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CENTRO UNIVERSITÁRIO DO VALE DO IPOJUCA – UNIFAVIP|WYDEN

CURSO DE GRADUAÇÃO EM BIOMEDICINA - BACHARELADO

GEOVANNA SAMARA DE SOUZA SILVA

ESTÁGIO SUPERVISIONADO EM ANÉLISES CLÍNICAS I (500H)

CARUARU
2021
GEOVANNA SAMARA DE SOUZA SILVA

ESTÁGIO SUPERVISIONADO EM ANÉLISES CLÍNICAS I (500H)

Atividade acadêmica apresentada à


Coordenação de Estágio do Curso de
Biomedicina do Centro Universitário do Vale
do Ipojuca, como requisito parcial para
obtenção de nota referente à Avaliação Parcial
2 (AP2).

CARUARU
2021
INTRODUÇÃO

O processo de estágio é uma experiencia de fundamental importância para a


formação integral de todos os profissionais, vista a necessidade das instituições, a cada
dia maior, de profissionais dotados de habilidades e bem preparados. A prática do
estágio consolida o conhecimento teórico adquirido pelo aluno na universidade, permite
o esclarecimento de dúvidas além de facilitar a inserção do futuro profissional no
mercado de trabalho (BERNADY; PAZ, 2011).
O campo de atuação profissional do Biomédico é amplo, e em transformação
contínua, exigindo um profissional em aprendizagem constante de conhecimento e
pratica, nesse contexto se reafirma a importância do estágio. Quanto as análises clínicas
é a área na qual estão inseridos a maior parte dos biomédicos, devido à formação dos
mesmos e ao preparo advindo da graduação (OLIVEIRA et al., 2010).
As análises clínicas abrangem uma ampla extensão de funções laboratoriais
tendo como objetivo o diagnóstico, tratamento e prevenção de doenças. Os patologistas
clínicos são pessoas treinadas adequadamente para gerenciarem todos os setores de um
laboratório, como bioquímica, toxicologia, hematologia, imunologia e microbiologia
pode também envolver a manutenção de sistemas de informação e controle de
qualidade. As decisões médicas são baseadas em resultados laboratoriais, o papel do
analista clinico se torna essencial no diagnóstico. Todos os dados laboratoriais fornecem
a possibilidade do rastreio precoce de fatores de risco, escolha de métodos preventivos
eficazes, sugestão de procedimentos menos invasivos e otimização na administração de
medicamentos (CFBM, 2015).

A inclusão da habilitação conforme o Conselho Regional de Biomedicina, o


profissional biomédico deverá obter sua experiência comprovada. Tendo o título de
especialista da Associação Brasileira de Biomedicina (ABBM; onde se faz necessário
outros pré-requisitos além de estágios/atuação na área, tempo de atuação, cursos de pós-
graduação reconhecidos pelo MEC, etc.), na conclusão da graduação (via estágio
supervisionado de 500 horas) e nas residências multi-profissionais ou biomédicas,
mediante comprovação de tempo de atuação ou residência. O biomédico analista clínico
está habilitado a realizar exames de análises clínicas, bem como assumir a
responsabilidade técnica e assinar laudos, executar o processamento de sangue, suas
sorologias e exames pré-transfussionais além de assumir chefias técnicas, assessorias e
direção destas atividades (CFBM, 2015).

Assim, apresenta-se este trabalho como relatório final de estágio em análises


clínicas, realizado no Laboratório e Clínica Medica Dr. José Flávio (LABCLIN) na
cidade de Balo Jardim – PE, como componente curricular da grade do curso de
biomedicina da universidade UNIFAVIP.
OBJETIVO

Consolidar os conhecimentos teóricos e práticos adquiridos até o presente


momento da formação através da vivencia da aplicação prática dos mesmos. Bem como
executando as técnicas laboratoriais em análises clínicas e desenvolvendo as habilidades
e competências práticas em complemento aos conteúdos teóricos do curso de
biomedicina promovendo o relacionamento multiprofissional e observando a
importância do trabalho em equipe.
RELATO DAS ATIVIDADES DESENVOLVIDAS NO ESTÁGIO

DESENVOLVIMENTO:

As análises clinicas como todo ou cada subárea separadamente (hematologia,


bioquímica, imunologia, urianálise, parasitologia e microbiologia) constituem
habilitações para o profissional biomédico, desse modo a prática de técnicas
laboratoriais permite que o estudante adquira experiência, essa se torna um diferencial
para obtenção de vínculos empregatícios (CFBM, 2015; OLIVERA et al. 2010).

