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Curso

Profissionalizante

Biossegurança e
Primeiro Socorros

Autor
Sabrina Hochheim

Indaial – 2022
1a Edição
Copyright © UNIASSELVI 2022

Elaboração:
Sabrina Hochheim

Revisão, Diagramação e Produção:


Equipe Desenvolvimento de Conteúdos EdTech

Centro Universitário Leonardo da Vinci – UNIASSELVI


Ficha catalográfica elaborada pela equipe Conteúdos EdTech UNIASSELVI
Apresentação
Caro aluno, a disciplina de Biossegurança e Primeiros Socorros visa esclare-
cer questões pertinentes ao dia a dia de cada um dos indivíduos. O tema submeterá
você ao entendimento das relações entre a sua futura profissão e as questões im-
portantes de segurança, remetendo à análise da nossa própria rotina no ambiente
de trabalho.

As questões abordadas daqui em diante estarão alocadas em três unidades.


A Unidade 1 objetiva fazer com que você possa conhecer os aspectos relacionados
aos conceitos em biossegurança, sua regulamentação, bem como diretrizes para a
atuação com segurança no ambiente de trabalho. Outro ponto relevante é a clareza
de quais procedimentos de medidas preventivas e educativas devem ser adotados
para diminuir o risco de transmissão de doenças e acidentes de trabalho. Você terá
acesso, também, ao conteúdo de impacto ambiental gerado pelos estabelecimen-
tos de saúde, assim como os procedimentos que devem ser realizados para geren-
ciar estes resíduos.

Uma das maneiras de manter um bom relacionamento com os clientes é ter


excelência no atendimento, portanto, para melhor explorar o tema, trabalharemos,
na Unidade 2, as questões referentes às definições, aos conceitos, à gestão e às
ferramentas operacionais de qualidade. Abordaremos, também, a importância do
conhecimento das emergências que poderão ocorrer nos centros de saúde, pois
entendemos ser fundamental sobre procedimentos primários em caso de emer-
gência hipertensiva, diabética, neurológica e cardiológica.

A partir do estudo da Unidade 3 você terá acesso às características que


visam facilitar a identificação da abordagem primária e secundária à vítima, auxi-
liando-lhe no reconhecimento de situações-problema, como traumas, hemorragias
e sangramento. Você aprenderá também os principais conceitos do sistema imu-
nológico, que darão base para o entendimento de reações alérgicas causadas por
medicamentos e substâncias químicas, as chamadas intoxicações exógenas.

Ao final deste livro de estudos, você será capaz de identificar os programas


na área de biossegurança e emergências e, assim, terá uma atuação mais segura
em seu ambiente de trabalho.

Desejamos uma boa jornada de estudos!

Professora Dra. Sabrina Hochheim


SUMÁRIO
UNIDADE 1 - BIOSSEGURANÇA, URGÊNCIA E
EMERGÊNCIA EM CENTROS DE SAÚDE................................................................... 1

TÓPICO 1 - INTRODUÇÃO À BIOSSEGURANÇA.................................................... 3


1 INTRODUÇÃO ............................................................................................................ 3
2 PRINCÍPIOS E CONCEITOS EM BIOSSEGURANÇA ........................................... 3
2.1 DEFINIÇÃO DE BIOSSEGURANÇA ..................................................................... 4
2.2 A FARMÁCIA COMO AMBIENTE DE SAÚDE .................................................... 6
RESUMO DO TÓPICO 1................................................................................................ 9
AUTOATIVIDADE......................................................................................................... 10

TÓPICO 2 - PROTEÇÃO INDIVIDUAL E RISCOS À SAÚDE................................. 11


1 INTRODUÇÃO ........................................................................................................... 11
2 EQUIPAMENTOS DE PROTEÇÃO INDIVIDUAL .................................................. 11
3 RISCOS EM AMBIENTE DE SAÚDE......................................................................13
3.1 RISCOS PROFISSIONAIS.....................................................................................13
3.1.1 Riscos de acidentes .........................................................................................14
3.1.2 Riscos ergonômicos ........................................................................................14
3.1.3 Riscos físicos......................................................................................................15
3.1.4 Riscos químicos.................................................................................................15
3.1.5 Riscos biológicos...............................................................................................15
RESUMO DO TÓPICO 2.............................................................................................. 17
AUTOATIVIDADE......................................................................................................... 18

TÓPICO 3 - BOAS PRÁTICAS NA FARMÁCIA........................................................19


1 INTRODUÇÃO ...........................................................................................................19
2 DOENÇAS INFECTOCONTAGIOSAS NA FARMÁCIA.........................................19
3 MANUAL DE ROTINAS E PROCEDIMENTOS .....................................................21
4 PROGRAMA DE CONTROLE MÉDICO DE SAÚDE OCUPACIONAL...............23
5 RESÍDUOS GERADOS NOS ESTABELECIMENTOS DE
SAÚDE E GERENCIAMENTO DESTES RESÍDUOS...............................................23
5.1 CLASSIFICAÇÃO DOS RESÍDUOS SÓLIDOS...................................................24
LEITURA COMPLEMENTAR...................................................................................... 27
RESUMO DO TÓPICO 3.............................................................................................33
AUTOATIVIDADE.........................................................................................................34
REFERÊNCIAS............................................................................................................35
UNIDADE 2 - BIOSSEGURANÇA, URGÊNCIA E EMERGÊNCIA
EM CENTROS DE SAÚDE......................................................................................... 37

TÓPICO 1 - GESTÃO E QUALIDADE........................................................................39


1 INTRODUÇÃO ..........................................................................................................39
2 CONCEITOS DE QUALIDADE ...............................................................................39
2.1 QUALIDADE NO ATENDIMENTO PRESENCIAL..............................................43
2.2 QUALIDADE NA ORGANIZAÇÃO DO AMBIENTE DE TRABALHO..............44
2.3 ATENDIMENTO DE QUALIDADE NA FARMÁCIA...........................................45
LEITURA COMPLEMENTAR......................................................................................48
RESUMO DO TÓPICO 1..............................................................................................53
AUTOATIVIDADE.........................................................................................................54

TÓPICO 2 - LIMPEZA E ORGANIZAÇÃO DA FARMÁCIA.................................... 57


1 INTRODUÇÃO .......................................................................................................... 57
2 SALA DE PROCEDIMENTOS EM FARMÁCIA .................................................... 57
2.1 SERVIÇOS QUE PODEM SER OFERECIDOS NA SALA
DE PROCEDIMENTOS EM FARMÁCIA....................................................................58
2.2 CONFIGURAÇÃO FÍSICA DA SALA DE PROCEDIMENTOS.........................59
3 ASSEPSIA, DESINFECÇÃO E ESTERILIZAÇÃO................................................60
RESUMO DO TÓPICO 2.............................................................................................62
AUTOATIVIDADE.........................................................................................................63

TÓPICO 3 - PRIMEIROS SOCORROS E EMERGÊNCIAS.......................................65


1 INTRODUÇÃO ..........................................................................................................65
2 PRIMEIROS SOCORROS........................................................................................65
2.1 ABORDAGEM PRIMÁRIA E SECUNDÁRIA À VÍTIMA.....................................66
2.1.1 Abordagem primária rápida............................................................................ 67
2.1.2 Abordagem primária completa.....................................................................68
3 EMERGÊNCIAS HIPERTENSIVAS........................................................................ 72
4 EMERGÊNCIAS DIABÉTICAS................................................................................ 76
5 EMERGÊNCIAS CARDIOLÓGICAS....................................................................... 79
5.1 PARADA CARDIORRESPIRATÓRIA................................................................... 79
RESUMO DO TÓPICO 3.............................................................................................82
AUTOATIVIDADE.........................................................................................................84
REFERÊNCIAS............................................................................................................86

UNIDADE 3 - BIOSSEGURANÇA, URGÊNCIA E EMERGÊNCIA


EM CENTROS DE SAÚDE.........................................................................................89

TÓPICO 1 - EMERGÊNCIAS NEUROLÓGICAS, HEMORRAGIAS


E SANGRAMENTOS....................................................................................................91
1 INTRODUÇÃO ...........................................................................................................91
2 EMERGÊNCIAS NEUROLÓGICAS.........................................................................91
2.1 VERTIGEM...............................................................................................................91
2.2 SÍNCOPE (DESMAIO).......................................................................................... 92
2.3 CRISE CONVULSIVA...........................................................................................94
3 HEMORRAGIAS E SANGRAMENTOS.................................................................. 97
RESUMO DO TÓPICO 1............................................................................................100
AUTOATIVIDADE........................................................................................................101

TÓPICO 2 - CHOQUE ANAFILÁTICO, ALERGIAS E QUEIMADURAS................ 103


1 INTRODUÇÃO ........................................................................................................ 103
2 CONCEITOS GERAIS SOBRE O SISTEMA IMUNOLÓGICO............................ 103
3 CHOQUE ANAFILÁTICO ...................................................................................... 104
3.1 CAUSAS DE ANAFILAXIA ................................................................................ 105
3.2 SINTOMAS DO CHOQUE ANAFILÁTICO........................................................ 105
3.3 TRATAMENTO DO CHOQUE ANAFILÁTICO.................................................. 106
4 ALERGIAS .............................................................................................................. 107
4.1 CLASSIFICAÇÃO DOS TIPOS DE HIPERSENSIBILIDADE ........................108
4.2 COMO PROCEDER EM CASO DE REAÇÕES ALÉRGICAS..........................110
5 QUEIMADURAS E LESÕES OCULARES............................................................110
5.1 PRIMEIROS SOCORROS EM QUEIMADURAS.................................................111
5.2 TRATAMENTO...................................................................................................... 112
6 LESÕES OCULARES.............................................................................................. 112
6.1 PRIMEIROS SOCORROS EM LESÕES OCULARES....................................... 113
RESUMO DO TÓPICO 2............................................................................................114
AUTOATIVIDADE........................................................................................................ 115

TÓPICO 3 - INTOXICAÇÃO EXÓGENA E HIPOTERMIA...................................... 117


1 INTRODUÇÃO ......................................................................................................... 117
2 INTOXICAÇÃO EXÓGENA..................................................................................... 117
2.1 INTOXICAÇÃO POR MEDICAMENTOS.............................................................118
2.1.1 Ansiolíticos e tranquilizantes........................................................................118
2.1.2 Antidepressivos tricíclicos............................................................................ 121
2.1.3 Anticonvulsivantes........................................................................................ 122
2.1.4 Descongestionantes..................................................................................... 125
2.1.5 Descongestionantes sistêmicos................................................................ 126
2.2 TÓXICOS INALADOS......................................................................................... 128
2.3 INTOXICAÇÃO ALIMENTAR............................................................................. 128
2.4 INTOXICAÇÃO POR DROGAS.......................................................................... 129
3 HIPOTERMIA.......................................................................................................... 130
3.1 CLASSIFICAÇÃO................................................................................................. 130
3.2 SINTOMAS............................................................................................................ 131
3.3 DIAGNÓSTICO..................................................................................................... 131
3.4 TRATAMENTO...................................................................................................... 131
LEITURA COMPLEMENTAR.................................................................................... 132
RESUMO DO TÓPICO 3........................................................................................... 135
AUTOATIVIDADE....................................................................................................... 136
REFERÊNCIAS...........................................................................................................137
UNIDADE 1

BIOSSEGURANÇA,
URGÊNCIA E EMERGÊNCIA
EM CENTROS DE SAÚDE
OBJETIVOS DE APRENDIZAGEM

A partir do estudo desta unidade, você deverá ser capaz de:

• conhecer os aspectos relacionados à base em biossegurança, sua regula-


mentação, bem como diretrizes;
• conhecer equipamentos de proteção individual;
• conhecer os deveres do profissional e manter o Manual de Rotinas e Procedi-
mentos disponível a todos os profissionais do estabelecimento;
• ter clareza de quais procedimentos de medidas preventivas e educativas de-
vem ser adotados para diminuir o risco de transmissão de doenças e aciden-
tes de trabalho;
• verificar o método correto de limpeza específica, de ambiente físico, bem
como de bancadas e utensílios de uso na farmácia;
• entender sobre os resíduos gerados em estabelecimentos de saúde, assim como
os procedimentos que devem ser realizados para gerenciar estes resíduos.

PLANO DE ESTUDOS

Esta unidade está dividida em três tópicos. No decorrer dela, você encontrará
autoatividades com o objetivo de reforçar o conteúdo apresentado.

TÓPICO 1 – PRINCÍPIOS E CONCEITOS EM BIOSSEGURANÇA


TÓPICO 2 – PROTEÇÃO INDIVIDUAL E RISCOS À SAÚDE
TÓPICO 3 – BOAS PRÁTICAS NA FARMÁCIA
TÓPICO 1

INTRODUÇÃO À
BIOSSEGURANÇA
1 INTRODUÇÃO
Caro aluno, você já parou para pensar em todos os riscos expostos nas di-
versas ações em nosso dia a dia? Muitas vezes essas situações passam desper-
cebidas e não nos damos conta de que estamos cercados de riscos para a nossa
saúde. Basta uma pequena ação, como ingerir um lanche ou fazer pequenos cortes,
para que esses riscos possam causar graves doenças.

Quantas pessoas têm o costume de ir à farmácia, seja pública ou privada,


sem a preocupação de como é feita a limpeza daquele local e a desinfecção dos
materiais que os profissionais manipulam?

Quantas pessoas passam por ali em um dia? Muitas pessoas doentes costu-
mam ir em farmácias para adquirirem medicamentos. Já pensou sobre isso? Trata-
remos essas questões nesta unidade.

Neste primeiro tópico, você verá assuntos relacionados à base em biossegu-


rança. Em seguida, observará quais as suas origens até os processos que envolvem
o estudo e a aplicação no seu dia a dia profissional e pessoal. Por fim, terá acesso à
regulamentação de Biossegurança, bem como suas diretrizes.

2 PRINCÍPIOS E CONCEITOS EM BIOSSEGURANÇA


Nos dias atuais, com o aumento do número de locais que oferecem servi-
ços de saúde, da grande rotatividade de clientes e pacientes nestes espaços, fa-
z-se necessário prevenir situações de risco, pois profissionais e clientes estão em
constante exposição a riscos biológicos, como durante os atendimentos de venda
e distribuição de medicamentos. Veremos, a seguir, quais são os conceitos funda-
mentais em biossegurança.

3
2.1 DEFINIÇÃO DE BIOSSEGURANÇA
Biossegurança é o conjunto de ações voltadas para a prevenção, minimiza-
ção ou eliminação de riscos inerentes às atividades de pesquisa, produção, ensino,
desenvolvimento tecnológico e prestação de serviços, riscos que podem compro-
meter a saúde do homem, dos animais, do meio ambiente ou a qualidade dos tra-
balhos desenvolvidos (LESSA, 2014).

Para Costa e Costa (2002), biossegurança é uma ação educativa que, atra-
vés da agregação de conhecimentos técnicos, propicia a segurança da saúde do
homem e do meio ambiente em âmbito geral através de um sistema de ensino-
-aprendizagem. Em resumo, biossegurança são providências e normas adotadas
para a minimização de doenças ou riscos.

INTERESSANTE
Você sabe o que é um risco? Um risco pode ser entendido como qual-
quer evento, desconhecido ou incerto, que possa impedir o sucesso de uma
ação. Geralmente, um risco é classificado pela probabilidade de que ele ocorra e
pelo impacto que pode causar no resultado esperado, caso ocorra. Você conse-
gue pensar em riscos que passa a cada dia, seja em casa ou no trabalho?

A biossegurança corrobora a importância de se trabalhar de forma segura e,


para isso, faz-se necessário incorporar, no dia a dia, conhecimentos, hábitos, com-
portamentos e sentimentos, a fim de que se possam desenvolver as atividades de
modo seguro. Para que esse objetivo seja plenamente atingido, outras áreas profis-
sionais devem entrar em ação, pois segundo Silveira e Brito (2010), a Biossegurança
anda junto com a Engenharia de Segurança, a Medicina do Trabalho, a saúde do
trabalhador, a higiene industrial, pessoal e ambiental e com a infecção hospitalar.

A Biossegurança é utilizada também em ambientes, como indústrias, hospi-


tais, laboratórios, universidades, entre outros, no sentido de prevenir riscos/perigos
gerados por agentes químicos (substâncias tóxicas), físicos (radiação ou tempera-
tura), ergonômicos (posturais, excesso de peso), biológicos (agentes infecciosos) e
psicológicos (como o estresse). Locais, como academias de ginástica, clínicas de
estética, salões de beleza, lanchonetes, consultórios odontológicos e diversos ou-
tros ambientes presentes em nosso cotidiano, também têm aderido à biosseguran-
ça em suas atividades.
4
O significado etimológico da palavra Biossegurança se dá pela união do
prefixo bio – vida, e da palavra segurança e tem como propósito proteger a saúde
dos trabalhadores, evitando que eles contraiam doenças de pacientes, no local de
trabalho, ou de materiais biológicos provenientes deles (HIRATA; MANCINI FILHO,
2002). Entretanto, é ampla a visão da biossegurança, sendo ela um conjunto de
normas e procedimentos estipulados através de Normas Regulamentadoras (NR)
e legislações orientadas pela ANVISA, pelo Ministério da Saúde e do Trabalho, pela
Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz), entre outras instituições. Além disso, a biosse-
gurança não é voltada somente para os riscos biológicos, mas também, de acordo
com a Organização Mundial da Saúde, ela enfatiza sobre os riscos químicos, físicos,
ergonômicos e de acidentes (OMS, 1993).

Você já parou para analisar hábitos comuns no dia a dia, como onde você
põe as mãos? E se leva as mãos aos olhos ou boca logo em seguida? Já reparou que
conversar com pessoas muito de perto pode ser uma forma de transmissão de do-
enças pela saliva? Todas essas ações envolvem riscos que podem ser considerados
perigosos para a saúde da população.

Esses momentos de reflexão são importantes, pois nos permitem analisar


situações rotineiras que, na maioria das vezes, passam despercebidas, mas que
podem causar grandes transtornos. Com o grande número de doenças é neces-
sário pensar na importância do uso das técnicas de biossegurança e inseri-las nas
rotinas diárias.

As farmácias são consideradas estabelecimentos de saúde e podem repre-


sentar um risco de transmissão de doenças para as pessoas que ali estão se boas
práticas não forem adotadas. Conhecer possibilidades e riscos de transmissão de
doenças, noções de higiene, de processos, desinfecção de utensílios e de instru-
mentos e o cuidado no uso de determinados produtos são fundamentais na pres-
tação desse tipo de serviço.

ATENÇÃO
A NR-32 é a Norma Regulamentadora que tem por finalidade estabe-
lecer as diretrizes básicas para a implementação de medidas de proteção à
segurança e à saúde dos trabalhadores dos serviços de saúde, bem como da-
queles que exercem atividades de promoção e assistência à saúde em geral.
Qualquer dúvida em relação a procedimentos legais sobre a implementação
de medidas de segurança em estabelecimentos de saúde pode ser consulta-
da na íntegra neste documento: https://bit.ly/3MtQjpH.

5
2.2 A FARMÁCIA COMO AMBIENTE DE SAÚDE
De acordo com o Artigo 3º da Lei nº 13.021, de 8 de agosto de 2014, a farmá-
cia é definida como:

Art. 3° - A Farmácia é uma unidade de prestação de serviços destina-


da a prestar assistência farmacêutica, assistência à saúde e orientação
sanitária individual e coletiva, na qual se processe a manipulação e/ou
dispensação de medicamentos magistrais, oficinais, farmacopeicos ou in-
dustrializados, cosméticos, insumos farmacêuticos, produtos farmacêu-
ticos e correlatos.

Atualmente, a farmácia e a drogaria são entendidas como postos de aten-


dimento primário à saúde, recurso mais acessível à população. Não são meramente
estabelecimentos comerciais de medicamentos, tendo hoje uma gama de produtos
e serviços completamente voltados para o bem-estar da população. Assim, a far-
mácia é considerada um estabelecimento de saúde e, portanto, segue as várias le-
gislações pertinentes, que ditam como deve ser o andamento das rotinas de forma
a cumprir-se a lei.

Conforme a RDC nº 44/2009, as farmácias com manipulação e as drogarias


ou farmácias sem manipulação devem ser localizadas, projetadas, dimensionadas,
construídas ou adaptadas com infraestrutura compatível com as atividades a serem
desenvolvidas, possuindo, no mínimo, ambientes para atividades administrativas, rece-
bimento e armazenamento dos produtos, dispensação de medicamentos, sanitários e
depósito de material de limpeza. Além disso, deve ser definido um local específico para
a guarda dos pertences dos funcionários no ambiente destinado às atividades adminis-
trativas. A segurança no ambiente de trabalho também deve ser levada em considera-
ção durante a elaboração do projeto de área física e leiaute da farmácia.

Alguns cuidados devem ser observados na construção:

• Áreas internas e externas devem permanecer em boas condições físicas e estru-


turais, a fim de permitir a higiene e a não oferecer risco ao usuário e aos funcio-
nários.
• Piso, parede e teto devem ser de fácil manutenção e limpeza.
• Área protegida contra insetos, roedores e outros animais.
• Ventilação e iluminação apropriadas (ar-condicionado).
• O estabelecimento deve ser abastecido com água potável e, quando possuir cai-
xa d’água própria, esta deve estar devidamente protegida, para evitar a entrada
de animais, sujidades e quaisquer outros contaminantes.

6
A sala destinada à realização de serviços farmacêuticos (aplicação de medi-
camentos, aferição de pressão, temperatura etc.) deve possuir:

• Mobiliário compatível com as atividades e serviços a serem oferecidos.


• Lavatório contendo água corrente.
• Toalha de uso individual e descartável.
• Sabonete líquido.
• Gel bactericida.
• Lixeira com pedal e tampa.

FIGURA 1 – UMA SALA IDEAL PARA PRESTAÇÃO DE SERVIÇOS NA FARMÁCIA

FONTE: <https://panoramafarmaceutico.com.br/farmacia-nacional-inaugurou-sala-de-assistencia-
-farmaceutica-avancada/>. Acesso em: 25 abr. 2022.

Quanto à limpeza do estabelecimento (assoalho, paredes, bancadas etc.),


deve-se usar detergentes (sabão) que ajudem no processo de desinfecção do am-
biente, usualmente um saneador que elimine 99,9% dos microrganismos contami-
nantes de uma área. Os compostos clorados são os principais produtos utilizados
para esses procedimentos, especialmente o hipoclorito de sódio. Este composto,
quando adicionado à água, sofre hidrólise, dando origem ao ácido hipocloroso que,
por sua vez, em uma nova reação, origina o oxigênio nascente, constituindo-se em
um poderoso oxidante capaz de destruir substâncias celulares vitais. O cloro tam-
bém pode combinar-se diretamente com proteínas celulares e destruir suas ativi-
dades biológicas (PELCZAR JUNIOR et al., 1996).

A desinfecção ou assepsia dos artigos e da bancada pode ser definida como


a redução da maioria ou eliminação dos microrganismos patogênicos em uma su-

7
perfície ou objeto, tornando esse objeto incapaz de transmitir doenças. No caso de
assepsia e desinfecção de artigos, o principal agente utilizado é o álcool etílico (eta-
nol), que tem sua concentração ideal recomendada a 70% em peso, isto é, mistura-
-se 70 partes de etanol com 30 partes de água, procedendo uma diluição (BRASIL,
2004). Isso porque o etanol absoluto (100%) é menos ativo do que suas soluções
aquosas. Assim, tem como ação principal a capacidade de desnaturar proteínas, ou
seja, age na membrana celular, lesando as estruturas lipídicas das células microbia-
nas (PELCZAR JUNIOR et al., 1996).

8
RESUMO DO TÓPICO 1

Neste tópico, você estudou que:

• A Biossegurança é o conjunto de medidas e ações que visam à prevenção e/ou à


diminuição de riscos em nosso ambiente de trabalho e em nossas atividades diárias.

• A Biossegurança busca o bem-estar do homem, dos animais e do meio ambiente.

• A atuação da Biossegurança está presente desde o trabalho em uma instituição


de saúde (hospitais, postos de saúde e laboratórios) até em ambientes de uso
diário, como salões de beleza.

• No Brasil, a legislação de maior importância na biossegurança em relação ao tra-


balho em instituições de saúde está representada pela NR-32.

• A NR-32 destaca a prevenção dos riscos presentes nos serviços de saúde.

• A RDC nº 44/2009 determina que farmácias são consideradas estabelecimentos


de saúde e, portanto, devem obedecer a uma série de leis e normativas para o
seu funcionamento regular.

9
AUTOATIVIDADE

1 Com o aumento do oferecimento de serviços de saúde em todo o mundo,


são necessários o conhecimento e a atualização constante das normas refe-
rentes à segurança do trabalhador dos estabelecimentos de saúde. Pensando
nisso, sobre o que é a biossegurança, assinale a alternativa CORRETA:

a) Conjunto de medidas que visam à saúde mental do trabalhador.


b) Conjunto de medidas que visam melhores salários ao trabalhador.
c) Conjunto de medidas que visam prevenir a contaminação biológica do tra-
balhador.
d) Medidas que ensinam a trabalhar, principalmente, com a segurança ergo-
nômica.

2 As medidas de biossegurança incluem o uso de equipamentos que auxiliam


o trabalhador na manutenção da assepsia dos lugares de trabalho, evitando,
assim, a contaminação das pessoas. Assinale a alternativa que traz equipa-
mentos ou medidas que podem prevenir contaminações.

a) Luvas, vassouras e tapetes.


b) Lixeira com pedal.
c) Toalhas de pano para secar as mãos.
d) Iluminação automática dos ambientes.

3 O Ministério do Trabalho (MTb) é o órgão da administração federal direta (o


governo federal) responsável pela política e pelas diretrizes para a geração de
emprego e renda e de apoio aos trabalhadores brasileiros. Qual é a norma do
MTb que fala sobre a Biossegurança dos trabalhadores?

a) NR-42.
b) NR-22.
c) NR-32.
d) NR-50.

4 O trabalhador da farmácia deve estar ciente dos riscos existentes em seu


ambiente de trabalho, quais seriam?
R.:

5 Cite algumas medidas de Biossegurança:


R.:

10
TÓPICO 2

PROTEÇÃO
INDIVIDUAL E RISCOS
À SAÚDE
1 INTRODUÇÃO
Caro aluno, no tópico anterior, você obteve conhecimentos básicos sobre o
que é a biossegurança e porque ela deve ser observada e cumprida dentro de es-
tabelecimentos de saúde como a farmácia. Daremos prosseguimento agora a este
assunto.

Neste segundo tópico, você verá assuntos relacionados aos equipamentos


de proteção individual e a sua importância no meio de trabalho.

Em seguida, verá o que são os riscos em ambientes de saúde e o que po-


dem trazer aos trabalhadores e usuários. Por fim, estudará a classificação dos riscos
profissionais, que podem ser classificados como riscos de acidentes, riscos físicos,
químicos, ergonômicos e biológicos.

2 EQUIPAMENTOS DE PROTEÇÃO INDIVIDUAL


“Considera-se como Equipamento de Proteção Individual (EPI) todo dispo-
sitivo ou produto, de uso individual utilizado pelo trabalhador, destinado à proteção
de riscos suscetíveis de ameaçar a segurança e a saúde no trabalho” (BRASIL, 1978).
Dessa forma, os equipamentos de proteção individual atuam como barreiras prote-
toras, a fim de evitar o contato do profissional com o material biológico.

Observe, na Figura 2, os principais EPIs para farmácias e drogarias, que são


as máscaras, o jaleco e as luvas de látex.

FIGURA 2 – EXEMPLOS DE EPIs UTILIZADOS EM FARMÁCIA: MÁSCARA KN95, JALECO E LUVAS DES-

11
CARTÁVEIS

FONTE: A autora

A máscara cirúrgica ou a KN95 tornou-se indispensável para trabalhadores


da área da saúde, especialmente desde março de 2020, quando se deu início a pan-
demia pela Covid-19. O jaleco, independente do material com o qual é feito, é uma
proteção para que a roupa dos trabalhadores não seja atingida com materiais bioló-
gicos, saliva, bactérias, poeiras, produtos químicos, entre tantos outros materiais a
que podem ser expostos. As luvas descartáveis são imprescindíveis nos momentos
em que o profissional terá um contato mais de perto com o paciente, como no caso
da aferição da pressão, aplicação de medicamentos, colocação de brincos etc.

De acordo com Guandalini et al. (1997) e Andrade et al. (2008), as luvas de-
vem ser usadas quando houver a manipulação de artigos ou superfícies contami-
nadas. Ressalta-se ainda que elas não devem ser reutilizadas por perderem sua
efetividade na proteção, devendo, posteriormente, serem descartadas em lixo para
contaminados.

IMPORTANTE
Luvas descartáveis: caracterizam-se por promover uma boa barreira
mecânica para as mãos do profissional e para a pele do cliente. Devem ser
usadas quando houver a possibilidade do profissional se contaminar ou entrar
em contato com sangue, secreções, mucosas, tecidos e lesões sobre a pele
(RAMOS, 2009).

12
Além disso, é importante que o trabalhador utilize calçado fechado e a calça
comprida. Estes são utensílios de segurança adotados com o intuito de evitar que
secreções orgânicas ou materiais de trabalho sejam lançados sobre os pés do pro-
fissional, evitando acidentes e a transmissão de doenças.

Em face do exposto, considera-se que os EPIs são importantes na prática


da farmácia, pois eles agem como barreiras mecânicas contra microrganismos. En-
tretanto, apenas o emprego dos EPIs não é suficiente para evitar as transmissões
de doenças no ambiente de trabalho, mas, também, faz-se necessário o emprego
de procedimentos de higienização dos utensílios utilizados, bem como entre outras
ações citadas ao longo deste livro.

3 RISCOS EM AMBIENTE DE SAÚDE


Como já visto no tópico anterior, os ambientes de saúde ou serviços de saú-
de são locais que prestam serviços específicos de saúde à população em geral e
onde essa população busca se recuperar e/ou prevenir doenças. Alguns exemplos
desses serviços são os hospitais, os postos de saúde, os Programas de Saúde da
Família, os laboratórios, as clínicas, as farmácias e as drogarias.

Então, como você pode imaginar, os ambientes de saúde, além de prevenir


ou tratar doenças, podem, também, representar perigo aos seus trabalhadores e
às pessoas que usam seus serviços, ou seja, os pacientes/usuários. Isso acontece
porque os serviços de saúde, além de possuírem uma grande variedade de ações
desenvolvidas, possuem um grande fluxo de pessoas (sadias e doentes), diferentes
tipos de microrganismos causadores de doenças e muitos problemas (riscos).

Esses riscos que os ambientes de saúde podem trazer aos trabalhadores e


usuários são classificados em: riscos profissionais, riscos de acidentes, riscos físi-
cos, químicos, ergonômicos e biológicos.

3.1 RISCOS PROFISSIONAIS


Os serviços de saúde possuem muitas áreas de insalubridade, que variam
de acordo com o tipo de ambiente (laboratório, lavanderia, pronto-socorro etc.) ou
tipo de trabalho realizado (atendimento a doentes, limpeza, trabalho administrativo
etc.). Os riscos profissionais são caracterizados ou exemplificados por todos os ris-
cos aos quais os trabalhadores estão sujeitos em seu ambiente de trabalho, como

13
os citados anteriormente. Tais riscos, como os de acidentes, podem ser agravados
por problemas administrativos e financeiros, devido, entre outros, à falta de manu-
tenção de equipamentos.

