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Portugal Ferroviário - Os Caminhos de Ferro na Internet

Edição n.º 20 | Março de 2012

Automotoras diesel
0600/50
terminam a carreira
Índice

Trainspotter n.º 20 - Março 2012

Redacção

• Carlos Loução
• João Cunha
Editorial 2 • Pedro André
• Ricardo Cruz
Spotting 3 • Ricardo Ferreira
• Ricardo Quinas
Comboio Correio 4 • Tiago Ferreira
Contribuições para:
Spotting 7 pfadmin@portugalferroviario.net

Endereço:
Reportagem
http://www.portugalferroviario.net

O adeus ao reinado das 0600/50 6

Spotting 15

Comboio Histórico

O Passado dos Horários - Zona sul (1992) 16

Spotting 21

Dez anos do fim das 1800 22

Cais de Embarque

Viagem pelas Vias Estreitas do Douro - Linha do Tua 24

A Minha Opinião
0604 prestes a despedir-se do Barreiro,
Dezembro de 2008. Carlos Loução
Sobre as novas paragens 32

Figura do Passado

As Tremonhas do ex Lena 34

Estação Terminal 36

1
Editorial

No cruzamento da linha do Minho com a estrada nacional nº204, todos ainda param para ver o comboio passar.

Ricardo Ferreira Ricardo Ferreira

À distância de um simples clique, eis da sua história, raramente lhes ter todos devemos dar os braços e
que surge mais uma publicação da sido consagrado um devido valor, continuar a aclamar pelo nome do
Trainspotter. Uma publicação onde, face, naturalmente, à conjectura comboio, em prol de um património
mais uma vez, o espalhamento encantadora da ferrovia portuguesa ferroviário nacional mais robusto e
fraquejante da época IV do caminho- que lhe fazia frente. fortalecido (por vezes ingloriamente
de-ferro domina. Nós, entusiastas e ferroviários, não malbaratado), transmitindo um
Foram décadas e décadas onde poderíamos deixar passar esta data testemunho histórico que contribui
Portugal nutriu sobre carris um tão simbólica e enfraquecedora directamente para uma admiração
comboio mais que fascinante, para o caminho-de-ferro português mais profunda pelo tema e que
que movia pequenos e graúdos, e, à semelhança do mês anterior, fará sonhar as futuras gerações.
portugueses e estrangeiros. um artigo tenta recolher e lembrar Porque quem ama o comboio é
Para os olhos do aficionado, o alguns dos poucos apontamentos assim, um ser “terno e nostálgico”
panorama ferroviário nacional está, históricos deixados pelo passado que consegue, por exemplo, reunir
de facto, a mudar abruptamente. destas velhas automotoras diesel, emoções durante uma simples
Além de vias onde já não passam que durante anos foram, por viagem - uma característica que,
comboios, temos o caso das exemplo, uma marca da região infelizmente, se está a perder e já é
imperiosas Alsthom 2600, que, há turística duriense. entendida por muito poucos.
um ano atrás e devido a interesses Nesse sentido, há também que Não pretendo, naturalmente, tornar
burocráticos, foram injustamente retribuir agradecimentos àqueles este palavreado demasiado maçudo
retiradas de serviço comercial que, muito ou pouco, contribuíram e conservador, porque esta não é a
(pode ser que ainda voltem); em em tempos com sua disponibilidade hora de se lamentar o passado! É a
Janeiro passado, foram também para consolidar os apontamentos hora de agir, rapidamente, mexendo
retiradas de acção as ilustres passados dedicados à ferrovia. no que está mal e construindo um
locomotivas de modelo ALCo série Porque é também com todos eles caminho-de-ferro do século XXI,
1550; agora, em Fevereiro, calhou a que, todos os meses, tentamos aqui já que na última década ele tem
sorte às automotoras 0600/50, que, contribuir para a história ferroviária. caído integralmente em declínio...
durante três décadas, contribuíram E é precisamente numa altura pese embora os poucos que o
dignamente na prestação de serviço em que Portugal assiste a uma sabem fazer não possuírem voto na
ferroviário, pese embora, ao longo perda de identidade ferroviária que matéria.

2
Spotting

Marcha Entroncamento
- Santa Margarida, em
Tancos

João Cunha

3
Comboio Correio

Breves João Balseiro

José Sousa

Incêndio em comboio regional


no Douro

No passado dia 27 de Fevereiro, uma


automotora da série 592 que efectuava Bilhete do Intercidades passa a
o regional número 4103 entre Caíde e incluir ligação no Pinhal Novo
a Régua, foi vítima de um pequeno
foco de incêndio na parte mecânica de Os bilhetes dos comboios os Intercidades da Linha do Sul
uma das unidades, ao que tudo indica, Intercidades e Alfa Pendular da evitam a cidade de Setúbal e
devido a um problema eléctrico. linha do Sul passaram a incluir que, nesse sentido, o Pinhal
O alerta do incêndio deu-se antes a ligação ferroviária suburbana Novo assume uma importância
do apeadeiro de Barqueiros, onde o desde Praias-Sado e Barreiro relevante para a península
comboio acabou por se imobilizar para até ao Pinhal Novo. Trata-se de sadina.
que os passageiros pudessem ser uma medida sensata, semelhante O Barreiro teve, em tempos,
evacuados. ao que acontece em Coimbra uma importância relevante
Após a intervenção dos bombeiros, e no Porto, que contribui em nas ligações rápidas ao Sul de
e depois de terem sido asseguradas comodidade para os passageiros Portugal, mas com a ligação do
as condições mínimas exigidas de de toda aquela região suburbana. Eixo Norte-Sul perdeu toda essa
circulação, a automotora seguiu Desde o dia 11 de Dezembro de primazia. Esta medida vem até,
viagem até à estação da Régua 2011 que, por necessidades de por isso, com alguns anos de
de modo a libertar a via. Os danos ganhos em tempos de viagem, atraso.
visíveis da automotora reflectiram-se
apenas, felizmente, na parte exterior
Pedro André
da automotora.

João Fernandes

Ciclovia do Sabor
A REFER anunciou a vontade de Natural do Douro Internacional,
transformar a totalidade dos 105 havendo por isso mais-valias
quilómetros da Linha do Sabor turísticas e ambientais que terão
numa via verde que se estenda de ser exploradas”.
Descarrilamento em Tadim desde o Pocinho até à antiga Numa altura em que uma
estação de Duas Igrejas-Miranda, grande parte do canal ferroviário
No dia 22 de Fevereiro ocorreu um perto de Miranda do Douro. Neste se encontra completamente
descarrilamento de dois vagões da momento, a Ecopista do Sabor já abandonado, foi realizada uma
série Kbs no terminal de Mercadorias está praticamente implantada no reunião em Miranda do Douro que
de Tadim. O acidente ocorreu durante a concelho de Torre de Moncorvo, inclui representantes do turismo,
fase de manobras no terminal, quando tendo as antigas estações de cultura e património ferroviário.
os vagões (que, possivelmente, Larinho e Moncorvo sido alvo de A REFER Património apresentou
deviam ter manobrado ao ramal de obras de requalificação. ainda valores a rondar os 250€
Braga) foram embater contra o topo Luis Manuel Silvestre, gestor da anuais por cada quilómetro, tendo
de via. REFER para o Plano Nacional este projecto uma duração de 25
de Ecopistas, em declarações à anos e podendo ser renovável
Lusa, referiu que se pretende “que pelas autarquias com vontade de
seja criado um corredor verde ao implantar o “corredor verde” no
longo de todo o canal ferroviário, seu concelho.
já que a via atravessa o Parque

4
Comboio Correio

Ricardo Ferreira Breves

Gabriel Lopes

CP continua a perder
passageiros

Beneficiação do apeadeiro de Areia- A CP transportou 126 milhões de


passageiros em 2011, contra os 130
Darque milhões registados em 2010. Uma
redução assinalável e que já vem
neste ritmo de decaimento desde
A REFER adjudicou no passado 2006. 1988, quando o pico de passageiros
dia 20 de Fevereiro à Socicarril Este novo apeadeiro é uma boa transportados ascendeu os 231
uma empreitada para a prática que se devia ser registada milhões.
beneficiação do apeadeiro de mais vezes pela REFER. O A falta de investimento na infra-
Areia-Darque, situado ao PK 78.3 centro urbano de Darque cresceu estrutura ferroviária e no material
da Linha do Minho. fora da actual estação de Darque, circulante, a má gestão do caminho-
As obras, que vão custar 66 mil e este apeadeiro, construído de-ferro português e as várias greves
euros, englobam a construção de provisoriamente devido às obras registadas durante o ano de 2011
uma plataforma com 80 metros da ponte sobre o rio Lima, vem contribuíram em flecha para estes
de comprimento, 3 metros de confirmar o quão deslocada números. Refira-se que a tendência
largura e 0.685 de altura. Para estava a actual estação. Com esta nos restantes países membros
o novo abrigo serão reutilizados decisão são assim criadas todas da União Europeia tem mostrado
materiais existentes no local as condições necessárias a uma precisamente o oposto da situação
provenientes do abrigo actual, plena utilização do comboio com portuguesa, onde o comboio continua a
que foi construído em Julho de a maior comodidade possível. afirmar-se como um meio fundamental
para a mobilidade das populações.

