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HIGIENE E SEGURANÇA DO TRABALHO

Cursos Técnicos
Edificações
Eletromecânica
Eletrônica
Eletrotécnica
Mecânica
Metalurgia

Autor: Prof. Haroldo F. Ritti


Adequações em março de 2023 - prof. Aluísio de Oliveira
SUMÁRIO

Objetivo – Pág. 2

Unidade I – Introdução – Pág. 3

Unidade II – Acidente de Trabalho – Pág. 8

Unidade III – Órgãos de Segurança e Medicina do Trabalho – Pág. 15

Unidade IV – EPI e EPC – Pág. 22

Unidade V – Insalubridade e Periculosidade – Pág. 26

Unidade VI – Prevenção e combate a incêndio – Pág. 32

Referências – Pág. 41
Objetivo

Apresentar uma visão global sobre a origem e o processo evolutivo das primeiras
regulamentações da Higiene e da Segurança do Trabalho em favor da proteção do
trabalhador. Atingido o objetivo, os estudantes serão capazes de colaborar na
implementação programas de prevenção de acidentes e doenças ocupacionais nas
organizações.
Unidade I – Introdução

1.1 - Histórico da Segurança do Trabalho

Por volta de 1760 na Europa, inicialmente na Inglaterra e logo depois pela Europa Ocidental e
Estados Unidos, iniciou-se um processo de transformação das atividades de manufatura, onde o homem
começou a fazer uso de máquinas, com novas fontes de energia, como o vapor, novas ferramentas,
fabricação de produtos químicos, ou seja, uma mudança radical na forma de trabalho e de produzir. Com
a nova realidade criada pela revolução industrial, o homem passou a conviver também como novos tipos
de riscos. Ruído excessivo, máquinas sem quaisquer dispositivos de segurança e proteção, temperaturas
extremas, umidade, longas jornadas de trabalho, falta de treinamento, uso de mão de obra infantil e de
mulheres em atividades insalubres e de grande esforço físico, entre outros. Os trabalhadores e
trabalhadoras eram abandonados à própria sorte, devendo eles mesmos se responsabilizarem pela sua
proteção naqueles ambientes de trabalho tão hostis.
Como consequência, os índices de acidentes graves se tornaram tão alarmantes que a própria
sociedade passou a exigir um mínimo de segurança e de condições humanas para o trabalho. Surgiram
então as primeiras leis e outros dispositivos jurídicos, onde foram estabelecidos os direitos e as
obrigações das indústrias e dos trabalhadores e trabalhadoras, iniciando um processo de humanização
dos ambientes de trabalho, por conseguinte, mais seguros para todos e todas; processo que dura até hoje.
A título de exemplo, a primeira lei que visava a proteção do trabalhador, publicada na Inglaterra,
limitava a carga horária para os menores de 12 anos, proibia o trabalho noturno aos menores de 18 anos,
estabelecia a idade mínima de 9 anos para o trabalho e um médico deveria atestar se o desenvolvimento
físico da criança correspondia à sua idade cronológica.

1.2 - Legislação

Efetivamente, em 1919 surge a primeira lei voltada, de modo genérico, aos acidentes de trabalho,
introduzindo a teria do risco profissional, onde se caracterizou como Acidente de trabalho somente os
acidentes que ocorressem durante o horário do trabalho ou que fossem diretamente relacionados a ele.
A partir da década de 30 acelerou-se a implantação de novas leis, entre as principais estão:
- Decreto nº 19.433, de 26 de novembro de 1930: Cria uma Secretaria de Estado com a
denominação de Ministério do Trabalho, Indústria e Comércio;
- Constituição da República dos Estados Unidos do Brasil, de 16 de julho de 1934;
- Decreto-Lei nº 5.452, de 1º de maio de 1943: Consolidação das Leis do Trabalho (CLT);
- Decreto-Lei Nº 7.036, de 10 de novembro de 1944: Reforma da Lei de Acidentes do Trabalho;
- Lei nº 6.514, de 22 de novembro de 1977: altera o Capítulo V do Título II da Consolidação das
Leis do Trabalho;

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- Portaria N.º 3.214, de 08 de junho de 1978: aprova as Normas Regulamentadoras - NR - do
Capítulo V, Título II, da Consolidação das Leis do Trabalho, relativas à Segurança e Medicina do
Trabalho.
Neste contexto, também podemos citar os termos da Constituição da República Federativa do
Brasil, em seu Título II - Dos direitos e garantias fundamentais, Capítulo II - Dos direitos sociais, artigo
7º, onde são dispostos os direitos dos trabalhadores urbanos e rurais, além de outros que visem à melhoria
de sua condição social:
XXII - redução dos riscos inerentes ao trabalho, por meio de normas de saúde, higiene e
segurança;
XXIII - adicional de remuneração para as atividades penosas, insalubres ou perigosas, na forma
da lei.
Ademais, também citamos como bons exemplos os artigos 157 e 158 da Consolidação das Leis
do Trabalho, os quais definem as obrigações das empresas e dos empregados em relação à Segurança e
Medicina do Trabalho:
Art. 157 - Cabe às empresas:
I. Cumprir e fazer cumprir as normas de segurança e medicina do trabalho;
II. Instruir os empregados, através de ordens de serviço, quanto às precauções a tomar no sentido de
evitar acidentes do trabalho ou doenças ocupacionais;
III. Adotar as medidas que lhes sejam determinadas pelo órgão regional competente;
IV. Facilitar o exercício da fiscalização pela autoridade competente.
Importante: de acordo com o anexo 1 (termo e definições) da Norma Regulamentadora nº 01 -
Disposições Gerais e Gerenciamento de Riscos Ocupacionais, vigente desde o dia 03 de janeiro de 2022
(Portaria SEPRT 8.873, de 23/07/2021), temos “ordem de serviço de segurança e saúde no trabalho:
instruções por escrito quanto às precauções para evitar acidentes do trabalho ou doenças ocupacionais.
A ordem de serviço pode estar contemplada em procedimentos de trabalho e outras instruções de SST.”
De acordo com o Ministério do Trabalho e Previdência “O Gerenciamento de Riscos
Ocupacionais – GRO é o conjunto de ações coordenadas de prevenção que têm por objetivo garantir aos
trabalhadores condições e ambientes de trabalho seguros e saudáveis. O GRO deve constituir um
Programa de Gerenciamento de Riscos – PGR”
Figura: Programa de Gerenciamento de Riscos

Fonte: Ministério do Trabalho e Previdência

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Ainda em conformidade com o texto da NR-01, são obrigações do empregador:
a) cumprir e fazer cumprir as disposições legais e regulamentares sobre segurança e saúde no
trabalho;
b) informar aos trabalhadores:
I. os riscos ocupacionais existentes nos locais de trabalho;
II. as medidas de prevenção adotadas pela empresa para eliminar ou reduzir tais riscos;
III. os resultados dos exames médicos e de exames complementares de diagnóstico aos quais
os próprios trabalhadores forem submetidos; e
IV. os resultados das avaliações ambientais realizadas nos locais de trabalho.
c) elaborar ordens de serviço sobre segurança e saúde no trabalho, dando ciência aos
trabalhadores;
d) permitir que representantes dos trabalhadores acompanhem a fiscalização dos preceitos legais
e regulamentares sobre segurança e saúde no trabalho;
e) determinar procedimentos que devem ser adotados em caso de acidente ou doença relacionada
ao trabalho, incluindo a análise de suas causas;
f) disponibilizar à Inspeção do Trabalho todas as informações relativas à segurança e saúde no
trabalho; e
g) implementar medidas de prevenção, ouvidos os trabalhadores, de acordo com a seguinte ordem
de prioridade:
I. eliminação dos fatores de risco;
II. minimização e controle dos fatores de risco, com a adoção de medidas de proteção coletiva;
III. minimização e controle dos fatores de risco, com a adoção de medidas administrativas ou de
organização do trabalho; e
IV. adoção de medidas de proteção individual.
Art. 158 - Cabe aos empregados:
I - observar as normas de segurança e medicina do trabalho, inclusive as instruções de que trata
o item II do artigo anterior;
Il - colaborar com a empresa na aplicação dos dispositivos deste Capítulo.
Parágrafo único - Constitui ato faltoso do empregado a recusa injustificada:
a) à observância das instruções expedidas pelo empregador na forma do item II do artigo
anterior;
b) ao uso dos equipamentos de proteção individual fornecidos pela empresa.
Da mesma forma, a redação da NR-01 atribui aos trabalhadores:
a) cumprir as disposições legais e regulamentares sobre segurança e saúde no trabalho,
inclusive as ordens de serviço expedidas pelo empregador;
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b) submeter-se aos exames médicos previstos nas NR;
c) colaborar com a organização na aplicação das NR; e
d) usar o equipamento de proteção individual fornecido pelo empregador.
1.4.2.1 Constitui ato faltoso a recusa injustificada do empregado ao cumprimento do disposto
nas alíneas do subitem anterior.
Importante: ao descumprir uma regra qualquer da empresa, o empregado poderá ou não ser
punido, já que não há essa obrigatoriedade na lei. O termo “ato faltoso” citado no parágrafo único
supracitado quer dizer que este trabalhador, recusando-se a cumprir uma regra de Segurança do Trabalho
sem apresentar uma justificativa aceitável ele estará cometendo um ato que o torna passível de punição,
em contrapartida, se ele não cumprir uma ordem de serviço ou se recusar a usar um EPI e justificar com
razoabilidade este ato, ele não poderá ser punido pela empresa, por não ter sido caracterizado o ato
faltoso. A NR-01 apresenta: “1.4.3 O trabalhador poderá interromper suas atividades quando constatar
uma situação de trabalho onde, a seu ver, envolva um risco grave e iminente para a sua vida e saúde,
informando imediatamente ao seu superior hierárquico.”
Visando regulamentar a Lei nº 6.514 de 22 de dezembro de 1977, que determinava a criação de
normas que abordassem com mais profundidade os assuntos relacionados à saúde e segurança do
trabalho, foram criadas as Normas Regulamentadoras (NR) através da Portaria 3.214 de 08 de junho de
1978, do Ministério do Trabalho. Periodicamente essas normas passam por atualizações e alterações
visando acompanhar a evolução tecnológica, o surgimento de novas atividades e, por consequência,
novos riscos à saúde e segurança do trabalhador.
NR-1- Disposições Gerais e Gerenciamento de Riscos Ocupacionais;
NR-2 - Inspeção Prévia (Revogada pela Portaria n.º 915, de 30 de julho de 2019, da Secretaria
Especial de Previdência e Trabalho);
NR-3 - Embargo ou Interdição;
NR-4 - Serviços Especializados em Segurança e Medicina do Trabalho - SESMT;
NR-5 - Comissão Interna de Prevenção de Acidentes - CIPA;
NR-6 - Equipamento de Proteção Individual - EPI
NR-7 - Programa de Controle Médico de Saúde Ocupacional - PCMSO
NR-8 - Edificações;
NR-9 - Avaliação e Controles das exposições Ocupacionais a Agentes Físicos, Químicos e
Biológicos;
NR-10 - Segurança em Instalações e Serviços em Eletricidade;
NR-11 - Transporte, Movimentação, Armazenagem e Manuseio de Materiais;
NR-12 - Segurança no Trabalho em Máquina e equipamentos;
NR-13 - Caldeiras, Vasos de Pressão e Tubulações e Tanques Metálicos de Armazenamento;
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NR-14 - Fornos;
NR-15 - Atividades e Operações Insalubres;
NR-16 - Atividades e Operações Perigosas;
NR-17 - Ergonomia;
NR-18 - Segurança e Saúde no Trabalho na Indústria da Construção;
NR-19 - Explosivos
NR-20 - Segurança e Saúde no Trabalho com Inflamáveis e Combustíveis;
NR-21 - Trabalhos a Céu Aberto;
NR-22 - Segurança e Saúde Ocupacional na Mineração;
NR-23 - Proteção Contra Incêndios;
NR-24 - Condições Sanitárias e de Conforto nos Locais de Trabalho;
NR-25 - Resíduos Industriais;
NR-26 - Sinalização de Segurança;
NR-27 - Registro Profissional do Técnico de Segurança do Trabalho (Revogada pela Portaria n.º
262, de 30 de maio de 2008);
NR-28 - Fiscalização e Penalidades;
NR-29 - Norma regulamentadora de Segurança e Saúde no Trabalho Portuário;
NR-30 - Segurança e Saúde no Trabalho Aquaviário;
NR-31 - Segurança e Saúde no Trabalho na Agricultura, Pecuária, Silvicultura, Exploração
Florestal e Aquicultura;
NR-32 - Segurança e Saúde no Trabalho em Serviços de Saúde;
NR-33 - Segurança e Saúde nos Trabalhos em Espaços Confinados;
NR-34 - Condições e Meio Ambiente de Trabalho na Industria da Construção, Reparação e
Desmonte Naval;
NR-35 - Trabalho em altura;
NR-36 - Segurança e Saúde no Trabalho em Empresas de Abate e Processamento de Carnes e
Derivados;
NR-37 - Segurança e Saúde em Plataformas de Petróleo.
NR-38 - Segurança e Saúde no Trabalho nas Atividades de Limpeza Urbana e Manejo de
Resíduos Sólidos - Vigência a partir de 2 de janeiro de 2024, conforme Portaria MTP n° 4.101, de 16
de dezembro de 2022.
A legislação que trata da segurança e saúde no trabalho vem sofrendo alterações, na busca por
uma melhor adequação às novas tecnologias, aos novos tipos de riscos e ambientes laborais, bem como
à nova visão dos especialistas.

