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SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO ................................................................................... 3

2 HISTÓRICO ....................................................................................... 4

2.1 Análises clínicas .......................................................................... 6

2.2 Profissionais que atuam em análises clínicas ............................. 7

3 LABORATÓRIO DE ANÁLISES CLINICAS ..................................... 11

3.1 Tipos de laboratórios clínicos .................................................... 12

3.2 Exames realizados em Laboratórios clínicos ............................ 14

3.3 Principais exames realizados .................................................... 33

4 LEGISLAÇÃO DE ESTRUTURA E FUNCIONAMENTO DE UM


LABORATÓRIO DE ANÁLISES CLÍNICAS...................................................... 35

4.1 Infraestrutura física de um laboratório – RDC nº 50/2002. ........ 37

5 LABORATÓRIOS DE SAÚDE PÚBLICA ......................................... 41

5.1 SISLAB – Sistema Nacional de Laboratórios de Saúde Pública 42

5.2 Biossegurança Laboratorial (NB3/NBA3) .................................. 44

5.3 Sistema Gerenciador De Ambiente Laboratorial (GAL) ............. 44

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ...................................................... 46

BIBLIOGRAFIA ...................................................................................... 49

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1 INTRODUÇÃO

Prezado aluno!
A Rede Futura de Ensino, esclarece que o material virtual é semelhante
ao da sala de aula presencial. Em uma sala de aula, é raro – quase improvável
- um aluno se levantar, interromper a exposição, dirigir-se ao professor e fazer
uma pergunta , para que seja esclarecida uma dúvida sobre o tema tratado.
O comum é que esse aluno faça a pergunta em voz alta para todos ouvirem e
todos ouvirão a resposta. No espaço virtual, é a mesma coisa. Não hesite em
perguntar, as perguntas poderão ser direcionadas ao protocolo de atendimento
que serão respondidas em tempo hábil.
Os cursos à distância exigem do aluno tempo e organização. No caso da
nossa disciplina é preciso ter um horário destinado à leitura do texto base e à
execução das avaliações propostas. A vantagem é que poderá reservar o dia da
semana e a hora que lhe convier para isso.
A organização é o quesito indispensável, porque há uma sequência a ser
seguida e prazos definidos para as atividades.

Bons estudos!

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2 HISTÓRICO

Fonte: lacliu.com.br

As Análises Clínicas no Brasil nunca tiveram autonomia acadêmica, mas


sempre foram ligadas as Escolas e Faculdades de Farmácia no início e, mais
tarde, as Faculdades de Biomedicina. Assim como não há Faculdade de Análises
Clínicas, não há Conselhos que representem diretamente esta profissão.
As Análises Clínicas no Brasil atualmente são regulamentadas por três
Conselhos: o de Farmácia, o de Biomedicina e o de Medicina. Não existe uma
Faculdade autônoma de Análises Clínicas, mas sempre dependeu do curso de
Farmácia na modalidade Análises Clínicas, embora outros profissionais
pudessem trabalhar nesta área.
Os cursos de Biomedicina e de Medicina não são específicos para esta
área, embora no primeiro caso a faculdade tenha se adaptado da sua principal
função, já que pela lei 6.684/79 as atribuições do Biomédico eram referidas a
análise do meio ambiente, serviços de radiologia, hemoterapia e
radiodiagnóstico e pesquisa científica. Hoje as Análises Clínicas são
regulamentadas por lei.
Embora tenham sido criados cursos de Farmácia anexos aos cursos de
Medicina no Rio de Janeiro e em Salvador, a criação do curso de Farmácia em
Ouro Preto em 1839 pela Assembleia Provincial constitui-se em um marco, na
medida em que este passa a constituir-se no primeiro curso autônomo desta
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área no Brasil. Esta iniciativa tentou normatizar uma realidade onde predominava
amplamente a medicina popular, complementada pela ação de práticos e de
alguns poucos profissionais com formação acadêmica.
Somente em 1874 foram adquiridos equipamentos para a montagem do
gabinete de Física e do laboratório de Química, embora dedicados à farmácia,
esta prática ainda era subvencionada pelo governo a pessoas particulares. Mais
tarde, em 1891, permitiu-se a compra na Europa de aparelhos, máquinas e
material de laboratório necessários ao ensino prático. No início do século é que
realmente a Escola de Farmácia começa a se delinear como iniciadora das
análises clínicas com a criação dos laboratórios de Química Orgânica e
Biológica, laboratório de Química Analítica e Toxicologia.
Em função do ressurgimento da peste, com a lembrança da primeira
pandemia no VI século, que atingiu todo o mundo romano, a do século XIV que
aniquilara um quarto da população da Europa, o novo grande ciclo, iniciado na
China e alcançando a América do Sul pelo Paraguai e Argentina, aportando à
cidade de Santos em outubro de 1899, o governo federal designou Oswaldo
Cruz, para juntamente com Adolpho Lutz e Vital Brazil, verificar a real etiologia
da epidemia de Santos.
Confirmado oficialmente que “a moléstia reinante em Santos era a peste
bubônica”, as autoridades sanitárias decidiram instituir laboratórios para
produção de vacina e soro contra a peste: Instituto Butantã, em São Paulo, e no
Instituto Soroterápico Municipal no Rio de Janeiro, em 1900. A partir daí,
começam a acorrer ao Instituto estudantes de medicina, em busca de estágio ou
de orientação para suas teses, então indispensáveis para a graduação. Novos
temas de pesquisa foram sendo rapidamente adotados em diversos domínios:
hematologia, bacteriologia, protozoologia, virologia, imunologia e helmintologia,
delineando a atividade analítica. Nascia o Instituto Oswaldo Cruz.
Inaugurado em 1908, o Curso de Aplicação foi a primeira escola brasileira
de pós-graduação, verdadeira inovação no panorama científico nacional. Nele
se ensinava e trabalhava, durante dois anos, sobre métodos de investigação e
experimentação em microscopia, microbiologia, imunologia, física e química
biológica, e parasitologia lato sensu.
Uma rede estadual de saúde foi formada em São Paulo em 1892, com a
criação do Instituto Bacteriológico e do laboratório de Análises Químicas e

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Bromatológicas e a incorporação do Instituto Vacinogênico, do Laboratório
Farmacêutico e dos Hospitais Públicos.
Desde os primeiros anos, o Instituto Bacteriológico pode intervir com
grande impacto nas condições de saúde da população paulista, ajudando a
controlar a difusão da febre amarela em quase todo o território do Estado,
debelando uma epidemia de febre bubônica em Santos e combatendo “o cólera”
e a febre tifoide que grassavam na Capital.
Enquanto isso, o Laboratório Bromatológico atuava, junto aos órgãos da
polícia estadual, no controle às fraudes e às contaminações de alimentos.
Em 1940, os dois grandes laboratórios públicos foram unidos, graças à
ampliação das instalações físicas, e denominado Instituto Adolfo Lutz.

2.1 Análises clínicas

Fonte: amorbiomedico.blogspot.com

A análise clínica é o ramo de conhecimento que trabalha com o estudo de


alguma substância de forma a coletar dados e apontar diagnósticos a respeito
da saúde do paciente. Essas análises ocorrem a partir de um exame feito a
pedido de um profissional habilitado da área da saúde, geralmente o médico, e
são entregues em laboratórios próprios para realização desses exames.
As análises podem ser realizadas por vários profissionais diferentes
como: farmacêuticos, bioquímicos, médicos ou biomédicos, sendo que esses,
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devem ter previamente o conhecimento necessário na área de análise clínica,
conforme as regras da ANVISA - Agência Nacional de Vigilância Sanitária, órgão
fiscalizador.
Segundo os sistemas CFBio/CRBios (Conselhos regionais e federais de
Biologia) o Biólogo também é respaldado por lei, para atuar em análises clínicas.
Os conselhos de Biologia afirmam que não existe impedimento técnico e nem
legal para que o Biólogo atue na área de análises clínicas, desde que cumpra os
pressupostos e requisitos regulamentados pelos conselhos da categoria. O
exercício legal da profissão de biólogo, bem como suas características e
diretrizes, está respaldado pela lei nº 6.684/79.
A análise clínica ajuda a diagnosticar algum dado ou característica que
possa ajudar no diagnóstico de alguma anomalia ou problema de saúde. O
exame pode incluir, por exemplo, a coleta de materiais como urina, sangue, fezes
ou outros, para serem analisadas e servirem para construir dados. Como esse
material pode variar de natureza e de utilidade, os profissionais que irão analisá-
lo também são variados.