Resultados das Passagens de Nível Supressão do serviço


rodoviário da Linha da Beira
A REFER apresentou no início cerca de 338 milhões de euros Baixa
deste ano os resultados referentes nesta problemática, que tantas
Foi suprimido, no dia 1 de Março, o
à problemática das passagens vidas tem retirado nos últimos serviço rodoviário de substituição ao
de nível entre os anos de 1999 e anos. troço ferroviário entre a Covilhã e a
2011. Há a destacar que existem, No final de 2011, a REFER Guarda. A CP manifesta uma baixa
actualmente, 1049 passagens possui assim uma densidade de procura registada nas seis ligações
de nível na rede, contra as 2494 passagens de nível inferiores aos diárias oferecidas entre as duas
que existiam em 1999, resultando de referência europeus: 0,5 PN/ cidades, sendo a solução rodoviária
local a mais adequada para a
numa redução de 58% (menos Km na Europa, contra os 0,375
mobilidade da população.
1445 travessias ao nível da via). PN/Km em Portugal. Os 41 quilómetros deste troço da linha
O número de acidentes também Das 1049 passagens de nível, da Beira Baixa foram encerrados no dia
diminuiu significativamente, 351 são automatizadas, 74 9 de Março de 2009, com o objectivo
passando de 154 para apenas 25 continuavam com guarda, 353 de uma profunda intervenção na infra-
- uma redução de 84%. sem guarda, 153 de uso apenas estrutura ferroviária. O investimento
Em relação ao fim das 1445 para peões e 118 de uso particular. acabou por se resumir ao troço entre
Caria e Belmonte, faltando agora
passagens de nível referidas Das passagens de nível públicas,
modernizar o restante troço até à
acima, estas foram substituídas 48% estão com protecção activa, Covilhã e Guarda. As dificuldades
por 450 passagens desniveladas incluindo guarda ou sinalização económicas que Portugal atravessa
e a construção de 745 automática. condicionam o arranque do restante
alternativas. Houve ainda lugar investimento, que seguramente vai ser
para uma reclassificação das atrasado por vários anos.
restantes 652. A REFER investiu

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Reportagem

Ricardo Ferreira

As 0600 cruzaram o douro durante mais de 30 anos. Um regional para Caíde, Mosteirô em 09 de Julho de 2009

O adeus ao reinado das 0600/50


Ricardo Ferreira Vários

Trinta e dois anos de serviço terminaram no passado dia 31 de Janeiro. A CP deixou de prever serviço
comercial com as velhas automotoras diesel da série 0600/50, na sequência de um longo processo de
reestruturação da frota de material circulante. É, por isso, uma altura sensata para recordarmos a sua
história.

No final dos anos ‘70, a CP debatia- um conjunto de vinte automotoras veículos possuía dois bogies, um
se com um crescente aumento de duplas diesel preparadas para motor e outro reboque.
passageiros transportados e sentia responder a picos médios de A estrutura da caixa escolhida foi o
necessidades de reforçar o serviço procura em serviços de média aço inoxidável, uma característica
de média distância diesel que distância, a fim de reforçar o parque comum de muito material que era
disponibilizava à época. A empresa de composições da série 0400 que a construído à época nas instalações
levava já um longo historial na aposta CP dispunha na altura. da SOREFAME. Ao contrário
de material circulante automotor, As automotoras encomendadas das 0400’s, primavam por listas
que era preferencialmente utilizado vieram equipadas com dois motores vermelhas na frente, facultando
em serviços onde a afluência de SFAC (sob licença Saurer) de 550 maior visibilidade nas passagens de
passageiros era mais reduzida e não Cv cada, um em cada unidade, que nível. As portas eram comandadas
se justificava empregar locomotivas lhes permitia chegar aos 120 Km/h e electro-pneumaticamente com fecho
e carruagens. totalizar 775 Cv nos bogies motores. automático e sistema de encravação
Foi nesse sentido que, em 1977/78, Eram automotoras com transmissão em função da velocidade.
a CP encomendou à SOREFAME diesel-hidráulica e cada um dos dois Vieram equipadas com 1ª e 2ª classe,

6
Reportagem

Klaus Meschede

Uma UDD em versão IC, Campanhã em 11 de Agosto de 1989

transportando 40 passageiros 0400’s restritas praticamente à cria também o serviço Intercidades


sentados em 1ª e 154 em 2ª Linha do Minho e Ramal de Braga. entre Viana do Castelo e Porto São
classe, e as duas unidades de cada Durante os anos ‘80 repartiram Bento. Não teve, evidentemente,
composição, que totalizavam 109 serviços com as 0300’s e 1400’s na grande sucesso e rapidamente se
toneladas, ficaram numeradas de linha do Oeste; já na Linha do Douro extinguiu - referir que, por exemplo,
0601 a 0620 (motoras AB) e 0621 a tinham particularmente a seu cargo a viagem inaugural a 28 de Maio
0640 (motoras B). Tinham ainda um os comboios menos procurados, de 1989, registou na estação
pequeno furgão, que dividia a 1ª da cedendo a tarefa dos serviços mais terminal um singelo passageiro.
2ª classe na motora AB, e a cabine reforçados às 1400’s. Surgiam Não seria de esperar melhor, visto
da motora B incluía uma porta, também frequentemente na Linha o serviço apresentar, no melhor
que permitia a passagem entre do Minho e no Ramal de Braga, a caso, uma média de 53,3 km/h e o
composições quando circulavam em par das automotoras da série 0400. tão publicitado serviço bar nunca ter
múltipla. Em múltipla, podiam operar No final da década de ‘80, a CP passado dos panfletos.
até três unidades. decide introduzi-las no serviço
Intercidades. É em Maio de 1988 A segunda era
A década de 70/80 que nasce o Intercidades de Porto
São Bento à Régua e Nine a Viana Uma década ao serviço passara e as
Foi em Junho de 1979 que as do Castelo (que dava ligação ao UDD’s garantiam de facto prestações
0600 ingressaram ao serviço, nos Intercidades Braga-Lisboa) e são que metiam inveja a qualquer outro
Regionais, Semi-Directos e Directos as UDD’s que ficam destacadas material diesel semelhante da CP,
das linhas do Oeste e Douro, no para este serviço. Estas unidades como as automotoras da série 0400,
reforço do serviço e na substituição ostentavam o logótipo “IC” junto possuidoras de motores Rolls-
de algumas composições que das portas e usavam as placas Royce.
até então eram realizadas com comuns do serviço Intercidades, Em 1988, a CP decide mesmo
recurso a máquinas e carruagens. que indicavam destino e número da adquirir à SOREFAME um segundo
A sua introdução permite libertar carruagem. O serviço figurou com lote de seis automotoras com
algumas 1400’s para o serviço de as 0600 até meados da década de idênticas características à primeira
mercadorias, que estava, também, ‘90. série (aparentemente ligeiramente
em puro crescimento, e deixa as No horário de Verão de 1989, a CP mais potentes), para reforçar o

7
Reportagem

Paulo Ferreira serviço inter-regional e Intercidades.


Na mesma encomenda, a CP
decide também adquirir reboques
intermédios para todas as unidades,
transformando-as em UTD, fruto das
excelentes prestações obtidas pela
primeira série em UDD1.
A primeira unidade deste segundo
lote iniciou serviço em Fevereiro
de 1989 e a última acabou por ser
entregue em Julho do mesmo ano.
Ficaram matriculadas de 0651 a
0656 (motoras AB) e de 0657 a 0662
(motoras B). Já os novos reboques
introduzidos ficaram matriculados
de 0601 a 0626 e representaram um
acréscimo de 116 lugares sentados
em 2ª classe.
O Chefe da est. de Torres Vedras dá a partida à UDD para Lisboa, Agosto de 1988 Uma das vantagens com introdução
do reboque (e que, aliás, acabou
também por influenciar a sua
João Braga introdução) é que, em UTD, as
automotoras deixavam de ter
limitações pela rede, já que o
reboque permitia uma melhor
distribuição do peso das motoras.
Em 1991, por exemplo, só as
unidades que ainda circulassem em
UDD tinham restrições - só podiam
circular por toda a rede em regime
de unidade simples e com lotação
rigorosamente limitada ao número de
lugares sentados. Os pontos da rede
que mantinham esta limitação eram:
Caminha a Monção/Tuy, Régua a
Barca d’Alva, Fundão a Sabugal,
Quintos a Moura, Linha de Cascais e
Ramal de Montemor.
Com o parque reforçado, foi em
Uma UTD com um Regional efectua uma curta paragem em Óbidos 1991 que partiram à conquista do
Algarve. Foram colocadas à frente
dos novos Inter-Regionais do litoral
Ricardo Ferreira Algarvio, com três circulações diárias
por sentido entre Lagos e VRSA. Ao
longo dos anos foram conquistando
os restantes comboios assegurados
ali, normalmente, pelas locomotivas
“Brissonneau & Lotz” série 1200 e,
mais tarde, pelas “English Electric”
da série 1400. Só a partir de meados
da última década, com o processo
de modernizações e electrificações
ocorridos entre 2002 e 2004, a Linha
do Algarve viria a registar o exclusivo
das automotoras 0600/50, com a
introdução das unidades que ficaram
excedentárias da Linha do Oeste.
É precisamente no Algarve, no dia
08 de Novembro de 1997, que se
dá o primeiro e único desastre da
Ao meio da tarde, um cruzamento entre irmãs em Aregos, 09 de Julho de 2009 série, que vitimou uma unidade.