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Para que os índices de acidentes do trabalho sejam reduzidos, torna-se imprescindível a
obediência a estas disposições, bem como a toda e qualquer lei, portaria ou norma de procedimento que
se tratar de Segurança e Medicina do Trabalho.

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Unidade II - Acidente de Trabalho

2.1 - Introdução

Os acidentes, normalmente, ocorrem por uma série de fatores, nunca ele acontece por acaso. São
as causas mais comuns a falha humana, do equipamento ou material, sendo assim, o acidente poderá, na
maioria dos casos, ser previsto e sendo previsto, há maneira de evitá-lo.
Não podemos esquecer que estamos expostos ao risco de acidente a qualquer hora e em qualquer
lugar, para isso, nessa unidade vamos conhecer um pouco mais sobre acidentes e suas consequências.

2.2 - Acidente

Do ponto de vista prevencionista, o ACIDENTE é definido como:


“Uma ocorrência não programada e indesejada, inesperada ou não, que interrompe ou interfere
no processo normal de uma atividade, trazendo por consequência dor, perdas ou morte”.
A partir desse conceito, quando se fala em “acidente”, não é necessário que haja vítima.

2.3 - Acidente de trabalho

De acordo com o artigo nº 19 da lei 8.213 de 24 de julho de 1991 (redação dada pela Lei
Complementar nº 150, de 2015), temos:
Acidente do trabalho é o que ocorre pelo exercício do trabalho a serviço de empresa ou de
empregador doméstico ou pelo exercício do trabalho dos seus segurados, provocando lesão corporal
ou perturbação funcional que cause a morte ou a perda ou redução, permanente ou temporária, da
capacidade para o trabalho.
Os acidentes podem ser classificados em três tipos:
- Acidente típico: são aqueles decorrentes da característica da atividade profissional do
trabalhador e que ocorrem no local e durante o cumprimento das atividades;
- Acidente de trajeto: são aqueles que ocorrem no percurso entre a residência e o local de trabalho
e vice-versa;
- Doença ocupacional: são as doenças profissionais ou do trabalho adquiridas pelo trabalhador
advindas das atividades peculiares do local de trabalho;
2.3.1 - Acidentes típicos:
Como dito anteriormente, são aqueles decorrentes da característica da atividade profissional do
trabalhador e que ocorrem no local e durante o cumprimento das atividades. Não envolvem os riscos
genéricos que podem ocorrer dentro do ambiente laboral, mas sim aqueles ligados à execução das tarefas
e específicos, decorrentes do exercício do trabalho.

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2.3.2 - Acidentes de trajeto:
No percurso da residência para o local de trabalho ou deste para aquela, qualquer que seja o meio
de locomoção, inclusive veículo de propriedade do segurado, desde que não haja interrupção ou alteração
de percurso por motivo alheio ao trabalho.

2.3.3 - Outras situações equiparadas aos acidentes de trabalho:

2.3.3.1 - Ocorridas no horário e/ou local de trabalho:


- Acidente ligado ao trabalho que, embora não tenha sido a causa única, haja contribuído
diretamente para a morte do segurado, para perda ou redução da sua capacidade para o trabalho, ou que
tenha produzido lesão que exija atenção médica para a sua recuperação;
- Ato de sabotagem ou terrorismo praticado por terceiro ou companheiro de trabalho;
- Ofensa física intencional (agressão), inclusive de terceiro, por motivo de disputa relacionada ao
trabalho;
Nota: Não será considerado acidente de trabalho o ato de agressão relacionado a motivos
pessoais.
- Ato de terceiro ou de companheiro de trabalho provocado por:
- Imprudência: ato caracterizado pela não cumprimento involuntário de uma norma de segurança,
sem a cautela necessária para evitar os danos;
- Negligência: ato caracterizado pela omissão voluntária de cautelas que deveriam ser adotadas;
- Imperícia: inexistência de habilidade ou aptidão para a execução de uma tarefa.
- Ato de pessoa privada do uso da razão; ou
- Desabamento, inundação ou incêndio e outros casos fortuitos ou de força maior.
2.3.3.2 - Ocorridas fora do horário e/ou local de trabalho (além do acidente de trajeto –
2.3.2)
- Na execução de ordem ou na realização de serviços sob a autoridade da empresa;
- Na prestação espontânea de qualquer serviço à empresa para lhe evitar prejuízo ou proporcionar
proveito;
- Em viagem a serviço da empresa, inclusive para estudo, quando financiada por esta, dentro de
seus planos para melhor capacitação da mão-de-obra;
- No percurso para o local da refeição ou de volta dele, em intervalo do trabalho.
Nota: Entende-se como percurso o trajeto da residência ou do local de refeição para o trabalho
ou deste para aqueles, independentemente do meio de locomoção, sem alteração ou interrupção por
motivo pessoal, do percurso habitualmente realizado pelo segurado. Não havendo limite de prazo
estipulado para que o segurado atinja o local de residência, refeição ou do trabalho, deve ser observado
o tempo necessário compatível com a distância percorrida e o meio de locomoção utilizado.

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Obs.1: não será considerado agravamento ou complicação de acidente de trabalho a lesão que,
resultante de outra origem, se associe ou se superponha às consequências do acidente anterior.
Obs.2: o acidente sofrido pelo empregado em período destinado à refeição ou descanso, ou por
ocasião de suas necessidades fisiológicas, no local de trabalho ou durante o horário deste, também será
enquadrado como Acidente de trabalho.
Obs.3: será considerado agravamento de acidente de trabalho aquele sofrido pelo acidentado
quando estiver sob a responsabilidade do Setor de Reabilitação Profissional.
Obs.4: quando expressamente constar do contrato de trabalho que o empregado deverá participar
de atividades esportivas no decurso da jornada de trabalho, o acidente ocorrido durante estas atividades
será considerado como acidente de trabalho.
2.3.4 – Doença Ocupacional
As doenças ocupacionais são classificadas em Doença Profissional e Doença do Trabalho,
conforme art. 20 da lei 8.213 de 24 de julho de 1991:
I - Doença profissional, assim entendida a produzida ou desencadeada pelo exercício do trabalho
peculiar a determinada atividade e constante da respectiva relação elaborada pelo Ministério do Trabalho
e da Previdência Social;
II - Doença do trabalho, assim entendida a adquirida ou desencadeada em função de condições
especiais em que o trabalho é realizado e com ele se relacione diretamente, constante da relação
mencionada no inciso I.
Observações:
- A lista de doenças profissionais e do trabalho para fins previdenciários consta no anexo II do
Regulamento da Previdência Social (RPS), aprovado pelo Decreto nº. 3.048, de 6 de maio de 1999 (com
as suas posteriores alterações).
- Em caso excepcional, constatando-se que a doença não incluída na relação constante do Anexo
II do INSS resultou de condições especiais em que o trabalho é executado e com ele se relaciona
diretamente, a Previdência Social (INSS) deve equipará-la a acidente de trabalho.
- No caso de doença profissional ou do trabalho, será considerado como dia do acidente, a data
do início da incapacidade laborativa para o exercício da atividade habitual ou o dia em que for realizado
o diagnóstico, cabendo para esse efeito o que ocorrer primeiro.
- Não são consideradas como doença do trabalho:
- A doença degenerativa;
- A inerente a grupo etário;
- A que não produz incapacidade laborativa;
- A doença endêmica adquirida por segurados habitantes de região onde ela se desenvolva,
salvo se comprovado que resultou de exposição ou contato direto determinado pela natureza do trabalho.
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2.4- Benefícios do INSS

