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Introdução

O ensino médio em Análises Clinicas da Escola de Formação de Técnicos de


Saúde Cabinda (EFTSC) dota os seus alunos de conhecimentos teóricos e
práticos em diversas áreas das análises clínicas com vista ao desempenho da
prática laboratorial com o mais alto rigor. Este culmina num estágio de três
meses num laboratório de análises clínicas que tem como principal objectivo
proporcionar aos alunos uma experiência prática em contexto real.

Este estágio é de enorme importância pois permite consolidar e aplicar os


conhecimentos adquiridos ao longo da formação académica.

O estagio foi realizado no laboratório do Hospital Municipal de Buco-Zau, no


município de Buco-Zau, sob a orientação da equipe técnica do mesmo
laboratório. Durante o estagio, desenvolvi actividades em diversas áreas do
laboratório, nomeadamente nas áreas de Hematologia e Hemoterapia, tendo
contado sempre com o apoio e o acompanhamento da equipe técnica.

Este relatório pretende descrever a organização do laboratório, bem como o


trabalho realizado ao longo do estágio. Farei uma breve caracterização do
laboratório, e irei descrever as diversas actividades realizadas no sector de
Hematologia e Hemoterapia. No final do relatório apresento um caso clinico,
observado ao longo do estágio, que permitiram fazer a discussão dos
resultados analíticos obtidos e aplicar os conhecimentos adquiridos.

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Capítulo I – Apresentação do local de estágio

1.1- Descrição da área de estágio


Quanto ao posicionamento geográfico o Hospital Municipal de Buco-Zau, está
localizada na província de Cabinda, no município de Buco-Zau, no bairro
Deolinda Rodrigues, junto a administração de Buco-Zau e a estação de
tratamento de águas ETA.

O Hospital Municipal de Buco-Zau é uma unidade sanitária integrado ao serviço


nacional de saúde para a prestação de assistência médica medicamentosa,
teve a sua reabilitação em 2008 á 2009. A sua inauguração foi feita em 2010,
pelo Governador em mandato na altura o Sr. Mawete João Baptista.
Actualmente o hospital conta com 72 funcionários, dos quais 30 técnicos de
enfermagem, 12 médicos, 5 técnicos de diagnostico terapêutico, 5 técnicos de
raio x, 5 técnicos de fisioterapia, 10 apoio hospitalar e 8 administrativos.

O Hospital Municipal de Buco-Zau comporta as seguintes secções:

Banco de Urgências;
Consultas externas (pediatria e medicina);
Maternidade;
P.A.V e Puericultura;
Estomatologia;
Laboratório de analises clinicas e hemoterapia;
Raio x;
Fisioterapia;
Farmácia;
Estatísticas médicas;
Serviços de apoio hospitalar (lavandaria e refeitório).

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Capítulo II – Actividades hospitalares ou laboratoriais
desenvolvidas durante o estágio

2.1- Relatório de estágio


O referido estágio hospitalar teve início no dia 16 de Novembro de 2023,e teve
uma duração de 3 meses, no Hospital Municipal de Buco-Zau.

O estágio envolveu, numa primeira fase, o acompanhamento do trabalho


laboratorial diariamente nas diferentes áreas, nomeadamente, hematologia e
hemoterapia. Numa segunda fase, foram desenvolvidas actividades
independentes naquelas áreas, pois permite consolidar e aplicar os
conhecimentos adquiridos ao longo da formação académica, embora sempre
sob a supervisão da equipe técnica que sempre me apoiou e acompanhou.

No decorrer do estágio, tive a oportunidade de melhorar as técnicas de punção


capilar e venosa, em seguida, tive o privilégio de aprender o método para
quantificar a densidade parasitária da malária pelo microscópio usando a
fórmula de quantificação, de realçar ainda que não tenho o pleno domínio.

Fórmula:

Nº de Parasitas contados X 8000


Nº de Parasitas/ μ de sangue=
Nº de Leucócitos contados

Aprendi a usar o método de números na identificação da cor da urina, no


exame físico da Urina II, sendo que o número 1 representa uma urina de cor
amarela, o número 2 representa uma urina de cor amarelo claro e o número 3
representa uma urina de cor castanho ou cor vermelha.

Aprendi a interpretar o resultado de alguns testes imunocromatográficos


existentes no laboratório.

No serviço de transfusões, aprendi desde o critério para aceitação do dador,


extracção de sangue, armazenamento e preparação para transfusão segundo
uma solicitude medica e de acordo à metodologia técnica estabelecida.

