Você está na página 1de 4

Princípios básicos de trabalho em laboratório clínico

Resumo
O Laboratório Clínico é uma especialidade indispensável na medicina atual. O presente
capítulo define os seus objectivos e funções, no que diz respeito aos cuidados médicos;
Aponta para a situação complexa que enfrenta atualmente, motivada, entre outros
fatores, pela crescente introdução de novas tecnologias e demanda crescente, e algumas
propostas para o uso racional deste recurso s ão oferecidas. Também apresenta a
variedade de testes realizados no laboratório clínico, a equipe que nele trabalha e as
instalações envolvidas. Um espaço também é dedicado aos materiais e reagentes, bem
como às perspectivas que Abriu a introdução da computaç ão ao trabalho dos
laboratórios médicos.
OBJETIVOS E FUNÇÕES DO LABORATÓRIO CLÍNICO
O Laboratório Clínico é uma especialidade médica básica, pertencente ao grupo dos
chamados meios diagnósticos e, como todos eles, hoje é indispensável. No que diz
respeito à assistência médica, os exames laboratoriais destinam-se a:
1. Ajude a confirmar ou descartar um diagnóstico. 2. Estabeleça uma previs ão.
3. Acompanhar a evolução da doença e os resultados do tratamento.
4. Detectar complicações.
5. Colaborar com estudos epidemiológicos e grupos de risco.
6. Constituem uma parte essencial dos protocolos de investigaç ão científica e dos
ensaios clínicos para a introdução de novos medicamentos.
Durante esse tempo, uma vasta experiência foi acumulada no estudo das alteraç ões
humorais que ocorrem durante a evolução de uma doença ou como consequência de
um tratamento. Isso levou a uma demanda crescente por exames diagnósticos, que
tiveram que ser atendidos pelos profissionais do laboratório, que responderam, por sua
vez, com uma oferta que excedia a demanda e, ao mesmo tempo, aumentou, o que
causou uma espiral viciosa com a qual se criou uma situaç ão muito complexa, que pode
ser resumida da seguinte forma:
1. Aumento considerável da variedade de análises realizadas em laboratórios, algumas
das quais duplicam as informações fornecidas por outros, sem fornecer novos dados.
2. Aumento progressivo da quantidade de pesquisas indicadas, motivado pela
massificação dos serviços de saúde, pelo mercantilismo da medicina, pelos estudos
populacionais (screening) e pelas demandas dos sistemas de seguro médico em muitos
países, entre outras causas. Em vários países do nosso continente, este aumento é da
ordem dos 15% nos últimos cinco anos do século XX.
3. O próprio progresso científico e técnico (o desenvolvimento de novas técnicas de
diagnóstico rápido e a disseminação e melhoria de equipamentos automatizados, por
exemplo) estimulou o desenvolvimento de uma mentalidade que leva os profissionais
médicos a realizar determinadas investigaç ões e procedimentos, n ão porque sejam
necessários, mas porque são possíveis.
4. O trabalho do laboratório tem sido feito em poucos anos t ão complexo e a
quantidade de informações que ele fornece é tão considerável, que muitos profissionais
não tiveram tempo de se adaptar a essas mudanças e assimilar essas informaç ões.
5. Uma transformação epistemológica ocorreu na educaç ão médica nas últimas décadas:
por um lado, os programas não enfatizam o uso correto dos meios diagnósticos nem
estimulam, nos futuros médicos, o desenvolvimento de uma mentalidade que permita
obter o máximo de benefícios para os pacientes com o menor custo possível para a
sociedade; Por outro lado, o pessoal dos próprios laboratórios é muitas vezes mal
preparado em termos de gestão da qualidade que lhes permite alcançar excelentes
resultados. Além disso, esses funcionários muitas vezes precisam de treinamento para
capacitá-los a se envolver em um diálogo efetivo com os médicos assistentes.
6. Há uma demanda crescente para que os laboratórios clínicos utilizem seus recursos de
forma eficaz e atuem com qualidade exemplar, sendo evidente a necessidade do uso
racional desse importante recurso.
Aqui estão algumas sugestões para alcançar esse objetivo:
1. Especificar de forma adequada as limitações e a utilidade clínica da pesquisa realizada
no laboratório.
2. Promover a eliminação de evidências que duplicam informaç ões.
3. Estabeleça prazos lógicos para a realização de exames evolutivos.
4. Desenvolver protocolos adequados, em conjunto com os médicos assistentes, tanto
para a prática diária quanto para a pesquisa e definir as circunstâncias em que ser ão
empregados.
5. Enfatizar estudos de custo-benefício e custo-efetividade e elaborar uma política
adequada que vise à redução de custos sem prejudicar a assistência ao paciente.
6. Reduzir o pedido de emergências ao mínimo inconcebível.
7. Preste especial atenção às etapas pré-analítica e pós-analítica.
8. Identificar os problemas que dificultam o fluxo de trabalho do laboratório e
estabelecer medidas para sua solução.
9. Avaliar criticamente as necessidades atuais e as perspectivas de desenvolvimento do
laboratório, antes de introduzir novos exames e novas tecnologias.
10. Educar a equipe para as mudanças que precisam ser introduzidas.
