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SUMÁRIO

GESTÃO DE PROCESSOS..............................................................................................4
GESTÃO DE PROCESSOS RELATIVOS AO SERVIÇO DE ATENÇÃO À SAÚDE .4
SERVIÇOS DE CONSULTAS DE URGÊNCIA E TRIAGEM – SCUT ........................4
AMBULATÓRIO..............................................................................................................5
HOSPITAL DIA ................................................................................................................5
INTERNAÇÃO .................................................................................................................6
CENTRO CIRÚRGICO ....................................................................................................7
ENDOSCOPIA ..................................................................................................................8
GESTÃO DE PROCESSOS DE APOIO ..........................................................................8
GESTÃO DOS PROCESSOS RELATIVOS AOS FORNECEDORES ........................10
GESTÃO FINANCEIRA ................................................................................................11
AUDITORIA ...................................................................................................................13
HISTÓRICO DA AUDITORIA NO BRASIL ................................................................13
REGIMENTOS DAS CONTAS MÉDICAS ..................................................................16
AUDITORIA MÉDICA ..................................................................................................19
AUDITORIA DE ENFERMAGEM ................................................................................27
HIGIENE E SEGURANÇA NO TRABALHO ..............................................................37
HIGIENE X SEGURANÇA NO TRABALHO ..............................................................38
ACIDENTES DE TRABALHO ......................................................................................38
PREVENÇÃO DE ACIDENTES....................................................................................39
NORMA REGULAMENTADORA ...............................................................................40
EQUIPAMENTO DE PROTEÇÃO INDIVIDUAL .......................................................40
COMISSÃO INTERNA DE PREVENÇÃO DE ACIDENTES .....................................40
INSTALAÇÕES NO AMBIENTE HOSPITALAR .......................................................41
SEGURANÇA NO AMBIENTE HOSPITALAR ..........................................................44
ASPECTOS LEGAIS ......................................................................................................48
O SESMT e a CIPA .........................................................................................................49
RISCOS QUÍMICOS NO AMBIENTE HOSPITALAR ................................................62
RISCOS BIOLÓGICOS NO AMBIENTE HOSPITALAR ............................................68
RISCOS MECÂNICOS ...................................................................................................71
O USO DA ELETRICIDADE NO AMBIENTE HOSPITALAR ..................................71
CRIOGENIA ...................................................................................................................78
Sistemas de Redução de Pressão e Distribuição de Gases Medicinais............................78
PLANOS DE EMERGÊNCIA NO AMBIENTE HOSPITALAR ..................................80
PROTEÇÃO CONTRA RAIOS-X E RAIOS GAMA ....................................................85
CONTROLE DO TEMPO DE EXPOSIÇÃO E DISTÂNCIA DE IRRADIAÇÃO ......86
BLINDAGEM .................................................................................................................86
LIMPEZA ........................................................................................................................88
DESINFECÇÃO..............................................................................................................88
ESTERILIZAÇÃO ..........................................................................................................90
PROCEDIMENTOS DE MANUTENÇÃO FRENTE AO CONTROLE DE INFECÇÃO
HOSPITALAR ................................................................................................................90
PROCESSOS DE ESTERILIZAÇÃO ............................................................................95
ESTERILIZAÇÃO POR CALOR SECO .......................................................................95
ESTERILIZAÇÃO PELO CALOR ÚMIDO ..................................................................96
ESTERILIZAÇÃO POR AGENTES QUÍMICOS .........................................................97
ESTERILIZAÇÃO A ÓXIDO DE ETILENO E SUAS MISTURAS ............................98
OZÔNIO ........................................................................................................................100
ESTERILIZAÇÃO POR RADIAÇÕES IONIZANTES ...............................................100
Raios Gama ...................................................................................................................100
Teste biológico ..............................................................................................................101
Teste químico ................................................................................................................102
GESTÃO DE RESÍDUOS DE SERVIÇOS DE SAÚDE .............................................105
TÉCNICAS DE GERENCIAMENTO ..........................................................................106
MÉTODOS PARA MINIMIZAÇÃO DE ALGUNS RESÍDUOS PERIGOSOS ........107
SEGREGAÇÃO ............................................................................................................108
REUSO ..........................................................................................................................109
RECUPERAÇÃO ..........................................................................................................109
COLETA DE RESÍDUOS SÓLIDOS DE SERVIÇOS DE SAÚDE ...........................110
NORMATIZAÇÕES .....................................................................................................112
LICENCIAMENTO AMBIENTAL ..............................................................................112
QUALIDADE E CONTROLE DE INFECÇÃO...........................................................118
MEDIDAS DE CONTROLE DO TERRORISMO BIOLÓGICO ................................120
ORGANIZAÇÃO DE CONTROLE DE INFECÇÃO HOSPITALAR ........................123
VIGILÂNCIA EPIDEMIOLÓGICA.............................................................................131
SISTEMA ÚNICO DE SAÚDE ....................................................................................140
COMPOSIÇÃO DOS CONSELHOS ...........................................................................145
REFERÊNCIAS ............................................................................................................147
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GESTÃO DE PROCESSOS

GESTÃO DE PROCESSOS RELATIVOS AO SERVIÇO DE ATENÇÃO À


SAÚDE

A identificação dos novos produtos e serviços é realizada a partir das necessidades


dos clientes, com reuniões sistemáticas com o Comitê Comunitário e grupos de pais na
internação e ambulatório. Para atender às necessidades específicas de diferentes áreas, a
instituição desenvolve projetos que abrangem os anseios dos pacientes.

SERVIÇOS DE CONSULTAS DE URGÊNCIA E TRIAGEM – SCUT

Esta área compreende o prontoatendimento, área de observação e leitos de


internação, sendo de grande importância o registro dos dados em prontuário, pois algumas
instituições de saúde utilizam o sistema de prontuário eletrônico, com a informatização
da triagem e prontoatendimento, no qual as fichas de atendimento e solicitações de
exames radiográficos são preenchidas on-line e a prescrição médica e registro da
administração do medicamento são realizados eletronicamente.
Deve-se efetuar um acompanhamento organizacional dos fatores que contribuem
para a realização do Serviço de Consultas de Urgência e Triagem - SCUT, conforme os
princípios do SUS.

Os fatores são:

# PRINCIPAIS PROCESSOS
➢ Pronto-socorro;
➢ Ambulatório;
➢ Internação;
➢ Hospital-dia;

# PRINCIPAIS INDICADORES
➢ Tempo de espera no Prontoatendimento;
➢ Tempo de espera na Triagem;
➢ Números de atendimentos;
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➢ Média de permanência;
➢ Média de paciente-dia;
➢ Taxa de ocupação Hospitalar;
➢ Taxa de mortalidade hospitalar;
➢ Índice de intervalo de substituição;
➢ Índice de renovação ou rotatividade;
➢ Número de atendimento de enfermagem;
➢ A elaboração de novos projetos alinhados às diretrizes institucionais;
➢ A classificação de gravidade por score ou pontuação de sinais, sintomas e
doença de base do paciente.

Em todas as áreas é aplicada a Sistematização da Assistência de Enfermagem, que


engloba o Histórico do Paciente (Exame Físico), Diagnósticos de Enfermagem,
Prescrição de Enfermagem, Evolução de Enfermagem e Avaliação. A equipe de
enfermagem presta assistência integral aos pacientes, desde a sua entrada no
Prontoatendimento até a alta hospitalar ou transferência para as unidades de internação.

AMBULATÓRIO

Unidade destinada à prestação de assistência em regime de não internação à


população que demande acesso de pacientes, qualquer que seja o seu nível de
complexidade. Na recepção do ambulatório utiliza-se um programa informatizado para o
registro de todos os pacientes que aderem à instituição, seja para utilização ambulatorial
(consultas médicas) ou realização de exames ou consultas.
A planta física é composta por: recepção, salas de atendimento multidisciplinar,
consultórios para consultas, posto de enfermagem com leito de observação,
administração, sala de espera, DML, Raio-X, sala de gesso, copa e banheiros.

HOSPITAL DIA

O Hospital Dia ou "serviços de internação parcial" é utilizado para atendimento


de curta permanência do paciente em uma unidade. É um recurso intermediário
empregado entre a internação e o atendimento ambulatorial, para a realização de
procedimentos clínicos, cirúrgicos, diagnósticos e terapêuticos que requeiram a
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permanência do paciente na unidade por um período máximo de 12 horas.


O atendimento também se destina a pacientes psiquiátricos que estão sendo
reintegrados ao convívio social, sendo intensivo, ou seja o paciente frequenta a unidade
hospitalar durante o período diurno, passando o restante do dia com a família e a
comunidade onde reside.

INTERNAÇÃO

O ato de internação é um procedimento complexo que deve receber toda


atenção e cuidados devidos. É importante esclarecer ao paciente que ele, de forma
alguma, está sendo “colocado”, “largado” ou “trancado” em um hospital e, sim, que está
iniciando um tratamento de grande valia para sua vida e de seus entes queridos.
Há três tipos de internações:
➢ Voluntárias: Para aqueles que aceitam a internação ou entendem que
necessitam de ajuda;
➢ Involuntárias: Para aqueles que necessitam da internação, porém não a
aceitam, mas a pedido da família ou responsável legal são encaminhados à instituição
visando à preservação da integridade física ou moral do paciente ou de seus familiares;
➢ Compulsórias – Por ordem judicial.

O setor de internação funciona 24 horas e tem vários protocolos e procedimentos


a seguir, pois cada instituição possui suas exigências. Primeiramente, todo o paciente que
for fazer sua internação junto ao hospital deverá levar consigo um pedido do médico para
sua internação (solicitação de internação do médico assistente) para, a partir daí, as
pessoas que trabalham no setor o encaminharem à internação.
Cada convênio possui algumas exigências mínimas para a internação, como:

# Internação – Sistema Único de Saúde (SUS)


➢ Documento com foto (identidade);
➢ Cartão SUS (que é retirado na Secretaria de Saúde);
➢ Acomodação: Enfermaria;
➢ Seguir normas determinadas pelo SUS para visitas, acompanhantes, etc.
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# Internação – Convênios
➢ Documento com foto (identidade);
➢ Cartão ou carteira do convênio;
➢ Certificar-se de que já possui direito à internação pelo seu convênio e que
esteja devidamente autorizada;
➢ Acomodação: definida pelo convênio com o paciente.

# Internação Particular
➢ Documento com foto (identidade), CPF;
➢ Acomodação: à escolha do paciente;
➢ Dados como data de nascimento, nome do pai, nome da mãe, estado civil,
nome do cônjuge, endereço completo e telefone para contato são imprescindíveis para
todos os casos, sendo que toda a vez que o paciente for internar e não possuir esses dados
poderá dificultar a internação e, por vezes, a mesma poderá não ocorrer por falta de dados;
➢ A ação de internar demora aproximadamente 15 minutos, pois todas estas
informações são repassadas para o sistema do hospital, que são importantes
principalmente ao médico assistente e a todos os outros setores do hospital, como
enfermagem, farmácia, nutrição, laboratório, Raio-X, bloco cirúrgico, fisioterapia,
psicologia, assistência social, setor de tesouraria, faturamento.

CENTRO CIRÚRGICO

O centro cirúrgico é um setor do hospital onde se realizam intervenções cirúrgicas,


visando atender à resolução de intercorrências cirúrgicas, por meio da ação de uma equipe
integrada, com técnicas estéreis para garantir a segurança do cliente quanto ao controle
de infecção.
Classificado como um local restrito e de acesso limitado, divide-se em:

➢ Área Irrestrita - os profissionais podem circular livremente por estas


áreas com roupas próprias (secretaria, vestiário e corredor de entrada).

➢ Área Semirrestrita – aquela que permite a circulação de pessoal, de modo


a não intervir nas rotinas de controle e manutenção da assepsia da área restrita (expurgo,
sala de estar e sala de preparo de material).
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➢ Área Restrita - além da roupa própria do centro cirúrgico devem ser


usadas máscaras e gorros, conforme normas da unidade, e as técnicas assépticas devem
ser utilizadas de maneira rigorosa, a fim de diminuir os riscos de infecção (salas de
cirurgias, lavabos, sala de recuperação pós-anestésica, sala de depósito e corredor
interno).

ENDOSCOPIA

Setor que realiza exames de endoscopia, colonoscopia e CPRE. A Endoscopia


Digestiva consiste num método de investigação de doenças do esôfago, estômago e
intestinos por meio de tubos flexíveis introduzidos pela cavidade oral ou anal,
denominada como alta e baixa.
O exame de Endoscopia Digestiva Alta (EDA) é um procedimento que permite o
médico examinar a porção alta do sistema digestivo com a introdução do endoscópio por
via oral, que inclui a visualização do esôfago, o estômago e o duodeno (que é a primeira
parte do intestino delgado), usado para diagnósticos de gastrite, úlcera péptica, esofagite,
hérnia de hiato, câncer gástrico, etc.
O exame de Endoscopia Digestiva Baixa é o mesmo que Colonoscopia, ou seja, o
endoscópio é introduzido pelo ânus e visualiza o seu intestino grosso, usado para
identificar pólipos, doença inflamatória intestinal, lesão maligna, como um câncer,
divertículos, etc.
A colangiopancreatografia retrógrada endoscópica (CPRE ou CPER) é um exame
de parte do sistema digestivo que inclui a vesícula biliar, o pâncreas e os canais que
drenam estes órgãos, bem como o fígado; o pequeno canal da vesícula (ducto cístico) se
junta ao ducto que sai do fígado (ducto hepático), confluindo num ducto maior (o
colédoco), o qual drena para o intestino delgado (duodeno - 2a porção) por meio de um
orifício, a ampola de Vater.
Todos estes ductos são observados, radiologicamente, após introdução de um
produto de contraste através da papila de Vater, canulada com um endoscópio de visão
lateral, chamado duodenoscópio.

GESTÃO DE PROCESSOS DE APOIO


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Um dos processos de apoio é o controle de higiene e limpeza, em que o


gerenciamento é realizado de forma conjunta com o prestador de serviço por meio de
“check list” e indicadores de desempenho. A higiene e a ordem são elementos que
concorrem decisivamente para a sensação de bem-estar, segurança e conforto dos
profissionais, pacientes e familiares. O serviço de limpeza hospitalar tem particular
importância no controle das infecções, por garantir a limpeza e desinfecção de áreas
hospitalares.
A CME é uma unidade de apoio técnico dentro do estabelecimento de saúde
destinada a receber material considerado sujo e contaminado, descontaminá-lo, prepará-
lo e esterilizá-lo, bem como, preparar e esterilizar as roupas limpas oriundas da lavanderia
e armazenar esses artigos para futura distribuição.
O Serviço de Diagnóstico por Imagem proporciona e integra imagens radiológicas
provenientes da radiologia convencional e digital; exames contratados radiológicos;
tomografia e ressonância computadorizada; mamografia convencional e digital e
densiometria óssea; podendo ser realizado o controle sistemático da quantidade de perdas
de filmes de Raio-X, classificando-os por erros de técnica, posicionamento ou não
classificados (problemas na revelação).
A Nutrição é responsável por todo serviço de alimentação no hospital. O controle
pode ser feito por uma supervisão e utilização de um check-list, que engloba avaliação e
ações corretivas, seguidas de orientações e reuniões com os interessados. Os processos
de apoio são desenvolvidos a partir da necessidade das áreas assistenciais e de pesquisa e
ensino, estimuladas pela constante necessidade de atualização e modernização das
mesmas. O gerenciamento dos processos de apoio ampara-se em indicadores de
desempenho para verificar o atendimento de requisitos preestabelecidos pelas áreas.
Os principais indicadores utilizados para avaliação dos processos de apoio são:

# ÁREA
➢ Governança;
➢ Diagnóstico;
➢ Farmácia;
➢ Apoio didático;
➢ Laboratório;
➢ Nutrição.
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# PRINCIPAIS INDICADORES:
➢ Produtividade das camareiras (arrumação de camas);
➢ Pesquisa de opinião;
➢ Avaliação da qualidade do serviço da camareira por meio de abastecimento
de enxoval hospitalar para o centro de custo;
➢ Quilos de roupa suja enviada / limpa recebidas;
➢ Força de trabalho e carga horária;
➢ Qualidade do serviço prestado;
➢ Porcentagem de perda de filme de Raio-X;
➢ Distribuição de erros na utilização de filmes de Raio-X;
➢ Índice de exames de diagnóstico por imagem por paciente;
➢ Aquisição de medicamentos;
➢ Índice de erros no fracionamento de doses unitárias;
➢ Índice de faltas de medicamentos;
➢ Horas utilizadas x capacidade para otimização do uso das salas de aula;
➢ Número de utilizações por centro de custo;
➢ Programa Nacional de Qualidade dos Exames – PNCQ;
➢ Índice de exames laboratoriais por paciente;
➢ Absenteísmo;
➢ Produtividade;
➢ Qualidade Microbiológica;
➢ Custo;
➢ Índice de extravio.

A Gestão de Apoio de Processos envolve o monitoramento das finanças e do


faturamento e outros, de caráter operacional, o gerenciamento da rotina.

GESTÃO DOS PROCESSOS RELATIVOS AOS FORNECEDORES

A instituição adota os critérios de compra estabelecidos pelo hospital, que segue


a Lei de Licitações nos Hospitais Públicos antes do fechamento de contrato com os
fornecedores. Porém, os hospitais privados recebem os representantes comerciais que
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apresentam os produtos à instituição e, sendo aceito, efetua-se os contratos.


O processo de compra nos hospitais públicos ocorre por duas vias: pelo Estado e
Fundações de apoio. Pelo Estado segue a Lei 8.666, de 21/06/1993, que estabelece as
normas gerais sobre licitações para compra de produtos, contratos de serviços e obras.
As modalidades de licitações são efetuadas por convites, tomada de preço,
concorrência, registro de preço, BEC (bolsa eletrônica) e pregão, por meio de publicação
no Diário Oficial do Estado (D.O.E.) e jornais de grande circulação. As empresas que
participam das licitações devem apresentar documentos necessários à comprovação da
capacidade jurídica e regularidade fiscal da empresa.

# PRODUTOS
➢ Medicamentos;
➢ Materiais médico hospitalares;
➢ Órtese e próteses;
➢ Reagentes;
➢ Alimentos.

# EXIGÊNCIAS PARA CONTRATAÇÃO


➢ Certificado de Boas Práticas de Fabricação;
➢ Alvará da Vigilância Sanitária;
➢ Inscrição no Conselho Regional de Farmácia;
➢ Autorização de Funcionamento emitido pela Vigilância Sanitária;
➢ Laudo Analítico de Órtese e Prótese;
➢ Registro no Ministério da Saúde;
➢ Laudo Técnico do Produto;
➢ Registro no Ministério da Saúde;
➢ Registro Dinal;
➢ Registro Portaria 326: Serviço de Vigilância Sanitária do Ministério da
Saúde;
➢ Registro na Secretaria Estadual da Saúde.

GESTÃO FINANCEIRA
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O planejamento orçamentário é uma ferramenta utilizada na gestão financeira


hospitalar. Sua elaboração é feita pelo Grupo de Planejamento Orçamentário (GPO), de
acordo com as metas e as premissas determinadas pela Alta Direção, com participação
das unidades executoras e, sua utilização, como sustentação das estratégias e dos planos
de operação. Seguem as diversas fontes de recursos, com informações sobre como são
repassadas e a forma de sua aplicação:

# GOVERNAMENTAL
− Orçamento do Estado de São Paulo – dotação Hospital Públicos;
− Fundo Nacional de Saúde do Ministério da Saúde – contempla projetos
dentro das linhas programáticas do Ministério da Saúde. Os recursos são creditados nas
fundações, com destinação específica e data limite para prestação de contas;
− Secretaria de Estado da Saúde – contempla projetos específicos. Os recursos
são creditados nas fundações, com destinação específica e data limite para prestação de
contas.

# PRESTAÇÃO DE SERVIÇOS
➢ Receitas operacionais de serviços médico-hospitalares prestados a
diferentes clientes;
➢ Sistema Único de Saúde – SUS – recursos do Ministério da Saúde;
➢ Plano de Saúde – contratos firmados com diferentes operadoras de planos.
➢ Particulares;
➢ Doações e recursos de ensino e pesquisa.

Para a elaboração do orçamento de receita, consideram-se duas fontes principais:


➢ Orçamento do Estado – dotação orçamentária do Hospital Público.
➢ Receitas operacionais advindas de serviços médicos prestados a diferentes
clientes - recursos administrados pelas fundações.
Para a elaboração do orçamento de custeio, considera-se a seguinte composição
dos grupos de despesas: recursos humanos, benefícios, material de consumo e serviços
de terceiros/despesas diversas. O controle e acompanhamento orçamentário são
realizados mensalmente (orçado X realizado) e administrados em vários níveis.
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AUDITORIA

AUDITORIA NOS SERVIÇOS DE SAÚDE ASPECTOS GERAIS

O programa de saúde do Brasil tem, ao longo dos anos, em seu modelo e política
de ação, sofrido uma série de modificações desde a década de 60, com a unificação dos
institutos e das caixas de pensões, assistências e benefícios. Este novo modelo criado não
tinha capacitação de atender o universo populacional a que se destinava. Diante deste
fato, o governo passou a comprar serviços na área da saúde, sendo este o grande passo
para o surgimento de todo um mecanismo controlador e ordenador da receita e despesa
destinado a levar a todos o direito à saúde.
A partir de então, para atender a tal necessidade, foram criados grupos de médicos
fiscais, hoje conhecidos como auditores, com atuação mais orientadora do que repressora.
Atualmente a auditoria médica possui um alto grau de especificidade imposta pelo
mercado, que a define como uma especialidade reconhecida pelas entidades médicas de
classe (Conselho Federal de Medicina e a Associação Médica Brasileira), sendo citada no
Código de Ética Médica, com capítulos orientando, controlando, ordenando e atribuindo
direitos e deveres para o médico em atividade na área de Auditoria Médico-Pericial.
É notário, portanto, que esta atividade profissional, a cada dia, vem ocupando
lugar de destaque no mercado de trabalho e na manutenção da viabilidade financeira dos
planos de saúde privados e, também, do próprio Sistema Único de Saúde.

HISTÓRICO DA AUDITORIA NO BRASIL


Até agosto de 1960 a política de saúde do país estava a cargo das caixas de
assistência e benefícios de saúde, que atendiam seus associados e dependentes agrupadas
de acordo com a categoria profissional a que pertencia o trabalhador. Muitos ainda se
lembram dos Institutos IAPI, IAPTEC, IPASE, IAA, IAPB, etc. Com a unificação dos
institutos, para atender a demanda no campo da saúde, dois fatos novos surgiram: o
primeiro, ligado à necessidade da compra de serviços de terceiros, e o segundo, afeto à
importância do atendimento à clientela, de maneira individualizada, por classe social e
pelo direito de escolha do atendimento.
A terceirização dos serviços de saúde levou o Governo, como órgão comprador, a
adotar medidas analisadoras, controladoras e corregedoras, prevenindo o desperdiço, a
cobrança indevida e a manutenção da qualidade dos serviços oferecidos.
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Para garantir o programa proposto e a integridade do sistema em funcionamento,


tornou-se necessária a criação de um quadro de pessoal habilitado em auditoria médica,
surgindo, assim, o corpo funcional de auditores da previdência social. A evolução da
medicina e as imposições sociais levaram a profundas alterações no sistema de saúde do
país para atender a crescente demanda do mercado, significava os planos de medicina de
grupo, e, com estas, a maior necessidade de adequação dos serviços para acompanhar a
revolução Médica Social.
Hoje os planos e seguro de saúde são os responsáveis por quase toda assistência à
saúde do país, sendo importante para a manutenção do equilíbrio do sistema uma equipe
multiprofissional de auditoria e análise dos serviços realizados, tanto em ambulatório
como em regime de internação hospitalar, seja em caráter eletivo, ou seja, em caráter de
urgência/emergência.
Os profissionais da área de saúde, médicos, enfermeiros, assistentes sociais e
técnicos administrativos, agrupados em equipe, têm o papel fundamental no sistema e na
política de saúde do país.

Conceito

É uma atividade profissional da área médica e de enfermagem que analisa,


controla e autoriza os procedimentos médicos para fins de diagnose e condutas
terapêuticas, propostas e/ou realizadas, respeitando-se a autonomia profissional e
preceitos éticos, que ditam as ações e relações humanas e sociais. Consiste na conferência
da conta ou procedimento, pelo auditor médico ou enfermeiro, analisando o documento
no sentido de corrigir falhas ou perdas, objetivando a elevação dos padrões técnicos e
administrativos, bem como a melhoria das condições hospitalares e um melhor
atendimento à população.
Os objetivos da Auditoria são plenamente reconhecidos pela legislação e pelos
Códigos de Ética da área de saúde, portanto a equipe de auditoria deve estar atenta aos
seus limites, que são definidos nos respectivos Códigos de Ética, tanto médico como de
enfermagem.
O auditor deve decidir sempre com respaldo técnico e científico, honestidade e
responsabilidade. O auditor ideal deve ser constituído de: 25% de discrição, 25% de ética,
25% de equilíbrio profissional e 25% de conhecimento, totalizando 100% de bom-senso.
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Objetivos

O auditor não tem função de fiscal e sim de orientador, pacificador, agente de


mudança, de efetividade, de economicidade e eficiência. A Auditoria em Serviços de
Saúde tem como objetivo básico, conhecendo os contratos estabelecidos entre as partes,
a exigência do fiel cumprimento do que foi acordado, e assim:

a) Fazer respeitar o estabelecido em contrato entre as partes envolvidas, ou


seja: Usuário X Plano de Saúde X Prestadores de Serviços, ou seja, usuário x legislação;
b) Manter o equilíbrio do sistema, possibilitando a todos o direito à saúde;
c) Garantir a qualidade pelos serviços de saúde oferecidos e prestados;
d) Fazer cumprir os preceitos legais ditados pela legislação pátria ou pela
ética médica e de defesa do consumidor;
e) Atuar desenvolvendo seu papel nas fases de: Pré-Auditoria, Auditoria
Operativa, Auditoria Analítica e Auditoria Mista;
f) Revisar, avaliar e apresentar subsídios, visando o aperfeiçoamento dos
procedimentos administrativos, controles internos, normas, regulamentos e relações
contratuais;
g) Promover o andamento justo, adequado e harmonioso dos serviços
médicos e hospitalares pelos credenciados;
h) Avaliar o desempenho médico, com relação aos aspectos éticos, técnicos
e administrativos, da qualidade, eficiência e eficácia das ações de proteção e atenção à
saúde;
i) Promover o processo educativo com vistas à melhoria da qualidade do
atendimento, a um custo compatível com os recursos financeiros disponíveis, e pelo justo
valor do serviço prestado;
j) Participar do credenciamento/contratação de serviços ou de profissionais,
pois nesse momento deve-se atentar para detalhes como: normas claras, o contrato deve
ser completo, claro e não deixar dúvidas quanto aos serviços credenciados, preços,
tabelas, apresentação e cronograma de encaminhamento das contas.

Classificação

➢ Quanto à Amplitude: Global / Específica


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➢ Quanto ao Gênero: Técnica / Administrativa


➢ Quanto à Função: Liberatória / Ordenadora/ Analisadora / Fiscalizadora
➢ Quanto ao Tipo: Pré-Auditoria / Operativa?Analítica/Mista
➢ Quanto à espécie: Educativa / Orientadora
Conclusão
Nos planos e seguros de saúde o médico atua como orientador (interpretando
normas acordadas nos contratos), ordenador (conhecendo os direitos e deveres para
autorização de procedimentos a serem realizados), fiscalizador (verificando a finalidade
e a indicação dos procedimentos), controlador (evitando desperdício e mantendo a
qualidade da assistência, como também respeitando os direitos do paciente).
Existem outras colocações para a atuação da Auditoria Médica, classificando- a
como Preventiva, Corretiva e Gerencial, porém, exercendo sempre a mesma função de
perícia operacional e avaliação do Serviço de Saúde. A Lei Nº 9.656/98 regulamenta os
planos, seguros de saúde e resoluções que dispõem sobre serviços no plano ambulatorial
e hospitalar.
Na análise de contas médicas, a atuação da Auditoria está voltada para a
verificação de códigos solicitados, autorizados ou não, corrigindo eventuais distorções,
evitando cobrança incorreta e a consequente glosa.
O auditor tem como atribuição subsidiar os setores de análise com informações
relevantes para o correto pagamento das contas, além de ser um elemento de ligação entre
os usuários e a empresa patrocinadora do evento, agilizando a parte técnica e dando
suporte administrativo.
A auditoria em seus diversos níveis de atuação deve considerar a elevação dos
padrões técnicos e a melhoria das condições hospitalares. O auditor em qualquer área de
atuação contribui para a empresa pública ou privada, no sentido de promover e manter a
saúde do usuário.
No Exército Brasileiro, mais precisamente no seu Serviço de Saúde, percebe- se
não existir uma concepção de Auditoria Profissional, pela falta de formação técnica dos
membros das Comissões de Lisura, fato este que, se corrigido, certamente possibilitará
uma racionalização de custos e uma otimização do emprego de recursos, com reflexos na
credibilidade do serviço prestado aos usuários do sistema.
REGIMENTOS DAS CONTAS MÉDICAS

A Auditoria em Serviços de Saúde constitui-se, atualmente, em atividade de


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grande importância para as Instituições de Saúde, tanto no controle interno de suas


atividades, quanto dos serviços contratados de terceiros. Diante das adversidades
conjunturais de ordem econômico-financeira pelas quais o país vem passando nesses
últimos anos, com reflexo negativo para o setor de saúde, avultam as ações de controle
de custos hospitalares.
Sendo de grande importância a criação da Comissão de Lisura de Contas Médicas
e o Serviço de Auditoria Médica no âmbito hospitalar, com a finalidade de realizar a lisura
das contas médicas provenientes desses órgãos contratados/credenciados.

Objetivo

Visa coibir distorções na conta hospitalar e/ou faturas de PSA, por intermédio de
procedimentos e condutas do auditor médico ou enfermeiro, tanto na auditoria prévia
quanto de análise de contas médicas, objetivando a elevação dos padrões técnicos,
administrativos, bem como a melhoria das condições hospitalares.

Disposições Gerais

Composição

A Comissão de Lisura de Contas Médicas deve ser constituída por: médicos,


enfermeiro e enfermeira civil, todos com experiência em auditoria em serviços de saúde.

Competência

São atribuições da Comissão de Lisura de Contas Médicas:


➢ Registrar em livro próprio o recebimento das faturas ambulatoriais e
hospitalares provenientes das OCS e PSA contratadas/credenciadas, com o devido valor
constante da conta;
➢ Carimbar, datar e assinar o espelho da fatura recebida;
➢ Preencher a capa individualizada da fatura, com itens de identificação, tipo
e valor da conta;
➢ Preencher em formulário próprio e codificado, conforme tabela AMB,
quando for o caso, todo e qualquer encaminhamento para OCS ou PSA, após justificativa
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por escrito de médico militar e aprovação pela Comissão de Comprovação de Urgências;


➢ Realizar controle diário dos usuários baixados em OCS (Organismos
Certificadores), alertando a seção responsável para as internações com mais de 30 dias,
para a devida cobrança da conta hospitalar;
➢ Corrigir as distorções verificadas, enviando a fatura para o faturista, para
o cálculo final da conta;
➢ Fechar a conta, preenchendo todos os dados da capa da fatura,
especificando o valor e o tipo de glosa realizado;
➢ Entregar, mediante recibo, à OCS/PSA o relatório referente à fatura
auditada, para ciência da devida Conformidade ou Não Conformidade, tendo o
interessado prazo de 60 (sessenta) dias para recurso;
➢ Encaminhar as faturas lisuradas para o subdiretor carimbar e dar o visto;
➢ Visitar diariamente os usuários baixados em OCS, a fim de avaliar a
qualidade dos serviços prestados e sanar eventuais problemas técnico- administrativos
existentes;
➢ Negociar pacotes com as OCS e os PSA, com o intuito de reduzir os custos
sem comprometer a qualidade dos serviços prestados;
➢ Elaborar relatório mensal, com dados estatísticos de todo o trabalho
realizado pelo Serviço de Auditoria de Contas;
➢ Exigir que as OCS e os PSA solicitem autorização prévia para realizar
procedimentos de alto custo em pacientes internados, assim como o envio de nota fiscal
anexa à fatura, no momento da cobrança.

Conclusão

A implantação da Comissão de Lisura de Contas Médicas deve ter objetivo de


ofertar grandes benefícios para o Hospital, tais como:
1- Redução nos custos hospitalares com OCS/PSA;
2- Otimização dos recursos financeiros (uso adequado dos recursos);
3- Melhoria dos processos operacionais do Hospital;
4- Aumento no nível de satisfação dos usuários (atendimento
das necessidas do paciente)
5- Combater os desperdícios, diminuir as perdas e reduzir os custos, pagando
um justo valor pelos serviços prestados, além de proporcionar serviços com qualidade aos
19

usuários do sistema.

