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HOMEOPATIA

PROF.A DRA. GISLAINE JANAINA SANCHEZ FALKOWSKI


Prof. Me. Ricardo Benedito de Oliveira
REITOR

Reitor:
Prof. Me. Ricardo Benedito de
Oliveira
Pró-reitor:
Prof. Me. Ney Stival
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Prezado (a) Acadêmico (a), bem-vindo Prof.a Ma. Daniela Ferreira Correa
(a) à UNINGÁ – Centro Universitário Ingá.
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Primeiramente, deixo uma frase de
Sócrates para reflexão: “a vida sem desafios Diagramação:
não vale a pena ser vivida.” Alan Michel Bariani
Thiago Bruno Peraro
Cada um de nós tem uma grande
responsabilidade sobre as escolhas que Revisão Textual:
fazemos, e essas nos guiarão por toda a vida Gabriela de Castro Pereira
acadêmica e profissional, refletindo diretamente Letícia Toniete Izeppe Bisconcim
em nossa vida pessoal e em nossas relações Luana Ramos Rocha
com a sociedade. Hoje em dia, essa sociedade
é exigente e busca por tecnologia, informação Produção Audiovisual:
e conhecimento advindos de profissionais que Heber Acuña Berger
possuam novas habilidades para liderança e Leonardo Mateus Gusmão Lopes
sobrevivência no mercado de trabalho. Márcio Alexandre Júnior Lara
Pedro Paulo Liasch
De fato, a tecnologia e a comunicação
têm nos aproximado cada vez mais de pessoas,
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diminuindo distâncias, rompendo fronteiras e
Kamila Ayumi Costa Yoshimura
nos proporcionando momentos inesquecíveis.
Assim, a UNINGÁ se dispõe, através do Ensino a
Fotos:
Distância, a proporcionar um ensino de qualidade,
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capaz de formar cidadãos integrantes de uma
sociedade justa, preparados para o mercado de
trabalho, como planejadores e líderes atuantes.

Que esta nova caminhada lhes traga


muita experiência, conhecimento e sucesso.

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UNIDADE ENSINO A DISTÂNCIA

01
DISCIPLINA:
HOMEOPATIA

HISTÓRICO E PRINCÍPIOS
FUNDAMENTAIS DA HOMEOPATIA
PROF.A DRA. GISLAINE JANAINA SANCHEZ FALKOWSKI

SUMÁRIO DA UNIDADE

INTRODUÇÃO...............................................................................................................................................................4
1 - HISTÓRICO DA HOMEOPATIA...............................................................................................................................5
2 - HOMEOPATIA NO BRASIL.....................................................................................................................................9
3 - HOMEOPATIA NO SISTEMA ÚNICO DE SAÚDE DO BRASIL – SUS................................................................. 13
4 - CONCEITOS FUNDAMENTAIS.............................................................................................................................15
5 - PRINCÍPIOS FUNDAMENTAIS DA HOMEOPATIA.............................................................................................. 17
5.1. A EXPERIMENTAÇÃO EM HOMENS SÃOS........................................................................................................ 17
5.2. LEI DOS SEMELHANTES....................................................................................................................................18
5.3. ADMINISTRAÇÃO DE MEDICAMENTO ÚNICO E DINAMIZADO .................................................................. 20

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INTRODUÇÃO
A homeopatia é o método terapêutico complementar/alternativo baseado na aplicação de
uma lei farmacológica denominada a lei dos semelhantes ou princípio de similitude. Essa lei foi
enunciada por Hahnemann desde 1796 em seu “Ensaio sobre um novo princípio para descobrir
as virtudes curativas das substâncias medicinais”.
No plano farmacodinâmico, o princípio dos semelhantes expressa-se da seguinte
forma: “todo produto que for administrado em forte dose a um homem em boa saúde origina
perturbações determinadas, em dose fraca, pode fazer desaparecer essas mesmas perturbações
no homem doente”.
A medicina complementar/alternativa é difundida pelo mundo e a Organização Mundial
da Saúde (OMS) vem estimulando o uso destes métodos. No Brasil, o Ministério da Saúde aprovou
a “Política Nacional de Práticas Integrativas e Complementares no Sistema Único de Saúde
(PNPIC-SUS)”, com o intuito de incentivar e apoiar projetos de assistência, ensino e pesquisas
nas diversas esferas do SUS, juntamente com outras práticas não convencionais.
A disciplina de homeopatiaestá dividida em quatro módulos: I – Histórico e Princípios
Fundamentais da Homeopatia; II – Escolas Médicas Homeopáticas, Processo Saúde Doença na
Homeopatia e Farmacologia Homeopática; III – Medicamentos e Tinturas Homeopáticas, Escolas

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e Métodos de Preparação das Formas Farmacêuticas derivadas: Método Hahnemaniano, Método
Korsakoviano; IV – Método de Fluxo contínuo, Special Dinamization, Formas Farmacêuticas
de Dispensação dos Medicamentos Homeopáticos, Bioterápicos, Farmácia Homeopática
(Infraestrutura, produtos e legislações), Controle de Qualidade.
Os conteúdos dos módulos servirão de apoio para o conhecimento e aplicação de seus
fundamentos em diversos segmentos da prática homeopática.

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1 - HISTÓRICO DA HOMEOPATIA
A homeopatia, do grego, Homoios: semelhante e pathos: doença. É uma modalidade
terapêutica praticada há mais de duzentos anos, tendo como criador o médico alemão, Christian
Friedrich Samuel Hahnemann, nascido em Meissen em 1755. Preparado para ser um comerciante,
aprendeu várias línguas estrangeiras, assim como o alemão, inglês, francês, espanhol, latim, árabe,
grego, hebreu, caldeu. O conhecimento em diversos idiomas lhe possibilitou, no início de sua
vida profissional, sobreviver fazendo traduções, segundo Coulter (1982). 
Iniciou o curso de Medicina na Universidade de Leipzig (1775), porém, insatisfeito
com o enfoque exclusivamente teórico das aulas e não prático transferiu seu estudo para Viena,
concluindo-o em 1779 na Universidade de Erlangen, onde estudou no grande Hospital de
Leopoldstadt Irmãos da Caridade, sob orientação do grande clínico Quarin, médico da família
real, e por várias vezes reitor da Universidade de Viena, explica Coulter (1982).
No ano de 1782, Hahnemann casou-se com Johanna Leopoldina Henriette Küchler,
nove anos mais nova do que ele, enteada de um farmacêutico, o que lhe fez aprender e dominar
as técnicas farmacêuticas da época. A família mudou-se para Dresden e ele se concentrou em
escrever a partir de 1785 a 1789, cita Kayne (1997).
Hahnemann era considerado bom médico da época, porém estava profundamente abalado
em suas convicções médicas pela pobreza da terapêutica da época, de uma medicina que não

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curava epouco aliviava devido existir várias idéias fantasiosas sobre como se originam as doenças
no interior dos indivíduos, levaram a práticas médicas reconhecidamente nocivas e prejudiciais
aos pacientes. Chamada de “medicina heróica” adotava a estratégia de provocar a eliminação dos
venenos internos através do aumento de diversas excreções orgânicas. A sangria feita através de
sanguessugas, ventosas ou secção de veias. Mas não ficava só na sangria o tratamento da época,
eram prescritas substâncias muito tóxicas, como o arsênico que reduziria a temperatura corporal,
o calomelano (cloreto de mercúrio) que atuaria como purgativo e emético, na falsa crença de
que a diarréia e os vômitos eliminariam as impurezas internas. Além disso, era comum o uso de
substâncias cáusticas e irritantes sobre a pele, provocando supurações, o que era mais uma vez
interpretado como eliminação de impurezas internas. Nesta época, ficou famosa a frase que se
atribuía aos médicos, após o rotineiro falecimento dos pacientes atendidos: “ele morreu curado”.
Os médicos julgavam-se autoridades máximas e não duvidavam de seus métodos mesmo diante
de desastrosas evidências do dano que causavam. Diante de um ambiente iatrogênico, em 1789
Hahnemann decidiu abandonar a clínica médica, após nove anos de prática, coloca Black (1994).

Iatrogenia: sofrimento causado por uma ação médica.

Um dos escritos de Hahnemann reflete a sua angústia e o desânimo: “converter me em


assassino de meus irmãos era para mim um pensamento tão terrível que renunciei à prática para
não me expor mais a continuar prejudicando”, visto que a prática médica era executada contra o
princípio ético de Hipócrates “Primum non nocere”, traduzido do latim significa: “em primeiro
lugar, não prejudicar”. A partir daí ele passa a sobreviver realizando traduções de obras científicas,
especialmente nas áreas de química e medicina, retomando estudos de antigos mestres como
Hipócrates, Paracelsus, Van Helmont, Sydenhan, Boerhaave, Stahl e Haller. Stahl, médico do
século XVIII, chegou a escrever: “A regra admitida na medicina, de tratar as enfermidades por
meios opostos, é completamente falsa e equivocada. Estou persuadido de que as enfermidades
cedem e se curam pelos agentes que produzem uma afecção semelhante” (BARBOSA NETO,
2006; GUEDES, 2015).

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Em 1790, Hahnemann traduziu o Tratado de Matéria Médica, do inglês Willian Cullen,


que relatava as propriedades curativas da Chinchona officinalis, ou quinina, contra a malária.
Cético das explicações fornecidas pelo autor, ele decide experimentar em si mesmo a substância,
ondedesenvolveu sintomas semelhantes aos doentes com Malária, tais como esfriamento das
extremidades, rubor facial, sonolência, prostração, pulsações na cabeça.
De acordo com a auto-experimentação, Hahnemannformulou a hipótese de que a Quina
promove melhora dos sintomas dos doentes com Malária porque provoca em pessoas saudáveis
sintomas semelhantes aos da doença, apesar de saber que esta hipótese ter sidodescrita por
Hipócrates no século 5 A.c., pai da medicina, onde afirmava que uma doença era combatida
com substâncias que causavam sintomas parecidos, teoria também mencionado na Índia há
mais de 2 milênios antes. No século XVI, o suíço Paracelso (1493–1541) afirmava que venenos
ministrados em pequenas doses podiam curar enfermidades, no entanto o princípio “Similia
similibus curantur” ou “semelhante pelo semelhante se cura” coube a Hahnemann a comprovação
e a sistematização dessa lei de cura, descrito no parágrafo 26 do Organon o núcleo da Homeopatia:
“Uma afecção dinâmica mais fraca é destruída permanentemente no organismo vivo por outra
mais forte, se esta última for muito semelhante àquela em suas manifestações” (BARBOSA NETO,
2006; FONTES, 2012).
Diversas outras drogas foram experimentadas por Hahnemann, como a beladona, mercúrio,
digital, ópio, arsênico e muitos medicamentos de uso corrente na época. Os testes confirmaram
sua teoria. Cada remédio provocava uma doença similar àquela para a qual era ordinariamente
receitado. Similia similibus curantur ou “semelhante cura semelhante”, descrevendo o princípio

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da homeopatia, através do tratamento de substâncias que causam sintomas “semelhantes” aos da
doença a ser tratada, segundo Corrêa (1997).
Após várias experimentações em si mesmo e em sua família, Hahnemann publicou seus
primeiros resultados em 1796, em um texto chamado de “Ensaio sobre um novo princípio para
descobrir as virtudes curativas das substâncias medicinais, seguido de alguns comentários a
respeito dos princípios aceitos na época atual”. Esse texto marca o nascimento do sistema médico
que Hahnemann denominou Homeopatia (em alemão: homoopathie, do grego: homoios-
semelhante + pathos- sofrimento). Logo após a primeira publicação sobre a nova doutrina, ele
foi muito perseguido por farmacêuticos e médicos viu-se muitas vezes forçado a mudar de uma
cidade para outra, cita Demarque (2002).
Hahnemann começou seus tratamentos aplicando grandes doses, ele não utilizava as doses
diluídas e potencializadas pela dinamização. Ele empregava doses elevadas de medicamentos,
sobretudo na forma de tintura. Assim, antes que o organismo doente começasse a reagir,
ocorria uma agravação inicial dos sintomas, pelo somatório dos sintomas naturais provocados
pela doença, como sintomas artificiais, provocado pelo medicamento, desta formaele procurou
desenvolver um procedimento para proteger o paciente e evitar intoxicações, expõe Bradford
(2015) e Fontes (2012).
Com a finalidade de diminuir os efeitos negativos da agravação dos sintomas, a partir
de 1801 passou a diluir as substâncias para que fossem ministradas em pequenas quantias.
Hahnemann concluiu também que, se os processos de saúde, doença e cura são dinâmicos, o
medicamento também deveria ser. Sendo assim, as substâncias homeopáticas passariam pelo
chamado processo de dinamização: ao serem preparadas, deveriam sofrer batidas fortes e
ritmadas para despertar a energia contida nos elementos, coloca Bradford (2015); Haehl (1922)
(Figura 1). Retomou a prática médica, porém como homeopata, em 1805, ano em que publicou
“Esculápio na Balança” e “Medicina da Experiência” (FONTES, 2012).

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Figura 1 – Dinamização Homeopática. Fonte: Marketing Quíron (2017).

Em 1810, foi publicado o Organon da Arte de Curar, em sua primeira edição, recebendo
inúmeras críticas e diversos ataques pessoais. Hahnemann perdeu o posto de médico da higiene
que lhe havia concedido a cidade de Leipzig. Porém, tendo aberto um consultório médico, viu
afluírem os doentes. Certos médicos, de espírito mais aberto, se interessaram pela doutrina e

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começaram a estudá-la. Grupos e sociedades médicas de homeopatias foram constituídos e as
honras chegaram, explica Tetau (1980). Entre 1811 e 1826, publicou 6 volumes da Matéria Médica
Pura, com 1.777 páginas e 64 medicamentos experimentados, afirma Fontes (2012).
Em 1812, Hahnemann passou a proferir conferências na Universidade de Leipzig, levando
sua doutrina para os alunos de medicina dessa instituição. Entusiasmados,Stapf, Franz, Gross,
Hartmann, Hornburg, Wislecenius e os irmãos Fernando e Teodoro Rueckert,freqüentavam a
casa de Hahnemann para aprofundar seus estudos e realizar experimentos homeopáticos, o que
se chamou o grupo da “bandeira de Ouro”. Após formarem-se em médicos, acabaram difundindo
a genial obra de Hahnemann. A reputação da homeopatia cresceu rapidamente graças aos bons
resultados obtidos, atraindo a atenção de médicos e pacientes de vários países do continente
europeu, coloca Demarque (2002) e Luz (2014).
Ainda em 1812, as teorias de Hahnemann passaram por um teste extremo, quando
Napoleão lhe deixou tratar 180 pessoas que sofriam de tifo, doença que assolava a França,
matando milhares de pessoas e confundindo a maior parte dos médicos. Somente uma dessas
180 pessoas faleceu, um resultado impressionante na época, e a homeopatia começou a se afirmar
entre as práticas médicas européias como uma prática complementar bem-vista, cita Balch &
Stengler (2005).
O criador da homeopatia conseguiu encontrar uma solução para a maioria das doenças
tratadas por ele. Todavia, seu tratamento apresentava dificuldades diante das doenças crônicas,
que reapareciam frequentemente com novos sintomas. Passou a pesquisar de forma exaustiva os
casos crônicos reincidentes até encontrar a presença de um fator desencadeador desses processos
denominado por ele de “miasma”, fornecendo a explicação da cronicidade de doenças como a
Sicose, sífilis e a Psora. Assim, em 1828 publica “Doenças Crônicas, de sua natureza e de seu
tratamento homeopático”, obra de suma importância dentro da doutrina homeopática, composta
com 5 volumes, versa sobre a causa das doenças crônicas, junto com o estudo de uma série de
novos medicamentos para o tratamento dessas doenças, explica Fontes (2012).

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Em 1820, Hahnemann tratou do príncipe Karl Philipp Von Schwarzenberg do exército


austríaco (e que derrotou Napoleão), fazendo recomendações dietéticas, no entanto, após ter
melhorado, voltou à vida de excessos, com festividades e álcool, faleceu de um ataque apoplético.
O fato foi utilizado para ataques ao criador da Homeopatia, expõe Haehl (1922) e Jb News (2012).
Alguns dos defensores de Hahnemann foram Goethe, que via nele o novo Paracelso, e o
duque de Anhalt - Koethen, que o convidou para clinicar em seu ducado. Desta forma em 1821,
Hahnemann foi acolhido no ducado de Anhalt-Koetlen, e nomeado conselheiro médico, isto é,
médico particular, com isso, deixou Leipzig e passou a viver em Koethen. No dia 31 de março de
1830, morre aos 67 anos a primeira mulher de Hahnemann, com quem teve 11 filhos, sendo que
alguns tiveram morte trágica, cita Haehl (1922) e Jb News (2012). Em 1832, abre-se o primeiro
hospital homeopático, que sendo mal dirigido fecha em 1842, coloca Haehl (1922).
Em 1834, aos 79 anos recebe uma jovem francesa Mélanie d’Hervilly de 37 anos que
se revela uma fervorosa admiradora. Casa-se com ela em 1835 e o leva para Paris, obteve
permissão para exercer a medicina em 12 de outubro de 1835, conseguiu muito sucesso e marcou
o desenvolvimento da Homeopatia. Morreu aos 88 anos, no dia 02 de julho de 1843, cercado
do mais nobre respeito e admiração pelo legado que deixou ao mundo científico: 21 livros e
25 traduções. Em suas obras ele interpreta saúde e doença com base no conceito de força vital,
orientado especialmente pela concepção ternária de Barthez (1734-1806) segundo a qual o
homem se compõe de corpo + princípio vital + alma. Sendo a força vital de natureza dinâmica e
imaterial, pode ela ser influenciada por algo igualmente dinâmico e imaterial - seja pela doença,
seja pelo medicamento dinamizado. Enquanto o fator nóxio leva a força vital ao desequilíbrio,

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instalando a doença, o medicamento dinamizado, condicionado pela similitude, atuaria sobre a
mesma força vital reconduzindo-a ao equilíbrio inicial, expõe Haehl (1922).
Em 1921, Richard Haehl, de Stuttgart, adquire todo o espólio literário de Hahnemann e
funda o Museu de Hahnemann, em Stuttgart. Mais tarde o museu foi acomodado no Instituto
Paracelsus-Hahnemann (Stuttgart). Neste mesmo ano, houve a publicação da 6ª. Edição do
Organon, por meio de Richard Hael e a Inauguração do Hospital Homeopático de Stuttgart,
expõe Haehl (1922). Em 1922, foi publicado a Biografia de Hahnemann em dois volumes por
Richard Hael (Editora Schwabe - Leipzig), coloca Haehl (1922).
Os discípulos alemães de hahnemann propagaram a homeopatia para a América e a
Inglaterra. Na França, formou discípulos que a propagaram para os países latinos. Nos EUA,
Hering fundou, em 1833, a Academia Americana de Homeopatia, e um de seus discípulos, James
Tyler Kent, produziu uma enorme obra homeopática, filosófica e prática, em sua Matéria Médica
e Repertório. Nos EUA, a homeopatia teve seu apogeu no final da Primeira Grande Guerra e quase
desapareceu após a Segunda Grande Guerra, para renascer na década de 70 com o movimento
naturalista. Na Inglaterra, a prática hospitalar é exercida livremente. A família real britânica
sempre foi e continua sendo assistida por famosos homeopatas, afirma Corrêa (1997); Fontes
(2012).

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2 - HOMEOPATIA NO BRASIL
Antes da introdução da homeopatia no Brasil, sua prática era conhecida pelas cortes
brasileiras, pois, Hahnemann havia trocado correspondência com José Bonifácio, sobre
mineralogia, porque ambos tinham grande interesse pelo assunto. Foi do Brasil que Hahnemann
mandou buscar a planta Ipecacuanha para prepará-la segundo suas técnicas. Apesar do
conhecimento da homeopatia no território brasileiro, ela foi introduzida no ano de 1840, pelo
médico francês natural de Lyon, Dr. Benoit Jules Mure, tendo seu desembarque datado no dia 21
de novembro, por este motivo, esta data, no Brasil, se comemora o dia da Homeopatia, conforme
Barbosa Neto (2006).
Benoit Mure chegou ao Brasil acompanhado de outras famílias para organizar uma
colônia comunitária na província de Sahy, baseada nos ideais de Charles Fourier, fundando um
falanstério, em Santa Catarina, no qual o projeto resultou emfracasso, mudando-se para o Rio de
Janeiro, ondepassou a exercer e a divulgar a Homeopatia, convertendo muitos médicos famosos à
Homeopatia. O cirurgião português João Vicente Martins tornou-se seu primeiro assistente, afirma
Luz (1988). Benoit Mure estudou e utilizou plantas e animais brasileiros. Incansável divulgador
das idéias de Hahnemann, ele enviava gratuitamente pacotes com os principais medicamentos e
uma Matéria Médica para todos os médicos alopatas que se interessassem pela Homeopatia. As
tinturas e as substâncias utilizadas em homeopatia eram provenientes da Europa e os próprios

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médicos manipulavam-nas devido à inexistência de farmácias especializadas, coloca Luz (1991).
O número de homeopatas foi crescendo e, por conseguinte, os farmacêuticos passaram
a manifestar interesse pelas doutrinas, participando dos cursos organizados pelo Dr. Mure e
seu colega, Dr. João Vicente Martins, segundo Fontes (2012). No período posterior a 1840, a
Homeopatia foi largamente discutida pela imprensa, principalmente no jornal do Comércio. Sua
imagem era denegrida através dos professores e grandes doutores em medicina, da Bahia e do
Rio de Janeiro, e arduamente defendida pelo próprio editor do jornal, o Dr. José da Gama e
Castro, que abria espaço permanente para as matérias polêmicas de João Vicente Martins e para
os homeopatas da época, coloca Galhardo (1926).
Em 1844, foi fundada a Escola de Homeopatia do Rio de Janeiro por Benoit Mure,
juntamente com seu amigo e discípulo, João Vicente Martins, no local do primeiro consultório
homeopático na cidade do Rio de Janeiro, à Rua São José, nº 59, com o objetivo de propagar a
homeopatia em favor dos pobres. Atualmente a Escola de Homeopatia do Rio de Janeiro existe
com o nome de Instituto Hahnemanniano do Brasil, desde 1959 com este nome (Figura 2). A
prática homeopática era amplamente empregada devido ao seu baixo custo e eficiência, utilizada
pelos leigos, escravos e pelas classes excluídas, um fator importante que contribuiu para sua
perpetuação no Brasil, expõe Barbosa Neto (2006); Galhardo (1926).

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Figura 2 – Instituto Hahnemanniano do Brasil. Fonte: Homeopatia e saúde (2017).

A prática homeopática adquiriu diversos adeptos de renome que marcaram a História


do Brasil, no entanto muitos deles não possuíam formação médica, apesar de terem grande
conhecimento de medicina Homeopática, por isso foram denominados “Homeopatistas”, como
era Monteiro Lobato que chegou a clinicar em seu sítio em Tremembé, e Rui Barbosa que tem
uma frase que é assim: “Se tivesse um diploma de médico, certamente seria Homeopata” afirma
Luz (1991); Luz (2014).
Em 12 de janeiro de 1845, durante reunião anual do Instituto Homeopático do Brasil, foi
apresentado, pelo Dr. João Vicente Martins, um plano de criação de uma Academia de Medicina
Homeopática e Cirurgia. Os estatutos foram redigidos e foi então fundada e inaugurada, à Rua
São José, nº 59, a Escola Homeopática do Brasil (primeira escola de formação homeopática), que
funcionava com autorização do Governo Imperial, mas que não permitia aos seus diplomados
o exercício da clínica, e com a direção de Bento Mure. Em 10 de janeiro de 1846, foram eleitos
membros da diretoria do Instituto: Pedro de Araújo Lima (Marquês de Olinda), Bernardo José
da Gama (Visconde de Goiana), o Conselheiro Candido José de Araújo Vianna, Manoel Duarte
Moreira, e para secretários João Vicente Martins e Francisco Alves de Moura, mantendo-se
Benoit Jules Mure na presidência da instituição, coloca Luz (2014).
Em seus primeiros anos de existência, o Instituto difundia a homeopatia através da
instalação de outros consultórios pela Corte e interior das províncias do Rio de Janeiro e São Paulo,
tendo à frente dessa iniciativa Benoit Jules Mure e João Vicente Martins. Além dos consultórios,
fundaram também uma farmácia homeopática denominada Botica Homeopática Central
localizada no mesmo endereço do consultório central (Rua São José, 59), considerada a primeira
instalada no Brasil, e a Casa de Saúde Homeopática na chácara do Marechal Sampaio (Largo do
Castelo, 17), fundada em fevereiro de 1846 por Bento Mure, expõe Luz (2014). Amparada pelo
aviso da Secretaria dos Negócios da Justiça, de 27/3/1846 e pela lei que estruturou o ensino no
Brasil, de 3/10/1846, a Escola Homeopática do Brasil é autorizada, pelo Governo Imperial, a
conferir certificados de estudo aos homeopatas que concluíssem seu curso.

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Para difundir os progressos da homeopatia no Brasil, Mure e seus companheiros fundaram


uma revista, chamada “A Sciência”, que começou a circular em 1847. Além de uma discussão
teórica, a revista divulgava também dados interessantes sobre o movimento homeopático que
tomava impulso no país. Em setembro de 1847, divulga-se pela revista, por exemplo, que o
consultório homeopático da Rua São José, atendia por mais de três horas por dia, tinha três mesas
de consulta que no prazo de uma semana chegam a atender a 100 pacientes, que teria recebido 3
mil doentes no prazo em que o de Nova York recebera apenas 100, explica Bertolli Filho (1988);
Bertolli Filho (1990); Galhardo (1926). Em 1847, a Escola Homeopática do Brasil é substituída
pela Academia Médico-Homeopática do Brasil, sob a direção de João Vicente Martins, segundo
Corrêa (1997).
Bento Mure recebeu severas críticas no meio médico, por tentar difundir idéias totalmente
desconhecidas no país. Desgostoso com a situação optou por sair do Brasil sete anos após sua
chegada, deixando, entretanto, muitos discípulos continuaram seu trabalho, afirma Corrêa (1997).
Entre novembro de 1848 e março de 1849, João Vicente Martins escreveu artigos nos
jornais alertando a população para o perigo de uma epidemia de cólera, quando chegou a oferecer
medicamentos homeopáticos ao Imperador Pedro II, para tratamento da doença na Santa Casa
da Misericórdia do Rio de Janeiro, expõeFiocruz(1930).Por ocasião da epidemia de febre amarela
que afetou várias cidades do Brasil em 1850, o Instituto atuou no Rio de Janeiro, oferecendo
tratamento gratuito aos pobres recolhidos na enfermaria de São Vicente de Paulo, fundada e
mantida pela Sociedade Portuguesa de Beneficência, e no seu consultório central, conforme
Fiocruz (1930) (Figura 3).

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Figura 3 – Texto de Benoit Mure e João Vicente Martins com o detalhe do anúncio do Primeiro consultório gratui-
to para os pobres (1847). Fonte: Diniz (2008).

Além disso, o seu primeiro secretário João Vicente Martins dirigiu-se à Câmara dos
Deputados em fevereiro de 1850, oferecendo medicamentos homeopáticos para tratamento da
febre e propondo que fossem criados hospitais onde estes pudessem ser ministrados, deixando
a cargo do doente a escolha pelo tratamento alopático ou homeopático. No mês seguinte, não
tendo obtido resposta, encaminhou novo oferecimento, sendo então ameaçado de deportação
por sua insistência e crítica ao tratamento utilizado pela medicina alopática, segundo Fiocruz
(1930). Por volta de 1851, a Escola Homeopática do Brasil, sob forte pressão dos farmacêuticos,
aprovou a separação da prática médica da prática farmacêutica.