O Acidente de trabalho que imediatamente afasta o empregado de suas atividades subdivide-se


em:
- Acidente sem afastamento: quando o empregado sofre o acidente e se ausenta do serviço por
algumas horas. Trata da lesão, e retorna às atividades. Também conhecido como “acidente sem perda de
tempo - SPT”;
- Acidente com afastamento: quando o empregado sofre o acidente e não retorna às atividades
imediatamente nem na jornada seguinte. Também conhecido como “acidente com perda de tempo -
CPT”.
O trabalhador acidentado e seus dependentes têm direito aos seguintes benefícios acidentários do
INSS:
- Auxílio-Doença: quando o acidentado fica impossibilitado de trabalhar por mais de 15 (quinze)
dias consecutivos. Ou seja, a partir do 16º dia de afastamento ele deixa de receber seu salário e passa a
receber o auxílio enquanto durar o afastamento.
- Auxílio Acidente: de acordo com o art. 86 da lei 8.213 de 24 de julho de 1991:
Art. 86. O auxílio-acidente será concedido, como indenização, ao segurado quando, após
consolidação das lesões decorrentes de acidente de qualquer natureza, resultarem sequelas que
impliquem redução da capacidade para o trabalho que habitualmente exercia.
- Aposentadoria invalidez: concedida quando considerado incapaz e insusceptível de
reabilitação para o exercício de atividade que lhe garanta a subsistência.
- Carece de verificação da condição de incapacidade mediante exame médico-pericial à
cargo da Previdência Social;
- A doença ou lesão de que o segurado já era portador ao filiar-se ao Regime Geral de
Previdência Social não lhe conferirá direito à aposentadoria por invalidez (exceto em situações de
progressão ou agravamento da doença ou lesão.
- Pensão por morte: a pensão por morte será devida ao conjunto dos dependentes do segurado
que falecer, conforme disposições da legislação vigente.

2.5 - Comunicação do Acidente de Trabalho - CAT

A Comunicação de Acidente de Trabalho (CAT) é um documento emitido para reconhecer tanto


um acidente de trabalho ou de trajeto bem como uma doença ocupacional. A empresa é obrigada a
informar à Previdência Social todos os acidentes de trabalho ocorridos com seus empregados, mesmo
que não haja afastamento das atividades.
De acordo com a legislação atinente:

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Art. 22. A empresa ou o empregador doméstico deverão comunicar o acidente do trabalho à Previdência
Social até o primeiro dia útil seguinte ao da ocorrência e, em caso de morte, de imediato, à autoridade
competente, sob pena de multa variável entre o limite mínimo e o limite máximo do salário de contribuição,
sucessivamente aumentada nas reincidências, aplicada e cobrada pela Previdência Social.
§ 1º Da comunicação a que se refere este artigo receberão cópia fiel o acidentado ou seus dependentes,
bem como o sindicato a que corresponda a sua categoria.
§ 2º Na falta de comunicação por parte da empresa, podem formalizá-la o próprio acidentado, seus
dependentes, a entidade sindical competente, o médico que o assistiu ou qualquer autoridade pública, não
prevalecendo nestes casos o prazo previsto neste artigo.
§ 3º A comunicação a que se refere o § 2º não exime a empresa de responsabilidade pela falta do
cumprimento do disposto neste artigo.
§ 4º Os sindicatos e entidades representativas de classe poderão acompanhar a cobrança, pela
Previdência Social, das multas previstas neste artigo.
Importante elucidar que na falta de comunicação pela empresa, essa ação poderá ser efetuada
pelo próprio acidentado, seus dependentes, a entidade sindical competente, o médico que o assistiu ou
qualquer autoridade pública (em prazo distinto daquele acima previsto).
Para outras informações sobre a CAT, acesse: https://www.gov.br/pt-br/servicos/registrar-
comunicacao-de-acidente-de-trabalho-cat
Atenção!
O Decreto nº 8.373, de 11 de dezembro de 2014, instituiu no país o Sistema de Escrituração
Digital das Obrigações Fiscais, Previdenciárias e Trabalhistas – eSocial (https://www.gov.br/esocial/pt-
br). De acordo com o Manual de Orientação do eSOCIAL:
O eSocial estabelece a forma com que passam a ser prestadas as informações trabalhistas,
previdenciárias, tributárias e fiscais relativas à contratação e utilização de mão de obra onerosa, com
ou sem vínculo empregatício, e de produção rural. Portanto, não se trata de uma nova obrigação
tributária acessória, mas uma nova forma de cumprir obrigações trabalhistas, previdenciárias e
tributárias já existentes. Com isso, ele não altera as legislações específicas de cada área, mas apenas
cria uma forma única e mais simplificada de atendê-las.
Desde a publicação da Portaria Conjunta SEPRT/RFB/ME Nº 71, de 29 de junho de 2021, os
eventos da área de Saúde e Segurança do Trabalhador são fornecidos por meio da utilização do eSocial.
Neste contexto, o envio da Comunicação de Acidente de Trabalho é realizado por meio do evento S-
2210 do referido sistema.
Importante: o referido manual traz a seguinte informação: no eSocial, o envio desse evento (S-
2210) é realizado somente pelo empregador/contribuinte/órgão público, sendo que os demais
legitimados, previstos na legislação para emissão da CAT, continuarão utilizando o sistema atual de
notificações.

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Figura: Logomarca

Fonte: Manual do usuário para os módulos WEB GERAL e SST


2.6 - Causas dos Acidentes de Trabalho
Sob a ótica prevencionista, reconhecendo-se os riscos e o meio ambiente produtivo, há como
fazer a prevenção dos acidentes. Se ocorrem, o motivo principal é a desobediência às normas de
segurança e/ou falha na prevenção.
Abaixo, citamos as três principais causas de acidentes do trabalho, que culturalmente são
descritas e consideradas como as responsáveis pelas ocorrências dentro dos ambientes de trabalho.
2.6.1 - Ato inseguro
É quando o próprio empregado favorece ao acidente. É um ato, consciente ou não, capaz de
provocar danos materiais e/ou lesões à outras pessoas. Alguns fatores que levam o indivíduo a cometer
um ato inseguro são a autoconfiança, a improvisação, o desafio e a teimosia.
2.6.2 - Condição insegura
São irregularidades existentes no ambiente de trabalho, que oferecem risco para os trabalhadores
bem como para as máquinas e equipamentos da empresa. Alguns exemplos de condições inseguras são
pisos escorregadios, escadas ou rampas em locais impróprios, equipamentos, máquinas e ferramental
inadequados para uma determinada atividade, falta de organização no local de trabalho (limpeza e
material espalhado), lay-out inadequado etc. Na maioria dos casos, as condições inseguras são causadas
por atos inseguros.
2.6.3 - Fator pessoal de insegurança
São fatores que levam o trabalhador à prática do Ato Inseguro, independentemente da sua
vontade. São fatores externos, inerentes às características físicas e psicológicas de cada um, como a
tensão, estresse, insegurança, falta de treinamento, condições sociais, econômicas e financeiras ou
trabalho monótono e/ou repetitivo.

2.7 - Consequências de um acidente de trabalho

As consequências de um acidente de trabalho são terríveis não só para o acidentado em si.


Em primeiro lugar, perde a vítima pela sua incapacidade total ou parcial, temporária ou
permanente que acaba por prejudicar consideravelmente sua vida profissional.
Em segundo lugar, perde a família que passa a ter uma renda mensal menor, caindo o padrão de
vida, colocando em risco o futuro de seus dependentes.

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Em terceiro lugar, perde a empresa porque fica sem um profissional, às vezes imprescindível à
produção, sofre danos em equipamento, perde tempo, produtividade e consequentemente aumentam os
custos operacionais.
Em quarto lugar, perde o Governo porque sustenta uma pessoa com grande potencial produtivo
para o país, sem haver retorno, aumentando os dependentes da Previdência Social, onerando cada vez
mais os cofres públicos.
Enfim, perde o país, pois sofre todos os efeitos negativos e destrutivos do Acidente de trabalho.
2.8 – Responsabilidades civil e penal do empregador e seus prepostos em decorrência de um
acidente de trabalho.
Como é sabido, o empregador é o responsável pela manutenção do ambiente de trabalho seguro
e pela proteção da vida e da saúde dos trabalhadores com a adoção de todas as medidas coletivas e
individuais estabelecidas pelas normas e dispositivos legais vigentes.
A omissão no cumprimento das regras de segurança obrigatórias por parte do empregador e seus
prepostos é caraterizada como um ato ilícito e como tal, passíveis de responsabilização nas áreas civil e
penal. No caso de a omissão ser provocada por uma ação intencional, consciente de estar burlando uma
regra de segurança e sabendo dos riscos a que ficarão expostos seus trabalhadores, esse ato ilícito é
caracterizado como doloso. No caso em que o ato ilícito for provocado por negligência, imprudência ou
imperícia, ou seja, sem a intenção de provocar o dano ou por uma ação involuntária, surge a figura do
ato ilícito culposo. Em ambas as situações e respeitados os fatos que podem agravar ou atenuar as
consequências, os responsáveis poderão responder civilmente quando incorrem em ressarcimento
financeiro visando reparar o dano provocado e também poderão responder criminalmente, quando ficam
sujeitos à multa, detenção ou reclusão.
Para não incorrer em situações como essas, recomenda-se aos prepostos o comprometimento com
as questões relacionadas à saúde e segurança do trabalho, algo além do simples compromisso com o
cumprimento das regras. É muito importante estarem atentos às suas responsabilidades e o correto
cumprimento das suas atribuições, bem como fazer cumprir as disposições legais estabelecidas nas
normas e dispositivos legais, conhecendo e respeitando os cargos e as funções dos trabalhadores que
estiverem sob suas ordens. Lembrar sempre que na maioria das vezes a manutenção da saúde e da vida
dos trabalhadores dependem diretamente das condições em que o preposto, em nome da empresa, os
coloca para trabalhar.

