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Realização
Núcleo de Educação Ambiental (NEA) do Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do
Espírito Santo (Ifes) – Campus Piúma
Escola Municipal de Ensino Fundamental José de Vargas Scherrer – Piúma/ES
Apoio
Fundação de Amparo à Pesquisa e Inovação do Espírito Santo (FAPES)
Secretaria de Meio Ambiente e Educação do Município de Piúma/ES
Colônia de Pescadores Z 09 de Piúma/ES
Fundação TAMAR – Vitória/ES
Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio)
Universidade de São Paulo (USP)
Instituto de Botânica
Núcleo de Bentos Marinho (NUBEM) da Universidade Federal do Espírito Santo (UFES) – Campus
São Mateus/ES
Departamento de Engenharia de Pesca da Universidade Estadual Paulista (UNESP), Registro/SP,
Instituto Histórico e Geográfico de Piúma (IHGP)
Empresa Júnior AP&P Soluções do Ifes, Campus Piúma
Patrocínio
Posto Eclipse Shell
Nauticola
Gabriela Papelaria
PK SUB
Material de Construção BICIATTI
Editoração e Impressão
Lura Editorial
THIAGO HOLANDA BASÍLIO
Espírito Santo
2020
Sumário
PREFÁCIO................................................................................................... 07
APRESENTAÇÃO......................................................................................... 09
AGRADECIMENTOS ESPECIAIS.................................................................... 11
GLOSSÁRIO................................................................................................ 17
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essa é uma temática séria, principalmente nos dias de hoje. Portanto, é necessário tomarmos
consciência do fato, para refletirmos sobre a perda de nossos recursos naturais.
O texto nos convida a rever e a incentivar o conhecimento das nossas espécies litorâne-
as, seu potencial e sua riqueza. Elementos fundamentais na busca de incentivo para futuras
pesquisas em Universidades e demais Instituições de Ensino, de Pesquisa e de Extensão do
Estado do Espirito Santo.
Este livro expressa de forma perspicaz, ilustrada e descritiva a importância das deman-
das dos estudos na área da proteção ambiental. Sua contribuição científica vai do micro ao
macrocosmo: Planeta, País, Estado. O livro é um incentivo para futuros estudos e pesquisas.
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Apresentação
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Dando continuidade a esse trabalho foram aprovados outros dois projetos em editais da
FAPES que foram importantes para a coleta das informações que são apresentadas neste li-
vro, sendo eles: Identificação de potenciais biotecnológicos e desenvolvimento sus-
tentável das ilhas costeiras do litoral sul capixaba, edital FAPES/CNPq Nº 04/2017
- PPP - Programa Primeiros Projetos e, 2017 e Ecologia e Conservação de Tartarugas
Marinhas (Chelonia mydas) nas Ilhas do litoral sul capixaba, edital FAPES/CNPq
Nº 13/2018 - Programa de Iniciação Científica Júnior (PICJr) em 2018.
As atividades envolveram ações voltadas para formação de Pesquisadores do Futuro
para a promoção de práticas de monitoramento socioambiental nas ilhas costeiras do litoral
sul capixaba. Essas atividades foram importantes para apresentar à população as caracte-
rísticas biológicas e sociais das ilhas e os impactos ambientais que estão sendo ocasionados
nesses ambientes. O projeto ainda foi importante para proporcionar uma visão holística dos
processos de gestão necessários à promoção da conservação e da manutenção das funções
ecológicas prestadas gratuitamente pelos ecossistemas costeiros a toda população.
Com isso, esperamos que este livro possa ser utilizado para promover a formação de pro-
fissionais envolvidos com a sensibilização ambiental tão necessária para praticarmos ati-
tudes corretas e para mantermos as relações ecológicas, sociais e econômicas em completa
harmonia, caminhando equilibradamente para garantir a sustentabilidade das ilhas e das re-
giões costeiras do litoral sul capixaba.
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Agradecimentos
especiais
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Como utilizar
este livro?
Você vai notar que as espécies foram classificadas de acordo com algumas características que
dizem respeito à sua ecologia, ao seu habitat, à sua distribuição no ambiente, ao seu interesse eco-
nômico e ao seu status de conservação. Além da informação da alimentação no capítulo dos inver-
tebrados e do comprimento máximo reportado na literatura, no capítulo dos peixes.
Para facilitar na visualização das informações, apresentamos algumas imagens para que pos-
sam ser associadas às suas respectivas características, objetivando, assim, auxiliar a memorização
de cada uma delas. A descrição da definição de cada uma pode ser consultada no glosário.
Algas marinhas
Habitat:
Distribuição no ambiente:
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Invertebrados
Habitat:
Distribuição no ambiente:
Interesse econômico:
Status de conservação:
Peixe
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Peixes
Habitat:
Distribuição no ambiente:
Interesse econômico:
Status de conservação:
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Aves
Habitat:
Sazonalidade:
Status de conservação:
Citações
As citações estão inseridas por meio de números, ao longo do texto. Portanto, quando você
ler algo e vir algum número entre parênteses (x), quer dizer que a informação foi retirada da
referência desse número (x) que consta na parte das referências, no final de cada capítulo.
Ex. Capítulo 1
Ilhas costeiras são porções relativamente pequenas de terras circundadas de água, locali-
zadas próximas ao litoral (1).
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Glossário
Ágar (ou ágar-ágar): também conhecido como agaranas, por ser uma família de compostos
coloidais, hidrossolúveis e fortemente gelatinosos (polissacarídeos), estão presentes na pa-
rede celular de diversas espécies de algas vermelhas.
Algicida: classe de pesticida usado para eliminar cianobactérias ou diversos tipos de algas.
Algas arribadas: algas que se soltam do seu substrato e são levadas pelas ondas do mar e
pelos ventos para as praias.
Bentônicas: Seres vivos que vivem fixos ou associados a um substrato (solo marinho).
Bioativo: composto bioativo é aquele que tem um efeito sobre um ser vivo, sobre um tecido
ou sobre uma célula, ou seja, possui uma atividade biológica ou uma ação benéfica, ou uma
ação danosa.
Biofiltrador: ser vivo que remove impurezas, poluentes ou outros agentes por meio de fil-
tração.
Bócio: doença caracterizada pelo aumento do volume da glândula da tireoide, causada geral-
mente pela falta de iodo.
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Carotenoides: conjunto de pigmentos de coloração amarela à vermelha, lipossolúveis e que
atuam na fotossíntese e como antioxidante.
Corticação: camada mais externa do talo, formada pelas células pequenas, contendo pig-
mentos fotossintentizantes.
Epífita: relação biológica em que um ser vivo vive sobre outro, utilizando-se apenas de apoio
e sem causar nenhum tipo de alteração ao hóspede.
Eutrofização: processo pelo qual um corpo de água recebe níveis muito elevados de nu-
trientes (exemplo, nitrogênio e fósforo), provocando alterações no ambiente.
Herpética: lesão causada pela infecção com o vírus herpes simples que desencadeia um
processo inflamatório.
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Oligoelemento: bioelementos presentes em pequenas quantidades nos seres vivos, cuja
ausência ou excesso pode ser prejudicial para o organismo.
Oportunista: tipo de relação ecológica, no qual a espécie é resistente a diversos fatores am-
bientais adversos, de forma a apresentar vantagens para colonização.
Rodolitos: formações calcárias de algas calcárias não articuladas com elevada deposição
de carbonato na sua parede celular, estruturando-se em formatos geralmente arredondados.
Supralitoral: região costeira permanentemente emersa e exposta ao ar, onde chegam ape-
nas borrifos de água do mar, ou seja, fica descoberta mesmo durante a maré alta.
Capítulo Invertebrados
Bentônico: espécie que vive em relação íntima com o fundo (substrato), seja para fixar-se a
ele, seja para perfurar, seja para escavar e/seja para caminhar sobre a superfície.
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Habitat-Manguezal: organismo encontrado nos galhos das árvores de mangue.
Massa visceral ou vísceras: são os órgãos como os sistemas digestivo, excretor, nervoso e
reprodutor.
Onívoro: animal que se alimenta de outros animais, vegetais ou qualquer resíduo orgânico.
Sifão: estrutura modificada do pé, servindo para locomover por meio da expulsão de água.
Capítulo Peixes
Bentônico: espécie que vive em relação íntima com o fundo (substrato), seja para fixar-se a
ele, seja para perfurar, seja para escavar e/seja para caminhar sobre a superfície.
Estuarino: massas de água costeiras semifechadas com uma ligação livre com o mar aberto,
sendo a transição entre um rio e um mar. Também enquadrados nessa definição os manguezais.
Oceânico: massa de água marinha distribuída após a quebra da plataforma continental. Ge-
ralmente, a plataforma possui uma extensão de 70 Km a 90 km, e profundidade de 200 me-
tros, até atingir a bacia oceânica.
Pelágico: espécie que vive na coluna da água, sem necessidade obrigatória de contato com
o fundo.
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Capítulo Aves
Ambiente aberto antrópico: ambiente modificado pelo homem (ex.: pastagem para gado).
Ambientes aberto natural: ambiente naturalmente sem ou com pouca vegetação de espé-
cies nativas (ex: restingas, campos de altitude ou campos rupestres).
Ambiente generalista: vários tipos de ambientes (ex.: abertos, naturais, antrópicos, úmi-
dos, costeiros).
Dimorfismo sexual: é quando o macho e a fêmea de uma mesma espécie possuem dife-
renças externamente, tal como, a coloração (nas aves, os machos têm cores chamativas) ou
algum ornamento chamativo, tal como, o rabo do pavão.
Espécie endêmica: espécie que ocorre somente em uma determinada área ou região geo-
gráfica.
Estuários: são locais onde os rios se encontram com o mar e podem ser definidos como áre-
as onde a água salgada é diluída com água doce.
Glândulas uropigianas: está presente na maioria das aves, situada próxima à cauda. Elas
produzem substância oleosa, que serve para impermeabilizar e dar elasticidade das penas.
Migratório: espécie que se desloca de uma região para outra em grandes distâncias.
Ossos pneumáticos: são os ossos ocos, com cavidades cheias de ar e revestidas por muco-
sa, portanto, mais leve do que os ossos de outros animais.
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Petrolatos: são derivados do petróleo e apresentam riscos à saúde humana e do meio am-
biente.
Residente: espécie que não realiza grandes viagens de uma região para outra.
Vermiforme: termo utilizado para dizer que algo tem o formato de um verme.
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Capítulo 01
Caracterização socioambiental das
ilhas costeiras do litoral sul capixaba
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Caracterização socioambiental das ilhas costeiras do litoral sul capixaba
1.1. Introdução
I
lhas costeiras são porções relativamente pequenas de terras circundadas de água,
localizadas próximas ao litoral (1). Caracterizam-se por serem cercadas de costões
rochosos, podendo apresentar vegetação em seu interior, geralmente em regiões mais
elevadas da porção terrestre da ilha. Essas pequenas formações rochosas garantem
um ambiente ideal para o desenvolvimento de diferentes espécies, pois possibilitam refúgio,
abrigo e fonte de alimento para que as cadeias ecológicas possam coexistir de maneira satis-
fatória em seus domínios e em seu entorno.
As ilhas costeiras do litoral sul capixaba são formadas por afloramentos rochosos e re-
presentam um elemento paisagístico e cultural que compõem um importante ambiente na-
tural para a região sudeste do Brasil. Essas ilhas fazem parte do conjunto de ecossistemas
(unidades ambientais) com características específicas as quais garantem a manutenção do
equilíbrio ecológico para toda região costeira (2).
No entanto, essas ilhas encontram-se mal conservadas, principalmente, devido à explo-
ração predatória de seus recursos e à visitação descontrolada (2,3). Tais fatores somados à
crescente especulação imobiliária, à falta de planejamento e à carência de unidades de con-
servação marinha vêm causando um acelerado processo de degradação local, o que compro-
mete no equilíbrio ecológico.
A ameaça à conservação dos ecossistemas típicos de mata atlântica pode interferir nos
valiosos bens e serviços ecossistêmicos providos pelas ilhas, comprometendo a manutenção
da biodiversidade, das pescarias, das atividades turísticas e recreativas e, consequentemen-
te, trazendo prejuízos em termos culturais, sociais e econômicos à sociedade local (4,5).
Existem diferentes parques naturais (Unidades de Proteção) no litoral sul capixaba
(2,6). Mesmo assim, a gestão ambiental local encontra-se severamente limitada pela ausên-
cia de informações básicas sobre a biodiversidade e as características socioambientais (2,6).
Alguns desses parques sofrem pressões antrópicas relacionadas ao desmatamento, à explo-
ração ilegal dos recursos e ao lançamento e acúmulo de resíduos sólidos em diferentes locais
(2). Soma-se a esse problema o persistente processo de uso e de ocupação desordenado da
zona costeira da região e o efeito cumulativo de múltiplos impactos socioambientais, como a
poluição aquática e a supressão de habitats (2,6).
Um importante avanço para a conservação da biodiversidade das ilhas e para os bens
e serviços por elas gerados será a criação de uma Unidade de Conservação (UC) Marinha
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Capítulo 1
Federal que incluirá todas as ilhas do litoral sul capixaba. A criação dessa UC foi proposta ao
Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio), em 2003. Infelizmen-
te, desde então, essa proposição está arquivada (6).
Os limites propostos desta Unidade de Conservação foram estabelecidos de forma a englo-
bar áreas representativas de diferentes tipos de substratos marinhos, circundando as ilhas do
litoral sul capixaba. Os estudos para a proposição dessa UC foram conduzidos por diferentes
pesquisadores do departamento de Oceanografia da Universidade Federal do Espírito Santo
(UFES) e da organização não governamental ‘Voz da Natureza’. A área para UC proposta con-
templa um trecho de mar territorial, incluindo seis ilhas que se distribuem na porção mais cos-
teira dos municípios de Piúma, de Itapemirim e de Marataízes (6). A UC proposta ainda não tem
categoria definida dentro do Sistema Nacional de Unidades de Conservação (SNUC). Contudo,
muitas pessoas da comunidade local dos municípios envolvidos desconhecem tanto a existência
das unidades de proteção já existentes, como a intenção de se criar uma UC no âmbito Federal (6).
Diante do exposto ações de levantamento da biodiversidade, dos impactos ambientais,
das formas de ocupação, das ações de turismo e das atividades pesqueiras desenvolvidas
nas ilhas podem ajudar no monitoramento e na gestão desses ecossistemas, na perspectiva
de promover a conservação e a sustentabilidade socioambiental para as presentes e futuras
gerações. Desta forma, é garantida a manutenção das relações ecológicas, da capacidade de
recuperação desses ecossistemas e de suas espécies, possibilitando a continuidade das práti-
cas culturais realizadas, a exemplo da pesca e do turismo.
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Caracterização socioambiental das ilhas costeiras do litoral sul capixaba
27
Capítulo 1
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Caracterização socioambiental das ilhas costeiras do litoral sul capixaba
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Capítulo 1
Essa ilha é bastante frequentada pelos turistas e pelos moradores, devido às modifica-
ções antrópicas realizadas que permitem o acesso de animais e de veículos (2,9,10). Contudo,
no ano de 2017, a Prefeitura Municipal de Piúma elaborou o Decreto Nº1.073, de 02 de janei-
ro, proibindo a entrada de veículos na ilha. Essa ação ajudou a evitar a degradação ambiental
do ecossistema proporcionada pelo fluxo de veículos em seu interior.
A Ilha do Gambá possui diversas trilhas. Uma delas leva os visitantes a um dos pontos mais
altos chamado de “mirante”, com aproximadamente 35 metros de altura (Figura 3). Esse local
possibilita uma vista panorâmica do litoral sul, especialmente os Municípios de Piúma e de Ita-
pemirim, com vista para as demais ilhas e o Monte Aghá, principal referência geológica da região.
O local de maior visitação da Ilha do Gambá chama-se “Prainha”, uma pequena faixa de
praia onde há possibilidade de banho. Por ser o local mais visitado do arquipélago, a Ilha do
Gambá é a que sofre as maiores consequências da ação antrópica irresponsável, possuindo
uma maior quantidade de resíduos sólidos espalhados pelas suas trilhas, na vegetação e nas
margens do seu costão rochoso.
Vale destacar que na Prainha estão localizadas pequenas piscinas naturais ou poças de
marés (Figura 4). Essas piscinas naturais são formadas quando a maré está bastante seca,
nos períodos de lua cheia e de lua nova, onde a água fica retida em seu interior. Nelas são
encontrados diversos organismos, a exemplo de algas, de crustáceos, de peixes, de ouriços do
mar, de pepinos do mar, dentre outros. Geralmente, os peixes encontrados em seu interior
estão ali em seus primeiros estágios de vida. Com isso, esses microecossistemas são muito
importantes para a manutenção das populações de peixes e de outros animais no entorno nas
ilhas e da região costeira como um todo.
Na Ilha do Gambá pode ser encontrado também uma região chamada de “buraca”, loca-
lizada na região oeste da ilha. Nesse local, são encontradas grandes quantidades de resíduos
sólidos (Figura 5).
Nessa região da ilha pode ser observada também uma prática de limpeza dos mexilhões
(Perna perna, sururus) retirados por marisqueiras e por pescadores, nessa região (Figura 5).
