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HIGIENE E SEGURANÇA DO TRABALHO

3. NORMAS REGULAMENTADORAS
As normas regulamentadoras, também conhecidas como NRs, regulamentam e fornecem orientações
sobre procedimentos obrigatórios relacionados à segurança e medicina do trabalho no Brasil. Essas normas
foram aprovadas pela Portaria n°. 3.214, de 8 de junho de a978, e são e observância obrigatória por todas as
empresas brasileiras regidas pela Consolidação das Leis do Trabalho – CLT.
São elaboradas e modificadas por comissões tripartites (gestores federais, estaduais e municipais)
especificas compostas por representantes do governo, empregadores e empregados. Atualmente, contamos
com 36 normas regulamentadoras.

A aplicação das NRs é obrigatória para que tipo de empresa e/ou instituições?
As Nrs relativas à segurança e saúde ocupacional são de observância obrigatória
para qualquer empresa ou instituição que tenha empregados regidos pela CLT.

Atualmente, contamos com 36 normas regulamentadoras, destaque de algumas dispostas da seguinte


forma:
 NR 1 – Disposições Gerais;
 NR 2 – Inspeção Prévia;
 NR 3 – Embargo ou Interdição;
 NR 4 – Serviços especializados em Engenharia de Segurança e em Medicina do Trabalho –
SESMT;
 NR 5 – Comissão Interna de Prevenção de Acidentes – CIPA;
 NR 6 – Equipamentos de Proteção Individual – EPI;
 NR 10 – Instalações e Serviços em Eletricidade;
 NR 15 – Atividades e Operações Insalubres;
 NR 16 – Atividades e Operações Perigosas;
 NR 17 – Ergonomia;
 NR-18 - Condições de Segurança e Saúde no Trabalho na Indústria da Construção;
 NR 23 – Proteção Contra Incêndios;
 NR 26 – Sinalização de Segurança;

3.1 TÓPICO 01: DISPOSIÇÕES GERAIS – NR 1

A Norma Regulamentadora 1, cujo título é Disposições Gerais, estabelece o campo de aplicação de


todas as Normas Regulamentadoras de Segurança e Medicina do Trabalho Urbano, bem como os direitos e
obrigações do governo, dos empregados e dos trabalhadores no tocante a este tema específico. A NR 1 tem a
sua existência jurídica assegurada, em nível de legislação ordinária, nos artigos 154 a 159 da Consolidação
das Leis do Trabalho (CLT).
No que tange ao cumprimento das normas, prevê o disposto no art. 157 da CLT e o item 1.7 da NR-
01 que cabe às empresas: cumprir e fazer cumprir as disposições legais e regulamentares sobre segurança e
medicina do trabalho; instruir os empregados, através de ordens de serviço, quanto às precauções a tomar no
sentido de evitar acidentes do trabalho ou doenças ocupacionais; adotar as medidas que lhe sejam
determinadas pelo órgão regional competente; adotar medidas para eliminar ou neutralizar a insalubridade e
as condições inseguras de trabalho; e informar aos trabalhadores sobre os riscos profissionais que possam
originar-se nos locais de trabalho, dentre outros.
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No que tange ao cumprimento das normas, prevê o disposto no art. 157 da CLT e o item 1.8 da NR-
01 que cabe aos empregados: cumprir as disposições legais e regulamentares sobre segurança e saúde do
trabalhador, inclusive as ordens de serviço expedidas pelo empregador; usar o EPI fornecido pelo
empregador; submeter-se aos exames médicos previstos nas Normas Regulamentadoras – NR; colaborar
com a empresa na aplicação das Normas Regulamentadoras – NR;
Também o art. 19 da Lei 8.213/1991, que dispõe sobre os Planos de Benefícios da Previdência
Social, aponta que a empresa é responsável pela adoção e uso das medidas coletivas e individuais de
proteção e segurança da saúde do trabalhador, devendo prestar informações pormenorizadas sobre os riscos
da operação a executar e do produto a manipular.
Empregado é a pessoa física que presta serviços de natureza não-eventual ao empregador, sob a
dependência deste e mediante pagamento de salário.
Empresa é o estabelecimento ou o conjunto de estabelecimentos, canteiros de obra, frente de
trabalho, locais de trabalho e outras, constituindo a organização, que é utilizado pelo empregador para
atingir seus objetivos.
Estabelecimento é cada uma das unidades da empresa, podendo funcionar em lugares diferentes, tais
como: fábrica, refinaria, usina, escritório, loja, oficina, depósito, laboratório.
Setor de Serviço é a menor unidade administrativa ou operacional compreendida no mesmo
estabelecimento.
Canteiro de obra é a área do trabalho fixa e temporária, onde se desenvolvem operações de apoio e
execução à construção, demolição ou reparo de uma obra.
Frente de trabalho é a área de trabalho móvel e temporária, onde se desenvolvem operações de apoio
e execução à construção, demolição ou reparo de uma obra.
Local de trabalho é a área onde são executados os trabalhos.

