graxo
3 C
H2C OH H2C O 18
Figura 19 - Esquema da fórmula es-
Glicerol Triacilglicerol
(1-palmitoil-2, 3-dioleil-glicerol) trutural de um lipídio estrutural. Esse
tipo de lipídio está presente na estru-
Figura 18 - Esquemas de fórmulas de triglicerídeos tura das membranas celulares
Fonte: Marzzoco e Torres (2015, p. 94). Fonte: Junqueira et al. (2012, p. 62).
H H
N
N
O N
A
O N
Ð
O P OCH2 N
H H HH
O Ð
HO H
nucleotídeo (dAMP)
Figura 20 - Esquema da estrutura de nucleotídeos
Fonte: Watson et al. (2015, p. 98).
UNIDADE 1 35
DNA DNA e RNA RNA
H H
N O
Purinas
N N N NH
H H
N N H N N NH
H H H
Adenina Guanina
H H
O
Pirimidinas
O N
H3C H NH
NH N NH
H H H N O
N O N O
H H H
Timina Citosina Uracila
HOH2C O OH HOH2C O OH
Pentoses
OH OH OH
Desoxirribose Ribose
O
OH P OH
OH
Ácido fosfórico
Figura 21 - Desoxirribose - nucleotídeos do DNA e ribose - nucleotídeos do RNA
Fonte: Junqueira et al. (2012, p. 54).
Ligação diester-fosfato
Os nucleotídeos ligam-se uns aos outros por meio da ligação fosfodiéster, que ocorre entre as pentoses.
O radical fosfato de um nucleotídeos, que está ligado ao carbono 5’, liga-se ao carbono 3’ da pentose de
outro nucleotídeos. Vários nucleotídeos ligados formam uma cadeia polinucleotídica linear, uma vez
que, cada nucleotídeo fará apenas duas ligações fosfodiéster. As extremidades da cadeia manterão seus
carbonos 3’ e 5’, um em cada extremidade. Essas extremidades recebem a denominação de extremidade
5’ e 3’, respectivamente (VOET et al., 2014).
O DNA é a molécula responsável por armazenar as informações genéticas que determinarão as caracterís-
ticas morfológicas e funcionais das células e transmissão dessas características para as células descendentes.
A molécula de DNA é constituída por duas ca- suas sequências de nucleotídeo. A-T realizam
deias de desoxirribonucleotídeos que interagem duas pontes de hidrogênio e C-G realiza três
entre si por meio de pontes de hidrogênios entre pontes. As pontes de hidrogênios são respon-
suas bases nitrogenadas. Dessa forma, as bases sáveis pela estabilidade da molécula de DNA.
nitrogenadas ficam no centro da molécula e a As duas cadeias polinucleotídicas, antipara-
pentose e o fosfato ficam na borda da molécu- lelas e complementares assumem um aspecto
la. O posicionamento dos nucleotídeos em cada levemente retorcido, orientado da esquerda
cadeia é inverso em relação a outra, o que se diz para a direita na maioria das condições do am-
de orientação antiparalela. Em função disto, as biente celular e é chamada de α-hélice. Ao lon-
extremidades 3’ e 5’ seguem orientação inversa go da molécula de DNA, cada volta completa
em cada uma das fitas. na hélice contém 10 nucleotídeos. O diâmetro
No DNA, as pontes de hidrogênios reali- da molécula é de 2 nm (nanômetro), e sua su-
zadas entre as bases nitrogenadas das cadeias perfície apresenta dois sulcos desiguais: sulco
antiparalelas, ocorrem especificamente entre maior e sulco menor.
adenina - timina e citosina-guanina. Dessa for- Esse modelo de estrutura da molécula de DNA
ma, teremos duas cadeias complementares em foi proposto por Watson e Crick, em 1953.
Figura 22 - Modelos da estrutura tridimensional da molécula de DNA - Proposta por Watson-Crick (1953)
Fonte: Watson et al. (2015, p. 98).
UNIDADE 1 37
Ácido Ribonucleico - RNA tes de aminoácidos a um RNAt específico.
O RNAt apresenta-se em fita dupla, devi-
O RNA é uma cópia de segmento da molécula de do às pontes de hidrogênios entre as bases
DNA, que se denomina gene. O RNA vai atuar nitrogenadas complementares. Essas do-
no processo de síntese de proteínas. Esta será res- bras promovem a exposição de uma trin-
ponsável pela expressão das informações contida ca específica de nucleotídeos denominada
no DNA. anticódon. A complementaridade códon/
anticódon é responsável pela adição de
Estrutura da molécula de RNA uma sequência específica de aminoácidos
na proteína codificada por um RNAm.
Formada por uma cadeia simples de nucleotídeos,
que como vimos, possui ribose. Quatro varieda- Ao final desta unidade, tivemos uma visão geral da
des de bases nitrogenadas formam os diferentes estrutura dos dois tipos celulares que formam os se-
nucleotídeos. res vivos atuais – células eucariontes e procariontes.
Algumas variedades de RNAs podem apresen- A célula é a base morfológica e funcional de
tar segmento que são complementares A-U, G-C todo e qualquer ser vivo e conhecê-la em seus
e promovem dobras na molécula, fazendo com aspectos morfológicos fornecerá suporte para
que ela exerça funções específicas. outras áreas do curso.
Existem três tipos principais de RNAs que par- Células procariontes são células mais simples,
ticipam da síntese protéica: RNAm - mensageiro; não apresentam membranas internas. Foram as pri-
RNAt – de transferência; e RNAr. meiras formas de seres vivos a se desenvolverem no
• RNAm: formado quando ocorre a trans- planeta e, atualmente, formam as bactérias.
crição de genes com informações especí- Células eucariontes surgiram da evolução de
ficas para uma proteína. É uma cadeia li- células procariontes. Apresentam uma estrutura
near. No processo de síntese proteica, cada morfológica mais complexa, pois exibem uma
trinca de nucleotídeos (códon) determina série de membranas internas, compartimentali-
a adição de um aminoácido específico. zando o citoplasma, que chamamos de organelas.
• RNAr: combina-se com diferentes pro- Nas células eucariontes, cada organela desempe-
teínas para formar as subunidades de par- nha funções específicas.
tículas denominadas de ribossomos. Os Tivemos também uma visão dos componentes
ribossomos funcionais existem quando químicos que formam as células: os elementos
duas subunidade (maior e menor) estão orgânicos (proteínas, carboidratos, lipídios e áci-
unidas. Eles apresentam os sítios ativos que dos nucleicos) e os elemento inorgânicos (água e
atraem os RNAt para se ligarem aos códons sais minerais) e de cada elemento destacamos seu
e sítios que catalisam as ligações peptídicas papel biológico principal.
entre os aminoácidos. Todos os conceitos aqui abordados precisam es-
• RNAt: apresentam uma extremidade com tar incorporados por você, caro(a) aluno(a).
a sequência CCA, que graças a um processo Dessa forma, esta unidade nos deu embasa-
enzimático se liga a um aminoácido. Existe mento para prosseguir nas demais abordagens
uma especificidade e cada variedade de en- que faremos sobre o metabolismo celular, nas
zima irá ligar cada um dos 20 tipos diferen- próximas unidades.
1. Para que uma célula animal seja capaz de sintetizar, armazenar e secretar enzi-
mas, é necessário que ela apresente de maneira bem desenvolvida:
a) O Retículo Endoplasmático Granular e o Complexo de Golgi.
b) O Retículo Endoplasmático Agranular e o Complexo de Golgi.
c) O Retículo Endoplasmático Granular e os Lisossomos.
d) O Complexo de Golgi e os Lisossomos.
e) O Complexo de Golgi e o Condrioma.
39
3. Em 1953, Miller e Urey realizaram experimentos simulando as condições da
Terra primitiva: supostamente altas temperaturas e atmosfera composta pelos
gases metano, amônia, hidrogênio e vapor dʼágua, sujeita a descargas elétricas
intensas. A figura a seguir representa o aparato utilizado por Miller e Urey em
seus experimentos.
Eletrodos H2
Descargas
elétricas
H2O CH4
NH3
Vapor d’água
Área de
condensação
Água
fervente
Produtos
40
LIVRO
41
ALBERTS, B.; BRAY, D.; HOPKIN, K.; JOHNSON, A.; LEWIS, J.; RAFF, M.; ROBERTS, K.; WALTER, P. Fun-
damentos da biologia celular. Porto Alegre: Artmed, 2011.
ALBERTS, B.; LEWIS, J.; RAFF, M.; ROBERTS, K.; WALTER, P.; VANZ, A. L. de S.; JOHNSON, A. Biologia
molecular da célula. Porto Alegre: Artmed, 2011.
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42
1. A.
2. C.
3.
a. A hipótese testada foi a teoria pré-biótica que sugere que moléculas inorgânicas reagiram espontanea-
mente e formaram moléculas orgânicas.
4.
Mitocôndrias: liberar a energia obtida da degradação de moléculas orgânicas e transferir esta energia para
a síntese de moléculas de ATPs.
Retículo endoplasmático rugoso: essa porção do retículo endoplasmático está associada à síntese de
proteínas.
Retículo endoplasmático liso: essa porção do retículo endoplasmático está associada à síntese de lipídios
e degradação de metabolitos tóxicos para a célula.
Aparelho de Golgi: processamento e distribuição das macromoléculas que começaram a serem sintetizada
no retículo endoplasmático liso e rugoso.
Lisossomos: digestão de moléculas englobadas por endocitose e também de organelas que não estão
sendo utilizadas.
Endossomos: constituem uma rede complexa de vesículas que são encaminhadas para a digestão.
Peroxissomos: contém enzimas oxidativas que transferem átomos de hidrogênio de diversos substratos
para o oxigênio formando os peróxidos.
Núcleo: armazena os ácidos nucleicos, responsáveis pela caracterização morfológica e funcional das células.
5. B.
43
44
45
46
Dra. Marcia Cristina de Souza Lara Kamei
Estrutura e Funções
das Organelas Celulares
da Célula Eucarionte
PLANO DE ESTUDOS
Mecanismos de
Síntese e Exportação
Transporte por Meio das
de Macromoléculas
Membranas Celulares
Vias Intracelulares
Membrana Sistema de
de Degradação -
Plasmática Endomembranas
Endocitose e Lisossomos
OBJETIVOS DE APRENDIZAGEM
• Identificar a constituição química e estrutural das mem- • Reconhecer morfológica e funcionalmente as organelas que
branas celulares. formam o sistema de endomembranas na célula eucarionte.
• Apontar os diferentes mecanismos que promovem o in- • Descrever a relação entre as organelas do sistema de
tercâmbio das moléculas entre os meios intracelular e endomembranas no processamento de macromoléculas
extracelular. e digestão intracelular.
Membrana
Plasmática
Retículo
endoplasmático
rugoso
Ribossoma
Aparato de Golgi
Lisossoma
Centríolo
Retículo
endoplasmático
liso
Mitocôndria
Citoplasma
Membrana plasmática
Essa constituição das membranas celulares atende de moléculas entre o núcleo e o citoplasma. Todas
as características das moléculas que as constituem as membranas celulares apresentam o mesmo pa-
e permite que estas membranas desempenhem drão molecular e o mesmo arranjo dessas molé-
várias funções. culas. Contudo, antes de abordarmos a estrutura
Ao longo do processo evolutivo, vários meca- dessas membranas, faremos uma discussão de
nismos que promovem a entrada de elementos es- suas funções gerais.
senciais ao metabolismo e retirada de compostos
indesejáveis resultantes destes metabolismos foram
desenvolvidos e, para compreensão da fisiologia ce- Função das
lular, é necessário os diversos mecanismo de trans- Membranas Celulares
porte por meio das membranas celulares, bem como
conhecer a estrutura e funções da membrana plas- De uma maneira geral, as membranas celula-
mática e das organelas citoplasmáticas, dessa forma, res e a membrana plasmática estão envolvidas
vamos desvendar mais uma fascinante abordagem nos principais processos que governam a ma-
de nossos estudos sobre as células. nutenção e o funcionamento celular. A seguir,
Aluno(a), agora, conheceremos a membrana serão citadas e abordadas as principais funções
plasmática da célula. Essa estrutura delimita o atribuídas às membranas celulares que são fun-
espaço interno das células e promove intercâmbio damentais para a vida da célula.
UNIDADE 2 49
Compartimentalização celular reconhecem ligantes específicos e desencadeiam
um processo interno de sinalização celular que
A membrana plasmática delimita todos os tipos permite que a célula mude seu comportamento
celulares desde procariontes a eucariontes. Nas em resposta a “orientações”.
células eucarióticas, membranas internas criam
subcompartimentos com atividades especializa-
das. Embora as moléculas na membrana sejam Suporte para atividades
mantidas por ligações químicas fracas, o somató- bioquímicas
rio dessas forças (complementada pelas interações
com o citoesqueleto e matriz extracelular) confere Muitas membranas celulares contém moléculas
à membrana uma determinada resistência à tração, específicas que atuam no metabolismo e con-
suficiente para assegurar a integridade física da ferem funções bioquímicas particulares a cada
célula e, consequentemente, a sua individualidade. compartimento que a possui. Por exemplo, a
membrana interna das tilacoides, nos cloroplas-
tos, e a membrana plasmática de bactérias fo-
Transporte de substâncias tossintéticas contêm pigmentos, transportadores
de elétrons e enzimas envolvidas no processo da
Por ser a estrutura que delimita as células e com- fotossíntese (conversão de energia luminosa em
partimentos internos (células eucarióticas), as energia química).
substâncias que entram e saem devem, necessaria-
mente, atravessar as membranas. As membranas
celulares são seletivas e contam com mecanismos Integração entre células e
de transporte altamente especializados. Entre as substratos não celulares
funções dos sistemas de transporte na membrana,
pode-se citar: Nos organismos multicelulares, as células estão
• Regulam o volume celular. conectadas entre si ou com a matriz extracelular
• Mantém o pH e a composição iônica in- para formar os tecidos. Essa integração, na reali-
tracelular. dade, é resultante da presença de especializações
• Extraem do ambiente e concentram com- na membrana que, em conjunto, são denominadas
bustíveis metabólicos e elementos de cons- de junções celulares. Vários tipos de junções inter-
trução. celulares, cada uma composta por uma proteína
• Eliminam substâncias tóxicas. transmembrana diferente, conectam as membra-
• Geram gradientes iônicos. nas plasmáticas das células adjacentes. Por exem-
plo, nas junções de adesão e nos desmossomos,
que mantêm células epiteliais aderidas, há uma
Reconhecimento e processa- proteína transmembrana denominada caderina
mento de informações que ancora, através de seu domínio citosólico,
proteínas do citoesqueleto, enquanto que o do-
Essa função é exercida por meio da ação de re- mínio extracelular serve de ancoragem para outra
ceptores incorporados na membrana, os quais caderina da célula adjacente.