AUDITORIA MÉDICA

Auditoria Médica (Resolução CFM 1.614/01)

A auditoria do ato médico constitui-se em importante mecanismo de controle e


avaliação dos recursos e procedimentos adotados, visando sua resolubilidade e melhoria
na qualidade da prestação dos serviços. A auditoria médica caracteriza-se como ato
médico, por exigir conhecimento técnico pleno e integrado da profissão. O médico, no
exercício da auditoria, deverá ser regularizado no Conselho Regional de Medicina da
jurisdição onde ocorreu a prestação do serviço auditado.
As empresas de auditoria médica e seus responsáveis técnicos deverão estar
devidamente registrados nos Conselhos Regionais de Medicina e de Enfermagem das
jurisdições onde seus contratantes estiverem atuando. Na função de auditor, o médico
deverá identificar-se, de forma clara, em todos os seus atos, fazendo constar, sempre, o
número de seu registro no Conselho Regional de Medicina. Deverá ainda, o médico na
função de auditor, apresentar-se ao Diretor Técnico ou substituto da unidade, antes de
iniciar suas atividades.
O Diretor Técnico ou Diretor Clínico deve garantir ao médico/equipe auditora
todas as condições para o bom desempenho de suas atividades, bem como o acesso aos
documentos que se fizerem necessários.
O médico, na função de auditor, se obriga a manter o sigilo profissional, devendo,
sempre que necessário, comunicar a quem de direito e por escrito suas observações,
conclusões e recomendações, sendo-lhe vedado realizar anotações no prontuário do
paciente.
É vedado ao médico, na função de auditor, divulgar suas observações, conclusões
ou recomendações, exceto por justa causa ou dever legal. O médico na função de auditor
não pode, em seu relatório, exagerar ou omitir fatos decorrentes do exercício de suas
funções. Poderá o médico, na função de auditor, solicitar por escrito ao médico assistente,
os esclarecimentos necessários ao exercício de suas atividades.
Concluindo haver indícios de ilícito ético, o médico, na função de auditor, obriga-
se a comunicá-los ao Conselho Regional de Medicina. Tem o direito de acessar toda a
documentação necessária, sendo-lhe vedada a retirada de prontuários ou cópias da
20

instituição, podendo examinar o paciente, desde que devidamente autorizado pelo


mesmo, quando possível, ou por seu representante legal.
Havendo identificação de indícios de irregularidades no atendimento do paciente,
cuja comprovação necessite de análise do prontuário médico, é permitida a retirada de
cópias exclusivamente para fins de instrução da auditoria. O médico assistente deverá ser
antecipadamente cientificado quando da necessidade do exame do paciente, sendo-lhe
facultado estar presente durante o exame.
Só poderá acompanhar procedimentos no paciente com autorização do mesmo, ou
de seu representante legal e/ou do seu médico assistente. É vedado ao médico, na função
de auditor, autorizar, vetar, bem como modificar procedimentos propedêuticos e/ou
terapêuticos solicitados, salvo em situação de indiscutível conveniência para o paciente,
devendo, neste caso, fundamentar e comunicar por escrito o fato ao médico assistente.
Encontrando impropriedades ou irregularidades na prestação do serviço ao
paciente, o médico auditor deve comunicar o fato por escrito ao médico assistente,
solicitando os esclarecimentos necessários para fundamentar suas recomendações.
Quando integrante de equipe multiprofissional de auditoria, o médico auditor deve
respeitar a liberdade e independência dos outros profissionais sem, todavia, permitir a
quebra do sigilo médico.
É vedado ao médico na função de auditor transferir sua competência a outros
profissionais, mesmo quando integrantes de sua equipe. Não compete ao médico, na
função de auditor, a aplicação de quaisquer medidas punitivas ao médico assistente ou
instituição de saúde, cabendo-lhe somente recomendar as medidas corretivas em seu
relatório, para o fiel cumprimento da prestação da assistência médica.
É vedado ao médico, na função de auditor, propor ou intermediar acordos entre as
partes contratante e prestadora que visem restrições ou limitações ao exercício da
Medicina, bem como aspectos pecuniários. O médico, na função de auditor não pode ser
remunerado ou gratificado por valores vinculados à glosa.

O Auditor Médico

A palavra Auditoria vem do latim AUDITORE, que significa aquele que ouve,
ouvidor. Tem a função de ser um perito encarregado de examinar as contas médicas,
executando a atividade de avaliação com observância de preceitos éticos e legais. A
Auditoria Médica, antes de ser uma necessidade, é uma questão de qualidade
21

comprometida com a verdade. O processo de auditagem respeita sempre os mesmos


princípios técnicos e éticos, independentemente da origem do usuário.

Níveis de Atuação da Auditoria Médica

No Sistema Único de Saúde, a atuação da Auditoria é voltada para o plano


assistencial, na análise de fichas e prontuários, gestões de sistema na análise de
indicadores e programação, englobando a parte financeira/contábil e patrimonial, que
incluem os convênios. Nos planos e seguros de saúde o médico atua como orientador,
interpretando normas acordadas nos contratos, ordenador, conhecendo os direitos e
deveres para autorização de procedimentos a serem realizados, fiscalizador, verificando
a finalidade e a indicação dos procedimentos, controlador evitando desperdício e
mantendo a qualidade da assistência, como também respeitando os direitos do paciente.
Existem outras colocações para a atuação da Auditoria Médica, classificando- a
como Preventiva, Corretiva e Gerencial, porém exercendo a mesma função de perícia,
operacional e avaliação do Serviço de Saúde. A Lei Nº 9.656/98 regulamenta os planos,
seguros de saúde e resoluções que dispõem de serviços no plano ambulatorial e hospitalar.
Na análise de contas médicas, a atuação da Auditoria está voltada para verificação
de códigos solicitados, autorizados ou não, corrigindo eventuais distorções, evitando
cobrança incorreta e a consequente glosa. O Auditor tem como atribuição subsidiar os
setores de análise com informações relevantes para o correto pagamento das contas e ser
um elemento de ligação entre os usuários e a empresa patrocinadora do evento, agilizando
a parte técnica e dando suporte administrativo.
O auditor em qualquer área de atuação contribui para a empresa pública ou
privada, no sentido de promover e manter a saúde do usuário.

Funções do Auditor /Campos de Atuação

No elenco de atribuições do cargo e função, suas ações têm caráter eminentemente


administrativo, embora que se faça necessário o conhecimento técnico médico e os
preceitos da doutrina ética, possibilitando atuar como mediador entre as partes
envolvidas, ordenando, controlando e racionalizando os custos, sem comprometer a
qualidade dos serviços prestados e dos materiais e medicamentos usados.
O auditor tem função técnica administrativa quando planeja, ordena as despesas,
22

analisa e orienta as ações, exige e faz cumprir os direitos e deveres, existentes e


estabelecidos nas relações contratuais acordadas entre as partes. Pelo que entendemos, o
auditor médico tem funções importantes no processo e atua como:

➢ Orientador: Participa do processo como elemento habilitado a orientar o


cumprimento das normas acordadas nos contratos firmados e que envolvem as partes
(Usuário X Plano de Saúde X Prestador de Serviço);
➢ Ordenador: Como conhecedor dos direitos e deveres que devem ser
exercitados entre as partes, autoriza a realização dos procedimentos e ordena seu
pagamento quando comprovado sua realização;
➢ Fiscalizador: Representante do plano ou do seguro de saúde e investido
na função de médico fiscaliza a legalidade do procedimento realizado dentro da doutrina
ética;
➢ Controlador: Controla o orçamento e os gastos, evitando o desperdiço,
possibilitando a partir da sua atuação o equilíbrio e a vida do sistema.

Campos de Atuação

a) Técnica/Administrativa : DIREITOS x DEVERES


1. Beneficiário (Sócio/Usuário) X Plano de Saúde;
2. Prestadores de Serviços X Plano de Saúde;
3. Prestador de Serviço X Beneficiário (Sócio/Usuário);
4. Preservação da Ética.

b) Técnica Médica:
1. Ponto de vista ético
Analisar os serviços propostos e realizados;
Caráter técnico e objetivo dos recursos empregados;
A conduta e postura do executor do procedimento;
A Perícia e Habiitação para a realização do proposto

2. Atividade mediadora
Mediar às ações entre as partes envolvidas;
Manter o equilíbrio das ações;
23

Identificar e relatar os atos danosos quando evidenciados;


Propor correções dos pontos falhos presentes encontrados.

3. Ação controladora: Racionalização de Custos

PARA O PACIENTE:

➢ A Exposição X Exploração (para o procedimento proposto);


➢ Avaliar o Custo X Benefício (serviços executados);
➢ A Legalidade X Recurso empregado (implicação ética e penal da ação).

PARA A CONTRATADA:

➢ A integridade e fidelidade do emprego correto da técnica que o caso exige


emprego de métodos diagnósticos e terapêuticos sem justificativa técnica objetiva;
➢ A racionalização entre o emprego coerente das técnicas e suas faturas de
cobrança.

PARA A CONTRATANTE

➢ Avaliar e informar a satisfação da clientela e rede prestadora;


➢ Analisar permanência hospitalar e custo;
➢ Relatar intercorrências evidenciadas;
➢ Propor medidas que facilitem a dinâmica de serviço e a política da parceria
entre as partes que compõem o sistema;
➢ Mediar às ações.

Implicações Éticas

Como sabemos, é indispensável nas relações humanas e profissionais uma relação


cordial, firme e coerente. A atividade de auditor está do ponto de vista ético, regida pelo
código profissional da área de habilitação e formação e pelo Código de Processo Penal.
O Código de Ética Médica dedica os artigos 79, 81, 118, 119, 120, 121 a esta
24

atividade profissional, que orienta e rege as atividades dos auditores médicos,


estabelecendo responsabilidades, direitos e deveres.

Assim temos:
➢ Art. 79 - Acobertar erro ou conduta antiética de médico.
➢ Art. 81 - Alterar prescrição ou tratamento de paciente, determinado por
outro médico, mesmo quando investido em função de chefia ou de auditoria, salvo em
situação de indiscutível conveniência para o paciente, devendo comunicar imediatamente
o fato ao médico responsável.
➢ Art.118 - Deixar de atuar com absoluta isenção quando designado para
servir como perito ou auditor, assim como ultrapassar os limites das suas atribuições e
competência.
➢ Art.119 - Assinar laudos periciais ou de verificação médico-legal, quando
não o tenha realizado, ou participado pessoalmente do exame.
➢ Art. 120 - Ser perito de paciente seu, de pessoa de sua família ou de
qualquer pessoa com a qual tenha relações capazes de influir em seu trabalho.
➢ Art. 121 - Intervir, quando em função de auditor ou perito, nos atos
profissionais de outro médico, ou fazer qualquer apreciação em presença do examinado,
reservando suas observações para o relatório.

Objetividade

O auditor deve procurar ser o mais objetivo em suas condutas, expressando sua
opinião sempre embasada em fatos reais e apoiada em evidências suficientes.

Conhecimento Técnico
O auditor deve ser possuidor de conhecimentos técnicos gerais, principalmente na
área de cirurgia, procurando manter-se sempre atualizado no desenvolvimento da
medicina como um todo, decidindo sempre com respaldo técnico e científico.
Independente de sua formação profissional deve possuir capacidade e prática essenciais
à realização das atividades de controle e avaliação.

Cautela, Bom-Senso e Zelo Profissional


25

Deve agir sempre com prudência, atentando para o equilíbrio de sua ação,
preservando a saúde do paciente, e contribuindo para o desenvolvimento de uma medicina
de boa qualidade.

Habilidade Interpessoal para Negociações e Influência Profissional

O Auditor tem que ser um exímio negociador nas diversas situações, sabendo
tratar com as pessoas envolvidas no processo, fazendo-se respeitar como profissional
técnico que é sempre mostrando domínio de sua atividade. Possuir visão, orientação e
senso de realidade, sabendo relacionar-se com cooperados e usuários, evitando atritos
desnecessários.

Comportamento Ético e Obediência ao Código de Ética Médica e


Enfermagem

A atitude do auditor deve sempre ser ética, com imparcialidade nas aplicações
normativas, exercendo com honestidade, objetiva e criteriosamente seus deveres e
responsabilidades, infundindo por toda a organização um padrão comportamental que
possa ser imitado por todo o funcionalismo.

Sigilo e Discrição

São qualidades inerentes na área de saúde, e mais importantes ainda no campo da


auditoria, preservando sempre as partes envolvidas. O auditor deve manter sigilo absoluto
a respeito de informações confidenciais, porém somente quebrando-o com seu escalão
superior de subordinação.
Portanto, o auditor Ideal deve ser constituído de: 25% de discrição + 25% de ética
+ 25% de postura profissional + 25% de conhecimento e 100% de bom-senso.

Ferramentas de Trabalho

O auditor médico para desenvolver suas atividades profissionais necessita de um


conjunto de elementos classificados como ferramentas de trabalho, elementos
26

indispensáveis para o bom desenvolvimento da tarefa. Não pode um auditor realizar sua
atividade em toda sua plenitude se não conhecer:
a) Seu papel de auditor no processo;
b) Relação dos Prestadores de Serviços;
c) Detalhes do Contrato firmado entre as partes envolvidas;
d) Diagnóstico da doença em código (CID – 10);
e) Tabelas de honorários médicos (Tabelas AMB, CBHPM, etc...);
f) Tabela de negociação adotada (Taxas e Diárias);
g) Tabela de materiais descartáveis;
h) Tabela de órteses e próteses;
i) Tabelas de valores BRASÍNDICE;
j) Dicionários de especialidades farmacêuticas e de Genéricos;
k) Conta hospitalar;
l) Prontuários clínicos com os relatórios médicos e de enfermagem,
m) Boletins, fichas de atendimentos médicos e laudos médicos.

Antigamente, as ferramentas de trabalho que atendiam às necessidades de um


auditor eram apenas o Código Internacional de Doenças, as Tabelas de Procedimentos
Médicos e as listas de preços de materiais e medicamentos. Hoje, com o surgimento da
lei dos planos de saúde e o Código de Defesa do Consumidor, os dispositivos colocados
para o auditor como fonte de consulta e elementos de trabalho, assumiram pelo mercado
e suas exigências, características próprias, o que obrigou de modo indispensável o
conhecimento do contrato de prestação de serviço oferecido e acordado entre as partes.
As tabelas de procedimentos permitem ao auditor tanto na pré-análise como na
fase de auditoria analítica melhor poder de decisão, tanto na adequação do código do
procedimento quanto nos valores a serem pagos pelos procedimentos realizados, tanto
para diagnose como para terapêutica, atendendo aos procedimentos clínicos e os
cirúrgicos.
Neste caso, estabelecendo número de auxiliares e portes anestésicos e ainda
orientando cobrança para procedimentos cirúrgicos associados pela mesma via ou vias
distintas, pela mesma equipe ou por mais de uma equipe e ainda duplicando valores dos
honorários profissionais nos casos pertinentes, são alguns dos elementos colocados à mão
do auditor, entre tantos outros que as tabelas de procedimentos médicos oferecem.
27

AUDITORIA DE ENFERMAGEM

A evolução dos custos de assistência à saúde vem preocupando os gestores dessa


área, sabendo-se que são vários os fatores (internos e externos) que contribuem para os
altos custos, sendo um deles a falta de controle mais atuante, efetivo e até sistematizado
no que diz respeito à auditoria dos serviços prestados.
A participação do enfermeiro nessa área, além de constituir um crescente campo
de trabalho, vem somar-se à qualidade e observações específicas que vinham sendo
exigidas no desempenho desta função. O papel da enfermagem na auditoria é avaliar a
assistência que o paciente está recebendo, assim como a integralidade e exatidão da
documentação dessa assistência no prontuário.
Limita-se à avaliação dos cuidados de enfermagem prestados ao paciente, daí a
importância de uma ação integrada com o auditor médico, para se ter uma visão da
assistência global prestada ao paciente.
O prontuário do paciente espelha a eficiência dos cuidados instituídos, sendo a
única prova de veracidade do tratamento e dos cuidados realizados, sendo necessário o
seu preenchimento exato e completo, como garantia para os profissionais de saúde e para
o paciente. É importante o estabelecimento de protocolos ou padrões mínimos desejados
de assistência, como referencial para o exercício da avaliação e auditoria.
Podemos citar a questão da medicação fracionada, utilização de escalpes ou
cateteres, tratamentos de feridas e materiais específicos, troca de equipamentos, bomba
de infusão, etc. O enfermeiro em sua formação tem quatro funções básicas:

➢ Educacional;
➢ Assistencial;
➢ Planejamento;
➢ Administrativa.

Como gerente do serviço de enfermagem ou como responsável por uma unidade


de serviço, o enfermeiro inserido neste sistema tem que se posicionar cada vez mais como
administrador de uma unidade que gera custos e envolver-se nas questões relativas a ela:
gastos, falhas e estratégias. O profissional de Auditoria de Enfermagem vem justificando
seu papel, pois:
28

➢ A enfermagem permanece dentro do hospital por 24 horas no dia;


➢ A enfermagem administra a casa;
➢ Presta assistência de enfermagem;
➢ Coordena tudo o que diz respeito ao atendimento do paciente;
➢ 60% da conta hospitalar reflete diretamente o serviço de enfermagem,
como a execução dos medicamentos e cuidados prescritos, as anotações e checagem
pertinentes, os equipamentos e gases utilizados.

A Auditoria de Enfermagem tem dois grandes objetivos:

➢ Mensurar a assistência prestada (qualidade);


➢ Compatibilizar o nível dessa assistência com a necessidade de controle dos
custos hospitalares.
Conceito

É o conjunto de ações utilizadas na avaliação e fiscalização dos prestadores de


serviços de saúde e na conferência de contas relativas aos procedimentos executados, do
atendimento ao gasto, do custo à qualidade a ser alcançada. O Auditor de Enfermagem
tem por objetivo garantir a qualidade da assistência prestada ao usuário, viabilizar
economicamente a instituição, conferir a correta utilização e cobrança dos recursos
técnicos disponíveis.
Deve efetuar levantamentos dos custos assistenciais para determinar metas
gerenciais e subsidiar decisões do corpo diretivo da instituição. Proporcionar aos usuários
confiabilidade e segurança na relação Prestador/ Instituição/ Usuário.

Atribuições do Enfermeiro Auditor

# No Convênio
➢ Avaliar a assistência de enfermagem prestada ao cliente por meio do
prontuário médico;
➢ Verificar a observância dos procedimentos frente aos padrões e protocolos
estabelecidos;
➢ Adequar o custo por procedimento;
29

➢ Elaborar relatórios/ planilhas por meio das quais se define o perfil do


prestador: custo por dia, custo por procedimento, comparativos entre prestadores por
especialidade;
➢ Participar de visitas hospitalares;
➢ Avaliar e controlar as empresas prestadoras de serviços, fornecendo dados
para a manutenção e continuidade do convênio, mantendo o elo entre as partes envolvidas.

# No Hospital
➢ O Enfermeiro Auditor realiza a análise do Prontuário Médico, verificando
se está corretamente preenchido nos seus diversos campos, tanto médico como de
enfermagem;
➢ Verifica os seguintes itens no prontuário: história clínica, registro diário
da prescrição e evolução médica e de enfermagem, checagem dos serviços, relatórios de
anestesia e cirurgia;
➢ Fornecer subsídios e participar de treinamentos do pessoal de enfermagem;
➢ Analisar contas e glosas, além de estudar e sugerir reestruturação das
tabelas utilizadas, quando necessário;
➢ Fazer relatórios pertinentes: glosas negociadas, aceitas ou não,
atendimentos feitos, dificuldades encontradas e áreas suscetíveis de falhas e sugestões;
➢ Manter-se atualizado com as técnicas de enfermagem, com os serviços e
recursos oferecidos pelo hospital, colocando-se a par (inclusive) de preços, gastos e custos
alcançados;

Tipos de Auditoria
➢ Operacional: É baseada na observação direta dos fatos, documentos e
situações, objetiva a avaliação do atendimento às normas e diretrizes, por meio de
verificação técnico-científica e contábil da documentação médica, e se necessário o
exame do paciente.
➢ Analítica: É baseada na análise dos documentos, relatórios e processos, e
objetiva a identificação de situações consideradas incomuns e passíveis de avaliação, bem
como conferência quantitativa (qualitativa da conta hospitalar + adequação de valores).
Subsidia o trabalho operativo e delineia o perfil da assistência e os seus controles.

Perfil do Enfermeiro Auditor


30

➢ O Enfermeiro Auditor deve respeitar em qualquer circunstância os níveis


hierárquicos existentes em toda a organização;
➢ Manter comportamento ético e sigiloso absoluto a respeito de informações
confidenciais;
➢ Observar os comportamentos internos;
➢ Procurar, continuamente, melhorar sua capacidade e efetividade de
trabalho, sempre atualizando seus conhecimentos;
➢ Manter espírito independente, ser isento de influências das áreas de
revisão, e muito equilibrado, sem representar arrogância ou impassividade;
➢ Expressar sua opinião sempre apoiada em evidências suficientes;
➢ Cultivar o senso de proporção e julgamento, alicerçando seu ponto de vista
impessoal e imparcial;
➢ Ser afável no trato com as pessoas, pois o relacionamento auditado /
auditor não pode ser frívolo e casuístico, mas harmônico e humano;
➢ Relatar possíveis deficiências objetivamente;
➢ Nenhum auditor pode prescrever, evoluir ou alterar evoluções /
informações no prontuário do paciente;
➢ É vedado ao auditor tecer comentários de qualquer natureza com pacientes,
familiares e/ou funcionários do hospital sobre observações feitas por intermédio do
prontuário;
➢ É vedado ao auditor discutir sobre procedimentos realizados
indevidamente pelo prestador de serviço em ambientes estranhos à Auditoria;
➢ É vedado ao auditor trabalhar na instituição a ser auditada, ou receber
qualquer tipo de remuneração ou vantagens da mesma.

Normatização do COREN (Resolução COFEN 266/2001)

I . É da competência privativa do Enfermeiro Auditor no exercício de suas


atividades: organizar, dirigir, planejar, coordenar e avaliar, prestar consultoria, auditoria
e emissão de parecer sobre os serviços de Auditoria de Enfermagem.

II . Quando integrante de equipe de Auditoria em Saúde:


31

➢ Atuar na elaboração de contratos e adendos que dizem respeito à


assistência de enfermagem e de competência do mesmo;
➢ Atuar em bancas examinadoras, em matérias específicas de enfermagem,
nos concursos para provimentos de cargo ou contratação de Enfermeiro ou pessoal
técnico de enfermagem, em especial Enfermeiro Auditor, bem como de provas e títulos
de especialização de auditoria e enfermagem, devendo possuir o título de especialização
em auditoria de enfermagem;
➢ O Enfermeiro Auditor, em sua função, deverá identificar-se fazendo
constar o número de registro no COREN sem, contudo, interferir nos registros do
prontuário do paciente;
➢ O Enfermeiro Auditor tem autonomia em exercer suas atividades sem
depender de prévia autorização por parte de outro membro auditor, Enfermeiro, ou
multiprofissional;
➢ O Enfermeiro Auditor para desempenhar corretamente seu papel, tem
direito de acessar os contratos e adendos pertinentes à Instituição a ser auditada;
➢ O Enfermeiro Auditor, no cumprimento de sua função tem o direito de
visitar/entrevistar o paciente, com o objetivo de constatar a satisfação do mesmo com
serviço de enfermagem prestado, bem como a qualidade. Se necessário acompanhar os
procedimentos prestados no sentido de dirimir quaisquer dúvidas que possam interferir
no seu relatório.
➢ Considerando a interface do serviço de enfermagem com os diversos
serviços, fica livre a conferência da qualidade dos mesmos no sentido de coibir o prejuízo
relativo à assistência de enfermagem, devendo o Enfermeiro Auditor registrar em
relatório tal fato, e sinalizar aos seus pares auditores, pertinentes a área específica,
descaracterizando a sua omissão.
➢ O Enfermeiro Auditor, no exercício de sua função, tem o direito de
solicitar esclarecimento sobre fato que interfira na clareza e objetividade dos registros,
com fim de se coibir interpretação equivocada que possa gerar glosas/ desconformidades,
infundadas.

Sob o Prisma Ético:

a) O Enfermeiro Auditor, no exercício de sua função, deve fazê-lo com


clareza, lisura, sempre fundamentado em princípios constitucional, legal, técnico e ético;
32

b) O Enfermeiro Auditor como educador, deverá participar da interação


interdisciplinar e multiprofissional, contribuindo para o bom entendimento e
desenvolvimento da auditoria de enfermagem, e auditoria em geral, contudo, sem delegar
ou repassar o que é privativo do Enfermeiro Auditor.

A assistência prestada pode ser mensurada pelos seguintes indicadores:


➢ Anotações de enfermagem;
➢ Estado de saúde do paciente / família;
➢ Sistematização da assistência em rotinas: processo de enfermagem;
➢ Descrição dos procedimentos; rotinas propriamente ditas.

Protocolos:
• Trocas de sondas/ cateteres;
• Diluição de medicamentos;
• Preparos de exames.

Os custos hospitalares podem ser trabalhados considerando-se:


1. Evitar perdas/ retrabalho (processo de qualidade);
2. Racionalizar o uso de: Materiais, Medicamentos, Gasoterapia,
Equipamentos;
3. Domínio nas técnicas de enfermagem;
4. Treinamento do pessoal de faturamento;
5. Treinamento do pessoal de enfermagem.

Instrumentos básicos de trabalho:


➢ Tabela de preços de diárias e taxas hospitalares acordada entre Convênio
e Prestador de Serviços;
➢ Prontuário Médico;
➢ Prontuário Contábil;
➢ Tabela da AMB;
➢ Tabela de preços de materiais acordada;
➢ Brasíndice;
➢ Conta Hospitalar;
➢ Protocolos.
33

Impressos:
➢ Demonstrativo de glosa
➢ Relatórios ou estatística
➢ Levantamento de dados, etc.

GLOSA

A padronização do processo de aplicação de glosa (impugnação da despesa) no


âmbito do Departamento Nacional de Auditoria do Sistema Único de Saúde - DENASUS,
objetiva regular as ações dos técnicos do SNA no sentido da uniformidade na
normatização do procedimento.
A fundamentação que norteia a glosa está contemplada no universo normativo do
SUS e em outras legislações aplicadas ao uso do dinheiro público. Contribui para
subsidiar a adoção de medidas voltadas para coibir desmandos gerenciais relacionados
com a utilização dos recursos Ressalta-se que a responsabilidade dos técnicos do SNA é
importante quando da verificação de pontos de estrangulamento, detecção de desperdícios
e correção de procedimentos errôneos que prejudicam o desempenho das ações e serviços
de saúde, sob a ótica da economicidade, voltados para a melhoria da qualidade de saúde
da população.

Conceitos
Na perspectiva de contribuirmos para uma melhor compreensão acerca dos
assuntos, serão disponibilizados a seguir alguns conceitos:

➢ ERRO: Juízo incorreto acerca de uma coisa ou de um fato derivado da


ignorância ou do imperfeito conhecimento da realidade das circunstâncias concretas ou
dos princípios legais aplicáveis. Ato involuntário de omissão, desatenção,
desconhecimento ou má interpretação de fatos na elaboração de registros e demonstrações
contábeis. Engano; equívoco.
➢ IMPROPRIEDADE: Quantidade daquilo que não é próprio, que não é
próprio, que não é adequado, inexato, inoportuno. Consiste em falhas de natureza formal
de que não resulta dano ao erário.
➢ IRREGULARIDADE: Qualidade daquilo que é irregular. Não
34

conformidade com as normas gerais por todos observadas, como as regras, a lei, a moral
ou os bons costumes. Caracteriza-se pelo prejuízo ou malversação do dinheiro público,
desvio da finalidade do objeto ajustado, não observância dos princípios de legalidade,
legitimidade, eficiência, eficácia e economicidade. É constatada a existência de desfalque,
alcance, desvio de bens ou outra ação de que resulte prejuízo quantificável para o erário.
➢ FRAUDE: Atos voluntários de omissão e manipulação de transações,
adulteração de documentos, registros e demonstrações contábeis, tanto em termos físicos,
quanto monetários contábeis, tanto em termos físicos, quanto monetários.
➢ DOLO: É o artifício ou expediente astucioso, empregado para a prática
de um ato que aproveita ao autor, ou a terceiro.
➢ RESSARCIMENTO: Compensação; indenização; devolução de valor.

Lei nº 8.080, de 19 de setembro de 1990 – Lei Orgânica da Saúde

“Art. 33:
§ 4º. O Ministério da Saúde acompanhará, por meio de seu sistema de auditoria, a
conformidade à programação aprovada da aplicação dos recursos repassados a Estados e
Municípios. “Constatada a malversação, desvio ou não aplicação dos recursos, caberá ao
Ministério da Saúde aplicar as medidas previstas em lei.”
Art. 52. “Sem prejuízo de outras sanções cabíveis, constitui crime de emprego
irregular de verbas ou rendas públicas (Código Penal, art. 315) a utilização de recursos
financeiros do Sistema Único de Saúde – SUS em finalidades diversas das previstas nesta
Lei.”
É importante lembrar que conforme determina o artigo 5º do Decreto nº 1.232, de
30/08/94, “O Ministério da Saúde, por intermédio dos órgãos do Sistema Nacional de
Auditoria e com base nos relatórios de gestão encaminhados pelos Estados, Distrito
Federal e Municípios, acompanhará a conformidade da aplicação dos recursos
transferidos à programação dos serviços e ações constantes dos planos de saúde.”

Lei nº 8.429 de 02 de junho de 1992 – Dispõe sobre as sanções aplicáveis aos


agentes públicos.

“Art. 5º. Ocorrendo lesão ao patrimônio público por ação ou omissão, dolosa ou
culposa do agente ou de terceiros, dar-se-á o integral ressarcimento do dano.”
35

Lei nº 9.784 de 29 de janeiro de 1999 – Regulamenta o processo


administrativo no âmbito da Administração Pública Federal.

"Art. 26. O órgão competente perante o qual tramita o processo administrativo


determinará a intimação do interessado para ciência de decisão ou a efetivação de
diligências.
§ 3º A intimação pode ser efetuada por ciência no processo, por via postal com
aviso de recebimento, por telegrama ou outro meio que assegure a certeza da ciência do
interessado.
§ 4º No caso de interessados indeterminados, desconhecidos ou com domicílio
indefinido, a intimação deve ser efetuada por meio de publicação oficial.
Art. 27. O desatendimento da intimação não importa o reconhecimento da verdade
dos fatos, nem a renúncia a direito pelo administrado.
Parágrafo único. “No prosseguimento do processo, será garantido direito de ampla
defesa ao interessado.”

Lei nº 10.406 de 10 de janeiro de 2002 - Códigos Civil de 2002


"Art. 186. Aquele que, por ação ou omissão voluntária, negligência ou
imprudência, violar direito e causar dano a outrem, ainda que exclusivamente moral,
comete ato ilícito."

Decreto- Lei nº 2.848 de 07 de dezembro de 1940 - Código Penal


“Art. 171. Obter, para si ou para outrem vantagem ilícita, em prejuízo alheio,
induzindo ou mantendo alguém em erro, mediante artifício ardil ou qualquer outro meio
fraudulento”.
Pena – reclusão, de 1 (um) a 5 (cinco) anos e multa.
"Art. 172. Emitir fatura duplicata ou nota de venda que não corresponda à
mercadoria vendida em quantidade ou qualidade, ou ao serviço prestado"
Pena - detenção, de 2(dois) a 4 (quatro) anos, e multa.
(Artigo com redação dada pela Lei nº 8.137 de 27 de dezembro de 1990) “Art.
299. Omitir em documento público ou particular, declaração que dele
devia constar ou inserir ou fazer inserir declaração falsa ou diversa da que devia
36

ser escrita com o fim de prejudicar direito, criar obrigação ou alterar a verdade sobre fato
juridicamente relevante.”
Pena – reclusão, de 1(um) a 5(cinco) anos e multa, se o documento é público, e
reclusão, de 1 (um ) a 3(três) anos, e multa, se o documento é particular.

Decreto nº 1.651 de 28 de setembro de 1995 – Regulamenta o SNA no âmbito


do SUS.

“Art. 2º - O SNA exercerá sobre as ações e serviços desenvolvidos no âmbito do


SUS as atividades de:
I - controle da execução, para verificar a sua conformidade com os padrões
estabelecidos ou detectar situações que exijam maior aprofundamento;
II - avaliação da estrutura, dos processos aplicados e dos resultados
alcançados, para aferir sua adequação aos critérios e parâmetros exigidos de eficiência,
eficácia e efetividade;
“III - auditoria da regularidade dos procedimentos praticados por pessoas naturais
e jurídicas mediante exame analítico e pericial.”
"Art. 3º... o SNA... procederá:
III - ao encaminhamento de relatórios específicos aos órgãos de controle
interno e externo, em caso de irregularidade sujeita a sua apreciação; ao Ministério
Público, se verificada a prática de crime; e ao chefe do órgão em que tiver ocorrido
infração disciplinar, praticada por servidor público, que afete as ações e serviços de
saúde."
Anexo I Art. 11...
I – auditar a regularidade dos procedimentos técnico-científicos, contábeis,
financeiros e patrimoniais praticados por pessoas físicas e jurídicas no âmbito do SUS.
VI - ...
a) instruir processos de ressarcimento ao Fundo Nacional de Saúde de valores
apurados nas ações de auditoria.
Art. 38...
I – o Departamento Nacional de Auditoria do SUS atuará no acompanhamento da
programação aprovada da aplicação dos recursos repassados a Estados, aos Municípios,
ao Distrito Federal e na verificação da regularidade dos procedimentos praticados por
pessoas físicas e jurídicas, mediante exame analítico, verificação in loco e pericial.”
37

Portaria GM/MS nº 402, de 31 de março de 2001

Estabeleceu a força de trabalho do DENASUS para a execução de atividades de


auditoria no âmbito do SUS:
Art. 1º Organizar, na forma constante do Anexo desta Portaria, a força de trabalho
do componente federal do Sistema Nacional de Auditoria SNA, composta por servidores
designados para exercer, em todo o Território Nacional, as atividades de que trata o
Decreto nº 1.651, de 28 de setembro de 1995, combinado com o Decreto nº 3.774, de 15
de março de 2001, lotados e em exercício no Departamento Nacional de Auditoria do
SUS (DENASUS) e nas Divisões e Serviços de Auditoria dos Núcleos Estaduais do
Ministério da Saúde.