RESPONSABILIDADE SOLIÁRIA

Sempre que uma ou mais empresas, mesmo tendo, cada uma delas, personalidade jurídica própria,
estiverem sob direção, controle ou administração de outra, constituindo grupo industrial, comercial ou de
qualquer outra atividade econômica, serão solidariamente responsáveis pela aplicação das NRs, ou seja, a
empresa principal e cada uma das subordinadas compartilham as responsabilidades em termos de segurança
e saúde ocupacional.
Cabe a todas as “Empresas” cumprir e fazer cumprir as disposições legais e regulamentares sobre
segurança e saúde ocupacional. Elaborar ordens de serviço (procedimentos, instruções, padrões, entre outros
documentos internos de empresa) sobre segurança e saúde ocupacional, dando conhecimento aos
empregados, com os seguintes objetivos:
• Adotar medidas para eliminar ou neutralizar atividades ou operações insalubres bem como as
condições inseguras de trabalho;
• Estabelecer requisitos internos de segurança e saúde ocupacional de forma a minimizar a ocorrência
de atos inseguros e melhorar o desempenho do trabalho;
• Divulgar as obrigações e proibições que os empregados devam conhecer e cumprir;
• Determinar os procedimentos que deverão ser adotados em caso de acidente do trabalho e doenças
profissionais ou do trabalho;
• Adotar requisitos de segurança e saúde ocupacional estabelecidos pelos documentos técnicos e
legais;
• Informar aos empregados que serão passíveis de punição, pelo descumprimento das ordens de
serviço expedidas.
• Informar aos trabalhadores:
1. Os riscos profissionais que possam originar-se nos locais de trabalho;
2. Os meios para prevenir e limitar tais riscos e as medidas adotadas pela empresa;
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3. Os resultados dos exames médicos e de exames complementares de diagnóstico aos quais os
próprios trabalhadores forem submetidos;
4. Os resultados das avaliações ambientais realizadas nos locais de trabalho.
• Permitir que representantes dos trabalhadores acompanhem a fiscalização dos preceitos legais e
regulamentares sobre segurança e medicina do trabalho.
Para fins de fiscalização, perícias e auditorias, o empregador deve evidenciar o atendimento aos
requisitos técnicos e legais por meio de documentos, registros de treinamentos e outras formas rastreáveis,
inclusive eletrônicas.
Vale destacar que, ocorrendo acidente com vítima que desencadeie processo na Justiça
(civil/criminal), contra o empregador, será exigida comprovação do atendimento dos requisitos técnicos e
legais.
Embora não sejam “empresas”, o § 1º do artigo 2º da CLT, para fins de responsabilidades de
segurança e saúde ocupacional, são considerados empregadores aqueles que tenham empregados. Podemos
citar como exemplo:
 Profissionais liberais;
 Profissionais autônomos;
 Instituições beneficentes;
 Associações recreativas ou outras instituições sem fins lucrativos;
 Sindicatos;
 Condomínio de apartamentos.

Em síntese, não resta dúvida de que é dever do empregador zelar por um meio ambiente saudável e
seguro, eliminando os agentes nocivos dos locais de trabalho, a fim de concretizar o respeito aos direitos
fundamentais à vida e à saúde, promovendo, em última análise, o valor fundamental da dignidade da pessoa
humana.

3.2 TÓPICO 02: INSPEÇÃO PREVIA – NR 2

 INÍCIO DE ATIVIDADES
Todo estabelecimento novo, antes de iniciar suas atividades, deverá solicitar aprovação de suas
instalações ao Órgão Regional do MTE.
O Órgão Regional do MTE, após realizar a inspeção prévia, emitirá o Certificado de Aprovação de
Instalações - CAI, conforme modelo ao final deste tópico.
 IMPOSSIBILIDADE DE INSPEÇÃO PRÉVIA
A empresa poderá encaminhar ao Órgão Regional do MTE uma declaração das instalações do
estabelecimento novo, que poderá ser aceita pelo referido órgão, mediante modelo neste tópico, para fins de
fiscalização, quando não for possível realizar a inspeção prévia antes do estabelecimento iniciar suas
atividades.
 MODIFICAÇÕES SUBSTANCIAIS – APROVAÇÃO
A empresa deverá comunicar e solicitar a aprovação do Órgão Regional do MTE, quando ocorrer
modificações substanciais nas instalações e/ou nos equipamentos de seu (s) estabelecimentos (s).
É facultado às empresas submeter à apreciação prévia do Órgão Regional do MTE os projetos de
construção e respectivas instalações.
 GARANTIA DE INÍCIO DE ATIVIDADES
A inspeção prévia e a declaração de instalações, constituem os elementos capazes de assegurar que o
novo estabelecimento inicie suas atividades livre de riscos de acidentes e/ou doenças do trabalho, razão pela
qual o estabelecimento que não atender ao disposto naqueles itens fica sujeito ao impedimento de seu
funcionamento, conforme estabelece o artigo 160 da CLT, até que seja cumprida a exigência.

