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Sumário

O QUE É UM LABORATÓRIO DE ANÁLISES CLÍNICAS ..................................... 4

PROGRAMA DE GESTÃO AMBIENTAL ................................................................ 31

GESTÃO DE RESÍDUOS ........................................................................................... 32

CONTROLE DE QUALIDADE EM ANÁLISES CLÍNICAS ................................... 34

CONTROLE INTERLABORATORIAL ..................................................................... 38

FONTES DE VARIAÇÃO NOS ENSAIOS LABORATORIAIS .............................. 39

INDICADORES LABORATORIAIS .......................................................................... 42

QUALIDADE E TENDÊNCIA DE MERCADO EM ANÁLISES CLÍNICAS ......... 47

TENDÊNCIAS ............................................................................................................. 49

FERRAMENTAS PARA ANÁLISE DE CUSTOS, LEVANTAMENTOS


ESTATÍSTICOS E RELATÓRIOS GERENCIAIS................................................................. 50

FERRAMENTAS DE GESTÃO .................................................................................. 52

BASES ESTATÍSTICAS ............................................................................................. 55

BIOÉTICA EM LABORATÓRIOS DE ANÁLISES CLÍNICAS .............................. 69

LEGISLAÇÃO PERTINENTE A ATIVIDADE DE UM LABORATÓRIO DE


ANÁLISES CLÍNICAS ........................................................................................................... 70

SEGURANÇA .............................................................................................................. 71

PROGRAMA DE CERTIFICAÇÃO DA INTERNATIONAL


ORGANIZATION FOR STANDARDIZATION .................................................................... 76

NÍVEIS DE RISCO E A ROTINA DE TRABALHO EM UM LABORATÓRIO


DE ANÁLISES CLÍNICAS ..................................................................................................... 83

ORGANIZAÇÃO DO AMBIENTE LABORATORIAL ............................................ 84

EQUIPAMENTOS DE PROTEÇÃO INDIVIDUAL E EQUIPAMENTOS DE


PROTEÇÃO COLETIVA ........................................................................................................ 85
EQUIPAMENTOS DE PROTEÇÃO INDIVIDUAL (EPI) ........................................ 85

MANUSEIO, GERENCIAMENTO E DESCARTE DE RESÍDUOS SÓLIDOS


NOS SERVIÇOS DE SAÚDE ................................................................................................. 92

REFERÊNCIAS............................................................................................................ 99
INTRODUÇÃO

Qual seria a real importância de um laboratório de análises clínicas? Seria


principalmente oferecer a prestação de serviços de saúde à população, visando sempre à
qualidade na realização dos procedimentos e satisfação dos clientes. Porém, quem seria
o responsável por administrar e organizar todo o pessoal e as tarefas envolvidas nesses
procedimentos? Nesse caso seria um gestor, ou seja, quando se fala em um gerir, logo
se pensa em administrar algo, portanto um curso de gestão laboratorial visa apresentar
aspectos relacionados ao perfil de um administrador.
O foco será voltado a um laboratório de análises clínicas, porém detendo-se os
conhecimentos básicos para a atuação nesse tipo de laboratório é possível estender a
qualquer tipo de laboratório, visando objetivos clínicos, científicos ou acadêmicos.

O QUE É UM LABORATÓRIO DE ANÁLISES CLÍNICAS

Um laboratório consiste em um espaço físico, uma unidade ou uma sala


equipada com diversos instrumentos onde se realizam diversos tipos de exames, eles
podem se apresentar de vários tipos dependendo das análises ao qual é direcionado e sua
funcionalidade.
Os laboratórios clínicos são locais destinados à realização de exames
laboratoriais de pacientes com a finalidade de fornecer informações para o diagnóstico,
prevenção ou tratamento de qualquer patologia ou para a avaliação da saúde do
paciente, fornecendo dados relevantes para os profissionais da área de saúde, tornando
mais eficaz, rápido e acurado o tratamento dos pacientes (SCHMITZ, 2007, p.11).
Os laboratórios podem ser de origem privada ou pública e têm por finalidade
oferecer seus serviços dentro de um alto padrão de qualidade. Os profissionais aptos a
exercer a função de analista clínico são: o médico, o biomédico, o farmacêutico e o
biólogo. Possibilitando uma interação com outros habilitados em nível médio: o auxiliar
em laboratório e o técnico em análises clínicas. A união desses profissionais permitirá a
realização dos exames laboratoriais, onde cada um realizando o seu papel, com sua
devida importância.

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EXEMPLO DE LABORATÓRIO DE ANÁLISES CLÍNICAS

<http://www1.imip.org.br/cms/opencms/imip/pt/assistencia_
saude/serv_diag_terapia/lab_analise_clinica.html?p=4>

SETORES QUE COMPÕEM UM LABORATÓRIO DE ANÁLISES


CLÍNICAS

Quando um cliente vai até um laboratório clínico requisitar algum exame,


geralmente tem um local em que ele é identificado e entrega a requisição do médico,
assim com essas informações a atendente saberá para onde lhe encaminhar, este local é
conhecido como a sala de recepção. Em que o cliente entregará as amostras que trouxe
de casa (fezes, urina, por exemplo) ou poderá ser acompanhado por um técnico para
uma sala onde coletará material biológico (sangue, por exemplo). Essas são as
chamadas salas de coleta, os equipamentos e materiais utilizados nessas salas mudam de
acordo com o material a ser coletado. Por exemplo, na sala de coleta de sangue será
diferente de uma sala de coleta de secreção vaginal. Depois da coleta, o material
precisará ser analisado e por isso é destinado para o setor técnico responsável. Os
setores técnicos são divididos de acordo com a análise que vai se realizar do material.
Há setores básicos de um laboratório: Hematologia, Imunologia, Bioquímica,
Microbiologia, Parasitologia e Urinálise. Por último há o setor administrativo, que cuida
da parte gerencial do laboratório, nesse setor o gestor atuará, portanto se faz necessário
um conhecimento básico do funcionamento de todos os outros setores. Essas divisões
não existem por acaso, assim como o funcionamento do laboratório, elas também estão
regulamentadas pela ANVISA (Agência Nacional de Vigilância Sanitária).

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ATENDIMENTO

Neste setor o paciente será cadastrado e encaminhado ao setor da Coleta, nele


são dadas também as informações necessárias para a retirada dos resultados dos exames.
Muitas vezes é o primeiro contato do paciente com o laboratório, portanto o tratamento
oferecido deve ser procedido de uma maneira agradável e igualitária para todos os
pacientes, sendo provido de atenção, carinho e respeito por parte da equipe.
É no primeiro atendimento que o paciente entregará a guia de solicitação de
exames feito pelo médico e marcará o dia da coleta, em alguns casos a coleta pode ser
feita no mesmo dia. Deverão ser dadas algumas orientações ao paciente sobre como ele
deverá se preparar para a coleta das amostras. Cada exame tem seus procedimentos
específicos de coleta e análise. Nesse momento, é essencial que um membro da equipe
técnica saiba informar detalhadamente cada passo que antecede o exame! O resultado
confiável depende de uma preparação adequada para o dia da coleta. Por exemplo, se
uma paciente chegar para realizar um exame de glicose e não ter respeitado as horas de
jejum, o resultado com certeza será alterado.
Segundo o manual da ANVISA (2005, p.08), para fazer o cadastro do paciente, o
laboratório clínico e o posto de coleta laboratorial devem solicitar ao paciente
documento que comprove a sua identificação. O cadastro do paciente deve incluir as
seguintes informações:
a) número de registro de identificação do paciente gerado pelo laboratório;
b) nome do paciente;
c) idade e sexo;
d) telefone e/ou endereço do paciente, quando aplicável;
e) nome e contato do responsável em caso de menor de idade ou
incapacitado;
f) nome do solicitante;
g) data e hora do atendimento;
h) horário da coleta, quando aplicável;
i) exames solicitados e tipo de amostra;
j) quando necessário: informações adicionais, em conformidade com o
exame (medicamento em uso, dados do ciclo menstrual, indicação/observação clínica,
dentre outros de relevância);
k) data prevista para a entrega do laudo;
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l) indicação de urgência, quando aplicável.
Um dos erros mais comuns observados em um laboratório clínico é a demora no
atendimento, geralmente causa muito desconforto e frustração nos clientes na recepção
de um laboratório clínico. Uma vez que se oferecem serviços de saúde, várias
considerações devem ser observadas durante o atendimento, sendo necessária certa
agilidade para otimizar o processo, porém devem ser observadas características como
organização e segurança para minimizar erros e evitar prejuízos ao laboratório e garantir
qualidade de atendimento ao cliente.

SETOR DE COLETA

Um laboratório clínico ou um posto de coleta laboratorial deve disponibilizar aos


clientes ou responsáveis, instruções escritas, apresentando uma linguagem acessível e
descrevendo orientações sobre o período pré-coleta de amostras, para esclarecer as
dúvidas dos pacientes. A coleta das amostras só deverá ser feita por técnico qualificado,
onde se espera que este seja ágil e transmita segurança ao paciente. Após coleta das
amostras, procederá a realização dos exames, gerando posteriormente um laudo. Vale
lembrar que os instrumentos de coleta mudam em função do exame a ser feito.

2.2.1 Salas de coleta de sangue

De maneira geral a coleta de sangue não é uma situação agradável, em vista


disso o paciente deve ser tratado com paciência e sentir-se seguro, assim o trabalho se
tornará mais fácil e a coleta será feita da melhor maneira possível.
As salas de coleta de sangue são destinadas à realização de exames
hematológicos, imunológicos e bioquímicos. Essas salas são equipadas com materiais
apropriados, na listagem dos mais importantes estão: cadeira reta com braçadeira,
algodão, seringa e agulhas descartáveis, etiquetas para identificação da amostra, luvas
descartáveis, tubos contendo reagentes específicos para coleta.

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Devem-se identificar os tubos utilizados para a análise antes da coleta, sendo que
neles deve conter todos os dados do paciente, nesse momento podem ocorrer erros pela
falta de atenção, onde pode haver misturas dos tubos ou ainda existir tubos sem
identificação. Caso isso ocorra nunca se pode tentar adivinhar de quem foi a amostra,
sendo importante assumir o erro e repetir a coleta. Existem diversos tipos de tubos para
a coleta de sangue, identificados de acordo com o reagente utilizado para uma análise
específica.

TUBOS PARA COLETA DE SANGUE

<http://coletadesangue-uff.blogspot.com.br/>

Salas de coleta de secreção

Outro tipo de sala que existe no laboratório são as salas para coleta de secreção,
tais salas também são bem equipadas com material apropriado como: mesa
ginecológica, foco de luz, espéculo vaginal, swabs, meios de cultura, luvas descartáveis,
etc. As amostras a serem coletadas diferem de acordo com o sexo do paciente. Por
exemplo, do homem será coletada a secreção uretral e da mulher a secreção
endocervical, vaginal e uretral. Pode ainda existir a coleta de secreção anal, ocular e
orofaringe, que são colhidas em ambos os sexos. As amostras deverão ser preparadas

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adequadamente e posteriormente levadas para análise.

Transporte de Amostras

Após a realização da coleta e preparação adequada das as amostras, estas devem


ser levadas ao setor técnico responsável, sendo esta uma fase muito crítica, pois todo
bom trabalho de coleta pode se perder caso o transporte não for adequado. Portanto, os
laboratórios de uma maneira geral devem possuir instruções escritas que devem ser
seguidas rigidamente, caracterizando o meio adequado de transporte para cada tipo de
amostra, promovendo o estabelecimento de prazos, condições de temperatura e padrão
técnico para garantir a integridade e estabilidade das amostras.

PROCESSOS OPERACIONAIS

Toda prestação de serviços ao cliente necessita de um processo para sua


realização. Frequentemente baseado em um processo com atividades interligadas em
uma sequência lógica, utilizando recursos da organização para gerar bons resultados,
oferecendo um serviço que tenha valor para os clientes. Sendo assim, um processo deve
dispor de entradas e saídas, além de tempo, espaço, ordenação, objetivos e valores que,
ao serem interligados, poderão resultar em uma estrutura para fornecimento de produtos
ou serviços ao cliente, em que a compreensão do processo estabelecido é considerada
um fator essencial para o sucesso de qualquer negócio.
O desenvolvimento de um processo gerencial para melhorias nas condições de
qualidade e realização de procedimentos requer, necessariamente, o empreendimento de
um esforço sistemático para projetar e implantar sistemas de medição e avaliação de
desempenho. Significando que a medição e a avaliação da eficiência, qualidade,
produtividade, e lucratividade são componentes integrantes de sistemas que oferecem de
suporte ao processo de gestão, buscando principalmente a competitividade.
É oportuno comentar que o mercado de análises clínicas, no Brasil, está
passando por profundas transformações. A evolução tecnológica tem trazido grandes
avanços, porém, as grandes dificuldades em se manter atualizado estão, principalmente,
nos altos custos da tecnologia e os baixos valores pagos pelos serviços prestados. As
perspectivas para o setor são no sentido de que quem acompanhar toda esta evolução
alinhada à capacidade em gestão, continuará no mercado, pois aqueles que não

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evoluírem, não sobreviverão (MILAN E VERSETTI, 2012, p.1032).

FASES DOS PROCESSOS OPERACIONAIS DE UM LABORATÓRIO DE


ANÁLISES CLÍNICAS

FONTE: Cartilha de Análises Clínicas, 2007.

Setores Presentes na Fase Analítica

Quando se fala em fase analítica, refere-se à fase que compreende os


procedimentos para a realização dos exames solicitados pelo médico, portanto
abordaremos alguns aspectos essenciais de cada setor e algumas considerações
importantes sobre os exames mais solicitados e como são realizadas as análises.

Hematologia

Entende-se como hematologia a área que estuda os elementos celulares do


sangue. O sangue é um tecido conjuntivo especializado constituído por elementos
figurados que flutuam pelo plasma. Quando há coagulação do sangue, é possível notar
um líquido amarelo, este é o soro sanguíneo. É através da circulação sanguínea que as
inúmeras células presentes no organismo recebem sua nutrição, realizam trocas gasosas
e eliminam substâncias indesejadas.
Faz-se necessário saber, que sangue é um dos principais e mais importantes

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fluídos corpóreos, em que sua porção figurada e composta por elementos celulares é
constituída por eritrócitos, leucócitos e plaquetas e plasma sanguíneo é formado pela
parte líquida, sendo à água seu principal constituinte, onde se é possível também
encontrar proteínas, enzimas, hormônios, glicose, íons e outras substâncias.

Exames laboratoriais

O hemograma é um exame que avalia as células sanguíneas do paciente, ou


seja, hemácias (Eritrograma – série vermelha), leucócitos (Leucograma – série branca),
além da contagem das plaquetas.
Os principais exames realizados na série vermelha são: Contagem do número de
eritrócitos (visando identificar alterações no número de glóbulos vermelhos, por
exemplo, quando uma pessoa é acometida por anemia ocorre uma diminuição dos
glóbulos vermelhos); Hemoglobina (quantidade da proteína hemoglobina presente nas
hemácias, podendo ser utilizado como índice de capacidade de transporte de oxigênio);
Hematócrito (que consiste no volume de todas as hemácias de uma amostra sobre o
volume total desta amostra); Volume corpuscular médio (Também conhecido como
VCM, é utilizado como índice que ajuda na observação do tamanho das hemácias e
diagnóstico de anemia); Hemoglobina Corpuscular Média (também conhecido como
HCM, que consiste no peso da proteína hemoglobina presente na hemácia);
Concentração de hemoglobina corpuscular média (também conhecido como CHCM,
que consiste na concentração da proteína hemoglobina presente dentro de uma
hemácia).
Os principais exames realizados na série banca são: Contagem do número de
leucócitos (visa identificar alterações no número de células brancas presentes no
sangue); Contagem do número de blastos (o aparecimento e o aumento do número
dessas células podem indicar doenças como a leucemia); Contagem do número de
eosinófilos (o aumento no número dessas células pode indicar processos alérgicos ou
parasitoses); Contagem do número de neutrófilo (seu aumento pode indicar infecção
bacteriana ou até mesmo uma infecção viral); Contagem do número de linfócitos (o
aumento no número dessas células pode ser um indício de infecção viral ou leucemia
linfocítica crônica); Contagem do número de monócitos (seu aumento pode estar
relacionado a endocardite bacteriana ou leucemia mielomonocítica crônica).

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INTERPRETAÇÃO BÁSICA LABORATORIAL DE DADOS DE
HEMOGRAMA

FONTE: CORREIA, 2012.

As análises bioquímicas estudam os constituintes em vista de sua estrutura e


função, além de aspectos químicos do sangue, da urina e de outras amostras biológicas.
Os exames bioquímicos a serem realizados na parte líquida do sangue ou plasma
sanguíneo são:
• Plasma: as amostras são coletadas em tubos contendo anticoagulantes
específicos com a finalidade de evitar a coagulação do sangue, geralmente os tubos
utilizados são os tubos com tampa azul, roxa, verde ou cinza.
• Soro: este material será obtido através da coleta realizada em tubos sem
anticoagulante (tubo seco), com a finalidade de se ocorrer o processo de coagulação.
Geralmente os tubos utilizados são os que possuem tampa vermelha ou amarela.
Além dos citados anteriormente, os exames bioquímicos mais comuns realizados
são para detecção dos seguintes componentes: Glicose; Creatinina; Colesterol total;
Colesterol HDL; Triglicerídeos e Ureia.
Outra área muito importante a ser analisada é a imuno-hematologia, que estuda
aspectos do sistema imunológico e possibilita a realização de exames sorológicos,
visando detectar a presença de proteínas com atividade imunológica. Vale ressaltar que

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o sistema imunológico compreende os mecanismos que o organismo usa para se
proteger de invasores externos, como bactérias, vírus e parasitas entre outros elementos
alergênicos. Sendo assim se faz necessário o conhecimento de alguns elementos
presentes nos mecanismos de proteção e defesa que se baseiam em:
• Antígeno: qualquer substância capaz de desencadear a formação de
anticorpos. Cada antígeno possui certa configuração química que lhe confere a
capacidade de provocar a proliferação de anticorpos;
• Anticorpo: proteína produzida pelos linfócitos e proliferam-se em
resposta à presença de um antígeno. Podem ser específicos (atacam apenas um tipo de
antígeno) ou genéricos (atacando vários antígenos).
Entre os exames mais importantes realizados na imuno-hematologia estão:
Detecção de anticorpos (as técnicas consistem basicamente em avaliar se o paciente está
produzindo ou não anticorpos e a partir dessa informação é possível saber a doença em
questão, ao realizar esses exames, o resultado será Reativo (reagente), se o paciente teve
ou tem contato com o antígeno ou Não Reativo (não reagente), quando o paciente não
teve contato ou que a quantidade de antígeno não foi suficiente para desenvolver uma
patologia); Sistema de grupo sanguíneo ABO e Rh (consiste na determinação do tipo
sanguíneo do paciente baseado na detecção de antígenos).
Sempre é válido lembrar que estes exames necessitam de equipamentos
específicos para cada amostra a ser analisada. Assim para que a análise das amostras
seja realizada de maneira correta, estas precisam ser coletadas corretamente, ou seja, é
um ciclo de atividade que não pode ser interrompido.
Portanto qualquer erro em alguma etapa pode comprometer a elaboração do
resultado final.