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Unidade III - Órgãos de Segurança e Medicina do Trabalho
São dois os órgãos de Segurança do Trabalho que atuam nas empresas: os Serviços
Especializados em Segurança e Medicina do Trabalho1 e a Comissão Interna de Prevenção de Acidentes
- CIPA.
Resumidamente, as empresas que estão obrigadas a instalar os órgãos, respeitados os quadros
dispostos nas Normas Regulamentadoras 4 e 5, são as públicas ou privadas, que possuam trabalhadores
como empregados.
O SESMT é regulamentado pela NR-4 e a CIPA pela NR-5.

3.1- SESMT

Este órgão é formado por profissionais contratados pela empresa para trabalhar especificamente
na área de Segurança e Medicina do Trabalho, com sustentação no artigo nº 162 da Consolidação das
Leis do Trabalho, com a finalidade de promover a saúde e proteger a integridade do trabalhador.
3.1.1 - Competências dos SESMT
São as seguintes as finalidades do SESMT:
a) elaborar ou participar da elaboração do inventário de riscos;
b) acompanhar a implementação do plano de ação do Programa de Gerenciamento de Riscos -
PGR;
c) implementar medidas de prevenção de acordo com a classificação de risco do PGR e na ordem
de prioridade estabelecida na Norma Regulamentadora nº 01 (NR-01) - Disposições Gerais e
Gerenciamento de Riscos Ocupacionais;
d) elaborar plano de trabalho e monitorar metas, indicadores e resultados de segurança e saúde
no trabalho;
e) responsabilizar-se tecnicamente pela orientação quanto ao cumprimento do disposto nas NR
aplicáveis às atividades executadas pela organização;
f) manter permanente interação com a Comissão Interna de Prevenção de Acidentes - CIPA,
quando existente;
g) promover a realização de atividades de orientação, informação e conscientização dos
trabalhadores para a prevenção de acidentes e doenças relacionadas ao trabalho;
h) propor, imediatamente, a interrupção das atividades e a adoção de medidas corretivas e/ou de
controle quando constatar condições ou situações de trabalho que estejam associadas a grave e iminente
risco para a segurança ou a saúde dos trabalhadores;

1 – Nomenclatura utilizada na NR-4 aprovada pela Portaria MTP n.º 2.318, de 03 de agosto de 2022, publicada no Diário
Oficial da União (DOU) em 12 de agosto de 2022.
16
i) conduzir ou acompanhar as investigações dos acidentes e das doenças relacionadas ao trabalho,
em conformidade com o previsto no PGR;
j) compartilhar informações relevantes para a prevenção de acidentes e de doenças relacionadas
ao trabalho com outros SESMT de uma mesma organização, assim como a CIPA, quando por esta
solicitado; e
k) acompanhar e participar nas ações do Programa de Controle Médico de Saúde Ocupacional -
PCMSO, nos termos da Norma Regulamentadora nº 07 (NR-07).
3.1.2 - Dimensionamento do SESMT
O dimensionamento do SESMT vincula-se ao número de empregados da organização e ao maior
grau de risco entre a atividade econômica principal e atividade econômica preponderante no
estabelecimento, nos termos dos Anexos I e II da NR-4, observadas as exceções dessa norma.

17
Quadro II – Dimensionamento do SESMT

Fonte: NR-04 (https://www.gov.br/trabalho-e-previdencia/pt-br/acesso-a-informacao/participacao-social/conselhos-e-


orgaos-colegiados/ctpp/normas-regulamentadora/normas-regulamentadoras-vigentes/norma-regulamentadora-no-4-nr-
4)

18
Observação importante:
As empresas cujos estabelecimentos não se enquadrem no Quadro II, anexo a NR-4, poderão dar
assistência na área de segurança e medicina do trabalho a seus empregados através de SESMT comuns
organizados pelo Sindicato ou Associação da categoria econômica correspondente ou pelas próprias
empresas interessadas, ou seja, quando a empresa não precisar contratar nenhum dos profissionais do
SESMT, ela terceiriza estes serviços.
Aos profissionais do SESMT é vedado o exercício de atividades que não façam parte das
atribuições previstas nas competências do SESMT previstas na NR-4, durante o horário de atuação neste
serviço.
O SESMT deverá manter entrosamento permanente com a CIPA, dela valendo-se como agente
multiplicador e deverão estudar suas observações e solicitações, propondo soluções corretivas e
preventivas, conforme o disposto nas atribuições da CIPA (NR-5).

3.2 - Comissão Interna de Prevenção de Acidentes - CIPA

3.2.1 - Introdução
A CIPA encontra-se devidamente alicerçada nos artigos 163, 164 e 165 da CLT e disciplinada na
Norma Regulamentadora nº 5. A CIPA tem como objetivo observar e relatar condições de riscos nos
ambientes de trabalho e solicitar medidas para reduzir, eliminar ou neutralizar os mesmos; discutir ao
acidentes ocorridos, encaminhando ao SESMT e ao empregador o resultado da discussão, solicitando
medidas que previnam acidentes semelhantes e ainda, orientar os demais trabalhadores quanto à
prevenção de acidentes.

3.2.2 - Dimensionamento da CIPA


A CIPA deve ser composta de representantes da organização e dos empregados, conforme
disposições do Quadro I da NR-5.

19
Quadro I – Dimensionamento da CIPA

Fonte: NR-05 (https://www.gov.br/trabalho-e-previdencia/pt-br/acesso-a-informacao/participacao-social/conselhos-e-


orgaos-colegiados/ctpp/normas-regulamentadora/normas-regulamentadoras-vigentes/norma-regulamentadora-no-5-nr-5
)

Observações:
- A organização não enquadrada no Quadro I e não atendida por SESMT, tem a obrigação de indicar
um representante dentre seus empregados para auxiliar na execução das ações de prevenção em
segurança e saúde no trabalho. Essa indicação do representante da NR-05 e sua forma de atuação ser
formalizadas anualmente pela organização.
- O microempreendedor individual - MEI está dispensado de nomear o representante da NR-05
(item 5.4.13.2 da referida norma).
Os membros representantes da empresa, titulares e suplentes, serão indicados pelo empregador.
Os membros representantes dos empregados serão eleitos em escrutínio secreto e assumirão a posição
de titulares aqueles mais votados, os demais serão considerados suplentes. O mandato dos membros
eleitos da CIPA terá a duração de 1 (um) ano, permitida uma reeleição.
O presidente da CIPA será designado pelo empregador dentre seus representantes titulares e o
vice-presidente da CIPA será escolhido pelos representantes dos empregados dentre seus titulares.
Os membros titulares da CIPA, representantes dos empregados, não poderão sofrer despedida
arbitrária, entendendo-se como tal a que não se fundar em motivo disciplinar, técnico econômico ou
financeiro. É vedada a dispensa arbitrária ou sem justa causa do empregado eleito para cargo de direção
da CIPA desde o registro de sua candidatura até um ano após o final de seu mandato (item 5.4.12 da
NR-5)
Ocorrendo a despedida, caberá ao empregador, em caso de reclamação à Justiça do Trabalho,
comprovar a existência de qualquer dos motivos supracitados, sob pena de ser condenado a reintegrar o
empregado. Também não poderão ser transferidos para outra localidade, salvo quando houver
concordância expressa dos mesmos.
20
3.2.4 – Treinamento dos membros da CIPA
De acordo com a redação da NR-5, a organização deve promover treinamento para os membros
(titulares e suplentes) da CIPA, antes da posse dos mesmos. O treinamento deverá contemplar, no
mínimo, os seguintes itens:
- Estudo do ambiente, das condições de trabalho, bem como dos riscos originados do processo
produtivo;
- Noções sobre acidentes e doenças relacionadas ao trabalho decorrentes das condições de
trabalho e da exposição aos riscos existentes no estabelecimento e suas medidas de prevenção;
- Metodologia de investigação e análise de acidentes e doenças relacionadas ao trabalho;
- Princípios gerais de higiene do trabalho e de medidas de prevenção dos riscos;
- Noções sobre as legislações trabalhista e previdenciária relativas à segurança e saúde no
trabalho;
- Noções sobre a inclusão de pessoas com deficiência e reabilitados nos processos de trabalho; e
- Organização da CIPA e outros assuntos necessários ao exercício das atribuições da Comissão.
De acordo com a NR5, o treinamento poderá ser ministrado pelo SESMT da empresa, sindicatos
patronais ou dos empregados ou profissional capacitado para tal.
Obs. De acordo com o item 5.7.4 da NR-5, o treinamento deve ter carga horária mínima de:
a) 8 (oito) horas para estabelecimentos de grau de risco 1;
b) 12 (doze) horas para estabelecimentos de grau de risco 2;
c) 16 (dezesseis) horas para estabelecimentos de grau de risco 3; e
d) 20 (vinte) horas para estabelecimentos de grau de risco 4.
3.2.5 - Atribuições da CIPA

A seguir estão dispostas as atribuições da CIPA (item 5.3.1 da norma):


a) acompanhar o processo de identificação de perigos e avaliação de riscos bem como a adoção
de medidas de prevenção implementadas pela organização;
b) registrar a percepção dos riscos dos trabalhadores, em conformidade com o subitem 1.5.3.3 da
NR-01, por meio do mapa de risco ou outra técnica ou ferramenta apropriada à sua escolha, sem ordem
de preferência, com assessoria do Serviço Especializado em Segurança e em Medicina do Trabalho -
SESMT, onde houver;
c) verificar os ambientes e as condições de trabalho visando identificar situações que possam
trazer riscos para a segurança e saúde dos trabalhadores;
d) elaborar e acompanhar plano de trabalho que possibilite a ação preventiva em segurança e
saúde no trabalho;
e) participar no desenvolvimento e implementação de programas relacionados à segurança e
saúde no trabalho;
21
f) acompanhar a análise dos acidentes e doenças relacionadas ao trabalho, nos termos da NR-1 e
propor, quando for o caso, medidas para a solução dos problemas identificados;
g) requisitar à organização as informações sobre questões relacionadas à segurança e saúde dos
trabalhadores, incluindo as Comunicações de Acidente de Trabalho - CAT emitidas pela organização,
resguardados o sigilo médico e as informações pessoais;
h) propor ao SESMT, quando houver, ou à organização, a análise das condições ou situações de
trabalho nas quais considere haver risco grave e iminente à segurança e saúde dos trabalhadores e, se for
o caso, a interrupção das atividades até a adoção das medidas corretivas e de controle; e
i) promover, anualmente, em conjunto com o SESMT, onde houver, a Semana Interna de
Prevenção de Acidentes do Trabalho - SIPAT, conforme programação definida pela CIPA.