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3.3 TÓPICO 03: INTERDIÇÃO E EMBARGO – NR 3

A NR 3 estabelece as diretrizes para a definição dos riscos graves e iminentes através da aplicação de
metodologia técnica, afim de constatar a necessidade de embargo ou interdição de locais ou atividades de
risco.
Os riscos graves e iminentes são aqueles com alto potencial de causar doenças e lesões a saúde dos
trabalhadores através de exposição de riscos ambientais ou acidentes de trabalho.
A norma considera embargo como uma paralisação parcial ou total de uma obra, e a interdição como
a paralisação parcial ou total de uma máquina, equipamento, setor ou local do estabelecimento.
A aplicação da NR 3 deverá considerar a combinação da consequência de um evento com a
probabilidade de sua ocorrência.
A classificação poderá ser encontrada através da tabela em anexo no item 3.1 e 3.2 da NR 3.

O processo de estabelecimento de risco pelo fiscal do trabalho deverá seguir as etapas:

Avaliar o risco atual, considerando as presentes medidas de controle adotadas e definindo o risco
total de acordo com as tabelas 3.3 ou 3.4 da NR 3; Estabelecer um risco de referência, tendo por base a
classificação das linhas inferiores da tabela 3.3 e 3.4 da NR 3; Determinar o excesso de risco entre o risco
atual e o risco de referência.
O fiscal do trabalho poderá determinar o embargo ou interdição sempre que constatar a presença de
risco extremo ou excesso de risco substancial.
Deve ser considerado também se a presente situação é passiva de correção imediata. Caso exista a
possibilidade, o fiscal do trabalho deverá emitir a ordem de paralisação imediata e a adoção das devidas
medidas de controle.
A metodologia de avaliação dos riscos graves e iminentes da NR 3 não devem ser consideradas pelo
empregador como uma metodologia padronizada para a gestão de riscos.
O embargo ou interdição deverá ser considerado como uma medida preventiva, com intuito da
promoção da saúde e segurança dos trabalhadores, e não como uma medida punitiva mediante a presença
dos riscos.
O fiscal do trabalho deverá incluir os critérios técnicos utilizados para a determinação do embargo ou
interdição nos casos em que não exista uma previsão normativa da situação objetivo.
O embargo ou interdição não exime a aplicação de infrações devido o descumprimento das normas
de segurança e saúde.
Só poderão ser realizadas as atividades de correção dos riscos graves e iminentes durante a vigência
da interdição ou embargo, porém, devem ser adotados medidas que garantam a saúde e segurança dos
trabalhadores que realização a aplicação das medidas.
Os trabalhadores deverão ser remunerados integralmente durante o período de embargo ou
interdição.

4. RISCOS AMBIENTAIS

4.1 A IMPORTÂNCIA DO CONHECIMENTO DOS RISCOS


Os locais de trabalho, pela própria natureza da atividade desenvolvida e pelas características de
organização, relações interpessoais, manipulação ou exposição a agentes físicos, químicos, biológicos,
situações de deficiência ergonômica ou riscos de acidentes, podem comprometer a saúde do trabalhador em
curto, médio e longo prazo, provando lesões imediatas, doenças ou morte, além de prejuízos de ordem legal
e patrimonial para a empresa.
Dessa forma, em qualquer tipo de atividade laboral, torna-se imprescindível a necessidade de
investigar o ambiente de trabalho para conhecer os riscos a que estão expostos os trabalhadores.
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Muitas das vezes, o trabalhador se expõe ao risco por desconhecer os perigos aos quais está exposto.
Quando o trabalhador não percebe o risco, é justamente quando mais se expõe aos perigos
(desvios/incidentes), aumentando o risco de sua atividade e, como consequência, ocorrem acidentes.
Outras vezes, porque os riscos ambientais não são captados pelos órgãos dos sentidos (audição,
visão, olfato, paladar e tato), são os chamados “inimigos invisíveis”, fazendo com que o trabalhador não se
sinta ameaçado. Inconsciente do perigo, a tendência é ele não dar importância à prevenção.
Enfim, quem conhece os riscos ambientais presentes em seu ambiente de trabalho e sabe como agir
perante eles pode diminuir muito sua vulnerabilidade e ainda ajudar o outro a se proteger.
Riscos ambientais são os agentes físicos, químicos, biológicos,
ergonômicos e de acidentes/mecânicos que possam trazer danos à
saúde do trabalhador nos ambientes de trabalho, em função de sua
natureza, concentração, intensidade e tempo de exposição ao agente.

