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LABORATÓRIO DE PARASITOLOGIA CLÍNICA

MÉTODO DE RUGAI

MÉTODO DE RUGAI

APLICAÇÕES GERAIS DO MÉTODO DE RUGAI

O método de Rugai pode ser aplicado para o diagnóstico direto de Strongyloides


stercoralis, um nematoide que infecta humanos, considerado uma das espécies mais
relevantes na clínica por sua prevalência e por apresentar um amplo espectro de
manifestações clínicas, que variam de quadros assintomáticos, agudos e crônicos até
hiperinfecções em pacientes imunocomprometidos. Dados epidemiológicos de
estrongiloidíase são relativamente escassos. Além disso, a doença é muito subestimada,
devido a variações em sua distribuição mundial. A prevalência em países desenvolvidos
é maior em agricultores, trabalhadores rurais, imigrantes e pessoas que viajam para
áreas endêmicas. Já nos países em desenvolvimento, está associada a áreas endêmicas,
atingindo principalmente crianças, pelo frequente contato com solos contaminados.
Outro problema é a falta de higiene pessoal e a escassez de fontes de água potável. No
Brasil, essa doença é de grande importância na saúde pública, porém suas taxas de
infecção podem variar, dependendo da região. Os dados epidemiológicos de prevalência
em regiões endêmicas são pouco precisos, pois os métodos aplicados para detecção de
parasitos têm baixa sensibilidade e, muitas vezes, não fazem parte da rotina laboratorial.
O diagnóstico clínico da estrongiloidíase é presuntivo, ou seja, é conduzido por meio de
uma suspeita clínica e epidemiológica. Porém, a doença pode ser confundida com outras
enteroparasitoses, pois os sinais e sintomas são inespecíficos. Dessa forma, na suspeita
do diagnóstico de estrongiloidíase, são levados em consideração a combinação de
sintomas, como diarreia, dor abdominal e urticária, além de eosinofilia e achados
radiográficos e sorológicos.

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MÉTODO DE RUGAI

VANTAGENS

O método de Rugai é uma adaptação simplificada do método de Barmann-


Moraes, apresentando algumas vantagens. Tem como princípio a utilização da
temperatura da água a 45oC, facilitando a captura de larvas por meio do termotropismo
e do hidrotropismo positivos, fazendo com que estas migrem para a água morna do
funil, acumulando-se no fundo, por sedimentação espontânea. Além disso, o método
tem baixo custo, quando comparado a outros, sendo viável na rotina laboratorial.

LIMITAÇÕES

Uma das limitações do método se deve às dificuldades inerentes ao diagnóstico


laboratorial da estrongiloidíase. Com exceção de hiperinfecções, a eliminação de ovos
nas fezes é mínima e irregular, e os parasitos adultos habitam o interior do tecido
intestinal em vez do lúmen. Por isso, podem não ser detectados nas fezes, sendo mais
precisamente detectados por biópsia ou, ocasionalmente, aspirados duodenais.

Estudos recentes têm demonstrado que métodos diagnósticos para


estrongiloidíase por exames parasitológicos que utilizam microscopia, como o método
de Rugai, têm baixa sensibilidade e especificidade.

PASSO A PASSO

Para pesquisar o Strongyloides stercoralis em fezes frescas, o experimento exige


os seguintes materiais: gaze, cálice de sedimentação, água aquecida, pipeta, lâmina,
lamínula, lugol e microscópio. Primeiramente, retira-se a tampa do frasco que contém
a amostra de fezes frescas e coloca-se a gaze sobre ela, em formato de cruz. Fecha-se a
gaze, formando uma espécie de “trouxa”. Em seguida, coloca-se esse material, com a
“boca” para baixo, dentro de um cálice de sedimentação contendo água aquecida a uma
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temperatura de 45 oC, em quantidade suficiente para entrar em contato com as fezes,


deixando em repouso por 2 horas. Após o repouso, retira-se cuidadosamente o
sedimento do cálice (1 mL) e pipeta-se uma gota na lâmina. Acrescenta-se, então, uma
gota de lugol, coloca-se a lamínula sobre a amostra e procede-se à análise ao
microscópio. É importante ressaltar que a consistência da amostra de fezes não seja
líquida, pois impossibilita a realização do teste.

