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SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO ................................................................................................ 4

2 BIOSSEGURANÇA......................................................................................... 5

2.1 Princípios de Biossegurança .................................................................... 8

2.2 Níveis de Biossegurança........................................................................ 10

2.3 Portaria 2616 do Ministério da Saúde de 12/05/1998 ............................ 11

2.4 PCIH e CCIH .......................................................................................... 16

2.5 Definições .............................................................................................. 18

2.6 Higiene e hábitos pessoais .................................................................... 21

2.7 Descontaminação .................................................................................. 22

2.8 Equipamento de proteção individual – EPI............................................. 22

2.9 Precauções padrão ................................................................................ 26

2.10 Classificação de risco dos agentes biológicos .................................... 31

3 PROCESSOS DE DESCONTAMINAÇÃO E ESTERELIZAÇÃO .................. 32

3.1 Recursos humanos ................................................................................ 33

3.2 Materiais de acabamento da CME ......................................................... 35

3.3 Processos desenvolvidos na Esterilização............................................. 36

3.4 Os microrganismos ................................................................................ 38

3.5 Os germes e a origem das infecções ..................................................... 39

3.6 Classificação dos Artigos Hospitalares .................................................. 40

3.7 Esterilização por calor úmido ................................................................. 43

3.8 Esterilização por calor Seco ................................................................... 46

3.9 Microbiologia da pele ............................................................................. 48

4 RESÍDUOS DOS SERVIÇOS DE SAÚDE.................................................... 49

4.1 Regulamentações .................................................................................. 51

4.2 Riscos dos RSS ..................................................................................... 54

4.3 Classificação .......................................................................................... 57


4.4 Exposição a agentes biológicos ............................................................. 59

4.5 Coleta seletiva dos resíduos sólidos de saúde ...................................... 60

4.6 DOENÇAS OCUPACIONAIS ................................................................. 63

4.7 O adoecimento dos trabalhadores e sua relação com o trabalho .......... 64

5 ACIDENTES COM MATERIAL BIOLÓGICO ................................................ 73

5.1 Fatores de risco para ocorrência de infecção ........................................ 74

5.2 Cuidados ao manusear material pérfurocortante e biológico ................. 74

5.3 Procedimentos recomendados pós-exposição a material biológico ....... 75

6 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ............................................................. 77

7 BIBLIOGRAFIAS SUGERIDAS .................................................................... 82


1 INTRODUÇÃO

Prezado aluno!
O Grupo Educacional FAVENI, esclarece que o material virtual é semelhante ao
da sala de aula presencial. Em uma sala de aula, é raro – quase improvável - um aluno
se levantar, interromper a exposição, dirigir-se ao professor e fazer uma pergunta, para
que seja esclarecida uma dúvida sobre o tema tratado. O comum é que esse aluno faça a
pergunta em voz alta para todos ouvirem e todos ouvirão a resposta. No espaço virtual,
é a mesma coisa. Não hesite em perguntar, as perguntas poderão ser direcionadas ao
protocolo de atendimento que serão respondidas em tempo hábil.
Os cursos à distância exigem do aluno tempo e organização. No caso da nossa
disciplina é preciso ter um horário destinado à leitura do texto base e à execução das
avaliações propostas. A vantagem é que poderá reservar o dia da semana e a hora que
lhe convier para isso.
A organização é o quesito indispensável, porque há uma sequência a ser seguida
e prazos definidos para as atividades.

Bons estudos!

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2 BIOSSEGURANÇA

Fonte: br.linkedin.com

O termo Biossegurança pode ser definido como conjunto de ações voltadas para
prevenção, minimização ou eliminação de riscos inerentes às atividades de pesquisa,
produção, ensino, desenvolvimento tecnológico e prestação de serviços, visando a
saúde do homem, dos animais, a preservação do meio ambiente e a qualidade de vida. A
Biossegurança é tratada pela Comissão de Biossegurança em Saúde (CBS), que foi
instituída pela Portaria GM/MS nº 1.683, de 28 de agosto de 2003. Desde sua criação, o
objetivo da CBS é definir estratégias de atuação, avaliação e acompanhamento das
ações ligadas à Biossegurança de forma a ter o melhor entendimento entre o Ministério
da Saúde com órgãos e entidades relacionadas ao tema.

O interesse em biossegurança é manifestado no crescente número de


regulamentações nacionais e internacionais para controle dos procedimentos de
biotecnologia. A biossegurança tem várias normas que preconizam a diminuição
da exposição de trabalhadores a riscos e a prevenção de contaminação
ambiental. (HAMBLETON 1992, apud PENNA 2010, p. 556).

As medidas de biossegurança devem ser adotadas e associadas a um plano de


educação, garantindo assim a integridade vital dos profissionais, sendo que, esta, possui
um papel fundamental na promoção à saúde, através da abordagem de medidas de
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controle de infecção, além de colaborar para a preservação do meio ambiente e para a
redução de riscos à saúde.
A biossegurança inclui procedimentos de armazenamento, esterilização, proteção
individual e coletiva e normas para evitar acidentes.

Biossegurança é definida como um conjunto de estudos e ações destinados a


prevenir, controlar, reduzir ou eliminar riscos inerentes às atividades que possam
comprometer a saúde humana, animal, vegetal e o meio ambiente. (MOLINARI
2009, apud MINISTÉRIO DA SAÚDE 2010, p. 29).

O ambiente hospitalar é considerado complexo, sendo composto por pessoas,


soluções, equipamentos, material contaminado com variados microrganismos, papéis, o
que favorece a ocorrência de acidentes. Para o perfeito funcionamento destes
ambientes, é necessário ter disciplina, ética, adesão às normas e legislação, pois a
ausências desses fatores em um ambiente extremamente hostil, tornam-se vulneráveis
aos riscos que o permeia.
A partir de doenças como o HIV e Hepatites, começaram as necessidades de se
discutir e adotar mecanismos de proteção, tanto para os profissionais envolvidos no
atendimento em saúde, quanto para os usuários, como focos principais na prevenção da
exposição a materiais biológicos potencialmente infecciosos, bem como a proteção
através da imunização.
A combinação de procedimentos padrão, mudanças na prática de trabalho, uso
dos diversos recursos tecnológicos e educação continuada são as melhores alternativas
para reduzir exposições ocupacionais, devendo estar disponível para os profissionais
atuantes, as normas e procedimentos que facilitem pronta comunicação, avaliação,
aconselhamento, tratamento e acompanhamento dos acidentes de trabalho com
material biológico.
Essas normas devem estar de acordo com as exigências federais, estaduais e
municipais, sendo necessária uma rotina clara e objetiva, seguida por todos os
profissionais envolvidos no atendimento em saúde buscando manter a cadeia asséptica,
para minimizar a contaminação cruzada e os riscos de acidente.
O caráter multidisciplinar da biossegurança, com limites amplos e em constante
construção, deve ser entendido, como um campo de estudos que vai além do ambiente
de trabalho, interagindo de forma dinâmica com as Ciências da Natureza, na qual se
encontra fortemente inserida.
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O princípio básico da biossegurança é o controle de riscos, um elemento
considerável do esforço gradual da busca de proteção contra as ameaças à vida
humana. A responsabilidade legal pelo controle de riscos e pela segurança em
ambientes de trabalho cabe aos administradores, no entanto os funcionários devem
incorporar em sua rotina de trabalho boas técnicas microbiológicas e normas de
biossegurança.
Esta ação é realizada de forma constante, com treinamentos e alertas, sempre
com a preocupação de manter as condições de saúde e observar os riscos potenciais
associados ao trabalho.
Risco é definido como qualquer situação que aumenta a probabilidade de
ocorrência de uma doença ou agravo à saúde. Estes são possíveis danos pessoais,
infecções ou outras consequências negativas ao ser humano e meio ambiente.
Fator de risco são todas as características ou circunstâncias que acompanham
um aumento de probabilidade de ocorrência do fato indesejado sem que este fator tenha
intervenção necessariamente em sua causalidade.
Agente de risco é qualquer componente de natureza física, química ou radioativa
que possa comprometer a saúde do homem, dos animais, do meio ambiente ou a
qualidade dos trabalhos desenvolvidos.
Mapa de risco é a expressão gráfica de distribuição dos riscos envolvidos em um
processo de trabalho realizado em um ponto específico. Tais riscos têm origem nos
diversos elementos do processo de trabalho e a forma de organização do trabalho
(arranjo físico, ritmo de trabalho, método de trabalho, postura de trabalho, jornada de
trabalho, turnos de trabalho, treinamento, dentre outros).
Análise de risco é a condição de segurança alcançada por um conjunto de ações
destinadas a prevenir, controlar, reduzir ou eliminar riscos inerentes às atividades que
possam comprometer a saúde humana, animal e vegetal e ao ambiente.

As análises dos riscos de acidentes constituem o primeiro passo para


compreender as causas efetivas que motivam as perdas humanas e materiais. A
partir daí, aplicando-se os conhecimentos acidentários é possível operar os
sistemas, especialmente os produtivos, dentro das faixas de segurança
aceitáveis, permitindo o convívio das pessoas com os riscos, que previamente
conhecidos, serão eliminados ou controlados. (CARMELLO 2008, apud
BARROS 2013, p. 13).

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Os profissionais da saúde sempre estarão expostos a algum tipo de risco, sendo
estes classificados em cinco grupos:
Risco de acidente: É quando há um evento negativo e indesejável, causando
lesão pessoal ou dano material. Alguns exemplos são queimaduras, cortes e
perfurações.
Risco ergonômico: Quando há qualquer fator interferente na característica
psicomorfológica do trabalhador, afetando sua saúde. Por exemplo transporte manual
de peso, movimento repetitivo, postura inadequada que pode gerar doença relacionada
ao trabalho.
Risco físico: Está relacionado a diversas formas de energia que o trabalhador
está submetido, como pressões anormais, temperatura extrema, ruído, vibrações,
radiações ionizantes, ultrassom.
Risco químico: É a exposição a agentes ou substâncias químicas presentes no
ambiente ou processo de trabalho que possam penetrar no organismo por via
respiratória, ser absorvido pela pele ou mesmo por ingestão.
Risco biológico: Está associado ao manuseio ou contato com materiais
biológicos ou animais infectados com agentes biológicos que possam produzir efeitos
nocivos sobre os seres humanos, animais e meio ambiente.

Os agentes biológicos que afetam o homem, os animais e as plantas foram


classificados pelo Ministério da Saúde por meio da Comissão de Biossegurança
em Saúde (CBS). Os critérios de classificação têm como base diversos
aspectos, tais como: virulência, modo de transmissão, estabilidade do agente,
concentração e volume, origem do material potencialmente infeccioso,
disponibilidade de medidas profiláticas eficazes, disponibilidade de tratamento
eficaz, dose infectante, tipo de ensaio e fatores referentes ao trabalhador.
(BRASIL 2006, apud PENNA 2010, p. 557).

2.1 Princípios de Biossegurança

O objetivo principal da biossegurança é criar um ambiente de trabalho com


promoção da contenção do risco de exposição a agentes potencialmente nocivos ao
trabalhador, pacientes e meio ambiente, de modo que este risco seja minimizado ou
eliminado. O termo “contenção” é usado para descrever os métodos de segurança
utilizados na manipulação de materiais infecciosos ou causadores de riscos no meio
laboral, onde estão sendo manejados ou mantidos.

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As ações de biossegurança em saúde são primordiais para a promoção
manutenção do bem-estar e proteção à vida. A evolução cada vez mais rápida
do conhecimento científico e tecnológico propicia condições favoráveis, que
possibilitam ações que colocam o Brasil em patamares preconizado pela
Organização Mundial de Saúde (OMS) em relação à biossegurança e saúde. No
Brasil, a biossegurança começou a ser institucionalizada quando o Brasil tomou
parte do Programa de Treinamento Internacional em Biossegurança ministrado
pela OMS que teve como objetivo estabelecer pontos focais na América Latina
para o desenvolvimento do tema. (CBS 2010 apud MINISTÉRIO DA SAUDE
2010, p. 36).

Os agentes biológicos obedecem uma classificação de acordo com seu potencial


de risco:
Classe de risco 1: Agentes biológicos que oferecem baixo risco individual e
coletivo, definidos como não patogênicos para pessoas ou animais adultos sadios.
Classe de risco 2: Agentes biológicos que oferecem moderado risco individual e
limitado risco para a comunidade, que provocam infecções no homem ou nos animais,
cujo potencial de propagação na comunidade e de disseminação no meio ambiente seja
limitado, e para os quais existem medidas terapêuticas e profiláticas eficazes.
Classe de risco 3: Agentes biológicos que oferecem alto risco individual e
moderado risco para a comunidade, que possuem capacidade de transmissão por via
respiratória e causam patologias humanas ou animais, potencialmente letais, para as
quais existem medidas de tratamento e prevenção. Representam risco se disseminados
na comunidade e no meio ambiente, podendo se propagar de pessoa a pessoa.
Classe de risco 4: Agentes biológicos que oferecem alto risco individual e
comunitário com grande poder de transmissibilidade por via respiratória ou de
transmissão desconhecida. Nem sempre está disponível um tratamento eficaz ou
medidas de prevenção contra esses agentes. Causam doenças humanas e animais de
alta gravidade, com alta capacidade de disseminação na comunidade e no meio
ambiente. Esta classe inclui principalmente os vírus.
Classe de risco especial: Agentes biológicos que oferecem alto risco de causar
doença animal grave e de disseminação no meio ambiente de doença animal não
existente no país e que, embora não sejam obrigatoriamente patógenos de importância
para o homem, podem gerar graves perdas econômicas e redução na produção de
alimentos.

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2.2 Níveis de Biossegurança

O nível de Biossegurança de um procedimento é determinado segundo o agente


biológico de maior classe de risco envolvido. Quando não se conhece a patogenicidade
do agente biológico deve-se realizar uma avaliação do risco para estimar o nível de
contenção. A Comissão Técnica Nacional de Biossegurança (CTNBio) é responsável
pelas atribuições relativas ao estabelecimento de normas, análise de risco, definição
dos Níveis de Biossegurança e classificação de Organismos Geneticamente Modificados
(OGM).
As características físicas, estruturais e de contenção determinam o tipo de
microrganismo que pode ser manipulado nas dependências onde estão presentes riscos
ocupacionais.
Nível de Biossegurança 1: É o nível básico de contenção, que se baseia nas
práticas padrões de microbiologia. Não é requerida nenhuma característica de desenho,
além de bom planejamento espacial e funcional e a adoção de boas práticas laborais.
Nível de Biossegurança 2: Diz respeito aos microrganismos pertencentes a
classe de risco 2. É necessário, além da adoção das boas práticas, o uso de barreiras
físicas primarias como cabines de segurança biológica e equipamentos de proteção
individual e secundárias.
Nível de Biossegurança 3: Destinado aos trabalhos com microrganismos de
classe de risco 3 ou para manipulação de grandes volumes e altas concentrações de
microrganismos da classe de risco 2. São requeridos, além dos itens do nível de
biossegurança 2, o desenho e a construção especial. Deve ser rígida a operação,
inspeção e manutenção das instalações e equipamentos. Além disso o suporte técnico
deve receber treinamento específico.
Nível de Biossegurança 4: É o nível de contenção máxima, destinado a
manipulação de microrganismos de classe de risco 4, onde há o mais alto grau de
contenção, representando uma unidade geográfica e funcionalmente independente de
outras áreas. Esses laboratórios além de requerer requisitos físicos e operacionais dos
níveis de contenção 1, 2 e 3, também pedem barreiras de contenção como instalações,
desenho dos equipamentos de proteção e procedimentos especiais de biossegurança.
Os quatro níveis de biossegurança estão em ordem crescente no maior grau de
contenção e complexidade do nível de proteção.
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Sabendo analisar o risco biológico ao qual se está exposto, pode-se decidir em
qual nível de biossegurança o agente infeccioso se encaixa, quais os equipamentos de
segurança utilizar e dessa forma, pode-se proteger o profissional, a comunidade e o meio
ambiente ao risco exposto.
Há ainda os manuais de Biossegurança, que são de responsabilidade de
comissões formadas, que preparam normas dentro da legislação vigente, com revisões
quando necessárias.
São alguns setores envolvidos com o desenvolvimento de manuais de
biossegurança: CIPA (Comissão Interna de Prevenção de Acidentes), comissão criada
por funcionários de todos os níveis. SESMT (Serviços Especializados em Engenharia de
Segurança e Medicina do Trabalho) e PCMSO (Programa de Controle Médico de Saúde
Ocupacional) sob responsabilidade de um médico do trabalho. O SESMT protege a
integridade do trabalhador e promove sua saúde. PPRA (Programa de Prevenção de
Riscos Ambientais) está sob responsabilidade direta da Comissão de Biossegurança,
avaliando os riscos biológicos e o local de trabalho.

A preservação da saúde e da segurança no ambiente de trabalho constituem


uma das principais bases para o desenvolvimento adequado da força de
trabalho, sendo indispensável quando se espera ter um ambiente produtivo e de
qualidade. O sucesso na obtenção dos resultados está intimamente relacionado
com a valorização do recurso humano dentro da empresa, como um dos fatores
primordiais. (CHIAVENATTO 1989, apud MONTEIRO 2005, p. 3).

2.3 Portaria 2616 do Ministério da Saúde de 12/05/1998

Fonte: anvisa.gov.br
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Esta portaria do Ministério da Saúde, dispõe sobre a obrigatoriedade da
manutenção pelos hospitais do país, de programa de controle de infecções hospitalares
(PCIH), devido aos riscos significativos à saúde dos usuários.
As ações mínimas necessárias, a serem desenvolvidas, deliberada e
sistematicamente, com vistas à redução máxima possível da incidência e da gravidade
das infecções nos hospitais, compõem o Programa de Controle de Infecções
Hospitalares.
O PCIH é um conjunto de ações desenvolvidas com a finalidade de reduzir ao
máximo a incidência e gravidade das infecções hospitalares.
Para a adequada execução do PCIH, os hospitais deverão constituir CCIH, órgão
de assessoria à autoridade máxima da instituição e de execução das ações de controle
de infecção hospitalar, que deverá ser composta por profissionais da área de saúde, de
nível superior, formalmente designados. Os membros da CCIH serão consultores e
executores, sendo que o presidente ou coordenador da CCIH será um dos membros da
mesma, indicado pela direção do hospital.
A equipe de CCIH será composta de profissionais consultores, será assim
disposta e representada pelos seguintes serviços: médico, enfermeiro, farmacêutico,
profissional de laboratório de microbiologia e administração, e de membros executores,
representando o Serviço de Controle de Infeção Hospitalar sendo encarregados da
execução das ações programadas de controle de IH e serão, no mínimo, 2 técnicos de
nível superior da área de saúde para cada 200 leitos ou fração deste número com carga
horária diária, mínimas de 6 horas para o enfermeiro e 4 horas para os demais
profissionais. Um dos membros executores deve ser, preferencialmente, um enfermeiro.

