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HOSPITAL DE CLÍNICAS DE UBERLÂNDIA

FUNDAÇÃO DE ASSISTÊNCIA, ESTUDO E PESQUISA DE UBERLÂNDIA


BIOENGENHARIA

CONTROLE DE QUALIDADE DOS


ESFIGMOMANÔMETROS DO HCU

DANIEL BALDOINO DE SOUZA


MARCELO FERREIRA COSTA
MARCOS FERREIRA DE REZENDE

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O que aconteceu no HCU?
Recentemente, um fato despertou interesse dos
profissionais do HCU: foi relatado no setor de Pronto
Socorro que utilizando marcas diferentes em
aferições consecutivas em um mesmo paciente,
diferentes resultados estavam sendo encontrados nas
aferições da pressão arterial.

Surgiu assim a idéia de verificar qual o estado


real de nossos equipamentos...

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INTRODUÇÃO
• Importância dos esfigmomanômetros:

Os esfigmomanômetros exercem papel de


fundamental relevância em diagnósticos iniciais de
várias patologias sendo por isto amplamente
utilizados em consultórios, clínicas, hospitais, postos
de saúde e também em residências.

A equipe médica e de enfermagem devem ter


confiabilidade na leitura dos esfigmomanômetros, a
fim de diagnosticar e prescrever as condutas
terapêuticas mais adequadas para o paciente.

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Estudos
Pesquisas foram realizadas para definir um plano de
ação na tentativa de diagnosticar e resolver o
problema encontrado.

•Grupo de Engenharia Clínica – foram indicadas dicas

•Trabalhos já relacionados foram analisados

•Normas – Portaria n.°24/1996 INMETRO


NIE-DIMEL-006/1997 INMETRO
Portaria n.°155/2004 INMETRO

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Trabalho
Pierin (2000)* cita uma pesquisa realizada no HCFM
-USP onde os seguintes resultados foram
encontrados:

• 60% esfigmomanômetros aneróides


• 21% de coluna de mercúrio

apresentaram erros de calibração.

*http://departamentos.cardiol.br/DHA/publicacoes/7-4/017.pdf

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Trabalho

O INMETRO realizou verificação em 4 hospitais


públicos e privados em 1997 nas cidades de São
Paulo, Rio de Janeiro e Juiz de Fora, MG, e constatou
que:

• 61% dos esfigmomanômetros apresentaram


medições em desacordo com o Regulamento Técnico.

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OBJETIVO

Estabelecer procedimentos e técnicas que devem


ser implementadas para as verificações dos
esfigmomanômetros mecânicos do tipo aneróide
utilizados em aferições não-invasivas de pressão
arterial com a finalidade de garantir a sua
confiabilidade metrológica.

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Objetivos Específicos

• Realizar amostragem da atual situação dos


esfigmomanômetros do HCU;

• Apresentar técnicas de calibração dos


esfigmomanômetros, mediante análise e comparação
com as normas vigentes;

• Apresentar material descritivo para auxiliar na


aquisição de esfigmomanômetros.

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METODOLOGIA
Portaria n.º 155/2004 do INMETRO

Substituindo:
Portaria n.º 24/1996 INMETRO e seu complemento
NIE-DIMEL-006/1997

Os procedimentos descritos fazem parte da rotina de


Manutenção / aferição / calibração dos
esfigmomanômetro mecânicos do tipo aneróide do
HCU.

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Ensaios
Ensaios realizados:

1. Inspeção visual;
2. Indicação do ponto Zero;
3. Hermeticidade;
4. Erro Máximo;
5. Histerese;
6. Escapamento de ar;
7. Exaustão rápida de ar.

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Inspeção Visual
Finalidade de detectar irregularidades ou defeitos.
Ponteiro amassado, quebrado, solto ou com folga,
janela do mostrador com rachaduras, corpo do
manômetro com danos ou avarias que afetem o
bom funcionamento do instrumento INMETRO
n.º155/2004.

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Indicação Ponto Zero

Verificar se o ponteiro parte do ponto zero da


escala.

Através da produção de vácuo o ponteiro se move


abaixo do ponto zero da escala, e deve retornar ao
seu ponto original.

Pode ser realizado com uma seringa e um tubo de


borracha.

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Hermeticidade

Proteção de componentes internos contra a


exposição à poeira, bem como protegê-los do
usuário que tentar ajustar o ponto zero e acessar
o ponteiro ou o mostrador, sem que seja
danificada a marca de verificação/selagem.