HIGIENE E SEGURANÇA NO TRABALHO

Higiene do trabalho é um conjunto de normas e procedimentos que visa à proteção


da integridade física e mental do trabalhador, preservando-o dos riscos de saúde inerentes
às tarefas do cargo e ao ambiente físico onde são executadas. A higiene do trabalho tem
caráter eminentemente preventivo, pois objetiva a saúde e o conforto do trabalhador,
evitando que adoeça e se ausente provisória ou definitivamente do trabalho.
Os principais objetivos são:
1 - Eliminação das causas das doenças profissionais;
2 - Reduções dos efeitos prejudiciais provocados pelo trabalho em pessoas
doentes ou portadoras de defeitos físicos;
3 - Prevenção de agravamento de doenças e de lesões;
4 - Manutenção da saúde dos trabalhadores e aumento da produtividade por
meio de controle do ambiente de trabalho.

O programa de higiene no trabalho envolve:


1-Ambiente físico de trabalho: a iluminação, ventilação, temperatura e ruídos;
2-Ambiente psicológico: os relacionamentos humanos agradáveis, tipos de
atividade agradável e motivadora, estilo de gerência democrático e participativo e
eliminação de possíveis fontes de estresse;
38

3-Aplicação de princípios de ergonomia: máquinas e equipamentos adequados às


características humanas, mesas e instalações ajustadas ao tamanho das pessoas e
ferramentas que reduzam a necessidade de esforço físico humano;
4-Saúde ocupacional: ausência de doenças por meio da assistência médica
preventiva.

A Lei Nº 24/94 instituiu o Programa de Controle Médico de Saúde Ocupacional –


PCMSO. Por meio do PCMSO é exigido o exame médico préadmissional e o exame
médico periódico. Os exames médicos são exigidos quando houver retorno ao trabalho,
no caso de afastamento superior a 30 dias, e também quando ocorrer a mudança efetiva
de função (deve ser feito antes de ocorrer a transferência).
No caso de afastamento definitivo da empresa, deve-se exigir o exame médico
demissional, nos 15 dias que antecedem o desligamento do funcionário.

DEFINIÇÃO

A segurança do trabalho é o conjunto de medidas técnicas, administrativas,


educacionais, médicas e psicológicas, empregadas para prevenir acidentes, seja pela
eliminação de condições inseguras do ambiente, seja pela instrução ou pelo
convencimento das pessoas para a implementação de práticas preventivas.

HIGIENE X SEGURANÇA NO TRABALHO

A saúde e segurança dos empregados constituem uma das principais bases para a
preservação da força de trabalho adequada. Constituem duas atividades intimamente
relacionadas, no sentido de garantir condições pessoais e materiais de trabalho capazes
de manter certo nível de saúde dos empregados.
O empregador não deve omitir-se a oferecer segurança na execução do trabalho
realizado pelos seus empregadores, ou o pouco interesse para a prevenção de acidentes,
pois nada justifica tal omissão.

ACIDENTES DE TRABALHO
39

As condições inseguras e os atos inseguros são as causas básicas de acidentes no


trabalho, sendo eles:
1 - Condições inseguras: equipamentos sem proteção, procedimentos
arriscados em máquinas ou equipamentos, armazenamento inseguro, iluminação
deficiente, ventilação imprópria, temperatura elevada ou baixa no local e condições
físicas ou mecânicas inseguras que constituem zonas de perigo.
2 - Atos inseguros: carregar materiais pesados de maneira inadequada,
trabalhar em velocidades inseguras, utilizar esquemas de segurança que não funcionam,
usar equipamento inseguro ou usá-lo inadequadamente, não usar procedimentos seguros,
assumir posições inseguras, subir escadas ou degraus depressa, distrair, negligenciar,
brincar, arriscar, correr, pular, saltar e abusar.

Medidas para eliminar ou diminuir acidentes de trabalho:

1 - Sinalizar toda a empresa;


2 - Empregados novos, usar capacete de cor diferente;
3 - Uma Comissão Interna de Prevenção de Acidentes (CIPA) atuante;
4 - Campanhas de prevenção de acidentes;
5 - Kit de primeiros socorros;
6 - Realização periódica da Semana Interna de Acidentes no Trabalho
(SIPAT);
7 - Treinamento da brigada de incêndio;
8 - Revisar extintores;
9 - Chaves de segurança;
10 - Treinamentos para prevenir acidentes;
11 - Apoio da direção e das chefias;
12 – Utilizar as NR determinadas;
13 – O uso contínuo das EPI’s na realização do trabalho.

PREVENÇÃO DE ACIDENTES

Prevenção de acidentes e administração de riscos ocupacionais relacionamse com


segurança do trabalho, sua finalidade e antecipar os riscos de acidentes e com isso
40

minimizá-los. A prevenção de acidentes é a eliminação das condições inseguras e isso se


dá por intermédio do mapeamento de áreas de riscos, uma análise profunda dos acidentes
e apoio irrestrito da alta administração; realização de treinamento e a capacitação de todos
os envolvidos no processo de execução do trabalho.

NORMA REGULAMENTADORA

Uma Norma Regulamentadora (NR) objetiva explicitar as determinações contidas


nos artigos 154 a 201 da CLT, para que sirvam de balizamento, de parâmetro técnico às
pessoas ou empresas que devem atender aos ditames legais e que devem observar o
pactuado nas convenções e nos acordos coletivos de trabalho de cada categoria e nas
convenções coletivas sobre prevenção de acidentes.

EQUIPAMENTO DE PROTEÇÃO INDIVIDUAL

Equipamento de Proteção Individual (EPI) é todo dispositivo ou produto, de uso


individual, utilizado pelo trabalhador, destinado à proteção de riscos suscetíveis de
ameaçar a segurança e a saúde no trabalho.
Tipos de EPI’s: capacete, capuz, óculos, protetor facial (creme água resistente,
creme óleo resistente e cremes especiais), luvas de proteção, dedeiras, proteção de mãos,
dedos e braços de riscos mecânicos, térmicos e químicos, calçados de segurança, botas e
botinas, cintos de segurança, trava quedas, cadeiras suspensas, etc.

COMISSÃO INTERNA DE PREVENÇÃO DE ACIDENTES

A segurança do trabalho no Brasil é regida pela própria CLT, que no seu artigo
163 dispõe o seguinte:
“Art.163. Será obrigatória a constituição da Comissão Interna de Prevenção de
Acidentes – CIPA – de conformidade com instruções expedidas pelo Ministério do
Trabalho, nos estabelecimentos ou locais de obra nelas especificadas”.
“Parágrafo único. O Ministério do Trabalho regulamentará as atribuições, a
composição e o funcionamento das CIPAs”.
A regulamentação citada no caput do artigo 163 está consubstanciada no conjunto
de normas conhecido como NRs (Normas Regulamentadoras). As NRs representam uma
41

legislação complementar que rege todas as ações no campo da Higiene Segurança e


Medicina do Trabalho (HSMT). A CIPA tem por objetivo apontar os atos inseguros dos
trabalhadores e as condições de insegurança, uma vez que o órgão de segurança aponta
soluções.
Princípios que regem a Comissão Interna de Prevenção de Acidentes:

1 - Apoio ativo da administração;


2 - Manutenção de pessoal dedicado exclusivamente à segurança;
3 - Instruções de segurança para cada trabalho;
4 - Instruções de segurança a empregados novos;
5 - Integração de todos os empregados no espírito de segurança;
6 - Extensão do Programa de Segurança fora da companhia;
7 - Não deve haver confusão entre CIPA e o órgão de segurança;

INSTALAÇÕES NO AMBIENTE HOSPITALAR

Água
A água, tal como ocorre com o esgoto e a roupa, está presente em praticamente
todas as partes da instituição; se o planejamento do sistema de distribuição de água não
atentar para certas precauções, pode transformar-se em excelente veiculador de
patógenos.

Reservatório de Água Elevado

A provisão de reservatórios elevados pode ser em número de quatro, os destinados


à água potável são duplos, para permitir o uso de um, enquanto o outro estiver interditado
para reparos ou limpeza. Os outros dois, totalmente segregados dos de água potável,
destinam-se a suprir água para descarga de bacias sanitárias e similares, por isso, estão
em condições de acolher, também, água de poço, caso disponível (ou de mina, ou mesmo
de chuva); água essa, limpa, mas não necessariamente potável.
42

Além do fator “economia”, decorrente do aproveitamento dessa água, essas caixas


desempenham papel importante na prevenção de contaminação da rede de água do
hospital; sabido que, no sistema de válvula flexível, a água, quando descarregada em
bacia sanitária cheia (por entupimento) acaba por criar pressão negativa no duto de
alimentação da bacia, acarretando, consequentemente, aspiração e ascensão de água
poluída, com possibilidade de transmitir contaminação à caixa de água (razão da
precaução de sua segregação).
Transmissão essa que pode atingir previamente aparelhos como lavatório,
chuveiro e torneira de lavagem, quando alimentados pelo mesmo duto de descida, que
supre a bacia sanitária. A efetiva elevação de contaminação, todavia necessita ser melhor
estudada.

Pressão Negativa
A ocorrência de pressão negativa na rede de água do hospital pode inverter o fluxo
de suprimento de água, e o duto passar a aspirar água servida. Várias são as consequências
possíveis, sendo significativos os dois exemplos seguintes: a mangueira de lavagem, de
mesa de necrópsia, pode introduzir na rede, por aspiração, líquidos corporais altamente
contaminados; água poluída, de bidê, pode retornar pelo chuveirinho, pelo qual se fez o
suprimento de água limpa, tendo por efeito de sucção, a um pavimento inferior e lá passar
a alimentar outro aparelho, como, por exemplo, um bebedouro.
Entre as várias causas, responsáveis pela formação de vácuo na rede de água, duas
são as prevalentes: água escoando com velocidade por um duto, ao invés de abastecer o
seu ramal, de diâmetro mais reduzido, passa a arrastar o ar contido em seu interior,
provocando vácuo e aspiração do tipo de “trompa de vácuo”.
O registro de caixa de água elevada ao ser fechado pode induzir à formação de
vácuo no duto de distribuição e ramais, à medida que o nível de água, dentro do duto, for
descendo, em decorrência de consumo de água à jusante. Sistema alternativo de proteção,
contra inversão de fluxo por aspiração, consiste na instalação de válvula “quebra-vácuo”
em ramais que abastecem mangueiras, bacias sanitárias, bidês e outros.

Chuveiros

A água do chuveiro não é suficientemente quente para debelar transmissão de


agentes potencialmente contaminantes, podendo contribuir-se em meio de cultura e
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reservatório de bactérias. É o caso da Legionella, que integra as chamadas Water-


bactérias; com o aquecimento da água do chuveiro ela se prevalece precisamente do vapor
da água, que se forma, para se disseminar; podendo, assim, facilmente atingir o aparelho
respiratório do banhista, já que o vapor d’água é normalmente aspirado e inalado.
O descarte de água retirada antes de iniciar o banho remove a maior concentração
de bactérias.

Lavagem de Comadre

O “lavador-esterilizador” de comadres é um aparelho que há muito se encontra


desacreditado, não só por sua lavagem ser insegura, como por a sua “esterilização” não
passar de precária sanitização. Com a atual provisão de instalações sanitárias em todos os
quartos e enfermarias, não há mais sentido em se “passear” comadres mal cheirosas pelos
corredores das unidades de internação, para depois retorná-las desemparceiradas.
A técnica atual preconiza o uso da mesma comadre até a alta do paciente e
subsequente esterilização. A lavagem é feita com esguicho, na própria bacia sanitária do
quarto ou enfermaria. Em face às vigentes preocupações com substâncias corporais
potencialmente contaminantes, seria insegura a ocorrência de troca de comadres,
principalmente se não devidamente esterilizadas ou efetivamente desinfetadas.

Drenagem de Segurança

Drenos e ralos costumam trazer problemas aos hospitais. O seu transbordamento


pode levar agentes patogênicos a aflorar e a contaminar os pisos alagados. A Arquitetura
e a Manutenção devem introduzir técnicas de instalação que previnam esta onipresente
ameaça. A causa básica reside na ligação do ralo à rede de esgotos; a ocorrência de
obstrução à jusante obriga o efluente, provindo de montante, a pressionar o selo de água
do ralo, que em consequência reflui.
Visando proteção contra extravasamentos criaram-se os sistemas de “ralo crítico”,
“semicrítico” e “não crítico”. O “ralo crítico” destina-se a servir a áreas críticas, como:
área de Escovação de Centro Cirúrgico e Obstétrico, Câmara Frigorífica, Cozinha,
Laboratório, Banco de Sangue e outros.
A característica principal do “ralo crítico” é encontrar-se desvinculado de outras
ligações, e principalmente de linha de esgoto; de tal forma a nunca poder refluir. O “ralo
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crítico” é servido por “duto exclusivo”, direto e sem receber nenhuma outra contribuição
de qualquer outro aparelho; o “duto exclusivo” descarrega a água servida, coletada pelo
ralo crítico, na rede principal de esgotos, por meio de conexão indireta; o duto exclusivo
termina em sifão, o qual se defronta com o sifão receptor, conectado ao duto da rede de
esgotos; um “hiato de ar” vertical separa um sifão do outro.
Em caso de transbordamento do sifão coletor, o efluente, provindo da rede de
esgotos, não tem possibilidade de alcançar ou penetrar no “duto exclusivo”. O
“ralo semicritíco” são os ralos conectados a um mesmo “duto semiexclusivo”,
sifonado na extremidade e desaguando no sifão coletor, através de hiato de ar, a exemplo
do ralo crítico.
O “ralo não crítico” são os ralos convencionais, ligados diretamente à rede de
esgoto e, portanto, não protegidos contra eventual extravasamento.

SEGURANÇA NO AMBIENTE HOSPITALAR

Os acidentes no ambiente hospitalar envolvem profissionais da área da saúde,


assim como pacientes, visitantes, instalações e equipamentos. Muitos incidentes
acarretam vários tipos de prejuízos, alguns dão origem a ações legais movidas entre os
envolvidos, pois essa situação tem sido registrada com frequência.
Para a antiga população da Idade Média era inconcebível um tratamento médico
na residência, pois não existiam hospitais para ricos. As consultas em residências
destinavam-se a quem tinha condições financeiras de custeá-las. Quando as pessoas não
podiam mais aguentar em pé, havia ainda o problema de achar um lugar para morrer, ou
ocultar suas enfermidades, como lepra e sífilis na época, que as tornavam intocáveis e
excluídas.
Das raízes hospit, hospites (estranho, forasteiro) viria o nome hospitium, que
alguns monges atribuíam ao lugar em que alojavam os enfermos itinerantes que lhes
vinham pedir pousada, das quais também se originam palavras como: hóspede, hospital,
hotel, hospício.
O primeiro hospital brasileiro foi fundado com o objetivo de misericórdia aos
enfermos, sendo esta a causa do seu nome: Santa Casa de Misericórdia, em Santos,
iniciativa de Brás Cubas em 1543, sendo subordinado à Igreja Católica. Existiam também
45

hospitais subordinados ao Islã, que eram superiores em condições de higiene, cuidados,


instalações e medicamentos, sendo que o mais pretensioso foi fundado no século X.
Entretanto, foi só a partir do século XVIII, na Europa, que as autoridades civis
começaram a construir e administrar hospitais, principalmente em Paris, Londres e Roma.
Sociedades beneficentes, mantidas pelas classes dominantes, também passaram a dar sua
contribuição. Em Hamburgo, lojistas construíram um sanatório para portadores de
varíola; os mercadores de seda de Bolonha fundaram o Hospital dos Inocentes. Os
avanços tecnológicos atuais vêm promovendo uma qualidade melhor na assistência à
saúde da população. Os cuidados dispensados aos pacientes vêm sendo aperfeiçoados a
cada dia, assim como as técnicas cirúrgicas inovadoras, novos procedimentos e
equipamentos de diagnóstico, avanços farmacológicos e a melhor compreensão dos
processos das doenças.
O amplo uso desses recursos também fez com que fosse introduzida nos hospitais
uma complexidade de equipamentos e fármacos que, em contrapartida, são geradores de
risco, aumentando as possibilidades de erros de procedimentos e uso incorreto dos
mesmos, majorando a vulnerabilidade no ambiente hospitalar.

DIAGNÓSTICO INICIAL DA SEGURANÇA NO AMBIENTE


HOSPITALAR

O principal objetivo de um hospital é a prestação de serviços na área da saúde,


com qualidade, eficiência, eficácia e efetividade.

➢ Qualidade: Aplicação apropriada do conhecimento disponível, bem como


da tecnologia, no cuidado da saúde. Denota um grande espectro de características
desejáveis de cuidados, incluindo eficácia, eficiência, efetividade, equidade,
aceitabilidade, acessibilidade, adequação e qualidade técnico-científica.
➢ Eficiência: A habilidade de obter o máximo de saúde com mínimo custo.
➢ Eficácia: A habilidade do cuidado, no seu máximo, para incrementar
saúde.
➢ Efetividade: O grau no qual a atenção à saúde é realizada.
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Isto não pode ser alcançado sem a administração efetiva de um programa de


prevenção de acidentes que proporcione condições ambientais seguras para o paciente e
para os profissionais que aí desenvolvem suas atividades de trabalho. O hospital deve
desenvolver continuamente essa política, assegurando que gerentes e funcionários
estejam cientes de suas responsabilidades na redução de riscos e acidentes.
Devem promover e reforçar práticas seguras de trabalho e proporcionar ambientes
livres de riscos, em acordo com as obrigatoriedades das legislações municipais, estaduais
e federais. A complexidade dos temas que envolvem a segurança no ambiente hospitalar
exige um tratamento multiprofissional, tanto para a tomada de decisões técnicas, como
para as administrativas, econômicas e operacionais.
Os diversos profissionais, em especial os gerentes e diretores, devem apresentar
posturas frente aos temas de segurança no ambiente de trabalho e devem analisar os
seguintes aspectos:
➢ O cumprimento das obrigações legais referentes à segurança do trabalho;
➢ Supervisionar os profissionais da área clínica na utilização de
equipamentos;
➢ Oferecer treinamento e reciclagem aos empregados;
➢ Equipe de manutenção com recursos necessários para a manutenção de
equipamentos médicos e de infraestrutura;
➢ Brigada Contra Incêndio (BCI), com sistemas eficientes e suficientes para
a extinção do incêndio;
➢ Sistema de geração de energia elétrica de emergência;
➢ Controle nos custos gerados com acidentes envolvendo funcionários e
pacientes no ambiente hospitalar;
➢ Supervisionar os funcionários no uso de EPI’s;
➢ Planos de emergência para enfrentar situações críticas, como falta de
energia elétrica, água, incêndio e inundações;
➢ Existe no hospital uma lista de empresas prestadoras de serviços, que
estejam aptas a prestar serviços aos equipamentos e instalações de acordo com as normas
de segurança aplicáveis?
➢ Ficha cadastral dos equipamentos existentes que indique a periodicidade
dos testes de segurança e de desempenho dos mesmos.
47

O SESMT, A CIPA E A SEGURANÇA

São obrigadas a manter os Serviços Especializados em Engenharia de Segurança


e Medicina do Trabalho (SESMT) e as Comissões Internas de Prevenção de Acidentes
(CIPA) as empresas privadas e públicas (incluindo os hospitais) que possuem empregados
regidos pela Consolidação das Leis do Trabalho (CLT).

São responsabilidades inerentes à CIPA e SESMT:


➢ Zelar pela saúde e integridade física do trabalhador;
➢ Revisar todos os acidentes envolvendo visitantes, pacientes e funcionários,
bem como manter relatórios e estatísticas de todos os danos;
➢ Investigar e analisar acidentes, recomendando medidas preventivas e
corretivas para evitá-los;
➢ Apoiar a área gerencial como consultor na área de segurança do trabalho e
atividades afins;
➢ Coordenar e treinar a equipe de Brigada Contra Incêndio, bem como a
população envolvida em situações de incêndio.

Recentemente, por meio da Portaria nº 5, de 17 de agosto de 1992, do Ministério


do Trabalho, ficou estabelecido que a CIPA terá como obrigatoriedade adicional a
confecção de denominado "Mapa de Riscos". Esse mapa deverá ser confeccionado com
auxílio do SESMT e terá como finalidade básica fazer uma representação gráfica do
reconhecimento dos riscos existentes nos diversos locais de trabalho, a conscientização e
informação dos trabalhadores por intermédio da fácil visualização dos riscos existentes
na empresa.
Os riscos serão simbolizados por círculos de três tamanhos: pequeno, com
diâmetro de 2,5 cm; médio, com diâmetro de 5 cm e grande, com diâmetro de 10 cm,
conforme sua gravidade e em cores, conforme o tipo de risco, relacionados no quadro
seguinte (Fonte: Portaria nº 5, de 17/08/1992, do Diretor do Departamento Nacional de
Segurança e Saúde do Trabalhador, publicada no Diário Oficial da União em 20/08/1992).

RISCOS NO AMBIENTE HOSPITALAR

RISCOS AMBIENTAIS - CORES REPRESENTATIVAS:


48

Agentes Físicos: Verde


Agentes Químicos: Vermelho
Agentes Biológicos: Marrom
Agentes Ergonômicos: Amarelo
Agentes Mecânicos: Azul
Riscos Locais: Laranja
Riscos Operacionais: Preto

Esses círculos serão representados em planta baixa ou esboço do local de trabalho


analisado. O "Mapa de Riscos", completo ou setorial, permanecerá afixado em cada local
analisado, para informação dos que ali trabalhem. Após a identificação dos riscos, a CIPA
encaminhará à direção da empresa, um relatório descrevendo a situação e aguardará a
manifestação por parte da empresa, em um prazo de no máximo 30 dias.
Havendo necessidade de medidas corretivas, a direção estabelecerá o prazo para
providenciar as alterações propostas, por meio de negociação com os membros da CIPA
e SESMT da empresa. Esses prazos e datas deverão ficar registrados em Atas da CIPA.

ASPECTOS LEGAIS

Descrever os aspectos legais da Segurança no Ambiente Hospitalar é possível,


desde que seu desenvolvimento seja mostrado a partir de fatos ocorridos nas várias
atividades profissionais ocorridas em outras épocas. No Brasil, o fato marcante na
legislação trabalhista se deu em 1943, por meio do Decreto 5.452, de 1º de maio de 1943,
e atualmente as formas de dirimir as questões legais referentes à segurança dos
trabalhadores foram traduzidas nos conteúdos da Lei nº 6.514, de 22 de dezembro de
1977.

Legislação brasileira – Lei 6.514/77 e Portaria nº 3.214/78

No Brasil, o direito dos trabalhadores à segurança e medicina no trabalho é


garantido pela Lei 6.514, de 22 de dezembro de 1977. Essa lei altera o Capítulo V do
Título II da Consolidação das Leis do Trabalho no que se refere à Segurança e Medicina
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do Trabalho. Sua regulamentação foi feita por meio da Portaria nº 3.214, de 08 de junho
de 1978, do Ministério do Trabalho.
Essa portaria aprova as Normas Regulamentadoras (NR) do Capítulo V do Título
II, da Consolidação das Leis do Trabalho relativas à Segurança e Medicina do Trabalho
e por um conjunto de textos suplementares (leis, portarias e decretos) decorrentes de
alterações feitas nos textos originalmente publicados.
Para que uma orientação genérica seja dada sobre o tema, estão listados no
Apêndice A 16 títulos das seções que compõem a Lei 6.514/77 e os títulos das 27 Normas
Regulamentadoras que compõem a Portaria nº 3.214/78. Outras informações legais de
igual importância são obtidas de decretos, leis e outras portarias de segurança no ambiente
de trabalho.

O SESMT e a CIPA

O SESMT e a CIPA são instrumentos que os trabalhadores e as empresas dispõem


para tratar da prevenção de acidentes e das condições do ambiente de trabalho. Esses
órgãos protegem a integridade física do trabalhador e de todos os aspectos que
potencialmente podem afetar sua saúde.
A CIPA e o SESMT são regulamentados legalmente pelos artigos 162 a 165 da
CLT e pela Portaria 3.214/78 baixada pelo Ministério do trabalho, em suas NR-5 e NR-
4, respectivamente. São, portanto, organizações obrigatórias nas empresas (inclusive nos
hospitais), desde que o número mínimo de funcionários seja atingido. Além das
preocupações legais em definir os riscos existentes no ambiente hospitalar, é importante
inventariá-los de forma objetiva e racional. Para tanto, é preciso ressaltar algumas
definições de termos que servirão de base para indicarmos e conhecermos os riscos
existentes no ambiente hospitalar.
O Risco no Ambiente Hospitalar é uma ou mais condições de uma variável com
potencial necessário para causar danos. Portanto, esses danos podem ser entendidos como
lesões a pessoas, danos a equipamentos e instalações, danos ao meio ambiente, perda de
material em processo, ou redução da capacidade de produção.
O risco considera-se uma probabilidade de possíveis danos dentro de um período
de tempo ou número de ciclos operacionais. Podendo significar incerteza quanto à
ocorrência de um determinado evento, como por exemplo: risco de choque elétrico (risco
50

físico), risco de incêndio (químico), risco de queda (mecânico), risco de contaminação


por hepatite B e HIV (risco biológico).
De modo a comentar as definições legais dos agentes potenciais de danos à saúde
do trabalhador, segue abaixo os itens encontrados na NR-9 da Portaria nº 3.214/78:
a) Consideram-se agentes físicos, dentre outros: ruídos, vibrações,
temperaturas anormais, pressões anormais, radiações ionizantes, radiações não
ionizantes, iluminação e umidade.
b) Consideram-se agentes químicos, dentre outros: névoas, neblinas, poeiras,
fumaça, gases e vapores.
c) Consideram-se agentes biológicos, dentre outros: bactérias, fungos,
helmintos, protozoários e vírus.
d) Consideram-se, ainda, como riscos ambientais, para efeito das Normas
Regulamentadoras da Portaria 3.214: os agentes mecânicos e outras condições de
insegurança existentes nos locais de trabalho capazes de provocar lesões à integridade
física do trabalhador.

Reconhecimento, Avaliação e Controle de Riscos

O risco, onde quer que se encontre, deve e pode ser facilmente analisado, visando
sua eliminação ou controle. Desde que um conjunto de ações (Análise Ambiental), possa
ser viabilizado.
A Análise Ambiental deve ser fundamentada tecnicamente em três conceitos
básicos:
a. Reconhecer (riscos): identificar, caracterizar, saber apontar qual dos
agentes de risco de dano à saúde estão presentes no ambiente de trabalho;
b. Avaliar (riscos): é saber quantificar e verificar, de acordo com
determinadas técnicas, a magnitude do risco. Se for maior ou menor, se é grande ou
pequeno, comparado com determinados padrões;
c. Controlar (riscos): é adotar medidas técnicas, administrativas, preventivas
ou corretivas de diversas naturezas, que tendem a eliminar ou atenuar os riscos existentes
no ambiente de trabalho.
51

Riscos Físicos no Ambiente Hospitalar


Os principais agentes físicos encontrados no ambiente hospitalar são o calor,
ruído, radiações ionizantes, radiações não ionizantes e pressões anormais. Embora os
níveis de iluminação sejam relacionados diretamente a problemas de saúde, sua análise é
feita por estar relacionada a todas as atividades de trabalho.

Calor
O calor é uma forma de energia que pode ser transmitida de um corpo para outro,
por radiação, condução ou convecção. A quantidade dessa energia (recebida ou entregue)
é determinada pela variação de temperatura do corpo que cedeu ou recebeu calor. A
transmissão por radiação é feita por meio de ondas eletromagnéticas que transmitem
através do ar e do vácuo. A transmissão de calor por radiação é feita por meio do contato
direto entre as partes que recebem e as que cedem calor.
A transmissão de calor por convecção se faz através de massas de ar que ao se
aquecerem diminuem sua densidade, de modo que se tornando mais leves, sobem, dando
lugar a massas de ar mais frias que a primeira. O calor é largamente utilizado no ambiente
hospitalar, nas operações de limpeza, desinfecção e esterilização dos artigos e áreas
hospitalares. Também, no preparo de alimentação pelos Serviços de Nutrição e Dietética
(SND); nos laboratórios de análise clínica no preparo de soluções especiais; para geração
de condições de conforto ambiental, principalmente em regiões de clima frio.
É empregado ainda, com finalidade terapêutica, como nos casos de berços
aquecidos e incubadoras utilizados nos tratamentos de recém-nascidos; em equipamentos
de diatermia, que adotam o uso de radiofrequência para produção de calor nos tecidos
vivos; unidades eletrocirúrgicas ou raios laser empregados em sofisticadas técnicas
cirúrgicas, visando de modo geral o corte e coagulação dos tecidos humanos.
O calor usado em quantidade excessiva (sobrecarga térmica) pode causar efeitos
indesejáveis sobre o corpo humano, dentre esses efeitos citamos:

➢ Golpe de calor: Ocorre quando se realizam tarefas pesadas em ambientes


muito quentes e quando a fonte de calor é o sol, o golpe de calor é chamado de insolação.
➢ São sintomas: o colapso, convulsões, delírio, alucinações e coma sem
aviso prévio.
➢ Prostração térmica por queda do teor de água (desidratação): Ocorre
quando a água eliminada por sudorese não é reposta por meio do consumo de líquidos. É
52

caracterizada pelo aumento da pulsação e da temperatura do corpo. A ingestão de líquidos


de forma racional durante a jornada de trabalho é a medida preventiva adequada.
➢ Prostração térmica pelo decréscimo do teor de sal: É produzida quando o
consumo de sal é insuficiente para substituir as perdas de cloreto de sódio causadas pela
sudorese.

Ocorre com as pessoas que bebem água em abundância, sem a devida reposição
de sal, apresentando os seguintes sintomas: fadiga, tonturas, náuseas, vômitos e cãibras
musculares. As atividades prolongadas podem provocar sobrecarga térmica,
principalmente quando realizadas em ambientes mal ventilados. São exemplos de
atividades as que se seguem: manutenção em equipamentos de esterilização que utilizam
calor; trabalhos nas proximidades de caldeiras geradoras de vapor, em obras de
construção civil que não raro acontecem em hospitais, em cozinhas, próximos a fogões e
fornos, etc.
Outros efeitos nocivos da sobrecarga térmica são a fadiga transitória, algumas
enfermidades das glândulas sudoríparas, edemas ou inchaços das extremidades (pés e
tornozelos), aumento da susceptibilidade a outras enfermidades, diminuição da
capacidade de trabalho, catarata, etc.
O funcionário no ambiente hospitalar está sujeito a fontes de calor nos seguintes
ambientes: centro de esterilização de materiais, serviços de nutrição e dietética,
lavanderia hospitalar e casas de caldeiras. No centro de esterilização de materiais, as
fontes de calor são provenientes de estufas e autoclaves que fazem uso de calor na forma
seca ou na forma de vapor saturado, com o objetivo de esterilizar materiais que têm boa
resistência ao calor.
Nos serviços de nutrição e dietética as fontes de calor são os fornos, fogões,
equipamentos para fritura de legumes e produtos animais, banho-maria e caldeirões. A
lavanderia hospitalar, nos cuidados com a limpeza e desinfecção de roupas, emprega
largamente fontes de calor como água quente, vapor ou mesmo calor gerado por meio de
resistências elétricas. Os hospitais que fazem uso de geração de vapor centralizado
possuem mais um ponto de geração de calor, a casa de caldeiras.
Avaliação Clínica para reconhecer os efeitos nocivos ocasionados pelo calor:
a) Avaliação clínica dos sintomas apresentados pelo funcionário que
desenvolve atividades em algum dos ambientes descritos anteriormente.
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b) Avaliação do risco, realizando uma análise do ambiente de trabalho,


utilizando-se o equipamento denominado como "árvore de termômetros". Os aspectos de
cálculo e metodologia legal estão mencionados na NR-15 da Portaria nº 3.214/78. Essa
avaliação visa determinar os períodos de descanso a que o trabalhador tem direito,
segundo os tipos e ambientes de trabalho, devendo ser realizada por um Engenheiro de
Segurança ou Médico do Trabalho.
c) Controle de riscos associados ao calor;

Formas de proteção necessárias:

➢ Proteção contra calor radiante: Deve-se fazer uso de anteparos refletores,


empregando materiais de alto coeficiente de reflexão, como placas de alumínio polido. A
superfície refletora deve ser mantida sempre limpa, os antepor devem ser empregados de
modo a formar uma barreira entre a fonte de calor, o corpo humano e o ambiente.
➢ Proteção contra o calor de convecção: Utiliza a renovação de massas de ar
aquecidas por outras mais frias. De outro modo é possível aumentar a velocidade do ar
no ambiente, velocidades estas que variam de acordo com o tempo de exposição e da
existência de grandes cargas térmicas incidindo diretamente sobre o trabalhador.