Por exemplo, se o trabalhador utiliza um escritório como seu ambiente de


trabalho e é fornecido a ele uma cadeira bamba, ele pode correr o risco de cair e
se machucar. Se o acidente for grave, ele pode até mesmo sofrer afastamento do
trabalho até que se recupere. Esta não é uma situação desejada nem pela empresa
e nem pelo trabalhador. Por isso, deve-se sempre trabalhar de forma segura a mi-
nimizar os riscos.

IMPORTANTE
Você conseguiria pensar em situações que possam colocar os traba-
lhadores de uma farmácia em risco? Pense nisso e veja como você pode atuar
de forma a minimizar esses riscos.

Muitas empresas têm em seu quadro administrativo a Comissão Interna de


Prevenção de Acidentes (CIPA). A CIPA é formada principalmente por colaboradores
da própria empresa com o objetivo de trabalhar na prevenção de acidentes e do-
enças decorrentes do trabalho, de modo a tornar compatível permanentemente o
trabalho com a preservação da vida e a promoção da saúde do trabalhador.

Conheça agora a classificação dos riscos, segundo o Ministério do Trabalho,


detalhadas por Tosmann (2019).

3.1.1 Riscos de acidentes


Esses riscos existem quando o trabalhador e/ou usuários ficam expostos a
qualquer situação de perigo que possa afetar sua integridade e bem-estar físico e mo-
ral. Como exemplos desses riscos existem o uso de máquinas e equipamentos sem
proteção adequada, a estrutura física inadequada, riscos de incêndio, entre outros.

3.1.2 Riscos ergonômicos


Os riscos ergonômicos estão presentes quando o trabalhador e/ou usuários
ficam expostos a situações que possam afetar suas características psicofisiológi-
14
cas, ou seja, situações que possam afetar seu corpo e sua mente. Como exemplos
podemos citar o trabalho excessivo, a cobrança excessiva, o levantamento excessi-
vo de peso, a má postura, os movimentos repetitivos, entre outros.

3.1.3 Riscos físicos


Quando o trabalhador e/ou usuários ficam expostos a diversas formas de
energia que possam causar danos em diversas funções do corpo, então falamos
que eles estão sujeitos aos riscos físicos. Os exemplos desse tipo de risco são a ex-
posição aos Raios X, a altas temperaturas, a materiais cortantes, ao ruído excessivo,
entre outros.

3.1.4 Riscos químicos


Os riscos químicos existem quando o trabalhador e/ou usuários entram em
contato (através da respiração, ingestão ou contato com a pele) com substâncias,
como poeiras, gases, medicamentos, venenos, entre outros, que possam causar al-
gum dano ao seu organismo. Alguns exemplos são os profissionais que trabalham em
laboratórios de análises clínicas ou de manipulação de medicamentos, entre outros.

3.1.5 Riscos biológicos


Quando, nos ambientes de saúde, estão presentes microrganismos, como
bactérias, fungos, parasitas e vírus (causadores de doenças infectocontagiosas),
dizemos que o trabalhador e/ou usuários estão em contato com riscos biológicos.
No exemplo da figura a seguir, serão demonstradas atitudes interessantes de serem
adotadas quando se está com tosse ou espirrando. Tais medidas, se não forem ado-
tadas pelas pessoas, acabam colocando tanto os frequentadores dos ambientes de
saúde como os trabalhadores em risco.

Concluindo, independente da função que exercemos, a adoção de normas


e padrões de biossegurança é essencial para a existência de um ambiente seguro
e para a saúde de todos os envolvidos na área da saúde (trabalhadores e usuários).

15
FIGURA 3 – ETIQUETA RESPIRATÓRIA

FONTE: <https://guaira.sp.gov.br/covid-19-medidas-preventivas-etiqueta-respiratoria-2/>. Acesso


em: 25 abr. 2022.

16
RESUMO DO TÓPICO 2

Neste tópico, você adquiriu certos aprendizados, como:

• Os ambientes de saúde são locais reconhecidos também por apresentarem va-


riados riscos a trabalhadores e usuários, ou seja, por serem locais insalubres.

• Para a redução dos diversos riscos, existem as precauções padrão, que são cons-
tituídas por atitudes, normas, cuidados e equipamentos que visam à proteção
das pessoas envolvidas nos serviços de saúde de microrganismos causadores
de doenças.

• Uma das formas mais importantes e simples de proteção contra a transmissão


de doenças nesse meio é a lavagem rotineira e adequada das mãos.

• Os equipamentos de proteção podem ser divididos em individual (protege o tra-


balhador durante a realização de suas atividades) e coletivo (quando tem a fun-
ção de proteger um número maior de pessoas).

• Os ambientes de saúde são locais destinados ao tratamento e à prevenção de


doenças e agravos de saúde. Por apresentar grande fluxo de pessoas, de traba-
lho e de organismos causadores de doenças, os ambientes de saúde represen-
tam, também, perigo à saúde de todos neles envolvidos.

• Os riscos em serviços de saúde podem ser classificados, basicamente, em pro-


fissionais, de acidentes, físicos, químicos, biológicos e ergonômicos.

• A existência e a adoção de normas e rotinas de biossegurança tornam os am-


bientes de saúde mais seguros aos funcionários e usuários.

17
AUTOATIVIDADE

1 Os EPIs são definidos como equipamentos de proteção individual, e como o


nome já diz, são equipamentos que visam proteger o trabalhador de doenças
transmissíveis nos locais de trabalho. Assinale a alternativa que traz o nome
dos EPIs necessários em estabelecimentos de saúde:

a) Luva de borracha, bota e avental.


b) Óculos de proteção, luvas e máscara.
c) Jaleco, máscara e luvas.
d) Jaleco, botas e protetor auricular.

2 Ao sair de casa para trabalhar, temos que estar cientes dos riscos a que
estamos expostos, dessa maneira, podemos tentar preveni-los. Os riscos re-
cebem certas classificações para tornar mais fácil seu entendimento. Assinale
a alternativa que traz um exemplo de risco biológico:

a) Sangue.
b) Remédio vencido.
c) Caixas pesadas.
d) Lâmpadas queimadas.

3 Quando conhecemos os riscos a que estamos expostos, é muito mais fácil


prevenir acidentes. Se o ambiente de saúde está mal ventilado, a qual risco o
trabalhador está exposto?

a) Risco químico.
b) Risco biológico.
c) Risco ergonômico.
d) Risco de acidentes.

4 O que são considerados riscos químicos?


R.

5 O que são considerados riscos biológicos?


R.:

18
TÓPICO 3

BOAS PRÁTICAS
NA FARMÁCIA
1 INTRODUÇÃO
Neste terceiro tópico, você verá assuntos relacionados ao risco de contami-
nação por doenças infectocontagiosas em estabelecimentos de saúde, sua impor-
tância e como fazer para evitar pegar essas doenças, evitando, assim, afastamen-
tos do trabalho.

Em seguida, conhecerá que é dever do profissional manter o Manual de Ro-


tinas e Procedimentos disponível a todos os profissionais do estabelecimento. Terá
clareza de quais procedimentos de medidas preventivas e educativas devem ser
adotados para diminuir o risco de transmissão de doenças e acidentes de trabalho.

Por fim, terá acesso ao conteúdo sobre o lixo gerado em ambientes de saúde
e seu impacto ambiental, assim como os procedimentos que devem ser realizados
para gerenciar estes resíduos.

2 DOENÇAS INFECTOCONTAGIOSAS NA FARMÁCIA


Para melhor conhecer os meios de transmissão de doenças, deve-se ter em
mente que os microrganismos podem ser transmitidos de várias formas, entre elas,
podemos citar de pessoa para pessoa, pelo ar ou através de superfícies e equipa-
mentos de uso comum do serviço. Também é importante ressaltar que, entre as
medidas de prevenção dessa transmissão, estão as mais importantes: a lavagem
adequada e rotineira das mãos pelos profissionais de saúde, a limpeza e a desin-
fecção adequada do material a ser utilizado para os procedimentos e a limpeza do
ambiente. Os casos de infecções que ocorrem em ambientes de saúde, como hos-
pitais, em grande parcela, podem ser associados a uma desinfecção inadequada de
ambientes, das mãos e de objetos ou artigos médicos.

19
Os procedimentos de limpeza são de extrema importância para a prevenção
da disseminação de doenças em serviços de saúde. O risco de agravos à saúde nos
estabelecimentos de saúde pode ser variado e cumulativo tanto para os trabalha-
dores como para os clientes. Portanto, é vital que todos os profissionais conheçam
e adotem o conceito de biossegurança a fim de se obter um ambiente profissional
livre de riscos para os trabalhadores e clientes, como já fora dito nesta unidade.

O risco mais preocupante nos estabelecimentos de saúde é a possibilidade


de se contrair doenças infectocontagiosas, como gripes e resfriados (causados pelo
vírus Influenza ou Sars-Cov), tuberculose e meningites, que podem ser transmitidas
pela respiração, tosse e espirros. Há ainda o risco de transmissão de doenças pelo
contato com sangue ou fluidos, como a AIDS (transmitida pelo Vírus HIV), Hepatite
B (transmitida pelo Vírus HBV) e Hepatite C (transmitida pelo Vírus HCV). Por isso
a importância de se utilizar corretamente os EPIs descritos no tópico anterior. Veja
alguns exemplos de boas práticas de biossegurança na Figura 4. Essas doenças
podem ser adquiridas nas farmácias se as medidas protetivas não forem utilizadas.

FIGURA 4 – EXEMPLOS DE EPIs SENDO UTILIZADOS NA FARMÁCIA PARA A PREVENÇÃO DE


DOENÇAS INFECTOCONTAGIOSAS

FONTE: <https://hilab.com.br/blog/o-papel-do-farmaceutico-frente-a-pandemia-de-covid-19/>;
<https://drogariasantoremedio.com.br/doencas-infectocontagiosas/>. Acesso em: 25 abr. 2022.

IMPORTANTE
As doenças infectocontagiosas são aquelas de fácil e rápida transmis-
são, provocadas por agentes patogênicos, como o vírus da gripe e o bacilo da
tuberculose. Em algumas ocasiões, para que se produza a doença, é necessá-
rio um agente intermediário, transmissor ou vetor (PARANAGUÁ, 2019).

20
3 MANUAL DE ROTINAS E PROCEDIMENTOS
Todo estabelecimento deve possuir o Manual de Rotinas e Procedimentos
disponível a todos os profissionais. Trata-se de um roteiro descritivo do passo a
passo de cada serviço prestado e as recomendações sobre as atividades execu-
tadas, ou seja, é um guia, que pode e deve ser consultado sempre que houver dú-
vidas de como agir em determinada situação. Esse manual também é conhecido
como Manual de Boas práticas (MBP) ou Procedimento Operacional Padrão (POP).
Basicamente, é um passo a passo com a finalidade de padronizar as atividades de
cada trabalhador, de forma a minimizar os riscos a que estão expostos. No MBP, há
a descrição das funções de cada cargo existente, de forma que exista uma divisão
e atribuição de responsabilidades. Alguns exemplos de descrição de atividades são:

• Forma correta de lavar as mãos.


• Aferição de pressão arterial e temperatura.
• Aplicação de medicamentos injetáveis.
• Perfuração de lóbulo auricular.
• Limpeza e organização da farmácia.
• Reposição de estoque.
• Entre outras.

Veja um exemplo importante relacionado à biossegurança:

Lavagem das mãos

A lavagem correta das mãos é uma das mais importantes medidas utilizadas
na diminuição da propagação de doenças. Essa lavagem tem a finalidade de livrar
as mãos da sujeira, removendo bactérias, transitórias e residentes, como também
células descamativas, pelos, suor e oleosidade da pele, e deverá ser feita antes e
depois de atender cada cliente. Os profissionais devem adotar esse procedimento
como um hábito e seguir as recomendações e etapas de desenvolvimento da se-
guinte técnica:

• Ficar em posição confortável, sem tocar a pia, e abrir a torneira, de preferência,


com a mão não dominante, isto é, com a esquerda, se for destro, e com a direita,
se for canhoto.
• Manter, se possível, a água em temperatura agradável, já que a água quente ou
muito fria resseca a pele. Usar de preferência sabão líquido.
• Ensaboar as mãos e friccioná-las em todas as suas faces, espaços interdigitais,
articulações, unhas e extremidades dos dedos (Figura 5).

21
• Enxaguar as mãos, retirando totalmente a espuma e os resíduos de sabão.
• Enxugá-las com papel toalha descartável.
• Fechar a torneira utilizando papel toalha descartável (evitar encostar na torneira
ou na pia).

FIGURA 5 – LAVAGEM CORRETA DAS MÃOS

FONTE: <http://biblioteca.cofen.gov.br/videos/como-lavar-as-maos-coronavirus-1/>. Acesso em: 25


abr. 2022.

NOTA
O farmacêutico tem um papel fundamental em estabelecer as boas
práticas e padronizar os procedimentos técnicos, uma vez que é o profissional
responsável pelo cumprimento das normas legais, capacitado para padronizar
a forma de execução dos serviços, atividades e tarefas, visto ser o detentor do
conhecimento técnico e o responsável direto pelos atos técnicos desempe-
nhados dentro do seu local de trabalho, devendo ter completa autonomia para
padronizar e modificar os procedimentos sempre que necessário, cabendo a
ele a aplicação de treinamentos periódicos e avaliação contínua do desempe-
nho de todos os funcionários envolvidos nas rotinas técnicas.

FONTE: <http://www.crfsp.org.br/orienta%C3%A7%C3%A3o-farmac%C3%AAutica/641-fiscali-
zacao-parceira/farm%C3%A1cia/8363-fiscalizacao-parceira-7.html>. Acesso em: 25 abr. 2022.

22
4 PROGRAMA DE CONTROLE MÉDICO DE SAÚDE
OCUPACIONAL
De acordo com a Norma Regulamentadora nº 7 da Associação Brasileira de
Normas Técnicas (ABNT), da Portaria nº 3.214, de 8 de junho de 1978, do Ministério
do Trabalho, para os profissionais que trabalham nos estabelecimentos de embele-
zamento, são obrigatórios os seguintes exames médicos:

a) Exame admissional: exame médico que deverá ser realizado antes de o profissio-
nal assumir suas atividades no estabelecimento.
b) Exame periódico: exame médico anual para profissionais acima de 45 anos e
bianual para profissionais com idade entre 18 e 45 anos.
c) Exame de retorno ao trabalho: exame médico que deverá, obrigatoriamente, ser
realizado no primeiro dia de retorno ao trabalho, no caso de o profissional ter sido
afastado por período igual ou superior a 30 dias, por gestação, doença ou aci-
dente de natureza ocupacional ou não.
d) Exames de mudança de função: exame médico que deverá ser realizado antes
de qualquer mudança de função do profissional. Entende-se por mudança de
função qualquer alteração de atividade, posto de trabalho ou setor, que implique
a exposição do profissional a risco diferente a que estava exposto.
e) Exame demissional: exame médico a ser realizado obrigatoriamente dentro dos
15 dias que antecederem o desligamento definitivo do profissional. Para o profis-
sional cabeleireiro, se o último exame (admissional ou periódico) foi realizado há
menos de 135 dias, está dispensado do exame demissional.

5 RESÍDUOS GERADOS NOS ESTABELECIMENTOS


DE SAÚDE E GERENCIAMENTO DESTES RESÍDUOS
O gerenciamento de resíduos sólidos é um conjunto de procedimentos de
planejamento, implementação e gestão para reduzir a produção de resíduos e pro-
porcionar coleta, armazenamento, tratamento, transporte e destino final adequado
aos resíduos gerados.

O Plano de Gerenciamento de Resíduos Sólidos é um documento que lista e


descreve as ações do manejo dos resíduos sólidos, levando em conta suas caracte-
rísticas e riscos e exigido por lei de todos os estabelecimentos de saúde.

É responsabilidade de todos os profissionais que trabalham nos estabele-


cimentos de embelezamento gerenciar os resíduos gerados. A primeira etapa do

23
gerenciamento de resíduos internos refere-se à operação de segregação ou sepa-
ração dos resíduos, no momento e no local de sua geração, acondicionados imedia-
tamente, de acordo com a sua classificação.

5.1 CLASSIFICAÇÃO DOS RESÍDUOS SÓLIDOS


A classificação dos resíduos sólidos, estabelecida nas Resoluções ou Legis-
lações do CONAMA e da ANVISA (RDC nº 306, em dezembro de 2004, pela ANVISA,
e da Resolução nº 358, em maio de 2005, pelo CONAMA), com base na composição
e características biológicas, físicas e químicas, tem como finalidade propiciar o ade-
quado gerenciamento desses resíduos, no âmbito interno e externo dos estabele-
cimentos de saúde.

Os resíduos sólidos são classificados em cinco grupos distintos:

• Grupo A: é o grupo dos resíduos com risco biológico. Representam risco à saúde
e ao meio ambiente devido à presença de agentes biológicos. Como exemplos,
temos: sangue, secreções, excreções e outros fluidos orgânicos, placas e lâmi-
nas de laboratório, carcaças de animais, entre outros.
• Grupo B: grupo dos resíduos com risco químico. Representam risco devido a ca-
racterísticas, como corrosividade, reatividade, toxicidade, entre outras. Exem-
plos: medicamentos vencidos e/ou contaminados, objetos perfurocortantes
contaminados com produtos químicos etc.
• Grupo C: grupo dos resíduos radioativos. Exemplos desse grupo são os resíduos
dos grupos A, B e D, contaminados com substâncias radioativas, ou ainda medi-
camentos provenientes de centros de radioterapia.
• Grupo D: grupo dos resíduos comuns. São aqueles que não se enquadram nos
grupos anteriores, pois não apresentam risco biológico, químico ou radiológico à
saúde ou ao meio ambiente. Exemplos desse grupo são as sobras de alimentos
e resíduos das áreas administrativas.
• Grupo E: grupo dos materiais perfurocortantes. Como exemplos, têm-se as lâ-
minas de barbear, agulhas, ampolas de vidro, lâminas de bisturi, entre outros
(SILVEIRA; BRITO, 2010).

Como fazer a correta segregação dos resíduos:

Resíduo comum:
• Acondicionar em saco plástico de qualquer cor, exceto branca.
• O preenchimento dos sacos deve alcançar, no máximo, 2/3 de sua capacidade.

24
Resíduo infectante:
• Os materiais perfurantes e cortantes devem ser acondicionados em recipientes
apropriados de parede rígida, devidamente identificados com o resíduo infectante.
• Para os não perfurantes e cortantes, utilizar sacos plásticos de cor branca leitosa.

Cuidados necessários ao manusear os resíduos infectantes:

a) A manipulação destes resíduos deve ser a mínima possível.


b) Manter os sacos contendo resíduos infectantes em local seguro, até o seu ma-
nejo para descarte.
c) Nunca abrir os sacos contendo estes resíduos para inspecionar seu conteúdo.
d) Adotar procedimentos de manuseio que preservem a integridade dos sacos
plásticos contendo resíduos.
e) No caso de rompimento, com espalhamento de seu conteúdo, rever os procedi-
mentos de manuseio.
f) Armazenar em local previamente determinado e de fácil acesso ao serviço de
coleta especial.

Na figura a seguir, estão demonstrados os símbolos que ilustram as lixeiras,


os sacos plásticos, as caixas, as latas etc. dos principais tipos de resíduos.

FIGURA 6 – SÍMBOLOS PARA IDENTIFICAR OS DIFERENTES TIPOS DE RESÍDUOS

FONTE: <http://www.atitudeambiental.com/classe.html>. Acesso em: 25 abr. 2022.

25
O primeiro passo ao adequado manejo dos resíduos sólidos é conhecer os
tipos de resíduos gerados, identificando-os de acordo com os diferentes grupos que
estudamos anteriormente. Os próximos passos seriam, em sequência, a segregação
ou separação, o acondicionamento, a coleta interna, o transporte interno, o armaze-
namento, a coleta externa, o transporte externo, o tratamento e a disposição final.

O processo de segregação consiste em separar e selecionar os resíduos de


acordo com a classificação adotada, no local de geração do lixo. Tem como objetivos
a minimização da contaminação de resíduos comuns, a redução dos riscos à saúde
e a prevenção de acidentes com perfurocortantes, a separação do lixo reciclável e,
consequentemente, a diminuição dos custos no manejo dos resíduos.

O acondicionamento ou processo de guarda dos resíduos reduz o risco de


contaminação, além de facilitar a coleta, o transporte e o armazenamento desse
material (SILVEIRA; BRITO, 2010). É de extrema importância que a coleta interna
seja realizada por trabalhadores qualificados e providos de EPI. A coleta é dividida
em dois tipos ou níveis:

a) Coleta interna I: é a remoção dos recipientes (resíduo acondicionado) do local de


geração dos resíduos para o local de armazenamento temporário.
b) Coleta interna II: quando os resíduos são transportados do local de armazena-
mento temporário para o local de armazenamento interno.

Após a coleta, seguimos para o transporte, que tem como objetivo recolher
o material das diferentes fontes geradoras para o armazenamento temporário ou
interno. Durante o transporte, deve-se ter o cuidado de não danificar os recipien-
tes (sacos plásticos, caixas de papelão etc.) contendo os resíduos. Para isso, eles
devem ser transportados em carrinhos exclusivos para esse fim. O armazenamento
dos resíduos consiste na guarda ou estocagem, de forma segura, dos resíduos em
locais apropriados.

• Armazenamento interno ou temporário: os resíduos são mantidos em locais se-


guros até o momento da coleta interna II.
• Armazenamento externo: os resíduos são mantidos em locais seguros até a rea-
lização da coleta externa.

A coleta externa deverá ser diária para os resíduos dos grupos A e D, para se
evitar o risco de contaminação ambiental e proliferação de vetores e odores desa-
gradáveis. Alguns estabelecimentos, dependendo do tipo de trabalho desenvolvido,
terão uma coleta específica para os resíduos do grupo B. Na maioria dos estabele-

26
cimentos de saúde, os resíduos do grupo C são tratados por eles próprios, sendo
coletados posteriormente.

O transporte externo tem o objetivo de levar o resíduo do local onde foi ar-
mazenado ao local de tratamento e disposição final, através de veículos devida-
mente equipados. O tratamento que vem na sequência do transporte tem como
objetivo alterar as características físicas, físico-químicas, químicas ou biológicas
dos resíduos, diminuindo, assim, os riscos à saúde e à qualidade do meio ambiente.

Na disposição final dos resíduos sólidos, são realizados procedimentos que


visam à destruição ambientalmente adequada dos resíduos em concordância com
as exigências legais. Dentre as técnicas para a disposição final dos resíduos, as mais
usadas são o aterro sanitário e as valas sépticas. Lembrando que, para cada grupo
de resíduos, existem diferentes tipos de riscos, sendo necessário, portanto, o em-
prego do tratamento e destinação final adequados para cada um.

LEITURA COMPLEMENTAR

Leia o trecho deste artigo que fala sobre acidentes de trabalho envol-
vendo objetos perfurocortantes. O artigo foi publicado na Revista de Epide-
miologia e Controle de Infecção, em 2015.

Acidentes com perfurocortantes em trabalhadores da saúde: revisão


da literatura

Alexandra Camargo de Moraes Novack


Luciana Brondi Karpiuck

INTRODUÇÃO

A partir da década de 1980, com a epidemia de in­fecção pelo Vírus da


Imunodeficiência Humana (HIV), iniciaram de forma ainda muito incipiente as
preocupações com medidas profiláticas, e o acompanhamento clínico labora-
torial em relação aos trabalhadores da saúde ex­postos ao risco de acidentes
de trabalho aumentaram.

Naquela época, então, desencadearam as condutas pré e pós-exposi-


ção como forma de prevenir o risco de contaminação do trabalhador por pató-

27
genos trans­missores do Vírus da Imunodeficiência Humana (HIV) e pelos vírus
da hepatite B e C no ambiente de trabalho. No início da epidemia, as pesso-
as acometidas tinham características comuns, eram adultos jovens e sadios,
homossexuais e usuários de drogas injetáveis. No entanto, verificou-se, pouco
tempo depois, que o HIV não estava restrito apenas ao grupo de homossexuais
ou bissexuais, surgindo relatos de identificação em usuários de drogas endo-
venosas, hemofílicos, parceiros heterossexuais de pessoas com o vírus, traba-
lhadores da saúde, através da exposição ocupacional, receptores de sangue e
seus derivados e através de transfusão.

O profissional da saúde, em sua prática diária, está exposto a um risco


maior de adquirir determinadas infec­ções imunologicamente preveníveis do
que a população em geral. O risco de adquirir infecções sanguíneas por lesões
perfurocortantes preocupa os trabalhadores de saúde e a administração dos
hospi­tais em todo o mundo. Esses trabalhadores vivenciam diariamente a ex-
posição a materiais contaminantes e perfurocortantes em sua prática.

O manuseio de material perfurante predomina co­mo situação de ex-


posição a acidente ocupacional entre os profissionais da área da saúde, que
desempenham suas atividades laborais em instituições de saúde, atividades
que envolvem o contato com pacientes e com sangue e outros fluidos corpó-
reos constantemente.

Esses trabalhadores devem estar conscientes quan­to a sua responsa-


bilidade no atendimento aos pacientes, bem como dos cuidados de biosse-
gurança, que visa protegê-los contra as doenças infectocontagiosas no seu
ambiente de trabalho. Os profissionais da saúde en­frentam o desafio do HIV e
outras doenças infecciosas e vivenciam diariamente a promoção do cuidado
adequado à grande demanda de doentes e a adoção de normas adequadas
de biossegurança.

O termo biossegurança teve sua real significação a partir da Lei nº


8.975, de 5 de janeiro de 1995, através da criação da Comissão Técnica Na-
cional de Biossegurança (CTN-Bio). Essa Lei tem uma dimensão ampla, que
extrapo­la a área da saúde e do trabalho, sendo empregada quando há refe-
rência ao meio ambiente e à biotecnologia.

Os acidentes com materiais perfurocortantes são graves em virtude


de suas consequências para o traba­lhador. Esses profissionais estão constan-

28
temente expos­tos a resíduos biológicos contaminantes, dentre estes, o vírus
da AIDS (HIV) e o das hepatites B e C (HBV e HCV). [...]

ACIDENTE DE TRABALHO

O ambiente de trabalho hospitalar tem sido con­siderado insalubre por


agrupar pacientes portadores de diversas enfermidades infectocontagiosas,
viabilizando muitos procedimentos que oferecem riscos de acidentes e doen-
ças para os trabalhadores da saúde.

A não utilização dos equipamentos de segurança, o cansaço, as mui-


tas atribuições, o desconforto, o descuido e os equipamentos inadequados
são considerados fatores importantes quanto ao número crescente de pro-
fissionais que sofrem acidentes de trabalho, em especial durante a utilização
de agulhas e perfurantes. O ambiente hospitalar favorece a ocorrência dos
agravos, visto o elevado número de procedimentos invasivos.

A Organização Mundial da Saúde cita que aconte­cem em média quatro


exposições percutâneas por ano em trabalhadores da África, leste do Medi-
terrâneo e Ásia. Nos Estados Unidos, ocorrem 800 mil acidentes por ano rela-
cionados a agulhas e, no Brasil, os dados de acidentes com perfurocortantes
são incertos, especialmente em virtude da subnotificação.

Na prática, pouca atenção é dispensada aos aciden­tes com mate-


riais perfurocortantes quando avaliamos sua alta frequência, sua significativa
subnotificação e a necessidade de preveni-los em função das graves con­
sequências que acometem os trabalhadores expostos a esses acidentes.
No entanto, até o momento, a resposta a este desafio não tem sido a mais
adequada. Ora estes profissionais adotam procedimentos de biossegurança
desnecessários ou onerosos, ora eximem-se de qualquer cuidado, ficando ex-
postos ao risco de infecção

É grande o número de profissionais indiferentes frente ao seu aciden-


te, banalizando a situação e a sua gra­vidade, aumentando, assim, por conse-
quência, a gravidade da exposição. Nesses casos, a aparição da consequên-
cia não é imediata e nem visível a olho nu, e negligenciar o perigo é colocar em
risco a saúde dos trabalhadores.

As causas de acidentes com material biológico in­cluem reencape de


agulha, descarte inadequado de ma­terial contaminado, transporte e manipu-

29
lação de artigos contaminados. Os acidentes relacionados a picadas de agu-
lhas são responsáveis por 80 a 90% das transmissões de doenças infecciosas
entre trabalhadores da saúde.

Com o objetivo de minimizar os riscos relacionados à exposição a mate-


riais contaminantes pelos trabalha­dores da saúde, a Lei Federal nº 6.514, de 22
de dezembro de 1977 (alte­rou o Capítulo V, do Título II, da Consolidação das Leis
do Trabalho), aprovou todas as Normas Regulamentadoras (NR), dentre essas, a
NR 32, que abrange diretamente a Segurança e a Medicina do Trabalho.

Devido a esses acidentes, todo e qualquer esta­belecimento de assis-


tência à saúde tem que prestar a segurança e saúde no trabalho, por isso foi
estabelecida a NR 32, Norma Regulamentadora de segurança e saúde no tra-
balho em estabelecimentos de assistência à saúde.

A NR 32 estabelece diretrizes para a elaboração e a implementação


de medidas de prevenção, promoção e assistência à saúde em geral, dentre
essas, o Plano de Prevenção de Riscos de Acidentes com Materiais Perfu­
rocortantes.

ASPECTOS PSICOLÓGICOS ASSOCIADOS AOS ACI­DENTES DE


TRABALHO

Os acidentes de trabalho ocasionados por material perfurocortante


entre trabalhadores de enfermagem são frequentes, devido ao número eleva-
do de manipulação, principalmente de agulhas, e representam prejuízos aos
trabalhadores e às instituições. Tais acidentes podem ofere­cer riscos à saúde
física e mental dos trabalhadores.

Embora os prejuízos físicos sejam mais facilmente percebidos, os sin-


tomas e os transtornos psiquiátricos têm sido cada vez mais observados. O
Transtorno de Estres­se Pós-Traumático (TEPT) vem sendo entendido como
uma das psicopatologias que podem ser desencadeadas após a vivência de
um acidente no contexto do trabalho, causando prejuízos e grandes impactos
na qualidade de vida deste trabalhador.

A consequência da exposição ocupacional aos patógenos transmiti-


dos pelo sangue não está somente relacionada à infecção. A cada ano mi-

30
lhares de trabalha­dores da saúde são afetados por trauma psicológico, que
perdura durante os meses de espera dos resultados dos exames sorológicos.
Dentre outras consequências, estão ainda as alterações das práticas sexuais,
os efeitos colaterais das drogas profiláticas e a perda do emprego.

As vivências do trabalhador em sua rotina diária exercem influência


nas suas relações, interferindo em sua vida como um todo, tanto no ambiente
de trabalho como em seu contexto doméstico e social. Quando o profissional
revela que sofreu um acidente, assume que esteve exposto ao risco e que
existe um potencial de contaminação, o que recai diretamente sobre toda a
família, que muitas vezes desconhece o risco. O acidente parece provocar nos
relacionamentos íntimos desconforto e confronto com um estilo de vida que
escapa àquilo que está relacionado ao trabalho, acarretando desconfiança.
Assim, a negociação pelo uso de preservativos, nem sempre utilizados em
relacionamentos estáveis, pode transformar-se em um obstáculo.