ANÁLISE HEMATOLÓGICA

<http://coletadesangue-uff.blogspot.com.br/>

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Urinálise

A urina consiste no produto final do metabolismo de filtração do sangue pelos


rins, apresentando-se como um líquido levemente amarelado, límpido, estéril e de pH
ácido, que é eliminada do corpo para o meio externo, principalmente pelo sistema
urinário. É considerado um fluido muito complexo, pois é composto por mais de 60
elementos, sendo que podem ocorrer grandes variações na concentração dessas
substâncias, devido à influência de diversos fatores metabólicos. De maneira geral, o
exame de urina é muito importante para a patologia clínica, uma vez que pode detectar
doenças em qualquer parte do trato urinário, posteriormente serão apresentados alguns
tipos de aspectos avaliados no exame de urina.

SETOR DE URINÁLISE

<http://www.laboratoriosaojose.com.br/pagina/pagina.php?go=exames&emp=se
toresTecnicos>

Aspectos físicos

Quando se fala em aspectos físicos da urina, faz-se necessário saber que os


principais aspectos avaliados são:
Cor da urina: a urina normal de uma pessoa saudável apresenta-se com a
coloração amarelo-palha (urocromo), porém quando o paciente é acometido por alguma
patologia a cor pode ser alterada, dentre as causas de coloração anormal da urina, pode-

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se citar:
- Marrom: pigmento biliar aumentado, mioglobina, metronidazol e
levodopa;
- Azul ou verde: Pseudomona, azul de metileno, cimetidina IV;
- Laranja: pigmento biliar, Piridium;
- Vermelho: sangue, beterraba, ruibarbo e amoras. No caso de ser
vermelha por causa do sangue, a urina fica também opaca, já no caso de alimentos,
permanece translúcida, ainda que vermelha;
- Negra: elementos oxidativos liberados em algumas doenças, uma das
doenças que gera urina enegrecida é a alcaptonúria.
• Aspecto da urina: límpido ou turvo;
• Densidade: avalia a capacidade de concentração urinária, os valores vão
de 1010 – 1030.

Aspectos químicos: realizado com tiras reativas

A tira reativa consiste em um papel absorvente que possui substâncias químicas,


capazes de realizar a quantificação de diversos elementos, ou seja, com uma tira é
possível realizar cerca de 10 análises onde a interpretação se dá pela reação química na
qual se vê alteração da coloração. Dentre as análises realizadas através de tiras reativas,
pode-se citar:
- Determinação do pH; Hemoglobina; Nitrito; Bilirrubina; Glicose; Corpos
cetônicos; Proteínas; Teste de Gravidez (Beta HCG).
INTERPRETA DE TIRAS REATIVAS UTILIZADAS NAS ANÁLISES
QUÍMICAS DE URINA

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<http://www.geocities.ws/laboratoriodebioquimica/index_arquivos/Page755.htm
>

Sedimentoscopia

Utiliza o sedimento da urina centrifugada em exame microscópico, visando a


identificação de elementos como hemácias, leucócitos e cilindros, além de elementos
menos importantes como leveduras, cristais ou células epiteliais.
Segundo Correia (2012, p.23), algumas doenças podem ser identificadas pelo
exame de sedimentoscopia, entre elas estão: Hematúria (consiste em doenças renais, em
que se pode encontrar a urina com cor de coca-cola); Cristalúria (litíase, onde se pode
encontrar diurese concentrada e a presença de sedimentos); Piúria (que consiste em uma
infecção do trato urinário, em que se pode encontrar diurese concentrada, presença de
grumos de pus e febre).

ANÁLISE LABORATORIAL BÁSICA DE DADOS SÉRICOS

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FONTE: CORREIA, 2012.

Parasitologia

No setor de parasitologia são realizados estudos a respeito de parasitas


infecciosos, métodos de diagnóstico e controle de doenças parasitárias. A amostra
analisada para a pesquisa de parasitas são as fezes, porém podem estar presentes dentro
e sobre outras partes do corpo. Há uma grande diversidade de parasitas, porém os
grupos mais comuns que podem vir a infectar o ser humano são Protozoários,
Helmintos e Artrópodes. Sendo que destes os protozoários mais encontrados nos
exames parasitológicos de fezes são Giardia lamblia e Entamoeba histolytica, e dentre
os helmintos mais comuns no exame parasitológico de fezes destacam-se ovos de
Taenia saginata e Schistosoma mansoni, além de indivíduos adultos de Ascaris
lumbricoides e Oxyuros vermicularis.

SETOR DE PARASITOLOGIA

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<http://www.unipar.br/unidades/paranavai/campus-i/laboratorio-de-zoologiae-
parasitologia/>

Exames laboratoriais de rotina com as fezes

Dentre as principais análises realizadas no setor de parasitologia podem-se


destacar: Exame Parasitológico de Fezes (também conhecido por EPF, tem como
objetivo diagnosticar os parasitos intestinais, por meio da pesquisa das diferentes
formas parasitárias que são eliminadas nas fezes); Exame Macroscópico (a realização
deste exame permite a verificação da consistência das fezes, odor e presença de
elementos anormais, como por exemplo, muco ou sangue, além de vermes adultos ou
partes deles); Exame Microscópico (tal exame permite a visualização dos ovos ou larvas
de helmintos, cistos, trofozoítos ou oocistos); Pesquisa de Sangue Oculto (tal exame
consiste em pesquisar a proteína hemoglobina, dissolvida no material fecal, o que
geralmente deriva de hemorragias no sistema digestivo); Cultura de Fezes (também
conhecido como Coprocultura, é um exame solicitado para diagnóstico bacteriológico
e/ou micológico patogênico).

Microbiologia

No setor de microbiologia são analisados fungos, vírus, protozoários e bactérias


presentes em amostras biológicas. Os métodos de análise podem variar de acordo com
cada amostra analisada, sendo assim existem exames que são feitos com observação

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direta das lâminas (com ou sem coloração) ou ainda exames que necessitam de cultivo
de microrganismos em meio de cultura para posteriormente serem analisados.

SETOR DE MICROBIOLOGIA

<http://www.biodiagnostic.com.br/iframe.asp?cod=69>

Exemplos de exames microbiológicos

Alguns exames microbiológicos exigem técnicas específicas para determinado


material a ser analisado, sendo assim dentre alguns exemplos de exames
microbiológicos realizados em um laboratório de análises clínicas podem-se citar:
• Exame a Fresco, sem coloração, também conhecido como Salina e está
presente no manual da ANVISA – Indicação: permite observar a morfologia bacteriana
e avaliar a existência de mobilidade. Usada para pesquisa a fresco de Trichomonas e
fungos em secreções, e em diferentes materiais, etc.
• Hidróxido de Potássio – Indicação: usado para pesquisa de fungos em
material biológico na presença de muco, restos celulares, pelos, unhas, etc.
• Exame com coloração de GRAM: o exame é realizado após coloração
com o corante GRAM e permite obter uma definição mais precisa da morfologia
microbiana, diferenciar algumas estruturas e tipos bacterianos de acordo com as
diferentes afinidades pelos corantes. É usada para classificar Bactérias com base no
tamanho, morfologia celular e comportamento diante dos corantes. Em laboratórios que
possuem um setor de microbiologia clínica, esse pode ser considerado um teste
adicional rápido para o diagnóstico de agentes infecciosos.

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OTIMIZAÇÃO DE PLANEJAMENTO

A área de análises clínicas apresentou seu desenvolvimento acompanhado da


medicina, não como um serviço de apoio nos moldes de hoje, mas sim como uma
atividade estritamente experimental, com o objetivo da descoberta de algo novo ou
desconhecido (BECKER, 2005, p.38).
O progresso da ciência médica obteve um grande impulso na Europa a partir da
segunda metade do século XIX. Nessa época iniciava-se os estudos referentes a
Patologia Clínica, onde os laboratórios pioneiros foram aqueles instituídos nas
universidades alemãs de Wurzburg (1849) e de Berlim (1852).
Os testes laboratoriais são considerados parte importante na prática médica, onde
a participação das informações providas do laboratório clínico na tomada de decisões é
extremamente importante. Certamente à evolução dos testes laboratoriais continuarão a
crescer de maneira acentuada, principalmente devido a incorporação de novos testes,
especialmente na área da biologia celular e molecular.
O laboratório clínico é certamente o setor da assistência em saúde que mais sofre
impacto dos avanços da pesquisa biomédica, pois esses avanços estão ocorrendo em
grande velocidade, possibilitando visualizar um grande progresso nas últimas décadas
derivado principalmente da variedade e qualidade dos testes laboratoriais que são
oferecidos aos diversos profissionais da saúde.
De acordo com o que foi exposto até o momento, surge diversos
questionamentos, entre eles pode-se citar: para você, qual a fase de maior importância
nos procedimentos de um laboratório de análises clínicas? E em sua opinião, em quais
setores são passíveis de erros e que os procedimentos devem ser realizados com um
maior nível de atenção?

PLANEJAMENTOS DE ABERTURA DE UM LABORATÓRIO DE


ANÁLISES CLÍNICAS

As providências que devem ser tomadas para a abertura de um laboratório de


análises clínicas são semelhantes as exigidas para qualquer outro estabelecimento
comercial. Porém por se tratar de um estabelecimento de saúde, há algumas obrigações

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adicionais vinculadas ao Conselho Regional de Farmácia, Vigilância Sanitária e órgãos
de meio ambiente. Tais procedimentos referentes a abertura de um laboratório de
análises clínicas podem variar de acordo com as legislações estaduais e municipais de
acordo com o domicílio em que se efetuará o funcionamento do mesmo. Sendo assim,
posteriormente serão apresentados alguns passos que devem ser observados para
abertura de um laboratório de análises clínicas.
Requisitos para abertura

Segundo o material de Moura (2010, p.04), entre os requisitos de abertura de um


laboratório de Análises Clínicas destacam-se os seguintes tópicos: consultar a
viabilidade para iniciar o empreendimento; consultar a prefeitura do município para
verificar se é permitido desenvolver tal atividade no endereço escolhido; verificar se a
edificação escolhida atende as condições referidas a espaço físico segundo a RDC
nº50/2002 da ANVISA; além de elaborar um registro do Contrato Social e CNPJ e
registrá-lo na Junta Comercial do Estado, dando entrada no pedido de inscrição no
Cadastro Nacional de Pessoa Jurídica (CNPJ) na Receita Federal através do Documento
Básico de Entrada (DBE).
Além dos tópicos expostos devidamente referenciados, faz-se necessário
também a obtenção de um Alvará Sanitário, em que é necessário preencher o
Formulário de Petição (modelo DIVIS) e encaminhá-lo junto com a documentação
exigida para a Vigilância Sanitária Municipal, uma questão importante é que o local tem
que ser dedetizado, portanto é interessante procurar uma empresa especializada. Além
do Alvará Sanitário é necessário providenciar um Alvará Municipal de Funcionamento
e o licenciamento junto ao órgão de meio ambiente do município, devendo-se apresentar
um Plano de Gerenciamento de Resíduos de Serviço de Saúde (PGRSS). Posteriormente
deve-se solicitar o registro do estabelecimento junto ao Conselho Regional de Farmácia
e providenciar documentos e programas das áreas trabalhistas e previdenciárias.

Requisitos para funcionamento

Os tópicos relacionados a funcionamento desse tipo de empreendimento


encontram-se no Regulamento técnico da ANVISA composto de 16 páginas, e devem
estar em conformidade com a RDC 302/2005 que define as condições gerais de
funcionamento, bem como os requisitos relacionados aos recursos humanos e

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infraestrutura.

Equipamentos básicos necessários para cada área

Para o funcionamento adequado de um laboratório de análises clínicas, visando


qualidade na prestação de serviços e satisfação dos clientes, é necessário que o
laboratório esteja bem equipado e dimensionado possibilitando bem-estar geral. De
acordo com essa premissa, as tabelas seguintes referenciadas no artigo de Moura (2010,
p.05), apontam os principais equipamentos e mobiliários, além do dimensionamento
necessário para cada área do laboratório de análises clínicas. Vale lembrar sempre que
todos os setores devem também ser equipados com EPI’s, reagentes, vidrarias e
materiais de consumo. Temos ainda os ambientes de apoio, por exemplo: sanitários,
depósitos, etc., que apesar de não serem mencionados necessitam de equipamentos,
mobiliário e outros materiais.
TABELA - EQUIPAMENTOS E OUTROS MATERIAIS NECESSÁRIOS
NAS DIFERENTES ÁREAS DO LABORATÓRIO DE ANÁLISES CLÍNICAS

<http://www.bib.unesc.net/biblioteca/sumario/00004E/00004EFC.pdf>

TABELA- METRAGEM MÍNIMA EXIGIDA PELA RDC 50/2002 PARA

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CADA SETOR DO LABORATÓRIO DE ANÁLISES CLÍNICAS

<http://www.bib.unesc.net/biblioteca/sumario/00004E/00004EFC.pdf>

Os laboratórios podem estar localizados em um único ambiente ou salão, onde


pode haver a separação por áreas e bancadas específicas. Isso dependerá do nível de
biossegurança exigido pelos procedimentos realizados em cada um dos laboratórios,
pode ou não ser necessária à existência de sala exclusiva, inclusive com antecâmara.
Além das instalações técnicas, existem também normatizações para as áreas
destinadas aos ambientes de apoio, estabelecidas pela RDC 50/2002 ANVISA, dentre os
mais importantes se podem citar: a área destinada para registro de paciente, assim como
a sala de espera para pacientes e acompanhantes deve possuir aproximadamente 1,2 m²
por pessoa; o depósito para material de limpeza, assim como o depósito de
equipamentos e materiais deve possuir um dimensionamento de cerca de 1,0 m²; os
sanitários para funcionários devem possuir um dimensionamento de aproximadamente
1,7 m² e as salas administrativas devem possuir um dimensionamento de
aproximadamente 5,5 m² por pessoa.
Em relação aos requisitos funcionais existe a RDC 302, de 13 de outubro de
2005, que dispõe sobre regulamento técnico para funcionamento de laboratório clínico,
segue-se um breve resumo das determinações da referida Resolução:
O laboratório deve possuir um profissional legalmente habilitado como
responsável técnico; o laboratório clínico deve estar inscrito no Cadastro Nacional de
Estabelecimentos de Saúde (CNES); todos os profissionais atuantes devem ser
vacinados conforme legislação vigente; a admissão de funcionários deve ser precedida

23
de exames médicos em conformidade com o PCMSO da NR-7 da portaria MTE nº 3214
de 08/06/1978 e lei nº6514 de 22/12/1977; os equipamentos e instrumentos utilizados,
reagentes, insumos e saneantes devem estar regularizados junto a ANVISA; devem ser
mantidos registros dos processos de preparo e do controle da qualidade dos reagentes
preparados; o laboratório deve possuir um plano de gerenciamento de resíduos de
serviços de saúde (PGRSS); além de que o laboratório deve possuir instruções escritas
de biossegurança, limpeza, desinfecção e esterilização.
Quando se adquire equipamentos e outros materiais para realização das análises
o pedido deve ser avaliado de acordo com a demanda pretendida. Dependendo do
número de atendimentos/dia pode-se utilizar automação, semiautomação ou até técnicas
manuais, desde que essas sejam validadas para realização das análises. Para exames que
exigem um maior nível de complexidade, é possível realizar a terceirização junto a
Laboratórios de Apoio.

Documento Técnico do Projeto

A elaboração de um relatório ou Documento Técnico de Projeto consiste na


exposição escrita onde se descrevem fatos verificados através de uma metodologia
aplicada a um processo de pesquisa ou a execução de serviços e experiências.
Geralmente se baseia em dados ou resultados demonstrativos, tais como tabelas,
gráficos, estatísticas e outros. Abaixo se apresentam alguns modelos para a otimização
do processo de implantação do Sistema de Gestão Laboratorial, um bom exemplo pode
ser observado de acordo com o material disponibilizado pelo PROJETO CELAB
(2008).

EXEMPLO DE DOCUMENTO TÉCNICO DE PROJETO

24
<http://www.celab.org.br/?page_id=21>

LIDERANÇA E PERFIL DE PROFISSIONAIS DA SAÚDE

AS VARIAÇÕES DA GESTÃO

A área da saúde possui características próprias, ou seja, a prestação de serviços é


específica, pois tem um caráter predominantemente assistencial, devendo-se estabelecer
uma margem de risco calculado dentro do aceitável. Além de possuir outras inúmeras
variáveis, dentre elas: a competência técnica da equipe de profissionais; locais
adequados e estruturados para a prestação de serviços; tipo e evolução das patologias
(doenças); estado psicológico dos profissionais e pacientes; relacionamento
interpessoal, etc.
Quando o profissional se dispõe a trabalhar nessa área, ele deve ter noção de que
deve possuir um conjunto de competências, a saber: o profissional deve ter preparo
adequado do ponto de vista de conhecimento técnico e pessoal; deve exibir uma postura
profissional; apresentar um perfil de liderança; sempre trabalhar em prol da ética e se
desenvolver bem em equipe; deve possuir um bom controle emocional; deve se
25
comunicar bem e ter capacidade para mediar conflitos; deve possuir capacidade de
oferecer assistência psicológica diante de algumas situações do cotidiano; deve possuir
domínio do estresse e estar acostumado a correr riscos.
Há o requerimento de profissionais capacitados e com alto grau de eficácia, que
minimizem o impacto do erro e maximizem o acerto. A demanda nessa área volta-se
para pessoas que procuram obter resultado positivo, sendo o mais ideal a situação, pois
a área da saúde está em constante evolução e necessita de profissionais voltados para
desenvolver a ciência, ou seja, mesmo não se conhecendo a cura para várias doenças,
pode-se em muitos casos controlar várias.
Com a busca de profissionais capacitados, o gestor é um elemento muito
importante, que dentre seus princípios de liderança, deve-se destacar: o gestor com
características de líder deve manter integridade absoluta conhecendo o ofício ao qual
está inserido; deve declarar suas expectativas e demonstrar dedicação excepcional ao
seu trabalho; em suas ambições busca sempre resultados positivos; deve sempre cuidar
bem de seu pessoal e colocar o dever à frente de si mesmo; além de sempre se fazer
presente na frente da batalha.
A gestão de pessoas em uma organização, na realidade não consiste em uma
tarefa fácil, nem para os profissionais e nem para os pesquisadores e teóricos da área,
pois há uma grande diversidade de demandas, além de que na busca de investigar
peculiaridades, ainda há muitas indagações sem respostas. Diante do exposto Marras
(2009, p.41) define que se denomina estrutura organizacional o conjunto de funções,
relações e responsabilidades que constituem o desenho orgânico da empresa.
Logo o líder, ao administrar ou gerir os recursos de uma organização, deve estar
atento a uma série de particularidades, indo desde sua formação e atuação na liderança
até o desenvolvimento e a atuação das pessoas que lidera.

Áreas de Gestão de Laboratório de Análises Clínicas

De acordo com o material disponibilizado por Segundo Fernandes (2013, p.07),


as áreas de gestão laboratorial presentes em um Laboratório de Análises Clínicas podem
ser: Diretoria (Administração e Setor Financeiro); Recursos Humanos (Admissão,
Treinamento e Reciclagem de Funcionários, Folha de Pagamento, Benefícios,
Penalidades); Gestão de Informática (Instalação, execução e atualização de hard e
softwares, intercomunicação entre equipamentos e emissão de laudos); Produção

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Laboratorial (Execução dos exames e procedimentos); Gestão de equipamentos
(Calibragem, testes e execução dos ensaios) e Gestão de materiais (Compras, controle,
verificação da validade e eficácia dos reagentes).