Nos setores acima citados inicialmente houve acompanhamento, e explicação


por parte dos funcionários do laboratório, sobre o funcionamento e exames realizados
bem como a interpretação do mesmo, o quadro de funcionários é composto pelo
bioquímico-farmacêutico, responsável por validar e liberar os laudos, dos técnicos de
laboratório, que realiza a parte operacional dos exames e da técnica de enfermagem,
responsável pela coleta das amostras.

COLETA DAS AMOSTRAS:

A coleta das amostras fica a cargo da técnica de enfermagem e as técnicas de


laboratório. O paciente iniciava seu atendimento na recepção da clínica, onde
apresentava quais exames desejava realizar e sua documentação para o cadastro dos
seus exames no sistema (o sistema usado pela clínica é o Esmeralda). A OS (ordem de
serviço) do paciente já era enviado direto para a impressora da sala de coleta.

O paciente era convocado para a sala de coleta onde inicialmente se


começava a parte de anamnese (se seus exames eram de rotina ou para
acompanhar algum tratamento, quais tipos de medicamento o paciente fazia uso
continuo, etc.), é feito a identificação com uma etiqueta que é impressa no próprio
sistema contendo o nome do paciente, o exame que vai ser realizado, sua OS e um
código de barra que é muito utilizado quando o material chega no laboratório, e
em seguida a coleta das amostras desejadas é realizada para o exame especifico.
As amostras biológicas coletas pelos estagiários foi sangue, obtidas por punção
função venosa através de vácuo ou seringa, verifica-se a OS e separava-se então os
tubos de coleta, posicionava o paciente e localizava a veia, o calibre determinava se a
coleta seria a vácuo ou com seringa, realizava-se a assepsia do local da veia e era
introduzida a agulha para obtenção do sangue. Secreção vaginal para diversos exames,
como citologia oncótica vaginal, pesquisa de gardnerella, cultura de secreção vaginal e
entre outras pesquisas, utilizando o material adequado para cada uma delas. Raspado da
pele para micologia, pelos para toxicologia e coleta capilar para teste do pezinho.

Apesar da pouca atuação do biomédico nesse setor (fica a cargo dos técnicos), o
domínio dessa área bem como das análises em geral é de suma importância, uma vez
que o profissional biomédico pode supervisionar os setores de coleta de materiais
biológicos (CFBM, 2015).
FONTE: laboratório HERMES PARDINI
FONTE: laboratório LABCLIN; setor Coleta, 2021.

TRAGEM DO MATERIAL BIOLOGICO:


Antes das amostras serem manipuladas para realização dos exames no
laboratório elas passam por um processo de triagem. Todas as amostras que estão com
as etiquetas de identificação com o código de barra são triadas no sistema do
laboratório, nesse processo é avaliado se as amostras estão em condições adequadas
para dá início aos exames e também são retirados às planilhas onde juntamente com as
amostras vão ser destinadas aos setores correspondentes a cada exame.

Esse setor é de extrema importância para a organização das amostras para serem
processadas e manipuladas em seus setores.

ESTRUTURA FÍSICA DO LABORATÓRIO


O Laboratório de Análises Clínicas da Clínica Medica Dr. José Flávio da Cidade
de Belo Jardim – PE é dividido em três sectores principais: Hematologia, Bioquímica,
Imunologia, Microbiologia, Parasitologia, Urianalise e a parte de Lavagem e
Esterilização dos materiais. Qualquer um destes sectores funciona em espaços físicos
independentes, sendo dotados de todo o equipamento necessário à realização das
diversas provas analíticas.
HEMATOLOGIA:

Neste sector, que ocupa uma sala, são realizados hemogramas existindo dois
tipos de máquina, sendo uma a ABX MICRO 60 (conforme figura 1) analisador
automático de células sanguíneas e também a BC-5380 MINDRAY (conforme figura 2)
automático, neste equipamento é realizado todo o hemograma e por sistema de
interfaceamento os resultados são lançados no laudo do paciente, onde passa por uma
conferência do biomédico, caso o hemograma conste alguma alteração anormal no
resultado é feito uma lâmina e repetição no outro equipamento. Provas de coagulação,
determinação de velocidade de sedimentação globular, doseamento de hemoglobina
glicosilada no aparelho NYCOCARD (conforme figura 3), grupo sanguíneo ABO e
fator RH (conforme figura 4) coloração panótico e observação ao microscópio do
esfregaço de sangue periférico.