EQUIPAMENTO DE PROTEÇÃO INDIVIDUAL (EPI)

Os trabalhadores da área da saúde estão expostos diariamente a di-


versos riscos causados por agentes quí­micos, físicos, biológicos, psicosso-
ciais e ergonômicos. Esses profissionais apresentam maior exposição a mate­
rial biológico em função da sua rotina diária. O fato de os profissionais terem
conhecimento sobre os riscos, no ambiente de trabalho, nem sempre garante
a adesão ao uso de medidas protetoras. O uso de Equipamento de Proteção
Individual (EPI) é importante a fim de prevenir a exposição a agentes biológi-
cos contaminantes, além de oferecer maior proteção ao trabalhador.

O trabalhador deve utilizar os EPIs corretamente e responsabilizar-se


por sua conservação e guarda, comu­nicando ao empregador qualquer altera-
ção ou dano.

A baixa adesão ao uso dos equipamentos de proteção individual e o


seu manuseio incorreto são decorrentes de fatores, como desconforto, incô-
modo, descuido, esquecimento, falta de hábito, inadequação dos equipamen-
tos, quantidade insuficiente e a descrença quanto ao seu uso.

O uso dos EPIs é fundamental não só para os profissionais da saúde,


bem como para todos que permeiam o ambiente hospitalar. Sua utilização

31
correta é de extrema importância, prevenindo infecções e promo­vendo a
saúde.

As condutas adotadas diante de um acidente dependerão da análise


das características deste, levando-se em consideração: o volume de inocu-
lação, a profundidade da penetração da agulha ou objeto cor­tante, o tipo e o
formato da agulha (o risco é maior quando a agulha é oca), a inoculação de
sangue, as características do paciente fonte (títulos circulantes) e a relativa
imunidade do trabalhador.

Diante desse contexto, promover a redução do número de acidentes


no ambiente de trabalho é possível quando o treinamento e a educação conti-
nuada são itens constantes no calendário da enfermagem. O uso correto dos
materiais e equipamentos e o desenvolvimento das técnicas conforme pa-
dronizado diminuem as chances de algo dar errado, pondo em risco a integri-
dade e a manutenção da saúde do profissional de enfermagem e de terceiros.

Medidas, como educação e sensibilização dos tra­balhadores, Comis-


são Interna de Prevenção de Aciden­tes (CIPA), Comissão de Controle de Infec-
ção Hospitalar (CCIH), Programa de Prevenção de Riscos Ambientais (PPRA)
e Programa de Prevenção de Riscos Ocupacio­nais (PPRO), treinamento e ca-
pacitação periódica para os funcionários, oferta de Equipamento de Proteção
individual (EPIs), bem como a adequação da estrutura física e funcional, po-
dem tornar mais seguro o ambiente hospitalar.

De acordo com o Ministério da Saúde, os EPIs que devem ser utilizados


para se prevenir acidentes com materiais perfurocortantes e exposição ao
material bio­lógico são: luvas, máscaras, gorros, óculos de proteção, capotes
(aventais) e botas. Assim, o sucesso de qualquer programa educativo está di-
retamente ligado à participação e ao reconhecimento por parte dos trabalha­
dores e ao apoio da instituição.

FONTE: <https://www.researchgate.net/publication/281467574_ACIDENTES_COM_PERFU-
ROCORTANTES_EM_TRABALHADORES_DA_SAUDE_REVISAO_DA_LITERATURA>. Acesso
em: 26 abr. 2022.

32
RESUMO DO TÓPICO 3

Neste tópico, você estudou que:

• Os ambientes de saúde são locais reconhecidos também por apresentarem va-


riados riscos a trabalhadores e usuários, ou seja, por serem locais insalubres.

• Para a redução dos diversos riscos, existem as precauções padrão, que são cons-
tituídas por atitudes, normas, cuidados e equipamentos que visam à proteção
das pessoas envolvidas nos serviços de saúde de microrganismos causadores
de doenças.

• Uma das formas mais importantes e simples de proteção contra a transmissão


de doenças nesse meio é a lavagem rotineira e adequada das mãos.

• A falta de estrutura e o uso inadequado de equipamentos são alguns dos fatores


que contribuem para o aumento dos acidentes ocupacionais.

• Os ambientes de saúde são locais insalubres, em que o risco de acidentes e de


transmissão de doenças deve ser evitado a todo o tempo.

• Todo estabelecimento deve possuir o Manual de Rotinas e Procedimentos dispo-


nível a todos os profissionais do local.

• É responsabilidade de todos os profissionais que trabalham nos estabelecimen-


tos de saúde gerenciar os resíduos gerados.

• Os resíduos sólidos podem ser classificados em quatro grupos (A, B, C e D), di-
ferenciados de acordo com os riscos que representam aos seres humanos e ao
meio ambiente.

• Apesar de compor pequena parcela dos resíduos produzidos pelo homem, os


resíduos dos serviços de saúde são perigosos, por trazerem muitos riscos (bioló-
gicos, principalmente) ao homem e ao meio ambiente.

33
AUTOATIVIDADE

1 Para facilitar as rotinas dentro de um ambiente de saúde, é necessário existir


um manual que fale o passo a passo de cada atividade. Este manual é cha-
mado corretamente de:

a) Manual das Regras e Deveres.


b) Manual de Assuntos Gerais da Farmácia.
c) Manual de Boas Práticas.
d) Manual de Procedimento Operacional Comum.

2 Os resíduos sólidos recebem classificações específicas como uma forma de


facilitar o correto descarte e manuseio desses resíduos. Assinale a alternativa
CORRETA que traz um exemplo de resíduo químico:

a) Restos de alimentos.
b) Medicamentos vencidos.
c) Algodão com sangue.
d) Caixas de papelão.

3 A classificação dos resíduos sólidos visa facilitar o manuseio desses resídu-


os e evitar acidentes de trabalho. Assinale a alternativa CORRETA que traz um
exemplo de resíduo biológico:

a) Papel toalha.
b) Caixas de remédios.
c) Agulhas.
d) Algodão com sangue.

4 Como uma forma de manter a saúde dos trabalhadores sob controle, são
feitos exames periódicos com o médico do trabalho. Descreva os tipos de
exames que são feitos rotineiramente em uma empresa:
R.:

5 Registre o passo a passo da lavagem correta das mãos:


R.:

34
REFERÊNCIAS

ANDRADE, A. et al. Manual de prevenção de infecções associadas a procedi-


mentos estéticos. São Paulo: Rettec Artes Gráficas, 2008. Disponível em: https://
www.saudedireta.com.br/docsupload/1340372255ih08_manual.pdf. Acesso em:
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lamentadoras - NR - do Capítulo V, Título II, da Consolidação das Leis do Traba-
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República Federativa do Brasil, 8 jun. 1978. Disponível em: https://www.camara.
leg.br/proposicoesWeb/prop_mostrarintegra;jsessionid=9CFA236F73433A3A-
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caoCitada+-. Acesso em: 18 abr. 2022.

BRASIL. Resolução RDC nº 306, de 7 de dezembro de 2004. Dispõe sobre o Regu-


lamento Técnico para o gerenciamento de resíduos de serviços de saúde. Brasília,
DF: Diário Oficial [da] República Federativa do Brasil, 7 dez. 2004. Disponível em:
https://bvsms.saude.gov.br/bvs/saudelegis/anvisa/2004/res0306_07_12_2004.
html. Acesso em: 18 abr. 2022.

BRASIL. Portaria MTb nº 485, de 11 de novembro de 2005. NR 32 - Segurança


e Saúde no Trabalho em Serviços de Saúde. Brasília, DF: Diário Oficial [da] Repú-
blica Federativa do Brasil, 16 nov. 2005. Disponível em: https://www.gov.br/traba-
lho-e-previdencia/pt-br/composicao/orgaos-especificos/secretaria-de-trabalho/
inspecao/seguranca-e-saude-no-trabalho/normas-regulamentadoras/nr-32.pdf.
Acesso em: 18 abr. 2022.

BRASIL. Resolução da Diretoria Colegiada – RDC nº 44, de 17 de agosto de


2009. Dispõe sobre Boas Práticas Farmacêuticas para o controle sanitário do fun-
cionamento, da dispensação e da comercialização de produtos e da prestação de
serviços farmacêuticos em farmácias e drogarias e dá outras providências. Bra-
sília, DF: Diário Oficial [da] República Federativa do Brasil, 17 ago. 2009. Disponível
em:
https://bvsms.saude.gov.br/bvs/saudelegis/anvisa/2009/rdc0044_17_08_2009.
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BRASIL. Lei nº 13.021, de 8 de agosto de 2014. Dispõe sobre o exercício e a


fiscalização das atividades farmacêuticas. Brasília, DF: Diário Oficial [da] República
Federativa do Brasil, 11 ago. 2014. Disponível em: http://www.planalto.gov.br/cci-
vil_03/_ato2011-2014/2014/lei/l13021.htm. Acesso em: 26 abr. 2022.

35
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36
UNIDADE 2

BIOSSEGURANÇA,
URGÊNCIA E EMERGÊNCIA
EM CENTROS DE SAÚDE
OBJETIVOS DE APRENDIZAGEM

A partir do estudo desta unidade, você deverá ser capaz de:

• definir conceitos, gestão e ferramentas operacionais de qualidade;


• identificar um atendimento de qualidade em farmácia;
• reconhecer cuidados no atendimento em farmácia;
• conhecer os conceitos de assepsia, desinfecção e esterilização;
• reconhecer a importância do conhecimento das emergências;
• conhecer os primeiros socorros e as emergências;
• ter noção dos primeiros procedimentos em caso de emergência hiperten-
siva, diabética, neurológica e cardiológica;
• ter conhecimento do protocolo de reanimação cardiopulmonar.

PLANO DE ESTUDOS

Esta unidade está dividida em três tópicos. No decorrer dela, você encontrará
autoatividades com o objetivo de reforçar o conteúdo apresentado.

TÓPICO 1 – GESTÃO E QUALIDADE


TÓPICO 2 – LIMPEZA E ORGANIZAÇÃO DA FARMÁCIA
TÓPICO 3 – PRIMEIROS SOCORROS E EMERGÊNCIAS
38
TÓPICO 1

GESTÃO E
QUALIDADE
1 INTRODUÇÃO
Caro aluno, neste primeiro tópico da Unidade 2, você verá assuntos rela-
cionados à qualidade, bem como à gestão e às ferramentas que a compõem. Es-
ses geralmente são conceitos bem técnicos, que são estudados principalmente por
pessoas das áreas administrativas de gestão da qualidade, porém, é importante
que você tenha uma noção sobre qualidade, uma vez que ela se aplica a todos os
setores de nossa vida.

A qualidade de atendimento na farmácia é muito importante para conquistar


o consumidor e fidelizar os clientes. Na farmácia, os atendentes são grandes ferra-
mentas de suporte ao consumidor, elevando a qualidade do atendimento na farmá-
cia. Ser bem atendido por um profissional com um sorriso no rosto, que demonstre
conhecimento dos produtos e simpatia na fala, certamente mudará a experiência
final do cliente, que poderá sempre retornar ao estabelecimento.

2 CONCEITOS DE QUALIDADE
As organizações buscam sistemas de gestão da qualidade para melhorar
o seu desempenho interno e garantir a qualidade de produtos e serviços que ofe-
recem, a fim de se manterem no mercado competitivo, visto que, atualmente, a
qualidade é fator essencial para que empresas sobrevivam e se mantenham com-
petitivas no mercado cada vez mais globalizado. Segundo Belluzzo e Macedo (1993),
a busca da qualidade total, exercida em todas as etapas do processo produtivo e em
todos os níveis hierárquicos das organizações, orienta uma verdadeira revolução de
conceitos, hábitos e procedimentos, que são verificados em âmbito internacional
na sociedade atual.

Quando as organizações implementam sistemas de gestão, permitem mos-


trar que estão bem estruturadas, além de introduzirem métodos de trabalho mais
39
eficientes para a melhoria da qualidade, atingindo não somente os membros inter-
nos, mas toda a sociedade na qual a organização serve.

A Associação Brasileira de Normas Técnicas (ABNT) afirma que:

Para conduzir e operar com sucesso uma organização, é necessário man-


tê-la de maneira transparente e sistemática. O sucesso pode resultar da
implementação e manutenção de um sistema de gestão concebido para
melhorar continuamente o desempenho, levando em consideração, ao
mesmo tempo, as necessidades de todas as partes interessadas (ABNT,
2000, p. 2).

A gestão de qualidade é um sistema essencial para identificar erros e, a partir


deles, criar soluções. Ela é baseada em um planejamento estratégico, com foco em
otimização de processos, melhoria contínua e capacitações. Para isso, o envolvi-
mento dos funcionários e do estilo de liderança é fundamental para que se crie um
sistema de gestão da qualidade nos ambientes de trabalho. Não possui regras em
sua aplicação, entretanto, alguns passos são essenciais para alcançar um resultado
eficaz, sendo alguns deles: especialização do capital humano, integração dos seto-
res, delegar tarefas, participação total dos funcionários e mapeamento e aperfeiço-
amento constante de processos (ELEMENTUS CONSULTORIA, 2020).

Feigenbaum (1994) define qualidade como a combinação de características


de produtos e serviços referentes ao marketing, à engenharia e à produção e ma-
nutenção, correspondendo às expectativas do cliente. Já Yong e Wilkinson (2002)
afirmam que a definição mais usada de qualidade é a medida na qual o produto ou
serviço está encontrando e/ou excedendo as expectativas do cliente.

Partindo dessas definições, afirma-se que a qualidade está relacionada à vi-


são do cliente e ao envolvimento de toda a empresa para atingir e/ou superar essas
visões. A partir das necessidades do mercado e da implementação de novas ferra-
mentas e filosofias no setor da produção, destacando, também, o atendimento das
expectativas dos clientes, foram se desenvolvendo os estágios de qualidade. Garvin
(1992) cita que quase todas as modernas abordagens da qualidade foram surgindo
aos poucos, através de uma evolução regular, e não de inovações marcantes, são
produto de uma série de descobertas que remontam há um século atrás.

Na figura a seguir, estão exemplificados alguns pontos que envolvem a ges-


tão da qualidade de empresas e negócios de uma maneira geral.

40
FIGURA 1 – GESTÃO DA QUALIDADE

FONTE: <https://carpark.com.br/services/gestaodaqualidade/>. Acesso em: 27 abr. 2022.

Garvin (1992) apresenta outras dimensões da qualidade. A intenção é fazer


uma análise dessas dimensões e alinhar o conceito da qualidade do produto dentro
das diferentes áreas de uma empresa, identificando:

• Desempenho: refere-se às características operacionais básicas de um produto.


• Características: relacionadas com características secundárias, que suplemen-
tam o funcionamento básico do produto.
• Confiabilidade: mede a consistência de execução de um produto ou serviço.
• Durabilidade: mede a vida útil de um produto com dimensões técnicas e econô-
micas.
• Atendimento: facilidade de prestar serviço ao produto quando necessário.
• Conformidade: é o grau em que o projeto e as características operacionais estão,
de acordo com padrões preestabelecidos, dentro de limites de variabilidade.
• Qualidade percebida: refere-se às percepções subjetivas da qualidade, que sur-
gem como resultado da imagem da empresa, da publicidade ou da marca.
• Estética: relacionada às características sensoriais e aparências externas de um
produto.

41
A atualização e a redimensão da economia fazem com que a implantação
de sistemas de gestão da qualidade não seja mais considerada um diferencial es-
tratégico, mas, sim, a cada dia, um pré-requisito necessário para as empresas, no
sentido de desenvolver com eficiência e eficácia produtos e serviços que melhor
atendam aos seus clientes.

Os empresários atuais buscam oferecer melhores produtos e/ou serviços


aos seus clientes, assim como um bom atendimento. Os clientes e os usuários de
qualquer instituição também se mostram mais exigentes na escolha de serviços e
produtos de melhor qualidade. Assim, a relação entre clientes e usuários passa a ser
um novo foco de preocupação e demanda esforços para a sua melhoria.

O conceito de qualidade é amplo e suscita várias interpretações. As mais


expressivas se referem, por um lado, à definição de qualidade como ‘a busca da sa-
tisfação do cliente’ e, por outro, ‘a busca da excelência para todas as atividades de
um processo’. Na mesma linha de pensamento, a qualidade é também considerada
como fator de transformação no modo como a empresa se relaciona com os seus
clientes, agregando valor aos serviços a eles destinados. Em face dessa diversidade
de significados, cabe às empresas identificarem os indicadores de qualidade dos
seus produtos e serviços do ponto de vista dos seus clientes. Agora, veja alguns
aspectos do bom atendimento ao público, segundo o IBAM (2020):

O bom atendimento, visando qualidade, deve levar em consideração:

• Foco no cliente: a importância dada a esse princípio se deve, principalmente,


ao fato de que o sucesso da venda (lucro financeiro) depende da satisfação do
cliente com a qualidade do produto, com o tratamento recebido e com o resulta-
do da própria negociação.
• O serviço ou produto deve atender a uma real necessidade do cliente: este prin-
cípio se relaciona à dimensão da validade, isto é, o serviço ou produto deve ser
exatamente como o usuário espera, deseja ou necessita que ele seja.
• Manutenção da qualidade: o padrão de qualidade, mantido ao longo do tempo, é
que leva à conquista da confiabilidade.

Algumas ações que imprimem qualidade ao atendimento:

• identificar as necessidades de seus clientes;


• preocupar-se com a comunicação (verbal e escrita);
• preservar informações conflitantes;
• minorar a burocracia;

42
• efetivar prazos e horários;
• desenvolver produtos e/ou serviços de qualidade;
• manifestar os diferenciais da organização;
• marcar qualidade à relação atendente/usuário;
• fazer uso da empatia;
• verificar as reclamações;
• atender às boas sugestões.

Essas ações estão relacionadas a indicadores, que podem ser percebidos e


avaliados de forma positiva pelos usuários, entre eles: competência, presteza, cor-
tesia, paciência e respeito. Por outro lado, arrogância, desonestidade, impaciência,
desrespeito, imposição de normas ou exibição de poder tornam o atendente intole-
rável, na percepção dos usuários.

No conjunto dessas ações, deve ainda ser ressaltada a empatia como um fa-
tor crucial para a excelência no atendimento ao público. A utilização adequada des-
sa ferramenta quando as pessoas estão interagindo é fundamental. No bom aten-
dimento, é importante a utilização de frases, como “bom dia”, “boa tarde”, “sente-se,
por favor”, ou “aguarde um instante, por favor” que, ditas com suavidade e cordia-
lidade, podem levar o cliente a perceber o tratamento diferenciado que algumas
empresas, consultórios, clínicas etc. já conseguem oferecer ao seu público-alvo.

2.1 QUALIDADE NO ATENDIMENTO PRESENCIAL

Princípios para a qualidade ao atendimento presencial:

• Competência: o usuário espera que cada pessoa que o atenda detenha infor-
mações detalhadas sobre o funcionamento da organização e do setor que ele
procurou.
• Legitimidade: o usuário deve ser atendido com ética, respeito, imparcialidade,
sem discriminações, com justiça e colaboração.
• Disponibilidade: o atendente representa, para o usuário, a imagem da organiza-
ção. Assim, deve haver empenho para que o usuário não se sinta abandonado,
desamparado, sem assistência. O atendimento deve ocorrer de forma personali-
zada, atingindo-se a satisfação do cliente.
• Flexibilidade: o atendente deve procurar identificar claramente as necessidades
do usuário e esforçar-se para ajudá-lo, orientá-lo e conduzi-lo a quem possa
ajudá-lo adequadamente.

43
2.2 QUALIDADE NA ORGANIZAÇÃO DO AMBIENTE
DE TRABALHO
Um ambiente limpo e organizado é bom e causa sensação de bem-estar.
Outros pontos importantes estão relacionados à adequação do local, à iluminação,
à ventilação e ao conforto térmico e acústico. Muitas empresas que aceitaram su-
gestões de seus clientes, além da atenção dispensada aos aspectos estéticos, es-
tão buscando retirar os fatores ligados ao ambiente de trabalho que possam causar
danos à saúde. Entre eles:

• poluição visual: o excesso de material visual (cartazes, fotos, entre outros) e/ou
a desordem dos objetos disponíveis no ambiente (mobiliário e equipamentos)
podem causar desconforto visual;
• poluição sonora: barulhos em excesso são inadequados ao ambiente de trabalho,
uma vez que a exposição contínua a grandes ruídos pode causar sérios prejuízos
ao ser humano, tais como nervosismo, fadiga mental e distúrbios auditivos.

A aparência de qualquer ambiente chama a atenção quanto a aspectos, como


iluminação, ventilação, mobiliário, equipamentos e leiaute. Segundo especialistas, a
iluminação adequada causa bem-estar físico e emocional aos indivíduos, e a boa
ventilação diminui os níveis de agentes nocivos à saúde. Em linhas gerais, a disposi-
ção do mobiliário e dos equipamentos deve obedecer a dois princípios básicos.

O primeiro diz respeito à otimização do espaço, de forma a acomodar bem as


pessoas, permitir fácil acesso ao material de trabalho e facilitar a circulação no ambien-
te. O segundo está relacionado ao local reservado ao atendimento do usuário. O ideal é
deixá-lo livre de ruídos que possam interferir na qualidade dos serviços prestados.

A qualidade do ambiente de trabalho, fator essencial para causar boa im-


pressão, está relacionada à qualidade no atendimento presencial. É importante que
os interlocutores se sintam bem acolhidos, possam sentar-se, no caso de uma inte-
ração mais demorada, possam colocar-se diante de uma mesa bem arrumada, que
indique eficiência e eficácia daqueles que ali trabalham.

A qualidade do ambiente de trabalho é um fator que transmite segurança ao


interlocutor e consolida uma imagem positiva da organização. Uma parcela expres-
siva da humanidade tem demonstrado que não é mais aceitável tolerar condutas
inadequadas na prestação de serviços e atualmente exige mudanças de postura do
ser humano. Aos poucos, nasce a consciência de que precisamos abandonar velhas

44
crenças, como “errar é humano”, “santo de casa não faz milagres”, “em time que está
ganhando não se mexe”, “gosto não se discute”, entre outras, substituindo-as por:

• “acertar é humano”: o ser humano tem demonstrado capacidade de eliminar


desperdícios, erros e falhas quando é cobrado por suas ações;
• “santo de casa faz milagres”: organizações e pessoas, quando valorizadas, têm
apresentado soluções criativas na identificação e na resolução de problemas;
• “em time que está ganhando se mexe sim”: em todas as atividades da vida pro-
fissional ou pessoal, o sucesso pode ser conseguido por meio da melhoria contí-
nua dos processos, das atitudes e do comportamento; a avaliação daqueles que
lidam diretamente com o usuário pode apontar os que têm perfil adequado para
o desempenho de atividades de atendimento ao público;
• “gosto se discute”: profissões antes não aceitas ou pensadas, além de aquece-
rem o mercado de trabalho, contribuem para que os processos de determinada
atividade ou serviço sejam reformulados em busca da qualidade total.

2.3 ATENDIMENTO DE QUALIDADE NA FARMÁCIA


A interação entre cliente e profissional de farmácia, seja ele o farmacêutico
ou o balconista, é uma das mais eficientes ferramentas de marketing para este se-
tor. Consiste na sintonia existente entre os profissionais da farmácia e seus clientes
no momento do atendimento, e como já vimos, é um importante passo para fidelizar
o cliente e fazer com que ele perceba a vantagem que leva ao comprar na loja, seja
em preço ou em conforto, conveniência e simpatia.

Uma vez que o cliente é fidelizado, ele passa a aceitar melhor as indicações
dos balconistas para determinados produtos da loja. Começa a ser criado um vín-
culo de confiança entre o balconista e o cliente e isso é muito importante para que
o consumidor tenha a certeza de que está comprando o que realmente vai atender
à necessidade dele.

Como a concorrência no varejo farmacêutico é muito grande e cada vez


mais as drogarias estão próximas umas às outras, saber se diferenciar é essencial
para colher bons resultados.

No caso do atendimento na drogaria, evitar os erros mais comuns é uma


boa maneira de ganhar vantagens contra a concorrência. Veja agora erros comuns
que são cometidos durante os atendimentos em drogaria e que devem ser evitados
(FARMARCAS, 2018).

45
1. Não dar a atenção que o cliente necessita: a falta de atenção é um dos erros mais
graves do atendimento na drogaria, e o grande problema é que isso é percebido
com muita facilidade pelo cliente.
O que fazer: é preciso ter clareza que os atendentes estão ali para suprir as ne-
cessidades e desejos dos consumidores e eles precisam sentir que estão sendo
cuidados durante o atendimento. Os atendentes devem estar prontos para lidar
com os interesses do cliente nesse momento. Caso contrário, a impressão que
fica é que não estão preocupados com o que o cliente precisa. Muitas vezes, a
situação fica ainda mais evidente pelo fato de o atendente estar no celular ou
no computador, sem dar a devida atenção ao que o cliente está falando. Essa
falta de cuidado é extremamente perigosa para a loja, pois um cliente que não
se sente bem atendido dificilmente retornará à farmácia numa próxima necessi-
dade. O ideal é que toda a equipe seja orientada e que as instruções de um bom
atendimento estejam escritas no Manual de Boas Práticas.

2. Não se atentar ao receituário: outro problema de atendimento na drogaria é ana-


lisar os receituários de forma inadequada e dar informações imprecisas. Mesmo
com o ritmo acelerado que pode ocorrer no dia a dia da farmácia, é preciso ter
muito cuidado ao receber uma prescrição médica e entregar o medicamento ao
cliente. Além disso, é importante lembrar que os balconistas precisam da assina-
tura do farmacêutico para realizar a venda de determinados produtos da receita.
Por isso, a atenção deve ser redobrada antes de disponibilizar o medicamento ao
consumidor.
O que fazer: postura profissional na farmácia é essencial para atender aos clien-
tes. Os atendentes de farmácia precisam estar bem-preparados para entender
cada caso, interpretar o receituário e assegurar que a medicação está correta.
Para isso, deve-se se preocupar com fatores, como princípio ativo, dosagem,
concentração, integridade do produto, prazo de validade, entre outros. Sempre
em caso de dúvidas, deve-se consultar o farmacêutico. O bom atendimento na
drogaria atende a essa expectativa do cliente, já que na maioria das vezes ele
não possui esse tipo de conhecimento. Além disso, muitas vezes o balconista
lidará com pessoas doentes e tristes, que devem ser tratadas com respeito e
compreensão.

3. Falta de educação e simpatia: atendentes mal-humorados ou que não demons-


tram atenção para se comunicar com os consumidores certamente dão chances
de a concorrência conquistar esses clientes.
O que fazer: o atendimento é um dos pontos mais importantes e, nesse sentido,
é essencial fazer com que o cliente se sinta especial e acolhido. Uma boa comu-
nicação na farmácia é essencial para se relacionar com o cliente. É primordial

46
manter alguns detalhes básicos, mas que fazem toda a diferença, como educa-
ção, simpatia, paciência e respeito. Não é possível admitir grosseria ou impaciên-
cia de um colaborador. Esse tipo de postura não deve acontecer.

4. Querer vender a todo custo: não existe sensação pior dentro de uma loja do que
um atendente querer forçar a venda de algum produto. Fica claro para o con-
sumidor que o balconista ganhará algum tipo de comissão e isso incomoda o
cliente, que está ali para comprar os itens que necessita para cuidar da saúde.
O que fazer: é preciso entender o comportamento do consumidor, os produtos
que ele busca e atender as suas necessidades. Se for o momento e o cliente
adequado para essa sugestão, é possível fazê-la, mas é preciso cuidado para en-
tender cada momento e cada consumidor dentro da loja durante o processo de
compra. Tentar vender a todo custo é outro erro de atendimento na drogaria que
não deve ocorrer. Você pode até oferecer algumas opções, mas é preciso deixar
o cliente à vontade para tomar sua decisão.

5. Deixar o cliente esperando: outro erro primordial de atendimento na drogaria é


deixar o cliente esperando para ser atendido. Muitas vezes ele ainda não chegou
ao balcão, mas tem alguma dúvida sobre determinado produto ou onde encon-
trá-lo na loja antes de ir ao fundo da loja.
O que fazer: os atendentes devem estar atentos aos consumidores que entram
na loja para oferecer a atenção necessária que eles esperam. É claro que em
momentos de grande movimento na loja é difícil ser tão ágil e não deixar o cliente
esperando certo tempo. O que não pode acontecer é fazer com que esse tempo
seja muito longo, deixando os clientes insatisfeitos. É preciso ter clareza que o
atendimento na drogaria deve ser prioridade total, ou seja, se estiver fazendo ou-
tra atividade administrativa, o ideal é parar, fazer o atendimento e depois retornar
a essa atividade. Às vezes é ruim para o atendente parar o que está fazendo, mas
se ele está na loja e há fila de atendimento na drogaria, os clientes têm a per-
cepção de que os balconistas não querem fazer o atendimento ou que não dão
a devida atenção ao consumidor. Isso pode ser um fator que prejudica a imagem
da loja. Esse fator certamente influencia na credibilidade do negócio e na proba-
bilidade de a pessoa voltar a comprar no estabelecimento.

47
LEITURA COMPLEMENTAR

Leia o trecho deste artigo que fala sobre a importância da qualidade


em drogarias e farmácias.

A IMPORTÂNCIA DA QUALIDADE DA GESTÃO DAS DROGARIAS DE


PEQUENO PORTE, TENDO EM VISTA O ATUAL PANORAMA DO VAREJO
FARMACÊUTICO

Luana de Menezes de Souza


Diogens Marco de Brito da Cruz
Adival José Reinert Junior
Giuliano Di Pietro

INTRODUÇÃO

A partir da década de 1990, quando o plano real, no ano de 1994, trouxe


estabilidade econômica ao país, foi observada a expansão do número de filiais
pertencentes a redes de farmácias e drogarias no Brasil para diversos esta-
dos do país. Esse fato acabou gerando uma mudança no varejo farmacêuti-
co, que até então era formado por lojas independentes e redes de farmácias
locais (LEWIS; DART, 2014; SERRENTINO, 2016; CORBÔ; FAVORETTO, 2017).
Com isso, tais farmácias independentes, a exemplo das drogarias de pequeno
porte, passaram a perceber o aumento constante e acelerado da concorrên-
cia no ramo. Essa concorrência, atualmente, tem gerado um impacto direto
no funcionamento e na lucratividade dessas microempresas, o que torna a
sua permanência no mercado uma tarefa difícil. Diante disso, é imprescindível
ter uma gestão profissionalizada que possa viabilizar tal permanência (CRUZ,
2017; SANTOS, 2018).