COMUNICAÇÃO E LIDERANÇA

Em relação a um eixo de análises presentes em sistemas administrativos, os três


temas básicos são: comunicação, liderança e desenvolvimento de pessoas, embora com
significados distintos, são apresentados em conjunto, pois a comunicação é um dos
processos integrantes da liderança e do desenvolvimento de pessoas. Sendo assim, a
liderança no trabalho é entendida como uma peça-chave que compõe os
relacionamentos, pois as atitudes dos líderes que possibilitarão ou favorecerão a
integração relacional e a qualidade do trabalho realizado, garantindo a satisfação de
quem trabalha.
Quando se busca resultados positivos, deve-se saber que estes provêm da postura
comunicativa e aberta por parte dos líderes, baseada no respeito à interatividade e das
práticas coletivas. Portanto, a participação de todos é muito importante na determinação
de planos estratégicos, operacionais e no estabelecimento de metas a serem atingidas
posteriormente.
As práticas desenvolvidas para o bom desempenho de um líder são: desenvolver
pessoas, obter resultados dentro do que foi planejado, atender as necessidades do cliente
e comunicar-se bem. Enquanto os atributos de um líder consistem nas seguintes
características: ser uma pessoa íntegra (tanto em critérios pessoais como profissionais),
ser capaz de realizar projetos, ser hábil para lidar com pessoas, ser capaz de direcionar e
orientar pessoas para o aprendizado, ser capaz de controlar situações inesperadas, etc.

LIDERANÇA

27
<http://www.visaoprime.com.br/index.php/766>

O que é necessário para ser um líder?

Para se exercer a liderança, há a necessidade de o líder possuir um conjunto de


características que o definam e constituam seu perfil, dentre elas estão:
Competências: envolve várias características como o conhecimento baseado em
informações adquiridas e armazenadas durante algum período (para prover o
desenvolvimento do indivíduo, fazem-se necessários conhecimentos específicos e
conhecimentos essenciais); as habilidades baseadas no talento, capacidade individual e
técnica (consiste em buscar resultados positivos utilizando o conhecimento adquirido de
forma adequada) e atitudes baseadas nas crenças, valores e princípios do indivíduo,
constituído ao longo do tempo, e de certa maneira norteia suas ações.
As competências de um modo geral derivam de aptidões e características
pessoais que contribuem para se elevar o desempenho na realização de tarefas e para a
concretização de uma função. Dessa maneira, existem certos tipos de competências que
podem ser divididas em: competências para lidar com pessoas (o líder necessita expor
seu lado pessoal para motivar e desenvolver os profissionais que lidera); competências
ao lidar com negócios (o líder necessita de um pensamento analítico e capacidade para
identificar as informações necessárias para esclarecer uma situação); competências para
atingir resultados (o líder necessita de iniciativa e capacidade empreendedora) e
competências de autogestão (o líder necessita de autoconfiança e credibilidade pessoal).
A área da saúde é muito abrangente, porém existem algumas competências
muito valorizadas em seus profissionais como a liderança, ética, organização, bom
relacionamento interpessoal, agilidade, comprometimento com os resultados,

28
conhecimento técnico na área e foco nos pacientes.
Em determinadas funções, principalmente na área de saúde, é necessária a
atividade de um bom líder, que exerça a liderança de forma eficiente, ou seja, que seja
capaz de fazer com que o grupo tenha um melhor rendimento em vistas de situações
específicas, pois se trata de uma prestação de serviços à saúde do indivíduo.
Em vistas de explorar as capacidades de liderança, existe um teste de
Mapeamento Cerebral, que aponta a existência de perfis com diferentes personalidades,
salientando as diferenças individuais, sendo que um deles traz as características
inerentes à liderança. Tais perfis podem ser descritos, de acordo com a região cerebral:
Cérebro anterior refere-se ao verbo explorar (caracteriza o visionário, que busca a
inovação e está aberto à complexidade); Cérebro posterior refere-se ao verbo preservar
(caracteriza uma pessoa mais afetuosa, que busca uma atmosfera afetiva e associativa,
sendo agregadora e guardiã); Cérebro direito refere-se ao verbo perseguir (caracteriza
pessoas com grande agilidade para realizarem tarefas, sendo essa uma característica dos
líderes, orientados para o processamento global, competidores e realizadores) e Cérebro
esquerdo, refere-se ao verbo controlar (caracteriza pessoas mais analíticas, que fazem
uso de uma abordagem lógica, além do que, é organizada e busca o processamento de
detalhes).
Mesmo com testes e definições, determinar a personalidade do líder é uma tarefa
difícil e discutível, ou seja, é mais adequado caracterizá-lo por suas qualidades e
defeitos, pois a personalidade do líder depende de fatores, tais como o conhecimento
que adquire e o contexto onde está inserido.
Quando se exerce a liderança, alguns tipos específicos podem-se aflorar durante
este exercício, tais tipos se dividem em três processos básicos: Liderança Autocrática
(em que o líder manda e seus subordinados obedecem, ou seja, ele é responsável por
traçar as normas de ação e tomar as decisões); Liderança Democrática (na qual o líder
consulta o grupo ao qual administra, sendo um elemento de coordenação e estímulo);
Liderança Liberal (em que o líder sugere e dispõe de ampla liberdade de movimentos,
ou seja, o líder providencia os meios e as facilidades).
Durante muito tempo, acreditou-se que liderar era planejar, organizar, coordenar
e controlar, de maneira que as situações adversas não influenciariam em aquisição de
novas lideranças. Porém há uma mudança frequente de líderes, que possuem seus papéis
alterados e que devem agir conforme as necessidades, inserindo-se na nova realidade.
Assim, quando muda a tarefa, muda-se a estrutura, de modo a proporcionar nova

29
orientação ao grupo.
Atualmente em vistas das mudanças frequentes o perfil de líderes deve-se apoiar
no seguinte tripé – ambição, conhecimento e integridade. Em que a ambição e
conhecimento sem integridade não derivam um líder ético; a ambição e integridade sem
conhecimento não derivam um líder competente e o conhecimento e integridade sem
ambição não derivam um líder realizador.
Para um líder atuante na área de saúde, não há um protótipo ideal, mas sabe-se
que este deve possuir competências humanas e conhecimento técnico específico da
saúde, assim como conhecimento do negócio e serviços prestados, apresentando tais
características de forma apurada e ter controle de diversas variáveis específicas. Porém
em relação a tais características podem-se citar alguns diferenciais próprios, a saber: o
líder nessa área deve possuir capacidade adaptativa às situações (pois uma vez que se
trabalha com saúde é necessário utilizar o melhor de si e da equipe para a obtenção de
um resultado positivo), além de focar seu trabalho no fator humano (é um diferencial
importante, pois é necessário melhorar a qualidade de trabalho para garantir a satisfação
tanto da equipe de trabalho, quanto dos pacientes).

SUSTENTABILIDADE EM LABORATÓRIOS DE ANÁLISES


CLÍNICAS

A sustentabilidade consiste na capacidade de atender às necessidades do


presente, sem comprometer a capacidade das futuras gerações de atender as próprias
necessidades.
Tal conceito foi definido, em 1987, quando ocorria a elaboração do relatório
Brudtland pela Comissão Mundial do Meio Ambiente e Desenvolvimento (UNCED) da
ONU. Vale lembrar que esse conceito para ser eficiente deve-se apoiar em três
parâmetros muito importantes, sendo eles a atividade econômica, o meio ambiente e
bem-estar da sociedade, estes devem estar equilibrados e integrados para compor os
pilares da sustentabilidade.

BASES DA SUSTENTABILIDADE

30
<http://www.hospitaissaudaveis.org/pdf/Palestra%203a%20Daniel%20Marques
%20P%C3%A9rigo.pdf>

PROGRAMA DE GESTÃO AMBIENTAL

De acordo com a Secretaria do Estado de Obras - SEOBRAS (2009), um


Programa de Gestão Ambiental se refere a uma estrutura que envolve a execução de
outros programas ambientais e constitui um conjunto de ações realizadas em forma de
medidas e procedimentos de gestão associados às questões ambientais e sociais,
objetivando a minimização dos impactos ambientais e sociais, provocados pela
implantação e operação de determinado empreendimento.
As ações presentes em um programa de gestão ambiental objetivam a
manutenção da qualidade ambiental da região do empreendimento, cuidando da
qualidade de vida das comunidades locais diretamente afetadas. Quando se realiza um
empreendimento, nesse caso uma construção na área de saúde, necessita-se de uma
estrutura gerencial projetada para programar técnicas de controle, proteção, manejo e
recuperação ambiental, além de promover condições operacionais adequadas para a
implantação e o acompanhamento de Planos e Programas Ambientais previstos, demais
programas ambientais poderão ser implantados de forma integrada, sendo
posteriormente acompanhados e monitorados.
De acordo com os temas expostos, é bom pensar na realidade a qual se encaixa
nosso município também, sendo assim um bom questionamento envolvendo os assuntos

31
abordados seria: na sua cidade os laboratórios de Análises Clínicas possuem um
Programa de Gestão Ambiental adequado? E os resíduos produzidos são descartados de
maneira correta? Pesquise e fique de olho!

Histórico do Programa de Gestão Ambiental

Quando se fala em programas de gestão ambiental, percebe-se que tais


programas são muito recentes em nossa sociedade (ganharam destaque a partir do ano
de 2002), porém apresentam uma importância enorme para a manutenção dos fatores
ambientais e qualidade de vida de uma maneira geral. Posteriormente apresentaremos
alguns fatos no contexto histórico dessa evolução, que caracteriza passos importantes
para a melhoria desses programas:
• No ano de 2004, foi publicada a Portaria PGR nº 321, que
instituiu o Programa de Gestão de Resíduos da PGR;
• No ano de 2007, o procurador-geral da República assinou
a Portaria PGR nº 638, que possibilitou a ampliação do Programa de
Gestão de Resíduos, transformando-o em Programa de Gestão Ambiental
(PGA);
• A partir do ano de 2008 começaram a ser realizadas
Semanas do Meio Ambiente, e no ano de 2010 foi lançado o PGRSS –
Plano de Gerenciamento de Resíduos de Serviço de Saúde da PGR.

GESTÃO DE RESÍDUOS

Um dos principais fatores que contribuem para se atingir um nível sustentável


dentro de um laboratório é promover um destino correto aos resíduos produzidos.
Abaixo segue a descrição dos métodos de descarte para os resíduos mais comuns
produzidos em um laboratório de análises clínicas:

Descarte de Resíduos Comuns

32
O descarte para esse tipo de resíduo deve ser realizado em saco plástico preto;
utilizando-se coletores identificados; além de que o transporte deve ser realizado em
carrinho específico e o armazenamento dos resíduos também deve ser específico.

Descarte de Resíduos Recicláveis

Para esse tipo de resíduo gerado dentro de um laboratório de análises clínicas


deve haver a separação dos resíduos no momento e local da geração; o descarte deve ser
efetuado em saco plástico Azul; utilizando-se coletores identificados (específico para
copos plásticos); além de que o transporte deve ser realizado em carrinho específico e o
armazenamento dos resíduos também deve ser específico.

Descarte de Resíduos Infectantes/Perfurocortantes

Para o descarte desse tipo de material deve ser utilizado saco branco-leitoso com
símbolo de infectante; acondicionados em caixas rígidas resistentes a puncturas; onde o
transporte deve ser realizado em carrinhos identificados e o armazenamento deve ser em
abrigo específico. A maioria dos resíduos necessita de autoclavagem Interna e posterior
trituração; as salas de armazenamento devem possuir segurança nível 3 localizadas em
uma central de Tratamento de Resíduos que possua licença de Operação.

ALGUNS PONTOS IMPORTANTES NO HISTÓRICO DA


SUSTENTABILIDADE EM LABORATÓRIOS DE ANÁLISES CLÍNICAS

33
http://www.hospitaissaudaveis.org/pdf/Palestra%203a%20Daniel%20Marques%
20P%C3%A9rigo.pdf

CONTROLE DE QUALIDADE EM ANÁLISES CLÍNICAS

A história do conceito de qualidade teve início provavelmente nos anos 20 com a


evolução industrial. Assim, surgiu a atividade de inspecionar os materiais produzidos
com a finalidade de avaliar o produto final e separar os defeituosos, evitando sua
comercialização. Esta constituiu uma fase de evolução da qualidade pioneira, que
possibilitou a criação de um departamento de engenharia de produção nas indústrias.
Assim, instrumentos estatísticos voltados para a medição e o controle da qualidade são
usados para análise de qualidade do produto final. Uma boa obra que embasa
cientificamente esses assuntos foi publicada em 1931 por W. Shewart, em 1931,
intitulada Economic control of quality manufactured product.
Já em uma segunda fase, surgiu a preocupação com a qualidade em todos os
processos de produção, possibilitando-se admitir que o grau de variabilidade do produto

34
é devido às variações nas matérias-primas, máquinas utilizadas e ao operador destas.
Daí teve início o controle estatístico por amostragem, apresentando técnicas de limite de
variação aceitável durante todo o processo de fabricação e não apenas ao produto final.
Atualmente, as exigências quanto à qualidade são referenciadas como atributos
essenciais à sobrevivência de muitas organizações no mercado, com ênfase na satisfação
do cliente. O acesso facilitado às informações e a criação de órgãos de defesa do
consumidor permite o surgimento de um novo formato de cliente, com um perfil mais
exigente e entendendo seu papel como consumidor, evidenciando que o conhecimento
das necessidades do cliente é fundamental para sua fidelização.
Além disso, as empresas passaram a descobrir mais rapidamente o que seus
concorrentes estavam fazendo de melhor, tais descobertas ocorreram por meio da
prática de benchmarking ou técnica de referência que consiste no processo contínuo de
medidas de produtos, serviços e práticas para comparar com os competidores de
mercado ou companhias reconhecidas na área de atuação.
Assim, a necessidade pela busca contínua da qualidade, aumento da
produtividade e redução de custos torna-se essenciais para uma empresa continuar no
mercado e se manter competitiva.

QUALIDADE NA SAÚDE

Na área da saúde, há uma diferenciação do conceito de qualidade ao qual é


aplicado nas indústrias. A adequação da prestação de serviço aos anseios do cliente é
fundamental como requisito de qualidade, e este é aplicável aos diversos serviços de
assistência à saúde.
O aumento da complexidade dos serviços prestados, impulsionado pela demanda
tecnológica e novos conhecimentos na área, além do aumento da expectativa de vida da
população e maior número de pacientes portadores de doenças crônicas, está gerando
grandes gastos quando se refere à saúde, mostrando que o desafio atual para esse setor é
a prestação de um atendimento humanizado, com alta produtividade e baixo custo,
sendo este o principal resultado esperado em programas de qualidade.
Na prestação de serviço em saúde existem dois componentes básicos da
qualidade: o operacional (processamento) e a percepção (como o serviço está sendo
oferecido). Tais componentes podem ser medidos por indicadores da qualidade e o
reconhecimento é obtido pelos processos de certificação ou acreditação.

35
Trabalhando-se com indicadores é possível realizar comparações internas e
externas com outros serviços de mesmas características. Quando se pratica o
benchmarking é possível avaliar o desempenho de todos os processos de determinado
serviço, comparando seus dados com serviços de referência.
As comparações podem ser internas (quando a comparação ocorre por processos
semelhantes entre setores de uma mesma instituição); funcionais (quando a comparação
ocorre entre instituições semelhantes, mas que atuam em mercados distintos) e
competitivas (quando a comparação ocorre a partir da comparação de processos
semelhantes entre concorrentes diretos).
A certificação para produtos, processos ou serviços é realizada ou cumprida de
acordo com requisitos específicos estabelecidos por normas, como as da International
Organization for Standardization (ISO). Já a acreditação, a avaliação dos
procedimentos tem o intuito de verificar a adequação aos serviços que estão sendo
oferecidos, além do cumprir os requisitos exigidos em uma certificação. Por exemplo,
há a acreditação da Organização Nacional de Acreditação (ONA) e do Programa de
Acreditação de Laboratórios Clínicos (PALC). Recentemente, a acreditação tem
assumido um papel educacional com monitoramento, publicando uma série de
documentos, como normas, padrões e recomendações.
Em 1999, foi criada a ONA, cujo principal objetivo é a implementação nacional
de um processo permanente de melhoria da qualidade da assistência à saúde,
estimulando os serviços a atingirem padrões mais elevados de qualidade
(www.ona.org.br). Em 2001/02, a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (ANVISA)
reconheceu oficialmente o Sistema Brasileiro de Acreditação por meio da Resolução nº
921/02 e firmou um convênio com a ONA para cooperação técnica e treinamento de
pessoal, o qual contou com a participação, entre outras, da SBPC/ML (ANVISA, 2004;
VIEIRA, 2005 apud VIEIRA, 2011, p.202).
No ano de 1977, em contrato com a Control-Lab, a SBPC/ML pôde lançar o
programa de controle de qualidade interno e externo, inédito no país, intitulado
Programa de Excelência de Laboratórios Médicos (PELM), e, em 1998, criou o PALC,
os quais foram revisados e atualizados nos anos 2004, 2007 e 2010. O PALC permite
aos laboratórios brasileiros um caminho para a melhoria contínua da qualidade,
principalmente pelas auditorias realizadas por pares, ou seja, por laboratoristas,
propiciando oportunidades de trocas de conhecimentos técnicos entre auditores e
auditados (VIEIRA, 2005 apud VIEIRA, 2011, p.204).

36
Recentemente, a SPBC/ML em parceria com a Control-Lab disponibilizou o
Programa de Indicadores Laboratoriais, permitindo a possibilidade de padronização dos
indicadores em laboratórios clínicos brasileiros, assim como a comparabilidade dos
mesmos (www.sbpc.org.br/institucional/historia).

