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Declaro que esta dissertação nunca foi apresentada para a obtenção de qualquer grau e que a
mesma constitui o resultado da minha investigação pessoal e das orientações da supervisora,
estando indicadas no texto a bibliografia e as fontes consultadas para a elaboração do mesmo.
DEDICATÓRIA
“Agradeço aos meus pais pelo apoio incondicional em todos os momentos difíceis da minha
trajectória académica. Este trabalho é dedicado a eles.”
AGRADECIMENTOS
A concretização deste trabalho não teria sido possível sem a colaboração, estímulo,
motivação e empenho de diversas pessoas. Por este facto, apraz-me manifestar a minha
tamanha gratidão:
Agradeço imensamente à Deus, por ter me concedido a vida, saúde, forca e disposição para
fazer a faculdade e o trabalho de final de curso, sem ele, nada disso seria possível.
À Profª Doutora Solange Laura Macamo, minha supervisora, que me prestou orientação e
apoio, sem medida, durante o processo da elaboração deste trabalho e durante curso todo.
Ainda lembro-me que, as primeiras discussões que me estimularam a escrever sobre esta
temática começaram ainda no terceiro ano de formação, numa das aulas ministradas por ela.
Como professora, foi expoente máximo, abriu-me horizontes de tal sorte que, decisivamente
escolhi dissertar sobre esta temática e, consequentemente tive a oportunidade e elevada honra
de trabalhar com ela.
O Dr Peter Batchel, meu co-supervisor, pela competência e empenho, pela sua sabedoria e
conhecimentos que ao seu lado adquire com as orientações.
A esta Universidade, seu corpo docente, direcção e administração pela acendrada confiança
no mérito e ética aqui presentes. Particularmente, o corpo docente do curso de Arqueologia e
Gestão do Património Cultural do DAA, em especial ao Dr Hilário Madiquida e Dra Kátia
Filipe, pelo apoio moral, ao Dr Mussa Raja, pela motivação, ao Dr Ricardo Texeira Duarte,
dr. Cézar Mahumana e Celso Simbine pelo incentivo, ao Dr Albino Jopela pela
disponibilização da bibliografia sobre esta temática.
Aos meus amigos Cacildo Chigueda, Carolina Matsinhe, Stela Bahúle, Stela Gujamo, Sheila
Machava, Nazir Mussa, Joana Chiota, Jorgino Saide Omar, companheiros de trabalhos e
irmãos na amizade que fizeram parte da minha formação e vão continuar presentes na minha
vida com certeza.
Aos meus pais, irmãos e sobrinhos, que nos momentos da minha ausência dedicados ao
estudo superior, sempre fizeram entender que o futuro é feito a partir da constante dedicação
do presente. Obrigada primos e tias pela contribuição valiosa.
A todos que directa ou indirectamente fizeram parte da minha formação, o meu muito
obrigada.
LISTA DE SIGLAS E ACRÓNIMOS
Pois, a inclusão deste, na lista indicativa pela Unesco, veio reforçar a sua importância ao
nível local, bem como ao nível internacional, por este, preserva as suas características
históricas num cenário natural, abundante de recifes de coral e o ambiente urbano e a cultura
viva que constitui a síntese do Oriente que se encontra à Oeste do Oceano Índico
Assim sendo, o presente estudo faz uma abordagem referente à proposta da Classificação do
Arquipélagos das Quirimbas como Património Mundial da Humanidade, com a categoria
Misto. A pesquisa efectuada permitiu a declaração do Valor Universal Excepcional, com base
nos atributos relevantes identificados no Património histórico-cultural e natural, os quais
encontram-se expressos em cada um dos critérios da Unesco atribuídos ao Arquipélago das
Quirimbas, bem como nas condições de integridade e autenticidade e nos requisitos de
protecção que lhe confere para assegurar a sua salvaguarda.
No âmbito do presente estudo, foi desenvolvido um processo de gestão, que inclui a avaliação
do estado de conservação dos bens, e atribuição de mecanismos de protecção necessários a
serem implementados para a protecção e conservação dos atributos que reflectem o Valor
Universal Excepcional e que respondam as ameaças e vulnerabilidade dos bens.
1. INTRODUÇÃO
Moçambique é um país na região que oferece um ambiente cultural diferente por ter uma
herança diversificada e rica, onde são reflectidas as influências Árabes, Swahili, Portuguesa,
Indianas e Africanas. Isto reflecte-se na vida quotidiana através da história, arquitectura,
língua, gastronomia, artes e expressões culturais, assim como, as Áreas de Conservação que
oferecem uma larga variedade de paisagens e ecossistemas e proporcionam uma plataforma
rica e variada param o desenvolvimento do sector do turismo baseado na natureza e fauna
bravia, facto que é, evidenciado no Arquipélago das Quirimbas (PET 2013).