Após a retirada dos mexilhões do costão rochoso, as conchas dos “sururus” são deixados em
meio a vegetação, ocasionando um acúmulo de resíduos orgânicos e de resíduos sólidos, por
restos de materiais para cozimento e para limpeza dos mexilhões.
A Ilha do Meio (Figura 6) localiza-se entre a Ilha do Gambá e a Ilha dos Cabritos. Em
algumas marés baixas, nas luas cheia e nova, é possível caminhar da Praia de Piúma até a Ilha
do Meio. Esta Ilha fica distante 586 metros da Praia de Piúma. A Ilha do Meio é a única Ilha
que não possui trilhas em seu interior, dificultando o acesso dos visitantes.
31
Capítulo 1
Algumas práticas pesqueiras são desenvolvidas nessas Ilhas, a exemplo da pesca de me-
xilhão, pesca com tarrafa, linha de mão, rede de espera e mergulho em seu entorno. Essas prá-
ticas são desenvolvidas, principalmente, pela comunidade local, embora nos meses de alta
temporada (dezembro a março) muitos turistas também visitam essa Ilha para desfrutar de
momentos de lazer e realizar atividades de pesca.
Existe um recife costeiro na região abrigada da Ilha do Meio, que fica voltada para o con-
tinente (Figura 7). Esse recife costeiro é caracterizado por pequenas formações rochosas
com presença de diferentes organismos incrustantes, tais como, ostras, algas marinhas, ca-
ranguejos, siris, peixes, tartarugas, dentre outros.
Essa região pode ser observada, sobretudo, nas marés secas das luas cheia e nova. Na
maré cheia, esse recife costeiro torna-se abrigo para diversas espécies que utilizam esse am-
biente para alimentação, abrigo e refúgio contra predadores.
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Caracterização socioambiental das ilhas costeiras do litoral sul capixaba
Assim, como na Ilha do Gambá, a Ilha do Meio possui diversas piscinas naturais ou poças
de marés, na margem sudeste da Ilha (Figura 8). Suas características biológicas devem ser
conservadas para manutenção das relações ecológicas e para permanência da biodiversidade
desse ambiente.
A Ilha dos Cabritos (Figura 9) fica em torno de um 1.39 km de distância da costa e só pode
ser acessada com a utilização de embarcações ou a nado, para os mais aventureiros e espor-
tistas. Ela apresenta uma faixa de praia que é visitada por moradores e por turistas, principal-
mente, no período de alta temporada (dezembro a março) (2).
Na Ilha dos Cabritos existe uma trilha de acesso que corta a ilha de uma extremidade a
outra, passando por dentro da vegetação. Essa trilha leva os visitantes ao ponto mais alto da
ilha, com aproximadamente 30 metros de altura.
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Capítulo 1
Figura 9. Imagens aéreas (drone) da Ilha dos Cabritos, localizada no Município de Piúma/ES.
Esta Ilha possui uma construção que funciona como restaurante (Figura 10) principal-
mente nos meses de Verão (dezembro a março). Essa obra é ilegal e está sendo utilizada de
forma indevida pelos visitantes, pois são observados muitos resíduos sólidos em seu interior.
Esse restaurante serve de apoio aos turistas e aos moradores locais, já que possui estrutura
coberta, mesas e banheiros.
No Verão, são realizados diversos passeios de barco que transportam turistas da Praia
para a Ilha. Essa conduta, sem a devida organização, gera diversos tipos de impactos negati-
vos, pois alguns turistas acabam deixando os resíduos sólidos produzidos espalhados no inte-
rior do restaurante, como latas de bebidas, garrafas de vidro, sacos de carvão e até utensílios
de pratica de churrasco, práticas proibidas nas ilhas costeiras.
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Caracterização socioambiental das ilhas costeiras do litoral sul capixaba
Na Ilha dos Cabritos são desenvolvidos cultivo de mexilhões (Perna perna) pelos repre-
sentantes da Associação de Maricultores de Piúma e projetos de pesquisa para cultivo de
vieiras (Nodipecten nodosus) e cultivo de Algas marinhas (Hypnea pseudomusciformis). Esses
cultivos são desenvolvidos por professores e por estudantes do Instituto Federal de Educação
do Espírito Santo (Ifes), Campus Piúma (Figura 11). O cultivo de mexilhões já vem sendo re-
alizado desde 1986, sendo um importante gerador de economia para a comunidade local (2).
Figura 11. Estruturas de cultivo de vieiras, mexilhões e algas na Ilha dos Cabritos, Piúma/ES.
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Capítulo 1
A Ilha de Itapetinga (Figura 12) caracteriza-se por ser a menor Ilha dentre as estudadas,
composta por pequenos afloramentos rochosos, sendo apenas o maior deles ocupado por ve-
getação rupestre pouco desenvolvida. Essa Ilha fica distante aproximadamente 860 metros da
Praia conhecida por Maria Neném, localizada entre os Municípios de Piúma e de Itapemirim.
Figura 12. Imagens aéreas (drone) da Ilha de Itapetinga, localizada no Município de Itapemirim/ES.
A Ilha de Itapetinga é pouco visitada por turistas e moradores locais para atividades de
lazer. Esses visitantes a utilizam como ponto de apoio para atividades pesqueiras em seu en-
torno. Também possui pequenas piscinas naturais compostas por diferentes organismos que
a tornam um importante refúgio da vida marinha (Figura 13).
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Caracterização socioambiental das ilhas costeiras do litoral sul capixaba
Todas as Ilhas são cercadas por uma diversa fauna e flora aquática, principalmente nas
regiões de infralitoral e mesolitoral aderidas no costão rochoso. Essas regiões estão em conta-
to com a água do mar, banhadas constantemente, gerando condições para que os organismos
possam se fixar nesse ambiente. Essa fixação agrega diversos organismos invertebrados, tais
como, moluscos, poliquetas, crustáceos, e vertebrados, como peixes, aves, raias, tartarugas.
Além das algas marinhas, corais que habitam as regiões entremares das margens das ilhas
costeiras. Essa característica é conhecida como zonação, ocorrendo por meio da subdivisão da
região do costão em supralitoral (inferior e superior), mesolitoral (inferior e superior) e infra-
litoral (inferior e superior) (Figura 14). Cada zona dessa abriga uma determinada fauna e flora.
Figura 14. Representação das regiões Infralitoral (inferior e superior), Mesolitoral (inferior
e superior) e Supralitoral (inferior e superior) das ilhas costeiras do litoral sul capixaba.
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Capítulo 1
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Caracterização socioambiental das ilhas costeiras do litoral sul capixaba
Figura 16. Exemplar da bromélia Quesnelia Figura 17. Exemplares de Agave angustifolia (pi-
quesneliana na interface entre costão rochoso e teira-do-Caribe) apresentando pendão floral em
formação arbustiva na Ilha do Meio, Piúma/ES. costão rochoso da Ilha dos Cabritos, Piúma/ES.
Figura 18. Lantana camara (cambará) em costão rochoso na Ilha do Gambá, Piúma/ES.
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Capítulo 1
Figura 19. Árvore de Schinus terebinthifolius (pimenta-rosa ou aroeira) na Ilha do Gambá, Piúma/ES.
Avançando mais ao centro das ilhas chega-se a uma faixa densamente ocupada por plan-
tas de porte arbustivo, com um a dois metros de altura, que formam um cordão no entorno
da formação florestal. O porte limitado das plantas nessas áreas pode ser explicado por solos
mais rasos, com menor fertilidade e grande incidência de ventos.
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Caracterização socioambiental das ilhas costeiras do litoral sul capixaba
A largura da faixa arbustiva varia entre as ilhas (6), sendo muito representativa na Ilha do
Meio (tanto em área ocupada quanto em densidade de plantas) e em contrapartida bastante
reduzido na Ilha do Gambá, aparecendo como uma curta área de transição entre o costão ro-
choso e a formação florestal. A espécie Capparis flexuosa (feijão-bravo, figura 21) é observada
com frequência nesse ambiente.
As áreas de formação florestal, localizadas nas regiões mais abrigadas ao centro das
ilhas, são as que apresentam a maior diversidade de espécies, com árvores de maior porte
e representantes em diferentes estratos, desde o sub-bosque até espécies epífitas no dossel.
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Capítulo 1
Figura 22. Ambiente florestal na Ilha do Gambá, Piúma/ES, com árvores de maior
porte. Na figura fica evidente o perfil de solo mais profundo e bem desenvolvido.
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Caracterização socioambiental das ilhas costeiras do litoral sul capixaba
Figura 24. Lecythis lurida (sapucaiú) de ambiente florestal na Ilha do Gambá, Pìúma/ES.
Figura 25. Cipó, Tetrapterys phlomoides em ambiente florestal na Ilha do Gambá, Piúma/ES.
Na porção sudoeste da Ilha do Gambá, a formação florestal estende-se até muito pró-
ximo da área de costões, apresentando muitos representantes de Sideroxylon obtusifolium
(quixabá, figura 26). Nessa mesma região, encontra-se a única formação de mangue obser-
vada nas ilhas, ocupado por Rhizophora mangle (mangue-vermelho, figura 27) introduzidas
43
Capítulo 1
Figura 26. Sideroxylon obtusifolium (quixabá) em ambiente florestal na Ilha do Gambá, Piúma/ES.
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Caracterização socioambiental das ilhas costeiras do litoral sul capixaba
45
Capítulo 1
Referências
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46
Caracterização socioambiental das ilhas costeiras do litoral sul capixaba
47
Capítulo 02
Metodologias utilizadas para o
monitoramento socioambiental
“Eu confesso que antes eu não tinha toda essa preocupação, mas, depois que comecei o proje-
to, minha visão sobre ecossistema mudou por completo”
L u c a s S i lva P a u l i n o , 15 anos
48
Metodologias utilizadas para o monitoramento socioambiental
2.1. Introdução
A
s informações relacionadas ao levantamento da biodiversidade e dos impac-
tos ambientais apresentadas, neste livro, foram coletadas a partir do monito-
ramento socioambiental desenvolvido em diferentes etapas expostas ao longo
deste capítulo.
Tal monitoramento foi realizado por meio de uma análise integrada da unidade ambien-
tal conhecida por “ilhas costeiras”(1). Esse monitoramento teve como base o conceito de pai-
sagem com um “todo sistêmico” em que se combinam natureza, sociedade, cultura e econo-
mia de uma dada região em um amplo contexto de inúmeras variáveis que busca apresentar a
relação da natureza com o sistema complexo e interligado em diferentes níveis. A abordagem
integrada visa a favorecer o estudo dinâmico da paisagem a partir das características locais
de cada região geográfica ou da unidade ambiental estudada (2).
Essa abordagem integrada é necessária para a efetivação de análises socioambientais
voltadas à conservação e à gestão ambiental, em particular, à resolução dos conflitos e dos
impactos (2,3,4). Nesse sentido, a abordagem integrada tem desempenhado um papel impor-
tante na descoberta e na construção do mundo multidimensional, como também dos varia-
dos níveis de complexidade dos sistemas ambientais relacionadas às atividades humanas,
sendo extremamente necessária para estudos dos fenômenos da natureza e da forma com
que a sociedade utiliza essas unidades ambientais (1,2).
Para entender a problemática ambiental, é necessária uma visão dinâmica e holística
do ambiente, provendo de métodos interdisciplinares de pesquisa para o levantamento de
informações históricas e atuais (1). Se as questões ambientais insistirem em ser abordadas
de modo fragmentado e isolado de um contexto integrado, ela deixa de ter a capacidade de
solucionar os problemas concretos e emergentes de uma maneira mais ampla e eficiente (5).
Um programa de monitoramento ambiental integrado objetiva que os resultados sejam
direcionados a resolução de problemas socioambientais locais e devem servir diretamente
à aplicação de atividades corretivas e/ou compensatórias dos impactos a incidirem sobre os
elementos naturais (6).
Portanto, é necessária a obtenção contínua de informações para formulação de politi-
cas públicas voltadas à gestão e à conservação desses ecossistemas tão importantes para a
vida marinha e para a população que usa as ilhas para lazer, turismo, pesca, aquicultura, bem
como para outras atividades econômicas.
A metodologia do monitoramento socioambiental utilizada para realização deste tra-
balho se deu por meio de várias etapas, desde cursos de formação e alinhamento das infor-
49
Capítulo 02
mações com a equipe do projeto, até campanhas de campo, atividades nos laboratórios para
identificação, triagem e registro das espécies coletadas, além da realização de ações de edu-
cação ambiental, tais como: trilhas, campanhas de coleta de resíduos, exposições ambientais
e apresentações do projeto para comunidade (Figura 1).
A seguir, serão apresentadas as principais etapas desse projeto com o intuito de oferecer
suporte metodológico para que estudantes e profissionais possam replicar esse trabalho em
outras regiões e até mesmo dar continuidade ao monitoramento realizado nas ilhas costeiras
do litoral sul capixaba.
Dessa forma, o material apresentado, neste livro, servirá para a formação de futuros pro-
fissionais de diversas áreas do conhecimento que poderão utilizar e desenvolver as metodo-
logias propostas para realização de monitoramentos ambientais integrados em diferentes
unidades ambientais.
50
Metodologias utilizadas para o monitoramento socioambiental
51
Capítulo 02
52
Metodologias utilizadas para o monitoramento socioambiental
Para realização das atividades de campo, foram utilizados diversos materias e equipa-
mentos com o objetivo de auxiliar nas coletas, tais como: caixa de primeiros socorros, caixas
53
Capítulo 02
plásticas, espatulas, facas, sacolas de lixo, sombreiro (guarda-sol), cordas, luvas, prancheta, fita
metrica, balança de mão, alicate de marcação, marcas (anilhas) para tartarugas, tesouras, ca-
netas, lona, lápis, papel vegetal, recipientes de plástico, botas de neoprene, garrafas de cinco
litros com água, caixa térmica contendo gelo, máquina fotográfica, Drone (Phanton 4 pro) para
captação das imagens aéreas. Foram utilizados ainda uma rede de arrasto picaré, três rede de
espera, uma tarrafa e um puçá para coleta dos organismos.
Ao chegar nas ilhas, a equipe do projeto se dividia em três grupos, denominados de : Cos-
tão, Água e Terra. Os estudantes eram auxiliados por servidores do Ifes - Campus Piúma e
um professor tutor da Escola Municipal “José de Vargas Scherrer” para correta aplicação das
metodologias de monitoramento (Figura 5).
Para cada ilha monitorada, foram selecionados quatro pontos de coleta, sendo dois pon-
tos para a área abrigada, voltada ao continente; e dois pontos na área não abrigada exposta a
ondas do mar, voltado ao oceano (Figura 6).
Figura 6. Exemplificação dos locais de coleta nas Ilhas costeiras, evidenciando dois pontos
na área abrigada, voltada ao continente; e dois pontos na área exposta, voltada ao oceano.
54
Metodologias utilizadas para o monitoramento socioambiental
As coletas dos invertebrados e das algas foram realizadas nos costões rochosos das ilhas
costeiras, durante as marés baixas. Para isso, um transecto (linha reta) de seis metros foi de-
limitado na região de mesolitoral (Figura 7), perpendicular à linha da maré e, a cada dois me-
tros, um quadrante de 30 X 30 cm foi lançado para coleta dos organismos, na parte interna do
quadrante (Figura 8).
A área em que o quadrante delimitou foi raspada (Figura 8) e o material foi colocado em
sacos plásticos etiquetados por local de coleta. Os organismos foram acondicionados em cai-
xas com gelo e transportados para o laboratório de Biologia do Ifes - Campus Piúma.
55
Capítulo 02
Os organismos, como peixes, tartarugas, crustáceos foram coletados com diferentes ape-
trechos de pesca, a saber: rede arrasto (picaré), puçá, tarrafa e rede de espera.
A rede de arrasto possuía as seguintes características: comprimento de 16 m com altura
de 2 a 2,30 m, malha de 8 mm a 2 cm entre nós opostos. As coletas foram realizadas em pro-
fundidades de 1 a 5 metros (Figura 9). Cada arrasto teve duração aproximada de cinco minu-
tos, sendo realizados dois arrastos em cada ilha, a cada campanha de campo.
Para facilitar a captura de alguns espécimes, utilizou-se um puçá (Figura 10) em locais
nos quais não era pertinente o uso da rede de arrasto picaré. O puçá possui aro de 6 cm de
diametro, cabo com 60 cm de comprimento e malha de 8 mm.
Figura 10. Puçá utilizado para auxiliar nas coletas dos peixes e das tartarugas.
Redes de espera (Figura 11) também foram lançadas em pontos aleatórios próximos a
uma mitilicultura (cultivo de mexilhões) localizada na Ilha dos Cabritos, e na região próxima
ao mangue da Ilha do Gambá, em Piúma/ES.
56
Metodologias utilizadas para o monitoramento socioambiental
Cada coleta com a rede de espera teve duração média de quatro horas. Essa arte de pesca
possui 60 m de comprimento, dois metros de altura e malha com cinco centímetros entre nós
opostos. A profundidade de captura nessas regiões variou de dois a seis metros de profundidade.
Uma tarrafa (Figura 12) foi utilizada a uma profundidade que variou de um a dois metros.
Os lances eram realizados no costão rochoso às margens das ilhas costeiras. A tarrafa possui
diâmetro de 3 metros e malha de 5 cm entre nós opostos.
57
Capítulo 02
Figura 13. Realização da biometria dos peixes em campo, utilizando o método não destrutivo.