Os riscos ambientais são definidos na Norma Regulamentadora n° 9 (NR 9), que trata do Programa
de Prevenção de Riscos Ambientais (PPRA).
4.2 AGENTES FÍSICOS
Riscos físicos são gerados por maquinas, equipamentos e condições físicas características do local de
trabalho que podem causar prejuízo à saúde do trabalhador.
Segundo a NR 9, caracterizam-se como agentes físicos: ruído, vibrações, pressões anormais,
temperaturas extremas, radiações ionizantes e radiações não-ionizantes, umidade.
 Riscos à saúde:
 Ruídos provocam cansaço, irritação, dores de cabeça, diminuição da audição (surdez temporária,
surdez definitiva e trauma acústico), aumento da pressão arterial, problemas no aparelho digestivo,
taquicardia, perigo de infarto;
 Vibrações cansaço, irritação, dores nos membros, dores na coluna, doença do movimento, artrite,
problemas digestivos, lesões ósseas, lesões dos tecidos moles, lesões circulatórias;
 Calor ou frio extremos: taquicardia aumento da pulsação, cansaço, irritação, fadiga térmica,
prostração térmica, choque térmico, perturbação das funções digestivas, hipertensão;
 Radiações ionizantes: alterações celulares, câncer, fadiga, problemas visuais, acidentes do trabalho;
 Radiações não ionizantes: queimaduras, lesões na pele, nos olhos e em outros órgãos. É muito
importante saber que a presença de produtos ou agentes no local de trabalho como, por exemplo,
radiações infravermelho, presentes em operações de fornos, de solda oxiacetilênica; ultravioleta,
produzida pela solda elétrica; de raios laser podem causar ou agravar problemas visuais (ex. catarata,
queimaduras, lesões na pele etc.), mas isto não quer dizer que, obrigatoriamente, existe perigo para a
saúde, isso depende da combinação de muitas condições como a natureza do produto, a sua
concentração, o tempo e a intensidade que a pessoa fica exposta a eles, por exemplo;
 Umidade: doenças do aparelho respiratório, da pele e circulatórias, e traumatismos por quedas;
 Pressões Anormais: embolia traumática pelo ar, embriaguez das profundidades, intoxicação por
oxigênio e gás carbônico, doença descompressiva.
4.3 AGENTES QUÍMICOS
Riscos químicos, sendo esses representados pelas substâncias químicas que podem ser encontradas
de forma líquida, gasosa e sólida e quando essas são absorvidas pelo organismo, podem produzir reações
tóxicas e danos à saúde.
As medidas ou avaliações dos agentes químicos em suspensão no ar são feitas por meio de aparelhos
especiais que medem a concentração, ou seja, a porcentagem existente em relação ao ar atmosférico. Os