Essa asserção é justificada pelo fato de a gestão ser um elemento in-


dispensável para todo tipo de atividade comercial, sendo que o gestor, neste
segmento, deve levar em consideração a ética e a saúde da população, alia-
das à sobrevivência da empresa (CARVALHO, 2013). No entanto, apesar da
função fundamental exercida pela gestão farmacêutica, para a obtenção do
êxito dessas empresas no atual panorama do varejo farmacêutico, existem
obstáculos que necessitam ser acompanhados com uma certa proximidade
(SIQUEIRA; BARBOSA, 2016). Estes podem impactar negativamente no pro-
cesso e culminar em um desfecho negativo, como o fechamento da drogaria.

48
Em se tratando dos obstáculos supracitados, é preciso salientar como
problemáticas a gestão centralizada e sem conhecimento técnico científico
acerca das finanças e gestão, comum nas drogarias de pequeno porte, que
são geridas, em sua maioria, pelos próprios proprietários dessas microempre-
sas, acrescida da ênfase reduzida na gestão farmacêutica, ausente na maio-
ria das matrizes curriculares dos cursos de farmácia no país (CUNHA, 2012;
RASOTO, 2012), podendo essas situações potencializarem ainda mais os obs-
táculos enfrentados diariamente pelas microempresas.

Assim, tudo isso demonstra a importância que a qualidade da gestão


tem para o enfrentamento do cenário mercadológico contemporâneo farma-
cêutico por parte das pequenas drogarias (SANTOS, 2018). Posto isso, o pre-
sente trabalho, que consiste em uma revisão sistemática, surge a partir da
observação do cenário econômico farmacêutico e das problemáticas acerca
deste, até então supracitadas, e justifica-se fundamentado na necessidade
de estudar o papel exercido pela gestão qualificada no processo organizativo
e financeiro das drogarias de pequeno porte, visando a sua manutenção no
varejo farmacêutico contemporâneo.

Dessa forma, este trabalho é de grande relevância, tanto para os mi-


croempresários quanto para a sociedade, por estudar caminhos viáveis de
permanência no mercado para os proprietários, além de discutir formas para
oportunizar à sociedade mais um recurso acessível de cuidado à saúde. Tendo
em vista isso, o trabalho teve como objetivo compreender o impacto que a
qualidade da gestão de drogarias de pequeno porte cumpre na disputa mer-
cadológica estabelecida entre estas e as grandes redes de farmácias e droga-
rias, em face do crescimento vertiginoso destas últimas. [...]

DESENVOLVIMENTO

Segundo a Lei nº 13.021/2014, Art. 3º, as drogarias são compreendidas


como um “estabelecimento de dispensação e comércio de drogas, medica-
mentos, insumos farmacêuticos e correlatos em suas embalagens originais”.
As farmácias, segundo esta mesma Lei nº 13.021/2014, Art. 3º, são definidas
como: “estabelecimento de manipulação de fórmulas magistrais e oficinais,
de comércio de drogas, medicamentos, insumos farmacêuticos e correlatos,
compreendendo o de dispensação e o de atendimento privativo de unidade
hospitalar ou de qualquer outra equivalente de assistência médica”.

49
Com o advento do plano real, que trouxe estabilidade econômica ao
país devido à redução da inflação e à potencialização da capacidade de aqui-
sição de novos produtos por parte da população (FEITOSA, 2012; SILVA, 2015;
SOUZA, 2016), as drogarias e as farmácias supracitadas tiveram um cresci-
mento acelerado no seu quantitativo, gerando, desse modo, modificações no
cenário econômico. Essas redes possuem como diferenciais principais o alto
poder de compra, a quantidade de lojas, a venda através das plataformas das
lojas virtuais e a variedade de medicamentos, cosméticos e produtos de saú-
de e higiene pessoal (FERREIRA, 2013; NASCIMENTO, 2014; LEAL, 2018). As
drogarias de pequeno porte, que antes dominavam esse mercado, passaram
a sentir o aumento da concorrência aliado a outros fatores, a exemplo da pou-
ca experiência dos empreendedores e da estagnação destes acerca da aqui-
sição de conhecimentos referentes à gestão (REGERT et. al., 2018).

A confusão gerada entre as contas pessoais e comerciais, a inexistên-


cia de um plano de negócios e mecanismos de controle interno, bem como
investimentos sem análise antecipada e a não execução do planejamento
estratégico (LUZIO, 2010; COSTA, 2016) podem, segundo Costa (2016), oca-
sionar o fechamento de uma empresa, visto que essses problemas, em maior
ou menor grau, estão relacionados a falhas administrativas e à ausência da
qualidade da gestão. Desse modo, é imprescindível a realização da profissio-
nalização da gestão, que apesar de ser um grande desafio para as micro-
empresas, tende a ser um caminho que, associado à rapidez, à diligência e
ao atendimento de qualidade à clientela, estimula a permanência e o avanço
dessas últimas no varejo farmacêutico. Uma gestão financeira adequada per-
mite a organização financeira da empresa, tornando-se, assim, essencial para
a sua subsistência (SOUZA, 2012; LEAL, 2018).

Nesse sentido, a gestão pode ser conceituada como um método uti-


lizado para a aquisição de bens ou serviços, e desfechos fundamentados em
uma organização, com objetivos traçados e analisados, que resultam em uma
ação empresarial, recorrendo ao planejamento, à organização, à direção e ao
controle para o alcance da qualidade dessa gestão (AGUIAR, 2012). Para além
disso, devem ser ponderados, para a viabilização desse alcance, os recursos
essenciais para a gestão de drogarias, tal como a gestão financeira, a gestão
de recursos humanos, a gestão de recursos materiais e o mercado envolven-
te, fazendo necessário conhecer, a priori dos resultados, o mercado farma-
cêutico no qual está inserido por meio da gestão comercial (CARVALHEIRO,
2011; CARVALHO, 2013).

50
Em conformidade com isso e consoante com a gestão de recursos
humanos, são importantes a seleção e a observância cuidadosa da formação
da equipe de trabalho através do recrutamento, em que o gestor deve buscar
profissionais confiantes, seguros e comunicativos, cabendo ao líder posicio-
ná-los nos cargos que possibilitem o melhor aproveitamento das capacidades
individuais de todos, com o intuito de potencializar a obtenção dos resultados
(SERRANO, 2010; AGUIAR, 2012). Por sua vez, a gestão financeira, que elucida
o funcionamento da empresa e está alicerçada no seu plano de contabilidade,
tem contribuição significativa para o alcance da qualidade da gestão e, con-
sequentemente, resultados econômicos positivos.

Entretanto, mesmo tendo importância relevante, essa gestão se con-


figura como um obstáculo para vários gestores, incluindo os farmacêuticos.
Isso pode ser justificado, no caso dos farmacêuticos, pela formação acadê-
mica deste profissional não priorizar a gestão enquanto processo formativo,
interligada a oscilações rápidas mercadológicas, que demandam uma ligeira
tomada de decisão assertiva (BIAGINI, 2015). Tais decisões devem garantir a
lucratividade e a permanência das drogarias de pequeno porte no varejo far-
macêutico tão competitivo (CARVALHO, 2013). Em consonância com isso, os
demais gestores também costumam apresentar pouca qualificação acerca de
conhecimentos sobre gestão, o que é agravado ainda mais pelo pouco inte-
resse, em alguns casos, ou até mesmo a falta de tempo hábil, em outros, para
investimento formativo e educação continuada, o que geraria a ampliação de
novas possibilidades referentes à gestão (FERRONATO, 2011).

Contudo, os gestores e farmacêuticos gestores qualificados para ocu-


par tal cargo podem contribuir de forma efetiva através da compreensão de
mercado, organização financeira, gerenciamento de custo e negociação com
os fornecedores, no momento da compra, para a obtenção de produtos com
melhores preços, bem como a tomada de ações assertivas baseadas na inte-
ligência, coragem, sabedoria, experiência e humildade (PALMEIRA, 2011; CAR-
VALHO, 2013; CASALI, 2015). Tais contribuições são importantes não somente
para a manutenção do estabelecimento como também para a ampliação das
drogarias de pequeno porte e consequente aumento de lucro (LEAL, 2018).
Nessa perspectiva, os gestores que têm maior êxito são aqueles capacitados
para realizar uma gestão qualificada, levando em consideração os preços, os
custos, os valores e as ferramentas da qualidade, contribuindo, desse jeito,
para o crescimento da empresa e das pessoas envolvidas nesse processo
(CASALI, 2015).

51
CONSIDERAÇÕES FINAIS

Diante do exposto, percebe-se que, nas últimas três décadas, ocorre-


ram modificações no campo econômico e governamental que geraram mu-
danças no mercado varejista farmacêutico, fato este que contribui para um
aumento da competitividade entre as empresas atuantes nesse cenário. Essa
competitividade afeta principalmente as drogarias de pequeno porte, que se
veem, muitas vezes, tendo que lidar com um possível fechamento da em-
presa, caso não consigam fazer uso de estratégias capazes de fazer frente à
concorrência das grandes redes de farmácias e drogarias.

Nessa perspectiva, a qualidade da gestão mostra-se como importan-


te e necessária para melhor operacionalizar o funcionamento da empresa e
potencializar lucros, que possam, de certa maneira, garantir a sua permanên-
cia no mercado. Ainda assim, muitos gestores, incluindo os farmacêuticos,
apresentam dificuldade em realizar essa gestão profissionalizada, devido à
pouca qualificação que têm acerca da temática, aliada à falta de atualizações
permanentes. Tudo isso gera impactos negativos diretos no funcionamento
da empresa e no trabalho da equipe, além de resultados desfavoráveis para
a organização, visto que os gestores que obtêm os melhores resultados são
aqueles capacitados para executar uma gestão qualificada.

Por fim, pode-se concluir que, dada a importância que a gestão exerce
em uma empresa, é preciso que esta seja realizada de maneira a atingir níveis
de qualidade que viabilizem a drogaria, um processo organizativo mais es-
truturado, permitindo, assim, um melhor desempenho econômico, indo além
da manutenção do funcionamento e atingindo a ampliação das drogarias de
pequeno porte. Ademais, vale ressaltar, ainda, que devido à dinamicidade do
varejo farmacêutico e seu crescimento prospectivo, faz-se necessária a rea-
lização de mais estudos para a ampliação da discussão da temática que é tão
importante para o meio econômico farmacêutico.

FONTE: <https://www.semanticscholar.org/paper/A-IMPORT%C3%82NCIA-DA-QUALIDADE-
-DA-GEST%C3%83O-DAS-DROGARIAS-Souza-Cruz/4e2fe67beea0e062c325a7dc4e0c45ddfa-
42caf0>. Acesso em: 27 abr. 2022.

52
RESUMO DO TÓPICO 1

Neste tópico, você adquiriu certos aprendizados, como:

• Organizações vêm adotando sistemas de gestão de qualidade para garantir a


qualidade de produtos e serviços por elas ofertados.

• A qualidade é, atualmente, fator essencial para que as empresas sobrevivam e se


mantenham no mercado competitivo.

• O sistema de gestão refere-se a tudo o que a organização faz para gerenciar


suas atividades.

• A qualidade está relacionada à visão do cliente e ao envolvimento de toda a em-


presa para atingir e/ou superar a percepção do cliente.

• Os clientes e usuários das organizações públicas e privadas também se mostram


mais exigentes na escolha de serviços e produtos de melhor qualidade.

• Arrogância, desonestidade, impaciência, desrespeito, imposição de normas ou


exibição de poder tornam o atendente intolerável na percepção dos usuários.

• No conjunto dessas ações, deve ainda ser ressaltada a empatia como um fator
crucial para a excelência no atendimento ao público.

• Um ambiente limpo e organizado é agradável e causa sensação de bem-estar.

• O excesso de material visual (cartazes, fotos, entre outros) e/ou a desordem dos
objetos disponíveis no ambiente (mobiliário e equipamentos) podem causar des-
conforto visual.

• Barulhos são inadequados ao ambiente de trabalho, uma vez que a exposição


contínua a grandes ruídos pode causar sérios prejuízos ao ser humano.

• A qualidade do ambiente de trabalho, fator essencial para causar boa impressão,


está relacionada à qualidade no atendimento presencial.

• Os cinco erros mais comuns no atendimento ao cliente na farmácia são: não dar
a atenção que o cliente necessita, não se atentar ao receituário, falta de educa-
ção e simpatia, querer vender a todo custo e deixar o cliente esperando.

53
AUTOATIVIDADE

1 A qualidade é, atualmente, fator essencial para que as empresas sobrevivam


e se mantenham no mercado competitivo. Manter sistemas que garantam a
qualidade dentro das empresas é muito importante para a sua manutenção
no mercado de trabalho. Sobre a qualidade, assinale a alternativa CORRETA:

a) Qualidade se refere ao atendimento aos clientes, somente.


b) Manter o ambiente organizado é um pilar da qualidade.
c) A poluição visual não interfere na qualidade da empresa.
d) Os sistemas de gerenciamento de qualidade vêm caindo em desuso nos
últimos anos.

2 Na farmácia, é muito importante atender aos clientes com respeito, com-


preensão e atenção. Pensando nisso, assinale V para as afirmativas verdadei-
ras ou F para as falsas.

( ) Quando o cliente está apressado é necessário deixá-lo esperando para


que se acalme.
( ) Pessoas que estão doentes devem ser tratadas com compreensão e respeito.
( ) Tentar vender medicamentos sem necessidade é bom para a empresa.
( ) Ajudar os clientes com suas dúvidas é uma maneira de fidelizá-los.

a) V – V – F – V.
b) F – F – V – F.
c) F – V – F – V.
d) V – V – F – V.

3 Nos ambientes de farmácia, é muito importante manter a qualidade do ser-


viço prestado, assim, os clientes sempre voltarão ao estabelecimento. Assina-
le a alternativa CORRETA que traz um importante modo de fidelizar o cliente:

a) Ser distraído ao ler a prescrição médica.


b) Deixar o cliente com dúvida sobre os medicamentos.
c) Indicar medicamentos desnecessários.
d) Vender o necessário com atenção e respeito.

54
4 As definições de qualidade podem ser empregadas a todo o tipo de empre-
sa, não só a farmácias, mas também a serviços prestados de maneira geral.
Dessa forma, defina qualidade.
R.:

5 A qualidade também diz respeito aos ambientes nos quais trabalhamos. Um


ambiente organizado pode mudar completamente a experiência do cliente.
Defina poluição visual e poluição sonora:
R.:

55
56
TÓPICO 2

LIMPEZA E
ORGANIZAÇÃO DA
FARMÁCIA
1 INTRODUÇÃO
Neste segundo tópico, veremos assuntos relacionados aos cuidados no
atendimento em centros de saúde como a farmácia: limpeza e organização da
farmácia.

Primeiramente, entenderemos quais os tipos de serviços que podem ser


oferecidos em uma farmácia e quais os cuidados que se deve ter nesses procedi-
mentos, bem como a organização desse espaço físico dentro do estabelecimento.

Por último, veremos os conceitos de assepsia, desinfecção e esterilização,


que são indispensáveis para a realização de serviços farmacêuticos e manutenção
dos procedimentos de biossegurança.

2 SALA DE PROCEDIMENTOS EM FARMÁCIA


Você sabe o que são serviços farmacêuticos? O que eles podem fazer pela
sua farmácia e sua vida profissional? Qual a importância desses serviços para a saú-
de e o bem-estar da população? Segundo o Conselho Federal de Farmácia (2016),
serviços de saúde são aqueles que lidam com a prevenção, o diagnóstico e o trata-
mento de doenças e de outras condições, bem como com a promoção, a manuten-
ção e a recuperação da saúde.

Os serviços farmacêuticos constituem parte dos serviços de saúde e com-


preendem um conjunto de atividades organizadas em um processo de trabalho,
contribuindo para a prevenção de doenças, a promoção, a proteção e a recuperação
da saúde e para a melhoria da qualidade de vida das pessoas (CONSELHO FEDERAL
DE FARMÁCIA, 2016).

57
2.1 SERVIÇOS QUE PODEM SER OFERECIDOS NA
SALA DE PROCEDIMENTOS EM FARMÁCIA
Aplicação de vacinas: farmácias de todo o Brasil podem aplicar vacinas,
mas, para isso, esses estabelecimentos de saúde devem obedecer a algumas exi-
gências, como estar inscritos no Cadastro Nacional dos Estabelecimentos de Saúde
(CNES) e possuir licença para a prestação do serviço de vacinação emitida pela au-
toridade sanitária municipal competente. Em cada local, é obrigatória a designação
de um responsável técnico e a contratação de profissionais habilitados para aplicar
vacinas. As instalações precisam ser adequadas e seguir parâmetros estabeleci-
dos nas normas do setor, como ambiente refrigerado para armazenar as vacinas
e cuidados no transporte dos materiais para não prejudicar a qualidade. Também
é obrigatório o registro das informações nos cartões de vacinação. O Certificado
Internacional de Vacinação ou Profilaxia (CIVP) poderá ser emitido pela farmácia ou
drogaria licenciada para realizar o serviço de vacinação e credenciada pela Anvisa
para a emissão, uma vez que a emissão do CIVP deverá seguir os padrões definidos
pela Anvisa (CRF-SP, 2018).

Aplicação de medicamentos: farmácias e drogarias contam com especia-


listas aptos a prestarem auxílio ao paciente que tem dificuldade de administrar o me-
dicamento sozinho. Esse suporte pode ser dado tanto na aplicação, injeção ou inala-
ção (nebulização) do produto, incluindo os de uso oral, para mais conforto do cliente.

Acompanhamento de pacientes: farmacêuticos também podem acom-


panhar pacientes, internados ou não, em estabelecimentos hospitalares ou ambu-
latoriais, de natureza pública ou privada. Para isso, porém, devem garantir a presen-
ça de um profissional substituto na farmácia.

Medição e monitoramento da pressão arterial e glicemia capilar: quem


precisa controlar a pressão arterial e tem dificuldade de realizar o monitoramento so-
zinho ou não possui o aparelho também pode contar com a ajuda do farmacêutico na
aferição. Pacientes com diabetes, que têm dificuldade em monitorar a glicemia capilar
em casa, podem procurar a farmácia para fazer o teste glicêmico. O farmacêutico não
está apto, contudo, para fazer diagnóstico ou indicar medicação adequada ao pacien-
te. Nesse caso, o mais recomendado é procurar a orientação médica.

Monitoramento de temperatura: nas farmácias também é possível fazer


o monitoramento da temperatura corporal de pessoas de todas as idades. Trata-se
de um serviço útil, especialmente para pessoas que não possuem termômetro.

Realização de curativos: nas farmácias também é possível fazer peque-


nos curativos para fechar pontos cirúrgicos ou interromper pequenas lesões. O far-
macêutico está apto a realizar este tipo de procedimento com segurança.

58
Perfuração de lóbulo auricular: o procedimento de perfuração de lóbulo
auricular para piercings e brincos, entre outros, também é permitido em farmácias e
drogarias. Este serviço é realizado com pistola e brincos regularizados junto à Anvisa.

2.2 CONFIGURAÇÃO FÍSICA DA SALA DE


PROCEDIMENTOS
A RDC nº 44/2009 não define a área mínima da sala de serviços farmacêu-
ticos, porém estabelece alguns requisitos: o ambiente deve garantir a privacidade
do atendimento e conforto aos usuários; deve contar com dimensões, mobiliário e
infraestrutura compatíveis com os serviços a serem oferecidos; deve ser provido
de lavatório com água corrente e dispor de toalha de uso individual e descartável,
sabonete líquido, gel bactericida e lixeira com pedal e tampa. Este local não deve
possuir acesso ao sanitário.

Assim, se a sala de aplicação de injetáveis contar somente com a área mínima


de 3 m² exigida pelo Decreto Estadual nº 12.342/1978, o espaço não será suficiente
para a prestação de todos os serviços farmacêuticos previstos na RDC nº 44/2009.
O espaço deve contar, além dos itens anteriores, com mesa e cadeiras para o far-
macêutico, usuário e acompanhante (se for o caso). O tamanho do espaço também
dependerá dos serviços que serão prestados e da mobília colocada no local.

IMPORTANTE
Balconistas podem prestar os serviços farmacêuticos descritos na
RDC nº 44/2009 sob supervisão do farmacêutico?

De acordo com o Artigo 21 da RDC nº 44/2009, a prestação dos serviços


deve ser realizada por profissional devidamente capacitado, respeitando as de-
terminações estabelecidas pelos Conselhos Federal e Regionais de Farmácia,
sendo assim, somente o farmacêutico poderá realizá-los, conforme dispõe as
Resoluções n° 499/2008 e 505/2009 do Conselho Federal de Farmácia (CFF).

A única exceção é a aplicação de medicamentos injetáveis, que nos


termos do Artigo 21 da Resolução CFF nº 499/2008 pode ser efetuada por
profissional habilitado, com autorização expressa do farmacêutico diretor ou
responsável técnico, porém a presença e/ou supervisão do farmacêutico é
condição e requisito essencial para a aplicação de medicamentos injetáveis
(parágrafo único, Artigo 21, Resolução CFF nº 499/2008).

59
3 ASSEPSIA, DESINFECÇÃO E ESTERILIZAÇÃO
Para que a farmácia seja, efetivamente, um local seguro, de conforto e bem-
-estar para profissionais e clientes, a higienização das mãos, móveis, bancadas e
utensílios terá que obedecer a diversos procedimentos, como já estudamos ante-
riormente. Veja, a seguir, alguns conceitos ligados a procedimentos seguros:

• Antissepsia: fundamenta-se na aplicação de produtos (microbicidas ou micro-


biostáticos) sobre a pele ou mucosa com o objetivo de reduzir os microrganismos
em sua superfície.
• Antisséptico: se refere a tudo o que for utilizado no sentido de degradar ou ini-
bir a proliferação de microrganismos presentes na superfície da pele e mucosas.
Utilizam-se substâncias para desinfectar ferimentos, evitando ou reduzindo o
risco de infecção por ação de bactérias ou germes.
• Assepsia: é o conjunto de procedimentos que visam impedir a introdução de
germes patogênicos em determinado organismo, ambiente e objetos. É o cuida-
do com a limpeza e a higiene de tudo o que nos cerca.
• Contaminação cruzada: a contaminação cruzada é aquela que resulta do
transporte de microrganismos de um alimento para outro não contaminado. A
contaminação cruzada pode ocorrer através dos equipamentos e utensílios, usa-
dos durante a manipulação dos alimentos, mas, também, através dos manipula-
dores (mãos e vestuário de proteção).
• Degermação: é o ato de redução ou remoção parcial dos microrganismos da
pele, ou outros tecidos, por métodos químio-mecânicos. É o que se faz ao pro-
ceder com a higienização das mãos usando água, sabão e escova.
• Descontaminação: remoção de microrganismos patogênicos na forma vegeta-
tiva de objetos e superfícies contaminadas com matéria orgânica, fazendo com
que eles fiquem seguros para serem manuseados durante o processo de limpeza
manual. O processo pode ser químico (soluções germicidas) ou físico (lavadoras
automáticas).
• Desinfecção: processo que elimina formas vegetativas de microrganismos pa-
togênicos de objetos. Pode ser feita através de processos químicos (soluções
germicidas) ou físicos (fervura em máquinas lavadoras – desinfetadoras).
• Desinfestação: a desinfestação é um conjunto de processos químicos destina-
dos a destruir insetos e bichos suscetíveis de serem vetores de doenças trans-
missíveis para o homem (e até para outros animais). Por isso, esse processo é
extremamente importante para que não comprometa a sua saúde e a dos que o
rodeiam.
• Desinfetantes: são substâncias que são aplicadas em superfícies não vivas
para destruir os microrganismos que vivem nesses objetos.

60
• Detergente: substância ou preparação química que produz limpeza.
• Esterilização: é a destruição de todas as formas de vida microbiana (vírus, bac-
térias, esporos, fungos, protozoários e helmintos) por um processo que utiliza
agentes químicos ou físicos.
• Esterilizante: é a substância ou a preparação química capaz de destruir todas
as formas de vida (bactérias, fungos, vírus, protozoários, formas vegetativas e
esporos).
• Infecção cruzada: é um termo utilizado para referir-se à transferência de mi-
crorganismos de uma pessoa (ou objeto) para outra pessoa, resultando, neces-
sariamente, em uma infecção.
• Infecção endógena: é aquela causada por microrganismos que já estavam pre-
sentes no organismo hospedeiro, sendo, portanto, uma autoinfecção.
• Infecção exógena: é uma infecção adquirida de fora para dentro, é causada por
microrganismos adventícios que estavam presentes anteriormente no organismo
hospedeiro. A infecção exógena significa um rompimento da cadeia asséptica, o
que é muito grave, pois dependendo da natureza dos microrganismos envolvidos,
a infecção exógena pode ser fatal, como é o caso da HIV, Hepatite B e C.
• Procedimento crítico: é todo procedimento em que existe a presença de san-
gue, pus ou matéria contaminada pela perda de continuidade.
• Procedimento semicrítico: todo procedimento em que existe a presença de
secreção orgânica (saliva) sem perda de continuidade do tecido.
• Procedimento não crítico: todo procedimento em que não há a presença de
sangue, pus ou outra secreção orgânica (saliva) (GUIMARÃES JUNIOR, 2001).

61
RESUMO DO TÓPICO 2

Neste tópico, você adquiriu certos aprendizados, como:

• A farmácia pode oferecer um conjunto de atividades organizadas em um proces-


so de trabalho, contribuindo para a prevenção de doenças, promoção, proteção e
recuperação da saúde e para a melhoria da qualidade de vida das pessoas.

• Dentre os serviços que podem ser prestados, estão: aplicação de vacinas, apli-
cação de medicamentos, acompanhamento de pacientes, medição e monito-
ramento da pressão arterial e glicemia capilar, monitoramento de temperatura,
realização de curativos e perfuração de lóbulo auricular:

• Alguns desses procedimentos podem ser realizados pelos atendentes de farmá-


cia desde que estejam devidamente habilitados e autorizados pelo farmacêutico
responsável.

• Para que a sala de prestação de serviços seja, efetivamente, um local seguro, de


conforto e bem-estar para profissionais e clientes, a higienização dos utensílios
terá que obedecer a diversos procedimentos.

• A desinfecção é a eliminação de microrganismos patogênicos na forma vegeta-


tiva de consultórios e demais ambientes da clínica, geralmente, é feita por meios
químicos (desinfetantes).

• A esterilização é a destruição dos microrganismos nas formas vegetativas e es-


poruladas. A esterilização pode ser por meio físico (calor) ou químico (soluções
esterilizantes).

62
AUTOATIVIDADE

1 A farmácia pode oferecer um conjunto de atividades organizadas em um


processo de trabalho, contribuindo para a prevenção de doenças, promoção,
proteção e recuperação da saúde e para a melhoria da qualidade de vida das
pessoas. Sobre os serviços que podem ser oferecidos nas farmácias, assinale
a alternativa CORRETA:

a) Aferição de pressão sanguínea.


b) Internação para observação.
c) Aplicação de botox.
d) Imobilização de braço quebrado.

2 Para que a farmácia seja, efetivamente, um local seguro, de conforto e bem-


-estar para profissionais e clientes, a higienização dos utensílios terá que obe-
decer a diversos procedimentos. Sobre o conceito de desinfecção, assinale a
alternativa CORRETA:

a) É o ato de redução ou remoção parcial dos microrganismos da pele, ou ou-


tros tecidos, por métodos químio-mecânicos. É o que se faz ao proceder com
a higienização das mãos usando água, sabão e escova.
b) Remoção de microrganismos patogênicos na forma vegetativa de objetos
e superfícies contaminadas com matéria orgânica, fazendo com que fiquem
seguros para serem manuseados durante o processo de limpeza manual. O
processo pode ser químico (soluções germicidas) ou físico (lavadoras auto-
máticas).
c) Processo que elimina formas vegetativas de microrganismos patogênicos
de objetos inanimados. Pode ser feita através de processos químicos (solu-
ções germicidas) ou físicos (fervura em máquinas lavadoras – desinfetadoras).
d) É um conjunto de processos químicos destinados a destruir insetos e bi-
chos suscetíveis de serem vetores de doenças transmissíveis para o homem
(e até para outros animais). Por isso, esse processo é extremamente impor-
tante para que não comprometa a sua saúde e a dos que o rodeiam.

3 A contaminação cruzada é muito perigosa, pois pode colocar em risco a


saúde dos trabalhadores e clientes. Defina a contaminação cruzada.
R.:

63
64
TÓPICO 3

PRIMEIROS SOCORROS
E EMERGÊNCIAS
1 INTRODUÇÃO
Caro aluno, todos podemos passar por situações de risco que podem causar
urgências e emergências. Esses acontecimentos não têm local e nem hora para
acontecer e, por isso, ter algum preparo com relação ao atendimento primário de
vítimas pode ser muito importante para salvar vidas. A farmácia, como sendo um
local de saúde, recebe muitas pessoas doentes e pode ser sim um local onde emer-
gências podem eventualmente ocorrer.

Então, neste tópico, abordaremos os assuntos de primeiros socorros e aten-


dimento primário às vítimas de diversas emergências, como as emergências hiper-
tensivas, diabéticas e cardiológicas.

A partir deste tópico, você terá clareza de quais procedimentos e medidas


iniciais de primeiro atendimento deverão ser adotados para diminuir o risco de se-
quela no paciente. Você será apresentado ao protocolo de reanimação cardiopul-
monar e, por fim, terá acesso à sequência resumida dos passos para a execução do
suporte básico de vida.

2 PRIMEIROS SOCORROS
Os primeiros socorros são procedimentos de emergência para realizar um
atendimento, de imediato, no local do acidente às vítimas de trauma, urgências ou
emergências clínicas. Esse atendimento imediato visa garantir a segurança local,
avaliando o estado e estabilizando os sinais vitais da vítima até esta ser encaminha-
da para a unidade hospitalar (QUILICI; TIMERMAN, 2011).

Os princípios básicos de primeiros socorros, conforme Quilici e Timerman


(2011), são:

• Conhecer os sinais vitais.

65
• Reconhecer situações que coloquem a vida em risco (tanto da vítima quanto do
socorrista e curiosos).
• Controlar sangramentos (quando necessário).
• Aplicar respiração e circulação artificiais (quando necessário).
• Minimizar o risco de outras lesões e complicações (manipulação incorreta da vítima).
• Confortar e tranquilizar a vítima, utilizando tom de voz moderado e confiante e
providenciar assistência médica e transporte (quando necessários).
• Sinalizar o local do acidente.

IMPORTANTE
O atendimento imediato no local do acidente contribui expressivamente
para a manutenção da integridade física e/ou psíquica do indivíduo em uma
situação de risco. Conforme estudo desenvolvido por programas internacionais,
as taxas de sobrevivência estão na ordem de 49 a 74%. O Código Penal brasilei-
ro, Art. 135 do Decreto-Lei nº 2.848, de 7 de dezembro de 1940, traz que é crime
de omissão de socorro “deixar de prestar assistência, quando possível fazê-lo
sem risco pessoal, à criança abandonada ou extraviada, ou à pessoa inválida
ou ferida, ao desamparo ou em grave e iminente perigo; ou não pedir, nesses
casos, o socorro da autoridade pública”.

FONTE: <https://www.jusbrasil.com.br/topicos/10623219/artigo-135-do-decreto-lei-n-
-2848-de-07-de-dezembro-de-1940>. Acesso em: 27 abr. 2022.