22
Unidade IV - EPI e EPC

4.1 - Equipamento de proteção individual – EPI

4.1.1 - Conceito
Conforme a NR-6, “considera-se Equipamento de Proteção Individual - EPI, todo dispositivo ou
produto, de uso individual utilizado pelo trabalhador, destinado à proteção de riscos suscetíveis de
ameaçar a segurança e a saúde no trabalho.”
4.1.2 - Considerações gerais
O EPI deve ser fornecido gratuitamente pela empresa, deve ser adequado ao risco e estar em
perfeito estado de conservação e funcionamento, nas seguintes circunstâncias:
a. Sempre que as medidas de ordem geral não ofereçam completa proteção contra os riscos de
acidentes do trabalho ou de doenças profissionais e do trabalho;
b. Enquanto as medidas de proteção coletiva estiverem sendo implantadas;
c. Para atender as situações de emergência.
A seleção do EPI deve ser realizada pela organização com a participação do Serviço
Especializado em Engenharia de Segurança e em Medicina do Trabalho - SESMT, quando houver, após
ouvidos empregados usuários e a Comissão Interna de Prevenção de Acidentes - CIPA ou nomeado.
Importante:
A função do EPI não é a de evitar a ocorrência do acidente, mas de evitar lesões no corpo do
trabalhador, ou mesmo diminuir as consequências causadas pelo acidente.
Cumprindo uma determinação legal, que é a de instruir seus empregados, a empresa emite um
documento intitulado normalmente como “Termo de Responsabilidade”, onde são relacionadas as
obrigações de ambas as partes, de acordo com a NR-6, que rege sobre o EPI. Este documento deverá ser
assinado pelo empregado e para que a empresa efetue um controle maior sobre os EPI fornecidos aos
empregados, no tocante a comprovação de entrega, estatísticas sobre o uso e comprovação junto ao
Ministério do Trabalho – MTE, ela emite uma planilha intitulada “Controle de Entrega de EPI”,
normalmente anexa ao Termo de Responsabilidade supramencionado, onde são relacionados todos os
EPI fornecidos àquele empregado, informando pelo menos o modelo, marca, CA e outras informações
necessárias.
Importante: a NR-6 traz as seguintes indicações:
6.5.1.1 O sistema eletrônico, para fins de registro de fornecimento de EPI, caso seja adotado,
deve permitir a extração de relatórios.
6.5.1.2 Quando inviável o registro de fornecimento de EPI descartável e creme de proteção, cabe
à organização garantir sua disponibilização, na embalagem original, em quantidade suficiente para
cada trabalhador nos locais de trabalho, assegurando-se imediato fornecimento ou reposição.

23
4.1.3 - Aspectos fundamentais sobre o EPI
Abaixo são descritos aspectos fundamentais sobre o EPI.
1) Necessidade:
- Não há condições de se eliminarem os riscos oferecidos por máquinas, pelo método, material
ou pelas instalações, ou
- Não se pode controlar o risco, isolando-o ou protegendo-o em sua fonte.
Neste primeiro passo, a empresa faz um levantamento em todos os setores buscando identificar
riscos físicos, químicos, biológicos, ergonômicos, mecânicos, condições insalubres ou periculosas
através dos profissionais do SESMT.
Na impossibilidade técnica de se eliminar o risco, entende-se que há a necessidade de se fornecer
o EPI, passando então ao passo seguinte.
2) Seleção:
- Proporcionar adequada proteção contra os riscos a que o trabalhador ficará exposto;
- Dar o máximo de conforto, ter aparência agradável e ser o mais leve possível, deixando o
trabalhador livre em seus movimentos essenciais, para o bom desempenho de suas funções;
- Oferecer durabilidade e possibilidade de manutenção;
- Ser fabricado de acordo com as normas e padrões oficiais de segurança.
De acordo com a NR-6:
6.4.1 O EPI, de fabricação nacional ou importado, só pode ser posto à venda ou utilizado com a
indicação do Certificado de Aprovação - CA, expedido pelo órgão de âmbito nacional competente em
matéria de segurança e saúde no trabalho.
3) Utilização do EPI pelos trabalhadores deve estar condicionada aos seguintes fatores:
- Ao nível de compreensão do trabalhador sobre a necessidade do uso do EPI em sua atividade;
- A facilidade e o conforto com que o EPI pode ser usado, com um mínimo de interferência no
processo normal de trabalho;
- As medidas disciplinares legalmente estabelecidas de que se pode lançar mão para fazer com
que o trabalhador use o EPI.
Resumindo, a empresa deverá providenciar:
- Treinamento dos trabalhadores: para que saibam as finalidades do equipamento, como usar,
guardar, conservar, identificarem falhas ou defeitos, quando trocar, etc.;
- Conscientização: para que os trabalhadores entendam a importância dos EPI, tornando-os
comprometidos com a ideia da proteção dele e de seus companheiros;
- Fiscalização: visando observar os trabalhadores no tocante ao uso, troca, falhas ou qualquer
problema relacionado aos EPI fornecidos;

24
- Punição: estabelecer as formas e tipos de punições a serem aplicadas aos trabalhadores que
cometerem Ato Faltoso. É necessário dar ciência a todos sobre este procedimento.
4.1.4 - Obrigações legais com relação ao EPI
A NR-6, estabelece obrigações tanto para o empregador como para os empregados no que se
refere ao EPI.
4.1.4.1 - Obrigações do empregador
São obrigações do empregador com relação ao EPI:
- Adquirir o adequado ao risco de cada atividade;
- Exigir seu uso;
- Fornecer ao trabalhador somente o aprovado pelo órgão nacional competente em matéria de
segurança e saúde no trabalho;
- Orientar e treinar o trabalhador sobre o uso adequado, guarda e conservação;
- Substituir imediatamente, quando danificado ou extraviado;
- Responsabilizar-se pela higienização e manutenção periódica;
- Comunicar ao MTE qualquer irregularidade observada; e,
- Registrar o seu fornecimento ao trabalhador, podendo ser adotados livros, fichas ou sistema
eletrônico.
4.1.4.2 - Obrigações do empregado
São obrigações do empregado com relação ao EPI:
- Usar, utilizando-o apenas para a finalidade a que se destina;
- Responsabilizar-se pela guarda e conservação;
- Comunicar ao empregador qualquer alteração que o torne impróprio para uso; e,
- Cumprir as determinações do empregador sobre o uso adequado.

4.2 - Equipamento de Proteção Coletiva – EPC

4.2.1 – Conceito
Equipamento de proteção coletiva (EPC) é todo equipamento ou dispositivo utilizado para
proteger a todos os trabalhadores expostos aos riscos presentes no ambiente. Como exemplo podemos
citar:
- Enclausuramento acústico de fontes de ruído. Reduz a quantidade de ruído que está em excesso
através da colocação de painéis, paredes ou qualquer outro material que impeça a propagação do ruído;
- Ventilação artificial dos ambientes de trabalho para retirada de contaminantes;
- Proteção de partes móveis de máquinas e equipamentos;
- Sinalização de segurança;
- Capelas para manipulação de produtos químicos;

25
- Cabine para manipulação de radioisótopos, extintores de incêndio, dentre outros;
- Sistema de exaustão: elimina poeiras em suspensão, gases, vapores e qualquer outro
contaminante presente na atmosfera do ambiente de trabalho;
- Comando bimanual: implantação de um sistema elétrico ou mecânico ou mesmo
eletromecânico, onde o acionamento de máquinas ou equipamentos se faz através de dois botões
equidistantes como forma de manter as mãos ocupadas, fora da zona de perigo, durante o movimento da
mesma;
- Cabo de Segurança: cabo ligado a equipamento ou material suspenso, com o objetivo único de
contê-los caso venham a se desprender.
- Linha de Vida: Cabo de aço ou corda, preso em pontos fixos, onde o trabalhador prende o trava-
quedas do seu cinto de segurança (tipo paraquedista) visando evitar a queda livre.
4.2.2 - Considerações gerais
A legislação de Segurança e Medicina do Trabalho apresenta a hierarquização das medidas de
proteção dos trabalhadores, sendo o EPC preferencial em relação ao EPI.
Os EPC devem ser mantidos em perfeitas condições de uso, conforme determinam os
especialistas em segurança.
Caso a implantação de um EPC não elimine o risco, haverá a proteção complementar através do
fornecimento do EPI sem, no entanto, retirar ou reduzir o procedimento aplicado anteriormente, ou seja:
Se o EPC não eliminou o risco, o empregador fornece o EPI mantendo o EPC instalado e em
funcionamento.

26
Unidade V - Insalubridade e Periculosidade

5.1 - Introdução

Conforme estudamos na Unidade I, item 1.3 – Legislação, a Constituição Federal da República


determina que os trabalhadores urbanos e rurais têm direito a adicional de remuneração quando
desenvolverem atividades penosas, insalubres ou perigosas, na forma da lei.
A regulamentação desses adicionais, bem como a definição das atividades insalubres e
periculosas, são regulamentadas pelas Normas Regulamentadoras nº 15 e 16, respectivamente.