➢ Proteção contra o calor de condução: Deve ser feita isolando-se as


superfícies quentes do contato, pelo uso de materiais apropriados como lã de vidro ou
materiais termicamente isolantes.

# Iluminação

A boa iluminação no ambiente de trabalho propicia elevada produtividade, melhor


qualidade do produto final, redução do número de acidentes, diminuição do desperdício
de materiais, redução da fadiga ocular e geral, melhor supervisão do trabalho, maior
aproveitamento do espaço, mais ordem e limpeza das áreas e elevação da moral dos
funcionários.
No Brasil, o assunto é tratado legalmente pela NR-17 (Ergonomia) da Portaria nº
3.214/78, que, por meio da NBR 5.413 da Associação Brasileira de Normas Técnicas
(ABNT), recomenda os níveis mínimos de iluminação para os ambientes de trabalho. Para
o caso do ambiente hospitalar a questão da iluminação deve ser, principalmente, enfocada
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nas salas cirúrgicas e no campo operatório. A má iluminação nestes casos pode acarretar
em graves prejuízos ao profissional e ao paciente.
Para diminuir os riscos nas salas de cirurgia, a alimentação elétrica de focos
cirúrgicos deve ser feita com 24 volts. Dentre outras variáveis é preciso levar-se em
consideração a elevação da temperatura do campo operatório, proporcionado por
lâmpadas cirúrgicas. A elevação da temperatura deve ser minimizada fazendo-se uso de
filtros de luz que eliminam o comprimento da onda de espectro infravermelho,
responsável pelo fenômeno.
Outro aspecto a considerar é a cor, a iluminação adotada deve reproduzir fielmente
a cor, de modo a permitir a identificação dos tecidos pelo cirurgião. Além disso, a luz
empregada tem que consentir ao cirurgião a visualização adequada, mesmo em cirurgias
mais profundas, como no caso de laparatomia exploradora ou cirurgia cardíaca.
A adequação da iluminação nas salas de tricotomia também contribui muito para
a redução de acidentes nesse processo de preparo do paciente para intervenções cirúrgicas
ou mesmo em simples exames de eletrocardiografia. O reconhecimento se faz com a
declaração dos trabalhadores relativos à iluminação do ambiente de trabalho. Podendo ser
realizado pela investigação e análise de acidentes ocorridos por iluminação deficiente,
pela verificação de áreas sombreadas nos locais de trabalho, etc.
A iluminação no ambiente de trabalho é avaliada basicamente de dois modos. Os
métodos de cálculo (que para efeitos legais não têm validade) por meio do uso de um
aparelho denominado de lux metro, no qual o resultado apresentado pela medição deve
ser comparado com os valores apresentados pela NBR 5.413 da ABNT, possibilitará
determinar a necessidade de medidas corretivas no ambiente de trabalho.
O controle deve ser feito por medições periódicas do nível de iluminação dos
locais de trabalho e após a adequação da área de trabalho aos níveis recomendados. Pelas
medições é possível notar a queda no nível de iluminação, quer pelo depósito de sujeiras
no bulbo da lâmpada e no globo que envolve a lâmpada, ou mesmo pela não substituição
de lâmpadas queimadas.

# Umidade

Umidade excessiva no ambiente hospitalar não é comum, embora possa ser


encontrada em construções cujos projetos originais foram mal concebidos ou por
influência do meio externo. Em alguns casos ocorre a redução do recebimento do sol nas
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edificações hospitalares por se encontrarem bem próximas a estas construções, árvores e


outros obstáculos que impedem a ação da luz solar direta.
As lavanderias, em consequência das atividades de higiene e limpeza, são os locais
onde mais se faz uso de água dentro do ambiente hospitalar. São os ambientes em que
facilmente é reconhecida a umidade. Outros ambientes de trabalho podem ter problemas
com umidade excessiva, em razão a danos nas tubulações de água ou mesmo de esgoto.
A umidade geralmente detecta por inspeção visual, sendo possível visualizar
manchas nas paredes e pisos decorrentes de infiltrações de água. A umidade presente no
ar deverá ser avaliada por meio da utilização de equipamentos específicos, como o termo
higrômetro. Os valores obtidos devem ser avaliados em função da finalidade do ambiente.
Em alguns casos, a avaliação pode ser feita por inspeção visual.
No projeto inicial de edificação devem ser observadas as medidas de controle para
o caso de umidade. É indispensável dispor, racionalmente, os circuitos hidráulicos, os
desníveis e as inclinações de pisos. Infiltrações que causem umidade excessiva devem ser
prontamente corrigidas pela manutenção. Além da umidade, danos de maior
consequência podem acarretar a desestruturação do prédio.
Em recintos em que a umidade elevada seja proveniente, por exemplo, de pouca
incidência de luz solar, o uso de sistema de refrigeração e calor (ar condicionado) pode
ser a única opção. No caso de excesso de água em locais de trânsito de pessoas, que
tomem o piso escorregadio, a drenagem deve ser otimizada. O uso de placas de
advertência é outra medida de controle para reduzir acidentes.

# Radiações Ionizantes

As radiações ionizantes têm sido utilizadas para fins de diagnósticos clínicos


desde o século passado. Com o avanço da física nuclear, que possibilitou a determinação
e controle de doses, foi possível otimizar os trabalhos em radioterapia. Radiações
ionizantes são aquelas que extraem elétron da matéria ao incidirem sobre a mesma,
produzindo íons.
São exemplos de radiações ionizantes as partículas alfa, beta, neutras, aquelas
produzidas por ondas eletromagnéticas, da mesma forma, as originadas de aparelhos
como raios-X, radiações gama e aceleradores lineares. Os efeitos biológicos das radiações
ionizantes são divididos em dois grupos: os efeitos hereditários e os efeitos somáticos.
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As radiações de efeitos hereditários são aquelas que produzem lesões nas células
germinativas da pessoa irradiada, as quais são transmitidas aos seus descendentes. As
radiações de efeitos somáticos produzem lesões nas células do indivíduo que foi
irradiado, entretanto, essas lesões não são transmitidas hereditariamente.
No ambiente hospitalar, os riscos inerentes às radiações ionizantes se relacionam
às áreas de radiodiagnóstico e radioterapia. Estes riscos também estão presentes em outras
áreas que fazem o uso de equipamentos de diagnóstico e de imagens médicas em tempo
real, como centros cirúrgicos e unidades de terapia intensiva.

# Radiodiagnóstico

Cada ano milhões de norte americanos recebem grandes quantidades de radiação,


mais do que deveriam receber de equipamentos de raios-X médico e dentário. Tal fato
existe e persiste, pois os pacientes em geral desconhecem os riscos que os cercam quando
no ambiente hospitalar.
Estudos realizados pelo FDA (Food and Drug Administration) mostram que as
doses recebidas por pacientes submetidos a raios-X de tórax são maiores que as
necessárias, dependendo do local onde realizam tais exames. Ainda que haja variação
resultante das diferentes técnicas de raios-X, muitas delas se devem à baixa qualidade de
manutenção e do treinamento precário recebido pelos operadores.
Informações oficiais mencionam que em vários estados norte-americanos, de 15%
a 50% dos equipamentos inspecionados não estão de acordo com as especificações
normalizadas para a segurança do paciente. São exemplos de radiodiagnóstico as
radiografias convencionais (produzidas por aparelhos fixos ou portáteis), fluoro cópia
(imagem em tempo real), escopias com intensificadores de imagem, exames
odontológicos, tomografia computadorizada, etc.

# Radioterapia

A radioterapia é uma forma de tratamento que faz uso das radiações ionizantes
para a destruição de células nocivas ao organismo humano. Para este fim utilizam-se
equipamentos geradores de ondas eletromagnéticas ou mesmo substâncias radiativas. São
formas de radioterapia a teleterapia, braquiterapia, terapia de contato, terapia
intracavitária, terapia intersticial, braquiterapia de alta dose, etc.
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Teleterapia consiste na terapia a distância, ou seja, a fonte emissora de radiação


fica a certa distância do paciente (cerca de um metro). Braquiterapia é aquela realizada a
curta distância, ou seja, a fonte emissora de radiação permanece próxima, em contato ou
introduzida no organismo humano (intracavitária).
Na terapia intersticial, que é uma forma de braquiterapia, a fonte se encontra na
ponta de uma sonda ou cateter que é introduzida no organismo por meio de uma pequena
incisão cirúrgica.

# Medicina Nuclear

De modo a produzir imagens dos órgãos do corpo humano e suas estruturas,


medicamentos (líquidos ou gasosos) radiativos, como radioisótopos e
radiofarmacêuticos, são injetados no corpo humano. Estes medicamentos são tipicamente
absorvidos pelos órgãos e a radiação emitida pode ser detectada e localizada. Informações
sobre o tamanho e estrutura do tecido, atividade bioquímica dos órgãos podem ser
deduzidas e podem levar ao diagnóstico de uma doença. É importante que a meia-vida da
medicação nuclear seja curta, de modo a reduzir a carga radiativa para o paciente.
No caso de uso de gases radiativos, por precaução, é importante se dispor de um
sistema de exaustão cuja tubulação termine em um local distante de pontos de captação
de ar para fins de ventilação, de compressão ou mesmo para ar condicionado. Para
líquidos, o material que entra em contato com isótopos deve ser descartado e tratado como
lixo radiativo. O material do paciente, como urina e fezes, deve ser dispensado no sistema
de esgoto sanitário e não há necessidade de preocupação com o suor do mesmo.
A radiação por raios-X apresenta riscos à exposição cujos efeitos são sentidos em
curto e longo prazo. Embora os seus efeitos variem de pessoa para pessoa, a exposição
prolongada pode encurtar a expectativa de vida. A exposição aos raios-X é medida em
três diferentes unidades: uma delas mede a quantidade de radiação pela fonte, a outra
indica a quantidade de radiação à qual o paciente está exposto e a terceira, a quantidade
de radiação recebida pelas pessoas que estão nas proximidades, como técnicos, médicos
e enfermeiros.
A unidade que mede a radiação emitida pela fonte é o Roentgen, onde a exposição
do paciente é medida em termos da dose de radiação absorvida ou rads. O rad é
comumente utilizado em radioterapia e, menos frequentemente, em diagnóstico por
58

imagens. Os radiologistas, radioterapeutas e técnicos de raios-X são expostos à radiação


enquanto trabalham com os pacientes ou diretamente com os equipamentos.
A unidade de medida da dose recebida é denominada de dose equivalente (do
inglês, radiation, equivalente man – rem). Desse modo, a avaliação deverá ser efetuada
com instrumentação adequada, bem como por meio da participação de profissionais
especialmente qualificados para esse fim. No Brasil essa atividade vem sendo
desenvolvida, principalmente, por físicos especializados em radioproteção.

Controle de Riscos Associados a Radiações:


➢ O Medidor de radiação: instrumento de medição de grandezas associadas
à radiação.
➢ O Medidor de contaminação: instrumento utilizado para a medição de
contaminação, não projetado sobre o corpo humano.
➢ O Medidor de contaminação de pessoas: instrumento de medição de
radiação associado à medição de contaminação externa.
➢ O Monitor de contaminação: medidor de contaminação que também tem
a finalidade de fornecer sinais de alerta e alarme em condições específicas.
➢ O Monitor de radiação: medidor de radiação que também tem a
finalidade de fornecer sinais de alerta e alarme em condições específicas.
➢ A Monitoração ambiental: medição contínua, periódica ou especial de
grandezas radiológicas no meio ambiente, para fins de radioproteção.
➢ A Monitoração de área: avaliação e controle das condições radiológicas
das áreas de uma instalação, incluindo medição de grandezas relativas a campos externos
de radiação, contaminação de superfície, contaminação atmosférica.
➢ O Supervisor de radioproteção: indivíduo com certificação de
qualificação pelo CNEN para supervisionar a aplicação das medidas de radioproteção do
Serviço de Radioproteção. Também chamado de Supervisor de Proteção Radiológica.
São várias as formas de precaução e controle de radiações nos ambientes de
trabalho. As principais são:
➢ As paredes e portas das salas que contêm equipamentos geradores de
radiação devem ser revestidas adequadamente com chumbo.
➢ Os indicadores luminosos instalados nos locais de acesso a áreas sujeitas
a radiações devem informar se os equipamentos estão em uso ou não.
59

➢ Os equipamentos de radiação devem ser desligados automaticamente caso


ocorra abertura acidental da porta de acesso à área sujeita a radiações.
➢ Os aparelhos devem possuir dispositivos que os desliguem
automaticamente após decorrido o tempo de exposição pré-selecionado.
➢ Nenhuma pessoa além do paciente deve ficar na sala de tratamento.
➢ A sala de tratamento deverá possuir formas de abertura também pelo lado
interno.
➢ As salas devem dispor de meios de comunicação oral e visual com o
paciente. Os vidros empregados deverão ser do tipo plumbíferos.
➢ Alarmes sonoros e visuais devem ser acionados sempre que as doses de
radiação previstas forem ultrapassadas (principalmente em áreas que utilizam
radioisótopos ou fontes para radioterapia).
➢ Os operadores de equipamentos geradores de radiação devem receber
treinamento especializado.
➢ Os operadores devem usar aventais plumbíferos durante as radiografias
realizadas fora das salas apropriadas (casos de emergência, no centro cirúrgico, etc.).
➢ Os operadores devem se manter o mais afastado possível do paciente.
➢ Caso não seja possível (escopias), devem usar protetor de tireoide, óculos
plumbíferos e luvas apropriadas.
➢ Nos locais de tratamentos com radioisótopos e internação de pacientes, o
tratamento de esgoto faz-se necessário.
➢ A manipulação de material radiativo (branquiterapia) deve ser feito com
pinças específicas.
➢ Os operadores devem utilizar sempre os dosímetros individuais na parte
do corpo mais exposta à radiação. Quando usar avental plumbífero, o dosímetro deve ser
colocado conforme orientação do fabricante.

Contudo, para fins de ampliar as informações sobre o assunto, recomendase no


Apêndice G a relação das Normas Técnicas Gerais de Radioproteção, referidas na
Resolução número 6, de 21 de dezembro de 1988, aplicáveis a todas as pessoas físicas,
jurídicas, de direito público ou privado, que exerçam atividades no campo da saúde
envolvendo instalações radiativas em qualquer ponto do território nacional.
Tais normas trazem medidas que visam à defesa dos pacientes, indivíduos
profissionalmente expostos a radiações ionizantes e público em geral.
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# Vibrações

Os efeitos danosos das vibrações podem acometer pessoas (funcionários e


pacientes), as estruturas da edificação, assim também, os equipamentos sensíveis, cujo
efeito das vibrações impede o seu funcionamento adequado. A desregulagem de
equipamentos está associada ao tráfego intenso de veículos pesados por vias próximas ao
local onde o mesmo se encontra instalado.
O paciente, por sua vez, pode sentir os efeitos danosos das vibrações quando
determinadas técnicas de terapia são empregadas, como, por exemplo, o ultrassom
terapêutico e litrotripsia. A estrutura da construção civil está sujeita aos efeitos danosos
das vibrações quando são excitadas por vibrações vizinhas provenientes de outras fontes,
como: grupos geradores de energia auxiliar, centrais de vácuo, ar comprimido, bombas
de recalque de água e tráfego intenso em vias urbanas.
De um modo geral, os efeitos danosos das vibrações provocam no corpo humano,
entre outros sintomas, o cansaço, dores nos membros, dores na coluna, doença do
movimento, artrite, problemas digestivos, lesões ósseas, lesões dos tecidos moles e lesões
circulatórias.
O reconhecimento dos efeitos nocivos das vibrações no ser humano é possível,
analisando-se as atividades do indivíduo e os sintomas que apresenta. Este é o modo mais
eficaz de se reconhecer o risco. O efeito das vibrações em estruturas normalmente pode
ser percebido por inspeção visual e pelos efeitos que produz (trincas, descolamento de
reboco), pela instabilidade de regulagens de equipamentos, bem como pela verificação da
existência de fonte geradora de vibrações nas proximidades, como: bombas d’água (de
recalque), compressores, grupos de geração de energia elétrica, máquinas de lavanderia.
Conforme o Anexo 8 da NR-15 da Portaria 3.214/78, as atividades e operações
que exponham os trabalhadores, sem proteção adequada, às vibrações localizadas ou de
corpo inteiro, serão caracterizadas como insalubres, por meio de perícia realizada no local
de trabalho.
A perícia visando a comprovação ou não da exposição deve tomar por base os
limites de tolerância definidos pela Organização Internacional para a Normalização
(ISO), em suas normas ISO 2.631e ISO/DIS 5.349 ou suas substitutas.
Constarão obrigatoriamente do laudo de perícia:
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➢ O critério adotado;
➢ O instrumental utilizado;
➢ A metodologia de avaliação;
➢ A descrição das condições de trabalho e o tempo de exposição às
vibrações;
➢ O resultado da avaliação quantitativa;
➢ Medidas para eliminação e ou neutralização do risco, quando houver.

No caso da avaliação de vibrações de máquinas e equipamentos os aparelhos


utilizados serão acelerômetros e vibrômetros. As técnicas de controle são variadas e
dependem de cada caso, entretanto, de forma geral, são aquelas que empregam meios de
isolar ou amortecer as vibrações reconhecidas e avaliadas.

# Ruído

A ocorrência da perda auditiva depende de fatores ligados ao hospedeiro, ao meio


ambiente e ao próprio agente. Dentre outras características do agente, importantes para o
aparecimento de doenças, destacam-se a intensidade (nível de pressão sonora), o tipo
(contínuo, intermitente ou de impacto), a duração (tempo de exposição a cada tipo de
agente) e a qualidade (frequência dos sons que compõe o ruído em análise).
O ruído pode trazer sérias perturbações funcionais ao organismo, afetando o
sistema nervoso; aparelho digestivo e circulatório, proporcionando desconforto e fadiga
e afetando na produtividade do profissional. As consequências mais imediatas são:
redução transitória da acuidade auditiva, que ocorre nos casos de exposição a níveis de
ruídos variando entre 90 a 120 dB, durante períodos de tempo relativamente curtos
(minutos, horas ou dias).
Surdez profissional em casos de exposição relativamente prolongada (meses ou
anos) de indivíduos suscetíveis a ruídos intensos (90 a 120 dB). Mesmo em exposições
mais curtas a ruídos excessivamente intensos (principalmente de impacto ou impulsivo)
pode ocorrer perda progressiva da audição, em geral irreversível.
Elevados níveis de ruído podem ser encontrados no ambiente hospitalar, nas
centrais de compreensão de ar e geração de vácuo, nas oficinas de manutenção (uso do ar
comprimido, lixadeiras, esmeril e outros equipamentos), nas marcenarias (uso de serra
circular, desempenadeiras, etc.) e nas centrais de geração de energia elétrica auxiliar.
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Também nas lavanderias, devido à grande quantidade de máquinas, encontram-se


elevados níveis de ruído. Esses níveis são bastante acentuados quando falta a manutenção
necessária (máquinas de lavar e centrífugas desbalanceadas, com partes frouxas, etc.).
Ruídos de menor intensidade, porém incômodos, podem ocorrer até nas unidades
de tratamento intensivo, pela presença dos variados tipos de alarmes sonoros integrados
aos modernos equipamentos. Há que se considerar as impressoras matriciais utilizadas no
Centro de Processamento de Dados (CPD), que dependendo da quantidade e do tempo
que permanecem em processo de impressão, podem exigir isolamento acústico.
Contudo, poucos profissionais ou pacientes no hospital estão expostos a níveis
suficientemente altos que possibilitem a perda auditiva. Os níveis de ruído máximos
permissíveis são legalmente estipulados pela NR-15 da Portaria nº 3.214/78. Estes níveis
são determinados em função da intensidade do ruído no ambiente de trabalho e do tempo
que o funcionário fica exposto a ele.
A avaliação ambiental deve ser feita utilizando-se um "decibelímetro" (medidor
de pressão sonora). O instrumento deverá ser posicionado de modo a receber o ruído que
atinge o ouvido do trabalhador. Uma vez que a surdez causada pelo ruído ambiental é
irreversível, ou seja, permanece no nível em que se instalou, faz-se necessário o uso de
rígidas medidas de controle.
Essas medidas são divididas em controle técnico (engenharia) e controle aplicado
ao homem:
➢ Controle de engenharia: São basicamente três as medidas de controle
aplicadas ao ambiente de trabalho; a redução do ruído na fonte, modificação
da metodologia de produção para outra mais silenciosa e a redução ou prevenção
da propagação.
➢ Controle aplicado sobre o homem: São medidas que se aplicam sobre as
pessoas. Redução do tempo de exposição do trabalhador ao ruído, em conformidade com
a legislação vigente.
Uso de equipamentos de proteção individual (EPI) nos casos em que o ruído não
possa ser controlado. O controle médico visando prevenir a ocorrência de surdez
profissional ou a progressão da perda já detectada. Realizado por meio da avaliação das
respostas do ouvido humano a determinados estímulos, denominada de audiometria.

RISCOS QUÍMICOS NO AMBIENTE HOSPITALAR


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Os produtos químicos são largamente utilizados em hospitais com diversas


finalidades, como agentes de limpeza, desinfecção e esterilização (quartenários de
amônio, glutaraldeído, óxido de etileno, etc.). São empregados também como soluções
medicamentosas (drogas quimioterápicas, psicotrópicos, gases medicinais, etc.). Podem
ser utilizados como produtos de manutenção de equipamentos e instalações (óleo diesel,
graxas, óleos lubrificantes, colas, solventes, mercúrio, etc.).
O vasto número de produtos químicos utilizados impede que se discorra sobre
todos eles em um manual deste tipo. Entretanto, o reconhecimento deve ser feito de
acordo com a característica de cada instituição hospitalar.
O SESMT do hospital deverá possuir a ficha de segurança de cada produto que
entra no hospital, sendo obtido por meio de exigências e avaliações feitas antes da opção
de compra. Deste modo, todos os produtos químicos e seus riscos podem ser conhecidos
pelos profissionais da área de segurança, permitindo que adequadas medidas de controle
possam ser adotadas.
A avaliação do risco químico pode ser feita no ambiente e com o próprio
trabalhador. As avaliações aplicadas ao ambiente são aquelas que medem a concentração
do gerador do risco químico no mesmo e verificam se as medidas de controle adotadas
no ambiente são eficazes com relação à finalidade a que se destina. Da mesma forma,
analisam o comportamento físico-químico do produto em relação às condições
ambientais.
As avaliações aplicadas ao trabalhador são complementares e verificam, por meio
de exame de fluídos corpóreos, a susceptibilidade do indivíduo ao produto. São medidas
de controle que visam educar e treinar o trabalhador para as atividades necessárias ao
serviço.
Essas medidas envolvem a proteção do trabalhador pelo uso de EPI; o controle de
sua saúde por meio de exames médicos periódicos; e a limitação do tempo de exposição
do trabalhador à fonte do risco. São medidas empregadas ao ambiente de trabalho a
substituição do produto tóxico ou nocivo, a mudança do processo ou o encerramento da
operação, o uso de ventilação geral exaustora ou diluidora, a concepção adequada do
projeto e a manutenção das medidas de controle adotadas.

Práticas de Controle de Riscos Químicos em Locais e Tipos de Serviços


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Hospitalares

# Esterilização:
Os processos químicos de esterilização são abundantemente usados nos hospitais.
Pode-se fazer o uso de gases ou líquidos, sendo que ambos os casos podem ser
prejudiciais à saúde. O controle de riscos químicos associados a assuntos de esterilização
referem-se a pacientes e funcionários.
A esterilização a gás, a mais difundida no Brasil, utiliza o óxido de etileno e suas
misturas diluídas. A Portaria Interministerial nº 1.510, de 28 de dezembro de 1990, do
Ministério da Saúde e Ministério do Trabalho e Previdência Social, trata do assunto.
Entretanto, tal legislação nada menciona sobre o uso de outros gases como óxido de
propileno, formaldeído, beta-propilactona, ozônio, peróxido de hidrogênio, na fase de
vapor, plasma gasoso e outros processos em fase de desenvolvimento.
As formas de controle dos riscos para trabalhadores de centro de material
esterilizável no Brasil são tratadas pela Portaria Interministerial 1.510, de 28/12/1990.

# Quimioterapia:

Os produtos químicos empregados nos tratamentos quimioterápicos são


ministrados ao paciente com finalidades específicas. Seu objetivo principal é inibir o
crescimento de tumores malignos (células cancerígenas). Por analogia às drogas
bacteriostáticas (que detém o crescimento dos germes), são denominadas de citostáticos,
pois de têm o crescimento de células. A aplicação inadequada dessas substâncias
(citostáticos ou citotóxicos) pode trazer sérias consequências aos pacientes e mesmo aos
funcionários que executam esse tipo de serviço.

# A recepção e armazenamento:

Deverá ser realizada por pessoal com conhecimento dos riscos inerentes aos
mesmos; devendo ser feito o uso de etiquetas que indiquem o conteúdo das embalagens,
tal como "Contém Medicamento Citostático".

# Local de Armazenamento:
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Deverá ser tal que evite a queda e ruptura dos recipientes, não esquecendo que tais
medicamentos podem necessitar de condições especiais de armazenamento; pois são
medicamentos de alto custo e têm vida útil limitada.
Funcionários responsáveis pelo armazenamento dos medicamentos devem ter
conhecimento dos procedimentos a serem tomados em caso de ruptura dos frascos:

➢ O material do vestuário deve ser impermeável; durante a manipulação de


quimioterápicos devem-se usar luvas e avental de manga comprida, pois o contato de
quimioterápicos com a pele pode causar queimaduras;
➢ Devido ao risco de lesão da córnea, o uso de óculos de proteção individual
é sempre recomendado;
➢ As luvas a serem utilizadas não devem ser permeáveis aos citostáticos,
entretanto na impossibilidade de realizar testes eficazes, pode-se fazer o uso de luvas de
látex (as luvas de cloreto polivinila – PVC têm maior resistência, porém proporcionam
menor sensação de tato). Neste caso, devem ser trocadas a cada 30 minutos, tempo a partir
do qual a proteção diminui; mesmo assim deverão ser trocadas cada vez que se produza
contato com o medicamento.
O uso de máscaras também se faz indispensável, pois têm o objetivo de prevenir
a inalação ou ingestão de aerossóis na fase do manejo. Obviamente que o manuseio
correto de citostáticos não permitirá a formação de aerossol, principalmente se o uso
obrigatório de Cabines de Fluxo Laminar Vertical, Classe II, Tipo B, for feito; e quando
não se dispuser de Cabine de Fluxo Laminar, o uso de máscaras é obrigatório, e sua
seleção deverá ser feita de modo a obter a maior capacidade de retenção de citostáticos e
proporcionar conforto ao usuário.

# Material utilizado nas preparações

O material utilizado no preparo da medicação (tais como máscaras, frascos,


agulhas, seringas, luvas, etc.) deve ser recolhido em um recipiente, com tampa, provido
de dupla bolsa de material plástico suficientemente consistente, que deve estar presente
nas unidades de enfermaria.
66

As bolsas plásticas devem ser seladas e etiquetadas segundo a norma do hospital,


desde que indiquem o risco potencial existente. As técnicas de processamento destes
materiais podem ser:

➢ Incineração: a uma temperatura não inferior a 1000ºC, pois em


temperaturas inferiores as moléculas não são destruídas;
➢ Aterro: em um lugar destinado especificamente para este fim e seguindo a
legislação vigente.

# Excretas
A maior parte dos medicamentos citostáticos é excretada como tais ou em forma
de metabólicos ativos, fundamentalmente em urina e fezes. Nesse sentido deve-se evitar
a manipulação indiscriminada; utilizar vestuário adequado, o mesmo utilizado na
preparação da dose; evitar procedimentos que contaminem o ambiente.

# Medidas frente a uma contaminação


➢ Em caso de contaminação direta do manipulador com o medicamento,
lavar imediatamente a zona afetada com água e sabão por um tempo mínimo de 10
minutos;
➢ Se o contato for feito com os olhos, lavar imediatamente com água
abundante, durante ao menos 15 minutos, utilizando-se para isso um lavaolhos que,
obrigatoriamente, deve existir no local de trabalho.
➢ A seguir, procurar um oftalmologista, levando consigo o maior número de
informações sobre o produto;
➢ Se as luvas ou roupas forem contaminadas, deve-se trocá-las
imediatamente;
➢ Diante de uma contaminação ambiental (ruptura, derrame, etc.), o pessoal
responsável pela higiene se vestirá com avental, máscara e luvas de PVC (uma vez que
proporcionam maior proteção que as de látex) e se o produto for suscetível de ser
neutralizado, a solução específica deverá ser utilizada. Com o uso de panos absorventes,
limpará cuidadosamente a área contaminada seguindo-se de limpeza com água e
detergente.
67

➢ O material utilizado sofrerá o mesmo tratamento daquele utilizado nas


preparações de medicamentos;

# Farmácia

Os agentes químicos produtores de risco formam um grande grupo, o que torna


impossível relacioná-los em um manual deste porte. Entretanto, os laboratórios de
manipulação devem ser adequadamente construídos, visando minimizar os riscos destes
produtos para o ser humano e para as instalações.
O emprego de cabine de fluxo laminar é um dos equipamentos indispensáveis para
esse tipo de trabalho; devem ser de escoamento vertical, classe II e tipo B. O SESMT,
dentro de suas atribuições, deve avaliar os riscos existentes no local de trabalho.
A farmácia, como parte de suas atividades, trabalha frente às operações de
AEMTM (Armazenamento, Estocagem, Manuseio e Transporte de Materiais), porém
estocar e administrar um almoxarifado de medicamentos não é como estocar alimentos.
O alimento estragado, na maioria das vezes, é facilmente identificável, mas no
caso dos medicamentos, a realidade é outra, se eles têm o seu estado normal alterado,
tornam-se inativos ou nocivos à saúde, e o que é pior, são de difícil reconhecimento.
Assim sendo, o manuseio de medicamentos pode significar a diferença entre saúde e
doença, e em casos extremos, entre a vida e a morte.
Segurança quanto aos medicamentos:

➢ Descartar medicamentos e psicotrópicos quando vencidos; não reutilizar;


➢ Não reutilizar antibióticos; descarte em aterros sanitários, minimizando
seus efeitos no meio ambiente;
➢ Instalar equipamento contra incêndio e treinar o pessoal;
➢ Comunicar à CIPA e ao SESMT os riscos que você conhece dentro do seu
ambiente de trabalho;
➢ Realizar a inspeção no almoxarifado, utilizando para isso o roteiro de
referência.
➢ O mais importante é ter certeza que o SESMT do hospital tenha todas as
informações pertinentes aos produtos e atividades a serem desenvolvidas na farmácia.
68

# Manutenção
O serviço de manutenção faz uso frequente de agentes químicos em suas
atividades, tais como:

➢ Sabões e detergentes: nos sabões temos a presença preponderante de


álcalis (hidróxido de sódio ou de potássio), ácidos graxos, perfumes, corantes, abrasivos,
agentes germicidas (fenol, cresol, timol, iodeto de mercúrio, hexaclorofeno, etc.);
➢ Solventes e plastificantes: os solventes representam um grupo muito
conhecido e perigoso. Os principais são o benzeno, acetona, formaldeído, derivados de
glicóis, chumbo e outros;
➢ Tintas e vernizes: são utilizados pigmentos inorgânicos, na maioria
metálicos (titânio, chumbo, zinco, cromatos, cádmio, ferro, etc.) e os orgânicos (derivados
de naftilamina, betanaftol, toluidina, etc.). Também são utilizados endurecedores,
secantes, emulsificantes, plastificantes, fungicidas, antioxidantes, etc.);
➢ Derivados de petróleo e óleos: entre eles citamos os derivados aromáticos
(benzeno, tolueno e xileno), os alifáticos (etileno, butileno, acetileno e propileno). Os
óleos de corte e lubrificantes recebem aditivos como antioxidantes, anticorrosivos e
modificadores de viscosidade, os quais são na realidade os causadores de sensibilização
da pele, podendo ser solúveis e insolúveis, naturais e ou sintéticos;
➢ Resinas e plásticos: as resinas naturais (lacas) têm sido utilizadas em
menor escala, sendo que as sintéticas têm seu poder sensibilizante cada vez menor. As
resinas causadoras de dermatites de contato são as epóxi e fenolformaldeídicas.
➢ De um modo geral, os agentes químicos mais manipulados pela
manutenção são os gases medicinais e esterilizantes, gasolina, querosene, aguarrás,
thinner, óleo diesel, óleos lubrificantes diversos, álcool, benzina e outros mais
específicos.
➢ O risco inerente dependerá da atividade adotada pelo serviço de
manutenção do hospital. Cabe ao SESMT determinar a medida de proteção adequada a
cada caso, visando proteger, principalmente, o contato direto com a pele e as vias
respiratórias.

RISCOS BIOLÓGICOS NO AMBIENTE HOSPITALAR


69

O risco biológico é intensivamente encontrado no ambiente hospitalar, tendo


como predominante a necessidade de proteção contra um risco biológico. Existem normas
e classificações que regem os níveis de contenção adequados para os seus manuseios,
entretanto as instituições devem possuir meios de tratar novos riscos, o que deve ser
efetuado pelo SESMT e pelos profissionais da área.
A implementação de novas técnicas de segurança deve ser adotada sempre que as
medidas existentes se mostrarem ineficazes.