QUALIDADE NO LABORATÓRIO CLÍNICO

O constante progresso tecnológico na área laboratorial tornou possível a


ampliação do número e dos tipos de analitos, levando ao aumento da importância das
análises laboratoriais na decisão médica e no diagnóstico. Segundo dados obtidos por
Westgard e Darcy, os resultados das análises laboratoriais são responsáveis por 65% a
75% das informações pertinentes à decisão médica.
De acordo com o exposto acima, o ramo laboratorial promoveu e introduziu os
conceitos da qualidade com certo pioneirismo. Tais estudos começaram a ser elaborados
em 1960 por Barnett e Tonks, e nos anos de 1990, começou a haver um consenso sobre
os objetivos da qualidade e qual seria a sua importância no ambiente do laboratório
clínico, possibilitando-se definir os conceitos de controle da qualidade, garantia da
qualidade e gestão total da qualidade.
Essa evolução tecnológica alavancou a implantação dos modernos conceitos de
qualidade observados em um laboratório clínico, porém houve também um aumento do
custo global de todo o processo analítico e gastos laboratoriais, que nem sempre é
acompanhado de um aumento na remuneração. Segundo Mendes (2007), os laboratórios
clínicos começaram a sofrer uma forte pressão de alguns provedores de serviços de
saúde, impondo a diminuição drástica dos custos de execução de exames.
Sendo assim para a solicitação de um exame, é necessário avaliar se a análise
trará benefícios para diagnóstico, prognóstico ou tratamento, se não for comprovada a
finalidade do exame, este pode ser desnecessário, além de que pode vir a promover o
aumento do risco de resultados falsos positivos, o que necessitará de outras análises e
poderá gerar modificações erradas na terapia, atrasar o diagnóstico e até mesmo levar ao
aumento da duração da internação hospitalar.
De acordo com o que foi exposto, à liberação de um laudo incorreto pode
ocasionar aumento de consultas e testes laboratoriais, elevando desnecessariamente os
custos dos serviços de saúde. Sendo assim, a busca de melhoria contínua exigiu a

37
análise minuciosa dos diferentes processos envolvidos na realização do exame
laboratorial, incluindo os aspectos técnicos, administrativos e organizacionais,
identificando desvios e proporcionando oportunidades de melhoria.
A definição de erro laboratorial consiste em uma falha ocorrida em alguma parte
do ciclo laboratorial, ou seja, desde a solicitação médica até a interpretação do laudo
final e a decisão do médico diante do resultado reportado, porém pode também ser
considerado qualquer defeito na realização do teste que possa gerar um resultado
inapropriado ou uma interpretação equivocada.
Para a divisão das etapas necessárias para a execução de um exame geralmente
são necessárias três fases: pré-analítica, analítica e pós-analítica. Em que a execução de
qualquer exame laboratorial iniciará pela avaliação clínica, estabelecendo-se uma
hipótese diagnóstica e possibilitando a solicitação de exames dirigida para os
diagnósticos sugeridos. Sendo finalizada quando se gera um laudo que concretiza a
informação diagnóstica por meio do parecer de um médico.
Porém atualmente, podem-se encontrar os termos fase pré-pré-analítica e fase
pós-pós-analítica, tais termos foram introduzidos para definir as etapas de execução de
um exame que são independentes propriamente do laboratório. A prépré-analítica
consiste na seleção, pelo clínico, de exames apropriados para a determinação de um
diagnóstico a que se pretende encaminhar a solicitação. A fase pós-pós-analítica deve-se
referir à interpretação do resultado da análise por um profissional apto que geralmente é
um médico clínico.
Até agora vocês estão aprendendo bastante sobre os critérios estabelecidos no
controle de qualidade, sendo assim para você a qualidade de gestão de laboratórios de
análises clínicas de sua cidade está adequado para o atendimento dos pacientes? E para
os funcionários que trabalham em prol da saúde?

CONTROLE INTERLABORATORIAL

Os fundamentos de um laboratório de análises clínicas baseiam-se em processos


dinâmicos que se iniciam pela coleta de amostras e termina com a emissão de um laudo.
Nesse contexto, a fase pré-analítica pode se basear na preparação do paciente, além da
coleta, manipulação e armazenamento da amostra para posterior determinação analítica.
Englobando todas as atividades anteriores ao ensaio laboratorial, estando dentro ou fora
38
do laboratório de análises clínicas.
Dessa forma, a fase analítica tem início com a validação dos resultados obtidos
pelo processo analítico de determinada amostra, realizando o controle da qualidade
interno na amplitude normal e patológica, e seu término representa uma determinação
para a obtenção de um resultado. Já a fase pós-analítica é observada quando se gera o
resultado analítico, sendo finalizada, após a entrega do laudo conforme legislação
vigente.

FONTES DE VARIAÇÃO NOS ENSAIOS LABORATORIAIS

A seguir apresentaremos as principais fontes de variação evidenciadas em ensaio


laboratoriais que de alguma maneira podem comprometer o resultado final e diminuir os
critérios de qualidade de um laboratório de análises clínicas.

Variabilidade biológica

Alguns fluídos orgânicos utilizados para amostragem podem apresentar


flutuação constante nos níveis de seus componentes biológicos, dessa forma essas
variações podem afetar a interpretação de resultados. Sendo que os principais fatores
que podem influenciar na variação dos parâmetros biológicos são classificados em três
grupos: variáveis pré-analíticas, analíticas e biológicas.

PRINCIPAIS FONTES DE VARIAÇÃO NOS ENSAIOS LABORATORIAIS

39
FONTE: LIMA-OLIVEIRA, 2011.

Essa variabilidade biológica observada em diversos tipos de análises é


considerada natural, pois se deve a uma ocorrência fisiológica característica do
indivíduo (principalmente em resposta à ação hormonal) sendo assim independe das
variáveis pré-analíticas. E é representada pela flutuação nas concentrações de analitos
bioquímicos em torno de seus pontos de equilíbrio.

TABELA - FATORES QUE COMPÕEM A VARIAÇÃO BIOLÓGICA

FONTE: LIMA-OLIVEIRA, 2011 adaptado de HENNY, et al. 2000.

Esse tipo de resposta biológica é devido a vários estímulos sendo variável entre
os indivíduos. Portando, esse tipo de variabilidade biológica intraindividual é composto
de muitas alterações do metabolismo normal, a partir destas informações o
conhecimento desta fonte de variação permite ao profissional entender algumas
eventuais divergências entre um resultado considerado padrão e um resultado esperado
pelo clínico que solicitou a análise.
Diante do que foi estudado até aqui, em sua opinião, dentre os tipos de
variabilidades biológicas apresentadas, qual traria maior perda de qualidade para
laboratórios de análises clínicas? Por quê?

Fase extra-analítica

40
Entende-se como fase extra-analítica os procedimentos relacionados às fases pré
e pós-analítica. Esta fase é considerada crítica, pois é responsável por mais de dois
terços de todos os erros atribuídos ao laboratório de análises clínicas e poucos
procedimentos de rotina para a detecção de não conformidades neste conjunto de
atividades.
Os resultados laboratoriais influenciam aproximadamente de 60% a 70% das
decisões médicas (HALLOWORTH et al., 2002 apud LIMA-OLIVEIRA, 2011, p.05),
sendo assim pode interferir no diagnóstico e/ou o tratamento dos pacientes.
As diversas variáveis pré-analíticas devem ser controladas e otimizadas para
preservar a constituição e a integridade do espécime diagnóstico. Portanto, faz-se
necessário a padronização de procedimentos com foco no controle de procedimentos,
visando minimizar os erros pré-analíticos, configurando este um ponto essencial para a
obtenção de resultados confiáveis.
Identificar e quantificar as causas dos erros associados ao laudo laboratorial é de
fundamental importância, pois são as informações reportadas nestes documentos que
descrevem que o corpo clínico acompanha seus pacientes. Porém, ainda hoje, estão em
falta muitas ferramentas que possam ser eficientes para o auxílio de profissionais do
laboratório na análise da consistência dos indicadores da qualidade na fase extra-
analítica.

Fase analítica

O Programa Nacional de Controle de Qualidade (PNCQ) da Sociedade


Brasileira de Análises Clínicas (SBAC) é um provedor muito respeitado e com ótimas
ferramentas para auxiliar os gestores da qualidade na redução desta variabilidade
(LIMA-OLIVEIRA, 2011, p.07).
O controle de qualidade é entendido como um processo estatístico que monitora
e avalia os processos analíticos, utilizando dados de ensaios com produtos de controle
de qualidade, os quais são materiais de origem humana, animal ou química que são
utilizados para monitorar a qualidade e consistência dos processos analíticos.

41
INDICADORES LABORATORIAIS

Uma definição para indicador pode ser expressa por meio de uma informação de
natureza qualitativa ou quantitativa, associada a algum evento, processo ou resultado,
em que se é possível avaliar as mudanças durante o tempo, definir objetivos ou utilizá-
lo para a tomada de decisões.
Assim, os indicadores laboratoriais são considerados medidas numéricas que
representam erros ou falhas de determinado processo em relação a seu número total
(entre acertos e erros). Onde o desempenho de um processo é considerado satisfatório se
estiver entre os limites estabelecidos nos indicadores. Ou seja, eles não são utilizados
para promover respostas e sim para indicar problemas que necessitam de ações
preventivas.
De acordo com o que foi exposto anteriormente, Vieira et al. (2011, p.205), lista
alguns aspectos que necessitam de maior atenção na fase pré-analítica, conforme
descritos a seguir:
• orientações acerca do preparo adequado para a coleta;
• identificação correta do paciente;
• informações relevantes, como idade, sexo, raça, uso de medicamentos,
entre outros;
• coleta, identificação e transporte da amostra biológica;
• processamento da amostra (centrifugação e aliquotagem).
Estima-se que há um grande percentual de erros laboratoriais referentes a
problemas ocorridos durante a fase pré-analítica, podendo-se destacar a identificação
incorreta, amostra coletada de forma ou em volume insuficiente, condições de
transporte e conservação inadequada, além de problemas na centrifugação, aliquotagem
e identificação das alíquotas como erros pré-analíticos.

FONTES E FREQUÊNCIA DE ERROS NO PROCESSAMENTO DO


ESPÉCIME DIAGNÓSTICO SANGUÍNEO

42
FONTE: Adaptado de WALLIN O. et al., 2008; PLEBANI e CARRARO, 2007
e LIPPI et al. 2006.

Vale salientar que uma escolha inadequada de testes laboratoriais pode também
ser um erro pré-analítico, além de que outros erros comuns são relacionados com falhas
que na maioria das vezes referem-se aos índices de recoleta. Outros exemplos que
podem ser considerados fontes de erros são: erros na abertura do cadastro de um
paciente; amostras que foram solicitadas e não são coletadas; falhas durante o
procedimento de coleta e problemas no transporte das amostras.
A fase analítica é marcada pela execução do teste laboratorial, podendo ser
monitorada por ferramentas utilizadas na prática laboratorial que buscam assegurar a
prestação de serviços ou o processo de realização dos testes, como por exemplo, o
Controle Interno da Qualidade (CIQ), os ensaios de proficiência ou Avaliação Externa
da Qualidade (AEQ).
Controles internos que se assemelham às amostras biológicas são preparados e
utilizados em conjunto com estas, com a finalidade principal de monitorar a estabilidade
e a reprodutibilidade do sistema analítico durante todas as etapas de sua execução
(ANVISA, 2005 apud VIEIRA, 2011, p.205).
Controles internos que se assemelham às amostras biológicas são preparados e
utilizados em conjunto com estas, com a finalidade principal de monitorar a estabilidade
e a reprodutibilidade do sistema analítico durante todas as etapas de sua execução
(ANVISA, 2005 apud VIEIRA, 2011, p.205).
As amostras consideradas controle são dotadas de valores conhecidos e seu

43
monitoramento é realizado por meio das análises estatísticas, como média, desvio
padrão e coeficiente de variação. O gráfico de Levey-Jennings e as regras múltiplas de
Westgard também são ferramentas mundialmente difundidas na avaliação do CIQ e
recentemente utilizadas.
Com a utilização de apenas um programa de ensaio de proficiência não se pode
garantir bom desempenho dos testes avaliados. Os dados avaliados devem ser utilizados
para comparação com resultados de diversas corridas subsequentes. Sendo assim,
posteriormente é possível calcular o erro total permitido para cada amostra analisada,
utilizando-se dados de variabilidade biológica. Em que o erro total será a soma dos
erros, sistemático e aleatório que podem ocorrer em uma análise, à representação
esquemática do erro total ser observado na Figura.

REPRESENTAÇÃO ESQUEMÁTICA DO ERRO TOTAL

FONTE: VIEIRA et al., 2011.

São poucos os indicadores da fase analítica mencionados na literatura, sendo que


estes se baseiam, principalmente, no número de resultados inaceitáveis de CIQ e AEQ,
conforme descrito na Tabela (CARRARO e PLEBANI, 2007; PLEBANI et al., 2006;
RICÓS et al., 2004 apud VIEIRA, 2011, p.206).
A dificuldade de relatar os erros da fase analítica ocorre pela dificuldade de
observá-los, visto que aproximadamente 75% deles resultam em valores na faixa de
referência e 12,5% produzem resultados totalmente incoerentes, os quais são
prontamente corrigidos. Desse modo, 12,5% são os erros que podem afetar o cuidado ao

44
paciente. Estes podem ser minimizados com treinamento e qualificação da equipe
profissional do laboratório e adoção de condutas de identificação e correção de falhas de
CIQ e AEQ (HOWANITZ et al., 1997; PLEBANI, 2007 apud VIEIRA, 2011, p.206).

TABELA - EXEMPLOS DE INDICADORES NAS FASES PRÉ-ANALÍTICA,


ANALÍTICA E PÓS-ANALÍTICA

FONTE: VIEIRA et al., 2011.

A fase pós-analítica inicia-se no ambiente do laboratório clínico e envolve


processos de validação e liberação de laudos, encerrando-se após o médico receber o
laudo final, e assegurar sua interpretação e tomada de decisão perante o resultado
reportado.
Os erros mais frequentes observados nessa fase correspondem às falhas na
liberação dos resultados, por erros advindos de transcrição ou digitação ou pelo não
cumprimento do prazo de entrega. O desenvolvimento da tecnologia de informação
aplicada ao setor laboratorial tem contribuído muito para diminuição de erros de
transcrições de resultados, principalmente pelo uso de sistemas de interface que
possibilita a transmissão das informações diretamente do equipamento automatizado de
análise para o Sistema de Informação Laboratorial.
45
Também é utilizada a identificação das amostras através de etiquetas de código
de barras, sendo considerado um auxílio fundamental na busca de melhoria da qualidade
e redução dos erros. Outros processos vinculados à fase pós-analítica referem-se às
informações adicionais expressas em um laudo laboratorial, que são valores de
referência e comentários que podem auxiliar na interpretação clínica.
O tempo gasto para a liberação do resultado é considerado também um quesito a
ser verificado na garantia de qualidade do laboratório, principalmente em exames em
que o tempo de liberação pode influenciar diretamente a decisão clínica ou quando
existem resultados críticos que devem ser comunicados urgentemente.
A falta de notificação imediata de valores críticos pode ser tão negativa quanto a
liberação de resultados inadequados. Os erros recorrentes dessa fase do ciclo
laboratorial giram em torno de 18% a 47% (PLEBANI et al., 2006; RICÓS et al., 2004
apud VIEIRA, 2011, p.207).
Podem-se citar como exemplos de indicadores da fase pós-analítica: o sucesso
na comunicação de valores críticos, resultados liberados no prazo e sem eventos
inesperados na liberação de resultados, exames liberados sem a sua solicitação, exames
solicitados sem a sua liberação e porcentagem de laudos retificados.
Os indicadores laboratoriais podem auxiliar também na padronização e definição
das especificações no critério de qualidade para o processo de realização de um exame.
Mas ainda não existe um consenso referente aos melhores indicadores para as fases
analíticas e extra-analíticas, assim como seus respectivos limites de aceitabilidade.
Diante do que foi exposto anteriormente, a Tabela descreve indicadores adotados
pelo Programa de Indicadores Laboratoriais da SBPC/ML e do ControlLab, os dados
estão de acordo com o artigo de Vieira et al. (2011, p.207).

TABELA - INDICADORES DO PROGRAMA DE INDICADORES


LABORATORIAIS DA SBPC/ML E DO CONTROL-LAB

46
FONTE: VIEIRA et al., 2011.

Atualmente foi criado o projeto Model of Quality Indicator, que se encontrava


em fase experimental em 2009, pela International Federation of Clinical Chemistry and
Laboratory Medicine (IFCC). Onde o estudo reporta um projeto para padronização de
indicadores, em todas as suas fases (definição, coleta, reporte e análise de dados), em
nível internacional, visto que normas de acreditação, a exemplo da ISO 15189:2007,
recomendam a implantação, o monitoramento e a avaliação sistemática dos processos
laboratoriais para contribuição dos laboratórios ao cuidado aos pacientes, sendo a
maneira mais adequada ao monitoramento o uso de indicadores e sua comparabilidade
com serviços semelhantes ou pares (VIEIRA et al., 2011, p.207).
Quando se refere a melhorias na qualidade de trabalho, deve-se lembrar de que
ela deve fazer parte da rotina dos profissionais de laboratório, onde não é possível haver
desenvolvimento se essas melhorias não forem comparadas com referenciais.

QUALIDADE E TENDÊNCIA DE MERCADO EM ANÁLISES


CLÍNICAS

47
Atualmente é possível se observar um grande incremento tanto na qualidade dos
serviços prestados, quanto nas tendências adotadas na área de análises clínicas que
visam melhorias para a sociedade e para o meio ambiente, possibilitando condições que
satisfaçam o bem-estar de uma maneira geral.

CONCEITO DE QUALIDADE

Uma definição para o termo qualidade pode ser a satisfação do cliente através
da prestação de um serviço, visando o atendimento de suas necessidades e expectativas,
dentro de um ambiente que busca o melhoramento contínuo de sua eficiência. De
acordo com o que foi estudado até aqui, a qualidade pode ter diversas definições de
acordo com o contexto ao qual está associada, portanto a seguir apresentamos como a
qualidade é definida por alguns autores:
• Ishikawa no ano de 1997 definiu qualidade como uma rápida percepção e
satisfação das necessidades do mercado e adequação ao uso dos produtos, ou seja,
possui qualidade o produto que satisfaz o cliente;
• Feigenbaum no ano de 1994 define qualidade como uma maneira de se
promover o gerenciamento de um negócio visando à perfeita satisfação do usuário, em
que o aprimoramento da qualidade só pode ser alcançado com a participação de todos;
• Deming no ano de 1990 associa o significado de qualidade ao sentimento
de orgulho pelo trabalho bem-feito, em que seu aprimoramento eleva a produtividade e
proporciona máxima qualidade do produto para o consumidor.

Sistema de Gestão da Qualidade

Em um sistema que visa à gestão de qualidade, podemos observar uma estrutura


organizacional, procedimentos e recursos (humanos, financeiros) necessários para
implementação da Gestão da Qualidade em, por exemplo, um laboratório de análises
clínicas. Para o sucesso da implementação, os seguintes princípios fundamentais devem
ser observados: a direção responsável deve estar convencida e comprometida com o
projeto; deve haver um alto grau de conscientização por parte de toda a equipe
envolvida; o projeto deve estar centrado em uma unidade de gerenciamento que se
baseia em melhoramento contínuo; a educação deve ser disposta de maneira permanente
e todas as decisões devem ser tomadas se dispondo de uma abordagem factual.

48
Quando se fala em Sistemas de Gestão da Qualidade, é necessário que esses
possuam critérios e requisitos comuns no mundo inteiro. Sendo que a maior diferença é
o foco que ele apresenta, ou seja, o objetivo do sistema e os aspectos específicos. Sendo
assim, com a qualidade melhorada, pode-se reduzir ou evitar os desperdícios,
diminuindo os custos e aumentando a produtividade, possibilitando a competitividade
no mercado.

CARACTERÍSTICAS DE UM SISTEMA DE GESTÃO DA QUALIDADE

<http://www.profbio.com.br/aulas/gestao_02.pdf>

TENDÊNCIAS

Há diversas tendências atuais adotadas no mercado de Análises Clínicas, dentre


elas pode-se citar:
• Produção Mais Limpa: consiste em processos realizados com um menor
consumo de matérias-primas e recursos naturais, geração de menor quantidade de
resíduos, além da utilização de produtos de menor toxicidade, entre outros.
• Ecodesign: constitui uma tendência que pode ser evidenciada nos
campos da arquitetura, engenharia e design, em que o objetivo principal é projetar

49
lugares, produtos e serviços visando reduzir de alguma forma o uso de recursos não
renováveis ou que possam minimizar o impacto ambiental.
• Química Verde: constitui-se do uso de técnicas e metodologias na área
da química capazes de reduzir ou eliminar o uso de solventes, reagentes ou a geração de
produtos e subprodutos que são nocivos à saúde humana ou ao ambiente.
• Greenbuilding: constitui uma tendência que visa o aumento da eficiência
a qual prédios e outros espaços físicos utilizam para aproveitar energia, água e
materiais, possibilitando a redução do impacto negativo sobre a saúde humana e meio
ambiente. Entre as alternativas podemos destacar a importância de uma melhor
localização, design, construção, operação, manutenção e remoção – operando através do
ciclo completo de uma construção, produzindo assim menos resíduos na construção
civil.
Essas são apenas algumas das tendências que podem ser observadas atualmente,
porém existem outras. Você conhece outras tendências atuais que estão presentes no
mercado de análises clínicas? Se sim, quais são elas?