2.2 Profissionais que atuam em análises clínicas – ensino superior.

1) Farmacêutico
De acordo com a Resolução CNE/CES (Câmara de Educação Superior
do Conselho Nacional de Educação) número 02/02 capacita o farmacêutico ao
exercício em todas as áreas de atuação profissional.
A Resolução, em seu artigo 5º, referência que a formação do farmacêutico
tem por objetivo dotar o profissional dos conhecimentos requeridos para o
exercício de inúmeras competências e habilidades específicas.
Os incisos XI, XII, XIII e XXX fazem referências à competências na área
das análises clínicas, tais como: realizar, interpretar, emitir laudos e pareceres e
responsabilizar-se tecnicamente por análises clínico-laboratoriais, incluindo os
exames hematológicos, citológicos, citopatológicos e histoquímicos, biologia
molecular, bem como análises toxicológicas, dentro dos padrões de qualidade e
normas de segurança; realizar procedimentos relacionados à coleta de material
para fins de análises laboratoriais e toxicológicas; avaliar a interferência de

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medicamentos, alimentos e outros interferentes em exames laboratoriais;
gerenciar laboratório de análises clínicas e toxicológicas.
Os farmacêuticos formados, de acordo com a Resolução 04/69, do
Conselho Federal de Educação (CFE), com habilitação em Farmácia
Bioquímica, estão aptos ao exercício das análises clínicas, sem necessidade de
especialização para o título de farmacêutico-bioquímico, pois a normativa
regulatória já o contempla.

2) Bioquímico
A RN36 do CFQ (Conselho Federal de Química), o decreto-lei 85.877/81
(sobre os profissionais da química, inclusive os bioquímicos) e a RN224 reforçam
a atuação do profissional da química (ou seja, também os bioquímicos) na área
clínica, ao permitir a atuação em análise química e físico-química, químico-
biológica, bromatológica, toxicológica e legal.
Artº 4:
“Compete ainda aos profissionais de Química, embora não privativo ou
exclusivo, o exercício das atividades mencionadas no art. Iº, quando
referentes a: órgãos ou laboratórios de análises clínicas ou de saúde
pública ou a seus departamentos especializados, no âmbito de suas
atribuições''.

O Prof. Wagner Pederzoli, presidente do CRQ-2ª Região/MG, expediu um


ofício, aonde discorre sobre a legalidade da atuação do Bioquímico em análises
clínicas. Esse ofício tornou-se mais um documento oficial, que respalda o
Bioquímico para a prática nessa área. Nesse documento oficial, conclui-se que:

“Assim, fica clara a competência dos Bioquímicos para a realização das


atividades retrocitadas, ” (referência as atividades e locais de trabalho
descritas no decreto n. º 85.877/1981 e reproduzidas no parágrafo
anterior) não havendo qualquer impedimento legal para a execução
das referidas atividades, bem como para exercer a
competente Responsabilidade Técnica pelos laboratórios e
respectivos laudos”.
3) Biomédico
Nas análises clínicas, o biomédico é responsável por diagnosticar uma
doença, verificar o resultado de um teste de parternidade, o resultado de um

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exame de laboratório, assinar laudos técnicos, responsabilizar-se e executar o
processamento do sangue, suas sorologias e exames pré-transfussionais,
assumir assessorias, chefias técnicas e a direção dessas atividades. A maioria
dos profissionais dessa área decidem trabalhar em laboratórios de análises
clínicas.

4) Biólogo
O campo de atuação desse profissional é abrangente, podendo trabalhar
no estudo de células tronco e também com a análise clínica. Dentro disso, esse
profissional pode realizar diversas atividades como diagnósticos biológicos,
ambientais e moleculares, diagnósticos específicos das análises clínicas,
patológicas e citológicas (fazer exames, interpretar resultados, emitir laudos,
fazer o aconselhamento genético, etc.).
A Resolução CFBio nº 12/1993 autoriza a realização de exames
laboratoriais pelo profissional da Biologia, desde que tenham sido cursadas as
seguintes disciplinas: anatomia humana, biofísica, bioquímica, citologia,
fisiologia humana, histologia, imunologia, microbiologia e parasitologia.
Em defesa da atuação dos Biólogos, o Sistema CFBio/CRBios sustenta
que, nos termos da Lei n° 6.684/1979, especialmente seu art. 2°, inciso III, c/c o
inciso II do art. 10, c/c o art. 1º da Lei nº 7.017/82 e ainda do inciso III do art. 11
do Decreto nº 88.438/83, a legislação conferiu autorização para o exercício de
tal atividade, de acordo com a formação curricular do Biólogo, o que foi
regulamentado nos termos das Resoluções CFBio n°s 12/93 e 10/03.

5) Enfermeiro
Em laboratórios de análises clínicas e mais precisamente na coleta dos
exames, a atuação da enfermagem está assegurada pelo Centro de Vigilância
Sanitária (CVS) na Portaria do nº CVS-01, de 18 de janeiro de 2000, que trata
das condições de funcionamento dos laboratórios de análises clinicas, patologia
clínica e congêneres.
Esta portaria habilita os seguintes profissionais de Enfermagem para atuar
em setor de coleta: o Enfermeiro, o Técnico de Enfermagem e o auxiliar de
Enfermagem. A mesma portaria no subitem VI. 3.2, trata que o enfermeiro,

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também, pode assumir a responsabilidade pela coordenação dos programas de
coleta domiciliar de material humano.
A Resolução COFEN -146, de 1 de junho de 1992 preconiza a
presença/responsabilidade de um enfermeiro nos locais onde existem ações de
enfermagem sendo executadas (COFEN,1992).
Destaca-se que esta resolução aplica-se aos laboratórios de análises
clínicas em que haja auxiliares e/ou técnicos de enfermagem realizando ações
de enfermagem, como: punção venosa, sondagens, coleta de secreções de
feridas e drenos, em geral; curativos em feridas após a realização da coleta,
manipulação de cateteres centrais e periféricos, orientações sobre o preparo e
coleta dos exames, administração de medicação, auxílio a outros profissionais
em procedimentos mais complexos, entre outras atividades.
O profissional enfermeiro, paulatinamente, está inserindo-se nessa área
de atuação e, em decorrência de sua formação, contribui para a garantia da
qualidade da assistência prestada, bem como se responsabiliza pelo
gerenciamento dos recursos humanos e materiais do laboratório, propiciando a
promoção de uma interação multidisciplinar. Assim, encontra- se em condições
de desenvolver as ações relativas à coleta de material biológico.

6) Veterinário
O veterinário, ou médico veterinário, é o profissional responsável por
realizar cirurgias e oferecer assistência clínica à animais silvestres e domésticos.
Para os profissionais que desejam realizar análises laboratoriais, é necessário
fazer uma especialização em análises clínicas veterinárias.
Assim, ele poderá realizar exames laboratoriais em espécies animais,
interpretar resultados, coletar e preservar amostras, realizar o processamento
das mesmas e assinar laudos técnicos. Assim, tantos animais de pequeno como
os de grande porte, podem ser submetidos a exames como de ácido úrico,
hipersensibilidade, dentre outros.

