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UNIVERSIDADE FEDERAL DO OESTE DO PARÁ – UFOPA

INSTITUTO DE SAÚDE COLETIVA – ISCO


CURSO DE BACHARELADO EM FARMÁCIA

RELATÓRIO SÍNTESE DO ESTÁGIO SUPERVISIONADO EM


ANÁLISES CLÍNICAS

DISCENTE: ANDRIA CAROLINA DA SILVA LOPES

SANTARÉM – PARÁ
2023
ANDRIA CAROLINA DA SILVA LOPES

RELATÓRIO SÍNTESE DO ESTÁGIO SUPERVISIONADO EM


ANÁLISES CLÍNICAS

Relatório Síntese das Atividades do Estágio


Supervisionado em Análises Clínicas apresentado como
requisito obrigatório para a obtenção da pontuação
necessária na disciplina de Estágio em Atividades
Farmacêuticas IV – Análises Clínicas I e Estágio em
Atividades Farmacêuticas V – Análises Clínicas II.
Professor(a) Supervisor(a): Profa. Msc. Suelen Maria
Santos de Souza.

SANTARÉM – PARÁ
2023

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SUMÁRIO

1. INTRODUÇÃO ........................................................................................................................... 4
2. CARACTERIZAÇÃO DO CAMPO DE ESTÁGIO ................................................................... 6
2.1. MATRIZ DO LABORATÓRIO AMAZÔNIA ....................................................................... 6
2.2. CENTRO TÉCNICO OPERACIONAL – CTO ...................................................................... 7
3. ATIVIDADES DESENVOLVIDAS ........................................................................................... 8
3.1. RECEPÇÃO, TRIAGEM E COLETA DE MATERIAL BIOLÓGICO .................................. 9
3.2. SETOR TÉCNICO (HEMATOLOGIA, BIOQUÍMICA, IMUNOLOGIA +) ...................... 10
3.3. SETOR DE MICROBIOLOGIA E MICOLOGIA: ............................................................... 10
3.4. SETOR DE PARASITOLOGIA E URINÁLISE: ................................................................. 12
3.4.1. URINÁLISE: ...................................................................................................................... 12
CONSIDERAÇÕES FINAIS ............................................................................................................. 18
3. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ....................................................................................... 18

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RELATÓRIO SÍNTESE DAS ATIVIDADES DE ESTÁGIO SUPERVISIONADO EM
ANÁLISES CLÍNICAS

1. DADOS DE IDENTIFICAÇÃO
Instituição concedente: Laboratório Amazônia – Estágio em Atividades Farmacêuticas IV –
Diagnósticos e Imagem Análises Clínicas I e Estágio em Atividades
Farmacêuticas V – Análises Clínicas II.
Início: 03/04/2023 Término: 24/04/2023 Carga Horária: 100 horas
Estagiário (a): Andria Carolina da Silva Lopes Matrícula: 201800314

Professor Supervisor: Profa. Msc. Suelen Maria Santos de Souza.

2. AVALIAÇÃO
Nota Professor Supervisor: Nota final:
Nota Supervisor Local:

1. INTRODUÇÃO

As Análises Clínicas podem estar presentes nas atividades realizadas pelo homem a
cerca de 4 mil anos a.C., já que existem placas de argila desse período que documentam a
avaliação da urina por médicos sumérios e babilônicos, sendo este, talvez, o primeiro exame
laboratorial. Alguns povos já possuiam conhecimento sobre dignósticos de doenças, como por
exemplo, o fato de que a presença de formigas na urina sinalizava para alguma disfunção
corporal por conta da urina ser adoçicada (1).
Contudo, foi só em 1900 que o setor laboratorial de diagnóstico clínico foi marcado
por uma nova fase, após a introdução dos métodos métodos enzimáticos para glicose em papel
filtro, usados para testes de urina e sangue. Posteriormente, em 1941, foi lançado o primeiro
teste de glicose na urina – o Clinitest – , introduzido pela empresa Miles no mercado. Este
teste deu origem às tiras reagentes de urina parecidas com as existentes atualmente, lançadas
pela mesma empresa, sendo estas utilizadas para testar analitos contidos na urina (1).
Atualmente, o laboratório de análises clínicas fornece cerca de 70% dos dados
utilizados nos dignósticos médicos, sendo esta sua função primordial. Além disso, junto com
o advento da inovação tecnológica, o segmento laboratorial transformou-se radicalmente,
revolucionando ambientes, processos, qualidade, eficácia e a rapidez de exames. Assim,
exames que antes eram realizados através de técnicas manuais foram substituídos por
máquinas de última geração, trazendo a inferência de que a automação pode levar a dispensa
de muitos profissionais que atuam no ramo, exceto de um profissional capacitado para validar