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Durante a epidemia de cólera em 1855, os homeopatas, destacando o Dr. Maximiano


Marques de Carvalho, criticavam duramente os métodos empregados pela alopatia como a
sangria, indicando o tratamento homeopático como o mais adequado para a cólera. No entanto,
nos argumentos dos alopatas, buscava-se reforçar a supremacia da sua medicina, apesar da
evidente recusa da população pela sangria. Os homeopatas, junto com outros “ignorantes
do povo”, eram considerados charlatães, pelo simples fato de se oporem ao tratamento oficial
proposto, considerados pela categoria, como o mais correto, ainda que os alopatas reconhecessem
os “tristes efeitos” da sangria na epidemia da febre amarela. Em contrapartida os alopatas não
conheciam suficientemente a homeopatia para poder julgá-la ou eliminá-la institucionalmente,
explica Luz (2014).
Em 1858, o Hospital da Ordem Terceira da Penitência abriu uma enfermaria homeopática,
seguida pelo Hospital da Beneficência Portuguesa (1859), Hospital da Ordem Terceira do Carmo
(1873), Santa Casa de Misericórdia (1883), Hospital Central do Exército (1902) e Hospital
Central da Marinha (1909), explicaCorrêa(1997).Em 1886, com o Decreto nº 9.554, surgiu uma
lei que dava direito de manipulação dos medicamentos homeopáticos apenas aos farmacêuticos,
afirmaFontes (2012).
No início do século XX, a Homeopatia cresce com a criação de ambulatórios e enfermarias
nas forças armadas. Nesta época surge uma figura importante, o Dr. Nilo Cairo, que funda a
Revista Homeopática do Paraná e escreve um livro de Homeopatia, cita Galhardo (1926). Em
1909, na cidade de São Paulo os Drs. Alberto Seabra, Murtinho Nobre, Afonso Azevedo, Militão
Pacheco e Leopoldo Ramos fundaram o Dispensário Homeopático São Paulo, destinado ao

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atendimento homeopático gratuito, explica Matos (2009). Seabra ficou adepto à Homeopatia,
devido à cura de um filho pela terapêutica Hahnemaniana, administrada pelos irmãos Manoel e
Antônio Murtinho Nobre, coloca Weber (2011).
Em 1912, nasce a Faculdade Hahnemaniana de medicina e, em 1916, o Hospital
Hahnemaniano do Brasil, mostra Galhardo (1926). Em 1918, a variação letal do vírus Influenza
se espalha por todos os continentes, chegando ao Brasil. A pandemia, conhecida como a gripe
espanhola, matou mais de 20 milhões de pessoas. E por intermédio do medicamento “Gripina”,
uma das fórmulas de Alberto Seabra, colaborou com a cura junto a Autoridades Sanitárias e o
Governo da época, segundo AMSP (2018). No ano de 1926, foi realizado o primeiro congresso de
Homeopatia no Rio de Janeiro, afirma Galhardo (1926).
Em 1932, foi criada a Liga Homeopática Brasileira, que teve duração efêmera, no entanto,
a associação Paulista de Homeopatia (APH) é fundada em 1936, local onde passa a ser oferecido
o curso de especialização em Homeopatia. Atualmente, em São Paulo, é a Escola Paulista de
Homeopatia (EPH) que responde pelo curso de especialização com duração de três anos, explica
Galhardo (1926). Em 17 de abril de 1941, no Rio Grande do Sul, foi fundada oficialmente a
Liga Homeopática do estado, iniciativa do doutor David Castro, também idealizador do Grupo
de Estudos Homeopáticos de São Paulo, “Benoit Mure”. Ele muito trabalhou pela Homeopatia
no Brasil formando muitos Homeopatas, afirma Weber (2011). Em 1945, com a finalidade de
estimular a divulgação dos princípios homeopáticos no Brasil, foi fundada a Federação Brasileira
de Homeopatia, com sede no Rio de Janeiro, cita Weber (2011).
Em 1952, torna-se obrigatório o ensino de técnicas de farmácia homeopática nas
faculdades de farmácia do Brasil, sendo uns dos primeiros países a ter o ensino obrigatório, explica
Corrêia e Leite (2008). A partir de 1965 surgiram leis específicas para a farmácia homeopática,
por meio do decreto nº 78.841, de 25 de novembro de 1976, sendo aprovada a parte geral da 1ª
edição da Farmacopéia Homeopática Brasileira, segundo Fontes (2012). Em 4 de Julho de 1980
a Homeopatia é reconhecida, no Brasil, como especialidade médica pelo Conselho Federal de
Medicina pelo Decreto nº 1000, conforme Fontes (2012).

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Existem várias publicações de Farmacotécnicas Homeopáticas de diversos autores


farmacêuticos de cunho não oficial, mas consagradas pelo uso, sendo que a primeira farmacotécnica
data de 1917, e foi escrita pelo Dr. Meira Penna, médico Homeopata, afirma Galhardo(1926).
Entre grandes nomes da História da Homeopatia no Brasil são: Dr. Joaquim Murtinho, Dr. Sabino
Olegário Ludgero, Dr. Saturnino de Soares de Meirelles, Dr. Licínio Cardoso, Dr. Francisco de
Menezes Dias da Cruz, Dr. Galhardo, Dr. Resende, Dr. David Castro, expõe Galhardo (1926);
Meirelles (1991).
No Congresso Brasileiro de Homeopatia, realizado em Gramado (RS) em 1988, foi
aprovada uma moção que culminou com a publicação do Manual de normas técnicas para
farmácia homeopática, editado pela Associação Brasileira de Farmacêuticos Homeopatas
(ABFH) em 1992. Esse manual foi aperfeiçoado três anos depois, contando com a colaboração
de farmacêuticos de todo o Brasil, por meio de relatórios de grupos de estudos, trabalhos
científicos, revisões bibliográficas e encontros regionais, afirma Fontes(2012).A segunda edição
da Farmacopéia Homeopática Brasileira foi aprovada em 1998 e a Terceira em 2011 pela ANVISA,
conforme Fontes (2012); ANVISA (2011).
No ano de 2017, foi publicado um Dossiê Especial: Evidências Científicas em Homeopatia,
disponível na revista de Homeopatia, elaborado pela Câmara Técnica de Homeopatia do Conselho
Regional de Medicina do Estado de São Paulo (CREMESP), que contou com o apoio da Associação
Médica Homeopática Brasileira (AMHB) e da Associação Paulista de Homeopatia (APH). Esta
publicação traz o panorama mundial da homeopatia como especialidade médica e a sua inclusão
nos currículos das faculdades de medicina, além de inúmeras revisões que fundamentam os

HOMEOPATIA | UNIDADE 1
principais pressupostos homeopáticos com descrição de ensaios clínicos randomizados e placebos-
controlados,  revisões sistemáticas, descrição de centenas de experimentos e dezenas de linhas
de pesquisa que atestam o efeito das ultradiluições em modelos físico-químicos e biológicos (in
vitro, plantas e animais). Este Dossiê teve como objetivo principal informar, esclarecer e
sensibilizar profissionais da saúde, meio acadêmico e os órgãos de comunicação sobre a validade
e a importância do emprego da homeopatia como prática médica adjuvante e complementar às
demais especialidades, bem como dar subsídios para a defesa da prática homeopática que vem
sendo reiteradamente criticada pela falsa idéia de que não possui evidências científicas, mostra
AMHB (2017).

3 - HOMEOPATIA NO SISTEMA ÚNICO DE SAÚDE DO


BRASIL – SUS
Na década de 1980, alguns estados e municípios brasileiros ofereciam o atendimento
homeopático como especialidade médica aos usuários dos serviços públicos de saúde, porém
como iniciativas isoladas e, às vezes, descontinuadas, por falta de uma política nacional. Em 1988,
pela Resolução nº 4/88, a CIPLAN fixou normas para o atendimento em homeopatia nos serviços
públicos de saúde e, em 1999, o Ministério da Saúde inseriu na tabela SIA/SUS a consulta médica
em homeopatia, coloca Brasil (2015).
A Lei nº 8.080, de 19/09/1990, que cria o SUS não contemplava a prática homeopática
(BRASIL, 1990), apesar da Resolução CIPLAN nº 04/1988 estabelecer diretrizes para o
atendimento homeopático, segundo Brasil (2015). A homeopatia mesmo não descrita na Lei nº
8.080 de 1990, em 1998 constatou-se que havia médicos homeopatas atendendo no SUS em 20
municípios brasileiros apoiados pelo gestor local, afirma Salles e Schraiber (2009).

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A partir do I Fórum Nacional de Homeopatia, realizado no ano de 2004, em Belo


Horizonte, Minas Gerais, intitulado “A homeopatia que queremos implantar no SUS”, onde a
AMHB apresentou o tema “A estratégia de Juiz de Fora”, que alertava para a regulamentação e o
controle social na implantação/implementação das práticas integrativas e complementares nos
municípios, uma política nacional começava a se desenhar no país, explica Denez (2015).
Em 2006, foi aprovada pelo Ministério da Saúde (MS) a Portaria nº 971, coloca Brasil
(2006), que traz a Política Nacional de Práticas Integrativas e Complementares do SUS (PNPIC-
SUS). Por meio desta portaria, o MS estabeleceu as diretrizes para a incorporação dessas 41
práticas no SUS, de forma a garantir qualidade, eficiência, eficácia e segurança a todos os seus
usuários. Houve um importante marco teórico para a construção da PNPIC-SUS, sendo que um
dos principais foi o documento da Organização Mundial da Saúde (OMS), publicado em 2002,
com o título Traditional Medicine Strategy, expõe Barros (2007). A PNIC-SUS reforça a lógica
da Resolução CIPLAN nº 04/1988 do Serviço de Práticas Integrativas e Complementares nos
diferentes municípios brasileiros, segundoBrasil (2006); Barros (2007); Brasil (2009).
A PNPIC-SUS apresenta dez diretrizes: estruturação e fortalecimento da atenção
em PICs do SUS; desenvolvimento de estratégias de qualificação em PICs; fortalecimento
da participação social, divulgação e informação dos conhecimentos básicos das PICs para
profissionais de saúde; gestores e usuários do SUS; estímulo às ações intersetoriais; garantia de
acesso a medicamentos homeopáticos e fitoterápicos; garantia de acesso aos demais insumos
estratégicos; incentivo à pesquisa em PICs; desenvolvimento de ações de acompanhamento e
avaliação; promoção de cooperação nacional e internacional, coloca Brasil (2006; 2009). Porém,

HOMEOPATIA | UNIDADE 1
apesar dessas recomendações, ainda não é observada uma ampliação significativa da rede de
atenção homeopática no SUS, afirma Salles e Ayres (2013).
No que diz a respeito à homeopatia, os dados da PNPIC-SUS demonstram que embora
venha ocorrendo aumento da oferta de serviços, a assistência farmacêutica em homeopatia
não acompanha essa tendência. Conforme levantamento da Associação Médica Homeopática
Brasileira (AMHB), realizado em 2000, apenas 30% dos serviços de homeopatia da rede SUS
forneciam medicamento homeopático. Em 2004, os dados levantados pelo Ministério da Saúde
revelaram que somente 9,6% dos municípios que informaram ofertar serviços de homeopatia
possuíam farmácia pública de manipulação, sendo que dos que as tinham, apenas 7,39%
apresentavam farmacêutico habilitado em homeopatia, conforme Brasil (2006). Em 2007, foram
312.533 consultas com investimento federal, explica Brasil (2009).
Agarantia de medicamentos homeopáticos no SUS ocorreu por meio da edição da
Portaria nº 4.217/MS, de 28/12/2010, após pacto com dez estados da federação. O referido pacto
os incluiu no elenco de referência da assistência farmacêutica na atenção básica e aprovou as
normas de financiamento e execução do Componente Básico da Assistência Farmacêutica, expõe
Brasil (2010; 2011). Com a edição da nova Portaria da Assistência Farmacêutica na Atenção
Básica, de nº 1.555, de 03/07/2013, foi incluído um item específico para a aquisição de matrizes
e tinturas homeopáticasde acordo com a Farmacopéia Homeopática Brasileira de 2011, segundo
Brasil (2013).

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4 - CONCEITOS FUNDAMENTAIS
• Homeopatia: termo criado por Hahnemann em sua obra “Organon da arte de curar”
para designar o sistema médico baseado na lei dos semelhantes (similia similibus curentur).

• Alopatia: (do grego: alloion - diferente + pathos - sofrimento) termo criado por
Hahnemann para designar a medicina oficial de seu tempo. Emprega remédios de ação diferente
da doença que se visa tratar.

• Enantiopatia: (do grego: enantio - contrário) baseada no princípio dos contrários


(contraria contrariis curentur). Utiliza remédios de ação oposta à enfermidade natural. São
exemplos desta terapêutica os medicamentos “anti”: antibióticos, antiinflamatórios, analgésicos,
antiespamódicos etc. Confunde-se com a Alopatia.

• Isopatia: (do grego: isos - igual) método terapêutico que utiliza (para curar ou prevenir)
o mesmo fator que aparentemente é a causa da doença. São exemplos: as vacinas e os soros.

• Tautopatia: (do grego tautos - o mesmo) método terapêutico usado em algumas


intoxicações. Consiste em usar doses menores da própria substância que intoxicou o organismo.

HOMEOPATIA | UNIDADE 1
• Sintoma: sensação subjetiva. Aquilo que é sentido pela pessoa, mas não visualizado.

• Sinal: um dado objetivo que pode ser observado.

• Síndrome: conjunto de sinais e sintomas.

• Diluição: É a redução da concentração do insumo ativo pela adição de insumo inerte


adequado.

• Dinamização: É o processo de diluições seguidas de sucussões e/ou triturações


sucessivas do insumo ativo em insumo inerte adequado.

• Droga: Matéria prima de origem mineral, vegetal, animal ou biológica, utilizada para
preparação do medicamento homeopático.

• Escala: É a proporção entre o insumo ativo e o insumo inerte empregada na preparação


das diferentes dinamizações. As formas farmacêuticas derivadas são preparadas segundo as
escalas Centesimal, Decimal e Cinquenta milesimal:

∘ Escala Centesimal: preparada na proporção de 1/100 (uma parte do insumo ativo em


99 partes de insumo inerte, perfazendo um total de 100 partes);

∘ Escala Decimal: preparada na proporção de 1/10 (uma parte do insumo ativo em nove
partes de insumo inerte, perfazendo um total de 10 partes);

∘ Escala Cinquenta Milesimal: preparada na proporção de 1/50.000.

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∘ Fármaco: Insumo ativo com finalidade terapêutica que, em contato ou introduzida em


um sistema biológico, modifica uma ou mais de suas funções.

∘ Formas farmacêuticas derivadas: São preparações oriundas do insumo ativo obtidas


por diluições em insumo inerte adequado, seguidas de sucussões e/ou triturações sucessivas,
conforme a farmacotécnica homeopática.

∘ Insumo ativo: É o ponto de partida para a preparação do medicamento homeopático,


que se constitui em droga, fármaco, tintura-mãe ou forma farmacêutica derivada.

∘ Insumo inerte: Substância utilizada como veículo ou excipiente para a preparação dos
medicamentos homeopáticos.

∘ Matriz: Insumo ativo de estoque para a preparação de medicamentos homeopáticos ou


formas farmacêuticas derivadas.

∘ Medicamento homeopático: É toda forma farmacêutica de dispensação ministrada


segundo o princípio da semelhança e/ou da identidade, com finalidade curativa e/ou preventiva.
É obtido pela técnica de dinamização e utilizado para uso interno ou externo.

∘ Medicamento homeopático composto: É preparado a partir de dois ou mais insumos

HOMEOPATIA | UNIDADE 1
ativos.

∘ Medicamento homeopático de componente único: É preparado a partir de um só


insumo ativo.

∘ Placebo: Substância que não possui nenhuma ação específica sobre o organismo
humano, ou seja, trata-se de uma substância farmacologicamente inerte.

∘ Potência: É a indicação quantitativa do número de dinamizações que uma matriz ou


medicamento homeopático receberam.

∘ Substância medicinal: Para designar as drogas, os fármacos, as tinturas-mães e os


medicamentos homeopáticos, Hahnemann empregava o termo substância medicinal. Durante
o experimento homeopático, as propriedades farmacodinâmicas de uma substância medicinal
devem ser verificadas empregando-se a droga, fármaco ou a tintura-mãe e os medicamentos
homeopáticos derivados destes.

∘ Sucussão: Processo manual que consiste no movimento vigoroso e ritmado do antebraço,


contra anteparo semirrígido, do insumo ativo, dissolvido em insumo inerte adequado. Pode ser
também realizado de forma automatizada, desde que simule o processo manual.

∘ Tintura-mãe: É preparação líquida resultante da ação de líquido extrator adequado


sobre uma determinada droga de origem animal ou vegetal.

∘ Trituração: Consiste na redução do insumo ativo a partículas menores por meio de


processo automatizado ou manual, utilizando lactose como insumo inerte, visando dinamizar o
mesmo.

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5 - PRINCÍPIOS FUNDAMENTAIS DA HOMEOPATIA


A Homeopatia é uma especialidade médica e farmacêutica que consiste em ministrar
ao doente, doses mínimas do medicamento, de acordo com a lei dos semelhantes, para evitar a
agravação dos sintomas e estimular a reação orgânica na direção da cura, coloca Fontes (2012).
As bases da Homeopatia, reconhecidas por Hahnemann após suas experiências, são:
1 – Experimentação dos medicamentos em homens sãos;
2 – Princípio da Semelhança (ou Lei dos Semelhantes);
3 – Administração de medicamento único e dinamizado.

5.1. A experimentação em homens sãos


Experimentação no homem sadio, também chamada experimentação patogenética,
homeopática ou pura, é o procedimento de testar substâncias medicinais em indivíduos sadios
para elucidar os sintomas que irão refletir sua ação. Para a homeopatia, a única forma de conhecer
de maneira confiável os efeitos farmacológicos de uma substância medicinal é experimentando-a
no organismo humano sadio. Não são utilizados testes em animais, pois cada espécie apresenta
uma reação própria, muito diferente da reação dos seres humanos, por serem distintas as suas
constituições. Para o elefante, a beladona é mortal em pequenas doses. Todavia é inócua para

HOMEOPATIA | UNIDADE 1
uma série de pequenos animais. A noz-vômica e o acônito são inofensivos para suínos e cães,
respectivamente, mas podem matar um homem. Além disso, apenas os sintomas mais grosseiros
podem ser registrados, uma vez que os animais não se expressam por palavras. Os testes em
doentes também não são tolerados, pois a mistura dos sintomas provocados pela doença natural
com os sintomas provocados pela droga teste impede uma avaliação correta do experimento,
explica Fontes (2012).
A experimentação no homem sadio foi uma das maiores contribuições de Hahnemann
para a Medicina. Uma inovaçãodos métodos de pesquisa. A questão a ser respondida era: -
Como descobrir possíveisefeitos curativos de determinada substância? Hahnemann estabelece
orientações para a experimentação de substâncias:
1 - Em cada experiência deve-se estudar uma única substância diluídasegundo o método
homeopático;
2 - Administrá-la repetidamente a um grande número de indivíduossaudáveis de ambos
os sexos;
3 - Observar e anotar as alterações que daí surgirem no estado físico emental dos
participantes.

Com a experimentação, o pesquisador homeopata descobre várias manifestações quecada


substância pode desencadear em uma pessoa que seja sensível a ela. Quando uma substância
medicinal é administrada a um indivíduo os sintomas resultantes são compilados, registrando
as manifestações específicas do organismo diante da agressão proporcional por tal substância.
Desse modo, revela-se a farmacodinâmica da substância testada, afirma Barbosa Neto (2006);
Fontes (2012).

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Atualmente as experimentações de novos medicamentos são controladas usando-seo


método epidemiológico e para obter informações confiáveis sobre a farmacodinâmica das drogas
e dos medicamentos obtidos a partir delas, os institutos de pesquisa homeopáticos adotam
modernos protocolos de experimentação patogenética. O ensaio deve ser realizado de acordo com
o método “duplo-cego”. Com essa metodologia não se sabe quais experimentadores receberam a
droga e quais receberam o placebo. Além disso, apenas o diretor do experimento conhece qual
substância está sendo ensaiada e quais sujeitos de pesquisa estão recebendo o medicamento
placebo. A experiência tem início, em geral, com a administração da substância a ser testada em
doses ponderais. Somente depois de anotados todos os sintomas e não havendo mais nenhuma
manifestação sintomática é que se passa à dose seguinte, que é uma dinamização sempre mais
diluída que a anterior. Os sintomas vão sendo anotados para cada uma das doses, nas três esferas:
física, emocional e mental. Na conclusão do experimento, os sintomas são sistematizados pelo
diretor e apresentados aos experimentadores para discussão, sendo retirados do registro os
sintomas proporcionados pelos indivíduos que receberam o placebo.
As descrições minuciosas de todas as alterações (sintomas) provocadas pelasubstância
experimentada são chamadas patogenesias. O conjunto depatogenesias são compiladas em livros
denominados Matéria Médica Homeopática, conforme Barbosa Neto (2006); Fontes (2012).

5.2. Lei dos semelhantes


Qualquer substância capaz de provocar em um homem sadio, porém sensível,

HOMEOPATIA | UNIDADE 1
determinados sintomas é capaz de curar (Figura 4), desde que em doses adequadas, um homem
que apresente um quadro mórbido semelhante, com exceção das lesões irreversíveis, expõe
Fontes (2012). Esta lei não foi uma descoberta de Hahnemann. Hipócrates já expressara tal ideia
noaforismo: similia similibus curantur (semelhante cura semelhante). Pelosemelhante se produz
a enfermidade e, aplicando-se o semelhante, ela é curada. Todavia, foi Hahnemann o descobridor
do seu mecanismo de aplicação e de sua utilização científica na cura dos doentes, afirmaBarbosa
Neto (2006); Fontes (2012).

Figura 4 – O princípio da similitude. Fonte: Similibus-Curantur (2009).

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Desde Hipócrates (400 a.C.), muitos médicos antes de Hahnemann aproximaram-sedesta


lei. Galeno (séc. II d.C.) a reconhecia; Paracelso (séc XVI) chegou perto aoutilizar substâncias que
tivessem características semelhantes aos sintomas do doente; Sydenham (séc. XVII) observou o
efeito que Hahnemann experimentou e concluiu que ela curava a febre porque atiçava a febre,
afirmaBarbosa Neto (2006).
Para melhor elucidar a lei dos semelhantes segue o exemplo: Um doente com úlcera
gástrica, durante uma visita ao médico homeopata, relate ter hemorragias freqüentes, eventuais
diarréias explosivas, gosto amargo na boca, sensação de sufocamento com falta de ar à noite,
grande inquietude de espírito, ansiedade e muito medo da morte, diminuição da memória, além
de queimações no estômago, que acalmam com o calor e pioram com o frio. Por serem análogos
aos da ingestão de arsênico, tais sintomas sugerem ao médico a indicação de Arsenicum album,
que o prescreverá em doses bem diminutas. Desse modo para a aplicação da lei dos semelhantes,
é necessário saber antecipadamente o que cada droga é capaz de provocar em indivíduos sadios
(os chamados experimentadores). Neste exemplo, o medicamento Arsenicum album, prescrito
na dose correta, será para esse doente o seu simillimum. É chamado de simillimum, o “remédio”
que abrange a totalidade dos sintomas de um homem doente, ou seja, aquele medicamento cuja
patogenesia melhor coincidir com os sintomas apresentados pelo doente.
A Patogenesia é o conjunto de sinais e sintomas, objetivos (físicos) e subjetivos (emocionais
e mentais), que um organismo sadio apresenta ao experimentar determinada substância
medicinal. A administração de uma dose de determinada substância ela perturbará a homeostase
orgânica, o organismo apresentará um grupo de sintomas relacionados à substância que está

HOMEOPATIA | UNIDADE 1
sendo testada. Esses sintomas são chamados de sintomas patogenéticos. Para que o organismo
produza sintomas é necessário que a dosagem da substância testada seja forte o bastante para
promover o seu desequilíbrio, ou que o organismo tenha alto grau de sensibilidade à substância
testada, explica Fontes (2012). A semelhança entre o medicamento e o doente será tão maior
quanto maior for a individualização dos sintomas, segundo Barbosa Neto (2006).
Hahnemann cita várias aplicações da lei dos semelhantes relatadas por médicosanteriores
a ele. Alguns exemplos:
- Bertholon percebeu que a eletricidade aliviava um tipo de dor semelhante àque ela
mesma produz;
- Boulduc dizia que o ruibarbo é um laxante para pessoas saudáveis, por issocontrola a
diarréia dos doentes;
- Stahl comprovou que o estanho curava violentas dores de estômago eproduzia as mesmas
dores em pessoas saudáveis;
- Pesquisadores observaram que o arsênico produz fortes dores no peito eAlexander
afirmou que o arsênico é remédio eficaz contra a angina do peito;
- Cullen percebeu que a cânfora curava pacientes com febre baixa e fadiga eprovocava
esses mesmos sintomas numa pessoa sã.
- (outros inúmeros exemplos são citados por Hahnemann na introdução dasexta edição
do Organon da arte de curar).

Portanto, a indicação de um medicamento homeopático depende das características


pessoais e reacionais do paciente. Para a homeopatia, enfermidade é o resultado da reação
insuficiente do organismo diante da doença. Assim, faz-se necessário estimular a reação orgânica
para que esta possa sobrepujar a força da doença. Quando uma droga é administrada provoca
sintomas semelhantes aos que o paciente está sentindo, observando, em primeiro momento,
aumento transitório dos sintomas. Entretanto, com o fim do efeito farmacológico, após a droga
ter sido eliminada, nota-se um efeito biológico de sinal contrário, que é traduzido pela reação
orgânica à droga, explica Fontes (2012).

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Após enunciar a lei dos semelhantes, Hahnemann reforça no parágrafo 27 dizendoque


o método de cura mais radical, permanente e seguro será a administração de ummedicamento
capaz de produzir (numa pessoa saudável) a totalidade dos sintomasdaquele caso individual
de enfermidade que se pretende curar, surgindo dois conceitos de grande importância na
Homeopatia: individualidade e totalidade, expõeBarbosa Neto (2006).

5.3. Administração de medicamento único e dinamizado


O remédio único constitui um dos fundamentos mais importantes da homeopatia do
ponto de vista médico-científico e o mais difícil de ser realizado na prática, pois exige do clínico
conhecimentos bastante profundos da matéria médica homeopática. Baseia-se na totalidade dos
sintomas do doente (o simillimum).
A partir do momento que Hahnemann emprega o método de diluição das substâncias
medicinais, ele faz uma série de experiências. A princípio, empregou doses pequenas, diluindo os
medicamentos em água ou álcool, de acordo com determinadas proporções. Entretanto, observou
que se o medicamento não era forte o suficiente para produzir a agravação dos sintomas, não
era capaz de promover satisfatoriamente a reação orgânica. Como os resultados não foram os
esperados, continuou os experimentos. Além de diluir os medicamentos, passou a imprimir
agitações violentas chamada de “sucussões”. Hahnemann notou que, além da diminuição da
agravação dos sintomas e dos efeitos tóxicos das altas doses, ocorria o aumento da reação orgânica.
Todavia, Hahnemann nunca forneceu os detalhes de como descobriu o processo de dinamização.

HOMEOPATIA | UNIDADE 1
A partir desse experimento, o criador da homeopatia passou a utilizar diluições
infinitesimais e potencializadas pelas fortes agitações que imprimia na manipulação dos
medicamentos homeopáticos. Esse processo farmacotécnico, conhecido como dinamização,
promove curas mais rápidas e suaves. A diluição do insumo ativo, sempre intercalada pelas
sucussões, obedece a uma progressão geométrica, promovendo diminuição de sua concentração
química e aumento de sua ação dinâmica que estimula a reação do organismo na direção da cura.
Segue uma explanação inicial do processo de preparação do medicamento homeopático:
- Uma parte do insumo ativo + 99 partes do insumo inerte + sucussões = 1ª dinamização
centesimal hahnemanniana (1CH);
- Uma parte da 1CH + 99 partes do insumo inerte + sucussões = 2ª dinamização centesimal
hahnemanniana (2CH);
- Uma parte da 2CH + 99 partes do insumo inerte + sucussões = 3ª dinamização centesimal
hahnemanniana (3CH);
- E assim sucessivamente, conforme figura 5.