FERRAMENTAS PARA ANÁLISE DE CUSTOS, LEVANTAMENTOS


ESTATÍSTICOS E RELATÓRIOS GERENCIAIS

Há aproximadamente de 60 anos, os primeiros computadores já apareciam nos


laboratórios de análises clínicas, visando à economia de tempo na execução dos
processos analíticos, de modo a favorecer o sistema analítico e reduzir os custos,
principalmente com mão de obra. Assim, a informática passou a fazer parte dos
processos operacionais e de apoio aos laboratórios de análises clínicas como um todo,
possibilitando o armazenamento, consulta e administração de dados de uma maneira
inteligente. Atualmente a informática está associada a conceitos de eficiência, eficácia,
agilidade e qualidade.
De acordo com Mugnol e Ferraz (2006, p.96) nos anos de 1960 surgiu o
conceito de laboratory information system (LIS) ou sistema de informática laboratorial,
sendo este um sistema composto por um ou mais softwares, que visam gerenciar
informações dentro de um laboratório de análises clínicas.
A automação laboratorial, por sua vez, pode ser observada como parte do
laboratory automation system (LAS), que engloba as atividades referentes ao
gerenciamento de processos envolvidos no controle de equipamentos e instrumentos,
50
além de amostras e processos analíticos.
A informatização e a automação constituem fatores capazes de alterar o
ambiente laboratorial, possibilitando que este se torne mais produtivo, eficiente e
controlado. Sendo assim, cresce também a necessidade de utilizá-los para garantir um
maior conhecimento dos custos envolvidos no processo produtivo, ou seja, no custo dos
exames.
O cálculo do custo real de um exame laboratorial é bastante complexo, havendo
uma gama enorme de variáveis decorrentes do tipo de atividade desenvolvida, da
estrutura em que o laboratório está instalado, do tipo e do grau de complexidade dos
exames que realiza, do tipo de cliente atendido, do perfil dos profissionais que lá
trabalham ou se utilizam dos serviços, do caráter técnico assumido pelo serviço, do
nível de automação presente, das regras estabelecidas pela legislação vigente e assim
por diante. São custos diretos e indiretos, fixos e variáveis, todos influenciando o custo
final de um procedimento. Pensando apenas na fase analítica, por exemplo, é preciso
considerar o nível de repetições necessárias à liberação de um resultado, os testes
consumidos para calibração do equipamento e para o controle do analito, as perdas
inerentes à própria metodologia empregada e às possíveis falhas dos instrumentos
empregados, o custo da mão de obra envolvida em todas as fases do processo e dos
demais insumos utilizados e que não estão diretamente ligados à análise em si
(MUGNOL e FERRAZ, 2006, p.96).
Pode haver também perdas devido à baixa estabilidade ou curta validade de
alguns reagentes, que logo são descartados sem que ao menos sejam utilizados em sua
totalidade, há também perdas resultantes da depreciação dos equipamentos e da baixa
demanda em determinados períodos do ano, diante do exposto os custos com a
manutenção preventiva e corretiva destes equipamentos, com o transporte das amostras
até o laboratório, dentre outros processos podem comprometer a lucratividade e
qualidade na prestação de serviço.
Essas variáveis, não se apresentam como uma constante absoluta entre os
laboratórios, possuindo características individuais, o que torna necessário que as
ferramentas utilizadas para o cálculo do custo possuam a sensibilidade capaz de
distinguir as nuances de cada face técnico-administrativa. A fidelidade deste cálculo é
capaz de fundamentar de maneira mais segura a tomada de decisões simples, até
decisões de maior grau de complexidade.
A gestão dos custos é o que proporciona ao laboratório a oportunidade de

51
promover de forma eficiente e efetiva a utilização dos recursos disponíveis, os quais
costumam andar sempre atrás da evolução tecnológica, o que reforça ainda mais a
necessidade de ferramentas que permitam o seu aproveitamento ao máximo. É preciso
avaliar de forma simultânea a produtividade, a qualidade e os custos, não sendo mais
aceitável que seja dada prioridade apenas aos dois primeiros sem levar o terceiro em
conta (MUGNOL e FERRAZ, 2006, p.97).
Quando o LIS é associado ao LAS, podemos ter uma nobre aplicação na difícil
tarefa de calcular o custo real dos exames, tornando-se uma importante e eficiente
ferramenta como fonte de informações para se tomar decisões gerenciais de diferentes
níveis.

FERRAMENTAS DE GESTÃO

Algumas das ferramentas de gestão utilizadas em laboratórios de Análises


Clínicas são:
• Ciclo PDCA – Plan – Do – Check – Action (planejar,
executar, verificar e atuar corretivamente), que compreende as seguintes
ações: é necessário definir o que se espera de cada perspectiva e traçar
Plano; depois de elaborado o plano de ação é necessário executá-lo; com
a execução em andamento se faz necessário avaliar (Check) o seu
funcionamento e agir sempre que necessário para garantir melhorias nas
ferramentas de gestão desenvolvidas;
• BSC – Balanced Scorecard.

ETAPAS PARA A ELABORAÇÃO DE UM BSC (BALANCED


SCORECARD)

52
<http://www.iepvivalle.com.br/downloads/Apresenta%C3%A7%C3%A3o%20U
NIVAP.pdf>

EXEMPLO DE PROCESSO DE GESTÃO LABORATORIAL PARA A FASE


PRÉ-ANALÍTICA

<http://www.iepvivalle.com.br/downloads/Apresenta%C3%A7%C3%A3o%20U
NIVAP.pdf>

53
EQA – External Quality Assurance Software

Os Programas de Avaliação da Qualidade Externa realizam uma avaliação


retrospectiva pela comparação do desempenho de um laboratório em dado ensaio com
os resultados de outros laboratórios, com a finalidade de avaliar o desempenho. Devido
ao grande número de participantes e programas que possam estar envolvidos, o apoio
oferecido pelos sistemas de informação nas atividades do Programa Nacional de
Avaliação Externa da Qualidade (PNAEQ) torna-se indispensável. Esse sistema se
baseia em três módulos que cobrem todas as atividades desenvolvidas, indo desde a
gestão de programas e laboratórios clientes até a obtenção de resultados via Web,
promovendo sua análise e processamento estatístico.
Como vantagens associadas a programas de avaliação da qualidade externa de
acordo com o enquadramento da atividade desenvolvida podem citar: a homogeneização
dos programas de análise; a Flexibilidade na configuração de cada programa de análise;
maior eficiência e facilidade de utilização, além de melhorar a imagem do Programa
Nacional de Avaliação Externa da Qualidade.

ESQUEMA SIMPLIFICADO DOS PROCESSOS DO EQA

FONTE: QUIDGEST, 2013.

54
BASES ESTATÍSTICAS

A estatística envolve-se no controle de qualidade e é definida como uma ciência


de coleta e classificação de dados como uma maneira de mostrar seu significado.
Quando se tem uma coleção de resultados, esta é chamada de população; uma amostra é
um subgrupo de valores desta população. Para se realizar os cálculos necessários em um
programa de controle de qualidade é preciso obter uma amostra ou conjunto de valores
para inserir nas fórmulas estatísticas. Geralmente os cálculos mais utilizados são
determinação da média, a variância e o desvio padrão, sendo que estes devem ser
calculados para cada procedimento analítico.
Nesse contexto, estamos lidando com coleta, processamento e interpretação de
dados, de modo a facilitar o estabelecimento de conclusões confiáveis sobre as
condições da qualidade do processo e devido a este motivo o Controle de Qualidade
(CQ) pode ser denominado como Controle Estatístico do Processo.
Faz-se necessário que os gerentes de programas de qualidade no laboratório
conheçam as ferramentas utilizadas, saibam utilizá-las adequadamente e apliquem
corretamente os parâmetros para interpretar os resultados obtidos.
• Média aritmética simples: Pode também ser chamada apenas de média.
Consiste em uma medida de posição, é considerada a mais utilizada e a mais intuitiva de
todas, sendo utilizada com frequência. Baseia-se em um conjunto de valores numéricos
e é calculada somando-se todos estes valores e se dividindo o resultado pelo número de
elementos somados, que é igual ao número de elementos do conjunto, ou seja, a média
de n números é sua soma dividida por n.
• Média ponderada: Há casos em que as ocorrências possuem importância
relativa diferente, ou seja, pesos diferentes. Assim, o cálculo da média deve levar em
conta seu peso relativo, sendo esta média chamada de ponderada. No cálculo da média
ponderada, multiplica-se cada valor de dentro de um conjunto por seu peso relativo, e
esta soma é dividida por n.
• Variância: consiste na soma dos quadrados dividida pelo número de
observações do conjunto menos uma. A variância é representada por s2 e é calculada
pela fórmula:

55
O denominador “n – 1” da variância é determinado grau de liberdade, muito
utilizado na estatística, pois considerando um conjunto de “n” dados e fixando uma
média para esse grupo, existe a liberdade de escolher os valores numéricos de n-1
observações, o valor da última observação estará fixado para atender ao requisito de ser
a soma dos desvios da média igual a zero.
• Desvio Padrão: consiste na medida mais comum da
dispersão estatística, define-se como a raiz quadrada da variância,
oferece-nos uma medida da dispersão que: seja um número não negativo
e use as mesmas unidades de medida que os nossos dados. Faz-se uma
distinção entre o desvio padrão, (sigma) do total de uma população ou de
uma variável aleatória, e o desvio padrão s de um subconjunto em
amostra.

Inspeção

A inspeção é uma ferramenta que tem por objetivo de aprovar ou rejeitar


resultados advindos de uma corrida analítica, além de verificar se os resultados
encontrados para os valores dos controles estão de acordo com os limites estabelecidos.
É utilizada também na verificação de resultados adequados de um método analítico
antes que seja colocado na rotina do laboratório.

Monitoração do processo

O monitoramento do processo é uma ferramenta que permite avaliar se um


56
método analítico está mantendo-se estável em relação aos parâmetros de imprecisão e
inexatidão, ou seja, dentro de uma base estatística.
A ferramenta de calibração pode ser utilizada para monitorar um processo. Tal
análise consiste em um conjunto de operações que estabelece em condições específicas,
a relação entre valores de quantidades indicados por um instrumento de medição ou
valores representados por um material de referência e os valores correspondentes
estabelecidos por padrões. Para se realizar a calibração é necessário submeter porções
conhecidas do material utilizado (por exemplo: usando-se um padrão de medida ou
material de referência) ao processo de medição e monitorar a resposta assim obtida.

Amostragem Estatística

No controle de Qualidade, os materiais de controle são incluídos em uma


corrida analítica e os resultados encontrados são considerados como representantes de
toda a população dos indivíduos analisados, sendo assim uma amostra representada
pelos dados de controle é utilizada para o tratamento estatístico.
Para que a representatividade dos controles seja válida é fundamental que a
totalidade dos dados a serem analisados estejam dentro de uma amostra aleatória,
significando que os dados foram colhidos de uma forma em que todos os elementos da
população de testes teriam a mesma chance de serem escolhidos para compor a amostra
estatística.

Variabilidade Analítica

Quando se realiza medições repetidas de um material estável sob condições


idênticas, ainda é possível observar uma série de resultados diferentes que são
decorrentes da variação aleatória que ocorre em todo processo de medida. Esta
variabilidade pode ser decorrente de várias causas, derivadas de mudanças nas
condições em que as medições são realizadas como: diferenças no comportamento dos
reagentes, na calibração e desempenho dos equipamentos, nos métodos de trabalho, nas
condições ambientais e no desempenho dos operadores envolvidos no processo.

Métodos e Regras de Validação dos Resultados

57
Em um Laboratório Clínico, a consistência dos métodos analíticos pode ser
monitorada por meio de ensaio com amostras de controle de valores conhecidos junto
com ensaios das amostras dos pacientes. Os resultados obtidos pelas amostras controle
são inseridos em um gráfico controle e comparados com os Limites Aceitáveis de Erro
(LAE) para o analito em questão. Os LAE correspondem à média de mais ou menos
dois desvios padrão.
De acordo com o que foi exposto, como devemos avaliar os resultados? Como
saber se está tudo bem?
A partir desse questionamento, a avaliação dos resultados obtidos deve ser
analisada de acordo com os seguintes princípios: quando os valores encontrados na
amostra controle estão dentro dos LAE, concluímos que o método analítico está
funcionando adequadamente e quando os valores encontrados na amostra controle não
estão fora da faixa dos LAE, a equipe é alertada para a possibilidade de problemas no
processo, indicando que o método analítico não está funcionando adequadamente.
De maneira geral um bom sistema de controle é aquele que apresenta as
determinadas características como: se capaz de fornecer informações sobre a exatidão
de cada método; possuir sensibilidade para detectar variações nas fases dos ensaios
laboratoriais; deve ser de fácil implantação e interpretação; deve ser capaz de encontrar
os diversos tipos de erros ou variações que possam ocorrer e de prever a avaliação da
atuação dos técnicos e o desempenho de métodos e equipamentos.

O mapa de Levey-Jennings

O mapa de Levey-Jennings é considerado uma das mais importantes


ferramentas do controle da qualidade no laboratório clínico, derivado de uma adaptação
das técnicas de controle da qualidade na indústria, introduzido por volta de 1950 em
ambientes de um laboratório clínico.
Esses autores utilizaram reservatórios de plasma congelado para controlar os
ensaios em química clínica e utilizaram o tratamento estatístico das dosagens em
duplicata para o estabelecimento de limites aceitáveis de variação. Posteriormente
plotaram os resultados das diferenças entre as duplicatas e as médias em mapas que,
apesar de já serem utilizados na indústria como mapas de Shewhart, passaram a ser
denominados, quando utilizados no laboratório clínico, como mapas de LeveyJennings.
Atualmente este mapa é considerado uma forma gráfica simples de lançar os resultados
58
obtidos nas dosagens diárias dos controles.

EXEMPLO DE UM MAPA DE LEVEY E JENNINGS PARA AS DOSAGENS


DO COLESTEROL

FONTE: NEVES, 2013.

O gráfico é feito através de linhas que especificam o valor médio para o analito
na linha central e os limites de controle estabelecidos (1, 2 e 3 desvios padrão) para
identificar e mostrar tendências dos resultados encontrados. As fases envolvidas nesses
gráficos podem ser de periodicidade diária, semanal e mensal.
• Avaliação Diária: devem-se colocar no gráfico controle os resultados
obtidos no ensaio do analito na amostra controle, fazendo-se necessário examinar,
diariamente, cada gráfico detectando os resultados “dentro de controle” e “fora de
controle”, quando os resultados do controle estiverem “dentro dos LAE” (média ± 2s), o
resultado do exame é liberado e quando os resultados do controle estiverem “fora dos
LAE”, não é liberado o resultado do exame. No caso do resultado não ser liberado,
deve-se inspecionar o método para tentar descobrir a causa do problema, após a
resolução do problema, deve-se repetir os testes, daí se os resultados do controle
estiverem “dentro dos LAE”, os resultados podem ser liberados para os pacientes. Caso
contrário, devem-se inspecionar novamente todas as variáveis.

59
• Avaliação Semanal: Semanalmente o gráfico de controle deve ser
examinado para a detecção de tendência, desvio, perda da exatidão e perda da precisão.
Onde a tendência é observada quando alguns resultados (6 ou mais) da amostra controle
apresentam valores consecutivos aumentado ou diminuído continuamente, a tendência
pode ser causada por padrão deteriorado, reagente deteriorado ou aparelho com defeito;
• O Desvio ocorre quando os resultados do controle (6 ou mais) estão em
um só lado da média e guardando entre si pequenas variações, o desvio pode ser
causado por variação na concentração do padrão e mudança na sensibilidade de um ou
mais reagentes;
• A perda de exatidão consiste na ocorrência de desvio entre os pontos de
referência, é causada principalmente por calibração incorreta que pode ocasionar um
erro sistemático; medida de controle diferente da anterior; sensibilidade de reagente
diferente da anterior; utilizar uma temperatura diferente da recomendada e tempo
diferente do indicado para repouso ou incubação; promover a leitura de amostras em
comprimento de onda diferente do recomendado;
• A Perda da Precisão consiste na ocorrência da maioria dos pontos
próximos dos LAE e poucos ao redor da média, geralmente ela é causada por mau
desempenho do analista devido à pipetagem inexata, falta de homogeneização,
aparelhos operando incorretamente, material sujo, pequena sensibilidade do método
analítico, temperatura incorreta;
• Avaliação Mensal: Mensalmente, deve-se calcular nova média, desvio
padrão e coeficiente de variação. Comparando a nova média e coeficiente de variação
com os do período anterior. Variações significativas devem significar correções nos
reagentes e/ou instrumentos.

Regras Múltiplas de Westgard

O Controle de Qualidade de Regras Múltiplas baseia-se em uma combinação de


critérios de decisão conhecidas como regras de controle, que são utilizadas para decidir
quando uma corrida analítica está dentro do controle ou fora de controle.
O Procedimento de CQ de Regras Múltiplas de Westgard, como é mais
conhecido, utiliza 5 regras de controle diferentes para julgar a aceitabilidade de uma
60
corrida analítica. Por comparação, um procedimento de regra única de controle utiliza
um único critério ou um único par de limites de controle, assim como um gráfico de
Levey-Jennings, com limites de controle calculados como x ± 2DP (média mais ou
menos dois desvios-padrão) ou x ± 3DP (média mais ou menos 3 desvios-padrão). As
“Regras de Westgard” são geralmente utilizadas com 2 ou 4 medições de controle por
corrida, o que significa que elas são apropriadas quando dois materiais de controle
diferentes são medidos uma ou duas vezes por material, que é o caso em muitas
aplicações bioquímicas. Algumas regras de controle alternativas são mais apropriadas
quando três materiais de controle são analisados, o que é comum para aplicações em
hematologia, coagulação e imunoensaios (WESTGARD apud OLIVEIRA et al, 2003,
p.01).

Um dos questionamentos mais comuns acerca desse tema é o seguinte: O que


são as Regras de Westgard? Baseado no artigo original de Westgard apud Oliveira et al.
(2003), entre as páginas 01 a 03 estão expressas as regras individuais que serão
definidas abaixo. Os gráficos demonstram um exemplo dos resultados de controle que
violam a regra descrita.
• 13s Refere-se a uma regra de controle que é comumente
utilizada com um gráfico de Levey-Jennings quando os limites de
controle calculados são x ± 3DP.

A corrida é rejeitada quando uma única medição de controle excede um dos


limites.

FONTE: Westgard apud Oliveira et al.,2003.

61
• 12s É utilizada com um gráfico de Levey-Jennings quando os limites de
controle calculados são x ± 2DP. Esta regra é utilizada como uma regra de alerta para
acionar uma inspeção cuidadosa dos dados de controle, utilizando-se as regras de
rejeição apresentadas a seguir:

FONTE: Westgard apud Oliveira et al.,2003.

• 22s Rejeita-se quando duas medições de controle consecutivas excederem


o mesmo limite de controle x + 2DP ou x – 2DP.