11. Os profissionais de laboratório devem promover um sistema de gest ão da qualidade
total, alinhado com as expectativas atuais e futuras, explícitas e implícidas.
EXAMES REALIZADOS NO LABORATÓRIO CLÍNICO
Atualmente, a variedade de exames realizados pelo laboratório clínico é considerável: no
entanto, nem todos os laboratórios podem realizar essa ampla gama de pesquisas, nem
todas as instituições médicas de um país, incluindo as mais especializadas, oferecem
todos os serviços. Cada país estabelece, de acordo com sua própria política de saúde, as
pesquisas realizadas nos laboratórios da rede pública de saúde, em 1 nível de atenç ão
(primário, secundário e terciário). Quanto ao setor privado, nos países onde existe, esse
aspecto costuma ser controlado pela acreditação de laboratórios desse setor, pelas
associações Médicas Nacionais, em coordenação com para o estudo de doenças
infecciosas.
É necessário conhecer as características dos métodos de análise, suas limitaç ões, as
possíveis interferências, o preparo do paciente e, por fim, realizar os cálculos de custo-
benefício de sua introdução.
Em geral, os testes laboratoriais podem ser agrupados em:
1. Hemoquímica: inclui testes para o estudo do metabolismo de carboidratos, proteínas,
lipídios, água e eletrólitos e do equilíbrio ácido-básico; enzimas séricas, produtos
intermediários ou finais do metabolismo, oligodimens ões, hormônios e níveis de drogas
no sangue, entre outros.
2. Hematologia: inclui um grupo de exames básicos ou habituais (hemoglobina,
hematócrito, contagem de células sanguíneas, exame da extens ão colorida do sangue
periférico, cálculo das constantes corpusculares, velocidade de hemossedimentaç ão) e
testes mais especializados, tais como estudos de anemias hemolíticas e nutricionais,
exame das extremidades coloridas da medula óssea (medulograma), colorações
citoquímicas e alguns estudos realizados com o uso de radionuclídeos, sondas
moleculares ou microscopia eletrônica.
3. Estudos de hemostasia: reúnem todos os exames que permitem explorar os
mecanismos de coagulação sanguínea, fibrinólise e atividade dos trombócitos.
4. Imunologia: inclui uma ampla gama de práticas para o estudo da autoimunidade,
imunodeficiências, tipagem para transplantes
5. Exame químico e citológico da urina, líques cefalorraquidianos, líquido amniótico ou
frasco, seminal, saliva e exsudatos e transudatos.
6. Biologia molecular: recentemente introduzidas no laboratório clínico, s ão utilizadas
sondas de DNA para estudo das doenças infecciosas. origem neoplásica e genética, bem
como por sua titulação cada vez mais os métodos clássicos de estudo do sistema
imunológico. O DNA disponível para uma reação é amplificado pela reaç ão em cadeia da
polimerase (PCR), que resulta em diagnósticos mais rápidos e específicos e abre
possibilidades insuspeitadas há alguns anos.
7. Em Cuba, laboratórios de nível primário de atenç ão médica realizam exame
parasitológico de fezes, bem como exame direto de escarro, para pesquisa de bacilos
álcool-ácido resistentes (como parte do Programa Nacional de Controle da Tuberculose).
CORPO CLÍNICO DO LABORATÓRIO
O recurso mais importante de qualquer atividade humana é o próprio homem; No
laboratório clínico não é exceção. A composição, o nível de educaç ão e as
responsabilidades do pessoal de laboratório variam de país para país e mesmo dentro
dos países. Há alguns anos, a Organização Mundial da Saúde (OMS) tentou introduzir
uma ordem na denominação dada aos membros de uma equipe de laboratório, de
acordo com sua categoria e atribuições. Embora esta ordem n ão tenha sido aceita em
todos os países, é um guia útil para classificar o pessoal: 1. Médicos especialistas em
Laboratório Clínico: no final
INSTALAÇÕES LABORATORIAIS
Clínico
As instalações em que a investigação laboratorial é realizada devem satisfazer
determinadas condições físicas que satisfaçam as necessidades de trabalho actuais do
departamento e permitam uma certa flexibilidade para se adaptar às mudanças
tecnológicas num futuro previsível. Isso deve levar em conta as necessidades e
perspectivas da instituição (ou instituições) de saúde atendidas pelo laboratório; Em
outras palavras, é conveniente considerá-lo como um ambiente dinâmico. Para o projeto
de um laboratório clínico deve ser
Avalie os seguintes fatores:
1. Necessidades que dependem do fluxo de trabalho (quantidade e variedade de
análises eletivas ou emergenciais, número de pessoal, fluxo amostral, entre outros).
2. Requisitos em função do tipo e quantidade de equipamentos, automaç ão,
informatização, estações de trabalho.
3. Requisitos para instalações auxiliares, administrativas (escritórios), ensino (salas de
aula), limpeza e esterilização de materiais, armazenamento (incluindo refrigeraç ão), sala
de espera, amostragem e outras instalações para o pessoal (banheiros, armários,
chuveiros, sala de descanso para o pessoal de plant ão, etc.).
4. Necessidade de áreas com características especiais (área estéril, área para trabalhar
com isoopes ra-diativos).

Você também pode gostar