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limites máximos de concentração de alguns produtos e outras informações estão estabelecidos na NR 15,
anexo11, 12 e 13, no Ministério do Trabalho.
Segundo a NR 9, caracterizam-se como agentes químicos: poeiras, fumos, névoas, neblinas, gases e
vapores.
Como exemplos de agentes químicos no estado sólido, temos poeiras de origem animal, mineral e
vegetal, como a poeira mineral de sílica encontrada nas areias para moldes de fundição. No estado gasoso,
como exemplo, temos o GLP (Gás Liquefeito de Petróleo), usado como combustível nos fogões residenciais.
No estado líquido, temos os ácidos, os solventes, as tintas e os inseticidas domésticos.
Esses agentes químicos, podem ser absorvidos pelo organismo humano por quatro formas: por via
respiratória, digestiva (ingestão), dérmica (por meio da pele) ou ocular (por meio dos olhos).
 Riscos à saúde
Os gases, vapores e névoas podem provocar efeitos irritantes, asfixiantes ou anestésicos:
 Efeitos irritantes: são causados, por exemplo, por ácido clorídrico, ácido sulfúrico, amônia, soda
cáustica, cloro, que provocam irritação das vias aéreas superiores.
 Efeitos asfixiantes: gases como hidrogênio, nitrogênio, hélio, metano, acetileno, dióxido de carbono,
monóxido de carbono e outros causam dor de cabeça, náuseas, sonolência, convulsões, coma e até
morte.
 Efeitos anestésicos: a maioria dos solventes orgânicos assim como o butano, propano, aldeídos,
acetona, cloreto de carbono, benzeno, xileno, álcoois, tolueno, tem ação depressiva sobre o sistema
nervoso central, provocando danos aos diversos órgãos. O benzeno especialmente é responsável por
danos ao sistema formador do sangue.
 Os aerodispersóides: que ficam em suspensão no ar em ambientes de trabalho, podem ser poeiras:
minerais, vegetais, alcalinas, incômodas ou fumos metálicos:
 Poeiras minerais: provêm de diversos minerais, como sílica, asbesto, carvão mineral, e provocam
silicose quartzo, asbestose (asbesto), pneumoconioses (ex.: carvão mineral, minerais em geral);
 Poeiras vegetais: são produzidas pelo tratamento industrial, por exemplo, de bagaço de cana de
açúcar e de algodão, que causam bagaçose e bissinose, respectivamente;
 Poeiras alcalinas: provêm em especial do calcário, causando doenças pulmonares obstrutivas
crônicas, como enfisema pulmonar;
 Poeiras incômodas: podem interagir com outros agentes agressivos presentes no ambiente de
trabalho, tornando os mais nocivos à saúde;
 Fumos metálicos: provenientes do uso industrial de metais, como chumbo, manganês, ferro etc.,
causam doença pulmonar obstrutiva crônica, febre de fumos metálicos, intoxicações específicas, de
acordo com o metal.
4.4 AGENTES BIOLÓGICOS
São microrganismos, ou seja, reduzidíssimos seres vivos não vistos a olho nu, presente em alguns
ambientes de trabalho, como hospitais, laboratórios de análises clínicas, coleta de lixo, indústria de couro,
fossas, etc.
Nessa categoria, incluem-se os vírus, as bactérias, os protozoários, os fungos, os parasitas e os
bacilos. Penetrando no organismo do homem por via digestiva, respiratória, olhos e pele, são responsáveis
por algumas doenças profissionais.

 Riscos à saúde:
 Podem causar as seguintes doenças: tuberculose, intoxicação alimentar, fungos (microrganismos
causadores de infecções), brucelose, malária, febre amarela.

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Como esses microrganismos se adaptam melhor e se reproduzem mais em ambientes sujos, as
medidas preventivas a tomar são:
 Rigorosa higiene dos locais de trabalho, do corpo e das roupas;
 Destruição por processos de elevação da temperatura (esterilização) ou uso de cloro;
 Uso de equipamentos individuais para evitar contato direto com os microrganismos;
 Ventilação permanente e adequada;
 Vacinação, sempre que possível.
A verificação da presença de agentes biológicos em ambientes de trabalho é feita por meio de
retiradas de amostras de ar e água, que serão analisadas em laboratórios especializados. Em virtude das
grandes dificuldades para a realização dessas, não existem limites de tolerância definidos.
4.5 AGENTES ERGONÔMICOS
Ergonomia é a ciência que busca alcançar o ajustamento mútuo ideal entre o homem e o seu
ambiente de trabalho. Entretanto, se não existir esse ajuste, teremos a presença de agentes ergonômicos que
causam doenças e lesões no trabalhador.
Os agentes ergonômicos presentes nos ambientes de trabalho estão relacionados a:
 Exigência de esforço físico intenso;
 Levantamento e transporte manual de peso;
 Postura inadequada no exercício das atividades;
 Exigências rigorosos de produtividade;
 Jornadas de trabalho prolongadas ou em turnos;
 Atividades monótonas ou repetitivas, etc.

 Riscos à saúde:
 Trabalho físico pesado, posturas incorretas e posições incômodas provocam cansaço, dores
musculares e fraqueza, além de doenças como hipertensão arterial, diabetes, úlceras, moléstias
nervosas, alterações no sono, acidentes, problemas de coluna etc.;
 Ritmo excessivo, monotonia, trabalho em turnos, jornada prolongada, conflitos, excesso de
responsabilidade provocam desconforto, cansaço, ansiedade, doenças no aparelho digestivo
(gastrite, úlcera), dores musculares, fraqueza, alterações no sono e na vida social (com reflexos
na saúde e no comportamento), hipertensão arterial, taquicardia, cardiopatias (angina, infarto),
tenossinovite, diabetes, asma, doenças nervosas, tensão, medo, ansiedade.