Dependendo do trauma da vítima, costuma suceder, simultaneamente à


parada respiratória, a parada cardiorrespiratória. Para tal, a realização imediata de
reanimação cardiopulmonar (RCP), até mesmo por leigos, contribui para o aumento
das taxas de sobrevida das vítimas, principalmente de parada cardíaca (QUILICI;
TIMERMAN, 2011).

A seguir, conheceremos as abordagens para o atendimento às vítimas. Para


tal, seguiremos com a abordagem primária e secundária.

2.1 ABORDAGEM PRIMÁRIA E SECUNDÁRIA À


VÍTIMA
O atendimento primário, ou também dito como atendimento inicial a uma
pessoa que sofreu algum trauma, deve ser rápido, organizado e eficiente. Deve ain-

66
da permitir decisões quanto ao atendimento e ao transporte adequado, asseguran-
do à vítima maiores chances de sobrevida.

Na abordagem primária, o controle de cena ou local do ocorrido é funda-


mental, eliminando de início a existência de alguma situação de ameaça à vida. A
abordagem inicial é realizada sem mobilizar a vítima de sua posição inicial, salvo em
situações especiais que possam comprometer a segurança ou agravar o quadro
da vítima. Para tal, indica-se observar as condições climáticas extremas em que a
vítima está localizada (geada, chuva, frio ou calor); verificar os riscos de explosão
ou incêndio; e os riscos de choque elétrico. Somente após verificar as condições de
cena e eliminar os riscos, a abordagem primária deve ser realizada junto à pessoa
com o trauma.

Caso houver mais de uma vítima, o atendimento deve ser escolhido confor-
me o risco, ou seja, primeiro as que apresentem risco de perda de membros e, por
último, as demais. A abordagem primária é executada em duas fases: a abordagem
primária rápida e a abordagem primária completa.

2.1.1 Abordagem primária rápida


Na abordagem primária rápida, é realizada uma análise das condições de
respiração, circulação e consciência da pessoa. Esse procedimento deve ser re-
alizado de imediato e no tempo máximo de 30 segundos, por isso é chamada de
abordagem primária rápida (MARCONNI, 2009).

Essa abordagem tem por objetivo identificar as condições de risco de morte


para desencadear os recursos de apoio, tais como médico no local e ambulância
para o transporte. Vamos aos passos a serem seguidos:

1) Aproximar-se da vítima.
2) Tocá-la garantindo-lhe o controle cervical.
3) Verificar se está respirando.
4) Verificar se está consciente.
5) Verificar pulsação.
6) Averiguar temperatura, umidade e coloração da pele (palidez, pele fria e úmida).
7) Analisar rapidamente da cabeça aos pés, procurando por hemorragias ou gran-
des deformidades.
8) Transferir as informações para a Central de Emergência e repassar as informa-
ções.

67
Não havendo respostas à respiração, iniciar as manobras de controle das
vias aéreas e a ventilação artificial. Ao mesmo tempo, palpar o pulso radial (em ví-
tima inconsciente, palpar direto o pulso carotídeo) e determinar se está presente e
sua qualidade (normal, muito rápido ou lento). Se inexistente, palpar pulso de artéria
carótida ou femoral (maior calibre) e, caso confirmado que a vítima está sem pulso,
iniciar manobras de reanimação. Analisaremos o processo de verificação da pulsa-
ção por meio da figura a seguir:

FIGURA 2 – LOCAIS DE VERIFICAÇÃO DA PULSAÇÃO

FONTE: <https://blog.maxieduca.com.br/sinais-vitais-ssvv/>. Acesso em: 27 abr. 2022.

2.1.2 Abordagem primária completa


Existe uma sequência fixa de passos já estabelecidos cientificamente para
segui-los na abordagem primária. Para conduzir o procedimento de uma aborda-
gem primária completa, tem-se o chamado “XABCDE do trauma”, que mostra uma
sequência fixa de passos, utilizando-se as primeiras letras das palavras (do inglês),
que definem os passos para uma abordagem primária completa de socorro imediato
(WILKINSON; SKINNER, 2000).

68
FIGURA 3 – XABCDE DO TRAUMA

FONTE: <https://www.linkedin.com/posts/daniellekalilbraga_enfermagem-nurse-enfermeira-activity-
-6870947765770338304-2MCf>. Acesso em: 27 abr. 2022.

Para o profissional de estética, conhecer os procedimentos básicos de so-


corro a vítimas contribui para o primeiro atendimento caso uma pessoa que você
estiver conduzindo algum procedimento de tratamento (facial, corporal, capilar, en-
tre outros) vir a ter alguma reação a produtos químicos ou físicos ou derivados de
outros procedimentos estéticos.

Vamos conhecer as etapas do chamado “XABCDE do trauma” de forma prá-


tica, com o passo a passo segundo Wilkinson e Skinner (2000):

PASSO X – Exsanguinação

69
Contenção de hemorragia externa grave, a abordagem a esta deve ser antes
mesmo do manejo das vias aéreas, uma vez que, epidemiologicamente, apesar de a
obstrução de vias aéreas ser responsável pelos óbitos em um curto período, o que
mais mata no trauma são as hemorragias graves.

PASSO “A” – VIAS AÉREAS COM CONTROLE CERVICAL:

• Conduzir o controle cervical e a identificação da pessoa.


• Questionar a pessoa para reconhecer se está ciente.
• Se a pessoa responder normalmente é porque as vias aéreas estão permeáveis.
• Se a pessoa não responder de forma correta, examinar as vias aéreas.
• Liberar vias aéreas de qualquer objeto próximo (sólidos ou líquidos) para garantir
a respiração.

PASSO “B” – RESPIRAÇÃO:

• Verificar se a respiração está presente.


• Havendo respiração, observar suas características: lenta ou rápida, superficial ou
profunda, de ritmo regular ou irregular, silenciosa ou ruidosa.
• Se observar sinais que antecedam a parada respiratória (respiração superficial,
lenta ou irregular), ficar alerta para iniciar a respiração artificial.
• Caso a respiração estiver ausente, iniciar a respiração artificial de imediato.

PASSO “C” – CIRCULAÇÃO COM CONTROLE DE HEMORRAGIAS:

Havendo situação de hemorragias, observar: pulso; perfusão periférica, co-


loração, temperatura e umidade da pele.

• Pulso: quando a pessoa está consciente, aferir a priori o pulso radial; se este não
for percebido, tentar palpar o pulso carotídeo ou o femoral; já quando a vítima es-
tiver inconsciente, examinar o pulso carotídeo do lado em que você se encontre.
A avaliação do pulso dá uma aproximação da pressão arterial. Se o pulso radial
não estiver palpável, possivelmente a vítima apresenta um estado de choque
hipovolêmico descompensado, situação grave que exige uma intervenção ime-
diata. No caso de o pulso femoral ou carotídeo estar ausente, iniciar manobras de
reanimação cardiopulmonar. Se o pulso estiver presente, observar sua qualidade:
lento ou rápido, forte ou fraco, regular ou irregular.
• Perfusão periférica: realiza-se uma pressão na base da unha ou nos lábios, de
forma que a coloração passe de rosada para pálida. Após recuar a pressão, a co-
loração rosada deve retomar num tempo inferior a dois segundos. Caso o tempo

70
ultrapasse dois segundos é sinal de que a perfusão periférica está comprometida
(oxigenação/perfusão inadequadas).
• Coloração, temperatura e umidade da pele: alguns sinais de comprometimento
da oxigenação/perfusão dos tecidos são cianose e palidez. A pele fria e úmida in-
dica choque hipovolêmico (hemorrágico). Se o atendente da vítima verificar he-
morragia externa, deve utilizar métodos de controle. Se nesta abordagem obser-
var sinais que sugerem hemorragia interna, agilizar o atendimento e transportar a
pessoa o mais brevemente possível ao hospital, seguindo sempre as orientações
da Central de Emergências.

PASSO “D” – ESTADO NEUROLÓGICO:

• Após realizar as medidas possíveis para garantir os passos “ABC”, é importante


conhecer o estado neurológico da pessoa (passo “D”), para entender a gravidade
e a estabilidade do quadro.
• O registro da evolução do estado neurológico da pessoa tem grande valor. Há
pessoas que não apresentam alterações neurológicas num dado momento, mas
passam a apresentá-las progressivamente.
• O nível de consciência deve sempre ser avaliado porque, se alterado, indica maior
necessidade de atenção à vítima no que se refere às funções vitais, principal-
mente à respiração. A análise do nível de consciência é feita pelo método “AVDI”,
de acordo com o nível de resposta que a vítima tem aos estímulos.

A variação do nível de consciência pode acontecer pelos seguintes motivos:

• Redução da oxigenação cerebral (hipóxia ou hipoperfusão).


• Traumatismo cranioencefálico (hipertensão intracraniana).
• Intoxicação por álcool ou droga.
• Problema clínico metabólico.

PASSO “E” – EXPOSIÇÃO:

• Despir o paciente e procurar as lesões.


• Se há suspeita de lesão cervical ou da coluna, é importante fazer a mobilização
em alinhamento.

O atendimento médico deverá ocorrer independentemente dos primeiros


atendimentos, ou seja, o atendimento de primeiros socorros deverá ocorrer en-
quanto o médico não chega ao local em que a pessoa se encontra.

71
FIGURA 4 – NÚMEROS DE EMERGÊNCIA PARA SEREM ACIONADOS POR
VOCÊ NO SOCORRO ÀS VÍTIMAS

FONTE: <https://www.praiafaroldesaothome.com.br/2018/07/numeros-de-emergencia-voce-sabe-
-para.html>. Acesso em: 27 abr. 2022.

3 EMERGÊNCIAS HIPERTENSIVAS
A pressão alta está relacionada à quantidade de sangue que o coração bom-
beia e à resistência das artérias ao fluxo sanguíneo. Ao aumento da pressão arterial
damos o nome de hipertensão arterial sistêmica (HAS). De acordo com o Ministério
da Saúde, é uma doença que atinge cerca de 20% da população brasileira e chega
a 50% entre os idosos (FUKS, 2018).

Desde o início do surgimento dos métodos de aferição da pressão arterial


(PA), no começo do século XX, encontrou-se uma associação clara de níveis ele-
vados de PA com um aumento da morbimortalidade. Inicialmente, foram definidas
apenas duas entidades: a hipertensão arterial sistêmica (HAS) ‘maligna’, com rápi-
da progressão para a morte, em meses ou anos, e níveis muito elevados de PA, e
a forma ‘benigna’, com um curso mais lento, levando décadas para causar danos
(OLIVEIRA; BERTOLDI, 2013).

Quando medimos e/ou aferimos a pressão, encontramos dois valores. Por


exemplo, lemos 120 por 70, ou 12 por 7. Isso significa que, quando o coração se
contrai, a pressão nas artérias está em 120 milímetros de mercúrio, e quando ele

72
relaxa, a pressão fica em 70 milímetros de mercúrio. A pressão que ocorre quando
o coração se contrai é chamada de sistólica, e quando ele se dilata, é a diastólica.

A pressão é considerada acima do normal quando a pressão sistólica está


acima de 130 ou a diastólica está acima de 85. Pressões sistólicas entre 130 e 140
são consideradas normais-altas, assim como pressões diastólicas entre 85 e 90.
Quando a pressão sistólica está acima de 140 ou a diastólica está acima de 90, te-
mos, então, a chamada hipertensão. Todavia, não se deve considerar que estando
com a pressão normal-alta, está tudo bem. Na verdade, quanto mais alta a pressão,
mais dano ela traz para o organismo, mesmo que ‘oficialmente’ ainda seja conside-
rada normal. Portanto, na prática, o mais adequado é que a nossa pressão esteja
sempre abaixo de 120/80. Atualmente, utilizamos a classificação de pressão arterial
(PA), que substitui os termos “leve, moderada e severa”, antes utilizados para quan-
tificar a hipertensão, por estágios que variam de 1 a 3, observe a figura:

FIGURA 5 – NÍVEIS DE PRESSÃO ARTERIAL E SUA CLASSIFICAÇÃO

FONTE: <https://defrenteparaomar.com/sua-pressao-arterial-esta-boa/>. Acesso em: 27 abr. 2022.

Vale alertar que as alterações provocadas pela doença hipertensiva aumen-


tam o risco de ocorrência de acidente vascular cerebral (AVC), de doenças nos rins

73
e no coração. Além disso, facilitam a formação de placas de gordura nas artérias
coronárias, elevando a predisposição do paciente hipertenso ao infarto agudo do
miocárdio (IAM).

Suceder um tratamento significa reduzir o risco das complicações, porque a


HAS não causa sintomas (dores de cabeça, mal-estar e tonturas, frequentemente
associados pelos pacientes com aumentos da PA, não apresentam correlação com
os níveis pressóricos e têm a mesma incidência em hipertensos e normotensos).
Em virtude de a HAS apresentar essa natureza assintomática, grande parte dos
indivíduos hipertensos ainda não está diagnosticada.

Após o devido diagnóstico, o tratamento ainda é de difícil realização, sendo o


maior obstáculo o comprometimento do paciente. Com a exceção de algumas cau-
sas de hipertensão secundária, que podem ser revertidas completamente (porém
representam menos de 5% dos hipertensos), o diagnóstico de hipertensão implica
terapia medicamentosa diária e, na maioria das vezes, com mais de um fármaco
para atingir os níveis considerados ótimos. Estima-se que, para cada hipertenso
tratado e com níveis adequados de PA, existam dois hipertensos tratados sem atin-
gir esses valores, e 30% de todos os hipertensos não sabem da sua condição (OLI-
VEIRA; BERTOLDI, 2013).

Para o efetivo diagnóstico de hipertensão arterial, são necessárias de três


a seis aferições com resultados elevados, realizadas em diferentes dias, com um
intervalo maior que um mês entre a primeira e a última aferição. Dessa forma, mi-
nimizam-se os fatores confusionais externos. O paciente considerado hipertenso
é aquele que apresenta a sua pressão arterial elevada frequentemente e durante
vários períodos do dia (OLIVEIRA; BERTOLDI, 2013).

O motivo da HAS está relacionado com a perda progressiva da elasticidade


da parede das artérias, dificultando a passagem do fluxo sanguíneo. A falta de elas-
ticidade gera sobrecarga ao coração, comprometendo sua função a longo prazo. É
possível ter a pressão arterial elevada durante anos sem apresentar nenhum sinto-
ma. A hipertensão arterial não controlada aumenta o risco de problemas de saúde
graves, incluindo ataque cardíaco e derrame.

A ocorrência global de HAS entre homens e mulheres é semelhante, embo-


ra seja mais elevada nos homens até os 50 anos, invertendo-se a partir da quinta
década. Com relação à cor, a HAS é duas vezes mais prevalente em indivíduos de
cor não branca. Estudos brasileiros com abordagem simultânea de gênero e cor de-
monstraram predomínio de mulheres negras com excesso de HAS de até 130% em

74
relação às brancas. Um fator que nos chama a atenção é a ingestão excessiva de
sódio, que tem sido correlacionada com a elevação da pressão arterial. A população
brasileira apresenta um padrão alimentar rico em sal, açúcar e gorduras (BRANDÃO
et al., 2010).

Em contrapartida, em populações com dieta pobre em sal, como a dos ín-


dios brasileiros yanomamis, não foram encontrados casos de HAS. Por outro lado, o
efeito hipotensor da restrição de sódio tem sido demonstrado. Pode-se ainda citar
que a atividade física reduz a incidência de HAS, mesmo em indivíduos pré-hiper-
tensos, bem como a mortalidade e o risco de DCV (doença cerebrovascular, como o
derrame cerebral).

Quando a crise hipertensiva inicia repentinamente, a pessoa pode apresentar:

• sensação de mal-estar;
• ansiedade e agitação;
• cefaleia severa;
• tontura;
• borramento da visão;
• dor no peito;
• tosse e falta de ar.

A crise é acompanhada de sinais e sintomas em outros órgãos.

• No rim: surgem hematúria, proteinúria e edema.


• No sistema cardiovascular: falta de ar, dor no peito, angina, infarto, arritmias e
edema agudo de pulmão.
• No sistema nervoso: acidente vascular do tipo isquêmico ou hemorrágico, com
convulsões, dificuldade da fala e da movimentação.
• Na visão: borramento, hemorragias e edema de fundo de olho.

Ao identificar uma crise de pressão alta, não há muito o que possa ser feito
com relação aos primeiros socorros enquanto o socorro médico é aguardado. Basi-
camente, o socorrista deverá acionar o serviço de atendimento móvel de urgência
(SAMU 192), posicionar a vítima sentada ou semissentada, garantir que as vias aé-
reas fiquem desobstruídas e manter a vítima em repouso.

O socorrista precisa manter-se calmo e tranquilizar o paciente enquanto a


equipe de socorro não chega. Caso o paciente esteja vestindo roupas justas, o ide-
al é afrouxá-las para aliviar o desconforto e permitir a circulação do sangue. Em

75
caso de dúvida, procure sempre um médico. Adiar a consulta e/ou desprezar os
sintomas são alguns dos erros mais comuns entre todos os pacientes. Apenas o
médico especializado será capaz de identificar corretamente possíveis disfunções
no organismo. Além disso, procurar um nutricionista e começar uma atividade física
acompanhada por um profissional são dicas valiosas que continuam em vigor.

A transformação do estilo de vida do paciente é fundamental para a sua


recuperação. A atitude de aderir a um cardápio mais saudável à base de frutas, ver-
duras e bastantes folhas, evitando gorduras e frituras, exercitando-se regularmen-
te forma um conjunto de medidas essenciais para restabelecer a pressão arterial.
Medicações anti-hipertensivas são indicadas sempre que necessário. O tratamento
deve ser acompanhado por médico, que determina o medicamento mais indicado
de acordo com a gravidade e os fatores de risco de cada paciente.

É indicado que toda pessoa, a partir dos 40 anos, consulte um cardiologista


para a avaliação da pressão arterial e do estado geral de seu coração. Medidas pre-
ventivas incluem: peso ideal, prática regular de atividade física e dieta balanceada.
Ingestão de bebida alcoólica em excesso e tabagismo também são hábitos que de-
vem ser evitados. A obesidade é um dos maiores fatores de risco para o desenvolvi-
mento da HAS. Mulheres que utilizam anticoncepcional oral ou terapia de reposição
hormonal devem ficar atentas quanto ao risco de elevação da pressão arterial.

4 EMERGÊNCIAS DIABÉTICAS
O diabetes constitui uma síndrome metabólica de origem múltipla, decorrente
da falta de insulina e/ou da incapacidade de a insulina exercer adequadamente seus
efeitos, causando um aumento da glicose (açúcar) no sangue. O diabetes se desen-
volve quando o pâncreas não é capaz de produzir o hormônio insulina em quantidade
suficiente para suprir as necessidades do organismo, ou porque este hormônio não
é capaz de agir de maneira adequada (resistência à insulina). A insulina desenvolve a
redução da glicemia ao permitir que o açúcar que está presente no sangue possa pe-
netrar dentro das células, para ser utilizado como fonte de energia. Assim, se houver
falta desse hormônio, ou mesmo se ele não agir corretamente, haverá aumento de
glicose no sangue e, consequentemente, o diabetes (HEIMBECHER, 2021).

Outra definição que podemos utilizar é de que o Diabetes Mellitus é uma


doença do metabolismo da glicose causada pela falta ou má absorção de insulina,
hormônio produzido pelo pâncreas e cuja função é quebrar as moléculas de glicose
para transformá-las em energia, a fim de que seja aproveitada por todas as células.

76
A ausência total ou parcial desse hormônio interfere não só na queima do açúcar
como na sua transformação em outras substâncias (proteínas, músculos e gordu-
ra). Vale lembrar que o diabetes não se trata de uma doença única, mas de um con-
junto de doenças com uma característica em comum: aumento da concentração de
glicose no sangue provocado por duas diferentes situações.

A glicose é a principal fonte de energia para as células que formam o nosso


corpo. Ela é obtida a partir da ingestão de alimentos ricos em carboidratos, como
doces, mel, açúcar, algumas frutas, pães, massas, arroz, cereais, batata, mandioca,
farinha e amido. Pelo sangue, a glicose chega a todas as células. Para facilitar esse
transporte, o nosso corpo produz a insulina. Já a insulina é um hormônio produzido
pelo pâncreas. Sua função principal é promover a entrada da glicose nas células
do organismo para fornecer-lhe energia. Quando se tem diabetes, pode não haver
produção de insulina, a insulina produzida ser insuficiente, ou existir defeito na sua
ação. Assim, a glicose não é enviada para a célula e fica acumulada no sangue. É o
que chamamos de hiperglicemia (glicemia alta).

O diabetes pode prejudicar vários sistemas do corpo. As complicações co-


muns incluem problemas circulatórios, cegueira (em consequência da degeneração
dos pequenos vasos sanguíneos da retina) e problemas do sistema nervoso central,
incluindo a ausência de sensibilidade nas mãos e nos pés, esvaziamento retardado
do estômago, disfunção sexual e impotência. Existem dois tipos básicos de diabetes:

Diabetes tipo 1:

O diabetes mellitus tipo 1 é uma doença crônica que ocorre quando o pân-
creas produz muito pouca ou nenhuma insulina. A insulina é um hormônio que aju-
da o corpo a absorver e utilizar a glicose dos alimentos. Sem insulina, os níveis de
glicose tornam-se mais elevados que o normal (PINHEIRO, 2021).

Costuma acometer crianças e adultos jovens, mas pode aparecer em qual-


quer idade. Os sintomas clássicos são: sede intensa, grande quantidade de urina
clara, fome excessiva, emagrecimento e cansaço. Sem o tratamento, os sintomas
podem evoluir de maneira rápida e grave, podendo chegar a dificuldades respirató-
rias e coma. Esse quadro é conhecido como cetoacidose diabética e necessita de
internação para tratamento. O diabetes tipo 1 é o resultado da destruição de células
do pâncreas pelos anticorpos produzidos pelo próprio organismo. Com o pâncreas
debilitado, não há produção suficiente de insulina (PINHEIRO, 2021).

O desencadeamento de diabetes tipo 1 é geralmente repentino e dramático


e pode incluir sintomas como:
77
• Sede excessiva.
• Rápida perda de peso.
• Fome exagerada.
• Cansaço inexplicável.
• Muita vontade de urinar.
• Má cicatrização.
• Visão embaçada.
• Falta de interesse e de concentração.
• Vômitos e dores estomacais, frequentemente diagnosticados como gripe.

Tais sintomas podem ocorrer também em pessoas com diabetes tipo 2, mas
geralmente são menos evidentes. Em crianças com diabetes tipo 2, esses sintomas
podem ser moderados ou até mesmo ausentes. No caso do diabetes tipo 1, esses
sintomas surgem de forma abrupta e, às vezes, podem demorar a ser identificados.
Já no diabetes tipo 2, esses sintomas podem ser mais moderados ou até mesmo
inexistentes.

Não se sabe ao certo por que as pessoas desenvolvem o diabetes tipo 1.


Sabe-se que há casos em que algumas pessoas nascem com genes que as predis-
põem à doença, mas outras têm os mesmos genes e não têm diabetes. Outro dado
é que, no geral, o diabetes tipo 1 é mais frequente em pessoas com menos de 35
anos, mas vale lembrar que ele pode surgir em qualquer idade.

Diabetes tipo 2:

É uma doença crônica que ocorre por uma combinação de produção insu-
ficiente de insulina e resistência do corpo a ela. Esclarecendo, o paciente produz
menos insulina do que deveria e ela ainda funciona mal. O diabetes tipo 2 está in-
timamente ligado ao sedentarismo e ao excesso de peso. É o tipo mais frequente,
principalmente em adultos a partir dos 50 anos com excesso de peso. A instalação
do diabetes tipo 2 é mais lenta e silenciosa e os sintomas costumam demorar para
aparecer. Em alguns casos, podem levar anos para serem notados. Pode ocorrer
devido à resistência à insulina (o organismo a produz, mas as células do corpo não
respondem a sua ação) ou por sua produção insuficiente (o organismo produz insu-
lina, mas não em quantidade suficiente para equilibrar o nível de glicose no sangue).

“Para fazer os primeiros socorros para diabéticos, é preciso saber se se trata


de um episódio de excesso de açúcar no sangue ou de falta de açúcar. Por isso, se
for possível, é importante verificar, com um aparelho para medir a quantidade de
açúcar no sangue, qual o valor da glicemia” (REIS, 2021, s.p.).

78
5 EMERGÊNCIAS CARDIOLÓGICAS
Uma emergência relativamente frequente é a parada cardiorrespiratória
(PCR), que pode ocorrer em qualquer serviço de atendimento de emergência, e
significa a cessação dos batimentos cardíacos e dos movimentos respiratórios. Já
passou o tempo em que a ausência de respiração e batimento cardíaco significava
que a vítima não sobreviveria. Com a evolução das técnicas de reanimação cardio-
pulmonar, o desenvolvimento de drogas, o aperfeiçoamento de equipamentos e o
treinamento de leigos e profissionais, milhares de vidas são salvas em todo o mundo
(PORTAL EDUCAÇÃO, 2015).

5.1 PARADA CARDIORRESPIRATÓRIA


Parada cardiorrespiratória (PCR) é o momento em que cessam os batimen-
tos cardíacos e a pessoa para de respirar. Com isso, a circulação sanguínea sofre
uma parada e o indivíduo perde a consciência dentro de dez a quinze segundos. A
parada cardíaca também pode ocorrer sozinha, sem parada respiratória. Várias cau-
sas podem levar à parada cardiorrespiratória, como hemorragias, acidentes, choque
séptico, doenças cardíacas ou neurológicas, infecções respiratórias, drogas, cho-
ques elétricos, asfixia, afogamento, intoxicação por medicamentos e monóxido de
carbono, sufocamento etc. (ABCMED, 2014).

A PCR pode apresentar-se em formas distintas. São elas:

• Fibrilação ventricular ou taquicardia ventricular sem pulso: caracteriza-se por um


ritmo cardíaco acelerado, irregular e ineficaz.
• Assistolia ventricular: neste caso, há ausência de ritmo cardíaco.
• Atividade elétrica sem pulso: neste caso, há a presença de atividade elétrica na
musculatura cardíaca, todavia, os batimentos são ineficazes e não há a presença
de circulação sanguínea.

Dentre os diferentes fatores capazes de causar a PCR, encontram-se:

• Overdose.
• Afogamento.
• Patologias cardiovasculares.
• Engasgo.
• Demasiada perda de sangue.
• Choque séptico.

79
• Traumas.
• Choque elétrico.
• Envenenamento por monóxido de carbono.

O socorro básico é feito reconhecendo-se o estado de PCR, traduzido na au-


sência de pulsos carotídeos e de respiração, perda da consciência, palidez, cianose
e pele marmórea.

Diagnóstico:

• Ausência de pulso (radial, femural e carotídeo).


• Pele fria, azulada ou pálida.
• Parada respiratória (frequente, mas não obrigatória).
• Inconsciência.
• Dilatação das pupilas (frequente, mas não obrigatória).
• Na dúvida, proceda como se fosse.

O que se deve fazer na parada cardiorrespiratória é chamar, imediatamente,


uma ambulância, ligando para o número 192, e iniciar a massagem cardíaca, para
que o indivíduo tenha melhores chances de sobreviver.

A parada cardiorrespiratória é sempre uma situação muito grave e de muita


urgência, requerendo manobras imediatas de ressuscitação, que devem ser realiza-
das por uma pessoa da equipe de saúde, se o paciente se encontra internado num
hospital, ou que devem ser iniciadas por um leigo, se ele não está num hospital,
até a chegada de socorro especializado. As manobras de ressuscitação incluem
respiração boca a boca e reanimação cardíaca. Se a vítima não estiver respirando,
deve-se iniciar a respiração boca a boca.

Sequência no atendimento:

1. Coloque a vítima deitada de costas sobre uma superfície dura.


2. Coloque suas mãos sobrepostas no terço inferior do esterno.
3. Faça compressão sobre o esterno, de encontro à coluna.
4. Após a recuperação dos batimentos cardíacos, leve imediatamente a vítima ao
hospital.

Devemos fazer 30 compressões torácicas para duas insuflações pulmona-


res, num ritmo de 100 compressões por minuto, contando em voz alta: “e um, e dois,
e três, e quatro, e cinco, e seis, e..., ventila!, ventila!”, portanto, se a equipe trabalhar

80
adequadamente, pelo menos quatro ciclos devem-se completar a cada minuto de
RCP.

RCP: com a mão, localizar a margem inferior do rebordo costal da vítima.


Percorrer o rebordo costal até identificar o apêndice xifoide. Colocar dois dedos aci-
ma do apêndice xifoide sobre o esterno. Atualmente, é preconizado encontrar um
ponto entre os mamilos sobre o esterno. Apoiar a palma de uma das mãos sobre
a metade inferior do esterno. Colocar a outra mão sobre a primeira, de forma que
ambas fiquem paralelas. Pode entrelaçar os dedos ou mantê-los estendidos, mas
não apoiá-los sobre a caixa torácica. O objetivo é impedir que a força de compres-
são seja efetuada sobre as costelas, podendo fraturá-las. Alinhar os ombros sobre o
esterno da vítima, mantendo os cotovelos estendidos. A força de compressão deve
ser provida pelo peso do tronco do socorrista e não pela força de seus braços. Após
cinco ciclos de dois minutos de compressão e ventilação a vítima deve ser reavalia-
da. Caso o pulso seja ausente: reiniciar a RCP pelas compressões torácicas. Caso o
pulso seja presente: verificar respiração; se a vítima estiver respirando, monitorizar
os sinais vitais e colocá-la em posição de recuperação.

Antes de a pessoa apresentar uma parada cardíaca, ela pode sentir:

• Dor forte no peito, abdômen e nas costas.


• Dor forte de cabeça.
• Falta de ar ou dificuldade em respirar.
• Enrolar a língua, apresentando dificuldade em falar.
• Dor ou formigamento no braço esquerdo.
• Fortes palpitações.

Uma parada cardíaca pode ser suspeitada quando a vítima:

• É encontrada desacordada.
• Não responde quando chamada.
• Não respira.
• Não tem pulso.

81
RESUMO DO TÓPICO 3

Neste tópico, você estudou que:

• O atendimento inicial à vítima deve ser rápido, organizado e eficiente.

• O atendimento inicial à vítima se divide em quatro etapas: controle da cena,


abordagem primária, abordagem secundária, sinais vitais e escalas de trauma e
coma.

• Antes de qualquer atendimento à vítima, deve-se garantir sua própria condição


de segurança.

• A abordagem primária é realizada em duas fases: a abordagem primária rápida e


a abordagem primária completa.

• O “XABCDE do trauma” é um procedimento para designar a sequência fixa de


passos, utilizando-se as primeiras letras das palavras (do inglês) que definem os
passos para uma abordagem primária completa de socorro imediato.

• Classicamente, a crise hipertensiva tem sido definida como uma elevação abrup-
ta e severa da pressão arterial, geralmente com pressão sistólica acima de 120
mmHg.

• A crise hipertensiva inicia repentinamente e a pessoa pode apresentar sensação


de mal-estar, ansiedade e agitação, cefaleia severa, tontura, entre outros.

• Em diabéticos, o açúcar acumula-se na corrente sanguínea, pois não penetra


nas células do corpo sem a ação da insulina.