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Figura 5 – Dinamização. Fonte: Fontes (2012).

Assim, quanto maior a potência ou dinamização do medicamento, menor a probabilidade


de encontrar moléculas da droga inicial na solução, coloca Fontes (2012).

Potência Diluição Concentração Expoentes


1ª dinamização centesimal 1/10 1 para 100 10-2

HOMEOPATIA | UNIDADE 1
hahnemanniana = 1CH
2ª dinamização centesimal 1/10.000 0,01 para 100 10-4
hahnemanniana = 2CH
3ª dinamização centesimal 1/1.000.000 0,0001 para 100 10-6
hahnemanniana = 3CH
4ª dinamização centesimal 1/100.000.000 0,000001 para 100 10-8
hahnemanniana = 4CH
12ª dinamização centesimal 1/1.1023 0 (21 zeros) para 100 10-24
hahnemanniana = 12CH

Acesse ao site: http://www.homeozulian.med.br/

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UNIDADE ENSINO A DISTÂNCIA

02
DISCIPLINA:
HOMEOPATIA

ESCOLAS MÉDICAS HOMEOPÁTICAS, PROCESSO


SAÚDE DOENÇA NA HOMEOPATIA E FARMACOLOGIA
HOMEOPÁTICA
PROF.A DRA. GISLAINE JANAINA SANCHEZ FALKOWSKI

SUMÁRIO DA UNIDADE

INTRODUÇÃO..............................................................................................................................................................23
1 - ESCOLAS MÉDICAS HOMEOPÁTICA...................................................................................................................24
1.1. UNICISMO E A ESCOLA DE KENT (JAMES TYLER KENT: 1849-1916).............................................................24
2 - CONCEPÇÃO HOMEOPÁTICA DO PROCESSO SAÚDE-DOENÇA: ENERGIA VITAL ....................................... 29
2.1. MECANISMO DE AÇÃO DO MEDICAMENTO HOMEOPÁTICO: PROCESSO DE CURA...................................32
3 - FARMACOLOGIA HOMEOPÁTICA: AÇÃO PRIMÁRIA E REAÇÃO SECUNDÁRIA ............................................ 36
3.1. AÇÃO PRIMÁRIA DIRETA (PATOGENÉTICA) DA DROGA..................................................................................37
3.2. AÇÃO SECUNDÁRIA INDIRETA (CURATIVA) DO ORGANISMO.......................................................................37
3.3. A ENERGIA MEDICAMENTOSA ....................................................................................................................... 40
3.4. VIAS DE ADMINISTRAÇÃO, ELIMINAÇÃO E POSOLOGIA...............................................................................41

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ENSINO A DISTÂNCIA

INTRODUÇÃO
As escolas médicas homeopáticas, na sua prática, basicamente seguem a escola unicista,
pluralista e organicista.
A complexidade do entendimento da prática homeopática é discutida no processo saúde-
doença, sua descontinuidade entre as diferentes abordagens permite ampliar o entendimento da
natureza íntima do ser humano em seus diferentes tratamentos homeopáticos.
O papel do medicamento homeopático é estimular e direcionar uma reação do organismo
contra os desequilíbrios instalados, reequilibrando as funções orgânicas. Desta forma, busca-
se estimular uma reação integrativa (psico-neuro-imuno-endócrino-metabólica), desde que o
medicamento consiga abranger a totalidade de sintomas característicos do paciente.
A Homeopatia atua no reequilíbrio da unidade substancial formada pelo corpo físico
e a força vital. Este reequilíbrio orgânico-vital se manifesta nas demais instâncias superiores,
modulando as suscetibilidades emocionais e psíquicas, e transmitindo uma sensação de bem-
estar geral ao indivíduo, assim, agora, estudaremos com mais detalhes as diferentes formas
de aplicação das escolas médicas homeopáticas e compreenderemos a ação do medicamento
homeopático no homem.

HOMEOPATIA | UNIDADE 2

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1 - ESCOLAS MÉDICAS HOMEOPÁTICA


Em todas as técnicas de terapia existem variados tipos de conduta adotadas de acordo
com a interpretação de conceitos desenvolvidos ou emitidos, geralmente, por diferentes
grupos, normalmente denominados: “linhas”, “correntes” ou “escolas”. Não fugindo à regra, o
mesmo acontece com a Homeopatia (LOBÃO, 1996), assim, foram criadas diferentes escolas
homeopáticas, cada uma prescrevendo a seu modo (FONTES, 2012).
Os principais motivos para haver diferentes “escolas médicas homeopáticas” destaca-se: a
complexidade da doença observada, a imprecisão dos sintomas, o desconhecimento dos princípios
homeopáticos, o processo de industrialização do medicamento homeopático, a inexistência de
patogenesias capazes de cobrir a totalidade dos sintomas observados no doente, a necessidade do
estudo constante e a experiência clínica particular de alguns homeopatas (FONTES, 2012).
As principais escolas homeopáticas são: unicismo, pluralismo, complexismo e o
organicismo.

1.1. Unicismo e a escola de Kent (James Tyler Kent: 1849-


1916)

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Conforme o § 273 do Organon, em nenhum caso de tratamento é necessário e também
não é tolerável administrar a um doente mais de um medicamento único e simples em uma
só vez, sendo absolutamente proibido dar a um doente, ao mesmo tempo, duas diferentes
substâncias medicinais (HAHNEMANN, 2007).

O medicamento prescrito para o quadro agudo ou quadro crônico será realizado através
dispensação de um único medicamento, em dose única ou repetida, após cuidadosa escolha, de
acordo com a lei de semelhança, aguardando a ação do medicamento e conseqüente reação do
organismo. Segundo os princípios de Hahnemann, através da experimentação no homem são e
sensível e exigência da individualização (ABRAH, 2018).
Hahnemann costumava ver o paciente dele todos os dias e mudar o remédio receitado
se este não fosse atuante. Por outro lado, acontecia-lhe receitar, para o mesmo doente e uma
mesma doença, dois ou três remédios diferentes, porém alternando-os. Por exemplo, prescreve-
se em uma síndrome coqueluchóide: 1 dose de Drosera 15 CH. Logo que o remédio faz efeito, a
prescrição não é renovada.
Quando se muda o quadro clínico é que desaparece a indicação do primeiro remédio,
ou o doente está curado e nos abstemos de qualquer medicamento, ou então aparece uma nova
sintomatologia que postula uma nova escolha, e assim por diante até que o paciente seja curado
(TETAU, 1980).

• Exemplo 1 de receita unicista:


Pulsatilla nigricans 6LM
Tomar 1 colher (chá) de 2 em duas horas.

• Exemplo 2 de receita unicista:


Sepia 12 CH
Pingar 10 gotas diretamente na boca, 2 vezes ao dia (FONTES, 2012).

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• Remédio único na primeira prescrição:


A administração de remédio único por vez propicia atuação sem interferência, permite
conclusões acertadas sobre a substância que atuou realmente e garante segunda prescrição correta.

• Vantagens do unicismo:
1 – Verdadeira cura, com base na totalidade sintomática, e correlação de semelhança
2 – Seguimento detalhado
3 – Domínio da Matéria Médica
4 – Documentação
5 – Registro de transformações inerentes ao simillimum
6 – Interrupção de medicamento mal escolhido
7 – Identificação do medicamento complementar quando necessário
8 – Melhor avaliação dos sintomas patognomônicos da doença

Sintomas patognomônicos: exclusivos de uma determinada doença, por si só já


caracterizam uma doença.

• Unicismo na prática:
- Esforço contínuo
- Reconhecimento pelo médico

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- Disponibilidade (potência adequada, momento oportuno)

• Remédio único da segunda prescrição:


Segundo o Organon, a primeira dose do simillimum cura a doença crônica; se não curar,
ou repete-se o medicamento, ou prescreve-se outro, baseando-se nas manifestações residuais,
após esgotar-se a atuação dinâmica anterior (ABRAH, 2018).
As doutrinas de Hahnemann sofreram variantes praticadas por seus discípulos,
caracterizadas sobre discussões do uso da alternância de medicamento e o emprego de altas
dinamizações. Assim, seguiram-se, violentas polêmicas, tendo sido Hahnemann duramente
criticado por alguns de seus alunos (Hartmann, Gross, Rummel, Kreschmann), o que lhe motivou
profundo desgosto, entre 1832 e 1833.
Numeroso grupo de homeopatas reuniu uma grande assembléia em Köthen, presidida
por Hahnemann, que redigiu uma fórmula que resolvesse a situação e restabelecesse a concórdia
entre os homeopatas (grupo de Leipzig e Köthen), fixando as bases primordiais da Medicina
Homeopática.
Os dois grupos mantiveram contínuas discussões sobre a doutrina, as investigações, as
modificações e o que eles julgavam erros de Hahnemann.
“Se ainda hoje, após mais de um século de prática, entre os homeopatas não há uma
uniformidade absoluta no ponto de vista doutrinário, apesar da clareza dos princípios
hahnemannianos, o que não seria em 1832” (ABRAH, 2018).
Outra variante do unicismo hahnemanniano é o kentismo. A Escola Kentiana apoia o
método dedutivo (do geral para o particular, dos princípios para os fatos), com postulados a
priori do Iluminismo. James Tyler Kent, médico norte-americano foi muito influenciado pelo
cientista e místico sueco Swendenborg. Kent relaciona a psora como “pecado original”, sendo
por isso acusado de místico pelos homeopatas da época, que o acusavam pela marginalização da
homeopatia (HALLER JR, 2009; PEEBLES, 1988).

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A conduta realizada por Kent seguia-se:


- Medicamento único;
- Única dose;
- Altas potências.
Kent realizava experimentos com altíssimas potências, superiores a 1.000 FC, que, para
obtê-las, projetou um aparelho dinamizador (milésima potência preparada por aparelho de fluxo
contínuo). Mais tarde, este aparelho foi aperfeiçoado por Skinner (ABRAH, 2018; FONTES,
2012).
No método de fluxo contínuo a diluição e a agitação ocorrem simultaneamente (CÉSAR,
2003).

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Figura 1 – Aparelhos de fluxo contínuo original do Dr. Thomas Skinner (1825-1906). Fonte: Kayne (1997).

• Exemplo de receita kentiana:


Phosphorus 10.000FC líquida
Tomar todo o conteúdo do frasco, de uma só vez, em jejum (FONTES, 2012).

• Plurarismo ou Alternismo:
O pluralismo se consiste no tratamento com uma mistura de medicamento, chamados
“complexos homeopáticos” (BARBOSA NETO, 2006).
Na prática médica homeopática, o clínico prescreve dois ou mais medicamentos para
serem administrados em horas distintas, alternadamente, com a finalidade de um complementar
a ação do outro, atingindo, assim, a totalidade dos sintomas do paciente (FONTES, 2012).
A diferença entre o unicismo e o pluralismo não se limita à prescrição. A forma do
tratamento é reflexo da visão que se tem sobre saúde, doença e cura. A administração de vários
“princípios ativos” por parte da prática pluralista tem, por objetivo, sanar vários problemas
pontuais. Receita-se o remédio de acordo com a tendência do mesmo em influenciar determinado
órgão ou sistema do corpo (BARBOSA NETO, 2006).

• Plurarismo nos quadros agudos:


Doença aguda recente requer com freqüência medicamento similar em vez de similimum
verdadeiro.

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No tumulto clínico de urgência, em condições de atendimento inadequadas e,


principalmente, com base na experiência, com doenças agudas específicas ou epidêmicas, é
usual prescrição pluralista e antecipada, passível de adaptações pessoais posteriores (remédio
constitucional complementar), e se assim não o fizer, o doente certamente recorrerá à complexidade
dos antibióticos e analgésicos.

• Pluralismo triplo:
Baseado na concepção de organismo fracionado, reagindo de modo independente,
consiste na prescrição sistemática de 3 medicamentos:
1. De fundo ou constitucional →transtornos sensoriais/alta potência
2. Sintomático ou funcional →reações localizadas (perturbação funcional/média potência)
3. Orgânico (drenador, organotrópico) →estímulo das funções emunctoriais (lesão
orgânica/ baixa potência)

• Situações de Alternismo:
Inerentes ao doente, à doença e ao meio social:
1. Na extrema urgência (impossibilidade de individualização)
2. Na indisponibilidade do medicamento homólogo à totalidade sintomática
3. No atendimento simultâneo da lesão ou crise e do estado geral (remédio principal mais
remédio intercorrente)
4. Em ambulatório de grande rotatividade

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5. Em certos casos agudos
6. Nas gestantes
7. Nas epidemias
8. Em etiologia múltipla concomitante
9. Na impossibilidade de seguimento clínico
O pluralismo é uma prática repelida por Hahnemann (oposição à polifarmácia), cuja
obstinação garantiu a transmissão exata de seus ensinamentos (ABRAH, 2018).
Destitui de comprovação científica o caso clínico assim tratado, privando-o da
compreensão da semelhança e impedindo sua divulgação (ABRAH, 2018).
São vários os argumentos contra a prática pluralista:
1. Só conhecemos a ação das substâncias administradas individualmente nas
experimentações em homens sãos.
2. Desconhecemos as interações entre as várias substâncias de um “complexo homeopático”
(são vários medicamentos juntos ou tornam-se um novo medicamento?).
3. Se ocorrer melhora não saberemos qual a droga foi responsável.
4. O alívio de sintomas não é cura, há risco de supressão (12º prognóstico de Kent)
(BARBOSA NETO, 2006).

• Inconvenientes do pluralismo:
1. Desconhecimento da lei da semelhança
2. Tendência à polifarmácia
3. Segundo estímulo diferente antes de esgotar-se a ação farmacodinâmica anterior.
4. Estímulos opostos simultâneos (ABRAH, 2018).

• Exemplo de receita pluralista:


Barium carbonicum 6CH, 20 mL, 1 frasco
Phytolacca decandra 6CH, 20 mL, 1 frasco

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Pingar 5 gotas de cada medicamento, diretamente na boca, de 2 em 2 horas, alternando-


os a cada tomada (FONTES, 2012).

• Complexismo:
No complexismo, o clínico prescreve dois ou mais medicamentos para serem
administrados simultaneamente ao paciente, de ação sinérgica sobre órgãos ou funções (ABRAH,
2018; FONTES, 2012).
O complexismo se opõe a homeopatia original fundada por Hahnemann que tem por
princípio a administração de um remédio constitucional, dinamizado e único por vez, porque a
utilização de vários medicamentos não estará avaliando a verdadeira homeopatia que, desde os
tempos de Hahnemann, quer ser colocada à prova (BARBOSA NETO, 2006).

• Inconvenientes do Complexismo:
A prescrição simultânea de vários medicamentos homeopáticos, após as aparentes
vantagens iniciais se complica por dificuldades mediatas:
1. Impossibilidade de distinguir o medicamento que verdadeiramente atuou
2. Impossibilidade em distinguir aquele que eventualmente prejudicou
3. Possibilidades de combinações químicas e dissociações iônicas, imprevisíveis e não
cogitadas na prescrição.
4. Acomodação do médico à lei do menor esforço para identificar o simillimum (ABRAH,
2018).

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• Exemplo de receita complexista:
Hydratis canadensis 6CH, 20 mL, 1 frasco
Hepar súlfur 6CH, 20 mL, 1 fraco
Kalium bichromicum 6CH, 20 mL, 1 frasco
Pingar 5 gotas de cada um dos medicamentos, diretamente na boca, de 2 em duas horas.

• Outro exemplo:
Eupatorium 5CH
Bryonia Alba 6CH ãã ... qsp ... 30 mL
Allium cepa 6CH
Tomar 5 gotas 4 vezes ao dia.
No complexismo industrial existem formulações farmacêuticas pré-elaboradas
com associações medicamentosas afins, ou seja, que englobam grande número de sintomas
relacionados a certa doença. A indústria farmacêutica homeopática produz em larga escala os
complexos, também chamados de compostos ou específicos homeopáticos. Essas formulações
têm por objetivo tratar enfermidades específicas (gripe, sinusite, cistite, abscessos etc.), sem
considerar a individualidade e a integridade orgânica. Na maioria das vezes, proporcionam efeito
meramente paliativo. Os compostos alopatizam a homeopatia, ou seja, tratam das doenças e
não dos doentes. Nesse caso, a lei dos semelhantes PE ignorada. Entretanto, por meio deles, as
populações carentes e distantes dos grandes centros têm a possibilidade de serem tratadas com
medicamentos homeopáticos, mesmo sem a presença do médico e do farmacêutico homeopata.
Os complexos industrializados recebem nome fantasia, devendo ser registrados no Ministério da
Saúde (FONTES, 2012).

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• Organicismo:
No organicismo, o clínico prescreve o medicamento visando aos órgãos doentes,
considerando as queixas mais imediatas do paciente. Essa conduta, portanto, acha-se bastante
próxima da medicina alopática, que fragmenta o ser humano em órgãos e sistemas. Numa
visão organicista, o clínico fixa-se apenas no problema local, não levando em conta os sintomas
emocionais e mentais, que podem estar relacionados ao problema.

• Exemplo de receita organicista para um caso de urticária (manifestação cutânea):


Urtica urens 6CH, 20 mL, 1 frasco
5 gotas de hora em hora.
Cabe ressaltar que o medicamento Urtica urens é preparado a partir da urtiga, planta
causadora de sintomas cutâneos semelhante à urticária.
Existem ainda, na homeopatia, os profissionais ortodoxos, ou seja, os radicais que não
admitem o emprego de outros recursos terapêuticos, além dos medicamentos homeopáticos, bem
como os ecléticos, que os prescrevem combinados com outras práticas terapêuticas (acupuntura,
medicamentos alopáticos e fitoterápicos etc.).
A eficácia de cada conduta terapêutica vai depender muito da experiência clínica. Cabe
ao clínico ter um vasto conhecimento das diferentes escolas médicas e sistemas terapêuticos para,
com sabedoria, sem fanatismo ou radicalismo, buscar o “remédio” mais adequado ao paciente
(FONTES, 2012).

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2 - CONCEPÇÃO HOMEOPÁTICA DO PROCESSO SAÚDE-
DOENÇA: ENERGIA VITAL
Vitalismo é a doutrina filosófica, segundo a qual o funcionamento psicofísico do
indivíduo é coordenado por uma forma de energia imaterial que interliga todas as suas partes.
Essa energia é chamada de Energia Vital - EV - Força Vital ou Princípio Vital, não perceptível aos
nossos sentidos, mas integrante de um composto substancial que inclui o corpo físico, a mente e
o espírito, distinta das propriedades físico-químicas do corpo (BAROLLO, 2001).
Existem duas escolas originadas na Grécia antiga: escola de Cós e a escola de Cnido. Essas
duas escolas divergem na concepção do homem. Para Cos, a saúde depende de um princípio
organizador da vida (concepções do animismo, do vitalismo), enquanto que Cnido, a saúde
depende das interações físicas e químicas dos órgãos, sistemas e tecidos do organismo (concepção
mecanicista, materialista, dinamista etc.). Na tabela 1, estão as principais diferenças entre ambas:

Escola de Cós Escola de Cnido


(Hipócrates) (Galeno)
- Ressalta o temperamento e a constituição; - Ressalta o transtorno local;
- Dá mais importância ao doente; - Dá mais importância à doença;
- É sintética, holística; - É analítica;
- Doutrinas relacionadas: animismo, - Doutrinas relacionadas: mecanicismo,
vitalismo; materialismo, dinamismo (dinamismo vital,
- Enfoque médico: Homeopatia dinamismo físico-químico);
- Lei empregada: lei dos semelhantes - Enfoque médico: alopatia, enantiopatia;
- Lei empregada: lei dos contrários.
Tabela 1 - Escolas originárias da Grécia. Fonte: a autora.

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Na idade moderna, a concepção do homem era predominante, o Mecanicismo e o


Vitalismo. Grandes médicos ora defendem uma concepção, ora a outra (HAHNEMANN, 1990).
Os mecanicistas interpretam o homem como uma máquina, a doença como um defeito
damáquina e a tarefa do médico como o conserto da máquina. Esta interpretação é baseada
nafilosofia grega e tem seu ápice na filosofia de René Descartes e na física newtoniana. Enquanto
que os vitalistas, interpretam o homem na totalidade do ser vivo, reconhecendo a doença como
um desequilíbrio da força imaterial que mantém a vida (BARBOSA NETO, 2006).
Segundo Hahnemann, a vida não pode ser revelada pelas leis da física, prevalecendo
apenas substâncias inorgânicas (FONTES, 2012).
Segundo Hahnemann (1988, s.p.),

A vida humana não é de forma alguma regulada por leis puramente físicas, que
prevalecem somente entre as substâncias inorgânicas. As substâncias materiais
das quais se compõe nosso organismo já não seguem, em suas combinações
vitais, as leis às quais se submetem as substâncias na sua condição inanimada; elas
são reguladas pelas leis peculiares tão somente à vitalidade, elas são animadas e
vitalizadas assim como o sistema como um todo é animado e vitalizado...

A visão da Homeopatia é dada pelos parágrafos 9 e 19 do Organon.

Parágrafo 9. No estado de saúde, a energia vital imaterial que dinamicamenteanima


o organismo material, governa de maneira absoluta e mantém todas aspartes
do organismo em uma admirável atividade harmônica, tanto em relação às

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sensações e funções, de modo que o espírito dotado de razão que reside em nós
pode empregar livremente estes instrumentos vivos e sãos para os mais altos fins
da nossa existência.

A respeito deste parágrafo, James Tyler Kent, médico homeopata contemporâneo de


Hahnemann, disse que é inacreditável como alguém conseguiu dizer tanto em tão poucas linhas.
O parágrafo 9 descreve o que é a saúde para a Homeopatia: um equilíbrio dinâmico (sujeito a
oscilações), mantido pela energia vital, que é a parte imaterial dos seres vivos. Para Hahnemann,
a saúde está intimamente ligada aos objetivos de vida, à capacidade criativa do homem. A saúde
não pode ser um fim, mas um meio (BARBOSA NETO, 2006)
Hahnemann interpreta a força vital como a mantenedora do equilíbrio orgânico. Sob
essa perspectiva, as doenças não são mais que manifestações deletérias da força vital modificada.
Os microrganismos são apenas fatores necessários, mas não suficientes, para produzir doenças.
Desse modo, os fungos, por exemplo, não podem ser considerados a causa única das micoses.
Se por algum motivo a foca vital estiver comprometida e outros fatores estiverem contribuindo
para o desenvolvimento fúngico (umidade, pH, temperatura etc.), esses microrganismos, sempre
presentes, parecem emergir e atacar, “causando” a micose.
É a força vital que mantém organismo em harmonia. Sem ela, o organismo não age, não
sente e desintegra-se, sendo a força vital responsável pela integração dos diversos níveis dinâmicos
da realidade humana (físico, emocional e mental) (FONTES, 2012). Os diversos sistemas do
corpo e suas funções existem em harmonia porque há um princípio vital totalizador. Por isso
o organismo é unidade (BARBOSA NETO, 2006).
Atualmente, o erro que a maioria dos cientistas comete é o de trabalhar no âmbito da
estrutura e acreditar que, conhecendo-a cada vez mais, um dia conhecerão a vida. Eles jamais
conhecerão a vida enquanto continuarem atentos apenas nos seus aspectos estruturais.

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Diante da complexidade da vida, instigam-se modelos conceituais para explicá-la, no


entanto, os modelos não são necessariamente reais. Todavia, servem de instrumentos teóricos
para descrever a realidade, ou seja, fornecem descrições simbólicas ou presumidas que ajuda
esclarecer os fenômenos da natureza, exemplo disto é o modelo atômico. Sua validade não é
contestada, pois ele esclarece muito bem os fenômenos físicos. Entretanto, os átomos nunca
foram observados por alguém. Talvez eles nem existam da forma idealizada, assim, pode-se dizer
que os modelos limitam a realidade em torno deles (FONTES, 2012).
Apesar da força vital não ser diretamente observada, seus efeitos podem ser evidenciados
pelo método de cristalização sensível desenvolvido por Ehrenfried Pfeiffer. O princípio baseia-se
na capacidade de soluções de sais cristalizantes modificarem-se especificamente pela adição de
substâncias orgânicas. Na cristalização sensível adiciona-se uma pequena quantidade do material
orgânico a ser pesquisado (suco de planta, sangue, soro etc.) em uma solução de cloreto de cobre,
que seca em placa de petri, sob temperatura, umidade e pressão constantes, em local totalmente
isolado e isento de oscilações e vibrações. Ao utilizar um material inorgânico, ou uma folha em fase
de fenecimento, em que a força vital está ausente ou bastante fraca, o cloreto de cobre cristaliza-
se sob a forma de agulhas dispostas desordenadamente. Entretanto, com algumas gotas do suco
extraído de folhas frescas, em que a força vital está bem ativa, as agulhas ficam dispostas de forma
organizada, formando desenhos característicos (figura 2). Esse método permite verificar o grau
de vitalidade presente nas substâncias orgânicas, bem como a presença ou ausência da força vital.
Permite ainda elaborar diagnóstico de enfermidades humanas, animais e vegetais e controle de
qualidade de extratos e tinturas (PEEIFFER, 1975).

Figura 2 - Método de Cristalização sensível de Pfeiffer. Fonte: Fontes (2012). HOMEOPATIA | UNIDADE 2

Energia vital é a força não material que mantém organismo em harmonia e a vida. Sem
ela, o organismo não sente e desintegra-se, o material estaria completamente sujeito às ações
do meio exterior. A força vital é responsável pela integração dos diversos níveis dinâmicos da
realidade humana (físico, emocional e mental) (BARBOSA NETO, 2006; FONTES, 2012).
O ser humano apresenta três níveis dinâmicos identificáveis: o físico, o emocional e o
mental. Sobre eles age a força vital, mantendo-os equilibrados. O homem pensa por meio do seu
nível mental, sente por seu nível emocional, age pelo seu nível físico e encontra-se coeso em seus
três níveis pela ação integradora da força vital (FONTES, 2012).
Para manter a vida, a energia vital precisa ser resistente, mas também flexível, vencendo
ou adaptando-se às influências hostis que, na homeopatia, são chamadas de noxas (BARBOSA
NETO, 2006).

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A doença é, para a Homeopatia, uma reação da energia vital frente à ação das noxas.
Assim, aquilo que normalmente chamamos de doença é na verdade o caminho que o organismo
encontrou para voltar à saúde. Se a energia vital estiver eficiente, a reação do organismo será
rápida, suave e completa, constituindo uma enfermidade aguda. Mas, se a reação da energia vital
não for eficiente contra as noxas, a reação será incompleta e o organismo adotará uma determinada
condição compatível com o que chamamos doenças crônicas, que são o melhor estado possível
que a energia vital foi capaz de alcançar para manter a vida (BARBOSA NETO, 2006).
Saúde e doença são as duas faces da energia vital (BARBOSA NETO, 2006).

2.1. Mecanismo de ação do medicamento homeopático:


Processo de cura
O clínico homeopata procura reforçar os mecanismos de defesa naturais ao agir na mesma
direção da força vital, ou seja, o homeopata procura não suprimir sintomas.
A supressão decorre de ação medicamentosa paliativa, que acarretará inibição ou remoção
de sintomas antes da cura do problema original, fazendo que ocorra seu retorno ou de outros
problemas mais graves depois de certo tempo (FONTES, 2012). Um exemplo de sintomas citados
na matéria médica homeopática na patogenesia da Belladona:
- Sintomas físicos: olhos vermelhos, pupilas dilatadas, latejos na cabeça com cefaléia
intensa, rubor facial, boca seca com aversão à água, extremidades frias, insônia, etc.;

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- Sintomas emocionais: angústia, irritabilidade excessiva, etc.;
- Sintomas mentais: superexcitação mental, embotamento da mente, delírios com
alucinações visuais, etc.

