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Higiene do Trabalho

Módulo I - Riscos Físicos


1. Sobrecarga Térmica 4

2. Temperaturas Baixas 9

3. Pressões Elevadas e Altas 13


3.1. Pressões Anormais 14

4. Ruídos, Vibrações, Iluminação e Umidade 16


4.1. Ruído 16
4.2. Vibrações 17
4.3. Iluminação 17
4.4. Umidade 20

5. Radiação 22
5.1. Radiações Ionizantes 23
5.2.Radiações Não-Ionizantes 24

6. Referências Bibliográficas 26

02
03
HIGIENE DO TRABALHO MÓDULO I - RISCOS FÍSICOS

1. Sobrecarga Térmica

Fonte: www.sabersst.com.br1

D e acordo com Mattos (2019), o


calor é um tipo de energia que
pode ser transferida entre dois ou
materiais sólidos porque não
há transmissão de molécula
para molécula e sim desloca-
mento de massa, movimento
mais pontos quando há diferença de
de partículas que levam a
temperatura entre eles. A transfe- energia de uma posição à ou-
rência de calor pode ser feita de três tra. Logo, a transmissão por
maneiras: convecção só será vista em ma-
 Condução - a transmissão do teriais líquidos e gases.
calor varia de acordo com sua  Irradiação - transmissão de
intensidade e o material utili- calor através de ondas eletro-
zado. Ou seja, o calor vai de magnéticas. Luz, ondas de rá-
uma extremidade à outra de dio e infravermelho são alguns
um material sendo conduzido, exemplos. Inclusive a maior
molécula por molécula, até invenção do homem de todos
que todo material atinja a os tempos, o sinal de wifi, é
mesma temperatura. transmitido por ondas eletro-
 Convecção - não ocorre com magnéticas. O maior e mais

1 Retirado em www.sabersst.com.br

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conhecido meio de transmis- fresco, tentando assim manter


são por irradiação é o calor do a temperatura corporal. Esse
sol, que aquece a Terra através gasto de energia pode causar
de ondas eletromagnéticas. fadiga física, visto que o orga-
nismo está trabalhando fisica-
Para o autor Borges (2020), no mente para resfriar a tempera-
que se refere ao calor da vida cotidi- tura corporal e diminuir a sen-
sação de calor.
ana, exposição prolongada ou expo-
 Problemas cardiocirculatórios
sição descontrolada, como por
- temperaturas elevadas são
exemplo, ir à praia sem usar prote- capazes de alterar a pressão
tor solar, pode provocar insolação e arterial, espessura do sangue,
outros danos especialmente à pele, taxas de colesterol e frequên-
como queimaduras em primeiro cia cardíaca, causando infarto,
grau, e até em segundo. derrame e outras doenças car-
Quando se trata de problemas diocirculatórios.
 Distúrbios psicológicos - causa
de calor relacionados ao trabalho,
estresse em níveis elevados,
pode-se ter outras consequências: visto que trabalhar no calor
 Desidratação - acontece extremo acaba gerando des-
quando o organismo perde conforto, ansiedade e descon-
mais líquido do que consome. tentamento, atingindo psico-
Neste caso pode se dar devido logicamente os trabalhadores
à transpiração excessiva e o expostos a estas condições.
corpo pode não conseguir rea-
lizar normalmente algumas
funções básicas. Segundo Galante (2015), de
 Erupção cutânea - são man-
acordo com o anexo 3 do regula-
chas avermelhadas na pele que
podem ser causadas por diver- mento sobre trabalho insalubre
sos fatores, sendo um deles a (NR-15), a exposição ao calor deve
exposição ao calor excessivo. ser avaliada por meio do IBUTG (Ín-
 Cãibras - são espasmos mus- dice de Bulbo Úmido de Termôme-
culares, normalmente causa- tro Globo). O anexo também contém
dos por excesso de atividade algumas fórmulas para realizar os
física. Porém, as cãibras tam-
cálculos e obter a avaliação necessá-
bém podem ser causadas pela
exposição excessiva ao calor. ria. Como:
 Fadiga física - com o aumento  Ambientes internos ou exter-
da temperatura ambiente, o nos onde não haja incidência
organismo tende a gastar mais de carga solar: IBUTG = 0,7
energia para tentar se manter tbn + 0,3 tg