O monitoramento constante das práticas de saúde deve focar em custos e


qualidade para segurança do paciente. A utilização de indicadores clínicos,
definidos como medidas quantitativas contínuas ou periódicas de variáveis,
características ou atributos de um dado processo ou sistema, vem se tornando
uma ferramenta útil para avaliar os serviços de saúde. (LACERDA 2006, apud
MENEGUETI 2015, p.99).

Nos hospitais com leitos destinados a pacientes críticos, a CCIH deverá ser
acrescida de outros profissionais de nível superior da área de saúde.
Pacientes críticos são aqueles em terapia intensiva adulto, pediátrico e neonatal,
pacientes de berçário de alto risco, queimados, submetidos a transplantes de órgãos,
hemato oncológicos, com Síndrome da Imunodeficiência Adquirida dentre outros.
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À CCIH do hospital compete elaborar, implementar, manter e avaliar PCIH de
acordo com as características e necessidades da instituição, contemplando ações
relativas a implantação de um Sistema de Vigilância Epidemiológica das Infecções
Hospitalares, adequação, implementação e supervisão das normas e rotinas técnico
operacionais, visando à prevenção e controle das infecções hospitalares. Cabe a ela
também a capacitação do quadro de funcionário e profissionais da instituição, uso
racional de antimicrobianos, germicidas e materiais médico-hospitalares, avaliação
periódica das informações providas pelo Sistema de Vigilância Epidemiológica das
infecções hospitalares e aprovação de medidas de controle propostas pelos membros
executores da CCIH.

Preconiza-se que um dos membros executores seja, preferencialmente,


enfermeiro. Dessa forma, mesmo estando diante da premissa de
interdisciplinaridade profissional e do trabalho em equipe, com frequência o
enfermeiro representa ser o “carro-chefe” para a realização de atividades a
serem desenvolvidas pelos membros executores. (GIAROLA 2012, apud
SANTOS 2014, p. 411).

Deverá também realizar investigação epidemiológica de casos e surtos e


implantar medidas imediatas de controle, elaborar e divulgar relatórios e comunicar à
autoridade máxima da instituição e às chefias de todos os setores do hospital a situação
do controle das infecções hospitalares, promovendo seu amplo debate na comunidade
hospitalar. Cabe a ela também a elaboração, implementação e supervisão de normas e
rotinas técnico operacionais, visando limitar a disseminação de agentes presentes nas
infecções em curso no hospital, por meio de medidas de precaução e de isolamento.
Adequar, implementar e supervisionar a aplicação de normas e rotinas técnico
operacionais, a fim de prevenir e tratar as IH, definindo em cooperação com a Comissão
de Farmácia e Terapêutica, a política de utilização de antimicrobianos, germicidas e
materiais médico-hospitalares para a instituição, é papel da CCIH, além de cooperar com
o setor de treinamento ou responsabilizar-se pelo treinamento, com vistas a obter
capacitação adequada do quadro de funcionários e profissionais, no que diz respeito ao
controle das infecções hospitalares, também se destacam entre as competências.
A ela compete elaborar regimento interno para a Comissão de Controle de
Infecção Hospitalar, cooperar com a ação do órgão de gestão do SUS, bem como
fornecer as informações epidemiológicas solicitadas pelas autoridades competentes,
notificar, na ausência de um núcleo de epidemiologia, os casos diagnosticados ou
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suspeitos de outras doenças sob vigilância epidemiológica, a notificação compulsória,
atendidos em qualquer dos serviços ou unidades do hospital e atuar cooperativamente
com os serviços de saúde coletiva, notificando ao Serviço de Vigilância Epidemiológica e
Sanitária do organismo de gestão do SUS, os casos e surtos diagnosticados ou
suspeitos de infecções.

Ressalta-se que o não cumprimento das normas da CCIH pode estar


relacionado à falta de informação dos clientes e profissionais sobre as
tecnologias e os métodos de prevenção e, também, ao desconhecimento da
gravidade de doenças. Um outro aspecto a considerar é a questão de ordem
socioeconômica e cultural, que está intimamente relacionada com a ocorrência e
transmissão da doença. (MARTINEZ 1992, apud GUERRA 2003, p. 48).

Caberá à autoridade máxima da instituição constituir formalmente a CCIH, nomear


os componentes da CCIH por meio de ato próprio, propiciar a infraestrutura necessária
à correta operacionalização da CCIH, aprovar e fazer respeitar o regimento interno da
CCIH, garantir a participação do Presidente da CCIH nos órgãos colegiados deliberativos
e formuladores de política da instituição, como, por exemplo, os conselhos técnicos,
independente da natureza da entidade mantenedora da instituição de saúde, garantir o
cumprimento das recomendações formuladas pela Coordenação Municipal, Estadual de
Controle de Infecção Hospitalar e fomentar a educação e o treinamento de todo o pessoal
atuante no âmbito hospitalar.
À CCIH/MS, compete definir diretrizes de ações de controle de infecção
hospitalar, apoiar a descentralização das ações de prevenção e controle de infeção
hospitalar, coordenar as ações nacionais de prevenção e controle, estabelecer normas
gerais para a prevenção e controle das infecções hospitalares, estabelecer critérios,
parâmetros e métodos para o controle de infecção hospitalar, promover a articulação
com órgãos formadores, com vistas à difusão do conteúdo de conhecimentos do controle
de infecção hospitalar, cooperar com a capacitação dos profissionais de saúde, identificar
serviços municipais, estaduais e hospitalares para o estabelecimento de padrões
técnicos de referência nacional, prestar cooperação técnica, política e financeira aos
Estados e aos Municípios, para aperfeiçoamento da sua atuação em prevenção e
controle de infecção, acompanhar e avaliar as ações implementadas, respeitadas as
competências estaduais e municipais de atuação, na prevenção e controle das infecções
hospitalares, estabelecer sistema nacional de informações sobre infecção hospitalar na
área de vigilância epidemiológica, estabelecer sistema de avaliação e divulgação
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nacional dos indicadores da magnitude e gravidade das infecções hospitalares e da
qualidade das ações de seu controle, planejar ações estratégicas em cooperação técnica
com os Estados, Distrito Federal e os Municípios, acompanhar, avaliar e divulgar os
indicadores epidemiológicos de infecção hospitalar.
Às Coordenações do Estado e Distrito para o Controle de Infecção Hospitalar,
compete a elaboração de diretrizes de ação, baseadas na política nacional de controle
de infecção hospitalar, estabelecer normas para a prevenção e controle de infecção
hospitalar, descentralizar as ações de prevenção e controle de infecção hospitalar dos
municípios, prestar apoio técnico, financeiro e político aos municípios, executando ações
e serviços de saúde, coordenar, acompanhar, controlar e avaliar as ações de prevenção
e controle de infecção hospitalar do Estado e Distrito Federal, acompanhar, avaliar e
divulgar os indicadores epidemiológicos de infecção hospitalar, informar,
sistematicamente, à Coordenação de Controle de Infecção Hospitalar, do Ministério da
Saúde, a partir da rede distrital, municipal e hospitalar, os indicadores de infecção
hospitalar estabelecidos.
Às Coordenações compete ações de prevenção e controle de infecção hospitalar
na rede, participação no planejamento, programação e organização da rede
regionalizada e hierarquizada do SUS, em articulação com a Coordenação Estadual,
colaboração e acompanhamento juntamente com os hospitais na execução das ações
de controle de infecção hospitalar, prestação de apoio técnico à CCIH dos hospitais,
informando à Coordenação Estadual de controle de infecção hospitalar do estado, a
partir da rede hospitalar, os indicadores de infecção hospitalar estabelecidos.

A OMS preconiza que as autoridades em âmbito nacional e regional


desenvolvam ações com vistas à redução do risco de aquisição de infecções.
Os objetivos devem ser estabelecidos em âmbito nacional ou regional em
consonância com demais objetivos de saúde nestas esferas. O engajamento
entre as agências de saúde pública federal, estadual e local e os profissionais
de saúde das instituições torna-se vital para a implantação, sustentabilidade e
expansão de um programa de vigilância e prevenção de infecções. (ANVISA
2013, apud ANVISA 2016, p. 8).

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2.4 PCIH e CCIH

Fonte: ipog.edu.br
A Infecção Hospitalar (IH) é definida como doença adquirida após admissão do
paciente e que se manifesta após a internação ou alta, quando puder ser relacionada
com a internação ou procedimentos hospitalares.

A base da prevenção de infecção hospitalar é a nomeação de um grupo de


trabalho, chamado Comissão de Controle de Infecção Hospitalar (CCIH), capaz
de desenvolver um programa eficiente com impacto na melhoria da qualidade
assistencial e na segurança dos pacientes e profissionais da saúde. (PUCCINI
2010, apud MPSP 2010, p.11).

A vigilância epidemiológica ativa é um dos pilares do controle das IH, pois permite
a determinação do perfil endêmico das instituições, a identificação de eventos
inesperados, como surtos e o direcionamento das ações de prevenção e controle.
Os órgãos estaduais de saúde no exercício da atividade fiscalizatória devem
observar a adoção, pela instituição prestadora de serviços, de formas de proteção
capazes de evitar efeitos nocivos à saúde dos agentes, clientes e pacientes. As
dificuldades para uma definição de infecção hospitalar adequada aos tempos modernos
e as polêmicas sobre os indicadores que devem ser considerados e o modelo de
intervenção para o seu controle, tornam obrigatório a implementação da CCIH e PCIH
em todas unidades hospitalares.
O PCIH, Programa de Controle de Infecção Hospitalar é definido como o conjunto
de ações desenvolvidas deliberada e sistematicamente com vistas à redução máxima

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possível da incidência e da gravidade das IH, adquirida após a internação do paciente e
que se manifesta durante a internação ou mesmo após a alta, quando relacionada a
hospitalização.

Somente através de uma equipe de saúde intensivamente educada, treinada e


cobrada quanto às recomendações de precauções universais é que será
possível a prevenção das infecções hospitalares, sendo necessário que, todos
os profissionais aceitem, respeitem e cumpram todas as normas estabelecidas
pela CCIH. (DESTRA 2002 apud CONSTANTINO 2007, p.3).

A CCIH fiscaliza e regulamenta normas de segurança e controle das infecções


hospitalares. Tais medidas somente podem ser tomadas se existir estrutura adequada,
incluindo profissionais qualificados e participação nas reuniões deliberativas do hospital.
As reuniões da CCIH devem ser periódicas e suas resoluções devem ser
repassadas ao corpo clínico e à direção do hospital, seguindo diretrizes e normas para a
prevenção e o controle das infecções hospitalares, reunidas da seguinte forma:
 Qualquer pessoa física ou jurídica que desenvolva atividades hospitalares de
assistência à saúde, seja de direito público ou privado, tem a obrigação de
instalar a comissão e desenvolver o PCIH,
 A CCIH deve ser composta por profissionais da área de saúde de nível
superior formalmente designados.
 Os hospitais podem se consorciar para executar o programa de controle de
infecções hospitalares, mas devem ter CCIH própria pelo menos com
membros consultores.
 O PCIH deve ser adaptado à realidade de cada hospital, mas suas ações
devem ser desenvolvidas deliberada e sistematicamente, conforme
determinados conceitos e critérios diagnósticos,
 Este programa deve conter um protocolo de utilização dos antibióticos
estabelecido pela comissão, que deve ser rigorosamente seguido por todos
os médicos,
 A responsabilidade para a constituição, implementação e fornecimento de
adequada estrutura da CCIH é da autoridade máxima da instituição, que deve
aprovar e fazer respeitar o regimento interno da comissão, propiciar o efetivo
cumprimento de suas determinações, fomentar a educação e o treinamento e
repassar as informações pertinentes às autoridades estaduais e municipais.
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 As Coordenações Nacional, Estadual, Municipal e do Distrito Federal de
Controle de IH planejam e executam as políticas públicas relacionadas a tais
infecções, que devem ser respeitadas pelos responsáveis.

Diversos estudos têm demonstrado que as taxas de infecção hospitalar podem


ser reduzidas, ou mesmo chegarem a valores próximos de zero em alguns sítios
como a infecção da corrente sanguínea, quando se adota um programa de
vigilância associado à implantação e gerenciamento de medidas de controle de
infecção. (FERNANDES 2007, apud MPSP 2010, p. 12).

A busca constante destas comissões e programas de controle e prevenção, é


diminuir a um número insignificante as infecções, através da educação principalmente
da equipe de saúde e educação do paciente e acompanhante. Para tal, é sempre válido a
aplicação de medidas de educação em todos os âmbitos cotidianos, inclusive no
ambiente domiciliar, pois adotando medidas rotineiras muito se pode prevenir.
A segurança no local de trabalho depende de toda a equipe, que deve planejar a
tarefa a ser executada, verificar o funcionamento da aparelhagem a ser utilizada e
conhecer o material a ser manipulado, visando à prevenção de acidentes de trabalho.
A Biossegurança e a importância dos mecanismos de proteção individual e
coletiva, visam a competência em realizar atividades de forma a prevenir, controlar,
reduzir e eliminar os fatores de risco inerentes aos processos de trabalho que possam
comprometer a saúde humana, o meio ambiente e a qualidade do trabalho.

2.5 Definições

 Acidente: É todo evento anormal no local de trabalho com danos ao


patrimônio da entidade ou empresa, ferimentos leves ou graves em
colaboradores e que deve ser investigado, para evitar que a repetição
acarrete outras vítimas.
 Acidente de trabalho: É aquele que ocorre pelo exercício do trabalho, a
serviço da empresa, provocando lesão corporal, perturbação funcional,
causando morte e perda ou redução permanente ou temporária da
capacidade para o trabalho.

18
 Agente de Risco: Qualquer componente de natureza física, química,
biológica ou radioativa que possa vir a comprometer a saúde do homem, dos
animais, do meio ambiente ou a qualidade dos trabalhos desenvolvidos.
 Análise de risco: É o processo de levantamento, avaliação e comunicação
dos riscos, considerando o ambiente e os processos de trabalho, para
implementar ações de prevenção, controle, redução ou eliminação dos
mesmos.
 Classe de risco: É o grau de risco associado ao material biológico que se
manipula.

Os critérios de classificação têm como base diversos aspectos, tais como:


virulência, modo de transmissão, estabilidade do agente, concentração e
volume, origem do material potencialmente infeccioso, disponibilidade de
medidas profiláticas eficazes, disponibilidade de tratamento eficaz, dose
infectante, tipo de ensaio e fatores referentes ao trabalhador. Os agentes
biológicos foram classificados em classes de 1 a 4, incluindo também a classe
de risco especial. (BRASIL 2006, apud PENNA 2010, p. 557).

 Contenção: O termo descreve os métodos de segurança que devem ser


utilizados na manipulação de agentes de risco no local onde estão sendo
manejados ou mantidos.
 Incidente: É uma circunstância acidental passível de ocorrer durante o
trabalho, sem danos imediatos ao trabalhador, porém, com possibilidades de
agravos futuros se não houver medidas urgentes de bloqueio.
 Material biológico: É todo material que contenha informação genética e seja
capaz de auto reprodução ou reprodução em um sistema biológico. Inclui os
organismos cultiváveis e agentes infecciosos, como vírus, bactérias, fungos
filamentosos, leveduras e protozoários, células humanas, animais e vegetais,
as partes replicáveis destes organismos e células, príons e os organismos
ainda não cultivados.
 Níveis de Biossegurança: É o grau de contenção necessário para permitir o
trabalho com materiais biológicos de forma segura para os seres humanos, os
animais e o ambiente. Consiste na combinação de práticas e técnicas de
laboratório, equipamentos de segurança e instalações laboratoriais.
 Patogenicidade: Capacidade de um agente biológico causar doença em um
hospedeiro suscetível.
19
 Risco Ocupacional: Probabilidade de ocorrência de acidentes ou agravos à
saúde ou à vida do trabalhador, decorrentes de condições inadequadas
durante suas atividades no trabalho.
 Riscos de Acidentes: Qualquer fator que coloque o trabalhador em situação
de perigo e possa afetar sua integridade, bem-estar físico e moral.

 Riscos Biológicos: Probabilidade de ocorrência de danos ou agravos à


saúde humana, animal ou ao meio ambiente decorrentes da exposição a
agentes ou materiais considerados perigosos do ponto de vista biológico,
como manuseados nos laboratórios. São distribuídos em quatro classes, por
ordem crescente de riscos.

Os agentes biológicos apresentam um risco real ou potencial para o homem e


para o meio ambiente, por esta razão, é fundamental montar uma estrutura que
se adapte à prevenção de tais riscos. (CASTRO 1996, apud PENNA 2010, p.
557).

 Riscos Ergonômicos: Qualquer fator que possa interferir nas características


psicofisiológicas do trabalhador, causando desconforto ou afetando sua
saúde.
 Riscos Físicos: São as diversas formas de energia a que possam estar
expostas os trabalhadores, tais como ruído, vibrações, pressões anormais,
temperatura externas, radiações.
 Riscos Químicos: São substâncias, compostos ou produtos que possam
penetrar no organismo nas formas de poeiras, fumos, névoas, neblinas,
gases.

20
2.6 Higiene e hábitos pessoais

Fonte: cristofoli.com

As atividades laborais requerem do profissional uma série de cuidados, justificada


pelo risco à saúde, em função do manuseio de material biológico contaminado, bem
como da utilização de vidraria, equipamentos e produtos químicos.
As boas práticas são fundamentais e referem-se às normas de conduta que regem
o trabalho, de modo a garantir a segurança individual e coletiva, bem como a
reprodutibilidade da metodologia e dos resultados obtidos.
Manter cabelos presos, uso de sapatos fechados, o ideal é não usar lentes de
contato, porém se for indispensável usá-las, não as manusear durante o trabalho e
protege-las por óculos de segurança, não aplicar cosméticos quando estiver em área de
pacientes, retirar piercing, manter as unhas cortadas e limpas, retirar acessórios e
adornos durante as atividades, são cuidados básicos para manter a higiene e segurança
no trabalho.

A higiene do trabalho propõe-se combater, no ponto de vista não médico, as


doenças profissionais, identificando os fatores que podem afetar o ambiente do
trabalho e o trabalhador, visando eliminar ou reduzir os riscos profissionais
(condições inseguras de trabalho que podem afetar a saúde, segurança e bem-
estar do trabalhador). (NASCIMENTO 2002, apud BRITO 2012, p. 9).