8
Reportagem

A 0654, à frente do IR 981, choca João Braga


violentamente com a locomotiva
1215 (que encabeçava o Regional
5806) entre Estômbar-Lagoa e
Ferragudo (km 326.275), devido
a um desrespeito da sinalização.
Deste acidente, que originou o abate
do material envolvido, resultaram 5
mortos e 15 feridos.
Regressando à região norte, foi na
primeira metade dos anos ‘902 que as
UTD’s foram introduzidas no serviço
internacional Porto/Vigo, onde se
mantiveram até à introdução das
remodeladas UDD’s 0450, em 21 de
Julho de 1999. Não foi o afastamento
definitivo das 0600/50 desta ligação,
mas, já na última década, acabou
por ser introduzida uma alteração Os últimos tempos das UTD no Oeste; Outeiro
na regulamentação espanhola que
deixou de permitir o uso das UTD’s
em território espanhol3. Carlos Loução
No final de década de ‘90, a sua
história queda também na linha de
Guimarães. No dia 04 de Outubro
de 1998, com a modernização da
linha entre Lousado e Santo Tirso,
a CP criou, provisoriamente, uns
navettes entre a Trofa e Santo Tirso
e alguns comboios directos entre o
Porto e Santo Tirso, com ligação em
via estreita até Guimarães. O serviço
ficou a cargo das 0400/50; no entanto
a presença das UTD’s 0600/50 foi
também registada.
Ainda na sua história registe-se
também actos oficiosos. No dia
25 de Novembro de 1998 coube
à automotora 0651-0621-06554
percorrer, pela primeira vez, o eixo A 0656 nos suburbanos da península de Setúbal, Lavradio em Outubro de 2007
norte-sul, através da ponte 25 de
Abril. A marcha especial fez-se
acompanhar pelo Primeiro-Ministro Ricardo Ferreira
António Guterres, embora realizada
apenas por uma via (com a outra em
obras) e não excedendo os 30km/h5.
A partir do dia 26 de Setembro de
1999 a série conquista os suburbanos
entre o Barreiro e Praias-Sado.
À data, estes suburbanos eram
cumpridos com material totalmente
desadequado às prestações deste
tipo de serviço, com recurso a
locomotivas e carruagens com mais
de 30 anos. Foram destacadas para
o USGL6 seis UTD’s, que importaram
para a península de Setúbal uma
melhoria considerável na logística
daqueles comboios e contribuíram
para o abate de uma série de velhas
locomotivas diesel, como as 1200, No dia 28 de Julho de 2011 o IR 855 é, incrivelmente, realizado pela 0655; Midões

9
Reportagem

Pedro André

A 0655 nos últimos dias de serviço, VRSA em 30 de Dezembro de 2011

1500 e 1800. substituídas pelas automotoras UDD Contumil previa 7 unidades, com a
As UTD’s não presentearam 0450, que ficaram excedentárias rotação mais extensa a cifrar-se nos
profundas alterações ao longo da sua da USGP8, com a introdução das 577 quilómetros.
história. A mais evidente aconteceu UME no grande Porto. Às UTD Quando existiam necessidades de
com a introdução do CONVEL, excedentárias restava-lhes reforçar rotações do material entre o norte e
que forçou a retirada da grelha o parque na linha do Algarve, o sul, eram-lhes também atribuídos
presente nas duas frentes. Este afastando de vez as 1400 que ainda serviços Regionais na linha do
processo iniciou-se ainda nos anos ali persistiam. norte e sul, dedicados normalmente
‘90, nas automotoras 0601/0604 e Em Setembro de 2006 chegou às UTE 2240. Eram os casos dos
0651/0656, e foi concluído em todas mesmo a sair o concurso público Regionais Lisboa-Tomar (só até ao
as restantes unidades até meados para aquisição de novos motores Entroncamento), Entroncamento-
da última década. diesel para as 0600/50, mas facto Coimbra, Faro-Pinhal Novo e,
Inicialmente estavam também é que os anos foram passando e o frequentemente, o Regional nocturno
equipadas com bagageiras sobre plano de modernização foi mesmo entre o Porto e Lisboa.
os bancos, um equipamento que abandonado. A CP aguardava do No dia 13 de Dezembro de 2008
entretanto lhes foi retirado. estado português um visto, mas as 0600/50 são afastadas dos
em novo material automotor diesel, suburbanos entre o Barreiro e
O declínio que, com a crise, foi sendo também Praias-Sado, substituídas pelas
gradualmente adiado. UQE 2300/2400, no seguimento do
Em 2003 o processo de modernização As velhas UTD’s persistiam e em processo de electrificação da linha
das Allans dava por terminado e a 2008, por exemplo, o parque dividia- entre Pinhal Novo e o Barreiro.
CP considera em avançar com uma se em sete unidades atribuídas As unidades excedentárias foram
urgente7 modernização semelhante à CP Lisboa e dezoito unidades reforçar o restante parque que se
nas UTD’s, oferecendo-lhes ar à CP Regional. Titulavam-se da mantinha ao serviço, quatro para
condicionado, melhores condições totalidade dos serviços suburbanos Contumil e três para Faro.
abordo, remotorização e um do Barreiro a Praias-Sado (CP Parte da série caminhava já para
design rejuvenescido. O plano de Lisboa) e da linha do Algarve e os 30 anos de serviço e eram as
modernização chegou a ser entregue Douro, com algumas aparições na automotoras diesel da frota que
pela EMEF, mas o visto do estado linha do Minho. O parque da CP mais consumiam9. Os registos de
português manteve-se moroso. Regional de Faro tinha a seu cargo fiabilidade colocavam-lhes entre as
O processo arrastava-se e em Abril 9 linhas de rotação (embora uma 0450 (melhores) e as 0350 (muito
de 2004 as UTD’s perdem mesmo a delas funcionasse como reserva), piores), mas as UTD’s mostravam
linha do Oeste, linha que lhes era tão que rodavam entre 292 e 508 um desgaste acentuado nos motores
fiel desde a sua juventude. Foram quilómetros diários. Já o parque de e nas transmissões, manifestando

10
Reportagem

Pedro André

A 0617 sai da Mexilhoeira Grande com o Regional Lagos - Faro, em 29 de Janeiro de 2012

dificuldades em obter velocidade, e destacadas em Guifões, para tempos confinado em Faro, com
pois cresse que foram vítimas de fornecimento de peças às restantes previsão de nove rotações. Porém,
desgaste acentuado a partir do irmãs. com a introdução das 0450 no
momento que lhes introduziram o Em Fevereiro de 2010 a CP inicia Algarve, em Julho de 2011, o fim
reboque intermédio, para o qual não negociações com a congénere do reinado chegará rapidamente. O
estariam desenhadas desde início. RENFE, a fim da possibilidade de abate definitivo da série foi registado
Em Dezembro de 2008, a CP fornecimento de algumas unidades no passado dia 31 de Janeiro,
sugere mesmo a retirada do da série 592 em segunda mão, com mais um reforço de 0450 no
reboque intermédio, a fim de lhes para substituir na totalidade o Algarve. As últimas duas unidades
ver melhorada a sua prestação, parque das automotoras 0600/50, a circular foram as 0604 e a 0617,
enquanto a aquisição de novo já que o governo português não que se mantêm de reserva em
material circulante continuasse avançava com nenhuma resposta VRSA. É, portanto, plausível que
a ser mera ilusão. São iniciados sobre a aquisição de novo material excepcionalmente possam ainda vir
testes com composições em UDD circulante. a circular, como aconteceu mais de
e em 2009 a decisão da retirada E é no dia 05 de Agosto de 2010, uma vez em Fevereiro.
do reboque em todas as unidades com a chegada da primeira A história destas automotoras
acabou efectivamente por ser automotora diesel 592 da RENFE, acaba com uma média de 3.6 e 2.5
aprovada. Este processo foi de tal que o abate aos 30/20 anos de milhões de quilómetros percorridos,
ordem que, por exemplo, em Julho serviço das automotoras da série para a primeira e segunda série,
de 2009 estavam já duas em UDD, 0600/50 se aproxima. É a partir respectivamente. As unidades
em Outubro contavam-se já quatro daqui que o processo de as manter foram sendo encostadas em fim de
e em Fevereiro de 2010 todas as operacionais por mais uns anos se vida em Guifões, Entroncamento e
rotações no Algarve já previam esmorece e a CP deixa de realizar Barreiro e, hoje, o parque mantém-
recurso só a UDD’s10. No norte complexas revisões, começando se praticamente todo nas linhas de
mostrava-se tudo ainda em UTD’s e a abater unidades à medida que abate da Fernave e ainda nenhuma
de facto a situação acabou por não vão chegando as automotoras está destacada para o MNF, embora
se alterar, ao contrário do que se espanholas. seja previsível a futura afectação de
previa. O abate começa a ser realizado nas uma delas. O futuro das restantes
O abate, principalmente desde que rotações do norte e, por exemplo, unidades está provavelmente na
deixaram a península de Setúbal, em meados de 2011 já só uma demolição, embora a possibilidade
era um dado adquirido. No dia prestava serviço na linha do Douro, de venda para fora deve (para já)
29 de Janeiro de 2009 as duas a 0655, que em Agosto acabava manter-se em discussão.
primeiras composições são mesmo também por ser afastada para sul.
retiradas de serviço (0601 e a 0615) O parque manteve-se nos últimos

11
Reportagem

Pedro Mêda Pedro Mêda

1ª classe da 0609, Agosto de 2004 2ª classe da 0609, Agosto de 2004

Notas: praticamente semelhantes àquelas que, em plena época de UTD’s, se


que viriam a ser obtidas pelas chegaram a ver composições em
1. Em anexo apresenta-se um gráfico futuras UDD 0450; UDD, como da vez que um incêndio
(segundo registos de fabricante) da 2. Data apontada: 1993; em Faro forçou temporariamente a
aceleração das UTD em função da 3. Uma das restrições impostas refere- retirada de um reboque intermédio;
velocidade, para diferentes perfis se aos faróis da automotora; 5. A linha só viria a ser inaugurada no
de via. Referir que, por exemplo, 4. Aproveita-se para se expor que se dia 30 de Julho do ano seguinte;
mesmo com o reboque intermédio observava com alguma frequência a 6. Unidade de Suburbanos da Grande
introduzido, estas automotoras mistura entre unidades, grande parte Lisboa;
ficaram com prestações teóricas das vezes justificada por avarias. E 7. Em alguns serviços, como os

Carlos Loução

0653 sai do Barreiro rumo a Praias do Sado-A. Janeiro de 2008.