As membranas celulares são estruturas contínuas que determinam Os lipídios que estão presentes na
os limites estruturais e funcionais das células (membrana plas- estrutura das membranas celula-
mática) e dos compartimentos internos de células eucarióticas res são, na sua maioria, anfipáti-
(membrana nuclear e das organelas citoplasmática). São compostas cos. Esses apresentam uma região
de lipídios, proteínas e carboidratos e todas estão estruturadas de com grupamentos polares e outra
acordo com o mesmo modelo de arquitetura molecular. região com grupamentos apola-
res. (Obs.: essa condição já foi dis-
cutida na unidade anterior). Essa
Composição Química e Organização molécula se arranja em bicamada,
Estrutural de Membranas Celulares deixando suas regiões hidrofílicas
(cabeças) para a periferia e suas
Como já mencionado anteriormente, as membranas celulares são regiões hidrofóbicas (cauda) para
compostas de proteínas, lipídios e, em uma menor proporção, car- o centro da bicamada (ALBERTS
boidratos. Entretanto, a distribuição desses componentes oscila et al., 2011).
dependendo do tipo de membrana celular. Entre os lipídeos mais fre-
quentes nas membranas celulares
Região polar (hidrofílica) distinguem-se os fosfoglicerídeos,
Moléculas de com uma representação de 70 a
lipídios anfipáticos 90%. As membranas das células
Cadeia apolar (hidrofóbica)
animais contêm colesterol, o que
não acontece nas células vegetais,
que possuem outros esterois. As
membranas das células procarió-
ticas não contêm esterois, salvo
raras exceções. A seguir, a estru-
tura dos principais lipídios da
membrana será abordada:
• Fosfoglicerídeos: co-
mumente denominados
de fosfolipídios, são cons-
tituídos por uma molé-
cula de glicerol esterifi-
cada a dois ácidos graxos
e a um ácido fosfórico.
Micela bicamada Diferentes grupos-cabe-
(a) (b) ça (álcoois) se ligam ao
ácido fosfórico produ-
Figura 2 - Esquema da estrutura bioquímica dos lipídios formadores de mem-
brana e seu arranjo em bicamada zindo diferentes tipos de
Fonte: Marzzoco e Torres (2015, p. 100). fosfoglicerídios:
UNIDADE 2 51
» Fosfatidilglicerol: grupo-cabeça é o das funções específicas. São as proteínas, portanto,
glicerol. que dão a cada tipo de membrana na célula as
» Fosfatidilinositol: grupo-cabeça inosi- propriedades funcionais características. Entre as
tol (pode ser classificado como glicolipí- funções exercidas por essas biomoléculas estão:
deo por conter um resíduo de açúcar). o transporte de substâncias, atividade enzimática,
» Fosfatidilcolina: grupo-cabeça colina. recepção de sinais e ancoragem.
» Fosfatidilserina: grupo-cabeça serina. As proteínas presentes nas membranas celu-
» Fosfatidiletanolamina: grupo-cabeça lares são classificadas de acordo com a interação
etanolamina. que fazem com a bicamada lipídica, sendo elas:
• Esfingolipídeos: apresenta a molécula de • Proteínas periféricas: estão associadas
esfingosina em sua estrutura. A esfingo- com a superfície da membrana por meio
mielina é um esfingolipídio que contém de ligações não covalentes. A fraca asso-
como grupo-cabeça a molécula de colina. ciação dessas proteínas com a membrana
• Esteróides: são lipídios que não apresen- permite que elas sejam facilmente solubi-
tam ácidos graxos. O principal lipídio es- lizadas com o uso de solventes alcalinos.
teroides nas células animais é o colesterol, A ligação das proteínas periféricas com a
e em algumas dessas membranas pode re- membrana ocorre por meio de interação
presentar mais de 50% das moléculas de eletrostática e por pontes de hidrogênio
lipídios. Esse lipídeo é de grande impor- com os domínios hidrofílicos (citosóli-
tância, pois faz parte de uma série de vias co e externo) de proteínas integrais, com
metabólicas, incluindo a síntese de hormô- os grupos-cabeça polares de lipídios de
nios esteroides (estrogênio, testosterona e membrana ou mesmo com outras pro-
cortisol), da vitamina D e dos sais biliares teínas periféricas.
secretados pelo fígado. • Proteínas integrais: encontram-se “mer-
gulhadas” na bicamada lipídica (represen-
Cada membrana celular possui uma composição tadas pelo número 4, na imagem). Entre-
de lipídios característica que afetam as proprieda- tanto, a maioria das proteínas integrais de
des físicas e biológicas de cada uma. membrana se estendem de um lado a ou-
tro na bicamada lipídica e são designadas
por proteínas transmembranas. Tais pro-
Proteínas Presentes teínas, por conter domínios citosólico e
na Membrana extracelular, podem desempenhar papéis
em ambos lados da membrana. Exemplos
Apesar de a estrutura básica da membrana plas- de proteínas com este tipo de atividade
mática ser fornecida pela bicamada de lipídios, as são as carreadoras, os canais iônicos e os
proteínas de membrana desempenham a maioria receptores.
Figura 3 - Esquema mostrando as diversas interações de proteínas com a bicamada de lipídios para a formação das membranas celulares
Fonte: Alberts et al. (2011, p. 373).
Açúcares de membrana
A membrana plasmática de células eucariotas con- do citosol. Nas células animais, os carboidratos
tém carboidratos que estão ligados covalentemente ocupam um espaço considerável da superfície da
aos componentes lipídicos (formando os glicoli- membrana com cerca de 10 a 20 nm. Essa camada
pídeos) e protéicos (formando as glicoproteínas e glicídica é conhecida como glicocalix e apresenta
proteoglicanas). Dependendo da espécie e do tipo funções de reconhecimento e adesão celular.
celular, o conteúdo de carboidratos da membrana A porção glicídica da maioria das glicoproteí-
plasmática varia entre 2% a 10% de seu peso. nas e glicolipídeos são oligossacarídeos que pos-
Na membrana plasmática, as porções glicídicas suem, tipicamente, menos de 15 monossacarídeos
estão situadas na face externa da bicamada, en- por cadeia. A Figura 4 representa a organização
quanto que, nas membranas celulares das organe- estrutural das membranas celulares. Esse modelo
las, os açúcares estão voltados para o lado oposto é denominado de mosaico fluído.
UNIDADE 2 53
Glicoproteína
Glicolípidio
Oligossacarídio
Domínio
apolar
Domínios
polares
Colesterol
Proteína
periférica
Proteína Proteína
periférica Proteína integral
periférica
ligada
covalentemente
a lipídio
Figura 4 - Esquema de mosaico fluído para explicar a estrutura das membranas celulares
Fonte: Marzzoco e Torres (2015, p. 103).
Camada de
carboidratos
ESPAÇO
Glicolipídeo EXTRA-
CELULAR
Bicamada
lipídica
CITOSOL
Figura 5 - Esquema da organização estrutural das membranas celulares com evidência no glicocálix
Fonte: Alberts et al. (2011, p. 381).
UNIDADE 2 55
Tipos de
Transporte
a substância é transportada de
um lado a outro da membrana
contra o gradiente de concen-
tração, o transporte requer gasto
de energia e é denominado de NaCl 1,5% NaCl 0,9% NaCl 0,6% NaCl 0,4%
transporte ativo.
Figura 6 - Esquema demonstrando o movimento da água em função das con-
Se a substância tem uma centrações do meio extracelular
carga elétrica, seu movimento Fonte: Junqueira et al. (2012, p. 83).
é influenciado tanto pelo gra-
diente de concentração como
pelo potencial de voltagem da
membrana (diferença na con-
centração de íons de cargas
opostas em ambos os lados da
membrana). A combinação des-
tas duas forças é denominada de
gradiente eletroquímico.
Bi-Camada
Lipídica
Transporte passivo
Na osmose, a água se move por de moléculas maiores polares, como a glicose; moléculas com cargas,
meio da membrana, do meio hi- como aminoácidos, ATP; e íons, como Na2+, Ca2+, Mg2+, Cl-, requerem
potônico (menos concentrado) a presença de proteínas transportadoras para atravessar a membrana,
para o meio hipertônico (mais neste caso, o transporte é denominado de difusão facilitada.
concentrado), até que os meios se No processo de difusão facilitada, as proteínas que realizam a
tornem isotônico (com a mesma passagem da substância podem ser uma proteína carreadora (per-
concentração). meases) ou canais.
A passagem da água pode
ocorrer por meio da bicamada Proteínas carreadoras (permeases):
lipídica ou por meio de pro- • Transporte de moléculas grandes, polares e/ou carregadas.
teína canais denominadas de • Mudança de conformação durante o transporte.
aquaporinas. • Taxa de transferência menor que a taxa operada pelas pro-
teínas canal.
Difusão
Proteínas canais:
O transporte passivo de solu- • Transporte de água e íons.
tos ocorre do meio hipertônico • Transporte rápido.
para o meio hipotônico, até que • Seletivo.
os meios se tornem isotônico. • Alternância aberto/fechado - “gates” (dependentes de voltagem/
Esse mecanismo é chamado de dependentes do ligante).
difusão.
A difusão pode ocorrer pela Os mecanismos de transportes ativos levam os meios separados por
bicamada lipídica ou por meio de membranas a assumirem concentrações equilibradas. Portanto, teremos
proteínas transportadoras. Pou- outros mecanismos envolvidos na manutenção de diferentes concen-
cas moléculas conseguem fluir trações de substâncias nos diferentes meios biológicos.
por meio da bicamada lipídica, Molécula transportada
UNIDADE 2 57
Transporte ativo
Os solutos poderão ser transportados contra tes de íons seguindo seu gradiente eletroquímico
o gradiente de concentração, ou seja, do meio para transportar outra substância contra seu gra-
menos concentrado para o mais concentrado, diente de concentração. Esse transporte é também
envolvendo gasto energético. Esse processo é denominado de transporte acoplado. Podemos re-
chamado de transporte ativo. O mecanismo sumir algumas características do transporte ativo:
ocorre somente com solutos e sempre por meio • Depende da presença e da atividade de
de proteínas carreadoras. Essas proteínas são proteínas de membrana.
conhecidas como bombas. • São específicos para certas substâncias ou
A energia necessária para o transporte pode grupos de substâncias.
ser disponibilizado por quebra de molécula de • O fluxo ocorre contra um gradiente quí-
ATP, caracterizando o transporte ativo primário. mico ou elétrico.
Alguns carreadores de membrana realizam o • Requer energia e é sensível a distúrbios
transporte ativo secundário, isto é, usam gradien- metabólicos.
Molécula transportada
Bicamada Gradiente de
liídica
EN
ER concentração
Fosfato em ligação
CITOSOL de alta energia
Na+ P
LIGAÇÃO 4 LIGAÇÃO DE K+
1 DE Na+ À
BOMBA K+
P
K+ K+
A BOMBA RETORNA
À COMFORMAÇÃO P
6
ORIGINAL, EJEÇÃO
5 A BOMBA É DESFOSFORILADA
DE K+
UNIDADE 2 59
• Transporte ativo secundário (não depen- No Simporte, as substâncias transportadas,
de da quebra de moléculas de ATP, o gra- em geral açúcares e aminoácidos, movem-se
diente de concentração mantido por meio na mesma direção do íon que está fornecendo
do transporte ativo direto de íons serve energia; no transporte tipo antiporte, as subs-
como fonte de energia que dirige o trans- tâncias transportadas, em geral íons, movem-se
porte ativo indireto de outras substâncias. em direção contrária ao íon que está fornecen-
do energia.
Nesse transporte ativo indireto, as moléculas mo- Vários metabólitos e íons movem-se por meio
vem-se associadas ao transporte de um íon, que da membrana por transporte ativo indireto e em
lhe fornece energia, por isso, esse tipo de trans- eucariontes, praticamente todas as substâncias
porte é do tipo transporte acoplado. orgânicas transportadas dentro das células são
Existem dois mecanismos de transporte ativo movidas por transporte ativo secundário (ME-
secundário: Simporte e Antiporte. YER, [2019], on-line)2.
Bicamada
Lipídica
Ion cotransportado
TRANSPORTE ACOPLADO
Figura 11 - Esquema ilustrando os diferentes tipos de transportes ativos
Fonte: Alberts et al. (2011, p. 398).
Complexo de Golgi
UNIDADE 2 63
Figura 14 - Esquema mostrando a continuidade
entre Retículo endoplasmàtico rugoso e liso
Fonte: Fresta (2016, on-line)3.
Síntese de Proteínas
UNIDADE 2 65
Para que o complexo traducional chegue até a sinal que cliva a sequência sinal da cadeia poli-
membrana do RER, no mínimo dois componentes peptídica durante sua transferência para O RER.
são necessários: uma partícula reconhecedora do Em mamíferos, a maioria das proteínas des-
sinal (PRS, uma ribonucleoproteína) e o receptor tinadas ao RE são translocadas ao RE durante a
da PRS (uma proteína transmembrana do RER). tradução (processo cotraducional).