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 Ambientes externos onde haja mais comum ao trabalhador é o


incidência de carga solar: tempo de descanso. De acordo com
IBUT = 0,7 tbn + 0,1 tbs + 0,2 a norma, os períodos de descanso
tg são considerados horas de trabalho
para todos os efeitos legais, e devem
Onde:
ser realizados em ambientes termi-
tbn = temperatura de bulbo úmido
camente mais amenos, enquanto o
natural.
trabalhador está em repouso ou em
tg = temperatura de globo.
atividades leves. Até a própria NR-
tbs = temperatura de bulbo seco.
15 prescreve as chamadas atividades
leves, médias e pesadas.
Este anexo também fornece
Conforme Waldhelm Neto
orientação sobre os tipos de equipa-
(2015), no tratamento do calor, o
mentos usados nas avaliações e onde
uso de EPIs não minimiza o risco de
eles devem ser colocados no mo-
sobrecarga térmica e é utilizado
mento da mensuração. São eles: ter-
principalmente para atividades
mômetro de bulbo úmido natural,
onde há risco de queimaduras, como
termômetro de globo e termômetro
respingos, faíscas e outros resíduos
de mercúrio comum, que devem ser
de fontes extremas de calor.
colocados no local onde se encontra
De acordo com Barsano e Bar-
o trabalhador, no nível da área mais
bosa (2018), os EPIs mais comuns
afetada do corpo.
são:
Em condições normais, um
 Óculos de segurança com len-
único dispositivo, para avaliação de
tes especiais para retenção da
calor em Segurança Ocupacional radiação;
mede as 3 temperaturas (BARSANO  Vestimenta térmica que en-
e BARBOSA, 2018). volva todo o corpo;
Em consonância com os auto-  Luvas térmicas;
res Brevigliero, Possebon e Spinelli  Máscara de segurança facial;
(2019), é correto afirmar que, o calor  Capuz;
é um dos riscos físicos mais comple-  Respiradores com filtros espe-
xos de se trabalhar, pois pouco se cíficos;
pode fazer para mitigar ou neutrali-  Botas de couro.
zar os efeitos causados pelas altas O protetor solar, embora tec-
temperaturas. Esta é uma das razões nicamente não seja considerado
pelas quais a medida de proteção EPI, é uma medida de uso individual

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em benefício da saúde e segurança


do colaborador, e deve ser disponi-
bilizado ao colaborador quando ne-
cessário (ROCHA e BASTOS, 2016).
Para o autor Mattos (2019),
além dos EPIs, deve-se estar atentos
às medidas coletivas e administrati-
vas de segurança. Como:
 Redução das taxas de metabo-
lismo - viabilizando formas de
minimizar os esforços realiza-
dos pelo trabalhador, automa-
tizando parte do processo
(como fazer uso de ponte ro-
lante, esteiras ou outras for-
mas de reduzir o esforço físico
do trabalhador).
 Movimentação do ar no ambi-
ente - adoção de aparelhos de
ar condicionado sempre que
possível, além de climatizado-
res, ventiladores, abertura de
janelas, exaustores e todo tipo
de medida que possibilite res-
friar o ambiente laboral.
 Utilização de barreiras que mi-
nimizem a incidência do calor
radiante, como barreiras de
reflexão ou absorção, evi-
tando/minimizando a chegada
do calor ao trabalhador.
 Além disso, obviamente que a
estipulação dos períodos de
descanso é uma medida de
proteção e controle, visto que
reduz o período de exposição
do colaborador à fonte de ca-
lor.

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2. Temperaturas Baixas

Fonte: www.ambientec.com2

S egundo Borges (2020), os lo-


cais de trabalho com tempera-
turas baixas e muito baixas apresen-
No primeiro caso, destaca-se a
indústria alimentar, onde por vezes
são atingidas temperaturas de até -
tam algumas particularidades que 60 °C, para processos muito especí-
devem ser tidas em consideração no ficos.
contexto da gestão da Saúde Ocupa- Nos últimos incluem, por
cional. exemplo, construção civil, agricul-
Em consonância com o autor tura, exploração de petróleo e gás,
Galante (2015), é correto afirmar transportes, atividades militares,
que, as atividades ocupacionais ex- pesca, controle de tráfego, silvicul-
postas a temperaturas baixas e/ou tura, mineração, operações de res-
muito baixas podem ser divididas gate, serviços comunitários e polici-
em áreas internas e externas. amento.

