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TOXICOLOGIA OCUPACIONAL

Prof. Ma Francine Maery Dias Ferreira-


Romanichen
Toxicologia Ocupacional

Toxicologia aplicada aos princípios e métodos para


identificação, gestão e controle dos compostos
químicos no AMBIENTE DE TRABALHO, visando o
uso adequado e SEGURO de agentes químicos, que
ofereça um ambiente salubre ao trabalhador
Principais doenças ocupacionais
Agente Causa Doença

Ruído - Utilização de máquinas Audição afetada

Sílica - Jateamento de areia Fibrose pulmonar.


- Corte e polimento de granito na
mineração

Solventes aromáticos - Indústrias plásticas de borracha, química Anemia aplástica, Leucemia.


e petroquímica (ex. benzeno)

Óleos e graxas - Mecânicos e Metalúrgicos Elaioconiose (a pele apresenta pontos com pus
e perda de pelos), Câncer de pele.

Radiações não ionizantes Indústrias (infravermelha – aquecimento Ultravioleta – Queimaduras na pele e irritação
intenso de metais e ultravioleta – solda nos olhos.
elétrica). Infravermelha – Catarata.
Exposição ocupacional

Situação decorrente de uma atividade profissional


em que o trabalhador tem contato com o agente
químico de forma tal que há possibilidade de
produção de uma ação tóxica, ou de penetração e
absorção, com a produção de efeitos sistêmicos de
curto, médio ou longo prazo.
Avaliação da Exposição ocupacional
• Atividades, tarefas ou funções exercidas pelos
trabalhadores;
• Área ou local de trabalho;
• Número de trabalhadores presentes e
possivelmente expostos;
• Movimentação dos trabalhadores pelo local ou
locais de trabalho;
• Movimentação dos materiais (fontes de gases,
vapores, poeiras etc.);
Avaliação da Exposição ocupacional
• Condições de ventilação ou movimentação do ar,
temperatura e pressão atmosférica;
• Ritmo de produção;
• Outros agentes químicos ou físicos possivelmente
presentes que possam interferir nas avaliações ou
na exposição.
Limites de Tolerância

Concentração ou intensidade máxima ou mínima,


relacionada com a natureza e o tempo de exposição
ao agente, que não causará dano à saúde do
trabalhador, durante sua vida laboral.

• Norma regulamentadora NR-15 (08/06/1978);


• Ultrapassar Limite de Tolerância  insalubridade;
• 10, 20 ou 40% do salário-mínimo.
Threshold Limit Value (TLV)
• Limite de Exposição Ocupacional (LEO).

Condições sob as quais se supõe que quase todos os


trabalhadores possam estar expostos dia após dia
sem efeitos adversos à saúde.
Threshold Limit Value (TLV)
• Referem-se a substâncias dispersas no ar;
• Não há garantia absoluta  se supõe;
• Trata-se de quase todos os trabalhadores. Ou mais
sensíveis não estão protegidos;
• Refere-se a trabalhadores excluindo idosos,
crianças, doentes, entre outros;
• Não fazem distinção de gêneros;
• No caso de mulheres grávidas, são aplicados à
mulher e não à criança ou feto, que não estão
“protegidos” pelos TLV.
Threshold Limit Value (TLV)
• TLV- TWA  Média ponderada pelo tempo;
• TLV-STEL  Limite de exposição de curto tempo;
• TLV-C  Teto.
TLV-TWA
• (Threshold Limit Values – Time Weighted Average
- Média ponderada pelo tempo):

Aplicado a substâncias que produzem efeito a


MÉDIO E CURTO PRAZO, podendo a exposição ser
LIGEIRAMENTE ACIMA do TLV por um CURTO
período, não oferecendo risco de aparecimento de
efeitos.

Exemplos: TLV-TWA: 0,5 ppm benzeno / 0,05 ppm chumbo.


TLV-STEL
• (Threshold Limit Values – Short Term Exposure
Limit - Limite de Exposição de curto período):

Concentrações que os trabalhadores podem estar


expostos CONTINUAMENTE por um CURTO período,
sem sofrerem irritação e lesão tecidual crônica ou
irreversível.
TLV-STEL
• Pode ser atingido por 15 minutos, 4 vezes ao dia,
com intervalo de 60 minutos.