21
As mãos devem ser lavadas, aplicando antissépticos, preferencialmente álcool a
70% ao entrar no ambiente de trabalho, após realizar qualquer procedimento, depois de
retirar luvas e jaleco e antes de sair para o ambiente externo.
O uso de luvas não substitui a necessidade da lavagem das mãos porque elas
podem ter pequenos orifícios inaparentes ou danificar-se durante o uso, podendo
contaminar as mãos quando removidas.
É inconveniente o uso de fumo, bebidas e alimentos, armazenar alimentos e
artigos de uso pessoal, segurar o telefone ou manipular qualquer outro objeto calçando
luvas, usar telefones celulares durante as atividades laborais no ambiente hospitalar e
receber pessoas estranhas ao serviço, inclusive crianças.

2.7 Descontaminação

As superfícies e bancadas de trabalho devem ser limpas e descontaminadas


antes e após os trabalhos e sempre após algum respingo ou derramamento utilizando
álcool a 70%, ou hipoclorito de sódio.
Todo material potencialmente contaminado por agentes biológicos, como vidraria
e equipamentos, deve ser armazenado com segurança antes de removê-los para
autoclavação ou descarte.

2.8 Equipamento de proteção individual – EPI

EPIs são elementos de contenção de uso individual utilizados para proteger o


profissional do contato com agentes biológicos, químicos e físicos no ambiente de
trabalho. A utilização do EPI torna-se obrigatória durante todo atendimento e
procedimento.
Os equipamentos de proteção individuais e coletivos são considerados elementos
de contenção primária ou barreiras primárias e podem reduzir ou eliminar a exposição
da equipe, de outras pessoas e do meio ambiente aos agentes potencialmente
perigosos.
As luvas devem ser utilizadas para prevenir a contaminação da pele, das mãos e
antebraços com material biológico, durante a prestação de cuidados e na manipulação

22
de instrumentos, superfícies e cuidado direto ao paciente, sendo de uso exclusivo e
descartável, não dispensando, porém, a necessidade de lavar as mãos.
As luvas devem ser usadas em atividades que ofereçam riscos químicos, físicos e
biológicos, conferindo proteção contra dermatites, queimaduras químicas e térmicas,
bem como as contaminações ocasionadas pela exposição repetida a pequenas
concentrações de numerosos compostos químicos.
Enquanto estiver de luvas, o trabalhador não deve manusear maçanetas,
telefones fixos ou celulares, puxadores de armários e outros objetos de uso comum,
sendo contraindicado o uso destas fora da área de trabalho. Para lavar ambientes e
utensílios contaminados, bem como em todo e qualquer procedimento junto ao paciente,
deve-se fazer o uso de luvas e sempre descartá-las de forma segura.

Elas fazem parte do equipamento de proteção individual, e seu uso na


precaução de contato em situações pertinentes é determinado pela Agência
Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa). Então, faz-se necessário que os
profissionais tenham um conhecimento sobre elas e as usem de forma adequada
para que o controle das infecções seja eficaz. (SANTOS, OLIVEIRA 2013, apud
PADILHA 2016, p. 633).

As luvas de proteção para o manuseio de material biológico, deve ser de látex, e


deve ser usada sempre que houver chance de contato com sangue, fluídos do corpo,
secreções, dentre outros. Para pessoas alérgicas ao látex, estão indicadas as luvas de
PVC, vinil ou nitrila.
A higienização das mãos deve ser realizada antes e depois do uso das luvas,
uma vez que estas podem apresentar pequenos defeitos, não aparentes ou serem
rasgadas durante o uso, provocando contaminação das mãos durante a sua remoção.
São empregados para proteger profissionais da saúde do contato com agentes
infecciosos, tóxicos ou corrosivos, calor excessivo, fogo e outros perigos. Também
servem para evitar a contaminação do material, utensílios e procedimentos em geral.
O jaleco fornece uma barreira e proteção e reduz a oportunidade de transmissão
de microrganismos e contaminação química. Previne a contaminação das roupas,
protegendo a pele da exposição a sangue e fluidos corpóreos, salpicos e derramamentos
de material infectado.
O jaleco ou avental descartável deve ser resistente e impermeável. Seu uso é
obrigatório durante a jornada de trabalho quando o funcionário estiver em procedimento.
Jalecos nunca devem ser colocados no armário onde são guardados objetos pessoais.
23
Devem ser descontaminados antes de serem lavados e não devem ser utilizados nas
áreas administrativas, banheiros, refeitórios e outras áreas comuns.
Os óculos de segurança devem ser usados em atividades que possam produzir
respingos ou aerossóis, projeção de estilhaços pela quebra de materiais, bem como em
procedimentos que utilizem fontes luminosas intensas e eletromagnéticas, que envolvam
risco químico, físico ou biológico. Após sua utilização, lavar com água e sabão. No caso
de trabalho com agentes biológicos, utilizar solução desinfetante de hipoclorito, evitar o
uso de solução alcoólica por danificar o equipamento.
Os óculos oferecem proteção contra respingos de agentes corrosivos, irritações
e outras lesões oculares decorrentes da ação de trabalho. Devem proporcionar visão
transparente e sem distorções.
As máscaras de proteção são indicadas para as vias respiratórias e mucosa oral
durante a realização de procedimentos em que haja possibilidade de respingos ou
aspiração de agentes patógenos eventualmente presentes no sangue e outros fluidos
corpóreos.
Deve ser escolhida de modo a permitir proteção adequada, portanto, no
atendimento de pacientes com infecção ativa, particularmente tuberculose, devem ser
usadas máscaras especiais, tipo N95 com capacidade para filtrar partículas maiores que
0,3μm com uma eficiência de 95%, N99 ou N100.
Os profissionais que trabalham com amostras potencialmente contaminadas com
agentes biológicos classe 3, como Mycobacterium tuberculosis ou Histoplasma
capsulatum, por exemplo, devem utilizar máscaras com sistema de filtração que retenha
no mínimo 95% das partículas menores que 0,3μm.
As máscaras de proteção são equipamentos, confeccionados em tecido ou fibra
sintética descartável.

O doente ou portador, quando fala, tosse ou espirra, dispersa agentes


etiológicos de doenças de transmissão aérea. Deste modo, qualquer pessoa
pode ser exposta a esses agentes quando entre em contato com o doente ou
portador, ao entrar em ambientes contaminados, ou ainda ao realizar
procedimentos nestas pessoas. (BRASIL 2005, apud MOURA 2014, p. 13).

As máscaras ou respiradores N95 ou PFF2 possuem filtro eficiente para


retenção de pequenas partículas, vapores tóxicos e contaminantes presentes na

24
atmosfera sob a forma de aerossóis, tais como o bacilo da tuberculose e outras doenças
de transmissão aérea. Dessa forma, aumentam a proteção dos profissionais.
Cuidados na utilização e preservação possibilitam a reutilização da máscara
N95/PFF2, tais como: não utilizar cosméticos, pois os produtos podem manchar e
obstruir os filtros das máscaras, diminuindo a eficiência de proteção, não guardar em
bolsos de jalecos, não dobrar, nem amassar. Guardá-las sempre em local seco entre
folhas de papel absorvente.
As máscaras de proteção respiratória são necessárias quando se manipulam
gases irritantes (cloreto de hidrogênio, dióxido de enxofre, amônia, formaldeído), que
produzem inflamações ao contato direto com tecidos, pele, conjuntiva ocular e vias
respiratórias.
São usadas nas atividades que utilizam gases anestésicos e solventes orgânicos
que tem ação depressiva sobre o sistema nervoso central e gases asfixiantes como
hidrogênio, nitrogênio e dióxido de carbono, potencialmente agressores ao cérebro.
As toucas ou gorros devem ser utilizadas dependendo da atividade
desenvolvida, para proteger os cabelos de contaminação de aerossóis e respingos de
líquidos ou evitar que os cabelos contaminem uma área estéril.
Os trabalhadores com sandálias, calçados abertos ou de pano estão sujeitos a
acidentes e lesões nos pés. O calçado deve ser compatível com o tipo de atividade e
devem ser resistentes à ação de agentes químicos e proteger contra respingos e
materiais contaminados e que causam queimaduras. Para trabalhos de limpeza, são
indicadas botas de borracha de PVC.
Em situações de emergência, como o derrame de líquidos ou qualquer material
perigoso, o responsável pela limpeza deve estar com os pés devidamente protegidos.
Quando o piso é escorregadio, é recomendável o uso de calçados com solado
antiderrapante.
Os pró-pés, sapatilhas esterilizadas confeccionadas em algodão para áreas
estéreis, que podem ser reutilizadas conforme o tipo de material de sua confecção e a
atividade desenvolvida, sendo indicadas para áreas estéreis como bloco cirúrgico e
laboratórios.

25
2.9 Precauções padrão

Fonte: rioenfermagem.com

As Precauções Padrão representam um conjunto de medidas que devem ser


aplicadas no atendimento de todos os pacientes hospitalizados, independente do seu
estado infecioso presumível ou confirmado, e na manipulação de equipamentos e artigos
contaminados ou sob suspeita de contaminação. Estas precauções deverão ser utilizadas
quando existir o risco de contato com sangue, líquidos corpóreos, secreções e
excreções.

A adesão depende, todavia, da oferta e disponibilidade de EPIs pelas


instituições, e do conhecimento e atitude por parte dos profissionais. Assim,
conhecer o nível de adesão às PPs de seus profissionais, a fim de planejar e
realizar estratégias educativas que busquem garantir a segurança no ambiente
laboral e redução de doenças ocupacionais, é essencial para os serviços de
saúde. (PEREIRA 2013, apud FERREIRA 2016, p. 97).

Lavagem das mãos: A lavagem rotineira das mãos com água e sabão, elimina
além da sujidade visível, todos os microrganismos que se aderem à pele durante o
desenvolvimento de atividade mesmo estando a mão enluvada, sendo a principal medida
de bloqueio da transmissão de germes. Deve-se lavar as mãos sempre, antes de uma
atividade e logo após seu término, assim como no dia a dia antes das refeições e após a
ida ao banheiro. É ideal que se mantenha unhas curtas e as mãos sem anéis para
diminuir a retenção de germes.
Para a realização da lavagem das mãos são necessárias pia, saboneteira
suspensa e vazada para sabonete em barra ou dispensador de sabonete líquido, com
rotina de limpeza semanal, toalhas de papel, torneira com fechamento automático,
preferivelmente.

26
A sequência de esfregação das partes da mão com maior concentração
bacteriana que são as pontas dos dedos, meio dos dedos e polegares, se dá através da
seguinte técnica: não encostar na pia, abrir a torneira, administrar o sabão na mão,
friccionar as mãos dando atenção às unhas, meio dos dedos, polegar, palmas e dorso
das mãos pelo tempo aproximado de 15 segundos, enxaguar as mãos deixando a
torneira aberta, enxugar as mãos com papel toalha, fechar a torneira com a mão
protegida com papel toalha, caso não tenha fechamento automático.
É importante lembrar que para melhor remoção da flora microbiana as mãos
devem estar sem anéis e com as unhas curtas, caso contrário, uma carga microbiana
ficará retida nestes locais sendo passíveis de proliferação e transmissão. Na lavagem
rotineira das mãos o uso de sabão neutro é o suficiente para a remoção da sujeira, da
flora transitória e parte da flora residente.
O uso de sabões com antissépticos devem ficar restritos a locais com pacientes
de alto risco e no desenvolvimento de procedimentos cirúrgicos e invasivos ou em
situações de surto de infecção hospitalar.
Manipulação de instrumentos e materiais: Os instrumentos e materiais
contaminados com sangue, fluidos corporais, secreções e excreções devem ser
manuseados de modo a prevenir a contaminação da pele e mucosas, roupas, e evitar a
transferência de microrganismos para outros pacientes e ambiente.
Cuidado na manipulação de materiais cortantes e de punção: Ao manusear,
limpar, transportar ou descartar agulhas, lâminas de barbear, tesouras e outros
instrumentos de corte é necessário extremo cuidado para evitar acidentes. A estes
materiais dá-se o nome de instrumentos pérfurocortante, devendo serem descartados
em caixas apropriadas, rígidas e impermeáveis e colocadas próximo à área de sua
manipulação.
Nunca se deve reencapar agulhas após o uso, nem remover com as mãos
agulhas usadas de seringas descartáveis e não realizar a quebra da mesma. Seringas
e agulhas reutilizáveis devem ser transportadas para a área de limpeza e esterilização
em caixa de inox ou bandeja.
Ambiente e equipamentos: Toda unidade de saúde deve ter rotinas de limpeza e
desinfecção de superfícies do ambiente e de equipamentos.

27
Deve-se proteger as superfícies do contato direto, como botões, alças de
equipamentos, teclados, mouses e monitores com barreiras do tipo filme plástico (PVC),
papel alumínio ou outros materiais próprios a este fim.
As roupas e campos de uso no paciente devem ser manipuladas e transportadas,
quando sujas com sangue, fluidos corporais, secreções e excreções, com cuidado em
sacos plásticos para o sistema de lavanderia, própria ou terceirizada com garantia de
desinfecção das mesmas.
Todos os profissionais de saúde devem estar vacinados contra a hepatite B e o
tétano. Vacina é proteção específica de doenças.
A medida que se toca em objetos e pacientes com as mãos ocorre o contato com
enorme quantidade de microrganismos, que aderidos as mãos são repassados para
outros objetos e pacientes, assim como para outras partes do corpo, como olhos e nariz,
sendo de suma importância a lavagem das mãos com água e sabão, evitando assim a
transferência de microrganismos para outras superfícies.
Uso do álcool glicerinado: Para substituir a lavagem das mãos, indica-se a
aplicação do álcool glicerinado, composto de álcool 70%, a fim de destruir a flora aderida,
porém as mãos não devem apresentar sujidade visível. Neste caso indica-se a lavagem
das mãos com água e sabão.
O uso do álcool deve proceder com a aplicação do álcool na quantidade de 3 a 5
ml friccionando todas as faces da mão até secar naturalmente, podendo também ser
usado como antisséptico após a lavagem das mãos. Neste caso, a lavagem das mãos e
posterior antissepsia está indicada antes de procedimentos invasivos como punções,
sondagens, cateterizações e entubações. Outra indicação de aplicação do álcool após
a lavagem das mãos é em caso de exposição da pele ao contato direto com sangue e
secreções.

As novas recomendações para a higienização das mãos ratificadas pela


Organização Mundial da Saúde (OMS), propõem o uso de preparações
alcoólicas como procedimento padrão para a antissepsia das mãos
pelosprofissionais da saúde em substituição a tradicional lavagem das mãos
com água e sabão, quando estas não estiverem visivelmente ou contaminadas
com material orgânico. (WHO 2002, apud PRADO 2014, p. 545).

Antissepsia das mãos: A antissepsia é uma medida para inibir o crescimento ou


destruir os microrganismos existentes nas superfícies e nas camadas externas da pele

28
ou mucosa, através da aplicação de um germicida classificado como antisséptico. A
descontaminação depende da associação da degermação e a antissepsia.
A degermação é a remoção de detritos, impurezas e bactérias que se encontram
na superfície da pele, através da utilização de antisséptico com ação bactericida ou
bacteriostática que irá agir na flora residente da pele.
Existem antissépticos com diferentes princípios ativos e diferentes veículos de
diluição como degermante sólido ou cremoso, aquoso ou alcoólico. Variam também na
ação, concentração e tempo de efeito residual.
Os antissépticos são indicados para a antissepsia das mãos dos profissionais e
para pele ou mucosa do paciente em áreas onde serão realizados procedimentos
invasivos ou cirúrgicos.
Antissepsia das mãos antes de procedimentos cirúrgicos: Realizada com
escova de cerdas macias estéril e de uso individual ou descartável, sabão neutro ou
antisséptico degermante, antisséptico alcoólico e compressas esterilizadas.
Para a técnica da escovação das mãos deve-se retirar jóias e adornos das mãos e
manter unhas aparadas e sem esmalte, realizando a aplicação do sabão ou antisséptico
degermante nas mãos, iniciando a escovação nas unhas e espaços interdigitais, durante
01 minuto. Esfregar sem uso de escova, a palma, dorso e antebraço do membro durante
04 minutos, estabelecendo uma sequência sistematizada para atingir toda a superfície
da mão e antebraço num tempo total de 05 minutos, para cada membro, e após,
enxaguar abundantemente as mãos e antebraço com água corrente, mantendo os
braços elevados com as mãos acima do nível dos cotovelos. Fechar a torneira com o
cotovelo, caso não tenha fechamento automático e secar as mãos e antebraço com
compressa estéril, seguindo com a aplicação de antisséptico alcoólico.

O antisséptico cirúrgico deve ser capaz de eliminar totalmente a microbiota


transitória das mãos e reduzir significativamente a residente no começo do
procedimento, e inibir o seu crescimento em mãos enluvadas até o final da
cirurgia. Os antissépticos mais utilizados atualmente são a clorexidina (CHG) e
o polivinilpirrolidona iodo (PVPI) aplicados com esponja e/ou escova, apesar da
Organização Mundial da Saúde (OMS) não recomendar o uso de escovas para
essa finalidade pelo seu efeito abrasivo. (WHO 2009, apud GONÇALVES 2011,
p. 1485).

A limpeza do Ambiente: É a remoção ou retirada de sujeira através de fricção


de uma superfície com água e sabão ou detergente. Quanto maior o acúmulo de sujidade
em uma superfície, maior será o tempo e força de fricção para sua remoção. Em
29
ambiente fechado de assistência à saúde utiliza-se a varredura úmida, feita através de
rodo e panos úmidos, não se utiliza varrer ou espanar as superfícies para não dispersar
partículas de poeira que podem se depositar nos artigos hospitalares, serem inaladas
pela equipe e usuários, ou ainda, contaminar ferimentos expostos.
O ambiente de trabalho é dividido em áreas. A área física consiste no piso, mesas,
paredes, balcões, teto, macas, portas, cadeiras, janelas, pias.
A limpeza deve obedecer a princípios básicos, como a periodicidade e a limpeza
concorrente realizada diariamente e logo após exposição à sujidade. Inclui o
recolhimento do lixo, limpeza do piso e superfícies do mobiliário geralmente uma vez por
turno, além da limpeza imediata do local quando exposto à material biológico.
A limpeza terminal é geral, realizada semanal, quinzenal ou mensalmente
conforme a utilização e possibilidade de contato e contaminação de cada superfície.
Inclui escovação do piso, limpeza de teto, luminárias, paredes, janelas e divisórias.
Inicia-se a limpeza do local mais alto para o mais baixo, próximo ao chão, a partir do
local mais limpo para o mais sujo ou contaminado.
Preparo dos materiais para uso no atendimento ao paciente: O preparo dos
materiais para uso no atendimento aos pacientes prevê a elaboração de uma rotina do
responsável pelo controle de infecções na unidade de saúde. Para tal, faz-se necessário
que se estabeleça a identificação dos tipos de materiais para utilização nas diversas
ações de saúde básicas ou especializadas prestadas ao usuário. Estes materiais
incluem equipamentos eletroeletrônicos, mobiliário médico-odontológico, instrumentais
de uso permanente, materiais específicos, artigos médico-hospitalares e equipamentos
de proteção individual não descartáveis.