Constantine Hering (1800-1880) elaborou diversos experimentos, ele afirmava que à


medida que a doença se torna crônica, existe uma progressão dos sintomas e o desaparecimento
destes, na ordem inversa do seu aparecimento, indica que a doença está evoluindo para cura. Esse
processo de cura, chamados de “leis de Hering” ou de “leis de cura”, na verdade não representam
uma lei, mas apenas probabilidade ou tendências dominantes que ajudam o médico homeopata
a acompanha a evolução da doença (figura 3).

Figura 3 - Leis de cura. Fonte: Fontes (2012).

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• Leis de cura:
- Os sintomas devem desaparecer na ordem inversa do seu aparecimento;
- A cura progride do alto do corpo para baixo;
- O corpo procura exteriorizar os sintomas, mantendo-os em suas partes mais exteriores
(mucosas e pele);
- A cura progride dos órgãos mais nobres para os menos nobres;
- Antigos sintomas podem reaparecer.

• Exemplo de lei de cura:


Quadro clínico: Paciente com enxaqueca crônica. Inicialmente ele apresenta tontura e,
por último, de depressão, após a administração do simillimum, desaparecerá primeira a depressão
e depois a tontura. Com essa evolução o médico assegurará que o paciente está em processo de
cura. Com a continuidade do tratamento, a enxaqueca, queixa principal do doente, desaparecerá
em seguida.
A constatação de uma dessas eventualidades ajuda o médico a conduzir o tratamento
homeopático. Ele poderá suspender o medicamento ou até mesmo substituí-lo, dependendo da
evolução do quadro (FONTES, 2012).

• A consulta homeopática e Semiologia


Se, para a Homeopatia, a doença é uma perturbação da energia vital que se manifesta

HOMEOPATIA | UNIDADE 2
pelos sinais e sintomas, então o médico homeopata deve coletar essas manifestações para escolher,
dentre as substâncias já experimentadas, aquela que provoque, num indivíduo saudável, sinais e
sintomas semelhantes aos do doente que se quer curar.
Ora, quando a energia vital está afetada, há manifestações na totalidade da pessoa. Quais
sintomas devem, então, ser considerados? A resposta está no parágrafo 12 do Organon:
“O que origina as enfermidades é a força vital afetada. Por isso, os fenômenosmórbidos
acessíveis aos nossos sentidos expressam todo o interior, em umapalavra, revelam toda
enfermidade...”.
A observação que o médico faz do seu paciente deve ser integral. Deve descobrir não só
as alterações físicas localizadas em algum órgão, não apenas uma entidade nosológica, mas todas
as manifestações físicas e mentais que denunciam totalmente a perturbação da energia vital que
rege a saúde. Para isso, torna-se fundamental que o clínico conheça profundamente a matéria
médica homeopática e as técnicas que permitirão obter do paciente todos os sintomas. Para o
levantamento dos sintomas devem ser observados todos os detalhes que os tornam característicos
a cada indivíduo. Assim, a semiologia (o interrogatório homeopático) não é uma coleta “fria” dos
sintomas. É importante atribuir-lhes um valor. Desse modo, a sensação de dor, por exemplo, deve
ser qualificada quanto à natureza (pulsátil, ardente, lancinante, etc.), quanto à sua intensidade,
quanto à época e a hora do seu surgimento, etc. (BARBOSA NETO, 2006; FONTES, 2012).
Na semiologia homeopática evitam-se perguntas que induzam as respostas de opção,
sugestionantes ou do tipo sim ou não.
Exemplo de perguntas na semiologia:
Errado: Você tem cãibras à noite? (pergunta que sugere sim ou não)
Certo: Como é seu sono?
Errado: Apresenta dor de cabeça durante a menstruação? (pergunta que sugere sintomas)
Certo: Como você se sente antes, durante e depois da menstruação?
Errado: Você gosta de lugares claros ou escuros? (pergunta que sugere opção)
Certo: Qual a sua relação com a luminosidade do ambiente? (FONTES, 2012).

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• Classificação dos sintomas:


- Subjetivos: quando podem ser percebidos apenas pela pessoa que os comunica (exemplo:
medos, sensações, ilusões...).
- Objetivos: quando podem ser notados por um observador (Exemplo: alterações da pele,
movimentações, pressão arterial...).

• Localização dos sintomas:


- Mentais: Exemplo: manifestações psíquicas, afetividade, inteligência, ilusões, etc.;
- Gerais: sintomas da interação com o ambiente. Exemplo: transpiração, sensibilidade ao
tempo, sexualidade, apetite, sede, etc.;
- Locais: próprios de cada órgão ou região do corpo. Exemplo: dores, inflamações,
pruridos, etc.;
Ainda os sintomas locais são chamados de funcionais ou reversíveis: quando provocam
somente alterações da função; e lesionais ou irreversíveis: quando, além da função, a estrutura
do órgão foi afetada.

• Frequência dos sintomas na população:


- Comuns: apresentam-se em grande quantidade de doentes e surgem nas experimentações
de vários medicamentos. Esses sintomas têm pouco valor na consulta homeopática. (Exemplo:
dores, insônia, vômitos, cansaço...).

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- Patognomônicos: são sinais e sintomas que quando estão presentes indicam
obrigatoriamente uma determinada entidade nosológica. São muito valiosos para a medicina
convencional, que visa diagnosticar a doença para poder instituir o tratamento. Para a Homeopatia
esses sintomas têm valor relativo, pois, assim como os sintomas comuns, não contribuem na
individualização do paciente.

- Característicos: são os sintomas comuns acrescidos de alguma modalidade. São


chamados sintomas modalizados. Essas modalidades são fatores que melhor individualizam o
sintoma, ou seja, aquilo que diferencia o sintoma de um doente para o outro. Exemplo: cefaleia
(dor de cabeça) é um sintoma comum, aparece em vários doentes e vários medicamentos o
provocam nas experimentações. Porém uma “cefaléia que piora com o movimento, piora por
tossir e melhora com pressão externa” é um sintoma característico que aparece em poucas pessoas
e poucos medicamentos o provocam. Podemos ter ainda “sintomas raros e peculiares”, que são
ainda menos freqüentes e, por isso, ajudam muito na individualização do caso. Exemplo: paciente
sente-se “como se não fosse amado por seus pais”; paciente sente “alegria durante as tempestades”.
Para encontrar os sintomas que mais interessam em cada paciente, os sintomas que mais
diferenciam uma pessoa de outra, é necessário colher uma história clínica completa e cuidadosa,
denominada anamnese (coletar e anotar toda a história dos sintomas do doente).
Logicamente, o paciente procura o médico por uma queixa específica, por uns poucos
sintomas. Cabe ao homeopata não se prender a esses pontos que mais visivelmente incomodam
o doente, mas sim encontrar outros sintomas mais profundos (“individualizantes”), que
denunciarão toda a enfermidade e não apenas uma parte dela.
Muitos médicos da medicina convencional também fazem uma anamnese completa.
Porém, os sinais e sintomas comuns e patognomônicos bastam para que formulem o diagnóstico
e instituam a terapêutica.
Os sintomas modalizados, peculiares e raros interessam apenas ao homeopata, posto que
este busca o diagnóstico individual da perturbação da energia vital para descobrir a medicação
mais apropriada para cada caso.

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ENSINO A DISTÂNCIA

Por isso se fala que “o homeopata ainda nem iniciou sua história clínica quando o alopata
já terminou” (BARBOSA NETO, 2006).

• A matéria médica e repertório


Após o levantamento dos sinais e sintomas, tem início a fase mais difícil da consulta
médica homeopática: a identificação do simillimum. Para tanto, os recursos usados são as matérias
médicas homeopáticas e os repertórios (FONTES, 2012).

• A matéria médica homeopática:


É a obra que reúne as patogenesias desenvolvidas pelas drogas e pelos medicamentos
homeopáticos quando administrados, nas suas diferentes doses, a indivíduos sadios e sensíveis.
Repertório: é a obra que reúne os sinais e sintomas, seguidos pelas drogas e pelos
medicamentos, cuja experimentação no homem sadio eles se manifestaram (FONTES, 2012).
Em um primeiro momento, o repertório auxilia o médico homeopata a encontrar
rapidamente o medicamento, para, em seguida, estudá-lo com mais detalhes na matéria médica,
confirmando ou não a sua indicação para o paciente (FONTES, 2012).

• Classificação das doenças: miasmas


Na homeopatia, diferentemente da alopatia, a doença não pode ser apenas tratada como
aguda ou crônica, porque muitas vezes, na clínica homeopática pacientes apresentam quadros
agudos provenientes de quadros crônicos ocultos (FONTES, 2012).

HOMEOPATIA | UNIDADE 2
A doença aguda é um tipo de doença com causa definida, com surgimento rápido,
evolução característica e fim definido, ou seja, tem tendência espontânea à cura ou à morte (WEIR,
2011; HAMILTON, 1999). Os sintomas geralmente são similares em todos os pacientes, sendo
menos individualizados do que no caso das doenças crônicas (exemplo: esgana, parvovírose, etc.)
(HAMILTON, 1999).

A doença crônica possui sintomas mais individuais, próprios de cada doente, aparecem
de forma lenta e gradual, com evolução imprevisível e fim indeterminado (Weir, 2011; Hamilton,
1999). Os sintomas podem agravar e tornar-se mais fortes com o tempo (exemplos: infecções
recorrentes, asma, tumores, etc.) (HAMILTON, 1999).

As agudizações de quadros crônicos surgem pela instalação de estresses físicos ou


psicomentais. Ex.: aparecimento de herpes após o indivíduo sofrer algum tipo de estresse. Por
isso deve considerar as características do terreno suscetível, com base na totalidade de sintomas
(FONTES, 2012).
Hahnemann explica a doença crônica como uma expressão da predisposição existente em
cada individualidade para determinadas doenças. Os desequilíbrios de saúde têm origem em sua
maioria em doenças hereditárias, adquiridas ou num trauma emocional. Esta susceptibilidade
subjacente, responsável pelas doenças, segundo Hahnemann, tem o nome de miasma. O conceito
atual é diátese (BARBARA, 2000).

- Miasma, ou diátese crônica, representa a predisposição, congênita ou adquirida, que


os tecidos têm de reagir de modo especial a certos estímulos, como expressão da suscetibilidade
individual, ou seja, miasma é o estado crônico patológico que evolui dentro de dados padrões
reativos, caracterizado por elevada predisposição a determinada doença (FONTES, 2012).
Miasmas constituem etapas fisiológicas do mesmo problema inicial, que progride em
decorrência da persistência de estresses internos e externos (FONTES, 2012).

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Hahnemann descreveu três miasmas básicos: a Psora, o Luetismo e a Sicose


(VITHOULKAS, 1980). Entretanto, através dos trabalhos de Nebel e Vannier, surgiram o
tuberculínico e o cancerinismo (ALVES, 2005; SÁNCHEZ, 2006).

- A psora: é instalada quando o organismo esgota suas possibilidades defensivas,


procurando alívio por meio de fenômenos episódicos e alternantes de descarga de toxinas
(FONTES, 2012). É decorrente das sarnas cutâneas, resultando assim não apenas da sarna, mas
também de problemas dermatológicos como: eczemas, dermatoses, dermatites, micoses, etc.
Evolui para inflamações cutâneas, metástases e esgotamento reacional (ALVES, 2005).
- A sicose (diátese sicótica): é instalada quando o organismo altera a quantidade ou
qualidade das eliminações ou bloqueia as toxinas em órgãos ou regiões circunscritas, originando
inflamação, exsudação e neoformações. O estado reacional da sicose relaciona-se com as
excrescências verrucosas, condilomas, gonorréia, englobando tumores benignos (ALVES, 2005;
FONTES, 2012).

- A sífilis (diátese luética): não deve ser confundida com a doença de mesmo nome. É
instalada quando o organismo tenta livrar-se das toxinas ou adaptar-se ao estresse persistente,
sacrificando os próprios tecidos. O estado reacional da sífilis está relacionado com a tendência à
destruição dos tecidos (úlceras, fístulas, furúnculos, etc.) (FONTES, 2012).
- A diátese tuberculínica: caracterizado por fragilidade do aparelho respiratório e
sensibilidade à ação patógena do bacilo tuberculoso (TETAU, 1980). Tem como órgãos alvos

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os pulmões. Como tal, o seu agravamento visa inflamação pulmonar, esclerose pulmonar e
esgotamento rápido (ALVES, 2005).

- A diátese cancerínica: marcado pela propensão de originar tumores benignos ou


malignos, neoformações de todas as espécies, baseia-se na oncogênese. Há famílias destinadas
ao câncer, elementos para o câncer. A sua evolução assenta na inflamação, multiplicação e
disseminação (ALVES, 2005; TETAU, 1980).
O grau de fraqueza crônica do mecanismo de defesa é diretamente relacionado com a
intensidade das influências miasmáticas. Saber quais os miasmas envolvidos na avaliação do caso
individual, é importante para o prognóstico, pois quanto maior o número de miasmas envolvidos,
mais lenta será a resposta ao tratamento (VITHOULKAS, 1980).
Além das doenças agudas e crônicas, existem as indisposições, oriundas de desvios
alimentares ou higiênicos, e as doenças traumáticas ou de natureza cirúrgica (FONTES, 2012).

3 - FARMACOLOGIA HOMEOPÁTICA: AÇÃO PRIMÁRIA E


REAÇÃO SECUNDÁRIA
Hahnemann foi quem descreveu as “ações primárias diretas das drogas” e as consequentes
e opostas “ações secundárias indiretas do organismo”, organizando os efeitos farmacológicos
de dezenas de medicamentos de sua época, exemplificando esta sistematização no estudo da
planta Digitalis purpurea ou “dedaleira” (fonte das drogas “digitálicas” modernas), empregada
desde aquela época como medicamento antiarrítmico segundo a similitude terapêutica
(HAHNEMANN, 1994).

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3.1. Ação primária direta (patogenética) da droga


É a modificação de maior ou menor duração provocada por toda substância na saúde
do indivíduo (FONTES, 2012). A ação primária deprime a circulação, diminui a frequência
dos batimentos cardíacos pela metade produzindo pulso lento e macio; produz inflamação nos
gânglios, com sensação pruriginosa e dolorosa; inflamação das glândulas meibomianas; visões
obscurecidas, parecendo que os objetos têm várias cores; convulsões; dores de cabeça violentas,
vertigem, dor no estômago, grande diminuição dos poderes vitais, sensação de dissolução e
aproximação da morte (HAHNEMANN, 2007);

3.2. Ação secundária indireta (curativa) do organismo


É a reação do próprio organismo ao estímulo que altera (FONTES, 2012). A ação
secundária melhora da circulação com aumento da frequência cardíaca e pulso rápido, duro e
pequeno; eficiente em inchaços ganglionares; cura das inflamações meibomianas; remove afecções
semelhantes na retina; proveitosa em algumas formas de epilepsia, desde que acompanhadas de
outros sintomas mórbidos que produz; cura de sintomas associados à sensação de dissolução e
aproximação da morte (HAHNEMANN, 2007).
Hahnemann esboçou uma explicação fisiológica para esta ‘lei natural de cura’,
fundamentando o princípio da similitude na ação primária da droga e na subsequente e oposta

HOMEOPATIA | UNIDADE 2
ação secundária ou reação vital do organismo:

Toda força que atua sobre a vida, todo medicamento afeta, em maior ou menor
escala, a força vital, causando certa alteração no estado de saúde do Homem por
um período de tempo maior ou menor. A isso se chama ação primária. [...] A essa
ação, nossa força vital se esforça para opor sua própria energia. Tal ação oposta
faz parte de nossa força de conservação, constituindo uma atividade automática
da mesma, chamada ação secundária ou reação” (HAHNEMANN, 2007, s.p.).

Hahnemann exemplificou este “mecanismo universal” de ação dos medicamentos (ação


primária da droga seguida pela ação secundária e oposta do organismo) observado nas distintas
sensações e funções orgânicas, nos efeitos fisiológicos dos tratamentos paliativos. Ele fez quatro
referências de diferentes maneiras de medicar: alopático, enantiopático, homeopático e isopático
(HAHNEMANN, 2007).
A medicina alopática emprega a lei dos contrários para o tratamento de seus pacientes
(FONTES, 2012).
Atualmente, os médicos convencionais prescrevem antibióticos ou antiparasitários,
seguindo a alopatia; tratam cardiopatias com digitalina e metrorragias com ergotina, exercendo a
homeopatia; ao indicar vacinas ou agentes dessensibilizantes, praticam a isopatia, no entanto de
maneira inconsciente, é chamada erroneamente de medicina alopática (FONTES, 2012).
Segundo a racionalidade científica e os conceitos farmacológicos modernos, a ação
primária descrita por Hahnemann corresponde aos efeitos terapêuticos, adversos e colaterais das
drogas convencionais. Por outro lado, a ação secundária ou reação vital do modelo homeopático
corresponde ao efeito rebote ou reação paradoxal do organismo, observada após a descontinuação
de inúmeras classes de fármacos que atuam de forma contrária aos sintomas das doenças (drogas
paliativas, antagônicas ou enantiopáticas) (TEIXEIRA, 2013).

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Droga: é qualquer substância capaz de promover alterações somáticas e funcionais nos


organismos vivos.
De forma generalizada, entende-se o efeito rebote como uma manifestação automática
e instintiva dos mecanismos homeostáticos do organismo no sentido de restabelecer o estado
inicial alterado pela ação primária da droga, promovendo um efeito oposto e contrário ao
esperado (TEIXEIRA, 2013).
As propriedades da ação secundária (reação vital) do organismo estão confirmadas nos
estudos do efeito rebote (reação paradoxal) da farmacologia clínica e experimental: se manifesta
apenas em indivíduos suscetíveis; não depende do tipo de droga, do tempo de uso ou do tipo
de sintoma (doença); ocorre após o término da ação primária (efeito biológico) da droga, como
uma manifestação automática e instintiva do organismo; provoca sintomas opostos aos da ação
primária da droga e de magnitude superior aos sintomas anteriores ao tratamento; a magnitude
de seu efeito é proporcional à intensidade da ação primária da droga (TEIXEIRA, 2011).

- Exemplo de tratamento pela lei dos contrários:


Um paciente que apresenta indisposição, sonolência, fadiga e bradicardia como sintomas.
Ele receberá uma droga produtora de efeitos estimulantes, primários, para neutralizar esses
sintomas. Enquanto a concentração da droga permanecer alta no sangue, o paciente irá sentir-
se “curado”. Entretanto, para manter a homeostase, o organismo reagirá ao estímulo que a
droga provocou produzindo efeitos opostos, depressores, secundários. Quando essa droga for
eliminada do organismo, o paciente voltará a sentir aqueles sintomas, porém mais fortes, pois

HOMEOPATIA | UNIDADE 2
o organismo produziu efeitos depressores contra a ação estimulante que a droga proporcionou
em seu efeito primário (figura 4). Para evitar esse efeito rebote (reação secundária) e manter
a concentração sanguínea da droga em patamar suficiente para produzir o efeito estimulante
(ação primária), o paciente receberá, periodicamente, novas doses da droga. Suponha-se que os
sintomas apresentados por esse paciente fossem relacionados a uma depressão causada pela perda
de um filho muito querido. Ao receber a droga estimulante os sintomas seriam extintos, mas a
causa do problema não. A não-aceitação dos fatos da vida exigirá a continuidade do tratamento
enantiopático. Se o paciente optar por interromper o tratamento, seu estado se agravará em
função do efeito rebote, cujos sintomas são semelhantes aos provocados pela depressão. Com
isso, o paciente retomará o tratamento. Com o uso prolongado da droga, ele irá tornar-se
dependente. No início do tratamento ele apresentava estado depressivo; agora tem de combater
dois problemas: a doença e a dependência química (FONTES, 2012).

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ENSINO A DISTÂNCIA

HOMEOPATIA | UNIDADE 2
Figura 4 – Comparação entre lei dos contrários e semelhantes. Fonte: Fontes (2012).

Hahnemann combateu o método terapêutico dos contrários por julgá-lo prejudicial


aos doentes, porque para ele o verdadeiro e sólido método de cura está no emprego da lei dos
semelhantes (HAHNEMANN, 2007).

- Exemplo de tratamento pela lei dos semelhantes:


Um paciente que apresenta indisposição, sonolência, fadiga e bradicardia como sintomas.
Ele receberá uma droga que produzirá efeitos depressores, primários, exatamente para estimular
o organismo a reagir contra esses sintomas. Enquanto a concentração da droga permanecer alta
no sangue o paciente irá sentir-se muito pior, pela soma dos sintomas naturais relacionados à
doença com os sintomas artificiais provocado pela droga. Entretanto, para manter a homeostase,
o organismo reagirá à depressão que a droga provocou, produzindo efeitos estimulantes
secundários.
Quando a droga for eliminada, o paciente irá sentir-se melhor, pois o organismo produziu
efeitos estimulantes contra a ação depressora que a droga proporcionou em seu efeito primário
(Figura 4).

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ENSINO A DISTÂNCIA

Atualmente, a cura por meio da terapêutica dos semelhantes pode ser explicada com o
conceito de homeostase – tendência que os organismos vivos apresentam de manter um estado
de equilíbrio interno, apesar das variações do meio ambiente externo. Sob a ação de estresses
internos e externos, o sistema nervoso pode modular o sistema imunológico por meio dos nervos
e das glândulas. O corpo age como um todo, através de uma vasta rede de comunicação, por meio
da fisiologia integrativa patrocinada pelo sistema neuroimunoendócrino (FONTES, 2012).

3.3. A energia medicamentosa


Os medicamentos homeopáticos são constituídos pela energia molecular da substância
animal, vegetal ou mineral diluída a mínimas doses. No decorrer da preparação dos medicamentos,
a energia molecular expande-se na solução, e diminui em termos químicos, ou seja, o número de
moléculas existentes de cada substância (DEMERS, 2007).
Vários avanços em pesquisas científicas foram realizados sobre energia, ajudando a
compreender a ação dos medicamentos homeopáticos, e sobretudo, elucidando sobre as diluições
a partir da diluição 12 CH (soluções não moleculares segundo a Lei de Avogadro). O número
de Avogadro define-se como o número de moléculas existentes numa substância e é igual a
6,0221415 × 1023 (REGER ET. AL, 1997).

a) Física Quântica: O medicamento homeopático considera-se ser de natureza


eletromagnética ondulatória, a qual, durante as dinamizações efetuadas na sua preparação, é

HOMEOPATIA | UNIDADE 2
libertada da substância (soluto) para o solvente, continuando presente quando deixa de existir
estrutura molecular do soluto no solvente. A semelhança entre a informação ondulatória ou
energética do medicamento homeopático e a natureza energética do doente, provoca uma
interferência como a que se observam quando dois fenômenos ondulatórios se relacionam
(BARBARA, 2000). Um estudo sobre preparações dinamizadas em culturas celulares mostrou
que elevadas diluições dos medicamentos homeopáticos utilizados na experimentação, 30CH
e 200CH, exerceram atividade citotóxica nas culturas celulares usadas (SUNILA ET AL., 2009).

b) Hormesis ou lei de Arndt-Schultz e Regulação Cibernética: Hahnemann foi o


primeiro médico a afirmar que os efeitos primários e secundários dos medicamentos dependem
da dose em que são administrados (HAHNEMANN, 2007). Os biólogos Arndt e Schultz, em
1920, demonstraram que a resposta de um estímulo na célula viva é inversamente proporcional
à sua intensidade ou quantidade e que os estímulos fracos aceleram ligeiramente a atividade
vital, estímulos moderados suspendem-na e os estímulos fortes detêm-na, dando bases à lei de
Arndt-Schultz. Hugo Schultz dispõe: “Toda excitação provoca sobre a célula um aumento ou uma
diminuição de sua função biológica em relação à atividade fraca ou forte da excitação”; e Rudolf
Arndt descreve que: pequenas excitações provocam a atividade vital, despertando-a; excitações
médias aumentam-na; excitações fortes anulam-na em parte e excitações exageradas anulam-na
totalmente (BONAMIN, 2007; FONTES, 2012).
Hormesis é considerado um fenômeno que demonstra a reversão da ação tóxica de uma
substância que se torna um estímulo em concentrações baixas. A regulação cibernética funciona
como uma rede informativa em que são necessários sinais moleculares para o processamento
da resposta biológica, de forma a manter a homeostasia. Por outras palavras, a regulação de um
sistema biológico envolve mais uma noção de “informação” do que propriamente quantidades
moleculares. Abre-se a hipótese da existência de outros mecanismos que envolvam essa
“informação” (BONAMIN, 2007).

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ENSINO A DISTÂNCIA

Outras teorias também tentam explicam a energia dos medicamentos como a Teoria dos
significados corporais, Nanotecnologia, Transferência da frequência energética farmacológica
e memória da água, no entanto mais estudos são necessários para compreender o mecanismo
energético desses medicamentos (BONAMIN, 2007; BONAMIN, 2009).

3.4. Vias de administração, eliminação e posologia


São administrados pelas mucosas, epiderme e pelas vias aéreas superiores e inferiores, no
entanto, a indicação de Hahnemann é a administração oral.
A ação dos medicamentos homeopáticos não é como os medicamentos alopáticos,
dependendo de quantidade, ponderabilidade, mas sim, eles dependem de transmissão de
“informações” que fazem o organismo a reagir contra a doença, não sendo acumulado no
organismo, desta forma ele não terá uma via de eliminação, mas provocará o estímulo de
eliminação de toxinas, seja pela pele, por diarréias, pelo suor e por erupções diversas.
A posologia é de acordo com a individualização realizada pelo clínico e sua experiência,
levando em consideração a prescrição correta do simillimum, potência, freqüência e dose
adequadas, capazes de despertar a reatividade orgânica em um ótimo nível de ação (FONTES,
2012; TETAU, 1980). Entretanto há um conjunto de regras gerais que são, na França, respeitadas
pela maioria dos clínicos:
- Nos casos agudos, recorre-se às diluições baixas e médias;
- Nos casos subagudos, às diluições médias;

HOMEOPATIA | UNIDADE 2
- Nos casos crônicos, às diluições elevadas.
A regra de ouro é a aplicação justa da lei da Similitude, qualquer que seja o método ao
qual se dá preferência (TETAU, 1980).

http://www.biodilutions.com/aplicacao/index.html

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UNIDADE ENSINO A DISTÂNCIA

03
DISCIPLINA:
HOMEOPATIA

MEDICAMENTOS E TINTURAS HOMEOPÁTICAS, ESCOLAS E


MÉTODOS DE PREPARAÇÃO DAS FORMAS FARMACÊUTICAS
DERIVADAS: MÉTODO HAHNEMANIANO, MÉTODO KORSAKOVIANO
PROF.A DRA. GISLAINE JANAINA SANCHEZ FALKOWSKI

SUMÁRIO DA UNIDADE

INTRODUÇÃO............................................................................................................................................................ 44
1 -ORIGEM DO MEDICAMENTO HOMEOPÁTICO...................................................................................................45
1.1. REINO VEGETAL...................................................................................................................................................45
1.2. REINO MINERAL.................................................................................................................................................46
1.3. REINO ANIMAL...................................................................................................................................................47
1.4. REINO FUNGI, REINO MONERA E REINO PROTISTA.................................................................................... 48
2 - VEÍCULOS E EXCIPIENTES.................................................................................................................................49
3 - MATERIAL DE ACONDICIONAMENTO E EMBALAGEM....................................................................................49
3.1. DISPENSAÇÃO DE MEDICAMENTOS HOMEOPÁTICOS:................................................................................ 50
4 - NOMENCLATURA DO MEDICAMENTO HOMEOPÁTICO................................................................................. 50

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4.1. REGRAS DE NOMENCLATURA HOMEOPÁTICA...............................................................................................51
4.2. SINÔNIMOS........................................................................................................................................................52
4.3. ABREVIATURAS E SÍMBOLOS..........................................................................................................................53
4.4. RÓTULO DO MEDICAMENTO HOMEOPÁTICO DEVE SEMPRE CONTER:.....................................................54
5 - PREPARAÇÃO DE MEDICAMENTOS HOMEOPÁTICOS....................................................................................54
6 - TINTURAS.............................................................................................................................................................54
6.1. PROCESSO DE OBTENÇÃO DE TINTURAS-MÃES...........................................................................................54
6.2. PREPARAÇÃO DE TINTURA-MÃE DE ORIGEM VEGETAL..............................................................................55
6.3. PROCESSO DE MACERAÇÃO............................................................................................................................56
6.4. PROCESSO DE PERCOLAÇÃO...........................................................................................................................56
6.5. PREPARAÇÃO DA TM DE ORIGEM ANIMAL....................................................................................................56
6.6. PROCESSO DE MACERAÇÃO............................................................................................................................57
7 - ESCALAS E MÉTODOS DE PREPARAÇÃO DAS FORMAS FARMACÊUTICAS..................................................57
7.1. MÉTODO HAHNEMANIANO (H).........................................................................................................................57
7.1.1. MÉTODO HAHNEMANIANO CLÁSSICO...........................................................................................................57
7.2. MÉTODO DA TRITURAÇÃO – DROGAS INSOLÚVEIS...................................................................................... 60
7.3. MÉTODO DA CINQUENTA MILESIMAL.............................................................................................................62
7.4. MÉTODO KORSAKOVIANO (K)..........................................................................................................................64

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ENSINO A DISTÂNCIA

INTRODUÇÃO
Medicamento homeopático é toda apresentação farmacêutica destinada a ser ministrada
segundo o princípio da similitude, com finalidade preventiva e terapêutica, obtida pelo método
de diluições seguidas de sucussões e/ou triturações sucessivas obtidas de diferentes origens e
preparadas por diferentes métodos, os quais serão abordados nos módulos III e IV.

