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PLANEAR A PAISAGEM

O PARQUE NATURAL REGIONAL DO VALE DO TUA

CLAUDIA CHRISTINA GONÇALVES PIRES

Dissertação de Mestrado Integrado em Arquitectura


apresentada ao d’Arq FCTUC em Fevereiro de 2015
sob a orientação da Professora Doutora Susana Lobo
PLANEAR A PAISAGEM
O PARQUE NATURAL REGIONAL DO VALE DO TUA
Às Raízes
Agradeço, sinceramente,

À Professora Susana Lobo, pelo entusiasmo com que acolheu este projecto,
desde o seu início, e pela dedicação que demonstrou ao longo da sua orientação.

Ao Professor Walter Rossa, pela constante disponibilidade e aconselhamento


e, também, pelo “Deus das Pequenas Coisas”.

Aos municípios de Mirandela, Vila Flor, Carrazeda de Ansiães, Alijó e Murça,


por me terem cedido a cartografia do território em estudo, e, em particular, aos
técnicos que me receberam e ajudaram: Maria Gouveia, Miguel Pereira, Susana
Bártolo, Ana Vieira e Paula Mesquita, respectivamente.

Ao Dr. José Silvano, director executivo da Agência de Desenvolvimento


Regional do Vale do Tua, pelos esclarecimentos e textos transmitidos.

Ao Movimento Cívico pela Linha do Tua, pela amabilidade e prontidão com


que me informaram sobre os projectos desenvolvidos para o vale e para a ferrovia.

A todos os docentes do d’Arq, por me terem transmitido, ao longo destes


anos, um pouco dos seus conhecimentos e por me abrirem horizontes.

À D. Lurdes, da biblioteca, e à Vanessa, à Sílvia, à D. Lurdes e ao Sr. Cardoso,


da secretaria do d’Arq, pela simpatia partilhada no dia-a-dia.

Ao Nina, pela paciência com que me aturou e ajudou em cada novo desafio.

À Laurianne, ao João, à Marta e à Tânia, pelas aventuras que vivemos juntos


ao longo destes anos.

A todas as pessoas que conheci durante este percurso, pelos bons momentos.

E, em especial, à minha família, mais do que de sangue, de coração, pelo


apoio incondicinal e por serem sempre o meu ninho, as minhas raízes. Por tudo.
Resumo
A região do Vale do Tua, situada na província transmontana, tem como
elemento central o rio Tua e caracteriza-se por vários contrastes, visíveis em
diferentes escalas e domínios, tais como a morfologia, o clima, o uso do solo e,
consequentemente, as suas paisagens, ora mais humanizadas, ora mais agrestes.
Este território atravessa actualmente um período de alterações significativas,
ainda que incertas, devido à construção do Aproveitamento Hidroeléctrico de
Foz Tua e à implementação de um conjunto de medidas compensatórias, ainda
em estudo. Neste âmbito, foi recentemente criado o Parque Natural Regional
do Vale do Tua – PNRVT, com o objectivo de proteger a biodiversidade, por um
lado, e de promover o turismo na região, associado aos conceitos de natureza,
desportos náuticos, saúde e bem-estar e aldeias ribeirinhas (Regulamento nº
364-A/2013 de 24 de Setembro). No entanto, para além de um conjunto de
medidas gerais, ainda não se conhece nenhuma proposta concreta, ou plano,
para alcançar estas metas.

Pretende-se, assim, propor uma estratégia para esta área, partindo das
premissas que levaram à criação do Parque Natural Regional, com o objectivo
de valorizar o património existente e as características próprias deste território.
Tendo como fio condutor as “marcas de água e de pedra”, procura-se divulgar
a diversidade de ambientes e de construções que se enquadram nesse tema e
que podem estimular a descoberta desta região.

PALAVRAS-CHAVE: Ordenamento do território, Paisagem, Estratégia,


Parque Natural, Vale do Tua
Abstract
The Tua Valley region, located in a province called “Trás-os-Montes”, in the
northeast of Portugal, has the Tua river as a central element and is characterized
by several contrasts that can be seen in different scales and domains, such as
the morphology, the climate, the soil use and, consequently, the landscapes,
more humanized, or more harsh. Nowadays, this territory is living a period of
significant, but uncertain, changes, due to the construction of a dam and to the
implementation of compensatory measures that are still being studied. For this
reason, the Tua Valley Regional Natural Park – PNRVT – was recently created to
protect the biodiversity, in one hand, and to promote the tourism in the area,
related to the concepts of nature, nautical sports, health and well-being and
riverside villages (Regulamento nº 364-A/2013 de 24 de Setembro). Despite of a
few general actions, there isn’t yet a concrete plan to achieve this goals.

So, the aim of this dissertation is to propose a strategy for this area,
based in the intents that led to the Regional Natural Park’s creation, to enrich
the existing patrimony and the particular features of this territory. Having the
“water and stone marks” as a guide line, the propositions try to divulgate the
diversity of ambiances and constructions that fit in this theme and can inspire
the discovery of this territory.

KEY WORDS: Territorial Planning, Landscape, Strategy, Natural Park, Tua


Valley
Siglas e abreviaturas
ADEMO Associação para o Desenvolvimento dos Municípios
Olivícolas Portugueses
ADRVT Agência de Desenvolvimento Regional do Vale do Tua
AHFT Aproveitamento Hidroeléctrico de Foz Tua
CAICA Complexo Agro-pecuário e Industrial do Cachão
CCABP Clube de Canoagem e Águas Bravas de Portugal
DGPC Direcção-Geral do Património Cultural
DIA Declaração de Impacte Ambiental
DRC-N Direcção Regional de Cultura do Norte
EDP Energias de Portugal
ICNF Instituto da Conservação da Natureza e das Florestas
ICOMOS Conselho Internacional dos Monumentos e Sítios
IIP Imóvel de Interesse Público
MCLT Movimento Cívico pela Linha do Tua
MIP Monumento de Interesse Público
MN Monumento Nacional
PNRVT Parque Natural Regional do Vale do Tua
SIP Sítio de Interesse Público
UNESCO Organização das Nações Unidas para a Educação, a
Ciência e a Cultura
Sumário

17 Introdução

I. O Vale do Tua
33 Da Terra Quente ao Douro Vinhateiro
39 Um rio, uma Linha
45 A barragem de Foz Tua e as medidas compensatórias
53 O Parque Natural Regional do Vale do Tua

II. O Parque Natural


61 A Paisagem como Património
69 O Produto Turístico
73 Casos de Estudo: Parque Naturais de Andaluzia, Espanha

III. A Proposta
87 A Estratégia
93 “Marcas de Água”
97 O Tua
97 Tua 1 | O diálogo com o rio
113 Tua 2 | Um espaço de transição
121 Tua 3 | A garganta profunda
133 Com a futura albufeira
139 O Tinhela
149 O Douro
157 Síntese
169 “Marcas de Pedra”
173 As construções tradicionais
193 O património arqueológico
205 Síntese

211 Notas Conclusivas


219 Bibliografia
237 Fontes das imagens
Introdução
Em plena região de Trás-os-Montes, o rio Tua nasce a norte de Mirandela
e estende-se ao longo de cerca de cinquenta quilómetros, até desaguar no rio
Douro. O vale ao longo do qual se vai moldando é caracterizado pelas suas
paisagens agrestes e pelos terrenos que o Homem foi tentando humanizar ao
longo dos séculos. É ainda marcado pela Linha Ferroviária, construída no final
do século dezanove, que permitia ligar não só as aldeias ribeirinhas à cidade de
Mirandela, mas também esta região ao resto do país. A estação de Foz-Tua era
o ponto de conexão entre esta linha e a do Douro, que unia o Pocinho, Barca de
Alva e Espanha à Régua e ao Porto.

O Vale do Tua atravessa actualmente um período de alterações


significativas, ainda que incertas, devido à construção do Aproveitamento
Hidroeléctrico de Foz Tua e à implementação de um conjunto de medidas
compensatórias, ainda em estudo. Neste âmbito, foi recentemente criado
o Parque Natural Regional do Vale do Tua – PNRVT, cujo objectivo é o de
proteger a biodiversidade, por um lado, e promover o turismo na região,

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Introdução

associado aos conceitos de natureza, desportos náuticos, saúde e bem-estar


e aldeias ribeirinhas (Regulamento nº 364-A/2013 de 24 de Setembro). No
entanto, para além de um conjunto de medidas gerais, ainda não se conhece
nenhuma proposta concreta, ou plano, para alcançar estes objectivos. Não
se conhecem as regras que irão reger esta área, nem os resultados práticos
que poderão surgir das mesmas. Para além disso, uma vez que estas questões
estão a ser actualmente estudadas e debatidas, faz sentido reflectir sobre as
potencialidades e as oportunidades que podem ser criadas neste contexto.

Pretende-se, assim, propor uma estratégia para a área do Vale do Tua,


partindo das premissas que levaram à criação do Parque Natural Regional,
com o objectivo de valorizar o património existente e as características
próprias deste território. Tendo como fio condutor as “marcas de água e de
pedra”, procura-se divulgar a diversidade de ambientes e de construções que
se enquadram nesse tema e que podem estimular a descoberta desta região,
ao levar os visitantes a criar os seus próprios percursos para alcançar esses
pontos. Os vários núcleos assinalados dão a conhecer diferentes vertentes
da área em estudo, desde a sua evolução histórica, por exemplo, através dos
vestígios arqueológicos e das construções tradicionais, até à sua morfologia,
combinando serras e vales com a área ribeirinha. Existem também diferentes
elementos que reflectem a forma como as populações procuraram domesticar
a paisagem, tirando partido dos seus recursos naturais, quer para a sua
subsistência, através da agricultura e das construções que estas actividades
implicam (azenhas, lagares, quintas vinícolas, etc.), quer para o seu lazer,
aproveitando, nomeadamente, a relação com o rio para a criação de espaços
recreativos. Destacam-se, portanto, os vários pontos de interesse associados
ao tema escolhido, apresentando as suas características actuais e sugerindo
algumas medidas para as consolidar.

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Introdução

Numa escala mais global, pretende-se igualmente estimular a reflexão


sobre a forma como se podem estruturar territórios predominantemente rurais,
ou não urbanos, característicos de grande parte do interior de Portugal, numa
lógica de interdependência e complementaridade entre os diferentes factores
distintivos. O planeamento não se pode limitar às áreas mais “urbanas”; o
“ruralismo” também tem de ser pensado, e a sua valorização poderá passar,
entre outros aspectos, pelo seu património, material ou imaterial.

A elaboração desta dissertação iniciou-se por uma recolha e análise


de diferentes textos, com o objectivo de perceber o modo como alguns
conceitos foram evoluindo e sendo integrados no ordenamento e na gestão
do território, como é o caso, nomeadamente, do “património”, da “paisagem”
e da classificação de “Parque Natural”. Neste âmbito, destacam-se várias
obras de Gonçalo Ribeiro Telles, dedicadas ao reconhecimento da paisagem,
enquanto elemento global, como reflexo da cultura e da identidade de um
povo. Salienta-se igualmente a publicação de Fernando Pau-Preto, de 2008,
intitulada “O património cultural no planeamento e no desenvolvimento do
território: Os planos de ordenamento de parques arqueológicos”, onde o autor se
debruça sobre os diferentes termos referidos e sobre a forma como esses são
articulados nos sistemas jurídicos. Analisaram-se ainda diferentes convenções
internacionais e cartas europeias realizadas sobre esses temas, bem como as
legislações produzidas em Portugal.

Na sequência dessa pesquisa, seleccionou-se, como caso de estudo,


um conjunto de Parques Naturais da região de Andaluzia, no sul de Espanha,
pelo facto de todos eles seguirem uma estratégia idêntica, ao nível da sua
divulgação e da sua estruturação. Estas áreas protegidas possuem dimensões
aproximadas e características semelhantes às do objecto de investigação,

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Introdução

seja sob o ponto de vista da morfologia do território, do clima e do ambiente


natural, seja pelo seu património. Foram analisados do ponto de vista dos
conceitos que os sustentam e das perspectivas que, de uma forma global,
foram valorizadas em cada caso, mas não se aprofundou nenhum parque em
particular. De um modo geral, assinalaram-se, em todos eles, os diferentes
pontos de interesse e factores distintivos, relacionados com a natureza, a
tradição e os produtos locais, por exemplo. Definiu-se igualmente, para cada
uma das áreas protegidas, um conjunto de rotas temáticas relacionadas com
esses mesmos valores culturais, procurando divulgar, de forma clara e directa,
alguns dos aspectos característicos da região e do seu património.

Avaliaram-se também, paralelamente, as acções previstas para a região


em estudo, quer no âmbito da criação do PNRVT, quer a nível municipal. Neste
sentido, analisaram-se as cinco etapas do “Plano-base de construção, instalação
e gestão do Parque Natural Regional do Vale do Tua” (Beja e Rocha, 2013), onde
se descrevem as diferentes características do território, relacionadas com a
geologia, a biodiversidade, o património cultural e os dados socioeconómicos,
e se definem os objectivos estratégicos do PNRVT. Os autores propõem ainda
diferentes cenários para a delimitação dessa área protegida, bem como um
modelo de gestão e um plano de investimentos para os primeiros doze anos.
Acompanharam-se ainda, regularmente, as notícias divulgadas nos websites
da Agência de Desenvolvimento Regional do Vale do Tua – ADRVT, associação
criada para gerir as compensações pela construção da barragem, e dos cinco
municípios abrangidos.

Uma vez que as medidas previstas para o Parque Natural já consideram


a implementação da barragem e das contrapartidas que lhe estão associadas,
procurou-se igualmente averiguar se existiam outras investigações ou

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Introdução

propostas desenvolvidas para a região, alternativas à concretização desse


empreendimento. Neste processo, foi relevante a informação disponibilizada
pelo Movimento Cívico pela Linha do Tua, nomeadamente sobre o projecto
turístico para esse traçado, desenvolvido por Daniel Conde e premiado a nível
nacional, onde o autor propõe um percurso ferroviário entre Foz Tua e Puebla
de Sanábria, em Espanha (MCLT, 2010). Destaca-se também o trabalho de fim
de curso de Viviana Rodrigues, realizado em 2005 e intitulado “Contribuição
para a interpretação da paisagem a partir da Linha do Tua”, no qual apresenta
as diferentes características desse percurso e da sua envolvente, propondo
igualmente a sua integração em roteiros regionais e a criação de diferentes
rotas temáticas. Por último, importa ainda referir a dissertação de José Simão,
de 2009, intitulada “Turismo como motor de desenvolvimento local: O caso do
Vale do Tua”, na qual o autor procurou avaliar as potencialidades turísticas da
região, nomeadamente através da realização de inquéritos junto a diferentes
entidades e agentes locais.

Após a análise da bibliografia recolhida, iniciou-se um período de


maior aproximação ao território em estudo. De facto, apesar de já se
conhecerem vários “pedaços” desta região, existiam ainda diversos ambientes
desconhecidos ou dos quais se tinha uma imagem muito vaga, como memórias
de viagens anteriores. Visitaram-se, então, as várias aldeias, percorrendo as
diferentes estradas e caminhos que as unem e tentando perceber as relações
criadas entre os diferentes aglomerados. Procurou-se compreender os laços
estabelecidos entre as povoações e a área envolvente, nomeadamente com
os cabeços e vales circundantes, bem como com as principais linhas de água,
os rios Tua, Tinhela e Douro. Acompanharam-se essas correntes, alcançando-
-as sempre que possível, e registaram-se as múltiplas paisagens e pontos de
interesse descobertos.

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Introdução

Uma vez sintetizadas as diferentes experiências vivenciadas, e depois


de se recolher a cartografia da área em estudo, procurou-se definir uma
estratégia para esse território. A intenção inicial, quando se esboçaram os
traços desta tese, era a de criar rotas temáticas relacionadas com as principais
características da região, como, por exemplo, a natureza, os produtos locais
e as actividades tradicionais, à semelhança dos casos de estudo analisados
e de acordo com as medidas previstas para o PNRVT. No entanto, as visitas
efectuadas acabaram por alterar esse esquema, uma vez que se descobriram
imensos contrastes e uma grande variedade de ambientes que não podem
ser classificados linearmente. De facto, existem mais riquezas para além dos
temas mencionados, espalhadas um pouco por toda a parte, que não podem
ser limitadas a três ou quatro percursos pré-definidos. Assim, a estratégia
definida foi a de levar as pessoas a percorrer livremente a região através dos
traços da sua ocupação: as “marcas de água e de pedra”. “Água” e “Pedra”,
porque estes elementos são a base deste território e estão, desde sempre, na
origem das intervenções das populações para satisfazer as suas necessidades
básicas: defender-se, abrigar-se e alimentar-se. Hoje em dia, tendo estes
valores garantidos, estes recursos e as suas marcas podem ser adaptados para
as nossas novas expectativas, como o lazer, o desporto ou a cultura. Seguindo
este fio condutor, assinalaram-se os vários pontos de interesse, descrevendo
as suas características actuais e propondo algumas medidas para os valorizar.

A dissertação está dividida em três partes. A primeira, sobre o Vale do Tua,


faz uma contextualização dessa região, no tempo e no espaço. Descrevem-se
os seus ambientes, “da Terra Quente ao Douro Vinhateiro”, e os seus traços
mais marcantes, entre os quais se destacam o rio e a linha ferroviária, que
teve um papel fundamental enquanto elemento de ligação entre a cidade de
Mirandela e as aldeias dispersas ao longo do vale, por um lado, e entre estas e

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Introdução

o resto do país, por outro. Aborda-se ainda a polémica construção da barragem


de Foz Tua, bem como as diferentes medidas compensatórias em estudo, com
especial enfoque para a criação do PNRVT.

A segunda parte centra-se na classificação de “Parque Natural”,


procurando perceber os princípios que a regem e as consequências que dela
resultam. Investigou-se, num primeiro momento, a forma como os conceitos
de “paisagem” e de “património” foram evoluindo e sendo integrados
no ordenamento e na gestão do território, estudando-se, entre outros, as
diferentes convenções internacionais e a legislação portuguesa. Analisou-
-se igualmente a tendência crescente, a nível europeu, para a valorização dos
recursos endógenos enquanto elementos distintivos de uma determinada
região (Pau-Preto, p.21), promovendo-se, assim, um produto turístico que
associa a história, as tradições e os produtos locais aos valores ambientais
defendidos. Neste âmbito, analisaram-se as estratégias seguidas num conjunto
de Parques Naturais da província de Andaluzia, no sul de Espanha, seleccionados
como casos de estudo.

Finalmente, a terceira parte corresponde à componente prática desta


tese, onde se apresenta a estratégia proposta para o Vale do Tua, sob o tema das
“marcas de água e de pedra”. As “marcas de água” focam-se, essencialmente,
nos rios Tua, Tinhela e Douro e nas relações que as populações foram
estabelecendo, ao longo dos tempos, com essas linhas de água. A “pedra”, por
sua vez, abrange um conjunto muito amplo e variado de elementos, dispersos
por todo o território, entre os quais se destacam as diversas construções que
foram estruturando o território, quer num passado mais “recente”, visíveis
tanto nos aglomerados como na sua envolvente, quer em eras mais distantes,
das quais restam registos de diversos vestígios arqueológicos.

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Mirandela
Terra Quente Transmontana
Vale do Tua
Porto
Murça
Rio Tua
Rio Tinhela

Baixo Tua e Ansiães

Vila Flor
Lisboa
Alijó
Douro Vinhateiro Carrazeda de Ansiães

Rio Douro
N
5000m

1. Localização da área de estudo


2. Área de estudo e respectivas unidades de paisagem
I. O Vale do Tua

Da Terra Quente ao Douro Vinhateiro

Em plena região de Trás-os-Montes, o rio Tua nasce da confluência


do Rabaçal e do Tuela, a norte de Mirandela, e estende-se ao longo de
aproximadamente cinquenta quilómetros, até desaguar no rio Douro. Durante
o seu curso, delimita os concelhos de Murça e Alijó, na sua margem direita, e de
Vila Flor e Carrazeda de Ansiães, na margem esquerda.

O território que o enquadra é marcado por vários contrastes,


visíveis em diversas escalas e domínios, tais como a morfologia, o clima, e,
consequentemente, no uso do solo e no modo como o Homem procurou
adaptar-se a essas condicionantes. Numa primeira abordagem, e segundo
o estudo coordenado por Alexandre Cancela d’Abreu, Teresa Pinto Correia e
Rosário Oliveira, podem identificar-se três unidades de paisagem distintas
ou “áreas em que a paisagem se apresenta com um padrão específico, a que
está associado um determinado carácter” (2004a, p.31). Estas unidades são,
de montante para jusante, a “Terra Quente Transmontana”, o “Baixo Tua e

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Planear a Paisagem | O Parque Natural Regional do Vale do Tua

3. Terra Quente Transmontana

4. Baixo Tua e Ansiães

5. Baixo Tua e Ansiães

6. Douro Vinhateiro

3.

4.

5. 3.

4. 5.

6.

N
6. 5000m
O Vale do Tua

Ansiães” e o “Douro Vinhateiro” (Cancela d’Abreu et al., 2004b).

A Terra Quente Transmontana, assim designada devido ao calor abrasador


que a atinge durante vários meses, engloba a área a Norte do eixo Murça -
- Abreiro - Vila Flor, e caracteriza-se pelo predomínio de “áreas onduladas, com
colinas de declive pouco acentuado” (Ibidem, p.173), ocupadas principalmente
por culturas permanentes, tais como a oliveira, a amendoeira e a vinha. A
dinâmica agrícola reflecte-se na “riqueza e diversidade de formas, de usos, cores
e texturas” (Ibidem) que, associada aos horizontes abrangentes, transmitem
sensações de grandeza, clareza e calma. Em síntese, “esta unidade contém
paisagens com forte carácter, com uma identidade bem marcada, claramente
reconhecível como muito característica de uma faceta especial de Trás-os-
-Montes” (Ibidem, p.175).

A região do Baixo Tua e Ansiães, por sua vez, é constituída pelo vale do
rio Tinhela, afluente do Tua, que separa os concelhos de Murça e Alijó, e pelo
planalto de Ansiães e é marcada por uma extrema rudeza, quer a nível do clima,
com Verões secos e Invernos frios e ventosos, quer a nível da paisagem, “em que
os afloramentos de granito, blocos de grandes e médias dimensões, constituem
uma das suas componentes mais marcante” (Ibidem, p.183). Esta unidade é
composta por “dois tipos de morfologia: os vales profundos e as respectivas
vertentes com declives muito acentuados (rio Tua, afluentes deste e do rio
Douro) (…) e o planalto agreste na parte central da unidade, na envolvente
de Carrazeda de Ansiães” (Ibidem). Existem alguns terrenos cultivados, junto
às aldeias, e parcelas com vinha, olival e frutas variadas, com destaque para a
maçã, mas “a intervenção dos factores naturais na composição da paisagem é
aqui muito forte, sendo a utilização humana drasticamente condicionada por
eles” (Ibidem).

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Planear a Paisagem | O Parque Natural Regional do Vale do Tua

7. Terra Quente Transmontana?

8. Baixo Tua e Ansiães?

9. Baixo Tua e Ansiães?

10. Douro Vinhateiro?

7.

8.

9.

7.

8.
9.

10.

N
10. 5000m
O Vale do Tua

Por fim, já próximo da Foz do Tua, entra-se no Douro Vinhateiro,


caracterizado “pela imponência do vale, pela enorme força da vinha em socalcos,
pela presença do Douro e seus afluentes encaixados nas vertentes de xisto”
(Cancela d’Abreu et al., 2004b, p.237). Classificadas como Património Mundial
pela UNESCO, em 2001, estas encostas são fruto da ousadia e do trabalho
intenso de várias gerações, que souberam transformar e humanizar o território
agreste, atribuindo-lhe uma identidade única. Apesar de a vinha ser soberana,
a paisagem apresenta uma grande diversidade de cores, “pelo contraste das
encostas verdes com o espelho de água e com os matos e florestas das áreas
mais elevadas, e pelo confronto da vinha com os muros de pedra ou o salpicado
branco do casario no meio dos espaços cultivados” (Ibidem, p.239).

Embora numa perspectiva geral seja possível identificar e delimitar com


alguma facilidade as três unidades de paisagem descritas anteriormente,
a mesma tarefa torna-se muito mais ambígua quando se aumenta a escala
de abordagem. Os ambientes variam, as fronteiras tendem a atenuar-se e
descobrem-se áreas que acabam por não se enquadrar em nenhuma dessas
categorias. Estes lugares intermédios não podem ser classificados tão
linearmente, constituindo elementos de surpresa que vão surgindo à medida
que se percorre o espaço. Assim, encontram-se pedaços de planalto e blocos de
granito ainda antes de sair da Terra Quente ou, ao contrário, pontos singulares
com vistas amplas sobre a planície já no coração do Baixo Tua; viaja-se por
terras de Ansiães e sente-se um toque vinhateiro repentino, mas sem chegar
ao Douro, ou adivinham-se as encostas íngremes do Tua ao passar em áreas
durienses. Estes exemplos servem para demonstrar que apesar de se viver
num mundo cada vez mais global, onde a tendência é a de generalizar opiniões
com base numa experiência parcial, existem realidades que só poderão ser
compreendidas se vivenciadas in loco.

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Planear a Paisagem | O Parque Natural Regional do Vale do Tua

Mirandela

Latadas

Frechas

Cachão
Vilarinho

Ribeirinha

Abreiro
Codeçais
Brunheda

Tralhão

São Lourenço
Santa Luzia

Castanheiro
Tralhariz

Foz Tua

5000m
Paragens existentes aquando da inauguração da Linha do Tua, em 1887
Paragens implementadas posteriormente
11. Estações e apeadeiros da Linha do Tua
O Vale do Tua

Um rio, uma Linha

O rio Tua, elemento estruturante deste território, foi durante muitos


séculos (e continua a ser) uma barreira natural entre as duas margens. No
entanto, apesar da sua natureza separadora, este traçado ganhou um carácter
unificador graças à implementação da via-férrea, no final do século dezanove.
Serpenteando pelo vale ao longo do qual o Tua se vai moldando, lado a lado
com o rio, a linha ferroviária permitia ligar não só as aldeias ribeirinhas à cidade
de Mirandela, mas também este território ao resto do país, como se pode
comprovar pelo seguinte excerto, publicado por Eduardo Coelho (1887, 17 de
Junho), no Diário de Notícias:

Uma das villas mais importantes da provincia de Traz-os-Montes está ligada


com a nossa rede ferro viaria. Avaliamos o alvoroço com que seria recebida
ali a primeira locomotiva, que não só estreitou os laços que prendiam os
povos transmontanos que a via ferrea vae servir, mas que acaba de ligar
uma parte da magnifica provincia do norte com os primeiros mercados do
paiz, com os portos de Lisboa e Porto, com o Oceano, com o estrangeiro,
enfim, onde alguns dos productos transmontanos tem notavel procura e
nomeadamente a cortiça.

Com o objectivo de escoar os bens produzidos na região, a construção do


caminho-de-ferro entre a foz do Tua e Mirandela iniciou-se no dia 1 de Abril de
1885 e terminou a 1 de Julho de 1887 (Lopes, 2011, p.42). Com uma extensão de
54,1 quilómetros, esta obra, mais do que um meio de transporte de mercadorias,
tornou-se o elemento de conexão entre as povoações dispersas ao longo do
vale e a cidade. Muitas das populações, que estavam até então praticamente
isoladas devido às difíceis condições de acesso do território, passaram a poder
usufruir de uma infra-estrutura que se revelou fundamental na articulação

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Planear a Paisagem | O Parque Natural Regional do Vale do Tua

12. Estação de Mirandela, vista da rua principal


13. Recinto da estação ferroviária de Mirandela
14. Estação de Mirandela, vista da linha ferroviária

15. Rio Tua e linha ferroviária, em Mirandela

16. Estação de Cachão


17. Estação de Vilarinho das Azenhas
18. Estação de Ribeirinha

12. 13. 14.

12 a 15.

16.
17.
15.
18.

N
16. 17. 18. 5000m
O Vale do Tua

entre as diferentes partes.

Existiam, ao longo deste percurso, nove estações e seis apeadeiros1. A


estação de Mirandela, imponente, foi outrora um dos pontos-chave da linha,
não só como local de partida/chegada para quem se deslocava à cidade,
mas também como elemento intermédio entre a foz do Tua e Bragança2. No
entanto, nem a sua importância histórica, nem a sua localização numa área
movimentada da cidade, onde se destaca claramente do meio envolvente, têm
sido devidamente valorizadas, uma vez que o edifício se encontra, actualmente,
muito degradado e praticamente abandonado.

Ainda antes de abandonar a área urbana, a ferrovia junta-se ao rio e aí


começa a sua viagem conjunta em direcção ao Douro. Durante os primeiros
quilómetros, em que atravessam calmamente a planície, ora aproximando-
-se, ora afastando-se, vão passando e servindo as povoações de Frechas,
Cachão, Vilarinho das Azenhas e Ribeirinha3. As estações localizam-se junto aos
aglomerados e são, por isso, facilmente acessíveis.

A partir daqui a paisagem vai mudando, bem como a morfologia do


território. Abandona-se a planície e o relevo torna-se mais acidentado,
obrigando as aldeias a afastarem-se do rio, e consequentemente da via-férrea,
para se implantarem em pontos mais elevados, como é o caso de Abreiro,

1. Quando a linha foi inaugurada existiam apenas dez pontos de paragem: Foz-Tua, Tralhariz,
Amieiro, São Lourenço, Brunheda, Abreiro, Vilarinho, Cachão, Frechas e Mirandela (Coelho,
1887, 27 de Setembro); os restantes foram estabelecidos posteriormente.

2. Em 1906 foi concluído o segundo troço da Linha do Tua, entre Mirandela e Bragança, perfa-
zendo uma extensão total de 133,8 quilómetros. Este troço foi encerrado no final de 1991, na
sequência de um descarrilamento em Sortes (Lopes, 2011, p.46).

3. Existiu um apeadeiro, entretanto destruído, entre Mirandela e Frechas, num lugar designado
por Latadas; no entanto, este não estava directamente ligado a nenhuma povoação.

41
Planear a Paisagem | O Parque Natural Regional do Vale do Tua

19. Rio Tua e linha ferroviária em Abreiro/Vieiro

20. Estação de Abreiro


21. Apeadeiro de Codeçais
22. Estação de Brunheda

23. Ponte e túnel de Prezas (pk 1)

24. Túnel de Tralhariz (pk 4)


25. Túnel das Fragas Más II (pk 6)
19. 26. Ponte de Paradela (pk 10)

20. 21. 22.

23.
21. 20.
19.
22.

26.
25.
24.
23.

N
24. 25. 26. 5000m
O Vale do Tua

Vieiro, Codeçais e Brunheda. As estações de Abreiro (situada a cerca de três


quilómetros desta povoação e da do Vieiro) e de Brunheda, apesar de distantes,
são facilmente alcançáveis, quer a pé quer de carro. O apeadeiro de Codeçais,
no entanto, é muito mais difícil de atingir, pois só existe um caminho de terra
batida, com cerca de dois quilómetros de extensão e um desnível bastante
acentuado.