FONTE: laboratório LABCLIN; BC – 5380, 2021.

FONTE: laboratório LABCLIN; MICRO 60, 2021.

Esfregaço sanguíneo:
Realizava a identificar da lâmina, colocava-se uma gota de amostra na mesma
extremidade da identificação. A partir dessa gota, com a lâmina extensora em um
ângulo de 45°, recuava-se a extensora até tocar no sangue para que se espalhasse
(fazendo movimentos para cima e para baixo), em seguida, com um único movimento
para frente e constante, formava-se o esfregaço. Esperava secar para realizar a coloração
(5 segundos no álcool, 5 segundos na eosina e 5 segundos na hematoxilina), tirava-se o
excesso da coloração e esperava-se a secagem espontânea.

FONTE: laboratório LABCLIN; CONFECÇÃO DE LÂMINA setor Hematologia, 2021.

Contagem diferencial:
Depois da lâmina corada, era feita a contagem de leucócitos (neutrófilos, linfócitos,
monócitos e eosinófilos) no contador manual de células, com contagem total de 100
células por lâmina. A contagem era feita do meio ao final da lâmina (cauda), na objetiva
de 10x (para análise de campo) e de 40x (para diferenciação de células).
Valores referência:
Neutrófilos (50-70)
Linfócitos: (20-40)
Monócitos: (02-10)
Eosinófilos: (01-06)
Neutrofilia: indicativo de infecções bacterianas, leucemias e processos inflamatórios.
Linfocitose: infecções virais agudas e infecções crônicas (tuberculose e sífilis),
leucemias, amigdalites e processos ganglionares.
Monócitos: infecções (septicemia, mononucleose e tuberculose).
Eosinofilia: frequente nas parasitoses, processos imunoalérgicos e leucemias.
Técnica de Fônio (contagem de plaquetas):
Na lâmina em que era feita o esfregaço e a coloração, adicionava-se uma gota do
óleo de imersão e fazia-se a contagem de 4 a 5 campos ao microscópio na objetiva de
100x. O resultado era obtido pela soma da contagem dos campos multiplicado pelo
valor de RBC obtido através da máquina.
Valor referência:
150 a 450
Interpretação:
O aumento de plaquetas pode acontecer devido a causas patológicas (anemias) ou
fisiológicas (estresse, exercícios intensos);
A diminuição de plaquetas pode evidenciar doenças autoimunes, como lúpus, e
deficiências nutricionais, por exemplo.
OBS: Todo esse processo só era realizado caso algum hemograma constasse
alterações discrepantes, todos os equipamentos passavam por manutenção mensal
e por calibrações semanais para verificação dos parâmetros, então eram resultados
confiáveis.

FONTE: laboratório LABCLIN; setor de Hematologia, 2021.


Grupo sanguíneo: Utilizando o sangue total em EDTA, reserva-se 4 tubos de ensaio, 1
tubo com 1.000ml de soro fisiológico juntamente com 100ml da amostra de sangue do
paciente, pipetava 10 vezes para acontecer a diluição do sangue na amostra de soro, os
demais tubos eram colocados anti A, anti B e anti C (Rh), em cada tubo é adicionado
100ml dessa amostra diluída juntamente com uma gota dos reagentes anti A, anti B e
anti C (conforme a figura 1) em cada respectivo tubo. Esses 3 tubos são colocados na
centrífuga em 1.000 rpm durante 15 segundos ou 3.400 rpm durante 5 segundos. Após a
centrifugação, é feita a analise para liberar o resultado. É conduta do laboratório o
resultado ser confirmado por mais uma pessoa para obter o resultado.

FONTE: laboratório LABCLIN; setor de Hematologia, 2021.


TEMPO DE PROTROMBINA (PT):

Esta prova de coagulação é um procedimento útil para detectar anomalias na via


extrínseca da coagulação. A prova consiste na determinação do tempo de coagulação
duma amostra de plasma sem cálcio, a 37ºC, na presença de um excesso de
tromboplastina tecidular, à qual é adicionada cálcio. O tempo de coagulação do plasma
da amostra está relacionado com a presença dos factores da via extrínseca (factores II,
V, VII, X, fibrinogénio). Este parâmetro pode encontrar-se elevado em situações de
deficiência de vitamina K, em certas doenças do fígado, em deficiências específicas de
coagulação e em determinadas terapias anticoagulantes à base de varfarina. O resultado
deste parâmetro pode ser apresentado, assim como o tempo de controlo, em segundos,
em percentagem (protrombinémia) ou em INR (International Normalized Ratio). O INR
possibilita uma comparação do tempo de protrombina independentemente do local onde
é feita a análise.