• O diabetes pode causar complicações em vários sistemas do corpo. As compli-


cações comuns incluem problemas circulatórios, cegueira (em consequência da
degeneração dos pequenos vasos sanguíneos da retina) e problemas do sistema
nervoso central, incluindo a ausência de sensibilidade nas mãos e nos pés, esva-
ziamento retardado do estômago, disfunção sexual e impotência.

• A regra a ser lembrada para o atendimento de emergência de diabetes é simples:


na dúvida, dê açúcar. Não causaremos nenhum dano a um indivíduo com hiper-
glicemia se lhe dermos açúcar.

82
• Já foi o tempo em que ausência de respiração e batimento cardíaco significava
morte. Com a evolução das técnicas de reanimação cardiopulmonar, desenvolvi-
mento de drogas, aperfeiçoamento de equipamentos e treinamento de leigos e
profissionais, milhares de vidas são salvas em todo o mundo.

• As manobras de reanimação cardiopulmonar vêm sendo aperfeiçoadas ao longo


de várias décadas.

83
AUTOATIVIDADE

1 Classicamente, a crise hipertensiva tem sido definida como uma elevação


abrupta e severa da pressão arterial. Assinale a alternativa CORRETA que traz
uma pressão arterial considerada alta:

a) 120 x 80.
b) 180 x 120.
c) 100 x 60.
d) 120 x 85.

2 O diabetes pode causar complicações em vários sistemas do corpo. As com-


plicações comuns incluem problemas circulatórios e cegueira. De uma forma
simples, o que é o diabetes? Assinale a alternativa CORRETA:

a) Falta de açúcar no sangue.


b) Excesso de açúcar no sangue.
c) Má circulação do sangue.
d) Coração muito acelerado.

3 O XABCDE do trauma é uma sequência fixa de passos já estabelecidos cien-


tificamente para segui-los na abordagem primária de primeiros socorros. Essa
sigla utiliza as primeiras letras das palavras (do inglês) que definem os passos
para uma abordagem primária completa de socorro imediato. Assinale a alter-
nativa CORRETA sobre o significado das letras (em sequência):

a) Trauma, sangramento, respiração, desmaio e parada cardíaca.


b) Exsanguinação, vias aéreas com controle cervical, respiração, circulação
com controle de hemorragias, estado neurológico e exposição.
c) Exposição, exsanguinação, vias aéreas com controle cervical, circulação
com controle de hemorragias e respiração.
d) Trauma, exposição, exsanguinação, desmaio e parada cardíaca.

4 A parada cardiorrespiratória é sempre uma situação muito grave e de muita


urgência, requerendo manobras imediatas de ressuscitação que devem ser
realizadas por uma pessoa da equipe de saúde, se o paciente se encontra
internado num hospital, ou por um leigo, se ele não está num hospital, até a

84
chegada de socorro especializado. Descreva as manobras de ressuscitação
cardiopulmonar.
R.:

5 Uma emergência relativamente frequente é a parada cardiorrespiratória


(PCR), que pode ocorrer em qualquer serviço de atendimento de emergência,
e significa a cessação dos batimentos cardíacos e dos movimentos respirató-
rios. Descreva os principais sinais de uma PCR.
R.:

85
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BRASIL. Resolução da Diretoria Colegiada – RDC nº 44, de 17 de agosto de


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88
UNIDADE 3

BIOSSEGURANÇA,
URGÊNCIA E EMERGÊNCIA
EM CENTROS DE SAÚDE
OBJETIVOS DE APRENDIZAGEM

A partir do estudo desta unidade, você deverá ser capaz de:

• definir os aspectos da hemorragia e sangramento;


• reconhecer o choque anafilático e alergias, bem como agir em caso de crises;
• identificar os tipos de queimaduras e primeiro atendimento de socorro;
• caracterizar uma lesão ocular, bem como a causa e os possíveis procedi-
mentos;
• reconhecer uma intoxicação exógena, manifestações clínicas e tratamento;
• definir hipotermia e seus sintomas, causas, diagnóstico e tratamento.

PLANO DE ESTUDOS

Esta unidade está dividida em três tópicos. No decorrer dela, você encontrará
autoatividades com o objetivo de reforçar o conteúdo apresentado.

TÓPICO 1 – EMERGÊNCIAS NEUROLÓGICAS, HEMORRAGIAS E SANGRAMENTOS


TÓPICO 2 – CHOQUE ANAFILÁTICO, ALERGIAS E QUEIMADURAS
TÓPICO 3 – INTOXICAÇÃO EXÓGENA E HIPOTERMIA

89
90
TÓPICO 1

EMERGÊNCIAS
NEUROLÓGICAS,
HEMORRAGIAS E
SANGRAMENTOS
1 INTRODUÇÃO
Caro aluno, neste tópico, abordaremos as emergências neurológicas, as he-
morragias e os sangramentos.

As emergências neurológicas podem ser reconhecidas e, então, podem ser
feitos os primeiros cuidados com a vítima até que o socorro especializado chegue.
Da mesma forma, os sangramentos e as hemorragias podem possivelmente ser
contidos, evitando, assim, que a vítima venha a ter complicações mais severas e
óbito. Assim, entenderemos um pouco mais o que acontece em cada caso e o que
poderia ser feito para salvar esta pessoa.

2 EMERGÊNCIAS NEUROLÓGICAS
As emergências neurológicas são aquelas que acometem o cérebro. Podem
ser tonturas, vertigens, concussões, traumas cranianos, sangramentos, acidente
vascular cerebral (AVC), epilepsia, entre outros. Veremos alguns deles em seguida.

2.1 VERTIGEM
A vertigem é uma falsa sensação de movimento ou de rotação ou a impres-
são de que os objetos se movem ou rodam. Geralmente, ela é acompanhada por
náusea e perda do equilíbrio. Somente a tontura verdadeira, a que os médicos de-
91
nominam vertigem, causa uma sensação de movimento ou de rotação. A vertigem
pode durar apenas alguns instantes ou pode persistir por horas ou mesmo dias. A
vertigem deverá ser vista como um aviso de que o organismo da vítima está debili-
tado. Os sintomas podem ser: alterações da visão, dificuldade de andar, debilidade
passageira nas pernas, desorientação no espaço, alterações do equilíbrio até a in-
consciência completa. Essas alterações poderão estar associadas à hipoglicemia, à
hipotensão, entre outros problemas de saúde (BEZERRA, 2019).

No momento em que ocorrer essa intercorrência, devemos proceder da se-


guinte forma: sentar a vítima, colocar sua cabeça entre as pernas, com os braços
caídos na lateral do corpo e pedir a ela que empurre a cabeça para cima, enquanto
o socorrista a força para baixo. Essa manobra aumenta o fluxo sanguíneo para o
cérebro, melhorando o quadro do paciente. Levar a vítima a procurar atendimento
médico ou orientá-la para isso.

2.2 SÍNCOPE (DESMAIO)


A síncope é definida como uma perda transitória da consciência, associada
à incapacidade de manter-se na posição de pé. É popularmente conhecida como
desmaio. A lipotimia é a sensação de desmaio, sem que esse, efetivamente, ocorra.
A perda da consciência é resultado da baixa perfusão cerebral (diminuição da che-
gada de sangue no cérebro). A história clínica é fundamental para o diagnóstico da
causa da síncope.

No sentido da palavra, define-se síncope à perda súbita da consciência e


do tônus postural seguida de recuperação imediata e espontânea, sem sequelas, e
causada por interrupção transitória do fluxo cerebral. Em alguns casos, o desmaio é
precedido por sensações, como vertigem, tontura, fraqueza e náuseas. Uma recu-
peração completa geralmente leva apenas alguns minutos após o desmaio. Se não
houver nenhuma condição médica subjacente causando-lhe o desmaio, o trata-
mento não é necessariamente obrigatório. Na maioria das vezes, os desmaios não
indicam doenças graves, mas, em algumas situações, eles podem ser um sintoma
de um problema de saúde sério.

De qualquer forma, os desmaios devem ser motivo para uma consulta médi-
ca, principalmente se acontecem episódios recorrentes, mais de uma vez por mês
(DOUGLAS, 2022).

A pessoa pode ter um ou mais dos seguintes sintomas de síncope:

92
• Sentir-se zonzo.
• Sentir perda de consciência momentânea.
• Sofrer uma queda sem motivo.
• Sentir tontura.
• Sentir-se sonolento ou grogue.
• Sentir instabilidade ou fraqueza ao ficar de pé.
• Sentir o coração batendo irregularmente, com uma sensação de vibração no pei-
to, seguida de zonzeira.

Nem sempre a causa do desmaio é clara. No entanto, o episódio pode ser


desencadeado por uma série de fatores, incluindo:

• Medo.
• Trauma emocional.
• Estresse.
• Dor severa.
• Uma queda súbita da pressão arterial.
• Baixo nível de açúcar no sangue devido ao diabetes ou longos períodos em je-
jum.
• Hiperventilação (respiração rápida e superficial).
• Desidratação.
• Ficar em pé por muito tempo.
• Levantar-se rápido demais de uma posição sentada ou deitada.
• Esforço físico em altas temperaturas.
• Tosse severa.
• Esforço excessivo durante a evacuação.
• Convulsões.
• Abuso de drogas ou álcool.

Alguns medicamentos que reduzem a pressão arterial também podem cau-


sar desmaios, principalmente se você passa muito tempo em pé ou faz esforço. Tais
remédios geralmente são usados para tratar a pressão alta, alergias, depressão e
ansiedade. Outro ponto que demanda atenção é que, se você tem a sensação de
desmaio ou sofre um desmaio quando vira a cabeça para o lado, pode ser que os
ossos do seu pescoço estejam comprimindo um vaso sanguíneo. Vale lembrar que
as mudanças hormonais no início da gravidez, por vezes, podem causar desmaios.
Em casos raros, um desmaio também pode ser sintoma de tumores cerebrais, prin-
cipalmente se acompanhado de outros sintomas neurológicos, como convulsões
(DOUGLAS, 2022).

93
Em episódios de síncope, devemos intervir da seguinte forma: impedir que
a vítima caia, para que não se machuque; deitá-la em decúbito dorsal, elevando os
membros inferiores cerca de 30 cm do chão, monitorar os sinais vitais, afastar os
curiosos, ventilar o ambiente e afrouxar as suas roupas, se necessário; não dar ta-
pas no rosto da vítima nem a fazer cheirar amônia ou álcool. Se ela não acordar em
alguns minutos, chamar socorro.

Deve-se ainda colocar a vítima em local arejado e proteger a cabeça e o


corpo de movimentos involuntários que lhe causem futuras lesões. É importante,
também, afastar objetos existentes ao redor da vítima, afrouxar as roupas e deixá-la
mais livre.

Caso a vítima ainda não tenha desmaiado, sente-a em uma cadeira, colo-
cando os braços entre as pernas, abaixando a cabeça. Faça pressão na nuca para
baixo enquanto ela força a cabeça para cima por alguns segundos, repetindo os
procedimentos cerca de três vezes. Quando a pessoa estiver prestes a desmaiar,
aja rapidamente para evitar uma queda. Não permitir aglomeração no local para não
prejudicar a vítima.

2.3 CRISE CONVULSIVA


A convulsão ocorre quando há uma atividade elétrica anormal do cérebro.
Essa atividade anormal pode passar despercebida ou, em casos mais graves, pode
produzir uma alteração ou perda de consciência acompanhada de espasmos mus-
culares involuntários, que são definidos como crise convulsiva ou convulsão.

As convulsões geralmente vêm de repente e variam em duração e gravida-


de. A convulsão pode ser um evento único ou acontecer repetidas vezes. A crise
convulsiva ou convulsão ocorre devido a um aumento excessivo e desordenado da
atividade elétrica das células cerebrais, nesse caso, os neurônios. Essa atividade
elétrica alterada é, em muitos casos, a causadora das alterações motoras de uma
crise convulsiva, muitas vezes caracterizada por movimentos desordenados, repe-
titivos e rápidos de todo o corpo. Além disso, a convulsão também pode ocasionar
perda temporária de consciência, aumento da salivação, ranger de dentes, perda do
controle do processo urinário e defecação.

Vale lembrar que as crises convulsivas nem sempre estão associadas com
a epilepsia, pois diversos fatores podem desencadeá-la, tais como: febre alta, di-
minuição do açúcar no sangue, desidratação, pancadas fortes na cabeça, perda

94
excessiva de sangue, tumores, intoxicações por álcool, medicamentos ou drogas
ilícitas, entre outros fatores (PAI, 2022).

Definimos a convulsão como um distúrbio que se caracteriza pela contratura


muscular involuntária de todo o corpo ou de parte dele, provocada pelo aumento
excessivo da atividade elétrica em determinadas áreas cerebrais. As convulsões
podem ser de dois tipos: parciais, ou focais, quando apenas uma parte do hemis-
fério cerebral é atingida por uma descarga de impulsos elétricos desorganizados;
ou generalizadas, quando os dois hemisférios cerebrais são afetados. Emoções in-
tensas, exercícios vigorosos, determinados ruídos, músicas, odores ou luzes fortes
podem funcionar como gatilhos das crises. Outras condições: febre alta, falta de
sono, menstruação e estresse também podem facilitar a instalação de convulsões,
mas não são consideradas gatilhos.

O tipo mais comum e conhecido de convulsões é a crise convulsiva gene-


ralizada, em que o indivíduo desmaia e começa a ter abalos generalizados, sem
nenhuma consciência, geralmente revirando os olhos e com hiperssalivação acom-
panhando o quadro. Esse tipo de crise, tecnicamente chamado de crise convulsiva
generalizada tônico-clônica, é o caso mais urgente e grave que pode acontecer no
manejo das convulsões, uma vez que deve ser prontamente atendido, para evitar
lesões cerebrais futuras.

Existem, entretanto, outros tipos de crises convulsivas, como as crises de


ausência, em que o indivíduo apenas perde a consciência e fica com o olhar parado
por segundos, voltando ao normal em seguida; as crises parciais complexas, que
são mais heterogêneas e podem dar sintomas diferentes, como movimentos da
boca, virada da cabeça e mistura de vários movimentos estranhos, sempre com
alguma perda da consciência, mas sem desmaio completo, como ocorre nas crises
generalizadas; por fim, existem ainda as crises parciais simples, em que o indivíduo
acometido apresenta apenas sintomas focais sem nenhuma perda da consciência,
como estar num momento conversando e de repente ter um abalo involuntário no
braço e na perna, incontrolável, ritmado, sabendo descrever tudo o que aconteceu
depois disso (MIRANDA, 2018).

Em alguns casos, não é possível identificar a causa da convulsão. Nos ou-


tros, entre as causas prováveis, podemos destacar:

• febre alta em crianças com menos de cinco anos;


• doenças, como meningites, encefalites, tétano, tumores cerebrais, infecção pelo
HIV, epilepsia etc.;

95
• traumas cranianos;
• abstinência após uso prolongado de álcool e de outras drogas, ou efeito colateral
de alguns medicamentos;
• distúrbios metabólicos, como hipoglicemia, diabetes, insuficiência renal etc.;
• falta de oxigenação no cérebro.

Já a epilepsia ocorre principalmente em crianças, mas pode afetar todas as


idades. As causas mais frequentes no adulto são: traumatismo craniano, acidentes
vasculares cerebrais (AVC), tumores, malformações vasculares, doenças metabó-
licas, doenças infecciosas cerebrais ou doenças cardíacas. Na criança, as causas
mais comuns são fatores ou doenças genéticas, problemas de oxigenação cerebral
ocorridos durante a gestação ou parto, malformações cerebrais, infecções/menin-
gites e, por último, as tão conhecidas convulsões febris (decorrentes de febre alta
em crianças menores) (MIRANDA, 2018).

Quando as crises são recorrentes, caracterizam o diagnóstico de epilepsia. As


crises epilépticas podem afetar um ou os dois lados do cérebro. Os sintomas podem
durar de alguns segundos a muitos minutos por episódio. Algumas sensações ocor-
rem como sinais de alerta para uma convulsão que vai acontecer. Essas incluem:

• Sentimentos súbitos de medo ou ansiedade.


• Sentir-se mal do estômago.
• Tontura.
• Alterações na visão.

Esses sintomas podem ser seguidos de uma crise, em que a pessoa pode:

• Perder a consciência, seguida por confusão.


• Ter espasmos musculares incontroláveis.
• Babar ou espumar pela boca.
• Cair.
• Ficar com um gosto estranho na boca.
• Cerrar os dentes.
• Morder a língua, que pode até sangrar.
• Ter movimentos oculares rápidos e súbitos.
• Fazer ruídos estranhos, como grunhidos.
• Perder o controle da função da bexiga ou intestino.
• Mudar de humor repentinamente.

Não é incomum as pessoas se assustarem ao se depararem com alguém


tendo uma crise convulsiva e, em função disso, elas sentem-se temerosas em auxi-
liar. No entanto, para aquele que sofre a convulsão, a ajuda é de extrema importân-

96
cia, visto que, durante o processo convulsivo, o risco de lesões em decorrência da
perda brusca ou muito rápida da consciência pode ocasionar queda desprotegida
ao chão, causando ferimentos e até mesmo fraturas.

A crise convulsiva não é um processo contagioso ou transmissível, assim,


não há qualquer risco para aquele que auxilia um indivíduo nessa condição. É muito
simples auxiliar uma pessoa durante uma crise convulsiva, entretanto, é necessário
saber o que você deve ou não fazer durante esse momento.

O que fazer:

• Mantenha-se calmo e acalme as pessoas ao seu redor.


• Evite que a pessoa caia bruscamente no chão.
• Acomode o indivíduo em local sem objetos, pois ao se debater, ele pode se ma-
chucar.
• Utilize material macio para acomodar a cabeça do indivíduo, como um travessei-
ro, casaco dobrado ou outro material disponível que seja macio.
• Posicione o indivíduo de lado de forma que o excesso de saliva ou vômito (pode
ocorrer em alguns casos) escorra para fora da boca.
• Afrouxe um pouco as roupas para que a pessoa respire melhor.
• Permaneça ao lado da vítima até que ela recupere a consciência.
• Ao término da convulsão a pessoa poderá se sentir cansada e confusa, explique
o que ocorreu e ofereça auxílio para chamar um familiar. Observe a duração da
crise convulsiva, caso seja superior a cinco minutos sem sinais de melhora, peça
ajuda médica.

O que não deve ser feito durante a crise convulsiva:

• Não impeça os movimentos da vítima, apenas se certifique de que nada ao seu


redor irá machucá-la.
• Nunca coloque a mão dentro da boca da vítima, as contrações musculares du-
rante a crise convulsiva são muito fortes e, inconscientemente, a pessoa poderá
mordê-lo.
• Não jogue água no rosto da vítima.

3 HEMORRAGIAS E SANGRAMENTOS
A hemorragia é caracterizada por uma intensa perda de sangue por algum
orifício ou corte, para dentro ou para fora do corpo. Podemos ainda dizer que a he-
morragia é a resposta inicial do sistema cardiocirculatório de que este está perden-
do sangue. Nesse momento, ocorre a vasoconstrição cutânea, muscular e visceral,

97
para tentar manter o fluxo sanguíneo para os rins, coração e cérebro, órgãos mais
importantes para a manutenção da vida. Ocorre também um aumento da frequên-
cia cardíaca para tentar manter o débito cardíaco (MARCONNI, 2009).

A hemorragia pode ser classificada como:

Hemorragia interna: como o nome diz, interna, o que torna difícil de ser re-
conhecido. O sangue se acumula nas cavidades do corpo, tais como: estômago,
pulmões, bexiga, cavidades craniana, torácica, abdominal etc. Os sintomas que afe-
rem são: fraqueza, sede, frio e ansiedade ou indiferença. Os primeiros sinais a serem
observados são: alteração do nível de consciência ou inconsciência, agressividade
ou passividade, tremores e arrepios do corpo; pulso rápido e fraco; respiração rápida
e artificial; pele pálida, fria e úmida; sudorese; e pupilas dilatadas.

Hemorragia externa: as hemorragias externas são classificadas em: arterial,


venosa e capilar. Assim, temos:

• Hemorragia arterial: o sangue é vermelho-vivo, rico em oxigênio e a perda é pul-


sátil, obedecendo às contrações sistólicas do coração. Esse tipo de hemorragia é
particularmente grave pela rapidez com que a perda de sangue se processa.
• Hemorragia venosa: o sangue é vermelho-escuro, pobre em oxigênio e a perda é
de forma contínua e com pouca pressão. São menos graves que as hemorragias
arteriais, porém, a demora no tratamento pode ocasionar sérias complicações.
• Hemorragia capilar: são pequenas perdas de sangue, em vasos de pequeno ca-
libre que recobrem a superfície do corpo.

ATENÇÃO
Você sabe como agir diante de uma hemorragia externa ou interna?
Se externa: pegue um pano esterilizado ou bem limpo e faça compressão no
local do sangramento com força. Antes, observe se não há objetos que im-
peçam a compressão e não movimente a pessoa. Se interna: nunca dê nada
para a pessoa beber e leve-a imediatamente para o hospital.

98
Nos casos de sangramento de braços e pernas: realizar o estancamento da
hemorragia, utilizando um dos métodos a seguir:

• Compressão direta: é realizada uma pressão direta sobre a ferida, usando um


pano esterilizado ou limpo. Manter até que ocorra a coagulação.
• Elevação do membro: a elevação do membro afetado acima do nível do tórax,
normalmente utilizado em combinação com a compressão direta para controlar
a hemorragia de uma extremidade (só utilizar essa técnica se não houver fraturas
ou lesão na coluna).
• Compressão indireta (pontos de pressão): é realizada utilizando uma pressão da
mão do socorrista para comprimir uma artéria, distante do ferimento.

Nos casos de sangramento do nariz:

• Posicionar a pessoa sentada e com a cabeça para frente, evitando náuseas e


vômitos.
• Deve-se pressionar as narinas com o seu dedo indicador e o polegar em forma de
pinça durante dez minutos.
• Orientar a vítima para respirar pela boca.
• Quando o sangramento cessar, orientar a vítima para não assoar o nariz, evitar
esforços e evitar exposição ao calor.
• Remova a vítima imediatamente para o serviço de saúde (pronto-socorro ou
hospital).

Nos casos de sangramentos da boca:

• Realizar as técnicas de compressão direta para sangramentos nos lábios.


• Quando o sangramento ocorre nos dentes, o socorrista deverá analisar o local do
sangramento, preparar uma gaze, um chumaço de algodão ou pano limpo para
colocar no local exato do sangramento e pedir à vítima para morder durante dez
minutos.

99
RESUMO DO TÓPICO 1

Neste tópico, você adquiriu certos aprendizados, como:

• A vertigem é uma falsa sensação de movimento ou de rotação ou a impressão de


que os objetos se movem ou rodam. Geralmente, ela é acompanhada por náusea
e perda do equilíbrio.

• No momento em que ocorrer vertigem, devemos proceder da seguinte forma:


sentar a vítima e colocar sua cabeça entre as pernas com os braços caídos na
lateral do corpo.

• A síncope, popularmente conhecida como desmaio, é uma perda súbita e tran-


sitória da consciência. É um sinal de aporte inadequado do oxigênio e de outros
nutrientes ao cérebro.

• A hemorragia é caracterizada por uma intensa perda de sangue por algum orifí-
cio, ou corte, para dentro ou para fora do corpo.

• Quando há uma hemorragia externa, deve-se observar a coloração do sangue,


se a cor for vermelho-vivo, será um jato forte necessitando de uma compressa
feita imediatamente, pois há grande risco de morte por perda sanguínea.

100
AUTOATIVIDADE

1 A hemorragia é caracterizada por uma intensa perda de sangue por algum


orifício ou corte, para dentro ou para fora do corpo. Uma pessoa que apre-
sente hemorragia pode vir a óbito em poucos minutos, por isso é importante
ajudá-la quanto antes. Assinale a alternativa CORRETA sobre o que fazer se a
pessoa apresentar sangramento arterial:

a) Colocar o membro sangrando dentro da água fria.


b) Deixar o membro para baixo.
c) Elevar o membro sangrante.
d) Deixar a pessoa sentada.

2 A síncope, popularmente conhecida como desmaio, é uma perda súbita e


transitória da consciência. É um sinal de aporte inadequado do oxigênio e de
outros nutrientes ao cérebro. Assinale a alternativa CORRETA que traz o que
se deve fazer quando alguém desmaia:

a) Dar água para a pessoa.


b) Ventilar o local ao redor dela.
c) Jogar água na cabeça da pessoa.
d) Tentar colocá-la de pé.

101
102
TÓPICO 2

CHOQUE ANAFILÁTICO,
ALERGIAS E
QUEIMADURAS
1 INTRODUÇÃO
No Tópico 2 da Unidade 3, você aprenderá os conceitos relacionados ao sis-
tema imunológico, como o que são células de defesa, anticorpos e mediadores in-
flamatórios. Sabendo esses conceitos ficará mais fácil para você entender o que são
as alergias, suas consequências e os tratamentos de primeiros socorros.

2 CONCEITOS GERAIS SOBRE O SISTEMA


IMUNOLÓGICO
Células de defesa: o sistema imunológico constitui-se de certos tipos de
leucócitos, principalmente linfócitos, e por órgãos em que ocorrem a formação, o
amadurecimento e a multiplicação desses leucócitos. As células que fazem parte
do sistema imunitário são: neutrófilos, eosinófilos, basófilos, linfócitos T, linfócitos B,
células NK, macrófagos, mastócitos e monócitos (MUNDO EDUCAÇÃO, 2022a).

Anticorpos: são moléculas que atuam na defesa do organismo e são pro-


duzidos pelos plasmócitos, células formadas a partir da diferenciação dos linfócitos
B. Essas moléculas são bastante específicas, ou seja, cada anticorpo atua apenas
contra determinado antígeno (molécula que se liga a um anticorpo). Além disso, eles
apresentam diferentes formas de agir contra um antígeno, como a neutralização e
a opsonização. Podemos diferenciar cinco classes de anticorpos: IgM, IgG, IgA, IgD
e IgE (MUNDO EDUCAÇÃO, 2022b).

103
FIGURA 1 – OS TIPOS DE ANTICORPOS QUE TEMOS EM NOSSO ORGANISMO

FONTE: <https://mundoeducacao.uol.com.br/biologia/anticorpos.htm>. Acesso em: 27 abr. 2022.

Histamina: um dos principais envolvimentos da histamina é sua secreção


por células imunes após o contato com antígenos, o que muitas vezes é relacio-
nado com reações alérgicas. Quando anticorpos do tipo IgE são ativados por seus
respectivos ligantes (antígenos geralmente alérgenos), ganham a capacidade de se
ligar em mastócitos e, estas células, que reservam grandes quantidades de histami-
na em seu interior, são lisadas e liberam esta histamina. Essa liberação, no local ou
na corrente sanguínea, permite que as funções biológicas da histamina aconteçam.
Quando a degradação da histamina não acontece de maneira correta, ou caso o
estímulo alérgeno esteja presente, ativando constantemente os mastócitos a li-
berarem a histamina, esse processo é chamado de resposta alérgica (LIMA, 2022).

3 CHOQUE ANAFILÁTICO
O choque anafilático, ou também conhecido como anafilaxia, é uma reação
alérgica grave que acontece poucos segundos ou minutos após estar em contato
com um alergênico, ocasionando sintomas, como dificuldade para respirar, inchaço
da boca ou chiado ao respirar, por exemplo. Esse tipo de choque é uma resposta
grave do organismo da pessoa e pode gerar risco à vida. Portanto, chamar de ime-
diato o socorro é primordial para a sobrevivência da vítima, além de manter a calma
e deitá-la de lado caso desmaie.

104
O choque anafilático pode acontecer quando se ingere um alimento a que se
é alérgico, como amendoim ou camarão, por exemplo, mas também pode acontecer
devido ao contato com outras substâncias alérgicas, como a picada de uma abelha
ou contato com látex.

3.1 CAUSAS DE ANAFILAXIA

As causas da anafilaxia são variadas, podendo ser desde alimentos, produ-


tos químicos até picadas de insetos ou outros animais.

• Comidas: os derivados de leite, ovos, peixes e frutos do mar, soja, amêndoas e


amendoim são os mais habituais.
• Picadas de insetos.
• Antibióticos: derivados da penicilina são os mais habituais.
• Anti-inflamatórios: a pessoa alérgica a essa tipologia costuma ter alergia a todos
os derivados de anti-inflamatórios, inclusive aspirina e dipirona (metamizol), que
não são propriamente do mesmo grupo.
• Anti-hipertensivos: inibidores da ECA (ex.: captopril e enalapril).
• Látex (produto da borracha).
• Iodo: incluindo contrastes para exames radiológicos e antissépticos para a pele.

Existe ainda a anafilaxia idiopática, que acontece sem causa definida. Evi-
dentemente que, para se ter anafilaxia devido a alguma dessas substâncias, a pes-
soa precisa ser alérgica a elas.

3.2 SINTOMAS DO CHOQUE ANAFILÁTICO


Os primeiros sintomas do choque anafilático são:

• Aumento dos batimentos cardíacos.


• Dificuldade para respirar e presença de tosse e chiado no peito.
• Dor no estômago.
• Náuseas e vômitos.
• Inchaço nos lábios, na língua ou na garganta.
• Pele pálida e suor frio.
• Coceira no corpo.
• Tontura e desmaio.

105
• Parada cardíaca (REIS, 2022).

Esses sintomas podem surgir segundos ou horas após o contato com a subs-
tância que causa a reação alérgica, que normalmente é um medicamento, o veneno
de animais, como abelhas e marimbondos, alimentos, como camarão e amendoim,
e luvas, camisinha ou outros objetos feitos de látex (REIS, 2022).

FIGURA 2 – SINAIS E SINTOMAS DE CHOQUE ANAFILÁTICO

FONTE: <https://www.tuasaude.com/primeiros-socorros-para-choque-anafilatico/>. Acesso em: 27


abr. 2022.

3.3 TRATAMENTO DO CHOQUE ANAFILÁTICO


A pessoa que apresenta os sintomas de anafilaxia deve ser instantaneamen-
te levada para um hospital. Quadros novos de angioedema ou urticárias também
devem ser analisados por um médico, pois não há como prever se eles evoluirão
para o choque anafilático ou não, pois o aumento costuma ser rápido.

O processo de tratamento se dá através de aplicação de adrenalina, corticoi-


des, broncodilatadores e anti-histamínicos. Uma pessoa exposta a alguma reação
anafilática deve ser consultada por um médico alergologista. Geralmente, as pes-
soas que apresentam alguma alergia carregam consigo a identificação da doença
para o caso de o paciente estar inconsciente e não poder informar sua história no
momento do atendimento médico.

106
O choque anafilático é uma reação alérgica excessiva que pode levar ao fe-
chamento da garganta, impedindo o indivíduo de respirar sozinho. Ele caracteriza-
-se pela intensa dificuldade em respirar, pele pálida e fria e pulso rápido. Os primei-
ros socorros em caso de choque anafilático são:

• Ligar para a emergência.


• Observar se a vítima consegue respirar normalmente.
• No momento de espera do atendimento de urgência, constatar o que causou a
reação alérgica.