Toda proteína começa a ser sintetizada por ri- As proteínas sintetizadas nos ribossomos
bossomos associado ao RNAm que se encontram aderidos ao RER podem ser solúveis e serem
livres no citoplasma. Quando a proteína que está encaminhadas para o lúmen da organela, ou
sendo sintetizada possui o peptídeo sinal, este é re- podem conter segmentos denominados de se-
conhecido pela PRS e ocorre uma parada na síntese quência de parada de transferência que inserem
proteica até o momento em que a PRS se ligue ao essas proteínas na membrana. Proteínas que
seu receptor na membrana do RER. cruzam a membrana várias vezes (multipasso)
Após essa etapa, a PRS é liberada e a síntese podem estar sendo inseridas como resultado
proteica recomeça com a cadeia polipeptídica sen- de uma série alternada de sequência de para-
do dirigida para o lúmen da organela por meio de da de transferência. Essas sequências sinalizam
um complexo proteico denominado Sec61p, que o fechamento do canal SEc61p promovendo a
atua como um canal de translocação, e que possui transferência lateral da cadeia polipeptídica para
sítios de ancoragem para o ribossomo. Ainda, na a bicamada lipídica. Em algumas proteínas, o
face luminal, este canal de translocação está asso- peptídeo sinal não é clivado e serve como uma
ciado a uma subunidade enzimática: a peptidase sequência de parada (ALBERTS et al., 2011).
UNIDADE 2 67
Síntese de Lipídeos
Embora algumas organelas, como mitocôndrias e cloroplastos, contenham enzimas que participam
na biossíntese de lipídeos, o REL é o principal sítio de síntese de lipídeos de membranas. A síntese de
lipídeos no REL ocorre por ação de enzimas presentes na face citosólica da membrana do REL.
Várias classes de lipídeos são sintetizadas no RE como os glicerofosfolipídeos, o colesterol e as cera-
midas. Nas células endócrinas das gônadas e do córtex da adrenal, o colesterol é utilizado para a síntese
de hormônios esteroides. Uma parte das reações envolvidas neste processo ocorre nas mitocôndrias.
No fígado, o REL utiliza o colesterol na formação de ácidos biliares.
Modificações dos lipídeos: os lipídios produzidos no REL podem sofrer processamentos, tais como
elongação da cadeia de ácidos graxos e a formação de duplas ligações por meio de desidrogenações.
Essas reações acontecem principalmente no REL de células adiposas e hepáticas.
UNIDADE 2 69
As vesículas que partem do CG em direção aos lisossomos são revestidas por outro grupo de pro-
teínas denominadas de clatrina. Essas vesículas contêm as enzimas lisossomais que foram produzidas
no RE e, posteriormente, transferidas para o CG. Como vimos anteriormente, as enzimas lisossomais
são sinalizadas pela presença de manose 6P, reconhecidas por receptores na rede trans do Golgi e
empacotadas em vesículas de transporte.
Figura 18 - Esquema demostrando os destinos de vesículas que saem da face trans do dictiossomo do Complexo de Golgi
Fonte: Alberts et al. (2011, p. 519).
Endocitose e Digestão
Intracelular
UNIDADE 2 71
Endossomos: organelas membranosas que recebem regulada, existem receptores específicos que
moléculas introduzidas na célula pelo processo de desencadeiam a formação das vesículas de
endocitose e pela fusão de vesículas contendo enzimas endocitose.
pré-lisossomais que partem do CG. Possuem pH áci- • Fagocitose: ingestão de partículas grandes
do (~6) devido à ação de uma bomba de prótons em como micro-organismos. Ocorre em tipos
sua membrana. A partir dos endossomos é que se for- celulares específicos, como os macrófagos e
mam os lisossomos. Existem dois tipos de endocitose: neutrófilos, que são células de defesa do nos-
• Pinocitose: entrada de líquidos junto com so organismo.
macromoléculas e os solutos dissolvidos. A
pinocitose pode ser inespecífica ou regula- Para ser fagocitado, a partícula necessita de reco-
da. Na inespecífica, as moléculas em contato nhecimento por meio de receptores presentes na
com a superfície da membrana plasmática membrana plasmática. A vesícula formada é maior
ingressam automaticamente. Na pinocitose que a formada na pinocitose.
As enzi-
mas lisos-
somais são
sintetizadas no
RE e direcionadas
ao CG. Vesículas endo-
cíticas se fundem aos endos-
somos para formar os lisossomos.
Os restos não digeridos nos lisossomos
serão excretadas para o meio extracelular.
O processo é idêntico à fusão das vesículas que
contêm material a ser secretado, ou seja, por exocitose.
Autofagia
Os lisossomos podem digerir elementos (organelas Em alguns tipos celulares, as enzimas lisossomais
ou macromoléculas) da própria célula, esse proces- são secretadas para realizar a digestão extracelular.
so é denominado de autofagia e, geralmente, ocorre Um exemplo desse fato são os osteoclastos, onde as
para garantir a eliminação de organelas envelhe- enzimas são liberadas em um ambiente extracelular
cidas, danificadas ou em quantidades excessivas. delimitado por essas células e a matriz óssea. O pH
Nesse processo, as organelas a serem eliminadas ácido é mantido por proteínas de membrana que
são envolvidas por membranas oriundas do RE, for- bombeiam íons H+ para o meio extracelular.
mando uma vesícula denominada autofagossomo. Esse processo é fundamental para a reabsorção
Segue-se, então, a fusão de vesículas pré-lisos- óssea. Outro exemplo é o acrossomo, uma organela
somais, formando, então, um lisossomo ativo na relacionada aos lisossomos nos espermatozoides.
decomposição. A autofagia é extremamente im- Quando o espermatozoide entra em contato com o
portante nos fenômenos de regressão e involução ovócito, ocorre a liberação das enzimas acrossomais
de tecidos, como ocorre durante a embriogênese que digerem a camada de material extracelular que
e a metamorfose (por exemplo: na eliminação da envolve o óvulo. Isso permite a fusão das mem-
membrana interdigitais em embriões de mamífe- branas das duas células e a passagem do núcleo do
ros e na regressão da cauda do girino). espermatozoide para o citoplasma do óvulo.
UNIDADE 2 73
Figura 21 - Esquema mostrando a ação dos
lisossomos para a endocitose e a autofagia
Fonte: Alberts et al. (2011, p. 527).
Nos melanócitos, há a
presença de lisossomos
denominados de mela-
nossomos. Essa organela
armazena melanina que
é produzida pela conver-
são da tirosina por ação da
enzima tirosinase presente
no seu interior. Os melanos-
somas contendo melanina so-
frem exocitose e os pigmentos no
meio extracelular são, então, captu-
rados por queratinócitos que promovem
a pigmentação normal da pele. Em algumas
desordens genéticas, esse processo de transferência é
bloqueado, levando a defeitos na exocitose melanossômica, deter-
minando formas de hipopigmentação conhecido como albinismo.
Como vimos, a secreção de enzimas lisossomais em alguns tipos celulares parece
contar com mecanismos especializados e regulados de exocitose. Ainda, em alguns
fungos, enzimas lisossomais também são secretadas, permitindo a digestão extracelular
de materiais de interesse nutricional.
UNIDADE 2 75
Você pode utilizar seu diário de bordo para a resolução.
2. Uma célula secretora do pâncreas (célula A) contém, em seu ápice, diversos grânu-
los de secreção, repletos de proteínas, que atuarão na digestão de alimentos. Essas
proteínas serão secretadas. Outra célula (célula B) é uma célula muscular estriada
esquelética e sintetiza proteínas que atuarão no citoplasma da célula. Analise as
afirmações a seguir, sobre as diferenças de síntese de proteínas na célula A e B.
76
I) Na célula A e B, as proteínas são completamente sintetizadas por ribossomos
aderidos ao retículo endoplasmático.
II) Na célula A, a síntese de proteínas ocorre com os ribossomos aderidos ao
retículo endoplasmático e na célula B com os ribossomos aderidos ao com-
plexo de golgi.
III) Na célula B, a síntese proteica começa com os ribossomos livres e, posterior-
mente, a maquinaria síntese proteica é encaminhada à superfície citosólica
da membrana do retículo endoplasmático.
IV) Na célula A e B, a síntese proteica inicia-se no citoplasma. Somente na célula A,
a maquinaria de síntese proteica é encaminhada à membrana do retículo en-
doplasmático e a síntese da proteína prossegue associada a esta membrana.
V) Proteínas destinadas ao citoplasma celular não têm sua síntese associada
ao retículo endoplasmático. Exclusivamente proteínas que são destinadas
à secreção e que possuem seu processamento associado à membrana do
retículo endoplasmático.
Com base nas afirmativas apresentadas, assinale a alternativa correta.
a) Apenas II está correta.
b) Apenas I está correta.
c) Apenas III e IV estão corretas.
d) Apenas IV está correta.
e) Apenas IV e V estão corretas.
77
4. Em um experimento, uma célula vegetal foi submetida a soluções hipertônica
(procedimento A) e hipotônica (procedimento B), quando comparadas com o
citoplasma destas células. Analise as afirmativas a seguir:
I) No procedimento A, o meio extracelular estava hipotônico em relação ao
citoplasma e a água era mantida no citoplasma.
II) No procedimento B, o meio extracelular estava hipotônico em relação ao meio
intracelular, e devido a esta diferença de concentração, a água se movimentava
para o meio extracelular, ocasionando a diminuição do citoplasma celular.
III) No procedimento B, o meio intracelular estava hipertônico em relação ao
meio extracelular e esta diferença de concentração ocasionou a entrada de
água no citoplasma da célula, resultando na expansão do citoplasma.
IV) Nos procedimentos A e B existem diferenças de concentrações entre os
meios intra e extracelular. Essas diferenças ocasionou a movimentação da
água por osmose. A água sempre atravessa as membranas celulares, do meio
hipotônico em direção ao meio hipertônico.
78
5. Todas as membranas biológicas apresentam permeabilidade seletiva e existem
vários mecanismos promovendo este transporte. Várias moléculas orgânicas
e inorgânicas são transportadas contra o gradiente de concentração, sendo
caracterizadas como transporte ativo. Como exemplo, podemos citar:
I) O transporte de glicose nas células epiteliais do intestino. As moléculas de
glicose utilizam a energia da entrada de dois sódios (que vão para o citoplas-
ma das células a favor do gradiente) e entram nas células epiteliais contra o
gradiente de concentração.
II) Sódio e potássio são transportados simultaneamente contra o gradiente.
Três sódios são enviados ao meio extracelular e dois potássios são colocados
no meio intracelular, usando o mesmo elemento transportador e a energia
originada da quebra de uma molécula de ATP.
III) O cálcio é transportado contra o gradiente de concentrações por elementos
que os transportam sozinho e com quebra de molécula de ATP.
79
LIVRO
80
ALBERTS, B.; BRAY, D.; HOPKIN, K.; JOHNSON, A.; LEWIS, J.; RAFF, M.; ROBERTS, K.; WALTER, P. Fun-
damentos da biologia celular. Porto Alegre: Artmed, 2011.
ALBERTS, B.; LEWIS, J.; RAFF, M.; ROBERTS, K.; WALTER, P.; VANZ, A. L. de S.; JOHNSON, A. Biologia
molecular da célula. 5. ed. Porto Alegre: Artmed, 2010.
JUNQUEIRA, L. C. U.; CARNEIRO, J.; JORDÃO, B. Q.; ANDRADE, C. G. T. J.; YAN, C. Y. I. Biologia celular e
molecular. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 2012.
MARZZOCO, A.; TORRES, B. B. Bioquímica básica. São Paulo: Guanabara Koogan, 2015.
REFERÊNCIAS ON-LINE
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Em: http://miprimerblogdeceneima.blogspot.com.br/2016/06/biologia-el-estudio-de-la-vida-la.html. Acesso
em: 8 jul. 2019.
2
Em: https://pt.scribd.com/doc/24050377/INTRODUCAO-AO-ESTUDO-DA-CELULA. Acesso em: 8 jul. 2019.
3
Em: https://descomplica.com.br/blog/biologia/resumo-citoplasma-organelas/. Acesso em: 8 jul. 2019.
4
Em: http://www.estudopratico.com.br/endocitose-e-exocitose-biologia/. Acesso em: 8 jul. 2019.
81
1. B.
2. D.
3. C.
4. B.
5. C.
82
83
84
Dra. Marcia Cristina de Souza Lara Kamei
Movimento e
Proliferação Celular
PLANO DE ESTUDOS
OBJETIVOS DE APRENDIZAGEM
UNIDADE 3 87
Estrutura do
Núcleo Interfásico
UNIDADE 3 89
Todas essas estruturas que
compõem o núcleo interfásico
são ciclos celular dependentes,
ou seja, elas se alteram durante
a divisão de uma célula. Dessa
forma, a cromatina torna-se
progressivamente mais con-
densada; o envoltório nuclear,
o nucléolo e os corpos nuclea-
res desaparecem no início da
mitose e se reestruturam no
final da fase M.
Figura 6 - Organização de um nucleossomo
Fonte: Junqueira et al. (2012, p. 154).