O qual foi inscrito na Lista Indicativa da UNESCO em 2008, como sendo, um bem
patrimonial de excepcional importância mundial, com categoria de mista. Por este local, ter
preservado autenticamente suas características históricas, como o ambiente urbano, em um
ambiente natural de qualidades estéticas excepcionais, atributos de biodiversidade destacados
e habitats para espécies ameaçadas de valores universais.
Desta feita, para a melhor percepção do tema, será necessário a explicitação do Valor
Universal Excepcional, descrição dos critérios compatíveis estabelecidos pela Unesco,
apresentação das condições relevantes de classificação, dentre elas a integridade,
autenticidade, e dos requisitos de protecção e gestão estabelecidos, com vista, enfatizar a
importância de classificar o Arquipélago das Quirimbas como Património Misto.
Pretende-se, porém, incentivar uma protecção legal a nível mundial. Como também, o
desenvolvimento do Turismo Cultural, contribuindo acima de tudo, para que se dê a conhecer
a realidade e a riqueza do património cultural e natural deste Arquipélago (Filipe 2014).
Através destas actividades, a história de domínio local passa ser mais abrangente, mais
conhecida e, consequentemente, mais pessoas ficam desejosas de conhecer esta parte da
história, assim sendo, o Arquipélago das Quirimbas poderá tornar-se o foco de atracção
turística e contribuir para o desenvolvimento, assim como, para a gestão sustentável destes
dos bens patrimoniais (Idem 2014).
Objecto de estudo
O Arquipélago das Quirimbas, constitui uma herança cultural e natural ao longo da costa
Norte de Moçambique. O local teve grande relevância histórica e hoje faz parte do território
do Parque Nacional das Quirimbas, que em 2018 foi declarado Reserva da Biosfera da
UNESCO. A primeira evidência de ocupação humana corresponde à cultura swahili, que
floresceu na costa leste da África desde o primeiro milénio AC, da Somália a Moçambique.
Durante o período colonial, foram erguidas uma série de edifícios e fortificações utilizando a
pedra coral e argamassa. Evidentemente, o local apresenta os requisitos necessários para a
sua requalificação como Património Misto.
Porém, no presente estudo irei apresentar a partir de dispositivos legais nacionais e
internacionais os procedimentos técnicos para à Classificação do Arquipélago das Quirimbas
como Património Misto.
Justificativa
Este interesse, surge como resultado, dos vários eventos durante a formação, como é o caso,
do lançamento do Projecto Rising From The Depths e do Projecto Biocultural Heritage
durante a Escola de Campo em Chonguene, cujo, ambos, tem o objectivo, conscientizar sobre
a utilização do Património Marítimo da África Oriental para promover benefícios culturais e
desenvolvimento social e económico sustentável da região.
Objectivos
1..1. Geral
Apresentar a proposta para a Classificação do Arquipélago das Quirimbas como,
Património Misto, tendo como base os critérios gerais e complementares.
1..2. Específicos
Inserir as características físico-geográfica da área de estudo;
Descrever a importância de classificar o Arquipélago das Quirimbas como Património
Misto;
Entender o enquadramento legal para a Classificação das Quirimbas como Património
Misto;
Propor medidas de Gestão, Valorização do Património Misto no Arquipélago das
Quirimbas.
Formulação do Problema
Por sua vez, a iniciativa da Unesco com a classificação de lugares como património mundial
é de preservar os patrimónios históricos e naturais ao redor do mundo, patrimónios que são
listados e mantidos pelo programa do património mundial, o programa cataloga, nomeia e
conserva locais de Excepcional importância para o património comum da humanidade
(UNESCO 1972).
Pois, no mundo, existem poucos Bens classificados como Património Mundial, contemplando
a categoria mista, por que a análise de qualquer bem para o seu reconhecimento como
Património Mundial com a categoria mista, passa pela explicitação do seu Valor Universal
Excepcional e deve cumprir pelo menos um dos critérios, além das condições de relevantes
de classificação, como a integridade, autenticidade e, dos requisitos de protecção e gestão
estabelecidos (Bechtel, comunicação pessoal)., assim sendo, a UNESCO conta actualmente
com 1,121 Bens Classificados como Património Mundial, dentre os quais 869 fazem parte do
Património Cultural, 213 são Património Natural e 39 constituem bens classificados como
Património Misto (UNESCO 2020).
Hipóteses
i. A Classificação Misto pode permitir a salvaguarda (protecção) efectiva dos bens
culturais e naturais, para garantir a continuidade e preservação para às gerações
vindouras;
ii. A Classificação Mista poderá estimular para a divulgação, promoção e
implementação da política e estratégia de desenvolvimento do turismo a nível local,
nacional e internacional, através do património cultural e natural.