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Erro Máximo
Verificar os erros dos valores indicados pelo
esfigmomanômetro em relação a um valor padrão.

Erro máximo permitido +/- 3,0 mmHg.

Leituras em intervalos de até 50 mmHg - 30, 70,


90, 120, 150, 200, 250, 300 - até atingir o último
valor da escala.

Após cada posicionamento deve-se aguardar 1


minuto para estabelecer o equilíbrio termodinâmico.

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Histerese e Escapamento de Ar
Aplicação de carga máxima por um período de 5 min.

Verificar se a queda de pressão é superior a


4,0mmHg por minuto ou 20,0mmHg durante os cinco
minutos.

Realizar a leitura dos mesmos pontos lidos durante a


pressão crescente, realizando em seguida a diferença
entre os pontos, da pressão decrescente pela
crescente. Aguardando 1 minuto para o equilíbrio
termodinâmica para cada medida.

Valores devem estar entre 0 e +4,0mmHg.

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Exaustão rápida de ar

Aplica-se uma pressão de 260 mmHg, abrir a válvula


de exaustão rápida de ar e verificar o tempo decorrido
até que a pressão atinja 15 mmHg.

Este tempo deve ser inferior ou igual a 10 segundos.

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Tabela I
Tabela para controle dos dados de cadastro do equipamento e das verificações realizadas.
EQUIPAMENTO EQUIPAMENTO

SETOR

MARCA

MODELO

PATRIMÔNIO

CÓDIGO DA BIOENGENHARIA

JANELA DO MOSTRADOR

PONTEIRO

CARCAÇA DO MANÔMETRO

PONTO ZERO

HERMETICIDADE

ERRO MÁXIMO

TESTE DOS 5 MINUTOS

HISTERESE

EXAUSTÃO RÁPIDA DE AR

RESULTADO GERAL

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Tabela II
Modelo de Registro das Medições para Verificação de Erro Máximo,
Queda de Pressão e Histerese
PADRÃO (mmHg) LEITURA A CRESCENTE ERRO (PADRÃO–A) LEITURA B DECRESCENTE ERRO (PADRÃO–B) HISTERESE (B-A)

30

70

90

120

150

200

250

300

QUEDA PRESSÃO 5 MIN.

CÓD. BIOENGENHARIA

RESULTADO PARCIAL

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Esboço do Modelo

Modelo do sistema desenvolvido pela Bioengenharia


conforme Norma INMETRO NIE-DIMEL-006/1997, onde:
M- manômetro;
A- ponto onde deve ser estrangulado o tubo flexível;
C- Cilindro de metal rígido;
G1 e G2 - geradores de pressão;
V1 e V2 - válvulas de alívio de pressão.

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Modelo Pronto

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Coleta dos Esfigmomanômetros

Leitos: Pouco mais de 520.

Objetivo: 150 aparelhos.

Encontrados: 48 aparelhos.

Média de manutenções por mês: 135 dos tipos de


coluna de mercúrio e mecânicos aneróides.

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RESULTADOS
Temperatura: Média 26,5ºC (26,4 a 26,7ºC);
Portaria 155/2004: entre 15°C e 25°C.

Umidade: 67,0% a 79,6%;


Portaria 155/2004: entre 20% e 85%.

Período da análise: Janeiro/Fevereiro de 2005.

Local: Laboratório de Eletrônica - Bioengenharia –


Hospital de Clínicas de Uberlândia

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Quantidade de Esfigmos/Clínicas
Pesquisa realizada com equipamentos de 12 Clínicas do HCU.
TOTAL ANALISADOS / SETOR
SETOR \ TOTAL 48 100,00%
UTI PEDIATRICA 15 31,25%
PEDIATRIA 8 16,67%
UTI ADULTO 5 10,42%
ENFERMARIA CIRÚRGICA 2 4 8,33%
CENTRO OBSTÉTRICO 4 8,33%
MATERNIDADE 3 6,25%
AMBULATÓRIO PEDIATRIA 2 4,17%
PS CLINICA MÉDICA 2 4,17%
PS GINECOLOGIA 2 4,17%
ENFERMARIA CIRÚRGICA 1 1 2,08%
ENFERNMARIA CIRÚRGICA 5 1 2,08%
MOLÉSTIA INFECCIOSA 1 2,08%