A jusante de Brunheda encontra-se a zona mais impressionante do


trajecto, onde é visível o “verdadeiro trabalho de titans” (Coelho, 1887, 27 de
Setembro) que a construção do caminho-de-ferro representou, de forma a
encaixar-se na vertente “semeada de anfructuosidades, cortada por abruptas
ravinas que semelha gargantas de monstros, ou formada por extensas rochas
graniticas levemente inclinadas para o monte e perfeitamente lisas, chamadas
vulgarmente lisos, attestando a evidencia que nunca foram pisadas pelo pé do
Homem” (Ibidem). Neste troço foram erguidos 118 muros de suporte de pedra
seca, bem como duas pontes, e escavados cinco túneis, exigindo “vigoroso
ânimo aos engenheiros e trabalhadores que aí formigaram por algum tempo,
a romper rochedos e esporões, muitas vezes dependurados por cordas e
empoleirados em pranchas rapidamente guindadas quando se acendiam os
rastilhos” (Coelho, 1887, citado por Lopes, 2011, p.42).

Existem cinco lugares de paragem nestas encostas, antes de se chegar à


foz: Tralhão (que não está associado a nenhum povoamento), São Lourenço,
Santa Luzia, Castanheiro e Tralhariz, quase todos de difícil acesso devido
à grande diferença de cotas entre estes e os respectivos aglomerados. O
apeadeiro de São Lourenço é o único que está próximo das habitações e, é
importante salientar, das termas aí existentes, recentemente remodeladas e
reconhecidas benéficas no tratamento de doenças do aparelho respiratório

43
Planear a Paisagem | O Parque Natural Regional do Vale do Tua

27. Caldas de São Lourenço


28. Apeadeiro de São Lourenço
29. Teleférico em Amieiro

30. Teleférico em Amieiro

31. Foz do Tua

32. Estação de Foz Tua


33. Estação de Foz Tua
34. Estação de Foz Tua
27. 28. 29.

30.

31.

27 e 28.
29 e 30.

31.
32 a 34.

N
32. 33. 34. 5000m
O Vale do Tua

e de doenças reumáticas e musculosqueléticas (Despacho nº 3248/2014). A


estação de Santa Luzia, por sua vez, foi edificada para servir a população do
Amieiro, situada na outra margem do rio. Existiu aí uma ponte, construída em
1985 graças ao financiamento de um habitante da aldeia, mas que acabou por
ruir, em 2002, devido a uma cheia (Lopes, 2011, p.108). Foi também inventado
um teleférico artesanal, que ainda hoje se pode observar, apesar de já não ser
utilizado. Os apeadeiros de Castanheiro e Tralhariz são ambos afastados dos
núcleos e só se conseguem atingir a pé, por caminhos estreitos e inclinados.

Finalmente, o Tua junta-se ao Douro, acontecendo o mesmo com as


respectivas linhas ferroviárias. A estação de Foz-Tua é o ponto de conexão
entre estas vias, permitindo ligar a região transmontana ao Pocinho e a Barca
de Alva e, daí, a Espanha, ou à Régua e ao Porto. Actualmente, o edifício
principal alberga um pequeno museu, onde estão expostas algumas peças e
fotografias antigas que permitem uma pequena viagem ao passado, e o seu
recinto exterior serve de entreposto, onde são armazenados os materiais que
outrora eram empregues nos caminhos-de-ferro.

A barragem de Foz Tua e as medidas compensatórias

Ao longo dos últimos anos o Vale do Tua tem vindo a atravessar um período
de alterações significativas, ainda que incertas, devido ao encerramento do
caminho-de-ferro e à construção do Aproveitamento Hidroeléctrico de Foz
Tua. Estas medidas têm gerado muita controvérsia, entre os defensores da
linha centenária e da paisagem natural única, por um lado, e os adeptos do

45
Planear a Paisagem | O Parque Natural Regional do Vale do Tua

35. Vale do Tua, perto da foz, antes da barragem


36. Antevisão da foz do Vale do Tua, após a construção
do AHFT

37. Projecto de Souto Moura para o futuro AHFT


38. Projecto de Souto Moura para o futuro AHFT
39. Projecto de Souto Moura para o futuro AHFT

40. Obras do AHFT, vistas de Fiolhal (Abril de 2014)

35. 36. 41. Obras do AHFT, vistas de Fiolhal (Abril de 2014)


42. Obras do AHFT, vistas de Tralhariz (Abril de 2014)
43. Obras do AHFT, vistas de Foz Tua (Abril de 2014)

37. 38. 39.

40.

42.
35 e 36. 40 e 41.
43.

N
41. 42. 43. 5000m
O Vale do Tua

“progresso” que a barragem poderá representar, por outro.

Apesar do projecto estar previsto no Plano Nacional de Energia, de 1989,


e no Plano da Bacia Hidrográfica do Douro, de 1999 (EDP, s.d.), só a partir de
2007, na sequência de uma série de acidentes que ocorreram na ferrovia4,
pondo em causa a sua viabilidade, é que a população começou a tomar
conhecimento da possibilidade desse empreendimento vir a ser efectivamente
concretizado. Se os acidentes propiciaram um clima de dúvida e insegurança
em relação à ferrovia, amplificado pela comunicação social, também os
poderes políticos não encontraram soluções no sentido de reforçar a estrutura
e restabelecer a confiança das pessoas, com a agravante de terem permitido
que o projecto do aproveitamento hidroeléctrico prosseguisse, tendo sido
adjudicada, provisoriamente, a sua exploração à EDP, e iniciados os estudos
prévios e de impacte ambiental (ADRVT, s.d. a). A conjugação de todos estes
factores intensificou a desconfiança e o conflito entre as duas partes. Apesar
de terem sido, e ainda estarem a ser, promovidas várias acções com o objectivo
de sensibilizar as autoridades e a população para a importância e o potencial
que o caminho-de-ferro representa para a região, por parte de um grupo de
cidadãos e, principalmente, do Movimento Cívico pela Linha do Tua5, e mais

4. A 12 de Fevereiro de 2007, entre Tralhariz e Castanheiro do Norte, um desabamento de ter-


ras provocou a queda da automotora para o precipício, causando a morte a três dos cinco ocu-
pantes (Lopes, 2011, p.50). Em Abril de 2008, apenas três meses depois da reabertura da linha,
três trabalhadores da REFER ficaram feridos durante uma operação de vistoria, suspendendo
novamente as circulações, até ao início de Junho (Ibidem, p.52). A locomotiva voltou a descar-
rilar, quatro dias após o restabelecimento das comunicações, ferindo um passageiro, e de novo
a 22 de Agosto, do qual resultaram dois mortos e dezenas de feridos (Ibidem, p.54).

5. O MCLT foi criado em 2006, para “viver e divulgar a Linha do Tua e o seu potencial desap-
roveitado” (MCLT, 2007), defendendo, entre outros, a reabertura e “valorização do património
ferroviário da Linha, enquanto memória do passado e ponte para o futuro” (Ibidem).

47
Planear a Paisagem | O Parque Natural Regional do Vale do Tua

44.

45. 46.

47. 48.

44. Logótipo da ADRVT, desenhado por um aluno da Escola Profissional de Murça


45. Planta com a localização do Núcleo Museológico, no espaço da estação de Foz Tua
46, 47 e 48. Projecto do Núcleo Museológico, aNC arquitectos
O Vale do Tua

recentemente da Plataforma Salvar o Tua6, as obras da barragem continuam a


avançar.

Para além de aprovar a construcção dessa infra-estrutura, a Declaração de


Impacte Ambiental – DIA (2009) estabelece um conjunto de condicionantes que
o proponente, neste caso a EDP, é obrigado a cumprir, quer do ponto de vista
técnico, quer para compensar a região pelas perdas que o empreendimento
implica. Tendo em vista a concretização dessas compensações, foi fundada,
em 2011, a Agência de Desenvolvimento Regional do Vale do Tua – ADRVT,
que reúne representantes da EDP e dos cinco municípios afectados. O seu
objectivo é “promover, ao longo dos próximos anos, um conjunto de iniciativas
capazes de valorizar os recursos endógenos e de aproveitar as oportunidades
criadas pelo Aproveitamento Hidroelétrico de Foz Tua” (ADRVT, s.d. b). Essa
valorização será potenciada graças a projectos estruturantes, à aposta no
turismo em diversas vertentes e à “criação de emprego e riqueza, através do
incentivo ao surgimento de novos projetos económicos” (Ibidem).

Entre as medidas acordadas, enquadradas na DIA, destacam-se a


construção de um núcleo museológico7 junto à estação de Foz Tua, como
“referência e homenagem à memória da Linha e do Vale do Tua” (ADRVT, s.d.
c) e a implementação de um plano de mobilidade que restabeleça a ligação

6. A Plataforma Salvar o Tua foi fundada em Maio de 2013 e “realiza várias iniciativas, quer do
foro jurídico, quer acções de esclarecimento da opinião pública para travar a construção da bar-
ragem de Foz Tua” (Plataforma Salvar o Tua, s.d.).

7. A DIA estipula a “concepção, construção e financiamento de quatro Núcleos Interpretativos


temáticos da memória do vale do Tua, considerando as seguintes quatro áreas temáticas e res-
pectivas localizações: Transportes Ferroviários, na Estação de Foz-Tua; Recursos Hídricos, em
São Lourenço; Biodiversidade, no Amieiro; e Património, em Carlão” (Ministério do Ambiente,
do Ordenamento do Território e do Desenvolvimento Regional, 2009, p.2). O projecto apresen-
tado até agora pela ADRVT apenas contempla o primeiro desses núcleos (ADRVT, s.d. c).

49
Planear a Paisagem | O Parque Natural Regional do Vale do Tua

49. Plano de Mobilidade Turística para o vale do Tua

50. Capela da Senhora da Lapa, em São Mamede de


Ribatua, no concelho de Alijó
51. Santuário de Perafita, no concelho de Alijó
52. Santuário de Perafita, no concelho de Alijó
53. Capela da Misericórdia de Murça

54. Igreja de Avantos, no concelho de Mirandela


55. Igreja de Abambres, no concelho de Mirandela
56. Cabeço da Mina, no concelho de Vila Flor
57. Igreja da Lavandeira, no concelho de Carrazeda
de Ansiães

A.

49
Plano de Mobilidade Turística
Restante património a recuperar:
55.
A. Igreja de Guide 54.

53.
51 e 52.
50. 51. 52. 53.

56.

50.

57.

N
54. 55. 56. 57. 5000m
O Vale do Tua

entre a foz e Mirandela, “de modo a garantir e salvaguardar os interesses e


a mobilidade das populações locais e potenciar o desenvolvimento sócio-
económico e turístico” da região (Ministério do Ambiente, do Ordenamento do
Território e do Desenvolvimento Regional, 2009, p.1). O plano apresentado pela
ADRVT tem duas componentes, a das ligações quotidianas para as populações
que eram servidas pela ferrovia, que será assegurada por autocarros, e a da
vertente turística, que será baseada num percurso multimodal, dividido em três
troços. Os dois quilómetros que separam a estação de Foz Tua e a barragem
serão percorridos num veículo eléctrico sobre carris articulado com um
funicular ou, em alternativa, por rodovia, de modo a atingir a albufeira. A partir
daí, iniciar-se-á o segundo troço, de barco, até à Brunheda (19 km), concluindo
a viagem de comboio até Mirandela (33 km) (ADRVT, s.d. c).

Salientam-se igualmente outras iniciativas de promoção regional tomadas


pela ADRVT que não são impostas pela DIA, como, por exemplo, a recuperação
de património edificado com interesse turístico8 e, por último, a criação de um
parque natural regional (ADRVT, s.d. d). Este último será de imediato objecto
de uma descrição mais aprofundada, por ter inspirado, de certa forma, o
desenvolvimento da presente dissertação.

8. O património a recuperar foi seleccionado em colaboração com a Direcção Regional de


Cultura do Norte e é o seguinte: Capela da Senhora da Lapa, em São Mamede de Ribatua, e
Santuário do Senhor de Perafita, no concelho de Alijó; Capela da Misericórdia de Murça, no
concelho de Murça; Igrejas de Avantos, Abambres e Guide, no concelho de Mirandela; Cabeço
da Mina, no concelho de Vila Flor; e Igreja da Lavandeira, no concelho de Carrazeda de Ansiães
(DRC-N, 2014).

51
Planear a Paisagem | O Parque Natural Regional do Vale do Tua

Mirandela

Murça

Rio Tinhela

Rio Tua

Vila Flor

Alijó

Carrazeda de Ansiães

Rio Douro
N

5000m

58. O Parque Natural Regional do Vale do Tua


O Vale do Tua

O Parque Natural Regional do Vale do Tua

A 24 de Setembro de 2013 foi oficializada a criação do Parque Natural


Regional do Vale do Tua – PNRVT, com o objectivo de conservar a natureza e
a biodiversidade, por um lado, e de promover o “desenvolvimento do turismo
sustentável da região, com especial enfoque para as formas de turismo que
se baseiam no usufruto dos espaços naturais e dos seus recursos, como sejam
o Turismo de Natureza, o Turismo Náutico, o Turismo de Saúde e Bem-Estar,
a promoção turística e o aproveitamento turístico das aldeias ribeirinhas”
(Regulamento nº 364-A/2013 de 24 de Setembro).

Com uma superfície de aproximadamente 25’000 hectares, o PNRVT foi


delimitado de forma a integrar os principais elementos distintivos da região,
quer do ponto de vista natural, quer cultural (Beja & Rocha, 2013c, p.16). Assim,
para além do Vale do Tua, estão abrangidos os vales do rio Tinhela e de algumas
ribeiras afluentes, bem como áreas mais afastadas, como, por exemplo, o Castro
de Palheiros, classificado como Sítio de Interesse Público, ou, ainda, parte do
planalto de Ansiães, nomeadamente a freguesia de Mogo de Malta que possui,
entre outros elementos de interesse, vestígios de uma antiga calçada que pode
ter ligado esta povoação a Freixiel (Pereira & Lopes, 2005, p.36).

Pretende-se que esta área protegida possa constituir “um território


amigável e seguro para as populações residentes, e de elevada atractividade
para agentes económicos com interesse na exploração sustentável e na
valorização de recursos naturais” (Beja & Rocha, 2013b, p.53). Procura-se
assim estimular os investimentos públicos e privados em vários domínios,
mas coerentes entre si, com o objectivo de afirmar este espaço como “uma
referência nacional e internacional capaz de atrair visitantes de diversos
segmentos turísticos e sectores de actividade” (Ibidem).

53
Planear a Paisagem | O Parque Natural Regional do Vale do Tua

59. Biótopos rupestres junto à foz do Tinhela


60 e 61. Digitalis purpurea subsp. amandiana, planta
existente na parte terminal do vale do Tua

62. Aldeia de São Mamede de Ribatua


63. Antigo balneário das Caldas de São Lourenço
64. Aldeia de Abreiro

65. Castro de Palheiros


66. Aldeia de Freixiel
67. Aldeia de Ribeirinha

Outros elementos distintivos apontados:


59. 60. 61. A. Santuário de Nossa Senhora da Cunha
B. Centro Interpretativo do Castelo de Ansiães
C. Caldas de Carlão/Santa Maria Madalena
D. Aldeia do Vieiro
E. Aldeia de Vilarinho das Azenhas

65.
62. 63. 64. E.
67.
64.
D.
C.
66.
63.
A.
62. B.

N
65. 66. 67. 5000m
O Vale do Tua

O plano de investimentos para os primeiros doze anos define um conjunto


de doze acções, divididas pelos dois objectivos principais do parque, isto é, a
conservação da natureza e o apoio ao desenvolvimento turístico sustentável
(Beja & Rocha, 2013e, p.4). No âmbito da preservação da biodiversidade, as
medidas centram-se essencialmente na recuperação de áreas degradas, na
protecção dos ecossistemas, na divulgação do património natural e no apoio
logístico à gestão do PNRVT (Ibidem, p.8). No que diz respeito ao turismo, os
eixos das intervenções prendem-se com a criação de infra-estruturas de apoio,
a difusão do património e das potencialidades do território e a consolidação
de uma identidade e de uma imagem para o parque, através da concepção
da marca “Tua” (Ibidem, p.23). Tendo em conta o objectivo da presente
dissertação, é pertinente aprofundar a forma como se tencionam concretizar
estes últimos conceitos.

De modo a divulgar prontamente esta área protegida, serão sinalizados


os acessos a partir das vias rápidas regionais (A4, A24 e IP2, com 6 sinais), as
entradas principais em cada concelho (10 sinais) e dois factores distintivos por
cada município9 (10 sinais) (Ibidem, p.25). Será igualmente implementado um
Plano de Comunicação, de modo a promover o PNRVT e os seus diferentes
pontos de atracção, relacionados com diversos temas (património, natureza10,
desporto, etc.), quer através de um website, de panfletos informativos e
guias turísticos, quer estabelecendo parcerias com outras entidades, como,

9. Os elementos distintivos apontados, a título de exemplo, são os seguintes: São Mamede de


Ribatua e Nossa Senhora da Cunha (Alijó), Caldas de São Lourenço e Centro Interpretativo do
Castelo de Ansiães (Carrazeda de Ansiães), Aldeias de Abreiro e Romeu (Mirandela), Caldas de
Carlão/Santa Maria Madalena e Castro de Palheiros (Murça) e as aldeias ribeirinhas de Freixiel,
Vieiro, Ribeirinha e Vilarinho das Azenhas (Vila Flor) (Beja & Rocha, 2013e, p.25).

10. Para fomentar a conservação do património natural serão elaborados 4 guias com os temas
“geologia e hidrogeologia”, “a paisagem do Tua”, “flora e vegetação” e “fauna” (Ibidem, p.43).

55
Planear a Paisagem | O Parque Natural Regional do Vale do Tua

68. 69.

70. 71.

68. Espaços de Conexão das rotas temáticas | 69. Miradouros e vértices geodésicos
70. Áreas de Interesse Patrimonial | 71. Espaços de Água
O Vale do Tua

por exemplo, a CP, REFER, TAP, etc. (Ibidem, p.27-28). Ainda no âmbito da
divulgação, mas desta vez junto da população local, procurar-se-á estabelecer
uma relação próxima com as escolas da região, para sensibilizar os jovens e a
comunidade em geral, através da realização de diversas actividades, tais como
jogos e percursos temáticos (Ibidem, p.41).

Com o objectivo de desenvolver uma identidade para este parque, está


prevista a criação e projecção da marca “Tua”, que será atribuída a produtos
endógenos certificados11, apoiando quer o processo de fabricação artesanal,
quer a sua venda, graças a guias e a provas de degustação (Ibidem, p.39).

Por último, serão definidas rotas temáticas, tendo em conta os trilhos e


circuitos existentes, quer a nível concelhio, como, por exemplo, os percursos
pedonais dos concelhos de Carrazeda de Ansiães e de Mirandela, quer regional,
nomeadamente os roteiros associados ao Douro, ao vinho do Porto e ao
azeite (Ibidem, p.31). Os temas seleccionados são os “Miradouros”, a “Água”
e o “Património”, entre outros que possam surgir, e serão articulados através
de cinco pontos de conexão12, preparados para informar e apoiar os visitantes
(Ibidem, p.32). É importante lembrar que estas rotas estarão igualmente
interligadas com o plano de mobilidade multimodal e com o núcleo museológico
de Foz Tua, previstos na DIA do aproveitamento hidroeléctrico (Ibidem, p.33).

11. Será feito um levantamento e registo dos diferentes produtos da região, de modo a definir
aqueles que poderão ser certificados e designados por essa marca (Ibidem, p.39).

12. Esses pontos serão distribuídos pelos cinco concelhos, e poderão ser os seguintes: a con-
fluência dos dois rios que dão origem ao Tua (Mirandela), a aldeia ribeirinha do Vieiro (Vila Flor),
as termas de São Lourenço (Carrazeda de Ansiães), o miradouro de Nossa Senhora da Cunha
(Alijó) e as caldas de Carlão/Santa Maria Madalena (Murça) (Ibidem, p.32).

57
II. O Parque Natural

A Paisagem como Património

Antes de prosseguir para a parte prática da presente dissertação,


é pertinente reflectir um pouco sobre os conceitos que são muitas vezes
abordados pelos diversos agentes responsáveis pela gestão do território e
promovidos como máximas a atingir. Pretende-se “proteger” a “paisagem”, o
“património”, de modo a permitir o “desenvolvimento” e o “progresso” de uma
região, mas o que é que se entende por cada uma destas noções e como é que
estas se materializam? Não se pretende fazer uma recolha exaustiva de todas
as definições que já lhes foram atribuídas ao longo dos tempos, até porque já
vários autores se debruçaram sobre o assunto, como por exemplo Gonçalo
Ribeiro Telles (1996, 1997), Augusto Gil Gaspar (1997), Alexandre Cancela
d’Abreu, Teresa Pinto Correia e Rosário Oliveira (2004) e Fernando Pau-Preto
(2008), entre outros. Deseja-se, sim, ponderar sobre aquilo que representam
nos nossos dias, questionando de certa forma os dogmas divulgados pelas
diferentes entidades.

61
Planear a Paisagem | O Parque Natural Regional do Vale do Tua
O Parque Natural

Começando pelo conceito de paisagem, apesar da variedade de


significados que já assumiu, “algo é transversal aos diversos enunciados: a
envolvência do Homem e da componente humana, relacionando-o como factor
determinante para a existência da paisagem” (Pau-Preto, 2008, p.56). Ambas
as partes, natural e humana, dependem uma da outra. As pessoas modificam
e adaptam-se ao meio ambiente, e vice-versa, sendo este a “herança de cada
região ou país, o arquivo constantemente acrescido, e também constantemente
transformado, da presença das populações num dado território ao longo dos
séculos” (Telles, Pessoa & Alves, 1996, p.9). Assim, pode afirmar-se que a
paisagem, indissociável da forma do próprio território, é também o reflexo de
uma cultura, de um património, “como conceito global em que se esbatem as
fronteiras do natural com o cultural” (Ibidem).

O património, por sua vez, é sempre “uma herança do passado, intencional


ou não, adquirindo um valor que lhe é atribuído pela sociedade actual” (Pau-
-Preto, 2008, p.179), independentemente da forma como se materializa e
das categorias que lhe possam ser aplicadas. Mas como é que esse legado é
“protegido” e pode representar uma âncora para o “desenvolvimento” de um
território?

Como referem vários autores citados anteriormente, nomeadamente


Fernando Pau-Preto, as guerras mundiais desencadearam uma
“consciencialização colectiva sobre a protecção dos bens patrimoniais” (2008,
p.34). Foram realizadas diversas conferências e convenções internacionais13

13. Alguns exemplos: a “I Conferência Internacional para a Conservação dos Monumentos


Históricos” (Atenas, 1931); a “Convenção para a Protecção dos Bens Culturais em caso de Con-
flito Armado” (Haia, 1954); a “II Conferência Internacional para a Conservação dos Monumen-
tos Históricos” (Veneza, 1964); a “Convenção para a Protecção do Património Mundial, Cultural
e Natural” (Paris, 1972); e a “Convenção Europeia da Paisagem” (Florença, 2000).

63
Planear a Paisagem | O Parque Natural Regional do Vale do Tua
O Parque Natural

com o objectivo de preservar as singularidades de cada país, e o conceito


de património deixou de se cingir aos monumentos históricos para passar a
abranger cada vez mais perspectivas, “vivendo-se uma situação onde “tudo”
é património” (Ibidem, p.34-35). Sendo assim, como encarar o nosso território
e articular simultaneamente realidades tão díspares? Através da característica
que todas elas partilham: o seu reflexo na paisagem que as sustenta.

A Convenção para a Protecção do Património Mundial, Cultural e Natural,


redigida pela UNESCO em 1972, define os conceitos de património cultural e
de património natural, reunindo-os pela primeira vez e defendendo que a sua
“identificação, protecção, conservação, valorização e transmissão às gerações
futuras (…) constitui obrigação primordial” (UNESCO, 1972, artigo 4º). São
igualmente estabelecidas as bases que levariam à criação da Lista do Património
Mundial, em 1979. Se os princípios defendidos são louváveis, os bens abrangidos
são, no entanto, bastante restritos, uma vez que só são considerados os que
têm “valor universal excepcional” (Ibidem, artigo 11º).

Em 2000, é criada a Convenção Europeia da Paisagem, que é aqui


reconhecida como “uma componente essencial do ambiente humano, uma
expressão da diversidade do seu património comum cultural e natural e base
da sua identidade” (Conselho da Europa, 2000a, artigo 6º). Aplica-se a todos os
ambientes que nos rodeiam, independentemente do grau de influência humana
ou do estado de conservação, e pretende afirmar a integração da paisagem nas
políticas que possam ter qualquer tipo de impacto, directo ou não, sobre ela.

Em Portugal, do ponto de vista legislativo, a Lei de Bases do Ambiente,


de 1987, já reconhece a importância da paisagem, como conceito global, para
o ordenamento do território e prevê a implementação de uma rede nacional
de áreas protegidas, oficializada em 1993, para “a protecção e estudo dos

65
Planear a Paisagem | O Parque Natural Regional do Vale do Tua
O Parque Natural

ecossistemas naturais e ainda a preservação de valores de ordem científica,


cultural, social e paisagística” (artigo 29º). Dela resultou toda a legislação
produzida posteriormente sobre a preservação do ambiente, de que se
destaca a Estratégia Nacional de Conservação da Natureza e da Biodiversidade,
implementada em 2001, e o Decreto-Lei nº 142/2008, que cria a Rede
Fundamental de Conservação da Natureza, englobando e definindo as várias
tipologias de áreas protegidas14.

De entre as diversas categorias estabelecidas, e pela sua pertinência para


o tema em estudo, salienta-se a de “Parque Natural”, que designa “uma área
que contenha predominantemente ecossistemas naturais ou seminaturais,
onde a preservação da biodiversidade a longo prazo possa depender da
actividade humana, assegurando um fluxo sustentável de produtos naturais e
de serviços” (Decreto-Lei n.º 142/2008, artigo 17.º). O seu objectivo, para além de
proteger os valores naturais existentes, é estimular a promoção de actividades
de recreio e de lazer adaptadas à área em causa, e as “que constituam vias
alternativas de desenvolvimento local sustentável” (Ibidem). Se em teoria os
valores defendidos são nobres, pecam, no entanto, por não ter consequências
práticas directas, uma vez que a legislação não impõe nenhuma medida para se
atingir esse segundo objectivo.

Quando o parque natural é de âmbito nacional, tem de dispor,


obrigatoriamente, de um plano de ordenamento que “estabelece a política de
salvaguarda e conservação que se pretende instituir em cada uma daquelas
áreas” (ICNF, s.d. a), mas se for de âmbito regional ou local fica apenas sujeito

14. Composta pelo Sistema Nacional de Áreas Classificadas (que integra a Rede Nacional de
Áreas Protegidas, a Rede Natura 2000 e as demais áreas classificadas ao abrigo de compromis-
sos internacionais assumidos pelo Estado Português), pela Reserva Ecológica Nacional, pela
Reserva Agrícola Nacional e pelo Domínio Público Hídrico (Decreto-Lei nº 142/2008, artigo 5º).

67
Planear a Paisagem | O Parque Natural Regional do Vale do Tua
O Parque Natural

aos actos de criação e aos planos municipais de ordenamento do território


(Decreto-Lei n.º 142/2008, artigo 23º). Em ambos os casos, estes planos apenas
definem os usos do solo, ou seja, não têm qualquer propensão estratégica.

Assim, a classificação de um certo território não conduz, por si só, a


repercussões na realidade das actuações sobre ele. Cabe às entidades locais,
aos municípios ou às associações decidir a forma como poderão intervir e tirar
partido dessas áreas.

O produto turístico

Há uma tendência crescente, a nível europeu, para a valorização dos


recursos endógenos como elementos distintivos de uma determinada
região (Pau-Preto, p.21). Esses recursos reflectem a relação complementar
e unificadora entre o meio físico e a sua história, bem como as actividades
tradicionais e os produtos locais. Para além da preocupação em proteger
essas dinâmicas, muitos responsáveis têm procurado promovê-las como um
atractivo turístico e de desenvolvimento económico, associando aos valores
ambientais defendidos componentes como o lazer, o desporto e a cultura. Para
isso, é necessário “adaptar, desenhar produtos específicos para este mercado
e disponibilizar uma oferta de acolhimento suficiente” (Ibidem, p.65).

Como exemplo dessa articulação entre a protecção e a promoção do


território, e na sequência de um estudo sobre o turismo em espaços classificados15

15. Esse estudo culminou com a publicação de um relatório intitulado “Loving Them to Death?

69
Planear a Paisagem | O Parque Natural Regional do Vale do Tua
O Parque Natural

realizado, em 1993, pela Federação Europarc16, foi criada, em 2001, a Carta


Europeia do Turismo Sustentável nas Áreas Protegidas, com o objectivo de
sensibilizar para a importância da preservação das mesmas e “melhorar o
desenvolvimento e a gestão sustentável do turismo nos espaços protegidos
tendo em conta as necessidades do ambiente, dos habitantes, das empresas
locais e dos visitantes” (Federação Europarc, 2010, p.22). Os signatários
comprometem-se a implementar uma estratégia local que “respeite e preserve
a longo prazo os recursos naturais, culturais e sociais, e que contribua de uma
forma positiva e equitativa ao desenvolvimento económico e à realização dos
indivíduos que vivem, trabalham ou visitam os espaços protegidos” (Ibidem,
p.4), graças a uma parceria entre a área classificada e todos os agentes
relacionados com o turismo, no interior ou nos arredores da mesma. Essa
estratégia deve ter em conta um conjunto de princípios-chave comuns17,
baseada, contudo, nas especificidades de cada território.

Embora o objectivo deste trabalho não seja o de propôr a subscrição


desta Carta, os princípios que nela se defendem são os que se proclamam para
a valorização do Vale do Tua, pelo que os casos de estudo escolhidos para

Sustainable Tourism in Europe’s Nature and National Parks”, onde “se defende uma forma
menos intensiva de turismo que compatibilize e integre os aspetos naturais, culturais e sociais
com o desenvolvimento económico nestes espaços” (ICNF, s.d. b).

16. A Federação Europarc, fundada em 1973, é uma organização não-governamental inde-


pendente dedicada aos espaços protegidos europeus. Representa cerca de 365 membros, que
incluem áreas protegidas, administrações públicas, organizações não-governamentais e empre-
sas de 36 países (Federação Europarc, s.d.).

17. Esses conceitos-chave centram-se nos seguintes eixos: protecção e valorização do


património natural e cultural, melhoria da qualidade da oferta turística, sensibilização do públi-
co, criação de uma oferta turística específica do território, formação dos agentes implicados,
preservação e apoio à qualidade de vida dos habitantes, desenvolvimento económico e social,
e controlo da frequência turística (Federação Europarc, 2010, p.8-10).