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o funcionamento destes equipamentos tecnológicos e o laudo final com o diagnóstico clínico
(1–3).
É nesse sentido que o profissional farmacêutico insere-se nesse mercado de trabalho,
sendo um dos profissionais mais capacitados para atuar no setor de análises clínicas, capaz de
promover iniciativas para empreender com segurança nesta área, utilizando-se das tecnologias
mais avançadas para emitir laudos seguros sobre diagnósticos clínicos voltados para a área
médica. Esta área de atuação configura-se na resolução n. 572 de 2013, que dispõe sobre a
regulamentação das especialidades farmacêutica.
No contexto brasileiro, a análises clínicas sempre estiveram diretamente ligadas ao
profissional farmacêutico, principalmente após a implantação da indústria e domínio do setor
ligado ao medicamento por empresas internacionais, onde houve o deslocamento da formação
do farmacêutico para outras áreas de atuação, como a Analíses Clínicas, configurando assim o
Farmacêutico Bioquímico (2,4,5).
O estágio supervisionado em análises clínicas se torna imprescindível para o discente e
futuro farmacêutico, pois o mesmo se propõe a preparar o estudante para o mercado de
trabalho, seja para atuar como analista clínico que atua em um laboratório, seja como
farmacêutico clínico que atua em um consultório farmacêutico, dentre outros campos de
atuação que exigem do profissional conhecimentos teóricos e práticos em análises clínicas e
interpretação de exames laboratoriais. Assim, de acordo com a lei nº 11.788 de 25 de
setembro de 2008, “o estágio como ato educativo escolar supervisionado, desenvolvido no
ambiente de trabalho, que visa à preparação para o trabalho produtivo do estudante. O estágio
integra o itinerário formativo do educando e faz parte do projeto pedagógico do curso.”
Desta maneira, o estágio em Análises Clínicas ocorreu pelo período da manhã,
contabilizando 4 horas diárias e 20 horas semanais no período de três semanas. O campo de
estágio foi realizado no Laboratório Amazônia – Diagnósticos e Imagem, o qual possui três
unidades de atendimento e um Centro Técnico Operacional (CTO). O estágio foi
supervisionado pela farmacêutica Dra. Leidiani da Silva Viana, a qual faz parte do quadro de
farmacêuticos do laboratório amazônia e atua no setor de liberação de laudos de exames
bioquímicos. Em síntese, o objetivo do estágio é proporcionar ao acadêmico o entendimento
na prática e observação das atividades do profissional farmacêutico no campo de atuação das
análises clínicas.

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2. CARACTERIZAÇÃO DO CAMPO DE ESTÁGIO

2.1. MATRIZ DO LABORATÓRIO AMAZÔNIA

O Laboratório Amazônia é uma empresa referência em exames laboratoriais e


diagnóstico por imagem em Santarém, participando ativamente desde 1994 do Programa
Nacional de Controle e Qualidade (PNCQ) da Sociedade Brasileira de Análises Clínicas. Sua
unidade matriz fica localizada na Travessa Silvino Pinto, 726, no bairro Santa Clara, área
central do município de Santarém-PA. Esta empresa conta com a colaboração de mais de 50
colaboradores diretos, incluindo farmacêuticos, biomédicos e outros profissionais da saúde
que atuam no diagnóstico de exames laboratoriais e outros.

Figura 1: Matriz do Laboratório Amazônia. Foto retirada do site da instituição.

Sua área física corresponde à um prédio de três andares, onde cada um deles ocorrem
diferentes tipos de exames como Tomografia Computadorizada, Reconstrução em 3D,
Ultrassom de tireóide com doppler, Exames de urotomografia, Mamografia Digitalizada,
Ultrassonografia de rotina e especializada, Raio-X, Exames de Angiotomografia,
Agulhamento de Nódulos de Mama, Exames de Mama, Medicina do trabalho e por fim
Exames Laboratoriais.
Na matriz, o estabelecimento conta com recepção, postos de coleta, onde são realizados
coleta de sangue, amostras de fezes, urina, lâminas histopatológicas e outros materiais como
raspagem de pele para exames micológicos, por exemplo, salas em andares superiores
correspondentes à coleta de PCCU, sala de radiografia, entre outros; como também banheiros
sociais e de funcionários e outros espaços comuns.