12
Reportagem

Previsão
do serviço
comercial das
0600/50 11

da linha do Sado, foram mesmo 0606, 0607, 0609, 0612, 0614, 2. Documentação CP;
impostas restrições a 110 km/h, 0616, 0617, 0619, 0620 e 0651; 3. Trabalho final de mestrado:
devido ao sistema de frenagem das 11. A maior dúvida prende-se com a “Optimização da Afectação de
automotoras; utilização (ou não) da linha do Douro Recursos à Produção de Serviços
8. Unidade de Suburbanos do Grande até Barca d’Alva e na linha do Minho da CP Regional” de Carlos Mendes;
Porto; até Monção. 4. Fóruns de temática ferroviária:
9. Sensivelmente 3/2 vezes mais que PortugalFerroviário, Lusocarris,
uma 0450 e o dobro das 0350; Fontes: Transportes-XXI.
10. As unidades transformadas em 5. www.dgsi.pt
UDD foram: 0602, 0604, 0605, 1. Bastão Piloto (vários números);

Principais Caracteristicas

Numeração UIC (0600): 90 94 7 030601 a 90 94


7 030620 (motoras AB), 90 94 5 990601 a 9 0 94
5 990620 (reboques), 90 94 7 030621 a 90 94 7
030640 (motoras B)

Numeração UIC (0650): 90 94 7 030651 a 90 94


7 030656 (motoras AB), 90 94 5 990621 a 90 94
5 990626 (reboques), 90 94 7 030657 a 90 94 7
030662 (motoras B)

Construtor: SOREFAME [Sociedades Reunidas


de Fabricações Metálicas, S. A.]
Data de construção: 1979 (0600) e 1988-89 (0650)
Comprimento: 79,840 m
Largura: 2,986 m
Altura: 4,075 m
Peso (ordem de marcha): 150,7 t
Disposição dos rodados: 2’Bo’+2’2’+Bo’2’
Velocidade máxima: 120 km/h
Potência (às rodas): 570 kW (775 Cv)

Lotação: 40 [1ª classe] + 38 [2ª classe] e furgão


(motoras AB), 116 [2ª classe] (reboques), 116 [2ª
classe] (motoras B)

13
Reportagem

As 0600 foram durante três


décadas a imagem de marca
da Região do Douro. Primeiro
em UDD, mais tarde em UTD,
mantendo-se sempre ao lado das
1400, que se encarregavam das
composições mais reforçadas.
Na fotografia, uma UDD cruzando
a Foz do Tua durante os anos 80.

Digital.: Comboios Portugueses


Fotografia: Maurício Abreu

A linha do Minho sempre primou


pela presença das 0600/50.
Inicialmente contribuíram na
partilha dos serviços das 0400
e mais tarde foram colocadas
à frente dos Intercidades e dos
Internacionais para Vigo.
Na última década, surgiam da
carência de 0450, que tinham
também à sua responsabilidade a
linha do Oeste.
Aqui vemos um desses exemplos:
à falta de 0450 o Regional 3107
(Nine-Viana) é realizado por uma
UTD; Tamel em 13 de Julho de
2009.

Fotografia: Ricardo Ferreira

Nos últimos tempos, as rotações


das UDD’s/UTD’s substituíam as
UTE 2240 nos Regionais da linha
do Norte e Sul.
Neste caso, vemos a UTD 0612
à frente do Regional 3702 (Faro-
Barreiro), depois do cruzamento
com o Intercidades 574 na estação
de Alcácer do Sal; 23 de Maio de
2009.

Fotografia: Nuno Morão

14
Spotting

Cruzamento entre
um comboio de
mercadorias e uma
UQE 3500, em Alhandra

João Cunha

15
Comboio Histórico

Phil Richards

A 1211 chegou a Évora com o inter-regional proveniente do Barreiro. Novembro de 1993.

O Passado dos Horários - Zona sul (1992)


Carlos Loução Vários

Neste número da Trainspotter, conclui-se o passeio pelos horários nacionais de 1992 com a descida à zona
sul do país.

Doze anos antes de se iniciarem haviam 59 barcos (43 aos sábados, ligação carruagens para Lagos –
as ligações via Ponte sobre o Tejo, domingos e feriados), com o mesmo o outro obrigava a transbordo em
era do Terreiro do Paço que partiam espaçamento de partida. Tunes. Inter-regionais eram dois,
todas as circulações a caminho do entre o Barreiro e Vila Real de
Sul – via fluvial. A travessia do rio Na Linha do Sul, existiam três Santo António (o último da noite
durava meia-hora entre Lisboa e Intercidades por sentido rumo proveniente do Barreiro terminava
o Barreiro (e vice-versa), com os ao Algarve: dois deles ligavam o a sua marcha nessa estação,
barcos, ainda pertença da CP, a Barreiro a Faro – com um deles a os outros partiam ou chegavam
disporem de serviço de bar. Nesse viajar via Setúbal e a demorar 3h45, de Vila Real de Santo António-
sentido, entre as 5h45 e as 2h45, ao passo que o outro, circulando Guadiana). O tempo de viagem era
existiam 58 circulações (43 aos via Concordância do Poceirão, variável: entre as 5h30 e as 6h10,
fins de semana), com partidas chegava após perto de 3h30 de dependendo dos cruzamentos. O
distanciadas entre os dez e os viagem – e um deles ia até Vila primeiro Barreiro – Vila Real de
quinze minutos à hora de ponta, e Real de Santo António-Guadiana. Santo António e o último Vila Real
entre vinte a quarenta minutos fora O seu percurso, via Setúbal, de Santo António – Barreiro tinham
dela. No sentido Barreiro – Terreiro demorava, em média, 5h. Dos três ligação directa a Lagos. Passando
do Paço, entre as 5h05 e as 2h05, Intercidades, dois deles possuíam aos regionais, existia uma ligação

16
Comboio Histórico

Paul Winter

A 1801 prepara-se para partir de Faro com o regional Lagos - Tavira, em Junho de 1991

Barreiro – Funcheira por dia, que Intercidades por sentido entre o Em Casa Branca, a esmagadora
demorava 2h44 nesse sentido e Barreiro e Beja – com carruagens maioria destes comboios dava
3h17 na direcção inversa. Ambos para Évora. O tempo de viagem, ligação a Évora (unicamente uma
os regionais efectuavam serviço quer entre o Barreiro e Beja, circulação por sentido é que não
suburbano entre o Barreiro e Praias quer entre o Barreiro e Évora, o fazia). Finalmente, de segunda
do Sado. Para além deste, existiam era o mesmo: a rondar as 2h. Os a sábado de manhã, havia um
ainda dois regionais por sentido inter-regionais eram dois, entre o regional Vila Nova da Baronia –
entre a Funcheira e Tunes, com Barreiro e Beja – mais uma vez, com Beja por sentido, que fazia a viagem
tempos de viagem variáveis, entre carruagens directas para Évora – e entre as duas estações em 40
a 1h24 e a 1h45. E, finalmente, demoravam 2h12 entre o Barreiro minutos, e, à tarde, uma circulação
existia ainda um regional Santa e Beja e 2h25 no sentido inverso – Vendas Novas – Beja, de 1h25 de
Clara-Sabóia – Tunes (e vice- para Évora a distância temporal era viagem. Os comboios que partiam
versa), de manhã, que levava perto sensivelmente a mesma. Quanto ou chegavam ao Barreiro faziam
de quarenta minutos entre as duas às ligações regionais, existia um serviço de suburbano entre essa
estações. nocturno Barreiro – Vila Real de estação e o Pinhal Novo.
O Ramal de Sines ainda era Santo António-Guadiana (e volta),
mencionado nestes horários – via Beja, a demorar 8h de viagem; Olhando para a Linha de Évora,
todavia, como o serviço ferroviário uma circulação Barreiro – Tunes, entre Casa Branca e Évora,
havia acabado em 1990, agora já com viagem de 6h40; um regional existiam três tipos de ligações:
só se viajava “nele” por intermédio entre o Barreiro e Casa Branca os Intercidades (que seguiam a
de autocarros. Existiam dois por e dois no sentido inverso, com reboque dos comboios Barreiro –
dia, entre Ermidas-Sado e Sines, tempos de viagem entre a 1h25 e Beja – Barreiro) – um por sentido,
com paragem em Abela e Santiago as 2h05; uma ligação entre Casa que faziam o percurso em 37
do Cacém e viagem de 1h05 de Branca e Tunes e duas entre Tunes minutos; os inter-regionais (idem)
duração – e que davam ligação aos e Casa Branca, cuja distância – dois por sentido, que paravam
inter-regionais da Linha do Sul. temporal entre as duas estações em Tojal e Monte das Flores e
variava entre as 4h18 e as 5h30; demoravam só mais um minuto
Debrucemo-nos agora sobre a e um regional Beja – Casa Branca que os IC’s; e os regionais. Estes
Linha do Alentejo. Existia um e volta, de 55 minutos de viagem. eram sete no sentido Casa Branca

17
Comboio Histórico

Eddie Holden

Uma dupla de Nohab’s passa por São Marcos da Serra. Março de 1992.

– Évora e seis no sentido oposto, e – se bem que, unicamente, com já abordados em parágrafos
eram efectuados, na sua maioria, circulação rodoviária. Eram cinco os anteriores, ainda assim havia
por composições provenientes autocarros por sentido que ligavam ligações a esses mesmos comboios
de Beja, Tunes ou Barreiro. Estes Évora a Reguengos de Monsaraz, entre Lagos e Tunes (e vice-versa):
comboios, com paragem em todas unicamente parando em Montoito. dois Intercidades e um inter-regional
as estações daquele troço (Tojal A viagem demorava entre os 55 viajavam diariamente entre as duas
e Monte das Flores), demoravam minutos e a 1h15. estações, demorando, em média,
entre 33 e 38 minutos. De Évora em Descendo no mapa, o Ramal respectivamente, 0h52 e 1h05.
diante, e desde 1990, o percurso de Moura era servido por três Havia mais três inter-regionais por
até Estremoz e ao Ramal de Vila autocarros por sentido (dois aos sentido nesta linha, que viajavam
Viçosa era feito de autocarro. Entre fins-de-semana), com paragem entre Lagos e Vila Real de Santo
a capital do distrito e o estremo em Baleizão, Serpa-Brinches e António-Guadiana num tempo entre
da linha, haviam seis autocarros, Pias. Entre Beja e Moura, a viagem as 2h30 e as 2h45. Abordando o
ao passo que no sentido inverso estava previsto demorar 1h15. serviço regional da linha, também
haviam cinco – acrescidos de havia circulações a percorrerem a
mais uma circulação Vila Viçosa Olhando agora um pouco mais linha por completo: quatro regionais,
– Estremoz, de manhã, e outra acima, para a Linha de Vendas um no sentido Lagos – Vila Real
Estremoz – Évora, à noite – e esse Novas, entre o Setil e Vendas de Santo António-Guadiana e três
percurso era feito em cerca de 1h30. Novas circulavam três automotoras na direcção oposta. A viagem,
Continuando pela Linha de Évora (duas aos fins de semana), ao dependendo do regional, demorava
em direcção a Portalegre, a partir passo que, no sentido oposto, eram entre as 3h20 e as 3h50. Entre
de Estremoz havia dois autocarros quatro (também duas aos fins-de- as duas estações, todavia, ainda
por sentido a unir as duas estações, semana). As viagens demoravam havia mais circulações: de Lagos
e a darem ligação aos regionais entre 1h25 e 1h40. para Tunes, existiam dois regionais
da Linha do Leste, que faziam a por sentido, com viagem de 0h50
viagem, também, em perto de 1h30. Por último, em termos de linha, falta a 1h20; entre Lagos e Faro, três
O Ramal de Reguengos era outro olhar para a Linha do Algarve. Não regionais (dois aos fins de semana,
que, por esta altura, também ainda falando nos Intercidades e inter- no sentido Faro – Lagos), com a
era mencionado nos guias horários regionais provenientes do Barreiro, viagem a demorar, em média, 2h20;