5.2 - Atividades insalubres

5.2.1 - Conceito
“Atividade insalubre é aquela em que o empregado fica exposto a agentes físicos, químicos e
biológicos nocivos à sua saúde em virtude de ter sido ultrapassado o denominado Limite de Tolerância.”
Entende-se por Limite de Tolerância, para fins de aplicação da NR-15, a concentração ou
intensidade máxima ou mínima, relacionada com a natureza e o tempo de exposição ao agente, que não
causará danos à saúde do trabalhador, durante sua vida produtiva.
Para caracterizar uma atividade como insalubre:
1 - Analisa-se a natureza do agente, para identificá-lo e classificá-lo como um dos agentes
constantes da relação da NR-15;
2 - Dependendo da natureza deste agente, verifica-se o seu grau de concentração, ou seja, a
“quantidade” presente no ambiente;
3 - Após a medição realizada no passo anterior, verifica-se o tempo a que o trabalhador está
exposto ao agente insalubre.
5.2.2 - Agentes insalubres
Conforme art. nº 190 da Consolidação das Leis do Trabalho, “O Ministério do Trabalho
aprovará o quadro das atividades e operações insalubres e adotará normas sobre os critérios de
caracterização da insalubridade, os limites de tolerância aos agentes agressivos, meios de proteção e o
tempo máximo de exposição do empregado a esses agentes.”
A NR-15 e os seus anexos disciplinam essa temática, conforme disposto a seguir:
- Anexo 1 - Limites de Tolerância para Ruído Contínuo ou Intermitente;
- Anexo 2 - Limites de Tolerância para Ruído de Impacto;
- Anexo 3 - Limites de Tolerância para Exposição ao Calor;
- Anexo 4 - Revogado
- Anexo 5 - Radiações Ionizantes;
- Anexo 6 - Trabalho sob Condições Hiperbáricas;
- Anexo 7 - Radiações Não-Ionizantes;
27
- Anexo 8 - Vibração;
- Anexo 9 - Frio;
- Anexo 10 - Umidade;
- Anexo 11 - Agentes Químicos Cuja Insalubridade é Caracterizada por Limite de Tolerância e
Inspeção no Local de Trabalho;
- Anexo 12 - Limites de Tolerância para Poeiras Minerais;
- Anexo 13 - Agentes Químicos;
- Anexo 13A - Benzeno;
- Anexo 14 - Agentes Biológicos.
Para um melhor entendimento, de acordo com NR-15, os agentes insalubres, de forma sucinta,
estão definidos da seguinte forma:
- Ruído contínuo ou intermitente: é aquele não proveniente de impacto.
Provocam a redução da capacidade auditiva ou surdez permanente e a longo prazo, provocam
alterações no estado emocional dos indivíduos, dores de cabeça e outros males;
- Ruído de impacto: é aquele que apresenta picos de energia acústica inferior a 1 (um) segundo,
a intervalos superiores a 1 (um) segundo;
Efeitos semelhantes aos do ruído contínuo;
- Calor: é aquele proveniente do ambiente interno ou externo sem carga solar e ambiente externo
com carga solar;
Dentre os principais problemas causados pelo calor excessivo, citamos: insolação, cãibra de calor,
erupções na pele e problemas cardiovasculares;
- Radiações ionizante: forma de energia que se transmite como ondas eletromagnéticas pelo
espaço. As do tipo natural provêm de elementos radiativos encontrados na natureza, como o urânio, o
potássio, o rádio e outros; as do tipo artificiais provêm de equipamentos e aparelhos fabricados pelo
homem, como os raios X, gama e beta. Podem provocar doenças como câncer, anemias, necroses, dentre
outras.
- Condições hiperbáricas: são aquelas em que o trabalhador se expõe a pressão acima da normal
(pressão atmosférica) como nas atividades em ar comprimido e trabalhos submersos. Podem provocar
embolia pulmonar, problemas em diversos órgãos do corpo humano, problemas de circulação e
neurológicos.
- Radiações não ionizantes: não possuem energia suficiente para ionizar a matéria incidente.
Podem provocar danos aos olhos, queimaduras, dentre outras.
- Vibrações: dependem, dentre outros aspectos, das frequências das vibrações. São classificadas
da seguinte forma: Vibrações em Mãos e Braços (VMB) ou Vibrações de Corpo Inteiro (VCI). Os efeitos
da exposição à VMB estão agrupados na chamada Síndrome da Vibração em Mãos e Braços (SVMB),
28
com danos de muscular, neurológica, óssea etc. Por sua vez, a exposição VCI registra-se a
predominância das chamadas lombalgias e outros efeitos correlatos.
- Frio: são aquelas em os trabalhadores desenvolvem suas atividades em câmaras frigoríficas ou
em ambientes com temperaturas semelhantes. Além da hipotermia, outros efeitos podem ser detectados
como lesão e ulcerações do frio.
- Umidade: são aquelas atividades desenvolvidas (com exposição) em locais encharcados ou
alagados. Pode provocar danos à pele, complicações respiratórias e outros males.
- Agentes químicos: são os gases, os vapores e os aerodispersóides na forma de poeiras, fumos,
névoas, neblinas, fumaça etc. Os efeitos no organismo são diversos (doenças pulmonares, câncer,
irritações, dentre outras) e dependem da natureza das partículas, especialmente da toxicidade.
- Agentes biológicos: são, em sua maioria, microrganismos, por exemplo: os vírus, as bactérias,
os protozoários, os fungos, os parasitas e os bacilos. Podem penetrar no organismo pela via cutânea,
respiratória, digestiva e pelos olhos.
5.2.3 - Classificação da Insalubridade
O exercício do trabalho em condições de insalubridade assegura ao trabalhador a percepção de
adicional, incidente sobre o salário mínimo regional, equivalente a:
- 10% (dez porcento) para insalubridade de grau mínimo;
- 20% (vinte porcento) para insalubridade de grau médio;
- 40% (quarenta porcento) para insalubridade de grau máximo.
Obs.:
A NR-15 define como base de cálculo do adicional de insalubridade o Salário Mínimo Regional,
entretanto, a Súmula 17, do Tribunal Superior do Trabalho, estabelece que “o adicional de insalubridade
devido a empregado que percebe, por força de lei, convenção coletiva ou sentença normativa, salário
profissional, será sobre este calculado”.
Entende-se, portanto, que aquele trabalhador cuja categoria tem salário mínimo da classe definido
em Convenção ou Acordo Coletivo de Trabalho, deverá receber adicional de insalubridade calculado
com base neste salário e não no mínimo regional.
No caso de incidência de mais de um fator de insalubridade, será apenas considerado o de grau
mais elevado, para efeito de acréscimo salarial, sendo vedada a percepção cumulativa, ou seja, o
empregador é obrigado a pagar o adicional correspondente à insalubridade de grau mais elevado.
5.2.4 - Eliminação ou neutralização da insalubridade
A eliminação da insalubridade deverá ocorrer coma adoção de medidas de ordem geral que
conserve o ambiente de trabalho dentro dos limites de tolerância, por exemplo, com a utilização de
Equipamentos de Proteção Coletiva.
A neutralização da insalubridade deverá ocorrer com a utilização de EPI.
29
A eliminação ou neutralização da insalubridade ficará caracterizada através de avaliação pericial
por órgão competente, que comprove a inexistência de risco a saúde do trabalhador.
Quando se tornar impraticável a eliminação ou neutralização da insalubridade, a autoridade
regional competente em matéria de segurança e medicina do trabalho deverá fixar o adicional devido
aos empregados expostos ao agente insalubre.

5.3 - Atividades Periculosas

São consideradas atividades e operações perigosas aquelas descritas nos anexos da Norma
Regulamentadora nº 16.
Para fins de aplicação da NR-16, as atividades executadas com explosivos sujeitos a:
a) degradação química ou auto catalítica;
b) ação de agentes exteriores, tais como, calor, umidade, faíscas, fogo, fenômenos sísmicos,
choque e atritos.
Anexo 1 - atividades ou operações com explosivos, conforme quadros com informações sobre
manipulação, armazenagem, áreas de risco, dentre outras.
Anexo 2 - atividades ou operações com inflamáveis. Este anexo também apresenta um glossário
com a terminologia empregada.
Anexo 3 - atividades e operações perigosas com exposição a roubos ou outras espécies de
violência física nas atividades profissionais de segurança pessoal ou patrimonial.
Anexo 4 - atividades e operações perigosas com energia elétrica:
a) Atividades ou operações em instalações ou equipamentos elétricos energizados em alta tensão;
b) Que realizam atividades ou operações com trabalho em proximidade, conforme estabelece a
NR-10.
Anexo 5 - as atividades laborais com utilização de motocicleta ou motoneta no deslocamento de
trabalhador em vias públicas que são consideradas perigosas.
Anexo (*) - atividades e operações perigosas com radiações ionizantes ou substâncias radioativas.
Nota Explicativa: Portaria MTE n.º 595, de 07 de maio de 2015.
Não são consideradas perigosas, para efeito deste anexo, as atividades desenvolvidas em áreas
que utilizam equipamentos móveis de Raios X para diagnóstico médico. Áreas tais como emergências,
centro de tratamento intensivo, sala de recuperação e leitos de internação não são classificadas como
salas de irradiação em razão do uso do equipamento móvel de Raios X.
5.3.1 - Adicional
O exercício do trabalho em condições de periculosidade assegura ao trabalhador a percepção de
adicional de 30% (trinta por cento), incidente sobre o salário contratual, sem os acréscimos resultantes
de gratificações, prêmios ou participação nos lucros da empresa.

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Importante:
De acordo com a redação da Consolidação das Leis do Trabalho:
Art.195 - A caracterização e a classificação da insalubridade e da periculosidade, segundo as
normas do Ministério do Trabalho, far-se-ão através de perícia a cargo de Médico do Trabalho ou
Engenheiro do Trabalho, registrados no Ministério do Trabalho.
§ 1º - É facultado às empresas e aos sindicatos das categorias profissionais interessadas
requererem ao Ministério do Trabalho a realização de perícia em estabelecimento ou setor deste, com
o objetivo de caracterizar e classificar ou delimitar as atividades insalubres ou perigosas.
§ 2º - Arguida em juízo insalubridade ou periculosidade, seja por empregado, seja por Sindicato
em favor de grupo de associado, o juiz designará perito habilitado na forma deste artigo, e, onde não
houver, requisitará perícia ao órgão competente do Ministério do Trabalho.
O empregado poderá optar pelo adicional de insalubridade que porventura lhe seja devido, ou
seja, se num ambiente constata-se a existência de insalubridade e periculosidade, é facultado ao
empregado a escolha de um ou outro adicional, sendo vedado o pagamento dos dois adicionais.
O pagamento do adicional de periculosidade não desobriga o empregador de promover as
medidas de proteção ao trabalhador, destinadas à eliminação ou neutralização da periculosidade, nem
autoriza o empregado a desatendê-las, ou seja, mesmo o empregador instalando EPC e fornecendo EPI
haverá a obrigação de pagar o adicional de periculosidade.
Quando da eliminação ou neutralização da periculosidade, o adicional poderá deixar de ser pago.