2 Retirado em www.ambientec.com

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Conforme Brevigliero, Posse- Para os autores Barsano e Bar-


bon e Spinelli (2019), quando ex- bosa (2018), após alguns minutos
posto ao frio, o equilíbrio térmico podem ser verificados:
ocorre pela redução da perda de ca-  Diminuição da temperatura
lor (vasoconstrição periférica) e au- das extremidades;
mento da produção de calor por tre-  Deterioração do rendimento
mores e/ou pela atividade muscular, muscular;
entretanto, contraditoriamente, a  Arrepios;
exposição prolongada pode levar à  Dor.
vasodilatação periférica para man-
Segundo Mattos (2019), por
ter a função das extremidades. O
sua vez, após algumas horas ao frio a
corpo tenta manter sua temperatura
capacidade física diminui ainda
central próxima a 37 ° C, quando o
mais e poderão surgir:
corpo se encontra imerso em água
 Hipotermia;
fria, a perda de calor é 25% mais rá-
 Desorientação;
pida, consequentemente, os traba-
 Broncoespasmo - sensação de
lhadores que trabalham com ventos dificuldade respiratória de-
fortes ou usam roupas úmidas estão vido a estreitamento das vias
em maior risco, especialmente respiratórias);
quando suas extremidades estão ex-  Broncorreia - aumento da pro-
postas ou mal protegidas. dução de secreções brônqui-
A temperatura da pele é espe- cas, não só em trabalhadores
sem patologia respiratória,
cialmente importante para o equilí-
mas sobretudo em asmáticos;
brio do calor, pois 95% das trocas sendo as alterações progressi-
com o meio ocorre por ela. vas com o tempo de exposição.
De acordo com Rocha e Bastos
(2016), aos primeiros segundos de Doenças como rinite, que con-
exposição ao frio surgem: siste na inflamação ou infecção da
 Alterações inspirató- cavidade nasal, odinofagia que é o
rias/hiperventilação; desconforto na orofaringe, e traque-
 Taquicardia (aumento da fre- íte que consiste na inflamação ou in-
quência cardíaca); fecção da traqueia, também são mais
 Vasoconstrição;
comuns entre esses trabalhadores. O
 Hipertensão arterial;
frio leva à redução da transmissão
 Mal-estar geral.
nervosa e, portanto, à redução das

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forças isométricas e dinâmicas. A ca- tem impacto na empresa à medida


pacidade aeróbia total também di- que diminui a produtividade ou au-
minui, o que significa que os traba- menta o risco de acidentes de traba-
lhadores precisam de mais tempo lho.
para a mesma tarefa e pausas mais Dependendo das especificida-
frequentes e mais longas (SCALDE- des da tarefa, existem vários equipa-
LAI, 2015). mentos que são recomendados, po-
Em consonância com o autor rém, deve-se lembrar que seu uso
Borges (2020), é correto afirmar pode resultar em pouca visibilidade,
que, a exposição prolongada ao frio menor mobilidade e maior carga de
pode alterar a atividade do sistema transporte. Na verdade, o excesso de
nervoso autônomo, levando a doen- roupas aumenta a transpiração e
ças cardiovasculares, como hiper- umedece as partes mais próximas ao
tensão e diminuição da contratili- corpo. Dessa forma, os equipamen-
dade cardíaca. As mulheres parecem tos devem permitir a regulação da
ser mais sensíveis, e existe também sudorese, principalmente se as tare-
um risco aumentado de infarto fas envolverem atividades físicas in-
agudo do miocárdio, crises de an- tensas, porque quando as partes
gina e acidente vascular cerebral. próximas à pele estão molhadas, sua
Além disso, existem várias patolo- proteção contra o frio é muito redu-
gias que afetam o controle do calor, zida. Aconselha-se então a utilização
tais como: das peças em várias camadas, não
 Hipotireoidismo; apenas para maior eficiência, mas
 Diabetes - por arteriosclerose também para facilitar a adaptação às
mais intensa; necessidades. O tamanho dos equi-
 Doença cardiocirculatória. pamentos externos deve ser maior
do que o dos equipamentos internos,
Conforme Galante (2015), para que não haja constrição. A ca-
mesmo pequenas oscilações na zona mada mais externa deve ser prefe-
térmica de conforto, alteram a sen- rencialmente impermeável para re-
sação de bem-estar do trabalhador, duzir o efeito da umidade. Em geral,
reduzindo a sua capacidade de rea- alguns sintéticos são melhores na
ção, concentração e desempenho, al- absorção de suor, se mantendo secos
gumas dessas alterações podem per- e ainda mais leves do que outros ma-
sistir mesmo após a interrupção da teriais naturais (CAMISASSA,
carga térmica, o que, naturalmente, 2020).