A equipe técnica do laboratório é composto por 5 técnicos que são:

Cândido da Silva (chefe do laboratório);


Ana Kibondo;
Suzana Vilhena;
Teresa Fausta;
Pascoalina Muila.

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O laboratório é constituído por uma sala de colheita, uma quarto de stock, um
WC e uma sala principal onde se realizam todos exames, sem esquecer a
Hemoterapia que dispõem de uma sala onde se encontram os refrigeradores
para o armazenamento do sangue para fins transfusionais e um WC.

A planificação e tarefas efectuadas dentro da secção do laboratório do Hospital


Municipal de Buco-Zau, é feita seguindo um padrão:

Uniformizar-se;
Lavagem das mãos;
Higienização do local de trabalho;
Preparação dos materiais;
Distribuição da equipe em diferentes áreas de trabalho;
Registro dos pacientes;
Realização dos exames solicitados;
Interpretação e lançamentos dos resultados;
Distribuição dos resultados nas diferentes áreas do hospital.

O mesmo funciona em uma escala de 3 turnos, repartidos pelos técnicos


anteriormente citados, cada turno compreende 72h de trabalho e 6 dias de
folga.

No referido laboratório, é feita a realização dos seguintes exames:

Pesquisa de plasmódio;
Dosagem de Hemoglobina;
Reacção de Widal;
Velocidade de Sedimentação;
Urina II;
Tipagem sanguínea;
Pesquisa de filária;
Glicemia;
Testes imunocromatográficos (Malária, HIV, VDRL, HBS e HCV).

O laboratório garante sempre a qualidade do processo analítico desde a


colheita da amostra até a entrega do resultado ao utente.

2.2- Dificuldades encontradas


No decorrer do estágio, tive dificuldades nos processos analíticos, e deixar bem
claro que ainda tenho tremores e dificuldades na hora de executar os
procedimentos técnicos.

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De realçar ainda, que tive dificuldades na realização da punção venosa em
crianças e em adultos com massa corporal excessiva que dificultam a saliência
das veias.

Apresentei dificuldades na observação e quantificação da densidade parasitária


ao microscópio e que não tenho o pleno domínio, bem como na observação
microscópica da pesquisa de filária.

Apresentei dificuldades na realização dos exames de Widal e Urina II.

No serviço de transfusões, as dificuldades partiram desde o critério para


aceitação do dador, extracção de sangue, armazenamento e preparação para
transfusão segundo uma solicitude medica e de acordo à metodologia técnica
estabelecida.

2.3- Sugestões para o melhoramento no futuro


Durante o meu período de estágio no Hospital Municipal de Buco-Zau,
concretamente na área do laboratório, tive uma excelente experiência de
trabalho e gostaria de descrever algumas sugestões para o meu melhoramento
futuro:

Melhorar a minha dinâmica e entrega na hora de observação e


execução das técnicas feitas por intermédio dos técnicos;
Procurar conhecer mais sobre as diferentes áreas de laboratório não
existentes no meu local de estágio e assim aprofundar o meu
conhecimento;
Perder o medo e enfrentar o tremor das mãos na execução das técnicas
e assim ter agilidade na hora do trabalho, evitando causas de erros nos
processos analíticos;
Procurar ser mais confiante e acreditar naquilo que faço para bem dos
meus utentes;

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Capitulo III – Descrição do caso técnico

3.1- Conceito da técnica


A técnica de westergren, consiste em uma mistura de 1,6ml de sengue venoso
mais 0,4ml de citrato de sódio, são colocados num tubo transparente com
diâmetro interno de 2,5mm e graduado em milímetros. A marca zero da
graduação fica na extremidade superior, exactamente a 200mm da ponta da
pipeta. A técnica exige que o tubo com a amostra de sangue seja mantido
exactamente na vertical e permaneça em repouso pelo menos uma hora. A
leitura é dada pela altura da coluna de plasma, no limite de separação com as
hemácias sedimentadas. O resultado, expresso em milímetros por hora (mm/h).

3.2- Importância do exame


O exame de velocidade de sedimentação desempenha um papel vital no
diagnóstico e acompanhamento de diversas doenças inflamatórias e auto-
imunes. Ao medir a taxa de sedimentação das células sanguíneas, a
velocidade de sedimentação ajuda a identificar condições patológicas e
fisiológicas no paciente. Além disso, o exame de velocidade de sedimentação
avalia a eficácia do tratamento dessas condições.