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Figura 2: Posto de coleta de sangue e outros materiais Biológicos. Foto por Andria Lopes.

O espaço funcionava anteriormente também como laboratório de análises clínicas,


porém atualmente este local foi alocado para um endereço próprio. A antiga área técnica,
apesar de não exercer a função da realização de exames laboratoriais, ainda é identificável
onde situava-se os setores de parasitologia, urinálise, microbiologia e micologia, exames
bioquímicos, hematologia e imunologia, funcionando hoje em dia como salas para triagem,
escritórios, dentre outras funções.

2.2. CENTRO TÉCNICO OPERACIONAL – CTO

O Centro Técnico Operacional (CTO) do Laboratório Amazônia fica localizado na


Avenida Muiraquitã, nº 31, no bairro Interventoria da cidade de Santarém, Pará. Neste local
são realizados quase todos os Exames Laboratoriais ofertados pelo estabelecimento, exceto
aqueles que o laboratório não cobre e são enviados para laboratórios de apoio, como o
Laboratórios Hermes Pardini e Laboratórios Álvaro.

Figura 3: Centro Técnico Operacional – CTO. Foto por Andria Lopes.

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No que diz respeito à sua área física, o CTO está situado em um prédio voltado apenas
para atividades laboratoriais, o mesmo possui Almorarifado, Sala de Triagem, Banheiros
sociais, Copa, Setor Técnico, onde serão emitidos os laudos de exames, serão realizados
exames bioquimicos, da hematologia, imunológicos, leitura de lâminas e etc, Setor de
Parasitologia e Urinálise, Setor de Microbiologia e Micologia e Setor de Lavagem e
Esterilização.

3. ATIVIDADES DESENVOLVIDAS

Os laboratórios clínicos são essenciais para a qualidade e segurança da assistência à


saúde, atuando diretamente no fornecimento de evidências em saúde para monitoramentos
com intuito preventivos, diagnósticos ou terapêuticos. Atualmente, estes estabelecimentos são
regularizados pela RDC 30 de 2015, dispondo de uma organização de recursos humanos,
tecnológicos e materiais. Os procedimentos realizados nesses laboratórios necessitam de
controle operacional e observância afim de garantir maior segurança e confiabilidade dos seus
resultados, iniciando assim desde o momento que o paciente procura o laboratório até a
liberação dos resultados. Dessa forma, os laboratórios de análises clínicas possuem uma rotina
dividida em três fases principais: fase pré-analítica, fase analítica e fase pós-analítica (2,3,6).
O estágio em Análises Clínicas iniciou no dia 03 de abril de 2023, sendo finalizado no
dia 24 de abril do mesmo ano, com a duração de três semanas. Primeiramente foi realizado a
apresentação dos espaços e ambientes do campo de estágio e logo em seguida a apresentação
aos funcionários do local. A fase pré-analítica dos procedimentos realizados pelo Laboratório
Amazônia iniciava na Matriz, onde os pacientes eram atendidos, havia coleta de sangue e
outros materiais biológicos. Logo após eram realizadas as coletas domiciliares, as quais o
estagiário não participava diretamente. Por fim, as amostras eram enviadas para o CTO, onde
ocorria a fase analítica, que se refere a realização de análises com métodos estabelecidos
(Bioquímica, Hematologia etc.), e a fase pós-analítica, que se refere a emissão de laudos e
verificação de resultados pelo responsável técnico.

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Figura 4: Desenvolvimento dos processos laboratoriais (Ciclo do teste laboratorial).
Fonte: Disponível em: <https://alvaroapoio.com.br/qualidade/seguranca-do-paciente-no-laboratorio
clinico>. Acesso em: 03 de maio de 2023.