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3. Pressões Elevadas e Altas

Fonte: 2.bp.blogspot.com3

D e acordo com Scaldelai (2015),


no desempenho de suas fun-
ções, os trabalhadores são influenci-
superiores ao normal, em trabalho
com mergulho e com tubulação
pressurizada.
ados pela pressão atmosférica em Para os autores Rocha e Bastos
seu ambiente de trabalho. Para a (2016), como o corpo é composto
maioria das atividades, a pressão de por muitas cavidades pneumáticas e
trabalho é atmosférica ou próxima o sangue é uma solução adequada
da atmosférica, pois não temos mui- para o transporte de gases, ele sofre
tos locais de grande altitude no Bra- muito com as flutuações de pressão,
sil, no entanto, algumas atividades que alteram o volume dos gases e a
expõem os trabalhadores a pressões solubilidade dos gases no sangue.

3 Retirado em 2.bp.blogspot.com

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Essas mudanças estão sujeitas às pressão. Existem dois tipos de pres-


leis do gás. Em temperatura cons- sões anormais, causadas pela varia-
tante, o volume de um gás é inversa- ção da pressão atmosférica:
mente proporcional à sua pressão. A  Pressão hiperbárica - quando
quantidade de gás que se dissolve o homem está sujeito a pres-
em um líquido, a uma certa tempe- sões menores que a pressão at-
ratura, é proporcional à pressão par- mosférica. Estas situações
ocorrem a elevadas altitudes.
cial do gás.
 Pressão hipobárica - quando o
homem fica sujeito a pressões
3.1. Pressões Anormais maiores que a atmosférica.

Segundo Barsano e Barbosa Conforme Borges (2020), os


(2018), algumas atividades de traba- espaços confinados são definidos
lho são realizadas em condições di- pelas condições seguintes:
ferentes das condições normais de  Não foram concebidos para
temperatura e pressão. Trabalhos ocupação contínua.
como tubulação de ar comprimido,  Passagens limitadas para en-
trabalho de mergulho, mineração trar e sair.
subterrânea, dentre outros, onde os  Dificuldade para resgate.
trabalhadores são expostos a pres-  Ventilação insuficiente para
remover contaminantes, defi-
sões superiores à atmosférica, mu- ciência/enriquecimento de
dam significativamente as condições oxigênio que exista ou possa se
do corpo humano, o que pode levar desenvolver.
principalmente a uma diminuição  Poço de visita de uma galeria.
do oxigênio presente no corpo hu-
mano, resultando em consequências
irreversíveis para o funcionário.
Em consonância com o autor
Mattos (2019), é correto afirmar
que, a Norma Regulamentadora nº
15, estabelece padrões e procedi-
mentos para a realização de traba-
lhos sob pressões anormais. Algu-
mas atividades de trabalho são reali-
zadas em condições diferentes das
condições normais de temperatura e

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4. Ruídos, Vibrações, Iluminação e Umidade

Fonte: i.pinimg.com4

4.1. Ruído além de problemas mais simples


como estresse, aumento da pressão

O s ruídos são os riscos físicos


mais comuns, pois são as osci-
lações das vibrações que se dissol-
arterial, problemas de atenção e
concentração (WALDHELM NETO,
2015).
vem no ar e, dependendo da intensi- De acordo com Camisassa
dade, podem prejudicar a audição (2020), as principais fontes de ruído
dos funcionários, que pode ser con- são dispositivos e veículos que fazem
tínua, intermitente e variável. muito barulho, como betoneiras,
São medidos quantitativa- serras, tratores, motores de máqui-
mente, em análises de risco, pois a nas, mas dependendo do local de
partir de 85 decibéis podem causar trabalho, o ruído do trânsito tam-
surdez temporária ou permanente, bém pode ser prejudicial.