Embora não forneça um diagnóstico isolado, a velocidade de sedimentação é


uma ferramenta essencial para orientar profissionais de saúde, permitindo
cuidados mais eficazes e abordagens terapêuticas adequadas.

3.3- Princípio do exame


Parte inicial: Uma amostra de sangue é colectada de uma veia,
geralmente no braço do paciente, extraindo 2ml, colocar em um tubo
contendo citrato de sódio, em seguida pipeta até a marca 0mm do tubo
de westergren. O tubo é deixado em pé e em repouso já montado no
suporte de westergren, permitindo que os glóbulos vermelhos se
assentam no fundo do tubo.
Parte final: Após 1hora, a altura da camada de plasma claro (parte do
sangue sem células) acima dos glóbulos vermelhos sedimentados é
medida. O resultado é dado em milímetros por hora (mm/h).

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3.4- Fase pré-analítica do exame
Conceito e importância desta fase

A fase pré-analítica engloba a análise da requisição, preparação do doente,


colheita das amostras, transporte, conservação e a sua preparação
(separação, triagem e identificação das amostras). Esta fase é, sem dúvida,
determinante para a qualidade e validade dos resultados obtidos sendo uma
das mais críticas, já que é a fase menos automatizada e mais susceptível ao
erro humano.

Anamnese

Bom dia! Sr. Madalena Nhangui, tudo bem contigo? Meu nome é Alberto
Madeca sou estagiário do Hospital Municipal de Buco-Zau, o médico solicitou-
lhe um exame de velocidade de sedimentação, eu vou retirar-lhe uma pequena
quantidade de sangue para a realização do mesmo exame solicitado, adiantar
já que vai sentir uma dor ligeira quando eu for a introduzir a agulha da seringa
em seu braço mais a dor passa em um instante.

Cadastro do paciente
 Nome: Madalena Nhangui
 Sexo: Feminino
 Idade: 65 anos
 Morada: Terra Nova
 Peso: 58 kg
Material e reagente utilizado
 Marcador;
 Luvas;
 Álcool etílico 70%;
 Algodão;
 Seringa;
 Garrote;
 Tubo de citrato de sódio.
Equipamento (aparelho)
 Suporte de Westergren;
 Cronómetro.
Tipo de amostra biológica
 Sangue.
Estado do paciente

Em geral, o paciente deve estar em jejum de 8horas (excepto nos casos de


urgência). No entanto é recomendando evitar uma dieta rica em gordura antes
da coleta, no mínimo de 4horas.

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Armazenamento e estabilidade da amostra

Realização do procedimento no menor intervalo de tempo possível (até 4 horas


após a coleta).

Critério para rejeição da amostra


 Alimentação prévia;
 Identificação inadequada ou incorrecta;
 Estase venosa prolongada;
 Volume de amostra impróprio;
 Tubo de coleta inadequado
 Ocorrência de coágulos;
 Tempo prolongado entre a coleta e a execução do exame.
Erros que podem ocorrer na fase pré-analítica
 Interpretação errada da requisição medica;
 Falta de orientação ao paciente;
 Colecta inadequada das amostras;
 Transporte e armazenamento inadequado de amostras.

3.5- Fase analítica


Conceito e importância desta fase

A fase analítica processa-se de diferentes formas consoante o sector, podendo


ser executada por processos manuais ou automatizados. Nessa fase, é feita a
testagem das amostras colectadas e feito um detalhamento com todos dados
colectados das amostras.

Procedimento da técnica ou exame


 Colectar 2ml de sangue do paciente por punção venosa;
 Levar o sangue a um tubo com anticoagulante citrato e por
inversão ou movimentos circulares, promover a mistura do
anticoagulante com o sangue;
 Inserir a pipeta graduada de westergren no tubo, aspirar até que
o sangue suba pelo interior e atinja a marca de 0mm na parte
superior da mesma;
 Evitar bolhas no interior da pipeta;
 Montar no suporte de westergren;
 Deixar a estante em repouso, em local apropriado, sem
trepidações;
 Marcar o horário de início da sedimentação e ler o resultado após
1hora;

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 Fazer a leitura do plasma, considerando-se o limite entre o
plasma e as hemácias;
 Lançar o resultado sem esquecer a unidade.
Erros que podem ocorrer na fase analítica
 Execução da técnica do exame.