HOMEOPATIA | UNIDADE 3

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ENSINO A DISTÂNCIA

1 - ORIGEM DO MEDICAMENTO HOMEOPÁTICO


Os medicamentos usados em homeopatia têm origem nos diferentes reinos da natureza,
assim como nos produtos químico-farmacêuticos, substâncias e/ou materiais biológicos,
patológicos ou não, além de outros agentes de diferente natureza (ANVISA, 2011).
Os medicamentos homeopáticos preparados por Hahnemann provêm dos reinos vegetal,
mineral e animal, além dos produtos de origem química, farmacêutica e biológica. Fungos (reino
fungi), bactérias (reino monera) e protozoários (reino protista) também representam importantes
fontes de matérias-primas empregadas na preparação dos medicamentos homeopáticos e são
classificados à parte, já que, segundo a moderna classificação dos seres vivos, não pertencem aos
reinos animal e vegetal. Desta forma, os medicamentos homeopáticos não são 100% naturais,
provenientes totalmente das plantas, como ainda pensam alguns, não devendo confundi-los com
a fitoterapia que utiliza a lei dos contrários (BAROLLO, 2001; CESAR, 2013; FONTES, 2012).
Os produtos químico-farmacêuticos, soros, vacinas, culturas bacterianas, produtos
opoterápicos (organoterápicos), medicamentos alopáticos, cosméticos e outros também são
utilizados na preparação de medicamentos homeopáticos (ANVISA, 2011).
Em princípio, qualquer substância orgânica ou inorgânica pode ser submetida ao método
homeopático de preparação medicamentosa. Porém, teoricamente, tal substância somente
deveria ser utilizada na prática médica homeopática depois de ter passado pelo método da

HOMEOPATIA | UNIDADE 3
experimentação em pessoas sãs (BARBOSA NETO, 2006).

1.1. Reino vegetal


O Reino Vegetal constitui a maior fonte para a preparação de medicamentos homeopáticos.
O vegetal pode ser usado inteiro e/ou suas partes, nas diversas fases vegetativas, tais como:
parte supraterrânea, sumidade, folha, flor, pelo, casca, lenho, rizoma, fruto e semente. Utiliza-
se ainda seus produtos extrativos ou de transformação: suco, resina, essência, etc, conhecido
homeopaticamente como sarcódios, bem como os seus produtos patológicos, conhecidos como
nosódios. A parte utilizada, o estado vegetal (fresco ou dessecado) são indicados na monografia.
O vegetal deve apresentar-se em estado hígido, não deteriorado, isento de impurezas e
contaminantes microbiológicos, conforme legislação em vigor (ANVISA, 2011; FONTES, 2012).
Medicamento homeopático, proveniente do reino vegetal, usa doses mínimas
potencializadas prescritas de acordo com a lei dos semelhantes (HAHNEMANN, 2007).
Alguns exemplos de Medicamentos Homeopáticos de origem Vegetal:

1. Plantas inteiras. Exemplo: Pulsatilla (anêmona dos ventos), Rhus toxicodendron (Hera-
venenosa), Hypericum perforatum.

2. Partes de plantas. Exemplo: Allium cepa (cebola), Colchicum autummale (bulbo);


Paeonia officinalis (raiz); Podophyllum pelatum (rizoma); Nux vomica (sementes); Digitalis
purpurea (folhas); Calendula officinalis (flores e sumidades floridas); Agnus castus (frutos).

3. Outras partes. Exemplo: Lycopodium clavatum (esporos); Barberis vulgaris (casca


da raiz); China officinalis (casca do caule); Hamamelis virginiana (mistura de cascas do caule
e folhas); Crocus sativus (estigmas); Thuya accidentalis (ramos); Ruta graveolens (parte aérea);
Carbo vegetabilis (lenho).

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ENSINO A DISTÂNCIA

4. Seus produtos extrativos ou de transformações. Exemplo: Terebinthina (óleo, resina);


Colchicinum (alcalóides); Opium (látex).

5. Seus produtos patológicos. Exemplo: Secale cornutum (esporão do centeio).

Há condições ideais para o plantio e colheita, respeitando-se sempre a maneira original


da composição do medicamento (BARBOSA NETO, 2006).
Os vegetais são coletados de preferência na parte da manhã, em dias ensolarados, livres
de orvalho. Eles nunca devem ser colhidos em dias de chuva ou vento. Se não forem utilizados
imediatamente para a preparação das tinturas-mães, devem ser postos para secar à sombra em
local ventilado e seco. Outra opção é conservar o vegetal e recipiente fechado após a adição de
certa quantidade de álcool, que será deduzida na ocasião do cálculo do veículo extrator para a
elaboração de tintura-mãe. As plantas frescas são preferíveis às dessecadas, pois o rendimento das
drogas frescas quando dessecas é, na média, inferior em 30% nos órgãos subterrâneos, 50% nas
cascas e 15% nas folhas e demais partes aéreas (FONTES, 2012).
Os vegetais silvestres são preferíveis aos cultivados. Estes podem sofrer alterações em suas
características originais pelos meios artificiais de tratamento (inseticidas adubos químicos, etc.).
Condições climáticas, altitudes e longitude também podem alterar a qualidade e a quantidade
dos princípios ativos. Há plantas que se aclimatam bem em regiões diferentes do seu hábitat. No
sul de Minas Gerais é encontrado a Arnica montana L., planta nativa dos Alpes suíços. A Paper
somniferum L., natural da Ásia, é cultivada em Petrópolis. Contudo, a partir desses municípios

HOMEOPATIA | UNIDADE 3
brasileiros, essas espécies vegetais são comercializadas apenas como plantas ornamentais, pois
não produzem os principais princípios ativos. Desse modo, a reprodução de suas patogenesias é
prejudicada, portanto essas plantas não podem ser empregadas em homeopatia (FONTES, 2012).
Para a preparação das tinturas homeopáticas, o vegetal passa por uma seleção rigorosa
em que são retiradas as partes deterioradas e as contaminações grosseiras (penas cascas de ovos,
insetos, etc.). Em seguida, a planta é lavada em água corrente e, por último, em água purificada
(FONTES, 2012).

1.2. Reino mineral


Depois do reino vegetal, o reino mineral é o que fornece o maior número de drogas
experimentas (FONTES, 2012). O Reino Mineral fornece substâncias em seu estado natural e/
ou sintéticas, decorrentes de transformações químico-farmacêuticas. Podem ser utilizados sais,
metais, ácidos, bases, etc. (ANVISA, 2011; BARBOSA NETO, 2006).
As drogas de origem mineral devem ser quimicamente determinadas, ter a sua
denominação científica e sua composição química definida (ANVISA, 2011).
Os minerais obtidos para preparações homeopáticas, em seu estado natural, podem ser
encontrados na natureza de forma simples ou composta, além de preparações artificiais, elaboradas
por laboratórios químicos e farmacêuticos e os medicamentos exclusivamente homeopáticos,
obtidos segundo fórmulas originais de Hahnemann (FONTES, 2012).
Alguns exemplos de Medicamentos Homeopáticos de origem Mineral:

1. Naturais de forma simples. Exemplo: Aurum metallicum, Chlorum, Bromum.

2. Naturais de forma Composta. Exemplo: Natrium chloratum, Kalium bichromicum.

3. Artificiais. Exemplo: Acidum phosphoricum, Kalium sulfuricum, Sulfanilamidum.

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4. Exclusivamente homeopáticos. Exemplo: Hepar sulphur  (sulphur mais Calcarea


ostrearum calcinados – concha de ostra),  Causticum (preparado a partir de cal recentemente
queimada e submetida à ação do dissulfato de potássio em alta temperatura), Mercurius solubilis
(variante menos tóxica obtida do mercúrio vivo submetido à ação do ácido nítrico) (FONTES,
2012; HAHNEMANN, 2007).

Os minerais naturais para que possam reproduzir fielmente as patogenesias, devem ser
recolhidos de preferência no mesmo local, já que as suas características químicas podem variar
de um lugar para outra. Na impossibilidade da obtenção do mineral no seu lugar de origem,
poderá utilizar drogas vindas de outros lugares, desde que apresentem composições uniformes e
compatíveis com aquelas testadas no homem são.
Exemplos de minerais naturais:
- Sulfur (medicamento homeopático) - é o enxofre, proveniente de minas italianas,
localizadas na Sicília;
- Graphites – é obtido nas minas inglesas de Borrowdale, porque contém menor teor de
ferro;
- Natrium chloratum – é o sal marinho. Sua composição possui vários fármacos, além do
cloreto de sódio;
- Petroleum – é proveniente da Áustria ou do México, pois ambos apresentam as mesmas
características físicas e químicas.

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Os minerais artificiais devem ser empregados na forma mais pura possível e identificados
pelos métodos comuns da química analítica (FONTES, 2012, BARBOSA NETO, 2006).
Observações para medicamentos homeopáticos de origem mineral:
- Substância artificial hidratada: deverá considerar o peso correspondente ao da mesma
droga anidra, computando a água no peso do veículo a ser utilizado na ocasião da preparação do
medicamento homeopático.
- Substância com água de cristalização: calcula-se a parte anidra usando a fórmula
química. Ex.: sulfato de sódio pentaidratado, usado para preparar o medicamento homeopático
Natrium sulfuricum, na falta da correspondente anidra: Na2SO4 + 5H2O apresenta, para cada 232
g do sal, 142 g da parte anidra e 90 g de água de cristalização (FONTES, 2012).

1.3. Reino Animal


O Reino Animal também é uma fonte para a preparação de medicamentos homeopáticos,
mas em menor quantidade. Os animais podem ser utilizados inteiros, vivos ou não, recentemente
sacrificados ou dessecados, como também em partes ou ainda sob a forma de produtos de extração
e/ou transformação (sarcódios), secreções fisiológicas ou mesmo patológicas (nosódios). A parte
usada e o estado do animal são indicados na monografia (ANVISA, 2011; BARBOSA NETO,
2006, FONTES, 2012). O reino animal fornece menos matéria prima para a preparação do
medicamento homeopático, mas não é menos importante.
Os mesmos cuidados referentes ao reino vegetal são exigidos aqui neste reino, devendo
fazer a perfeita individualização do animal, conhecimento da parte ou partes a serem utilizada,
época do ano, estado do animal, idade e condições em que deve recolher-se a droga, emprego da
matéria (vivo ou morto, fresco ou seco), local de coleta (preferência no seu estado selvagem por
sofrem influência do meio ambiente em que vivem), etc.

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No inverno o metabolismo animal diminui, produzindo menores quantidades de princípios


ativos. Para a aquisição de material patológico, devemos ter o cuidado de usar materiais isentos
de vestígios de outras doenças. Todas essas condições dever estar descritas na farmacopéia
homeopática e/ou na matéria médica (FONTES, 2012; TETAU, 1980).
Exemplos de medicamentos homeopáticos preparados a partir de animais:

1. Animais inteiros: Apis mellifica (abelha européia), Formica rufa (formiga ruiva),
Cantharia vesicatoria (cantárida), Aranea diadema (aranha porta cruz);

2. Suas partes: Thyroidinum (glândula tireóide), Carbo animalis (couro de boi carbonizado),
Hypophysinum (porção posterior da glândula hipófise);

3. Seus produtos extrativos ou de transformação (sarcódios): Lachesis muta (veneno


da cobra surucucu), Calcarea carbonica (parte interna da concha da ostra), Crotalus horridus
(veneno da cascavel norte-americana), Sepia succus (secreção da bolsa tintória da Sépia);

4. Seus produtos patológicos (nosódios): Medorrhinum (pus blenorrágico); Psorinum


(conteúdo seroso da vesícula escabiótica); Luesinum (raspado do cancro sifilítico); Diphterinum
(membrana diftérica).

5. Bioterápicos – de bactérias e suas toxinas, de órgãos enfermos

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– Streptococcus, Tuberculinas, Pyrogenium.

6. Organoterápicos - (orgãos frescos ou secos e secreções) - Tireóide e tiroxina, ovério e


foliculina, pâncreas e insulina (FONTES, 2012; KAYNE, 1997; TETAU, 1980).

Existem empresas especializadas na comercialização de drogas animais que as fornecem


desidratadas e prontas para a manipulação. Já as drogas animais frescas são preparadas nos
laboratórios industriais por farmacêuticos homeopatas experientes (FONTES, 2012).

1.4. Reino Fungi, Reino Monera e Reino Protista


Na Tabela 1 estão alguns exemplos de medicamentos homeopáticos, de acordo com a
moderna classificação dos seres vivos.

Reino fungi Reino monera Reino protista


Agaricus muscarius Streptococcinum Giardinum
Lycoperdon bovista Colibacillinum Fucus vesiculosus
Amanita phalloides Tuberculinum Trypanosoma cruzi
Tabela 1 – Exemplos de alguns medicamentos homeopáticos preparados a partir de fungos – Reino fungi, bactérias
– Reino monera, protozoários – Reino protista. Fonte: Fontes (2012) e Sandri (2015).

Todos os produtos utilizados na preparação de medicamentos homeopáticos devem ser


identificados, de acordo com as regras de classificação ou literatura técnica científica (ANVISA,
2011).

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2 - VEÍCULOS E EXCIPIENTES
Veículos e excipientes, também chamados de insumos inertes, são substâncias e produtos
empregados em homeopatia para realizar diluições, incorporar as dinamizações e extrair os
princípios ativos das drogas na elaboração das tinturas homeopáticas, sendo eles: Água purificada;
Apósitos inertes (gaze e outros);Bases ou insumos para linimentos; Bases ou insumos para
cremes, géis, géis-creme, loções, pomadas e supositórios; Bases ou insumos para pós medicinais;
Bases ou insumos para xaropes; Comprimidos inertes; Insumos ou adjuvantes farmacotécnicos
para formas farmacêuticas sólidas; Etanol a 96% (v/v) e suas diluições; Glicerol (glicerina) e suas
diluições; Glóbulos e microglóbulos inertes ou insumos para prepará-los; Lactose; Sacarose;
Tabletes inertes (ANVISA, 2011; FONTES, 2012).

• Os glóbulos/microglóbulos são esferas de sacarose, previamente embebidas na forma


líquida correspondente à potência desejada. Exemplo: “Sulphur CH 30 – gotas” é a substância
Sulphur diluída na escala 1:100, 30 vezes, seguindo o método hahnemaniano, com 100 sucussões
a cada nova potência. Para se preparar “Sulphur CH 30 – glóbulos”, basta embeber as esferas de
sacarose com algumas gotas da forma líquida (BOBOSA NETO, 2006).

• Tabletes: são formas farmacêuticas sólidas que se apresentam com peso compreendido

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entre 75 mg e 150 mg, sendo preparados por moldagem da lactose em tableteiro, sem a adição de
adjuvantes (ANVISA, 2011).

• Comprimidos: são de lactose, porém feitos por máquinas industriais de alta compressão,
dando um produto final duro e resistente. Apresentam-se com peso compreendido entre 100 mg
e 300 mg. Na preparação de comprimidos inertes, para posterior impregnação, será permitida a
adição de adjuvantes em quantidade que não dificulte a capacidade de impregnação dos mesmos
(ANVISA, 2011; FONTES, 2012).
Pós: preparados a partir da impregnação de lactose com o medicamento prescrito (solução
hidroalcólica de 70% ou mais), ou da própria trituração inicial das substâncias. É acondicionado
em papéis (FONTES, 2012).

3 - MATERIAL DE ACONDICIONAMENTO E EMBALAGEM


Os recipientes e acessórios utilizados na preparação, estocagem e dispensação dos
medicamentos homeopáticos deverão ser de material que não exerça qualquer influência
sobre as drogas, veículos e excipientes e vice-versa, ou seja, o material utilizado na preparação
e no acondicionamento dos medicamentos homeopáticos não pode alterar-se nem modificar
as atividades medicamentosas. Esse raciocínio também vale para os frascos usados no
acondicionamento das tinturas homeopáticas. Estas devem ser acondicionadas em frascos de
vidro. Com raras exceções são utilizados frascos plásticos de cor branca leitosa e polietileno de
alta densidade, polipropileno e policarbonato.

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3.1. Dispensação de medicamentos homeopáticos:


- Vidro: âmbar, classe hidrolítica I, II, III e NP (tabela 2);
- Plástico: branco leitoso de polietileno, polipropileno e policarbonato;
- Papel: papel manteiga ou outro papel semitransparente com baixa permeabilidade a
substâncias gordurosas;
- Blister;
- Sachê (ANVISA, 2011; FONTES, 2012).

Classe hidrolítica Características dos vidros


I Vidro não alcalino, neutro, destinado a embalar medicamentos para
aplicações intravasculares e uso parenteral
II Vidro alcalino tipo III, que sofre tratamento interno, tornando-
se semineutro, utilizado para embalar produtos de uso parenteral
(líquidos, principalmente) que não devem ter alterado seu pH.
III Vidro alcalino, em geral utilizado para preparações parenterais, exceto
quando ensaios de estabilidade adequados não recomendam sua
utilização.
NP Vidro não parenteral, alcalino, para embalagens de produtos para uso
oral ou tópico.

HOMEOPATIA | UNIDADE 3
Tabela 2 – Classe hidrolítica para vidros segundo a Associação Brasileira de Normas Técnicas (ABNT). Fonte:
Fontes (2012).

4 - NOMENCLATURA DO MEDICAMENTO
HOMEOPÁTICO
Hahnemann adotou o latim para a designação dos medicamentos homeopáticos por
sua imutabilidade em qualquer lugar ou época. O latim também é usado na nomenclatura
científica (HAHNEMAMANN, 2007). A correta identificação da droga com seus nomes
homeopáticos, científicos, sinonímias e abreviaturas recomendadas são obtidas nas monografias
dos medicamentos presentes nas farmacopéias oficializadas e demais livros de reconhecido valor
pelo uso tradicional da comunidade homeopática (FONTES, 2012).
Para a designação dos medicamentos homeopáticos poderão ser utilizados: nomes
científicos, de acordo com as regras dos códigos internacionais de nomenclatura botânica,
zoológica, biológica, química e farmacêutica; nomes homeopáticos consagrados pelo uso e os
existentes em Farmacopéias; códices; Matérias Médicas e obras científicas reconhecidas pela
homeopatia (FONTES, 2012).

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Para escrever os nomes homeopáticos não é necessário destacá-los em itálico,


negrito ou sublinhado, tampouco indicar o autor da classificação do ser vivo
(FONTES, 2012).

4.1. Regras de nomenclatura homeopática


1. Nas nomenclaturas botânicas, zoológicas e biológicas, o gênero escreve-se com a
primeira letra maiúscula e a espécie com letras minúsculas:

- Apis mellifica - - Conium maculatum

- Bryonia alba - Digitalis purpurea

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- Chelidonium majus - Lycopodium clavatum

2. Quando se emprega em homeopatia apenas uma espécie de determinado gênero, é


facultativo omitir a espécie, identificando o medicamento somente pelo gênero:
- Ruta, em vez de Ruta graveolens
- Lycopodium, em vez de Lycopodium clavatum
- Collinsonia, em vez de Collinsonia canadenses

3. Quando se empregam nomes tradicionais na homeopatia, mesmo que haja várias


espécies, pode-se omitir a espécie, desde que não dê origem a dúvidas:
- Eupatorium, é referente ao Eupatorium perfoliatum, pois as outras espécies são pouco
utilizadas (Eupatorium purpureum, Eupatorium aromaticum, etc.).

4. Em relação aos nomes homeopáticos consagrados homeopaticamente pelo uso, é


facultado usar somente o nome da espécie, omitindo-se do gênero:
- Chamomilla, em vez de Matricaria chamomilla
- Belladonna, em vez de Atropa belladonna
- Colocynthis, em vez de Citrullus colocynthis
- Dulcamara, em vez de Solanum dulcamara
- Millefolium, em vez de Achilea millefolium
- Nux vomica, em vez de Strychnos nux vômica

5. Em relação à espécie pouco usada deve-se citar o nome por completo:


- Aconitum ferox, a fim de distinguí-la de Aconitum napellus
- Clematis erecta, a fim de distinguí-la de Clematis vitalba

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- Crotalus horridus, a fim de distinguí-la de Crotalus terrificus


- Dioscorea petrea, a fim de distinguí-la de Dioscorea villosa
- Eupatorium purpureum, a fim de distinguí-la de Eupatorium perfoliatum
- Lobelia inflata, a fim de distingui-la de Lobelia purpúrea

6. Em relação à designação de medicamentos de substâncias químicas são permitidas, além


do nome científico oficial, também aquelas designações consagradas pelo uso na homeopatia:
- Barium carbonicum ou Baryata carbonica
- Sulfur ou Sulphur
- Natrium chloratum ou Natrum muriaticum
- Calcium arsenicosum ou Calcarea arsenicosa

7. Em relação aos medicamentos químicos, ácidos e sais, de natureza orgânica ou


inorgânica, é permitida, além da designação química oficial, aquela consagrada pelo uso
homeopático, escrevendo-se, de preferência em primeiro lugar, o nome do elemento ou do íon de
valência positiva e, em segundo lugar, o de valência negativa.
- Acidum aceticum ou Acetic acidum
- Acidum benzoicum ou Benzoic acidum

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- Acidum chlorhydricum ou Muriatis acidum
- Acidum sulfuricum ou Sulfuris acidum
- Acidum nitricum ou Nitric acidum

8. Antigamente se empregava o nome abreviado do medicamento, no entanto, o emprego


do nome abreviado pode dar lugar à confusão na inteligibilidade do receituário e na sua correta
interpretação. O uso de abreviaturas arbitrárias é proibido pela legislação farmacêutica brasileira
(ANVISA, 2011, FONTES, 2012; SOARES, 2000).

4.2. Sinônimos
O emprego de sinônimos deve restringir-se aos constantes de obras consagradas na
literatura científica. Medicamentos apresentados com denominação de sinônimos arbitrários,
assim como o uso de código, sigla, número e/ou nome arbitrário não são permitidos pela
legislação farmacêutica (ANVISA, 2011).

- Apisinum = Apis virus


- Arsenicum album = Metallum album
- Blatta orientalis = Periplaneta orientalis
- Bryonia alba = Vitis alba
- Calcarea carbonica = Calcarea ostrearum/ Calcarea osthreica
- Chamomilla = Matricaria
- Glonoinum = Trinitrinum
- Graphites = Carbo mineralis

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- Hydrastis canadensis = Warneria canadensis


- Ipeca ou Radix = Cephaelis ipecacuanha
- Lycopodium = Muscus clavatus
- Mercurius sulf. ruber = Cinnabaris
- Nux vomica = Colubrina
- Pulsatilla = Anemone pratensis
- Rus toxicocodendron = Vitis canadensis
- Secale cornutum = Claviceps purpurea
- Sterculla acuminata = Kola, Cola
- Sulphur = Flavum depuratum
- Thuya occidentalis = Arbor vitae

4.3. Abreviaturas e símbolos


Alguns símbolos são empregados na prática homeopática:
• Cem sucussões = ↑↓
• Comprimidos = compr.

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• Diluição = dil.
• Dinamização = din.
• Escala centesimal = CH
• Escala cinqüenta milesimal = LM
• Escala decimal de Hering = DH
• Glóbulos = glob.
• Método de fluxo contínuo = FC
• Método Korsakoviano = K
• Microglóbulos = mcglob.
• Partes iguais = ãã
• Quantidade suficiente = qs
• Quantidade suficiente para = qsp
• Resíduo seco = r.s.
• Resíduo sólido = r. sol.
• Solução = sol.
• Tablete = tabl.
• Tintura mãe = TM, Ø, Tint.mãe
• Título etanólico da tintura mãe = tint.et.
• Trituração = trit.

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4.4. Rótulo do medicamento homeopático deve sempre


conter:
- Nome do estabelecimento, endereço, cidade e estado, CNPJ
- Farmacêutico responsável, com seu número do CRF
- Nome do medicamento, potência, método e escala
- Forma farmacêutica, veículo, peso ou volume
- Data da manipulação e validade
- Via de administração (uso interno ou externo)
- Farmacopéia Homeopática Brasileira (ANVISA, 2011; FONTES, 2012).

5 - PREPARAÇÃO DE MEDICAMENTOS HOMEOPÁTICOS


Cada origem de medicamento homeopático (vegetal, mineral, animal) tem diferentes
métodos de preparações (FONTES, 2012).

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6 - TINTURAS
Tintura-mãe é uma forma farmacêutica básica. É a preparação que constitui o ponto de
partida para a manipulação das formas farmacêuticas derivadas. É o resultado da ação extrativa
e/ou dissolvente, por contato íntimo e prolongado, de um insumo inerte hidroalcoólico ou
hidroglicerinado sobre determinada droga vegetal ou animal, fresca ou dessecada, por meio dos
processos de maceração ou percolação (FONTES, 2012).

6.1. Processo de obtenção de tinturas-mães


- Maceração: Consiste em deixar a droga vegetal ou animal em contato com o veículo
extrator adequado, com agitação, por certo tempo. Trata-se de um processo de extração, em que os
principais fenômenos envolvidos são a difusão e a osmose. O insumo inerte atua sobre a superfície
celular exercendo sua ação dissolvente até o estabelecimento de igualdade de concentração entre
os líquidos intra e extracelulares. Por isso, tanto o volume do veículo extrator como a agitação são
importantes na extração, pois, enquanto um maior volume de veículo extrator garante sua entrada
para o interior da célula provocando o rompimento desta, a agitação proporciona uma melhor
distribuição da droga, diminuindo a concentração ao redor das células, alterando o equilíbrio das
concentrações.

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- Percolação: depende essencialmente em fazer passar o insumo inerte através da droga


já umedecida, contida em um recipiente adequado, onde o líquido é continuamente deslocado de
cima para baixo, até que todos os fármacos solúveis sejam esgotados. Nesse processo duas forças
estão envolvidas: a pressão hidrostática, que ocorre de cima para baixo, em função do peso do
veículo extrator; e a força da capilaridade, que ocorre de baixo para cima. Para vencer a força da
capilaridade são necessárias adições sucessivas de insumo inerte no percolador (FONTES, 2012).

- Expressão: Consiste na redução do vegetal fresco em pedaços pequenos até formar


uma pasta fina, envolvido em pano de linho novo, para ser prensado, obtendo-se o suco, para ser
misturando com álcool e conservado em frasco âmbar por alguns dias, ao abrigo de luz e do calor,
para depois ser filtrado em papel de boa qualidade (HAHNEMANN, 2007).