UNIDADE 3 91
que estão presentes nos respectivos tecidos e que tágios G1, S e G2 só podem ser identificados por
são capazes de se multiplicar, diferenciando-se na- critérios bioquímicos, como autoradiografia. Os
queles tipos celulares. principais eventos que ocorrem nos estágios do
A mitose exerce papel primordial em proces- ciclo celular serão abordados a seguir.
sos fundamentais para a manutenção da vida. Um Fase G1: uma célula em G1, que, em algum
deles é a constante produção das hemácias origi- momento recebe um estímulo para se dividir, terá
nadas a partir de células precursoras indiferen- um aumento súbito em sua atividade biossintética.
ciadas existentes na medula óssea. Essas células Assim, durante esta fase ocorre a síntese de todos
são fundamentais para a manutenção dos níveis os componentes necessários aos eventos da divisão
de oxigenação tecidual e transporte do gás carbô- celular, ocorrendo intensa transcrição e tradução,
nico, resultante do metabolismo, e têm vida rela- multiplicação de organelas e aumento da mem-
tivamente curta (em torno de 120 dias), devido, brana plasmática. A fase G1 geralmente é a mais
principalmente, à ausência de núcleo e organelas longa do ciclo celular. Em uma célula com ciclo de
característica exclusiva dos mamíferos. duração de 24 horas, a fase G1 levaria ~11 horas
As divisões mitóticas têm um papel fundamen- para ser completada.
tal e também asseguram a homeostase do organis- Fase S: a fase S tem duração aproximada de 8
mo na reposição das células da camada epidérmica horas e é caracterizada pela duplicação do DNA.
da pele, que garante impermeabilidade e conse- Esse evento requer a participação de diversas en-
quente proteção contra os agentes nocivos do meio zimas (DNApol, DNA primase, DNA ligase, DNA
externo. Devido à constante descamação da pele, helicase, proteínas SSB, topoisomerases, entre ou-
células da camada mais interna (estrato basal) estão tras) e ocorre de forma semiconservativa, onde cada
continuamente se dividindo para garantir a reno- cadeia de DNA usada como molde permanece uni-
vação da epiderme. da com a nova cadeia recém-sintetizada.
Estima-se que, em média, a cada 25 dias, a epi- Paralelamente à duplicação, mecanismos de
derme humana se renove por completo. O mesmo reparo do DNA evitam que alterações no material
mecanismo opera para a renovação das células epi- genético sejam repassadas para as novas cadeias de
teliais do trato gastrointestinal, no qual o constante DNA. O resultado final é que, na fase G2, a célula
trânsito de substâncias acaba por destruir porções conterá o dobro de moléculas de DNA comparada
do tecido, que precisam ser repostas. Dessa forma, a fase G1. Na fase S, já se observa os centríolos du-
a mitose é responsável por garantir a manutenção plicados fazendo parte de seus próprios centrosso-
de uma ampla gama de atividades orgânicas básicas, mos, que são responsáveis pela formação das fibras
promovendo uma condição homeostática para o do fuso e desempenham uma função importante
organismo. durante a mitose. Uma vez que contribuem para a
organização dos cromossomos na metáfase e sua
segregação na anáfase e para determinação do pla-
Intérfase no de clivagem da célula.
Fase G2: nessa fase, terminada a síntese de DNA,
A fase M do ciclo celular é a mais dramática, e os reinicia a produção de RNA, formando mais proteí-
vários estágios que a compõem podem ser distin- nas com um novo período de crescimento celular.
guidos ao nível do microscópio óptico. Entretanto, Entre as proteínas sintetizadas estão aquelas que
quando a célula se encontra em interfase, os es- serão úteis para a célula prosseguir no ciclo celular.
Prófase
UNIDADE 3 93
As vesículas do envoltório nuclear contêm as lâminas B, que permanecem associadas à sua membrana in-
terna, enquanto as lâminas A ficam livres no citosol. Os centrossomos continuam migrando para os polos
opostos. Forma-se o cinetócoro,
estrutura proteica ligada à região
do centrômero de cada cromáti-
de-irmã, na qual os microtúbulos
do fuso, denominados cinetocóri-
cos se associam e exercem tensão
sobre essas cromátides.
Ainda na pró-metáfase, na
maioria dos organismos, por
ação de uma enzima denomina-
da separase ocorre a remoção das
coesinas presentes entre os braços
das cromátides-irmãs, mas não
das coesinas da região centro-
mérica. Já nos fungos, as coesinas
permanecem associadas ao longo
de todo o comprimento do cro-
mossomo até o final da metáfase.
Figura 9 - Esquema da prófase e prometáfase
Fonte: Junqueira et al. (2012, p. 187).
Metáfase
Telófase
A telófase se caracteriza pela reestruturação do envoltório nuclear a partir da reassociação dos com-
ponentes dispersos pelo citosol na pró-metáfase. As vesículas das membranas do envoltório nuclear se
fundem em torno dos cromossomos e, ao mesmo tempo, a lâmina nuclear se reorganiza, os complexos
de poros se inserem nas membranas, fazendo com que, ao final da telófase, o envoltório nuclear esteja
totalmente reconstituído.
Os cromossomos irão se descompactar gradativamente até o final desta fase, assumindo o estado
mais distendido da cromatina e característico da interfase, e o nucléolo é reconstituído. Os microtú-
bulos cinetocóricos já são ausentes e os polares permanecem apenas na região equatorial, na qual se
dará a citocinese. As organelas membranosas são reconstituídas e distribuídas aleatoriamente entre
as suas células-filhas.
UNIDADE 3 95
Citocinese
UNIDADE 3 97
Na espécie humana, a meiose ocorre em es- Meiose I
truturas reprodutivas especializadas, as gônadas.
Nesses órgãos, as células diploides da linhagem A primeira divisão da meiose será um processo
germinativa dividem-se e se diferenciam, forman- reducional, pois, nessa divisão, ocorrerá a separa-
do espermatozoides e óvulos, que são haploides. ção dos cromossomos homólogos e as duas células
formadas serão haploide. O eventos serão orga-
nizados em fases: prófase I, metáfase I, anáfase I,
A Mecânica da telófase I e citocinese I.
Divisão Meiótica
Prófase I
A meiose é um processo contínuo, dividido em
uma série de etapas apenas com propósito didá- Alguns eventos da prófase I são semelhantes aos
tico: prófase I (leptóteno, zigóteno, paquíteno, di- da prófase da mitose; porém ocorrem processos
plóteno e diacinese), metáfase I, anáfase I, telófase exclusivos, que serão os responsáveis por promo-
I, prófase II, metáfase II, anáfase II e telófase II. verem a variabilidade genética. A prófase I é sub-
Antes de entrar em meiose, as células diploides dividida em subfases que serão descritas a seguir.
destinadas a este tipo de divisão celular, encon- • Leptóteno (= filamento fino): apesar de
tram-se em interfase a qual é semelhante daquela marcar o início do processo de conden-
que antecede a mitose. Quando uma célula germi- sação cromossômica, a fase de leptóteno
nativa, durante a fase G1, recebe um estímulo para apresenta os cromossomos como filamen-
entrar em meiose, ela responde por meio de sua tos muito longos e finos. Os filamentos
atividade biossintética, produzindo as moléculas cromossômicos apresentam, nessa fase,
necessárias para prosseguir na divisão. regiões mais condensadas que coram mais
Dessa forma, fatores essenciais para a duplica- fortemente que o restante do cromossomo,
ção do DNA irão operar durante a fase S. Geral- denominadas de cromômeros. O nucléolo
mente, essa fase é mais longa quando comparada se faz presente.
a uma interfase que prepara a célula a entrar em • Zigóteno (= filamento emparelhado):
mitose. Na fase G2, atividades específicas de con- nessa fase, os cromossomos homólogos
trole determinam a entrada da célula na meiose. alinham-se longitudinalmente e se tor-
nam associados (sinapse). Embora o pa-
reamento físico dos cromossomos começa
Fases da Meiose a ser visto nessa fase, novos estudos têm
demonstrado que regiões corresponden-
Assim como a mitose, a meiose também é, para tes do DNA entre os homólogos já estão
fins didático, dividida em fases. Alguns eventos em contato durante o leptóteno. Adicio-
são semelhantes aos que ocorrem na mitose. A nalmente, análises de células de leveduras
meiose está dividida em meiose I e meiose II. próximas a entrar em prófase meiótica
UNIDADE 3 99
Figura 13 - Resumo dos eventos que ocorrem na prófase I da divisão meiótica
Fonte: Junqueira et al. (2012, p. 197).
Anáfase I
UNIDADE 3 101
Telófase I
Citocinese I
Em alguns organismos, entre a É uma fase curta, sem as complicações da Prófase I. Os cromossomos,
Meiose I e a Meiose II, ocorre ainda duplicados em cromátides-irmãs, mas em número reduzido
uma fase em que os cromosso- pela metade, começam a condensar novamente e, no final dessa fase,
mos descondensam totalmen- inicia a organização de dois novos fusos. Se o envoltório nuclear foi
te, alongam-se e se tornam di- formado na telófase I, ele é desorganizado novamente. A prófase II é
fusos. Tomam uma aparência uma fase que, semelhante à intercinese, pode ser suprimida em alguns
semelhante à interfase; mas, organismos e a célula passa diretamente de Telófase I para Metáfase II.
diferentemente dessa fase, na
intercinese não ocorre fase S, Metáfase II
ou seja, não ocorre duplicação
cromossômica. Em outros or- É semelhante à metáfase mitótica com a diferença de que o número
ganismos, esse período entre a de cromossomos é a metade do número somático. As fibras do fuso
primeira e a segunda divisão ligadas aos cinetocoros centroméricos dispõem os cromossomos
meiótica é suprimido e os dois na placa equatorial. Nos ovócitos de vertebrados, esta fase é inter-
núcleos na telófase I passam rompida até o momento da fertilização.
diretamente para a prófase II Um aspecto da meiose que é crucial para o sucesso da divisão
da segunda divisão meióti- é a coordenação da coesão, e de sua perda, entre as cromátides-ir-
ca. Em animais, células nesse mãs. Como já mencionado, as cromátides irmãs dos cromossomos
estágio são referidas como permanecem unidas por um complexo com a coesina. Essa coesão
espermatócitos ou ovócitos deve ser mantida nas regiões centromérica e pericentromérica até
secundários, como veremos a transição metáfase II/ anáfase II.
posteriormente.
Anáfase II
UNIDADE 3 103
rentes de gametas; portanto, o
número de combinações pos-
síveis pode ser expresso por
2n, no qual n é o número de
pares de cromossomos da es-
pécie. Para a espécie humana,
por exemplo, que possuem
23 pares de cromossomos, a
possibilidade é de mais de 8
milhões de tipos de gameta
diferentes. Além disso, como
vimos, na prófase I, ocorre a
recombinação gênica entre
as cromátides homólogas na
maioria das células, gerando
gametas geneticamente dife-
rentes entre si e em relação as
células parentais.
Esses dois fenômenos com-
binados, segregação ao acaso
e crossing-over, geram novas
combinações de genes, e o
consequente aumento na va-
riabilidade genética traz mui-
tas vantagens ao organismo
de reprodução sexuada, uma
Figura 17 - Esquema resumindo os eventos da meiose II
Fonte: InfoEscola (2019, on-line)3. vez que aumentam suas chan-
ces de adaptação às mudanças
ambientais.
Importância Genética da Meiose Outra importância da
meiose é que ela gera células
A segregação dos cromossomos homólogos na anáfase I acontece ao haploides, logo, a união dessas
acaso, isto é, os cromossomos maternos e paternos de cada par se- células como ocorre entre os
gregam-se de forma independente para cada polo. Um exemplo de gametas restabelece o número
segregação é que um organismo poderá produzir quatro tipos dife- cromossômico da espécie.
UNIDADE 3 105
Figura 19 - Esquema da não disjunção cromossômica
Fonte: Tanya Biologia (2012, on-line)5.
UNIDADE 3 107
A Figura 21 mostra a distribuição dos três filamentos do citoesquele-
to nas células epiteliais que revestem o intestino. Os filamentos de actina
sustentam as microvilosidades e se concentram preferencialmente no
córtex celular. Os microtúbulos se irradiam por todo citoplasma a partir
de uma região denominada centrossomo, localizada próximo ao núcleo.
Os filamentos intermediários de queratina se estendem pelo citoplasma
de uma junção célula-célula a outra, e os filamentos intermediários de
laminina sustentam a membrana nuclear interna.
Figura 20 - Imagem de uma célula Por questões didáticas, os três principais componentes do ci-
evidenciando o citoesqueleto toesqueleto serão abordados em tópicos separadamente, onde serão
Fonte: Cunha (2013, on-line)7.
considerados os princípios básicos subjacentes aos seus aspectos es-
Nas células vivas, todos os três truturais e a importância de associações com proteínas acessórias no
tipos de filamentos do citoes- desempenho das funções específicas de cada um.
queleto sofrem remodelação
pela associação e dissociação
de suas subunidades. Isso
ocorre facilmente, pois, as su-
bunidades que formam estes
polímeros são mantidas por
ligações químicas fracas, o que
significa que sua associação e
dissociação podem ocorrer
rapidamente, sem a necessi-
dade de quebras de ligações
covalentes. Entretanto, a re-
gulação do comportamento
dinâmico dos filamentos do
citoesqueleto gera uma varie-
dade enorme de estruturas,
como cílios e flagelos a partir
dos microtúbulos; microvilo-
sidades a partir dos filamentos
de actina; e a trama de fila-
mentos intermediários abaixo
Figura 21 - Esquema demonstrando a distribuição dos elementos do citoesqueleto
da membrana nuclear interna e a estruturas dos filamentos
(lâmina nuclear). Fonte: Alberts et al. (2010, p. 970).
UNIDADE 3 109
a) Suporte e forma celular ocorre pela ação de outra proteína motora, a dineína, que se move
Os microtúbulos está- em direção à extremidade. Dessa forma, fragmentos de membrana
veis contribuem para e outras moléculas que serão degradadas nos lisossomos chegam
manter a forma da célu- ao corpo celular.
la. Um exemplo dos mi- c) Formação da fibra do fuso
crotúbulos na manuten- Quando uma célula recebe um estímulo para se dividir, toda a
ção da forma da célula é rede de microtúbulos é desmontada e as tubulinas são reutili-
obtida nos axônios dos zadas para formar as fibras do fuso, responsáveis pela separa-
neurônios, que contêm ção de cromossomos homólogos (meiose) e/ou de cromátides
microtúbulos orienta- – irmãs (meiose e mitose). As fibras do fuso iniciam sua mon-
dos paralelamente. tagem a partir do centrossomo duplicado durante a interfase.
b) Motilidade e organi-
zação intracelular
No interior das células,
moléculas, organelas e
vesículas membranosas
devem ser transporta-
das de um local a outro.