3.1. RECEPÇÃO, TRIAGEM E COLETA DE MATERIAL BIOLÓGICO

As atividades realizadas no Laboratório Amazônia iniciam às 6:30 da manhã de


segunda a sábado, embora o estágio iniciasse às 08:00 da manhã e acabasse às 12:00 no
período de segunda à sexta-feira. Neste primeiro momento, o objetivo do estágio era observar
todo o processo pré-analítico, que inclui o momento do atendimento, a checagem dos dados
do paciente na ficha de confirmação do exame, até a coleta do material biológico. Embora o
laboratório realizasse a coleta de uma diversidade de amostras, durante o período do estágio
apenas observou-se a coleta de sangue de pacientes de diversas faixas etárias, desde recém-
nascidos até idosos, porém o estagiário não pode realizar as coletas nesse estágio por falta de
treinamento prévio. Além da coleta de sangue, eram recebidos outras amostras de materiais
biológicos como urina, fezes, biópsias e etc.
Ademais, também pode-se acompanhar a coleta de sangue para curva glicêmica,
também conhecido como teste de tolerância à glicose, o qual é um dos testes utilizados na
triagem laboratorial do diabetes, utilizado para fins diagnósticos. A coleta deste exame exige
um protocolo em que é exigido do paciente o jejum de pelo menos 12 horas, a oferta oral de
glicose e as coletas seriadas de sangue em tempos pré-determinados. No que se refere aos
resultados, os valores considerados como resultados normais da curva glicêmica dependem do
contexto clínico do paciente. Para adultos que não sejam gestantes, consideram-se valores

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normais a glicemia de jejum < 100 mg/dL e a glicemia no tempo de 2 horas do teste (após o
consumo da glicose oral) < 140 mg/dL. Já para gestantes, consideram-se como normais os
seguintes valores durante a curva glicêmica: glicemia de jejum < 92 mg/dL, glicemia no
tempo de 1 hora < 179 mg/dL e de 2 horas <= 152 mg/dL.

3.1.1. AMOSTRAS URINA E FEZES:

A preparação do paciente ao coletar a amostra de urina e fezes depende do tipo de


exame solicitado, fator imprescindível para o exame, já que uma amostra colhida de maneira
incorreta, mal armazenada e contaminada pode alterar os resultados do exame. Por exemplo,
para o exame de Análise de Sumário de Urina EAS, o qual exige a primeira urina do dia, pois
ela está mais concentrada, o que facilita a avaliação dos seus elementos. O ínicio do jato deve
ser descartado, pois ele irá expelir impurezas acumuladas no trato urinário, coletando assim o
jato médio, tal como a região genital deve ser higienizada antes da coleta, e seu
armazenamento deve ser adequado, sendo entregue o mais rápido possível no laboratório.

3.2. SETOR TÉCNICO (HEMATOLOGIA, BIOQUÍMICA, IMUNOLOGIA +)

Os estagiários dirigiam-se seguindo o fluxo das amostras coletadas na Matriz para o


CTO em um segundo momento, onde ocorriam a análise laboratorial das amostras coletadas e
recebidas. No Setor Técnico, área onde ocorriam a maioria dos exames do Laboratório
Amazônia e onde trabalham a maior parte dos profissionais deste estabelecimento, há
bancadas específicas para cada tipo de exame, como a bancada de Hematologia, de
Bioquímica, de Imunologia, para exames de Coagulograma e para a leituras de lâminas do
setor de Bacteriologia, Parasitologia etc.
A Hematologia e Bioquímica foram pouco acompanhadas, já que a maioria dos exames
nesta área são automatizados, ficando a serviço dos farmacêuticos somente a liberação de
laudos, que foi a parte que os estsgiários também acompanharam. Na Imunologia foi possível
acompanhar a realização de exames com marcadores hormonais (FSH, LH, Prolactina) e
marcadores virais (HIV, Sífilis, PCR, VDRL).

3.3. SETOR DE MICROBIOLOGIA E MICOLOGIA:

O setor de Microbiologia dedica-se principalmente à bacteriologia, já que a maior parte


das amostras referentes à exames relacionados a outros microorganismos vão para
laboratórios de apoio. Também realiza-se os exames Micológico Direto e Cultura de Fungos,
entretanto não houve e nem pode-se observar atividades sobre a área da Micologia. Ao todo