18
Comboio Histórico

Garry Brown

1509 em Setúbal com um suburbano para o Barreiro, Junho de 1990

entre Faro e Tavira, um regional, suburbanos entre as Praias do Sado circularem entre o Barreiro e Setúbal
unicamente neste sentido, com ou Pinhal Novo, já referenciados (dois deles apenas o faziam durante
viagem de 3h05; entre Tunes e Vila mais acima, existiam ligações entre a semana) e onze até Praias do
Real de Santo António-Guadiana, o Barreiro e Setúbal, e entre aquela Sado (que passavam a sete durante
dois regionais nesse sentido (ambos cidade e Praias do Sado – muito os fins-de-semana). No sentido
apenas durante a semana) e um no antes de se construir o apeadeiro inverso, o serviço funcionava entre
sentido contrário, com a distância de Praias do Sado-A. Ainda havia as 4h05, desde o primeiro suburbano
entre as duas estações a ser vencida um suburbano a partir da Praça do que partia de Praias do Sado, até à
em tempos entre as 2h30 e as 2h45; Quebedo, de madrugada (5h40), 1h20, com o último urbano que saía
entre Faro e Tavira, um regional, em direcção ao Barreiro, mais dois de Setúbal. Neste sentido, havia
unicamente no sentido contrário, (um durante o fim-de-semana), de catorze comboios a partirem da
em que a viagem demorava 45 manhã, partindo do Pinhal Novo capital de distrito rumo ao Barreiro
minutos; e, finalmente, entre Faro e no mesmo sentido. A distância (que passavam a nove durante os
e Vila Real de Santo António- entre os dois extremos da linha fins-de-semana) e onze a partirem
Guadiana, os regionais eram quatro de suburbanos era percorrida, em de Praias do Sado (quatro deles
neste sentido (três aos sábados, média, em 55 minutos, e, entre o não se efectuavam aos fins-de-
dois aos domingos e feriados) e três Barreiro e Setúbal, sensivelmente semana). Como na grande maioria
no oposto (dois aos sábados, um em 45 minutos. Em termos de das linhas suburbanas de então, os
aos domingos e feriados), em que oferta, era dependente da hora comboios não eram cadenciados –
ambas as estações estavam a uma do dia, como é normal nos eixos por outra, não saíam sempre aos
distância temporal entre as 1h10 e suburbanos. No sentido Barreiro mesmos minutos.
as 1h45. – Praias do Sado, a primeira
Para finalizar a zona Sul, falta composição partia da “capital do
apenas abordar a única zona de diesel” às 5h (rumo a Setúbal, uma
suburbanos da Grande Lisboa espécie de “suburbano-expresso”
que funcionava por intermédio de que apenas se detinha no Pinhal
material diesel: a Linha do Sado. Novo) e a última às 2h05 (destinada
Excluindo os regionais do Alentejo a Praias do Sado); entre essas duas
e Algarve que faziam serviço de horas, existiam treze comboios a

19
Comboio Histórico

Garry Brown Resumindo e concluindo, os


principais pontos ferroviários
possuíam a seguinte distância
temporal do Barreiro:

De Para Tempo
de
Viagem
Barreiro Setúbal 0h24
Lisboa 1 0h30
Praias 0h54
do
Sado 2
Évora 1h57
Beja 1h58
Setil 3 2h17
1503 com um IR Barreiro-VRSA, Alcácer do Sal em Setembro de 1989 Reguengos 3h01
de
Monsaraz
Garry Brown Sines 3h05
Estremoz 3h20
Moura 3h20
Faro 3h25
Vila Viçosa 3h50
Lagos 4h12
Vila Real 4h46
de
Santo António
Portalegre 4 11h05

Já agora, tendo em conta que


o transbordo dos comboios das
linhas de Vendas Novas e de Évora
contemplava, unicamente, comboios
1806 com um IR Barreiro-VRSA, Tunes em Setembro de 1989 provenientes de Lisboa, faça-se uma
outra comparação para estas duas
linhas, desta vez, partindo de Santa
Apolónia:
Garry Brown

De Para Tempo
de
Viagem
Lisboa Vendas Novas 2h28
Estremoz 6h02

1. Via fluvial
2. Por suburbanos
3. Via Linha de Vendas Novas
4. Via ramais do Alentejo.

1509 em Setúbal com um suburbano para o Barreiro, Junho de 1990

20
Spotting

Intercidades Covilhã
- Lisboa no canto do
cisne da tracção diesel
na Beira Baixa. Alcaria

João Cunha

21
Comboio Histórico

Pedro Sabino

Três das locomotivas que ainda resistem no Barreiro-A. Dezembro de 2007.

Dez anos do Fim das 1800


Carlos Loução Pedro Sabino | Garry Brown

No dia 1 de Março, passam exactamente dez anos desde que a série 1800 deixou de circular nos carris
nacionais. Aproveitando esta efeméride, gostaria de deixar aqui uma pequena homenagem à carreira de 33
anos destas locomotivas.

Em 1967, a CP havia recebido as eram pertença da “British Railways” locomotivas nacionais.


primeiras dez locomotivas da série – se bem que com mais potência. Fizeram logo a diferença por um
1400, construídas pela “English O contrato para a entrega das pequeno detalhe: a sua velocidade
Electric”, com a Sorefame a ser máquinas foi assinado a 7 de Junho máxima de 140 km/h significava
encarregue da construção das de 1968, com a primeira locomotiva que as 1800’s eram o material
restantes quarenta locomotivas a chegar a terras lusitanas – a 1801 motor mais rápido da CP. Foram
da encomenda. Satisfeitos com as – no dia após o Natal de 1968; a colocadas na zona Centro, sendo
máquinas recebidas, a empresa série completa das 1800’s, como vistas, geralmente, na Linha da
portuguesa decidiu efectuar mais foram numeradas, iria entrar ao Beira Alta – a sua chegada permitiu
dois pedidos: o primeiro para mais serviço entre Janeiro e Agosto reduzir o tempo de viagem entre
dezassete máquinas idênticas de 1969 – seis meses antes do Lisboa e Vilar Formoso das 9h25
às 1400, e o segundo para dez planeado. Chegaram a Portugal para as 8h40. Seriam ainda vistas à
locomotivas de potência alta para ostentando um esquema de pintura cabeça do “Sud-Express”, chegando
serviço de passageiros de longo azul-escuro, com uma faixa larga mesmo a aventurar-se por terras
curso. E o modelo apresentado branca e topo cinzento-escuro – espanholas até Medina del Campo.
aos portugueses foi o “LD 937 B”, em 1973, passaram a ostentar a E a sua vida foi pela zona das
que correspondia a uma versão pintura laranja e branca que se Beiras até à chegada das 1960’s,
mais simplificada das Class 50 que tornou generalizada em todas as em 1979, menos velozes mas com