71
Planear a Paisagem | O Parque Natural Regional do Vale do Tua

A. Parque Natural de Sierra Mágina | 19’961 ha


B. Parque Natural de la Sierra de Las Nieves | 20’163 ha
C. Parque Natural de Sierra María-Vélez | 22’562 ha
D. Parque Natural de las Sierras Subbéticas de Córdoba | 32’056 ha
E. Parque Natural de las Sierras de Cardeña y Montoro | 38’449 ha
F. Parque Natural de Tejeda, Almijara y Alhama | 40’663 ha

E.
A. F.
D.
C.

B.

72. Casos de estudo: Parques Naturais de Andaluzia, Espanha


O Parque Natural

análise são parques naturais signatários da mesma. Uma vez que estes espaços
são numerosos e diversificados, seleccionaram-se aqueles que têm dimensões
aproximadas e características semelhantes às do objecto de investigação,
seja sob o ponto de vista da morfologia do território, do clima e do ambiente
natural, seja pelo seu património.

Uma vez que se pretendem estudar as estratégias seguidas por estas


áreas protegidas, quer no âmbito das propostas aplicadas quer da sua
promoção, elegeram-se seis parques naturais da região de Andaluzia, em
Espanha, pelo facto de todos eles seguirem uma estratégia idêntica, ao nível da
sua divulgação e da sua estruturação. Estes serão analisados do ponto de vista
dos conceitos que os sustentam e das perspectivas que, de uma forma global,
foram valorizadas em cada caso, mas não se aprofundará nenhum parque em
particular.

Casos de estudo: Parques Naturais de Andaluzia, Espanha

A região de Andaluzia, no sul de Espanha, engloba quarenta e oito áreas


protegidas, de entre as quais vinte e quatro são parques naturais. Apesar
de só seis18 serem semelhantes ao objecto de estudo e membros da Carta, a
administração tem vindo a apostar numa parceria com um grupo editorial

18. Esses Parques Naturais são os seguintes: Sierra Mágina (19’961 ha); Sierra de las Nieves,
(20’163 ha); Sierra María – Los Vélez (22’562 ha); Sierras Subbéticas de Córdoba (32’056 ha);
Sierras de Cardeña y Montoro (38’449 ha); e Sierras de Tejeda, Almijara y Alhama (40’663 ha).
Existem outras áreas classificadas desta região que assinaram a Carta Europeia de Turismo Sus-
tentável, mas não serão analisadas por terem características muito divergentes do Vale do Tua.

73
Planear a Paisagem | O Parque Natural Regional do Vale do Tua

73. Excertos do Guia Oficial do Parque Natural Sierra de Mágina


O Parque Natural

privado de forma a promover as diferentes áreas protegidas, através de uma


colecção de guias oficiais que divulgam as suas ofertas (Bernal, s.d. c, p.5).
Actualmente, dezoito destes parques já são estruturados e apresentados desta
forma.

A informação disponibilizada ao visitante segue a mesma tipologia


e o mesmo formato, através de informações úteis e mapas, com todos os
pontos de interesse assinalados e descrições dos factores distintivos da
região, abrangendo as mais diversas perspectivas, tais como a natureza, a
tradição e os produtos locais, por exemplo. Foram igualmente criados, para
cada um deles, percursos temáticos relacionados com esses mesmos valores
culturais, procurando divulgar, de forma clara e directa, alguns dos aspectos
característicos da região e do seu património.

Assim, foram definidas, para cada parque natural em estudo, quatro a


seis rotas temáticas, que evidenciam as vertentes singulares da área em causa,
do ponto de vista da natureza (água, vegetação, fauna, paisagem), da história
(património construído, vestígios arqueológicos, castelos) e da tradição
(cultivos, pastoreio, artesanato, gastronomia). Cada um destes percursos
atravessa os locais mais representativos dos aspectos que se procuram realçar,
não só dentro da área protegida, mas também nos seus arredores, e articula o
uso do automóvel com trilhos pedonais, consoante a sua extensão, a distância
entre os locais seleccionados e a morfologia do território.

No caso do Parque Natural Sierra de Mágina, por exemplo, foram traçadas


cinco rotas temáticas: “a serra dos mananciais”, “castelos e torreões: terra de
fronteiras”, “pela alta montanha de Mágina”, “Porto da Mata” e “oliveiras
eternas” (Ibidem, p.7). A primeira, dedicada à água, encaminha o visitante para
as numerosas nascentes existentes, levando-o, simultaneamente, a descobrir

75
Planear a Paisagem | O Parque Natural Regional do Vale do Tua

74. Excertos do Guia Oficial do Parque Natural Sierra de Mágina


O Parque Natural

as construções tradicionais ligadas ao aproveitamento deste recurso, tais


como fontes, bebedouros para os animais e depósitos de água, entre outros
(Ibidem, p.24). A segunda, por sua vez, liga várias construções defensivas, que
constituíram outrora “uma incerta fronteira entre cristãos e muçulmanos”
(Ibidem, p.42). O terceiro e o quarto itinerários, percorridos a pé, atravessam
áreas mais selvagens e permitem admirar prados, matos e espécies autóctones,
bem como desfrutar de vistas panorâmicas (Ibidem, p.68 e 88). Por fim, o
último percurso homenageia o azeite e os olivais, sempre presentes, quer em
zonas mais planas, quer nas encostas (Ibidem, p.106).

Propõe-se, assim, ao visitante descobrir o vasto património natural e


cultural do parque através de cinco facetas distintas, mas complementares,
que se vão sobrepondo ao longo do território, uma vez que, “evidentemente,
é quase impossível adjudicar estritamente uma temática a cada itinerário, pois
natureza e cultura dispersam-se ao longo e ao largo da superfície da serra e não
se deixam aprisionar em rígidos esquemas” (Ibidem, p.20). Ainda assim, estes
roteiros permitem dar a conhecer as maiores riquezas da região de uma forma
simples e objectiva.

Como se referiu, na primeira parte da dissertação, a Agência de


Desenvolvimento Regional do Vale do Tua pretende igualmente implementar
este sistema de rotas temáticas, apostando em características que
também foram valorizadas em algumas destas áreas protegidas andaluzes,
nomeadamente o património, a água e os miradouros. Como tal, apresentam-
-se de seguida três exemplos semelhantes aos que poderão ser definidos para
a área do Tua, descritos nos respectivos guias oficiais.

No âmbito do património, apesar da diversidade de exemplos que


o conceito abrange, destaca-se o percurso das atalaias e dos castelos, no

77
Planear a Paisagem | O Parque Natural Regional do Vale do Tua

75. 76.

75. Rota “Atalaias e Castelos”, do Parque Natural Sierras Subbéticas


76. “Rotas da água”, do Parque Natural Sierra de las Nieves
O Parque Natural

Parque Natural Sierras Subbéticas, que permite descobrir várias fortificações


construídas ao longo dos tempos para defender o território (Obra, 2011, p.36).
O percurso começa no castelo de Luque, de onde se parte através da “Rota
do Califado”, uma antiga via do tempo do domínio árabe que ligava Córdoba
e Granada, em direcção à povoação de Zuheros, onde é possível visitar, entre
outros, o museu arqueológico e o castelo, e usufruir dos vários miradouros
(Ibidem, p.36-40). Acompanha-se, depois, a “via verde do azeite”, uma antiga
linha ferroviária transformada num percurso pedonal e ciclável, até chegar a
Doña Mencía, onde se recomenda a visita do museu arqueológico e do núcleo
histórico, bem como da Fonte das Pias e da Torre da Prata, nas proximidades
da localidade (Ibidem, p.40-43). Retoma-se o caminho até à cidade de Cabra, e
segue-se rumo a Rute, onde se podem descobrir as ruínas da antiga povoação
de “Rute el Viejo” e a atalaia de “El Canuto”, na serra rutenha, acessível através
de um trilho pedestre (Ibidem, p.47-49). De seguida, é necessário regressar
pelo mesmo caminho durante alguns quilómetros, e dirigir-se posteriormente
para Carcabuey, visitando a torre de vigia de “El Algar” e, por fim, o castelo de
Carcabuey (Ibidem, p.49-57).

Por sua vez, “as rotas da água” servem de mote para um dos percursos
temáticos do Parque Natural Sierra de las Nieves que permite descobrir
alguns dos pontos mais emblemáticos associados a este elemento e ao seu
aproveitamento por parte das populações locais. O primeiro local de paragem
é um miradouro junto à barragem da Conceição, construída em 1971, de onde
é possível contemplar o mar, o rio Verde, a albufeira e as serras (Bernal, s.d.
a, p.100). Prossegue-se até Istán, situado num outeiro sobre os vales dos rios
Verde e Molinos, onde diversos miradouros proporcionam amplas vistas sobre
as serras, o rio e o mar. A importância da água é patente em toda a povoação,
em numerosas fontes e no lavadouro público, e até existe um centro de

79
Planear a Paisagem | O Parque Natural Regional do Vale do Tua

77. Rota dos “Miradouros”, do Parque Natural Sierra de las Nieves


O Parque Natural

interpretação dedicado a este recurso (Ibidem, p.101-104). A apenas 1 km da


vila, encontra-se o local onde nasce o rio Molinos, assim designado devido
aos vários moinhos que aí existiam no início do século XX (Ibidem, p.105). É,
ainda, proposto fazer um desvio de cerca de 8 km até ao “Charco del Canalón”,
uma área balnear natural acessível através de trilhos pedonais (Ibidem, p.107).
Retomando o itinerário definido, segue-se até ao porto Moratán, a partir do qual
podem ser escolhidos dois percursos: o primeiro conduz a Monda, permitindo
a conexão com outra rota temática do Parque Natural19, e o segundo dirige-se
para Tolox, atravessando a área protegida e tendo como principais atractivos a
paisagem, a vegetação e os vários miradouros (Ibidem, p.107-111).

Por último, e também no Parque Natural Sierra de las Nieves, é proposta


a rota dos miradouros, que percorre os lugares que oferecem as melhores
panorâmicas (Ibidem, p.114). Partindo da cidade de Ronda em direcção a
Yunquera, sugerem-se dois pontos de paragem com vistas amplas sobre a área
protegida, onde é possível observar as serras, a vegetação e as aves (Ibidem,
p.116-119). Chegando a Yunquera, um pequeno desvio conduz a mais dois
miradouros: a partir do primeiro vêem-se as serras e os vales dos rios Grande e
Guadalhorce, com o mar no horizonte, e o segundo permite desfrutar de uma
vista sobre diversas povoações e serras, o mar e, com condições atmosféricas
favoráveis, o perfil do continente africano (Ibidem, p.119-125). Retomando o
itinerário proposto, segue-se para Alozaina, de onde se podem observar a Sierra
Preta e o Vale do Guadalhorce, bem como as terras cultivadas e os mosaicos
agrícolas (Ibidem, p.125-127). O percurso termina na vila de Casarabonela, no
lugar onde se situava o antigo castelo, admirando o vale e as suas povoações

19. A localidade de Monda é o ponto de intersecção com a segunda rota temática do Parque
Natural Sierra de las Nieves, “pelas portas do parque”, que atravessa as povoações directa-
mente vinculadas ao parque e permitem o acesso ao mesmo (Bernal, s.d. a, p.76).

81
Planear a Paisagem | O Parque Natural Regional do Vale do Tua
O Parque Natural

(Ibidem, p.128-131).

Apesar de cada território ser diferente, a criação de rotas temáticas


permite uma divulgação directa das ofertas que possui. De uma forma simples
e clara, transmitem-se os seus principais actrativos, geralmente associados à
natureza e ao património. No entanto, este sistema promove uma imagem
global da região, uma vez que se aposta nas semelhanças, através de locais
e características comuns. São destacados três ou quatro símbolos que
representam o espaço em causa e propicia-se, indirectamente, a ilusão de um
território homogéneo. O visitante formula uma ideia geral sobre a área a partir
da descoberta de um percurso pré-definido, de uma experiência parcial, e é
exactamente o oposto que se pretende fomentar na proposta para o Parque
Natural Regional do Vale do Tua, que se apresenta de seguida.

83
III. A Proposta

A Estratégia

Como foi referido na primeira parte, o Vale do Tua é um território amplo


e diverso, que contém muitos mais ambientes para além da “Terra Quente”,
do “Baixo Tua e Ansiães” e do “Douro Vinhateiro”. Se é claro que existem
várias características comuns a toda a região, nomeadamente no que respeita
aos cultivos, produtos e tradições, existem também imensos contrastes e
elementos de surpresa que são revelados quando se percorre a área.

A tendência geral seguida na divulgação desta e de outras áreas mais


“rurais” tem sido a aposta nas semelhanças do território, nas suas várias
facetas, promovendo uma imagem relativamente homogénea. As espécies
cultivadas e os produtos tradicionais são mais ou menos constantes: neste
caso, o olival e a vinha são as culturas dominantes, e os produtos regionais,
para além do vinho e do azeite, centram-se no fumeiro, carne, queijo, mel e
frutos, com destaque para a amêndoa (Beja & Rocha, 2013a, p.68-71). O mesmo
acontece com o artesanato, as actividades e as tradições, e, por isso, é “normal”

87
Planear a Paisagem | O Parque Natural Regional do Vale do Tua

Mirandela

Murça

Rio Tinhela
Rio Tua

Vila Flor

Alijó

Carrazeda de Ansiães

Rio Douro
N
5000m
Núcleos propostos para articular os diferentes troços das “marcas de água”
Património assinalado no tema das “marcas de pedra”
78. “Marcas de água e de pedra” | Esquema de estudo da estratégia
A Proposta

que a promoção deste património transmita ou induza a ideia de uma região


uniforme. Mas, se se fomenta essa visão de igualdade e de globalidade, como
é que se levará o visitante a descobrir o território? Partindo do princípio de que
tudo é semelhante, basta conhecer um local para saber como é o resto…

A proposta deste trabalho é precisamente contrariar essa tendência de


uniformização e apostar nas diferenças e nos contrastes, de forma a incitar
as pessoas a percorrer a área. Não se pretende centrar as intervenções
nos núcleos dos concelhos mas, sim, no que está entre eles, estimulando
a descoberta dos vários recantos que os lugares oferecem. Existem mais
riquezas para além das características comuns, espalhadas um pouco por toda
a parte, como, por exemplo, vestígios arqueológicos, construções peculiares
dos nossos antepassados ou ainda ocorrências naturais únicas. As diferentes
morfologias e condicionantes do terreno criaram ambientes únicos e levaram
as populações a adaptar-se de forma distinta ao meio em que viviam, e são
essas singularidades, resultantes da interacção entre o homem e o meio e,
consequentemente, reflectidas na paisagem, que se pretendem valorizar.

Assim, a estratégia é levar as pessoas a definirem livremente os seus


próprios percursos, recorrendo, para tal, aos vários pontos que reflectem os
traços da ocupação desta região: as “marcas de água e de pedra”. “Água” e
“Pedra”, porque estes elementos são a base deste território e estão, desde
sempre, na origem das intervenções das populações para satisfazer as suas
necessidades básicas: defender-se, abrigar-se e alimentar-se. Hoje em dia, tendo
estes valores garantidos, estes recursos e as suas marcas podem ser adaptados
para as nossas novas expectativas, como o lazer, o desporto ou a cultura.

A água, fonte de vida sabiamente aproveitada pelas sucessivas gerações,


está presente em todas as povoações, em fontes e tanques públicos, e corre em

89
Planear a Paisagem | O Parque Natural Regional do Vale do Tua

79. Rio Tua, perto da aldeia de Frechas

80. Rio Tua, perto da aldeia do Cachão


81. Azenha no rio Tua, na Ribeirinha
82. Fonte em São Lourenço

83. Vista geral a partir do Castelo de Ansiães

84. Rocha perto da aldeia do Vieiro


85. Moinho de vento em Carrazeda de Ansiães
79. 86. Anta em Zedes

80. 81. 82.

79.
80.
83. 81.
84.

82.
86.

85.

83.

N
84. 85. 86. 5000m
A Proposta

numerosos ribeiros e afluentes, mas é no Tua que ganha o seu protagonismo.


Este rio, elemento estruturante e unificador do território, é marcado por
três momentos diferentes, nos quais vai estabelecendo relações distintas
com o espaço em redor. Cada um destes troços proporciona ao viajante uma
interacção particular com o rio, a partir das áreas percorridas à sua volta, e
propicia, assim, experiências distintas.

A pedra, por sua vez, domina toda a envolvente, quer na sua forma natural,
em serras ou fragas, quer no seu uso pelos habitantes da região, em diversos
tipos de construções. Independentemente do caminho que se percorra, a
sua companhia é constante mas variada, estabelecendo um contacto mais ou
menos próximo com o observador. Para além das múltiplas rochas em equilíbrio
ou com morfologias inabituais, verdadeiras obras de arte da natureza, existem
nesta região imensos vestígios arqueológicos de diferentes períodos históricos
que, no entanto, não são valorizados pelas entidades locais e acabam por ser
desconhecidos por grande parte da população.

Estes dois elementos, água e pedra, serão assim o fio condutor das
propostas delineadas, com o objectivo de levar os visitantes a percorrer
o território e descobrir a variedade de actividades que podem realizar nas
diferentes perspectivas.

91
Planear a Paisagem | O Parque Natural Regional do Vale do Tua

Mirandela

Murça

Rio Tinhela
Rio Tua

Vila Flor

Alijó

Carrazeda de Ansiães

Rio Douro
N
5000m

87. “Marcas de água” | Esquema de estudo da estratégia


A Proposta

“Marcas de água”

O tema da água abrange uma infinidade de traços que acabam por


caracterizar o território, mas a sua maior expressão revela-se nos rios Tua,
Tinhela e Douro, que são, por isso, a base das propostas definidas. Cada um
destes rios estabelece relações distintas com a sua envolvente e proporciona
diferentes experiências a quem percorre o espaço que os rodeia. Alguns troços
permitem um contacto directo com a água, propícios a actividades fluviais,
enquanto outros apenas deixam entrever o vale ao longe ou no fundo de
encostas declivosas; da mesma forma, alguns atravessam áreas mais planas e
são facilmente alcançáveis, enquanto outros correm em gargantas inóspitas,
praticamente inacessíveis. Pretende-se, assim, explorar esta variedade de
ambientes que motiva diversas interacções e actividades, assumindo e
valorizando os contrastes entre eles.

O Tua, elemento fundamental desta área protegida, foi dividido em três


segmentos, correspondentes a abordagens distintas. O primeiro começa na
confluência dos rios Rabaçal e Tuela, dando origem ao Tua, e termina na aldeia
de Ribeirinha, atravessando a zona mais plana do seu curso. As povoações
situam-se perto das margens e é possível ter um contacto próximo e directo
com a água. O segundo, por sua vez, faz a transição entre a planície, a montante,
e o vale profundo, a jusante; o relevo começa a acentuar-se, as povoações e os
caminhos afastam-se do rio e a relação com a água é essencialmente visual,
a partir de percursos ou pontos mais específicos. Finalmente, o último troço,
da Brunheda até à foz, destaca-se pela imponência das vertentes íngremes
onde a influência do homem passa quase despercebida perante a força do
meio natural, sendo contudo perceptível a linha ferroviária, harmoniosamente
articulada com a corrente. Apesar das suas potencialidades únicas, é, no

93
Planear a Paisagem | O Parque Natural Regional do Vale do Tua
A Proposta

entanto, a área mais incerta, uma vez que poderá ser substancialmente alterada
com a construção da barragem. Por esta razão são propostos dois cenários
alternativos, contrapondo as oportunidades existentes actualmente com as
que se ambicionam criar se o empreendimento for concretizado.

Complementarmente, o rio Tinhela, afluente do Tua, permite ligar a vila


de Murça a este eixo principal, desaguando perto de Brunheda. Correndo num
vale marcado na envolvente e adivinhando-se assim o seu perfil, a linha de
água é quase imperceptível a partir das estradas e das aldeias em seu redor.
Existem, no entanto, diversos trilhos que conduzem o visitante até às suas
margens, onde poderá encontrar pequenas áreas de lazer20 e desfrutar do clima
ribeirinho.

Por fim, pretende-se igualmente reforçar o vínculo deste território


com o Douro, importante foco económico e de atracção turística, através
do restabelecimento da articulação entre a área de estudo e a região
duriense, oferecendo, desta forma, aos visitantes um produto alternativo e
complementar. Propõe-se, ainda, um percurso entre a estação de Foz Tua e o
cais da Senhora da Ribeira que destaca o contraste entre a paisagem vinhateira,
junto ao rio, e o domínio da fraga, no planalto de Ansiães.

Apresentadas as linhas gerais, descrevem-se de seguida as propostas


para cada uma das partes definidas.

20. Apesar de não serem certificados como praias fluviais (Portaria nº 101-A/2014), estes es-
paços são muitas vezes usados como tal pela população local e alguns possuem infra-estruturas
de apoio, como, por exemplo, bar e parque infantil.

95
Planear a Paisagem | O Parque Natural Regional do Vale do Tua

1. Chelas | Maravilha

2. Mirandela

Troço 1.

3. Frechas

4. Cachão
5. Vilarinho das Azenhas

6. Ribeirinha | Longra | Barcel


N N
2500m 5000m

Legenda de cores: Ofertas existentes Equipamentos ou actividades existentes, que se pretendem reforçar e/ou valorizar Ofertas propostas

Legenda de símbolos: Jardim / Parque Parque de merendas Parque infantil Praia fluvial Piscina Balneários Jetski Canoagem Açude e/ou azenha

Cafetaria Restaurante Alojamento Parque campismo / caravanismo Turismo rural Estação / Apeadeiro Percurso pedestre Equipamento cultural Complexo industrial Ponte

88. “Marcas de água” | O Tua - Troço 1


A Proposta

O Tua
Tua 1 | O diálogo com o rio

Ao longo do primeiro segmento, correspondente ao troço inicial do Tua,


o rio atravessa um território pouco (ou menos) declivoso, o que permite uma
certa proximidade com a água a partir da área envolvente. Quer a partir da
estrada, em grande parte da sua extensão, quer a partir de caminhos, é possível
acompanhar a corrente e até alcançá-la com relativa facilidade. Ao longo dos
tempos, as populações aprenderam a aproveitar as diversas qualidades deste
recurso, que lhes deu alimento, água para regar os campos e energia para
movimentar as mós das azenhas (Fernandes, 2001, p.33). Assim, as povoações
foram-se desenvolvendo junto às suas margens e os habitantes acostumaram-
-se a usufruir desse ambiente ribeirinho, primeiro por necessidade e, mais
tarde, para o seu bem-estar. Em algumas destas localidades já existem áreas de
lazer, umas mais formais que outras, com diferentes escalas e equipamentos,
mas geralmente perto dos aglomerados. No sentido de promover esse
contacto directo com a água, propício a actividades recreativas e desportivas,
destacam-se seis núcleos de intervenção e/ou consolidação: Chelas/Maravilha,
Mirandela, Frechas, Cachão, Vilarinho das Azenhas e Ribeirinha/Longra/Barcel.
Para cada um destes pontos, ou conjunto de lugares, descrevem-se os seus
aspectos particulares e os espaços que disponibilizam, ou não, às populações,
e apresentam-se, a seguir, algumas medidas para complementar a oferta
existente, nalguns casos, ou criar um novo pólo no âmbito do lazer em espaços
fluviais.

O nascimento do Tua, fruto da junção dos rios Rabaçal e Tuela no lugar


designado localmente por Maravilha, marca o primeiro núcleo. Situada a
cerca de três quilómetros da cidade de Mirandela, esta área é já assumida e
reconhecida como uma área recreativa, que reúne uma praia fluvial, piscinas ao

97
Planear a Paisagem | O Parque Natural Regional do Vale do Tua

89. Praia fluvial da Maravilha, onde os rios Rabaçal e


Tuela se juntam para dar origem ao Tua

90. Chegada à Maravilha

91. Piscina da Maravilha

92. Parque de campismo 3 rios - Maravilha


93. Descrição do percurso pedestre “Entre rios”
94. Início do percurso pedestre “Entre rios”
89.

90.

91. Núcleo 1: Chelas | Maravilha

N
92. 93. 94. 3000m
A Proposta

ar livre e o parque de campismo, apoiados por um bar/restaurante, quiosque


e mini-mercado. Entre os dois afluentes, a 500 metros destes espaços, situa-
-se a aldeia de Chelas, que tem vindo a apostar no turismo rural através da
recuperação de algumas construções, transformadas em estruturas hoteleiras
com ofertas variadas para diferentes públicos, nomeadamente no que respeita
às actividades propostas, quer no âmbito do lazer, quer do desporto. Assim,
sugerem-se ocupações ligadas às práticas agrícolas e aos produtos locais,
como, por exemplo, a manutenção dos olivais e dos pomares, a apanha dos
frutos e o fabrico do azeite, ou exercícios mais dinâmicos, tais como mergulhos
no rio, escalada e passeios pelos montes, a pé, de bicicleta, moto 4 ou cavalo.
Existe ainda um percurso pedestre de pequena rota, certificado pela Federação
de Campismo e Montanhismo de Portugal, que proporciona uma descoberta
das paisagens envolventes. Este é, portanto, um pólo já definido e sólido, que
se pretende articular de uma forma mais ampla, não só com o centro urbano de
Mirandela mas principalmente com o resto do vale.

A cidade de Mirandela constitui o segundo núcleo deste segmento e,


simultaneamente, um ponto charneira no nordeste transmontano, uma vez
que se situa sensivelmente à mesma distância das duas sedes de distrito mais
próximas, Vila Real e Bragança. Atrai um grande número de visitantes, sobretudo
no Verão, para além dos muitos emigrantes que regressam temporariamente
à sua terra natal. Apelidada de “cidade-jardim” ou “princesa do Tua”, possui
vários espaços verdes e jardins públicos, entre os quais se realçam os que
ladeiam o majestoso espelho de água21. As margens do rio são, assim, o centro
das actividades recreativas, reunindo campos de jogos de diversas modalidades,

21. Em 1992 foi construído um açude, a Ponte Europa, com o objectivo de regular os níveis das
águas e resolver os problemas de inundações na cidade (Lopes, 2011, p.96). O espelho de água
assim criado é o eixo central de Mirandela e uma das suas maiores marcas.

99
Planear a Paisagem | O Parque Natural Regional do Vale do Tua

95. Vista aérea do rio Tua, na cidade de Mirandela

96. Parque Dr. José Gama, em Mirandela


97. Parque de Merendas, em Mirandela
98. Parque do Império, em Mirandela

99. Praia fluvial de Mirandela


100. Canoagem em Mirandela
101. Jetski em Mirandela

95.

96. 97. 98.

Núcleo 2: Mirandela

N
99. 100. 101. 3000m
A Proposta

praia fluvial, parque infantil, parque de merendas e anfiteatro ao ar livre,


entre outras áreas de lazer. Durante a época estival, para além dos habituais
mergulhos no rio, é igualmente possível praticar canoagem e andar de gaivota,
alugando o material necessário. O município promove também um conjunto
de iniciativas e de eventos com destaque não só na região mas também fora
das fronteiras nacionais, como é o caso do Campeonato Europeu de Jetski que
se realiza todos os anos nas águas do Tua e traz consigo um grande número
de espectadores. Este é, portanto, um marco estratégico fundamental para
as actividades e desportos de água na região, que pode contudo ser mais
explorado através do aumento da sua oferta. Assim, para complementar o
aluguer dos equipamentos, propõe-se apostar numa maior divulgação destas
modalidades e no alargamento do público-alvo, pois para além de facultar os
meios a quem já pratica esses desportos deve-se procurar atrair novos adeptos,
graças a aulas de iniciação, por exemplo. O reconhecimento das qualidades do
lugar no âmbito do jetski pode ser uma âncora para esta expansão, deixando
de se limitar ao acolhimento de provas de alta competição e estabelecendo-se
como um espaço que permite experienciar esta prática, sendo acessível a um
maior leque de pessoas. Nesta lógica, deve ser criado também um equipamento
próprio dedicado aos desportos aquáticos com o objectivo de informar e guiar
os utentes, bem como apoiar estas modalidades, disponibilizando balneários e
vestiários para os utilizadores e monitores, entre outros serviços adequados.

Continuando o percurso em direcção ao núcleo seguinte, a aldeia de


Frechas, facilmente se observa o leito mais largo e calmo do Tua, seja a partir
da linha ferroviária, da estrada principal ou ainda dos caminhos circundantes.
Existe igualmente outro percurso pedestre de pequena rota, certificado e
devidamente assinalado, que liga os dois pontos de intervenção e permite a
descoberta das singularidades deste troço. O território é aqui pouco desnivelado

101
Planear a Paisagem | O Parque Natural Regional do Vale do Tua

102. Latadas

103. Vista geral da praia fluvial e da aldeia de Frechas

104. Praia fluvial de Frechas

105. Praia fluvial de Frechas


106. Açude na praia fluvial de Frechas
107. Açude na praia fluvial de Frechas

102.

103.

104.

Núcleo 3: Frechas

N
105. 106. 107. 3000m
A Proposta

e, por isso, propício a um contacto directo com a água em quase toda a sua
extensão. Existiu, entre as duas localidades, o lugar de Latadas, associado a
um moinho de água, mas encontra-se hoje em dia praticamente desaparecido
(Fernandes, 2001, p.78). Já em Frechas, para além do património edificado,
como o pelourinho e os solares, por exemplo, e da oferta no âmbito do turismo
rural, destaca-se a área da praia fluvial. Apesar de não ser homologado como
tal (Portaria nº 101-A/2014), este espaço tem vindo a ser alvo de intervenções de
qualificação, nomeadamente ao nível dos acessos, do tratamento do espaço
público e dos equipamentos de apoio. Os utilizadores podem usufruir de uma
ampla área de lazer com parque infantil e parque de merendas, bem como bar
e instalações sanitárias. Ainda dentro do tema das marcas de água e de pedra,
importa realçar o pequeno açude que permitiu o aparecimento desta bolsa de
água, bem como os vestígios de uma antiga azenha, alguns metros a montante,
que pertencem actualmente aos últimos traços da cultura moleira do Tua. Este
núcleo está, portanto, num processo de afirmação da sua identidade ribeirinha,
e a chave da sua consolidação poderá centrar-se na articulação com as suas
origens; “no passado, além de outras serventias, movimentava as azenhas,
servia de via de comunicação dos povos, de centro produtor de peixe e era junto
do rio, nas frieiras que as pessoas iam buscar água para beber” (Fernandes,
2001, p.136). Propõe-se, assim, a recuperação e valorização das construções
ligadas ao aproveitamento da água, como por exemplo moinhos, noras e
fontes, que foram outrora um marco deste território e estão, infelizmente, em
risco de desaparecer.

Se os primeiros núcleos descritos estão já definidos e relativamente


consolidados, aproveitando a relação dos lugares com o rio, os seguintes não
reflectem a mesma realidade. Apesar da proximidade entre as aldeias e o Tua,
não existe nenhuma ligação clara entre eles, aproveitando-se apenas a água,

103
Planear a Paisagem | O Parque Natural Regional do Vale do Tua

108. Vista geral da aldeia do Cachão, onde se


distinguem o Complexo Agro-Industrial e o Bairro
Social

109. Estação ferroviária do Cachão


110. Linha do Tua no Cachão
111. Estação e antigo armazém, no Cachão

108.