FONTE: Westgard apud Oliveira et al.,2003.

62
• R4s Rejeita-se quando uma medição de controle exceder o limite de
controle x + 2DP e a outra x – 2DP, em uma mesma corrida.

FONTE: Westgard apud Oliveira et al.,2003.

• 41s Rejeita-se quando quatro medições de controle consecutivas


excederem o mesmo limite x ± 1DP.

FONTE: Westgard apud Oliveira et al.,2003.

• 10x Rejeita-se quando 10 medições de controle consecutivas estiverem


no mesmo lado em relação à média+3DP.

63
FONTE: Westgard apud Oliveira et al.,2003.

Algumas vezes você verá modificações nesta última regra para adequá-la
melhor para Números múltiplos de 4:

• 8x Rejeita-se quando oito medições de controle


consecutivas estiverem no mesmo lado em relação à média.

FONTE: Westgard apud Oliveira et al.,2003.

• 12x Rejeita-se quando 12 medições de controle consecutivas estiverem


no mesmo lado em relação à média.

64
FONTE: Westgard apud Oliveira et al.,2003.

As regras de controle demonstradas acima são utilizadas apropriadamente


quando dois materiais de controle são medidos uma ou duas vezes por material.
Além das regras apresentadas, há outras regras de controle que são comuns na
rotina de um laboratório de análises clínicas, ainda de acordo com o artigo original de
Westgard apud Oliveira et al. (2003), entre as páginas 03 e 04, são apresentadas
situações em que três materiais de controle diferentes são analisados, nesse caso
algumas outras regras de controle são mais apropriadas e mais fáceis de aplicar como:
• (2 de 3)2s Rejeita-se quando 2 de 3 medições de controle
excederem o mesmo limite x ± 2DP.

FONTE: Westgard apud Oliveira et al.,2003.

65
• 31s Rejeita-se quando três medições de controle
consecutivas excederem o mesmo limite x ± 1DP.

FONTE: Westgard apud Oliveira et al.,2003.

• 6x Rejeita-se quando seis medições de controle consecutivas estiverem


no mesmo lado em relação à média.

FONTE: Westgard apud Oliveira et al.,2003.

Algumas vezes é possível observar modificações desta última regra para incluir
um número maior de medições de controle que ainda comportem três níveis:

• 9x Rejeita-se quando nove medições de controle consecutivas estiverem


no mesmo lado em relação à média.

66
FONTE: Westgard apud Oliveira et al.,2003.

Uma regra de controle algumas vezes utilizada, procura uma tendência na qual
várias medições de controle estão aumentando ou diminuindo, esta regra é a 7T
rejeitando-se quando observa-se tendência de 7 medições de controle no mesmo sentido.

FONTE: Westgard apud Oliveira et al.,2003.

Para a aplicação do controle de qualidade em função dessas regras, estabelecem-


se as médias e os desvios-padrão dos materiais de controle da mesma forma. O que
muda apenas são os limites de controle e a interpretação dos dados. Para aplicação à
mão no Gráfico de Levey-Jennings desenhe retas em x ± 3DP, x ± 2DP e x ± 1DP e
quando se utiliza aplicações à mão, a regra 12s deve ser utilizada como alerta para
iniciar a aplicação de outras regras (WESTGARD apud OLIVEIRA, et al., 2003, p.04).
Geralmente, as regras 41s e 10x devem ser utilizadas entre corridas para se
conseguir obter o número de medições necessárias para a aplicação das regras. Uma
violação 41s ocorre quando 4 pontos consecutivos excedem o mesmo limite de 1DP.
Esses 4 podem ser de um material de controle ou os últimos 2 pontos de um material de
controle de nível alto e os últimos 2 pontos de um material de controle de nível normal,
assim a regra pode ser aplicada entre materiais. Normalmente a regra 10x tem que ser

67
aplicada entre corridas e frequentemente entre materiais (WESTGARD apud
OLIVEIRA, et al., 2003, p.04).
Aplicações computacionais geralmente não utilizam a regra de alerta 12s,
portando o profissional deve ser capaz de selecionar as regras individuais de rejeição
teste-por-teste para otimizar a desempenho do Procedimento CQ, com base na precisão
e exatidão observada em cada método analítico e a qualidade requerida pelo ensaio.
Quando N=2 espera-se que 9% de corridas com bons resultados sejam rejeitadas;
com N=3, é ainda maior, aproximadamente 14%; com N=4 é esperado quase 18% de
falsas rejeições. Isto significa que aproximadamente 10-20% de corridas com bons
resultados serão descartadas, o que causa desperdício de tempo e esforço do laboratório.
Enquanto o gráfico de Levey-Jennings com limites de controle 3DP tem uma taxa de
falsa rejeição muito baixa, apenas ± 1% com N de 2-4, sua capacidade de identificação
de erros (alarmes verdadeiros) também será menor, assim o problema com a regra de
controle 13s será que erros clinicamente importantes não serão identificados
(WESTGARD apud OLIVEIRA, et al., 2003, p.05).
Entre as vantagens dos procedimentos de Regras Múltiplas, destaca-se que o
número de falsas rejeições pode ser mantido baixo e ao mesmo tempo manter uma alta
identificação de erros. Sendo assim, para a sua aplicabilidade pode ser utilizado dois ou
mais testes estatísticos ou regras de controle para avaliar os resultados do controle de
qualidade e rejeitar uma corrida analítica.

Ensaios de Controle de Qualidade – CQ e Diagnósticos

Um ensaio de Controle de Qualidade é como um ensaio de diagnóstico, ou seja,


ele tenta identificar problemas com o processo normal de um ensaio analítico, enquanto
um ensaio de diagnóstico tenta identificar problemas com o desempenho normal de uma
pessoa. Ambos são afetados pela variação normal que é esperada quando não há
problemas, ou seja, o ensaio de controle de qualidade tenta identificar as alterações
ocorridas além daquelas normalmente esperadas devido à imprecisão do método,
enquanto um ensaio de diagnóstico tenta identificar alterações ocorridas além das
normalmente esperadas devido à variação de uma população ou devido a variações do
indivíduo. Quando há a presença destas variações pode ocorrer uma limitação de ambos
os ensaios.
Essas variações podem causar falsos alarmes que demandam gasto de tempo e
68
esforço. Tais alarmes são chamados de “falsos positivos” quando se relaciona com
ensaio de diagnósticos e “falsas rejeições” quando se trata de um Controle de
Qualidade, ambos relacionados com uma característica geral chamada “especificidade
do ensaio”.
Quando se refere a alarmes verdadeiros para diagnósticos e identificação de
erros para Controle de Qualidade, estes estão relacionados a uma característica
denominada sensibilidade do ensaio, que é, portanto uma característica de desempenho
genérico e podem ser aplicados a algum ensaio que classifica os resultados como
positivo ou negativo promovendo o aceite ao a rejeição no Controle de Qualidade.

BIOÉTICA EM LABORATÓRIOS DE ANÁLISES CLÍNICAS

Hoje em dia, a regulamentação de pesquisas que envolvem seres humanos é


considerada parte das políticas públicas e práticas sociais nos países dotados de sistemas
democráticos que visam ampliar e garantir os direitos dos cidadãos, no caso daqueles
que especificamente participam de pesquisas.
Além de se inserir no movimento de expansão de políticas públicas, a
regulamentação da pesquisa foi impulsionada pelas transformações na prática científica
e tecnológica geral, bem como pelo crescimento na medicina e sua presença na prática
cotidiana nos serviços de saúde (FREITAS e NOVAES, 2010, p.185).
De uma maneira geral, trabalhos e pesquisas que se inserem no contexto de
bioética devem ser obrigatoriamente submetidos antecipadamente aos comitês de ética
pertinente a área avaliada, sendo analisados em seus aspectos contextuais específicos,
com base em referenciais éticos aceitos. Recentemente, tem-se estudado a influência
que o perfil dos membros dessas comissões exercem sobre suas práticas cotidianas, pois
deve-se ter claramente que a aplicação dos referenciais éticos e regulamentações locais
específicas ocorrem por meio de decisões onde o contexto deve ser considerado.
No Brasil houve em 1996 a aprovação da Resolução 196, visando Diretrizes e
Normas Regulamentadoras de Pesquisas envolvendo Seres Humanos pelo Conselho
Nacional de Saúde (CNS). Configurando uma política pública pioneira na América
Latina, caracterizada pelo desenvolvimento de um sistema de avaliação da ética nas
pesquisas.
Nas relações construídas com o governo e as representações da sociedade, o

69
sistema se baseou na ordenação social definida na Constituição de 1988 e, em
particular, seu conceito de participação da comunidade, uma das diretrizes do Sistema
Único de Saúde (SUS). Os comitês de ética em pesquisa (CEP) e a Comissão Nacional
de Ética em Pesquisa (CONEP) foram propostos para ser verdadeiros laboratórios de
discussão éticopolítica das tecnociências emergentes (ESTELLITA-LINS, 1999 apud
FREITAS e NOVAES, 2010, p.186)
Esses sistemas efetivariam o controle social sobre as práticas científicas,
conferindo-lhes qualidade do ponto de vista da ética, buscando evitar indução,
imposição, exploração dos mais vulneráveis na sociedade, exposição a riscos inúteis e a
danos previsíveis. Em uma perspectiva estrutural e organizacional pode-se considerar
que a fase de implantação dessa política está sendo concluída, apresentando no ano de
2012 aproximadamente 596 Comitês de ética em pesquisa em atividade.
Sendo assim, é necessário apreender aspectos-chave da dinâmica organizacional
desse sistema regulatório, buscando a obtenção de subsídios para a prática da avaliação
da ética nas pesquisas e na assistência e gestão da saúde. Nessa perspectiva, é
interessante conhecer os executores dessa prática, na rotina da política de controle da
ética na pesquisa no Brasil, especialmente as suas lideranças, que contribuem para
validar as decisões tomadas nas comissões.

LEGISLAÇÃO PERTINENTE A ATIVIDADE DE UM LABORATÓRIO


DE ANÁLISES CLÍNICAS

No tópico anteriores foi discutido alguns critérios e procedimentos para a


abertura de um laboratório de Análises Clínicas, portanto agora vamos apenas falar
sobre um breve histórico e importância da Resolução – RDC/ANVISA Nº. 302, de 13
de outubro de 2005, que dispõe sobre Regulamento Técnico para funcionamento de
Laboratórios Clínicos, que é um dos pilares que sustentam a legislação pertinente a essa
área.
O Regulamento Técnico de Funcionamento do Laboratório Clínico foi elaborado
a partir do trabalho conjunto de técnicos da ANVISA, com o grupo de trabalho
instituído pela Portaria nº. 864, de 30 de setembro 2003. Entre os membros desse grupo
estão diversas secretarias, laboratórios e sociedades que trabalham em prol de serviços
de saúde como a Secretaria de Atenção a Saúde, Secretaria de Vigilância a Saúde,
Laboratório de Saúde Pública, Sociedade Brasileira de Análises Clínicas, entre outros.
70
De uma maneira geral diversas sugestões foram consolidadas pelos técnicos da
Gerência-geral de Tecnologia em Serviços de Saúde da ANVISA, onde estas foram
incorporadas ao texto do Regulamento Técnico. Foi produzido um documento que
definiu muitos requisitos necessários para o funcionamento do Laboratório Clínico e
Posto de Coleta Laboratorial. Em que o principal objetivo baseia-se na definição de
requisitos para o funcionamento dos laboratórios e postos de coleta públicos que
realizam atividades na área laboratorial.

SEGURANÇA

Os profissionais que exercem algum tipo de trabalho dentro de um laboratório


de análises clínicas, de certa maneira estão expostos a algum risco que pode configurar
um acidente, em razão dos diversos componentes aí presentes que podem oferecer um
grau de periculosidade, como por exemplo, componentes químicos corrosivos ou
inflamáveis, agentes biológicos, substâncias tóxicas, entre outros. Sabe-se que uma boa
parte dos acidentes ocorridos nesses ambientes são provocados pelo despreparo ou falta
de conhecimento de algumas normas por parte dos profissionais que trabalham nesse
tipo de laboratório.
De maneira geral a biossegurança consiste em um conjunto de ações voltadas
para prevenção, minimização ou eliminação dos riscos inerentes às atividades de
pesquisa, produção, ensino, desenvolvimento tecnológico e prestação de serviços, com
o objetivo de preservar a saúde do homem, dos animais e do meio ambiente. Portanto,
faz-se necessário seguir rigorosamente alguns procedimentos, começando pela
organização do ambiente laboratorial.
O desenvolvimento dessa ciência teve o intuito de promover o controle e a
diminuir os riscos na prática de diferentes tecnologias, tanto aquelas desenvolvidas em
laboratórios, como as que envolvem o meio ambiente. Pode aparecer também em:
indústrias, hospitais, clínicas, laboratórios de saúde pública, laboratórios de análises
clínicas, hemocentros, universidades, entre outras localidades. Ela é regulamentada por
um conjunto de leis que normatizam e orientam como devem ser conduzidas as
pesquisas tecnológicas e a manutenção do ambiente laboratorial.
Sendo assim, no ambiente de trabalho laboratorial, devem ser estabelecidas
certas rotinas, atitudes, ações e comportamentos que possam contribuir para o

71
aperfeiçoamento da segurança nesse ambiente, em que o conjunto dessas ações é
conhecido como Boas Práticas de Laboratório.

SÍMBOLO DE BIOSSEGURANÇA (RISCO BIOLÓGICO)

<http://queconceito.com.br/biosseguranca>

NORMAS DE SEGURANÇA

Quando se estuda leis e normas relacionadas à Biossegurança, é necessário


saber que a lei Federal da Biossegurança (Lei nº 11.105, de 24.03.2005), trata da
regulamentação da manipulação de organismos geneticamente modificados, porém há
também as leis que tratam de conduta, ética, responsabilidade e capacidade técnica nos
laboratórios clínicos. Basicamente são duas NBRs (Normas Brasileiras de
Regulamentação) que abordaremos: a NBR 14785, sobre normas de segurança em
laboratório clínico e a NBR 14500, sobre o processo de controle de qualidade dos
serviços laboratoriais.

NBR 14785

Nesta Normativa da ABNT estão presentes várias sessões referentes à segurança


laboratorial, tendo como objetivo estabelecer as especificações para a segurança,
aplicáveis no laboratório clínico. O conteúdo dessa normativa consiste em definições

72
para a realização de exames, desenvolvimento e implementação de novos métodos,
além de oferecer uma orientação sobre os procedimentos de segurança de todos os
envolvidos na rotina laboratorial.

NBR 14500

Já nesta Normativa da ABNT estão presentes muitos elementos relacionados a


uma boa gestão de um laboratório de análises clínicas, tais como a estrutura física,
instalações e ambiente; equipamentos, instrumentos e sistemas analíticos; recursos
humanos; revisões administrativas; sistema de gestão da qualidade; serviço de
consultoria e atendimento aos pacientes ou clientes; processos operacionais; segurança
do trabalho e descarte de material biológico, entre outros.
Essa normativa é muito mais abrangente, sendo que a NBR 14500 especifica os
requisitos para a gestão da qualidade nos laboratórios clínicos. O conteúdo dessa
normativa consiste em definições para a elaboração de documentos necessários para a
realização dos processos pré-analíticos, analíticos e pós analíticos, desenvolvimento e
implementação de novos métodos, além de oferecer uma orientação sobre os
procedimentos de qualidade para incentivar a confiabilidade das análises realizadas
pelos laboratórios clínicos.

SEGURANÇA NA ÁREA TRABALHISTA, PREVIDENCIÁRIA E


AMBIENTAL

Uma vez que os profissionais atuantes na área da saúde estão expostos a


diversos tipos de riscos dentro de um laboratório de análises clínicas, é necessário
providenciar diversos documentos no ato de abertura do laboratório que possam garantir
um maior nível de segurança para seus trabalhadores. Tais documentos serão abordados
nos tópicos a seguir.

PCMSO – Programa de Controle Médico de Saúde Ocupacional

Este programa consiste em um processo legal que foi estabelecido pela


Consolidação das Leis do Trabalho, que no Brasil está regulamentado pela NR 7.

73
Estabelecem objetivos que visam à manutenção da saúde física e mental do trabalhador
em função das atividades que desempenha. A consolidação deste programa exige a
realização de exames médicos admissionais, alguma mudança de função e de retorno ao
trabalho, além da obrigatoriedade de um exame médico periódico.
Empresas com até 25 empregados são destituídas da obrigação de elaborar o
relatório anual. Porém devem realizar, obrigatoriamente, os exames médicos que serão
mencionados abaixo, podendo ser realizado mediante convênio com empresas
especializadas/credenciadas em medicina do trabalho.

Saúde Ocupacional

A saúde ocupacional é uma área que cuida especificamente da saúde do


trabalhador, auxiliando na prevenção e no tratamento de moléstias ocasionadas pelo
próprio trabalho. Atualmente há uma crescente preocupação e cuidado com a saúde e o
bem-estar dos trabalhadores, sendo este um assunto bastante debatido no mundo inteiro,
onde a Organização Internacional do Trabalho é o órgão que agrega as políticas
internacionais de saúde ocupacional. Dentro de território brasileiro os ministérios
encarregados da segurança e saúde do trabalhador são o Ministério da Saúde e o
Ministério do Trabalho e Emprego.

LTCAT – LAUDO TÉCNICO AMBIENTAL

O Laudo Técnico Ambiental consiste em um documento elaborado com o


intuito de se classificar os agentes nocivos existentes no ambiente de trabalho visando
concluir se estes podem gerar insalubridade para os trabalhadores eventualmente
expostos. Somente será renovado caso sejam introduzidas modificações no ambiente de
trabalho.

PPRA – PROGRAMA DE PREVENÇÃO DE RISCOS


AMBIENTAIS

74
Este programa consiste de um documento que prevê ação contínua, permite o
gerenciamento e deve permanecer na empresa à disposição da fiscalização, juntamente
com um roteiro das ações para serem empreendidas para se atingir metas. Sendo assim,
se houver um excelente PPRA, mas as medidas não estiverem sendo implementadas
pela empresa e avaliadas pelo técnico de segurança, o documento não será válido. O
PPRA é um programa documentado que normalmente surge concomitante ao LTCAT.

PPP – PERFIL PROFISSIOGRÁFICO PREVIDENCIÁRIO

Este tópico consiste em um documento histórico e laboratorial, sendo individual


do trabalhador que presta serviço à empresa, destinado a fornecer informações ao
Instituto nacional de Seguro Social (INSS) que são relativas à efetiva exposição a
agentes nocivos, servindo para registrar dados administrativos, atividades desenvolvidas
pelos trabalhadores e registros ambientais com base em outros laudos como o Laudo
Técnico das Condições Ambientais do Trabalho e resultados de monitoramento
biológico com base no PCMSO e PPRA.

CIPA – COMISSÃO INTERNA DE PREVENÇÃO DE


ACIDENTES

Este é um instrumento em que os trabalhadores utilizam para tratar de assuntos


como a prevenção de acidentes, condições ambientais e aspectos que afetam a saúde e a
segurança no trabalho. É regulamentado pela Consolidação das Leis do Trabalho (CLT)
nos artigos 162 a 165 e pela NR 5, contidos na portaria 3.214 de 08.06.78. A
constituição de órgãos dessa natureza dentro das empresas ocorreu devido ao crescente
número de acidentes e doenças típicas do trabalho em todos os países que se
industrializaram.
Essa comissão é composta pelos representantes do empregador e dos

75
empregados, havendo ressalvas as alterações em atos normativos para setores
econômicos específicos.