INR = (Tempo de Protrombina da Amostra/Tempo do Controlo) ISI ISI – Índice de


Sensibilidade Internacional (fornecido pelo fabricante).

Os valores obtidos para o tempo de protrombina devem sempre ser analisados em


relação ao tempo do controlo realizado.

TEMPO DE ACTIVAÇÃO PARCIAL DE TROMBOPLASTINA (APTT):

A determinação deste parâmetro é útil para detectar anomalias na via intrínseca de


coagulação, além disso é usada para monitorizar terapias coagulantes à base de
heparina. Permite avaliar a presença de todos os factores da via intrínseca excepto das
plaquetas e do factor XIII. A amostra estudada é plasma em citrato, de modo que não
apresenta cálcio ou plaquetas e contém todos os outros factores de coagulação da via
intrínseca. São adicionados ao plasma cálcio, um fosfolípido substituto de plaquetas e
um activador, determinando-se então o tempo que o plasma demora a coagular. O
APTT pode encontrar-se prolongado devido à deficiência de um dos factores de
coagulação da via intrínseca (factores XII, XI, IX, VIII, X, V, II e fibrinogénio) ou
presença de um inibidor. Os valores obtidos para este parâmetro devem ser analisados
em função do controlo, pois o resultado pode variar bastante com a alteração dos
reagentes em uso.

FONTE: laboratório LABCLIN; BioSystems COA X, 2021.

HEMOGLOBINA GLICADA A1C:

Num indivíduo adulto normal existem mais que um tipo de hemoglobina, que
diferem entre si nas cadeias polipeptídicas que as constituem, sendo identificadas pela
menos três: HbA (α2β2), HbA2 (α2δ2) e HbF (α2γ2). Dos três tipos de hemoglobinas
referidas a HbA é o tipo predominante, constituindo cerca de 97% da hemoglobina total
encontrada nos eritrócitos. A HbA apresenta também uma grande heterogeneidade de
fracções, nomeadamente a fracção HbA1 (A1a1, A1a2, A1δ e A1c) também
denominada hemoglobina glicada que constitui cerca de 7% da hemoglobina HbA
presente no organismo.

A maior fracção das hemoglobinas glicosiladas corresponde à fracção HbA1c, que


apresenta uma molécula de glicose ligada ao terminal valina de uma ou das duas cadeias
β da hemoglobina A. Visto que a membrana dos eritrócitos é permeável à glicose, a
ligação desta à hemoglobina ocorre dentro das células e reflecte a quantidade média de
glicose no sangue durante os 3 ou 4 meses antes da colheita, correspondentes ao de
tempo de vida dos eritrócitos. Por isto, a determinação da HbA1c pode ser útil no
acompanhamento e monitorização de pacientes diabéticos controlados e no diagnóstico
de diabetes mellitus não tratada.

Para a determinação desta hemoglobina no laboratório do Labclin é utilizado o


aparelho NycoCard (conforme figura) que acompanha todo um kit para a realização do
exame.

FONTE: laboratório LABCLIN; NycoCard, 2021.


BIOQUIMICA:

Este sector ocupa uma sala com um aparelho automático, o BA-200 da BioSystems
(conforme a figura 1), com uma alta capacidade para os reagentes e amostras (88
posições) realizando 200 testes\hora. As coletas para a bioquímica são realizadas em
tubos com gel separador, assim que recebida as amostras no setor passavam pelo
processo de centrifugação, em seguida posicionadas no carrossel de amostras dentro da
BA-200, aciona a leitura de todos os códigos de barra colocados no equipamento e
assim ele começa a realização dos exames. Todos os exames depois de realizados já são
diretamente enviados por interfaceamento para a OS de cada paciente, depois conferido
pelo analista e liberado. No mesmo setor tem outro equipamento que é o A15 (conforme
a figura 2) também da BioSystems, mas ele só é utilizado para confirmação de algum
resultado que tenha dado muito alterado na BA-200 ou caso ele esteja em manutenção
ou quebrado. O equipamento de bioquímica faz dosagem de diversos exames: glicose,
triglicerídeos, colesterol, HDL, VLDL, LDL, TGO, TGP, GGT, acido úrico, ureia,
creatinina, lipase, amilase, fosfatase alcalina, magnésio, CK-MB, CK, sódio, potássio,
cloro, ferro, ferritina, proteínas totais, bilirrubinas total e direta, cálcio.