4 Retirado em i.pinimg.com

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Para a autora Scaldelai (2015), as localizados, como motosserras,


as medidas preventivas são relativa- britadeiras e furadeiras.
mente fáceis de cumprir e são: Conforme Mattos (2019), al-
 Instalação de EPC’s como me- gumas medidas que podem ser ado-
didas redutoras do ruído; tadas são:
 Uso de EPI’s como protetores  Cuidados com a postura ao
auriculares; usar os equipamentos;
 Isolamento acústico;  Revezamento dos funcionários
 Revezamento de trabalhado- que usam os equipamentos;
res nos ambientes de trabalho;  Intervalos para descanso dos
 Controle do tempo de exposi- trabalhadores;
ção de cada trabalhador;  Adequação do maquinário
 Procurar por equipamentos para redução das vibrações.
mais silenciosos.
4.3. Iluminação
4.2. Vibrações
Uma boa iluminação no local
Segundo Rocha e Bastos de trabalho é um fator de bem-estar,
(2016), as vibrações é um tipo de que exige atenção à quantidade e
risco físico muito comum também, e qualidade da iluminação. A ilumina-
é caracterizado como qualquer vari- ção deve facilitar o desempenho das
ação de um corpo, equipamento ou atividades e promover o conforto vi-
superfície acima do corpo do traba- sual, que pode ser alcançado através
lhador. da uniformidade e equilíbrio dos ní-
As vibrações podem ocorrer veis de luminância gerados pelas vá-
localmente ou em todo o corpo, e rias fontes de luz (BREVIGLIERO,
causar diversos danos ao trabalha- POSSEBON e SPINELLI, 2019).
dor, que vão desde simples formiga- De acordo com Waldhelm
mento e dores musculares até pro- Neto (2015), grandes flutuações de
blemas de coluna e osteoporose. luz requerem ajuste visual progres-
Em consonância com os auto- sivo, o que leva à fadiga ocular.
res Barsano e Barbosa (2018), é cor- Segundo a ABNT NBR
reto afirmar que, as fontes de vibra- ISO/CIE 8995-1: 2013, mesmo que
ção são divididas em, que causam vi- seja preciso uma iluminação ade-
brações locais e de corpo inteiro, quada para uma tarefa, a visibili-
sendo as principais as de corpo in- dade em muitos exemplos depende
teiro, como caminhões e tratores, e da forma como a luz é fornecida, das
propriedades da cor da fonte da luz

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e da superfície em relação ao nível de Em consonância com os auto-


ofuscamento do sistema. Portanto, res Rocha e Bastos (2016), é correto
flutuações de luz, distribuição irre- afirmar que, No Brasil, de acordo
gular na área de trabalho, ofusca- com a norma regulamentadora nº 17
mento e reflexão insuficiente devido (NR-17), os níveis de iluminação
às características das atividades, de- para diversos tipos de atividades e
vem ser evitadas. tarefas são definidos pela Norma de
Para a autora Camisassa Higiene Ocupacional nº 11 (NHO 11)
(2020), a iluminação do local de tra- da Fundacentro.
balho depende de fatores como a luz  Luminância - é uma medida da
do dia, a escolha de luminárias e densidade da intensidade de
lâmpadas, a cor e o reflexo das pare- uma luz refletida numa dada
des, tetos e outras superfícies, a geo- direção, cuja unidade é a can-
dela por metro quadrado
metria dos arredores e a localização
(cd/m²). Descreve a quanti-
das estações de trabalho. Em locais dade de luz que atravessa ou é
de trabalho, a única fonte de luz dis- emitida de uma superfície em
ponível muitas vezes é artificial. Po- questão, e decai segundo um
rém, a luz natural é econômica, pos- ângulo sólido.
sibilita a redução dos gastos com  Iluminância - é uma grandeza
energia elétrica e, em conjunto com de luminosidade, represen-
tada pela letra E, que faz a re-
a luz artificial, contribui para o con-
lação entre o fluxo luminoso
forto visual e a proteção do meio am- que incide na direção perpen-
biente. dicular a uma superfície e a
Segundo Scaldelai (2015), as sua área. O fluxo luminoso de
medições dos níveis de iluminação um lumen incidindo sobre
são feitas com o luxímetro, e a quan- uma área de um metro qua-
tidade adequada de iluminação de- drado produz o iluminamento
de um lux.
pende do tipo de atividade. Aquelas
 Tremor nas lâmpadas - nor-
que necessitam de uma percepção malmente não visível, que pro-
de detalhes, como por exemplo labo- voca fadiga e desconforto vi-
ratórios, requerem um nível mais sual devido aos estímulos pro-
alto de iluminação e podem precisar duzidos no cérebro.
combinar iluminação local com ilu-
minação geral. Nos casos em que ne- Conforme Barsano e Barbosa
nhuma percepção de detalhes é ne- (2018), quanto mais altas forem as
cessária, a iluminação geral pode ser fontes de luz, melhor será a unifor-
usada. midade e a distribuição. É preciso