58
Metodologias utilizadas para o monitoramento socioambiental
As tartarugas foram coletadas no ambiente marinho, nas proximidades dos costões ro-
chosos da Ilha do Gambá, Piúma/ES. As coletas foram realizadas quinzenalmente, em perí-
odos diurnos, nas marés secas e cheias. A captura intencional foi realizada por meio de redes
de arrasto picaré (Figura 15), que, em cada coleta, foram lançadas cerca de três a cinco vezes.
Após a coleta dos dados, os animais são imediatamente devolvidos ao mar.
Depois da captura, cada animal foi submetido aos procedimentos de biometria, em que
são registrados data, hora, local, forma de captura, além da tomada de medidas de comprimen-
to curvilíneo da carapaça, largura curvilínea da carapaça e peso (11). Também foi realizado um
registro fotográfico de cada animal, como fotos de corpo inteiro em vista dorsal e ventral.
Para realização da biometria de tartarugas, são adotadas medidas padrão reconhecidas
internacionalmente: Comprimento Curvilíneo de Carapaça (CCC) e Largura Curvilínea de
Carapaça (LCC). Ambas são expressas em metro (m). Por se tratarem de medidas curvilíne-
as, elas são tomadas utilizando-se uma fita métrica flexível, que acompanha o contorno da
carapaça do animal.
- CCC: Medida de comprimento longitudinal curvilíneo da carapaça da tartaruga. A fita é
colocada diretamente sobre as placas superiores do casco do animal, tomando-se as medidas
da distância entre as extremidades anterior (borda da placa nucal/pré-central - não incluin-
do expessura do casco) e posterior da carapaça (ponto médio do segmento de reta que une as
extremidades das placas supracaudais) (Figura 16).
- LCC: Medida de largura transversal curvilínea da carapaça da tartaruga. A fita é colo-
cada diretamente sobre o casco da tartaruga na região mais larga da carapaça, perpendicular
à linha central, medindo da extremidade das placas marginais esquerdas à extremidade das
placas marginais direitas (Figura 16).
59
Capítulo 02
Figura 16. Forma de mensurar o comprimento (A) e largura (B) curvilíneo da carapaça (CCC).
Para a aferição do peso, as tartarugas foram contidas em uma lona com uma alça de cor-
da, que propicia que o animal seja suspenso pela balança de mão (Figura 17). As tartarugas
eram pesadas com uma balança com capacidade máxima para 50 kg.
60
Metodologias utilizadas para o monitoramento socioambiental
Algumas tartarugas foram encontradas mortas nas praias e ilhas de Piúma. Nesses ca-
sos, elas foram coletadas e transportadas para o Ifes - Campus Piúma onde foram realizados
estudos de biometria e necropsia desses exemplares.
Após registro das informações, as tartarugas foram submetidas ao tratamento para reti-
rada e fixação das estruturas esqueletais como carapaça e plastrão, além da região da cabeça.
Essas partes foram fixadas com auxílio de verniz e expostas ao sol para eliminação do forte
odor exalado a partir do óbito da tartaruga.
Essas estruturas são utilizadas em atividades didáticas com estudantes dos Cursos Téc-
nico em Pesca e em Aquicultura, e da Graduação em Engenharia de Pesca do Ifes Piúma.
Ademais, essas estruturas foram utilizadas em atividades de educação ambiental por meio
de exposições para a população com o intuito de promover a sensibilização e de expandir os
conhecimentos acerca das tartarugas marinhas na região sul capixaba.
A identificação das aves marinhas foi realizada nas atividades de campo com a utilização
de binóculos e máquinas fotográficas (Figura 19). Com essas ferramentas, os pesquisadores
identificavam as aves por meio de suas características morfológicas. Outra forma de identifi-
cação, proporcionando maior exatidão, foi pelo canto das espécies.
61
Capítulo 02
Figura 19. Identificação das aves nas ilhas costeiras do litoral sul capixaba.
A coleta dos resíduos sólidos foi realizada de maneira seletiva em diferentes pontos es-
tratégicos nas ilhas costeiras do litoral sul capixaba. Em todas as atividades de monitora-
mento, os resíduos sólidos eram coletados pela equipe de trabalho. As coletas foram reali-
zadas em toda a extensão de cada ilha (Figura 20). Os dados coletados foram agrupados em
planilhas, a fim de caracterizar o perfil dos resíduos encontrados nas ilhas por meio do tipo e
do peso total por ponto de coleta.
Figura 20. Coleta dos resíduos sólidos nas ilhas costeiras do litoral sul capixaba.
62
Metodologias utilizadas para o monitoramento socioambiental
Mutirões de limpeza foram organizados para a coleta dos resíduos na faixa de praia e
nas ilhas de Piúma. Esses eventos foram realizados entre os anos de 2013 a 2019, sendo pro-
movidos anualmente nos meses de junho e setembro. Os participantes eram recepcionados
no auditório para apresentação do evento (Semana do Meio Ambiente e/ou Dia Mundial de
Limpeza de Praias) e do procedimento experimental.
Todas as coletas eram realizadas de maneira seletiva, em que foram separados grupos
em diferentes locais de coleta, a saber: praia Doce, praia da Acaiaca; Ilha do Gambá; Ilha do
Meio, Ilha dos Cabritos, Ilha de Itapetinga e Canal de Itaputanga.
Cada grupo possuía uma cor específica e era responsável por um dos locais de coleta.
Dentro do grupo, cada participante portava crachás de identificação dos diferentes tipos de
resíduos que seriam coletados, entre eles o papel, plástico mole, plástico duro, papelão, vidro,
isopor, madeira, metal e outros que eram coletados em menor quantidade, como fraldas, ca-
misinha, bituca de cigarro, tecidos e borracha. As coletas tinham duração de uma hora a uma
hora e 30 minutos. Depois, era feita a pesagem dos resíduos por local de coleta.
Ao final das coletas, os dados da quantidade total de resíduos foram contabilizados e
apresentados aos participantes. Nesse momento, também houve sensibilização com relação
à destinação correta dos resíduos sólidos. Bem como, acerca do tema e da atividade.
Sabendo que a poluição marinha é atualmente um dos principais problemas nos ambien-
tes costeiros, em todo o mundo; em campo, houve troca de informação sobre a forma correta
de destinação dos resíduos sólidos entre alunos do ensino fundamental, do ensino médio e
de graduação (Figura 21), além dos professores e das comunidades no entorno. Ainda foram
realizadas explicações sobre a biologia e ecologia dos organismos coletados em campo.
Figura 21. Explicação sobre a fauna e a flora para os estudantes em atividades de campo.
63
Capítulo 02
64
Metodologias utilizadas para o monitoramento socioambiental
Os organismos foram identificados até o seu menor taxon, ou seja, mais próximo do nome
do gênero, ou espécie (nome científico) por meio chaves de identificação específica para cada
grupo (11, 12, 13, 14, 15, 16, 17, 18, 19, 20, 21, 22, 23, 24, 25, 26, 27, 28, 29, 30, 31, 32, 33, 34, 35, 36).
A classificação dos organismos se inicia pelo Reino, em seguida, Filo, Classe, Ordem, Família,
Gênero e Espécie (Figura 23). Os dois últimos são indicados para melhor identificação, sendo
os menores taxon.
65
Capítulo 02
66
Metodologias utilizadas para o monitoramento socioambiental
Figura 25. Quantidade total de espécies registradas nas ilhas costeiras do litoral sul capixaba.
A presença ou a ausência desses organismos nas ilhas (Figura 26) pode estar relacionado
às épocas do ano e aos níveis de impactos ambientais que podem prejudicar a permanên-
cia das espécies nesses ambientes. Importante destacar que a biodiversidade está associada
aos niveis de conservação; portanto, quanto mais conservado um ambiente está maior será a
quantidade de organismos presentes nesse determinado ecossistema.
Por outro lado, se um ambiente está sendo degradado, os organismos procuram outros
ambientes para viverem. Com essa migração, toda a cadeia alimentar é afetada, ocasionando
um desequilibrio que pode gerar perdas para a ecologia e também para a qualidade de vida e
de renda das comunidades do entorno das Ilhas.
67
Capítulo 02
68
Metodologias utilizadas para o monitoramento socioambiental
Referências
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BRANDÃO, C.R. São Paulo: Ed. Brasiliense, 1984.
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10. BALEM, T.A. Extensão e desenvolvimento rural. Santa Maria, Universida-
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Western Central Atlantic (Fishing Area 31). Rome, Italy: FAO, 1978. v. 1 ao 6,
13. FIGUEIREDO, J.L.; MENEZES, N.A. Manual de peixes marinhos do Sudeste
do Brasil. II. Teleostei (1). Museu de Zoologia da Universidade de São Paulo, 1978.
69
Capítulo 02
70
Metodologias utilizadas para o monitoramento socioambiental
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ponível em: http://www.marinespecies.org at VLIZ. Acesso em: 10 jul. 2019.
doi:10.14284/170.
71
Capítulo 03
Algas marinhas
Thiago Holanda Basilio, Fungyi Chow, Talissa Barroco Harb,
Luanda Pereira Soares, Patrícia Guimarães Araújo,
Levi Pompermayer Machado, Grace Real Hohn, Igor Lucas
Fontes dos Santos, Hanna Lima Mattos e Mutue Toyota Fujii
72
Algas marinhas
A
s algas marinhas são seres fotossintetizantes que habitam os ambientes aquá-
ticos de todo o planeta e possuem grande importância ecológica no meio ma-
rinho, sendo uma das principais responsáveis pela produtividade primária nas
regiões costeiras (1).
Elas podem ser microscópicas ou macroscópicas, com indivíduos que só podem ser vis-
tos com a ajuda do microscópio e outras que atingem mais de 60 metros de comprimento,
como é o caso de espécies de macroalgas da ordem Laminariales (Algas Pardas), conhecidas
como “kelps” (2). As algas são comumente classificadas com base na sua coloração, caracte-
rística que as distinguem em algas vermelhas (Filo Rhodophyta), algas verdes (Filo Chloro-
phyta) e algas pardas (Filo Ochrophyta) (3).
No ambiente marinho, as macroalgas incluem um grande número de espécies com uma
ampla diversidade de formas do talo, formam a base da cadeia alimentar e servem como fonte
de nutrientes para uma grande variedade de organismos aquáticos (4). As macroalgas ser-
vem também de abrigo, de berçário e de refúgio para várias espécies de invertebrados e pe-
quenos vertebrados. A importância das macroalgas em ecossistemas naturais aumenta com
a crescente eutrofização da biosfera, pois elas garantem oxigênio para a manutenção da vida
em praticamente todos os ecossietemas do planeta Terra.
O Brasil possui enorme biodiversidade aquática e terrestre (4). Na lista de espécies da
flora do Brasil, constam 818 espécies de macroalgas marinhas. Dessas, 491 espécies são re-
feridas para o Espírito Santo, com aumento considerável no número de espécies conhecidas
desde a última revisão do checklist. Nesse estudo, foram listados 308 táxons para o estado
(5). Os pesquisadores que chegaram a essa conclusão atribuem essa elevada biodiversidade
como resultado dos efeitos combinados da posição geográfica, das condições oceanográficas
e climáticas e da grande diversidade de habitats disponíveis no litoral capixaba.
Em quase todo o litoral brasileiro, em especial na região sudeste e nordeste, a riqueza e
a abundância dessas algas são capazes de deslumbrar e despertar o interesse econômico, so-
cial e ambiental (6,7). As macroalgas também apresentam relevante importância econômica,
pois sintetizam compostos bioativos, proteínas, vitaminas, minerais, carotenoides e ácidos
graxos com altos valores nutricionais e potenciais para produção de fármacos (8). Existem
diferentes substâncias extraídas de algas marinhas que são matéria prima para muitas in-
dústrias, um exemplo disso são os ficocoloides (ágar, carragenana e alginato), com ampla
aplicação na indústria de alimentos (9,10). De fato, em relação às macroalgas, muitas espé-
cies nativas são produtoras de substâncias de interesse comercial (11).
As algas marinhas compõem um grupo de elevado interesse comercial, contudo não são
exploradas na região sul capixaba. O inventário de espécies se configura como o primeiro passo
para a exploração sustentável desses recursos pesqueiros. Iniciativas de cultivo sustentável de
73
Capítulo 03
algas marinhas são promissoras em diversas regiões costeiras para oferecer alternativa de ren-
da à população local e para evitar a degradação dos bancos naturais desses organismos.
Vale destacar que as algas identificadas no litoral sul capixaba possuem várias formas de
uso e são amplamente utilizadas, sobretudo nos países orientais, por diferentes segmentos de
indústrias de cosméticos e fármacos, além de serem utilizadas como alimentos pela população.
A produção global de algas marinhas cultivadas cresceu de 13,5 milhões de toneladas em
1995 para mais de 30 milhões de toneladas em 2016 (12). O comércio de plantas aquáticas,
a maioria algas marinhas, foi equivalente a mais de US $ 1 bilhão em 2016 (12). Portanto as
algas constituem um importante recurso pesqueiro que pode e deve ser explorado de forma
sustentável, agregando informações sociais, ambientais, tecnológicas, econômicas e de ma-
nejo para que a exploração possa ser desenvolvida ao longo de varias gerações.
Figura 1. Representatividade dos grupos de algas marinhas nas ilhas do litoral sul capixaba.
Neste livro, estão sendo apresentadas as familias e gêneros com as informações especí-
ficas das espécies mais comuns identificadas nas ilhas costeiras do litoral sul capixaba. Es-
74
Algas marinhas
sas algas podem ser observadas principalmente durante as marés baixas, fixas aos substratos
consolidados (costão rochoso, por exemplo) nas ilhas, e nas poças de marés (piscinas natu-
rais) que se localizam na região entremarés das ilhas costeiras.
As algas coletadas nesse estudo se concentram principalmente nas regiões do mesolito-
ral e infralitoral dos costões rochosos das ilhas costeiras do litoral sul capixaba.
Tabela 1. Lista de algas que ocorrem nas ilhas costeiras do litoral sul capixaba.
Chlorophyta
FAMÍLIA ESPÉCIE
Caulerpa cupressoides
Caulerpa mexicana
Caulerpa racemosa
Caulerpa sertularioides
Codium intertextum
Codium taylorii
Chaetomorpha antennina
Cladophoraceae
Rhizoclonium riparium
Ulva fasciata
Ulva lactuca
Ochrophyta
FAMÍLIA ESPÉCIE
Canistrocarpus cervicornis
Dictyopteris delicatula
Dictyotaceae
Dictyopteris jolyana
Dictyopteris polypodioides
75
Capítulo 03
Ochrophyta
FAMÍLIA ESPÉCIE
Dictyota ciliolata
Lobophora variegata
Padina gymnospora
Dictyotaceae
Padina pavonica
Spatoglossum schroederi
Zonaria tournefortii
Sargassum cymosum
Sargassaceae
Sargassum vulgare
Rhodophyta a
FAMÍLIA ESPÉCIE
Arthrocardia variabilis
Corallina officinalis
Corallina panizzoi
Corallinaceae
Jania rubens
Amphiroa beauvoisii
Amphiroa rigida
Dichotomaria marginata
Galaxauraceae
Tricleocarpa cylindrica
Ceramium brevizonatum
Ceramiaceae
Centroceras clavulatum
Dasya rigidula
Caloglossa leprieurii
Acanthophora spicifera
Alsidium seaforthii
Laurencia dendroidea
Osmundaria obtusiloba
76
Algas marinhas
Rhodophyta
FAMÍLIA ESPÉCIE
Crassiphycus birdiae
Gracilariaceae
Gracilaria domingensis
Aplicações e curiosidades:
• Alga comestível (com restrições).
• Extratos possuem potencial antibacteriano, antifúngico, antioxidante, anticoagulante, anti-inflamatório,
antitrombótico e analgésico.
77
Capítulo 03
Aplicações e curiosidades:
• Apresenta um composto químico da classe dos sesquiterpenos, denominado caulerpenina.
• Este composto possui atividade anticarcinogênica, antiproliferativa e antimicrobiana.
Aplicações e curiosidades:
• Algas comestíveis, como salada na Polinésia e na Ilha Marquesas, contêm compostos que funcionam
como leves anestésicos e na medicina tradicional das Filipinas é usada para baixar a pressão arterial e
tratar o reumatismo. Elas possuem propriedades antibacterianas, antivirais, antifúngicas, inseticidas, an-
tioxidantes, anti-inflamatórias, anticoagulante, analgésica, hipolipidêmica, hipoglicêmica, antitumoral e
larvicida (mosquito da malária, filariose, dengue e febre amarela). O alcaloide caulerpina detém atividade
antinociceptiva similar à dipirona.
78
Algas marinhas
Aplicações e curiosidades:
• Consumida pelo homem no Caribe e na América Central. Nas Filipinas, é usada para fins dietéticos e
medicinais. Seus extratos têm atividade antitumoral, anti-inflamatória e antinociceptiva, serve, também,
no tratamento de hipertensão.
Aplicações e curiosidades:
• Utilizada como alimento (com restrições), possui propriedades vermífugas, antidiabéticas, antibacteria-
nas, antivirais e antifúngicas.
79
Capítulo 03
Aplicações e curiosidades:
• Utilizada como alimento em Yucatán, possui atividade antitumoral, antiproliferativa e anticoagulante.