A aplicação de cada método dependerá da natureza da droga. São empregados os métodos


de maceração e percolação, pois o método de expressão não considera a quantidade de água
que o vegetal fresco contém. Uma TM obtida pelo processo de expressão poderá proporcionar
diferentes concentrações de fármacos, na dependência de a planta ter sido coletada nas épocas
seca ou chuvosa, mesmo sendo da mesma espécie. (FONTES, 2012).

6.2. Preparação de tintura-mãe de origem vegetal


- Vegetal fresco: Primeiramente calcula-se o resíduo sólido do vegetal (procedimento

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que verifica a quantidade seca da planta). A quantidade de TM a ser obtida deverá corresponder
a 10 vezes o percentual do resíduo sólido.
Pesa-se 100g do vegetal limpo; fazem-se pequenos fragmentos; pesa-o em porcelana;
leva-o a estufa (50ºC para plantas com resina, materiais voláteis e óleos essenciais; 100ºC demais
plantas) até peso constante; calcula-se a porcentagem de resíduo sólido e arredonda-se ao número
mais próximo da monografia no vegetal para utilização da graduação alcoólica. A relação droga/
insumo inerte é de 1:10 (p/v), ou seja, 10%. A amostra do vegetal utilizada para calcular o
resíduo sólido deverá ser descartada. Após o cálculo de resíduo sólido, tem-se a quantidade final
de Tintura-mãe a obter o teor hidroalcoólico do insumo inerte a ser utilizado, assim, deve-se
calcular a quantidade de veículo extrator capaz de extrair o maior número possível de princípio
ativo solúveis, devendo subtrair da quantidade final de TM a quantidade de água do vegetal.

- Graduação alcoólica segundo a monografia do vegetal fresco:


* Resíduo sólido até 25%, utilizar etanol a 90% (p/p)
* Resíduo sólido entre 30 e 35%, utilizar etanol a 80%
* Resíduo sólido entre 40 e 50%, utilizar etanol a 70%.
Exemplo:
Resíduo sólido encontrado = 30%
Vegetal fresco disponível = 800 g
Se resíduo sólido = 30%, o insumo inerte a ser utilizado será o etanol a 80%
30% de 800 g = 240 g (r. sol total do vegetal)
800 – 240 g = 560 (quantidade do vegetal)
240 x 10 = 2.400 g (quantidade de TM a ser obtida)
2.400 de TM – 560 g de água do vegetal = 1.840 de etanol a 80 %
1.840g de álcool 80% contêm, teoricamente, em torno de 20% de água e 80% de álcool
absoluto, ou seja, 368g de água e 1.472g de álcool absoluto.

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Portanto, basta aplicar uma simples regra de três para chegarmos ao título hidroalcoólico
da TM a obter.
2.400g 100%
1.472g X
X = 61,33%
Podemos ainda utilizar a seguinte fórmula: Ci X Pi = Cf X Pf, onde:
Ci = concentração inicial; Pi = peso inicial; Cf = concentração final; Pf = peso final
80% X 1.840g = Cf X 2.400 → Cf = 61,33%

6.3. Processo de maceração


Tomar o vegetal fresco devidamente rasurado e misturá-lo com 85% do volume total do
álcool cujo teor e quantidade foram previamente calculados. Deixar a mistura em recipiente de
vidro ou de aço inoxidável, ao abrigo da luz, numa temperatura entre 16 e 22ºC. Agitar a mistura,
no mínimo, 3 vezes ao dia, por 20 dias. Após filtrar o macerado e guardar o filtrado. Prensar
o resíduo, filtrar o líquido obtido por meio desse processo e juntar ao líquido anteriormente
filtrado. Acrescentar ao resíduo de prensagem quantidade suficiente de insumo inerte, misturar
bem, prensar novamente e filtrar. Repetir o processo até que se atinja a quantidade de dez vezes o
solo. Deixar em repouso 48hs e filtrar em papel de filtro de boa qualidade (FONTES, 2012).

6.4. Processo de Percolação

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Na percolação, por quatro horas, o pó (tamis 40 ou 60) em contato com o líquido extrator
(correspondente a 20% do peso da droga) vai ocorrer o arrastamento dos princípios ativos que
está na célula, porque esse líquido fica continuamente passando pelas células, não tendo equilíbrio
osmótico.
Transferir para o percolador volume suficiente de insumo inerte para obtenção da
quantidade previamente calculada de TM. À medida que o veículo extrator for escoando, deve-
se evitar o seu desaparecimento na superfície do papel filtro ante da nova adição, impedindo,
com isso, a inclusão de ar na droga, o que dificultaria o processo de extração de fármacos. Fecha
a torneira do percolador e mantê-la assim por 24 horas, pois isso ocorrerá em equilíbrio de
concentração. Percolar, regulando a torneira de tal forma que, para cada 100g da droga utilizada
no processo, escoem 8 gotas por minuto. Prensar o resíduo e misturar o líquido assim obtido
com o líquido resultante do processo (percolado). Acrescentar quantidade suficiente de insumo
inerte para completar o volume. Cessar o processo quando o percolado atingir dez partes da
droga. Deixar em repouso por 24 horas e, em seguida, filtrar em papel de filtro de boa qualidade
(FONTES, 2012).

6.5. Preparação da TM de origem animal


A tintura-mãe é preparada a partir de animal vivo, recém-sacrificado ou dessecado,
podendo ser utilizado inteiro, suas partes ou secreções, de acordo com a respectiva monografia.
O animal vivo empregado pode ser a Apis mellifica (abelha), Formica rufa (formiga). A parte
empregada pode ser a casca da ostra, Calcarea ostrearum. As secreções do animal pode ser a
secreção da cobra surucucu, Lachesis, o leite da cadela, Lac caninum, etc.

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O insumo inerte será o etanol 65 a 70%, mistura em partes iguais de glicerina e água, ou
aquele indicado na respectiva monografia. Cita ainda uma mistura de etanol, água e glicerina na
proporção 1:1:1. Nas tinturas-mães animais, a relação droga/insumo inerte é de 1:20 (5%).

6.6. Processo de maceração


Manter uma parte da droga animal devidamente fragmentada ou não, conforme
sua monografia, em contato com vinte partes de insumo inerte, por vinte dias, agitando o
recipiente, no mínimo, três vezes ao dia, em ambiente protegido da ação da luz e calor. Filtrar
sem promover a prensagem ou a expressão do resíduo. Se a quantidade de TM final não atingir
vinte vezes o peso da droga animal, acrescentar ao resíduo do macerado quantidade suficiente do
veículo extrator. Manter o líquido obtido em repouso 48 horas. Filtrar em papel de filtro de boa
qualidade (FONTES, 2012).

7 - ESCALAS E MÉTODOS DE PREPARAÇÃO DAS


FORMAS FARMACÊUTICAS
Para preparação das formas farmacêuticas derivadas, a farmacotécnica homeopática

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emprega três escalas, de acordo com a proporção entre o insumo ativo e inerte: decimal (DH,
proporção 1/10), centesimal (CH, proporção 1/100) e cinquenta milesimal (LM, proporção 1/50
mil). Há três métodos de preparação das formas farmacêuticas derivadas: 1 – hahnemanniano;
2 – korsakoviano; 3 - fluxo contínuo (FONTES, 2012).
No Brasil, há uma quarta escala chamada de SD (special dinamization), não oficializada,
em fase experimental, que consiste de uma preparação cem milesimal (1/100 mil) (FONTES,
2012)

7.1. Método Hahnemaniano (H)


Trata-se do método original, criado por Hahnemann. É identificado pela letra “H”. O
método hahnemanniano, pode ser subdividido em três outros métodos: a – Método clássico; b –
Método de trituração; c – Método da cinqüenta milesimal. A proporção entre substância (soluto)
e a solução de água e álcool (solvente) é chamada “escala”.

7.1.1. Método hahnemaniano clássico


Também chamado de método dos frascos múltiplos, pois para cada nova diluição
e sucussão utiliza-se um novo recipiente. Utiliza-se preparação das formas farmacêuticas nas
escalas: decimal (DH) e centesimal (CH).
• O volume: deverá ocupar no mínimo a metade e no máximo 2/3 da capacidade do
frasco utilizado na preparação.

• Número de sucussões: 100 sucussões, podendo ser pelo método manual (figura 1) ou
mecânico (figura 2).

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ENSINO A DISTÂNCIA

• Método manual: as sucussões serão executadas através de movimentos contínuos e


ritmadas, no sentido vertical com o antebraço, de modo que produza choque do fundo do frasco
contra um anteparo semi-rígido.

• Método mecânico: as sucussões serão executadas em máquina que mantenha as


características do processo manual (FONTES, 2012).

HOMEOPATIA | UNIDADE 3
Figura 1 – Técnica de sucussão manual (FONTES, 2012).

Figura 2 – Técnica de sucussão mecânica (AUTIC, 2018)

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ENSINO A DISTÂNCIA

Para as 3 primeiras dinamizações centesimais e para as 6 primeiras decimais, utilizar


insumo inerte empregado na TM (álcool 70 %) ou dissolução da droga (água purificada ou
etanol nas diferentes graduações). Para potências intermediárias, potência de estoque (matrizes),
utilizar álcool 70 % (p/p). Para a dispensação, quer na escala centesimal, quer na escala decimal,
será utilizado o álcool 30 % (p/p) (ANVISA, 2011; FONTES, 2012).

• Escala centesimal de preparações líquidas: Dilui-se uma parte (1 mL) da tintura-mãe


em 99 partes de solução água/álcool, agita-se cem vezes a mistura com movimentos verticais
(sucussões), obtendo-se assim a primeira dinamização na centesimal hahnemaniana ou CH 1.
Dilui-se, então, uma parte (1 mL) desta CH 1 em outro frasco contendo 99 partes de água/
álcool, sucussiona-se cem vezes e obtém-se a 2ª potência centesimal hahnemaniana ou CH 2.
Proceder assim até a potência desejada, sempre diluindo na proporção 1:100, agitando a mistura
e utilizando um novo frasco para cada potência (BARBOSA NETO, 2006).
Exemplo: Em um frasco de 30 mL poderá ser preparado 20 mL do medicamento (2/3).
20 mL dividido por 100 = 0,2 mL do insumo ativo
20 mL menos 0,2 mL = 19,8 mL do insumo inerte

• Escala decimal preparações líquidas: Dilui-se uma parte (1 mL) da tintura-mãe em 9


partes de solução água/álcool, agita-se cem vezes a mistura com movimentos verticais (sucussões),
obtendo-se assim a 1 DH.
Dilui-se, então, uma parte (1 mL) desta 1 DH em outro frasco contendo 9 partes de água/

HOMEOPATIA | UNIDADE 3
álcool, sucussiona-se cem vezes e obtém-se a 2 DH. Proceder assim até a potência desejada,
sempre diluindo na proporção 1:10, agitando a mistura e utilizando um novo frasco para cada
potência.
Exemplo: Em um frasco de 30 mL poderá ser preparado 20 mL do medicamento (2/3).
20 mL dividido por 10 = 2 mL do insumo ativo
20 mL menos 2 mL = 18 mL do insumo inerte

• Escala centesinal preparações sólidas solúveis: Apresenta o mesmo princípio das


preparações líquidas, no entanto, a primeira etapa deverá ser diluída.
Exemplo: Preparação de Terebintina 6 CH, com solubilidade em etanol a 90 % em frasco
de 30 mL. Deverá preparar 20 mL do medicamento (referente à 2/3 do total do frasco).
20 mL dividido por 100 = 0,2 g do insumo ativo
20 mL menos 0,2 mL = 19,8 mL do insumo inerte
0,2 g de terebintina + qps 20 mL etanol 90% + ↑↓= Terebinthinum 1 CH
0,2 mL de Terebinthinum 1 CH + 19,8 mL etanol 90% + ↑↓= Terebinthinum 2 CH
Sucessivamente até 5 CH
0,2 mL de Terebinthinum 5 CH + 19,8 mL etanol 30% + ↑↓= Terebinthinum 6 CH

• Escala decimal preparações sólidas solúveis: Apresenta o mesmo princípio das


preparações líquidas, no entanto, a primeira etapa deverá ser diluída.
Exemplo: Preparação de Natrium muriaticum 6 DH, com solubilidade em água em frasco
de 120 mL. Deverá preparar 80 mL do medicamento (referente à 2/3 do total do frasco).
80 mL dividido por 10 = 8 g do insumo ativo
80 mL menos 8 mL = 72 mL do insumo inerte
8 g de sal marinho + qps 80 mL água destilada + ↑↓= Natrium muriaticum 1 DH
8 mL de Natrium muriaticum 1 DH + 72 mL água dest. + ↑↓= Natrium muriaticum 2 DH.
Sucessivamente até 6 DH.

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7.2. Método da Trituração – Drogas insolúveis


Também chamada de dinamização sólida, empregado na preparação de formas
farmacêuticas nas escalas decimal e centesimal para drogas insolúveis e na escala cinquenta
milesimal para drogas solúveis e insolúveis, até a 3CH (figura 3). Tem por finalidade despertar
a atividade dinâmica de substâncias insolúveis (líquida ou sólida), desagregando suas moléculas
pela força do atrito, usando a lactose como insumo inerte (FONTES, 2012; SANTOS E DE SÁ,
2014).

HOMEOPATIA | UNIDADE 3
Figura 3 – Técnica de trituração. Fonte: Fontes (2012).

• Ponto de partida: Drogas insolúveis, quando sua solubilidade for inferior a 10% (DH)
ou 1% (CH) em água ou em etanol em diferentes graduações.

• Insumo inerte: Lactose nas três primeiras triturações para a escala centesimal e nas
seis primeiras para a escala decimal, salvo especificação de solubilidade contida na respectiva
monografia. A partir da 4 CH ou 7 DH, utilizar como insumo inerte etanol em diferentes
graduações.

• Processo:Trituração para a fase sólida, diluição e sucussão para a fase líquida.

• Técnica de preparação:
1. Dividir a quantidade total de lactose a ser utilizada em três partes iguais. Uma terça
parte de lactose será colocada em gral de porcelana e triturada para tapar os poros do mesmo.

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2. Sobre esse terço de lactose, coloca-se o insumo ativo a ser triturado obedecendo à
escala decimal (1 parte de insumo ativo para 9 partes de insumo inerte) ou centesimal (1 parte de
insumo ativo para 99 partes de insumo inerte).

3. Homogeneizar com espátula de porcelana ou de aço inox.

4. Triturar, vigorosamente, durante 6 minutos.

5. Raspar, com espátula de porcelana ou de aço inox, o triturado aderido ao gral e ao


pistilo, durante 4 minutos, homogeneizando-o.

6. Triturar, vigorosamente, durante 6 minutos, sem acréscimo de lactose.

7. Raspar o triturado durante 4 minutos.

8. Acrescentar a segunda terça parte de lactose.

9. Triturar, vigorosamente, durante 6 minutos.

10. Raspar o triturado durante 4 minutos.

HOMEOPATIA | UNIDADE 3
11. Triturar, vigorosamente, durante 6 minutos, sem acréscimo de lactose.

12. Raspar o triturado durante 4 minutos.

13. Acrescentar o último terço de lactose.

14. Triturar, vigorosamente, durante 6 minutos.

15. Raspar o triturado durante 4 minutos.

16. Triturar, vigorosamente, durante 6 minutos.

17. Raspar o triturado durante 4 minutos.

18. Esse triturado será acondicionado em recipiente bem fechado e protegido da luz,
recebendo o respectivo nome homeopático e a designação de primeiro triturado. 1/10 ou 1/100.
Ex.: Petroleum 1 DH trit. ou Petroleum 1 CH trit.

19. Para obtenção do segundo triturado, 2 DH ou 2 CH, usar como insumo ativo 1 parte do
primeiro triturado, para 9 ou 99 partes de lactose (respectivamente escala decimal ou centesimal)
repetindo-se o procedimento anterior (itens de 3 a 17).

20. Esse triturado será acondicionado em recipiente bem fechado e protegido da luz,
recebendo o nome da droga e a designação de segundo triturado. Ex.: Petroleum 2 DH trit.,
Petroleum 2 CH trit.

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21. Para obtenção do terceiro triturado, 3 DH ou 3 CH, usar como insumo ativo 1 parte do
segundo triturado para 9 ou 99 partes de lactose (respectivamente escala decimal ou centesimal)
repetindo-se o procedimento anterior (itens 3 a 17).

22. Esse triturado será acondicionado em recipiente bem fechado e protegido da luz,
recebendo o nome da droga e a designação de terceiro triturado. Ex.: Petroleum 3 DH trit.,
Petroleum 3 CH trit.

23. No caso de trituração na escala decimal (DH), para obtenção das triturações
subsequentes, repetir o procedimento anterior até a obtenção da 6ª trituração (itens 3 a 17).

24. Para solubilizar o triturado:

A. Para solubilizar a 6 DH trit., considerando que a lactose não é solúvel a frio na proporção
de 1/10 (p/v), aquecer água purificada a temperatura entre 40 °C e 45 °C. Adicionar 10 partes dessa
água aquecida sobre 1 parte da 6 DH trit. e homogeneizar até completa dissolução e resfriamento.
Em seguida, sucussionar 100 vezes para obter a 7 DH. Essa preparação intermediária não pode
ser estocada. Para preparar a 8 DH, diluir 1 parte da 7 DH em 9 partes de etanol a 30% (v/v) para
dispensar e igual ou superior a 77% (v/v) para estocar.

B. Para solubilizar a 3 CH trit., dissolver 1 parte dessa trituração em 80 partes de água

HOMEOPATIA | UNIDADE 3
purificada, completar com 20 partes de etanol a 96% (v/v) e sucussionar 100 vezes, para obter
a 4 CH. Essa preparação intermediária não pode ser estocada. As demais dinamizações serão
preparadas em etanol de graduação igual ou superior a 77% (v/v) para estocar e etanol a 30%
(v/v) para dispensar (ANVISA, 2011).
A escala centesimal, não há mais como transformá-la em decimal, a não ser conseguindo
novamente a substância de origem, o que normalmente não está ao alcance das farmácias.
Insistindo, uma trituração centesimal não pode “voltar atrás” e se transformar em uma trituração
decimal. O processo de trituração é demorado para ser realizado em uma farmácia. A dispensação
de prescrições decimais, especialmente de substâncias insolúveis, muito dificilmente não feitas a
partir da trituração decimal, mas sim por conversão de escalas. A trituração decimal até poderia
ser feita através de trituradores mecânicos, o que não é equipamento encontrado em farmácias
(ANVISA, 2011; CESAR, 2003).

7.3. Método da cinquenta milesimal


Específico para preparar formas farmacêuticas derivadas na escala cinqüenta milesimal
(LM), a partir de drogas minerais, animais, vegetais, estas duas últimas no estado fresco, ou,
excepcionalmente, a partir de tinturas-mães (BARBOSA NETO, 2006; FONTES, 2012; KOSSAK-
ROMANACH, 2003; SANTOS E DE SÁ, 2014).

• Ponto de partida: Droga vegetal, animal ou biológica, sempre que possível no estado
fresco e droga mineral. Poderá ser utilizada a tintura-mãe, tendo sua força medicamentosa
corrigida com posterior evaporação.

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Nota: “no caso de utilizar a TM como ponto de partida, fazer a correção da força
medicamentosa. Logo após tapar os poros do gral, a TM será adicionada ao primeiro terço da
lactose (ao preparar a 1 CH trit.). Após evaporação, em temperatura inferior a 50 °C, seguir com
a técnica de trituração” (ANVISA, 2011).

Exemplos: Uma TM de origem vegetal (10%) tem força medicamentosa de 1/10, ou seja, 1
parte da droga está contida em 10 partes de TM. Para a 1ª trituração centesimal, colocar 10 partes
da TM para 100 partes de lactose. Para TM de origem animal (5%) a força medicamentosa é de
1/20, ou seja, colocar 20 partes da TM para 100 partes de lactose.

• Insumo inerte: Água purificada, lactose, microglóbulos e etanol em diferentes


graduações.

• Volume: Para a fase líquida, o líquido a ser dinamizado deverá ocupar entre 1/2 e 2/3 da
capacidade do frasco utilizado na preparação.

• Número de sucussões: 100.

• Processo: Para a fase sólida, trituração; para a fase líquida, diluição e sucussão, manual
ou mecânica.

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• Técnica:

∘ Primeira etapa: Trituração da droga até 3 CH trit., conforme técnica de trituração.

∘ Segunda etapa: Dissolução do 3º triturado.


- Pesar 63 mg do 3º triturado e dissolver em quinhentas gotas de etanol a 20% (v/v).

∘ Terceira etapa: Preparação da 1ª dinamização LM (1 LM).


- Em frasco de capacidade adequada, colocar uma gota da solução anterior em 100 gotas
de etanol a 96% (v/v).
- Aplicar 100 sucussões.
- Umedecer 500 microglóbulos com uma gota desta solução (100 microglóbulos devem
corresponder a 63 mg).
- Deixar secar à temperatura ambiente. Essa é a matriz na potência 1 LM.

∘ Quarta etapa: Preparação da 2a potência LM (2 LM).


- Em frasco de capacidade adequada, dissolver um microglóbulo da 1 LM em uma gota
de água purificada.
- Acrescentar 100 gotas de etanol a 96% (v/v).
- Aplicar 100 sucussões.
- Umedecer 500 microglóbulos com uma gota da solução intermediária anterior.
- Separá-los, rapidamente, sobre papel de filtro, deixar secar à temperatura ambiente. Essa
é a matriz na potência 2 LM.

∘ Quinta etapa: Preparação das demais potências LM.


- Em frasco de capacidade adequada, dissolver um microglóbulo da LM imediatamente
anterior, em uma gota de água purificada.
- Acrescentar 100 gotas de etanol a 96% (v/v).

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ENSINO A DISTÂNCIA

- Aplicar 100 sucussões.


- Umedecer 500 microglóbulos com uma gota da solução intermediária anterior.
- Deixar secar à temperatura ambiente (ANVISA, 2011).

7.4. Método korsakoviano (K)


Também chamado de método do frasco único ou do fluxo descontínuo, foi criado
em 1832 por um oficial do exército russo chamado Korsakov para simplificar o método de
Hahnemann (FONTES, 2012). Ele percebeu dificuldades em utilizar os incontáveis frascos
necessários para a dinamização do método hahnemaniano. Inventou, então, um novo método:
dilui-se uma parte da tintura mãe em 99 partes de água/álcool, sucussiona-se cem vezes. Essa é
a 1ª potência. Despreza-se, então, todo o conteúdo. O mesmo frasco é novamente enchido com
solução água/álcool e sucussionado. Obtém-se assim a 2ª potência. Novamente despreza-se todo
o conteúdo e enche-se o mesmo frasco com solução água/álcool, repetindo-se o processo até a
potência desejada. Admite-se que o resíduo que fica no frasco quando se despreza o conteúdo é
suficiente para a próxima dinamização (BARBOSA NETO, 2006). Hahnemann considerou seu
método interessante, porém estava interessado em outros caminhos. Korsakov experimentou
os medicamentos produzidos através de sua técnica, obtendo resultados positivos. O método é
raramente solicitado em nosso país e são poucas as farmácias que o preparam (CESAR, 2003).
Este processo só é permitido, no Brasil, para preparações acima de 30 CH (ANVISA, 2011).

HOMEOPATIA | UNIDADE 3
• Ponto de partida: Matriz na potência 30 CH em etanol a 77% (v/v).

• Insumo inerte: Etanol a 77% (v/v) nas preparações intermediárias e etanol a 30% (v/v)
na dispensação.

• Número de frascos: Frasco único.

• Volume: O líquido a ser dinamizado deverá ocupar 1/2 a 2/3 da capacidade do frasco.

• Escala: Não definida.

• Número de sucussões: 100.

• Processo: Diluição e sucussão. Manual ou mecânico.

• Técnica: Colocar num frasco quantidade suficiente da matriz na potência 30 CH de


modo que ocupe de 1/2 a 2/3 de sua respectiva capacidade. Emborcar o frasco, deixando o líquido
escorrer livremente por cinco segundos. Adicionar o insumo inerte na quantidade previamente
estabelecida e sucussionar por 100 vezes. A resultante dessa sequência de operações corresponde
à 31 K.
Repetir esse procedimento para obter as dinamizações subsequentes.
A dispensação do medicamento preparado segundo método Korsakoviano deve se dar a
partir de 31 K até a 100 000 K como limite máximo.

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Visite o site: http://www.homeozulian.med.br/

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UNIDADE ENSINO A DISTÂNCIA

04
DISCIPLINA:
HOMEOPATIA

MÉTODO DE FLUXO CONTÍNUO, SPECIAL DINAMIZATION, FORMAS


FARMACÊUTICAS DE DISPENSAÇÃO DOS MEDICAMENTOS HOMEOPÁTICOS,
BIOTERÁPICOS, FARMÁCIA HOMEOPÁTICA (INFRAESTRUTURA, PRODUTOS E
LEGISLAÇÕES), CONTROLE DE QUALIDADE

PROF.A DRA. GISLAINE JANAINA SANCHEZ FALKOWSKI

SUMÁRIO DA UNIDADE

INTRODUÇÃO............................................................................................................................................................ 68
1 - ESCALAS E MÉTODOS DE PREPARAÇÃO DAS FORMAS FARMACÊUTICAS (CONTINUAÇÃO)................... 68
1.1. MÉTODO DE FLUXO CONTÍNUO........................................................................................................................ 68
1.2. CALIBRAÇÃO DO FLUXO....................................................................................................................................70
2 - SPECIAL DINAMIZATION (SD)...........................................................................................................................71
3 - FORMAS FARMACÊUTICAS DE DISPENSAÇÃO DOS MEDICAMENTOS HOMEOPÁTICOS: LÍQUIDOS E SÓ-
LIDOS ......................................................................................................................................................................... 72
3.1.LÍQUIDOS..............................................................................................................................................................72
3.2.SÓLIDOS...............................................................................................................................................................72
4 - INTERPRETAÇÃO DE RECEITAS HOMEOPÁTICAS...........................................................................................72

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5 - BIOTERÁPICOS: CONCEITOS BÁSICOS............................................................................................................77
5.1. REQUISITOS MÍNIMOS PARA A PREPARAÇÃO DE BIOTERÁPICOS E ISOTERÁPICOS .............................78
5.2. COLETA...............................................................................................................................................................79
5.3. PONTO DE PARTIDA..........................................................................................................................................79
5.4. COLETA DE ISOTERÁPICOS..............................................................................................................................81
6 - FARMÁCIA HOMEOPÁTICA.................................................................................................................................81
6.1. INFRAESTRUTURA FÍSICA.................................................................................................................................81
6.2. INSTALAÇÃO: ÁREA DE MANIPULAÇÃO HOMEOPÁTICA..............................................................................81
6.3. LIMPEZA.............................................................................................................................................................82
6.4. ESTOQUE MÍNIMO............................................................................................................................................82
6.5. CONSERVAÇÃO DA TM......................................................................................................................................82
6.6. LEGISLAÇÃO.......................................................................................................................................................83
6.7. ROTULAGEM...................................................................................................................................................... 85
7 - CONTROLE DE QUALIDADE NA FARMÁCIA HOMEOPÁTICA.......................................................................... 86
7.1. BOAS PRÁTICAS DE MANIPULAÇÃO EM HOMEOPATIA................................................................................ 86
7.2. CONTROLE DE QUALIDADE...............................................................................................................................87
7.3. CONTROLE DE QUALIDADE DOS INSUMOS ATIVOS..................................................................................... 88
7.4. CERTIFICADO DE ANÁLISE............................................................................................................................... 89

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ENSINO A DISTÂNCIA

INTRODUÇÃO
Antes do preparo do medicamento homeopático, é importante realizar a consulta
biográfica, buscando o melhor método que atenda a individualidade do paciente. Neste módulo
daremos continuidade aos métodos de preparo dos medicamentos homeopáticos, além de
abordarmos a diferentes formas farmacêuticas, compreendermos o que são os bioterápicos e
requisitos básicos para o bom funcionamento de uma farmácia homeopática.

