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LABORATÓRIO DE PARASITOLOGIA CLÍNICA

MÉTODO DE WILLIS

MÉTODO DE WILLIS

O método de Willis baseia-se em flutuação simples. É um método qualitativo


direto, que permite demonstrar a presença das formas parasitárias, sem, entretanto,
quantificar a carga parasitária do indivíduo (intensidade de infecção). Esse método
fundamenta-se em duas características: densidade e tigmotropismo. Corpos menos
densos tendem a flutuar sobre uma solução mais densa. Assim, ovos leves de helmintos
e outras formas parasitárias tendem a flutuar espontaneamente até a superfície,
separando-se dos detritos fecais, quando se adiciona uma solução mais densa, como a
de sulfato de zinco. Uma vez na superfície, esses ovos e larvas entram em contato com
a face inferior de uma lâmina de vidro e se aderem a ela, devido a seu tigmotropismo
positivo (tendência a aderir a superfícies sólidas após um contato físico). Por meio
dessas duas características, a técnica de Willis permite facilmente fixar ovos pouco
densos de uma amostra fecal em uma lâmina.

O método de Willis é indicado na pesquisa de ovos de helmintos de baixo peso


específico, principalmente nematoides, como ancilostomídeos e Trichuris trichiuria, mas
também pode ser utilizado para a pesquisa de ovos férteis de Ascaris lumbricoides e
cistos de protozoários, permitindo a rápida identificação e tratamento dos indivíduos
infectados. A técnica ainda pode ser utilizada em inquéritos coproparasitológicos, para
auxiliar nas diretrizes de controle de ancilostomose pelo serviço de saúde.

O método de Willis apresenta como vantagem a formação de uma membrana


clara (menisco) com baixa quantidade de detritos fecais na superfície do tubo que
contém a amostra biológica diluída, além da separação seletiva de ovos de helmintos e
cistos de protozoários. Ela também é de simples execução, exige pouca infraestrutura,
tem baixo custo e permite um rápido diagnóstico, devido ao curto espaço de tempo
entre a execução e a leitura do resultado. Como desvantagens, há um alto risco de

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contaminação do ambiente de trabalho e de alterações das paredes dos cistos e ovos,


devido à presença de reagentes de alta densidade, como sulfato e zinco. Além disso, a
técnica é pouco indicada para identificação de ovos de trematodas (Fasciola hepatica,
Schistosoma mansoni), cestodas e alguns nematódeos (como Enterobius vermicularis e
ovos inférteis de Ascaris lumbricoides), por serem mais pesados, sendo indicado, nesses
casos, o método de Hoffman, Pons & Janer, que se baseia em sedimentação espontânea.

Inicialmente, a técnica de Willis, assim como a de Faust, utilizava uma solução


saturada de cloreto de sódio, que posteriormente foi modificada por Faust et al. (1939)
e substituída por uma solução de sulfato de zinco. O cloreto de sódio, muitas vezes,
provocava o encolhimento e deformação das estruturas dos parasitos, dificultando ou
inviabilizando sua identificação. A substituição pelo sulfato de zinco resolveu esse
problema, porém sua desvantagem é que a observação da lâmina deve ser realizada em
até 20 minutos após a adição desse reagente, porque podem ocorrer alterações nas
estruturas dos ovos que dificultam a identificação.

Os métodos de Hoffman, Pons & Janer e de Willis são as técnicas parasitológicas


utilizadas rotineiramente para pesquisa de ovos de helmintos pesados e leves,
respectivamente. A técnica de Willis é considerada o método de escolha para pesquisa
de ovos de ancilostomídeos, enquanto o método de sedimentação espontânea, que
permite a identificação de ovos de helmintos de modo geral, é mais utilizado quando se
deseja fazer um inquérito coproparasitológico geral das helmintíases envolvidas na
infecção populacional.

Uma técnica semelhante à de Willis é a de Faust. O método de Faust é


empregado, principalmente, para a pesquisa de cistos de protozoários e de ovos leves
de helmintos, e se baseia em uma diferença de densidade, em que os cistos e ovos
flutuam quando tratados com uma solução de sulfato de zinco. Entretanto,
diferentemente da técnica de Willis, na técnica de Faust a amostra diluída passa por
uma etapa de centrifugação que a concentra, permitindo a detecção de ovos mesmo
em amostras com baixa concentração de parasitos. Por isso, a técnica de Faust também
é conhecida como centrífugo-flutuação com sulfato e zinco.

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Figura 1 – Aspecto morfológico do ovo de ancilostomídeos, identificado pelo método de Willis.

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REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

CERQUEIRA, E. J. L.; ARCANJO, M. S.; ALCÂNTARA, L. M. Análise comparativa da


sensibilidade da técnica de Willis, no diagnóstico parasitológico da ancilostomíase.
Diálogos & Ciência, n. 10, 2007. Disponível em: http://www.ftc.br/dialogos/upload/17-
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Editorial, 2001.

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REY, L. Bases da parasitologia médica. 2. ed. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 1992.

TÁPARO, C. V.; PERRI, S. H. V.; SERRANO, A. C. M.; ISHIZAKI, M. N.; COSTA, T. P. D.;
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no diagnóstico de ovos de helmintos e oocistos de protozoário em cães. Revista
Brasileira de Parasitologia Veterinária, 1:1-5, 2006.

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