Importante fonte de polissacarídeos do tipo galactanas sulfatadas.
Aplicações e curiosidades:
• É utilizada como alimento no Caribe e também para enfeitar pratos de saladas em alguns restaurantes,
inclusive no Brasil. Possui elevado teor de sódio e potássio em comparação a outras macroalgas. É o ali-
mento favorito de algumas lesmas do mar.
80
Algas marinhas
Aplicações e curiosidades:
• Possui atividade antimicrobiana. Essa espécie é potencial candidata como novas fontes de antioxidantes
naturais e inibidoras da acetilcolinesterase. Devido à capacidade de biomineralização do carbonato de
cálcio, é importante no sequestro de carbono e na construção e sedimentação da formação organogênica
de recifes e sedimentos superficiais marinhos.
Aplicações e curiosidades:
• Utilizada na alimentação (com restrições). Possui potencial de cultivo em laboratórios em tanques. Ex-
tratos possuem atividade anticoagulante e antifúngica.
81
Capítulo 03
Aplicações e curiosidades:
• Possui atividade antimicrobiana e antitumoral. É uma alga tolerante a impactos ambientais e pode ser
usada como bioindicadora de metais pesados.
Aplicações e curiosidades:
• Espécie comestível (com restrições). Possui propriedades antivirais, antibacterianas, atividade nemati-
cida, antiplasmodial, larvicida e antioxidante. A heparina de C. antennina é um potencial agente anticoa-
gulante. Espécie tolerante a hidrocarbonetos.
82
Algas marinhas
Aplicações e curiosidades:
• Espécie usada no tratamento de feridas. Também possui altos níveis de proteína como parte da sua
composição nutricional.
Aplicações e curiosidades:
• São tolerantes a locais com influência de água doce e indicadora de ambientes eutrofizados. Possui
textura delicada, de sabor fresco e saboroso. Utilizada em saladas, como tempero, cozido ou em sopas.
Alga rica em nutrientes, com diversas propriedades ativas para uso em produtos cosméticos. Detém ação
antiviral, algicida, antifúngica, larvicida, citotóxica, anti-incrustante, antibacteriana, antioxidante e fitopa-
togênico. Os ambientes costeiros próximos aos portos, complexos industriais e residenciais com elevado
aporte de nutrientes favorecem o aumento rápido de espécies de Ulva (“blooms”).
83
Capítulo 03
Aplicações e curiosidades:
• Essa espécie ocorre em regiões que sofrem influência de água doce. Usada como tempero em saladas
e no preparo de diversos alimentos, além de ração animal. Possui alto valor proteico, com potencial para
produção de biocombustíveis, além de apresentar ação antibacteriana, anti-incrustante, antioxidante, an-
tifúngica, antitumoral e imunomoduladora. Algas desse gênero são utilizadas na agricultura em diversos
países como Portugal, Itália, França, Chile e Brasil.
Aplicações e curiosidades:
• Utilizada na alimentação de animais ruminantes, ou como fertilizante agrícola, ou como tempero na fabrica-
ção de diversos produtos alimentícios, tais como, queijos, saladas. Estende-se a sua utilização em hidratantes,
em remineralizantes e em cosméticos. Possui ação larvicida (mosquitos da malária, filariose, dengue e febre
amarela) e propriedades antioxidantes, antibacterianas, antitumorais, anti-inflamatórias, antifúngica e antivi-
ral. Eficiente biofiltrador, além de bioindicador de poluição. Popularmente conhecida como ‘alface-do-mar’,
muito comum na costa brasileira e cultivada comercialmente em tanques na região do Rio de Janeiro, usado
para a elaboração de diversos produtos alimentícios, tais como, tempero e molho pesto.
84
Algas marinhas
Aplicações e curiosidades:
• Possui ação leishmanicida, antiprotozoária, anticoagulante, antiviral, antiveneno de cobras, anti-incrus-
tante, antifúngica, antiproliferativa e antioxidante.
Aplicações e curiosidades:
• Usada como item alimentício (com restrições). Os polissacarídeos do tipo heterofucanos dessa espécie
possuem atividades anticoagulante, antioxidante, antivirais e antitumorais.
85
Capítulo 03
Aplicações e curiosidades:
• Encontrada frequentemente como alga arribada. Possui atividade anticoagulante, antioxidante e anti-
tumoral. Espécies de Dictyopteris se caracterizam por apresentar sesquiterpenos e meroterpenos, que
constituem cerca de 13% do total de produtos naturais estudados em Dictyotaceae.
Aplicações e curiosidades:
• Possui ação anti-inflamatória, hemaglutinante, anticancerígena, antioxidante, antifúngica, antiviral e an-
tibacteriana. Espécies desse gênero acumulam grandes quantidades de metais pesados, hidrocarbonetos
e organoclorados, por isso, são utilizadas como bioindicadoras de ambientes poluídos.
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Algas marinhas
Aplicações e curiosidades:
• Essa espécie possui atividade antibacteriana e antifúngica. Além disso, apresenta elevado teor de cloro-
fila a, carotenoides e substâncias fenólicas com capacidade antioxidante.
Aplicações e curiosidades:
• Vive em colônias de indivíduos agregados. É comestível e usada como fertilizante e fonte de ácido al-
gínico. Possui ação antibacteriana, antifúngica, antioxidante, antitumoral, antileucêmica, antiprotozoária
e hipolipidêmica. Apresenta elevados conteúdos de fucoidano, um polissacarídeo com grande atividade
biológica, por exemplo, anticoagulante, antibacteriana e antioxidante.
87
Capítulo 03
Aplicações e curiosidades:
• Possui ação antiviral. Suas propriedades podem ser semelhantes às citadas para a espécie Sargassum vulgare.
Aplicações e curiosidades:
• Fonte de alginato. Possui atividade antihelmíntica, antimicrobiana, antifúngica, antitumoral, antilipêmi-
ca, anti-incrustante, antimicrobiana, anticoagulante, antitrombótica e anti-inflamatória. Espécies de Sar-
gassum representam cerca de 39% do total de produtos naturais estudados na Família Sargassaceae e
correspondem às algas pardas mais comuns em ambientes temperados, tropicais e subtropicais, repre-
sentando um importante recurso natural amplamente distribuído no nosso litoral. Espécies de Sargassum
são utilizadas na Ásia na alimentação e na medicina tradicional como expectorante e para tratar laringite,
hipertensão, infecções, febre e bócio.
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Algas marinhas
Aplicações e curiosidades:
• No Brasil, a espécie é utilizada na alimentação. É muito apreciada e utilizada na culinária japonesa, popu-
larmente conhecida como “nori”. Em termos nutricionais, é uma espécie bastante rica.
Aplicações e curiosidades:
• Espécie de importância ecológica, servindo como local de abrigo para invertebrados marinhos. Impor-
tante fonte de fertilizante calcário.
89
Capítulo 03
Aplicações e curiosidades:
• Essa espécie é utilizada como ingrediente de cosméticos e produtos de higiene pessoal comercializados,
principalmente, nos Estados Unidos, China, Itália, França, Suíça e Alemanha. Possui propriedades antioxi-
dantes, anticâncer e antibacteriana.
Aplicações e curiosidades:
• Possui alto valor como fertilizantes devido à sua elevada composição de carbonato de cálcio, magnésio
e oligoelementos (ex. Fe, Mn, B, Ni, Cu, Zn, Mo, Se e Sr), sendo superiores a outros fertilizantes industria-
lizados. Apresenta ação antitumoral, bio-inseticida, antimicrobiana, antihelmíntica, citotóxica, anti-incrus-
tante e antifúngica. Espécies de algas calcáreas, por exemplo, Corallina, Jania e Amphiroa são utilizadas
como corretivo de solos ácidos (pH ácido). A calcificação em Jania é interpretada como uma defesa
contra animais herbívoros, entretanto, outras funções também são atribuídas. Essa espécie forma densos
tapetes, permitindo assim maior resistência ao embate das ondas.
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Algas marinhas
Aplicações e curiosidades:
• Possui atividade antioxidante e ação inibitória da enzima acetilcolinesterase, importante no tratamento
do Alzheimer.
Aplicações e curiosidades:
• Possui propriedades antioxidantes.
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Capítulo 03
Aplicações e curiosidades:
• Possui ação antiviral e antitumoral. Espécies desse gênero apresentam classes de triterpenoides com
ação biológica.
Aplicações e curiosidades:
• Possui propriedades antioxidantes, anticâncer, antibacteriana, antifúngica, antiviral e anti-helmíntica. Estu-
dos sugerem o potencial da espécie para produção de nanopartículas metálicas para combater a dengue.
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Algas marinhas
Aplicações e curiosidades:
• Espécie com ação antibacteriana contra Escherichia coli. É fonte de ácidos graxos, podendo ser utilizada
como suplemento alimentar na dieta humana e na ração animal.
Aplicações e curiosidades:
• Possui atividade antileishmania e potencial antioxidante.
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Capítulo 03
Aplicações e curiosidades:
• Utilizada no preparo de saladas (com restrições) e como fonte de carragenana nas Filipinas e no Vietnã.
Essa espécie possui propriedades antioxidantes, anticancerígena, antiviral, anti-inflamatória, antifúngica,
analgésica e antibiótica e proteção cardiorrespiratória. Estudos mostram seu potencial como fertilizantes
e na produção de biofilme biodegradável com ação antibacteriana para alimentos perecíveis. Espécie
indicadora de locais com alto conteúdo de matéria orgânica. É uma espécie exótica invasora no Havaí,
nas Ilhas Marshall e no México.
Aplicações e curiosidades:
• Até pouco tempo classificada como Bryothamnion seaforthii. Possui lectinas com propriedades anal-
gésicas e cicatrizantes. Essa espécie tem potencial anti-incrustante que pode ser aplicado em casco de
embarcações e plataformas de petróleo.
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Algas marinhas
Aplicações e curiosidades:
• O gênero Laurencia é uma das algas vermelhas mais estudadas, pois se destaca pela produção de diver-
sos metabólitos secundários com atividade biológica, como citotóxica, anti-herbivoria, anti-incrustante,
antibacteriana, antiparasitária, antiviral, antifúngica e antitumoral. Esses metabólitos têm sido relaciona-
dos como mecanismos de defesa contra herbivoria e anti-incrustante, sendo o elatol, um terpeno haloge-
nado, um dos mais estudados com potencial anti-inflamatório e antimicobacteriano.
Aplicações e curiosidades:
• Muito frequente entre as algas arribadas. Possui atividade antioxidante e aglutinante de bactérias, além
de ação antiviral, anti-inflamatória e antitumoral. Muitas das ações bioativas têm relação com seu elevado
teor de bromofenóis. A espécie possui potencial na aplicação como bioestimulante de germinação de
sementes e crescimento de mudas na agricultura.
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Capítulo 03
Aplicações e curiosidades:
• É uma das principais espécies explotadas, nos bancos naturais da costa nordeste do Brasil, como fonte
para carragenana. Possui atividades antioxidantes, anticâncer e larvicida, contra a larva do mosquito da
dengue. Espécie utilizada na alimentação humana no Vietnã e como complemento proteico na ração ani-
mal. Algumas espécies desse gênero são utilizadas em cosméticos como tratamento e coloração capilar,
xampus, condicionadores, géis de massagem e hidratantes da pele.
Aplicações e curiosidades:
• Fonte de carragenana, importante devido às suas propriedades espessantes, estabilizantes e gelifican-
tes. Possui também uma lectina (glicoproteínas com ação aglutinante) com propriedades antinociceptiva,
anti-inflamatória, anticoagulante, citotóxica e antibacteriana.
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Algas marinhas
Aplicações e curiosidades:
• Até pouco tempo classificada como Gracilaria birdiae. Possui propriedades antioxidantes, anticoagu-
lante e anti-inflamatória, além de apresentar aminoácidos do tipo micosporinas que podem ser utili-
zados como compostos fotoprotetores. Esse gênero se destaca por sua importância econômica como
matéria prima para produção de ágar, um coloide utilizado principalmente na indústria alimentícia. Entre
as décadas de 70 a 90, a explotação dos bancos naturais de Gracilariaceae na costa nordeste do Brasil,
especialmente das espécies Crassiphycus birdiae, C. caudatus e Gracilaria domingensis, representou um
importante papel na economia das populações costeiras. Atualmente, C. birdiae é cultivada em pequena
escala nos Estados do Ceará, Rio Grande do Norte e Paraíba.
Aplicações e curiosidades:
• Possui propriedades antioxidantes e antiviral, especificamente para o vírus metapneumovírus humano
(HMPV).
97
Capítulo 03
Aplicações e curiosidades:
• Possui atividade antiviral, anti-inflamatória, antiveneno de cobra. O gênero apresenta monoterpenos
halogenados com elevada ação bioativa.
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Algas marinhas
Regiões pouco estudadas, como as ilhas do litoral sul capixaba, constituem uma fonte de
informação que enriquece o conhecimento da biodiversidade, propiciando a descoberta de
novas ocorrências de macroalgas marinhas.
Já foram desenvolvidos cultivos experimentais de Hypnea pseudomusciformis na Ilha
dos Cabritos. Esse cultivo faz parte das atividades da disciplina de Cultivo de Algas, oferecida
aos estudantes do 6º período do curso de graduação em Engenharia de Pesca do Ifes Piúma.
Foram obtidos resultados satisfatórios do cultivo dessa espécie na região das ilhas costei-
ras. Para isso, foi utilizado o sistema tipo balsa flutuante para o desenvolvimento do cultivo.
Dessa forma, são necessários mais estudos para definir os parâmetros ideais e os melhores
locais para que o cultivo de algas possa ser desenvolvido da melhor forma possível, atrelando
os princípios da sustentabilidade nessa prática de aquicultura.
Referências
1. RAMUS, J. Productivity of seaweeds. In: FALKOWSKI P.G., WOODHEAD A.D.
(Eds.) Primary productivity and biogeochemical cycles in the sea. Procee-
dings of a Conference Held at Brookhaven National Laboratory, 2-6 June 1991, Up-
ton, New York. 239-256 pp. 1992.
2. SOUTH, G.R.; WHITTICK, A. Introduction to Phycology. 7. ed. [S.l]: Blackwell
Scientific Publications, 1987.
3. VAN DEN HOECK, C.; MANN, D.G.; JAHNS, H.M. Algae: an introduction to phy-
cology. Cambridge: Cambridge University Press, 1995.
4. MARIANO-SORIANO, E.M.; CARNEIRO, M.A.; SORIANO, J. Manual de Iden-
tificação de Macroalgas Marinhas do Litoral do Rio Grande do Norte. Natal,
RN: Editora da UFRN, 2008.
5. GUIMARÃES, S.M.P.B. A revised checklist of benthic marine Rhodophyta from
the state of Espírito Santo, Brazil. Boletim do Instituto de Botânica. v. 17, p. 143-
194, 2006.
6. PEDRINI, A.G. Macroalgas: uma introdução à Taxonomia. 1 ed. Rio de Janeiro:
Technical Book, 2010.
7. NASSAR, C. Macroalgas Marinhas do Brasil: guia de campo das principais es-
pécies. 1 ed. Rio de Janeiro: Technical Books, 2012.
8. KUMAR, C.S., GANESAN, P., SURESH, P.V., BHASKAR, N. Seaweeds as a source
of nutritionally beneficial compounds - A Review. Journal of Food Science and
Technology. Mysore v. 45, n. 1, p. 1-13, 2008.
9. SOUZA, G. C. C. F. Algas Marinhas. Dossiê Técnico. Paraná: Instituto de Tec-
nologia do Paraná, 2011.
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Capítulo 03
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Algas marinhas
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Capítulo 04
Invertebrados: Moluscos,
Poliquetas e Crustáceos
Karla Gonçalves da Costa, Paula Heloisa Santana Resende,
Isabela Jabour e Silva, Felipe Souza Cordeiro, Raynara Costa
Pereira, Tâmara Fuzari, Joelson Musiello-Fernandes e Thiago
Holanda Basilio
“Depois que eu entrei no projeto eu passei a perceber e ver coisas que eu não sabia nem que
existiam e que por menor que seja, continua tendo sua importância no meio ambiente”
J o s é C a r l o s P a c a s s i n i N e t o , 14 anos
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Invertebrados: Moluscos, Poliquetas e Crustáceos
4.1. Introdução
A
tualmente, existem cerca de 1.382.402 espécies de animais vivos, descritos e no-
meados (1). Dessas, cerca de 58.000 são de vertebrados e 1.324.402 são de inver-
tebrados, de modo que os invertebrados representam 96% dos animais descritos
no mundo (Figura 1), estando distribuídos em 32 filos do Reino Animal (Metazoa).
103
Capítulo 04
lídeos poliquetos), locomovendo-se sobre o fundo dos oceanos (i.e. moluscos, crustáceos,
equinodermos) ou mesmo em associações biológicas (animais sobre algas, animais sobre
animais). Dessa maneira, o tipo de substrato afeta diretamente a distribuição dos organis-
mos que compõem a comunidade bentônica (3).
Os costões rochosos são considerados um dos mais importantes ecossistemas litorâneos,
principalmente por se tratar de um ambiente bastante heterogêneo e complexo, o que possibili-
ta maior densidade e diversidade de invertebrados. Esses locais oferecem substratos adequados
para fixação de um grande número de larvas, fazendo com que haja um grande adensamento e
um número diverso de espécies. Nesses ecossistemas vivem um grande número de espécies de
grande importância ecológica e econômica, como mexilhões, ostras e crustáceos, e são locais de
alimentação, refúgio, crescimento e reprodução para diversas espécies (2;3).