HOMEOPATIA | UNIDADE 4

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ENSINO A DISTÂNCIA

1 - ESCALAS E MÉTODOS DE PREPARAÇÃO DAS


FORMAS FARMACÊUTICAS (Continuação)

1.1. Método de fluxo contínuo


Bernhardt Fincke patenteou um processo, que denominou de “fluxão”. Neste, colocava-
se uma potência 30CH em frasco de 30mL e por ele passava um fluxo de água contínuo. A cada
30mL de água, dizia que a potência aumentava de um grau. Na potência desejada, o frasco era
esvaziado, enchido com álcool e sucussionado 2 vezes. Além de dinamizar usando só a passagem
de água através de uma dinamização inicial, usava água de torneira, pois considerava que “uma
trigésima já foi tão dinamizada que não pode ser destruída por nada químico ou físico, uma vez
que possui natureza diferente” (WINSTON, 1999).
No Brasil, foi introduzido um dinamizador, conhecido como modelo de Lock, com o
princípio de promover uma diluição contínua de uma substância inicial, com agitação simultânea,
promovida por uma pá, porém não era de fácil acesso. A partir do momento que dinamizadores
de Fluxo Contínuo passaram a ser produzidos no Brasil, tornaram-se acessíveis para um maior
número de farmácias, no entanto a técnica não era padronizada.
Atualmente a técnica de fluxo contínuo é padronizada e por ser encontrada na 3ª edição

HOMEOPATIA | UNIDADE 4
da Farmacopéia Homeopática Brasileira (ANVISA, 2011; ABFH, 2007).

• Ponto de partida. Matriz na potência 30 CH em etanol a 77% (v/v).

• Insumo inerte. Água purificada.

• Número de frascos. Câmara de dinamização única.

•Controle da vazão. Deve garantir que um fluxo contínuo e constante de insumo inerte
passe através da câmara de dinamização de forma controlada para que no final de 100 rotações o
conteúdo da câmara seja completamente renovado.

• Escala. Não definida.

• Número de rotações. Nesse método considera-se que 100 rotações equivalem a 100
sucussões, pois a cada 100 rotações obtêm-se uma nova potência.
• Processo. Diluição e turbilhonamento contínuos. Mecânico.

• Características obrigatórias do equipamento.


- A câmara de dinamização deverá possuir capacidade volumétrica conhecida e sistema de
entrada e saída de diluente de forma que esse volume se mantenha constante durante o processo.
- A entrada de água deve ocorrer junto ao centro do vórtice do líquido em dinamização,
de forma que a água purificada que entra na câmara seja turbilhonada antes de ser expulsa.
- A vazão deve estar sincronizada com o número de rotações por minuto do motor,
conforme manual do equipamento.
- A potência desejada será função do tempo necessário para sua obtenção. Alcançado o
tempo definido, desligar simultaneamente a entrada de água e o motor do equipamento.

WWW.UNINGA.BR 69
ENSINO A DISTÂNCIA

- Retirar da câmara dinamizadora o volume necessário para que sejam feitas, a seguir,
duas dinamizações centesimais hahnemannianas em etanol a 77% (v/v) ou superior.

• Técnica de fluxo contínuo: Adicionar o volume da matriz de partida em etanol a 77%


(v/v) ou superior, equivalente à capacidade volumétrica da câmara do aparelho. A entrada de
água purificada e a rotação do motor serão acionadas simultaneamente.
A dinamização inicia-se sempre com a câmara cheia.
O processo será reiniciado com a última potência FC em que ele foi interrompido,
adicionando o volume da matriz de partida equivalente à capacidade volumétrica da câmara do
aparelho.
- Acionar, então, a entrada da água purificada e o motor, simultaneamente.
- Interromper o processo sempre duas potências antes da desejada.
- Para o preparo das duas últimas potências será seguido o método hahnemanniano em
escala centesimal, usando como insumo inerte etanol a 77% (v/v) ou superior.
- Somente as potências em etanol a 77% (v/v) poderão ser estocadas.

A dispensação do medicamento preparado segundo o Método de fluxo contínuo deve se


dar a partir da 200 FC até a 100 000 FC, como limite máximo (ANVISA, 2011).
O aparelho denominado dinamizador de fluxo contínuo (figura 1) é composto pelos
seguintes componentes:

HOMEOPATIA | UNIDADE 4
1 – Sistema de alimentação composto por um funil de separação de fases, que serve de
reservatório do insumo inerte;

2 – Coluna de vidro para manter a pressão d’água estável do início ao final do processo,
garantindo, desse modo, um fluxo contínuo e constante;

3 – Torneira para permitir o escoamento de água do reservatório do insumo inerte para


a câmara de dinamização;

4 – Válvula para o controle de fluxo d’água proveniente do reservatório superior. Ela deve
permitir o escoamento para a câmara de dinamização de volume de insumo inerte suficiente para
preenchê-la ao mesmo tempo em que o motor proporciona 100 rotações;

5 – Câmara dinamizadora, também conhecida como ampola dinamizadora ou cachimbo


dinamizador, de vidro termorresistente, para poder ser esterilizado, com uma entrada superior
para o insumo inerte e uma saída lateral para a retirada das dinamizações;

6 – Palheta, pá ou hélice de vidro, também termorresistente, para promover o


turbilhonamento da diluição;

7 – Motor com capacidade suficiente para promover, com a palheta, o turbilhonamento


do meio líquido, a fim de liberar energia medicamentosa.

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ENSINO A DISTÂNCIA

Figura 1 – Dinamizador de fluxo contínuo. Fonte: Fontes (2012).

1.2. Calibração do fluxo

HOMEOPATIA | UNIDADE 4
Para fazer a calibração do aparelho de fluxo contínuo é necessário realizar os seguintes
cálculos para câmara de 2 mL de capacidade e com um motor de 3.600 rpm e preparação da 200
FC:
- Cálculo do volume para cálice padrão de 60 mL:
3.600 rotações ................................. 60 segundos
100 rotações ..................................... X segundos
X = 1,666666666 segundos.
Para cada 100 rotações, tem-se 1,6 segundos
2 mL ................................. 1,666 segundos
60 mL ................................ X segundos
X = 50 segundos
- Cálculo do número de dinamizações:
N (número de dinamizações) = (FC – 2) = 30 CH
FC = potência final
N = (200 FC – 2) – 30 CH
N = 198 FC – 30 CH
N = 168 dinamizações
- E para 168 dinamizações quantos segundos o aparelho gastará?
1 dinamização ................................. 1,666 segundos
168 dinamizações ............................. X segundos
X = 280 segundos
- Para saber o volume de insumo inerte a ser colocado no reservatório de água purificada,
basta multiplicar o fluxo pelo tempo:
V=FXT
V = 60 mL/50 s X 280 s
V = 336 mL

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ENSINO A DISTÂNCIA

A dispensação dos principais medicamentos preparados segundo o Método de fluxo


poderá seguir o tempo e volume da tabela 1.

Ponto de partida FC final Tempo (s) Volume (mL)


300 CH 200 280 336
300 CH 500 780 936
300 CH 1.000 1.613 1.636
300 CH 5.000 8.280 9.936
300 CH 10.000 16.613 19.936
300 CH 50.000 83.280 99.936
300 CH 100.000 166.613 199.936
Tabela 1 – Tempo e volume necessários para preparar as potências com o aparelho de fluxo contínuo, conside-
rando o volume útil da câmara de dinamização = 2 mL; a velocidade do motor = 3.600 rpm; o fluxo de entrada
na câmara de dinamização = 72 mL/min (60 mL/50s); o tempo para cada dinamização (100 rotações) = 1,666 s; o
número de dinamizações = N = (FC-2) – 30 CH; o volume total (mL) = 72 mL/min x t (min); e mais duas dinami-
zações manuais ao final do processo. Fonte: Fontes (2012).

2 - SPECIAL DINAMIZATION (SD)

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A special dinamization foi criada na cidade de Curitiba, pela Fundação de Estudos Médicos
Homeopáticos do Paraná, em 1995 (BRASIL, 2001). Apesar desta escala não estar inserida na
Farmacopéia Homeopática Brasileira (ANVISA, 2011), ela é aceita no meio clínico homeopático
(LUZ, 2013). Consiste de uma preparação cem milesimal (1/100 mil) de duplo passo obtida a
partir de 4 CH.

• 1 parte da 4 CH + 99 partes de etanol a 70% + ↑↓= solução intermediária 1 SD.

• 1 parte da solução intermediária 1 SD + 999 partes de etanol a 70 % + ↑↓ = 1 SD.

• Repetir este procedimento de duplo passo para as dinamizações subseqüentes (FONTES,


2012).

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3 - FORMAS FARMACÊUTICAS DE DISPENSAÇÃO


DOS MEDICAMENTOS HOMEOPÁTICOS: LÍQUIDOS E
SÓLIDOS
Os medicamentos, para uso interno, podem ser comercializados sob a forma líquida
ou sólida (tabletes, comprimidos, pó e glóbulos). As apresentações mais comuns na prática da
Homeopatia são as formas líquidas e os glóbulos (BARBOSA NETO, 2006; FONTES, 2012).

3.1. Líquidos
Preparação líquida administrada sob a forma de gotas; dose única líquida; formulações
líquidas (FONTES, 2012).
O prazo de validade deverá ser determinado, caso a caso, conforme legislação pertinente
(ANVISA, 2011).

3.2. Sólidos

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Comprimidos; glóbulos; pós; tabletes; dose única sólida; formulações sólidas (FONTES,
2012).
O prazo de validade deverá ser determinado, caso a caso, conforme legislação pertinente
(ANVISA, 2011).
Em farmacopéias estrangeiras, ainda são encontradas outras formas homeopáticas de uso
interno, como ampolas bebíveis, injetáveis e grânulos (FONTES, 2012).

4 - INTERPRETAÇÃO DE RECEITAS HOMEOPÁTICAS


Dependendo do método de preparação das formas farmacêuticas os receituários poderão
apresentar-se da seguinte forma:

• Dose única líquida com volume especificado na receita:

- Receita 1: Lycopodium clavatum 30 CH ............ XX/30. Dose única líquida. Conteúdo:


30 mL. Tomar todo o conteúdo do frasco, em jejum.
* Interpretação: Prepara o Lycopodium clavatum na potência 30 CH, em etanol a 30 %,
pelo método hahnemanniano dos frascos múltiplos, transferir 20 gotas da 30 CH para um frasco
de 30 mL e acrescentar 30 mL de água purificada. Misturar. Está pronta a dose única líquida.
O número romano identifica o número de gotas do medicamento a ser diluído. O número
arábico, após a barra, identifica a quantidade de água purificada, em mL, que diluirá as gotas do
medicamento.

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- Receita 2: Natrium sulfuricum 200 FC ...... X/V/20. Dose única líquida. Conteúdo: 20
mL. Tomar todo o conteúdo do frasco à noite, ao deitar.
* Interpretação: Prepara o Natrium sulfuricum na potência 200 FC, em etanol a 30 %, pelo
método de fluxo contínuo, transferir 10 gotas (X) da FC para um frasco de 20 mL, acrescentar
cinco gotas (V) de etanol a 96% e 20 mL de água purificada. O primeiro número romano identifica
o número de gotas do medicamento a ser diluído. O segundo, que está entre barras, identifica
o número de gotas de etanol a 96%, necessário para conservar o medicamento por um tempo
maior. O número arábico, após a barra, identifica a quantidade de água purificada, em mL, que
diluirá as gotas do medicamento e do etanol a 96%.

• Dose única líquida, quando o volume não está especificado na receita:


- Receita: Pulsatila nigricans 30 CH D.U. líquida. Conteúdo: 1 mL. Tomar todo o conteúdo
do frasco de uma só vez.
* Interpretação: Preparar a Pulsatila nigricans na potência 30 CH, em etanol a 30 %, pelo
método hahnemanniano dos frascos múltiplos, transferir duas gotas desta para um flaconete e
acrescentar 1 mL de etanol a 30 %. Misturar. Está pronta a dose única. Rotular.

• Preparação sólida:
- Receita 1: Colocynthis 5CH. Comprimidos. Conteúdo: 15 g. Chupar 1 comprimido 4
vezes ao dia.
* Interpretação: Impregnar com 1,5 mL (10%) de Colocynthis 5 CH preparado em etanol

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a 90 % e agitar o frasco por alguns minutos. Deixar secar os comprimidos sobre papel filtro.
Transferir para um frasco de boca larga e rotular.

- Receita 2: Veratrum álbum. 12 DH. Conteúdo. 15 g. Chupar 5 glóbulos 4 vezes ao dia.


* Interpretação: Impregnar com 0,5 mL de Veratrum álbum 12 DH preparado em etanol
a 90 % e agitar o frasco alguns minutos. Deixar secar sobre papel filtro. Devolvê-los ao frasco e
adicionar mais 0,5 mL do insumo ativo. Agitar o frasco alguns minutos. Deixar os glóbulos secar
sobre papel de filtro. Devolvê-los ao frasco e adicionar, por último, mais 0,5 mL do insumo ativo.
Agitar o frasco alguns minutos. Deixar os glóbulos secar. Transferi-los para um frasco de boca
larga e rotular.

- Receita 3: Natrium muriaticum 30 CH Pós. Conteúdo: 12 cápsulas de 500 mg. Tomar


todo o conteúdo de 1 cápsula 2 vezes ao dia, por 6 dias.
* Interpretação: Pesar 6 g de lactose (500 mg X 12 cápsulas). Impregnar a lactose com
0,6 mL (10%) de Natrium muriaticum 30 CH. Misturar bem e deixar secar. Repartir a lactose
impregnada em 12 porções de 500 mg. Acondicionar em cápsulas gelatinosas nº 0 incolor.
Embalar e rotular.

- Receita 4: Magnesium phosphoricum 3 DH Pós. Conteúdo: 30 papéis de 500 mg. Tomar


todo o conteúdo de 1 papel 3 vezes ao dia, por 10 dias.
* Interpretação: Preparar o Magnesium phosphoricum 3 DH, em lactose, pelo método
hahnemanniano da trituração. Pesar 13,5 g (90%) de lactose e 1,5 g (10%) de Magnesium
phosphoricum 3 DH trit. (30 papéis de 500 mg cada um = 15.000 mg = 15 g). Misturar. Repartir em
30 porções de 500 mg cada uma. Acondicionar em papéis. Rotular cada um dos papéis. Embalar
em um pote de boca larga ou em outro recipiente adequado e rotulá-lo.

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- Receita 5: Ferrum phosphoricum 3 DH. Tabletes. Conteúdo: 15 g. Chupar 1 tablete em


jejum e ao deitar.
* Interpretação: Prepara o Ferrum phosphoricum 3 DH de acordo com o método
hahnemanniano de trituração. Pesar 1,5 g (10%) de Ferrum phosphoricum 3 DH
trit. e 13,5 (90%) de lactose (75 tabletes de 200 mg cada um = 15.000 mg = 15 g).
Homogeneizar. Obter o ponto de massa com etanol a 70 %. Levar ao tableteiro e
moldar com uma espátula de aço inoxidável. Secar o suficiente e proceder à extrusão
dos tabletes. Secar totalmente em temperatura inferior a 50ºC. Transferir os tabletes
para um frasco de boca larga, colocar algodão e rotular.

- Receita 6: Sulfur 30 CH D.U. Glóbulos. Conteúdo: 5 glóbulos. Deixar dissolver na boca


todo o conteúdo do frasco, em jejum.
* Interpretação: Preparar o Sulfur 30 CH de acordo com o método hahnemanniano.
Transfeir cinco glóbulos para um flaconete e acrescentar duas gotas de insumo ativo
líquido. Agitar o flaconete dois minutos para promover a absorção do líquido pelos
glóbulos. Secá-los sobre papel de filtro. Transferir para outro flaconete e rotular.

- Receita 7: Formulação sólida preparada com insumo ativo líquido (comprimidos)

Nux vomica 12 CH
ãã ... qsp ....... 30 comprimidos

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Arsenicum álbum 6 CH

Conteúdo: 30 comprimidos de 200 mg. Deixar dissolver 1 comprimido na boca, de 1/1


hora.
* Interpretação: Preparar separadamente, a Nux vomica 12 CH líq. e o Arsenicum
álbum 6 CH líq., em etanol igual ou superior a 70 %, pelo método hahnemanniano.
Em um cálice, medir 1 mL de cada um dos medicamentos e misturar bem. Pesar trinta
comprimidos inertes (200 mg/comprimidos X 30 = 6g). Impregnar os comprimidos
inertes com 0,6 mL (10%) da mistura. Secar em temperatura inferior a 50ºC. Colocar
os comprimidos em um frasco de boca larga e rotular.

- Receita 8: Formulação sólida preparada com insumo ativo sólido (comprimidos)

Graphites 3 CH trit
ãã … qsp …… 30 comprimidos
Stannum metallicum 3 CH trit

* Interpretação: Preparar, separadamente, o Graphites 3 CH trint. e o Stannum


metallicum 3 CH trit. em lactose, pelo método hahnemanniano da trituração. Misturar
esses dois triturados em partes iguais e em quantidade suficiente para preparar os
comprimidos (30 comprimidos de 200 mg = 6g). Pesar 0,6g da mistura e acrescentar
5,4 g de lactose ou mistura de lactose e sacarose. Na realidade, os cálculos devem ser
efetuados para mais de 6g, pois ocorrem perdas durante o processo de preparação dos
comprimidos. Homogeneizar bem. Umedecer a mistura com quantidade suficiente
de etanol a 90% e granular. Tamisar e secar em temperatura inferior a 50ºC. Transferir
os comprimidos para um frasco de boca larga e rotular.

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- Receita 9: Formulação sólida, preparada com insumos ativos e sólidos (comprimidos)

Calcarea carbônica 3 CH trit.


Magnesium phosphoricum 3CH trit. ãã ... qsp ..... 50 comprimidos
Lycopodium clavatum 12 CH
Phosphorus 12 CH
Conteúdo: 50 comprimidos de 200 mg. Dissolver 1 comprimido na boca a cada 4 horas.

* Interpretação: Preparar os componentes das fases líquidas e sólidas conforme as


técnicas descritas. Conforme as técnicas descritas. Considerando o peso médio de 200
mg para cada comprimido, tem-se um peso total de 10g (200 mg X 50 comprimidos =
10.000mg = 10g). Pesar 0,5g (5%) da fase sólida e acrescentar 9,5 de lactose ou mistura
de lactose e sacarose. Homogeneizar bem. Incorporar à mistura 0,5 mL (5%) da fase
líquida. Deixar secar em temperatura inferior a 50ºC e homogeneizar. Umedecer a
mistura com quantidade suficiente de etanol a 90% e granular. Tamisar e secar em
temperatura inferior a 50ºC. levar à compressão. Transferir os comprimidos para um
frasco de boca larga e rotular.

- Receita 10: Formulação sólida preparada com insumos ativos líquidos (glóbulos)

Hydrastis canadensis 6 CH

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ãã ... qsp ....... 15g glóbulos
Kalium bichromicum 6 CH
Conteúdo: 15 g. Chupar 5 glóbulos de 2 em 2 horas.

* Interpretação: Preparar o Hydrastis canadensis 6CH e o Kalium bichromicum 6 CH


separadamente, em etanol a 90%. Misturar os dois medicamentos em partes iguais.
Pesar 15g de glóbulos inertes. Utilizar a técnica da tríplice impregnação, adicionando
0,5 mL a cada passagem: 3 X 0,5 mL = 1,5 mL (10% do peso dos glóbulos). Deixar
secar em temperatura inferior a 50ºC. Embalar em frasco de boca larga e rotular.

- Receita 11: Formulação sólida preparada com insumos ativos líquidos (Pós)

Paeonia 5 CH
ãã ... qsp ....... 10 papéis
Hamamelis 5 CH
Conteúdo = 10 papéis de 500 mg. Tomar todo o conteúdo de 1 papel 2 vezes ao dia.

* Interpretação: Preparar a Paeonia 5 CH e o Hamamelis 5 CH, em etanol igual ou


superior a 70%, separadamente, conforme o método hahnemanniano. Misturar os
dois medicamentos em partes iguais. Pesar 5g de lactose (500 mg X 10 papéis = 5.000
mg = 5g). Impregnar a lactose com 0,5 mL (10%) da mistura. Homogeneizar e deixar
secar em temperatura inferior a 50ºC. Repartir a lactose impregnada em dez porções
de 500mg. Acondicionar em papéis. Colocá-los em um pote de boca larga e rotular.

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- Receita 12: Formulação sólida preparada com insumos ativos sólidos (Pós)

Ferrum metallicum 30 CH trit


ãã ... qsp ....... 10 cápsulas
Magnesium phosph. 3 CH trit.
Conteúdo: 10 cápsulas de 500 mg. Tomar todo o conteúdo de 1 cápsula, em jejum.

* Interpretação: Preparar o Ferrum metallicum 3 CH trit. e o Magnesium phosphoricum


30 CH trit., em lactose, pela técnica da trituração. Misturar os triturados em partes
iguais e homogeneizar. Pegar 0,5 g (10%) desse preparado e misturar com 4,5 de
lactose (90%). Homogeneizar. Repartir a mistura final em dez porções de 500 mg.
Acondicionar cada porção em uma cápsula gelatina incolor nº 0. Colocar as cápsulas
em um pote de boca larga e rotular.

- Receita 13: Formulação sólida prepara com insumos ativos sólidos e líquidos (Pós)

Graphites 3 CH trit.
Calcarea carbônica 30 CH trit. ãã ... qsp .... 10 papéis
Bryonia 12 CH
Aconitum 12 CH
Conteúdo: 10 papéis de 500 mg. Dissolver 1 papel na boca a cada 4 horas.

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* Interpretação: Preparar os componentes das fases líquidas e sólidas conforme as
técnicas descritas. Considerando o peso de 500 mg para cada papel, tem-se um peso
total de 5g. Pesar 0,25g (5%) da fase sólida e acrescentar 4,75 de lactose. Homogeneizar
bem. Incorporar à mistura 0,25 mL (5%) da fase líquida. Homogeneizar e deixar secar
em temperatura inferior a 50ºC. Repartir a mistura final em dez porções de 500 mg.
Acondicionar cada porção em um papel. Colocar os papéis em um pote de boca larga
e rotular.

- Receita 14: Formulação sólida preparada com insumos ativos sólidos (tabletes)

Calcarea phosphorica 3 DH trit


Calcarea carbonica 3 DH trit. ãã ... qsp .... 50 tabletes
Baryta carbonica 3 DH trit.
Conteúdo: 50 tabletes de 200 mg. Chupar 1 tablete em jejum e ao deitar.

* Interpretação: Preparar a Calcarea phosphorica 3 DH trit., a Calcarea carbônica


3 DH trit. de acordo com o método hahnimanniano da trituração. Misturar os
triturados em partes iguais. Considerando o peso de 200 mg para cada tablete, tem-
se: 200 mg X 50 tabletes = 10g. Pesar 1 g (10%) da mistura de triturados e 9g (90%) de
lactose. Homogeneizar. Dar o ponto de massa com etanol a 70%. Levar ao tableteiro e
moldar com uma espátula de aço inoxidável. Secar o suficiente e proceder à extrusão
dos tabletes. Secar em temperatura inferior a 50ºC. Transferir os tabletes para um
frasco de boca larga, colocar algodão e rotular.

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- Receita 15: Formulação sólida preparada com insumos ativos sólidos e líquidos (tabletes)

Baryta carbônica 3 CH trit.


Calcarea phosphorica 3 CH trit. ãã … qsp ….. 30 tabletes
China officinalis 5 CH
Eupatorium 5 CH
Conteúdo: 30 tabletes de 200 mg. Dissolver um tablete na boca a cada 4 horas.

* Interpretação: Preparar os componentes das fases líquidas e sólidas conforme as


técnicas descritas. Considerando o peso de 200 mg para cada tablete, tem-se: 200
mg X 30 tabletes = 6g. Pesar 0,3 g (5%) da fase sólida e acrescentar 5,7g de lactose.
Homogeneizar bem. Incorporar à mistura 0,3 mL (5%) da fase líquida. Homogeneizar
e deixar secar em temperatura inferior a 50ºC. Proceder conforme a técnica geral de
moldagem. Transferir os tabletes para um frasco de boca larga e rotular (FONTES,
2012).

5 - BIOTERÁPICOS: CONCEITOS BÁSICOS


Entre os medicamentos homeopáticos, os bioterápicos representam uma categoria muito

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particular, extremamente importante no plano terapêutico do campo da enfermidade (TETAU,
1980).
Entre os bioterápicos, encontram-se os isoterápicos, porém preparados extemporaneamente
a partir de cepas fornecidas pelo próprio doente. Em 1831, Héring expôs as suas idéias sobre
esse assunto em seu tratado sobre Lachesis. Lux, veterinário em Leipzig, publicou em 1833 seu
trabalho: “A Isopatia dos contágios na qual todas as doenças contagiosas trazem nos próprios
produtos de contágio, o meio de serem curadas” (TETAU, 1980).
- Bioterápicos: São preparações medicamentosas obtidas a partir de produtos biológicos,
quimicamente indefinidos: secreções, excreções, tecidos, órgãos, produtos de origem microbiana
e alérgenos. Essas preparações podem ser de origem patológica (nosódios) ou não patológicos
(sarcódios), elaboradas conforme a farmacotécnica homeopática (ANVISA, 2011).

Os bioterápicos são divididos em duas grandes categorias: bioterápicos de


estoque e isoterápicos (FONTES, 2012).

- Bioterápicos de estoque: são produtos cujo insumo ativo é constituído por amostras
preparadas e fornecidas por laboratório especializado (ANVISA, 2011). Os bioterápicos de
estoque são classificados em 1 - codex, 2 - simples, 3 - complexos, 4 - ingleses e 5 – vivos e/ou
Roberto Costa (FONTES, 2012).

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1 – Bioterápicos codExemplo: são obtidos a partir de vacinas, soros, toxinas e anatoxinas,


inscritos na Farmacopéia francesa. Exemplo: Aviaria (Tuberculina aviaria), obtida por cultura em
caldo de uma cepa de bacilo tuberculoso aviário, por conseguinte isolada do pássaro. Utilizada
no tratamento das pneumopatias agudas da criança, asma infantil e no tuberculínico cujos ápices
pulmonares apresentam manchas suspeitas (ABFH, 2007; FONTES, 2012; TETAU, 1980);

2 – Bioterápicos simples: são obtidos a partir de culturas microbianas puras, lisadas e


atenuadas. Exemplo: o Colibacillinum é obtido a partir de culturas de três cepas de Escherichia
coli, sem adição de antissépticos (ABFH, 2007; FONTES, 2012);

3 – Bioterápicos complexos: são obtidos a partir de órgãos doentes, secreções ou excreções


patológicas. Exemplo: Anthracinum, resulta da lise de fígado de coelhos nos quis foi inoculado o
carbúnculo (Bacillus anthracis) e a seguir sacrificados na fase pré-orgânica, sendo utilizado para
tratar as lesões de pele que têm tendência para gangrenar, assim como a furunculose e o antraz
(ABFH, 2007; FONTES, 2012; TETAU, 1980);

4 – Bioterápicos ingleses, também chamados de nosódios intestinais de Bach-Paterson:


são obtidos a partir de microrganismos da flora intestinal que não fermentam a lactose, presentes
nas fezes de doentes crônicos. Exemplo: Bacilo de Morgan (Proteus morgani), bacilo gram
negativo, móvel, anaeróbico facultativo, isolado de material fecal de crianças com diarréia estival
(sazonal) (ABFH, 2007; FONTES, 2012);

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5 – Bioterápicos Roberto Costa: são obtidos a partir de microrganismos vivos, conforme
técnica desenvolvida pelo pesquisador brasileiro Roberto de Andrade Costa, em escala decimal,
usando como diluente o cloreto de sódio 0,9% (ABFH, 2007; FONTES, 2012).

- Isoterápicos: São preparações medicamentosas obtidas a partir de insumos relacionados


com a patologia/enfermidade do paciente, elaboradas conforme a farmacotécnica homeopática,
sendo classificadas como autoisoterápicos e heteroisoterápicos (ANVISA, 2011).