Nas células nervosas,
por exemplo, proteínas
que são sintetizadas no
corpo celular devem ser
transportados ao longo
do axônio até a região Figura 23 - Esquema mostrando a participação dos microtúbulos na divisão celular
terminal. Nos axônios, Fonte: Junqueira et al. (2012, p. 187).
os microtúbulos estão d) Estruturação de cílios e flagelos
orientados com suas ex- Cílios e flagelos são projeções da membrana plasmática
tremidades (-) voltados contendo, no seu interior, um feixe de microtúbulos (axo-
para o corpo celular e as nema) arranjados em um padrão característico (9+2) com
extremidades (+) para a um par central de microtúbulos simples rodeado com 9
porção final do neurônio. duplas periféricas, fusionadas, contendo um microtúbulos
completo e outro parcial. Esse conjunto de microtúbulos se
Assim, organelas, como mito- conecta entre si por proteínas MAPs, como a nexina.
côndrias, vesículas sinápticas e Os cílios e flagelos são responsáveis pelo movimento de uma
grânulos de secreção, podem ser variedade de células eucarióticas, como os espermatozoides
transportadas do corpo celular e vários protozoários de vida livre, como o paramécio, um
para os terminais axônicos por protozoário ciliado. Nas células fixas os cílios têm a função
meio da cinesina que se move de movimentar fluidos sobre a superfície celular. Os cílios e
em direção à extremidade (+); flagelos diferem na quantidade e no comprimento. Os cílios
enquanto que o fluxo do termi- são mais curtos e numerosos, enquanto o flagelo é longo e
nal axônico para o corpo celular em pequeno número, podendo ser único.
UNIDADE 3 111
As proteínas que constituem os filamentos in-
termediários podem ser classificadas de acordo
com suas características moleculares em diferen-
tes classes:
I. Queratinas: (ácidas, básicas e neutras) –
em células epiteliais.
II. Vimentina e proteínas relacionadas:
vimentina nas células mesenquimais; des-
mina nas células musculares e periferina
nos neurônios.
III. Proteínas ácidicas fibrilares glial: células
da glia.
IV. Neurofilamentos: neurônios.
V. Lâminas (A, B e C): núcleo de células
animais e vegetais.
UNIDADE 3 113
Célula Estriada
Esquelética –
Contração Muscular
UNIDADE 3 115
Figura 29 - Esquema mostrando a organização dos filamentos para a formação do sarcômero
Fonte: Alberts et al. (2010, p. 1028).
O arranjo dos filamentos finos e grossos ancorados A base da contração muscular se dá pela inte-
na linha Z para a formação do sarcômeros fará com ração das cabeças da miosina com os filamentos
que exista regiões onde há sobreposição apenas de de actina. Ciclos de retração e relaxamento das
filamentos finos e outras regiões com sobreposição cabeças, associados à hidrólise do ATP e sua re-
de filamentos finos e grossos. As regiões próximas posição, permite o deslizamento dos filamentos
as linhas Z apresentam apenas sobreposição de fila- de actina sobre os filamentos de miosina.
mentos finos e se apresenta mais clara, quando ana- Esse processo é iniciado quando o músculo re-
lisada em microscopia, sendo chamadas de banda I. cebe um sinal de um neurônio motor que gera um
O centro do sarcômero apresenta sobreposição potencial de ação na célula muscular, promovendo
alternados filamentos finos e grossos, apresentan- a liberação do Ca++ do retículo sarcoplasmático
do-se mais escuras, quando analisadas em micros- para o citosol. A ligação do Ca++ à troponina C
copia, e são chamadas de banda A. Como os fila- promove uma alteração na sua conformação que,
mentos finos não chegam ao centro do sarcômero, consequentemente, altera a posição da tropomio-
o centro da banda A tem uma região denominada sina, liberando, nos filamentos de actina, os sítios
de banda H. Cada sarcômero é formado por duas de ligação para a miosina.
semibandas I, uma banda A e uma banda H. Após essa etapa, as cabeças das miosinas se
A alternância dessas faixas transversais claras ligam aos filamentos de actina. A hidrólise do
e escuras é a responsável pelas denominação de ATP promove uma alteração na conformação
músculo estriado. Essa organização também está da miosina, deslocando sua cabeça em direção à
presente na musculatura do coração; mas por ter extremidade (+) dos filamentos de actina a uma
uma regulação nervosa distinta, este foi chamado distância de 5 nm. A seguir, a cabeça da miosina
de músculo estriado cardíaco. se liga a esta nova posição no filamento de actina
(em um novo ângulo).
Na sequência, ocorre liberação do Pi fortale-
cendo a ligação miosina/actina. Após, um mo-
vimento de potência é desencadeado e a miosi-
na retorna à sua posição original (configuração
rigor), gerando o deslizamento dos filamentos
de actina. Durante o movimento de potencial, o
Figura 30 - Imagem de microscopia da célula muscular
estriada esquelética ADP é liberado, deixando a miosina pronta para
Fonte: Infopédia ([2019], on-line)9. um novo ciclo.
Ao encerrarmos esta unidade, temos um conhe- A célula, como unidade viva, tem que se re-
cimento mais integrado sobre a célula procarion- produzir, e a divisão celular é o recurso que pro-
te, pois já desvendamos, em outras unidades, a move a propagação da vida, pois uma célula dará
estrutura dessa célula e, agora, conhecemos os origem a outras células e esses eventos somente
mecanismos de armazenamento da informação serão possíveis com a participação dos elementos
genética no núcleo interfásico e seus mecanismos do citoesqueleto, quer seja para a separação do
de transmissão para células descendentes, bem DNA (cromátides-irmãs) ou para a separação
como os elementos responsáveis pela forma e do citoplasma (citocinese).
plasticidade da célula – o citoesqueleto.
UNIDADE 3 117
A divisão celular, no organismo pluricelular, tem vários objetivos e está dividida em dois tipos: mi-
tose e meiose. A mitose se responsabiliza pela formação do organismo, seu crescimento, sua renovação
e regeneração. Sem essa divisão, várias atividades fisiológicas ficariam comprometidas, por exemplo, a
formação constante de células sanguíneas. Por sua vez, a meiose é responsável, na espécie humana, pela
formação de gametas, promovendo a possibilidade de reprodução sexuada. A meiose reduz o número
cromossômico de diploide para haploide e promove variabilidade genética, por meio da recombinação
genética promovida no crossing-over.
O citoesqueleto não só participa desses processos de divisões celulares, mas também exerce vários
outros papéis, como a manutenção da forma, adesão celular, movimentos de organelas citoplasmáticas,
deslocamento celular e a própria contração das células musculares.
A contração muscular da célula muscular estriada esquelética é responsável por todos os movimentos
do organismo humano e conhecer a estrutura morfológica e funcional dessa célula será fundamental para
integrar os conceitos sobre os gastos energéticos do organismo humano.
1. Células surgem de outras células vivas pelo processo de divisão celular. O cres-
cimento de um organismo se dá por sucessivas divisões mitóticas, assim, uma
única célula, o zigoto (ovócito fecundado) origina uma pessoa adulta com seus 10
trilhões de células. A divisão mitótica é responsável não só pelo crescimento do
indivíduo, mas também pela reprodução assexuada, reposição celular e reparo
de tecidos danificados ou injuriados. Uma célula se reproduz por meio de uma
sequência ordenada de eventos que duplicam seus componentes e depois a
dividem em duas. Esse ciclo de duplicação e divisão é conhecido como ciclo celu-
lar. O sucesso da divisão de uma célula requer um controle temporal e espacial
dos eventos que ocorrem durante o ciclo celular. Analise as afirmações a seguir:
I) A prófase é a primeira fase da divisão celular e nela ocorre a duplicação do
par de centríolos e da molécula de DNA.
II) Durante a metáfase da mitose, as fibras do fuso alinham os cromossomos
no centro da célula, posicionando cada cromátide-irmã para um dos polos
celulares.
III) Considerando a anáfase da mitose, as fibras do fuso encurtarão em direção
aos polos separando as cromátides-irmãs.
IV) A telófase reorganiza os núcleos fazendo com que o material genético volte
ao estado de cromatina.
V) A divisão mitótica origina células com o mesmo número cromossômicos e
geneticamente diferentes.
Com base nas afirmativas apresentadas, assinale a alternativa correta.
a) Apenas II está correta.
b) Apenas I e V estão corretas.
c) Apenas III está correta.
d) Apenas II, III e IV estão corretas.
e) Apenas IV está correta.
119
2. O tecido muscular estriado esquelético é especializado em contração. Suas cé-
lulas são alongadas, multinucleadas e preenchidas por filamentos proteicos que
se organizam em sarcômero. Sobre o sarcômero, analise as afirmativas a seguir:
I) No sarcômero das células musculares estriadas esquelética, a linha Z é for-
mada por elementos dos filamentos intermediários do citoesqueleto e tem
função de ancorar exclusivamente os filamentos de actina.
II) No sarcômero, a proteína titina tem função de ancorar os filamentos finos
na linha Z.
III) Para que a contração ocorra, é fundamental a presença da Ca+2. Esse íon
fica armazenado na porção lisa do retículo endoplasmático liso, que recebe
o nome de retículo sarcoplasmático.
IV) As miofibrilas que formam o sarcômero das células musculares estriadas
esqueléticas são actina e miosina que formam, respectivamente, o filamento
grosso e o filamento fino do sarcômero.
V) As bandas claras e escuras do sarcômero são denominadas, respectivamente,
banda I e banda A.
120
Com base nas afirmativas apresentadas, assinale a alternativa correta.
a) Apenas III está correta.
b) Apenas III e IV estão corretas.
c) Apenas I e III estão correta.
d) Apenas II e III estão corretas.
e) Apenas IV está correta.
121
5. A capacidade de crescer e se reproduzir são atributos fundamentais de todas as
células. No caso de células eucariontes, o processo de gênese de novas células
obedece a um padrão cíclico que começa com o crescimento celular e termina
com a separação de seu núcleo e citoplasma, originando duas novas células. Es-
ses eventos coordenados são denominados de ciclo celular. Este ciclo apresenta
dois momentos distintos, a interfase e divisão celular mitótica. Com relação a
esse ciclo celular, analise as assertivas a seguir.
I) A intérfase é o período em que a célula não está em divisão celular e, portanto,
estará havendo, durante toda a duração da intérfase, a duplicação do DNA.
II) Durante a intérfase, o DNA estará organizado na forma de cromossomos
para garantir a divisão desse material genético.
III) A intérfase está dividida em períodos: G1, S e G2 e somente haverá a duplicação
do DNA durante o período S.
IV) Durante a intérfase, o DNA estará na forma de cromatina, que permitirá que
eventos como a duplicação e a transcrição possa ocorrer.
V) No período G2 da intérfase, ocorre a condensação da cromatina, formando
cromossomos.
Com base nas afirmativas apresentadas, assinale a alternativa correta.
a) Apenas III e IV estão corretas.
b) Apenas I e II estão corretas.
c) Apenas III e IV estão corretas.
d) Apenas IV e V estão corretas.
e) Apenas II e III estão corretas.
122
FILME
Colegas
Ano: 2013
Sinopse: Colegas é uma divertida comédia que trata de forma poética coisas
simples da vida, por meio dos olhos de três personagens com síndrome de
Down. Eles são apaixonados por cinema e trabalham na videoteca do instituto
onde vivem. Um dia, inspirados pelo fi lme “Thelma & Louise”, resolvem fugir no
Karmann-Ghia do jardineiro em busca de três sonhos: Stalone quer ver o mar,
Aninha quer casar e Márcio precisa voar. Em uma viagem do interior de São
Paulo rumo à Buenos Aires, eles se envolvem em inúmeras aventuras como se
tudo não passasse de uma eterna brincadeira de cinema.
123
ALBERTS, B.; BRAY, D.; HOPKIN, K.; JOHNSON, A.; LEWIS, J.; RAFF, M.; ROBERTS, K.; WALTER, P. Fun-
damentos da biologia celular. Porto Alegre: Artmed, 2011.
ALBERTS, B.; LEWIS, J.; RAFF, M.; ROBERTS, K.; WALTER, P.; VANZ, A. L. de S.; JOHNSON, A. Biologia
molecular da célula. Porto Alegre: Artmed, 2010.
JUNQUEIRA, L. C. U.; CARNEIRO, J.; JORDÃO, B. Q.; ANDRADE, C. G. T. J.; YAN, C. Y. I. Biologia celular e
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Em: http://cc.scu.edu.cn/G2S/Template/View.aspx?courseType=1&courseId=17&topMenuId=113306&-
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2. E.
3. B.
4. C.
5. A.
125
126
127
128
Dr.ª Márcia Cristina de Souza Lara Kamei
Disponibilização de
Energia para a Célula -
Degradação de
Carboidratos
PLANO DE ESTUDOS
Estrutura das
Mitocôndrias
Introdução ao Metabolismo
Metabolismo Energético Energético
OBJETIVOS DE APRENDIZAGEM
• Reconhecer a estrutura morfológica e funcional das mi- cada via ocorra e identificar os tipos celulares que realiza
tocôndrias. cada uma das vias.
• Identificar a molécula de adenosina trifosfato como ele- • Identificar cada uma das etapas de formação de acetil CoA.
mento de armazenamento de energia para atividade me- • Descrever cada uma das etapas do ciclo do ácido cítrico.
tabólica das células.