104
Invertebrados: Moluscos, Poliquetas e Crustáceos
4.2.1. Moluscos
Os moluscos representam um dos maiores e mais diversos filos de todo o reino animal,
nas quais são conhecidas em torno de 80.000 espécies viventes e a mesma quantidade de
fósseis. No entanto, estima-se que somente cerca de metade das espécies viventes foram des-
critas até o momento.
Além das três classes Mollusca mais conhecidas, que incluem os mariscos (Bivalvia), os
caracóis e as lesmas (Gastropoda) e as lulas e os polvos (Cephalopoda), existem mais outras
cinco classes existentes e pouco conhecidas, como: quítons (Polyplacophora), conchas den-
te-de-elefante ou dentálios (Scaphopoda), Neopilina e seus parentes (Monoplacophora) e as
classes aplacóforas vermiformes – Caudofoveata (ou Chaetodermomorpha) e Solenogastres
(ou Neomeniomorpha) (1).
O nome do filo é derivado do latim molluscus, que significa “mole”, em alusão à similari-
dade de bivalves e gastrópodes com a “mollusca”, um tipo de noz do Velho Mundo, que apre-
senta polpa macia e casca fina e dura.
Embora os moluscos sejam muito diferentes em sua aparência superficial, existem algu-
mas características que definem esse grupo. Todos os organismos são constituídos por uma
cabeça, um pé ventral e muscular e vísceras, que é acomodada na massa visceral. Algumas
dessas características sofrem modificações dependendo da classe de molusco, como a cabeça
indistinguível em bivalves, o pé modificado em sifão nos cefalópodes e a massa visceral retor-
cida em gastrópodes e cefalópodes.
Mas são as conchas que mais chamam a atenção no grupo. As conchas podem estar pre-
sentes ou ausentes, serem externas ou internas, serem únicas e simétricas ou retorcidas,
serem duplas (bivalves) ou várias placas (poliplacóforas). Elas são utilizadas na fabricação
de botões, bijuterias, corretivo de solo, argamassa de casas e pavimentação de ruas, além de
serem aproveitadas como complemento de cálcio na alimentação humana (pó de ostra) (4).
No litoral sul capixaba, as conchas são extraídas desde a década de 1950, especialmente nas
regiões de Piúma e municípios vizinhos, para a confecção de bijuterias e artesanatos, conce-
dendo a Piúma o título de “Cidade das Cochas” (5, 13).
Evidências comprovam que os moluscos já tiveram diversas aplicações para o homem
desde a época da Antiguidade. Em diversas culturas as conchas já foram utilizadas como
ferramentas, moeda, decoração, símbolos religiosos, entre outros. São esses organismos que
produzem as famosas pérolas. Atualmente, tem grande importância principalmente no setor
alimentício, onde mexilhões e ostras são extraídos e comercializados como alimento (1,5, 13).
Quanto a sua distribuição, os moluscos são encontrados em diversos habitats, como em
rios e lagos, no mar e em terra. Alguns vivem aderidos a um substrato e outros são livres,
podendo rastejar, nadar ou se enterrar. Em costões rochosos são encontrados diversos mo-
luscos. Os bivalves, como mexilhões e ostras, vivem em grande quantidade, formando bancos
ou aderidos a rochas e até mesmo a outros organismos. Já os gastrópodes são os mais diver-
105
Capítulo 04
sos, apresentando várias espécies herbívoras, se alimentando de algas e microalgas que ficam
grudadas no costão, e até mesmo predadores, sendo considerados muito importantes para o
equilíbrio do sistema.
Um total de 53 táxons dos moluscos foram identificados nas ilhas costeiras do litoral sul
capixaba, distribuídos em 32 famílias e três Classes (Tabela 1). A Família Columbellidae foi
representada pela maior quantidade de táxons identificados, seguido da Fissurellidae, Litto-
rinidae e Mytilidae.
Tabela 1. Lista taxonômica de moluscos que ocorrem nas Ilhas costeiras do litoral Sul Capixaba.
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4.2.2. Anelídeos
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Um total de 15 táxons dos Poliquetas foram identificados nas ilhas costeiras do litoral sul ca-
pixaba, distribuídos em cinco Famílias e três Ordens. A Família Nereididae foi a que possuiu o
maior número de táxons identificados. Seguidas das Famílias Eunicidae e Polynoidae (Tabela 2).
Tabela 2. Lista taxonômica de poliquetas que ocorrem nas Ilhas costeiras do litoral sul capixaba.
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4.2.3. Crustáceos
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ORDEM DECAPODA: É a maior ordem dos crustáceos, somam quase um quarto das
espécies conhecidas, em geral, essa ordem possui a carapaça fundida dorsalmente com todos
os oitos segmentos torácicos. As projeções da carapaça recobrem totalmente as brânquias.
A cabeça possui um rostro fixo, com olhos compostos pedunculados (9). Pertencem a este
grupo os camarões, siris, e os caranguejos.
ORDEM SESSILIA: O corpo é totalmente envolto por uma carapaça pétrea. Tem a for-
mato de cone formado por seis placas que se fixam nas rochas pela base (11). Antigamente
eram classificados junto dos moluscos.
Dentre os grupos que habitam os costões rochosos, os crustáceos possuem grande im-
portância nos processos ecológicos. Além disso, são importantes na caracterização de am-
bientes saudáveis, pois funcionam como bioindicadores de qualidade ambiental (12).
Um total de 20 táxons dos crustáceos foram identificados nas ilhas costeiras do litoral
sul capixaba, distribuídos em 24 famílias e três ordens. A Família Portunidae foi a que pos-
suiu um maior número de táxons identificados. Seguidas das Famílias Epialtidae, Mithraci-
dae, Pilumnidae e Panopeidae (Tabela 3).
Tabela 3. Lista taxonômica de crustáceos que ocorrem nas Ilhas costeiras do litoral Sul Capixaba
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Renováveis (IBAMA), nº 105 de 20 de julho de 2006, proíbe a captura dos mexilhões Perna per-
na no período de 01 de setembro a 31 de dezembro, em consideração ao período reprodutivo da
espécie (13). Essa IN impede que o mexilhão seja extraído nos momentos mais importantes do
seu ciclo de vida. Caso haja a extração exagerada desses organismos nos meses de defeso, não
haverá recomposição da população de mexilhões naquela região. Portanto, precisamos ajudar a
respeitar esse período e não coletar mexilhões nos meses do defeso.
Vale ressaltar que a maioria das espécies não possui dados sobre a estrutura populacional
voltados à conservação desses organismos. Apenas uma espécie de crustáceo está enquadrada
da categoria de menor preocupação e as outras estão como deficiente de dados. Esse fato de-
monstra a necessidade de realização de estudos mais detalhados a respeito das características
biológicas dessas espécies de invertebrados, especialmente aquelas que possuem interesse co-
mercial, para possibilitar ações de gestão das explorações desses recursos pesqueiros.
Foi possível notar que as ilhas com menor diversidade são aquelas que mais têm efeitos
da presença direta do ser humano, o que demonstra a necessidade e a urgência de de medidas
de manejo e conservação dos invertebrados existentes nos costões rochosos, haja vista que
a poluição, as atividades de turismo e a coleta de moluscos nas ilhas e na faixa de praia sem
fiscalização são preocupantes e podem trazer problemas não só em níveis ecológicos, como
também econômicos para a população.
Referências
1. BRUSCA, R. C.; MOORE, W.; SHUSTER, S. M. Invertebrados. 3. ed. Rio de Janei-
ro: Guanabara-Koogan, 2018.
2. PEREIRA, R. C.; SOARES-GOMES, A. Biologia Marinha. 2.ed. rev. e ampl. Rio
de Janeiro: Interciência, 2009.
3. NYBAKKEN, J.W.; BERTNESS, M.D. Marine Biology: an ecological approach. 6.
ed. San Francisco: Benjamin Cummings, 2004.
4. FRANSOZO, A.; FRANSOZO, M.L. N. Zoologia dos Invertebrados. 1. ed. Rio de Janeiro:
Roca, 2016.
5. FRANSOZO, A.; FRANSOZO, M.L. N. Zoologia dos Invertebrados. 1. ed. Rio de Janeiro:
Roca, 2016.
6. AMARAL, A.C.Z.; RIZZO, A.E; ARRUDA, E.P. Manual de Identificação dos Invertebrados
Marinhos da Região Sudeste-Sul do Brasil. Editora: Edusp, São Paulo, 2006.
7. AMARAL, A.C.Z. & MIGOTTO, A.E. Importância dos anelídeos poliquetas na alimentação
da macrofauna demersal e epibentônica da região de Ubatuba. Boletim do Instituto Oce-
anográfico. São Paulo, 1980.
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9. RUPPERT, E.E.; FOX, R.S.; BARNES, R.D. Zoologia dos Invertebrados. 7. ed. São Paulo:
Editora Roca, 2005.
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Capítulo 05
Peixes
Jones Santander-Neto, Clayton Perônico, Marcelo Paes Gomes,
Natalia Carriço Paulo, Hanna Lima Mattos, Silvio César Costa,
Grace Real Hohn e Thiago Holanda Basilio
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Peixes
5.1. Introdução
A
primeira pergunta que devemos fazer quando falamos de peixes é:
O QUE É UM PEIXE?
Apesar de parecer uma pergunta simples, existe uma dificuldade de enquadrar todos os
organismos que denominamos como peixe em um único grupo com um ancestral comum ou
com um conjunto de características que os definam. Isso se deve à sua longa história evolu-
tiva que resultou em uma enorme diversidade e consequente variedade de formas (morfolo-
gia) e habitats.
Entre peroás, garoupas, cavalos-marinhos, lampreias, tubarões, quimeras, douraZdos e
outros considerados como peixes, existe um distanciamento evolutivo considerável que im-
pede o estabelecimento de características comuns entre eles.
Se quiséssemos restringir o termo peixe a um grupo monofilético (ou seja, que apresente
um único ancestral comum e com todos os representantes deste ancestral comum), iríamos
considerar apenas os peixes mais frequentemente vistos. Neste livro consideramos a classi-
ficação de peixes segundo o esquema apresentado abaixo:
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Capítulo 05
Figura 4. Exemplos de Tetrápodes: Anfíbio (A), Réptil (B), Ave (C) e Mamífero (D).
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Capítulo 05
dissolvidos na água (por isso são chamados de Produtores). O fitoplâncton é consumido por
animais chamados de consumidores primários (ou Consumidores 1°), como o zooplâncton.
Peixes são considerados consumidores secundários (ou consumidores 2°), por consumirem
os consumidores primários, ou acima desse nível trófico. Os tubarões, por exemplo, estão
normalmente no topo das cadeias alimentares por não serem alimento para praticamente
nenhum nível trófico acima do deles.
Os peixes adquirem energia através de organismos que ocupam a base da cadeia (ex: fito-
plâncton e zooplâncton) dos quais se alimentam e repassam energia para os organismos que
os utilizam como fonte alimentar (Figura 5). Desempenham, portanto, grande influência no
equilíbrio ecossistêmico das regiões costeiras, a partir das relações ecológicas que são esta-
belecidas entre os elos dessa teia alimentar.
154
Peixes
Anchieta (806; 5%), Piúma (435; 2,7%) e Presidente Kennedy (362; 2,3%). A produção pes-
queira também é bastante elevada na maioria dos municípios do litoral sul capixaba (6).
Os peixes estão relacionados diretamente à economia local das comunidades pesqueiras
do litoral capixaba (4,5). Parte dessa economia é voltada à captura de peixes como peroás,
dourado, atuns e afins para o mercado interno e externo. Esses peixes garantem sustento e
renda para centenas de pessoas que sobrevivem direta e indiretamente da exploração dos
recursos pesqueiros (4, 5, 7, 8, 9). E, apesar dessas espécies de peixes terem grande represen-
tatividade na cadeia produtiva da pesca, são necessários estudos para garantir a conservação
e uso sustentável destes recursos.
Os recursos pesqueiros são capturados por diversas pescarias conforme o mês de safra/re-
produção das espécies e a procura por produtos pesqueiros na região, que aumenta, principal-
mente, no decorrer dos meses de alta temporada (dezembro a março) e na Semana Santa (4,5).
Tabela 1. Lista de peixes que ocorrem nas ilhas costeiras do litoral sul capixaba.
155
Capítulo 05
156
Peixes
Abaixo segue um guia fotográfico para ilustrar as espécies com maior abundância. O guia
pode auxiliar a identificação prévia em campo. Nele, constam informações sobre os indivídu-
os abaixo tais como: nome científico; nome popular; tamanho máximo reportado na literatu-
ra; distribuição no ambiente; habitat; importância comercial e status de ameaça de acordo
com a União Internacional para a Conservação da Natureza (IUCN).
157
Capítulo 05
Para esta classificação a IUCN divide as espécies da seguinte forma, em ordem de ame-
aça: não avaliada; deficiente de dados; menor preocupação; próximo de ameaça; vulnerável;
em perigo; criticamente ameaçada; extinta da natureza (para extinções regionais) e; Ex-
tinta. As espécies são consideradas ameaçadas desde que sua classificação seja a partir do
critério Vulnerável.
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Peixes
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Peixes
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Peixes
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Referências
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stat of Espírito Santo, Brazil, using RAPFISH. Journal of Applied Ichthyology.
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9. BODART, C. N.; PAULA, A.; MARCHIORI, C. C. R.; ALMEIDA, D. M.; GUIMARÃES,
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10. FONTELES FILHO, A.A. Recursos Pesqueiros: biologia e dinâmica popula-
cional. Fortaleza: Expressão Gráfica, 2011.
180
Capítulo 06
Tartarugas marinhas
Thiago Holanda Basílio, Gabriel Domingos Carvalho, Mylena
Amorim de Souza, Nathan Gonçalves Rosa Reis, Silvio Cesar
Costa, Natália Carriço Paulo, Clayton Perônico
“Foi uma vez que estávamos voltando da Ilha de Itapetinga, nós vimos
uma tartaruga presa na rede e com todo o cuidado nós a libertamos”
A n a L u i z a M a r t i n S a l e s , 15 anos
182
Tartarugas marinhas
A
s tartarugas são répteis marinhos pertencentes à ordem Testudines, que
também englobam os cágados (de água doce) e os jabutis (terrestres). Esses
animais caracterizam-se por apresentar uma estrutura corporal notável, co-
nhecida como carapaça, formada pela fusão dos ossos e placas da pele (osteo-
dermas), das vértebras e das costelas, originando uma estrutura rígida, como uma armadura,
que protege o corpo do animal contra choques mecânicos e desidratação. Esta característica
é extremamente conservada, permanecendo em todos os animais pertencentes a esta ordem,
tendo sofrido pouquíssimas modificações durante 200 milhões de anos (1).
Os Testudines surgiram na Terra há mais de 200 milhões de anos e, inicialmente, ha-
bitavam apenas o ambiente terrestre. Com o passar do tempo, os descendentes desses ani-
mais primitivos evoluíram, se diversificaram e se adaptaram a diferentes habitats, passando
a serem encontrados nos ambientes terrestres (jabutis), dulcícolas (cágados, tigres d’água e
tracajás) e marinhos (tartarugas marinhas) (2).
As tartarugas, durante sua evolução, foram adquirindo características que possibilitaram
sua adaptação ao ambiente marinho (3). A carapaça ficou mais leve e achatada, ganhando hidro-
dinâmica e os membros passaram a funcionar como nadadeiras, promovendo uma melhor nave-
gação (4). A glândula de sal se desenvolveu, permitindo a excreção do excesso de sal do organismo
para o ambiente marinho. Junto a essas mudanças, as tartarugas marinhas perderam os dentes,
o que não comprometeu sua alimentação já que paralelamente foi desenvolvido um bico cór-
neo que possibilitou a adaptação aos diferentes tipos de alimentos que compõem a sua dieta (2).
Sobre o ciclo de vida das tartarugas marinhas, estima-se que a cada 500 filhotes nasci-
dos, apenas um chega à idade reprodutiva. Tal fragilidade é exacerbada tanto pelas mudan-
ças naturais do meio ambiente como pelas práticas humanas irresponsáveis. No Brasil, as
principais ameaças são: a ocupação irregular do litoral, o abate de fêmeas e a coleta de ovos
para alimentação, o trânsito na praia de desovas, a iluminação artificial nas áreas de desova,
a captura acidental em artes de pesca, a criação de animais domésticos nas áreas de deso-
va, a poluição dos mares, o trânsito de embarcações e a extração mineral em praias (5). São
necessários vários anos para que as tartarugas marinhas atinjam a maturidade reprodutiva,
podendo levar de 10 a 50 anos, dependendo da espécie (4).
Existem sete espécies de tartarugas marinhas conhecidas mundialmente, sendo que cin-
co delas ocorrem no Brasil: tartaruga-verde (Chelonia mydas); tartaruga-oliva (Lepidochelys
olivacea); tartaruga-cabeçuda (Caretta caretta); tartaruga-de-pente (Eretmochelys imbricata)
e a tartaruga-de-couro (Dermochelys coriacea) (Figura 1).