CAT – COMUNICAÇÃO DE ACIDENTE DE TRABALHO

A Comunicação de Acidente de Trabalho consiste em um formulário que busca


registrar na Previdência Social a ocorrência de Acidentes de Trabalho. Em qualquer
caso de acidente de trabalho é dever da empresa informar à Previdência Social sua
ocorrência por meio de um formulário CAT, independentemente de o segurado
(funcionário) necessitar o recebimento do benefício previdenciário.

Saúde e Segurança no Trabalho

A segurança do trabalho é um conjunto de ações e medidas definidas por uma


legislação e são para minimizar os acidentes de trabalho e doenças ocupacionais, além
de garantir a integridade e a capacidade que o trabalhador tem de realizar determinado
trabalho. Dentro de um estabelecimento ou de uma empresa que presta serviços deve
existir um quadro responsável pela saúde e segurança no trabalho que é composto por
uma equipe multidisciplinar. Esses profissionais que são responsáveis compõem o
SESMT – Serviço Especializado em Engenharia de Segurança e Medicina do Trabalho,
enquanto que os empregados constituem a CIPA – Comissão Interna de Prevenção de
Acidentes, esses profissionais objetivam criar condições para a prevenção de acidentes e
doenças do trabalho, satisfazendo assim o desenvolvimento do trabalho realizado e a
promoção da saúde de todos os trabalhadores.

PROGRAMA DE CERTIFICAÇÃO DA INTERNATIONAL


ORGANIZATION FOR STANDARDIZATION

A ISO (International Organization for Standardization) é uma rede mundial


que possui o status de uma organização não governamental, formada por institutos de

76
padronização que reúne entidades de 148 países. Onde seu secretariado geral está
sediado em Genebra, na Suíça. Esta entidade objetiva promover o desenvolvimento da
normalização e atividades relacionadas com a intenção de facilitar o intercâmbio
internacional de bens e de serviços, além de desenvolver a cooperação nas esferas
intelectual, científica, tecnológica e econômica. No Brasil, ela é representada pela
Associação Brasileira de Normas Técnicas – ABNT.
As normativas geradas pela ISO podem auxiliar em melhorias nos processos
internos, no monitoramento de processos relacionados ao ambiente de trabalho e
verificar se a equipe que compõe o sistema produtivo está satisfeita com suas condições
de trabalho, sendo assim elas são capazes de promover um processo contínuo para
melhorar o sistema de gestão da qualidade.
De maneira geral oferece vantagens para as organizações, pois possibilita uma
maior organização, produção e credibilidade, conferindo um maior nível de
competitividade em mercados nacionais e internacionais. Tais procedimentos
organizacionais precisam ser avaliados por meio de auditorias externas independentes, a
seguir serão apresentadas as principais ISO adotadas em laboratórios de análises
clínicas.

ISO 9001

A certificação da ISO 9001 inclui alguns tópicos que podem ser


considerados critérios importantes como: requisito de mercado (certificação
necessária para alguns contratos com fornecedores e prestadores de serviço);
processos de apoio diagnóstico para garantir a segurança do resultado e
minimizar riscos; esta norma deve passar anualmente por uma recertificação.

ISO 14001

A ISO 14001 é uma série de normativas que aplicam diretrizes a respeito


da área de gestão ambiental dentro de empresas. Como por exemplo, a
elaboração de um Sistema de Gestão Ambiental (SGA), que é uma estrutura
desenvolvida para que uma organização possa consistentemente controlar seus
impactos significativos sobre o meio ambiente e melhorar continuamente as

77
operações e negócios. Esta norma reconhece que organizações podem estar
preocupadas tanto com a sua lucratividade quanto com a gestão de impactos
ambientais e requer que os processos organizacionais sejam verificados por meio
de auditorias externas independentes, além de que anualmente deve passar por
uma recertificação.

Além do que foi exposto, essa normativa criou movimento e compromisso com a
questão ambiental extraordinariamente bem-sucedido na sociedade, o que possibilitou
dentre outros aspectos: uma maior disseminação do conceito de qualidade e de
responsabilidade ambiental entre os colaboradores; racionalização, padronização,
controle e aperfeiçoamento dos processos internos; desenvolvimento de sistemas
utilizados nos equipamentos e treinamento de recursos humanos; diminuição da
incidência de erros e aumento da eficiência técnica; melhorias contínuas no
desempenho; avaliações periódicas de todo o sistema; identificação de possíveis riscos
ambientais; além de possibilitar o uso racional de energia, água e recursos naturais que
conferem um maior reconhecimento público a níveis nacional e internacional.

RISCOS PRESENTES EM LABORATÓRIOS DE ANÁLISES


CLÍNICAS

Muitos processos pelos quais o homem modifica os materiais extraídos da


natureza para transformá-los em produtos, que visam às necessidades tecnológicas
atuais são capazes de dispor no ambiente, substâncias tóxicas que ao entrarem em
contato com o organismo dos trabalhadores, podem acarretar danos a sua saúde.
Portanto, esses processos podem originar condições inadequadas para o organismo
humano, sendo que ambos os tipos de riscos são geralmente de caráter acumulativo,
podendo chegar a produzir graves problemas aos trabalhadores.

78
PRINCIPAIS SÍMBOLOS INTERNACIONAIS ASSOCIADOS AOS RISCOS
EM LABORATÓRIOS

<http://biomedicinaemicro.blogspot.com/2011/01/biosseguranca.html#

MAPA DE RISCO (SEGUNDO A NR5)

Este mapa se caracteriza como um objeto de localização em que constam as


diferentes áreas do laboratório, onde os setores deverão estar sinalizados com os riscos
que podem oferecer, tais como: Físico, Químico, Biológico, Mecânico e Ergonômico.
As áreas que oferecem risco deverão ser indicadas com círculos de diferentes
cores para um entendimento mais fácil, são elas:
• O círculo de cor verde indica um setor que apresenta risco físico;
• O de cor vermelha indica um setor que apresenta risco químico;
• O de cor marrom indica um setor que apresenta risco biológico;
• O de cor azul indica um setor que apresenta risco mecânico capaz de
gerar acidentes;
• O de cor amarela indica um setor que apresenta risco ergonômico.

79
EXEMPLO DE UM MAPA DE RISCO DO SETOR DE SÓLIDOS DA
EMPRESA OUROFINO

http://dc429.4shared.com/doc/ghDKM_LS/preview.html

Riscos Físicos

Os riscos físicos são representados por um intercâmbio brusco de energia entre


um organismo e o ambiente, a que o organismo é capaz de suportar, devido a essas
características esse risco pode acarretar uma doença profissional, que eventualmente
pode ser causada por elementos físicos como: frio e calor; ruído e vibrações; pressões
anormais; umidade; radiações ionizantes (mais perigosas e de alta frequência, como
raios X, raios Gama e os raios cósmicos); além das radiações não ionizantes (radiações
de baixa frequência, como luz visível, infravermelho, micro-ondas, frequência de rádio,
radar, ondas curtas e ultrafrequências).

Riscos Químicos

Os riscos químicos são representados pelas diversas substâncias, compostos ou

80
produtos que possam penetrar no organismo pela via respiratória, nas formas de poeiras,
fumos, névoas, neblinas, gases ou vapores, ou que, pela natureza da atividade de
exposição, possam ter contato ou ser absorvido pelo organismo através da pele ou por
ingestão.

Riscos Biológicos

Os riscos biológicos são representados por microrganismos, tais como bactérias,


fungos, parasitas, entre outros que podem contaminar o trabalhador e causar alguma
enfermidade. Muitas profissões podem favorecer contato com riscos biológicos, bons
exemplos podem ser observados em indústrias de alimentação, hospitais, limpeza
pública, laboratórios, entre outros. O contato com microorganismos presentes nesses
ambientes podem acarretar uma série de doenças, entre elas: a tuberculose, leptospirose,
dengue, malária e febre amarela.
Segundo Nascimento et. al. (2001), os micro-organismos nocivos ou infecciosos
são classificados em quatro classes, levando em conta o risco individual e coletivo, além
da virulência e gravidade da infecção nos seres humanos e animais, devendo-se focar a
atenção na probabilidade de propagação, tratamento e medidas preventivas.
• Classe de Risco I: Apresentam baixo risco individual e coletivo, além de
que o risco comunitário está ausente ou é muito baixo. Essa classe é representada por
micro-organismos que possuem pouca probabilidade de causar doenças nos homens e
nos animais. Como exemplos pode-se destacar as bactérias (Bacillus spp.; Lactobacillus
spp.) e fungos (Trichoderma).
• Classe de Risco II: apresentam risco individual moderado e baixo risco
coletivo ou comunitário. Essa classe é representada por micro-organismos que possuem
probabilidade de causar doença em homens e animais, porém o risco de propagação é
limitado. Atualmente existem medidas de prevenção e tratamento. Como exemplos
podem-se destacar as bactérias (Escherichia spp.; Neisseria; Pseudomonas;
Salmonella; Vibrio), fungos (Aspegillus spp.; Candida spp.), parasitas representados
pelos protozoários (Leishmania spp.; Plasmodium spp.; Trypanosoma spp.) e pelos
helmintos (Ancylostoma; Ascaris; Schistosom), além dos vírus (dengue; hepatite A, B,
C, G; pólio).
• Classe de Risco III: apresentam elevado risco individual e baixo risco
coletivo ou comunitário. Essa classe é representada por micro-organismos patogênicos

81
que geralmente provocam doenças graves em homem e/ou animais, porém propagam-se
de um indivíduo infectado a outro de forma direta, ou seja, o risco de propagação
limitado, existindo medidas de prevenção e tratamento eficazes. Como exemplos pode-
se destacar as bactérias (Brucella spp.; Mycobacterium tuberculosis; Yersinia spp.),
fungos (Histoplasma spp.; Coccidioidis immitis; Rickettsia spp.), além dos vírus (da
raiva, HIV, Arbovírus).
• Classe de Risco IV: apresentam elevado risco individual, coletivo e
comunitário. Essa classe é representada por micro-organismos patogênicos que
geralmente provocam doenças graves em homens e/ou animais, além de propagar de um
indivíduo infectado a outro sob a forma direta ou indireta, oferecendo um alto e
ilimitado risco de propagação, não existe atualmente medidas eficazes de prevenção e
tratamento. De acordo com o aconselhamento da OMS, os agentes de risco III que
forem multirresistentes devem ser considerados e tratados como Risco Biológico IV.
Exemplos: podem-se destacar os vírus (Ebola, Junin, Mapucho).

Riscos Mecânicos

Os riscos mecânicos são aqueles que podem comprometer a segurança dos


trabalhadores no seu ambiente de trabalho, derivam da má organização de máquinas e
ou equipamentos, ferramentas pouco conservadas ou sem manutenção, instalações
elétricas precárias, entre outros fatores que podem gerar acidentes.

Riscos Ergonômicos

Os riscos ergonômicos são aqueles relacionados com fatores fisiológicos e


psicológicos que se referem à execução das atividades profissionais, podem, portanto
produzir alterações no organismo e na condição emocional dos trabalhadores,
comprometendo a sua segurança, saúde e produtividade. Os principais fatores
observados para a intensificação desses riscos são: trabalho físico pesado, postura
incorreta de trabalho, ritmo excessivo, monotonia, jornadas prolongadas, ansiedade,
responsabilidade, desconforto, entre outros. Esses fatores podem ocasionar danos à
saúde manifestados por: hipertensão arterial, úlceras digestivas, doenças nervosas, além
de alteração no sono, problemas de coluna, taquicardia, tensão, ansiedade, medo, entre
outros.

82
Para evitar que estes fatores possam afetar as atividades do trabalhador, faz-se
necessário o ajuste mútuo do profissional ao trabalho, dando-se pela modernização e
higienização dos ambientes de trabalho, modificação de processos, utilização de
máquinas e ferramentas adaptadas ao profissional e da adoção de ritmos e posições
adequadas ao trabalho, além da racionalização do trabalho de uma maneira geral.

NÍVEIS DE RISCO E A ROTINA DE TRABALHO EM UM


LABORATÓRIO DE ANÁLISES CLÍNICAS

Um laboratório de análises clínicas é composto por diversos setores, sendo que


estes podem apresentar riscos variados à saúde humana, portanto dentro do ambiente
laboratorial se faz necessário à prevenção de riscos em uma rotina de trabalho
promovendo o uso de alguns equipamentos, tais como:
• Jaleco: O uso desse artigo é obrigatório em todos os níveis de risco;
• Luvas: Devem-se usar luvas, preferencialmente de látex, em quase todas
as situações, em caso de procedimentos de risco NBR-2 são necessárias luvas
termorresistentes para autoclavagem;
• Máscara: É necessário o uso desse artigo para procedimentos de nível
NBR-3 e somente em atividades com formação de aerossol;
• Óculos: O uso desse artigo é necessário para procedimentos de nível
NBR-3, que possam ocasionar respingos de alguma substância nociva aos olhos;
• Protetor Auricular: É necessário o uso desse artigo para procedimentos
de nível NBR-3, somente em situações onde há preparo de espécimes em que a
centrifugação é empregada;
Placas Indicativas: Esses artigos representam uma importante ferramenta de
educação dos funcionários e devem estar em todos os setores laboratoriais em uma
informação sobre biossegurança tiver que ser transmitida;
• Lava Olhos: Esses equipamentos devem estar localizados dentro do
laboratório e os funcionários devem ser treinados para utilizá-lo. Quando ocorrer algum
tipo de acidente com derrame de material nos olhos, estes devem ser lavados por no
mínimo 15 minutos;
• Kit de Primeiros Socorros: Este é um artigo fundamental e deve estar
disponível em todos os setores e constar de material necessário para tratamentos de

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acidentes ocorridos na área de trabalho. Os funcionários devem ser treinados para
utilizá-lo;
• Kit de Desinfecção: Este material deve estar disponível em todos os
setores para contenção e descontaminação em caso de acidentes com material biológico
no laboratório, em que os funcionários devem ser treinados para usá-lo;
• Chuveiro de Segurança: Este equipamento deve constar dentro da área do
laboratório em local de fácil acesso por todos os setores, seu acionamento deve ser fácil
para que funcionários mesmo com os olhos fechados possam utilizá-lo;
• Capelas de Exaustão e Câmaras de Fluxo Laminar: Esses equipamentos
são utilizados para proteção contra material volátil ou proteção microbiológica e podem
ser utilizados tanto na proteção do operador quanto do material no seu interior
dependendo da rotina efetuada.

ORGANIZAÇÃO DO AMBIENTE LABORATORIAL

Independente do tamanho, da prestação de serviços ou trabalhos realizados, o


laboratório precisa estar organizado de forma prática e lógica e para isso o Manual de
Biossegurança do Ministério da Saúde nos dá algumas orientações de como organizá-lo:
• O laboratório deve possuir uma boa iluminação e temperatura controlada
na faixa de 20º a 26º C, por meio do uso de equipamento de arcondicionado. Devem-se
manter portas e janelas fechadas e evitar o uso de ventiladores, pois estes podem
aumentar a quantidade de propagação de partículas, proporcionando fontes de
contaminação;
• As bancadas onde se é realizado o trabalho devem ser revestidas com
material não poroso, para impedir a proliferação de microrganismos, devem também ser
resistentes à ação dos desinfetantes utilizados em laboratórios, como por exemplo, o
hipoclorito de sódio. Além disso, as bancadas devem estar dispostas de modo que
possibilite a circulação dos técnicos sem riscos de acidentes;
• Os equipamentos presentes no laboratório devem estar instalados de
acordo com suas características e orientações do fabricante;
• Todos os setores de um laboratório de análises clínicas devem possuir
equipamentos de proteção coletiva (extintor, chuveiro de emergência, lava olhos) bem
instalados e sinalizados;

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• Todos os setores de um laboratório de análises clínicas devem possuir
equipamentos de proteção individual (EPI's) disponíveis para os profissionais (jaleco,
óculos, máscara facial, gorro, luvas, etc.).
Diante do exposto, algumas dicas são muito úteis na rotina de trabalhos, a seguir
estão expressas algumas que ditam o que devemos fazer ou não enquanto estivermos no
laboratório: durante a permanência no laboratório prefira o uso de calças compridas e
sapatos fechados que protejam totalmente os seus pés, com a finalidade de se evitar
lesões; deve-se manter os cabelos compridos presos ou utilizar um gorro para evitar que
eles prendam em algum equipamento ou para evitar que eles entrem em contato com
materiais nocivos durante a manipulação; as unhas devem sempre estar aparadas, pois
unhas compridas podem furar as luvas e promover contaminações; deve-se evitar o uso
de brincos, anéis e bijuterias, pois estas podem servir de depósito para os
microrganismos; dentro de um laboratório não é permitido comer ou beber qualquer
tipo de alimento; além de que não se deve em hipótese alguma guardar alimento e
bebidas em geladeiras dos laboratórios.

EQUIPAMENTOS DE PROTEÇÃO INDIVIDUAL E EQUIPAMENTOS


DE PROTEÇÃO COLETIVA

EQUIPAMENTOS DE PROTEÇÃO INDIVIDUAL (EPI)

São equipamentos de uso pessoal e utilizados como barreiras de proteção para o


profissional. Há disposições legais estabelecidas pelo Ministério da Saúde para a
utilização de EPIs e estes devem estar disponíveis de maneira acessível, pois seu uso
obrigatório em ambientes laboratoriais. Entre os principais artigos utilizados como
EPI'S podemos citar:
• Jaleco: este artigo fornece uma barreira de proteção para as roupas
pessoais devendo ter colarinho alto e mangas longas, podendo ser constituído de pano
ou material descartável, em que a cor deve ser preferencialmente branca. Ele deverá ser
utilizado apenas nas dependências do laboratório com a finalidade de evitar veiculação
de microrganismos do laboratório para outros ambientes.

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• Luvas Descartáveis: estes artigos devem ser usados como barreira
protetora para evitar o contato com líquidos corporais, secreções e objetos
contaminados. As luvas de procedimento, geralmente descartáveis, devem ser trocadas
frequentemente. Quando o profissional estiver fazendo uso de luvas, ele não deve
manipular objetos fora do campo de trabalho, mas caso necessário, devem ser utilizadas
luvas de sobrepor (material plástico);
• Luvas Grossas: estes artigos são indicados para procedimentos que
envolvam lavagem de instrumentais, serviço de limpeza em geral e para a coleta do
lixo;
• Luvas Térmicas: estes artigos são indicados para os procedimentos que
envolvam procedimentos a altas temperaturas, como por exemplo, esterilização em
estufa e autoclavagem. Elas devem ser armazenadas em local seco;
• Óculos e Máscara: estes artigos são utilizados em procedimentos que há
a formação de aerossóis e servem para proteger as mucosas dos olhos, nariz e boca de
respingos (gotículas) gerados pela fala, tosse ou espirro de pacientes;
• Protetor Facial: este artigo é confeccionado de material rígido e leve,
sendo utilizado para proteção do rosto, portanto ele deve ser ajustável à cabeça e cobrir
todo o rosto;
• Gorro: este artigo é indicado especificamente para profissionais que
operam em procedimentos que envolvam projeção de partículas e proteção de pacientes
quando o atendimento envolver procedimentos cirúrgicos.