Núcleo 4: Cachão
N
109. 110. 111. 3000m
A Proposta

pontualmente, para fins agrícolas. Pretende-se, por isso, criar espaços de lazer
que permitam (re)aproximar as populações e o rio e assim tirar partido das
“marcas de água”.

Nesta lógica, decidiu-se assinalar um quarto núcleo no Cachão, onde, tal


como nos casos anteriores, o rio é facilmente alcançável a partir da povoação,
através de um caminho de terra batida que parte junto à estação ferroviária.
Esta aldeia era apenas um lugar da freguesia de Frechas, onde, à semelhança
de Latadas, existia uma azenha (Fernandes, 2001, p.22). Como refere Albano
Viseu, o sítio começou a ganhar mais importância com a construção da linha
ferroviária, em 1887, uma vez que servia não só as povoações em redor
mas principalmente Vila Flor. Existiam dois armazéns e um celeiro onde os
produtos eram guardados para depois serem escoados através do comboio
(2007, p.256-260). Ainda assim, foi a partir de 1963 que se afirmou como um
pólo dinamizador da região, com a construção do Complexo Agro-pecuário
e Industrial do Cachão – CAICA – que transformava os produtos agrícolas
e assegurava a distribuição dos mesmos, interna e externamente (Ibidem).
Para além de criar emprego, também foi responsável pelo crescimento da
povoação, graças à edificação de várias infra-estruturas, como, por exemplo,
o bairro social, duas escolas primárias, um infantário, etc. (Ibidem, p.211). “A
aldeia estava associada ao êxito do complexo, a nível económico, cultural,
social, escolar…” (Ibidem, p.339). A partir da Revolução de 25 de Abril de
1974, a situação do complexo foi-se agravando e este acabou por encerrar, em
1992, tendo sido entregue a maior parte do seu património aos municípios de
Mirandela e Vila Flor, que o transformaram em Parque Industrial onde ainda
funcionam, actualmente, algumas fábricas (Viseu, 2012, p.11). A poucos metros
da estrada principal e deste complexo, a margem esquerda desenvolve-se numa
extensa área praticamente plana, propícia à criação de um espaço recreativo

105
Planear a Paisagem | O Parque Natural Regional do Vale do Tua

112. Primeiro contacto com o rio Tua no Cachão, a


partir da estação ferroviária

113. Rio Tua no Cachão, junto à estação e ao Complexo


Agro-Industrial

114. Outra perspectiva do rio no Cachão, um pouco


mais a jusante

115. Rio Tua no Cachão, a partir de um terceiro local


112. 116. Rio Tua no Cachão, visto de um quarto miradouro
117. Rio Tua no Cachão, visto de um quarto miradouro

113.

114.

Núcleo 4: Cachão
N
115. 116. 117. 3000m
A Proposta

agradável sem implicar grandes transformações, sendo apenas necessário


melhorar as acessibilidades, limpar o terreno em causa e instalar, por exemplo,
algum mobiliário. Seria também interessante utilizar as instalações da estação
ferroviária e do Complexo Agro-Industrial, ou parte delas, com programas
culturais e infra-estruturas de apoio, de forma a ligar estes espaços ao rio e
articular estes vários pontos, actualmente isolados, de forma a lhes devolver
alguma dinâmica e atrair mais visitantes. É ainda importante realçar que o Clube
de Canoagem e Águas Bravas de Portugal – CCABP – propõe aos adeptos desta
modalidade três percursos ao longo do rio Tua (CCABP, s.d. a). Estes tornam-
-se, assim, mais um elemento de destaque no âmbito dos desportos aquáticos
e um meio de descentralizar os mesmos do núcleo de Mirandela. É, por isso,
essencial estimular a prática destas actividades que permitem uma experiência
privilegiada dos diferentes ambientes ribeirinhos, facilitando, nomeadamente,
as condições de acesso ao rio nos locais de entrada e saída dos vários trajectos,
criando balneários nesses sítios e aproveitando a linha ferroviária para
proporcionar aos desportistas um meio de regressarem ao local onde iniciaram
a sua aventura. Sendo o Cachão o ponto de partida do primeiro destes troços
(CCABP, s.d. b), a intervenção proposta para este lugar permitiria, portanto,
acolher os aventureiros e encaminhá-los comodamente até à margem do Tua,
onde iniciarão a sua descoberta.

Prosseguindo a viagem ao longo do vale, começam a surgir as primeiras


escarpas, entre as quais se destacam as fragas quartzíticas do Cachão,
consideradas como um dos “locais de particular interesse geológico” do
território em estudo (Beja & Rocha, 2013a, p.17-20). Existem, ao longo da
estrada nacional, alguns locais de paragem de onde se poderia apreciar esta
paisagem, mas a propagação da vegetação selvagem, resultante da falta de
limpeza da mata, impede que se desfrute realmente desses espaços. Após

107
Planear a Paisagem | O Parque Natural Regional do Vale do Tua

118. Fragas quartzíticas do Cachão

119. Vale do Tua, visto de um miradouro entre o


Cachão e Vilarinho das Azenhas
120. Rio Tua, visto da ponte de Vilarinho, a jusante
121. Rio Tua, visto da ponte de Vilarinho, a montante

122. Ponte e rio Tua, em Vilarinho das Azenhas

123. Vista geral da aldeia de Vilarinho das Azenhas


118. 124. Estação ferroviária de Vilarinho das Azenhas
125. Ponte e rio Tua, vistos da área de lazer proposta

119. 120. 121.

122.

N Núcleo 5: Vilarinho
123. 124. 125. 3000m
A Proposta

alguns quilómetros chega-se a Vilarinho das Azenhas, uma pequena aldeia


do concelho de Vila Flor, assim denominada devido às azenhas que outrora
a caracterizavam (Município de Vila Flor, s.d.). Neste quinto núcleo, apesar
da proximidade ao Tua, já não se sente a relação de cumplicidade que seria
expectável entre a povoação e o rio. À semelhança do que se verifica no Cachão,
a população deixou de depender deste recurso, em termos de agricultura
e actividades económicas, e não procurou potenciá-lo para fins recreativos.
Contudo, ao contrário do núcleo anterior, a tarefa de voltar a articular estes
dois ambientes é, aqui, mais complexa. Por um lado, o acesso às margens
não é tão linear como nos casos precedentes, uma vez que o terreno é mais
desnivelado e não é possível alcançar a corrente em qualquer lugar. Por outro, a
aldeia está mais afastada e não possui equipamentos para acolher os visitantes,
pois a estação ferroviária situa-se fora da povoação e está, actualmente,
completamente abandonada. Assim, propõe-se recuperar este edifício, bem
como a sua envolvente, e devolver-lhe a sua função de recepção, quer para
quem chega através do caminho-de-ferro, quer para quem se desloca em
automóvel, visto que se situa junto à estrada principal. Pretende-se também
estabelecer uma área de lazer ribeirinha perto da ponte que atravessa o Tua,
pois é um dos lugares de mais fácil acesso e já é utilizado, ocasionalmente, por
pescadores locais. Mais uma vez, não são necessários grandes investimentos
para tornar este espaço agradável. Dado que há um certo afastamento entre
a área de lazer, a estação e a aldeia, é fundamental criar um caminho pedonal
que ligue estes três pontos, de forma a guiar o visitante de uma forma clara,
cómoda e segura.

Finalmente, o último núcleo deste primeiro troço é constituído pelas


aldeias de Ribeirinha, Barcel e Longra, uma vez que se situam próximas
umas das outras e a articulação entre elas seria benéfica, não só para quem

109
Planear a Paisagem | O Parque Natural Regional do Vale do Tua

126. Vista geral das aldeias de Barcel, Longra e


Ribeirinha (da esquerda para a direita)

127. Vista panorâmica do lugar para o qual se propõe


a criação de uma área de lazer, na Ribeirinha

128. Rio Tua, na Ribeirinha


129. Rio Tua e azenha, na Ribeirinha
130. Azenha, na Ribeirinha

126.

127.

N Núcleo 6: Ribeirinha | Longra | Barcel


128. 129. 130. 3000m
A Proposta

percorre a região, mas principalmente para os seus habitantes. Para chegar a


este ponto a partir de Vilarinho das Azenhas, acompanhando o vale, o trajecto
aconselhado consiste em atravessar o rio e percorrer a estrada, na margem
direita, que conduz até Barcel e Longra. No entanto, se se pretender chegar
à Ribeirinha, partindo do mesmo local, é necessário dirigir-se até Vilas Boas
para depois transitar na única estrada que dá acesso à povoação22. Por outro
lado, a linha ferroviária serve directamente a Ribeirinha23, cuja estação se
localiza junto às restantes habitações, mas a população que reside na outra
margem não consegue beneficiar desta ligação. Para além da questão das
acessibilidades, também é pertinente pensar nos equipamentos à disposição
dos moradores, pois a Ribeirinha, por exemplo, não possui nenhum tipo
de comércio ou serviços. Assim, propõe-se a construção de uma ponte para
ligar as duas margens e permitir uma complementaridade das ofertas destas
três aldeias. Pretende-se ainda afirmar este núcleo no âmbito das actividades
fluviais, uma vez que apresenta um conjunto de características atractivas para
várias ocupações. O rio é facilmente alcançável a partir dos aglomerados, quer
pela sua proximidade, quer pelo reduzido desnível do território, e, a poucos
metros da estação ferroviária, a margem desenha uma grande área plana, ideal
para a criação de uma praia fluvial ou de uma área de lazer ribeirinha. Para
além dos mergulhos e da pesca, este é também um local de referência para os
adeptos de canoagem, pois é o ponto de saída e de entrada, respectivamente,
do primeiro e do segundo percursos propostos pelo Clube de Canoagem e
Águas Bravas de Portugal (CCABP, s.d. b e c). Entre outras infra-estruturas que

22. A única alternativa a este itinerário é percorrer um caminho agrícola que liga as duas al-
deias, Vilarinho das Azenhas e Ribeirinha.

23. Apesar de, actualmente, o metro da Linha do Tua só circular entre Carvalhais, Mirandela e
o Cachão, considera-se que as ligações ferroviárias serão restabelecidas até à Brunheda, como
previsto no plano de mobilidade para o Vale do Tua (ADRVT, s.d. c).

111
Planear a Paisagem | O Parque Natural Regional do Vale do Tua

Avidagos

Carvalhal

Navalho

6. Ribeirinha | Longra | Barcel

Milhais

Abreiro

7. Abreiro | Vieiro Vilas Boas


Sobreira
Vieiro
Rio Tinhela

Codeçais

8. Brunheda
Brunheda

Pereiros Freixiel Troço 2.


Vila Flor
Folgares

Zedes

N N
2500m 5000m

Legenda de cores: Ofertas existentes Equipamentos ou actividades existentes, que se pretendem reforçar e/ou valorizar Ofertas propostas

Legenda de símbolos: Jardim / Parque Parque de merendas Parque infantil Praia fluvial Balneários Canoagem Açude e/ou azenha Estação / Apeadeiro

Cafetaria Equipamento cultural Ponte Espaço de conexão

131. “Marcas de água” | O Tua - Troço 2


A Proposta

possam ser pertinentes para este espaço, deve ser construído um balneário
de forma a proporcionar as melhores condições aos banhistas e desportistas.
Por fim, tendo em conta o tema das marcas de água e de pedra, destaca-se a
azenha que se pode ver neste lugar e que é um dos últimos exemplares destas
construções ainda existentes no Tua.

Tua 2 | Um espaço de transição

A partir deste ponto, à medida que o curso continua em direcção ao


Douro, a morfologia do território vai-se tornando cada vez mais acidentada, até
formar as encostas abruptas que caracterizam o Baixo Tua. É possível definir
um troço, entre o núcleo da Ribeirinha e a Brunheda, que faz a transição entre
a área mais plana, descrita anteriormente, e as vertentes íngremes, a jusante.
Este espaço intermédio é marcado pelo afastamento do rio, quer a partir
das vias de comunicação, quer das aldeias, resultante da irregularidade do
terreno. Os diferentes vales e cabeços condicionaram o traçado dos caminhos,
que se distanciaram das margens do Tua, bem como os locais de fixação dos
diferentes aglomerados, dificultando a interacção entre as populações e o
rio. Com excepção da linha ferroviária, os percursos que servem esta área não
permitem acompanhar a corrente nem estabelecer uma ligação visual com ela,
deixando apenas entrevê-la a partir de pontos específicos da sua envolvente.
O seu alcance, por sua vez, é também muito condicionado, salientando-se
os seguintes locais: estação de Abreiro/Vieiro, apeadeiro de Codeçais, “praia
fluvial” da Sobreira24 e estação da Brunheda. A relação com a água é, portanto,
mais ténue e ocasional, num território dominado pela imponência da pedra.

24. Apesar de não ser certificada como praia fluvial (Portaria nº 101-A/2014), é apelidada e usada
como tal pela população local.

113
Planear a Paisagem | O Parque Natural Regional do Vale do Tua

132. Vale do Tua, visto da estação de Abreiro

133. Vale do Tua e estação de Abreiro


134. Estação de Abreiro, vista da ponte
135. Vale do Tua, a montante, visto da ponte

136. Rio Tua em Abreiro/Vieiro

137. Rio Tua em Abreiro/Vieiro, mais a jusante

132.

133. 134. 135.

136.

Núcleo 7: Abreiro | Vieiro

N
137. 3000m
A Proposta

Repare-se, no entanto, que quase todos os pontos assinalados surgiram


como antigos lugares de moagem, onde ainda se podem ver os açudes e, em
alguns casos, as ruínas das azenhas. Mais tarde, esses locais passaram a estar
associados também à ferrovia, com a construção das estações ou apeadeiros
nas suas proximidades, servidos pelos mesmos caminhos.

A estação de Abreiro/Vieiro marca um núcleo fundamental deste troço,


não só pela maior facilidade em alcançar o rio, mas também por ser um local de
atravessamento do mesmo, unindo, nomeadamente, os municípios de Murça,
Mirandela e Vila Flor. Este foi sempre um ponto de passagem importante para
a região, como o comprovam os vestígios de uma calçada e de uma ponte,
classificada como Monumento Nacional, destruída por uma cheia em 1909
(Portal do Arqueólogo da DGPC, s.d. a). Situada entre as aldeias de Abreiro,
na margem direita, e do Vieiro, no concelho de Vila Flor, a cerca de dois
quilómetros destes aglomerados, a estação ferroviária e o respectivo armazém
de mercadorias, bastante degradado, são os únicos edifícios existentes neste
lugar. Contudo, apesar da distância que os separa das povoações, os bons
acessos permitem ligar comodamente as diferentes partes. Para além da relação
com o caminho-de-ferro, mencionada anteriormente, este núcleo propicia um
contacto directo com a água, uma vez que o leito se alarga progressivamente
e a margem esquerda se aplana. É, igualmente, o local de saída do segundo
percurso apresentado para o Tua pelo Clube de Canoagem e Águas Bravas de
Portugal (CCABP, s.d. c). Assim, propõe-se a criação de um espaço de lazer
junto ao rio que permita usufruir de um ambiente ribeirinho numa área que é, à
primeira vista, mais adversa às actividades fluviais. Como se verifica em muitos
locais, o terreno necessita de limpeza e manutenção, quer da vegetação que
se propagou desregradamente, quer do caminho que o liga à estação. Sugere-
-se também que as construções existentes sejam recuperadas para acolherem

115
Planear a Paisagem | O Parque Natural Regional do Vale do Tua

138. Aldeia de Codeçais, vista da estrada nacional

139. Vale do Tua em Codeçais, visto do caminho que


parte da aldeia e conduz ao apeadeiro
140. Apeadeiro e posto de abastecimento de água,
em Codeçais
141. Açude e antiga azenha, em Codeçais

142. Aldeia da Sobreira, vista da estrada nacional

138. 143. Açude, visto de jusante, na Sobreira


144. Açude, ruínas de uma azenha e antiga casa do
moleiro, na margem esquerda, vistas da Sobreira
145. Antiga azenha, face à “praia fluvial” da Sobreira

139. 140. 141.

142.

Núcleos complementares:
Codeçais e Sobreira

N
143. 144. 145. 3000m
A Proposta

programas atractivos e complementares, como, por exemplo, uma cafetaria no


edifício principal e balneários no antigo armazém.

Os lugares de Codeçais e da Sobreira, por sua vez, foram considerados


como núcleos complementares, por serem sítios de interesse mais frágeis que
os restantes, tendo em conta diversos factores. Para começar, como foi referido
anteriormente, não é possível acompanhar o vale do Tua ao longo deste troço
intermédio sem ser pela linha ferroviária, pelo que não há uma ligação directa
entre estes pontos. Por outro lado, ao percorrer a área envolvente, estes espaços
passam facilmente despercebidos, num ambiente dominado pelas fragas, sem
sinais aparentes de uma ligação à água, principalmente em Codeçais. Por fim,
a construção da barragem de Foz Tua irá afectar o curso do rio até Abreiro,
submergindo estes antigos locais de moagem. Assim, apesar de representarem
indiscutíveis “marcas de água” do território em estudo, estes núcleos não
conseguem, por si só, assumir-se como âncoras do projecto, estando sempre
dependentes dos restantes troços e/ou de outras marcas. No entanto, o seu
valor cultural como elemento determinante na fixação e na evolução das
povoações não pode ser ignorado, devendo-se articular estes espaços com
as outras propostas definidas. Em Codeçais, o acesso ao rio é efectuado pelo
caminho em terra batida, bastante inclinado, que conduz ao apeadeiro, a cerca
de dois quilómetros da aldeia. Este é o único local de paragem, entre Mirandela
e Foz Tua, que possui um depósito de água, outrora usado para abastecer as
locomotivas a vapor. A alguns metros destas construções, continuando pelo
trilho existente, é possível usufruir da frescura do rio e observar o açude e a
azenha, abandonada. Na Sobreira, por sua vez, a relação entre os habitantes e
a água é mais sólida, uma vez que a aldeia se abre sobre o vale e que o declive
é menos acentuado, permitindo, assim, um contacto mais simples e natural.
Apesar de não ser homologada como praia fluvial (Portaria nº 101-A/2014), esta

117
Planear a Paisagem | O Parque Natural Regional do Vale do Tua

146. Contextualização do núcleo da Brunheda,


no âmbito das ligações regionais e da proposta
apresentada para o Parque Natural Regional do Vale
do Tua
A4

Macedo de Cavaleiros

A7 Vila Pouca de Aguiar

Mirandela

A4
A24
Murça IP2

Alfândega da Fé

A4 IC5
Núcleo 8: Brunheda Vila Flor IC5

Vila Real
Alijó

IP2
Carrazeda de Ansiães
A24

Torre de Moncorvo

Núcleo 8: Brunheda

Vila Nova de Foz Côa N


146. 3000m
A Proposta

área recreativa é usada como tal pela população local, que aproveita a albufeira
criada pelo açude para os tradicionais mergulhos e brincadeiras. Na margem
oposta, o pequeno moinho e antiga casa do moleiro permanecem como
recordação das actividades passadas.

Finalmente, o núcleo da Brunheda é um ponto estratégico decisivo para o


território em estudo, quer pela sua localização e pelas ligações que possibilita,
num contexto regional, quer pelo seu destaque para o tema das “marcas
de água”. Por um lado, à semelhança do que se verificou em Abreiro, foi-se
afirmando, ao longo dos tempos, como um lugar de passagem fundamental,
uma vez que permite o atravessamento do rio Tua e, consequentemente, a
interacção entre os concelhos de Murça e Carrazeda de Ansiães. Esse estatuto
foi reforçado, no final do século XIX, com a construção do caminho-de-ferro e
da respectiva estação, e, mais recentemente, com o traçado do IC5 que veio
unir Alijó, Carrazeda de Ansiães e Vila Flor à A4 e ao IP2, importantes eixos da
província transmontana. Este é, portanto, um local privilegiado no que respeita
às comunicações, podendo articular as grandes vias territoriais com os percursos
enraizados e as propostas delineadas para o Parque Natural. É também um nó
essencial no âmbito da estratégia definida, ancorada nas “marcas de água e de
pedra”, pois assinala o fim deste espaço de transição e o início do terceiro troço
do Tua, caracterizado pela garganta profunda e pelas suas encostas íngremes.
Permite ainda ligar este vale principal a Murça, através do rio Tinhela, para o
qual se sugere um percurso complementar que será descrito posteriormente.
Para além de conectar os diferentes segmentos da proposta, o próprio sítio
surgiu do vínculo entre a população e o rio, tratando-se de um antigo lugar
de moagem, do qual restam, actualmente, os vestígios do açude e da antiga
azenha. Apesar das suas potencialidades, esta área não tem sido aproveitada
pelos municípios, estando a estação ferroviária encerrada e as margens do rio

119
Planear a Paisagem | O Parque Natural Regional do Vale do Tua

147. Rio Tua e estação ferroviária, na Brunheda

148. Vale do Tua, a montante, visto da ponte da


Brunheda
149. Vale do Tua, na Brunheda
150. Rio Tua e estação ferroviária, na Brunheda

151. Azenha e açude no rio Tua, na Brunheda


152. Azenha e açude no rio Tua, na Brunheda
153. Ruínas da azenha, na Brunheda

147.

148. 149. 150.

Núcleo 8: Brunheda

N
151. 152. 153. 3000m
A Proposta

praticamente abandonadas. Assim, propõe-se a recuperação das estruturas


existentes e a qualificação deste espaço ribeirinho, com o objectivo de o
afirmar como um núcleo-chave do Parque Natural. Pretende-se que este foco
possa, por um lado, articular as escalas regional e local, servindo como porta
de entrada e acolhendo os visitantes, e, por outro, divulgar as diferentes
características desta área protegida, informando e encaminhando as pessoas
para os diferentes segmentos definidos. Para isso, sugere-se a criação de um
Centro Interpretativo do Vale do Tua, onde se consigam transmitir as raízes
deste território, reflectidas, no fundo, nas “marcas de água e de pedra” que se
destacam neste trabalho. Deve-se também estimular o contacto directo com
o rio, seja para recordar o seu passado, ainda presente no açude e no antigo
moinho, seja para projectar o seu futuro como espaço recreativo e desportivo.
Das várias actividades que se podem realizar nesta área de lazer, destaca-se
o terceiro percurso proposto pelo Clube de Canoagem e Águas Bravas de
Portugal, que se inicia neste local e termina perto da foz do Tua (CCABP, s.d. d).
Para que este núcleo possa realmente representar uma âncora para o Parque
e para a região, é necessário também investir nas localidades que o rodeiam
e nos serviços que estas disponibilizam aos seus habitantes e potenciais
visitantes, nomeadamente a nível do comércio, restauração e alojamento. Já
existe alguma oferta pontual, como, por exemplo, em Abreiro, Carlão e Pombal
de Ansiães, mas a aldeia da Brunheda, mais próxima do pólo proposto, não
possui qualquer estrutura que o possa complementar.

Tua 3 | A garganta profunda

Como já foi mencionado anteriormente, os vinte quilómetros que separam


a Brunheda da foz, correspondentes ao troço final do Tua, atravessam uma

121
Planear a Paisagem | O Parque Natural Regional do Vale do Tua

Rio Tinhela

8. Brunheda
Brunheda

Carlão

Sentrilha

Franzilhal

Pinhal do Norte

9. São Lourenço
Pombal de Ansiães
10. Amieiro | Santa Luzia
Alijó Amieiro

Paradela
Safres

São Mamede de Ribatua

Carrazeda de Ansiães

Castanheiro do Norte
Troço 3.
Tralhariz

Ribalonga
Fiolhal

11. Foz Tua

N N
2500m Rio Douro 5000m

Legenda de cores: Ofertas existentes Equipamentos ou actividades existentes, que se pretendem reforçar e/ou valorizar Ofertas propostas

Legenda de símbolos: Jardim / Parque Parque de merendas Parque infantil Canoagem Açude e/ou azenha Estação / Apeadeiro Ponte Espaço de conexão

Cafetaria Restaurante Alojamento Equipamento cultural Termas Spa Teleférico artesanal Miradouro Cais de embarque Douro Vinhateiro

154. “Marcas de água” | O Tua - Troço 3


A Proposta

área fortemente acidentada, marcada pelo vale profundo que acolhe “aquella
sinuosa e atormentada corrente” (Coelho, 1887, 27 de Setembro). Apesar de
pequenos aglomerados e terrenos cultivados pontuarem ocasionalmente as
suas vertentes íngremes, o meio natural impõe o seu domínio e assume-se
claramente como protagonista deste segmento. A morfologia do território
condicionou severamente o traçado dos percursos e a fixação das povoações,
havendo, contudo, diferenças entre as duas margens, que influenciaram,
consequentemente, a forma como as populações interagiram com o rio em
cada uma delas.

Do lado de Alijó, as aldeias implantaram-se na encosta voltada ao Tua,


sobranceiras ao vale, e estão ligadas por uma estrada que acompanha a
forma do terreno. O desnível acentuado limita substancialmente a mobilidade
dentro desta área e não permite, em geral, alcançar a corrente. Existem alguns
caminhos pedonais que propiciam uma maior ou menor aproximação, partindo,
por exemplo, de Franzilhal, Safres ou São Mamede de Ribatua, mas raramente
se pode usufruir de um contacto directo com a água. É possível, no entanto,
manter uma relação visual com a mesma, ainda que distante, quer nos próprios
aglomerados, quer ao longo de grande parte da via que os une. Destaca-se
como núcleo de intervenção, ao longo deste percurso, a aldeia do Amieiro e a
sua ligação à estação de Santa Luzia, na margem oposta.

Do lado de Carrazeda de Ansiães, por sua vez, o território é mais irregular


e marcado por várias elevações que impedem a observação de horizontes
abrangentes. As vias de comunicação procuraram moldar-se entre os
sucessivos montes e depressões e as povoações estabeleceram-se em áreas
mais abrigadas, muitas vezes sem contacto visual com o rio. Há, portanto, um
maior afastamento e uma relação mais ténue entre as populações e a água,

123
Planear a Paisagem | O Parque Natural Regional do Vale do Tua

155. Foz do rio Tua

156. Comboio histórico do Douro, na Foz do Tua


157. Encostas vinhateiras no vale do rio Douro,
158. Paisagem mais agreste no vale do rio Tua

159. “Praia fluvial” do Castanheiro


160. Vestígios de mós, no Castanheiro
161. Antigo lugar de moagem, no Castanheiro

155. 162. Apeadeiro do Castanheiro


163. Apeadeiro de Tralhariz
164. Enquadramento do apeadeiro de Tralhariz

156. 157. 158.

159. 160. 161.

Núcleos complementares:
Castanheiro e Tralhariz
N Núcleo 11: Foz Tua
162. 163. 164. 3000m
A Proposta

existindo, contudo, algumas localidades que se implantaram na encosta do Tua


e permitem contemplar o vale, como, por exemplo, São Lourenço, Fiolhal e
Tralhariz. Tendo em conta o tema das marcas de água, definiu-se como núcleo
estratégico a aldeia de São Lourenço, não só pela sua maior proximidade ao rio,
mas também pelas potencialidades das suas termas, pouco valorizadas até à
actualidade.

Por último, destaca-se a Foz do Tua, que será sempre um núcleo


fundamental, seja ele um local de chegada ou de partida. Pretende-se que
este volte a assumir o seu papel de ponto de conexão entre os vales do Tua
e do Douro, restabelecendo a ligação entre as duas regiões, por um lado, e
complementando também as suas ofertas turísticas. Deverão ser estimuladas
as interacções entre os diversos produtos valorizados nessas áreas, articulando,
por exemplo, o comboio histórico do Douro com a Linha do Tua, ou as encostas
durienses moldadas pelo Homem com as paisagens mais agrestes do Parque
Natural, propiciando assim a descoberta de ambientes distintos.

Importa ainda referir que, tal como no segmento anterior, foram


assinalados vários pontos que surgiram como antigos lugares de moagem,
associados às povoações envolventes e dos quais restam, actualmente, apenas
algumas ruínas; “mós muito erodidas pela força das águas e pelas sucessivas
cheias indicam-nos que ali existiram moinhos de água, embora já quase não
sejam visíveis vestígios dessas construções.” (Belo, 2013, p.82). Alguns destes
sítios passaram também a estar ligados à ferrovia, acolhendo os apeadeiros,
como, por exemplo, em Tralhariz e Castanheiro do Norte. O desnível acentuado
e o afastamento em relação às respectivas aldeias, aliados ao encerramento
da linha ferroviária, ditaram o abandono e a degradação dos caminhos, sendo
assim, hoje em dia, difícil de alcançar vários destes locais. Foram, por isso,

125
Planear a Paisagem | O Parque Natural Regional do Vale do Tua

165. Vale do Tua e aldeia de Safres, vistos da estrada


que liga essa povoação a São Mamede de Ribatua

166. Vale do Tua, perto de Safres


167. Vale do Tua, perto de São Mamede de Ribatua
168. Vale do Tua e aldeia do Amieiro, vistos da estrada
que une essa povoação a Carlão

169. Percurso pela linha ferroviária, perto da foz


170. Viaduto das Fragas Más, ao quilómetro 5 da linha
165. 171. Vale do Tua, visto a montante das Fragas Más

172. Túnel da Falcoeira, ao quilómetro 9 da ferrovia


173. Ponte de Paradela, ao quilómetro 11 da linha
174. Linha e vale do Tua, a montante de Castanheiro

166. 167. 168.

169. 170. 171.

Percursos propostos

N
172. 173. 174. 3000m
A Proposta

considerados como núcleos complementares, uma vez que dependem das


restantes propostas definidas.

No que respeita aos percursos que se possam realizar em contacto


com o vale, unindo os vários pontos estabelecidos, destacam-se duas
vias privilegiadas, mas totalmente distintas. Do lado de Alijó, como já foi
mencionado, existe uma estrada que une as aldeias implantadas na encosta,
acompanhando a morfologia do território. É possível admirar, na maior parte
deste itinerário, a paisagem agreste, com as suas vertentes declivosas e a fina
linha de água no fundo dessas escarpas. Pretende-se, portanto, valorizar este
percurso que permite acompanhar a corrente, sendo necessário, por um lado,
alargar e melhorar a via que se encontra em péssimas condições e, por outro,
criar miradouros e espaços de paragem que permitam contemplar o vale.