3.6- Fase pós-analítica


Conceito e importância desta fase

A fase pós-analítica é todo processo feito após a realização do exame. É nessa


fase em que os dados colectados passam por uma análise mais profunda antes
da liberação dos laudos.

Lançamento e interpretação dos resultados


 Lançamento dos resultados: a velocidade de sedimentação é
expressa como o número de milímetros que o sangue
sedimentou no espaço de 1hora e o resultado é expresso em
mm/h (milímetros por hora).
 Valores altos: as situações que normalmente aumentam a
velocidade de sedimentação, são infecções virais ou bacterianas,
como gripe, sinusite, pneumonia, infecção urinária ou diarreia,
por exemplo. No entanto, ele é muito utilizado para avaliar e
controlar a evolução de algumas doenças que alteram resultado
de forma mais significativa como:
o Vasculites, que são inflamações da parede dos vasos
sanguíneos;
o Osteomielite que é uma infecção dos ossos;
o Tuberculose que é uma doença infecciosa.

Além disso, é importante lembrar que qualquer situação que


altere a diluição ou a composição do sangue pode alterar o
resultado do exame. Alguns exemplos são gravidez, diabetes,
obesidade, insuficiência cardíaca, insuficiência renal,
alcoolismo ou anemias.

 Valores baixos: o exame de velocidade de sedimentação baixo,


geralmente, não indica alterações. No entanto, é importante
lembrar que existem situações que podem manter a velocidade
de sedimentação anormalmente baixo, e confundir a detecção de
inflamações ou infecções. Algumas destas situações são:
o Policitemia que é o aumento das células do sangue;
o Leucocitose severa que é o aumento de glóbulos brancos
no sangue;
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o Esferocitose hereditária que é um tipo de anemia que
passa de pais para filhos.
Desta forma, o médico sempre deve ver o valor da
velocidade de sedimentação e analisá-lo de acordo com a
história clínica da pessoa, pois nem sempre o seu
resultado, é compatível com a situação da saúde da
pessoa avaliada.
Valores de referência

Grupos etários Valores de referência (mm/h)


Masculino Feminino
Recém-nascidos 0–2 0–2
Crianças 3 – 13 3 – 13
Adultos < 50 0 – 15 0 – 25
Idosos > 50 0 – 20 0 – 30

Erros que podem ocorrer na fase pós-analítica


 Resultados incorrectos por comunicação oral, escrita ou
electrónica.

Discussão dos resultados

A paciente em questão apresentou o resultado de 63mm/h. O resultado da


paciente apresenta alguma infecção, levando em consideração o índice de
63mm/h e que a paciente é uma idosa acima dos 50 anos. Entretanto, existem
alguns factores que influenciam a velocidade de sedimentação que devem ser
considerados, como por exemplo diabetes, anemia, processos infecciosos e
inflamatórios diversos, insuficiência cardíaca entre outros, pois a velocidade de
sedimentação, não indica o local ou a gravidade da infecção, e, por este motivo
é um exame pouco específico, devendo sempre ser associado a exames
complementares para um diagnóstico definitivo de patologias.

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Conclusão

Este estágio foi de enorme importância a nível pessoal, académico e


profissional uma vez que me permitiu entrar em contacto com o dia-a-dia da
rotina de um laboratório de analises clinicas e aplicar os conhecimentos
adquiridos durante o meu percurso académico, principalmente os adquiridos na
E.F.T.S.C em Análises Clínicas.

O relatório de estágio hospitalar descreveu as actividades realizadas por mim,


assim como demostrou um caso clínico acompanhado durante esse período.

De salientar, que o estágio me dotou de competências indispensáveis ao


trabalho na área das análises clínicas. Permitiu desenvolver o meu espírito
crítico em relação à qualidade das amostras, a capacidade de resolução de
problemas decorrentes da rotina laboratorial e o sentido de responsabilidade
para com a qualidade dos resultados fornecidos aos utentes. A capacidade de
trabalho da equipa revelou-se uma ferramenta fundamental, e juntamente com
as competências mencionadas anteriormente, será uma das principais
valências a levar destes 3 meses.

Por fim, dizer que o estágio me fez sentir mais seguro e preparado para o
ingresso no mercado de trabalho.

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Referências bibliográficas

1. Relatorio_fina_soniafaria.pdf

2. VelocidadeDeHemossedimentasaoVHS.2.pdf

3. Relatório MAC Fernanda Silva.pdf

4. Relatório de Estágio_Ana Paula Augusto.pdf

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