- Autoisoterápicos: são isoterápicos cujos insumos ativos são obtidos do próprio paciente
(fragmentos de órgãos e tecidos, sangue, secreções, excreções, cálculos, fezes, urina, culturas
microbianas e outros) e destinados somente a este paciente (ANVISA, 2011).

- Heteroisoterápicos: são isoterápicos cujos insumos ativos são externos ao paciente


(alergenos, alimentos, cosméticos, medicamentos, toxinas, poeira, pólen, solventes e outros), que
de alguma forma o sensibiliza (ANVISA, 2011).

5.1. Requisitos mínimos para a preparação de bioterápicos e


isoterápicos
Por se tratar, na sua maioria, de materiais contaminados com micro-organismos, podendo
alguns apresentar patogenicidade, o preparo dos bioterápicos e isoterápicos deve obedecer, as
técnicas homeopáticas e ser realizado em laboratório que garanta segurança biológica, de acordo
com a legislação vigente.
Quando comprovada a inatividade microbiana, a preparação poderá ser realizada em
área comum de manipulação homeopática.

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No caso de material de origem microbiana, animal ou humana, medidas apropriadas


devem ser tomadas a fim de reduzir riscos relacionados à presença de agentes infecciosos nas
preparações homeopáticas. Para tal, o método de preparação deve possuir uma ou várias etapas,
que demonstrem a eliminação ou a inativação dos agentes infecciosos na matriz (ANVISA, 2011).

5.2. Coleta
A coleta deve ser feita sob a orientação de profissional habilitado, em local apropriado,
segundo legislação em vigor.
Quando se tratar de material microbiano, a coleta deve ser realizada de modo a garantir
a presença do agente etiológico, evitando que seja contaminado com outros micro-organismos
não desejados.
Os aspectos mais importantes nos procedimentos de coleta são:
- Toda amostra de origem biológica deve ser tratada como se fosse patogênica.
- Observar e seguir as normas técnicas de segurança individual e de proteção (EPI:
equipamento de proteção individual).
- Descontaminar a parte externa do recipiente da coleta, quando se tratar de material
patogênico.
- Colher o material, sempre que possível, antes do início de qualquer tratamento.
- O material utilizado na coleta deve ser, tanto quanto possível, descartável, sendo
necessário para o seu descarte aplicar o PGRSS – Programa de Gerenciamento de

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Resíduo de Serviços de Saúde, de acordo com o material coletado e outras normas vigentes
para segurança do manipulador. O material reutilizável deve ser descontaminado, de forma que
a biossegurança seja garantida (ANVISA, 2011).
Algumas orientações são necessárias sobre a coleta do material (tabela 2) (FONTES,
2012).

5.3. Ponto de partida


• Bioterápicos: seguir a monografia específica. Quando inexistente, usar a Tabela 3.

• Isoterápicos: utilizar a técnica mais adequada às características do material.

• A preparação de heteroisoterápicos utilizando substâncias ou especialidades


farmacêuticas que contenham substâncias sujeitas a controle especial deve ser realizada a partir
do estabelecimento ou proveniente do próprio paciente, obedecidas as exigências da legislação
específica vigente. Porém, a preparação e dispensação de dinamizações igual ou acima de 6 CH
ou 12 DH, com matrizes obtidas de laboratórios industriais homeopáticos, não necessitam de
Autorização Especial emitida pelo órgão sanitário competente.

• Escalas: Centesimal, Decimal ou Cinquenta Milesimal.

• Método: Método Hahnemanniano, Método Korsakoviano e Método de fluxo contínuo.

• Ponto de partida: os principais pontos de partida para a preparação de bioterápicos e


isoterápicos são: alergenos, cálculos (biliar, dental, renal, salivar e vesical), culturas microbianas,
escarro, fezes, fragmentos de órgãos ou de tecidos, pelos, poeira ambiental, pus, raspado de pele
ou de unha, saliva, sangue, secreções, excreções, fluidos, soro sanguíneo e urina.

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• Insumos inertes: os insumos inertes a serem utilizados para coleta e preparação dos
bioterápicos e isoterápicos são: lactose, soluções alcoólicas em diversas graduações, água
purificada e excepcionalmente, solução glicerinada e solução de cloreto de sódio 0,9% (p/v =
relação resíduo sólido/volume final).
O insumo inerte selecionado deve ser compatível com a natureza do ponto de partida.
Os autoisoterápicos só poderão ser estocados em etanol 77% (v/v) (equivalente a 70%
(p/p) ou superior e dispensados a partir da 12 CH ou da 24 DH).

Material Procedimento
Excreções (escarro, fezes, pus) Não usar medicamentos tópicos ou produtos
antissépticos
Pó caseiro Não usar produtos de limpeza e assepsia
Raspado de pele e unha Não usar medicamento tópico
Usar produtos de higiene neutros
Saliva O paciente deve estar em jejum de 1 hora
Sangue Colher sem anticoagulantes
O paciente deve estar em jejum de 8 horas
Secreção (auricular, nasal, vaginal) Não usar medicamento tópico
Urina Não usar anti-séptico local
Desprezar o 1º jato de urina

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Tabela 2 – Orientações sobre a coleta de material para o preparo de isoterápicos. Fonte: Fontes (2012).

Natureza do material Recipiente esterilizado Veículo estéril


para coleta para coleta
Alergenos frasco, placa de petri ou solução glicerinada,
coletor universal. água purificada,
etanol a 70% (v/v)
Cálculos (biliar, dental, renal, frasco ou coletor universal _________
salivar e vesical)
Culturas microbianas conforme procedimento conforme procedimento
laboratorial laboratorial
Escarro coletor universal _________
Fezes coletor universal solução glicerinada
Fragmentos de órgãos ou de coletor universal solução glicerinada
tecidos
Pelos coletor universal _________
Poeira ambiental coletor universal _________
Pus tubo de cultura com tampa solução glicerinada
de rosca etanol a 70% (v/v)
Raspado de pele ou de unhas placa de petri _________
Saliva coletor universal solução glicerinada
Sangue venoso total frasco, sem anti-coagulante, água purificada
com quantidade mínima etanol a 70% (v/v)
de água purificada capaz de
provocar hemólise

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Secreções, excreções e fluidos coletor universal, tubo de solução glicerinada


cultura com tampa de rosca lactose
etanol a 70% (v/v)
Soro sanguíneo frasco água purificada
etanol a 70% (v/v)
Urina coletor universal __________

Tabela 3 - Orientação para coleta de material a ser utilizado como insumo ativo na preparação de bioterápcos e
isoterápicos. Fonte: ANVISA (2011).

5.4. Coleta de Isoterápicos


A coleta do material poderá ser realizada em consultório médico, em laboratório e análises
clínicas ou na própria farmwcia, quando esta possuir área de coleta.

6 - FARMÁCIA HOMEOPÁTICA
A farmácia homeopática deve atender especificações adequadas em relação a parte

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estrutural, higienização, preparo e conservação dos medicamentos para garantir a qualidade dos
mesmo (ABFH, 2007; FONTES, 2012).

6.1. Infraestrutura física


Para assegurar a qualidade das preparações homeopática, a farmácia deverá possuir no
mínimo: área ou local de armazenamento; área de manipulação homeopática; área ou local de
lavagem e inativação; área ou local de lavagem e inativação; área para coleta de material biológico,
quando aplicável; área ou local de controle de qualidade; área de atendimento; área ou local
para atividades administrativas; sanitários e vestiários ou local para guarda dos pertences dos
funcionários.

6.2. Instalação: área de manipulação homeopática


A área de manipulação de medicamentos homeopáticos deverá ter: 1 – Dimensões que
facilitem, ao máximo, a limpeza, a manutenção e as operações a serem executadas; 2 – Ambiente
isento de odores fortes e radiações (raio X, ultravioleta e infravermelho); 3 – Superfícies internas
(piso, parede e teto) lisas e impermeáveis, sem rachaduras, resistentes aos agentes saneantes e
facilmente laváveis; 4 – Ventilação natural ou artificial; 5 – Iluminação natural ou artificial, desde
que a luz solar não incida diretamente sobre o local de manipulação ou sobre os medicamentos; 6
– Bancadas para manipulação confeccionados em material liso e resistente à limpeza com material
sanitizante; 7 – Janelas, quando houver, teladas e protegidas contra a entrada de insetos e aves;
8 – Ralos, quando houver, sifonados; 9 – Recipiente para lixo com tampa e pedal, devidamente
identificados.

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6.3. Limpeza
A limpeza do local de manipulação será realizada antes do início do trabalho de
manipulação, devendo ser verificada a condição de limpeza dos equipamentos, utensílios e
bancadas; As bancadas devem ser limpas com solução hidroalcoólica a 70% (p/p); Pisos e paredes
devem ser limpos com produto que não deixem resíduos ou possuam odores fortes. É indicado o
uso de sabão neutro, água e/ou solução sanitizante com validação da técnica; Deve haver um POP
(Procedimento Operacional Padrão) específico para a limpeza e sanitização dessa área (ABFH,
2007).
Área ou local de inativação: a área ou local destinado à limpeza, sanitização e inativação
dos materiais utilizados na manipulação dos medicamentos homeopáticos pode estar dentro da
área de manipulação, desde que a operação seja realizada em horário distinto. Esta operação
requer um POP específico (ABFH, 2007).

6.4. Estoque mínimo


a) Policrestos: Aconitum napellus, Arnica montana, Arsenicum album, Belladona, Bryonia
alba, Calcium ostrearum, Carbo vegetabilis, Chamomilla, China officinalis, Dulcamara, Hepar
sulphur, Hyoscyamus niger, Ipecacuanha, Lachesis muta, Lycopodium clavatum, Mercurius solubilis,
Nux vomica, Phosphorus, Pulsatilla nigricans, Thus toxicodendron, Sepia succus, Silicea e Veratrum

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album.

b) Semi-policrestos: Acidum nitricum, Aesculus hippocastanum, Aloe socotrina, Antimonium


crudum, Antimonium tartaricum, Apis mellifica, Argentum nitricum, Aurum metallicum, Barium
carbonicum, Calcium fluoratum, Calcium phosphoricum, Causticum, Chelidonium majus,
Colocynthis, Ferrum metallicum, Ferrum phosphoricum, Gelsemium, Graphites, Ignatia amara,
Iodum, Kalium bichromicum, Kalium carbonicum, Kalium phosphoricum, Luesinum, Magnesium
phosphoricum, Medorrhinum, Natrium carbonicum, Natrium muriaticum, Natrium sulphuricum,
Opium 12CH, Platinum, Psorinum, Staphysagria, Thuya occidentalis e Tuberculinum (ABFH,
2007).

6.5. Conservação da TM
As tinturas-mães devem ser conservadas em frasco de vidro âmbar, bem fechados, ao
abrigo da luz e calor. Enquanto as tinturas-mães hidroalcoólicas precisam ficar armazenadas
em locais cuja temperatura se situa entre 16 e 22ºC, as tinturas-mães hidroglicerinadas devem
ficar estocadas em ambientes refrigerados com prazo de validade inferior a seis meses. O
acondicionamento da TM em frasco plástico é impróprio, pois este altera sua qualidade, conforme
as condições de estocagem e a natureza do recipiente e da própria TM (ABFH, 2007; FONTES,
2012).

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6.6. Legislação
Os esforços por regulamentar o mercado de medicamentos incrementaram-se na última
década, em especial nos países desenvolvidos e, mais recentemente, nos países da América Latina.
Com essa atualização vem-se instituindo um conjunto de novas leis cuja área de incubência
envolve a certificação das empresas (FONTES, 2012).
Para a localização e a atualização da legislação pertinente à farmácia, os seguintes sites
poderão ser consultados:
www.anvisa.gov.br + legislação + Leis/Portarias/Resoluções + banco de dados +
Autorização de funcionamento de farmácias e drogarias;
www.cff.org.br + Legislação + Publicações no Diário Oficial.

• Decreto nº 57.477, de 20 de dezembro de 1965: Dispõe sobre manipulação, receituário,


industrialização e venda de produtos utilizados em homeopatia e dá outras providências (BRASIL,
1965).

• Portaria nº 17, de 22 de agosto de 1966: Dispõe sobre a manipulação, receituário


industrialização e venda de produtos utilizados em homeopatia (BRASIL, 1966).

• Lei nº 5.991, de 17 de dezembro de 1973: Dispõe sobre o controle sanitário do comércio


de drogas, medicamentos, insumos farmacêuticos e correlatos, e dá outras providências (BRASIL,

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1973).

• Decreto nº 74.170, de 10 de junho de 1974: Regulamenta a Lei número 5.991, de 17 de


dezembro de 1973, que dispõe sobre o controle sanitário do comércio de drogas, medicamentos,
insumos farmacêuticos e correlatos (BRASIL, 1974).

• Lei nº 6.360, de 23 de setembro de 1976: Dispõe sobre a vigilância sanitária a que


ficam sujeitos os medicamentos, as drogas, os insumos farmacêuticos e correlatos, cosméticos,
saneantes e outros produtos, e dá outras providências (BRASIL, 1976).

• Decreto nº 79.094, de 05 de janeiro de 1977: Regulamenta a Lei no 6.360, de 23 de


setembro de 1976, que submete a sistema de vigilância sanitária os medicamentos, insumos
farmacêuticos, drogas, correlatos, cosméticos, produtos de higiene, saneantes e outros (BRASIL,
1977).

• Decreto n° 83.239, de 06 de março de 1979. Altera o Decreto n° 79.094, de 05 de


janeiro de 1977, que regulamenta a Lei n° 6.360, de 23 de setembro de 1976 (BRASIL, 1979).

• Resolução n° 176, de 30 de maio de 1986. Ratifica, como atividade privativa da profissão


farmacêutica, a Farmácia Homeopática (BRASIL, 1986).

• Resolução RDC nº 139, de 29 de maio de 2003. Dispõe sobre o registro e a isenção de


registro de medicamentos homeopáticos industrializados (BRASIL, 2003).

• Resolução CFF n° 440, de 22 de setembro de 2005. Dá nova redação à Resolução n°


335/98 do Conselho Federal de Farmácia, que dispõe sobre as prerrogativas para o exercício da
responsabilidade técnica em homeopatia (BRASIL, 2005).

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• Resolução RDC nº 67, de 08 de outubro de 2007: Dispõe sobre Boas Práticas de


Manipulação de Preparações Magistrais e Oficinais para Uso Humano em farmácias (BRASIL,
2007a).

• Resolução RDC nº 26, de 30 de março de 2007: Dispõe sobre o registro de medicamentos


dinamizados industrializados homeopáticos, antroposóficos e anti-homotóxicos (BRASIL,
2007b).

• Instrução Normativa nº 4, de 11 de abril de 2007: Dispõe sobre o Guia para a Realização


de Estudos de Estabilidade para Medicamentos Dinamizados (BRASIL, 2007c).

• Instrução Normativa nº 5, de abril de 2007: Dispõe sobre os limites de potência para


registro e notificação de medicamentos dinamizados (BRASIL, 2007d).

• Resolução nº 465, de 24 de julho de 2007. Dispõe sobre as atribuições do farmacêutico


no âmbito da Farmácia Antroposófica (BRASIL, 2007e).

• Resolução RDC Anvisa n° 87, de 21 de novembro de 2008. Altera o Regulamento


Técnico sobre Boas Práticas de Manipulação em Farmácias (BRASIL, 2008).

• Resolução RDC nº 39, de 2 de setembro de 2010. Aprova a Farmacopéia Homeopática

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Brasileira, terceira edição e dá outras providências (BRASIL, 2010).

• Resolução CFF n° 576, de 28 de junho de 2013. Dá nova redação ao artigo 1º da


Resolução/CFF n° 440/05, que dispõe sobre as prerrogativas para o exercício da responsabilidade
técnica em homeopatia (BRASIL, 2013a).

• Decreto n° 8.077, de 14 de agosto de 2013. Regulamenta as condições para o


funcionamento de empresas sujeitas ao licenciamento sanitário, e o registro, controle e
monitoramento, no âmbito da vigilância sanitária, dos produtos de que trata a Lei n° 6.360, de 23
de setembro de 1976, e dá outras providências (BRASIL, 2013b).

• Resolução CFF n° 585, de 29 de agosto de 2013. Regulamenta as atribuições clínicas do


farmacêutico e dá outras providências (BRASIL, 2013c).

• Resolução CFF n° 586, de 29 de agosto de 2013. Regula a prescrição farmacêutica e dá


outras providências (BRASIL, 2013d).

• Resolução RDC n° 9, de 06 de março de 2013. Aprova a correção da terceira edição da


Farmacopéia Homeopática Brasileira (FHB) (BRASIL, 2013e).

• Resolução n° 601, de 26 de setembro de 2014. Dispõe sobre as atribuições do


farmacêutico no âmbito da homeopatia e dá outras providências (BRASIL, 2014a).

• Lei n° 13.021, de 08 de agosto de 2014. Dispõe sobre o exercício e a fiscalização das


atividades farmacêuticas (BRASIL, 2014b).

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• Resolução RDC n° 129, de 02 de dezembro de 2016. Aprova o Formulário Homeopático


da Farmacopéia Brasileira e dá outras providências (BRASIL, 2015).
= Legislações que merecem atenção.

6.7. Rotulagem
É a identificação conveniente aplicada diretamente sobre recipiente, invólucro, cartucho
ou qualquer outro protetor de embalagem.
Os medicamentos homeopáticos deverão cumprir nos rótulos com a legislação em vigor,
além de possuir, no mínimo, os seguintes elementos:
- Nome do estabelecimento, CNPJ, endereço e telefone.
- Nome do responsável técnico e o número de inscrição do mesmo no Conselho Regional
de Farmácia.
Além das exigências acima, o rótulo deve conter nos casos especificados abaixo, os
seguintes dados:
Tintura-mãe
- Nome científico da droga.
- Tintura-mãe por extenso ou sigla TM ou símbolo Ø.
- Farmacopéia utilizada na preparação.
- Data de fabricação, prazo de validade e lote.
- Estado da droga (seca ou fresca).

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- Parte usada.
- Grau alcoólico.
- Volume.
Outras matrizes
- Nome científico ou homeopático.
- Potência, escala e método, seguido da palavra ”Matriz”.
- Quantidade.
- Data de fabricação, prazo de validade e lote.
- Insumo inerte sólido e/ou grau alcoólico.
Formas farmacêuticas magistrais para dispensação
- Nome homeopático.
- Potência, escala e método.
- Forma farmacêutica.
- Quantidade.
- Data de manipulação.
- Prazo de validade.
- Posologia.
- Uso interno ou externo.
- Insumo inerte ou grau alcoólico.
- Nome do paciente.
- Nome do prescritor.
- Conservação, quando necessário.
Formas farmacêuticas farmacopeicas para dispensação
- Nome científico ou homeopático.
- Potência, escala e método.
- Forma farmacêutica.
- Quantidade.

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- Data de fabricação, prazo de validade e lote.


- Uso interno ou externo.
- Insumo inerte ou grau alcoólico.
- Conservação, quando necessário (ANVISA, 2011).

7 - CONTROLE DE QUALIDADE NA FARMÁCIA


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Deve garantir a qualidade do medicamento, desde o planejamento inicial do processo até
a atualização final pelo consumidor, assegurando que:
- As operações sejam planejadas, especificadas e desenvolvidas de tal maneira que
correspondam às exigências das BPM (boas práticas de manipulação);
- As responsabilidades estejam claramente definidas;
- Todo o planejamento seja plenamente executado, desde o fornecimento e uso de matérias
primas e materiais de embalagens corretos, até o estabelecimento do processo de preparação do
medicamento, levando a um produto final adequado;
- Os produtos farmacêuticos não saiam da farmácia sem que uma pessoa qualificada
tenha atestado sua conformidade;

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- Existam medidas de recomendações satisfatórias que garantam a armazenagem, a
distribuição e a comercialização em condições apropriadas, durante toda a sua permanência nas
prateleiras, chegando ao consumidor em condições adequadas;
- Haja sistema de registro que permita a identificação do destino do medicamento,
possibilitando o eventual recolhimento (FONTES, 2012).

7.1. Boas práticas de manipulação em Homeopatia


As boas práticas de manipulação de preparações homeopáticas (BPMPH) em farmácias
prevêem as condições mínimas para avaliação farmacêutica, produção, conservação, dispensação
das preparações magistrais e oficinais e critérios para a aquisição de insumos ativos, insumos
inertes e materiais de embalagem (BRASIL, 2007a; BRASIL, 2008).
Para informações completas das boas práticas de manipulação de preparações magistrais
e oficinais para o uso humano em farmácia, a Resolução RDC nº 67, de 08 de outubro de 2007
deve ser consultada (BRASIL, 2007a; BRASIL, 2008).
São requisitos básicos para as BPM, que:
- Todos os processos de preparo do medicamento sejam bem definidos e revisados por
farmacêutico, inclusive periodicamente;
- As fases críticas do processo de manipulação sejam validadas mediantes verificação dos
procedimentos, dos processos, equipamentos e materiais;
- Existam recursos básicos para que as BPM sejam efetivamente implantadas, com a
presença de pessoal qualificado, treinamento, espaço e instalações adequados, equipamentos e
armazenamento convenientes;
- As instruções sejam claras e os operadores treinados;
- Haja registro do processo de preparo dos medicamentos (inclusive em lotes, se
aplicável) para demonstrar que todos os passos foram executados e a quantidade e a qualidade
do produto correspondam ao previsto. Esses registros devem ser mantidos de maneira acessível,
possibilitando rastrear o produto;

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- Exista um sistema para recolhimento dos produtos, se necessário;


- As reclamações sejam examinadas e as providências necessárias tomadas.
Devem existir roteiros de trabalhos que definam o fluxograma do receituário, os registros
de treinamento de pessoal e do uso e manutenção de equipamentos/utilitários, os Procedimentos
Operacionais Padronizados (POP) e o relatório de auto-inspeção (BRASIL, 2007a; BRASIL, 2008;
FONTES, 2012).

Receita

Recebimento pelo atendente da farmácia (avaliação do receituário)

Registro em comanda ou eletronicamente (dados do paciente, do prescritor, do
medicamento, da entrega e do orçamento)

Conferência das matrizes (estoque)

Confecção do rótulo

Separação das matrizes

Pesagem ou separação do insumo inerte

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Manipulação do medicamento

Rotulagem

Conferência da receita e do rótulo

Registro da receita

Dispensação do medicamento (atenção farmacêutica)

Quadro 1 - Fluxograma de Receituário. Fonte: Fontes (2012).

7.2. Controle de qualidade


Apenas as matérias as matérias-primas, inertes e as primeiras diluições permitem controle
analítico. Para controlar as dinamizações, é necessária uma verificação extremamente cuidadosa
do processo de manipulação, das matérias-primas e do material de embalagem. Assim, a garantia
de qualidade do medicamento homeopático só pode ser obtida pelo controle das matérias-primas
e pelas boas práticas de manipulação (BPM) (FONTES, 2012).
As farmácias homeopáticas devem possuir um setor de controle de qualidade, podendo
terceirizar algumas análises por meio de contratos de prestação de serviços em instituições
capacitadas para tal finalidade (BRASIL, 2007a; BRASIL, 2008)

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O setor de controle de qualidade deve estabelecer procedimentos operacionais


padronizados de: Recebimento de matérias-primas, material de embalagem e insumos inertes;
Inspeção de recebimento; Limpeza, higienização e sanitização; Manipulação do medicamento;
Armazenamento e conservação; Documentação; Auto-inspeção (BRASIL, 2007a; BRASIL, 2008).

7.3. Controle de qualidade dos insumos ativos


Deverá respeitar peculiaridades das preparações homeopáticas para os quais existem
métodos de controle de qualidade, como tinturas-mães e triturações, devem ser adquiridos
acompanhados dos respectivos certificados de análise. Os insumos ativos para os quais não
existem métodos de controle de qualidade, como as formas farmacêuticas derivadas, precisam
vir acompanhados da respectiva descrição de preparo.
As matrizes do estoque devem passar por análise microbiológicas anuais, mediante
amostragem representativa, mantendo-se arquivados os registros.
Para o controle de qualidade dos insumos ativos, recomenda-se verificar principalmente,
as orientações da farmacopéia brasileira (BRASIL, 1988) e o manual de normas técnicas para
farmácia homeopática (ABFH, 2007).

7.4. Certificado de análise

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Os diferentes lotes e matérias-primas, insumos inertes e insumos ativos, para os quais
existem métodos de controle de qualidade, como trinturas-mães e triturações, devem ser
adquiridos acompanhados dos respectivos certificados de análise emitidos pelo fornecedor ou
pelo fabricante. Esses certificados devem ter informações claras e conclusivas, com todas as
especificações que garantam a qualidade do produto. Precisam ser datados, assinados e apresentar
identificação do profissional responsável técnico (FONTES, 2012).
Exemplo de certificado de análise da TM de Thuya occidentalis:

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HOMEOPATIA | UNIDADE 4
Tabela 4 – Certificado de análise. Fonte: Fontes (2012).

http://homeopatia.bvs.br/
https://aph.org.br/

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REFERÊNCIAS
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normas técnicas para farmácia homeopática. 4ª ed., Curitiba: ABFH, 2007.

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HOMEOPATIA. Homeopatia, Linhas, Abrangência e Limitações, 2018. Disponível em: <http://
www.abrah.org.br/wp-content/uploads/2010/07/Linhas-e-Limita%C3%A7%C3%B5es-da-
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ALVES, J. M. Homeopatia Essencial – Doutrina Homeopática, Matéria Médica, Relações entre os


Medicamentos. Lisboa: Sete Caminhos, 2005.

AMHB – ASSOCIAÇÃO MÉDICA HOMEOPÁTICA BRASILEIRA. Dossiê especial –


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AMSP – Academia de Medicina de São Paulo. Biografia de Acadêmicos: Nome do acadêmico:


Alberto de Melo Seabra – (1872-1934) – Patrono da Cadeira nº 74. Disponível em: <http://
www.academiamedicinasaopaulo.org.br/biografias/133/BIOGRAFIA-ALBERTO-DE-MELO-
SEABRA.pdf>. Acesso em: 04/01/2018.

ANVISA. AGÊNCIA DE VIGILÂNCIA SANITÁRIA (ANVISA). Farmacopéia Homeopática


Brasileira (FHB), 3. ed. São Paulo, SP: ANVISA, 2011.

AUTIC. Autic Automação e Instrumentação Industrial. Dinamizador Denise, 2018. Para a


dinamização Hahnemanniana com reprodução perfeita dos movimentos de um braço humano.
Disponível em: <http://www.autic.com.br/produtosdetalhe1.htm>. Acesso em: 09/01/2018.

BALCH. J.; STENGLER. M. Tratamentos naturais – Um guia completo para tratar problemas
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BARBOSA NETO. R. M. Bases da Homeopatia, Liga de Homeopatia.Campinas: Medicina


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BAROLLO. C. R. Aos que se tratam pela Homeopatia. 10ª Ed. São Paulo: Editorial Homeopática
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BARROS. N. F.; SIEGEL. P.; SIMONI. C. Política Nacional de Práticas Integrativas e


Complementares no SUS: passos para o pluralismo na saúde. Cad. Saúde Pública, Rio de Janeiro,
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BRASIL. Governo Federal. Portaria nº 17, de 22 de agosto de 1966. Dispõe sobre a manipulação,
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providências. Diário Oficial da União, Brasília, DF, 1973.

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como atividade privativa da profissão farmacêutica, a Farmácia Homeopática. Diário Oficial da
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Dá nova redação à Resolução n° 335/98 do Conselho Federal de Farmácia, que dispõe sobre as
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União, Brasília, DF, 2005.

BRASIL. Agência Nacional de Vigilância Sanitária. Resolução RDC nº 67, de 08 de outubro de


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humano em farmácias. Diário Oficial da União, Brasília, DF, 2007a.

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2007. Dispõe sobre o registro de medicamentos dinamizados industrializados homeopáticos,
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BRASIL. Governo Federal. Decreto n° 8.077, de 14 de agosto de 2013. Regulamenta as condições


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