7) Médico
Reconhecida pelo MEC em 1977 como especialidade médica e
representada pela SBPC/ML desde 1944, ainda como área de atuação, a
especialidade possui um papel fundamental no setor de saúde e na assistência

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e segurança do paciente, uma vez que 70% das decisões clínicas são pautadas
em resultados de exames.
O foco de atuação do especialista em Patologia Clínica/Medicina
Laboratorial abrange as 3 bem definidas fases do fluxo laboratorial:
Fase pré-analítica: auxiliando os médicos assistentes na indicação dos
exames necessários para o diagnóstico correto de cada um dos pacientes
avaliados, além da garantia da qualidade dos processos de coleta e transporte
das amostras biológicas.
Fase analítica: na definição das metodologias ideais para cada tipo de
exame e na garantia da qualidade dos testes realizados.
Fase pós-analítica: elaborando laudos os resultados obtidos e auxiliando
os médicos assistentes na interpretação clínico-laboratorial, com benefício direto
aos pacientes e, finalmente, atuando na visão sistêmica sobre este fluxo, na
gestão dos processos e dos sistemas de acreditação, como o PALC – Programa
de Acreditação de Laboratórios Clínicos, da SBPCML. Nesta atuação contamos
com uma equipe multiprofissional, conjuntamente com biomédicos, biólogos,
bioquímicos, técnicos e enfermeiros, além de médicos de outras especialidades
afins.

3 LABORATÓRIO DE ANÁLISES CLINICAS

Fonte: ung.br

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Os laboratórios de análises clínicas são locais de prestação de serviço
destinada à análise de amostras biológicas, com a finalidade de oferecer apoio
ao diagnóstico e ao terapêutico. Essas análises são uma série de exames ou
testes indicados por um profissional de saúde habilitado, geralmente o médico,
afim de diagnosticar ou atestar uma patologia, averiguar os níveis séricos de
substâncias no corpo, entre outros. Eles também podem ser utilizados para a
realização de exames de rotina, conhecidos como check-up.
Fundamentados em um processo dinâmico que se inicia na coleta do
espécime diagnóstico (amostra biológica obtida adequadamente para fins de
diagnóstico laboratorial) e termina com a emissão de um laudo.
As amostras necessárias para os exames, são coletadas dos pacientes,
e em seguida analisadas. Por exemplo, na coleta de urina, o paciente segue todo
um procedimento indicado pelo médico ou pelo laboratório para a coleta da
amostra. Depois ocorre a manipulação e conservação do material, e por último,
acontece a análise em laboratório, em que é emitido um laudo diagnóstico.
Anteriormente, a margem de erro para os resultados era elevada, pois a
análise não era feita com equipamentos de alta tecnologia. Mas ainda podem
ocorrer erros derivados da falha em equipamentos, erros de digitação ou por
fatores externos provocados pelo paciente como a ingestão de medicamentos,
erros no jejum, transporte incorreto da amostra, dentre outros.

3.1 Tipos de laboratórios clínicos

Os tipos de Laboratório Clínicos são: Laboratório Geral, Laboratório de


Apoio, Laboratório de Referência, Laboratório Principal (matriz), Laboratório
Satélite (filial), Laboratório Especializado e Laboratório de Ensino.

 Laboratório Clínico:
Instalação destinada à realização de exames biológicos, microbiológicos,
sorológicos, químicos, imunohematológicos, hematológicos, biofísicos,
citológicos, patológicos, ou outros exames, de material ou amostra de
paciente, com a finalidade de fornecer informações para o diagnóstico,
prevenção ou tratamento de qualquer doença ou deficiência de seres
humanos, ou para a avaliação da saúde dos mesmos.

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 Laboratório de Apoio:
Laboratório clínico que executa exames em amostras enviadas por outros
laboratórios.
 Laboratório de Ensino:
Laboratório clínico que também é utilizado para fins didáticos ou de
treinamento.
 Laboratório Especializado:
Laboratório clínico que realiza exames referentes a uma ou mais
especialidades do laboratório clínico.
 Laboratório de Referência:
Laboratório clínico de excelência, reconhecido formalmente por entidade de
cunho científico, nacional ou internacional, governamental ou privada,
utilizado para comprovação de resultados laboratoriais.
 Laboratório Geral:
Laboratório clínico que realiza exames de análises clínicas, anatomia
patológica e citopatologia.
 Laboratório Independente:
Laboratório clínico que não está ligado a qualquer instituição.
 Laboratório Institucional:
Laboratório clínico que está subordinado administrativamente a uma
instituição pública ou privada.
 Laboratório Principal:
Laboratório clínico sede de uma organização laboratorial, que tenha
laboratórios satélites.
 Laboratório Satélite (filial):
Laboratório clínico que faz parte de um mesmo estabelecimento comercial,
porém de localização diversa, que realiza parte dos exames e envia os
demais para o Laboratório Principal.

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3.2 Exames realizados em Laboratórios clínicos

Fonte: famesp.com.br

Uma das principais finalidades dos exames laboratoriais é auxiliar o


raciocínio médico após a obtenção da história clínica e a realização do exame
físico. Os exames laboratoriais, para serem realizados, passam por processo
dinâmico que é dividido em três fases: pré-analítica, analítica e pós-analítica.
Para tanto, todas as fases de execução dos exames, sobretudo a pré-
analítica, devem ser conduzidas seguindo o rigor técnico necessário para
garantir a segurança do paciente e resultados exato
Os exames laboratoriais, para serem realizados, passam por processo
dinâmico que é dividido em três fases: pré-analítica, analítica e pós-analítica.

Fase pré-analítica
Consiste na preparação do paciente, coleta, manipulação e
armazenamento do espécime diagnóstico, antes da determinação analítica. Ou
seja, engloba todas as atividades que precedem o ensaio laboratorial, dentro ou
fora do laboratório de análises clínicas.
A fase pré-analítica concentra a maior parte dos equívocos que podem
gerar resultados não consistentes com o quadro clínico do paciente. Estima-se
que problemas nessa etapa sejam responsáveis por cerca de 70% dos erros
ocorridos nos laboratórios. Entre eles, vale destacar os aspectos relacionados à

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orientação do paciente, como a necessidade ou não do jejum e o intervalo
adequado deste, o tipo de alimentação, a prática de exercício físico, o uso de
medicamentos capazes de interferir na análise e mudanças abruptas nos hábitos
da rotina diária precedendo a coleta.

Fonte: slideplayer.com.br

Monitorar e controlar a fase pré-analítica é tarefa altamente complexa


porque muitas das variáveis envolvidas estão fora do alcance do laboratório.
Podemos dividir a fase pré-analítica em cinco etapas:
 Requisição ou Pedido de exame
 Preparo do paciente
 Coleta
 Identificação e Armazenamento
 Transporte

1) Requisição ou pedido de exame:


O processo para realização dos exames laboratoriais inicia-se com o
pedido de exame, feito geralmente durante a consulta médica. É necessário que
o profissional descreva corretamente a solicitação desejada. O maior número
possível de informações no pedido, sempre ajuda na hora de realizar o exame.

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A solicitação do exame acontece principalmente por dois motivos: para
confirmar ou rejeitar um diagnóstico, ou para obter parâmetros para
acompanhamento. É por este motivo que um pedido e um resultado corretos
auxiliam muito na decisão adequada para condução do tratamento do paciente.

2) Preparo do paciente
Esta etapa é de orientação e cuidado do paciente. Neste momento de pré-
coleta o paciente deve receber todas as informações necessárias para a
realização do exame e não se deve esperar que as orientações sejam dadas
pelo profissional que requisitou o exame, mas sim pelo laboratório.
O paciente deve receber do laboratório informações sobre o tempo de
jejum, a realização de exercícios físicos, o consumo de bebida alcoólica, dentre
outras. O PALC (Programa de Acreditação de Laboratórios Clínicos) indica que
essas orientações devam ser fornecidas por escrito, quando o cliente for
responsável pela coleta, facultando o fornecimento na forma verbal para as
instruções simples. O DICQ (Sistema Nacional de Acreditação), 2011 estabelece
que: “As instruções para coleta de material ou amostra pelo próprio
paciente/cliente, devem ser disponibilizadas de forma escrita e/ou verbal, em
linguagem acessível”.
Exemplos de exames para os quais se recomendam instruções escritas:
 Provas hormonais funcionais.
 Exames de urina: rotina, cultura, dosagem de tempo marcado.
 Pesquisa de sangue oculto e provas digestivas funcionais.
 Espermograma e análise de sêmen.
 Coleta de escarro expectorado.
 Coleta de exames microbiológicos em hospitais.