30
2.10 Classificação de risco dos agentes biológicos

Fonte: segecompany.com.br

A classificação de risco dos agentes biológicos, se dá a partir dos critérios


virulência, modo de transmissão, estabilidade do agente, concentração e volume, origem
do material potencialmente infeccioso, disponibilidade de medidas profiláticas e de
tratamento eficazes, dose infectante, tipo de ensaio e fatores referentes ao trabalhador,
que afetam pessoas, animais e meio ambiente, e estão classificados a seguir:
Classe de risco 1: Baixo risco individual e coletivo. Inclui os agentes que não
provocam doenças em humanos ou animais adultos sadios.
Classe de risco 2: Moderado risco individual e limitado risco coletivo. Inclui os
agentes que podem provocar infecções ou doenças no homem ou nos animais, cujo
potencial de propagação na comunidade e de disseminação no ambiente é limitado,
além de existirem medidas terapêuticas e profiláticas eficazes
Classe de risco 3: Inclui os agentes biológicos que se transmite por via
respiratória e que causam patologias humanas ou animais, potencialmente letais, para
as quais existem usualmente medidas profiláticas e terapêuticas eficazes. Representam
risco se disseminados na comunidade e no ambiente, podendo se propagar de pessoa
a pessoa.
Classe de risco 4: Alto risco individual e coletivo. Inclui os agentes biológicos que
causam infecções ou doenças graves ao homem ou animais, e representam um sério
risco para os profissionais e para a coletividade. São agentes patogênicos altamente
31
infecciosos, que se propagam com facilidade pela via respiratória ou de transmissão
desconhecida. Podem causar a morte, devido escassez de medidas profiláticas ou
terapêuticas eficazes.

3 PROCESSOS DE DESCONTAMINAÇÃO E ESTERELIZAÇÃO

Fonte: gagaflies.weebly.com

A preocupação com o risco de transmissão de doenças a partir de microrganismos


patogênicos, originou o processo de esterilização.
Com a descoberta da bactéria e a busca da morte microbiana muito se evoluiu
neste sentido e consequentemente no processo de esterilização. Até meados da década
de 40, a limpeza, preparo e armazenamento dos materiais era realizado pela equipe de
enfermagem das próprias unidades. A dinâmica do serviço era descentralizada.
Na década de 50, surgiram os Centros de Materiais parcialmente centralizados e
a CME semicentralizada na qual parte dos instrumentos e materiais começou a ser
preparado e esterilizado. Cada unidade preparava seus materiais e encaminhava para
serem esterilizados em um único local. Com o avanço tecnológico e a evolução do
edifício hospitalar, especificadamente na CME surgiu a necessidade de um
aprimoramento das técnicas e dos processos de limpeza, preparo, esterilização e
armazenamento de materiais e roupas.

32
Percebe-se a importância do CME no controle das infecções hospitalares, tendo
em vista que a infecção de sítio cirúrgico é uma das principais complicações
causadas em pacientes que necessitam de procedimentos cirúrgicos,
representando um desafio para os hospitais no controle e na prevenção. Assim,
o instrumental a ser utilizado no paciente deve ser processado adequadamente,
a fim de que esse material não se torne uma fonte de contaminação e transmissão
de microrganismos. (BEZERRA 2005, apud OURIQUES 2013, p. 696).

Como consequência, a CME torna-se centralizada, com a supervisão de um


enfermeiro e passa a ser definida como uma unidade de apoio técnico a todas as
unidades assistenciais, responsável pelo processamento dos materiais, como
instrumental e roupas cirúrgicas e a esterilização dos mesmos.
A CME, é uma unidade de apoio técnico, que tem como finalidade o fornecimento
de materiais médico-hospitalares adequadamente processados, proporcionando, assim,
condições para o atendimento direto e a assistência à saúde dos indivíduos enfermos e
sadios.
Com as CME funcionando eficazmente, as taxas de mortalidades e de infecções
hospitalares caem e resultados positivos ficam bastante visíveis. A padronização de
normas e rotinas técnicas e a validação dos processamentos dos materiais e superfícies
é essencial no controle de infecção.
As CME são consideradas áreas críticas, ou seja, ambientes onde existem riscos
aumentados de transmissão de infecção, onde se realizam procedimentos de risco, com
ou sem paciente ou onde se encontram pacientes imunodeprimidos. O planejamento da
CME consiste no recebimento de roupa e material, descontaminação, separação,
lavagem, preparo, esterilização, guarda e distribuição destes materiais para os demais
setores.

3.1 Recursos humanos

A equipe de enfermagem da CME presta assistência indireta ao paciente, tão


importante quanto à assistência direta. O quadro de pessoal de uma CME deve ser
composto por enfermeiros, técnicos de enfermagem, auxiliares de enfermagem e
auxiliares administrativos, cujas funções estão descritas abaixo:
Enfermeiro Supervisor: Atua na coordenação do setor, prever os materiais
necessários para prover as unidades consumidoras, elabora relatórios mensais

33
estatísticos, tanto de custo quanto de produtividade, planeja e faz anualmente o
orçamento do CME com antecedência de 4 a 6 meses, elabora e mantem atualizado o
manual de normas, rotinas e procedimentos do CME, que deve estar disponível para a
consulta dos colaboradores.

O trabalho do enfermeiro do CME é bastante complexo, pois acumula


características técnico-assistenciais, como a gestão de pessoas e da área física,
atividades privativas ao setor, manuseio de novas tecnologias, além da
capacidade de visualizar as necessidades de outras áreas que dependem do
seu trabalho. (TAUBE 2007, apud OURIQUES 2013, p.696).

O enfermeiro atua no desenvolvimento de pesquisas e trabalhos científicos que


contribuem para o crescimento e as boas práticas de Enfermagem, participando dos
projetos e colaborando com seu andamento, mantem-se atualizado acerca das
tendências técnicas e científicas relacionadas com o controle de infecção hospitalar e
uso de tecnologias avançadas nos procedimentos que englobem artigos processados
pelo CME e participa de comissões institucionais que interfiram na dinâmica de trabalho
do CME.
Técnico Administrativo: Gerencia o serviço de Enfermagem da unidade,
planeja, coordena e desenvolve rotinas para o controle dos processos de limpeza,
preparo, esterilização, armazenagem e distribuição dos artigos, desenvolve processo de
avaliação dos serviços prestados ao cliente interno e externo, estabelece rotinas para a
manutenção preventiva dos equipamentos existentes no CME, realiza os testes
necessários e emite pareceres técnicos antes da aquisição de novos artigos e
equipamentos, verifica os relatórios de manutenção de artigos e equipamentos para
aprova-los mediantes as evidências do serviço prestado, controla o recebimento, o uso e
a devolução dos artigos consignados, confecciona relatório diário com informações
sobre as atividades desenvolvidas e pendentes e outros fatos importantes ocorridos
durante a jornada de trabalho, participa da passagem de plantão, mantem atualizado o
inventário do instrumental cirúrgico dos artigos e dos equipamentos do CME e participa
ativamente dos processos de aquisição de materiais, instrumental cirúrgico e
equipamentos.
Técnico de enfermagem: Realiza leitura dos indicadores biológicos, de acordo
com as rotinas da instituição, recebe, confere e prepara os artigos consignados, realiza
limpeza, preparo, esterilização, guarda e distribuição de artigos, de acordo com

34
solicitação, prepara os carros e caixas cirúrgicas, realiza cuidados com artigos
endoscópicos em geral, monitora os lotes nos processos de esterilização, realiza revisão
da listagem de caixas cirúrgicas, bem como à sua reposição e realiza listagem e
encaminhamento de artigos e instrumental cirúrgico para conserto.
Auxiliar de Enfermagem: Recebe e limpa os artigos, prepara roupas limpas,
prepara e esteriliza os artigos e instrumentais cirúrgicos e procede com a guarda e
distribuição dos artigos esterilizados.

3.2 Materiais de acabamento da CME

Com o propósito de evitar a ocorrência de infecção hospitalar, os pisos e paredes


da CME devem ser laváveis, resistentes, de cor clara, de fácil limpeza, lisos e sem
características que favoreçam o acúmulo de sujidades. O teto e portas devem ser de
superfície lisa, clara, lavável, sem juntas, cantos e saliências dispensáveis, devendo
estas, dispor de visores.
Na sala de lavagem e descontaminação, as bancadas devem ter cubas fundas
para evitar respingos no trabalhador, torneiras com disponibilidade de água quente e fria,
adaptações para possibilitar a limpeza de tubulações e artigos com lumens e balcões
em aço inoxidável, onde os materiais serão depositados para posterior secagem e
separação.
De acordo com a RDC nº. 50 da ANVISA, 2004, a prestação de serviço de apoio
técnico da CME, conta com os seguintes ambientes:
Área de lavagem e descontaminação: Local para receber, conferir e anotar a
quantidade e espécie do material advindo dos demais setores, desinfetar e separar os
materiais, verificar o estado de conservação do material, proceder a limpeza e
encaminhamento para a área de preparo.

A limpeza de um instrumental cirúrgico deve ser rigorosa, sendo uma das etapas
mais importantes do processo de esterilização. Nessa etapa deve ser removida
toda a sujidade, pois as cargas microbianas formam barreiras e protegem os
microorganismos, impedindo que os agentes esterilizantes penetrem nos
artigos, tornando as etapas subsequentes ineficientes e comprometendo a
esterilização. (SILVA 2007, apud OURIQUES 2013, p. 697).

35
Área de preparo de materiais: Área destinada a revisar e selecionar os
materiais, verificando condições de conservação e limpeza, preparar, empacotar ou
acondicionar os materiais e roupas a serem esterilizados e encaminhar para
esterilização devidamente identificado.
Área de esterilização: Área destinada para execução do processo de esterilização
nas autoclaves, conforme instrução do fabricante, observação dos cuidados necessários
com o carregamento e descarregamento das autoclaves, controle microbiológico e de
validade dos produtos esterilizados e manutenção dos equipamentos, mantendo-os
sempre em bom estado de conservação e uso.
Área de armazenagem e distribuição de materiais e roupas esterilizados:
Destinada ao estoque de material esterilizado, para proceder à distribuição às unidades e
registro de saída do material.

3.3 Processos desenvolvidos na Esterilização

Limpeza: Consiste na remoção da sujidade visível mediante o uso da água,


sabão e detergente neutro ou detergente enzimático em artigos e superfícies. Quando o
artigo não é adequadamente limpo, ocorre dificuldade nos processos de desinfecção e
esterilização.
As limpezas automatizadas, realizadas através das lavadoras termo
desinfetadoras com jatos de água quente e fria, realizando enxágue e drenagem
automatizada, a maioria, com o auxílio dos detergentes enzimáticos, possui a vantagem
de garantir um padrão de limpeza e enxágue dos artigos processados em série,
diminuem a exposição dos profissionais aos riscos ocupacionais de origem biológica,
que podem ser decorrentes dos acidentes com materiais perfuro- cortantes.
As lavadoras ultrassônicas, que removem as sujidades das superfícies dos artigos
pelo processo de cavitação, são outro tipo de lavadora para complementar a limpeza
dos artigos com lumens.
Descontaminação: É o processo de eliminação total ou parcial da carga
microbiana de artigos e superfícies.
Desinfecção: É o processo de eliminação e destruição de microorganismos,
patogênicos ou não em sua forma vegetativa, que estejam presentes nos artigos e

36
objetos inanimados, mediante a aplicação de agentes físicos ou químicos, chamados de
desinfetantes ou germicidas, capazes de destruir esses agentes em um intervalo de
tempo operacional de 10 a 30 minutos.

Após a limpeza, os artigos devem ser secos rigorosamente com pano limpo e
sem fiapos, de cor branca, para visualizar possíveis sujidades. Também pode
ser utilizado ar comprimido, em tubos, lumes de difícil acesso e, ainda uso de
álcool, éter e benzina. (POSSARI 2003, apud OURIQUES 2013, p. 698).

Alguns princípios químicos ativos desinfetantes têm ação esporicida, porém o


tempo de contato preconizado para a desinfecção não garante a eliminação de todo os
esporos. São usados os seguintes princípios ativos permitidos como desinfetantes pelo
Ministério da Saúde: aldeídos, compostos fenólicos, ácido paracético.
Preparo: Consiste em embalar o material. As embalagens utilizadas para o
acondicionamento dos materiais determinam sua vida útil, mantêm o conteúdo estéril
após o reprocessamento, garante a integridade do material.

A técnica correta para a embalagem do material tem grande importância, pois


deve contemplar a organização das bandejas e manutenção do produto, que
será manuseado e transportado até o uso. Além disso, deve ser fácil de abrir,
fornecer identificação quanto ao nome do produto, data e quem embalou,
permitindo assim a utilização segura. (SILVA 2007, apud OURIQUES 2013, p.
698).

Esterilização: É o processo de destruição de todos os microorganismos, a tal


ponto que não seja mais possível detectá-los através de testes microbiológicos padrão.
Um artigo é considerado estéril quando a probabilidade de sobrevivência dos
microorganismos que o contaminavam é menor do que 1:1.000.000.
Nos estabelecimentos de saúde, os métodos de esterilização disponíveis para
processamento de artigos no dia a dia são calor, sob a forma úmida e seca, e agentes
químicos sob a forma líquida, gasosa e plasma.

37
3.4 Os microrganismos

Fonte: oarquivo.com.br

Os germes são seres vivos microscópicos infinitamente pequenos, não visíveis a


olho nu. São classificados em protozoários, fungos, vírus e bactérias.
Dentre as doenças mais importantes causadas por protozoários, destacam-se a
Giardíase, Doença de Chagas e a Toxoplasmose. Das doenças causadas por fungos,
destacam-se as micoses de pele e a Candidíase oral e vaginal, e as doenças causadas
por vírus destacam-se a Gripe, Hepatites e AIDS. As doenças bacterianas, destacam-
se a furunculose, amigdalite, cistite, diarreia e pneumonia.

O período de industrialização europeia fez emergir vários agentes infecciosos,


até então esparsos na humanidade. Os séculos XVIII e XIX conheceram o
período da Revolução Industrial. Milhares de camponeses migraram para
cidades europeias e americanas em busca de empregos nas fábricas. Um
exército de pessoas depauperadas ficou vulnerável aos microrganismos,
tornando importante o estudo desses pequenos seres. (LOCKYER 2003, apud
UJVARI 2008, p. 178).

Dessa forma, fica claro que os microrganismos, também chamados de agentes


infecciosos, podem causar infecção, doença caracterizada pela presença de agentes
infecciosos que provocam danos em determinados órgãos ou tecidos do organismo
causando febre, dor, eritema, edema, alterações sanguíneas e secreção purulenta do
local afetado.

38
3.5 Os germes e a origem das infecções

O contato com microrganismos não significa obrigatoriamente o desenvolvimento


da doença, pelo contrário, o homem, animais e plantas não apenas convivem com os
germes, mas dependem direta ou indiretamente deles. Todas as áreas da Terra, que
reúnem condições de vida, são habitadas por microrganismos e sempre houve
convivência, inclusive no corpo, onde auxiliam na proteção da pele e mucosas contra a
invasão de outros germes mais nocivos.
Estes seres minúsculos decompõem matéria orgânica transformando-a em sais
minerais prontos para serem novamente sintetizados em substratos nutritivos que
formarão os vegetais do qual homem e animais se alimentam. O homem e os germes
convivem em pleno equilíbrio. Somente a quebra desta relação harmoniosa poderá
causar infecção.
A doença infecciosa é uma manifestação clínica de um desequilíbrio no sistema
parasito-hospedeiro-ambiente, causado pelo aumento da patogenicidade em relação
aos mecanismos de defesa anti-infecciosa do hospedeiro, ou seja, quebra-se a relação
harmoniosa entre as defesas do corpo e o número e virulência dos germes, propiciando a
invasão aos órgãos.

Pessoas aglomeradas e depauperadas forneceram terreno ideal para as


doenças contagiosas transmitidas pelas vias respiratórias. Os séculos XVIII e
XIX foram dominados por tuberculose, coqueluche, difteria e escarlatina. As
cidades industriais forneciam um caldeirão produtor de microrganismos.
(LOCKYER 2003, apud UJVARI 2008, p. 178).

Alguns microrganismos possuem virulência elevada podendo causar infecção no


primeiro contato, independente das defesas. Outros, usualmente encontram-se na
microbiota normal, apresentando menos virulência, porém podem infectar o organismo
diante da redução capacidade de defesa.
A capacidade de defesa anti-infecciosa é multifatorial, influenciada pela idade,
estado nutricional, doenças e cirurgias, stress, uso de corticoides, quimioterapia,
radioterapia, doenças imunossupressoras, fatores climáticos e precárias condições de
higiene e habitação.

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Na natureza, o estado de esterilidade, definido como ausência de microrganismo
vivo, é excepcional e transitoriamente encontrado no feto durante a gestação, excluindo
os casos de bebês contaminados via placentária pela mãe.
O contato com os microrganismos começa com o nascimento, durante a
passagem pelo canal vaginal do parto, onde a criança se contamina com os germes da
mucosa e então se coloniza mantendo-se por toda a sua existência, até a decomposição
total do organismo após a morte.

3.6 Classificação dos Artigos Hospitalares

Além do tipo de material é necessário classificá-lo de acordo com sua utilização


direta ou indireta no paciente, o que resultará em três grupos de artigos que determinará a
forma de processamento.
Artigos críticos: São os que penetram em mucosas ou pele, invadindo sistema
vascular e tecidos subepiteliais e expondo os materiais ao contato direto com sangue ou
outros fluidos contaminantes. Fica indicado sempre a esterilização com todas as etapas
que incluem este processo.
Artigos semicríticos: São os que tem contato com pele ou mucosa íntegras, mas
que para garantir seu múltiplo uso devem passar pelo reprocessamento na forma de
desinfecção de alto nível ou esterilização.
Artigos não críticos: São de uso externo ao paciente, entrando em contato
apenas com pele íntegra, de manipulação pelos profissionais de saúde, o que exige que
tenham um processamento específico na forma de limpeza ou desinfecção de baixo
nível.
O processamento dos artigos, obedece às seguintes etapas:
Limpeza: Remoção da sujidade da superfície de artigos e equipamentos, através
da ação mecânica utilizando água e detergente, com posterior enxágue e secagem. A
grande carga microbiana está concentrada na matéria orgânica, que consequentemente,
será removida de uma superfície durante a remoção da sujidade. A limpeza deve ser
sempre realizada como primeira etapa de desinfecção ou esterilização, pois vai garantir
a qualidade destes processos.