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EXEMPLOS DA UTILIZAÇÃO DE ALGUNS EPI'S

<http://www.fiocruz.br/biosseguranca/Bis/lab_virtual/epi-nb2.htm>

Além da utilização de EPI's na rotina de trabalho, outra medida eficaz para a


segurança dos profissionais e dos pacientes é a higienização das mãos com frequência.
Pois as mãos devem ser higienizadas antes e após o contato com o paciente; antes de
calçar as luvas e após a sua remoção; entre procedimentos; após contato com sangue ou
qualquer outro fluido corporal; após contato com qualquer artigo ou equipamento
contaminado; antes e após alimentação e uso de sanitário.

EQUIPAMENTOS DE PROTEÇÃO COLETIVA (EPC)

Os equipamentos de proteção coletiva fazem referência ao uso de um


determinado grupo de profissionais, devendo proteger todos os trabalhadores expostos a
determinado risco. Entre os principais artigos utilizados como EPC'S podemos citar:
• Cabine de segurança Biológica: esses equipamentos podem ser divididos
em três classes de cabines, contudo as mais utilizadas em laboratórios de análises clínica
são as classes I e II. Em todos os procedimentos que envolvam amostras biológicas e
substâncias químicas voláteis deve ser utilizada uma cabine para a sua realização.
• Chuveiro de emergência e Lava Olhos: estes equipamentos devem ser
utilizados em casos de acidentes e sua projeção é adaptada para oferecer um fluxo de

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água abundante e de baixa pressão, que possibilita a remoção de qualquer tipo de
contaminante ou calor do corpo humano sem agravar possíveis lesões.
• Extintores de Incêndio: estes equipamentos devem estar disponíveis em
todos os setores de um laboratório de análises clínicas para auxiliar no controle de um
eventual acidente que possa ocasionar algum incêndio;
• Balde de areia: este artigo pode ser utilizado quando houver o
derramamento de substâncias químicas perigosas, pois ele absorve o material
derramado, evitando assim que ele escorra para outras áreas;
• Caixa para Descarte de Perfurocortantes: este artigo consiste em caixas
de papelão destinadas para o descarte de agulhas, lâminas, lancetas e outros materiais
perfurocortantes. Sempre é bom lembrar que nunca se pode descartar material
perfurocortante em sacos plásticos.

ALGUNS EXEMPLOS DE EPC'S E SUA UTILIZAÇÃO

<http://www.unifal-mg.edu.br/riscosquimicos/node/72>

ARMAZENAMENTO E DESCARTE DE AMOSTRAS E PRODUTOS


QUÍMICOS

CLASSIFICAÇÃO DO MATERIAL SEGUNDO O USO

Vários materiais, equipamentos e artigos são utilizados na rotina de um


laboratório de análises clínicas, tais materiais podem ser divididos de acordo com sua

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periculosidade, podendo ser:
Artigos Críticos: são considerados materiais que entra em contato direto com
regiões corpóreas internas, por isso necessitam ser esterilizados. Como exemplos desses
materiais podem ser citados: seringas com agulhas, cateteres, sondas, etc.;
• Artigos Semicríticos: são considerados materiais que entram em contato
direto com mucosa, por isso necessitam de um processo de desinfecção. Como
exemplos desses materiais podem ser citados: swab, paletas orais, fita gomada, etc.;
• Artigos Não Críticos: são considerados materiais que não entram em
contato com o organismo, geralmente apresentam contato apenas com a pele íntegra
(sem lesões), para estes materiais basta uma boa limpeza. Como exemplo desses
materiais pode-se citar: botas, jalecos, etc.

TÉCNICAS ASSÉPTICAS

Na rotina laboratorial são utilizados materiais que precisam passar por alguma
técnica asséptica para serem utilizados nos procedimentos operacionais. Sendo assim,
abaixo são apresentadas algumas técnicas assépticas e suas eventuais utilizações:
Esterilização: constitui-se de uma técnica que provoca a destruição completa
de todas as formas de vida presentes em materiais que manterão contato direto ou
indireto com estruturas corpóreas internas. Exemplos de materiais que necessitam
passar por esse procedimento: seringas com agulhas, lâminas de vidro, placas de Petri,
etc.;
Desinfecção: constitui-se de uma técnica que provoca a destruição de micro-
organismos patogênicos ou não, sendo utilizada em objetos como móveis ou em
instalações presentes nos setores laboratoriais. Exemplos de materiais que necessitam
passar por esse procedimento: bancadas, capelas de proteção, etc.;
Antissepsia constitui-se de uma técnica utilizada para promover a diminuição da
população bacteriana e prevenção do seu crescimento em tecidos vivos, sem que haja
necessariamente a destruição de todas as formas viáveis.
Exemplos de uso para esse procedimento: lavagem das mãos.

Descontaminação de área após derramamento de material Biológico ou


Cultura e Micro-organismos

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Quando houver o derramamento de algum material biológico em algum dos
setores laboratoriais, onde este evento represente algum risco para os demais
profissionais, algumas medidas devem ser tomadas como: primeiramente devem-se
notificar o mais rápido possível os demais funcionários do setor; caso haja algum risco
biológico, todos os funcionários devem deixar imediatamente o setor; os indivíduos
envolvidos no acidente. Devem verificar suas vestimentas quanto a contaminação com o
material, caso este evento ocorrer, as medidas de descontaminação da roupa devem ser
tomadas.

Descontaminação de pequenas áreas (instrução para descontaminação)

Quando houver o derramamento de alguma substância em uma pequena área,


como por exemplo, uma bancada, os profissionais presentes nesse ambiente devem se
atentar para algumas medidas a ser tomadas como: promover o uso de EPIs; após
equipado adequadamente deve-se identificar e marcar a área que necessita de
descontaminação; devem-se preparar os recipientes para o descarte do material
contaminado; durante o processo de descontaminação o operador deve mover-se lenta e
cuidadosamente a fim de evitar a formação de novos aerossóis; deve-se cobrir toda a
área com uma toalha absorvente e deixar um germicida agir antes de recolher com os
fragmentos grosseiros; caso o local apresente materiais perfurocortantes, estes devem
ser descartados em caixas específicas; após esse procedimento a remoção das luvas deve
ser realizada de forma cuidadosa, sendo que estas devem ser descartadas junto com o
material contaminado; necessita-se a lavagem das mãos com água e sabão e solução
antisséptica; além de registrar o acidente de maneira adequada para os responsáveis pelo
laboratório.

Kit de limpeza

De maneira geral são necessárias instruções para descontaminação por escrito e


em local de fácil visualização, além de que o laboratório deve possuir um Kit específico
para a limpeza e descontaminação, possuindo EPIs; pá plástica; desinfetantes
apropriados e que estejam dentro do prazo de validade; toalha de papel absorvente; saco
90
plástico para descarte de material contaminado e caixas rígidas para descarte de
materiais perfurocortantes.
É necessária também uma documentação apropriada para registrar os acidentes
que podem vir a ocorrer, além de equipamentos e materiais para promover a
esterilização e descontaminação. Esses procedimentos devem ser seguidos para o
descarte de rejeitos, pois todo material infeccioso ou equipamentos utilizados na rotina
do laboratório devem ser desinfetados antes da lavagem, ou antes, de serem jogados no
lixo. O processo de autoclavagem deve ser realizado, exceto para materiais
reaproveitáveis, produtos oxidantes ou produtos que liberem subprodutos tóxicos
quando aquecidos.

Autoclavagem

O processo de autoclavagem refere-se a procedimentos que envolvam a


esterilização (completa eliminação de formas vivas presentes nos diversos tipos de
materiais), sendo ela um importante método para eliminar o risco biológico. O uso da
autoclave é o método mais utilizado nas instituições de saúde e pesquisa, este processo
geralmente envolve aquecimento da água em uma câmara sob pressão gerando vapor
sob alta pressão, o que ocorre em temperatura de aproximadamente 121° C por no
mínimo 15 minutos. O tempo para o processo de autoclavagem é medido após a
temperatura de o material envolvido atingir 121°C.

Descontaminação

O processo de descontaminação também conhecido como desinfecção, pode ser


definida como um procedimento que visa à redução da maioria ou eliminação dos
microrganismos patogênicos na superfície de um objeto, impossibilitando que este
transmita doenças. Tal procedimento para ter efetividade necessita da utilização de um
bom desinfetante, diante disso alguns fatores podem determinar sua qualidade e
eficácia, tais como: a concentração do princípio ativo presente do produto; o tempo
necessário para a ação; a temperatura de armazenamento e o pH; nível de contaminação
presente em determinado objeto ou material; o tipo de contaminação envolvida no
procedimento; além das características físicas do objeto ou material que será

91
descontaminado.

MANUSEIO, GERENCIAMENTO E DESCARTE DE RESÍDUOS


SÓLIDOS NOS SERVIÇOS DE SAÚDE

Tratando-se do ponto de vista sanitário, o lixo possui grande potencial para a


transmissão de doenças. Por esse motivo, ele deve ser bem-acondicionado e receber
tratamento adequado anteriormente ao seu descarte, pois a exposição dos resíduos pode
favorecer a proliferação de vetores capazes de ocasionar riscos de contaminação.
Nesse contexto alguns dados podem ser observados, de acordo com dados do
ano 2005 obtidos pela EMBRAPA o Brasil produz em média 241.614 toneladas de lixo
por dia, sendo que desse total, 76% são depositados a céu aberto em lixões, 13% são
depositados em aterros controlados, 10% são depositados em aterros sanitários, 0,9%
são utilizados usinas e 0,1% são incinerados. A composição média de o lixo domiciliar
brasileiro apresenta uma composição diversificada, porém mais da metade dos resíduos
produzidos são constituídos de matéria orgânica, configurando um quadro de
desperdício. Dessa maneira há uma grande perda em faturamento quando não se
reaproveita o lixo produzido.
De acordo com o que foi exposto anteriormente, a situação do gerenciamento de
resíduos de maneira geral apresenta-se de forma muito preocupante uma vez que
população mundial cresce significativamente a cada dia, aumentando consideravelmente
a produção de lixo. Diante desse quadro se fazem necessários métodos para minimizar
seus efeitos negativos dessa situação, um deles é a coleta seletiva, que atualmente no
Brasil está sendo muito difundida.
Informações sobre a gestão dos resíduos em hospitais e centros de saúde incluem
aspectos relacionados com a produção de resíduos, levando em conta sua quantidade e
composição; sistemas de triagem; armazenamento; transporte; tratamento e destinação
final dos resíduos. Enquanto que para os outros segmentos produtores, como por
exemplo, laboratórios de análises clínicas, procurou-se apenas fazer uma estimativa
quantitativa e qualitativa dos resíduos produzidos em suas instalações.
De acordo com o decreto-lei 239/97, de 9 de setembro, que dispões sobre
resíduos hospitalares, há o estabelecimento de regras sujeitas a gestão de resíduos
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produzidos em unidades de prestação de cuidados de saúde, incluindo as atividades
médicas de diagnóstico, tratamento e prevenção da doença em seres humanos ou
animais, além de atividades de investigação relacionadas a área.
A gestão de resíduos pode ser entendida como operações que envolvam o
recolhimento, transporte, armazenagem, tratamento e eliminação dos resíduos, assim
como o planejamento dessas operações, devendo ser atribuídas às responsabilidades
dessa gestão aos produtores e designando unidades de saúde que possibilitam a
realização de acordo com empresas devidamente autorizadas.
Hoje em dia o destino oferecido aos resíduos hospitalares apresenta sérios
problemas devido a sua natureza, pois em sua grande parte está contaminada por via
biológica, química e radiativa, podendo vir a apresentar um alto grau de periculosidade
em razão de seu grande volume. Sendo assim, é muito importante haver a consciência
de que determinados resíduos como sangue, secreções, produtos químicos e tecidos
humanos são focos de contaminação e constituem um sério risco para a saúde pública.
Essa situação está aumentando as preocupações e cuidados a se ter, pois se
refletiram igualmente na criação de legislação específica (que pretende evitar a sua
deposição em lixeiras, por exemplo), com o crescimento das quantidades de resíduos a
incinerar, provocando problemas ambientais graves.
Diante desse quadro torna-se necessário o desenvolvimento de diferentes
estratégias de gestão de resíduos da área da saúde, que permitam a redução da sua
quantidade e a introdução de processos de tratamentos alternativos. Entre diversas
estratégias, pode-se citar:
• A necessidade de redefinir a classificação dos resíduos que necessitam de
tratamento especial;
• A necessidade de melhorar as condições de instrução dos profissionais
da área da saúde, permitindo uma triagem mais eficiente;
• A necessidade de separação dos resíduos, impedindo que materiais não
recicláveis se misturem a materiais recicláveis.
A triagem e o acondicionamento dos resíduos produzidos deverão ter lugar junto
ao local de produção, possibilitando uma identificação clara da sua origem e do seu
grupo. O local de armazenamento deve ser dimensionado em função da periodicidade
em que se é realizado o recolhimento ou eliminação dos resíduos produzidos, devendo a
capacidade mínima corresponder a três dias de produção.

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Quando se trata da gestão de resíduos da área da saúde, convém citar que há uma
legislação e divisão em grupos referentes à avaliação de impacto ambiental e destinação
correta dos resíduos, sendo que os grupos mais importantes relacionados a estes
aspectos são apresentados a seguir:
• Grupo A: abrange um grupo de resíduos que apresentam risco potencial à
saúde pública e ao meio ambiente, devido à presença de agentes biológicos; sangue e
hemoderivados; peças provenientes de operações cirúrgicas e exsudados orgânicos;
materiais perfurantes ou cortantes; além de materiais resultantes da assistência ao
paciente.
• Grupo B: abrange um grupo de resíduos que apresentam risco potencial à
saúde pública e ao meio ambiente devido às suas características químicas, como
resíduos farmacêuticos e resíduos quimioterápicos perigosos.

GRUPOS DE RESÍDUOS CONSIDERADOS DE RISCO

FONTE: NETO, 2013.

O desenvolvimento de um programa de prevenção pode reduzir os gastos


relativos ao tratamento e disposição de resíduos, uma vez que o aproveitamento pode
ser feito de forma mais racional, em que a implantação da coleta seletiva tornase
fundamental. Dessa maneira, podem-se estabelecer propostas como: despertar a
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importância da valorização do "lixo" e dos problemas relacionados com poluição,
doenças, contaminação dos lençóis freáticos e saturação dos lixões; viabilizar
programas, colocando em prática os 5Rs: Regenerar, Recusar, Reduzir, Reutilizar e
Reciclar, por meio de módulos informativos e vivenciais; além de fornecer recursos
para proporcionar melhores condições e qualidade de vida, pela compreensão dos novos
paradigmas emergentes.
Além das propostas descritas anteriormente, pode-se estabelecer um programa
de prevenção com a elaboração de um PGRSS – Plano de gerenciamento de Resíduos
de Serviços de Saúde.

EXEMPLO DE UM PLANO DE GERENCIAMENTO DE RESÍDUOS DE


SERVIÇOS DE SAÚDE PARA QUÍMICOS

<http://www.hospitaissaudaveis.org/pdf/Palestra%203a%20Daniel%20Marques
%20P%C3%A9rigo.pd f>

Normas de Vigilância Sanitária

Essas normas são descritas em vários manuais da ANVISA e são definidas por

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um conjunto de ações e medidas que são capazes de prevenir, diminuir ou eliminar
riscos à saúde humana e possibilitam intervir nos problemas sanitários decorrentes no
meio ambiente, assim como na produção e circulação de bens e serviços que estão direta
ou indiretamente envolvidos na área da saúde.
No Brasil, muitas cidades já possuem um serviço de Vigilância Sanitária muito
organizado e responsável por ações que visam proteger e promover a saúde da
população. Antigamente, desde o início das primeiras cidades, já era possível identificar
registros relacionados a preocupações referentes à Vigilância Sanitária.

Manuseio e Transporte Seguro de amostras Biológicas e Materiais


Infecciosos

De maneira geral, uma amostra qualquer que chega ao laboratório antes de ser
analisada deve estar identificada com uma etiqueta autocolante, contendo uma descrição
legível com nome do paciente, sexo, o tipo de exame solicitado e a procedência da
amostra.
O procedimento de colagem da etiqueta de identificação deve ser realizado de
maneira que se possa visualizar a amostra e, a coleta deve ser realizada em tubos
específicos, não colocar etiquetas em cima do código de barra, bem como fitas adesivas
que podem prejudicar a leitura dos mesmos.

Acondicionamento para o transporte

O acondicionamento das amostras que serão utilizadas nas análises de rotina


laboratorial possui alguns cuidados que devem ser observado em seu acondicionamento
e transporte, com a finalidade de se evitar perdas que possam comprometer a qualidade
dos serviços prestados. Porém, existem algumas diferenças básicas para esses aspectos
quando se realiza um transporte a curta distância ou a longa distância, sendo que alguns
itens devem ser observados como:
Para transporte rápido e a curta distância, os tubos com amostras podem vir em
estantes e transportados em caixas térmicas; os demais materiais podem variar de
acordo com as orientações para cada tipo de amostra, onde estas devem ser observadas
cuidadosamente;
Para o transporte mais demorado e a longa distância, devem-se colocar os tubos
96
com as amostras, devidamente identificados e etiquetados em um saco plástico e lacrá-
lo; posteriormente deve-se colocar o saco com os tubos em pé, protegido com papel
dentro de um recipiente adequado e selar com fita adesiva para fixar o saco com tubos
na embalagem; deve-se acondicionar em uma caixa térmica com gelo reciclável dentro;
colocar em um saco plástico a parte as requisições correspondentes às amostras, sendo
que estas devem estar devidamente preenchidas; deve-se fechar e vedar a caixa
adequadamente; além de identificá-la com destinatário e remetente, e realizar o envio ao
laboratório.

Planos de Contingência

Esses planos são conhecidos também como planos gerais de emergência e


devem se acionados em casos de acidentes. Caso ocorra um acidente no ambiente
laboratorial, nunca se deve entrar em pânico, tem que pensar na melhor solução para
minimizar os riscos e danos, mantendo a situação sob controle. Sendo assim, algumas
medidas se tornam eficientes em caso de acidentes, tais como:
• Deve-se evitar o pânico e chamar Imediatamente o responsável pelo setor
para o controle da situação;
• Devem-se evitar aglomerações na área e proceder ao atendimento do
acidentado imediatamente;
• Caso ocorra o derramamento de líquido ou fluido, deve-se isolar a área e
cobrir o material derramado com hipoclorito de sódio e deixar em repouso, não se deve
varrer o local antes de descontaminar a área para evitar a formação de aerossóis;
• Deve-se identificar a origem do material contaminado e registrar o
acidente, se possível com testemunhas;
• Em caso de emergência, deve-se proceder ao encaminhamento do
acidentado a um hospital ou pronto atendimento;
• Caso ocorram acidentes com materiais perfurocortantes devem-se tomar
alguns cuidados adicionais, como: deve-se lavar o local com sabão e cobrir o local com
gaze estéril; promover a identificação do soro/sangue/paciente e comunicar o
responsável técnico presente; em alguns casos o chefe do setor solicitará ao acidentado
uma autorização para a realização de exame diagnóstico sorológico para HIV e Hepatite
com o compromisso de não divulgar o resultado.
Há também procedimentos que são necessários no caso de tratamentos

97
profiláticos com as possíveis drogas recomendadas pela Organização Mundial da Saúde
e Secretaria de Saúde, além de que qualquer acidente deve ser registrado e informado
nas instâncias superiores do Setor e da Secretaria de Saúde, conforme preconizado no
POP pela CIBio e pela Vigilância Sanitária.

98
REFERÊNCIAS

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