A margem esquerda, por sua vez, apesar de não ter um traçado rodoviário
que permita acompanhar o vale, possui a linha ferroviária, que é, sem dúvida,
um meio incomparável de descobrir o Tua, e, em especial, este troço final.
“Apesar da sua dimensão alienígena, a via-férrea integra-se perfeitamente na
paisagem. Este é um dos motivos que fazem desta obra uma referência no
âmbito das intervenções em lugares naturais. O desenho do traçado, apesar de
«contranatura», é delicado e revela um respeito primordial pela Natureza” (Belo,
2013, p.76). Para além de proporcionar uma viagem no coração do desfiladeiro,
impossível de realizar de outra forma25, é também uma via privilegiada para
perceber a evolução da fixação das populações nesta região e a importância
que a ferrovia teve ao longo desse processo, permitindo assim compreender
a concretização de tal empreendimento, há quase 130 anos, em condições tão

25. Refere-se aqui a itinerários terrestres. Como já foi referido, o Clube de Canoagem e Águas
Bravas de Portugal propõe aos adeptos de desportos aquáticos vários percursos ao longo do
rio, um dos quais se inicia na Brunheda e termina perto da foz do Tua (CCABP, s.d. d).

127
Planear a Paisagem | O Parque Natural Regional do Vale do Tua

175. Vista do percurso que conduz a São Lourenço, a


partir de Pombal de Ansiães

176. Vista geral de São Lourenço e do Vale do Tua


177. Aldeia de São Lourenço
178. Vale do Tua, a partir de São Lourenço

179. Fonte em São Lourenço


180. Antigos edifícios termais (foto de 2003)
181. Instalações termais actuais
175.
182. Apeadeiro de São Lourenço
183. Vale do Tua em São Lourenço
184. Caminho que liga o apeadeiro à aldeia de São
Lourenço

176. 177. 178.

179. 180. 181.

Núcleo 9: São Lourenço

N
182. 183. 184. 3000m
A Proposta

inóspitas. Tratando-se de uma marca profunda do território que se pretende


divulgar, esta infra-estrutura deve ser recuperada, não só pelo percurso que
permite, só por si, uma experiência memorável, mas também como elo de
ligação entre os vários pontos e/ou segmentos da presente proposta.

Apresentados os traços gerais, descreve-se a seguir, com mais enfoque,


cada um dos núcleos criados, começando pelo pequeno lugar de São Lourenço.
“As Caldas de São Lourenço não são bem uma povoação, são um aglomerado
de casas em torno de uma nascente termal” (Belo, 2013, p.81). O local, situado a
cerca de três quilómetros de Pombal de Ansiães, era utilizado pelos habitantes
das proximidades que acreditavam nas virtudes das suas águas, havendo
já relatos do seu uso e da sua popularidade no Aquilégio Medicinal, de 1726
(Henriques, 1726, p.33-35). Os edifícios existentes estavam quase todos ligados
às termas, acolhendo os antigos balneários e as residências temporárias para
os aquistas, mas encontram-se, actualmente, praticamente abandonados e
bastante degradados. O município tem procurado valorizar a vertente termal
através da melhoria das instalações e do reconhecimento das propriedades
terapêuticas das águas, conseguido no início de 2014 (Despacho nº 3248/2014
de 27 de Fevereiro). Essa aposta deve ser continuada e vocacionada não só
para o âmbito da saúde, mas também para o bem-estar e lazer, desenvolvendo,
para além dos restantes tratamentos, um spa e/ou espaços lúdicos que possam
atrair e satisfazer um público mais abrangente. É necessário também qualificar
a área envolvente como parte integrante do complexo termal, pois o lugar deve
valer pelo seu conjunto e não resumir-se apenas ao edifício dos banhos. Assim,
propõe-se a recuperação das construções existentes, devolvendo-lhes a sua
função de alojamentos temporários ou atribuindo-lhes programas que possam
complementar a oferta, quer de um ponto de vista cultural, quer dos serviços
disponibilizados aos visitantes. Para além das intervenções no próprio núcleo,

129
Planear a Paisagem | O Parque Natural Regional do Vale do Tua

185. Vista da aldeia do Amieiro, e da estação de Santa


Luzia na margem oposta, ao chegar vindo de São
Mamede de Ribatua

186. Vale do Tua, no local onde onde os habitantes


atravessavam o rio para chegar à estação ferroviária

187. Aldeia do Amieiro, vista da linha ferroviária


188. Estação de Santa Luzia
189. Recorte de um artigo publicado no Jornal de
Notícias, a 23 de Fevereiro de 1985, sobre o teleférico
artesanal do Amieiro

185.

186.

Núcleo 10: Amieiro | Santa Luzia

N
187. 188. 189. 3000m
A Proposta

é importante estimular as interacções com os restantes pontos do território,


tirando partido, por um lado, da proximidade da linha ferroviária que poderá
funcionar como elemento de união entre os vários núcleos propostos e, por
outro, da relação entre este lugar e a aldeia de Pombal de Ansiães, uma vez
que esta possui um património significativo associado às marcas de pedra, que
serão apresentadas mais tarde, e permite uma ligação ao planalto.

A aldeia do Amieiro, por sua vez, é talvez o exemplo mais representativo


da ligação de cumplicidade que se criou entre a população e o troço profundo do
vale e, ao mesmo tempo, do isolamento que essa relação implicou. Implantada
em cascata na margem direita do Tua, a povoação só é alcançável, hoje em dia,
pela estrada estreita e degradada que a une a Carlão e a São Mamede de Ribatua,
mencionada anteriormente. Apesar da beleza da paisagem atravessada, as
condições actuais da via não permitem apreciar o contexto nem o percurso,
dificultando significativamente a chegada ao Amieiro. Este núcleo transmite a
sensação de estar desligado do mundo e parado no tempo, contemplando o vale
e as marcas dos esforços feitos noutras épocas para o transpor. Era na margem
oposta que se situavam vários dos terrenos cultivados pelos habitantes, bem
como a estação ferroviária de Santa Luzia, onde apanhavam o comboio, único
transporte público existente na altura. Durante muitos anos, a travessia era
feita de barco, quando o caudal do rio o permitia, e em 1962 foi inaugurado um
teleférico artesanal, ainda existente hoje em dia, apesar de já não ser utilizado,
que representava, “para a sua população, o mais seguro (em algumas épocas
do ano é o único) elo de ligação à civilização, como que um autêntico «cordão
umbilical» a ligá-la ao resto do país” (Ferreira & Diegues, 1985, 23 de Fevereiro).
Ao seu lado são também visíveis os vestígios da ponte metálica, construída
em 1985 e destruída pela força das águas em Dezembro de 2002, separando

131
Planear a Paisagem | O Parque Natural Regional do Vale do Tua

190. Núcleo de Foz Tua

191. Vista a partir da estação ferroviária

192. Cais de embarque


193. Estação ferroviária de Foz Tua
194. Vista a partir do cais da estação

190.

191.

N Núcleo 11: Foz Tua


192. 193. 194. 3000m
A Proposta

definitivamente as duas encostas26. Pela sua singularidade e pelo forte vínculo


ao território, este núcleo deve ser valorizado e articulado com os outros
pontos definidos, quer através da melhoria dos acessos existentes, como já foi
referido, quer restabelecendo as comunicações entre as duas margens. Seria
interessante recuperar o teleférico, o “aparato artesanal” que “se apresentava
como coisa demasiado sofisticada para uma pequena terra esquecida nas
arribas do Tua” (Ibidem), permitindo à população local e ao visitantes deslocar-
-se de novo pela ferrovia, até aos restantes núcleos.

Finalmente, a Foz do Tua é um ponto estratégico essencial, pois para além


de assinalar a união entre dois rios representa também um espaço de conexão
entre dois ambientes distintos. “Este lugar sintetiza alguns dos elementos-chave
da paisagem do Douro: um vale povoado por quintas, uma linha ferroviária e
uma porta de acesso a um território enigmático – o vale do rio Tua.” (Belo, 2013,
p.59-60). Este núcleo deve recuperar a sua função de articulação entre a área
em estudo e a região duriense, afirmando-se como portal de entrada do Parque
Natural para quem percorre as encostas vinhateiras. Pretende-se oferecer um
produto complementar aos visitantes que descobrem o Douro, de carro, barco
ou comboio, mostrando-lhes um pedaço do território que se esconde por trás
dos socalcos.

Com a futura albufeira

A construção do Aproveitamento Hidroeléctrico de Foz Tua à cota de 170m


irá modificar o leito do rio ao longo de aproximadamente 27 km, ou seja, na área
situada a jusante do núcleo de Abreiro/Vieiro. Implica, portanto, uma alteração

26. Os habitantes do Amieiro têm de percorrer cerca de quarenta quilómetros para alcançar os
seus terrenos junto à estação de Santa Luzia, atravessando o rio em Foz Tua.

133
Planear a Paisagem | O Parque Natural Regional do Vale do Tua

Núcleos complementares (proposta) - submersos

Núcleos principais (proposta)


7. Abreiro | Vieiro
Núcleos Interpretativos temáticos da memória do
Rio Tinhela Vieiro Vale do Tua, definidos na Declaração de Impacte
Ambiental

Caldas de Carlão 8. Brunheda Núcleos principais (proposta), para os quais estão


previstos também um dos Núcleos Interpretativos
Brunheda
temáticos da memória do Vale do Tua
Núcleo Interpretativo do Património Carlão
Espaços de conexão entre as rotas temáticas que
Sentrilha serão definidas para o Parque Natural Regional do
Vale do Tua pela ADRVT
Franzilhal

Pinhal do Norte
9. São Lourenço
Núcleo Interpretativo dos Recursos Hídricos
Pombal de Ansiães
Santuário de Nossa Senhora da Cunha
Amieiro
10. Amieiro | Santa Luzia
Alijó Núcleo Interpretativo da Biodiversidade

Paradela
Safres

São Mamede de Ribatua

Carrazeda de Ansiães

Castanheiro do Norte
Tralhariz

Ribalonga
Fiolhal

11. Foz Tua


Núcleo Interpretativo dos Transportes Ferroviários

Troço afectado pela albufeira


Rio Douro
N N
2500m 5000m

195. “Marcas de água” | O Tua - Com a futura albufeira


A Proposta

profunda numa parte significativa do vale em estudo e, consequentemente,


das propostas definidas nos capítulos precedentes. Todos os antigos lugares
de moagem dos dois últimos troços do Tua, assinalados nos núcleos principais
e complementares, ficarão submersos, perdendo-se assim os poucos vestígios
que restam de uma das principais marcas de água deste território. A fina linha
de água que corria no fundo das encostas íngremes dará lugar a um grande
plano horizontal, entre as vertentes acidentadas, mas menos imponentes. A
ferrovia será também desactivada e inundada até à Brunheda, estando contudo
previstas a continuação do serviço de transporte público ao longo do vale e
a sua ligação com a Linha Ferroviária do Douro (Ministério do Ambiente, do
Ordenamento do Território e do Desenvolvimento Regional, 2009, p.2).

A albufeira modificará substancialmente a paisagem e retirará algumas


das características fundamentais que se pretendiam valorizar na presente
proposta, enfraquecendo bastante, mas não inviabilizando completamente,
os núcleos definidos. Na Brunheda, perder-se-á a relação com as raízes
do território, reflectidas no açude e na azenha, continuando, contudo, a
representar um local estratégico para a conjugação das escalas regional e
local. Em São Lourenço, por sua vez, alterar-se-á a relação entre o aglomerado
e a sua envolvente, mas manter-se-ão as potencialidades das suas termas. O
Amieiro será o ponto mais debilitado, uma vez que verá desaparecer os traços
do seu vínculo ao vale acidentado, permanecendo apenas a sua implantação
em cascata e a sua sensação de isolamento.

Ainda assim, a construção do aproveitamento hidroeléctrico acarreta


também um conjunto de intervenções paralelas, algumas definidas na
Declaração de Impacte Ambiental e outras equacionadas pela ADRVT, que
pretendem compensar a região e potenciar o seu desenvolvimento turístico,

135
Planear a Paisagem | O Parque Natural Regional do Vale do Tua
A Proposta

complementando, por vezes, as propostas apresentadas anteriormente.


É o caso, por exemplo, da construção de “quatro Núcleos Interpretativos
temáticos da memória do Vale do Tua”, relacionados com as seguintes
áreas: os Transportes Ferroviários, em Foz Tua; os Recursos Hídricos, em São
Lourenço; a Biodiversidade, no Amieiro; e o Património, em Carlão (Ibidem).
Destaca-se, para o tema das marcas de água, o pólo de São Lourenço que
poderá reforçar o vínculo entre o lugar e as nascentes graças à implementação
de um programa cultural alternativo às termas. De um modo geral, para além
de divulgar as ofertas enquadradas nos temas escolhidos, estes equipamentos
poderão estimular a descoberta deste troço final do Tua, levando os visitantes
a percorrer a área para alcançar os vários lugares. Alguns destes pontos
coincidem igualmente com os espaços de conexão das rotas temáticas que a
ADRVT pretende implementar para o Parque Natural, permitindo assim articular
o troço afectado pela barragem, onde se centram os centros interpretativos,
com o resto do território.

No que respeita à submersão de um troço da ferrovia e à necessidade de


assegurar o transporte público ao longo do vale, para além das comunicações
diárias para os habitantes da região, asseguradas por autocarros, o plano de
mobilidade em estudo pela ADRVT prevê um percurso turístico multimodal que
contempla a viagem de comboio entre Mirandela e Brunheda (33 km), seguido
de barco até à barragem (19 km) e de autocarro até à estação de Foz Tua (2
km). Para além dos cais de embarque da barragem e da Brunheda, onde os
vários segmentos se articulam, o itinerário efectuado de barco terá mais dois
pontos de ancoragem, em São Lourenço e no Amieiro (ADRVT, sd. e). Os locais
de paragem correspondem, portanto, aos núcleos assinalados na presente
proposta, podendo funcionar como elo de ligação entre eles, tal como se
pretendia alcançar com a Linha do Tua.

137
Planear a Paisagem | O Parque Natural Regional do Vale do Tua

T1. Murça | “Ponte Nova”


Murça

T2. Murça | “Ponte Velha”

Sobredo Noura
T3. Murça | “Praia fluvial”

T4. Sobredo

Martim
Castorigo
Candedo

T5. Martim
O Tinhela
Pegarinhos
Santa Eugénia
Porrais Rio Tua

T6. Caldas de Carlão

8. Brunheda
Brunheda

Carlão

N N
2500m 5000m

Legenda de cores: Ofertas existentes Equipamentos ou actividades existentes, que se pretendem reforçar e/ou valorizar Ofertas propostas

Legenda de símbolos: Jardim / Parque Parque de merendas Parque infantil Praia fluvial Balneários Canoagem Açude e/ou azenha Ruínas Ponte

Cafetaria Restaurante Equipamento cultural Monumento / Sítio classificado Percurso pedestre Termas Spa Estação / Apeadeiro Espaço de conexão

196. “Marcas” de água | O Tinhela


A Proposta

Por último, um dos objectivos da ADRVT, definido na DIA, é a promoção


do Turismo Náutico através da criação de infra-estruturas que permitam a
navegabilidade no plano de água, incluindo, por exemplo, a promoção de
actividades náuticas recreativas (Ibidem). No entanto, os locais adequados
para o exercício dessas modalidades e o alcance que as mesmas poderão ter
dependem do Plano de Ordenamento da Albufeira de Foz Tua, cuja elaboração
foi determinada no Despacho nº8097/2011, mas que ainda não se encontra
concluído. Deste modo, torna-se redundante especular sobre as potencialidades
e o impacto que esta vertente turística poderá, ou não, assumir.

O Tinhela

Para além do Vale do Tua, elemento central do território em estudo, o rio


Tinhela possui também lugares e percursos singulares enquadrados no tema
das “marcas de água”. Trata-se de uma fina corrente, quase imperceptível a
partir das estradas e aldeias envolventes, que se adivinha principalmente pelo
destaque do seu vale. Ainda assim, existem vários pontos onde se consegue
um contacto fácil e directo com esse ambiente ribeirinho, ora no seu lado mais
espontâneo, ora em áreas de lazer mais qualificadas. Este afluente permite
também ligar a vila de Murça ao eixo principal, articulando-se com este no
núcleo da Brunheda, situado perto da sua foz. Surge, assim, como percurso
complementar ao Tua onde se estabelece uma dinâmica diferente, em
comparação às anteriores, entre o rio e o visitante. Com o objectivo de divulgar
os seus recantos e promover a ligação próxima com a água, foram definidos

139
Planear a Paisagem | O Parque Natural Regional do Vale do Tua

197. Rio Tinhela, entre as duas represas, junto à


“ponte nova” de Murça

198. “Ponte nova” de Murça


199. Rio Tinhela, alguns metros a jusante das represas
200. Área junto ao rio, a jusante da “ponte nova”, para
a qual se propõe a criação de um espaço recreativo

201. “Ponte velha” e antiga via romana, em Murça

197.

198. 199. 200.

Núcleo T1: Murça | “Ponte Nova”


Núcleo T2: Murça | “Ponte Velha”

N
201. 3000m
A Proposta

seis núcleos: a “ponte nova”, a “ponte velha” e a “praia fluvial”27 de Murça;


Sobredo, Martim e Candedo.

Os três primeiros pontos estão intimamente relacionados entre si, pois


dizem respeito a três lugares da periferia da vila que podem ser interligados
graças a um percurso pedonal junto ao rio. Têm também em comum o facto de
assinalarem, em épocas distintas, a união entre as duas margens, permitindo o
atravessamento do Tinhela.

O primeiro local destaca-se na envolvente pela “ponte nova”, inaugurada


em 1872, na estrada que liga Bragança a Vila Real, passando pelas famosas
“curvas de Murça”. Na sua base, duas represas deram origem a bolsas de
água de diferentes escalas, alcançáveis por pequenos trilhos. Alguns metros a
jusante, existe uma grande superfície plana junto ao rio, facilmente acessível,
não só a pé, mas também de carro, por um caminho em terra batida que parte
da estrada principal. Propõe-se que este sítio seja acomodado e usado como
área de lazer, acolhendo os visitantes que pretendam usufruir da frescura
do rio, quer neste ponto, quer ao longo do vale. Neste sentido, deve ser
igualmente delineado um percurso pedonal que permita ligar este espaço
recreativo aos dois núcleos seguintes, estimulando a interacção entre esses
lugares ribeirinhos, próximos da vila.

A cerca de um quilómetro do início deste troço, a “ponte velha” assinala


o segundo pólo definido e, simultaneamente, o vínculo entre as “marcas de
água e de pedra”. De facto, é o lugar onde a antiga via romana, que unia as
localidades de Chaves (Aqua Flaviae) e Braga (Bracara Augusta), se cruza com o
rio Tinhela. Apesar de terem sido restauradas em épocas posteriores, a ponte
e a estrada romana mantêm ainda alguns elementos estruturais e troços da

27. Apesar de não ser certificada (Portaria nº 101-A/2014), é apelidada como tal pela população.

141
Planear a Paisagem | O Parque Natural Regional do Vale do Tua

202. Calçada romana, na margem esquerda do Tinhela

203. “Ponte velha” de Murça


204. Via romana, na margem esquerda do Tinhela
205. Calçada romana, na margem direita do rio

206. “Praia fluvial” de Murça

207. Início do percurso pedonal assinalado, entre a


“praia fluvial” e a “ponte velha”
202. 208. Vale do Tinhela, visto da “praia fluvial”
209. Açude no rio Tinhela, na “praia fluvial”

203. 204. 205.

206.

Núcleo T2: Murça | “Ponte Velha”


Núcleo T3: Murça | “Praia fluvial”

N
207. 208. 209. 3000m
A Proposta

calçada original, tendo o conjunto sido classificado como Imóvel de Interesse


Público, em 1983 (DGPC, s.d. a). Pretende-se valorizar e divulgar este traçado
que marcou profundamente a região mas que não tem sido devidamente
aproveitado no âmbito dos roteiros turísticos. A calçada, relativamente bem
conservada, vai-se adaptando ao declive do território e, aliada à paisagem
atravessada, constitui um belíssimo percurso pedonal entre a vila e a linha de
água. As intervenções necessárias prendem-se essencialmente com a limpeza
da mata, impedindo a sua propagação desregrada.

Continuando a caminhada junto à corrente durante cerca de dois


quilómetros, pelo caminho pedestre já existente, chega-se ao terceiro núcleo
proposto: a “praia fluvial” de Murça. Apesar de não ser certificada como praia
de banhos (Portaria nº 101-A/2014), é apelidada e usada como tal pela população
local, sendo já uma área de lazer de referência para os habitantes da região.
É um espaço amplo, qualificado e facilmente acessível, com um relevo muito
suave que permite uma grande mobilidade, mesmo para indivíduos mais frágeis
ou debilitados. Para além das diversas actividades recreativas que podem ser
realizadas, quer no rio e nas suas margens, quer na descoberta da paisagem
envolvente, os utilizadores podem também usufruir de um parque de merendas
e de um bar que complementam a zona de banhos. Este é, portanto, um pólo
já definido e com alguma solidez, que deve ser oficialmente reconhecido como
área balnear e articulado de uma forma mais abrangente, não só com os lugares
próximos do centro urbano de Murça mas principalmente com o resto do vale.

A partir deste ponto, deixa-se para trás a relação com a vila e segue-se o
curso do Tinhela em direcção ao Tua, atravessando mais três núcleos dispersos
pelo vale. Um deles surge associado à aldeia de Sobredo, da qual dista cerca de
dois quilómetros, comodamente percorridos graças à estrada pavimentada e

143
Planear a Paisagem | O Parque Natural Regional do Vale do Tua

210. Área ribeirinha, perto da aldeia de Sobredo

211. Ruínas do moinho, cobertas pela vegetação


212. Represas no rio Tinhela, em Sobredo
213. Espelho de água e moinho, vistos da margem
direita

214. Vale do Tinhela, na “praia fluvial” de Martim


215. Rio Tinhela, na “praia fluvial” de Martim

210. 216. Chegada à “praia fluvial”, entre as aldeias de


Martim e de Santa Eugénia
217. Zona de lazer, na “praia fluvial” de Martim
218. Área ribeirinha, na “praia fluvial de Martim”

211. 212. 213.

214. 215.

Núcleo T4: Sobredo

Núcleo T5: Martim

N
216. 217. 218. 3000m
A Proposta

pouco inclinada que liga os dois pontos. À semelhança de outros sítios referidos
ao longo da proposta, este é também um antigo local de moagem do qual
restam, hoje em dia, as represas e as ruínas de um moinho. Este edifício possui
dimensões significativas, pouco comuns no território em estudo, enquadrando-
-se harmoniosamente na sua envolvente. A vegetação foi-se apropriando da
ruína e dificulta a observação do interior do espaço, não se tendo conseguido
averiguar se ainda existem vestígios da estrutura de moagem. De qualquer
modo, trata-se de uma construção surpreendente e singular que deve ser
prospectada, de forma a orientar a sua possível recuperação, de acordo com
a sua função original, se ainda existirem elementos relevantes, ou acolhendo
um programa alternativo articulado com o espaço recreativo que se pretende
gerar. Este lugar caracteriza-se igualmente pelo alargamento das margens do
rio e pelo espelho de água resultante das represas, permitindo estabelecer
uma relação de proximidade entre o visitante e a água. Propõe-se, portanto,
a criação de uma área de lazer ribeirinha que estimule a interacção com a
corrente, remetendo, simultaneamente, para a memória do sítio.

À medida que o rio Tinhela se dirige para a sua foz, o território atravessado
vai-se tornando cada vez mais acidentado, aumentando a inclinação das
encostas e a profundidade do vale. Do mesmo modo, os percursos distanciam-
-se da corrente e os pontos em que se consegue um contacto directo com a
mesma vão rareando, destacando-se, entre esses, a “praia fluvial” de Martim.
Como se verifica noutros núcleos assinalados na presente proposta, esta não é
uma zona balnear certificada (Portaria nº 101-A/2014), tendo já, no entanto, sido
homologada no passado, nomeadamente em 2008, como se pode comprovar
pela placa comemorativa existente no lugar. É um espaço de lazer qualificado
e facilmente acessível, situado junto à ponte que permite a ligação entre as
aldeias de Martim e de Santa Eugénia, pertencentes aos concelhos de Murça

145
Planear a Paisagem | O Parque Natural Regional do Vale do Tua

219. Rio Tinhela, nas Caldas de Carlão

220. Chegada ao núcleo das Caldas de Carlão


221. Caldas de Carlão, perto da foz do rio Tinhela
222. Edifício termal e “praia fluvial”

223. Vale do Tinhela, nas Caldas de Carlão, onde se vê


o caminho que conduz à “praia fluvial” (à esquerda),
as ruínas do moinho (ao centro) e a casa do moleiro
(à direita)
219.
224. Ruínas do moinho (à esquerda) e da casa do
moleiro (à direita)
225. Vestígios do moinho
226. “Praia fluvial”, junto às Caldas de Carlão

220. 221. 222.

223.

Núcleo T6: Caldas de Carlão

N
224. 225. 226. 3000m
A Proposta

e Alijó, respectivamente. Possui parque de merendas e diferentes áreas


recreativas, propícias à realização de actividades lúdicas diversificadas, quer
na água, quer na sua envolvente. É também o ponto de entrada do percurso
de canoagem proposto no rio Tinhela pelo CCABP, que permite descobrir o
segmento mais escavado do vale, desembarcando nas Caldas de Carlão, último
núcleo definido neste troço complementar (Calado, 2005, p.80-82). Assim, este
lugar já se encontra delineado para oferecer à população um espaço ribeirinho
agradável, sendo necessário certificar a sua qualidade e procurar articulá-lo
com o restante território.

Finalmente, já perto da foz do Tinhela, a cerca de dois quilómetros


e meio do núcleo da Brunheda e, consequentemente, da ligação ao Vale do
Tua, as Caldas de Carlão, também conhecidas por Caldas de Santa Maria
Madalena, constituem o último local de paragem definido ao longo deste
percurso alternativo. Este sítio peculiar tem especial relevância no âmbito
das “marcas de água”, uma vez que reúne e reflecte vários traços distintos
do seu aproveitamento ao longo dos tempos. Como o seu nome indica, uma
das suas particularidades prende-se com a existência de umas caldas, ou seja,
águas termais que têm sido usadas, ao longo dos tempos, no tratamento de
diversas doenças, sendo já referenciadas no Aquilégio Medicinal, de 1726,
apelidadas, na altura, “Caldas de Favayos” (Henriques, 1726, p.24-25). Para
além da sua vertente terapêutica, as termas oferecem igualmente programas
vocacionados para o bem-estar, aliando um carácter lúdico aos tratamentos
médicos. Por outro lado, este é também um antigo lugar de moagem, como
se pode comprovar pelos vestígios de um moinho e da antiga casa do moleiro,
ainda visíveis actualmente, mas ameaçados pela construção da barragem.
Por fim, esta é também uma área de lazer ribeirinha, utilizada principalmente
pelos habitantes da região que aqui se refrescam durante o período estival,

147
Planear a Paisagem | O Parque Natural Regional do Vale do Tua

Rio Tua

Carrazeda de Ansiães
Castanheiro do Norte Parambos
São Pedro

Ribalonga

Marzagão
Foz Tua Linhares
Selores

Lavandeira
Seixo de Ansiães

Beira Grande

Carrapatosa

Campelos

Senhora da Ribeira O Douro

N N
2500m 5000m

227. “Marcas” de água | O Douro - mapa de contextualização


A Proposta

aproveitando as bolsas de água resultantes das pequenas represas. Mais uma


vez, não se trata de uma praia fluvial certificada, apesar de ser usada como
tal pela população local. Este é, portanto, um lugar repleto de “marcas” que
se pretendem preservar e valorizar, estimulando a união entre elas, por um
lado, e articulando-as com o restante território em estudo. Assim, propõe-se
a manutenção das ruínas relacionadas com a moagem dos cereais e a criação
de um percurso pedonal de ligação entre os diferentes espaços, permitindo
uma circulação cómoda e segura entre as termas, o café/restaurante existente,
as ruínas e a “praia fluvial”. Por outro lado, a proximidade ao núcleo da
Brunheda deve ser aproveitada para fomentar a interacção com o Vale do Tua
e com os restantes pólos definidos. Neste sentido, destaca-se, entre outros,
a possibilidade de interligar as Caldas de Carlão e as termas de São Lourenço,
através da oferta de programas complementares, por exemplo.

O Douro

Por fim, a articulação entre a área em estudo e a região do Douro serviu


de mote para o último troço complementar definido na presente proposta.
Apesar da proximidade física entre os dois ambientes, a ligação entre eles é,
actualmente, bastante ténue, sendo conhecida principalmente pela população
local. De facto, ao contrário do que se poderia depreender ao observar
um mapa, poucos são os lugares deste território que permitem observar o
vale duriense. A maioria das aldeias envolventes também não reflecte sinais
do curso de água que passa, deste modo, facilmente despercebido a um

149
Planear a Paisagem | O Parque Natural Regional do Vale do Tua

Rio Tua

Carrazeda de Ansiães
Castanheiro do Norte Parambos

14 São Pedro
c

Ribalonga
15

a 8
13
Marzagão
D1. Foz Tua 12 Linhares 6
b 11 7 Selores
1 10
9 Lavandeira
Seixo de Ansiães

Beira Grande
d
2 5
Carrapatosa

Campelos

Cascata da Fraga da Ôla


q
Barragem da Valeira
p
o O Douro
g
h
e j m n D2. Senhora da Ribeira
f l
i 3 4
k

N N
2500m 5000m

Legenda de cores: Ofertas existentes Equipamentos ou actividades existentes, que se pretendem reforçar e/ou valorizar Ofertas propostas

Legenda de símbolos: Ponte Cafetaria Restaurante Alojamento Douro Vinhateiro Ruínas Jardim / Parque Parque de merendas Estação / Apeadeiro

Espaço de conexão Equipamento cultural Canoagem Cais de embarque

“Água”
a. Quinta do Smith | b. Quinta do Zimbro | c. Quinta da Cuveta | d. Quinta da Alegria | e. Quinta da Ferradosa | f. Quinta da Telheira | g. Quinta do Carvalho | h. Quinta dos Canais | i. Quinta do Cachão do Arnozelo | j. Quinta do Comparado | k. Quinta da Gafaria
l. Quinta da Fonte Santa | m. Quinta da Senhora da Ribeira | n. Quinta das Amendoeiras | o. Quinta da Coalheira | p. Quinta dos Vinhais | q. Quinta dos Carris

“Pedra”
1. Fraga pintada do Cachão da Rapa (arte rupestre) | 2. Passadouro (sepultura) | 3. Fonte Santa (termas) | 4. Senhora da Ribeira (povoado) | 5. Lagar da Fraga | 6. Povoado romano de Selores | 7. Castelo de Ansiães | 8. Ponte do Galego | 9. Castelo das Donas
(povoado fortificado) | 10. Castelo de Linhares (povoado) | 11. Calçada de Linhares | 12. Ponte de Linhares | 13. Lagar da Escorregadeira | 14. Fonte de Seixas (arte rupestre) | 15. Fraga das Ferraduras de Ribalonga (arte rupestre)

228. “Marcas de água” | O Douro


A Proposta

forasteiro que percorra as imediações. A relação com o Douro é, portanto,


pontual, centrada essencialmente na estação de Foz Tua, pela importância
que esta adquiriu com as comunicações ferroviárias. Assim sendo, para além
de estimular a descoberta do território ao longo do rio Tua a partir desse
núcleo, como se apresentou anteriormente, definiu-se também um troço
complementar “paralelo” ao Vale do Douro, entre o pólo de Foz Tua e o lugar da
Senhora da Ribeira, pertencente ao concelho de Carrazeda de Ansiães. Dadas
as características deste segmento, pretende-se dar a conhecer os contrastes
existentes entre a paisagem vinhateira, na margem duriense, e o domínio da
fraga, no planalto de Ansiães, através das suas marcas de “água” e de “pedra”,
respectivamente. Assinalaram-se, por isso, os vários pontos de interesse dessas
duas abordagens, entre os quais se destacam as quintas de produção vinícola,
por um lado, e o património arqueológico, por outro. Como se pode constatar
pela implantação dos diferentes sítios, os elos de ligação entre esses elementos
são, eles também, “água” e “pedra”, tratando-se do rio Douro e da estrada que
une as povoações.