22
Comboio Histórico

mais potência para lidarem com as serviço em Julho de 2001. por parte dessas associações em
rampas complicadas da Beira Alta. O seu ocaso começou em 2000. A adquirirem uma ou outra locomotiva;
Desalojadas das suas tarefas de 1801, ostentando a pintura azul e porém, nunca se chegou a confirmar
então, foram “acolhidas” pelo Sul branca de início de carreira , foi a tal intenção.
e pelo depósito do Barreiro, onde primeira a ser encostada (sem ser Durante anos, oito destas máquinas
assumiram os comboios directos do por colisão) em Outubro de 2000, a foram resguardadas nas linhas da
Alentejo e Algarve. O seu serviço, meio de uma intervenção na EMEF. estação do Barreiro, com a 1805 a
todavia, não se resumia ao longo Em 2001, foi a vez da 1804 ser ser resguardada no GOB e sendo
curso: também eram vistas nos encostada definitivamente, enquanto mantida operacional, com vista à sua
tranvias da Linha do Sado, nas horas as restantes seis locomotivas utilização em comboios especiais
de ponta, e nos regionais do Algarve; continuavam nos comboios de e, para além disso, resguardando
para além de passageiros, também mercadorias do Sul. Até que, no dia uma possível inclusão no acervo
eram colocadas, algumas vezes, em 1 de Março de 2002, chegou a ordem do Museu Nacional Ferroviário.
comboios de mercadorias. Em 1984 do encosto definitivo da série 1800. Em 2004-5, foram transferidas
dá-se a primeira baixa no efectivo Os seus conta-quilómetros, à data para o Barreiro-A, onde ainda
das 1800’s: a 1809, traccionando o de abate ao serviço, ostentavam hoje se mantêm, cada vez mais
rápido 9012 entre Vila Real de Santo marcas entre os 3.496.576 (pela vandalizadas e enferrujadas. Quanto
António-Guadiana e o Barreiro, 1808) e os 3.831.143 (da 1803) à 1805, depois de ter seguido
embate contra o regional 9723, que quilómetros percorridos. viagem para o Entroncamento e de
viajava entre Lagos e Vila Real de Todavia, não foi a última vez que ter sido entregue ao MNF, depois
Santo António-Guadiana, perto da estas locomotivas circularam. As de mais uma viagem até Contumil,
estação de Loulé. Rebocada para o associações de entusiastas inglesas neste momento encontra-se em
Barreiro, começou a ser reparada, sempre tiveram estas locomotivas Guifões, onde é pintada nas cores
mas foi vista, durante anos, junto das em alta estima (pela sua semelhança originais, podendo ser integrada
1300’s encostadas; acabaria por ser com a Class 50) e efectuaram na composição do Comboio
demolida em 1993. diversos comboios especiais de Presidencial.
Em 1987, os problemas motores passageiros traccionados por
das 1900’s fizeram-nas passar para diversas locomotivas da série Fontes:
tráfegos mais leves, o que, por 1800 – com estas locomotivas a -“Today’s Railways” nº 65, Maio de
conseguinte, levou a que tomassem aventurarem-se por linhas onde 2001;
o lugar das 1800’s nos rápidos. nunca haviam efectuado carreira, -“Bastão-Piloto” nº 199, Fevereiro de
Estas passaram, então, a traccionar como ao Ramal de Reguengos, 1999;
os comboios de minério de Aljustrel. Ramal de Vila Viçosa e Linha do -“Class 50s in Operation”, de David
Todavia, três anos depois, já eram, Leste, só para citar alguns exemplos. N. Clough.
novamente, presença constante Também houve interesse declarado
nos Intercidades e inter-regionais
para o Alentejo e Algarve. O ano Garry Brown
de 1992 privou-as, novamente,
dos Intercidades, permanecendo
unicamente a seu cargo, nos
passageiros, os inter-regionais e
alguns regionais do Algarve. No
ano seguinte, foram encarregadas
do recém-criado “Comboio Azul”,
entre o Porto e Vila Real de Santo
António (mais tarde, Faro) . Em
1998, foram retiradas dos comboios
de passageiros… mas uma
redução dos números das 1930’s,
motivadas por avarias, acabou por
causar o regresso temporário das
locomotivas inglesas aos comboios
inter-regionais. Nas mercadorias,
tiveram a seu cargo, para além dos
comboios de minério de Aljustrel, os
comboios da Autoeuropa, o cimento
de Estremoz, os tráfegos de carvão
entre Loulé e Sines, de salgema
entre Loulé e Praias do Sado, e de
amoníaco entre a Quimigal, Praias
do Sado e Alverca. Em 1999, uma
colisão atirou a 1806 para o lote das
indisponíveis, tendo sido abatida ao A 1802 chega a Alcácer do Sal com um Intercidades rumo ao Algarve. Junho de 1990

23
Cais de Embarque

Regional Tua - Mirandela á partida do Tua

Viagem pelas Vias Estreitas do Douro - Linha do Tua


Tiago Ferreira Tiago Ferreira

Com este artigo, inicia-se uma pequena série de retratos sobre os troços de via estreita do Douro encerrados
recentemente, e no qual ainda tive o prazer de viajar – mas principalmente de viver e sentir todo o seu
ambiente.

Em meados de 2005, decidi que, puxando seis carruagens (cinco dias de hoje, esta circulação não
durante as férias de Verão, a de 2ª classe-salão da série 22- passa de uma recordação que dava
primeira linha que iria conhecer 40 de 1972, e uma de 1ª classe- mais cor a esta linha.
seria o Tua, já com o fantasma de compartimentos + bar da série 85- Até à Régua não houve nada a
um encerramento para breve. Era 40, construída em 1963). Como apontar, sendo que, nesta estação,
considerada das três linhas ainda seria a primeira vez que veria o esperava para cruzamento o
em serviço como a mais selvagem, Douro num comboio, coloquei-me comboio de mercadorias proveniente
a mais desafiante, devido em parte à na última carruagem (neste caso do Pocinho efectuado por uma 1960,
obra que foi o troço inicial entre a Foz a de 1ª classe), de modo a poder pronto a seguir viagem.
do Tua e o Cachão, atravessando fotografar e filmar mais à vontade, Eram 9h50 da manhã, e a neblina
zonas quase inacessíveis. mas também para visualizar o teimava em não levantar, mas é
Foi com estes pensamentos na enquadramento da composição por ela que dará um ambiente mais
cabeça que estava na manhã do dia onde passava e apitava. autêntico ao Douro, mais suave, e
16 de Agosto de 2005 na plataforma Em Marco de Canaveses, o que quase nos acompanharia até ao
da estação de Penafiel, juntamente Intercidades 561 procedente da Tua. No Pinhão, a 1434 aguardava
com mais dois amigos. Aguardava Régua aguardava pela chegada pelo cruzamento com o nosso
pelo Inter-Regional 861, proveniente do Inter-Regional, sendo a sua comboio, faltando 15 minutos para a
de São Bento. Chega pontualmente composição de duas carruagens chegada ao nosso destino.
por volta das 8h30, com a 1414 CoRail e um furgão gerador – nos São 10h40 e estamos prontos para

24
Cais de Embarque

A inigualável beleza paisagistica da Linha do Tua

o que nos levou a fazer esta viagem. construção recente de taludes e, um continua a ser de transição sinal
Para minha surpresa seria uma pouco mais à frente, alguns homens que estamos a entrar em pleno
unidade múltipla de automotoras na sua construção, de modo a planalto Transmontano. As últimas
9500 (ou LRV’s ) a fazer o regional consolidar algumas das partes mais vinhas dão passagem de novo a um
6203. Tanto a 9506 (a unidade da frágeis e com maior probabilidade de vale mais fechado e selvagem até
frente) como a 9504 encheram por queda da composição, já quase com Abreiro. Entra um passageiro e sai
completo de passageiros habituais, Santa Luzia à vista na outra margem outro.
de idade mais avançada, e de do rio. Chegando a este ponto de O regime de exploração simplificada
forasteiros que, por ser período de cruzamento às 11.13, espera-nos predomina por toda a linha, com
férias, eram em maior número uma dresine da Refer que traz duas as agulhas talonáveis nos pontos
que o habitual – fazendo justificar vagonetas com material de apoio de cruzamento. Aqui a composição
plenamente a dupla de automotoras. às obras que vimos anteriormente. mantém-se na linha principal mas,
Instalamo-nos junto do maquinista, Não sai ninguém neste local, mas há do lado norte, entra-se para a via
de modo a apreciar melhor a tempo para fotografar o cruzamento, desviada. É entre este ponto e
viagem e tirar algumas fotografias, algo já pouco habitual nesta linha. Vilarinho que, em definitivo, se entra
e, às 10h55, estamos de partida A viagem vai seguindo com o vale nos vales ricos em amendoeiras e
para Mirandela, passando pelas a tornar-se menos profundo e mais oliveiras que o rio alimenta, deixando
carruagens Napolitanas que haviam aberto, sem a série de viadutos e de se ver tanta vinha como até aqui.
saído de serviço quatro anos pontes que lhe deram fama. Passa- Toda a zona íngreme, de transição
antes. Virando logo à direita para o se junto do apeadeiro de Tralhão, e de maior espectacularidade já
Vale do Tua começa a parte mais junto a uma curva que garante uma ficara para trás. A vista do rio perde
espectacular da Linha, com uma das melhores panorâmicas de toda a um pouco da sua panorâmica,
série de viadutos, túneis e trincheiras linha. O vale mais selvagem começa devido à densa vegetação que vai
bastante fechadas, sendo possível a dar lugar a um vale aberto e fértil, aparecendo ao longo dos próximos
também observar uma excelente em que predomina a cultura da quilómetros.
panorâmica de todo o vale. Assim se vinha. Os sinais da presença dos habitantes
segue até Tralhariz, zona onde há Estamos prestes a chegar a da zona – que já não se viam há
uma das melhores vistas e onde se Brunheda. A estação encontra-se algum tempo e que sinalizam que
sente melhor o vale profundo e quase guarnecida, o que pode dever-se à não estamos já muito longe do final
intransponível que se atravessa. circulação da dresine de apoio ás da viagem – reaparecem com a
Continuando este sentimento e obras. Dois passageiros aguardam chegada ao Cachão por volta das
este perfil de linha, observa-se a pela nossa composição. A paisagem 12h00. O complexo agro-industrial,

25
Cais de Embarque

um símbolo da propaganda do
Estado Novo, já viveu melhores dias,
como demonstra a degradação de
algumas das suas infraestruturas.
A estação, todavia, está cuidada e
com alguma vida, sendo a localidade
mais bem servida até Mirandela
– como demonstra o movimento
de passageiros, e por ser o único
troço ainda em funcionamento
no âmbito do Metro de Mirandela
(Cachão – Carvalhais) Fica-se
parado alguns minutos devido a um
possível problema no motor na 9506,
por este não estar a desenvolver
convenientemente desde alguns
quilómetros antes, mas acaba por se
seguir caminho, aproveitando esta
paragem para fazer algumas fotos.
Aproxima-se a hora de almoço. A
Paisagem entre o Tua e Santa Luzia
partir deste local, a linha afasta-se
do rio que lhe dá nome, passando
campos cheios de amendoeiras e
oliveiras, e perdendo um pouco o
interesse comparativamente à parte
inicial da viagem. Em Frechas ainda
não chegou a modernização, sendo
a passagem de nível fechada pela
guarda de serviço. A via encontra-
se em muito mau estado deste o
Cachão, havendo balastro apenas
nas juntas dos carris, limitando a
velocidade permitida, que não passa
dos 40 km/h. Começa-se a vislumbrar
os arredores de Mirandela, pelo que
perguntamos ao revisor um bom
local para comer a alheira, e é-nos
indicado um restaurante mesmo
em frente à estação. Chegamos às
12h25, e imediatamente a unidade
múltipla é desacoplada, seguindo
a 9506 para o percurso do Metro
Paisagem entre o Tua e Santa Luzia
de Mirandela até aos Carvalhais,
enquanto a 9504 fará a ligação de
regresso ao Tua às 15h26. Nesta
altura ainda se fazia a separação
de ligações, não funcionando a
linha como um todo, pelo que se
quisesse seguir para Carvalhais
teria-se que andar uns metros mais
à frente e apanhar a composição na
estação de Mirandela-Metro. Só com
a renovação de via até Cachão dois
anos depois é que a estação velha
foi definitivamente desactivada.
A escolha de revisor mostrou-se
acertada, e depois do repasto ainda
houve tempo para apreciar um
pouco da cidade, simpática e com a
Tua a mostrar a sua beleza, graças
ao açude existente à entrada da
cidade. Faltam vinte minutos para a
partida do regional. Seguimos para
a estação, apreciando a imponência
do edifício de passageiros, pouco
LRV e Dresine da Refer em Santa Luzia habitual para uma linha de via estreita.