3) Coleta
A obtenção da amostra biológica se dá mais frequentemente pela coleta
de sangue, e pode ser o momento de maior tensão para o paciente. Os
profissionais devem agir com cuidado e atenção. Seguir protocolos específicos
de coletas, auxilia na diminuição de erros que poderiam ocorrer nesta etapa.

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Coleta da amostra:
 Separar os materiais adequados para realização da coleta.
 Realizar a coleta utilizando os equipamentos de proteção individual
necessários.
 Descartar os materiais contaminados em lixo apropriado e de
maneira segura.
 Centrifugar o sangue quando necessário e separar o soro ou
plasma adequadamente.
Caso falte algum dado necessário para o bom desempenho, deve-se
sanar o problema ou adiar a coleta até que todas as informações estejam
corretas. O preparo e organização dos equipamentos e do profissional também
são de suma importância para a qualidade do trabalho fornecido neste momento.

Exemplo de coleta de amostra – coleta de sangue


 Condições para a coleta
O que é necessário para a coleta de sangue
Sala bem iluminada e ventilada Pinça
Pia Cadeira reta com braçadeira Pipetas Pasteur
regulável ou maca Garrote
Algodão hidrófilo Etiquetas para identificação de
amostras
Álcool iodado a 1% ou álcool etílico a Caneta
70%
Agulha descartável Recipiente de boca larga, com parede
rígida e tampa, contendo hipoclorito
de sódio a 2%
Seringa descartável Avental e máscara
Sistema a vácuo: suporte, tubo e Luvas descartáveis
agulha descartável
Tubos de ensaio com tampa Estantes para tubos

 O que deve ser feito antes da coleta da amostra de sangue:


- Identifique os tubos para colocação da amostra.

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- Escreva na etiqueta os dados do paciente: nome, número do registro,
data de nascimento, sexo, data da coleta, número ou código de registro da
amostra e o nome da instituição solicitante. (Em algumas unidades, utiliza-se
apenas códigos ou abreviaturas em lugar do nome do paciente.)

Como fazer coleta de sangue com seringa e agulha descartáveis


1- Coloque a agulha na seringa sem retirar a capa protetora, não toque
na parte inferior da agulha.
2- Movimente o êmbolo e pressione-o para retirar o ar.
3- Ajuste o garrote e escolha a vela.
4- Faça a antissepsia do local da coleta com algodão umedecido em
álcool a 70% ou álcool iodado a 1 %. Não toque mais no local
desinfetado.
5- Retire a capa da agulha e faça a punção;
6- Solte o garrote assim que o sangue começar a fluir na seringa.
7- Colete aproximadamente 10 ml de sangue. Em crianças, colete de 2 a
5 ml.
8- Separe a agulha da seringa com o auxílio de uma pinça, descarte a
agulha em recipiente de boca larga, paredes rígidas e tampa, contendo
hipoclorito de sódio a 2%.
9- Oriente o paciente a pressionar com algodão a parte puncionada,
mantendo o braço estendido, sem dobrá-lo.
10- Transfira o sangue para um tubo de ensaio sem anticoagulante,
escorra delicadamente o sangue pela parede do tubo. Este procedimento
evita a hemólise da amostra. Descarte a seringa no mesmo recipiente de
descarte da agulha.

Como proceder quando a coleta é feita com sistema a vácuo:


1- Rosqueie a agulha no adaptador (canhão). Não remova a capa
protetora de plástico da agulha;
2- Ajuste o garrote e escolha a veia;
3- Faça a anti-sepsia do local da coleta com algodão umedecido em
álcool a 70% ou álcool iodado a 1%. Não toque mais no local desinfetado;

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4- Remova o protetor plástico da agulha. Faça a punção;
5- Introduza o tubo no suporte, pressionando-o até o limite;
6- Solte o garrote assim que o sangue começar a fluir no tubo;
7- Separe a agulha do suporte com o auxílio de uma pinça. Descarte a
agulha em recipiente de boca larga, paredes rígidas e tampa, contendo
hipoclorito de sódio a 2%;
8- Oriente o paciente a pressionar com algodão a parte puncionada,
mantendo o braço estendido, sem dobrá-lo.

 Como fazer uma coleta múltipla


1) Utilize o sistema a vácuo.
2) Troque os tubos à medida em que for colhendo as amostras
desejadas.
3) Todos os demais procedimentos são iguais ao do sistema a vácuo.

 Falhas mais comuns na coleta das amostras:


1) Amostra insuficiente
2) Amostra em tubo incorreto
3) Amostra inadequada
4) Identificação incorreta (do paciente e da amostra).
Após obtenção das amostras, outro cuidado é o de encaminhá-las nos
prazos adequados para assegurar a qualidade do material para análise.

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4) Identificação e Armazenamento
Identificação

Fonte: saosebastiaolaboratorio.com.br

 As amostras deverão ser identificadas adequadamente e


individualmente.
 Amostras com identificação inadequada não devem ser processadas.
 As etiquetas devem ser colocadas de forma a não ocultar o nível do
volume da amostra contida e não cobrir o código de barras da etiqueta.

Armazenamento

Fonte: heraldo.es

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 Respeitar o tempo de preparo e as condições de armazenamento para
preservar a integridade e estabilidade da amostra;
 Evitar congelamentos e descongelamentos consecutivos;
 Material genético viral é extremamente lábil, portanto, facilmente
degradado pelo armazenamento inapropriado ou pela demora em seu
processamento.

5) Transporte
A última etapa da fase pré-analítica tem como primeiro passo o bom
armazenamento do material coletado. Identificação e recipientes corretos evitam
resultados alterados e também a perda do material. É importante utilizar maletas
adequadas, veículos adaptados, controlar a relação tempo e temperatura a que
é exposto o material, utilização de frascos adequados, tudo pensando na
segurança e na preservação das boas condições do material biológico para
análise.
A RDC 302/2005 da Anvisa prevê no parágrafo 6.1.10:
“A amostra de paciente deve ser transportada e preservada em
recipiente isotérmico, quando requerido, higienizável, impermeável,
garantindo a sua estabilidade desde a coleta até a realização do
exame, identificado com a simbologia de risco biológico, com os
dizeres “espécimes para diagnóstico” e com nome do laboratório
responsável pelo envio. ”

É importante que o veículo tenha informações por escrito em casos de


acidentes. Deve-se evitar agitação das amostras. Todos os materiais devem ser
manuseados por pessoas portando equipamentos de segurança. O transporte
até a área técnica deve ser eficiente e rápido.
Acondicionar os tubos ou frascos, contendo o material biológico, dentro
de saco ou pote plástico, na posição vertical, antes de colocar na caixa térmica,
de modo a evitar derramamentos e quebras.
A caixa térmica deverá conter quantidade de gelo reciclável compatível
com a quantidade de material que estiver sendo enviado, ser bem vedada e não
possuir espaços vazios em seu interior.

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Fonte: aedb.br

Recipientes de transporte
 Microtubo com tampa de rosca
- Transporte de plasma para Biologia Molecular (PCR).

Fonte: inovelaboratorio.com.br

 Tubo de poliestireno com tampa


- Transporte de soro para pesquisa de anticorpos IgM e IgG.