TLV-STEL = 3 x TLV-TWA

TLV-STEL (chumbo) = 3 x 0,05 ppm = 0,15 ppm


TLV-C
• TLV-C (Threshold Limit Values – Ceiling -Teto):

Substâncias de ELEVADA toxicidade ou risco que


produzem efeito a curto prazo. A concentração NÃO
pode ser ultrapassada em MOMENTO ALGUM da
jornada de trabalho

Exemplos: TLV-C: 25 ppm acetaldeído / 0,1 ppm acroleína


TLV’s
Nível de ação
Monitoramento biológico

Determinação dos agentes presentes no ambiente


de trabalho e/ou dos seus metabólitos nos TECIDOS,
nas SECREÇÕES, no ar expirado dos indivíduos
expostos, para avaliar a exposição e o risco à saúde,
comparando-se os resultados obtidos com as
referências apropriadas.
Valores de referência (VR)

Quesitos indispensáveis ao MB de substâncias cujo


indicador está também presente no material
biológico independente da exposição ocupacional.
Indicadores Biológicos
Substância ou elemento químico, produto
inalterado, produto de biotransformação, atividade
enzimática ou constituintes dos organismos, cuja
CONCENTRAÇÃO (ou atividade) em fluido biológico
(sangue, urina, ar exalado) ou em tecidos, possui
RELAÇÃO com a EXPOSIÇÃO AMBIENTAL a
determinado agente tóxico.

• Detecção precoce da doença;


• Não deve ser usados para fins de diagnóstico de
intoxicação (sinais e sintomas).
Classificação dos IB
• Indicadores de dose interna;
• Indicadores de efeito.
Indicadores de dose interna
Correlaciona-se com a concentração da substância
química presente no ambiente de trabalho.

• Indicador de dose usual;


• Indicador de dose acumulativa;
• Indicador de dose interna “real”.
Indicadores de dose interna
• Indicador de dose usual:
Concentração da substância química no ambiente de
trabalho.
Ex. Cádmio na urina = Cádmio no AT

• Indicador de exposição acumulativa:


Representa o acúmulo progressivo do xenobiótico
no organismo.
Ex. Chumbo acumula nos ossos
Inseticidas organoclorados acumulam nos tecidos adiposos.
Indicadores de dose interna
• Indicador de dose interna “real”:
Permitem avaliar a concentração da substância
química metabolicamente ativa.

Ex. 2,5 hexadiona – exposição ao n-hexano.


Indicadores de efeito

Realizado com a avaliação de alterações biológicas


precoces, reversíveis que se desenvolvem no órgão
crítico. Estes bioindicadores devem servir para
mostrar efeitos não-nocivos, ou seja, não associados
com alteração funcionais das células.
Indicadores de efeito
• Indicadores de efeito crítico:
Demonstram alterações que se instalam no órgão
crítico, isto é, concentração na qual as células mais
sensíveis do órgão sofrem alterações reversíveis ou
irreversíveis.

Ex. Determinação da enzima colinesterase na exposição de


praguicidas organofosforados.
Indicadores de efeito
• Indicadores de efeito pré-clínico:
Permite identificar alterações no órgão-alvo,
geralmente ainda reversíveis e que precedem o
aparecimento do quadro clínico.

Ex. Determinação de β2- microglobulina que expressa


alterações nos túbulos renais.
Indicadores de suscetibilidade
Tem como base a capacidade limitada do organismo
de fazer frente à exposição a uma substância
química específica. Esta categoria de indicador pode
evidenciar alterações da absorção e distribuição,
interações com macromoléculas, assim como a
capacidade de produzir modificações no organismo.

Ex. Capacidade do organismo acetilar moléculas, tais como


os metabólitos de algumas aminas aromáticas (4-
aminobifenilas), capacidade esta que resulta na
probabilidade do desenvolvimento de câncer de bexiga
Índice biológico Máximo Permitido

O valor máximo do indicador biológico para o qual


se supõe que a maioria das pessoas
ocupacionalmente expostas não corre risco de dano
à saúde. A ultrapassagem deste valor significa
exposição excessiva.
Índice Biológico Máximo Permitido

IBMP
Monitoramento Biológico
• Interferentes – Fatores não ocupacionais:
–Hábitos pessoais (por ex., álcool, fumo)
–Fármacos (por ex., aspirina)
–Fatores constitucionais (por ex., espécie, sexo, idade)
–Fatores patológicos (por ex., pessoas anêmicas expostas
a metais – Cd, Pb, Hg – terão seus níveis mais baixos)
–Fatores ligados às características dos fluídos biológicos
(densidade da urina, correção pela creatinina urinária
Monitoramento Biológico
• Interferentes – Fatores ocupacionais:
–Amostragem (padronização pela NR-7: permanência dos
indicadores biológicos no organismo).
–Utilização de frascos adequados para coleta (evitar
contaminação, principalmente nas análises de metais).
–Local de coleta afastado do local de trabalho (evitar
contaminação exógena).
Referências
• OGA, S.; CAMARGO, M. M. A.; BATISTUZZO, J. A. O.
Fundamentos da toxicologia, 4ª edição. São Paulo,
Atheneu Editora, 2014.

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