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foram 4 dias acompanhando este setor, o que não foi suficiente para acompanhar todos os
processos realizados, por conta da maioria ser realizado no período vespertino.
Na bacteriologia o principal objetivo é isolar e identificar colônias de bactérias em
meios de cultura seletivos (MacConkey, Ágar Chocolate, dentre outros) e não seletivos (Ágar
Sangue). Para iniciar esse processo, utilizava-se primeiro o meio Ágar Sangue afim de
observar a morfologia das colônias e da observação do GRAM. Como a maior parte dos
exames são uroculturas, este setor já possui uma rotina voltado para o mesmo e junto com o
meio Ágar Sangue também é realizado a inoculação no meio Ágar MacConkey. Neste
processo foi possível observar a identificação de bactérias Beta-hemolíticas, como o
Streptococcus pyogenes.
Para outros tipos de exames, em amostras que incluem hemoculturas, secreções
brônquicas (catarro e etc), liquido cefalorraquidiano, exsudados vaginais, fezes e etc há
inicialmente inoculação em meio não seletivo, onde o pouco crescimento em Ágar Sangue
orienta a pesquisa no sentido das bactérias anaeróbicas, sendo repicados mais tarde em meio
CDC e KV, neste caso. Depois ocorre a realização de repicagens para o meio CNA se forem
cocos, meio CLED se forem bacilos, HAE, PolyViteX ou Chocolate se há suspeita de
hemófilos. Há também a utilização de outros meios de cultura e enriquecimento, já que os
mesmos possuem características únicas que permitem a obtenção das colônias puras de
bactérias de importância clínica. Todos estes meios são colocados na estufa a 37ºC por no
mínimo 24 horas.
A maior parte dos exames ocorre de maneira convencional, sendo realizados
manualmente com a ajuda de dispositivos semi-automáticos, entretanto alguns exames de
identificação de bactérias possuem um valor diferente dos demais e são realizados de maneira
automatizada pelo equipamento BD PhoenixTM. Este equipamento dedica-se à identificação
(ID) rápida de bactérias clinicamente significantes e à realização de testes de sensibilidade a
antimicrobianos (AST ou TSA) para essas bactérias. O sistema fornece resultados rápido
sobre a maioria das bactérias aeróbias e anaeróbias facultativas, Gram-positivas e Gram-
negativas que infectam humanos.

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Figura 5: Equipamento BD PhoenixTM utilizado na identificação de bactérias e testes de AST ou TSA. Foto
retirada do site da empresa.

3.4. SETOR DE PARASITOLOGIA E URINÁLISE:

3.4.1. URINÁLISE:

Neste setor são realizados exames do campo da urinálise e da parasitologia, entretanto


foi realizado somente o exame de urina tipo 1 – EAS (ou Análise Sumária da Urina), o qual
permite a avaliação do estado renal, sendo um exame de rotina, solicitado em suspeitas de
lesão ou infecção renal. Assim, esta análise é um indicador prático do estado glicêmico do
paciente e da função hepatobiliar. Este exame compreende três etapas distintas: o Exame
Físico é macroscópico, o Exame Químico, no qual utiliza-se fitas reagentes que indicam a
presença ou não de substâncias no líquido e o Exame Sedimentar ou Microscópico, no qual
utiliza-se a microscopia para identificar substâncias presentes na amostra.

3.4.1.1. Exame Físico:

Primeiramente, no Exame Físico observa-se o volume para confirmação da coleta de


quantidade adequada para o exame (cerca de 40 mL). Em seguida, observa-se a coloração da
urina, onde a cor normal varia do amarelo pálido ao âmbar, porém a nomenclatura geralmente
utilizada pelos laboratórios é o “amarelo citrino”. Pode-se haver variações na cor causadas
por dieta, medicamentos, atividade física e doenças, como por exemplo algumas das amostras
de urina analisadas durante o estágio que apresentaram coloração “amarelo-marrom” ou
“amarelo escuro”, que pode representar a presença de bilirrubina ou pigmentos biliares na
urina, ou outra amostra que apresentou coloração esverdeada, indicando que o paciente faz
uso de medicamentos que alteram a coloração dessa urina.
Os próximos passos do Exame Físico são a análise do Aspecto ou Transparência da
urina, o qual define visualmente como ela se apresenta: a urina normal e fresca costuma ser
límpida, porém diversos fatores podem alterar estar este estado, tornando-a turva ou túrbida,

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onde a causa da turbidez só se torna evidente no exmae microscópico. Outro critério de
análise é Odor, fator reconhecido instataneamente pois a urina normal logo após a micção
possui odor aromático e não desagradável, diferentemente da urina de pacientes com
infecções causadas por bactérias, ou por exemplo pacientes diabéticos, que devido a presença
de cetonas em sua urina, produto do metabolismo de lipídeos, possui um odor adoçicado e/ou
frutal.

Figura 6: Exame Físico realizado no EAS: volume, aspecto e coloração. Imagem retirada do site:
https://aphysiocursos.maestrus.com/ver/artigo/urinatipo1/.