Caso tenha sido uma picada de inseto ou cobra, deve-se retirar o ferrão do
animal da pele e aplicar gelo no local, amarrar com força um tecido limpo alguns cen-
tímetros acima da mordedura do animal, para diminuir a disseminação do veneno.

Alguns pacientes alérgicos costumam ter de praxe uma medicação antialér-


gica (Epinefrina) no bolso ou na carteira, pergunte a ele ou consulte em sua docu-
mentação e, se for o caso, dê a medicação o mais rápido possível.

FIGURA 3 – AUTOAPLICAÇÃO DE EPINEFRINA EM CASOS DE CHOQUE ANAFILÁTICO

FONTE: <https://www.sbp.com.br/fileadmin/user_upload/documentos_cientificos/Alergia-GuiaPra-
tico-Anafilaxia-Final.pdf>. Acesso em: 27 abr. 2022.

4 ALERGIAS
Alergia ou reação de hipersensibilidade é uma resposta imunológica exage-
rada do organismo, que se desenvolve após a exposição a um determinado antíge-
no (substância estranha ao nosso organismo) e que ocorre em indivíduos suscetí-
veis e previamente sensibilizados.

107
No processo alérgico, acredita-se que ocorra uma combinação de uma
substância exógena com algumas proteínas presentes no organismo, causando fa-
lhas bioquímicas ou enzimáticas. O cérebro humano reage interpretando que essa
substância é um invasor perigoso e produz histamina, visando neutralizar a ação
da “agressora”. Os efeitos da histamina variam de pessoa para pessoa, porém, em
todos os casos, ocorre uma redução da imunidade do indivíduo e o aumento da
sua propensão a doenças. Em casos mais extremos de sensibilização, o organismo
reage muito rapidamente, visando impedir a entrada do “agressor”, causando o fe-
chamento das vias respiratórias e morte por sufocação.

4.1 CLASSIFICAÇÃO DOS TIPOS DE


HIPERSENSIBILIDADE
Segundo Ghaffar (2001), as reações de hipersensibilidade podem ser classi-
ficadas como:

Tipo I: a hipersensibilidade tipo I é também conhecida como imediata ou hi-


persensibilidade anafilática. A reação pode envolver pele (urticária e eczema), olhos
(conjuntivite), nasofaringe (rinorreia e rinite), tecidos broncopulmonares (asma) e trato
gastrointestinal (gastroenterite). A reação pode causar uma variedade de sintomas,
desde inconveniências mínimas até a morte. A reação normalmente leva de 15 a 30
minutos para o período de exposição ao antígeno, embora às vezes possa ter início
mais demorado (10 a 12 horas). A hipersensibilidade imediata é mediada por IgE. O
componente primário celular nessa hipersensibilidade é o mastócido ou basófilo. A
reação é amplificada e/ou modificada pelas plaquetas, neutrófilos e eosinófilos.

Tipo II: a hipersensibilidade tipo II também é conhecida como hipersensi-


bilidade citotóxica e pode afetar uma variedade de órgãos e tecidos. Os antígenos
são normalmente endógenos, embora agentes químicos exógenos (haptenos) que
podem se ligar a membranas celulares podem também levar à hipersensibilidade
tipo II. Anemia hemolítica induzida por drogas, granulocitopenia e trombocitopenia
são exemplos. O tempo de reação é de minutos a horas. A hipersensibilidade tipo II
é primariamente mediada por anticorpos das classes IgM ou IgG e complemento. O
tratamento envolve agentes anti-inflamatórios e imunossupressores.

Tipo III: a hipersensibilidade tipo III é também conhecida como hipersensi-


bilidade imune complexa. A reação pode ser geral (ex. doença do soro) ou envolve
órgãos individuais, incluindo pele (ex. lupus eritematoso sistêmico e reação de Ar-
thus), rins (ex. nefrite do lupus), pulmões (ex. aspergilose), vasos sanguíneos (ex.
108
poliarterite), juntas (ex. artrite reumatoide) ou outros órgãos. Essa reação pode ser o
mecanismo patogênico de doenças causadas por muitos microrganismos. A reação
deve levar de 3 a 10 horas após exposição ao antígeno. É mediada por complexos
imunes solúveis. São na maioria de classe IgG, embora a classe IgM possa estar
também envolvida.

Tipo IV: a hipersensibilidade tipo IV é também denominada hipersensibili-


dade tardia. Dentro desse tipo de hipersensibilidade encontram-se as reações de
dermatite de contato. Esse tipo de reação costuma ser desencadeado após a ex-
posição típica aos alérgenos. As dermatites de contato podem ser do tipo irritativa
ou alérgica. A dermatite de contato irritativa resulta de efeito tóxico local, originado
por algum componente químico da formulação com ação irritante, tratando-se de
uma reação cutânea inflamatória localizada. Os indivíduos acometidos podem apre-
sentar eritema, descamação, vesiculação e edema. Em exposições crônicas, podem
ocorrer também hiperqueratose e fissuras. Já a dermatite de contato alérgica, por
sua vez, envolve o estímulo do sistema imunológico e o desencadeamento de res-
posta imunológica celular proeminente, o que leva a ser classificada como reação
de hipersensibilidade do tipo IV (tardia). As substâncias capazes de causar dermati-
te de contato alérgica compõem um grupo bastante heterogêneo, dentre as quais,
frequentemente, são encontradas reações contra o sulfato de níquel, sulfato de
neomicina, bálsamo-do-Peru (Myroxylon pereirae), mix de fragrâncias, timerosal,
quartérnio 15, formaldeído, bacitracina e cloreto de cobalto.

FIGURA 4 – TIPOS DE HIPERSENSIBILIDADE

FONTE: <https://www.sanarmed.com/disturbios-de-hipersensibilidade>. Acesso em: 27 abr. 2022.

109
4.2 COMO PROCEDER EM CASO DE REAÇÕES
ALÉRGICAS
O indivíduo que apresentar reações de hipersensibilidade a remédios, cos-
méticos, ou outras substâncias, seja do tipo I ou IV, deve passar pelo atendimento
médico para uma avaliação clínica adequada e pesquisar quais substâncias podem
estar envolvidas no desencadeamento das reações, além de receber tratamento
farmacológico, se necessário. Com a correta identificação dos componentes de-
sencadeantes das alergias, o paciente deve ser adequadamente orientado em re-
lação ao nome químico da substância, sinônimos e produtos em que ocorre sua
presença e principais formas de evitar a exposição. Outra orientação importante
é alertar o paciente para a leitura das bulas e rótulos de novos produtos, a fim de
verificar a possível presença das substâncias contra as quais o paciente é alérgico
(BRITTON, 2003).

5 QUEIMADURAS E LESÕES OCULARES


As queimaduras são lesões decorrentes de agentes (tais como as energias
térmica, química ou elétrica) que são capazes de produzir calor excessivo, levando
dano aos tecidos corporais e podendo acarretar morte celular e até a morte da pes-
soa. Os agravos podem ser classificados como:

• queimaduras de primeiro grau;


• queimaduras de segundo grau; ou
• queimaduras de terceiro grau.

Essa classificação é feita tendo-se em vista a profundidade do local atingido.


O cálculo da extensão do agravo é classificado de acordo com a idade da pessoa
queimada. É possível, de forma simples, calcular o grau utilizando a conhecida regra
dos nove, que leva em conta a extensão atingida da chamada superfície corporal
queimada (SCQ).

O processo de reparação tecidual do queimado dependerá de vários fatores,


entre eles a extensão local e a profundidade da lesão. A queimadura também afeta
o sistema imunológico da vítima, o que acarreta repercussões sistêmicas importan-
tes, com consequências sobre o quadro clínico geral do paciente.

As queimaduras são classificadas segundo:

110
• O agente causal.
• A profundidade.
• A extensão (área corpórea atingida).

Conforme o agente causador, a queimadura pode ser:

• Térmica (causada por calor, líquidos quentes, objetos aquecidos e vapor).


• Química (causada por ácidos e bases).
• Elétrica (quando causada por raios e correntes elétricas).
• Radiação (quando causada por radiação nuclear).

Quanto à profundidade da queimadura (número de camadas de pele):

• 1º grau: acomete a camada mais superficial da pele, a epiderme, e se manifesta


como uma lesão vermelha, quente e dolorosa. A queimadura solar é um exemplo.
• 2º grau: superficial, gera bolhas e muita dor; profunda é menos dolorosa, a base da
bolha é branca e seca. Pode gerar repercussões sistêmicas e causar cicatrizes.
• 3º grau: agride todas as camadas da pele, podendo chegar até os ossos e gerar
sérias deformidades.

5.1 PRIMEIROS SOCORROS EM QUEIMADURAS


De forma prática, conheça os primeiros socorros que você poderá realizar
quando uma pessoa apresentar queimaduras:

• Elimine, no mesmo instante, o efeito do calor (utilize água fria, não use água gelada).
• Se a queimadura for por corrente elétrica, não toque na vítima até que se desli-
gue a energia. Tome cuidado redobrado com os fios soltos e água no chão.
• Analise se há parada respiratória, em caso afirmativo, proceda com a respiração
de socorro.
• Faça a avaliação primária da vítima. Identifique qual o tipo, o grau e a extensão da
queimadura.
• Retire pulseiras, joias, relógios e roupas que não estejam fixas e/ou agarradas na
pele da vítima.
• Caso a queimadura seja de 1º grau, tirar a pessoa do sol, utilize substâncias re-
frescantes, como produtos para aliviar a dor, e faça a administração por via oral
de líquidos.
• Caso a queimadura seja de 2º ou de 3º grau, lembre-se de proteger a área quei-
mada com gazes molhadas em soro fisiológico ou água limpa.

111
• Transporte no mesmo instante a vítima para o hospital.
• Mantenha o curativo umedecido, usando recipientes de soro ou água limpa até
levar a vítima ao hospital.

IMPORTANTE
a) Jamais dê água a pacientes com mais de 20% do corpo queimado.
b) Jamais coloque gelo sobre a queimadura. c) Jamais dê qualquer medica-
mento intramuscular, subcutâneo ou pela boca sem consultar um médico,
exceto em caso de emergência cardíaca. d) Jamais jogue água em queima-
duras provocadas por pó químico. e) Deve-se arrumar o transporte imediato
do acidentado. f) Além da percentagem da área corporal atingida, a gravidade
das queimaduras é maior nos menores de 5 anos e maiores de 60.

5.2 TRATAMENTO
O tratamento dependerá do tipo de queimadura. Veja:

• Queimadura de 1º grau: realize compressas frias nas primeiras horas após o aci-
dente; não colocar nenhum tipo de produto sobre a queimadura; tomar analgé-
sico, se necessário, e use filtro solar regularmente.
• Queimadura de 2º grau superficial: as bolhas podem ser drenadas, mas jamais
devem ser estouradas. O procedimento deve ser realizado preferencialmente
por um médico. Curativos utilizando sulfadiazina de prata ou nitrato de cério e
limpeza com água corrente e clorexidina devem ser feitos. Após a cicatrização,
deve-se usar filtro solar para evitar o surgimento de manchas.
• Queimadura de 2º grau profunda e 3º grau: há a necessidade de internação hos-
pitalar, pois ocorrem manifestações sistêmicas, como desequilíbrio acentuado
dos níveis de sódio, potássio e/ou cálcio, e desidratação; necessidade de retirada
de tecidos necrosados, partículas estranhas na ferida; e até realizar enxertia.

6 LESÕES OCULARES
Ocasionalmente, no trabalho ou mesmo num momento de lazer, pode acon-
tecer um acidente ocular, como queimadura por produtos químicos, trauma ou per-
furações ou ainda a entrada de um corpo estranho. Diante disso, os olhos devem

112
receber cuidados especiais até o momento do atendimento médico. É significativo
destacar que muitas lesões graves, com potencial para deixar sequelas permanentes
na visão, podem, primeiramente, não apresentar dor ou diminuição de visão. Dessa
forma, sempre que um traumatismo ocular acontecer, a melhor maneira de prevenir o
comprometimento dos olhos é procurar atendimento oftalmológico para a realização
de exames adequados e um pronto estabelecimento de tratamento específico.

6.1 PRIMEIROS SOCORROS EM LESÕES OCULARES


• Traumas por fragmentos: o primeiro passo é tranquilizar a pessoa e estabilizar
o olho atingido. Não se deve tentar retirar os fragmentos ou realizar qualquer tipo
de tratamento, pois se corre o risco de agravar o quadro. As medidas específicas
devem ser realizadas por equipe médica treinada para tal atendimento.
• Produtos químicos: o ponto mais relevante em acidentes que envolvem contato
com produtos químicos é tentar reduzir o tempo de exposição do olho ao produto,
através da lavagem com água, continuamente, por pelo menos 15 minutos. Caso
a pessoa seja um utilizador de lentes de contato, estas devem ser removidas ime-
diatamente, para facilitar a lavagem e aumentar sua eficácia. Após, é necessário
procurar um oftalmologista para avaliar as lesões e indicar o tratamento adequado.
• Corpo estranho: caso o trauma envolva a existência de corpo estranho (poeira,
areia, cílios etc.) na superfície ocular, deve-se impedir de a vítima esfregar os
olhos. Se o corpo estranho se movimentar, é preciso piscar os olhos para esti-
mular o lacrimejamento e, assim, deslocá-lo até a sua saída; nesses casos, lave
as mãos com água e sabão.

113
RESUMO DO TÓPICO 2

Neste tópico, você adquiriu certos aprendizados, como:

• O choque anafilático, também conhecido como anafilaxia, é uma reação alérgica


grave que surge poucos segundos ou minutos após estar em contato com um
alergênio, provocando sintomas, como dificuldade para respirar, inchaço da boca
ou chiado ao respirar, por exemplo.

• O paciente com sintomas de anafilaxia deve ser imediatamente levado para um


hospital.

• O choque anafilático é uma reação alérgica exagerada que pode levar ao fecha-
mento da garganta, impedindo o indivíduo de respirar sozinho.

• Os primeiros socorros, em caso de choque anafilático, são: ligar para a emergên-


cia; observar se a vítima consegue respirar normalmente; constatar o que cau-
sou a reação alérgica; se for picada de inseto ou cobra, deve-se retirar o ferrão
do animal da pele e aplicar gelo no local; verificar se a pessoa possui medicação
antialérgica (Epinefrina) no bolso ou na carteira.

• Alergia ou reação de hipersensibilidade é uma resposta imunológica exagerada


do organismo, que se desenvolve após a exposição a um determinado antígeno
(substância estranha ao nosso organismo) e que ocorre em indivíduos suscetí-
veis e previamente sensibilizados.

• As reações de hipersensibilidade são classificadas em quatro tipos (I, II, III e IV),
de acordo com os mecanismos imunológicos envolvidos.

• As queimaduras são lesões decorrentes de agentes (tais como as energias tér-


mica, química ou elétrica).

114
AUTOATIVIDADE

1 Como foi visto, as alergias podem ser classificadas em hipersensibilidade do


tipo I, II, III e IV. Se uma pessoa é alérgica a um medicamento, por exemplo,
dipirona, qual é provavelmente o tipo de hipersensibilidade que ela apresenta?
Assinale a alternativa CORRETA:

a) Tipo I ou IV.
b) Tipo II.
c) Tipo III.
d) Tipo II e III.

2 O choque anafilático, ou também conhecido como anafilaxia, é uma rea-
ção alérgica grave que acontece poucos segundos ou minutos após estar
em contato com um alergênico, ocasionando sintomas, como dificuldade para
respirar, inchaço da boca ou chiado ao respirar, por exemplo. Qual é a subs-
tância que é liberada pelas células e causa os sintomas anafiláticos? Assinale
a alternativa CORRETA:

a) Anticorpo.
b) Neutrófilo.
c) Histamina.
d) Cortisol.

3 O sistema imunológico é essencial para a nossa vida, porém, muitas vezes,


ele reage de forma exagerada e causa as alergias e as anafilaxias em nosso
corpo. Assinale a alternativa CORRETA que traz as células que secretam a
histamina.

a) Neutrófilos.
b) Basófilos.
c) Anticorpos.
d) Hemácias.

4 As lesões oculares podem ser leves até graves e se não forem tratadas
prontamente podem levar a pessoa a ficar cega. Descreva como seria o aten-
dimento emergencial para alguém que chegou na farmácia com uma lesão
química ocular:
R.:

115
5 As queimaduras são lesões decorrentes de agentes (tais como as energias
térmica, química ou elétrica) que são capazes de produzir calor excessivo,
levando dano aos tecidos corporais e podendo acarretar morte celular e até a
morte da pessoa. Como são classificadas as queimaduras?
R.:

116
TÓPICO 3

INTOXICAÇÃO
EXÓGENA E
HIPOTERMIA
1 INTRODUÇÃO
Caro aluno, no Tópico 3, você verá assuntos relacionados à intoxicação exó-
gena, incluindo a intoxicação por remédios, produtos químicos, drogas etc. Assim,
você conseguirá reconhecer em alguns casos esses tipos de emergências.

Seguiremos os estudos de emergências estudando o que é a hipotermia e o


que fazer nestes casos de emergências.

Muitas vezes, nas emergências, não temos a preparação correta para aten-
der à vítima, mas podemos ter conhecimento se podemos ajudá-la ou não. Muitas
vezes, ter um breve conhecimento sobre o assunto pode ajudar a salvar a vida de
uma pessoa.

2 INTOXICAÇÃO EXÓGENA
Intoxicação  é a manifestação,  através de sinais e sintomas, dos  efeitos
nocivos produzidos em um organismo vivo como resultado da sua inte-
ração com alguma substância química (exógena). É o efeito nocivo que
se produz quando uma substância tóxica é ingerida ou entra em contato
com a pele, os olhos ou as mucosas. As intoxicações compõem um pro-
blema de saúde pública em todo o mundo. Também existem diferenças
geográficas, sociais, econômicas e culturais que determinam perfis dife-
rentes entre os países. Entre os mais de 12 milhões de produtos químicos
conhecidos, menos de 3.000 causam a maioria das intoxicações aciden-
tais ou premeditadas (ZAMBOLIM et al., 2008, p. 6).

Apesar disso, praticamente qualquer substância consumida em grande


quantidade pode ser tóxica. As fontes comuns de venenos incluem drogas, produ-
tos domésticos, produtos agrícolas, plantas, produtos químicos industriais e subs-

117
tâncias alimentícias. O reconhecimento do produto tóxico e a avaliação exata do
perigo envolvido são fundamentais para um tratamento efetivo (SCHVARTSMAN;
SCHVARTSMAN, 1999).

São exemplos de substâncias intoxicantes ambientais: ar, água, alimentos,


plantas, animais peçonhentos ou venenosos. Dentre os principais representantes
de substâncias isoladas estão os pesticidas, os medicamentos e os produtos quí-
micos industriais ou de uso domiciliar.

Vamos conhecer alguns tipos de intoxicação e suas manifestações clínicas


para que possamos tomar as medidas necessárias para prevenir e remediar.

2.1 INTOXICAÇÃO POR MEDICAMENTOS


Medicamento é o principal agente tóxico que causa intoxicação em seres
humanos no Brasil, ocupando o primeiro lugar nas estatísticas do SINITOX desde
1994; os benzodiazepínicos, os antigripais, os antidepressivos e os anti-inflamató-
rios são as classes de medicamentos que mais causam intoxicações em nosso país
(44% foram classificadas como tentativas de suicídio e 40% como acidentes, sendo
que as crianças menores de cinco anos – 33% ­– e adultos de 20 a 29 anos – 19% –
constituíram as faixas etárias mais acometidas pelas intoxicações por medicamen-
tos) (BORTOLETTO; BOCHNER, 1999).

Veremos, a seguir, quais são os medicamentos que mais causam intoxica-


ção, os sintomas e os tratamentos de cada um deles.

2.1.1 Ansiolíticos e tranquilizantes


Benzodiazepínicos

Grupo de medicamentos que apresentam propriedades farmacológicas (an-


siolíticas, sedativo-hipnóticas e/ou anticonvulsivantes) e efeitos tóxicos que pare-
cem ser consequentes de sua ação direta sobre o Sistema Nervoso Central. Ape-
sar de existirem diferenças significativas de farmacocinética entre seus numerosos
compostos, não parece haver superioridade de um sobre outro quando se toma por
base apenas a farmacocinética (GOVERNO DO ESTADO DO PARANÁ, 2022).

Em geral, os benzodiazepínicos (BZD) são rápida e completamente absorvi-


dos por via oral. No entanto, alguns, como clordiazepóxido e oxazepam, levam horas
118
para atingir concentrações sanguíneas máximas. A ligação proteica plasmática é
variável e praticamente todos são metabolizados no fígado por oxidação e/ou con-
jugação, com formação de metabólitos, muitos dos quais ativos. A excreção é renal
(GOVERNO DO ESTADO DO PARANÁ, 2022).

É possível classificar esses medicamentos em grupos, de acordo com sua


meia-vida de eliminação: ação muito curta – Midazolam (Dormonid); ação curta –
Alprazolam (Frontal), Lorazepam (Lorax, Mesmerim), Oxazepam (Clozapina; e ação
longa – Clordiazepóxido (Psicosedin, Limbitrol, Relaxil), Diazepam (Calmociteno,
Diazepan, Dienpax, Kiatrium, Valium) e Flurazepam (Dalmadorm, Lunipax) (GOVER-
NO DO ESTADO DO PARANÁ, 2022).

Estudos sugerem que os benzodiazepínicos interagem em um receptor es-


pecífico com um modulador proteico endógeno que antagoniza a ligação com o
GABA, potencializando os seus efeitos. Certos benzodiazepínicos estão associados
com dependência e alguns produzem reações de abstinência mais intensas que
outros (GOVERNO DO ESTADO DO PARANÁ, 2022).

Clínica da intoxicação aguda: a absorção de dose excessiva está usual-


mente associada com sedação, sonolência, fala arrastada, diplopia, disartria, ataxia
e confusão mental. Podem ocorrer depressão respiratória e hipotensão arterial. Na
maioria dos casos, a evolução é benigna, mas existem relatos de intensa depressão
respiratória e coma e inclusive de óbitos após o uso de benzodiazepínicos de ação
muito curta, especialmente quando administrados por via intravenosa. Crianças,
idosos e pacientes com insuficiência cardiorrespiratória são mais sensíveis e o ál-
cool e os barbitúricos podem potencializar os efeitos tóxicos (GOVERNO DO ESTADO
DO PARANÁ, 2022).

Tratamento: é essencial assistência respiratória, manter vias aéreas, oxi-


gênio, se necessário. Monitorar respiração, pressão arterial e sinais vitais. Ingesta:
para BZD de ação muito curta, nunca induzir vômitos; início de depressão e coma
podem ser rápidos. Para BZD de ação longa, induzir vômitos somente em poucos
minutos da ingestão. Paciente consciente, dar por via oral carvão ativado e catár-
ticos. Paciente inconsciente e/ou superdosagem: lavagem gástrica com intubação
prévia para prevenir aspiração. Administrar antídoto Flumazenil – reverte sedação
dos BZD, há melhora parcial dos efeitos respiratórios. Hipotensão: administrar flui-
dos endovenosos, manter equilíbrio hidroeletrolítico e vasopressores, se necessário.
Medidas sintomáticas e de manutenção (GOVERNO DO ESTADO DO PARANÁ, 2022).

Fenotiazínicos

Os derivados da fenotiazina, a princípio utilizados em terapêutica como


antissépticos urinários e anti-helmínticos, representam um dos mais importantes
119
grupos de medicamentos, empregados nas mais variadas afecções neurológicas e
exercem uma ação farmacológica bastante extensa, incluindo efeitos sedativos e
potencialização dos efeitos de sedativos, narcóticos e anestésicos. Ação antiemé-
tica; efeitos sobre a regulação da temperatura corporal; efeitos bloqueadores co-
linérgicos e adrenérgicos (tipo alfa); efeitos anti-histamínicos e antisserotonínicos;
efeitos antipruriginosos; efeitos analgésicos, entre outros. Essas propriedades são
as responsáveis pelas chamadas reações colaterais, que se tornam mais acentua-
das nos casos de intoxicação (GOVERNO DO ESTADO DO PARANÁ, 2022).

Em virtude de sua alta eficácia terapêutica, seu consumo é muito grande


e generalizado, com tendência a aumentar continuamente e, como decorrência, o
número de intoxicações. Os derivados da fenotiazina podem ser divididos em três
grupos: derivados piperazínicos: flufenazina (Anatensol, Motival), trifluoperazina
(Stelazine, Stelapar), perfenazina (Mutabon). Derivados alifáticos: clorpromazina
(Amplictil), promazina (Metilsedor), levomepromazina (Neozine). Derivados piperidí-
nicos: tioridazina (Melleril) (GOVERNO DO ESTADO DO PARANÁ, 2022).

Esses grupos diferem em potência por mg e propensão em causar efeitos


colaterais específicos. Em geral, quanto mais potente o fenotiazínico, maior a pro-
pensão em determinar reações extrapiramidais, e quanto menor a potência, maior a
propensão em determinar efeitos secundários tipo autonômicos, sedação ou con-
vulsões. São geralmente bem absorvidos pelo tubo gastrointestinal e parenteral-
mente. Após a absorção, são rapidamente distribuídos pelos tecidos; 70% da dose
administrada é logo removida da circulação pelo fígado (GOVERNO DO ESTADO DO
PARANÁ, 2022).

Clínica da intoxicação aguda: risco cardiovascular e de depressão do SNC.


A síndrome neuroléptica maligna é potencialmente fatal e pode ocorrer com doses
terapêuticas e após poucos dias de uso. Sedação, miose, hiper ou hipotensão, ta-
quicardia, retenção urinária, xerostomia e ausência de sudorese. Sintomas extra-
piramidais. Convulsão, coma, falência respiratória, prolongamento do intervalo QT,
arritmias e distúrbios da temperatura (GOVERNO DO ESTADO DO PARANÁ, 2022).

Tratamento: esvaziamento gástrico por lavagem gástrica se superdosa-


gem até 12 horas após ingesta (fenotiazinas reduzem a motilidade gástrica). In-
dução do vômito se ingesta recente (minutos) em paciente alerta e assintomático,
evitar se após algumas horas (convulsões ou reações distônicas de cabeça e pes-
coço podem resultar em aspiração). Carvão ativado a cada 2 ou 3 horas e catártico
salino. Monitorização respiratória e cardiovascular. Se hipotensão/choque – Tren-
delemburg, Ringer Lactato EV, vasopressores de escolha (agonistas alfa-adrenér-

120
gicos): noradrenalina, fenilefrina, metoxamina, em infusão contínua EV. Não utilizar
beta-adrenérgicos. Arritmias ventriculares: fenitoína, 10 a 15 mg/Kg, lentamente, ou
lidocaína 1 mg/Kg EV ou marcapasso. Convulsões: diazepan seguido de fenitoína.
Sintomas extrapiramidais: difenidramina EV (2 mg/Kg até o máximo de 50 mg/dose
em administração lenta) ou mesilato de benzotropina (0,5 mg/Kg em crianças, 2 mg
em adultos), biperideno 2 mg IM ou EV lento a cada 30 minutos, se necessário, até
4 doses por dia. Síndrome neuroléptica maligna: resfriamento corporal, diazepan
EV, dantrolene. Pacientes sintomáticos devem ficar internados no mínimo 24 horas
após o ECG normal; assintomáticos devem ser observados no mínimo por 4 horas
(GOVERNO DO ESTADO DO PARANÁ, 2022).

Butirofenonas e Tioxantenos

Neurolépticos de largo uso em psiquiatria. Grupo das Butirofenonas: dro-


peridol (Droperidol), haloperidol (Haldol, Haloperidol), penfluridol (Semap), pimozide
(Orap). Exercem forte antagonismo dopaminérgico central e têm pouca ação anti-
colinérgica. Grupo dos Tioxantenos: tioxeno (Navane). De um modo geral, são bem
absorvidos por via oral, mas sofrem metabolização de primeira passagem. Apre-
sentam significativa ligação proteica plasmática. A metabolização é hepática e a
eliminação é urinária (GOVERNO DO ESTADO DO PARANÁ, 2022).

Clínica da intoxicação aguda: SNC: rigidez e espasmos musculares,


pseudoparkinsonismo, distonias, acatisias, discinesia tardia persistente, agitação
ou depressão, cefaleia, confusão, vertigem, síndrome neuroléptica maligna. SCV:
hipotensão ortostática, prolongamento do intervalo QT, taquicardia. Hipertermia
(GOVERNO DO ESTADO DO PARANÁ, 2022).

Tratamento: em geral, é semelhante ao realizado nas demais intoxicações


agudas por neurolépticos e descrito com maiores detalhes na intoxicação por feno-
tiazínicos (GOVERNO DO ESTADO DO PARANÁ, 2022).

2.1.2 Antidepressivos tricíclicos


Antidepressivos tricíclicos (ADT) têm potente efeito sedativo. Uso amplo em
depressão melancólica e em alguns casos de depressão atípica. São exemplos de
ADT: amitriptilina (Tryptanol, Limbitrol), amineptina (Survector), imipramina (Tofra-
nil), nortriptilina (Motival). São rapidamente absorvidos por via oral, com elevada
união a proteínas plasmáticas. Metabolismo hepático, eliminação renal em vários
dias (GOVERNO DO ESTADO DO PARANÁ, 2022).

121
Efeitos adversos: tontura, prejuízo na função cognitiva, fraqueza, fadiga,
precipitação de psicose ou mania, tremores, apetite aumentado, ganho de peso,
sudorese, cafaleia, boca seca, constipação, retenção urinária, visão borrada, exa-
cerbação de glaucoma (GOVERNO DO ESTADO DO PARANÁ, 2022).

Clínica da intoxicação aguda: letargia, coma e/ou convulsões acompa-


nhados por prolongamento do intervalo QRS ao ECG. Excitação seguido de coma,
com depressão respiratória, hiporreflexia, hipotermia e hipotensão. Marcantes efei-
tos anticolinérgicos (GOVERNO DO ESTADO DO PARANÁ, 2022).

Tratamento: lavagem gástrica, seguida de carvão ativado em uso repetido


e catártico salino. Não induzir êmese pelo risco de convulsões. Tratamento sintomá-
tico e suportivo. Alcalinização, anticonvulsivantes (Fenitoína). Observação mínima
de 6 horas em todos os pacientes (GOVERNO DO ESTADO DO PARANÁ, 2022).

2.1.3 Anticonvulsivantes
Barbitúricos

Depressores não seletivos do SNC, deprimem córtex sensorial, reduzem ati-


vidade motora, alteram função cerebelar. Ação, principalmente quando associada,
com capacidade de potenciar ação inibitória sináptica mediada pelo GABA (GOVER-
NO DO ESTADO DO PARANÁ, 2022).

Barbitúricos não possuem efeito analgésico. Induzem desde excitabilidade,


sedação leve, incoordenação motora até coma profundo. Em dose terapêutica alta,
ocorre anestesia. Uso continuado pode causar tolerância e dependência. Dividi-
dos em três grupos, de acordo com o aparecimento e duração dos efeitos: duração
curta: Pentobarbital, Secobarbital; duração intermediária: Amobarbital, Butabarbi-
tal; duração longa: Fenobarbital, Mefobarbital, Prominal (GOVERNO DO ESTADO DO
PARANÁ, 2022).

Clínica da intoxicação aguda: depressão do SNC e cardiovascular e coma.