183
Capítulo 06
Essas tartarugas podem ser encontradas em praticamente todo litoral brasileiro, embo-
ra existam diferentes áreas de alimentação, crescimento, repouso, reprodução e desova para
cada espécie (6). As cinco espécies de ocorrência no Brasil estão incluídas na Lista Nacional
das Espécies da Fauna Brasileira Ameaçadas de Extinção (MMA, 2003) e na Lista Vermelha
de Animais Ameaçados de Extinção da IUCN, sendo consideradas como em perigo (Chelonia
mydas, Caretta caretta e Lepidochelys olivacea) e em perigo crítico de extinção (Dermochelys
coriacea e Eretmochelys imbricata) (7).
A tartaruga-verde (Chelonia mydas) é a espécie com maior número de relatos de encalhes,
avistamentos e capturas incidentais na região costeira no Brasil, apresentado igualmente o maior
número de espécimes juvenis mortos devido à atividade da pesca (8). Ela é também a espécie com
maior número de avistamentos no litoral do Espírito Santo. Um total de 643 tartarugas encalha-
das foram registradas no litoral capixaba entre os anos de 2013 e 2014. Neste estudo, as espé-
cies mais visualizadas foram Chelonia mydas (88%), Eretmochelys imbricata (5%), Caretta caretta
(3%), Lepidochelys olivacea (2%) e 2% sem identificação, sendo que o impacto com a pesca foi res-
ponsável pela morte de 51% das tartarugas-verdes observadas no litoral sul capixaba (9).
184
Tartarugas marinhas
185
Capítulo 06
tral e sul. Os aparatos mais utilizados na pesca artesanal são: rede (espera ou arrasto); linha
(nylon); bóia; anzol (espinhel) (16, 17,18). Tais artefatos oferecem grandes ameaças às tarta-
rugas marinhas, tanto de forma direta ou indireta. A pesca costeira, que utiliza rede de ema-
lhe, é a principal causa de óbito de Chelonia mydas no litoral capixaba (9).
De uma forma geral, no estado do Espírito Santo, a atividade pesqueira é desenvolvida
com a ausência de informações ecológicas e biológicas, o que impede a implementação de
qualquer manejo e aplicação de medidas de preservação para esses ambientes. Somam-se a
esse fato os impactos ambientais ocasionados nas ilhas costeiras, que podem influenciar nas
características desses ecossistemas. Além disso, outros fatores também se tornam relevan-
tes, como: a ampla extensão costeira (411 km de extensão); a elevada variedade de ambientes
costeiros existentes; a enorme diversidade de serviços ambientais proporcionadas por es-
ses ambientes; a importância socioeconômica da zona costeira, a qual reúne grande parte do
contingente populacional em aglomerados urbanos e industriais (17 e 18).
Embora existam informações sobre a ocorrência das tartarugas no litoral do Brasil, no-
ta-se que, apesar dos esforços do Projeto TAMAR - Tartarugas Marinhas, ainda faltam in-
formações locais específicas nos diferentes municípios costeiros ao longo do Brasil. Sendo
assim, é necessário realizar pesquisas para o levantamento de dados (espécies encontradas,
períodos e locais de avistamento, comportamento e a relação ambiental existente) para que
sejam utilizados em atividades de sensibilização das comunidades e a preservação, não só
das tartarugas mas de todo ecossistema marinho local. No Estado do Espírito Santo, estão lo-
calizadas algumas bases do Projeto TAMAR (Guriri, Pontal do Ipiranga, Povoação, Regência,
Trindade e Vitória), porém nenhuma na região sul do estado.
As ilhas costeiras de Piúma/ES formam uma área de preservação municipal (Processo da
Prefeitura Municipal nº19/85, resolução nº 03/86), tombado em caráter definitivo como bem na-
tural. Essas ilhas possuem grande importância ecológica para as regiões costeiras adjacentes (17).
Nestas ilhas, é frequente a visualização de tartarugas marinhas nadando nas margens
dos costões rochosos, sobretudo na Ilha do Gambá. Também são encontradas várias tar-
tarugas mortas nas praias de Piúma (17, 18). Entretanto, as causas da mortalidade dessas
tartarugas não estão totalmente elucidadas, no entanto, acredita-se que esses animais es-
tejam morrendo por causa da pesca de rede de arrasto e de rede de espera, (Figura 2) fre-
quentemente observadas na região, além da poluição ambiental (lixo urbano, plástico, etc.)
presentes nas praias do município. Contudo, dados científicos sobre a presença de tartaru-
gas nesta região são escassos e, devido à sua inserção local, o Núcleo de Educação Ambien-
tal (NEA) do Ifes - Campus Piúma realiza estudos da biodiversidade marinha dessa região
e ações permanentes de educação ambiental.
186
Tartarugas marinhas
187
Capítulo 06
Valor Médio
Parâmetros Mínimo Máximo
(n = 117)
Peso (Kg) 6,90 2,5 31,20
Comprimento Curvilíneo
37 25 56
do carapaça – CCC (cm)
Largura Curvilínea
34 23 53
do carapaça – LCC (cm)
Dos indivíduos coletados, 39,1% apresentavam fibropapilomatose, que é uma doença que
acomete as tartarugas, predominantemente a tartaruga-verde (Chelonia mydas) (3). A fibro-
papilomatose em tartarugas marinhas é caracterizada por tumores cutâneos múltiplos, sen-
do raro os casos de animais com apenas um único tumor (Figura 4).
Das tartarugas analisadas, foram registrados tumores nas seguintes regiões: nadadeiras
(30,4%), pescoço (17,3%), cabeça (8,6%), dorso (4,3%), ventre (4,3%), no olho (4,3%) e no ânus
(4,3%). Vale destacar que algumas tartarugas apresentam tumores em diferentes partes do
corpo. A presença desses tumores pode interferir na hidrodinâmica e motilidade desses ani-
mais, comprometendo a alimentação.
188
Tartarugas marinhas
Número de
Anomalias Frequência % Observação
animais(n = 82)
Presença de epibion- carapaça, nadadeiras,
53 64,6%
tes (cracas) pescoço e cabeça
Presença
14 17,1% Dorso do carapaça
de algas
Presença de carapaça, nadadeiras,
21 25,6%
fibropapilomas pescoço e cabeça
Ausência de nadadeiras, lesão
Presença de no globo ocular, deformida-
17 20,7%
outras anomalias de nas nadadeiras, fratura na
carapaça
189
Capítulo 06
Figura 7. Lesão no globo ocular de uma tartaruga verde jovem (Chelonia mydas).
A tartaruga verde, devido aos seus hábitos alimentares durante a fase jovem, fica mais
próxima das áreas costeiras do que outras espécies de tartarugas (Figura 8). As algas são
atrativos para a espécie C. mydas que utiliza a região costeira, estuarina e oceânica para se
alimentar (19), sendo uma espécie essencialmente herbívora (20).
190
Tartarugas marinhas
Apesar da Ilha do Gambá ser uma área de preservação municipal, tombada como bem
natural do município de Piúma, é comum observar a presença de lixo nesta região, princi-
palmente resíduos de plástico mole como sacolas e embalagens de produtos (Figura 9). A
presença de plástico na água coloca em risco a vida das tartarugas pois elas podem acidental-
mente ingerir plástico por confundi-lo com seus alimentos naturais, como algas ou águas-vi-
vas. O plástico no organismo das tartarugas causa obstrução no trato gastrointestinal, provo-
cando a obstrução do trânsito intestinal, levando o animal a óbito. O plástico é apontado em
alguns estudos como o principal resíduo antropogênico ingerido pelas tartarugas (21).
191
Capítulo 06
192
Tartarugas marinhas
Atividades pesqueiras, como a pesca de arrasto e com rede de espera, além dos resíduos
encontrados na água, podem ser a causa da mortalidade desses indivíduos encontrados mortos
nas praias. Entretanto, não foi possível identificar a causa real destas mortes em função dos
exemplares terem sido encontrados em avançado estado de decomposição e deterioração.
193
Capítulo 06
Referências
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Tartarugas marinhas
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20. BJORNDAL, K. A. Foraging ecology and nutrition of sea turtles. In: LUTZ, P. L.;
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ity among sea turtles stranded in the Canary Islands, Spain (1998-2001). Diseases
of aquatic organisms, v.63, p.13-24, 2005.
195
Capítulo 07
Aves
Cecília Licarião Barreto Luna, João Rafael Gomes de Almeida e
Marins, Nádia da Vitória Amorim e Thiago Holanda Basilio.
196
Aves
7.1. Introdução
M
AS AFINAL, O QUE É UMA AVE?
As aves são animais encantadores. Todas as pessoas conhecem pelo
menos uma dúzia de espécies de aves diferentes. Elas chamam atenção pe-
las suas cores e pelo seu canto melodioso. As aves estão presentes no dia a
dia da maioria das pessoas. É quase impossível você ir para o trabalho ou para a faculdade e
não cruzar com uma delas, seja ela um sabiá, um canário ou um anu-branco. Todos já se ena-
moraram por uma ave. Mas afinal, quem são as aves?
As aves são animais vertebrados que evoluíram a partir dos répteis. Possuem bico, mas
não tem dentes, têm duas patas, colocam ovos e se comunicam através de diversos tipos de
sons e cantos. Para conseguirem voar distâncias longas, as aves têm algumas adaptações,
como por exemplo, ossos leves (pneumáticos).
Você deve estar se perguntando sobre as penas, afinal, não tem como pensar em ave e não
pensar em pena. Consideradas obras primas, as penas possuem diferentes formas e funções,
sendo indispensáveis para a sobrevivência das aves. As penas são responsáveis pelo voo, pela
termorregulação, pela camuflagem, além de ter um importante papel no período reprodutivo,
em que os indivíduos se exibem para suas parceiras, e aquele que tiver penas mais cuidadas e
vistosas consegue copular. Veja só como as penas são indispensáveis!
Apesar da grande diversidade de aves, cada espécie tem um conjunto de características
específicas que podem falar muito sobre elas, como por exemplo o formato do bico. Essa ca-
racterística nos informa qual o tipo de comida aquele animal ingere e até mesmo o tipo de
ambiente em que ele vive. As aves podem se alimentar de carne (carnívoras), de plantas (her-
bívoras) ou das duas coisas (onívoras), e para cada hábito alimentar há um formato de bico
diferente. O martim-pescador, por exemplo, tem um bico específico para capturar peixes, já
os maçaricos têm bicos especializados em capturar moluscos no solo.
Como podemos perceber, as aves têm inúmeras características o que permite que elas
se espalhem por todo o globo. Não importa para onde você viaje, você sempre vai se deparar
com uma ave cruzando os céus. Por isso é importante que estejamos sempre atentos, de olhos
e ouvidos ligados para não perder nenhuma delas de vista. Afinal, não tem quem não dê um
sorriso ao observar um beija-flor ou um bem-te-vi em pleno voo.
197
Capítulo 07
Além dessa diversidade de biomas com características singulares, nosso país também
possui uma extensa faixa litorânea com aproximadamente 8 mil km. Essa enorme faixa de
litoral é a principal área de ocorrência das aves marinhas, que são aquelas adaptadas ao am-
biente marinho e que utilizam os recursos do mar para se alimentar e reproduzir. Essas aves
podem ser divididas em:
AVES MARINHAS
• são encontradas geralmente próximas aos continentes
COSTEIRAS
AVES MARINHAS
• costumam ser encontradas em alto-mar.
OCEÂNICAS OU PELÁGICAS
198
Aves
Por passarem a maior parte da vida no mar, essas aves passaram por algumas adapta-
ções que favoreceram sua vida nesse ambiente. As aves marinhas têm mais penas do que as
terrestres, além disso, suas penas são impregnadas por um líquido gorduroso que as torna
impermeáveis. Essas duas características permitem a elas viverem sobre as águas sem pra-
ticamente se molhar. Para auxiliar na natação, essas aves possuem membranas nas patas.
Como o ambiente em que vivem é cercado por sal, para excretar o excesso dele, elas possuem
pequenos tubos em cima do bico para auxiliar nessa função.
As aves marinhas não são muito diversas. No mundo, existem aproximadamente 320 es-
pécies delas. No Brasil, algo em torno de 150 espécies marinhas utilizam nosso território em
alguma parte do seu ciclo de vida (2). Mas poucas dessas espécies se reproduzem no país.
Apesar dos baixos números, o território brasileiro tem importância mundial para as aves
marinhas, uma vez que a maioria das espécies são migratórias e visitam nossa terra para se
alimentar e reproduzir depois de percorrer milhares de quilômetros de distância voando sem
parar. As aves marinhas de ocorrência no Brasil são distribuídas em quatro ordens:
199
Capítulo 07
versidade de habitat, o que favorece a diversidade de espécies de aves nessas áreas. Especial-
mente na região costeira, estão presentes diferentes unidades ambientais, tais como: monta-
nhas, vales, mata de tabuleiros, restinga, mata atlântica, manguezais, faixa de praia, costões
rochosos, recifes costeiros e ilhas costeiras (3).
Ilha do Gambá, Ilha do Meio, Ilha dos Cabritos, Ilha de Itapetinga, Ilha dos Franceses
e Ilha Branca são algumas das ilhas costeiras, que representam áreas de grande relevância
para as aves marinhas (4). Nessas ilhas é possível observar diariamente bandos de aves des-
cansando e se alimentando. O que pode caracterizar um local de repouso de aves migratórias.
Na Ilha dos Franceses foram registradas a ocorrência de 10 espécies de aves marinhas
costeiras, sendo 10 gêneros, distribuídas em sete famílias, com predominância da família La-
ridae com um representativo de quatro espécies (4). Lá também já foi registrado um grande
número de Atobás-marrom (Sula leucogaster) num total de 69 indivíduos, gerando inclusive
uma mancha de guano que poderia ser vista do continente.
A partir do trabalho de campo realizado, foram registradas um total de 31 espécies de
aves que habitam as ilhas costeiras do litoral sul capixaba (Tabela 1), destas 13 (41%) são ma-
rinho/costeiras, ou seja, dependem dos recursos marinhos.
Das espécies citadas, cinco são migratórias (batuíra-de-bando, vira-pedras, trinta-réis-
-boreal, trinta-réis-de-bando e trinta-réis-real), mostrando a importância dessas ilhas como
áreas de refúgio, descanso e alimentação para essas aves.
Tabela 1. Lista de aves que ocorrem nas ilhas costeiras do litoral sul capixaba.
200
Aves
Curiosidades:
• Essas aves não conseguem mergulhar pois encharcam suas penas, por isso roubam peixes de outras
aves. Por conta deste comportamento, conhecido como cleptoparasitismo, são apelidadas de “piratas do
mar”. Os machos têm uma bolsa vermelha no papo, já as fêmeas têm o papo branco.
201
Capítulo 07
Curiosidades:
• Excelentes mergulhadores, parecem mísseis quando mergulham no mar. Alçam vôos altos para ganhar
velocidade e profundidade no mergulho. Os peixes são o principal item do seu cardápio.
Curiosidades:
• Essa ave tem o hábito de mergulhar em busca de peixes, podendo ficar debaixo d´água por um bom
tempo. Como não possui as glândulas uropigianas na base da cauda, glândulas essas responsáveis pela
produção do “óleo” de impermeabilização de suas penas, necessita ficar exposta ao sol, de asas abertas,
para se secarem.
202
Aves
Curiosidades:
• Essa ave se alimenta de forma variada, mas sua preferência por caranguejinhos de mangue faz com que
ela seja facilmente encontrada nessas regiões.
Curiosidades:
• É comum à beira dos lagos, rios e banhados. A sua alimentação é composta predominantemente por
peixes, mas pode se alimentar de outros animais, como sapos, cobras, ratos, répteis e até lixo.
203
Capítulo 07
Curiosidades:
• Ela é também conhecida como “garça-sapateira”, por ter as pernas pretas e patas amareladas, aparen-
tando estar sempre usando calçados. É facilmente observada pescando peixes. Vive em bandos, normal-
mente, aglomerados em alguma lagoa ou à beira mar.
Curiosidades:
• Habita regiões de manguezais e áreas costeiras. É facilmente encontrada nas praias, local que ela explora
nos períodos de maré baixa. Quando adulta apresenta uma plumagem cinzento-azulada, com cabeça e
pescoço violáceos e quando juvenil é branca, passando por um estágio de transição “malhado”.
204
Aves
Curiosidades:
• Anda em casais. No período reprodutivo coloca três ovos diretamente na areia, perfeitamente camufla-
dos. Emite sons que parecem dizer “piru-piru”, por isso seu nome popular.
Curiosidades:
• Essa ave é da mesma família científica dos quero-quero, só que bem menor. Pode ser avistada em todo
o litoral brasileiro. Utiliza nossas praias para invernar e como ponto de parada quando migra de países
norte-americanos.
205
Capítulo 07
Curiosidades:
• Seu nome popular está ligado a seus hábitos alimentares. É sempre vista revirando pedras e substratos
à de procura insetos, crustáceos, moluscos, vermes, equinodermos, peixes, carne putrefata e, algumas
vezes, ovos de aves.
Curiosidades:
• É a maior gaivota e a mais comum no Brasil. Considerada uma praga em ambientes costeiros devido
ao impacto da predação de pequenos peixes e ninhos de outras aves, do cleptoparasitismo e do oportu-
nismo de alimentação de restos de lixo. O crescimento desordenado de sua população é favorecido por
ambientes alterados pela ação humana.