Neste sector possui dois módulos distintos: um correspondente aos testes bioquímicos e
outro correspondente aos testes imunológicos. Todos os exames de imunologia são
feitos como teste rápido de acordo com o fabricante com uma exerçam do teste
sorológico para COVID-19 que é feito no iChoma II.
FONTE: laboratório LABCLIN; BioSystems BA – 200, 2021.

FONTE: laboratório LABCLIN; BioSystems A15, 2021.

FONTE: laboratório LABCLIN; iChroma II, 2021.


IMUNOLOGIA:

Na imunologia o trabalho consistiu principalmente nas provas analíticas realizadas


pelos testes rápidos de acordo com cada bula e fabricante. Neste módulo determinavam-
se os parâmetros analíticos abaixo indicadas.

Marcadores Virais:

Hepatite A - Anticorpos IgG e IgM.; Hepatite B - Anti-HBs, Anti-HBc e Anti-HBe,


Antigénio HBs e Antigénio HBe; Hepatite C – Anti-HCV; HIV – Antigénio e
Anticorpos; Citomegalovirus – Anticorpos IgG e IgM; Toxoplasmose IgG e IgM; beta
HCG; dengue IgG e IgM; LATEX; PCR; ASO.

VDRL:

Para a realização desse exame utilizava a placa de Kline onde é colocado no poço
50 µL da amostra com 20 µL do reagente, levava-se pra o agitador de Kline por 5
minutos à 180 RPM, logo levava para o microscópio para fazer a leitura na objetiva de
10x. Caso a amostra fosse reagente realizava-se a diluição, onde colocava-se em cada
poço a ser utilizado 50 µL de soro fisiológico e com 50 µL do soro do paciente fazia a
diluição pipetando em cada poço, seguinte forma:1/2,1/4, 1/8, 1/16, 1/32, 1/64, 1/128,
realizava a diluição de acordo com a necessidade da amostra, após o fim da diluição
despreza 50 µL que fica na ponteira ao fim da diluição, é adicionado 20 µL em cada
poço, levava-se para o agitador por 5 minutos à 180 RPM, após isso colocava-se no
microscópio para observar na objetiva de 10x em qual poço da diluição parava de
ocorrer a reação de floculação.

PARASITOLOGIA:
O exame parasitológico de fezes era feito através de dois métodos: Método de
Hoffman (segmentação espontânea), onde fazia-se a diluição da amostra e em seguida a
filtração através de gases colocados na superfície do cálice. Aguardava-se de 2 a 24
horas para a sedimentação espontânea acontecer e colocava-se uma gota da amostra
com uma gota de lugol e a lamínula para análise microscópica.
E o Método de Hoffman modificado, o qual difere do método anterior apenas na
sedimentação que vai para a centrífuga por 15 minutos a 3500 RPM.
Interpretação:
Os exames parasitológicos servem para fazer a maioria dos diagnósticos de
parasitoses intestinais. Esse diagnóstico é feito através da identificação de ovos e larvas
dos helmintos e trofozoítas, cistos e oocistos de protozoários. Por meio da morfologia
de cada organismo era feita a distinção dessas parasitoses. Foi possível observar
diversas lâminas onde se encontrou ovos de áscaris, enteróbios, entamoeba coli e
hystolítica, entre outros.

Método Kato-Kats
Colocava-se a lâmina com o suporte e a telinha, em seguida a amostra até preencher.
Tirava-se o suporte e pressionava-se com o papel celofane. Em seguida, levamos a
lâmina ao microscópio para a análise na objetiva de 10x. O método é usado para
identificação de ovos do parasita Schistosoma mansoni.
Também é realizado os seguintes exames: PH fecal e substancia redutora nas fezes
que utiliza a fita química colocada nas fezes diluída e o teste de sangue oculto, que é
realizado de acordo com cada fabricante do teste.