26
Cais de Embarque

É um elemento representativo da
importância de toda a linha, nos
tempos em que chegava a Bragança.
O vazio das linhas da estação apenas
é preenchido por duas 9500 e pelas
vagonetas de dresine transformadas
em composição de socorro da linha.
O tempo quase limpo e bonito que
nos acompanhou durante a ida
começa a apresentar o risco de cair
alguns chuviscos, o que se confirma
após a partida do regional 6202, e
a pluviosidade acompanha-nos até
bem perto de Cachão. O regresso
corre sem problemas, cruzando com
a dresine de serviço em Abreiro às
16h10, enquanto o tempo se vai
levantando, continuando a linha a
demonstrar a sua beleza. A bordo,
o ambiente é bem-disposto, com
Brunheda
a automotora com quase todos os
lugares sentados ocupados; ao
fundo, inclusivamente há gente a
cantar e a dançar, demonstrando
que, para alguns, o almoço caiu
bastante bem… Por volta das 17h00,
chegámos ao Tua, aguardando
então pelo Inter-Regional 862
proveniente do Pocinho, que acaba
por chegar doze minutos depois.
São sete carruagens traccionadas
pela 1455, três das quais reservadas
aos Cruzeiros do Douro. Esperava-
se que fosse uma viagem normal,
com chegada prevista às 19h20 a
Penafiel.
Completamente cheio, cruzamo-nos
no Pinhão com a 1411 com quatro
carruagens, efectuando o Inter-
Regional 865 para o Pocinho – que
dará ligação ao regional 6205 para
Mirandela. Até Ermida não haverá
nada a registar, acontecendo aí Entre Brunheda e Vilariça
uma paragem prolongada devido a
cruzamento, provocando um atraso
de vinte minutos. Sendo o troço
entre Mosteiró e Livração o mais
exigente da linha, a probabilidade
de poder algum problema com o
material circulante será maior, devido
a ser quase sempre em subida.
Embora parecesse normal o seu
desenvolvimento, a 1455 começa
a deitar bastante fumo do escape,
sendo muito notório o seu esforço
para traccionar o comboio; como
íamos na primeira carruagem, isso
foi ainda mais notório na passagem
pelo túnel do Juncal (tendo uma
t-shirt branca, o fumo do escape
acabou por deixar-lhe bastantes
marcas pretas). Logo após a partida
de Livração, a meia distância
desta estação e o apeadeiro de
Recezinhos, a locomotiva pára
totalmente, apresentando bastantes A paragem no Cachão

27
Cais de Embarque

28
Cais de Embarque

Um exemplo do mau
estado da via entre o
Cachão e Mirandela.

29
Cais de Embarque

dificuldade em voltar a ligar o motor.


As portas do compartimento do
motor são abertas pelo maquinista
para verificar que tipo de avaria
possa ter ocorrido, mas é logo pedido
socorro. Passados 25 minutos
depois, entra em cena a 1415, a
cargo do InterCidades 561 Porto –
Régua: deixando a sua composição
em Vila Meã, a locomotiva reboca
o nosso comboio até esta estação,
desbloqueando assim o tráfego, e
resguardando-a. Fica-se então a
aguardar por socorro directamente de
Contumil, enquanto o InterCidades,
novamente composto, parte para
o seu destino final. Passada meia-
hora, já perto das 21h, chega a 1434
para trazer o nosso comboio até
ao seu destino final, fazendo-nos
Estação de Mirandela
desembarcar em Penafiel às 21h20,
praticamente duas horas depois do
previsto, com o cansaço acumulado
de tantas horas de viagem.
Apesar dos imprevistos ocorridos,
foi uma viagem que me marcou
bastante. Foi possível apreciar ainda
o tempo de locomotiva + carruagens
em plena Linha do Douro, mas
principalmente por ter apreciado o
Tua em todo o seu esplendor e sem
a polémica das eventuais falhas na
segurança, tendo em conta o acidente
ocorrido dois anos depois do qual
resultaram a morte de duas pessoas,
e o descarrilamento de 2008, que
fechou em definitivo a linha no seu
troço inicial. Uma linha com enorme
potencial turístico, mas que, com o fim
de serviço das locomotivas Alsthom
9020 e das carruagens Napolitanas,
perdeu um pouco do seu encanto;
Tralhariz
mas a paisagem natural selvagem
e desafiante para o homem, essa
persistiu, continuando, ainda nos
dias de hoje, a desafiar a vontade do
Homem, tentando vergar o Vale do
Tua sob o muro da Barragem de Foz
Tua. Hoje em dia, apesar de a linha
estar reduzida ao troço Cachão –
Mirandela, ainda é possível visualizar
o trabalho feito em 1887, e imaginar
o quão duro terá sido construir os
primeiros quilómetros da Linha do
Tua – através da excelente vista
panorâmica da estrada Alijó – Tua.

Ainda a Zona de Tralhariz

30
Cais de Embarque

31
A Minha Opinião

CPA 4010, AP 181 Porto - Faro, Alvalade, Fevereiro de 2011

Sobre as novas paragens


Carlos Loução Carlos Loução

Durante estes últimos anos, tenho visto muitas decisões polémicas da CP em relação ao serviço ferroviário
português. Ao mesmo tempo, assistia ao decair duma marca de referência, como era o nome ‘InterCidades’.
E, quando pensava que nada me podia surpreender, eis que surge mais uma ideia surpreendente.

Durante estes últimos anos, tenho inéditas para aquele serviço: especialmente a partir da altura da
visto muitas decisões polémicas da Santa Clara-Sabóia, Funcheira, redução em número (ou extinção
CP em relação ao serviço ferroviário Ermidas-Sado e Grândola. Essa por completo) dos comboios inter-
português. Ao mesmo tempo, medida era justificada pelo facto do regionais. Por exemplo, há vinte
assistia ao decair duma marca “primeiro Intercidades do dia sair anos atrás, os IC’s Lisboa – Porto
de referência, como era o nome muito cedo para as pessoas que se tinham paragem em Santarém/
‘InterCidades’. E, quando pensava quisessem deslocar para Lisboa” Entroncamento/Pombal1,
que nada me podia surpreender, – para além de actuar, também, Coimbra-B, Aveiro, Espinho e Vila
eis que surge mais uma ideia como “compensação pelo fim dos Nova de Gaia2. Hoje em dia, para
surpreendente. regionais a Sul do Tejo”. Vejo estas além destas paragens, temos Vila
Há algum tempo, fui surpreendido razões e, pura e simplesmente, Franca de Xira e Caxarias/Alfarelos/
com a notícia de que, a partir deste não consigo acreditar. É que foi Pampilhosa/Mealhada/Estarreja 3
mês de Fevereiro e num período com ideias deste calibre que os – para além de Santarém,
experimental, o primeiro Alfa InterCidades perderam a reputação Entroncamento e Pombal se terem
Pendular do dia, que saía de Faro que possuíam na década de ’90: a tornado paragens obrigatórias para
rumo a Lisboa e ao Porto, ia passar a partir do momento que se colocou todos eles. E, se é um facto que as
efectuar paragem em três estações este serviço com mais paragens, viagens demoram menos tempo que

32
A Minha Opinião

em 1992, a sensação para quem vai


no comboio não é essa: assume-se
muito facilmente que é uma ligação
com muitas paragens, com muitas
perdas de tempo. É sabido que o
passageiro regular gosta dum meio
de transporte que seja a) rápido,
e b) com poucas ou nenhumas
paragens. Com a inclusão de novas
leis de paragens ao longo dos anos,
o serviço InterCidades passou a
perder o bom nome que tinha – e,
hoje em dia, nada mais é que uma
sombra do passado.
Agora, olhando mais em detalhe
a este serviço efectuado pelo AP
182/3, creio que é bom ver os sítios
onde o mesmo passou a efectuar
uma paragem de trinta segundos. CPA 4007, AP 128 Porto - Lisboa, Pombal, Junho de 2010