# Laboratório de análises clínicas


É apresentado a seguir um conjunto de recomendações gerais, para servirem como
guia de manipulação em laboratório de análises clínicas. Estas orientações foram
estabelecidas em acordo com o NIH – National Institutes of Health (Institutos Nacionais
de Saúde), CDC – Centers for Desease Control (Centros para Controle de Doenças), o
NCCLS – National Committee for Clinical Laboratory Standards (Comitê Nacional para
Normas de Laboratórios Clínicos) e Laboratory Safety Manual – WHO – World Health
Organization.
As maiores fontes de contaminação são o contato mão-boca, o contato mãoolho,
os cortes e feridas superficiais na pele exposta e a perfuração cutânea. Para prevenir
contaminação acidental por riscos biológicos, devem ser observadas as seguintes
orientações:

• Usar luvas quando as atividades a serem desenvolvidas exigirem contato


com fluidos corpóreos (soro, plasma, urina, ou sangue total);
• Usar protetor facial, como óculos de segurança, principalmente quando
houver possibilidade de espirros de fluidos;
• Usar vestimentas de proteção, como aventais, quando o risco biológico for
reconhecido;
• Lavar as mãos antes de retirar as luvas e antes de sair da área contaminada;
• Minimizar a formação de aerossóis durante as manipulações laboratoriais;
• Evitar o contato das mãos com a face;
• Não comer, beber ou aplicar cosméticos na área do laboratório;
• Não pipetar qualquer líquido, incluindo água, através da boca;
• Não permitir o contato de ferramentas ou qualquer peça de laboratório com
a boca;
70

• Não usar pias de laboratórios para lavar as mãos ou outras atividades de


higiene pessoal;
• Seguir os protocolos de biossegurança para o laboratório e para o depósito
de materiais contaminados;
• Usar soluções desinfetantes adequadamente preparadas, sempre que
necessário;
• Manter os frascos que contêm material infectante fechados, toda vez que
não estiverem em uso;
• Não levar luvas para áreas externas do laboratório e lavar as mãos quando
sair do laboratório;
• Especial atenção deve ser dada ao uso de centrífugas que, manuseadas
erroneamente, produzem partículas respiráveis e podem ser ejetadas durante o uso do
equipamento, devendo ser operadas de acordo com as instruções do fabricante;
• Deve-se tomar cuidado especial durante a abertura de ampolas contendo
material seco e resfriado. Esses materiais são condicionados a vácuo e, ao abrirem,
produzem um influxo de ar que poderá ser suficiente para dispersálos na atmosfera,
devendo ser aberto em cabine apropriada;
Todo laboratório deve elaborar um plano de procedimentos de emergência e
utilizá-lo adequadamente quando necessário. Esse plano deve conter informações
referentes a: avaliação do biorrisco, gerenciamento e descontaminação para cada acidente
possível, tratamento médico de emergência para o pessoal lesado, levantamento médico
e acompanhamento clínico do pessoal exposto e investigação epidemiológica.
Dentre outros tipos de acidentes devem ser incluídos nos planos o seguinte: quebra
de recipiente com material em cultura; infecção acidental por injeção, corte e abrasão,
ingestão acidental de material contaminados no interior de centrífuga, fogo, vandalismo,
equipamento de emergência, serviços de emergência para contatos externos ao
laboratório, etc.
Os profissionais da área devem ter plena consciência da segurança em seu local
de trabalho.

# Higiene hospitalar

O setor de higiene hospitalar, por intermédio de suas atividades, é bastante exposto


aos riscos biológicos. Muito comuns são os acidentes com materiais perfurocortantes ou
71

cortocontusos (contaminados) encontrados displicentemente depositados em recipientes


inadequados, ou seja, sem resistência mecânica suficiente para impedir acidentes.
Assim sendo, a coleta de lixo no ambiente hospitalar deve ser seletiva, pois deste
modo será possível definir quais os recipientes que deverão ser utilizados para coleta de
resíduos. Tais procedimentos são necessários, pois além de promover a segurança dos
trabalhadores, proporcionará redução de custos envolvidos no tratamento de resíduos
hospitalares.
Esta prática só terá validade se acompanhada por um programa de educação
continuada, visando treinar, principalmente os novos funcionários da instituição
hospitalar no modo correto de se descartar o lixo. Encontram-se agulhas hipodérmicas,
agulhas de sutura, lâminas de bisturi e outros materiais como pinos e parafusos
acondicionados em sacos de pano destinados ao transporte de roupas cirúrgicas
contaminadas para a lavanderia hospitalar.
Devido à possibilidade de acidente, a velocidade de produção deste setor é
diminuída, e o que é mais grave, aumenta o número de acidentes entre o pessoal que
desenvolve atividades nas áreas contaminadas deste setor, principalmente quando
desembalam os artigos a serem lavados.

RISCOS MECÂNICOS

Vários estudos têm demonstrado os acidentes de natureza mecânica que ocorrem


com pacientes (escorregões e quedas quando tentam fazer uso de sanitários e durante o
banho), quando se movimentam em macas cujo centro de gravidade foi inadequadamente
dimensionado e mesmo com funcionários que, na tentativa de movimentar ou posicionar
pacientes, passam a sofrer de problemas relativos à coluna vertebral.
A maioria das ações legais que representaram custos para os hospitais são por
motivos de quedas; escorregões crianças lesadas por ficarem presas às grades de berços;
quedas de crianças das incubadoras; quedas de suporte de soro sobre os pacientes; lesões
associadas a procedimentos de anestesia (como quebra de dentes e cordas vocais durante
a intubação de pacientes).

O USO DA ELETRICIDADE NO AMBIENTE HOSPITALAR


72

No ambiente hospitalar a energia sob forma de eletricidade é fonte de vida. São


vários os equipamentos que têm esta finalidade: centrais de ar comprimido e oxigênio
medicinal, aparelhos de suporte ventilatório, lâmpadas cirúrgicas, bombas para infusão
de drogas e medicamentos, centrais de geração de energia auxiliar e outros.
Entretanto, o mau uso e a manutenção deficiente nos sistemas elétricos podem
trazer consequências desastrosas para os funcionários, visitantes e pacientes, até mesmo
à própria instituição hospitalar. Neste sentido, a compreensão dos assuntos referentes ao
bom uso da eletricidade é necessária aos profissionais do ambiente hospitalar, sendo
justificável um programa de reciclagem e treinamento para uso de eletricidade.

# Requisitos no setor de manutenção


➢ Deve ser verificado se estão disponíveis no hospital os óculos e luvas de
proteção individual com isolamento elétrico adequado para os valores de tensão elétrica
empregados no hospital;
➢ Verificar se os sapatos dos eletricistas são do tipo sem ilhós metálico e
com biqueira de plástico resistente;
➢ Programas de treinamento em primeiros socorros e reanimação
cardiorrespiratória, bem como programas de reciclagem;
➢ O fio terra como parte dos circuitos elétricos e nos cabos de alimentação
de equipamentos e instrumentos;
➢ Os dispositivos de proteção, como disjuntores, fusíveis, relés térmicos e
outros, indispensáveis a determinados tipos de instalação;
➢ Ferramentas adequadas para as necessidades de trabalho;
➢ Material técnico essencial para a realização de reparos de urgência, como
plantas elétricas de força e luz, fusíveis e disjuntores reservas;
➢ Etiquetas de identificação pessoal para serviços em eletricidade.

# Distribuição de energia
➢ Aterramento elétrico de todos os quadros de distribuição; a identificação
dos circuitos elétricos de modo a facilitar seu manuseio;
➢ Espelhos protetores que evitem o contato com condutores de eletricidade;
73

➢ Partes aquecidas dentro do painel, o que indica a existência de mau contato


elétrico.

# Geração de energia auxiliar


➢ Painel de transferência automático, responsável pela entrada automática
do grupo de geração de energia elétrica auxiliar em caso de interrupção do fornecimento
normal. O tempo de transferência deve ser menor que 10 (dez) segundos;
➢ Bacia de contenção ao redor do tanque de combustível e se a mesma está
aterrada;
➢ Controle do nível do reservatório de combustível;
➢ Painel de controle de frequência e tensão gerada pelo grupo, com indicação
da temperatura da água de refrigeração e da pressão do óleo;
➢ Manuais de operação da unidade.

# Centrais de ar condicionado e ar refrigerado


Os sistemas de refrigeração, ventilação, exaustão e ar condicionado para uso
hospitalar visam à proteção e o conforto dos pacientes e funcionários.
Cumpre lembrar que:

➢ Ambientes refrigerados são diferentes dos ambientes que empregam ar


condicionado. Os primeiros, por não controlarem a umidade, fazem com que o
ar ambiente se torne seco, causando sensação de desconforto para os usuários;
➢ Em ambientes como UTI, onde os pacientes podem passar longos períodos
de tempo, deve-se empregar o ar condicionado. A umidade do ar deve ser mantida em
níveis favoráveis à manutenção das perdas de líquidos, via transpiração e respiração.

Em ambientes onde exista grande probabilidade de contaminação por vias


respiratórias, o ar tratado termicamente (frio ou quente) não deve ser reaproveitado
diretamente. Em outras palavras, a massa de ar envolvida não deve ser reutilizada.
Em áreas menos críticas pode-se usar a recirculação de ar.

# O choque elétrico
74

O choque elétrico é uma resposta fisiológica indesejável e desnecessária à


passagem de corrente elétrica através do corpo humano. Os efeitos do choque elétrico
produzidos no corpo humano podem ser divididos nos seguintes fenômenos
patofisiológicos críticos: a tetanização, parada respiratória, queimaduras e fibrilação
ventricular.
A tetanização é caracterizada pelo descontrole muscular causado pela
interferência que a corrente do choque elétrico produz nas correntes elétricas de controle
do corpo humano. Quando ocorre a tetanização, o acidentado pode perder o controle de
membros ou órgãos do corpo, independentemente da consciência ou vontade.
Na parada respiratória ocorre contração violenta dos músculos peitorais, fazendo
com que a atividade dos pulmões seja bloqueada, e consequentemente ocorre perda da
função vital da respiração, sendo uma situação de emergência. As queimaduras ocorrem
devido à liberação de energia térmica pelo corpo humano, quando da passagem de
corrente elétrica pelo mesmo (efeito Joule).
São críticas nos pontos de entrada e saída da corrente elétrica do corpo humano,
em razão da maior resistência dessa corrente provocada pela pele, manifestam-se como
queimaduras profundas e de cura mais difícil, e dependendo da intensidade, podem
ocasionar a morte.
A fibrilação ventricular ocorre quando uma corrente elétrica de fonte externa
passa pelo miocárdio (coração). Os impulsos periódicos que em situação normal regulam
as contrações e expansões do coração são alterados pela ação da corrente elétrica. O
coração vibra desordenadamente, perde o compasso e sua função de bombear o sangue
através do corpo humano e o indivíduo é levado a óbito por falta de oxigenação cerebral.
A ocorrência de fibrilação ventricular depende de quatro fatores principais: o
percurso da corrente elétrica pelo corpo humano; a intensidade da corrente que circula; o
tempo de duração do choque e a frequência com que a corrente se propaga.
A fibrilação ventricular é um caso crítico, mas reversível, sendo um fenômeno que
se mantém mesmo quando a corrente que a originou cessa. Pode ser anulada por meio do
uso do equipamento chamado de "desfibrilador" (DEA), disponível em todos os hospitais
e prontos socorros.

# O Macro e Microchoque
Os riscos de choque elétrico estão presentes em todas as áreas do ambiente
hospitalar, inclusive naquelas destinadas a pacientes, sendo necessário um método de
75

controle de riscos mais eficiente. Muitas vezes os pacientes, em áreas de tratamento


intensivo, estão sem sentidos e não podem demonstrar reações a determinados valores de
corrente elétrica.
O mesmo pode ocorrer em salas cirúrgicas ou sob qualquer forma de monitoração
cardíaca, de caráter invasivo ou não. Para diferenciar os riscos a que pacientes e
funcionários estão sujeitos com relação ao choque elétrico, algumas definições são:

➢ Macrochoque: É a resposta fisiológica indesejada à passagem de corrente


elétrica por meio da superfície do corpo humano, que produz estímulos desnecessários e
indesejados, contrações musculares ou lesões dos tecidos. De outro modo, é aquele
relacionado aos contatos elétricos estabelecidos externamente com o corpo humano,
estando a pele íntegra, podendo atingir tanto o paciente quanto o pessoal médico.
➢ Microchoque: É a resposta fisiológica indesejada à passagem de corrente
elétrica por meio da superfície do coração, a qual produz estímulos desnecessários e
indesejados, contrações musculares ou lesão dos tecidos. De outro modo, é classificado
como devido aos contatos elétricos provocados dentro do organismo, por meio de
cateteres ou eletrodos aplicados no coração ou próximo dele.

# Controle de riscos elétricos


A compreensão do choque elétrico é importante para todos aqueles que trabalham
com ou próximos de equipamentos elétricos. Pacientes e funcionários que lidam
diretamente com equipamentos do hospital são especialmente susceptíveis ao choque
elétrico, pois são obrigados a manter contato com a carcaça (chassis) do mesmo.
Medidas de controle devem ser tomadas para minimizar todos os riscos de
acidente por choque elétrico no ambiente hospitalar, sendo estes:

• Aterramento;
• Todos os recintos para fins médicos devem possuir um condutor de
aterramento para proteção (identificado pela cor verde ou verde-amarela), conectado de
forma permanente nas tomadas, sendo que a tensão de contato convencional é limitada a
25 V em corrente alternada;
• Aterramento do sistema de distribuição de energia elétrica;
• Sistema de aquecimento central;
76

• Cada recinto para fins médicos ou conjunto de salas médicas deve possuir
sua própria barra de distribuição do condutor de proteção, localizada no quadro de
distribuição de energia;
• A impedância entre tal barramento e cada terminal de terra nas tomadas,
não deve ultrapassar 0,2 ohm.

# Treinamento
Os funcionários que mantêm contato rotineiro com eletricidade em áreas de
cuidados com os pacientes, deverão ser instruídos acerca dos riscos elétricos presentes.
Devendo ser realizado durante o período de integração do novo funcionário ao ambiente
de trabalho periodicamente (reciclagem). Pessoal de cuidados intensivos deverá receber
instruções especiais em segurança elétrica, inclusive sobre primeiros socorros.

# Manuseio e armazenagem e uso de cilindros de gases


Devido à larga utilização de gases no ambiente hospitalar, muitos riscos são
associados a esta atividade. A eliminação e controle destes riscos dependem
fundamentalmente de medidas simples e fáceis de executar. O treinamento é o principal
fator proporcionador de segurança, tanto para o funcionário como para o paciente. O
manuseio seguro de cilindros ou instalações centralizadas de gases medicinais pode ser a
diferença entre a vida e a morte de pacientes.

# Manuseio
➢ Oxigênio e óxido nitroso são poderosos oxidantes, alimentam fortemente
a reação de combustão, portanto, não se deve permitir o contato de óleos, graxas e outras
substâncias combustíveis com válvulas, reguladores, manômetros e conexões.
➢ Não se deve manusear cilindros com as mãos ou luvas contaminadas com
graxa ou óleo;
➢ Não utilizar oxigênio como forma de substituir o ar comprimido em
sistemas pneumáticos, pois esta prática, além de ser extremamente perigosa, representa
um alto custo para o hospital, pois utiliza um gás medicinal para realizar uma função
pneumática. Este tipo de uso se refere à movimentação do fole de aparelhos de anestesia
ou aparelhos de suporte ventilatório, gerando um consumo médio de 15 litros por minuto;
77

➢ Quando pequenos cilindros são preenchidos com gás proveniente de


cilindros maiores (com gás à alta pressão), ocorre rápida recompressão. Além de perigosa
e ilegal, esta recompressão no cilindro pequeno causa elevação de temperatura, podendo
resultar em explosão;
➢ Cilindros usados para um tipo de gás podem ser carregados acidentalmente
com gás de outro tipo, o que pode ocasionar sérios acidentes. Quando se mistura ciclo-
propano com oxigênio ou óxido nitroso, a mistura resultante é altamente explosiva;
➢ As características dos cilindros não devem ser removidas (decalques,
adesivos, etiquetas ou marcas), pois fornecem informações fundamentais para diversos
profissionais dentro de o ambiente hospitalar;
➢ As cores dos cilindros não devem ser alteradas. As cores padronizadas
identificam seu conteúdo;
➢ Cilindros sem identificação ou com identificação duvidosa devem ser
devolvidos ao fabricante;
➢ Os cilindros devem ser mantidos distantes de chamas, fagulhas ou outras
fontes de calor;
➢ Equipamentos específicos para cada tipo de gás devem se usados;
➢ O cilindro deve estar sempre acorrentado;
➢ Somente ferramentas e equipamentos adequados devem ser usados para
abrir as válvulas dos cilindros.

# Armazenagem
➢ Os cilindros devem ser armazenados em locais secos, limpos e bem
ventilados. É recomendado um ambiente à prova de explosão;
➢ O piso deve ser condutivo para gases inflamáveis, evitando acúmulo de
eletricidade estática;
➢ A ventilação forçada deve ser usada para evitar que o gás proveniente de
vazamentos se acumule no ambiente;
➢ Os cilindros não devem ser armazenados em salas de cirurgia, corredores,
áreas de tráfego intenso ou em locais que possam sofrer choques e quedas.

O uso de Informações como:


➢ "REMOVA PARA UM LOCAL DISTANTE DO CALOR EM CASO DE
INCÊNDIO";
78

➢ “NÃO FUME";
➢ "NÃO USE GRAXA OU ÓLEO";
➢ "NÃO ARMAZENAR JUNTO COM MATERIAIS COMBUSTÍVEIS"
➢ Devem ser fixadas na área onde os cilindros serão armazenados;
➢ Os cilindros que contenham gases oxidantes, como oxigênio e óxido
nitroso, não devem, em hipótese alguma, ser armazenados no mesmo ambiente de
cilindros que contenham gases inflamáveis;
➢ A mistura destes gases pode ser facilmente incendiada;
➢ Os cilindros que contenham dióxido de carbono devem ser armazenados
juntamente com os cilindros de gases inflamáveis, pois o dióxido de carbono é um agente
extintor de fogo;
➢ Os cilindros com defeito ou com suspeita de funcionamento impróprio
devem ser marcados e devolvidos ao distribuidor.

# Movimentação
A movimentação de cargas deve respeitar as seguintes regras:
➢ Usar equipamentos especiais para o transporte de cilindros;
➢ Manter o cilindro acorrentado durante o transporte;
Evitar choques mecânicos de qualquer espécie, inclusive de um cilindro contra
outros;
➢ Não arrastar o cilindro.

CRIOGENIA

O termo criogenia se refere a baixas temperaturas e em hospitais alude a gases


liquefeitos como oxigênio e óxido nitroso, que são largamente utilizados em virtude de
ocuparem um menor volume no armazenamento e uma maior quantidade de produto. Por
estarem na forma líquida, devem ser mantidos a baixíssimas temperaturas, sendo
normalmente a -196ºC. Os cuidados necessários com operações em criogenia são
apresentados no Apêndice B.

Sistemas de Redução de Pressão e Distribuição de Gases Medicinais


79

Gases medicinais são fornecidos a hospitais em reservatórios cuja pressão interna


é variável.

# Pressões de Gases Medicinais


➢ GÁS PRESSÃO (kgf/cm)
➢ OXIGÊNIO LÍQUIDO 17A 4
➢ OXIGÊNIO GASOSO, NITROGÊNIO 200 A 155
➢ AR COMPRIMIDO MEDICINAL 155
➢ ÓXIDO NITROSO (PROTÓXIDO DE AZOTO) 50
➢ ÓXIDO NITROSO MISTURA 12% PESO 4
➢ ÓXIDO NITROSO MISTURA 10% PESO 52
➢ HÉLIO 203 A 154
➢ DIÓXIDO DE CARBONO 58
MISTURAS ESPECIAIS PARA ANÁLISE SANGUÍNEA 185 A 150
➢ MISTURAS ESPECIAIS PARA LASER 185 A 155
➢ MISTURAS ANAERÓBICAS 168 A 42
➢ MISTURAS ESPECIAIS PARA DIFUSÃO PULMONAR 140 a 125

As variações dos valores de pressão dos gases estão relacionadas, principalmente,


com o volume do recipiente que os contém. Esses valores de pressão nem sempre são
compatíveis com as pressões de trabalho dos equipamentos ou sistemas que deles fazem
uso (respiradores, equipamentos de anestesia).
Existem também equipamentos cujo consumo é mais elevado, como as lavadoras
extratoras e calandras (lavanderia hospitalar), que fazem uso de ar comprimido industrial
em valores de pressão superiores. As pressões devem ser reduzidas fazendo uso de
válvulas reguladoras de pressão, para controlar a pressão dentro dos limites de uso seguro.
Todo o sistema que trabalhe com altas pressões deve possuir um dispositivo que
permita em caso de aumento da pressão interna do interior deste, um sistema de alívio
para a atmosfera – válvula de segurança ou disco fusível. Testes periódicos devem ser
realizados no sentido de se determinar vazamentos, entupimentos de válvulas e saídas,
capacidades de fornecimento do gás no ponto (vazão) e pressões nas saídas, devendo
ainda ser determinado o grau de impurezas nestes gases.
80

PLANOS DE EMERGÊNCIA NO AMBIENTE HOSPITALAR

Acidente no ambiente hospitalar envolve os profissionais da área da saúde como


também pacientes, visitantes, instalações e equipamentos. Na maioria das vezes os
acidentes acarretam vários tipos de prejuízos, alguns dão origem a ações legais movidas
entre os envolvidos. Esses fatos têm ocorrido e sendo registrado com frequência em países
desenvolvidos.
O principal objetivo de um hospital é a prestação de serviços na área da saúde,
com qualidade, eficiência e eficácia.

➢ Qualidade: Aplicação apropriada do conhecimento disponível, bem como


da tecnologia, no cuidado da saúde. Denota um grande espectro de características
desejáveis de cuidados, incluindo eficácia, eficiência, efetividade, equidade,
aceitabilidade, acessibilidade, adequação e qualidade técnico-científica.
➢ Eficácia: A habilidade do cuidado, no seu máximo, para incrementar
saúde.
➢ Eficiência: A habilidade de obter o máximo de saúde com um mínimo
custo.
➢ Efetividade: O grau no qual a atenção à saúde é realizada.

Isso não pode ser alcançado sem a administração efetiva de um programa de


prevenção de acidentes que proporcione condições ambientais seguras para o paciente e
para os profissionais que aí desenvolvem suas atividades de trabalho. O hospital deve
desenvolver continuamente essa política, assegurando que gerentes e funcionários
estejam cientes de suas responsabilidades na redução de riscos e acidentes.
Devem promover e reforçar práticas seguras de trabalho e proporcionar ambientes
livres de riscos, em acordo com as obrigatoriedades das legislações municipais, estaduais
e federais. A complexidade dos temas que envolvem a segurança no ambiente hospitalar
exige um tratamento multiprofissional, tanto para a tomada de decisões técnicas, como
para as administrativas, econômicas e operacionais.
Os gestores devem analisar os seguintes aspectos:

• As obrigações legais referentes à segurança do trabalho estão sendo


cumpridas?
81

• Estão resultando em níveis de segurança aceitáveis?


• Os profissionais da área clínica estão utilizando equipamentos
tecnologicamente compatíveis com a demanda? Sabem operá-los adequadamente?
• Existem no hospital programas de treinamento e reciclagem adequados
para uso da tecnologia médica?
• O hospital possui equipe de manutenção?
• Possui Brigada Contra Incêndio (BCI)?
• Possui sistema de geração de energia elétrica de emergência?
• Os funcionários usam os equipamentos de segurança?
• Os pacientes e visitantes recebem algum tipo de orientação sobre como
agir em caso de incêndio?
• O hospital possui planos de emergência para enfrentar situações críticas
como falta de energia elétrica, água, incêndio e inundações?

São perguntas que o gestor em saúde deve realizar no seu dia a dia no ambiente
hospitalar, caso não tenha resposta ou solução no momento frente estas questões, deve
implementar medidas que solucionam as dificuldades apresentas e eliminá-las passo a
passo, apresentando e realizando planos de ação frente as questões levantadas.

# Atitudes profissionais para o gerenciamento da segurança


Todos os níveis de gerenciamento devem, constantemente, reforçar as regras e
regulamentos de segurança, estar alerta e identificar as práticas e condições inseguras,
tomando, imediatamente, atitudes apropriadas para corrigir irregularidades.
Os gerentes e supervisores têm a responsabilidade de zelar para que ambos,
ambiente e funcionário apresentem-se em condições adequadas de segurança e devem
considerar a prevenção de acidentes como uma parte normal de suas atividades rotineiras.
A responsabilidade pelas questões de segurança está necessariamente atrelada aos
funcionários. Cada um deles deve seguir as práticas de segurança no trabalho, através do
uso de regras e regulamentos anunciados pelo programa de segurança do hospital. É
preciso estar constantemente alerta para os riscos de acidentes em qualquer local do
hospital, comunicando à sua supervisão qualquer eventualidade, prática ou condição
insegura, com objetivo de impedir os riscos no ambiente hospitalar.
82

PLANO DE EMERGÊNCIA HOSPITALAR

No hospital são as Emergências Internas as que mais demandam preparação e um


estado de prontidão de todos os elementos responsáveis, a fim de que minutos preciosos
não se percam e, consequentemente, vidas humanas. A coordenação do hospital deve estar
presente em todas as fases de um plano de emergência, desde a sua concepção, nos
treinamentos e na execução, devido à complexidade das operações e dos inúmeros
organismos participantes do processo.
No Plano de Emergência devem estar descritos os procedimentos gerais de
responsabilidade dos participantes, seu detalhamento deve ser cuidadosamente preparado
com as atribuições de cada órgão, não se perdendo de vista a necessária coordenação, a
fim de que esforços não sejam pulverizados com consequências danosas ao sucesso da
missão.

PROCEDIMENTO DE COMUNICAÇÃO

Sempre em que a infraestrutura hospitalar estiver em situação de emergência, será


de responsabilidade de um membro responsável a classificação dessa emergência em
função de sua gravidade, solicitando o acionamento dos recursos de salvamento e de
prestação de socorro disponíveis no hospital, conforme a classificação de emergência.

ATRIBUIÇÕES

De acordo com as necessidades inerentes a cada tipo de emergência, envolverá


cada tipo de especialidade, como segue no exemplo: CENTRO DE
OPERAÇÕES DE EMERGÊNCIAS – COE. Proceder de acordo com as normas
específicas para a eventualidade e informar a ocorrência com os dados já conhecidos, aos:

a) Meio Telefônico - Diretor Geral, Supervisor de Enfermagem, Chefe do


Serviço de Operação e Manutenção, Inspetor de Vigilância, Chefe do Serviço de
Emergência e Engenheiro de Segurança do Trabalho;
83

b) Meio Rádio ou outros contatos - Brigada de Combate a Incêndio, Central


Telefônica, Controle dos Elevadores, Serviço de Emergência Médica, Enfermagem,
S.O.M. e S.S.C.I. (bombeiros profissionais civis).

Atendimento Médico

Deve-se planejar um cronograma de atendimento médico caso haja vítimas de


situação de emergência. O coordenador médico orienta a organização da Zona de Sinistro,
determinando as áreas destinadas à triagem e estabilização das vítimas, segundo a sua
gravidade e a área de evacuação.
Sendo de grande importância a determinação de uma área para observação das
vítimas menos graves e outras para as vítimas fatais. Após a divisão, estas áreas deverão
ser sinalizadas com as devidas cores correspondentes às vítimas de prioridade I e
prioridade II, nos locais predeterminados.
À medida que os recursos médicos internos e externos forem chegando à Zona de
Sinistro, se apresentarão imediatamente ao coordenador médico, que determinará a
função de cada um. Se houver disponibilidade de médicos, cada uma assumirá uma área
determinada na Zona de Sinistro: Triagem médica, área de estabilização de vítimas de
prioridade I, II e III e área de evacuação.
Caso não haja médicos suficientes, o coordenador médico poderá designar para
estas áreas um enfermeiro ou auxiliar de enfermagem.

Seleção e Classificação das Vítimas

Todas as vítimas deverão ser classificadas segundo a sua gravidade:


➢ Nível de Prioridade;
➢ Cuidados a serem tomados;
➢ Identificação por prioridade.

Recursos Disponíveis

Recursos Internos:
84

➢ SERVIÇO MÉDICO: O Setor de Emergência Hospitalar deve obter um


setor equipado com uma sala de trauma para atendimento de pacientes graves, com no
mínimo espaço para três macas.
➢ No período de expedientes hospitalar deve estar atuando uma equipe
formada por - Clínica Médica; Cirurgia Geral; Ortopedia; Ginecologia; Anestesista;
Pediatra e Neurologista.
➢ SERVIÇO DE SALVAMENTO E COMBATE A INCÊNDIO - SSCI: São
bombeiros profissionais civis, especialmente treinados para realizar salvamentos e
combater princípios de incêndios, até que o Corpo de Bombeiros do Estado chegue para
dar continuidade ao combate. Estando totalmente equipados para dar qualquer suporte em
nível emergencial.
➢ BRIGADISTAS DE COMBATE A INCÊNDIO: São funcionários do
hospital especialmente treinados para auxiliar as equipes de bombeiros profissionais civis
para realizar os primeiros combates a focos iniciais de incêndios, até que o Corpo de
Bombeiros do Estado chegue para dar continuidade ao combate. Não possuem
equipamentos específicos, logo não devem se envolver demasiadamente com o sinistro.

Recursos externos
Fazem parte dos recursos externos, todas as organizações competentes do Plano
de Emergência, que poderão participar direta ou indiretamente do atendimento à
emergência.

Corpo de voluntários de emergência - CVE

Além das atividades de auxílio às equipes médicas, no atendimento às vítimas, os


voluntários poderão realizar os seguintes procedimentos:
• Sinalização da área;
• Auxiliar no isolamento da área;
• Auxiliar na distribuição de materiais e medicamentos;
• Auxiliar na iluminação da área, quando necessário.
85

PROTEÇÃO RADIOLÓGICA

A proteção radioativa ou a proteção da saúde contra as radiações ionizantes é um


ramo da segurança do trabalho. Por razões históricas adiantou-se em relação a outros
ramos, desenvolvendo um conjunto de objetivos, princípios, critérios e conceitos. Essas
ideias, convenientemente articuladas e ordenadas, podem denominar-se "Filosofia da
Proteção Radiológica".
Constituem o fundamento da disciplina, sobre as quais se elaboram métodos
efetivos de proteção contra radiação, com os quais se analisam e resolvem os diferentes
problemas práticos. Os motivos que serviram de base vieram com a necessidade de ajustar
um marco conceitual, de que certos riscos não podem ser eliminados completamente de
algumas atividades humanas, pois estes riscos apareceram pela primeira vez com a
própria radiação ionizante.
Atualmente estão bastante determinados, pois consistem na possível aparição de
tumores malignos em algumas pessoas irradiadas e com consequências hereditárias a seus
descendentes. A radioproteção trata da proteção dos indivíduos, de sua descendência e do
conjunto da humanidade, permitindo que se realizem atividades sem a exposição a
radiações.
Os efeitos prejudiciais derivados da radioatividade se classificam em:

➢ Somáticos: São aqueles que afetam ao próprio indivíduo que se expôs à


radiação.
➢ Hereditários: São aqueles que afetam também seus descendentes.

Nesse sentido o objetivo da radioproteção deve ser o de assegurar que os níveis


de radiação no ambiente de trabalho sejam aceitáveis, isentos, portanto, de riscos à saúde
das pessoas.

PROTEÇÃO CONTRA RAIOS-X E RAIOS GAMA

Os raios X e Gama são encontrados com frequência no ambiente hospitalar e são


distintos em sua geração. Ambos têm as mesmas propriedades físicas, devendo ser
tratados do mesmo modo.
86

CONTROLE DO TEMPO DE EXPOSIÇÃO E DISTÂNCIA DE


IRRADIAÇÃO

Os principais métodos de proteção contra radiação constituem-se em reduzir o


tempo de exposição, aumentar a distância entre a fonte de radiação e os pontos de riscos
e a utilização de uma blindagem da fonte com um material protetor. A dose absorvida é
inversamente proporcional ao quadrado da distância da pessoa à fonte de radiação. Por
esse motivo, mesmo em se tratando de fonte de baixa intensidade podem ocorrer taxa de
absorção extremamente elevadas na superfície das fontes de raios-X ou Gama.

BLINDAGEM

Diferentes tipos de materiais são empregados para a absorção de radiação, uma


vez que a matéria absorve maior ou menor quantidade dependendo de suas características.
Esses materiais são empregados no revestimento de salas, portas, misturados com vidro,
de forma a impedir que a energia irradiada alcance o ser humano.
A proteção necessária para uma fonte de radiação depende de fatores como a
energia de radiação, a duração da utilização e da distância em que se encontram das áreas
circundantes, ocupadas por pessoas. A blindagem deve ser realizada por um profissional
especialmente qualificado e credenciado (Supervisor de Proteção Radiológica) para a
solução do problema.