Em alguns laboratórios onde não utiliza-se as fitas reagentes, a identificação da


Densidade ou Gravidade específica faz parte desta etapa, a qual pode ser medida com um
urinômetro ou um refatômetro. Este indicador estima a concentração de solutos como ureia,
fosfatos, cloretos, proteínas e açúcares presentes na urina, sendo indicador de função renal
tubular e pode ser usado para avaliar a habilidade dos rins em reabsorver substâncias químicas
importantes e a água do filtrado glomerular. No Laboratório Amazônia utiliza-se as fitas
reagentes para identificação do número correspondente à Densidade, porém aprendemos a
usar o Refratômetro para medir o índice de refração da urina, onde coloca-se uma gota de
urina bem homogeneizada na placa de vidro e logo em seguida a tampa é fechada. A
gravidade espacífica é lida através da abertura ocular, de acordo com uma escala que converte
a refração nesta medida.

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Figura 7: Refratômetro e sua escala, mostrando a leitura de gravidade específica. Foto retira do site:
https://www.generalmed.com.br/refratometro-clinico-para-urina-escalas-de-proteinas-refracao-e-densidade-de-
urina-pr-2257-371454.htm

3.4.1.2. Exame Químico:

A segunda etapa da Análise Sumária da Urina é o Exame Químico ou Análise de


Analitos da Urina, dentre outras nomenclaturas. Esta análise é realizada atualmente através de
tiras reagentes, que são tiras plásticas finas acopladas a almofadas de reagentes, sendo estas
mergulhadas na urina com o fim de observar as reações químicas em cada uma das almofadas
em um tempo pré-determinado para cada uma delas. As tiras reagentes podem testar até 10
substâncias, incluindo testes de Densidade (citado anteriormente), Equilíbrio Ácido-Base
(pH), Glicose, Proteínas, Bilirrubina, Hemoglobina, Nitrito, Cetonas, Urobilinogênio e
Leucócitos. Os resultados da Análise Química da urina fornecem informações sobre o
metabolismo dos carboidratos, as funções dos rins e fígado e o equilíbrio de pH.
Geralmente os valores específicados através das fitas são a Densidade e o pH, os
demais são apenas determinados como positivo ou negativo, no caso de ser positivo este será
lido posteriormente no exame microscópico. No caso do pH, é uma medida que indica a
acidez ou alcalinidade da urina, por conta do rim excretar H+, a urina normal encontra-se
levemente ácida, entre 4,5 a 8,0. O pH da urina pode modificar-se por conta de fatores como
dietas, uso de medicamentos, doenças renais e metabólitas, como o diabetes melito, sendo
caracterizado como um desequilíbrio ácido-base do organismo. Outro exemplo, são pacientes
em quadro de infecção do trato urinário que apresentam urina alcalina, sugerindo que o agente
etiológico desse caso seja o Proteus sp.

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Figura 8: Fitas reagentes sendo utilizadas na urinálise. Imagem retirada do site:
https://indavidas.com.br/blog/tiras-reagentes-tudo-que-voce-precisa-saber/.

A presença de Glicose na urina é chamada de Glicosúria, que indica que o nível de


glicose sanguínea excedeu o limiar renal da glicose, sendo eliminada pela urina. A glicosúria
ou Glicose Positiva é uma condição que pode ocorrer no diabetes melito ou gestacional
devido ao aumento de glicose na circulação, o que indica que o diabetes não está no controle
adequado. Entretando, levando em conta que a glicose é reabsorvida pelos túbulos renais,
além do aumento de glicose na circulação esse fator também pode indicar comprometimento
tubular dos pacientes, surgindo a necessidade de investigar patologias renais. A almofada do
reagente possui as enzimas glicose oxidase e peroxidase e mais um cromógeno, sustância que
produz cor na reação química, podendo-se assim então identificar se a glicose deu positiva e
seu nível de concentração na urina.
A Bilirrubina é um produto da degradação da hemoglobina formada no fígado a partir
de hemácias senescentes, sendo assim o principal pigmento biliar. Como esta não é excretada
normalmente pela urina (e sim pelas fezes), sua presença na urina pode indicar doença
hepática, obstrução do duto biliar ou hepatite, sendo este analito o causador da coloração
“urina cor de coca-cola” ou urina escura detectada no exame físico. O teste para detecção de
bilirrubina é baseado na reação da bilirrubina com o sal diazônio na almofada dos reagentes.
As Cetonas ou corpos cetônicos são produzidos quando o corpo utiliza a gordura e não
o açúcar para obter energia, as quais incluem acetona, ácido acetoacético e ácido beta-
hidroxibutírico. Sua eliminação na urina caracteriza a Cetonúria, resultado da metabolização
incompleta dos ácidos graxos, que podem estar presentes tanto na falta de carboidratos
suficientes para gerar energia, tanto na condição de Diabetes descompensado, na inanição,
jejum prolongado, exercício físico intenso, etc. O teste é baseado na reação das cetonas com o
nitroferricianeto de sódio presente na almofada dos reagentes, resultando na formação de uma