Como já foi mencionado, Foz Tua é um núcleo estratégico decisivo na


união dos dois ambientes, uma vez que recebe os turistas que percorrem as
encostas vinhateiras, seja de carro, de barco ou de comboio, representando um
portal de entrada para a área em estudo. Para além de convidar os visitantes a
descobrir o Parque Natural, através do rio Tua, pretende-se que seja também o
ponto de partida para percorrer este troço alternativo.

A Senhora da Ribeira, por sua vez, é um lugar junto ao rio Douro,


pertencente à freguesia de Seixo de Ansiães, que foi, outrora, um ponto de
atravessamento do rio, marcado por uma pequena capela onde os viajantes
pediam protecção à “Senhora da Ribeira”. Existem também vestígios de um

151
Planear a Paisagem | O Parque Natural Regional do Vale do Tua

229. Rio Douro, visto da Senhora da Ribeira

230. Vista geral do lugar da Senhora da Ribeira


231. Parque de merendas, na Senhora da Ribeira
232. Área de lazer, na Senhora da Ribeira

233. Quinta da Senhora da Ribeira


234. Quinta da Fonte Santa
235. Quinta do Comparado

229. 236. Quinta dos Canais


237. Quinta da Ferradosa
238. Quinta da Alegria

230. 231. 232.

233. 234. 235.

Núcleo D2: Sra da Ribeira

N
236. 237. 238. 3000m
A Proposta

antigo povoado romano, possivelmente associado à mina de ouro explorada


nas suas proximidades, no mesmo período, entretanto destruída. Hoje em dia,
o sítio é procurado, essencialmente, pelo contacto com o Douro Vinhateiro,
existindo ainda o oratório que lhe deu o nome, bem como uma pequena área de
lazer ribeirinha, com um café, um restaurante/pensão, um parque de merendas
e um cais de embarcações turísticas e de recreio. A sua envolvente caracteriza-
-se pelos socalcos das vinhas e dos olivais, construídos entre as superfícies de
mato, por vezes extensas, e pelas diferentes quintas de produção vinícola.

Tendo o rio como fio condutor, as principais marcas que este imprimiu
no território prendem-se com a transformação das suas encostas para o seu
aproveitamento agrícola, principalmente através do cultivo das uvas e da
preparação dos diferentes vinhos que lhe trouxeram prestígio e reconhecimento
internacional. Destacaram-se, assim, as várias quintas existentes ao longo deste
segmento, situadas junto ao rio e distribuídas por três aglomerados, perto das
vias que ligam as aldeias ao curso de água: o primeiro, entre Seixo de Ansiães,
a Senhora da Ribeira e Beira Grande; o segundo, próximo da estrada que une
Carrapatosa a São João da Pesqueira, na margem oposta, através da Barragem
da Valeira; e o terceiro, em torno de Foz Tua. Não existe nenhum trajecto ao longo
do vale que una directamente os vários pontos, sendo necessário percorrer
diferentes caminhos e efectuar alguns desvios, por vezes significativos, para
alcançar os locais seguintes. O único elemento de ligação é, portanto, o próprio
rio, pelo que se propõe a criação de um percurso de barco entre Foz Tua e a
Senhora da Ribeira. Já existem ofertas turísticas que atravessam este troço do
Douro mas estão integradas em roteiros mais extensos e não param nos dois
núcleos definidos, sendo, por isso, insuficientes para a projecção destes locais.

Ao percorrer este segmento pela estrada principal, por outro lado,

153
Planear a Paisagem | O Parque Natural Regional do Vale do Tua

239. Castelo das Donas (povoado fortificado)


240. Calçada de Linhares
241. Ponte do Galego

242. Passadouro (sepultura)


243. Fraga das Ferraduras de Ribalonga
244. Pormenor da Fraga das Ferraduras de Ribalonga

245. Vista geral do recinto do Castelo de Ansiães

239. 240. 241. 246. Castelo de Ansiães, no interior da muralha


247. Localização da Fraga Pintada do Cachão da Rapa
248. Fraga pintada do Cachão da Rapa (arte rupestre)
249. Painel das pinturas do abrigo do Cachão da Rapa

242. 243. 244.

245.

N
246. 247. 248. 249. 3000m
A Proposta

a chegada às primeiras povoações marca rapidamente o fim da paisagem


vinhateira e a entrada numa realidade totalmente distinta, dominada pela
fraga. As marcas destacadas são, portanto, as que ficaram gravadas na pedra,
como testemunhos da ocupação do território ao longo dos tempos. Para além
das aldeias atravessadas, que contêm algumas construções peculiares, tais
como casas nobres, pelourinhos e fontes, por exemplo, pretende-se valorizar
e divulgar o património arqueológico disperso pelos montes e vales deste
segmento. Esses sítios enquadram-se em diferentes tipologias e períodos
históricos, permitindo um contacto com diversas facetas do processo de
humanização da região, desde o estabelecimento dos povoados e traçado
das vias até ao aproveitamento dos recursos naturais e às gravuras rupestres.
Alguns destes vestígios são protegidos e/ou conhecidos pelas populações,
e, por isso, relativamente fáceis de visitar, como, por exemplo, o Castelo de
Ansiães ou a Fraga Pintada do Cachão da Rapa, ambos classificados como
Monumento Nacional, ou ainda a Ponte de Linhares, situada dentro do próprio
aglomerado. A maior parte deles, contudo, é desconhecida pelos habitantes,
estando apenas referenciada em artigos ou bases de dados especializados.
Não se sabe, assim, a sua localização exacta nem o seu estado de conservação
actual, sendo necessário realizar estudos e prospecções arqueológicas, de
modo a determinar as suas potencialidades culturais e turísticas.

155
Planear a Paisagem | O Parque Natural Regional do Vale do Tua
A Proposta

SÍNTESE | MARCAS DE ÁGUA

RIO / TROÇO CARACTERÍSTICAS PRINCIPAIS NÚCLEOS ASSINALADOS

1. Chelas | Maravilha
- o rio atravessa a área mais plana do seu 2. Mirandela
curso
- as povoações e os caminhos situam-se 3. Frechas
Tua 1
perto das margens do rio
- há uma relação de proximidade com a 4. Cachão
água, quer visual, quer fisicamente
5. Vilarinho das Azenhas

6. Ribeirinha | Longra | Barcel


- área de transição 7. Abreiro | Vieiro
- as povoações e os caminhos afastam-se
Tua 2 do rio Codeçais
Tua - o contacto com a água é pontual, quer
visual, quer fisicamente Sobreira

8. Brunheda
Franzilhal (1 e 2)
Pinhal do Norte
- o rio atravessa a área mais acidentada do
seu curso 9. São Lourenço
- na margem direita, há uma relação visual
Tua 3 quase constante com o rio, quer a partir 10. Amieiro
das aldeias, quer a partir dos caminhos
Paradela
- na margem esquerda, o contacto com o
Castanheiro do Norte
rio é pontual, quer visual, quer fisicamente
Tralhariz
11. Foz Tua
- percurso complementar que permite T1. Murça | “Ponte Nova”
ligar a vila de Murça ao Tua, articulando-
-se com o eixo principal no núcleo de T2. Murça | “Ponte Velha”
Brunheda
- a linha de água é quase imperceptível a T3. Murça | “Praia fluvial”
Tinhela partir das estradas e aldeias em seu redor,
adivinhando-se o seu perfil pelo vale T4. Sobredo
marcado na envolvente
- existem, contudo, vários pontos onde se T5. Martim
consegue um contacto fácil e directo com
a água T6. Caldas de Carlão
- percurso complementar, “paralelo” ao
Vale do Douro, que destaca o contraste D1. Foz Tua
Douro entre a paisagem vinhateira, junto a esse
rio, e o domínio da fraga, no planalto de D2. Senhora da Ribeira
Ansiães

Quadro 1. “Marcas de água” | Síntese dos troços e núcleos assinalados 157


Planear a Paisagem | O Parque Natural Regional do Vale do Tua

SÍNTESE | MARCAS DE ÁGUA

RIO / TROÇO NÚCLEOS ASSINALADOS OFERTAS EXISTENTES / ESTADO ACTUAL

- área recreativa consolidada, com praia fluvial, piscinas


ao ar livre e parque de campismo
- serviços complementares: bar/restaurante, quiosque e
mini-mercado
1. Chelas | Maravilha
- turismo rural e agroturismo
- actividades diversificadas, ligadas às práticas agrícolas,
aos produtos locais ou a exercícios mais dinâmicos, tais
como mergulhos no rio, escalada e passeios variados

- actividades recreativas centradas nas margens do rio,


onde estão reunidos diversos campos de jogos, praia
fluvial, parque infantil, parque de merendas e anfiteatro
ao ar livre, entre outros
2. Mirandela - aluguer de canoas e gaivotas
- acolhimento de eventos com destaque nacional e
internacional, entre os quais se salienta o Campeonato
Europeu de Jetski, que se realiza todos os anos nas águas
do Tua
- área de lazer ribeirinha, com “praia fluvial”, parque
infantil e parque de merendas, apoiados por um bar e
3. Frechas
instalações sanitárias
Tua Tua 1 - turismo rural

- apesar do rio estar perto do aglomerado e de ser


facilmente alcançável, o lugar não é utilizado pela
população
4. Cachão - a estação ferroviário, situada próximo do rio, está
encerrada
- o Complexo Agro-Industrial, parcialmente devoluto,
não estabelece qualquer relação com o rio

- apesar do rio estar perto do aglomerado, não se sente


a relação de cumplicidade que seria expectável entre a
população e o curso de água
5. Vilarinho das Azenhas - a morfologia do território não permite alcançar o rio em
qualquer ponto
- a estação ferroviária, situada fora do aglomerado, junto
à estrada principal, está abandonada e degradada

Quadro 2. “Marcas de água” | Síntese das propostas definidas para cada núcleo assinalado (Parte 1 de 4)
A Proposta

SÍNTESE | MARCAS DE ÁGUA

OBJECTIVOS / MEDIDAS PROPOSTAS DESCRIÇÃO

- articular este pólo recreativo, já consolidado, de uma forma mais ampla, não só com a
ver p.97-99
cidade de Mirandela, mas, principalmente, com o resto do vale

- apostar numa maior divulgação dos desportos náuticos e num alargamento do público-
-alvo, através:
- do aluguer de motas de água, para além das canoas e das gaivotas
- da promoção de aulas de iniciação às várias modalidades ver p.99-101
- da criação de um equipamento próprio dedicado a estes desportos, de forma a
informar os utentes/interessados e apoiar essas práticas, disponibilizando balneários,
vestiários e arrumos, entre outros

- certificar este espaço como área balnear


- ligar este núcleo, em fase de afirmação e consolidação, ao restante vale
ver p.101-103
- valorizar as origens daquela área ribeirinha, ligadas à moagem dos cereais, recuperando a
antiga azenha existente no lugar, actualmente abandonada e degradada

- criar uma área de lazer ribeirinha, sendo necessário também:


- melhorar o acesso ao rio
- limpar as suas margens
- instalar algum mobiliário
- aproveitar as instalações da estação ferroviária e do Complexo Agro-Industrial (ou parte
delas) com programas culturais e serviços complementares, ligando estes espaços ao rio
- facilitar o acesso ao rio, de forma a estimular a prática da canoagem ao longo do vale, ver p.105-107
seguindo os trajectos sugeridos pelo CCABP, sendo este o ponto de entrada do primeiro
percurso. Neste âmbito, destaca-se:
- a necessidade de se construirem balneários, entre outras infra-estruturas que possam
ser pertinentes
- o interesse em se aproveitar o comboio para proporcionar aos desportistas um meio
de regressarem ao local onde iniciaram a sua aventura

- recuperar os edifícios do recinto ferroviário, devolvendo-lhes a sua função de recepção


- criar uma área de lazer ribeirinha junto à ponte que atravessa o Tua, num lugar que já é
utilizado, ocasionalmente, por pescadores locais, sendo necessário também:
- melhorar o acesso ao rio, efectuado, hoje em dia, por um estreito trilho pedonal ver p.107-109
- limpar o terreno em causa, actualmente invadido por vegetação selvagem
- instalar algum mobiliário
- criar um percurso pedonal que ligue os três pontos: a área de lazer, a estação e a aldeia

159
Planear a Paisagem | O Parque Natural Regional do Vale do Tua

SÍNTESE | MARCAS DE ÁGUA

RIO / TROÇO NÚCLEOS ASSINALADOS OFERTAS EXISTENTES / ESTADO ACTUAL

Tua 1
- o rio é facilmente alcançável a partir das três aldeias
- apesar da proximidade física entre os três aglomerados,
6. Ribeirinha | Longra | Barcel
não é possível atravessar o Tua neste ponto, pelo que
não há nenhuma ligação entre as duas margens

- este lugar é um ponto de atravessamento do rio Tua que


dista cerca de 2 km das aldeias de Abreiro e Vieiro
- a estação ferroviária, encerrada, e o respectivo
7. Abreiro | Vieiro armazém de mercadorias, bastante degradado, são as
únicas construções existentes
- o rio é facilmente alcançável, a partir do caminho que dá
Tua acesso à estação
Tua 2

- este antigo lugar de moagem, ao qual se associou


Codeçais posteriormente o apeadeiro, dista cerca de 2 km da
aldeia de Codeçais
(núcleo complementar) - o acesso é efectuado por um caminho em terra batida,
bastante inclinado, que parte da povoação
- este antigo lugar de moagem é facilmente alcançável a
Sobreira
partir da aldeia de Sobreira
- já existe uma área de lazer ribeirinha, com “praia fluvial”
(núcleo complementar)
e parque de merendas

- este lugar é um ponto de atravessamento do rio Tua


- está situado perto de um acesso ao IC5
8. Brunheda
- é também um antigo lugar de moagem, do qual restam,
actualmente, os vestígios do açude e da antiga azenha
(início)
- existem ainda a estação ferroviária e o armazém de
Tua 3 mercadorias, ambos encerrados

Quadro 2. “Marcas de água” | Síntese das propostas definidas para cada núcleo assinalado (Parte 2 de 4)
A Proposta

SÍNTESE | MARCAS DE ÁGUA

OBJECTIVOS / MEDIDAS PROPOSTAS DESCRIÇÃO

- construir uma ponte sobre o Tua, de forma a ligar as duas margens e permitir uma
complementaridade das ofertas das três aldeias
- criar uma praia fluvial ou uma área de lazer ribeirinha, tirando partindo de uma grande
área plana existente na margem esquerda do rio, a poucos metros da estação ferroviária
- estimular a prática da canoagem ao longo do vale, seguindo os trajectos sugeridos pelo
CCABP, sendo este o ponto de saída e de entrada, respectivamente, do primeiro e do
ver p.109-113
segundo desses percursos. Neste âmbito, destaca-se:
- a necessidade de se construirem balneários, entre outras infra-estruturas que possam
ser pertinentes
- o interesse em se aproveitar o comboio para proporcionar aos desportistas um meio
de regressarem ao local onde iniciaram a sua aventura
- valorizar a azenha existente neste lugar, em bom estado de conservação
- criar uma área de lazer ribeirinha, na margem esquerda, sendo necessário também:
- melhorar o acesso ao rio, efectuado, hoje em dia, por um caminho em terra batida que
precisa de ser composto
- limpar o terreno em causa, actualmente invadido por vegetação selvagem
- instalar algum mobiliário
- estimular a prática da canoagem ao longo do vale, seguindo os trajectos sugeridos pelo
CCABP, sendo este o ponto de saída do segundo percurso. Neste âmbito, destaca-se: ver p.115-117
- a necessidade de se construirem balneários, entre outras infra-estruturas que possam
ser pertinentes, aproveitando para tal, por exemplo, o antigo armazém de mercadorias
- o interesse em se aproveitar o comboio para proporcionar aos desportistas um meio
de regressarem ao local onde iniciaram a sua aventura
- recuperar as construções existentes para acolherem programas complementares, como,
por exemplo, uma cafetaria no edifício principal, e os balneários mencionados anteriormente
- melhorar o caminho que une este ponto à aldeia de Codeçais
- recuperar a antiga azenha, ou manter a sua ruína, enquanto memória do lugar
- reabrir o apeadeiro e valorizar o depósito de água usado, em tempos, para abastecer as ver p.117
locomotivas a vapor, sendo este o único exemplar existente no troço Mirandela - Foz Tua
(para além dos que se encontram nessas duas estações)

- certificar este espaço como área balnear


ver p.117-119
- manter a represa e a azenha, enquanto memória do lugar

- assumir este núcleo como um ponto estratégico decisivo, quer na articulação das escalas
regional e local, quer na divulgação das marcas deste território. Assim, propõe-se:
- a recuperação da estação ferroviária e do armazém de mercadorias
- a criação de um Centro Interpretativo do Vale do Tua, de forma a:
- acolher os visitantes, servindo como porta de entrada para o PNRVT ver p.119-121
- divulgar as diferentes “marcas de água e de pedra” da área em estudo
- encaminhar as pessoas para os vários segmentos definidos
- a criação de uma praia fluvial ou área de lazer ribeirinha, sendo necessário também:
- melhorar o acesso ao rio

161
Planear a Paisagem | O Parque Natural Regional do Vale do Tua

SÍNTESE | MARCAS DE ÁGUA

RIO / TROÇO NÚCLEOS ASSINALADOS OFERTAS EXISTENTES / ESTADO ACTUAL

Tua 2

8. Brunheda

(continuação)

Franzilhal (1 e 2)
- antigos lugares de moagem, afastados dos respectivos
Pinhal do Norte
aglomerados, e dos quais restam, actualmente, apenas
algumas ruínas
(núcleos complementares)

- este lugar é um pequeno “aglomerado de casas em


torno de uma nascente termal” (Belo, 2013, p.81)
- as instalações termais foram renovadas e as
propriedades terapêuticas das águas foram legalmente
Tua 9. São Lourenço
reconhecidas
- os edifícios existentes, que estavam quase todos ligados
às termas, encontram-se praticamente abandonados e
Tua 3
bastante degradados

- aldeia implantada em cascata na margem direita do Tua


- estação ferroviária de Santa Luzia e armazém de
mercadorias, na margem esquerda, ambos encerrados
10. Amieiro
- sensação de isolamento
- marcas dos esforços realizados noutras épocas para
transpôr o vale (ruínas da ponte e teleférico artesanal)
Paradela - antigos lugares de moagem, afastados dos respectivos
Castanheiro do Norte aglomerados, e dos quais restam, actualmente, apenas
Tralhariz algumas ruínas
- em Castanheiro do Norte e Tralhariz, existem também
(núcleos complementares) os apeadeiros, encerrados

- é o ponto onde os vales dos rios Tua e Douro se unem


11. Foz Tua - entre as construções existentes, destacam-se o recinto
ferroviário e alguns serviços de restauração e alojamento

Quadro 2. “Marcas de água” | Síntese das propostas definidas para cada núcleo assinalado (Parte 3 de 4)
A Proposta

SÍNTESE | MARCAS DE ÁGUA

OBJECTIVOS / MEDIDAS PROPOSTAS DESCRIÇÃO


- limpar as margens do rio
- instalar algum mobiliário
- a recuperação da antiga azenha, ou a manutenção da sua ruína, enquanto memória do
lugar
- estimular a prática da canoagem ao longo do vale, seguindo os trajectos sugeridos pelo
CCABP, sendo este o ponto de entrada do terceiro percurso. Neste âmbito, destaca-se: ver p.119-121
- a necessidade de se construirem balneários, entre outras infra-estruturas que
possam ser pertinentes, aproveitando para tal, por exemplo, o antigo armazém de
mercadorias
- o interesse em se aproveitar o comboio para proporcionar aos desportistas um
meio de regressarem ao local onde iniciaram a sua aventura

- recuperar as antigas azenhas, ou manter as suas ruínas, enquanto memória desses lugares ver p.125-126

- continuar a apostar na vertente termal, vocacionando-a não só para o âmbito da saúde,


mas também para o bem-estar e lazer. Assim, propõe-se:
- a criação de spa e/ou espaços lúdicos que possam atrair e satisfazer um público mais
abrangente
- a qualificação da área envolvente como parte integrante do complexo termal, através
da recuperação das construções existentes, centrada nos seguintes eixos:
- devolver-lhes a sua função de alojamentos temporários ver p.129-131
- implementar programas que possam complementar a oferta, quer de um ponto de
vista cultural, quer dos serviços disponibilizados aos visitantes
- estimular as interacções com os restantes pontos do território, tirando partido:
- da proximidade da linha ferroviária, como elo de ligação entre os núcleos propostos
- da relação entre este lugar e a aldeia de Pombal de Ansiães, rica em “marcas de pedra”
e importante na ligação ao planalto
- ligar esta povoação ao resto do território, através:
- do alargamento e da melhoria da estrada que une esta aldeia a Carlão e a São Mamede
de Ribatua
ver p.131-133
- do restabelecimento das comunicações entre as duas margens, recuperando, se
possível, o teleférico artesanal
- da restituição da circulação ferroviária

- recuperar as antigas azenhas, ou manter as suas ruínas, enquanto memória desses lugares
ver p.125-126
- reabrir os apeadeiros e restituir a circulação ferroviária

- assumir este núcleo como um ponto estratégico decisivo na articulação entre a área em
estudo e a região duriense. Assim, é necessário:
ver p.133
- devolver-lhe a sua função de articulação entre dois ambientes e duas ofertas distintas
- afirmá-lo como portal de entrada do PNRVT para quem percorre as encostas vinhateiras

163
Planear a Paisagem | O Parque Natural Regional do Vale do Tua

SÍNTESE | MARCAS DE ÁGUA

RIO / TROÇO NÚCLEOS ASSINALADOS OFERTAS EXISTENTES / ESTADO ACTUAL


- para além da “Ponte Nova”, existem, neste lugar, duas
represas, alcançáveis por pequenos trilhos
T1. Murça | “Ponte Nova” - alguns metros a jusante, há uma grande superfície plana
junto ao rio, facilmente alcançável por um caminho que
parte da estrada principal
- percurso pedonal que liga este ponto à “praia fluvial”
- espaço onde se intersectam “marcas de água e de
pedra”, uma vez que é o lugar onde a antiga via romana
T2. Murça | “Ponte Velha”
se cruza com o rio Tinhela
- o conjunto formado pela ponte e estrada romana está
classificado como Imóvel de Interesse Público

- percurso pedonal que liga este lugar à “Ponte Velha”


T3. Murça | “Praia fluvial” - área de lazer ribeirinha, com “praia fluvial” e parque de
merendas, apoiados por um bar
- este lugar dista cerca de 2 km da aldeia de Sobredo
Tinhela - acesso cómodo, por uma estrada pavimentada e pouco
T4. Sobredo inclinada que parte da povoação
- é também um antigo lugar de moagem, do qual restam,
actualmente, as represas e as ruínas de um moinho

- este lugar é um ponto de atravessamento do rio Tinhela,


entre as aldeias de Martim e Santa Eugénia
T5. Martim
- área de lazer ribeirinha, com “praia fluvial”, parque
infantil e parque de merendas

- lugar onde são visíveis diferentes “marcas de água”:


- as termas, que oferecem programas vocacionados
para o bem-estar, para além da vertente terapêutica
- o antigo lugar de moagem, do qual restam, hoje em
T6. Caldas de Carlão
dia, as represas e os vestígios do moinho e da casa do
moleiro
- a “praia fluvial”
- existe também um café/restaurante

- é o ponto onde os vales dos rios Tua e Douro se unem


D1. Foz Tua - entre as construções existentes, destacam-se o recinto
ferroviário e alguns serviços de restauração e alojamento
Douro

- área de lazer ribeirinha, com parque de merendas, café,


D2. Senhora da Ribeira restaurante/pensão e cais de embarcações turísticas e de
recreio

Quadro 2. “Marcas de água” | Síntese das propostas definidas para cada núcleo assinalado (Parte 4 de 4)
A Proposta

SÍNTESE | MARCAS DE ÁGUA

OBJECTIVOS / MEDIDAS PROPOSTAS DESCRIÇÃO

- criar uma área de lazer ribeirinha, sendo necessário instalar algum mobiliário
- unir este ponto à “Ponte Velha” e à “praia fluvial” (núcleos T2 e T3), correspondentes
ver p.141
aos lugares da periferia da vila de Murça, através da criação de um percurso pedonal que
acompanhe a linha de água

- prolongar o percurso pedonal existente, entre este sítio e a “praia fluvial” (núcleo T3), até
à “Ponte Nova” (núcleo T1), de forma a unir os três lugares da periferia da vila de Murça
- valorizar e divulgar a antiga via romana, da qual restam a ponte e troços da calçada original:
ver p.141-143
- aproveitando esse traçado como percurso pedonal
- limpando o caminho e a mata envolvente
- impedindo a propagação desregrada da vegetação
- prolongar o percurso pedonal existente, entre este sítio e a “Ponte Velha” (núcleo T2),
até à “Ponte Nova” (núcleo T1), de forma a unir os três lugares da periferia da vila de Murça
ver p.143
- certificar este espaço como área balnear
- articular este núcleo, já definido e relativamente sólido, com o resto do vale
- criar uma área de lazer ribeirinha, sendo necessário instalar algum mobiliário
- averiguar se ainda existem vestígios da estrutura de moagem nas ruínas do antigo moinho,
de forma a orientar a sua possível recuperação: ver p.143-145
- ou de acordo com a sua função original, se ainda existirem elementos relevantes
- ou acolhendo um programa alternativo articulado com a área de lazer
- certificar este espaço como área balnear
- estimular a prática da canoagem ao longo do vale, sendo este o ponto de entrada do
percurso sugerido pelo CCABP para o Tinhela. Neste âmbito, destaca-se a necessidade de ver p.145-147
se construirem balneários, entre outras infra-estruturas que possam ser pertinentes
- articular este núcleo, já definido e relativamente sólido, com o resto do vale
- preservar e valorizar as diferentes “marcas de água”, sendo necessário:
- manter as ruínas relacionadas com a moagem dos cereais
- certificar este espaço como área balnear
- criar um percurso pedonal para ligar comodamente as termas, o café/restaurante, as
ver p.147-149
ruínas e a “praia fluvial”
- articular este lugar com o Vale do Tua:
- aproveitando a proximidade ao núcleo da Brunheda
- interligando estas termas com as de São Lourenço, através de ofertas complementares
- assumir este núcleo como um ponto estratégico decisivo na articulação entre a área em
estudo e a região duriense. Assim, é necessário:
- devolver-lhe a sua função de articulação entre dois ambientes e duas ofertas distintas
ver p.133 e 151
- afirmá-lo como portal de entrada do PNRVT para quem percorre as encostas vinhateiras
- para além de convidar os visitantes a descobrir o PNRVT, pretende-se também que este
núcleo seja o ponto de partida do troço alternativo, “paralelo” ao Vale do Douro
- criar um percurso de barco, entre Foz Tua e a Senhora da Ribeira, de modo a observar a
paisagem vinhateira característica da região duriense
ver p.151-155
- criar um percurso de carro, entre Foz Tua e a Senhora da Ribeira, de modo a descobrir as
“marcas de pedra” do planalto de Ansiães

165
Planear a Paisagem | O Parque Natural Regional do Vale do Tua

SÍNTESE | MARCAS DE ÁGUA

IMPACTO DA CONSTRUÇÃO DO AHFT


RIO / TROÇO NÚCLEOS ASSINALADOS
NOS OBJECTIVOS / PROPOSTAS DEFINIDAS

1. Chelas | Maravilha não tem consequências directas

2. Mirandela não tem consequências directas

3. Frechas não tem consequências directas


Tua 1
4. Cachão não tem consequências directas

5. Vilarinho das Azenhas não tem consequências directas

6. Ribeirinha | Longra | Barcel não tem consequências directas


- avaliar o impacto que a subida do nível da água terá no
7. Abreiro | Vieiro interesse do segundo percurso de canoagem sugerido pelo
CCABP, com início neste lugar e saída na Brunheda
- submersão do antigo lugar de moagem, perdendo-se assim
Codeçais
as “marcas de água” deste sítio
Tua 2 - submersão do antigo lugar de moagem, da “praia fluvial” e
da área de lazer ribeirinha, perdendo-se assim as “marcas de
Sobreira água” deste sítio
- as propostas definidas para este núcleo complementar
deixam de fazer sentido
Tua - submersão do antigo lugar de moagem, perdendo-se assim
as “marcas de água” deste sítio
8. Brunheda
- a proposta de criação de uma praia fluvial deixa de fazer
sentido
Franzilhal (1 e 2) - submersão dos antigos lugares de moagem, perdendo-se
Pinhal do Norte assim as “marcas de água” destes sítios
- submersão da linha ferroviária, pelo que esse traçado não
poderá servir como elo de ligação entre os núcleos propostos
- o plano de mobilidade em estudo pela ADRVT prevê,
contudo, a criação de um percurso de barco, entre a Brunheda
e a barragem, com um ponto de ancoragem em São Lourenço,
Tua 3 pelo que esse trajecto poderá “substituir” a ferrovia na
articulação entre os núcleos definidos
- este núcleo poderá ser também um dos espaços de conexão
9. São Lourenço
entre as rotas temáticas que serão definidas para o PNRVT
pela ADRVT
- no âmbito das medidas compensatórias, salienta-se ainda
a construção de um “Núcleo Interpretativo temático da
memória do Vale do Tua” neste sítio, relacionado com os
Recursos Hídricos, que poderá reforçar o vínculo entre o lugar
e as nascentes, oferecendo um programa cultural alternativo
às termas

Quadro 3. “Marcas de água” | Implicações da construção do AHFT nas propostas definidas (Partes 1 e 2 de 2)
A Proposta

SÍNTESE | MARCAS DE ÁGUA

IMPACTO DA CONSTRUÇÃO DO AHFT


RIO / TROÇO NÚCLEOS ASSINALADOS
NOS OBJECTIVOS / PROPOSTAS DEFINIDAS
- submersão da linha ferroviária, pelo que esse traçado não
poderá servir como elo de ligação entre esta povoação e o
resto do território
- submersão das ruínas da ponte e do teleférico artesanal,
10. Amieiro impossibilitando a recuperação desse engenho para
restabelecer as comunicações entre as duas margens
- no âmbito das medidas compensatórias, salienta-se a
construção de um “Núcleo Interpretativo temático da memória
do Vale do Tua” neste sítio, relacionado com a Biodiversidade

Paradela - submersão dos antigos lugares de moagem, perdendo-se


Castanheiro do Norte assim as “marcas de água” destes sítios
Tua Tua 3 Tralhariz - submersão da linha ferroviária, pelo que esse traçado não
poderá servir como elo de ligação entre estas povoações e o
(núcleos complementares) resto do território

- a articulação entre a área em estudo e a região duriense não


poderá ser realizada através das linhas ferroviárias
- está previsto, contudo, um plano de mobilidade ao longo do
Vale do Tua
11. Foz Tua
- no âmbito das medidas compensatórias, salienta-se a
construção de um “Núcleo Interpretativo temático da memória
do Vale do Tua” neste sítio, relacionado com os Transportes
Ferroviários

T1. Murça | “Ponte Nova” não tem consequências directas

T2. Murça | “Ponte Velha” não tem consequências directas

T3. Murça | “Praia fluvial” não tem consequências directas

T4. Sobredo não tem consequências directas

Tinhela T5. Martim não tem consequências directas


- submersão do antigo lugar de moagem, da “praia fluvial” e
da área de lazer ribeirinha, perdendo-se assim as “marcas de
água” deste sítio
T6. Caldas de Carlão - avaliar o impacto que a subida do nível da água terá no
aproveitamento das nascentes termais
- as propostas definidas para este núcleo deixam de fazer
sentido
D1. Foz Tua não tem consequências directas
Douro
D2. Senhora da Ribeira não tem consequências directas

167
Planear a Paisagem | O Parque Natural Regional do Vale do Tua

Mirandela

Murça

Rio Tinhela
Rio Tua

Vila Flor

Alijó

Carrazeda de Ansiães

Rio Douro
N
5000m

250. “Marcas de pedra” | Esquema de estudo da estratégia


A Proposta

“Marcas de pedra”

O tema da pedra, por sua vez, abrange um conjunto muito amplo e


variado de elementos, dispersos por todo o território. Ao contrário das
“marcas de água”, centradas essencialmente nos rios Tua, Tinhela e Douro, a
pedra está presente em todo o lado, sob as mais diversas formas, dominando
toda a envolvente. Impõe-se, assim, ao “natural”, não só nos montes e vales
que moldam esta área em estudo, mas também nas rochas em equilíbrio ou
com morfologias invulgares que se podem encontrar ao percorrer os seus
caminhos. É também o elemento essencial utilizado pelo Homem, ao longo
dos tempos, para satisfazer as suas necessidades básicas, como defender-se,
abrigar-se e deslocar-se. Reflecte-se, portanto, nas várias construções que
foram estruturando o território, quer num passado mais “recente”, visíveis
tanto nos aglomerados como na sua envolvente, quer em eras mais distantes,
das quais restam registos de diversos vestígios arqueológicos espalhados pela
região, e que serão, por isso, a base das propostas definidas.