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HIGIENE DO TRABALHO MÓDULO I - RISCOS FÍSICOS

alocar iluminação direta e indireta. Telas de computador são fon-


Para evitar o efeito estroboscópico tes de luz, portanto, não precisam de
causado pela iluminação fluores- nenhuma outra fonte de luz, no en-
cente, utilizar lâmpadas com difuso- tanto, se houver iluminação e con-
res e não apenas uma única lâm- traste inadequado, eles podem cau-
pada. No que diz respeito à luz natu- sar brilho excessivo (GALANTE,
ral, as sombras podem ser evitadas 2015).
posicionando a estação de trabalho Para o autor Waldhelm Neto
paralela à janela, de forma que a luz (2015), a luminância das superfícies
incida da esquerda para a direita depende das propriedades reflexivas
(para destros), e da direita para a es- e das cores das paredes, tetos, pisos
querda (para canhotos). e móveis. Para o conforto visual e a
De acordo com Brevigliero, capacidade de realizar atividades, é
Possebon e Spinelli (2019), a neces- importante que as cores do entorno,
sidade de iluminação depende do dos objetos e da pele humana sejam
desempenho oftálmico do trabalha- reproduzidas corretamente. A tem-
dor, como por exemplo acuidade vi- peratura de cor das lâmpadas (im-
sual, percepção de profundidade e pressão a quente ou a frio) também
percepção de cores, e do trabalho a deve corresponder às tarefas a se-
ser executado. Portanto, é necessá- rem realizadas. As temperaturas de
rio que o trabalhador possa alterar a cor recomendadas dependem da ilu-
posição e a intensidade da fonte de minação e são particularmente im-
luz, principalmente quando as tare- portantes para atividades que exi-
fas exigem um maior nível de ilumi- gem o reconhecimento preciso da
nação: cor, como consultórios médicos,
 Luminárias com ajuste de al- pintores, laboratórios, dentre ou-
tura e direção; tros.
 Regulagem de intensidade Segundo Camisassa (2020), o
para fontes pontuais. ofuscamento é a percepção visual
criada por áreas brilhantes no
Em escritórios, a iluminação
campo de visão. É um contribuinte
deve ser suficiente para ler textos
comum para problemas de visão e
impressos, manuscrito ou legível na
pode causar erros, cansaço visual e
tela de computadores e outros dis- acidentes.
positivos. Usar uma fonte de luz
Pode ser feito diretamente,
pontual pode ajudar a melhorar a
através de fonte de luz no campo de
iluminação do papel.
visão, ou indiretamente, através de