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cor rosa-escura.
A presença de sangue na urina é chamada de Hematúria, condição que ocorre em
condições de infecção, trauma do trato urinário, sangramento nos rins, dano glomerular ou
tumor. Outros fatores que não caracterizam doenças também podem ser a causa da presença
de células sanguíneas na urina, como menstruação e lesões causadas por inserção de cateter. A
hematúria está relacionada com a hemoglobinúria (presença de hemoglobinas no sangue), no
entanto, há uma situação específica que levaria à hematúria sem que houvesse a hematúria – a
hemólise intravascular, pois nesse caso somente os componentes da hemácia seriam
eliminados. A almofada das tiras reagentes deteta tanto hemoglobina quanto hemácias
intactas, uma cor forma-se pela ação de peroxidação da hemoglobina presente nas hemácias,
que reage com o cromógeno e o peróxido presente na almofada. A mioglobina também causa
reação positiva na fita reagente.
O Urobilinogênio por sua vez é o resultado da degradação da bilirrubina, o qual é
formado através da ação de bactérias intestinais, sendo sua maior parte eliminado nas fezes e
outra reabsorvida e excretada na urina. Seu valor pode estar aumentado no caso de doenças
hepáticas ou hemolíticas, excesso de bactérias intestinais ou em casos de constipação, onde a
diminuição da quantidade de fezes dessa substância faz com que ela seja eliminada pela urina.
A almofada de reagente contém produtos químicos que reagem com o urobilinogênio e
formam uma cor rosa-avermelhada, baseada na reação de aldeído de Ehrlich. Entretanto, o
urobilinogênio é instável sob a luz e urinas ácidas, dessa forma os resultados negativos em
urinas de rotina nem sempre são significantes.
O Nitrato é um metabólito presente na urina normal, entretanto bactérias gram-
negativas produzem enzinas que convertem-o em Nitrito. Quando o teste é positivo, sugere-se
uma possível infecção bateriana do trato urinário, contudo nem todas as bactérias podem
converter nitratos, ou seja, um resultado negativo não isenta a possibilidade de infecção. É
necessário, desta forma realizar o exame de Urocultura para identificação de bactérias. O
exame na fita reagente se dá com uma reação do nitrito com produtos químicos onde surge
uma cor rosa, indicando resultado positivo.
Já os leucócitos granulares (geralmente neutrófilos), contêm a enzima Esterase
Leucocitária, a qual, quando presente na urina indica a presença de leucócitos na urina por
conta de infecções ou inflamação no trato urinário. A enzima esterase reage com o substrato
específico para esta contido na almofada da fita reagente formando a cor púrpura.
Por fim, o exame positivo para Proteínas revela uma condição chamada Proteinúria, o
qual é um indicador de doença real ou infecção do trato urinário. Dentre as proteínas, a única

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delas que a fita reagente consegue detectar é a Albumina, a proteína plasmática mais
abundante, fazendo com que outras proteínas somente sejam detectadas com a realização de
exames específicos. Em condições normais não há excreção excedente de albumina devido às
características desta molécula que não lhe permitem atravessar a membrana, podendo haver
apenas “traços” para sua presença. O exame de urina, no entanto, não é ideal para quantificar
proteinúria de um paciente, sendo assim necessário a realização do proteinúria de 24 horas,
dosar creatinina, etc. O teste contido na fita reagente para proteína baseia-se no princípio de
que a proteína altera a cor de corantes indicadores ácidos-base, sem modificar o pH, assim a
almofada de reagente é mantida no pH 3 com uma solução tampão, como por exemplo o azul
de tetrabromofenol. Em pH ácido constante, a alteração de cor para verde tem como causa a
presença de proteína, variando conforme a concentração.

Figura 9: Fitas reagentes usadas para a realização do Exame Químico ou Bioquimico da Urina. Imagem retirada
do site: https://aphysiocursos.maestrus.com/ver/artigo/urinatipo1/.