URIANÁLISE:
A análise da urina e feita através de três etapas:
A física, que avalia o aspecto, a cor e o odor;
A bioquímica, avaliada através do mergulho da fita bioquímica na amostra (conforme a
figura), avaliando os valores de pH, densidade, nitrito, urobilinogênio, proteínas,
cetonas, sangue, bilirrubina, glicose e leucócitos;
A sedimentoscopia, que era feita a partir da centrifugação das amostras por 5
minutos a 2000 RPM, em seguida descartando-se o sobrenadante e fazendo a elaboração
da lâmina. A lâmina era levada ao microscópio e analisada na objetiva de 10x para
quantificação de fios de muco e células epiteliais e observação da existência de cristais e
cilindros em geral, e analisada na objetiva de 40x para identificação dos cristais e
cilindros e suas quantificações.
Referências:
Fios de muco, células epiteliais, cristais e cilindros eram quantificados em raros, vários
e numerosos; hemácias e leucócitos em cruzes.
Hemácias: Negativo- 1 por campo; Positivo- Uma cruz: 3 à 10 por campo; Duas cruzes:
10 à 20 por campo; Três cruzes: > 20 por campo.
Leucócitos: Negativo- 1 à 4 por campo; Positivo- Uma cruz: 5 à 10 por campo; Duas
cruzes: 10 à 20 por campo; Três cruzes: > 20 por campo.
Ainda na sedmentoscopia podia-se observar a presença anormal de bactérias e
leveduras.
Interpretação:
Alterações físicas e/ou bioquímicas e identificação de estruturas anormais na
sedimentoscopia são indicativas de infecções urinárias e problemas nos rins.

CITOLOGIA:
Na parte citológica realizávamos a coleta das amostras, preparando todas as lâminas
(exame Papanicolau) onde eram enviadas para um laboratório de apoio para realização
do exame. Realizei a visita neste laboratório de apoio e tive a oportunidade de
acompanhar a parte de coloração e observação dos aspectos citológicos das infecções
específicas, como Gardinerella e Trichomonas, alterações inflamatórias e as reações
benignas. O exame citológico é um exame preventivo, utilizado na pesquisa de
alterações cancerosas ou pré-cancerosas.

MICROBIOLOGIA:

Neste setor é possível identificar quatro áreas de trabalho: Bacteriologia, Micologia


e Tuberculose. Em todas as áreas existe um grande número de técnicas e procedimentos
realizados. Assim, será descrito resumidamente o trabalho diário em cada área e
também algumas técnicas realizadas.

Bacteriologia: Na Bacteriologia o principal objetivo é purificar e identificar


colónias de bactérias ou leveduras semeadas em meios de cultura a partir de diversos
tipos de amostras que incluem catéteres, hemoculturas, secreções brônquicas, liquido
cefalorraquidiano, exsudados vaginais, fezes, urinas e outros produtos líquidos como os
líquidos peritoneais, pleurais, pericárdicos e sinoviais. Quando as amostras são
recebidas no laboratório, são semeadas nos meios de cultura selecionados e é feita uma
lâmina com coloração de gram (conforme a figura) para a observação ao microscópio.
Esta observação permite uma pesquisa orientada das colónias nos meios de cultura. Os
vários meios de cultura têm características únicas que permitem a obtenção das colónias
puras das bactérias responsáveis pelas infecções. Como ponto de partida para a maior
parte das amostras usa-se a Gelose de Sangue (GS) onde crescem a maior parte das 7
bactérias e depois, dependendo da morfologia da colónia e da observação do gram,
fazem-se repicagens para o meio CLED, no caso de serem bacilos, meio CNA se forem
cocos, meio HAE, PolyViteX ou Chocolate se há suspeita de hemófilos.

Muitas vezes a observação do gram associada ao pouco crescimento na GS orienta


a pesquisa no sentido das bactérias anaeróbias. Neste caso são utilizados os meios CDC
e KV. Em situações de pouco crescimento, independentemente do tipo de bactérias
presentes, são também usados meios de enriquecimento como o Brain-Heart ou o
Cooked Meat. Nas amostras de fezes o meio utilizado para a cultura primária é o
Hektoen, para a pesquisa de Salmonella e Shigella. As hemoculturas recebidas são
incubadas num Bact Alert 3D da BioMérieux durante 5 dias ou até positivarem. Só
depois de positivarem é que são realizados o gram e a GS. São também utilizados meios
como o STREPB, para a pesquisa de Streptococcus do grupo B, o YER, para a pesquisa
de Yersinia, entre outros. Todos estes meio são colocados na estufa a 37ºC, no mínimo
24 horas. A partir do momento em que é isolada uma colónia pura parte-se para a
identificação que é feita a partir nos aparelhos automáticos VITEK.2 ou VITEK.MS da
BioMerieux. São também realizados testes rápidos que permitem diferenciar géneros e
espécies de bactérias, como o teste da coagulase e da catalase.