ILUMINAÇÃO DE EMERGÊNCIA

Os objetivos da iluminação de emergência para o ambiente hospitalar vão além


daqueles destinados a instalações comerciais, residenciais, industriais, devendo permitir
o evacuamento do ambiente e a manipulação de medicamentos, bem como sua
administração ao paciente.
O centro cirúrgico deve sempre dispor de iluminação de emergência auxiliar, de
modo que intervenções cirúrgicas não fiquem comprometidas por falta de luz. As normas
e legislações que definem os parâmetros mínimos devem ser seguidas cuidadosamente
para a obtenção de produtos ou sistemas com uma qualidade aceitável. Tendo o
87

conhecimento técnico especializado, obtêm-se resultados bem melhores e específicos,


indo além do mínimo necessário sem alterar os custos.

ENERGIA PARA ILUMINAÇÃO DE EMERGÊNCIA

Além do gerador de energia elétrica auxiliar, deve-se dispor de unidades


autônomas de baterias, pois são extremamente úteis ao suprir iluminação em situações de
ausência total de energia elétrica. Nunca devem ser utilizadas baterias chumbo-ácidas
com baterias níquel-cádmio no mesmo ambiente.
Os fatores que diminuem a capacidade nominal da bateria devem ser considerados
no projeto do sistema, pois se relacionam ao tempo real de funcionamento da iluminação.
Os principais são os que seguem:
➢ Temperatura ambiente elevada;
➢ Sobrecargas;
➢ Limitações na carga máxima da bateria;
➢ Limitação da tensão de descarga sem entrar na área crítica; Proximidade
do tempo de vida útil da bateria.

ILUMINAÇÃO DE SINALIZAÇÃO

A iluminação de sinalização deve marcar todas as mudanças de direção,


obstáculos e saídas. A menor distância entre dois pontos de sinalização não pode ser
superior a 15 metros. Mesmo havendo obstáculos, como curvas, escadas e outros, as
sinalizações devem ser dispostas de forma que de cada ponto seja possível visualizar o
próximo, na direção da fuga.
A função da iluminação deve ser explicitada por intermédio de textos escritos,
associados a símbolos gráficos que devem ser colocados adequadamente nas luminárias,
de forma visível e desobstruída.

PROCEDIMENTOS DE LIMPEZA, DESINFECÇÃO E ESTERILIZAÇÃO

A conscientização das variações dos riscos de transmissão de infecções, das


dificuldades de cada método perante a natureza dos artigos é importante a fim de que
88

possam ser tomadas as precauções necessárias para torná-las invariavelmente eficientes.


Essa conscientização se inicia pelo conhecimento dos conceitos de limpeza, desinfecção,
esterilização, antissepsia e assepsia, de modo a torná-los compreensíveis e utilizáveis na
prática.
Os procedimentos antimicrobianos utilizados podem ser classificados em três
grupos:

LIMPEZA

É o procedimento antimicrobiano de remoção de sujidades e detritos para manter


em estado de asseio os artigos e áreas. A limpeza constitui o núcleo de todas as ações
referentes aos cuidados de higiene com os artigos e áreas hospitalares, sendo o primeiro
passo nos procedimentos técnicos de desinfecção e esterilização.
Os métodos de limpeza devem ser determinados pelo tipo de superfície,
quantidade e o tipo de matéria orgânica presente, e o propósito da área ou artigo. As
operações de limpeza, propriamente ditas, compreendem escovação com água e sabão,
fricção, esfregação e passar pano.
A varredura e espanação seca devem ser evitadas, pois estas práticas espalham
para o ar e para as superfícies limpas, poeira, matéria estranha e microorganismos.
Convém ressaltar que independentemente da grande rotatividade de pessoal que existe
nos setores de higiene hospitalar, programas de treinamento específicos devem ser
mantidos (Educação Continuada), de modo a garantir a eficácia dos procedimentos de
limpeza.
Esses programas de treinamento devem ser aplicados também nos hospitais que
contratam serviços de terceiros, sendo monitorados para obter um melhor controle de
qualidade nos procedimentos de limpeza.

DESINFECÇÃO

É o processo de destruição de agentes infecciosos em forma vegetativa, sendo


classificados como potencialmente patogênicos e aplicados em meios físicos e químicos.
Os meios químicos compreendem os germicidas (líquidos ou gasosos). Os meios físicos
89

compreendem o calor em suas formas seca e úmida (vapor). A desinfecção normalmente


se aplica a áreas e artigos semicríticos e não críticos.

Desinfetantes utilizados:
➢ Hipoclorito de sódio;
➢ Formaldeído;
➢ Compostos fenólicos e iodo.

Hipoclorito de sódio:
É um desinfetante universal ativo contra microrganismos, sendo normalmente
encontrado na forma de hipoclorito de sódio, com várias concentrações de cloro ativo. O
hipoclorito é corrosivo e tóxico, irrita a pele, olhos e sistema respiratório, porém sua
principal aplicação é na desinfecção de superfícies de trabalho, materiais de vidro sujos e
na descontaminação de superfícies de equipamentos, quando não houver indicação
contrária.

Formaldeído:
O formaldeído é usado como desinfetante na concentração de 50 g/litro (5%) e
encontrado no mercado a concentrações de 370 g/litro (37%). É corrosivo e tóxico,
irritante das vias aéreas, pele e olhos, entretanto é utilizado para desinfecção de
superfícies de trabalho, vidrarias e descontaminação de superfícies de equipamentos.

Compostos fenólicos:
Os fenólicos são corrosivos e tóxicos, irritam a pele, olhos e sistema respiratório,
devendo ser usado conforme as recomendações dos fabricantes. Seus compostos fazem
parte das formulações de desinfetantes, podendo ser usados em substituição ao hipoclorito
de sódio quando este não for possível.

Iodo:
O iodo é tóxico e irritante das vias aéreas, pele e olhos, de natureza corrosiva e
utilizado para desinfecção de superfícies de trabalho, vidrarias e descontaminação de
90

superfícies de equipamentos, inclui-se para uso da lavagem das mãos diluídos em álcool
etílico.

ESTERILIZAÇÃO

A esterilização é o processo de destruição ou eliminação total de todos os


microrganismos na forma vegetativa e esporulada, por meio de agentes físicos ou
químicos, aplicando-se especificamente a artigos críticos e semicríticos.

PROCEDIMENTOS DE MANUTENÇÃO FRENTE AO CONTROLE DE


INFECÇÃO HOSPITALAR

O serviço de manutenção, como responsável pelo bom funcionamento dos


equipamentos e instalações, é obrigado a circular por todas as áreas do hospital, inclusive
nas áreas críticas e semicríticas, obtendo-se da responsabilidade adicional sobre o
controle de infecção.
Assim sendo, devem seus funcionários:
➢ Receber treinamento em forma de educação continuada, visando
compreender os assuntos referentes ao controle de infecção hospitalar;
➢ Comunicar ao chefe do setor no qual irá desenvolver atividades e pedir
orientações específicas sobre procedimentos de controle de infecção necessários;
➢ Proceder à rigorosa desinfecção dos equipamentos de trabalho, quando
entrar em áreas críticas e semicríticas;
➢ Ao manusear equipamentos com possibilidade de estarem contaminados,
usar luvas protetoras e descartá-las após os trabalhos;
➢ Lavar as mãos antes e após a colocação das luvas;
➢ Usar luvas, avental e óculos toda vez que seu trabalho for realizado com
equipamentos que possam gerar gotículas ou provenientes de partes contaminadas com
sangue ou fluídos corpóreos;
➢ Cobrir pequenos ferimentos e lesões, toda vez que for manusear
equipamentos ou instalações que apresentem riscos de transmissão de infecção.
91

CONTROLE DE VETORES

A higiene é fundamental no ambiente hospitalar. Sua importância não deve se


limitar aos conceitos de limpeza, desinfecção e esterilização. Deve atingir conceitos
racionais mais amplos, como o de racionalização do lixo hospitalar e cuidados especiais.
Deve-se garantir que a alimentação no ambiente hospitalar exista somente em
ambientes próprios. Neste sentido, é de extrema importância os programas de reciclagem
de conhecimentos, educação continuada e educação em serviço, pois devem atingir
funcionários, pacientes e visitantes.

Mamíferos roedores

O rato é o mais prejudicial dentre os roedores, apresentam as espécies:


➢ Rato calunga ou camundongo (Mus muscullus),
➢ Rato de forro ou rato doméstico (Rattus rattus)
➢ Ratazana de esgoto (rattus norvegicus).

Todos vivem muito próximos ao homem, nos lares, celeiros, docas, navios e
depósitos de lixo. São notórios portadores de doenças, abrigando muitas vezes parasitas
intestinais, pulgas e são especialmente responsáveis pela transmissão de peste bubônica,
leptospirose (Leptospira sp), febre de Haverhill (Streptobacillus moniliformes).
Transmite ainda o "SODOKU" (Spirilum minus), caracterizado por uma úlcera
endurecida regional, febre recorrente e exântema cutâneo.

Características dos Roedores

Por ter a visão debilitada, movimenta-se em contato com as paredes, deixando


marcas nas mesmas devido à sujeira de seu corpo, obtidas nos ambientes em que vive.
Tem excelente olfato, de modo que não retorna a locais onde outros ratos tenham sido
mortos. Defecam no local onde comeram, facilitando o reconhecimento do mesmo.
92

Avaliação

A avaliação da quantidade de roedores existentes em determinado local é feita em


função dos estragos, danos ou prejuízos que causam. Pode ser melhor quantificada com
auxílio de profissionais em controle de vetores e saneamento.
É concluída com a localização do ninho.

Controle

Durante a fase crítica (infestação), o controle é feito por intermédio do uso de


raticidas em forma de isca. Estes atuam pela inibição dos fatores de coagulação sanguínea,
provocando a morte dos ratos por hemorragias, dias após a ingestão. As iscas devem ser
racionalmente distribuídas, sempre próximas a paredes. Após a fase crítica o controle
pode ser conseguido com a manutenção da higiene, uso da alimentação em local adequado
no hospital, bem como melhorando a qualidade de esgoto.

Insetos

Os insetos são o grupo dominante de animais na Terra, pois ultrapassam em


número todos os outros animais terrestres e são encontrados em todos os lugares. Muitos
insetos são extremamente valiosos ao homem, devido suas atividades polinizadoras que
possibilitam a produção de muitas colheitas agrícolas, incluindo a maioria das frutas de
pomares, as plantas forrageiras, muitas verduras e algodão.
Fornecem mel, cera de abelha, seda e outros produtos de valor comercial,
considerados úteis na medicina e em pesquisa científica. Alguns insetos são nocivos e
causam enormes perdas em colheitas agrícolas, em produtos armazenados, na saúde do
homem e de outros animais. Possuem as características de se adaptarem em vários tipos
de habitat, possuindo organização social e elevada capacidade reprodutiva, podendo
sobreviver dias ou anos.

Reconhecimento e Avaliação
93

Baratas

Pertencem à ordem orthoptera e à subordem blattodea, tendo características de


forma oval e achatada, sendo onívoras e de hábitos domésticos. As espécies mais comuns
no Brasil são a Periplaneta americana e a Blatella germânica. As baratas não são
conhecidas como vetores específicos de doenças, mas alimentamse de grande variedade
de produtos, contaminando alimentos, e odor desagradável, tornando-se pragas sérias.

Pulgas

Pertencem à ordem siphonaptera, consideradas insetos sem asas e hematófagos, e


muitas espécies são irritantes devido a picadas. Algumas servem de vetores de moléstias,
outras como hospedeiros intermediários de certas tênias.
Algumas espécies chegam a penetrar na pele de animais, inclusive do homem. Seu
corpo é achatado lateralmente, possuindo olhos ou não. Não possuem hospedeiros
específicos e podem se alimentar de vários animais, podendo viver por até um ano.
Sobrevivem várias semanas sem se alimentar. Põem seus ovos no chão ou no ninho do
hospedeiro.
Transmite ao homem três tipos de peste: a bubônica, a pneumônica e a
septicêmica. A moléstia mais importante transmitida por pulgas é a peste bubônica,
moléstia infecciosa causada pelo bacilo Pasteurella pestis, sendo basicamente uma doença
de roedores e transmite-se de um roedor para outro por meio das pulgas.
São transmitidas basicamente por três formas: regurgitação de bacilos na ocasião
da picada (pulga infestada), ao serem esfregadas sobre a pele e pela ingestão de pulgas
infectadas.

Piolho

Pertencem à ordem anoplura. São ectoparasitas que se alimentam de sangue. Duas


espécies parasitam o homem: o piolho de cabeça (pediculus humanus capitis) e o piolho
corporal (Pediculus humanus corporis).
Possui as seguintes características:
94

➢ O comprimento dos adultos varia de 2,5 a 3,5 milímetros;


➢ O piolho de cabeça põe seus ovos nos fios de cabelo, nos pelos do corpo e
ao longo das costuras de roupas.
➢ O ciclo reprodutivo dura cerca de um mês e alimentam-se com frequência.
A refeição dura alguns minutos.
➢ O piolho de cabeça é transmitido de pessoa a pessoa, pelo uso promíscuo
de pentes, escovas de cabelo e gorros.
➢ O piolho de corpo é transmitido através de roupas pessoais ou de cama,
podendo migrar durante a noite.
➢ É um importante vetor de doenças do homem, sendo o tifo epidêmico a
doença mais importante.
➢ Outra doença importante é a febre recorrente, cuja transmissão se faz
quando o piolho é esmagado contra a pele.
➢ As fezes e as picadas não são infectantes.

Moscas, pernilongos e borrachudos

Pertencem à ordem díptera. Constituem uma das maiores ordens de insetos e seus
representantes são fartos em indivíduos e espécies em quase todos os lugares. A maioria
das dípteras compõe-se de insetos relativamente pequenos e de corpo mole, alguns têm
grande importância econômica. Os pernilongos, borrachudos, biriguis, mutucas, moscas
dos estábulos e outros são hematófagos e constituem sérias pragas para o homem e
animais.
Muitos dos dípteros hematófagos e saprófagos, como a mosca doméstica e as
varejeiras, são vetores importantes de doenças. Os organismos que causam a malária,
febre amarela, filariose, a dengue, a doença do sono, a febre tifoide e a desinteria são
transportados e disseminados por dípteros.
O controle de insetos pode ser feito principalmente por meio de boas práticas de
higiene no ambiente hospitalar. Podem ser obtidos bons resultados através do uso de telas
nas janelas de cozinhas ou locais onde eles possam obter alimentação.
É possível o uso de produtos químicos, aplicados periodicamente nas diversas
áreas hospitalares, principalmente em frestas, locais escuros, cantos e rodapés, prováveis
95

locais que os insetos utilizam como esconderijo. O produto químico normalmente


aplicado é o peritroide. Ele atua na membrana dos neurônios de animais de sangue frio,
provocando um desequilíbrio químico entre as concentrações de sódio (Na) e potássio
(K).
O controle de vetores no ambiente hospitalar deverá ser feito por uma equipe
multiprofissional (CIPA, SESMT e CCIH), especialmente treinada, teoricamente e na
prática, e com a colaboração de todos os setores, por meio de informações precisas, é a
base do sucesso do programa controle.

PROCESSOS DE ESTERILIZAÇÃO

Esterilização em termos absolutos significa destruição de todas as formas de vida,


utilizando-se agentes físicos ou químicos, os quais podem ser líquidos ou gasosos.
Agentes físicos podem induzir a formação de substâncias químicas letais, do mesmo
modo que substâncias químicas podem produzir calor e pressão osmótica responsáveis
pela destruição de microrganismos.
O mais antigo e mais conhecido agente esterilizante é o calor, pois o vapor e o
calor são os meios clássicos de esterilização, tendo sido usados desde o princípio da
história da transmissão de doenças. A água em ebulição não se considera um bom
esterilizante devido à sua baixa temperatura, sua principal vantagem é a facilidade com
que é obtida.
O vapor sob pressão é barato e esteriliza materiais porosos e superfícies
rapidamente, mas o calor seco é relativamente lento e necessita altas temperaturas para
sua aplicação. Entretanto, o calor seco penetra em todos os materiais, como: óleos,
vaselinas e recipientes fechados, os quais não são penetrados pelo vapor.

ESTERILIZAÇÃO POR CALOR SECO

O calor seco é utilizado para aqueles materiais que não podem ser esterilizados
por vapor ou aqueles que suportam altas temperaturas. Possui as seguintes vantagens: não
é corrosivo para metais e instrumentos de corte; não desgasta vidrarias; tem alto poder de
penetração; pode-se esterilizar vidros a temperaturas mais altas, consumindo menor
tempo de esterilização.
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Possui as seguintes desvantagens:


➢ O aquecimento é lento; requer longos períodos para estabilização da
temperatura;
➢ Tem uma tendência de estratificação, ou seja, forma camadas de ar com
diferentes valores para a temperatura.

Riscos associados:
Os riscos associados ao processo de esterilização por calor referem-se a pacientes
e funcionários. O único risco a que estão sujeitos os pacientes é a não esterilização dos
materiais que passaram pelo processo. Para os funcionários, os choques elétricos,
queimaduras e incêndios.

ESTERILIZAÇÃO PELO CALOR ÚMIDO

A esterilização pelo calor úmido (vapor saturado) é um processo universalmente


aplicado, exceto onde a penetração do calor e da umidade sejam problemas. O maior
inimigo da esterilização a vapor é o ar, pois impede a penetração do vapor nos materiais,
reduzindo vigorosamente a eficácia do processo. Deste modo, o que difere os vários
processos de esterilização é a forma como o ar é retirado.

Alto vácuo

O ar é retirado anteriormente à injeção de vapor na câmara, por meio de bombas


de vácuo, gerando uma série de possíveis problemas, como: desidratação de materiais
devido à reduzida pressão relativa dentro da câmara e consequentemente a diminuição da
temperatura de vaporização da água, gerando a hipótese da queima de tecido e outros
materiais combustíveis.

Pressão pulsante

A concentração do ar é reduzida pela pressurização com vapor e a mistura é


evacuada até que a concentração do ar dentro da câmara seja reduzida. Por meio do uso
97

de uma bomba de vácuo, a mistura é mais rapidamente removida, principalmente do


interior de cargas porosas.

Deslocamento por gravidade

É baseado na diferença de densidade entre ar e vapor. O último, injetado pela parte


superior, assume o ponto mais alto da autoclave, pressionando a camada de ar existente
para fora da câmara, quando então a pressão parcial de vapor d’água dentro da câmara
aumenta.
Portanto, nesse processo o controle da velocidade de entrada do vapor é
fundamental, pois a turbulência na entrada pode misturar ar ao vapor. Este controle
influirá, assim, no tempo de esterilização.

Pressão pulsante com deslocamento por gravidade

É o mais eficiente método de remoção de vapor da câmara de esterilização, o vapor


é ministrado ao mesmo tempo em que uma bomba mantém um vácuo em valor
predeterminado. O ar é então removido por gravidade, permanecendo com baixa pressão
parcial no interior da carga.
O sistema é pressurizado novamente, aumentando a pressão do ar dentro da carga,
pois ao evacuar a câmara mais uma vez, o ar no interior da carga se expande e o vapor
condensado dentro da carga evapora de novo, devido ao vácuo; sendo retirado por
gravidade juntamente com o ar, quando nova injeção de vapor é efetuada.

ESTERILIZAÇÃO POR AGENTES QUÍMICOS

A esterilização por agentes químicos é bastante utilizada no ambiente hospitalar,


principalmente porque permite a esterilização de materiais que não suportam as altas
temperaturas empregadas nos processos a vapor e calor seco. Entretanto, o uso destes
produtos traz riscos para os profissionais da área da saúde e para os pacientes. Com
relação aos profissionais, estão sujeitos às agressões químicas inerentes a cada produto,
sendo que estas se caracterizam por irritações dos olhos, da pele e mucosas.
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O paciente está sujeito a adquirir infecção hospitalar, bem como aos efeitos lesivos
das substâncias químicas esterilizantes, quando estas não são retiradas adequadamente
dos materiais esterilizados.

ESTERILIZAÇÃO A ÓXIDO DE ETILENO E SUAS MISTURAS

O óxido de etileno também é conhecido como epoxitano ou óxido de dimetileno.


Ele é incolor e reage com vários produtos químicos, como alcoóis, aminas, ácidos
orgânicos e amidas. É solúvel em água a 10°C e forma poliglicóis em presença de bases,
podendo ser altamente inflamável e explosivo, embora seja também usado na forma pura.
Esse gás normalmente é utilizado em misturas diluídas.
Traz consigo uma lista de efeitos nocivos ao homem,
como: teratogenicidade, neurotoxicidade, mutagenicidade e carcinogenicidade. É tão
perigoso que no Brasil existe a Portaria Interministerial nr. 4, de 31 de julho de 1991, para
tratar especificamente o assunto. A concentração do gás, a temperatura da esterilização,
a umidade no interior da câmara e o tempo de exposição são fatores que afetam a atividade
do óxido de etileno como esterilizante.
Para eficácia e economia dos processos onde é usado o óxido de etileno, esses
aspectos devem ser adequadamente determinados em função de cada tipo de carga a
esterilizar. Tem como vantagens a possibilidade do reaproveitamento de materiais
descartáveis sensíveis ao calor e a eficácia com que a esterilização é alcançada.
Ao paciente traz riscos sérios de queimaduras, necrose e inflamações dos tecidos,
se os resíduos de óxido de etileno não forem retirados dos materiais que estão sendo
esterilizados (aeração da carga).

GLUTARALDEÍDO

São utilizadas duas formulações aquosas a 2%: ativadas (alcalinas) e


potencializadas (ácidas). A solução ativada (pH 7,5 a 8,5) é fornecida com pH ácido, se
mantém estável quando armazenada em locais frescos em recipientes fechados. No
entanto, uma vez ativada, ou seja, em pH alcalino, o glutaraldeído sofre polimerização
gradual e em duas semanas perde irreversivelmente suas propriedades germicidas.
99

As soluções de glutaraldeído são indicadas para a esterilização e desinfecção de


artigos críticos, instrumentos sensíveis ao calor como os de anestesia, suporte ventilatório,
fibroscópios e partes ópticas dos endoscópios.

Precauções:
➢ O glutaraldeído, tanto na forma ativada como na forma potencializada,
sofre polimerização gradual, reduzindo seu poder esterilizante. Neste sentido, verifique o
prazo de validade antes do uso;
➢ Os materiais devem ser imersos na solução, de modo que não forme bolhas
sobre eles. Estas impediriam o contato da solução com o material;
➢ Mantenha a solução em recipientes fechados;
➢ É tóxico, portanto o pessoal que o manuseia deve usar luvas e óculos.
➢ Em caso de contato com a pele, mucosa ou olhos, deve-se lavá-los com
água em abundância com auxílio de um lava-olhos e procurar socorro médico.

FORMALDEÍDO

O formaldeído é um gás incolor, de odor característico, cáustico para a pele e


irritante para as mucosas. Em concentrações superiores a 20 mg/l, polimeriza-se à
temperatura ambiente, dando origem a um precipitado branco que conserva o odor.
Este polímero denominado para formaldeído libera gradualmente o formaldeído,
essa liberação é acelerada pelo aumento de temperatura. A utilização do formaldeído em
soluções esterilizantes pode ser conseguida de dois modos: solução alcoólica a 8% e
aquosa a 10%.

Precauções:
➢ Os artigos devem estar rigorosamente limpos e mantidos em cubas de
esterilização fechadas em ambientes adequadamente ventilados.
➢ A ventilação pode ser natural ou forçada, dependendo das concentrações
de formaldeído no ar;
➢ O emprego de pastilhas de paraformaldeído na temperatura ambiente,
mesmo em exposição prolongada, não tem ação esporicida;
➢ Após a esterilização, o material deve ser enxaguado com água destilada ou
soro fisiológico;
100

➢ Durante o manuseio de artigos imersos nas soluções de formaldeído devem


ser usadas luvas e pinças o formaldeído sensibiliza e queratiniza a pele;
➢ Emprego do formaldeído em solução alcoólica não deve ser feito para
esterilização de lentes, pois o álcool ataca o cimento das lentes ópticas e o mesmo ocorre
com os artigos de polietileno e borracha;
➢ Manter a solução em cubas de esterilização bem fechadas e em ambientes
ventilados;
➢ Manter o teor de formaldeído no ar abaixo tolerável (22 ppm). Acima deste
limite ocorre intensa irritação das mucosas nasal e ocular, bem como bronquite e
pneumonia;
➢ Tomar leite em abundância quando houver ingestão de qualquer aldeído;
➢ Não provoque vômitos, pois no retorno da substância ele atacará a mucosa
novamente;
➢ Lavar as partes atingidas com água em abundância, quando houver contato
da substância com a pele.

OZÔNIO

O ozônio não é um novo esterilizante, usado em tratamento de água, polpa de


papel e esgoto. Devido ao seu alto poder oxidativo, esse esterilizante é empregado na
reesterilização de instrumentos médicos compostos dos seguintes materiais: titânio, aço
inox, borracha, cerâmicas, silicone, cloro de polivinil e poliuretano.

ESTERILIZAÇÃO POR RADIAÇÕES IONIZANTES

A esterilização é alcançada pela circulação do material ao redor de fonte ativa de


cobalto 60, por exemplo, de modo que as radiações sejam uniformemente recebidas pelo
material.

Raios Gama
101

Os raios gama são radiações de elevada energia e limitada por isótopos radiativos
(cobalto 60, césio 137 e tântalo 182), sendo utilizado com frequência na indústria
farmacêutica. As radiações gama possuem menor comprimento de onda que os raios
catódicos e ultravioletas, por isso são dotadas de maior poder penetrante, cerca de alguns
decímetros.
O elevado poder de penetração dos raios gama torna difícil a sua centralização
sobre o objeto a esterilizar e evitar a radiação ao ambiente circunvizinho. Os locais de
trabalho devem ser protegidos com vidro contendo chumbo, durante o processo a radiação
não pode ser interrompida e as operações de exposição são controladas a distância. Para
evitar o escurecimento dos vidros, é incorporado césio aos mesmos.
Embora tenha poder esterilizantes, seu emprego é muito limitado, ele altera
significantemente a natureza química dos produtos.

# Testes de comprovação de eficácia


São testes destinados à segurança e controle dos processos de esterilização,
devendo constituir-se em um procedimento de rotina, devendo ser executados ao menos
uma vez por semana.

Teste biológico
É o de maior segurança, pois emprega microrganismos vivos em suspensão
padronizada, com o objetivo de indicar a ausência de agentes vivos nos pacotes (carga)
em que foram colocados. Devido à resistência específica que cada microrganismo
apresenta a cada processo de esterilização, se utilizam os seguintes indicadores
biológicos:

• Bacillus stearothermophilus, para autoclave (vapor) e estufa (calor seco).


São colocados em envelopes ou polipropileno com tampa permeável ao vapor e dispostos
nos interiores dos pacotes em diferentes pontos da câmara;
• Bacillus subtilis van niger, para esterilização a óxido de etileno, sendo
importante a contraprova para verificar se os esporos estão vivos, testando dessa forma a
eficácia do indicador biológico.

Ambos devem ser colocados nos locais onde o acesso do calor é mais difícil.
102

A determinação desse local é feita durante a qualificação do processo.

Teste químico

Os testes químicos são usados diariamente, tem a finalidade de verificar a


temperatura do local onde o indicador foi colocado. Ou seja, se o indicador mudar de cor,
notamos que a temperatura do local onde permaneceu foi suficiente para ativálo
quimicamente, de modo a ocorrer a mudança de cor do mesmo. É mais empregado pelo
serviço de engenharia para detecção de falhas no equipamento ou processo.

Os mais utilizados são:

Fita adesiva: quando a temperatura onde foi colocada atinge o valor necessário ao
processo, listas escuras se revelam na superfície da fita. Estas fitas podem ser usadas para
a realização do teste de Bowie/Dick, para o teste de comprovação da eficácia do vácuo,
no processo de esterilização a vapor;
Ampolas de vidro: o líquido em seu interior muda de cor, indicando que a
temperatura de 120°C foi alcançada no interior da câmara ou da carga;
Fitas indicadoras de esterilização a óxido de etileno: a fita possui uma terminação
pontiaguda, de uma coloração amarela que muda para o azul quando a esterilização fica
alcançada. São testes que complementam a validação do processo e dão maiores garantias
de que os materiais estão efetivamente esterilizados. É importante ressaltar que estes
testes se referem somente à temperatura, não indicam, portanto, o tempo em que o local
foi permaneceu naquela temperatura. Por isso esse teste nunca deve ser utilizado
separadamente dos testes biológicos semanais.

Validação do processo

Validar é assegurar que um processo cumpra os fins para os quais foi programado,
definindo parâmetros do ciclo de esterilização, de acordo com as características de
penetração de calor e a natureza do material (termolábil ou termoestável).

Divide-se em:
103

a) Qualificação da instalação: consiste da realização da qualificação das


áreas, certificação dos parâmetros de operação, da configuração e operação do
equipamento, da descrição da sequência de operação do equipamento, da segurança do
sistema, dos procedimentos qualitativos (calibração e manutenção) e da documentação.
A documentação consiste em descrever os resultados da operação, da calibração, das
definições dos métodos de controle do processo, do espectro da distribuição da
temperatura, da segurança a ser empregada pelo sistema (termostatos, pressostatos,
alarmes sonoros e visuais para temperatura e pressão).

b) Qualificação do processo: Tem como finalidade estabelecer a


reprodutibilidade do processo, incluindo a configuração da carga mais difícil de
esterilizar, e outras necessidades específicas do processo com os locais onde termopares
e bioindicadores serão colocados, a distribuição de temperatura no interior da câmara,
avaliação das embalagens e a documentação dos resultados finais.

c) Certificação: É o documento final, obtido na revisão de toda a


documentação (qualificação do processo e da instalação), sendo necessário à liberação da
rotina de trabalho, devendo ser feita anualmente.

RESÍDUOS HOSPITALARES

As estratégias de sustentabilidade ambiental buscam compatibilizar as


intervenções antrópicas com as características dos meios físico, biológico e
socioeconômico, minimizando os impactos ambientais por meio da menor geração de
resíduos sólidos e pelo adequado manejo dos resíduos produzidos. Quando a população
humana era pequena e a natureza tinha como compensar os impactos a que era submetida,
não ocorriam desequilíbrios. No entanto, quando a população começa a crescer, os efeitos
dos impactos começam a surgir.
No século XVIII, com a revolução industrial a exploração dos recursos naturais
passa a ser intensa. No entanto, já a partir da metade do século XX, o modelo de
desenvolvimento passa a ser questionado, considerando que os recursos naturais são
finitos.
104

Considera-se o lixo todo e qualquer resíduo sólido proveniente das atividades


humanas, porém o conceito mais atual é de que lixo é aquilo que ninguém quer ou não
tem valor comercial, neste caso, pouca coisa descartada pode ser chamada de lixo. Neste
sentido, a reciclagem de lixo surge como uma opção importante no gerenciamento dos
resíduos sólidos, tendo como desafio a separação dos resíduos.
A falta de informações sobre o assunto é um dos principais motivos para a
ausência de projetos bem sustentados que determinem melhorias no setor.
Particularmente os resíduos dos serviços de saúde merecem atenção especial em suas
fases de separação, acondicionamento, armazenamento, coleta, transporte, tratamento e
disposição final, em decorrência dos riscos graves e imediatos que podem oferecer,
particularmente na questão infectocontagiosa.
É lícito citar que a própria Constituição Federal, em seu artigo 174, prevê que o
Estado seja o regulador das atividades econômicas, promovendo o desenvolvimento
equilibrado entre produção e conservação ambiental. Os estabelecimentos de saúde
devem promover programas eficientes de gerenciamento dos resíduos infectocontagiosos,
objetivando a promoção da melhoria das condições de saúde pública, por meio da
proteção do meio ambiente.
Com um efetivo gerenciamento é possível estabelecer em cada etapa do sistema,
a geração, segregação, acondicionamento, coleta, transporte, armazenamento, tratamento
e disposição final dos resíduos, com manejo seguro dos mesmos por meio de
equipamentos adequados aos profissionais envolvidos, inclusive quanto ao uso de
Equipamentos de Proteção Individual (EPIs), que são indispensáveis no caso.
A adoção de mecanismos prévios de separação e desinfecção permite a reciclagem
do vidro, dos metais, do alumínio, dos plásticos e do papel. As principais causas do
crescimento progressivo da taxa de geração dos resíduos sólidos dos serviços de saúde
(RSSS) é o contínuo incremento da complexidade da atenção medida e o uso crescente
de materiais descartáveis.
A quantidade e a natureza dos resíduos dependem do tipo de hospital, dos
procedimentos adotados, de fatores sazonais e até do tipo de alimentação adotado, sendo
necessário um estudo de caracterização, como a pesagem e a análise dos resíduos em cada
estabelecimento e em cada período do ano, para se determinar a correta natureza dos
resíduos dos serviços de saúde em cada estabelecimento. Segundo Petranovich (1991), o
volume de resíduos dos serviços de saúde tem crescido 3% ao ano, num fenômeno
105

alimentado pelo crescimento do uso de descartáveis que sofreu ampliação de 5% para 8%


ao ano.
Os resíduos dos serviços de saúde ainda não recebem o devido tratamento
diferenciado, tendo muitas vezes como destino final o mesmo local utilizado para descarte
dos demais resíduos urbanos, despertando o interesse aos catadores de lixo que praticam
reciclagem, quando a manipulação de resíduos ocasiona doenças infectocontagiosas em
razão do contato direto.