• Relacionar a cadeia transportadora de elétrons e a fosfo-
• Diferenciar cada uma das etapas do processo de glicólise. rilação oxidativa como consumo de oxigênio.
• Diferenciar a via anaeróbica e aeróbica de degradação
piruvato, relacionar as condições fisiológicas para que
Introdução ao
Metabolismo Energético
LUZ
6CO2 + 12H2O C6H12O6 + 6O2 + 6H2O
C6H12O6 + 6O2 6H2O + 6CO2
Figura 1 - Relação entre a fotossíntese e a respiração celular
Fonte: Santos (2012, on-line)1.
UNIDADE 4 131
Oxigênio Água que poderá
NH3
proveniente da ser utilizada no
respiração pulmonar metabolismo celular
N N
O O O
N N
C6H12O6 + O2 6CO2 + 6H2O + energia HO P O P O P O CH2
O
O O O
Glicose Gás carbônico Será
proveniente que deverá ser armazenada
da digestão eliminado na na forma de
ATP.
OH OH
expiração
Figura 4 - Estrutura bioquímica da molécula da ATP (ade-
Figura 2 - Equação da respiração celular
nosina trifosfato)
Fonte: a autora.
Fonte: Junqueira et al. (2012, p. 69).
ADP + Pi
CARBOIDRATOS
LIPÍDIOS
PROTEÍNAS
OXIDAÇÃO DE PROCESSOS QUE
NUTRIENTES REQUEREM ENERGIA
CO2
+
(H + e-) COENZIMAS ATP + H2O
(oxidadas)
A fotossíntese está relacionada à respiração e, de maneira geral, há um balanço entre esses dois proces-
sos na biosfera. Tanto a fotossíntese quanto a respiração geram energia química utilizável (ATP), cuja
síntese é mediada por um gradiente de hidrogênio transmembrana. A respiração aeróbica envolve a
oxidação de moléculas orgânicas em CO2 com redução do O2 em H2O associada à produção de ATP
O2
Mitocôndria
Cloroplasto
Calor
CO2 + H2O
ATP
A ingestão elevada de carboidratos leva ao aumento da glicemia e esse aumento da glicose circulante
no sangue está diretamente relacionada a várias doença metabólicas, incluindo o diabetes tipo II e
obesidade. Esta, que em outras gerações era um distúrbio que afetava os adultos, já está presente
nas crianças desta geração. Podemos concordar com hábitos que estimulam consumo de refeições
ricas em carboidratos, como as oferecidas por redes de fast food, associando seu consumo a brin-
des que são oferecido junto com estas refeições? Não podemos esquecer que esses brindes são
desejados pelas crianças, pois são ícones da indústria de entretenimento.
UNIDADE 4 133
Estrutura das
Mitocôndrias
UNIDADE 4 135
A membrana externa apresenta uma proteína conhecida como
porina, que forma canais transmembrânicos, muito semelhante a
proteínas porinas presente na membrana de bactérias.
Na matriz mitocondrial podem ser observado os ribossomos,
ácidos nucleicos e várias enzimas que participam do metabolismo
de carboidratos, ácidos graxos e de compostos aminados. O DNA
mitocondrial é uma molécula circular, semelhante ao DNA encon-
trado em bactérias e tem apenas genes que codificam algumas das
proteínas mitocondriais, sendo que a grande maioria das proteínas
mitocondriais são importadas do citoplasma da célula.
Veremos, agora, como essa organela pode aproveitar a energia
presente em ligações químicas covalentes, entre átomos de carbono
(-C---C-), e transformá-la em energia elétrica, para novamente arma-
zená-la em ligações químicas também covalentes, como ocorre entre
ADP (adenosina difosfato) e fosfato na formação de moléculas de ATP.
Piruvato (3)
CO2
Acetil-CoA (2)
CO2 CoA
CO2
Fumarato (4) α-Cetoglutarato (5)
Glicólise
UNIDADE 4 137
Glicose (C6)
2 ADP + 2Pi
Glicólise
2 ATP + 2H2O 4 (H+ + e-) Coenzimas
2 Piruvato (C3)
Citossol
Mitocrôndria
2 Piruvato (C3)
Descarboxilação
do piruvato 2 CO2 4 (H+ + e-) Coenzimas
2 C2
2 C4 2 C6
Ciclo de Krebs
2 ATP 16 (H + + e-) Coenzimas
4 H2O
2 ADP + 2Pi
4 CO2
UNIDADE 4 139
Nicotinamida P Gliceraldeído 3-fosfato
H O
nicotinamida ou riboflavina
+
2 NAD 6
C 2 P
NH2 2 NADH
Nucleotídio de
+ 2 P P 1, 3-difosfoglicerato
N 2 ADP
7
O 2 ATP
2 P 3-fosfoglicerato
-O P O CH2 O
8
H H P
H H 2 2-fosfoglicerato
OH OH 2 H2O 9
O Ribose P
fosfoenolpiruvato
NH2 2
2 ADP
Nucleotídio de
10
N 2 ATP
N
adenosina
UNIDADE 4 141
CARBOIDRATOS PROTEÍNAS LIPÍDIOS
Piruvato (3)
CO2
Acetil-CoA (2)
CO2 CoA
CO2
Fumarato (4) α-Cetoglutarato (5)
OXALOACETATO CITRATO
H2O COO-
+
NADH + H HS-CoA CH2
COO-
NAD
+
C O HO C COO-
malato
desidro- CH2 citrato CH2
genase sintase aconitase
COO- COO-
COO-
MALATO COO- ISOCITRATO
CH2
HO CH
H C COO-
CH2
HO CH
COO-
COO-
+
NAD
isocitrato +
H2O fumarase desidrogenase NADH + H
CO2
COO-
COO-
FUMARATO CH CH2 α-CETO-
GLUTARATO
CH2
HC
C O
COO-
COO-
succinato succinato-CoA α-cetoglutarato
desidrogenase sintetase desidrogenase CoA
COO- COO-
+
FADH2 CH2 CH2 NAD
CH2 CH2
FAD HS-CoA NTP NDP+Pi CO2 NADH + H
+
COO- C O
SUCCINATO SCoA
SUCCINIL-CoA
Figura 17 - Reações químicas do ciclo do ácido cítrico
Fonte: Marzzoco e Torres (2015, p. 127).
UNIDADE 4 143
Cadeia Transportadora de Elétrons e Fosforilação Oxidativa
+ + + +
H H H H
ESPAÇO
INTERMEMBRANAS
C
Q e-
IV
MATRIZ I II III
+
e- e- O2 4H 2 H2O
+ + +
H H H
ADP + Pi ATP
Figura 18 - Sequência do transporte de elétrons entre os elementos da cadeia
transportadora e as regiões onde há implulso de prótons +
Fonte: Marzzoco e Torres (2015, p. 143). H
Para cada NADH que se oxida, ou seja, para cada par de elétron transportados pelos complexos I, III
e IV – apresentados na imagem da cadeia transportadora – até chegar ao oxigênio, haverá a síntese de
três moléculas de ATPs. Já quando o FADH2 é oxidado, o complexo I não é usado e o fluxo de prótons
será menor, produzindo apenas dois ATPs.
Podemos resumir esta produção de ATPs nas equações a seguir:
NADH+H+ + ½ O2 + 3 ADP + 3 Pi + 3 H → NAD+ + 3 ATP + 4 H2O
FADH2 + ½ O2 + 3 ADP + 3 Pi + 2 H → FAD + 2 ATP + 3 H2O
UNIDADE 4 145
A fosforilação oxidativa é a etapa final da degra- Essas mitocôndrias não possuem, em sua
dação aeróbica da molécula de glicose. Essa degra- membrana interna, o complexo enzimático ATP
dação tem um saldo energético de 38 moléculas sintetase, em vez disso, os prótons impulsionados
de ATPs. Podemos elucidar melhor, na tabela a pelo transporte de elétrons retornam por uma
seguir, o saldo energético da degradação aeróbica proteína chamada de termogenina. A energia do
de uma molécula de glicose. retorno dos prótons por meio da termogenina é
Tabela 2 - Resumo do saldo de ATPs produzidos na degra- completamente dissipada na forma de calor.
dação aeróbica da molécula de glicose Na espécie humana, esse tecido adiposo se for-
Moléculas ma no feto, mas não se renova após o nascimento,
formadas/ NADH+H+ FADH2 GTPs/ATPs
Etapas
portanto, ele só existe por poucos anos após o
nascimento, não sendo encontrado em adulto.
Glicólise 2 - 4 (-2)
Em mamíferos, incluindo a espécie humana,
Formação existe uma proteína diferente localizada na mem-
2 - -
de acetil CoA
brana interna de determinadas mitocôndrias que
Ciclo do farão com que toda a energia proveniente do fluxo
6 2 2
ácido cítrico
de prótons seja dissipada na forma de calor sem a for-
Total 10 2 6 (-2) = 4 mação de ATP. Essa proteína se chama termogenina.
Moléculas
30 4 4 No entanto, o composto orgânico envolvido
de ATPs
no processo são as gorduras, pois as proteínas são,
Fonte: a autora. exclusivamente, encontradas em mitocôndrias do
Dessa forma, vemos que a degradação aeróbica tecido adiposo marrom.
de uma molécula de glicose levará à produção de
38 moléculas de ATPs. Parte da energia liberada
pelo fluxo dos prótons não será aproveitada para
produção de ATP, mas sim para liberar na forma A função primordial das mitocôndrias é a degra-
de calor. Assim, a degradação de compostos orgâ- dação de moléculas orgânica e a síntese de ATPs,
nicos também vão ser responsáveis pelo processo transferindo a energia dos compostos orgânicos
de manutenção da temperatura corporal. para o ATP. Nesse processo, parte da energia
Existe, em mamíferos, um tipo diferente de liberada se dissipa na forma de calor. Dessa for-
tecido adiposo, cujas mitocôndrias não produzem ma, a degradação de alimentos, além de produzir
ATP e toda a energia dos compostos orgânicos ATP, também libera calor.
é liberada na forma de calor, que é chamado de
tecido adiposo marrom ou pardo.
UNIDADE 4 147
Fermentação alcóolica
Em alguns organismos, como leveduras e algumas bactérias, a regeneração do NAD+ é feita pela fer-
mentação alcoólica. Nessa via, o piruvato é descarboxilado, originando o acetaldeído, que servirá de
aceptor de elétrons do NADH, reduzindo-se a etanol, como será mostrado na imagem a seguir. Esse
processo é usado, por exemplo, para produção de bebidas alcoólicas fermentadas.
O piruvato O
+ descarboxilase
H3C C COO- + H H3C C H + CO2
(TPP)
Piruvato Acetaldeído
álcool
O OH
+
desidrogenase +
H3C C H + NADH + H H3C C H + NAD
H
Figura 21 - Reações químicas da fermentação alcoólica
Fonte: Marzzoco e Torres (2015, p.122).
Ao encerrarmos esta unidade, você, caro(a) alu- espécie humana é limitada a determinados tipos
no(a), desvendou alguns dos princípios funda- celulares. A degradação aeróbica compreende eta-
mentais do processo de transferência de energia pas, como glicólise, formação de acetil CoA, ciclo
entre os sistemas biológicos, que são fundamen- do ácido cítrico, cadeia transportadora de elétrons
tais para a manutenção dos processos metabólicos e fosforilação oxidativa.
das células. Dessas etapas, apenas a glicólise ocorre no cito-
Toda energia que chega no planeta vem do sol plasma e todas as demais envolvem atividade mito-
e é incorporada nos seres vivos graças ao processo condrial. A degradação aeróbica de glicose somente
de fotossíntese, que converte energia luminosa e ocorrerá na presença obrigatória de oxigênio e leva-
calorífera em energia de ligações químicas dos rá à produção de 38 ATPs por molécula degradada.
compostos orgânicos (proteínas, carboidratos e A degradação anaeróbica na espécie humana
gorduras). está limitada à fermentação láctica, e apenas alguns
Quando estes compostos são degradados, parte tipos celulares podem realizá-las, por exemplo, as
da energia é desviada para a produção de ATP e células musculares estriadas esqueléticas. Essas
outra parte se dissipa na forma de calor. A glicose é células apenas usam a via metabólica quando o
o principal combustível para nossas células, sendo fornecimento de oxigênio for menor que a neces-
fundamental para o metabolismo, uma vez que é a sidade em produção de ATP. Na próxima unidade,
única base para células nervosas. desvendaremos as vias de degradação das demais
A glicose pode ser degradada por via aeróbi- moléculas e calcularemos seus rendimentos ener-
ca ou anaeróbica, sendo que a via anaeróbica na géticos. Até a próxima.
2. Após disputar a prova olímpica que lhe rendeu medalha de ouro nas olimpía-
das Rio-2016, Usain Bolt se submeteu a um exame bioquímico para verificar a
dosagem de ácido lático em sua corrente sanguínea. Foi verificado que, após o
exercício, a quantidade de ácido lático estava alta em sua corrente sanguínea,
isso é devido ao(a):
a) Excesso de oxigênio no sangue causado pelo aumento da frequência cardíaca.
b) Excesso de gás carbônico no sangue causado pela dificuldade de sua eliminação
pela respiração.
c) Aumento de temperatura corporal causado pelo esforço físico muscular.
d) Fermentação nos músculos causado pelo aumento da demanda de energia duran-
te a corrida e insuficiência no fornecimento de oxigênio pelo sistema respiratório.
e) Diminuição da temperatura interna pela perda de calor durante o esforço realizado.
149
3. A mitocôndria é considerada como o centro de produção energética da célu-
la, em que ocorrem as principais etapas de degradação dos alimentos para a
produção de energia. Assinale a alternativa que contém uma etapa que NÃO
ocorre na mitocôndria.
a) Descarboxilação oxidativa.
b) Ciclo de Krebs.
c) Glicólise.
d) Fosforilação oxidativa.