Depois de identificada a espécie responsável pela infecção é feito o antibiograma


(conforme a figura). No VITEK.2 é feito o antibiograma automático, mas pode ser
necessário realizar a técnica manual para confirmar determinadas resistências ou em
situações em que a técnica automática não obtenha resultados. Nestes casos são
realizados E-Testes e testes de Difusão em Disco. Por fim, a espécie identificada e o
antibiograma correspondente, são reportadas através do sistema informático.

Micologia: Na Micologia é feita a identificação e isolamento de fungos usando o


meio Sabouraud que é semeado muitas vezes por repicagem de uma GS em que se
desconfia que a colónia presente seja um fungo. Os mais comuns são as espécies de
Candida sp. Também é feita a identificação e isolamento de outros tipos de fungos
(fungos filamentos, por exemplo). A pesquisa de fungos é feita principalmente
recorrendo a kits comerciais, como o Kit de imunofluorescência para a detecção de
Pneumocystis jirovecii da BIORAD, que consiste na marcação dos quistos de
Pneumocystis jirovecii com anticorpos que vão emitir fluorescência quando observados
ao microscópio de fluorescência.

Tuberculose: Esta área dedica-se à pesquisa de micobactérias. O trabalho diário


consiste essencialmente na realização da técnica de homogeneização das amostras com
o objectivo de as homogeneizar, concentrar e purificar. As amostras recebidas são muito
diversificadas, mas as principais são as expectorações, os aspirados brônquicos e os
lavados broncos alveolares. A técnica termina com a inoculação no meio Lowenstein-
Jensen e no meio MGIT e a preparação de uma lâmina com a coloração Tan Thiam
Hok. Os meios permitem o crescimento das micobactérias inibindo o crescimento de
outras bactérias. No Lowenstein-Jensen as colónias de micobactérias têm um aspecto
tipo couve-flor. O meio MGIT é um meio líquido colocado a incubar num Bactec MGIT
960 da Becton Dickinson, que detecta o consumo de oxigénio devido ao crescimento
das micobactérias. Quando há um positivo faz-se uma inoculação em GS para rejeitar a
possibilidade de contaminação e prepara-se uma lâmina com a coloração Tan Thiam
Hok para confirmar a presença de micobactérias por observação ao microscópio. Ambos
os meios são incubados durante 6 semanas, verificando-se se há crescimento todos os
dias. Se ao final de 6 semanas não houver crescimento de micobactérias a amostra é
reportada como negativa. Em determinadas situações pode também ser realizada uma
técnica de PCR através da extracção do DNA directamente da amostra.
FONTE: laboratório LABCLIN; setor Microbiologia, 2021.

CONSIDERAÇÕES FINAIS

A experiência do estágio em um hospital público que atende pessoas de baixas


condições foi de grande valia para a formação em diversos aspectos, devido a demanda
e o quadro reduzido de funcionários pode-se de fato realizar a prática das atividades, é
de conhecimento que o aprendizado e maior quando é realizada a ação, quando
comparada a apenas teorias ou acompanhamentos. Além do fato de que a maior parte
da equipe esteve disposta a transmitir seus conhecimentos, para que o trabalho realizado
pelo estagiário fosse realizado de maneira adequada e eficaz.

O contato com outros profissionais e estudantes da área ampliou a visão sobre a


profissão e a importância da mesma, além de perceber que a realidade das populações
vulneráveis está mais perto do que se imagina, foi observado casos de pacientes
atendidos vítimas de armas de fogo, intoxicação por medicamentos, tentativas de
suicídio, acidentes, presos (acompanhados pela polícia militar), além de pacientes em
convulsão e em isolamento devido infecções.

Através do estágio pode-se constatar de fato a necessidade de humanização nos


profissionais, sobretudo na área da saúde, tais experiências foram chocantes de início,
porém são reconhecidas como experiências únicas e engrandeço-as para a formação,
percebe-se a necessidade de formação de pessoas que antes de ser profissionais devem
ser seres humanos, pois lida-se com vidas e sentimentos, o que sido deixado a desejar na
geração atual.

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