40
Na realização da limpeza de artigos ocorre exposição à fluidos contaminados e
produtos químicos, sendo imprescindível a utilização de equipamentos de proteção
como óculos, máscara cirúrgica, avental plástico, braçadeiras plásticas e luvas de
borracha.
A limpeza se dá com a utilização de produtos como detergente líquido, neutro e
biodegradável, com aplicação utilizando pano úmido ou escova, ou diluído em água.
O detergente enzimático é utilizado para objetos que contem luz tubular para
melhor descontaminação. A secagem de materiais tubulares pode ser com jatos de ar
comprimido. O uso do detergente enzimático está indicado para artigos com maior
possibilidade de aderência de sujidade e com difícil acesso para limpeza.
Desincrostante está indicado para remoção de crostas em vidros, papagaios,
comadres e instrumental cirúrgico, e contraindicado o uso em plásticos, látex ou
borrachas. O mais comum é o peróxido de hidrogênio, conhecida com água oxigenada
líquida. Seu uso está indicado para facilitar a remoção de sangue ressecado.
Os lubrificantes são geralmente de uso em procedimentos cirúrgicos médicos e
odontológicos. A aplicação do lubrificante deve ser orientada pelo fabricante.
Os desoxidantes, também chamados de anti-ferrugem, são indicados em
instrumentos médicos e odontológicos metálicos, quando apresentam pontos de
oxidação ou alteração da cor original do metal, devendo ser aplicado após a limpeza e
após seu uso deve-se proceder nova limpeza para evitar resíduo do produto.
Desinfecção: É o processo de destruição de microrganismos como bactérias na
forma vegetativa (não esporulada), fungos, vírus e protozoários, sendo dividida em três
níveis de acordo com o espectro de destruição dos microrganismos:
Desinfecção de alto nível: Destrói todas as formas vegetativas de
microrganismos, inclusive Mycobacterium tuberculosis, vírus lipídicos e não lipídicos,
fungos e uma parte dos esporos.
Desinfecção de médio nível: Inativa o bacilo da tuberculose, bactérias na forma
vegetativa, a maioria dos vírus e fungos, exceto esporos bacterianos.
Desinfecção de baixo nível: Elimina a maioria das bactérias, alguns vírus como o
HIV, hepatite B e C e fungos. Não destrói microrganismos resistentes como bacilo da
tuberculose e esporos bacterianos.

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Esterilização: É o processo utilizado para completa
destruição de microrganismos, incluindo todas as suas formas, inclusive as
esporuladas, com a finalidade de prevenir infecções e contaminações decorrentes de
procedimentos cirúrgicos e invasivos com utilização de artigos críticos. Pode ser
realizada por: Processos químicos: Glutaraldeído, formaldeído, ácido paracético.
Processos físicos: Vapor saturado, autoclave calor seco, estufa raios gama.
Processos físico-químicos: Óxido de etileno, plasma de peróxido de hidrogênio, vapor
de formaldeído, são indicados para materiais termossensíveis, porém seu uso fica
restrito para hospitais de maior porte e pelo alto custo e necessidade de terceirização.
Esterilização por processo químico: Indicada para artigos críticos e
termossensíveis, por não resistirem às altas temperaturas dos processos físicos, através
do ácido peracético, por apresentar vantagem em relação ao Glutaraldeído, devido sua
rápida ação, solubilidade em água, biodegradabilidade e atoxicidade.
Também é realizada com o Glutaraldeído, produto com boa eficácia, baixo custo e
baixo poder corrosivo, porém exige tempo de contato maior, não é biodegradável e é
irritante para as mucosas das vias aéreas exigindo proteções adicionais.
As vantagens do Glutaraldeído são excelentes propriedades microbicidas,
atividade na presença de proteína e ação não destrutiva para borrachas, plásticos ou
lentes.

O Glutaraldeído é um dialdeído, que apresenta rápida e efetiva ação, além de


um grande espectro de atividade contra bactérias gram-positivas e negativas,
esporos bacterianos, micobactérias, alguns fungos e vírus, sendo o mesmo
considerado um desinfetante de alto nível. (SALMON 2008, apud BARBOSA
2013, p. 146).

O uso deve ser realizado em imersão mergulhando completamente o artigo


previamente limpo e seco, por um período de 8 a 10 horas, conforme indicação do
fabricante. Em artigos tubulares, injetar a solução internamente com seringa. Após o
término da exposição, retirar os artigos com pinça ou luva estéril, promovendo um
enxágue em água esterilizada, até remoção total da viscosidade na superfície do artigo e
secar com compressas estéreis e acondicionar em invólucro estéril até o uso.
Pela dificuldade de processamento da técnica asséptica e enxágue abundante
com água estéril, além do tempo prolongado de exposição, este método de esterilização
tem seu uso restrito. Pelo seu efeito tóxico e liberação de vapores deve ser realizado em

42
local ventilado, caso contrário torna-se necessário o uso de protetor respiratório com
carvão ativado. Utilizar sempre óculos de proteção, máscara cirúrgica e luva estéril.
O Ácido Peracético 0,2%, é caracterizado por rápida ação contra todos os
microrganismos, incluindo esporos bacterianos em baixas concentrações. Sua especial
vantagem é sua biodegradabilidade e atoxicidade, além de ser efetivo na presença de
matéria orgânica, apresentando odor forte avinagrado.
É corrosivo para metais como bronze, cobre, ferro galvanizado e latão, para tal
deve-se ter o cuidado de adicionar solução inibidora de corrosão. Seu uso consiste em
colocar a solução, após adição do inibidor de corrosão, em recipiente plástico com
tampa, em volume que permita a total imersão dos artigos limpos e secos, com tempo
de ação esterilizante de 60 minutos de contato, sendo retirados promovendo um
enxágue em água esterilizada, secagem com compressa estéril e acondicionamento em
invólucro estéril até o uso, não excedendo a imersão por mais de 1 hora para evitar a
corrosão de partes metálicas dos artigos, mesmo na presença de inibidor de corrosão.

A adesão aos procedimentos de esterilização validados e padronizados para


instrumentais cirúrgicos, equipamentos médicos, soluções para marcação da
pele e suprimentos de água, assim como a antissepsia da pele do paciente antes
da cirurgia, podem prevenir infecções. (ANVISA 2007, apud BARBOSA 2013, p.
142).

Esterilização por Processos Físicos: Ocorre através de calor úmido, calor seco
ou radiação. A esterilização por radiação tem sido utilizada em nível industrial, para
artigos médico-hospitalares, pois permite esterilização a baixa temperatura, porém é um
método de alto custo. Para materiais que resistam a altas temperaturas a esterilização
por calor é o método de escolha, pois não forma produtos tóxicos, é seguro e de baixo
custo.

3.7 Esterilização por calor úmido

É realizada por autoclave, sendo o método de 1ª escolha tratando-se de


esterilização por calor. Esta preferência se justifica por preservar a estrutura dos
instrumentos metálicos e de corte, por permitir a esterilização de tecidos, vidros e
líquidos, desde que observados diferentes tempos de exposição e invólucros.

43
O mecanismo de ação biocida é feito pela transferência do calor latente do vapor
para os artigos, que age coagulando proteínas celulares e inativando os microrganismos.
Os artigos termossensíveis não devem sofrer autoclavagem, pois a temperatura mínima
do processo é de 121º C, bem como os óleos que não permitem a penetração do vapor.

Nas autoclaves, os microrganismos são destruídos pela ação combinada do


calor, da pressão e da umidade, que promovem a termo coagulação e a
desnaturação das proteínas da estrutura genética celular. O vapor sob pressão,
ao entrar em contato com a superfície fria dos materiais colocados na autoclave,
se condensa liberando o calor latente, que é o responsável pela desnaturação
dos microrganismos. A esterilização está fundamentada nessa troca de calor
entre o meio e o objeto a ser esterilizado. (ANVISA 2000, apud BARBOSA 2013,
p. 142).

As etapas para o processamento incluem limpeza, secagem e separação dos


artigos que deverão ser acondicionados em invólucros próprios e submetidos ao ciclo de
esterilização. Os instrumentos articulados, como tesoura, porta-agulha, devem ser
embalados abertos no interior do pacote.
Os invólucros utilizados para este processo, são de papel grau cirúrgico, filme
plástico de polipropileno, algodão cru duplo, papel crepado, caixas metálicas forradas
internamente com campos simples e com orifícios para permitir a entrada do vapor.
Os invólucros sem visor transparente deverão ser identificados quanto ao
conteúdo, e todos deverão ter escrito a data de validade da esterilização. Todas as
embalagens deverão portar um pedaço de fita de indicação química externa para
diferenciar e certificar que os pacotes passaram pelo processo.
O invólucro de papel grau cirúrgico com filme de poliamida e plásticos podem vir
em forma de envelopes prontos ou rolos de diferentes tamanhos e larguras e já vem com
indicadores químicos. Se utilizados em rolo, deverão ser selados a quente com
seladoras próprias. Os invólucros de papel crepado, papel Kraft ou tecido deverão
obedecer a um método de dobradura para possibilitar abertura asséptica do pacote.
As cargas de tecidos (gazes e campos) devem ser processados em cargas
diferentes dos metais, caso contrário os têxteis devem ficar na prateleira superior para
facilitar a penetração do calor. Os pacotes não podem encostar nas paredes internas da
câmara, assim como a carga não pode ultrapassar 70% da capacidade interna.
A fita indicadora química de processo deverá ser colocada em todos os pacotes
ou caixas em local visível, em pequenos pedaços.

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Ciclo da esterilização: Consiste na retirada do ar e entrada do vapor,
esterilização, secagem e admissão de ar filtrado para restauração da pressão interna,
variando de acordo com cada equipamento, que têm diferentes formas de programação
de ciclos, quanto a tempo de exposição, utilização de água destilada em diferentes
quantidades, portanto, devem ser seguidas as orientações do fabricante.
Qualificação do processo de esterilização: Tem o objetivo de validar a eficácia
do processo de esterilização, mediante variados meios indicadores para tal, podendo ser
internos ou externos.
Os indicadores químicos internos avaliam os parâmetros vapor, temperatura e
pressão. São fitas que reagem quimicamente alterando sua cor e são colocadas no
interior de cada pacote, e conferidas na abertura.
Os indicadores químicos externos, na forma de fita adesiva são utilizados apenas
para diferenciar os pacotes que passaram pelo processo de esterilização daqueles que
ainda não passaram, através da mudança da cor da fita por sensibilidade a temperatura.
Este indicador não avalia a qualidade da esterilização, apenas a passagem pelo
processo.
Os indicadores biológicos são utilizados para testar a eficácia do processo quanto
a destruição dos microrganismos, através da utilização de tubetes com fitas impregnadas
de Bacillus stearothermophillus, colocados dentro de alguns pacotes- teste em locais
estratégicos da autoclave conforme seu tamanho. Em autoclaves pequenas, pode-se
utilizar apenas em um pacote próximo à área de exaustão. Em autoclaves grandes
distribui-se em três pacotes colocados na porta, no meio e no fundo.

O monitoramento da esterilização deve abranger as avaliações física, química e


biológica dos processos de esterilização. O controle físico compreende o
monitoramento dos parâmetros críticos de cada processo, por meio de registro
manual ou por impressora interligada ao esterilizador. Para o controle químico
são utilizados indicadores e integradores com diferentes apresentações no
mercado. Os indicadores biológicos são caracterizados por uma preparação
padronizada de esporos bacterianos. (CUNHA 2000, apud TIPPLE 2010, p.
752).

Se o resultado for positivo, com crescimento bacteriano, toda a carga daquele


equipamento deverá ser bloqueada e a autoclave deverá ser checada por um técnico,
que após retorno da manutenção, deverá ser realizado novo teste biológico, com
periodicidade ideal de uma vez por semana.

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Estocagem e Prazo de Validade: É variável e depende do tipo de invólucro,
eficiência do empacotamento, local de estocagem quanto a umidade e se são prateleiras
abertas ou fechadas que indicará a circulação de poeira.
O manuseio externo destas embalagens deve ser com as mãos limpas e a
abertura de cada pacote ou caixa esterilizada deve ser feita com técnica asséptica
utilizando luva esterilizada ou pinça estéril exclusiva para este fim, sendo que, considera-
se contaminada toda a embalagem rompida ou manchada.
Para papel Kraft, a rotina de estocagem é de 7 dias e para tecido, 15 dias. Para
papel crepado, 2 meses em armário fechado e para papel grau cirúrgico ou polietileno 6
meses em armário fechado.
Semanalmente o estoque deve ser revisado quanto ao prazo de validade,
encaminhando para reprocessamento os pacotes vencidos. Ao estocar os pacotes,
deve-se observar para os que estiverem próximo ao vencimento fiquem mais na frente
dos recém esterilizados, seguindo uma ordem pela data de validade.

3.8 Esterilização por calor Seco

O equipamento utilizado é o Forno de Pasteur, usualmente conhecido como


estufa. A esterilização é gerada através do aquecimento e irradiação do calor, que é
menos penetrante e uniforme que o calor úmido, requerendo um tempo de exposição
mais prolongado e maiores temperaturas, sendo inadequado para tecidos, plásticos,
borrachas e papel. Este processo é mais indicado para vidros, metais, pós, ceras e
líquidos não aquosos como vaselina, parafina e bases de pomadas.
As etapas para processo incluem a limpeza, secagem e separação dos artigos,
que posteriormente deverão ser acondicionados para esterilização. Os instrumentos
articulados, como tesoura, porta-agulha, devem ser acondicionados abertos no interior
da caixa metálica.
Como invólucros para este processo utilizam-se as caixas metálicas, vidros
temperados e lâminas de papel alumínio. Os artigos contidos no interior das caixas
devem ter um limite de volume que proporcione a circulação do calor e preferentemente
as caixas devem conter kits de instrumentos a serem usados integralmente em cada
procedimento.

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Todos os invólucros deverão conter um pedaço de fita indicadora química do
processo de esterilização, bem como a indicação de validade e o nome do kit ou
instrumento e as caixas metálicas devem ser lacradas com fita adesiva após a exposição
ao calor para evitar a queima da fita.
Para a colocação da carga na estufa, deve-se observar pontos principais como a
não sobrecarga de materiais, deixando espaço suficiente entre eles para haver uma
adequada circulação de calor, evitando empilhamento de caixas em cada prateleira da
estufa.
O ciclo da esterilização inclui três fases, sendo o aquecimento da estufa à
temperatura de esterilização pré-estabelecida, a esterilização da carga propriamente
dita, incluindo tempo de penetração do calor e tempo de exposição e o resfriamento da
carga. Após o término do ciclo a estufa deve ser desligada para o resfriamento gradual e
lento da carga. Para retirada de materiais após o ciclo, recomenda-se uso de pinças
próprias para remoção de bandejas, ou luvas especiais resistentes a calor.
Qualificação do processo: Tem o objetivo de validar a eficácia do processo de
esterilização. Os indicadores químicos externos, na forma de fita adesiva, são utilizados
apenas para diferenciar os pacotes que passaram pelo processo de esterilização
daqueles que ainda não passaram, através da mudança da cor da fita. Este indicador
não avalia a qualidade da esterilização.
Os indicadores biológicos são utilizados da mesma forma da esterilização por
calor úmido.

Considerando a complexidade e importância dos controles para a garantia dos


processos de esterilização, bem como sua contribuição para a prevenção e
controle de infecções a realização deste estudo pretende fornecer um
diagnóstico situacional quanto à realização desses indicadores. (ANVISA 2002,
apud TIPPLE, 2010, p. 752).

47
3.9 Microbiologia da pele

Fonte: cosmeticinnovation.com.br

A pele consiste no revestimento do organismo, indispensável à vida, pois isola


componentes orgânicos do meio exterior, impede a ação de agentes externos de
qualquer natureza, evita perda de água, eletrólitos e outras substâncias do meio interno,
oferece proteção imunológica, faz termo regulação, propicia a percepção e tem função
secretória.
A estrutura básica da pele inclui, da camada externa para a mais interna: estrato
córneo, epiderme, derme e hipoderme. A barreira à absorção percutânea está no interior
do estrato córneo que é o mais fino e menor compartimento da pele, um órgão dinâmico,
pois a sua formação e integridade estão sob controle homeostático, e qualquer alteração
resulta em aumento da proliferação de suas células.
Devido à sua localização e extensa superfície, a pele é constantemente exposta a
vários tipos de microrganismos do ambiente.

Os diversos locais do organismo constituídos por flora comensal tendem a sofrer


alterações na composição dos microrganismos. Estas alterações devem- se tanto
a fatores ambientais, como variações na idade, dieta, estilo de vida do
hospedeiro, higiene e terapêutica com antibióticos. (SOMMER 2013, apud
CHAVASCO 2017, p. 4).

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Flora residente: Formada por microrganismos que colonizam a pele. Nas mãos,
estes germes localizam-se em maior quantidade em torno das unhas e entre os dedos,
sendo também encontradas nas camadas externas da pele, fendas e folículos pilosos.
Os microrganismos da flora residente não são facilmente removíveis, entretando
são inativados por antissépticos. É de baixa virulência e raramente causa infecção,
contudo pode ocasionar infecções sistêmicas em pacientes imunodeprimidos e após
procedimentos invasivos.
Flora transitória: É adquirida no contato com pacientes e superfícies
contaminadas, permanecendo na pele podendo ser transferidas ou eliminadas com a
lavagem das mãos, sendo facilmente removidas com água e sabão, por estarem
aderidas a superfície da pele, junto à gorduras e sujidades. É composta pelos
microrganismos frequentemente responsáveis pelas infecções hospitalares, o
Pseudomonas sp, Acinetobacter sp, Klebsiella sp, o que demonstra a importância das
mãos como veículo de transmissão.

4 RESÍDUOS DOS SERVIÇOS DE SAÚDE

Fonte: realbrasil.com.br

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A Biossegurança no Brasil trata da minimização dos riscos em relação aos
microrganismos, além de ter uma abrangência bem ampla por ter ligação na promoção
de saúde no ambiente de trabalho, no meio ambiente e na comunidade.
Devido às condições precárias de gerenciamento dos resíduos de forma geral,
vários problemas podem decorrer afetando a saúde da população, como por exemplo a
contaminação da água, do solo, da atmosfera e a proliferação de vetores afetando a
saúde, aliado ao descaso por parte das instituições gerenciadoras, principalmente dos
resíduos de serviços de saúde.
Os resíduos de serviços de saúde são aqueles provenientes de hospitais, clínicas
médicas e outros grandes geradores, sendo por vezes chamados de lixo hospitalar.
Resíduos de natureza semelhante são produzidos também por farmácias, clínicas
odontológicas e veterinárias, assistência domiciliar, necrotérios, instituições de cuidado
para idosos, hemocentros, laboratórios clínicos e de pesquisa, instituições de ensino na
área da saúde, entre outros, requerendo, portanto, cuidados iguais aos resíduos
hospitalares, sendo de extrema necessidade a segregação de tais resíduos.