Apesar da riqueza de tipologias e de épocas abrangidas, estas “marcas de


pedra” são praticamente desconhecidas, não só pelos forasteiros que visitam
a área, mas também pelos próprios habitantes que ignoram a existência da
maioria delas, resumindo-se, hoje em dia, a parcas referências em artigos ou
bases de dados especializadas. Pretende-se, assim, valorizar este património
esquecido, divulgando os vários sítios e tirando partido da sua diversidade
para levar as pessoas a querer descobrir os diferentes pontos, unindo-os e
percorrendo, simultaneamente, a região. Para além da sua vertente cultural,
mostrando as diversas facetas do processo de humanização da área em estudo,
esta descoberta do território através das “marcas de pedra” deverá articular-
-se também com outras perspectivas e experiências, tais como o contacto

169
Planear a Paisagem | O Parque Natural Regional do Vale do Tua
A Proposta

com a natureza ou a realização de actividades desportivas, como caminhadas,


passeios de BTT ou escalada, por exemplo.

Tendo em conta, por um lado, a extensão da área de estudo e, por outro,


a escassez de informação existente sobre o assunto, não foi possível fazer um
levantamento rigoroso nem um registo aprofundado de todas as ocorrências
que se enquadram no tema escolhido. Os lugares assinalados na presente
proposta são, por isso, apenas alguns exemplos representativos da diversidade
e riqueza do património da região, que têm sido, na sua maioria, esquecidos
ou descurados. No caso específico dos vestígios arqueológicos, destacaram-
-se os sítios inventariados no “Portal do Arqueólogo”, da DGPC, cujos registos
não indicam um estado de destruição total, subentendendo, portanto, a sua
possível descoberta. Importa ainda referir que não se conseguiu, ao longo
deste trabalho, averiguar a localização exacta nem o estado de conservação
actual da maior parte dessas ocorrências, pelo que as descrições que se
apresentam de seguida foram baseadas nos artigos disponíveis na dita base
de dados. Num contexto real, a elaboração de uma estratégia semelhante
implicaria, sem dúvidas, a realização de prospecções arqueológicas e de
estudos mais aprofundados, como já foi mencionado, de forma a determinar as
potencialidades turísticas dos diferentes núcleos destacados.

171
Planear a Paisagem | O Parque Natural Regional do Vale do Tua

251. “Marcas de pedra”, em Pombal de Ansiães


252. “Marcas de pedra”, em Carrazeda de Ansiães

253. “Marcas de pedra”, entre Paradela e Parambos

254. Habitação, em Freixiel


255. Casas, em São Pedro de Vale do Conde
256. Núcleo da aldeia de Felgueiras

257. Construções em pedra, em Mogo de Malta


258. Calçada, possivelmente construída no período
251. 252. romano, em São Mamede de Ribatua
259. Pequeno largo, em São Mamede de Ribatua

253.

255.

254. 255. 256.

256. 254.
251.
257.
258 e 259. 253. 252.

N
257. 258. 259. 5000m
A Proposta

As construções tradicionais

Independentemente dos percursos que se possam realizar ou dos


pedaços da região que se atravessem, existe um conjunto de construções que,
apesar das suas diversas formas ou dimensões, partilham sempre da mesma
essência, das mesmas raízes. Prendem-se com o modo como as populações
foram transformando o território, ao longo dos tempos, não só dentro dos
próprios aglomerados, nas suas várias estruturas fundamentais, mas também
na organização do espaço envolvente, tendo em vista o seu aproveitamento
agrícola e pecuário. Todas estas construções, sempre iguais e, simultaneamente,
diferentes, são “marcas de pedra”, quer sejam ruas, largos, habitações, fontes
ou edifícios comunitários, por um lado, quer sejam socalcos, muros, poços ou
outras edificações rústicas, tais como fornos de secar figos, palheiros, silos e
curriças28, por exemplo.

Olhando, num primeiro momento, para as várias povoações que pontuam


esta área, existem inúmeros elementos e/ou conjuntos de interesse que
merecem ser admirados, alguns pela modéstia com que foram construídos e
outros pelo seu carácter peculiar e inesperado, tendo em conta o contexto em
que se inserem. No primeiro grupo podem ver-se, por exemplo, algumas casas
antigas, de pequenas dimensões, em xisto ou em granito, ainda existentes
nos núcleos primitivos das aldeias, apesar das frequentes reconstruções
descaracterizadas e/ou do abandono que se vai generalizando um pouco por
toda a parte. Para além das habitações, também o espaço público conserva,
em vários sítios, o traçado das ruelas e alguns troços das calçadas originais,
bem como os pequenos largos onde os habitantes convivem, associados,

28. Termo utilizado pelos habitantes da região para designar uma construção, geralmente em
pedra, destinada a abrigar o gado ovino e/ou caprino.

173
Planear a Paisagem | O Parque Natural Regional do Vale do Tua

260. Casa no largo do pelourinho, em Vilas Boas


261. Casa da família Santos Melo, em Santa Eugénia
262. Casa da família Mendonça, em Abreiro

263. Casa da família Morais (IIP), em Selores


264. Solar da família Barbosa, em Zedes
265. Solar da família Araújo, em Frechas

266. lgreja paroquial de Pombal de Ansiães


267. Capela de São Sebastião, em Vilas Boas
260. 261. 262. 268. Cruzeiro de Abreiro

269. Vista aérea do Santuário de Nossa Senhora da


Assunção, em Vilas Boas
270. Santuário de Nossa Senhora da Assunção
271. Santuário de Nossa Senhora da Assunção, visto
do sopé do cabeço no qual se implanta

263. 264. 265.

265.

266. 267. 268. 261. 262 e 268. 269 a 271.


260 e 267.

266. 264.

263.

N
269. 270. 271. 5000m
A Proposta

geralmente, às igrejas, às fontes ou aos lavadouros comunitários. Por vezes, a


aparente simplicidade desses aglomerados é perturbada pelo aparecimento de
elementos excepcionais, quer pela sua escala, quer pela linguagem utilizada. É
o caso, por exemplo, dos solares e das casas nobres, pertencentes, outrora, às
famílias influentes, e edificados com a grandeza e o requinte que os seus títulos
lhes conferiam. Apesar da riqueza das suas composições e do seu destaque no
meio que os rodeia, muitos destes edifícios encontram-se desocupados e, por
vezes, num estado de degradação significativo.

Para além do tema da habitação, as povoações são também


profundamente marcadas pelas construções religiosas, que definem, como
já foi mencionado, os largos principais onde os moradores se reúnem em
momentos de convívio. Para além dos espaços públicos gerados à sua volta,
as igrejas e as capelas enquadram-se em diferentes tipologias, quer pelas suas
configurações e dimensões, quer pelos materiais e pelas técnicas construtivas
utilizadas, formando, assim, um conjunto muito variado em toda a região.
Os cruzeiros e os pequenos oratórios são, igualmente, comuns em muitas
aldeias, assumindo sempre os mais variados traços. Por último, os santuários
são também elementos relevantes na vida religiosa das populações, sendo
dedicados aos seus padroeiros. Apesar de situarem, geralmente, na periferia
dos núcleos, no topo dos cabeços circundantes, são lugares excepcionais que
testemunham o esforço realizado pelos antepassados para vencer a rudeza
do meio e provar a sua devoção. Graças à sua implantação, estes pontos são,
simultaneamente, miradouros privilegiados e os seus respectivos caminhos de
peregrinação representam belíssimos percursos pedonais, mesmo para quem
não seja movido pela fé.

Pela importância que já assumiram na estruturação do território, alguns

175
Planear a Paisagem | O Parque Natural Regional do Vale do Tua

272. Pelourinho de Lamas de Orelhão


273. Pelourinho de Frechas
274. Pelourinho de Abreiro

275. Pelourinho e antiga Casa da Câmara, em São


Mamede de Ribatua
276. Pelourinho e Câmara Municipal, em Murça
277. Pelourinho, em Carrazeda de Ansiães

278. Pelourinho de Freixiel


272. 273. 274. 279. Forca de Freixiel, vista do caminho que a liga à
povoação
280. Forca de Freixiel

281. Vista sobre o Vale de Freixiel, a partir da Forca

275. 276. 277.


Restantes pelourinhos ou fragmentos:
A. Alijó E. Ansiães
B. Vila Flor F. Mirandela
C. Vilas Boas
D. Linhares
F.

272.
273.
276.

278. 279. 280. 274. C.


274. 278 a 281.
B.
A.
275. 277.

D. E.

N
281. 5000m
A Proposta

núcleos reflectem ainda outro tipo de elementos peculiares, relacionados com


o poder político e administrativo que lhes foi, outrora, concedido. De facto,
para além das vilas e da cidade dos actuais municípios, há outros lugares que
também foram, em tempos, sedes de concelhos, entretanto extintos. As
marcas mais visíveis dessa distinção são, sem dúvidas, os pelourinhos erguidos,
na altura, nos principais espaços públicos e que ainda podem ser observados
hoje em dia. Essas construções eram, na origem, instrumentos de justiça, uma
vez que neles eram expostos e punidos os deliquentes, geralmente através
de açoites ou mutilações. Mais tarde, tornaram-se símbolos da autonomia dos
concelhos e transformaram-se, assim, em obras de arte, substituindo os ferros
de sujeição por elementos decorativos (Malafaia, 1997, p.19-23). A região em
estudo é pontuada por onze monumentos29, com diferentes configurações
e ornamentos, havendo igualmente fragmentos e/ou registos de mais dois30,
entretanto destruídos. Nas vilas, bem como na aldeia de São Mamede de Ribatua,
pertencente a Alijó, as praças dos pelourinhos permanecem enquadradas
pelas antigas Casas da Câmara. Ainda no âmbito da justiça, importa salientar a
existência de uma forca, em Freixiel, que poderá ser o último exemplar visível
na Península Ibérica (DGPC, s.d. b). Está situada fora da povoação, como era
costume, num pequeno relevo, e os condenados à morte eram posteriormente
enterrados numa área vizinha, designada por “Fiéis de Deus”.

29. Esses pelourinhos situam-se nas vilas de Murça, Alijó, Carrazeda de Ansiães e Vila Flor, bem
como nas aldeias de Lamas de Orelhão, Frechas, Vilas Boas, Freixiel, Abreiro, São Mamede de
Ribatua e Linhares.

30. Existem fragmentos do pelourinho da antiga vila de Ansiães, que foi destruído em 1734,
quando a sede do concelho foi transferida para a sua localização actual (Malafaia, 1997, p.451).
Há também registos escritos de um pelourinho em Mirandela, que estaria erguido na Praça do
Município (actual Praça 5 de Outubro), mas do qual não existem nenhuns vestígios materiais
(Ibidem, p.530).

177
Planear a Paisagem | O Parque Natural Regional do Vale do Tua

282. Fonte de mergulho, em Candedo


283. Fonte de mergulho, em Passos
284. Fonte de mergulho, em Monfebres

285. Fonte de mergulho, em Brunheda


286. Fontanário, em Brunheda
287. Conjunto formado pela fonte de mergulho e pelo
fontanário, em Mogo de Ansiães

288. Fonte de mergulho, em Vila Flor


282. 283. 284. 289. Fonte de mergulho, em Vila Flor
290. Conjunto formado pela fonte de mergulho e pelo
fontanário, com tanque bebedouro, em Vila Flor

291. Fontanário com tanque bebedouro, em Belver


292. Fontanário e lavadouro, em Presandães
293. Fonte de mergulho e lavadouro, em Amedo

285. 286. 287.

283.

284.
288. 289. 290.
282.

285 e 286.

292. 288 a 290.

293. 287.
291.

N
291. 292. 293.
5000m
A Proposta

Por último, o aproveitamento dos recursos naturais é o tema que mais


profundamente marcou o território, por se tratar, no fundo, das suas raízes.
De facto, a subsistência das populações esteve sempre dependente da
racionalização e da boa gestão da água e da terra, nomeadamente para o
cultivo dos alimentos e para a sua posterior transformação. Estes elementos
deram origem a um conjunto muito vasto de construções, algumas mais
elaboradas do que outras, tanto no interior dos núcleos como na organização
da sua envolvente. Propõe-se, assim, uma observação mais atenta dessas obras
que reflectem os saberes transmitidos e melhorados de geração em geração.

Ao longo da primeira parte da presente proposta, dedicada às “marcas de


água”, foram já referidos alguns exemplos das edificações a que este recurso
deu origem, nomeadamente os açudes e as respectivas azenhas, construídos
ao longo dos rios principais. Na restante área em estudo, onde este bem é mais
escasso, os sinais existentes são mais discretos e prendem-se, essencialmente,
com as fontes e os lavadouros públicos, dentro das aldeias, e com os poços, por
vezes acompanhados de engenhos, nos terrenos envolventes.

Independentemente da sua escala, todos os aglomerados possuem fontes


comunitárias, geralmente situadas em largos onde a população se reunia.
Materializam-se com dimensões e linguagens diversas, consoante o meio em
que se inserem, e enquadram-se, fundamentalmente, em duas tipologias: as
fontes de mergulho e os fontanários. As primeiras, também designadas por
fontes de chafurdo, eram construídas a uma cota inferior à do solo, de onde
a água era retirada através de vasilhas, e eram, normalmente, cobertas com
uma pedra de grandes dimensões ou com uma abóbada. Mais tarde, com o
aparecimento da canalização, começaram a ser construídos os fontanários,
com formas mais ou menos trabalhadas. Por vezes, estes lugares estão também
complementados com bebedouros para os animais ou com antigos lavadouros,

179
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294. Poço com nora, em Abreiro


295. Nora, no Parque Dr. José Gama, em Mirandela
296. Nora, no Parque Dr. José Gama, em Mirandela

297. Nora do Cardal, exposta em Mirandela


298. Nora exposta numa rotunda, em Mirandela
299. Nora exposta noutra rotunda, em Mirandela

300. Terrenos cultivados, entre as aldeias de Vilarinho


das Azenhas e Vilas Boas
294. 295. 296.
301. Terrenos cultivados, entre as aldeias de Pinhal do
Norte e Brunheda
302. Socalcos com vinha e oliveiras, entre Pombal de
Ansiães e São Lourenço
303. Parcela agrícola, entre Paradela e Parambos

297. 298. 299.

298.
299.
295 e 296. 297.

300.
294. 300.

301.
302.

303.

N
301. 302. 303. 5000m
A Proposta

usados, em tempos, para as lidas quotidianas.

Fora dos aglomerados, por sua vez, para além dos rios já mencionados, a
rega dos campos era realizada através dos numerosos ribeiros que atravessam
o território ou, nas áreas mais secas, da água armazenada nos poços. Em
ambas as situações, a água era retirada, tradicionalmente, com noras ou
cegonhas, outrora vulgares na região, mas que têm vindo a desaparecer e a
ser substituídos por meios mais eficientes, como bombas de água ou motores
de rega. No entanto, ainda é possível encontrar alguns desses engenhos pelos
campos, ou expostos, por exemplo, nos jardins da cidade de Mirandela.

A terra, por sua vez, garantia o sustento de muitas famílias, tanto através
da agricultura como da pecuária. Estas actividades foram, por isso, um dos
principais factores de transformação do território, moldando-o através de
socalcos e muros e introduzindo-lhe diferentes tipos de edificações, destinados
a processar as matérias-primas e a guardar os bens. Essas construções não
podem ser entendidas como peças soltas, dissociadas dos elementos que lhe
deram origem, pelo que serão apresentadas de acordo com a espécie cultivada
ou criada, começando pelas que têm maior impacto nesta área de estudo.
Para além da sua presença dominante no desenho da paisagem, a azeitona e
a uva implicaram, simultaneamente, intervenções marcantes nas aldeias, de
modo a transformar os frutos colhidos em azeite e em vinho, respectivamente.
Os cereais, por sua vez, eram também fundamentais para a alimentação
das populações e do gado, tendo levado ao aparecimento de diferentes
edificações. Finalmente, as plantações complementares, tais como hortícolas
e frutas variadas, não deixam de ser relevantes, apesar de serem muito mais
pontuais que as anteriores. No âmbito da pecuária, destacam-se as lojas anexas
às habitações, onde se guardavam os burros, os porcos ou as galinhas, e as
estruturas soltas, nos campos, destinadas às ovelhas, às cabras e às pombas.

181
Planear a Paisagem | O Parque Natural Regional do Vale do Tua

304. Peças de um antigo lagar de azeite, em Vila Flor.


Podem observar-se o moinho, à esquerda, e a prensa
de vara, à direita

305. Peças de um antigo lagar de azeite, em Vila Flor


306. “Capachos”
307. Peças de um antigo lagar de azeite, em Mirandela

304.

307.

305.

304 e 305.

N
306. 307. 5000m
A Proposta

O processo de fabrico do azeite era realizado, antigamente, em lagares


de vara e pedra, situados, geralmente, dentro das povoações ou nas suas
proximidades. A azeitona era moída durante várias horas, graças aos animais
que movimentavam as mós, até formar uma pasta. Essa massa era colocada
sobre “capachos”31, que eram posteriormente empilhados sobre um estrado
e prensados por uma vara32, libertando uma mistura de azeite e água-ruça que
era encaminhada para recipientes próprios. Após proceder à caldeação33 e a
uma nova prensagem, era necessário decantar o líquido previamente obtido.
Sendo menos denso do que a água, o azeite vinha ao cimo e passava para outro
depósito, através de uma caleira, sendo depois retirado para outros vasilhames
(Câmara Municipal de Moura, s.d.). Os resíduos, nomeadamente o bagaço e
as borras, eram também aproveitados para outros fins34. A modernização do
sistema de fabrico e a introdução de normas relativas a este sector de actividade
ditaram o fim do funcionamento destes lagares, o que levou ao abandono ou
à destruição de muitos deles. Não tendo encontrado nenhum registo sobre

31. Os “capachos” são uma espécie de tapetes em corda, redondos, com um buraco no centro,
sobre os quais era colocada a pasta de azeitona que seria, posteriormente, espremida.

32. Uma das extremidades da vara era fixa na parede por um sistema articulado, e a outra era
encaixada num fuso vertical, com um peso por baixo. Na base do fuso, uma alavanca era em-
purrada por dois homens, fazendo girar o fuso e, simultaneamente, baixar a vara, que espremia,
deste modo, os “capachos” cobertos de pasta de azeitona (Câmara Municipal de Moura, s.d.).

33. Após prensar os “capachos”, estes eram abertos e mantidos dessa forma graças a uns paus
colocados verticalmente. Depois disso, deitavam-lhe água bem quente, previamente aquecida
na caldeira do lagar, que “fluidificava a massa de azeitona que já havia sido prensada, e ao
mesmo tempo iria permitir o desprender de azeite que esta massa ainda continha” (Câmara
Municipal de Moura, s.d.).

34. O bagaço da azeitona servia, essencialmente, para alimentar os porcos. Já as borras do


azeite eram utilizadas para fazer sabão. Finalmente, a água-ruça que resultava do processo de
decantação era encaminhada para um tanque, conhecido por “inferno”, onde era filtrada mais
uma vez para lhe extrair mais um pouco de azeite que ainda continha.

183
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308. Mós de um antigo lagar, em Vilas Boas


309. Peças de um antigo lagar, em Rêgo de Vide
310. Peças de um antigo lagar, em Mirandela

311. Prensa hidráulica, em Santa Eugénia


312. Peças de um antigo lagar, em Murça
313. Peças de um antigo lagar, em Vila Flor

314. Tradicional pisa das uvas


315. Pipas de vinho, na Adega Cooperativa de Murça
308. 309. 310. 316. Peças de um antigo lagar de vinho, em Candedo.
O sistema de prensagem, contudo, já não é o da vara

311. 312. 313.

310.

312. 309.
315.

314.
316.
311. 308.

313.

N
315. 316. 5000m
A Proposta

essas construções, não foi possível determinar a quantidade de exemplares


que existiram na região, nem quantos é que se conservam hoje em dia. Sabe-se,
no entanto, que ainda há umas instalações em Vilas Boas, numa antiga casa de
lavradores que foi recuperada como unidade de turismo em espaço rural (Casa
dos lagares de vara e pedra, s.d.). Também se podem observar algumas peças
soltas, de diferentes épocas, que se encontram expostas em vários núcleos da
área em estudo. No que respeita à descoberta dos processos de fabrico actuais
e dos produtos comercializados, é possível visitar os lagares que pontuam este
território, bem como provar e adquirir o azeite aí produzido. No âmbito da
divulgação desta cultura ancestral, apesar de abranger uma área mais extensa
do que a que é estudada na presente proposta, destaca-se a criação da “Rota
do Azeite de Trás-os-Montes”, em 2003, que reúne os diversos produtores,
locais de degustação e pontos de venda deste produto em vários concelhos
dessa província.

Os lagares de vinho, por sua vez, tinham semelhanças com os do azeite, mas
eram menos complexos e, consequentemente, mais comuns. Existiam, assim,
vários exemplares em cada aldeia, geralmente em diferentes propriedades
privadas, anexos às habitações (Rota da Terra Fria Transmontana, s.d.). As
uvas era colocadas no tanque do lagar, onde eram pisadas para libertarem o
seu sumo, e esse mosto ficava a fermentar durante alguns dias. Era, depois,
escoado e filtrado, separando-se o bagaço do vinho. O líquido era armazenado
nas pipas ou nos tonéis e o bagaço, que ainda continha vinho, era colocado
numa tina e espremido através do sistema da vara mencionado anteriormente
(Ferraz, Leite & Vieira, 2007). À semelhança dos lagares de azeite, também não
se sabe quantas estruturas destas existiram na região, nem quantas se mantêm
actualmente, conhecendo-se, contudo, um exemplar em Vilas Boas, na mesma
propriedade que conserva o de azeite (Casa dos lagares de vara e pedra, s.d.).

185
Planear a Paisagem | O Parque Natural Regional do Vale do Tua

317. Silo, em São Pedro de Vale do Conde


318. Palheiro, em Fiolhoso
319. Espigueiro, em Presandães

320. Moinho de água, no centro da aldeia de Freixiel


321. Moinho de vento, em Carrazeda de Ansiães
322. Ruínas do moinho de vento, em Mogo de Malta

323. Vista do moinho de vento, ao entrar na vila de


Carrazeda de Ansiães
318.

317. 319.

317.
318.

320. 321. 322.

320.
319.
322.
321 e 323.

N
323. 5000m
A Proposta

Calcula-se que algumas destas construções ainda sejam usadas para consumo
próprio, embora, provavelmente, já não na sua forma primitiva, substituindo,
nomeadamente, a estrutura das varas por engenhos mais eficientes.

Os cereais, por sua vez, eram essenciais na alimentação das populações


e do gado e levaram ao aparecimento de diferentes construções, relacionadas
com o armazenamento ou com a transformação destas matérias-primas. No
primeiro conjunto de edifícios destacam-se os silos e os palheiros, destinados
a guardar os grãos e a palha, respectivamente, e construídos com uma grande
simplicidade formal. O seu valor não reside, geralmente, nos edifícios em si,
mas, sim, no modo como introduzem um momento distinto na paisagem das
aldeias (Barbosa, 2001, p.5). Apesar de serem muito raros nesta região, podem
também encontrar-se, pontualmente, espigueiros, onde o milho era colocado
para secar e se conservar durante o Inverno. Quanto ao segundo grupo,
relacionado com a transformação destes alimentos, as principais marcas de
relevo são os moinhos e os fornos comunitários. Apesar da moagem já ter sido
abordada anteriormente, por resultar, maioritariamente, da força da água,
importa referir alguns casos excepcionais que também se podem observar
nesta zona. O primeiro prende-se com a existência de um exemplar semelhante
aos descritos, que se distingue, contudo, por estar situado dentro da aldeia de
Freixiel, por cima de um ribeiro, ao contrário das azenhas implantadas junto
ao Tua ou ao Tinhela. As outras excepções são moinhos de vento, raros nesta
parte do país, mas visíveis em duas localidades. O de Carrazeda de Ansiães foi
recuperado em 2012, tornando-se o único engenho deste tipo a funcionar, hoje
em dia, na província transmontana (Castelo de Ansiães, 2012). Existiu também
outra edificação similar em Mogo de Malta, da qual resta a torre em granito.
Os fornos, por sua vez, eram elementos de destaque em todas as aldeias, pela
importância que tinham na vida das populações. Apesar da maioria deles já não

187
Planear a Paisagem | O Parque Natural Regional do Vale do Tua

324. Forno comunitário, em Seixo de Ansiães


325. Forno comunitário, em Fonte da Urze
326. Casa do forno, em Sobreira

327. Forno de secar figos, em Beira Grande


328. Forno de secar figos, em Freixiel
329. Forno de secar figos, em Candoso

324.

325. 326.

325.

327.
326.
328.

329.

327. 324.

N
328. 329. 5000m
A Proposta

ser usada há vários anos, existia pelo menos um forno em cada povoação que
era utilizado pelos habitantes para cozerem o seu pão. Estas construções têm
aspectos e configurações muito variadas, pelo que nem sempre se distinguem
das habitações envolventes. Independentemente da sua linguagem, são marcas
relevantes da história dos aglomerados que devem ser preservadas.

As culturas complementares, tais como hortícolas e frutas variadas,


pontuam, ocasionalmente, o território, contribuindo para a diversidade da
paisagem. Algumas dessas plantações têm um peso considerável na produção
agrícola e na economia da área em que se implantam, como é o caso, por
exemplo, da amêndoa, em Vila Flor, da maçã, em Carrazeda de Ansiães, ou
ainda da laranja, em São Mamede de Ribatua. No entanto, para além dos
muros de suporte e dos armazéns agrícolas, semelhantes para as diferentes
espécies cultivadas, estes produtos não implicam nenhum tipo de construção
específica. A única excepção que ainda não foi mencionada é o figo, que levou
ao aparecimento de fornos próprios para os secar e, assim, permitir a sua
conservação durante vários meses. Esses fornos em pedra eram aquecidos
com lenha miúda e os figos eram colocados no seu interior, sobre uma camada
de palha, depois de se removerem as brasas. A porta era tapada com uma
mistura de terra, cinza e água, até ao dia seguinte, retirando-se então a fruta,
pronta para ser guardada e consumida mais tarde. Estas estruturas, situadas
geralmente nos campos, reflectem, mais uma vez, uma técnica ancestral ligada
ao aproveitamento dos bens cultivados, cuja memória deve ser mantida.

No que respeita à pecuária, destacam-se, essencialmente, as lojas


construídas dentro dos aglomerados, anexas às habitações tradicionais, e as
estruturas soltas, localizadas na periferia desses núcleos ou nos campos. As
primeiras destinavam-se aos animais que garantiam o sustento de quase todas

189
Planear a Paisagem | O Parque Natural Regional do Vale do Tua

330. Casa com loja no piso térreo, em São Pedro de


Vale do Conde
331. Casa com loja no piso térreo, em Freixiel
332. Casa com loja no piso térreo, em Sobreira

333. Casa com armazém anexo, em Mogo de Malta


334. Armazém agrícola, em Barcel
335. Armazém agrícola, em Monfebres

336. Curriça, em São Pedro de Vale do Conde


330. 331. 332. 337. Curriça, entre as aldeias de Carvalho de Egas e
Seixo de Manhoses
338. Abrigo rural, em Abreiro

339. Pombal redondo, em Barcel


340. Pombal em ferradura, em Vilarinho das Azenhas
341. Pombal redondo, em Vilarinho das Azenhas

333. 334. 335.

330 e 336.

335. 340 e 341.


336. 337. 338. 334 e 339.
338.
332.
331.

333. 337.

N
339. 340. 341. 5000m
A Proposta

as famílias, como, por exemplo, os burros, os porcos e as galinhas. A maioria das


casas antigas era organizada em dois pisos, com o alojamento no andar superior
e as lojas no rés-do-chão, onde eram guardadas as ferramentas, os produtos
agrícolas e a cria. Por vezes, esses estábulos e arrumos eram construídos
ao lado da habitação, em edifícios anexos, e podiam ganhar uma dimensão
significativa, principalmente quando pertenciam a famílias mais abastadas.
As estruturas soltas, situadas fora das povoações, estavam relacionadas,
principalmente, com a actividade pastorícia, embora também existissem,
pontualmente, alguns pombais. Espalhadas um pouco por toda a região, ainda
se podem observar várias curriças, construídas, geralmente, em pedra, onde
se abrigavam as cabras e as ovelhas. Existem também, embora com menos
frequência, pequenos abrigos rudimentares, utilizados, outrora, pelos pastores
(Barbosa, 2001, p.4). Finalmente, os pombais ainda pontuam, ocasionalmente,
o território, apesar da maioria se encontrar abandonada e degradada, e podem
assumir diferentes configurações, embora as mais comuns sejam as formas
circulares ou em ferradura (Ibidem, p.3).