31
Unidade VI - Prevenção e combate a incêndio

6.1 - Introdução

As pessoas que já presenciaram um incêndio ou que tenham sofrido as suas consequências, seja
por perda material, lesões ou mesmo perda de vidas humanas, sentem a necessidade contínua de um
maior aprimoramento dos métodos de prevenção e combate ao incêndio.
A educação contra incêndio é questão fundamental para a manutenção de um ambiente seguro,
seja ele de trabalho, lazer ou moradia. As estatísticas mostram que os incêndios geram perdas financeiras
e o mais grave e assustador é o número de vidas que se perdem ou de pessoas que ficam inválidas em
virtude do fogo não evitado ou controlado.
Deve-se, portanto, conhecer dois aspectos básicos de proteção contra incêndio.
O primeiro aspecto é o da prevenção de incêndio, isto é, evitar que ocorra o fogo, utilizando-se
de certas medidas básicas, que envolvem a necessidade de conhecer, entre outros itens:
 Características do fogo;
 Propriedades de riscos dos materiais;
 Causas de incêndios;
 Estudo dos combustíveis.
O segundo aspecto, que é o combate ao incêndio, surge quando, apesar da prevenção, ocorre um
princípio de fogo. É importante que ele seja combatido de forma eficiente para que sejam minimizadas
suas consequências. Para que esse combate seja eficaz, deve-se, ainda:
 conhecer os agentes extintores;
 saber utilizar os equipamentos de combate a incêndio;
 saber avaliar as características do incêndio, o que determinará a melhor atitude a ser tomada.
Em resumo, a proteção contra incêndio engloba:

PREVENÇÃO DE INCÊNDIO e o COMBATE AO INCÊNDIO

6.2 - Princípios básicos do fogo

- Conceito:
“Pode-se definir o fogo como consequência de uma reação química, denominada combustão,
que produz calor ou calor e luz.”
- A química do fogo
Para que ocorra essa reação química, dever-se-á ter no mínimo dois reagentes que, a partir de
uma circunstância favorável (calor), poderão combinar-se no que se define como o “triângulo do fogo”:

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Os elementos essenciais do fogo são: COMBUSTÍVEL - COMBURENTE – CALOR

Combustível - é todo material, toda substância que possui a propriedade de se queimar, de entrar
em combustão. É o elemento que serve de campo de propagação e alimentação do fogo. Ex.: madeira,
papel, gasolina, tecidos, tinta, borracha, óleo, etc.
Comburente - É o elemento que, combinado com o combustível, possibilita a combustão. O ar
que respiramos normalmente contém na sua composição 21% de oxigênio, o que intensifica e dá vida
ao fogo.
Calor - É o elemento que possibilita a reação entre o combustível e o comburente, mantendo e
propagando a combustão.
As lâmpadas incandescentes, fagulhas de motores elétricos ou de esmeril, raios do sol, chama de
um maçarico e até mesmo a brasa de um cigarro são exemplos de fontes de calor capazes de provocar
um princípio de fogo.
Condições propícias
É importante notar que para o início da combustão, além dos elementos essenciais do fogo, há a
necessidade de que as condições em que esses elementos se apresentam sejam propícias para o início do
fogo.
Se aproximarmos uma folha de papel da lâmpada incandescente, quando esta estiver acesa,
haverá o aquecimento do papel e este começará a liberar vapores que, em contato com a fonte de calor
(lâmpada), se combinará com o oxigênio e entrará em combustão. Portanto, somente quando o
combustível se apresenta sob a forma de vapor ou gás ele poderá entrar em ignição, ou seja, se ele
se apresentar no estado sólido ou líquido, haverá a necessidade de que ele seja aquecido, para que comece
a liberar vapores ou gases inflamáveis.

6.3 - Características dos elementos essenciais do fogo

6.3.1 - Combustíveis
Todo material possui certas propriedades que o diferem de outros, em relação ao nível de
combustibilidade. Por exemplo, pode-se incendiar a gasolina com a chama de um palito de fósforo, não
ocorrendo o mesmo em relação ao carvão coque, utilizado na indústria metalúrgica. Isso porque o calor
gerado pela chama do palito de fósforo não seria suficiente para levar o carvão à temperatura necessária
para que ele liberasse vapores inflamáveis.

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Cada material, dependendo da temperatura a que estiver submetido, liberará maior ou menor
quantidade de vapores. Para melhor compreensão do fenômeno, definem-se algumas variáveis,
denominadas:
Ponto de Fulgor - Ponto de Combustão - Ponto de Ignição
Ponto de Fulgor

É a temperatura mínima em que um combustível começa a desprender vapores que, ao entrarem


em contato com uma chama externa de calor, se incendeiam. Só que as chamas não se mantêm, não se
sustentam, por não existirem vapores suficientes, ou seja, quando a chama externa se afasta, o fogo se
apaga conforme demonstrado abaixo.

ex.: madeira → 150ºC; gasolina → -42ºC; asfalto → 204ºC


Ponto de Combustão
É a temperatura mínima em que é levado este corpo combustível, na qual os vapores
desprendidos, ao entrarem em contato com uma chama externa de calor, entram em combustão e
continuam a se queimar, ou seja, mesmo afastando a chama externa, o combustível mantém o fogo
conforme demonstrado a seguir:

O ponto de Combustão é obtido a partir do 4ºC do ponto de fulgor.


Ponto de Ignição
É a temperatura mínima na qual os vapores desprendidos dos corpos combustíveis entram em
combustão, apenas pelo contato com o oxigênio do ar, independente de uma fonte externa de calor.

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Ex.: éter → 180ºC; enxofre → 232ºC; gasolina → 257ºC; querosene → 254ºC

Líquidos inflamáveis são líquidos, misturas de líquidos, ou líquidos contendo sólidos em


solução ou em suspensão (como tintas, vernizes , lacas etc. excluídas as substâncias que tenham sido
classificadas de forma diferente, em função de suas características perigosas) que produzem vapores
inflamáveis a temperaturas de até SESSENTA GRAUS CELSIUS E CINCO DÉCIMOS (60,5ºC)

6.3.2 - Fontes de calor e suas formas de transmissão


O calor gerado pelo fogo tem como consequência direta a propagação do incêndio. As fontes de
calor em um ambiente podem ser as mais variadas:
Ex.: uma lâmpada incandescente, uma faísca, raios do sol, a chama de um palito de fósforo.
Três são as formas de transmissão de calor:
CONDUÇÃO - CONVECÇÃO - RADIAÇÃO
Condução
A propagação do calor é feita de molécula para molécula do corpo combustível, através de um
movimento vibratório. Esta condução logicamente vai depender basicamente da condutividade térmica
do material, bem como de sua espessura e superfície.
Ex.: Quando aquecer uma chapa de metal em uma das extremidades, em um determinado tempo
a outra extremidade também estará aquecida em virtude do calor ter sido transmitido através das
moléculas do metal.
Convecção
É uma forma de transmissão de calor característica dos fluidos (substâncias líquidas). Quando
aquecidas, as moléculas se expandem e tendem a se elevar criando correntes ascendentes a essas
moléculas e correntes descendentes às moléculas mais frias, ou seja, a transferência de calor se faz numa
direção ascendente.

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Radiação
É a transmissão do calor de um corpo combustível para outro através de raios caloríficos ou por
meio de ondas. Todo corpo quente emite radiações que vão atingir os corpos frios. Os raios de uma fonte
de calor propagam-se em todas as direções. Outros fatores que influenciam na propagação do calor pela
radiação são a composição, a superfície do material e a cor, visto que superfícies porosas e escuras
normalmente absorvem o calor e as de superfícies claras e polidas tendem a refleti-lo.
Alguns exemplos desta forma de transmissão de calor são: o calor que sentimos quando nos
aproximamos de um incêndio, de uma lâmpada incandescente acesa, dos raios do sol, etc...
6.4 - Classes de incêndio
Os incêndios em seu início são muito mais fáceis de controlar e de extinguir. Para que as
possibilidades de extinção do fogo sejam maiores, é necessário um combate rápido e eficiente. A
principal preocupação no combate às chamas consiste em tentar eliminar pelo menos um dos elementos
do triângulo do fogo.
Um incêndio nunca é igual ao outro visto que cada combustível queima de uma forma, daí o
método de combate também ser diferenciado a cada tipo de incêndio. É preciso conhecer, identificar
bem o incêndio que se vai combater, para escolher o equipamento correto. Se ocorrer uma escolha errada
de extintor, o combate ao início do fogo poderá ser inútil ou, o que é pior, poderá ocasionar o aumento
das chamas, ou mesmo criar outros focos de incêndio.
Os incêndios são divididos em quatro classes:
1ª - Classe “A”
Fogo em materiais de fácil combustão, com a propriedade de queimarem em sua superfície e
profundidade e que deixam resíduos. São os materiais fibrosos e sólidos, sendo o tipo de incêndio mais
comum.
Ex: tecidos, papel, madeira, plástico, borracha etc.
2ª - Classe “B”
Fogo em líquidos inflamáveis, cuja característica principal é a queima superficial, nas áreas em
contato com o oxigênio do ar, não deixando resíduos.
Ex: gasolina, óleo, graxa, verniz, tinta, etc.
3ª - Classe “C”
Fogo em equipamentos elétricos energizados, sob tensão.
Ex: computadores, transformadores, quadros de distribuição, fios etc.
4ª - Classe “D”
Fogo em metais pirofóricos, em ligas metálicas, que, pela própria combustão, produzem alimento
para o fogo.
Ex: magnésio, zinco, alumínio em pó, titânio e zircônio.
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6.5 - Combate a incêndio

Quando, por qualquer motivo, a prevenção falha, os trabalhadores devem estar preparados para
o combate ao princípio de incêndio o mais rápido possível, pois quando mais tempo durar o incêndio,
maiores serão as consequências. Para que o combate seja eficaz, é necessário que:
1º - Existam equipamentos de combate a incêndio em quantidade suficientes e adequados ao tipo
de material em combustão, ou seja, adequado à classe de incêndio;
2º - O pessoal que eventual ou permanentemente circule pela área, saiba como usar esses
equipamentos e tenha condições de avaliar a capacidade de extinção.