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HIGIENE DO TRABALHO MÓDULO I - RISCOS FÍSICOS

reflexão sobre objetos, superfícies 4.4. Umidade


ou no plano de trabalho. Para evitar
isso, as luminárias devem ser prote- Conforme Rocha e Bastos
gidas e não devem estar no campo de (2016), com menos frequência, a
visão do trabalhador em um ângulo umidade no local de trabalho pode
de 30o com a horizontal a partir dos causar quedas, escorregões, doenças
olhos. As lâmpadas tubulares devem respiratórias e problemas de pele.
ser preferencialmente perpendicula- Este risco físico é mais comum em
res à linha de visão. Também é im- construções de várzeas, lavanderias,
portante evitar superfícies de parede lava jatos e frigoríficos, comumente
e planos de trabalho brilhantes, elas chamadas de pisos escorregadios.
devem ser foscas ou semi-foscas Os principais danos que podem cau-
para evitar reflexos de luz. O brilho sar aos funcionários são quedas e
da luz natural pode ser evitado problemas respiratórios ou de pele
usando telas, como escudos, venezi- pelo contato direto com a umidade
anas e películas, nas janelas. contaminada.
Em consonância com a autora De acordo com Galante
Scaldelai (2015), é correto afirmar (2015), os meios de prevenção con-
que, É preciso que o contraste entre tra a umidade são simples:
o que se deseja ver e o fundo seja  Uso de EPI’s como luvas e bo-
adequado, pois as diferentes áreas tas de borracha;
do campo de visão com contrastes  Adoção de ralos para escoa-
muito elevados afetam o conforto vi- mento de água;
 Uso de barreiras de contenção
sual. Precisa-se eliminar as sombras
para se evitar deslizamento.
causadas por grupos isolados de lu-
zes brilhantes, pois afetam a unifor-
midade da iluminação. Se possível, é
recomendado alterar altere a altura
ou a posição das luzes, ou adicionar
outras para compensar a distribui-
ção, especialmente em áreas distan-
tes das janelas, com níveis de ilumi-
nação mais baixos. Um número
maior de luzes com lâmpadas mais
fracas é preferível, a um número me-
nor com lâmpadas fortes.

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HIGIENE DO TRABALHO MÓDULO I - RISCOS FÍSICOS

5. Radiação

Fonte: workcaresaude.com.br5

A s pessoas estão expostas à ra-


diação o tempo inteiro sem ter
consciência disso.
são ondas eletromagnéticas ou par-
tículas que viajam a uma determi-
nada velocidade e possuem energia,
A radiação pode produzir cargas elétricas e magnéticas.
qualquer coisa, desde a simples per- A radiação pode ser gerada por
cepção de cores, a percepção de uma fontes naturais ou por dispositivos
mensagem codificada e manipulada artificiais.
em áudio e vídeo em uma televisão, As radiações eletromagnéticas
até a percepção de calor de feixes de mais conhecidas são:
laser, o aquecimento de alimentos  Luz;
em um forno de micro-ondas ou  Micro ondas;
uma imagem capturada em uma  Ondas de rádio;
placa de raio X (BORGES, 2020).  Radar;
Para os autores Brevigliero,  Laser;
Possebon e Spinelli (2019), radiação  Raios X;

5 Retirado em workcaresaude.com.br

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HIGIENE DO TRABALHO MÓDULO I - RISCOS FÍSICOS

 Radiação gama, utilizada para estão constantemente expostos a ela


esterilizar equipamentos mé- podem ser catastróficos. Dentre es-
dicos e alimentos. ses possíveis efeitos, os mais co-
muns são alterações moleculares em
Segundo Waldhelm Neto órgãos ou tecidos humanos, que se
(2015), as radiações mais comuns na manifestam através de lesões nos
forma de partículas com massa, olhos, pele, ossos, bronco pulmonar,
carga elétrica e carga magnética são como anemia, leucemia, carcinoma
os feixes de elétrons, feixes de pró- bronco pulmonar, osteoporose,
tons, radiação alfa e beta. A alfa é a principalmente no osso esponjoso,
radiação maior, por isso é a menos dentre outros.
penetrante e só se torna perigosa A fissão nuclear é um fenô-
quando atinge os pulmões ou meno que raramente ocorre espon-
quando um material emissivo é in- taneamente na natureza. A fissão ge-
gerido. As partículas beta são mais ralmente é induzida pelo bombarde-
penetrantes e podem, portanto, en- amento de um núcleo atômico pe-
trar na pele, mas não no corpo, e po- sado e instável, criando dois núcleos
dem ser bloqueadas com uma placa atômicos de tamanho médio e uma
de madeira, plástico ou uma lâmina imensa quantidade de energia
fina de metal. (MATTOS, 2019).
De acordo com Borges (2020),
5.1. Radiações Ionizantes a minimização dos efeitos da radia-
ção para os trabalhadores está base-
Em consonância com a autora ada em algumas medidas:
Camisassa (2020), é correto afirmar  Minimização do tempo de ex-
que, as radiações ionizantes ionizam posição ao emissor da radia-
os átomos ao interagir com eles, ou ção;
seja, transferem muita energia para  Utilização de Equipamentos
o átomo afetado, tornando-o instá- de Proteção Coletiva adequa-
vel. Essa instabilidade pode criar fis- dos, com blindagens compatí-
veis com a energia da radiação
são nuclear e ter vários efeitos.
produzida;
Conforme Scaldelai (2015), os
 Quantidade de radiação pro-
benefícios das radiações ionizantes duzida por determinado perí-
para a sociedade são diversos, mas odo (carga de trabalho);
os efeitos sobre os trabalhadores que  Material usado como blind-
agem.