22
Fonte: interlabdist.com.br

 Cary blair
- Transporte de amostra fecal
- Coprocultura
- Conservação em temperatura ambiente
- Após inoculado transportar refrigerado (2-8ºC)

Fonte: globaltradebr.com.br

 STUART
- Transporte de secreções em geral
- Cultura para Streptococcus pyogenes
- Conservação em temperatura ambiente

23
- Após inoculado transportar refrigerado (2-8ºC)

Fonte: primecirurgica.com.br

 REGAN LOWE
- Transporte de swab de nasofaringe
- Coqueluche
- Conservação refrigerado (2-8ºC)
- Após inoculado transportar em temperatura ambiente
- Fornecido apenas para unidade sentinela.

Fonte: prefeitura.sp.gov.br

 Frasco de hemocultura
- Transporte de sangue
-Sistema automatizado de cultura para aeróbios (tampa verde),
anaeróbios (tampa laranja) e pediátrico (tampa amarela)

24
- Conservação em temperatura ambiente
-Após inoculado transportar em temperatura ambiente

Fonte: deskgram.net

 Kit meningite bacteriana


Composto por:
- 01 Frasco de Ágar Chocolate
- 02 Frascos vazios estéreis
- 02 Lâminas em portas-lâmina.

Fonte: hutec.com.br

 Kit meningococcemia
Composto por:
- 01 Frasco vazio estéril para soro – Látex;

25
- 01 Frasco para Hemocultura Automatizado.
- Utilizar para pacientes com quadro hemorrágico (petéquias, sufusões,
equimoses e lesões)

Fonte: hutec.com.br

 Meio de transporte viral (MTV)


- Transporte de swab de nasofaringe
- Pesquisa de vírus respiratórios: Sarampo, H1N1 e Rubéola
- Conservação: congelado (-20ºC)
- Após inoculado transportar refrigerado (2-8ºC)

Fonte: lacen.saude.pr.gov.br

26
Fase analítica
Inicia-se com a validação do sistema analítico, através do controle da
qualidade interno na amplitude normal e patológica, e se encerra, quando a
determinação analítica gera um resultado.
Esta segunda fase dos exames laboratoriais é realizada a análise do
material coletado. São diversos os processos envolvidos nessa fase, na
dependência do método analítico empregado, envolvimento de pessoas e,
sobretudo, o emprego de métodos de controle para garantia de resultados mais
acertados.
Análise
Após o material coletado e devidamente preparado os laboratórios iniciam
o processo de análise do material. Os profissionais da saúde devem ficar atentos
e conhecer em profundidade os sistemas analíticos que empregam,
os Procedimentos Operacionais Padrão (POP) do equipamento e do método,
além do método de controle adotado, como o controle estatístico dos
processos. Apesar de a análise se basear muitas vezes em um sistema
automatizado e que possui alta tecnologia, há necessidade da atuação do
profissional, de fundamental importância para a garantia da qualidade dos
resultados. Fazem parte do seu trabalho nessa fase:
 Verificação de instrumentos e reagentes
 Verificação do estado de controle dos sistemas
 monitorização dos processos de análises
 Manutenção de soroteca.

O profissional que conhece bem seus sistemas já terá identificado os


pontos críticos e que requerem maior cuidado, com protocolos estabelecidos de
checagem para atuação de modo preventivo. Fará ainda a monitorização regular
dos testes por meio de métodos de Controle Interno da Qualidade, porque todos
os procedimentos de medidas estão sujeitos a variações.
O propósito do CIQ, que é um controle estatístico de processos, é buscar
assegurar que o desempenho dos métodos seja mantido dentro dos limites
esperados de variação. É importante poder contar com instrumentos, insumos
(reagentes, calibradores, água reagente) e ferramentas de avaliação, adequados
para executar com eficiência a fase analítica.
27
Controle da Qualidade:
De acordo com Oliveira, C.A. e Mendes, M.E (2010), ainda hoje, com
equipamentos e métodos modernos, existem 14% de chances de ocorrerem
erros nas análises, na fase analítica.
No Brasil, foram criadas normas e determinações para assegurar que os
laboratórios se dediquem a cuidar da qualidade, sendo obrigatória a realização
do Controle Interno da Qualidade, para monitorar a imprecisão e também a
participação em ensaios de proficiência, que é o Controle Externo da Qualidade,
para verificação da exatidão. É como está definido na RDC 302/2005 da Anvisa.
É necessário também que os laboratórios de análises
clínicas disponibilizem conteúdos de qualificação e formação profissional, para
aperfeiçoamento do seu pessoal.
Após realizar análise do controle interno e sendo consideradas em
conformidade, são feitas as análises das amostras de pacientes.

Fluxo de dados:
Os resultados obtidos das amostras de pacientes serão cuidadosamente
transportados para o computador, ou através da interface de SOFTWARE entre
o analisador e o Sistema de Informática Laboratorial (SIL).
Os resultados dos exames devem ser verificados e liberados por pessoal
de nível superior: médicos, bioquímicos, biomédicos, antes de liberados para a
fase seguinte. Se o programa de interface permite, ou o SIL, a liberação pode
muitas vezes ser feita de forma eletrônica, de especial valor para o caso de
processamento de grande número de amostras.
O fluxo de dados envolve a fase analítica e a pós analítica. A primeira
porque algumas verificações podem implicar em necessidade de refazer a
análise da amostra do paciente, se o resultado não for considerado aceitável.
Os critérios para verificação de resultados devem estar documentados
em POP e devem incluir o “delta check” e análise de nível crítico. Muitas vezes
essa última é considerada como pertencente à fase pós analíticos, mas, por ser
realizada por pessoal de nível superior e envolvida nos processos analíticos,
pode ser entendida também como pertencente a essa fase.

28
Fase pós-analítica
Inicia-se, após a geração do resultado analítico, quantitativo e/ou
qualitativo, sendo finalizada, após a entrega do laudo conforme legislação
vigente.
Após a coleta do material e a análise dos dados, o exame
laboratorial passa pela última etapa, a pós-analítica. Nela há envio
e interpretação dos resultados e consequentemente o diagnóstico e tratamento.
Segundo a RDC 302/2005 da Anvisa: “ 4.20 Fase pós-analítica: fase que
se inicia após a obtenção de resultados válidos das análises e finda com a
emissão do laudo, para a interpretação pelo solicitante.”
A fase pós-analítica se materializa no laudo do exame. Sua qualidade
como mídia e conteúdo para a informação que representam devem merecer
grande cuidado. O laudo deve tangibilizar qualidade e confiabilidade de
resultados para os clientes finais: pacientes, médicos, compradores de serviços.
As etapas dessa fase:
 Preparo do laudo dos exames
 Impressão, ou transmissão do laudo
 Recebimento do laudo
 Tomada de decisão

1) Preparo do laudo do paciente


Uma vez que os resultados são aprovados e liberados, os dados são
utilizados para a confecção do laudo. Esse processo é feito pelo Sistema de
Informações Laboratoriais, que deve seguir a legislação vigente.
Abaixo seguem alguns itens do regulamento da RDC 302/2005 da Anvisa,
com as orientações que os laboratórios devem seguir, a respeito dos laudos:
 6.2.10 o laudo emitido pelo laboratório de apoio deve estar disponível e
arquivado pelo prazo de 5 (cinco) anos.
 6.3.1 o laboratório clínico e o posto de coleta laboratorial devem possuir
instruções escritas para emissão de laudos, que contemplem as situações
de rotina, plantões e urgências.