4.6 AGENTES DE ACIDENTES/MECÂNICOS

Riscos de acidentes ocorrem em função das condições físicas do local de trabalho e também pela
condição do processo de trabalho, técnicas impróprias e equipamentos estragados que são capazes de
provocar lesões à integridade física do trabalhador. Também podem ser chamados de riscos mecânicos.

 Riscos à saúde:
 Arranjo físico: quando inadequado ou deficiente, pode causar acidentes e provoca desgaste físico
excessivo nos trabalhadores;
 Máquinas sem proteção: podem provocar acidentes graves;
 Instalações elétricas deficientes: trazem riscos de curto circuito, choque elétrico, incêndio,
queimaduras, acidentes fatais;
 Matéria prima sem especificação e inadequada: acidentes, doenças profissionais, queda da qualidade
de produção;
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 Ferramentas defeituosas ou inadequadas: acidentes, com repercussão principalmente nos membros
superiores;
 Falta de EPI ou EPI inadequado ao risco: acidentes, doenças profissionais;
 Transporte de materiais, peças, equipamentos sem as devidas precauções: acidentes;
 Edificações com defeitos de construção: a exemplo de piso com desníveis, escadas fora de ausência
de saídas de emergência, mezaninos sem proteção, passagens sem a altura necessária: quedas,
acidentes;
 Falta de sinalização das saídas de emergência, da localização de escadas e caminhos de fuga,
alarmes, de incêndios: ações desorganizadas nas emergências, acidentes;
 Armazenamento e manipulação inadequados de inflamáveis e gases, curto circuito, sobrecargas de
redes elétricas: incêndios, explosões;
 Armazenamento e transporte de materiais: a obstrução de áreas traz riscos de acidentes, de quedas,
de incêndio, de explosão etc.;
 Equipamento de proteção contra incêndios: quando deficiente ou insuficiente, traz efetivos riscos de
incêndios;
 Sinalização deficiente: falta de uma política de prevenção de acidentes, não identificação de
equipamentos que oferecem risco, não delimitação de áreas, informações de segurança insuficientes
etc. comprometem a saúde ocupacional dos funcionários.

É importante que esses riscos também sejam eliminados dos ambientes de trabalho.
5. IMPLANTAÇÃO DO MAPA DE RISCOS
Conforme a Portaria nº 05, de 17 de agosto de 1992, do Ministério do Trabalho e Emprego, a
elaboração do Mapa de Riscos é obrigatória para empresas com grau de risco e número de empregados que
exijam a constituição de uma Comissão Interna de Prevenção de Acidentes.
O Mapa de Riscos é a representação gráfica dos riscos de acidentes nos diversos locais de trabalho,
inerentes ou não ao processo produtivo, devendo ser afixado em locais acessíveis e de fácil visualização no
ambiente de trabalho, com a finalidade de informar e orientar todos os que ali atuam e outros que,
eventualmente, transitem pelo local.
No Mapa de Riscos, os círculos de cores e tamanhos diferentes mostram os locais e os fatores que
podem gerar situações de perigo em função da presença de agentes físicos, químicos, biológicos,
ergonômicos e de acidentes.
De acordo com a Portaria nº 25, o Mapa de Riscos deve ser elaborado pela CIPA, com a participação
dos trabalhadores envolvidos no processo produtivo e com a orientação do Serviço Especializado em
Engenharia de Segurança e Medicina do Trabalho (SESMT) do estabelecimento, quando houver. É
considerada indispensável à colaboração das pessoas expostas ao risco.
O mapeamento possibilita o desenvolvimento de uma atitude mais cautelosa por parte dos
trabalhadores diante dos perigos identificados e graficamente sinalizados. Desse modo, contribui com a
eliminação e/ou controle dos riscos detectados.
Considerado uma das primeiras medidas não paternalistas nesta área, o Mapa de Risco é um modelo
participativo dotado de soluções práticas que visam eliminação e/ou controle de riscos e a melhoria do
ambiente e das condições de trabalho. A adoção desta medida favorece trabalhadores (com a proteção da
vida, da saúde e da capacidade profissional) e empregadores (com a redução do absenteísmo, aumento da
produtividade). Ganha também o País, com a redução de gastos do sistema previdenciário em virtude da
aposentadoria precoce por invalidez, por exemplo.