206
Aves
Curiosidades:
• Conhecida popularmente como andorinha-do-mar, essa ave é comum ao longo da costa, estuários e em
praias de rios e lagos. É vulnerável à presença humana, principalmente no período reprodutivo. Costuma
reunir-se em bandos sobre cardumes de peixes ou na praia, para descansar. Alimenta-se também de
insetos, camarões, caranguejinhos e outros pequenos animais marinhos. Ocasionalmente, rouba comida
de outras aves, costuma pescar à noite.
Curiosidades:
• Forma seus ninhos na Argentina de novembro a fevereiro e desloca-se para o norte. No Brasil, a re-
produção desta espécie tem sido descrita entre abril e setembro. Na estação reprodutiva a plumagem é
cinza-clara com uma longa coroa preta e o bico e as pernas vermelhas. Fora da estação reprodutiva, o
trinta-réis tem apenas a metade da cabeça preta.
207
Capítulo 07
Curiosidades:
• Assim como a espécie anterior, essa espécie é migrante do hemisfério norte, presente no Brasil apenas
como visitante. É sempre vista aos bandos. Na maré seca é comum observar bandos descansando nas ilhas.
Curiosidades:
• Essa ave é um trinta-réis de grande porte, facilmente identificável por ser maior que as espécies anterio-
res. Vive em pequenos bandos sobre rochas costeiras. Possui muitas semelhanças com as gaivotas, tanto
na aparência quanto nos hábitos. Alimenta-se principalmente de peixes e pode roubar comida de outras
aves marinhas (cleptoparasitismo). Essa espécie está classificada como em perigo de extinção segundo
a Lista Vermelha de Espécies Ameaçadas de Extinção Nacional (MMA, 2018) e global (IUCN, 2019). Re-
centemente essa espécie foi contemplada no Plano de Ação Nacional das Aves Marinhas com medidas
para evitar que ela seja extinta.
208
Aves
Curiosidades:
• Comumente encontrada em áreas urbanas, vive em grandes aglomerados, sendo facilmente vista em terre-
nos com grandes quantidades de lixo. Se alimenta de restos de outros animais, sendo importante na recicla-
gem de carcaças, hábito alimentar conhecido como saprofagia. Dentre os urubus, é o de menor envergadura,
no entanto, é um dos mais agressivos. Não possui o olfato apurado, localizando a carniça pela visão.
Curiosidades:
• Ele é, por muitas vezes, confundido com um gavião, pelo seu grande porte, mas na verdade o carcará é
um falcão. Vive solitário, aos pares ou em grupos. Se beneficia das modificações das paisagens de flores-
ta para áreas de pastagem. Pode se alimentar de carcaças ou caçar outros animais, sendo considerado
um predador generalista e oportunista, podendo consumir até alimentos de origem vegetal, como os
frutos de dendê.
209
Capítulo 07
Curiosidades:
• É chamada de buraqueira devido ao seu hábito de se reproduzir em buracos construídos no solo. Pode
cavar túneis de até 2 m de profundidade. Bota, em média, de 6 a 11 ovos. Costuma viver em campos,
pastos, restingas, planícies, praias, podendo ocupar ambientes alterados pela ação humana, tais como
aeroportos e terrenos baldios.
Curiosidades:
• É uma das maiores espécies de pombo do país. Alimenta-se de sementes e pequenos frutos geralmen-
te coletados no solo. É comum em ambientes alterados pela ação humana, podendo se reproduzir em
praças e centros urbanos. Essa ave inspirou Luiz Gonzaga e Humberto Teixeira a compor uma das mais
conhecidas canções populares, Asa-Branca.
210
Aves
Curiosidades:
• Também conhecido como “guarda-rios” ou “ariramba”, nomes de origem tupi é encontrado próximo a
rios, córregos, lagoas, açudes, manguezais e à orla marítima. Vive a maior parte do tempo sozinho. Vive
aos pares no período reprodutivo e constrói seus ninhos em buracos feitos em paredões de barro.
Curiosidades:
• Pertence ao Gênero científico Picumnus que engloba as menores espécies de pica-paus do Brasil. A sua
língua é vermiforme e muito longa sendo um eficiente instrumento para a coleta de suas presas. Além
do seu canto, os pica-paus se comunicam por sons emitidos com o bater de bico nos troncos das árvores
– conhecido como “tamborilar” – que tem como função demarcar território além de servir de comuni-
cação entre macho e fêmea.
211
Capítulo 07
Curiosidades:
• Espécie exclusiva da mata atlântica (endêmica), ou seja, esse é o único bioma em que essa ave ocor-
re. É uma ave que precisa de mata conservada para viver, por isso é uma espécie indicadora de áreas
preservadas. O macho é diferente da fêmea, com penas pretas e pintas brancas. Já a fêmea é mais parda
para se camuflar melhor na vegetação.
Curiosidades:
• Seu canto lembra um relógio dando corda, por isso o nome popular “reloginho”. Espécie comum em
áreas alteradas pelo homem é uma ave de fácil detecção, por cantar praticamente o dia inteiro.
212
Aves
Curiosidades:
• Pode-se dizer que o bem-te-vi é um dos pássaros mais populares do Brasil. A origem do seu nome é
devido a seu canto que parece dizer “bem-te-vi”. Ocorre em todo o país,mas é mais comum em áreas
abertas. Muito territorialista e valente, é comum vê-los atacando outras aves, inclusive gaviões.
Curiosidades:
• Como o bem-te-vi, o seu nome popular é também devido à sua vocalização “si-ri-ri”. As semelhanças
não param por aí. Por seu tamanho e cor, pode ser confundido com o próprio bem-te-vi, por olhos desa-
tentos e leigos. É comum observá-lo empoleirado sempre no mesmo galho, de onde costuma partir para
capturar suas presas no ar. 213
Capítulo 07
Curiosidades:
• Recebeu o nome “mascarada” em função de uma faixa negra que lhe atravessa os olhos. Associada a
ambientes alagados, tais como margens de rios, açudes e brejos, pois raramente deles se afasta. Pode ser
vista também em áreas urbanas arborizadas. Costuma andar em casal. Se alimenta de pequenos insetos
e artrópodes revirando o solo.
Curiosidades:
• Ocorre em ambientes abertos e semiabertos, aparecendo rapidamente em clareiras abertas em regiões
florestadas. Habita também os arredores de casas e jardins, inclusive no centro de cidades, além desses lo-
cais, ocupa ilhas na costa marítima. Vocaliza incansavelmente durante todo o dia. É uma espécie muito ativa
e alimenta-se de insetos pequenos como besouros, além de pequenas aranhas e de filhotes de lagartixa.
214
Aves
Curiosidades:
• Conhecido por ser um grande imitador do canto de outras aves. Alguns indivíduos repetem o canto de
até 6 espécies diferentes. São onívoros, alimentam-se principalmente de invertebrados e frutos.
Curiosidades:
• Se alimenta de frutos e de insetos como cupins e vespas. Costuma frequentar comedouros. Os machos (foto
acima) são mais coloridos do que as fêmeas, mais esverdeadas e sem a linha preta que vai do rosto ao dorso.
215
Capítulo 07
Curiosidades:
• Os machos são azulados com pernas laranja chamativas. Já as fêmeas são esverdeadas, o que lhes
propicia camuflarem-se facilmente na vegetação. Essa é uma excelente estratégia para evitar predação
quando elas estão chocando.
Curiosidades:
• Apresenta acentuado dimorfismo sexual: o macho é azul e negro, com as pernas vermelho-claras (ca-
racterística que o diferencia da espécie saí-de-pernas-negras), enquanto a fêmea é verde, com a cabeça
azulada e as pernas alaranjadas. Seu canto é um gorjear fraco. É visto sempre em par, num casal. Alimen-
ta-se de néctar,de insetos e de frutas. Costuma frequentar comedouros de frutas.
216
Aves
217
Capítulo 07
218
Aves
Historicamente, as ilhas costeiras do litoral sul do Espírito Santo, ao longo dos anos, so-
freram grande degradação dos seus ecossistemas por estarem próximas a áreas urbanizadas
no continente, favorecendo inúmeras visitas de pescadores e turistas que além de atear fogo
na vegetação insular, coletava os ovos das aves para consumo (8).
219
Capítulo 07
Medidas políticas e sociais são de extrema importância para a conservação dessas es-
pécies de aves. É importante unir os esforços de todos para que sejam tomadas medidas
efetivas para que não se perca mais espécies. A base para isso acontecer é o conhecimento
científico. Mas se esse conhecimento ficar só dentro dos muros da universidade ele perde
força e não cumpre seu papel. Por isso, através deste material, nós nos propusemos a extra-
polar os muros da academia e chegar à comunidade. Nosso primeiro passo é fazer com que
as pessoas aprendam a reconhecer as espécies de aves de sua região e só então vamos poder
cuidar melhor desses lindos organismos e possibilitar a manutenção dessas espécies nos
ecossistemas costeiros.
Referências
1. PIACENTINI, V. D. Q.; ALEIXO, A.; AGNE, C. E.; MAURÍCIO, G. N.; PACHECO,
J. F.; BRAVO, G. A.; SILVEIRA, L. F. Annotated checklist of the birds of Brazil by the
Brazilian Ornithological Records Committee/Lista comentada das aves do Brasil
pelo Comitê Brasileiro de Registros Ornitológicos. Revista Brasileira de Ornito-
logia, v. 23, n. 2, p. 91–298, 2015.
2. SICK, H. Ornitologia Brasileira. Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 1997.
3. Basílio, T. H.; GARCEZ, D. S.; BODART, C. N.; SILVA, E. V. Análise integrada de
unidades geoecológicas relacionadas com as atividades pesqueiras no litoral sul
do Espírito Santo. Brasil: Revista da Gestão Costeira Integrada, v. 16, p.163-
170, 2016.
4. PINHEIRO, H. T. A. L.; FERREIRA; J. B. TEIXEIRA. Diagnóstico Ambiental
do litoral sul do estado do Espírito Santo: estudos complementares para a cria-
ção de uma unidade de conservação marinha. Vitória: Associação Ambiental Voz da
Natureza, 2010.
5. INTERNATIONAL UNION FOR CONSERVATION OF NATURE - IUCN. The
IUCN Red List of Threatened Species. Disponível em: <https://www.iucnre-
dlist.org>. Acesso em set. 2019.
6. GARDNER, T. A.; BARLOW, J.; ARAÚJO, I. S.; ÁVILA-PIRES, T. C. S.; BONALDO,
A. B.; COSTA, J. E.; ESPOSITO, M. C.; FERREIRA, L. V.; HAWES, J.; HERNANDEZ,
M. I. M.; HOOGMOED, M.; LEITE, R. N.; LO-MAN-HUNG, N. F.; MALCOLM, J. R.;
MARTIN, M. B.; MESTRE, L. A. M.; MIRANDA-SANTOS, R.; NUNES-GUTJAHR,
A. L.; OVERAL, W. L.; PARRY, L. T. W.; PETERS, S. L.; RIBEIRO-JUNIOR, M. A.; DA
SILVA, M. N. F.; DA SILVA MOTTA, C.; PERES, C.. The cost-effectiveness of biodi-
versity surveys in tropical forests. Ecology Letters, v. 11, n. 2, p. 139-150, 2008.
220
Aves
7. BURGER, J.; JEITNER, C.; CLARK, K.; NILES, J.L. The effect of human activities
on migrant shorebirds:successful adaptive management. Environmental Con-
servation. v. 31, n. 4, p.283-288, 2004.
8. EFE, M. A. Aves marinhas das ilhas do EspÌrito Santo. In: OLINTO BRANCO, Jo-
aquim (org.) Aves marinhas e insulares brasileiras: bioecologia e conservação.
Itajaí: Editora da UNIVALI, p.101-118. 2004.
9. TAVARES, D. C.; SICILIANO, S. Scientific Note Notes on records of Ciconia ma-
guari (Gmelin, 1789) (Aves, Ciconiidae) on northern Rio de Janeiro State, Southeast
Brazil. Pan-American Journal of Aquatic Sciences, p. 8, n.4, p. 352-357, 2013.
10. MARINI, M.A.; DUCA, C.; MANICA, L.T. Técnicas de pesquisa em biologia re-
produtiva de aves. In: Matter, S.V.; Straube, F.C.; Accordi, I.; Piacentini, V.; Cândico-
-Jr., J.F. Ornitologia e Conservação: Ciência aplicada, técnicas de pesquisa
e levantamento. Rio de Janeiro: Editora Technical Books, p. 295-312. 2010.
11. INSTITUTO CHICO MENDES DE CONSERVAÇÃO DA BIODIVERSIDADE
- ICMBio, 2014. Plano de Ação Nacional para Conservação das Aves Mari-
nhas. Disponível em: <http://www.icmbio.gov.br/portal/faunabrasileira/planos-
-de-acao/9325-plano-de-acao-nacional-para-a-conservacao-das-aves-marinhas-
-costeiras > . Acesso em set. 2019.
221
Capítulo 08
Resíduos sólidos e impactos ambientais
“Cuidemos mais de nossas ruas! Pois isso influenciará nos bairros; cuidemos mais de nossos
bairros, e assim, influenciaremos as cidades! Como podemos ver, é por pequenas ações que
poderemos obter grandes resultados. Por que deixar de cuidar do lugar em que vivemos?
Cada ação conta! Valorizemos e cuidemos mais do nosso planeta”
C a r l o s D a n i e l V a l é r i o O l i v e i r a M a r t i n , 15 anos
222
Resíduos sólidos e impactos ambientais
8.1. Introdução
A
história da utilização dos resíduos sólidos está diretamente relacionada com a
história da civilização humana. Porém, a humanidade nunca produziu tantos
resíduos sólidos como atualmente (1). Acredita-se que os primeiros acúmulos
de materiais residuais ocorreram quando as populações nômades passaram a
se estabelecer em determinados locais (2). O avanço tecnológico proveniente, principalmen-
te, da revolução industrial proporcionou graves mudanças na forma como as pessoas conso-
mem os produtos, muitas vezes sem a correta destinação dos resíduos sólidos produzidos.
Por outro lado, o conceito de resíduos sólidos está sofrendo alterações ao longo do tempo, de
acordo com as mudanças culturais, avanços tecnológicos, conscientização ambiental e neces-
sidade para produção e reaproveitamento de materiais que não podem ser utilizados para um
determinado fim, mas que podem servir como matéria prima para uma outra forma de uso. En-
tretanto, este conceito varia de acordo com cada região, que pode estar relacionado com o clima,
lugar, época, cultura e até mesmo de acordo com os hábitos de uma determinada sociedade (2).
De acordo com a Associação Brasileira de Normas Técnicas (ABNT _ NBR nº 10.004/2004),
os resíduos sólidos são definidos como: “... são os resíduos nos estados sólidos e semissólidos,
que resultam de atividades da comunidade de origem: industrial, doméstica hospitalar, comer-
cial, agrícolas, de serviço e varrição.”
O desenvolvimento das tecnologias voltadas para as ciências ambientais derrubou a
crença que dizia que os recursos naturais são ilimitados, e que a natureza se encontra a ser-
viço das ações humanas (2). Com isso, surgiu a preocupação sobre qual seria a melhor opção
para a exploração dos recursos e a destinação correta desses resíduos gerados pela população
que a cada ano só aumenta.
Para tanto, foi instituída, em 2010, a Política Nacional de Resíduos Sólidos (PNRS) por
meio da Lei nº 12.305, na qual define Resíduos Sólidos e Rejeitos e da seguinte forma:
• Resíduos sólidos
223
Capítulo 08
• Rejeitos
Esses conceitos nos levam a refletir sobre as nossas atitudes e a nossa forma de consumo
para a destinação dos resíduos que geramos e produzimos. Precisamos expandir esses con-
ceitos para que um maior número de pessoas possa perceber a importância da destinação
correta dos resíduos sólidos. Essa destinação pode gerar alternativas de renda para centenas
de pessoas que trabalham na cadeia produtiva da coleta, triagem, reúso, reciclagem e venda
dos materiais que acreditamos não ter mais utilidade para nós, mas que podem ser re-utili-
zados para diferentes fins.
Várias associações e cooperativas fazem um belo trabalho de coleta dos resíduos para
transformá-los em matéria prima para dar origem a novos produtos, aumentando a renda das
famílias que vivem dessa profissão, reduzindo, assim, a quantidade de “lixo” espalhado nas
ruas, que acaba indo para os rios e mares.
224
Resíduos sólidos e impactos ambientais
no entorno das ilhas costeiras do litoral sul capixaba. Portanto, devemos cuidar bem dessas
unidades ambientais para que possamos ter sempre os animais marinhos vivos nandando
em volta das ilhas.
Para agravar a situação, ainda temos o problema da pescaria fantasma, equivalente aos
restos de apetrechos de pesca, como: redes de espera e anzóis que são jogados no mar pelos
pescadores e que acabam capturando indevidamente diferentes tipos de organismos, espe-
cialmente as tartarugas. Os animais ficam presos e não conseguem sobreviver. Esse proble-
ma se agrava pelo fato de que muitos pescadores não respeitam as leis ambientais e lançam
seus materiais de pesca no mar quando não servem mais para uso.