29
 6.3.2 o laudo deve ser legível, sem rasuras de transcrição, escrito em
língua portuguesa, datado e assinado por profissional de nível superior
legalmente habilitado.
 6.3.3 o laudo deve conter no mínimo os seguintes itens:
a) identificação do laboratório.
b) endereço e telefone do laboratório.
c) identificação do responsável técnico (rt).
d) nº. de registro do rt no respectivo conselho de classe profissional.
e) identificação do profissional que liberou o exame.
f) nº. Registro do profissional que liberou o exame no respectivo
conselho de classe do profissional.
g) nº. De registro do laboratório clínico no respectivo conselho de classe
profissional
h) nome e registro de identificação do cliente no laboratório.
i) data da coleta da amostra.
j) data de emissão do laudo.
k) nome do exame, tipo de amostra e método analítico;
l) resultado do exame e unidade de medição.
m) valores de referência, limitações técnicas da metodologia e dados
para interpretação.
n) observações pertinentes.
 6.3.4 quando for aceita amostra de paciente com restrição, esta condição
deve constar no laudo.
 6.3.5 o laboratório clínico e o posto de coleta laboratorial que optarem pela
transcrição do laudo emitido pelo laboratório de apoio, devem garantir a
fidedignidade do mesmo, sem alterações que possam comprometer a
interpretação clínica.
 6.3.6 o responsável pela liberação do laudo pode adicionar comentários
de interpretação ao texto do laboratório de apoio, considerando o estado
do paciente e o contexto global dos exames do mesmo.
 6.3.7 o laudo de análise do diagnóstico sorológico de anticorpos anti-hiv
deve estar de acordo com a portaria MS nº 59/2003, suas atualizações ou
outro instrumento legal que venha a substituí-la.

30
 6.3.8 as cópias dos laudos de análise bem como dados brutos devem ser
arquivados pelo prazo de 5 (cinco) anos, facilmente recuperáveis e de
forma a garantir a sua rastreabilidade.
 6.3.8.1 caso haja necessidade de retificação em qualquer dado constante
do laudo já emitido, a mesma dever ser feita em um novo laudo onde fica
clara a retificação realizada.

Para o item 6.3.4, o ideal é fazer constar informações que possam advertir
quanto a possíveis interferentes, como:
 “amostra hemolisada”;
 “amostra ictérica”
 “amostra lipêmica” ou
 outros como “opalescente”, “turva” ou de coloração anormal.
O laudo deve indicar as situações nas quais a análise foi feita apesar das
restrições da amostra, e eventualmente se a amostra foi submetida a um pré-
tratamento.

2) Impressão ou transmissão do laudo


Há um forte movimento para que a transmissão do laudo seja feita por
meios eletrônicos, ao invés da tradicional utilização da impressão do mesmo. Há
muitas formas de tornar isso mais presente que atualmente, tornando mais ágil
a chegada da informação para o profissional que requisitou os exames.
Atualmente observa-se uma maior adesão a esse movimento, onde vários
laboratórios já disponibilizam os resultados/laudos de exames, pela internet em
seus sites e afins.
Num ambiente hospitalar essa prática é altamente recomendada, porque
diminui o “TURN AROUND TIME – TAT” (tempo de resposta para entrega dos
resultados dos exames solicitados o mais breve possível.) total, de especial valor
nas urgências.
A comunicação eletrônica dos laudos promove a redução de custos para
as partes envolvidas:

31
 Para o laboratório, há menor gasto com impressão, papel, tinta e
impressora, com pessoal para cuidar deste processo e locais de
guarda etc;
 Para o paciente, principalmente por dispensar o deslocamento até
o laboratório, mesmo que ele tenha os gastos com impressão em
sua residência. Se o laudo for analisado pelo médico em seu
computador, esse custo não haveria, poupando ainda os recursos
naturais.

3) Recebimento do laudo
O destinatário dos resultados é o profissional habilitado que solicitou os
exames, pois é quem tem mais propriedade para lidar com a informação. Os
profissionais de laboratórios são os provedores de informações obtidas nas
análises, representadas pelos laudos.
O laboratório clínico deve dispor de assessoria científica para esclarecer
dúvidas ou até indicar repetições da análise. Por isso, há necessidade de
guardar as amostras caso haja necessidade de repetição. Nesse momento,
quanto maior a confiança do profissional de laboratório em seus resultados, mais
significativa será a assessoria.

4) Tomada de decisão
Ao requisitar um teste, o clínico espera que no momento mais oportuno
lhe seja fornecido um resultado confiável, que oriente sua tomada de decisão.
As etapas existentes entre essas duas pontas, requisição do teste e
recebimento do resultado, fogem ao seu conhecimento e são bastante
complexas. O laboratório abriga um vasto arsenal de recursos, cuja
compreensão escapa aos que não atuam diretamente nos seus processos.
Na maioria das vezes o clínico solicita a participação do laboratório em
duas situações:
 Para confirmar, ou para rejeitar um diagnóstico a partir de uma
impressão clínica.
 Para obter parâmetros que orientem o controle de tratamento.

32
Outras indicações para exames são para estabelecer prognóstico; para
triagem em grupos de pacientes e para detectar fatores de risco.
Ao receber o laudo das análises por ele solicitadas, o profissional tem em
mãos o resultado de todas essas fases e etapas. Com esse laudo tomará suas
decisões. Acredita-se que esses laudos orientem cerca de 70% das decisões
médicas.

3.3 Principais exames realizados

Coombs Direto Coombs Indireto


Eritrograma Falcização
Fator Rh Grupo sanguíneo
Hemoglobina Hemograma
Hematologia Hematocrito Leucograma
Morfologia das hemácias Plaquetas
Prova do laço
Células LE
Velocidade de hemossedimentação
Dosagem de:
Ácido úrico Amilase
Bilirrubinas Cálcio
Cloro Colesterol HDL
Colesterol LDL Colesterol total
Bioquímica Creatinina Curva glicêmica
Depuração de creatinina
Fosfatase alcalina prostática
Fosfatase ácida total
Fosfatase alcalina Ferro serico
Fosfatúria Fósforo
Frutosamina Gama GT
Glicose pós-prandial Glicose
Hemoglobina glicada Magnésio
Mucoproteinas

33
Proteínas totais e frações
Potássio Proteinúria
Sódio
Transaminase oxaloacética (TGO)
Transaminase pirúvica (TGP)
Triglicerídeos Uréia
Titulação de ASLO
Dosagem de beta HCG (Soro)
Detecção de beta HCG urinário
Sorologia para D. de Chagas - ELISA
Sorologia para D. de Chagas - HP
Sorologia para citomegalovirus IgG
Sorologia para citomegalovirus IgM
Detecção de fator anti-núcleo
Imunologia Hemaglutinação para Sífilis
Sorologia para Hepatite B
Sorologia para HIV 1 e 2
Teste do Latex
Planoteste
Detecção de Proteína C reativa
Dosagem de PSA total
Sorologia para Rubeola IgG
Sorologia para Rubeola IgM
Sorologia para Toxoplasmose IgG
Sorologia para Toxoplasmose IgM
VDRL
Uroanálise Exame de Rotina da Urina – EAS
Urocultura
Urina de primeiro jato
Urina 24 hrs
Bacterioscopia
Bacteriologia Antibiograma
Coprocultura

34
Micológico (Exame Direto e Cultura)
Cultura de secreção orofaringe
Cultura de secreção nasal
Urocultura
Parasitológico de fezes
Baerman
Pesquisa de criptosporideos
Exame direto a fresco
Detecção de gordura fecal
Parasitologia Pesquisa de sangue oculto
Pesquisa de ameba/giardia
Pesquisa de leucócitos
Pesquisa de Hematozoários
Pesquisa de Microfilárias
Cultura de Strongyloides em placa de
agar

4 LEGISLAÇÃO DE ESTRUTURA E FUNCIONAMENTO DE UM


LABORATÓRIO DE ANÁLISES CLÍNICAS.

Fonte: olindahoje.com.br
As estruturas físicas de um laboratório, bem como outros
estabelecimentos de saúde, são orientadas por resoluções e normas do
35
Ministério da Saúde, desenvolvidas principalmente pela ANVISA – Agência
Nacional de Vigilância Sanitária.
A legislação vigente para a elaboração, montagem e funcionamento,
abrange:
 Lei federal nº 6437/77 – Lei das infrações sanitárias;
 Código de Defesa do Consumidor (Lei nº 8.078, de 11/09/90)
 Leis estaduais e municipais
 Regulamentações do Ministério da Saúde, da ANVISA, da ANS,
dos estados e municípios (Decretos, portarias, resoluções,
instruções normativas).
 Regulamentos dos Conselhos de classe profissional.