6. LEGISLAÇÃO BRASILEIRA

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A elaboração de Mapas de Riscos está mencionada na alínea “a”, do item 5.16 da NR 05, com
redação dada pela Portaria nº 25 de 29/12/1994: “identificar os riscos do processo de trabalho, e elaborar o
MAPA DE RISCOS, com a participação do maior número de servidores, com assessoria do SESMT, onde
houver”.
7. MAPA DE RISCOS
7.1 OBJETIVOS DO MAPA DE RISCOS
Dentre os objetivos do Mapa de Riscos estão:
a) Reunir informações suficientes para o estabelecimento de um diagnóstico da situação de
segurança e saúde no trabalho do estabelecimento;
b) Possibilitar a troca e divulgação de informações entre os servidores, bem como estimular sua
participação nas atividades de prevenção.
7.2 ETAPAS DE ELABORAÇÃO
a) Conhecer o processo de trabalho no local analisado:
 Os servidores: número, sexo, idade, treinamentos profissionais e de segurança e saúde,
jornada de trabalho;
 Os instrumentos e materiais de trabalho;
 As atividades exercidas;
 O ambiente.
b) Identificar os riscos existentes no local analisado;
c) Identificar as medidas preventivas existentes e sua eficácia:
 Medidas de proteção coletiva;
 Medidas de organização do trabalho;
 Medidas de proteção individual;
 Medidas de higiene e conforto: banheiro, lavatórios, vestiários, armários, bebedouro,
refeitório, área de lazer, etc.
d) Identificar os indicadores de saúde:
 Queixas mais frequentes e comuns entre os servidores expostos aos mesmos riscos;
 Acidentes de trabalho ocorridos;
 Doenças profissionais diagnosticadas;
 Causas mais frequentes de ausência ao trabalho.
e) Conhecer os levantamentos ambientais já realizados no local;
f) Elaborar o Mapa de Riscos, sobre o layout do órgão, indicando através de círculos:
 O grupo a que pertence o risco, de acordo com a cor padronizada;
 O número de trabalhadores expostos ao risco;
 A especificação do agente (por exemplo: químico – sílica, hexano, ácido clorídrico; ou
ergonômico – repetitividade, ritmo excessivo);
 A intensidade do risco, de acordo com a percepção dos trabalhadores, que deve ser
representada por tamanhos proporcionalmente diferentes dos círculos.

8. CLASSIFICAÇÃO DOS RISCOS AMBIENTAIS


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Os agentes que causam riscos à saúde dos trabalhadores e que costumam estar presente nos locais de
trabalho são agrupados em cinco tipos:
 Agentes físicos;
 Agentes químicos;
 Agentes biológicos;
 Agentes ergonômicos;
 Agentes de acidentes.
Cada um desses tipos de agentes é responsável por diferentes riscos ambientais que podem provocar
danos à saúde ocupacional dos servidores. Para elaboração do mapa de riscos, consideram-se os riscos
ambientais os seguintes:
TABELA DOS RISCOS AMBIENTAIS

9. COMO ELABORAR
Após o estudo dos tipos de risco, deve se dividir o órgão em setores ou pavimentos; geralmente isso
corresponde às diferentes seções do órgão. Essa divisão facilitará a identificação dos riscos de acidentes de
trabalho. Em seguida o grupo deverá percorrer as áreas a serem mapeadas com lápis e papel na mão,
ouvindo as pessoas acerca de situações de riscos de acidentes de trabalho.
Sobre esse assunto, é importante perguntar aos servidores o que incomoda e quanto incomoda, pois
isso será importante para se fazer o mapa. Também é preciso marcar os locais dos riscos informados em
cada área.
Nesse momento, não se deve ter a preocupação de classificar os riscos. O importante é anotar o que
existe e marcar o lugar certo. O grau e o tipo de risco serão identificados depois.
10. AVALIAÇÃO DOS RISCOS PARA A ELABORAÇÃO DO MAPA DE RISCOS
Com as informações anotadas, a CIPA deve fazer uma reunião para examinar cada risco identificado
na visita ao órgão. Nesta fase, faz-se a classificação dos perigos existentes conforme o tipo de agente, de

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acordo com a Tabela de Riscos Ambientais. Também se determina o grau ("tamanho"): pequeno, médio ou
grande.
11. COLOCAÇÃO DOS CÍRCULOS NA PLANTA OU CROQUI
Depois disso é que se começa a colocar os círculos na planta ou croqui para representar os riscos. Os
riscos são caracterizados graficamente por cores e círculos.
O tamanho do círculo representa o grau do risco. E a cor do círculo representa o tipo de risco,
conforme a Tabela mostrada.