Por outro lado, nota-se que a sociedade já começou a ter iniciativas para encontrar estra-
tégias para resolver essa problemática e, apesar de continuar desperdiçando seus restos de
alimento e resíduos, vem empenhando-se para buscar alternativas para resolver os obstáculos
dos resíduos e reconhecer associações, cooperativas e empresas que se dispõem a fazê-lo (3).
Uma dessas iniciativas é denominada de Dia Mundial da Limpeza, evento conhecido
como “Clean Up the World”. Trata-se de uma campanha ambiental para limpar e conservar o
meio ambiente que ocorre desde 1993 em várias regiões do mundo. Esse evento é realizado
sempre no terceiro sábado do mês de setembro e conta com a participação de cerca de 150
países, tendo um público estimado de 35 milhões de voluntários anualmente, tornando-se
uma das maiores campanhas para sensibilização de limpeza de praias (5).
Participantes como empresas, grupos comunitários, escolas, governos e pessoas de co-
munidades locais fazem uma série de atividades e mutirões de limpeza, buscando melhorias
para o ambiente em que vivem, visando as práticas sustentáveis e de sensibilização para a
destinação apropriada dos resíduos sólidos.
Consequentemente, foi constatado que esse tipo de atividade vem trazendo melhorias,
promovendo uma maior participação da população nas mudanças de atitudes advindas dos
participantes das campanhas na tentativa de reduzir a quantidade de resíduos sólidos desti-
nados incorretamente (5).
Essa ação do “Dia Mundial de Limpeza” vem sendo desenvolvida pelo Núcleo de Educação
Ambiental (NEA) do Ifes - Campus Piúma nas regiões costeiras de Piúma desde 2013 (Figura 1).
225
Capítulo 08
Figura 2. Principais tipos de resíduos sólidos coletados nas regiões costeiras do litoral sul capixaba.
226
Resíduos sólidos e impactos ambientais
ambiental desenvolvido nas regiões costeiras do litoral sul capixaba, especialmente nas ilhas
dos Municípios de Piúma e Itapemirim, como apresentado nos capítulos anteriores. Essas
coletas eram executadas também de maneira seletiva, em que os estudantes participantes do
projeto realizavam a limpeza dos locais de trabalho (Figura 3).
Figura 3. Realização de coletas de resíduos nas ilhas costeiras do litoral sul capixaba.
227
Capítulo 08
Do total de resíduos coletados, 514kg foram retirados das ilhas costeiras do litoral sul
capixaba. A Ilha do Gambá teve um maior número de resíduos coletados, com um total apro-
ximado de 221kg, seguida da Ilha dos Cabritos (143kg), da Ilha do Meio (130kg) e da Ilha Ita-
petinga (20kg) (Figura 5), respectivamente.
Esse fato pode estar relacionado à facilidade de acesso à Ilha do Gambá. Ela é visitada
diariamente por muitas pessoas da comunidade e pelos turistas. Lamentável que a população
ainda possua a atitude de deixar os resíduos produzidos de qualquer maneira, seja na ilha, na
praia, costão rochoso, em meio à vegetação ou na própria água do mar. Para piorar a situação,
a Ilha do Gambá possui apenas dois pontos de coleta de resíduos, um na Prainha e o outro na
entrada da ilha, não possuindo placas de aviso e/ou placas educativas para que os visitantes
evitem de deixar os seus resíduos de qualquer forma espalhados na Ilha.
A Praia Doce, localizada na entrada da Ilha do Gambá (Figura 6), teve uma maior quanti-
dade de resíduos coletados no município de Piúma. Essa praia encontra-se próxima ao canal
estuarino que passa por dentro da cidade de Piúma, sendo cercada por residências, estabe-
lecimentos comerciais, peixarias e indústrias (6). Os resíduos que são depositados no curso
hídrico são carreados pela correnteza e são depositados na Praia Doce.
No tocante à Ilha dos Cabritos, houve uma elevada quantidade de resíduos coletados
possivelmente pelo fato de ter um restaurante “quiosque” no costão rochoso da faixa de praia
dessa ilha. Essa estrutura é de alvenaria e foi construída ilegalmente (Figura 7).
A população utiliza esse restaurante/quiosque como bar, e nela são encontrados diversos
tipos de plásticos, garrafas de bebidas alcoólicas, refrigerantes, latinhas e vestígios de carvão
aquecido, típico de churrasco. Vale salientar que essa prática é proibida em todas as ilhas
costeiras de Piúma, conforme Lei Municipal.
Pesquisadores do Ifes também utilizam esse espaço como apoio nas atividades de
pesquisa, ensino e extensão realizadas pelos servidores em parceria entre os estudantes e
a comunidade envolvida. Atualmente, são desenvolvidas pesquisas na área da aquicultura
de moluscos bivalves e algas marinhas na região da Ilha dos Cabritos pelos servidores e
estudantes do Ifes. Além de ações de educação ambiental como trilhas ecológicas e cam-
panhas de limpeza.
Os principais tipos de resíduos coletados em todos os anos foram o vidro, o isopor, o plás-
tico e as latinhas de cerveja (Figura 8). O isopor e o plástico são matérias de difícil degradação
e de fácil flutuação e essas características acabam favorecendo sua dispersão pelo ambiente
ocasionando assim a poluição dos cursos hídricos.
Outro item que foi coletado em grandes quantidades foi a bituca de cigarro (Figura 9),
principalmente nas praias de Piúma, onde a movimentação de pessoas e turistas é mais in-
tensa. A bituca de cigarro é uma das principais causas de morte dos organismos aquáticos,
pois os peixes, aves e outros organismos confundem a bituca com seu alimento natural, cau-
sando sérios problemas quando os animais o ingerem.
230
Resíduos sólidos e impactos ambientais
231
Capítulo 08
A Ilha de Itapetinga (Figura 11) foi a que apresentou menor quantidade de resíduos pro-
vavelmente por ser a menos visitada. Ela é eventualmente frequentada por pescadores e
turistas que praticam esportes náuticos. Um belo lugar que possui elevada biodiversidade,
como já foi mostrado nos capítulos anteriores e que precisa também ser monitorado para a
fiscalização e a coleta dos resíduos sólidos que são deixados na ilha por visitantes.
232
Resíduos sólidos e impactos ambientais
233
Capítulo 08
234
Resíduos sólidos e impactos ambientais
Referências
1. SISINNO, C. L.S. Resíduos sólidos, ambiente e saúde: uma visão multidisci-
plinar. Rio de Janeiro: Editora Fiocruz, 2000.
2. SANTAELLA, Sandra Tédde et al. Resíduos sólidos e a atual política am-
biental brasileira. Fortaleza: UFC, NAVE, LABOMAR, 2014.
3. DANIEL, V. R.; MÁRCIO, R, M. Resíduos sólidos: problema ou oportunidade?
Rio de Janeiro: Interciência, 2009.
4. ARAÚJO, M.C.B; COSTA, M.F. The significance of solid wastes with land-based
sources a tourist beach: Pernambuco, Brazil. Pan-American Journal of Aquatic
Sciences. v. 1, n. 1, p. 28-34, 2006.
5. CLEAN UP THE WORLD - Dia Mundial de Limpeza de Praias. Disponível
em: <http://www.cleanuptheworld.org/es/Acercade/-qu--es-a-limpiar-el-mundo-.
html >. Acesso em: 17 out. 2016.
6. BASILIO,T.H. Unidades Ambientais e a Pesca Artesanal em Piúma/ES. 1.
ed. São Paulo: Lura gráfica editorial, 2016.
235
Capítulo 09
Educação Ambiental e Conservação
“Ensino focado na parte ambiental, responsável por sensibilizar pessoas a não fazer mal
para o nosso meio e a formar pessoas preocupadas com os problemas ambientais”.
L o r r a i n y B r a n d ã o , 15 anos
236
Educação Ambiental e Conservação
9.1. Introdução
A
cada dia que passa observamos grandes avanços tecnológicos e aumento na
produção e no consumo, crescendo também a preocupação com os impactos
ambientais e com a busca pelo desenvolvimento sustentável.
Nesse contexto, percebeu-se o papel muito importante da Educação Ambien-
tal na formação de indivíduos conscientes em relação à importância da conservação ambiental.
Mas afinal de contas, você sabe o que é Educação Ambiental? E desenvolvimento sustentável?
A Política Nacional de Educação Ambiental (Lei nº 9.795/199) define a Educação Am-
biental da seguinte forma (1):
237
Capítulo 09
Ou seja, para atingirmos um desenvolvimento mais sustentável temos que ter sempre
em mente o desenvolvimento social e econômico, mas, ao mesmo tempo, ter em mente o uso
racional dos recursos naturais e a preocupação com a preservação das espécies e dos am-
bientes naturais.
Se pararmos para refletir, veremos que o desenvolvimento sustentável não trata apenas
do meio ambiente, como muitos pensam, mas também de questões sociais e econômicas. Es-
ses são os três pilares principais da sustentabilidade.
Veja o esquema abaixo:
238
Educação Ambiental e Conservação
Pronto, vimos então que a Educação Ambiental tem um papel importantíssimo para que
se alcance o tão falado desenvolvimento sustentável, pois é por meio da Educação Ambiental
que podemos aprender a como reduzir os impactos ambientais que causamos e, assim, cuidar
melhor do meio ambiente, para que todos possam usufruir tudo de bom que a natureza tem
a nos oferecer: a sombra de uma frondosa árvore, um banho em águas cristalinas de uma ca-
choeira, um dia de sol numa bela e limpa praia e muito mais.
Mas e quanto à conservação das ilhas costeiras do litoral sul capixaba? Qual o papel
da Educação Ambiental? Ora, como dito anteriormente a Educação Ambiental tem um papel
essencial, pois é a partir da Educação Ambiental que as pessoas passarão a conhecer melhor
esses ambientes, sua importância ecológica e os impactos que têm sofrido. Afinal de contas,
por que eu me preocuparia em conservar um lugar que não conheço? Que não sei o que tem
ou o que vive por lá? Um local que nem sei para que serve ou qual a sua importância? E que eu
nem mesmo sei se ele precisa ser conservado ou não. Por que me preocuparia com isso?
Pois então, é através da Educação Ambiental que podemos:
• Sensibilizar as pessoas, mostrando a elas a importância desses ambientes.
• C
onhecer e apresentar a imensa quantidade de seres vivos que vivem e
dependem desses locais.
• Listar os impactos que nós mesmos causamos ao ecossistema costeiro.
• Sugerir como esses impactos prejudicam a todos.
• Propor o que podemos fazer para reduzir os impactos negativos.
Só depois de conhecer e de nos sensibilizar é que vamos poder nos conscientizar para
mudarmos nossas atitudes, reduzindo os impactos ambientais negativos que causamos e
ajudando na conservação da natureza.
Você está pronto para refletir sobre suas atitudes e reduzir os impactos que você gera? E
mais importante ainda, está pronto para repassar à sua família e a seus amigos todo o conhe-
cimento que tem agora sobre as ilhas costeiras e a importância desses ambientes? É claro que
sim! Parabéns, a partir de agora você é personagem fundamental para que possamos cada vez
mais conservar esses ambientes.
239
Capítulo 09
Além dessas ações, o NEA também promove atividades esporádicas como apresentações
de Teatro de Fantoches, Palestras, Trilhas Ecológicas, eventos pontuais, entre outras. Esta-
mos sempre de portas abertas e escolas, grupos comunitários, órgãos públicos e empresas
podem solicitar nosso apoio na realização de tais atividades que teremos o prazer de atendê-
-los de acordo com nossa disponibilidade.
Confira, a seguir, registros fotográficos de algumas das ações realizadas:
240
Educação Ambiental e Conservação
241
Capítulo 09
Trote Ecológico
Trilha ecológica pela Ilha do Gambá, com
missões de sensibilização ambiental, que os
alunos ingressantes dos cursos técnicos do
Ifes – Campus Piúma realizam na primeira
semana de aula.
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Educação Ambiental e Conservação
PROJETO JOVENS
PROTETORES AMBIENTAIS
243
Capítulo 09
Dia Mundial de
Limpeza de Praias
Evento de sensibilização e
coleta de resíduos sólidos
nas praias de Piúma - ES
244
Educação Ambiental e Conservação
Atividades realizadas:
Curso de alinhamento de 90 horas
Formação Interna
Campanhas de monitoramento
Atividades em laboratório
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Capítulo 09
Curso de
alinhamento
de 90 horas
Campanhas de
monitoramento
Atividades
em
laboratório
246
Educação Ambiental e Conservação
Formação
Interna
Trilhas
ecológicas e
limpeza das
ilhas
Exposições
ambientais
Apresentação
dos relatórios
247
Capítulo 09
Esperamos que todos que participaram das atividades realizadas possam multiplicar os co-
nhecimentos e proporcionar uma maior sensibilização de todos os familiares, dos amigos e da
população em geral para possibilitarmos a conservação das ilhas costeiras do litoral sul capixaba.
Nas páginas de abertura dos capítulos desse livro vocês já puderam acompanhar depoi-
mentos dos estudantes que participaram desse projeto. A seguir apresentaremos mais algu-
mas ideias e falas desses estudantes. Podemos perceber o quanto o projeto foi importante na
vida de cada um.
248
Educação Ambiental e Conservação
249
Capítulo 09
Realizar
fiscalizações
Realizar
periódicas
campanhas de Capacitar guias para
divulgação da realizar mergulhos
biodiversidade e guiados
belezas das ilhas
Aproveitar a estrutura na Ilha
dos Cabritos para criação de
um centro de apoio à pesquisa
Coletar Elaborar o Plano de e ao ecoturismo
periodicamente Manejo das ilhas
os resíduos costeiras
sólidos
250
Educação Ambiental e Conservação
Assim, a partir das medidas a curto, médio e longo prazo sugeridas e tomando como base
os projetos e ações de sucesso já implementadas nas cidades do Fernando de Noronha (3,4)
e Rio de Janeiro (5), podemos identificar atividades possíveis de serem replicadas e executa-
das com algumas adaptações em Piúma.
Por exemplo, os participantes da administração da Ilha de Fernando de Noronha apre-
sentam diversas sugestões para melhor orientar os moradores e turistas quanto ao convívio
harmonioso com os animais marinhos. Também investem na capacitação de condutores de
visitantes, colocam cartazes em diversos estabelecimentos, produzem vídeos educativos e
cartilhas, afixam placas informativas nas praias e ilhas, além de promoverem campanhas
nas redes sociais.
O Rio de Janeiro, que conta com o projeto Ilhas do Rio, criado em 2011 pela Instituição
Mar a Dentro e apoio da Petrobrás, possui vários pontos em comum com o que é feito em
Fernando de Noronha. O diferencial são as pesquisas científicas, que geram conhecimento
e envolvimento da sociedade para a conservação dos monumentos naturais. Há constante
levantamento da biodiversidade marinha e terrestre das principais ilhas e seus entornos,
identificando espécies novas para a ciência, raras, ameaçadas e invasoras. Isso gera uma sé-
rie temporal de dados ambientais que fornece subsídios científicos ao processo de gestão e
manejo das ilhas.
Este livro, fruto de um trabalho árduo de mais de 3 anos de pesquisa, ensino e extensão
agrega diversas informações sobre as características socioambientais das ilhas costeiras do
litoral sul capixaba. Estamos longe de esgotar a discussão sobre o assunto, mas são informa-
ções que fornecem um subsídio importantíssimo para a conservação desses ambientes.
Desejamos que a população e, principalmente os jovens, possam perceber a quantidade
de organismos que habitam as ilhas, suas belezas naturais e os impactos antrópicos que esses
ambientes vêm sofrendo e, a partir disso, desenvolver atitudes saudáveis para conservação
e preservação das regiões costeiras do litoral sul capixaba. Afinal, precisamos ajudar sem-
pre na gestão e cuidado com a natureza, garantindo assim a sustentabilidade socioambiental
para as presentes e futuras gerações.
Com cada um fazendo a sua parte e unindo forças para realização de ações em conjunto,
podemos cada vez mais contribuir com essa missão. Vamos todos colaborar!!!
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Capítulo 09
Referências
1. BRASIL. Lei nº. 9.795 de 27 de abril de 1999. Dispõe sobre a educação ambiental,
institui a Política Nacional de Educação Ambiental e dá outras providências. Diário
Oficial da República Federativa do Brasil, Brasília, DF, n. 79, 28 abr. 1999.
2. COMISSÃO MUNDIAL SOBRE MEIO AMBIENTE E DESENVOLVIMENTO.
Nosso Futuro Comum. 2 ed. Rio de Janeiro: Editora da Fundação Getúlio Vargas, 1991.
3. ICMBio. INSTITUTO CHICO MENDES DE CONSERVAÇÃO DA BIODIVER-
SIDADE. Parque Nacional Marinho de Fernando de Noronha. Disponível em:
<http://www.icmbio.gov.br/portal/visitacao1/unidades-abertas-a-visitacao/192-par-
que-nacional-marinho-fernando-de-noronha.html>. Acesso em: 15 Jun. 2018.
4. Governo do Estado de Pernambuco. Fernando de Noronha. Disponível em:
<http://www.noronha.pe.gov.br/instMeioAmbiente.php>. Acesso em: 15 Jun. 2018.
5. Projeto Ilhas do Rio. Petrobrás. Disponível em: <http://www.petrobras.com.br/fa-
tos-e-dados/midias/projeto-ilhas-do-rio-1.htm>. Acesso em: 13 Jun. 2018.
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