GESTÃO DE RESÍDUOS DE SERVIÇOS DE SAÚDE

Tipo Descrição básica Kg/leito/dia Países


A totalidade do RSSS (resíduos sólidos dos serviços de saúde) é considerada
especial (resíduos de pacientes com infecções virulentas, de pacientes com infecção de
transmissão oral-fecal, de pacientes com infecções de transmissões por aerossóis, de
resíduos perfurantes ou cortantes, cultivo e reservas de agentes infecciosos, sangue
humano e resíduos anatômicos humanos).
No Brasil algumas ações estão sendo desenvolvidas para alterar a gestão atual, o
que se observa é que a maioria dos resíduos ainda é considerada perigosa (infectante ou
especial), tendo como visão que todo resíduo originado de serviço de saúde esteja
contaminado, levando a um preconceito que induz a uma negligência com políticas de
gestão.
Monreal (1993) assevera em confirmação a todas as observações anteriores, que
a quantidade de resíduos sólidos gerados no estabelecimento de serviço de saúde é função
das diferentes atividades que nele se desenvolvem, dependendo, portanto, da quantidade
de serviços médicos, do grau de complexidade da atenção prestada, do tamanho do
estabelecimento, da proporção entre pacientes externos e internos, e do número de
profissionais envolvidos, não sendo fácil, portanto, estabelecer relações simples que
permitam estimar a quantidade de resíduos sólidos gerados.
O maior problema dos resíduos sólidos dos serviços de saúde é seu potencial de
risco. O risco é definido como a medida da probabilidade e da severidade de ocorrerem
efeitos adversos de uma ação particular. O risco ambiental pode ser classificado de acordo
com o tipo de atividade, englobando as dimensões de exposição instantânea, crônica,
106

probabilidade de ocorrência, severidade, reversibilidade, visibilidade, duração e


ubiquidade de seus efeitos.
No contexto governamental, o risco ambiental pode ser classificado nas áreas de
saúde pública, recursos naturais, desastres naturais e introdução de novos produtos.

TÉCNICAS DE GERENCIAMENTO

Brilhante e Caldas (1999) sintetizam a classificação de risco, segundo a


Organização das Nações Unidas para a proteção ambiental “United Nations

Environmental Protection” (UNEP) como:


➢ Risco direto: probabilidade de que um determinado evento ocorra,
multiplicado pelos danos causados por seus efeitos;
➢ Risco de acidentes de grande porte: caso especial de risco direto em que a
probabilidade de ocorrência do evento é baixa, mas suas consequências são muito
prejudiciais;
➢ Risco percebido pelo público: a percepção social do risco depende de sua
aceitação. A facilidade de compreensão e da aceitação do risco depende das informações
fornecidas, dos dispositivos de segurança existentes, do retrospecto da atividade e dos
meios de informação;
➢ Risco com características crônicas: aqueles que apresentam uma ação
contínua por longo período, como, por exemplo, os efeitos sobre os recursos hídricos, a
vegetação, os solos e a saúde;
➢ Risco agudo: decorrente de emissões de matéria ou energia em grandes
concentrações, em um curto espaço de tempo;
➢ Riscos tecnológicos ambientais: são riscos vinculados a contaminantes
ambientais, resultantes da ação antrópica (tecnológicos) ou naturais.

Os resíduos dos serviços de saúde são considerados perigosos tanto pela legislação
americana, quanto pela normatização brasileira. A periculosidade é atribuída tanto pela
toxicidade quanto pela patogenicidade. Dentre os resíduos gerados nos serviços de saúde,
os classificados como infectantes são aqueles que apresentam riscos mais evidentes,
107

podendo apresentar tanto contaminação biológica (microrganismos patogênicos) como


por substâncias químicas.
Os pacientes e os profissionais das áreas, médica e para-médica, bem como os
funcionários que manuseiam os resíduos, são os potenciais alvos das infecções. Por isso
a solução é uma rigorosa normatização de conduta para o gerenciamento dos resíduos
sólidos dos serviços de saúde.
Na medida em que os resíduos sólidos de serviços de saúde são dispostos de
qualquer maneira em depósitos a céu aberto, ou em cursos de água, possibilitam a
contaminação de mananciais de água potável, sejam superficiais ou subterrâneos,
disseminando as doenças por meio de vetores que se multiplicam nestes locais ou que
fazem dos resíduos uma fonte de alimentação.
A minimização, antes de se constituir em uma etapa de gerenciamento, é o
primeiro aspecto a ser considerado dentro do conceito de prevenção à ocorrência dos
impactos ambientais. Minimizar a geração de resíduos em certo nível é possível, e traz
grandes benefícios econômicos e ambientais.
Segundo a Agência de Proteção Ambiental Americana – Enviromental Protection
Agency (EPA), 1988, “Minimização de Resíduos” significa redução na geração de
resíduos perigosos, antes das fases de tratamento, armazenamento ou disposição,
incluindo qualquer redução de resíduos na fonte geradora e inclui a diminuição do volume
total e a redução da toxicidade do resíduo.

MÉTODOS PARA MINIMIZAÇÃO DE ALGUNS RESÍDUOS


PERIGOSOS

➢ Substituir solventes de limpeza por solventes menos perigosos;


➢ Segregar resíduos de solventes;
➢ Recuperar e reutilizar solventes por meio de destilação;
➢ Usar calibradores de solventes para testes rotineiros;
➢ Substituir instrumentos contendo mercúrio por eletrônicos;
➢ Reciclar o mercúrio contido em resíduos de equipamento;
➢ Fornecer kits individuais para limpeza de derramamento de mercúrio;
➢ Diminuir a extensão de formaldeído;
➢ Minimizar os resíduos da limpeza dos equipamentos de diálise;
108

➢ Utilizar osmose reversa para tratamento de água;


➢ Recuperar o resíduo de formaldeído;
➢ Reduzir o volume utilizado de quimioterápicos antineoplásicos;
➢ Otimizar o tamanho do recipiente da droga (quimioterápicos) quando da
compra;
➢ Retornar drogas quimioterápicas com prazos de validade vencidos;
➢ Centralizar o local dos compostos quimioterápicos;
➢ Fornecer kits de limpeza para derramamentos;
➢ Devolver o revelador do Raios-X fora da especificação para o fabricante;
➢ Cobrir os tanques do fixador e do revelador para reduzir a evaporação;
➢ Recuperar a prata constituída na película das imagens radiográficas;
➢ Reciclar o resíduo do filme e papel;
➢ Usar equipamento para reduzir perdas do líquido revelador;
➢ Na Medicina Nuclear usar menos isótopos perigosos quando possível;
➢ Segregar e rotular apropriadamente os resíduos radioativos.

SEGREGAÇÃO

O fenômeno da descartabilidade é o responsável pelo aumento cada vez maior do


volume de resíduos em estabelecimentos de saúde, determinando que as ações sejam
implementadas no sentido de haver uma segregação na origem da geração. Quando ocorre
a mistura de resíduos, materiais perigosos e não perigosos todos se tornam perigosos.
A NBR 12807/93 define a segregação como “operação de separação de resíduos
no momento da geração, em função de uma classificação previamente adotada para estes
resíduos”. A escassez de recursos humanos capacitados para gerenciar problemas
ambientais decorrentes de programas inadequados ou até mesmo inexistentes quanto ao
manejo de resíduos sólidos, é uma realidade nos serviços de saúde.
Formaggia (1995) sugere que os profissionais deveriam se preocupar com os
resíduos gerados por suas atividades, objetivando minimizar riscos ao meio ambiente e à
saúde das populações que eventualmente possam ter contato com os resíduos. Para que a
segregação dos resíduos seja eficiente, é necessária uma classificação prévia dos resíduos
a serem separados. Deve ser estabelecida uma hierarquia em função das características
dos materiais, considerando as questões operacionais, ambientais e sanitárias.
109

A segregação em várias categorias é recomendada como meio de assegurar que


cada um receba apropriado e seguro manejo, tratamento e disposição final. A Resolução
CONAMA 5/1993 já assinala que quando a segregação não ocorre, os resíduos comuns
(grupo D) que poderiam ser tratados como resíduos domiciliares serão contaminados
pelos resíduos infectantes (grupo A), merecendo o mesmo gerenciamento destes resíduos.
Estes autores destacam ainda que os métodos adotados pelo estabelecimento,
com padrões de cores e sinais, devem ser:
➢ MINIMIZAÇÃO;
➢ REDUÇÃO NA FONTE;
➢ RECUPERAÇÃO REUSO;
➢ MUDANÇA DE MATERIAIS;
➢ MUDANÇA DE PROCEDIMENTOS;
➢ MUDANÇA DE TECNOLOGIA;
➢ RECICLAGEM;
➢ SUBSTITUIÇÃO DE INSUMOS.

REUSO

O reuso é entendido como a reutilização de um material sem que ele tenha de


passar por um processo de tratamento, como, por exemplo, o reuso das embalagens de
agrotóxicos pelos fornecedores. O mesmo método pode ser empregado na reutilização
das embalagens do formaldeído de necropsias, na utilização de latas de leite vazias do
setor de maternidade, que podem ser empregadas para uso como recipientes de descarte
de materiais perfurocortantes.

RECUPERAÇÃO

A recuperação de Resíduos Sólidos dos Serviços de Saúde é entendida como o


processo por meio do qual um resíduo se torna um produto útil e regenerado, podendo ser
exemplificado:

➢ Pela recuperação da prata dos produtos químicos fotográficos;


➢ Recuperação de solventes por destilação;
110

➢ Reciclagem de filme e papel fotográfico;


➢ Reciclagem do vidro e papelão descartados;
➢ Reaproveitamento de resíduos de alimentos para uso em alimentação
animal, desde que não tenha entrado em contato com os pacientes.

A Associação Brasileira de Normas Técnicas (ABNT) dispõe de várias normas


técnicas relacionadas aos sacos plásticos, que devem ser consultadas:
➢ NBR 9191/2002;
➢ NBR 9195/1993;
➢ NBR 9196/1993;
➢ NBR 9197/1993;
➢ NBR 13055/1993;
➢ NBR 13056/1993.

Martinez (1993) relata uma sistemática de identificação de sacos por cor, utilizada
em muitos hospitais americanos, que toma por base as normas e recomendações da
Organização Mundial da Saúde:
➢ Resíduos comuns: sacos verdes
➢ Resíduos infectantes: sacos vermelhos
➢ Resíduos anatomopatológicos: sacos pretos
➢ Resíduos plásticos: sacos laranja
➢ Vidros: sacos brancos
➢ Papel e papelão: sacos cinza.

COLETA DE RESÍDUOS SÓLIDOS DE SERVIÇOS DE SAÚDE

Para a ABNT, NBR 12807/1993, “coleta interna de resíduos é a operação de


transferência dos recipientes, do local de geração, para o local de armazenamento interno,
normalmente localizado na mesma unidade de geração, no mesmo piso ou próximo, ou
deste para o abrigo de resíduos ou armazenamento externo, geralmente fora do
estabelecimento, ou ainda diretamente para o local de tratamento. Em pequenas
instalações ou determinados casos, essas etapas reduzem-se a uma única”.
111

A coleta interna é aquela realizada dentro da unidade e consiste no recolhimento


dos resíduos das lixeiras, fechamento do saco e seu transporte até a sala de resíduos ou
expurgo. A coleta externa consiste no recolhimento dos resíduos de serviços de saúde
armazenados nas unidades a serem transportadas para o tratamento ou disposição final.
A NBR 12810/1993 especifica as condições do veículo.
Na década de 1980, com o advento da Síndrome de Deficiência Imunitária
Adquirida (AIDS), ocorre uma grande comoção pública em relação às condutas de
higiene hospitalar e todos os resíduos que tivessem contato com pacientes eram
considerados infectantes e passavam a merecer tratamento específico.
A partir de 1989 foi estabelecida uma nova filosofia na gestão de tratamento dos
resíduos, na qual foram determinadas e consagradas regras que consideram que somente
uma pequena quantidade de resíduos hospitalares deve receber tratamento específico.
O objetivo de tratar resíduos infecciosos é reduzir os riscos associados com a
presença de agentes patogênicos. Vários métodos são conhecidos como tratamento por
luz ultravioleta, tratamento com peróxido de oxigênio e outros. Não há consenso sobre os
métodos e a melhor solução deverá ser resultante da combinação entre variáveis locais
como condições geográficas e infraestrutura, combinadas com a disponibilidade de
recursos e quantidade de resíduos.
A Resolução CONAMA 5/93 define os sistemas de disposição final de resíduos
sólidos, como o conjunto de unidades, processos e procedimentos que visam o
lançamento do resíduo no solo, garantindo-se a proteção da saúde pública e conduzindo
à minimização do risco ambiental.
No Brasil são dispostos os resíduos sólidos a céu aberto; em vazadouros; aterros
sanitários e em valas sépticas. É recomendável que se tomem medidas para isolar e tornar
indevassável o aterro e para proteger águas superficiais e subterrâneas, bem como o
controle de gases e líquidos, e a drenagem das águas pluviais.
Deve-se realizar um programa de gerenciamento de resíduos compostos por
etapas, sendo elaboradas pelos geradores de resíduos, de acordo com suas características
diagnosticadas. Devendo ser classificados por um conteúdo básico, contendo:
➢ Material biológico;
➢ Sangue e hemoderivados;
➢ Material cirúrgico;
➢ Anatomopatológico e exsudato;
➢ Material perfurocortante;
112

➢ Animais contaminados;
➢ Assistência ao paciente e sobras de alimentos.

NORMATIZAÇÕES

Várias normas brasileiras já citadas tratam do assunto, destacando-se ainda as


NBR 9191, NBR 7500 (trata da simbologia), NBR 12809 e NBR 13853. A NBR 12807
estabelece a terminologia a ser utilizada, enquanto a NBR 12808 classifica os grupos e a
NBR 12809 fixa os procedimentos. A NBR 12810 fixa os procedimentos exigíveis para
as coletas interna e externa. A NBR 9191 fixa especificações para os sacos plásticos a
serem utilizados e a NBR 11175 estabelece padrões de desempenho para os processos de
incineração.
A Resolução CONAMA 05/1993 estabelece as competências sobre o
gerenciamento dos resíduos gerados em estabelecimentos de saúde.

LICENCIAMENTO AMBIENTAL

O licenciamento ambiental é regido pela Resolução 237, de 19 de dezembro de


1997, do CONAMA e considera a utilização do licenciamento, instituído pela Política
Nacional do Meio Ambiente. Registra ainda a necessidade de incorporação de práticas
visando atingir a meta de desenvolvimento sustentável e contínua melhoria.

CONCLUSÕES

As atividades ligadas ao setor de saúde são fundamentais no contexto de todos os


aglomerados humanos organizados. No entanto, o comprometimento ambiental gerado
pela gestão inadequada de resíduos sólidos dos serviços de saúde é reconhecido tanto pela
comunidade científica como pelas autoridades sanitárias e pela população em geral.
Logo, a contribuição de alternativas tecnológicas que viabilizem menor impacto
ambiental sobre os meios físico, biótico e socioeconômico que constituem o meio
ambiente é uma necessidade urgente para a melhoria de qualidade de vida das populações
sem a perda de qualidade no atendimento prestado pelos serviços de saúde.
113

CONTROLE DE INFECÇÃO HOSPITALAR

DESAFIOS DO SISTEMA DE SAÚDE

O controle da infecção hospitalar é considerado uns dos desafios do nosso sistema


de saúde, devido à/ao:

➢ Ambiente de alta concorrência, caracterizado por custos progressivos, cuja


eficácia é questionada.
➢ Maior complexidade do atendimento por meio do uso crescente de
tecnologia, com procedimentos cada vez mais sofisticados.
➢ Sistema de saúde caracterizado por repressão da demanda, baixa
resolutividade dos serviços, com escassez e desperdício de recursos, reflexos da ausência
de uma política eficaz de saúde pública, favorecendo, pela falência, a privatização do
atendimento, privilegiando o controle do mercado pelos financiadores privados dos
serviços de saúde, que procuram impor condições, inclusive os preços.
➢ Aumento progressivo da demanda, com usuário mais exigente e informado
quanto aos seus direitos, influenciado pela mídia que idolatra a tecnologia, dando aos
recursos humanos e às organizações, responsabilidades exclusivas sobre o insucesso.
➢ Profissionais de saúde insatisfeitos com sua baixa remuneração, com
múltiplos empregos, sem tempo para atualização.

CONTROLE DE INFECÇÃO: PACIENTES

➢ Expectativas da clientela;
➢ Direitos do paciente;
➢ Acesso à informação médica (Internet);
➢ Influência da mídia;
➢ Código de Defesa do Consumidor;
➢ Processos legais;
➢ Aspectos éticos;
➢ Patologia de base:
➢ Perfil patológico;
114

➢ Avanços tecnológicos
➢ Consequências da maior sobrevida;
➢ Bioética (morte digna).

CONTROLE DE INFECÇÃO: PROCEDIMENTOS INVASIVOS

➢ Avanços tecnológicos;
➢ Qualidade assistencial;
➢ Qualidade de vida;
➢ Multiplicidade de recursos;
➢ Comissão de Padronização de Materiais e Insumos;
➢ Segurança ocupacional;
➢ Biocompatibilidade;
➢ Aspectos econômicos;
➢ Prioridades/avaliação do impacto;
➢ Financiamento;
➢ Reutilização de descartáveis;
➢ Ambiente hospitalar;
➢ Atendimento a maioria dos casos comunitários;
➢ Integração com autoridades sanitárias (notificação);
➢ Dificuldades diagnósticas.

CONTROLE DE INFECÇÃO: PATÓGENOS EMERGENTES

➢ Resistência antimicrobiana;
➢ S aureus resistente à meticilina (SARM);
➢ S aureus com sensibilidade intermediária à vancomicina (VISA);
➢ Enterococo resistente à Vancomicina;
➢ Betalactamases de espectro estendido (ESBL);
➢ Bacilos gram negativos não fermentadores multiR;
➢ Tuberculose.

Os serviços de saúde estão inseridos no contexto epidemiológico da comunidade


e são parte essencial do manejo de doenças emergentes. Os profissionais de controle de
115

infecção devem estar preparados para integrar a linha de frente da resposta a esses
agravos.

RECURSOS HUMANOS E AVANÇOS TECNOLÓGICOS

➢ Terapias intensivas (equipamentos, sensores);


➢ Exames subsidiários (exame clínico em segundo plano);
➢ Reações da clientela (sofisticação X humanismo);
➢ Atendimento impessoal (processos jurídicos).

Importância dos Recursos Humanos:

➢ Comanda, opera e avalia os recursos tecnológicos;


➢ Racionalização da tecnologia (custo X benefício).

A história da evolução tecnológica na área da saúde começou com a revolução


industrial, por meio do desenvolvimento de novas tecnologias em praticamente todas as
áreas do conhecimento. As ciências aplicadas possibilitaram o advento de recursos e
equipamentos que proporcionam a melhora na qualidade de vida. A associação entre
tecnologia e equipamentos vem, provavelmente, dessa primeira revolução industrial.
A industrialização trouxe consigo, além da modernização, o avanço tecnológico e
a valorização da ciência em detrimento do homem e de seus valores. Os avanços
tecnológicos também ocorreram na área da saúde, com a introdução da informática e do
aparecimento de aparelhos modernos e sofisticados que trouxeram muitos benefícios e
rapidez na luta contra as doenças.
Essa tecnologia moderna, criada pelo homem a serviço do homem, tem
contribuído em larga escala para a solução de problemas antes insolúveis e que pode
reverter em melhores condições de vida e saúde para o paciente. Os dias atuais
caracterizam-se por profundas e constantes mudanças, é crescente e cada vez mais
acelerada a inovação tecnológica, colocando à disposição dos profissionais e usuários os
mais diversos tipos de tecnologia, tais como: educacionais, gerenciais e assistenciais.
As instituições de saúde, bem como os profissionais que atuam nesse setor, não
ficaram alheias a esse processo. Assim como nas organizações produtivas, nas quais a
116

utilização da tecnologia permite a manutenção de uma posição de igualdade ou mesmo


superioridade em relação a concorrentes, as organizações de prestações de serviços têm
o mesmo comportamento, visto que, em sociedades capitalistas, os serviços passam,
também, a serem considerados bens vendáveis, reproduzindo, assim, a lógica das leis de
mercado competitivo.

HUMANIZAÇÃO DO ATENDIMENTO HOSPITALAR

•Risco de a tecnologia intermediar a relação com o cliente;


•A doença para o cliente;
•Percebida integralmente (não em partes de seu corpo);
•Repercussão em suas atividades habituais;
•Hospitalização submete o cliente à equipe de saúde;
•Incompreensão do impacto sobre o cliente;
•Promover expectativa de cura (submissão do cliente);
•Riscos da hospitalização (infecção hospitalar);
•Atendimento integral ao paciente;
•Valorização dos recursos humanos;
•Estimular o trabalho em equipe.

A humanização do atendimento hospitalar requer mudança de valores,


comportamento, conceitos e práticas, exigindo do atendente um reposicionamento no que
se refere ao atendimento aos usuários. Essa postura está obrigando o Sistema Único de
Saúde a investir em treinamento de todos os seus colaboradores.

O ATENDIMENTO À SAÚDE E O CONTROLE DE INFECÇÃO

•Assessoria em medidas de proteção anti-infecciosa;


•Transformar informação em ação epidemiológica;
•Conhecimento técnico-científico;
•Promover atendimento com ética profissional;
•Legal, ético e bioético;
117

•Mudanças de comportamento;
•Trabalho em equipe.

Na assistência à saúde, independente de ser prevenção, proteção ou tratamento e


reabilitação, o indivíduo deve ser visto como um ser integral, que não se fragmenta para
receber atendimento em partes. As IH (Infecções Hospitalares) são multifatoriais e toda
a problemática de como reduzir as infecções, intervir em situações de surtos e manter sob
controle as infecções dentro de uma instituição deve ser resultado de um trabalho de
equipe.
O aprimoramento de recursos humanos em uma instituição, inclusive para
racionalizar a tecnologia, deve ser prioridade, pois um bom atendimento não é mensurado
somente pelo avanço tecnológico dos equipamentos. A prevenção e o CIH (Controle de
Infecção Hospitalar) estão relacionados à promoção à saúde e devem refletir preocupação
no sentido de que as pessoas consigam livrar-se de fatores que as predispõem para
comportamentos insalubres para si próprias e para os pacientes.

MUDANÇA NO COMPORTAMENTO HOSPITALAR

➢ Hospitais são estruturas bastante resistentes a mudanças, em parte pelos


conflitos de sua administração com o caráter liberal do exercício profissional do médico;
➢ A necessidade de mudanças deve estar bem fundamentada;
➢ A linguagem estatística aliada à análise das consequências dos problemas
pode facilitar abordagem com profissionais reticentes;
➢ Diagnosticar problemas em qualquer fase do processo de
produção/atendimento;
➢ Erros são uma oportunidade de aprimoramento;
➢ A abordagem da qualidade fundamenta sua ação no envolvimento da
equipe na compreensão e resolução de um problema;
➢ O controlador de infecção deverá conhecer e aplicar as principais
ferramentas da qualidade, auxiliando os membros da equipe a descobrirem por si só as
respostas aos problemas levantados;
➢ O hospital é uma empresa, sujeita às regras do mercado, cujo produto
principal deve ser a excelência do seu atendimento;
118

O objetivo de um programa de controle de infecção, focado na vigilância, é


eliminar problemas pela identificação de resultados adversos, principalmente a infecção
hospitalar, detectando suas causas e propondo medidas corretivas visando retornar aos
índices endêmicos de infecção previamente estabelecidos.
A clientela do controle de infecção requerer informes das atividades de vigilância,
revisão das padronizações, orientação e atualização da prática profissional, além de
informação sobre o risco de determinados procedimentos invasivos ou mesmo da
ocorrência de infecção hospitalar.

Qualidade e controle de infecção

Qualidade

QUALIDADE E CONTROLE DE INFECÇÃO

➢ Aprimoramento dos recursos humanos hospitalares;


➢ Necessidade de treinar seus profissionais para que a instituição obtenha
vantagem competitiva;
➢ Excelência do atendimento;
➢ Infecção hospitalar é um dos principais indicadores da qualidade do
atendimento prestado;
➢ Processo educacional dentro da organização hospitalar que visa mudanças
119

de comportamento;
➢ Aquisição de novos conhecimentos e novas formas de pensar;
➢ Substituição de atitudes;
➢ Riscos para os pacientes e os próprios funcionários;
➢ Monitoramento da sua aplicação;
➢ O fator humano é a ferramenta mais importante de uma organização;
➢ Reconhecer as necessidades da nossa mão de obra;
➢ Motivação;
➢ Relações humanas no ambiente de trabalho;
➢ Supervisão sobrepondo a fiscalização;
➢ Identificação do potencial e da limitação dos profissionais;
➢ Técnicas educativas adequadas;
➢ Acompanhamento contínuo dos profissionais que participaram de algum
tipo de treinamento.

ATUAÇÃO DOS RECURSOS HUMANOS HOSPITALARES

Os recursos humanos hospitalares têm a responsabilidade de instituir a política


institucional para prevenir e controlar a infecção, porém, o sucesso do programa
dependerá do envolvimento de todos os profissionais que atuam na prestação da
assistência hospitalar.
De nada adianta o conhecimento do fenômeno e das medidas preventivas, se quem
presta assistência não as adota no seu fazer profissional. A enfermagem, por intermédio
do cuidado prestado, integra o trabalho dos demais profissionais, possibilitando
incrementar esta política institucional de CIH.
O aprimoramento de recursos humanos em uma instituição, inclusive para
racionalizar a tecnologia, deve ser prioridade, pois um bom atendimento não é mensurado
somente pelo avanço tecnológico dos equipamentos. O hospital que tem filosofia voltada
para a valorização dos recursos humanos, buscando introduzir, alterar e aprimorar
comportamentos e atitudes, está mais próximo de atingir o grau de excelência de seu
atendimento.
Dentro da estrutura organizacional, cada trabalhador deve ter papel definido e
cumpri-lo com a máxima competência, procurando agir de acordo com os princípios
básicos de sua profissão. O Recursos Humanos tem que implantar normas e rotinas
120

dentro da instituição que capacitem e preparem o profissional de saúde para o CIH,


considerando a sua interdisciplinaridade, com o objetivo de viabilizar o contato do
profissional com todas as normas e legislação orientadora e reguladora da prevenção e
controle de infecção.
A complexidade e abrangência da infecção hospitalar, seu controle e suas
implicações nas ações assistenciais devem ser controlados por políticas propostas pela
instituição hospitalar, com o intuito de prevenção e controle do mesmo.

MEDIDAS DE CONTROLE DO TERRORISMO BIOLÓGICO

O que é Terrorismo Biológico?

É como um pesadelo ou filme de horror que nunca termina, em que o medo se


esconde em cada sorriso e é proibido relaxar...

Quais agentes são preferidos?

Aqueles que são mais facilmente espalhados (ar, água, solo, entre pessoas),
causam grande impacto em saúde pública (elevado custo, dificuldades para controle,
mortalidade elevada, profissionais especializados), gerando pânico e caos social.

Como avaliar o risco de um agente biológico?

A partir das características de disseminação, mortalidade, exigências sanitárias e


repercussão social, os agentes são distribuídos em categorias: A, B, C.

Piores (Categoria A).


Exemplo: varíola, carbúnculo, peste, botulismo, tularemia, febres hemorrágicas
(Ebola, Junin).
Moderados (Categoria B)
Exemplo: febre Q, brucelose, melioidose, encefalites, agentes causadores de
diarreia (salmonelose, shiguelose, cólera, E. coli), toxina S. aureus, C. perfringens, rícino.
Com potencial futuro (Categoria C)
121

Exemplo: Hantavirose, febre do carrapato, encefalite do carrapato, febre amarela,


tuberculose multirresistente, vírus Nipah.

Classificação dos riscos das Armas Biológicas

•Impedir ou retardar a entrada de agente agressor;


•Restringir ou retardar sua disseminação;
• Minimizar os impactos na Saúde: Individual (tratamento, descontaminação,
profilaxia);
• Coletiva (vacinas, profilaxia em massa).

Prevenção

Estratégias de ações coordenadas para:

➢ Impedir a entrada de agentes biológicos;


➢ Controle de animais e plantas doentes;
➢ Controle de vetores (insetos);
➢ Fiscalização alfandegária, espaços aéreos, fontes de água, locais de uso
público (piscinas, clubes, estádios).

Estratégias de ações coordenadas para:

➢ Bloqueio de sua disseminação;


➢ Pasteurização do leite;
➢ Cuidados com água (ferver);
➢ Incentivo à higiene pessoal;
➢ Equipamentos de proteção individual;
➢ Salas preparadas para atender os pacientes e restringir disseminação.
122

Planejamento de como confirmar e como agir:

➢ Treinamento de profissionais para suspeição, diagnóstico, tratamento e


profilaxia (uniformizar as condutas);
➢ Rede de laboratórios para diagnóstico (local, referência regional,
referência nacional e análises de mutações e resistências);
➢ Sistema de notificação de doenças;
➢ Ações coordenadas com autoridades locais e população afetada (lideranças
comunitárias, polícia, defesa civil, hospitais, escolas, imprensa);
➢ Rede de apoio (transporte, logística);
➢ Desenvolver novas e velhas vacinas, testá-las, produzi-las e aplicá-las;
➢ Fabricar e dispor de medicamentos suficientes para tratamento e/ou
profilaxia;
➢ Fabricar e dispor de equipamentos de proteção adequados;
➢ Rede de apoio (transporte, logística);
➢ Desenvolver novas e velhas vacinas, testá-las, produzi-las e aplicá-las;
➢ Fabricar e dispor de medicamentos suficientes para tratamento e/ou
profilaxia;
➢ Fabricar e dispor de equipamentos de proteção adequados.

Profilaxia para Agentes Biológicos


(Geralmente reagem a quinolonas ou tetraciclinas)

➢ Brucelose;
➢ Febre Q;
➢ Tularemia;
➢ Peste;
➢ Carbúnculo;
➢ Agentes causadores de diarreia;
➢ Agentes biológicos para os quais há vacinas;
➢ Varíola;
➢ Febre amarela;
➢ Peste;
➢ Carbúnculo.
123

Vacinas para Agentes Biológicos

➢ Varíola;
➢ Febre Amarela;
➢ Peste;
➢ Carbúnculo.

Bloqueador com antitoxina

➢ Botulismo.

ORGANIZAÇÃO DE CONTROLE DE INFECÇÃO HOSPITALAR

PORTARIA MS 196/83

A Portaria do MS nº 196, de 24 de junho de 1983, instituiu a implantação de


Comissões de Controle de Infecção Hospitalar em todos os hospitais do país,
independentemente de sua natureza jurídica. Com a morte do então presidente Tancredo
Neves, em 1985, por infecção hospitalar, o tema adquire maior visibilidade.

•Hospitais deverão manter CCIH;


•Critérios diagnósticos de IH;
•Notificação controlada de IH;
•Busca passiva;
•Germicidas.

O Ministro de Estado da Saúde, no uso das atribuições que lhe conferem o art.87,
item II da Constituição:
Considerando que as infecções hospitalares constituem risco significativo à saúde
dos usuários de serviços de saúde;
Considerando que o controle das infecções hospitalares envolve medidas de
vigilância sanitária e outras, tomadas ao nível de cada serviço de saúde, atinentes ao seu
124

funcionamento;
Considerando que, nos termos da Lei n° 8.080, de 19 de setembro de 1990,
compete ao Ministério da Saúde, como órgão de direção nacional do Sistema Único de
Saúde (SUS), coordenar e participar na execução das ações de vigilância epidemiológica;
estabelecer critérios, parâmetros e métodos para o controle de qualidade sanitária de
produtos, substâncias de interesse para a saúde (art. 16, VI, VIII e XII);
Considerando que, no exercício desta fiscalização, deverão os órgãos estaduais de
saúde observar, entre outros requisitos e condições, a adoção, pela instituição prestadora
de serviços, de meios capazes de evitar efeitos nocivas à saúde dos agentes, clientes,
pacientes e circunstantes (Decreto n° 77.052, de 19 de Janeiro da 1976, Art. 2º, item IV);
Considerando a necessidade da elaboração de normas técnicas sobre prevenção de
infecções hospitalares, para balizar a atividade fiscalizadora dos órgãos estaduais de
saúde;
Considerando ainda o avanço técnico-científico e a experiência nacional
acumulada desde a promulgação da Portaria n° 196, de 24 de junho de 1983.

RESOLVE:
1. Expedir, na forma dos anexos, normas para o controle das infecções
hospitalares.
2. O descumprimento das normas aprovadas por esta portaria sujeitará o
infrator ao processo e penalidades previstas na Lei n° 6.437, de 20 de agosto de 1977.
3. Esta Portaria entrará em vigor na data de sua publicação, revogadas as
disposições em contrário, fixando-se às instituições hospitalares o prazo de 180 dias para
adotarem as suas disposições.
4. Revoga-se a Portaria n 196, de 24 de Junho de 1983.