Algumas regulamentações são específicas para estrutura e funcionamento dos


laboratórios como:
 RDC 302 de 13 de outubro de 2005, que dispõe sobre o regulamento
técnico para funcionamento dos laboratórios clínicos.
Essa RDC aponta todas as instruções para a realização do processo,
desde a forma adequada para a coleta de material, até a emissão dos
resultados dos exames.
 A RDC nº 50 de 21 de fevereiro de 2002, que dispões sobre o
Regulamento Técnico para planejamento, programação, elaboração e
avaliação de projetos físicos de estabelecimentos assistenciais de saúde.
 A RDC nº 189/03 que dispõe sobre a regulamentação dos procedimentos
de análise, avaliação e aprovação dos projetos físicos de
estabelecimentos de saúde no Sistema Nacional de Vigilância Sanitária.
 ABNT NBR NM ISO 15189:2008 - Laboratórios de análises clínicas -
Requisitos especiais de qualidade e competência.
Esta Norma define os requisitos de qualidade e competência específicos
para os laboratórios clínicos.
 ABNT NBR NM 318:2007 – Laboratório de análises clínicas - Informação
proporcionada pelo fabricante com os reativos de diagnósticos in vitro
para uso profissional.

36
Esta Norma especifica os requisitos para as informações fornecidas pelo
fabricante de produtos de diagnóstico in vitro incluindo os produtos
reativos, calibradores, materiais de controle e componentes de reativos
para uso profissional.
 ABNT NBR NM 319:2007 – Laboratórios de análises clínicas - Instruções
de utilização dos equipamentos para diagnóstico in vitro para uso
profissional.
Esta Norma especifica os requisitos aplicáveis ao conteúdo das
instruções de uso dos equipamentos para diagnóstico in vitro (IVD ou DIV)
para utilização profissional.
 ABNT NBR NM 311-1:2007 – Laboratório de análises clínicas - Pré-
analítico - Parte 1: Formulário de solicitação.
Esta parte da norma estabelece as recomendações para o modelo dos
formulários de solicitação de exames e seu uso correto.

4.1 Infraestrutura física de um laboratório – RDC nº 50/2002.

Fonte: deolhonafarma.wordpress.com

A RDC 50/2002 dispõe sobre o regulamento técnico para planejamento,


programação, elaboração e avaliação dos projetos físicos de estabelecimentos

37
assistenciais de saúde. O laboratório deve atender a todas as especificações
descritas nela.
Ela foi criada para atualizar as normas existentes quanto a infraestrutura
física de estabelecimentos assistenciais de saúde (EAS), ou seja, é uma norma
que busca definir as etapas de elaboração de projetos; dimensões dos
ambientes; organização funcional; critérios para circulação interna e externa;
condições de conforto; controle de infecção; instalações prediais; segurança
contra incêndio, etc.
Essa norma deve ser conhecida por todos os envolvidos com a
infraestrutura dos EAS, gestores e administradores, fiscais de contrato, e
participantes de estudos preliminares para reforma, ampliação e construção de
EAS, entre outros.
Por ser uma norma extensa, abaixo segue um pequeno resumo da parte
I da mesma:
Parte I
Projeto de estabelecimentos assistenciais de saúde
1- Elaboração de projetos físicos
Este capítulo descreve muito bem como devem ser as etapas de um
projeto, seja ele de reforma, ampliação ou mesmo de nova construção de EAS.
Um projeto precisa ter as seguintes etapas:

1. Estudo preliminar
Neste primeiro momento, uma equipe multidisciplinar deve elaborar as
necessidades do projeto, como o número de pavimentos, objetivo de cada
espaço, atividades e equipamentos.
Um bom exemplo é a reforma do sistema de ar-comprimido medicinal:
Pode-se começar por um relatório apontando as deficiências do sistema e
sugerindo melhorias, baseado nas normas vigentes, e/ou prever uma ampliação
do fornecimento para novos pontos de consumo a serem criados. Começa-se
então a estudar as possíveis reformas do sistema: instalações elétricas,
hidráulicas arquitetura e normas específicas.
É recomendada a contratação de profissional qualificado ou escritório de
engenharia e arquitetura especializados para elaboração de o estudo preliminar.

38
2. Projeto Básico
Nesta etapa serão apresentadas plantas baixas, com propostas como
local de quadros elétricos, tubulações hidráulicas, fachadas, entre outros. Todas
as informações deverão passar pela avaliação da equipe de projeto do EAS,
para que sejam feitas as alterações necessárias.

3. Projeto Executivo
Agora temos o projeto necessário para iniciar a obra, com todos os
elementos bem detalhados, de modo que não restem dúvidas para a construtora
que executará a obra.
Muito importante neste ponto é executar a revisão do projeto antes do
início da obra, pode ser necessário contratar uma empresa ou profissional para
auxiliar, caso o EAS não conte com profissional com a experiência necessária.
Espera-se que na revisão sejam observados minuciosamente os todos os
elementos do projeto, desde o tipo de cimento ou estaca da fundação, até o tipo
da tinta ou revestimento de piso.

4. Responsabilidades
Nos projetos deverão constar os números de registro dos profissionais
envolvidos tanto na elaboração dos projetos, como também na execução do
projeto, no respectivo CREA. Na entrega dos projetos, deverão ser entregues as
ARTs (Anotação de Responsabilidade Técnica), documento que dá ciência ao
respectivo CREA da existência do projeto.
O projeto também deverá ser enviado para aprovação nos órgãos de
fiscalização, como Prefeitura Municipal, Corpo de Bombeiros, Vigilância
Sanitária, e demais entidades específicas para cada projeto.

Estrutura básica:
A estrutura básica de um laboratório de análises clínicas de médio porte
requer uma área mínima em torno de 140m². De acordo com a RDC nº 050, as
áreas mínimas para a prestação de atendimento de apoio ao diagnóstico e
terapia de patologia clínica são:
 Sala para coleta de material (3,6 m²)

39
 Área para classificação e distribuição de amostras (3 m²)
 Sala de preparo de reagentes (3 m²)
 Laboratório de hematologia, parasitologia, urinálise, imunologia,
bacteriologia, microbiologia, micologia, virologia, bioquímica ou biologia
molecular (14 m²).
 Sala de preparo de soluções (9 m²)
 Sala de extração de ácidos nucléicos (8,5 m²)
 Antecâmara de paramentação exclusiva (2,8 m²)
 Sala de PCR (6,0 m²)
 Sala de revelação de géis (4 m²)
 Laboratório de suporte à UTI (8 m²)
 Laboratório de emergência (16 m²)

O laboratório ainda deve ter os seguintes ambientes de apoio, com as áreas


médias sugeridas:
 Área para registro de pacientes, incluindo sala de espera (24 m²)
 Depósito de material de limpeza (2 m²)
 Sala de esterilização de material (4 m²)
 Sanitários para pacientes e acompanhantes, incluindo portadores de
necessidades especiais (10 m²)
 Sanitários para funcionários (5 m²)
 Copa (5m²)
 Quarto de plantão (quando houver funcionamento por 24 horas)
 Sala da administração (15 m²).