Metodologia
2ª Fase: Entrevistas
Esta fase culminou com a recolha de informações através de entrevistas semiestruturadas aos
Arquitectos Júlio Carrilho e Luís Lage que vem desenvolvendo estudos ligados ao Património
Edificado no Arquipélago das Quirimbas, especialmente na Ilha do Ibo, os Arqueólogos
Hilário Madiquida e Ricardo T. Duarte que desenvolveram estudos sobre a Cultura Swahili
na zona norte de Moçambique, com especial enfoque para os assentamentos nas Ilhas
Quirimbas durante o primeiro milénio e a primeira metade do segundo milénio dC e o seu
papel na Cultura Swahili e no comércio internacional da África Oriental e, por fim, o Biólogo
Peter Batchel que efectuou pesquisas para a classificação do Parque Nacional das Quirimbas
como Património da Biosfera.
Constitui a última fase da elaboração do trabalho final, que consistiu na interpretação, análise,
processamento, sistematização e compilação dos dados recolhidos no decurso da revisão da
literatura e das entrevistas. Foram igualmente inseridos os mapas e a fotografia referentes ao
Património Cultural e Natural do Arquipélago das Quirimbas que é objecto de presente
estudo.
Estrutura do Trabalho
2. APARATO-TEÓRICO CONCEIPTUAL
Conceitos-Chave
Património Arquitectónico
Abrange não apenas os imóveis de carácter monumental, mas também aqueles cujos
contextos de formação e características particulares se revelem emblemáticos ou
significativos no espaço e no tempo em que se desenvolveram (Barranha et al 2016).
Património Arqueológico
Parque Nacional
Conceitos Operacionais
Classificação
Refere-se a etapa posterior à inventariação que visa dotar o Património Cultural e Natural de
estatuto legal para a sua protecção e gestão.
“O Valor Universal Excepcional significa uma importância cultural e natural tão excepcional
que transcende as fronteiras nacionais e se reveste no mesmo carácter inestimável para as
gerações actuais e futuras de toda humanidade” (UNESCO 1972). O Valor Universal
Excepcional é a base fundamental de todas as actividades relacionadas com a inscrição do
bem na lista do Património Mundial, pois, é com base neste, que se justificam as razões pelas
quais os o bem é considerado de Valor Universal Excepcional, como satisfaz os critérios
pertinentes, as condições de integridade e autenticidade, e como satisfaz os requisitos de
protecção e gestão para manter o Valor Universal Excepcional a longo prazo (UNESCO
2010).
Preservação
Conceitos Classificatórios
O Património Mundial pode ser Classificado como sendo, Natural, Cultural, Misto e
Paisagem Cultural.
Património Cultural
A Convenção sobre a Protecção do Património Mundial, Cultural e Natural define
património cultural como sendo:
i) Os Monumentos: obras arquitectónicas de escultura ou pinturas monumentais,
elementos ou estruturas de carácter arqueológico, inscrições, grutas e grupos de
elementos, que tenham um Valor Universal Excepcional desde o ponto de vista da
história, de arte ou de ciência;
ii) Os conjuntos: grupos de construções, isoladas ou reunidas, cuja arquitectura, unidade
e integração à paisagem tenham um Valor Universal Excepcional desde o ponto de vista
da história, da arte ou da ciência;
iii) Os lugares: obras do homem ou obras conjuntas do homem e da natureza assim como
as áreas, incluídos os lugares arqueológicos que tenham um Valor Universal Excepcional
desde o ponto de vista histórico, estético, etnológico ou antropológico.
Por outro lado, o património cultural inclui todos os aspectos do meio ambiente
resultantes da interacção entre as pessoas e os lugares, através do tempo, como o caso da
Ilha de Moçambique que constitui exemplo excepcional de Património Cultural de toda a
Humanidade, declarada pela UNESCO em 1991 (Barranha et al 2016).
Património Natural
De acordo com Muchangos (1999), a região norte de Moçambique está situada na zona que
abrange toda a área compreendida entre o rio Rovuma, ao norte (10˚ 27’ sul) e a bacia do rio
Zambeze, ao sul, sensivelmente, nas imediações do paralelo 18˚ sul, incluindo a uma parte da
província de Tete. A leste o limite é o Oceano Índico.
Cabo Delgado é uma província é uma província costeira situada no extremo Nordeste da
República de Moçambique, entre “as latitudes de 11º21’ e 13º17’S e as longitudes 39º02’ e
40º34’E” . Tem como limites transfronteiriços a Norte com a República Unida da Tanzânia
através do Rio Rovuma com uma “extensão de 250 quilómetros, a Sul com província de
Nampula através do Rio Lúrio com extensão de 246 quilómetros, a Oeste com província de
Niassa através do Rio Lugenda e a Leste é banhada pelo Oceano Índico com uma extensão
estimada por volta de 425 quilómetros” (https://majaliwa.tripod.com/cabod.htm).
A Ilha do Ibo é parte do arquipélago das Quirimbas, localiza-se na parte central da província
de Cabo Delgado, entre os paralelos 12° 19’ 28” e 12° 24’ 24” Sul e os meridianos 40º 32’
40” e 40º 37’ 32” Leste, confinando a Norte com o Oceano Índico, a Sul com o distrito de
Quissanga, a Este com o Oceano Índico e a Oeste com o distrito de Macomia (MAE 2005).