ORGANIZAÇÃO

1. Dos organismos de gestão do Sistema Único de Saúde


Os organismos de gestão estadual e municipal do SUS deverão viabilizar estrutura
técnico-operacional que assegure o cumprimento desta Portaria e do disposto nos artigos
1°, 2° e 3°, do Decreto n° 77.052, de 19 de janeiro de 1976; bem como o que dispõe os
incisos VII, XI e XII do artigo 17; incisos III, VII, XI e XII do artigo 18 e do artigo 19 da
Lei n° 8.080, de 19 de setembro de 1990.
125

2. Programa de Controle de Infecções Hospitalares


Todos os hospitais do país deverão manter programa de controle de infecções
hospitalares, independentemente da natureza da entidade mantenedora.
2.1. Considera-se Programa de Controle de Infecções Hospitalares o conjunto
de ações desenvolvidas, deliberada e sistematicamente, com vistas à redução máxima
possível da incidência e da gravidade das infecções hospitalares.

3. Estrutura e competências
Objetivando o adequado planejamento, execução e avaliação do programa de
infecções hospitalares, os hospitais deverão constituir:
a) Comissão de Controle de Infecções Hospitalares (CCIH), órgão de
assessoria à Direção;
b) Serviço de Controle de Infecções Hospitalares (SCIH),

Comissão de Controle de Infecções Hospitalares

A CCIH deverá ser composta, atendidas as peculiaridades do hospital, por


técnicos e profissionais do SCIH, e por representantes de nível superior de, pelo menos,
os seguintes serviços:
a) serviço médico;
b) serviço de enfermagem;
c) serviço de farmácia;
d) laboratório de microbiologia;
e) administração.

CCIH compete:
a) definir as diretrizes para a ação de controle de infecções hospitalares no
hospital;
b) ratificar a programa anual de trabalho do SCIH;
c) avaliar o Programa de Controle de Infecções Hospitalares do hospital;
d) avaliar, sistemática e periodicamente, as informações providas pelo sistema
126

de vigilância epidemiológica e aprovar as medidas de controle propostas pelo SCIH;


e) comunicar, regular e periodicamente, à Direção e às chefias de todos os
setores do hospital, a situação do controle das infecções hospitalares, promovendo seu
amplo debate na comunidade hospitalar.

Serviço de Controle de Infecções Hospitalares

O SCIH é órgão encarregado da execução das ações programadas de controle das


infecções hospitalares. Deverá ser integrado por profissionais e técnicos lotados no
hospital, compreendendo, pelo menos, um médico e um enfermeiro, preferencialmente
com formação epidemiológica, para cada 200 (duzentos) leitos ou fração deste número.
O período de trabalho do médico e do enfermeiro no serviço será, no mínimo, de 4
(quatro) e 6 (seis) horas diárias, respectivamente, exigindo-se, do último, lotação
exclusiva no SCIH.

Compete ao SCIH:
a) elaborar, implementar, manter e avaliar um Programa de Controle de
Infecções Hospitalares adequado às características e necessidades da instituição;
b) implantar e manter sistema de vigilância epidemiológica das infecções
hospitalares;
c) realizar investigação epidemiológica de casos e surtos, sempre que
indicado, e implantar medidas imediatas de controle.
d) propor e cooperar na elaboração, implementação e supervisão da
aplicação de normas e rotinas técnico-administrativas visando à prevenção e ao
tratamento das infecções hospitalares;
e) propor, elaborar, implementar e supervisionar a aplicação de normas e
rotinas técnico-administrativas visando limitar a disseminação de agentes presentes nas
infecções em curso no hospital, por meio de medidas de isolamento e precauções;
f) cooperar com o setor de treinamento com vistas a obter capacitação
adequada do quadro de funcionários e profissionais no que diz respeito ao controle das
infecções hospitalares;
g) elaborar e divulgar regularmente relatórios.

Supletivamente às funções referentes ao controle das infecções hospitalares


127

compete ainda ao SCIH:

a) cooperar com a ação de fiscalização do Serviço de Vigilância Sanitária do


órgão estadual ou municipal de gestão do SUS, bem como fornecer prontamente as
informações epidemiológicas solicitadas pelas autoridades sanitárias competentes;
b) notificar ao organismo de gestão estadual ou municipal do SUS os casos
diagnosticados ou suspeitos de doenças sob vigilância epidemiológica, atendidas em
qualquer dos serviços ou unidades do hospital e atuar cooperativamente com os serviços
de saúde coletiva;
c) Notificar ao Serviço de Vigilância Sanitária dos organismos de gestão
estadual ou municipal do SUS, os casos e surtos diagnosticados ou suspeitos de infecções
associadas à utilização de insumos e produtos industrializados.
Os hospitais poderão consorciar-se, no sentido da utilização recíproca de recursos
técnicos, materiais e humanos, com vistas a implantar e manter programa de controle de
infecções hospitalares.

Compete à Direção do Hospital:


a) nomear a CCIH por meio de ato próprio;
b) propiciar a infraestrutura necessária à correta operacionalização da CCIH e
do SCIH;
c) aprovar e fazer respeitar o regimento interno da CCIH e do SCIH;
d) garantir a participação do presidente da CCIH nos órgãos colegiados
deliberativos e formuladores de política da instituição como, por exemplo, os conselhos
deliberativos e conselhos técnicos, independente da natureza da entidade mantenedora do
hospital.

CONCEITOS E CRITÉRIOS PARA DIAGNÓSTICOS

Conceitos básicos:

Infecção comunitária: é a infecção constatada ou em incubação no ato de


admissão do paciente, desde que não relacionada com internação anterior no mesmo
hospital.
128

São também comunitárias:


a) a infecção que está associada com complicação ou extensão da infecção já
presente na admissão, a menos que haja troca de microrganismos ou sinais ou sintomas
fortemente sugestivos da aquisição de nova infecção;

b) a infecção em recém-nascido, cuja aquisição por via transplacentária é


conhecida ou foi comprovada e que se tornou evidente logo após o nascimento (exemplo:
Herpes simples, toxoplasmose, rubéola, citomegalovirose, sífilis e AIDS).

Infecção hospitalar: é qualquer infecção adquirida após a internação do paciente


e que se manifeste durante a internação, ou mesmo após a alta, quando puder ser
relacionada com a internação ou procedimentos hospitalares.

Critérios para diagnóstico de infecção hospitalar

Princípios:
O diagnóstico de infecções hospitalares deverá valorizar informações oriundas de:
evidência clínica, derivada da observação direta do paciente ou da análise de seu
prontuário; resultados de exames de laboratório, ressaltando-se os exames
microbiológicos, a pesquisa de antígenos e anticorpos e métodos de visualização; e
evidências de estudos com métodos de imagem; endoscopia; biópsia e outros.

Critérios gerais:
a) quando, na mesma topografia em que foi diagnosticada infecção
comunitária, for isolado um germe diferente, seguido do agravamento das condições
clínicas do paciente, o caso deverá ser considerado como infecção hospitalar.
b) quando se desconhecer o período de incubação do microrganismo e não
houver evidência clínica e/ou dado laboratorial de infecção no momento da admissão,
considera-se infecção hospitalar toda manifestação clínica de infecção que se apresentar
a partir de 72 (setenta e duas) horas após a admissão.
Também são consideradas hospitalares aquelas infecções manifestadas antes de
72 (setenta e duas) horas da internação, quando associadas a procedimentos diagnósticos
e/ou terapêuticos, realizados depois da mesma.
c) as infecções no recém-nascido são hospitalares com exceção das
129

transmitidas de forma transplacentária.

CLASSIFICAÇÃO DAS CIRURGIAS POR POTENCIAL DE


CONTAMINAÇÃO

As infecções pós-operatórias devem ser analisadas conforme o potencial de


contaminação da ferida cirúrgica, entendido como o número de microrganismos presentes
no tecido a ser operado. A classificação das cirurgias deverá ser feita no final do ato
cirúrgico.

Operações Limpas:

São aquelas realizadas em tecidos estéreis ou passíveis de descontaminação, na


ausência de processo infeccioso e inflamatório local ou falhas técnicas grosseiras,
cirurgias eletivas e traumáticas com cicatrização de primeira intenção e sem drenagem.
Cirurgias em que não ocorrem penetrações nos tratos digestivo, respiratório ou urinário.

Operações Potencialmente Contaminadas:

São aquelas realizadas em tecidos colonizados por flora microbiana pouco


numerosa ou em tecidos de difícil descontaminação, na ausência de processo infeccioso
e inflamatório e com falhas técnicas discretas no transoperatório. Cirurgias limpas com
drenagem se enquadram nesta categoria. Ocorre penetração nos tratos digestivo,
respiratório ou urinário sem contaminação significativa.

Operações Contaminadas:

São aquelas realizadas em tecidos traumatizados recentemente e abertos,


colonizados por flora bacteriana abundante, cuja descontaminação seja difícil ou
impossível, bem como todas aquelas em que tenham ocorrido falhas técnicas grosseiras,
na ausência de supuração local. Presença de inflamação aguda na incisão e cicatrização
de segunda intenção, grande contaminação a partir do tubo digestivo. Obstrução biliar ou
urinária.
130

Operações Infectadas:

São todas as intervenções cirúrgicas realizadas em qualquer tecido ou órgão, em


presença de processo infeccioso (supuração local), tecido necrótico, corpos estranhos e
feridas de origem suja.

Exemplo de cirurgias classificadas pelo seu potencial de contaminação:

a) Limpas:
- Artoplastia do quadril;
- Cirurgia cardíaca;
- Herniorrafia de todos os tipos;
- Neurocirurgia;
- Procedimentos cirúrgicos ortopédicos (eletivos);
- Anastomose portocava, esplenorrenal e outras;
- Mastoplastia;
- Mastectomia parcial e radical;
- Cirurgia de Ovário;
- Enxertos cutâneos;
- Esplenectomia;
- Vagotomia superseletiva (sem drenagem);
- Cirurgia vascular.

b) Potencialmente contaminada:
- Histerectomia abdominal;
- Cirurgia do intestino delgado (eletiva);
- Cirurgia das vias biliares sem estase ou obstrução biliar;
- Cirurgia gástrica e duodenal em pacientes normo ou hiperclorídricos;
- Feridas traumáticas limpas - ação cirúrgica até dez horas
após traumatismo;
- Colecistectomia + colangiografia;
- Vagotomia + operação drenagem;
- Cirurgias cardíacas prolongadas com circulação extracorpórea.
131

c) Contaminadas:
- Cirurgia de cólon;
- Debridamento de queimaduras;
- Cirurgias das vias biliares em presença de obstrução biliar;
- Cirurgia intranasal;
- Cirurgia bucal e dental;
- Fraturas expostas com atendimento após dez horas;
- Feridas traumáticas com atendimento após dez horas de ocorrido o
traumatismo;
- Cirurgia de orofaringe;
- Cirurgia do megaesôfago avançado;
- Coledocostomia;
- Anastomose biliodigestiva;
- Cirurgia gástrica em pacientes hipoclorídicos (câncer, úlcera gástrica);
- Cirurgia duodenal por obstrução duodenal.

d) Infectadas:
- Cirurgia do reto e ânus com pus;
- Cirurgia abdominal em presença de pus e conteúdo de cólon;
- Nefrectomia com infecção;
- Presença de vísceras perfuradas;
- Colecistectomia par colecistite aguda com empiema;
- Exploração das vias biliares em colangite supurativa;

VIGILÂNCIA EPIDEMIOLÓGICA

Vigilância epidemiológica de infecções hospitalares é a observação ativa,


sistemática e contínua da ocorrência e da distribuição dessas infecções entre os pacientes
hospitalizados e dos eventos e condições que afetam o risco de sua ocorrência, com vistas
à execução oportuna de ações de controle.
132

TIPOS DE VIGILÂNCIA

São indicados três métodos para a vigilância epidemiológica de infecções


hospitalares: prospectivo, retrospectivo e de prevalência. A CCIH deverá escolher o
método que melhor se adeque às características do hospital, estrutura de pessoal e
natureza do risco. A vigilância epidemiológica poderá incluir todos os pacientes, serviços
e procedimentos, ou parte deles.
A definição sobre quais grupos de pacientes, serviços ou procedimentos serão
objetos de vigilância é feita com base em critérios de magnitude, gravidade, redutibilidade
ou custo. Desta forma, a critério da CCIH poder-se-á manter vigilância epidemiológica
total (todos os pacientes, serviços, procedimentos) ou seletiva, orientada para o controle
de determinada topografia, serviço ou procedimento.
A vigilância epidemiológica poderá estender-se ao acompanhamento ambulatorial
de egressos e de pacientes em ambulatório, em especial na vigilância de infecção cirúrgica
e de recém-nascidos.

INDICADORES EPIDEMIOLÓGICOS

Os indicadores mais importantes a serem levantados e analisados periodicamente


por serviço e por hospital são:

a) Taxa de Doentes com Infecção Hospitalar, tendo como numerador o número


de doentes que apresentaram infecções hospitalares no período considerado, e como
denominador o total de saídas (alta, óbitos e transferências ocorridas no mesmo período);
b) Taxa de Infecções Hospitalares, tomando como numerador o número de
episódios de infecções hospitalares e como denominador as saídas, ocorridas no período
considerado;
c) Taxa de Doente com Infecção Hospitalar por Causa Básica de internação,
tendo como numerador o número de infecções hospitalares e como denominador o total
de saídas, na mesma causa de internação;
d) Estrutura percentual de infecção hospitalar por localização topográfica no
paciente;
e) Taxa de Infecção Hospitalar por Procedimentos de Risco, tendo como
133

numerador o número de pacientes submetidos a determinados procedimentos de risco que


desenvolveram infecção hospitalar, e como denominador o número total de pacientes
submetidos a este procedimento, no período considerado.

Exemplos:

- Taxa de supuração de ferida cirúrgica de acordo com o potencial de


contaminação (Anexo III);
- Taxa de infecção urinária após cateterismo vesical;
- Outros procedimentos de risco poderão ser avaliados, sempre que a
ocorrência respectiva o indicar, da mesma forma que é de utilidade o levantamento das
taxas de infecção cirúrgica por cirurgião e por serviço.
f) Distribuição de infecção por microrganismos;
g) Coeficiente de sensibilidade aos antimicrobianos, tendo como numerador o
número de cepas bacterianas sensíveis a determinado antimicrobiano e como
denominador o total de culturas do mesmo agente realizado a partir de espécimes
encontradas, causando infecção hospitalar no hospital (a ser levantado pelo menos
semestralmente);
h) Indicadores de consumo de antimicrobianos:
- Percentual de pacientes que usaram antimicrobianos (uso terapêutico, uso
profilático e total) no período considerado;
- Frequência (%) com que cada antimicrobiano é empregado, em relação aos
demais;
i) Taxa de letalidade associada à infecção hospitalar, tendo como numerador o
número de óbitos ocorridos em pacientes com infecções hospitalares e como
denominador o número de pacientes que desenvolveram infecções hospitalares;
j) Taxa de infecção comunitária, tendo como numerador o número de infecções
comunitárias e como denominador o número de saídas.
Os indicadores mínimos a serem calculados mensalmente são os especificados nas
alíneas a, b e d.
Considerando a estreita correlação entre tempo de permanência e risco de
infecção, poder-se-ão construir indicadores bem mais precisos se for usado como
denominador o número de pacientes-dia ao invés do número de saídas.
134

Coleta de Dados

Os dados com os quais são produzidos os indicadores utilizados na vigilância


epidemiológica das infecções hospitalares devem ser coletados, preferentemente, por
metodologia ativa, tendo suas fontes em:

➢ Resultados de exames microbiológicos;


➢ Prontuários de pacientes internados;
➢ Outras anotações de enfermagem;
➢ Dispensação de materiais médico-hospitalares, antimicrobianos e soluções
parenterais de grande volume feitas pelo serviço de farmácia;
➢ Exame de pacientes internados;
➢ Laudos de exames radiológicos, tomográficos, endoscópicos, de patologia
e outros;
➢ Serviço de Arquivo Médico e Estatística (SAME), com indicadores
hospitalares.

A escolha das fontes de dados a serem utilizados deverá ser feita em base a
critérios de sensibilidade estatística. É recomendável a utilização do maior número
possível de fontes. Não são recomendados os métodos de coleta de dados para vigilância
epidemiológica baseados exclusivamente em notificação (métodos passivos de produção
de dados) ou em revisão retrospectiva de prontuário.

Relatórios

O Serviço de Controle de Infecções Hospitalares deverá construir os indicadores


epidemiológicos adotados, analisá-los e interpretá-los. Um relatório com estas
informações deverá ser publicado periodicamente, submetido e aprovado pela Comissão
de Controle de Infecções Hospitalares, divulgado a todos os serviços e à Direção, e
promovido seu debate entre a comunidade hospitalar.
Os relatórios deverão conter informações sobre o nível endêmico das infecções
135

sob vigilância e as alterações de comportamento epidemiológico detectadas, bem como


sobre as medidas de controle adotadas e os resultados obtidos. Cada cirurgião deverá
receber, anualmente, relatório mostrando suas taxas individuais de infecção e a taxa
média de infecção entre pacientes de outros cirurgiões de serviços equivalentes.

Investigações Epidemiológicas

Todas as alterações de comportamento epidemiológico (surtos, epidemias,


aparecimento de novos agentes ou aumento da gravidade) deverão ser objeto de
investigação epidemiológica, cujo relatório ficará arquivado no SCIH.

PORTARIA MS 930/92

O Programa de Controle de Infecção Hospitalar começou a ser regulamentado em


1983, com a Portaria MS nº 196/83, que foi revogada e substituída pela Portaria MS nº
930/92. Atualmente, está em vigor a Portaria nº 2616, de 12 de maio de 1998, que revogou
a Portaria nº 930/92. Em 1997, foi publicada, no Diário Oficial da União, a Lei nº
9.431/97, que em seu artigo 1º fala da obrigatoriedade dos hospitais manterem um
Programa de Infecções Hospitalares (PCIH) e no artigo 2º preconiza criação de Comissão
de Controle de Infecções Hospitalares (CCIH) para execução deste controle.

•Hospitais deverão manter Programa de Controle de IH;


•Participação dos órgãos diretores;
•Serviço de Controle de Infecção Hospitalar;
•Busca ativa de casos;
•Alterações nos critérios diagnósticos;
•Exclusão da sepse secundária.

LEI FEDERAL 9.431/97

Dispõe sobre a obrigatoriedade da manutenção de programa de controle de


infecções hospitalares pelos hospitais do País:
136

Art. 1º Os hospitais do País são obrigados a manter Programa de Controle de


Infecções Hospitalares - PCIH.

§ 1° Considera-se programa de controle de infecções hospitalares, para os efeitos


desta Lei, o conjunto de ações desenvolvidas deliberada e sistematicamente com vistas à
redução máxima possível da incidência e da gravidade das infecções hospitalares.

2° Para os mesmos efeitos entende-se por infecção hospitalar, também


denominada institucional ou nosocomial, qualquer infecção adquirida após a internação
de um paciente em hospital e que se manifeste durante a internação ou mesmo após a alta,
quando puder ser relacionada com a hospitalização.

Art. 2° Objetivando a adequada execução de seu programa de controle de


infecções hospitalares, os hospitais deverão constituir:
I - Comissão de Controle de Infecções Hospitalares;

Art. 9° Aos que infringirem as disposições desta Lei aplicam-se as penalidades


previstas na Lei n° 6.437, de 20 de agosto de 1977.

Obrigatoriedade
➢ CCIH
➢ Programa de Controle IH Vetos presidenciais
➢ SCIH
➢ Existência, composição e competência
➢ CCIH
➢ Composição e competência
➢ Farmacêutico
➢ Medicamentos, germicidas e materiais
➢ Fiscalização sanitária

PORTARIA MS 2.616/98

Portaria nº 2.616, de 12 de maio de 1998


137

O Ministro de Estado da Saúde, Interino, no uso das suas atribuições que lhe
confere o art. 87, inciso II da Constituição, e considerando as infecções hospitalares
constituem risco significativo à saúde dos usuários dos hospitais, e sua prevenção e
controle envolvem medidas de qualificação da assistência hospitalar, de vigilância
sanitária e outras, tomadas no âmbito do Estado, do Município e de cada hospital,
atinentes ao seu funcionamento;
Considerando que o Capítulo I art. 5º e inciso III da Lei nº 8.080, de 19 de
setembro de 1990, estabelece como objetivo e atribuição do Sistema Único de Saúde
(SUS), “a assistência às pessoas por intermédio de ações de promoção, proteção e
recuperação da Saúde com a realização integrada das ações assistenciais e das atividades
preventivas”, Considerando que o Capítulo I art. 5º e inciso III da Lei nº 8.080, de 19 de
setembro de 1990, estabelece como objetivo e atribuição do Sistema Único de Saúde
(SUS), “a assistência às pessoas por intermédio de ações de promoção, proteção e
recuperação da Saúde com a realização integrada das ações assistenciais e das atividades
preventivas.
Considerando que no exercício da atividade fiscalizadora os órgãos estaduais de
saúde deverão observar, entre outros requisitos e condições, a adoção, pela instituição
prestadora de serviços, de meios de proteção capazes de evitar efeitos nocivos à saúde
dos agentes, clientes, pacientes e dos circunstantes (Decreto nº 77.052, de 19 de janeiro
de 1976, art. 2º, inciso IV);

# Vigilância Epidemiológica

ORGANIZAÇÃO

O Programa de Controle de Infecção Hospitalar (PCIH) é um conjunto de ações


desenvolvidas deliberada e sistematicamente, com vistas à redução máxima possível da
incidência e da gravidade das infecções hospitalares. Para a adequada execução
do PCIH, os hospitais deverão constituir Comissão de Controle de Infecção Hospitalar
(CCIH), órgão de assessoria à autoridade máxima da instituição e de execução das ações
de controle de infecção hospitalar.
A CCIH deverá ser composta por profissionais da área de saúde, de nível superior,
formalmente designados. Os membros da CCIH serão de dois tipos: consultores e
executores. O presidente ou coordenador da CCIH será qualquer um dos membros da
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mesma, indicado pela direção do hospital.

Os membros consultores serão representantes, dos seguintes serviços:


• Serviço médico;
• Serviço de enfermagem;
• Serviço de farmácia;
• Laboratório de microbiologia;
• Administração.

Diretrizes e normas para prevenção e controle das infecções hospitalares:

•Programa de Controle de Infecções;


•Ações mínimas;
•Deliberada e sistematicamente;
•Redução máxima possível da incidência e gravidade das IH. Ministério da Saúde:
•Orientar cumprimento e interpretação

Secretaria Estadual e Municipal: Adequar normas

Composição:

•Membros consultores
•Até 70 leitos: médico e enfermagem
➢ 70 leitos: anteriores, farmácia, microbiologia e administração
•Membros executores (SCIH) / 200 leitos
•Enfermeiro (6 horas) e outro (4 horas)
•Aumento da carga (2 horas) / 10 leitos
•UTI; berçário de alto risco; queimados; transplante; hemato-oncológicos;

AIDS CCIH: Competências (1)


➢ Programa de Controle de Infecção;
➢ Elaborar, implementar, manter e avaliar;
➢ Sistema de vigilância epidemiológica IH;
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➢ Normas e rotinas técnico-operacionais;


➢ Adequação, implementação e supervisão;
➢ Capacitação profissional;
➢ Racionalização de antimicrobianos, germicidas e materiais.

CCIH: Competências (2)


➢ Avaliar indicadores epidemiológicos;
➢ Aprovar medidas de controle (SCIH);
➢ Investigação epidemiológica de surtos;
➢ Elaborar e divulgar relatórios periódicos;
➢ Medidas de precaução e isolamento;
➢ Elaborar, implementar e supervisionar;
➢ Prevenção e tratamento das IH;
➢ Adequar, implementar e supervisionar normas e rotinas técnico-
operacionais.

CCIH: Competências (3)


➢ Política institucional* para utilização;
➢ Antimicrobianos, germicidas e materiais;
➢ Em conjunto com a Comissão de Farmácia e Terapêutica;
➢ Cooperar com setor de treinamento;
➢ Elaborar Regimento Interno CCIH;
➢ Informações epidemiológicas;
➢ Doenças de notificação compulsória;
➢ Surtos em consequência de insumos ou produtos;
➢ Definir diretrizes, normas, critérios, parâmetros, métodos e estratégias;
➢ Coordenar as ações descentralizadas;
➢ Acompanhar, avaliar e cooperar;
➢ Difundir conhecimento; capacitar profissionais e identificar padrões de
referência;
➢ Sistema nacional de informações;
➢ Acompanhar, avaliar e divulgar;
➢ Magnitude, gravidade e qualidade.
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Vigilância epidemiológica: Recomendados métodos de busca ativa

Fontes:
➢ Observação do paciente;
➢ Prontuário;
➢ Laudos de exames laboratoriais;
➢ Radioimagem;
➢ Endoscopia;
➢ Biópsia e outros;
➢ Investigação epidemiológica;
➢ Alterações do comportamento epidemiológico;
➢ Abrangência;
➢ Global;
➢ Componentes específicos.

Indicadores epidemiológicos

➢ Taxa de infecção hospitalar;


➢ Taxa de pacientes IH;
➢ Distribuição percentual por topografia;
➢ Taxa de IH por procedimento;
➢ Frequência de microrganismos;
➢ Global;
➢ Por topografia;
➢ Sensibilidade aos antimicrobianos;
➢ Consumo de antimicrobianos;
➢ Taxa de letalidade.

SISTEMA ÚNICO DE SAÚDE

O que é SUS
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O SUS “é o conjunto de ações e serviços de saúde prestado por órgãos e


instituições públicas Federais, Estaduais e Municipais, da administração direta ou indireta
e das fundações, mantidos pelo poder público e complementarmente pela iniciativa
privada”. (Lei Federal 8.080/90).
O Sistema Único de Saúde é um sistema universal, regionalizado e hierarquizado,
que integra o conjunto de ações de saúde da União, Estados, Distrito Federal e
Municípios; em que cada esfera de gestão (federal, estadual, municipal) possui funções e
competências específicas e articuladas entre si.

Construção do SUS

➢ Redemocratização do país;
➢ 8ª Conferência Nacional de Saúde –1986;
➢ Constituição de 1988;
➢ Lei 8.080/90;
➢ Lei 8.142/90;

Regulamentação

8ª Conferência Nacional de Saúde –1986

A 8ª Conferência Nacional de Saúde foi o grande marco nas histórias das


conferências de saúde no Brasil, pois foi a primeira vez que a população participou das
discussões. Suas propostas foram contempladas tanto no texto da Constituição
Federal/1988 como nas leis orgânicas da saúde, nº 8.080/90 e nº 8.142/90. Participaram
dessa conferência mais de 4.000 delegados, impulsionados pelo movimento da Reforma
Sanitária e propuseram a criação de uma ação institucional correspondente ao conceito
ampliado de saúde, que envolve promoção, proteção e recuperação.

Princípios Doutrinários

Universalidade dos serviços


Todas as pessoas têm direito ao atendimento independente da cor, raça, religião,
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local de moradia, situação de emprego ou renda, etc. A saúde é direito de cidadania e


dever dos governos Municipal, Estadual e Federal.

Equidade na assistência à saúde

Todo cidadão é igual perante o SUS. Os serviços de saúde devem saber quais são
as diferenças dos grupos da população e trabalhar cada necessidade.

Integralidade da assistência

As ações de saúde devem ser combinadas e voltadas, ao mesmo tempo, para a


prevenção e a cura. Isto faz com que as ações de promoção, prevenção e de recuperação
formem um todo indivisível que não podem ser compartimentadas.

Princípios Organizacional

REGIONALIZAÇÃO E HIERARQUIZAÇÃO: Os serviços devem ser


organizados em níveis de complexidade tecnológica crescente, dispostos numa área
geográfica delimitada e com a definição da população a ser atendida.

RESOLUBILIDADE: É a exigência de que, quando um indivíduo busca o


atendimento ou quando surge um problema de impacto coletivo sobre a saúde, o serviço
correspondente esteja capacitado para enfrentá-lo e resolvê-lo até o nível de sua
competência.
DESCENTRALIZAÇÃO: É entendida como uma redistribuição das
responsabilidades quanto às ações e serviços de saúde entre os vários níveis de governo,
a partir da ideia de que quanto mais perto do fato for tomada a decisão, mais chance
haverá de acerto.

DESCENTRALIZAÇÃO DA MUNICIPALIZAÇÃO DA SAÚDE: Profunda


redefinição das atribuições dos vários níveis de governo, com nítido reforço do poder
MUNICIPAL sobre a saúde.

DESCENTRALIZAÇÃO DO PAPEL DOS MUNICÍPIOS: A maior


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responsabilidade na promoção das ações de saúde diretamente voltadas para os seus


cidadãos.

PARTICIPAÇÃO DOS CIDADÃOS: É a garantia constitucional de que a


população, por meio de suas entidades representativas, poderá participar do processo de
formulação das políticas de saúde e do controle da sua execução, em todos os níveis,
desde o federal até o local.

Constituição Federal

A Constituição Federal em 1988 compactuou com a criação do Sistema Único de


Saúde, onde:
“Art. 196. A saúde é direito de todos e dever do Estado, garantida mediante
políticas sociais e econômicas que visem à redução do risco de doença e de outros agravos
e ao acesso universal igualitário às ações e serviços para sua promoção, proteção e
recuperação”

Lei 8.080/90

Lei 8.080/90 (Lei Orgânica da Saúde): “Dispõe sobre a promoção, proteção e


recuperação da saúde, a organização e o funcionamento dos serviços...” Dispõe sobre as
condições para a promoção, proteção e recuperação da saúde, a organização e o
funcionamento dos serviços correspondentes e dá outras providências. Vigorando em
todo o território nacional, para qualquer ação ou serviço de saúde, realizado por pessoas
ou empresas.
Todos os seres humanos têm direito à prestação dos serviços de saúde básica e de
especialidades, sendo esse fornecido pelo Estado. O dever do Estado de garantir a saúde
consiste na formulação e execução de políticas econômicas e sociais que visem à redução
de riscos de doenças e de outros agravos e no estabelecimento de condições que
assegurem acesso universal e igualitário às ações e aos serviços para a sua promoção,
proteção e recuperação.
Constituem o Sistema Único de Saúde (SUS) as ações e os serviços de saúde de
instituições públicas federais, estaduais e municipais, da Administração direta e indireta
e Fundações mantidas pelo Poder Público. Seus objetivos são:
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I. A identificação e divulgação dos fatores condicionantes e determinantes da


saúde;
II. A formulação de política de saúde destinada a promover, nos campos
econômico e social, o dever do Estado de garantir a saúde;
III. A assistência às pessoas por intermédio de ações de promoção, proteção e
recuperação da saúde, com a realização integrada das ações assistenciais e das atividades
preventivas.

Lei 8.142/90

Lei 8.142/90: “Dispõe sobre a participação da comunidade na gestão do Sistema


Único de Saúde e das transferências intergovernamentais de recursos financeiros na área
da saúde e dá outras providências.”
➢ Dispõe sobre a participação da comunidade na gestão do
Sistema Único de Saúde - SUS e sobre as transferências
intergovernamentais de recursos financeiros na área da saúde e dá outras
providências.

➢ Participação da comunidade: Conferência de Saúde e no


Conselho de Saúde.

➢ Transferências de recursos financeiros: transferências do


Fundo Nacional de Saúde FNS.

Conferência de Saúde: nacional, estadual e federal

➢ A Conferência de Saúde reunir-se-á cada quatro anos com


a representação dos vários segmentos sociais, para avaliar a situação de
saúde e propor as diretrizes para a formulação da política de saúde nos
níveis correspondentes, convocada pelo Poder Executivo ou
extraordinariamente pelo Conselho de Saúde.

➢ Conselhos de Saúde são espaços de participação popular na


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administração do Sistema Público, com atuação no controle e execução da


Política de Saúde, estabelecendo estratégias de coordenação e gestão do
Sistema Único de Saúde (SUS).

➢ Os Conselhos de Saúde devem funcionar em caráter


permanente e deliberativo, atuando na formulação de estratégias e no
controle da execução da Política de Saúde na instância correspondente,
inclusive nos aspectos econômicos e financeiros, cujas decisões serão
homologadas pelo gestor legalmente constituído em cada esfera de
governo – federal, estadual e municipal.

Deliberar

➢ Resolver após discussão ou exame;


➢ Decidir;
➢ Determinar;
➢ Assentar;

Em consonância com a Constituição Federal de 1988, com a Lei 8.080/90 e Lei


8.142/90, o Conselho de Saúde consolida o controle social, princípio imprescindível para
a consolidação do SUS, sendo de vital importância a participação da população como
forma de intervir na gestão pública, colocando as ações do Estado na direção dos
interesses da comunidade. Permite à população o direito de fiscalizar as ações do poder
público em relação à elaboração, controle e fiscalização das Políticas de Saúde, em cada
esfera de governo.

COMPOSIÇÃO DOS CONSELHOS

→ 50% dos membros sejam representantes dos usuários.

→ 50% representantes dos segmentos do governo, prestadores de


serviços e profissionais de saúde.
→ As Conferências de Saúde e os Conselhos.
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→ Conselhos de Saúde terão sua organização e normas de


funcionamento definidas em regimento próprio aprovados pelo respectivo
Conselho.
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REFERÊNCIAS
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2011.
BIBLIOTECA VIRTUAL EM SAÚDE. ESPAÇO PARA A SAÚDE. Disponível
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<www.ccs.uel.br/espacoparasaude>. Acesso em: 26 de dezembro 2011
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Disponível em:
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Resíduos Sólidos de Serviço de Saúde. São Paulo: CETESB, 1995. p. 3-13.
GURGEL, Floriano C. A. Administração dos Fluxos de Materiais e Produtos. São
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São Paulo, 1997.
148

http://www.ineves.com.br

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