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Quantidade de Esfigmos/Marca
Encontradas 10 marcas de equipamentos nas Clínicas do HCU.
TOTAL ANALISADOS / MARCA
MARCA \ TOTAL 48 100,00%
A 18 37,50%
B 9 18,75%
C 6 12,50%
D 5 10,42%
E 4 8,33%
F 2 4,17%
G 1 2,08%
H 1 2,08%
I 1 2,08%
J 1 2,08%

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Não Conformidade / Item
ANÁLISE DE NÃO CONFORMIDADE / ITEM
NÃO CONFORMIDADE % NÃO CONFORMIDADE
PONTEIRO 1 2,08%
JANELA DO
6 12,50%
MOSTRADOR
CARCAÇA DO
0 0,00%
MANÔMETRO
PONTO ZERO 11 22,92%
HERMETICIDADE 42 87,50%
ERRO MÁXIMO 24 50,00%
QUEDA DE PRESSÃO 0 0,00%
HISTERESE 22 45,83%
EXAUSTÃO RÁPIDA DE
0 0,00%
AR
PERA 5 10,42%
MANGUITO 4 8,33%
VÁLVULA 3 6,25%
BRAÇADEIRA 4 8,33%

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Erro Máximo + Ponto Zero
11 equipamentos com NC no Ponto Zero onde
6 também tinham NC de Erro Máximo

Assim,

24 equipamentos com NC Erro Máximo + 5 NC Ponto zero


29 equipamento com possibilidades de erro de
aferição = 60,41%

As marcas B (33,33%) e C (16,6%) apresentaram


ambas NC.
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Quantidade de Não Conformidade /
Número de Equipamentos
NÚMERO DE % EQUIPAMENTO
QUANTIDADE DE NC
EQUIPAMENTOS COM NC
1 0 2,08%

16 1 33,33%

8 2 16,67%

15 3 31,25%

2 4 4,17%

1 5 2,08%

3 6 6,25%

2 7 4,17%

48

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Porcentagem de Erro Máximo / Marca
MARCA QUANTIDADE % ERRO MÁXIMO

A 18 33,33%

B 9 100,00%

C 6 33,33%

D 5 20,00%

E 4 75,00%

F 2 50,00%

G 1 100,00%

H 1 100,00%

I 1 0,00%

J 1 0,00%

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CONCLUSÕES
•Aparelhos analisados no HCU estavam em NC;

•50% estavam com NC - Erro Máximo;

•60,5% estavam com NC - Erro Máximo + Erro Ponto


Zero;

•A marca B foi totalmente reprovada;

•Política de manutenção continuada;

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CONCLUSÕES
•Fiscalização por conta dos órgãos competentes:
•Registro junto aos órgãos competentes;
•Manutenção.

•Estudos também devem ser publicados em revistas


médicas;

•Adquirir esfigmos digitais e analisadores??? E as


normas, o que dizem?

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AQUISIÇÃO DE NOVOS
APARELHOS
Conforme Portaria do INMETRO n.° 155/2004, item 5.8 temos:
“...o fabricante deve fornecer, juntamente com o instrumento, o
manual de operação escrito de forma clara e em língua
portuguesa, contendo, no mínimo, as seguintes informações”:

. Nome ou marca e endereço do fabricante;


. Método correto para utilização e leitura do instrumento;
. Especificações técnicas incluindo o dimensionamento da
braçadeira;
. Periodicidade de verificação;
. Instruções para manuseio, limpeza e esterilização;
. Informações das principais conseqüências do mau uso;
. O número e a data da Portaria do INMETRO que o aprovou.

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BIBLIOGRAFIA
INMETRO, 1996. Portaria número 24 de 22 de Fevereiro. 7p. Site http://www.inmetro.gov.br , 22/11/2004.

INMETRO, 1997. Procedimento de verificação de esfigmomanômetros mecânicos do tipo aneróide. Norma n° Nie-
Dimel-006. Jun/97. 10p. Site http://www.inmetro.gov.br, 16/11/2004.

INMETRO, 2004. Portaria n.º 155 de 16 de agosto de 2004. 7p. Site http://www.inmetro.gov.br , 20/12/2004.

Pierin, A. M. G, Júnior, D. M,. Como avaliar a calibração dos aparelhos de medida da pressão arterial. Revista
Brasileira de Hipertensão. Vol7(4). 2000. 2p.

Sant’Anna, J., Neiva, E., Pitta, L., Soares, F., 2003. Controle da qualidade de esfigmomanômetro no município de
Macaé. METROLOGIA. 2003. 4p.

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