Glicose CO2
I
Ácido NADH2
Cadeia respiratória
pirúvico
Crista
H2
III
Acetil- II ADP ATP
CoA
+
P H2
Matriz
Hialoplasma O2 H2O
Etapas de degradação da molécula de glicose
Fonte: Djalmasantos ([2019], on-line)6.
150
5. A glicólise é uma das etapas da respiração celular, processo responsável pela
produção do ATP necessário para o organismo. A respeito da glicólise, analise
as afirmativas:
I) A glicólise engloba cerca de dez reações químicas diferentes, sendo dividida
em fase preparatória e fase de pagamento. A fase preparatória ocorre no
citoplasma e a de pagamento ocorre na matriz mitocondrial.
II) Na glicólise, ocorre a quebra da glicose em duas moléculas de ácido pirúvico.
III) Todas as etapas da glicólise ocorrem na matriz mitocondrial.
IV) O saldo positivo de ATP no final da glicólise é de duas moléculas.
V) A glicólise é uma etapa anaeróbia.
Com base nas afirmativas apresentadas, assinale a alternativa correta.
a) Apenas I e II estão corretas.
b) Apenas I e III estão corretas.
c) Apenas III e IV estão corretas.
d) Apenas III e V estão corretas.
e) Apenas II, IV e V estão corretas.
151
LIVRO
152
JUNQUEIRA, L. C. U.; CARNEIRO, J.; JORDÃO, B. Q.; ANDRADE, C. G. T. J.; YAN, C. Y. I. Biologia celular e
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154
155
156
Dra.Marcia Cristina de Souza Lara Kamei
Transformação e
Armazenamento de
Energia: Degradação
de Lipídios e Proteínas
PLANO DE ESTUDOS
Degradação de Metabolismo
Triacilgliceróis do Glicogênio
OBJETIVOS DE APRENDIZAGEM
• Descrever o processo degradação de triacilgliceróis. • Compreender o papel do glicogênio e suas vias síntese e
• Relatar o processo de degradação de proteínas. degradação do glicogênio.
• Detalhar a via de degradação dos grupo amino. • Compreender a importância da gliconeogênese para a
fisiologia do organismo.
Degradação de
Triacilgliceróis
UNIDADE 5 159
A tabela apresentada a seguir nos resume as etapas
O H
C Gliceraldeído de degradação do glicerol e o saldo de produção
H C OH
3-fosfato de NADH, FADH2 e ATPs.
Pi CH2 O P
Tabela 1 - Resumo dos produto produzidos na etapas de
+
NAD Gliceraldeído-3-fosfato degradação do glicerol
NADH desidrogenase (GAPDH)
O O P Etapas NADH FADH2 ATPs/GTPs
C
Degradação Gasta 1
1, 3-bisfosfoglicerato 1
H C OH do glicerol
(1, 3-BPG)
CH2 O P
Estágio de ADP Degradação 2
rendimento de Dihidrox-
ATP 1 -
Fosfoglicerato iacetona
O O fosfato
cinase (PGK)
C
3-fosfoglicerato Formação de -
H C OH 1 -
acetil CoA
CH2 O P
Ciclo do 1
3 1
ácido cítrico
Fosfoglicerato
O O
mutase
C Total 6 1 3 (-1) = 2
HC O P 2-fosfoglicerato Fonte: a autora.
CH2 O P
Lembrando que cada NADH levará a produção
H2O
de três ATPs e cada FADH2 formará dois ATPs -
Enolase
O O (6x2)+(1x2)+2= 22 ATPs são formados a partir da
C
Fosfoenolpiruvato
degradação do glicerol.
C O P
(PEP)
CH2
Estágio de ADP
Piruvato cinase
Degradação dos Ácidos Graxos
endimento ATP (PK)
O O O O O O
C C NADH C
Como vimos, cada triglicerídeo que foi degradado
C OH C O + HO C H
NAD
CH2 CH3 CH3
liberou três ácidos graxos, que seguirá sua própria
Piruvato Piruvato Lactato L-lactato via de degradação, que veremos agora. O processo
(forma enol) (forma ceto) desidrogenase
(LDH)
de degradação dos ácidos graxos ocorre em três
etapas: ativação, transporte e beta-oxidação.
Figura 3 - Via de degradação do gliceraldeído 3-fosfato,
oriundo da degradação do glicerol
Fonte: Baynes e Dominiczak (2015, p. 146).
Ativação
O piruvato produzido pelas reações mostradas na
imagem anterior será convertido em acetil CoA, A ativação consiste em converter o ácido graxo
que será encaminhado para o ciclo do ácido cítri- em acil-CoA. Essa etapa ocorre por ação de acil
co. Todos os NADH e FADH2 serão encaminhados CoA sintetase que está associada na membrana
para cadeia transportadora de elétrons, promoven- externa da mitocôndria, conforme demonstrado
do a fosforilação oxidativa (NELSON et al., 2013). na equação a seguir:
(a)
O O
4
R C SCoA Carnitina Carnitina R C SCoA
1 O O 3
2
H SCoA R C Carnitina R C Carnitina H SCoA
ESPAÇO
MATRIZ
INTERMEMBRANAS
(b)
Figura 4 - Demonstração do mecanismo de transporte de Acil coA do espaço intermembranoso para a matriz mitocondrial
Fonte: Marzzoco e Torres (2015, p. 192).
UNIDADE 5 161
β-oxidação - Ciclo de Lynen
Na matriz mitocondrial, a acil-CoA será oxida- que fiquem uma acil-CoA com quatro carbono
da por uma via chamada de β-oxidação, porque e, dessa última sequência, já serão formadas duas
promove a oxidação do carbono β do ácido gra- moléculas de acetil CoA.
xo. Essa via também é conhecida como ciclo de Em cada sequência, dois carbonos são reti-
Lynen e consiste em uma série cíclica de quatro rados, dependendo do número de carbonos que
reações, ao final das quais a acil-CoA fica com o ácido graxo possuir, serão formados números
dois carbonos a menos, liberando uma molécula específicos de acetil-CoA, NADH e FADH2. Para
de acetil CoA, FADH2 e NADH. ácidos graxos pares, o número de acetil CoA for-
Para ácidos graxos com número pares de car- mados será a metade do número de carbonos e
bono, estas reações cíclicas serão realizadas até um a menos de NADH e FADH2.
O O O
R CH2 CH2 C R CH2 C CH3 C
β α SCoA SCoA SCoA
Acil-CoA Acil-CoA Acetil-CoA
(com n carbonos) (com n-2 carbonos)
tiolase
acil-CoA FAD
desidrogenase
H SCoA
FADH2
H O O O
R C C C R C CH2 C
H SCoA β α SCoA
Trans-∆2-enoil-CoA β-Cetoacil-CoA
H2O
+
OH O NADH + H
enoil-CoA
hidratase R C CH2 C β-hidroxiacil-CoA
H SCoA desidrogenase
+
NAD
L-Hidroxiacil-CoA
Figura 5 - Esquema da β-oxidação dos ácidos graxos (ciclo de Lynne)
Fonte: Marzzoco e Torres (2015, p. 193).
Como visualizado no esquema descrito ante- A última volta do ciclo da β-oxidação se ini-
riormente, essa degradação teve o seguinte saldo: cia quando o acilCoA apresentar cinco carbonos
8 acetil CoA, 7 NADH, 7 FADH2. e, nessa etapa, será produzida uma acetil CoA
Considerando que as moléculas de acetilCoA se- e uma molécula de propionil CoA com os três
rão oxidadas no ciclo do ácido cítrico, e que cada mo- carbonos que sobraram (em vez de duas molé-
lécula de acetil CoA irá produzir 3 NADH, 1FADH2 culas de acetil CoA). Essa molécula de Propionil
e um GTP, então, o saldo do ciclo do ácido cítrico será CoA será convertida a succinil CoA com gasto
- 3x8 = 24 NADH + 1x8 = 8 FADH2 + 8x1= 8 GTPs. de uma molécula de ATP.
Somando todos os NADH (31) e FADH2 (15), H CO2 H2O ATP ADP + Pi COO-
temos que lembrar que cada NADH equivale a 3 CH3 C H H C CH3
moléculas da ATP ( 31x3=93 ATPs) e cada FADH2 C C
equivale a 2 ATPs ( 15x2=30 ATPs) e somar os 8 O SCoA O SCoA
Propionil-CoA D-Metilmalonil-CoA
GTPs que energeticamente equivale a 8 ATPS. Não
podemos nos esquecer de subtrair os 2 ATPs que Propionil-CoA
carboxilase Metilmalonil-CoA
foram gastos na ativação. (Biotina) racemase
No final de todo o processo, teremos:
(93+30+8) - 2 = 131-2 = 129 ATPs que serão COO- CH2
originados na degradação de um ácido graxo CH3 C H H C H
com 16 carbonos. C C
O SCoA O SCoA
Os ácidos graxos com números ímpares de car-
L-Metilmalonil-CoA Succinil-CoA
bono terão sua via de degradação diferente, apesar
de representarem uma minoria dos carboidratos dis- Metilmalonil-CoA
mutase
poníveis na dieta. O processo de degradação começa (B12)
semelhante aos ácidos graxos pares, porém, apresen- Figura 7 - Transformação de propionil coA em succinil coA
ta diferenças na última volta do ciclo de β-oxidação. Fonte: Marzzoco e Torres (2015, p. 195).
UNIDADE 5 163
O Succinil CoA na reação mostrada anteriormente, seguirá a via de degradação no ciclo do ácido
cítrico, produzindo 1NADH + 1FADH2 + 1GTP, conforme demonstra a imagem a seguir.
O
H3C C
SCoA
NAD
+ C O HO- C COO-
COO-
COO-
CH2 α-CETO-
FUMARATO CH GLUTARATO
CH2
HC
C O
COO-
succinato succinil-CoA α-cetoglutarato
COO-
desidrogenase sintetase COO- desidrogenase
CoA
COO-
CH2
CH2
CH2 NAD
+
FADH2
CH2
C O
COO- +
FAD HS-CoA NTP NDP + Pi SCoA CO2 NADH + H
SUCCINATO SUCCINIL-CoA
A síntese de ácidos graxos ocorre no citossol, para onde deve ser transportado o acetil-CoA forma-
do na mitocôndria a partir de piruvato como a membrana interna da mitocôndria é impermeável a
acetil-CoA, os seus carbonos são transportados na forma de citrato. Nessa condição, o citrato não
poderá ser oxidado pelo ciclo de Krebs, pois a isocitrato desidrogenase vai estar inibida, portanto
será transportado para o citossol, onde é clivado em oxaloacetato e acetil-CoA.
Para saber mais sobre o assunto, acesse: http://bioquimicadanutricao.blogspot.com.br/2011/07/
lipogenese-sintese-de-acidos-graxos.html.
Fonte: Reis (2011, on-line)1.
Compostos nitrogenados
AMINOÁCIDOS não-proteicos
Cadeia
carbônica
Grupo amino
Uréia
Figura 9 - Esquema ilustrando a degradação de proteínas
endógenas e fornecidas na alimentação, fornecendo ami-
noácidos para serem degradados
Fonte: Marzzoco e Torres (2015, p. 214).
UNIDADE 5 165
Quanto aos aminoácidos exce- Os grupos amino da maioria dos aminoácidos é retirado por uma
dentes, eles não podem ser ar- reação comum, que consiste na transferência deste grupo para o α-ceto-
mazenados no organismo; desse glutarato, formando glutamato, assim, a cadeia carbônica do aminoáci-
modo, serão oxidados e o nitro- do é convertida em α-cetoácido correspondente (STRYER et al., 2014).
gênio excretado.
Aminoácido + α-cetoglutarato → α-cetoácido + glutamato
+
NH3 O
Degradação de R C COO- R C COO-
Aminoácidos H
Aminoácido α-Cetoácido
Os aminoácidos não serão de-
gradados por uma única via,
pois possuem cadeias laterais
O
com estruturas variadas. Há, en- C CH2 NH3
+
H
tretanto, um padrão seguido na HO CH2 O P HO CH2 O P
oxidação de todos eles. Vamos H3C + H3C +
relembrar a estrutura química N N
H H
de um aminoácido que foi abor- Piridoxal-fosfato Piridoxamina-fosfato
dada no módulo I, observando
a figura a seguir.
H
+
NH3 O
-OOC CH2 CH2 C COO- -OOC CH2 CH2 C COO-
H
H2N C COOH Glutamato α-Cetoglutarato
Figura 11 - Esquema mostrando a remoção do grupo amina para a degradação
R de aminoácidos
Fonte: Marzzoco e Torres (2015, p. 215).
Figura 10 - Fórmula geral de um
aminoácido O glutamato é um reservatório temporário de grupo amino, pro-
Fonte: a autora.
veniente de muitos aminoácidos que encaminha este grupamento
para as vias que podem excretá-los.
Remoção do
grupo amina
Destino do grupamento amino
Inicialmente, há remoção do
grupo amino e, a seguir, a oxida- O glutamato formado poderá seguir dois caminhos que são desa-
ção da cadeia carbônica em ele- minação e/ou transaminação, conforme demonstra a Figura 12.
mentos comuns à degradação de Na transaminação, o grupamento amino é transferido para
carboidratos e lipídios. O gru- oxaloacetato, formando aspartato e α-cetoglutarato. Dessa forma, o
pamento amino nos mamíferos aspartato é o segundo depositário do grupo amino, sendo retirado
será convertido em ureia pelo dos diversos aminoácidos que estão sendo degradados, conforme
fígado e excretado pelos rins. demonstra a Figura 13:
T Oxalacetato Glutamato
α-Cetoácido Glutamato α-Cetoglutarato
GD
+
NAD (P) + H2O
+
NAD(P)H + H
NH4
+
Aspartato α-Cetoglutarato
Figura 12 - Esquema mostrando as duas vias possíveis (desa-
Figura 13 - Esquema da via de transaminação do glutamato.
minação e transaminação) para a degradação do grupo amino
Fonte: Sande (2009, on-line)2.