Figura 1 – Aparato do método de Rugai. Cálice de sedimentação contendo fezes frescas dentro da gaze em contato
com a água morna.

INOVAÇÕES

Atualmente, muitos esforços e investimentos vêm sendo realizados para


desenvolver novos métodos de detecção e melhorar a sensibilidade e especificidade dos
métodos diagnósticos já existentes para infecções por S. estercoralis. São muitas as
dificuldades encontradas para detecção das larvas nas fezes, por meio dos métodos
parasitológicos comuns, principalmente devido a escassez ou flutuações na eliminação
das larvas nas fezes dos pacientes suspeitos. Isso faz com que os métodos mais simples

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disponíveis para diagnóstico sejam pouco eficazes e pouco sensíveis, mesmo


implementando repetições no experimento. Assim, métodos de diagnóstico indireto,
utilizando abordagens de imunologia e biologia molecular, têm sido amplamente
testados. Porém, apesar de muitos esforços, os métodos imunológicos têm sido pouco
empregados para o diagnóstico de estrongiloidíase, principalmente pela dificuldade em
produzir um antígeno que apresente boa resposta e alta especificidade para a realização
de imunoensaios, e porque reações falso-positivas podem ocorrer devido a reações
cruzadas com antígenos de outros parasitos presentes no soro do paciente infectado.
Ainda assim, a abordagem imunológica é considerada a melhor para a triagem de casos
agudos no início da doença. O teste de Elisa é o método sorológico mais utilizado para
detectar anticorpos anti-S. stercoralis, apresentando alta sensibilidade (57% a 100%) e
especificidade (60% a 100%). Quando métodos parasitológicos simples, como o de
Rugai, falham na detecção de estrongiloidíase, ou seja, quando o resultado do teste é
negativo, mas o paciente exibe os sintomas da doença, o resultado pode ser confirmado
por meio de outras técnicas, inclusive de biologia molecular. Entre elas, o Western
Blotting, que utiliza frações solúveis de proteínas de larvas filarioides (fase infectante)
contra o soro de paciente infectado com o parasito, e o método de reação em cadeia da
polimerase (PCR), que utiliza detecção do DNA do parasito em fezes. Ambos os métodos
vêm sendo amplamente utilizados para esse fim.

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REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

CARVALHO, S.; GONÇALVES, F. A.; CAMPOS FILHO, P.; GUIMARÃES, E.; GONZÁLEZ Y
CÁCERES, A. et al. Adaptation of the Rugai et al. method for analysis of soil parasites.
Rev Soc Bras Med Trop 2005; 38:270-271.

CDC – Centers for Disease Control and Prevention. Parasites – Strongyloides. CDC, 2019.
Disponível em: https://www.cdc.gov/parasites/strongyloides/biology.html. Acesso em:
15 fev. 2021.

LAIGNIER, Elisa Rabello. Diagnóstico de Strongyloides stercoralis a partir de análises de


sedimento obtido com dez ou mais gramas de fezes. – Universidade Federal do Espírito
Santo, 2011.

LEVENHAGEN, M. A.; COSTA-CRUZ, J. M. Atualização em diagnóstico imunológico e


molecular de estrongiloidíase humana. Acta Tropical 2014; 135:33-43.

NEVES, David Pereira. Parasitologia humana. 13. ed. São Paulo: Atheneu, 2016.

WHO – World Health Organization. Soil-transmitted helminth infections. WHO, 2020.


Disponível em: https://www.who.int/news-room/fact-sheets/detail/soil-transmitted-
helminth-infections. Acesso em: 15 fev. 2021.

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