A segregação tem como objetivo minimizar a contaminação a partir de resíduos,


permitir a adoção de procedimentos específicos para o manejo de cada grupo
de resíduos, possibilitando o tratamento específico para cada categoria de
resíduos, diminuindo os custos no manejo dos resíduos ou reciclando e
reaproveitando parte desses. (BRASIL 2002, apud LUZ 2013, p. 18).

Parte dos resíduos domiciliares possui características que fazem com que se
assemelhem aos resíduos de serviços de saúde, a exemplo de pacientes diabéticos que
administram insulina injetável diariamente, usuários de drogas injetáveis, gerando
resíduos perfuro cortantes, que são depositados juntamente com os resíduos
domiciliares comuns, exigindo assim, uma educação e conscientização constantes para
redução desta realidade.

...tem-se notado um progressivo aumento da taxa de geração dos resíduos de


serviços de saúde, devido ao contínuo incremento da complexidade da atenção
médica e ao uso crescente de materiais descartáveis. Além disso a população
está cada vez mais concentrada em áreas urbanizadas e a expectativa média
de vida vem crescendo de forma consciente. (FORMAGGIA 1995, apud LUZ
2013).

Os resíduos de serviços de saúde são de natureza heterogênea, sendo


necessária uma classificação para sua segregação. Diferentes classificações foram

50
propostas por várias entidades, incluindo o Conselho Nacional do Meio Ambiente
(CONAMA), a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (ANVISA), governos estaduais e
municipais.
Em 1993, o CONAMA publicou a Resolução n° 5, que classifica os resíduos de
serviços de saúde em quatro categorias: A: Risco potencial à saúde pública e ao meio
ambiente devido à presença de agentes biológicos como secreções e líquidos orgânicos,
e materiais perfurantes ou cortantes, B: Resíduos químicos, C: Rejeitos radioativos e D:
Resíduos comuns.
A Resolução n°283/2001 do CONAMA, que atualiza e complementa a Resolução
n°5, determina que caberá ao responsável legal pelo estabelecimento gerador a
responsabilidade pelo gerenciamento de seus resíduos desde a geração até a
disposição final.
Alguns estados e municípios possuem legislações próprias específicas sobre o
gerenciamento dos resíduos de serviços de saúde, com normas para a classificação,
segregação, armazenamento, coleta, transporte e disposição final desses resíduos.
A ANVISA publicou em 4 de julho de 2000 a Consulta Pública n°48, visando
discutir o regulamento técnico sobre diretrizes gerais de procedimentos de manejo de
resíduos de serviços de saúde, desde a geração até a disposição final. O prazo para
discussão era de quarenta dias, contudo, o assunto gerou bastante polêmica, houve
muitas contribuições e críticas, e o texto original foi bastante modificado. Finalmente, em
5 de março de 2003, foi publicado no Diário Oficial da União o texto final da Resolução
RDC n° 33, de 25 de fevereiro de 2003.

A resolução foi adotada pela ANVISA "considerando os princípios da


biossegurança de empregar medidas técnicas, administrativas e normativas
para prevenir acidentes ao ser humano e ao meio ambiente". A classificação dos
resíduos de serviços de saúde proposta pela resolução da ANVISA
complementa a classificação do CONAMA. (ANVISA-RDC 33, 2003 apud
GARCIA, 2004, p.746).

4.1 Regulamentações

Os resíduos dos serviços de saúde ganharam destaque legal no início da década


de 90, quando foi aprovada a Resolução CONAMA no 006 de 19/09/1991 que
desobrigou a incineração ou qualquer outro tratamento de queima dos resíduos sólidos
provenientes dos estabelecimentos de saúde e de terminais de transporte e deu
51
competência aos órgãos estaduais de meio ambiente para estabelecerem normas e
procedimentos ao licenciamento ambiental do sistema de coleta, transporte,
acondicionamento e disposição final dos resíduos, nos estados e municípios que
optaram pela não incineração.

De acordo com a RDC Anvisa nº 306/2004 e a Resolução Conama nº 358/2005,


compete a todo gerador de RSS elaborar seu Plano de Gerenciamento de
Resíduos de Serviços de Saúde (PGRSS), que consiste em um documento que
descreve as ações relativas ao manejo dos RSS, devendo contemplar as etapas
referentes à geração, segregação, acondicionamento, identificação, coleta
interna, armazenamento, tratamento, coleta e transporte externos, disposição
final e ações de proteção ao ambiente. (BRASIL 2005, apud SANCHES 2017, p.
2509).

Posteriormente, a Resolução CONAMA no 005 de 05/08/1993, fundamentada nas


diretrizes da resolução anterior, estipulou que os estabelecimentos prestadores de
serviço de saúde e terminais de transporte deveriam elaborar o gerenciamento de seus
resíduos, contemplando os aspectos referentes à geração, segregação,
acondicionamento, coleta, armazenamento, transporte, tratamento e disposição final dos
resíduos. Esta resolução sofreu um processo de aprimoramento e atualização, o qual
originou a Resolução CONAMA no 283/01, publicada em 12/07/2001 que dispõe
especificamente sobre o tratamento e destinação final dos resíduos de serviços de
saúde, não englobando mais os resíduos de terminais de transporte.
Esta resolução implantou o Plano de Gerenciamento dos Resíduos de Serviços
de Saúde – PGRSS, impondo responsabilidade aos estabelecimentos de saúde em
operação e àqueles a serem implantados, para implementarem o PGRSS. Definiu
também os procedimentos gerais para o manejo dos resíduos a serem adotados na
ocasião da elaboração do plano, o que, desde então, não havia sido contemplado em
nenhuma resolução ou norma federal.
A ANVISA, cumprindo sua missão de regulamentar, controlar e fiscalizar os
produtos e serviços que envolvam riscos à saúde pública, também chamou para si esta
responsabilidade e passou a promover grande debate público para orientar a publicação
de uma resolução específica. Em 2003 foi promulgada a Resolução de Diretoria
Colegiada, RDC ANVISA no 33/03, que dispõe sobre o regulamento técnico para o
gerenciamento de resíduos de serviços de saúde. A resolução passou a considerar os
riscos aos trabalhadores, à saúde e ao meio ambiente.

52
Esta situação levou os dois órgãos a buscarem a harmonização das
regulamentações. O entendimento foi alcançado com a revogação da RDC ANVISA no
33/03 e a publicação da RDC ANVISA no 306 de 12 de 2004, e da Resolução CONAMA
no 358, em maio de 2005. A sincronização demandou um esforço de aproximação que
se constituiu em avanço na definição de regras equânimes para o tratamento dos RSS
no país, com o desafio de considerar as especificidades locais de cada estado e
município.

Com a Política Nacional de Resíduo Sólido (PNRS), por meio da Lei 12.305, que
dispõe diretrizes aplicáveis aos resíduos sólidos, estabeleceu-se proteção da
saúde e qualidade ao meio ambiente. (BRASIL 2010, apud CAFURE 2014, p.
302).

O progresso alcançado com as resoluções em vigor relacionou-se,


principalmente, a definição de procedimentos seguros, consideração das realidades e
peculiaridades regionais, classificação e procedimentos recomendados de segregação e
manejo dos resíduos de serviço de saúde (RSS).
Por outro lado, a RDC ANVISA no 306/04 concentra sua regulação no controle
dos processos de segregação, acondicionamento, armazenamento, transporte,
tratamento e disposição final. Estabelece procedimentos operacionais em função dos
riscos envolvidos e concentra seu controle na inspeção dos serviços de saúde.
São definidos como geradores de resíduos de serviço de saúde todos os serviços
relacionados com o atendimento à saúde humana ou animal, inclusive os serviços de
assistência domiciliar e de trabalhos de campo, laboratórios analíticos de produtos para
a saúde, necrotérios, funerárias e serviços onde se realizem atividades de
embalsamamento, serviços de medicina legal, drogarias e farmácias inclusive as de
manipulação, estabelecimentos de ensino e pesquisa na área da saúde, centro de
controle de zoonoses, distribuidores de produtos farmacêuticos, importadores,
distribuidores produtores de materiais e controles para diagnóstico in vitro, unidades
móveis de atendimento à saúde, serviços de acupuntura, serviços de tatuagem, dentre
outros similares.
O PGRSS deve ser elaborado com base nas características e volume dos
resíduos de serviços de saúde gerados, estabelecendo as diretrizes de manejo, incluindo
as medidas de segregação, acondicionamento, identificação, transporte interno,
armazenamento intermediário, armazenamento temporário, tratamento, armazenamento
53
externo, coleta e transporte externo e destinação final. Cada uma dessas etapas é
indicada de maneira específica para cada tipo de resíduos de serviços de saúde, com o
intuito de proteger a saúde dos trabalhadores envolvidos no manuseio, da comunidade
em geral e do meio ambiente.
A fiscalização de todo esse processo é de responsabilidade das vigilâncias
sanitárias estaduais e municipais.

O PGRSS é uma Resolução baseada em uma sociedade sustentável, que a


cada dia exige atividades mais limpas e comprometidas com o meio ambiente, e
com todas as leis e resoluções que tratam da necessidade de uma gestão
eficiente dos resíduos gerados em um ambiente de trabalho, exigindo ações
como profissionais comprometidos em atender as exigências das leis que
figuram no ambiente laboral e mais íntegros e capazes de atender de maneira
clara e eficiente às necessidades de ambiente. (CUSSIOL 2008, apud
CAMARGO 2017, p. 635).

4.2 Riscos dos RSS

Na avaliação dos riscos potenciais considera-se que os estabelecimentos de


saúde vêm sofrendo uma enorme evolução quanto ao desenvolvimento da ciência
médica, com o incremento de novas tecnologias incorporadas aos métodos de
diagnósticos e tratamento, tendo como resultado a geração de novos materiais,
substâncias e equipamentos, com presença de componentes mais complexos e muitas
vezes mais perigosos para o homem que os manuseia, e ao meio ambiente que os
recebe.
Estes ocupam lugar de destaque pois merecem atenção especial em todas as
fases de manejo em decorrência dos imediatos e graves riscos que podem oferecer,
devido seus componentes.

Os RSS compõem parte importante do total dos Resíduos Sólidos Urbanos não
pela quantidade gerada, mas pelo potencial risco que afeta à saúde ambiental e
coletiva. O risco ambiental é o risco que ocorre no meio ambiente e pode ser
submetido à classificação de acordo com o tipo de atividade; exposição
instantânea, crônica; probabilidade de ocorrência; severidade; reversibilidade;
visibilidade; duração e possibilidade de ocorrência de seus efeitos em vários
locais ao mesmo tempo. (SCHNEIDER 2004, apud CAFURE 2014, p. 302).

Dentre estes componentes, destacam-se os químicos, substâncias ou


preparados químicos, tóxicos, corrosivos, inflamáveis, reativos, genotóxicos,

54
mutagênicos, produtos mantidos sob pressão, quimioterápicos, pesticidas, solventes,
ácido crômico, mercúrio de termômetros, substâncias para revelação de radiografias,
baterias, óleos e lubrificantes usados.
Dentre os biológicos destacam-se os que contêm agentes patogênicos que
possam causar doenças, e dentre os componentes radioativos utilizados em
procedimentos de diagnóstico e terapia, os que contêm materiais emissores de radiação
ionizante.
Quanto aos riscos ao meio ambiente destaca-se o potencial de contaminação do
solo, das águas superficiais e subterrâneas pelo lançamento de resíduos em lixões ou
aterros controlados que também proporcionam riscos aos catadores, principalmente por
meio de lesões provocadas por materiais cortantes e perfurantes, e por ingestão de
alimentos contaminados, ou aspiração de material particulado contaminado em
suspensão.
A tomada de medidas para o correto gerenciamento dos resíduos de serviços de
saúde, deve ser determinada por meio das legislações específicas, uma vez que, elas
possuem papel de agente normatizador, protetor e promotor da saúde pública.
Fatores demográficos, como a destinação inadequada dos resíduos sólidos, estão
envolvidos na determinação da emergência e reemergência de doenças infecciosas,
sendo assim, o tratamento adequado dos resíduos de serviços de saúde, especialmente
aqueles contendo material biológico de pacientes acometidos por doenças novas ou
emergentes, de fundamental importância para a contenção da propagação dessas
doenças.

Com o aumento dos RSS e o gerenciamento inadequado de resíduos infectantes


produzidos diariamente pelos serviços de saúde, aliado ao aumento significativo
de sua produção, vem agravando os riscos à saúde da população, impactando o
meio ambiente através da destruição de áreas de preservação ambiental,
poluição dos recursos hídricos e consequente degradação da qualidade de vida.
(ZAMONER 2008, apud CAMARGO 2017, p. 634).

Os perfuro cortantes são os resíduos que apresentam maior risco de acidentes


durante a manipulação. Os acidentes de trabalho com perfuro cortantes, geralmente
ocorre no momento da disposição, sendo que as agulhas apresentam risco significativo
associado com injúrias, e os procedimentos de reencape e erros no ato do manuseio.

55
A subnotificação dos acidentes de trabalho é uma realidade que infelizmente
impossibilita a detecção dos riscos potenciais a que os trabalhadores dos serviços de
saúde estão expostos.
As pessoas envolvidas no gerenciamento dos resíduos devem ser capacitadas na
ocasião de sua admissão e mantido sob treinamento periódico, incluindo os
trabalhadores dos serviços de saúde e também as firmas terceirizadas de limpeza e
trabalhadores das companhias municipais de limpeza que manuseiam os resíduos de
serviços de saúde e estão expostos aos riscos inerentes de contaminação.
A primeira providência para um melhor gerenciamento dos resíduos de serviços
de saúde é a redução no momento da geração. Evitar o desperdício é uma medida que
tem um benefício duplo de economizar recursos não só em relação ao uso de materiais,
mas também no tratamento diferenciado desses resíduos, lembrando que, quanto mais
perigoso é considerado o resíduo, maiores os cuidados necessários, e como
consequência, maiores os custos envolvidos.

A classificação da ANVISA adota critérios mais relacionados aos possíveis


riscos que podem ser gerados através do contato com os resíduos e para tanto a
classificação serve como base para a segregação por classe. Já o CONAMA se
preocupa com os possíveis impactos ambientais que podem ser gerados por
eles. (BRASIL 2002, apud LUZ 2013, p. 18).

A segregação é o ponto fundamental de toda a discussão sobre a periculosidade


ou não dos resíduos. Apenas uma parcela é potencialmente infectante, contudo, se ela
não for segregada, todos os resíduos que a ela estiverem misturados também deverão
ser tratados como potencialmente infectantes, exigindo procedimentos especiais para
acondicionamento, coleta, transporte e disposição final, elevando assim os custos do
tratamento desses resíduos.
O treinamento para a correta segregação dos resíduos é compensador, pois
resulta no encaminhamento para coleta, tratamento e disposição final especial apenas
resíduos que realmente necessitam desses procedimentos, reduzindo as despesas com
o tratamento. Após a segregação adequada, os resíduos de cada categoria deverão ser
acondicionados corretamente, identificados e encaminhados para coleta, transporte e
destinação final específicos.

O profissional de enfermagem, considerado um dos principais geradores de


resíduos, além de estar diretamente relacionado com a segregação de resíduos,
tem um papel importante no desenvolvimento de um manejo adequado de RSS
56
e na implementação do PGRSS, colaborando com as mudanças estruturais, a
formação profissional e as políticas para a orientação da gestão de resíduos.
(PEREIRA 2016, apud SANCHES 2017, p. 2514).

Um caminho para solucionar a questão dos resíduos de serviços de saúde é o


exercício do bom-senso, aliado à educação e o treinamento dos profissionais de saúde, e
o esclarecimento da população. A tomada de medidas no contexto da biossegurança,
aliando economia de recursos, preservação do meio ambiente, ética e responsabilidade
poderá garantir mais qualidade de vida no presente e um futuro mais saudável para as
próximas gerações.

4.3 Classificação

A classificação dos RSS vem sofrendo um processo de evolução contínuo. Na


medida em que são introduzidos novos tipos de resíduos nas unidades de saúde e como
resultado do conhecimento do comportamento destes perante o meio ambiente e a
saúde, surgem formas de estabelecer uma gestão segura com base nos princípios da
avaliação e gerenciamento dos riscos envolvidos na sua manipulação.

Os RSS são de natureza heterogênea, e diferentes classificações já foram


propostas por várias entidades, como o CONAMA, a ANVISA e ainda governos
estaduais e municipais, já que se faz necessária uma classificação e separação
desses tipos de resíduos, além da preocupação com os manipuladores desse
material e com o meio ambiente. (GARCIA 2004, apud CAFURE 2014, p. 302).

Os RSS são classificados em função de suas características e consequentes


riscos que podem acarretar ao meio ambiente e à saúde:
Grupo A: São resíduos com possível presença de agentes biológicos que, por
suas características de maior virulência ou concentração, possam apresentar risco de
infecção, como lâminas, carcaças, peças anatômicas, tecidos, bolsas transfusionais com
sangue, dentre outros.
Grupo B: São aqueles que contêm substâncias químicas que podem apresentar
risco à saúde pública ou ao meio ambiente, dependendo de suas características de
inflamabilidade, corrosividade, reatividade e toxicidade. Enquadram-se nesta categoria
os seguintes grupos de compostos: Produtos hormonais e produtos antimicrobianos,
citostáticos, antineoplásicos, imunossupressores, digitálicos, imuno-moduladores,
antirretrovirais, medicamentos e resíduos e insumos farmacêuticos de medicamentos
57
controlados, resíduos de saneantes, desinfetantes, resíduos contendo metais pesados,
reagentes para laboratório, efluentes de processadores de imagem radiológica,
efluentes dos equipamentos automatizados utilizados em análises clínica e demais
produtos considerados perigosos.
A periculosidade é avaliada pelo risco que esses compostos representam à saúde
ou ao meio ambiente, levando em consideração as concentrações de uso.

Na exposição imediata ou aguda, estes agentes provocam nas vias aéreas


superiores: rinite, faringite, laringite, com quadro clínico de dor, coriza, espirros,
tosse e irritação. Nas vias aéreas inferiores, eles provocam: bronquite,
broncopneumonia e edema pulmonar, com quadro clínico de tosse e dispneia.
(TEIXIERA 2011, apud CORREA 2016, p. 20).