3.4.1.3. Exame Microscópico:

O exame microscópico do sedimento urinário é a terceira e última fase da urinálise ou


análise sumária de urina. Este exame pode revelar infecção, doença ou trauma do trato
urinário, como também pode detectar a presença de cristais anormais que sugerem distúrnios
metabólicos. Os componentes que podem ser vistos no sedimento urinário incluem leucócitos,
hemácias, células epiteliais, cristais, cilindros, material amorfo e microorganismos.
O sedimento urinário utilizado neste exame é obtido através da centrifugação da
amostra de urina, onde depositam-se partículas desta no fundo do recipiente, sendo estes
últimos usados para a preparação de lâminas que são lidas sem a precisão de corantes no
microscópio. Nesta etapa, o estagiário fez parte do processo porém não foi possível observar
lâminas de importância clínica, ou seja, que apresentaram a presença de componentes
anormais nas amostras visualizadas.

3.4.2. PARASITOLOGIA

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Na área da Parasitologia, o Laboratório Amazônia realiza um amplo espetro de exames
parasitológicos, sendo observados neste setor principalmente amostras fecais. Este setor e área
do conhecimento ocupa-se da pesquisa e identifição de parasitas, no caso deste tipo de
amostra tratam-se de parasitas intestinais. Assim, frequentemente são preparadas lâminas de
fezes concentradas pelo método direto a partir de amostras frescas e conservadas.
Além disso, neste setor também é realizado o Exame de Sangue Oculto nas fezes, o
qual é um teste de triagem simples e de baixo custo que detecta hemorragias no
tratogastrointestinal. Neste caso, são utilizados testes rápidos com princípios imunoquímicos
ou imunocromatográficos para testar a presença de hemorragia nas fezes que não são visíveis
a olho nu. Este testa utiliza um anticorpo contra a cadeia de globina da hemoglobina para
detectar a presença de sangue. Assim, a identificação precoce da hemorragia pode ajudar no
diagnóstico de doenças como o câncer intestinal e outras doenças do tratogastrintestinal.

Figura 10: Teste Imunocromatográfico para Pesquisa de Sangue Oculto nas Fezes. Imagem retirada do site:
https://www.centerlab.com/sangue-oculto-iref-112-k7-20-teste-labtest-cod-99488.html.

CONSIDERAÇÕES FINAIS

Durante este estágio pode-se entender como funciona a Análises Clínicas no setor
privado de Laboratórios e qual a importância dos exames laboratoriais para um diagnóstico
seguro e eficaz para o paciente. Da mesma maneira, notou-se o quanto é necessário a presença
do profissional farmacêutico na equipe do laboratório clínico afim de identificar possíveis
falhas ou resultados alterados de exames. Por fim, o estágio proporcionou profundo
aprendizado, contribuindo para formação de um profissional farmacêutico que entenda todo o
processo das análises clínicas, desde a fase pré-analítica, até a fase pós-analítica.

3. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

1. Conselho Federal de Farmácia. Análises clínicas, ontem, hoje e amanhã. Pharm Bras.
2019;90:33–47.

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2. Silva NS. O Exercício das Análises Clínicas na Prática Farmacêutica e a Segurança do
Paciente: uma revisão narrativa. In Paripiranga; 2021. p. 1–83.
3. Teixeira JCC, Chicote SRM, Daneze ER. Non-Conformities Identified During the
Phases Pre-Analytics, Analytical and Post-Analytical of a Clinical Analysis Public
Laboratory. Nucleus. 2016;13(1):251–60.
I. 4. Conselho Federal de Farmácia. RESOLUÇÃO No 572 DE 25 DE ABRIL DE
2013 [Internet]. 2013. Available at:
https://www.cff.org.br/userfiles/file/resolucoes/572.pdf
5. Souza AM, Barros SB de M. O Ensino em Farmácia. Pro-Posições. 2016;14(1):29–38.
6. BRASIL. Ministério da Saúde. Agência Nacional de Vigilância Sanitária. Resolução
RDC No 30, de 24 de julho de 2015. Altera a Resolução – RDC n.o 302, de 13 de
outubro de 2005, que dispõe sobre o Regulamento Técnico para funcionamento de
Laboratórios Clínicos. 2015;180:2001.

SANTARÉM – PARÁ, Data: 24/04/2023

Assinatura do Estagiário

Data de recebimento: / /

Assinatura do Professor supervisor

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