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HIGIENE DO TRABALHO MÓDULO I - RISCOS FÍSICOS

Para o autor Galante (2015), o as altas temperaturas necessárias


monitoramento da exposição é ou- para a soldagem são geradas pela
tro ponto importante para garantir queima de oxigênio e acetileno. As
que os limites de dose não sejam ex- radiações não-ionizantes, também
cedidos. Também é importante a de- são originadas como radiação ultra-
limitação de zonas e áreas de con- violeta gerada por operação em sol-
trole e vigilância, a restrição de dagem elétrica. Os efeitos mais co-
acesso, a proibição expressa de ma- muns à saúde são visão turva, quei-
nipulação de alimentos, cosméticos maduras e danos à pele. Portanto, é
e lentes de contato em locais de uso importante tomar precauções para
de radiação e áreas adjacentes. evitá-los por meio de proteções cole-
tivas, individuais, administrativas e
5.2. Radiações Não-Ionizan- médicas.
tes Conforme Camisassa (2020),
um soldador deve trabalhar cercado
Segundo Brevigliero, Posse- por uma tela, para que seus colegas
bon e Spinelli (2019), as radiações de trabalho também não sejam ex-
não-ionizantes são de baixa frequên- postos à radiação, deve usar avental,
cia, como luz visível, infravermelho, luvas, perneiras e mangote de raspa
micro-ondas, frequência de rádio, de couro, além de máscaras com len-
radar, ondas curtas e ultra frequên- tes especiais que protegem os olhos
cias (celular). Embora essas radia- da radiação. Além disso, é preciso fa-
ções não alterem os átomos, algu- zer exames médicos regulares.
mas, como as do micro-ondas, po-
dem causar queimaduras e possíveis
danos ao sistema reprodutivo.
Em consonância com o autor
Waldhelm Neto (2015), é correto
afirmar que, em ambientes de traba-
lho, as radiações não-ionizantes es-
tão frequentemente presentes, como
radiação infravermelha que vem da
operação em fornos, especialmente
aqueles que atingem altas tempera-
turas, como nas indústrias de aço e
cimento, ou de solda oxiacetilênica,
que é um tipo de solda a gás em que

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HIGIENE DO TRABALHO MÓDULO I - RISCOS FÍSICOS

6. Referências Bibliográficas
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BOSA, RILDO PEREIRA. Higiene E Segu-
rança do Trabalho. São Paulo: Érica, 2018.

BORGES, KLEBER LÚCIO. Guia Para Ela-


boração do PGR - Programa de Gerencia-
mento de Riscos Ocupacionais. Indepen-
dently Published, 2020.

BREVIGLIERO, EZIO; POSSEBON,


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pacional: Agentes Biológicos, Químicos e
Físicos. São Paulo: Senac, 2019.

CAMISASSA, MARA QUEIROGA. Segu-


rança e Saúde no Trabalho - NRs 1 a 37 Co-
mentadas e Descomplicadas. Rio de Ja-
neiro: Método, 2020.

GALANTE, ERICK BRAGA FERRÃO.


Princípios de Gestão de Riscos. Curitiba:
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MATTOS, UBIRAJARA. Higiene e Segu-


rança do Trabalho. Barueri: GEN LTC,
2019.

ROCHA, ROSEMBERG; BASTOS, MAR-


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Todos. Rio de Janeiro: Autografia, 2016.

SCALDELAI, APARECIDA VALDINÉIA.


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Trabalho. São Caetano do Sul: Yendis,
2015.

WALDHELM NETO, NESTOR. Segurança


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Viena, 2015.

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