Grupo C: Materiais resultantes de atividades humanas que contenham


radionuclídeos em quantidades superiores aos limites de eliminação especificados nas
normas da Comissão Nacional de Energia Nuclear - CNEN, como dos serviços de
medicina nuclear e radioterapia.
São considerados rejeitos radioativos quaisquer materiais resultantes de
atividades humanas que contenham radionuclídeos para os quais a reutilização é
imprópria ou não prevista, sendo todos os resíduos contaminados com radionuclídeos.
Os rejeitos radioativos são classificados de acordo com o tipo de emissão do
radioisótopo, forma física, concentração e taxa de exposição na superfície do recipiente
que o contém.
Grupo D: Não apresentam risco biológico, químico ou radiológico à saúde ou ao
meio ambiente, podendo ser equiparados aos resíduos domiciliares, como sobras de
alimentos e do preparo de alimentos, resíduos das áreas administrativas.
Grupo E: Materiais pérfurocortante ou escarificantes, como lâminas de barbear,
agulhas, ampolas de vidro, pontas diamantadas, lâminas de bisturi, lancetas, espátulas e
outros similares.
Todos os materiais, limpos ou contaminados por resíduo infectante deverão ser
acondicionados em recipientes com tampa, rígidos e resistentes à punctura, ruptura e
vazamento. Em geral, são utilizadas caixas tipo descartex e descarpack. É proibido o
reencape de agulhas da seringa para descarte.

A categoria profissional mais afetada por acidentes com perfuro cortante são os
trabalhadores de enfermagem (principalmente os que atuam em ambiente

58
hospitalar), pois sua rotina de trabalho envolve o cuidado em uma perspectiva
do fazer. (MARZIALE 2002, apud NOWAK 2013, p. 420).

4.4 Exposição a agentes biológicos

Fonte: academysst.com.br

A exposição dos trabalhadores de saúde ao risco ocupacional biológico é uma


realidade. Mesmo quando os acidentes são notificados e os trabalhadores orientados
para a realização do protocolo de monitoramento biológico, ainda existe significativa não-
adesão por parte desses trabalhadores.

O ambiente hospitalar é considerado um local de trabalho complexo, insalubre e


com maior risco de exposição ocupacional a agentes biológicos, por admitir
indivíduos portadores de diversas doenças infectocontagiosas, realizar
procedimentos invasivos e ter contato direto a sangue e outros fluídos orgânicos
potencialmente contaminados. (NOGUEIRA 2014, apud NEGRINHO 2016, p.
134).

A saúde do trabalhador é entendida como um conjunto de atividades que se


destina, através das ações de vigilância epidemiológica e sanitária, à promoção e
proteção da saúde dos trabalhadores, assim como à recuperação e reabilitação da
saúde de trabalhadores submetidos a riscos e agravos decorrentes de tais condições,
abrangendo a assistência ao trabalhador vítima de acidentes de trabalho ou portador de
doença profissional e do trabalho.

59
Cabe ressaltar a importância da composição multiprofissional e da abordagem
interdisciplinar nas análises de risco. As análises de risco envolvem não apenas
sistemas tecnológicos e agentes biológicos perigosos manipulados e/ou
produzidos, mas também seres humanos, animais, complexos e ricos em suas
naturezas e relações, não apenas biológicas, mas também sociais, que também
se constituem em riscos, e devem ser considerados durante o processo de
avaliação. (BRASIL 1997, apud TAPAJÓS, 2006, p. 12).

Para a implementação das ações relativas à saúde do trabalhador, dificuldades


como a descentralização, financiamento, controle social e gestão de trabalho são
fundamentais, sendo que a mais complexa é a gestão, dado o processo de
desregulamentação do trabalho.

4.5 Coleta seletiva dos resíduos sólidos de saúde

Fonte: riograndetem.com.br

O gerenciamento de resíduos deve ser implantado como rotina e devem ser


oferecidas condições necessárias para seleção dos resíduos, recolhimento para um local
de armazenamento até a coleta.

No contexto atual de desenvolvimento humano, há uma crescente geração de


resíduos, o que desencadeia sérios problemas relacionados à sua disposição
final, exigindo esforços de gestores públicos de diferentes áreas, como saúde,
meio ambiente, planejamento e saneamento, para o alcance de um
gerenciamento adequado. (SILVA 2011, apud SANCHES 2017, p. 2509).

60
Para tal, faz-se necessário à Comissão de Gerenciamento de Resíduos incluindo
em sua rotina um programa de treinamento para os profissionais geradores de resíduos e
para os responsáveis pela limpeza e dispensação final destes. Recomenda-se que, em
todo o ambiente, cada lixeira contenha a identificação do tipo de resíduo, com adesivo,
com o uso de cores para identificar os recipientes e programação visual padronizando
símbolos e descrições utilizadas.
Resíduos Comum: São resíduos nos estados sólidos ou semissólidos,
semelhantes aos resíduos domiciliares que resultam de atividades diversas de
alimentação, limpeza, não oferecendo nenhum risco à sua manipulação ou à saúde
pública.
Tais resíduos devem ser acondicionados em lixeira com tampa e pedal
identificada como lixo comum, com saco preto. Os sacos destas lixeiras menores
deverão ter seu recolhimento ao final de cada turno.
Resíduos Recicláveis: São resíduos sólidos que, após o uso, podem ter sua
matéria prima reaproveitada, gerando economia de recursos naturais e financeiros, além
gerar novos empregos através das usinas de reciclagem. São resíduos de plástico, vidro,
papel, papelão e metal sem sujidade biológica visível.
Compreende os frascos de soro, papeis de embrulho, caixas ou tubos plásticos
de medicamentos, rolos vazios de esparadrapo, caixas de papelão, vidros, frascos-
ampola vazios, copos descartáveis, tubos de alvejantes e detergentes, sacos plásticos,
embalagens de água, refrigerantes, embalagens de alumínio, latas em geral. Os vidros
grandes, frágeis ou quebrados devem ser protegidos em caixa de papelão antes do
descarte no saco plástico.
Acondicionar em lixeira com tampa e pedal identificada como lixo reciclável com
recolhimento ao final de cada turno ou com 2/3 de sua capacidade preenchida.
Resíduos Infectantes: São resíduos que resultam das atividades de assistência,
laboratório ou atos cirúrgicos, que promovam liberação de material biológico, oferecendo
risco à saúde pública ou à manipulação. Dentro deste grupo incluem-se os
pérfurocortante que devem ter o descarte em recipiente apropriado antes de serem
agregado ao restante dos resíduos infectantes.

61
Compreende as gazes, esparadrapo, sondas, drenos, cateteres, luvas, máscaras,
gorros, bolsas coletoras de drenagens, papel contaminado, campos protetores de
superfícies, dentre outros.
Deve-se acondicionar estes resíduos em lixeira com tampa e pedal identificada
como lixo infectante, com saco branco, devendo estas serem recolhidas ao final de cada
turno ou com 2/3 de sua capacidade preenchida.
As peças anatômicas e bolsas de sangue devem ser descartadas, em saco
branco leitoso duplo dentro do recipiente para resíduos infectantes.
Resíduos infectantes compreendem os perfuro cortantes, como seringas
agulhadas, fios agulhados, lâminas de bisturi, lâmina de barbear, ampolas de
medicação, scalp, gelcos, agulhas de sutura, dentre outros, devendo serem descartados
em caixa apropriada rígida e impermeável), lacrar quando atingir 2/3 da capacidade
indicada na caixa, descartar dentro do saco branco do lixo infectante até o recolhimento.
Resíduos Farmacêuticos e Químicos: São resíduos tóxicos compostos por
medicamentos vencidos, resíduos corrosivos, inflamáveis, explosivos, reativos,
genotóxicos ou mutagênicos, reatores sorológicos vencidos, quimioterápicos e
antineoplásicos, germicidas fora da validade, solventes, mercúrio líquido, soluções para
revelação e fixação de radiografias.

No Brasil, devido às condições precárias do sistema de gerenciamento de


resíduos, não há estatísticas precisas a respeito do número de geradores, nem
da quantidade de resíduos de serviços de saúde gerada diariamente. (TEIXEIRA
1996, apud GARCIA 2004, p.745).

62
4.6 DOENÇAS OCUPACIONAIS

Fonte: pt.slideshare.net

A saúde dos trabalhadores constitui uma importante área da saúde pública com
objetivo de promover e proteger a saúde, através do desenvolvimento de ações de
acompanhamento dos riscos presentes nos ambientes e condições de trabalho, a
organização e prestação de assistência, compreendendo procedimentos
de diagnósticos, tratamento e reabilitação de forma integrada.

O avanço científico da Medicina Preventiva, da Medicina Social e da Saúde


Pública, durante os anos 1960/70, ampliou o quadro interpretativo do processo
saúde-doença, inclusive em sua articulação com o trabalho. Essa nova forma de
apreender a relação trabalho-saúde e de intervir no mundo do trabalho introduz,
na Saúde Pública, práticas de atenção à saúde dos trabalhadores, no bojo das
propostas da Reforma Sanitária Brasileira. (BRASIL 2001, apud GOMEZ 2018,
p. 1964).

Trabalhadores são todos que exercem atividade para sustento próprio ou de seus
dependentes, qualquer que seja sua atividade executada no mercado de trabalho. Estão
incluídas nesse grupo as pessoas que trabalham assalariado, domésticos, avulsos,
agrícolas, autônomos, servidores públicos, trabalhadores cooperativados e
empregadores.
Entre os fatores determinantes da saúde do trabalhador estão compreendidas as
condições sociais, econômicas e os fatores de risco ocupacionais, físicos, químicos,

63
biológicos, mecânicos e aqueles decorrentes da organização laboral presentes nos
processos de trabalho.

4.7 O adoecimento dos trabalhadores e sua relação com o trabalho

Trabalhadores podem adoecer ou morrer por causas relacionadas ao trabalho,


em consequências da profissão que exercem ou pelas condições adversas do trabalho.
Destacam-se:
Doenças infecciosas e parasitarias: Apresentam características, que as
distinguem dos demais grupos, pois os agentes originários não são de natureza
ocupacional. A ocorrência da doença depende das condições ou circunstancias em que o
trabalho é executado e da exposição ocupacional que favorece o contato, o contagio ou
transmissão e podem ser causadas por bactérias, vírus, riquétsias, clamídias e fungos.
As parasitoses estão associadas a protozoários, helmintos e artrópodes.
Dentre estas, tem destaque a Tuberculose, Carbúnculo, Brucelose, Leptospirose,
Tétano, Dengue, Febre amarela, Hepatites virais, HIV, Candidíase,
Paracoccidioidomicose, Malária, Leishmaniose cutânea ou cutaneomucosa.
Neoplasias (Tumores): O termo neoplasia ou tumores designa um grupo de
doenças caracterizadas pela perda de controle do processo de divisão celular, por meio
do qual os tecidos normalmente crescem ou se renovam, levando a multiplicação celular
desordenada. A inoperância dos mecanismos de regulação e controle de proliferação
celular, além do crescimento incontrolável, pode levar, no caso do câncer, a invasão os
tecidos vizinhos e a propagação para outras regiões do corpo, produzindo metástase.
Apesar de não serem conhecidos como mecanismos envolvidos, estudos
experimentais têm demonstrado que a alteração celular responsável pela produção de
tumor pode se originar numa única célula e envolve dois estágios. No primeiro,
denominado de iniciação, mudanças irreversíveis (mutações) ocorrem no material
genético da célula. No segundo estágio, denominado de promoção, mudanças intra e
extracelulares permitem a proliferação da célula transformada, dando origem a um
nódulo que, em etapas posteriores, pode se disseminar para regiões distintas do corpo.
Estes podem ter ligação com condições de trabalho para seu aparecimento,
desenvolvimento e mau prognóstico.

64
Doenças do Sangue e dos Órgãos Hematopoiéticos: O sistema
hematopoiético constitui um complexo formado pela medula óssea, outros órgãos
hemoformadores e pelo sangue. Na medula óssea são produzidas, continuamente, as
células sanguíneas, como eritrócitos, neutrófilos e plaquetas, sob rígido controle dos
fatores de crescimento. Para que cumpram sua função fisiológica, os elementos
celulares do sangue devem circular em número e estruturas adequados, sendo
impressionante a capacidade produtiva da medula óssea.
Toda a intensa atividade, torna a medula óssea muito sensível a infecções, aos
agentes químicos, metabólicos e ambientais que alteram a síntese do DNA ou a
formação celular.
Doenças Endócrinas, Nutricionais e Metabólicas: As prevenções das doenças
endócrinas, nutricionais e metabólicas relacionadas ao trabalho baseiam-se nos
procedimentos de vigilância dos agravos à saúde, dos ambientes e das condições de
trabalho, em conhecimento médico clínico, epidemiológico, de higiene ocupacional,
toxicologia, ergonomia, psicologia, entre outros nas percepções dos trabalhadores sobre
o trabalho e a saúde, envolvendo o conhecimento prévio das atividades e locais de
atuação, onde existam substâncias químicas, agentes físicos ou biológicos e fatores de
risco decorrentes da organização do trabalho, potencialmente causadores de doenças.
Das doenças endócrinas, nutricionais e metabólicas relacionadas ao trabalho
destacam-se o Hipotireoidismo devido a substâncias exógenas e outras porfirias.
O Hipotireoidismo é uma síndrome clinica resultante da deficiência de hormônios
tireoidianos ocasionando a redução dos processos metabólicos com deposição de
glicosaminas nos espaços intracelulares, particularmente na pele e músculos,
produzindo um quadro clinico de mixedema, com sintomas em adultos reversíveis com
tratamento.

O hipotireoidismo é uma das doenças endócrinas mais comuns. O seu


diagnóstico é feito usualmente por clínicos e atualmente também por outros
especialistas, como ginecologistas e cardiologistas, conscientes dos seus
efeitos indesejáveis. (COOPER 2012, apud BRENTA 2013, p. 268).

O Hipotireoidismo pode ser classificado em primário (falência tireoidiana),


secundário (déficit pituitário de TSH), terciário (deficiência hipotalâmica de TRH) e
resistência periférica a ação do hormônio tireoidiano.

65
A deficiência de hormônio tireoidiano afeta todos os tecidos do corpo e provoca
cansaço fácil, aumento de peso, frio, constipação intestinal, irregularidades menstruais e
cãibras musculares.
Transtornos Mentais e do Comportamento: A contribuição do trabalho para as
alterações da saúde mental das pessoas e dada a partir de ampla gama de aspectos de
fatores pontuais, como a exposição a determinado agente toxico, até a completa
exposição de fatores relativos a organização do trabalho, como a divisão e parcelamento
das tarefas, as políticas de gerenciamento das pessoas e a estrutura hierárquica
organizacional.
Os transtornos mentais e de comportamento relacionados ao trabalho resultam,
assim, não de fatores isolados, mas de contexto de trabalho em interação com o corpo e
aparato psíquico dos trabalhadores. As ações implicadas no ato de trabalhar podem
atingir o corpo dos trabalhadores, produzindo disfunções e lesões biológicas, mas
também reações psíquicas as situações de trabalho que provocam doenças, além de
poderem desencadear processos psicopatológicos especificamente relacionados as
condições do trabalho desempenhado pelo trabalhador.

O trabalho na modernidade é marcado pela flexibilização e pela precarização


social, ambos possuem diversos aspectos que repercutem negativamente na
subjetividade do trabalhador. A precarização no mundo do trabalho é
caracterizada por ritmos intensos e aumento da competitividade, falhas na
prevenção e diluição das responsabilidades em relação a acidentes de trabalho,
falta de reconhecimento e valorização social, fragilização dos vínculos, rupturas
de trajetórias profissionais, banalização da injustiça social, dentre outras
características que degradam as condições de trabalho e podem levar o
trabalhador ao adoecimento físico e mental. (FRANCO 2010, apud SILVA 2016,
p. 2).

Os transtornos desse segmento, são caracterizados por demência em outras


doenças especificas classificadas em outros locais, delírio, não-sobreposto à demência,
transtorno cognitivo leve, transtorno orgânico de personalidade, transtorno mental
orgânico ou sintomático não especificado, alcoolismo crônico, episódios depressivos,
estado de estresse pós-traumático, neurastenia (inclui síndrome de fadiga), outros
transtornos neuróticos especificados, transtorno o ciclo vigília-sono devido a fatores não
orgânicos e sensação do estar acabado (síndrome de burn-out, síndrome do
esgotamento profissional).

66
Doenças do Sistema Nervoso: A vulnerabilidade do sistema nervoso aos efeitos
da exposição ocupacional e ambiental a substanciais químicas, agentes físicos e fatores
causais de adoecimento, decorrentes da organização do trabalho, tem ficado cada vez
mais evidente, traduzindo-se em episódios isolados ou epidêmicos de doenças nos
trabalhadores.
Neste grupo de doenças destacam-se a ataxia cerebelosa, parkinsonismo
secundário devido a outros agentes externos, outras formas especificadas de tremor,
transtorno extrapiramidal do movimento não-especificado, distúrbios do clico vigília-
sono, transtornos do nervo trigêmeo, transtornos do nervo olfatório, transtorno do plexo
braquial (síndrome de saída do tórax, síndrome do desfiladeiro torácico),
mononeuropatias dos membros superiores síndrome do túnel do carpo,
mononeuropatias do membro inferior, lesão do nervo poplíteo lateral, polineuropatia
devida a outros agentes tóxicos e polineuropatia induzida pela radiação e encefalopatia
tóxica aguda.
Doenças do Olho e Anexos: O aparelho visual é vulnerável a ação de inúmeros
fatores de risco para a saúde presentes no trabalho como, agentes mecânicos, físicos,
químicos, biológicos e ao sobre-esforço que leva a debilidade induzida por algumas
atividades de monitoramento visual.
O efeito de substâncias tóxicas sobre o aparelho visual tem sido reconhecido
como um importante problema de saúde ocupacional. Destacam-se entre as doenças
que acometem os olhos: blefarite, conjuntivite, queratite e queratoconjuntivite, catarata,
inflamação coriorretiniana, neurite óptica, distúrbios visuais subjetivos.
Doenças do ouvido: As doenças otorrinolaringológicas relacionadas ao trabalho
são causadas por agentes ou mecanismos irritativos, alérgicos ou tóxicos. No ouvido
interno, os danos decorrem da exposição a substâncias neurotóxicas e fatores de
natureza física como ruído, pressão atmosférica, vibrações e radiações ionizantes.
Os agentes biológicos estão frequentemente associados as inflamações do
ouvido externo, aos eventos de natureza traumática e a lesão do pavilhão auricular. A
exposição ao ruído, pela frequência e por suas múltiplas consequências sobre o
organismo humano, constitui um dos principais problemas de saúde ocupacional e
ambientais na atualidade.

67
Doenças do Sistema Circulatório: Apesar da crescente valorização dos fatores
pessoais como sedentarismo, tabagismo e dieta, na determinação das doenças
cardiovasculares, pouca atenção tem sido dada aos fatores de risco presentes na
atividade ocupacional atual ou anterior dos pacientes.
O aumento dramático da ocorrência de transtornos agudos e crônicos do sistema
cardiocirculatório na população faz com que as relações das doenças com o trabalho
mereçam maior atenção.
As doenças cardiovasculares representam a primeira causa de óbito,
correspondendo a cerca de um terço de todas as mortes no país. Dentre elas merecem
destaque a hipertensão arterial e doença renal hipertensiva ou nefrosclerose, angina
pectoris, infarto agudo do miocárdio, doença cardiopulmonar crônica, placas epicárdicas
ou pericárdicas, parada cardíaca, arritmias cardíacas, aterosclerose e doença
aterosclerótica do coração, síndrome de Raynaudg, acrocinianose e acroparestesia.