Independentemente do nível de complexidade ou de riqueza formal que


possam apresentar, todas as construções descritas são marcas da apropriação
desta região pelas populações. Quer sejam edificações excepcionais ou
estruturas modestas, cada uma destas “pedras” transmite uma história, uma
cultura. Devem, por isso, ser valorizadas, muitas vezes não pelas peças em si
mas, sim, pela forma como esses pontos se interligam e definem um território.

191
Planear a Paisagem | O Parque Natural Regional do Vale do Tua

14 e 15.
Mirandela
1.

3.
Murça 2.
4.

5.

6.

13. Vila Flor


7.

Alijó 12. Sítios arqueológicos classificados como Património Cultural:


1. Abrigos rupestres do Regato das Bouças (IIP)
2. Castro de Palheiros (SIP)
3. Conjunto formado pela estrada romana e ponte sobre o
Carrazeda de Ansiães rio Tinhela (IIP)
4. Necrópole Megalítica do Alto das Madorras (SIP)
5. Castro do Pópulo (IIP)
6. Anta de Fonte Coberta (MN)
7. Abrigo rupestre da Pala Pinta (SIP)
8. 9, 10 e 11. 8. Fraga pintada do Cachão da Rapa (MN)
9. Castelo de Ansiães (MN)
10. Ruínas da igreja de Ansiães (MN)
11. Igreja de São João Batista (MIP)
12. Anta de Zedes (SIP)
13. Castelo de Vila Flor (IIP)
14. Ponte sobre o Tua (MN)
N 15. Castelo de Mirandela (IIP)

5000m Restantes sítios arqueológicos seleccionados

342. “Marcas de pedra” | O património arqueológico (localização aproximada)


A Proposta

O património arqueológico

Apesar do relativo desconhecimento sobre o assunto, não só dos


forasteiros que visitam a área, mas também da população local, existem registos
de numerosos sítios arqueológicos dispersos um pouco por todo o território.
Estes vestígios enquadram-se em várias épocas e tipologias, permitindo
descobrir diferentes facetas do processo de humanização da região, como,
por exemplo, o aparecimento de abrigos, a fixação de povoados, o traçado de
vias de comunicação, o aproveitamento dos recursos naturais, a elaboração de
pinturas e gravuras rupestres e a edificação de monumentos fúnebres. Algumas
destas “marcas de pedra” estão classificadas como património cultural, o que
contribuiu para o seu reconhecimento, ou para o seu não esquecimento, por
parte dos habitantes, por um lado, e para a crescente consciencialização da
sua importância e das suas potencialidades turísticas, por outro. Ainda assim,
a valorização deste legado continua muito aquém das suas possibilidades, uma
vez que as ocorrências classificadas e divulgadas representam apenas uma
pequena percentagem dos sítios arqueológicos existentes na área. Pretende-
-se, portanto, apresentar os diferentes tipos de vestígios registados e tirar
partido dessa diversidade para levar as pessoas a querer alcançar os diferentes
pontos, unindo-os e percorrendo, simultaneamente, a região.

Olhando, num primeiro momento, para os vestígios protegidos, é possível


ficar com uma ideia da variedade de ocorrências que se podem encontrar pelo
território. De facto, esses sítios abrangem a maioria das tipologias referidas
anteriormente, formando, de certo modo, uma amostra com os monumentos
mais representativos da região. Assim, podem visitar-se os abrigos com pinturas
rupestres do Regato das Bouças, na Serra dos Passos, ou da Pala Pinta, perto
de Franzilhal. No âmbito dos povoados, por sua vez, os castros de Palheiros e

193
Planear a Paisagem | O Parque Natural Regional do Vale do Tua

343. Painel 5 do abrigo 3 do Regato das Bouças (IIP)


344. Pinturas rupestres, no Abrigo de Pala Pinta (SIP)
345. Castro de Palheiros (SIP)

346. Interior do recinto do Castelo de Ansiães (MN)

347. Estrada romana, em Murça (IIP)


348. Ponte sobre o rio Tinhela, em Murça (IIP)
349. Estrada romana, em Murça (IIP)

350. Fraga pintada do Cachão da Rapa (MN)


343. 344. 345. 351. Fraga pintada do Cachão da Rapa (MN)
352. Mamoa nº5 da Necrópole Megalítica do Alto das
Madorras (SIP)
353. Anta de Fonte Coberta (MN)

346.

Restantes sítios arqueológicos classificados

343.

345.
352. 347 a 349.
347. 348. 349.

353.

344.

346.
350 e 351.

N
350. 351. 352. 353. 5000m
A Proposta

do Pópulo reflectem a estreita relação entre a implantação dessas construções


e a morfologia dos lugares, enquanto os vestígios dos castelos remetem para
a fundação das vilas de Ansiães, Vila Flor e Mirandela. A ponte sobre o Tua, em
Mirandela, e o conjunto formado pela estrada romana e pela ponte sobre o
Tinhela, em Murça, são fragmentos das vias de comunicação que estruturaram
o território. Quanto à arte rupestre, para além das pinturas visíveis nos abrigos
referidos, existe a fraga pintada do Cachão da Rapa, nas proximidades da foz
do Tua. Finalmente, a Necrópole Megalítica do Alto das Madorras, situada no
limite dos concelhos de Alijó e de Murça, é um dos monumentos fúnebres de
maior destaque, juntamente com as antas de Fonte Coberta, perto de Chã, e de
Zedes, no concelho de Carrazeda de Ansiães.

Para além da diversidade tipológica dos sítios classificados, também é


curioso observar que, pela sua implantação, a ligação entre a maioria deles
configura um anel em torno da área em estudo, unindo as sedes de concelho
e passando, igualmente, pela foz do Tua. Permitem, portanto, circundar a
região que se pretende valorizar e podem ser promovidos como elementos
de articulação entre os cinco municípios. No entanto, mais do que trabalhar
esse anel, o objectivo da presente proposta é levar as pessoas a percorrer o
espaço que está no seu interior, recorrendo, para tal, aos restantes vestígios
arqueológicos registados. Assim, descrevem-se de seguida as diferentes
tipologias, já mencionadas, que pontuam o território, começando pelos vários
refúgios.

A necessidade de se proteger dos fenómenos meteorológicos e dos


animais levou o Homem a aproveitar ocorrências naturais favoráveis, tais como
fendas ou rochas inclinadas, para se resguardar. Os abrigos criados assumiram,
assim, as mais variadas dimensões e configurações, que influenciaram,

195
Planear a Paisagem | O Parque Natural Regional do Vale do Tua

354. Vista geral do abrigo do Buraco da Pala, na Serra


dos Passos
355. Vista geral do abrigo da Pala da Moura, perto de
Castanheiro do Norte
356. Buraco da Pala, na Serra dos Passos
357. Pala da Moura, perto de Castanheiro do Norte

358. Castelo da Sobreira


359. Castelo de Pinhal do Norte
360. Castelo dos Mouros, perto de Fiolhoso
354.
361. Habitat do Curral dos Moiros, perto de Pombal
362. Habitat do Lugar da Costa/Mós, perto de Pombal
363. Habitat do Lugar da Costa/Mós, perto de Pombal

355. 356. 357.

Restantes abrigos, povoados e habitats

354 e 356.

360.
358. 359. 360.
358.

359.
362 e 363.
361.
355 e 357.

N
361. 362. 363. 5000m
A Proposta

consequentemente, o espaço interno dos mesmos. Foram encontrados,


em alguns deles, vestígios da sua ocupação, como, por exemplo, cerâmicas,
ferramentas, sementes ou ainda áreas de queimada, que permitem esboçar
esquemas da sua organização espacial. Importa ainda referir que vários abrigos
possuem, igualmente, painéis com pinturas ou gravuras rupestres.

Os povoados, por sua vez, eram geralmente implantados no topo dos


promontórios ou em zonas acidentadas, de forma a permitirem um controlo
estratégico da área envolvente, bem como boas condições de defesa natural.
Os declives acentuados e os afloramentos rochosos eram aproveitados, sempre
que possível, para a construção das muralhas. No interior dos recintos, foram
encontrados, em muitos casos, diversos materiais de superfície, e, por vezes,
vestígios das antigas estruturas.

Por último, há também indícios da existência de alguns habitats e de


uma villa do período romano, ligados à agricultura. Ao contrário das tipologias
anteriores, estas construções eram realizadas em vales ou em zonas com
solos férteis e destinavam-se à exploração dos recursos agrícolas, tais como
o olival, a vinha, árvores de fruto variadas e cereais. Hoje em dia, esses sítios
caracterizam-se, essencialmente, pela dispersão de materiais de superfície,
como, por exemplo, fragmentos de cerâmicas, tégulas e mós.

No âmbito da circulação de pessoas e bens, por sua vez, ainda existem


diversos segmentos das vias de comunicação que estruturavam o território.
Para além da actual rede viária, que se aproxima, por vezes, dos eixos primitivos,
é possível observar alguns troços de antigas calçadas, geralmente lajeadas a
granito. Associadas a esses traçados, também se podem ver várias pontes,
construídas com o mesmo material, que permitiam, em tempos, atravessar
os rios e os ribeiros. A maioria destas ocorrências encontra-se em bom

197
Planear a Paisagem | O Parque Natural Regional do Vale do Tua

364. Acesso à Calçada de São Lourenço, a partir da


aldeia de Pombal de Ansiães
365. Acesso à Calçada de Pombal, a partir da estrada
que liga essa aldeia a Paradela
366. Início do percurso da Calçada de Linhares

367. Informação sobre as calçadas do concelho de


Carrazeda de Ansiães, neste caso em Mogo de Malta
368. Calçada do Mogo
369. Ponte das Olgas e antiga via, perto de Pereiros
364. 365. 366.
370. Lagareta em Santrilha, possivelmente destinada
à produção de pequenas quantidades de azeite
371. Lagar, no Castelo dos Mouros, perto de Fiolhoso
372. Lagareta, no Castelo dos Mouros, perto de
Fiolhoso

373. Lagar e habitat do Salto 1, perto de Noura


374. Lagar da Escorregadeira, perto de Linhares
375. Lagar da Ribeira de Baixo, perto de Pombal

367. 368. 369.

Restantes vias, pontes, lagares e lagaretas

371 e 372.
373.
370. 371. 372.

370.
369.
364.
365.
375. 367 e 368.

374.
366.

N
373. 374. 375. 5000m
A Proposta

estado de conservação e permite, frequentemente, uma ligação alternativa


entre duas ou mais aldeias. Possuem, portanto, grandes potencialidades
para serem recuperadas como percursos pedonais, dando a conhecer estes
antigos caminhos, carregados de história, bem como novas perspectivas das
diferentes paisagens. É importante mencionar que o município de Carrazeda de
Ansiães tem vindo a apostar nesta abordagem, sinalizando e disponibilizando
informações sobre alguns desses exemplares.

Outro tema que sobressai, entre os sítios arqueológicos referenciados,


é o do aproveitamento dos recursos naturais, entre os quais se destaca a
agricultura. Dada a predominância da vinha e do olival nesta região, quase
todos os vestígios assinalados dizem respeito a antigos lagares e lagaretas. A
maioria deles destinava-se à produção de vinho, mas também existem alguns
que poderão ter sido criados para extrair pequenas quantidades de azeite.
De um modo global, os lagares eram escavados nas rochas e possuíam dois
tanques, ligados por um pequeno canal de escoamento. O primeiro tanque,
designado por calcatorium, situava-se a uma cota superior e destinava-se
à pisa das uvas. O mosto assim obtido escorria para uma segunda cavidade,
o lacus, de onde era recolhido em recipientes para ser transportado. Feito o
primeiro tratamento, era necessário espremer o bagaço para lhe retirar o sumo
que ainda continha. O calcatorium era, por isso, ladeado por dois pequenos
recortes, as stipites, onde era encaixado o sistema de prensa, semelhante ao
de vara e pedra descrito no capítulo anterior (Almeida et al., 1999, p.98-101). Os
exemplares assinalados na área em estudo assumem diferentes configurações
e dimensões e apresentam, por vezes, algumas variantes ao modelo descrito,
possuindo apenas um tanque (Pereira & Lopes, 2005, p.30), por exemplo,
ou combinando a escavação na rocha com a colocação de lajes de granito
(Ibidem, p.50). Algumas destas construções aparecem como elementos soltos,

199
Planear a Paisagem | O Parque Natural Regional do Vale do Tua

376. Pinturas rupestres no Regato das Bouças, na


Serra dos Passos
377. Fraga da Aborraceira, perto de Pombal de Ansiães
378. Fraga das Ferraduras de Linhares

379. Complexo de gravuras rupestres de Fonte de


Seixas, perto de Parambos
380. Painéis 1, 3 e 4 do complexo de gravuras rupestres
de Fonte de Seixas, perto de Parambos

381. Mamoa nº8 da Necrópole Megalítica do Alto das


376. 377. 378. Madorras
382. Anta de Zedes
383. Monumento megalítico nº3 da Estante, perto de
Carlão

384. Necrópole de Fiolhoso


385. Sepultura rupestre do Passadouro, perto da
Quinta da Alegria
386. Sepulturas antropomórficas, junto ao Castelo de
Ansiães

379. 380.

Restantes artes rupestres e monumentos fúnebres

376.

384.
381.
381. 382. 383.

383.

382.
377.
379 e 380.
386.
378.
385.
N
384. 385. 386. 5000m
A Proposta

enquanto outras estão integradas em antigos povoados, associadas a mais


vestígios arqueológicos. Para além dos recursos agrícolas, existem também
registos de antigas explorações mineiras, bem como do aproveitamento de
nascentes de água para fins terapêuticos.

A arte rupestre é outra das tipologias que pode ser observada na região
do Vale do Tua, englobando, essencialmente, duas formas de manifestações:
as pinturas e as gravuras. As primeiras, mais raras, foram realizadas no interior
de alguns abrigos. As segundas, por sua vez, também podem ser vistas nesse
tipo de habitats, sendo, contudo, mais frequentes em rochas descobertas.
Algumas destas obras estão situadas em antigos povoados, enquanto outras
se localizam nas proximidades dos percursos outrora utilizados, como é o caso,
por exemplo, das fragas das ferraduras existentes no concelho de Carrazeda
de Ansiães (Ibidem, p.57). Entre os motivos esculpidos, os mais usuais são as
covinhas ou fossetes, os círculos, as ferraduras e os cruciformes, havendo
também algumas representações de terços ou rosários (Ibidem, p.38).

Por último, destacam-se os vários monumentos fúnebres dispersos pela


área, quer sejam ocorrências isoladas, quer estejam organizados em necrópoles.
As mamoas, por exemplo, são montículos, geralmente arredondados,
construídos em pedra e/ou terra para cobrir e proteger os túmulos. A sua escala
confere-lhes uma certa imponência, uma vez que podem adquirir diâmetros
de algumas dezenas de metros. Existem também algumas antas, mais raras, e
sepulturas escavadas na rocha, que podem ter configurações rectangulares ou
antropomórficas.

Feitas as descrições dos vários tipos de sítios que pontuam o território,


importa referir alguns factores que podem limitar a sua descoberta, como é o
caso, por exemplo, da sua implantação. Muitos dos exemplares referenciados

201
Planear a Paisagem | O Parque Natural Regional do Vale do Tua
A Proposta

na área em estudo estão afastados das aldeias e situados em encostas, por vezes
de difícil acesso, sendo apenas alcançáveis a pé, por trilhos que podem ganhar
uma extensão considerável. Para além da localização e da topografia, a falta de
informação sobre os percursos que devem ser seguidos representa também
uma condicionante que não pode ser ignorada. Muitas vezes, os caminhos que
conduzem até aos lugares não estão assinalados e são apenas conhecidos por
alguns habitantes das povoações mais próximas, cada vez menos numerosos.
Este desconhecimento é comum à generalidade dos vestígios arqueológicos,
independentemente da tipologia em que se enquadram, e representa um dos
principais entraves à valorização deste património, cada vez mais esquecido
e desligado da vida actual. Torna-se, portanto, fundamental restabelecer o
vínculo entre os sítios e as populações locais, explicando-lhes o significado que
os lugares tiveram e levando-as, desse modo, a apropriarem-se deles, das suas
histórias, e a falar sobre eles, com gosto e até com orgulho, às pessoas que vêm
de fora. Também é essencial averiguar o traçado dos trilhos que conduzem às
“marcas de pedra” e trabalhá-los como percursos pedonais, criando miradouros
e pontos de paragem e mantendo-os sempre limpos e visíveis.

Finalmente, seria também proveitoso averiguar se os vestígios


referenciados ou os locais situados nas suas proximidades podem ser
associados a uma função. Pretende-se, com isto, reflectir sobre a possibilidade
de implementar programas ou equipamentos complementares que permitam
atrair as pessoas e dar um novo sentido aos lugares, para que este património
não desapareça. Como já foi mencionado no início desta abordagem, estas
propostas estão dependentes da realização de estudos arqueológicos mais
aprofundados.

203
Planear a Paisagem | O Parque Natural Regional do Vale do Tua

SÍNTESE | MARCAS DE PEDRA

TEMA CARACTERÍSTICAS PRINCIPAIS SUBTEMAS (ESSÊNCIA / RAÍZES)

habitação
- reflectem o modo como as populações foram
transformando o território ao longo dos tempos:
espaço público
- na estruturação dos aglomerados
- na organização do espaço envolvente, tendo em
Construções vista o seu aproveitamento agrícola e pecuário
religião
tradicionais - podem ser enquadradas em diferentes subtemas, de
acordo com a função que lhes deu origem
- são sempre iguais, pelo seu propósito, mas,
justiça / poder administrativo
simultaneamente, diferentes, pela forma como se
materializam
aproveitamento dos
recursos naturais

habitação / protecção

- apesar do relativo desconhecimento sobre o assunto,


existem registos de numerosos sítios arqueológicos
circulação
dispersos pelo território
- os vestígios enquadram-se em várias épocas e
tipologias, permitindo descobrir diferentes facetas do
Património aproveitamento dos
processo de humanização da região
arqueológico recursos naturais
- podem ser enquadradas em diferentes subtemas, de
acordo com a função que lhes deu origem
- são sempre iguais, pelo seu propósito, mas,
arte rupestre
simultaneamente, diferentes, pela forma como se
materializam

monumentos fúnebres

Quadro 4. “Marcas de pedra” | Síntese dos temas e subtemas definidos, bem como das respectivas propostas
A Proposta

SÍNTESE | MARCAS DE PEDRA

OBJECTIVOS / MEDIDAS PROPOSTAS


- tirar partido da diversidade de construções para levar as pessoas a querer alcançar os diferentes pontos,
percorrendo, desta forma, a região em estudo
- fazer um levantamento dos principais tipos ou “modelos” de construções que se enquadradam nos subtemas
e nas tipologias assinaladas, tendo em conta:
- os materiais utilizados
- as técnicas construtivas
- a linguagem dos elementos decorativos (quando for pertinente)
- a organização do espaço interior (quando for pertinente)
- o estado de conservação dos exemplares mais representativos
- a utilização actual dos exemplares mais representativos (quando for pertinente)
- mapear os resultados obtidos, de modo a perceber
- os elementos que podem ou devem ser destacados
- as relações que podem ser estabelecidas ou valorizadas entre os diferentes elementos
- ter em consideração que, muitas vezes, o potencial destas “marcas de pedra” não reside nas peças em si mas,
sim, na forma como esses pontos se interligam e definem um território
- tirar partido da diversidade de vestígios para levar as pessoas a querer alcançar os diferentes pontos,
percorrendo, desta forma, a região em estudo
- realizar prospecções arqueológicas nos sítios registados no “Portal do Arqueólogo”, da DGPC, bem como
estudos mais aprofundados, de modo a averiguar:
- a localização exacta desses sítios
- os caminhos que lhe dão acesso
- o estado de conservação dos vestígios
- as potencialidades turísticas dos diferentes lugares assinalados
- restabelecer o vínculo entre os sítios e as populações locais, explicando-lhes o significado que os lugares
tiveram e levando-as, desse modo, a apropriarem-se deles, das suas histórias, e a falar sobre eles às pessoas
que vêm de fora
- trabalhar os trilhos que conduzem às “marcas de pedra” como percursos pedonais:
- criando miradouros e pontos de paragem
- mantendo-os sempre limpos e visíveis
- averiguar se os vestígios referenciados ou os locais situados nas suas proximidades podem ser associados a
uma função, através da implementação de programas ou equipamentos complementares que permitam atrair
as pessoas e dar um novo sentido aos lugares, para que este património não desapareça

205
Planear a Paisagem | O Parque Natural Regional do Vale do Tua

SÍNTESE | MARCAS DE PEDRA

TEMA SUBTEMAS (ESSÊNCIA / RAÍZES) TIPOLOGIAS ASSINALADAS DESCRIÇÃO

- casas antigas, em pedra ver


habitação
- solares / casas nobres p.173-175
- ruelas / calçadas ver
espaço público
- largos p.173-175
- igrejas
- capelas
ver p.175
- cruzeiros
religião - oratórios
- capelas
ver p.175
- santuários

- pelourinhos ver p.177


justiça / poder administrativo
- forca de Freixiel ver p.177

- fontes de mergulho
- fontanários ver
- bebedouros p.179-181
- lavadouros
água
Construções - açudes / represas
tradicionais - azenhas
ver p.181
- poços
- noras / cegonhas
- socalcos
(geral) - muros de suporte ver p.181
- armazéns agrícolas
aproveitamento ver
azeitona - lagares
dos recursos p.183-185
naturais ver
uva - lagares
p.185-187
agricultura
- silos
- palheiros
terra ver
cereais - espigueiros
p.187-189
- moinhos
- fornos comunitários
figos - fornos de secagem ver p.189

- lojas anexas às habitações


- curriças ver
pecuária
- abrigos p.189-191
- pombais

Quadro 5. “Marcas de pedra” | Síntese das tipologias assinaladas (Partes 1 e 2 de 2)


A Proposta

SÍNTESE | MARCAS DE PEDRA

TEMA SUBTEMAS (ESSÊNCIA / RAÍZES) TIPOLOGIAS ASSINALADAS DESCRIÇÃO

- abrigos
ver
habitação / protecção - povoados
p.195-197
- habitats / villas

- antigas vias
ver
circulação - troços de calçadas
p.197-199
- pontes

- lagares ver
azeitona
- lagaretas p.199-201
agricultura
- lagares ver
Património aproveitamento terra uva
dos recursos - lagaretas p.199-201
arqueológico
naturais
exploração mineira - minas ver p.201

água - nascentes termais ver p.201

- pinturas
arte rupestre ver p.201
- gravuras
- necrópoles
- mamoas
monumentos fúnebres ver p.201
- antas
- sepulturas

207
Notas conclusivas
As questões abordadas e as propostas apresentadas ao longo desta
dissertação pretendem, essencialmente, estimular a reflexão sobre a forma
como se podem estruturar territórios predominantemente rurais, ou não
urbanos, característicos de grande parte do interior de Portugal, partindo
do caso concreto do Vale do Tua. Não se trata, portanto, de encontrar uma
“conclusão” para este tema, definindo um conjunto de respostas ou um
modelo de intervenção em áreas semelhantes. Podem, sim, tecer-se algumas
considerações decorrentes da realização deste trabalho, quer sobre os
conceitos que o enquadraram, quer sobre as propostas definidas.

Como se verificou na segunda parte desta tese, as noções de património


e de paisagem têm vindo a ser alargadas e reconhecidas, de um ponto de vista
teórico, como testemunhos fundamentais da evolução e da humanização de
um território. “A paisagem de uma região corresponde ao património dessa
região (…) pois nela se encontram inseridos todos os traços deixados por
gerações sucessivas, que modelaram o espaço natural pré-existente” (Telles,

211
Planear a Paisagem | O Parque Natural Regional do Vale do Tua
Notas conclusivas

Pessoa & Alves, 1996, p.10). Tanto as convenções internacionais estudadas


como a legislação portuguesa sublinham a importância da paisagem, como
conceito global, para o ordenamento do território, mas pecam, contudo, por
não terem consequências práticas directas. De facto, por mais nobres que
os valores defendidos possam ser e por mais categorias que se criem para
“proteger” os ambientes, esses textos não impõem, em geral, nenhuma
medida para concretizar os objectivos a que se propõem. Assim, classificado
ou não, o território fica dependente das decisões tomadas pelos municípios ou
associações, e nada os obriga a valorizar as suas paisagens.

Olhando para as intervenções realizadas em áreas protegidas, há uma


consciencialização crescente, a nível europeu, das potencialidades dos recursos
endógenos como elementos distintivos de uma determinada região (Pau-
-Preto, p.21). Diversas entidades têm vindo a apostar na complementaridade
entre o meio físico, a sua história, as actividades tradicionais e os produtos
locais, associando componentes como o lazer, a cultura e o desporto aos
valores ambientais defendidos. Um dos principais reflexos desta articulação,
visível tanto nos casos de estudo analisados como nas medidas previstas para
o PNRVT, é a criação de rotas temáticas, dedicadas às principais facetas de um
dado território. Este sistema permite uma divulgação clara e directa de algumas
singularidades da região, mas acaba por restringir, por outro lado, a descoberta
dessa área, uma vez que se promove uma imagem global e redutora da mesma.
Os percursos ligam exemplares semelhantes, representativos de três ou
quatro temas, que se assumem como símbolos e induzem, indirectamente,
a ilusão de um território relativamente homogéneo. Se é verdade que as
características comuns são, muitas vezes, aquelas que mais se destacam,
numa primeira abordagem, poderão não ser as mais adequadas para levar as
pessoas a percorrer áreas extensas, pois partindo do princípio de que tudo é

213
Planear a Paisagem | O Parque Natural Regional do Vale do Tua
Notas conclusivas

semelhante, basta conhecer um local para saber como é o resto…Para além


disso, há realidades contrastantes e surpreendentes que não se enquadram em
classificações lineares e que só poderão ser compreendidas se vivenciadas in
loco.

A estratégia proposta nesta dissertação pretende, portanto, contrariar


essa tendência de uniformização e apostar nas diferenças existentes entre os
vários traços que definem o Vale do Tua. Tendo como fio condutor as “marcas de
água e de pedra”, procurou-se mostrar, ao longo deste trabalho, a diversidade
de ambientes e de construções que esse tema abrange e que podem estimular
a descoberta da região em estudo, ao levar os visitantes a traçar livremente os
seus percursos, unindo os seus pontos de interesse.

Já foram referidas, nos capítulos anteriores, as principais limitações das


propostas apresentadas, entre as quais se destaca, por exemplo, a escassez
de informação existente sobre os sítios arqueológicos, nomeadamente no
que respeita à sua localização exacta, aos seus acessos e ao seu estado de
conservação actual. Esse desconhecimento estende-se também ao número
e à implantação das diferentes construções tradicionais que se pretendem
valorizar, tais como azenhas e lagares, entre outros. Assim, a elaboração de uma
estratégia semelhante, num contexto real, implicaria, sem dúvidas, a realização
de levantamentos e estudos mais aprofundados, de forma a determinar as
potencialidades turísticas dos diferentes núcleos destacados.

Independentemente da tipologia, da época ou do grau de complexidade


que possam apresentar, cada uma das marcas assinaladas transmite uma
história e reflecte o modo como as populações foram transformando o
território. Quer sejam vestígios arqueológicos, engenhos destinados a
aproveitar os recursos naturais ou espaços recreativos, todos esses lugares

215
Planear a Paisagem | O Parque Natural Regional do Vale do Tua
Notas conclusivas

remetem para um passado, umas raízes. Talvez se possa encontrar uma certa
nostalgia ao longo da presente proposta, ao querer recuperar memórias de
lugares, percursos e actividades que assumiram, outrora, um papel decisivo
na vida das populações. No entanto, a valorização desses elementos não tem
como objectivo regressar às suas realidades passadas, mas, sim, ao imaginário
que lhes está inerente, associando-lhe as novas valências sugeridas na parte
prática desta dissertação.

Por último, não se poderia deixar de abordar a questão do futuro incerto


do Vale do Tua e das diferentes vias que se podem seguir para a sua valorização.
Tentou-se, com este trabalho, dar a conhecer algumas das facetas e dos
ambientes que este território acolhe, e embora se tenha optado pelo tema
da “água” e da “pedra”, existirão certamente outras formas de olhar para as
“marcas” desta região. Como escreve Gonçalo Ribeiro Telles, “é inevitável que
quem olha uma paisagem ou um determinado valor patrimonial o sinta e o
interprete de modo diferente do das outras pessoas” (Telles, Pessoa & Alves,
1996, p.11). Esta diversidade de leituras e de interpretações reforça a ideia de
que as paisagens existentes contêm em si um vasto conjunto de elementos
e de relações para descobrir, que podem estimular o desenvolvimento de
novas dinâmicas e actividades. Assim, será que construção do Aproveitamento
Hidroeléctrico de Foz Tua, mesmo acompanhada pelas suas intervenções
paralelas, compensará realmente as oportunidades actuais? As únicas certezas
são o facto de que irá alterar, irreversivelmente, uma parte significativa do vale
em estudo e das suas paisagens, e “um país onde a paisagem morre é um país
onde a cultura desaparece” (Telles, 1997, p.38).

217
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A presente dissertação não segue o novo acordo ortográfico.

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2. Desenho da autora
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4. Fotografia da autora
5. Fotografia da autora
6. Fotografia da autora
7. Fotografia da autora
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29. Fotografia da autora
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60. Fotografia de Joana Vicente, retirada de Beja, P., & Rocha, R. (coord.) (2013a).
Projeto-Base de construção, instalação e gestão do Parque Natural Regional do Vale do Tua: Etapa
A – caracterização, p.39
61. Fotografia de Joana Vicente, retirada de Beja, P., & Rocha, R. (coord.) (2013a).
Projeto-Base de construção, instalação e gestão do Parque Natural Regional do Vale do Tua: Etapa
A – caracterização, p.39
62. Fotografia da autora
63. Fotografia da autora
64. Fotografia da autora
65. Fotografia da autora
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73. Montagem da autora, realizada a partir de excertos retirados de Bernal, R. D.
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74. Montagem da autora, realizada a partir de excertos retirados de Bernal, R. D.
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80. Fotografia da autora
81. Fotografia da autora
82. Fotografia da autora
83. Fotografia da autora
84. Fotografia da autora
85. Fotografia da autora
86. Fotografia da autora
87. Desenho da autora
88. Desenho da autora
89. Fotografia da autora
90. Fotografia da autora
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