SNC: sonolência, letargia, confusão, delírio, dificuldade de fala, diminuição ou per-
da dos reflexos, ataxia, nistagmo, hipotermia, depressão respiratória. SCV: hipoten-
são, taquicardia e choque. Gastrointestinal: diminuição do tônus e motilidade, pode
compactar comprimidos. Óbito por insuficiência cardiorrespiratória ou secundária à
depressão de centros medulares vitais (GOVERNO DO ESTADO DO PARANÁ, 2022).

122
Tratamento: nos casos graves, é complexo. Assistência respiratória, man-
ter vias aéreas. Monitorização respiratória e cardiovascular. Corrigir hipovolemia. In-
gesta/esvaziamento gástrico: êmese só em poucos minutos após ingesta. Lavagem
gástrica com intubação (previne aspiração) até 24 horas ou mais, lavado pode ser
feito com sonda mais larga ou por endoscopia para remover conteúdo. Carvão ati-
vado seriado, catártico salino. Manter equilíbrio hidroeletrolítico, pode ser necessário
o uso de vasopressores. Alcalinização urinária. Avaliar função renal, eletrólitos, ga-
sometria, pH urinário. Paciente com insuficiência renal é necessária a hemodiálise.
Medidas sintomáticas e de manutenção (GOVERNO DO ESTADO DO PARANÁ, 2022).

Carbamazepina

Anticonvulsivantes com discretos efeitos sedativos, utilizados no tratamen-


to de neuralgia do trigêmeo. Absorção lenta e errática por via oral, há diminuição da
motilidade intestinal decorrente das propriedades anticolinérgicas do medicamen-
to. Metabolizada no fígado, excretada pela urina e pequena excreção fecal. A utiliza-
ção prolongada do medicamento pode ocasionar reações colaterais e secundárias
variadas: diplopia, distúrbios visuais, sonolência, parestesias, distúrbios de equilí-
brio, leucopenia, neutropenia, erupções cutâneas, entre outros. São exemplos de
nomes comerciais: Tegretol, Tegretard (GOVERNO DO ESTADO DO PARANÁ, 2022).

Clínica da intoxicação aguda: distúrbios neurológicos por depressão do


SNC: ataxia, nistagmo, oftalmoplegia, midríase e taquicardia sinusal. Casos graves
podem evoluir com mioclonias, convulsões, coma e parada respiratória (GOVERNO
DO ESTADO DO PARANÁ, 2022).

Tratamento: nos casos de ingestão, recomenda-se esvaziamento gástrico,


que deve ser realizado mesmo tendo decorridas muitas horas. É preferível lavagem
gástrica em serviço bem-equipado, em virtude de possível e inesperado apareci-
mento de depressão neurológica. Administração seriada de carvão ativado a cada 4
horas. Tratar convulsões com diazepam, manter via aérea permeável, ventilação as-
sistida, se necessário, tratar arritmias. Tratamento da hipotensão arterial com cor-
reção do volume e drogas vasopressoras (dopamina, norepinefrina). Filtro de carvão
ativado pode ser útil nos casos graves que não responderem ao tratamento de su-
porte. Não há antídoto específico. Diurese forçada, diálise peritonial e hemodiálise
não são eficazes. Pacientes assintomáticos devem ser observados por no mínimo
6 horas após ingesta. Pacientes graves devem ser observados em UTI até 24 horas
após terem se mantido estáveis (GOVERNO DO ESTADO DO PARANÁ, 2022).

123
Fenitoínas

Fenitoína ou difenilidantoína é um medicamento usado há longo tempo


como anticonvulsivante e, mais recentemente, por via parenteral, no tratamento
de distúrbios do ritmo cardíaco. A absorção por via oral é lenta e errática e quando
ingerida em grandes doses pode ser mais demorada. Metabolização hepática e ex-
creção renal. Exemplos de nomes comerciais: Epelin, Fenitoína, Dialudon, Hidantal
(GOVERNO DO ESTADO DO PARANÁ, 2022).

Clínica da intoxicação aguda: nistagmo que, inicialmente, é horizontal


e, a seguir, vertical; sonolência de intensidade progressiva, ataxia, diplopia, disar-
tria, tremores, distúrbios do comportamento, confusão mental, náuseas, vômitos
e hirsutismo. Coma profundo não é comum. São consideradas reações de hiper-
sensibilidade: eritema multiforme, síndrome de Stevens-Johnson, febre, doença do
soro, discrasias sanguíneas e insuficiência renal. Descrevem-se também reações
paradoxais, com aumento das convulsões sem outros sinais de intoxicação aguda
(GOVERNO DO ESTADO DO PARANÁ, 2022).

Toxicidade cardíaca frequente após infusão intravenosa rápida ou ingestão


de doses muito grandes: arritmias e bradicardia sinusal, fibrilação atrial, bloqueio in-
completo de ramo direito e hipotensão arterial. Casos mais graves: fibrilação ventri-
cular e assistolias, evoluindo para óbito (GOVERNO DO ESTADO DO PARANÁ, 2022).

Tratamento: ingestão: esvaziamento gástrico mesmo decorridas várias ho-


ras. Paciente torporoso: lavagem gástrica em serviço bem-equipado. Administrar
carvão ativado. Medidas dialisadoras não encontram justificativa. Possível eficácia
da plasmaferese. O tratamento é essencialmente sintomático e de suporte, incluin-
do correção dos distúrbios hidroeletrolíticos e assistência respiratória e cardiocircu-
latória (GOVERNO DO ESTADO DO PARANÁ, 2022).

Ácido valproico

Ácido valproico e Valproato de sódio são medicamentos sintéticos não rela-


cionados quimicamente à maioria dos anticonvulsivantes. Exemplos de nomes co-
merciais: Depakene, Valpakine, Valprin (GOVERNO DO ESTADO DO PARANÁ, 2022).

Absorção por via oral é rápida, observando-se níveis máximos sanguíneos 1


a 4 horas após a ingestão. Ligação proteica significativa. Metabolização hepática e
excreção renal (GOVERNO DO ESTADO DO PARANÁ, 2022).

124
Clínica da intoxicação aguda: distúrbios neurológicos, incluindo confusão
mental, sonolência, torpor e coma. Hiperatividade, movimentos mioclônicos e con-
vulsões. A evolução fatal, embora excepcional, pode ocorrer por depressão respira-
tória e parada cardíaca (GOVERNO DO ESTADO DO PARANÁ, 2022).

Tratamento: ingestão: esvaziamento gástrico e administração de carvão


ativado. Tratamento sintomático e de suporte. Não há indicação para medidas dia-
lisadoras. Possíveis bons resultados da Naloxona, mas indicação é discutível (GO-
VERNO DO ESTADO DO PARANÁ, 2022).

Intoxicação crônica: descreve-se uma associação entre o uso crônico de


ácido valproico com o desenvolvimento de hepatotoxicidade e Síndrome de Reye. Os
distúrbios hepáticos são evidenciados por uma simples elevação dos níveis de tran-
saminases sem sintomatologia, até um quadro característico de Síndrome de Reye,
com necrose hepática centrolobular, hiperamoniemia e encefalopatia. Descrita tam-
bém hepatite tóxica fulminante e irreversível, sem sintomatologia da Síndrome de
Reye. Admite-se que crianças com menos de 2 anos, especialmente as submetidas à
terapêutica anticonvulsivante múltipla, incluindo ácido valproico, apresentam maio-
res riscos de desenvolver lesão hepática. O tratamento, além da interrupção da droga,
é sintomático e de suporte (GOVERNO DO ESTADO DO PARANÁ, 2022).

2.1.4 Descongestionantes
Descongestionantes nasais

Os descongestionantes nasais tópicos que apresentam riscos de intoxica-


ção agudam são geralmente constituídos por um simpatomimético em apresen-
tação isolada ou associada com anti-histamínicos e antibióticos. Utilizados como
vasoconstritores para reduzir edema e congestão de mucosas nasal e ocular. O uso
deve ser controlado em hipertensos, diabéticos e pacientes com hipertireoidismo.
Uso crônico causa congestão de rebote em mucosas (GOVERNO DO ESTADO DO
PARANÁ, 2022).

Os simpatomiméticos mais comuns são: oximetazolina (Afrin); fenoxazoli-


na (Aturgyl); nafazolina, tirotricina (Efedran, Nasoinstil); cloreto de sódio, benzal-
cônio (Rinosoro, Sorinan, Nasoflux, Sorine); nafazolina, difenidramina, neomicina
(Penetran, Alergotox Nasal, Suspirin); entre outros (GOVERNO DO ESTADO DO PA-
RANÁ, 2022).

125
Clínica da intoxicação aguda: a intoxicação aguda pode ocorrer por in-
gestão ou pela aplicação nasal de doses excessivas. Intoxicação por nafazolina, que
é a mais frequente: náuseas, vômitos, cefaleia, rubor de pele, sudorese, irritabilida-
de, inquietude, aumento da pressão arterial, distúrbios cardíacos, como extrassís-
toles e outras arritmias, podem aparecer. Casos graves: depressão do SNC, hipoter-
mia, bradicardia, dilatação pupilar, sonolência e coma; distúrbios respiratórios com
respiração irregular ou bradipneia com períodos de apneia. Descritos, em lactentes
pequenos, quadros aparentemente de hipersensibilidade, em que, após a aplicação
tópica de doses normais do medicamento, observam-se, durante algumas horas,
sonolência, letargia e respiração lenta (GOVERNO DO ESTADO DO PARANÁ, 2022).

Tratamento: sintomático e de suporte. Esvaziamento gástrico/lavagem gás-


trica não é útil devido à rápida absorção do medicamento. A apresentação disponível
é líquida. Carvão ativado em ingesta precoce (discutível). Não provocar êmese pelo
risco de depressão do SNC. Monitorização dos sinais vitais. Suporte ventilatório e he-
modinâmico. Pode ser usada Naloxona. Casos graves: UTI para controle dos distúr-
bios cardiovasculares e respiratórios (GOVERNO DO ESTADO DO PARANÁ, 2022).

2.1.5 Descongestionantes sistêmicos


São também chamados de antigripais, são produtos de largo uso popular
para tratamento de resfriados, gripes e infecções de vias aéreas superiores. Apesar
de composição variada, a maioria inclui, na fórmula, simpatomiméticos e anti-his-
tamínicos (GOVERNO DO ESTADO DO PARANÁ, 2022).

São alguns exemplos de descongestionantes sistêmicos e seus principais


componentes: triprolidina, pseudoefedrina (Actifedrin); pirilamina, cloridrato de efe-
drina (Benegrip); clorfeniramina, Vitamina C (Benegrip Xarope Infantil); metoxifena-
mina (Cheracap); cinarizina, fenilefrina, pentoxiverina (Coldrin); dexclorfeniramina,
cloridrato de fenilefrina (Coristina D); carbinoxamina (Gripenil); maleato de dimetin-
deno, trivietilrutina, Vit C, paracetamol, cloridrato de fenilefrina (Trimedal); (Bialerge);
(Descon); (Naldecon) (GOVERNO DO ESTADO DO PARANÁ, 2022).

Intoxicação frequente, principalmente em crianças, por largo uso e falsa im-


pressão de inocuidade. Apesar da dosagem relativamente baixa dos componentes,
podem ocorrer intoxicações graves. Relatados casos de abuso para a obtenção de
efeitos psíquicos e sensoriais. Absorção irregular pelo trato gastrointestinal, metabo-
lismo hepático e intestinal, excreção renal (GOVERNO DO ESTADO DO PARANÁ, 2022).

126
Clínica da intoxicação aguda: quadro tóxico depende da composição re-
lativa dos simpatomiméticos e anti-histamínicos. Os distúrbios produzidos por do-
ses excessivas dos principais componentes são os seguintes: sonolência, cefaleia,
tonturas, vômitos, taquicardia ou bradicardia, palpitação, bloqueio A-V, hiperten-
são arterial, tremores, distúrbios neuropsíquicos, incluindo inquietude, irritabilidade,
agressividade, confusão mental, convulsões, alucinações e até quadros paranoides
(GOVERNO DO ESTADO DO PARANÁ, 2022).

Tratamento: nos casos de ingestão, recomenda-se esvaziamento gástrico,


mesmo decorridas várias horas, pois a maioria dos descongestionantes sistêmicos
contêm anti-histamínicos e, devido ao seu efeito anticolinérgico, podem retardar a
absorção. Administrar carvão ativado e catárticos salinos. Manter vias aéreas per-
meáveis. Tratar hipertensão e arritmias, monitorar sinais vitais e realizar ECG por 4
a 6 horas após a intoxicação. O tratamento é sintomático e suportivo. Bradicardia
pode ser tratada com atropina. Ectopias ventriculares são melhores tratadas com
propranolol, devendo-se evitar quinidina e antiarrítmicos da mesma classe (GOVER-
NO DO ESTADO DO PARANÁ, 2022).

FIGURA 5 – A DIFERENÇA ENTRE O REMÉDIO E O VENENO É A DOSE (PARACELSO, SÉCULO XVII)

FONTE: <https://m.facebook.com/farmaloucos/photos/boa-tarde/2778180309098407/>. Acesso


em: 27 abr. 2022.

127
2.2 TÓXICOS INALADOS
Intoxicação por monóxido de carbono: o monóxido de carbono exerce
seu efeito tóxico ao se agregar com a hemoglobina circulante, diminuindo a capa-
cidade de transporte de oxigênio do sangue. A hemoglobina ligada ao monóxido de
carbono, chamada de carboxiemoglobina, não transporta oxigênio.

Manifestações clínicas: uma pessoa que é acometida por intoxicação de


monóxido de carbono parece intoxicada (devido à hipóxia cerebral). Entre os si-
nais e sintomas, podem-se citar: cefaleia, fraqueza muscular, palpitação e confusão
mental, que podem evoluir rapidamente para o coma. A cor da pele pode mudar de
rósea vermelho-cereja à cianótica e pálida, constitui um sinal confiável. A exposição
ao monóxido de carbono exige tratamento imediato.

Tratamento: os objetivos do tratamento são reverter a hipóxia cerebral e


miocárdica e acelerar a eliminação do monóxido de carbono:

• Deslocar imediatamente o paciente para o ar fresco.


• Abrir todas as janelas e portas.
• Afrouxar todas as roupas apertadas.
• Iniciar a reanimação cardiopulmonar.
• Administrar oxigênio.
• Evitar o calafrio; enrolar o paciente em cobertores.
• Manter o paciente mais quieto possível.
• Não administrar álcool.

2.3 INTOXICAÇÃO ALIMENTAR


Intoxicação alimentar, ou gastrointestinal (gastroenterocolite aguda), é um
problema de saúde causado pela ingestão de água ou alimentos contaminados por
bactérias (Salmonella, Shigella, E. coli, Staphilococus, Clostridium), vírus (Rotavírus),
ou por suas respectivas toxinas, ou ainda por fungos ou por componentes tóxicos
encontrados em certos vegetais (comigo-ninguém-pode, mandioca-brava) e pro-
dutos químicos. A contaminação pode ocorrer durante a manipulação, o preparo, a
conservação e/ou o armazenamento dos alimentos. Nas crianças e idosos, a intoxi-
cação alimentar pode ser uma doença grave.

Muitas pessoas tentam descobrir o que as fez passar mal revendo o que
ingeriram naquele dia ou no dia anterior. No entanto, ao consultar um médico por

128
suspeita de intoxicação alimentar, é importante lembrar mais do que o cardápio de
apenas um dia antes: os primeiros sintomas provocados por algumas bactérias po-
dem aparecer só três dias depois da ingestão do alimento contaminado.

Independentemente do microrganismo determinante, os efeitos da intoxi-


cação alimentar aguda são todos parecidos: náuseas, vômitos, diarreia, febre, dor
abdominal, cólicas e mal-estar. Nos quadros mais graves, podem ocorrer desidrata-
ção, perda de peso e queda da pressão arterial.

Nos casos específicos de alimentos contaminados pelo Clostridium, quan-


do a intoxicação é causada por uma das variedades da bactéria responsável pela
doença chamada botulismo, além dos distúrbios gastrointestinais que nem sempre
aparecem, os sintomas podem ser indicativos de alterações neurológicas, como
visão dupla e dificuldade para focalizar objetos, falar e engolir.

Tratamento: a solução para o tratamento é definir a fonte e o tipo de in-


toxicação alimentar. Alimento, conteúdo gástrico, vômitos, soro e fezes são cole-
tados para exames. São monitorizados com afinco os sinais vitais, sensórios, PVC
e atividade muscular do paciente, quando indicados. São instituídas medidas para
sustentar o sistema respiratório. A morte por paralisia respiratória pode ocorrer com
o botulismo, intoxicação por peixes e outras intoxicações alimentares.

Tratamento da intoxicação alimentar: paciente com intoxicação alimentar


deve fazer repouso e ingerir muito líquido. Nos casos de perda maior de líquidos e
risco de desidratação, devem ser indicados medicamentos para controlar as náu-
seas e os vômitos, assim como administrar a reposição de líquidos e sais por via
endovenosa. O tratamento das infecções alimentares bacterianas inclui o uso de
antibióticos específicos (BRUNA, 2022).

2.4 INTOXICAÇÃO POR DROGAS


Nesta situação, é importante avaliar três variáveis:

• O usuário: a personalidade psicológica, fisiologia, motivação para o uso da droga,


expectativa quanto ao efeito, medo etc.
• O cenário: se o local é seguro ou ameaçador, estranho ou familiar, acolhedor ou
apertado, tranquilo ou agitado, quente ou frio, barulhento ou quieto, o que está
ocorrendo em volta, hora do dia etc.

129
• A droga: qual tipo de droga foi ingerida, quantidade, quantas vezes foi usada,
como foi administrada (fumada, aspirada, ingerida, injetada), se já era usada an-
tes, durante quanto tempo, grau de pureza da droga, se misturou algo com a
droga etc.

Apenas quando a somatória desses três fatores for negativa, a pessoa ne-
cessitará de ajuda. O socorrista, quando for atender, pode ser de grande ajuda:

• Sendo tranquilizador, não ameaçador.


• Colocando a pessoa em lugar calmo, seguro e não barulhento.
• Mantendo a temperatura agradável.
• Interferindo de forma valiosa na modificação do hábito de usar drogas.
• Explicando para o usuário os efeitos ocorridos.
• Explicando os efeitos da droga.

3 HIPOTERMIA
A hipotermia acontece quando a temperatura normal do corpo, que é de
37 ºC, desce para menos de 35 ºC; é comumente causada pela longa permanência
num ambiente frio. A hipotermia é muitas vezes provocada pela exposição prolon-
gada à chuva, ao vento, à neve ou à imersão em água fria.

Durante uma exposição por longo período ao frio, o mecanismo de defesa do


organismo tenta evitar a continuação da perda de calor. A pessoa começa a tremer
para tentar manter os órgãos principais a uma temperatura normal. O fluxo sanguí-
neo para a pele é restringido e são libertadas hormonas para a produção de calor. Se
o corpo já não tiver energia, a hipotermia pode ser fatal. Os idosos e os doentes, que
não conseguem se movimentar com facilidade, estão particularmente mais vulne-
ráveis à hipotermia.

3.1 CLASSIFICAÇÃO
Hipotermia aguda: é definida pela perda de temperatura corporal, de forma
brusca e rápida, que ocorre à exposição intensa ao frio. Essa queda corporal de
forma agressiva é causada pela incapacidade do organismo de suprir e manter a
energia interna, devido ao fato de ter sido esfriado também. É muito comum em
casos de exposição à neve, tempestades etc.

130
• Hipotermia subaguda: é definida pela perda de temperatura corporal, gradual-
mente, em períodos mais longos, até o desgaste total das reservas do organismo
para suprir o calor interno.
• Hipotermia crônica: a mais comum em centros urbanos, principalmente em es-
tações, como o inverno, em que o índice de resfriados e enfermidades acontece
com maior frequência. A hipotermia crônica é causada por consequências de
alguma patologia.

3.2 SINTOMAS
Vale ressaltar que o início da hipotermia costuma ser tão gradual e sutil que
tanto a vítima como os outros não percebem o que pode vir a suceder. Os movi-
mentos tornam-se lentos e entorpecidos, o tempo de reação é mais lento, a mente
turva-se, a pessoa não pensa com clareza e tem alucinações.

Os sintomas mais costumeiros de hipotermia são tremores, esfriamento das


mãos e dos pés, dormência nos membros, pouca energia para realizar suas ativida-
des, dificuldade em respirar, pulsação lenta, inchaço na face e perda de controle da
bexiga. Nos estágios mais avançados, a hipotermia causa perda de memória, perda
de controle dos membros superiores e inferiores, perda dos sentidos, perda da pul-
sação e pupilas dilatadas.

3.3 DIAGNÓSTICO
O diagnóstico da hipotermia acontece de acordo com os sintomas. Deve-se
utilizar um termômetro para medir a temperatura. Se estiver abaixo dos 35 ºC (95F),
é porque tem hipotermia. Assim que for diagnosticada a hipotermia, poderá ser re-
alizado um eletrocardiograma para determinar até que ponto a temperatura baixa
lhe afetou. Algumas análises de rotina ao sangue também mostrarão se os órgãos
foram acometidos.

3.4 TRATAMENTO
Ao reconhecer um quadro de hipotermia, são necessários alguns procedi-
mentos para restabelecer a temperatura corporal, como:

• Massagens vigorosas no corpo.

131
• Ingestão de bebidas quentes.
• Se a vítima estiver com roupas úmidas, retire-as imediatamente, pois a água da
roupa retira o calor do corpo.
• Deitar encostado à vítima, uma vez que a transmissão de calor vinda de outro cor-
po ajuda a aquecer e melhorar de forma rápida a temperatura corporal da vítima.
• Jamais dê bebidas alcoólicas, pois elas dão uma sensação instantânea de aque-
cimento, porém, reduzem a temperatura do corpo.
• Em casos mais graves, serviços médicos devem ser acionados, para adotar proce-
dimentos mais específicos, como infusão de soros aquecidos, aquecimento do te-
cido sanguíneo através da circulação extracorpórea, entre outros procedimentos.

LEITURA COMPLEMENTAR

Leia esta notícia sobre um farmacêutico que ajudou a salvar a vida de


um bebê com medidas de primeiros socorros.

Farmacêutico salva vida de bebê em Ribeirão do Pinhal

Era para ser um dia comum, tudo dentro da rotina do farmacêutico


Leandro Bonifácio da Silva, proprietário de Farmácia na cidade de Ribeirão do
Pinhal, mas a quarta-feira, 10 de julho de 2019, reservava um acontecimento
que mudaria muitas coisas em sua vida.

Por volta das 14 horas, durante o atendimento a um representante co-


mercial, o farmacêutico foi surpreendido por uma jovem mãe, Ana Cláudia
Mendes, 18 anos, que entra na farmácia com o seu bebê de dez meses desa-
cordado, apresentando cor arroxeada e ausência de frequência respiratória.
Visivelmente abalada, a mãe entregou seu filho ao farmacêutico e implorou
que o socorresse.

Até aqui, toda essa situação é de tirar o fôlego. Se o título desta ma-
téria não desse spoiler e antecipasse o final feliz dessa história, caberia aqui
uma pergunta: o farmacêutico está preparado para agir com assertividade em
uma situação como a que o Dr. Leandro passou? Para ele, a resposta a essa
pergunta é não. O farmacêutico conta que nos quatro anos de graduação
não aprendeu técnicas de atendimentos em primeiros socorros. “Infelizmen-
te, não temos preparo e nem experiência para situações como essa que, por

132
sinal, estamos sujeitos a todo e qualquer momento. Foi durante a pós-gra-
duação em Farmácia Clínica que tive embasamento em primeiros socorros.
Além disso, procuro, rotineiramente, ler artigos e informações relacionados ao
assunto”, conta.

Nesse ponto, caberia outra provocação/constatação com relação à


profissão: a importância do aprimoramento profissional, a busca constante
por conhecimento e a preparação necessária para exercer a profissão.

Voltando ao relato do fato: a mãe entregou o filho para o Dr. Leandro


e relatou que o bebê havia engasgado. “Rapidamente, levei a criança para
a sala de injetáveis e, ao fazer uma análise, constatei que o bebê mantinha
pulso e frequência cardíaca ativa, porém, não respondia a estímulos. A situa-
ção era muito grave. Abri a boca, fiz uma varredura para ver se encontrava o
objeto que estava obstruindo as vias aéreas, mas não obtive êxito. A tia que
acompanhava a mãe afirmou que a criança teve febre e, após virar os olhos,
vomitou. Então, entendi que se tratava de um quadro de convulsão e o bebê
havia aspirado a secreção”, relatou.

A intervenção que salvaria a vida do bebê inicia a partir de agora. Dr.


Leandro solicitou ao representante comercial, Erci Carlos dos Reis, de Lon-
drina, a quem estava atendendo, que o auxiliasse fazendo ventilação boca a
boca. A atendente da Farmácia acionou o Serviço de Atendimento Móvel de
Urgência (SAMU), solicitando urgentemente uma ambulância para a remoção.
“Comecei, então, a massagem torácica com o intuito de expulsar as secre-
ções e incentivar os pulmões a expandirem. Foram longos cinco minutos sem
resultado. Pedi, então, ao Erci, que sugasse o ar com força, trancando o nariz
da criança, ao invés de soprar. Imediatamente, saiu um bom volume de secre-
ções e o pulmão expandiu”, conta o Dr. Leandro, emocionado.

O pequeno bebê retomou a frequência respiratória e respondeu aos


estímulos, então, o Dr. Leandro constatou que os sinais vitais ficaram estáveis.
Com a chegada do SAMU, houve a remoção até o hospital.

Ao final, tudo deu certo. Um dia incomum fechou com chave de ouro,
com um ato de coragem, bravura, preparo e fé. O Farmacêutico (sim, com
F maiúsculo) tomou à frente da situação e orquestrou toda a manobra que
evitou uma tragédia que marcaria para sempre a vida de todos os envolvidos.

133
Dr. Leandro Bonifácio da Silva é farmacêutico pela Faculdade Dom
Bosco – Cornélio Procópio, possui pós-graduação em Farmácia Clínica e
Prescrição Farmacêutica. É casado com Fernanda Moreira Dantas, também
farmacêutica, pai de dois filhos, Ana Carolina e Matheus, de 12 e 10 anos. Co-
meçou muito jovem a trabalhar. Aos 12 anos, foi atendente de Farmácia e
trabalhava meio período para poder se dedicar aos estudos. Aos 18 anos, ini-
ciou um curso técnico de enfermagem. Após a conclusão, atuou alguns anos
em um hospital na cidade de Nova Fátima/PR, foi representante comercial e,
após, adquiriu uma pequena Farmácia em Ribeirão do Pinhal, onde reside. Os
negócios prosperaram e, ao longo de 10 anos, após a aquisição da primeira
Farmácia, abriu mais três e uma com manipulação.

“Acredito muito na valorização do farmacêutico em todas as suas áre-


as de atuação. Como profissional do medicamento, para atuar na Farmácia
Comunitária, é indispensável a busca pela informação e atualização constan-
te do vasto campo da farmacologia, porém, percebo que uma base sólida na
área clínica é extremamente importante para o acompanhamento farmaco-
terapêutico e para habilitar o profissional para enfrentar situações como essa
que aconteceu dentro da minha Farmácia. Depois de tudo isso que ocorreu,
me dei conta do quanto que precisamos estar preparados para toda e qual-
quer situação. Nunca sabemos quando precisaremos usar os conhecimentos
para salvar uma vida. Também quero buscar mais conhecimentos para agir da
melhor forma possível. Me sinto honrado em ser farmacêutico e amo minha
profissão!”, destacou.

O CRF-PR evidencia casos como o do Dr. Leandro para mostrar à po-


pulação a importância de um farmacêutico preparado e devidamente habili-
tado em todas as Farmácias do Paraná. Um profissional da saúde capacitado
está pronto para lidar com situações de emergência, realizar manobras ne-
cessárias e encaminhar o paciente para o melhor atendimento possível. Com
um trabalho multidisciplinar, envolvendo todas as áreas da saúde, a popula-
ção fica amparada com segurança, qualidade e eficiência.

FONTE: <https://crf-pr.org.br/noticia/visualizar/8364>. Acesso em: 27 abr. 2022.

134
RESUMO DO TÓPICO 3

Neste tópico, você adquiriu certos aprendizados, como:

• Medicamento é o principal agente tóxico que causa intoxicação em seres huma-


nos no Brasil, ocupando o primeiro lugar nas estatísticas do SINITOX desde 1994.

• Diversos tipos de medicamentos podem causar intoxicação se não forem toma-


dos corretamente.

• Cada tipo de medicamento possui sintomas e tratamentos específicos em caso


de intoxicação.

• Intoxicação é a manifestação, através de sinais e sintomas, dos efeitos nocivos


produzidos em um organismo vivo como resultado da sua interação com alguma
substância química (exógena).

• Praticamente qualquer substância ingerida em grande quantidade pode ser tóxica.

• A intoxicação alimentar é uma doença súbita que pode ocorrer depois da inges-
tão de alimento ou água contaminada.

• Nos envenenamentos, de uma maneira geral, a descontaminação da vítima é um


procedimento que será sempre indicado. A forma de executar essa prática varia
de acordo com a via de exposição ao agente.

• A hipotermia ocorre quando a temperatura normal do corpo, que é de 37 ºC


(98.6F) desce para menos de 35 ºC (95 ºF).

135
AUTOATIVIDADE

1 Muitas pessoas que têm remédios em casa se automedicam e acabam se


intoxicando. Outra situação que pode ocorrer é o abuso de medicamentos, a
mistura com etanol e a tentativa de suicídio. Assinale a alternativa CORRETA
que traz alguns medicamentos que podem comumente causar intoxicação.

a) Remédios homeopáticos.
b) Benzodiazepínicos e antidepressivos.
c) Pastilhas para dor de garganta.
d) Antibióticos.

2 A intoxicação por gases também pode ocorrer de forma acidental ou propo-


sital e, geralmente, ocorre pela inalação de monóxido de carbono. Assinale a
alternativa CORRETA que traz o nome da célula que é afetada pelo monóxido
de carbono.

a) Neutrófilo.
b) Linfócito.
c) Mastócito.
d) Hemácea.

3 A hipotermia é muitas vezes provocada pela exposição prolongada à chuva,


ao vento, à neve ou à imersão em água fria. Durante uma exposição por longo
período ao frio, o mecanismo de defesa do organismo tenta evitar a conti-
nuação da perda de calor. A partir de qual temperatura é considerado que a
pessoa tem hipotermia? Assinale a alternativa CORRETA:

a) 36 °C.
b) 40 °C.
c) 35 °C.
d) 33 °C.

4 Intoxicação alimentar, ou gastrointestinal (gastroenterocolite aguda), é um


problema de saúde causado pela ingestão de água ou alimentos contamina-
dos por bactérias. Descreva uma conduta adequada para alguém que chega
com sintomas de intoxicação alimentar na farmácia.
R.:

5 Existem muitos medicamentos que causam intoxicação se forem mal-utili-


zados. Até mesmo os descongestionantes, que são de livre comércio, podem
causar malefícios. Diferencie um descongestionante nasal de um sistêmico.
R.:

136
REFERÊNCIAS

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