6.6 - Métodos de combate

Para que se consiga extinguir um foco de incêndio com rapidez e eficácia, basta eliminarmos pelo
menos um dos três elementos essenciais do Triângulo do Fogo (calor  combustível  comburente).
Eliminando-se um dos elementos cessará a combustão.
Basicamente, a extinção de um incêndio é feita por ação de Resfriamento, Abafamento ou por
uma união das duas ações.
Ação de resfriamento: diminui-se a temperatura do material incendiado a níveis inferiores ao
seu ponto de fulgor ou de combustão. A partir deste instante, não haverá a emissão de vapores
inflamáveis necessários ao prosseguimento do fogo. Em suma, retira-se o CALOR.
Ação de abafamento: é resultante da retirada do oxigênio, pela aplicação de um agente extintor
que deslocará o ar da superfície do material que está em combustão. Em suma, retira-se o
COMBURENTE.
Um outro método de combate é a retirada do material que está queimando ou que está próximo
como forma de evitar a propagação do incêndio, não havendo necessidade de utilização de um agente
extintor. Sem material para queimar, o fogo se extingui por si só. Em suma, retira-se COMBUSTÍVEL.

6.7 - Agentes extintores e equipamentos portáteis

São considerados agentes extintores, em virtude da sua atuação sobre o fogo, conforme os
métodos expostos anteriormente, as seguintes substâncias:
Água, Pó Químico Seco (comum ou especial) e Gás Carbônico
6.7.1 - Água:
A água é o agente de uso mais comum e tem sido utilizada há séculos, em virtude de suas
propriedades de resfriamento, abafamento e diluição.
Na extinção por resfriamento a água entra em contato com o corpo combustível incendiado
diminuindo sua temperatura até atingir um determinado ponto em que não há mais liberação de vapores
suficientes para a manutenção da combustão.

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Na extinção por abafamento, a água lançada na forma de neblina ou jato pleno, dependendo da
combustão, quando entra em contato com a superfície quente do corpo combustível, se torna vapor. Este
vapor sendo gerado em volume suficiente, desloca o ar, retira o oxigênio próximo à combustão.
Equipamento:
O agente extintor é a água. O agente propulsor é o gás carbônico (CO2), Nitrogênio (N) ou ar
comprimido. O cilindro já vem pressurizado. Sua operação consiste simplesmente em soltar a trava ou
o pino de segurança e apertar o gatilho dirigindo o jato para a base do fogo.

6.7.2 - Pó Químico Seco (PQS):


Há dois tipos de Pó Químico Seco: Comum e Especial
Pó Químico Seco Comum
Formado por Bicarbonato de Sódio, Bicarbonato de Potássio ou Cloreto de Potássio, tratados
especialmente, muito utilizado para combate a incêndio das classes “B” e “C”. Ao ser aplicado
diretamente no material incendiado, o agente faz com que as chamas se apaguem completamente, no
momento do contato.
Seu método de extinção é o de abafamento, onde o pó químico recobre a superfície do material
combustível, impedindo o contato da superfície do material com o oxigênio do ar, interrompendo a
reação em cadeia, por conseguinte, extinguindo o fogo. Após a extinção do fogo, resta sobre a superfície
do material uma película do Pó químico, o que retarda, ou mesmo impede, uma reignição.
Pó Químico Seco Especial
Formado por Cloreto de Sódio, Cloreto de Bário, Monofosfato de Amônia ou Grafite seco,
permitem que haja uma fusão com o metal pirofórico, transformando-o em um tipo de metal não-
pirofórico, isolando o oxigênio.
Equipamento:
Utiliza o Bicarbonato de Sódio não higroscópico (que não absorve umidade) e um agente
propulsor que fornece a pressão, que pode ser o gás carbônico ou o nitrogênio. É fornecido para uso
manual ou em carretas.
Extintor de Incêndio tipo portátil, para uso manual / Extintor de Incêndio tipo Carreta.
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.

6.7.3 - Gás carbônico (CO2):


O gás carbônico é eficaz como agente de extinção, em primeiro lugar, porque reduz o conteúdo
do oxigênio do ar a um ponto em que este deixa de apoiar a combustão. Em condições adequadas de
controle e aplicação, obtém-se também certo efeito resfriador. É um gás inerte que não alimenta a
combustão. Funciona bem em recintos fechados. Sua ação resfriadora é resultado da rápida
descompressão, quando o equipamento é acionado. O agente vem comprimido dentro do extintor sob a
forma líquida, quando é liberado, o líquido vaporiza-se e há uma brusca queda de temperatura, que vai
a 75 graus abaixo de zero, formando até neve carbônica (gelo seco).
Pode ser usado com êxito nos incêndios de classe “C” e “B” e em seu início nos de classe “A”.
Com predominância na classe “C” principalmente em equipamentos delicados.
Equipamento:
O gás carbônico é encerrado num cilindro com uma pressão de 61 atmosferas. Ao ser acionada a
válvula de descarga, o gás passa por um tubo sifão, indo até o difusor, onde é expelido na forma de
nuvem. Como não é condutor de eletricidade e não deixa resíduo é ideal para equipamentos elétricos
comuns.

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6.8 - Hidrantes e Chuveiros automáticos

6.8.1 - Hidrantes
São instalações de água com reservatórios apropriados e devem estar enquadradas nas
especificações do IRB (Instituto de Resseguros do Brasil). Os hidrantes são utilizados na luta contra o
fogo. São instalados em pontos estratégicos das redes de distribuição, onde devem ser capazes de
fornecer água em quantidade e com pressão satisfatórias. São dois os tipos de hidrantes mais utilizados:
o hidrante de coluna e o hidrante subterrâneo.
O hidrante de coluna é de mais fácil uso e localização, o que é importante em casos de
emergência, como nos incêndios.
O hidrante subterrâneo fica por baixo dos passeios. É provido de cabeçote para ser manobrado
por uma chave. Tem a vantagem de não oferecer problema para o pedestre nem de ser danificado por
veículos.
6.9.2 – Chuveiros automáticos (“Sprinklers”)
O sistema de extinção de incêndios por chuveiros automáticos consiste na distribuição de
encanamentos, cujos diâmetros diminuem à proporção que se afastam do equipamento central. Os bicos,
sensíveis ao calor, fumaça ou gases resultantes de um princípio de combustão são distribuídos pelas
instalações industriais. Abrem-se automaticamente permitindo a passagem do agente extintor, que
poderá ser água, gás carbônico ou halogenado.
O chuveiro automático de extinção de incêndio ou simplesmente “sprinkler”, que geralmente
passa despercebido pela maioria da população, é hoje em dia um equipamento fundamental no primeiro
combate ao fogo. A sua importância pode ser demonstrada por dois fatos:
•O tamanho (verticalização) dos edifícios comerciais e residenciais, dificultando o trabalho do
corpo de bombeiros que precisam chegar ao foco do incêndio com maior rapidez;
• Na ocorrência de um princípio de incêndio em ambiente com pouca movimentação de pessoal,
esta ocorrência pode passar despercebida podendo gerar incêndio de maiores proporções.
O Chuveiro Automático é um dispositivo para extinção ou controle de incêndios que funciona
automaticamente quando seu elemento termossensível é aquecido à sua temperatura de operação ou
acima dela, permitindo que a água ou outro agente extintor seja descarregado sobre uma área específica.

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Referências

Curso de Supervisores de Seg. do Trabalho, 4ª ed. São Paulo, FUNDACENTRO, 1985. Vol. I e II;

Segurança e Medicina do Trabalho, 46ª ed. São Paulo, Editora ATLAS S/A, 2000;

Caderno informativo de Prevenção de Acidentes, periódicos, São Paulo, 2000;

Consolidação das Leis do Trabalho, 7ª ed., Edições Trabalhistas S/A;

Moraes, Giovanni Araújo - Normas Regulamentadoras Comentadas, 6ª ed. Rio de Janeiro, 2007.

Moraes, Giovanni Araújo – Legislação de Segurança e Saúde Ocupacional, 2ª ed. Rio de Janeiro, 2008.

BRASIL. Ministério do Trabalho e Emprego. Secretaria de Trabalho. Segurança e Saúde no Trabalho


Normas regulamentadoras. Disponível: https://www.gov.br/trabalho-e-previdencia/pt-
br/composicao/orgaos-especificos/secretaria-de-trabalho/inspecao/seguranca-e-saude-no-trabalho/ctpp-
nrs/normas-regulamentadoras-nrs

BRASIL. Decreto-Lei nº 5.452, de 1º de maio de 1943. Aprova a Consolidação das Leis do Trabalho.
Disponível: https://www.planalto.gov.br/ccivil_03/decreto-lei/Del5452.htm

BRASIL. Lei nº 8.213 de 24 de julho de 1991. Dispõe sobre os Planos de Benefícios da Previdência
Social e dá outras providências. Disponível:
https://www.planalto.gov.br/ccivil_03/Leis/L8213cons.htm

BRASIL. Decreto nº. 3.048, de 6 de maio de 1999. BRASIL. Decreto nº. 3.048, de 6 de maio de 1999.
Disponível: https://www.planalto.gov.br/ccivil_03/decreto/D3048.htm

BRASIL. Decreto nº 8.373, de 11 de dezembro de 2014. Institui o Sistema de Escrituração Digital das
Obrigações Fiscais, Previdenciárias e Trabalhistas - eSocial e dá outras providências. Disponível:
https://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2011-2014/2014/decreto/d8373.htm

BRASIL. Ministério do Trabalho e Previdência. Subsecretaria de Inspeção do Trabalho. Programa de


Gerenciamento de Riscos – PGR. Disponível: https://www.gov.br/trabalho-e-previdencia/pt-
br/composicao/orgaos-especificos/secretaria-de-trabalho/inspecao/pgr/principal

BRASIL. Ministério do Trabalho e Previdência. Manual do usuário para os módulos WEB GERAL e
SST. Disponível: https://www.gov.br/esocial/pt-br/documentacao-tecnica/manuais/manual-do-usuario-
esocial-web-geral.pdf

FUNDAÇÃO JORGE DUPRAT FIGUEIREDO DE SEGURANÇA E MEDICINA DO TRABALHO.


Introdução à Higiene Ocupacional. São Paulo, 2004. Disponível em
https://www.unicesumar.edu.br/biblioteca/wp-content/uploads/sites/50/2019/06/Introducao-Higiene-
Ocupacional.pdf

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