• Santa Clara-Sabóia: a • Grândola: é, de longe, a estação fica bem para um comboio de longo
automotora entra na linha 2, melhor preparada para receber curso que se quer de “luxo”.
que é servida duma plataforma um “Alfa Pendular”. Com um Seria assim tão mais difícil, se sempre
de 87 metros de comprimento comprimento da plataforma de era para “compensar os distritos
(contra os 158,9 do CPA); 210 metros e altura da mesma do Sul pelo fim dos regionais”,
a estação fica situada a 3,3 de 85 centímetros, não existem alterar a hora de partida do primeiro
quilómetros de Santa Clara-a- grandes entraves na infra- InterCidades a sair de Faro? Era, de
Velha e a 2,8 de Sabóia. Tem estrutura à entrada ou saída todo, necessário tentar provocar-se
a N266 a passar à beira – se de passageiros. A estação fica o decréscimo de qualidade da marca
bem que o caminho até lá é por situada um bocadinho desviada “Alfa Pendular”? É por causa da
estrada de terra batida, muitas do centro da vila, mas nada de meia-dúzia de pessoas que poderá
vezes enlameada. Para além transcendente. Como todas as utilizar o serviço que se provoca
de o edifício estar encerrado, outras estações deste grupo, constrangimento aos restantes
há meses, a REFER tratou do não tem bilheteira. passageiros – e um aumento do
emparedamento do mini-edifício tempo de viagem? Ou será este
que servia de casa de banho. O facto de todas as estações deste uma forma de arranjar pretextos
• Funcheira: aqui, o Pendular grupo já terem sido desprovidas de para retirar o “Alfa Pendular” do Sul
entra na linha 1, que é, de bilheteira provoca mais umas dores do país?
todas, a que tem a plataforma de cabeça: o ter de se tirar bilhete em A ver vamos o que o futuro reserva a
mais baixa: 40 cm de altura. viagem. Ou seja, lá vão os revisores esta “experiência”.
O comprimento da gare, ter de andar com a maquineta dos
aqui, não é problema, pois a bilhetes a ver quem não tem bilhete.
mesma dista 196 metros duma Por si só, esta medida não afecta 1. Alguns paravam em duas destas
ponta à outra. A estação fica muito o serviço; agora, há que ver estações, outros só em uma.
posicionada numa das pontas que o Alfa Pendular é um comboio 2. Ainda havia um diário com paragem
do aglomerado populacional, em Ovar.
com lugares reservados4 e um
está a 2 quilómetros da N389 3. Há circulações a pararem em duas
comboio de “topo de gama” – pelo destas estações, outros em uma, e
e de Garvão, tem as portas menos a nível nacional. Ter-se outros em nenhuma delas.
fechadas e viu, recentemente, o passageiros a entrar no comboio 4. Com os InterCidades também é
bar da estação encerrar de vez. sem lugar garantido não é dum assim, de facto – só que com tanta
• Ermidas-Sado: o CPA efectua comboio de topo que se preze, paragem em estação sem bilheteira,
a paragem na linha 1, cuja porque qualquer passageiro que é apenas mais uma amostra do total
plataforma quase dá para o se preze, que embarque noutra desmazelo que a CP devotou a este
comprimento total do mesmo estação mais à frente, com lugar tipo de comboio.
(140 metros de comprimento), reservado, e chegue ao mesmo e
sendo ainda mais baixa que a da o veja ocupado por outra pessoa,
Funcheira, com 35 centímetros pode perfeitamente começar a
de altura. A estação está reclamar do serviço. Ou podemos,
situada dentro da povoação e, à ainda, chegar à situação limite de
semelhança das restantes, tem termos pessoas a viajar em pé num
o seu edifício fechado. CPA – o que, convenhamos, não

33
Figura do Passado

Principais Caracteristicas

Numeração: Uak 925-0 001 a 006


Numerações prévias: CP TEyfv 945 a
953, CFML Vyf 940 a 954
Construtor: Ateliers de Godarville
Numeração de fábrica: desconhecido
Data de construção: 1928/29
Comprimento: 13,350 m (CFML)
Largura: 2,500 m (CFML)
Altura: ? m
Peso (ordem de marcha): 17 t (CFML)
Carga Nominal: 30 t (CFML)
Velocidade máxima: ? km/h

Fontes: LusoCarris (Fernando


Pedreira), Narrow Gauge Railways of
Portugal.

Fotografia: Werner Hardmeier


Fonte: www.drehscheibe-online.de
Uak 925 0 004 nas instalações de transbordo do Pocinho; Agosto 1975

Tremonhas do ex. Lena


Ricardo Ferreira Vários

Na figura do passado temos limitado o destaque a material motor. De facto, o tema de carruagens e vagões
está menos documentado e é difícil de obter informação sobre uma unidade em particular. Não se pretende
no entanto retirar importância ao tema e vamos ultrapassar as dificuldades dando destaque a uma série
completa de vagões, as Tremonhas do antigo Mineiro do Lena.

Estas Tremonhas foram construídas de Porto de Mós. O crise acentuou total), com o objectivo de lhes dar uso
nos Ateliers de Godarville na Bélgica com a segunda grande guerra e as no transporte de ferro entre as minas
e chegaram ao Mineiro do Lena minas acabaram mesmo por findar de Reboredo, em Carviçais na linha
em 1928/29. Inicialmente estavam a actividade e, naturalmente, os do Sabor, e a estação do Pocinho,
numeradas de Vyf 940 a 954 e vagões foram encostados. onde o minério era transferido para
eram utilizadas pelo Mineiro do Passaram mais de 10 anos quando, vagões de via larga. Para o efeito,
Lena no transporte de carvão das em 1955/56, a CP optou por adquirir levaram algumas alterações e a
minas da Barrojeira para a Central parte daquele lote de vagões (9 no série ficou numerada de TEyfv 945
a 953.
Ricardo Ferreira Cada composição na linha do
Sabor, rebocada por locomotivas
da série E200, levava normalmente
três vagões carregados (cada um
pesando mais de 45 toneladas), já
que a tabela de carga das Henschel
naquela zona tão íngreme não
ultrapassava as 160 toneladas. Nos
comboios vazios chegavam-se a ver
composições maiores, como seis
vagões.
Foi uma destas composições
que, nos anos 60/70, sofreu um
descarrilamento que provocou a
demolição de três vagões da série
(vagões 947, 951 e 953). A série
ficou assim reduzida a seis unidades
e, em 1974 com a numeração UIC,
ficou numerada de Uak 925-0 001 a
006.
Entretanto e já na segunda metade
O tremonha 925-0 006 em São João da Madeira; 19 de Abril de 2009 dos anos 70, as minas do Reboredo

34
Spotting

Werner Hardmeier começavam a dar sinais de fraca


actividade e o tráfego acabou,
deixando os vagões sem qualquer
uso.
A partir dos anos 80, a CP decide
dar-lhes uso na descarga de
balastro para a via e foram usados,
por exemplo, na linha do Tâmega,
onde chegavam a ser atrelados
ao mercadorias das quartas-feiras
para descarga de balastro na via.
Nos anos 90, chegaram também a
ser atrelados a uma draisine, com o
mesmo objectivo.
Uak 925 0 001 na estação do Carvalhal; Julho de 1974 Actualmente ainda restam pelo
menos dois exemplares: um foi
entregue à Ferrovias e em 2009,
Pedro André por exemplo, ainda se podia ver nos
estaleiros em Casa Branca; o outro
é o 925-0 006 e está encostado
em São João da Madeira. É,
teoricamente, o que está destacado
para o MNF.

Fontes:

> LusoCarris (Fernando Pedreira);


> Narrow Gauge Railways of Portugal.

O exemplar da Ferrovias (actualmente: 979 9 001-4) em Casa Branca; 05 Abril 2009

Pedro André

O mesmo exemplar da foto anterior em Mirandela; 06 Setembro 2008

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Estação Terminal

Curtas Pedro André

10º Encontro de Módulos


Maquetren – Porto

Decorreu, nos dias 10 e 11 de Março,


o 10º encontro de módulos Maquetren
Oficinas da EMEF em VRSA
da malta do Porto. O local do encontro
As oficinas da EMEF de Vila Real motivo suficientemente forte para
foi o Museu dos Caminhos-de-Ferro de Santo António estão a ser alvo se continuar a manter operacional
de Lousado e foi aberto a todos os que de profundas intervenções, que o troço entre Beja e Ourique. As
quiseram participar e ver, com entrada têm como objectivo proporcionar grandes reparações continuarão
livre. O grupo, que nasceu em Janeiro uma melhor qualidade no serviço a ser realizadas no Norte do país,
de 2011, tem vindo a ganhar vários que executam. em Contumil.
adeptos de modelismo ferroviário e em Com o mais que provável Nas obras que se estão a verificar
apenas um ano já conseguiu constituir encerramento das oficinas em Vila Real de Santo António,
pelo menos 12 módulos, que perfazem existentes no Barreiro, as há a realçar a colocação de um
um circuito oval. instalações existentes no Algarve pórtico na linha central da oficina
vão ficar com a responsabilidade (que conta com três linhas),
das pequenas reparações de modo a facilitar as acções
quotidianas das 0450’s do parque de manutenção, a substituição
afecto a Faro, como mudança das antigas telhas de amianto
de calços e óleo, substituição de (com cerca de 50 anos) por um
lâmpadas, etc. novo telhado que vai, inclusive,
Em causa está, portanto, a melhorar bastante a entrada
manutenção das automotoras que de luminosidade dentro das
efectuam os regionais do Algarve instalações. Também no exterior,
e, muito provavelmente, as junto ao acesso rodoviário, foi
automotoras que se encarregam colocado um outro pórtico que
das ligações dos Intercidades vai permitir uma maior agilidade
entre a capital do Baixo Alentejo em termos de carga e descarga
e Casa Branca. Se esta decisão de material diverso necessário às
Cadernos de História e vier, de facto, a confirmar-se, é um operações de manutenção.
Arqueologia Ferroviária

Cadernos de História e Arqueologia


é uma revista ferroviária com um
período trimestral editada pelo grupo
ibérico “Carrileiros” (Galicia e norte
de Portugal). A publicação, escrita
em castelhano, tem vindo a destacar
diversos assuntos da temática
histórica da ferrovia de Portugal e
Espanha, contando já com um historial Locomotivas 1300 disponíveis brevemente
de 28 publicações. A revista procura
fomentar o interesse pelo caminho- A empresa Norbrass conta ter Norbrass nos tem habituado.
de-ferro, assumindo-se como gratuita, disponíveis, já no final do mês A série é limitada e numerada de
de Março, as tão esperadas 30 unidades com oito versões,
já que é apenas cobrada a quantia
locomotivas diesel Whitcomb da duas do esquema verde e
necessária para distribuição. série 1300. O modelo, em escala prateado dos anos 50/60, outras
H0 1:87, é super detalhado duas do esquema azul dos anos
>> www.carrileiros.com e integralmente em latão, à 60/70 e as restantes retratando o
semelhança da definição que a último esquema das 1300’s.

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