40
5 LABORATÓRIOS DE SAÚDE PÚBLICA

Fonte: enfermeirascheilacristina.blogspot.com

O laboratório de saúde pública tem como função básica promover


atividades voltadas para o controle epidemiológico e sanitário de uma população.
Suas principais ações estão fundamentadas em critérios epidemiológicos, tanto
no campo da análise clínica quanto na resolução de problemas prioritários de
saúde pública.
No cumprimento de suas funções, o laboratório de saúde pública atende
à demanda analítica de produtos afetos à vigilância sanitária como alimentos,
medicamentos e saneantes domissanitários.
Além disso realiza diagnósticos clínicos e epidemiológicos a partir de
amostras oriundas de pacientes suspeitos de doenças de interesse sanitário. As
atividades desenvolvidas no laboratório de saúde pública expõem os
trabalhadores a uma variedade de riscos que estão associados aos materiais
empregados e aos métodos utilizados.
Visando minimizar ou eliminar os riscos, é essencial o estabelecimento de
um programa de biossegurança para o laboratório. Tal programa deverá
estabelecer uma estrutura física, administrativa e técnica compatível com as
atividades a serem desenvolvidas.
Os principais aspectos do planejamento de um laboratório são: segurança
do pessoal, proteção da amostra, precisão dos resultados, eficiência no fluxo de
trabalho, assim como a proteção do meio ambiente e dos riscos provenientes
das atividades realizadas no seu interior. O laboratório de saúde pública deve
41
ser projetado para atender às condições de biossegurança, de acordo com a
classe de risco dos organismos e agentes manipulados nas suas atividades.

5.1 SISLAB – Sistema Nacional de Laboratórios de Saúde Pública

O Sistema Nacional de Laboratórios de Saúde Pública (SISLAB) é o


conjunto de redes nacionais de laboratórios, organizadas em sub-redes, por
agravos ou programas, de forma hierarquizada por grau de complexidade das
atividades relacionadas à vigilância em saúde – compreendendo a vigilância
epidemiológica e vigilância em saúde ambiental, vigilância sanitária e assistência
médica.
A Rede Nacional de Laboratórios de Vigilância Epidemiológica e a Rede
Nacional de Laboratórios de Vigilância em Saúde Ambiental, que compõem o
Sistema Nacional de Laboratórios de Saúde Pública (Sislab), faz parte do
Sistema Único de Saúde (SUS).
O Ministério da Saúde, por meio da Coordenação Geral de Laboratório de
Saúde Pública (CGLAB), é responsável por assessorar e cooperar tecnicamente,
junto aos estados e o Distrito Federal, na implementação da Rede Nacional de
Laboratórios, em articulação com as demais unidades competentes, além de
ajudar a promover o processo de educação permanente e de capacitação dos
profissionais de vigilância em saúde.
O Ministério da Saúde também auxilia no processo de elaboração de
normas e medidas para o monitoramento, controle e prevenção da resistência
microbiana em serviços de saúde, em articulação com a Agência Nacional de
Vigilância Sanitária (Anvisa), e articula linhas prioritárias para o desenvolvimento
de estudos, pesquisas, análises e outras atividades técnico científicas de
interesse para o SUS.
O monitoramento e o comportamento epidemiológico de doenças e
agravos, objeto de controle no campo laboratorial junto ao Centro de
Informações Estratégicas em Saúde (Cievs), nos âmbitos nacional e
internacional, estão vinculados à Rede Nacional de Laboratórios para
desenvolvimento adequado e planejado das políticas públicas na área da saúde.

42
As sub-redes do SISLAB são estruturadas observando suas
especificidades, de acordo com a seguinte classificação de unidades
laboratoriais, definidas na Portaria GM/MS Nº 2031, de 23 de setembro de 2004:
I - Centros Colaboradores - CC
II - Laboratórios de Referência Nacional – LRN
III - Laboratórios de Referência Regional – LRR
IV - Laboratórios de Referência Estadual – LRE
V - Laboratórios de Referência Municipal – LRM
VI - Laboratórios Locais – LL
VII - Laboratórios de Fronteira - LF.

A Portaria GM/MS Nº 2031, de 23 de setembro de 2004 em seu art. 3º


estabelece:
As unidades integrantes da Rede Nacional de Laboratórios de
Vigilância Epidemiológica executam as seguintes atividades principais:
I - diagnóstico de doenças de notificação compulsória;
II - vigilância de doenças transmissíveis e não transmissíveis;
III - monitoramento de resistência antimicrobiana;
IV - definição da padronização dos kits diagnósticos a serem utilizados
na Rede.

Quanto as principais atividades realizadas pelas unidades integrantes da


Rede Nacional de Laboratórios, o Art. 4º dessa mesma portaria descreve:

I - vigilância da qualidade da água para consumo humano


II - vigilância da qualidade do ar;
III - vigilância da qualidade do solo;
IV - vigilância de fatores ambientais físicos e químicos;
V - vigilância de fatores ambientais biológicos (vetores, hospedeiros,
reservatórios e animais peçonhentos); e
VI - monitoramento de populações humanas expostas aos fatores
ambientais biológicos, químicos e físicos.

43
5.2 Biossegurança Laboratorial (NB3/NBA3)

O Ministério da Saúde possui atualmente, 12 (doze) laboratórios em


instituições de referência que foram construídos para realizar o diagnóstico
laboratorial em condições de nível de biossegurança 3 (NB3).
Esses Laboratórios com ambientes de contenção foram implantados com
o objetivo de aprimorar a capacidade tecnológica, permitindo maior
independência na realização de ensaios diagnósticos que pela sua
complexidade exigem condições especiais de segurança.
É importante ressaltar que o trabalho desenvolvido nos laboratórios com
nível de contenção 3 baseia-se na avaliação de risco, cujos parâmetros
encontram-se estabelecidos na classificação dos agentes biológicos
especificados na legislação vigente, que após a avaliação de risco indicam quais
os procedimentos a serem realizados com amostras que podem exigir níveis
mais altos de confinamento biológico.

*OBS: Nível de Biossegurança – NB3


O laboratório de nível de Biossegurança 3, ou de contenção, destina-se
ao trabalho com agentes de risco biológico da classe 3, ou seja, com
microrganismos que acarretam elevado risco individual e baixo risco para a
comunidade. É aplicável para laboratórios clínicos, de diagnóstico, ensino e
pesquisa ou de produção onde o trabalho com agentes exóticos possa causar
doenças sérias ou potencialmente fatais como resultado de exposição por
inalação.
A equipe profissional deve possuir treinamento específico no manejo de
agentes patogênicos, potencialmente letais, devendo ser supervisionados por
profissional altamente capacitado e que possua vasta experiência com estes
agentes.

5.3 Sistema Gerenciador De Ambiente Laboratorial (GAL)

O Sistema Gerenciador de Ambiente Laboratorial (GAL) foi desenvolvido


pela Coordenação Geral de Laboratórios de Saúde Pública (CGLAB/SVS/MS),

44
em parceria com Departamento de Informática do Sistema Único de Saúde
(DATASUS).
O GAL é um sistema informatizado construído para Laboratórios de
Saúde Pública aplicado aos exames e ensaios de amostras de origem humana,
animal e ambiental, seguindo os protocolos do Ministério da Saúde.
De acordo com o Ministério da Saúde, o GAL tem como principais
funções:
“gerenciar e acompanhar as realizações das análises laboratoriais
desde a sua solicitação até emissão do laudo final; gerar relatórios
gerenciais e de produção de exames nas Redes de Laboratórios de
Saúde Pública; enviar informações laboratoriais a outros sistemas, por
meio de interface; subsidiar as tomadas de decisões pelas Vigilâncias
nas esferas Nacional, Estadual e Municipal.”

O sistema Gerenciador de Ambiente Laboratorial - GAL tem como


objetivo:
Informatizar o Sistema Nacional de Laboratórios de Saúde Pública das
Redes Nacionais de Laboratórios de Vigilância Epidemiológica e Vigilância em
Saúde Ambiental, proporcionando o gerenciamento das rotinas, o
acompanhamento das etapas para realização dos exames/ensaios e a obtenção
de relatórios produção / epidemiológicos / analíticos nas redes estaduais de
laboratórios de saúde pública.
Enviar os resultados dos exames laboratoriais de casos suspeitos ou
confirmados (positivos/ negativos) das Doenças de Notificação Compulsórias
(DNC) ao Sistema de Informação de Agravos de Notificação - SINAN.
Auxiliar nas tomadas de decisões epidemiológicas e gerenciais dos
laboratórios de saúde.

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REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

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