Fonte: Marzzoco e Torres (2015, p. 217).
Já na desaminação, o glutamato libera o seu grupo amino na forma de amônia (NH3), que em pH
fisiológico se converte em íon amônio (NH4+). Essa reação utiliza NAD ou NADP como coenzima. A
enzima que processa a desaminação é específica para glutamato, portanto, para disponibilizar o grupo
amino de todos os outros aminoácidos, é necessário que ele esteja no glutamato.
Dessa forma, no processo de degradação dos aminoácidos, depois que o grupamento amino é trans-
ferido para α-cetoglutarato, pode ocorrer desaminação ou transaminação. Tanto o aspartato como o
íon amônio são precursores de ureia que será excretada pelos rins.
COO- COO-
+ + +
H3N CH + NAD(P) + H2O C = O + NAD(P)H + H + NH4
CH2 CH2
CH2 CH2
COO- COO-
Glutamato α-Cetoglutarato
Figura 14 - Esquema da via de desaminação do glutamato
Fonte: Marzzoco e Torres (2015, p. 216).
UNIDADE 5 167
Eliminação do grupamento amino
O grupamento amino, retirados dos aminoácidos, do citrulina, que é transportada para o citossol.
será eliminado do organismo e, para isto, deverá No citossol, a citrulina reage com o aspartato,
ser transformado em ureia. A ureia será sinteti- formando arginino-succinato, e nessa reação
zada no fígado a partir de NH4+, aspartato e CO2. uma molécula de ATP é hidrolisada a AMP,
Os dois átomos de nitrogênio são proveniente de o que equivale ao gasto de duas moléculas de
NH4+ e aspartato, enquanto o átomo de carbono ATPs. Arginino-succinato se decompõe em ar-
provém de CO2. Após a formação no fígado, a ginina e fumarato.
ureia é encaminhada aos rins para ser excretada. A arginina é hidrolisada produzindo ureia e
A síntese de ureia inicia-se na matriz mito- regenerando a ornitina. O fumarato é degrada-
condrial com a formação de carmaboil-fosfato do no ciclo do ácido cítrico. Essa degradação de
a partir de bicarbonato e amônio, consumindo fumarato leva à produção de uma molécula de
duas moléculas de ATPs. As reações que seguem NADH – que vai ser encaminhada à cadeia trans-
são chamadas de ciclo da ureia e ocorrem, parcial- portadora de elétrons e fosforilação oxidativa.
mente, na matriz mitocondrial e citossol. Essa cadeia de fosforilação oxidativa produz
O carmaboil-fosfato, ainda na matriz mito- três ATPs que diminuem o gasto energético da
condrial, condensa-se com a ornitina, originan- produção de ureia – este gasto é de quatro ATPs.
NH4+ + HCO3-
2 ATP
1
+
2 ADP + Pi + 2H
O
H2N C O P
CARBAMOIL-FOSFATO
Pi
ORNITINA CITRULINA
2 O
+
NH3 MITOCÔNDRIA HN C NH3
(CH2)3 (CH2)3
+ +
HC NH3 HC NH3
COO- COO-
ORNITINA CITRULINA
O COO-
+
ATP H3N C H
H2N C NH2
5 CH3
URÉIA 3
H2O COO-
AMP + PPi
ASPARTATO
+
NH2
+ NH2 COO-
HN C N C H
HN C NH2 H
(CH2)3 CH2
(CH2)3 4 +
+ HC NH3 COO-
HC NH3
COO-
COO-
COO- ARGININOSSUCCINATO
ARGININA
HC
CH
COO-
FUMARATO
Figura 15 - Esquema do ciclo da ureia
Fonte: Marzzoco e Torres (2015, p. 218).
Glutamato
NH4+ Aspartato
HCO3 3
Oxaloacetato
NADH 3 ATP
4 ATP CICLO
2
DA
URÉIA Malato
Fumarato 1
Figura 16 - Esquema da integração do ciclo da ureia com o ciclo do ácido
cítrico (krebs)
Fonte: Marzzoco e Torres (2015, p. 219).
UNIDADE 5 169
Como as possibilidades de degradação são distintas para cada aminoácido, levando a uma quanti-
dade variável de moléculas de ATPs, não calcularemos o número de ATPs formados por degradação
dos α-cetoácidos dos aminoácidos.
1. Piruvato 4. Succinil-CoA
2.
1. Oxaloacetato
Piruvato 5.
4. α-Cetoglutarato
Succinil-CoA
3. Fumarato
2. Oxaloacetato 6.
5. Acetil-CoA
α-Cetoglutarato
3. Fumarato 6. Acetil-CoA
1
Ala
1
Cys
Ala
Gly 6
Cys Piruvato
Ser Ile
Gly 6
Thr Piruvato Leu
Ser Ile
Trp Lys
Thr Leu
Trp Acetil-CoA Phe
Lys
Thr
Acetil-CoA Phe
2 Trp
Thr
Asn Tyr
2 Oxaloacetato Trp
Asp 5
Asn Tyr
Oxaloacetato Arg
Asp 5
His
Arg
α-Cetoglutarato Gin
His
3 Glu
α-Cetoglutarato Gin
Asp 4 Pro
3 Glu
Phe Fumarato Ile Pro
Asp 4
Tyr Met
Phe Fumarato Succinil-CoA Ile
Thr
Tyr Met
Succinil-CoA Val
Thr
Val
Figura 17 - Esquema mostrando os destinos dos esqueletos carbônicos (α-cetoácidos) para degradação
Fonte: Marzzoco e Torres (2015, p. 221).
As proteínas são elementos estruturais que formam hormônio, enzimas, anticorpos e sua degradação
para fins energético não é uma atividade metabólica desejável.
Degradação do Glicogênio
UNIDADE 5 171
SÍNTESE
A degradação do glicogênio, que se chama
glicogenólise, consiste na remoção sucessiva de Glicogênio
(n+1 resíduos de glicose)
resíduos de glicose, a partir das extremidades não
redutoras, por ação do glicogênio fosforilase, e UDP
glicogênio
libera um resíduo de glicose na forma de glicose sintase Glicogênio
1-fosfato. Esta, retirada do glicogênio é convertida (n resíduos de glicose)
em glicose 6-fosfato pela enzima fosfoglicomuta- UDP-Glicose
se. Glicose 6-fosfato é encaminhada para a via de PPi
glicose 1-fosfato
degradação - glicólise - estudada no Unidade 4. uridil transferase UTP
No fígado a glicose-6-fosfato é desfosfori-
Glicose 1-fosfato
lada pela enzima glicose 6-fosfatase, liberando
glicose. Como já estudado na Unidade 2, glicose fosfoglicomutase
poderá sair da célula, uma vez que o transporte
Glicose 6-fosfato
de glicose ocorre por gradiente de concentração.
ADP
Dessa forma, o glicogênio hepático libera glicose
glicoquinase ATP
na corrente sanguínea, sendo responsável pela
manutenção da glicemia. Glicose
O tecido muscular estriado esquelético é des- Figura 18 - Esquema mostrando a degradação do glicogênio
provido de glicose 6-fosfatase, isso significa que para liberação de glicose
ele não transforma a glicose 6-fosfatase em gli- Fonte: Marzzoco e Torres (2015, p. 164).
cose. Glicose 6-fosfatase não é transportada por
DEGRADAÇÃO
meio da membrana plasmática. Dessa forma, o
glicogênio muscular não será usado para manter Glicogênio
(n resíduos de glicose)
a glicemia.
Pi
glicogênio
Glicogênio fosforilase
Síntese do Glicogênio (n resíduos de glicose)
Glicose
Figura 19 - Esquema da síntese de glicogênio
Fonte: Marzzoco e Torres (2015, p. 164).
UNIDADE 5 173
Os precursores de glicose na Alanina
gliconeogênese são: aminoácidos,
lactato e glicerol. A Via de glico- Lactato Piruvato
neogênese ocorre no fígado e nos ATP
rins, sendo uma via fundamental Oxaloacetato
para manter o metabolismo dos GTP
tecidos dependentes de glicose Fosfoenolpiruvato
durante o jejum fisiológico, por
exemplo, durante o sono (VOET 2-Fosfoglicerato Glicerol
et al., 2014). Glicerol
3-Fosfoglicerato ATP
Os aminoácidos são os pre- quinase
ATP Glicerol 3-fosfato
cursores principais da gliconeo-
1, 3-Bisfosfoglicerato Glicerol 3-fosfato
gênese, uma vez que as proteínas
Desidrogenase
estão em constante processo de
Gliceraldeído 3-fosfato Diidroxiacetona fosfato
degradação e sempre haverá ami-
noácidos disponíveis. Entretanto
temos que lembrar que apenas os
aminoácidos glicogênicos podem Frutose 1, 6-bisfosfato
ser convertidos em glicose. H2O
Frutose 1, 6-bisfosfatase
Vimos que os diferentes tipos Pi
de aminoácidos são transforma- Frutose 6-fosfato
dos em alanina em sua via de de-
gradação. Para esses aminoácidos Glicose 6-fosfato
entrarem na via de gliconeogêne- H2O
Glicose 6-fosfatase
se, a alanina será convertida em Pi
piruvato e seguirá a via oposta Glicose
a glicólise, necessitando de duas Figura 20 - Via de gliconeogênese, mostrando os precursores
moléculas de piruvato para pro- Fonte: Marzzoco e Torres (2015, p. 172).
duzir uma molécula de glicose.
O lactato se origina nos teci- O glicerol deriva da degradação de triglicerídeos e tem uma
dos musculares estriados esquelé- participação pequena na via de gliconeogênese, sendo usado
ticos, quando degradam a glicose somente em períodos prolongados de jejum. O glicerol será
anaerobicamente, portanto, terá convertido a glicerol 3-fosfato e, na sequência, será convertido
uma contribuição significativa a dihidroxiacetona, que seguirá a via oposta da glicólise. Serão
para a gliconeogênese em si- necessários, também, duas moléculas de glicerol para produzir
tuações de contração muscular uma molécula de glicose.
intensa. O lactato também será Podemos perceber, na Figura 20, que a síntese de glicose, a partir
convertido em piruvato e a via de lactato e alanina (aminoácidos), irá gastar seis moléculas de ATPs.
será a mesma. Serão necessários, 2 piruvatos + 6 ATPs + 6 H2O + 2 NADH-------> glicose + 6 ADPs
também, dois lactatos para pro- + 6 Pi + 2NAD + 2 H
duzir uma molécula de glicose. 2 Lactatos + 6 ATPs + 6 H2O -------> glicose + 6 ADPs + 6 Pi + 4 H
UNIDADE 5 175
Você pode utilizar seu diário de bordo para a resolução.
176
4. Com relação à síntese e degradação de glicogênio, observe os itens a seguir:
I) O Glicogênio é armazenado somente nas células hepáticas.
II) O glicogênio é armazenado no fígado e no tecido muscular estriado esqueléti-
co, porém somente o glicogênio muscular é responsável por manter a glicemia.
III) O fornecedor de glicose para formação do glicogênio é glicose 1-fosfato.
IV) O glicogênio hepático é o único responsável por manter a glicemia.
V) A célula muscular estriada esquelética não converte a glicose 6-fosfato em
glicose, portanto, a glicose não sairá da célula, sendo então usado somente
pela própria célula estriada esquelética.
Com base nas afirmativas apresentadas, assinale a alternativa correta.
a) Apenas a I está correta.
b) Apenas as III e IV estão corretas.
c) Apenas a II está correta.
d) Apenas as III, IV e V estão corretas.
e) Apenas a IV está correta.
177
5. Considerando o metabolismo da espécie humana, temos como via importante
a gliconeogênese, que é responsável, entre outras vias, por manter a glicemia
nos períodos de jejum. Observe as afirmativas sobre a via de gliconeogênese:
I) É a síntese de glicose a partir de precursores não glicídicos. A gliconeogênese
fornece uma porção substancial da glicose produzida em seres humanos em
jejum, mesmo algumas horas após a alimentação. Ocorre no fígado e em
menor grau no córtex renal.
II) Os precursores não glicídicos, que podem ser convertidos em glicose, são:
lactato - resultante de degradação anaeróbica de glicose; alanina - resultante
dos grupos amino quando da degradação de aminoácidos; e glicerol - resul-
tante da degradação de triglicerídeos.
III) A gliconeogênese é uma via metabólica que não demanda gasto energético.
IV) A gliconeogênese a partir de lactato, glicerol e alanina gastam duas moléculas
de ATPs.
V) O lactato é o principal precursor da gliconeogênese, pois o músculo estriado
esquelético produz lactato continuamente.
178
WEB
179
BAYNES, J. W.; DOMINICZAK, M. H. Bioquímica Médica. Rio de Janeiro: Elsevier, 2015.
MARZZOCO, A.; TORRES, B. B. Bioquímica básica. 4. ed. São Paulo: Guanabara Koogan, 2015.
NELSON, D. L.; COX, M. M.; VEIGA, A. B. G. da; CONSIGLIO, A. R.; LEHNINGER, A. L.; DALMAZ, C. Leh-
ninger: princípios de bioquímica. Porto Alegre: Artmed, 2013.
STRYER, L.; TYMOCZKO, J. L.; BERG, J. M. Bioquímica. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 2014.
VOET, D.; VOET, J. G.; PRATT, C. W.; FETT NETO, A. G. Fundamentos de bioquímica. Porto Alegre: Artmed,
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REFERÊNCIAS ON-LINE
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em: 10 jul. 2019.
2
Em: http://okulilonguisa.blogspot.com.br/2009/08/metabolismo-geral-dos-aminoacidos-1.html. Acesso em:
10 jul. 2019.
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3. B.
4. D.
5. A.
181
182
183
CONCLUSÃO