Vários são os fatores de risco associados ao desenvolvimento de doenças


cardiovasculares, os quais podem ser modificáveis e não modificáveis. Os
fatores de riscos modificáveis incluem hiperlipidemia, tabagismo, etilismo,
hiperglicemia, obesidade, sedentarismo, má alimentação e uso de
contraceptivos; e os não modificáveis incluem história familiar de doenças
cardiovasculares, idade, sexo e raça. (SMELTZER 2009, apud MAGALHÃES
2012, p. 395).

Doenças do Sistema Respiratório: O sistema respiratório constitui uma


comunicação importante do organismo humano com o meio ambiente, particularmente
com o ar e seus constituintes.
A poluição do ar no ambiente de trabalho associada a uma extensa gama de
doenças do trato respiratório acometem desde o nariz até o espaço pleural. Entre os
fatores que influenciam os efeitos da exposição a esses agentes estão as propriedades
químicas, físicas dos gases e as características próprias do indivíduo, como herança
genética, doenças persistentes e hábitos de vida, como tabagismo.
O diagnóstico das doenças respiratórias relacionadas ao trabalho baseia-se na
história clínica-ocupacional completa, explorando os sintomas respiratórios, sinais
clínicos e exames complementares, o estabelecimento de relação temporal adequada
entre o evento e as exposições a que foi submetido o trabalhador. Considerando a
dificuldade na identificação de certas doenças como, por exemplo, as neoplasias de

68
pulmão e pleura, são importantes as informações sobre a história ocupacional do
indivíduo e de seus pais.
Os exames complementares mais utilizados no diagnóstico destas doenças são
a radiografia do tórax, provas de função pulmonar (espirometria, volumes pulmonares,
difusão de gás carbônico), broncoscopia com lavado broncoalveolar, biopsia, testes
cutâneos, gasometria arterial, hemograma, entre outros.
Doenças Digestivas: Entre os fatores importantes para ocorrência das doenças
digestivas relacionadas ao trabalho estão os agentes físicos, substâncias tóxicas, fatores
da organização do trabalho, como estresse e situações de conflito, tensão, trabalho em
turnos, fadiga, posturas forçadas, horários e condições inadequadas para alimentação,
atrelados a radiações ionizantes, vibrações, ruído, temperaturas extremas e exposição a
mudanças rápidas e radicais de temperatura ambiente.
Os fatores relacionados à organização do trabalho são responsáveis pela
crescente ocorrência de problemas e queixas gastrintestinais entre os trabalhadores,
como as condições de fadiga física em trabalho muito pesado, trabalho em turnos,
situações de conflito e de estresse, exigência de produtividade e controle excessivo
podem desencadear quadros de dor epigástrica, regurgitação e aerofagia, diarreia e
ulcera péptica.
Doenças da pele: Compreendem as alterações da pela mucosa e anexos, direta
ou indiretamente causadas, mantidas ou agravadas pelo trabalho. São determinadas
pela interação de fatores predisponentes ou causas indiretas, como idade, gênero, etnia,
antecedentes mórbidos e doenças concomitantes, fatores ambientais, como clima e
hábitos de higiene.
É fundamental aos trabalhadores a garantia de condições para a limpeza e
higiene pessoal nos locais de trabalho, como o acesso fácil à água corrente, quente e
fria, em abundancia, com chuveiros, torneiras, toalhas e agentes de limpeza apropriados,
disponibilidade de limpadores e toalhas de mão para a limpeza sem agua para óleos,
graxas e sujeiras aderentes, creme hidratante para ser usado nas mãos, especialmente
se for necessário lava-las com frequência, roupas protetoras com a finalidade de
bloquear substâncias com a pele, uniformes e aventais devem estar limpos e serem
lavados e trocados diariamente.

69
A roupa deve ser escolhida de acordo com o local da pele que necessita de
proteção e com o tipo de substancia química envolvida, incluindo luvas de diferentes
comprimentos, sapatos e botas, aventais e macacões de materiais diversos como
plástico, borracha natural ou sintética, fibra de vidro, metal ou combinação de materiais.
Capacetes, bonés, gorros, óculos de segurança e proteção respiratória também
podem ser necessários.
A LER/DORT: As transformações em andamento no mundo do trabalho,
decorrentes da introdução de novos modelos organizacionais e de gestão, tem,
repercussões ainda pouco conhecidas sobre a saúde dos trabalhadores dentre as quais
destacam-se as Lesões por Esforço Repetitivo e os distúrbios Osteomusculares
Relacionados ao Trabalho (LER/DORT).

Parece haver um considerável consenso de que o ritmo acelerado imposto pelo


capitalismo aos trabalhadores é o fator primordial para o desencadeamento da
epidemia dessa síndrome. (SILVA 2010, apud MORAES 2017, p. 626).

Esse grupo de transtornos apresenta como características comuns o


aparecimento e evolução de caráter traiçoeiro, origem multifatorial complexa, na qual se
entrelaçam inúmeros fatores casuais, entre eles exigências mecânicas repetidas por
períodos de tempo prolongados, utilizando de ferramentas vibratórias, posições
forcadas, fatores de organização do trabalho como, exigência de produtividade,
competitividade, programas de incentivo à produção e de qualidade.
Essas utilizam estratégias de intensificação do trabalho e de controle excessivo
dos trabalhadores, sem levar em conta as características individuais dos trabalhadores,
os traços de personalidade e sua história de vida.
O diagnóstico anatômico preciso desses eventos é difícil, particularmente em
casos subagudos, crônicos, e o nexo com o trabalho tem sido objetivo de
questionamento, apesar das evidencias epidemiológicas e ergonômicas.
Os sinais, sintomas de LER/DORT são múltiplos e diversificados, destacando- se
a dor espontânea ou à movimentação passiva, ativa ou contra resistência, alterações
sensitivas de fraqueza, cansaço, peso, dormência, formigamento, sensação de
diminuição, perda ou aumento de sensibilidade, agulhadas, choques, dificuldades para o
uso dos membros, particularmente das mãos, e, mais raramente, sinais flogísticos e
áreas de hipotrofia ou atrofia.

70
A compreensão dos mecanismos fisiopatológicos de LER/DORT é importante,
para orientar as condutas terapêuticas a serem adotadas.
Doenças Renais: A exposição ambiental ou ocupacional a agentes biológicos,
químicos e farmacológicos pode lesar, de forma aguda ou crônica, os rins e o trato
urinário.
O sofrimento, o comprometimento da qualidade de vida, a morte do trabalhador
vítima de uma doença renal ou do trato urinário, o custo social decorrente de sua
incapacidade para o trabalho, os tratamentos dispendiosos a que deverá ser submetido,
como os procedimentos de dialises ou transplante dos rins, entre outros, aumenta a
importância do controle, o monitoramento dos ambientes e condições de trabalho em
que estão presentes fatores de risco de lesão para o sistema geniturinário.
Esta prevenção baseia-se nos procedimentos de controle e acompanhamento da
saúde do trabalhador pautada na vigilância epidemiológica de agravos e vigilância
sanitária de ambientes de trabalho.
A nefrite é o resultado de um processo inflamatório difuso dos glomérulos renais
tendo por base um fenômeno imunológico, que ocorre quando uma substância estranha
(antígeno) entra na circulação e é levada aos setores de defesa do corpo. O organismo,
para se defender do antígeno agressor, produz um anticorpo. A reunião do antígeno com
o anticorpo forma um complexo solúvel antigenoanticorpo que, circulando pelo
organismo, pode se depositar nos tecidos, criando as lesões inflamatórias. A nefrite é o
resultado de um processo inflamatório difuso dos glomérulos renais tendo por base um
fenômeno imunológico.
Quando o glomérulo é o tecido atingido, a lesão inflamatória chama-se
glomerulonefrite. As lesões inflamatórias do rim podem ser mínimas ou de tal intensidade
que esclerosem totalmente o glomérulo. Quanto maiores as lesões, maiores serão as
manifestações clinicas e laboratoriais da doença.
Os sinais da nefrite, como a presença de sangue e de proteínas na urina e
comprometimento da função renal dependem do tipo, da localização e da intensidade da
reação imune. No entanto, os vários distúrbios que lesam os rins podem produzir tipos
diferentes de lesão, de sintomas e consequências.
Os distúrbios renais nos quais a inflamação afeta principalmente os glomérulos
são denominados glomerulopatias. Embora as causas variem, as glomerulopatias são

71
semelhantes porque os glomérulos sempre respondem de modo similar,
independentemente da causa. Existem quatro tipos principais de glomerulopatias.
A síndrome nefrítica aguda começa repentinamente e, geralmente, apresenta
uma resolução rápida. A síndrome nefrítica rapidamente progressiva inicia
subitamente e piora rapidamente. A síndrome nefrotica acarreta a perda de uma
grande quantidade de proteínas na urina. A síndrome nefrítica crônica apresenta um
início gradual e piora muito lentamente, frequentemente ao longo de vários anos.
Quando o glomérulo é lesado, as substâncias presentes no sangue, que
normalmente não são filtradas e podem passar através do glomérulo e serem eliminadas
na urina, acarretam a formação de minúsculos coágulos sanguíneos nos capilares que
irrigam o glomérulo. Esses coágulos, juntamente com outras alterações, podem reduzir
enormemente a quantidade de urina produzida, tornando os rins incapazes de
concentrar a urina, de excretar ácido do organismo, ou de equilibrar a excreção de sais.
Inicialmente, o glomérulo pode compensar parcialmente essa situação, mas o
comprometimento progressivo acarreta a diminuição da produção de urina e o acumulo
de produtos tóxicos da degradação metabólica no sangue.
Para todas as glomerulopatias, o diagnóstico é estabelecido através da realização
de uma biopsia renal, com coleta de uma pequena amostra do tecido renal, comumente
através da inserção de uma agulha da pele até o rim. A amostra e submetida ao exame
microscópico antes e após ser corada, para se observar o tipo e a localização das
reações imunes no interior do rim.
Um exame de urina ajuda no diagnóstico e os exames de sangue de rotina
sugerem a extensão do comprometimento da função renal. A determinação dos níveis
de anticorpos em amostras de sangue pode ajudar a determinar se os níveis estão
aumentando ou caindo.

As doenças renais crônicas (DCR) têm recebido maior atenção dos profissionais
da área da saúde nas últimas décadas. Isso se deve ao importante papel
desempenhado da população mundial e brasileira, tornando- se um problema de
saúde pública. (MINISTÉRIO DA SAÚDE 2009, apud SOUZA 2014, p. 3).

A evolução e prognóstico de uma glomerulopatia varia de acordo com a causa


subjacente. Através de tratamento pode-se modificar a reação imune removendo o
antígeno, o anticorpo ou o complexo antigenoanticorpo através de procedimentos como a
plasmaferese, a qual remove substâncias nocivas do sangue, ou tentam suprimir a
72
reação imune com medicamentos antiinflamatorios e imunossupressores como os
corticosteroides, a azatioprina e a ciclofosfamida.
A Doença Renal Crônica (DRC) consiste em lesão renal e geralmente perda
progressiva e irreversível da função dos rins. É definida pela presença de lesão renal
mantida há pelo menos 3 meses com ou sem redução da função de filtração e
classificada em estágios de acordo com a evolução.

Efetivamente o trabalho é influenciado por vários e diversos elementos de índole


contextual, entre os quais se destacam por exemplo: a estrutura
macroeconómica; o grau de desenvolvimento socioeconómico e cultural; o nível
e o modelo de industrialização; o modelo organizativo, as características
dominantes dos serviços e da prestação de cuidados de segurança, higiene e
saúde dos trabalhadores nos locais de trabalho; o sistema nacional de prestação
de cuidados de saúde e a maior ou menor (des)valorização do trabalho pelas
sociedades e por quem trabalha. Todos esses elementos influenciam e
condicionam as complexas relações entre o trabalho e a saúde/ (doença).
(SOUZA 2009, apud UVA 2013, p. 44).

5 ACIDENTES COM MATERIAL BIOLÓGICO

Fonte: www.ebserh.gov.br

A exposição a material biológico potencialmente contaminado pode resultar em


infecção por patógenos como o vírus da imunodeficiência humana e os vírus das
hepatites B e C. Os acidentes ocorrem habitualmente através de ferimentos com
agulhas, material ou instrumentos cortantes ou a partir do contato direto da mucosa

73
ocular, nasal, oral e pele não íntegra com sangue ou materiais orgânicos contaminados,
sendo, portanto, potencialmente preveníveis.
Caracterizam-se pelo contato de mucosas e pele não íntegra ou acidente
percutâneo com sangue ou qualquer outro material biológico potencialmente infectante,
como sêmen, secreção vaginal, nasal e saliva, líquor, líquido sinovial, peritoneal,
pericárdico e amniótico.
As exposições ocupacionais podem ser percutâneas: lesões provocadas por
instrumentos perfurantes e/ou cortantes (agulhas, bisturi, vidrarias), em mucosas:
respingos em olhos, nariz, boca e genitália, e em pele não-íntegra: dermatites.

5.1 Fatores de risco para ocorrência de infecção

A ocorrência da infecção depende da patogenicidade do agente infeccioso, do


volume e o material biológico envolvido, da carga viral/bacteriana da fonte de infecção,
da forma de exposição e da susceptibilidade do profissional de saúde.
O sangue é o fluido corpóreo que contém a concentração mais alta de agentes
patogênicos, como do vírus da hepatite B e é o veículo de transmissão mais importante
em estabelecimentos de saúde. O HBsAg (antígeno de superfície da hepatite B) também
é encontrado em vários outros fluidos corpóreos incluindo o sêmen, secreção vaginal,
leite materno, líquido cefalorraquidiano, líquido sinovial, lavados nasofaríngeos e saliva.
O contágio do vírus HIV, se dá pelo contato com sangue, líquido orgânico
contendo sangue visível e líquidos orgânicos potencialmente infectados. Fezes,
secreção nasal, saliva, escarro, suor, lágrima, urina e vômitos, se não conterem sangue,
são consideradas não-infectantes. Para Hepatite B e C os materiais biológicos como
escarro, suor, lágrima, urina, e vômitos são considerados não-infectantes.

5.2 Cuidados ao manusear material pérfurocortante e biológico

É necessária muita atenção durante a realização de procedimentos invasivos,


sendo totalmente contraindicado o uso dos dedos como anteparo durante a realização
de procedimentos que envolvam material pérfurocortante, nunca reencapar, entortar,
quebrar ou desconectar agulhas de seringas. Deve-se proceder sempre com o descarte

74
de agulhas, scalp, lâminas de bisturi e vidrarias, mesmo que estéreis, em recipientes
rígidos, utilizando EPIs próprios para o procedimento, sapatos fechados de couro ou
material sintético.

5.3 Procedimentos recomendados pós-exposição a material biológico

Após exposição em pele íntegra, lavar o local com água e sabão ou solução
antisséptica com detergente abundantemente. O contato com pele íntegra minimiza a
situação de risco. Nas exposições de mucosas, deve-se lavar exaustivamente com água
ou solução salina fisiológica, se o acidente for percutâneo, lavar imediatamente o local
com água e sabão ou solução antisséptica com detergente.
Não fazer espremedura do local ferido, pois favorece um aumento da área
exposta. A utilização de soluções irritantes (éter, hipoclorito de sódio) também está
contraindicada.
A avaliação do acidente deve ocorrer imediatamente após o fato e, inicialmente,
basear-se em uma adequada anamnese, caracterização da paciente fonte, análise do
risco, notificação do acidente e orientação de manejo e medidas de cuidado com o local
exposto.
A exposição ocupacional a material biológico deve ser avaliada quanto ao
potencial de transmissão de HIV, HBV e HCV com base no tipo de exposição, tipo e
quantidade de fluido e tecido, situação sorológica da fonte, situação sorológica do
acidentado e susceptibilidade do profissional exposto.
Sempre que possível o paciente-fonte deverá ser avaliado quanto à infecção pelo
HIV, Hepatite B e C, no momento da ocorrência do acidente. Caso a fonte seja
conhecida, mas sem informação de seu status sorológico, é necessária realização de
exames diagnósticos. Em caso de recusa ou impossibilidade de realizar os testes,
considerar o diagnóstico médico, sintomas e história de situação de risco para aquisição
de HIV, HBC e HCV.

O profissional de saúde deve desenvolver um sentido de responsabilidade com


relação à sua própria segurança e à segurança de seu paciente. Para tal, é
necessário obter conhecimentos específicos acerca de como podem ocorrer os
acidentes de trabalho, bem como ser responsável pela manutenção da
segurança do ambiente através das ações educativas. São responsáveis
também, em casos de acidentes com materiais perfuro cortantes, pelo registro
do acidente, devendo ainda levar em consideração as condições do paciente,
75
bem como deve ser realizado acompanhamento sorológico (Anti-HIV, Ag Hbs,
Anti-HBS, Anti-HCV) deste e do funcionário que se acidentou, com
acompanhamento após 2 e 6 meses da ocorrência do acidente. (AMARAL 2003,
apud SANTOS 2014, p. 70).

Quando a fonte é desconhecida levar em conta a probabilidade clínica e


epidemiológica de infecção pelo HIV, HCV, HBV através da prevalência de infecção
naquela população, local onde o material perfurante foi encontrado, procedimento ao
qual ele esteve associado, presença ou não de sangue, dentre outros.
Quando não houver informações sobre a fonte, realizar quimioprofilaxia, que deve
ser tratada como emergência médica, sendo iniciada o mais precocemente possível,
quando indicada, idealmente até duas horas após o acidente e, no máximo, até 72 horas.
A duração da quimioprofilaxia é de 28 dias.
Diante de uma intercorrência, atentar sempre para a verificação da caderneta de
imunização da pessoa exposta ao risco, para a vacinação para hepatite B, e realizar
comprovação através do Anti-HBs e realização de sorologia do acidentado para HIV,
HBV e HCV.
A conduta com relação ao paciente acidentado será definida de acordo com os
resultados de cada pessoa, no caso de um paciente-fonte HIV positivo, prosseguir com
análise do acidente e indicação de quimioprofilaxia antirretroviral. No caso de paciente-
fonte HIV negativo não está indicada a quimioprofilaxia antirretroviral. Em paciente- fonte
com situação sorológica desconhecida, realizar o teste para o vírus HIV, HBV e HCV.
Quando indicada, a Profilaxia Pós Exposição deverá ser iniciada o mais rápido
possível. Mulheres em idade fértil deverão realizar o teste de gravidez, principalmente
as que não sabem informar sobre a possibilidade de gestação em curso.

76
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