Os círculos podem ser desenhados ou colados. O importante é que os tamanhos e as cores


correspondam aos graus e tipos. Cada círculo deve ser colocado naquela parte do mapa que corresponde ao
lugar onde existe o problema.
Caso existam, num mesmo ponto de uma seção, diversos riscos de um só tipo por exemplo, riscos
físicos: ruído, vibração e calor não é preciso colocar um círculo para cada um desses agentes.
Basta um círculo apenas neste exemplo, com a cor verde, dos riscos físicos, desde que os riscos
tenham o mesmo grau de nocividade.
Uma outra situação é a existência de riscos de tipos diferentes num mesmo ponto. Neste caso, divide
se o círculo conforme a quantidade de riscos em 2, 3, 4 e até 5 partes iguais, cada parte com a sua respectiva
cor, conforme a figura abaixo (este procedimento é chamado de critério de incidência):
Diversos tipos de risco num mesmo ponto

Quando um risco afeta a seção inteira exemplo: ruído, uma forma de representar isso no mapa é
colocá-lo no meio do setor e acrescentar setas nas bordas, indicando que aquele problema se espalha pela
área toda. Veja como fica:

12. RESULTADOS E LOCALIZAÇÃO DO MAPA DE RISCOS

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Caso se constate a necessidade de orientações ou recomendações nos locais de trabalho, as mesmas
devem constar no Mapa de Riscos, através de negociação com os membros da CIPA e do SESMT.
O Mapa de Riscos deve ficar em local visível para alertar as pessoas que ali trabalham, sobre os
riscos de acidentes em cada ponto marcado com os círculos.
O objetivo final do mapa é conscientizar sobre os riscos e contribuir para eliminá-los, reduzi-los ou
controlá-los.
Graficamente, isso significa a eliminação ou diminuição do tamanho/quantidade dos círculos.
Também podem ser acrescentados novos círculos, por exemplo quando se começa um novo processo, se
constrói uma nova seção no Órgão ou Entidade ou se descobre perigos que não foram encontrados quando
se fez o primeiro mapa.
O mapa, portanto, é dinâmico. Os círculos mudam de tamanho, desaparecem ou surgem. Ele deve ser
revisado quando houver modificações importantes que alterem a representação gráfica (círculos) ou no
mínimo de ano em ano, a cada nova gestão da CIPA.
13. O AGENTE MAPEADOR

O agente mapeador é uma pessoa capacitada para elaborar o Mapeamento dos Riscos Ambientais.
São características necessárias do mapeador:
 Observação;
 Percepção;
 Criatividade;
 Visão global;
 Objetividade, poder de síntese;
 Capacidade de comunicação;
 Educação / discrição;
 Bom senso;
 Capacidade de organização;
 Receptividade à segurança;
 Persistência / agente de mudança;
 Simpatia.

13.1 CONHECIMENTOS NECESSÁRIOS


Para sua ação, o mapeador deve possuir conhecimentos básicos sobre o órgão, a CIPA, o SESMT
(Serviço de Engenharia de Segurança e Medicina do Trabalho), segurança patrimonial, bem como sobre
aspectos legais do acidente do trabalho.
13.2 O ÓRGÃO
O mapeador deve conhecer como funcionam os diversos setores do órgão em que trabalha (produção,
administração, suprimentos etc.), bem como:
 O histórico da organização;
 Sua política de ação (geral);
 A organização do trabalho;
 As normas e procedimentos;
 As instalações prediais;
 O organograma administrativo;
 Receptividade à segurança;
 Persistência;
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 Simpatia.

13.3 CIPA, SESMT e SEGURANPA PATRIMONIAL


O mapeador deve conhecer os membros que compõem a CIPA, SESMT; deve também conhecer
elementos básicos de segurança patrimonial, como o bombeiro (Brigada de Incêndios) e a vigilância.
13.4 ASPECTOS LEGAIS DO ACIDENTE DO TRABALHO
O agente mapeador deve ter noção de responsabilidade civil e criminal nos acidentes do trabalho, de
acordo com a legislação.
13.5 APOIO TÉCNICO
Cabe ao mapeador, ainda, solicitar apoio de outros profissionais para conhecer melhor as atividades
desenvolvidas nos diversos setores dos órgãos, tais como:
 Centro de processamento de dados;
 Departamento jurídico;
 Departamento de recursos humanos (com suas áreas de assistência social, psicologia do
trabalhador, setor de pessoal, seleção e recrutamento);
 Projeto e desenvolvimento de produtos etc.

13.6 ETAPAS DO MAPEAMENTO


São as seguintes as fases do trabalho do agente:
 Levantamento dos riscos;
 Elaboração do Mapa;
 Análise dos riscos;
 Elaboração do relatório;
 Apresentação do trabalho;
 Implantação e acompanhamento;
 Avaliação.

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